diagnóstico, monitoramento e prognóstico das chuvas intensas
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ResumoO objetivo do presente trabalho é fazer uma análise dos aspectos sinóticos que contribuírampara ocorrência de chuvas intensas no Rio de Janeiro, no início do mês de abril de 2010, osquais ocasionaram os maiores valores de precipitação em 24 horas e as maiores enchentesna cidade do Rio de Janeiro, nos últimos cem anos. Adicionalmente, avaliar como o relevo,a ocupação desordenada nos morros e o evento meteorológico extremo colaboraram para amaior calamidade da história do Rio de Janeiro, desde 1966. Em fevereiro de 1966, a chuvaacumulada em 24 horas na cidade do Rio de janeiro foi de 245 milímetros. No ano de 1988,quando centenas de pessoas morreram, a chuva não apenas foi forte como ocorreu emsucessivos episódios ao longo do mês de fevereiro, o que determinou o alto número devítimas e uma anomalia positiva de precipitação incrível com volumes pontuais no territóriofluminense perto de mil milímetros, em condição muito semelhante ao que ocorreu em SantaCatarina há dois anos. Já, em 1996, foram 301 milímetros no Jacarepaguá, apenas entre osdias 13 e 15 de fevereiro, porém a maior parte deste volume ocorreu em poucos mais de 24horas.TRANSCRIPT
Diagnstico, Monitoramento e Prognstico das Chuvas Intensas no Rio de Janeiro no perodo de 06 a 09 de Abril de 2010Expedito Ronald Gomes REBELLO1, Bruno Eustquio Ferreira Castro de CARVALHO2, Jos Augusto Vieira COSTA3, Marcos Airton de Sousa FREITAS4, Oliveira Amrico CAVALCANTE51. Instituto Nacional de Meteorologia 2. Ministrio 3. da da INMET, Ministrio da Agricultura, Analista Analista de de Meteorologista, Infraestrutura, infraestrutura, [email protected]; Integrao Integrao Nacional, Nacional,
Ministrio
[email protected]; 4. Agncia Nacional de guas ANA, Ministrio do Meio Ambiente, Especialista em Recursos Hdricos, [email protected]; 5. Ministrio de Minas e Energia, Gelogo,
Resumo O objetivo do presente trabalho fazer uma anlise dos aspectos sinticos que contriburam para ocorrncia de chuvas intensas no Rio de Janeiro, no incio do ms de abril de 2010, os quais ocasionaram os maiores valores de precipitao em 24 horas e as maiores enchentes na cidade do Rio de Janeiro, nos ltimos cem anos. Adicionalmente, avaliar como o relevo, a ocupao desordenada nos morros e o evento meteorolgico extremo colaboraram para a maior calamidade da histria do Rio de Janeiro, desde 1966. Em fevereiro de 1966, a chuva acumulada em 24 horas na cidade do Rio de janeiro foi de 245 milmetros. No ano de 1988, quando centenas de pessoas morreram, a chuva no apenas foi forte como ocorreu em sucessivos episdios ao longo do ms de fevereiro, o que determinou o alto nmero de vtimas e uma anomalia positiva de precipitao incrvel com volumes pontuais no territrio fluminense perto de mil milmetros, em condio muito semelhante ao que ocorreu em Santa Catarina h dois anos. J, em 1996, foram 301 milmetros no Jacarepagu, apenas entre os dias 13 e 15 de fevereiro, porm a maior parte deste volume ocorreu em poucos mais de 24 horas. Abstract The aim of this study is to analyze the synoptic aspects that contributed to the occurrence of heavy rains in Rio de Janeiro, at the beginning of April 2010, which showed higher values of rainfall in 24 hours and the greatest floods in the city of Rio de Janeiro, in the last hundred years. In addition, evaluate how the relief, the sprawl in the hills and extreme weather event contributed to the greatest calamity in the history of Rio de Janeiro since 1966. In February Pgina
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1966, the accumulated rainfall in 24 hours in the city of Rio de Janeiro was 245 mm. In 1988, when hundreds of people died, the rain was not only strong as occurred in successive episodes during the month of February, which resulted in high casualties and a positive anomaly of precipitation with amazing spot volumes within Rio close to one thousand millimeters in a condition very similar to what happened in Santa Catarina for two years. Already in 1996, were 301 mm in the studied area, only between 13 and 15 February, but most of this volume occurred in just over 24 hours. Palavras-chave e Keywords
Eventos extremos; Chuvas intensas; Enchentes; Desastres naturais
1. Introduo
Em 2010, no perodo de 06 a 09 de abril, os totais pluviomtricos acumulados chegaram a 505,2 mm, na estao de Sumar, e 402,6 mm na estao localizada no Jardim Botnico da Geo-Rio. O evento meteorolgico foi muito bem monitorado e foram emitidos vrios avisos meteorolgicos especiais, tanto pelos rgos oficiais federais de meteorologia, quanto pelo sistema Alerta-Rio, da Prefeitura Municipal.
Com a chegada da frente fria no dia 05.04.10, as temperaturas no Rio de Janeiro estavam muito altas e o forte contraste trmico colaborou para aumentar a intensidade das chuvas. Em 24 horas choveu 248mm na estao do INMET, quase o dobro do que costuma chover em abril (137,4mm), conforme Normais Climatolgicas (INMET, 1992). No Rio de Janeiro, o solo do tipo arenoso, o que ajuda ainda mais a infiltrao da gua, contribuindo para a ocorrncia do fenmeno chamado de corrida do solo. O problema das encostas , provavelmente, decorrente do desmatamento provocado pela ocupao desordenada em morros, reas de grande declive e at em antigos lixes localizados, como por exemplo, o deslizamento que ocorreu no Morro do Bumba.
A fim de compreender os mecanismos causadores das chuvas intensas, pesquisas foram desenvolvidas nos ltimos anos e merecem destaque, como, por exemplo, as de Rockwood & Maddox (1988), onde evidenciaram foi evidenciado que um sistema de tempo Pgina
interao de mecanismos fsicos de escalas diferentes, consoante relatos de Silva Dias et al. (1988), Arajo et al. (1988), Cunha et al. (1994) e Severo e Ferreira (1994).
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que produz chuvas intensas est relacionado atividade convectiva e o resultado de
2. Materiais e Mtodos
O diagnstico utiliza-se de cartas sinticas de superfcie (00:00, 09:00, 12:00 e 18:00 UTC) e do ar superior (12:00 UTC) nos nveis isobricos padro; de imagens obtidas pelos satlites meteorolgicos GOES-8 e METEOSAT-5 atravs dos canais infravermelho e visvel. Para se diagnosticar sistemas de escala subsintica envolvidos no evento. Ainda, foram utilizadas no estudo dados de radiossondagem da estao de altitude do Galeo, do radar do Pico do Couto e da estao meteorolgica de superfcie do aerdromo de Jacarepagu, relativos ao perodo de 12 a 15 de fevereiro de 1996.
3. Anlise Situacional de 05 a 06 de abril de 2010
Uma das hipteses levantadas para explicao do efeito do evento no Estado do Rio de Janeiro foi que o nvel das temperaturas da superfcie do mar em toda a bacia do Atlntico Sul estava elevado, com anomalias de 0,5 a 1,5C (Fonte: NOAA), conforme Figura 1.
Figura 1 Anomalias das Temperaturas da Superfcie do Mar (Fonte: NOAA)
Na anlise da imagem obtida por satlite do Servio Meteorolgico da Argentina possvel notar um vrtice ou circulao ciclnica no sul do estado do Rio de Janeiro Pgina associado a uma frente fria no Atlntico, apresentado pela Figura 2.
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Figura 2 Imagem do Satlite GOES-12 Servio de Meteorologia da Argentina Durante o perodo de 03 a 09 de abril de 2010, no nvel de 200hPa (altos nveis), foi possvel a identificao de circulao ciclnica na costa do Rio de Janeiro (vermelho) e um aumento anmalo (Omega negativo), associado a chuvas acima da mdia observados na costa sudeste do Brasil, conforme apresentado na Figura 3.
Figura 3 Circulao Ciclnica no nvel de 200 hPa (Fonte: NCEP/NOAA)
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As imagens obtidas pelo radar do Pico do Couto (Rio de Janeiro) da REDEMET (CAPPI 250 Km e 4000Km s 23h00min GMT) indicam zonas de ecos esparsos tipo estratiforme/cumuliforme com intensidade variando de 35 a 50 dBz (moderado a forte), situados especialmente ao sul do estado, conforme Figura 4.
Figura 4 Imagem do Radar de Pico de Couto, no Rio de Janeiro Entre as 20h de segunda-feira s 8h desta tera-feira, dos dias 05 e 06 de abril de 2010, choveu praticamente o dobro do esperado, para o ms de abril, no Rio de Janeiro. Segundo a Geo-Rio, a mdia pluviomtrica histrica para este ms de 90 milmetros na cidade. Entretanto, at a manh do dia 06, choveu, em mdia, 178 milmetros. A medio feita em 32 estaes da administrao municipal. Em 14 horas, choveu o dobro da mdia de abril no Rio de Janeiro.
4. Concluso
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As chuvas intensas que ocorreram no perodo de 06 a 09 de abril de 2010 atingindo principalmente as a cidades do Rio de Janeiro decorrente da entrada de uma frente fria, que ondulou, formando um vrtice ciclnico no sul do estado do Rio de Janeiro. A configurao do relevo do estado do Rio de Janeiro, isto , a disposio da cadeia de montanhas na direo SW/NE, combinada ao movimento da frente fria, o forte contraste de temperatura, possivelmente as guas do Atlntico sul quente e, por fim, o deslocamento da atividade convectiva de oeste para leste foram fatores que contriburam para ocorrncia das chuvas mais intensas e contnuas dos ltimos 100 anos no perodo de 06 a 09 de abril em especial na parte oeste da cidade do Rio de Janeiro. 5. Referncias Bibliogrficas
ARAJO, M.A.A.; SANTOS, A.P; VIOLA P.E. e ARAJO, C.M.A; 1988. Aspectos Sinticos das Chuvas Intensas sobre a Regio Sudeste do Brasil. Fevereiro de 1988. Anais do V Congresso Brasileiro de Meteorologia v.2 pp IX 39-43. CLIMANLISE; 1996. Boletim de Monitoramento e Anlise Climtica v.11 no.2 fevereiro. MCT/INPE/CPTEC;53p. CUNHA, A.E.S.; WASHINGTON, D. C. e MARQUES, V. S.; 1994. Associao entre Variveis Meteorolgicas e Chuvas Intensas no Rio de Janeiro. Anais do VIII Congresso Brasileiro de Meteorologia . 2pp. 281-284. ROCKWOOD, T.A.; MADDOX, R.A. 1988. Mesoescale and Synoptic leading to intense convection; the case of 7 June 1982. Weather and Forecasting, 3; 51-68. SEVERO, D.L.; FERREIRA, N. J.;1994. Estudo de um Caso de chuvas Intensas associado a Enchentes na Regio do Vale do Itaja em Santa Catarina. Anais do VIII Congresso Brasileiro de Meteorologia v.2 pp 561-564. SILVA DIAS, P.L.; CAPLAN, P; KOUSKY, V. 1988. As Chuvas Intensas de Fevereiro de 1988. Circulao Global e Previsibilidade. Anais do V Congresso Brasileiro de Meteorologia v.2 pp IX 6-10.
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