de volta ao altar thomas e trask e david a womac

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Page 1: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac
Page 2: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

Thomas E. Trask

David A. Womac

Digitalizado : Karmitta

Semeadores da Palavra

Revisado: Escriba Digital

Uma

chamada ao

despertamento

espiritual

Page 3: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

Todos os direitos reservados. Copyright © 1997 para a língua portuguesa da Casa

Publicadora das Assembleias de Deus.

Título do original em inglês: Back lo the Altar Gospel Publishing House

Springfieid,Missouri, USA Primeira edição em inglês: 1994

Tradução: Leclerc Victer Caitano

Capa: Hudson Silva

269 - Avivamento

Trask, Thomas E. & Womack, David A. TRAd De volta para o

Altar.../ Thomas E. Trask & David A. Womack

1ª ed. - Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus,

1997. p. 184. cm. 14x21.

ISBN 85-263-0100-4

1. Avivamento Espiritual

CDD

269 - Avivamento Espiritual

Casa Publicadora das Assembleias de Deus

Caixa Postal 331

20001-970, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

1ª edição/1997

Page 4: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

Índice

Prefácio..........................................................................................................5

1 Desperta, Tu que Dormes....................................................................9

2 Chamada ao Avivamento..................................................................19

3 Chamada ao Arrependimento ........................................................31

4 O Poder Pentecostal e a Igreja...........................................................45

5 Avivamentos na Bíblia......................................................................60

6 Redescobrindo o Pentecoste..............................................................71

7 O que Significa Ser Pentecostal........................................................86

8 Retorno à Santidade..........................................................................97

9 Ser Igreja e Viver como Igreja........................................................106

10 O Louvor e Adoração......................................................................118

11 Assim Diz o Senhor.........................................................................129

12 Onde Começa o Avivamento..........................................................146

13 Chamada Pentecostal ao Altar.........................................................157

Page 5: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

Prefácio

Esta obra que propaga uma chamada ao avivamento espiritual foi

escrita em poucos meses. Entretanto, sua preparação veio através de

décadas de experiências de dois pregadores das assembléias de Deus.

Um grande número de pessoas, entre irmãos e líderes, contribuíram

grandemente para a elaboração deste livro.

Todo aquele que sempre conheceu as maravilhas do fogo pentecos-

tal não poderá jamais estar satisfeito com o fenecer das brasas do aviva-

mento.

Nosso propósito não é retornar ao início do século XX, mas salientar nossa

associação à mesma fonte de poder, da qual brotou o avivamento de nossos

antepassados — o Cristianismo originário da Igreja do Novo Testamento.

Nos parágrafos que se seguem, falaremos sobre cada uma destas associa-

ções separadamente, e nos demais, de forma globalizada.

Thomas E. Trask:

Este livro é o resultado da conscientização que Deus tem gerado em nossos

corações, sobre a obra do Espírito Santo, e pode ser resumido em duas

palavras: necessidade e desejo.

Page 6: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

A primeira tarefa do Espírito Santo na vida do crente é fazer com que

ele seja capaz de perceber a sua grande necessidade de Deus. Com o

fracasso do mundo em atender às necessidades básicas do homem, é mais

do que imperativo que a Igreja se levante para ser um hospital que salve

vidas, leve cura aos doentes e proporcione conforto aos feridos. O aviva-

mento trará vida e sensibilidade à Igreja. O Espírito Santo nos levará a

tomar posse das oportunidades dadas por Deus ao ministério. Olhos que se

encontram fechados serão abertos, e todos os cristãos verão e sentirão

como Cristo. Além disso, estaremos cumprindo suas ordenanças, no

tocante à obra e plenitude do Espírito.

Mas é também tarefa do Espírito Santo colocar desejo e fome de

mais e mais do Senhor em nossos corações.

Ao contemplarmos as necessidades do mundo e nossa total

incapacidade para satisfazê-las, perceberemos então a nossa completa

dependência de Deus!

Isto nos motivará a correr para Ele, com um ardente anseio pelo

poder capacitador do Espírito Santo. Este desejo nos dará fome da presença

e da palavra de Deus e também da plenitude de seu Espírito, que será

satisfeita somente através da oração. As Escrituras declaram que "Sião

esteve de parto e já deu à luz" (Is 66.8). Cremos que Deus já está criando,

dentro dos corações de líderes e membros das Assembleias de Deus, algo

gerado pelo Espírito, que causará o avivamento e o estabelecimento do seu

reino.

David A. Womack:

Alguns anos atrás, voltei à velha fazenda onde passei parte da minha

infância. Tudo havia mudado. As cabras com as quais brincava já não

estavam mais lá. No lugar onde havia uma pequena casa de dois como dos,

com dois chiqueirinhos e um celeiro com feno, outra casa havia sido

construída, pois a primeira fora totalmente consumida por um incêndio. Os

castores haviam represado o riacho onde eu costumava pescar e tomar bons

banhos; e o pior, todas as trilhas e caminhos que eu havia feito pela fazenda

estavam cobertos pelo mato. Vários dias de verões escaldantes e rigorosos

invernos destruíram todas as evidências de que eu estive lá!

Page 7: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

Enfrentamos hoje um problema similar nas Assembleias de Deus. Os

antigos caminhos se foram e poucos se lembram onde começaram, como

foram usados e em que direção. Com o passar das gerações, não podemos

depender de memórias longínquas do antigo Movimento Pentecostal, mas

precisamos experimentar um novo avivamento espiritual para o século

XXI!

O objetivo deste livro não é apontar erros, mas encontrar soluções.

Avivamento é sobrevivência. Não implica em retornar ao passado, mas sim

ao avivamento original do Novo Testamento, marca registrada do

cristianismo apostólico nascido no dia de Pentecostes.

Deixe-me fazer uma tentativa, para que o leitor compreenda como

cheguei a trabalhar com Thomas neste livro.

Há um velho ditado dos indígenas de Burkina Faso, Oeste da África,

que diz: "A pedra que se misturou com os feijões entrou na panela!" Rego-

zijo-me pelo fato de estar sob a liderança desses dedicados homens de

Deus. Homens que foram chamados para conduzir um avivamento: o

superintendente geral das Assembleias de Deus nos Estados Unidos, pastor

Thomas E. Trask; o assistente geral, pastor Charles T. Crabtree; o secretá-

rio geral, pastor George O. Wood; e o tesoureiro geral, pastor James K.

Bridges.

Por todo o livro, identificarei as minhas narrativas, as de Thomas E.

Trask e a de outros líderes. Entretanto, o leitor deve reconhecer que o livro

em sua totalidade foi desenvolvido com grande esforço, cooperação, muitos

diálogos fervorosos e momentos de grande sensibilidade e unção divina.

Essas podem ser as nossas palavras, mas cremos que tudo o que realizamos

foi pela vontade e ordem de Deus.

Como contribuição ao nosso trabalho, o livro inclui notas de oficiais,

ministros e muitos outros, que, com os autores, escreveram especificamente

para este projeto, os quais serão identificados pelo autor, conforme forem

sendo citados.

Não houve nenhuma tentativa de apresentarmos o avivamento sob o

ponto de vista subjetivo. Na verdade, tornou-se muito claro para nós que o

tema despertamento espiritual veio ao encontro da atual necessidade de um

Movimento Pentecostal. Muitos leitores irão sugerir outras passagens

Page 8: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

bíblicas que poderíamos ter usado. No entanto, nossa pretensão é que este

livro se adapte completamente à nova onda de intensa renovação, de

pregações ungidas e de escritores inspirados através de nosso movimento, a

fim de trazer todos de joelhos perante o Senhor.

Page 9: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

1

Desperta, Tu que Dormes!

Desde crianças, temos ouvido o velho comentário: "O que esta igreja

precisa não é apenas de um despertamento, mas de uma ressurreição!" Na

verdade, isto faz uma pequena diferença de como identificamos a condição

da igreja. Para pessoas comissionadas a levar o Evangelho a todo o mundo,

o fato de a igreja estar doente, adormecida ou "morta" é apenas uma leve

consequência pelo fato de a incumbência divina não estar sendo cumprida.

Se a igreja está doente, temos um poderoso remédio, infinitamente capaz de

nos abençoar com uma vida nova. Se a igreja dorme, ao invés de estar

trabalhando, precisamos chamá-la a um despertamento. Se a igreja está

morta, precisamos lembrá-la da visão do profeta Ezequiel sobre o vale de

ossos secos.

Ossos Secos (Ez 37.1-14)

Uma das características típicas de uma pregação pentecostal é o fato

de sempre usarmos histórias bíblicas, contextualizando-as às nossas vidas.

E isso não é apenas uma aproximação alegórica das Escrituras para crermos

firmemente que são legítimas. Mas é a razão pela qual vemos um

significado especial nas histórias, além de seu valor secular.

Durante o cativeiro de Israel na Babilônia, no século VI A.C, o

Espírito do Senhor levou o profeta Ezequiel a um vale que estava cheio de

ossos secos e perguntou: "Poderão viver esses ossos?"

Ezequiel compreendeu que aqueles ossos representavam a condição

espiritual do povo de Deus, e não viu nenhum motivo para sentir-se

animado. Mas respondeu: "Senhor Jeová, tu o sabes".

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Ezequiel pensou que sua tarefa seria juntar todos aqueles ossos e dar-

lhes um enterro decente. Mas Deus tinha planos diferentes. Ele nunca

desiste do seu povo. Deus disse: "Profetiza sobre estes ossos e dize-lhes:

Ossos secos, ouvi a palavra do Senhor". Não havia programação, nem

anúncios, nem homenageados e muito menos música ambiente ao fundo.

Deus determinou: "Pregue!" A resposta para o problema da sequidão foi

pregar com poder, para que muitos mortos levantassem. Ossos secos

podem reviver. Se ministrarmos a Palavra com poder e autoridade, muitos

se levantarão!

Deus declarou: "Eis que farei entrar em vós o espírito, e vivereis... e

sabereis que eu sou o Senhor".

Ezequiel escreveu: "Então profetizei como se me deu ordem. E

houve um ruído, enquanto eu profetizava; e eis que se fez um reboliço e os

ossos se juntaram, cada osso ao seu osso". Músculos e nervos vieram sobre

os ossos, e estendeu-se a pele sobre eles. Você crê nisso? Então Deus disse:

"Profetiza ao Espírito... assim diz o Senhor..."

Ezequiel sabia que o Espírito estava associado com o sopro de Deus.

A palavra do hebraico para espírito é ruach, que também significa "fôlego"

ou "vento". Ezequiel levantou-se diante daqueles ossos secos e profetizou

ao vento. E "então o espírito entrou neles e viveram, e se puseram em pé,

um exército grande em extremo".

Hoje, nem as necessidades nem as soluções mudaram. A cura de

Deus para uma igreja "morta" ainda é pregar! Aliás, mais que isso —

profetizar! Ezequiel não entregou àqueles ossos um sermão de três partes

acerca de sua teologia sobre a morte. Ele simplesmente ouviu a voz de

Deus e entregou a Palavra do Senhor. Ele falou com autoridade e

experiência: "Assim diz o Senhor..."

Não houve nenhum movimento da parte dos ossos pela manutenção

da vida, nenhuma organização, nenhum pedido de socorro! O Espírito do

Senhor levou Ezequiel ao vale de ossos secos e lhe disse crer no impossí-

vel, para proclamar a Palavra de Deus a um povo desconjuntado e

corrompido e ver toda uma nação se levantar com vida novamente.

Observemos que Deus ordenou: "Profetiza!" E Ezequiel obedeceu.

Por mais que lhe parecesse impossível ou uma total perda de tempo, ele

Page 11: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

agarrou-se racionalmente à sua nova experiência com Deus e cumpriu sua

ordem diante de todas as evidências que apontavam aquelas pessoas como

mortas.

E, quando Ezequiel cumpriu a sua parte, Deus fez a dEle. Não era

responsabilidade do profeta realizar o milagre, mas pregar a Palavra de

Deus àquela multidão que parecia indiferente. Só então Deus realizou o

grande milagre sobre todos aqueles ossos. Ezequiel correspondeu a Deus, e

o Senhor, à sua obediência. Ele profetizou ao vento. Podemos imaginar sua

capa esvoaçando, os braços estendidos para os céus, declarando outra vez:

"Assim diz o Senhor Jeová..." E foi assim que Deus concedeu nova vida

àquela nação morta.

Agora responda-. De que precisamos hoje, de um despertamento ou

de uma ressurreição? Na verdade não faz diferença. Nosso Deus pode curar

enfermidades, libertar vidas da depressão e ressuscitar os mortos com a

mesma aplicação de seu tremendo poder. Ouvimos vários termos para o

que precisamos: despertamento, restauração, revitalização, renovação,

rejuvenescimento etc. Mas são apenas palavras. Precisamos apenas do que

Ezequiel possuía: a inspiração e o frescor de seu encontro diário com o

Espírito de Deus!

Então levante-se! Não fique aí sentado lamentando a dispersão do

povo e seu esquecimento. Precisamos de um avivamento de palavras

proféticas que declarem: "Assim diz o Senhor Jeová".

Poderíamos pensar que a igreja raramente se levantaria numa época

como esta, ao final do poderoso século do avivamento pentecostal e

começo do novo milênio. As profecias sobre a breve volta do Senhor Jesus

estão se espalhando por todo o mundo, o qual já percebe que alguma coisa

está para acontecer. O movimento que se iniciou em uma sala em Topeka,

Kansas, em 1901, multiplicou-se e alcançou a impressionante marca de

milhões de cristãos em mais de 130 países — e justamente quando estamos

prontos para nos lançarmos ao desafio final, começamos a hesitar e

tropeçar em nossos próprios pés.

Analisemos a raiz do problema. No início do século XX, o

Movimento Pentecostal nasceu de uma grande explosão do poder

espiritual, enquanto a igreja redescobria o genuíno batismo no Espírito

Santo do cristianismo pentecostal apostólico do Novo Testamento. Mas a

Page 12: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

novidade daquela experiência desgastou-se. Estamos tentando combater

nossa guerra espiritual com armaduras de uma geração diferente. Com o

passar dos anos, a intensidade espiritual daquele avivamento vem se

diluindo, e estamos nos tornando semelhantes aos membros de muitas

igrejas de onde o nosso povo fugiu ou dispersou-se.

Estaria tudo errado? É claro que não! Somos uma grande igreja com

um futuro promissor. Em muitos aspectos, crescemos e amadurecemos.

Estamos posicionados no alto, juntamente com todas as igrejas que podem

ser classificadas como nós. Somos populares, aplicados e equilibrados. E,

ainda, quando olhamos para o alto e medimos nosso sucesso — pela

relação entre a quantidade de grãos que ainda ficaram nos campos e os que

armazenamos em nossos celeiros — o embaraço diminui. O nosso

problema é que, quando tínhamos oportunidade de enviar uma grande

comissão, começamos a perder a visão e a fechar nossos olhos espirituais.

O dicionário define o sono como uma "condição natural de descanso

do corpo e da mente que ocorre regularmente, durante algum pensamento

ou movimento". Talvez seja essa realmente a nossa condição.

A Filha de jairo (Lc 8.26 - 9.2)

Esta é outra passagem bíblica que ilustra muito bem a nossa situação

difícil e sua única solução. Jesus havia acabado de se confrontar com um

homem endemoninhado, da terra dos gadarenos, e enviara todos os seus

demonios a uma manada de porcos (Lc 8.26-39). Os fazendeiros judeus,

proibidos de comer os porcos, comprometeram-se em fornecer porcos para

alimentar a guarnição romana que estava estacionada a leste das montanhas

sobre o mar da Galileia. No entanto, ninguém se atreveu a queixar-se

quando os porcos se precipitaram no mar e morreram afogados.

Jesus falou ao homem: "Torna para tua casa, e conta quão grandes

coisas te fez Deus". As pessoas ficaram tão assustadas com aquele

fenômeno espiritual, que suplicaram a Jesus que as deixasse e não fizesse

mais sinais ou maravilhas entre eles. Eis a misteriosa reação de pessoas

religiosas, que por alguma razão inexplicável preferem adoração sem

milagres, sermões sem o poder do Espírito Santo e orações sem respostas

eloquentes. Assim, exceto por razões sociais, por que alguém atentaria para

uma igreja onde nada de sobrenatural acontece, orações nunca são

Page 13: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

respondidas e expressões de louvor nunca são ouvidas pela cura ou

libertação de alguém?

Seguindo seu caminho, Jesus estava retornando pela estrada de

Cafanaum, quando Jairo, príncipe da sinagoga, veio encontrá-lo. Aquele

líder religioso prostrou-se aos pés de Jesus, rogando-lhe "que entrasse em

sua casa; porque tinha uma filha única quase de doze anos, que estava à

morte".

Passando através da multidão, no caminho da casa de Jairo, uma

mulher que tinha um fluxo de sangue há 12 anos, aproximou-se e tocou em

Jesus, sendo instantaneamente curada. Jesus disse: "Alguém me tocou,

porque bem conheci que de mim saiu virtude". Muitos pastores, missioná-

rios e evangelistas têm testemunhado a restauração física através de seus

ministérios de cura. A imposição de mãos é, obviamente, muito mais que

um simples ritual ou ato de obediência; é a transferência do poder que

ocasiona a cura quando a pessoa está doente.

Enquanto Jesus dizia à mulher curada: "A tua fé te salvou", um

homem da sinagoga chegou informando: "A tua filha já está morta". Era a

avaliação humana das condições da menina — estava morta; tudo acabado;

tudo terminado!

Lucas escreve: "Porém..." Quão importante é esta palavra para

mostrar como a fé contradiz os fatos! "Jesus, porém, ouvindo-o respondeu-

lhe dizendo: Crê somente, e será salva". Ponha a fraqueza de lado, tenha fé

e encontre a firmeza das promessas de Deus.

Algum tempo se passou, e, quando Jesus retomou o caminho para a

casa de Jairo, os instrumentistas e a multidão em alvoroço já haviam

iniciado o funeral (Mt 9.23). Ninguém tinha dúvidas de que a menina

estava morta. Jesus deixou entrar no quarto onde se encontrava a menina,

somente Pedro, Tiago, João e os pais dela. Todos estavam chorando, mas

Jesus disse: "Não choreis; não está morta, mas dorme" (Lc 8.52). Riram-se

dEle, sabendo que ela estava morta; mas Ele, to-mando-a pela mão,

ordenou: "Levanta-te, menina. E o seu espírito voltou". E Jesus mandou

que lhe dessem de comer.

Esta história aconteceu realmente e foi registrada em três dos quatro

evangelhos (Mt 9.18-26, Mc 5.22-43; Lc 8.41-56). Contém princípios fan-

Page 14: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

tásticos que podem ser aplicados igualmente em muitas áreas de nossa vida

e na da igreja.

Em primeiro lugar, Jesus foi cercado por uma curiosa mas incontável

multidão, não muito diferente das pessoas que hoje atraímos às nossas

igrejas. Mas Jesus reduziu toda aquela multidão a apenas 12 discípulos e

aos parentes imediatos da menina; e depois, restringiu mais ainda,

permitindo apenas a presença de Pedro, Tiago, João e dos pais da menina

no quarto onde se encontrava morta.

Não fazia nenhuma diferença para Jesus se aquela menina precisava

de um avivamento ou de ressurreição. O problema não estava na menina

morta, mas na multidão incrédula que aceitava a morte como uma

fatalidade, um ponto final, escarnecendo de qualquer sugestão contrária.

Jesus precisou colocar os descrentes para fora antes de começar o processo

milagroso da ressurreição. Lucas relata: "Seu espírito voltou, e ela logo se

levantou" (Lc 8.55). Será que o Senhor terá de colocar alguns de nós para

fora antes que possa fazer alguns milagres e avivar a sua igreja? Como a

filha de Jairo, precisamos ter o nosso espírito de volta!

Não é uma coincidência: logo após este acontecimento, Jesus,

"convocando os seus doze discípulos, deu-lhes autoridade e poder sobre

todos os demônios, e para curarem enfermidades; e enviou-os a pregar o

reino de Deus, e a curar os enfermos" (Lc 9.1,2). Essa ainda é ordenança

dada à igreja! Como, então, podemos ousar ser cristãos conservadores

diante do exemplo do ministério de Jesus e de suas instruções aos

discípulos? O mundo não pode ser vencido por cristãos que se detêm

quietos, com as mãos abaixadas! A evangelização mundial requer olhos

bem abertos, intimidade com a presença e o poder de Jesus Cristo para

salvar, curar e libertar!

Não encontramos ilustração melhor para a história de nossa igreja,

neste fim de segundo milenio, que a ressurreição da filha de Jairo. Nossa

igreja está "amortecida", e sabemos disto. Nossos antepassados (as antigas

gerações) não podem mais nos ajudar. Nossos líderes não podem agir

sozinhos, e são, na verdade, muitas vezes eleitos por igrejas conservadoras

que não querem perder o controle. Aquele famoso grupo social dos que "se

vestem para o Senhor" não pode fazer acontecer um avivamento. A verdade

é que só Jesus Cristo pode ressuscitar os mortos, levantar as igrejas e

Page 15: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

restaurá-las à vida plena. Só com Jesus Cristo uma igreja poderá ir adiante

com poder renovado (força dinâmica) e autoridade (permissão para usar

essa força) para anunciar o Evangelho, controlar o mal, amarrar o diabo e

trazer cura à nossa terra!

Os acontecimentos no vale de ossos secos e na casa de Jairo

resumem exatamente o assunto deste livro. O avivamento não pode

começar através da multidão, da igreja ou de um grupo seleto de pessoas,

mas sim quando alguém pede socorro a Jesus e convida-o a entrar em sua

casa. Aí então, Jesus — SOZINHO — poderá fazer um milagre que

reavivará a igreja para uma novidade de vida.

E a questão passa a ser: Jesus quer que sejamos avivados? Veja que

interessante: o fator determinante na história de Jairo não foi uma decisão

soberana vinda do Céu, mas a resposta divina ao choro de um Pai que cria

em Jesus! E Ele responde ao nosso pedido de socorro. E, se precisarmos de

ajuda para nos levantarmos da morte, o momento é agora!

A história toda começou com Jairo pedindo a Jesus para curar sua

filha. Todo avivamento começa com um pedido, frequentemente com jejum

e uma oração! Em sua primeira semana no trabalho, o superintendente

geral Thomas E. Trask escreveu aos líderes das Assembleias de Deus:

"Convoquem a igreja para orar e jejuar. Através da oração, abriremos as

portas para nos o avivamento que virá".

Teria Alguém Colocado o Relógio para Despertar? (Ef 5)

Após convocar todos os cristãos para serem "imitadores de Deus

como filhos amados" (5.1) e exortá-los ao amor e à santidade pessoal,

Paulo escreve: "Pelo que diz: Desperta, ó tu que dormes, e levanta-te dentre

os mortos, e Cristo te esclarecerá" (5.14). É disto que precisamos: despertar

de um profundo sono espiritual e levantar dentre os mortos! Não faz

nenhuma diferença a circunstância em que nos encontramos, tampouco se

estamos espiritualmente adormecidos ou mortos. Precisamos nos levantar e

caminhar para a luz.

A Palavra de Deus funciona como um verdadeiro despertador para

nós! Veja o que ela diz sobre o nosso sono espiritual. Em Juízes 5.12,

lemos: "Desperta, desperta Débora; desperta, desperta, entoa um cântico;

levanta-te Baraque, e leva presos a teus prisioneiros". Era tempo de Israel

Page 16: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

se levantar para a batalha, mas seus líderes tinham de se levantar primeiro.

Agora veja Salmos 17.15: "Quanto a mim, contemplarei a tua face na

justiça; satisfar-me-ei da tua semelhança quando acordar". Precisamos ser

semelhantes a Jesus.

E, para aqueles que confiam em estruturas e imagem pública, brada o

profeta Habacuque: "Ai daquele que diz ao pau: Acorda! e à pedra muda:

Desperta! Pode isto ensinar? Eis que está coberto de ouro e de prata, mas

no meio dele não há espírito algum" (He 2.19). Em poucas palavras

podemos dizer que estes são restos de uma igreja materialista que precisa

desesperadamente de um avivamento espiritual.

Paulo escreve, em Romanos 13.11: "E isto digo, conhecendo o tempo

que é já hora de despertarmos do sono; porque a nossa salvação está agora

mais perto de nós do que quando aceitamos a fé". Se já naquela época os

pentecostais aguardavam pela vinda em breve do Senhor Jesus Cristo,

agora devemos estar muito mais atentos a esse abençoado evento!

Veja agora 1 Coríntios 15.34: "Vigiai justamente e não pequeis;

porque alguns ainda não têm o conhecimento de Deus: digo-o para

vergonha vossa". Sim, é vergonhoso que estejamos nos afastando de Deus

e com as portas fechadas para o mundo!

Em Efésios 5, Paulo adverte: "Pelo que diz: Desperta, tu que dormes,

e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá". Ele também chama

os cristãos a serem "seguidores de Deus", e acrescenta: "Andai em amor".

E ainda: "Mas a prostituição, e toda impureza ou avareza, nem ainda se

nomeie entre vós como convém a santos; nem torpezas, nem parvoíces,

nem chocarrices, que não convêm; mas antes ações de graças". Imoralidade

sexual, estilo de vida impuro e idolatria não têm "herança no reino de

Cristo e de Deus". E, sobre as pessoas que cometem esses pecados, Paulo

aconselha a igreja: "Não sejais seus companheiros".

A igreja precisa ser justa, santa e estar separada do mundo para a glória de

Deus. Sobre isto, Paulo ordena: "E não vos embriagueis com vinho, em que

há contenda, mas enchei-vos do Espírito" (Ef 5.18). O apóstolo, obviamen-

te, fala da responsabilidade dos cristãos em estarem "embriagados" do

Espírito Santo, assim como as pessoas se embriagam com vinho! Podemos

recordar o dia de Pentecostes, quando uma multidão viu os sinais e o som

de pessoas sendo cheias do Espírito Santo e pensou que os 120 estavam

Page 17: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

cheios de vinho (At 2.15). Essas passagens nos mostram o que Deus espera

de nossos cultos. Muitas outras passagens em Efésios descrevem o serviço

da igreja. Por exemplo: "Falando entre vós com salmos, e hinos, e cânticos

espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor em vosso coração; dando

sempre graças por tudo ao nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor

Jesus Cristo" (Ef 5.19,20).

Paulo prossegue, no restante do livro de Efésios, comparando

também o relacionamento entre Cristo e sua Igreja à relação entre marido e

mulher. Certamente este é um relacionamento baseado na emoção, no amor

e na paixão. Paulo afirma, na mesma passagem: "Grande é este mistério;

digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja". Não há indicação nas

Escrituras de que o Senhor deseje uma igreja reservada e conservadora.

Pelo contrário, em sua igreja, Ele espera uma explosão de emoções,

demonstradas no seu amor por Ele e compaixão pelas almas. Tentemos

identificar em nossas igrejas os elementos inerentes à sociedade e às

tradições históricas, pois não há lugar numa igreja pentecostal para a

religiosidade e suas práticas não-bíblicas.

Dormindo na Presença de Deus (Lc 9-28-36)

Um dos mais inquietantes versículos da Bíblia é Lucas 9.32-. "E

Pedro e os que estavam com ele estavam carregados de sono; e, quando

despertaram, viram a sua glória".

É uma cena inacreditável: Jesus foi orar e levou consigo os

discípulos mais chegados ao topo do monte da Transfiguração, "e, estando

ele orando, transfigurou-se a aparência do seu rosto, e as suas vestes

ficaram brancas e mui resplandecentes, e eis que estavam falando com ele

dois varões, que eram Moisés e Elias, os quais apareceram com glória". E o

que faziam os futuros líderes cristãos? Dormiam no exato momento em que

o Senhor manifestava-se em sua glória.

Não é essa nossa condição hoje? Como é possível um movimento

que se espalhou tão rapidamente pelo mundo achar-se em tão terríveis

condições, que não consiga acrescentar em 12 meses de trabalho uma única

pessoa aos cultos de domingo?

A chave para o avivamento está na oração. Quando eles retornaram

do monte da Transfiguração, no dia seguinte, encontraram um menino

Page 18: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

oprimido por possessão demoníaca. E Jesus disse: "Esta casta de demônios

não se expulsa senão pela oração e pelo jejum" (Mt 17.21). A

Gloria no topo da montanha era maravilhosa, mas eles ainda precisa-

vam orar e jejuar para enfrentar o mal. Charles G. Finney disse: "A ação é a

ligação essencial para uma sucessão de fatos que levam ao avivamento".

Vamos apenas levantar, esfregar o olhos, espantar o sono, olhar para

glória de Deus e uma vez mais entrar em jejum e oração. Estamos

precisando de um novo despertamento espiritual nas Assembleias de Deus!

Page 19: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

2

Chamada ao Avivamento

A primeira pessoa com quem falei sobre este livro foi o pastor Trask,

em uma sala da Assembleia de Deus Central em Springfield, Missouri. Ele

acabara de ser eleito superintendente geral, no Concílio Geral de

Mineápolis, em agosto de 1993, retornando a Springfield depois de uma

ausência de 15 anos, para trabalhar na Gospel Publishing House, sob a

coordenação geral de Joseph W. Kilpatrick. No início de setembro, num

domingo de manhã, tivemos um culto tão abençoado que o pastor Philip

Wannenmacher não pregou à congregação, mas continuou o louvor e

deixou fluir as manifestações dos dons do Espírito Santo. Naquele dia,

soubemos que este livro era uma ordenança de Deus.

Sendo assim, entrevistei o pastor Thomas E. Trask logo após sua

mudança e início do novo trabalho, em dezembro de 1993. Nos próximos

dois capítulos, quero que você ouça uma verdadeira chamada ao

avivamento Pelo superintendente geral das Assembleias de Deus nos

Estados Unidos.

David A. Womack: Ouvi sobre sua campanha por um avivamento. O que

ativou este interesse?

"Thomas E. Trask: Quando visitei os concílios distritais e alguns

seminários para líderes, o Senhor revelou-me a necessidade de uma nova

vitalidade em seus seguidores. Nos dias que se seguiram, a Assembleia de

Deus deu lugar à pessoa e ao trabalho do Espírito Santo-, quando agimos

desta forma, experimentamos crescimento.

Depois compartilhei minhas experiências com Charles Crabtree:

"Charles, precisamos de uma santa convocação, pela qual nós, e também a

igreja pentecostal, venhamos em unidade reconhecer nossa necessidade de

Deus e pedir perdão por nossas falhas". Somente então Deus abençoará

com seu Espírito. No domingo anterior ao Concílio Geral de Portland, mais

ou menos pelas quatro da manhã, o Espírito Santo acordou-me e disse:

Page 20: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

"Quero que você elabore uma proposta, que se chamará uma santa

convocação". Apresentei a proposta ao superintendente geral G. Raymond

Carlson, que a leu diante da assembleia. Esta, de forma unânime e

entusiasmada, concordou. (Depois chamamos àquela reunião "Assembleia

Sagrada"). Minha preocupação e desejo profundo é que nós, como

seguidores, retornemos à total direção e dependência do Espírito Santo.

Womack: O Senhor tem dito que o fundamental em um avivamento é a

salvação das almas. Um avivamento poderoso nas Assembleias de Deus

aumentará a nossa responsabilidade nos campos missionários?

Trask: Realmente acredito nisso. Deus tem abençoado tremendamente o

trabalho evangelístico, devido à nossa ênfase à pessoa e obra do Espírito

Santo. Quando dermos espaço para o Senhor atuar, Ele trará para frente o

que está em seu coração. E, esse é o motivo pelo qual temos missões nas

Assembleias de Deus, enquadrando-a na vanguarda do Evangelho mundial.

E se as Assembleias de Deus não atentarem e se prepararem para isso,

estarão em uma situação difícil.

Womack: O Senhor cresceu em um lar pentecostal?

Trask: Tive o privilégio de crescer em um lar de pregadores da

Assembleia de Deus. Minha mãe e meu pai, Waldo e Beatrice Trask, já não

trabalham como antes, mas o seu ministério continua ativo. Meu pai era

comerciante e açougueiro quando encontrou a Cristo. Após sua conversão,

logo tornou-se diácono na Assembleia de Deus local, até o Senhor chamá-

lo para o serviço no Reino de Deus. Ele nunca teve o privilégio de cursar

um seminário, mas dependia totalmente da Palavra de Deus e vivia no

Espírito.

Womack: O Senhor disse que Deus chamou seu pai para o serviço no

Reino de Deus. Como podemos saber se Deus está falando conosco?

Trask: Somos seres espirituais. Creio que, como seres espirituais, podemos

viver em comunhão com Deus e conhecer a voz do Espírito. Veja, se

escolhi ao Senhor e o fiz parte da minha vida, logo posso aprender a ouvir

sua voz. Sou um forte defensor dessa ideia, mas hoje em dia não se fala

muito sobre isso.

Não há nenhum mistério para se conhecer a vontade do Senhor.

Provérbios 3.5,6 diz: "Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te

Page 21: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus

caminhos e ele endireitará as tuas veredas". Se eu confiar no Senhor de

todo o meu coração, Ele endireitará as minhas veredas. E fará isso através

da voz do Espírito. Costumo dizer que Deus confirma sua presença em nós

de três formas: testifica em nós pela Palavra, pelas circunstâncias e pelo

Espírito.

Womack: Atualmente, o Senhor ouve a voz do Senhor?

Trask: Sim. Sempre ouvimos dizer, que após duas pessoas permanecerem

casadas por muito tempo, começam a se parecer e a agir da mesma forma.

Bem, é esse tipo de relacionamento que temos com o Senhor através de seu

Espírito. Se vivo na Palavra e no Espírito, então sou sensível à vontade do

Espírito. E há um recuo nesse relacionamento quando faço alguma coisa

que entristece o Espírito de Deus. Acredito que os crentes espirituais

devem ser cuidadosos em não entristecer o Espírito Santo. Minha plena

aliança com Ele se estabelece através da comunhão, oração e estudo da

Palavra, o que me torna mais sensível à sua vontade.

Fui criado nestes moldes. Posso dizer que sou um grande

privilegiado por ter vivido em um lar onde tanto meu pai quanto minha mãe

dependiam totalmente de Deus. Eles são de um tempo em que líderes não

tinham seguro social, plano de saúde ou aposentadoria; e a maioria dos

pastores não tinha sequer um bom salário. Somos totalmente gratos a Deus

pelos benefícios que hoje conquistamos, mas precisamos voltar aos grandes

ministérios que dependiam totalmente de Deus. Através de suas vidas, nos

ensinaram que precisamos orar para sermos dependentes de Deus. Não

pretendo jamais ir por outros caminhos. Não me preocupo em ser o melhor,

mas nossa dependência deve estar no Espírito Santo.

Womack: O Senhor ouve a voz do Espírito Santo claramente, com

palavras?

Trask: Não em palavras, mas em espírito. O Espírito testifica com o nosso

espírito. Em Atos 15.28, vemos: "Na verdade, pareceu bem ao Espírito

Santo e a nós". Creio que quando o Espírito Santo testifica em nossos

corações há um sentimento profundo de certeza e satisfação; quando algo

está errado, há o sentimento de incerteza e insatisfação. E essa comunhão

certamente não está restrita aos que possuem ministérios, mas é possível a

todo o que tiver o Espírito de Deus. João escreveu: "Quem tem ouvidos

Page 22: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

ouça o que o Espírito diz às igrejas" (Ap 2.7). Veja, o Espírito está falando!

E um problema de sintonia: nossa "antena" precisa ser bem sintonizada

para captar a mensagem que está vindo do Espírito Santo às igrejas.

Tive o privilégio de crescer frequentando a escola dominical e os

acampamentos de mocidade. E lembro-me das experiências com Deus nas

horas de culto. Uma de minhas grandes experiências com Deus aconteceu

no acampamento bíblico Lake Geneva, em Minnesota. Jamais me

esquecerei, porque Deus falou comigo profundamente. Eu havia acabado

de me formar na North Central Bible College, e comecei logo a trabalhar

em uma igreja nova. Um homem de negócios me havia feito uma excelente

oferta de emprego, na área secular, enquanto a igreja não podia pagar nada.

Aquela oferta me balançou. Nunca esquecerei aquela experiência com

Deus enquanto viver, porque naquela noite deixei todas as minhas

ansiedades no altar do Senhor e nunca mais voltei atrás. Eu reconheci o

chamado do Senhor.

Womack: O senhor se sente realizado, como quem alcançou um alvo, por

ser o superintendente geral das Assembleias de Deus?

Trask: Absolutamente! Isso jamais passou pela minha cabeça e eu vou lhe

dizer por quê. Primeiramente, não acredito que Deus se agrade de pessoas

que procuram cargos. A chave é querer a sua vontade. Jesus disse:

"Todavia não se faça a minha vontade, mas a tua" (Lc 22.42). Jesus vivia

com o ardente desejo de fazer a vontade do Pai. Como cristãos, precisamos

desejar viver sempre na vontade de Deus e encher as nossas vidas com os

seus propósitos. Deus não se impressiona com títulos. O ministério de Jesus

não era feito de títulos, mas de compromisso! Serviço! Sou um servo de

Jesus Cristo. Se Ele deseja que eu atue como pastor, sinto-me feliz por ser

um pastor e amo pastorear! Era feliz como superintendente distrital.

Quando Deus me chamou para ser o tesoureiro geral, fiquei satisfeito e,

sendo assim, nunca me frustei. Aceitei o cargo de tesoureiro geral porque

esta era a vontade de Deus para a minha vida. Não precisamos lutar.

Precisamos apenas dizer: "Senhor, quero fazer a tua vontade".

Womack: O senhor tem servido a Jesus toda a sua vida?

Trask: Aceitei a Jesus quando era menino, mas só comecei nos caminhos

do Senhor quando me tornei calouro da North Central Bible College. Foi

meu pai quem me colocou no instituto bíblico. Ele era presbítero, e eu

Page 23: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

andava "meio" à toa. Ele me disse: "Vou colocá-lo numa escola bíblica;

talvez consigam dar um jeito em você". Pois foi exatamente o que

aconteceu. Quando me lembro disso, fico comovido.

Houve um mover de Deus na escola, que nos envolveu. Simplis-

mente, as classes foram todas abaladas. Deus movia-se soberanamente

através do corpo estudantil e durante dias pude ver alunos e professores

servindo diante do Senhor. Durante todo o tempo permanecíamos na

presença de Deus, e vidas foram transformadas. Sei que ainda menino

recebi a salvação em minha igreja local e fui batizado no Espírito em um

acampamento de jovens, mas foi o avivamento no instituto bíblico — e o

suprimento com o Espírito Santo — que mudou minha vida. Por isso creio

que as pessoas que tiveram uma experiência com Deus quando jovens

precisam de uma nova experiência com Ele e uma verdadeira renovação do

Espírito Santo, para que cresçam e alcancem maturidade. Nossa

experiência necessita de renovações constantes e novas porções do Espírito

Santo.

Womack: O senhor acredita que derramamentos do Espírito Santo podem

ocorrer nas escolas bíblicas hoje?

Trask: Naturalmente! Recentemente falei a presidentes de colégios para

deixarem Deus mover-se, porque sei o que pode acontecer com nossas

escolas se houver um derramamento do Espírito Santo: os estudantes se

tornarão pregadores pentecostais.

Womack: Ao nos propormos buscar um novo avivamento nas Assembleias

de Deus, qual deve ser a nossa preocupação quanto às igrejas locais?

Trask: Uma de minhas maiores preocupações é com o altar nas igrejas,

aquela área entre o púlpito e os primeiros bancos (este espaço têm sido

totalmente preenchido por instrumentos, músicos, cantores, corais,

conjuntos etc). É ali que a conversão tem o seu lugar. No "altar" as pessoas

se encontram com Deus, e vidas são mudadas. Aprecio a adoração que

Deus tem trazido às igrejas, e isso é realmente necessário. Mas a adoração

nunca deve tomar o lugar da Palavra ou do altar. Estou preocupado, pois

acho que temos direcionado nossa atenção à adoração e esquecido da

ministração da Palavra. Nada pode substituir a Palavra. Precisamos levar as

pessoas de volta à Palavra, pois ela nos deixa preparados para o altar.

Adoração sim, mas também a Palavra e entrega da vida ao Espírito Santo.

Page 24: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

Assim, Deus poderá atuar totalmente e completar a obra que iniciou no

começo da reunião.

Na igreja Brightmoor Tabernacle, em Detroit, éramos fortes na

ênfase da Palavra de Deus, pois dávamos destaque a ela. Aquela igreja de

duas mil pessoas nunca se limitava ao tempo de duração do culto. Pregasse

eu por 45 minutos ou uma hora, para eles era um tempo curto. E, no

domingo à noite, voltavam às centenas. Eles amavam a Palavra e conse-

quentemente a igreja tinha uma fé viva, milagres e curas ocorriam e

pessoas eram salvas. Durante anos, este foi o perfil dessa igreja.

A Palavra precisa ir adiante na pregação, e assim deve ser concedida

para completar o propósito para o qual foi enviada. Não consigo ver outros

elementos tão necessários como a adoração e a Palavra. A adoração é boa,

mas precisamos dar mais ênfase à Palavra de Deus em quanto é tempo,

para que a obra do Espírito Santo seja completa. FOI isto que trouxe minha

atenção à necessidade de um avivamento em nossas igrejas.

Womack: Como o senhor pretende ir ao encontro dessas necessidades na

Assembleia de Deus?

Trask: Não creio que os problemas internos das Assembleias de Deus

sejam tão complexos. Quando experimentarmos o mover soberano do

Espírito Santo — um despertamento espiritual na Assembleia de Deus —

as consequências imediatas do avivamento (como a manifestação dos dons

e a revelação dos frutos do Espírito) irão cuidar de todas as necessidades.

Deixe-me dar um exemplo. Jesus disse: "Mas recebereis a virtude do

Espírito Santo que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas" (At 1.8).

Ele está falando de caráter e estilo de vida. Na verdade, não erramos

ensinando sobre santidade, se o estilo de vida da igreja está sendo

modelado pelo Espírito Santo. Igualmente, não é errado falar de uma vida

cheia do Espírito Santo, através de doutrinas e comportamentos. Realmente

não estou interessado em ensinar sobre santidade, mas em deixar que o

Espírito Santo traga esta convicção! Porque uma igreja cheia do Espírito

terá o estilo de vida que agrada ao Senhor.

Inevitavelmente, o evangelismo acontecerá, porque somos testemu-

nhas vivas. Surgirá naturalmente, porque as pessoas hão de querer

demonstrar o que Jesus está fazendo nos seus corações. Não creio que

Page 25: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

possam existir pessoas que têm comunhão com o Senhor Jesus e ao mesmo

tempo não se preocupam com as almas perdidas.

Womack: Não querendo ser impertinente, há algo que eu gostaria de

Perguntar. Esta chamada para um despertamento espiritual é apenas um

tema temporário, que depois trará consigo novos temas, ou podemos ter a

certeza de que este será o tema principal de sua administração?

Trask: O que eu disse em minha posse repetirei: não descansarei enquanto

não ver um soberano mover do Espírito Santo nas Assembleias de Deus! E

isto nada tem a ver com "popularizar" a igreja, pois digo-lhe que a maioria

das coisas que realizamos ontem já não serão tão populares amanhã. Há um

grupo de pessoas que acha mais fácil realizar e dirigir programações do que

orar. Você realmente precisa ter programações, organização, direção e um

calendário de eventos; não tenho nada contra isso. Porém, a não ser que

esses eventos "respirem" o Espírito Santo e estejam por Ele ungidos,

estarão condenados a se tornar programações totalmente sem importância,

vazias.

Alguns dirão que minha chamada ao despertamento espiritual é

somente um tema da moda. Mas digo a você que estou confiante, pois

aqueles que conhecem um verdadeiro despertamento do Espírito e sabem o

que fazer dirão: "Estamos com você, irmão Trask. Nós também cremos!"

Eles já experimentaram a frustração dos "congressos de avivamento".

Imagino que esteja chegando o tempo de as pessoas saberem que o

despertamento, a meu ver, não é apenas mais um modismo. Ele é

absolutamente necessário às Assembleias de Deus. Eu já me preocupava

com este despertamento espiritual muito antes de Mineápolis. E, quando

olho para trás, vejo que não houve nenhuma razão especial para a minha

eleição a tesoureiro ou superintendente; tudo foi providência de Deus, que

deseja o despertamento! Isso não está no meu coração, mas no coração

dEle. E simplesmente uma questão de nos alinharmos à sua vontade. Por

isso não há problema algum quando algumas pessoas se levantam das

sombras para serem meros espectadores.

Womack: Nós temos um número muito grande e diversificado de igrejas

em nossa denominação. Quando ocorrer o despertamento, não reagirão de

formas diferentes?

Page 26: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

Trask: Não me preocupo com a reação das igrejas ou o método utilizado

por Deus, desde que, dure o que durar, possamos alcançar os mesmos

objetivos: ver o nome do Senhor Jesus Cristo glorificado e vidas

transformadas. Tenho a plena consciência de que nem todas as nossas

igrejas enveredaram pelo caminho do pecado, permitindo em sua

comunhão pessoas que ainda não experimentaram uma real mudança de

vida. O discipulado sempre exige uma mudança no estilo de vida. As

igrejas podem agir com estratégias diferentes, mas o resultado deve ser o

mesmo: cristãos vivendo efetivamente para Jesus Cristo e almas sendo

salvas!

Wotnack: O mundo inteiro sabe que não somos a igreja que melhor adapta

cultural, social ou economicamente à sociedade. Sendo assim como conse-

guimos alcançar tantas camadas da sociedade?

Trask: Você sabe o que é isso? É a obra do Espírito Santo! Não é a

denominação ou a estrutura, mas a pessoa e obra do Espírito Santo! Ele

sabe que existe uma porta de entrada para todo coração. Se lhe pedirmos

que nos ajude a encontrar essa porta, Ele nos ajudará a alcançar pessoas de

diferentes níveis sociais. O Espírito sabe como convencer cada pessoa a

Jesus Cristo. Nosso Senhor é um Deus que possui muitas alternativas.

Wotnack: Alguém me disse que tais ideias representam um retorno ao

passado. Isso é verdade? E, se for, o que o senhor pretende reviver?

Trask: A história da Igreja nos mostra que toda vez que uma organização

nasceu após a divisão de sua missão original, não demorou a chegar ao fim

e tornar-se objeto de escárnio. Mas as Assembleias de Deus foram

levantadas por uma voz pentecostal. Tenho enorme respeito e amor pelas

igrejas evangélicas, porém somos mais que evangélicos: somos

pentecostais! Lembro-me do tempo em que nosso crescimento foi tão

grande que o Evangelho tornou-se uma força real no mundo. Naquela

época, permitíamos que o Espírito Santo nos guiasse, revestisse e

impelisse. E, se você chama isso de retornar ao passado, ou retornar ao que

é "velho", então é exatamente o que estou fazendo. Estou voltando à força

impulsionadora do Evangelho! E devemos ministrar isso através da pessoa

e obra do Espírito Santo, porque para isso fomos chamados.

Wotnack: No dicionário, encontramos as seguintes definições para a

palavra "avivamento": 1) ato ou instante de despertamento; renovação da

Page 27: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

atenção ou interesse por alguma coisa; nova apresentação ou reedição de

alguma coisa; período de renovação pelo interesse religioso; encontros

evangelísticos de alto nível emocional ou uma série de encontros; 2)

restauração de força, validade e efeito. É disso que o senhor está falando?

Trask: Acredito que o avivamento envolva tudo isso, mas eu gostaria que a

terminologia usada para a igreja fosse "despertamento espiritual". Quero

ver um avivamento como o que Deus pretende realizar; um despertamento

que englobe um estilo de vida agradável ao Senhor; onde o Espírito Santo

queira atuar domingo após domingo em nossas igrejas locais, onde Deus

atue soberanamente na comunidade. Acredito que o Espírito Santo paira

sobre a comunidade, pois pode atravessar paredes e portas fechadas quando

a igreja está orando, como tenho visto acontecer. E, quando as outras

igrejas começarem a perceber o que Deus está fazendo, também se ligarão

a Ele, a fim de levar pessoas ao encontro de Jesus Cristo.

Da mesma forma, um despertamento de almas gera vitalidade e novo

nascimento no corpo da igreja, trazendo a vida do Espírito Santo para o

meio dela. Muitas vezes, o despertamento só produz efeitos emocionais,

porém não deve ser assim. Já assisti a cultos onde o mover de Deus sempre

atuava em silêncio, e de repente alguém se levantava e começava a dizer o

que se andava fazendo de errado. Mas também assisti a cultos onde Deus

só se fazia presente através de exuberantes momentos de louvor e adoração.

Ora, recuso-me a colocar Deus dentro de um tabuleiro e moldá-lo sempre

do mesmo jeito! É um grande erro achar que Deus atua sempre da mesma

forma. Fico pensando em quando Jesus atuava; ninguém podia prever nada.

Era a obra do Espírito. Jesus entrava nas casas, Deus atuava soberanamente

sobre as pessoas e um grande avivamento ocorria. As igrejas que

permaneceram alertas e atentas ao mover do Espírito Santo souberam

exatamente como lidar com os mais jovens, e assim seus membros têm

manifestado a vida de Cristo.

Tenho notado muita ênfase à cura divina e à restauração espiritual,

mas o nosso Senhor é um Deus de tantas possibilidades que, sinceramente,

não faço a menor ideia de como Ele fará para nos trazer um grande

avivamento. É como se andássemos nas pontas dos pés, flutuando. Eu

sempre pergunto quando oro: "Deus, o que o Senhor vai fazer, e onde

acontecerá?" Porque o que desejo é estar no centro quando o avivamento

chegar! Desejo que as Assembleias de Deus sejam abundantes no Senhor e

Page 28: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

possam dizer: "O que quiseres fazer, faze-o em nós! Deixa-nos desfrutar da

tua presença".

Womack: O que o senhor tem certeza que ocorrerá neste avivamento?

Trask: O mundo terá uma grande fome de Deus, e haverá um enorme

desejo de buscar ao Senhor em cada um dos membros da igreja. E o

resultado será o evangelismo e a salvação de muitas pessoas. Jesus disse:

"E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim" (Jo 12 32).

Muitos milagres acontecerão, porque esta batalha pertence totalmente ao

Espírito Santo. Você pode até não ser tão eficiente, mas o Espírito pelejará

e realizará verdadeiros milagres. Haverá muitas curas e aonde quer que

você for verá a unidade com a vontade de Deus e a certeza de que enfim

estaremos habitando nos lugares celestiais. E o mais importante: quando o

avivamento acontecer, todas as atenções estarão voltadas para a pessoa de

Jesus Cristo.

O despertamento no espírito do homem é provocado por fome e

desejo de Deus. Se você deseja a Jesus, quererá estar sempre na Casa de

Deus. E, se ir à igreja não fazia parte da sua rotina, passará a fazer. Esta é a

razão pela qual as igrejas estão tendo grande dificuldade em atender às

pessoas aos domingos. Mas quando Deus está operando, não precisamos

nos preocupar se elas virão ou não à igreja. Estarão lá, porque hão de

querer estar! No avivamento, o doce frescor da presença de Deus envolve

toda a atmosfera da igreja.

Womack: Quando falamos em retornar ao passado, não estamos falando

em retornar à formação das Assembleias de Deus de 1914, estamos? O que

o senhor quer dizer com retornar ao que é "velho"?

Trask: Quero dizer que precisamos voltar à Igreja Primitiva! Acredito que,

se as Assembleias de Deus observarem o modelo da Igreja Primitiva,

encontrarão a chave. A Igreja Primitiva possuía os melhores ingredientes.

Eu pastoreava uma igreja onde algumas pessoas costumavam vir a mim

dizendo: "Irmão Trask, será que não deveríamos nos desligar de nossa

denominação?" Então eu lhes respondia com o que as Escrituras dizem a

respeito da Igreja Primitiva: "E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e

na comunhão, e no partir do pão, e nas orações" (At 2:42). Esses são os

ingredientes indispensáveis à igreja local, para que ela venha a se tornar um

corpo saudável de cristãos. Se esses ingredientes estiverem na igreja, creio

Page 29: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

que não precisamos sair dela. Mas se a Palavra de Deus não está sendo

ensinada, então estamos com um grande problema de sobrevivência

espiritual. Agora, se as pessoas desejam sair da igreja para sobreviver, não

é problema de Deus trancar a porta, mas da igreja, que precisa viver em

comunhão constante com o Senhor Jesus Cristo. A Igreja Primitiva é o

modelo que deve ser seguido pelas Assembleias de Deus.

Womack: O avivamento depende exclusivamente de um mover

condicionado a tempos e épocas, ou Deus está sempre pronto para atuar,

esperando apenas por uma sinalização nossa neste sentido?

Trask: Fiquei muito feliz com esta pergunta, porque creio que este é um

ponto fundamental. Acredito que há um equilíbrio neste ponto. Em

primeiro lugar, é o Espírito Santo quem nos ajuda a reconhecer nossas

necessidades e a nos aproximarmos de Deus! Ele disse: "Chegai-vos a

Deus, e ele se chegará a vós. Limpai as mãos, pecadores; e vós de duplo

ânimo, purificai o coração" (Tg 4.8). A palavra de Deus é acionada ao

mesmo tempo que Deus usa homens para chamar o povo para Ele. Da

mesma forma, uma liderança que foi levantada por Deus e trabalha sob o

seu comando estará sempre se preocupando em levar as ovelhas a um

avivamento. É responsabilidade da liderança estar atenta ao Cabeça da

igreja, porque Cristo está sempre pronto a revelar-se a ela. Sendo assim, há

tempos de grandes avivamentos e operações sobrenaturais do mover de

Deus; mas é preciso haver constante oração e busca pelos avivamentos.

Não acredito que de tempos em tempos devamos ser movidos por

avivamentos. A igreja pode e deve viver em espírito de avivamento!

Womack: Existem coisas nas Assembleias de Deus que precisam mudar

antes que o avivamento ocorra?

Trask: Uma coisa que Deus requer é a santidade, nada poderá substituí-la.

Sempre fomos reconhecidos como uma igreja santa, e clamo ao Senhor

para que jamais percamos esta identidade. Deveríamos desejar sempre tal

vida com Deus porque, afinal, sem santidade ninguém verá o Senhor! (Hb

12.14). E uma de minhas preocupações está em que permaneçamos como

um povo santo. Porém há um ponto: santidade não pode ser ensinada, ela

deve nascer de dentro para fora, como fruto de um relacionamento íntimo

com Deus. Se quero me aproximar de Deus, afasto-me do mundo, não

participo de suas atividades nem me misturo com ele. Começo então a

Page 30: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

dirigir minha vida de tal forma, que todas as minhas atitudes busquem

agradar a Deus e produzir santidade — que significa um estilo de vida que

agrada a Deus. Penso que isto sim deveria ser ensinado, praticado e vivido

como testemunho na igreja .

Observei em meus pais que tudo o quanto pregavam no púlpito

também viviam do lado de fora da igreja. Suas vidas não eram uma

contradição. Da mesma forma que eles, o que prego é exatamente o que

vivo! Diferente de hoje, quando vemos pessoas ensinando coisas no

domingo e agindo diferente na segunda-feira. Você não pode andar com o

Senhor no domingo e correr atrás do diabo o resto da semana!

Womack: Algumas pessoas têm dito que o verdadeiro avivamento precisa

criar raízes, ou logo se deteriorará em campanhas promocionais sem efeito

algum. E, ainda, avivamentos na Bíblia começam sempre nas lideranças. O

que o senhor pode dizer sobre isso?

Trask: Esteja certo de que Deus levanta os líderes. Posso apontar-lhe

vários líderes bem "estabelecidos" que dizem: "Irmão Trask, reconhecemos

que Deus está falando conosco sobre a necessidade de um avivamento".

Então creio que as duas coisas estão acontecendo: lideranças nacionais e

internacionais estão se mobilizando, e o Espírito está testificando em

nossos corações que o movimento vem do Senhor.

Womack: Se as lideranças são essenciais em um avivamento, o que

costumam dizer sobre a responsabilidade de nossos pastores?

Trask: Estão completamente apavoradas. Afinal, o pastor, sendo o líder,

deve pastorear as ovelhas, assumindo a responsabilidade de guiá-las à água,

a fim de tratá-las para Deus. Não podemos esquecer que o rebanho nunca

será mais espiritual que o pastor.

Womack: Irmão Trask, obrigado pelo favor que o senhor prestou aos

nossos leitores. Tenho certeza de que, a partir de agora, muitos estarão

orando com o senhor pelo avivamento. Em nossa próxima entrevista,

aremos sobre o papel do arrependimento no avivamento.

Page 31: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

3

Chamada ao

Arrependimento

Poucos dias após nossa primeira entrevista, estive novamente no

escritório do superintendente geral, localizado no terceiro andar do edifício

central das Assembleias de Deus nos Estados Unidos. Do lado de fora da

sala e lá embaixo no salão central, estavam outros oficiais e ministros da

igreja. Na sala de conferências, com sua enorme mesa de reuniões, bem à

minha frente, sentou-se o pastor Thomas E. Trask. Liguei meu gravador e

continuei minha entrevista exatamente do ponto em que paramos da última

vez.

David A. Womack: O senhor falou sobre a assustadora responsabilidade

dos pastores. De quem é a responsabilidade do avivamento?

Thomas E. Trask: Como na Bíblia, acredito que a responsabilidade pelo

avivamento é de toda a igreja, mas também dos líderes. Quando Deus

levantava homens, eles se tornavam porta-vozes do Senhor a fim de chamar

todo o povo ao arrependimento. Os líderes devem ditar o ritmo e o tom do

avivamento.

womack: Quando o avivamento começar, o que o senhor acha que

acontecerá com as nossas igrejas?

Trask: Em primeiro lugar, a presença de Deus será tão gloriosa Os cultos

que os não-salvos compreenderão sua posição e serão convencidos do

pecado. Esta convicção também virá para os cristãos que estiverem

falhando. Quando o avivamento acontecer, seremos mais sensíveis ao

pecado, à nossa tarefa como cristãos e à nossa omissão — não que

pequemos deliberadamente, mas reconheceremos nossas falhas. Nos

tornaremos cuidadosos em nossa vida devocional para não negligenciarmos

Page 32: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

a leitura da Palavra de Deus e nos dedicarmos mais à oração. Estaremos

atentos ao que fazemos de errado. Quando o avivamento vier, nossa

sensibilidade estará mais aguçada para ouvir a voz do Espírito Santo, que

nos ensinará a cuidar de nossas prioridades e assumir novas

responsabilidades. Isto é avivamento: o total controle e domínio do Espírito

Santo em nossas vidas e corações. A leitura e estudo da Palavra,

devocionais diários, oração, altar familiar e igreja tornam-se prioridade

para nós. Tais procedimentos nos levam a um estilo de vida que é

agradável a Deus.

Womack: O senhor costuma pregar em diversas igrejas. Quais as

principais características de uma igreja restaurada?

Trask: Existe uma presença de vida. Um dos fatores mais importantes do

Evangelho está no fato de que temos tido vitalidade e vida abundante. E

não estou falando simplesmente de lindos corais que cantam com alegria,

mas de uma atmosfera regida pelo poder de Jesus Cristo. Quando os não-

salvos vêm à igreja, eles sentem muito calor humano e o amor abundante

de Jesus Cristo. A vida que há na presença de Cristo afeta o louvor, a

oração, as ofertas, a ministração da Palavra de Deus, a bênção apostólica e

as intercessões.

E com a vitalidade vem a fé! E fé é vida! Há uma expectativa e

antecipação, uma plena e maravilhosa convicção de que alguma coisa vai

acontecer a cada culto. Jesus disse: "Porque onde estiverem dois ou três

reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles" (Mt 18.20). Quando

uma comunidade tem a certeza de que a presença de Jesus está ali, todos

ficam na expectativa de que algo acontecerá. Milagres, coisas

sobrenaturais, situações extraordinárias, tudo o que ocorre é comandado

por Deus, e não por homens. Observe que às vezes podemos planejar os

cultos de nossa igreja e deixar Deus de fora. Precisamos programá-los, mas

primeiramente é necessário nos abrirmos para Deus. Muitas vezes, chamo

as pessoas para que venham receber a oração durante o louvor, porque

sentimos no ar a palpável presença de Deus naquele momento.

Womack: O senhor sempre dá muita ênfase à necessidade do altar e tem

dito que a ministração no altar tem sido esquecida na maioria de nossas

igrejas. O que gostaria de dizer sobre isso?

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Trask: No Antigo Testamento, o altar era o principal lugar do

Tabernáculo. Acredito que hoje o altar deva ser também o lugar central na

igreja e, na verdade, o principal em nossas vidas e lares. Cresci num lar

onde um altar de adoração ao Senhor era erguido todos os dias. Costumo

orar todos os dias pela manhã, com meu filho, que tem um ótimo

desempenho nos estudos, antes de ele ir para escola. É assim que as pessoas

conhecem ao Senhor. Este é o projeto de Deus.

Acredito que o altar seja o lugar principal nas igrejas pentecostais,

pois nele Deus se encontra com as pessoas e a obra do Espírito Santo é

realizada. Então, se dá o clímax de tudo que Deus tem preparado nos

nossos corações para realizar a sua obra. O altar dará a vitória que Deus

deseja realizar.

Sou um forte defensor do altar na casa de Deus. Nas igrejas onde os

pastores o enfatizam, seu aconselhamento e cuidado é mais eficiente,

porque o Espírito Santo pode realizar mais na vida de todos. E assim, na

maioria das vezes, são convertidos ao Senhor tanto a natureza quanto o

caráter e o espírito. Quando é realizado o trabalho do Espírito Santo,

muitos problemas são resolvidos.

Womack: Os pastores devem ter o altar como o principal objetivo a ser

alcançado?

Trask: Sim. O evangelista Kenneth Schmidt, que foi participante da nossa

comunhão, homem muito usado por Deus, me disse: "Nunca inicio um

culto sem que antes faça planos para o altar e o que desejo em ver ali

realizado durante o culto. Se não acontecer saberei que falhei nalgum

ponto."Jamais me esqueci disso, e hoje sei a diferença entre que eu espero e

o que Deus deseja realizar.

Womack: Curas, libertações, falar em outras línguas e manifestações dos

dons do Espírito Santo: todos estes são elementos indispensáveis a um

avivamento pentecostal?

Trask: Sinceramente, não creio que se possa ter um avivamento verdadeiro

sem a presença desses fenomenos! Afinal, representam evidências claras da

presença do Espírito Santo. "E estes sinais seguirão aos que crerem: em

meu nome expulsarão os demonios; falarão novas línguas" (Mc 16.17). Se

você crê na Palavra, verá essas manifestações. Alguns querem os sinais

Page 34: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

sem ao menos crer em Deus ou viver com fé, quando o exigido é

exatamente o contrário! Você crê para depois ver os sinais. Não haverá um

real avivamento do Espírito Santo sem todas estas evidências. O nosso

Deus é sobrenatural; um Deus de milagres.

Womack: Em alguns cultos pentecostais, esses sinais não são levados a

extremos?

Trask: É exatamente neste ponto que entra a responsabilidade dos nossos

líderes. Creio que Deus sempre dá aos seus líderes senso e percepção

suficientes para que percebam o que é equilibrado e o que não é — se são

manifestações do Espírito ou da carne. É responsabilidade das lideranças

estabelecer os limites. Sempre gosto de dizer que o rio do Espírito Santo

tem suas margens! As lideranças devem saber manter a direção e a

sabedoria de Deus para que as correntes fluam na igreja dentro dos limites

propostos. A Palavra de Deus estabeleceu os nossos limites. Nunca somos

direcionados ou impulsionados a dizer: "Olhe, eu não sei se isso é de

Deus". Pelo contrário, a Bíblia diz: "O mesmo Espírito testifica com o

nosso espírito..." (Rm 8.16).

Womack: Mas temos toda uma nova geração de pregadores e seminaristas

que nunca aprenderam como exercitar esse controle ou dominar

espiritualmente as atuações do Espírito...

Trask: Bem, este é um fator interno crítico dentro do Evangelho. É

necessário que desempenhemos este papel a fim de que nossos jovens

líderes entendam que esse controle pode ser exercido sem repressão. Temo

pelo que tem acontecido hoje, pois penso que temos adotado um caminho

"mais seguro", não permitindo as muitas manifestações espirituais

Entretanto, fazendo assim, temos privado a igreja da edificação que elas

proporcionam.

Em 1 Coríntios 14, lemos que as manifestações do Espírito Santo

existem para a edificação do corpo de Cristo. Creio que, quando Deus

projetou e concedeu os dons à igreja, o fez para que fossem utilizados. Se

isso não for permitido, como poderá o corpo de Cristo ser edificado? Além

disso, são essas práticas que diferenciam as igrejas pentecostais das demais

evangélicas. Cremos nas manifestações dos dons do Espírito Se as igrejas

pentecostais não permitirem a manifestação dos dons, então pergunto se

somos realmente pentecostais.

Page 35: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

Womack: Tenho ouvido dizer que o Pentecoste tem um preço. Para que

haja avivamento, deve existir primeiro arrependimento?

Trask: Sim, e vou lhe dizer por quê, Porque é bíblico! No livro de

Apocalipse, lemos que o Espírito fala às sete igrejas, que hoje representam

as nossas igrejas. Repetidas vezes lemos: "Arrepende-te!" Sempre

utilizamos estas palavras para pessoas não-salvas, mas aqui o Espírito está

falando às igrejas, dizendo que todos nós devemos nos arrepender, por

sermos propensos ao fracasso e a olhar para as pequenas coisas. Precisamos

deixar o velho homem. O arrependimento nos leva de volta à comunhão e

ao arrependimento. Precisamos dizer ao Senhor: "Perdoa-nos por nossa

frieza, indiferença e falta de cuidado". João escreveu: "Se confessarmos os

nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos

purificar de toda a injustiça" (1 Jo 1.9). Isto é arrependimento: abandonar

os pecados da carne, os pecados do espírito, de omissão e intromissão.

Arrependimento é um processo de purificação.

O olho é um instrumento maravilhoso. No momento em que um

pouquinho de sujeira penetra no olho, logo surge um rio de lágrimas

causado pela irritação. E que fazemos logo? Lavamos o olho e retiramos a

impureza. A Palavra diz que o sangue de Jesus Cristo nos purifica de todo

pecado. Por viver no mundo contaminado, vim a ser contaminado, e por

isso necessito que meu espírito, alma e corpo sejam limpos, Só Jesus Cristo

pode fazer isso. Então reconheço a minha necessidade e digo: "Senhor, eu

me arrependo; perdoa-me".

Womack: Há diferença entre o arrependimento individual e o

arrependimento coletivo?

Trask: Creio que o arrependimento deve começar dentro de cada um de

nós. Agora, como igreja — o coletivo — precisamos pedir a Deus perdão

por nossa dependência dos sucessos do passado. Temos nos tornado

orgulhosos de nossas próprias realizações — sucessos que só aconteceram

porque Deus nos abençoou. Deus não divide sua glória com ninguém. Se

há uma coisa que Deus não suporta é o orgulho. Como comunidade,

precisamos ter o cuidado de nunca tomar o crédito de algo que Deus tenha

feito... ou está fazendo. Precisamos nos arrepender dizendo: "Deus, temos

errado como denominação, como comunidade, como Assembleia de Deus;

temos sido orgulhosos, auto-suficientes e arrogantes. Perdoa-nos, Senhor!"

Page 36: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

Womack: Como podemos convencer cristãos adormecidos e negligentes

da necessidade de arrependimento?

Trask: Bem, em primeiro lugar precisamos voltar a pregar a Palavra de

Deus. Posso martelar verdades nas pessoas sem realizar nada, mas posso

pregar a Palavra de Deus ungida com o Espírito Santo, e ela se tornará um

verdadeiro martelo. Tenho por convicção, que precisamos voltar à Palavra.

A ministração de uma Palavra pentecostal não pode ser concretizada

em vinte minutos, no sermão de domingo. Este é um dos grandes perigos

que tenho detectado nas Assembleias de Deus: reservamos 45 minutos para

a adoração e apenas 15 para a Palavra! Deveríamos ter 15 minutos para a

adoração e 45 para a Palavra. Afinal, a fé vem pela Palavra: "De sorte que a

fé é pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus" (Rm 10.17). A fé vem por

obra do Espírito Santo através da Palavra de Deus.

E, quanto mais estudo a Palavra, mais ela se torna viva dentro de mim.

Então devemos deixar o Espírito operar através da Palavra, porque se tudo

o que realizarmos for baseado em emoções, quando nosso povo atravessar

momentos de verdadeiras crises não terá nenhum fundamento, nem onde se

segurar. Mas quando a Palavra de Deus é objeto de equilíbrio, temos uma

igreja madura. Esse é o nosso desafio.

Womack: Quando encorajamos as pessoas à confissão e ao

arrependimento, não estaremos abrindo uma porta às péssimas lembranças

e maus pensamentos?

Trask: Não me preocupo com as lembranças negativas, porque se há um

extremo de um lado, do outro também há. Elas são boas para fazermos

avaliações e buscarmos o equilíbrio e a moderação. Só precisamos tomar o

cuidado de não permitir que o ceticismo venha invadir a fé e matar de vez o

que Deus está tentando fazer.

Womack: A concepção bíblica de um arrependimento com saco, pó e

cinza traria consigo a ideia de que fomos liberados, ou melhor, libertos das

coisas materiais que nos aprisionam diante de um avivamento?

Trask: Não creio que exista algo errado com a igreja que possui bens

materiais. As bênçãos materiais e espirituais vêm do Senhor. Quando os

bens materiais possuem a igreja, aí sim ela está com grandes problemas!

No entanto, devo admitir que para algumas pessoas isso é muito difícil.

Page 37: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

Quando começam a adquirir muitas bênçãos materiais, perdem a noção de

prioridade nas coisas concernentes ao Reino de Deus. E o mesmo pode

acontecer com a igreja. Os cristãos devem compreender que tanto a

mordomia de determinadas coisas quanto a posse de outras nos são dadas

pelo Senhor; não são nossas, apenas estão sob nossa responsabilidade.

Womack: Se conseguirmos obter nas Assembleias de Deus uma resposta

em larga escala a esta chamada ao arrependimento, o que acontecerá em

seguida?

Trask: Logo após o arrependimento, virá uma grande fome e um intenso

desejo pela presença de Deus. Observe que as promessas de Deus estão

condicionadas: "E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se

humilhar e orar, e buscar a minha face, e se converter dos seus maus

caminhos, então, eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus Pecados, e sararei

a sua terra" (2 Cr 7.14). Todas as promessas de Deus dependem da nossa

humilhação e busca pelo Senhor, das nossas ações e do arrependimento

pelos nossos maus caminhos. Se fizermos todas estas coisas,"... então

eu...", diz o Senhor. Se verdadeiramente atentarmos para o processo de

santificação produzido pelo arrependimento, realmente poderemos esperar

algo de Deus em nossas vidas. Mas é preciso entender bem:

arrependimento implica em estilo de vida, e não apenas em um pedido de

perdão por causa da consciência pesada; porque é como tenho dito: o

mundo todo está contaminado pelo pecado, e nos tornamos impuros pelo

simples fato de estarmos em contato com ele! Mas a partir do momento que

caminhamos em direção ao Senhor, o nosso espírito começa a se abrir para

as coisas de Deus, estudamos sua palavra e contemplamos a sua face,

começamos a ter a mão de Deus atuando sobre a nossa vida.

Womack: Algumas das bases do Movimento Pentecostal foram firmadas

por A. B. Simpsom e o Movimento da Santidade. Ainda fazemos parte

daquele movimento?

Trask: Nós somos o próprio movimento! Porque sem santidade ninguém

verá o Senhor! Hoje creio piamente que a santidade e o crescimento nela

estão diretamente ligados à comunhão com Deus. Meu relacionamento com

o Senhor Jesus Cristo é determinado pelo meu modelo de vida. Somos uma

igreja solidamente firmada no estilo de vida cristão, no trabalhar e viver

para Cristo. E por isso, em Atos 1.8, Jesus diz: "Mas recebereis a virtude do

Page 38: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

Espírito Santo, que há de vir sobre vós, e ser-me-eis testemunhas..." Somos

testemunhas de Cristo! Devemos viver abundantemente como Ele viveu —

em santidade. E, quanto mais unidos a Ele, mais representaremos sua vida.

Não teremos mais aquele terrível problema de não poder fazer isso ou

aquilo. Teremos ultrapassado todos os limites e, falando muito

francamente, através dos anos temos perdido gerações inteiras porque

fomos muito "certinhos" em nossos dogmas e com as nossas proibições. A

cada dia que passa, aumenta a minha certeza de que o "não pode" será

substituído pelo nosso "não queremos". Não iremos mais desejar fazer nada

que desagrade ao Senhor. Não é mais uma questão de não poder. Não

pecarei mais porque tenho comunhão com o Senhor Jesus Cristo. O

avivamento produzirá um povo santo.

Womack: Tenho ouvido que cremos em duas coisas: santificação

progressiva e santificação instantânea, ou seja, somos purificados no

momento da conversão. Mas precisamos aprender a viver uma vida cristã.

Será que algumas vezes temos exigido muito dos novos-convertidos?

Trask: Há alguns anos, era obrigatório o velho cartão de membro. Ele

significava que se você fizesse "isso" ou "aquilo", poderia ser um membro

das Assembleias de Deus. Na verdade, teorizávamos a santidade. Havia

pessoas que desejavam fazer parte de nossa igreja, mas ainda não tinham

um relacionamento forte com o Senhor para tanto. Deus ainda precisava

modificar sua natureza e seu caráter.

Deixe-me dar um exemplo: o cigarro. Um homem foi salvo pelo

Senhor Jesus e deseja profundamente mudar a sua vida e deixar o hábito de

fumar; mas ainda que tente com todas as suas forças, o vício é tão forte

quanto ele, e por isso sozinho não consegue deixar o cigarro. E o que

fazemos? Puxamos do bolso um lindo cartão de membro e o colocamos

bem debaixo do seu nariz logo após ele ter sido salvo, dizendo:" Se você

quer ser um membro da Assembleia de Deus, tem de parar de fumar!" Uma

terrível responsabilidade. Precisamos entender que Deus, e não a igreja,

liberta as pessoas! E — a parte maravilhosa — é o Espírito Santo quem

produz as convicções sem que precisemos sair por aí dizendo o que o

crente pode ou não fazer. Porque quando o Espírito Santo produz as

convicções, os cristão começam a viver pelo Espírito Santo. E o resultado

final é um mesmo padrão para toda a igreja.

Page 39: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

Womack: E não há muitas coisas que as pessoas que nasceram de novo, os

cristãos espirituais, não podem fazer?

Trask: Ao contrário, há muitas coisas que elas podem fazer! Deixe-me dar

um exemplo: eu não creio que uma pessoa nascida de novo e repleta do

Espírito Santo queira olhar pornografia. Essa pessoa não esta agradando ao

Senhor, porque a pornografia é um fruto da carne produzido pela lascívia.

Há alguns anos, não estava tão em evidência nem era tão viável como hoje.

Raramente enfrentávamos o problema da pornografia; pois na verdade não

a relacionávamos entre as nossas prioridades. Se tivéssemos agido assim e

atacado o problema, então teríamos quebrado com antecedência as

estratégias e invenções do inimigo. Falhamos em não estabelecer

prioridades para fazer a obra do Espírito Santo.

Sim, haverá claras evidências de uma santa separação na igreja

avivada. Quando as pessoas tiverem um verdadeiro encontro com Jesus e

começarem a ter uma nova vida nEle, você ouvirá que elas se afastaram de

determinadas coisas — não porque a igreja as proibiu, mas porque não

desejam fazê-lo.

Womack: Não é verdade também que, quando o avivamento chegar,

muitas das coisas que parecem não ser erradas podem tornar-se verdadeiros

problemas?

Trask: Olhamos para as coisas não com os nossos olhos carnais, mas com

os do Espírito Santo. Esta é uma grande e maravilhosa verdade, porque

quando Deus remover as limitações, começaremos a enxergar através da

ótica do Espírito e colocaremos nossas prioridades nos locais adequados. É

por isso que Tiago, escrevendo sobre a oração, diz: "O homem de coração

dobre é inconstante em todos os seus caminhos" (Tg 1.8). E acrescenta:

"Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos

deleites" (Tg 4.3). Isto significa que podemos orar dentro da vontade de

Deus ou para que ela seja consumada em nós. Isso também é uma grande

verdade para o estilo de vida de uma pessoa. Quando experimentamos um

avivamento em nosso espírito, atendermos às prioridades estabelecidas por

Deus, e não pela igreja, o que implicará na transformação de nossas vidas.

Womack: O que o senhor diria a um pastor que deseja um grande

avivamento em sua igreja?

Page 40: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

Trask: O avivamento não acontece sem oração, por isso a primeira coisa

que lhe diria era que estabelecesse um ministério de intercessão atuante na

igreja. Há muitos tipos de ministérios de intercessão, porém quando o

assunto é especificamente o avivamento, precisamos começar do zero, com

orações específicas por ele. Realmente encorajaria o pastor a levar seu

rebanho à oração e também a estabelecer dias específicos para a prática do

jejum. Sou um forte defensor do jejum. As igrejas de hoje não têm usado

este benefício como no passado, porque estamos sempre mais propensos

aos deleites e desejos da carne. No entanto, há na Palavra uma forte

admoestação ao jejum. Jejuar, orar e esperar em Deus — já não somos tão

bons nisso como antes. Estamos mentalmetne tão acostumados com os fast-

foods, que às vezes desejamos que Deus leve os pratos embora! Ou que

sejamos tão abençoados, ponto de recebermos tudo de Deus sem que haja

necessidade de um esforço maior da nossa parte!

Eu encorajaria o pastor a ministrar sobre avivamento, a fim de

encontrar respostas para questões importantes sobre o seu significado A

maioria das pessoas em nossas igrejas não tem a menor ideia sobre o que

estamos falando! Não estou me referindo a encontros de avivamento, mas a

um grande e novo despertamento espiritual! Vamos deixar crescer dentro

de nós um grande avivamento como resultado do entrosamento do Espírito

com a fé e o desejo da presença de Deus.

Inclusive, começaria falando ao povo sobre os grandes avivamentos

que têm acontecido hoje. Movimentos que geram fome de Deus em nossos

corações. Falaria das experiências de grande avivamento em algum país da

América do Sul. Recentemente, sentei-me para conversar com o

superintendente das Assembleias de Deus em Cuba, que contou-nos como

Deus quadruplicou os resultados obtidos na Década da Colheita em seu

país, nos primeiros três anos. Movimento? Não, avivamento! Eu disse a

ele: "Ore conosco, e os ventos do avivamento soprarão e agitarão as águas,

vindo sobre a nossa nação através da América!"

As Escrituras admoestam: "Lembra-te pois donde caíste, e

arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, eu brevemente a ti

virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres" (Ap 2.5).

O Senhor diz: "Lembre-se, arrependa-se, retorne!"

Page 41: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

Womack: Dar prioridade à oração e ao clamor não é um propósito superior

ao do jejum?

Trask: Através do jejum, aprendemos a não manipular o Senhor. Isso deve

ser bem entendido. Não devemos manipular Deus com as nossas orações,

mas caminhar em direção à sua vontade. Precisamos entender que o jejum é

para a nossa disciplina e o nosso bem.

O que o Senhor gostaria de dizer àqueles que estão nas lideranças

das Assembleias de Deus?

Trask: Creio que os líderes devem sempre ser exemplos, impondo a ordem

na casa de Deus. E é por isso que Deus coloca pessoas na liderança. O meu

primeiro desejo é que possamos ver um soberano mover do Espírito de

Deus, a começar por aqui, no edifício central das Assembleias de Deus. E

assim acontecendo, que cresçamos através da comunhão. Precisamos

urgentemente de um avivamento!

Nossa eficácia é medida pelo quanto somos espirituais, e não por

quantos recursos, equipamentos, luxo ou sabedoria humana dispomos. Os

resultados são apurados de acordo com a capacidade que temos de

obedecer e amar ao Senhor.

Womack: O que o senhor tem a dizer para os nossos evangelistas?

Trask: Quero dizer aos evangelistas: "Amados, vão para suas igrejas com

novas revelações de Deus e creiam que Ele vai usá-los no ministério

apostólico". Esse é o objetivo dos evangelistas: sacudir as igrejas! Porém

não conseguirão fazer nada se continuarem a pregar sempre os mesmos

sermões. Cada igreja local é um corpo em particular, com necessidades

específicas. Deus sabe como quebrantar os seus rebanhos e sacudi-los. Se

você utilizar a mesma fórmula e a mesma receita em todo lugar, seu

trabalho será mera repetição. Para uma nova sacudida, a Palavra de Deus

precisa ser entregue com revelações recentes, a fim de produzir frescor em

nossos corações.

Se os evangelistas direcionarem a igreja para orar, crerem que Deus

faz e opera milagres, clamarem a Deus por uma fresca e nova mensagem

do Espírito Santo para o rebanho, buscando a operação dos dons do

Espírito Santo, o avivamento alcançará o seu lugar. Os evangelistas devem

ser responsabilizados pelo que foi perdido e orar pelo que se foi.

Page 42: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

Há alguns anos, quando eu exercia o meu ministério pastoral, havia

em minha igreja evangelistas que queriam sair durante o dia e conduzir

pessoas à igreja. Existia responsabilidade e preocupação em seus corações.

Os evangelistas precisam deixar que a compaixão de Deus encha os seus

corações e suas vidas.

Womack: O que o senhor gostaria de dizer aos institutos bíblicos?

Trask: dito aos nossos diretores de institutos: "Por favor, ajude-nos a

enfatizar entre os alunos que os nossos institutos são pentecostais". Não

estou sugerindo que ensinem apenas doutrinas pentecostais; refiro-me à

experiência e prática. Nossos professores devem ser verdadeiros modelos

de vidas pentecostais!

Eu estava ensinando a Palavra em um dos nossos institutos, quando

fiz uma pergunta: "Quantos de vocês já participaram de um verdadeiro

avivamento — não encontros de avivamento, mas o real e poderoso mover

do Espírito Santo?" Era uma classe onde cerca de quarenta estudantes se

preparavam para o ministério, e apenas sete levantaram a mão. Você

reconhece o que isso significa? Estamos formando ministros que não têm a

mínima ideia do que significa um avivamento espiritual! Na verdade, o que

faz com que meu coração clame pelo avivamento é exatamente o fato de ter

participado de um verdadeiro, quando estava no instituto bíblico.

Womack: O senhor tem dito que um avivamento mudou completamente a

sua vida no instituto bíblico. O senhor experimentou avivamento em outros

lugares?

Trask: Experimentamos um verdadeiro avivamento em Vicksburg,

Michigan. Pertencíamos a uma pequena comunidade de setecentas pessoas,

e nossa igreja possuía apenas vinte membros. Então o superintendente

distrital disse: "Quando você chegar lá, então saberá se deve ficar ou

correr!" Era um daqueles lugares "difíceis". No entanto, Deus falou aos

nossos corações que aquele era o lugar onde deveríamos exercer os nossos

ministérios. Começamos então a orar, e direcionamos as pessoas à oração.

Deus trouxe um grande mover do Espirito Santo que balançou aquela

comunidade, e 250 pessoas foram acrescentadas à igreja!

Experimentamos também um verdadeiro avivamento em Viscksburg,

Michigan . A igreja, com cerca de 150 membros, tinha acabado de passar

Page 43: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

por uma divisão. Todas as pessoas estavam deprimidas e totalmente

atordoadas. Então eu disse: "Não estamos aqui para nos preocupar com o

que algumas pessoas têm feito; estamos aqui porque cremos em Deus e no

mover do seu Espírito Santo". Assisti a um poderoso mover do Espírito e

pude contemplar a nuvem da glória do Senhor cobrindo todo o vale de

Vicksburg. É muito gratificante ver, semana após semana, durante anos,

pessoas sendo salvas, curadas e batizadas no Espírito Santo.

Também experimentei um grande avivamento no Brightmoor

Tabernacleem, uma de nossas igrejas históricas, em meu último ministério.

Eu era o superintendente no distrito de Michigan, e quando surgiu a

necessidade lutei com Deus insistentemente para que pudesse ter a certeza

se deveria sair e retornar ao meu ministério pastoral. Minha proposta foi a

seguinte-. "Vou para Brightmoor Tabernacle; mas só irei se for isto mesmo

o que tu queres que eu faça. Só deixo a superintendência se comprovares

meu chamado com um avivamento".

Eu não estava procurando status. Apenas não estava realmente

programado para tal direção. Algumas pessoas acham muito confortável

ficar sempre em evidência e mudar de vez em quando, de ministério em

ministério, semana após outra. No entanto, nunca veem pessoas sendo

salvas ou algo realmente espiritual acontecer! Eu conhecia aquela igreja,

ela havia se dividido e decrescido numericamente, estava realmente se

destruindo, e eu não queria fazer parte daquilo. Mas Deus assegurou-me

que, se eu fosse obediente e submisso à sua voz, nos enviaria um

avivamento. E como o Senhor é fiel! Cumpriu sua palavra e enviou-nos a

sua glória. A igreja começou a crescer, passou de novecentos membros

para 2.200 em poucos anos. Ela se fortaleceu, e diariamente pessoas

passaram a ser salvas, batizadas no Espírito Santo e curadas. Isso é

maravilhoso!

Por isso sei o que Deus é capaz de fazer e posso afirmar que não

haverá uma Assembleia de Deus sequer sem avivamento, se o seu pastor,

juntamente com todo o povo, confiar e obedecer às admoestações da

Palavra de Deus! Esta é a formula certa para o avivamento!

Womack: Na verdade, muitos de nós foram levantados com a certeza de

que o Espírito do avivamento é altamente essencial para o sucesso de uma

igreja genuinamente pentecostal!

Page 44: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

Trask: Sim! É nisso que acredito! Creio que o que aconteceu em todas

estas igrejas locais deve acontecer também em todas as Assembleias de

Deus . Fomos levantados em um grande mover do Espírito Santo, e por

termos saído da nossa posição começamos a morrer. Precisamos entender

que nossa igreja nasceu de um poderoso mover do Espírito Santo e

precisamos permanecer neste mover. Nós mudamos de posição, mas Deus

continua sendo o mesmo ontem, hoje e eternamente!

Womack: Exatamente como as igrejas onde o senhor já pastoreou, eu

rambém tenho visto outras igrejas passando por grande avivamento, como

as Assembleias de Deus em Bogotá, na Colômbia, e a Assembleia de Deus

de San José, Califórnia. No entanto, o número de igrejas avivadas ainda é

muito pequeno. Não estamos precisando de um mover espiritual que abale

e envolva a nossa igreja em todos os lugares?

Trask: É exatamente isso o que Deus está fazendo e continuará a fazer. Os

avivamentos que estão ocorrendo em todo o mundo são evidências plenas

do que estou lhe dizendo. O profeta Elias perguntou: "Você está vendo

alguma chuva?" E, depois de olhar sete vezes, o seu moço voltou e disse:

"Eis que se levanta do mar uma nuvem pequena como a palma da mão de

um homem" (1 Rs 18.44). Um grande avivamento está para acontecer sobre

toda a Terra...

Womack: Pastor Trask, muito obrigado por ter nos falado sobre sua visão

de um grande avivamento nas Assembleias de Deus.

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4

O Poder

Pentecostal e a Igreja

É verdade que as pessoas apenas religiosas, ao invés de cristãos

verdadeiros, encontram grande dificuldade em manter um alto nível de

intensidade espiritual. Consequentemente — já que o movimento cresce —

uma revelação que se inicia com uma chama de glória e não é renovada

acaba murchando, até alcançar um nível popular de devoção espiritual tão

baixo que, com o passar das gerações, perde-se o senso de maravilha e a

singeleza do propósito.

Então, como Deus consegue manter a chama pentecostal viva por

gerações inteiras? Aqui está o ponto. Precisamos compreender esta solene

verdade: a morte e a ressurreição são aspectos de nossa religião. Vejamos

uma coisa: os filhos de Israel que murmuraram diante das águas amargas

de Mara foram os mesmos que mais tarde experimentaram a glória de Deus

no monte Sinai. Os israelitas assustados que fugiram em meio aos perigos

na Terra Prometida foram os mesmos guerreiros vitoriosos de olhares

brilhantes que atravessaram o Jordão em terra seca e milagrosamente

derrotaram Jericó! Nem todos Conseguem entender os caminhos do

Senhor, mas em todas as épocas Deus levanta homens que cumprem a sua

vontade. Ele mesmo provienciará o avivamento, e todos os que estiverem

atentos à voz de Deus alcançarão em seu nome numa nova chama de glória.

Coloquemos desta maneira: se o Senhor retardar a sua vinda, então

no século XXI teremos um povo que proclamará verdadeiramente o

Evangelho. A questão não é se acontecerá ou não o avivamento, mas se

faremos parte dele! Deus não está em crise; nós estamos passando por ela -

indecisos e sem saber se dedicaremos as nossas vidas ao avivamento

Page 46: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

pentecostal ou se voltaremos a agir como pessoas perdidas, andando

devagar e envolvidas apenas com compromissos menores.

Donald Gee, um dos primeiros escritores e palestrantes pentecostais,

disse: "Uma das coisas que tenho visto nos movimentos de avivamento

mais modernos é a grande tendência que existe em manter-se a igreja 'feliz'.

Os evangelistas modernos sempre querem manter todos sorrindo e

cantando, e o tema geral parece ser: 'Todos estão alegres com Jesus?' Eles

treinam suas igrejas direitinho, e automaticamente todos respondem:

'Amém!' No entanto, se conheço bem a Palavra, um grande avivamento

sempre se inicia por pessoas não conformadas à situação que estão

vivendo. Os poderosos avivamentos que ocorreram nos dias de nossos pais

costumavam fazer a igreja chorar ao invés de rir! Temo pelo fato de

podermos estar vivendo um cristianismo muito superficial".

As pessoas costumam cultivar a ideia de que um avivamento

corresponde a uma série de encontros entusiásticos. O verdadeiro

avivamento, no entanto, deixa uma impressão duradoura em cada indivíduo

e também sobre a igreja. Ele não é um mero estado da mente, mas uma

qualidade de relacionamento individual com Deus.

Em uma das mais claras fórmulas para um avivamento, nas

Escrituras, Tiago disse: "Sujeitai-vos, pois, a Deus; resisti ao diabo, e ele

fugirá de vós. Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós. Limpai as mãos,

pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai os corações. Senti as vossas

misérias, e lamentai, e chorai; converta-se o vosso riso em pranto, e o vosso

gozo, em tristeza. Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará" (Tg

4.7-10).

Este é um princípio muito simples: se nos submetermos a Deus e

resistirmos ao diabo, o Senhor irá se aproximar de nós e o inimigo manterá

distância. Por outro lado, se nos rendermos ao diabo e resistirmos a Deus, o

inimigo se aproximará de nós e Deus afastará. Sendo assim, o Senhor

chamou-nos todos para que deixemos os nossos pecados e o nosso duplo

ânimo, lavemos as mãos e purifiquemos os nossos corações. Nosso sorriso

deve con-verter-se em pranto e o nosso gozo em tristeza. Devemos nos

humilhar. Somente assim Deus nos reavivará. E, quando formos tentados a

ceder, assim como os não-crentes, precisaremos nos lembrar que Tiago

Page 47: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

escreveu palavras de grande consolo aos cristãos "irmãos" (Tg 1.2; 2.1;

3.10).

Tanto a história quanto a beleza residem nos olhos do observador.

Nas páginas seguintes, veremos um sumário da história da igreja

pentecostal. Veremos logo a diferença, nos pontos de vista deste sumário,

para a maioria dos livros de história da Igreja, porque todos os outros foram

escritos sem a vantagem da experiência e perspectiva pentecostais. É assim

que os pentecostais veem a história: a igreja perdeu o essencial para manter

a agressividade evangelística, e não deixou ainda a sua marca neste século.

E essa perda certamente inclui a experiência do batismo no Espírito Santo e

o falar em outras línguas. Mas isso não é tudo: o batismo representa um

santo retorno às convicções, experiências, práticas e prioridades do

Cristianismo do Novo Testamento estabelecido por Jesus e ensinado por

seus apóstolos. E a coisa mais importante que pode acontecer com um

verdadeiro cristão pentecostal é a manutenção de um profundo sentimento

de respeito pelo Cristianismo original vivido pelos primeiros cristãos e que

nos foi concedido pelo Novo Testamento.

Algumas pessoas dirão que esquecemos de alguma coisa, outras, que

fomos longe demais, mas a intenção desta sinopse é mostrar apenas

algumas tendências gerais que demonstram a nossa grande necessidade de

receber uma unção fresca do Espírito Santo de Deus, a afim de que

possamos reviver outra vez. Não estamos questionando aqui a organização

da igreja, sua administração, suas programações ou funções sociais; pois

sabemos que, em todas as gerações, ela tem se estruturado para influenciar

pessoas, atingir seus objetivos e adaptar seus Métodos, a fim de alcançar

vidas de sua época e cultura. Questionamos especificamente a

espiritualidade da igreja, sua justiça e dedicação ao Senhor e à sua santa

Palavra.

Nossas Raízes Pentecostais

O Movimento Pentecostal não teve o seu início no século XX, mas

no dia de Pentecostes — aproximadamente em 30 d.C. — quando 120

cristãos "foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras

línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem" (At 2.4).

Logo após a primeira convocação ao altar de Deus, três mil pessoas

aceitaram a Jesus Cristo como seu Salvador. Pedro disse: "Arrependei-vos,

Page 48: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos

pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo" (At 2.38). Todos aqueles

três mil foram salvos, batizados nas águas e batizados com o Espírito Santo

no dia de Pentecostes. Daquele dia em diante a Igreja multiplicou-se,

chegando a ultrapassar os limites do Império Romano. No entanto, com o

tempo e as novas gerações, surgiram problemas que levaram a Igreja a

perder o seu primeiro amor (Ap 2.4).

E o que levou a Igreja pós-apostólica a perder sua natureza

pentecostal? Consideremos algumas coisas essenciais: em primeiro lugar, a

Igreja se dispersou. Levava muito tempo para que um cristão fora da

Gálacia lesse a carta do apóstolo Paulo aos gálatas, da mesma maneira que

os cristãos da Ásia Menor custaram a conhecer o que o apóstolo escrevera

aos romanos. Pouquíssimos cristãos tiveram o privilégio de ler mais que

um dos quatro evangelhos e, provavelmente, a maioria sequer teve a

oportunidade de conhecer qualquer livro do Novo Testamento. A

deterioração da fé foi inevitável, e o Cristianismo se espalhou. Quando o

Novo Testamento finalmente foi registrado e tornou-se conhecido, a Igreja

estava longe de ser o que era no princípio.

Em segundo lugar, o transporte naquela época era muito lento, e a

comunicação entre as igrejas, quase impossível. Em consequência, a Igreja

acabou adotando linhas diferentes de pensamento. Assim, surgiram

diversas igrejas como a Arménia, a Síria, a Ortodoxa Grega, a Católica

Romana e outras. A dispersão sem planejamento ou avaliação mais

profunda das lideranças da época acabou sendo altamente prejudicial ao

corpo de Cristo.

A chamada Era das Trevas realmente correspondeu ao nome, pois a

Palavra tornou-se inacessível às pessoas comuns, ficando restrita a homens

isolados em monastérios e bibliotecas. Apenas em meados do século XV,

quando Gutemberg inventou a imprensa, as pessoas passaram a ter livre

acesso à Palavra de Deus, podendo estudá-la e conhecê-lo Surgiram os

primeiros exemplares em latim. Mais tarde, Lutero traduziu a Bíblia para o

alemão, William Tyndale para o inglês e outras traduções surgiram por

toda a Europa. O ressurgimento da Palavra gerou uma verdadeira revolução

em todo o mundo, conhecida como Reforma Protestante, porque a Igreja

daqueles dias tinha unidade e se parecia com a Igreja Primitiva. Depois que

Page 49: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

a Bíblia retornou às mãos das pessoas, a Igreja recuperou passo a passo sua

identidade bíblica, originalmente cristã.

Já na segunda metade do século XIX, as igrejas começaram a

enfatizar a necessidade de estabelecer a diferença entre desejar e viver uma

vida cristã. A. B. Simpson foi um dos mais importantes e conhecidos

líderes dessa época, conhecida como Movimento da Santidade. Alguns

historiadores evangélicos incluem nesse movimento Dwight L Moody e

Charles G. Finney — e a maioria desses irmãos deixaram as linhas de

pensamento que tendiam à teologia liberal, chamada modernismo. Dentro

do movimento, o interesse pela obra do Espírito Santo, como acontecia no

Novo Testamento, foi crescendo rapidamente.

Em um pequeno instituto bíblico em Topeka, Kansas, um grupo de

estudantes que não foram para casa no Natal buscaram a Deus em oração,

clamando durante dez dias, exatamente como os primeiros cristãos no dia

de Pentecostes. Dez dias depois, em meio às comemorações do Ano Novo

de 1901, todos foram cheios do Espírito Santo e falaram em outras línguas,

como no dia de Pentecostes. Aquela forte explosão de poder espiritual

dinâmico não pôde ficar restrita àquele instituto bíblico e logo espalhou-se

pela cidade de Kansas e por outras cidades: No início de 1906, na rua

Azusa, em Los Angeles, aconteceu um maravilhoso mover do Espírito de

Deus que acabou levando ao conhecimento de todo o mundo a existência

de um novo movimento P entecostal. A maioria das igrejas pentecostais

surgiram do avivamento daquela rua

Charles T. Crabtree, assistente geral da Superintendência das

Assembléias de Deus dos Estados Unidos, escreveu em seu livro

pentecostal priority "Após o primeiro derramamento espiritual em Topeka,

kansas o fenomeno pentecostal deu início a uma verdadeira reação em

cadeia. A história registra que, nas primeiras décadas do século XX,

surgiram poderosos ministérios, milagres e intensa perseguição. Havia

unidade e compartilhavam-se os bens. A intercessão e a oração eram

constantes, implicando em comunhão. Houve uma repetição da história da

Igreja Primitiva registrada no livro de Atos: 'O Senhor acrescentava à igreja

aqueles que se haviam de salvar'".

A maior parte das religiões de todo o mundo rejeitaram os novos

pentecostais e os expulsaram de sua comunhão. Alguns dos cristãos que

Page 50: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

pertenciam ao Movimento da Santidade declararam que o falar em línguas

era do diabo, e as pessoas que não conseguiam entender o poder do Espírito

chamavam os pentecostais de "santos barulhentos" — um termo que

realmente nunca levamos a mal, porém recordamos com temor. Muitas

pessoas foram atraídas pelas nossas reuniões e encontraram a salvação, o

batismo no Espírito Santo, respostas milagrosas às orações e fervorosa

comunhão. Alguns abandonaram a luz confusa de igrejas espiritualmente

frias, e outros, sem congregação, foram salvos da escuridão do pecado em

resposta ao ardente evangelismo. Todos aqueles que realmente conheciam

bem a Palavra associaram-se ao movimento que se identificava com o

Cristianismo original.

Em abril de 1914, o Concílio Geral das Assembleias de Deus foi

fundado em Hot Springs, Arkansas — foi estabelecido nesse local, por se

tratar de um grande centro urbano de fácil acesso. Sua chamada ficou bem

definida logo no texto de abertura daquele encontro: "Durante muitos anos,

Deus tem levado os homens a se voltarem para o evangelho pleno

apostólico, padrão de experiências e doutrinas". Nunca pensamos sequer

em melhorar aquela definição, porque entendemos que o Movimento

Pentecostal é realmente o retorno ao Evangelho pleno, original, apostólico;

o cristianismo pentecostal não é o movimento mais "educado", mas o

centro do Cristianismo.

Sobre isso George O. Wood, secretário geral das Assembleias de

Deus, diz: O profeta Joel falou-nos sobre as chuvas têmpora e serôdia

012.23)-As chuvas têmporas de outubro e novembro amaciavam o solo de

tal maneira, que sementes podiam ser plantadas com extrema facilidade.

Mas as chuvas serôdias de abril também eram necessárias, pois tratavam o

solo, faziam frutificar as sementes e mantinham o solo úmido o bastante

para resistir às estiagens do verão. As chuvas serôdias eram diretamente

responsáveis pelos frutos nos tempos de seca.

Olhando para o início do século XX, podemos ver as chuvas

temporãs de Topeka, Kansas, rua Azusa, em Los Angeles, e Hot Springs,

em Arkansas. Todo esse mover foi na verdade uma grande chuva que

amaciou o solo e plantou a semente para a grande colheita dos últimos dias.

E hoje, estão diante de nós o fim deste século e a grande conclusão deste

milénio. O Espírito Santo está a me dizer: "A rua Azusa foi apenas uma

chuvinha, comparada com o que ainda tenho reservado para vocês nos

Page 51: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

próximos dias". Uma grande seca está para acontecer. Por isso é necessário

que haja chuva!

O Pentecoste, como festa do Antigo Testamento ou ensino do Novo,

está diretamente relacionado à seca. Nós aspiramos a um novo Pentecoste

em nossos corações, não apenas porque desejamos ter uma vida interior

com Deus mais ativa. A experiência do Pentecoste não pode jamais ser

separada do seu principal objetivo: preencher o que está vazio, completar o

que está seco. Deus derramou o seu Espírito Santo porque, mesmo na seca,

a terra pode frutificar. Com o avivamento surgem os poderosos

evangelismos. Afinal, não pode haver um forte avivamento se apenas a

igreja é restaurada, pois uma igreja avivada resulta em uma comunidade

alcançada pelo Evangelho.

Com o ressurgimento da igreja neotestamentária, nossos

antepassados pentecostais começaram a ver os mesmos resultados que a

Igreja Primitiva. Muitas pessoas começaram a ser salvas, curadas de

enfermidades e libertas da opressão do inimigo, passando a ser totalmente

guiadas pelo Espírito Santo. A adoração era ungida e animada, seus

corações respiravam o louvor, a ministração da Palavra era fervorosa,

poderosa e eficiente e, quando as pessoas vinham, rendendo-se ao Senhor

diante do altar, aconteciam fenomenos que não ocorriam desde que a Igreja

Primitiva. O batismo no Espírito Santo e a sua evidência do falar em

línguas verdadeiramente revolucionaram a igreja, restaurando assim o

conceito de evangelismo como algo diretamente voltado para o mundo. Na

segunda reunião do Concílio Geral das Assembleias de Deus, Lemuel C.

Hall estabeleceu uma resolução convocando a todos Para para o maior

evangelismo que o mundo jamais viu".

A principal motivação da igreja do século XX ao despertamento foi

Expectativa pela volta do Senhor Jesus Cristo. Crendo profundamente nas

profecias bíblicas que anunciam o arrebatamento da Igreja seguido pelo

derramamento da ira divina sobre todo o mundo, os primeiros cristãos

pentecostais trataram de espalhar o Evangelho da maneira mais rápida que

puderam. O poder pentecostal, combinado à urgência das visões proféticas,

criou uma força extrema que impulsionou o início do movimento.

Ocorriam muitas reuniões de oração — o tempo do culto nas igrejas não

era desperdiçado com anúncios e propagandas. Multidões passaram a

encher a igreja aos domingos. Os sermões tinham uma sequência lógica e

Page 52: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

duravam no mínimo 45 minutos. E as ministrações sobre as vidas que

vinham diante do altar prosseguiam noite adentro.

Problemas no Paraíso

Entretanto, com o tempo vieram os problemas. O povo, que vivia

longe dos limites humanos da emoção e intuição, começou a encarar fortes

tentações em diversas áreas da vida. Então a igreja começou a correr o

risco constante de confundir a emoção com a revelação do Espírito e a

substituir as santas tradições de um comportamento legitimamente santo

por práticas e costumes humanos. Como resultado, até hoje se dá mais

atenção às experiências humanas que às revelações do Espírito de Deus.

No entanto, Deus nos tem conduzido em vitória através dos anos. Na

verdade, hoje preferimos negociar com o que estamos habituados e

permanecer com as fracas brasas das nossas frias mas prósperas igrejas do

que clamar pelo "vento do Espírito Santo".

Quando voltaremos a agir como antes, numa época onde crescíamos

rapidamente na mais alta atmosfera espiritual do Evangelho pleno, onde as

pessoas eram direcionadas com autoridade, permaneciam num ambiente de

santa devoção, confiavam nas manifestações espirituais e viviam no

Espírito de tal maneira, que verdadeiras multidões eram atraídas? E claro

que, em função do nosso grande entusiasmo, em várias ocasiões fomos

longe demais no que tange à emoção. Mas determinados extremos podem

ser o preço a ser pago para que ocorra um grande avivamento. Em outras

palavras, dificilmente haverá avivamento sem que se ultrapassem alguns

limites de comportamento e ideias.

Na década de 1920, as Assembleias de Deus começaram a se

organizar melhor. Surgiram institutos bíblicos que passaram a treinar os

ministros. Missionários foram enviados por todo o mundo, e pessoas tanto

o que deveria ser maravilhoso tornou-se um problema; nosso crescimento

acelerado começou a gerar inúmeras dificuldades para a Igreja. Como ela

tornou-se mais popular, estava mais apta, possuindo melhores condições

para começar a definir questões bíblicas, comportamento cristão e

doutrinas espirituais. Muitas coisas começaram a fluir de maneira negativa,

contribuindo para uma eventual decadência e dispersão.

Page 53: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

Outro fator que muito contribuiu para um lento mas constante

declínio da igreja foi o nível de formação de nossas lideranças. No início, a

maioria de nossos pastores eram homens treinados em seus ministérios,

batizados com o Espírito Santo, oriundos de outras denominações.

Infelizmente, alguns de nossos líderes concluíram, de forma errada, que um

bom nível de formação para nossos pastores levaria à deterioração do

ministério. Acreditavam que muita preparação teológica e o enriqueci-

mento de detalhes nos sermões eram contribuições humanas. Acreditavam

que a "inspiração" para a ministração deveria vir somente do Senhor. E,

para dar respaldo a este pensamento, utilizaram o seguinte texto: "Abre

bem a tua boca, e ta encherei" (SI 81.10).

Como resultado, a maioria dos líderes passaram a assumir seus

ministérios tendo pouquíssima formação e, por não possuírem uma base

bíblica essencial, passaram a enfatizar apenas coisas superficiais como

"usos e costumes", preocupando-se mais com questões culturais do que

com o legítimo comportamento moral cristão. Não devemos esquecer,

entretanto, que muitos desses líderes não só foram os responsáveis por

inúmeras conversões, mas também estabeleceram os ensinamentos de

nossa igreja com grande cuidado e sabedoria!

Através" dos anos, eles aprenderam que Deus não derrama sua

mensagem através do pregador, como água em um funil, mas capacita

naturalmente com unção seus obreiros, para exercerem seu ministério na

casa de Deus com conhecimento experiência e preparação. E perceberam

também que esta unção não é derramada sobre a vida dos líderes apenas

quando pregam ou oram pelas ovelhas, mas adquirida com o tempo,

durante toda a vida, de acordo com o estilo de vida que escolherem adotar

— em sua vida particular, no púlpito, em sua personalidade e nas horas que

dedicam à preparação da Palavra e à adoração. Pagamos um alto preço

porque falhamos em compreender o verdadeiro sentido da unção espiritual.

Achávamos que um ministério podia ser poderoso, mas não nos

dedicávamos à Palavra e dávamos mais valor à aparência externa que aos

princípios interiores de vida cristã.

Desafios à Nossa Fé

Agora não há mais a necessidade de falar sobre detalhes históricos.

Os problemas que encaramos no passado foram consequências naturais de

Page 54: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

um grande avivamento, e no próximo voltaremos a enfrentá-los. Quando o

avivamento chegar, nosso entusiasmo será renovado, e nossas emoções,

restauradas. Surgirá uma nova geração de "fanáticos com os olhos

inflamados" como Paulo, Pedro e Estevão — homens que deram suas vidas

pelo Reino de Deus (isso inclui o fato de que nós queremos ser como eles!).

Nosso desafio será manter o movimento pautado na Palavra de Deus.

Quando falamos em avivamento, não estamos sugerindo simplesmente uma

fórmula para métodos humanos de reforma das estruturas e organizações.

Estamos chorando diante do Senhor para que se volte para as nossas vidas e

restaure-nos à sua vontade e aos seus caminhos! Não temos a menor ideia

de como Deus trará ou de como será o avivamento. A única coisa que

podemos fazer é levantar as nossas vozes e dizer: "Reina sobre nós,

Senhor!"

Uma das tentações de Jesus consistia em colocar o poder do Pai à

prova quando foi colocado sobre o pináculo do Templo. O diabo queria que

Jesus fizesse uma verdadeira exibição de sua confiança em Deus e uma

demonstração de seu poder milagroso. Hoje vemos o mesmo tipo de

tentação nas grandes concentrações de cura, libertação e poder de Deus.

Sempre existiram homens e mulheres de Deus sinceros, que verdadeira-

mente realizavam poderosas campanhas com manifestação do poder de

Deus. Mas o sucesso levou alguns, por outros motivos, a emularem. O que

normalmente se pretendia, que os milagres de Deus acompanhassem o

processo de cura e vitória da alma, era muitas vezes exibido como um show

para mérito próprio-Marcos 16.15-18 diz que os sinais e os milagres

seguirão aos que creram e a todos quantos forem pelo mundo anunciando o

Evangelho. Biblicamente, as curas divinas sempre estão próximas o

bastante daqueles que anunciam o Evangelho. Mas devemos tomar cuidado

quanto a isso, pois é preciso estar atento com relação à curta distância que

separa a verdade do exibicionismo, ou então estaremos correndo o grande

risco de sacrificar toda uma multidão já evangelizada, convertida e

abençoada por Deus através de curas e libertações. E, frequentemente,

ainda temos aprendido tristes lições relacionadas às coisas íntimas de Deus

sem estar verdadeiramente pregando o Evangelho. Desde as antigas

cruzadas de cura divina até a moderna televisão, tem sido esta a nossa pior

área, pois temos tentado mostrar a força do poder de Deus, colocando à

mostra, indignamente, as santas manifestações da sua glória. Tais abusos da

Page 55: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

nossa parte têm provocado terríveis consequências: muitos dos nossos

pastores têm se desviado do caminho da verdade por causa dos "milagres".

O derramamento do Espírito Santo na igreja, através das chuvas

serôdias, também tem representado um grande desafio para todos nós.

Muitos líderes, apesar de todas as nossas recomendações, têm levado as

manifestações dos dons do Espírito Santo a extremos. Ironicamente, nosso

maior problema com as chuvas serôdias vieram depois que conversamos

com os nossos líderes e resolvemos avaliar o que ensinam e praticam.

Temos nos desviado totalmente do caminho verdadeiro quanto às

manifestações dos dons do Espírito Santo.

Uma outra mistura de desafios e bênçãos é o Movimento

Carismático. Temos uma boa ideia do que está acontecendo, quando

percebemos as velhas linhas de comportamento de denominações antigas

mesclarem-se ao alto crescimento espiritual surgido no Movimento

Pentecostal, no início do século. Ao mesmo tempo, há uma grande

diferença entre ser pentecostal e ser carismático. Os pentecostais podem ser

amados carismáticos, mas os carismáticos não são necessariamente

pentecostais. Ser carismático significa identificar-se com uma renovação de

fé e aceitar os dons carismáticos do Espírito Santo que nos foram

apresentados em 1 Coríntios 12.1-11.

Ser pentecostal significa identificar-se com o nascimento da igreja

no dia de Pentecostes; inclua-se a isso uma vida de unidade e comunhão na

Casa de Deus, ser batizado com o Espírito Santo e perseverar na doutrina

apostólica. O Movimento Pentecostal refere-se a todos os aspectos da

igreja, enquanto o Movimento Carismático envolve apenas alguns deles.

E ainda, o Movimento Pentecostal exige o exercício da sabedoria

onde é importante saber esperar pela obra do Espírito Santo no coração das

pessoas, convencendo-as da sua atuação. Os primeiros cristãos carismáticos

já tentaram permanecer em suas antigas denominações mas com o passar

do tempo ficaram insatisfeitos, optando por formar suas próprias igrejas.

Foi aí que experimentaram muitos dos extremismos que conhecemos no

início da igreja pentecostal.

Nosso relacionamento com o Movimento Carismático produziu em

nossas vidas três problemas que resultaram em efeitos impressionantes.

Primeiro, nos afastamos totalmente deles, e nos mantemos isolados, longe

Page 56: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

da influência de qualquer um de seus adeptos. Dois homens nos

convidaram a ministrar a Palavra para os carismáticos, Donald Gee e David

duPlessis—ambos poderiam ter sido líderes em seu tempo. (Hoje creio que

falhamos em não termos aceitado ministrar aos carismáticos, o que pode ter

trazido consequências graves para o nosso crescimento).

Em segundo lugar, as Assembleias de Deus eram, nos Estados

Unidos, a denominação que mais rápido crescia na década de 1980. Nosso

crescimento acentuou-se ainda mais, pelo fato de muitos carismáticos

começarem a participar de nossos cultos. Nosso crescimento deu-se

também porque os nossos novos convertidos aumentaram de modo

gigantesco, enquanto nosso crescimento interno diminuiu. Eis aí outro erro:

precisamos aprender a distinguir evangelismo primário (alcançar outras

pessoas para Jesus), secundário (alcançar os nossos filhos para Jesus) e

alternativo (alcançar outros cristãos).

O terceiro problema surgido por causa de nosso relacionamento com

os carismáticos deve-se à dificuldade de identificar esse movimento. Um

dos seus aspectos fundamentais está no avivamento causado pela liberda-

de no louvor. Foi maravilhosa e providencial para as nossas vidas uma

nova ênfase quanto a esta necessidade. No entanto, alguns de nossos

pastores abandonaram o estilo de adoração pentecostal, trocando-o pelos

métodos carismáticos, socialmente mais aceitáveis. Como exemplo,

podemos perceber que o louvor carismático possui uma quantidade enorme

de pessoas em atividade, enquanto os petencostais enfocam mais a

ministração do altar— arrependimento e retauração — com plena mudança

de vida. (Falaremos mais sobre a adoração pentecostal.)

As pessoas que receberam o Espírito Santo normalmente têm

problemas em compreender o que Deus lhes está falando; nisso reside outro

desafio. A Primeira Guerra Mundial veio a ser o que primeiro interpretá-

vamos como a chegada do juízo de Deus através da grande tribulação. No

início da década de 1930, muitos cristãos acreditavam que Jesus voltaria

em 1936, vindo logo em seguida a ira de Deus, o Anticristo e o

Armagedom. Entretanto, Jesus não voltou, e a Segunda Guerra Mundial fez

renascer no coração da igreja as mesmas falsas expectativas. Recentemente,

muitos de nós viram as profecias se cum¬prirem na Guerra do Golfo, mas

esta também chegou ao fim. Enquanto não surgem outros grandes eventos,

Page 57: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

como a separação da União Soviética, nossos profetas permanecem

estranhamente calados.

Temos insistido em tentar identificar o Anticristo ou mesmo

descobrir as épocas certas para o cumprimento das Escrituras, quando o

que precisamos é reconhecer que a maior profecia se cumprindo em nossos

tempos é a de Mateus 24.14: "E será pregado este Evangelho do reino por

todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então virá o fim". O

"fim" ao qual Jesus se refere nesta passagem está indicado nos versículos

30 e 31 — o fim desta era, marcado pelo arrebatamento da Igreja, e logo

depois ocorrerá o julgamento de todos os povos da terra, no dia do Juízo —

o mesmo cenário que podemos traçar no livro de Apocalipse.

Consideremos outra tradução literal de Mateus 24.14: "E as boas

novas do reino de Deus serão anunciadas e proclamadas por toda a terra

para testemunho em todos os grupos sociais; e então o fim será

enevitável".1 De acordo com Jesus, a igreja deve cumprir o seu papel na

grande comissão de pregar o Evangelho a "toda criatura" (Mc 16.15). como

podemos ver a igreja não estará em decadência no fim e tampouco

derrotada, mas completará o seu chamado com grande entusiasmo e

sucesso — através de um último e grande avivamento!

Temos sentido o chamado profético à Igreja para que se levante e

realize o propósito para o qual foi convocada. Deus tem falado constante-

mente por seu Espírito, e muitas profecias têm sido entregues em nossa

igreja. O tempo está chegando ao fim, Jesus está voltando e por isso

devemos fazer duas coisas-, nos prepararmos como cristãos e proclamar as

boas novas do Evangelho de Jesus Cristo.

O que Fazer?

Um século de vida do povo pentecostal produziu uma igreja enorme

com uma estrutura grande e complicada, que precisa escolher entre

permanecer assim ou tornar-se como os judeus reunidos naquela manhã do

dia de Pentecostes.

Lá pelas nove horas, os ventos do Espírito Santo começaram a

sacudi-los, e línguas estranhas foram derramadas sobre todos eles

diretamente dos Céus. E 120 pessoas foram cheias do Espírito Santo" e

falaram em outras línguas. Pedro fez a primeira grande pregação

Page 58: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

pentecostal sem nenhuma anotação, e, no final do sermão, uma multidão de

três mil pessoas composta por religiosos altamente tradicionais foi

transformada em fervorosos cristãos, prontos a entregarem suas vidas por

Jesus Cristo.

Podemos escolher! Deus pode nos quebrar através das nossas

tradições e rotinas, revivendo-nos! Mas a questão é: O que devemos fazer?

A resposta é tão simples e rudimentar, que você ficará maravilhado

por ter de ler todas essas páginas para chegar ao ponto, achando impossível

que seja só isso, sem que Deus exija algum esforço a mais. Entretanto, se o

avivamento dependesse do nosso esforço, provavelmente já o teríamos

feito. Por que então não aceitamos e simplesmente seguimos os planos de

Deus?

Você está pronto? Pois aí está: a única coisa que devemos fazer e

viver em unidade e juntos perseverarmos nas orações e súplicas!

Dez dias antes do Pentecoste, os discípulos estavam reunidos no

cenáculo. Em Atos 10.13,14, Lucas relaciona os discípulos que ali estavam

(menos Judas Iscariotes). Diz também que se reuniram "com mulheres,

entrando com elas Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele e "todos eles

permaneciam unanimes em oração e súplica". Em poucos dias, outros

chegaram e o número cresceu para 120 pessoas, que passaram a reunir-se

no Templo, até que dez dias mais tarde todos foram cheios do Espírito

Santo e começaram a falar em outras línguas conforme o Espírito lhes

concedia que falassem" (At 2.4). A solução é simples. Então faça isso! R.

A. Torrey diz: Creio que posso dar a "receita" que trará o avivamento em

uma igreja, comunidade ou cidade sobre a terra. Primeiro, pegue um grupo

de cristãos (não são necessários muitos) que tenham uma forte e plena

experiência com Deus em suas vidas. Isso é o essencial. Se não for assim,

posso afirmar que não irá acontecer nada.

Depois, coloque-os em unidade com um grupo de oração e diga-lhes

que clamem a Deus por um avivamento; que com orações e súplicas peçam

que Deus abra os Céus e derrame o seu Espírito.

Finalmente, coloque-os à disposição de Deus para que o Senhor

possa usá-los da maneira como desejar, até que estejam prontos para

conduzir outras pessoas à vitória em Cristo. E isso é tudo que, com certeza,

Page 59: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

trará o avivamento para qualquer igreja ou comunidade. Tenho dado esta

receita ao redor do mundo. E, em todos os lugares, Deus tem sacudido

igrejas e comunidades. Esta receita sempre deu certo, na verdade, não

falha!

Tradução de David A. Womak

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5

Avivamentos na Bíblia A palavra "avivamento" não aparece na Bíblia, no entanto, a Palavra

de Deus constantemente apresenta os termos "restaurar", "restauração",

"reviver", "reviveu" e "revivendo". No Novo Testamento, o termo

"reviveu" aparece duas vezes, em Romanos 7.9 e 14.9 ("tornou a viver",

ARC). Não houve avivamentos no Novo Testamento, porque a experiência

dos primeiros cristãos foi algo inteiramente novo, jamais conhecido antes

do dia de Pentecostes. Apenas no fim do primeiro século houve sinais de

que alguns cristãos abandonaram o seu primeiro amor (Ap 2.4), mas não há

nenhuma indicação de que tenham se arrependido e se reavivado.

Sempre que os filhos de Israel se desviavam da verdade, no Antigo

testamento, Deus fazia em primeiro lugar um chamado ao arrependimento

através das mensagens de seus profetas. Na maioria dos casos nem o povo

ou seus líderes ouviam tais mensageiros, continuando em sua vida de

pecado até experimentarem a ira de Deus e seu julgamento. Só então os

profetas eram respeitados.

Precisamos reconhecer que os avivamentos na Bíblia só ocorreram

quando o despertamento espiritual iniciou-se no coração dos líderes! E aqui

repousa toda a importância deste chamado ao arrependimento: muito que

os homens de Deus têm profetizado e declarado que precisamos nos

arrepender e clamar pela presença de Deus, mas agora esta palavra de

restauração está vindo diretamente dos líderes de nossa igreja. O

superintendente geral das Assembleias de Deus nos Estados Unidos,

Thomas E. Trask, iniciou um trabalho de avivamento em todas as

Assembleias de Deus, recebendo apoio e encorajamento de seus

companheiros de ministério: o assistente geral da superintendência Charles

T. Crabtree, o secretário geral George O. Wood, o tesoureiro geral James T.

Bridges e todos os outros líderes e auxiliares. Esses homens de Deus

receberam esta palavra diretamente do Céu e, se verdadeiramente nos

arrependermos dos nossos pecados e nos voltarmos para Deus, eles

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direcionarão o Corpo para um novo avivamento. Em seu escritório, durante

a inauguração da sede nacional das Assembleias de Deus nos Estados

Unidos, em 18 de novembro de 1993, o superintendente geral Trask disse:

"Prometo não descansar e nem me conformar com um possível crescimento

numérico enquanto as Assembleias de Deus não experimentarem um

soberano mover do Espírito Santo, que acabe por abalar com um grande

avivamento todas as igrejas que pertençam ao glorioso corpo de Cristo".

Que não haja nenhuma dúvida quanto a isto: um grande avivamento

espiritual acontecerá quando todos os nossos líderes, desde o superin-

tendente geral até os pastores das igrejas locais, dobrarem os seus joelhos

em arrependimento diante do Senhor e partirem para uma direção onde

seguirão apenas os caminhos de Deus, e não mais os dos homens. E, uma

vez ocorrendo um despertamento, os membros de nossas igrejas estarão

fazendo parte do próximo e grandioso avivamento espiritual.

Um Princípio Espiritual para o Avivamento

Agora que já definimos biblicamente como os avivamentos

espirituais se iniciam, vejamos exemplos práticos através da Palavra. Os

muitos homens de Deus que a história do Antigo Testamento nos apresenta

na verdade começaram a ser abençoados quando Abraão conheceu ao

Senhor. E assim, Jeová tem se apresentado constantemente como o Deus de

Abraão, Isaque e Jacó — aquEle que direciona líderes e assim influencia e

abençoa gerações inteiras.

Quando os filhos de Israel deixaram o Egito, após tantos anos de

servidão Deus preparou um homem para liderá-los. Enquanto uma o inteira

clamava por ajuda, Deus revelava-se a Moisés do meio da ardente. Se não

houvesse um homem que falasse com Deus e fizesse exatamente o que o

Senhor desejava, certamente o êxodo não teria acontecido, ninguém teria

atravessado o mar Vermelho e jamais teria ocorrido uma experiência como

a glória do Senhor no monte Sinai.

Josué, que conduziu o povo de Deus à Terra Prometida, reuniu todos

os anciãos de Israel, os cabeças, os juízes e os oficiais 0s 24.1) e declarou

que o desafio de viver para Deus tinha de começar em seu coração e em sua

família: "Escolhei hoje a quem sirvais... eu e a minha casa serviremos ao

Senhor" (Js 24.15). Então todo o povo respondeu: "Serviremos ao Senhor,

Page 62: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

nosso Deus, e obedeceremos à sua voz" (Js 24.24). Depois que os líderes

fazem a sua escolha, todos seguem pelo mesmo caminho!

O Avivamento durante o Reinado de Josias

Podemos ver o mesmo tipo de avivamento durante o reinado do rei

Josias em Judá (2 Rs 22 e 23,; 2 Cr 34 e 35). Já que estamos estudando

todos os tipos de avivamento na Bíblia, devemos considerar estas

passagens como excelentes exemplos e trazê-las como aplicações práticas

aos nossos dias.

Era uma época de grande corrupção moral e negligência espiritual

em Jerusalém e por toda Judá, pois a maioria dos filhos de Israel havia

deixado o Senhor e passado a adorar outros deuses como Baal, Astarote e

ate mesmo todo o "exército dos céus" (2 Rs 23.4). Baal era o deus do

sucesso, da prosperidade e da abundância. Astarote, o "ídolo do bosque ou

"poste-ídolo", era a deusa da fertilidade, do amor e da sexualidade Exército

dos céus" era um conceito religioso da região da Mesopotâmia, que dizia

que o Sol, a Lua e as estrelas eram manifestações de deuses que

direcionavam a Terra e influenciavam a vida dos homens. Os deuses

pagãos, exatamente como nos dias de hoje, exerciam grande influência

espiritual e geravam uma constante busca por prosperidade, um desejo

ardente pela sensualidade e muita superstição - o que hoje chamamos

esoterismo e Nova Era. Se você tem alguma dúvida, basta assistir os

comerciais de TV à noite e observar como esses deuses ainda dominam e

influenciam as pessoas em quase todas as áreas de suas vidas.

Enquanto isso, no Templo, o serviço ao Senhor virara comércio

como nos dias de hoje, quando temos encontrado sermões superproduzidos

e pedidos de ofertas que mais parecem cobrança de impostos; havia um

descaso com a Palavra de Deus. Ninguém lia a Palavra dada por intermédio

de Moisés (2 Cr 34.14), e durante muito tempo as pessoas comuns

desconheceram totalmente a sua existência, E o mais grave, mesmo sem

Deus e sua Palavra, a adoração no Templo sucedia-se em um nível muito

superficial.

Além disso, os compartimentos do Templo eram todos feitos de

prata, numa evidência clara de que o povo gostava de estar ali. O Templo

não representava nenhuma espécie de "ameaça", sua existência não

Page 63: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

indicava que deveria haver uma mudança em suas vidas. Frequentá-lo fazia

parte do status.

Essa é uma questão grave que precisamos encarar: as igrejas

conseguem existir sem a presença de Deus e muitas já se encontram nesta

situação! Um monte de igrejas por aí, ministérios inteiros, têm verdadeiro

pavor das manifestações sobrenaturais que ocorrem quando Deus trabalha

no meio da igreja. Por isso preferem continuar vivendo uma vida de

religiosidade e simbolismo ao invés de entregarem suas vidas ao Senhor.

Se toda igreja que tem como símbolo uma cruz verdadeiramente tivesse um

compromisso com a cruz de Cristo, e se toda igreja que possui a figura de

uma pomba em seu templo realmente tivesse manifestações do Espírito

Santo, poderíamos ter um verdadeiro avivamento agora!

E, para piorar muito mais a situação, os templos que deveriam ser

santificados vêm sendo profanados com altares a Baal (prosperidade),

Astarote (sensualidade) e todos os "exércitos dos céus" (superstição). Os

líderes têm se guiado por suas próprias mentes e não veem problema algum

em conduzir eles mesmos suas ovelhas à adoração, de acordo com seus

próprios desejos. A maioria dos cultos nas igrejas esta sob a

responsabilidade de homens, e não de Deus.

Uma Igreja que se autodenomina pentecostal tem como slogan: Para

pessoas de todos os credos". O sentimento de unidade pode trazer

benefícios para a igreja, mas quando permitimos que o mundo Entre

demais nela — e nas nossas vidas, contrariando a Palavra que diz serem

nossos corpos templos do Espírito Santo (1 Co 6.19) — estamos

contaminando e profanando a santa habitação de Deus. O grande perigo da

sociabilização da igreja é que o contato constante entre cristãos e membros

de outras religiões pode acabar gerando compromissos e desejos comuns.

Logo essas influências começam a transformar-se em atitudes e ações; os

cristãos começam então a perceber apenas pequenas diferenças entre as

igrejas. Quando a nossa adoração adequar-se a qualquer tipo de igreja,

perderemos nossa identidade adquirida através de uma experiência

particular e individual com Deus e acabaremos afundando na areia

movediça da religiosidade. O apóstolo Paulo escreve às igrejas.- "Tendo

aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te" (2 Tm

3.5).

Page 64: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

Além disso, em total descaso com sua riqueza, o Templo estava se

acabando. As paredes estavam deterioradas, e os trabalhadores estavam

indo embora. Onde não existe o amor a Deus, com certeza não haverá

nenhum zelo ou cuidado pela sua Casa. Geralmente, demonstramos o que

estamos pensando e sentindo sobre Deus através do cuidado que temos com

sua igreja — o templo, a instituição e o rebanho.

Hoje temos prédios supermodernos, estruturados e organizados,

estamos repletos de um sentimento de prosperidade porque nossos templos

estão cheios de pessoas satisfeitas, e os nossos cofres, abarrotados de

dízimos e ofertas, podemos, ao mesmo tempo, se temos negligenciado ao

Senhor e sua Palavra, estar com as paredes da nossa igreja espiritual se

deteriorando.

No entanto, em meio a este universo de problemas, surgiu o rei

Josias, que "fez o que era reto perante o Senhor" (2 Rs 22.2). E, exatamente

como nos outros avivamentos, o despertamento espiritual de Judá começou

a liderança. Tudo começou quando o rei Josias soube do péssimo estado de

conservação em que se encontrava o Templo. Quando o rei tomou

conhecimento do tesouro que havia na Casa de Deus, enviou seu escrivão

pessoal, Safa, a Hilquias, o sumo sacerdote, a fim de que pegasse o

dinheiro e pagasse os trabalhadores para que iniciassem o processo de

restauração. E os carpinteiros edificadores e pedreiros eram tão honestos

que "se não fez conta do dinheiro que se lhes entregara nas suas mãos,

porquanto procediam com fidelidade" (2 Rs 22.7). O avivamento começa

com renovado interesse pela Casa de Deus com pessoas sinceras e

honestas.

Então uma coisa maravilhosa aconteceu! Durante a limpeza e

restauração das salas e compartimentos do Templo, foi encontrado o livro

da Lei — o texto original dado a Moisés! Oh, que mudança não aconteceria

em nossas igrejas se redescobríssemos a Palavra de Deus! Hoje, os nossos

ministros pregam sobre Deus, religião, necessidades dos homens — mas

quão raramente apresentam a Palavra viva ou choram, dizendo: "Assim diz

o Senhor"!

O grande sacerdote Hilquias entregou as escrituras a Safa, que

rapidamente retornou para casa e as leu. Quantos avivamentos em todo o

mundo têm começado com a leitura da Palavra de Deus! Quando Safa

Page 65: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

apareceu diante do rei a fim de entregar-lhe outro relatório, contou a Josias

sobre a descoberta e leu as Escrituras. Após ouvir as palavras do livro da

Lei, o rei rasgou as suas vestes e convocou Hilquias e os outros sacerdotes

a que buscassem ao Senhor pelo rei, pelo povo e por toda Judá. Eles não

sabiam como fazer aquilo, pois falar diretamente com Deus nunca fora

parte das suas funções ministeriais. Por isso foram ter com a profetisa

Hulda, que consultou ao Senhor. Eles ouviram sobre a ira de Deus e

entregaram a mensagem ao rei Josias e ao povo de Judá. Como sempre,

mesmo nos piores momentos, sempre há pessoas que sabem como falar

com Deus. Está comprovado que não pode haver avivamento sem que haja

oração eficaz. Tiago 5.16 diz: "Confessai as vossas culpas uns aos outros e

orai uns pelos outros, para que sareis. A oração feita por um justo pode

muito em seus efeitos".

Através da profetisa Hulda, Deus disse ao rei Josias: "Porquanto o

teu coração se enterneceu, e te humilhaste perante o Senhor- rasgaste as

tuas vestes, e chorastes perante mim, também eu te ouvi, diz o Senhor" (2

Rs 22.19). Este foi o segredo do avivamento nos tempos do rei Josias. Ele

não apenas redescobriu a Palavra de Deus no Templo, mas também

enterneceu seu coração e passou a viver uma nova vida. Ele humilhou-se

perante o Senhor e rasgou as suas vestes ais em sinal de verdadeiro

arrependimento e contrição (muito mais que uma emocional e fria religião).

Quando Josias teve estas atitudes e mudou suas ações, então o Senhor o

ouviu.

Josias convocou todo o povo de Judá, grandes e pequenos, sacerdotes

e profetas, e leu-lhes "todas as palavras do livro do concerto, que se achou

na Casa do Senhor" (2 Rs 23.2). O rei se pôs em pé junto à coluna e fez

uma aliança entre o Senhor e o povo, "para andarem com o Senhor, e

guardarem os seus mandamentos, e os seus testemunhos, e os seus

estatutos, com todo o coração e com toda a alma, confirmando as palavras

deste concerto, que estavam escritas naquele livro" (2 Rs 23.3). E todo o

povo se colocou de pé e assumiu essa aliança.

É isto o que precisa acontecer em todas as igrejas — arrependimento,

oração e um direcionamento de todas as pessoas a uma nova aliança com

Deus. Não há outro caminho para o avivamento. Ficar de pé junto à coluna

equivale hoje a ajoelhar-se no altar de Deus - a manifestação viva da glória

Page 66: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

divina. Se todas as pessoas em nossas igrejas se ajoelhassem hoje perante o

altar e restaurassem também suas alianças, o avivamento começaria já!

Não é preciso citar os detalhes dos efeitos do avivamento em Judá.

Os resultados começaram a aparecer quando o sumo sacerdote Hilquias, os

outros sacerdotes e os guardas das portas colocaram para fora do Templo

todos os utensílios que se haviam feito para aqueles deuses e os queimaram

fora de Jerusalém. E é assim também que o nosso avivamento começará —

quando nossos pastores, auxiliares e membros expurgarem de nossas

igrejas os falsos deuses! Aprenda um pouco com a santa indignação do

Senhor Jesus, vendo como expulsou do templo a todos os que vendiam e

compravam e derrubou as mesas Os cambistas e as cadeiras dos que

vendiam pombas: "Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração.

Mas vós a tendes convertido em covil de ladrões" (Mt 21.13).

Josias purificou toda a terra de Judá, destruiu os altares e baniu do

reino toda a idolatria. O que aconteceria no Brasil se os nossos líderes

nacionais seguissem este exemplo ?

O Avivamento de Esdras

Podemos ver outro importante avivamento nos capítulos 9 e 10 do livro de

Esdras. Esta passagem em especial é menos entendida, porque implica em

separação e consagração, ou seja, em santidade. Movimentos e ensinos que

falem sobre santidade não são muito populares, a não ser em tempos de

avivamento. No entanto, é importante ressaltar que a rejeição aos padrões

de santidade e vida com Deus pode ser a principal causa da diminuição e

esfriamento dos movimentos por avivamento.

Numa demonstração de total descaso para com o avivamento promovido

pelo rei Josias, o povo de Israel, logo após a sua morte, não hesitou e

retornou às práticas idólatras e aos pecados. Em todo avivamento haverá

quem realmente se arrependa e deseje uma nova vida de comunhão com o

Pai, mas sempre existirão outros - talvez a maioria - que se envolveram no

avivamento, mas não se arrependeram e, consequentemente, não terão

profundas experiências com Deus. Tais pessoas mudam logo seu modo de

vida assim que o entusiasmo pelo avivamento passa ou os líderes são

trocados. Então, por cometer o pecado gravíssimo de rejeitar a gloriosa

misericórdia de Deus, passam a viver numa condição pior que a anterior. A

influência maligna é muito grande, e as chamas do avivamento se apagam.

Page 67: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

E, com o retorno à mentira e à imoralidade, a condenação é inevitável pelo

cumprimento das profecias com relação ao descaso e negligência.

Como julgamento de Deus, os babilônios conquistaram Judá,

destruindo Jerusalém, o Templo e levando cativo o povo.

Sempre ouvimos falar que o cativeiro na Babilônia durou setenta

anos, mas na verdade quase ninguém conseguiu viver tanto. Apenas cerca

de dez por cento do povo conseguiu sobreviver e retornar a Jerusalém. Foi

o que sobrou do Israel disperso.

Babilônia caiu diante dos medos e persas, e foi exatamente durante o

império persa que os judeus sobreviventes puderam retornar a Jerusalém e

assim reerguer o Templo e restaurar as muralhas da cidade. E o livro de

Esdras nos fala do retorno do povo sob a liderança de Zorobabel. Mas,

preste atenção, exatamente como Israel hoje, o povo retornou à sua terra,

mas não se voltou para Deus. Tendo vivido em terra pagã, os judeus

acabaram por absorver muito de sua idolatria trazenndo-a consigo. Muitos

homens, e até alguns líderes de Israel, casaram-se com "mulheres

estranhas" porque, no retorno à Palestina, Misturaram-se com os povos que

habitavam aquela região. E o pior, fizeram aliança com "as abominações"

(Ed 9.1).

Esdras, "escriba hábil na Lei de Moisés" (Ed 7.6), havia "preparado o

seu coração para buscar a Lei do Senhor e para cumpri-la, e para ensinar

em Israel os seus estatutos e os seus direitos" (Ed 7.10). Quando ele e

outros judeus que voltaram para Israel no segundo tempo chegaram em

Jerusalém, ficaram aterrorizados com a terrível situação espiritual dos

judeus da primeira leva. Alguns dos príncipes de Israel se queixaram com

eles: "O povo de Israel, e os sacerdotes, e os levitas, não se têm separado

dos povos destas terras, seguindo as abominações dos cananeus, dos heteus,

dos farizeus, dos jebuseus, dos amonitas, dos moabitas, dos egípcios e dos

amorreus" (Ed 9.1). E, ainda hoje, temos estes verdadeiros parasitas entre

nós!

A necessidade de separação do mundo ainda é um sério problema

entre nós. O apóstolo João escreve: "Não ameis o mundo, nem o que no

mundo há. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele" (1 Jo

2.15). O apóstolo Paulo pergunta: "Que sociedade tem a justiça com a

injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas?" (2 Co 6.14). E ele

Page 68: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

mesmo lembra a exortação do profeta Isaías: "Saí do meio deles... diz o

Senhor; e não toqueis nada imundo, e eu vos receberei" (2 Co 6.17).

Separar-se do pecado é uma condição inegociável para que haja um

verdadeiro avivamento.

Quando Esdras ouviu todas aquelas reclamações, rasgou as suas estes

e o seu manto, arrancou os cabelos da cabeça e da barba e sentou-se

atônito. Então se juntaram a Esdras "todos os que tremiam das palavras do

Deus de Israel, por causa da transgressão". Então Esdras se pôs de joelhos,

estendeu as mãos para os céus e disse: "Meu Deus! Estou confuso e

envergonhado, para levantar a ti a minha face, meu Deus; porque as nossas

iniquidades se multiplicaram sobre a nossa cabeça, e a nossa culpa cresceu

até aos céus!" (Ed 9.6).

Esdras continua a sua oração: "E, agora, por um pequeno momento

se nos fez graça da parte do Senhor, nosso Deus, para nos deixar alguns

que escapem e para dar-nos uma estabilidade no seu santo lugar; para nos

alumiar os olhos... e para nos dar um pouco de vida na nossa servidão" (Ed

9.8). Deus, em sua graça, demonstrou misericórdia para com o seu povo

que havia sido liberto e retornara do cativeiro. E para revivê-los, concedeu-

lhes três coisas.

Primeiro, "estabilidade no seu santo lugar". Imagine uma estaca onde

os fazendeiros prendem animais grandes, como um cavalo de raça, e assim

transmitem confiança e tranquilidade aos seus protegidos. Essa é a ideia. O

povo de Deus está tranquilo e seguro em um lugar fixo como uma grande

estaca. Deus colocou limites, e assim não podemos nos afastar dEle. Em

segundo lugar, lhes "alumiou os olhos". Experimente um dia, comparar a

expressão de cristãos que foram restaurados com a dos que não foram.

Você entenderá exatamente o que Esdras quis dizer. E, em terceiro lugar,

Deus lhes concedeu "um pouco de vida" — antes de o povo se arrepender.

Um pequeno avivamento não é suficiente. Se temos fracos sinais de vida

hoje, também os tínhamos quando vivíamos em pecado. O que nós

precisamos é de um grande mover de Deus, que traga luz aos nossos

corações e à igreja.

"E orando Esdras assim, e fazendo esta confissão, e chorando, e

prostrando-se diante da Casa de Deus, ajuntou-se a ele de Israel uma mui

grande congregação de homens, mulheres e crianças, porque o povo

Page 69: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

chorava com grande choro" (Ed 10.1). Quando o líder se arrepende, todo o

povo o acompanha.

Através de um homem, Secanias, o povo disse a Esdras: "Temos

transgredido contra o nosso Deus e casamos com mulheres estranhas do

povo da terra, mas, no tocante a isso, ainda há esperança para Israel. Agora,

pois, façamos concerto com o nosso Deus" (Ed 10.2,3). Secanias disse

mais: "Levanta-te, porque te pertence este negócio, e nós seremos contigo;

esforça-te e faze assim" (Ed 10.4). Então Esdras se levantou na autoridade

do Senhor, e "pão não comeu, e água não bebeu , porque pranteava por

causa daquele problema.

Era inverno, e as grandes chuvas frias caíam sobre Jerusalém quando

Esdras reuniu todo o povo na praça da Casa de Deus, dizendo: "Vos tendes

transgredido e casastes com mulheres estranhas, multiplicando o delito de

Israel. Agora, pois, fazei confissão ao Senhor, Deus de vossos pais, e fazei

a sua vontade; apartai-vos dos povos das terras e das mulheres estranhas"

(Ed 10.10,11). E toda a congregação respondeu em alta voz: "Conforme as

tuas palavras, nos convém fazer" (Ed 10.12). E nos dias que se seguiram,

todos os que se arrependeram cumpriram suas promessas e se purificaram

com sacrifícios. Os que não se arrependeram, porém, tiveram os seus bens

totalmente destruídos e foram separados da congregação (Ed 10.8).

Com a restauração dos judeus, o caminho começou a ser preparado

para a vinda do Messias, que nasceu em Belém da Judeia, na família do rei

Davi. O avivamento de Esdras foi urna peça fundamental para que Deus

pudesse tornar possível a vinda de Jesus ao mundo.

Em um artigo intitulado "O que Significa Avivamento", James K.

Bridges, superintendente do distrito norte do Texas e nosso atual

tesoureiro, escreve: "As Assembleias de Deus nasceram no fogo do

avivamento - um avivamento que envolvia oração, confissão, comunhão,

uma vida poderosa no Espírito Santo e obediência à Palavra de Deus".

O importante aqui é perceber que, em todos os casos, o avivamento

começou com o povo Deus seguindo a unção espiritual de seus líderes,

culminando com a restauração de sua aliança com Deus. As mesmas coisas

que geraram um grande avivamento no tempo do rei Josias e de Esdras

produziram o avivamento pentecostal do início deste século. E, com

Page 70: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

certeza, essas mesmas coisas serão indispensáveis para que um grande

despertamento espiritual aconteça entre nós.

Como já temos dito, essa indiscutível aproximação entre o

movimento pentecostal e as lições bíblicas não causará nenhuma surpresa

às pessoas que vivem um Evangelho pleno e foram levantadas por Deus

com palavras desse tipo. No entanto, é importante deixar bem o que não

estamos afirmando que estas passagens foram escritas para serem aplicadas

à realidade, mas são textos que apresentam verdades e princípios que

podem perfeitamente nos guiar no mundo moderno. O rei Josias certamente

não pensava em nós quando chamou Judá ao arrependimento. Mas, desde

que obteve sucesso, podemos aprender com ele e aplicar seus princípios

para que o avivamento possa vir sobre nós hoje.

As pessoas acreditam que o sacerdote Hilquias tenha encontrado o

Pentateuco, os 5 primeiros livros da Bíblia. Outros pensam que se tratavam

apenas do livro de Deuteronômio ou uma porção dele.

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6

Redescobrindo

o Pentecostes

Por milhares de anos havia sido um grande mistério para a

humanidade a maneira como os antigos egípcios produziam os papiros.

Sabe-se que os egípcios utilizavam uma grande planta aquática chamada

cyperus papyrus na preparação de todo material de escrita, mas não tinham

a menor ideia de como repetir o processo. Recentemente, os egípcios

redescobriram o processo e agora estão fazendo novos papiros próximos do

que havia, originados de plantas quase pré-históricas que foram

preservadas. Retornando ao método original, os egípcios começaram a

obter resultados também originais.

Algo muito semelhante aconteceu com o cristianismo original. Os leitores

da Bíblia sabem que houve uma vez um cristianismo, muito diferente do

que encontramos nas igrejas hoje. No início deste século, homens —

espiritualmente famintos — estudiosos da Bíblia, descobriram o batismo no

Espírito Santo, a peça que faltava no avivamento do Cristianismo autêntico.

E, quando retornaram aos métodos - todos originais, começaram a obter

resultados diferentes.

Pense nisto: quando comecei a escrever este livro, decorriam exatamente

oito anos desde que nossos pais organizaram a Igreja Assembleia de Deus

de Hot Springs, Arkansas, e 93 anos desde que DEUS começou a mover o

seu Espírito em Topeka. Temos ainda em nossas igrejas pessoas que eram

bebes ou crianças pequenas quando todos esses eventos aconteceram, mas

não temos ninguém que possa lembrar o que aconteceu. Pessoas idosas

hoje eram crianças recém-nascidas nas décadas de 1920 e 1930. E essas

crianças poderiam ter tido outras crianças nas décadas de 1940 e 1950, que

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com certeza viriam a se tornar nossos jovens ministros. Seus filhos

nasceram nas décadas de 1980 e 1990 e estão começando a produzir uma

nova geração de ministros para o século XXI... o novo milênio.

Alguns álbuns de família mostram mais de quatro gerações em uma

única fotografia. Ali podemos ver as crianças, os pais, avós, bisavós, mas a

fotografia raramente mostra os tetravôs. No entanto, não somos capazes de

lembrar totalmente nossa primeira infância, e essas lembranças tendem a

diminuir com a idade. Pesquisas apontam que as pessoas com mais de

noventa anos já começam a perder a memória dos oitenta anos. Talvez por

isso a maioria das denominações evangélicas comecem a perder o fôlego

depois dos oitenta anos, pois esse é o limite da nossa memória...

Muitos de nós, no entanto, creem que as Assembleias de Deus

podem perfeitamente quebrar esse padrão. Apesar de nossos problemas

atuais, cremos que temos achado a fonte da juventude. O Movimento

Pentecostal redescobriu a fórmula original do dia de Pentecostes. Tornamo-

nos, de maneira muito significativa, diferentes das outras igrejas. Cremos

profundamente em nosso "manual de instruções", o Novo Testamento, que

passará às gerações futuras. Porque podemos até ter perdido a memória,

mas Deus jamais. Este não é um avivamento baseado na igreja do início do

século XX; este é o avivamento da Igreja Primitiva, a Igreja do Deus vivo

— o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, o único que nunca interrompeu o seu

trabalho através das gerações.

Entretanto, para que tenhamos um novo avivamento, como a Igreja

Primitiva apostólica, ou seja, o cristianismo pentecostal, precisamos

pesquisar as Escrituras e encontrar o que é exatamente necessário para um

avivamento.

Que Grande Dia!

O dia de Pentecostes (cerca de 30 d.C.) mudou o mundo, p

representou o nascimento da Igreja. Naquele dia, milhares de judeus

religiosos de todo o Império Romano estavam em Jerusalém para celebrar a

Festa da Colheita, de acordo com a Lei. Nos tempos mais antigos "o dia das

primícias", como era chamado, era uma festa de agricultores na época da

colheita. No primeiro século, porém, o seu significado mudou. Se

pudéssemos perguntar a Pedro, Tiago e João por que tantas pessoas

estavam no Templo naquele dia, eles responderam por causa da Festa das

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Primícias, de acordo com a Lei que Moisés recebeu no monte Sinai (Êx

34.22; Lv 23.17-20; Dt 16.9,10).

Veja o que está escrito em Êxodo 19.18,19: "E todo o monte Sinai

fumegava, porque o Senhor descera sobre ele em fogo; e a sua fumaça

subiu como fumaça de um forno, e todo o monte tremia grandemente. E o

sonido da buzina ia crescendo em grande maneira; Moisés falava, e Deus

lhe respondia em voz alta".

Agora que sabemos o que eles estavam celebrando, imaginemos a

cena do Templo, onde uma multidão estava em devoção ante a abertura do

pátio. Haviam passado apenas sete semanas desde que Cristo fora morto, e

muitos que criam nEle viram a promessa do Messias ser crucificada junto

com Ele. Mas havia fortes rumores de que Jesus havia se levantado do

túmulo. O apóstolo Paulo conta que cerca de quinhentas pessoas viram

Jesus depois de sua morte e ressurreição (2 Co 16.6).

Diante de tudo isso, ocorria uma comoção em uma área do Templo

chamada porta de Salomão. Lucas descreve a situação em Atos 2.1-4:

"Cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo

lugar; e, de repente, veio do céu um som, como de um vento veemente e

impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas

por eles línguas repartidas, como que de fogo, as Quais pousaram sobre

cada um deles. E todos foram cheios do Espírito santo e começaram a falar

em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem".

Assim como o fogo e o fumo do Monte Sinai envolveram o povo de Israel

quando o Senhor deu-lhes sua Lei, os 120 reunidos ouviram o som de um

"vento veemente e tempestuoso", e "foram vistas por eles línguas

repartidas, como que de fogo . Assim, verdadeiramente as instruções de

Deus a Moisés sobre a festa da Colheita — relatadas no festival do dia de

Pentecostes — marcaram o início do Cristianismo com a colheita de almas,

quando três mil pessoas se converteram para Jesus Cristo. Como numa

nova "versão" do poder divino no monte Sinai, onde Moisés falava e Deus

lhe respondia em voz alta, os 120 começaram a falar em outras línguas

conforme o Espírito Santo lhes permitia que falassem.

Israel se afastou de Deus em alto grau, não guardou os seus ensinos e

assim despertou a ira do Senhor. Muitos ensinamentos da Lei foram

totalmente alterados pela religião, causando muitas perdas, inclusive a da

Page 74: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

proteção e do amor de Deus. O mesmo pode ser dito do Cristianismo

original. Existe somente uma Igreja verdadeira, estabelecida por Jesus e

perpetuada por seus primeiros discípulos. Muitos ensinamentos do

Cristianismo original foram alterados, e são a principal causa da

deterioração da fé e outras perdas, inclusive a das bênçãos de Deus.

Preparação para o Pentecoste

O Movimento Pentecostal, que despertou a Igreja no início deste

século, descobriu que ao voltarmos ao Cristianismo original do Novo

Testamento, obtemos os mesmos resultados que a Igreja Primitiva. Os que

foram despertados por essa verdade receberam o Espírito Santo e falaram

em outras línguas, exatamente como os primeiros cristãos. Ocorreu então, a

renovação de seu entendimento, no que diz respeito à morte e ressurreição

do Senhor Jesus e uma certeza plena quanto à sua promessa de uma

segunda vinda. Pecadores foram salvos, e a Igreja passou a crescer mais e

mais, dia após dia. Pessoas eram curadas, libertas e milagrosamente

protegidas. O louvor era animado e poderoso, e algo de sobrenatural

sempre acontecia em suas reuniões de oração e adoração.

A questão é saber como alcançar esse tipo de cristianismo hoje. Para

isso, levantemos os seguintes tópicos:

1) Nós realmente abriríamos mão de nossas tradições e controles, para

entregar tudo o que temos ao Espírito Santo a fim de que Ele manifeste em

nossas vidas os seus milagres e surpreendentes caminhos?

2) Estaríamos dispostos a expor nossas vidas a Deus e nos arrepender der

dos nossos pecados?

3) Teríamos a coragem de dar liberdade ao povo para que tenha

experiências novas e espontâneas com o Espírito Santo, sem restrições

sociais ou religiosas? Em quantas de nossas igrejas os brados e gritos de

louvor são considerados um problema?

4) Quantos de nós estariam dispostos a clamar — arrepender-se, jejuar e

orar, com orações, súplicas e intercessões?

Algumas das pessoas presentes no cenáculo (At 1.13) estiveram com

Jesus em seu ministério. Ouviram falar de seus ensinamentos e viram seus

milagres. Anos mais tarde, João escreveu: "O que era desde o princípio, o

Page 75: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado e as nossas mãos

tocaram na Palavra da vida... o que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos,

para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o

Pai e com seu Filho Jesus Cristo" (1 Jo 1.1-3). João, de maneira muito

clara, coloca sua experiência no Cristianismo como um modelo para nossa

comunhão nos dias atuais.

Os discípulos de Jesus presenciaram sua morte e ressurreição. A cruz

e o túmulo vazio realmente mudaram as suas vidas. Então, quando

receberam a grande comissão, partiram e espalharam o Evangelho sobre

toda a terra, logo após a ascensão de Jesus e as palavras dos anjos, que

disseram: "Varões galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus,

que entre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu

o vistes ir" (At 1.11). Suas experiências com Jesus Cristo ainda estavam

bem frescas em suas mentes, e assim se juntaram para que, em unidade,

pudessem orar e clamar pela presença de Deus. Orar significa conversar

com Deus através de palavras, e suplicar é elevar o coração a Deus através

das emoções. Como os dois lados de uma moeda, fé e sentimentos são dois

elementos inseparáveis a vida cristã. Tanto o desejo de orar ardentemente

como o de suplicar a Deus são pré-requisitos para uma experiência

pentecostal.

Para termos um real e pleno avivamento pentecostal, necessitamos a

mesma preparação dos apóstolos:

1) ter a personalidade influenciada e envolvida com Jesus Cristo,

absorvendo completamente os seus ensinamentos nos evangelhos;

2) experimentar a vergonha e a dor da cruz;

3) testemunhar a poderosa ressurreição de Jesus Cristo;

4) proclamar que Cristo ascendeu aos Céus e intercede por nós diante

do trono de Deus;

5) estar envolvido e em comunhão com a unidade da igreja;

6) unir-se a outros em oração e súplicas;

7) aceitar as manifestações sobrenaturais do Espírito Santo quando

elas ocorrerem.

Page 76: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

Muitos falam de avivamento, mas, quando ele chega, ficam com

medo de participar. Temos treinado e permanecido nas linhas de frente e,

como curiosos espectadores, temos percebido que, como povo de Deus,

ainda não estamos preparados para a vulnerabilidade de um envolvimento

espiritual. Observamos mais que desfrutamos. Somos mais espectadores

que participantes. A decisão de participar da adoração e não apenas assistir

os outros serem abençoados é a maior barreira a ser rompida, se somos

pessoas que pretendem um avivamento pessoal e em unidade com a Igreja.

Queremos deixar bem claro que o que pretendemos não é apenas um

intenso e forte estado emocional. Entretanto, sem esse envolvimento jamais

o grande avivamento acontecerá. Não temos condições para tanto, mas

Cristo sim. As condições devem seguir a experiência. O avivamento

representa um forte e vivo relacionamento na comunhão com Cristo e sua

Igreja em testemunho para o mundo.

Características Pentecostais

A expressão "perseveravam unanimemente" aparece cinco vezes nos

cinco primeiros capítulos do livro de Atos, o que enfatiza sua grande

importância para que haja um despertamento espiritual.

Glen D. Cole, pastor da Capital Christian Center, em Sacramento,

Califórnia, e presbítero executivo das Assembleias de Deus, comenta:

Um dos grandes fundamentos do avivamento ocorrido em Atos 2

está em "perseveravam unanimemente". O apóstolo Paulo suplica aos

coríntios: "Digais todos uma mesma coisa e que não haja entre vós

dissensões; antes, sejais unidos, em um mesmo sentido e um mesmo

parecer" (1 Co 1.10). A força do Cristianismo está na unidade! Com muita

clareza, 2 Coríntios 12.20 mostra-nos a importância de sermos muitos

membros em um só Corpo.

O primeiro grupo em atividade na Igreja Primitiva permaneceu

durante um longo tempo em súplicas e orações. A primeira condição da

Igreja foi de plena unidade, ou seja, perseveravam unanimemente. A

primeira experiência espiritual da Igreja Primitiva foi o batismo no Espirito

Santo. E a primeira atitude espiritual da Igreja foi a de falar em outras

línguas - ou seja, línguas que não conheciam e jamais haviam estudado.

Muitos dos presentes confirmaram a origem daqueles sons: eram suas

Page 77: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

próprias línguas, a linguagem de seus países: "Como pois os ouvimos, cada

um, na nossa própria língua em que somos nascidos?" (At 2.8). Tão

poderosa foi aquela experiência e tão "perdidos no Espírito" ficaram os

cristãos, que a primeira impressão que as outras pessoas tiveram foi a de

que todos estavam bêbados. Creio que isto pode nos dar uma ideia do que

podemos esperar de uma igreja verdadeira e cheia do Espírito Santo!

A experiência de falar em outras línguas é um grande milagre. E este

é um argumento indiscutível. Afinal, é impossível falarmos uma língua que

nunca aprendemos. E mais, tem sido grande, muito grande, o número de

casos de pessoas de outros países que declaram categoricamente ter ouvido,

através de pessoas que falavam em outras línguas, seus idiomas de origem.

A evidência do falar em outras línguas é uma prova incontestável que o

Senhor nos deu sobre o Espírito Santo. Ela não pode ser imitada ou

falsificada.

Os primeiros cristãos que foram cheios do Espírito Santo falaram em

outras línguas sobre as maravilhosas obras de Deus (At 2:11 E, quando se

aperceberam e olharam em volta, viram uma multidão de não-salvos. Então

pararam de falar em outras línguas e começaram a ministrar a Palavra com

poder e autoridade, numa linguagem comum a todos. Essa característica de

voltar da experiência espiritual em prol do evangelismo é o cerne do

Pentecostalismo .Pedro convocou as pessoas para o altar, e três mil

foram salvas, a Palavra Pentencostal" sempre produz no coração das

pessoas uma resposta rápida, que com certeza frutificará no futuro. Depois

de serem batizados nas águas, todos os novos-cristãos receberam a

experiência do batismo no Espírito Santo, da mesma forma que o primeiro

grupo (At 2.38).

Algo de sobrenatural acontecia todas as vezes que os cristãos do

Novo Testamento se reuniam. Poderosas libertações, curas e alguns

milagres. Mensagens tremendas e ungidas pelo Espírito Santo. E não

podemos deixar de falar de suas próprias vidas, pois não há maior milagre

que a salvação da alma com a transformação do pecado em santidade. Esse

é um aspecto importantíssimo, que algumas igrejas de hoje perderam

porque trocaram a glória de Deus por símbolos abstratos. Temos realizado

verdadeiros encontros sobre Jesus, e não com Ele. Jesus disse: "Porque

onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio

Page 78: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

deles" (Mt 18.20). Então é possível desfrutar experiências sobrenaturais em

todas as nossas reuniões!

Podemos viajar pelo livro de Atos dos Apóstolos e observar, caso por

caso, todas as experiências sobrenaturais que acompanharam a Igreja com

poder e autoridade - curas milagrosas, expulsão de demônios e muito mais.

Tais sinais e maravilhas são resultados normais do nível de envolvimento

espiritual da Igreja. E tudo aconteceu porque dois elementos atuaram

juntos: a expectativa pelo sobrenatural e, acima de tudo, a evangelização.

Às vezes nos questionamos, querendo saber por que bons cristãos sofrem e

ficam doentes. Pois bem, não deveria ser assim. Um estudo do Novo

Testamento nos mostra a forte conexão entre pregar o Evangelho e

presenciar milagres; entre evangelizar e ver o sobrenatural. A cura divina

não nos foi entregue para substituir o bom senso e os cuidados médicos! A

cura divina é um verdadeiro suporte para a pregação do Evangelho.

Após dizer aos discípulos que fossem pregar o Evangelho, Jesus

disse: "E estes sinais seguirão aos que crerem: em meu nome expulsarão os

demônios; falarão novas línguas; pegarão nas serpentes; e, se beberem

alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum, e imporão as mãos sobre

os enfermos e os curarão" (Mc 16.17,18). Em resposta, os primeiros

cristãos "tendo partido, pregaram por todas as partes cooperando com eles

o Senhor e confirmando a Palavra com os sinais que se seguiram" (Mc

16.20). Os milagres ocorrem sempre no contexto de vidas vitoriosas.

Adicione a isso uma expectativa de ver os milagres e eles acontecerão! A fé

é uma necessidade constante na vida cristã, mas é muito mais fácil crer no

impossível quando existe uma atmosfera avivamento pentecostal!

A Evidência Física Inicial

Depois de tudo isso, é importante explicar a todos os que estudam a

Palavra que não devem misturar as coisas. Alguns estudiosos afirmam que

livro de Atos não deve ser usado como base doutrinária, pois trata-se

apenas de uma narrativa. Isto é errado! Em primeiro lugar, porque "toda

Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir,

para corrigir, para instruir em justiça, para que todo homem de Deus seja

perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra" (2 Tm 3.16). Sim, o

apóstolo Paulo estava falando do Antigo Testamento, mas uma das

Page 79: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

primeiras e básicas convicções da fé cristã é a de que o Novo Testamento

faz parte das Escrituras e deve ser aceito como Palavra de Deus.

Em segundo lugar, tais estudiosos estão errados porque a maioria dos

livros da Bíblia são narrativas e fazem parte de "toda Escritura".

Realmente, o livro de Atos é uma narrativa histórica, e isto só aumenta a

sua credibilidade. Os evangelhos também são narrativas. Será que os

ensinamentos de Jesus também não podem ser utilizados como base

doutrinária?

A terceira razão que comprova o erro dessas críticas reside no fato de

que, pensando-se assim, a Bíblia toda ficaria invalidada. Se aceitarmos o

julgamento de que as narrativas não servem, então deixaremos o livro de

Salmos, porque é poesia; os profetas, porque são profecias; as epístolas,

porque são cartas particulares; e até o Apocalipse, porque não foi revelado!

O que tentam fazer é remover nossas evidências, pois o falar em

línguas e uma prova física do batismo no Espírito Santo. Coloquemo-nos

numa posição pentecostal, racional e inteligente para entender tudo na

lógica Eis a Igreja Primitiva é um modelo para a Igreja de todas as épocas

primeira coisa que os cristãos fizeram, depois que foram cheios do Espírito

Santo: "Começaram a falar em outras línguas, forme o Espírito lhes

concedia que falassem" (At 2.4). Logo, a primeira coisa que faremos

quando formos cheios do Espírito Santo será falar em outras línguas.

Dizemos que o falar em outras línguas é a primeira evidência física do

batismo no Espírito Santo porque foi a primeira coisa que aconteceu

quando a Igreja Primitiva ficou cheia do Espírito. É racionalmente física

porque é algo definido e particular realizado pelos cristãos. Algumas

pessoas questionam isso, dizendo que foi uma experiência exclusiva dos

discípulos. No entanto, para utilizar este argumento, seria preciso

acrescentar o termo "eles" ao texto. Mas Atos 2.4 não deixa nenhum espaço

para tais inserções. Naturalmente, existem outras evidências do batismo no

Espírito Santo, mas não precedem o falar em outras línguas. Não podemos

negar também experiências espirituais na vida das pessoas, porém, da

mesma forma, elas não podem chamar suas experiências subjetivas de

batismo no Espírito Santo, se não se parecem com Atos 2.4. Esse é o

padrão original, e não deve ser mudado.

Page 80: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

Jesus deparou-se com duas correntes praticantes do judaísmo: os

fariseus, legalistas que não aliviavam ninguém quanto ao obedecer a Lei,

colocando cargas ainda mais pesadas, e os saduceus, liberais que não

acreditavam em muita coisa, inclusive na ressurreição, vida após a morte e

existência de anjos. Hoje, ainda encontramos legalistas e liberais que, além

de não cooperarem, contribuem para a destruição da nossa fé. E é por isso

que podemos afirmar: Sim! O livro de Atos pode continuar e permanecerá

sendo usado como base doutrinária.

Os Dons do Espírito Santo

Em 2 Coríntios 12.1-10, o apóstolo alista os nove dons do Espírito

Santo. Depois, falando de como é importante que venhamos a conhecer tais

coisas, Paulo diz que essas manifestações sobrenaturais não provêm de

diferentes espíritos, como creem os idólatras, mas de um único Espírito. Os

dons não residem nas pessoas, mas manifestam-se através da operação do

Espírito Santo na vida delas. Não é correto dizer: "Tenho o dom da cura". É

melhor dizer que toda a Igreja possui o dom da cura, que se manifesta

através da operação do Espírito Santo na vida daqueles que têm uma fé

mais produtiva nesta área. Entretanto não podemos deixar de admitir que,

se uma pessoa foi usada pelo Espírito Santo na manifestação de um

determinado dom espírito para esta mesma pessoa é muito mais fácil

ministrar da mesma forma e revelar o mesmo dom em outras situações. E,

todo cristão deveria estar apto para manifestar os dons do Espírito Santo de

acordo com as necessidades do corpo de Cristo.

Paulo declara: "Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um

para que e for útil" (1 Co 12.7). É isso mesmo! Os dons do Espírito Santo

se manifestam através das pessoas, mas devem servir a toda a igreja! Em 1

Coríntios 14, somos informados de que a maior parte deles devem ser

utilizados durante a ministração no Corpo. E, para tornar ainda mais claro,

Paulo escreve: "Porque a um, pelo Espírito, é dada a palavra da sabedoria; e

a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência; e a outro, pelo mesmo

Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar; e a outro, a

operação de maravilhas; e a outro, a profecia; e a outro, o dom de discernir

os espíritos; e a outro, a variedade de línguas; e a outro, a interpretação das

línguas" (1 Co 12.8-10).

Page 81: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

Basta que se leia esta passagem e a lista de dons espirituais para causar

problemas em muitas igrejas hoje. Muitos falam em um Deus todo-

poderoso, mas quando Ele ameaça fazer alguma coisa realmente poderosa,

logo entram em choque e se escondem, pois se consideram muito fracas.

Uma igreja verdadeiramente pentecostal não somente crerá em tais

ocorrências como também ensinará suas ovelhas a buscarem os dons e

praticá-los de acordo com as necessidades.

Podemos dividir os dons do Espírito Santo em três categorias

básicas, com três dons cada: dons de conhecimento, dons de poder e dons

de expressão:

Dons de conhecimento Palavra da sabedoria

Palavra da ciência

Discernimento de espíritos

Dons de poder Fé

Dons de cura

Operação de maravilhas

Dons de expressão Profecia

Variedade de línguas

Interpretação de línguas

A palavra da sabedoria ocupa o primeiro lugar da lista porque é

necessária à operação e utilização de todos os outros dons. Por exemplo:

uma pessoa pode ter recebido uma profecia de Deus, mas é o dom da

sabedoria que decidirá quando entregar a mensagem. E, quando vários dons

estão atuando, a palavra da sabedoria é o termômetro que controla a todos.

Quando nos pegamos totalmente envolvidos com o Espírito Santo e vemos

que várias coisas estão acontecendo por nosso intermédio, porém fugindo

do controle da nossa mente, então a palavra da sabedoria nos auxiliará para

que aprendamos a colocar tudo em ordem.

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A palavra da ciência envolve a revelação de um determinado assunto,

milagrosamente, sem conhecimento prévio. O Espírito Santo revela

informações importantíssimas aos cristãos, de forma particular, em

momentos de alto envolvimento espiritual, como por exemplo quando

oramos ou pregamos. Tenha-se muito cuidado com sua aplicação. Algumas

pessoas usam muito mal este dom. Dizem: "Tenho uma palavra do Senhor

para você!"

Uma das diferenças básicas no relacionamento entre o homem e

Deus, no Antigo e no Novo Testamento, está justamente no fato de hoje

não precisarmos mais consultar profetas ou videntes para receber uma

palavra de Deus. Temos acesso direto ao trono de Deus. O Espírito Santo

pode falar de muitas maneiras e até usar outras pessoas para confirmar a

vontade do Pai para nossas vidas, mas Ele sempre falará pessoalmente

conosco. Esse é o maior propósito do batismo no Espírito Santo.

Os dons de conhecimento são chamados "palavra..." porque são para

ocasiões específicas. As pessoas usadas para manifestá-los podem não

fazê-lo sempre. Nenhum dos dons espirituais implica em dizer que há uma

constância na operação, mas operam em situações particulares.

O dom de discernimento de espíritos, também chamado apenas dom

de discernimento, tem a função de indicar ao cristão o que está acontecendo

no mundo espiritual. É difícil distinguir entre este dom e a palavra da

ciência, mas de modo geral, podemos considerar o dom da palavra da

ciência uma revelação dos fatos, e o discernimento, uma revelação do que

está acontecendo espiritualmente. Podemos dizer que a palavra da ciência

opera no mundo físico e mental, enquanto o discernimento relata a

atividade espiritual. De forma alguma deve ser utilizado em benefício

próprio, mexericos, calúnias ou para simular um nível espiritual "superior".

Pelo contrário, é um dom que normalmente se manifesta quando

demonstramos carinho, respeito, humilhação e compaixão.

Os dons da fé, curas e operação de maravilhas sobrepõem-se aos

outros e, em muitos casos, atuam em conjunto. Há momentos em que o

Espírito Santo concede a cristãos ungidos uma nova porção de fé para que

possam realizar a sua vontade. As Escrituras não mencionam o dom de

cura, mas dons de cura, porque Deus trabalha de muitas maneiras para que

haja a cura na vida de uma pessoa: instantaneamente, progressivamente ou

Page 83: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

através de outras formas como um tratamento médico. Curas imediatas

serão mais constantes em tempos de avivamento. A operação de maravilhas

difere das curas nos efeitos. Uma cura é um milagre. Paulo chamou este

dom, literalmente, de "realização de operações poderosas". É um dom que

cobre grande parte do que acontece nas reuniões pentecostais.

Os dons de expressão são identificados com mais facilidade porque

são falados e, assim, mais óbvios para todos, enquanto que os outros dons

podem estar atuando no meio da igreja sem que as pessoas sequer

percebam. O dom de profecia é uma revelação direta e profunda do Espírito

Santo. A pessoa pode exercer este dom no meio da igreja em voz alta -

mais uma vez, valendo-se do dom da palavra da sabedoria. Na maioria das

vezes, o dom de profecia é exercido através de uma pregação ungida pelo

Espírito. Muitos sermões são excelentes, baseados na Bíblia e muito bem

preparados. Mas a profecia é a palavra entregue por homens que se

colocam diante de uma necessidade imediata da igreja e ministram uma

palavra de Deus que, para outras pessoas, seria impossível sequer imaginar.

Os dons de variedades de línguas e interpretação sempre devem

trabalhar juntos. O dom de variedade de línguas produz no cristão a

capacidade de falar em uma língua que nunca ouviu. Algumas pessoas

costumam fazer uma série de sons estranhos, mas que jamais serão uma

linguagem real; esse é um milagre que não pode ser falsificado. Este dom

de variedade de línguas, difere do falar em línguas que a maioria dos

cristãos pratica, porque é para toda a igreja e deve ser interpretado como

uma mensagem do Senhor. E, como as profecias, deve ser acompanhado do

dom da palavra da sabedoria. Já o dom de interpretação de línguas pode

atuar através da mesma pessoa, mas certamente terá mais crédito se uma

outra interpretá-lo. Alguns cristãos acreditam que o dom de profecia é uma

combinação do dom de variedade e o de interpretação de línguas. Em

alguns casos, pode até ser verdade, mas estes dons são identificados com

mais facilidade que os outros. Já no dom de profecia, Deus pode falar

através da pessoa tudo o que quiser, e jamais identificaremos a origem de

todo aquele conteúdo.

Você deve estar notando que estamos falando há um bom tempo

sobre as manifestações do Espírito Santo. Sabe por quê? Porque a operação

dos dons do Espírito Santo são fundamentais para que venha o avivamento.

Um novo despertamento ocorre quando estamos envolvidos pela

Page 84: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

manifestação dos dons espirituais durante o culto. E o pastor que realmente

deseja um avivamento precisa tornar-se espiritualmente alerta e aprender a

lidar sozinho com os dons do Espírito Santo, antes que manifestações

espirituais venham a ocorrer e interrompam os cultos e programações.

Quando ambos, pastor e rebanho, estão no Espírito, entendemos a

admoestação de Paulo: "Mas faça-se tudo decentemente e com ordem" (1

Co 14.40).

O Fruto do Espírito

Há muita confusão no Movimento Pentecostal quanto ao fruto do

Espírito Santo apresentado em Gálatas 5-22: "Mas o fruto do Espírito é:

caridade, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão e

temperança". A confusão está aqui. Alguns cristãos acreditam que, se este é

o fruto do Espírito Santo, então o receberam quando foram batizados no

Espírito Santo. Isto é um erro que podemos constatar facilmente nos versos

seguintes: "E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões

e concupiscências". Eis a resposta — o fruto é para as pessoas que foram

salvas e vivem conscientemente vidas santificadas.

Os dons do Espírito Santo se manifestam em ocasiões específicas,

enquanto que o fruto começa a transparecer quando os cristãos entram em

processo de crescimento e amadurecimento. Naturalmente, devemos

lembrar que, na época do Novo Testamento, os cristãos nascidos de novo

foram batizados no Espírito Santo. E, se estamos entrando em um

verdadeiro processo de avivamento, precisamos aprender a separar as

coisas.

Há uma certa similaridade entre os nove dons espirituais e os nove

frutos do Espírito Santo. Assim como o dom da palavra da sabedoria é

necessário à operação dos demais dons, da mesma forma o fruto espiritual

do amor é necessário a todos os outros. Além de ser necessário em toda

vida cristã, naturalmente.

Ao mesmo tempo, há também uma grande diferença entre as duas

relações. Os dons podem operar em determinadas pessoas ou lugares. Todo

cristão, porém, deve crescer em todo o fruto do Espírito.

A grande verdade é que quando o Espírito Santo encontrar lugar para

atuar em nossas vidas, não precisaremos mais produzir seu fruto por nossos

Page 85: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

próprios esforços ou clamar para que nos use com seus dons. Os frutos e os

dons do Espírito Santo se manifestarão de forma espontânea em uma igreja

em processo de avivamento. Precisamos obter nossas experiências

pentecostais, da mesma forma que a Igreja Primitiva as recebeu - através de

uma vida em comunhão com Cristo, oração e súplicas, e vivendo em

unidade na Casa de Deus.

Page 86: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

7

O que Significa

Ser Pentecostal

Por toda parte e em todas as igrejas, existe hoje um consenso. Todos

concordam que não temos praticado o Pentecoste na mesma proporção em

que o temos usado. Podemos não conhecer totalmente o coração dos nossos

antepassados, mas estamos cientes de que perdemos o essencial no que diz

respeito a sermos pessoas repletas dos propósitos divinos.

É tempo de levar todo o nosso povo de volta ao Senhor, a fim de

buscar um novo avivamento pentecostal e insistir no verdadeiro

Cristianismo, o do Novo Testamento, que foi ensinado por Jesus e entregue

às outras gerações pelos apóstolos.

O Preço do Pentecoste

No dia de Pentecostes, quando todos observaram a primeira mani-

festação poderosa do Espírito Santo, perguntaram: "Que quer isto dizer?" E

Pedro respondeu: "Isto é o que foi dito pelo profeta Joel". E começou a

citar Joel 2.28-32, dizendo que Deus derramaria o seu Espírito sobre toda a

carie, e os filhos e as filhas profetizariam, e os jovens teriam visões, e os

velhos teriam sonhos. Pedro mostrou que sinais e maravilhas

acompanhariam estas coisas, a fim de que o povo de Deus pudesse

proclamara salvação por todo o mundo.

A igreja pentecostal não foi projetada para ser um ramo do

Cristianismo, mas o tronco da árvore. Pedro mostrou que o Espírito Santo

seria derramado sobre todos, sem exceção, independente de nível social ou

idade. E disse também que tal promessa seria para todos os salvos,

invocadores do nome do Senhor. Ora, o que percebemos aqui? Que cada

igreja deveria ser pentecostal!

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Estamos perdendo nossas convicções. Hoje estamos mais

esclarecidos, abrindo as nossas mentes e nos comprometendo com todos.

Nossos antepassados pentecostais costumavam dizer que viviam o

Evangelho pleno porque, se algo não era bom para alguns, então não servia

para ninguém. Eles realmente acreditavam que os cristãos que não fossem

pentecostais tanto na fé como no trato estavam completamente errados.

Ao concluir a primeira pregação pentecostal, Pedro diz: "Arrependei-

vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão

dos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. Porque a promessa vos

diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe; a tantos

quantos Deus, nosso Senhor, chamar" (At 2.38,39).

Este é o preço do Pentecoste: uma vida de comunhão e prática com

Jesus Cristo e sua Palavra. Tudo que não seja pleno na comunhão do

Espírito Santo é como se fosse abominação ao Senhor. Precisamos dedicar

por completo ao Senhor todas as nossas forças, todo o nosso coração, nossa

alma e mente.

Como Ser Pentecostal

Vamos esclarecer o que significa ser pentecostal. Nossa definição

deve ser cristalina como a água do rio que corre diante do trono de Deus e

tão simples que qualquer pessoa em qualquer lugar possa entendê-la e

segui-la.

Aqui está: cristãos pentecostais são todos aqueles que creem em

Jesus e no seu Evangelho, que compartilham da mesma fé, experiência e

prática, tendo como prioridade ser como a Igreja Primitiva, que nasceu no

dia de Pentecostes — similar à que nos descreve o Novo Testamento.

E pode ser ainda mais simples. O verdadeiro Cristianismo é o

entecostal. No Novo Testamento, encontramos as nossas convicções,

experiências, práticas e prioridades. A Bíblia é o nosso manual, e a Igreja

Primitiva, o nosso modelo.

Paradigma Pentecostal

Paradigma é um exemplo a ser seguido, um modelo, um padrão a ser

respeitado. É exatamente o que a Igreja Primitiva representa para nós. O

primeiro modelo pode ser adaptado a diferentes culturas e ordens sociais,

Page 88: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

mas a fé, as experiências, as práticas e prioridades continuam sendo as

mesmas.

Por exemplo, todas as pessoas que forem cheias do Espírito Santo

certamente falarão em outras línguas conforme o Espírito lhes conceda que

falem (Àt 2.4). Falar em outras línguas não é apenas um sinal do batismo

no Espírito Santo, mas uma verdadeira evidência física de que o batismo já

ocorreu. Essa experiência será a mesma em todos os lugares, nos variados

estilos, nas línguas nativas, com as pessoas em pé, sentadas ou prostradas.

Fácil adaptação a novas linguagens e culturas também é uma das

características da Igreja Primitiva.

Fica então a pergunta-. Quais os conceitos básicos que jamais devem

mudar?

Crentes Pentecostais

Não é necessário que se faça uma descrição plena da Igreja Primitiva

ou da doutrina apostólica. Apenas é suficiente dizer, que na Igreja Primitiva

os crentes "perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no

partir do pão, e nas orações" (At 2.42). Entendemos assim que o que

começou com a Igreja Primitiva continuou por toda a história da Igreja.

Somos uma igreja que pretende viver repetindo crenças cristãs e atos

de adoração, mas as doutrinas básicas da Igreja Primitiva são vitais para

nós. As doutrinas dos apóstolos não foram escritas por eles, mas a Igrejado

segundo século ainda preservava os conceitos originais e os ensinamentos

tos básicos aprendidos pelos primeiros discípulos. Veja esta tradução de um

texto grego muito antigo:

Creio em um Deus que é Pai Todo-poderoso, Criador dos céus e da

terra, e em Jesus Cristo, seu único filho, nosso Senhor, que nos concedeu o

seu Espírito Santo, nascido da virgem Maria, julgado por Pilatos, foi

crucificado, morreu e foi sepultado. Ele desceu ao inferno e ao terceiro dia

ressuscitou, e se assentou à destra de Deus Pai Todo-poderoso, de onde virá

para julgar a todos, vivos e mortos. Creio no Espírito Santo, na santa Igreja,

na comunhão dos santos, no perdão dos pecados, na ressurreição do corpo e

na vida eterna. Amém.

É claro que, quando lemos "a santa Igreja", entendemos que se refere

a Igreja de Jesus Cristo em todas as épocas e em todos os lugares. O termo

Page 89: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

"a comunhão dos santos" foi uma adição posterior ao Credo dos Apóstolos,

e devemos entender que ele se refere à comunhão que, em todas as épocas,

enquanto nascerem, viverem e morrerem cristãos, levará os santos a viver

com Cristo nos Céus.

Esses eram os conceitos básicos da Igreja Primitiva, que os cristãos

aprenderam dos apóstolos. E são ainda as doutrinas básicas do Cristianismo

verdadeiro em todos os lugares. Quando dizemos que cremos no Espírito

Santo, isto inclui todo o Novo Testamento, inclusive as palavras do Espírito

que nos levaram a Jesus Cristo, convencendo-nos dos pecados, nos

conduziram ao Senhor, fizeram com que sentíssemos a santa e gloriosa

presença de Deus, nos deram novas línguas, envol-vendo-nos em unidade,

ministraram às nossas vidas através dos dons espirituais e nos guiaram às

muitas portas celestiais!

A doutrina apostólica está basicamente centralizada na vida, morte,

ressurreição e volta do Senhor Jesus Cristo. Esse é efetivamente o conceito

que chamamos de evvanggélion — Evangelho, ou Boas Novas. Havia

também o que eles chamavam kêrugma, a ministração da Palavra pelos

apóstolos. A terceira fonte de doutrina eram os escritos deixados pelos

apóstolos e outros irmãos da Igreja Primitiva. E, finalmente, as escrituras

referentes ao Antigo Testamento, que todos aceitavam como inspiradas por

Deus. Hoje, temos tudo isso na Bíblia, uma fonte inesgotável de conceitos e

padrões de conduta. O apóstolo Paulo escreve aos gálatas-. "Mas, ainda que

nós mesmos ou anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já

vos tenho anunciado, seja anátema" (GJ 1.8).

Experiência Pentecostal

Muitos pentecostais aceitam apenas quatro doutrinas fundamentais-

salvação, batismo no Espírito Santo, cura divina e a volta de Jesus.

Realmente são eventos espirituais, por serem baseados na doutrina

apostólica . Mas a fé precede a experiência. Eles não falam de outros

elementos teológicos essenciais como a natureza de Deus e a interação da

Bíblia- E também não mencionam aspectos comuns, que produzem fé

suficiente para que as experiências aconteçam, ao povo de Deus. Não falam

do batismo nas águas, da Santa Ceia, das orações respondidas da unção

espiritual, dos sinais e maravilhas ou da expulsão dos demônios — tudo

vital e comum na Igreja Primitiva.

Page 90: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

O povo pentecostal tem sido conduzido sempre por suas experiências. No

dia de Pentecostes, Pedro disse: "Arrependei-vos, e cada um de vós seja

batizado... para perdão dos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo"

(At 2.38). Isto envolve todas as experiências.

As pessoas mo são salvas meramente por se juntarem à igreja ou

aceitarem suas doutrinas, mas porque se arrependem dos seus pecados e

aceitam a Jesus Cristo como seu salvador e Senhor. A salvação é uma

experiência única que ocorre em um momento e lugar particular, trazendo

consigo outras experiências que, da mesma forma, estão bem definidas: o

batismo nas águas e o batismo no Espírito Santo.

Havia uma clara relação entre a Páscoa e o Pentecoste. O dia de

Pentecostes ocorria cinquenta dias após a Páscoa e representava uma

celebração pelas primícias, segundo a Lei entregue no monte Sinai (a

abertura da estação destinada à colheita). Daí "pentecoste", palavra grega

que significa "cinquenta". E, como Deus fez cair fogo dos céus e fumo

quando entregou a sua Lei sobre o monte, da mesma forma enviou um

poderoso vento e línguas de fogo sobre o Templo, no monte, quando

desceu o Espírito Santo.

No dia de Pentecoste, todos foram cheios do Espírito Santo e raiaram

em outras línguas (At 2.4), por isso cremos que Deus preparou aquela

experiência para todos os cristãos.

Em muitas ocasiões, a Igreja Primitiva experimentou sinais e

maravilhas, curas divinas, libertações milagrosas e a expulsão de demônios

após Jesus conceder a Grande Comissão: "Ide por todo o mundo e pregai o

Evangelho a toda a criatura" (Mc 16.15). E Jesus continua: "E estes sinais

seguirão aos que crerem: em meu nome expulsarão os demônios; falarão

novas línguas; pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa

mortífera, não lhes fará dano algum; e imporão as mãos sobre os enfermos

e os curarão" (Mc 16.17,18). Alguns escritos de Marcos não contêm esta

passagem. No entanto, não há nenhuma dúvida de que esta Palavra foi dada

em uma época onde as pessoas ouviram diretamente o que Jesus disse. Eles

esquecem que é comum, nos escritos muito antigos, perderem-se as

primeiras e as últimas páginas. E além do mais, esta passagem foi escrita

com o mesmo vocabulário e estilo do restante do Evangelho de Marcos.

Page 91: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

Mas esta Palavra não ensina que devemos sair por aí procurando

demônios para expulsar. Porém, quando a necessidade surgir, devemos

estar prontos para fazê-lo na autoridade do nome de Jesus Cristo. E, quanto

mais andarmos na luz, maior será o nosso confronto com as forças das

trevas.

Jesus disse que os cristãos falariam em novas línguas. Esse deve ser

o sinal do verdadeiro Cristianismo. Se não existissem outras passagens na

Palavra indicando o falar em línguas, estas palavras de Jesus seriam

suficientes.

Quanto a colocar as mãos sobre serpentes e beber coisas mortíferas,

Jesus estava prometendo uma proteção sobrenatural para quando

precisássemos encarar perigos naturais ou ameaças humanas... enquanto

cumpríssemos o mandamento de levar adiante a Grande Comissão.1

Finalmente, a cura pela imposição de mãos deve ser uma prática

constante no Cristianismo. A cura de doenças foi uma prática proeminente

durante o ministério de Jesus e também no de seus primeiros discípulos e

deve continuar a ser notável em nossos ministérios hoje! Se Jesus nos

mostrou repetidas vezes que as curas divinas eram um verdadeiro suporte

ao seu ministério, como pretenderíamos sucesso deixando de lado tais

práticas? Em quantas de nossas igrejas os pastores têm o costume de impor

as mãos sobre os enfermos?

• Sim, a Igreja Primitiva vivia da orientação divina e de suas experiências

com Deus, e os cristãos pentecostais precisam continuar a viver desta

forma em nossos dias. As pessoas necessitam de salvação, porque precisam

ser cheias do Espírito Santo e falar em outras línguas, não somente porque

fizeram um círculo de amizades em nossas igrejas, nem tampouco por

identificarem-se com elas. Precisam ser curadas, não apenas aconselhadas e

ensinadas a conviver com suas deficiências e problemas. E algumas delas

precisam ser libertas da opressão de demônios.

Práticas Pentecostais

Nosso Senhor estabeleceu duas ordenanças à Igreja.- o batismo nas

águas e a Ceia do Senhor. O batismo nas águas deve seguir o arrependi-

mento como um cerimonial; o mergulho nas águas é uma identificação

pessoal com a morte e ressurreição do Senhor Jesus Cristo, "batizando-as

Page 92: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

em nome do Pai, e do filho, e do Espírito Santo" (Mt 28.19). A Ceia

representa a mesa do Senhor, onde todos os cristãos identificam-se com o

corpo partido de Jesus e o seu sangue derramado. Jesus disse: "Fazei isto

em memória de mim" (Lc 22.19). Não devemos apenas experimentar tais

práticas, mas realmente aplicá-las com toda pureza e adoração.

Todas as práticas apostólicas eram constantes na Igreja Primitiva:

1. Eles perseveravam unânimes. "E, perseverando unânimes todos os dias

no templo e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza

de coração, louvando a Deus e caindo na graça de todo o povo. E todos os

dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar" (At

2.46,47). O apóstolo Paulo diz: "Não deixando a nossa congregação como é

costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros" (Hb 10.25). As

reuniões nas igrejas primitivas eram intensas e constantes, as necessidades

do povo eram atendidas pelo poder de Deus, através de milagres, e a

Palavra era ministrada com autoridade.

2. Eles permaneciam em orações e súplicas. Aqui temos a base de ensino

para a manutenção da genuína oração pentecostal. Orar significa falar com

Deus. Quando os discípulos pediram a Jesus que os ensinasse a orar, Ele

disse: "Pai nosso que estás nos céus..." (Mt 6.9). Por outro lado, suplicar

significa humilhar-se e clamar. É preciso agir com intensidade emocional e

posicionamento. Orar e suplicar significa colocar-se diante do Senhor com

humildade e devoção. Esta é a forma de oração tipicamente pentecostal.

3. Eles pregavam. Pedro pregou às autoridades de Israel, no dia de

Pentecostes e na casa de Cornélio. Estêvão pregou aos gregos conhecidos

como "sinagoga dos libertinos". Paulo pregou por todos os lugares onde

passou. E as pregações, na maioria das vezes, falavam a respeito das

Escrituras e suas aplicações práticas ao cotidiano — um estilo de vida que é

revivido pelas pregações pentecostais, hoje.

4. Eles faziam convocações ao altar. Os sermões dos apóstolos sempre

conclamavam os ouvintes a praticarem a Palavra com arrependimento,

batismo nas águas e batismo no Espírito Santo (At 2.38). As pregações

sempre produziam resultados. Era só aplicar os sermões, chamar o povo à

ação e dar oportunidade para que respondessem. Na Igreja Primitiva não

havia santuários, púlpitos ou palcos. Em suas reuniões havia arrependi-

mento de pecados, pessoas eram batizadas e experimentavam o vento e o

Page 93: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

fogo do Espírito Santo. Elas eram cheias de unção, falavam em outras

línguas, sentiam o local no qual se reuniam se agitar, confrontavam o

pecado e a decepção e recebiam a direção de Deus para suas vidas. As

reuniões dos cristãos eram eventos dinâmicos de pessoas cheias do Espírito

que aguardavam as coisas sobrenaturais acontecerem. Em todos os casos

onde a Bíblia cita o falar em outras línguas, havia cristãos reunidos. E era

assim que "acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar"

(At 2.47).

5. Eles praticavam o batismo nas águas e a Ceia. Praticavam com muita fé

estas ordenanças. Todos os cristãos eram batizados e, assim, participavam

da comunhão regularmente. Nós, pentecostais, temos sido na maioria das

vezes altamente informais em nossa adoração. Precisamos encarar com

mais seriedade o batismo e a Ceia, dando-lhes um tratamento mais

apropriado e o respeito que tais cerimônias merecem.

6. Eles criam em curas e na expulsão dos demônios. Os primeiros cristãos

davam muita ênfase aos milagres. Com muita propriedade, o Espírito Santo

sempre atraía pessoas para ouvir as mensagens, e, na maioria dos casos, os

cristãos acreditavam nos milagres por misericórdia ou porque a situação

pedia um sinal sobrenatural. Pedro e João disseram ao homem à porta do

Templo: "Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda" (At

3.6). Note que não oraram pelo homem doente, simplesmente falaram a

ele! Mais tarde, oraram ao Senhor: "... enquanto estendes a mão para curar,

e para que se façam sinais e prodígios pelo nome do teu santo Filho Jesus"

(At 4.30). Tão grandiosas eram as manifestações do poder de Deus que

"transportavam os enfermos para as ruas e os punham em leitos e em

camilhas, para que ao menos a sombra de Pedro, quando este passasse,

cobrisse alguns deles. E até das cidades circunvizinhas concorria muita

gente a Jerusalém, conduzindo enfermos e atormentados de espíritos

imundos, os quais todos eram curados" (At 5.15,16).

Prioridades Pentecostais

A primeira instrução transmitida à Igreja Primitiva foi a de que

deveriam ser cheios do Espírito Santo. Jesus disse aos seus apóstolos: "Eis

que vos envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém,

até que do alto sejais revestidos de poder" (Lc 24.49). Eles não deveriam

sair da cidade enquanto não fossem batizados no Espírito Santo.

Page 94: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

Outra prioridade era a oração. As orações apostólicas eram sempre

acompanhadas por uma outra palavra: "súplicas", ou "jejum". Enquanto se

preparavam para o Pentecoste, os primeiros cristãos permaneciam em

"orações e súplicas" (At 1.14). Os primeiros cristãos "perseveravam na

doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações"

(At 2.42). Atos 13.2 conta que na igreja em Antioquia os cristãos

permaneciam "servindo... ao Senhor e jejuando" (At 13.2). Diante disso,

não há como separar o poder pentecostal das orações, súplicas e jejuns!

Mas existia uma prioridade que era a maior de todas (e por isso eles

se preparavam tanto): pregar o Evangelho. Jesus disse: "Recebereis a

virtude do Espírito Santo que há de vir sobre vós; e ser-me-eis minhas

testemunhas" (At 1.8).

E, quanto mais nos parecermos com a Igreja Primitiva, mais

precisaremos fazer esta escolha. Nossa primeira prioridade deve ser a

salvação das almas perdidas. Da mesma forma que no dia de Pentecostes,

quando os discípulos falavam em outras línguas, Pedro contemplou a

multidão e, em aramaico comum, pregou o Evangelho. E três mil pessoas

aceitaram a Jesus como Senhor e Salvador.

Há uma outra prioridade para a igreja que não podemos esquecer: a

volta do Senhor Jesus Cristo. A Igreja Primitiva já dava a devida

importância a este assunto. Paulo disse: "Nós, os que ficarmos vivos,

seremos arrebatados" (1 Ts 4.17). Mas Cristo não veio em sua época.

Aparentemente não tinham ideia de quantos eram, e muito menos a noção

exata do que significava pregar o Evangelho a toda criatura. A Igreja

Primitiva não conseguia imaginar que ainda sobreviriam tantos séculos ou

que alguma geração fosse capaz de rejeitar o Pentecoste natural que lhes

fora dado com poder e autoridade.

Um Avivamento Pentecostal

Não existe um meio-termo entre ser pentecostal e viver em outras

formas de cristianismo. Devemos ter cuidado com tudo o que é diferente,

pois não há opções bíblicas apenas "próximas" do modelo original. Ou

somos pentecostais ou não somos.

Não devemos dar ouvidos aos críticos, estudiosos e pessoas confusas

que vêm constantemente falar-nos sobre a fé pentecostal, como também

Page 95: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

devemos nos afastar das fraudes e abusos, que escarnecem do poder

pentecostal, tentando deturpar o que devemos ser e fazer. Não devemos nos

envolver com tais pessoas. Estes são os tempos trabalhosos aos quais o

apóstolo Paulo se referiu; pessoas que, "tendo aparência de piedade, mas

negando a eficácia dela" (2 Tm 35)-Existe apenas um único Cristianismo,

que foi vivido pela igreja pente¬costal apostólica.

Há muito tempo a Igreja vem se aproximando da sociedade, e seus

padrões começam a fundir-se com os do mundo. Chegou a hora de ambos

se desassociarem. Nunca nos defrontamos com uma necessidade tão grande

de avivamento, restauração e revoluções radicais para Jesus Cristo.

Não há nada sequer parecido com o ser pentecostal. Se você deseja

tornar-se um cristão pentecostal, faça-o de coração e integralmente. Não

adote apenas o estilo de vida pentecostal, mas prove também do seu poder.

Dê liberdade ao Espírito Santo para atuar em sua vida, e todas as pessoas

no seu raio de ação responderão a sua voz e serão salvas! A participação de

toda a Igreja é altamente necessária ao culto pentecostal.

Não podemos acordar de manhã e dizer: "Hoje eu vou me tornar um

pentecostal". Porque é mais que uma escolha, é um acontecimento!

Somente uma forte experiência com o Espírito Santo nos torna

pentecostais. Precisamos de um avivamento!

Em seu sermão "Uma Chamada ao Avivamento", o superintendente

geral do distrito de Oklahoma, Armon Newburn, arrebatou nossos

corações:

O que é avivamento? E o mais poderoso despertamento espiritual

que o povo de Deus pode experimentar. Ele reconduz todos os corações ao

Senhor e estabelece a vontade de Deus em nossas vidas. E, nessa volta ao

Senhor, o Pai produzirá um povo santificado, separado e completamente

obediente à Palavra de Deus. E essa obediência à vontade e à Palavra de

Deus produzirá a Igreja verdadeira, que a seu tempo estará participando de

uma colheita de almas que receberam a Cristo por seu precioso sangue.

No fim do século passado e início deste, Deus enviou-nos um

maravilhoso avivamento pentecostal que sacudiu e mudou o mundo. E

agora quer fechar este século com outro, para que a Igreja comece o novo

milênio com uma grande visitação do Espírito Santo!

Page 96: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

Como missionário na Colômbia, David Womak foi curado

completamente de envenenamento em três ocasiões, e todos os cristãos da

Colômbia estavam certos de que isso aconteceria mais vezes. Algumas das

pessoas responsáveis pelos envenenamentos, ao ver que não davam

nenhum resultado, converteram-se ao Senhor e testemunham esses fatos

nas Igrejas até hoje.

Page 97: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

8

Retomo à Santidade

Há um assunto que tem sido um verdadeiro problema para o povo

pentecostal, e tão complicado é citá-lo que temos constantemente hesitado

em falar nele. Ficamos constrangidos quando ouvimos pregações a esse

respeito e, ao lermos sobre isto, não nos detemos. Este assunto é a

santidade, e só nos interessamos por ele quando acompanhado por outro:

justiça.

Talvez isto aconteça por pensarmos que nossa origem no Movimento

da Santidade nos isenta de falarmos no assunto. No entanto, isso é um erro

terrível! O Movimento Pentecostal não é uma ramificação do Movimento

da Santidade, porém mais propriamente o seu natural e lógico cumpri-

mento. Uma ênfase à santidade era necessária antes que o Espírito Santo

fosse derramado sobre a Igreja, e será necessária outra vez para que um

novo despertamento espiritual aconteça!

Havíamos planejado chamar este capítulo "O Avivamento da

Justiça", acreditando serem santidade e justiça sinônimos em nosso

contexto. Mas, pesquisando a Palavra de Deus em oração e abrindo os

nossos corações, descobrimos uma grande diferença entre os dois termos.

No Novo Testamento, eles trazem consigo dois diferentes conceitos. Lucas

175 fala de "santidade e justiça perante ele, todos os dias da nossa vida";

Romanos 6.19, de "justiça para a santificação". E, em Efésios 4.24,

Paulo escreve: "E vos revistais do novo homem, que, segundo Deus,

é criado em verdadeira justiça e santidade". Parece-nos, assim, muito claro

que justiça e santidade são conceitos bíblicos e originalmente diferentes no

grego. Na verdade, a justiça é uma necessidade precursora da santidade.

Por outro lado, no Novo Testamento, "santidade" e "santificação" são

diferentes traduções do mesmo termo grego (hagiasmós, derivado do termo

hagiós, "puro") e significam a mesma coisa. Para ser santo, ou santificado,

Page 98: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

é preciso estar "cerimonialmente", ou "moralmente", limpo, colocando-se à

parte todas as coisas impuras.

Naturalmente, um dos motivos de nossos problemas com a

santificação reside no fato de que os nossos primeiros pentecostais e a

maioria dos nossos irmãos do Movimento Pentecostal cometeram um

grande erro, pensando ser a santificação algo como uma segunda e

definitiva obra de graça, como se o sangue de Jesus fosse insuficiente na

salvação para trazer morte ao velho homem e vida ao novo. Além disso,

eles justificavam tal ideia, dizendo que sua natureza pecaminosa fora

arrancada, não sendo compatível com o seu testemunho. Era humilhante

submeter-se a um estilo de vida santificado e uma verdadeira arrogância

pensar que não se podia pecar. Quando, na verdade, reconhecer a nossa

vulnerabilidade e as nossas fraquezas é a maior força motriz da santidade.

Outra palavra relacionada a ela é "santo", que normalmente aplicamos às

pessoas que vivem uma vida santa. Existe um grande número de palavras

similares: "santificar", "purificação", "pureza", "justo", "justificação" e

"equidade"; todas se referindo à justiça e à santidade.

O Cantinho da Santidade

Não há nada de extraordinário no fato de muitos de nós não

sabermos o que significa a santidade, porque toda a nossa comunidade tem

falhado em mantê-la. O dicionário define santidade como a "qualidade de

quem é santo; pureza" ou "título utilizado pelo papa"; e, para santo, diz.-

"Alguém associado com o poder divino ou com pessoas religiosas e suas

tradições". Estas interpretações estão corretas e podem ser utilizadas dessa

maneira. Mas nossas definições populares não fazem menção a Deus, nem

se aproximam do significado das palavras gregas e hebraicas traduzidas em

nossas Bíblias.

No Antigo Testamento, a palavra hebraica utilizada para santidade é

qôdesh, que veio de qâdash: "aquele que é santo, separado, dedicado ao

serviço do Senhor". Paul S. Rees diz algo interessante: "A ideia original

desta palavra, vista de um ângulo religioso, é de separação e consagração:

separação de tudo o que é comum ou impuro; consagração ao que é divino,

sagrado e puro". Desta forma, santidade sempre envolve separação —

afastar-se completamente do mundo e aproximar-se totalmente de Deus.

Um exemplo que mais facilmente expressa tamanha santidade é o das

Page 99: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

vasilhas que ficavam no Templo. Uma vez no Templo, eram consagradas

ao serviço religioso e não podiam mais ser profanadas, ou seja, não teriam

nenhum contato com o mundo exterior.

As palavras "santo" e "santidade" aparecem mais de 830 vezes no

Antigo Testamento. Isaías, por exemplo, escreveu: "E ali haverá alto

caminho, um caminho que se chamará O Caminho Santo; o imundo não

passará por ele" (Is 35.8). Outro texto que fala sobre santidade está em 1

Crônicas 16.29: "Dai ao Senhor a glória de seu nome; trazei presentes e

vinde perante ele; adorai ao Senhor na beleza da sua santidade"

Como já vimos, no Novo Testamento a palavra "santidade" é

hagiasmós, que também pode ser traduzida como "santificação". Também

já vimos que "santo", significa hágios (puro). Paulo escreveu em Romanos

6.22: "Mas, agora, libertados do pecado e feitos servos de Deus, tendes o

vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna"; 2 Coríntios 7.1:

"Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a

imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de

Deus"; 1 Tessalonicenses 3.13: "Para confortar o vosso coração para que

sejais irrepreensíveis em santidade diante de nosso Deus e Pai, na vinda de

nosso Senhor Jesus Cristo, com todos os seus santos"; e 1 Tessalonicenses

4.7: "Porque não nos chamou Deus para a imundícia, mas para a

santificação". Hebreus 12.10 diz que somos "participantes da sua

santidade", e assim podemos ver em todos estes textos a estreita relação

entre santidade e ser limpo e santo, quanto a esta questão não devem existir

quaisquer dúvidas. Muitas passagens bíblicas, entre admoestações e

mandamentos, falam de santidade, de modo que não podemos ignorar o

assunto. Para quem afirma que a santificação era para o tempo da Lei, Deus

diz: "Porque eu, o Senhor, não mudo" (Ml 3.6). As expectativas de Deus

quanto ao estilo de vida do homem - em santidade - não mudam, sejam

quais forem às culturas, épocas ou condições.

Como uma luz que brilha na escuridão, a Igreja hoje deve retornar ao

ensino bíblico da santidade, respeitando e vivendo o que diz a Palavra:

"Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o

Senhor" (Hb 12.14). Não podemos continuar a pendurar nossa santidade no

armário e trazê-la para fora aos domingos quando vamos à igreja, como se

ela fosse algum tipo de roupa dominical.

Page 100: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

É necessário haver um choro pela santidade para que possa vir o

avivamento.

Tão maçante quanto o tema da santidade é o tópico sobre o

"arrependimento", que se encontra estreitamente amarrado a ela. Você está

enjoado? Acha isso legalismo? Pois bem, esse é o único caminho para a

santidade!

Podemos ver a estreita relação entre santidade e arrependimento no

ministério de João Batista, que precedeu a vinda de Jesus Cristo, clamando:

"Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus" (Mt 3.2). João

Batista veio exatamente como disse o profeta Isaías: "Voz do que clama no

deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas" (Mt

3.3). João Batista não se vestia e nem comia como a maior parte das

pessoas; agia de forma bem diferente, em nome do Senhor - uma ideia que

não era estranha aos cristãos avivados do início deste século. Acho que

ficaríamos chocados se João Batista aparecesse hoje na televisão ou em

nossos institutos bíblicos, pregando o seu severo estilo de vida!1

O primeiro passo para a santidade é o arrependimento, e, para que

tenhamos um eficiente e verdadeiro arrependimento, precisamos criar na

igreja um novo interesse pela oração. Examinemos o ótimo exemplo da

vida do profeta Isaías.

Isaías era um grande profeta e já havia sido maravilhosamente usado

pelo Senhor. No entanto, quando se viu na presença do Deus Todo-

poderoso, arrependeu-se de seus pecados e confessou ser um homem de

lábios impuros e de habitar no meio de um povo de lábios impuros! A

presença de Deus é a própria santidade! Observemos, passo a passo, como

se deu o processo de santificação do profeta, em Isaías 6.1-8:

1. Ele viu o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono. Uma

constante e renovada comunhão com Deus produzirá um crescente

conhecimento e consciência de sua santidade e glória; veremos como o

Senhor é grande e santo. Quando usamos a expressão "santidade"

relacionada a Deus, estamos dizendo que o Senhor está totalmente separado

de tudo o que é comum e impuro.

2. Ele experimentou a adoração ao Senhor. "Santo, santo, santo é o Senhor

dos Exércitos" (Is 6.3). Note que a palavra "santo" é a maior expressão de

Page 101: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

adoração que se pode usar quando se louva ao Senhor! Note também que,

através do louvor, nos aproximamos de Deus. Salmos 22.3 diz.- "Porém tu

és santo, o que habita entre os louvores de Israel". Isaías ouviu os serafins

louvando ao Senhor e viu toda a casa se enchendo de fumaça. Aleluia!

Coisas sobrenaturais acontecem na pre¬sença de Deus! Devemos ter

sempre em nossos corações a expectativa das coisas sobrenaturais que

acontecem quando adoramos ao Senhor — curas, mensagens proféticas,

línguas e interpretações, sermões ungidos e salvação.

3- Isaias sentiu-se, com suas impurezas, culpado na presença de Deus.

Arrependeu-se quando teve uma visão de seu estado espiritual, pois na

presença de Deus, tornou-se consciente de seus pecados e precisou se

arrepender, tão grande é a necessidade de arrependimento, na qual se inclui

todos os cristãos, em todos os níveis e ministérios, porque "todos pecaram e

destituídos estão da glória de Deus" (Rm 3.23). Sim! Somos justificados

Pela fé (Rm 3.24), mas a fé precisa ser refletida na Palavra, nossas atitudes

precisam corresponder a nossa fé. A verdade é que quanto mais nos

aproximamos de Deus, mais precisamos nos conscientizar dos nossos

pecados, aos quais estamos ligados (atitudes erradas); omissão (deixamos

de fazer o que é correto); falta de comprometimento (irresponsabilidade

com o propósito divino).

4. A solução para Isaías era o altar! Um dos serafins voou, trazendo na

mão uma brasa viva que tirara do altar com uma tenaz, e com a brasa tocou

os lábios do profeta. Depois disse: "Eis que isto tocou os teus lábios; e a tua

iniquidade foi tirada, e purificado o teu pecado" (Is 6.7). Aquele era o altar

de incenso, hoje perpetuado pelas "orações incessantes" de que falou o

apóstolo Paulo (Rm 1.9; 1 Ts 2.13; 2 Tm 1.3; cf. Ap 8.3).

Deus pode falar conosco de muitas maneiras e em muitos lugares,

mas os cristãos pentecostais têm um encontro marcado com o Senhor todos

os dias, no altar de oração, onde encontram fogo vivo e perdão. Isaías

também fez outra coisa: confessou publicamente os seus pecados. Existe

algo de muito importante na confissão pública - e confissão pública aqui

não significa expor pessoas publicamente envergonhando-as, mas significa

ajoelhar-se perante o Senhor. A santidade resulta da confissão: sentimos o

peso (culpa pelo pecado), em seguida vem o arrependimento

(reconhecemos que pecamos e confessamos ao Senhor) e o pedido de

perdão (Deus nunca rejeita um coração quebrantado e contrito). Conhecer

Page 102: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

ao Senhor implica em tornar-se como Ele, adotando um estilo de vida

santificado e uma adoração segundo a beleza da sua santidade.

5. Somente após o arrependimento Isaías pôde cumprir sua missão. O

Senhor perguntou: "A quem enviarei, e quem há de ir por nós?" (Is 6.8), e o

agora santificado Isaías respondeu: "Eis-me aqui, envia-me a mim". E

depois escreveu mais 61 capítulos de seu livro, incluindo a maioria das

profecias do Antigo Testamento sobre Jesus! Não podemos trabalhar para

Deus se não nos tornarmos como Ele.

Esse é o centro de nossa identidade cristã. O apóstolo Pedro diz:

"Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de

propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele

que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz" (1 Pe 2.9) -

Precisamos ser um povo santo, separado e completamente dedicado à obra

do nosso Senhor. Isto não tem acontecido. Apesar de alguns cristãos fiéis

estarem vivendo como um povo particular de Deus, a maioria dos

pentecostais tem vivido como um povo apenas particular.

Quanto mais o povo de Deus se dedicar ao Senhor, buscando a sua

presença em oração, mais terá uma conduta restauradora seguida de

completo arrependimento e plena pureza. Então, quando realmente

entrarmos em um novo momento de santidade, o avivamento, enquanto

transcorre, nos encontrará quebrantados. Essa foi, na verdade, uma

antecipação da sequência que o superintendente geral Trask e o presbítero

executivo chamaram anteriormente de "Assembleia Sagrada"; uma reunião

de todos os líderes das igrejas para buscarem ao Senhor em oração, jejum e

arrependimento. Esta ideia está baseada em Joel 2.15: "Tocai a buzina em

Sião, santificai um jejum, proclamai um dia de proibição [assembleia

solene, ARA]". No entanto, devemos divulgar tal admoestação

rigorosamente para não nos esquecermos que o povo de Judá não ouviu o

profeta Joel. Em espírito de rejeição e insubmissão — que na verdade

demonstra uma falta de identificação com o Senhor — eles não tocaram a

trombeta, nem fizeram uma assembleia solene, vindo então o inimigo e

levando-os cativos para a Babilônia.

E as Assembleias de Deus não estão diferentes de Joel. Na verdade,

hoje encaram os mesmos problemas que o profeta enfrentou ao convocar o

povo ao arrependimento. A diferença é que estamos tocando a trombeta e

Page 103: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

temos convocado toda a igreja para que, no mover do vento do Espírito, se

arrependa. Esperamos positivamente que o avivamento traga resultados.

Em Ezequiel 47.1-12, o profeta vê águas que saem de sob o limiar do

Templo e fluem por toda terra seca e sedenta, restaurando a saúde do solo e

fazendo nascer todo tipo de alimento e plantas. No começo, as águas

batiam nos tornozelos de Ezequiel, depois alcançavam os seus joelhos,

mais tarde já estavam na cintura, até chegar ao ponto de cobrir a cabeça e

ninguém mais poder atravessar. O rio dos rios corre díretamente do Santo

dos Santos sobre a Igreja. E nenhum avivamento, em nenhuma época, será

parecido com o que há de vir sobre nós.

Caminhos de Justiça

Se justiça e santidade não são a mesma coisa, então precisamos

aprender a discernir entre as duas. O dicionário diz que justiça significa

Moralmente alto; justo". Então consideremos alguns pontos. Santidade

significa separação, e justiça, "moralmente alto; justo". Enquanto a

santidade fala de consagração e da separação para Deus, ou seja, uma

influência do caráter divino, a justiça fala de um estado humano de

comportamento. Justiça significa 'ser justo; equidade", ou melhor' "fazer

aquilo que é certo".

David Broughton Knox escreve que "justiça" é a tradução direta do

hebraico tsedâkâh e do grego dikaiosúnê: "Originalmente, estas palavras

significam uma vida conforme as normas. E, biblicamente falando estas

normas estão baseadas em uma vida segundo o caráter de Deus". E sobre a

palavra "certo" ele comenta: "No Novo Testamento, a palavra-chave é

dikáios, que significa "de cima", também traduzida algumas vezes como

"justo" e "alto".

O que podemos observar, então? Que santidade significa separar-se

do mundo e unir-se a Deus e justiça é a qualidade do cristão em sua relação

com o próximo. Isso não deveria ser novidade para nós. Afinal, quando

Jesus foi questionado sobre qual seria o maior dos mandamentos,

respondeu: "Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a

tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande

mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo

como a ti mesmo. Desses dois mandamentos dependem toda a lei e os

profetas" (Mt 22.37-40).

Page 104: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

Santidade e justiça — relacionar-se com Deus e com os outros —

significa cumprir integralmente a Palavra de Deus.

Há muitos textos sobre justiça, nas Escrituras:

"Quanto a mim, contemplarei a tua face na justiça; eu me satisfarei

da tua semelhança quando acordar" (SI 17.15).

"Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça por amor

do seu nome" (SI 23.3).

"Semeai para vós em justiça, ceifai segundo a misericórdia; lavrai o

campo de lavoura; porque é tempo de buscar o Senhor, até que venha, e

chova a justiça sobre vós" (Os 10.12).

"Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles

serão fartos" (Mt 5.6).

"Mas buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas

coisas vos serão acrescentadas" (Mt 6.33).

"Vigiai justamente e não pequeis; porque alguns ainda não têm o

conhecimento de Deus; digo-o para vergonha vossa" (1 Co 15.34).

“E essas palavra foram escritas à "igreja de Deus que está em

Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados santos, com todos os

que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor

deles e nosso" (1 Co 1.2).

"E vos revistais do novo homem, que, segundo Deus, é criado em

verdadeira justiça e santidade" (Ef 4.24).

"Toda escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para

redarguir, para corrigir, para instruir em justiça" (2 Tm 3.16).

Viver em justiça significa ter um estilo de vida no qual agimos

corretamente com relação a Deus e ao próximo, ou seja, segundo o caráter

de Deus. Direcionado a Ele e ao próximo. A justiça é uma necessidade na

vida de todo cristão; sua separação do mundo e dedicação ao Senhor é um

pleno sinal de unidade com o Pai. Se há sinais de injustiça entre nós, então

é hora de parar e retornar aos princípios do nosso justo Deus.

Que Faremos?

Page 105: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

No fim do sermão de Pedro, no dia de Pentecostes, as pessoas

compungiram-se em seu coração. Todos sentiram o peso do pecado, e ali a

Palavra alcançou o exato momento do altar — onde as pessoas estavam

prontas para entregar-se a Cristo. Da mesma forma, atingimos esse ponto e

também perguntamos como os ouvintes de Pedro: "Que faremos?" (At

2.37).

E, como já foi dito, se necessitamos de uma palavra de sabedoria,

saiba que esta é uma palavra de conhecimento. Minha definição favorita

para "conhecimento" é "saber o que fazer". Não conseguiremos viver em

santidade apenas por tentar ser melhores ou mais poderosos. Somente o

conseguiremos se tivermos um real encontro com Deus. Os cristãos do

princípio deste século tinham uma certa dificuldade em entender isso. Por

isso sua mente tomou-se legalista e levou-os a um caminho de escravidão,

ao invés de à liberdade no Espírito Santo.

Page 106: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

9

Ser Igreja e VIVER

como Igreja

Após um culto de domingo à noite, carregado de uma atmosfera de

adoração e entusiasmo no qual muitas almas foram salvas, dois jovens

receberam o batismo no Espírito Santo e falaram em outras línguas e vários

irmãos foram curados de doenças diversas. Um homem totalmente

quebrantado, com lágrimas nos olhos, procurou o pastor e disse-lhe:

"Pastor, tivemos uma igreja de verdade esta noite!"

O povo pentecostal acredita que alguém pode ter um encontro com o

Senhor, mas é tido como sobrenatural o mover do Espírito Santo no meio

da igreja. No entanto, para que possamos verdadeiramente ser e viver como

igreja, precisamos de um poderoso mover do Espírito Santo.

O que Acontecerá no Próximo Encontro?

Vejamos uma das características mais dramáticas dos cristãos pen-

tecostais. Chegamos no ponto onde estamos aptos a discordar das outras

pessoas, por isso temos questionado tanto. Um percentual de nossas igrejas,

que ao longo de um caminho de celebração e bênçãos foram envolvidas por

um grande ambiente festivo, esqueceu-se de como conduzir suas reuniões.

Algumas pararam de experimentar o mover do Espírito, porque seus

pastores passaram a privar as ovelhas de experiências espirituais, deixando

de ensiná-las a lidar com o Espírito Santo. Muitos já têm entendido e se

conscientizado de que cultos onde o mover do Espírito Santo é muito forte

só são possíveis quando vemos a liderança de Deus no trabalho, operando

no Espírito e conduzindo a igreja a uma resposta ativa para Deus!

Page 107: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

Você já ouviu falar em Michelangelo Buonarroti? Ele foi um dos

maiores pintores da história mundial, destacando-se dos demais na última

fase do Renascimento.1 Em uma de suas obras mais famosas, pintou nas

paredes da Capela Sistina o dedo de Deus tocando o dedo de Adão. Agora

tente imaginar esta cena em um culto pentecostal. Algo poderoso acontece

quando conseguimos alcançar tamanha dimensão e então "tocamos" o

Senhor, especialmente quando conseguimos compreendê-lo e responder à

sua voz.

No final do livro de Ezequiel, o profeta é arrebatado e vê uma cidade

com 12 portas — a mesma que João chama Nova Jerusalém — e, no centro

da cidade, está a presença de Deus, dai chamar-se Jeová-Samá - "O Senhor

está ali" (Ez 48.35). Deus estava no meio do seu povo para tocá-los e ser

tocado por eles. Jesus disse: por-que onde estiverem dois ou três reunidos

em meu nome, ai estou eu no meio deles" (Mt 18.20). Vemos assim que

uma igreja cheia do Espírito Santo, ou seja, em comunhão com o Senhor

(tocando-o constantemente) é condição fundamental para cultos fervoroso,

ungidos.

Em 1932, o escritor pentecostal Donald Gee registrou:

Fico um pouco preocupado quando vejo pessoas agindo com u temor

exagerado... — um temor que abafa a liberalidade do Espírito restringe as

emoções a rápidas expressões faciais. Elas têm igrejas sos ticadas, com

lindos carpetes, belos órgãos e grandes corais. Mas você sabe o que eu

espero sinceramente? Espero que Deus coloque carvão em suas fornalhas e

agite a vida deles! E não digo isso porque gosto de agitações, mas porque

tenho sentido que a manifestação poder sobrenatural do Espírito Santo está

diminuindo em muitos lugares. Tenho ido a reuniões onde cristãos nunca

falaram em línguas interpretaram, onde nunca ouviram a manifestação do

dom de profecia onde as reuniões são controladas pelo relógio e as pessoas

sempre sabem o que acontecerá no próximo encontro.

Algumas pessoas nos vêem como crentes fanáticos que mantêm o

estilo altamente emocional de Moody, Finney e outros pregadores que

conduziram igrejas com características de reavivamento. Evidentemente,

muito do que realizamos hoje é um reflexo das tradições que adquirimos

desses homens de Deus. No entanto, o entusiasmo no louvor e na adoração

de nossos cultos e programações não reside em tradições, mas na

Page 108: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

experiência dos cristãos de agora. Hoje, as pessoas são realmente curadas,

convertidas e transformadas em nossas reuniões. E por que isso acontece?

Porque, se temos a certeza de que Deus é poderoso para vir ao encontro de

nossas necessidades, então o Espírito Santo flui e tudo acontece

naturalmente. Deus tem respondido poderosamente a todos aqueles que o

buscam!

Cremos que Deus trabalha ativamente em nossos assuntos humanos,

conhece a nossa personalidade, tem um propósito para cada um de nós e

com certeza sustentará os nossos ministérios com manifestações

sobrenaturais. Como ter toda essa certeza? Basta olhar para as Escrituras e

ver como se processa a atuação divina. Em Marcos 16.15-18, por exemplo,

Jesus comissionou os discípulos a pregarem o Evangelho a toda criatura,

em todos os lugares. E o que fez em seguida? Prometeu nos dar suporte no

exercício do ministério. Em seu nome expulsaríamos demônios, falaríamos

em outras línguas, pegaríamos em serpentes; e, se bebêssemos alguma

coisa mortífera, nada aconteceria; e, se impuséssemos as mãos sobre os

enfermos, ficariam curados! Quando os pentecostais redescobrirem o

verdadeiro Cristianismo, conseguirão ver resultados semelhantes aos que

estão registrados no Novo Testamento.

Os Ministérios da Igreja

Ir à igreja é muito mais que um simples encontro social com os

amigos ou fazer reuniões de estudo bíblico a fim de aprender os Principais

valores da vida cristã. Na verdade, significa encontrar-se com Deus, através

de Jesus Cristo, na unção do Espírito Santo.

As Assembleias de Deus sofreram sérias mudanças na década de

1960. Algumas pessoas chegaram a considerar que havíamos perdido

totalmente o rumo do nosso ministério, mas o que estava acontecendo era

uma distorção dos princípios básicos da igreja. Estávamos trabalhando com

definições inadequadas sobre a igreja e sua missão. Fizemos então uma

auto-avaliação detalhada, que culminou em 1968, com o Concílio sobre

Evangelismo em St. Louis, Missouri, onde acabamos por acrescentar novas

definições à nossa Declaração de Verdades Fundamentais.

O que aconteceu conosco foi impressionante, uma daquelas

revelações do tipo "por que não vimos isso antes?" A nova definição de

missão foi simples, mas revolucionou as nossas vidas e guiou-nos por um

Page 109: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

novo período de crescimento. Antes de 1968, se alguém me perguntasse

qual era o propósito da igreja, eu responderia: "Evangelizar". Não há nada

de errado nesta definição singela, mas ela acabou ficando muito pequena

para os grandes propósitos da igreja.

A nova definição, elegante em sua simplicidade e clara em seu

significado, veio estabelecer três grandes missões para a igreja:

1. O Ministério ao Senhor

2. O Ministério à igreja

3. O Ministério ao mundo

Esse é um conceito que pode ser muito bem ilustrado através

da cruz: o ponto mais alto aponta para Deus, os braços apontam para

a igreja, enquanto toda a base está cravada no mundo. Outra maneira

de ilustrar é separando o ministério em três atitudes práticas:

adoração, comunhão e discipulado.

Hoje, parece que não temos conseguido manter o equilíbrio entre

esses três elementos. Praticamente não há mais diferença entre a nossa

adoração e a de outras igrejas evangélicas. Provavelmente porque estamos

tendo com Deus as mesmas experiências que os outros, buscando um

crescimento individualizado. Temos enfatizado um desenvolvimentno

interno, embora exista pouca comunhão entre as várias congregações.

Quanto ao discipulado, falamos sobre isso, mas vivemos o pior momento

discipular em nossa história. A maioria de nossos planos evangelísticos

estão baseados em evangelistas e missionários. E o pior e que temos a

plena convicção de que fizemos a nossa parte, pelo simples fato de darmos

suporte a esses ministérios! Muitos do nosso meio não dão mais atenção

quando um evangelista ou missionário está falando! O culto pentecostal é

apenas um pequeno aspecto da vida total da igreja. E, porque Deus se faz

presente em nosso meio nos cultos, frequentemente pessoas são afetadas

emocionalmente. Precisamos entender que estar diante do altar de Deus,

adorá-lo na beleza da sua santidade e sentir a sua presença não é problema

para nós, mas talvez nossa única esperança. O avivamento é a nossa própria

sobrevivência! As pessoas que entram na presença de Deus e são cheias do

Espírito Santo devem ser as mesmas que ensinam na escola dominical,

trabalham em seus ministérios, ensinam as crianças, cantam nos corais,

Page 110: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

limpam a igreja, preparam comida etc. A igreja inteira deve ser ungida e

estar totalmente envolvida com o trabalho e o ensino!

O povo pentecostal não consiste de sonhadores andando com a

cabeça nas nuvens. É um grupo de pessoas que vive aqui na Terra, pessoas

extremamente práticas, que acreditam que Deus ainda está ativo nas vidas

de pessoas comuns. O povo verdadeiramente pentecostal é coerente, claro e

objetivo. Olhe em volta e veja os cultos abençoados, as grandes igrejas, a

grande quantidade de institutos bíblicos e seus programas missionários.

Esse é o verdadeiro povo pentecostal! Com as mãos levantadas, joelhos no

chão, coração quebrantado, postura de adoração e total dedicação na Casa

de Deus. Um velho ditado diz: "Criado no Céu, ruim na Terra". Mas este

não se aplica ao povo pentecostal. O que se aplica a nós é o seguinte:

"Criado no Céu, muito melhor na Terra". O verdadeiro povo de Deus é

capaz de transformar o mundo inteiro com a presença de Deus!

Você já deve ter observado que algumas pessoas gostam muito de

atuar no altar—pregando, louvando, ministrando — mas não apresentam o

mesmo interesse pelos outros trabalhos da igreja. E deve ter ouvido

também que Jesus disse que seríamos suas testemunhas (At 1.8). A Bíblia

diz que, quando os 120 foram cheios do Espírito Santo, no dia de

Pentecostes, falaram em línguas e glorificaram ao Senhor. Mas veja:

quando viram a multidão sedenta de Deus, pararam de falar em línguas e

começaram a pregar o Evangelho!

Se você é um daqueles que ainda não experimentou "ser igreja",

então daqui para a frente falaremos sobre isso. Mas saiba que o nosso

objetivo aqui não é criticar, mas apresentar-lhe um modelo a ser seguido: o

modelo necessário de igreja ao Reino de Deus para que o avivamento

venha com poder e autoridade.

Um Culto Pentecostal

As igrejas de hoje apresentam tantas variações, que se torna quase

impossível descrever um culto típico. Na mesma cidade onde existe uma

igreja para as classes média e alta, há uma igreja para as classes baixa e

pobre. E algumas igrejas específicas ministram apenas a determinados

grupos étnicos. As igrejas podem ser sofisticadas ou populares, todas são

diferentes. Em consequência, cada uma tem o seu próprio fluir. A vida de

seus membros muda constantemente, assim como sua vida espiritual está

Page 111: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

sempre se alterando. Algumas igrejas, inclusive, gostam de dizer que são

igrejas "de fogo"! Como T. C. Cunningham gostava de dizer: "Algumas

igrejas estão tão secas, que acabam se constituindo em uma verdadeira

ameaça".

E o pior de tudo é que essas igrejas se parecem com igrejas

pentecostais. Algumas começam o culto com aquilo que chamam

"ministério de música", conduzindo a igreja ao louvor. Depois vêm os

anúncios, as ofertas, alguma música especial e finalmente o sermão. É claro

que você irá dizer: "Mas, tudo o que foi dito representa exatamente o que

acontece em todos os lugares!" Sim, tem razão. Mas a diferença do culto

pentecostal não está naquilo que se faz, mas em como se faz! O louvor

pentecostal é entusiasmado, cheio de unção e pode ser acompanhado de

palmas e adoração espontânea. Muitas igrejas utilizam apenas piano ou

órgão, mas pode haver desde bateria até uma orquestra completa. Com a

evolução da tecnologia, chegou-se aos sintetizadores eletrônicos e

playbacks. Mas haja sempre nos corações o cuidado de não diminuir, com a

tecnologia, a espontaneidade e sinceridade no louvor.

Às músicas dos hinários — onde encontram-se nossas tradicionais

canções de adoração ao Senhor — têm-se acrescentado hinos menores, que

alguns chamam de "corinhos" e que algumas vezes tornam-se a maior

característica musical da igreja. Nossa distinção pentecostal nesta área

também está se perdendo, pois já seguem o mesmo caminho das outras,

com sons iguais, projeções de transparências etc.

Durante a repetição dos louvores ocorre a adoração espontânea, onde

a igreja entra na presença de Deus com expressões de louvor. A música na

igreja é utilizada para a adoração ao Senhor! Ela tem o objetivo de

engrandecer a Jesus, mas também provê outros benefícios. A música na

Casa de Deus não deve, de forma alguma, ter as mesmas melodias, ritmos

e, pasmem, às vezes as letras do mundo! Nenhuma estratégia de agitação

mundana deve ser incorporada à adoração. Hoje, as músicas do mundo têm

seus objetivos próprios: agradar as multidões, promover espetáculos e

comercialização, isto quando não há também envolvimento místico. A

música na Casa de Deus, cantada em uma igreja pentecostal, não deve ser

assim! Ela deve envolver toda a comunidade; deve ser utilizada para a

edificação do Corpo; deve ser parte do culto de adoração! A música,

durante a adoração, traz unidade de pensamento e de fé ao corpo de Cristo.

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E, como já dissemos, a música na Casa de Deus tem o objetivo de

engrandecer a Jesus, mas pode ter outras aplicações. Uma vez que a

maioria das nossas músicas são bastante específicas, elas têm a capacidade

de atrair multidões a Jesus. Nossa música é uma poderosa ferramenta no

evangelismo. E isso acaba gerando a possibilidade de que todos possam

louvar ao Senhor. Pessoas de diferentes culturas produzem diferentes

canções. No interior dos Estados Unidos prevalece o estilo pentecostal

europeu, com músicas mais suaves, clássicas, um piano ou um órgão e um

coral. Na cidade, existe uma conscientização mais contemporânea; o louvor

é mais alegre e criativo, com bateria, teclado, vocalistas, baixo e percussão

e corais cantando o que chamam de música da alma. Não podemos deixar

de falar também das igrejas do interior que já adquiriram uma mentalidade

contemporânea, nem das igrejas em colônias espanholas, japonesas, alemãs

etc. Todas têm o seu louvor em sua própria língua, numa adaptação de sua

cultura ao Movimento Pentecostal. Isto começou com o dia de Pentecostes

e continua aonde quer que ao Espírito Santo seja dada a permissão para

interagir com a igreja. E essa é uma das razões pelas quais continuamos a

ter sucesso na evangelização mundial.

O alto nível de participação entusiástica continua durante a oração. O

povo pentecostal normalmente ora em grupo, onde as pessoas clamam em

voz alta; orações só têm início quando termina o louvor congregacional.

Isso pode confundir e assustar as pessoas que normalmente não estão

acostumadas a orar em voz alta. Às vezes, durante a oração ou louvor, as

pessoas levantam as mãos, expressando fisicamente adoração e

reconhecimento à autoridade e glória de Jesus Cristo. Essa é uma expressão

física de louvor!

Alguns pastores têm tentado diminuir os anúncios, mas, às vezes,

torna-se inevitável. E ainda temos os momentos de dízimos e ofertas, onde

a Casa de Deus é abastecida, assim como todo o ministério de missões

mundiais. Algumas igrejas aplaudem quando se faz menção à contribuição.

A Música e Sua Mensagem

Houve uma época em que a nossa música era mais característica que

hoje, os cristãos escreviam suas próprias canções, acompanhados de piano

ou violão. Elas não eram muito profissionais, mas expressavam toda a sua

fé e vida com Deus. Hoje, com a popularização da música evangélica, isso

Page 113: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

está mudando. Já existe mais individualidade técnica e há uma divulgação

em massa, tanto no rádio como na televisão. A qualidade da música é

infinitamente melhor, mas algo íntimo está se perdendo. O que nos deixa

contente é o fato de que, em muitos lugares, alguns músicos cristãos se têm

juntado à igreja em adoração. Algo que também apreciamos é o louvor

congregacional à capela: somente vozes louvando ao Senhor, sem

instrumentos ou vibrações no santuário. É o que chamamos hallelujah

breakdown - brados de aleluia muito bem distribuídos!

Um outro traço característico que distingue bem o pentecostal - a não

ser que ele esteja ensinando, louvando ou pregando - é o fato de que uma

mesma pessoa pode trazer uma profecia, falar em outras línguas e

interpretá-las. Os pentecostais adoram ao Senhor em meio às manifestações

do Espírito Santo. É claro que existem abusos e exageros, mas aqueles

realmente cheios do Espírito sabem quando é Deus quem está realmente

falando. É profundamente lamentável o fato de que alguns de nossos

pastores - por sentirem medo ou não saberem como lidar com o Espírito —

desmotivam suas ovelhas a adorar em línguas e exercer os dons espirituais

na igreja. Afinal, onde eles esperam que os dons do Espírito Santo se

manifestem? O culto é um verdadeiro encontro com o Deus vivo!

Mensagem Ungida

Falemos agora das pregações. O que é uma mensagem ungida?

Chamamos "mensagem ungida" toda palavra ministrada à igreja por

pessoas altamente inspiradas por Deus e cuja unção é indiscutível. A

palavra ministrada por Pedro no dia de Pentecostes é um exemplo típico:

Pedro falou à multidão, no dia de Pentecostes, depois de haver orado

durante dez dias — com uma igreja que vivia em unidade — e de ter sido

batizado no Espírito Santo, ter falado em línguas e exposto a Palavra com

grande sabedoria! Precisamos de um avivamento como este na vida dos

nossos pregadores!

A maioria dos pregadores, no início, dedicavam um bom tempo de

suas vidas em oração e depois subiam no púlpito com apenas algumas

anotações que os ajudariam a dar sequência a suas mensagens. Então,

debaixo da soberana unção do Espírito Santo, estavam prontos para manter

um profundo relacionamento com Deus e com todos os seus ouvintes. A

presença de Deus era tremenda. A pregação era um evento sobrenatural.

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Muitos dos pregadores atuais, infelizmente, centralizam suas

mensagens nos aspectos mais egoístas da vida humana; uma verdadeira

reflexão sobre a geração atual. Sim, devemos ter compaixão pelos que

sofrem, porém, além da leitura sobre os aspectos da natureza humana ou

uma sessão de aconselhamento público, elas precisam ouvir mais da

Palavra de Deus e menos dos livros de psicologia! O apóstolo Paulo

aconselha Timóteo: "Conjuro-te... que pregues a palavra, instes a tempo e

fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e

doutrina" (2 Tm 4.2). Salmos 107 90 diz: "Enviou a sua Palavra, e os sarou,

e os livrou da sua destruição".

Uma mensagem ungida é a que vem direto do coração de Deus.

Pregar com unção é algo muito sério. Homens mentirosos têm vindo até

nós com "aparência de piedade, mas negando a eficácia dela" (2 Tm 3-5).

Todo grande pregador que tenha uma vida plena diante de Deus sofre a

tentação de exibir à igreja conhecimentos além do que têm ouvido de Deus.

Quando caem em tal tentação, acabam trocando a unção da Palavra de

Deus e sua autoridade pelos conhecimentos pessoais. Pessoas espirituais

sabem quando alguém está ultrapassando os limites e impondo os próprios

conhecimentos. Quando isto acontece — as palavras transformam-se em

verdadeiras simulações emocionais - está na hora de buscar um novo

avivamento do Espírito Santo!

Ouvimos em muitos lugares sermões enormes, que parecem não ter

fim. E tem-se a impressão de que vão aumentando à medida que as pessoas

resolvem ir embora para suas casas antes do tempo. Tais sermões poderiam

ser bem menores, mas cheios de unção e objetividade! Quando o pregador

está realmente ungido pelo Espírito Santo ninguém deseja ir embora ou

tenta interrompê-lo com apenas trinta minutos de mensagem.

Normalmente, temos limites para nossa tolerância. No entanto, em uma

igreja avivada, os sermões geralmente são longos por causa da grande

unção espiritual que trazem sobre si. Em uma igreja verdadeiramente

pentecostal, as pessoas estão sempre prontas para ouvir a Palavra de Deus.

A Convocação para o Altar

A grande diferença entre uma igreja pentecostal e as outras igrejas

está exatamente no que acontece após a ministração da Palavra. Quando

pensamos que o culto acabou e que todos irão para casa, o pastor faz uma

Page 115: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

convocação para o altar, chamando as pessoas para que venham à frente.

Cremos que a salvação é a maior bênção para uma vida, por isso a chamada

para o altar deve começar com todos aqueles que desejam aceitar a Jesus

Cristo como seu salvador.

Se num domingo de manhã, por exemplo, o culto termina com um

poderoso apelo à salvação, na reunião noturna a chamada para o altar

poderá ser feita antes do previsto. O ministro poderá convidar toda a igreja

para vir até o altar, onde todos se ajoelharão e levantarão, em unidade, um

grande clamor a Deus. O pastor ou outros poderão orar pelos doentes e

acreditar que serão curados. Os cristãos poderão ficar cheios do Espírito

Santo, falando em outras línguas. Haverá profecias ou mensagens em

outras línguas com interpretações. E o Espírito irá mover-se. Isso é

avivamento! O Movimento Pentecostal espalhar-se-á por todo o mundo,

mas tudo começa no altar.

Mesmo a igreja mais avivada do mundo precisa ter um momento em

que as pessoas possam ajoelhar-se e clamar a Deus no altar. Todos

precisam do altar — o lugar onde se intercede pelas famílias, se unge com

óleo e todos podem prostrar-se perante o Senhor. Agora responda: práticas

como estas são estranhas em nossas igrejas hoje? Sem o altar, elas estarão

de fora do grande avivamento espiritual que virá.

Se não há, na sua igreja, um local em frente ao púlpito para as

pessoas, gostaria de sugerir mudanças radicais na programação dos seus

cultos. Aumente seu altar! Separe um tempo para ele!

No Antigo Testamento, havia dois tipos de altar: o do sacrifício,

como um lugar de salvação, e o do incenso, como um lugar de adoração e

louvor ao Senhor. O nosso altar de sacrifícios é a cruz de Jesus Cristo, que

foi pendurado no madeiro como último e perfeito sacrifício. Já sobre o

nosso altar de incenso, Jesus nos ensina, em Mateus 5.23,24: "Portanto, se

trouxeres a tua oferta ao altar e aí te lembrares de que teu irmão tem

alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai

reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem, e apresenta a tua

oferta". O Senhor nos mostrou que o altar é muito mais que um simples

lugar de sacrifícios. É um local onde se estabelecem alianças e pode-se

conversar com Deus. Vejamos Apocalipse 8.3. Um anjo chega diante do

Senhor, "tendo um incensário de ouro; e foi-lhe dado muito incenso, para o

Page 116: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

pôr com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro que está diante

do trono". Algumas igrejas têm ensinado que o altar é o próprio púlpito da

igreja. Esse não é o conceito correto. O altar verdadeiro está diante do

púlpito, no lugar em frente à Palavra de Deus. Ali está o altar.

Algumas igrejas costumam ter música durante a ministração no altar.

Ao término da oração, as pessoas voltam ao seus lugares cantando. Na

verdade, essa é uma ideia bíblica. Salmos 43.4 diz: "Então, irei ao altar de

Deus, do Deus que é a minha grande alegria, e com harpa te louvarei, ó

Deus, Deus meu". Este é o altar! Isso é avivamento!

A igreja pentecostal que ignora o altar não ministra a cura através da

imposição de mãos e não ouve a voz de Deus através de mensagens

proféticas, línguas estranhas e interpretações está longe de ser pentecostal!

Nós podemos lançar mão de muitas estratégias para que as pessoas venham

à igreja. No entanto, as manifestações espirituais são um forte sinal de

crescimento e unção divina. Se por acaso sua igreja está perdendo o poder

espiritual, dobre os seus joelhos e clame por um toque de Deus em seu

ministério!

Um Assunto para Pensar

Há tempos vem crescendo o número de pastores que adotam um

momento de oração antes dos cultos na Casa de Deus. Outros preferem que

esse momento seja após a pregação da Palavra, com o propósito de instruir,

inspirar e incentivar a fé dos cristãos.

Sobre isso, o tesoureiro geral James K. Bridges escreve:

Tenho andado muito preocupado com essa nova prática adotada por

muitos pastores das Assembleias de Deus. Eles têm feito a chamada para o

altar antes da ministração da Palavra de Deus. E o que me preocupa é o

momento em que eles praticam esse ato. Tenho visto o crescimento dessa

tendência, onde a Palavra, depois, é entregue sem clima, sem vontade. E o

pior: alguns pastores já nem fazem apelo ao povo de Deus após a

mensagem!

É uma verdadeira tragédia quando um pastor começa a achar que sua

mensagem é suficiente para produzir libertação e edificação. Esta não é a

intenção do Espírito Santo, pois a Palavra deve ser um meio para um fim.

A mensagem do Evangelho, após ser entregue, precisa de uma resposta

Page 117: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

clara de quem a ouve! E o altar é um componente vital para a conclusão da

mensagem.

Quando as pessoas sentem que já tiveram sua resposta no altar de

Deus, a pregação perde o sentido para elas.

Meu pedido é que esses pastores deixem o apelo ao altar para depois

de uma pregação ungida por Deus! Deixem o tempo do altar irrestrito;

utilizem os diáconos, se desejarem, para ajudá-los na oração; mas é

necessária a influência da mensagem pregada.

Tenho visto poucas pessoas sendo batizadas no Espírito Santo ou

salvas no altar, hoje em dia. Precisamos retornar à ministração mais

substanciosa, com tempo necessário para um real encontro com Deus, de

modo que as pessoas possam responder sinceramente ao clamor da Palavra

e ao mover do Espírito Santo. Isso é um culto pentecostal!

O culto pentecostal é um grande encontro entre Jesus Cristo e sua

noiva, a Igreja. E torna-se emocionante quando sabemos que Ele está ali.

Se orarmos em alta voz, nos quebrantarmos em lágrimas de alegria ou de

arrependimento pelos pecados, se agirmos distintamente, conscientes do

mover do Espírito santo, então faremos bem mais em qualquer lugar. Se

acaso gritamos "Aleluia!" ou falamos em outras línguas, não estamos

vivendo segundo velhas tradições, mas respondendo sincera e

espontaneamente à presença verdadeira, real e pessoal do Senhor!

E esse é o fator mais importante em um culto pentecostal: Deus está

ali!

'O Renascimento foi uma explosão cultural que marcou a Europa de 1330 a

1530, tendo como centro irradiador a Itália. (N.T.)

Page 118: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

10

O Louvor e Adoração

O Movimento Pentecostal possui muitas características distintas.

Dentre elas, a que mais se destaca é nosso estilo de adoração, que atrai um

grande número de pessoas às igrejas. Nosso louvor animado, nossos

cantores ungidos, intercessores, corais, vocalistas e músicos — além das

ferventes ministrações da Palavra — fazem nossa igreja diferente das

demais.

Os visitantes costumam dizer que as nossas mãos estão sempre

ocupadas em fazer alguma coisa - ora estão erguidas durante o louvor, ora

acenam em aprovação a um testemunho poderoso, ora sinalizam adoração e

reverência ao Senhor. Não podemos deixar de falar também sobre cura

através da imposição de mãos.

Certa vez, uma senhora pentecostal e sua amiga carismática

iniciaram uma discussão sobre a maneira correta de levantar as mãos diante

do Senhor. A pentecostal levantava suas mãos com as palmas para baixo, e

a carismática, com as palmas para cima. Por último, a carismática disse:

"Quando você coloca as palmas das mãos para baixo, está apenas

abençoando as pessoas, mas não está recebendo nada de Deus. Quando

você coloca as palmas das mãos para cima, você está sendo diretamente

abençoado por Deus!" Esse é um dos conceitos que precisam mudar. Ela

está errada. Não há nenhuma relação entre a posição das mãos e o que se

esta recebendo no coração. Tudo é mero simbolismo O levantar das mãos é

um ato de adoração e reverência perante senhor; uma prática comum entre

o povo pentecostal.

A Igreja Primitiva teria seguido a prática judaica d.e colocar as mãos,

com as palmas para cima. Durante um bom tempo, as pessoas costumavam

orar com as mãos no peito. Já os monges europeus criaram a tradicional

postura de oração com as palmas das mãos coladas tal como as criança

Page 119: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

costumam orar antes de dormir. Mais tarde, os cristãos adquiriram o

costume de orar com as mãos unidas com todo os dedos cruzados e os

punhos juntos, sempre posicionadas abaixo do queixo. Hoje ainda vemos

todas essas formas em nossos cultos de adoração. Mas a posição mais

comum é a de mãos levantadas Não há duvidas de que a real preocupação

de Deus e com o coração de seus Filhos, não importando assim a posição

como adoram ao Senhor.

A adoração ao Senhor é uma questão extremamente íntima e muito

pessoal. Algumas pessoas expressam seu louvor a Deus publicamente e de

forma muito clara, enquanto outros consideram seu relacionamento com o

Pai tão pessoal que preferem ,isolar,e dos que estão a sua volta naquele

momento. Alguns cristãos cheios do Espírito Santo manifestam sua

adoração ao Senhor em silêncio, numa plena demonstração de temor e

contemplação. Na verdade, é isso que nos Faz acreditar os pentecostais

realmente foram chamados para servir diante do altar de Deus com toda

liberdade. As formas de adoração variam segundo individualidade de cada

um. Seja por altos clamores, brados de adoração, sentimentos de louvor, ou

silencio os pentecostais estão diante do Senhor com sincero coração de

adoradores. Ma total diversidade , Deus estabeleceu a unidade.

Só há uma coisa em comum entre todos os pentecostais e suas

igrejas: o louvor é pleno! Adoramos ao Senhor tanto com a voz quanto com

o corpo levantamos as mãos nos curvamos e nos prostramos diante do

Senhor.

Analisemos agora, através da Palavra, cada uma dessas demonstra-

ções de adoração.

Corpo, Alma e Espírito

Sempre que falamos sobre louvor e adoração precisamos em

primeiro lugar distinguir entre o que é bíblico, cultural, social e local -

posturas adotadas por homens em todos os tempos e em todos os lugares. A

primeira postura que percebemos é a impressionante capacidade do povo

pentecostal de conviver e trabalhar com pessoas de diferentes classes

sociais, culturas e padrões de vida. Isto já é um grande passo para a unidade

e a razão, porque todo envolvimento na adoração, seja físico ou emocional,

é o mesmo entre todos os pentecostais.

Page 120: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

Vejamos agora alguns princípios importantes para uma melhor

compreensão da adoração ao Senhor. Génesis 2.7 diz: "E formou o Senhor

Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e

o homem foi feito alma vivente". Quando Deus criou o homem, utilizou o

pó da terra (físico) e então deu-lhe o fôlego de vida (espírito).1 Somos

corpo e espírito! Somos seres espirituais e físicos. E foi quando Deus

combinou esses dois elementos, e somente quando os combinou, que o

homem passou a ser alma vivente; ou seja, sua alma viveu! A alma não é

uma "entidade" espiritual, mas resulta da combinação da matéria com o

espírito. Deus nos fez seres materiais e terrenos e colocou em nossos

corações o sopro da vida; o seu próprio fôlego. Por isso a nossa alma viveu!

Agora somos formados por três elementos: corpo, alma e espírito. É isso

que os cientistas estudam: a nossa alma — nossas emoções, personalidade,

sentimentos etc. Essa é a razão de conseguirmos adorar a Deus; porque Ele

é trino. Deus é Pai, Filho e Espírito Santo. Também nós somos criaturas

trinas; somos físicos (corpo), espirituais (espírito) e psicológicos (alma).

Veja o que Jesus disse: "Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu

coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento". Percebe agora?

Aqui está novamente a ordem que vimos anteriormente. A adoração

envolve os três elementos da natureza humana! Em passagens similares,

como Marcos 12.30 e Lucas 10.27, vemos as mesmas colocações,

reforçadas com ênfase às expressões físicas de adoração.

Sendo assim, se somos seres espirituais, físicos e emocionais, então a

nossa adoração deve ser espiritual, física e emocional. A adoração física

(corpo) envolve tudo o que está ao nosso alcance em um momento de

celebração e ministração ao Senhor. Adoramos com palmas, dizendo:

"Amém!" ou "Aleluia!" - ajoelhados diante do altar de Deus ou dançando

com espontaneidade no Espírito Santo! A adoração emocional (alma)

envolve todos os sentimentos humanos e pode ser feita de muitas maneiras.

Cantando, chorando, rindo etc. Às vezes algumas pessoas perdem o senso

de seus limites e acabam entrando por caminhos unicamente psicológicos.

Isso não é bom, daí ser necessário o dom de discernimento espiritual.

Todos precisam saber até onde podem ir ou não; todos precisam conhecer

os limites entre as emoções e a adoração com as emoções! E, finalmente, a

adoração espiritual (espírito) envolve a relação de íntima comunhão entre o

nosso espírito e o Espírito de Deus. E é nesse momento que ocorrem as

Page 121: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

manifestações do Espírito Santo: as pessoas têm visões, profetizam,

interpretam; elas ficam "envolvidas pelo Espírito". E, quando há uma

experiência muito forte e realmente divina, ocorrem até arrebatamentos

espirituais, onde algumas pessoas nem se lembram do que aconteceu. Nem

tudo conseguimos entender, mas temos visto os benefícios práticos na vida

de muitas pessoas.

De maneira geral, há uma grande responsabilidade sobre a vida de

todos aqueles envolvidos com adoração na Casa de Deus. Eles precisam ser

sinceros, consagrados e dirigidos por Deus. A Palavra de Deus apresenta

excelentes regras a serem seguidas por todos os que ministram na Casa de

Deus, nos capítulos 12 a 14 de 1 Coríntios. A adoração é o máximo da

presença de Deus. E é exatamente em uma atmosfera de alta intensidade

espiritual e de muitas experiências no Espírito Santo que as coisas vão

acontecer. O ministro tem a responsabilidade de conduzir o povo em

adoração e gratidão ao Pai. O povo pentecostal pode ter um louvor bastante

alegre, no entanto o objetivo principal da adoração está centralizado na

gratidão e no reconhecimento da autoridade soberana de Deus. Triste é

perceber que, com o passar das gerações, muitos de nossos pastores têm

conduzido os cultos sem nenhuma participação pessoal na ministração

entre a igreja e o Pai. Como verdadeiras garrafas de vidro, eles contêm a

unção divina, conduzem o povo à adoração, mas não permitem um contato

direto da igreja com o Pai. Limitam o desejo natural das pessoas pelo Pai e

impedem a atuação natural do Espírito Santo de Deus.

A verdadeira adoração pentecostal envolve toda a pessoa — corpo,

alma e espírito. Nós cremos no acesso direto ao Pai e em suas respostas

claras para as nossas vidas; damos total liberdade a Deus; não nos

prendemos a nada. E essa atitude da nossa parte é que tem produzido as

maravilhas de Deus, com manifestações inacreditáveis e inesperadas! Com

certeza, a maior parte do nosso sucesso deve-se à liberdade ilimitada que

damos ao Espírito Santo, com inteireza de coração e inclinação total da

mente.

E, se queremos reviver o Cristianismo original, precisamos ter uma

vida de adoração com corpo, alma e espírito. Você pode perguntar: "Mas

toda esta liberdade não pode ser perigosa?" Sim, e por isso precisamos estar

prevenidos. Entretanto, a nossa sobrevivência depende de uma adoração

sincera, em plena espiritualidade, motivação interior e honesta humildade.

Page 122: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

Há também o perigo da manipulação espiritual feita por determinados

líderes, que se aproveitam da vulnerabilidade que reside no coração das

pessoas que adoram ao Senhor, pois estas ficam mais sensíveis. E, por essa

razão, mais do nunca muitos de nossos líderes têm gemido diante do

Senhor, a fim de que suas igrejas se voltem totalmente para Deus. A

adoração pentecostal exige, por tudo isso, uma relação muito íntima entre a

igreja e o Senhor. Isaías disse: "Porque assim diz o Alto e o Sublime, que

habita na eternidade e cujo nome é santo: Em um alto e santo lugar habito e

também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos

abatidos e para vivificar o coração dos contritos" (Is 57.15).

Agora preste atenção nestas passagens bíblicas sobre o louvor:

Salmos 9.11: "Cantai louvores ao Senhor, que habita em Sião;

anunciai entre os povos os seus feitos".

Salmos 22.3: "Porém tu és santo, o que habitas entre os louvores de

Israel".

Salmos 108.3: "Louvar-te-ei entre os povos, Senhor, e a ti cantarei

salmos entre as nações".

1 Pedro 2.9: "Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a

nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que

vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz".

A adoração pentecostal é coletiva e expressiva, sendo demonstrada

de forma total: fisicamente, emocionalmente e espiritualmente. Em uma

igreja tradicional, a adoração tende a ser religiosa e quieta. Já em uma

igreja onde há o avivamento, é espontânea e cheia de expressões físicas

com corpo e a voz. E isso não foi ensinado; são atitudes naturais que

vieram com os novos cristãos.

Existe Diferença?

Uma das frases mais comuns nas igrejas pentecostais é "louvor e

adoração". Duas palavras aplicadas constantemente como sinônimos de

adoração ao Senhor. Na igreja do início deste século, a adoração era

pessoal e individual; estava totalmente ligada às experiências da salvação,

batismo no Espírito Santo, libertação, cura etc. O falar em línguas estranhas

Page 123: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

sempre caracterizou esta adoração espiritual, desde o dia de Pentecostes,

quando se viram línguas repartidas sobre cada um dos discípulos de Jesus.

Hoje, no entanto, a maioria das reuniões de adoração é feita em

grupos. Uma verdadeira multidão é capaz de adorar ao Senhor em unidade.

A adoração é conduzida por equipes de ministros, e todos adoram juntos.

Não há nada de errado nisso, no entanto, precisamos também voltar a

pratica de ajoelhar-se perante o altar e adorar a Deus individualmente.

Temos dado muito valor ao coletivo e estamos esquecendo o individual.

Não podemos nos esquecer jamais de que cada um de nós é um templo do

Espírito Santo (1 Co 6.19) e que ministramos perante o Senhor (Ap 1.6).

Cristãos cheios do Espírito Santo adoram ir à igreja, e normalmente o

fazem três vezes por semana. A Bíblia diz: "Não deixando a nossa

congregação, como é costume de alguns; antes, admoestando-nos uns aos

outros; e tanto mais quanto vedes que se vai aproximando aquele Dia" (Hb

10.25). Ou seja, quanto mais se aproxima a segunda vinda do Senhor, mais

deveríamos ir a igreja. A adoração em grupo é vital para a vida do cristão!

E, ainda nesse contexto, não devemos esquecer da grande importância da

adoração individual. Cada um de nós deve levar o seu louvor sincero a

Deus com gratidão e alegria! Em uma igreja verdadeiramente pentecostal,

os líderes que conduzem o rebanho dão grande ênfase às experiências

individuais com Deus.

O estudo do louvor e da adoração na Palavra pode ter resultados

surpreendentes. Em primeiro lugar, descobriremos que louvor e adoração

não são sinônimos e têm aplicações distintas. Em segundo lugar, veremos

que existem uma infinidade de palavras gregas e hebraicas para os dois

termos. Em terceiro lugar, comprovaremos o que foi dito por que todas as

traduções, tanto do grego como do hebraico, apontam para um louvor trino,

com corpo, alma e espírito.

Vamos por partes. Vejamos a palavra "louvor". Só no Antigo

Testamento temos sete palavras hebraicas que indicam louvor. Yâdâb, que

significa "levantar as mãos em adoração"; hillúwi, que significa "celebrar,

regozijar"; tehillâh, que significa "hino"; hâlal, que significa "limpar" ou

"brilhar"; zâmar, que significa "unir os dedos e tocar um instrumento"; e

shâbach, que significa "glorificar". Note que todas estas palavras são físicas

e musicais. Então, louvor é uma demonstração plena do corpo e da alma!

Page 124: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

No Novo Testamento temos outras seis palavras para louvor: ainos,

que significa "louvai a Deus", e a forma do verbo "louvar" era ainéo; dóxa,

de onde vem "doxologia", também é traduzida por "louvor" ou "glória"

(vindo do verbo dokéo - "pensar", "parecer', "surgir"); e humnéõ, que

significa "cantar um hino de louvor". Agora temos um consenso: tanto o

Antigo quanto o Novo Testamento nos conduzem à ideia do louvor com

música.

Vemos assim que toda forma de louvor bíblico está diretamente

relacionada à expressão e à voz. Os adoradores ministravam ao Senhor com

desenvoltura e música. Mas precisamos também não esquecer que todas

essas expressões de louvor eram acompanhadas pelo levantar de mãos,

ajoelhar-se, prostrar-se e outras posturas. Biblicamente, todo esforço é

pequeno quando falamos em adorar e engrandecer ao Deus de Israel.

A ideia bíblica de adoração também caminha pelas mesmas linhas do

louvor. No entanto, é muito mais física que musical. Por exemplo: no

Antigo Testamento temos a palavra shâchâh, que significa "prostrar-se

perante o Senhor em reconhecimento". O profeta Daniel utilizou uma

forma aramaica ao invés de uma hebraica, mas com significado

semelhante: sâgad, que significa "prostrar-se perante o Senhor em

homenagem".

Já a adoração no Novo Testamento tem uma palavra principal:

proskunéõ, que significa "prostrar-se e beijar os pés em adoração"; "colocar

o rosto no chão, em reverência". Outra palavra é sébomai, que significa

"demonstrar reverência ou adoração". No Império Romano, o título

sebastós ("venerável") era utilizado pelo imperador. A palavra dóxa às

vezes também era traduzida como "adoração".

O que percebemos, então? Que a adoração bíblica, assim como o

louvor, envolvia tanto o corpo como a mente! Então, por que alguns

cristãos têm criticado e algumas vezes ridicularizado o louvor com

liberdade física, emocional e vocal na Casa de Deus? Na verdade, eles

ainda não perceberam que esse tipo de louvor e adoração é muito mais

bíblico que suas análises ou críticas. É próprio da raça humana divertir-se

com o que não entende. Quanto mais conhecermos o que a Bíblia diz sobre

adoração, mais compreenderemos e desejaremos tudo o que acontece em

um culto pentecostal!

Page 125: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

Louvor e Adoração: Solução para a Igreja

Glen D. Cole, pastor do Capital Christian Center, em Sacramento,

Califórnia, e presbítero executivo das Assembleias de Deus, escreve sobre

o louvor e a adoração:

Quando as igrejas estiverem fracassando, a solução é o louvor e a

adoração. Quando vidas estiverem definhando, a adoração e o louvor hão

de ser a solução; atitudes de louvor e adoração levam todas as atenções do

culto para o Senhor! No momento em que uma pessoa não age em unidade

na adoração, podemos perceber uma verdadeira divisão em potencial

surgindo. Isso não é motivo para tristeza nem para destruição, mas uma

nova motivação para buscarmos de Deus suas "chuvas de bênçãos".

Salmos 67.3 declara: "Louvem-te a ti, ó Deus, os povos; louvem-te

os povos todos". O que podemos traduzir naturalmente como:

Louvem-te todos os jovens! Louvem-te todos os velhos! Louvem-te

todas as crianças! Louve-te toda a igreja!

Não teria Deus nos dado o dom de línguas para que as utilizemos na

adoração coletiva? Todos precisamos colaborar isso em mente: O Espírito

quer participar de nossa adoração. Quando as pessoas deixarem de ser

expectadores e passarem a participar, então o Espírito envolverá todo o

Corpo!

A Bíblia ensina muitas maneiras pelas quais podemos louvar ao

Senhor e gerar avivamento entre nós:

1. Cantando "Cantai ao Senhor um cântico novo, porque ele tez maravilhas,

a sua destra e o seu braço santo lhe alcançaram a vitória" (SI 98.1).

2. Dançando diante do Senhor-"Tornaste o meu pranto [dança]; tiraste o

meu cilício e me cingiste de alegria (SI 0.11).

3. De joelhos - "ó, vinde, adoremos e prostremo-nos! Ajoelhemos diante do

Senhor que nos criou (SI 95.0).

4. Levantando as mãos - Assim, eu te bendirei, ao teu nome levantarei as

minhas mãos (Sal 47.1).

5. Aplaudindo - "Aplaudi com as mãos, todos os povos; cantai a Deus com

voz de triunfo" (SI 47.1).

Page 126: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

6. Com instrumentos - louvai-o com o som de trombeta; louvai-o com o

saltério e a harpa com louvores como sonoros; louvai-o com címbalos

altissonantes. fôlego louve ao Senhor. Louvai ao Senhor! (SI 150.3-6).

7. Com júbilo - "Celebrai com júbilo ao Senhor, todos os habitantes; da

terra; dai, brados de alegria, regozijai-vos e canta, louvores (SI 98.4).

8. Com celebração - "Mas alegrem-se todos que confiam em ti exultem

eternamente, porquanto tu os defendes; e em ti se gloriem os que amam o

teu nome (SI 5.11)-

9. Cantando em espírito — "Que farei, pois? Orarei com o espírito também

orarei com o entendimento; cantarei com o espírito também cantarei com o

entendimento" (1 Co 14.15).

10. Ofertando — "Dai ao Senhor a glória devida ao seu nome- trazendo

oferendas e entrai nos seus átrios" (SI 96.8); "Portanto, assim em tudo sois

abundantes na fé, e na palavra, e na ciência, e em toda diligência, e em

vossa caridade para conosco, assim também abundeis nessa graça" (1 Co

8.7).

A passagem importante para a nossa aplicação é Salmos 34.2,3- "A

minha alma se gloriará no Senhor; os mansos o ouvirão e se alegrarão

Engrandecei ao Senhor comigo, e juntos exaltemos o seu nome".

Muitas coisas estão sujeitas a atores, cantores, atletas, personalidades

famosas etc.

Às vezes o mundo inteiro fica a seus pés. E, se tudo isso acontece a

eles, imagine o que pode acontecer conosco! Você já parou para pensar no

que Deus pode fazer conosco se tivermos uma vida de total adoração e

entrega a Ele?

Uma Visão Própria do Avivamento

Moody, em seu sermão "Avivamento", de 1899, disse:

Não tenho medo do entusiasmo de algumas pessoas. Esse momento

tem gerado um grande interesse das pessoas, e todos têm dito: "Isso é

sensacionalismo! Isso é sensacionalismo!" Mas posso dizer que às vezes

sinto como se tivéssemos parado no tempo, na realidade... Não há nada a

temer, como um marinheiro em um nevoeiro denso; ele não teme porque

Page 127: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

está preparado, ainda que um verdadeiro temporal esteja por perto! Temos

muitos nevoeiros na igreja, mas vamos sair deles! Utilizaremos pregadores

que saibam enfrentar o nevoeiro, pois com certeza dirão: "Eu não estou

puxando as multidões. Obrigado Senhor; eu não sou sensacionalista!"

Moody também disse:

Não há excitamento ou sensacionalismo no cemitério — pelo menos

não onde ficam os homens mentirosos; no entanto, creio que haver grande

agitação na manhã da ressurreição. Onde existe vida, sempre haverá

movimento.

É claro, não podemos deixar de reconhecer que há excessos,

sensacionalismo e auto-realização em nome da adoração pentecostal. No

entanto, nada disso é tão problemático quanto a indiferença, a frieza e o

ódio Alguns questionam: Por que precisamos ser tão ardentes? Devemos

ser tão espirituais e ao mesmo tempo amar a Jesus Cristo com controle e

contrição. Mas devemos chorar pela cruz de Cristo, regozijarmo-nos

porque sua ressurreição, louvá-lo por sua glória e aguardar ansiosos a sua

volta...

No entanto, quando estamos em um culto ao Senhor, sentimos algo

que ultrapassa os sentidos humanos — a gloriosa presença do Espírito

Santo nos corações e no templo. A única atitude racional que podemos

tomar é a de chorar perante Ele e, de joelhos dobrados, prostrar-nos perante

a sua glória. Comparar tal sensação com mero excitamento é a mesma coisa

que comparar o amor à paixão. Somos fascinados por Jesus, lutamos contra

as potestades por Ele e caminhamos pelos caminhos da sua Palavra porque

sabemos que Ele nos ama. Quando ouvimos Jesus, somos atingidos em

cheio por cada Palavra de sua boca e nos comportamos de forma que só os

que o amam podem entender. Isso é um culto pentecostal!

O povo pentecostal redescobriu o segredo da Igreja Primitiva: o

verdadeiro Cristianismo significa uma experiência plena com Deus. Nas

outras religiões, as pessoas procuram por Deus; no Cristianismo, Deus

procura as pessoas! Tudo é uma grande experiência com Deus: a salvação,

o batismo nas águas, a comunhão, o batismo no Espírito Santo, o falar em

línguas, as curas, a libertação. Deus está sempre conosco, ensinando-nos e

falando a nós. E, quando sua presença é mais poderosa, podemos expressar

Page 128: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

nosso louvor com brados de alegria, com louvor livre e pleno e o levantar

das mãos em adoração.

Na igreja do início deste século as pessoas eram tão impressionadas

pela presença de Deus que não podiam ficar paradas diante do Senhor .

Elas eram levadas a criar coisas, como "a marcha de Jericó", a caminhada

em volta da igreja com grande louvor e brados de guerra. Os Pentecostais

tem sido bem-sucedidos e cheios do Espírito a medida que respondem

espontaneamente ao Senhor.

Queremos preveni-lo: quando o novo avivamento chegar trás consigo

grande entusiasmo e incontrolável emoção. Enquanto à água estiver fria,

haverá pouco movimento na panela. Quando começar ferver, irá borbulhar

e fazer barulho! Jovens serão levantados pelo Senhor no altar fervente da

oração, e uma nova geração de líderes e pastores pentecostais se levantará!

O fogo no altar se tornará incontrolável e alcançará todas as pessoas!

Será assim em todas as igrejas? É melhor não tentarmos fazer

previsões precipitadas. Cada igreja tem suas características e um

relacionamento pessoal entre o povo e o pastor. Não queremos determinar

nada, muito menos definir o que Deus irá fazer. O avivamento não está

condicionado às lágrimas que derramamos, mas ao número de almas que

necessitam encontrar Jesus. Crescimento não é sinal de avivamento, mas

sim um grande número de almas se convertendo pelo poder de Jesus Cristo,

recebendo o Espírito Santo.

Tanto rúach, no hebraico, quanto pneuma, no grego, significam

"sopro", "fôlego "vento" do Espírito Santo. Podemos ver um bom exemplo

disso na conversa entre Jesus e Nicodemos: "O vento assopra onde quer, e

ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, para onde vai; assim é todo

aquele que é nascido do Espírito" (Jo 3.8).

O que significa a expressão "dançando com espontaneidade no

Espírito Santo . Significa expressar o louvor a Deus com todo o corpo em

alegria e regozijo. Tal expressão espontânea e nunca sensual. Normalmente

ocorre nos momentos em que a presença de Deus é mais intensa. É sempre

uma expressão de louvor, não tem nenhuma relação com coreografia, que

normalmente são carnais e não têm lugar no corpo de Cristo.

Page 129: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

11

Assim Diz o Senhor

David A. Wormack:

Eu e o pastor Thomas E. Trask começamos a falar sobre este livro

logo após a sua eleição a superintendente geral das Assembleias de Deus

nos Estados Unidos. Antes da sua posse, já falávamos sobre este assunto.

Na realidade, Trask sempre foi, é e será um homem firme no propósito de

buscar um grande avivamento do Espírito Santo. Cresci no meio de pessoas

que falavam o tempo todo sobre avivamento. O mais incrível para mim é

que eu jamais poderia imaginar ouvir novamente sobre este assunto de

forma tão clara através do líder de nossa denominação. Lembro-me da

primeira vez que ouvi o pastor Trask falando sobre avivamento. Seus olhos

brilhavam enquanto falava. A Bíblia era a única sustentação da sua fé.

Muitos poderiam achar que se tratava de um novo movimento,

temporário. Mas, com o passar dos meses, o pastor Trask assumiu seu

cargo e iniciou uma forte campanha pelo avivamento. Em nenhum

momento esmoreceu. O culto no templo central das Assembleias de

Deus passou a se iniciar com pontualidade, e todos os obreiros

começaram a responder pelo chamado de Deus. Passou a ser prática

constante a unção com óleo. O avivamento realmente começou... em

Springfield, Missouri!

E, como as nossas conversas passaram a ser constantes, também d

forma constante o pastor Trask abria a Bíblia e lia sempre para mim a

seguinte palavra: "Assim veio a mim a palavra do Senhor, dizendo..." (Jr

1.4). Foi por isso que, em meio às nossas anotações, reservei o espaço para

um capítulo chamado: "Assim diz o Senhor". E pedi a ele que escrevesse

sobre este assunto tão importante. Praticamente tudo o que está registrado

neste livro nasceu de conversas sobre avivamento. No entanto, este capítulo

Page 130: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

nasceu no coração de nosso líder. Como se lhe viesse a palavra do Senhor

acerca de um grande avivamento nas Assembleias de Deus! Posso ver o

pastor Trask folheando sua Bíblia até chegar ao livro de Jeremias...

Thomas E. Trask:

Em sua mensagem a Israel, através do profeta Jeremias, Deus sempre

fez questão de mostrar o pecado do povo, identificando-o como um

adultério espiritual. Em Mateus 19.7,8, Jesus pergunta: Então, por que

mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio e repudiá-la? Disse-lhes ele:

Moisés, por causa da dureza do vosso coração, vos permitiu repudiar vossa

mulher; mas, ao princípio, não foi assim". É a dureza do coração que leva

alguém a cometer o adultério espiritual.

Jeremias foi levantado pelo Senhor a fim de dizer a Israel que

voltasse ao seu Deus, e, no capítulo 3 de seu livro, vemos com grande

clareza o objetivo de seu ministério, quando várias vezes diz a Israel:

"Volta". O povo havia deixado o Senhor, mas Deus não abandonara o seu

povo.

A primeira consequência visível do adultério espiritual de Israel foi a

total poluição da terra. Israel passou a viver num estado de total miséria e

tristeza. Exatamente o mesmo retrato do mundo de hoje. Quando perdemos

os nossos valores espirituais e abandonamos o Senhor, caímos em miséria e

deixamos toda a nossa sorte perder-se em destruição. Jeremias 3.2 diz:

"Levanta os olhos aos altos e vê; onde não te prostituíste? Nos caminhos te

assentavas para eles, como o árabe no deserto; assim, manchaste a terra

com as tuas devassidões e com a tu malícia". Esta foi uma das grandes

admoestações divinas através a seus profetas.

Em Jeremias 3.1, Deus diz: "Se um homem despedir sua mulher, e

ela se ausentar dele e se ajuntar a outro homem, porventura, tornará a ela

mais? Não se poluiria de todo aquela terra? Ora, tu te maculaste com

muitos amantes; mas, ainda assim, torna para mim, diz o Senhor". Deus

está falando sobre o adultério espiritual de Israel. O povo deixara o Senhor,

mas Ele insiste: "Torna para mim".

A segunda consequência do adultério espiritual de Israel foi a

interrupção das chuvas. Veja o que diz Jeremias 3.3: "Pelo que foram

retidas as chuvas, e não houve chuva tardia; contudo tens a testa de uma

Page 131: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

prostituta e não queres ter vergonha". Que constatação terrível! Não haverá

mais chuva nos lugares onde as pessoas deixarem o Senhor. A alma

começa a secar e então o homem espiritual morre. A sequidão de Israel era

resultado da indiferença, falta de zelo, abandono e total ausência de temor

para com a voz de Deus. Devemos tomar muito cuidado com as nossas

igrejas de hoje. Corremos o sério risco de secar totalmente devido à

cessação das chuvas. Deus não nos abençoará enquanto estivermos

contaminados e impuros ou enquanto não houver santidade e justiça.

Somente um povo santo pode contemplar ao Senhor e viver constantemente

diante de sua santidade.

A terceira consequência do adultério espiritual de Israel foi a terrível

obstinação de seus corações. Podemos ver isso no versículo 3: "E não

queres ter vergonha". A teimosia é uma iniquidade terrível; ela é

comparada à idolatria (1 Sm 15.23). Alguns dizem: "Sigo o meu próprio

caminho. A vida é minha, faço como quiser!" Precisamos deixar esse

caminho; é um limite muito perigoso! Se entregamos as nossas vidas a

Jesus, casamos com Ele. Fomos comprados por alto preço e pertencemos a

Jesus!

A quarta consequência do adultério espiritual de Israel foi a terrível

constatação do versículo 3: "E não queres ter vergonha". As pessoas do

mundo hoje vivem uma vida sem restrições ou limites, pecando aberta e

conscientemente. O pecado cheira mal; o cheiro ruim já chegou nas narinas

de Deus! Ele não irá tolerar este tipo de coisa! E a igreja precisa estar

atenta ela não pode se deixar levar pelo pecado. A igreja não Pode

participar do que é errado; ela precisa estar separada! O povo de Deus

precisa manter-se puro, precisa ser diferente. Quantas vezes temos

colocado músicas mundanas na igreja? Quantas vezes temos permitido

danças mundanas na igreja? Temos contaminado o nosso povo. Deus não

está satisfeito com nosso procedimento.

Israel estava se afundando em seus próprios pecados, e Deus

providenciou um meio de chamar o seu povo ao arrependimento usando o

profeta Jeremias para dizer: "Ao menos desde agora não me invocarás,

dizendo: Pai meu, tu és o guia da minha mocidade?" (Jr 3.4) Deus estava

preocupado, e queria mostrar que Israel necessitava de seus cuidados como

Guia e Pai. Veja ainda o que diz a Bíblia: "Tendo aparência de piedade,

mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te" (2 Tm 3-5). As pessoas têm

Page 132: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

se desviado dos propósitos iniciais de Deus e ainda criticam os puros que

andam perante o Senhor.

Em Jeremias 3.6, Deus pergunta ao profeta: "Viste, porventura, o que

fez a rebelde Israel? Ela foi-se a todo monte alto e debaixo de toda árvore

verde e ali andou prostituindo-se". O povo de Israel estava dando mais

importância à criatura que ao Criador, oferecendo sacrifícios a ídolos e

desviando-se da verdade. Eles rejeitaram a Deus e ao seu amor.

No versículo 7, lamenta o coração de Deus: "Depois que fez tudo

isto..." Deus, em seu amor, misericórdia, longanimidade, bondade e paz,

chama a sua Igreja hoje, como fez a Israel: "Volta para mim..."

Tragicamente, o texto continua: "... mas não voltou".

No entanto, veja o que Deus diz nos versículos 10-12: "E, contudo,

nem por tudo isso voltou para mim a sua aleivosa irmã Judá com sincero

coração, mas falsamente, diz o Senhor. E o Senhor me disse: Já a rebelde

Israel justificou mais a sua alma do que a aleivosa Judá. Vai, pois, e

apregoa estas palavras para a banda do Norte, e dize: Volta, o rebelde

Israel, diz o Senhor, e não farei cair a minha ira sobre vos; porque benigno

sou, diz o Senhor, e não conservarei para sempre a minha ira". Que

promessa maravilhosa! Apesar de nossas falhas, da fraqueza, frieza,

arrogância e esquecimento, Deus não se esquece de nós!

Este livro é uma verdadeira súplica à igreja de nossos dias. Precisa

mos retornar a Deus com todo o nosso coração e todo o nosso

entendimento! Jeremias 3.8 diz: "E, quando pôr causa de tudo isso, por ter

cometido adultério, a rebelde Israel despedi e lhe dei o seu libelo de

divórcio, vi que a aleivosa Judá, sua irmã, não temeu; mas foi-se e também

ela mesma se prostituiu". Quando os pecados do mundo começam a invadir

a igreja, passamos a viver sob efeitos muito negativos Não podemos viver

sob nossa própria vontade. O pecado atinge a todos: crianças, pais e toda a

igreja. Deus nos tem chamado para que reconheçamos a atuação vital do

Espírito Santo. Ele não admitirá adultério espiritual. O Senhor quer que

voltemos para Ele.

Os Processos de Deus

Page 133: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

Depois de identificar os erros e convocar Israel ao arrependimento, o

Senhor começou a falar sobre uma série de processos pelos quais a nação

deveria passar. Antes, porém, fez-lhe tremendas promessas.

Em Jeremias 3.12, Deus diz-. "Vai, pois, e apregoa estas palavras

para a banda do Norte, e dize: Volta, ó rebelde Israel, diz o Senhor, e não

farei cair a minha ira sobre vós-, porque benigno sou, diz o Senhor, e não

conservarei para sempre a minha ira". A primeira promessa de Deus era

retirar a sua ira, caso o povo retornasse para Ele. Hebreus 10.31 revela:

"Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo". Seria isso uma

incoerência? De forma alguma! Temos de reconhecer que Deus é, ao

mesmo tempo, misericordioso e justo. Precisamos decidir: ou fica¬mos na

igreja, ou ficamos no mundo. Pecado é pecado! E todo pecado levará o

homem à morte!

A segunda promessa está no versículo 14: "Convertei-vos, ó filhos

rebeldes, diz o Senhor; porque eu vos desposarei e vos tomarei... e vos

levarei a Sião". Se retornarmos para o Senhor, sua ira será removida e

seremos levados para Sião. E o que é Sião? Sião é um lugar de vitória,

celebração, beleza e glória!

A terceira promessa de Deus está no versículo 15; "E vos darei

pastores segundo o meu coração, que vos apascentem com ciência e com

inteligência". Precisamos ter, nas Assembleias de Deus, pastores segundo o

coração de Deus! Homens que em seus corações pensem como Ele, ouçam

a sua voz e vivam para o povo dEle. Precisamos de Pastores cheios do

conhecimento divino! Precisamos de pastores que ministrem a Palavra de

Deus!

A quarta promessa encontra-se no versículo 18: "Naqueles dia andará

a casa de Judá com a casa de Israel; e virão, juntas, da terra drí Norte, para

a terra que dei em herança a vossos pais". Eles deveriam caminhar juntos!

A Bíblia pergunta: "Andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?"

(Am 3.3). E em Jeremias 3.14 lemos: "Eu vos desposarei..." Mesmo se

cometermos adultério espiritual, não é intenção de Deus divorciar-se! Ele

nos salvou e comprou com o sangue de Jesus Cristo, por isso tem o direito

de manter-nos consigo: "Ora, aquele que é poderoso para vos guardar de

tropeçar e apresentar-vos irrepreensíveis com alegria, perante a sua glória,

ao único Deus, Salvador nosso, por Jesus Cristo, nosso Senhor, seja glória

Page 134: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

e majestade, domínio e poder antes de todos os séculos, agora e para todo o

sempre. Amém" (Jd 24,25). A promessa de Deus está direcionada a toda a

Igreja, basta que atuemos com unidade: "Também vos digo que, se dois de

vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes

será feito por meu Pai, que está nos céus" (Mt 18.19)

Ainda há uma outra promessa, em Jeremias 3.18. Deus promete levar

Israel "para a terra que dei em herança a vossos pais". Deus tem uma

herança para o seu povo, a Igreja. Entretanto, estamos vivendo longe de

seus propósitos e promessas! Deus não falha! Nossas atitudes, como o

adultério, a indiferença e a frieza, nos têm afastado do coração de Deus. Se

retornarmos para o Senhor, Ele nos dará o que prometeu!

Mas ainda existe outra promessa: "Voltai, ó filhos rebeldes, eu

curarei as vossas rebeliões". Nesse momento, Jeremias não se contém e

exclama: "Eis-nos aqui, vimos a ti; porque tu és o Senhor, nosso Deus" (Jr

3.22). O nosso Deus é um Deus de juízo, mas é também e acima de tudo

misericordioso. Podemos contar com o próprio Deus para retornar a Ele. Se

Jeremias clamasse hoje, seguiríamos a sua voz?

Na verdade, estamos na mesma condição do povo de Israel — temos

pecado, adorando a outros deuses e nos afastando do Pai. E o mais

lamentável é que há pessoas dizendo que os melhores dias de nossa igreja

se foram! Ora, isso não vem ao caso; Deus é Deus de restauração! Ele e

poderoso para nos conduzir ao nosso lugar original! Em Jeremias 3.12

lemos: "Vai, pois, e apregoa estas palavras para a banda do Norte, e dize

Volta, ó rebelde Israel, diz o Senhor, e não farei cair a minha ira sobre vos,

porque benigno sou, diz o Senhor, e não conservarei para sempre a minha

ira e também em Lamentações 3-22,23: "As misericórdias do Senhor... não

têm fim- Novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade".

Em Jeremias 3-14, Deus diz: "Eu vos desposarei". E no versículo 22:

"Voltai, ó filhos rebeldes, eu curarei as vossas rebeliões". Vejamos ainda

Jeremias 4.2: "Vive o Senhor, na verdade, no juízo e na justiça; e nele se

bendirão as nações e nele se gloriarão". O diabo fará de tudo para nos

convencer do contrário. Mas não devemos ouvi-lo, porque o inimigo veio

para destruir. Precisamos ouvir a voz de Deus e inclinar nossos corações às

suas verdades! Jeremias 17.10 diz: "Eu, o Senhor, esquadrinho o coração,

eu provo os pensamentos".

Page 135: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

O Processo de Humilhação

O primeiro passo para a restauração é a cura do nosso orgulho,

através do processo de humilhação. Jeremias 13.15 diz: "Escutai, e inclinai

os ouvidos; não vos ensoberbeçais; porque o Senhor falou". E Deus

promete, em 2 Crónicas 7.14: "E se o meu povo, que se chama pelo meu

nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se converter dos seus

maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e

sararei a sua terra". Se aceitarmos suas condições, as promessas de Deus

estarão ao nosso dispor. A igreja não pode fazer nenhum movimento em

direção a Deus sem que Ele primeiro venha em direção a ela! O Senhor

deseja restabelecer seu relacionamento conosco!

Tiago 4.6 e 1 Pedro 5-5 nos mostram que Deus resiste aos soberbos,

mas dá graça aos humildes. Em Provérbios 28.13, lemos: "O que encobre

as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa

alcançará misericórdia". E 1 João 1.9 diz: "Se confessarmos os nossos

pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de

toda injustiça". O primeiro passo para restauração é o reconhecimento do

pecado. Precisamos admitir que deixamos o primeiro amor, falhando

perante o Senhor.

O Processo de Confissão

O segundo passo para a restauração é a confissão dos nossos

pecados. A confissão é o início de um processo de limpeza, pois o pecado

representa a total rebelião contra Deus e sua vontade. Mesmo que um dia

tenhamos sido sensíveis a Deus, se pecamos nos é preciso abrir os corações

e ouvir a sua voz.

Quando o filho pródigo retornou a casa, disse ao seu pai' "pai pequei,

pequei contra o céu e perante ti" (Lc 15.18). Essa também deveria será

nossa postura hoje! Tiago 5.16 diz: "Confessai as vossas culpas uns aos

outros e orai uns pelos outros, para que sareis; a oração feita por um justo

pode muito em seus efeitos". Para que haja a restauração, precisamos

confessar nossas falhas, pecados e transgressões! Jeremias 6. 26 assim

expõe: "O filha do meu povo, cingi-te de cilício e revolve-te na cinza;

pranteia como por um filho único, pranto de amarguras; porque presto virá

o destruidor sobre nós". Precisamos nos humilhar, reconhecer que pecamos

e pedir o socorro do nosso Deus!

Page 136: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

Em Josué 7.20, Acã confessa: "Verdadeiramente pequei contra o

Senhor, Deus de Israel, e fiz assim e assim". Em 1 Samuel 15.24, Saul

admite a sua culpa: "Pequei, porquanto tenho traspassado o dito do

Senhor". Sem confissão não há como Deus estabelecer justiça no meio do

seu povo. Em 2 Samuel 12.13, Davi confessa ao profeta Nata: "Pequei

contra o Senhor". E, em Marcos 1.5, vemos que todos precisam confessar

suas falhas: "E toda a província da Judeia e todos os habitantes de

Jerusalém iam ter com ele; e todos eram batizados por ele no rio Jordão,

confessando os seus pecados". A confissão é o início do processo de

limpeza do coração e da alma.

Em Jeremias 15.5,6, Deus diz: "Porque quem se compadeceria de ti,

ó Jerusalém? Ou quem se entristeceria por ti? Ou quem se desviaria a

perguntar pela tua paz? Tu me deixaste, diz o Senhor, voltaste para trás; por

isso, estenderei a minha mão contra ti e te destruirei; estou cansado de me

arrepender".

A confissão acaba com a cegueira que vimos acima, levando ao

reconhecimento dos pecados. Há pessoas que só confessam seus pecados

depois de totalmente presas por seus delitos. Mas devemos confessar por

convicção do Espírito Santo. É o Espírito que atua nos convecendo, como

diz a Palavra: "E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da

justiça, e do juízo" (Jo 16.8). A confissão é um resultado do normal após o

toque de Deus no coração. É uma experiência maravilhosa: o coração, a

alma e a mente ficam limpos.

O arrependimento é uma verdadeira declaração de rejeição ao

pecado. O verdadeiro arrependimento implica em renúncia aos pecados

Deus disse ao seu povo: "Tu me deixaste, diz o Senhor, voltaste para trás;

por isso, estenderei a minha mão contra ti e te destruirei; estou cansado de

me arrepender". Por que Deus fez esta declaração? Porque Israel estava se

arrependendo sem deixar os seus pecados! Israel só se arrependia quando

precisava de Deus; depois retornava aos seus pecados. Não é esse o

verdadeiro arrependimento!

Paulo escreve em 2 Coríntios 7.10: "Porque a tristeza segundo Deus

opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas

a tristeza do mundo opera a morte". Essa é a tristeza que leva à salvação e à

purificação! É o que Deus espera de nossas vidas! Jesus disse a um homem

Page 137: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

a quem havia curado.- "Eis que já estás são; não peques mais, para que te

não suceda alguma coisa pior". O mestre também falou à mulher adúltera:

"Vai-te e não peques mais" (Jo 8.11). Deus quer arrependimento que mude

para sempre a nossa má conduta.

A Bíblia ensina: "Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura

é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo" (2 Co 5.17).

Quando encontramos Jesus Cristo, há uma mudança radical!

Precisamos entender: se não nos arrependemos de nossos pecados,

corremos o risco de sofrermos graves consequências. Provérbios 29.1 diz:

"O homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz será

quebrantado de repente sem que haja cura". Deus disse a Israel: "Estou

cansado..." Deus estava indignado porque Israel não mudara de verdade! O

arrependimento havia se tornado um ritual religioso. Isso é muito perigoso,

porque a confissão não tem valor algum se não houver arrependimento!

Paulo escreve, em Gálatas 2.21: "Não aniquilo a graça de Deus; porque, se

a justiça provém da lei, segue-se que Cristo morreu debalde". Ou seja, se

fomos libertados de nossos pecados, não podemos mais nos submeter a

eles. Quando Pedro negou a Jesus chorou amargamente" (Lc 22.62). Esse é

o sentimento que deve nos tocar todas as vezes que negarmos a Jesus em

função dos nossos pecados. O fato é que, uma vez em Cristo, não podemos

mais voltar à prática do pecado. Esse é o verdadeiro arrependimento.

Pedro chorou largamente, uma atitude bem diferente da de Judas, que não

abandonou os seus pecados. E a consequência da falta de arrependimento

foi a morte (Mt 27.3-5).

O Processo de Restauração

Todo processo de restauração é marcado por submissão, rendição e

obediência. Não nos esqueçamos disto. Observemos a mensagem do

profeta Jeremias.

Em Jeremias 18.3,4, o profeta utiliza seis palavras muito importantes

durante a narração da visão do vaso e do oleiro: "ele", "obra" "rodas",

"vaso", "quebrou" e "bem". "Ele", é Deus, aquEle que está ocupado

trabalhando, nos modelando,, fazendo conosco conforme parece bem aos

seus olhos, exatamente como o barro nas mãos do oleiro. Deus tem planos

para as nossas vidas, e, para colocá-los em execução, é preciso estarmos em

total submissão à sua vontade Se permitirmos que Deus trabalhe, Ele

Page 138: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

poderá fazer o barro informe transformar-se em um lindo vaso. Podemos

confiar em suas mãos; Deus é o Mestre dos oleiros! O apóstolo Paulo

testemunha essa impressionante capacidade de Deus em Filipenses 2.13:

"Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo

a sua boa vontade".

A segunda palavra é "obra". Devemos conscientizar-nos de que com

Deus não há certezas. Não há como programar a atuação de Deus! Ele.é

surpreendente. Tratando-se de vidas, está sempre pronto a investir tempo,

amor, energia, paciência, poder e quaisquer outros recursos, como Ele

mesmo diz, em Gênesis 1.26: "Façamos o homem à nossa imagem,

conforme a nossa semelhança". Depois, Deus descansou no sétimo dia (Gn

2.2), mas o Espírito Santo continua o trabalho que um dia Deus iniciou.

Suas mãos estão sobre nós, trabalhando em nossas vidas, através de nós e

sobre a sua Igreja. Acompanhar o seu povo e o seu prazer. Ele é um grande

projetista e sabe exatamente como transformar barro em belos vasos.

A terceira palavra é "rodas". Elas representam o constante aprender

pelo qual passamos, todas as intervenções divinas que produzem

edificação. Veja o que diz Filipenses 1.12: "E quero, irmãos, que saibais

que as coisas que me aconteceram contribuíram para maior proveito

evangelho". Mas lembre-se: as "rodas" da vida — nossas experiências —

podem nos edificar ou destruir! "E sabemos que todas as coisas contribuem

juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são

chamados por seu decreto" (Rm 8.28). Nossas experiências devem

contribuir para o crescimento do Reino de Deus.

A quarta palavra é "vaso", ou seja, uma peça para armazenamento.

Deus está fabricando vasos de honra! Costumamos cantar uma canção que

diz: "Quero ser um vaso de honra em tuas mãos". Deus tem colocado

muitas coisas de valor em seus vasos. Deus nos comprou, não com prata ou

com ouro, mas com o precioso sangue de Jesus! Por isso o vaso foi feito

para ser bom. Porque ele é caro, muito caro! E Deus não usa vasos velhos;

Ele utiliza apenas os novos, vasos que estejam em perfeito estado e sejam

fortes o suficiente para guardar todos os utensílios de Deus! E esse é o

trabalho do Espírito Santo: fazer de nossas vidas vasos de honra, colocando

dentro deles a gloriosa presença de Jesus Cristo! Somos verdadeiras obras

de arte. Estamos em exposição para que o mundo veja nossa beleza e nosso

valor em Jesus. Não se coloca um quadro de Rembrandt (que costuma valer

Page 139: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

mais de seis milhões de dólares) no quartinho das ferramentas! Seria um

absurdo! Obras de arte devem ficar expostas em museus e galerias de arte

para que todos possam admirá-las. Bem, Deus está construindo um grande

vaso para colocar todas os seus tesouros, mas, por enquanto, "temos... esse

tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e

não de nós" (2 Co 4.7).

A quinta palavra é "quebrou", que representa a nossa tola insistência

em voltar aos velhos erros. Há uma soberania em Deus que não

entendemos. Todos podemos viver uma vida totalmente livre. No entanto,

não podemos esquecer que o pecado estraga o vaso. E o pior e que Deus

está sempre lidando com vasos quebrados, não desiste, Pois é muito

paciente.

De acordo com Jeremias 18, esse é o propósito das circunstâncias na

vida; moldar-nos com um verdadeiro vaso nas mãos do oleiro! Mas, em

Jeremias 19.11, lemos que Deus quebrará o vaso que não der frutos para o

seu Reino! No entanto, podemos ser quebrados também para restauração,

como diz a Escritura: "Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado;

a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus" (SI 51.17)

A sexta e última palavra é "bem". Os propósitos divinos estão

firmados sob um único aspecto: Deus quer o nosso bem, não lhe

interessando produzir peças ruins! Ele quer o nosso bem, e tem todas as

condições para quebrar-nos quando achar que a nossa forma se estragou.

Precisamos dar ao Senhor a chance de atuar em nossas vidas com total

liberdade, a fim de produzir excelentes vasos individuais e também uma

igreja sadia.

O Processo de Renovação

Analisemos bem este processo. O avivamento começa dentro do

coração e afeta toda a nossa vida, resultando em uma vida de vitórias e

alegrias em Deus, na qual as pessoas gozam das promessas do Pai

integralmente. A Igreja de Jesus Cristo começou a viver pela força que

adquiriu nas alianças e promessas de Deus, e agora nós somos os

privilegiados! Deus fez uma aliança com Israel: este seria o seu povo, e

Ele, o Deus da nação. Deus tem cumprido suas alianças!

Page 140: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

Em Hebreus 8.6, aprendemos que Jesus estabeleceu uma aliança

superior, entre Deus e a sua Igreja. Precisamos apenas conhecer o coração

de Deus e todas as suas promessas! Salmos 103-17,18, diz: "Mas a

misericórdia do Senhor é de eternidade a eternidade sobre aqueles que o

temem, e a sua justiça sobre os filhos dos filhos, sobre aqueles que

guardam o seu concerto e sobre os que se lembram dos seus mandamentos

para os cumprirem". No mesmo salmo lemos: "Misericordioso e piedoso é

o Senhor; longânimo e grande em benignidade. Não repreenderá

perpetuamente, nem para sempre conservará a sua ira. Não nos tratou

segundo os nossos pecados, nem nos retribuiu segundo as nossas

iniquidades" (vv. 8-10).

Deus não atua contra a sua Igreja, mas deseja que ela viva sob sua

proteção e suas bênçãos. Ele quer restaurar a alegria da salvação na igreja e

ouvir as suas orações. Em Jeremias 29.12, Ele diz: "Então me invocareis, e

ireis, e orareis a mim, e eu vos ouvirei". Isto significa que, se obedecermos

ao Senhor, ele responderá as nossas orações. Em Mateus 7.11, Jesus

afirma: "Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos,

quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem?"

Isto é oração! Isto é petição!

Deus quer manter todas as alianças que estabeleceu com sua Igreja.

Ele quer abençoá-la e fazê-la prosperar, restituindo-lhe tudo o que o diabo

tomou com o pecado, como declara em Joel 2.25: "E restituir-vos-ei os

anos que foram consumidos pelo gafanhoto, e a locusta, e o pulgão, e a

oruga". Ele é Deus de restauração e deseja cumprir suas promessas.

Jeremias 29.13 estabelece: "E buscar-me-eis e me achareis quando

me buscardes de todo o vosso coração". Deus será achado por todos os que

o buscarem. Tiago 4.8 revela: "Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós.

Limpai as mãos, pecadores-, e, vós de duplo ânimo, purificai o coração".

Deve ser nossa a iniciativa de nos aproximarmos de Deus! E, repetimos,

Ele será achado por todos os que o buscarem! Essa é uma promessa

maravilhosa! Deus é acessível e disponível, como afirma Jeremias 29.14:

"E serei achado de vós, diz o Senhor, e farei voltar os vossos cativos, e

congregar-vos-ei de todas as nações e de todos os lugares para onde vos

lancei, diz o Senhor, e tornarei a trazer-vos ao lugar de onde vos

transportei". O inimigo tem feito muitos males ao homem, mas através da

Igreja Deus há de restaurar todas as coisas!

Page 141: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

Em Jeremias 30, o Senhor dá-nos uma última promessa sobre o

processo de restauração e a obra do Espírito Santo em nossas vidas. No

versículo 17, está escrito: "Porque restaurarei a tua saúde e sararei as tuas

chagas, diz o Senhor". Precisamos que os rios de Deus jorrem pela igreja

hoje. As pessoas precisam ser curadas, porque a cura faz parte da aliança

divina. Em Êxodo 15.26, Deus diz: "Eu sou o Senhor, que te sara". Este é

um atributo de Deus e por isso deve ser uma realidade nas nossas vidas.

Ainda em Jeremias 30, o Senhor faz uma série de promessas. O

versículo 19 diz: "E sairá deles o louvor e a voz de júbilo; e multiplicá-los-

ei, e não serão diminuídos; e glorificá-los-ei, e não serão humilhados".

Deus quer que haja louvor e ação de graças, ao invés de murmuração e

queixas. Instrui-nos ainda a Palavra: "E vós, com alegria, tirareis águas das

fontes da salvação" (Is 12.3). Ao invés de escassez, Deus promete

multiplicação, assim como Jesus multiplicou os pães e os peixes. A igreja

precisa ser grande no Espírito, em número e nas coisas de Deus. Não faz

parte dos planos de Deus uma igreja derrotada e infeliz. Seus planos são

para um a igreja vitoriosa.

Em Jeremias 30.20, Deus diz: "E seus filhos serão como na

antiguidade, e a sua congregação será confirmada perante o meu rosto; e

punirei todos os seus opressores". Esse é o plano de Deus para as nossas

vidas!

E, em Jeremias 17.7,8, o Senhor declara: "Bendito o varão que confia

no Senhor, e cuja esperança é o Senhor. Porque será como a árvore

plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro e não

receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e, no ano de

sequidão, não se afadiga nem deixa de dar fruto". Somos o povo da aliança

de Deus! O avivamento espiritual irá renovar as nossas vidas!

O Processo de Edificação

O Senhor falou sobre uma série de processos pelos quais Israel

deveria passar: era preciso que se humilhasse perante o Senhor e

confessasse os pecados. E assim, iniciariam os processos de restauração e

de avivamento.

Page 142: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

E, havendo restauração e avivamento, alguns ingredientes, que se

revelam nesta aliança que descobrimos em Jeremias 31, passam a ser

adicionados.

Quando Jesus disse que edificaria a sua Igreja e que as portas do

inferno não prevaleceriam contra ela (Mt 16.18), não fez esta promessa por

acaso, mas apenas confirmou a Palavra. Em Jeremias 31.4, o Senhor

afirma: "Ainda te edificarei, e serás edificada, ó virgem de Israel! Ainda

serás adornada com os teus adufes e sairás com o coro dos que dançam". O

Senhor, agora, edificaria o seu povo. O diabo veio com toda a força para

demolir o edifício em construção, que era a Igreja, no entanto o Senhor

declarou: "As portas do inferno não prevalecerão contra ela".

Deus disse que iria adornar a sua noiva, a Igreja, com o seu Espírito

Santo e com vestes de justiça. É assim que Deus edifica sua Igreja: com sua

paz, sua santidade, seu caráter, sua forma, sua beleza e sua fragrância. O

Senhor declara: "Ainda plantarás vinhas nos montes de Samaria; os

plantadores plantarão e comerão dos frutos" (Jr 31.5). Em Jeremias 31.20,

Deus fala a respeito de Israel: "Ainda me lembro dele solicitamente".1 O

coração de Deus está inteiramente voltado à sua Igreja.

Jeremias 31.6 diz: "Porque haverá um dia em que gritarão os vigias

sobre o nome de Efraim: Levantai-vos, e subamos a Sião, ao Senhor, nosso

Deus". Já ouvimos hoje este clamor dos corações dos vigias que se

levantam e caminham em direção a Sião. Deus está conduzindo seu povo a

uma posição de firmeza! Invoquemos ao Senhor! Busquemos ao Senhor! E,

seja qual for o lugar onde se ouvir esse clamor, haverá um grande mover do

Espírito Santo, que diz a todos nós: "Voltemos à casa do Senhor!"

Demonstrando sua grande preocupação com os processos de

restauração, avivamento e renovação, a Palavra em Jeremias 31.9 diz:

"Virão com choro, e com súplicas os levarei; guiá-los-ei aos ribeiros de

águas, por caminho direito, em que não tropeçarão". Que promessa

maravilhosa! Por esse caminho direito, vejo a divina fonte de rios de águas

que vêm do Senhor. Ele nos conduz por caminhos de vida, como diz o

salmista Davi: "Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não

temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me

consolam" (SI 23.4). O Senhor nos guia e conduz, em qualquer lugar.

Page 143: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

Deus declara: "Sou um pai para Israel, e Efraim [outro nome dado a

Israel] é o meu primogênito" (Jr 31.9). Deus é o nosso pai, aquele que nos

assiste: "Se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos,

quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?"

(Lc 11.13).

Escreve o profeta Jeremias: "Ouvi a palavra do Senhor, ó nações, e

anunciai-a nas ilhas de longe, e dizei: Aquele que espalhou a Israel o

congregará e o guardará, como o pastor, ao seu rebanho" (Jr 31.10). Deus

está totalmente voltado para a sua Igreja. Ele está sempre cuidando das

ovelhas do seu rebanho. Ele disse que as congregaria, guardaria e cuidaria

delas.

E esse é o trabalho do Espírito Santo! Deus promete, em Jeremias

31.14: "E saciarei a alma dos sacerdotes de gordura, e o meu povo se

fartará dos meus bens, diz o Senhor". Oh, isto é maravilhoso, um grande

motivo de regozijo no Senhor. "Hão de vir, e exultarão na altura de Sião, e

correrão aos bens do Senhor: o trigo, e o mosto, e o azeite, e os cordeiros, e

os bezerros, e a sua alma será como um jardim regado, e nunca mais

andarão tristes" (v. 12). Esse é o tremendo suprimento que temos recebido

do Senhor através da gloriosa presença e comunhão do Espírito Santo em

nossos corações.

E, como resultado da restauração que o avivamento produz, diz o

versículo 16: "Assim diz o Senhor: Reprime a voz do choro, e as lágrimas

de teus olhos, porque há galardão para o teu trabalho, diz o Senhor; pois

eles voltarão da terra do inimigo". O Senhor tem prometido recompensa ao

nosso trabalho. E isto produz esperança, ao invés de desânimo; fé, ao invés

de falta de coragem e descrença. "E há esperança, no derradeiro fim, para

os teus descendentes, diz o Senhor (v. 17). Há dias em que tudo parece

pronto a desmoronar, mas ainda há esperança.

Jeremias declara, no versículo 19: "Na verdade que, depois que me

converti, tive arrependimento; e, depois que me conheci [tive instrução]..."

É exatamente o que acontece na igreja: somos instruídos através da voz do

Espírito Santo: "E os teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás

de ti, dizendo: Este é o caminho; andai nele, sem vos desviardes nem para a

direita nem para a esquerda" (Is 30.21).

Page 144: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

E diz Deus, em Jeremias 31.22: "Até quando andarás errante, ó filha

rebelde? Porque o Senhor criou uma coisa nova na terra..." Este é o

trabalho do Espírito Santo. Há um novo vento soprando, o vento do

Espírito Santo de Deus! "Porque satisfiz a alma cansada, e toda a alma

entristecida saciei". Esta é mais uma das promessas de Deus para as nossas

vidas.

No capítulo 32, encontramos preso o profeta Jeremias, quando a

Palavra de Deus veio ao seu coração. E por todo o livro de Jeremias vemos

expressões tais como: "E veio a Palavra do Senhor a Jeremias"; "Assim diz

o Senhor". Tinha de ser a Palavra do Senhor. E hoje Ele está nos falando da

mesma maneira através da sua Palavra. Estejam os nossos ouvidos atentos

à voz do Senhor.

O tio de Jeremias, Hananel, foi ao profeta e ofereceu-lhe uma

possessão da família, um campo em Anatote: "Compra para ti a minha

herdade que está em Anatote, pois tens o direito de resgate para comprá-la"

(v. 7). Temos o direito de resgate! Deus nos deu o direito de reivindicar

suas promessas e andar sob seu cuidado e provisão. Isso não é presunção. É

um direito concedido por Deus à Igreja.

E, quando Deus começar a realizar todas as suas promessas, veremos

o quanto Ele é bom para nós. Se vivemos longe de nossos privilégios e

direitos, é porque falhamos em viver a Palavra e reivindicar a provisão que

o Senhor nos tem prometido. O Senhor passará sobre a Terra e fará com

que a Igreja experimente uma vez mais as suas bênçãos.

O Último Processo

Achamos nossa habitação espiritual em Jeremias 32.17: "Ah! Senhor

Jeová! Eis que tu fizeste os céus e a terra com o teu grande poder e com o

teu braço estendido! Não te é maravilhosa demais coisa alguma".

Esse é o lugar em que a igreja deve viver. Nada é demasiado difícil

ao Deus que ela serve! O versículo 27 diz: "Eis que eu sou o Senhor, o

Deus de toda a carne. Acaso, seria qualquer coisa maravilhosa demais para

mim?"

E podemos ouvir de novo: "Eu sou o Senhor!" Deus colocou o seu

nome, e sobre ele todas as suas promessas. Veja o que promete no versículo

37: "Eu os congregarei de todas as terras..." No versículo 38: "E eles serão

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o meu povo, e eu serei o seu Deus". No versículo 39: "E lhes darei um

mesmo coração, e um mesmo caminho, para que me temam todos os dias,

para seu bem e bem de seus filhos, depois deles". No versículo 40: "E farei

com eles um concerto eterno, que não se desviará deles, para lhes fazer

bem; e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de

mim". Finalmente, no versículo 41: "E alegrar-me-ei por causa deles,

fazendo-lhes o bem".

Oh, que tremenda promessa o Senhor tem dado à sua Igreja hoje!

Creiamos, pois, no seu avivamento e restauração. Creiamos no grande

avivamento dos últimos dias, que o Espírito Santo está derramando sobre

as Assembleias de Deus. Veja-o pela fé. Quero que olhe para o Senhor e

confie. Ele é o Deus onipotente, que reina para sempre. Louvado seja o

nome do Senhor!

O livro de Jeremias, que começa comparando Israel a uma mulher,

não mantém esta mesma linha todo o tempo. Alguns estudos mostram que

o nome de Israel, dado às tribos do Norte, foi muitas vezes considerado

feminino, e o nome Efraim, masculino. O texto de Jeremias 31 trabalha

com essas duas imagens.

Page 146: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

12

Onde Começa

O Avivamento

A história de Sansão tem um impacto profundo nas pessoas que

desejam um avivamento do Espírito Santo. É como se estivéssemos

olhando por um espelho e vendo as nossas próprias falhas.

De início, vemos Sansão como a esperança da nação de Israel. Ele

representa um verdadeiro avivamento do Espírito Santo, sacudindo o povo

através do ser humano. Sim, Sansão foi um homem separado para Deus,

carregava sobre si a marca dEle, representada através de atitudes que

produziam santidade. Ele vivia em santidade porque tinha um

relacionamento com Deus.

Mas Sansão sofria de uma terrível doença, uma verdadeira moléstia

que assola o homem através de todas as gerações: não conseguia manter os

olhos afastados do mundo! Ele tinha plena convicção de que tudo o que

fazia era resultado da obra de Deus em sua vida. No entanto, falhou de

maneira terrível quando se deixou envolver por Dalila. Ele falhou em olhar

ao seu redor, entregou seu ministério, teve seus cabelos cortados por Dalila

e todo o seu poder foi reduzido à escravidão.

E importante observar: quando este fato terrível ocorreu, Sansão já

não falava mais em Deus! Pois entre Juízes 13.24 e 16.20, Sansão dizia

apenas "eu", "meu", "a mim"; isto ocorreu 37 vezes. No início de sua vida

"o menino cresceu, e o Senhor o abençoou" (Jz 13.24), mas na época em

que estava encantado por Dalila, "ele não sabia que já o Senhor se tinha

retirado dele" (Jz 16.20). Sansão confiava em seus sinais exteriores de

santidade, brincando com a imoralidade e a tentação, como se nada pudesse

derrubá-lo. Ele se colocou publicamente contra todo mundo, contando que

sua vida com Deus duraria para sempre, enquanto olhava para as filhas dos

Page 147: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

filisteus (Jz 14.1) e coabitava com prostitutas (Jz 16.1). Até que,

finalmente, se afeiçoou a Dalila (Jz 16.4).

Satisfação própria e abnegação se opõem, uma anula a outra. Não

podemos atuar no nome do Senhor e ao mesmo tempo estar na companhia

de Dalila. O mundo não pode nos obrigar ao pecado, mas tenta nos tornar

ineficientes atingindo nossas vidas em áreas mais fragilizadas.

Sansão estava satisfeito consigo mesmo e obtendo prazer com Dalila

no momento exato em que o seu poder havia acabado. A Bíblia diz que "ele

não sabia que já o Senhor se tinha retirado dele" (Jz 16.20). Ele só

lembrou-se de Deus quando estava em apuros, então "clamou ao Senhor

Deus e disse: Senhor Jeová, peço-te que te lembres de mim e esforça-me

agora, só esta vez, ó Deus" (Jz 16.28). Mas sua motivação não estava

baseada no desejo de cumprir a vontade Deus. O que ele queria era vingar-

se dos filisteus: "Só esta vez, ó Deus, para que de uma vez me vingue dos

filisteus, pelos meus dois olhos" (Jz 16.28). Sim, Deus o ouviu e lhe deu

mais uma vitória. Mas como teria sido melhor se Sansão nunca houvesse

pecado, se tivesse posto os seus- olhos em Deus, ao invés de ficar olhando

para Dalila! Jamais teria perdido a visão. A perda da visão é um dos

trágicos resultados para quem esquece de Deus e olha para o mundo!

E aqui estamos nós, no final do século XX, à beira do novo milênio,

nossa visão escurecendo e nossa força minguando. Conhecemos a

santidade e o poder de Deus, mas estamos com as nossas portas abertas

para o mundo. E mais uma vez estamos clamando: "Senhor, abençoa-nos

mais uma vez". Se Deus nos ouvir e nos conduzir através de um novo

avivamento, precisaremos ter vida moral e santidade elevadas. E,

principalmente, precisamos parar de olhar para o mundo e de tentar

satisfazer o nosso ego e a nossa carne!

Para o que Estamos Olhando?

Seria um grande erro se resolvêssemos determinar o que Deus

deveria fazer. 0 avivamento deve ser uma demonstração da total soberania

de Deus sobre nosso dinheiro, talentos e poder. Somos muito técnicos, e

nos consideramos bons naquilo que fazemos. Podemos olhar para o nosso

crescimento lento, analisar todas as nossas estratégias e métodos e procurar

soluções práticas para retomar o desenvolvimento e a edificação. No

Page 148: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

entanto, Deus olha para os nossos corações e vê o nosso real estado

espiritual.

Temos um exemplo dessa situação em Oséias 6.1-3: "Vinde, e

tornemos para o Senhor, porque ele despedaçou e nos sarará; fez a ferida e

a ligará. Depois de dois dias, nos dará a vida; ao terceiro dia, nos

ressuscitará, e viveremos diante dele. Conheçamos e prossigamos em

conhecer o Senhor: como a alva, será a sua saída; e ele a nós virá como a

chuva, como chuva serôdia que rega a terra".

Muitos pastores têm utilizado esta passagem, porque contém belas

frases sobre o retorno ao Senhor, cura e avivamento. No entanto, esperam

que Deus faça tudo isso em três dias de campanha!

Será que ninguém leu o resto da passagem? Deus não está satisfeito

com nossas "campanhas" de avivamento! No versículo 4, Ele pergunta:

"Que te farei?... Porque a vossa beneficência é como a nuvem da manhã e

como o orvalho da madrugada, que cedo passa". Três dias de campanha

não poderão reavivar-nos! Nossa espiritualidade vem e se vai rapidamente,

como o orvalho da madrugada. Nossas atitudes têm variado entre rápidas

chuvas espirituais e longos períodos de seca, onde mais provocamos a ira

de Deus que o seu prazer. "Por isso, os abati pelos profetas; pela palavra da

minha boca os matei; e os teus juízos sairão como a luz" (v. 5).

Então, o que Deus quer que façamos? Ele nos diz claramente, através

do profeta Oséias: "Quero misericórdia e não sacrifício; e o conhecimento

de Deus, mais do que holocaustos" (v. 6). O verdadeiro avivamento não

será passageiro como a manhã ou como o orvalho! O verdadeiro

avivamento produzirá grandes mudanças em nosso interior! Deus quer

"misericórdia" (atitudes elevadas uns para com os outros) e "conhecimento

de Deus" (conhecendo-o e amando-o verdadeiramente). Isto é muito mais

importante que nossas tradições e avivamentos periódicos! O verdadeiro

avivamento fará com que nos tornemos uma igreja real. Levaremos a carga

uns dos outros e seremos pessoas famintas da presença de Deus.

Se estamos fisicamente vivos, podemos abrir os olhos e ver o mundo

ao nosso redor. Agora, isso acontece quando somos apenas pessoas

normais. E, como pessoas espiritualmente vivas, podemos ver o que

acontece no mundo espiritual. Reconhecendo que Deus está presente e

atuante no coração da igreja, os crentes vivem sempre na expectativa de

Page 149: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

que algo sobrenatural irá acontecer! Isto explica o nosso entusiasmo, nosso

louvor com liberalidade, as libertações, as curas e o poder de Deus.

Temos teorizado demais a palavra "avivamento", e tantas são as

reuniões, que temos esquecido o significado real do termo. Realizamos os

nossos encontros espirituais e ali celebramos, cantamos, adoramos e

vivemos momentos de grande regozijo espiritual que duram semanas, até

que as brasas diminuam e finalmente desapareçam! O que precisamos é de

um verdadeiro despertamento espiritual! Não apenas por algumas semanas,

mas que dure todos os dias e siga até o século XXI! Não podemos mais nos

contentar com o calor passageiro de congressos e encontros, como se

tomássemos uma xícara de café. Precisamos beber das permanentes fontes

de águas vivas que jorram do coração do Senhor Jesus!

A Restauração do Primeiro Amor

Como já vimos, a Igreja Primitiva não precisava de um avivamento

porque estava vivendo as primeiras experiências. No entanto, com o passar

dos anos, a igreja começou a defrontar-se com as mesmas dificuldades com

que hoje nos defrontamos. Quando João escreveu o livro de Apocalipse, a

maioria dos discípulos já morrera e, das pessoas vivas, pouquíssimas havia

que conheceram Jesus pessoalmente. E esse é o nosso maior problema:

com o passar das gerações, vamos perdendo a visão e os propósitos

originais.

O melhor exemplo bíblico desses problemas está em Apocalipse 2.4,

quando o Senhor diz à igreja em Éfeso, em cerca de 95 d.C:

"Tenho, porém, contra ti que deixaste a tua primeira caridade

[amor]". Que triste comentário sobre uma igreja antes avivada, que iniciara

o seu ministério com manifestações de dons espirituais e espalhara o

Evangelho por praticamente toda a Ásia Menor! (At 19.10).

"Primeiro amor" lembra o relacionamento entre os jovens. Quando

uma garota chama a atenção de um rapaz, ela passa a ser para ele a coisa

mais importante do mundo. Esse mesmo amor gera o casamento. Uma

jornalista chamada Helen Rowland comenta: "Quando uma moça se casa,

ela está na verdade trocando a atenção de todos os homens pela de um

homem só".

Page 150: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

Assim também entre os cristãos. Ouvimos a história da cruz, e nos

inclinamos para Jesus Cristo. Ficamos realmente impressionados com seu

amor! O problema é que acabamos nos acostumando com a presença dEle e

perdendo a expectativa pelo sobrenatural.

O Senhor nos dá a solução através do declínio espiritual de Éfeso:

"Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te, e pratica as primeiras obras;

quando não, brevemente a ti virei e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não

te arrependeres" (Ap 2.5). Para que o avivamento viesse sobre a igreja de

Éfeso, era-lhe necessário lembrar, arrepender-se e voltar, O mesmo

precisamos fazer hoje! Precisamos lembrar de onde caímos, arrepender-nos

de nossas falhas e retornar ao que éramos. Deus não está satisfeito com a

nossa condição atual, por isso diz: "Tenho algo contra ti".

O que É Necessário para Nossa Restauração?

Donald G.Bloesh, em The crisis ofPiety, declara:

O que precisamos hoje é de uma renovação devocional que envolva

uma vida plena com o Senhor, uma reforma espiritual que abranja toda a

estrutura e a vida da igreja. E uma autêntica renovação representa um novo

derramamento do Espírito Santo. O Espírito Santo é único que pode

capacitar-nos a orar e pregar com poder e convicção. É o Espírito que nos

habilita e conduz no exercício de nosso ministério no Reino de Deus. É o

Espírito que dá sentido a nossa fé e a direciona, no tempo certo, ao lugar

certo. Um avivamento nos fará redescobrir o papel do Espírito Santo na fé

e prática cristã.

O caminho do despertamento espiritual passa por um renovo na

devoção, oração, meditação e fé, para o total distanciamento dos interesses

mundanos. Uma vida restaurada exige urgência na separação de tudo o que

é mundano e faz com que toda a nossa atenção esteja voltada exclusiva-

mente para Deus.

O problema em um despertamento espiritual está no fato de que não

podemos despertar a nós mesmos. Alguém precisa nos acordar; alguém

precisa tocar o alarme! Deus falou através do profeta Joel: "Tocai a buzina

em Sião e clamai em alta voz no monte da minha santidade"(Jl 2.1). E

também por intermédio de Jeremias: "Tocai a trombeta na terra! gritai em

alta voz" (Jr 4.5).

Page 151: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

Tivemos grandes líderes no passado, todos com aspectos e

características de suas épocas. Mas agora, para encarar toda a problemática

dos nossos dias, precisamos de novas lideranças! Nossos antepassados

cumpriram o seu papel. Precisamos de novos homens que tenham

experimentado um avivamento, para que possam conduzir a igreja de

nossos dias a atender um grande chamado de Deus!

Dois anos antes de sua eleição, o pastor Trask escreveu ao

presbitério: "Parece evidente para nós que, em nossa igreja, Deus está

desejando um avivamento com fogo do Espírito Santo. É imperativo que

levemos esta chama".

George O. Wood escreve:

Olhando para o início deste século, podemos ver as primeiras chamas

em Topeka, Kansas; Azusa Street, em Los Angeles; Hot Springs, Arkansas.

Essa foi a semente lançada para a grande e última colheita. Agora, estamos

no final do século e do milénio. Tenho ouvido contentemente do Espírito

Santo: "Azusa Street foi apenas um chuvisco, comparado com o que tenho

planejado para a minha igreja nos últimos dias".

Receita para o Avivamento

Para fazermos qualquer coisa, precisamos de uma receita que nos

indique os ingredientes e a maneira de fazer. Assim ocorre também com o

avivamento. Precisamos combinar vários ingredientes e saber como fazer

(o que exige domínio da temperatura e do tempo de preparo!). E hoje,

cremos que todos os ingredientes para um avivamento estão presentes nas

Assembleias de Deus, por isso estamos às portas de um novo

despertamento espiritual em nossa denominação.

Há uma receita para o avivamento? Claro que sim! Mas não basta

estudarmos os ingredientes necessários ao avivamento, como se

relacionássemos farinha e açúcar para um bolo. Se os descrevemos,

fazemos isso porque é necessário. O Espírito de Deus tem nos desafiado a

assumir a posição de um povo que deseja ardentemente o avivamento. Os

ingredientes necessários ao avivamento são, em quase tudo, muito

semelhantes ao relacionamento entre marido e mulher, já citado.

Examinemos, então, os diversos ingredientes necessários ao

avivamento.

Page 152: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

Em primeiro lugar, precisamos desejar o avivamento, isto é, alcançar

o estado em que somos totalmente de Deus e o seguimos em todos os

sentidos a fim de que as nossas vidas sejam restauradas. É como o amor.

Não é preciso estabelecê-lo; é natural em nossas vidas. O avivamento,

assim como o amor, representa o desejo ardente por um relacionamento

mais forte. O avivamento, como o amor, resulta de um relacionamento.

Mas também não podemos esquecer de que é necessário que nossas mentes

estejam abertas ao mover de Deus. Precisamos ser sensíveis à sua voz e aos

seus desígnios. Precisamos estar abertos e atentos para quando o

avivamento chegar.

Em segundo lugar, precisamos conhecer a Deus. O avivamento não é

um cheiro, ou uma fragrância que se espalha no ar. Ele surge com o

convívio; é uma resposta afirmativa de nossa personalidade a uma chamada

da personalidade de Deus em nossas vidas. O avivamento é um verdadeiro

relacionamento de amor com Jesus Cristo. E, como o amor, começa e

habita no coração.

Veja o que diz um artigo da revista Power:

“vez alguns jornalistas vieram de Londres e nos anunciaram, em

primeira mão, os maravilhosos acontecimentos de um grande avivamento

às vésperas da virada deste século. Um deles contou-nos uma História

engraçada sobre um jornalista que, interessado pelo Movimento Pentecos-

tal, perguntou a um policial onde poderia encontrar o avivamento. Conta-se

que o policial olhou fixamente para o repórter e, com os olhos brilhando,

colocou a mão sobre o peito, no lugar do coração e respondeu: "Está aqui!

O avivamento está aqui, bem embaixo deste uniforme!”

Não precisamos de um avivamento planejado, feito com as nossas

próprias forças, mas de pessoas que amam ao Senhor Jesus! Quando a

nossa mente estiver cheia dos pensamentos de Deus, quando nossos

corações saltarem de alegria ao ouvi-lo e deixarmos todos os nossos outros

interesses para servi-lo, desejando estar com Ele e agradá-lo, então o

avivamento virá!

Você já viu uma noiva feia e malvestida? Nunca! Nem todo mundo

nasce bonito, mas deixe o amor invadir o coração e observe os resultados!

A expressão do rosto muda, o andar fica diferente, a personalidade torna-se

mais sensível, a pessoa torna-se mais terna e o brilho nos olhos diz: "Estou

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amando!" O amor desperta os sentimentos, produz um relacionamento de

alta intensidade, unindo vidas para sempre através do casamento.

O mesmo acontecerá quando nos entregarmos por amor a Jesus. Nós

somos a sua noiva, e Ele, o nosso Amado. O amor nos unirá, e breve o

nosso casamento estará se realizando quando Jesus Cristo voltar. Ele ama a

sua Igreja e logo voltará para buscá-la, "para a apresentar a si mesmo igreja

gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e

irrepreensível" (Ef 5.27).

E essa expectativa que envolve o amor de um casal está totalmente

relacionada ao avivamento. É uma transformação pessoal, um sentimento

verdadeiro de vida que só existe no coração de pessoas que estão amando

de verdade. Cada cristão reavivado irá ler a Palavra de Deus, desfrutando

de cada letra como se fossem declarações de amor. Cristão reavivados

desejarão estar na igreja em todos os cultos, celebrando em oração e

aguardando com ansiedade a ministração da Palavra de Deus.

Consequentemente, ninguém desejará saber de nada que não envolva Jesus

Cristo. Tudo que disserem ou conversarem, culminará em um ensinamento

de Jesus ou em alguma coisa que Ele disse. Isso é avivamento, que não

pode ser definido sem que se fale de amor.

O problema reside em como chegar a esse estado de avivamento, ao

despertamento espiritual. Pois, da mesma forma que não se pode amar

apenas por ter lido um livro de psicologia, ninguém irá conhecer o

avivamento pela simples leitura deste livro. O avivamento não é um passe

de mágica. Ninguém pode chegar e dizer: "Atenção: um, dois, três...

avivamento!" Não é assim que acontece nas nossas vidas! Se você quiser

conhecer o avivamento, precisará conhecer Jesus! Você não o alcançará se

apenas tentar ser avivado. No entanto, quando você olhar nos olhos de

Jesus, será cativado por sua maneira de olhar e então irá amá-lo. E o amor

por Jesus fará com que deseje o avivamento em sua vida. Você anseiará

estar repleto de Deus, envolvido por sua glória. E, quando isso acontecer,

será avivamento!

E foi isso que os cristãos de Éfeso perderam: o primeiro sentimento

por Jesus. Eles perderam o primeiro amor. E o único remédio divino para

tal problema é lembrar, arrepender-se e retornar.

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Eis o ponto crucial de nossas necessidades: como recuperar o amor

por Jesus? Bem, já dissemos que a receita para o avivamento não é tão

simples como a de um bolo. Mas nem tudo está perdido! Há um caminho

que nos leva direto ao amor, caminho esse que o homem natural rejeita e os

demônios combatem com muito ódio. É tão simples que qualquer cristão

recém-convertido pode responder com plena convicção e eficácia.

Encontramos esse caminho em Tiago 4.7-10: "Sujeitai-vos, pois, a Deus;

resisti ao diabo, e ele fugirá de vós. Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a

vós. Limpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai o coração.

Senti as vossas misérias, e lamentai, e chorai; converta-se o vosso riso em

pranto, e o vosso gozo, em tristeza. Humilhai-vos perante o Senhor, e ele

vos exaltará".

Esse é o grande segredo do avivamento!

1. O avivamento começa com nossa total submissão aos caminhos e

à vontade de Deus, Precisamos abrir os nossos corações a Deus e submeter

as nossas vidas a um processo de cura. Como no amor, ou escolhemos a

vida a dois ou continuamos sozinhos.

2. Quando você se entrega ao amor de Deus, rejeita todas as outras

paixões. O avivamento nunca virá se houver em nossos corações a intenção

de retornar ao pecado. Por isso deve haver arrependimento, confissão de

pecados e rejeição ao mundo. Se o pecado voltar, rejeite-o. Jesus Cristo

quer o seu coração, a sua alma e o seu entendimento. Ele não dividirá você

com ninguém.

3. Quando você voltar ao primeiro amor, permaneça perto de Deus.

E, quando fizer isso, Ele ficará perto de você, pois existe uma relação de

amor íntimo. E esse relacionamento pode vir de diversas maneiras: 1) lendo

a Palavra de Deus; 2) dedicando um bom tempo para buscar a sua face em

oração; 3) adorando ao Senhor e buscando sua presença e poder.

4. Por mais estranho que possa parecer, o amor restaurado produz

inquietação, pela grande mudança no estilo de vida. No início, o

avivamento produzirá grande alegria e regozijo. No entanto, só será

perfeito quando atingir todas as áreas de sua vida, todas as imperfeições,

falhas e brechas. Você se sentirá tão estranho que lhe parecerá não estar

preparado para a ocasião ou que está sujo. E então começará a imaginar

que precisa fazer alguma coisa quanto a isso, e bem rápido. Você não ficará

Page 155: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

sossegado enquanto não resolver todas essas questões. Tiago diz para

limparmos as nossas mãos e lavarmos o nosso coração de todas as

impurezas. Precisamos nos arrepender e retornar de onde paramos.

Precisamos voltar à fonte da salvação e ter os nossos pecados lavados pelo

sangue de Jesus! Exatamente como o Senhor disse aos efésios: lembrar,

arrepender-se e retornar.

5. Quando você estiver limpo, e contemplar o Senhor na beleza da

sua santidade, o avivamento virá. Limpo dos pecados, você entrará no

regozijo do Senhor. Irá encontrar-se cada vez mais envolvido pelo amor de

Deus, e então o Senhor o levantará!

6. Você encontrará outras pessoas que tiveram as mesmas

experiências, e então todos clamarão pelo avivamento. Se você é pastor,

levará sua igreja a orar e jejuar. Pois quando cada crente é avivado, toda a

igreja é avivada. Pecadores sentir-se-ão atraídos pelos cultos e se

converterão por causa da forte presença do Espírito Santo no seio da igreja.

7. Quando a igreja estiver avivada, pessoas serão influenciadas,

outras igrejas serão despertadas e o avivamento irá alcançar toda a face

da Terra.

Creio não haver mais dúvidas de que o avivamento tem início no

coração de todos os cristãos que lembrarem de Deus, se arrependerem e

retornarem ao Senhor. Este é o grande plano: retornar ao primeiro amor por

Jesus! Isso é avivamento! É estimulante pensar como será esse grande e

novo avivamento! Na verdade, ele já começou no coração do povo de Deus

espalhado em toda a América e por todo o mundo.

Quando Acontecerá o Avivamento?

Charles G. Finney, evangelista usado de muitas formas pelo Senhor,

escreve em Revivais of Religion que há oito sinais que identificam um

avivamento:

1. Quando Deus indica que está prestes a enviar um avivamento, a

fim de restaurar sua igreja.

2. Quando a maldade dos ímpios se agravar de tal modo que possa

ameaçar os cristãos.

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3. Quando os cristãos começam a ter um mesmo espírito de clamor

pelo avivamento.

4. Quando a atenção dos líderes começa a se voltar para o

avivamento, e em seu coração começa a crescer uma grande

responsabilidade pelas almas perdidas.

5. Quando os cristãos começam a confessar seus pecados uns aos

outros.

6. Quando os cristãos não medem mais esforços para alcançá-lo e

começam a buscá-lo com grande vontade.

7. Quando existe uma grande necessidade de despertamento na

igreja.

Muitos avivamentos têm começado no coração de um único cristão.

Thomas DeCourcy Ryner escreve:

O mundo inteiro ainda sente a influência do grande avivamento

ocorrido no País de Gales, no início deste século. Mas poucas pessoas

lembram como esse avivamento realmente começou.

Um encontro de cristãos estava acontecendo em uma cidade de

Gales, quando uma tímida menina levantou-se. Ela estava tão nervosa que

só conseguia dizer uma coisa: "Oh, eu te amo Jesus!" Depois ela sentou-se.

Deus utilizou aquele testemunho para seus propósitos divinos. Então, o

Espírito Santo foi derramado sobre todas as pessoas que participavam

daquela reunião. Logo a unção espalhou-se por toda a igreja; e em seguida

por todo o país! E isso que logo veremos acontecer por todo o mundo.

Deus, faça isso de novo!

Page 157: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

13

Chamada Pentecostal

ao Altar

Sempre chega o momento, no culto Pentecostal, em que o pregador

diz: "Curvem as suas cabeças e fechem os seus olhos", cujo propósito não é

tanto para a meditação espiritual da igreja, mas para que as pessoas

cheguem a um momento de reflexão e aceitem a Jesus Cristo como seu

Salvador; aquEle que salva, cura e transforma. Uma verdadeira decisão por

Cristo.

Essa é a chamada ao altar.

Esse livro inteiro é uma mensagem pentecostal. Sob a unção do

Senhor, trouxemos até você a sua poderosa mensagem que foi forte em

nossos corações. E agora é a sua grande chance; você pode responder a este

chamado do Senhor Jesus, tendo a certeza de que nada parecido com isso

foi escrito antes. Essa é uma mensagem do coração de Deus, direto ao seu

coração.

• Você deseja um despertamento em sua vida e nas Assembleias de

Deus?

• Podemos contar com você, quando o avivamento vier, atuando com

todo o seu coração, alma, força e entendimento?

• Você se juntará a nós em um grande clamor, com oração e jejum, por

um derramamento do Espírito Santo em toda a América?

• Você buscará ao Senhor para que a glória dEle encha a sua vida e

assim esteja santificado e justificado?

Page 158: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

• Você viverá em unidade com seus irmãos, em sua igreja local, sendo

ativo no serviço do altar, e estará disposto a orar até que chegue o

avivamento?

• Se você é pastor, buscará estar mais próximo de Deus e conduzirá

sua igreja para um avivamento pentecostal com um estilo de vida cristão,

ministração da Palavra, chamada ao altar e evangelismo?

• Se você é pastor ou evangelista itinerante, buscará ao Senhor para ter

mais unção e assim poder levar o avivamento às igrejas ao seu redor?

• Se você é um mestre — ensinando na igreja ou em institutos bíblicos

— e está unido a este despertamento, ensinará aos seus alunos os

fundamentos de um estilo de vida pentecostal, a fim de que possa ser

levantada toda uma geração de ministros e pregadores cheios do Espírito

Santo?

• Você se juntará a nós em um único clamor, dizendo que não

descansará enquanto o avivamento não vier?

Se você respondeu afirmativamente às questões acima, seja bem-

vindo à nova geração de "guerreiros de oração"! Isto não é um nome de um

programa de televisão. É o que veremos acontecer! O Senhor já está em

posição de batalha, e irá ungir e abençoar a todos os que atenderem à sua

voz e se levantarem diante deste grande avivamento!

Ás vezes, as chamadas ao altar têm efeito limitado porque

normalmente as pessoas não têm a menor ideia do que fazer a seguir. Por

isso, nas próximas páginas, tentaremos fazer com que você conheça a

personalidade de Deus e o que Ele quer que você seja e faça.

Primeiro, falemos a você individualmente para que, sendo um

voluntário ou ministro, possa relacionar-se pessoal e intimamente com

Deus. Mais tarde, nos dirigiremos aos ministros. O avivamento é o nosso

grande alvo. Mas primeiro, faremos com que os cristãos se tornem

individualmente alertas e espirituais, para que amem ao Senhor e desejem

um longo derramamento do Espírito Santo.

Cristãos Avivados

Page 159: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

Três passagens na Bíblia ensinarão você como buscar por um pessoal

e pleno avivamento espiritual: 2 Crônicas 7.14, Tiago 4.7-10 e Apocalipse

2.1-5-

A primeira passagem está no Antigo Testamento: "E se o meu povo,

que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e

se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, e

perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra" (2 Cr 7.14).

Esse texto não deixa nenhuma dúvida sobre o que realmente

precisamos fazer. Um verdadeiro avivamento deve começar pelo

arrependimento e pela humilhação. O Senhor deve ser o centro das nossas

vidas. Tudo o mais deve esperar ou ser retirado. Você verá os resultados

quando colocar Deus em primeiro lugar. O resto será secundário e nada

mais tomará conta de sua vida. Você deve expor sua vida diante do Senhor,

deixar o orgulho e humilhar-se. Jesus disse: "Se alguém quiser vir após

mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz e siga-me" (Mt

16.24).

E, depois que você faz uma entrega total e adota um estilo de vida

cristã, passa a ter condições de clamar ao Senhor. A oração é o elemento

mais importante em um avivamento. E não estamos falando de pequenas

orações, como as que fazemos para abrir o culto. Estamos falando de gastar

tempo diante do Senhor, pedindo-lhe que envie a sua glória sobre nós. Em

1 Timóteo 2.1, Paulo refere-se às "orações, intercessões e ações de graças

por todos os homens". São diferentes tipos de oração, elementos

fundamentais em um clamor a Deus. Deixe suas emoções fluírem e diga o

que você sente peio Senhor Jesus! Tenha misericórdia, interceda pelas

outras pessoas e louve a Deus. Mais tarde, você verá que sua comunhão

com o Pai é tamanha, que chegará ao ponto de poder ouvir a sua voz.

A Bíblia fala também sobre oração e jejum. Alguns têm

testemunhado curas e bênçãos através deste. Jejuar não inclui apenas a

abstenção, requer também uma entrega total ao Senhor. Alguns deixam até

de ouvir rádio e ver televisão.

E assim, logo você estará falando com Deus. Algumas pessoas

sentem em seu coração confirmações ou negativas de Deus. Outras ouvem

a sua voz. Alguns têm visões, e outros, não. Deus atua de diferentes

maneiras com o seu povo. O certo é que, quanto mais buscarmos ao

Page 160: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

Senhor, melhor nos relacionaremos com Ele. Hebreus 5.14 diz: "Mas o

mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm

os sentidos exercitados para discernir..." E, finalmente, precisamos nos

converter de nossos maus caminhos. Você pode perguntar: "Que maus

caminhos?" A verdade é que temos nos acostumado tanto com eles, que já

nem percebemos o que é certo ou errado. Quando surgiu a TV, os cristãos

mudavam de canal diante de um simples comercial de cerveja! E hoje? O

que está entrando em sua casa? Temos aceitado a invasão da impiedade, ou

simplesmente a ignoramos. Ser ímpio é concordar com a impiedade e agir

de acordo com ela. Precisamos ter um estilo de vida completamente cristão.

Hoje, é isso que faz a diferença.

Como é possível um cristão adorar a Cristo na igreja e depois, em

casa, encher o coração de violência e imoralidade? Isso é uma contradição!

Não podemos pregar uma coisa no domingo e agir diferente na segunda-

feira! Se você deseja algo a mais de Deus terá de cortar tudo isso!

Se você deseja tornar-se em um grande guerreiro no avivamento,

então arrependa-se, confesse, ore, busque a face do Senhor e deixe os seus

maus caminhos. Saiba que Deus ouvirá você, perdoará os seus pecados e

lhe trará cura ao corpo, alma e espírito.

Consideremos a segunda passagem, Tiago 4.7-10, onde lemos sobre

submeter-se a Deus, resistir ao diabo e colocar-se à disposição do Pai com

mãos limpas, corações puros e sentimento de contrição. Tudo aqui nos leva

para longe do mundo, a uma santidade que não está baseada no legalismo,

mas no poder da escolha! Jesus afirma claramente: "Ninguém pode servir a

dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará um

e desprezará o outro" (Mt 6.24). E João ratifica: "Não ameis o mundo, nem

o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele"

(1 Jo 2.15).

E a terceira passagem é Apocalipse 2.1-5, onde o Senhor nos alerta:

"Arrepende-te ..." O arrependimento é fundamental para o avivamento.

Se você ainda não foi batizado no Espírito Santo, com o falar em

outras línguas, como em Atos 2.4, faça dessa experiência sua maior

prioridade. Jesus não permitiu que os seus discípulos ministrassem a

ninguém sem que antes recebessem "a promessa do Pai". Depois que

estiver cheio do Espírito, procure orar em línguas de vez em quando. A

Page 161: De Volta Ao Altar Thomas E Trask e David a Womac

Bíblia diz, em 1 Coríntios 14.4, que isso o edificará. Peça a Deus que use

você através de ministérios e manifestações do dons espirituais (1 Co 12.1-

11).

Poderíamos falar muito mais sobre nossa responsabilidade em um

avivamento e o seu alcance. Mas, quando o avivamento chegar, o Espírito

Santo irá guiá-lo em toda a verdade (Jo 16.13).

Ministros Avivados

Pode parecer contradição dizermos que precisamos de avivamento

quando estamos em plena atividade. No entanto, cremos que precisamos de

algo mais de Deus em nossas vidas. Muitos de nossos ministros nunca

experimentaram um avivamento do Senhor. Muitos foram levantados em

suas igrejas e nunca aprenderam a lidar com o Espírito Santo. Muitos até

receberam o avivamento, mas falham em compreender que ele não deve ser

temporário, mas permanente. O avivamento de Topeka, em 1901, estendeu-

se por um tempo, assim como o de 1906, na rua Azusa, que durou até 1910.

No entanto, foi apenas o início e não todo o mover do Espírito. Não

estamos clamando a Deus por um pequeno avivamento, mas por um mover

espiritual para o século XXI!

Alguns pastores já compreenderam a necessidade de um grande

avivamento, mas não querem pagar o preço! Deus pode fazer de nós um

grande exército, se realmente alcançarmos o seu coração e dia e noite nos

dedicarmos integralmente a Ele. Então será forte o avivamento em nossas

igrejas e alcançará o mundo.

Todos os nossos ministros, pastores, evangelistas, professores,

missionários, músicos e administradores, precisam envolver-se plenamente

com este grande avivamento, conduzindo a igreja no Espírito Santo.

E é exatamente por causa desta grande responsabilidade que

dedicamos aos pastores as próximas palavras.

Pastor, podemos contar com a sua vida e sua igreja neste

avivamento? Então você precisará primeiro ter uma vida avivada.

Passe um tempo a sós com Deus. Encontre um lugar tranquilo e sinta

a presença do Pai. (Quando o pastor Trask estava em Detroit, havia um

local tranquilo onde ele se recolhia para orar. Da mesma forma quando eu

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era pastor em San José, tinha um lugar especial para encontrar-me com o

Senhor. Creio que, não fossem aquelas experiências, dificilmente estaria

escrevendo este livro.) Não é um momento de batalha espiritual, mas de

descanso em Deus.

Os primeiros 15 minutos são terríveis. Leva tempo até a alma

acalmar-se diante do Senhor. Muitos não conseguem orar durante um bom

tempo. Se você quiser parar, leia a Palavra em meditação espiritual. Deixe-

a falar ao seu coração. Deixe o Espírito fluir dentro de você.

Depois ore! Nós, pregadores, geralmente anulamos nossas vidas em

função dos outros. Passamos mais tempo encorajando as pessoas do que

adorando a Deus. E isso tudo acontece quando, às vezes, precisamos chorar

diante de Deus e dizer: "Abba Pai"

Pregador, sua espiritualidade virá de Jesus, no momento em que

ninguém estiver olhando. Precisamos entrar na presença de Deus como

crianças que precisam de seu pai. Jesus disse: "Qualquer que não receber o

reino de Deus como uma criança não entrará nele" (Mt 18.17).

Se estivéssemos na igreja agora, o órgão estaria louvando ao Senhor

enquanto você o adorava. Deixe o Pai celestial tomá-lo em seus braços.

Esqueça seus problemas e ansiedades. "O Deus eterno te seja por habitação,

e por baixo de ti estejam os braços eternos; e ele lance o inimigo de diante

de ti" (Dt 33.27).

Fale em outras línguas! Louve ao Senhor! Pense: você está avivado

por Deus! A Bíblia diz: "Apascentai o rebanho de Deus que está entre vós,

tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe

ganância, nas de ânimo pronto" (1 Pe 5.2). Não seja pastor apenas porque

tem de ser, mas por desejar ser! Não seja líder por dinheiro, mas por

possuir um chamado de Deus. A palavra "pronto" significa "erguido pelo

espírito". Quando você entra na presença de Deus desta forma, está

caminhando como Moisés diante do monte Sinai.

E, quando você estiver avivado em seu espírito, há sete passos a

seguir para que o avivamento venha sobre sua igreja:

1. Ore. É muito difícil começar um avivamento sem que se pague o

preço por ele, o caminho da cruz. Precisamos ter uma forte experiência

com Deus, proveniente de Jesus Cristo. Ele disse: "Eu sou o caminho, e a

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verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim". Somente através

da oração Deus poderá guiar-nos ao arrependimento e ao avivamento. Um

dia, as Assembleias de Deus tiveram a "Assembleia Sagrada", um marco na

história do avivamento. Faça algo parecido. Motive sua igreja a buscar o

Senhor.

2. Tenha cultos avivados aos domingos. Pessoas serão curadas e

libertas, pecados serão perdoados e milagres acontecerão. Se Jesus

necessitava dos sinais C maravilhas para suporte de seu ministério, por que

achar que podemos substituir o poder de Deus por outra coisa?

3. Pregue a Palavra sob uma poderosa unção. Crucifique sua velha

natureza e deixe o caráter de Cristo encher a sua vida. Pregue sempre como

se fosse a primeira vez. Uma antiga história escocesa conta-nos sobre a

vida do rei Robert the Bruce. Quando ele morreu, o povo escocês manteve

todas as suas palavras no coração. E conta a história que, em uma batalha

contra a Inglaterra, os soldados da Escócia repetiam uns para os outros:

"Vamos no coração de Bruce". E assim chegaram à vitória. Pastor, ponha o

seu coração na batalha; lute no coração de Jesus Cristo. A partir do

momento em que todos os nossos pastores agirem dessa maneira, veremos

um avivamento como jamais presenciamos.

4. Chame o povo ao altar. Se Deus inspirou a sua mensagem, Ele

também quer que você ofereça ao povo uma oportunidade, para que

respondam ao clamor do Espírito Santo. Chame os pecadores ao

arrependimento no altar, enquanto a igreja ora e intercede por suas vidas.

Paulo escreve: "Não extingais o Espírito" (1 Ts 5.17). Precisamos dar

oportunidades às pessoas, para que conheçam ao Senhor. E então elas serão

batizadas no Espírito Santo, curadas, libertas e receberão uma nova-

motivação para a vida cristã. Ore pelas necessidades do povo; ministre a

unção com óleo aos doentes e, quando necessário, expulse demônios. Não

deixe tamanha tarefa nas mãos de qualquer pessoa. A unção divina está

sobre o ministro da Palavra. Você precisa exercitar o ministério do altar.

Onde o Senhor estiver, espere sempre por algo sobrenatural!

5. Permita que os dons do Espírito Santo se manifestem no culto.

Lembre-se sempre de que "a manifestação do Espírito é dada a cada um

para o que for útil" (1 Co 12.7). E o Espírito Santo quem atua no coração

das pessoas para benefício do corpo de Cristo! 1 Coríntios 14 diz que o

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dom de línguas, sem a interpretação, edifica a pessoa individualmente,

enquanto que a profecia edifica toda a igreja.

6. Mantenha o Corpo avivado. Em uma igreja avivada, muitas coisas

acontecem. Nem todos os cultos serão entusiasmados e cheios de alegria.

Procure sempre reavaliar o culto e mantenha a chama acesa! O pastor deve

estar em constante comunicação com o Senhor, para saber sobre o que

pregar e como conduzir a adoração na igreja.

7. Busque a salvação das almas. Se o avivamento não está

produzindo salvação, então alguma coisa está errada! Coloque-se em

oração e questione o Senhor sobre o que fazer para que almas sejam salvas.

Procure ficar tranquilo, porque nem todos os resultados são imediatos. Mas

insista na pregação da cruz de Cristo. Você verá que muitos jovens

corresponderão ao chamado de Deus!

As pessoas têm dito que há um grande avivamento no ar! Se isto

significa que há uma grande expectativa pelo que Deus vai fazer, então é

verdade! Mas é muito importante não esquecer: o avivamento não é uma

atmosfera; é um verdadeiro relacionamento com Jesus, através do Espírito

Santo.

Deus tem manifestado sua presença por todas as igrejas, de forma

maravilhosa, através do louvor sincero e da adoração. Mas a maioria das

nossas igrejas ainda tem uma expectativa pequena sobre o que Deus pode

fazer e ainda mantêm suas portas fechadas. E é por isso que clamamos pelo

avivamento — porque cremos que Deus responderá!

O avivamento já começou! Precisamos abrir nosso coração a Deus e

as portas de nossa igreja às almas sedentas de salvação!

Rode, abra a porta! (At 12.16).