desafios da profissionalização docente frente à singularidade tecnológica no terceiro milênio

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UFSCar – Universidade Federal de São Carlos CECH - Centro de Educação e Ciências Humanas Rod. Washington Luis, km 235 – Cx. Postal 676 – CEP 13.565-905. Pedagogia: Aluno: Roosevelt Carlos de Oliveira RA: 604933 – e-mail: [email protected] Desafios da Profissionalização Docente frente à Singularidade Tecnológica no Terceiro Milênio ROOSEVELT CARLOS DE OLIVEIRA RA 604933

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Desafios da Profissionalização Docente frente à SingularidadeTecnológica no Terceiro Milênio

ROOSEVELT CARLOS DE OLIVEIRARA 604933

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Desafios da Profissionalização Docente frente à Singularidade Tecnológica no

Terceiro Milênio

1. Justificativa

O presente trabalho tem por objetivo refletir sobre os desafios inerentes

ao uso de novas tecnologias que se tornaram ubíquas. Ao passo em que novos

desafios foram introduzidos na sala de aula como elementos multimodais,

professores e alunos tiveram seus papéis reconfigurados dado o atual cenário

em que se encontram: salários achatados, condições precárias de trabalho,

jornadas inumanas, confusão dos papéis a serem desempenhados e a falta de

respeito quanto aos direitos dos professores da formação básica em todo o

país. Vários setores da indústria e comércio apressaram-se na adaptação de

seus papéis por uma questão de sobrevivência. O professor que queira

sobreviver, em um ambiente onde alunos competem entre os saberes técnicos

e administrativos, terá de entender seu papel em seu micro-cenário e apossar-

se das ferramentas e conhecimentos que garantirão seu modus operandis.

2. Apresentação

Definir a profissão de professor é um trabalho complexo por dois

motivos: a definição dicionalizada é sincrônica e generalista e, a busca por uma

definição anacrônica traz um universo de complexidades já que vivemos em

um momento de tecnologias ubíquas em transição que, inquestionavelmente,

nos levará à um momento de singularidade tecnológica em meio à um turbilhão

de novos conceitos, saberes, novas éticas e novas profissões.

O primeiro passo é entender, de forma anacrônica e sincrônica, como a

crise de identidade do professor se estabelece na fronteira entre o eu pessoal e

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o eu profissional (NÓVOA, 1992). As novas tecnologias criaram uma pressão

quase invisível sobre o professor como que ameaçando seu papel e tomando

por assalto o que seria sua única catedral, isto é, sua profissão, sua sala de

aula e a atenção disputada de seus alunos. Além de uma redução de sua

esfera para um mero técnico executor de curriculos e não construtor de

saberes e mentor intelectual dos nichos em que atua.

A profissão de professor é aquela que, por sí, traz conflitos e revoluciona

conhecimentos, técnicas e ambientes. Esta exige constante mudanças, novas

adesões, ações e autoconsciência que torna o professor um ser em busca de

uma constante construção de sua própria identidade. Isso não é só necessário

mas de caráter urgente pelo fato de uma nova atenção apontar para um

movimento social mais amplo. Isso se dá por causa de uma constante mutação

cultural que reconfigura saberes, papéis e atores (NÓVOA, p. 18).

O que se busca é evitar os modismos, estabelecer um referencial teórico

sólido em virtude das fragilidades conceituais das Ciências da Educação e a

aceitação das histórias de vida, pois as mesmas têm dado origem a práticas e

reflexões estimulantes e fertilizadas pelo cruzamento de várias disciplinas.

Conforme citado anteriormente, a definição de professor é complexa e

requer um recorte para se obter um dado mais específico de quem é este

profissional. Afirmamos isso baseados no fato de que o trabalho altera a

identidade do trabalhador (TARDIF, 2000. p. 209), pois o trabalho não só

modifica o ambiente; o trabalhador é modificado também e o professor não

foge à regra. Isso quer dizer o seu saber trabalhar também é modificado.

Aqui mencionamos o conflito existente com as novas tecnologias que

surgem nos ambientes de ensino. Tais ferramentas continuam sendo apenas o

meio e não o fim do ensino. No entanto, como qualquer ciência, estas

ferramentas necessitam de um tempo e preparação que vão além da formação

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inicial do docente. Todo saber é temporal, haja vista que as diferentes

ocupações e momentos históricos requerem novos conhcimentos,

competências, aptidões e atitudes específicas que são aprendidas com o

contato nas novas situações.

No entanto, como conciliar novos saberes com os obstáculos existentes

em nossos dias? Mencionando alguns, a curva de aprendizagem versus a

velocidade do aparecimento de novas tecnologias dentro da sala de aula; o

engessamento curricular estatal versus a obsolecência tecnológica; a síndrome

de Burnout versus as ansiedades inerentes ao cumprimento do papel do

professor, para citar apenas alguns desafios.

Estes novos saberes da formação do professor são multimodais em sua

distribuição. O que vem de uma fonte cientítifca e modo empírico é o

knowledge base (saberes de formação) que pode englobar a formação inicial e

contínua, currículo e socialização escolar, conhecimento das disciplinas a

serem ministradas, ganho de experiência na profissão, cultura pessoal e

acúmulo de capital cultural e profissional, e aprendizagem com os pares,

porém, não limitados somente à esses.

Vale ressaltar que, em virtude da origem multimodal dos saberes hoje

disseminados, conceitos de outras áreas – exemplo, Administração – também

permeiam a área de formação do professor. Tardif (2000, p. 212) menciona

conhecimentos, habilidades e aptidões. Tal conceito, comumente chamado de

CHA, é muito comum na formação do profissional da área de Administração de

Empresas. Isso traz uma pergunta: Estariam os professores a caminho de uma

profissionalização tecnicista pós-industrial? Se sim, o quanto se perde por

termos professores que seguem uma cartilha educacional pré-estabelecida

para atender uma cultura de massa que apenas atende os anseios de uma

sociedade de consumo? Seria o professor apenas um veículo das vontades do

Ministério da Educação e suas delegacias?

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Sabemos que o conhecimento de base para a formação de um

profissional consciente e atuante (knowledge base) não estão limitados ao

conhecimento genérico; Os saberes que formam o professor auto-crítico são

especializados, com fundamentação teórica em bases sociológicas,

psicossociológicas, metodológica-científicas e acadêmicas. Além destes

saberes, as tragetórias pré-profissional e profissional influenciam a formação

específica do docente. Tais elementos criam um caráter personalíssimo que

difere sutilmente um profissional de outro.

Todo o cenário apresentado traz à tona ameaças mais explícitas para

este profissional em formação: a tecnologia rouba o espaço do professor, ou

são outros atores que se apoderam da autonomia do professor e o torna vítima

de uma estrutura capitalista reducionista, o que faz do professor um mero

operário, um executor de uma vontade maior e um mero apertador de botões

educacionais pré-definidos por uma entidade etérea? Neste ponto trazemos a

atenção ao aspecto identitário do professor *independente* de qualquer

tecnologia presente. A autonomia profissional do docente é ameaçada por

processos contraditórios à sua formação. Esta autonomia é ameaçada por

aqueles que invadem a sua catedral – a sala de aula – e que são os pais, os

diretores, o Estado. Tais elementos causam a deterioração das condições de

trabalho muito mais do que a presença de novas tecnologias. A desqualificação

do professor é muito semelhante aos processos tayloristas que tornaram os

proletários de chão de fábrica meros executores de processos automatizados.

(CONTRERAS, 2002) Tais processos, quando levados para o campo da

docência, faz do professor também um proletário. Alguém que fica totalmente

dependente do controle da gestão administrativa, distante do conhecimento

que outrora cabia em suas mãos e que agora passa para tecnocratas

detentores deste saber administrativo. Não é novidade que tais formas de

controle são originárias do Estado que, por uma questão de controle ideológico,

aumenta as formas burocráticas de controle sobre o docente (CONTRERAS, p.

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37).

Ainda há esperanças para o professor que busca reafirmar seu status de

profissional. Esta reafirmação de status é um forte mecanismo de resistência

contra a crescente desqualificação imposta por diversos setores da sociedade,

movidas por uma inconfundível força dos aparelhos ideológicos do estado

(ALTHUSSER, 1980).

Em meio a todos estes desafios, a cultura escolar está imbuída de

elementos de uma sociedade neoliberal (PÉRES GÓMEZ, 2001); o

individualismo, consumismo, hedonismo, o neoconservadorismo anti-iluminista

e as tecnologias de comunicação, de artes, de materiais, entre outras, estão

presentes na formação do aluno e do professor. Estes elementos fragmentários

são consequências da Globalização. Tais elementos de multiplicidade, de

fragmentação, de desreferencialização e de entropia são marcadas indeléveis

de uma sociedade industrial.

A partir do cenário exposto, o desencanto, a indiferença, a perda do

fundamento da racionalidade, perda da fé no progresso e o ressurgimento do

espírito nacionalista se tornam elementos existentes aliados ao desafio da

formação do docente e de sua compreensão de mundo. Evidentemente, funda-

se uma crise epistemológica que deve ser trabalhada em face de uma nova

sociedade muito distante do iluminismo do século XIX.

3. Considerações Finais

Durante a apresentação do tema proposto, as participantes contribuiram

com uma dinâmica cujo objetivo era definir qual o salário adequado para alguns

cargos propostos; professores de educação infantil da rede pública municipal,

da rede privada, profissional de ensino de uma escola técnica privada e,

profissional da área de Treinamento e Desenvolvimento em Recursos

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Humanos. As profissões citadas estão disponíveis para profissionais da área de

Pedagogia. Nosso objetivo não foi aprofundar os saberes de cada área mas

sim o pacote de benefícios que, aos olhos das participantes de nossa dinâmica

de grupo, fosse justo baseado na formação obtida pelo curso de Graduação da

Universidade Federal de São Carlos.

Figura 1. Pacote de benefícios estimados para educação infantil privada.

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Figura 2. Pacote de benefícios estimados para educação infantil municipal.

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Figura 3. Pacote de benefícios estimados para Escola Técnica Privada.

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Figura 4. Pacote de benefícios estimados para T&D em RH.

Os pacotes propostos não representam a prática. A dinâmica nos permitiu

avaliar algumas expectativas profissionais e as demandas dos futuros

professores. Cabe enfatizar que há necessidade de um diálogo com as

instituições, conscientizar os profissionais que hoje já estão neste mercado,

reivindicar mais direitos e tornar realidade tais anseios. Embora seja um

trabalho que exige uma mobilização maior, e deve começar em algum lugar e

em algum momento. E qual melhor lugar para começar do que aquele onde

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estamos e qual melhor momento do que agora? Vivemos em um momento de

mudanças. Nossas práticas mudaram, as tecnologias mudaram, os alunos

mudaram. Só nos resta mudar e assumir nosso papel nesta nova sociedade.

BibliografiaBibliografia

ALTHUSSER, Louis. Sobre a Reprodução. Aparelhos ideológicos do estado.

pp. 97-113; 163-170. 1980.

CONTRERAS, José. A Autonomia de Professores. São Paulo, Cortez

Editora, 2002. p. 31-85

NÓVOA, Antonio. Vidas de Professores. Portugal, Porto Editora. 1992.

PÉREZ GÓMEZ, A.I. A Cultura Escolar na Sociedade Neoliberal. Porto

Alegre, Artmed Editora. 2001. p. 162-181.

TARDIF, Maurice. Saberes, Tempo e Aprendizagem do Trabalho no

Magistério. p. 209- 244.