dependencias de substancias.pdf

24
03-11-2011 1 Dependência de Substancias Isabel Lajoso Amorim Substâncias psicoactivas São substâncias que afectam os processos mentais, cognitivos ou afectivos. Este termo (e o seu equivalente, drogas psicotrópicas), abrange todo o conjunto de substâncias, lícitas e ilícitas. Depressores do SNC Estimulantes do SNC Classificação das substâncias Depressores do SNC 1. Álcool 2. Hipnóticos: Barbitúricos e não barbitúricos 3. Analgésicos e narcóticos: ópio e derivados naturais e semi- sinteticos, morfina, codeína, heroína. 4. Brometos e antihistaminicos 5. Ansioliticos: meprobamatos e benzodiazepinas Estimulantes do SNC 1. menores: café, coca-cola, cafeína, nicotina 2. Maiores: anfetaminas 3. Metilfenidato 4. Aminas simpaticomimeticas 5. Efedrina 6. Sulfato de estricnina 7. Cocaína 8. Outros anorexigenos Modificadores do humor 1. Derivados da Cannabis: marijuana, Haxixe 2. Alucinogenios ou psicodislepticos: LSD, mescalina 3. Dissolventes volateis: colas, essencias, acetonas, diluentes e tintas 4. anticolinergicos

Upload: rui-carvalho

Post on 23-Oct-2015

28 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

03-11-2011

1

Dependência de Substancias

Isabel Lajoso Amorim

Substâncias psicoactivas

• São substâncias que afectam os processos mentais,cognitivos ou afectivos. Este termo (e o seu equivalente,drogas psicotrópicas), abrange todo o conjunto desubstâncias, lícitas e ilícitas.

• Depressores do SNC • Estimulantes do SNC

Classificação das substânciasDepressores do SNC 1. Álcool

2. Hipnóticos: Barbitúricos e não barbitúricos3. Analgésicos e narcóticos: ópio e derivados naturais e semi-

sinteticos, morfina, codeína, heroína.4. Brometos e antihistaminicos5. Ansioliticos: meprobamatos e benzodiazepinas

Estimulantes do SNC 1. menores: café, coca-cola, cafeína, nicotina2. Maiores: anfetaminas3. Metilfenidato4. Aminas simpaticomimeticas5. Efedrina6. Sulfato de estricnina7. Cocaína8. Outros anorexigenos

Modificadores dohumor

1. Derivados da Cannabis: marijuana, Haxixe2. Alucinogenios ou psicodislepticos: LSD, mescalina3. Dissolventes volateis: colas, essencias, acetonas, diluentes e

tintas4. anticolinergicos

03-11-2011

2

Conceitos básicos em dependências

• A dependência física é “um estado adaptativo manifestado porintensas perturbações físicas quando a droga é retirada”.

• Síndrome de abstinência consiste no aparecimento de sintomas físicosou psicológicos quando se suspende com demasiada rapidez oconsumo de uma substancia que causa dependência física. Os sintomassão normalmente opostos aos efeitos agudos produzidos pela mesmasubstancia

• Tolerância é um “estado de resposta reduzida aos efeitos duma drogacausado pela sua administração prévia”.

• A síndrome de abstinência é particularmente intensa para osdepressores do SNC, opiáceos e estimulantes.

Conceitos básicos em dependências

• Nem a tolerância nem a dependência físicaseparada ou conjuntamente são suficientespara causar um estado de verdadeiradependência de uma dada substancia.

• O elemento psicológico, a compulsão interna,deve sempre estar presente.

Dependência de Substancias

• Conjunto de fenómenos comportamentais, cognitivos e fisiológicos que podem desenvolver-se após o uso repetido de uma substancia.

• Fenómenos que incluem tipicamente:– Forte desejo de consumir o produto com

controlo prejudicado sobre o seu uso (craving)

– Uso persistente a despeito das consequências danosas

– Prioridade ao seu uso sobre outras actividades e obrigações

– Aumento da tolerância

– Reacção física de privação quando o uso do produto é interrompido

03-11-2011

3

Alcoolismo

• O alcoolismo é o conjunto deproblemas relacionados com o

consumo excessivo e prolongado do

álcool e todas as suas consequências.

• Alcoólico é Segundo a OMS um”

bebedor excessivo, cuja dependência

em relação ao álcool, é acompanhada

de perturbações mentais, da saúdefísica, da relação com os outros e do

seu comportamento social e

económico”

Dados Epidemiológicos

• Em Portugal o consumo de álcool per-capita é dos mais

elevados do mundo, cerca de 9.6 Litros de álcool puro,

encontrando-se no 8º lugar do ranking mundial; o 4º a

nível de consumo de vinho (42 Litros/ano); o 23º a nível

de consumo de cerveja (58.7 Litros); e o 31º a nível de

consumo de bebidas espirituosas (1.4 Litros).

• A mortalidade ligada ao álcool estima-se como a 4ª causa de morteno nosso país;

• Cerca de 10.3% da população portuguesa com mais de 15 anos édoente alcoólica (800.000) e 13.7% bebem em excesso (1.000.000);

• Mais de 60% dos jovens de ambos os sexos (12 aos 16 anos) e maisde 70% (mais de 16 anos) consomem regularmente bebidasalcoólicas (cerveja, espirituosas com refrigerantes e misturas comalto teor alcoólico.

• 30% dos internamentos em Hospitais Psiquiátricos são relacionadoscom doentes alcoólicos e 37% dos comportamentos suicidários;

• 40% dos homens e 10% das mulheres internados em HospitaisGerais está relacionado com o consumo excessivo de álcool;

03-11-2011

4

• 33% das mortes por acidentes de viação e 34% das mortes poracidentes de trabalho revelaram alcoolémia positiva;

• Há uma relação evidente e gradual entre o álcool e doençasmortais como cirroses hepáticas, neoplasias das vias respiratórias,do aparelho digestivo superior, colo-rectais, fígado, hipertensãoarterial, pancreatite crónica, AVC hemorrágicos, mesmo comconsumos "moderados" de álcool de apenas 25 gramas por dia;

• 98% dos doentes alcoólicos referem conflitos familiares, 76%perturbações laborais (baixas frequentes, faltas, conflitos, baixade rendimento, sinistralidade), 69% complicações sociais dosquais 16,5% são problemas do foro jurídico-criminal;

• A criminalidade associada é exponencialmente mais elevada sobefeito de álcool a nível de condução, crimes sexuais e ofensascorporais.

Diferenças entre o consumo e a dependência do álcool.

• Consumo de risco - padrão de consumo

que pode vir a implicar dano físico ou

mental se esse consumo persistir.

• Consumo nocivo – (abuso) é um padrão de

consumo que causa danos à saúde, quer

físicos quer mentais. Todavia não satisfaz

os critérios de dependência.

• Dependência

(OMS)

• O álcool não aquece• O álcool não mata a sede• O álcool não dá força• O álcool não ajuda a digestão e não abre o apetite• O álcool não é um alimento• O álcool não é um medicamento• O álcool não facilita as relações sociais

Falsos Conceitos acerca do álcool

03-11-2011

5

• Actualmente assistimos a uma “mudança”nos hábitos tradicionais de beber

– Aumento significativo no consumo de cerveja– Crescente consumo de bebidas alcoólicas pela mulher– Crescente consumo de bebidas alcoólicas pela juventude– Crescente consumo de bebidas brancas– Internacionalização dos hábitos de beber

• Definem-se assim grupos de risco:– Crianças– Jovens– Mulheres– Emigrantes– Desenraizados– Marginalizados

• Podemos classificar as causas do alcoolismo como sendo

biológicas, sociais ou psicológicas

• Factores genéticos e ambientais condicionam em partes

iguais a dependência do álcool

• Mesmo quando o sujeito tem uma predisposição genética,

tem de estar regularmente exposto ao álcool para se tornar

dependente.

Causalidade

Quais são os factores de risco?

• História familiar relacionada com o alcoolismo; • Ambiente sociocultural. A integração em famílias ou em

meios sociais propensos ao consumo de álcool (ter de frequentar festas, reuniões sociais, etc.);

• Situações imprevisíveis de rotura na vida quotidiana; • Distúrbios emocionais – pessoas deprimidas ou ansiosas; • Conflitos entre os pais, divórcio, separação ou abandono,

de um ou de ambos os progenitores; • Dificuldades de adaptação à escola; • Dificuldades de aprendizagem.

03-11-2011

6

Modalidades da relação do individuo com o álcool

A intoxicação aguda

A característica principal daintoxicação aguda é apresença de alteraçõescomportamentais oupsicológicas desadaptativas eclinicamente significativas

A intoxicação agudaUm ou mais sinais manifestados durante ou após a ingestão:• Euforia• Discurso titubeante e confuso• Raciocínio lentificado e humor instavel• Descoordenação motora e ataxia• Marcha instável• Perturbação da atenção e memória• Confusão e desorientação• Estupor ou coma*• Insuficiência respiratória**situações mais graves

03-11-2011

7

Cérebro – situação agudaAo entrar na corrente sanguínea, o álcool começa a ser metabolizado pelo fígado ao mesmo tempo que atinge o cérebro. À medida que a pessoa bebe mais, ele alcança outras partes do cérebro. Em cada área, as consequências são diferentes

• 1- Ao atingir o córtex, o álcool afecta o comportamento. Diminui a capacidade de julgamento e a memória. Deixa a pessoa eufórica

• 2- No cerebelo, prejudica a fala, que fica pastosa, e o equilíbrio, causando um andar trôpego

• 3- No tronco cerebral, causa sonolência e, em casos mais graves, coma• 4- No bulbo cerebral, pode provocar até uma parada respiratória

Alcoolemia

• Corresponde à taxa de álcool no sangue em determinadomomento.

• Traduz os gramas de álcool puro por litro de sangue. Podeser avaliada por:

– directamente - por análise ao sangue

– indirectamente - através do ar expirado

Depende da quantidade ingerida e do metabolismo hepático, e deoutros factores: graduação alcoólica da bebida, conteúdo deaçúcar, presença de alimentos no estômago…

A dependência

• Critérios:Uso inadequado da substância provocando complicações clinicamente significativas, revelado por 3 ou mais dos elementos seguintes, presentes em todos os momentos durante um período de 12 meses.

03-11-2011

8

• Tolerância• Síndrome de Abstinência• Uso frequente ou em maior quantidade e por um

período mais longo que o previsto pelo sujeito• Desejo persistente ou várias tentativas de parar sem

sucesso• Tempo considerável gasto na obtenção de álcool, no seu

consumo ou nas suas consequências• Abandono ou redução de actividades importantes

devido ao consumo de álcool• Manutenção do consumo apesar de ser portador de

patologia que o contra-indique

Alcoolismo cronico

• Pressupõe a ingestão excessiva, habitual e frequente debebidas alcoólicas, repartidas ao longo do dia em váriasdoses, que vão mantendo uma alcoolização permanente doorganismo. O individuo tende a passar os dias a beber, nãodistinguindo o tipo de bebida; a ingestão de alimentos éreduzida; os comportamentos mentais deterioram-se, atolerância ao álcool aumenta, surgindo assim sintomasfísicos a um nível bastante grave que levam o individuo aurgentes cuidados médicos

O síndrome de abstinênciaInterrupção ( ou redução ) da utilização maciça e prolongada de álcool

1. Hiperactividade autonómica2. Tremor das mãos3. Insónia4. Náuseas ou vómitos5. Alucinações ou ilusões visuais, tácteis ou auditivas6. Agitação psicomotora7. Ansiedade8. Irritabilidade 9. Convulsões do tipo grande mal

1º sintomas durante as primeiras 24 h após ultimo consumoPico 36 a 48 horasFim dos sintomas cerca de 5 a 6 dias

03-11-2011

9

Delirium Tremens

• Forma mais intensa e complicada de abstinência• Caracteriza-se por forte agitação, delírios e

alucinações extremas (visuais, auditivas e tácteis),podendo, por vezes, ser também acompanhado defebre e convulsões (do tipo da epilepsia). Entre 5 a10% dos alcoólicos que entram no estádio dedelirium tremens acabam por falecer(desequilíbrio hidro-electrolitico

As consequências orgânicas do abuso do álcool

Ao nível digestivo• Falta de apetite• Glossites• Esofagites (com risco elevado de carcinoma)• Gastrites (com risco de úlcera e carcinoma)• Sindromas de mal absorção• Pancreatites (insuficiência endócrina e

exócrina)• Hepatites (da esteatose à cirrose)

27

O etanol exerce uma acção tóxica no fígado. Com o aumento da ingestão o fígado aumenta a sua capacidade de

metabolismo o que se traduz num aumento da tolerância ao álcool. Inicialmente, ocorre uma esteatose

(acumulação da gordura do órgão) - ainda é reversível . A manutenção do consumo do álcool pode evoluir para

necrose das células e formação de fibroses caracterizando hepatite alcoólica, que por sua vez pode avançar para

uma situação de cirrose.

03-11-2011

10

28

ESTUDO DA FUNÇÃO HEPÁTICA

ENZIMAS VALOR OBTIDOVALORES DE

REFERÊNCIA

Trans. Glutâm. Oxalacética 98,0 UI/L* 7 – 34

Trans. Glutâm. Pirúvica 118,0 UI/L* 7 – 40

Gamaglutamil Transpeptidase 541,0 UI/L* 12 – 73

Fosfatase Alcalina 108, 0 UI/L 53 – 128

Bilirrubina Total 0,54 0,20 a 1,00 mg/dL

Bilirrubina Directa 0,23* 0 a 0,20 mg/dL

Bilirrubina Indirecta 0,31 0,20 a 0,80 mg/dL

As consequências orgânicas do abuso do álcool

Ao nível cardiovascular• Miocardiopatias• Hipertensão arterial• Alterações do ritmo cardíaco• Acidentes vasculares cerebrais• Morte súbita• Alterações sanguíneas

(macrocitose,trombocitopenia)

As consequências orgânicas do abuso do álcool

Ao nível osteo muscular

• Osteoporose

• Atrofia muscular

• Necrose muscular

03-11-2011

11

As consequências orgânicas do abuso do álcool

Ao nível do sistema nervoso

• Atrofia cerebral• Atrofia cerebelosa• Síndrome de Wernicke-Korsakoff (associado a carência de

vit. B1)• Crises convulsivas• Demência alcoólica

• Síndrome de Wernicke-Korsakoff– Descoordenação motora, nistagmo, confusão mental,

prejuízo evidente da memoria (amnésia anterógrada eretrógada)

• Demência alcoólica– O uso prolongado do álcool pode provocar lesões

difusas no cérebro prejudicando além da memória acapacidade de julgamento, de abstração de conceitos; apersonalidade pode alterar-se, o comportamento comoum todo fica prejudicado.

As consequências orgânicas do abuso do álcool

Ao nível sexual no homem

• Atrofia testicular• Diminuição da fertilidade• Diminuição da barba• Perda de libido• Disfunção eréctil• Ginecomastia

• Ao nível sexual feminino

• Amenorreia• Anovulação• Menopausa precoce• Abortamento espontâneo• Disfunção orgástica

03-11-2011

12

Aspectos sociais do alcoolismo

• Álcool e família– Vida familiar

– Descendência

• Álcool e trabalho• Álcool e condução• Álcool e criminalidade

Dificuldades e carências materiaisPerturbações relacionaisDeterioração progressiva do larDesagregação Familiar

Efeito – Acção tóxicaEfeito Indirecto – Acção psicológica

• A identificação precoce do

alcoolismo geralmente é

prejudicada pela negação dos

pacientes, além disso, nos estádios

iniciais é mais difícil fazer o

diagnóstico, pois os limites entre o

uso "social" e a dependência nem

sempre são claros e os indivíduos

tendema evitar o estigma

Tratamento

Diclemente e Prochaska

03-11-2011

13

Estádio motivacional Apresentação do paciente Melhor postura adoptada

Pré-contemplação Sem ideia sobre o problema e semplanos de mudar. Acha que seuconsumo de drogas não lhe faz mal eestá sob controlo.

Evitar o confronto, mas sem perder asinceridade. Levantar dúvidas fazer com que apessoa possa aumentar a sua percepção dosproblemas causados pelo seu comportamentoactual. Procurar outros motivos para opaciente procurar ajuda.

Contemplação Percebe um problema, mas estáambivalente para promover mudança.

O indivíduo deve ser sensibilizadoobjectivamente, dentro de um ambientereflexivo, fortalecendo a crença do pacientesobre as possibilidades de mudança. Pode-selevantar os prós e contras da abstinência e doconsumo.

Determinação Percebe que tem um problema e queprecisa promover mudanças. Oindivíduo pede ajuda.

Ofereça soluções e retire barreiras. Negocieum plano de abordagem. Auxiliar a definir aforma mais adequada de conseguir obter asmudanças desejadas

Acção Pronto para começar a mudança. Prover o suporte; definir a assistência; afamília deve mostrar-se disposta a participardo tratamento sempre que solicitada.

Manutenção Incorporação da mudança ao estilo devida.

Reforçar o sucesso; reavaliar afarmacoterapia; auxiliar em estratégias deprevenção de recaída e avaliação de situaçõesde risco.

Recaída Volta para a contemplação ou pré-contemplação

Menos de 5% dos pacientes nunca recaemapós iniciarem o processo de mudança e maisde 70% recaem antes do terceiro mês deabstinência. Retornam a algum dos estágiosanteriores, para novamente evoluírem rumo àmudança. Não é o retorno à estaca zero,tampouco motivo para repreensões ou culpa.É um momento de aprendizado, visando aevitar ou dificultar recaídas futuras.

• Uso de medicação, sobretudo na fase aguda de

abstinência, e apoio para manutenção dessa

abstinência, com vigilância médica, podendo

incluir medicamentos que reduzem a vontade

de beber, e também psicoterapias estruturadas

individuais ou em grupo, movimentos de auto-

ajuda e de antigos bebedores.

• Desintoxicação– Os tratamentos psicoterapêuticos,

quimioterapêuticos e institucionais garantem o

controlo ou a prevenção dos sinais de privação

(tratamento sedativo – benzodiazepinas,

triapride), re-hidratação e vitaminoterapia

(especialmente B1)

– Apoio psicoterapêutico – terapias de apoio com

o objectivo de estabelecer relação de confiança,

abordar sem rodeios as dificuldades e permitir a

desculpabilização; terapias de grupo

03-11-2011

14

Intervenções FarmacológicasOs principais objectivos

• a) Reverter os efeitos farmacológicos do álcool; • b) Tratar e prevenir as complicações da

abstinência do álcool • c) Manutenção da abstinência e prevenção das

recaídas, por meio da redução do desejo para ingerir álcool; redução do consumo ao tornar a ingestão de álcool desagradável e tratamento da comorbilidade psiquiátrica

• Tratamentos a longo prazo– Manutenção de relação terapêutica estável

– Apoio na manutenção da abstinência

(mudança de comportamentos)

– Melhorar a Qualidade de Vida

– Medicamentos eficazes na supressão do

desejo pelo álcool – naltrexona, dissulfiran,

Acamprosato

• O doente diz que não bebe e a

família diz o contrario

• O doente continua em

consulta/acompanhamento mas

continua a beber

• Abandono

• Recaídas

03-11-2011

15

Recaída• A taxa de recaída é muito alta:

• Aproximadamente 90% dos alcoólicos voltam a

beber nos 4 anos seguintes a interrupção, quando

nenhum tratamento é feito

• O dependente que consiga manter-se longe do

“primeiro gole” terá mais possibilidades de evitar

a recaída

OPIÁCEOS

Ópio

Morfina

Heroína

Metadona

Buprenorfina

Codeína

No grupo dos opiáceos incluem-se as substâncias derivadas do ópio e alguns produtos sintéticos que partilham uma característica comum: ligarem-se aos receptores opióides do SNC.

•O ópio , exsudado do Papaversomniferum, contém mais de 20 alcalóides.Um dos mais representativos é a morfina.Outro dos quais é a codeína , directamenteobtido do ópio é usado como analgésico eantitússico.

• A heroína ou diacetilmorfina é umderivado semi-sintético da morfina, maislipossolúvel e com maior poder analgésicoque esta.

• Metadona é um opiáceo sintético.

• A buprenorfina é outro opiáceo sintéticocom efeitos agonistas e antagonistas.

03-11-2011

16

Intoxicação por opiáceos

• A administração e.v de heroína produz um quadro de euforia que pode

durar de 10 a 30 min. Posteriormente aparece letargia, sonolência e

apatia, ou disforia que pode durar de 2 a 6 horas.

• Overdose: situação aguda, com risco de vida,frequentemente acidental

constituindo por vezes tentativa de suicídio.

• Sinais e Sintomas: Inconsciência e dificuldade em acordar, cianose

dos lábios e do corpo, pupilas contraídas, marcas de agulhas, edema

pulmonar e/ou cerebral, hipotermia,diminuição da respiração.

COCAÍNA

• COCAÍNA

• CRACK

COCAÍNA

• Em 1859 , Albert Niemann (1834-1861) isolou das folhas de coca

(provenientes de um arbusto originário dos Andes) uma substância a

que chamou cocaína.

• A história do seu consumo, por mastigação de folhas de coca ou em

infusão, remonta as culturas précolombianas pelo seu efeito

vigorizante e suas propriedades mágicas.

• A primeira epidemia na Europa teve lugar em 1886-1991. A partir dos

anos 60 o seu consumo tem aumentado, estando associado a outras

substâncias psicoactivas, como o álcool, os tranquilizantes e

hipnóticos, a heroína.

03-11-2011

17

COCAÍNA• A cocaína é facilmente absorvida a nível das mucosas. Os consumidores

utilizam particularmente a mucosa nasal para este efeito. O efeito é

obtido em 2 a 3 minutos. É a forma mais popular de administração.

• A administração intravenosa de cocaína isolada ou associada à heroína,

à fenciclidina ou barbitúricos, induz um efeito imediato de cerca de 1 a 2

minutos e é comum entre os politoxicómanos. A utilização por via

intramuscular ou subcutânea é rara.

• Crack: forma específica de cocaína destinada a ser fumada, ou

excepcionalmente injectada (free-base). O efeito surge em 5 a 10 seg,. A

sua utilização induz uma dependência rápida, mais forte do que quando

é simplesmente “snifada”.

Intoxicação Aguda

• Midríase• Aceleração do ritmo

respiratório• Hipertensão, crises de

angor, perturbações do ritmo

• Reflexos tendinosos aumentados

• Hipertermia• Xerostomia

• Tremores e Convulsões• Episódios Paranóides

muitas vezes violentos, alternando com períodos de lucidez.

• Coma após esgotamento extremo

• Morte possível por colapso cardiovascular, na ausência de tratamento

Abstinência

• A dependência é essencialmente psíquica, masalguns autores registam sinais mais específicos –podendo, de facto marcar uma privação num quadrode politoxicomania:

• Dores musculares e abdominais• Arrepios• Sensação de fome• Sono anormalmente prolongado• Depressão Nervosa• Risco de Suicídio

03-11-2011

18

CANNABIS

MARIJUANA

HAXIXE

Provavelmente a droga ilícita mais utilizada em

Portugal

Via mais comum de administração é fumada ou

inalada

CANNABIS

• A cannabis sativa é uma planta que contém uma grande

quantidade de alcalóides com efeitos psicoactivos.

• A cannabis foi introduzida no sec. XIX com diferentes indicações:

tratamento da tosse, fadiga, reumatismo e enxaqueca.

• Não se conhece o mecanismo exacto da acção desta substância,

embora se descrevendo efeitos sobre os sistemas de

neurotransmissão dopaminérgica e interacções dopaminérgicas.

• Desde 1990 que se conhece um receptor canabinóide específico

no SNC.

CANNABIS

• A cannabis (que se consome habitualmente emforma de haxixe) é também uma droga excitante,provocando um humor próprio, hiperestesias edistorção da sensação da passagem do tempo, edificultando ao mesmo tempo ao utilizador o acessoà realidade exterior.

• A dependência de cannabis está associada a umconsumo que tende a ser diário e com tolerância aalguns dos seus efeitos psicoactivos, o que provocauma escalada na frequência de administração.

• Entende-se por consumidores habituais , os queconsomem várias vezes por semana ou mesmodiariamente, há bastante tempo.

03-11-2011

19

Consumo crónico de Canabinoides

• Efeitos: Diminuição da capacidade de atenção, perturbação do

desempenho cognitivo (aprendizagem de nova informação),

anedonia, letargia e síndrome amotivacional – desinvestimento

das actividades quotidianas com défice mnésico com

embotamento afectivo e intelectual.

• Psicose . Por si só não causam doença psiquiátrica específica ,

mas aumenta o risco de descompensação de distúrbio pré-

existente ou vulnerabilidade existente

ALUCINÓGENIOS

• MDMA (ECSTASY)

• LSD

Alucinogénios

• Aumento da consciência dos estímulos sensoriais, com cores

vividas e um sentido da audição mais penetrante.

• Sensação subjectiva de intensificação da actividade mental,

percepção dos estímulos habituais do ambiente como se

fossem novidades, alteração das imagens corporais,

interiorização do pensamento e menor aptidão para distinguir

entre si mesmo e o ambiente.

• Aumentam a ansiedade e a tristeza

• Intoxicação: pupilas dilatadas , rubor facial, tremor fino,

elevação da tensão arterial, aumento da glicemia e da

temperatura.

03-11-2011

20

LSD

• Droga muito potente, que provoca francas alucinações em

doses tão fracas como 20-35 mg (dose de rua 50 a 300g).

• Pode ser comprado sob a forma de pó, solução, cápsulas ou

comprimidos. Substância sem cor nem cheiro, pode ser

dissolvida em cubos de açúcar ou pedaços de mata-borrão.

Geralmente tomada por via oral, pode ser administrada por via

subcutânea ou endovenosa.

• Tonturas, fraqueza e uma série de alterações psicológicas que

são substituídas por euforia e alucinações e que duram de 4 a

12 horas.

MDMA ou Ecstasy

• O MDMA foi sintetizado pela primeira vez em 1912, por

químicos alemães e patenteado em 1914 pelo laboratório Merck

como anorexígeno.

• O Ecstasy é apresentado usualmente sob a forma de

comprimido com diferentes formas, cores e desenhos alusivos

(nome pelo qual são muitas vezes conhecidos). Alguns locais

podem-se encontrar sob a forma de cápsulas.

• O consumo faz-se quase sempre por via oral, salvo raríssimas

excepções, nos casos de consumo endovenoso, nasal ou anal

(na forma de supositório)

MDMA ou Ecstasy• Os efeitos podem ser:

• Orgânicos: Libertação de substâncias neurobioquimicas que

conduzem ao aparecimento de HTA, hipertonicidade muscular,

taquicardia, labilidade térmica, nistagmo e anorexia. Danos

neurológicos a longo prazo.

• Cognitivo-Comportamental: distúrbio da atenção e retenção,

resistência à fadiga física e mental, elevação da auto-estima.

• Emocional: incremento positivo do humor, regressão do medo e

aumento do autocontrole, em virtude do desenvolvimento do insight,

com favorecimento dos mecanismos de Coping.

03-11-2011

21

MDMA ou Ecstasy

• Estado de inquietação.• Baixa de concentração.• Hipersensibilidade

sensorial.• Hiperactividade

psíquica e física.• Ansiedade versus

tranquilidade.

• Alucinações visuais.• Quadros Paranóides.• Pânico.• Dissolução do medo e

das angustias, que conduz a uma alteração comportamental com baixa das defesas.

Toxicomania e Perturbações Mentais

• A perturbação mental é a consequência directa do consumo (

perturbações psicóticas induzidas por substâncias, síndromes

confusionais, intoxicação, certos estados depressivos e ansiosos,

síndrome amotivacional)

• A perturbação mental modifica a evolução dos hábitos de consumo

de substâncias (como é o caso de pessoas que são portadoras de

uma perturbação bipolar e que consomem sobretudo em fase

maníaca)

• O consumo de drogas é secundário a uma perturbação mental ou a

uma perturbação da personalidade

Toxicomania e Perturbações Mentais

• O consumo de drogas modifica a evolução da perturbação mental

(alteração do humor no indivíduo que apresenta uma perturbação

bipolar, exacerbação da ansiedade, das alucinações e das ideias

delirantes no esquizofrénico, exacerbação da violência nos

psicopatas)

• A perturbação mental e o consumo de substâncias psicoactivas

são a expressão de uma vulnerabilidade comum ( genética,

psicopatológica, ambiental)

• A perturbação mental e o consumo de drogas não têm qualquer

relação entre si, coexistem simplesmente.

03-11-2011

22

TRATAMENTOS

Tratamentos

• CRI

• Constituídos por equipes multidisciplinares de médicos

psiquiatras e de clínica geral, psicólogos, enfermeiros,

assistentes sociais e técnicas de animação social.

• O primeiro passo no início de um tratamento e o mais

importante é a motivação do indivíduo.

• A orientação para o tratamento é variável: o próprio ou a sua

família, o médico de família ou um assistente social e muitas

vezes o sistema judicial.

Tratamentos

Fases de tratamento:

• Atendimento e Consulta

• Cessação do Consumo: desintoxicação física

• Contrato terapêutico

• Psicoterapia Individual

• Antagonista

• Terapêuticas de Substituição

• Terapias de Grupo : Narcóticos Anónimos

• Comunidades Terapêuticas

• Reabilitação Social

03-11-2011

23

Comunidades Terapêuticas

• Instituições especificas diferentes dos programas terapêuticos. A “tomada a cargo” é tanto efetuada pelos educadores como pelospares.

• Trata-se de uma terapia pela comunidade, na qual o modo de vidae as obrigações são partilhadas.

• Os tempos de permanência são prolongados, variando entre 6 a 18meses, de acordo com o funcionamento da comunidade e ,claro,com a problemática do residente em questão.

• Estas comunidades são muito estruturadas, hierarquizadas,organizadas, e o trabalho ocupa nelas um lugar fundamental. Osvalores a respeitar durante o tratamento são a honestidade, asolidariedade, a responsabilidade, a verdade, a família. Trata-se deuma abordagem socio-comportamental.

Naltrexona

• Derivado da tebaína, que existe naturalmente na papoila.

• Antagonista quase puro que bloqueia os efeitos opióides,

provavelmente por uma união competitiva.

• Pode deslocar um agonista presente no receptor (produzindo

síndrome de privação) e impedir os efeitos de uma

administração subsequente de opióide.

• A utilização terapêutica é delicada porque esta substância,

embora antagonize os efeitos euforizantes da heroína, não

suprime o desejo que a pessoa tem de consumir.

• Indicada nos indivíduos motivados para o tratamento.

Terapêuticas de Substituição

• Este tipo de tratamento consiste em substituir a heroína por um

medicamento prescrito a longo prazo, durante meses ou

mesmo anos e desta forma medicalizar os toxicodependentes.

• Em Portugal estão disponíveis a metadona e a buprenorfina..

• Estes são morfinomiméticos o que significa que também

induzem dependência e síndrome de privação.

• Os benefícios são numerosos: redução dos riscos ligados às

injecções intra-venosas e à sobredosagem, diminuição dos

actos de delinquência, supressão dos sintomas de privação,

estabilização no plano psíquico e reabilitação social.

03-11-2011

24

Comparação de Programas

• METADONA• Maior preferência dos

doentes• Redução da criminalidade e

melhoria social• Bloqueio por tolerância

cruzada• Manutenção da dependência• Dificuldade em conseguir a

abstinência• Maior consumo de outras

substâncias e de álcool

• NALTREXONA• Preferência menor• Bloqueio por antagonismo

competitivo• Manutenção da abstinência• Menor consumo de outras

substâncias e de álcool• Não estudado

suficientemente