de volta ao altar thomas e trask e david a womac
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Thomas E. Trask
David A. Womac
Digitalizado : Karmitta
Semeadores da Palavra
Revisado: Escriba Digital
Uma
chamada ao
despertamento
espiritual
Todos os direitos reservados. Copyright © 1997 para a língua portuguesa da Casa
Publicadora das Assembleias de Deus.
Título do original em inglês: Back lo the Altar Gospel Publishing House
Springfieid,Missouri, USA Primeira edição em inglês: 1994
Tradução: Leclerc Victer Caitano
Capa: Hudson Silva
269 - Avivamento
Trask, Thomas E. & Womack, David A. TRAd De volta para o
Altar.../ Thomas E. Trask & David A. Womack
1ª ed. - Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus,
1997. p. 184. cm. 14x21.
ISBN 85-263-0100-4
1. Avivamento Espiritual
CDD
269 - Avivamento Espiritual
Casa Publicadora das Assembleias de Deus
Caixa Postal 331
20001-970, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
1ª edição/1997
Índice
Prefácio..........................................................................................................5
1 Desperta, Tu que Dormes....................................................................9
2 Chamada ao Avivamento..................................................................19
3 Chamada ao Arrependimento ........................................................31
4 O Poder Pentecostal e a Igreja...........................................................45
5 Avivamentos na Bíblia......................................................................60
6 Redescobrindo o Pentecoste..............................................................71
7 O que Significa Ser Pentecostal........................................................86
8 Retorno à Santidade..........................................................................97
9 Ser Igreja e Viver como Igreja........................................................106
10 O Louvor e Adoração......................................................................118
11 Assim Diz o Senhor.........................................................................129
12 Onde Começa o Avivamento..........................................................146
13 Chamada Pentecostal ao Altar.........................................................157
Prefácio
Esta obra que propaga uma chamada ao avivamento espiritual foi
escrita em poucos meses. Entretanto, sua preparação veio através de
décadas de experiências de dois pregadores das assembléias de Deus.
Um grande número de pessoas, entre irmãos e líderes, contribuíram
grandemente para a elaboração deste livro.
Todo aquele que sempre conheceu as maravilhas do fogo pentecos-
tal não poderá jamais estar satisfeito com o fenecer das brasas do aviva-
mento.
Nosso propósito não é retornar ao início do século XX, mas salientar nossa
associação à mesma fonte de poder, da qual brotou o avivamento de nossos
antepassados — o Cristianismo originário da Igreja do Novo Testamento.
Nos parágrafos que se seguem, falaremos sobre cada uma destas associa-
ções separadamente, e nos demais, de forma globalizada.
Thomas E. Trask:
Este livro é o resultado da conscientização que Deus tem gerado em nossos
corações, sobre a obra do Espírito Santo, e pode ser resumido em duas
palavras: necessidade e desejo.
A primeira tarefa do Espírito Santo na vida do crente é fazer com que
ele seja capaz de perceber a sua grande necessidade de Deus. Com o
fracasso do mundo em atender às necessidades básicas do homem, é mais
do que imperativo que a Igreja se levante para ser um hospital que salve
vidas, leve cura aos doentes e proporcione conforto aos feridos. O aviva-
mento trará vida e sensibilidade à Igreja. O Espírito Santo nos levará a
tomar posse das oportunidades dadas por Deus ao ministério. Olhos que se
encontram fechados serão abertos, e todos os cristãos verão e sentirão
como Cristo. Além disso, estaremos cumprindo suas ordenanças, no
tocante à obra e plenitude do Espírito.
Mas é também tarefa do Espírito Santo colocar desejo e fome de
mais e mais do Senhor em nossos corações.
Ao contemplarmos as necessidades do mundo e nossa total
incapacidade para satisfazê-las, perceberemos então a nossa completa
dependência de Deus!
Isto nos motivará a correr para Ele, com um ardente anseio pelo
poder capacitador do Espírito Santo. Este desejo nos dará fome da presença
e da palavra de Deus e também da plenitude de seu Espírito, que será
satisfeita somente através da oração. As Escrituras declaram que "Sião
esteve de parto e já deu à luz" (Is 66.8). Cremos que Deus já está criando,
dentro dos corações de líderes e membros das Assembleias de Deus, algo
gerado pelo Espírito, que causará o avivamento e o estabelecimento do seu
reino.
David A. Womack:
Alguns anos atrás, voltei à velha fazenda onde passei parte da minha
infância. Tudo havia mudado. As cabras com as quais brincava já não
estavam mais lá. No lugar onde havia uma pequena casa de dois como dos,
com dois chiqueirinhos e um celeiro com feno, outra casa havia sido
construída, pois a primeira fora totalmente consumida por um incêndio. Os
castores haviam represado o riacho onde eu costumava pescar e tomar bons
banhos; e o pior, todas as trilhas e caminhos que eu havia feito pela fazenda
estavam cobertos pelo mato. Vários dias de verões escaldantes e rigorosos
invernos destruíram todas as evidências de que eu estive lá!
Enfrentamos hoje um problema similar nas Assembleias de Deus. Os
antigos caminhos se foram e poucos se lembram onde começaram, como
foram usados e em que direção. Com o passar das gerações, não podemos
depender de memórias longínquas do antigo Movimento Pentecostal, mas
precisamos experimentar um novo avivamento espiritual para o século
XXI!
O objetivo deste livro não é apontar erros, mas encontrar soluções.
Avivamento é sobrevivência. Não implica em retornar ao passado, mas sim
ao avivamento original do Novo Testamento, marca registrada do
cristianismo apostólico nascido no dia de Pentecostes.
Deixe-me fazer uma tentativa, para que o leitor compreenda como
cheguei a trabalhar com Thomas neste livro.
Há um velho ditado dos indígenas de Burkina Faso, Oeste da África,
que diz: "A pedra que se misturou com os feijões entrou na panela!" Rego-
zijo-me pelo fato de estar sob a liderança desses dedicados homens de
Deus. Homens que foram chamados para conduzir um avivamento: o
superintendente geral das Assembleias de Deus nos Estados Unidos, pastor
Thomas E. Trask; o assistente geral, pastor Charles T. Crabtree; o secretá-
rio geral, pastor George O. Wood; e o tesoureiro geral, pastor James K.
Bridges.
Por todo o livro, identificarei as minhas narrativas, as de Thomas E.
Trask e a de outros líderes. Entretanto, o leitor deve reconhecer que o livro
em sua totalidade foi desenvolvido com grande esforço, cooperação, muitos
diálogos fervorosos e momentos de grande sensibilidade e unção divina.
Essas podem ser as nossas palavras, mas cremos que tudo o que realizamos
foi pela vontade e ordem de Deus.
Como contribuição ao nosso trabalho, o livro inclui notas de oficiais,
ministros e muitos outros, que, com os autores, escreveram especificamente
para este projeto, os quais serão identificados pelo autor, conforme forem
sendo citados.
Não houve nenhuma tentativa de apresentarmos o avivamento sob o
ponto de vista subjetivo. Na verdade, tornou-se muito claro para nós que o
tema despertamento espiritual veio ao encontro da atual necessidade de um
Movimento Pentecostal. Muitos leitores irão sugerir outras passagens
bíblicas que poderíamos ter usado. No entanto, nossa pretensão é que este
livro se adapte completamente à nova onda de intensa renovação, de
pregações ungidas e de escritores inspirados através de nosso movimento, a
fim de trazer todos de joelhos perante o Senhor.
1
Desperta, Tu que Dormes!
Desde crianças, temos ouvido o velho comentário: "O que esta igreja
precisa não é apenas de um despertamento, mas de uma ressurreição!" Na
verdade, isto faz uma pequena diferença de como identificamos a condição
da igreja. Para pessoas comissionadas a levar o Evangelho a todo o mundo,
o fato de a igreja estar doente, adormecida ou "morta" é apenas uma leve
consequência pelo fato de a incumbência divina não estar sendo cumprida.
Se a igreja está doente, temos um poderoso remédio, infinitamente capaz de
nos abençoar com uma vida nova. Se a igreja dorme, ao invés de estar
trabalhando, precisamos chamá-la a um despertamento. Se a igreja está
morta, precisamos lembrá-la da visão do profeta Ezequiel sobre o vale de
ossos secos.
Ossos Secos (Ez 37.1-14)
Uma das características típicas de uma pregação pentecostal é o fato
de sempre usarmos histórias bíblicas, contextualizando-as às nossas vidas.
E isso não é apenas uma aproximação alegórica das Escrituras para crermos
firmemente que são legítimas. Mas é a razão pela qual vemos um
significado especial nas histórias, além de seu valor secular.
Durante o cativeiro de Israel na Babilônia, no século VI A.C, o
Espírito do Senhor levou o profeta Ezequiel a um vale que estava cheio de
ossos secos e perguntou: "Poderão viver esses ossos?"
Ezequiel compreendeu que aqueles ossos representavam a condição
espiritual do povo de Deus, e não viu nenhum motivo para sentir-se
animado. Mas respondeu: "Senhor Jeová, tu o sabes".
Ezequiel pensou que sua tarefa seria juntar todos aqueles ossos e dar-
lhes um enterro decente. Mas Deus tinha planos diferentes. Ele nunca
desiste do seu povo. Deus disse: "Profetiza sobre estes ossos e dize-lhes:
Ossos secos, ouvi a palavra do Senhor". Não havia programação, nem
anúncios, nem homenageados e muito menos música ambiente ao fundo.
Deus determinou: "Pregue!" A resposta para o problema da sequidão foi
pregar com poder, para que muitos mortos levantassem. Ossos secos
podem reviver. Se ministrarmos a Palavra com poder e autoridade, muitos
se levantarão!
Deus declarou: "Eis que farei entrar em vós o espírito, e vivereis... e
sabereis que eu sou o Senhor".
Ezequiel escreveu: "Então profetizei como se me deu ordem. E
houve um ruído, enquanto eu profetizava; e eis que se fez um reboliço e os
ossos se juntaram, cada osso ao seu osso". Músculos e nervos vieram sobre
os ossos, e estendeu-se a pele sobre eles. Você crê nisso? Então Deus disse:
"Profetiza ao Espírito... assim diz o Senhor..."
Ezequiel sabia que o Espírito estava associado com o sopro de Deus.
A palavra do hebraico para espírito é ruach, que também significa "fôlego"
ou "vento". Ezequiel levantou-se diante daqueles ossos secos e profetizou
ao vento. E "então o espírito entrou neles e viveram, e se puseram em pé,
um exército grande em extremo".
Hoje, nem as necessidades nem as soluções mudaram. A cura de
Deus para uma igreja "morta" ainda é pregar! Aliás, mais que isso —
profetizar! Ezequiel não entregou àqueles ossos um sermão de três partes
acerca de sua teologia sobre a morte. Ele simplesmente ouviu a voz de
Deus e entregou a Palavra do Senhor. Ele falou com autoridade e
experiência: "Assim diz o Senhor..."
Não houve nenhum movimento da parte dos ossos pela manutenção
da vida, nenhuma organização, nenhum pedido de socorro! O Espírito do
Senhor levou Ezequiel ao vale de ossos secos e lhe disse crer no impossí-
vel, para proclamar a Palavra de Deus a um povo desconjuntado e
corrompido e ver toda uma nação se levantar com vida novamente.
Observemos que Deus ordenou: "Profetiza!" E Ezequiel obedeceu.
Por mais que lhe parecesse impossível ou uma total perda de tempo, ele
agarrou-se racionalmente à sua nova experiência com Deus e cumpriu sua
ordem diante de todas as evidências que apontavam aquelas pessoas como
mortas.
E, quando Ezequiel cumpriu a sua parte, Deus fez a dEle. Não era
responsabilidade do profeta realizar o milagre, mas pregar a Palavra de
Deus àquela multidão que parecia indiferente. Só então Deus realizou o
grande milagre sobre todos aqueles ossos. Ezequiel correspondeu a Deus, e
o Senhor, à sua obediência. Ele profetizou ao vento. Podemos imaginar sua
capa esvoaçando, os braços estendidos para os céus, declarando outra vez:
"Assim diz o Senhor Jeová..." E foi assim que Deus concedeu nova vida
àquela nação morta.
Agora responda-. De que precisamos hoje, de um despertamento ou
de uma ressurreição? Na verdade não faz diferença. Nosso Deus pode curar
enfermidades, libertar vidas da depressão e ressuscitar os mortos com a
mesma aplicação de seu tremendo poder. Ouvimos vários termos para o
que precisamos: despertamento, restauração, revitalização, renovação,
rejuvenescimento etc. Mas são apenas palavras. Precisamos apenas do que
Ezequiel possuía: a inspiração e o frescor de seu encontro diário com o
Espírito de Deus!
Então levante-se! Não fique aí sentado lamentando a dispersão do
povo e seu esquecimento. Precisamos de um avivamento de palavras
proféticas que declarem: "Assim diz o Senhor Jeová".
Poderíamos pensar que a igreja raramente se levantaria numa época
como esta, ao final do poderoso século do avivamento pentecostal e
começo do novo milênio. As profecias sobre a breve volta do Senhor Jesus
estão se espalhando por todo o mundo, o qual já percebe que alguma coisa
está para acontecer. O movimento que se iniciou em uma sala em Topeka,
Kansas, em 1901, multiplicou-se e alcançou a impressionante marca de
milhões de cristãos em mais de 130 países — e justamente quando estamos
prontos para nos lançarmos ao desafio final, começamos a hesitar e
tropeçar em nossos próprios pés.
Analisemos a raiz do problema. No início do século XX, o
Movimento Pentecostal nasceu de uma grande explosão do poder
espiritual, enquanto a igreja redescobria o genuíno batismo no Espírito
Santo do cristianismo pentecostal apostólico do Novo Testamento. Mas a
novidade daquela experiência desgastou-se. Estamos tentando combater
nossa guerra espiritual com armaduras de uma geração diferente. Com o
passar dos anos, a intensidade espiritual daquele avivamento vem se
diluindo, e estamos nos tornando semelhantes aos membros de muitas
igrejas de onde o nosso povo fugiu ou dispersou-se.
Estaria tudo errado? É claro que não! Somos uma grande igreja com
um futuro promissor. Em muitos aspectos, crescemos e amadurecemos.
Estamos posicionados no alto, juntamente com todas as igrejas que podem
ser classificadas como nós. Somos populares, aplicados e equilibrados. E,
ainda, quando olhamos para o alto e medimos nosso sucesso — pela
relação entre a quantidade de grãos que ainda ficaram nos campos e os que
armazenamos em nossos celeiros — o embaraço diminui. O nosso
problema é que, quando tínhamos oportunidade de enviar uma grande
comissão, começamos a perder a visão e a fechar nossos olhos espirituais.
O dicionário define o sono como uma "condição natural de descanso
do corpo e da mente que ocorre regularmente, durante algum pensamento
ou movimento". Talvez seja essa realmente a nossa condição.
A Filha de jairo (Lc 8.26 - 9.2)
Esta é outra passagem bíblica que ilustra muito bem a nossa situação
difícil e sua única solução. Jesus havia acabado de se confrontar com um
homem endemoninhado, da terra dos gadarenos, e enviara todos os seus
demonios a uma manada de porcos (Lc 8.26-39). Os fazendeiros judeus,
proibidos de comer os porcos, comprometeram-se em fornecer porcos para
alimentar a guarnição romana que estava estacionada a leste das montanhas
sobre o mar da Galileia. No entanto, ninguém se atreveu a queixar-se
quando os porcos se precipitaram no mar e morreram afogados.
Jesus falou ao homem: "Torna para tua casa, e conta quão grandes
coisas te fez Deus". As pessoas ficaram tão assustadas com aquele
fenômeno espiritual, que suplicaram a Jesus que as deixasse e não fizesse
mais sinais ou maravilhas entre eles. Eis a misteriosa reação de pessoas
religiosas, que por alguma razão inexplicável preferem adoração sem
milagres, sermões sem o poder do Espírito Santo e orações sem respostas
eloquentes. Assim, exceto por razões sociais, por que alguém atentaria para
uma igreja onde nada de sobrenatural acontece, orações nunca são
respondidas e expressões de louvor nunca são ouvidas pela cura ou
libertação de alguém?
Seguindo seu caminho, Jesus estava retornando pela estrada de
Cafanaum, quando Jairo, príncipe da sinagoga, veio encontrá-lo. Aquele
líder religioso prostrou-se aos pés de Jesus, rogando-lhe "que entrasse em
sua casa; porque tinha uma filha única quase de doze anos, que estava à
morte".
Passando através da multidão, no caminho da casa de Jairo, uma
mulher que tinha um fluxo de sangue há 12 anos, aproximou-se e tocou em
Jesus, sendo instantaneamente curada. Jesus disse: "Alguém me tocou,
porque bem conheci que de mim saiu virtude". Muitos pastores, missioná-
rios e evangelistas têm testemunhado a restauração física através de seus
ministérios de cura. A imposição de mãos é, obviamente, muito mais que
um simples ritual ou ato de obediência; é a transferência do poder que
ocasiona a cura quando a pessoa está doente.
Enquanto Jesus dizia à mulher curada: "A tua fé te salvou", um
homem da sinagoga chegou informando: "A tua filha já está morta". Era a
avaliação humana das condições da menina — estava morta; tudo acabado;
tudo terminado!
Lucas escreve: "Porém..." Quão importante é esta palavra para
mostrar como a fé contradiz os fatos! "Jesus, porém, ouvindo-o respondeu-
lhe dizendo: Crê somente, e será salva". Ponha a fraqueza de lado, tenha fé
e encontre a firmeza das promessas de Deus.
Algum tempo se passou, e, quando Jesus retomou o caminho para a
casa de Jairo, os instrumentistas e a multidão em alvoroço já haviam
iniciado o funeral (Mt 9.23). Ninguém tinha dúvidas de que a menina
estava morta. Jesus deixou entrar no quarto onde se encontrava a menina,
somente Pedro, Tiago, João e os pais dela. Todos estavam chorando, mas
Jesus disse: "Não choreis; não está morta, mas dorme" (Lc 8.52). Riram-se
dEle, sabendo que ela estava morta; mas Ele, to-mando-a pela mão,
ordenou: "Levanta-te, menina. E o seu espírito voltou". E Jesus mandou
que lhe dessem de comer.
Esta história aconteceu realmente e foi registrada em três dos quatro
evangelhos (Mt 9.18-26, Mc 5.22-43; Lc 8.41-56). Contém princípios fan-
tásticos que podem ser aplicados igualmente em muitas áreas de nossa vida
e na da igreja.
Em primeiro lugar, Jesus foi cercado por uma curiosa mas incontável
multidão, não muito diferente das pessoas que hoje atraímos às nossas
igrejas. Mas Jesus reduziu toda aquela multidão a apenas 12 discípulos e
aos parentes imediatos da menina; e depois, restringiu mais ainda,
permitindo apenas a presença de Pedro, Tiago, João e dos pais da menina
no quarto onde se encontrava morta.
Não fazia nenhuma diferença para Jesus se aquela menina precisava
de um avivamento ou de ressurreição. O problema não estava na menina
morta, mas na multidão incrédula que aceitava a morte como uma
fatalidade, um ponto final, escarnecendo de qualquer sugestão contrária.
Jesus precisou colocar os descrentes para fora antes de começar o processo
milagroso da ressurreição. Lucas relata: "Seu espírito voltou, e ela logo se
levantou" (Lc 8.55). Será que o Senhor terá de colocar alguns de nós para
fora antes que possa fazer alguns milagres e avivar a sua igreja? Como a
filha de Jairo, precisamos ter o nosso espírito de volta!
Não é uma coincidência: logo após este acontecimento, Jesus,
"convocando os seus doze discípulos, deu-lhes autoridade e poder sobre
todos os demônios, e para curarem enfermidades; e enviou-os a pregar o
reino de Deus, e a curar os enfermos" (Lc 9.1,2). Essa ainda é ordenança
dada à igreja! Como, então, podemos ousar ser cristãos conservadores
diante do exemplo do ministério de Jesus e de suas instruções aos
discípulos? O mundo não pode ser vencido por cristãos que se detêm
quietos, com as mãos abaixadas! A evangelização mundial requer olhos
bem abertos, intimidade com a presença e o poder de Jesus Cristo para
salvar, curar e libertar!
Não encontramos ilustração melhor para a história de nossa igreja,
neste fim de segundo milenio, que a ressurreição da filha de Jairo. Nossa
igreja está "amortecida", e sabemos disto. Nossos antepassados (as antigas
gerações) não podem mais nos ajudar. Nossos líderes não podem agir
sozinhos, e são, na verdade, muitas vezes eleitos por igrejas conservadoras
que não querem perder o controle. Aquele famoso grupo social dos que "se
vestem para o Senhor" não pode fazer acontecer um avivamento. A verdade
é que só Jesus Cristo pode ressuscitar os mortos, levantar as igrejas e
restaurá-las à vida plena. Só com Jesus Cristo uma igreja poderá ir adiante
com poder renovado (força dinâmica) e autoridade (permissão para usar
essa força) para anunciar o Evangelho, controlar o mal, amarrar o diabo e
trazer cura à nossa terra!
Os acontecimentos no vale de ossos secos e na casa de Jairo
resumem exatamente o assunto deste livro. O avivamento não pode
começar através da multidão, da igreja ou de um grupo seleto de pessoas,
mas sim quando alguém pede socorro a Jesus e convida-o a entrar em sua
casa. Aí então, Jesus — SOZINHO — poderá fazer um milagre que
reavivará a igreja para uma novidade de vida.
E a questão passa a ser: Jesus quer que sejamos avivados? Veja que
interessante: o fator determinante na história de Jairo não foi uma decisão
soberana vinda do Céu, mas a resposta divina ao choro de um Pai que cria
em Jesus! E Ele responde ao nosso pedido de socorro. E, se precisarmos de
ajuda para nos levantarmos da morte, o momento é agora!
A história toda começou com Jairo pedindo a Jesus para curar sua
filha. Todo avivamento começa com um pedido, frequentemente com jejum
e uma oração! Em sua primeira semana no trabalho, o superintendente
geral Thomas E. Trask escreveu aos líderes das Assembleias de Deus:
"Convoquem a igreja para orar e jejuar. Através da oração, abriremos as
portas para nos o avivamento que virá".
Teria Alguém Colocado o Relógio para Despertar? (Ef 5)
Após convocar todos os cristãos para serem "imitadores de Deus
como filhos amados" (5.1) e exortá-los ao amor e à santidade pessoal,
Paulo escreve: "Pelo que diz: Desperta, ó tu que dormes, e levanta-te dentre
os mortos, e Cristo te esclarecerá" (5.14). É disto que precisamos: despertar
de um profundo sono espiritual e levantar dentre os mortos! Não faz
nenhuma diferença a circunstância em que nos encontramos, tampouco se
estamos espiritualmente adormecidos ou mortos. Precisamos nos levantar e
caminhar para a luz.
A Palavra de Deus funciona como um verdadeiro despertador para
nós! Veja o que ela diz sobre o nosso sono espiritual. Em Juízes 5.12,
lemos: "Desperta, desperta Débora; desperta, desperta, entoa um cântico;
levanta-te Baraque, e leva presos a teus prisioneiros". Era tempo de Israel
se levantar para a batalha, mas seus líderes tinham de se levantar primeiro.
Agora veja Salmos 17.15: "Quanto a mim, contemplarei a tua face na
justiça; satisfar-me-ei da tua semelhança quando acordar". Precisamos ser
semelhantes a Jesus.
E, para aqueles que confiam em estruturas e imagem pública, brada o
profeta Habacuque: "Ai daquele que diz ao pau: Acorda! e à pedra muda:
Desperta! Pode isto ensinar? Eis que está coberto de ouro e de prata, mas
no meio dele não há espírito algum" (He 2.19). Em poucas palavras
podemos dizer que estes são restos de uma igreja materialista que precisa
desesperadamente de um avivamento espiritual.
Paulo escreve, em Romanos 13.11: "E isto digo, conhecendo o tempo
que é já hora de despertarmos do sono; porque a nossa salvação está agora
mais perto de nós do que quando aceitamos a fé". Se já naquela época os
pentecostais aguardavam pela vinda em breve do Senhor Jesus Cristo,
agora devemos estar muito mais atentos a esse abençoado evento!
Veja agora 1 Coríntios 15.34: "Vigiai justamente e não pequeis;
porque alguns ainda não têm o conhecimento de Deus: digo-o para
vergonha vossa". Sim, é vergonhoso que estejamos nos afastando de Deus
e com as portas fechadas para o mundo!
Em Efésios 5, Paulo adverte: "Pelo que diz: Desperta, tu que dormes,
e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá". Ele também chama
os cristãos a serem "seguidores de Deus", e acrescenta: "Andai em amor".
E ainda: "Mas a prostituição, e toda impureza ou avareza, nem ainda se
nomeie entre vós como convém a santos; nem torpezas, nem parvoíces,
nem chocarrices, que não convêm; mas antes ações de graças". Imoralidade
sexual, estilo de vida impuro e idolatria não têm "herança no reino de
Cristo e de Deus". E, sobre as pessoas que cometem esses pecados, Paulo
aconselha a igreja: "Não sejais seus companheiros".
A igreja precisa ser justa, santa e estar separada do mundo para a glória de
Deus. Sobre isto, Paulo ordena: "E não vos embriagueis com vinho, em que
há contenda, mas enchei-vos do Espírito" (Ef 5.18). O apóstolo, obviamen-
te, fala da responsabilidade dos cristãos em estarem "embriagados" do
Espírito Santo, assim como as pessoas se embriagam com vinho! Podemos
recordar o dia de Pentecostes, quando uma multidão viu os sinais e o som
de pessoas sendo cheias do Espírito Santo e pensou que os 120 estavam
cheios de vinho (At 2.15). Essas passagens nos mostram o que Deus espera
de nossos cultos. Muitas outras passagens em Efésios descrevem o serviço
da igreja. Por exemplo: "Falando entre vós com salmos, e hinos, e cânticos
espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor em vosso coração; dando
sempre graças por tudo ao nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor
Jesus Cristo" (Ef 5.19,20).
Paulo prossegue, no restante do livro de Efésios, comparando
também o relacionamento entre Cristo e sua Igreja à relação entre marido e
mulher. Certamente este é um relacionamento baseado na emoção, no amor
e na paixão. Paulo afirma, na mesma passagem: "Grande é este mistério;
digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja". Não há indicação nas
Escrituras de que o Senhor deseje uma igreja reservada e conservadora.
Pelo contrário, em sua igreja, Ele espera uma explosão de emoções,
demonstradas no seu amor por Ele e compaixão pelas almas. Tentemos
identificar em nossas igrejas os elementos inerentes à sociedade e às
tradições históricas, pois não há lugar numa igreja pentecostal para a
religiosidade e suas práticas não-bíblicas.
Dormindo na Presença de Deus (Lc 9-28-36)
Um dos mais inquietantes versículos da Bíblia é Lucas 9.32-. "E
Pedro e os que estavam com ele estavam carregados de sono; e, quando
despertaram, viram a sua glória".
É uma cena inacreditável: Jesus foi orar e levou consigo os
discípulos mais chegados ao topo do monte da Transfiguração, "e, estando
ele orando, transfigurou-se a aparência do seu rosto, e as suas vestes
ficaram brancas e mui resplandecentes, e eis que estavam falando com ele
dois varões, que eram Moisés e Elias, os quais apareceram com glória". E o
que faziam os futuros líderes cristãos? Dormiam no exato momento em que
o Senhor manifestava-se em sua glória.
Não é essa nossa condição hoje? Como é possível um movimento
que se espalhou tão rapidamente pelo mundo achar-se em tão terríveis
condições, que não consiga acrescentar em 12 meses de trabalho uma única
pessoa aos cultos de domingo?
A chave para o avivamento está na oração. Quando eles retornaram
do monte da Transfiguração, no dia seguinte, encontraram um menino
oprimido por possessão demoníaca. E Jesus disse: "Esta casta de demônios
não se expulsa senão pela oração e pelo jejum" (Mt 17.21). A
Gloria no topo da montanha era maravilhosa, mas eles ainda precisa-
vam orar e jejuar para enfrentar o mal. Charles G. Finney disse: "A ação é a
ligação essencial para uma sucessão de fatos que levam ao avivamento".
Vamos apenas levantar, esfregar o olhos, espantar o sono, olhar para
glória de Deus e uma vez mais entrar em jejum e oração. Estamos
precisando de um novo despertamento espiritual nas Assembleias de Deus!
2
Chamada ao Avivamento
A primeira pessoa com quem falei sobre este livro foi o pastor Trask,
em uma sala da Assembleia de Deus Central em Springfield, Missouri. Ele
acabara de ser eleito superintendente geral, no Concílio Geral de
Mineápolis, em agosto de 1993, retornando a Springfield depois de uma
ausência de 15 anos, para trabalhar na Gospel Publishing House, sob a
coordenação geral de Joseph W. Kilpatrick. No início de setembro, num
domingo de manhã, tivemos um culto tão abençoado que o pastor Philip
Wannenmacher não pregou à congregação, mas continuou o louvor e
deixou fluir as manifestações dos dons do Espírito Santo. Naquele dia,
soubemos que este livro era uma ordenança de Deus.
Sendo assim, entrevistei o pastor Thomas E. Trask logo após sua
mudança e início do novo trabalho, em dezembro de 1993. Nos próximos
dois capítulos, quero que você ouça uma verdadeira chamada ao
avivamento Pelo superintendente geral das Assembleias de Deus nos
Estados Unidos.
David A. Womack: Ouvi sobre sua campanha por um avivamento. O que
ativou este interesse?
"Thomas E. Trask: Quando visitei os concílios distritais e alguns
seminários para líderes, o Senhor revelou-me a necessidade de uma nova
vitalidade em seus seguidores. Nos dias que se seguiram, a Assembleia de
Deus deu lugar à pessoa e ao trabalho do Espírito Santo-, quando agimos
desta forma, experimentamos crescimento.
Depois compartilhei minhas experiências com Charles Crabtree:
"Charles, precisamos de uma santa convocação, pela qual nós, e também a
igreja pentecostal, venhamos em unidade reconhecer nossa necessidade de
Deus e pedir perdão por nossas falhas". Somente então Deus abençoará
com seu Espírito. No domingo anterior ao Concílio Geral de Portland, mais
ou menos pelas quatro da manhã, o Espírito Santo acordou-me e disse:
"Quero que você elabore uma proposta, que se chamará uma santa
convocação". Apresentei a proposta ao superintendente geral G. Raymond
Carlson, que a leu diante da assembleia. Esta, de forma unânime e
entusiasmada, concordou. (Depois chamamos àquela reunião "Assembleia
Sagrada"). Minha preocupação e desejo profundo é que nós, como
seguidores, retornemos à total direção e dependência do Espírito Santo.
Womack: O Senhor tem dito que o fundamental em um avivamento é a
salvação das almas. Um avivamento poderoso nas Assembleias de Deus
aumentará a nossa responsabilidade nos campos missionários?
Trask: Realmente acredito nisso. Deus tem abençoado tremendamente o
trabalho evangelístico, devido à nossa ênfase à pessoa e obra do Espírito
Santo. Quando dermos espaço para o Senhor atuar, Ele trará para frente o
que está em seu coração. E, esse é o motivo pelo qual temos missões nas
Assembleias de Deus, enquadrando-a na vanguarda do Evangelho mundial.
E se as Assembleias de Deus não atentarem e se prepararem para isso,
estarão em uma situação difícil.
Womack: O Senhor cresceu em um lar pentecostal?
Trask: Tive o privilégio de crescer em um lar de pregadores da
Assembleia de Deus. Minha mãe e meu pai, Waldo e Beatrice Trask, já não
trabalham como antes, mas o seu ministério continua ativo. Meu pai era
comerciante e açougueiro quando encontrou a Cristo. Após sua conversão,
logo tornou-se diácono na Assembleia de Deus local, até o Senhor chamá-
lo para o serviço no Reino de Deus. Ele nunca teve o privilégio de cursar
um seminário, mas dependia totalmente da Palavra de Deus e vivia no
Espírito.
Womack: O Senhor disse que Deus chamou seu pai para o serviço no
Reino de Deus. Como podemos saber se Deus está falando conosco?
Trask: Somos seres espirituais. Creio que, como seres espirituais, podemos
viver em comunhão com Deus e conhecer a voz do Espírito. Veja, se
escolhi ao Senhor e o fiz parte da minha vida, logo posso aprender a ouvir
sua voz. Sou um forte defensor dessa ideia, mas hoje em dia não se fala
muito sobre isso.
Não há nenhum mistério para se conhecer a vontade do Senhor.
Provérbios 3.5,6 diz: "Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te
estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus
caminhos e ele endireitará as tuas veredas". Se eu confiar no Senhor de
todo o meu coração, Ele endireitará as minhas veredas. E fará isso através
da voz do Espírito. Costumo dizer que Deus confirma sua presença em nós
de três formas: testifica em nós pela Palavra, pelas circunstâncias e pelo
Espírito.
Womack: Atualmente, o Senhor ouve a voz do Senhor?
Trask: Sim. Sempre ouvimos dizer, que após duas pessoas permanecerem
casadas por muito tempo, começam a se parecer e a agir da mesma forma.
Bem, é esse tipo de relacionamento que temos com o Senhor através de seu
Espírito. Se vivo na Palavra e no Espírito, então sou sensível à vontade do
Espírito. E há um recuo nesse relacionamento quando faço alguma coisa
que entristece o Espírito de Deus. Acredito que os crentes espirituais
devem ser cuidadosos em não entristecer o Espírito Santo. Minha plena
aliança com Ele se estabelece através da comunhão, oração e estudo da
Palavra, o que me torna mais sensível à sua vontade.
Fui criado nestes moldes. Posso dizer que sou um grande
privilegiado por ter vivido em um lar onde tanto meu pai quanto minha mãe
dependiam totalmente de Deus. Eles são de um tempo em que líderes não
tinham seguro social, plano de saúde ou aposentadoria; e a maioria dos
pastores não tinha sequer um bom salário. Somos totalmente gratos a Deus
pelos benefícios que hoje conquistamos, mas precisamos voltar aos grandes
ministérios que dependiam totalmente de Deus. Através de suas vidas, nos
ensinaram que precisamos orar para sermos dependentes de Deus. Não
pretendo jamais ir por outros caminhos. Não me preocupo em ser o melhor,
mas nossa dependência deve estar no Espírito Santo.
Womack: O Senhor ouve a voz do Espírito Santo claramente, com
palavras?
Trask: Não em palavras, mas em espírito. O Espírito testifica com o nosso
espírito. Em Atos 15.28, vemos: "Na verdade, pareceu bem ao Espírito
Santo e a nós". Creio que quando o Espírito Santo testifica em nossos
corações há um sentimento profundo de certeza e satisfação; quando algo
está errado, há o sentimento de incerteza e insatisfação. E essa comunhão
certamente não está restrita aos que possuem ministérios, mas é possível a
todo o que tiver o Espírito de Deus. João escreveu: "Quem tem ouvidos
ouça o que o Espírito diz às igrejas" (Ap 2.7). Veja, o Espírito está falando!
E um problema de sintonia: nossa "antena" precisa ser bem sintonizada
para captar a mensagem que está vindo do Espírito Santo às igrejas.
Tive o privilégio de crescer frequentando a escola dominical e os
acampamentos de mocidade. E lembro-me das experiências com Deus nas
horas de culto. Uma de minhas grandes experiências com Deus aconteceu
no acampamento bíblico Lake Geneva, em Minnesota. Jamais me
esquecerei, porque Deus falou comigo profundamente. Eu havia acabado
de me formar na North Central Bible College, e comecei logo a trabalhar
em uma igreja nova. Um homem de negócios me havia feito uma excelente
oferta de emprego, na área secular, enquanto a igreja não podia pagar nada.
Aquela oferta me balançou. Nunca esquecerei aquela experiência com
Deus enquanto viver, porque naquela noite deixei todas as minhas
ansiedades no altar do Senhor e nunca mais voltei atrás. Eu reconheci o
chamado do Senhor.
Womack: O senhor se sente realizado, como quem alcançou um alvo, por
ser o superintendente geral das Assembleias de Deus?
Trask: Absolutamente! Isso jamais passou pela minha cabeça e eu vou lhe
dizer por quê. Primeiramente, não acredito que Deus se agrade de pessoas
que procuram cargos. A chave é querer a sua vontade. Jesus disse:
"Todavia não se faça a minha vontade, mas a tua" (Lc 22.42). Jesus vivia
com o ardente desejo de fazer a vontade do Pai. Como cristãos, precisamos
desejar viver sempre na vontade de Deus e encher as nossas vidas com os
seus propósitos. Deus não se impressiona com títulos. O ministério de Jesus
não era feito de títulos, mas de compromisso! Serviço! Sou um servo de
Jesus Cristo. Se Ele deseja que eu atue como pastor, sinto-me feliz por ser
um pastor e amo pastorear! Era feliz como superintendente distrital.
Quando Deus me chamou para ser o tesoureiro geral, fiquei satisfeito e,
sendo assim, nunca me frustei. Aceitei o cargo de tesoureiro geral porque
esta era a vontade de Deus para a minha vida. Não precisamos lutar.
Precisamos apenas dizer: "Senhor, quero fazer a tua vontade".
Womack: O senhor tem servido a Jesus toda a sua vida?
Trask: Aceitei a Jesus quando era menino, mas só comecei nos caminhos
do Senhor quando me tornei calouro da North Central Bible College. Foi
meu pai quem me colocou no instituto bíblico. Ele era presbítero, e eu
andava "meio" à toa. Ele me disse: "Vou colocá-lo numa escola bíblica;
talvez consigam dar um jeito em você". Pois foi exatamente o que
aconteceu. Quando me lembro disso, fico comovido.
Houve um mover de Deus na escola, que nos envolveu. Simplis-
mente, as classes foram todas abaladas. Deus movia-se soberanamente
através do corpo estudantil e durante dias pude ver alunos e professores
servindo diante do Senhor. Durante todo o tempo permanecíamos na
presença de Deus, e vidas foram transformadas. Sei que ainda menino
recebi a salvação em minha igreja local e fui batizado no Espírito em um
acampamento de jovens, mas foi o avivamento no instituto bíblico — e o
suprimento com o Espírito Santo — que mudou minha vida. Por isso creio
que as pessoas que tiveram uma experiência com Deus quando jovens
precisam de uma nova experiência com Ele e uma verdadeira renovação do
Espírito Santo, para que cresçam e alcancem maturidade. Nossa
experiência necessita de renovações constantes e novas porções do Espírito
Santo.
Womack: O senhor acredita que derramamentos do Espírito Santo podem
ocorrer nas escolas bíblicas hoje?
Trask: Naturalmente! Recentemente falei a presidentes de colégios para
deixarem Deus mover-se, porque sei o que pode acontecer com nossas
escolas se houver um derramamento do Espírito Santo: os estudantes se
tornarão pregadores pentecostais.
Womack: Ao nos propormos buscar um novo avivamento nas Assembleias
de Deus, qual deve ser a nossa preocupação quanto às igrejas locais?
Trask: Uma de minhas maiores preocupações é com o altar nas igrejas,
aquela área entre o púlpito e os primeiros bancos (este espaço têm sido
totalmente preenchido por instrumentos, músicos, cantores, corais,
conjuntos etc). É ali que a conversão tem o seu lugar. No "altar" as pessoas
se encontram com Deus, e vidas são mudadas. Aprecio a adoração que
Deus tem trazido às igrejas, e isso é realmente necessário. Mas a adoração
nunca deve tomar o lugar da Palavra ou do altar. Estou preocupado, pois
acho que temos direcionado nossa atenção à adoração e esquecido da
ministração da Palavra. Nada pode substituir a Palavra. Precisamos levar as
pessoas de volta à Palavra, pois ela nos deixa preparados para o altar.
Adoração sim, mas também a Palavra e entrega da vida ao Espírito Santo.
Assim, Deus poderá atuar totalmente e completar a obra que iniciou no
começo da reunião.
Na igreja Brightmoor Tabernacle, em Detroit, éramos fortes na
ênfase da Palavra de Deus, pois dávamos destaque a ela. Aquela igreja de
duas mil pessoas nunca se limitava ao tempo de duração do culto. Pregasse
eu por 45 minutos ou uma hora, para eles era um tempo curto. E, no
domingo à noite, voltavam às centenas. Eles amavam a Palavra e conse-
quentemente a igreja tinha uma fé viva, milagres e curas ocorriam e
pessoas eram salvas. Durante anos, este foi o perfil dessa igreja.
A Palavra precisa ir adiante na pregação, e assim deve ser concedida
para completar o propósito para o qual foi enviada. Não consigo ver outros
elementos tão necessários como a adoração e a Palavra. A adoração é boa,
mas precisamos dar mais ênfase à Palavra de Deus em quanto é tempo,
para que a obra do Espírito Santo seja completa. FOI isto que trouxe minha
atenção à necessidade de um avivamento em nossas igrejas.
Womack: Como o senhor pretende ir ao encontro dessas necessidades na
Assembleia de Deus?
Trask: Não creio que os problemas internos das Assembleias de Deus
sejam tão complexos. Quando experimentarmos o mover soberano do
Espírito Santo — um despertamento espiritual na Assembleia de Deus —
as consequências imediatas do avivamento (como a manifestação dos dons
e a revelação dos frutos do Espírito) irão cuidar de todas as necessidades.
Deixe-me dar um exemplo. Jesus disse: "Mas recebereis a virtude do
Espírito Santo que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas" (At 1.8).
Ele está falando de caráter e estilo de vida. Na verdade, não erramos
ensinando sobre santidade, se o estilo de vida da igreja está sendo
modelado pelo Espírito Santo. Igualmente, não é errado falar de uma vida
cheia do Espírito Santo, através de doutrinas e comportamentos. Realmente
não estou interessado em ensinar sobre santidade, mas em deixar que o
Espírito Santo traga esta convicção! Porque uma igreja cheia do Espírito
terá o estilo de vida que agrada ao Senhor.
Inevitavelmente, o evangelismo acontecerá, porque somos testemu-
nhas vivas. Surgirá naturalmente, porque as pessoas hão de querer
demonstrar o que Jesus está fazendo nos seus corações. Não creio que
possam existir pessoas que têm comunhão com o Senhor Jesus e ao mesmo
tempo não se preocupam com as almas perdidas.
Womack: Não querendo ser impertinente, há algo que eu gostaria de
Perguntar. Esta chamada para um despertamento espiritual é apenas um
tema temporário, que depois trará consigo novos temas, ou podemos ter a
certeza de que este será o tema principal de sua administração?
Trask: O que eu disse em minha posse repetirei: não descansarei enquanto
não ver um soberano mover do Espírito Santo nas Assembleias de Deus! E
isto nada tem a ver com "popularizar" a igreja, pois digo-lhe que a maioria
das coisas que realizamos ontem já não serão tão populares amanhã. Há um
grupo de pessoas que acha mais fácil realizar e dirigir programações do que
orar. Você realmente precisa ter programações, organização, direção e um
calendário de eventos; não tenho nada contra isso. Porém, a não ser que
esses eventos "respirem" o Espírito Santo e estejam por Ele ungidos,
estarão condenados a se tornar programações totalmente sem importância,
vazias.
Alguns dirão que minha chamada ao despertamento espiritual é
somente um tema da moda. Mas digo a você que estou confiante, pois
aqueles que conhecem um verdadeiro despertamento do Espírito e sabem o
que fazer dirão: "Estamos com você, irmão Trask. Nós também cremos!"
Eles já experimentaram a frustração dos "congressos de avivamento".
Imagino que esteja chegando o tempo de as pessoas saberem que o
despertamento, a meu ver, não é apenas mais um modismo. Ele é
absolutamente necessário às Assembleias de Deus. Eu já me preocupava
com este despertamento espiritual muito antes de Mineápolis. E, quando
olho para trás, vejo que não houve nenhuma razão especial para a minha
eleição a tesoureiro ou superintendente; tudo foi providência de Deus, que
deseja o despertamento! Isso não está no meu coração, mas no coração
dEle. E simplesmente uma questão de nos alinharmos à sua vontade. Por
isso não há problema algum quando algumas pessoas se levantam das
sombras para serem meros espectadores.
Womack: Nós temos um número muito grande e diversificado de igrejas
em nossa denominação. Quando ocorrer o despertamento, não reagirão de
formas diferentes?
Trask: Não me preocupo com a reação das igrejas ou o método utilizado
por Deus, desde que, dure o que durar, possamos alcançar os mesmos
objetivos: ver o nome do Senhor Jesus Cristo glorificado e vidas
transformadas. Tenho a plena consciência de que nem todas as nossas
igrejas enveredaram pelo caminho do pecado, permitindo em sua
comunhão pessoas que ainda não experimentaram uma real mudança de
vida. O discipulado sempre exige uma mudança no estilo de vida. As
igrejas podem agir com estratégias diferentes, mas o resultado deve ser o
mesmo: cristãos vivendo efetivamente para Jesus Cristo e almas sendo
salvas!
Wotnack: O mundo inteiro sabe que não somos a igreja que melhor adapta
cultural, social ou economicamente à sociedade. Sendo assim como conse-
guimos alcançar tantas camadas da sociedade?
Trask: Você sabe o que é isso? É a obra do Espírito Santo! Não é a
denominação ou a estrutura, mas a pessoa e obra do Espírito Santo! Ele
sabe que existe uma porta de entrada para todo coração. Se lhe pedirmos
que nos ajude a encontrar essa porta, Ele nos ajudará a alcançar pessoas de
diferentes níveis sociais. O Espírito sabe como convencer cada pessoa a
Jesus Cristo. Nosso Senhor é um Deus que possui muitas alternativas.
Wotnack: Alguém me disse que tais ideias representam um retorno ao
passado. Isso é verdade? E, se for, o que o senhor pretende reviver?
Trask: A história da Igreja nos mostra que toda vez que uma organização
nasceu após a divisão de sua missão original, não demorou a chegar ao fim
e tornar-se objeto de escárnio. Mas as Assembleias de Deus foram
levantadas por uma voz pentecostal. Tenho enorme respeito e amor pelas
igrejas evangélicas, porém somos mais que evangélicos: somos
pentecostais! Lembro-me do tempo em que nosso crescimento foi tão
grande que o Evangelho tornou-se uma força real no mundo. Naquela
época, permitíamos que o Espírito Santo nos guiasse, revestisse e
impelisse. E, se você chama isso de retornar ao passado, ou retornar ao que
é "velho", então é exatamente o que estou fazendo. Estou voltando à força
impulsionadora do Evangelho! E devemos ministrar isso através da pessoa
e obra do Espírito Santo, porque para isso fomos chamados.
Wotnack: No dicionário, encontramos as seguintes definições para a
palavra "avivamento": 1) ato ou instante de despertamento; renovação da
atenção ou interesse por alguma coisa; nova apresentação ou reedição de
alguma coisa; período de renovação pelo interesse religioso; encontros
evangelísticos de alto nível emocional ou uma série de encontros; 2)
restauração de força, validade e efeito. É disso que o senhor está falando?
Trask: Acredito que o avivamento envolva tudo isso, mas eu gostaria que a
terminologia usada para a igreja fosse "despertamento espiritual". Quero
ver um avivamento como o que Deus pretende realizar; um despertamento
que englobe um estilo de vida agradável ao Senhor; onde o Espírito Santo
queira atuar domingo após domingo em nossas igrejas locais, onde Deus
atue soberanamente na comunidade. Acredito que o Espírito Santo paira
sobre a comunidade, pois pode atravessar paredes e portas fechadas quando
a igreja está orando, como tenho visto acontecer. E, quando as outras
igrejas começarem a perceber o que Deus está fazendo, também se ligarão
a Ele, a fim de levar pessoas ao encontro de Jesus Cristo.
Da mesma forma, um despertamento de almas gera vitalidade e novo
nascimento no corpo da igreja, trazendo a vida do Espírito Santo para o
meio dela. Muitas vezes, o despertamento só produz efeitos emocionais,
porém não deve ser assim. Já assisti a cultos onde o mover de Deus sempre
atuava em silêncio, e de repente alguém se levantava e começava a dizer o
que se andava fazendo de errado. Mas também assisti a cultos onde Deus
só se fazia presente através de exuberantes momentos de louvor e adoração.
Ora, recuso-me a colocar Deus dentro de um tabuleiro e moldá-lo sempre
do mesmo jeito! É um grande erro achar que Deus atua sempre da mesma
forma. Fico pensando em quando Jesus atuava; ninguém podia prever nada.
Era a obra do Espírito. Jesus entrava nas casas, Deus atuava soberanamente
sobre as pessoas e um grande avivamento ocorria. As igrejas que
permaneceram alertas e atentas ao mover do Espírito Santo souberam
exatamente como lidar com os mais jovens, e assim seus membros têm
manifestado a vida de Cristo.
Tenho notado muita ênfase à cura divina e à restauração espiritual,
mas o nosso Senhor é um Deus de tantas possibilidades que, sinceramente,
não faço a menor ideia de como Ele fará para nos trazer um grande
avivamento. É como se andássemos nas pontas dos pés, flutuando. Eu
sempre pergunto quando oro: "Deus, o que o Senhor vai fazer, e onde
acontecerá?" Porque o que desejo é estar no centro quando o avivamento
chegar! Desejo que as Assembleias de Deus sejam abundantes no Senhor e
possam dizer: "O que quiseres fazer, faze-o em nós! Deixa-nos desfrutar da
tua presença".
Womack: O que o senhor tem certeza que ocorrerá neste avivamento?
Trask: O mundo terá uma grande fome de Deus, e haverá um enorme
desejo de buscar ao Senhor em cada um dos membros da igreja. E o
resultado será o evangelismo e a salvação de muitas pessoas. Jesus disse:
"E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim" (Jo 12 32).
Muitos milagres acontecerão, porque esta batalha pertence totalmente ao
Espírito Santo. Você pode até não ser tão eficiente, mas o Espírito pelejará
e realizará verdadeiros milagres. Haverá muitas curas e aonde quer que
você for verá a unidade com a vontade de Deus e a certeza de que enfim
estaremos habitando nos lugares celestiais. E o mais importante: quando o
avivamento acontecer, todas as atenções estarão voltadas para a pessoa de
Jesus Cristo.
O despertamento no espírito do homem é provocado por fome e
desejo de Deus. Se você deseja a Jesus, quererá estar sempre na Casa de
Deus. E, se ir à igreja não fazia parte da sua rotina, passará a fazer. Esta é a
razão pela qual as igrejas estão tendo grande dificuldade em atender às
pessoas aos domingos. Mas quando Deus está operando, não precisamos
nos preocupar se elas virão ou não à igreja. Estarão lá, porque hão de
querer estar! No avivamento, o doce frescor da presença de Deus envolve
toda a atmosfera da igreja.
Womack: Quando falamos em retornar ao passado, não estamos falando
em retornar à formação das Assembleias de Deus de 1914, estamos? O que
o senhor quer dizer com retornar ao que é "velho"?
Trask: Quero dizer que precisamos voltar à Igreja Primitiva! Acredito que,
se as Assembleias de Deus observarem o modelo da Igreja Primitiva,
encontrarão a chave. A Igreja Primitiva possuía os melhores ingredientes.
Eu pastoreava uma igreja onde algumas pessoas costumavam vir a mim
dizendo: "Irmão Trask, será que não deveríamos nos desligar de nossa
denominação?" Então eu lhes respondia com o que as Escrituras dizem a
respeito da Igreja Primitiva: "E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e
na comunhão, e no partir do pão, e nas orações" (At 2:42). Esses são os
ingredientes indispensáveis à igreja local, para que ela venha a se tornar um
corpo saudável de cristãos. Se esses ingredientes estiverem na igreja, creio
que não precisamos sair dela. Mas se a Palavra de Deus não está sendo
ensinada, então estamos com um grande problema de sobrevivência
espiritual. Agora, se as pessoas desejam sair da igreja para sobreviver, não
é problema de Deus trancar a porta, mas da igreja, que precisa viver em
comunhão constante com o Senhor Jesus Cristo. A Igreja Primitiva é o
modelo que deve ser seguido pelas Assembleias de Deus.
Womack: O avivamento depende exclusivamente de um mover
condicionado a tempos e épocas, ou Deus está sempre pronto para atuar,
esperando apenas por uma sinalização nossa neste sentido?
Trask: Fiquei muito feliz com esta pergunta, porque creio que este é um
ponto fundamental. Acredito que há um equilíbrio neste ponto. Em
primeiro lugar, é o Espírito Santo quem nos ajuda a reconhecer nossas
necessidades e a nos aproximarmos de Deus! Ele disse: "Chegai-vos a
Deus, e ele se chegará a vós. Limpai as mãos, pecadores; e vós de duplo
ânimo, purificai o coração" (Tg 4.8). A palavra de Deus é acionada ao
mesmo tempo que Deus usa homens para chamar o povo para Ele. Da
mesma forma, uma liderança que foi levantada por Deus e trabalha sob o
seu comando estará sempre se preocupando em levar as ovelhas a um
avivamento. É responsabilidade da liderança estar atenta ao Cabeça da
igreja, porque Cristo está sempre pronto a revelar-se a ela. Sendo assim, há
tempos de grandes avivamentos e operações sobrenaturais do mover de
Deus; mas é preciso haver constante oração e busca pelos avivamentos.
Não acredito que de tempos em tempos devamos ser movidos por
avivamentos. A igreja pode e deve viver em espírito de avivamento!
Womack: Existem coisas nas Assembleias de Deus que precisam mudar
antes que o avivamento ocorra?
Trask: Uma coisa que Deus requer é a santidade, nada poderá substituí-la.
Sempre fomos reconhecidos como uma igreja santa, e clamo ao Senhor
para que jamais percamos esta identidade. Deveríamos desejar sempre tal
vida com Deus porque, afinal, sem santidade ninguém verá o Senhor! (Hb
12.14). E uma de minhas preocupações está em que permaneçamos como
um povo santo. Porém há um ponto: santidade não pode ser ensinada, ela
deve nascer de dentro para fora, como fruto de um relacionamento íntimo
com Deus. Se quero me aproximar de Deus, afasto-me do mundo, não
participo de suas atividades nem me misturo com ele. Começo então a
dirigir minha vida de tal forma, que todas as minhas atitudes busquem
agradar a Deus e produzir santidade — que significa um estilo de vida que
agrada a Deus. Penso que isto sim deveria ser ensinado, praticado e vivido
como testemunho na igreja .
Observei em meus pais que tudo o quanto pregavam no púlpito
também viviam do lado de fora da igreja. Suas vidas não eram uma
contradição. Da mesma forma que eles, o que prego é exatamente o que
vivo! Diferente de hoje, quando vemos pessoas ensinando coisas no
domingo e agindo diferente na segunda-feira. Você não pode andar com o
Senhor no domingo e correr atrás do diabo o resto da semana!
Womack: Algumas pessoas têm dito que o verdadeiro avivamento precisa
criar raízes, ou logo se deteriorará em campanhas promocionais sem efeito
algum. E, ainda, avivamentos na Bíblia começam sempre nas lideranças. O
que o senhor pode dizer sobre isso?
Trask: Esteja certo de que Deus levanta os líderes. Posso apontar-lhe
vários líderes bem "estabelecidos" que dizem: "Irmão Trask, reconhecemos
que Deus está falando conosco sobre a necessidade de um avivamento".
Então creio que as duas coisas estão acontecendo: lideranças nacionais e
internacionais estão se mobilizando, e o Espírito está testificando em
nossos corações que o movimento vem do Senhor.
Womack: Se as lideranças são essenciais em um avivamento, o que
costumam dizer sobre a responsabilidade de nossos pastores?
Trask: Estão completamente apavoradas. Afinal, o pastor, sendo o líder,
deve pastorear as ovelhas, assumindo a responsabilidade de guiá-las à água,
a fim de tratá-las para Deus. Não podemos esquecer que o rebanho nunca
será mais espiritual que o pastor.
Womack: Irmão Trask, obrigado pelo favor que o senhor prestou aos
nossos leitores. Tenho certeza de que, a partir de agora, muitos estarão
orando com o senhor pelo avivamento. Em nossa próxima entrevista,
aremos sobre o papel do arrependimento no avivamento.
3
Chamada ao
Arrependimento
Poucos dias após nossa primeira entrevista, estive novamente no
escritório do superintendente geral, localizado no terceiro andar do edifício
central das Assembleias de Deus nos Estados Unidos. Do lado de fora da
sala e lá embaixo no salão central, estavam outros oficiais e ministros da
igreja. Na sala de conferências, com sua enorme mesa de reuniões, bem à
minha frente, sentou-se o pastor Thomas E. Trask. Liguei meu gravador e
continuei minha entrevista exatamente do ponto em que paramos da última
vez.
David A. Womack: O senhor falou sobre a assustadora responsabilidade
dos pastores. De quem é a responsabilidade do avivamento?
Thomas E. Trask: Como na Bíblia, acredito que a responsabilidade pelo
avivamento é de toda a igreja, mas também dos líderes. Quando Deus
levantava homens, eles se tornavam porta-vozes do Senhor a fim de chamar
todo o povo ao arrependimento. Os líderes devem ditar o ritmo e o tom do
avivamento.
womack: Quando o avivamento começar, o que o senhor acha que
acontecerá com as nossas igrejas?
Trask: Em primeiro lugar, a presença de Deus será tão gloriosa Os cultos
que os não-salvos compreenderão sua posição e serão convencidos do
pecado. Esta convicção também virá para os cristãos que estiverem
falhando. Quando o avivamento acontecer, seremos mais sensíveis ao
pecado, à nossa tarefa como cristãos e à nossa omissão — não que
pequemos deliberadamente, mas reconheceremos nossas falhas. Nos
tornaremos cuidadosos em nossa vida devocional para não negligenciarmos
a leitura da Palavra de Deus e nos dedicarmos mais à oração. Estaremos
atentos ao que fazemos de errado. Quando o avivamento vier, nossa
sensibilidade estará mais aguçada para ouvir a voz do Espírito Santo, que
nos ensinará a cuidar de nossas prioridades e assumir novas
responsabilidades. Isto é avivamento: o total controle e domínio do Espírito
Santo em nossas vidas e corações. A leitura e estudo da Palavra,
devocionais diários, oração, altar familiar e igreja tornam-se prioridade
para nós. Tais procedimentos nos levam a um estilo de vida que é
agradável a Deus.
Womack: O senhor costuma pregar em diversas igrejas. Quais as
principais características de uma igreja restaurada?
Trask: Existe uma presença de vida. Um dos fatores mais importantes do
Evangelho está no fato de que temos tido vitalidade e vida abundante. E
não estou falando simplesmente de lindos corais que cantam com alegria,
mas de uma atmosfera regida pelo poder de Jesus Cristo. Quando os não-
salvos vêm à igreja, eles sentem muito calor humano e o amor abundante
de Jesus Cristo. A vida que há na presença de Cristo afeta o louvor, a
oração, as ofertas, a ministração da Palavra de Deus, a bênção apostólica e
as intercessões.
E com a vitalidade vem a fé! E fé é vida! Há uma expectativa e
antecipação, uma plena e maravilhosa convicção de que alguma coisa vai
acontecer a cada culto. Jesus disse: "Porque onde estiverem dois ou três
reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles" (Mt 18.20). Quando
uma comunidade tem a certeza de que a presença de Jesus está ali, todos
ficam na expectativa de que algo acontecerá. Milagres, coisas
sobrenaturais, situações extraordinárias, tudo o que ocorre é comandado
por Deus, e não por homens. Observe que às vezes podemos planejar os
cultos de nossa igreja e deixar Deus de fora. Precisamos programá-los, mas
primeiramente é necessário nos abrirmos para Deus. Muitas vezes, chamo
as pessoas para que venham receber a oração durante o louvor, porque
sentimos no ar a palpável presença de Deus naquele momento.
Womack: O senhor sempre dá muita ênfase à necessidade do altar e tem
dito que a ministração no altar tem sido esquecida na maioria de nossas
igrejas. O que gostaria de dizer sobre isso?
Trask: No Antigo Testamento, o altar era o principal lugar do
Tabernáculo. Acredito que hoje o altar deva ser também o lugar central na
igreja e, na verdade, o principal em nossas vidas e lares. Cresci num lar
onde um altar de adoração ao Senhor era erguido todos os dias. Costumo
orar todos os dias pela manhã, com meu filho, que tem um ótimo
desempenho nos estudos, antes de ele ir para escola. É assim que as pessoas
conhecem ao Senhor. Este é o projeto de Deus.
Acredito que o altar seja o lugar principal nas igrejas pentecostais,
pois nele Deus se encontra com as pessoas e a obra do Espírito Santo é
realizada. Então, se dá o clímax de tudo que Deus tem preparado nos
nossos corações para realizar a sua obra. O altar dará a vitória que Deus
deseja realizar.
Sou um forte defensor do altar na casa de Deus. Nas igrejas onde os
pastores o enfatizam, seu aconselhamento e cuidado é mais eficiente,
porque o Espírito Santo pode realizar mais na vida de todos. E assim, na
maioria das vezes, são convertidos ao Senhor tanto a natureza quanto o
caráter e o espírito. Quando é realizado o trabalho do Espírito Santo,
muitos problemas são resolvidos.
Womack: Os pastores devem ter o altar como o principal objetivo a ser
alcançado?
Trask: Sim. O evangelista Kenneth Schmidt, que foi participante da nossa
comunhão, homem muito usado por Deus, me disse: "Nunca inicio um
culto sem que antes faça planos para o altar e o que desejo em ver ali
realizado durante o culto. Se não acontecer saberei que falhei nalgum
ponto."Jamais me esqueci disso, e hoje sei a diferença entre que eu espero e
o que Deus deseja realizar.
Womack: Curas, libertações, falar em outras línguas e manifestações dos
dons do Espírito Santo: todos estes são elementos indispensáveis a um
avivamento pentecostal?
Trask: Sinceramente, não creio que se possa ter um avivamento verdadeiro
sem a presença desses fenomenos! Afinal, representam evidências claras da
presença do Espírito Santo. "E estes sinais seguirão aos que crerem: em
meu nome expulsarão os demonios; falarão novas línguas" (Mc 16.17). Se
você crê na Palavra, verá essas manifestações. Alguns querem os sinais
sem ao menos crer em Deus ou viver com fé, quando o exigido é
exatamente o contrário! Você crê para depois ver os sinais. Não haverá um
real avivamento do Espírito Santo sem todas estas evidências. O nosso
Deus é sobrenatural; um Deus de milagres.
Womack: Em alguns cultos pentecostais, esses sinais não são levados a
extremos?
Trask: É exatamente neste ponto que entra a responsabilidade dos nossos
líderes. Creio que Deus sempre dá aos seus líderes senso e percepção
suficientes para que percebam o que é equilibrado e o que não é — se são
manifestações do Espírito ou da carne. É responsabilidade das lideranças
estabelecer os limites. Sempre gosto de dizer que o rio do Espírito Santo
tem suas margens! As lideranças devem saber manter a direção e a
sabedoria de Deus para que as correntes fluam na igreja dentro dos limites
propostos. A Palavra de Deus estabeleceu os nossos limites. Nunca somos
direcionados ou impulsionados a dizer: "Olhe, eu não sei se isso é de
Deus". Pelo contrário, a Bíblia diz: "O mesmo Espírito testifica com o
nosso espírito..." (Rm 8.16).
Womack: Mas temos toda uma nova geração de pregadores e seminaristas
que nunca aprenderam como exercitar esse controle ou dominar
espiritualmente as atuações do Espírito...
Trask: Bem, este é um fator interno crítico dentro do Evangelho. É
necessário que desempenhemos este papel a fim de que nossos jovens
líderes entendam que esse controle pode ser exercido sem repressão. Temo
pelo que tem acontecido hoje, pois penso que temos adotado um caminho
"mais seguro", não permitindo as muitas manifestações espirituais
Entretanto, fazendo assim, temos privado a igreja da edificação que elas
proporcionam.
Em 1 Coríntios 14, lemos que as manifestações do Espírito Santo
existem para a edificação do corpo de Cristo. Creio que, quando Deus
projetou e concedeu os dons à igreja, o fez para que fossem utilizados. Se
isso não for permitido, como poderá o corpo de Cristo ser edificado? Além
disso, são essas práticas que diferenciam as igrejas pentecostais das demais
evangélicas. Cremos nas manifestações dos dons do Espírito Se as igrejas
pentecostais não permitirem a manifestação dos dons, então pergunto se
somos realmente pentecostais.
Womack: Tenho ouvido dizer que o Pentecoste tem um preço. Para que
haja avivamento, deve existir primeiro arrependimento?
Trask: Sim, e vou lhe dizer por quê, Porque é bíblico! No livro de
Apocalipse, lemos que o Espírito fala às sete igrejas, que hoje representam
as nossas igrejas. Repetidas vezes lemos: "Arrepende-te!" Sempre
utilizamos estas palavras para pessoas não-salvas, mas aqui o Espírito está
falando às igrejas, dizendo que todos nós devemos nos arrepender, por
sermos propensos ao fracasso e a olhar para as pequenas coisas. Precisamos
deixar o velho homem. O arrependimento nos leva de volta à comunhão e
ao arrependimento. Precisamos dizer ao Senhor: "Perdoa-nos por nossa
frieza, indiferença e falta de cuidado". João escreveu: "Se confessarmos os
nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos
purificar de toda a injustiça" (1 Jo 1.9). Isto é arrependimento: abandonar
os pecados da carne, os pecados do espírito, de omissão e intromissão.
Arrependimento é um processo de purificação.
O olho é um instrumento maravilhoso. No momento em que um
pouquinho de sujeira penetra no olho, logo surge um rio de lágrimas
causado pela irritação. E que fazemos logo? Lavamos o olho e retiramos a
impureza. A Palavra diz que o sangue de Jesus Cristo nos purifica de todo
pecado. Por viver no mundo contaminado, vim a ser contaminado, e por
isso necessito que meu espírito, alma e corpo sejam limpos, Só Jesus Cristo
pode fazer isso. Então reconheço a minha necessidade e digo: "Senhor, eu
me arrependo; perdoa-me".
Womack: Há diferença entre o arrependimento individual e o
arrependimento coletivo?
Trask: Creio que o arrependimento deve começar dentro de cada um de
nós. Agora, como igreja — o coletivo — precisamos pedir a Deus perdão
por nossa dependência dos sucessos do passado. Temos nos tornado
orgulhosos de nossas próprias realizações — sucessos que só aconteceram
porque Deus nos abençoou. Deus não divide sua glória com ninguém. Se
há uma coisa que Deus não suporta é o orgulho. Como comunidade,
precisamos ter o cuidado de nunca tomar o crédito de algo que Deus tenha
feito... ou está fazendo. Precisamos nos arrepender dizendo: "Deus, temos
errado como denominação, como comunidade, como Assembleia de Deus;
temos sido orgulhosos, auto-suficientes e arrogantes. Perdoa-nos, Senhor!"
Womack: Como podemos convencer cristãos adormecidos e negligentes
da necessidade de arrependimento?
Trask: Bem, em primeiro lugar precisamos voltar a pregar a Palavra de
Deus. Posso martelar verdades nas pessoas sem realizar nada, mas posso
pregar a Palavra de Deus ungida com o Espírito Santo, e ela se tornará um
verdadeiro martelo. Tenho por convicção, que precisamos voltar à Palavra.
A ministração de uma Palavra pentecostal não pode ser concretizada
em vinte minutos, no sermão de domingo. Este é um dos grandes perigos
que tenho detectado nas Assembleias de Deus: reservamos 45 minutos para
a adoração e apenas 15 para a Palavra! Deveríamos ter 15 minutos para a
adoração e 45 para a Palavra. Afinal, a fé vem pela Palavra: "De sorte que a
fé é pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus" (Rm 10.17). A fé vem por
obra do Espírito Santo através da Palavra de Deus.
E, quanto mais estudo a Palavra, mais ela se torna viva dentro de mim.
Então devemos deixar o Espírito operar através da Palavra, porque se tudo
o que realizarmos for baseado em emoções, quando nosso povo atravessar
momentos de verdadeiras crises não terá nenhum fundamento, nem onde se
segurar. Mas quando a Palavra de Deus é objeto de equilíbrio, temos uma
igreja madura. Esse é o nosso desafio.
Womack: Quando encorajamos as pessoas à confissão e ao
arrependimento, não estaremos abrindo uma porta às péssimas lembranças
e maus pensamentos?
Trask: Não me preocupo com as lembranças negativas, porque se há um
extremo de um lado, do outro também há. Elas são boas para fazermos
avaliações e buscarmos o equilíbrio e a moderação. Só precisamos tomar o
cuidado de não permitir que o ceticismo venha invadir a fé e matar de vez o
que Deus está tentando fazer.
Womack: A concepção bíblica de um arrependimento com saco, pó e
cinza traria consigo a ideia de que fomos liberados, ou melhor, libertos das
coisas materiais que nos aprisionam diante de um avivamento?
Trask: Não creio que exista algo errado com a igreja que possui bens
materiais. As bênçãos materiais e espirituais vêm do Senhor. Quando os
bens materiais possuem a igreja, aí sim ela está com grandes problemas!
No entanto, devo admitir que para algumas pessoas isso é muito difícil.
Quando começam a adquirir muitas bênçãos materiais, perdem a noção de
prioridade nas coisas concernentes ao Reino de Deus. E o mesmo pode
acontecer com a igreja. Os cristãos devem compreender que tanto a
mordomia de determinadas coisas quanto a posse de outras nos são dadas
pelo Senhor; não são nossas, apenas estão sob nossa responsabilidade.
Womack: Se conseguirmos obter nas Assembleias de Deus uma resposta
em larga escala a esta chamada ao arrependimento, o que acontecerá em
seguida?
Trask: Logo após o arrependimento, virá uma grande fome e um intenso
desejo pela presença de Deus. Observe que as promessas de Deus estão
condicionadas: "E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se
humilhar e orar, e buscar a minha face, e se converter dos seus maus
caminhos, então, eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus Pecados, e sararei
a sua terra" (2 Cr 7.14). Todas as promessas de Deus dependem da nossa
humilhação e busca pelo Senhor, das nossas ações e do arrependimento
pelos nossos maus caminhos. Se fizermos todas estas coisas,"... então
eu...", diz o Senhor. Se verdadeiramente atentarmos para o processo de
santificação produzido pelo arrependimento, realmente poderemos esperar
algo de Deus em nossas vidas. Mas é preciso entender bem:
arrependimento implica em estilo de vida, e não apenas em um pedido de
perdão por causa da consciência pesada; porque é como tenho dito: o
mundo todo está contaminado pelo pecado, e nos tornamos impuros pelo
simples fato de estarmos em contato com ele! Mas a partir do momento que
caminhamos em direção ao Senhor, o nosso espírito começa a se abrir para
as coisas de Deus, estudamos sua palavra e contemplamos a sua face,
começamos a ter a mão de Deus atuando sobre a nossa vida.
Womack: Algumas das bases do Movimento Pentecostal foram firmadas
por A. B. Simpsom e o Movimento da Santidade. Ainda fazemos parte
daquele movimento?
Trask: Nós somos o próprio movimento! Porque sem santidade ninguém
verá o Senhor! Hoje creio piamente que a santidade e o crescimento nela
estão diretamente ligados à comunhão com Deus. Meu relacionamento com
o Senhor Jesus Cristo é determinado pelo meu modelo de vida. Somos uma
igreja solidamente firmada no estilo de vida cristão, no trabalhar e viver
para Cristo. E por isso, em Atos 1.8, Jesus diz: "Mas recebereis a virtude do
Espírito Santo, que há de vir sobre vós, e ser-me-eis testemunhas..." Somos
testemunhas de Cristo! Devemos viver abundantemente como Ele viveu —
em santidade. E, quanto mais unidos a Ele, mais representaremos sua vida.
Não teremos mais aquele terrível problema de não poder fazer isso ou
aquilo. Teremos ultrapassado todos os limites e, falando muito
francamente, através dos anos temos perdido gerações inteiras porque
fomos muito "certinhos" em nossos dogmas e com as nossas proibições. A
cada dia que passa, aumenta a minha certeza de que o "não pode" será
substituído pelo nosso "não queremos". Não iremos mais desejar fazer nada
que desagrade ao Senhor. Não é mais uma questão de não poder. Não
pecarei mais porque tenho comunhão com o Senhor Jesus Cristo. O
avivamento produzirá um povo santo.
Womack: Tenho ouvido que cremos em duas coisas: santificação
progressiva e santificação instantânea, ou seja, somos purificados no
momento da conversão. Mas precisamos aprender a viver uma vida cristã.
Será que algumas vezes temos exigido muito dos novos-convertidos?
Trask: Há alguns anos, era obrigatório o velho cartão de membro. Ele
significava que se você fizesse "isso" ou "aquilo", poderia ser um membro
das Assembleias de Deus. Na verdade, teorizávamos a santidade. Havia
pessoas que desejavam fazer parte de nossa igreja, mas ainda não tinham
um relacionamento forte com o Senhor para tanto. Deus ainda precisava
modificar sua natureza e seu caráter.
Deixe-me dar um exemplo: o cigarro. Um homem foi salvo pelo
Senhor Jesus e deseja profundamente mudar a sua vida e deixar o hábito de
fumar; mas ainda que tente com todas as suas forças, o vício é tão forte
quanto ele, e por isso sozinho não consegue deixar o cigarro. E o que
fazemos? Puxamos do bolso um lindo cartão de membro e o colocamos
bem debaixo do seu nariz logo após ele ter sido salvo, dizendo:" Se você
quer ser um membro da Assembleia de Deus, tem de parar de fumar!" Uma
terrível responsabilidade. Precisamos entender que Deus, e não a igreja,
liberta as pessoas! E — a parte maravilhosa — é o Espírito Santo quem
produz as convicções sem que precisemos sair por aí dizendo o que o
crente pode ou não fazer. Porque quando o Espírito Santo produz as
convicções, os cristão começam a viver pelo Espírito Santo. E o resultado
final é um mesmo padrão para toda a igreja.
Womack: E não há muitas coisas que as pessoas que nasceram de novo, os
cristãos espirituais, não podem fazer?
Trask: Ao contrário, há muitas coisas que elas podem fazer! Deixe-me dar
um exemplo: eu não creio que uma pessoa nascida de novo e repleta do
Espírito Santo queira olhar pornografia. Essa pessoa não esta agradando ao
Senhor, porque a pornografia é um fruto da carne produzido pela lascívia.
Há alguns anos, não estava tão em evidência nem era tão viável como hoje.
Raramente enfrentávamos o problema da pornografia; pois na verdade não
a relacionávamos entre as nossas prioridades. Se tivéssemos agido assim e
atacado o problema, então teríamos quebrado com antecedência as
estratégias e invenções do inimigo. Falhamos em não estabelecer
prioridades para fazer a obra do Espírito Santo.
Sim, haverá claras evidências de uma santa separação na igreja
avivada. Quando as pessoas tiverem um verdadeiro encontro com Jesus e
começarem a ter uma nova vida nEle, você ouvirá que elas se afastaram de
determinadas coisas — não porque a igreja as proibiu, mas porque não
desejam fazê-lo.
Womack: Não é verdade também que, quando o avivamento chegar,
muitas das coisas que parecem não ser erradas podem tornar-se verdadeiros
problemas?
Trask: Olhamos para as coisas não com os nossos olhos carnais, mas com
os do Espírito Santo. Esta é uma grande e maravilhosa verdade, porque
quando Deus remover as limitações, começaremos a enxergar através da
ótica do Espírito e colocaremos nossas prioridades nos locais adequados. É
por isso que Tiago, escrevendo sobre a oração, diz: "O homem de coração
dobre é inconstante em todos os seus caminhos" (Tg 1.8). E acrescenta:
"Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos
deleites" (Tg 4.3). Isto significa que podemos orar dentro da vontade de
Deus ou para que ela seja consumada em nós. Isso também é uma grande
verdade para o estilo de vida de uma pessoa. Quando experimentamos um
avivamento em nosso espírito, atendermos às prioridades estabelecidas por
Deus, e não pela igreja, o que implicará na transformação de nossas vidas.
Womack: O que o senhor diria a um pastor que deseja um grande
avivamento em sua igreja?
Trask: O avivamento não acontece sem oração, por isso a primeira coisa
que lhe diria era que estabelecesse um ministério de intercessão atuante na
igreja. Há muitos tipos de ministérios de intercessão, porém quando o
assunto é especificamente o avivamento, precisamos começar do zero, com
orações específicas por ele. Realmente encorajaria o pastor a levar seu
rebanho à oração e também a estabelecer dias específicos para a prática do
jejum. Sou um forte defensor do jejum. As igrejas de hoje não têm usado
este benefício como no passado, porque estamos sempre mais propensos
aos deleites e desejos da carne. No entanto, há na Palavra uma forte
admoestação ao jejum. Jejuar, orar e esperar em Deus — já não somos tão
bons nisso como antes. Estamos mentalmetne tão acostumados com os fast-
foods, que às vezes desejamos que Deus leve os pratos embora! Ou que
sejamos tão abençoados, ponto de recebermos tudo de Deus sem que haja
necessidade de um esforço maior da nossa parte!
Eu encorajaria o pastor a ministrar sobre avivamento, a fim de
encontrar respostas para questões importantes sobre o seu significado A
maioria das pessoas em nossas igrejas não tem a menor ideia sobre o que
estamos falando! Não estou me referindo a encontros de avivamento, mas a
um grande e novo despertamento espiritual! Vamos deixar crescer dentro
de nós um grande avivamento como resultado do entrosamento do Espírito
com a fé e o desejo da presença de Deus.
Inclusive, começaria falando ao povo sobre os grandes avivamentos
que têm acontecido hoje. Movimentos que geram fome de Deus em nossos
corações. Falaria das experiências de grande avivamento em algum país da
América do Sul. Recentemente, sentei-me para conversar com o
superintendente das Assembleias de Deus em Cuba, que contou-nos como
Deus quadruplicou os resultados obtidos na Década da Colheita em seu
país, nos primeiros três anos. Movimento? Não, avivamento! Eu disse a
ele: "Ore conosco, e os ventos do avivamento soprarão e agitarão as águas,
vindo sobre a nossa nação através da América!"
As Escrituras admoestam: "Lembra-te pois donde caíste, e
arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, eu brevemente a ti
virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres" (Ap 2.5).
O Senhor diz: "Lembre-se, arrependa-se, retorne!"
Womack: Dar prioridade à oração e ao clamor não é um propósito superior
ao do jejum?
Trask: Através do jejum, aprendemos a não manipular o Senhor. Isso deve
ser bem entendido. Não devemos manipular Deus com as nossas orações,
mas caminhar em direção à sua vontade. Precisamos entender que o jejum é
para a nossa disciplina e o nosso bem.
O que o Senhor gostaria de dizer àqueles que estão nas lideranças
das Assembleias de Deus?
Trask: Creio que os líderes devem sempre ser exemplos, impondo a ordem
na casa de Deus. E é por isso que Deus coloca pessoas na liderança. O meu
primeiro desejo é que possamos ver um soberano mover do Espírito de
Deus, a começar por aqui, no edifício central das Assembleias de Deus. E
assim acontecendo, que cresçamos através da comunhão. Precisamos
urgentemente de um avivamento!
Nossa eficácia é medida pelo quanto somos espirituais, e não por
quantos recursos, equipamentos, luxo ou sabedoria humana dispomos. Os
resultados são apurados de acordo com a capacidade que temos de
obedecer e amar ao Senhor.
Womack: O que o senhor tem a dizer para os nossos evangelistas?
Trask: Quero dizer aos evangelistas: "Amados, vão para suas igrejas com
novas revelações de Deus e creiam que Ele vai usá-los no ministério
apostólico". Esse é o objetivo dos evangelistas: sacudir as igrejas! Porém
não conseguirão fazer nada se continuarem a pregar sempre os mesmos
sermões. Cada igreja local é um corpo em particular, com necessidades
específicas. Deus sabe como quebrantar os seus rebanhos e sacudi-los. Se
você utilizar a mesma fórmula e a mesma receita em todo lugar, seu
trabalho será mera repetição. Para uma nova sacudida, a Palavra de Deus
precisa ser entregue com revelações recentes, a fim de produzir frescor em
nossos corações.
Se os evangelistas direcionarem a igreja para orar, crerem que Deus
faz e opera milagres, clamarem a Deus por uma fresca e nova mensagem
do Espírito Santo para o rebanho, buscando a operação dos dons do
Espírito Santo, o avivamento alcançará o seu lugar. Os evangelistas devem
ser responsabilizados pelo que foi perdido e orar pelo que se foi.
Há alguns anos, quando eu exercia o meu ministério pastoral, havia
em minha igreja evangelistas que queriam sair durante o dia e conduzir
pessoas à igreja. Existia responsabilidade e preocupação em seus corações.
Os evangelistas precisam deixar que a compaixão de Deus encha os seus
corações e suas vidas.
Womack: O que o senhor gostaria de dizer aos institutos bíblicos?
Trask: dito aos nossos diretores de institutos: "Por favor, ajude-nos a
enfatizar entre os alunos que os nossos institutos são pentecostais". Não
estou sugerindo que ensinem apenas doutrinas pentecostais; refiro-me à
experiência e prática. Nossos professores devem ser verdadeiros modelos
de vidas pentecostais!
Eu estava ensinando a Palavra em um dos nossos institutos, quando
fiz uma pergunta: "Quantos de vocês já participaram de um verdadeiro
avivamento — não encontros de avivamento, mas o real e poderoso mover
do Espírito Santo?" Era uma classe onde cerca de quarenta estudantes se
preparavam para o ministério, e apenas sete levantaram a mão. Você
reconhece o que isso significa? Estamos formando ministros que não têm a
mínima ideia do que significa um avivamento espiritual! Na verdade, o que
faz com que meu coração clame pelo avivamento é exatamente o fato de ter
participado de um verdadeiro, quando estava no instituto bíblico.
Womack: O senhor tem dito que um avivamento mudou completamente a
sua vida no instituto bíblico. O senhor experimentou avivamento em outros
lugares?
Trask: Experimentamos um verdadeiro avivamento em Vicksburg,
Michigan. Pertencíamos a uma pequena comunidade de setecentas pessoas,
e nossa igreja possuía apenas vinte membros. Então o superintendente
distrital disse: "Quando você chegar lá, então saberá se deve ficar ou
correr!" Era um daqueles lugares "difíceis". No entanto, Deus falou aos
nossos corações que aquele era o lugar onde deveríamos exercer os nossos
ministérios. Começamos então a orar, e direcionamos as pessoas à oração.
Deus trouxe um grande mover do Espirito Santo que balançou aquela
comunidade, e 250 pessoas foram acrescentadas à igreja!
Experimentamos também um verdadeiro avivamento em Viscksburg,
Michigan . A igreja, com cerca de 150 membros, tinha acabado de passar
por uma divisão. Todas as pessoas estavam deprimidas e totalmente
atordoadas. Então eu disse: "Não estamos aqui para nos preocupar com o
que algumas pessoas têm feito; estamos aqui porque cremos em Deus e no
mover do seu Espírito Santo". Assisti a um poderoso mover do Espírito e
pude contemplar a nuvem da glória do Senhor cobrindo todo o vale de
Vicksburg. É muito gratificante ver, semana após semana, durante anos,
pessoas sendo salvas, curadas e batizadas no Espírito Santo.
Também experimentei um grande avivamento no Brightmoor
Tabernacleem, uma de nossas igrejas históricas, em meu último ministério.
Eu era o superintendente no distrito de Michigan, e quando surgiu a
necessidade lutei com Deus insistentemente para que pudesse ter a certeza
se deveria sair e retornar ao meu ministério pastoral. Minha proposta foi a
seguinte-. "Vou para Brightmoor Tabernacle; mas só irei se for isto mesmo
o que tu queres que eu faça. Só deixo a superintendência se comprovares
meu chamado com um avivamento".
Eu não estava procurando status. Apenas não estava realmente
programado para tal direção. Algumas pessoas acham muito confortável
ficar sempre em evidência e mudar de vez em quando, de ministério em
ministério, semana após outra. No entanto, nunca veem pessoas sendo
salvas ou algo realmente espiritual acontecer! Eu conhecia aquela igreja,
ela havia se dividido e decrescido numericamente, estava realmente se
destruindo, e eu não queria fazer parte daquilo. Mas Deus assegurou-me
que, se eu fosse obediente e submisso à sua voz, nos enviaria um
avivamento. E como o Senhor é fiel! Cumpriu sua palavra e enviou-nos a
sua glória. A igreja começou a crescer, passou de novecentos membros
para 2.200 em poucos anos. Ela se fortaleceu, e diariamente pessoas
passaram a ser salvas, batizadas no Espírito Santo e curadas. Isso é
maravilhoso!
Por isso sei o que Deus é capaz de fazer e posso afirmar que não
haverá uma Assembleia de Deus sequer sem avivamento, se o seu pastor,
juntamente com todo o povo, confiar e obedecer às admoestações da
Palavra de Deus! Esta é a formula certa para o avivamento!
Womack: Na verdade, muitos de nós foram levantados com a certeza de
que o Espírito do avivamento é altamente essencial para o sucesso de uma
igreja genuinamente pentecostal!
Trask: Sim! É nisso que acredito! Creio que o que aconteceu em todas
estas igrejas locais deve acontecer também em todas as Assembleias de
Deus . Fomos levantados em um grande mover do Espírito Santo, e por
termos saído da nossa posição começamos a morrer. Precisamos entender
que nossa igreja nasceu de um poderoso mover do Espírito Santo e
precisamos permanecer neste mover. Nós mudamos de posição, mas Deus
continua sendo o mesmo ontem, hoje e eternamente!
Womack: Exatamente como as igrejas onde o senhor já pastoreou, eu
rambém tenho visto outras igrejas passando por grande avivamento, como
as Assembleias de Deus em Bogotá, na Colômbia, e a Assembleia de Deus
de San José, Califórnia. No entanto, o número de igrejas avivadas ainda é
muito pequeno. Não estamos precisando de um mover espiritual que abale
e envolva a nossa igreja em todos os lugares?
Trask: É exatamente isso o que Deus está fazendo e continuará a fazer. Os
avivamentos que estão ocorrendo em todo o mundo são evidências plenas
do que estou lhe dizendo. O profeta Elias perguntou: "Você está vendo
alguma chuva?" E, depois de olhar sete vezes, o seu moço voltou e disse:
"Eis que se levanta do mar uma nuvem pequena como a palma da mão de
um homem" (1 Rs 18.44). Um grande avivamento está para acontecer sobre
toda a Terra...
Womack: Pastor Trask, muito obrigado por ter nos falado sobre sua visão
de um grande avivamento nas Assembleias de Deus.
4
O Poder
Pentecostal e a Igreja
É verdade que as pessoas apenas religiosas, ao invés de cristãos
verdadeiros, encontram grande dificuldade em manter um alto nível de
intensidade espiritual. Consequentemente — já que o movimento cresce —
uma revelação que se inicia com uma chama de glória e não é renovada
acaba murchando, até alcançar um nível popular de devoção espiritual tão
baixo que, com o passar das gerações, perde-se o senso de maravilha e a
singeleza do propósito.
Então, como Deus consegue manter a chama pentecostal viva por
gerações inteiras? Aqui está o ponto. Precisamos compreender esta solene
verdade: a morte e a ressurreição são aspectos de nossa religião. Vejamos
uma coisa: os filhos de Israel que murmuraram diante das águas amargas
de Mara foram os mesmos que mais tarde experimentaram a glória de Deus
no monte Sinai. Os israelitas assustados que fugiram em meio aos perigos
na Terra Prometida foram os mesmos guerreiros vitoriosos de olhares
brilhantes que atravessaram o Jordão em terra seca e milagrosamente
derrotaram Jericó! Nem todos Conseguem entender os caminhos do
Senhor, mas em todas as épocas Deus levanta homens que cumprem a sua
vontade. Ele mesmo provienciará o avivamento, e todos os que estiverem
atentos à voz de Deus alcançarão em seu nome numa nova chama de glória.
Coloquemos desta maneira: se o Senhor retardar a sua vinda, então
no século XXI teremos um povo que proclamará verdadeiramente o
Evangelho. A questão não é se acontecerá ou não o avivamento, mas se
faremos parte dele! Deus não está em crise; nós estamos passando por ela -
indecisos e sem saber se dedicaremos as nossas vidas ao avivamento
pentecostal ou se voltaremos a agir como pessoas perdidas, andando
devagar e envolvidas apenas com compromissos menores.
Donald Gee, um dos primeiros escritores e palestrantes pentecostais,
disse: "Uma das coisas que tenho visto nos movimentos de avivamento
mais modernos é a grande tendência que existe em manter-se a igreja 'feliz'.
Os evangelistas modernos sempre querem manter todos sorrindo e
cantando, e o tema geral parece ser: 'Todos estão alegres com Jesus?' Eles
treinam suas igrejas direitinho, e automaticamente todos respondem:
'Amém!' No entanto, se conheço bem a Palavra, um grande avivamento
sempre se inicia por pessoas não conformadas à situação que estão
vivendo. Os poderosos avivamentos que ocorreram nos dias de nossos pais
costumavam fazer a igreja chorar ao invés de rir! Temo pelo fato de
podermos estar vivendo um cristianismo muito superficial".
As pessoas costumam cultivar a ideia de que um avivamento
corresponde a uma série de encontros entusiásticos. O verdadeiro
avivamento, no entanto, deixa uma impressão duradoura em cada indivíduo
e também sobre a igreja. Ele não é um mero estado da mente, mas uma
qualidade de relacionamento individual com Deus.
Em uma das mais claras fórmulas para um avivamento, nas
Escrituras, Tiago disse: "Sujeitai-vos, pois, a Deus; resisti ao diabo, e ele
fugirá de vós. Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós. Limpai as mãos,
pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai os corações. Senti as vossas
misérias, e lamentai, e chorai; converta-se o vosso riso em pranto, e o vosso
gozo, em tristeza. Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará" (Tg
4.7-10).
Este é um princípio muito simples: se nos submetermos a Deus e
resistirmos ao diabo, o Senhor irá se aproximar de nós e o inimigo manterá
distância. Por outro lado, se nos rendermos ao diabo e resistirmos a Deus, o
inimigo se aproximará de nós e Deus afastará. Sendo assim, o Senhor
chamou-nos todos para que deixemos os nossos pecados e o nosso duplo
ânimo, lavemos as mãos e purifiquemos os nossos corações. Nosso sorriso
deve con-verter-se em pranto e o nosso gozo em tristeza. Devemos nos
humilhar. Somente assim Deus nos reavivará. E, quando formos tentados a
ceder, assim como os não-crentes, precisaremos nos lembrar que Tiago
escreveu palavras de grande consolo aos cristãos "irmãos" (Tg 1.2; 2.1;
3.10).
Tanto a história quanto a beleza residem nos olhos do observador.
Nas páginas seguintes, veremos um sumário da história da igreja
pentecostal. Veremos logo a diferença, nos pontos de vista deste sumário,
para a maioria dos livros de história da Igreja, porque todos os outros foram
escritos sem a vantagem da experiência e perspectiva pentecostais. É assim
que os pentecostais veem a história: a igreja perdeu o essencial para manter
a agressividade evangelística, e não deixou ainda a sua marca neste século.
E essa perda certamente inclui a experiência do batismo no Espírito Santo e
o falar em outras línguas. Mas isso não é tudo: o batismo representa um
santo retorno às convicções, experiências, práticas e prioridades do
Cristianismo do Novo Testamento estabelecido por Jesus e ensinado por
seus apóstolos. E a coisa mais importante que pode acontecer com um
verdadeiro cristão pentecostal é a manutenção de um profundo sentimento
de respeito pelo Cristianismo original vivido pelos primeiros cristãos e que
nos foi concedido pelo Novo Testamento.
Algumas pessoas dirão que esquecemos de alguma coisa, outras, que
fomos longe demais, mas a intenção desta sinopse é mostrar apenas
algumas tendências gerais que demonstram a nossa grande necessidade de
receber uma unção fresca do Espírito Santo de Deus, a afim de que
possamos reviver outra vez. Não estamos questionando aqui a organização
da igreja, sua administração, suas programações ou funções sociais; pois
sabemos que, em todas as gerações, ela tem se estruturado para influenciar
pessoas, atingir seus objetivos e adaptar seus Métodos, a fim de alcançar
vidas de sua época e cultura. Questionamos especificamente a
espiritualidade da igreja, sua justiça e dedicação ao Senhor e à sua santa
Palavra.
Nossas Raízes Pentecostais
O Movimento Pentecostal não teve o seu início no século XX, mas
no dia de Pentecostes — aproximadamente em 30 d.C. — quando 120
cristãos "foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras
línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem" (At 2.4).
Logo após a primeira convocação ao altar de Deus, três mil pessoas
aceitaram a Jesus Cristo como seu Salvador. Pedro disse: "Arrependei-vos,
e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos
pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo" (At 2.38). Todos aqueles
três mil foram salvos, batizados nas águas e batizados com o Espírito Santo
no dia de Pentecostes. Daquele dia em diante a Igreja multiplicou-se,
chegando a ultrapassar os limites do Império Romano. No entanto, com o
tempo e as novas gerações, surgiram problemas que levaram a Igreja a
perder o seu primeiro amor (Ap 2.4).
E o que levou a Igreja pós-apostólica a perder sua natureza
pentecostal? Consideremos algumas coisas essenciais: em primeiro lugar, a
Igreja se dispersou. Levava muito tempo para que um cristão fora da
Gálacia lesse a carta do apóstolo Paulo aos gálatas, da mesma maneira que
os cristãos da Ásia Menor custaram a conhecer o que o apóstolo escrevera
aos romanos. Pouquíssimos cristãos tiveram o privilégio de ler mais que
um dos quatro evangelhos e, provavelmente, a maioria sequer teve a
oportunidade de conhecer qualquer livro do Novo Testamento. A
deterioração da fé foi inevitável, e o Cristianismo se espalhou. Quando o
Novo Testamento finalmente foi registrado e tornou-se conhecido, a Igreja
estava longe de ser o que era no princípio.
Em segundo lugar, o transporte naquela época era muito lento, e a
comunicação entre as igrejas, quase impossível. Em consequência, a Igreja
acabou adotando linhas diferentes de pensamento. Assim, surgiram
diversas igrejas como a Arménia, a Síria, a Ortodoxa Grega, a Católica
Romana e outras. A dispersão sem planejamento ou avaliação mais
profunda das lideranças da época acabou sendo altamente prejudicial ao
corpo de Cristo.
A chamada Era das Trevas realmente correspondeu ao nome, pois a
Palavra tornou-se inacessível às pessoas comuns, ficando restrita a homens
isolados em monastérios e bibliotecas. Apenas em meados do século XV,
quando Gutemberg inventou a imprensa, as pessoas passaram a ter livre
acesso à Palavra de Deus, podendo estudá-la e conhecê-lo Surgiram os
primeiros exemplares em latim. Mais tarde, Lutero traduziu a Bíblia para o
alemão, William Tyndale para o inglês e outras traduções surgiram por
toda a Europa. O ressurgimento da Palavra gerou uma verdadeira revolução
em todo o mundo, conhecida como Reforma Protestante, porque a Igreja
daqueles dias tinha unidade e se parecia com a Igreja Primitiva. Depois que
a Bíblia retornou às mãos das pessoas, a Igreja recuperou passo a passo sua
identidade bíblica, originalmente cristã.
Já na segunda metade do século XIX, as igrejas começaram a
enfatizar a necessidade de estabelecer a diferença entre desejar e viver uma
vida cristã. A. B. Simpson foi um dos mais importantes e conhecidos
líderes dessa época, conhecida como Movimento da Santidade. Alguns
historiadores evangélicos incluem nesse movimento Dwight L Moody e
Charles G. Finney — e a maioria desses irmãos deixaram as linhas de
pensamento que tendiam à teologia liberal, chamada modernismo. Dentro
do movimento, o interesse pela obra do Espírito Santo, como acontecia no
Novo Testamento, foi crescendo rapidamente.
Em um pequeno instituto bíblico em Topeka, Kansas, um grupo de
estudantes que não foram para casa no Natal buscaram a Deus em oração,
clamando durante dez dias, exatamente como os primeiros cristãos no dia
de Pentecostes. Dez dias depois, em meio às comemorações do Ano Novo
de 1901, todos foram cheios do Espírito Santo e falaram em outras línguas,
como no dia de Pentecostes. Aquela forte explosão de poder espiritual
dinâmico não pôde ficar restrita àquele instituto bíblico e logo espalhou-se
pela cidade de Kansas e por outras cidades: No início de 1906, na rua
Azusa, em Los Angeles, aconteceu um maravilhoso mover do Espírito de
Deus que acabou levando ao conhecimento de todo o mundo a existência
de um novo movimento P entecostal. A maioria das igrejas pentecostais
surgiram do avivamento daquela rua
Charles T. Crabtree, assistente geral da Superintendência das
Assembléias de Deus dos Estados Unidos, escreveu em seu livro
pentecostal priority "Após o primeiro derramamento espiritual em Topeka,
kansas o fenomeno pentecostal deu início a uma verdadeira reação em
cadeia. A história registra que, nas primeiras décadas do século XX,
surgiram poderosos ministérios, milagres e intensa perseguição. Havia
unidade e compartilhavam-se os bens. A intercessão e a oração eram
constantes, implicando em comunhão. Houve uma repetição da história da
Igreja Primitiva registrada no livro de Atos: 'O Senhor acrescentava à igreja
aqueles que se haviam de salvar'".
A maior parte das religiões de todo o mundo rejeitaram os novos
pentecostais e os expulsaram de sua comunhão. Alguns dos cristãos que
pertenciam ao Movimento da Santidade declararam que o falar em línguas
era do diabo, e as pessoas que não conseguiam entender o poder do Espírito
chamavam os pentecostais de "santos barulhentos" — um termo que
realmente nunca levamos a mal, porém recordamos com temor. Muitas
pessoas foram atraídas pelas nossas reuniões e encontraram a salvação, o
batismo no Espírito Santo, respostas milagrosas às orações e fervorosa
comunhão. Alguns abandonaram a luz confusa de igrejas espiritualmente
frias, e outros, sem congregação, foram salvos da escuridão do pecado em
resposta ao ardente evangelismo. Todos aqueles que realmente conheciam
bem a Palavra associaram-se ao movimento que se identificava com o
Cristianismo original.
Em abril de 1914, o Concílio Geral das Assembleias de Deus foi
fundado em Hot Springs, Arkansas — foi estabelecido nesse local, por se
tratar de um grande centro urbano de fácil acesso. Sua chamada ficou bem
definida logo no texto de abertura daquele encontro: "Durante muitos anos,
Deus tem levado os homens a se voltarem para o evangelho pleno
apostólico, padrão de experiências e doutrinas". Nunca pensamos sequer
em melhorar aquela definição, porque entendemos que o Movimento
Pentecostal é realmente o retorno ao Evangelho pleno, original, apostólico;
o cristianismo pentecostal não é o movimento mais "educado", mas o
centro do Cristianismo.
Sobre isso George O. Wood, secretário geral das Assembleias de
Deus, diz: O profeta Joel falou-nos sobre as chuvas têmpora e serôdia
012.23)-As chuvas têmporas de outubro e novembro amaciavam o solo de
tal maneira, que sementes podiam ser plantadas com extrema facilidade.
Mas as chuvas serôdias de abril também eram necessárias, pois tratavam o
solo, faziam frutificar as sementes e mantinham o solo úmido o bastante
para resistir às estiagens do verão. As chuvas serôdias eram diretamente
responsáveis pelos frutos nos tempos de seca.
Olhando para o início do século XX, podemos ver as chuvas
temporãs de Topeka, Kansas, rua Azusa, em Los Angeles, e Hot Springs,
em Arkansas. Todo esse mover foi na verdade uma grande chuva que
amaciou o solo e plantou a semente para a grande colheita dos últimos dias.
E hoje, estão diante de nós o fim deste século e a grande conclusão deste
milénio. O Espírito Santo está a me dizer: "A rua Azusa foi apenas uma
chuvinha, comparada com o que ainda tenho reservado para vocês nos
próximos dias". Uma grande seca está para acontecer. Por isso é necessário
que haja chuva!
O Pentecoste, como festa do Antigo Testamento ou ensino do Novo,
está diretamente relacionado à seca. Nós aspiramos a um novo Pentecoste
em nossos corações, não apenas porque desejamos ter uma vida interior
com Deus mais ativa. A experiência do Pentecoste não pode jamais ser
separada do seu principal objetivo: preencher o que está vazio, completar o
que está seco. Deus derramou o seu Espírito Santo porque, mesmo na seca,
a terra pode frutificar. Com o avivamento surgem os poderosos
evangelismos. Afinal, não pode haver um forte avivamento se apenas a
igreja é restaurada, pois uma igreja avivada resulta em uma comunidade
alcançada pelo Evangelho.
Com o ressurgimento da igreja neotestamentária, nossos
antepassados pentecostais começaram a ver os mesmos resultados que a
Igreja Primitiva. Muitas pessoas começaram a ser salvas, curadas de
enfermidades e libertas da opressão do inimigo, passando a ser totalmente
guiadas pelo Espírito Santo. A adoração era ungida e animada, seus
corações respiravam o louvor, a ministração da Palavra era fervorosa,
poderosa e eficiente e, quando as pessoas vinham, rendendo-se ao Senhor
diante do altar, aconteciam fenomenos que não ocorriam desde que a Igreja
Primitiva. O batismo no Espírito Santo e a sua evidência do falar em
línguas verdadeiramente revolucionaram a igreja, restaurando assim o
conceito de evangelismo como algo diretamente voltado para o mundo. Na
segunda reunião do Concílio Geral das Assembleias de Deus, Lemuel C.
Hall estabeleceu uma resolução convocando a todos Para para o maior
evangelismo que o mundo jamais viu".
A principal motivação da igreja do século XX ao despertamento foi
Expectativa pela volta do Senhor Jesus Cristo. Crendo profundamente nas
profecias bíblicas que anunciam o arrebatamento da Igreja seguido pelo
derramamento da ira divina sobre todo o mundo, os primeiros cristãos
pentecostais trataram de espalhar o Evangelho da maneira mais rápida que
puderam. O poder pentecostal, combinado à urgência das visões proféticas,
criou uma força extrema que impulsionou o início do movimento.
Ocorriam muitas reuniões de oração — o tempo do culto nas igrejas não
era desperdiçado com anúncios e propagandas. Multidões passaram a
encher a igreja aos domingos. Os sermões tinham uma sequência lógica e
duravam no mínimo 45 minutos. E as ministrações sobre as vidas que
vinham diante do altar prosseguiam noite adentro.
Problemas no Paraíso
Entretanto, com o tempo vieram os problemas. O povo, que vivia
longe dos limites humanos da emoção e intuição, começou a encarar fortes
tentações em diversas áreas da vida. Então a igreja começou a correr o
risco constante de confundir a emoção com a revelação do Espírito e a
substituir as santas tradições de um comportamento legitimamente santo
por práticas e costumes humanos. Como resultado, até hoje se dá mais
atenção às experiências humanas que às revelações do Espírito de Deus.
No entanto, Deus nos tem conduzido em vitória através dos anos. Na
verdade, hoje preferimos negociar com o que estamos habituados e
permanecer com as fracas brasas das nossas frias mas prósperas igrejas do
que clamar pelo "vento do Espírito Santo".
Quando voltaremos a agir como antes, numa época onde crescíamos
rapidamente na mais alta atmosfera espiritual do Evangelho pleno, onde as
pessoas eram direcionadas com autoridade, permaneciam num ambiente de
santa devoção, confiavam nas manifestações espirituais e viviam no
Espírito de tal maneira, que verdadeiras multidões eram atraídas? E claro
que, em função do nosso grande entusiasmo, em várias ocasiões fomos
longe demais no que tange à emoção. Mas determinados extremos podem
ser o preço a ser pago para que ocorra um grande avivamento. Em outras
palavras, dificilmente haverá avivamento sem que se ultrapassem alguns
limites de comportamento e ideias.
Na década de 1920, as Assembleias de Deus começaram a se
organizar melhor. Surgiram institutos bíblicos que passaram a treinar os
ministros. Missionários foram enviados por todo o mundo, e pessoas tanto
o que deveria ser maravilhoso tornou-se um problema; nosso crescimento
acelerado começou a gerar inúmeras dificuldades para a Igreja. Como ela
tornou-se mais popular, estava mais apta, possuindo melhores condições
para começar a definir questões bíblicas, comportamento cristão e
doutrinas espirituais. Muitas coisas começaram a fluir de maneira negativa,
contribuindo para uma eventual decadência e dispersão.
Outro fator que muito contribuiu para um lento mas constante
declínio da igreja foi o nível de formação de nossas lideranças. No início, a
maioria de nossos pastores eram homens treinados em seus ministérios,
batizados com o Espírito Santo, oriundos de outras denominações.
Infelizmente, alguns de nossos líderes concluíram, de forma errada, que um
bom nível de formação para nossos pastores levaria à deterioração do
ministério. Acreditavam que muita preparação teológica e o enriqueci-
mento de detalhes nos sermões eram contribuições humanas. Acreditavam
que a "inspiração" para a ministração deveria vir somente do Senhor. E,
para dar respaldo a este pensamento, utilizaram o seguinte texto: "Abre
bem a tua boca, e ta encherei" (SI 81.10).
Como resultado, a maioria dos líderes passaram a assumir seus
ministérios tendo pouquíssima formação e, por não possuírem uma base
bíblica essencial, passaram a enfatizar apenas coisas superficiais como
"usos e costumes", preocupando-se mais com questões culturais do que
com o legítimo comportamento moral cristão. Não devemos esquecer,
entretanto, que muitos desses líderes não só foram os responsáveis por
inúmeras conversões, mas também estabeleceram os ensinamentos de
nossa igreja com grande cuidado e sabedoria!
Através" dos anos, eles aprenderam que Deus não derrama sua
mensagem através do pregador, como água em um funil, mas capacita
naturalmente com unção seus obreiros, para exercerem seu ministério na
casa de Deus com conhecimento experiência e preparação. E perceberam
também que esta unção não é derramada sobre a vida dos líderes apenas
quando pregam ou oram pelas ovelhas, mas adquirida com o tempo,
durante toda a vida, de acordo com o estilo de vida que escolherem adotar
— em sua vida particular, no púlpito, em sua personalidade e nas horas que
dedicam à preparação da Palavra e à adoração. Pagamos um alto preço
porque falhamos em compreender o verdadeiro sentido da unção espiritual.
Achávamos que um ministério podia ser poderoso, mas não nos
dedicávamos à Palavra e dávamos mais valor à aparência externa que aos
princípios interiores de vida cristã.
Desafios à Nossa Fé
Agora não há mais a necessidade de falar sobre detalhes históricos.
Os problemas que encaramos no passado foram consequências naturais de
um grande avivamento, e no próximo voltaremos a enfrentá-los. Quando o
avivamento chegar, nosso entusiasmo será renovado, e nossas emoções,
restauradas. Surgirá uma nova geração de "fanáticos com os olhos
inflamados" como Paulo, Pedro e Estevão — homens que deram suas vidas
pelo Reino de Deus (isso inclui o fato de que nós queremos ser como eles!).
Nosso desafio será manter o movimento pautado na Palavra de Deus.
Quando falamos em avivamento, não estamos sugerindo simplesmente uma
fórmula para métodos humanos de reforma das estruturas e organizações.
Estamos chorando diante do Senhor para que se volte para as nossas vidas e
restaure-nos à sua vontade e aos seus caminhos! Não temos a menor ideia
de como Deus trará ou de como será o avivamento. A única coisa que
podemos fazer é levantar as nossas vozes e dizer: "Reina sobre nós,
Senhor!"
Uma das tentações de Jesus consistia em colocar o poder do Pai à
prova quando foi colocado sobre o pináculo do Templo. O diabo queria que
Jesus fizesse uma verdadeira exibição de sua confiança em Deus e uma
demonstração de seu poder milagroso. Hoje vemos o mesmo tipo de
tentação nas grandes concentrações de cura, libertação e poder de Deus.
Sempre existiram homens e mulheres de Deus sinceros, que verdadeira-
mente realizavam poderosas campanhas com manifestação do poder de
Deus. Mas o sucesso levou alguns, por outros motivos, a emularem. O que
normalmente se pretendia, que os milagres de Deus acompanhassem o
processo de cura e vitória da alma, era muitas vezes exibido como um show
para mérito próprio-Marcos 16.15-18 diz que os sinais e os milagres
seguirão aos que creram e a todos quantos forem pelo mundo anunciando o
Evangelho. Biblicamente, as curas divinas sempre estão próximas o
bastante daqueles que anunciam o Evangelho. Mas devemos tomar cuidado
quanto a isso, pois é preciso estar atento com relação à curta distância que
separa a verdade do exibicionismo, ou então estaremos correndo o grande
risco de sacrificar toda uma multidão já evangelizada, convertida e
abençoada por Deus através de curas e libertações. E, frequentemente,
ainda temos aprendido tristes lições relacionadas às coisas íntimas de Deus
sem estar verdadeiramente pregando o Evangelho. Desde as antigas
cruzadas de cura divina até a moderna televisão, tem sido esta a nossa pior
área, pois temos tentado mostrar a força do poder de Deus, colocando à
mostra, indignamente, as santas manifestações da sua glória. Tais abusos da
nossa parte têm provocado terríveis consequências: muitos dos nossos
pastores têm se desviado do caminho da verdade por causa dos "milagres".
O derramamento do Espírito Santo na igreja, através das chuvas
serôdias, também tem representado um grande desafio para todos nós.
Muitos líderes, apesar de todas as nossas recomendações, têm levado as
manifestações dos dons do Espírito Santo a extremos. Ironicamente, nosso
maior problema com as chuvas serôdias vieram depois que conversamos
com os nossos líderes e resolvemos avaliar o que ensinam e praticam.
Temos nos desviado totalmente do caminho verdadeiro quanto às
manifestações dos dons do Espírito Santo.
Uma outra mistura de desafios e bênçãos é o Movimento
Carismático. Temos uma boa ideia do que está acontecendo, quando
percebemos as velhas linhas de comportamento de denominações antigas
mesclarem-se ao alto crescimento espiritual surgido no Movimento
Pentecostal, no início do século. Ao mesmo tempo, há uma grande
diferença entre ser pentecostal e ser carismático. Os pentecostais podem ser
amados carismáticos, mas os carismáticos não são necessariamente
pentecostais. Ser carismático significa identificar-se com uma renovação de
fé e aceitar os dons carismáticos do Espírito Santo que nos foram
apresentados em 1 Coríntios 12.1-11.
Ser pentecostal significa identificar-se com o nascimento da igreja
no dia de Pentecostes; inclua-se a isso uma vida de unidade e comunhão na
Casa de Deus, ser batizado com o Espírito Santo e perseverar na doutrina
apostólica. O Movimento Pentecostal refere-se a todos os aspectos da
igreja, enquanto o Movimento Carismático envolve apenas alguns deles.
E ainda, o Movimento Pentecostal exige o exercício da sabedoria
onde é importante saber esperar pela obra do Espírito Santo no coração das
pessoas, convencendo-as da sua atuação. Os primeiros cristãos carismáticos
já tentaram permanecer em suas antigas denominações mas com o passar
do tempo ficaram insatisfeitos, optando por formar suas próprias igrejas.
Foi aí que experimentaram muitos dos extremismos que conhecemos no
início da igreja pentecostal.
Nosso relacionamento com o Movimento Carismático produziu em
nossas vidas três problemas que resultaram em efeitos impressionantes.
Primeiro, nos afastamos totalmente deles, e nos mantemos isolados, longe
da influência de qualquer um de seus adeptos. Dois homens nos
convidaram a ministrar a Palavra para os carismáticos, Donald Gee e David
duPlessis—ambos poderiam ter sido líderes em seu tempo. (Hoje creio que
falhamos em não termos aceitado ministrar aos carismáticos, o que pode ter
trazido consequências graves para o nosso crescimento).
Em segundo lugar, as Assembleias de Deus eram, nos Estados
Unidos, a denominação que mais rápido crescia na década de 1980. Nosso
crescimento acentuou-se ainda mais, pelo fato de muitos carismáticos
começarem a participar de nossos cultos. Nosso crescimento deu-se
também porque os nossos novos convertidos aumentaram de modo
gigantesco, enquanto nosso crescimento interno diminuiu. Eis aí outro erro:
precisamos aprender a distinguir evangelismo primário (alcançar outras
pessoas para Jesus), secundário (alcançar os nossos filhos para Jesus) e
alternativo (alcançar outros cristãos).
O terceiro problema surgido por causa de nosso relacionamento com
os carismáticos deve-se à dificuldade de identificar esse movimento. Um
dos seus aspectos fundamentais está no avivamento causado pela liberda-
de no louvor. Foi maravilhosa e providencial para as nossas vidas uma
nova ênfase quanto a esta necessidade. No entanto, alguns de nossos
pastores abandonaram o estilo de adoração pentecostal, trocando-o pelos
métodos carismáticos, socialmente mais aceitáveis. Como exemplo,
podemos perceber que o louvor carismático possui uma quantidade enorme
de pessoas em atividade, enquanto os petencostais enfocam mais a
ministração do altar— arrependimento e retauração — com plena mudança
de vida. (Falaremos mais sobre a adoração pentecostal.)
As pessoas que receberam o Espírito Santo normalmente têm
problemas em compreender o que Deus lhes está falando; nisso reside outro
desafio. A Primeira Guerra Mundial veio a ser o que primeiro interpretá-
vamos como a chegada do juízo de Deus através da grande tribulação. No
início da década de 1930, muitos cristãos acreditavam que Jesus voltaria
em 1936, vindo logo em seguida a ira de Deus, o Anticristo e o
Armagedom. Entretanto, Jesus não voltou, e a Segunda Guerra Mundial fez
renascer no coração da igreja as mesmas falsas expectativas. Recentemente,
muitos de nós viram as profecias se cum¬prirem na Guerra do Golfo, mas
esta também chegou ao fim. Enquanto não surgem outros grandes eventos,
como a separação da União Soviética, nossos profetas permanecem
estranhamente calados.
Temos insistido em tentar identificar o Anticristo ou mesmo
descobrir as épocas certas para o cumprimento das Escrituras, quando o
que precisamos é reconhecer que a maior profecia se cumprindo em nossos
tempos é a de Mateus 24.14: "E será pregado este Evangelho do reino por
todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então virá o fim". O
"fim" ao qual Jesus se refere nesta passagem está indicado nos versículos
30 e 31 — o fim desta era, marcado pelo arrebatamento da Igreja, e logo
depois ocorrerá o julgamento de todos os povos da terra, no dia do Juízo —
o mesmo cenário que podemos traçar no livro de Apocalipse.
Consideremos outra tradução literal de Mateus 24.14: "E as boas
novas do reino de Deus serão anunciadas e proclamadas por toda a terra
para testemunho em todos os grupos sociais; e então o fim será
enevitável".1 De acordo com Jesus, a igreja deve cumprir o seu papel na
grande comissão de pregar o Evangelho a "toda criatura" (Mc 16.15). como
podemos ver a igreja não estará em decadência no fim e tampouco
derrotada, mas completará o seu chamado com grande entusiasmo e
sucesso — através de um último e grande avivamento!
Temos sentido o chamado profético à Igreja para que se levante e
realize o propósito para o qual foi convocada. Deus tem falado constante-
mente por seu Espírito, e muitas profecias têm sido entregues em nossa
igreja. O tempo está chegando ao fim, Jesus está voltando e por isso
devemos fazer duas coisas-, nos prepararmos como cristãos e proclamar as
boas novas do Evangelho de Jesus Cristo.
O que Fazer?
Um século de vida do povo pentecostal produziu uma igreja enorme
com uma estrutura grande e complicada, que precisa escolher entre
permanecer assim ou tornar-se como os judeus reunidos naquela manhã do
dia de Pentecostes.
Lá pelas nove horas, os ventos do Espírito Santo começaram a
sacudi-los, e línguas estranhas foram derramadas sobre todos eles
diretamente dos Céus. E 120 pessoas foram cheias do Espírito Santo" e
falaram em outras línguas. Pedro fez a primeira grande pregação
pentecostal sem nenhuma anotação, e, no final do sermão, uma multidão de
três mil pessoas composta por religiosos altamente tradicionais foi
transformada em fervorosos cristãos, prontos a entregarem suas vidas por
Jesus Cristo.
Podemos escolher! Deus pode nos quebrar através das nossas
tradições e rotinas, revivendo-nos! Mas a questão é: O que devemos fazer?
A resposta é tão simples e rudimentar, que você ficará maravilhado
por ter de ler todas essas páginas para chegar ao ponto, achando impossível
que seja só isso, sem que Deus exija algum esforço a mais. Entretanto, se o
avivamento dependesse do nosso esforço, provavelmente já o teríamos
feito. Por que então não aceitamos e simplesmente seguimos os planos de
Deus?
Você está pronto? Pois aí está: a única coisa que devemos fazer e
viver em unidade e juntos perseverarmos nas orações e súplicas!
Dez dias antes do Pentecoste, os discípulos estavam reunidos no
cenáculo. Em Atos 10.13,14, Lucas relaciona os discípulos que ali estavam
(menos Judas Iscariotes). Diz também que se reuniram "com mulheres,
entrando com elas Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele e "todos eles
permaneciam unanimes em oração e súplica". Em poucos dias, outros
chegaram e o número cresceu para 120 pessoas, que passaram a reunir-se
no Templo, até que dez dias mais tarde todos foram cheios do Espírito
Santo e começaram a falar em outras línguas conforme o Espírito lhes
concedia que falassem" (At 2.4). A solução é simples. Então faça isso! R.
A. Torrey diz: Creio que posso dar a "receita" que trará o avivamento em
uma igreja, comunidade ou cidade sobre a terra. Primeiro, pegue um grupo
de cristãos (não são necessários muitos) que tenham uma forte e plena
experiência com Deus em suas vidas. Isso é o essencial. Se não for assim,
posso afirmar que não irá acontecer nada.
Depois, coloque-os em unidade com um grupo de oração e diga-lhes
que clamem a Deus por um avivamento; que com orações e súplicas peçam
que Deus abra os Céus e derrame o seu Espírito.
Finalmente, coloque-os à disposição de Deus para que o Senhor
possa usá-los da maneira como desejar, até que estejam prontos para
conduzir outras pessoas à vitória em Cristo. E isso é tudo que, com certeza,
trará o avivamento para qualquer igreja ou comunidade. Tenho dado esta
receita ao redor do mundo. E, em todos os lugares, Deus tem sacudido
igrejas e comunidades. Esta receita sempre deu certo, na verdade, não
falha!
Tradução de David A. Womak
5
Avivamentos na Bíblia A palavra "avivamento" não aparece na Bíblia, no entanto, a Palavra
de Deus constantemente apresenta os termos "restaurar", "restauração",
"reviver", "reviveu" e "revivendo". No Novo Testamento, o termo
"reviveu" aparece duas vezes, em Romanos 7.9 e 14.9 ("tornou a viver",
ARC). Não houve avivamentos no Novo Testamento, porque a experiência
dos primeiros cristãos foi algo inteiramente novo, jamais conhecido antes
do dia de Pentecostes. Apenas no fim do primeiro século houve sinais de
que alguns cristãos abandonaram o seu primeiro amor (Ap 2.4), mas não há
nenhuma indicação de que tenham se arrependido e se reavivado.
Sempre que os filhos de Israel se desviavam da verdade, no Antigo
testamento, Deus fazia em primeiro lugar um chamado ao arrependimento
através das mensagens de seus profetas. Na maioria dos casos nem o povo
ou seus líderes ouviam tais mensageiros, continuando em sua vida de
pecado até experimentarem a ira de Deus e seu julgamento. Só então os
profetas eram respeitados.
Precisamos reconhecer que os avivamentos na Bíblia só ocorreram
quando o despertamento espiritual iniciou-se no coração dos líderes! E aqui
repousa toda a importância deste chamado ao arrependimento: muito que
os homens de Deus têm profetizado e declarado que precisamos nos
arrepender e clamar pela presença de Deus, mas agora esta palavra de
restauração está vindo diretamente dos líderes de nossa igreja. O
superintendente geral das Assembleias de Deus nos Estados Unidos,
Thomas E. Trask, iniciou um trabalho de avivamento em todas as
Assembleias de Deus, recebendo apoio e encorajamento de seus
companheiros de ministério: o assistente geral da superintendência Charles
T. Crabtree, o secretário geral George O. Wood, o tesoureiro geral James T.
Bridges e todos os outros líderes e auxiliares. Esses homens de Deus
receberam esta palavra diretamente do Céu e, se verdadeiramente nos
arrependermos dos nossos pecados e nos voltarmos para Deus, eles
direcionarão o Corpo para um novo avivamento. Em seu escritório, durante
a inauguração da sede nacional das Assembleias de Deus nos Estados
Unidos, em 18 de novembro de 1993, o superintendente geral Trask disse:
"Prometo não descansar e nem me conformar com um possível crescimento
numérico enquanto as Assembleias de Deus não experimentarem um
soberano mover do Espírito Santo, que acabe por abalar com um grande
avivamento todas as igrejas que pertençam ao glorioso corpo de Cristo".
Que não haja nenhuma dúvida quanto a isto: um grande avivamento
espiritual acontecerá quando todos os nossos líderes, desde o superin-
tendente geral até os pastores das igrejas locais, dobrarem os seus joelhos
em arrependimento diante do Senhor e partirem para uma direção onde
seguirão apenas os caminhos de Deus, e não mais os dos homens. E, uma
vez ocorrendo um despertamento, os membros de nossas igrejas estarão
fazendo parte do próximo e grandioso avivamento espiritual.
Um Princípio Espiritual para o Avivamento
Agora que já definimos biblicamente como os avivamentos
espirituais se iniciam, vejamos exemplos práticos através da Palavra. Os
muitos homens de Deus que a história do Antigo Testamento nos apresenta
na verdade começaram a ser abençoados quando Abraão conheceu ao
Senhor. E assim, Jeová tem se apresentado constantemente como o Deus de
Abraão, Isaque e Jacó — aquEle que direciona líderes e assim influencia e
abençoa gerações inteiras.
Quando os filhos de Israel deixaram o Egito, após tantos anos de
servidão Deus preparou um homem para liderá-los. Enquanto uma o inteira
clamava por ajuda, Deus revelava-se a Moisés do meio da ardente. Se não
houvesse um homem que falasse com Deus e fizesse exatamente o que o
Senhor desejava, certamente o êxodo não teria acontecido, ninguém teria
atravessado o mar Vermelho e jamais teria ocorrido uma experiência como
a glória do Senhor no monte Sinai.
Josué, que conduziu o povo de Deus à Terra Prometida, reuniu todos
os anciãos de Israel, os cabeças, os juízes e os oficiais 0s 24.1) e declarou
que o desafio de viver para Deus tinha de começar em seu coração e em sua
família: "Escolhei hoje a quem sirvais... eu e a minha casa serviremos ao
Senhor" (Js 24.15). Então todo o povo respondeu: "Serviremos ao Senhor,
nosso Deus, e obedeceremos à sua voz" (Js 24.24). Depois que os líderes
fazem a sua escolha, todos seguem pelo mesmo caminho!
O Avivamento durante o Reinado de Josias
Podemos ver o mesmo tipo de avivamento durante o reinado do rei
Josias em Judá (2 Rs 22 e 23,; 2 Cr 34 e 35). Já que estamos estudando
todos os tipos de avivamento na Bíblia, devemos considerar estas
passagens como excelentes exemplos e trazê-las como aplicações práticas
aos nossos dias.
Era uma época de grande corrupção moral e negligência espiritual
em Jerusalém e por toda Judá, pois a maioria dos filhos de Israel havia
deixado o Senhor e passado a adorar outros deuses como Baal, Astarote e
ate mesmo todo o "exército dos céus" (2 Rs 23.4). Baal era o deus do
sucesso, da prosperidade e da abundância. Astarote, o "ídolo do bosque ou
"poste-ídolo", era a deusa da fertilidade, do amor e da sexualidade Exército
dos céus" era um conceito religioso da região da Mesopotâmia, que dizia
que o Sol, a Lua e as estrelas eram manifestações de deuses que
direcionavam a Terra e influenciavam a vida dos homens. Os deuses
pagãos, exatamente como nos dias de hoje, exerciam grande influência
espiritual e geravam uma constante busca por prosperidade, um desejo
ardente pela sensualidade e muita superstição - o que hoje chamamos
esoterismo e Nova Era. Se você tem alguma dúvida, basta assistir os
comerciais de TV à noite e observar como esses deuses ainda dominam e
influenciam as pessoas em quase todas as áreas de suas vidas.
Enquanto isso, no Templo, o serviço ao Senhor virara comércio
como nos dias de hoje, quando temos encontrado sermões superproduzidos
e pedidos de ofertas que mais parecem cobrança de impostos; havia um
descaso com a Palavra de Deus. Ninguém lia a Palavra dada por intermédio
de Moisés (2 Cr 34.14), e durante muito tempo as pessoas comuns
desconheceram totalmente a sua existência, E o mais grave, mesmo sem
Deus e sua Palavra, a adoração no Templo sucedia-se em um nível muito
superficial.
Além disso, os compartimentos do Templo eram todos feitos de
prata, numa evidência clara de que o povo gostava de estar ali. O Templo
não representava nenhuma espécie de "ameaça", sua existência não
indicava que deveria haver uma mudança em suas vidas. Frequentá-lo fazia
parte do status.
Essa é uma questão grave que precisamos encarar: as igrejas
conseguem existir sem a presença de Deus e muitas já se encontram nesta
situação! Um monte de igrejas por aí, ministérios inteiros, têm verdadeiro
pavor das manifestações sobrenaturais que ocorrem quando Deus trabalha
no meio da igreja. Por isso preferem continuar vivendo uma vida de
religiosidade e simbolismo ao invés de entregarem suas vidas ao Senhor.
Se toda igreja que tem como símbolo uma cruz verdadeiramente tivesse um
compromisso com a cruz de Cristo, e se toda igreja que possui a figura de
uma pomba em seu templo realmente tivesse manifestações do Espírito
Santo, poderíamos ter um verdadeiro avivamento agora!
E, para piorar muito mais a situação, os templos que deveriam ser
santificados vêm sendo profanados com altares a Baal (prosperidade),
Astarote (sensualidade) e todos os "exércitos dos céus" (superstição). Os
líderes têm se guiado por suas próprias mentes e não veem problema algum
em conduzir eles mesmos suas ovelhas à adoração, de acordo com seus
próprios desejos. A maioria dos cultos nas igrejas esta sob a
responsabilidade de homens, e não de Deus.
Uma Igreja que se autodenomina pentecostal tem como slogan: Para
pessoas de todos os credos". O sentimento de unidade pode trazer
benefícios para a igreja, mas quando permitimos que o mundo Entre
demais nela — e nas nossas vidas, contrariando a Palavra que diz serem
nossos corpos templos do Espírito Santo (1 Co 6.19) — estamos
contaminando e profanando a santa habitação de Deus. O grande perigo da
sociabilização da igreja é que o contato constante entre cristãos e membros
de outras religiões pode acabar gerando compromissos e desejos comuns.
Logo essas influências começam a transformar-se em atitudes e ações; os
cristãos começam então a perceber apenas pequenas diferenças entre as
igrejas. Quando a nossa adoração adequar-se a qualquer tipo de igreja,
perderemos nossa identidade adquirida através de uma experiência
particular e individual com Deus e acabaremos afundando na areia
movediça da religiosidade. O apóstolo Paulo escreve às igrejas.- "Tendo
aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te" (2 Tm
3.5).
Além disso, em total descaso com sua riqueza, o Templo estava se
acabando. As paredes estavam deterioradas, e os trabalhadores estavam
indo embora. Onde não existe o amor a Deus, com certeza não haverá
nenhum zelo ou cuidado pela sua Casa. Geralmente, demonstramos o que
estamos pensando e sentindo sobre Deus através do cuidado que temos com
sua igreja — o templo, a instituição e o rebanho.
Hoje temos prédios supermodernos, estruturados e organizados,
estamos repletos de um sentimento de prosperidade porque nossos templos
estão cheios de pessoas satisfeitas, e os nossos cofres, abarrotados de
dízimos e ofertas, podemos, ao mesmo tempo, se temos negligenciado ao
Senhor e sua Palavra, estar com as paredes da nossa igreja espiritual se
deteriorando.
No entanto, em meio a este universo de problemas, surgiu o rei
Josias, que "fez o que era reto perante o Senhor" (2 Rs 22.2). E, exatamente
como nos outros avivamentos, o despertamento espiritual de Judá começou
a liderança. Tudo começou quando o rei Josias soube do péssimo estado de
conservação em que se encontrava o Templo. Quando o rei tomou
conhecimento do tesouro que havia na Casa de Deus, enviou seu escrivão
pessoal, Safa, a Hilquias, o sumo sacerdote, a fim de que pegasse o
dinheiro e pagasse os trabalhadores para que iniciassem o processo de
restauração. E os carpinteiros edificadores e pedreiros eram tão honestos
que "se não fez conta do dinheiro que se lhes entregara nas suas mãos,
porquanto procediam com fidelidade" (2 Rs 22.7). O avivamento começa
com renovado interesse pela Casa de Deus com pessoas sinceras e
honestas.
Então uma coisa maravilhosa aconteceu! Durante a limpeza e
restauração das salas e compartimentos do Templo, foi encontrado o livro
da Lei — o texto original dado a Moisés! Oh, que mudança não aconteceria
em nossas igrejas se redescobríssemos a Palavra de Deus! Hoje, os nossos
ministros pregam sobre Deus, religião, necessidades dos homens — mas
quão raramente apresentam a Palavra viva ou choram, dizendo: "Assim diz
o Senhor"!
O grande sacerdote Hilquias entregou as escrituras a Safa, que
rapidamente retornou para casa e as leu. Quantos avivamentos em todo o
mundo têm começado com a leitura da Palavra de Deus! Quando Safa
apareceu diante do rei a fim de entregar-lhe outro relatório, contou a Josias
sobre a descoberta e leu as Escrituras. Após ouvir as palavras do livro da
Lei, o rei rasgou as suas vestes e convocou Hilquias e os outros sacerdotes
a que buscassem ao Senhor pelo rei, pelo povo e por toda Judá. Eles não
sabiam como fazer aquilo, pois falar diretamente com Deus nunca fora
parte das suas funções ministeriais. Por isso foram ter com a profetisa
Hulda, que consultou ao Senhor. Eles ouviram sobre a ira de Deus e
entregaram a mensagem ao rei Josias e ao povo de Judá. Como sempre,
mesmo nos piores momentos, sempre há pessoas que sabem como falar
com Deus. Está comprovado que não pode haver avivamento sem que haja
oração eficaz. Tiago 5.16 diz: "Confessai as vossas culpas uns aos outros e
orai uns pelos outros, para que sareis. A oração feita por um justo pode
muito em seus efeitos".
Através da profetisa Hulda, Deus disse ao rei Josias: "Porquanto o
teu coração se enterneceu, e te humilhaste perante o Senhor- rasgaste as
tuas vestes, e chorastes perante mim, também eu te ouvi, diz o Senhor" (2
Rs 22.19). Este foi o segredo do avivamento nos tempos do rei Josias. Ele
não apenas redescobriu a Palavra de Deus no Templo, mas também
enterneceu seu coração e passou a viver uma nova vida. Ele humilhou-se
perante o Senhor e rasgou as suas vestes ais em sinal de verdadeiro
arrependimento e contrição (muito mais que uma emocional e fria religião).
Quando Josias teve estas atitudes e mudou suas ações, então o Senhor o
ouviu.
Josias convocou todo o povo de Judá, grandes e pequenos, sacerdotes
e profetas, e leu-lhes "todas as palavras do livro do concerto, que se achou
na Casa do Senhor" (2 Rs 23.2). O rei se pôs em pé junto à coluna e fez
uma aliança entre o Senhor e o povo, "para andarem com o Senhor, e
guardarem os seus mandamentos, e os seus testemunhos, e os seus
estatutos, com todo o coração e com toda a alma, confirmando as palavras
deste concerto, que estavam escritas naquele livro" (2 Rs 23.3). E todo o
povo se colocou de pé e assumiu essa aliança.
É isto o que precisa acontecer em todas as igrejas — arrependimento,
oração e um direcionamento de todas as pessoas a uma nova aliança com
Deus. Não há outro caminho para o avivamento. Ficar de pé junto à coluna
equivale hoje a ajoelhar-se no altar de Deus - a manifestação viva da glória
divina. Se todas as pessoas em nossas igrejas se ajoelhassem hoje perante o
altar e restaurassem também suas alianças, o avivamento começaria já!
Não é preciso citar os detalhes dos efeitos do avivamento em Judá.
Os resultados começaram a aparecer quando o sumo sacerdote Hilquias, os
outros sacerdotes e os guardas das portas colocaram para fora do Templo
todos os utensílios que se haviam feito para aqueles deuses e os queimaram
fora de Jerusalém. E é assim também que o nosso avivamento começará —
quando nossos pastores, auxiliares e membros expurgarem de nossas
igrejas os falsos deuses! Aprenda um pouco com a santa indignação do
Senhor Jesus, vendo como expulsou do templo a todos os que vendiam e
compravam e derrubou as mesas Os cambistas e as cadeiras dos que
vendiam pombas: "Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração.
Mas vós a tendes convertido em covil de ladrões" (Mt 21.13).
Josias purificou toda a terra de Judá, destruiu os altares e baniu do
reino toda a idolatria. O que aconteceria no Brasil se os nossos líderes
nacionais seguissem este exemplo ?
O Avivamento de Esdras
Podemos ver outro importante avivamento nos capítulos 9 e 10 do livro de
Esdras. Esta passagem em especial é menos entendida, porque implica em
separação e consagração, ou seja, em santidade. Movimentos e ensinos que
falem sobre santidade não são muito populares, a não ser em tempos de
avivamento. No entanto, é importante ressaltar que a rejeição aos padrões
de santidade e vida com Deus pode ser a principal causa da diminuição e
esfriamento dos movimentos por avivamento.
Numa demonstração de total descaso para com o avivamento promovido
pelo rei Josias, o povo de Israel, logo após a sua morte, não hesitou e
retornou às práticas idólatras e aos pecados. Em todo avivamento haverá
quem realmente se arrependa e deseje uma nova vida de comunhão com o
Pai, mas sempre existirão outros - talvez a maioria - que se envolveram no
avivamento, mas não se arrependeram e, consequentemente, não terão
profundas experiências com Deus. Tais pessoas mudam logo seu modo de
vida assim que o entusiasmo pelo avivamento passa ou os líderes são
trocados. Então, por cometer o pecado gravíssimo de rejeitar a gloriosa
misericórdia de Deus, passam a viver numa condição pior que a anterior. A
influência maligna é muito grande, e as chamas do avivamento se apagam.
E, com o retorno à mentira e à imoralidade, a condenação é inevitável pelo
cumprimento das profecias com relação ao descaso e negligência.
Como julgamento de Deus, os babilônios conquistaram Judá,
destruindo Jerusalém, o Templo e levando cativo o povo.
Sempre ouvimos falar que o cativeiro na Babilônia durou setenta
anos, mas na verdade quase ninguém conseguiu viver tanto. Apenas cerca
de dez por cento do povo conseguiu sobreviver e retornar a Jerusalém. Foi
o que sobrou do Israel disperso.
Babilônia caiu diante dos medos e persas, e foi exatamente durante o
império persa que os judeus sobreviventes puderam retornar a Jerusalém e
assim reerguer o Templo e restaurar as muralhas da cidade. E o livro de
Esdras nos fala do retorno do povo sob a liderança de Zorobabel. Mas,
preste atenção, exatamente como Israel hoje, o povo retornou à sua terra,
mas não se voltou para Deus. Tendo vivido em terra pagã, os judeus
acabaram por absorver muito de sua idolatria trazenndo-a consigo. Muitos
homens, e até alguns líderes de Israel, casaram-se com "mulheres
estranhas" porque, no retorno à Palestina, Misturaram-se com os povos que
habitavam aquela região. E o pior, fizeram aliança com "as abominações"
(Ed 9.1).
Esdras, "escriba hábil na Lei de Moisés" (Ed 7.6), havia "preparado o
seu coração para buscar a Lei do Senhor e para cumpri-la, e para ensinar
em Israel os seus estatutos e os seus direitos" (Ed 7.10). Quando ele e
outros judeus que voltaram para Israel no segundo tempo chegaram em
Jerusalém, ficaram aterrorizados com a terrível situação espiritual dos
judeus da primeira leva. Alguns dos príncipes de Israel se queixaram com
eles: "O povo de Israel, e os sacerdotes, e os levitas, não se têm separado
dos povos destas terras, seguindo as abominações dos cananeus, dos heteus,
dos farizeus, dos jebuseus, dos amonitas, dos moabitas, dos egípcios e dos
amorreus" (Ed 9.1). E, ainda hoje, temos estes verdadeiros parasitas entre
nós!
A necessidade de separação do mundo ainda é um sério problema
entre nós. O apóstolo João escreve: "Não ameis o mundo, nem o que no
mundo há. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele" (1 Jo
2.15). O apóstolo Paulo pergunta: "Que sociedade tem a justiça com a
injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas?" (2 Co 6.14). E ele
mesmo lembra a exortação do profeta Isaías: "Saí do meio deles... diz o
Senhor; e não toqueis nada imundo, e eu vos receberei" (2 Co 6.17).
Separar-se do pecado é uma condição inegociável para que haja um
verdadeiro avivamento.
Quando Esdras ouviu todas aquelas reclamações, rasgou as suas estes
e o seu manto, arrancou os cabelos da cabeça e da barba e sentou-se
atônito. Então se juntaram a Esdras "todos os que tremiam das palavras do
Deus de Israel, por causa da transgressão". Então Esdras se pôs de joelhos,
estendeu as mãos para os céus e disse: "Meu Deus! Estou confuso e
envergonhado, para levantar a ti a minha face, meu Deus; porque as nossas
iniquidades se multiplicaram sobre a nossa cabeça, e a nossa culpa cresceu
até aos céus!" (Ed 9.6).
Esdras continua a sua oração: "E, agora, por um pequeno momento
se nos fez graça da parte do Senhor, nosso Deus, para nos deixar alguns
que escapem e para dar-nos uma estabilidade no seu santo lugar; para nos
alumiar os olhos... e para nos dar um pouco de vida na nossa servidão" (Ed
9.8). Deus, em sua graça, demonstrou misericórdia para com o seu povo
que havia sido liberto e retornara do cativeiro. E para revivê-los, concedeu-
lhes três coisas.
Primeiro, "estabilidade no seu santo lugar". Imagine uma estaca onde
os fazendeiros prendem animais grandes, como um cavalo de raça, e assim
transmitem confiança e tranquilidade aos seus protegidos. Essa é a ideia. O
povo de Deus está tranquilo e seguro em um lugar fixo como uma grande
estaca. Deus colocou limites, e assim não podemos nos afastar dEle. Em
segundo lugar, lhes "alumiou os olhos". Experimente um dia, comparar a
expressão de cristãos que foram restaurados com a dos que não foram.
Você entenderá exatamente o que Esdras quis dizer. E, em terceiro lugar,
Deus lhes concedeu "um pouco de vida" — antes de o povo se arrepender.
Um pequeno avivamento não é suficiente. Se temos fracos sinais de vida
hoje, também os tínhamos quando vivíamos em pecado. O que nós
precisamos é de um grande mover de Deus, que traga luz aos nossos
corações e à igreja.
"E orando Esdras assim, e fazendo esta confissão, e chorando, e
prostrando-se diante da Casa de Deus, ajuntou-se a ele de Israel uma mui
grande congregação de homens, mulheres e crianças, porque o povo
chorava com grande choro" (Ed 10.1). Quando o líder se arrepende, todo o
povo o acompanha.
Através de um homem, Secanias, o povo disse a Esdras: "Temos
transgredido contra o nosso Deus e casamos com mulheres estranhas do
povo da terra, mas, no tocante a isso, ainda há esperança para Israel. Agora,
pois, façamos concerto com o nosso Deus" (Ed 10.2,3). Secanias disse
mais: "Levanta-te, porque te pertence este negócio, e nós seremos contigo;
esforça-te e faze assim" (Ed 10.4). Então Esdras se levantou na autoridade
do Senhor, e "pão não comeu, e água não bebeu , porque pranteava por
causa daquele problema.
Era inverno, e as grandes chuvas frias caíam sobre Jerusalém quando
Esdras reuniu todo o povo na praça da Casa de Deus, dizendo: "Vos tendes
transgredido e casastes com mulheres estranhas, multiplicando o delito de
Israel. Agora, pois, fazei confissão ao Senhor, Deus de vossos pais, e fazei
a sua vontade; apartai-vos dos povos das terras e das mulheres estranhas"
(Ed 10.10,11). E toda a congregação respondeu em alta voz: "Conforme as
tuas palavras, nos convém fazer" (Ed 10.12). E nos dias que se seguiram,
todos os que se arrependeram cumpriram suas promessas e se purificaram
com sacrifícios. Os que não se arrependeram, porém, tiveram os seus bens
totalmente destruídos e foram separados da congregação (Ed 10.8).
Com a restauração dos judeus, o caminho começou a ser preparado
para a vinda do Messias, que nasceu em Belém da Judeia, na família do rei
Davi. O avivamento de Esdras foi urna peça fundamental para que Deus
pudesse tornar possível a vinda de Jesus ao mundo.
Em um artigo intitulado "O que Significa Avivamento", James K.
Bridges, superintendente do distrito norte do Texas e nosso atual
tesoureiro, escreve: "As Assembleias de Deus nasceram no fogo do
avivamento - um avivamento que envolvia oração, confissão, comunhão,
uma vida poderosa no Espírito Santo e obediência à Palavra de Deus".
O importante aqui é perceber que, em todos os casos, o avivamento
começou com o povo Deus seguindo a unção espiritual de seus líderes,
culminando com a restauração de sua aliança com Deus. As mesmas coisas
que geraram um grande avivamento no tempo do rei Josias e de Esdras
produziram o avivamento pentecostal do início deste século. E, com
certeza, essas mesmas coisas serão indispensáveis para que um grande
despertamento espiritual aconteça entre nós.
Como já temos dito, essa indiscutível aproximação entre o
movimento pentecostal e as lições bíblicas não causará nenhuma surpresa
às pessoas que vivem um Evangelho pleno e foram levantadas por Deus
com palavras desse tipo. No entanto, é importante deixar bem o que não
estamos afirmando que estas passagens foram escritas para serem aplicadas
à realidade, mas são textos que apresentam verdades e princípios que
podem perfeitamente nos guiar no mundo moderno. O rei Josias certamente
não pensava em nós quando chamou Judá ao arrependimento. Mas, desde
que obteve sucesso, podemos aprender com ele e aplicar seus princípios
para que o avivamento possa vir sobre nós hoje.
As pessoas acreditam que o sacerdote Hilquias tenha encontrado o
Pentateuco, os 5 primeiros livros da Bíblia. Outros pensam que se tratavam
apenas do livro de Deuteronômio ou uma porção dele.
6
Redescobrindo
o Pentecostes
Por milhares de anos havia sido um grande mistério para a
humanidade a maneira como os antigos egípcios produziam os papiros.
Sabe-se que os egípcios utilizavam uma grande planta aquática chamada
cyperus papyrus na preparação de todo material de escrita, mas não tinham
a menor ideia de como repetir o processo. Recentemente, os egípcios
redescobriram o processo e agora estão fazendo novos papiros próximos do
que havia, originados de plantas quase pré-históricas que foram
preservadas. Retornando ao método original, os egípcios começaram a
obter resultados também originais.
Algo muito semelhante aconteceu com o cristianismo original. Os leitores
da Bíblia sabem que houve uma vez um cristianismo, muito diferente do
que encontramos nas igrejas hoje. No início deste século, homens —
espiritualmente famintos — estudiosos da Bíblia, descobriram o batismo no
Espírito Santo, a peça que faltava no avivamento do Cristianismo autêntico.
E, quando retornaram aos métodos - todos originais, começaram a obter
resultados diferentes.
Pense nisto: quando comecei a escrever este livro, decorriam exatamente
oito anos desde que nossos pais organizaram a Igreja Assembleia de Deus
de Hot Springs, Arkansas, e 93 anos desde que DEUS começou a mover o
seu Espírito em Topeka. Temos ainda em nossas igrejas pessoas que eram
bebes ou crianças pequenas quando todos esses eventos aconteceram, mas
não temos ninguém que possa lembrar o que aconteceu. Pessoas idosas
hoje eram crianças recém-nascidas nas décadas de 1920 e 1930. E essas
crianças poderiam ter tido outras crianças nas décadas de 1940 e 1950, que
com certeza viriam a se tornar nossos jovens ministros. Seus filhos
nasceram nas décadas de 1980 e 1990 e estão começando a produzir uma
nova geração de ministros para o século XXI... o novo milênio.
Alguns álbuns de família mostram mais de quatro gerações em uma
única fotografia. Ali podemos ver as crianças, os pais, avós, bisavós, mas a
fotografia raramente mostra os tetravôs. No entanto, não somos capazes de
lembrar totalmente nossa primeira infância, e essas lembranças tendem a
diminuir com a idade. Pesquisas apontam que as pessoas com mais de
noventa anos já começam a perder a memória dos oitenta anos. Talvez por
isso a maioria das denominações evangélicas comecem a perder o fôlego
depois dos oitenta anos, pois esse é o limite da nossa memória...
Muitos de nós, no entanto, creem que as Assembleias de Deus
podem perfeitamente quebrar esse padrão. Apesar de nossos problemas
atuais, cremos que temos achado a fonte da juventude. O Movimento
Pentecostal redescobriu a fórmula original do dia de Pentecostes. Tornamo-
nos, de maneira muito significativa, diferentes das outras igrejas. Cremos
profundamente em nosso "manual de instruções", o Novo Testamento, que
passará às gerações futuras. Porque podemos até ter perdido a memória,
mas Deus jamais. Este não é um avivamento baseado na igreja do início do
século XX; este é o avivamento da Igreja Primitiva, a Igreja do Deus vivo
— o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, o único que nunca interrompeu o seu
trabalho através das gerações.
Entretanto, para que tenhamos um novo avivamento, como a Igreja
Primitiva apostólica, ou seja, o cristianismo pentecostal, precisamos
pesquisar as Escrituras e encontrar o que é exatamente necessário para um
avivamento.
Que Grande Dia!
O dia de Pentecostes (cerca de 30 d.C.) mudou o mundo, p
representou o nascimento da Igreja. Naquele dia, milhares de judeus
religiosos de todo o Império Romano estavam em Jerusalém para celebrar a
Festa da Colheita, de acordo com a Lei. Nos tempos mais antigos "o dia das
primícias", como era chamado, era uma festa de agricultores na época da
colheita. No primeiro século, porém, o seu significado mudou. Se
pudéssemos perguntar a Pedro, Tiago e João por que tantas pessoas
estavam no Templo naquele dia, eles responderam por causa da Festa das
Primícias, de acordo com a Lei que Moisés recebeu no monte Sinai (Êx
34.22; Lv 23.17-20; Dt 16.9,10).
Veja o que está escrito em Êxodo 19.18,19: "E todo o monte Sinai
fumegava, porque o Senhor descera sobre ele em fogo; e a sua fumaça
subiu como fumaça de um forno, e todo o monte tremia grandemente. E o
sonido da buzina ia crescendo em grande maneira; Moisés falava, e Deus
lhe respondia em voz alta".
Agora que sabemos o que eles estavam celebrando, imaginemos a
cena do Templo, onde uma multidão estava em devoção ante a abertura do
pátio. Haviam passado apenas sete semanas desde que Cristo fora morto, e
muitos que criam nEle viram a promessa do Messias ser crucificada junto
com Ele. Mas havia fortes rumores de que Jesus havia se levantado do
túmulo. O apóstolo Paulo conta que cerca de quinhentas pessoas viram
Jesus depois de sua morte e ressurreição (2 Co 16.6).
Diante de tudo isso, ocorria uma comoção em uma área do Templo
chamada porta de Salomão. Lucas descreve a situação em Atos 2.1-4:
"Cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo
lugar; e, de repente, veio do céu um som, como de um vento veemente e
impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas
por eles línguas repartidas, como que de fogo, as Quais pousaram sobre
cada um deles. E todos foram cheios do Espírito santo e começaram a falar
em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem".
Assim como o fogo e o fumo do Monte Sinai envolveram o povo de Israel
quando o Senhor deu-lhes sua Lei, os 120 reunidos ouviram o som de um
"vento veemente e tempestuoso", e "foram vistas por eles línguas
repartidas, como que de fogo . Assim, verdadeiramente as instruções de
Deus a Moisés sobre a festa da Colheita — relatadas no festival do dia de
Pentecostes — marcaram o início do Cristianismo com a colheita de almas,
quando três mil pessoas se converteram para Jesus Cristo. Como numa
nova "versão" do poder divino no monte Sinai, onde Moisés falava e Deus
lhe respondia em voz alta, os 120 começaram a falar em outras línguas
conforme o Espírito Santo lhes permitia que falassem.
Israel se afastou de Deus em alto grau, não guardou os seus ensinos e
assim despertou a ira do Senhor. Muitos ensinamentos da Lei foram
totalmente alterados pela religião, causando muitas perdas, inclusive a da
proteção e do amor de Deus. O mesmo pode ser dito do Cristianismo
original. Existe somente uma Igreja verdadeira, estabelecida por Jesus e
perpetuada por seus primeiros discípulos. Muitos ensinamentos do
Cristianismo original foram alterados, e são a principal causa da
deterioração da fé e outras perdas, inclusive a das bênçãos de Deus.
Preparação para o Pentecoste
O Movimento Pentecostal, que despertou a Igreja no início deste
século, descobriu que ao voltarmos ao Cristianismo original do Novo
Testamento, obtemos os mesmos resultados que a Igreja Primitiva. Os que
foram despertados por essa verdade receberam o Espírito Santo e falaram
em outras línguas, exatamente como os primeiros cristãos. Ocorreu então, a
renovação de seu entendimento, no que diz respeito à morte e ressurreição
do Senhor Jesus e uma certeza plena quanto à sua promessa de uma
segunda vinda. Pecadores foram salvos, e a Igreja passou a crescer mais e
mais, dia após dia. Pessoas eram curadas, libertas e milagrosamente
protegidas. O louvor era animado e poderoso, e algo de sobrenatural
sempre acontecia em suas reuniões de oração e adoração.
A questão é saber como alcançar esse tipo de cristianismo hoje. Para
isso, levantemos os seguintes tópicos:
1) Nós realmente abriríamos mão de nossas tradições e controles, para
entregar tudo o que temos ao Espírito Santo a fim de que Ele manifeste em
nossas vidas os seus milagres e surpreendentes caminhos?
2) Estaríamos dispostos a expor nossas vidas a Deus e nos arrepender der
dos nossos pecados?
3) Teríamos a coragem de dar liberdade ao povo para que tenha
experiências novas e espontâneas com o Espírito Santo, sem restrições
sociais ou religiosas? Em quantas de nossas igrejas os brados e gritos de
louvor são considerados um problema?
4) Quantos de nós estariam dispostos a clamar — arrepender-se, jejuar e
orar, com orações, súplicas e intercessões?
Algumas das pessoas presentes no cenáculo (At 1.13) estiveram com
Jesus em seu ministério. Ouviram falar de seus ensinamentos e viram seus
milagres. Anos mais tarde, João escreveu: "O que era desde o princípio, o
que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado e as nossas mãos
tocaram na Palavra da vida... o que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos,
para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o
Pai e com seu Filho Jesus Cristo" (1 Jo 1.1-3). João, de maneira muito
clara, coloca sua experiência no Cristianismo como um modelo para nossa
comunhão nos dias atuais.
Os discípulos de Jesus presenciaram sua morte e ressurreição. A cruz
e o túmulo vazio realmente mudaram as suas vidas. Então, quando
receberam a grande comissão, partiram e espalharam o Evangelho sobre
toda a terra, logo após a ascensão de Jesus e as palavras dos anjos, que
disseram: "Varões galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus,
que entre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu
o vistes ir" (At 1.11). Suas experiências com Jesus Cristo ainda estavam
bem frescas em suas mentes, e assim se juntaram para que, em unidade,
pudessem orar e clamar pela presença de Deus. Orar significa conversar
com Deus através de palavras, e suplicar é elevar o coração a Deus através
das emoções. Como os dois lados de uma moeda, fé e sentimentos são dois
elementos inseparáveis a vida cristã. Tanto o desejo de orar ardentemente
como o de suplicar a Deus são pré-requisitos para uma experiência
pentecostal.
Para termos um real e pleno avivamento pentecostal, necessitamos a
mesma preparação dos apóstolos:
1) ter a personalidade influenciada e envolvida com Jesus Cristo,
absorvendo completamente os seus ensinamentos nos evangelhos;
2) experimentar a vergonha e a dor da cruz;
3) testemunhar a poderosa ressurreição de Jesus Cristo;
4) proclamar que Cristo ascendeu aos Céus e intercede por nós diante
do trono de Deus;
5) estar envolvido e em comunhão com a unidade da igreja;
6) unir-se a outros em oração e súplicas;
7) aceitar as manifestações sobrenaturais do Espírito Santo quando
elas ocorrerem.
Muitos falam de avivamento, mas, quando ele chega, ficam com
medo de participar. Temos treinado e permanecido nas linhas de frente e,
como curiosos espectadores, temos percebido que, como povo de Deus,
ainda não estamos preparados para a vulnerabilidade de um envolvimento
espiritual. Observamos mais que desfrutamos. Somos mais espectadores
que participantes. A decisão de participar da adoração e não apenas assistir
os outros serem abençoados é a maior barreira a ser rompida, se somos
pessoas que pretendem um avivamento pessoal e em unidade com a Igreja.
Queremos deixar bem claro que o que pretendemos não é apenas um
intenso e forte estado emocional. Entretanto, sem esse envolvimento jamais
o grande avivamento acontecerá. Não temos condições para tanto, mas
Cristo sim. As condições devem seguir a experiência. O avivamento
representa um forte e vivo relacionamento na comunhão com Cristo e sua
Igreja em testemunho para o mundo.
Características Pentecostais
A expressão "perseveravam unanimemente" aparece cinco vezes nos
cinco primeiros capítulos do livro de Atos, o que enfatiza sua grande
importância para que haja um despertamento espiritual.
Glen D. Cole, pastor da Capital Christian Center, em Sacramento,
Califórnia, e presbítero executivo das Assembleias de Deus, comenta:
Um dos grandes fundamentos do avivamento ocorrido em Atos 2
está em "perseveravam unanimemente". O apóstolo Paulo suplica aos
coríntios: "Digais todos uma mesma coisa e que não haja entre vós
dissensões; antes, sejais unidos, em um mesmo sentido e um mesmo
parecer" (1 Co 1.10). A força do Cristianismo está na unidade! Com muita
clareza, 2 Coríntios 12.20 mostra-nos a importância de sermos muitos
membros em um só Corpo.
O primeiro grupo em atividade na Igreja Primitiva permaneceu
durante um longo tempo em súplicas e orações. A primeira condição da
Igreja foi de plena unidade, ou seja, perseveravam unanimemente. A
primeira experiência espiritual da Igreja Primitiva foi o batismo no Espirito
Santo. E a primeira atitude espiritual da Igreja foi a de falar em outras
línguas - ou seja, línguas que não conheciam e jamais haviam estudado.
Muitos dos presentes confirmaram a origem daqueles sons: eram suas
próprias línguas, a linguagem de seus países: "Como pois os ouvimos, cada
um, na nossa própria língua em que somos nascidos?" (At 2.8). Tão
poderosa foi aquela experiência e tão "perdidos no Espírito" ficaram os
cristãos, que a primeira impressão que as outras pessoas tiveram foi a de
que todos estavam bêbados. Creio que isto pode nos dar uma ideia do que
podemos esperar de uma igreja verdadeira e cheia do Espírito Santo!
A experiência de falar em outras línguas é um grande milagre. E este
é um argumento indiscutível. Afinal, é impossível falarmos uma língua que
nunca aprendemos. E mais, tem sido grande, muito grande, o número de
casos de pessoas de outros países que declaram categoricamente ter ouvido,
através de pessoas que falavam em outras línguas, seus idiomas de origem.
A evidência do falar em outras línguas é uma prova incontestável que o
Senhor nos deu sobre o Espírito Santo. Ela não pode ser imitada ou
falsificada.
Os primeiros cristãos que foram cheios do Espírito Santo falaram em
outras línguas sobre as maravilhosas obras de Deus (At 2:11 E, quando se
aperceberam e olharam em volta, viram uma multidão de não-salvos. Então
pararam de falar em outras línguas e começaram a ministrar a Palavra com
poder e autoridade, numa linguagem comum a todos. Essa característica de
voltar da experiência espiritual em prol do evangelismo é o cerne do
Pentecostalismo .Pedro convocou as pessoas para o altar, e três mil
foram salvas, a Palavra Pentencostal" sempre produz no coração das
pessoas uma resposta rápida, que com certeza frutificará no futuro. Depois
de serem batizados nas águas, todos os novos-cristãos receberam a
experiência do batismo no Espírito Santo, da mesma forma que o primeiro
grupo (At 2.38).
Algo de sobrenatural acontecia todas as vezes que os cristãos do
Novo Testamento se reuniam. Poderosas libertações, curas e alguns
milagres. Mensagens tremendas e ungidas pelo Espírito Santo. E não
podemos deixar de falar de suas próprias vidas, pois não há maior milagre
que a salvação da alma com a transformação do pecado em santidade. Esse
é um aspecto importantíssimo, que algumas igrejas de hoje perderam
porque trocaram a glória de Deus por símbolos abstratos. Temos realizado
verdadeiros encontros sobre Jesus, e não com Ele. Jesus disse: "Porque
onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio
deles" (Mt 18.20). Então é possível desfrutar experiências sobrenaturais em
todas as nossas reuniões!
Podemos viajar pelo livro de Atos dos Apóstolos e observar, caso por
caso, todas as experiências sobrenaturais que acompanharam a Igreja com
poder e autoridade - curas milagrosas, expulsão de demônios e muito mais.
Tais sinais e maravilhas são resultados normais do nível de envolvimento
espiritual da Igreja. E tudo aconteceu porque dois elementos atuaram
juntos: a expectativa pelo sobrenatural e, acima de tudo, a evangelização.
Às vezes nos questionamos, querendo saber por que bons cristãos sofrem e
ficam doentes. Pois bem, não deveria ser assim. Um estudo do Novo
Testamento nos mostra a forte conexão entre pregar o Evangelho e
presenciar milagres; entre evangelizar e ver o sobrenatural. A cura divina
não nos foi entregue para substituir o bom senso e os cuidados médicos! A
cura divina é um verdadeiro suporte para a pregação do Evangelho.
Após dizer aos discípulos que fossem pregar o Evangelho, Jesus
disse: "E estes sinais seguirão aos que crerem: em meu nome expulsarão os
demônios; falarão novas línguas; pegarão nas serpentes; e, se beberem
alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum, e imporão as mãos sobre
os enfermos e os curarão" (Mc 16.17,18). Em resposta, os primeiros
cristãos "tendo partido, pregaram por todas as partes cooperando com eles
o Senhor e confirmando a Palavra com os sinais que se seguiram" (Mc
16.20). Os milagres ocorrem sempre no contexto de vidas vitoriosas.
Adicione a isso uma expectativa de ver os milagres e eles acontecerão! A fé
é uma necessidade constante na vida cristã, mas é muito mais fácil crer no
impossível quando existe uma atmosfera avivamento pentecostal!
A Evidência Física Inicial
Depois de tudo isso, é importante explicar a todos os que estudam a
Palavra que não devem misturar as coisas. Alguns estudiosos afirmam que
livro de Atos não deve ser usado como base doutrinária, pois trata-se
apenas de uma narrativa. Isto é errado! Em primeiro lugar, porque "toda
Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir,
para corrigir, para instruir em justiça, para que todo homem de Deus seja
perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra" (2 Tm 3.16). Sim, o
apóstolo Paulo estava falando do Antigo Testamento, mas uma das
primeiras e básicas convicções da fé cristã é a de que o Novo Testamento
faz parte das Escrituras e deve ser aceito como Palavra de Deus.
Em segundo lugar, tais estudiosos estão errados porque a maioria dos
livros da Bíblia são narrativas e fazem parte de "toda Escritura".
Realmente, o livro de Atos é uma narrativa histórica, e isto só aumenta a
sua credibilidade. Os evangelhos também são narrativas. Será que os
ensinamentos de Jesus também não podem ser utilizados como base
doutrinária?
A terceira razão que comprova o erro dessas críticas reside no fato de
que, pensando-se assim, a Bíblia toda ficaria invalidada. Se aceitarmos o
julgamento de que as narrativas não servem, então deixaremos o livro de
Salmos, porque é poesia; os profetas, porque são profecias; as epístolas,
porque são cartas particulares; e até o Apocalipse, porque não foi revelado!
O que tentam fazer é remover nossas evidências, pois o falar em
línguas e uma prova física do batismo no Espírito Santo. Coloquemo-nos
numa posição pentecostal, racional e inteligente para entender tudo na
lógica Eis a Igreja Primitiva é um modelo para a Igreja de todas as épocas
primeira coisa que os cristãos fizeram, depois que foram cheios do Espírito
Santo: "Começaram a falar em outras línguas, forme o Espírito lhes
concedia que falassem" (At 2.4). Logo, a primeira coisa que faremos
quando formos cheios do Espírito Santo será falar em outras línguas.
Dizemos que o falar em outras línguas é a primeira evidência física do
batismo no Espírito Santo porque foi a primeira coisa que aconteceu
quando a Igreja Primitiva ficou cheia do Espírito. É racionalmente física
porque é algo definido e particular realizado pelos cristãos. Algumas
pessoas questionam isso, dizendo que foi uma experiência exclusiva dos
discípulos. No entanto, para utilizar este argumento, seria preciso
acrescentar o termo "eles" ao texto. Mas Atos 2.4 não deixa nenhum espaço
para tais inserções. Naturalmente, existem outras evidências do batismo no
Espírito Santo, mas não precedem o falar em outras línguas. Não podemos
negar também experiências espirituais na vida das pessoas, porém, da
mesma forma, elas não podem chamar suas experiências subjetivas de
batismo no Espírito Santo, se não se parecem com Atos 2.4. Esse é o
padrão original, e não deve ser mudado.
Jesus deparou-se com duas correntes praticantes do judaísmo: os
fariseus, legalistas que não aliviavam ninguém quanto ao obedecer a Lei,
colocando cargas ainda mais pesadas, e os saduceus, liberais que não
acreditavam em muita coisa, inclusive na ressurreição, vida após a morte e
existência de anjos. Hoje, ainda encontramos legalistas e liberais que, além
de não cooperarem, contribuem para a destruição da nossa fé. E é por isso
que podemos afirmar: Sim! O livro de Atos pode continuar e permanecerá
sendo usado como base doutrinária.
Os Dons do Espírito Santo
Em 2 Coríntios 12.1-10, o apóstolo alista os nove dons do Espírito
Santo. Depois, falando de como é importante que venhamos a conhecer tais
coisas, Paulo diz que essas manifestações sobrenaturais não provêm de
diferentes espíritos, como creem os idólatras, mas de um único Espírito. Os
dons não residem nas pessoas, mas manifestam-se através da operação do
Espírito Santo na vida delas. Não é correto dizer: "Tenho o dom da cura". É
melhor dizer que toda a Igreja possui o dom da cura, que se manifesta
através da operação do Espírito Santo na vida daqueles que têm uma fé
mais produtiva nesta área. Entretanto não podemos deixar de admitir que,
se uma pessoa foi usada pelo Espírito Santo na manifestação de um
determinado dom espírito para esta mesma pessoa é muito mais fácil
ministrar da mesma forma e revelar o mesmo dom em outras situações. E,
todo cristão deveria estar apto para manifestar os dons do Espírito Santo de
acordo com as necessidades do corpo de Cristo.
Paulo declara: "Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um
para que e for útil" (1 Co 12.7). É isso mesmo! Os dons do Espírito Santo
se manifestam através das pessoas, mas devem servir a toda a igreja! Em 1
Coríntios 14, somos informados de que a maior parte deles devem ser
utilizados durante a ministração no Corpo. E, para tornar ainda mais claro,
Paulo escreve: "Porque a um, pelo Espírito, é dada a palavra da sabedoria; e
a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência; e a outro, pelo mesmo
Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar; e a outro, a
operação de maravilhas; e a outro, a profecia; e a outro, o dom de discernir
os espíritos; e a outro, a variedade de línguas; e a outro, a interpretação das
línguas" (1 Co 12.8-10).
Basta que se leia esta passagem e a lista de dons espirituais para causar
problemas em muitas igrejas hoje. Muitos falam em um Deus todo-
poderoso, mas quando Ele ameaça fazer alguma coisa realmente poderosa,
logo entram em choque e se escondem, pois se consideram muito fracas.
Uma igreja verdadeiramente pentecostal não somente crerá em tais
ocorrências como também ensinará suas ovelhas a buscarem os dons e
praticá-los de acordo com as necessidades.
Podemos dividir os dons do Espírito Santo em três categorias
básicas, com três dons cada: dons de conhecimento, dons de poder e dons
de expressão:
Dons de conhecimento Palavra da sabedoria
Palavra da ciência
Discernimento de espíritos
Dons de poder Fé
Dons de cura
Operação de maravilhas
Dons de expressão Profecia
Variedade de línguas
Interpretação de línguas
A palavra da sabedoria ocupa o primeiro lugar da lista porque é
necessária à operação e utilização de todos os outros dons. Por exemplo:
uma pessoa pode ter recebido uma profecia de Deus, mas é o dom da
sabedoria que decidirá quando entregar a mensagem. E, quando vários dons
estão atuando, a palavra da sabedoria é o termômetro que controla a todos.
Quando nos pegamos totalmente envolvidos com o Espírito Santo e vemos
que várias coisas estão acontecendo por nosso intermédio, porém fugindo
do controle da nossa mente, então a palavra da sabedoria nos auxiliará para
que aprendamos a colocar tudo em ordem.
A palavra da ciência envolve a revelação de um determinado assunto,
milagrosamente, sem conhecimento prévio. O Espírito Santo revela
informações importantíssimas aos cristãos, de forma particular, em
momentos de alto envolvimento espiritual, como por exemplo quando
oramos ou pregamos. Tenha-se muito cuidado com sua aplicação. Algumas
pessoas usam muito mal este dom. Dizem: "Tenho uma palavra do Senhor
para você!"
Uma das diferenças básicas no relacionamento entre o homem e
Deus, no Antigo e no Novo Testamento, está justamente no fato de hoje
não precisarmos mais consultar profetas ou videntes para receber uma
palavra de Deus. Temos acesso direto ao trono de Deus. O Espírito Santo
pode falar de muitas maneiras e até usar outras pessoas para confirmar a
vontade do Pai para nossas vidas, mas Ele sempre falará pessoalmente
conosco. Esse é o maior propósito do batismo no Espírito Santo.
Os dons de conhecimento são chamados "palavra..." porque são para
ocasiões específicas. As pessoas usadas para manifestá-los podem não
fazê-lo sempre. Nenhum dos dons espirituais implica em dizer que há uma
constância na operação, mas operam em situações particulares.
O dom de discernimento de espíritos, também chamado apenas dom
de discernimento, tem a função de indicar ao cristão o que está acontecendo
no mundo espiritual. É difícil distinguir entre este dom e a palavra da
ciência, mas de modo geral, podemos considerar o dom da palavra da
ciência uma revelação dos fatos, e o discernimento, uma revelação do que
está acontecendo espiritualmente. Podemos dizer que a palavra da ciência
opera no mundo físico e mental, enquanto o discernimento relata a
atividade espiritual. De forma alguma deve ser utilizado em benefício
próprio, mexericos, calúnias ou para simular um nível espiritual "superior".
Pelo contrário, é um dom que normalmente se manifesta quando
demonstramos carinho, respeito, humilhação e compaixão.
Os dons da fé, curas e operação de maravilhas sobrepõem-se aos
outros e, em muitos casos, atuam em conjunto. Há momentos em que o
Espírito Santo concede a cristãos ungidos uma nova porção de fé para que
possam realizar a sua vontade. As Escrituras não mencionam o dom de
cura, mas dons de cura, porque Deus trabalha de muitas maneiras para que
haja a cura na vida de uma pessoa: instantaneamente, progressivamente ou
através de outras formas como um tratamento médico. Curas imediatas
serão mais constantes em tempos de avivamento. A operação de maravilhas
difere das curas nos efeitos. Uma cura é um milagre. Paulo chamou este
dom, literalmente, de "realização de operações poderosas". É um dom que
cobre grande parte do que acontece nas reuniões pentecostais.
Os dons de expressão são identificados com mais facilidade porque
são falados e, assim, mais óbvios para todos, enquanto que os outros dons
podem estar atuando no meio da igreja sem que as pessoas sequer
percebam. O dom de profecia é uma revelação direta e profunda do Espírito
Santo. A pessoa pode exercer este dom no meio da igreja em voz alta -
mais uma vez, valendo-se do dom da palavra da sabedoria. Na maioria das
vezes, o dom de profecia é exercido através de uma pregação ungida pelo
Espírito. Muitos sermões são excelentes, baseados na Bíblia e muito bem
preparados. Mas a profecia é a palavra entregue por homens que se
colocam diante de uma necessidade imediata da igreja e ministram uma
palavra de Deus que, para outras pessoas, seria impossível sequer imaginar.
Os dons de variedades de línguas e interpretação sempre devem
trabalhar juntos. O dom de variedade de línguas produz no cristão a
capacidade de falar em uma língua que nunca ouviu. Algumas pessoas
costumam fazer uma série de sons estranhos, mas que jamais serão uma
linguagem real; esse é um milagre que não pode ser falsificado. Este dom
de variedade de línguas, difere do falar em línguas que a maioria dos
cristãos pratica, porque é para toda a igreja e deve ser interpretado como
uma mensagem do Senhor. E, como as profecias, deve ser acompanhado do
dom da palavra da sabedoria. Já o dom de interpretação de línguas pode
atuar através da mesma pessoa, mas certamente terá mais crédito se uma
outra interpretá-lo. Alguns cristãos acreditam que o dom de profecia é uma
combinação do dom de variedade e o de interpretação de línguas. Em
alguns casos, pode até ser verdade, mas estes dons são identificados com
mais facilidade que os outros. Já no dom de profecia, Deus pode falar
através da pessoa tudo o que quiser, e jamais identificaremos a origem de
todo aquele conteúdo.
Você deve estar notando que estamos falando há um bom tempo
sobre as manifestações do Espírito Santo. Sabe por quê? Porque a operação
dos dons do Espírito Santo são fundamentais para que venha o avivamento.
Um novo despertamento ocorre quando estamos envolvidos pela
manifestação dos dons espirituais durante o culto. E o pastor que realmente
deseja um avivamento precisa tornar-se espiritualmente alerta e aprender a
lidar sozinho com os dons do Espírito Santo, antes que manifestações
espirituais venham a ocorrer e interrompam os cultos e programações.
Quando ambos, pastor e rebanho, estão no Espírito, entendemos a
admoestação de Paulo: "Mas faça-se tudo decentemente e com ordem" (1
Co 14.40).
O Fruto do Espírito
Há muita confusão no Movimento Pentecostal quanto ao fruto do
Espírito Santo apresentado em Gálatas 5-22: "Mas o fruto do Espírito é:
caridade, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão e
temperança". A confusão está aqui. Alguns cristãos acreditam que, se este é
o fruto do Espírito Santo, então o receberam quando foram batizados no
Espírito Santo. Isto é um erro que podemos constatar facilmente nos versos
seguintes: "E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões
e concupiscências". Eis a resposta — o fruto é para as pessoas que foram
salvas e vivem conscientemente vidas santificadas.
Os dons do Espírito Santo se manifestam em ocasiões específicas,
enquanto que o fruto começa a transparecer quando os cristãos entram em
processo de crescimento e amadurecimento. Naturalmente, devemos
lembrar que, na época do Novo Testamento, os cristãos nascidos de novo
foram batizados no Espírito Santo. E, se estamos entrando em um
verdadeiro processo de avivamento, precisamos aprender a separar as
coisas.
Há uma certa similaridade entre os nove dons espirituais e os nove
frutos do Espírito Santo. Assim como o dom da palavra da sabedoria é
necessário à operação dos demais dons, da mesma forma o fruto espiritual
do amor é necessário a todos os outros. Além de ser necessário em toda
vida cristã, naturalmente.
Ao mesmo tempo, há também uma grande diferença entre as duas
relações. Os dons podem operar em determinadas pessoas ou lugares. Todo
cristão, porém, deve crescer em todo o fruto do Espírito.
A grande verdade é que quando o Espírito Santo encontrar lugar para
atuar em nossas vidas, não precisaremos mais produzir seu fruto por nossos
próprios esforços ou clamar para que nos use com seus dons. Os frutos e os
dons do Espírito Santo se manifestarão de forma espontânea em uma igreja
em processo de avivamento. Precisamos obter nossas experiências
pentecostais, da mesma forma que a Igreja Primitiva as recebeu - através de
uma vida em comunhão com Cristo, oração e súplicas, e vivendo em
unidade na Casa de Deus.
7
O que Significa
Ser Pentecostal
Por toda parte e em todas as igrejas, existe hoje um consenso. Todos
concordam que não temos praticado o Pentecoste na mesma proporção em
que o temos usado. Podemos não conhecer totalmente o coração dos nossos
antepassados, mas estamos cientes de que perdemos o essencial no que diz
respeito a sermos pessoas repletas dos propósitos divinos.
É tempo de levar todo o nosso povo de volta ao Senhor, a fim de
buscar um novo avivamento pentecostal e insistir no verdadeiro
Cristianismo, o do Novo Testamento, que foi ensinado por Jesus e entregue
às outras gerações pelos apóstolos.
O Preço do Pentecoste
No dia de Pentecostes, quando todos observaram a primeira mani-
festação poderosa do Espírito Santo, perguntaram: "Que quer isto dizer?" E
Pedro respondeu: "Isto é o que foi dito pelo profeta Joel". E começou a
citar Joel 2.28-32, dizendo que Deus derramaria o seu Espírito sobre toda a
carie, e os filhos e as filhas profetizariam, e os jovens teriam visões, e os
velhos teriam sonhos. Pedro mostrou que sinais e maravilhas
acompanhariam estas coisas, a fim de que o povo de Deus pudesse
proclamara salvação por todo o mundo.
A igreja pentecostal não foi projetada para ser um ramo do
Cristianismo, mas o tronco da árvore. Pedro mostrou que o Espírito Santo
seria derramado sobre todos, sem exceção, independente de nível social ou
idade. E disse também que tal promessa seria para todos os salvos,
invocadores do nome do Senhor. Ora, o que percebemos aqui? Que cada
igreja deveria ser pentecostal!
Estamos perdendo nossas convicções. Hoje estamos mais
esclarecidos, abrindo as nossas mentes e nos comprometendo com todos.
Nossos antepassados pentecostais costumavam dizer que viviam o
Evangelho pleno porque, se algo não era bom para alguns, então não servia
para ninguém. Eles realmente acreditavam que os cristãos que não fossem
pentecostais tanto na fé como no trato estavam completamente errados.
Ao concluir a primeira pregação pentecostal, Pedro diz: "Arrependei-
vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão
dos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. Porque a promessa vos
diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe; a tantos
quantos Deus, nosso Senhor, chamar" (At 2.38,39).
Este é o preço do Pentecoste: uma vida de comunhão e prática com
Jesus Cristo e sua Palavra. Tudo que não seja pleno na comunhão do
Espírito Santo é como se fosse abominação ao Senhor. Precisamos dedicar
por completo ao Senhor todas as nossas forças, todo o nosso coração, nossa
alma e mente.
Como Ser Pentecostal
Vamos esclarecer o que significa ser pentecostal. Nossa definição
deve ser cristalina como a água do rio que corre diante do trono de Deus e
tão simples que qualquer pessoa em qualquer lugar possa entendê-la e
segui-la.
Aqui está: cristãos pentecostais são todos aqueles que creem em
Jesus e no seu Evangelho, que compartilham da mesma fé, experiência e
prática, tendo como prioridade ser como a Igreja Primitiva, que nasceu no
dia de Pentecostes — similar à que nos descreve o Novo Testamento.
E pode ser ainda mais simples. O verdadeiro Cristianismo é o
entecostal. No Novo Testamento, encontramos as nossas convicções,
experiências, práticas e prioridades. A Bíblia é o nosso manual, e a Igreja
Primitiva, o nosso modelo.
Paradigma Pentecostal
Paradigma é um exemplo a ser seguido, um modelo, um padrão a ser
respeitado. É exatamente o que a Igreja Primitiva representa para nós. O
primeiro modelo pode ser adaptado a diferentes culturas e ordens sociais,
mas a fé, as experiências, as práticas e prioridades continuam sendo as
mesmas.
Por exemplo, todas as pessoas que forem cheias do Espírito Santo
certamente falarão em outras línguas conforme o Espírito lhes conceda que
falem (Àt 2.4). Falar em outras línguas não é apenas um sinal do batismo
no Espírito Santo, mas uma verdadeira evidência física de que o batismo já
ocorreu. Essa experiência será a mesma em todos os lugares, nos variados
estilos, nas línguas nativas, com as pessoas em pé, sentadas ou prostradas.
Fácil adaptação a novas linguagens e culturas também é uma das
características da Igreja Primitiva.
Fica então a pergunta-. Quais os conceitos básicos que jamais devem
mudar?
Crentes Pentecostais
Não é necessário que se faça uma descrição plena da Igreja Primitiva
ou da doutrina apostólica. Apenas é suficiente dizer, que na Igreja Primitiva
os crentes "perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no
partir do pão, e nas orações" (At 2.42). Entendemos assim que o que
começou com a Igreja Primitiva continuou por toda a história da Igreja.
Somos uma igreja que pretende viver repetindo crenças cristãs e atos
de adoração, mas as doutrinas básicas da Igreja Primitiva são vitais para
nós. As doutrinas dos apóstolos não foram escritas por eles, mas a Igrejado
segundo século ainda preservava os conceitos originais e os ensinamentos
tos básicos aprendidos pelos primeiros discípulos. Veja esta tradução de um
texto grego muito antigo:
Creio em um Deus que é Pai Todo-poderoso, Criador dos céus e da
terra, e em Jesus Cristo, seu único filho, nosso Senhor, que nos concedeu o
seu Espírito Santo, nascido da virgem Maria, julgado por Pilatos, foi
crucificado, morreu e foi sepultado. Ele desceu ao inferno e ao terceiro dia
ressuscitou, e se assentou à destra de Deus Pai Todo-poderoso, de onde virá
para julgar a todos, vivos e mortos. Creio no Espírito Santo, na santa Igreja,
na comunhão dos santos, no perdão dos pecados, na ressurreição do corpo e
na vida eterna. Amém.
É claro que, quando lemos "a santa Igreja", entendemos que se refere
a Igreja de Jesus Cristo em todas as épocas e em todos os lugares. O termo
"a comunhão dos santos" foi uma adição posterior ao Credo dos Apóstolos,
e devemos entender que ele se refere à comunhão que, em todas as épocas,
enquanto nascerem, viverem e morrerem cristãos, levará os santos a viver
com Cristo nos Céus.
Esses eram os conceitos básicos da Igreja Primitiva, que os cristãos
aprenderam dos apóstolos. E são ainda as doutrinas básicas do Cristianismo
verdadeiro em todos os lugares. Quando dizemos que cremos no Espírito
Santo, isto inclui todo o Novo Testamento, inclusive as palavras do Espírito
que nos levaram a Jesus Cristo, convencendo-nos dos pecados, nos
conduziram ao Senhor, fizeram com que sentíssemos a santa e gloriosa
presença de Deus, nos deram novas línguas, envol-vendo-nos em unidade,
ministraram às nossas vidas através dos dons espirituais e nos guiaram às
muitas portas celestiais!
A doutrina apostólica está basicamente centralizada na vida, morte,
ressurreição e volta do Senhor Jesus Cristo. Esse é efetivamente o conceito
que chamamos de evvanggélion — Evangelho, ou Boas Novas. Havia
também o que eles chamavam kêrugma, a ministração da Palavra pelos
apóstolos. A terceira fonte de doutrina eram os escritos deixados pelos
apóstolos e outros irmãos da Igreja Primitiva. E, finalmente, as escrituras
referentes ao Antigo Testamento, que todos aceitavam como inspiradas por
Deus. Hoje, temos tudo isso na Bíblia, uma fonte inesgotável de conceitos e
padrões de conduta. O apóstolo Paulo escreve aos gálatas-. "Mas, ainda que
nós mesmos ou anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já
vos tenho anunciado, seja anátema" (GJ 1.8).
Experiência Pentecostal
Muitos pentecostais aceitam apenas quatro doutrinas fundamentais-
salvação, batismo no Espírito Santo, cura divina e a volta de Jesus.
Realmente são eventos espirituais, por serem baseados na doutrina
apostólica . Mas a fé precede a experiência. Eles não falam de outros
elementos teológicos essenciais como a natureza de Deus e a interação da
Bíblia- E também não mencionam aspectos comuns, que produzem fé
suficiente para que as experiências aconteçam, ao povo de Deus. Não falam
do batismo nas águas, da Santa Ceia, das orações respondidas da unção
espiritual, dos sinais e maravilhas ou da expulsão dos demônios — tudo
vital e comum na Igreja Primitiva.
O povo pentecostal tem sido conduzido sempre por suas experiências. No
dia de Pentecostes, Pedro disse: "Arrependei-vos, e cada um de vós seja
batizado... para perdão dos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo"
(At 2.38). Isto envolve todas as experiências.
As pessoas mo são salvas meramente por se juntarem à igreja ou
aceitarem suas doutrinas, mas porque se arrependem dos seus pecados e
aceitam a Jesus Cristo como seu salvador e Senhor. A salvação é uma
experiência única que ocorre em um momento e lugar particular, trazendo
consigo outras experiências que, da mesma forma, estão bem definidas: o
batismo nas águas e o batismo no Espírito Santo.
Havia uma clara relação entre a Páscoa e o Pentecoste. O dia de
Pentecostes ocorria cinquenta dias após a Páscoa e representava uma
celebração pelas primícias, segundo a Lei entregue no monte Sinai (a
abertura da estação destinada à colheita). Daí "pentecoste", palavra grega
que significa "cinquenta". E, como Deus fez cair fogo dos céus e fumo
quando entregou a sua Lei sobre o monte, da mesma forma enviou um
poderoso vento e línguas de fogo sobre o Templo, no monte, quando
desceu o Espírito Santo.
No dia de Pentecoste, todos foram cheios do Espírito Santo e raiaram
em outras línguas (At 2.4), por isso cremos que Deus preparou aquela
experiência para todos os cristãos.
Em muitas ocasiões, a Igreja Primitiva experimentou sinais e
maravilhas, curas divinas, libertações milagrosas e a expulsão de demônios
após Jesus conceder a Grande Comissão: "Ide por todo o mundo e pregai o
Evangelho a toda a criatura" (Mc 16.15). E Jesus continua: "E estes sinais
seguirão aos que crerem: em meu nome expulsarão os demônios; falarão
novas línguas; pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa
mortífera, não lhes fará dano algum; e imporão as mãos sobre os enfermos
e os curarão" (Mc 16.17,18). Alguns escritos de Marcos não contêm esta
passagem. No entanto, não há nenhuma dúvida de que esta Palavra foi dada
em uma época onde as pessoas ouviram diretamente o que Jesus disse. Eles
esquecem que é comum, nos escritos muito antigos, perderem-se as
primeiras e as últimas páginas. E além do mais, esta passagem foi escrita
com o mesmo vocabulário e estilo do restante do Evangelho de Marcos.
Mas esta Palavra não ensina que devemos sair por aí procurando
demônios para expulsar. Porém, quando a necessidade surgir, devemos
estar prontos para fazê-lo na autoridade do nome de Jesus Cristo. E, quanto
mais andarmos na luz, maior será o nosso confronto com as forças das
trevas.
Jesus disse que os cristãos falariam em novas línguas. Esse deve ser
o sinal do verdadeiro Cristianismo. Se não existissem outras passagens na
Palavra indicando o falar em línguas, estas palavras de Jesus seriam
suficientes.
Quanto a colocar as mãos sobre serpentes e beber coisas mortíferas,
Jesus estava prometendo uma proteção sobrenatural para quando
precisássemos encarar perigos naturais ou ameaças humanas... enquanto
cumpríssemos o mandamento de levar adiante a Grande Comissão.1
Finalmente, a cura pela imposição de mãos deve ser uma prática
constante no Cristianismo. A cura de doenças foi uma prática proeminente
durante o ministério de Jesus e também no de seus primeiros discípulos e
deve continuar a ser notável em nossos ministérios hoje! Se Jesus nos
mostrou repetidas vezes que as curas divinas eram um verdadeiro suporte
ao seu ministério, como pretenderíamos sucesso deixando de lado tais
práticas? Em quantas de nossas igrejas os pastores têm o costume de impor
as mãos sobre os enfermos?
• Sim, a Igreja Primitiva vivia da orientação divina e de suas experiências
com Deus, e os cristãos pentecostais precisam continuar a viver desta
forma em nossos dias. As pessoas necessitam de salvação, porque precisam
ser cheias do Espírito Santo e falar em outras línguas, não somente porque
fizeram um círculo de amizades em nossas igrejas, nem tampouco por
identificarem-se com elas. Precisam ser curadas, não apenas aconselhadas e
ensinadas a conviver com suas deficiências e problemas. E algumas delas
precisam ser libertas da opressão de demônios.
Práticas Pentecostais
Nosso Senhor estabeleceu duas ordenanças à Igreja.- o batismo nas
águas e a Ceia do Senhor. O batismo nas águas deve seguir o arrependi-
mento como um cerimonial; o mergulho nas águas é uma identificação
pessoal com a morte e ressurreição do Senhor Jesus Cristo, "batizando-as
em nome do Pai, e do filho, e do Espírito Santo" (Mt 28.19). A Ceia
representa a mesa do Senhor, onde todos os cristãos identificam-se com o
corpo partido de Jesus e o seu sangue derramado. Jesus disse: "Fazei isto
em memória de mim" (Lc 22.19). Não devemos apenas experimentar tais
práticas, mas realmente aplicá-las com toda pureza e adoração.
Todas as práticas apostólicas eram constantes na Igreja Primitiva:
1. Eles perseveravam unânimes. "E, perseverando unânimes todos os dias
no templo e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza
de coração, louvando a Deus e caindo na graça de todo o povo. E todos os
dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar" (At
2.46,47). O apóstolo Paulo diz: "Não deixando a nossa congregação como é
costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros" (Hb 10.25). As
reuniões nas igrejas primitivas eram intensas e constantes, as necessidades
do povo eram atendidas pelo poder de Deus, através de milagres, e a
Palavra era ministrada com autoridade.
2. Eles permaneciam em orações e súplicas. Aqui temos a base de ensino
para a manutenção da genuína oração pentecostal. Orar significa falar com
Deus. Quando os discípulos pediram a Jesus que os ensinasse a orar, Ele
disse: "Pai nosso que estás nos céus..." (Mt 6.9). Por outro lado, suplicar
significa humilhar-se e clamar. É preciso agir com intensidade emocional e
posicionamento. Orar e suplicar significa colocar-se diante do Senhor com
humildade e devoção. Esta é a forma de oração tipicamente pentecostal.
3. Eles pregavam. Pedro pregou às autoridades de Israel, no dia de
Pentecostes e na casa de Cornélio. Estêvão pregou aos gregos conhecidos
como "sinagoga dos libertinos". Paulo pregou por todos os lugares onde
passou. E as pregações, na maioria das vezes, falavam a respeito das
Escrituras e suas aplicações práticas ao cotidiano — um estilo de vida que é
revivido pelas pregações pentecostais, hoje.
4. Eles faziam convocações ao altar. Os sermões dos apóstolos sempre
conclamavam os ouvintes a praticarem a Palavra com arrependimento,
batismo nas águas e batismo no Espírito Santo (At 2.38). As pregações
sempre produziam resultados. Era só aplicar os sermões, chamar o povo à
ação e dar oportunidade para que respondessem. Na Igreja Primitiva não
havia santuários, púlpitos ou palcos. Em suas reuniões havia arrependi-
mento de pecados, pessoas eram batizadas e experimentavam o vento e o
fogo do Espírito Santo. Elas eram cheias de unção, falavam em outras
línguas, sentiam o local no qual se reuniam se agitar, confrontavam o
pecado e a decepção e recebiam a direção de Deus para suas vidas. As
reuniões dos cristãos eram eventos dinâmicos de pessoas cheias do Espírito
que aguardavam as coisas sobrenaturais acontecerem. Em todos os casos
onde a Bíblia cita o falar em outras línguas, havia cristãos reunidos. E era
assim que "acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar"
(At 2.47).
5. Eles praticavam o batismo nas águas e a Ceia. Praticavam com muita fé
estas ordenanças. Todos os cristãos eram batizados e, assim, participavam
da comunhão regularmente. Nós, pentecostais, temos sido na maioria das
vezes altamente informais em nossa adoração. Precisamos encarar com
mais seriedade o batismo e a Ceia, dando-lhes um tratamento mais
apropriado e o respeito que tais cerimônias merecem.
6. Eles criam em curas e na expulsão dos demônios. Os primeiros cristãos
davam muita ênfase aos milagres. Com muita propriedade, o Espírito Santo
sempre atraía pessoas para ouvir as mensagens, e, na maioria dos casos, os
cristãos acreditavam nos milagres por misericórdia ou porque a situação
pedia um sinal sobrenatural. Pedro e João disseram ao homem à porta do
Templo: "Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda" (At
3.6). Note que não oraram pelo homem doente, simplesmente falaram a
ele! Mais tarde, oraram ao Senhor: "... enquanto estendes a mão para curar,
e para que se façam sinais e prodígios pelo nome do teu santo Filho Jesus"
(At 4.30). Tão grandiosas eram as manifestações do poder de Deus que
"transportavam os enfermos para as ruas e os punham em leitos e em
camilhas, para que ao menos a sombra de Pedro, quando este passasse,
cobrisse alguns deles. E até das cidades circunvizinhas concorria muita
gente a Jerusalém, conduzindo enfermos e atormentados de espíritos
imundos, os quais todos eram curados" (At 5.15,16).
Prioridades Pentecostais
A primeira instrução transmitida à Igreja Primitiva foi a de que
deveriam ser cheios do Espírito Santo. Jesus disse aos seus apóstolos: "Eis
que vos envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém,
até que do alto sejais revestidos de poder" (Lc 24.49). Eles não deveriam
sair da cidade enquanto não fossem batizados no Espírito Santo.
Outra prioridade era a oração. As orações apostólicas eram sempre
acompanhadas por uma outra palavra: "súplicas", ou "jejum". Enquanto se
preparavam para o Pentecoste, os primeiros cristãos permaneciam em
"orações e súplicas" (At 1.14). Os primeiros cristãos "perseveravam na
doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações"
(At 2.42). Atos 13.2 conta que na igreja em Antioquia os cristãos
permaneciam "servindo... ao Senhor e jejuando" (At 13.2). Diante disso,
não há como separar o poder pentecostal das orações, súplicas e jejuns!
Mas existia uma prioridade que era a maior de todas (e por isso eles
se preparavam tanto): pregar o Evangelho. Jesus disse: "Recebereis a
virtude do Espírito Santo que há de vir sobre vós; e ser-me-eis minhas
testemunhas" (At 1.8).
E, quanto mais nos parecermos com a Igreja Primitiva, mais
precisaremos fazer esta escolha. Nossa primeira prioridade deve ser a
salvação das almas perdidas. Da mesma forma que no dia de Pentecostes,
quando os discípulos falavam em outras línguas, Pedro contemplou a
multidão e, em aramaico comum, pregou o Evangelho. E três mil pessoas
aceitaram a Jesus como Senhor e Salvador.
Há uma outra prioridade para a igreja que não podemos esquecer: a
volta do Senhor Jesus Cristo. A Igreja Primitiva já dava a devida
importância a este assunto. Paulo disse: "Nós, os que ficarmos vivos,
seremos arrebatados" (1 Ts 4.17). Mas Cristo não veio em sua época.
Aparentemente não tinham ideia de quantos eram, e muito menos a noção
exata do que significava pregar o Evangelho a toda criatura. A Igreja
Primitiva não conseguia imaginar que ainda sobreviriam tantos séculos ou
que alguma geração fosse capaz de rejeitar o Pentecoste natural que lhes
fora dado com poder e autoridade.
Um Avivamento Pentecostal
Não existe um meio-termo entre ser pentecostal e viver em outras
formas de cristianismo. Devemos ter cuidado com tudo o que é diferente,
pois não há opções bíblicas apenas "próximas" do modelo original. Ou
somos pentecostais ou não somos.
Não devemos dar ouvidos aos críticos, estudiosos e pessoas confusas
que vêm constantemente falar-nos sobre a fé pentecostal, como também
devemos nos afastar das fraudes e abusos, que escarnecem do poder
pentecostal, tentando deturpar o que devemos ser e fazer. Não devemos nos
envolver com tais pessoas. Estes são os tempos trabalhosos aos quais o
apóstolo Paulo se referiu; pessoas que, "tendo aparência de piedade, mas
negando a eficácia dela" (2 Tm 35)-Existe apenas um único Cristianismo,
que foi vivido pela igreja pente¬costal apostólica.
Há muito tempo a Igreja vem se aproximando da sociedade, e seus
padrões começam a fundir-se com os do mundo. Chegou a hora de ambos
se desassociarem. Nunca nos defrontamos com uma necessidade tão grande
de avivamento, restauração e revoluções radicais para Jesus Cristo.
Não há nada sequer parecido com o ser pentecostal. Se você deseja
tornar-se um cristão pentecostal, faça-o de coração e integralmente. Não
adote apenas o estilo de vida pentecostal, mas prove também do seu poder.
Dê liberdade ao Espírito Santo para atuar em sua vida, e todas as pessoas
no seu raio de ação responderão a sua voz e serão salvas! A participação de
toda a Igreja é altamente necessária ao culto pentecostal.
Não podemos acordar de manhã e dizer: "Hoje eu vou me tornar um
pentecostal". Porque é mais que uma escolha, é um acontecimento!
Somente uma forte experiência com o Espírito Santo nos torna
pentecostais. Precisamos de um avivamento!
Em seu sermão "Uma Chamada ao Avivamento", o superintendente
geral do distrito de Oklahoma, Armon Newburn, arrebatou nossos
corações:
O que é avivamento? E o mais poderoso despertamento espiritual
que o povo de Deus pode experimentar. Ele reconduz todos os corações ao
Senhor e estabelece a vontade de Deus em nossas vidas. E, nessa volta ao
Senhor, o Pai produzirá um povo santificado, separado e completamente
obediente à Palavra de Deus. E essa obediência à vontade e à Palavra de
Deus produzirá a Igreja verdadeira, que a seu tempo estará participando de
uma colheita de almas que receberam a Cristo por seu precioso sangue.
No fim do século passado e início deste, Deus enviou-nos um
maravilhoso avivamento pentecostal que sacudiu e mudou o mundo. E
agora quer fechar este século com outro, para que a Igreja comece o novo
milênio com uma grande visitação do Espírito Santo!
Como missionário na Colômbia, David Womak foi curado
completamente de envenenamento em três ocasiões, e todos os cristãos da
Colômbia estavam certos de que isso aconteceria mais vezes. Algumas das
pessoas responsáveis pelos envenenamentos, ao ver que não davam
nenhum resultado, converteram-se ao Senhor e testemunham esses fatos
nas Igrejas até hoje.
8
Retomo à Santidade
Há um assunto que tem sido um verdadeiro problema para o povo
pentecostal, e tão complicado é citá-lo que temos constantemente hesitado
em falar nele. Ficamos constrangidos quando ouvimos pregações a esse
respeito e, ao lermos sobre isto, não nos detemos. Este assunto é a
santidade, e só nos interessamos por ele quando acompanhado por outro:
justiça.
Talvez isto aconteça por pensarmos que nossa origem no Movimento
da Santidade nos isenta de falarmos no assunto. No entanto, isso é um erro
terrível! O Movimento Pentecostal não é uma ramificação do Movimento
da Santidade, porém mais propriamente o seu natural e lógico cumpri-
mento. Uma ênfase à santidade era necessária antes que o Espírito Santo
fosse derramado sobre a Igreja, e será necessária outra vez para que um
novo despertamento espiritual aconteça!
Havíamos planejado chamar este capítulo "O Avivamento da
Justiça", acreditando serem santidade e justiça sinônimos em nosso
contexto. Mas, pesquisando a Palavra de Deus em oração e abrindo os
nossos corações, descobrimos uma grande diferença entre os dois termos.
No Novo Testamento, eles trazem consigo dois diferentes conceitos. Lucas
175 fala de "santidade e justiça perante ele, todos os dias da nossa vida";
Romanos 6.19, de "justiça para a santificação". E, em Efésios 4.24,
Paulo escreve: "E vos revistais do novo homem, que, segundo Deus,
é criado em verdadeira justiça e santidade". Parece-nos, assim, muito claro
que justiça e santidade são conceitos bíblicos e originalmente diferentes no
grego. Na verdade, a justiça é uma necessidade precursora da santidade.
Por outro lado, no Novo Testamento, "santidade" e "santificação" são
diferentes traduções do mesmo termo grego (hagiasmós, derivado do termo
hagiós, "puro") e significam a mesma coisa. Para ser santo, ou santificado,
é preciso estar "cerimonialmente", ou "moralmente", limpo, colocando-se à
parte todas as coisas impuras.
Naturalmente, um dos motivos de nossos problemas com a
santificação reside no fato de que os nossos primeiros pentecostais e a
maioria dos nossos irmãos do Movimento Pentecostal cometeram um
grande erro, pensando ser a santificação algo como uma segunda e
definitiva obra de graça, como se o sangue de Jesus fosse insuficiente na
salvação para trazer morte ao velho homem e vida ao novo. Além disso,
eles justificavam tal ideia, dizendo que sua natureza pecaminosa fora
arrancada, não sendo compatível com o seu testemunho. Era humilhante
submeter-se a um estilo de vida santificado e uma verdadeira arrogância
pensar que não se podia pecar. Quando, na verdade, reconhecer a nossa
vulnerabilidade e as nossas fraquezas é a maior força motriz da santidade.
Outra palavra relacionada a ela é "santo", que normalmente aplicamos às
pessoas que vivem uma vida santa. Existe um grande número de palavras
similares: "santificar", "purificação", "pureza", "justo", "justificação" e
"equidade"; todas se referindo à justiça e à santidade.
O Cantinho da Santidade
Não há nada de extraordinário no fato de muitos de nós não
sabermos o que significa a santidade, porque toda a nossa comunidade tem
falhado em mantê-la. O dicionário define santidade como a "qualidade de
quem é santo; pureza" ou "título utilizado pelo papa"; e, para santo, diz.-
"Alguém associado com o poder divino ou com pessoas religiosas e suas
tradições". Estas interpretações estão corretas e podem ser utilizadas dessa
maneira. Mas nossas definições populares não fazem menção a Deus, nem
se aproximam do significado das palavras gregas e hebraicas traduzidas em
nossas Bíblias.
No Antigo Testamento, a palavra hebraica utilizada para santidade é
qôdesh, que veio de qâdash: "aquele que é santo, separado, dedicado ao
serviço do Senhor". Paul S. Rees diz algo interessante: "A ideia original
desta palavra, vista de um ângulo religioso, é de separação e consagração:
separação de tudo o que é comum ou impuro; consagração ao que é divino,
sagrado e puro". Desta forma, santidade sempre envolve separação —
afastar-se completamente do mundo e aproximar-se totalmente de Deus.
Um exemplo que mais facilmente expressa tamanha santidade é o das
vasilhas que ficavam no Templo. Uma vez no Templo, eram consagradas
ao serviço religioso e não podiam mais ser profanadas, ou seja, não teriam
nenhum contato com o mundo exterior.
As palavras "santo" e "santidade" aparecem mais de 830 vezes no
Antigo Testamento. Isaías, por exemplo, escreveu: "E ali haverá alto
caminho, um caminho que se chamará O Caminho Santo; o imundo não
passará por ele" (Is 35.8). Outro texto que fala sobre santidade está em 1
Crônicas 16.29: "Dai ao Senhor a glória de seu nome; trazei presentes e
vinde perante ele; adorai ao Senhor na beleza da sua santidade"
Como já vimos, no Novo Testamento a palavra "santidade" é
hagiasmós, que também pode ser traduzida como "santificação". Também
já vimos que "santo", significa hágios (puro). Paulo escreveu em Romanos
6.22: "Mas, agora, libertados do pecado e feitos servos de Deus, tendes o
vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna"; 2 Coríntios 7.1:
"Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a
imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de
Deus"; 1 Tessalonicenses 3.13: "Para confortar o vosso coração para que
sejais irrepreensíveis em santidade diante de nosso Deus e Pai, na vinda de
nosso Senhor Jesus Cristo, com todos os seus santos"; e 1 Tessalonicenses
4.7: "Porque não nos chamou Deus para a imundícia, mas para a
santificação". Hebreus 12.10 diz que somos "participantes da sua
santidade", e assim podemos ver em todos estes textos a estreita relação
entre santidade e ser limpo e santo, quanto a esta questão não devem existir
quaisquer dúvidas. Muitas passagens bíblicas, entre admoestações e
mandamentos, falam de santidade, de modo que não podemos ignorar o
assunto. Para quem afirma que a santificação era para o tempo da Lei, Deus
diz: "Porque eu, o Senhor, não mudo" (Ml 3.6). As expectativas de Deus
quanto ao estilo de vida do homem - em santidade - não mudam, sejam
quais forem às culturas, épocas ou condições.
Como uma luz que brilha na escuridão, a Igreja hoje deve retornar ao
ensino bíblico da santidade, respeitando e vivendo o que diz a Palavra:
"Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o
Senhor" (Hb 12.14). Não podemos continuar a pendurar nossa santidade no
armário e trazê-la para fora aos domingos quando vamos à igreja, como se
ela fosse algum tipo de roupa dominical.
É necessário haver um choro pela santidade para que possa vir o
avivamento.
Tão maçante quanto o tema da santidade é o tópico sobre o
"arrependimento", que se encontra estreitamente amarrado a ela. Você está
enjoado? Acha isso legalismo? Pois bem, esse é o único caminho para a
santidade!
Podemos ver a estreita relação entre santidade e arrependimento no
ministério de João Batista, que precedeu a vinda de Jesus Cristo, clamando:
"Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus" (Mt 3.2). João
Batista veio exatamente como disse o profeta Isaías: "Voz do que clama no
deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas" (Mt
3.3). João Batista não se vestia e nem comia como a maior parte das
pessoas; agia de forma bem diferente, em nome do Senhor - uma ideia que
não era estranha aos cristãos avivados do início deste século. Acho que
ficaríamos chocados se João Batista aparecesse hoje na televisão ou em
nossos institutos bíblicos, pregando o seu severo estilo de vida!1
O primeiro passo para a santidade é o arrependimento, e, para que
tenhamos um eficiente e verdadeiro arrependimento, precisamos criar na
igreja um novo interesse pela oração. Examinemos o ótimo exemplo da
vida do profeta Isaías.
Isaías era um grande profeta e já havia sido maravilhosamente usado
pelo Senhor. No entanto, quando se viu na presença do Deus Todo-
poderoso, arrependeu-se de seus pecados e confessou ser um homem de
lábios impuros e de habitar no meio de um povo de lábios impuros! A
presença de Deus é a própria santidade! Observemos, passo a passo, como
se deu o processo de santificação do profeta, em Isaías 6.1-8:
1. Ele viu o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono. Uma
constante e renovada comunhão com Deus produzirá um crescente
conhecimento e consciência de sua santidade e glória; veremos como o
Senhor é grande e santo. Quando usamos a expressão "santidade"
relacionada a Deus, estamos dizendo que o Senhor está totalmente separado
de tudo o que é comum e impuro.
2. Ele experimentou a adoração ao Senhor. "Santo, santo, santo é o Senhor
dos Exércitos" (Is 6.3). Note que a palavra "santo" é a maior expressão de
adoração que se pode usar quando se louva ao Senhor! Note também que,
através do louvor, nos aproximamos de Deus. Salmos 22.3 diz.- "Porém tu
és santo, o que habita entre os louvores de Israel". Isaías ouviu os serafins
louvando ao Senhor e viu toda a casa se enchendo de fumaça. Aleluia!
Coisas sobrenaturais acontecem na pre¬sença de Deus! Devemos ter
sempre em nossos corações a expectativa das coisas sobrenaturais que
acontecem quando adoramos ao Senhor — curas, mensagens proféticas,
línguas e interpretações, sermões ungidos e salvação.
3- Isaias sentiu-se, com suas impurezas, culpado na presença de Deus.
Arrependeu-se quando teve uma visão de seu estado espiritual, pois na
presença de Deus, tornou-se consciente de seus pecados e precisou se
arrepender, tão grande é a necessidade de arrependimento, na qual se inclui
todos os cristãos, em todos os níveis e ministérios, porque "todos pecaram e
destituídos estão da glória de Deus" (Rm 3.23). Sim! Somos justificados
Pela fé (Rm 3.24), mas a fé precisa ser refletida na Palavra, nossas atitudes
precisam corresponder a nossa fé. A verdade é que quanto mais nos
aproximamos de Deus, mais precisamos nos conscientizar dos nossos
pecados, aos quais estamos ligados (atitudes erradas); omissão (deixamos
de fazer o que é correto); falta de comprometimento (irresponsabilidade
com o propósito divino).
4. A solução para Isaías era o altar! Um dos serafins voou, trazendo na
mão uma brasa viva que tirara do altar com uma tenaz, e com a brasa tocou
os lábios do profeta. Depois disse: "Eis que isto tocou os teus lábios; e a tua
iniquidade foi tirada, e purificado o teu pecado" (Is 6.7). Aquele era o altar
de incenso, hoje perpetuado pelas "orações incessantes" de que falou o
apóstolo Paulo (Rm 1.9; 1 Ts 2.13; 2 Tm 1.3; cf. Ap 8.3).
Deus pode falar conosco de muitas maneiras e em muitos lugares,
mas os cristãos pentecostais têm um encontro marcado com o Senhor todos
os dias, no altar de oração, onde encontram fogo vivo e perdão. Isaías
também fez outra coisa: confessou publicamente os seus pecados. Existe
algo de muito importante na confissão pública - e confissão pública aqui
não significa expor pessoas publicamente envergonhando-as, mas significa
ajoelhar-se perante o Senhor. A santidade resulta da confissão: sentimos o
peso (culpa pelo pecado), em seguida vem o arrependimento
(reconhecemos que pecamos e confessamos ao Senhor) e o pedido de
perdão (Deus nunca rejeita um coração quebrantado e contrito). Conhecer
ao Senhor implica em tornar-se como Ele, adotando um estilo de vida
santificado e uma adoração segundo a beleza da sua santidade.
5. Somente após o arrependimento Isaías pôde cumprir sua missão. O
Senhor perguntou: "A quem enviarei, e quem há de ir por nós?" (Is 6.8), e o
agora santificado Isaías respondeu: "Eis-me aqui, envia-me a mim". E
depois escreveu mais 61 capítulos de seu livro, incluindo a maioria das
profecias do Antigo Testamento sobre Jesus! Não podemos trabalhar para
Deus se não nos tornarmos como Ele.
Esse é o centro de nossa identidade cristã. O apóstolo Pedro diz:
"Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de
propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele
que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz" (1 Pe 2.9) -
Precisamos ser um povo santo, separado e completamente dedicado à obra
do nosso Senhor. Isto não tem acontecido. Apesar de alguns cristãos fiéis
estarem vivendo como um povo particular de Deus, a maioria dos
pentecostais tem vivido como um povo apenas particular.
Quanto mais o povo de Deus se dedicar ao Senhor, buscando a sua
presença em oração, mais terá uma conduta restauradora seguida de
completo arrependimento e plena pureza. Então, quando realmente
entrarmos em um novo momento de santidade, o avivamento, enquanto
transcorre, nos encontrará quebrantados. Essa foi, na verdade, uma
antecipação da sequência que o superintendente geral Trask e o presbítero
executivo chamaram anteriormente de "Assembleia Sagrada"; uma reunião
de todos os líderes das igrejas para buscarem ao Senhor em oração, jejum e
arrependimento. Esta ideia está baseada em Joel 2.15: "Tocai a buzina em
Sião, santificai um jejum, proclamai um dia de proibição [assembleia
solene, ARA]". No entanto, devemos divulgar tal admoestação
rigorosamente para não nos esquecermos que o povo de Judá não ouviu o
profeta Joel. Em espírito de rejeição e insubmissão — que na verdade
demonstra uma falta de identificação com o Senhor — eles não tocaram a
trombeta, nem fizeram uma assembleia solene, vindo então o inimigo e
levando-os cativos para a Babilônia.
E as Assembleias de Deus não estão diferentes de Joel. Na verdade,
hoje encaram os mesmos problemas que o profeta enfrentou ao convocar o
povo ao arrependimento. A diferença é que estamos tocando a trombeta e
temos convocado toda a igreja para que, no mover do vento do Espírito, se
arrependa. Esperamos positivamente que o avivamento traga resultados.
Em Ezequiel 47.1-12, o profeta vê águas que saem de sob o limiar do
Templo e fluem por toda terra seca e sedenta, restaurando a saúde do solo e
fazendo nascer todo tipo de alimento e plantas. No começo, as águas
batiam nos tornozelos de Ezequiel, depois alcançavam os seus joelhos,
mais tarde já estavam na cintura, até chegar ao ponto de cobrir a cabeça e
ninguém mais poder atravessar. O rio dos rios corre díretamente do Santo
dos Santos sobre a Igreja. E nenhum avivamento, em nenhuma época, será
parecido com o que há de vir sobre nós.
Caminhos de Justiça
Se justiça e santidade não são a mesma coisa, então precisamos
aprender a discernir entre as duas. O dicionário diz que justiça significa
Moralmente alto; justo". Então consideremos alguns pontos. Santidade
significa separação, e justiça, "moralmente alto; justo". Enquanto a
santidade fala de consagração e da separação para Deus, ou seja, uma
influência do caráter divino, a justiça fala de um estado humano de
comportamento. Justiça significa 'ser justo; equidade", ou melhor' "fazer
aquilo que é certo".
David Broughton Knox escreve que "justiça" é a tradução direta do
hebraico tsedâkâh e do grego dikaiosúnê: "Originalmente, estas palavras
significam uma vida conforme as normas. E, biblicamente falando estas
normas estão baseadas em uma vida segundo o caráter de Deus". E sobre a
palavra "certo" ele comenta: "No Novo Testamento, a palavra-chave é
dikáios, que significa "de cima", também traduzida algumas vezes como
"justo" e "alto".
O que podemos observar, então? Que santidade significa separar-se
do mundo e unir-se a Deus e justiça é a qualidade do cristão em sua relação
com o próximo. Isso não deveria ser novidade para nós. Afinal, quando
Jesus foi questionado sobre qual seria o maior dos mandamentos,
respondeu: "Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a
tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande
mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo
como a ti mesmo. Desses dois mandamentos dependem toda a lei e os
profetas" (Mt 22.37-40).
Santidade e justiça — relacionar-se com Deus e com os outros —
significa cumprir integralmente a Palavra de Deus.
Há muitos textos sobre justiça, nas Escrituras:
"Quanto a mim, contemplarei a tua face na justiça; eu me satisfarei
da tua semelhança quando acordar" (SI 17.15).
"Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça por amor
do seu nome" (SI 23.3).
"Semeai para vós em justiça, ceifai segundo a misericórdia; lavrai o
campo de lavoura; porque é tempo de buscar o Senhor, até que venha, e
chova a justiça sobre vós" (Os 10.12).
"Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles
serão fartos" (Mt 5.6).
"Mas buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas
coisas vos serão acrescentadas" (Mt 6.33).
"Vigiai justamente e não pequeis; porque alguns ainda não têm o
conhecimento de Deus; digo-o para vergonha vossa" (1 Co 15.34).
“E essas palavra foram escritas à "igreja de Deus que está em
Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados santos, com todos os
que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor
deles e nosso" (1 Co 1.2).
"E vos revistais do novo homem, que, segundo Deus, é criado em
verdadeira justiça e santidade" (Ef 4.24).
"Toda escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para
redarguir, para corrigir, para instruir em justiça" (2 Tm 3.16).
Viver em justiça significa ter um estilo de vida no qual agimos
corretamente com relação a Deus e ao próximo, ou seja, segundo o caráter
de Deus. Direcionado a Ele e ao próximo. A justiça é uma necessidade na
vida de todo cristão; sua separação do mundo e dedicação ao Senhor é um
pleno sinal de unidade com o Pai. Se há sinais de injustiça entre nós, então
é hora de parar e retornar aos princípios do nosso justo Deus.
Que Faremos?
No fim do sermão de Pedro, no dia de Pentecostes, as pessoas
compungiram-se em seu coração. Todos sentiram o peso do pecado, e ali a
Palavra alcançou o exato momento do altar — onde as pessoas estavam
prontas para entregar-se a Cristo. Da mesma forma, atingimos esse ponto e
também perguntamos como os ouvintes de Pedro: "Que faremos?" (At
2.37).
E, como já foi dito, se necessitamos de uma palavra de sabedoria,
saiba que esta é uma palavra de conhecimento. Minha definição favorita
para "conhecimento" é "saber o que fazer". Não conseguiremos viver em
santidade apenas por tentar ser melhores ou mais poderosos. Somente o
conseguiremos se tivermos um real encontro com Deus. Os cristãos do
princípio deste século tinham uma certa dificuldade em entender isso. Por
isso sua mente tomou-se legalista e levou-os a um caminho de escravidão,
ao invés de à liberdade no Espírito Santo.
9
Ser Igreja e VIVER
como Igreja
Após um culto de domingo à noite, carregado de uma atmosfera de
adoração e entusiasmo no qual muitas almas foram salvas, dois jovens
receberam o batismo no Espírito Santo e falaram em outras línguas e vários
irmãos foram curados de doenças diversas. Um homem totalmente
quebrantado, com lágrimas nos olhos, procurou o pastor e disse-lhe:
"Pastor, tivemos uma igreja de verdade esta noite!"
O povo pentecostal acredita que alguém pode ter um encontro com o
Senhor, mas é tido como sobrenatural o mover do Espírito Santo no meio
da igreja. No entanto, para que possamos verdadeiramente ser e viver como
igreja, precisamos de um poderoso mover do Espírito Santo.
O que Acontecerá no Próximo Encontro?
Vejamos uma das características mais dramáticas dos cristãos pen-
tecostais. Chegamos no ponto onde estamos aptos a discordar das outras
pessoas, por isso temos questionado tanto. Um percentual de nossas igrejas,
que ao longo de um caminho de celebração e bênçãos foram envolvidas por
um grande ambiente festivo, esqueceu-se de como conduzir suas reuniões.
Algumas pararam de experimentar o mover do Espírito, porque seus
pastores passaram a privar as ovelhas de experiências espirituais, deixando
de ensiná-las a lidar com o Espírito Santo. Muitos já têm entendido e se
conscientizado de que cultos onde o mover do Espírito Santo é muito forte
só são possíveis quando vemos a liderança de Deus no trabalho, operando
no Espírito e conduzindo a igreja a uma resposta ativa para Deus!
Você já ouviu falar em Michelangelo Buonarroti? Ele foi um dos
maiores pintores da história mundial, destacando-se dos demais na última
fase do Renascimento.1 Em uma de suas obras mais famosas, pintou nas
paredes da Capela Sistina o dedo de Deus tocando o dedo de Adão. Agora
tente imaginar esta cena em um culto pentecostal. Algo poderoso acontece
quando conseguimos alcançar tamanha dimensão e então "tocamos" o
Senhor, especialmente quando conseguimos compreendê-lo e responder à
sua voz.
No final do livro de Ezequiel, o profeta é arrebatado e vê uma cidade
com 12 portas — a mesma que João chama Nova Jerusalém — e, no centro
da cidade, está a presença de Deus, dai chamar-se Jeová-Samá - "O Senhor
está ali" (Ez 48.35). Deus estava no meio do seu povo para tocá-los e ser
tocado por eles. Jesus disse: por-que onde estiverem dois ou três reunidos
em meu nome, ai estou eu no meio deles" (Mt 18.20). Vemos assim que
uma igreja cheia do Espírito Santo, ou seja, em comunhão com o Senhor
(tocando-o constantemente) é condição fundamental para cultos fervoroso,
ungidos.
Em 1932, o escritor pentecostal Donald Gee registrou:
Fico um pouco preocupado quando vejo pessoas agindo com u temor
exagerado... — um temor que abafa a liberalidade do Espírito restringe as
emoções a rápidas expressões faciais. Elas têm igrejas sos ticadas, com
lindos carpetes, belos órgãos e grandes corais. Mas você sabe o que eu
espero sinceramente? Espero que Deus coloque carvão em suas fornalhas e
agite a vida deles! E não digo isso porque gosto de agitações, mas porque
tenho sentido que a manifestação poder sobrenatural do Espírito Santo está
diminuindo em muitos lugares. Tenho ido a reuniões onde cristãos nunca
falaram em línguas interpretaram, onde nunca ouviram a manifestação do
dom de profecia onde as reuniões são controladas pelo relógio e as pessoas
sempre sabem o que acontecerá no próximo encontro.
Algumas pessoas nos vêem como crentes fanáticos que mantêm o
estilo altamente emocional de Moody, Finney e outros pregadores que
conduziram igrejas com características de reavivamento. Evidentemente,
muito do que realizamos hoje é um reflexo das tradições que adquirimos
desses homens de Deus. No entanto, o entusiasmo no louvor e na adoração
de nossos cultos e programações não reside em tradições, mas na
experiência dos cristãos de agora. Hoje, as pessoas são realmente curadas,
convertidas e transformadas em nossas reuniões. E por que isso acontece?
Porque, se temos a certeza de que Deus é poderoso para vir ao encontro de
nossas necessidades, então o Espírito Santo flui e tudo acontece
naturalmente. Deus tem respondido poderosamente a todos aqueles que o
buscam!
Cremos que Deus trabalha ativamente em nossos assuntos humanos,
conhece a nossa personalidade, tem um propósito para cada um de nós e
com certeza sustentará os nossos ministérios com manifestações
sobrenaturais. Como ter toda essa certeza? Basta olhar para as Escrituras e
ver como se processa a atuação divina. Em Marcos 16.15-18, por exemplo,
Jesus comissionou os discípulos a pregarem o Evangelho a toda criatura,
em todos os lugares. E o que fez em seguida? Prometeu nos dar suporte no
exercício do ministério. Em seu nome expulsaríamos demônios, falaríamos
em outras línguas, pegaríamos em serpentes; e, se bebêssemos alguma
coisa mortífera, nada aconteceria; e, se impuséssemos as mãos sobre os
enfermos, ficariam curados! Quando os pentecostais redescobrirem o
verdadeiro Cristianismo, conseguirão ver resultados semelhantes aos que
estão registrados no Novo Testamento.
Os Ministérios da Igreja
Ir à igreja é muito mais que um simples encontro social com os
amigos ou fazer reuniões de estudo bíblico a fim de aprender os Principais
valores da vida cristã. Na verdade, significa encontrar-se com Deus, através
de Jesus Cristo, na unção do Espírito Santo.
As Assembleias de Deus sofreram sérias mudanças na década de
1960. Algumas pessoas chegaram a considerar que havíamos perdido
totalmente o rumo do nosso ministério, mas o que estava acontecendo era
uma distorção dos princípios básicos da igreja. Estávamos trabalhando com
definições inadequadas sobre a igreja e sua missão. Fizemos então uma
auto-avaliação detalhada, que culminou em 1968, com o Concílio sobre
Evangelismo em St. Louis, Missouri, onde acabamos por acrescentar novas
definições à nossa Declaração de Verdades Fundamentais.
O que aconteceu conosco foi impressionante, uma daquelas
revelações do tipo "por que não vimos isso antes?" A nova definição de
missão foi simples, mas revolucionou as nossas vidas e guiou-nos por um
novo período de crescimento. Antes de 1968, se alguém me perguntasse
qual era o propósito da igreja, eu responderia: "Evangelizar". Não há nada
de errado nesta definição singela, mas ela acabou ficando muito pequena
para os grandes propósitos da igreja.
A nova definição, elegante em sua simplicidade e clara em seu
significado, veio estabelecer três grandes missões para a igreja:
1. O Ministério ao Senhor
2. O Ministério à igreja
3. O Ministério ao mundo
Esse é um conceito que pode ser muito bem ilustrado através
da cruz: o ponto mais alto aponta para Deus, os braços apontam para
a igreja, enquanto toda a base está cravada no mundo. Outra maneira
de ilustrar é separando o ministério em três atitudes práticas:
adoração, comunhão e discipulado.
Hoje, parece que não temos conseguido manter o equilíbrio entre
esses três elementos. Praticamente não há mais diferença entre a nossa
adoração e a de outras igrejas evangélicas. Provavelmente porque estamos
tendo com Deus as mesmas experiências que os outros, buscando um
crescimento individualizado. Temos enfatizado um desenvolvimentno
interno, embora exista pouca comunhão entre as várias congregações.
Quanto ao discipulado, falamos sobre isso, mas vivemos o pior momento
discipular em nossa história. A maioria de nossos planos evangelísticos
estão baseados em evangelistas e missionários. E o pior e que temos a
plena convicção de que fizemos a nossa parte, pelo simples fato de darmos
suporte a esses ministérios! Muitos do nosso meio não dão mais atenção
quando um evangelista ou missionário está falando! O culto pentecostal é
apenas um pequeno aspecto da vida total da igreja. E, porque Deus se faz
presente em nosso meio nos cultos, frequentemente pessoas são afetadas
emocionalmente. Precisamos entender que estar diante do altar de Deus,
adorá-lo na beleza da sua santidade e sentir a sua presença não é problema
para nós, mas talvez nossa única esperança. O avivamento é a nossa própria
sobrevivência! As pessoas que entram na presença de Deus e são cheias do
Espírito Santo devem ser as mesmas que ensinam na escola dominical,
trabalham em seus ministérios, ensinam as crianças, cantam nos corais,
limpam a igreja, preparam comida etc. A igreja inteira deve ser ungida e
estar totalmente envolvida com o trabalho e o ensino!
O povo pentecostal não consiste de sonhadores andando com a
cabeça nas nuvens. É um grupo de pessoas que vive aqui na Terra, pessoas
extremamente práticas, que acreditam que Deus ainda está ativo nas vidas
de pessoas comuns. O povo verdadeiramente pentecostal é coerente, claro e
objetivo. Olhe em volta e veja os cultos abençoados, as grandes igrejas, a
grande quantidade de institutos bíblicos e seus programas missionários.
Esse é o verdadeiro povo pentecostal! Com as mãos levantadas, joelhos no
chão, coração quebrantado, postura de adoração e total dedicação na Casa
de Deus. Um velho ditado diz: "Criado no Céu, ruim na Terra". Mas este
não se aplica ao povo pentecostal. O que se aplica a nós é o seguinte:
"Criado no Céu, muito melhor na Terra". O verdadeiro povo de Deus é
capaz de transformar o mundo inteiro com a presença de Deus!
Você já deve ter observado que algumas pessoas gostam muito de
atuar no altar—pregando, louvando, ministrando — mas não apresentam o
mesmo interesse pelos outros trabalhos da igreja. E deve ter ouvido
também que Jesus disse que seríamos suas testemunhas (At 1.8). A Bíblia
diz que, quando os 120 foram cheios do Espírito Santo, no dia de
Pentecostes, falaram em línguas e glorificaram ao Senhor. Mas veja:
quando viram a multidão sedenta de Deus, pararam de falar em línguas e
começaram a pregar o Evangelho!
Se você é um daqueles que ainda não experimentou "ser igreja",
então daqui para a frente falaremos sobre isso. Mas saiba que o nosso
objetivo aqui não é criticar, mas apresentar-lhe um modelo a ser seguido: o
modelo necessário de igreja ao Reino de Deus para que o avivamento
venha com poder e autoridade.
Um Culto Pentecostal
As igrejas de hoje apresentam tantas variações, que se torna quase
impossível descrever um culto típico. Na mesma cidade onde existe uma
igreja para as classes média e alta, há uma igreja para as classes baixa e
pobre. E algumas igrejas específicas ministram apenas a determinados
grupos étnicos. As igrejas podem ser sofisticadas ou populares, todas são
diferentes. Em consequência, cada uma tem o seu próprio fluir. A vida de
seus membros muda constantemente, assim como sua vida espiritual está
sempre se alterando. Algumas igrejas, inclusive, gostam de dizer que são
igrejas "de fogo"! Como T. C. Cunningham gostava de dizer: "Algumas
igrejas estão tão secas, que acabam se constituindo em uma verdadeira
ameaça".
E o pior de tudo é que essas igrejas se parecem com igrejas
pentecostais. Algumas começam o culto com aquilo que chamam
"ministério de música", conduzindo a igreja ao louvor. Depois vêm os
anúncios, as ofertas, alguma música especial e finalmente o sermão. É claro
que você irá dizer: "Mas, tudo o que foi dito representa exatamente o que
acontece em todos os lugares!" Sim, tem razão. Mas a diferença do culto
pentecostal não está naquilo que se faz, mas em como se faz! O louvor
pentecostal é entusiasmado, cheio de unção e pode ser acompanhado de
palmas e adoração espontânea. Muitas igrejas utilizam apenas piano ou
órgão, mas pode haver desde bateria até uma orquestra completa. Com a
evolução da tecnologia, chegou-se aos sintetizadores eletrônicos e
playbacks. Mas haja sempre nos corações o cuidado de não diminuir, com a
tecnologia, a espontaneidade e sinceridade no louvor.
Às músicas dos hinários — onde encontram-se nossas tradicionais
canções de adoração ao Senhor — têm-se acrescentado hinos menores, que
alguns chamam de "corinhos" e que algumas vezes tornam-se a maior
característica musical da igreja. Nossa distinção pentecostal nesta área
também está se perdendo, pois já seguem o mesmo caminho das outras,
com sons iguais, projeções de transparências etc.
Durante a repetição dos louvores ocorre a adoração espontânea, onde
a igreja entra na presença de Deus com expressões de louvor. A música na
igreja é utilizada para a adoração ao Senhor! Ela tem o objetivo de
engrandecer a Jesus, mas também provê outros benefícios. A música na
Casa de Deus não deve, de forma alguma, ter as mesmas melodias, ritmos
e, pasmem, às vezes as letras do mundo! Nenhuma estratégia de agitação
mundana deve ser incorporada à adoração. Hoje, as músicas do mundo têm
seus objetivos próprios: agradar as multidões, promover espetáculos e
comercialização, isto quando não há também envolvimento místico. A
música na Casa de Deus, cantada em uma igreja pentecostal, não deve ser
assim! Ela deve envolver toda a comunidade; deve ser utilizada para a
edificação do Corpo; deve ser parte do culto de adoração! A música,
durante a adoração, traz unidade de pensamento e de fé ao corpo de Cristo.
E, como já dissemos, a música na Casa de Deus tem o objetivo de
engrandecer a Jesus, mas pode ter outras aplicações. Uma vez que a
maioria das nossas músicas são bastante específicas, elas têm a capacidade
de atrair multidões a Jesus. Nossa música é uma poderosa ferramenta no
evangelismo. E isso acaba gerando a possibilidade de que todos possam
louvar ao Senhor. Pessoas de diferentes culturas produzem diferentes
canções. No interior dos Estados Unidos prevalece o estilo pentecostal
europeu, com músicas mais suaves, clássicas, um piano ou um órgão e um
coral. Na cidade, existe uma conscientização mais contemporânea; o louvor
é mais alegre e criativo, com bateria, teclado, vocalistas, baixo e percussão
e corais cantando o que chamam de música da alma. Não podemos deixar
de falar também das igrejas do interior que já adquiriram uma mentalidade
contemporânea, nem das igrejas em colônias espanholas, japonesas, alemãs
etc. Todas têm o seu louvor em sua própria língua, numa adaptação de sua
cultura ao Movimento Pentecostal. Isto começou com o dia de Pentecostes
e continua aonde quer que ao Espírito Santo seja dada a permissão para
interagir com a igreja. E essa é uma das razões pelas quais continuamos a
ter sucesso na evangelização mundial.
O alto nível de participação entusiástica continua durante a oração. O
povo pentecostal normalmente ora em grupo, onde as pessoas clamam em
voz alta; orações só têm início quando termina o louvor congregacional.
Isso pode confundir e assustar as pessoas que normalmente não estão
acostumadas a orar em voz alta. Às vezes, durante a oração ou louvor, as
pessoas levantam as mãos, expressando fisicamente adoração e
reconhecimento à autoridade e glória de Jesus Cristo. Essa é uma expressão
física de louvor!
Alguns pastores têm tentado diminuir os anúncios, mas, às vezes,
torna-se inevitável. E ainda temos os momentos de dízimos e ofertas, onde
a Casa de Deus é abastecida, assim como todo o ministério de missões
mundiais. Algumas igrejas aplaudem quando se faz menção à contribuição.
A Música e Sua Mensagem
Houve uma época em que a nossa música era mais característica que
hoje, os cristãos escreviam suas próprias canções, acompanhados de piano
ou violão. Elas não eram muito profissionais, mas expressavam toda a sua
fé e vida com Deus. Hoje, com a popularização da música evangélica, isso
está mudando. Já existe mais individualidade técnica e há uma divulgação
em massa, tanto no rádio como na televisão. A qualidade da música é
infinitamente melhor, mas algo íntimo está se perdendo. O que nos deixa
contente é o fato de que, em muitos lugares, alguns músicos cristãos se têm
juntado à igreja em adoração. Algo que também apreciamos é o louvor
congregacional à capela: somente vozes louvando ao Senhor, sem
instrumentos ou vibrações no santuário. É o que chamamos hallelujah
breakdown - brados de aleluia muito bem distribuídos!
Um outro traço característico que distingue bem o pentecostal - a não
ser que ele esteja ensinando, louvando ou pregando - é o fato de que uma
mesma pessoa pode trazer uma profecia, falar em outras línguas e
interpretá-las. Os pentecostais adoram ao Senhor em meio às manifestações
do Espírito Santo. É claro que existem abusos e exageros, mas aqueles
realmente cheios do Espírito sabem quando é Deus quem está realmente
falando. É profundamente lamentável o fato de que alguns de nossos
pastores - por sentirem medo ou não saberem como lidar com o Espírito —
desmotivam suas ovelhas a adorar em línguas e exercer os dons espirituais
na igreja. Afinal, onde eles esperam que os dons do Espírito Santo se
manifestem? O culto é um verdadeiro encontro com o Deus vivo!
Mensagem Ungida
Falemos agora das pregações. O que é uma mensagem ungida?
Chamamos "mensagem ungida" toda palavra ministrada à igreja por
pessoas altamente inspiradas por Deus e cuja unção é indiscutível. A
palavra ministrada por Pedro no dia de Pentecostes é um exemplo típico:
Pedro falou à multidão, no dia de Pentecostes, depois de haver orado
durante dez dias — com uma igreja que vivia em unidade — e de ter sido
batizado no Espírito Santo, ter falado em línguas e exposto a Palavra com
grande sabedoria! Precisamos de um avivamento como este na vida dos
nossos pregadores!
A maioria dos pregadores, no início, dedicavam um bom tempo de
suas vidas em oração e depois subiam no púlpito com apenas algumas
anotações que os ajudariam a dar sequência a suas mensagens. Então,
debaixo da soberana unção do Espírito Santo, estavam prontos para manter
um profundo relacionamento com Deus e com todos os seus ouvintes. A
presença de Deus era tremenda. A pregação era um evento sobrenatural.
Muitos dos pregadores atuais, infelizmente, centralizam suas
mensagens nos aspectos mais egoístas da vida humana; uma verdadeira
reflexão sobre a geração atual. Sim, devemos ter compaixão pelos que
sofrem, porém, além da leitura sobre os aspectos da natureza humana ou
uma sessão de aconselhamento público, elas precisam ouvir mais da
Palavra de Deus e menos dos livros de psicologia! O apóstolo Paulo
aconselha Timóteo: "Conjuro-te... que pregues a palavra, instes a tempo e
fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e
doutrina" (2 Tm 4.2). Salmos 107 90 diz: "Enviou a sua Palavra, e os sarou,
e os livrou da sua destruição".
Uma mensagem ungida é a que vem direto do coração de Deus.
Pregar com unção é algo muito sério. Homens mentirosos têm vindo até
nós com "aparência de piedade, mas negando a eficácia dela" (2 Tm 3-5).
Todo grande pregador que tenha uma vida plena diante de Deus sofre a
tentação de exibir à igreja conhecimentos além do que têm ouvido de Deus.
Quando caem em tal tentação, acabam trocando a unção da Palavra de
Deus e sua autoridade pelos conhecimentos pessoais. Pessoas espirituais
sabem quando alguém está ultrapassando os limites e impondo os próprios
conhecimentos. Quando isto acontece — as palavras transformam-se em
verdadeiras simulações emocionais - está na hora de buscar um novo
avivamento do Espírito Santo!
Ouvimos em muitos lugares sermões enormes, que parecem não ter
fim. E tem-se a impressão de que vão aumentando à medida que as pessoas
resolvem ir embora para suas casas antes do tempo. Tais sermões poderiam
ser bem menores, mas cheios de unção e objetividade! Quando o pregador
está realmente ungido pelo Espírito Santo ninguém deseja ir embora ou
tenta interrompê-lo com apenas trinta minutos de mensagem.
Normalmente, temos limites para nossa tolerância. No entanto, em uma
igreja avivada, os sermões geralmente são longos por causa da grande
unção espiritual que trazem sobre si. Em uma igreja verdadeiramente
pentecostal, as pessoas estão sempre prontas para ouvir a Palavra de Deus.
A Convocação para o Altar
A grande diferença entre uma igreja pentecostal e as outras igrejas
está exatamente no que acontece após a ministração da Palavra. Quando
pensamos que o culto acabou e que todos irão para casa, o pastor faz uma
convocação para o altar, chamando as pessoas para que venham à frente.
Cremos que a salvação é a maior bênção para uma vida, por isso a chamada
para o altar deve começar com todos aqueles que desejam aceitar a Jesus
Cristo como seu salvador.
Se num domingo de manhã, por exemplo, o culto termina com um
poderoso apelo à salvação, na reunião noturna a chamada para o altar
poderá ser feita antes do previsto. O ministro poderá convidar toda a igreja
para vir até o altar, onde todos se ajoelharão e levantarão, em unidade, um
grande clamor a Deus. O pastor ou outros poderão orar pelos doentes e
acreditar que serão curados. Os cristãos poderão ficar cheios do Espírito
Santo, falando em outras línguas. Haverá profecias ou mensagens em
outras línguas com interpretações. E o Espírito irá mover-se. Isso é
avivamento! O Movimento Pentecostal espalhar-se-á por todo o mundo,
mas tudo começa no altar.
Mesmo a igreja mais avivada do mundo precisa ter um momento em
que as pessoas possam ajoelhar-se e clamar a Deus no altar. Todos
precisam do altar — o lugar onde se intercede pelas famílias, se unge com
óleo e todos podem prostrar-se perante o Senhor. Agora responda: práticas
como estas são estranhas em nossas igrejas hoje? Sem o altar, elas estarão
de fora do grande avivamento espiritual que virá.
Se não há, na sua igreja, um local em frente ao púlpito para as
pessoas, gostaria de sugerir mudanças radicais na programação dos seus
cultos. Aumente seu altar! Separe um tempo para ele!
No Antigo Testamento, havia dois tipos de altar: o do sacrifício,
como um lugar de salvação, e o do incenso, como um lugar de adoração e
louvor ao Senhor. O nosso altar de sacrifícios é a cruz de Jesus Cristo, que
foi pendurado no madeiro como último e perfeito sacrifício. Já sobre o
nosso altar de incenso, Jesus nos ensina, em Mateus 5.23,24: "Portanto, se
trouxeres a tua oferta ao altar e aí te lembrares de que teu irmão tem
alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai
reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem, e apresenta a tua
oferta". O Senhor nos mostrou que o altar é muito mais que um simples
lugar de sacrifícios. É um local onde se estabelecem alianças e pode-se
conversar com Deus. Vejamos Apocalipse 8.3. Um anjo chega diante do
Senhor, "tendo um incensário de ouro; e foi-lhe dado muito incenso, para o
pôr com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro que está diante
do trono". Algumas igrejas têm ensinado que o altar é o próprio púlpito da
igreja. Esse não é o conceito correto. O altar verdadeiro está diante do
púlpito, no lugar em frente à Palavra de Deus. Ali está o altar.
Algumas igrejas costumam ter música durante a ministração no altar.
Ao término da oração, as pessoas voltam ao seus lugares cantando. Na
verdade, essa é uma ideia bíblica. Salmos 43.4 diz: "Então, irei ao altar de
Deus, do Deus que é a minha grande alegria, e com harpa te louvarei, ó
Deus, Deus meu". Este é o altar! Isso é avivamento!
A igreja pentecostal que ignora o altar não ministra a cura através da
imposição de mãos e não ouve a voz de Deus através de mensagens
proféticas, línguas estranhas e interpretações está longe de ser pentecostal!
Nós podemos lançar mão de muitas estratégias para que as pessoas venham
à igreja. No entanto, as manifestações espirituais são um forte sinal de
crescimento e unção divina. Se por acaso sua igreja está perdendo o poder
espiritual, dobre os seus joelhos e clame por um toque de Deus em seu
ministério!
Um Assunto para Pensar
Há tempos vem crescendo o número de pastores que adotam um
momento de oração antes dos cultos na Casa de Deus. Outros preferem que
esse momento seja após a pregação da Palavra, com o propósito de instruir,
inspirar e incentivar a fé dos cristãos.
Sobre isso, o tesoureiro geral James K. Bridges escreve:
Tenho andado muito preocupado com essa nova prática adotada por
muitos pastores das Assembleias de Deus. Eles têm feito a chamada para o
altar antes da ministração da Palavra de Deus. E o que me preocupa é o
momento em que eles praticam esse ato. Tenho visto o crescimento dessa
tendência, onde a Palavra, depois, é entregue sem clima, sem vontade. E o
pior: alguns pastores já nem fazem apelo ao povo de Deus após a
mensagem!
É uma verdadeira tragédia quando um pastor começa a achar que sua
mensagem é suficiente para produzir libertação e edificação. Esta não é a
intenção do Espírito Santo, pois a Palavra deve ser um meio para um fim.
A mensagem do Evangelho, após ser entregue, precisa de uma resposta
clara de quem a ouve! E o altar é um componente vital para a conclusão da
mensagem.
Quando as pessoas sentem que já tiveram sua resposta no altar de
Deus, a pregação perde o sentido para elas.
Meu pedido é que esses pastores deixem o apelo ao altar para depois
de uma pregação ungida por Deus! Deixem o tempo do altar irrestrito;
utilizem os diáconos, se desejarem, para ajudá-los na oração; mas é
necessária a influência da mensagem pregada.
Tenho visto poucas pessoas sendo batizadas no Espírito Santo ou
salvas no altar, hoje em dia. Precisamos retornar à ministração mais
substanciosa, com tempo necessário para um real encontro com Deus, de
modo que as pessoas possam responder sinceramente ao clamor da Palavra
e ao mover do Espírito Santo. Isso é um culto pentecostal!
O culto pentecostal é um grande encontro entre Jesus Cristo e sua
noiva, a Igreja. E torna-se emocionante quando sabemos que Ele está ali.
Se orarmos em alta voz, nos quebrantarmos em lágrimas de alegria ou de
arrependimento pelos pecados, se agirmos distintamente, conscientes do
mover do Espírito santo, então faremos bem mais em qualquer lugar. Se
acaso gritamos "Aleluia!" ou falamos em outras línguas, não estamos
vivendo segundo velhas tradições, mas respondendo sincera e
espontaneamente à presença verdadeira, real e pessoal do Senhor!
E esse é o fator mais importante em um culto pentecostal: Deus está
ali!
'O Renascimento foi uma explosão cultural que marcou a Europa de 1330 a
1530, tendo como centro irradiador a Itália. (N.T.)
10
O Louvor e Adoração
O Movimento Pentecostal possui muitas características distintas.
Dentre elas, a que mais se destaca é nosso estilo de adoração, que atrai um
grande número de pessoas às igrejas. Nosso louvor animado, nossos
cantores ungidos, intercessores, corais, vocalistas e músicos — além das
ferventes ministrações da Palavra — fazem nossa igreja diferente das
demais.
Os visitantes costumam dizer que as nossas mãos estão sempre
ocupadas em fazer alguma coisa - ora estão erguidas durante o louvor, ora
acenam em aprovação a um testemunho poderoso, ora sinalizam adoração e
reverência ao Senhor. Não podemos deixar de falar também sobre cura
através da imposição de mãos.
Certa vez, uma senhora pentecostal e sua amiga carismática
iniciaram uma discussão sobre a maneira correta de levantar as mãos diante
do Senhor. A pentecostal levantava suas mãos com as palmas para baixo, e
a carismática, com as palmas para cima. Por último, a carismática disse:
"Quando você coloca as palmas das mãos para baixo, está apenas
abençoando as pessoas, mas não está recebendo nada de Deus. Quando
você coloca as palmas das mãos para cima, você está sendo diretamente
abençoado por Deus!" Esse é um dos conceitos que precisam mudar. Ela
está errada. Não há nenhuma relação entre a posição das mãos e o que se
esta recebendo no coração. Tudo é mero simbolismo O levantar das mãos é
um ato de adoração e reverência perante senhor; uma prática comum entre
o povo pentecostal.
A Igreja Primitiva teria seguido a prática judaica d.e colocar as mãos,
com as palmas para cima. Durante um bom tempo, as pessoas costumavam
orar com as mãos no peito. Já os monges europeus criaram a tradicional
postura de oração com as palmas das mãos coladas tal como as criança
costumam orar antes de dormir. Mais tarde, os cristãos adquiriram o
costume de orar com as mãos unidas com todo os dedos cruzados e os
punhos juntos, sempre posicionadas abaixo do queixo. Hoje ainda vemos
todas essas formas em nossos cultos de adoração. Mas a posição mais
comum é a de mãos levantadas Não há duvidas de que a real preocupação
de Deus e com o coração de seus Filhos, não importando assim a posição
como adoram ao Senhor.
A adoração ao Senhor é uma questão extremamente íntima e muito
pessoal. Algumas pessoas expressam seu louvor a Deus publicamente e de
forma muito clara, enquanto outros consideram seu relacionamento com o
Pai tão pessoal que preferem ,isolar,e dos que estão a sua volta naquele
momento. Alguns cristãos cheios do Espírito Santo manifestam sua
adoração ao Senhor em silêncio, numa plena demonstração de temor e
contemplação. Na verdade, é isso que nos Faz acreditar os pentecostais
realmente foram chamados para servir diante do altar de Deus com toda
liberdade. As formas de adoração variam segundo individualidade de cada
um. Seja por altos clamores, brados de adoração, sentimentos de louvor, ou
silencio os pentecostais estão diante do Senhor com sincero coração de
adoradores. Ma total diversidade , Deus estabeleceu a unidade.
Só há uma coisa em comum entre todos os pentecostais e suas
igrejas: o louvor é pleno! Adoramos ao Senhor tanto com a voz quanto com
o corpo levantamos as mãos nos curvamos e nos prostramos diante do
Senhor.
Analisemos agora, através da Palavra, cada uma dessas demonstra-
ções de adoração.
Corpo, Alma e Espírito
Sempre que falamos sobre louvor e adoração precisamos em
primeiro lugar distinguir entre o que é bíblico, cultural, social e local -
posturas adotadas por homens em todos os tempos e em todos os lugares. A
primeira postura que percebemos é a impressionante capacidade do povo
pentecostal de conviver e trabalhar com pessoas de diferentes classes
sociais, culturas e padrões de vida. Isto já é um grande passo para a unidade
e a razão, porque todo envolvimento na adoração, seja físico ou emocional,
é o mesmo entre todos os pentecostais.
Vejamos agora alguns princípios importantes para uma melhor
compreensão da adoração ao Senhor. Génesis 2.7 diz: "E formou o Senhor
Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e
o homem foi feito alma vivente". Quando Deus criou o homem, utilizou o
pó da terra (físico) e então deu-lhe o fôlego de vida (espírito).1 Somos
corpo e espírito! Somos seres espirituais e físicos. E foi quando Deus
combinou esses dois elementos, e somente quando os combinou, que o
homem passou a ser alma vivente; ou seja, sua alma viveu! A alma não é
uma "entidade" espiritual, mas resulta da combinação da matéria com o
espírito. Deus nos fez seres materiais e terrenos e colocou em nossos
corações o sopro da vida; o seu próprio fôlego. Por isso a nossa alma viveu!
Agora somos formados por três elementos: corpo, alma e espírito. É isso
que os cientistas estudam: a nossa alma — nossas emoções, personalidade,
sentimentos etc. Essa é a razão de conseguirmos adorar a Deus; porque Ele
é trino. Deus é Pai, Filho e Espírito Santo. Também nós somos criaturas
trinas; somos físicos (corpo), espirituais (espírito) e psicológicos (alma).
Veja o que Jesus disse: "Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu
coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento". Percebe agora?
Aqui está novamente a ordem que vimos anteriormente. A adoração
envolve os três elementos da natureza humana! Em passagens similares,
como Marcos 12.30 e Lucas 10.27, vemos as mesmas colocações,
reforçadas com ênfase às expressões físicas de adoração.
Sendo assim, se somos seres espirituais, físicos e emocionais, então a
nossa adoração deve ser espiritual, física e emocional. A adoração física
(corpo) envolve tudo o que está ao nosso alcance em um momento de
celebração e ministração ao Senhor. Adoramos com palmas, dizendo:
"Amém!" ou "Aleluia!" - ajoelhados diante do altar de Deus ou dançando
com espontaneidade no Espírito Santo! A adoração emocional (alma)
envolve todos os sentimentos humanos e pode ser feita de muitas maneiras.
Cantando, chorando, rindo etc. Às vezes algumas pessoas perdem o senso
de seus limites e acabam entrando por caminhos unicamente psicológicos.
Isso não é bom, daí ser necessário o dom de discernimento espiritual.
Todos precisam saber até onde podem ir ou não; todos precisam conhecer
os limites entre as emoções e a adoração com as emoções! E, finalmente, a
adoração espiritual (espírito) envolve a relação de íntima comunhão entre o
nosso espírito e o Espírito de Deus. E é nesse momento que ocorrem as
manifestações do Espírito Santo: as pessoas têm visões, profetizam,
interpretam; elas ficam "envolvidas pelo Espírito". E, quando há uma
experiência muito forte e realmente divina, ocorrem até arrebatamentos
espirituais, onde algumas pessoas nem se lembram do que aconteceu. Nem
tudo conseguimos entender, mas temos visto os benefícios práticos na vida
de muitas pessoas.
De maneira geral, há uma grande responsabilidade sobre a vida de
todos aqueles envolvidos com adoração na Casa de Deus. Eles precisam ser
sinceros, consagrados e dirigidos por Deus. A Palavra de Deus apresenta
excelentes regras a serem seguidas por todos os que ministram na Casa de
Deus, nos capítulos 12 a 14 de 1 Coríntios. A adoração é o máximo da
presença de Deus. E é exatamente em uma atmosfera de alta intensidade
espiritual e de muitas experiências no Espírito Santo que as coisas vão
acontecer. O ministro tem a responsabilidade de conduzir o povo em
adoração e gratidão ao Pai. O povo pentecostal pode ter um louvor bastante
alegre, no entanto o objetivo principal da adoração está centralizado na
gratidão e no reconhecimento da autoridade soberana de Deus. Triste é
perceber que, com o passar das gerações, muitos de nossos pastores têm
conduzido os cultos sem nenhuma participação pessoal na ministração
entre a igreja e o Pai. Como verdadeiras garrafas de vidro, eles contêm a
unção divina, conduzem o povo à adoração, mas não permitem um contato
direto da igreja com o Pai. Limitam o desejo natural das pessoas pelo Pai e
impedem a atuação natural do Espírito Santo de Deus.
A verdadeira adoração pentecostal envolve toda a pessoa — corpo,
alma e espírito. Nós cremos no acesso direto ao Pai e em suas respostas
claras para as nossas vidas; damos total liberdade a Deus; não nos
prendemos a nada. E essa atitude da nossa parte é que tem produzido as
maravilhas de Deus, com manifestações inacreditáveis e inesperadas! Com
certeza, a maior parte do nosso sucesso deve-se à liberdade ilimitada que
damos ao Espírito Santo, com inteireza de coração e inclinação total da
mente.
E, se queremos reviver o Cristianismo original, precisamos ter uma
vida de adoração com corpo, alma e espírito. Você pode perguntar: "Mas
toda esta liberdade não pode ser perigosa?" Sim, e por isso precisamos estar
prevenidos. Entretanto, a nossa sobrevivência depende de uma adoração
sincera, em plena espiritualidade, motivação interior e honesta humildade.
Há também o perigo da manipulação espiritual feita por determinados
líderes, que se aproveitam da vulnerabilidade que reside no coração das
pessoas que adoram ao Senhor, pois estas ficam mais sensíveis. E, por essa
razão, mais do nunca muitos de nossos líderes têm gemido diante do
Senhor, a fim de que suas igrejas se voltem totalmente para Deus. A
adoração pentecostal exige, por tudo isso, uma relação muito íntima entre a
igreja e o Senhor. Isaías disse: "Porque assim diz o Alto e o Sublime, que
habita na eternidade e cujo nome é santo: Em um alto e santo lugar habito e
também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos
abatidos e para vivificar o coração dos contritos" (Is 57.15).
Agora preste atenção nestas passagens bíblicas sobre o louvor:
Salmos 9.11: "Cantai louvores ao Senhor, que habita em Sião;
anunciai entre os povos os seus feitos".
Salmos 22.3: "Porém tu és santo, o que habitas entre os louvores de
Israel".
Salmos 108.3: "Louvar-te-ei entre os povos, Senhor, e a ti cantarei
salmos entre as nações".
1 Pedro 2.9: "Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a
nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que
vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz".
A adoração pentecostal é coletiva e expressiva, sendo demonstrada
de forma total: fisicamente, emocionalmente e espiritualmente. Em uma
igreja tradicional, a adoração tende a ser religiosa e quieta. Já em uma
igreja onde há o avivamento, é espontânea e cheia de expressões físicas
com corpo e a voz. E isso não foi ensinado; são atitudes naturais que
vieram com os novos cristãos.
Existe Diferença?
Uma das frases mais comuns nas igrejas pentecostais é "louvor e
adoração". Duas palavras aplicadas constantemente como sinônimos de
adoração ao Senhor. Na igreja do início deste século, a adoração era
pessoal e individual; estava totalmente ligada às experiências da salvação,
batismo no Espírito Santo, libertação, cura etc. O falar em línguas estranhas
sempre caracterizou esta adoração espiritual, desde o dia de Pentecostes,
quando se viram línguas repartidas sobre cada um dos discípulos de Jesus.
Hoje, no entanto, a maioria das reuniões de adoração é feita em
grupos. Uma verdadeira multidão é capaz de adorar ao Senhor em unidade.
A adoração é conduzida por equipes de ministros, e todos adoram juntos.
Não há nada de errado nisso, no entanto, precisamos também voltar a
pratica de ajoelhar-se perante o altar e adorar a Deus individualmente.
Temos dado muito valor ao coletivo e estamos esquecendo o individual.
Não podemos nos esquecer jamais de que cada um de nós é um templo do
Espírito Santo (1 Co 6.19) e que ministramos perante o Senhor (Ap 1.6).
Cristãos cheios do Espírito Santo adoram ir à igreja, e normalmente o
fazem três vezes por semana. A Bíblia diz: "Não deixando a nossa
congregação, como é costume de alguns; antes, admoestando-nos uns aos
outros; e tanto mais quanto vedes que se vai aproximando aquele Dia" (Hb
10.25). Ou seja, quanto mais se aproxima a segunda vinda do Senhor, mais
deveríamos ir a igreja. A adoração em grupo é vital para a vida do cristão!
E, ainda nesse contexto, não devemos esquecer da grande importância da
adoração individual. Cada um de nós deve levar o seu louvor sincero a
Deus com gratidão e alegria! Em uma igreja verdadeiramente pentecostal,
os líderes que conduzem o rebanho dão grande ênfase às experiências
individuais com Deus.
O estudo do louvor e da adoração na Palavra pode ter resultados
surpreendentes. Em primeiro lugar, descobriremos que louvor e adoração
não são sinônimos e têm aplicações distintas. Em segundo lugar, veremos
que existem uma infinidade de palavras gregas e hebraicas para os dois
termos. Em terceiro lugar, comprovaremos o que foi dito por que todas as
traduções, tanto do grego como do hebraico, apontam para um louvor trino,
com corpo, alma e espírito.
Vamos por partes. Vejamos a palavra "louvor". Só no Antigo
Testamento temos sete palavras hebraicas que indicam louvor. Yâdâb, que
significa "levantar as mãos em adoração"; hillúwi, que significa "celebrar,
regozijar"; tehillâh, que significa "hino"; hâlal, que significa "limpar" ou
"brilhar"; zâmar, que significa "unir os dedos e tocar um instrumento"; e
shâbach, que significa "glorificar". Note que todas estas palavras são físicas
e musicais. Então, louvor é uma demonstração plena do corpo e da alma!
No Novo Testamento temos outras seis palavras para louvor: ainos,
que significa "louvai a Deus", e a forma do verbo "louvar" era ainéo; dóxa,
de onde vem "doxologia", também é traduzida por "louvor" ou "glória"
(vindo do verbo dokéo - "pensar", "parecer', "surgir"); e humnéõ, que
significa "cantar um hino de louvor". Agora temos um consenso: tanto o
Antigo quanto o Novo Testamento nos conduzem à ideia do louvor com
música.
Vemos assim que toda forma de louvor bíblico está diretamente
relacionada à expressão e à voz. Os adoradores ministravam ao Senhor com
desenvoltura e música. Mas precisamos também não esquecer que todas
essas expressões de louvor eram acompanhadas pelo levantar de mãos,
ajoelhar-se, prostrar-se e outras posturas. Biblicamente, todo esforço é
pequeno quando falamos em adorar e engrandecer ao Deus de Israel.
A ideia bíblica de adoração também caminha pelas mesmas linhas do
louvor. No entanto, é muito mais física que musical. Por exemplo: no
Antigo Testamento temos a palavra shâchâh, que significa "prostrar-se
perante o Senhor em reconhecimento". O profeta Daniel utilizou uma
forma aramaica ao invés de uma hebraica, mas com significado
semelhante: sâgad, que significa "prostrar-se perante o Senhor em
homenagem".
Já a adoração no Novo Testamento tem uma palavra principal:
proskunéõ, que significa "prostrar-se e beijar os pés em adoração"; "colocar
o rosto no chão, em reverência". Outra palavra é sébomai, que significa
"demonstrar reverência ou adoração". No Império Romano, o título
sebastós ("venerável") era utilizado pelo imperador. A palavra dóxa às
vezes também era traduzida como "adoração".
O que percebemos, então? Que a adoração bíblica, assim como o
louvor, envolvia tanto o corpo como a mente! Então, por que alguns
cristãos têm criticado e algumas vezes ridicularizado o louvor com
liberdade física, emocional e vocal na Casa de Deus? Na verdade, eles
ainda não perceberam que esse tipo de louvor e adoração é muito mais
bíblico que suas análises ou críticas. É próprio da raça humana divertir-se
com o que não entende. Quanto mais conhecermos o que a Bíblia diz sobre
adoração, mais compreenderemos e desejaremos tudo o que acontece em
um culto pentecostal!
Louvor e Adoração: Solução para a Igreja
Glen D. Cole, pastor do Capital Christian Center, em Sacramento,
Califórnia, e presbítero executivo das Assembleias de Deus, escreve sobre
o louvor e a adoração:
Quando as igrejas estiverem fracassando, a solução é o louvor e a
adoração. Quando vidas estiverem definhando, a adoração e o louvor hão
de ser a solução; atitudes de louvor e adoração levam todas as atenções do
culto para o Senhor! No momento em que uma pessoa não age em unidade
na adoração, podemos perceber uma verdadeira divisão em potencial
surgindo. Isso não é motivo para tristeza nem para destruição, mas uma
nova motivação para buscarmos de Deus suas "chuvas de bênçãos".
Salmos 67.3 declara: "Louvem-te a ti, ó Deus, os povos; louvem-te
os povos todos". O que podemos traduzir naturalmente como:
Louvem-te todos os jovens! Louvem-te todos os velhos! Louvem-te
todas as crianças! Louve-te toda a igreja!
Não teria Deus nos dado o dom de línguas para que as utilizemos na
adoração coletiva? Todos precisamos colaborar isso em mente: O Espírito
quer participar de nossa adoração. Quando as pessoas deixarem de ser
expectadores e passarem a participar, então o Espírito envolverá todo o
Corpo!
A Bíblia ensina muitas maneiras pelas quais podemos louvar ao
Senhor e gerar avivamento entre nós:
1. Cantando "Cantai ao Senhor um cântico novo, porque ele tez maravilhas,
a sua destra e o seu braço santo lhe alcançaram a vitória" (SI 98.1).
2. Dançando diante do Senhor-"Tornaste o meu pranto [dança]; tiraste o
meu cilício e me cingiste de alegria (SI 0.11).
3. De joelhos - "ó, vinde, adoremos e prostremo-nos! Ajoelhemos diante do
Senhor que nos criou (SI 95.0).
4. Levantando as mãos - Assim, eu te bendirei, ao teu nome levantarei as
minhas mãos (Sal 47.1).
5. Aplaudindo - "Aplaudi com as mãos, todos os povos; cantai a Deus com
voz de triunfo" (SI 47.1).
6. Com instrumentos - louvai-o com o som de trombeta; louvai-o com o
saltério e a harpa com louvores como sonoros; louvai-o com címbalos
altissonantes. fôlego louve ao Senhor. Louvai ao Senhor! (SI 150.3-6).
7. Com júbilo - "Celebrai com júbilo ao Senhor, todos os habitantes; da
terra; dai, brados de alegria, regozijai-vos e canta, louvores (SI 98.4).
8. Com celebração - "Mas alegrem-se todos que confiam em ti exultem
eternamente, porquanto tu os defendes; e em ti se gloriem os que amam o
teu nome (SI 5.11)-
9. Cantando em espírito — "Que farei, pois? Orarei com o espírito também
orarei com o entendimento; cantarei com o espírito também cantarei com o
entendimento" (1 Co 14.15).
10. Ofertando — "Dai ao Senhor a glória devida ao seu nome- trazendo
oferendas e entrai nos seus átrios" (SI 96.8); "Portanto, assim em tudo sois
abundantes na fé, e na palavra, e na ciência, e em toda diligência, e em
vossa caridade para conosco, assim também abundeis nessa graça" (1 Co
8.7).
A passagem importante para a nossa aplicação é Salmos 34.2,3- "A
minha alma se gloriará no Senhor; os mansos o ouvirão e se alegrarão
Engrandecei ao Senhor comigo, e juntos exaltemos o seu nome".
Muitas coisas estão sujeitas a atores, cantores, atletas, personalidades
famosas etc.
Às vezes o mundo inteiro fica a seus pés. E, se tudo isso acontece a
eles, imagine o que pode acontecer conosco! Você já parou para pensar no
que Deus pode fazer conosco se tivermos uma vida de total adoração e
entrega a Ele?
Uma Visão Própria do Avivamento
Moody, em seu sermão "Avivamento", de 1899, disse:
Não tenho medo do entusiasmo de algumas pessoas. Esse momento
tem gerado um grande interesse das pessoas, e todos têm dito: "Isso é
sensacionalismo! Isso é sensacionalismo!" Mas posso dizer que às vezes
sinto como se tivéssemos parado no tempo, na realidade... Não há nada a
temer, como um marinheiro em um nevoeiro denso; ele não teme porque
está preparado, ainda que um verdadeiro temporal esteja por perto! Temos
muitos nevoeiros na igreja, mas vamos sair deles! Utilizaremos pregadores
que saibam enfrentar o nevoeiro, pois com certeza dirão: "Eu não estou
puxando as multidões. Obrigado Senhor; eu não sou sensacionalista!"
Moody também disse:
Não há excitamento ou sensacionalismo no cemitério — pelo menos
não onde ficam os homens mentirosos; no entanto, creio que haver grande
agitação na manhã da ressurreição. Onde existe vida, sempre haverá
movimento.
É claro, não podemos deixar de reconhecer que há excessos,
sensacionalismo e auto-realização em nome da adoração pentecostal. No
entanto, nada disso é tão problemático quanto a indiferença, a frieza e o
ódio Alguns questionam: Por que precisamos ser tão ardentes? Devemos
ser tão espirituais e ao mesmo tempo amar a Jesus Cristo com controle e
contrição. Mas devemos chorar pela cruz de Cristo, regozijarmo-nos
porque sua ressurreição, louvá-lo por sua glória e aguardar ansiosos a sua
volta...
No entanto, quando estamos em um culto ao Senhor, sentimos algo
que ultrapassa os sentidos humanos — a gloriosa presença do Espírito
Santo nos corações e no templo. A única atitude racional que podemos
tomar é a de chorar perante Ele e, de joelhos dobrados, prostrar-nos perante
a sua glória. Comparar tal sensação com mero excitamento é a mesma coisa
que comparar o amor à paixão. Somos fascinados por Jesus, lutamos contra
as potestades por Ele e caminhamos pelos caminhos da sua Palavra porque
sabemos que Ele nos ama. Quando ouvimos Jesus, somos atingidos em
cheio por cada Palavra de sua boca e nos comportamos de forma que só os
que o amam podem entender. Isso é um culto pentecostal!
O povo pentecostal redescobriu o segredo da Igreja Primitiva: o
verdadeiro Cristianismo significa uma experiência plena com Deus. Nas
outras religiões, as pessoas procuram por Deus; no Cristianismo, Deus
procura as pessoas! Tudo é uma grande experiência com Deus: a salvação,
o batismo nas águas, a comunhão, o batismo no Espírito Santo, o falar em
línguas, as curas, a libertação. Deus está sempre conosco, ensinando-nos e
falando a nós. E, quando sua presença é mais poderosa, podemos expressar
nosso louvor com brados de alegria, com louvor livre e pleno e o levantar
das mãos em adoração.
Na igreja do início deste século as pessoas eram tão impressionadas
pela presença de Deus que não podiam ficar paradas diante do Senhor .
Elas eram levadas a criar coisas, como "a marcha de Jericó", a caminhada
em volta da igreja com grande louvor e brados de guerra. Os Pentecostais
tem sido bem-sucedidos e cheios do Espírito a medida que respondem
espontaneamente ao Senhor.
Queremos preveni-lo: quando o novo avivamento chegar trás consigo
grande entusiasmo e incontrolável emoção. Enquanto à água estiver fria,
haverá pouco movimento na panela. Quando começar ferver, irá borbulhar
e fazer barulho! Jovens serão levantados pelo Senhor no altar fervente da
oração, e uma nova geração de líderes e pastores pentecostais se levantará!
O fogo no altar se tornará incontrolável e alcançará todas as pessoas!
Será assim em todas as igrejas? É melhor não tentarmos fazer
previsões precipitadas. Cada igreja tem suas características e um
relacionamento pessoal entre o povo e o pastor. Não queremos determinar
nada, muito menos definir o que Deus irá fazer. O avivamento não está
condicionado às lágrimas que derramamos, mas ao número de almas que
necessitam encontrar Jesus. Crescimento não é sinal de avivamento, mas
sim um grande número de almas se convertendo pelo poder de Jesus Cristo,
recebendo o Espírito Santo.
Tanto rúach, no hebraico, quanto pneuma, no grego, significam
"sopro", "fôlego "vento" do Espírito Santo. Podemos ver um bom exemplo
disso na conversa entre Jesus e Nicodemos: "O vento assopra onde quer, e
ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, para onde vai; assim é todo
aquele que é nascido do Espírito" (Jo 3.8).
O que significa a expressão "dançando com espontaneidade no
Espírito Santo . Significa expressar o louvor a Deus com todo o corpo em
alegria e regozijo. Tal expressão espontânea e nunca sensual. Normalmente
ocorre nos momentos em que a presença de Deus é mais intensa. É sempre
uma expressão de louvor, não tem nenhuma relação com coreografia, que
normalmente são carnais e não têm lugar no corpo de Cristo.
11
Assim Diz o Senhor
David A. Wormack:
Eu e o pastor Thomas E. Trask começamos a falar sobre este livro
logo após a sua eleição a superintendente geral das Assembleias de Deus
nos Estados Unidos. Antes da sua posse, já falávamos sobre este assunto.
Na realidade, Trask sempre foi, é e será um homem firme no propósito de
buscar um grande avivamento do Espírito Santo. Cresci no meio de pessoas
que falavam o tempo todo sobre avivamento. O mais incrível para mim é
que eu jamais poderia imaginar ouvir novamente sobre este assunto de
forma tão clara através do líder de nossa denominação. Lembro-me da
primeira vez que ouvi o pastor Trask falando sobre avivamento. Seus olhos
brilhavam enquanto falava. A Bíblia era a única sustentação da sua fé.
Muitos poderiam achar que se tratava de um novo movimento,
temporário. Mas, com o passar dos meses, o pastor Trask assumiu seu
cargo e iniciou uma forte campanha pelo avivamento. Em nenhum
momento esmoreceu. O culto no templo central das Assembleias de
Deus passou a se iniciar com pontualidade, e todos os obreiros
começaram a responder pelo chamado de Deus. Passou a ser prática
constante a unção com óleo. O avivamento realmente começou... em
Springfield, Missouri!
E, como as nossas conversas passaram a ser constantes, também d
forma constante o pastor Trask abria a Bíblia e lia sempre para mim a
seguinte palavra: "Assim veio a mim a palavra do Senhor, dizendo..." (Jr
1.4). Foi por isso que, em meio às nossas anotações, reservei o espaço para
um capítulo chamado: "Assim diz o Senhor". E pedi a ele que escrevesse
sobre este assunto tão importante. Praticamente tudo o que está registrado
neste livro nasceu de conversas sobre avivamento. No entanto, este capítulo
nasceu no coração de nosso líder. Como se lhe viesse a palavra do Senhor
acerca de um grande avivamento nas Assembleias de Deus! Posso ver o
pastor Trask folheando sua Bíblia até chegar ao livro de Jeremias...
Thomas E. Trask:
Em sua mensagem a Israel, através do profeta Jeremias, Deus sempre
fez questão de mostrar o pecado do povo, identificando-o como um
adultério espiritual. Em Mateus 19.7,8, Jesus pergunta: Então, por que
mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio e repudiá-la? Disse-lhes ele:
Moisés, por causa da dureza do vosso coração, vos permitiu repudiar vossa
mulher; mas, ao princípio, não foi assim". É a dureza do coração que leva
alguém a cometer o adultério espiritual.
Jeremias foi levantado pelo Senhor a fim de dizer a Israel que
voltasse ao seu Deus, e, no capítulo 3 de seu livro, vemos com grande
clareza o objetivo de seu ministério, quando várias vezes diz a Israel:
"Volta". O povo havia deixado o Senhor, mas Deus não abandonara o seu
povo.
A primeira consequência visível do adultério espiritual de Israel foi a
total poluição da terra. Israel passou a viver num estado de total miséria e
tristeza. Exatamente o mesmo retrato do mundo de hoje. Quando perdemos
os nossos valores espirituais e abandonamos o Senhor, caímos em miséria e
deixamos toda a nossa sorte perder-se em destruição. Jeremias 3.2 diz:
"Levanta os olhos aos altos e vê; onde não te prostituíste? Nos caminhos te
assentavas para eles, como o árabe no deserto; assim, manchaste a terra
com as tuas devassidões e com a tu malícia". Esta foi uma das grandes
admoestações divinas através a seus profetas.
Em Jeremias 3.1, Deus diz: "Se um homem despedir sua mulher, e
ela se ausentar dele e se ajuntar a outro homem, porventura, tornará a ela
mais? Não se poluiria de todo aquela terra? Ora, tu te maculaste com
muitos amantes; mas, ainda assim, torna para mim, diz o Senhor". Deus
está falando sobre o adultério espiritual de Israel. O povo deixara o Senhor,
mas Ele insiste: "Torna para mim".
A segunda consequência do adultério espiritual de Israel foi a
interrupção das chuvas. Veja o que diz Jeremias 3.3: "Pelo que foram
retidas as chuvas, e não houve chuva tardia; contudo tens a testa de uma
prostituta e não queres ter vergonha". Que constatação terrível! Não haverá
mais chuva nos lugares onde as pessoas deixarem o Senhor. A alma
começa a secar e então o homem espiritual morre. A sequidão de Israel era
resultado da indiferença, falta de zelo, abandono e total ausência de temor
para com a voz de Deus. Devemos tomar muito cuidado com as nossas
igrejas de hoje. Corremos o sério risco de secar totalmente devido à
cessação das chuvas. Deus não nos abençoará enquanto estivermos
contaminados e impuros ou enquanto não houver santidade e justiça.
Somente um povo santo pode contemplar ao Senhor e viver constantemente
diante de sua santidade.
A terceira consequência do adultério espiritual de Israel foi a terrível
obstinação de seus corações. Podemos ver isso no versículo 3: "E não
queres ter vergonha". A teimosia é uma iniquidade terrível; ela é
comparada à idolatria (1 Sm 15.23). Alguns dizem: "Sigo o meu próprio
caminho. A vida é minha, faço como quiser!" Precisamos deixar esse
caminho; é um limite muito perigoso! Se entregamos as nossas vidas a
Jesus, casamos com Ele. Fomos comprados por alto preço e pertencemos a
Jesus!
A quarta consequência do adultério espiritual de Israel foi a terrível
constatação do versículo 3: "E não queres ter vergonha". As pessoas do
mundo hoje vivem uma vida sem restrições ou limites, pecando aberta e
conscientemente. O pecado cheira mal; o cheiro ruim já chegou nas narinas
de Deus! Ele não irá tolerar este tipo de coisa! E a igreja precisa estar
atenta ela não pode se deixar levar pelo pecado. A igreja não Pode
participar do que é errado; ela precisa estar separada! O povo de Deus
precisa manter-se puro, precisa ser diferente. Quantas vezes temos
colocado músicas mundanas na igreja? Quantas vezes temos permitido
danças mundanas na igreja? Temos contaminado o nosso povo. Deus não
está satisfeito com nosso procedimento.
Israel estava se afundando em seus próprios pecados, e Deus
providenciou um meio de chamar o seu povo ao arrependimento usando o
profeta Jeremias para dizer: "Ao menos desde agora não me invocarás,
dizendo: Pai meu, tu és o guia da minha mocidade?" (Jr 3.4) Deus estava
preocupado, e queria mostrar que Israel necessitava de seus cuidados como
Guia e Pai. Veja ainda o que diz a Bíblia: "Tendo aparência de piedade,
mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te" (2 Tm 3-5). As pessoas têm
se desviado dos propósitos iniciais de Deus e ainda criticam os puros que
andam perante o Senhor.
Em Jeremias 3.6, Deus pergunta ao profeta: "Viste, porventura, o que
fez a rebelde Israel? Ela foi-se a todo monte alto e debaixo de toda árvore
verde e ali andou prostituindo-se". O povo de Israel estava dando mais
importância à criatura que ao Criador, oferecendo sacrifícios a ídolos e
desviando-se da verdade. Eles rejeitaram a Deus e ao seu amor.
No versículo 7, lamenta o coração de Deus: "Depois que fez tudo
isto..." Deus, em seu amor, misericórdia, longanimidade, bondade e paz,
chama a sua Igreja hoje, como fez a Israel: "Volta para mim..."
Tragicamente, o texto continua: "... mas não voltou".
No entanto, veja o que Deus diz nos versículos 10-12: "E, contudo,
nem por tudo isso voltou para mim a sua aleivosa irmã Judá com sincero
coração, mas falsamente, diz o Senhor. E o Senhor me disse: Já a rebelde
Israel justificou mais a sua alma do que a aleivosa Judá. Vai, pois, e
apregoa estas palavras para a banda do Norte, e dize: Volta, o rebelde
Israel, diz o Senhor, e não farei cair a minha ira sobre vos; porque benigno
sou, diz o Senhor, e não conservarei para sempre a minha ira". Que
promessa maravilhosa! Apesar de nossas falhas, da fraqueza, frieza,
arrogância e esquecimento, Deus não se esquece de nós!
Este livro é uma verdadeira súplica à igreja de nossos dias. Precisa
mos retornar a Deus com todo o nosso coração e todo o nosso
entendimento! Jeremias 3.8 diz: "E, quando pôr causa de tudo isso, por ter
cometido adultério, a rebelde Israel despedi e lhe dei o seu libelo de
divórcio, vi que a aleivosa Judá, sua irmã, não temeu; mas foi-se e também
ela mesma se prostituiu". Quando os pecados do mundo começam a invadir
a igreja, passamos a viver sob efeitos muito negativos Não podemos viver
sob nossa própria vontade. O pecado atinge a todos: crianças, pais e toda a
igreja. Deus nos tem chamado para que reconheçamos a atuação vital do
Espírito Santo. Ele não admitirá adultério espiritual. O Senhor quer que
voltemos para Ele.
Os Processos de Deus
Depois de identificar os erros e convocar Israel ao arrependimento, o
Senhor começou a falar sobre uma série de processos pelos quais a nação
deveria passar. Antes, porém, fez-lhe tremendas promessas.
Em Jeremias 3.12, Deus diz-. "Vai, pois, e apregoa estas palavras
para a banda do Norte, e dize: Volta, ó rebelde Israel, diz o Senhor, e não
farei cair a minha ira sobre vós-, porque benigno sou, diz o Senhor, e não
conservarei para sempre a minha ira". A primeira promessa de Deus era
retirar a sua ira, caso o povo retornasse para Ele. Hebreus 10.31 revela:
"Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo". Seria isso uma
incoerência? De forma alguma! Temos de reconhecer que Deus é, ao
mesmo tempo, misericordioso e justo. Precisamos decidir: ou fica¬mos na
igreja, ou ficamos no mundo. Pecado é pecado! E todo pecado levará o
homem à morte!
A segunda promessa está no versículo 14: "Convertei-vos, ó filhos
rebeldes, diz o Senhor; porque eu vos desposarei e vos tomarei... e vos
levarei a Sião". Se retornarmos para o Senhor, sua ira será removida e
seremos levados para Sião. E o que é Sião? Sião é um lugar de vitória,
celebração, beleza e glória!
A terceira promessa de Deus está no versículo 15; "E vos darei
pastores segundo o meu coração, que vos apascentem com ciência e com
inteligência". Precisamos ter, nas Assembleias de Deus, pastores segundo o
coração de Deus! Homens que em seus corações pensem como Ele, ouçam
a sua voz e vivam para o povo dEle. Precisamos de Pastores cheios do
conhecimento divino! Precisamos de pastores que ministrem a Palavra de
Deus!
A quarta promessa encontra-se no versículo 18: "Naqueles dia andará
a casa de Judá com a casa de Israel; e virão, juntas, da terra drí Norte, para
a terra que dei em herança a vossos pais". Eles deveriam caminhar juntos!
A Bíblia pergunta: "Andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?"
(Am 3.3). E em Jeremias 3.14 lemos: "Eu vos desposarei..." Mesmo se
cometermos adultério espiritual, não é intenção de Deus divorciar-se! Ele
nos salvou e comprou com o sangue de Jesus Cristo, por isso tem o direito
de manter-nos consigo: "Ora, aquele que é poderoso para vos guardar de
tropeçar e apresentar-vos irrepreensíveis com alegria, perante a sua glória,
ao único Deus, Salvador nosso, por Jesus Cristo, nosso Senhor, seja glória
e majestade, domínio e poder antes de todos os séculos, agora e para todo o
sempre. Amém" (Jd 24,25). A promessa de Deus está direcionada a toda a
Igreja, basta que atuemos com unidade: "Também vos digo que, se dois de
vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes
será feito por meu Pai, que está nos céus" (Mt 18.19)
Ainda há uma outra promessa, em Jeremias 3.18. Deus promete levar
Israel "para a terra que dei em herança a vossos pais". Deus tem uma
herança para o seu povo, a Igreja. Entretanto, estamos vivendo longe de
seus propósitos e promessas! Deus não falha! Nossas atitudes, como o
adultério, a indiferença e a frieza, nos têm afastado do coração de Deus. Se
retornarmos para o Senhor, Ele nos dará o que prometeu!
Mas ainda existe outra promessa: "Voltai, ó filhos rebeldes, eu
curarei as vossas rebeliões". Nesse momento, Jeremias não se contém e
exclama: "Eis-nos aqui, vimos a ti; porque tu és o Senhor, nosso Deus" (Jr
3.22). O nosso Deus é um Deus de juízo, mas é também e acima de tudo
misericordioso. Podemos contar com o próprio Deus para retornar a Ele. Se
Jeremias clamasse hoje, seguiríamos a sua voz?
Na verdade, estamos na mesma condição do povo de Israel — temos
pecado, adorando a outros deuses e nos afastando do Pai. E o mais
lamentável é que há pessoas dizendo que os melhores dias de nossa igreja
se foram! Ora, isso não vem ao caso; Deus é Deus de restauração! Ele e
poderoso para nos conduzir ao nosso lugar original! Em Jeremias 3.12
lemos: "Vai, pois, e apregoa estas palavras para a banda do Norte, e dize
Volta, ó rebelde Israel, diz o Senhor, e não farei cair a minha ira sobre vos,
porque benigno sou, diz o Senhor, e não conservarei para sempre a minha
ira e também em Lamentações 3-22,23: "As misericórdias do Senhor... não
têm fim- Novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade".
Em Jeremias 3-14, Deus diz: "Eu vos desposarei". E no versículo 22:
"Voltai, ó filhos rebeldes, eu curarei as vossas rebeliões". Vejamos ainda
Jeremias 4.2: "Vive o Senhor, na verdade, no juízo e na justiça; e nele se
bendirão as nações e nele se gloriarão". O diabo fará de tudo para nos
convencer do contrário. Mas não devemos ouvi-lo, porque o inimigo veio
para destruir. Precisamos ouvir a voz de Deus e inclinar nossos corações às
suas verdades! Jeremias 17.10 diz: "Eu, o Senhor, esquadrinho o coração,
eu provo os pensamentos".
O Processo de Humilhação
O primeiro passo para a restauração é a cura do nosso orgulho,
através do processo de humilhação. Jeremias 13.15 diz: "Escutai, e inclinai
os ouvidos; não vos ensoberbeçais; porque o Senhor falou". E Deus
promete, em 2 Crónicas 7.14: "E se o meu povo, que se chama pelo meu
nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se converter dos seus
maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e
sararei a sua terra". Se aceitarmos suas condições, as promessas de Deus
estarão ao nosso dispor. A igreja não pode fazer nenhum movimento em
direção a Deus sem que Ele primeiro venha em direção a ela! O Senhor
deseja restabelecer seu relacionamento conosco!
Tiago 4.6 e 1 Pedro 5-5 nos mostram que Deus resiste aos soberbos,
mas dá graça aos humildes. Em Provérbios 28.13, lemos: "O que encobre
as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa
alcançará misericórdia". E 1 João 1.9 diz: "Se confessarmos os nossos
pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de
toda injustiça". O primeiro passo para restauração é o reconhecimento do
pecado. Precisamos admitir que deixamos o primeiro amor, falhando
perante o Senhor.
O Processo de Confissão
O segundo passo para a restauração é a confissão dos nossos
pecados. A confissão é o início de um processo de limpeza, pois o pecado
representa a total rebelião contra Deus e sua vontade. Mesmo que um dia
tenhamos sido sensíveis a Deus, se pecamos nos é preciso abrir os corações
e ouvir a sua voz.
Quando o filho pródigo retornou a casa, disse ao seu pai' "pai pequei,
pequei contra o céu e perante ti" (Lc 15.18). Essa também deveria será
nossa postura hoje! Tiago 5.16 diz: "Confessai as vossas culpas uns aos
outros e orai uns pelos outros, para que sareis; a oração feita por um justo
pode muito em seus efeitos". Para que haja a restauração, precisamos
confessar nossas falhas, pecados e transgressões! Jeremias 6. 26 assim
expõe: "O filha do meu povo, cingi-te de cilício e revolve-te na cinza;
pranteia como por um filho único, pranto de amarguras; porque presto virá
o destruidor sobre nós". Precisamos nos humilhar, reconhecer que pecamos
e pedir o socorro do nosso Deus!
Em Josué 7.20, Acã confessa: "Verdadeiramente pequei contra o
Senhor, Deus de Israel, e fiz assim e assim". Em 1 Samuel 15.24, Saul
admite a sua culpa: "Pequei, porquanto tenho traspassado o dito do
Senhor". Sem confissão não há como Deus estabelecer justiça no meio do
seu povo. Em 2 Samuel 12.13, Davi confessa ao profeta Nata: "Pequei
contra o Senhor". E, em Marcos 1.5, vemos que todos precisam confessar
suas falhas: "E toda a província da Judeia e todos os habitantes de
Jerusalém iam ter com ele; e todos eram batizados por ele no rio Jordão,
confessando os seus pecados". A confissão é o início do processo de
limpeza do coração e da alma.
Em Jeremias 15.5,6, Deus diz: "Porque quem se compadeceria de ti,
ó Jerusalém? Ou quem se entristeceria por ti? Ou quem se desviaria a
perguntar pela tua paz? Tu me deixaste, diz o Senhor, voltaste para trás; por
isso, estenderei a minha mão contra ti e te destruirei; estou cansado de me
arrepender".
A confissão acaba com a cegueira que vimos acima, levando ao
reconhecimento dos pecados. Há pessoas que só confessam seus pecados
depois de totalmente presas por seus delitos. Mas devemos confessar por
convicção do Espírito Santo. É o Espírito que atua nos convecendo, como
diz a Palavra: "E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da
justiça, e do juízo" (Jo 16.8). A confissão é um resultado do normal após o
toque de Deus no coração. É uma experiência maravilhosa: o coração, a
alma e a mente ficam limpos.
O arrependimento é uma verdadeira declaração de rejeição ao
pecado. O verdadeiro arrependimento implica em renúncia aos pecados
Deus disse ao seu povo: "Tu me deixaste, diz o Senhor, voltaste para trás;
por isso, estenderei a minha mão contra ti e te destruirei; estou cansado de
me arrepender". Por que Deus fez esta declaração? Porque Israel estava se
arrependendo sem deixar os seus pecados! Israel só se arrependia quando
precisava de Deus; depois retornava aos seus pecados. Não é esse o
verdadeiro arrependimento!
Paulo escreve em 2 Coríntios 7.10: "Porque a tristeza segundo Deus
opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas
a tristeza do mundo opera a morte". Essa é a tristeza que leva à salvação e à
purificação! É o que Deus espera de nossas vidas! Jesus disse a um homem
a quem havia curado.- "Eis que já estás são; não peques mais, para que te
não suceda alguma coisa pior". O mestre também falou à mulher adúltera:
"Vai-te e não peques mais" (Jo 8.11). Deus quer arrependimento que mude
para sempre a nossa má conduta.
A Bíblia ensina: "Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura
é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo" (2 Co 5.17).
Quando encontramos Jesus Cristo, há uma mudança radical!
Precisamos entender: se não nos arrependemos de nossos pecados,
corremos o risco de sofrermos graves consequências. Provérbios 29.1 diz:
"O homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz será
quebrantado de repente sem que haja cura". Deus disse a Israel: "Estou
cansado..." Deus estava indignado porque Israel não mudara de verdade! O
arrependimento havia se tornado um ritual religioso. Isso é muito perigoso,
porque a confissão não tem valor algum se não houver arrependimento!
Paulo escreve, em Gálatas 2.21: "Não aniquilo a graça de Deus; porque, se
a justiça provém da lei, segue-se que Cristo morreu debalde". Ou seja, se
fomos libertados de nossos pecados, não podemos mais nos submeter a
eles. Quando Pedro negou a Jesus chorou amargamente" (Lc 22.62). Esse é
o sentimento que deve nos tocar todas as vezes que negarmos a Jesus em
função dos nossos pecados. O fato é que, uma vez em Cristo, não podemos
mais voltar à prática do pecado. Esse é o verdadeiro arrependimento.
Pedro chorou largamente, uma atitude bem diferente da de Judas, que não
abandonou os seus pecados. E a consequência da falta de arrependimento
foi a morte (Mt 27.3-5).
O Processo de Restauração
Todo processo de restauração é marcado por submissão, rendição e
obediência. Não nos esqueçamos disto. Observemos a mensagem do
profeta Jeremias.
Em Jeremias 18.3,4, o profeta utiliza seis palavras muito importantes
durante a narração da visão do vaso e do oleiro: "ele", "obra" "rodas",
"vaso", "quebrou" e "bem". "Ele", é Deus, aquEle que está ocupado
trabalhando, nos modelando,, fazendo conosco conforme parece bem aos
seus olhos, exatamente como o barro nas mãos do oleiro. Deus tem planos
para as nossas vidas, e, para colocá-los em execução, é preciso estarmos em
total submissão à sua vontade Se permitirmos que Deus trabalhe, Ele
poderá fazer o barro informe transformar-se em um lindo vaso. Podemos
confiar em suas mãos; Deus é o Mestre dos oleiros! O apóstolo Paulo
testemunha essa impressionante capacidade de Deus em Filipenses 2.13:
"Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo
a sua boa vontade".
A segunda palavra é "obra". Devemos conscientizar-nos de que com
Deus não há certezas. Não há como programar a atuação de Deus! Ele.é
surpreendente. Tratando-se de vidas, está sempre pronto a investir tempo,
amor, energia, paciência, poder e quaisquer outros recursos, como Ele
mesmo diz, em Gênesis 1.26: "Façamos o homem à nossa imagem,
conforme a nossa semelhança". Depois, Deus descansou no sétimo dia (Gn
2.2), mas o Espírito Santo continua o trabalho que um dia Deus iniciou.
Suas mãos estão sobre nós, trabalhando em nossas vidas, através de nós e
sobre a sua Igreja. Acompanhar o seu povo e o seu prazer. Ele é um grande
projetista e sabe exatamente como transformar barro em belos vasos.
A terceira palavra é "rodas". Elas representam o constante aprender
pelo qual passamos, todas as intervenções divinas que produzem
edificação. Veja o que diz Filipenses 1.12: "E quero, irmãos, que saibais
que as coisas que me aconteceram contribuíram para maior proveito
evangelho". Mas lembre-se: as "rodas" da vida — nossas experiências —
podem nos edificar ou destruir! "E sabemos que todas as coisas contribuem
juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são
chamados por seu decreto" (Rm 8.28). Nossas experiências devem
contribuir para o crescimento do Reino de Deus.
A quarta palavra é "vaso", ou seja, uma peça para armazenamento.
Deus está fabricando vasos de honra! Costumamos cantar uma canção que
diz: "Quero ser um vaso de honra em tuas mãos". Deus tem colocado
muitas coisas de valor em seus vasos. Deus nos comprou, não com prata ou
com ouro, mas com o precioso sangue de Jesus! Por isso o vaso foi feito
para ser bom. Porque ele é caro, muito caro! E Deus não usa vasos velhos;
Ele utiliza apenas os novos, vasos que estejam em perfeito estado e sejam
fortes o suficiente para guardar todos os utensílios de Deus! E esse é o
trabalho do Espírito Santo: fazer de nossas vidas vasos de honra, colocando
dentro deles a gloriosa presença de Jesus Cristo! Somos verdadeiras obras
de arte. Estamos em exposição para que o mundo veja nossa beleza e nosso
valor em Jesus. Não se coloca um quadro de Rembrandt (que costuma valer
mais de seis milhões de dólares) no quartinho das ferramentas! Seria um
absurdo! Obras de arte devem ficar expostas em museus e galerias de arte
para que todos possam admirá-las. Bem, Deus está construindo um grande
vaso para colocar todas os seus tesouros, mas, por enquanto, "temos... esse
tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e
não de nós" (2 Co 4.7).
A quinta palavra é "quebrou", que representa a nossa tola insistência
em voltar aos velhos erros. Há uma soberania em Deus que não
entendemos. Todos podemos viver uma vida totalmente livre. No entanto,
não podemos esquecer que o pecado estraga o vaso. E o pior e que Deus
está sempre lidando com vasos quebrados, não desiste, Pois é muito
paciente.
De acordo com Jeremias 18, esse é o propósito das circunstâncias na
vida; moldar-nos com um verdadeiro vaso nas mãos do oleiro! Mas, em
Jeremias 19.11, lemos que Deus quebrará o vaso que não der frutos para o
seu Reino! No entanto, podemos ser quebrados também para restauração,
como diz a Escritura: "Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado;
a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus" (SI 51.17)
A sexta e última palavra é "bem". Os propósitos divinos estão
firmados sob um único aspecto: Deus quer o nosso bem, não lhe
interessando produzir peças ruins! Ele quer o nosso bem, e tem todas as
condições para quebrar-nos quando achar que a nossa forma se estragou.
Precisamos dar ao Senhor a chance de atuar em nossas vidas com total
liberdade, a fim de produzir excelentes vasos individuais e também uma
igreja sadia.
O Processo de Renovação
Analisemos bem este processo. O avivamento começa dentro do
coração e afeta toda a nossa vida, resultando em uma vida de vitórias e
alegrias em Deus, na qual as pessoas gozam das promessas do Pai
integralmente. A Igreja de Jesus Cristo começou a viver pela força que
adquiriu nas alianças e promessas de Deus, e agora nós somos os
privilegiados! Deus fez uma aliança com Israel: este seria o seu povo, e
Ele, o Deus da nação. Deus tem cumprido suas alianças!
Em Hebreus 8.6, aprendemos que Jesus estabeleceu uma aliança
superior, entre Deus e a sua Igreja. Precisamos apenas conhecer o coração
de Deus e todas as suas promessas! Salmos 103-17,18, diz: "Mas a
misericórdia do Senhor é de eternidade a eternidade sobre aqueles que o
temem, e a sua justiça sobre os filhos dos filhos, sobre aqueles que
guardam o seu concerto e sobre os que se lembram dos seus mandamentos
para os cumprirem". No mesmo salmo lemos: "Misericordioso e piedoso é
o Senhor; longânimo e grande em benignidade. Não repreenderá
perpetuamente, nem para sempre conservará a sua ira. Não nos tratou
segundo os nossos pecados, nem nos retribuiu segundo as nossas
iniquidades" (vv. 8-10).
Deus não atua contra a sua Igreja, mas deseja que ela viva sob sua
proteção e suas bênçãos. Ele quer restaurar a alegria da salvação na igreja e
ouvir as suas orações. Em Jeremias 29.12, Ele diz: "Então me invocareis, e
ireis, e orareis a mim, e eu vos ouvirei". Isto significa que, se obedecermos
ao Senhor, ele responderá as nossas orações. Em Mateus 7.11, Jesus
afirma: "Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos,
quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem?"
Isto é oração! Isto é petição!
Deus quer manter todas as alianças que estabeleceu com sua Igreja.
Ele quer abençoá-la e fazê-la prosperar, restituindo-lhe tudo o que o diabo
tomou com o pecado, como declara em Joel 2.25: "E restituir-vos-ei os
anos que foram consumidos pelo gafanhoto, e a locusta, e o pulgão, e a
oruga". Ele é Deus de restauração e deseja cumprir suas promessas.
Jeremias 29.13 estabelece: "E buscar-me-eis e me achareis quando
me buscardes de todo o vosso coração". Deus será achado por todos os que
o buscarem. Tiago 4.8 revela: "Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós.
Limpai as mãos, pecadores-, e, vós de duplo ânimo, purificai o coração".
Deve ser nossa a iniciativa de nos aproximarmos de Deus! E, repetimos,
Ele será achado por todos os que o buscarem! Essa é uma promessa
maravilhosa! Deus é acessível e disponível, como afirma Jeremias 29.14:
"E serei achado de vós, diz o Senhor, e farei voltar os vossos cativos, e
congregar-vos-ei de todas as nações e de todos os lugares para onde vos
lancei, diz o Senhor, e tornarei a trazer-vos ao lugar de onde vos
transportei". O inimigo tem feito muitos males ao homem, mas através da
Igreja Deus há de restaurar todas as coisas!
Em Jeremias 30, o Senhor dá-nos uma última promessa sobre o
processo de restauração e a obra do Espírito Santo em nossas vidas. No
versículo 17, está escrito: "Porque restaurarei a tua saúde e sararei as tuas
chagas, diz o Senhor". Precisamos que os rios de Deus jorrem pela igreja
hoje. As pessoas precisam ser curadas, porque a cura faz parte da aliança
divina. Em Êxodo 15.26, Deus diz: "Eu sou o Senhor, que te sara". Este é
um atributo de Deus e por isso deve ser uma realidade nas nossas vidas.
Ainda em Jeremias 30, o Senhor faz uma série de promessas. O
versículo 19 diz: "E sairá deles o louvor e a voz de júbilo; e multiplicá-los-
ei, e não serão diminuídos; e glorificá-los-ei, e não serão humilhados".
Deus quer que haja louvor e ação de graças, ao invés de murmuração e
queixas. Instrui-nos ainda a Palavra: "E vós, com alegria, tirareis águas das
fontes da salvação" (Is 12.3). Ao invés de escassez, Deus promete
multiplicação, assim como Jesus multiplicou os pães e os peixes. A igreja
precisa ser grande no Espírito, em número e nas coisas de Deus. Não faz
parte dos planos de Deus uma igreja derrotada e infeliz. Seus planos são
para um a igreja vitoriosa.
Em Jeremias 30.20, Deus diz: "E seus filhos serão como na
antiguidade, e a sua congregação será confirmada perante o meu rosto; e
punirei todos os seus opressores". Esse é o plano de Deus para as nossas
vidas!
E, em Jeremias 17.7,8, o Senhor declara: "Bendito o varão que confia
no Senhor, e cuja esperança é o Senhor. Porque será como a árvore
plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro e não
receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e, no ano de
sequidão, não se afadiga nem deixa de dar fruto". Somos o povo da aliança
de Deus! O avivamento espiritual irá renovar as nossas vidas!
O Processo de Edificação
O Senhor falou sobre uma série de processos pelos quais Israel
deveria passar: era preciso que se humilhasse perante o Senhor e
confessasse os pecados. E assim, iniciariam os processos de restauração e
de avivamento.
E, havendo restauração e avivamento, alguns ingredientes, que se
revelam nesta aliança que descobrimos em Jeremias 31, passam a ser
adicionados.
Quando Jesus disse que edificaria a sua Igreja e que as portas do
inferno não prevaleceriam contra ela (Mt 16.18), não fez esta promessa por
acaso, mas apenas confirmou a Palavra. Em Jeremias 31.4, o Senhor
afirma: "Ainda te edificarei, e serás edificada, ó virgem de Israel! Ainda
serás adornada com os teus adufes e sairás com o coro dos que dançam". O
Senhor, agora, edificaria o seu povo. O diabo veio com toda a força para
demolir o edifício em construção, que era a Igreja, no entanto o Senhor
declarou: "As portas do inferno não prevalecerão contra ela".
Deus disse que iria adornar a sua noiva, a Igreja, com o seu Espírito
Santo e com vestes de justiça. É assim que Deus edifica sua Igreja: com sua
paz, sua santidade, seu caráter, sua forma, sua beleza e sua fragrância. O
Senhor declara: "Ainda plantarás vinhas nos montes de Samaria; os
plantadores plantarão e comerão dos frutos" (Jr 31.5). Em Jeremias 31.20,
Deus fala a respeito de Israel: "Ainda me lembro dele solicitamente".1 O
coração de Deus está inteiramente voltado à sua Igreja.
Jeremias 31.6 diz: "Porque haverá um dia em que gritarão os vigias
sobre o nome de Efraim: Levantai-vos, e subamos a Sião, ao Senhor, nosso
Deus". Já ouvimos hoje este clamor dos corações dos vigias que se
levantam e caminham em direção a Sião. Deus está conduzindo seu povo a
uma posição de firmeza! Invoquemos ao Senhor! Busquemos ao Senhor! E,
seja qual for o lugar onde se ouvir esse clamor, haverá um grande mover do
Espírito Santo, que diz a todos nós: "Voltemos à casa do Senhor!"
Demonstrando sua grande preocupação com os processos de
restauração, avivamento e renovação, a Palavra em Jeremias 31.9 diz:
"Virão com choro, e com súplicas os levarei; guiá-los-ei aos ribeiros de
águas, por caminho direito, em que não tropeçarão". Que promessa
maravilhosa! Por esse caminho direito, vejo a divina fonte de rios de águas
que vêm do Senhor. Ele nos conduz por caminhos de vida, como diz o
salmista Davi: "Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não
temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me
consolam" (SI 23.4). O Senhor nos guia e conduz, em qualquer lugar.
Deus declara: "Sou um pai para Israel, e Efraim [outro nome dado a
Israel] é o meu primogênito" (Jr 31.9). Deus é o nosso pai, aquele que nos
assiste: "Se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos,
quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?"
(Lc 11.13).
Escreve o profeta Jeremias: "Ouvi a palavra do Senhor, ó nações, e
anunciai-a nas ilhas de longe, e dizei: Aquele que espalhou a Israel o
congregará e o guardará, como o pastor, ao seu rebanho" (Jr 31.10). Deus
está totalmente voltado para a sua Igreja. Ele está sempre cuidando das
ovelhas do seu rebanho. Ele disse que as congregaria, guardaria e cuidaria
delas.
E esse é o trabalho do Espírito Santo! Deus promete, em Jeremias
31.14: "E saciarei a alma dos sacerdotes de gordura, e o meu povo se
fartará dos meus bens, diz o Senhor". Oh, isto é maravilhoso, um grande
motivo de regozijo no Senhor. "Hão de vir, e exultarão na altura de Sião, e
correrão aos bens do Senhor: o trigo, e o mosto, e o azeite, e os cordeiros, e
os bezerros, e a sua alma será como um jardim regado, e nunca mais
andarão tristes" (v. 12). Esse é o tremendo suprimento que temos recebido
do Senhor através da gloriosa presença e comunhão do Espírito Santo em
nossos corações.
E, como resultado da restauração que o avivamento produz, diz o
versículo 16: "Assim diz o Senhor: Reprime a voz do choro, e as lágrimas
de teus olhos, porque há galardão para o teu trabalho, diz o Senhor; pois
eles voltarão da terra do inimigo". O Senhor tem prometido recompensa ao
nosso trabalho. E isto produz esperança, ao invés de desânimo; fé, ao invés
de falta de coragem e descrença. "E há esperança, no derradeiro fim, para
os teus descendentes, diz o Senhor (v. 17). Há dias em que tudo parece
pronto a desmoronar, mas ainda há esperança.
Jeremias declara, no versículo 19: "Na verdade que, depois que me
converti, tive arrependimento; e, depois que me conheci [tive instrução]..."
É exatamente o que acontece na igreja: somos instruídos através da voz do
Espírito Santo: "E os teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás
de ti, dizendo: Este é o caminho; andai nele, sem vos desviardes nem para a
direita nem para a esquerda" (Is 30.21).
E diz Deus, em Jeremias 31.22: "Até quando andarás errante, ó filha
rebelde? Porque o Senhor criou uma coisa nova na terra..." Este é o
trabalho do Espírito Santo. Há um novo vento soprando, o vento do
Espírito Santo de Deus! "Porque satisfiz a alma cansada, e toda a alma
entristecida saciei". Esta é mais uma das promessas de Deus para as nossas
vidas.
No capítulo 32, encontramos preso o profeta Jeremias, quando a
Palavra de Deus veio ao seu coração. E por todo o livro de Jeremias vemos
expressões tais como: "E veio a Palavra do Senhor a Jeremias"; "Assim diz
o Senhor". Tinha de ser a Palavra do Senhor. E hoje Ele está nos falando da
mesma maneira através da sua Palavra. Estejam os nossos ouvidos atentos
à voz do Senhor.
O tio de Jeremias, Hananel, foi ao profeta e ofereceu-lhe uma
possessão da família, um campo em Anatote: "Compra para ti a minha
herdade que está em Anatote, pois tens o direito de resgate para comprá-la"
(v. 7). Temos o direito de resgate! Deus nos deu o direito de reivindicar
suas promessas e andar sob seu cuidado e provisão. Isso não é presunção. É
um direito concedido por Deus à Igreja.
E, quando Deus começar a realizar todas as suas promessas, veremos
o quanto Ele é bom para nós. Se vivemos longe de nossos privilégios e
direitos, é porque falhamos em viver a Palavra e reivindicar a provisão que
o Senhor nos tem prometido. O Senhor passará sobre a Terra e fará com
que a Igreja experimente uma vez mais as suas bênçãos.
O Último Processo
Achamos nossa habitação espiritual em Jeremias 32.17: "Ah! Senhor
Jeová! Eis que tu fizeste os céus e a terra com o teu grande poder e com o
teu braço estendido! Não te é maravilhosa demais coisa alguma".
Esse é o lugar em que a igreja deve viver. Nada é demasiado difícil
ao Deus que ela serve! O versículo 27 diz: "Eis que eu sou o Senhor, o
Deus de toda a carne. Acaso, seria qualquer coisa maravilhosa demais para
mim?"
E podemos ouvir de novo: "Eu sou o Senhor!" Deus colocou o seu
nome, e sobre ele todas as suas promessas. Veja o que promete no versículo
37: "Eu os congregarei de todas as terras..." No versículo 38: "E eles serão
o meu povo, e eu serei o seu Deus". No versículo 39: "E lhes darei um
mesmo coração, e um mesmo caminho, para que me temam todos os dias,
para seu bem e bem de seus filhos, depois deles". No versículo 40: "E farei
com eles um concerto eterno, que não se desviará deles, para lhes fazer
bem; e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de
mim". Finalmente, no versículo 41: "E alegrar-me-ei por causa deles,
fazendo-lhes o bem".
Oh, que tremenda promessa o Senhor tem dado à sua Igreja hoje!
Creiamos, pois, no seu avivamento e restauração. Creiamos no grande
avivamento dos últimos dias, que o Espírito Santo está derramando sobre
as Assembleias de Deus. Veja-o pela fé. Quero que olhe para o Senhor e
confie. Ele é o Deus onipotente, que reina para sempre. Louvado seja o
nome do Senhor!
O livro de Jeremias, que começa comparando Israel a uma mulher,
não mantém esta mesma linha todo o tempo. Alguns estudos mostram que
o nome de Israel, dado às tribos do Norte, foi muitas vezes considerado
feminino, e o nome Efraim, masculino. O texto de Jeremias 31 trabalha
com essas duas imagens.
12
Onde Começa
O Avivamento
A história de Sansão tem um impacto profundo nas pessoas que
desejam um avivamento do Espírito Santo. É como se estivéssemos
olhando por um espelho e vendo as nossas próprias falhas.
De início, vemos Sansão como a esperança da nação de Israel. Ele
representa um verdadeiro avivamento do Espírito Santo, sacudindo o povo
através do ser humano. Sim, Sansão foi um homem separado para Deus,
carregava sobre si a marca dEle, representada através de atitudes que
produziam santidade. Ele vivia em santidade porque tinha um
relacionamento com Deus.
Mas Sansão sofria de uma terrível doença, uma verdadeira moléstia
que assola o homem através de todas as gerações: não conseguia manter os
olhos afastados do mundo! Ele tinha plena convicção de que tudo o que
fazia era resultado da obra de Deus em sua vida. No entanto, falhou de
maneira terrível quando se deixou envolver por Dalila. Ele falhou em olhar
ao seu redor, entregou seu ministério, teve seus cabelos cortados por Dalila
e todo o seu poder foi reduzido à escravidão.
E importante observar: quando este fato terrível ocorreu, Sansão já
não falava mais em Deus! Pois entre Juízes 13.24 e 16.20, Sansão dizia
apenas "eu", "meu", "a mim"; isto ocorreu 37 vezes. No início de sua vida
"o menino cresceu, e o Senhor o abençoou" (Jz 13.24), mas na época em
que estava encantado por Dalila, "ele não sabia que já o Senhor se tinha
retirado dele" (Jz 16.20). Sansão confiava em seus sinais exteriores de
santidade, brincando com a imoralidade e a tentação, como se nada pudesse
derrubá-lo. Ele se colocou publicamente contra todo mundo, contando que
sua vida com Deus duraria para sempre, enquanto olhava para as filhas dos
filisteus (Jz 14.1) e coabitava com prostitutas (Jz 16.1). Até que,
finalmente, se afeiçoou a Dalila (Jz 16.4).
Satisfação própria e abnegação se opõem, uma anula a outra. Não
podemos atuar no nome do Senhor e ao mesmo tempo estar na companhia
de Dalila. O mundo não pode nos obrigar ao pecado, mas tenta nos tornar
ineficientes atingindo nossas vidas em áreas mais fragilizadas.
Sansão estava satisfeito consigo mesmo e obtendo prazer com Dalila
no momento exato em que o seu poder havia acabado. A Bíblia diz que "ele
não sabia que já o Senhor se tinha retirado dele" (Jz 16.20). Ele só
lembrou-se de Deus quando estava em apuros, então "clamou ao Senhor
Deus e disse: Senhor Jeová, peço-te que te lembres de mim e esforça-me
agora, só esta vez, ó Deus" (Jz 16.28). Mas sua motivação não estava
baseada no desejo de cumprir a vontade Deus. O que ele queria era vingar-
se dos filisteus: "Só esta vez, ó Deus, para que de uma vez me vingue dos
filisteus, pelos meus dois olhos" (Jz 16.28). Sim, Deus o ouviu e lhe deu
mais uma vitória. Mas como teria sido melhor se Sansão nunca houvesse
pecado, se tivesse posto os seus- olhos em Deus, ao invés de ficar olhando
para Dalila! Jamais teria perdido a visão. A perda da visão é um dos
trágicos resultados para quem esquece de Deus e olha para o mundo!
E aqui estamos nós, no final do século XX, à beira do novo milênio,
nossa visão escurecendo e nossa força minguando. Conhecemos a
santidade e o poder de Deus, mas estamos com as nossas portas abertas
para o mundo. E mais uma vez estamos clamando: "Senhor, abençoa-nos
mais uma vez". Se Deus nos ouvir e nos conduzir através de um novo
avivamento, precisaremos ter vida moral e santidade elevadas. E,
principalmente, precisamos parar de olhar para o mundo e de tentar
satisfazer o nosso ego e a nossa carne!
Para o que Estamos Olhando?
Seria um grande erro se resolvêssemos determinar o que Deus
deveria fazer. 0 avivamento deve ser uma demonstração da total soberania
de Deus sobre nosso dinheiro, talentos e poder. Somos muito técnicos, e
nos consideramos bons naquilo que fazemos. Podemos olhar para o nosso
crescimento lento, analisar todas as nossas estratégias e métodos e procurar
soluções práticas para retomar o desenvolvimento e a edificação. No
entanto, Deus olha para os nossos corações e vê o nosso real estado
espiritual.
Temos um exemplo dessa situação em Oséias 6.1-3: "Vinde, e
tornemos para o Senhor, porque ele despedaçou e nos sarará; fez a ferida e
a ligará. Depois de dois dias, nos dará a vida; ao terceiro dia, nos
ressuscitará, e viveremos diante dele. Conheçamos e prossigamos em
conhecer o Senhor: como a alva, será a sua saída; e ele a nós virá como a
chuva, como chuva serôdia que rega a terra".
Muitos pastores têm utilizado esta passagem, porque contém belas
frases sobre o retorno ao Senhor, cura e avivamento. No entanto, esperam
que Deus faça tudo isso em três dias de campanha!
Será que ninguém leu o resto da passagem? Deus não está satisfeito
com nossas "campanhas" de avivamento! No versículo 4, Ele pergunta:
"Que te farei?... Porque a vossa beneficência é como a nuvem da manhã e
como o orvalho da madrugada, que cedo passa". Três dias de campanha
não poderão reavivar-nos! Nossa espiritualidade vem e se vai rapidamente,
como o orvalho da madrugada. Nossas atitudes têm variado entre rápidas
chuvas espirituais e longos períodos de seca, onde mais provocamos a ira
de Deus que o seu prazer. "Por isso, os abati pelos profetas; pela palavra da
minha boca os matei; e os teus juízos sairão como a luz" (v. 5).
Então, o que Deus quer que façamos? Ele nos diz claramente, através
do profeta Oséias: "Quero misericórdia e não sacrifício; e o conhecimento
de Deus, mais do que holocaustos" (v. 6). O verdadeiro avivamento não
será passageiro como a manhã ou como o orvalho! O verdadeiro
avivamento produzirá grandes mudanças em nosso interior! Deus quer
"misericórdia" (atitudes elevadas uns para com os outros) e "conhecimento
de Deus" (conhecendo-o e amando-o verdadeiramente). Isto é muito mais
importante que nossas tradições e avivamentos periódicos! O verdadeiro
avivamento fará com que nos tornemos uma igreja real. Levaremos a carga
uns dos outros e seremos pessoas famintas da presença de Deus.
Se estamos fisicamente vivos, podemos abrir os olhos e ver o mundo
ao nosso redor. Agora, isso acontece quando somos apenas pessoas
normais. E, como pessoas espiritualmente vivas, podemos ver o que
acontece no mundo espiritual. Reconhecendo que Deus está presente e
atuante no coração da igreja, os crentes vivem sempre na expectativa de
que algo sobrenatural irá acontecer! Isto explica o nosso entusiasmo, nosso
louvor com liberalidade, as libertações, as curas e o poder de Deus.
Temos teorizado demais a palavra "avivamento", e tantas são as
reuniões, que temos esquecido o significado real do termo. Realizamos os
nossos encontros espirituais e ali celebramos, cantamos, adoramos e
vivemos momentos de grande regozijo espiritual que duram semanas, até
que as brasas diminuam e finalmente desapareçam! O que precisamos é de
um verdadeiro despertamento espiritual! Não apenas por algumas semanas,
mas que dure todos os dias e siga até o século XXI! Não podemos mais nos
contentar com o calor passageiro de congressos e encontros, como se
tomássemos uma xícara de café. Precisamos beber das permanentes fontes
de águas vivas que jorram do coração do Senhor Jesus!
A Restauração do Primeiro Amor
Como já vimos, a Igreja Primitiva não precisava de um avivamento
porque estava vivendo as primeiras experiências. No entanto, com o passar
dos anos, a igreja começou a defrontar-se com as mesmas dificuldades com
que hoje nos defrontamos. Quando João escreveu o livro de Apocalipse, a
maioria dos discípulos já morrera e, das pessoas vivas, pouquíssimas havia
que conheceram Jesus pessoalmente. E esse é o nosso maior problema:
com o passar das gerações, vamos perdendo a visão e os propósitos
originais.
O melhor exemplo bíblico desses problemas está em Apocalipse 2.4,
quando o Senhor diz à igreja em Éfeso, em cerca de 95 d.C:
"Tenho, porém, contra ti que deixaste a tua primeira caridade
[amor]". Que triste comentário sobre uma igreja antes avivada, que iniciara
o seu ministério com manifestações de dons espirituais e espalhara o
Evangelho por praticamente toda a Ásia Menor! (At 19.10).
"Primeiro amor" lembra o relacionamento entre os jovens. Quando
uma garota chama a atenção de um rapaz, ela passa a ser para ele a coisa
mais importante do mundo. Esse mesmo amor gera o casamento. Uma
jornalista chamada Helen Rowland comenta: "Quando uma moça se casa,
ela está na verdade trocando a atenção de todos os homens pela de um
homem só".
Assim também entre os cristãos. Ouvimos a história da cruz, e nos
inclinamos para Jesus Cristo. Ficamos realmente impressionados com seu
amor! O problema é que acabamos nos acostumando com a presença dEle e
perdendo a expectativa pelo sobrenatural.
O Senhor nos dá a solução através do declínio espiritual de Éfeso:
"Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te, e pratica as primeiras obras;
quando não, brevemente a ti virei e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não
te arrependeres" (Ap 2.5). Para que o avivamento viesse sobre a igreja de
Éfeso, era-lhe necessário lembrar, arrepender-se e voltar, O mesmo
precisamos fazer hoje! Precisamos lembrar de onde caímos, arrepender-nos
de nossas falhas e retornar ao que éramos. Deus não está satisfeito com a
nossa condição atual, por isso diz: "Tenho algo contra ti".
O que É Necessário para Nossa Restauração?
Donald G.Bloesh, em The crisis ofPiety, declara:
O que precisamos hoje é de uma renovação devocional que envolva
uma vida plena com o Senhor, uma reforma espiritual que abranja toda a
estrutura e a vida da igreja. E uma autêntica renovação representa um novo
derramamento do Espírito Santo. O Espírito Santo é único que pode
capacitar-nos a orar e pregar com poder e convicção. É o Espírito que nos
habilita e conduz no exercício de nosso ministério no Reino de Deus. É o
Espírito que dá sentido a nossa fé e a direciona, no tempo certo, ao lugar
certo. Um avivamento nos fará redescobrir o papel do Espírito Santo na fé
e prática cristã.
O caminho do despertamento espiritual passa por um renovo na
devoção, oração, meditação e fé, para o total distanciamento dos interesses
mundanos. Uma vida restaurada exige urgência na separação de tudo o que
é mundano e faz com que toda a nossa atenção esteja voltada exclusiva-
mente para Deus.
O problema em um despertamento espiritual está no fato de que não
podemos despertar a nós mesmos. Alguém precisa nos acordar; alguém
precisa tocar o alarme! Deus falou através do profeta Joel: "Tocai a buzina
em Sião e clamai em alta voz no monte da minha santidade"(Jl 2.1). E
também por intermédio de Jeremias: "Tocai a trombeta na terra! gritai em
alta voz" (Jr 4.5).
Tivemos grandes líderes no passado, todos com aspectos e
características de suas épocas. Mas agora, para encarar toda a problemática
dos nossos dias, precisamos de novas lideranças! Nossos antepassados
cumpriram o seu papel. Precisamos de novos homens que tenham
experimentado um avivamento, para que possam conduzir a igreja de
nossos dias a atender um grande chamado de Deus!
Dois anos antes de sua eleição, o pastor Trask escreveu ao
presbitério: "Parece evidente para nós que, em nossa igreja, Deus está
desejando um avivamento com fogo do Espírito Santo. É imperativo que
levemos esta chama".
George O. Wood escreve:
Olhando para o início deste século, podemos ver as primeiras chamas
em Topeka, Kansas; Azusa Street, em Los Angeles; Hot Springs, Arkansas.
Essa foi a semente lançada para a grande e última colheita. Agora, estamos
no final do século e do milénio. Tenho ouvido contentemente do Espírito
Santo: "Azusa Street foi apenas um chuvisco, comparado com o que tenho
planejado para a minha igreja nos últimos dias".
Receita para o Avivamento
Para fazermos qualquer coisa, precisamos de uma receita que nos
indique os ingredientes e a maneira de fazer. Assim ocorre também com o
avivamento. Precisamos combinar vários ingredientes e saber como fazer
(o que exige domínio da temperatura e do tempo de preparo!). E hoje,
cremos que todos os ingredientes para um avivamento estão presentes nas
Assembleias de Deus, por isso estamos às portas de um novo
despertamento espiritual em nossa denominação.
Há uma receita para o avivamento? Claro que sim! Mas não basta
estudarmos os ingredientes necessários ao avivamento, como se
relacionássemos farinha e açúcar para um bolo. Se os descrevemos,
fazemos isso porque é necessário. O Espírito de Deus tem nos desafiado a
assumir a posição de um povo que deseja ardentemente o avivamento. Os
ingredientes necessários ao avivamento são, em quase tudo, muito
semelhantes ao relacionamento entre marido e mulher, já citado.
Examinemos, então, os diversos ingredientes necessários ao
avivamento.
Em primeiro lugar, precisamos desejar o avivamento, isto é, alcançar
o estado em que somos totalmente de Deus e o seguimos em todos os
sentidos a fim de que as nossas vidas sejam restauradas. É como o amor.
Não é preciso estabelecê-lo; é natural em nossas vidas. O avivamento,
assim como o amor, representa o desejo ardente por um relacionamento
mais forte. O avivamento, como o amor, resulta de um relacionamento.
Mas também não podemos esquecer de que é necessário que nossas mentes
estejam abertas ao mover de Deus. Precisamos ser sensíveis à sua voz e aos
seus desígnios. Precisamos estar abertos e atentos para quando o
avivamento chegar.
Em segundo lugar, precisamos conhecer a Deus. O avivamento não é
um cheiro, ou uma fragrância que se espalha no ar. Ele surge com o
convívio; é uma resposta afirmativa de nossa personalidade a uma chamada
da personalidade de Deus em nossas vidas. O avivamento é um verdadeiro
relacionamento de amor com Jesus Cristo. E, como o amor, começa e
habita no coração.
Veja o que diz um artigo da revista Power:
“vez alguns jornalistas vieram de Londres e nos anunciaram, em
primeira mão, os maravilhosos acontecimentos de um grande avivamento
às vésperas da virada deste século. Um deles contou-nos uma História
engraçada sobre um jornalista que, interessado pelo Movimento Pentecos-
tal, perguntou a um policial onde poderia encontrar o avivamento. Conta-se
que o policial olhou fixamente para o repórter e, com os olhos brilhando,
colocou a mão sobre o peito, no lugar do coração e respondeu: "Está aqui!
O avivamento está aqui, bem embaixo deste uniforme!”
Não precisamos de um avivamento planejado, feito com as nossas
próprias forças, mas de pessoas que amam ao Senhor Jesus! Quando a
nossa mente estiver cheia dos pensamentos de Deus, quando nossos
corações saltarem de alegria ao ouvi-lo e deixarmos todos os nossos outros
interesses para servi-lo, desejando estar com Ele e agradá-lo, então o
avivamento virá!
Você já viu uma noiva feia e malvestida? Nunca! Nem todo mundo
nasce bonito, mas deixe o amor invadir o coração e observe os resultados!
A expressão do rosto muda, o andar fica diferente, a personalidade torna-se
mais sensível, a pessoa torna-se mais terna e o brilho nos olhos diz: "Estou
amando!" O amor desperta os sentimentos, produz um relacionamento de
alta intensidade, unindo vidas para sempre através do casamento.
O mesmo acontecerá quando nos entregarmos por amor a Jesus. Nós
somos a sua noiva, e Ele, o nosso Amado. O amor nos unirá, e breve o
nosso casamento estará se realizando quando Jesus Cristo voltar. Ele ama a
sua Igreja e logo voltará para buscá-la, "para a apresentar a si mesmo igreja
gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e
irrepreensível" (Ef 5.27).
E essa expectativa que envolve o amor de um casal está totalmente
relacionada ao avivamento. É uma transformação pessoal, um sentimento
verdadeiro de vida que só existe no coração de pessoas que estão amando
de verdade. Cada cristão reavivado irá ler a Palavra de Deus, desfrutando
de cada letra como se fossem declarações de amor. Cristão reavivados
desejarão estar na igreja em todos os cultos, celebrando em oração e
aguardando com ansiedade a ministração da Palavra de Deus.
Consequentemente, ninguém desejará saber de nada que não envolva Jesus
Cristo. Tudo que disserem ou conversarem, culminará em um ensinamento
de Jesus ou em alguma coisa que Ele disse. Isso é avivamento, que não
pode ser definido sem que se fale de amor.
O problema reside em como chegar a esse estado de avivamento, ao
despertamento espiritual. Pois, da mesma forma que não se pode amar
apenas por ter lido um livro de psicologia, ninguém irá conhecer o
avivamento pela simples leitura deste livro. O avivamento não é um passe
de mágica. Ninguém pode chegar e dizer: "Atenção: um, dois, três...
avivamento!" Não é assim que acontece nas nossas vidas! Se você quiser
conhecer o avivamento, precisará conhecer Jesus! Você não o alcançará se
apenas tentar ser avivado. No entanto, quando você olhar nos olhos de
Jesus, será cativado por sua maneira de olhar e então irá amá-lo. E o amor
por Jesus fará com que deseje o avivamento em sua vida. Você anseiará
estar repleto de Deus, envolvido por sua glória. E, quando isso acontecer,
será avivamento!
E foi isso que os cristãos de Éfeso perderam: o primeiro sentimento
por Jesus. Eles perderam o primeiro amor. E o único remédio divino para
tal problema é lembrar, arrepender-se e retornar.
Eis o ponto crucial de nossas necessidades: como recuperar o amor
por Jesus? Bem, já dissemos que a receita para o avivamento não é tão
simples como a de um bolo. Mas nem tudo está perdido! Há um caminho
que nos leva direto ao amor, caminho esse que o homem natural rejeita e os
demônios combatem com muito ódio. É tão simples que qualquer cristão
recém-convertido pode responder com plena convicção e eficácia.
Encontramos esse caminho em Tiago 4.7-10: "Sujeitai-vos, pois, a Deus;
resisti ao diabo, e ele fugirá de vós. Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a
vós. Limpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai o coração.
Senti as vossas misérias, e lamentai, e chorai; converta-se o vosso riso em
pranto, e o vosso gozo, em tristeza. Humilhai-vos perante o Senhor, e ele
vos exaltará".
Esse é o grande segredo do avivamento!
1. O avivamento começa com nossa total submissão aos caminhos e
à vontade de Deus, Precisamos abrir os nossos corações a Deus e submeter
as nossas vidas a um processo de cura. Como no amor, ou escolhemos a
vida a dois ou continuamos sozinhos.
2. Quando você se entrega ao amor de Deus, rejeita todas as outras
paixões. O avivamento nunca virá se houver em nossos corações a intenção
de retornar ao pecado. Por isso deve haver arrependimento, confissão de
pecados e rejeição ao mundo. Se o pecado voltar, rejeite-o. Jesus Cristo
quer o seu coração, a sua alma e o seu entendimento. Ele não dividirá você
com ninguém.
3. Quando você voltar ao primeiro amor, permaneça perto de Deus.
E, quando fizer isso, Ele ficará perto de você, pois existe uma relação de
amor íntimo. E esse relacionamento pode vir de diversas maneiras: 1) lendo
a Palavra de Deus; 2) dedicando um bom tempo para buscar a sua face em
oração; 3) adorando ao Senhor e buscando sua presença e poder.
4. Por mais estranho que possa parecer, o amor restaurado produz
inquietação, pela grande mudança no estilo de vida. No início, o
avivamento produzirá grande alegria e regozijo. No entanto, só será
perfeito quando atingir todas as áreas de sua vida, todas as imperfeições,
falhas e brechas. Você se sentirá tão estranho que lhe parecerá não estar
preparado para a ocasião ou que está sujo. E então começará a imaginar
que precisa fazer alguma coisa quanto a isso, e bem rápido. Você não ficará
sossegado enquanto não resolver todas essas questões. Tiago diz para
limparmos as nossas mãos e lavarmos o nosso coração de todas as
impurezas. Precisamos nos arrepender e retornar de onde paramos.
Precisamos voltar à fonte da salvação e ter os nossos pecados lavados pelo
sangue de Jesus! Exatamente como o Senhor disse aos efésios: lembrar,
arrepender-se e retornar.
5. Quando você estiver limpo, e contemplar o Senhor na beleza da
sua santidade, o avivamento virá. Limpo dos pecados, você entrará no
regozijo do Senhor. Irá encontrar-se cada vez mais envolvido pelo amor de
Deus, e então o Senhor o levantará!
6. Você encontrará outras pessoas que tiveram as mesmas
experiências, e então todos clamarão pelo avivamento. Se você é pastor,
levará sua igreja a orar e jejuar. Pois quando cada crente é avivado, toda a
igreja é avivada. Pecadores sentir-se-ão atraídos pelos cultos e se
converterão por causa da forte presença do Espírito Santo no seio da igreja.
7. Quando a igreja estiver avivada, pessoas serão influenciadas,
outras igrejas serão despertadas e o avivamento irá alcançar toda a face
da Terra.
Creio não haver mais dúvidas de que o avivamento tem início no
coração de todos os cristãos que lembrarem de Deus, se arrependerem e
retornarem ao Senhor. Este é o grande plano: retornar ao primeiro amor por
Jesus! Isso é avivamento! É estimulante pensar como será esse grande e
novo avivamento! Na verdade, ele já começou no coração do povo de Deus
espalhado em toda a América e por todo o mundo.
Quando Acontecerá o Avivamento?
Charles G. Finney, evangelista usado de muitas formas pelo Senhor,
escreve em Revivais of Religion que há oito sinais que identificam um
avivamento:
1. Quando Deus indica que está prestes a enviar um avivamento, a
fim de restaurar sua igreja.
2. Quando a maldade dos ímpios se agravar de tal modo que possa
ameaçar os cristãos.
3. Quando os cristãos começam a ter um mesmo espírito de clamor
pelo avivamento.
4. Quando a atenção dos líderes começa a se voltar para o
avivamento, e em seu coração começa a crescer uma grande
responsabilidade pelas almas perdidas.
5. Quando os cristãos começam a confessar seus pecados uns aos
outros.
6. Quando os cristãos não medem mais esforços para alcançá-lo e
começam a buscá-lo com grande vontade.
7. Quando existe uma grande necessidade de despertamento na
igreja.
Muitos avivamentos têm começado no coração de um único cristão.
Thomas DeCourcy Ryner escreve:
O mundo inteiro ainda sente a influência do grande avivamento
ocorrido no País de Gales, no início deste século. Mas poucas pessoas
lembram como esse avivamento realmente começou.
Um encontro de cristãos estava acontecendo em uma cidade de
Gales, quando uma tímida menina levantou-se. Ela estava tão nervosa que
só conseguia dizer uma coisa: "Oh, eu te amo Jesus!" Depois ela sentou-se.
Deus utilizou aquele testemunho para seus propósitos divinos. Então, o
Espírito Santo foi derramado sobre todas as pessoas que participavam
daquela reunião. Logo a unção espalhou-se por toda a igreja; e em seguida
por todo o país! E isso que logo veremos acontecer por todo o mundo.
Deus, faça isso de novo!
13
Chamada Pentecostal
ao Altar
Sempre chega o momento, no culto Pentecostal, em que o pregador
diz: "Curvem as suas cabeças e fechem os seus olhos", cujo propósito não é
tanto para a meditação espiritual da igreja, mas para que as pessoas
cheguem a um momento de reflexão e aceitem a Jesus Cristo como seu
Salvador; aquEle que salva, cura e transforma. Uma verdadeira decisão por
Cristo.
Essa é a chamada ao altar.
Esse livro inteiro é uma mensagem pentecostal. Sob a unção do
Senhor, trouxemos até você a sua poderosa mensagem que foi forte em
nossos corações. E agora é a sua grande chance; você pode responder a este
chamado do Senhor Jesus, tendo a certeza de que nada parecido com isso
foi escrito antes. Essa é uma mensagem do coração de Deus, direto ao seu
coração.
• Você deseja um despertamento em sua vida e nas Assembleias de
Deus?
• Podemos contar com você, quando o avivamento vier, atuando com
todo o seu coração, alma, força e entendimento?
• Você se juntará a nós em um grande clamor, com oração e jejum, por
um derramamento do Espírito Santo em toda a América?
• Você buscará ao Senhor para que a glória dEle encha a sua vida e
assim esteja santificado e justificado?
• Você viverá em unidade com seus irmãos, em sua igreja local, sendo
ativo no serviço do altar, e estará disposto a orar até que chegue o
avivamento?
• Se você é pastor, buscará estar mais próximo de Deus e conduzirá
sua igreja para um avivamento pentecostal com um estilo de vida cristão,
ministração da Palavra, chamada ao altar e evangelismo?
• Se você é pastor ou evangelista itinerante, buscará ao Senhor para ter
mais unção e assim poder levar o avivamento às igrejas ao seu redor?
• Se você é um mestre — ensinando na igreja ou em institutos bíblicos
— e está unido a este despertamento, ensinará aos seus alunos os
fundamentos de um estilo de vida pentecostal, a fim de que possa ser
levantada toda uma geração de ministros e pregadores cheios do Espírito
Santo?
• Você se juntará a nós em um único clamor, dizendo que não
descansará enquanto o avivamento não vier?
Se você respondeu afirmativamente às questões acima, seja bem-
vindo à nova geração de "guerreiros de oração"! Isto não é um nome de um
programa de televisão. É o que veremos acontecer! O Senhor já está em
posição de batalha, e irá ungir e abençoar a todos os que atenderem à sua
voz e se levantarem diante deste grande avivamento!
Ás vezes, as chamadas ao altar têm efeito limitado porque
normalmente as pessoas não têm a menor ideia do que fazer a seguir. Por
isso, nas próximas páginas, tentaremos fazer com que você conheça a
personalidade de Deus e o que Ele quer que você seja e faça.
Primeiro, falemos a você individualmente para que, sendo um
voluntário ou ministro, possa relacionar-se pessoal e intimamente com
Deus. Mais tarde, nos dirigiremos aos ministros. O avivamento é o nosso
grande alvo. Mas primeiro, faremos com que os cristãos se tornem
individualmente alertas e espirituais, para que amem ao Senhor e desejem
um longo derramamento do Espírito Santo.
Cristãos Avivados
Três passagens na Bíblia ensinarão você como buscar por um pessoal
e pleno avivamento espiritual: 2 Crônicas 7.14, Tiago 4.7-10 e Apocalipse
2.1-5-
A primeira passagem está no Antigo Testamento: "E se o meu povo,
que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e
se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, e
perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra" (2 Cr 7.14).
Esse texto não deixa nenhuma dúvida sobre o que realmente
precisamos fazer. Um verdadeiro avivamento deve começar pelo
arrependimento e pela humilhação. O Senhor deve ser o centro das nossas
vidas. Tudo o mais deve esperar ou ser retirado. Você verá os resultados
quando colocar Deus em primeiro lugar. O resto será secundário e nada
mais tomará conta de sua vida. Você deve expor sua vida diante do Senhor,
deixar o orgulho e humilhar-se. Jesus disse: "Se alguém quiser vir após
mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz e siga-me" (Mt
16.24).
E, depois que você faz uma entrega total e adota um estilo de vida
cristã, passa a ter condições de clamar ao Senhor. A oração é o elemento
mais importante em um avivamento. E não estamos falando de pequenas
orações, como as que fazemos para abrir o culto. Estamos falando de gastar
tempo diante do Senhor, pedindo-lhe que envie a sua glória sobre nós. Em
1 Timóteo 2.1, Paulo refere-se às "orações, intercessões e ações de graças
por todos os homens". São diferentes tipos de oração, elementos
fundamentais em um clamor a Deus. Deixe suas emoções fluírem e diga o
que você sente peio Senhor Jesus! Tenha misericórdia, interceda pelas
outras pessoas e louve a Deus. Mais tarde, você verá que sua comunhão
com o Pai é tamanha, que chegará ao ponto de poder ouvir a sua voz.
A Bíblia fala também sobre oração e jejum. Alguns têm
testemunhado curas e bênçãos através deste. Jejuar não inclui apenas a
abstenção, requer também uma entrega total ao Senhor. Alguns deixam até
de ouvir rádio e ver televisão.
E assim, logo você estará falando com Deus. Algumas pessoas
sentem em seu coração confirmações ou negativas de Deus. Outras ouvem
a sua voz. Alguns têm visões, e outros, não. Deus atua de diferentes
maneiras com o seu povo. O certo é que, quanto mais buscarmos ao
Senhor, melhor nos relacionaremos com Ele. Hebreus 5.14 diz: "Mas o
mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm
os sentidos exercitados para discernir..." E, finalmente, precisamos nos
converter de nossos maus caminhos. Você pode perguntar: "Que maus
caminhos?" A verdade é que temos nos acostumado tanto com eles, que já
nem percebemos o que é certo ou errado. Quando surgiu a TV, os cristãos
mudavam de canal diante de um simples comercial de cerveja! E hoje? O
que está entrando em sua casa? Temos aceitado a invasão da impiedade, ou
simplesmente a ignoramos. Ser ímpio é concordar com a impiedade e agir
de acordo com ela. Precisamos ter um estilo de vida completamente cristão.
Hoje, é isso que faz a diferença.
Como é possível um cristão adorar a Cristo na igreja e depois, em
casa, encher o coração de violência e imoralidade? Isso é uma contradição!
Não podemos pregar uma coisa no domingo e agir diferente na segunda-
feira! Se você deseja algo a mais de Deus terá de cortar tudo isso!
Se você deseja tornar-se em um grande guerreiro no avivamento,
então arrependa-se, confesse, ore, busque a face do Senhor e deixe os seus
maus caminhos. Saiba que Deus ouvirá você, perdoará os seus pecados e
lhe trará cura ao corpo, alma e espírito.
Consideremos a segunda passagem, Tiago 4.7-10, onde lemos sobre
submeter-se a Deus, resistir ao diabo e colocar-se à disposição do Pai com
mãos limpas, corações puros e sentimento de contrição. Tudo aqui nos leva
para longe do mundo, a uma santidade que não está baseada no legalismo,
mas no poder da escolha! Jesus afirma claramente: "Ninguém pode servir a
dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará um
e desprezará o outro" (Mt 6.24). E João ratifica: "Não ameis o mundo, nem
o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele"
(1 Jo 2.15).
E a terceira passagem é Apocalipse 2.1-5, onde o Senhor nos alerta:
"Arrepende-te ..." O arrependimento é fundamental para o avivamento.
Se você ainda não foi batizado no Espírito Santo, com o falar em
outras línguas, como em Atos 2.4, faça dessa experiência sua maior
prioridade. Jesus não permitiu que os seus discípulos ministrassem a
ninguém sem que antes recebessem "a promessa do Pai". Depois que
estiver cheio do Espírito, procure orar em línguas de vez em quando. A
Bíblia diz, em 1 Coríntios 14.4, que isso o edificará. Peça a Deus que use
você através de ministérios e manifestações do dons espirituais (1 Co 12.1-
11).
Poderíamos falar muito mais sobre nossa responsabilidade em um
avivamento e o seu alcance. Mas, quando o avivamento chegar, o Espírito
Santo irá guiá-lo em toda a verdade (Jo 16.13).
Ministros Avivados
Pode parecer contradição dizermos que precisamos de avivamento
quando estamos em plena atividade. No entanto, cremos que precisamos de
algo mais de Deus em nossas vidas. Muitos de nossos ministros nunca
experimentaram um avivamento do Senhor. Muitos foram levantados em
suas igrejas e nunca aprenderam a lidar com o Espírito Santo. Muitos até
receberam o avivamento, mas falham em compreender que ele não deve ser
temporário, mas permanente. O avivamento de Topeka, em 1901, estendeu-
se por um tempo, assim como o de 1906, na rua Azusa, que durou até 1910.
No entanto, foi apenas o início e não todo o mover do Espírito. Não
estamos clamando a Deus por um pequeno avivamento, mas por um mover
espiritual para o século XXI!
Alguns pastores já compreenderam a necessidade de um grande
avivamento, mas não querem pagar o preço! Deus pode fazer de nós um
grande exército, se realmente alcançarmos o seu coração e dia e noite nos
dedicarmos integralmente a Ele. Então será forte o avivamento em nossas
igrejas e alcançará o mundo.
Todos os nossos ministros, pastores, evangelistas, professores,
missionários, músicos e administradores, precisam envolver-se plenamente
com este grande avivamento, conduzindo a igreja no Espírito Santo.
E é exatamente por causa desta grande responsabilidade que
dedicamos aos pastores as próximas palavras.
Pastor, podemos contar com a sua vida e sua igreja neste
avivamento? Então você precisará primeiro ter uma vida avivada.
Passe um tempo a sós com Deus. Encontre um lugar tranquilo e sinta
a presença do Pai. (Quando o pastor Trask estava em Detroit, havia um
local tranquilo onde ele se recolhia para orar. Da mesma forma quando eu
era pastor em San José, tinha um lugar especial para encontrar-me com o
Senhor. Creio que, não fossem aquelas experiências, dificilmente estaria
escrevendo este livro.) Não é um momento de batalha espiritual, mas de
descanso em Deus.
Os primeiros 15 minutos são terríveis. Leva tempo até a alma
acalmar-se diante do Senhor. Muitos não conseguem orar durante um bom
tempo. Se você quiser parar, leia a Palavra em meditação espiritual. Deixe-
a falar ao seu coração. Deixe o Espírito fluir dentro de você.
Depois ore! Nós, pregadores, geralmente anulamos nossas vidas em
função dos outros. Passamos mais tempo encorajando as pessoas do que
adorando a Deus. E isso tudo acontece quando, às vezes, precisamos chorar
diante de Deus e dizer: "Abba Pai"
Pregador, sua espiritualidade virá de Jesus, no momento em que
ninguém estiver olhando. Precisamos entrar na presença de Deus como
crianças que precisam de seu pai. Jesus disse: "Qualquer que não receber o
reino de Deus como uma criança não entrará nele" (Mt 18.17).
Se estivéssemos na igreja agora, o órgão estaria louvando ao Senhor
enquanto você o adorava. Deixe o Pai celestial tomá-lo em seus braços.
Esqueça seus problemas e ansiedades. "O Deus eterno te seja por habitação,
e por baixo de ti estejam os braços eternos; e ele lance o inimigo de diante
de ti" (Dt 33.27).
Fale em outras línguas! Louve ao Senhor! Pense: você está avivado
por Deus! A Bíblia diz: "Apascentai o rebanho de Deus que está entre vós,
tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe
ganância, nas de ânimo pronto" (1 Pe 5.2). Não seja pastor apenas porque
tem de ser, mas por desejar ser! Não seja líder por dinheiro, mas por
possuir um chamado de Deus. A palavra "pronto" significa "erguido pelo
espírito". Quando você entra na presença de Deus desta forma, está
caminhando como Moisés diante do monte Sinai.
E, quando você estiver avivado em seu espírito, há sete passos a
seguir para que o avivamento venha sobre sua igreja:
1. Ore. É muito difícil começar um avivamento sem que se pague o
preço por ele, o caminho da cruz. Precisamos ter uma forte experiência
com Deus, proveniente de Jesus Cristo. Ele disse: "Eu sou o caminho, e a
verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim". Somente através
da oração Deus poderá guiar-nos ao arrependimento e ao avivamento. Um
dia, as Assembleias de Deus tiveram a "Assembleia Sagrada", um marco na
história do avivamento. Faça algo parecido. Motive sua igreja a buscar o
Senhor.
2. Tenha cultos avivados aos domingos. Pessoas serão curadas e
libertas, pecados serão perdoados e milagres acontecerão. Se Jesus
necessitava dos sinais C maravilhas para suporte de seu ministério, por que
achar que podemos substituir o poder de Deus por outra coisa?
3. Pregue a Palavra sob uma poderosa unção. Crucifique sua velha
natureza e deixe o caráter de Cristo encher a sua vida. Pregue sempre como
se fosse a primeira vez. Uma antiga história escocesa conta-nos sobre a
vida do rei Robert the Bruce. Quando ele morreu, o povo escocês manteve
todas as suas palavras no coração. E conta a história que, em uma batalha
contra a Inglaterra, os soldados da Escócia repetiam uns para os outros:
"Vamos no coração de Bruce". E assim chegaram à vitória. Pastor, ponha o
seu coração na batalha; lute no coração de Jesus Cristo. A partir do
momento em que todos os nossos pastores agirem dessa maneira, veremos
um avivamento como jamais presenciamos.
4. Chame o povo ao altar. Se Deus inspirou a sua mensagem, Ele
também quer que você ofereça ao povo uma oportunidade, para que
respondam ao clamor do Espírito Santo. Chame os pecadores ao
arrependimento no altar, enquanto a igreja ora e intercede por suas vidas.
Paulo escreve: "Não extingais o Espírito" (1 Ts 5.17). Precisamos dar
oportunidades às pessoas, para que conheçam ao Senhor. E então elas serão
batizadas no Espírito Santo, curadas, libertas e receberão uma nova-
motivação para a vida cristã. Ore pelas necessidades do povo; ministre a
unção com óleo aos doentes e, quando necessário, expulse demônios. Não
deixe tamanha tarefa nas mãos de qualquer pessoa. A unção divina está
sobre o ministro da Palavra. Você precisa exercitar o ministério do altar.
Onde o Senhor estiver, espere sempre por algo sobrenatural!
5. Permita que os dons do Espírito Santo se manifestem no culto.
Lembre-se sempre de que "a manifestação do Espírito é dada a cada um
para o que for útil" (1 Co 12.7). E o Espírito Santo quem atua no coração
das pessoas para benefício do corpo de Cristo! 1 Coríntios 14 diz que o
dom de línguas, sem a interpretação, edifica a pessoa individualmente,
enquanto que a profecia edifica toda a igreja.
6. Mantenha o Corpo avivado. Em uma igreja avivada, muitas coisas
acontecem. Nem todos os cultos serão entusiasmados e cheios de alegria.
Procure sempre reavaliar o culto e mantenha a chama acesa! O pastor deve
estar em constante comunicação com o Senhor, para saber sobre o que
pregar e como conduzir a adoração na igreja.
7. Busque a salvação das almas. Se o avivamento não está
produzindo salvação, então alguma coisa está errada! Coloque-se em
oração e questione o Senhor sobre o que fazer para que almas sejam salvas.
Procure ficar tranquilo, porque nem todos os resultados são imediatos. Mas
insista na pregação da cruz de Cristo. Você verá que muitos jovens
corresponderão ao chamado de Deus!
As pessoas têm dito que há um grande avivamento no ar! Se isto
significa que há uma grande expectativa pelo que Deus vai fazer, então é
verdade! Mas é muito importante não esquecer: o avivamento não é uma
atmosfera; é um verdadeiro relacionamento com Jesus, através do Espírito
Santo.
Deus tem manifestado sua presença por todas as igrejas, de forma
maravilhosa, através do louvor sincero e da adoração. Mas a maioria das
nossas igrejas ainda tem uma expectativa pequena sobre o que Deus pode
fazer e ainda mantêm suas portas fechadas. E é por isso que clamamos pelo
avivamento — porque cremos que Deus responderá!
O avivamento já começou! Precisamos abrir nosso coração a Deus e
as portas de nossa igreja às almas sedentas de salvação!
Rode, abra a porta! (At 12.16).