departamento de taquigrafia revisÃo e redaÇÃo …socorro; do sr. pedro laurindo da silva,...

DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA

REVISÃO E REDAÇÃO

SESSÃO: 220.3.51.O

DATA: 30/10/01

TURNO: Matutino

TIPO SESSÃO: Sessão Solene - CD

LOCAL: Plenário Principal - CD

HORA INÍCIO: 10h12min

HORA TÉRMINO: 12h15min

DISCURSOS RETIRADOS PELO ORADOR(A) PARA REVISÃO

Hora Fase Orador Dt. Devol.

CÂMARA DOS DEPUTADOSAta da 220ª Sessão, em 30 de outubro de 2001

Presidência dos Srs. ...................................................................

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ÀS 10 HORAS COMPARECEM OS SENHORES:

Aécio Neves

Efraim Morais

Barbosa Neto

Severino Cavalcanti

Nilton Capixaba

Paulo Rocha

Ciro Nogueira

Pedro Valadares

Salatiel Carvalho

Enio Bacci

Wilson Santos

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 220.3.51.O Tipo: Sessão Solene - CDData: 30/10/01 Montagem: Sérgio

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I - ABERTURA DA SESSÃO

O SR. PRESIDENTE (Salatiel Carvalho) - Declaro aberta a sessão.

Sob a proteção de Deus e em nome do povo brasileiro iniciamos nossos

trabalhos.

O Sr. Secretário procederá à leitura da ata da sessão anterior.

II - LEITURA DA ATA

O SR. ..........................................................., servindo como 2° Secretário,

procede à leitura da ata da sessão antecedente, a qual é, sem observações,

aprovada.

O SR. PRESIDENTE (Salatiel Carvalho) - Passa-se à leitura do expediente.

O SR. ..........................................................., servindo como 1° Secretário,

procede à leitura do seguinte

III - EXPEDIENTE


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O SR. PRESIDENTE (Salatiel Carvalho) - Finda a leitura do expediente, vai-

se passar à

IV - HOMENAGEM

O SR. PRESIDENTE (Salatiel Carvalho) – Esta sessão solene foi requerida

para homenagear a Reforma Protestante. O autor do requerimento é o nobre

Deputado Lincoln Portela.

Para compor a Mesa, honrando esta Casa e esta sessão solene, convido o

nobre Vice-Governador do Distrito Federal, Benedito Domingos, nosso ex-

companheiro Deputado Federal (Palmas.); o Pastor Nilson de Amaral Fanini,

Presidente do Conselho da Aliança Batista Mundial (Palmas.); o Bispo Robson

Lemos Rodovalho, Presidente da Igreja Sara Nossa Terra; o Bispo Manoel Ferreira,

Presidente da Convenção Nacional das Assembléias de Deus no Brasil (Palmas.); o

Pastor Amós Batista, Presidente do Conselho de Pastores Evangélicos do DF.

Registramos, com muita satisfação, a presença do Pastor Antônio Domingos,

da Assembléia de Deus do Planalto Central; da Pastora Elizabeth Silveira e do

Pastor Sinomar Silveira, da Igreja Internacional da Paz, em Goiânia; do Pastor

Josimar Francisco, da Assembléia de Deus do Planalto, no Distrito Federal; do

Pastor Waldemiro José da Silva, da Igreja Evangélica Unidade Cristã de Brasília;

dos Bispos Carlos e Cássia Vieira, da Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra; do

Pastor Divino Gonçalves, Presidente da Assembléia de Deus de Taguatinga; do

Missionário Doriel de Oliveira, Presidente da Igreja Tabernáculo Evangélico de


403

Jesus, Casa da Bênção; da Missionária Valnice Milhomes; do Pastor Severino

Vilarindo, da Igreja Batista Central; e de muitos outros ilustres pastores e bispos.

Sras. e Srs. Deputados, ilustres integrantes da Mesa Diretora, Exmo. Sr.

Deputado Lincoln Portela, autor do requerimento para a realização desta sessão em

homenagem à Reforma Protestante, ilustres bispos, pastores, minhas irmãs e meus

irmãos, vivemos momento histórico muito oportuno para se prestar homenagem ao

movimento da Reforma, que ampliou os horizontes do cristianismo, contribuindo

para a divulgação da palavra de Jesus e para o fortalecimento da fé em todo o

mundo.

Hoje, mais do que nunca, percebemos a importância do convívio harmônico

entre as diferentes religiões para a manutenção da paz e do diálogo construtivo

entre as nações. Convívio para o qual o povo brasileiro sempre se mostrou

inclinado, como prova a grande difusão do sentimento religioso num país de

dimensões continentais, onde sempre se respeitou a opção de cada indivíduo ou

grupo por suas convicções e inclinações doutrinárias.

É nesse ambiente de tolerância que refletimos sobre a mensagem

reformadora que há quase cinco séculos Martinho Lutero fez brotar no seio da Igreja

Católica e que, no Brasil, propiciou o surgimento do movimento evangélico, um dos

principais pólos de atração para o forte sentimento religioso do nosso povo.

Quando as diferenças culturais e religiosas se intensificam no mundo, a ponto

de provocarem conflitos armados, ganha evidência a vocação pacifista e a

hospitalidade dos brasileiros. A alegria e o amor pela vida, tão característicos entre

nós, criam substrato altamente favorável à solidariedade e à difusão do cristianismo.


404

No Brasil, as religiões protestantes encontram solo fértil para se

desenvolverem, mostrando que a retomada do contato com o Messias é o

verdadeiro caminho para a paz interior, tão rara no mundo conturbado em que

vivemos.

A comunidade evangélica brasileira cresce junto com a busca por estilo de

vida mais coerente com os valores humanos essenciais, que valorizam o trabalho, a

fé e o respeito pelo próximo.

O convívio com nossas limitações e dúvidas mais íntimas nos mostra quanto

o crescimento espiritual e o equilíbrio interior dependem de atitude fraterna em

relação aos nossos semelhantes, estimulando ações voltadas para a construção de

comunidade centrada no bem comum e na solidariedade responsável.

Essa reflexão, que nasce de questionamento interior, livre de qualquer

imposição, é um dos fundamentos da Reforma, clara referência para as sociedades

atuais que acreditam na liberdade como princípio básico de suas constituições

políticas e sociais.

A comunidade evangélica é exemplo do que pode ser construído pelos

homens quando seus corações estão irrigados pela fé. Os milhões de fiéis que

caminham irmanados em solo brasileiro têm contribuído de forma grandiosa para a

formação de cultura solidária, oferecendo a quem está perdido o farol incomparável

da Palavra que Cristo nos legou junto com a vida que ofereceu em troca da salvação

da humanidade.

Nesse sentido, quando homenageamos a Reforma Protestante, estamos

reconhecendo o empenho de homens e mulheres que trabalham para propiciar a


405

ampliação da fé em todo o mundo, à medida que colhem os frutos originados das

sementes lançadas por Lutero.

Esse trabalho tem sido um dos vetores principais do esforço que todos

realizamos, cotidianamente, para construirmos mundo mais justo e equilibrado, no

qual a vida humana seja o valor principal.

A comunidade evangélica brasileira é exemplo para todas as pessoas

comprometidas com o futuro da humanidade.

Parabenizo o autor do requerimento, nobre Deputado Lincoln Portela.

(Palmas.)


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O SR. PRESIDENTE (Salatiel Carvalho) - Convido para compor a Mesa o

ilustre Pastor Severino Vilarindo de Lima, Presidente do Conselho de Pastores e

Igrejas do Distrito Federal e Pastor Presidente da Igreja Batista Central de Brasília

(Palmas.), cuja presença muito nos honra.

Queremos também registrar a presença do Pastor Isaías Coelho da Palma,

da Igreja Batista de Belford Roxo, Estado do Rio de Janeiro; do Pastor João Adair

Ferreira, Presidente da Assembléia de Deus de Sobradinho, Distrito Federal; do

Pastor Lourenço Vieira, Secretário-Geral do Conselho Nacional de Pastores do

Brasil; do Pastor Rocindes José Corrêa, Secretário-Executivo da Missão Asas de

Socorro; do Sr. Pedro Laurindo da Silva, Presidente da Associação Cristã Amigos

Brasil/Israel; do Pastor Waldemiro José da Silva, da Igreja Evangélica Unidade

Cristã do Distrito Federal; do Bispo Renato Augusto, da Igreja Evangélica de

Confissão Luterana do Brasil; e do Pastor João Gonçalves, Presidente da Marcha

para Jesus, em Brasília.

Esta Presidência convida os presentes a assistir à exibição de vídeo

institucional.

(Exibição de vídeo.)


407

O SR. PRESIDENTE (Salatiel Carvalho) – Dando seqüência a esta sessão

solene em homenagem à Reforma Protestante, assistiremos agora a apresentação

musical com o uso do chofar, antigo instrumento de sopro, a ser executada pelo

Pastor Mike Shea.

(Apresentação musical. Palmas.)


408

O SR. PRESIDENTE (Salatiel Carvalho) – Convidamos os presentes a ouvir a

interpretação da música “Castelo Forte”, de autoria de Martinho Lutero, cantada por

Márcio Ribeiro.

(Apresentação musical.)


409

O SR. PRESIDENTE (Salatiel Carvalho) – Concedo a palavra ao nobre

Deputado Lincoln Portela, autor do requerimento desta sessão solene.

O SR. LINCOLN PORTELA (PSL-MG. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, Deputado Salatiel Carvalho, que tem trabalhado nesta Casa com

competência e honrando o nome do Senhor; Sras. e Srs. Deputados; senhores

membros da Mesa, heróis da fé aqui presentes; povo de Deus, em primeiro lugar,

desejo fazer menção ao Pastor Mike Shea, que tem ministério profético em todo o

Brasil e que tocou o chofar. Segundo conta a Bíblia Sagrada, o instrumento era

utilizado para derrubar muralhas, proclamar vitórias e o ano aceitável do Senhor.

Proclamamos, tocamos trombetas, e as muralhas caem.

Há muralhas caindo há 484 anos. O Hino Castelo Forte foi composto por

Martinho Lutero, sob a inspiração do Espírito de Deus, no momento em que esteve

face a face com o inimigo.

Este é o nosso hino, o Hino da Reforma, o hino que entoamos quando

lembramos que há 484 anos algo mudou nossas vidas e deu rumo à Igreja do

Senhor. O Espírito de Deus levantou-se na vida de um homem. A Deus, toda a

honra, toda a glória e todo o louvor.

Quatrocentos e oitenta e quatro anos de conquistas. Disse Lutero:

Nem no céu nem na terra resta à alma outra coisa

a não ser viver e ser justa, livre e cristã segundo o

Sagrado Evangelho, a Palavra de Deus pregada por

Cristo, como Ele mesmo diz em João 11:25: “Eu sou a


410

vida e a ressurreição; quem crê em mim viverá

eternamente”.

O dia em que comemoramos o aniversário da Reforma Protestante constitui

oportunidade para reverenciarmos movimento que, iniciado no século XVI, chegou

até o início do século XXI com a mesma força e o entusiasmo transformador daquela

época. É também oportunidade para refletirmos sobre a grande contribuição

espiritual, intelectual e social dada à nossa Pátria pelos milhões de brasileiras e

brasileiros que fazem parte da comunidade evangélica cristã nacional.

É tempo também de convocar a Nação, especialmente seus líderes, a

abandonar o cristianismo nominal e sincretista, vazio de conteúdo ético, e a adotar

a prática cristã realmente embasada na Bíblia. Diga-se de passagem, é grande a

representatividade de líderes evangélicos nesta sessão solene e que trabalham

como heróis da fé. Chegando a este plenário, vi algumas fotos e estandes de igrejas

evangélicas. Os primeiros que eu vi são da Casa da Benção, do Pastor Doriel de

Oliveira. Também é muito bom ver a Pastora Valnice Milhomes aqui conosco. Que

bom ver tantas pessoas abençoadas conosco.

Senhoras e senhores, o protestantismo não é religião criada por Lutero. O

movimento protestante foi, na verdade, o retorno ao cristianismo bíblico, conforme

apresentado nos Evangelhos. Não tinha Lutero, com suas 95 teses, a intenção de

criar divisão ou cisma na Igreja de então. Sua intenção era tão-somente que os

líderes eclesiásticos voltassem à prática do cristianismo bíblico.

O movimento protestante, iniciado por Lutero em 31 de outubro de 1517,

surgiu como raio de sol e de esperança, anunciando o fim de uma noite de densas


411

trevas. Após 484 anos de seu início, permanece acesa hoje a chama do ideal que o

motivou. Foi o amanhecer da liberdade religiosa e do respeito à fé do semelhante,

por sinal, uma das mais celebradas conquistas do homem moderno no campo das

liberdades individuais.

Essa chama aqueceu toda uma geração, transformando a sociedade

subjugada em sociedade independente e livre; a sociedade manipulada e mantida

na ignorância em sociedade informada e culta. Pessoas sem qualquer expectativa,

massacradas pelo absolutismo, começaram a vislumbrar, com esperança, futuro

melhor.

A principal descoberta de Lutero, que mudou sua vida, a Europa e o mundo,

foi a de que somos salvos pela graça de Deus, mediante a fé em Cristo Jesus. É

dom gratuito de Deus, dado a todos quantos crêem no Seu Filho Unigênito.

Quero destacar, especialmente, as conquistas realizadas pelo crescente

número de cristãos de diversas nações, ao longo desses 484 anos. Diversas

pesquisas revelam a ascendência das nações de maioria ou tradição protestante. O

índice de desenvolvimento humano é baseado nos critérios de longevidade,

educação e nível de vida.

Segundo a ONU, estes são os dez países de maior nível do mundo, pela

ordem: Canadá, Noruega, Estados Unidos, Japão, Bélgica, Suécia, Austrália, Nova

Zelândia, Holanda, Islândia e Grã-Bretanha. Das dez nações, nove são de formação

evangélica. O Brasil ocupa a 79ª posição no ranking.

Dos nove países com maior renda per capita do mundo, oito são

evangélicos. Universidade alemã vem fazendo pesquisas sobre as nações mais


412

honestas e mais corruptas, tomando por base o ano de 1999. Os dez países

considerados mais honestos foram: Dinamarca, Finlândia, Suécia, Nova Zelândia,

Islândia, Canadá, Cingapura, Holanda, Noruega e Suíça. Desses, apenas Cingapura

não é evangélica.

Está comprovado que as nações de tradição evangélica são consideradas as

mais honestas e mais ricas do planeta, além de serem as que melhor distribuem sua

renda. São países que erradicaram a pobreza, o analfabetismo e oferecem o mais

alto nível de vida aos seus habitantes.

Nós, políticos evangélicos, somos, não poucas vezes, duramente criticados

pela fé que ousamos proferir publicamente, o que fazemos na graça, na unção e na

alegria do Espírito de Deus, como o fazemos nesta manhã, proclamando os 484

anos de vitória e de conquistas da Reforma Protestante. (Palmas.)

Ranjam os dentes os opositores da fé cristã. Esperneiem e tremam, porque,

ainda que eu caia, outros muito melhores se levantarão. (Palmas.) Ainda que

caiamos, o Espírito de Deus levantará outros com poder, graça e autoridade,

porque, como disse o Pastor Rosivaldo de Araújo uma vez, no hino que compôs,

“ninguém detém, é obra santa, esta causa é do Senhor”. (Palmas.)

Quero ainda trazer exemplos de nações que se reergueram graças à

influência de políticos comprometidos com a fé cristã. Genebra, Suíça: em 1541,

quando João Calvino, reformador protestante, assumiu o governo da cidade,

imperava a desordem, a miséria e a injustiça. Calvino reorganizou a Igreja, publicou

lei expressando a moral bíblica e estabeleceu sistema educacional de qualidade,


413

adotando a bíblia como livro-texto. Ainda hoje, 484 anos depois, Genebra é cidade-

modelo, e a Suíça está entre os países com maior renda per capita do mundo.

Em meados do século XIX, os Estados Unidos foram arrasados por guerra

civil, na qual morreram quase 1 milhão de norte-americanos. Com a economia

destruída, tornou a nação mais endividada da Terra. Os analistas da época previam

que o país estava destinado a ser uma das nações mais pobres do planeta. Em

meio ao caos, o então Presidente Abraham Lincoln, em um dia nacional de jejum e

de oração, convocou o povo americano a se voltar para Deus. Os Estados Unidos se

tornaram a maior potência do mundo, experimentando grandes avivamentos nos

últimos 150 anos. É também responsável por 50% de todos os missionários do

mundo e por 90% dos recursos destinados à manutenção da obra de evangelização

do mundo.

Agora, depois de se apostatar da fé e permitir que templos fossem fechados e

vendidos, a nação norte-americana sofre na pele a conseqüência de deixar o

Senhor. Mas tenho notícias de que as igrejas americanas nunca estiveram tão

cheias quanto hoje, porque Deus leva os homens ao arrependimento, não

importando os meios para isso. Que a nação americana venha também a se

arrepender para voltar a ser a potência mundial que sempre foi.

Senhoras e senhores, meus irmãos em Cristo, Sras. e Srs. Deputados, nós

ainda vivemos sob o preconceito da grande mídia. Nós, 38 milhões de brasileiros —

já não somos minoria —, vivemos sob forte jugo. Polícias de Estados invadem

templos evangélicos religiosos tentando nos intimidar e impedir a celebração de

cultos, a exemplo do que ocorreu na cidade de Belo Horizonte, no domingo passado.


414

Mas não é ação da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais. São fatos

isolados, por causa do preconceito. O mesmo preconceito assumido por

determinado jovem num programa de televisão de grande audiência no Brasil, que

disse: “São evangélicos. Não gosto dos evangélicos porque eles são hipócritas”.

Quero dizer a esse moço, em rede nacional, e a todos os que assim pensam,

movidos pelo preconceito, pela arrogância e porque vivem nas trevas e ainda não

entenderam os dois mil anos de libertação, que pensem o que quiserem, digam o

que quiserem, façam o que fizerem, matem-nos o corpo.

Alguém disse, certa vez: “Eu te louvo de coração, eu te louvo com a voz. Se

me faltar a voz, eu te louvo com as mãos. Se me faltarem as mãos, eu te louvo com

os pés. Se me faltarem os pés, se me faltar a vida, se me faltar o coração, é porque

contigo estou”. Santa hipocrisia essa.

Deus nos abençoe!

Muito obrigado. (Palmas.)


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O SR. PRESIDENTE (Salatiel Carvalho) – Esta Presidência cumprimenta o

nobre Deputado Lincoln Portela pela brilhante iniciativa de propor esta sessão

solene em homenagem à Reforma Protestante e, ao mesmo tempo, pelo

brilhantismo e entusiasmo com que proferiu o seu discurso.

Registramos com satisfação a presença do ex-Deputado Valdenor Guedes,

nosso grande amigo e irmão; do Pastor Eduardo Sampaio, Presidente da

Assembléia de Deus e 1º Vice-Presidente da Convenção em Brasília; do Bispo

Marcelo de Albuquerque, Bispo Primaz da Fundação Renascer; do Pastor Lázaro

Ferreira Gomes, da Assembléia de Deus de Alexânia, Estado de Goiás; do nosso

irmão Walter Flores de Melo Júnior, que representa o Pastor Ciro Otávio, da Igreja

Batista da Floresta de Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais; e do Apóstolo

Estevam Hernandes, Presidente da Igreja Renascer em Cristo.


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O SR. PRESIDENTE (Salatiel Carvalho) – Concedo a palavra ao ilustre

representante do PFL, Partido da Frente Liberal, Deputado Arolde de Oliveira, nosso

irmão em Cristo, digno representante do povo carioca.

O SR. AROLDE DE OLIVEIRA (Bloco/PFL-RJ. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, colegas Parlamentares, líderes evangélicos, senhoras e senhores

convidados, com muita alegria, venho a esta tribuna, na condição de evangélico e de

político, para saudar a memória da figura histórica de Martinho Lutero.

Agradeço a honrosa tarefa que me foi confiada pelo Líder Inocêncio Oliveira,

para falar em nome da maior bancada de Deputados Federais com assento nesta

Casa, a do Partido da Frente Liberal.

Inicialmente, cumprimento o Deputado Lincoln Portela pela oportuna proposta

de realização desta sessão solene em homenagem ao pensamento e à obra de

Martinho Lutero, bem como às conseqüências do movimento que liderou. Sua obra

originou o movimento de reforma da Igreja no início do século XVI, com

conseqüências irrefutáveis nas áreas política, econômica e social, além do seu

maior significado sobre a posição espiritual em relação à fé em Jesus Cristo e a

correta interpretação da Palavra de Deus, em particular a contida no Evangelho de

Jesus Cristo.

Martinho Lutero sintetizou seu pensamento com as seguintes palavras:

Por fim, eu comecei a entender a justiça de Deus

como aquela pela qual o homem justo vive por dádiva de

Deus, o que quer dizer, pela fé; e que a sentença — a

justiça de Deus está revelada no Evangelho — é para ser


417

entendida como: a misericórdia de Deus justifica pela fé.

O homem justo deve viver pela fé. Com isso eu senti ter

nascido outra vez e ter entrado através da porta do

Paraíso.

Essa conclusão de Lutero tornou-se o fundamento da geração de uma das

três maiores unidades teológicas do Cristianismo, ao lado do Catolicismo Romano e

da Ortodoxia Oriental, conhecida como Protestantismo, cuja influência transcendeu

o ambiente religioso e alcançou os novos paradigmas de valores e de

comportamentos no período da Renascença, que sucedeu a Idade Média.

O movimento protestante, seja o original, seja o dele derivado em centenas

de denominações evangélicas, estabeleceu insuperável controvérsia em relação à

doutrina teológica dominante, a da Igreja Católica Apostólica Romana, decantada

nos últimos quase cinco séculos.

Na Idade Média, a promiscuidade entre a Igreja e o Estado no exercício do

poder temporal conduziu ao afastamento do Cristianismo primitivo e a interpretações

equivocadas das Escrituras Sagradas, segundo as conveniências políticas dos

governantes ou de interesses menores da organização e da administração da

própria Igreja, o que levou o monge Lutero, discípulo do Bispo Agostinho, através do

estudo e da reflexão, a escrever e publicar suas teses revolucionárias contra as

práticas da Igreja Católica.

Foi estabelecida a ruptura definitiva, o cisma com a Igreja Romana, em

particular pela rejeição da prática da indulgência, da comutação do pecado por


418

dinheiro e obras materiais, ocasionando a Reforma e o fortalecimento da teologia

protestante.

A partir da Alemanha o movimento assumiu rapidamente grandes proporções

também na Suíça, liderado por Ulrich Zwingler, considerado o pai da Reforma

naquele país, irradiando-se, então, para o resto da Europa, América e demais países

do Ocidente.

Embora buscasse também, ao se apoiar nos ensinamentos de Paulo e do

Bispo Agostinho, o resgate do passado, o movimento não se restringiu ao

entendimento de alguns historiadores que o enquadram como manifestação religiosa

da Renascença.

Ultrapassou esses limites por força de sua vitalidade e de seu dinamismo. E

diante das mudanças políticas na Europa e do desenvolvimento de novos interesses

econômicos, determinou, afinal, ruptura mais marcante com a civilização da Idade

Média do que o movimento liderado pelos renascentistas.

Sr. Presidente, ilustres colegas e convidados, na qualidade de político,

representante da bancada liberal, quero comentar ainda a contribuição positiva da

doutrina protestante para o pensamento político e para o comportamento social de

nosso tempo.

A justificação pela fé — consentida e não imposta — e a salvação da alma

pela graça de Jesus Cristo impuseram, além da separação entre Estado e Igreja, a

nítida consciência de que o homem, feito à imagem e semelhança de Deus para

atingir a plenitude de sua auto-expressão espiritual e material, tem como condição

necessária a de viver em liberdade.


419

Impõe-se, portanto, a preservação da integridade, da inteireza do ser

humano para que ele possa edificar a sua dimensão espiritual pela fé e desenvolver

a sua dimensão física e material, de forma a tornar-se equilibrado e harmônico

psicossocialmente.

Assim, o homem é capaz, no âmbito das relações do mundo temporal, de

assumir comportamento segundo a ética e os valores cristãos, contribuindo, pela via

da cidadania, política, social, econômica e culturalmente para a consecução do ideal

do bem-estar social.

É notório, Sr. Presidente, que as sociedades em que o governo político e a

liderança religiosa se exercem na mesma tribuna transformam-se em ditaduras

abomináveis onde não existe liberdade e onde a injustiça predomina. Onde o Reino

de Deus marcha separado do Poder temporal florescem as democracias, existe

liberdade política e religiosa e a busca da justiça social é prioritária.

Sr. Presidente, no Brasil, onde a liberdade religiosa é plena, a doutrina

protestante encontra campo fértil para se desenvolver. Hoje, a comunidade

cristã-evangélica congrega cerca de 30% da população brasileira e cresce a uma

taxa superior a 6% ao ano.

A contribuição do povo evangélico à sociedade brasileira é muito significativa

não apenas no campo ético e moral, mas também no desenvolvimento da cidadania,

mediante incontáveis instituições educacionais e de assistência social,

universidades, escolas, creches, asilos, centros de recuperação, além da educação

informal nas igrejas.


420

Portanto, esta homenagem, além de justa e merecida, é oportuna, uma vez

que nos permite refletir sobre o amor de Deus e o significado da liberdade neste

conturbado momento por que passa a humanidade.

Martinho Lutero, teólogo, filósofo e literato reformista, foi, antes e acima de

tudo, crente em Jesus Cristo como único e suficiente salvador.

Sr. Presidente, peço a V.Exa. que determine a transcrição, na íntegra, deste

pronunciamento nos Anais desta Casa. Agradeço a oportunidade e saúdo as

lideranças evangélicas do País, particularmente neste momento conturbado, repito,

que estamos vivendo.

Era o que tinha a dizer. (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Salatiel Carvalho) – O pronunciamento de

V.Exa., nobre Deputado Arolde de Oliveira, será transcrito integralmente nos Anais

desta Casa.


421

O SR. PRESIDENTE (Salatiel Carvalho) – Dando prosseguimento à sessão

solene de homenagem à Reforma Protestante, concedo a palavra à representante

do PSDB — Partido da Social Democracia Brasileira, nobre Deputada Lidia Quinan.

A SRA. LÍDIA QUINAN (PSDB-GO. Sem revisão da oradora.) – Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, cumprimento os integrantes da Mesa, na

pessoa do Vice-Governador de Brasília, Benedito Domingos, nosso ex-colega.

Meus irmãos em Cristo, neste ano da graça de 2001, contamos 484 anos da

Reforma Protestante. Em 31 de outubro de 1517, o frei, monge e professor

universitário Martinho Lutero demonstrou toda sua revolta com a corrupção vigente

nas práticas religiosas, afixando na porta da igreja do Castelo de Wittemberg

documento escrito em latim, contendo 95 teses que alteraram a história dos povos

ocidentais, determinando novos rumos para o desenvolvimento político, econômico e

religioso dos séculos futuros, que se refletiriam diretamente nos povos do Brasil e da

América Latina.

A prática das indulgências pela Igreja medieval deu causa à sua revolta. Por

ela, os cristãos, mesmo depois de haverem confessado e terem sido absolvidos de

seus pecados, necessitavam se libertar de suas conseqüências fazendo penitência.

Certas obras podiam permitir aos cristãos a libertação das penas em que haviam

incorrido, sendo seu valor de indulgências correspondente em valor pecuniário,

estipulado pela Igreja. Lutero entendia que as indulgências, que representavam a

isenção da penitência mediante pagamento, estimulava a auto-suficiência, o

egoísmo e a indiferença em relação a Deus, não havendo espaço para a verdadeira

contrição. Além do que, Lutero sabia muito bem que as suas reais motivações eram


422

econômicas, tais como, por exemplo, o tributo extraordinário pedido pelo Papa Leão

X para auxiliar na construção da Basílica de São Pedro, no Vaticano.

Para compreender a Reforma Protestante, é necessário conhecer a

importância de que se constituíam as indulgências numa superestrutura eclesiástica

da qual o próprio Lutero participava, uma vez que era monge agostiniano, tendo

para tanto feito os votos de iniciação: pobreza, celibato e obediência.

Entretanto, em aprofundado e dedicado estudo da Bíblia, desenvolveu nova

compreensão de Deus, da Fé e da Igreja. Tal compreensão, diferente da prática e

da supremacia imposta pela Igreja, envolveu-o num conflito com o Papado, seguido

de sua excomunhão em 3 de janeiro de 1521 e da fundação da Igreja Luterana, a

qual presidiu até morrer, em 1546.

Lutero, que sempre se viu como fiel e obediente servidor da Igreja,

desgostou-se quando o termo “luteranos” foi utilizado para se referir aos

simpatizantes e aderentes de sua causa. Dizia que o ensino não era dele, afirmando

que “a Palavra fez tudo”. Portanto, o segredo da Reforma era: fides ex auditu, ou

seja, “a fé vem pelo ouvir”, ouvir a Palavra.

Ouço, com prazer, o Deputado Elias Murad.

O Sr. Elias Murad – Nobre Deputada Lidia Quinan, congratulo-me com

V.Exa., com a Mesa e com o nobre amigo Lincoln Portela pela iniciativa de

homenagear a Reforma Protestante, particularmente os evangélicos. E falo na

condição de católico. O Brasil é um país de pluralismo religioso, terra de extrema

tolerância. Digo isso também porque sou descendente de libaneses, brasileiro de

primeira geração, tal como V.Exa., apesar de não ser descendente direta de


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libaneses. Seu marido, salvo engano, era. Essa tolerância do Brasil em relação às

raças e às religiões deve ser motivo de justo orgulho. Parabenizo V.Exa., também do

meu partido, o PSDB, pela iniciativa e pelas palavras. Muito obrigado. (Palmas.)

A SRA. LIDIA QUINAN – Agradeço ao nobre Deputado Elias Murad o aparte,

que certamente enriquecem meu pronunciamento.

Podemos entender que Lutero não ser tornou reformador porque atacou o

sistema das indulgências. Ele as atacou porque a Palavra já havia criado raízes

profundas em seu coração.

Em sua aproximação da Bíblia no mosteiro, primeiro, e depois na

universidade, em meio a lutas espirituais profundamente interiores, e não possuindo

a certeza de sua salvação prometida nas Escrituras, os fatores que causariam sua

conversão seriam leitura, estudo e meditação da Epístola de São Paulo aos

Romanos, particularmente o texto 1:17: “O justo viverá pela fé”. Seguindo esse

conselho, ele se apropria da fé, dessa grande salvação. A partir de então, Frei

Martinho Lutero tornou-se outra pessoa: “Imediatamente me senti renascer”,

escreve. Reconciliado com Deus e livre dos seus tormentos pessoais, tornou-se

disponível para os outros e para o trabalho que o esperava.

A realidade constatou que os povos da Reforma progrediram mais do que

aqueles que se viram privados da nova orientação religiosa. E um dos indicativos

para o entendimento de tal conseqüência encontramos em sermão proferido por

Lutero na cidade de Nuremberg, no ano de 1530, cujo título — “Prédica sobre o

dever de mandar as crianças à escola” —, por si só, indica orientação

universalmente adotada pelos reformados.


424

Surgiu daí a escola infantil obrigatória, identificada como produto direto da

Reforma. Paralelamente, instalaram-se nas regiões reformadas múltiplas células

teológicas, e inúmeras tarefas eram concedidas às pessoas que, individualmente,

mediante o “sacerdócio dos crentes”, enriqueciam seu espírito através do contínuo e

profícuo conflito de posicionamentos e de busca, pelo estudo, de melhor qualificação

espiritual, estimulando as práticas democráticas e estas, por seu turno,

impulsionando as sociedades a se aperfeiçoarem com naturalidade, dando causa ao

segundo produto mais importante da Reforma, qual seja, o respeito aos

posicionamentos descentralizados.

O objetivo desses produtos era conduzir aos maiores ensinamentos de

Lutero, que se baseavam em dois grandes princípios: a Bíblia é a única fonte de

verdade religiosa; e só a fé salva. A prática religiosa não interfere na salvação do

indivíduo.

A Reforma veio inaugurar nova maneira de ser da Igreja, quebrando

hegemonia de 1.500 anos do Catolicismo. Mudanças revolucionárias foram

observadas. Basicamente o relacionamento com Deus se fez alterado. A síntese

medieval foi desafiada durante a Reforma, em sua política, pela idéia de que a Igreja

Católica deveria ser substituída por igrejas nacionais ou estatais e por igrejas livres.

A sua filosofia escolástica, unida à filosofia grega, deu lugar à teologia bíblica

protestante. Os sacramentos e as obras deram terreno à doutrina da justificação

pela fé.

O interesse às fontes do passado levou os humanistas cristãos do Norte ao

estudo da Bíblia nas línguas originais, o que até então era prerrogativa dos poucos


425

conhecedores do latim. Desse modo, as diferenças entre a Igreja do Novo

Testamento e a Igreja Católica Romana tornaram-se claras. A ênfase renascentista

no indivíduo foi fator preponderante no desenvolvimento do ensino protestante, na

defesa de que a salvação era questão pessoal a ser resolvida pelo indivíduo em

íntima relação com seu Deus, sem a interferência de sacerdote como mediador

humano.

Pode-se concluir que a reforma foi preparada e, nesse sentido, causada pela

dissolução dos princípios e atitudes fundamentais que serviam de base à Idade

Média, tendo sido luta pela verdadeira forma do Cristianismo e não nova doutrina,

mas nova forma de relacionamento com Deus.

Nesse pequeno resumo da história da Reforma Protestante, procuro

reproduzir o pensamento e a prática da Igreja da qual faço parte e que trago à

presente sessão, demonstrando a relevância do sentido da Reforma do século XVI

até os dias atuais, tendo Lutero provado que “todos os cristãos são sacerdotes,

tendo acesso livre e pessoal à presença de Deus, mediante a fé em Cristo Jesus;

defendido o livre exame das Escrituras, mas não a livre interpretação; e traçado um

plano para a organização de uma igreja nacional alemã, independente e reformada”.

Cumprimento o colega em Cristo, Deputado Lincoln Portela, que, pela

segunda vez, propõe sessão solene em homenagem a esta data, que tem grande

importância para todos os cristãos do mundo, especialmente, para a significativa e

crescente comunidade protestante brasileira, uma vez que as igrejas que reúnem o

povo de Deus em muito têm contribuído na construção do nosso País.


426

Conscientes das condições históricas vivenciadas no tempo e no espaço em

que ocorreu a Reforma, temos hoje a prerrogativa de aprofundar o conhecimento da

verdade bíblica, que reconhecemos como a única fonte da vida que buscamos e da

qual necessitamos para o alimento da alma.

Fiéis aos Seus ensinamentos e firmes na fé, somos mais fortes para enfrentar

os embates e as adversidades de realidade que nos apresenta incessantes

provações, num mundo onde cada vez mais se valoriza o capital sobre o espiritual; o

ter sobre o ser.

Destemidos em exaltar a fé, a fraternidade e o progresso espiritual, reunimos

milhões de pessoas em nosso Brasil, ressaltando o sentimento de paz, inerente ao

povo brasileiro, mesmo a despeito da complexidade do momento vigente no mundo.

Novamente, alguns utilizam a defesa da fé, equivocadamente, difundindo o conflito e

o terrorismo entre os homens, e outros que se utilizam de relativo direito de defesa,

impõem, no entanto, sua autocracia e sua costumeira exploração da fraqueza de

seus aliados.

Ao nos unirmos nesta Casa em homenagem ao Dia da Reforma Protestante,

nesta oportunidade, quando falo em nome do meu partido, o PSDB, unamos

também nosso pensamento, nossos corações e nossas orações para que o Senhor

nosso Pai, por intermédio de Seu Filho Jesus Cristo, continue abençoando todos

aqueles que seguem os seus ensinamentos em casa, no seio da família, na

condução de cada nação cristã, no trabalho e no lazer, enfim, em todos os

momentos de sua vida, proporcionando-lhes cada vez mais prosperidade e paz


427

nesse mundo de contradições e de tantas belezas com as quais Ele

misericordiosamente nos brindou.

Que Deus nos abençoe. (Palmas.)


428

O SR. PRESIDENTE (Salatiel Carvalho) – Dando continuidade a esta sessão

solene, registro, com satisfação, a presença da Pastora Maria Madalena da Silva

Carneiro, Secretária-Geral da COPEV; do Pastor Pedro Gomes Oliveira, Presidente

da Igreja Evangélica Pentecostal Getsêmani; e do Sr. Iradi Eghari, Secretário

Nacional da Comunidade Bahá’í do Brasil.

Antes de conceder a palavra ao próximo orador, peço ao nobre Deputado

Lincoln Portela que assuma a Presidência dos trabalhos.


429

O SR. PRESIDENTE (Salatiel Carvalho) – Concedo a palavra ao nobre

Deputado Lamartine Posella, para falar em nome do PMDB.

O SR. LAMARTINE POSELLA (PMDB-SP. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, integrantes da Mesa, senhores e senhoras, Sras. e Srs. Deputados,

pastores, apóstolos e bispos, é muito grande o privilégio de falar da reforma religiosa

que deu ao mundo e à Igreja nova visão, novos paradigmas, novos rumos, nova

bússola.

A Reforma Protestante nasceu em período de muita insatisfação, quando as

pessoas começavam a ter novos pensamentos. Foi a época do descobrimento das

Américas, quando reis e imperadores lutavam pelo domínio da Europa, mas foi

também tempo de grandes perguntas e questionamentos sobre a vida após a morte

e, especialmente, o pecado.

Foi nessa época que nasceu Martinho Lutero, homem destinado a ser

advogado, segundo a vontade de seu pai, mas que, por conta das suas muitas

insatisfações e culpas, buscou a palavra de Deus e se tornou seminarista.

Estudando especialmente o “Livro de Romanos”, deu guarida às suas dúvidas, às

suas dores, às feridas da sua alma e encontrou respostas para o mundo.

Não me vou alongar em fatos históricos, para não ser repetitivo. Quero falar

especialmente sobre a grande contribuição que Lutero deu aos homens. Diz o “Livro

de Romanos”, Capítulo 1, versos 16 e 17:

16. Porque não me envergonho do evangelho, pois

é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que

crê; primeiro do judeu, e também do grego.


430

17. Porque no evangelho é revelada, de fé em fé, a

justiça de Deus, como está escrito: Mas o justo viverá da

fé.

Lutero descobriu que a fé em Cristo Jesus absolve e perdoa o homem. O

mais importante é que ele não falava, simplesmente, de fé como assentimento

mental, tampouco como entendimento intelectual. Ele compreendeu que a fé, na

verdade, une dois mundos, duas dimensões; é o metafísico intervindo no físico; é

Deus transcendente intervindo.

Portanto, quando falamos de fé reformada, de fé cristã e de fé protestante,

entendemos que ela não transforma o homem, simplesmente, em religioso

pragmático que lida com os circunstantes e com as circunstâncias, mas com o

mundo espiritual.

Caros ouvintes do Brasil, nós, cristãos, não estamos propondo a criação de

igreja que tome a posição e destrone quem quer que seja. Queremos, sim, que a

nossa fé nos conduza a um modus vivendi diferente. A fé cristã deve interferir não

somente nas nossas relações verticais com Deus, mas também nas relações

horizontais com nossos semelhantes.

Lutero jamais encontrou condições, em suas obras, de vencer os pecados

que de sua alma, mas encontrou, por intermédio da fé em Cristo Jesus, a certeza de

que a graça nos enche, inunda e basta para que sejamos salvos.

Quando somos agraciados pela fé em Cristo Jesus, nós nos transformamos

em pessoas melhores, mais sensíveis ao sofrimento do nosso semelhante, capazes


431

de compreender nossas limitações e, ao mesmo tempo, de olhar para aquele que é

capaz de sobrepujar nossas fraquezas e nos dar condições para vencê-las.

Creio que a maior contribuição da Reforma Protestante, do ponto de vista

espiritual, foi dar ao homem a consciência de que ele pode ter relação com Deus por

meio da fé e ser potencializado, melhorado. É por isso que Paulo dizia: “Não me

envergonho do Evangelho de Cristo”. Senhoras e senhores, não me envergonho do

Deus em que creio, que intervém na história, sim, e é capaz de reinar na história.

Precisamos de reformas.

Não podemos mais comemorar a Reforma como algo que aconteceu há

quase quinhentos anos. Precisamos crer no poder de Deus para intervir no nosso

dia-a-dia, para acabar com a corrupção, com os desmandos e fazer desta uma

nação cristã de verdade. (Palmas.)

Pastores, bispos, apóstolos, políticos, esse mesmo Deus que inundou o

coração de Lutero e lhe deu coragem para se insurgir contra o poder vigente com

suas 95 bulas está presente hoje e pode derrubar reis e levantar outros. Pode fazer

com que a Nação brasileira vença todo o poder do mal, que vem por meio da fome,

da feitiçaria, da religião que visa afastar o homem de Deus, levando-o a pensar

somente em si mesmo.

É tempo de reformas. Precisamos de reformadores. Disse Lutero: “O justo

viverá pela fé”. Não podemos ser pragmáticos, simplesmente. Temos de crer no

sobrenatural. Quando a Igreja de Jesus crê no sobrenatural, crê que deve andar

com os pés na terra, mas com o coração no céu. Ela traz o poder de Deus.


432

Certamente, viveremos para ver reforma religiosa, porque o juízo começa

pela Casa de Deus. Quando Deus puder livrar sua igreja da corrupção e da

maldade, aí sim, veremos o Brasil restaurado. Creio — e aqui profetizo — que Deus

vai fazer desta uma nação diferente, em seu nome, em nome de Jesus. (Palmas.)

Ouço, com prazer, o nobre Deputado Neuton Lima, grande companheiro e

homem de Deus.

O Sr. Neuton Lima – Nobre Deputado Lamartine Posella, cumprimento

V.Exa. pelo brilhante pronunciamento, bem como os integrantes da Mesa, em

especial o grande Deputado Lincoln Portela, autor do requerimento desta brilhante

homenagem. Ouvi, com atenção, as palavras proferidas por V.Exa., Deputado

Lamartine Posella, companheiro de luta, pastor que tem difundido a palavra de Deus

no Estado de São Paulo e também nesta Casa. Lembrei-me de que a Reforma

Protestante foi grande marco na história da humanidade, marco esse profundamente

enraizado em nossos corações, mormente entre os brasileiros. Esta Nação é aberta

para o Evangelho do Senhor Jesus, que tem em seu âmago o espírito da fé. É muito

propícia esta sessão solene, principalmente neste momento em que o mundo está

perplexo, clamando por socorro. Louvo a Deus, porque o Brasil pôde abrir seus

ouvidos e seu coração. Deus levantou aqui grande igreja missionária. Este País é

celeiro missionário para o mundo. Não é à toa que nesta Casa existe grupo razoável

de Parlamentares evangélicos. Muitas vezes não nos curvamos às diretrizes que

nos são impostas porque temos como norte o Senhor Jesus, aquele que morreu na

cruz para salvar a humanidade e perdoar seus pecados. Lembro ainda que, diante

de tudo o que aconteceu no dia 11 de setembro nos Estados Unidos, a história se


433

tornou diferente. O terrorismo gerou, em todos os homens, ansiedade e

perplexidade. Talvez nesta manhã possamos fazer com que do Brasil se levante

tocha acesa, cheia do Espírito Santo de Deus, na vida dos brasileiros, e que

incendie o mundo, não com terrorismo, mas com o santo Evangelho de Nosso

Senhor Jesus Cristo, poder de Deus para a salvação daquele que crê. (Palmas.) A

esperança invade meu ser nesta manhã, nobre Deputado Lamartine Posella, porque

vejo no semblante da liderança evangélica de nosso País espírito voluntário e

aguçado. Não há a menor sombra de dúvida de que é o poder de Deus

movimentando os corações daqueles que não aceitam Jesus como seu filho, que O

rejeitam como salvador e que também têm alma e precisam se encontrar com o

Deus verdadeiro. E esse encontro só se dará na pessoa bendita de Nosso Senhor e

salvador Jesus Cristo. Meus parabéns. E que Deus abençoe todos nós. Obrigado.

(Palmas.)

O SR. LAMARTINE POSELLA – Agradeço ao Deputado Neuton Lima o

aparte.

Se tivermos a mesma fé de Lutero num Deus transcendente e poderoso para

nos salvar e perdoar nossos pecados, andaremos como os justos e faremos muita

diferença.

A Bíblia diz que o poder da vida e da morte está na palavra. Hoje, o poder de

Deus está sendo emanado desta Casa para destruir as estruturas do maligno que

ainda atravancam o desenvolvimento da Nação.

Confessem e declarem, porque esta geração verá o Senhor operar nova

reforma, não na religião, mas nos corações, e que mudará a história do Brasil.


434

Muito obrigado. E que Deus abençoe todos. (Palmas.)

Durante o discurso do Sr. Lamartine Posella, o Sr.

Salatiel Carvalho, 2º Suplente de Secretário, deixa a

cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Lincoln

Portela, § 2º do art. 18 do Regimento Interno.


435

O SR. PRESIDENTE (Lincoln Portela) – Deputado Lamartine Posella, esta

Casa sente-se honrada em contar com V.Exa. e espera que futuramente o Senado

Federal tenha o mesmo privilégio.

Registro a presença do Pastor José Lourenço da Silva, Presidente da

Catedral Assembléia de Deus Jardim Oriente; do Pastor Ronaldo Fonseca,

Presidente da Comissão Política do CGADB; do Pastor Francisco Ostênio Feitosa,

da Assembléia de Deus; e do Pastor Douglas Eduardo, Presidente da Sociedade

Internacional de Lingüística.

Convido para compor a Mesa o Apóstolo Estevam Hernandes, Presidente da

Igreja Renascer em Cristo, que nos enobrece com sua presença. (Palmas.)


436

O SR. PRESIDENTE (Lincoln Portela) – Concedo a palavra ao Deputado

Gilmar Machado, que falará pelo Partido dos Trabalhadores.

O SR. GILMAR MACHADO (PT-MG. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, Deputado Lincoln Portela, autor do requerimento que deu origem a esta

importante sessão, Sras. e Srs. Deputados, demais convidados, bispos, pastores,

irmãos e irmãs, é com alegria que represento o Partido dos Trabalhadores e o Líder

Walter Pinheiro, evangélico da Igreja Batista, nesta homenagem.

O histórico feito pela nobre Deputada Lidia Quinan mostrou a importância da

Reforma Protestante na transformação do mundo. Acabamos de ouvir, do colega

que me antecedeu, o testemunho de que Deus continua a operar em nossas vidas.

Temos certeza de que foram reservadas para a Nação brasileira grandes

maravilhas, das quais somos os agentes transformados pelo sangue de Cristo.

Presenciamos, recentemente, a queda de torres no país mais rico e poderoso

do mundo, assim como nossos irmãos assistiram, no passado, à derrubada de

impérios. Essa é a maneira pela qual Deus mostra que nossa força não está em

prédios, no ouro ou na prata, mas no Seu poder e na Sua palavra.

Acreditava-se que exércitos e bombas poderiam intimidar o inimigo, mas se

provou o contrário. Por isso, precisamos estar alertas.

Lutero afirmou que podemos realizar grandes transformações por meio da

palavra de Deus, mas é fundamental que todos tenham acesso a ela, por meio do

estudo e da informação.


437

Hoje sabemos a importância de saber ler e escrever. Vemos, com tristeza, no

noticiário sobre a guerra, que muitos analfabetos, que não têm acesso à informação,

estão sendo doutrinados para se afastar de Deus.

Tenho fé no maravilhoso trabalho que os evangélicos vêm fazendo no País.

Hoje, milhares de missionários estão sendo preparados, com o poder de Deus, para

contribuir para o reavivamento da fé principalmente nos países que compõem a

Janela 10/40. Essa é a nova reforma em curso no mundo. Os seminários e as

igrejas preparam um arsenal com a palavra de Deus, muito mais forte e poderosa

que as armas.

Ouço, com prazer, o Deputado Fernando Ferro.

O Sr. Fernando Ferro – Nobre Deputado, cumprimento V.Exa. pelo

pronunciamento e, ao mesmo tempo, parabenizo o Deputado Lincoln Portela pela

iniciativa desta homenagem a um dos momentos mais grandiosos da história da

humanidade: a Reforma Protestante. Como foi dito, ela aconteceu em meio a

grandes conquistas dos navegadores, a questionamentos do poder da Igreja

Católica e a descobertas científicas e trouxe mensagem grandiosa. Hoje, passados

quase quinhentos anos, ainda constatamos sua importância, porque a violência que

presenciamos nos leva, como humanistas e filhos de Deus, a buscar a construção

de um novo tipo de sociedade, solidária e fraterna. Finalizo meu aparte, nobre

Deputado, saudando todos os Parlamentares evangélicos pela disposição para a

luta. Cada um de nós temos, a nosso modo, a nossa missão aqui para tocar o

coração e a mente de cada colega, para interferir nos nossos partidos, para

modificar a vida e fazer com que a política não se afaste da fé e que possamos,


438

efetivamente, construir um outro País, um outro mundo. Por causa do convívio com

V.Exa., os Deputados evangélicos do Partido dos Trabalhadores permitiram uma

aproximação da nossa legenda com essa realidade e com essa força da religião e

da fé. Parabéns a todos os senhores. Quem acredita em uma outra humanidade, em

um outro mundo tem de estar solidário na tolerância e na convivência, acreditar que

somos irmãos e que o mundo só será construído nessa condição. Outros caminhos

nos levarão fatalmente para a destruição. Tenho certeza de que com essa

experiência da fé e com a prática de cada um de nós transformaremos este País,

este Parlamento e a humanidade em nome de Deus e do bem de todos. Muito

obrigado. (Palmas.)

O SR. GILMAR MACHADO – Muito obrigado, Deputado Fernando Ferro.

Agradeço a V.Exa. a contribuição ao meu pronunciamento.

Para nós é uma grande honra, como eu dizia, representar o Partido dos

Trabalhadores. Precisamos continuar esse trabalho, acreditando sempre, como nos

diz a Palavra, que somos o sal da Terra e a luz do mundo. Por intermédio de nossas

ações, conseguiremos ver as transformações e o poder de Deus na vida de cada

um. Assim, conseguiremos construir essa nova nação, esse novo mundo

transformado, porque só ocorrerão transformações com pessoas transformadas pelo

sangue de Cristo. Não acredito que teremos outro mundo se não for por meio do

sangue de Cristo.

Conclamo todos a agir como Paulo escreveu em Romanos, não nos

conformando com o mundo da forma como está, mas que possamos transformá-lo

pela renovação do entendimento que recebemos de Cristo, combater a fome, a


439

miséria, a corrupção e construir essa outra relação, como disse o Deputado

Fernando Ferro, de solidariedade, de tolerância, de amor pelos outros, construindo

um mundo de paz.


O SR. PRESIDENTE (Lincoln Portela) – O Partido dos Trabalhadores acabou

se tornando um campo fértil para os missionários evangélicos que lá estão e que

dão testemunho disso.

Parabéns ao Partido dos Trabalhadores, que tem respeitado os

Parlamentares evangélicos desta Casa e feito grande trabalho nesse sentido.


440

O SR. PRESIDENTE (Lincoln Portela) – Concedo a palavra ao próximo

orador inscrito, Deputado Pastor Amarildo, que falará pelo PPB. S.Exa. dispõe de

até cinco minutos.

O SR. PASTOR AMARILDO (PPB-TO. Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr.

Presidente, Deputado Lincoln Portela, a quem cumprimento pela iniciativa de

proposição desta sessão; demais membros da Mesa; Bispo Dr. Manoel Ferreira,

Presidente da Convenção Nacional das Assembléias de Deus no Brasil; Pastor

Nilson de Amaral Fanini; Pastor Severino Vilarindo Lima; Pastor Benedito Domingos,

meu companheiro progressista; Bispo Robson Rodovalho, recebam todos as boas-

vindas a esta Casa.

Gostaria, com muita alegria, Sr. Presidente, de fazer este pronunciamento em

nome dos progressistas. Até 1517, havia dois tipos hegemônicos de cristianismo: o

ortodoxo, com sede em Istambul, e o católico, com sede em Roma. Heresias

ocorreram durante toda a Idade Média, e Dante chegara a retratar um Papa como

condenado ao inferno. Não obstante, Roma permanecera sendo o império que se

superpunha aos reinos e principados da Europa.

A criação dos Estados nacionais e a emergência da burguesia tornavam, a

cada dia que passava, o catolicismo de então mais anacrônico, pois esse não

aceitava o lucro nem os juros, e pregava a primazia da Igreja não apenas no campo

espiritual, mas também no político.

Resumindo: a obediência ao Papa era um estorvo para as monarquias

européias e para a recém-surgida classe burguesa. Em meio a esse quadro

histórico, fácil era o surgimento e o sucesso de movimentos cujas características


441

religiosas, políticas e econômicas contestassem a estrutura e os dogmas da Igreja

Romana. Dessa forma, rompeu-se a unidade do cristianismo ocidental e surgiu o

protestantismo.

Estávamos em pleno Renascimento, época de passagem do feudalismo para

o capitalismo. Reforma significava, na época, o restabelecimento da forma original;

não se buscava contestar o catolicismo, mas restaurar a suposta pureza que teria

tido então a Igreja da era apostólica.

Os escritos do monge alemão Martinho Lutero foram o estopim do

protestantismo. Inicialmente muito respeitado por Roma, tornou-se cada vez mais

independente das orientações do Papa. Lutero, inspirado pela Bíblia, defendia a fé,

e não os atos ou orações, como forma de salvação do indivíduo. Os sacerdotes e a

Igreja podiam ajudar nessa salvação, mas não eram imprescindíveis. “Todo fiel é

padre”, dizia Martinho Lutero.

Contrariando a prática católica de então, Lutero dizia que Deus não era um

contador com quem se devia barganhar ou um juiz severo a ser aplacado com boas

ações ou, pior ainda, com a compra de indulgências. Além disso, afirmava que o

poder terreno não deveria ser eclesiástico, mas estatal. Excomungado em 1520,

suas idéias, com o apoio da nobreza, espalham-se rapidamente.

Em 1534 é promulgada a Reforma Anglicana, consolidada em 1558. Menos

radical que a Reforma Luterana em sua simplificação da liturgia, também revoga o

celibato clerical e acaba com o culto às imagens, além de submeter a Igreja ao rei, e

não mais ao Papa.

Em 1934 começa a Reforma Calvinista na França. João Calvino, mais radical


442

que Lutero, defende a tese de que o homem já nasce predestinado à salvação ou à

condenação. Considera-o livre de todas as proibições não explicitadas nas

Escrituras, o que torna a prática do capitalismo e dos juros, antes ilícitas, agora

aceitáveis pela Igreja.

A Reforma Protestante marca o início da liberdade de pensamento e religião

no Ocidente. Foi a partir desse momento histórico que o edifício monolítico e

fundamentalista do cristianismo medieval passou a ser obrigado a conviver com

formas diversas de interpretação dos textos sagrados. A possibilidade de cada

homem ser seu próprio sacerdote, estabelecendo uma relação direta com Deus,

favoreceu o individualismo e o livre-pensar. Daí para a Revolução Francesa e o

surgimento das democracias foi um passo, que ainda hoje o mundo não concluiu

totalmente — como provam os conflitos de fundo religioso que persistem não

apenas entre islamitas e cristãos ou islamitas e judeus, mas mesmo entre católicos e

anglicanos, como exemplifica o caso da Irlanda do Norte.

Por isso, queridos irmãos, amigos e companheiros, possa a Reforma

Protestante servir de inspiração para a liberdade de pensamento e de religião.

Era o que os progressistas brasileiros tinham a dizer.


O SR. PRESIDENTE (Lincoln Portela) - O Deputado Pastor Amarildo está

sempre presente aos trabalhos desta Casa e é considerado Parlamentar evangélico

muito atuante.


443

O SR. PRESIDENTE (Lincoln Portela) – Pela Liderança do Partido Liberal,

concedo a palavra ao Deputado Bispo Rodrigues por até cinco minutos.

O SR. BISPO RODRIGUES (Bloco/PL-RJ. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, senhores componentes da Mesa, pessoas tão

importantes à causa do Evangelho nesta Nação, diz a Palavra do nosso Deus:

A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma. O

testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria aos simples.

Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração. O

mandamento do Senhor é puro e ilumina os olhos. O

temor do Senhor é límpido e permanece para sempre. Os

juízos do Senhor são verdadeiros e todos igualmente

justos. São mais desejáveis do que o ouro, mais do que

muito ouro depurado, e são mais doces do que o mel e o

destilar dos favos.

A Reforma Protestante não nasceu de um contexto histórico. Ela surgiu

porque havia no coração das pessoas o desejo de serem livres dos seus dogmas,

de seus fanatismos e das suas imposições.

A Reforma Protestante nasce a cada dia no coração do povo brasileiro,

porque está escrito no Livro que Deus derramará seu espírito sobre toda carne. Os

jovens e os idosos profetizarão, terão sonhos, visões. Deus derramará seu Espírito

Santo sobre todos aqueles que desejam recebê-lo. A cada manhã, o cidadão

acorda, vê seus problemas, olha para o céu e pede ajuda a Deus. É aí que nasce a

Reforma Protestante, o desejo de alcançar a felicidade por meio de Deus.


444

Segundo a história, quando Martinho Lutero limpava a igreja de joelhos, Deus

falou: “Seu coração justo viverá pela fé”. Então, começou a entender que a salvação

não vinha das obras, de limpar uma igreja de joelhos ou de carregar uma cruz, mas,

sim, pela fé em Deus. Hoje estamos buscando uma reforma protestante no País,

que foi fundado há 500 anos e está baseado na fé do poder.

O Ocidente baseia-se numa fé que precisa de reforma. Nós, no Parlamento, e

os pastores e bispos, nas igrejas, pregamos o Evangelho que salva. Isso é

maravilhoso. Estamos sendo atores de algo que o Espírito Santo está fazendo. Ele

está dando oportunidade a esta geração de se converter ao Senhor Jesus.

O mundo tem-me mostrado que se passa um tempo em trevas em algum

lugar, como nos Estados Unidos, Holanda, Suíça, Inglaterra e agora no Brasil. A

chama do Espírito Santo acende e saem labaredas para todos os lugares do mundo

pregando o Evangelho. Agora é a hora do Brasil, país com maior número de

missionários no mundo, onde há mais Martinhos Luteros pregando. O Espírito Santo

quer fazer desta Nação uma grande potência, olhando para o Evangelho de Jesus

Cristo. Temos de ser fortes para resistir àqueles que querem impedir o trabalho do

Espírito Santo por meio dos vasos de barro que somos nós.

O Partido Liberal sente-se honrado por esta cerimônia, que é justa e

merecida.

Em nome do PL, quero congratular-me com todos os pastores e missionárias

e dizer que o trabalho realizado pelas senhoras e pelos senhores é o mais

importante para esta Nação, que mudará quando Deus reinar no coração do seu

povo.


445


O SR. PRESIDENTE (Lincoln Portela) – É bom ver nesta sessão solene o

Deputado Bispo Rodrigues. Embora esteja exercendo o seu primeiro mandato,

S.Exa. é considerado um dos Parlamentares mais atuantes desta Casa, estando

entre os dez mais influentes.


446

O SR. PRESIDENTE (Lincoln Portela) – Concedo a palavra ao nobre

Deputado Eber Silva, que falará em nome da Liderança do Partido Social

Trabalhista. S.Exa. disporá de até cinco minutos.

O SR. EBER SILVA (Bloco/PST-RJ. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, Deputado Lincoln Portela, parabenizo V.Exa. pela iniciativa de

apresentar requerimento para a realização desta sessão de homenagem.

“Sim. Que a palavra ficará, sabemos com certeza, e nada nos assustará com

Cristo por defesa”. Sabemos que Lutero, quando escreveu esse hino, estava

fundamentado na palavra do apóstolo Paulo, que declarava que o profeta podia

estar preso, mas a palavra jamais seria presa.

Hoje, celebrando a Reforma Protestante nesta Casa, celebramos também a

reforma que o próprio Senhor Jesus Cristo está fazendo no Brasil. São quinhentos

anos de história. Hoje, somos 38 milhões de brasileiros alcançados pela graça

redentora do Senhor Jesus. A Igreja brasileira entendeu que, sendo povo de Deus,

se orar, buscar a face do Senhor, humilhar-se e arrepender-se dos seus maus

caminhos, o Senhor a ouvirá do céu, perdoará o seu pecado e sarará a sua terra.

Louvado seja o nome do Senhor! (Palmas.)

Esta sessão solene, realizada na Câmara dos Deputados em 2001, é prova

evidente de que, de fato, o Senhor Jesus, ouvindo o clamor da sua Igreja, ama o

nosso Brasil e tem sarado a nossa terra. E nunca faz uma obra pela metade, porque

assim prometeu, porque tem unido a sua Igreja e abençoado o seu povo, honrando

a fé ostentada por Lutero por ocasião da Reforma Protestante.


447

Sr. Presidente, não é sempre que podemos registrar a presença de tão

ilustres convidados. Faço referência ao nosso querido Bispo Manoel Ferreira, da

Assembléia de Deus; ao nosso querido Pastor Nilson do Amaral Fanini, do Conselho

da Aliança Batista Mundial; ao nosso querido Pastor Severino Vilarindo de Lima, do

Distrito Federal; ao Vice-Governador do Distrito Federal, Pastor Benedito Domingos,

cuja consagração ao ministério da palavra tive a honra de presenciar, participando

do grupo de pastores que impôs as mãos; ao Bispo Robson Rodovalho, incansável

na proclamação profética da unidade da Igreja brasileira; ao Pastor Amós Batista; e

ao querido apóstolo Estevam Hernandes.

Ouço, com prazer e alegria, o Líder da minha bancada, o ousado e intrépido

pregador do Evangelho Deputado Cabo Júlio.

O Sr. Cabo Júlio – Pastor Eber, permita-me assim chamá-lo porque está

claro que V.Exa. não é Deputado Pastor, mas Pastor Deputado. Maior do que a

Reforma Protestante que louvamos neste dia é a reforma que Deus está fazendo

neste País. Se o meu pai, velho evangelista da Assembléia de Deus, dissesse há

trinta anos que realizaríamos esta sessão solene, certamente, eu não acreditaria.

Vejo hoje aqui líderes de todos os cantos deste País, proclamando que Deus está

reformando, restaurando e libertando o Brasil. Milhões de pessoas nos assistem

pela TV Câmara. Pessoas que têm dinheiro para comprar o poder e o patrimônio da

Terra estão ouvindo, direto da Câmara dos Deputados, que todo o dinheiro do

mundo não pode comprar o que temos: o nome escrito no Livro da Vida com letras

de fogo que nunca hão de apagar. Pastor Eber, Deus está mudando este País.

V.Exa. e todos esses pastores estão proclamando que a mudança do Brasil passa


448

pela Igreja. Sabe V.Exa. por que creio nisso? Cito trecho do Livro de Jó, Capítulo

XIX, versículo 25: “Porque eu sei que o meu Redentor vive e que, por fim, se

levantará sobre a Terra”. Que Deus abençoe este País! (Palmas.)

O SR. EBER SILVA – Sr. Presidente, peço a V.Exa. que seja

condescendente, porque serei extremamente rápido no pronunciamento.

Ainda que tenha sido movimento eminentemente europeu, reacionário e

libertário, a Reforma alcançou o mundo e proclamou que a fé cristã precisava se

fundamentar verdadeiramente na palavra de Deus.

A Reforma de Lutero foi, então, real convocação à liberdade. Ainda que o

termo “reforma” seja, semanticamente, compatível com o movimento liderado por

Calvino, Zwingler, Wiclife, Knox e outros, só atingiu o clímax com as 95 teses de

Lutero, com a reafirmação da Bíblia. Não era reforma administrativa nem estrutural,

mas visava trazer a humanidade de volta à realidade apostólica e evangélica, à luz

da Escritura Sagrada, da revelação divina, da palavra de Deus. Por isso, as frases

de Lutero ecoam até hoje: “Só a graça”; “Só a fé”; “Só a Escritura”.

Sob o ensejo desta consciência, louvo a Deus e agradeço ao Presidente desta

Casa, Deputado Aécio Neves, aos membros das Comissões de Educação, Cultura e

Desporto e de Constituição, Justiça e de Redação, na qual todos os projetos têm de ser

aprovados antes de virem ao plenário, a aprovação de projeto de lei de minha autoria que

instituiu o segundo domingo de dezembro como o Dia Nacional da Bíblia. (Palmas.)

Glória ao Senhor!

Quando aqui cheguei, Sr. Presidente — e V.Exa. é testemunha disso —, fui

informado de que o projeto estava engavetado desde 1975. A autoria era do


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saudoso Deputado Daso Coimbra. Tentando reencaminhá-lo à tramitação, fui

informado de que teria de fazer outro projeto. E o fiz. No dia 24 de setembro próximo

passado, ele foi encaminhado ao Senado Federal, depois de aprovado pela Câmara

dos Deputados.

Aproveito este momento para fazer um apelo ao nobre Senador Ramez Tebet e ao

Senado Federal, no sentido de que agilize a aprovação do projeto, a fim de que seja

rapidamente sancionado pelo Presidente da República.

Precisamos trazer o povo brasileiro de volta à leitura da Bíblia; precisamos

levar a Bíblia ao povo brasileiro. Assim, com fé em Deus, patamar da Reforma de

Lutero, o povo brasileiro não viverá mais a realidade de país rico e de nação pobre.

Com Jesus Cristo, o Brasil será País rico e Nação rica, pela graça, pela fé e pelo

poder da palavra.

Louvado seja o nome do Senhor! (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Lincoln Portela) – Lembro ao Deputado Eber Silva que

já está marcada para o próximo mês sessão solene em comemoração ao Dia da

Bíblia.

Lembro ainda às senhoras e aos senhores presentes que os evangélicos não

fazem apologia da miséria. Cremos num Deus que é dono do ouro e da prata.


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O SR. PRESIDENTE (Lincoln Portela) – Concedo a palavra ao Deputado

José Aleksandro, que falará pela Liderança do PSL, partido a que estou filiado.

Nobre Deputado José Aleksandro, V.Exa. dispõe de até 5 minutos na tribuna.

O SR. JOSÉ ALEKSANDRO (Bloco/PSL-AC. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Deputado Lincoln Portela, senhores membros da Mesa, homens de

Deus, Sras. e Srs. Deputados presentes, agradeço a Deus a oportunidade de estar

aqui. Integro um dos menores partidos da Casa, mas temos na pessoa do Deputado

Lincoln Portela, autor deste requerimento, o apoio de toda a bancada. Isso para nós

é gratificante.

O movimento de caráter religioso promovido pela Reforma Protestante, com

início na Alemanha, provocou a separação de parte da comunidade católica da

Europa, originando o protestantismo. Mas quem foram Martinho Lutero e João

Calvino? O que eles queriam com essa reforma? Eles queriam trazer de volta os

ensinamentos de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo que não mais estavam

presentes naquele momento, porque a Igreja estava implantando novos dogmas.

Sr. Presidente, não vou falar da Reforma Protestante. Vou falar da reforma do

Senhor Jesus, protestando contra as ações de Satanás aqui na Terra. É a Igreja que

mesmo tendo pouca força guarda a Palavra e não nega o santo nome de Jesus.

Vemos isso acontecer todos os dias no Brasil e no mundo. É a Igreja que sofre, que

tem paciência, trabalha pelo nome de Jesus e não se cansa. É a Igreja que mesmo

na tribulação e na pobreza ensina os mandamentos de Deus, porque acredita que

sendo fiel até a morte receberá a coroa da vida. É a Igreja que, mesmo habitando

onde está o trono de Satanás, guarda o santo nome de Jesus, não nega fé em


451

Deus, não aceita doutrina de Balaão nem de Nicolaítas e reprime com o Evangelho

a idolatria e a prostituição. É a Igreja que não tolera Jezabel, mulher que se diz

profetiza, enganando os servos de Deus para que se prostituam e se tornem

idólatras. É a Igreja que fará obras perfeitas diante de Deus, não permitindo que

irmãos contaminem as suas vestes na devassidão do pecado de Satanás. É a Igreja

que ensina que a verdadeira riqueza é o amor de Deus, que Jesus é o caminho, a

verdade e a vida e que fora disso o ser humano é pobre, cego e nu.

Ouço com prazer o nobre Deputado Marcos de Jesus.

O Sr. Marcos de Jesus – Sr. Presidente, Pastor Manoel Ferreira, Pastor

Vilarindo, Pastor Fanini, Bispo Robson Rodovalho, Apóstolo Estevam, Pastor e Vice-

Governador Benedito Domingos, povo brasileiro e irmãos presentes, quero saudar a

todos com a graça e a paz do Senhor. Alegro-me por esta oportunidade que o

Senhor nos concede de estar no meio dos santos, já que passamos 25 anos de

nossas vidas comandando as forças espirituais das trevas, e de representar nesta

terra o meu Estado, Pernambuco. Estou preparado da cabeça aos pés para

representar o meu povo e trabalhar com todas as entidades que livram as pessoas

do vício, da desgraça, da derrota, pela misericórdia de irmãos, pessoas que têm

comunhão com Deus, que oraram nas igrejas; misericórdia de pastores, obreiros,

diáconos, presbíteros, de pessoas que crêem e confiam no Senhor Jesus e O

adoram como Senhor e Salvador de suas vidas. Ele teve misericórdia especialmente

de mim, pela oração de minha esposa, fazendo a transformação de minha vida, para

que estivesse no meio dos santos, deixando as forças espirituais do mal — hoje,

infelizmente, por força de lei, não se pode falar de forma clara sobre isso. Agradeço


452

a Deus essa oportunidade. Quero cumprimentar o Deputado Lincoln Portela pela

brilhante iniciativa desta comemoração mais do que justa e parabenizar cada um

dos irmãos aqui presentes e também aqueles que neste momento nos acompanham

de suas casas. Tenho certeza de que o fogo do Espírito Santo está descendo neste

lugar. A verdadeira reforma é a reforma no coração do homem, que tira o rancor, a

mágoa, o ressentimento, o ódio, joga tudo no esgoto e coloca em seu ânimo o amor

de Deus, amor que se traduz em renúncia, perdão, que faz com que cada um de nós

que professamos denominações diferentes venhamos a nos unir não só de mãos,

mas de coração. O que mais me alegra é que no céu, Deputado Aleksandro, Sr.

Presidente, amigos, não vai haver nenhum rótulo denominacional. Para o céu irão

todos aqueles que permaneceram fiéis, confiantes, firmes na Palavra. Quero deixar

um versículo para meditação dos amados irmãos, pedindo a misericórdia de Deus e

do nosso Presidente, que com certeza vai conceder mais alguns minutos para que o

meu amigo e colega do PSL, Deputado José Aleksandro, continue o seu discurso e

diga algo mais. A Palavra de Deus, na Carta aos Hebreus, Capítulo 11, Versículo 8,

diz: “Pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu, a fim de ir para um lugar que

devia receber por herança, e partiu sem saber para onde ia”. Foi assim que Martinho

Lutero fez: pela fé ele foi chamado, pela fé obedeceu, pela fé fez a mudança e pela

fé muitos são salvos na pessoa maravilhosa e salvadora do Senhor Jesus Cristo. E

eu rogo a cada um dos irmãos que neste instante nos assistem e nos ouvem e que

estão neste plenário: vamos cada vez mais permanecer — como diz um amigo meu

sertanejo, de Pernambuco, “unido feito cacho de pitomba; eta, bichinho!” — unidos,

juntos, porque só unidos somos fortes, só unidos podemos verdadeiramente provar


453

que o amor de Cristo está em nós. (Palmas.) Só unidos podemos transformar este

País e não só ganhar Pernambuco, mas também o Brasil e o mundo para o Senhor

Jesus Cristo. O Senhor Jesus disse para aquela mulher adúltera que se encontrava

num momento de desespero: “Mulher, onde estão teus acusadores?” “Foram

embora, Senhor.” “Eu também não te condeno. Vai e não peques mais”. Ele nos

ensinou a aconselhar, a orientar bem. E aí o fogo desce. Quando o fogo desce,

queima; e quando queima, queima o mal, e ele tem de correr. Ele disse para aquele

cego: “Que queres que te faça, Bartimeu?” Ele disse: “Ver, Senhor”. “Então, veja”.

Ele nos ensinou, neste momento, que não devemos perguntar a religião, não, mas

levar a Palavra, que é mais viva, eficaz e cortante do que qualquer espada de dois

gumes. Devemos ir direto ao problema. O Senhor Jesus não perguntou àquele cego:

“Qual a tua religião, que pecado cometeste?” Ele perguntou: “Que queres que te

faça?” O País está cheio de pessoas sofrendo, loucas, querendo que alguém

pergunte: “Que queres que eu te faça?” E o Senhor Jesus nos chamou para que

possamos perguntar verdadeiramente, com sinceridade, ao oprimido, ao angustiado,

ao sofrido: que queres que eu te faça? Foi para isso que Ele nos chamou. E eu digo:

Meu amigo ouvinte, meu irmão que está nos assistindo neste momento, que queres

que eu te faça? E ele disse: “Ver, Senhor.” Então, você, que está cego

espiritualmente, veja agora. Façamos de cada um de nós um verdadeiro instrumento

nas mãos do Senhor, perguntando a cada um daqueles que passam por nós: que

queres que eu te faça? Que Deus abençoe a todos em nome do Senhor Jesus e que

o fogo do Espírito Santo continue caindo sobre esta Casa. Muito obrigado, Sr.


454

Presidente. Tenho certeza de que o nosso Presidente será misericordioso como

orador. Que Deus abençoe a todos em nome do Senhor Jesus. (Palmas.)

O SR. JOSÉ ALEKSANDRO - Não é demais lembrar neste momento, como o

Deputado Marcos de Jesus bem frisou, a conversão de Saulo no caminho de

Damasco, homem que não conhecia o Senhor Jesus, que perseguia aos cristãos e

que, de repente, encontrou-se, naquele caminho, cercado por um resplendor de luz.

Caiu por terra quando ouviu uma voz, que disse: “Saulo, Saulo, por que me

persegues?” E ele respondeu, com humildade: “Quem és, Senhor?” “Eu sou Jesus,

a quem tu persegues”. E ele, tremendo e atônito, disse: “Senhor, o que queres que

eu faça?” ”Levanta-te e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém fazer”.

Levantando-se, percebeu Saulo que estava cego. E durante três dias sem ver não

comeu nem bebeu. Usou o Senhor Jesus a Ananias, seu discípulo, que, entrando na

casa onde estava Saulo, impôs sobre ele as mãos e disse: “Irmão Saulo, o Senhor

Jesus que te apareceu me enviou para que tornes a ver e sejas cheio do Espírito

Santo”. E nesse momento Saulo foi batizado.

Esse mesmo Jesus encontra-se hoje nas nossas igrejas, encontra-se no

Brasil e no mundo, e está fazendo essa reforma na vida de todos nós. O Senhor

Jesus se encontra presente mostrando-nos o caminho, a verdade e a vida, para que

um dia todos nós possamos chegar unidos na presença do nosso Pai.

Agradeço a Deus a oportunidade de estar aqui. Agradeço também ao

Deputado Lincoln Portela a oportunidade de hoje falar em nome do PSL. Agradeço a

todos os senhores as presenças.

Saúdo todos em nome do Senhor Jesus. (Palmas.)


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O SR. PRESIDENTE (Lincoln Portela) - Parabéns, Deputado José

Aleksandro! Esperamos que o Senado Federal possa, futuramente, servir-se de

mais um grande Senador.


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O SR. PRESIDENTE (Lincoln Portela) – Concedo a palavra pela ordem ao

Deputado Marcos de Jesus.

SR. MARCOS DE JESUS (PL-PE. Pela ordem. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, demais membros da Mesa,

amados irmãos em Cristo, desejo que, neste momento, a paz de Cristo, que excede

a todo entendimento, esteja no coração de vocês e abençoe a todos desta Casa.

Relembramos hoje evento que mudou a história da humanidade, há quase

500 anos, quando um homem resolveu mudar o sistema da época. Sua coragem

nasceu no coração de Deus e foi a ele transmitida pelo Espírito Santo. O Espírito de

Deus foi e sempre será o grande agente transformador em todas as esferas

existentes, particularmente no coração do homem.

Iniciado na Europa Ocidental, no século XVI, o protestantismo afirmou-se, no

decorrer do tempo, não mais como um cisma apenas, uma reforma de cúpula,

segundo a decisão de líderes que num dado momento se apartaram em direção a

organizações, comunidades, doutrinas, ordens, conceitos, práticas e atitudes

diferentes do que então se erguia como único modo de professar a fé.

O que fizeram, pois, seus iniciadores? Popularizaram desígnios coletivos

atinentes a convicções religiosas, sobretudo, mas também a política e economia.

Motivações diversas, mas indissociáveis, aproximaram leigos, cristãos, teólogos e

Chefes de Estado.

Martinho Lutero, forçado pela própria consciência, foi o grande mentor da

Reforma Protestante, entendendo que as indulgências, que representavam a

isenção da penitência mediante pagamento, estimulava a auto-suficiência, o


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egoísmo e a indiferença em relação a Deus, não havendo espaço para a verdadeira

contrição.

Aproximando-se da Palavra de Deus, em meio a lutas espirituais, não

possuindo ainda a certeza de sua salvação, prometida nas Escrituras, o que causou

sua conversão foi a leitura, estudo e meditação da Bíblia, particularmente o Capítulo

I, Versículo 17, de Romanos: “O justo viverá pela fé”. Assim, apropriou-se da

salvação em Cristo pela fé.

A partir de então, Martinho Lutero tornou-se outra pessoa. Reconciliado com

Deus e livre dos seus tormentos pessoais, tornou-se um instrumento nas mãos de

seu Senhor.

O interesse com as fontes do passado levou cristãos ao estudo da Bíblia nas

línguas originais, o que até então era prerrogativa de poucos. Ademais, a ênfase

renascentista no indivíduo foi um fator relevante no ensino protestante de que a

salvação era uma questão pessoal, a ser resolvida pelo indivíduo em íntima relação

com seu Deus, sem a interferência de um mediador humano.

Portanto, a Reforma surgiu pela dissolução de princípios e atitudes

fundamentais que serviam de base na Idade Média, tendo sido uma luta no intuito de

encontrar a verdadeira forma do cristianismo, o sincero relacionamento com Deus.

Para finalizar, desejo que as ricas bênçãos do Senhor Jesus estejam sobre

cada cristão que leva a preciosa semente da Palavra de Deus, pois o mesmo

Espírito Santo continua a operar e a realizar maravilhas em nossos dias.

Muito obrigado.


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O SR. PRESIDENTE (Lincoln Portela) - Tenho, neste momento, a honra de

convidar o cantor Márcio Ribeiro a entoar a música “Num dia qualquer”, de Oscar

Valdez, sob a regência do Maestro Tom.



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O SR. PRESIDENTE (Lincoln Portela) - Márcio Ribeiro é um dos homens que

cuidam do louvor na minha igreja local. Está presente também o Pastor Ricardo

Batista, da Igreja Batista do Bairro São Paulo. O Pastor Getúlio de Souza solicita a

todos nós que oremos para que uma reforma aconteça em nosso País.

O Presidente do CNPB convida todos os pastores e líderes presentes para

um almoço, logo em seguida, no 10º andar do Anexo IV.

No encerramento, quero fazer menção a uma pessoa muito especial que

chegou agora, devido a tantos compromissos importantes. Por favor, fique de pé o

Pastor Expedito Ferreira de Melo, Presidente Nacional da Igreja de Deus no Brasil,

que só na região do Distrito Federal tem 80 Igrejas. Ele também foi meu

contemporâneo de seminário. É um prazer muito grande tê-lo presente.

Tenho, regimentalmente, um momento para minhas considerações finais. E

estas serão marcadas de outra maneira.

Convido o Pastor Mike Shea para vir à frente, porque minhas considerações

finais serão representadas pelo toque do chofar, que, com o seu som, fará ecoar o

seguinte: “Queremos que todas as muralhas que separam o povo de Deus caiam em

nosso Brasil”.


Convido os Srs. Deputados, pastores e demais presentes para um almoço no

10º andar.


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V - ENCERRAMENTO

O SR. PRESIDENTE (Lincoln Portela) - Nada mais havendo a tratar, vou

encerrar a sessão.


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O SR. PRESIDENTE (Lincoln Portela) - Está encerrada a sessão.


462

(Encerra-se a sessão às 12 horas e 15 minutos.)

departamento de taquigrafia revisÃo e redaÇÃo …socorro; do sr. pedro laurindo da silva,...

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