de freitas

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Título: Avaliação do nível de cortisol salivar em crianças submetidas a tratamento odontológico com e sem sedação Autores: Heloisa de Sousa GOMES*, Aline Carvalho BATISTA*, Luciane Ribeiro de Rezende Sucasas da COSTA*, Paulo Sérgio Sucasas da COSTA** , Tarcilia Aparecida da SILVA*** [email protected] * Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Goiás ** Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás ***Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais Palavras-chave: cortisol salivar, sedação consciente, comportamento infantil, tratamento odontológico. 1.INTRODUÇÃO Para muitas crianças não adianta apenas o manejo comportamental, sendo necessário o uso de sedação consciente, estabilização protetora ou anestesia geral (AAPD, 2010-2011; Adair et al., 2004). A associação de sedação com estabilização protetora pode ser uma alternativa para proporcionar conforto e segurança ao paciente pediátrico durante o atendimento odontológico (Moreira et al., 2012). O sedativo midazolam é um medicamento da classe dos benzodiazepínicos que apresenta propriedades ansiolítica e amnésica (Jerjes et al., 2005), não apresenta nenhum efeito analgésico e sua vantagem é o tempo curto de ação, sendo indicado para pacientes pediátricos com altas taxas de sucesso (Lima, Costa e Costa, 2003; Moreira et al., 2012). Em situações de estresse e ansiedade o principal hormônio glicocorticóide liberado pelo córtex adrenal é o cortisol. Assim que ocorre um evento estressante, tem um tempo de 15 a 30 minutos para atingir o pico de liberação do cortisol plasmático e 2 minutos após ocorre o pico de liberação na saliva (Hanrahan et al. 2006; Gunnar e White 2001). A identificação do nível de cortisol salivar foi um ótimo método para avaliar a ansiedade e estresse durante o tratamento restaurador de crianças de 4-6 anos (Akyuz, Pince e Hekim,1996) e durante cirurgias de Capa Índice 10818 Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 10818 - 10822

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Título: Avaliação do nível de cortisol salivar em crianças submetidas a tratamento odontológico com e sem sedação

Autores: Heloisa de Sousa GOMES*, Aline Carvalho BATISTA*, Luciane Ribeiro de Rezende Sucasas da COSTA*, Paulo Sérgio Sucasas da COSTA** , Tarcilia Aparecida da SILVA***

[email protected]

* Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Goiás

** Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás

***Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais

Palavras-chave: cortisol salivar, sedação consciente, comportamento infantil,

tratamento odontológico.

1.INTRODUÇÃO

Para muitas crianças não adianta apenas o manejo comportamental,

sendo necessário o uso de sedação consciente, estabilização protetora ou anestesia

geral (AAPD, 2010-2011; Adair et al., 2004). A associação de sedação com

estabilização protetora pode ser uma alternativa para proporcionar conforto e

segurança ao paciente pediátrico durante o atendimento odontológico (Moreira et al.,

2012). O sedativo midazolam é um medicamento da classe dos benzodiazepínicos

que apresenta propriedades ansiolítica e amnésica (Jerjes et al., 2005), não

apresenta nenhum efeito analgésico e sua vantagem é o tempo curto de ação,

sendo indicado para pacientes pediátricos com altas taxas de sucesso (Lima, Costa

e Costa, 2003; Moreira et al., 2012).

Em situações de estresse e ansiedade o principal hormônio

glicocorticóide liberado pelo córtex adrenal é o cortisol. Assim que ocorre um evento

estressante, tem um tempo de 15 a 30 minutos para atingir o pico de liberação do

cortisol plasmático e 2 minutos após ocorre o pico de liberação na saliva (Hanrahan

et al. 2006; Gunnar e White 2001). A identificação do nível de cortisol salivar foi um

ótimo método para avaliar a ansiedade e estresse durante o tratamento restaurador

de crianças de 4-6 anos (Akyuz, Pince e Hekim,1996) e durante cirurgias de

Capa Índice 10818

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 10818 - 10822

terceiros-molares de pacientes adultos sob sedação odontológica com midazolam

(Jerjes et al., 2005).

Diante destas questões apresentadas, o objetivo deste estudo foi avaliar a

ansiedade e estresse, por meio do nível de cortisol salivar, em crianças submetidas

a tratamento odontológico com e sem sedação.

2. MATERIAL E MÉTODO

2.1 DESENHO DO ESTUDO:

Este estudo é um ensaio clínico randomizado cruzado duplo cego e foi

aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa e Seres Humanos da Universidade

Federal de Goiás (CEPUFG) sob o registro 307/2011. O desenho clínico, número e

fluxograma de pacientes do estudo são ilustrados pela Figura 1.

Figura 1: Desenho do estudo e fluxograma dos pacientes durante as etapas do

ensaio clínico randomizado.

Após a criança ser considerada elegível para participar da pesquisa e seu

responsável legal ter concordado com sua participação, assinando o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), a mesma foi agendada para o

tratamento. O atendimento foi realizado por duas equipes formadas por duas

cirurgiã-dentistas (CD) especialistas em odontopediatria (operadora e auxiliar) e um

CD como observador. Toda criança era atendida nas duas sessões pela mesma

operadora e no mesmo horário para não haver alteração do seu comportamento e,

desta forma, não alterar o nível de cortisol. A randomização das sessões de

atendimento das crianças nos grupos placebo e midazolam foi feita pelo programa

Capa Índice 10819

StatTools (http://www.stattools.net/index.php). Em todas as sessões de tratamento

as crianças usaram estabilização protetora (pacote pediátrico) e receberam

tratamento restaurador em um único dente, com anestesia local e sob isolamento

absoluto.

As coletas de saliva foram realizadas em domicílio ao acordar da criança

e nos dois dias de atendimento clínico nos seguintes momentos: chegada da criança

na Faculdade de Odontologia (FO), 25 minutos após a anestesia e 25 minutos após

o término do procedimento.

2.2 TÉCNICA EMPREGADA:

As salivas eram coletadas utilizando tubos Salivette (Sarstedt Inc.,

Nümbrecht, Alemanha). A pesquisadora segurava o rolete de algodão na boca da

criança por 1 a 2 minutos até encharcá-lo com saliva e voltava para o tubo. Os tubos

eram centrifugados a 3000 rpm por 15 minutos e as salivas obtidas eram

armazenadas em tubos eppendorfs e congeladas no freezer -800 até o momento da

análise. A análise laboratorial foi realizada por um ensaio colorimétrico, utilizando um

Kit Enzima Imunoensaio (Kit Salimetrics, LLC, USA) para cortisol salivar. O teste

estatístico adotado para a análise do cortisol salivar foi o de Kruskal-Wallis seguido

de Dunn´s, adotando p<0,05.

3. RESULTADOS

Nossos resultados demonstraram que o nível de cortisol salivar foi

significativamente menor no grupo de crianças sedadas com midazolam (MS) do

que no grupo placebo (PS) (Kruskal-Wallis, p<0,05) (Figura 2).

0.0

0.5

1.0

1.5

PlaceboSedação

Chegadana FO

25 min após anestesia

25 min apóso término

*

Ao acordar

#

+

cort

isol

sali

var

( g/

dL)

Figura 2 (ao lado): Comparação

do nível de cortisol salivar entre

os grupos MS e PS e entre os

quatro momentos de coleta em

ambos os grupos experimentais.

Capa Índice 10820

Além disso, no grupo PS observou diferença estatisticamente significante

entre o momento da anestesia e os momentos ao acordar e na chegada

(*p=0,0005), bem como no momento do término do procedimento em relação ao

tempo de chegada (#p=0,0005). Houve, também, diferença estatística significante no

momento da anestesia entre os dois grupos, PS e MS (+p=0,0478) (Testes

estatísticos: Kruskal-Wallis seguido por Dunn´s) (Figura 2).

4. DISCUSSÃO

Os nossos resultados demostraram que o midazolam (MS) reduziu o nível

de cortisol salivar, quando comparado ao placebo e, desta forma, foi eficaz para a

redução do estresse em crianças de 2 a 5 anos sob tratamento odontológico

restaurador. Nosso estudo revelou, ainda, um leve aumento do nível de cortisol

salivar nas crianças submetidas à sedação odontológica após sua chegada à

Universidade até o término do procedimento, porém esses níveis de cortisol foram

similares àqueles encontrados “ao acordar” e não apresentou nenhum pico que

pudesse revelar diferença estatística significativa.

Estes achados descritos acima corroboram com o ensaio clínico

randomizado não cruzado realizado por Jerjes et al. de 2005, o qual demonstrou

uma redução do nível de cortisol salivar no grupo de pacientes sedados com

midazolam quando comparados ao grupo de pacientes não sedados (placebo) e,

além disso, também demonstrou uma liberação contínua e progressiva no nível de

cortisol salivar ao término do tratamento cirúrgico desses pacientes adultos

submetidos a cirurgias de terceiro-molares. Ressalta-se aqui que o presente estudo,

apesar de corroborar com os achados de Jerjes et al., selecionou crianças de 2-4

anos, adotou o procedimento odontológico restaurador e é um estudo cruzado.

Akyuz e colaboradores em 1996, apesar de não terem avaliado o

procedimento de sedação odontológica, demonstrou que o nível de cortisol salivar é

um importante marcador biológico para medir a estresse e ansiedade em crianças.

Neste estudo os autores realizaram 4 coletas de saliva em crianças de 4-6 anos

(início do procedimento, durante o uso da alta rotação, na colocação da base

forradora e durante a restauração) e demonstraram que o nível de cortisol salivar

aumenta significativamente no momento intra-operatório com o uso da alta rotação.

Capa Índice 10821

Nossos resultados sugerem que em determinadas situações clínicas

frequentemente encontradas na Odontopediatria, tais como comportamento ruim,

medo, ansiedade infantil e considerando condição sistêmica adequada da criança, a

sedação odontológica com midazolam pode reduzir significativamente a ansiedade e

o estresse da mesma, possibilitando, desta forma, um tratamento odontológico mais

adequado e eficiente com menos trauma para a criança.

5. CONCLUSÃO

Considerando o desenho do estudo e a metodologia empregada, pode-se

concluir que: o midazolam (MS) reduziu o nível de cortisol salivar, quando

comparado ao placebo e, desta forma, foi eficaz para a redução do estresse em

crianças de 2 a 5 anos sob tratamento odontológico restaurador.

6. REFERÊNCIAS

Adair SM, Rockman RA, Schafer TE, Waller JL. Survey of behavior management teaching in pediatric dentistry advanced education programs. Pediatr Dent 2004; 26;151–158.

Akyuz S, Pince S, Hekim N. Children´s stress during restorative dental treatment: assessment using salivary cortisol measurements. Clin Pediatr Dent. 1996;20;3;219-223.

American Academy of Pediatric Dentistry (AAPD). Guideline on behavior guidance for the pediatric dental patient. Reference Manual. 2010-2011;32;6;147-155.

Gunnar MR, White BP. Salivary cortisol measures in infant and child assessment. In: L. T. Singer LT; Zeskind PS. Biobehavioral assessment of the infant. Guilford Press 2001;167–189.

Jerjes W, Upile T, Kafas P, Abbas S, Rob J, McCarthy E, McCarthy P, Hopper C. Third molar surgery: the patient's and the clinician's perspective. Int Arch Med 2009, 2;32;1-6. Lima ARA, Costa LRRS, Costa PSS. A randomized,controlled, crossover trial of oral midazolam and hydroxyzine for pediatric dental sedation. Pesqui Odontol Bras 2003; 17: 206–211.

Moreira TA, Costa PS, Costa LR, Jesus-França CM, Antunes DE, Gomes HS, Neto OA. Combined oral midazolam–ketamine better than midazolam alone for sedation of young children: a randomized controlled trial. Int J Paediatr Dent 2012;28; 1-9.

AGRADECIMENTOS:

Capa Índice 10822

PERFIL SANITÁRIO DE BOVINOS DE RACAS NATURALIZADAS PARA VÍRUS DE IMPORTANCIA NA REPRODUÇÃO – resultados preliminares

Hidelbrando Ricardo Domeneguete AMARAL*, Wilia Marta Elsner Diederichsen de

BRITO*, Maria Clorinda Soares FIORAVANTE*, Maria Ivete de MOURA*, Greice

JAPOLLA*, Alexandre Floriani RAMOS **

*Escola de Veterinária e Zootecnia/UFG **EMBRAPA-CERNAGEN

E-mail: [email protected], [email protected] Palavras-chave: BoHV-1, BVDV, curraleiro, EBLV, pantaneiro, reprodução, sorologia.

INTRODUÇÃO Os bovinos de raças naturalizadas, como o curraleiro e o pantaneiro, que

tem como principal característica a rusticidade e a docilidade estão ameaçados de

extinção (CARVALHO, 2002). As fêmeas são boas produtoras de leite, sua carne

tem excelente sabor devido ao marmoreio e servem como animais de tração,

fornecendo proteína animal e força de trabalho nas regiões onde são criados

(BIANCHINI et al., 2006). Por sua prolificidade e adaptabilidade talvez tenham uma

melhor relação custo-benefício para regiões semi-áridas como o cerrado goiano e o

nordeste do país, no caso do curraleiro, e o pantaneiro, no caso das regiões

alagadiças do pantanal, em detrimento de outras raças comerciais (EGITO, 2007).

As doenças da reprodução implicam em sérios prejuízos à pecuária. As

principais causas virais de problemas reprodutivo nos rebanhos são as infecções

pelos vírus da diarreia viral bovina (BVDV), herpesvírus bovino tipo 1 (BoHV-1) e

vírus da leucose enzoótica bovina (EBLV) (SANTIN, 2008). Para todos esses casos,

a OIE (2008) recomenda a utilização de testes imunoenzimáticos (EIE) que

apresentam boa sensibilidade. Alternativamente podem ser utilizados os testes de

soroneutralização (SN) para BoHVs e BVDV, e imunodifusão em gel ágar (IDGA)

para EBLV.

Considerando a necessidade do estabelecimento de estratégias que

aumentem os índices reprodutivos dos rebanhos de curraleiro e pantaneiro

pretende-se, com esse estudo, avaliar a condição sanitária de rebanhos de raças

Capa Índice 10823

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 10823 - 10827

naturalizadas no Brasil através de pesquisa de anticorpos para vírus de três

enfermidades reprodutivas (BVDV, BoHV-1 e EBLV) para indicação posterior de

medidas higiênico-sanitárias que auxiliem na conservação in situ dessas raças.

MATERIAL E MÉTODOS

Para o estudo, foram coletados, no período de junho de 2011 a junho de

2012, 10,0 mL de sangue por punção da veia jugular externa com agulhas

descartáveis e sistema de vácuo (Vacutainer® Becton-Dickinson), em tubos

esterilizados com e sem anticoagulante, de 1497 animais provenientes dos criatórios

das raças curraleiro (1235 bovinos) e pantaneiro (262 bovinos) previamente

selecionados. O sangue coletado foi deixado em repouso, durante 30 minutos, em

temperatura ambiente ate a retração do coágulo e depois foi encaminhado ao

laboratório em caixas isotérmicas. Após a chegada ao laboratório, o soro foi

transferido para microtubos identificados que foram congelados em temperatura -

20ºC ate a realização dos testes.

Para obtenção dos objetivos, as amostras de soro, estão sendo analisadas

através de EIE comerciais quanto a presença de anticorpos para EBLV (CheKit

Leucose Serum® – IDEXX’s), BVDV (HerdCheck BVDV Ab® – IDEXX’s) e BoHV-

1(HerdCheck IBRgB® – IDEXX’s) de acordo com o recomendado pelo fabricante. Os

resultados obtidos foram avaliados através de estatística descritiva simples.

A pesquisa esta sendo desenvolvida no Laboratório de Virologia Animal do

Setor de Microbiologia do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da

Universidade Federal de Goiás (IPTSP-UFG), Goiânia, GO.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para BVDV foram testadas 911amostras, de sete propriedades do Piauí (PI),

quatro do Tocantins (TO) e quatro de Goiás (GO), todas com criação de gado

curraleiro. Em todas as propriedades (100%) houve a presença de animais

soropositivos. A soropositividade dos animais variou de 6,7% a 77,8% (Tabela 1).

HOUE (1999) destaca que o BVDV apresenta distribuição mundial e a prevalência

de anticorpos pode chegar a 90%. A infecção pelo BVDV também está amplamente

Capa Índice 10824

difundida no rebanho bovino brasileiro com índices que variam de 56% (Bahia) a

78% (São Paulo) (FLORES et al., 2005). Os resultados encontrados no presente

estudo, apesar de serem de populações bovinas nunca antes avaliadas para esta

enfermidade, apresentam índices de soropositividade semelhantes aos

demonstrados por outros pesquisadores nas demais raças bovinas exploradas por

todo o Brasil. Cabe ressaltar, apenas, que uma das propriedades analisadas,

apresentou um coeficiente bem menor do que a média identificada nos outros

rebanhos e mesmo no Brasil.

Tabela 1: Soroprevalência de anticorpos anti-BVDV com uso de kit comercial de EIE (HerdCheck BVDV Ab® – IDEXX’s) para 15 propriedades de criação de gado curraleiro.

Propriedade rural Localização No de amostras

Soropositividade (%) POS NEG SUS

Faz. Florzeira Campestre – GO 223 62,8 29,6 7,6 Faz. Chiqueiro D’antas Água Fria – GO 67 40,3 56,7 3,0 Faz. Recanto Mogy Planaltina – GO 48 12,5 75,0 12,5 Faz. Garganta da Serra Pilar de Goiás – GO 47 29,8 63,8 6,4 Faz. Recanto Azul Chapada da Natividade – TO 18 50,0 38,9 11,1 Faz. Anhanguera Guaraí – TO 81 46,9 48,1 5,0 Faz. Barra Mansa Porto Nacional – TO 40 70,0 20,0 10,0 Faz. Ponta D´água Sucupira – TO 19 21,0 68,4 10,6 Faz. Faveira Elesbão Veloso – PI 50 32,0 58,0 10,0 Embrapa Meio Norte São João do Piauí – PI 153 45,7 43,8 10,5 Faz. Valentin Teresina - PI 15 40,0 46,7 13,3 Faz. Mangal Palmeiras – PI 40 27,5 45,0 27,5 Faz. Abelheira Campo Maior – PI 36 77,8 13,9 8,3 Faz. Apati Campo Maior – PI 15 6,7 86,6 6,7 Faz. Tocaia Campo Maior – PI 59 45,8 44,0 10,2

TOTAL 911 POS – bovinos positivos; NEG – bovinos negativos; SUS – bovinos suspeitos

Para BoHV-1, foram testadas 893 amostras de sete propriedades de GO com

gado curraleiro e quatro propriedades com gado pantaneiro, sendo três propriedades

do Mato Grosso do Sul (MS) e uma do Mato Grosso (MT). Todas as propriedades de

GO (curraleiros) apresentaram animais positivos, cuja soropositividade variou de

49% a 76% (Tabela 2). Em três das quatro propriedades de gado pantaneiro foram

detectados animais reagentes (soropositividade variando de 47% a 60%). Em uma

propriedade do MS todas as amostras foram soronegativas. Os resultados

encontrados nesta avaliação então dentro dos valores de prevalência para o BoHV-1

relatados no Brasil, que variam de 8 a 82% (RIDPAH & FLORES, 2007). AFFONSO

Capa Índice 10825

et al., 2011 ressalta que índices de soroprevalência acima de 40% num rebanho é

considerada como media infecção e acima de 70% como alta. Neste contexto, pode-

se considerar que, com exceção da propriedade do MS, as demais propriedades

apresentam índices de infecção pelo BoHV de média a elevada.

Tabela 2: Soroprevalência de anticorpos anti-BoHV-1 com uso de kit comercial de EIE (HerdCheck IBRgB® – IDEXX’s ) para propriedades de criação de gado curraleiro (GO) e pantaneiro (MS e MT).

Propriedade rural Localização No de amostras Soropositividade (%) POS NEG SUS

Sítio Kalunga Cavalcante - GO 109 55,0 33,0 12,0 Faz. Coqueiro Pirenópolis - GO 60 68,3 26,7 5,0 Faz. Florzeira Campestre – GO 223 76,2 22,0 1,8 Faz. Chiqueiro D’antas Água Fria – GO 67 67,2 32,8 0,0 Faz. Recanto Mogy Planaltina – GO 48 56,2 43,8 0,0 Faz. Maracanã Monte Alegre – GO 43 51,2 46,5 2,3 Faz. Sítio Novo Mimoso de Goiás – GO 79 49,4 50,6 0,0 Faz. UEMS Aquidauana – MS 15 0,0 100 0,0 Faz. Nhumirim (Embrapa) Corumbá – MS 103 58,2 37,8 4,0 Faz. Santo Augusto Rochedo – MS 38 47,4 47,4 5,2 Faz. Promissão Poconé – MT 108 60,2 38,0 1,8

TOTAL 893 POS – bovinos positivos; NEG – Bovinos negativos; SUS – Bovinos suspeitos

Com relação à EBLV, o teste sorológico está sendo realizado em ‘pool’ de

soros de cinco animais, sempre da mesma propriedade. Ao todo foram testadas 980

amostras sendo 718 de curraleiros (GO) e 262 de pantaneiro (MS e MT). Os

resultados obtidos apontam que, pelo menos um dos ‘pool’ analisados, de todas as

propriedades, apresentou resultado positivo, indicando que todas as propriedades

(100%) apresentam pelo menos um animal positivo.

CONCLUSÕES

Os resultados obtidos ate o momento nos permite inferir que os agentes virais

pesquisados, BVDV, BoHV-1 e EBLV, estão amplamente difundidos nos rebanhos

de raças de gado naturalizado do Brasil , o curraleiro e o pantaneiro, assim como já

demonstrado para as demais raças de bovinos explorados no Brasil.

Capa Índice 10826

AGRADECIMENTOS Aos órgãos de fomento CAPES, CNPq, FAPEG pela concessão de

recursos para financiamento do projeto. Ao Ministério de Ciência, tecnologia e

Inovação e a Rede Pro Centro-Oeste de Pós-Graduação, Pesquisa e Inovação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AFFONSO, I.B.; GATTI, S.P.; ALEXANDRINO, B.; OLIVEIRA, M.C.; MEDEIROS, A.S.R.; BUZINARO, M.G.; SAMARA, S.I. Detecção de anticorpos contra o vírus respiratório sincicial bovino (BRSV) em rebanhos leiteiros com diferentes prevalências de herpes bovino tipo 1 (BoHV-1) no Estado de São Paulo, Brasil. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v.32, p.925, 2011.

BIANCHINI, E.; MCMANUS; C.; LUCCI, C. M.; FERNANDES, M. C.B.; PRESCOTT; E; MARIANTE, A.S.; EGITO, A.A. Características corporais associadas com a adaptação AP calor em bovinos naturalizados brasileiros. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.41m p. 1443-1449, 2006.

BRITO, W. M. E. D.; ALFAIA, B. T.; CAIXETA, S. P. M. B.; RIBEIRO, A. C. C.; MIRANDA, T. M. T.; BARBOSA, A. C. V. C.; BARTHASSON, D. L.; LINHARES, D. C.; FARIA, B. O. Prevalência da infecção pelo vírus da diarréia viral bovina (BVDV) no estado de Goiás, Brasil. Revista de Patologia Tropical, Goiânia, v.39, n.1, p.7-19, 2010.

CARVALHO, J. H. Potencial econômico do bovino pé-duro. Teresina: EMBRAPA, Documentos, v.65, p.1-16, 2002.

EGITO, A.A. Diversidade genética, ancestrabilidade individual e miscigenação das raças bovinas no Brasil com base em microssatélites e haplótipos de DNA mitocondrial: subsídios para conservação. 2007, 246f. Tese (Doutorado em Ciências Biológicas) – Instituto de Ciências Biológicas, Universidade de Brasília, Distrito Federal.

FLORES E. F.; WEIBLEN, R.; VOGEL, F. S. F.; ROEHE, P. M.; ALFIERI, A. A.; PITUCO, E. M. A infecção pelo vírus da diarréia viral bovina (BVDV) no Brasil – histórico, situação atual e perspectivas. Pesquisa Veterinária Brasileira, Seropédica, v.25, p. 125-134, 2005.

HOUE, H. Epidemiological features and economical importance of bovine virus diarrhea virus (BVDB) infections. Veterinary Microbiology, Amsterdam, v.64, p. 89-107, 1999.

OIE - OFFICE INTERNATIONAL DES EPIZZOTIES. Manual of diagnostic tests and vaccines for terrestrial animais – Bovine viral diarrhoea. Apresenta informações sobre saúde animal e sua situação no mundo. Disponível em: http://www.oie.int/fr/normes/mmanual/A_00132.htm. Acesso em: 10/01/2008.

RIDPATH, J. F.; FLORES, E. F. Flaviviridae. In: FLORES, E. F. Virologia Veterinária. 1.ed. Santa Maria: Editora da UFSM, p.433-498, 2007.

SANTIN, A.P.I. Perfil sanitário de bovinos da raça curraleiro frente a enfermidades de importância econômica, 2008. 13f. Tese (Doutorado em Ciência Animal – Escola de Veterinária, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Goiás.

Capa Índice 10827

Soliton de Ricci Gradiente Steady Localmente Conformemente Flat

Hiuri Fellipe Santos dos REIS; Romildo da Silva PINA

Instituto de Matemática e Estatística, Universidade Federal de Goiás, Campus II- Caixa

Postal 131, CEP 74001-970 - Goiânia, GO, Brasil.

E-mail: [email protected]; [email protected]

Palavras chaves: Soliton de Ricci, Variedades Riemanniana, Fluxo de Ricci.

1 Introdução

Em 1982, R. Hamilton [2], em seu artigo pioneiro, definiu o fluxo de Ricci como sendo uma

equação de evolução no espaço das métricas Riemannianas que sob vários aspectos se

comporta como a equação do calor. O fluxo é dado pela equação:

∂tg = −2Ricg. (1)

Neste mesmo artigo ele mostrou que o fluxo de Ricci pode ser usado para classificar as vari-

edades compactas de dimensão três que admitem métricas com curvatura de Ricci positiva.

Desde então, muitos trabalhos têm sido publicados sobre o fluxo de Ricci, e algumas teo-

rias importantes da geometria e da topologia têm sido desenvolvidas usando o fluxo de Ricci,

como a Conjectura da Geometrização de Thurston, a Conjectura de Poincaré, o Teorema da

Esfera Diferenciável.

Para o estudo do fluxo de Ricci é importante conhecer as soluções auto-similares (pontos

críticos) do fluxo, que são soluções constantes a menos de homotetia, isso quer dizer que a

solução em cada instante tem a mesma geometria da métrica inicial. Podemos ver em [3] que

essas soluções satisfazem a equação:

Ricg +1

2LV g = λg, (2)

para algum campo diferenciável V sobre M e um número real λ.

As variedades Riemannianas que satisfazem (2) são conhecidas como soliton de Ricci,

dizemos que um soliton é shrinking, expanding ou steady quando λ > 0, λ < 0 ou λ = 0,

respectivamente.

Um caso especial é quando o campo V é o gradiente de alguma função F : M → R,

nesse caso dizemos que o soliton é gradiente. Assim a equação (2) fica na forma:

Ricg +∇2F = λg. (3)

Capa Índice 10828

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 10828 - 10832

No caso em que o soliton é gradiente é de extrema importância, pois temos o resultado, ver

em [4], que ele tem que ser uma solução auto-similar para o fluxo de Ricci, voltando assim

para a sua ideia original. Quando λ = 0, soliton steady, as soluções para o fluxo não sofrem

dilatação, assim para todas as métricas da solução para o fluxo são isométricas. Em [5] H-D.

Cao e Q. Chen faz uma classificação dos soliton de Ricci gradiente steady que são localmente

conformemente flat e não compacto, esse artigo é de fundamental importância, pois ele da

uma completa classificação para essas variedades.

2 Resultados e Discussão

Começaremos com os principais resultados do artigo [5] que trás uma classificação para

os solitons de Ricci Gradiente Steady Localmente Conformemente Flat não compacto em

dimensão (n ≥ 3).

Teorema 1. Seja (Mn, g, F ), n ≥ 3, uma soliton de Ricci gradiente steady n-dimensional local-

mente conformemente flat não compacto, com curvatura seccional positiva. Então, (Mn, g, F )

é isométrico ao soliton de Bryant.

Teorema 2. Seja (Mn, g, F ), n ≥ 3, um soliton de Ricci gradiente steady n-dimensional local-

mente conformemente flat não compacto. Então (Mn, g, F ) é flat ou isométrico ao soliton de

Bryant.

A seguir apresentaremos alguns resultados que são necessários para prova dos teoremas.

Lema 1. Seja (M, g, F ) um sóliton gradiente steady, então:

1. ∇iRij −∇jRik = Rijkl∇lF,

2. gij∇jRik =1

2∇iR,

3. ∇iR = −2Rij∇jF,

4. R + ‖∇F‖2 = C0,

5. ∆F + ‖∇F‖2 = C0.

Lema 2. Se (M, g, F ) um soliton gradiente steady completo, então g tem curvatura escalar

não-negativa, R ≥ 0.

Capa Índice 10829

Com estes Lemas, podemos dar a seguinte estimativa para a função potencial.

Proposição 1. Seja (M, g, F ) um soliton gradiente steady completo e não compacto com

curvatura de Ricci positiva, Ric > 0. Assuma que a curvatura escalar R assume seu máximo

em alguma origem x0. Então, existem algumas constantes 0 < c1 ≤√C0 e c2 > 0 tal que a

função potencial F satisfaz as seguintes estimativas:

c1r(x)− c2 ≤ F (x) ≤√

C0r(x) + |F (x0)| ,

onde r(x) = d(x0, x) é a função distância a x0, e C0 = Rmax é a contante da equação (4)

do lema 1. Em particular, F é uma função exaustão estritamente convexa que assume seu

mínimo em seu único ponto critico x0, e além disso a variedade M é difeomorfa a Rn.

Proposição 2. Seja (Mn, g, F ) um soliton de Ricci gradiente steady completo. Então (Mn, g, F )

tem curvatura de Ricci não negativa Rm ≥ 0, desde que

• n = 3, ou

• n ≥ 4 e (Mn, g, F ) é localmente conformemente flat.

Para provar o Teorema 1 vamos mostrar que (Mn, g, F ) é uma soliton gradiente steady

rotacional simétrico sobre Rn e usar o resultado obtido por R. Bryant [3], que diz que o único

soliton gradiente steady rotacional simétrico sobre Rn é o soliton de Bryant. Para isso vamos

considerar G =: ||∇F ||2 e para qualquer vizinhança onde G �= 0, a hipersuperfície potencial

Σc =: {x ∈ M ;F (x) = c} e usaremos os seguintes lemas.

Lema 3. Para qualquer soliton de Ricci gradiente steady n-dimensional, n ≥ 3, com tensor de

Weyl nulo, Wijkl = 0, temos

|Cijk| =1

(n− 2)2(|Rik∇jF −Rij∇kF |2 − 2

(n− 1)|R∇F − 1

2∇G|2)

onde Cijk é o tensor de Cotton.

Lema 4. Para qualquer ponto p ∈ Σc o tensor de Ricci de (Mn, g, F ) tem um único auto-valor

λ, ou tem dois auto-valores distintos λ e µ de multiplicidade 1 e n-1, respectivamente. Em

ambos os casos, e1 = ∇F||∇F ||

é um auto-vetor associado ao auto-valor λ. Em outras palavras,

para qualquer base ortonormal e2, ..., en tangente a superfície de nível Σc em p, o tensor de

Ricci tem a seguinte propriedade:

Capa Índice 10830

• Rc(e1, e1) = R11

• Rc(e1, eb) = R1b = 0, b = 2, ..., n;

• Rc(ea, eb) = Raaδab, a, b = 2, ..., n;

onde R11 = ... = Rnn = λ ou R11 = λ e R22 = ...Rnn = µ.

Com este lema provamos o seguinte resultado.

Lema 5. Seja c um valor regular de F e Σc = {F = c}. Então:

(a) A função G = ||∇F ||2 é constante sobre Σc, i. e., G é função apenas de F ;

(b) A curvatura escalar R de (Mn, g, F ) é constante sobre Σc;

(c) A segunda forma fundamental hab de Σc é da forma hab =H

n−1gab;

(d) A curvatura média H é constante sobre Σc;

(e) Σc, com a métrica induzida gab, tem curvatura seccional constante.

Usando os resultados acima apresentados daremos agora um ideia da demostração dos

Teoremas 1 e 2.

Lembre que como temos a hipótese que a curvatura seccional é positiva, pelo teorema

de Gromoll- Meyer [6] Mn é difeomorfa a Rn. Além disso a função F é estritamente con-

vexa, tendo assim no máximo um único ponto critico. Em qualquer vizinhança, onde G �= 0,

considerando a hiperficie equipotencial

Σc =: {x ∈ M : F (x) = c}

podemos expressar a métrica ds2 = gij(x)dxidxj como

ds2 = G−1(F, θ)dF 2 + gab(F, θ)dθadθb,

onde θ = (θ2, ..., θn) denota a coordenada intrínseca de Σc. Então o Lema 5 fala que G =

G(F ), gab = gab(F ) e (Σc, gab) é um espaço forma, com curvatura positiva. Também, F tem

exatamente um ponto critico, caso contrario F teria uma região flat o que é impossível. Como,

em M − {x0} temos

ds2 = G−1(F )dF 2 + ϕ2(F )gSn−1

Capa Índice 10831

onde gSn−1 é a métrica padrão da esfera unitária Sn−1, e ϕ é alguma função diferenciável

sobre M dependendo somente de F e zerando em x0. Assim, (M, g, F ) é um soliton de Ricci

gradiente steady rotacional simétrico sobre Rn. Desta maneira, ele é o soliton de Bryant.

Para o Teorema 2 se o operador curvatura não é positivo, pelo principio do máximo forte

de Hamilton o grupo de holonomia é reduzido assim a variedade terá que ser um produto

Riemanniano, ou um espaço localmente simétrico ou então não localmente simétrico mas

irredutível. Estudando estes três casos e usando o Teorema 1 podemos concluir que a varie-

dade é flat ou o soliton de Bryant.

3 Conclusão

Concluímos que, o soliton de Bryant é o único soliton de Ricci gradiente steady completo

localmente comformemente flat com curvatura seccional positiva de dimensão n ≥ 3. Por

outro lado, se a curvatura seccional não é positiva o soliton gradiente steady completo não

compacto (M, g, F ) tem o grupo de holonomia reduzido, então ele será flat ou o soliton de

Bryant.

Referências

[1] Carmo, M. P. do - Geometria Rieanniana, Projeto Euclides, 2008.

[2] R. Hamilton, Three-manifolds with positive Ricci curvature, J. Differential Geom. 15, 1982,

255-306.

[3] Chow, B. et al., The Ricci flow: techniques and applications. Part I. Geometric aspects.

Mathematical Surveys and Monographs, 135. American Mathematical Society, 2007.

[4] Chow, B. et al., Hamiltons Ricci Flow, 2005.

[5] H-D Cao e Q. Chen, On locally conformally flat gradient steady Ricci flow, 2010.

[6] Gromoll, D. and Meyer, W., On complete open manifolds of positive curvature, 1969.

Capa Índice 10832

Decaimento de solitons escuros em condensados de

Bose-Einstein atomicos quase unidimensionais

Hugo Leonardo Carvalhaes COUTO∗; Wesley Bueno CARDOSO†

Instituto de Fısica, Universidade Federal de Goias,

C.P.131, 74.001-970, Goiania (GO), Brasil

Palavras-chave: condensados de Bose-Einstein, solitons, solitons escuros, equacao de

Gross-Pitaevskii

I. INTRODUCAO

Embora ja em 1924 Bose tenha previsto a condensacao de gases ideais bosonicos

a baixıssimas temperaturas no estado de partıcula unica fundamental – condensacao

de Bose-Einstein – esse estado condensado so pode ser observado pela primeira vez

em 1995, em vapores de rubıdio-871. Desde entao, tem havido um interesse crescente

pelas propriedades dos condensados em gases diluıdos2.

Nesses gases, o alcance do potencial de interacao entre partıculas e bem menor

que a distancia media entre elas. Isso faz da interacao simultanea entre tres ou mais

partıculas um evento extremamente improvavel, podendo-se desprezar o hamiltoniano

dessas interacoes. Dada a energia extremamente baixa do gas, o espalhamento de

uma partıcula pelo potencial da outra pode ser modelado com uma boa aproximacao

pelo espalhamento devido a um potencial de contato34. Uma vez que nesse limite de

temperatura a maior parte das partıculas esta no condensado, podemos desprezar as

excitacoes e obter uma equacao de evolucao para o condensado, chamada Equacao

de Gross-Pitaevskii (EGP)5.

i�∂tψ =−�

2

2m∇2ψ + V (r)ψ + gN |ψ|2 ψ , (1)

ψ(r, t) e a funcao de onda do condensado, definida como o estado fundamental de

partıcula unica do sistema; N e o numero de partıculas do condensado; V (r) e o

potencial de aprisionamento do gas; e o termo nao-linear gN |ψ|2 modela a interacao

∗ E-mail: [email protected]; † E-mail: [email protected]

Capa Índice 10833

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 10833 - 10837

2

interatomica, onde a intensidade da nao-linearidade g = 4π�2a/m e dada em termos

do comprimento a de espalhamento do orbital s e da massa atomica m.

A EGP admite solucoes ondulatorias localizadas, chamadas solitons3. Os solitons

escuros (dark solitons) sao um tipo particular de solitons restritos a sistemas com

interacao repulsiva (a > 0) e caracterizados por uma variacao repentina na fase da

solucao e por uma depressao acentuada da densidade de partıculas nessa regiao6.

Quando o aprisionamento radial e harmonico e bem mais estreito que o aprisiona-

mento axial, podemos separar a parte radial da parte axial da EGP. Particularmente

em sistemas com interacao repulsiva, a equacao axial obtida, que descreve a dinamica

do soliton nessa direcao, tem a forma nao-polinomial7:

i�∂tψ =�2

2m∂2

xxψ + Vx(x)ψ + �ω⊥

1 + 4aN |ψ|2ψ (2)

onde Vx(x) e o potencial que aprisiona o gas na direcao axial, ω⊥ e a frequencia

angular de oscilacao do potencial radial e ψ e a funcao de onda axial do condensado.

Se o gas for suficientemente rarefeito e o potencial de interacao for suficiente-

mente fraco, de maneira que 4aN |ψ|2 = m/π�2N |ψ|2∫

d3r′V (r′) ≪ 1, truncamos a

expansao da raiz quadrada em (2) e obtemos a equacao cubica usualmente utilizada

nas simulacoes de sistemas quase-unidimensionais7.

i�∂tψ =�2

2m∂2

xxψ + Vx(x)ψ + 2�ω⊥aN |ψ|2 ψ . (3)

Se, pelo contrario, o gas e denso o bastante para que 4aN |ψ|2 ≫ 1 (regime de

Thomas-Fermi), obtemos a expressao

i�∂tψ =�2

2m∂2

xxψ + Vx(x)ψ + 2�ω⊥

√aN |ψ|ψ . (4)

A equacao de Gross-Pitaevskii unidimensional com potencial nulo tem solucao

analıtica exata do tipo dark8, β tanh(β√2ω⊥aNx) + iv/c. Uma vez que conhecamos

o estado fundamental ψ0 da equacao axial, seja ela (2), (3) ou (4), podemos “cons-

truir” o perfil inicial de um soliton escuro mediante9

ψ(x, 0) =√

ψ∗0(x)ψ0(x)

[

β tanh(

β√

2ω⊥aNx)

+ iv

c

]

(5)

onde c e a velocidade do som no meio, v e a velocidade inicial do soliton e β :=

Capa Índice 10834

3

1− v2/c2. Observe que, se ψ0 variar lentamente, o comportamento da tangente

hiperbolica em torno do zero garante que o perfil tenha um mınimo nesse ponto e que

a fase varie muito rapidamente.

II. MATERIAL E METODOS

Dado o perfil inicial ψ(x, 0) podemos obter numericamente ψ(x, t) em um instante

posterior t qualquer aplicando iterativamente em pequenos intervalos ∆t o seguinte

procedimento10:

• Dispondo do perfil ψ(x, ti), fazemos a propagacao devida ao potencial de apri-

sionamento Vx(x) e a nao-linearidade �ω⊥

1 + 4a |ψ|2 em metade do intervalo

∆t/2

ψ(1)(x, ti+1) = exp

[

−i

(

Vx(x)ψ + �ω⊥

1 + 4a |ψ|2ψ)

∆t/2

]

ψ(x, ti) ;

• depois, fazemos a propagacao devida ao termo cinetico �2/2m∂2

xx em todo o

intervalo ∆t, mediante o uso do metodo de Crank-Nicholson11;

• por fim, repetimos o primeiro passo e obtemos ψ(x, ti+1).

ψ(x, ti+1) = exp

[

−i

(

Vx(x)ψ + �ω⊥

1 + 4a |ψ|2ψ)

∆t/2

]

ψ(2)(x, ti+1) ;

O perfil inicial ψ(x, 0) e calculado por (5). O estado fundamental ψ0(x) e obtido

atraves de propagacao semelhante aquela que fazemos para obter ψ(x, t), exceto

que o tempo ∆τi = −i∆ti e um numero imaginario puro e que perfil inicial desta

propagacao e o estado fundamental de (3) com nao-linearidade nula, a = 0. A

propagacao em tempo imaginario dessa solucao converge, apos um numero suficiente

de iteracoes, para a funcao de onda do estado fundamental da equacao nao-linear12.

III. RESULTADOS E DISCUSSAO

Nos simulamos o comportamento de um gas diluıdo de rubıdio-87 em uma arma-

dilha harmonica, atraves da propagacao do perfil da funcao de onda com o proce-

dimento descrito na secao anterior. Utilizamos um aprisionamento radial muito mais

Capa Índice 10835

Capa Índice 10836

5

0

0.01

0.02

0.03

0.04

0.05

0.06

0.07

0.08

0.09

0.1

−30 −20 −10 0 10 20 30

ψ2

x

npolingpe

tf

(a)no regime da equacao cubica,4a|ψ0|2max

≈ 0, 19 (Parametros:N = 1, 2× 10

3, ωx = 0, 054× 2πHz);

0

0.05

0.1

0.15

0.2

0.25

−15 −10 −5 0 5 10 15

ψ2

x

npolingpe

tf

(b)no regime proprio da equacaonao-polinomial, 4a|ψ0|2max

≈ 2

(Parametros: N = 1, 2× 103,

ωx = 5, 4× 2πHz);

0

0.02

0.04

0.06

0.08

0.1

0.12

0.14

−15 −10 −5 0 5 10 15

ψ2

x

npolingpe

tf

(c)no regime da equacao quadratica,4a|ψ0|2max

≈ 19 (Parametros:N = 1, 2× 10

4, ωx = 5, 4× 2πHz)

Figura 2: Comparacao entre os perfis de saıda da densidade em t = 30/ωx

7 A. M. n. Mateo and V. Delgado, Phys. Rev. A 77, 013617 (2008).8 Y. S. Kivshar and G. P. Agrawal, Optical Solitons (Academic Press, 2003).9 V. A. Brazhnyi and V. V. Konotop, Phys. Rev. A 68, 043613 (2003).

10 Y. Yazici, Operator splitting methods for differential equations (Izmir Institute of Technology,

2010), URL http://library.iyte.edu.tr/tezler/master/matematik/T000855.pdf.11 F. J. Vesely, Computational Physics, An Introduction (Plenum Press, New York, 1994).12 L. Lehtovaara, J. Toivanen, and J. Eloranta, Journal of Computational Physics 221, 148

(2007), ISSN 0021-9991.13 N. G. Parker, N. P. Proukakis, and C. S. Adams, Phys. Rev. A 81, 033606 (2010).

Capa Índice 10837

Saber e poder no discurso da moda

Humberto Pires da PAIXÃO Universidade Federal de Goiás-GO

[email protected]

Kátia Menezes de SOUSA Universidade Federal de Goiás

[email protected]

PALAVRAS-CHAVE: moda, dispositivo, saber, poder, sujeito. INTRODUÇÃO

Falar de moda é ainda hoje uma atitude que demanda coragem da parte

de quem o faz. Há, disseminado e impregnado na memória coletiva, um pré-

construído que diz tratar-se de algo fútil e pertencente apenas ao universo

feminino – apesar das evidências em contrário –, ou mesmo de algo pautado

no superficial em detrimento do intelectual. Em qualquer desses argumentos, a

sentença é única: a moda é algo que não merece tratamento mais apurado e

aprofundado. Nesse sentido, é curioso notar que, mesmo no interior da

comunidade acadêmica, ainda há aqueles que se manifestam contrariamente a

uma abordagem mais científica da questão, alegando não pertencer tal objeto

ao rol daqueles alçados à condição de objetos de pesquisa.

A presente pesquisa, originada das reflexões proporcionadas pela

leitura da obra Arqueologia do Saber (FOUCAULT, 2009), busca colocar em

evidência e investigar os enunciados que puderam e foram efetivamente ditos,

constituindo saberes e poderes nesse campo discursivo. Ou, dito de outra

forma, “descosturar, e analisar, as palavras e os conceitos usados para falar de

moda” (BARNARD, 2003, p. 49), o que equivale a dizer: analisar o discurso que

a sustenta e a caracteriza. Se é verdade que todo saber evoca um poder e

vice-versa, seria válido questionar que relações de poder e,

consequentemente, que saberes são esses instaurados pelo/no universo

fashion e que implicações existiriam quanto à construção de desejos e

necessidades nos sujeitos-alvo desse discurso.

Capa Índice 10838

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 10838 - 10842

Diante de tal poder, é imperativo inseri-lo na “ordem arriscada do

discurso” (FOUCAULT, 2009, p. 07), buscando entender seu funcionamento e

suas particularidades no que diz respeito à objetivação/subjetivação dos

indivíduos, isto é, “[as]práticas que de dentro da nossa cultura tendem a fazer

do homem um objeto” e “as práticas que [...] constituem o indivíduo moderno”

(FONSECA, 2003, p. 25). Ou seja, questionar, dentre outras coisas, que

indivíduos se constituem por meio do que circula na mídia sobre a moda e a

quem ou a que esses novos padrões estéticos e comportamentais atendem.

Nossa hipótese, então, poderia ser descrita da seguinte maneira: Seria a moda

um dispositivo discursivo no qual/por meio do qual se constroem indivíduos

dóceis e úteis para as sociedades pautadas na produção e no consumo, ou

ainda, seria um dispositivo que controla a população ao produzir a ilusão de

que leva ao bem-estar e à felicidade?

METODOLOGIA

Para desenvolver um trabalho cuja finalidade perpassa a análise do

discurso referente à moda, tomada como um dispositivo de

objetivação/subjetivação dos indivíduos, buscou-se apoio num tipo de pesquisa

denominada qualitativa. Trata-se de um tipo de investigação por meio do qual o

pesquisador busca dados em seu universo particular e característico, com a

finalidade de ser o mais próximo possível das práticas nas quais os seres

humanos se inserem. Ressalte-se, pois, que algumas de suas características

fundamentais residem em seu caráter interpretativo e no fato de os

pesquisadores utilizarem uma variedade de técnicas com o objetivo de

compreender melhor o objeto de suas investigações.

Partindo, pois, dessa base metodológica crítica, faz-se necessária a

escolha adequada de métodos de geração de dados que se encaixem com

esse tipo de abordagem e que deem conta do objeto de estudo em questão.

Cabe lembrar que, ao se falar em método, faz-se referência a algo diverso de

metodologia: o primeiro relaciona-se ao “conjunto de procedimentos de coletas

e análise de dados” (TELLES, 2002, p. 100); o segundo se configura como

aquilo que fundamenta o método ou que lhe dá sustentação. Assim sendo, na

presente pesquisa faz-se uso, como método ou procedimento para a

Capa Índice 10839

coleta/geração de dados, a análise de documentos, ou mais precisamente da

análise de textos diversos que circulam na mídia, especialmente extraídos das

revistas Veja e Men’s Health.

Ademais, quando se fala em análise documental, merece destaque a

diferença, apresentada por Michel Foucault, entre a noção de documento e a

de monumento. Para o pensador francês, aquela estaria vinculada a um fazer

histórico voltado para grandes acontecimentos e certas regularidades,

denominado história das ideias; na análise histórica à qual se vincula a

arqueologia foucaultiana, “o documento não é mais essa matéria inerte a partir

da qual a história trata de reconstruir o que os homens disseram ou fizeram”

(CASTRO, 2009, p. 125), ou seja, como signo de outra coisa, mas como

monumento: “A arqueologia [...] não trata o discurso como documento, como

signo de outra coisa [...]; ela se dirige ao discurso em seu volume próprio, na

qualidade de monumento.” (FOUCAULT, 2009, p. 157)

Do exposto acima, pode-se depreender que esta pesquisa busca

regularidade em meio à dispersão de enunciados existentes no grande arquivo

concernente ao que já foi dito sobre a moda. Nesse sentido, convém lembrar

que “trabalhar com a noção de arquivo exige do analista que o material em

análise receba uma leitura que traga à tona dispositivos e configurações que

permitam flagrar o sistema de formação e transformação dos enunciados a

partir da diversidade de textos (SARGENTINI, 2008, p. 132-133). Sendo assim,

com relação ao trabalho arqueogenealógico empreendido por M. Foucault, tem-

se aí um produtivo referencial teórico-metodológico para o desenvolvimento de

pesquisas de cunho crítico pautados em análises de monumentos.

RESULTADOS PARCIAIS

Esta pesquisa insere-se no rol daquelas que pretendem analisar

discursos que circulam socialmente e que, de alguma maneira, refletem e

refratam o que somos. Acresce-se a isso o fato de que os trabalhos em Análise

do Discurso intentam, na esteira do pensamento foucaultiano, entender o

presente: o que somos e por que nos tornamos o que somos hoje. Ampliando

e/ou invertendo isso, talvez o propósito hoje “não seja descobrir o que somos,

mas recusar o que somos. Temos de imaginar e construir o que poderíamos

Capa Índice 10840

ser para nos livrarmos desse ‘duplo constrangimento’ político, que é a

simultânea individualização e totalização próprias às estruturas do poder

moderno.” (FOUCAULT, 2010a, p. 283).

Sendo assim, este trabalho coloca-se, de um lado, em comunhão com

aqueles que buscaram o mesmo em relação a outros discursos, descrevendo e

analisando aquilo que foi efetivamente dito num certo momento e num

determinado local, representados pela tendência denominada AD de cunho

foucaultiano. Por outro lado, opõem-se àqueles que buscaram apreender o

discurso da moda, pautando-se em pressupostos teóricos inconsistentes, a

nosso ver, por aproximar-se de um universo complexo e de tamanha

volatilidade, tomando como base explicativa pressupostos sociológicos e

antropológicos, ou ainda sistêmicos (BARTHES, 2009) ou comunicacionais

(LURIE, 1997). Trata-se de um empreendimento nada fácil, mas motivante e,

em grande medida, instigante, pois abordar aspectos discursivos da moda a

partir de textos extraídos da mídia pode ajudar a compreender os processos

pelos quais passam os indivíduos nas sociedades modernas, que os

transforma – ou contribui para transformá-los – em “sujeitos dóceis e úteis”

uma vez que, essa é parte da nossa hipótese, esses discursos contribuem

decisivamente na criação de indivíduos jovens, saudáveis e “de bem com a

vida”.

Enquanto efeito, ou seja, enquanto produto discursivo, resultantes das

condições de produção dos discursos, a moda em si não existiria, não haveria

um elemento dado a priori e que seria referência para o que se pode vestir. Em

verdade, pelo menos é o que aponta nossas pesquisas, a moda é fruto dos

discursos que circulam num dado momento, resultante do imbricamento entre

diferentes formações discursivas que, agindo uma sobre a outra, fazem emergir

aquilo que pode e deve ser dito, ou ainda, aquilo que pode e deve ser utilizado

sobre o corpo.

O que pudemos observar nas nossas análises é que o referencial teórico

e metodológico escolhido parece satisfazer em grande medida o que se intenta

por meio deste trabalho. O que se tem constatado é que os textos midiáticos,

ao partirem de determinado ideal de indivíduo, parecem instituir, por meio de

saberes e micropoderes que se comungam, certa normalização, um modelo de

ser e de comportar que, ao que tudo indica, se encaixaria num modelo eficiente

Capa Índice 10841

para a sociedade pautada no biopoder, ou seja, nessa forma de governar cuja

incidência recai “sobre a vida e para manter a vida” (MENDES, 2006, p. 173)

por meio de mecanismos sutis de controle e dominação.

REFERÊNCIAS BARTHES, Roland. Sistema da moda. Trad.: Ivone C. Benedetti. São Paulo: Martins Fontes, 2009. CASTRO, Edgardo. Vocabulário de Foucault: um percurso pelos seus temas, conceitos e autores. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009. FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade 1: a vontade de saber.Trad.: Maria Thereza C. Albuquerque; J. Guilhom Albuquerque. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1999. ______. A ordem do discurso. Trad.: Laura Fraga A. Sampaio. São Paulo: Loyola, 2009. ______. Arqueologia do Saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2009. ______, O sujeito e o poder. In: DREYFUS, Hubert L.; RABINOW, Paul. Michel Foucault: uma trajetória filosófica: para além do estrturalismo e da hermenêutica. Trad.: Portocarrero e Gilda Gomes Carneiro. 2 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010a. p. 273-295. ______ . Poder e saber. In: MOTTA, M. B. (Org). Michel Foucault. Ditos e Escritos, vol. IV. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010b. p.223-240.

FONSECA, Márcio. Michel Foucault e a constituição do sujeito. São Paulo: Edu, 2003. GREGOLIN, Maria do Rosário V. Formação discursiva, redes de memória e trajetos sociais de sentido: mídia e produção de identidades. In: BARONAS, Roberto Leiser (Org.). Análise do Discurso: apontamentos para uma história da noção-conceito de formação discursiva. São Carlos: Pedro & João Editores, 2007. p. 155-168. LIPOVETSKY, Gilles. O império do efêmero: a moda e seu destino nas sociedades modernas. Trad.: Maria Lucia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. LURIE, Alison. A linguagem das roupas. Trad.: Ana Luiza Dantas Borges. Rio de Janeiro: Rocco, 1997. MENDES, Cláudio Lúcio. O corpo em Foucault: superfície de disciplinamento e governo. In: Revista de Ciências Humanas, Florianópolis, EDUFSC, n. 39, p. 167-181, Abril de 2006. Disponível em WWW.cfh.ufsc.br/~revista/rch39/RCH39_artigo_9.pdf SARGENTINI, V. O arquivo e a construção de memórias: o caso do apagão. In: ROMÃO, L. M.; GASPAR, N. R. Discursos midiáticos: sentidos de memória e arquivo. São Carlos: Pedro& João Editores, 2008. TELLES, João A. ‘É pesquisa, é? Ah, não quero, não, bem!’:Sobre a pesquisa acadêmica e sua relação com a prática do professor de línguas. Linguagem e ensino, v. 5, n. 2, 2002, p. 91-116.

Capa Índice 10842

Avaliação da metaciclogênese in vitro de

Leishmania (V.) braziliensis e Leishmania (L.) amazonensis

Ildefonso Alves da Silva JUNIOR; Fátima RIBEIRO-DIAS; Arissa Felipe BORGES;

Camila Imai MORATO; Milton Adriano Pelli de OLIVEIRA; Miriam Leandro DORTA.

Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública – IPTSP/UFG

e-mail: [email protected]

Palavras-chave: Leishmania, macrófago, metaciclogênese.

Introdução

Os protozoários do gênero Leishmania sp são parasitos que causam a

leishmaniose, sendo que L. (V.) braziliensis e L. (L.) amazonensis causam as formas

mais graves da doença, como a leishmaniose mucosa e a cutâneo difusa,

respectivamente. A metaciclogênese é um processo de diferenciação do parasito

dentro do inseto vetor (flebotomíneo) que leva ao surgimento de formas

promastigotas metacíclicas, altamente infectantes para o hospedeiro vertebrado.

Este processo também ocorre durante o cultivo in vitro dos parasitos, onde formas

promastigotas procíclicas, da fase logarítmica do crescimento, transformam-se em

formas metacíclicas, durante a fase estacionária do crescimento (SILVA; SACKS,

1987). Existem diferentes métodos para identificar e separar formas metacíclicas e

procíclicas em cultura. Alguns destes métodos são específicos para espécies e

baseiam-se nas diferenças morfológicas e bioquímicas das formas evolutivas.

Pouco ainda foi descrito sobre a metaciclogênese in vitro das espécies L.

(V.) braziliensis e L. (L.) amazonensis. Definir a metaciclogênese in vitro é

fundamental para estudos de infecção de macrófagos humanos pelos parasitos, pois

as diferentes formas promastigotas apresentam características bioquímicas que

podem ser determinantes na relação parasito-célula. Assim, o objetivo do presente

trabalho foi avaliar o processo de metaciclogênese de diferentes isolados de L. (V.)

braziliensis e L. (L.) amazonensis, utilizando diferentes métodos, e a capacidade de

infecção de macrófagos humanos por parasitos em diferentes fases do crescimento.

Capa Índice 10843

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 10843 - 10847

Materiais e Métodos

Foram avaliados isolados de L. (V.) braziliensis (IMG3, PPS6m, M2903) e

de L. (L.) amazonensis (MAB6 e PH8), que fazem parte do Leishbank (IPTSP/UFG).

As curvas de crescimento foram realizadas em meio Grace completo (20% SFB) e

após 2, 6 ou 10 dias de cultivo, a quantidade de formas metacíclicas foi quantificada

por meio do ensaio de aglutinação, utilizando a lectina de Bauhinia purpurea, BPL

(para L. (V.) braziliensis) e o anticorpo 3A1-La (para L. (L.) amazonensis), citometria

de fluxo (de acordo com SARAIVA et al, 2005) e ensaio de resistência ao

Complemento (de acordo com LOUASSINI et al. 1998). Macrófagos humanos,

derivados de monócitos do sangue de doadores sadios (n = 12), ativados ou não

com IFN e lipopolissacarídeo (LPS), foram infectados com os parasitos de

diferentes dias de cultivo (1:1, parasito:macrófago), bem como com parasitos

enriquecidos em formas metacíclicas (purificados pelo ensaio de aglutinação). O

índice de infecção das culturas foi determinado após 24 ou 72 horas de incubação.

Os dados foram analisados por teste pareado de Wilcoxon ou por ANOVA Kruskal-

Wallis. O nível de significância foi estabelecido em p < 0,05.

Resultados e Discussão

O primeiro passo para determinar o perfil de metaciclogênese dos

isolados foi estabelecer a curva de crescimento in vitro dos parasitos. Foi detectada

intensa proliferação dos parasitos entre o primeiro e quarto dia de cultura, sendo

esta fase denominada de fase logarítmica do crescimento. A partir do 5º dia de

cultura, a proliferação dos parasitos diminuiu, iniciando a fase estacionária do

crescimento. O máximo de parasitos nas culturas variou de ~4 a 7 x 107

parasitos/mL. Não houve diferença estatisticamente significativa entre as curvas de

crescimento ou entre as quantidades de parasitos obtidos nas culturas dos

diferentes isolados de uma mesma espécie. O perfil de crescimento dos isolados foi

similar àquele descrito anteriormente por outros autores, mesmo com uso de

diferentes meios de cultura, usando a cepa L. (V.) braziliensis M2903 e também

outros isolados da mesma espécie (COSTA et al., 2011;SARAIVA et al., 1995).

A citometria de fluxo (tamanho, FSC e granulosidade, SSC) revelou que

para os isolados M2903 e MAB6, o pico de formas metacíclicas ocorreu no 6º dia de

Capa Índice 10844

cultura; já os isolados IMG3, PPS6m e PH8 apresentaram um aumento na

porcentagem de formas metacíclicas de forma mais lenta, com o pico somente no

10º dia de cultura.

Durante a metaciclogênese, além das alterações morfológicas, os

parasitos sofrem alterações bioquímicas na molécula de lipofosfoglicana (LPG) que

recobre a membrana externa do parasito, permitindo sua identificação e purificação

por meio da aglutinação com lectinas e anticorpos. Os resultados do presente

trabalho mostraram que a utilização de BPL e do anticorpo foram eficazes para a

purificação de formas promastigotas metacíclicas, como demonstrado previamente

por outros autores (PINTO-DA-SILVA et al., 2002, 2005). Foi detectado um aumento

significante na quantidade de formas metacíclicas na fase estacionária do

crescimento (6º ou 10º dia), em relação aos parasitos do 2º dia de cultura, para

todos os isolados avaliados. Assim, as mudanças bioquímicas (no LPG dos

parasitos), utilizadas como base da purificação com BPL/anticorpo podem não

seguir o mesmo padrão temporal de diferenciação morfológica avaliado pela

citometria de fluxo.

No presente estudo, parasitos da fase estacionária de isolados de ambas

as espécies foram mais resistentes à lise mediada pelo Complemento do que os

parasitos do 2º dia (Fase Log.). Estes dados estão de acordo com os resultados

obtidos pelo método de purificação (BPL/3A1-La) e corroboram a ideia de que as

alterações bioquímicas da LPG, ocorridas durante a metaciclogênese, são

necessárias para a resistência ao Complemento, o que é importante para a

virulência do parasito (FRANCO eta l., 2012; MCCONVILLE & NADERER, 2011).

Um dos objetivos de avaliar o processo de metaciclogênese in vitro de

diferentes isolados de Leishmania, além de avaliar características dos parasitos, é

determinar as condições ideais para infecção de macrófagos humanos, para estudos

da interação entre estas células e os parasitos. Os resultados mostraram que o

índice de infecção dos macrófagos, após 24 ou 72 horas de incubação com os

parasitos, foi maior naquelas culturas infectadas com formas promastigotas da fase

estacionária do 6º ou 10º dia de cultura. O aumento no índice de infecção coincidiu

com o aumento das porcentagens de formas metacíclicas, detectadas pelos ensaios

de aglutinação ou resistência ao Complemento, nas culturas de todos os isolados

avaliados.

Capa Índice 10845

A atividade microbicida dos macrófagos pode ser aumentada por ativação

clássica dos macrófagos (IFN /LPS; GORDON et al, 2012), que induz a produção de

moléculas microbicidas. No presente trabalho, o tratamento com IFN /LPS reduziu

significantemente o índice de infecção dos macrófagos, mas os resultados foram

similares àqueles sem tratamento, ou seja, os parasitos de 6o e 10o dia causaram os

maiores índices de infecção. Os macrófagos ativados conseguiram diminuir

significantemente os índices de infecção (24 h) causados pelos parasitos M2903 (de

2 e 6 dias), IMG3 (de 2 dias), PPS6m (de 6 dias) e PH8 (de 6 e 10 dias), mas não

aqueles causados pelo isolado MAB6. Estes resultados se repetiram apenas para

M2903, PH8 e MAB6, após 72 h de incubação. Os dados indicam que M2903 e PH8

foram mais suscetíveis aos mecanismos microbicidas dos macrófagos, enquanto o

isolado MAB6 parece ser o mais resistente. Como as culturas dos parasitos de 6o dia

de cultivo são ricas em formas metacíclicas, com densidades similares destas

formas nas culturas (70-90% M2903; 60-80% IMG3; 40-80% PPS6m; 60-70% PH8 e

50-80%; técnica BPL/3A1-La e resultados similares com teste do Complemento), é

possível que a maior ou menor resistência dos isolados aos mecanismos

microbicidas dos macrófagos sejam características intrínsecas de cada isolado.

Este é o primeiro trabalho a avaliar o processo de metaciclogênese in

vitro de parasitos das espécies L. (V.) braziliensis e L. (L.) amazonensis, utilizando,

simultaneamente, diferentes métodos já estabelecidos. Os resultados das análises

dos perfis de metaciclogênese mostram claramente que este processo ocorre in vitro

para espécies L. (V.) braziliensis e L. (L.) amazonensis e que pode apresentar

diferentes padrões entre espécies e isolados de uma mesma espécie, dependendo

dos aspectos analisados, sejam eles: alterações de morfologia, complexidade

celular, alterações bioquímicas da LPG, resistência ao Complemento e capacidade

de infecção de macrófagos humanos.

Conclusões

Os dados demonstraram que o curso temporal de crescimento in vitro dos

diferentes isolados, avaliado pela contagem diária dos parasitos, foi similar para

todos os isolados, sendo detectada a fase estacionária do crescimento a partir do 5º

dia de cultivo. A quantidade de formas metacíclicas aumenta durante a fase

Capa Índice 10846

estacionária da cultura, coincidindo com o aumento da capacidade dos parasitos de

infectar macrófagos humanos. Os isolados apresentaram diferentes perfis de

suscetibilidade à atividade microbicida de macrófagos humanos, sugerindo

diferenças existentes entre parasitos causadores de diferentes formas clínicas da

leishmaniose.

Referências Bibliográficas

Costa et al., (2011). Energetic metabolism of axenic promastigotes of Leishmania (Viannia) braziliensis. Experimental parasitology.

Franco, L. H. & Zamboni, D. S. (2012). Innate immune activation and subversion of Mammalian functions by leishmania lipophosphoglycan. Jour. of parasitol reseach.

Gordon, S. (2012). Innate Immune Functions of Macrophages in Different Tissue Environments. Journal of innate immunity.

Louassini M, Adroher FJ, Foulquié MR, Benítez R (1998). Investigations on the in vitro metacyclogenesis of a visceral and a cutaneous human strain of Leishmania infantum. Acta tropica.

McConville, M. J., & Naderer, T. (2011). Metabolic pathways required for the intracellular survival of Leishmania. Annual review of microbiology.

Pinto-da-Silva et al., (2002). Leishmania (Viannia) braziliensis metacyclic promastigotes purified using Bauhinia purpurea lectin are complement resistant and highly infective for macrophages in vitro and hamsters in vivo. International journal for parasitology.

Pinto-da-Silva et al., (2005). The 3A1-La monoclonal antibody reveals key features of Leishmania (L) amazonensis metacyclic promastigotes and inhibits procyclics attachment to the sand fly midgut. International journal for parasitology.

Saraiva EM, Pimenta PF, Brodin TN, Rowton E, Modi GB, Sacks DL 1995. Changes in lipophosphoglycan and gene expression associated with the development of Leishmania major in Phlebotomus papatasi. Parasitology 111: 275–287.

Saraiva et al., (2005). Flow cytometric assessment of Leishmania spp metacyclic differentiation: validation by morphological features and specific markers. Experimental parasitology.

Silva R da, Sacks DL (1987). Metacyclogenesis is a major determinant of Leishmania promastigote virulence and attenuation. Infection and immunity.

Apoio financeiro: CNPq, CAPES, FAPEG

Capa Índice 10847

Hibridismos e mesclas culturais na construção de identidades e subjetividades em campeonatos de cosplay1

Ilíada Damasceno PEREIRA Orientador Raimundo MARTINS

Programa de Pós-graduação em Arte e Cultura Visual [email protected]

Palavras chave: campeonatos de cosplay2, cosplayers3, identidades, subjetividades, animencontros.

Introdução Esta pesquisa busca compreender como identidades e subjetividades são

construídas a partir da relação de concorrentes de campeonatos de cosplay com

artefatos visuais da cultura pop japonesa. O objetivo é interpretar como ocorrem

estas construções e como estas identidades e subjetividades são desenvolvidas e

externadas.

Para tanto, realizei a pesquisa de campo nos campeonatos de cosplay de

dois animencontros ocorridos, anualmente, na cidade de Fortaleza, a Super Amostra

Nacional de Animês 2011 (SANA) e o SANA Fest 2012. A ideia de desenvolver um

projeto sobre tais visualidades, aspectos das relações entre elas e os indivíduos que

as consomem, surgiu, principalmente, por estes artefatos visuais estarem presentes

em minha trajetória e minha vida.

Desde a infância leio mangás e assisto a animês e filmes tokusatsu. Essas

visualidades da cultura midiática japonesa, de alguma forma, sempre estiveram

presentes em meu cotidiano através de filmes e desenhos da televisão. Assim, ao

decidir elaborar perguntas/problemas que norteassem este projeto, vislumbrei a

possibilidade de levar para a academia um pouco de minha formação e de meus

prazeres.

Apesar de ter realizado a pesquisa de campo em dois animencontros, mais

especificamente nos campeonatos de cosplay que neles ocorrem, faço a ressalva de

1 Pesquisa financiada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) 2 Campeonatos onde os indivíduos (cosplayers) vestem-se como seus personagens favoritos e, em seguida, desfilam para uma plateia e jurados. 3 Indivíduos que brincam de se fantasiar de personagens da cultura pop midiática.

Capa Índice 10848

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 10848 - 10852

que os eventos não são o foco ou o problema da investigação, mas os locais onde

encontrei os colaboradores e produzi os dados. Avaliando que o contexto é aspecto

determinante na escolha do tema, na concepção e no desenvolvimento da

investigação, considerei importante destacar, na primeira parte do corpo do trabalho,

uma ambientação histórica sobre a cultura pop nipônica e a entrada/chegada de

animencontros no Brasil e, principalmente, na cidade de Fortaleza.

Material e métodos

Realizei a pesquisa de campo no SANA 2011 e no SANA Fest 2012, eventos

que acontecem, respectivamente, em três dias do mês de julho e em dois dias do

mês de janeiro, no Centro de Convenções da cidade de Fortaleza. A investigação,

dessa forma, foi organizada em duas etapas que buscaram englobar e cumprir as

necessidades do projeto.

Durante o SANA 2011, principal evento dessa espécie na Cidade, realizei

observação participante com registro de imagens e oito entrevistas individuais com

concorrentes das diversas categorias de campeonatos de cosplay do evento. Neste

animencontro concorrem, geralmente, as seguintes categorias: o campeonato

individual, o desfile cosplay, o desfile infantil, o campeonato tradicional e o

campeonato de cosplay livre.

Em 2012, retornei à cidade de Fortaleza para realizar a segunda etapa da

pesquisa no SANA Fest. Decidi cumprir esta segunda fase de investigação porque,

durante minhas observações no SANA 2011, conheci alguns grupos de cosplayers

que participavam dos campeonatos. Esses grupos eram compostos por jovens que

se reuniam, semestralmente, para competir nas categorias tradicional e livre4.

Para focar as observações, neste segundo momento, me aproximei de um

grupo de cosplyers chamado Gold Project, acompanhei seus ensaios, entrevistei

seis de seus membros e registrei, por meio de fotografias e anotações, momentos,

detalhes e observações sobre a apresentação no dia do campeonato de cosplay

tradicional do SANA Fest 2012. A escolha desse grupo, em particular, resultou da

4 O campeonato livre permite que os cosplayers utilizem a criatividade para compor uma apresentação que mescle personagens de animês, mangás, jogos de vídeo games ou séries televisivas de forma cômica. Já no campeonato tradicional, os cosplayers devem ser totalmente fiéis ao desenho e aos personagens escolhidos.

Capa Índice 10849

participação de dois de seus componentes nas entrevistas que realizei no SANA

2011.

A observação participante com registro imagético, nos campeonatos, foi

fundamental para o desenvolvimento da pesquisa porque as anotações no diário de

campo foram feitas de maneira rápida e fragmentada, devido à velocidade dos

episódios e, principalmente, à inquietação dos participantes dos campeonatos de

cosplay.

Banks (2009) apresenta dois argumentos que reforçam a importância de

fontes visuais em investigações. Primeiro, as imagens estão presentes na sociedade

e fazem parte da experiência social humana e, segundo, são importantes fontes de

pesquisa porque certos elementos tornam-se aparentes e acessíveis apenas por

meio da análise de dados visuais.

A opção por entrevistas individuais, para a produção de dados, deu-se pelo

fato de estas possibilitarem uma análise apurada de como os entrevistados vêem-se

e relacionam-se em um determinado contexto social, especificando suas

“motivações, crenças, valores e atitudes” (GASKELL, 2002).

A opção de utilizar esta “abordagem de método misto” (p. 70) surgiu em

função da necessidade de buscar respostas para os questionamentos que norteiam

a pesquisa, tentando tirar proveito daquilo que cada técnica de coleta de dados tem

a oferecer (BARBOUR, 2009). Para Gaskell (2002), a junção de técnicas de

produção de dados como entrevistas individuais e observação participante com

registro imagético, permite ao pesquisador obter informações mais aprofundadas

sobre determinados assuntos.

Resultados e discussões

Estar presente no maior número de ambientes e campeonatos possíveis do

SANA 2011 e acompanhar os ensaios do grupo de cosplayers e sua apresentação

no campeonato tradicional do SANA Fest 2012 foram ações importantes para a

produção de dados que sinalizaram os caminhos e as trilhas para meus

questionamentos. Visualizo estes dois animencontros não como objetos da

pesquisa, mas como os lugares a partir dos quais pude construir, mesmo que

parcialmente, possíveis explicações/interpretações e rotas para minhas dúvidas e

Capa Índice 10850

inquietações. Geertz (2008, p. 16) faz uma afirmação que representa e sintetiza este

ponto de vista: “O locus do estudo não é o objeto do estudo”.

Como meu objetivo é pesquisar as identidades e subjetividades construídas a

partir das relações que se estabelecem entre os concorrentes dos campeonatos de

cosplay com visualidades da cultura pop japonesa, pude, então, elaborar um corpo

teórico a partir de minhas observações nos dois animencontros.

Construí, até o momento, uma discussão sobre as concepções de identidades

e subjetividades nas quais a pesquisa se sustenta, explicitando diálogos com

autores relacionados aos estudos culturais e à cultura visual. Abordo, assim, ideias

sobre identidades e subjetividades a partir de uma perspectiva pós-estruturalista,

baseando-me em autores como Stuart Hall (2005), Raimundo Martins (2007), Tomaz

Tadeu da Silva (1999), Kathryn Woodward (2000) e Fernando Hernández (2007). As

discussões desenvolvidas por esses teóricos têm como ponto de convergência o

princípio de que vivemos em uma sociedade pós-moderna, capaz de produzir

sujeitos com identidades e subjetividades múltiplas, descentradas e, portanto, em

constantes deslocamentos e transformações.

Além disso, estou elaborando uma discussão sobre o papel das imagens da

cultura pop nipônica e suas incorporações sociais como fontes de “pedagogias

culturais”, “currículos culturais”, como articuladoras de uma forte “influência

corporativa comercial”. Nessa perspectiva, associo-me em diálogo com autores

como Kevin Tavin e David Anderson (2010), Steinberg e Kincheloe (2004) ao

analisarem as relações existentes entre essas imagens e as abordagens educativas

contemporâneas.

Conclusões

As anotações e as imagens coletadas na pesquisa de campo juntamente com

as entrevistas realizadas com os concorrentes dos campeonatos de cosplay e do

grupo Gold Project estão em processo de análise e interpretação. Neste momento,

procuro fazer um entrecruzamento que relacione os autores e seus aportes teóricos

com os dados coletados.

Nas análises, devo colocar em perspectiva as relações de poder, aspectos

das interações interpessoais bem como uma discussão sobre similaridades e

contradições das falas e ações dos colaboradores da pesquisa. Além de uma

Capa Índice 10851

interpretação dos dados visuais coletados e das anotações realizadas no diário de

campo. Vale ressaltar que o trabalho parcial que ora apresento, mais do que um

simples registro, relata minha intenção de entrecruzar reflexões sobre a

pergunta/problema com as ideias dos teóricos que dão suporte ao trabalho e os

dados produzidos até o momento.

Referências bibliográficas BANKS, Marcus. Dados visuais para pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Artmed, 2009. BARBOUR, Rosaline. Grupos focais. Porto Alegre: Artmed, 2009. BAUER, Martin W.; GASKELL, George (Orgs.).Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som. Petrópolis: Vozes, 2002. GEERTZ, Cliford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC Editora, 1989. HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 10ª ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2005. HERNÁNDEZ, Fernando. Catadores da cultura visual: transformando fragmentos em nova narrativa educacional. Porto Alegre: Mediação, 2007. MARTINS, Raimundo. A cultura visual e a construção social da arte, da imagem e das práticas do ver. In: OLIVEIRA, Marilda O. de (Org.). Arte, Educação e Cultura. Santa Maria: Ed. da UFSM, 2007, pp. 19-40. SILVA, Tomaz T. Documentos de identidade; uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 1999. STEINBERG, Shirley; KINCHELOE, Joe (Orgs.).Cultura infantil: a construção corporativa da infância. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004. TAVING, Kevin; ANDERSON, David. A Cultura Visual nas aulas de Arte do Ensino Fundamental: uma desconstrução da disney. In: MARTINS, Raimundo; TOURINHO, Irene (Orgs.). Cultura Visual e Infância: quando as imagens invadem a escola... Santa Maria: Editora da Universidade Federal de Santa Maria, 2010, pp. 57-69. WOODWARD, Kathryn. Identidade e diferença: uma introdução teórica e conceitual. SILVA, Tomaz T da (Org.). Identidade e diferença; a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 2000, pp. 7-72.

Capa Índice 10852

TEORIA E MÉTODO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO CAMPO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Ione Mendes Silva FERREIRA

Solange Martins Oliveira MAGALHÃES

Faculdade de Educação/UFG

[email protected]

Palavras-chave: Educação Infantil; Pesquisas; Método.

INTRODUÇÃO

Esta pesquisa se integra a REDECENTRO - Rede de Pesquisadores sobre

Professores da Centro-Oeste - que investiga, desde 1999, a produção acadêmica

sobre professores(as) da região. A Rede reúne pesquisadores da UFG, UnB, UFMT,

UFMS, UFU, UFT e UNIUBE que juntos realizam a importante tarefa de analisar as

pesquisas sobre professores, desenvolvidas em seus respectivos programas de pós-

graduação de educação. O caráter cooperativo dessa pesquisa tem permitido

agregar pesquisadores de vários contextos num esforço de tentar superar a

fragmentação da produção em educação, favorecendo a construção de sínteses de

conhecimentos capazes de ajudar a pensar o professor a partir da realidade regional

e nacional e suas articulações com a globalidade (SOUZA e MAGALHÃES, 2011).

A investigação desenvolvida pela REDECENTRO abrange a produção de

conhecimento em todas as etapas da educação e já analisou até o momento cerca

de trezentos e sessenta trabalhos científicos entre teses de doutorado e

dissertações de mestrado. A pesquisa tem gerado dados relevantes acerca da

temática e estes já se encontram reunidos no banco de dados da REDECENTRO,

porém necessitam ser desvelados, pois acreditamos que, em alguma medida, suas

análises poderão contribuir para refletirmos sobre a educação na região, sobre seus

professores e suas condições de trabalho.

Desse modo, a opção por esta pesquisa articula-se com a perspectiva

apresentada por Gamboa (2006), quando afirma que as pesquisas sobre as

produções acadêmicas e sobre suas condições de realização podem contribuir para

o desenvolvimento da educação.

Capa Índice 10853

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 10853 - 10857

Segundo Gamboa (2006, p. 6):

Partir de experiências e estudos localizados tomando como objeto a produção concreta [...] oferece a vantagem de permitir também análises concretas, identificar dificuldades, vazios e desafios assim como sugerir possíveis alternativas de superação, especialmente quando o leitor desta publicação pode ser alguém que se inicia no exercício da produção científica ou um pesquisador experiente que pretende aprofundar na reflexão sobre a pesquisa entendida como dimensão fundamental do desenvolvimento da educação.

A escolha por esta temática de pesquisa também se justifica pela crescente

preocupação observada entre vários pesquisadores acerca da importância de se

definir por qual método determinado objeto será investigado. Entendemos que a

explicitação do método de pesquisa pode revelar as concepções de homem, de

conhecimento e de sociedade que sustentam o entendimento do pesquisador em

relação ao objeto pesquisado.

Desse modo, no sentido de contribuir com este amplo trabalho desenvolvido

pela REDECENTO, a nossa pesquisa: Teoria e Método na Produção do Conhecimento no Campo da Educação Infantil, propõe discutir a importância da

definição e explicitação do método de pesquisa nos trabalhos acadêmicos, que

versam sobre os professores(as) que atuam na educação infantil, produzidos nos

programas de pós-graduação em educação da região Centro-Oeste, especialmente

aqueles trabalhos que definem como método de pesquisa o materialismo histórico

dialético (MHD).

Nessa perspectiva, buscaremos responder as seguintes questões: quais os

principais métodos de pesquisa utilizados nas pesquisas em educação infantil no

centro-oeste? As pesquisas cujo método de investigação é do MHD apontam para

possíveis transformações no campo da educação infantil?

Em relação à produção do conhecimento no campo da educação as

dificuldades quanto à definição do método de pesquisa podem estar ligadas aos

limites do próprio campo. Estas dificuldades, muitas vezes, são entendidas como

hipertrofia da dimensão pedagógica, em detrimento de uma compreensão mais

articulada dos fenômenos investigados. Isto pode estar levando a uma dispersão

teórica e metodológica, que não encontra respaldo no campo educacional tampouco

na Filosofia, na Psicologia, na História, na Sociologia ou na Economia. Esse

equívoco, em geral, conduz a pesquisa a um sincretismo teórico fazendo com que

Capa Índice 10854

estas investigações percam a compreensão histórica e, portanto, teórico-prática dos

objetos de estudo (SOUZA e MAGALHÃES, 2011).).

Dentre os autores que auxiliarão nossas análises destacamos Limoeiro

(1971), Oliveira (1998), Gatti (1999, 2001), Gil (1999, 2002), Moreira (2005),

Gamboa (2006), Samara (2007) e Souza e Magalhães (2011).

MÉTODO E METODOLOGIA

O presente trabalho pauta-se por uma abordagem qualitativa e se constitui,

quanto ao tipo, em uma pesquisa bibliográfica e documental na qual assumimos o

materialismo histórico dialético como o método de investigação.

Conforme Souza e Magalhães (2011, p. 9), a clareza quanto ao método

refere-se à compreensão ampla e articulada da qualidade da relação entre sujeito e

objeto na produção do conhecimento. As autoras enfatizam que o método

representa o “caminho” a ser trilhado na construção do conhecimento. A

metodologia, na compreensão das autoras, refere-se à organização racional da

investigação; “decisões específicas, tomadas e justificadas no contexto de uma

determinada perspectiva”.

Também em relação aos métodos de pesquisa Gatti (2007, p. 55) nos

esclarece que eles são vivências do próprio pesquisador com o objeto pesquisado.

Não são externos ao pesquisador. Para esta autora, os métodos de trabalho

precisam ser vivenciados em toda a sua extensão, “pela experiência continuada,

pelas trocas, pelos tropeços, pelas críticas, pela sua integração mediada pelo

próprio modo de ser do pesquisador enquanto pessoa”. Sem estas condições, Gatti

aponta que falta “aquele toque” que traz a marca de quem cria, sendo esta possível

porque integra subjetivamente e criticamente o que uma tradição, em certa área de

investigação produz historicamente.

Concordamos com Gatti (idem) quando afirma que os métodos de pesquisas

são vivencias do próprio pesquisador, pois olhamos nosso objeto de investigação a

partir de nossas concepções (de homem, de educação, de ciência, de sociedade,

etc) constituídas por meio dessas vivencias.

Em relação a isto Gamboa (2006) também afirma que diferentes concepções

determinam diferentes métodos de investigação. Nesse sentido este autor considera

que interrogar o método constitui uma tarefa histórica da filosofia que ajuda a tomar

Capa Índice 10855

consciência da importância e das limitações destes, suas implicações e contradições

internas.

Nesse sentido, Gamboa (2006, p. 12) nos esclarece que:

Atrás das diferentes formas e métodos de abordar a realidade educativa há implícitos diferentes pressupostos que precisam ser desvelados. Nesse contexto, os estudos de caráter qualitativo sobre os métodos utilizados na investigação educativa e seus pressupostos epistemológicos ganham significativa importância.

Pensamos que no caso da educação infantil, a importância a que se refere o

autor ganha ainda mais relevância, pois estamos diante de um campo de pesquisas

em constituição dadas as condições históricas de sua recente configuração. Desse

modo, as investigações que se procederem no sentido de elucidar as dificuldades e

avanços do campo certamente muito contribuirá para sua estruturação e avanço.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A pesquisa em andamento encontra-se na fase de revisão da literatura que

trata da história da educação infantil no Brasil, sua constituição enquanto campo de

ensino e de pesquisa no país. Findada esta etapa passaremos à elaboração do

estado da arte dos trabalhos apresentados nas últimas cinco reuniões da

Associação Nacional de Pós-Graduação em Educação (ANPED) que tratam da

temática e sobre o estado do conhecimento sobre a questão do método MHD e sua

utilização nas pesquisas educacionais. Em seguida adentraremos no banco de

dados da REDECENTRO para então procedermos à analise dos dados coletados

pela Rede sobre o professor da educação infantil da região Centro-Oeste à luz dos

estudos realizados.

CONCLUSÕES

O trabalho encontra-se em sua fase inicial e ainda não conta com

conclusões.

Capa Índice 10856

REFERÊNCIAS

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Capa Índice 10857

A história de uma casa. Isabela Menegazzo Santos de ANDRADE; Márcio Pizarro NORONHA

Programa de Pós Graduação da Faculdade de História/ PPGH

[email protected]

Palavras-chave: casa, história, tempo e memória.

Introdução:

Neste projeto, em particular, trata-se da constituição de um objeto complexo,

os interiores residenciais de uma casa específica revelados através de uma trama

que envolve narrativas, afetos e subjetividades, pois são feitos de relações e

entrecruzamentos entre arquitetura, organização dos espaços internos (esfera

privada e intima, espaço doméstico), história da cidade, história do design e daí a

cultura dos objetos, entendendo ainda a presença de uma dimensão subjetivo-

afectual no espaço objetivo, articulados de forma narrativa (narratológica).

Vale ressaltar aqui dois importantes trabalhos realizados sobre o tema

pesquisado, os quais abordam a casa subjetiva na relação entre corpo-espaço. Sob

a perspectiva da psicanalista e crítica literária Gisela Pankow1 (1989) a relação da

imagem corporal (num viés psicanalítico) * com o espaço habitado permite construir,

por meio das associações inconscientes feitas pelo corpo, a cristalização do tempo

vivido (subjetivado) e a evocação deste no modo espacial (lógicas do lugar), tal

como rastros de tempo no corpo, nas coisas e nos lugares (espacialização da

memória). Em consonância com este estudo temos o trabalho da arquiteta,

historiadora e crítica de arquitetura, Ludmila Brandão, 2 fruto de uma tese de

doutorado onde a autora aponta para relações onde os “espaços produzem os

humanos”, no sentido em que funcionam como focos ou agenciamentos de

subjetividade.

O principio narratológico trata de observar o edifício – projeto, edificação* e

distribuição dos espaços internos – como artefato-personagem que traça relações

entre formas arquitetônicas, urbanísticas e objetais numa diacronia entre o advento

destes edifícios e as transformações ocorridas em simultâneo na vida cultural da

cidade, bem como parte de um processo vivido e interpretado, fazendo do espaço

                                                                                                               1 Ver referência Bibliográfica. 2 Ver referência Bibliográfica.

Capa Índice 10858

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 10858 - 10862

objetivo um espaço habitado (espaço vivido), configurando uma rede interpretativa

(leitura hermenêutica) e uma rede de subjetivação e afectual (leitura pulsional),

traçando passagens entre a casa, o sujeito e o corpo.

Portanto, este projeto de pesquisa de mestrado em História tem como objeto o estudo narratológico (objeto cultural, hermenêutico e pulsional) de uma (01)

residência (projeto, construção e seus interiores, modos de habitar e de viver os

espaços) identificada como sendo uma casa moderna (nos termos de Schorske – o

artefato residência percebido diacronicamente, dentro de uma linhagem da historia

da arquitetura moderna), localizada na cidade de Goiânia (Goiás), dentre três (03)

edificações identificadas em pesquisa exploratória, todas elas construídas entre os anos de 1952 e 1961, entendidas aqui como casas representativas do período

fundador do modernismo arquitetônico desta capital (na sincronicidade dos eventos

que traçam a história e a mitologia do modernismo em Goiânia).

Material e métodos:

Como material de pesquisa temos os interiores residenciais da casa de José e Irene

Félix Louza projetada por David Libeskind em 1952. Os critérios de escolha do

objeto partiram de três premissas fundamentais: a facilidade do acesso às fontes já

que os moradores originais ainda permanecem no local e se mostraram dispostos a

contribuir para a pesquisa, sua integridade física altamente preservada e ter sido

construída por um importante arquiteto de renome nacional. A idéia para esse

projeto é a de pensar a casa através de um tempo subjetivo que produz na sua

interioridade sua própria identidade, um tempo que será contado não de forma

linear, mas pelas “durações’’, ou seja, pela intensidade que esses tempos

acontecem em nós. Os percursos para análise desses “lugares” serão divididos em

dois momentos: o primeiro apresenta um tempo e um espaço vivido onde conta esse

“lugar de subjetivação” e outro, onde essa própria experiência pode ser registrada e

revelada também como parte da produção material dessa subjetividade.

Os arquivos de fotos, documentos e entrevistas fazem parte do material pesquisado

e servem de fonte documental para a escrita histórica dessa casa.

Resultados e discussão:

A Idéia é contar a história dessa casa em particular através dos interiores e espaço

vivido,tirando partido de fotos, documentos como livros e revistas, depoimentos dos

Capa Índice 10859

próprios moradores e ainda de arquitetos da cidade de Goiânia a fim de construir

uma narrativa história que embasa toda uma teoria a respeito do modernismo na

capital e os novos modos de morar.

Conclusões:

A dissertação encontra-se em fase de escrita e entrelaçamento de dados e teorias.

Referência bibliográfica:

ALBUQUERQUE Jr., Durval Muniz. História: a arte de inventar o passado.Bauru, SP: EDUSC, 2007.

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BRANDÃO, Ludmila. A casa Subjetiva. São Paulo: perspectiva,2002.

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Edusp.2007.

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Trad. Paulo Neves. São Paulo, Martins Fontes, 1999.

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MANSO , Celina F.A. Uma concepção urbana, moderna e contemporânea – Um certo

Olhar. Goiânia, ed. do autor, 2002.

Capa Índice 10860

PANKOW, Gisela. “O homem e seu espaço vivido”. Trad. Flávia Cristina de Souza

Nascimento.Campinas, São Paulo, Papirus, 1988.

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1995.

Textos pesquisados em sites.

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moderna no cerrado goiano” texto resultado de uma pesquisa do Núcleo de Estudo do

Edifício e da Cidade, do Departamento de Artes e Arquitetura da Universidade Católica de

Goiás, 2006.

NORONHA, Márcio Pizarro. Teoria Interartes: “Scinestesia”, Embodied Experience

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scinestesia. In: ENGRUPE – DANÇA – Encontro de grupos de Pesquisa em Dança. São

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_________________________. Performance e audiovisual: conceito e experimento

interartístico- intercultural para o estudo da história dos objetos artísticos na

contenporaneidade. In: XXVI Colóquio do CBHA. São Paulo: FAAP, 2007-b.

_________________________.   “Do FORT-DA da arte ao corpo-obra. [É possível uma estética da

clínica? Haverá um corpo-obra’? In: Revista Conexão, v.6 nº 1 Jan/Jun. 2007.

------------------------------------. Arcaico, Moderno, Popular. Reflexões em torno da noção de

Arcaísmo e a Cultura Visual. http://www.marciopizarro.wordpress.com Acessado em

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___________________. Reflexões teóricas em torno de interfaces: psicanálise e interartes e

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http://www.marciopizarro.wordpress.com Acessado em 01/06/2010-B.

Capa Índice 10861

___________________. Sob o giro da arte na leitura sintomal. Objetos epistemológicos

modernistas, recalque, crítica e morte na leitura historiográfica.

http://www.marciopizarro.wordpress.com Acessado em 01/06/2010-C.

 

Capa Índice 10862

A Representação da Identidade Brasileira através do cinema de animação nacional

Isabela Veiga OLIVEIRA; Rosa BERARDO

Programa de Pós-Graduação em Arte e Cultura Visual

Faculdade de Artes Visuais (UFG)

[email protected] Pesquisa financiada pela CAPES

Palavras-chave: animação, identidade, cultura visual, imaginário, cultura brasileira.

Introdução:

O mestrado dentro do programa de pós-graduação em Arte e Cultura Visual

da FAV/UFG, possibilita desenvolver um projeto prático em artes dentro do ambiente

acadêmico. Assim, o artista aproxima-se de seu objeto de estudo com a ajuda de

outros olhares críticos, teorias e estudos que compõem uma teia de conhecimentos:

os alicerces para sua obra artística.

Do ponto de vista de uma animadora, sempre tive dúvidas sobre como

representar o Brasil e o povo brasileiro, respeitando suas diferentes manifestações

regionais, culturais e identitárias. Em se tratando da construção de uma obra

cinematográfica, buscamos um olhar interdisciplinar, característica própria do

cinema, sem nos distanciarmos de sua função ideológica como meio de

comunicação de massa.

Desta forma, partimos de nossos questionamentos subjetivos de artista e

animadora, aliados a conceitos teóricos interdisciplinares sobre identidade e sua

relação com a nação, o poder cultural, o discurso nacionalista e o conceito de

comunidade imaginada até o pertencimento. Como foco específico, observamos a

situação do Brasil, o processo de formação de seu povo e da nação, regionalismos e

culturas locais, além das questões sobre globalização, cultura de massa e indústria

cultural.

Capa Índice 10863

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 10863 - 10867

Para este estudo é necessário observação do mercado nacional e como as

animações representam a questão identitária brasileira. Desta forma, adicionamos

análises fílmicas e análises de dados mercadológicos à nossa pesquisa. O propósito

é entender quais as questões impeditivas da inserção deste gênero no mercado

cinematográfico nacional, bem como o discurso ideológico e cultural trazido por

estes filmes.

Material e Métodos:

A construção teórica desta pesquisa foi realizada através da junção de pontos

de vista interdisciplinares, buscados nas Ciências Humanas, mas com o olhar

voltado para o sujeito pós-moderno.

Não há neutralidade nas imagens de um filme. Primeiro devemos considerar

que os autores de uma estória representam em imagens sua ideologia, seus valores

culturais e seus pontos de vista sobre aquilo que criam. Esta afirmação é também

verdade para o cinema de animação. As próprias condições de produção, por

demandarem muito investimento, inviabilizariam cenas vazias de significado para

este meio de comunicação. Basta, então, decifrarmos as mensagens que estas

imagens tentam, direta ou indiretamente, passar ao espectador. Para tanto, nossa

atenção se voltará para os elementos técnicos e psicológicos que produzem as

sensações, conscientes ou inconscientes, neste espectador.

A linguagem cinematográfica é composta por elementos como: movimentos

de câmera, transições, planos, som e efeitos sonoros, montagem, diálogos,

narração, espaço, tempo, iluminação, cores, entre outros. O diretor de um filme

expressa suas intenções discursivas manipulando estes elementos e assim, constrói

os significados que deseja. A análise deve ser realizada sobre sequências, ou seja,

um conjunto de planos definidos em um mesmo espaço e tempo. Desta forma

específica e detalhada desejamos chegar ao cerne das questões trazidas pelas

animações, realizando uma leitura de imagens. A sequência destas imagens produz

a narrativa que traz o discurso fílmico, ao qual queremos atingir e decifrá-lo.

Capa Índice 10864

A análise fílmica é nossa ferramenta metodológica para a interpretação de

nosso corpus, composto por três filmes nacionais: Brichos (2007), A Turma da

Mônica em uma aventura no tempo (2007) e Brasil Animado (2009). Através desta

análise, pretendemos chegar às discussões sobre como as técnicas de

representação dos personagens e desenvolvimento da narrativa são responsáveis

pela criação de significações ideológicas e culturais.

A escolha deste corpus seguiu os seguintes critérios: animações de longa

metragem nacionais, desenvolvidas objetivando sua estreia nos cinemas brasileiros,

variedade regional e técnica digital.

A escolha das sequências a serem analisadas obedecerá ao nosso estudo

inicial, desejando flagrar os momentos em que discursos sobre identidade entram

em cena.

Nossa aproximação do mercado cinematográfico brasileiro exige outro

método de análise. Utilizamos uma abordagem quantitativa, observando os dados

recolhidos sobre as animações nacionais e internacionais, através do portal O.C.A

(Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual) da ANCINE1. A ANCINE

(Agência Nacional do Cinema), órgão público que regula as leis de incentivo e a

exibição de obras cinematográficas no país fornece, através deste portal dados

estatísticos das produções nacionais. Entre eles estão: público, renda, valor captado

dentro das leis de incentivo, distribuição, produção, entre outros. A partir desta fonte,

poderemos traçar o caminho percorrido pelos filmes, da produção até a distribuição

nos cinemas, verificar a recepção e interesses do mercado.

Resultados e discussão:

Estando ainda em processo de pesquisa, torna difícil observarmos resultados

e tirarmos conclusões. Vemos neste momento, que o maior resultado desta

pesquisa será a apresentação de um projeto que coloca em prática as questões aqui

discutidas.

                                                                                                                         1 http://oca.ancine.gov.br/ acessado em 03/07/12

Capa Índice 10865

Nossa preocupação em observar a maneira como o cinema de animação

nacional representa a identidade brasileira se fará presente aqui, quando

buscaremos na mitologia brasileira, uma fonte inspiradora para fugir de estereótipos

e modelos nos quais a identidade brasileira é forjada. Pretendemos nos distanciar

das reduções culturais.

A cultura de transmissão oral é de origem popular e, de acordo com Gilberto

Freyre, unificada por um conjunto de conhecimentos, valores e tradições que se

expressam no folclore, crenças e costumes.

Normalmente o que vemos representado pelas produções nacionais e

estrangeiras é um Brasil de extremos: o metropolitano, urbano, moderno versus o

primitivo, exótico e pitoresco. Nosso desejo, fugindo destes estereótipos, é a

construção de uma história que use a cultura popular local para demonstrar a

realidade globalizada pós-moderna.

Conclusões:

Como ainda estamos em processo de pesquisa, poucas conclusões podem

ser expressas neste momento. Lembramos da dificuldade ao se falar de uma

identidade brasileira no período pós-moderno, onde a própria concepção de

identidade adquire mobilidade.

No entanto, pensar em uma identidade brasileira homogênea sem se

considerar os regionalismos e culturas locais seria um erro. Por isso, recorremos a

um mito indígena que faz alusão tanto às características do germe desta sociedade

quanto à universalidade, pela temática.

Através da retomada do mito de Ceiuci, buscamos compreender o papel que

os mitos tem em nossas vidas, de ensinar a viver.

Referências bibliográficas:

Capa Índice 10866

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SANTO, Maria Inez do Espírito. Vasos Sagrados: mitos indígenas brasileiros e o encontro com o feminino. Rio de Janeiro: Rocco, 2010.

Capa Índice 10867

A DIALÉTICA ENSINO-APRENDIZAGEM DO INGLÊS COM FOCO NO GÊNERO DISCURSIVO E-MAIL: A LE NA ESCOLA PÚBLICA

Isabel Cristina Neves FLORÊNCIO

Carla Janaína FIGUEREDO Faculdade de Letras

[email protected]

PALAVRAS-CHAVE: e-mail, gênero discursivo, interação, diálogo

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A escola pública, que é o meu atual ambiente de trabalho, é o principal aspecto que

serviu de motivação para a investigação acerca do uso do gênero discursivo e-mail como uma

das possíveis estratégias de aprendizagem da língua inglesa como língua estrangeira (LE).

Nesse sentido, este estudo visa mostrar de que maneira o gênero discursivo e-mail contribui

com o desenvolvimento da percepção do aprendiz de língua inglesa como LE acerca da

dialogicidade da língua e, também, refletir sobre o uso do e-mail em inglês trocado pelos

alunos como atividade de sala de aula e observar se esse aprendiz consegue se inserir no nível

discursivo dessa língua, tornando-se sujeito dela ao interagir com o outro. Assim, para dar

sustentação a esta investigação utilizaremos como suporte fundamental o princípio dialógico

bakhtiniano e suas considerações sobre gêneros discursivos, por entender que o ensino de

línguas deve voltar-se para a função social da linguagem, isto é, aos usos da língua através da

interação entre os diversos textos discursivos, escritos ou falados, em diferentes contextos

comunicativos (BAKHTIN, 1997; 2009; FIORIN, 2008; BRAIT, 2005 dentre outros).

Concebemos ainda, a sala de aula como um ambiente plural, em sua diversidade

inquestionável e, ao mesmo tempo, singular, em sua unicidade, tornando-se um espaço de

prática social real, com trocas de experiências significativas, tanto para o ensino-

aprendizagem de uma LE, quanto para a vida do aprendiz.

MATERIAL E MÉTODOS

A presente pesquisa é caracterizada como um estudo de caso, pois trata-se de um

método que consiste na busca de soluções através da discussão e análise de um problema

dentro de um grupo, seja personagem real ou simulado. Para isso, utiliza-se de procedimentos

flexíveis que permitem reconhecer aspectos previamente detectados no campo das relações

humanas (SERRANO, 1998). Em vista disso, este estudo foi desenvolvido com 15 alunos de

Capa Índice 10868

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 10868 - 10872

turmas de nono ano do ensino fundamental (2ª fase) de uma escola pública do Estado de

Goiás. A coleta dos dados foi realizada no laboratório de informática, o qual era composto por

lousa, ar condicionado e vinte e um computadores. Os instrumentos utilizados foram um

questionário inicial, quatro atividades interacionais com trocas de e-mails e uma entrevista

final.

DISCUSSÃO DOS DADOS

Atualmente, nossos alunos adolescentes estão cada vez mais interligados em

ambientes virtuais, para eles tudo gira em torno dessa ferramenta que é o computador com

conexão a internet. Então, cabe a nós professores fazer uso deste instrumento em benefício à

aprendizagem e conhecimento de nossos aprendizes (LEFFA, 2005). A grande maioria dos

participantes deste estudo acredita que as mídias sociais que a internet disponibiliza devem

ser abordadas em sala de aula em prol do ensino-aprendizagem de LE, como podemos

visualizar no gráfico a seguir:

Gráfico 3.2 – pergunta de número 12: Na sua opinião, essas mídias sociais que a internet disponibilizam deveriam ser abordadas em sala de aula? Por quê?

87%

13%

SIM

NÃO

O poder dialógico do gênero discursivo e-mail

Durante a atividade interacional, os aprendizes mostraram-se interessados e

empolgados na elaboração de suas mensagens para enviar aos colegas. Ficou evidente,

também, que o trabalho em pares foi de grande valia para a efetivação do texto escrito. Então,

podemos afirmar que a relação entre o Eu e o Outro nesse processo de produção escrita foi

muito positiva, pois o Outro se posiciona como um suporte para o Eu e vice-versa. Esse

posicionamento corrobora com as palavras de Brait (2005), quando a autora pontua que o

Capa Índice 10869

dialogismo preocupa-se com as relações que se determinam entre o Eu e o Outro nos

processos discursivos organizados historicamente pelos indivíduos.

Bakhtin afirma que tudo que é enunciado em um processo de comunicação é

considerado dialógico. Nesse sentido, considerando que o e-mail é uma ferramenta de

comunicação e, portanto, é dialógico. Podemos observar em uma das trocas de e-mails a

seguir que houve função comunicativa entre os participantes deste estudo, ou seja, existiriam

relações de sentido entre os enunciados (FIORIN, 2008):

Dessa forma, acreditamos que a aprendizagem de uma LE tornar-se mais produtiva,

isto é, quando consideramos o processo de interação entre os aprendizes do que somente a

aprendizagem da estrutura da língua, como podemos observar no exemplo anterior, que

mesmo com alguns “erros” estruturais e lexicais, o principal que é a função comunicativa da

língua foi concretizada.

O gênero discursivo e-mail como ferramenta para o ensino-aprendizagem de uma LE

Nossos alunos estão expostos a diversos gêneros discursivos em seu cotidiano, dessa

forma, nós professores não podemos descartar o uso desses gêneros em sala de aula, por

acreditar que o aprendiz lê com fins diversos, selecionando estratégias adequadas para cada

finalidade a ser alcançada. Assim, por meio da interação com esses variados gêneros

discursivos, que os alunos poderão se inteirar da interdiscursividade, dos diferentes modelos

de discursos e das vozes que intercalam as relações sociais, históricas, culturais e de poder.

Em vista disso, quando os participantes foram questionados acerca do gênero discursivo de

sua preferência, observamos que os gêneros que envolvem o mundo virtual foram os mais

citados por eles. Vejamos os excertos a seguir:

[1] Nicoly: E-mail, Anúncio, Blog. [2] Karla: Eu prefiro o gênero e-mail porque é mais rápido, divertido etc.

Hi Karla I´m fine, and you? Yes, I love Jonas Brothes. I think they are cool too. In June, 25th I go there and will be in show. Bye, bye. My dalling friend. See you! Roberta

Hello Roberta, How are you?

You like Jonas Brothes? They are nice, cool and beautiful.

The show will be june, 25th You want to go?

I´m waiting your answer.

See you!!! Kisses!!!

Karla

Capa Índice 10870

[3] Yasmim: Eu prefiro o Orkut, MSN por hoje em dia podemos conversar até com pessoas de longe e sala de bate-papo etc. [4] Beck: Eu prefiro o e-mail. Porque é uma comunicação fácil e rápida.

Esses gêneros discursivos ganham sentido se relacionados no processo de interação

com o outro. Bakhtin vincula a atividade da linguagem com atividades humanas, alegando

que os enunciados precisam estar interligados no processo de interação, pois os seres

humanos atuam em esferas de atividades, tais como as da escola, as da igreja, as do trabalho,

as da política, as das relações de amizade e, assim, por diante. E essas esferas envolvem o uso

da linguagem na forma de enunciados (FIORIN, 2008).

Os participantes deste estudo acreditam que o e-mail seja um gênero discursivo

importante a ser abordado, por ser um gênero que faz parte do cotidiano deles e que fazem

uso quase que diariamente. Outro motivo citado pelos alunos é com relação à aprendizagem

da língua inglesa, por crerem que a prática com e-mail na língua alvo possa facilitar o

processo de aprendizagem. Para exemplificar, mostramos as respostas dos alunos sobre a

utilização do e-mail em sala de aula de língua inglesa:

Você acredita que o e-mail é um gênero que deve ser abordado em sala de aula de língua inglesa? Por quê? [5] Kelly: Sim. Porque pode influenciar as pessoas a se interessar mais na língua estrangeira. [6] Beck: Sim, porque são muitas palavras em inglês apesar de ser de fácil entendimento é preciso pra se comunicar com pessoas de outros países. [7] Roberta: Sim, porque usamos ele diariamente, assim as aulas ficam intertextualizadas com o nosso cotidiano. [8] Karla: Sim, porque facilita as aulas de inglês. [9] Nicoly: Porque ele é um tipo de comunicação, mas por e-mail em inglês.

Assim, podemos dizer que o e-mail faz parte de nossa esfera social, pois como

declara Bakhtin (2009), tudo que é enunciado, é axiológico e social, e com isso manifesta uma

carga cultural e é sempre um ato responsivo ativo, ou seja, para que se institua a prática da

linguagem, o sujeito deve se colocar dentro de uma esfera apropriada da atividade humana e,

para isso, a escolha do gênero deve ser adequada para que se produza comunicação. Nesse

sentido, acreditamos que a escolha do gênero discursivo e-mail seja adequada para o processo

de apropriação do inglês, por fazer parte do cotidiano de nossos alunos.

Por fim, nos dados podemos perceber que os participantes acreditam que a prática

com o e-mail pode ajudar no processo de escrita em inglês. Veja a seguir:

[10] Karla: mesmo que nós erramos na escrita nós podemos aprender digitando. [11] Roberta: porque mesmo que nós erramos vamos aprendendo com o tempo. [12] Yasmim: porque às vezes conversamos com pessoas que falam inglês e através disso podemos aprender também. [13] Danielly: porque nos ajuda a aprender mais inglês e isso que faz termos interesse no que nós fazemos.

Capa Índice 10871

Bakhtin (1997) assegura que a língua realiza-se em enunciados (orais ou escritos)

concretos e únicos. Tais enunciados revelam circunstâncias específicas e propósitos de cada

campo, não só por seu conteúdo e estilo de linguagem, ou seja, pelos recursos lexicais,

fraseológicos e gramaticais da língua, mas por sua construção composicional. Então, podemos

dizer que de certa forma, para fazermos uso do gênero discursivo e-mail temos que seguir um

estilo, mesmo sabendo que este gênero segue características de um bilhete ou carta, o e-mail

carrega aspectos próprios, mas não fixos, visto que as formações sociais da linguagem passam

por transformações no decorrer da história. E, também, o estilo depende da maneira como o

locutor compreende seu destinatário e, da forma como ele imagina a compreensão responsiva

ativa do discurso (BRAIT, 2005).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta experiência com o gênero discursivo e-mail no trabalho com a língua inglesa

com adolescentes nos revela que a compreensão de linguagem e a noção de gêneros

discursivos empregadas por Bakhtin e seus estudiosos (Bakhtin, 2009; Fiorin, 2008; Brait,

2005), somente confirma que conduzir o uso concreto da língua em sala de aula, pode

cooperar significativamente no processo de ensino-aprendizagem da LE, pois os alunos se

mostraram mais motivados e interessados em aprender a língua, pelo fato do mundo virtual

fazer parte do cotidiano desses alunos e, para eles, escrever um e-mail em inglês é um desafio

a ser cumprido e um meio de aprender mais.

REFERÊNCIAS BAKHTIN, M. Estética da Criação Verbal. Trad: Maria Ermantina Galvão G. Pereira. São Paulo: Martins Fontes, 1997. ______, M. Marxismo e Filosofia da linguagem. 13º ed. São Paulo: Hucitec, 2009. BRAIT, B. Bakhtin e a natureza constitutivamente dialógica da linguagem. In: Brait, B. (Org.). Bakhtin, dialogismo e construção do sentido. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2005, p. 87-98. FIORIN, J. L. Introdução ao pensamento de Bakhtin. São Paulo: Ática, 2008. SERRANO, G. P. El método del estudio de casos: aplicaciones prácticas. In: ______ Investigación cualitativa: retos e interrogantes. Madrid: Editorial La Muralla, S.A, 1998, p. 79-136.

Capa Índice 10872

Mensuração da condutância da casca de ovos de matrizes pesadas utilizando fragmentos de cascas de ovos recém-eclodidos

Itallo Conrado Sousa de ARAÚJO, Nadja Susana Mogyca LEANDRO, Elisabeth GONZALES, Mariana Alves MESQUITA, Ricardo Augusto Faria BARBOSA, Heloisa Helena Carvalho MELLO

Escola de Veterinária e Zootecnia - [email protected]

Palavras chave: qualidade de casca, troca gasosa, idade da matriz

Introdução

No primeiro período de desenvolvimento embrionário que se estende até o

décimo oitavo dia de incubação, a respiração do embrião ocorre por difusão através

dos poros na casca do ovo, provocada pela diferença de concentração entre o

interior e exterior dos ovos, capturando O2 e liberando CO2 e água metabólica. A

capacidade de trocas gasosas que acontecem através dos poros que estão

presentes na casca do ovo é chamada de condutância (DECUYPERE et al., 2003).

É possível mensurar a condutância da casca do ovo por meio da perda de

peso do ovo durante a incubação. Esse valor é estimado pela perda de peso do ovo

na máquina de incubar até o 18º dia, quando o ovo é transferido para o incubatório.

Entretanto, essa técnica não considera o desenvolvimento embrionário, que pode

promover diferenças entre a perda de peso do ovo, tamanho do embrião, absorção

do vitelo, perdas de oxigênio, gás carbônico e água metabólica.

Outra técnica para medir condutância é com o uso do ovo íntegro não

incubado. Entretanto, essa técnica não traz outras informações, além da

condutância, não possibilitando determinar relações entre a condutância e outros

parâmetros de incubação. PORTUGAL et al. (2010) desenvolveram uma técnica

para determinar a condutância da casca do ovo de aves silvestres que utiliza

fragmentos de casca. Objetivou-se com esse experimento adaptar essa técnica para

avicultura industrial, e conferir veracidade da técnica para determinar a condutância

da casca do ovo de matrizes pesadas com três diferentes idades.

Material e Métodos

Foi realizado um ensaio de incubação no Incubatório São salvador em

Itaberaí-GO, sendo utilizados 320 ovos de fêmeas reprodutoras de três diferentes

Capa Índice 10873

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 10873 - 10877

idades. Foram coletadas 280 cascas de ovos. Sendo 90 cascas para cada uma das

três idades (29, 35 e 59 semanas de idade).

O Delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com três

tratamentos (idades de matrizes), com 280 repetições, sendo considerados os

fragmentos (de três regiões) de um ovo como uma parcela experimental. Foram

utilizadas três regiões da casca do ovo (ponta fina, equador e câmara de ar), com

duas repetições para cada região.

Após a eclosão, os fragmentos das cascas de ovos de matrizes de

diferentes idades foram coletados no nascedouro e armazenados em sacos

plásticos, identificados de acordo com o número do ovo e vedados com fecho

plástico de arame extrudado. Após o armazenamento, as 280 cascas foram lavadas

em água destilada e as membranas da casca foram retiradas com auxilio de pinça e

esponja. As cascas foram secadas ao ambiente por duas horas e em seguida

recortadas manualmente, para ter o tamanho da superfície do microtubo plástico.

Os microtubos foram identificados de acordo com o ovo ao qual o fragmento

de casca pertencia e ainda de acordo com a região da casca do ovo. Os microtubos

foram preenchidos com 1,0mL de água destilada. Em seguida, na borda do

microtubo foi depositada a cola de isopor de maneira que não invadisse o interior.

Após a aplicação da cola, foi colocado o fragmento de casca, fazendo uma leve

pressão para que ocorresse a aderência entre a casca e o microtubo plástico.

Com a fixação da casca do ovo no microtubo, os mesmos foram colocados

em pé apoiados em uma placa de isopor e ficaram secando por um período de duas

horas antes de ser realizada a primeira pesagem. Após a primeira pesagem dos

microtubos, os mesmos foram colocados em dois dessecadores (de

305mmx305mmx305mm, volume de 24,6L). Os dessecadores continham sílica

dessecante (sílica gel azul) que permitia que o ambiente tivesse umidade zero.

A determinação da condutância da casca dos ovos é determinada pela

perda de peso do microtubo (água) durante o período no dessecador. Foram

realizadas pesagem a cada 24 horas, durante quatro dias consecutivos. A balança

(OHAUS Adventurer).utilizada tinha precisão de quatro casas decimais (gramas).

Com os dados de perda de peso do microtubo foi determinado a condutância da

casca do ovo de ovos oriundos de reprodutoras com diferentes idades e ainda a

condutância específica de cada uma das regiões da casca do ovo, de acordo com a

fórmula proposta por PORTUGAL et al. (2010):

Capa Índice 10874

GH2O= _MH2O__

∆PH2O

Onde: GH2O (mg d-1 torr-1 ) é a condutância da casca do ovo, MH2O é a massa

de água perdida após 24 horas no dessecador (mg d-1),e ∆PH2O (torr-1 ) é a diferença

de vapor de pressão entre o interior da casca e o ambiente (23,77 torr-1).

Para a determinação da condutância, foi desconsiderada a primeira perda de

peso. Sendo calculada a média entre a segunda e a terceira perda de peso dos ovos

para cada uma das regiões da casca do ovo. Sendo a condutância total da casca do

ovo a média da condutância das três regiões da das cascas.

Resultados e Discussão

O resultado da condutância para cada uma das regiões da casca do ovo de

acordo com a idade da matriz pesada está apresentado na Tabela 1.

TABELA 1 – Valores de condutância por região e total da casca do ovo de matrizes pesadas de diferentes idades. Idade Condutância da casca (mg d-1 torr-1)

(semanas) Câmara de ar Equador Ponta fina Ovo Total

29 0,4197 0,3746b 0,0163 0,2702b

35 0,4264 0,4019ab 0,0282 0,2851ab

59 0,4578 0,481a 0,0299 0,3231a

Valor de P 0,1911 0,0001* 0,2678 0,0001*

CV(%) 43,13 49,03 245,25 34,01 Médias com letras diferentes na mesma coluna são estatisticamente diferentes pelo teste de Tukey (P<0,05).

Não houve diferença entre as idades das matrizes para as regiões da

câmara de ar e da ponta fina do ovo para a condutância da casca. Houve diferença

(P<0,05) entre as idades das matrizes para a condutância do equador (região

central) do ovo. Sendo que, as cascas dos ovos de reprodutoras de 59

apresentaram maior valor de condutância, ou seja, possuem uma maior capacidade

de trocas gasosas.

Pode-se observar diferença (P<0,05) para a condutância total da casca do

ovo para as diferentes idades. As cascas dos ovos de matrizes com 59 semanas de

Capa Índice 10875

idade apresentaram condutância maior que as cascas dos ovos de matrizes com 29

semanas (P<0,05). Entretanto, não houve diferença entre a condutância da casca

dos ovos de matrizes de 59 semanas quando comparados com os ovos de matrizes

com 35 semanas.

Esses resultados corroboram com O’DEA et al. (2004), que estudando a

condutância da casca de ovos de aves reprodutoras com três diferentes idades (37,

45 e 53 semanas) utilizando a técnica em que foi utilizado o ovo íntegro no

dessecador encontraram que há um aumento na condutância da casca de acordo

com o aumento da idade da matriz pesada.

Os resultados das comparações entre as condutâncias de cada uma das

regiões da casca dentro de uma mesma idade de matriz pesada estão apresentados

na Tabela 2.

TABELA 2 – Valores de condutância por região da casca do ovo de matrizes pesadas de diferentes idades. Condutância da casca (mg d-1 torr-1)

Idade matrizes 29 semanas 35 semanas 59 semanas

Regiões do ovo

câmara de ar 0,41973a 0,4263a 0,4578a

equador 0,3746a 0,4018a 0,481a

ponta fina 0,0163b 0,0282b 0,0299b

Valor de P <0,001 <0,001 <0,001

CV(%) 55,58 61,59 52,32 Médias com letras diferentes na mesma coluna são estatisticamente diferentes pelo teste de Tukey

(P<0,05).

Independentemente da idade da reprodutora a região da ponta fina

apresentou menor condutância quando comparada as outras regiões da casca do

ovo (P<0,05). BARBOSA et al. (2012), estudando a porosidade da casca de ovos

oriundos de reprodutoras de diferentes idades encontraram que existe uma menor

concentração de poros na região apical da casca dos ovos o que pode justificar a

menor condutância nessa região específica da casca do ovo.

Os resultados da condutância total para idade de matrizes e para diferentes

regiões da casca do ovo estão de acordo com a literatura, já que mostraram que a

condutância foi maior para casca de ovos de matrizes mais velhas e menor na

Capa Índice 10876

região da ponta fina do ovo. Baseado nesses resultados pode-se inferir que a

técnica é aplicável para a avicultura industrial, sendo que é necessário considerar a

região da casca do ovo.

Conclusões

A condutância da casca do ovo obtida a partir dessa técnica é confiável. A idade da

matriz influencia na condutância da casca do ovo.

Referências Bibliográficas

BARBOSA, V. M.; BAIÃO, N. C.; MENDES, P. M. M.; ROCHA, J. S. R.; POMPEU, M. A.; LARA, L. J. C.; MARTINS, N. R. S.; NELSON, D. L.; MIRANDA, D. J. A.; CUNHA, C. E; CARDOSO, D. M.; CARDEAL, P. C. Avaliação da qualidade da casca dos ovos provenientes de matrizes pesadas com diferentes idades. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária, v.64, n.4, p.1036-1044, Belo Horizonte, 2012. DECUYPERE, E.; MALHEIROS, R. D.; MORAES, V. M. B.; BRUGGEMAN, V. Fisiologia do embrião. In: MACARI, M.; GONZALES, E. Manejo da Incubação.Campinas: FACTA, 2003. Cap. 1.4, p.67-86. O’DEA, E. E. O.; FASENKO, G. M.; FEDDES, J. J. R.; ROBINSON, F. E.; SEGURA, J. C.; OUELLETTE, C. A. VAN MIDDELKOOP, J. H. Investigating the Eggshell Conductance and Embryonic Metabolism of Modern and Unselected Domestic Avian Genetic Strains at Two Flock Ages. Poultry Science v. 83, p. 2059–2070, 2004

PORTUGAL, S. J.; MAURER, G.; CASSEY, P. Eggshell Permeability: A Standard Technique for Determining Interspecific Rates of Water Vapor Conductance. Physiological and biochemical zoology : PBZ, Chicago, v. 83 cap.6. 2010.

Capa Índice 10877

AVALIAÇÃO FARMACOCINÉTICA PRÉ-CLÍNICA DO PROTÓTIPO DE FÁRMACO

ANTITUMORAL LQFM030

Autores: Iury Valentim Jorge ZOGHAIB; Luiz Carlos da CUNHA; Ricardo

MENEGATTI; Luciana Vieira Queiroz LABRE; Sandro Antônio GOMES; Jeronimo

Raimundo de OLIVEIRA; Tereza Cristina de Deus HONORIO.

Universidade Federal de Goiás, Programa de Pós-Graduação em Ciências

Farmacêuticas.

[email protected]

Palavras-chave: Protótipo. Validação. HPLC-PDA. Farmacocinética préclínica.

1. Introdução :

A procura de novos fármacos com ação antitumoral tem sido bastante incentivada,

visto que ainda existem muitos tipos de tumores que não possuem tratamento ou

são resistentes aos fármacos existentes no mercado (BUSKÜHL, 2007).

Ensaios para avaliar o perfil farmacocinético de um protótipo de fármaco são

conduzidos para obter informações adequadas sobre sua absorção, distribuição,

metabolismo e excreção, com o intuito de auxiliar no estabelecimento de uma

relação entre a concentração ou a dose do fármaco com a toxicidade observada,

além de auxiliar na compreensão de seu mecanismo de toxicidade (GOMES, 2011).

Por intermédio de estudos de modelagem computacional, foi possível descobrir uma

classe de compostos, denominados nutlins, identificados por meio da triagem de

uma série diversificada de compostos com capacidade de impedir a complexação do

MDM2 com a proteína pró-apoptótica p53, conhecida como “guardião do genoma”. A

complexação do MDM2 com a proteína p53 impede o processo de apoptose das

células tumorais. Assim, os nutlins são considerados a mais nova estratégia de

combate ao câncer (GOMES, 2011; VAN MAERKEN et al., 2006; VASSILEV et al.,

2004).

Considerando a potencialidade terapêutica dos nutlins, o Laboratório de Química

Farmacêutica Medicinal (LQFM) da Universidade Federal de Goiás (UFG) planejou e

sintetizou, por meio da estratégia de simplificação molecular, usando como protótipo

os compostos nutlin 1, 2 e 3, um candidato a protótipo antitumoral, que tem gerado

novas perspectivas e descobertas de possível aplicação antitumoral, o LQFM030,

Capa Índice 10878

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 10878 - 10882

utilizando reações clássicas, como condensação, reação de Duff, aminação redutiva

e/ou hidrogenação catalítica.

Neste estudo, optou-se por utilizar cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC)

em decorrência de sua sensibilidade e ampla aplicabilidade a diversos compostos.

Ademais, trata-se de método rápido, simples e bastante difundido para o preparo de

amostras com menor custo (SKOOG; HOLLER; NIEMAN, 2002).

Considerando os resultados farmacológicos iniciais, que revelaram ação benéfica do

LQFM030 para perfil de atividade antitumoral, iniciou-se trabalho de pesquisa que

desenvolveu e validou um método simples, exato, específico e reprodutível para

quantificar o LQFM030 em plasma de camundongo, possibilitando determinar os

parâmetros farmacocinéticos pré-clínicos que servirão de embasamento para

estudos posteriores de utilização e de determinação de sua futura posologia e

aplicabilidade terapêutica no tratamento antitumoral.

2. Material e Métodos: Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFG (CEP/UFG),

protocolo nº 137/2009.

Foram utilizados camundongos (Mus musculus) fêmeas saudáveis da linhagem

Swiss Webster, com peso corpóreo médio de 36 ± 5,94 g, provenientes do Biotério

Central da UFG, em Goiânia, GO.

Para o estudo farmacocinético, utilizamos o método, então validado, em HPLC-PDA,

onde os animais foram divididos em subgrupos e horários, empregando-se a

preparação e a dose de aplicação como descrito no Quadro 1.

Quadro 1. Grupos de animais utilizados para investigação de parâmetros

farmacocinéticos do LQFM030.

Capa Índice 10879

A solução do protótipo LQFM030, preparada em etanol, propilenoglicol e água

ultrapura, nas proporções de 10:50:40 (v/v/v), foi administrada ip na dose de 100

mg/kg de peso corporal a cada animal do grupo experimental. Os animais do grupo

controle receberam apenas o veículo ip e foram utilizados para a coleta de sangue

no tempo zero, servindo as amostras de plasma assim obtidas como branco

analítico. Foram utilizados 5 UI/mL de solução de heparina como anticoagulante (1

gota/tubo de coleta), além de ambientação das seringas antes das coletas.

As análises quantitativas de LQFM030 foram realizadas por meio de HPLC

Shimadzu LC-20AT Prominence®, equipado com detector de arranjo de fotodiodos

(PDA) SPD-M20A, operando a 263 nm, com coluna ACE® 5 C18 (100 mm × 4,6 mm

d.i., partículas de 5 μm), à temperatura ambiente. A fase móvel foi constituída de

metanol:água purificada (50:50%, v/v), com fluxo de 0,6 mL/min e volume de injeção

de 20 μL, com diazepam como PI.

3. Resultados e Discussão:

O método validado em HPLC-PDA foi aplicado a um grupo de camundongos (n = 30)

e, após a administração do LQFM030, o sangue de cada animal foi coletado nos

tempos de 0 min, 10 min, 30 min, 1 h, 1,5 h, 2 h, 3 h, 4 h, 6 h, 12 h e 24 h. O perfil

cinético de concentração versus tempo do LQFM030 em camundongos pode ser

observado na Figura 7.

Com as concentrações determinadas pela análise cromatográfica, foram calculados

e obtidos parâmetros cinéticos iniciais de uma avaliação pré-clinica do perfil

farmacocinético do LQFM030 IP, utilizando-se o programa Winnonlin 5.0, fornecido

por Pharsight (St. Louis, MO, Estados Unidos) (Tabela 4).

Figura 7. Perfil cinético bicompartimental de LQFM030 em 30 camundongos

submetidos à administração de dose intraperitoneal de 100 mg/kg de peso corporal

do animal, obtido com o uso do software Winnonlin 5.0 Pharsight.

Capa Índice 10880

Tabela 4. Parâmetros farmacocinéticos do LQFM030 em camundongos Swiss

Webster fêmeas (n = 30), submetidos à dose via intraperitoneal de 100 mg/kg de

peso corporal do animal (valores expressos em média ± DP), obtidos com o uso do

software Winnonlin 5.0 Pharsight.

ASC0-t = Área sob a curva de concentração versus tempo até o tempo de coleta de

sangue; ASCT = Área sob a curva de concentração versus tempo de 0 a infinito

(total); Cmax = concentração plasmática máxima; t1/2 = meia-vida de eliminação

plasmática; Kel = constante de eliminação; Vd/F = volume de distribuição; ClT/F=

clearance total.

O perfil cinético obtido para o LQFM030 é bastante relevante em demonstrar

algumas características para futuros ensaios por outras vias de administração, com

outras doses e outros modelos experimentais, com adequação da coleta seriada de

sangue, já que foi observada elevada t1/2.

4. Conclusões: No perfil farmacocinético pré-clínico do LQFM030 em camundongos, observaram-se

elevados valores de t1/2, Vd e clearance plasmático, características que permitem

antever posologia favorável à administração de uma dose/24 h. O elevado Vd

permite entender que o protótipo estudado apresenta extenso perfil de distribuição

tecidual e que poderá ser indicado para o tratamento de tumores em tecidos

profundos, inclusive, como já ressaltado para os nutlins, para tumores de medula

óssea.

Até o momento, os estudos pré-clínicos conduzidos com LQFM030 mostraram

resultados promissores em ensaios com animais. Como esses resultados não

podem ser extrapolados para humanos, uma vez que os processos de disposição de

fármacos em roedores são muito mais rápidos, devem ser conduzidos estudos pré-

Capa Índice 10881

clínicos visando o cumprimento das exigências regulatórias que antecedem os

estudos clínicos de fase 1.

5. Referências Bibliográficas: BUSKÜHL, H. Avaliação in vitro do mecanismo de ação citotóxica de lactonas

sesquiterpênicas e outras substâncias isoladas de Vermonia scorpiodes (LAM)

GOMES, L. B. Proposta de estruturação de uma plataforma tecnológica para

realização de ensaios pré-clínicos toxicológicos na Fundação Oswaldo Cruz. 2011.

108 f. Dissertação (Mestrado)–Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Rio

de Janeiro, 2011.

SKOOG, D. A.; HOLLER, F. J.; NIEMAN, T. A. Princípios de análise instrumental.

Tradução Ignez Caracelli, Paulo Celso Isolani, Regina Helena de Almeida Santos e

Regina Helena Porto Francisco. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2002.

VAN MAERKEN, T.; SPELEMAN, F.; VERMEULEN, J.; LAMBERTZ, I.; DE

CLERCQ, S.; DE SMET, E.; YIGIT, N.; COPPENS, V.; PHILIPPÉ, J.; DE PAEPE, A.;

MARINE, J. C.; VANDESOMPELE, J. Small-molecule MDM2 antagonists as a new

therapy concept for neuroblastoma. Cancer Research, Baltimore, v. 66, no. 19, p.

9646–9655, 2006.

VASSILEV, L. T.; VU, B. T.; GRAVES, B.; CARNAVAL, D.; PODLASKI, F.;

FILIPOVIC, Z.; KONG, N.; KAMMLOTT, U.; LUKACS, C.; KLEIN, C.; FOTOUHI, N.;

LIU, E. A. In vivo activation of the p53 pathway by small-molecule antagonists of

MDM2. Science, Washington, DC, v. 303, no. 5659, p. 844-848, 2004.

Capa Índice 10882

A MUSICOTERAPIA NA PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA DE IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS

Ivany Fabiano MEDEIROS; Claudia Regina de Oliveira ZANINI

Escola de Música e Artes Cênicas/UFG

[email protected]; [email protected]

Órgão patrocinador: CNPq

Palavras-chave: musicoterapia, idosos e memória.

INTRODUÇÃO

A expectativa de vida da população mundial vem aumentando

consideravelmente nas últimas décadas. Segundo as estatísticas da Organização

das Nações Unidas (ONU), até 2025 teremos mais de 840 milhões de pessoas

idosas1 no mundo, fato que trará ao Brasil a posição de sexto maior país em termos

de população idosa (ONU, 2003).

De acordo com a ONU tem-se cinco princípios fundamentais em benefício

do idoso: a independência, a participação, os cuidados, a autossatisfação e a

dignidade. Em direção a esta concepção de proporcionar qualidade de vida à

população desta faixa etária, está o Plano de Ação Internacional contra o

envelhecimento (2002), que visa garantir aos idosos, mundialmente, a possibilidade

de ter segurança e dignidade, como cidadãos de direitos iguais. A Organização

Mundial da Saúde estabelece o conceito de envelhecimento ativo como:

um processo no qual é permitido ao indivíduo perceber o seu potencial para o bem-estar físico, social e mental ao longo do curso da vida, e que essas pessoas participem da sociedade de acordo com suas necessidades, desejos e capacidades, usufruindo ao mesmo tempo de proteção, segurança e cuidados adequados (RIBEIRO, 2008, p. 2).

É importante voltarmos a atenção para a manutenção e prevenção da

saúde do idoso, visto que as perdas são inevitáveis no decorrer da vida do ser

humano e se conectam intimamente ao seu desenvolvimento. Dentre as perdas

recorrentes na população idosa temos a diminuição da capacidade da memória ou

até mesmo a sua perda gradativa em alguns casos. Essas alterações geralmente

trazem diversos malefícios para essas pessoas, que podem englobar dificuldades

nas AVDs (Atividade de Vida Diária), nas relações interpessoais e outros aspectos

1 De acordo com o artigo 2º da Lei nº 8.842 de 04 de janeiro de 1994, considera-se idosa a pessoa maior de 60 anos de idade.

Capa Índice 10883

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 10883 - 10887

importantes para a vida de todos os indivíduos (HELENE & XAVIER, 2003;

TEIXEIRA, 2008).

A memória é uma função fulcral que decorre da concatenação dos

processos de “aquisição, armazenamento e evocação (emprego) de informações”

(QUEVEDO; et al, 2006 In BOTTINO, 2006, p. 3). E ainda de acordo com (CORRÊA,

2008 apud FUENTES, 2008, p. 168) a memória pode ser definida como:

a habilidade do organismo vivo para reter e para utilizar a informação adquirida. O termo está intimamente relacionado a “conhecimento” – aquisição e retenção de informação. [...] Além disso, permite o acesso à linguagem e dá coerência aos nossos pensamentos, organizando a nossa história.

Diante dessas informações esta pesquisa visa averiguar quais os tipos de

memória podem ser trabalhadas com intervenções musicoterapêuticas. De acordo

com Souza (2008, p. 188) a música: “sonoriza as épocas vividas, traçando uma rede

de comunicação que com estímulo musical é acionada fazendo-nos associar as

etapas do nosso próprio envelhecer, muitas vezes de forma sucessiva e simultânea”.

Na musicoterapia, a música e/ou seus elementos (som, ritmo, melodia e

harmonia) são utilizados com objetivos terapêuticos, processo que Bruscia (2000, p.

100) define como: “a música é mais do que as próprias peças ou sons: cada

experiência musical envolve uma pessoa, um processo musical específico e um

produto musical de algum tipo, possuindo significado para os clientes”.

Pesquisas atuais realizadas na prática clínica da musicoterapia vêm

demonstrando que a contribuição da área relaciona-se, principalmente, à auto-

estima, auto-expressão, auto-conhecimento e relacionamento interpessoal do idoso,

importantes resultados para a prevenção e preservação das funções cognitivas do

indivíduo em processo de envelhecimento (SOUZA, 2009).

Este artigo visa descrever os resultados parciais de uma pesquisa que

teve com objetivo investigar como a musicoterapia pode prevenir ou amenizar as

perdas de memória decorrentes do processo de envelhecimento, além de melhorar a

qualidade de vida de idosos institucionalizados. Acredita-se que esta é uma das

demandas da atualidade frente ao aumento deste segmento da população.

MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa foi realizada em um abrigo para idosos, localizado em

Goiânia. Foi iniciada a pesquisa após a aprovação do comitê de ética da UFG. Os

idosos não possuíam perda cognitiva degenerativa. As intervenções musicoterápicas

Capa Índice 10884

foram aplicadas em um grupo fechado composto por seis pessoas. Foram realizados

doze encontros, com frequência de uma vez por semana e duração de sessenta

minutos cada. O grupo foi composto por 4 mulheres e 2 homens, a idade variou

entre 63 a 77 anos. O nível de escolaridade variou entre 4 a 8 anos de escolaridade.

Como instrumentos de coleta de dados foram utilizados relatórios,

filmagens, fichas musicoterapêuticas e o teste cognitivo Mini Exame do Estado

Mental2, sendo este a aplicado antes e depois do período de intervenções

musicoterapêuticas. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados aqui analisados foram baseados na aplicação, antes e depois

das intervenções musicoterápicas, do teste Mini Exame do Estado Mental, que

avalia a cognição de idosos. Este abrange as seguintes categorias: orientação

temporal, orientação espacial, memória imediata, cálculo, memória de evocação,

nomeação, repetição, comando triplo, leitura, escrita e desenho. O escore máximo é

de 30 pontos. No gráfico abaixo, observamos os resultados obtidos:

Os parâmetros especificados para avaliar as pontuações obtidas pelos

participantes estão relacionados com o grau de escolaridade dos sujeitos, sendo

quantificado como: analfabetos: <18 pontos; 1 a 3 anos de escolaridade: <21; 4 a 7

anos: <24 ptos; superior a 7 anos: <26 ptos. Observou-se que houve melhora nas

categorias: orientação temporal (3 pessoas apresentaram melhora), cálculo (1

pessoa) memória de evocação (2 pessoas), leitura (1 pessoa ), escrita (2 pessoas) e

desenho (2 pessoas).

2 O teste fornece informações sobre diferentes parâmetros cognitivos contendo questões agrupadas em sete categorias, cada uma planejada com o objetivo de avaliar "funções" cognitivas específicas como a orientação temporal, orientação espacial, registro de três palavras, atenção e cálculo, recordação das três palavras, linguagem e capacidade construtiva visual. O escore pode variar de um mínimo de 0 , que indica o maior grau de comprometimento cognitivo até o máximo de 30 pontos, o qual, por sua vez, corresponde a melhor capacidade cognitiva.

Capa Índice 10885

Diante do exposto, foi possível observar possibilidades de melhora em

seis aspectos avaliados no teste, apesar de não apresentarmos uma diferença

estatística significante. Dentre elas, uma importante função cognitiva: a memória de

evocação. Segundo alguns autores, a memória apresenta-se como um dos aspectos

fundamentais para a eficiência cognitiva, pois a efetivação da cognição parte de um

reconhecimento e memorização através do agrupamento estratégico dos elementos

estruturais da informação (SLOBODA, 2008). Desta forma, o autor visualiza as

atividades musicais como “habilidades cognitivas” (p. 1), visto que “a maioria de

nossas respostas à música são aprendidas” e não somente “condicionadas” (p. 4).

Da afirmação acima podemos depreender o caráter particular, complexo e

refinado da assimilação musical pelo indivíduo adulto, visto que esta engramatização

parte de uma grande quantidade de processos cognitivos (ibidem, 2008). Observa-

se ainda o contínuo processo de ressignificação das informações musicais, que

corrobora no desenvolvimento e aprimoramento da cognição, descrito nesta

afirmação de Schacter (2003, apud ROCHA, 2010, p. 21): “extraímos elementos

fundamentais de nossas experiências e os arquivamos; então recriamos ou

reconstruímos nossas experiências em vez de resgatar cópias exatas delas”.

Quanto às outras categorias que apresentaram perspectivas de melhora

que foram: orientação temporal, cálculo, leitura, escrita e desenho, demonstram a

viabilidade da musicoterapia na estimulação de diversas funções o que proporciona

uma melhor qualidade de vida de forma geral para o indivíduo idoso, contribuindo

até mesmo para uma possibilidade de longevidade. CONCLUSÕES

Este trabalho vem descrever os resultados parciais de uma pesquisa

realizada no Mestrado em Música da UFG. Dentre eles estão os benefícios da

música para a memória do indivíduo idoso, além da possibilidade de preservação

das funções cognitivas, que geralmente degradam-se com o tempo.

Diante do exposto notou-se que a utilização da música como terapia

torna-se significativa para essa clientela devido aos seus elementos constituintes,

que tem a capacidade de ativar várias áreas cerebrais, estimulando a memória. A atividade musical mobiliza quase todas as regiões de cérebro de que temos conhecimento, além de quase todos os subsistemas neurais. Os diferentes aspectos da música são tratados por diversas regiões neurais: o cérebro vale-se da segregação funcional para o processamento musical, utilizando um sistema de detectores cuja função é analisar determinados

Capa Índice 10886

aspectos do sinal musical, como altura, andamento timbre etc. (Levitin, 2010, p.100):

As canções que surgiram no decorrer do processo musicoterapêutico,

trazendo reminiscências, associadas às memórias orais, auxiliaram na promoção de

mudanças, atitudes e restabelecimento de identidades. Portanto, acredita-se que a

Musicoterapia pode desempenhar um papel importante na reabilitação e/ou

preservação das funções cognitivas, principalmente para a memória de indivíduos

idosos.

REFERÊNCIAS BRUSCIA, K.E. Definindo Musicoterapia. 2.ed. Rio de Janeiro: Enelivros, 2000. CORRÊA, A. C. de O. Neuropsicologia da Memória e sua Avaliação. In: FUENTES, Malloy-Diniz. et al. Neuropsicologia Teoria e Prática. Porto Alegre: Artmed, 2008. HELENE, AF; XAVIER, GF. A construção da atenção a partir da memória. Revista Brasileira de Psiquiatria. vol.25 suppl.2 São Paulo Dec. 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S15164446200300 0600004&lang=pt.> Acesso em: 23 jun. 2011. LEVITIN, D. J. A música no seu cérebro: a ciência de uma obsessão humana. Trad. Clóvis Marques. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010. Organização das Nações Unidas. Plano de Ação Internacional contra o Envelhecimento, 2002/ Organização das Nações Unidas. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos; 2003.Disponível em: <http://www.docstoc.com/ docs/11080024/Plano-de-A%C3%A7%C3%A3o-Internacional-para-o-Envelhecimento-_Madri_-2002_. >Acesso em: 25 agos. 2010. QUEVEDO, J. et al. Alterações Cerebrais e Memória. In: Cássio M. C. Bottino. Demência e Transtornos Cognitivos em idosos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. ROCHA, S. F. Memória: uma chave afetiva para o sentido na performance musical. Per Musi, Belo Horizonte, n.21, 2010, p.97-108. RIBEIRO, Eliseth Leão. A dignidade dos idosos institucionalizados: o papel da música no encontro humano. Enfermaria Global, n.13, p. 1-6, jun. 2008. Disponível em:< http:// www.revistas.um.es/eglobal/artcle/view/16101/15521>. Acesso em: 20 agos. 2010. ROCHA, S. F. Memória: uma chave afetiva para o sentido na performance musical. Per Musi, Belo Horizonte, n.21, 2010, p.97-108. SLOBODA, J.A. A mente musical: Psicologia Cognitiva da Música. Trad. Beatriz Ilari e Rodolfo Ilari. Londrina: EDUEL, 2008. 384p. SOUZA, MGC. Musicoterapia Clínica na Terceira Idade – Uma Abordagem Institucional. In: COSTA, Clarice Moura (org). Musicoterapia no Rio de Janeiro: Novos Rumos. Rio de Janeiro: Editora CBM, 2008. p. 185 - 197. __________________________.2009. “Musicoterapia e a Clínica do Envelhecimento”. Anais... XIII Simpósio Brasileiro de Musicoterapia; IX Encontro Nacional de Pesquisa em Musicoterapia. Curitiba: AMTPR e UBAM. 2009. TEIXEIRA, CMFS. Perda e luto na família. Goiânia, 2008. I Seminário de Pesquisa em Musicoterapia promovido pela EMAC/UFG em 24 abr.2008.

Capa Índice 10887

Caracterização físico-química e potencial antioxidante de polpa de baru (Dipteryx alata Vog.)

Izabel Lucena GADIOLI1 ; Eduardo Ramirez ASQUIERI1; Lívia de Lacerda de Oliveira PINELI2

1 Faculdade de Nutrição, Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Saúde, UFG 2 Faculdade de Ciências da Saúde, Programa de Pós Graduação em Nutrição Humana, UnB

E-mail autor principal: [email protected]

Palavras – chave: baru, atividade antioxidante, taninos, açúcares

INTRODUÇÃO

Muitas plantas do bioma cerrado possuem valor potencial de exploração,

principalmente no que diz respeito à alimentação como, por exemplo, o barueiro

(Dipteryx alata Vogel) (SANO et al., 2004), amplamente disseminado no Cerrado do

Brasil Central, pertence à família Fabaceae, é uma árvore frutífera, com caule ereto

e atinge até 15 m de altura (TAKEMOTO et al., 2001).

Poucos estudos são realizados com a polpa de Dipteryx alata Vog., no

entanto, sabe-se, até então, de sua importância como fonte de fibra alimentar

(29,5%), sendo 28,2% fibras insolúveis, significativa quantidade de açúcares

(20,4%), alto teor de taninos, que por sua vez, diminuem gradativamente de acordo

com o grau de maturação do fruto (ALVES et al., 2010; TOGASHI & SCARBIERI,

1994).

Identificar compostos bioativos em alimentos nacionais é um benefício para a

população, pois conhecer o conteúdo da dieta brasileira e suas características

regionais facilita o auxílio e o incentivo ao consumo de alimentos de qualidade

(FALLER & FIALHO, 2009). Assim, os compostos bioativos são substâncias

naturalmente presentes, em pequenas quantidades, em alimentos de origem

vegetal, considerados constituintes extranutricionais (KRIS-ETHERTON et al., 2002).

O objetivo deste trabalho foi investigar a qualidade nutricional da polpa de

baru (Dipteryx alata Vog) com relação ao seu potencial antioxidante e ao seu perfil

de macronutrientes, com foco nos carboidratos presentes nessa matéria prima.

MATERIAL E MÉTODOS

Coleta e processamento das amostras Frutos maduros de baru (Dipteryx alata Vog.) foram coletados no Setor de

Horticultura da Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos da Universidade

Federal de Goiás em três árvores diferentes com uma coleta de frutos cada no mês

de Setembro de 2011. A polpa foi separada do caroço manualmente, com o auxílio

Capa Índice 10888

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 10888 - 10892

de faca, em ambiente escuro e congelada a -18ºC para a conservação da matéria

prima durante o período de análises. A polpa foi analisada quanto à sua composição

físico-química, ao seu potencial antioxidante e à determinação de seus compostos

fenólicos totais e taninos.

Composição centesimal A determinação da umidade e cinzas foi realizada por métodos gravimétricos

segundo AOAC, 1990. Para a identificação de proteínas, utilizou-se a metodologia

de microKjeldahl (IAL, 2008). Lipídios foi determinado por BLIGH & DYER (1959) e

os carboidratos totais foram feitos por diferença.

Açúcares redutores totais, sacarose, glicose e pectina Açúcares redutores totais e sacarose foram determinados pelo método do

ADNS sem e com hidrólise (MILLER, 1959), glicose por Kit enzimático GLUCOX 500

e pectina por metodologia descrita por Bitter (1962).

Obtenção dos extratos para as análises de antioxidantes Os extratos da polpa de baru foram obtidos a partir da pesagem inicial de 5

gramas de polpa, à qual adicionou-se 40 ml de metanol com posterior

homogeneização e repouso por 60 minutos. Depois, a mistura foi centrifugada por

15 minutos e transferiu-se o sobrenadante para balão volumétrico de 100 ml. O

mesmo procedimento foi realizado com a polpa residual, juntamente com acetona

70% e o volume do balão foi completado com água destilada.

Atividade antioxidante por DPPH e FRAP, fenólicos totais e taninos A atividade antioxidante das amostras foi verificada pelos métodos DPPH

(2,2-difenil-1-picril hidrazil) (Brand-Williams et al.1995), com os resultados expressos

em µM de BHT equivalente/g de polpa fruta e FRAP (Ferric Reducing Antioxidant

Power), com resultados expressos em µM de sulfato ferroso/g de polpa de fruta

(RUFINO et al., 2006). Fenólicos totais foram determinados pelo método de Folin-

Ciocalteau (ROESLER et al., 2008) e resultados expressos em mg de ácido gálico

equivalentes/Kg de polpa de fruta e para a quantificação de taninos, utilizou-se o

método da Vanilina (BROADHURST & JONES, 1978) e os resultados foram

expressos em mg de catequina/100g de polpa de fruta. Análise estatística

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com três

tratamentos (árvore 1, árvore 2 e árvore 3). Os dados foram submetidos à análise de

Capa Índice 10889

variância e as médias, comparadas pelo Teste de Tukey – dms (diferença mínima

significativa, ≤ 0,05).

RESULTADOS E DICUSSÃO

Todas as análises estão apresentadas em base úmida.

A tabela 1 revela os dados de composição centesimal das polpas de baru

estudadas. As proteínas variaram seus valores entre 0,98% da árvore 1 e 0,52% da

árvore 2. Todas as amostras tiveram o mesmo teor de umidade (20%). A árvore 3

atingiu maior quantidade de lipídios (2,15%) e menor de cinzas (2,33%). ALVES et

al. (2010) encontrou 29% de umidade na polpa de baru com 136 dias de

armazenamento. No seu 1º dia, ela estava com, aproximadamente, 14%.

Tabela 1. Composição centesimal das amostras de polpa de baru.

Valores expressos como média ± desvio padrão, na mesma coluna e com letras iguais não tem diferença estatística significativa (p>0,05).

A análise de açúcares redutores totais mostrou que todas as amostras têm

diferença estatística significativa entre si e seus valores foram de 16,93% para

árvore 1, 20,15% para árvore 3 e 23,28% para árvore 2. As árvores 1 e 2 obtiveram

valores semelhantes de sacarose (26%) e a árvore 3 ficou com o percentual mais

baixo para esse açúcar (18,35%). Os resultados de glicose da árvore 3 não diferiram

estatisticamente de nenhuma das outras árvores, mas as árvores 1 e 2 diferiram

entre si. Árvore 3 atingiu 4,52% de pectina, maior percentual desse carboidrato em

comparação às demais (Tabela 2).

Tabela 2. Carboidratos da polpa de baru.

Valores expressos como média ± desvio padrão, na mesma coluna e com letras iguais não tem diferença estatística significativa (p>0,05).

Tratamento Umidade (%)

Cinzas (%)

Lipídios (%) Proteínas (%)

Carboidratos Totais (%)

Árvore 1 20,45±0,6ª 2,72±0,1ª 1,20±0,07b 0,98±0,02ª 74,65 Árvore 2 20,2±1,2ª 2,58±0,03ª 1,44±0,09b 0,52±0,01c 75,26 Árvore 3 20,58±0,22ª 2,33±0,21b 2,15±0,14ª 0,87±0,87b 74,07

Média global 20,41 2,54 1,59 0,79 74,66

Tratamento Açúcares Redutores Totais

(%)

Sacarose (%)

Glicose (%)

Pectina (%)

Árvore 1 16,93 ±0,73c 26,42±1,14 ª 3,77±0,57b 3,87±0,14b Árvore 2 23,28±0,06ª 26,14±0,35ª 5,63±0,83ª 3,87±0,2b Árvore 3 20,15±0,74b 18,35±1,68b 5,26±0,21ab 4,52±0,05ª

Média global 20,12 23,63 4,88 4,08

Capa Índice 10890

Todas as amostras tiveram diferença estatística significativa com relação ao

teor de fenólicos totais com valores de 2446,58; 5382,73 e 3636,83 mg/Kg para

árvores 1;2 e 3 respectivamente. Já para taninos e atividade antioxidante por DPPH

e FRAP, a única amostra que diferiu diante das demais foi a Árvore 2, obtendo os

maiores valores em todas as análises e demonstrando seu maior potencial

antioxidante (Tabela 3). Togashi & Scarbieri (1994) encontraram 3112 mg/100g de

taninos na polpa de baru.

Tabela 3. Teor de fenólicos totais e taninos, e potencial antioxidantes de polpa de baru.

Valores expressos como média ± desvio padrão, na mesma coluna e com letras iguais não tem diferença estatística significativa (p>0,05).

CONCLUSÃO

Mesmo os frutos sendo coletados numa mesma área, o fato de terem sido de

árvores diferentes gerou quantidades variáveis entre eles nas análises realizadas.

A árvore 2 se destacou com seu elevado teor de taninos, fenólicos totais e

potencial antioxidante em relação às demais árvores.

Todas as amostras possuem alta concentração de sacarose, entretanto, as

árvores 1 e 2 merecem destaque por possuírem mais de 25% desse açúcar.

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Tratamento Fenólicos totais (mg.Kg-1)

Taninos (mg.100g-1)

AAT-DPPH (µmol.g-1)

AAT-FRAP (µmol.g-1)

Árvore 1 2446,58±103,11c 59,99±2,35b 10,35±1,12b 26,22±2,67b Árvore 2 5382,73±264,18ª 215,54±10,7ª 37,41±3,49ª 66,66±7,01ª Árvore 3 3636,83±113,67b 46,79±1,61b 5,67±0,33b 22,06±1,26b

Média global 3822,04 107,44 17,81 38,31

Capa Índice 10891

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Capa Índice 10892

A CONSTITUIÇÃO MODAL NO DISCURSO PUBLICITÁRIO – A EXTRAPOLAÇÃO DO

MODO IMPERATIVO

Izac Vieira CHAVES Orientadora: Professora doutora Vânia Cristina CASSEB-GALVÃO

Faculdade de Letras/PG. UFG [email protected]

Palavras-chave: Funcionalismo, Modo verbal imperativo, Retórica, Publicidade

APRESENTAÇÃO:

Este trabalho, baseando-se na teoria funcionalista da linguagem, descrita por

Neves (1997) como sendo aquela em que verifica o modo como os usuários das línguas

se comunicam eficientemente, apresenta algumas reflexões a respeito do uso do modo

imperativo,de sua organização e de sua funcionalidade no discurso publicitário. Modo

imperativo é definido em Houaiss (2011) como o modo que acentua o caráter de mando,

de autoridade, ou que exprime uma ordem, pedido, exortação etc.

A ideia é verificar como se dá a constituição modal nesse discurso, e, além

disso, analisar a funcionalidade das diferentes formas de realização do modo

imperativo, principalmente seu uso de forma implícita e em sentenças indicativas com

valor sugestivo de ordem, de conselho. Busca-se ainda, analisar os efeitos de sentido

que esses usos provocam no espectador da propaganda. Nossa hipótese é a de que o

modo extrapola as regras e as indicações de ocorrências descritas pela tradição. Nas

gramáticas normativas, o modo imperativo é normalmente concebido como o que

expressa uma ordem, um comando, um pedido e em algumas delas, uma recomendação.

O que se percebe, é que a gramática tradicional concebe o modo no aspecto

estritamente formal, morfológico, ou seja, na conjugação do verbo, não considerando as

possibilidades de manifestação semântico-discursivas, pragmática ou ilocucionárias

dessa categoria, o que é feito, por exemplo, por uma gramática funcional.

Casseb-Galvão (2009), reconhece que a definição de modo é mais complexa do

que a definição tradicional, e, citando Ilari e Basso (2008), diz que

Modo veio de “modus”, palavra que em latim, era dotada de vários sentidos: “medida”, sujeita a algum tipo de controle (daí derivados recentes como o verbo modular e o substantivo modulação), “medida certa”, isto é, “medida que não se deve ultrapassar sob pena de comprometer uma ação.

Capa Índice 10893

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 10893 - 10897

Contra a rigidez de tal concepção, Bizzochi (2008) traz uma definição

funcionalista dessa categoria:

O modo reflete a relação entre o enunciado lingüístico e a realidade, então, semanticamente, há outros modos verbais além dos três apontados pela gramática normativa. Afinal, não comunicamos linguisticamente apenas fatos concretos, fatos presumidos e ordens. Também veiculamos desejos, aspirações, imprecações, fórmulas, rituais […].

O pressuposto é o de que independentemente da forma de marcação do modo,

no discurso publicitário ele vai sempre imperativo, em virtude dos objetivos do gênero,

o principal deles, levar o interlocutor a comprar o produto anunciado.

Nossa intenção, no entanto, não é a de observar somente o imperativo

prototípico, formal, explícito, do tipo “compre”, “faça”, “aproveite” etc., mas também,

diferentes estratégias discursivas, que carregam em si, força semântica e força

pragmática suficientes para convencer o interlocutor.

Considerando-se que a língua se mostra em funções e, que, segundo Neves

(1997), no binômio forma/função o que se privilegia é a função social-comunicativa da

linguagem, na propaganda, mesmo que a forma seja declarativa, no modo indicativo

como em: “chegou a hora de ter o seu primeiro tablet.” Ou no subjuntivo: “ Se você

visse a quantidade de germes nessa blusinha não acharia nada fofo”, é no nível

interpessoal, pragmático (Hengeveld e Mackenzie (2008)) que a função imperativa se

mostra.

Observe como isso se comprova em:

(1) Nenhum outro antitranspirante te dá mais proteção que Rexona men.

Em (1), o uso do pronome nenhum exclui qualquer possibilidade de escolha

por parte do leitor da propaganda. O enunciado está no modo indicativo, mas a

organização do conteúdo sugere a falta de alternativa para o consumidor que tem, então,

com única opção adquirir o produto.

Há o pressuposto também de que no nível interpessoal descrito por Hengeveld

e Mackenzie (2008), como o nível que lida com todos os aspectos formais de uma

unidade linguística que refletem o seu papel na interação entre o locutor e o interlocutor,

o uso do imperativo configura-se como uma estratégia retórica, pragmática e

ilocucionária. A ilocução, segundo esses autores qualifica o ato discursivo (declarativa,

Capa Índice 10894

imperativa, vocativa etc), em outras palavras, trata-se de uma estratégia constituidora da

relação falante/ouvinte, neste estudo, especificamente, relação anunciante/potencial

comprador.

Ainda segundo esses autores (p.46), as estratégias retóricas do falante

(anunciante) estão relacionadas com a disposição dos elementos em um discurso,

ordenados com a finalidade estratégica de influenciar o destinatário (consumidor). Por

sua vez, A pragmática, nesse sentido, pode ser entendida como a forma como os

falantes moldam seus discursos com vistas às expectativas dos destinatários. Já a

ilocução de um ato discursivo se organiza com as propriedades lexicais e formais do

referido ato, convencionalizadas nas relações interpessoais, para cumprir sua intenção

comunicativa.

Essa estruturação discursiva de que falam os autores pode ser observada na

propaganda abaixo:

(2) Do ponto de vista do calendário, o ano tem 365 dias. Do ponto de vista da

Pilecco Nobre tem 365 almoços e jantares inesquecíveis.

Em (2), a interação entre o falante (anunciante) e o ouvinte (consumidor) se

realiza a partir de noções pragmáticas e retóricas. A propaganda está veiculada em uma

revista destinada ao público feminino, publicação que conhece as idiossincrasias e as

expectativas desse público.

Na propaganda, há a imagem de um casal sorridente, feliz, e o anunciante

recorre ao discurso circulante no senso comum de que toda mulher pretende estar feliz,

ao lado de alguém que a ame e que proporcione a ela almoços e jantares inesquecíveis.

Há, portanto, o pressuposto de que a relação com a família é muito importante para a

mulher e, por isso, o argumento de jantares inesquecíveis aumentou a força persuasiva

do anúncio.

A força ilocucionária imperativa é atribuída pela analogia entre os dias do ano

e a qualificação desses dias como inesquecíveis. O adjetivo inesquecíveis contribui

fortemente para acentuar a força da ilocução. Isso sugere um caso de conversão

ilocucionária declarativa para uma imperativa jussiva condicionada pelo gênero? É o

que se quer investigar no trabalho em questão.

Capa Índice 10895

OBJETIVO GERAL

Analisar o uso do modo imperativo e como se dá a organização desse modo no

gênero propaganda.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Verificar como se dá a constituição modal no gênero propaganda,

considerando-se os aspectos discursivos e estruturais desse gênero;

• Analisar a funcionalidade das diferentes formas de realização do modo

imperativo, principalmente seu uso de forma implícita, uso não prototípico,

sentenças afirmativas ou interrogativas, com valor sugestivo, etc.;

• Estabelecer como o nível interpessoal se configura em estratégias retóricas,

pragmáticas e ilocucionárias;

• Avaliar como essa organização modal contribui para a persuasão do

consumidor.

PERGUNTAS DE PESQUISA

Essas considerações e os objetivos propostos nos levam a formular as seguintes

perguntas iniciais de pesquisa:

• Como é organizada a dimensão modal no discurso de propaganda?

• Que estratégias morfossintáticas são recorrentes no estabelecimento

dessa dimensão da linguagem?

• Que domínios de organização interpessoal essas estratégias ajudam a

construir?

• Essas estratégias estão a serviço de que funções retóricas?

• Que lugares mentais são estabelecidos a partir da composição

ilocucionária?

• Fatores sociais, como o público a que a propaganda se destina, e o tipo

de produto anunciado são relevantes para o estabelecimento dessas

estratégias?

Capa Índice 10896

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Capa Índice 10897

BIOPROSPECÇÃO DE METABÓLITOS SECUNDÁRIOS DO ANTAGONISTA

Rhizoctonia sp. de Epidendrum nocturnum PARA Magnaporthe oryzae

Jacqueline Campos Borba CARVALHO1; Leila Garcês de ARAÚJO2; Lucília KATO3; Aldeíde Dias de

SOUSA4; Celice NOVAIS5; Denise CANDINE4; Aline Pereira LUZINI1; Kellen Cristhina Inácio

SOUSA6; Marta Cristina Corsi FILIPPI7.

1. Bióloga e pós-graduanda em Genética e Melhoramento de Plantas - Universidade Federal de Goiás

(UFG), Laboratório de Genética de Microrganismos - ICB, Caixa Postal 131, CEP 74.001-970,

Goiânia, GO, [email protected]; [email protected]. 2. Professora, doutora, pesquisadora e orientadora da UFG, Laboratório de Genética de

Microrganismos - ICB, Caixa Postal 131, CEP 74.001-970, Goiânia, GO,

[email protected]. 3. Professora, doutora, pesquisadora e orientadora da UFG, Laboratório de Produtos naturais - IQ,

Caixa Postal 131, CEP 74.001-970, Goiânia, GO, [email protected]. 4. Laboratório de Genética de Microrganismos - ICB, UFG, Caixa Postal 131, CEP 74.001-970,

Goiânia, GO, [email protected]; [email protected]. 5. Mestre em Química e doutoranda em Química, Laboratório de Produtos naturais - IQ, Caixa Postal

131, CEP 74.001-970, Goiânia, GO, [email protected]. 6. Bióloga e Mestre em Genética e Melhoramento de Plantas, bio.Kcisbr@gmail. 7. Pesquisadora Embrapa Arroz e Feijão, [email protected].

Palavras-chave: produtos bioativos, controle biológico, brusone, micorriza.

Introdução A brusone, cujo agente causal é o fungo Magnaporthe oryzae Barr anamorfo

Pyricularia oryzae Cav., é uma das doenças mais difundidas e amplamente

disseminadas em todas as regiões do mundo em que o arroz é cultivado (Malavolta

et al., 2008) causando danos significativos na produtividade.

O controle dessa doença deve ser feito pelo manejo que integra resistência

genética, práticas culturais, controle químico, e atualmente o controle biológico. Os

principais benefícios da inserção do controle biológico como um dos componentes

do manejo integrado estão na produção sustentável e na diminuição da poluição

ambiental.

Fungos endofíticos e micorrízicos apresentam uma interação com plantas e a

produção de metabólitos secundários ou produtos bioativos é um processo

complexo resultando em diversos grupos estruturais, como os esteróides, xantonas,

Capa Índice 10898

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 10898 - 10902

compostos fenólicos, isocumarinas, quinonas, terpenos, citocalasanas, alcalóides,

flavonóides e outros (Tan & Zou, 2001; Ramos, 2008).

Os fungos micorrízicos podem aumentar a produção das culturas, bem como

reduzir o uso de fertilizantes e proporcionar a recuperação de solos degradados,

contribuindo para uma agricultura mais sustentável. Além disso, estes fungos

durante a interação com plantas produzem metabólitos secundários que poderão ser

usadas no controle biológico de doenças de plantas, incluindo a brusone do arroz,

atuando como antagonistas (Siqueira & Moreira, 1996; Siqueira et al., 2002; Pinto et

al., 2002, Li et al., 2000).

O objetivo do trabalho foi identificar fungos micorrízicos isolados de orquídeas

antagonistas à M. oryzae e avaliar a classe de metabólitos secundários presente no

extrato bruto de Rhizoctonia sp. de Epidendrum nocturnum.

Material e Métodos Para avaliação da antibiose in vitro para M. oryzae foram utilizados dez

fungos endofíticos/micorrízicos obtidos por Sousa et al. (2010), sendo cinco de

Cyrtopodium saintlegerianum e cinco de Epidendrum nocturnum e o isolado Py 461

de M. oryzae, obtido da coleção de micologia do Laboratório de Fitopatologia da

Embrapa Arroz e Feijão. Os isolados foram repicados para placas de Petri contendo

meio de cultura BDA (Batata, Dextrose e Ágar), as quais foram mantidas em câmara

climatizada a 27ºC por 11 dias em presença de luz para obtenção dos discos de

micélio para a antibiose.

O experimento foi realizado utilizando-se o método da cultura pareada

(Romeiro, 2007). Discos de micélio de 5 mm do patógeno e de dez prováveis

antagonistas fúngicos foram colocados no centro de placas de Petri contendo BDA,

em lados opostos, distanciados aproximadamente de 3 cm, em delineamento

experimental inteiramente casualizado, com oito repetições para cada isolado.

Foram utilizadas oito placas do isolado de M. oryzae para crescimento na ausência

do provável antagonista, como testemunha. Foram realizadas medições dos

diâmetros horizontal e vertical dos prováveis antagonistas e do isolado de M. oryzae

(testemunha), em intervalos variando de dois em dois dias, até que a M. oryzae

alcançasse a borda da placa, totalizando cinco medições. Também foi medido o halo

de inibição em comparação com a testemunha. Foi realizada a análise de variância

dos dados e a comparação das médias pelo teste Tukey. O isolado que apresentou

Capa Índice 10899

o maior grau de antibiose in vitro para M. oryzae foi selecionado para o isolamento e

identificação dos metabólitos secundários.

Para a identificação dos metabólitos secundários foram colocados 20 discos

de micélio de 5 mm do isolado fúngico em 1 L de BD (batata, dextrose) por 15 dias a

28°C e 120 r.p.m. Decorrido este período, o micélio foi separado do meio metabólico

por filtração em papel Whatman, nº 4. O filtrado (líquido) da cultura foi submetido à

partição líquido-líquido com acetato de etila (300 mL, 3x), resultando no extrato

orgânico (acetado de etila) e aquoso. O extrato orgânico foi concentrado em

rotaevaporador para obtenção do extrato bruto (EB).

O EB foi analisado por CCD (cromatografia em camada delgada) com sílica

gel 60 como fase estacionária e CH2Cl2/MeOH como fase eluente. A detecção dos

compostos foi feita utilizando-se luz ultravioleta como revelador universal e pela

pulverização com os reveladores químicos como o anisaldeído e reativo de

Dragendorf (específico para compostos nitrogenados). Para a análise por RMN 1H

utilizou solvente deuterado MeOD-d4 e TMS como padrão interno. A análise foi

realizada em espectrômetro Bruker Mercury 500, no IQ-UFG.

Resultados e Discussão

Alguns isolados diminuíram o crescimento micelial na horizontal e na vertical

de M. oryzae quando comparados com a testemunha, com eficácia destacada dos

isolados Epulorhiza sp. e Epicoccum sp. Observou-se correlação entre os diâmetros

vertical e horizontal (r = 0,895; P≤0.01). A maior porcentagem de inibição do

diâmetro de M. oryzae na vertical e na horizontal foi de 85,87% e de 82,15%

respectivamente. Quanto a formação do halo de inibição destacaram-se dois

isolados, Rhizoctonia sp. e Epulorhiza sp., de Epidendrum nocturnum. O isolado

Rhizoctonia sp. foi o que apresentou o maior halo de inibição e consequentemente

foi o melhor antagonista in vitro para M. oryzae, sendo utilizado posteriormente para

a detecção de metabólitos secundários. A medida do halo de inibição é um

parâmetro mais adequado de ocorrência de antibiose, pois a redução do

crescimento micelial também pode acontecer devido a competição por nutrientes do

meio.

A análise por CCD do extrato bruto (EB) do isolado de Rhizoctonia sp.

mostrou-se positivo frente ao reativo de Dragendorf, sugerindo a presença de

alcalóides. Na comparação de EB com o meio de cultura observou-se reação

Capa Índice 10900

positiva apenas para o extrato bruto o que indica que os alcalóides presentes no

extrato se devem à presença do isolado fúngico e não de componentes do meio de

cultura.

Conclusões Ocorreu antagonismo in vitro com formação do halo de inibição para dois

isolados micorrízicos de Epidendrum nocturnum demonstrando que estes isolados

são promissores para futuros estudos de biocontrole in vivo.

As análises por CCD e por RMN, indicam a presença de alcalóide no extrato

bruto, no entanto, será necessário estudo utilizando CLAE para separação e

posterior identificação dos compostos por RMN. O fracionamento do EB será

biomonitorado levando ao isolamento do metabólito responsável pela atividade

antagônica à M. oryzae.

Referências bibliográficas LI, J. Y.; STROBEL, G. A.; HARPER, J. K.; LOBKOVSKY, E.; CLARDY, J. Cryptocin, A potent tetramic acid antimycotic from the endophytic fungus Cryptosporiopsis cf. quercina. Org. Lett., v. 2, p. 767–770, 2000.

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Capa Índice 10901

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Capa Índice 10902

IDENTIFICAÇÃO E BIOTIPIFICAÇÃO DE CEPAS DE Campylobacter spp ISOLADAS DE PRODUTOS AVÍCOLAS

FEISTEL, Janaina Costa1, SOLA, Marília Cristina1, MEDEIROS, Nadielly Xavier1, TRASSI, Agna Miranda Castro1, MESQUITA, Sandra Queiroz Porto2, SILVA JUNIOR, Magno Candido2, REZENDE, Cíntia Silva Minafra3 ¹ALUNA de pós-graduação, UFG, Escola de Veterinária, Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, Goiânia, Goiás; 2SERVIDOR EVZ/UFG; 3DOCENTE DOUTOR, UFG, Escola de Veterinária, Departamento de Medicina Veterinária *Endereço para correspondência: [email protected]

Palavras-chave: Campylobacter spp, biotipificação, análises bioquímicas

1- INTRODUÇÃO Campilobacteriose é uma zoonose com graves repercussões em nível de

saúde pública e econômica. Em 2010, estimou-se que infecções por Campylobacter

spp. afetaram 2,4 milhões de pessoas (CDC, 2010).

As espécies de maior interesse para a saúde pública são conhecidas como

termofílicas devido à temperatura ótima de desenvolvimento ser em torno de 42°C,

dentre este grupo, as que apresentam maior incidência são C.jejuni, C.coli e C.lari

(CDC, 2010). São pequenos bastonetes flagelados, encurvados, com movimento do

tipo “saca-rolha”. Em situações desfavoráveis apresentam forma cocóide viável mas

não cultivável, utilizada como estratégia de sobrevivência mas que impossibilita o

isolamento (JAY, 2005).

Atualmente carne de aves é o alimento mais incriminado nos casos de

campilobacteriose (CDC, 2010), a presença dos microrganismos na pele do frango

ocorre devido à eliminação das bactérias pela cloaca, facilitada pela insensibilização

elétrica das aves (BERRANG et al., 2001). Fato preocupante já que produção

avícola é segmento importante na economia brasileira chegando a 12.230 milhões

de toneladas em 2010, sendo o terceiro maior produtor e o maior exportador de

carne de frango (UBABEF, 2011).

O rastreamento epidemiológico do patógeno no ambiente é complexo (EFSA,

2011), devido a fatores, como a presença de múltiplas espécies no mesmo lote

(KUANA et al., 2008), a capacidade de entrar em um estado viável, mas não

cultivável (HUMPHREY et al, 2007), a sensibilidade ao ambiente, a instabilidade

genética e o reduzido número de testes bioquímicos utilizados (ON,1996).

Capa Índice 10903

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 10903 - 10907

Pelo exposto, objetivou-se com este estudo verificar a ocorrência das

diferentes espécies e biótipos de Campylobacter spp. em carne de frangos e

ambiente de abate de agroindústrias localizadas no estado de Goiás.

2. MATERIAL E MÉTODOS Foram analisadas 56 amostras de um conjunto de moela, fígado, coração,

carcaça e swabs de equipamentos, colhidas nos abatedouros de frango sob

Inspeção Estadual no estado de Goiás e armazenadas individualmente em sacos

plásticos apropriados, os swabs foram estocados em caldo de transporte Cary Blair,

as amostras foram identificadas e transportadas sob refrigeração ao Laboratório de

Microbiologia do Centro de Pesquisa em Alimentos da Escola de Veterinária e

Zootecnia, da Universidade Federal de Goiás.

Inicialmente, realizou-se a fase de enriquecimento em caldo seletivo Bolton,

suplementado com antibióticos, seguiu-se o preconizado pela ISO 10272-1 (2006),

com modificações. Em 9,0 mL de caldo Bolton, foi adicionado 1,0 grama de amostra

previamente triturada e homogeneizada, sendo posteriormente incubadas em

atmosfera microaerófila a 37±1 °C/ 4- 6 horas e depois 41,5±1 °C/ 44±4 horas.

Posteriormente, os caldos foram estocados em frascos de polietileno e

estocados numa temperatura de -15 a -18°C pelo período de 5 a 7 meses, após

esse período, foram novamente incubados a 41+1°C por 4 horas para que ocorresse

o descongelamento, foi retirado 1,0 mL e transferido para 9,0 mL de caldo Bolton

suplementado com antibióticos sendo incubadas em atmosfera microaerófila a 37±1

°C/ 4- 6 horas e depois 41,5±1 °C/ 44±4 horas.

Após este período de incubação, estriou-se de cada cultura de caldo Bolton

uma alíquota em placa de Petri contendo ágar Charcoal Cefoperazona Desoxicolato

Modificado (m-CCDA) e em placa de Petri contendo ágar CampyFood ID. Todas as

placas foram incubadas em microaerofilia a 41,5 + 1ºC /44 + 4 horas.

Foram selecionadas colônias típicas sugestivas de Campylobacter spp nos

meios seletivos, para realização do teste de catalase. A partir destas colônias,

procedeu-se o repique em ágar sangue com incubação nas mesmas condições

anteriores, para posterior identificação das cepas sugestivas de Campylobacter spp,

para tanto foi utilizado o sistema bioquímico e enzimático API Campy, sendo que o

protocolo e a leitura do resultado baseados na consulta do manual disponibilizado

pelo fabricante (bioMérieux ®).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Capa Índice 10904

Das 56 amostras analisadas, 14 (25%) apresentaram colônias características

de Campylobacter spp, o percentual observado neste estudo foi maior que o

verificado por CARVALHO et al., (2010), que obtiveram positividade de 12,5% nas

80 amostras resfriadas de frango e SCARCELLI et al, (2005) que ao avaliarem 74

amostras de frango congelados, não detectaram presença de Campylobacter,

indicando a susceptibilidade às condições adversas do ambiente. Dependendo do

meio de cultura em que se encontra, a bactéria pode ser recuperada após um ano

em temperatura de -20°C e – 85°C (GORMAN & ADLEY, 2004). KUANA et al.,

(2008) utilizando o isolamento convencional detectaram 99% de amostras positivas,

de acordo com a autora é fundamental a padronização das metodologias para a

pesquisa de Campylobacter .

Foram caracterizadas pelo sistema API Campy 14 amostras com cepas

sugestivas de Campylobacter, 6 amostras (42,85%) obtiveram perfil inaceitável, 8

amostras (57,14%) apresentaram perfil aceitável, com identificação das seguintes

espécies: C. jejuni ssp jejuni 2 (3 amostras = 37,5%), C. coli (4 amostras = 50%) e

C.lari (1 amostra = 12,5%).

Os resultados foram separados em grupo de acordo com a porcentagem de

identificação conforme apresentado na Tabela 1.

TABELA 1- Expressão dos resultados apresentados pelo sistema API Campy

Expressão dos resultados Valores limiares N° de Amostras %

Excelente identificação %id >= 99.9 2 25

Muito boa identificação %id >= 99.0 2 25

Boa identificação %id >= 90.0 4 50 Identificação

aceitável %id >= 80.0 0 0

TOTAL 8 100%

C.jejuni ssp jejuni foi a espécie, subespécie e biotipo de Campylobacter mais

frequentemente isolada. De acordo com HUYSMANS et al., (1995), o sistema

identificou corretamente todos os isolados de C. jejuni, entretanto não observou a

mesma eficiência na identificação de C.coli e C.lari, concluindo que o sistema pode

não ser fiável para a identificação de rotina destas espécie. KUANA et al., (2009)

apontaram que cinco amostras de um total de 48 analisadas tiveram o perfil inválido,

sugerindo que houve perda do perfil bioquímico de algumas espécies, resultado de

Capa Índice 10905

mutações, o que prejudicou a aplicabilidade do sistema na identificação destas

amostras (ON, 1996), este mesmo autor relata que os testes bioquímicos podem ser

restritivo devido à ocorrência de estirpes com reações atípicas e a quantidade do

inócuo. A rígida aceitação dos resultados destes testes na identificação de

Campylobacter pode resultar na incapacidade de reconhecer e diferenciar algumas

espécies (ON, 1996). No entanto, o sistema API Campy mostrou ser a melhor opção

para a identificação e biotipificação das espécies, quando métodos considerados

mais eficientes não estão disponíveis (KUANA et al., 2009).

Com os dados fenotípicos obtidos, verifica-se que diferentemente da maioria

dos relatos de ocorrência de Campylobacter spp. em aves (KUANA et al., 2009;

DECKERT et al., 2010 ; MARINOU et al., 2012), C.coli foi mais frequentemente

encontrado (56,25%) que C.jejuni (31,25%).

4-CONCLUSÃO Considerando o resultado encontrado vale salientar que células viáveis de

Campylobacter foram identificadas em amostras comercializadas no estado de

Goiás. Apesar de ser eficiente, a identificação bioquímica apresentou alguns

resultados inconclusivos, principalmente em relação às cepas consideradas atípicas

bioquimicamente. Vale destacar que a caracterização dos isolados de

Campylobacter de origem aviária é de grande importância para o rastreamento

epidemiológico exato das espécies deste patógeno.

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Capa Índice 10907

  1  

Paisagem na Memória de seringueiros do estado do Acre Janaína Mourão FREIRE;

[email protected] IESA – UFG

Maria Geralda de ALMEIDA [email protected]

IESA - UFG

Palavras- chave: Memória, Paisagem, Serigueiros, Acre

Introdução

Acreditamos que a memória da terra possui a memória do homem gravada

em suas folhas, areias, troncos, prédios, estradas e etc. Ás águas e as sementes

são (trans)portadoras de memória. Dardel(2011, p.34) diz: “A cor, o modelado, os

odores do solo, o arranjo vegetal se misturam com as lembranças, com todos os

estados afetivos, com as ideias, mesmo com aquelas que acreditamos serem as

mais independentes ”.

O homem, por conseguinte, possui na memória o coletivo - enquanto ser

social - e as paisagens que viveu. As paisagens que estão na memória existem a

partir da memória das paisagens. Guardamos nossas lembranças de maneira

muito única e pessoal mesmo sendo a memória algo compartilhado coletivamente.

Os lugares que vivemos, visitamos ou simplesmente atravessamos possuem suas

memórias que nos revelam algo, nos alcançam “A lembrança está alí, fora de nós,

talvez dispersa entre muitos ambientes.” (HALBWACHS, 1990, p.59).

Se as paisagens são compostas por lembranças, essas ultimas também são

compostas de paisagens. Simon Schama (1996, p.27) discorre sobre os

“Guardiões da lembrança da paisagem” - os portadores vivos que guardam a

memória de um lugar e de um tempo. Acreditamos que estes guardiões possuem

as paisagens que construíram ao longo da vida em sua memória.

Os nossos guardiões da lembrança são seringueiros que vivem no estado do

Acre nas regiões do Juruá e baixo e alto Acre. Seringueiros são aqueles

responsáveis por extrair o látex da seringueira - espécie Hevea (de gêneros

diversos). Esse látex assemelha-se a um leite que após defumado forma uma goma

escurecida utilizada para produzir borracha. Geralmente, os seringueiros vivem em

Capa Índice 10908

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 10908 - 10912

  2  

colocações dentro dos seringais, que são como núcleos onde se estabelecem com

a família para realizar o trabalho. A extração ocorre dentro da floresta enquanto que

a defumação - perto da casa. Eles se estabelecem na floresta Amazônica, diferente

dos que vivem de forma nômade, como os caucheiros1.

Material e Métodos

A pesquisa baseia-se no método fenomenológico utilizado pela Geografia

Cultural. Para encontrar as paisagens na memoria nos utilizamos de entrevistas

narrativas e semiestruturadas aplicadas em seringueiros que residem no Acre; diário

de campo e Caminhadas Transversais. Todo o material é transcrito e analisado a

partir de técnicas de análise de conteúdo, além disso, foram produzidos mapas e

croquis da area estudada.

Resultados e Discussão

Embora a Geografia, no período que denominamos de tradicional, tenha

valorizado a paisagem, posteriormente, nos trabalhos vinculados a Geografia

quantitativa e crítico–radical, a paisagem foi relegada a um patamar inferior. A

Geografia Cultural foi mais além e se aventurou a considera-la a base do estudo

geográfico (BESSE, 2006; HOLZER,1999). Como confirma Werther Holzer (1999,

p.149): “Na geografia, o conceito de “paisagem” foi considerado como objeto central

de seus estudos, para depois ser relegado a uma posição marginal, em detrimento

de outros conceitos considerados como mais adequados às necessidades

contemporâneas”.

Maria Geralda de Almeida (2009) descreve três abordagens da Geografia

Cultural que podem ser consideradas mais evidentes: 1) Semiótica - que explora os

signos e significados; 2) Espiritualista – que se preocupa com a consciência humana

e 3) Eclética – um mosaico de temas/interdisciplinaridade. A primeira delas se

preocupa com o universo de símbolos atribuídos aos espaços e aos lugares,

dedicam-se tanto à paisagens urbanas quanto ao meio rural. Denis Cosgrove é um

geógrafo que se insere nessa abordagem. A corrente espiritualista é protagonizada

pela italiana Giuliana Andreotti e está relacionada aos valores espirituais que são

                                                                                                               1O caucho vem da Castiolla, é uma borracha inferior em relação a seringa que “favoreceu um povoamento nômade, de terra

arrasada, de avanço contínuo em busca de novas árvores, a exploração de hevea proporcionou uma ocupação de

característica permanente, a formação de núcleos populacionais estáveis e a fixação do ser humano na floresta (…)

que teria suas artérias nas “estradas”e seu coração (…) nas “colocações” (VALCUENDE, 2009, p.12, grifo próprio)

Capa Índice 10909

  3  

atribuídos aos lugares. Nessa corrente os geógrafos se interessam pela consciência

humana por um viés artístico e poético. A ultima linha, denominada Eclética tem

como representante principal o francês Paul Claval e possui como característica

uma interdisciplinaridade. É um mosaico de diversos temas que possuem

procedimentos metodológicos homogêneos:

É no exame da paisagem que o movimento eclético demonstra sua mais eloquente

expressão. É lá onde se encontram ideias próprias, seja sobre a abordagem

estruturalista (a paisagem como complexo de formas materiais), seja sobre a

abordagem semiótica(a paisagem como conjunto de símbolos que ligam os lugares),

seja ainda sobre a abordagem espiritual (valores estéticos) (ALMEIDA, 2009, p.251).

Na abordagem eclética a paisagem configura-se como uma categoria

essencialmente geográfica, contém aquilo que é inerente à Geografia: a afetividade

na relação homem –meio, pois, quando se compreende que os mitos, as crenças,

os medos, ou seja, as percepções humanas constituem a paisagem, esta ganha um

caráter fenomenológico. Jean – Marc Besse (2006, p.78) discorre sobre o tema e

entende a paisagem como “(...) um valor, uma dimensão do discurso e da vida

humana, ou ainda, uma formação cultural”.

No âmbito da memória lemos Maurice Halbwachs que aceitava a existência

da memória individual mas aprofundou-se dedicando-se à memória coletiva. Para

ele cada memória individual é um ponto de vista para a memória coletiva, “ainda que

seja repartida nem todos tiram o mesmo partido” (BALANDIER, 1999, p.48).

Maurice Halbwachs (1990, p.51) acreditava que existem dois planos de

memória de um grupo: 1) que faz parte da maioria dos membros e 2) que “pertence

a um numero muito pequeno e às vezes a um único de seus membros” . Por isso a

importância da pesquisa qualitativa que se interessa também pelas individualidades.

O homem libera a todo instante uma partícula de si no mundo e este último

frequentemente exala uma camada de sua essência no ser humano. Entendemos

paisagem como algo que não se limita ao material – construído ou natural, pois

contém a memória dos homens e por conseguinte, não há paisagens que existam

sem a memória - essa enorme caixa que guarda as experiências: o vivido!

Os seringueiros do Acre A borracha levou para a Amazônia brasileiros que nunca antes tinham

experimentado os modos de vida em uma floresta equatorial. Os homens do sertão

Capa Índice 10910

  4  

nordestino, habituados com a seca, avançavam sobre as terras de mais alta

pluviosidade do país. Além disso, muitos vinham de uma Caatinga acostumada com

a intermitência dos rios e se deparavam com uma floresta latifoliada sem

mandacarus e com cursos de águas de proporções oceânicas. O choque era

irremediável.

De acordo com Craveiro Costa(2005, p.96) o grande deslocamento para a

Amazônia se de entre 1877 e 1879 quando o Ceará teve uma de suas grandes

secas. Ele utiliza o termo colonização, porque:

Em 1877, saíram do Ceará mais de 14.000 pessoas, rumo a Amazônia. No ano

seguinte houve um verdadeiro êxodo; a corrente imigratória atingiu a enorme cifra de

54.000 indivíduos. E não mais parou a onda povoadora. O Ceará despovoava-se em

benefício da Amazônia

Portanto, o primeiro grande ciclo da borracha, ocorreu entre 1880 e 1913 e

“levas de nordestinos e estrangeiros de diversas procedências são atraídos a

Amazônia pela falsa expectativa de enriquecimento rápido” (PEREIRA, 2000, p.131).

Do nordestino se originou o seringueiro que se deslocou para a Amazônia em busca

de um lugar que lhe desse melhor qualidade de vida. No entanto, a vida nos

seringais era repleta de dificuldades e piorou quando o Brasil se deparou com uma

crise causada pelo fundador da Biopirataria: Henry Wickham (JACKSON, 2011).

Com o tempo a crise dominou os nossos seringais e muitos foram completamente

abandonados.

Os seringais tiveram dois grandes momentos na economia brasileira: o

primeiro deles no início do século passado e o segundo em meados do mesmo

século – no período da segunda guerra mundial. Nos dois picos de produção e

demanda da borracha milhares de brasileiros, em grande parte nordestinos,

deslocaram-se para a Amazônia – incluindo a sul-ocidental. Assim originaram-se os

seringueiros, muitos nunca voltaram para sua cidade de origem e construíram nos

arredores da floresta: o seu lugar. Construíram família, tiveram filhos e fizeram

história. Os seringueiros modificaram a geograficidade da floresta amazônica.

Esses seringueiros que foram entrevistados, revelaram como enxergam as

paisagens amazônicas em sua memória.

Capa Índice 10911

  5  

Conclusões (sem ainda ter concluído) A partir das histórias de vida dos seringueiros, tem sido possível

compreender as paisagens que residem na memória, revelando que a relação

entre seringueiro e floresta amazônica existe a partir de relações afetivas. A

importância de se trabalhar com entrevistas, comprovou-se pela oportunidade de

escutar histórias diversas e histórias similares de diferentes formas.

Referências Bibliográficas

ALMEIDA, Maria Gerald de. Geografia Cultural: contemporaneidade e um flashback

na sua ascenção ao Brasil. In: MENDONÇA, Francisco de Assis, LOWEN-SAHR,

Cicilian Luiza, SILVA márcia da (orgs); Espaço e tempo: complexidade e desafios

do pensar e do fazer geográfico. Curitiba: ADEMADAN, 2009. 740p.

BALANDIER, Georges. O Dédalo: para finalizar o século XX. Rio de Janeiro:

Bertrand Brasil, 1999. 252p.

BESSE, Jean – Marc. Ver a Terra: seis ensaios sobre a paisagem e a geografia.

São Paulo: Perspectiva, 2006. 108p.

DARDEL, Eric. O Homem e a Terra: natureza da realidade geográfica. São Paulo:

Perspectiva, 2011.

HALBWACHS, Maurice (1877-1945). A Memória Coletiva. São Paulo: Vértice,

2006.

HOLZER, Werther. O método fenomenológico: humanismo e a construção de uma

nova Geografia. In: ROSENDAHL, Z.; CORRÊA, R.L. (orgs); Temas e Caminhos

da Geografia Cultural. 1ª Ed. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2010. p. 37-72.

JACKSON, Joe. A Ladrão no fim do mundo. Ed Objetiva, Rio de Janeiro. 2011.

PEREIRA, Raimundo Pontes Filho. Estudos de História da Amazônia. Valer

Editora, Manaus. 2000. 129-151.

SCHAMA, Simon. Paisagem e Memória. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.  

Capa Índice 10912

A TERRITORIALIZAÇÃO DA ITALAC ALIMENTOS EM CORUMBAÍBA (GO) E OS DESDOBRAMENTOS ESPACIAIS1

Janãine Daniela Pimentel Lino CARNEIRO

Aluna do Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal de Goiás/Campus Catalão - PPGGC/UFG

e-mail: [email protected]

Marcelo Rodrigues MENDONÇA Professor do Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal de

Goiás/Campus Catalão – PPGGC/UFG e-mail: [email protected]

Palavras-chaves: agroindústria leiteira; transformações espaciais; Corumbaíba (GO).

A pesquisa que está sendo desenvolvida tem como centralidade

compreender o processo de territorialização do Laticínio Italac Alimentos em

Corumbaíba (GO), destacando-se as mudanças espaciais oriundas da

territorialização do capital agroindustrial e financeiro no Município. Essas

transformações são evidenciadas na cidade e se estendem ao campo, sobretudo,

nas relações de trabalho. No decorrer da pesquisa estão sendo investigados os

imperativos da lógica capitalista e suas diferentes estratégias utilizadas para a

manutenção das condições de reprodução do capital, tais como, a instalação do

Laticínio, a participação do Estado e as formas de organização do trabalho no

processo produtivo, principalmente, nas unidades produtoras/fornecedoras de leite.

Os procedimentos metodológicos utilizados na pesquisa são: a pesquisa

teórica, a pesquisa documental e a pesquisa de campo. Na pesquisa teórica, estão

sendo analisados estudos sobre espaço, território e trabalho. No que se refere ao

espaço, ao território e ao processo de formação do espaço brasileiro estão sendo

consultados autores como Santos (1985; 1999; 2001; 2002), Haesbaert (2007) e

Raffestin (1993). Sobre trabalho e reestruturação produtiva do capital estão sendo

consultados Harvey (2000; 2005; 2009), Antunes (2001; 2004; 2006a; 2006b),

Thomaz Júnior (2000; 2002; 2009) e Mendonça (2004; 2010). Sobre a relação

campo-cidade tem-se Willians (1989) e Marques (2008). As literaturas

especificamente sobre Goiás, o Sudeste Goiano e Corumbaíba são Gondim Júnior

(2010), Carneiro (2006), Melo (2008), dentre outros. A pesquisa documental está

1 A pesquisa está sendo desenvolvida com recursos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

Capa Índice 10913

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 10913 - 10917

sendo realizada no site da Italac Alimentos, no site da Secretaria de Gestão e

Planejamento de Goiás (SEGPLAN) e no site do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE). Já a pesquisa de campo está sendo realizada com o apoio da

observação participante, do diário de campo e das entrevistas semiestruturadas.

Estão sendo visitadas as propriedades rurais, a Prefeitura Municipal de Corumbaíba

(GO) e o sítio urbano do Município, para as observações, a coleta de dados e

informações e para a realização das entrevistas. Estão sendo entrevistados 30

(trinta) moradores da cidade, 10 (dez) proprietários 10 (dez) trabalhadores das

unidades fornecedoras/produtoras de leite in natura para a Italac Alimentos, sendo

05 (cinco) nas unidades camponesas e 05 (cinco) das empresas rurais. O diário de

campo tem sido utilizado para o registro das informações, detalhes e impressões

obtidos no decorrer do trabalho de campo. A Italac Alimentos é uma agroindústria laticinista, privada e de capital

nacional, produtora de derivados lácteos que surgiu em 1994 em Itapaci (GO).

Atualmente possui vinte filiais localizadas nos estados de Rondônia, Pará, São

Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Goiás. A empresa está entre as cinco

maiores produtoras de Leite Longa Vida2 e queijos do Brasil. Seus produtos são

comercializados em todo o País ficando entre 5% e 10% no Estado de Goiás e de

50% a 90% para outros estados, principalmente para o mercado paulista, escoados

por transporte rodoviário. Em Corumbaíba (GO), se instalou em 1996, onde são

beneficiados cerca de 1.200.000 litros de leite por dia, dos quais são produzidos:

leite Longa Vida (UHT), creme de leite UHT homogeneizado, leite condensado,

achocolatado em pó e bebida láctea sabor chocolate.

Corumbaíba é um município do interior do estado de Goiás situado na

Microrregião de Catalão (GO). A importância econômica atribuída à Corumbaíba

refere-se à sua posição geográfica, aos significativos índices de produção

agropecuária, com destaque para a pecuária leiteira e o aumento no cultivo da soja.

Além disso, demonstra uma crescente presença da atividade industrial em sua

economia, destacando-se a agroindústria leiteira, Italac Alimentos. Os incentivos

fiscais oferecidos pelo governo de Goiás e pela Prefeitura Municipal de Corumbaíba

para sua instalação e ampliação, a existência de mão-de-obra barata abundante e

2 Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Leite Longa vida, este tipo de leite é ultrapasteurizado ou UHT. É o leite líquido homogeneizado que foi submetido durante 2 a 4 segundos, a uma temperatura entre 130 e 150° C, mediante um processo térmico de fluxo contínuo; imediatamente resfriado a uma temperatura inferior a 32° C, e envasado assepticamente.

Capa Índice 10914

sem qualquer organização sindical, o aumento da produção leiteira do Município e,

principalmente, a posição geográfica do Município são atrativos para a instalação do

Laticínio em Corumbaíba. Tais fatores estão sendo analisados de forma criteriosa na

pesquisa. Entende-se que a territorialização da empresa no Município está

relacionada à sua formação socioespacial, ou seja, a um conjunto de fatores

presentes que possibilitaram ao capital agroindustrial e financeiro manter as

condições para sua acumulação e reprodução, destacando-se as políticas de

desenvolvimento aplicadas pelo Estado nos âmbitos federal, estatal e municipal.

Desde a sua territorialização em Corumbaíba (GO) a empresa tem

promovido uma série de mudanças espaciais e nas relações de trabalho, tanto na

cidade, onde se instala a fábrica, quanto no campo, onde estão as unidades

produtoras/fornecedoras de leite in natura. Isso porque se entende que campo e

cidade são espaços construídos por meio de múltiplas relações sociais específicas

de cada um, mas que se complementam, exatamente por suas diferenças. São

coesionados pelo processo de acumulação que se apropria das diferentes formas

geográficas e dos conteúdos, aperfeiçoando-os ou recriando-os para garantir as

condições de produção do lucro, seja nas fábricas com a extração da mais-valia,

seja no campo através da apropriação da renda da terra e, até mesmo, da

combinação de ambas, mediante as cadeias agroindustriais produtivas e a sujeição

da renda da terra.

A realidade espacial em Corumbaíba (GO) deve ser compreendida a partir

da inter-relação entre os elementos particulares e os universais, formada pela junção

de várias partes e atores que configuram historicamente a totalidade do espaço

geográfico. Isso porque as múltiplas dimensões do espaço são construídas por meio

das diferentes relações sociais, econômicas, políticas, ambientais e culturais. Para

Massey (2008) a forma como é abordada o espaço é fundamental para o

entendimento da globalização, das cidades e dos lugares, a partir dos diferentes

tempos espaciais implícitos, bem como, de novas espacialidades.

Entende-se que os rearranjos espaciais em Corumbaíba (GO) são

influenciados, dentre outros aspectos, pela territorialização da Italac Alimentos e

devem ser compreendidos tendo em vista a totalidade entre os aspectos da

universalidade e das particularidades, conforme evidencia Harvey (2000). E também,

considerando o espaço em constante construção, produto das múltiplas relações,

conforme enfatiza Massey (2008).

Capa Índice 10915

Para Raffestin (1993) espaço e território não são sinônimos. O espaço é

anterior ao território, pois o território se forma a partir do espaço como resultante de

uma ação conduzida por um ator sintagmático. Nessa perspectiva, pretende-se

compreender a territorialização da Italac Alimentos em Corumbaíba (GO), pois se

refere a um espaço “[..] construído pelo ator, que comunica suas intenções e a

realidade material por intermédio de um sistema sêmico. [...]. É, [...] o espaço que se

tornou território de um ator, desde que tomado numa relação social de

comunicação.” (RAFFESTIN, 1993, p. 147). A territorialidade é dinâmica e deve ser

entendida como um conjunto de relações mantidas com o território, a partir da

relação entre sociedade, tempo e espaço.

A territorialização da Italac Alimentos em Corumbaíba (GO) e os rearranjos

espaciais promovidos no Município, sobretudo, no campo, estão relacionados à

dinâmica do complexo agroindustrial (CAI) lácteo brasileiro. Este experimentou

diferentes fases históricas, a partir do imbricamento entre o público e o privado,

configurando a realidade complexa, contraditória e conflituosa no setor. Observa-se

a presença do capital financeiro atuando no CAI lácteo brasileiro, operando com a

concentração econômica e tecnológica. Essa atuação pode ser evidenciada, dentre

outros aspectos, pela predominância do consumo do leite longa vida e pelo

constante investimento em tecnologias para a modernização do setor, o que reduz a

participação das cooperativas e causa prejuízos aos produtores de leite. Assim, o

setor é marcado pelas contradições capitalistas, representadas pela “convivência”

entre o grande número de produtores informais, pelos interesses dos produtores

modernizados, pelas necessidades das cooperativas e das grandes empresas, e

acima de tudo pelo domínio do capital financeiro.

A expansão do capital agroindustrial lácteo no Brasil teve apoio massivo do

Estado com sua ação mediadora e conciliadora, sendo fundamental para a

acumulação do capital, mesmo em tempos de políticas neoliberais. A interferência e

poder do Estado podem ser notados pelas políticas estatais de desenvolvimento

econômico regional e pelas normativas que regem o setor, que se consolidam na

transformação da organização da produção e do trabalho tradicional, em modelos de

produção e organização inseridos na lógica da acumulação e reprodução capitalista.

Vale destacar que esta modernização pode ser considerada conservadora conforme

evidencia Mendonça (2004).

Assim, o processo de territorialização da agroindústria laticinista promoveu

Capa Índice 10916

uma série de desdobramentos espaciais no Município. Na cidade, nota-se influência

direta no crescimento populacional, no número de estabelecimentos comerciais e de

prestação de serviços e ainda, no crescimento da malha urbana. No campo,

identifica-se o crescimento da produção leiteira, do rebanho de vacas leiteiras e a

implantação, em alguns aspectos, da lógica mercadológica e modernizante imposta

pelas políticas públicas e privadas. Essa lógica vem sendo incorporada, em

diferentes níveis e intensidades pelas diferentes propriedades rurais. Algumas se

modernizaram e se esforçam para atender as exigências do mercado, outras, a

maioria, permanecem com técnicas consideradas tradicionais, mas ambas se

encontram inseridas no processo produtivo pela comercialização do leite in natura.

É instigante reconhecer e compreender os mecanismos que representam os

imperativos do capital, a reorganização do trabalho e os elementos que compõem as

especificidades locais/regionais, bem como, desvendar os conteúdos da relação

capital/ trabalho. Tais resultantes se territorializam compondo os diferentes

elementos que configuram a realidade e que constantemente (re)constroem o

espaço geográfico. Isso para a Geografia e para os geógrafos, constitui um

importante desafio no sentido de compreender a realidade complexa e contraditória

formada por tramas, teias e redes que constantemente (re)constroem os espaços,

os territórios e os sujeitos que neles atuam.

Referências

CHESNAIS, François. A mundialização do capital. São Paulo: Xamã, 1996.

HARVEY, David. A condição pós-moderna. 18. ed.São Paulo: Loyola, 2009. MASSEY, Doreen. Pelo espaço: uma nova política da espacialidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008. MENDONÇA, Marcelo Rodrigues. A urdidura espacial do capital e do trabalho no cerrado do Sudeste Goiano, 2004. 459 f. Tese (Doutorado em Geografia) – Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade de São Paulo, Presidente Prudente, 2004. PAULILLO, Luiz Fernando; HERRERA, Vânia Érica; COSTA, Luciana Machado da. A reestruturação agroindustrial láctea brasileira e os impactos na bacia leiteira de Ribeirão Preto, SP. In: ______.; ALVES, Francisco. (orgs.) Reestruturação Agroindustrial: políticas públicas e segurança alimentar regional. 1. ed. São Carlos: EDUFSCAR, 2002. p. 153-22. RAFFESTIN, Claude. Por uma Geografia do poder. São Paulo: Ática, 1993. SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: técnica e tempo: razão e emoção. 3. ed. São Paulo: Hucitec, 1999.

Capa Índice 10917

O LABORATÓRIO DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA NA FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES

Jaqueline Gomides da COSTA Universidade Federal de Goiás

[email protected]

José Pedro Machado RIBEIRO Universidade Federal de Goiás

[email protected]

Palavras chave: formação continuada de professores; prática educativa; laboratório de educação matemática. 1. Introdução

O Programa de Consolidação das Licenciaturas/Prodocência é um projeto

institucional financiado pela Capes, que visa valorizar a formação docente e

reconhecer a importância da profissão e dos profissionais da educação. Nesse

sentido, a Universidade Federal de Goiás/UFG vem desenvolvendo no contexto do

Prodocência, um projeto de apoio e consolidação de laboratórios de ensino,

intitulado: “Núcleos e laboratórios de ensino da UFG. Espaço para desenvolvimento

profissional do licenciado e valorização da profissão docente”.

Nesse contexto, o curso de licenciatura em matemática do Instituto de

Matemática e Estatística/IME/UFG vem desenvolvendo um subprojeto intitulado:

“Desenvolvendo competências para a prática docente em matemática para o ensino

fundamental séries finais”. Esse subprojeto visa integrar escola e Universidade de

modo a contribuir para a formação inicial e continuada de seus integrantes,

possibilitando:

(...) vivenciar uma proposta de formação inicial que integra Universidade (licenciando e formador de professor) e Escola Básica (professor do Ensino Fundamental e estudante) em situações de estudo, pesquisa e intervenção tendo como meta a construção de novas práticas discentes e docentes de relacionamento com o saber matemático. (UFG/Prodocência, 2010 p.16).

O subprojeto tem como lócus para planejamento e desenvolvimento de suas

atividades o Laboratório de Educação Matemática/LEMAT da Universidade Federal

de Goiás e o Colégio Estadual Aécio Oliveira de Andrade. O LEMAT contribui

significativamente no desenvolvimento das atividades do subprojeto, pois, os

Pesquisa financiada pela Capes.

Capa Índice 10918

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 10918 - 10922

recursos didáticos disponíveis no laboratório são sempre utilizados no planejamento

e desenvolvimento das atividades.

Nossa pesquisa de mestrado emerge no âmbito desse subprojeto,

pretendendo responder a pergunta: De que modo uma prática pedagógica, apoiada

no uso de recursos didáticos que fazem parte de laboratório de Educação

Matemática, pode contribuir para a formação continuada do professor de matemática

da educação básica?

Nesse sentido, temos como objetivo central: refletir sobre o processo de

formação continuada vivenciado por um professor da educação básica de uma

escola pública, no contexto de uma prática pedagógica apoiada no uso de recursos

didáticos que fazem parte de um laboratório de Educação Matemática.

2. Referencial teórico

Ao investigarmos o processo de formação continuada de um professor de

matemática no âmbito de uma prática apoiada no uso de recursos didáticos que

pertencem ao LEMAT, temos como referência a necessidade de uma reflexão crítica

permanente sobre a prática pedagógica, no sentido defendido por Paulo Freire:

Na formação permanente dos professores, o momento fundamental é da reflexão crítica sobre a prática. É pesando criticamente a prática de hoje, ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática. (Paulo Freire, Pedagogia da Autonomia, 1996, p.39)

O momento da reflexão sobre a prática, é aqui acompanhado de uma

discussão sobre a importância do uso de recursos didáticos que fazem parte do

LEMAT, no sentido de tornar a matemática mais concreta e seu ensino mais

significativo, contribuindo para uma melhoria do processo de ensino e

aprendizagem. Nesse contexto, concordamos com Sérgio Lorenzato (2009) ao

afirmar que:

[...] o laboratório de ensino é uma grata alternativa metodológica porque, mais do que nunca, o ensino da matemática se apresenta com necessidades especiais e o LEM pode e deve prover a escola para atender essas necessidades. (Sérgio Lorenzato, 2006, p.6).

O laboratório de Educação Matemática é um ambiente interativo de

experimentação que permite ao visitante a possibilidade de investigar. As ações de

Capa Índice 10919

investigar, experimentar e refletir são extremamente relevantes para que esse

professor se torne um professor pesquisador. Segundo Pedro Demo, o professor:

Não precisa ser um “profissional da pesquisa”, como seria o doutor que apenas ou sobretudo produz pesquisa específica. Mas precisa ser, como profissional da educação, um pesquisador” (Pedro Demo,2007,p.38)

Considerando que nem sempre durante a formação inicial o professor tem a

oportunidade de se entender como um pesquisador, ou de estar em contato direto

com os materiais pertencentes a um LEMAT, e suas possibilidades pedagógicas

para a aprendizagem da matemática, acreditamos que esse momento de reflexão e

formação desse professor é extremante relevante para sua prática educativa. 3. Metodologia

Pelos caminhos que percorremos durante essa investigação, e pela postura

assumida pela pesquisadora, baseando-nos nas características da pesquisa

qualitativa apontadas por Lüdke e André (1986), acreditamos que essa pesquisa,

tem as características de uma pesquisa qualitativa.

As autoras Lüdke e André (1986) enumeram um conjunto de características

básicas que identificam a pesquisa qualitativa, apresentadas por Bogdan e Biklen no

livro “A Pesquisa Qualitativa em Educação” (1982) são elas: 1) Tem o ambiente

natural como sua fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal

instrumento. 2) Os dados coletados são predominantemente descritivos. 3) A

preocupação com o processo é maior que com o produto. 4) O ‘significado’ que as

pessoas dão às coisas e à sua vida são focos de atenção especial pelo pesquisador.

5) A análise dos dados tende a seguir um processo indutivo.

Segundo Lüdke e André (1986) nessa abordagem de pesquisa os problemas

são estudados no ambiente em que eles ocorrem naturalmente, propiciando um

contato direto entre pesquisador e objeto de estudo. Os dados coletados são ricos

em descrições de pessoas, situações, fatos, enfim, tudo que for considerado

relevante para a pesquisa. O trabalho de descrição é muito importante nesse estudo,

pois é principalmente através dele que os dados são coletados.

Optamos por utilizar nessa investigação, a modalidade de pesquisa

participante. Segundo Brandão (1994), nesse enfoque investigativo, busca-se plena

Capa Índice 10920

participação da comunidade na análise de sua própria realidade, com o objetivo de

promover a participação social para benefício dos participantes da investigação.

A coleta de dados acontece mediante atividades de observações

permanentes durante as aulas do professor e durante as implementações das

atividades propostas pela equipe do Prodocência. Para tanto, utilizamos como

instrumentos; o diário de campo, filmagens, questionário (aplicado aos alunos) e

entrevita (com o professor).

Para análise dos dados já obtidos estamos realizando um processo de

categorização dos mesmos. Segundo FIORENTINI E LORENZATO(2009)

categorizar significa um processo de classificação ou de organização de

informações em classes ou conjuntos que contenham características comuns.

4. Resultados e Discussões

A coleta de dados ainda está em andamento e será realizada até o final do

segundo semestre letivo de 2012. Até o presente momento foram realizadas duas

atividades de intervenção, planejadas e desenvolvidas pelo professor e a equipe do

Prodocência.

A primeira atividade teve como objetivo revisar conceitos e propriedades

geométricas já trabalhadas pelo professor e a segunda buscou explorar os conceitos

geométricos reconstruídos pela primeira atividade, utilizando o geoplano como

recurso didático auxiliar.

A análise dos dados obtidos durante o período de observação que

antecedeu a implementação das primeiras atividades de intervenção (diário de

campo e questionário aplicado aos alunos) revela que o professor assume a postura

de priorizar sua atenção à parcela dos alunos que apresenta mais facilidade na

compreensão dos conteúdos. Essa análise evidencia ainda a dificuldade desse

professor em propor atividades diferenciadas, capazes de atrair a atenção dos

alunos.

Contudo, durante a implementação das atividades o professor se mostrou

preocupado em atender e direcionar a construção e compreensão dos conceitos

trabalhados e instigar os alunos para o desenvolvimento das atividades.

A análise das observações e filmagens das aulas ministradas após a

implementação das primeiras atividades, aponta uma modificação ainda que

Capa Índice 10921

incipiente na postura do professor perante a turma, no sentido de se preocupar em

atrair a atenção dos alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem.

Ainda não é possível apontarmos resultados mais precisos sobre essa

investigação, pois ainda estamos em período de coleta de dados e em fase inicial de

análise dos dados já obtidos.

5. Conclusões

As contribuições do subprojeto do IME/UFG para a formação continuada do

professor de matemática são inquestionáveis, uma vez oportuniza espaço para um

processo de reflexão constante sobre a prática educativa, e para discussões e

planejamentos de atividades que contribuem tanto para a formação desse professor

quanto para a aprendizagem dos alunos.

Espera-se chegar a uma compreensão sobre processo de formação

continuada pelo qual esta passando esse professor. Acreditamos que as

contribuições à prática desse professor são inúmeras, já que, refletir e repensar uma

prática pedagógica nem sempre é uma tarefa fácil se feita individualmente.

6. Referências bibliográficas BRANDÃO, Carlos R. Repensando a Pesquisa Participante. São Paulo: Brasiliense,1985. Demo, Pedro. Educar pela pesquisa. 8° edição. Campinas, São Paulo: Autores Associados, 2007. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 34ª edição. São Paulo: Paz e Terra. 2006. LORENZATO, Sérgio. (Org.). Laboratório de ensino de matemática na formação de professores. São Paulo: Autores Associados, 2006. LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS, Programa de Consolidação das Licenciaturas/Prodocência, Projeto Capes. 2010. FIORENTINI, Dario; LORENZATO, Sérgio. Investigação em educação matemática: percursos teóricos metodológicos. 3° edição. Campinas. São Paulo: autores Associados, 2009.

Capa Índice 10922

TRATAMENTO DE SEMENTE COMO MINIMIZADOR DE PERDAS PROVOCADAS POR CORÓS NA CULTURA DA SOJA.

Jardel Barbosa dos SANTOS1,2; Cecilia CZEPAK1; Humberto Oliveira GUIMARÃES1; Tiago Carvalhais de OLIVEIRA1; Leonardo Buys Gonçalves

Rocha Ferreira da SILVA1. 1 EAEA/UFG. Programa de Pós Graduação em agronomia. Área de concentração

em Fitossanidade. [email protected]; [email protected]. 2Bolsista FAPEG.

Palavras Chaves: Lyogenis fuscus, Phylophaga capillata, seletividade,

manejo integrado de pragas.

INTRODUÇÃO

Os corós são coleópteros cuja fase larval é considerada praga importante em

diversas culturas anuais e pastagens. Existem no Brasil varias espécies, sendo os

principais gêneros, Phyllophaga e Liogenys (Embrapa, 2010). A espécie

predominante varia com a região, e, em Goiás, existem relatos de Phyllophaga

capillata, nos municípios do entorno de Brasília (Oliveira, 2007) e Liogenys fuscus,

nos municípios de Edéia e Leopoldo de Bulhões (Costa et al., 2004).

Geralmente, todas as espécies apresentam danos e sintomas semelhantes na

cultura da soja (Oliveira et al, 2004). Os danos são provocados por consumo do

sistema radicular pelas larvas, a partir do segundo instar. Assim, diminuindo a

capacidade de absorção de nutrientes e afetando indiretamente a produtividade.

Dependendo do estágio das plantas e das larvas, os danos podem ser mais severos

podendo até matar as plântulas, reduzindo o estande. (Oliveira et al., 1997)

Várias são as técnicas ou medidas de controle, no entanto o uso de inseticidas

vem sendo o método mais usado no controle desta praga (Oliveira & Hoffmann-

Campo, 2003). Como o inseto ocasiona dano na sua fase larval, que é subterrânea,

os inseticidas são geralmente colocados diretamente no sulco de plantio ou via

tratamento de semente (Santos et al., 2008). Ambas as formas de aplicação de

inseticida são menos impactantes ao meio ambiente quando comparadas à

aplicação em área total ou foliar. (Henning et al., 2010)

Capa Índice 10923

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 10923 - 10932

Ainda vale ressaltar que, mesmo sendo menos agressivo, o controle químico

apenas deve ser utilizados quando existem indícios de ocorrência da praga, seja

pela constatação visual ou pelo histórico da área. Nesse contexto, o objetivo deste

trabalho é verificar se o tratamento de semente reduz as perdas ocasionadas pelas

espécies de corós existentes em Goiás.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram instalados dois ensaios. O primeiro localizado no município de

Formosa/GO tendo como espécie predominante P. capillata e o segundo localizado

no município de Édeia/GO com espécie predominante L. fuscus. Os ensaios foram

estalados em áreas de lavoura comercial com incidência da praga e danos visível.

Por isso, toda a soja foi removida para o novo plantio. Os tratamentos utilizados

foram 1) controle ou testemunha; 2) Thiametoxan 350FS na dose de 200 ml de

produto comercial/ 100kg de semente; 3) Thiametoxan 350FS na dose de 250ml; 4

Thiametoxan 350FS na dose de 200 + Abamectina 500FS na dose de 100ml; 5)

Thiodicarb + Imidacloprid 150+350FS na dose de 500 ml; 6) Fipronil 250SC na dose

de 200 ml de produto comercial. As avaliações de ataque da praga foram realizadas

semanalmente, e as de vigor (massa seca e altura) de planta foram realizadas aos

14 e 28 dias após a emergência das plantas. O delineamento utilizado foi em blocos

ao acaso com quatro repetições. A unidade experimental foi constituída de seis

linhas de cultivo com seis metros de comprimento, sendo a área útil para as

avaliações e colheita às duas linhas centrais desprezando 0,5 m das extremidades.

Os dados foram submetidos à ANOVA. Se necessário, as médias foram comparadas

pelo teste de tukey a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO O uso do tratamento de semente interfere de modo positivo na redução das

perdas provocadas pela praga. Visto que, o uso reduziu o número de plantas mortas

em relação à testemunha. No entanto, o comportamento frente às espécies

apresentou diferentemente nos inseticidas testados (Figura 1).

Os inseticidas contendo Thiametoxam isolado ou em mistura mostraram se

capazes de reduzir os danos provocados pela praga apenas quando utilizado para a

Capa Índice 10924

espécie L. fuscus. Assim, a sua utilização depende da correta identificação da

espécie. Por outro lado, o comportamento dos inseticidas Thiodicarb + Imidacloprid e

Fipronil na dose testada apresentam potencial de redução de perdas semelhante

para ambas às espécies. No entanto, os menores percentuais de ataque foram nos

tratamentos com o inseticida Thiodicarb + Imidacloprid.

Figura 1: Percentual de plantas atacadas de soja por corós de diferentes espécies presentes no estado de Goiás, safra 2011/2012.

A espécie P.capillata apresenta maior voracidade e perdas quando

comparada a espécie L.fuscus. Essa voracidade foi observada tanto no maior

percentual de plantas atacadas, quanto pela capacidade de causar mortalidade de

plantas em estagio reprodutivo (70 DAE). Outra evidencia da maior agressividade de

P. capillata é a redução do vigor, massa seca das plantas, apresentada na

testemunha a partir da primeira avaliação aos 14 DAE (Tabela 1). Segundo Oliveira

et al (2004) as maiores perdas provocadas podem ser devido o tamanho maior de

larva e adulto do gênero Phyllophaga quando comparado ao gênero Lyogenis.

0

5

10

15

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7 14 21 28 35

% d

e pl

anta

s ata

cada

s por

coró

Dias após a emergência

L. fuscus TESTEMUNHA

THIAMETOXAM 200

THIAMETOXAM 250

TMX + ABAMECTINA

THIODICARB+IMIDACLOPRIDFIPRONIL

0

20

40

60

80

100

7 14 21 28 35 42 49 56 63 70% d

e pl

anta

s ata

cada

s por

coró

Dias após a emergência

P. capillata TESTEMUNHA

THIAMETOXAM 200

THIAMETOXAM 250

TMX + ABAMECTINA

THIODICARB+IMIDACLOPRIDFIPRONIL

Capa Índice 10925

Tabela 1: Altura média de plantas (ALT), massa seca de parte aérea (PA) e raiz (RA) e produtividade dos diferentes inseticidas para controle de corós na cultura da soja.

Tratamento Dose Lyogenis fuscus

14 28 Produtividade (sc/ha) Alt1 PA2 RA Alt PA RA

Testemunha - 9,6a 1,1a 0,2a 13,1b 3,7b 1,1b 16,9a Thiamethoxam 200 10,8a 1,3a 0,2a 16,0ab 6,7ab 2,0a 23,8a Thiamethoxam 250 10,5a 1,4a 0,3a 16,5a 6,3ab 1,7ab 24,4a Thiamethoxam + Abamectina

200+ 100 10,1a 1,1a 0,3a 14,6ab 4,8ab 1,6ab 18,2a

Thiodicarb + Imidacloprid 500 10,9a 1,5a 0,3a 16,5ab 6,9a 1,9a 21,0a

Fipronil 200 10,0a 1,1a 0,2a 14,9ab 5,3ab 1,6ab 21,1a C.V. (%) - 2,98 7,40 5,21 4,73 11,69 7,03 8,17

Tratamento Phyllophaga capillata

14 28 Produtividade (sc/ha) Alt PA RA Alt PA RA

Testemunha - 7,1a 1,1b 0,4ab 8,5b 1,4b 0,3b 1,4b Thiamethoxam 200 8,1a 1,8a 0,6ab 11,6a 3,4ab 1,0a 6,0b Thiamethoxam 250 8,1a 1,8a 0,7a 11,0a 3,9ab 1,1a 4,8b Thiamethoxam + Abamectina

200+ 100 8,9a 1,8a 0,5ab 12,5a 5,4a 1,2a 6,8b

Thiodicarb + Imidacloprid 500 8,5a 2,0a 0,6ab 12,6a 4,9a 1,5a 25,4a

Fipronil 200 8,1a 1,3ab 0,3ab 10,9a 4,0ab 1,0a 4,6b C.V. (%) - 4,63 7,31 6,51 3,94 15,84 8,13 25,58

1 Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Médias transformadas por (x+0,5)1/2. 2 Massa seca de parte aérea e raiz composta por cinco plantas.

Foi observada redução no vigor das plantas em ambas as espécies,

principalmente nas variáveis alturas de planta e massa seca de parte aérea. Na qual

observou efeito de todos os inseticidas, destacando o efeito maior no vigor na

espécie P. capillata. Nessa espécie foram observadas perdas expressivas na

produtividade, e que apenas o inseticida Thiodicarb + Imidacloprid foi capaz de

reduzir significativamente a perda de produtividade. Na área com L.fuscus não foi

observada redução significativa na perda de produtividade. No entanto, isso não

corresponde a não necessidade de adoção de medida de controle, já que existem

relatos de perdas de 100% na produtividade em áreas endêmicas (Costa et al,

2004).

Portanto, o tratamento de semente pode ser eficaz em grande parte das áreas

com incidência de coró, porém sempre que possível o agricultor deve utilizar a

Capa Índice 10926

associação com outros métodos, como por exemplo, a rotação de cultura (Oliveira &

Hoffmann-Campo, 2003).

CONCLUSÃO O uso de tratamento de semente é uma alternativa viável para a diminuição

das perdas provocadas por corós fitofágos. No entanto, para o uso correto e

adequado do método de controle deve se determinar a espécie.

REFERÊNCIA COSTA, R. B.; FERNANDES, P. M.; MORÓN, M. A. ;OLIVEIRA, L. J.; SILVA, E. A.; BARROS, R. G. Bioecologia de corós no sistema de sucessão soja-milho safrinha. In: O. F. Saraiva (Org.). Resultados de pesquisa. Londrina: Embrapa Soja, 2004. 92 p. EMBRAPA. Tecnologias de produção de soja região central do Brasil 2011. 21 ed. Londina: EMBRAPA-CNPSo:EMBRAPA-Cerrados: EMBRAPA-Agropecúaria Oeste, 2010, 255 p. (Sistemas de produção 14) HENNING, A. A.; FRANÇA NETO, J. B.; KRZYZANOWSKI, F. C.; LORINI, I. Importância do tratamento de sementes de soja com fungicidas na safra 2010/2011, ano de “La Niña”. Londrina: EMBRAPA-CNPSo, 2010, 8 p. (Circular técnica 82) OLIVEIRA, C. M.; MORÓN, M. A.; FRIZZAS, M. R. First record of phyllophaga sp. Aff.capillata (COLEOPTERA:MELOLONTHIDAE) as a soybean pest in the brazilian“cerrado”. Florida Entomologist, Gainesville, v. 90, n. 4, p. 772-775, Dez. 2007. Scientific Notes. OLIVEIRA, L. J.; GARCIA, M. A.; HOFFMANN-CAMPO, C. B.; SOSA-GOMEZ, D. R.; FARIAS, J. R. B.; CORSO, I. C. Coró-da-soja Phyllophaga cuyabana. Londina: EMBRAPA-CNPSo, 1997, p. (Circular Técnica 20) OLIVEIRA, L. J.; HOFFMANN-CAMPO, C. B. Alternativas para manejo de corós e do tamanduá da soja. In: B. S. Corrêa-Ferreira (Ed.). Soja orgânica: Alterantivas para o manejo dos insetos-pragas. Londrina: EMBRAPA-CNPSo, 2003. 83 p. OLIVEIRA, L. J.; SANTOS, B.; PARRA, J.R.P.; HOFFMANN-CAMPO, C. B.; Coró da soja. In: SALVADORI, J. R.; ÁVILA, C. J.; SILVA, M. T. B. Pragas de solo no Brasil. Cruz Alta: Fundacep-Fecotrigo, 2004. 544 p. SANTOS, A. C.; BUENO, A. F.; BUENO, R., C. O. F.; VIEIRA, S. S. Chemical control of white grub Liogenys fuscus (Blanchard 1851)(Coleoptera: Melolonthidae) in cornfields. Bioassay, Londrina, v. 3, n. 5, p. 1-6, Maio. 2008.

Capa Índice 10927

Estudo do polimorfismo Arg72Pro do gene TP53 em pacientes com Leucemia Mielóide Crônica e associação à resposta ao tratamento com imatinibe.

Jeany CAMELO-SANTOS1; Lídia Andreu GUILLO1; Adriana do Prado BARBOSA2; Elisângela de Paula SILVEIRA-LACERDA, Alexandre Siqueira Guedes COELHO4.1Laboratório de Bioquímica Celular, Instituto de Ciências Biológicas, UFG, Goiânia, GO.2Hospital das Clínicas, UFG, GO.3Laboratório de Genética Molecular e Citogenética, Instituto de Ciências Biológicas, UFG, Goiânia, GO.4Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos, UFG, Goiânia, GO. [email protected] ; [email protected] Palavras-chave: Leucemia mielóide crônica, códon 72, TP53, genotipagem, polimorfismos.

Introdução

A LMC é uma expansão mieloproliferativa clonal de células progenitoras hematopoiéticas transformadas (BAJPAI et al., 2010) constitui 14% de todas as leucemias com uma incidência de 1.6 casos por 100 mil indivíduos por ano. A LMC inclui 3 fases clinicamente distintas: fases crônica (FA), acelerada (FA) e blástica (FB), tornando seu tratamento mais resistente em cada fase sucessiva (KALIDAS, 2001; BERGANTINI et al., 2005). Ela está associada a uma alteração citogenética, conhecida como o cromossomo Philadelphia (Ph), produto de uma translocação recíproca e equilibrada entre os braços longos dos cromossomos 9q34 e 22q11, gerando a proteína híbrida BCR-ABL (JABBOUR et al., 2011; CREWS & JAMIESON, 2012).

Entre as principais alternativas terapêuticas para pacientes com LMC encontra-se o transplante alogênico de medula óssea (TMO), e inibidores de tirosina quinase, o mesilato de imatinibe (Glivec), nilotinibe e dasatinibe. (BOCCHIA et al., 2005; GRANDO e WAGNER, 2008).

O gene TP53 é um gene supressor tumoral está localizado no braço curto do cromossomo 17 (p13.1) que codifica uma proteína fosfonuclear de 53 kD, denominada proteína TP53 (CAVALCANTI et al., 2002; NUNOBIKI et al., 2011). O polimorfismo envolve uma troca de G por C no dominio de SH3 da proteina influenciando na sua capacidade de ligação e nas propriedades funcionais. O polimorfismo do TP53 resulta em dois genótipos homozigotos: um

Capa Índice 10928

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 10928 - 10932

para a arginina (Arg/Arg) e outra para prolina (Pro/Pro) enquanto que Arg/Pro é o heterozigoto (ORSTED et al., 2007; ZHUO et al., 2009).

Este trabalho tem como objetivo investigar o polimorfismo no códon 72 do gene TP53 em pacientes diagnosticados com Leucemia Mielóide Crônica em tratamento no HC (Hospital das Clínicas) - UFG.

Materiais e métodos

O presente trabalho contou com a participação de 85 pacientes com LMC atendidos no serviço do Ambulatório de Hematologia do HC (Hospital das Clínicas) da UFG para o diagnóstico e controle da doença. A idade, o sexo, a fase da doença, o Índice Sokal e resposta e resistência ao tratamento, foram levados em consideração. Para investigar as frequências alélicas e genotípicas, amostras de DNA foram isoladas do sangue periférico para posterior análise de reações de PCR. Para a amplificação das regiões de interesse, primers específicos forward e reverse foram utilizados segundo Storey e colaboradores (1998).

Resultados

Características descritivas do grupo amostral

A média de idade dos pacientes foi de 51 anos e 8 meses. Destes, 44 (52%) indivíduos eram do sexo masculino e 41 (48%) do sexo feminino.

A frequência dos genótipos Pro/Pro, Arg/Pro e Arg/Arg foi de 11% (4/35), 43% (15/35) e 46% (16/35) para pacientes resistentes ao tratamento com imatinibe (grupo caso) e 16% (8/50), 62% (31/50) e 22% (11/30) para pacientes com resposta (grupo controle) P= 0,072. Para esta análise adotou-se o teste exato de Fisher baseado em um procedimento de Monte Carlo com 1 milhão de randomizações. Em relação às frequências alélicas para o polimorfismo de TP53 o alelo Pro foi menos frequente na população de pacientes com resistência do que a população que obteve resposta ao tratamento (33% versus 47%) com P= 0,081. Nossos achados estão de acordo com os dados referentes à população caucasiana (SJALANDER et al., 1996).

A população do presente estudo encontra-se em EHW (χ2c= 1,2; P > 0,05;

χ2t= 3,84; df= 2). No critério idade, observou-se uma tendência para o

surgimento da doença na faixa etária acima de 40 anos (P=0,33). Quanto ao sexo, fase da doença no diagnóstico e índice Sokal, não se observou associação da doença com a resposta e resistência ao tratamento (P=82; P=0,47; P=0,72) respectivamente. Os nossos dados corroboram com os dados de Ellis e colaboradores (2008) os quais também não encontraram associação entre o sexo e os genótipos de TP53, em pacientes com LMA (P=0,83).

Capa Índice 10929

Para os genótipos, através da análise do Teste de Fisher, observou-se que Pro/Pro foi significativamente menor no grupo com Índice Sokal alto do que Intermediário/baixo (P=0,017; OR=8,19). Para as frequências alélicas, observou-se a mesma tendência. Esses dados não corroboram com os resultados apresentados por Bergamaschi e colaboradores (2004), o qual encontrou uma freqüência do alelo Pro significativamente maior entre o grupo com o Índice Sokal de alto risco do que entre o grupo com Índice Sokal baixo/intermediário (ρ= 0,016).

Para o critério idade acima de 40 anos no diagnóstico da doença, o genótipo Arg/Arg apresentou mais susceptibilidade a apresentar algum tipo de resistência ao tratamento. Já os pacientes Arg/Pro e Pro/Pro responderam melhor ao tratamento (ρ= 0,012). Estes dados não corroboram com os dados encontrados por Sailaja e colaboradores (2009) os quais observaram uma frequência maior tanto do genótipo homozigoto Pro/Pro quanto do alelo Pro em pacientes do sexo masculino acima de 30 anos de idade.

Na análise da regressão logística para as variáveis: idade, sexo, fase da doença, genótipos e Índice Sokal, somente a variável genótipo foi significativa (P= 0,0159) com uma razão de Odds Ratio em média de 10,27. Ou seja, o genótipo Arg/Arg é em média 10 vezes mais resistente que o Arg/Pro e este em média 10 vezes mais resistente que Pro/Pro. Desta forma o genótipo Arg/Arg representa um fator de risco na patogênese da LMC.

Conclusão Nossos resultados não estão de acordo com os dados da literatura sobre

a LMC, os quais sugerem que o genótipo Pro/Pro ou alelo Pro pode conferir risco de desenvolver a doença ou resistência ao tratamento com imatinibe.

Nossos achados sugerem que pacientes Arg/Pro e Pro/Pro responderam bem ao tratamento e que o genótipo Pro/Pro representou um indicador para um bom prognóstico. O genótipo Arg/Arg representou um fator de risco na susceptibilidade genética na patogênese da LMC, contribuindo para um pior prognóstico da doença.

Capa Índice 10930

Referências bibliográficas

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BOCCHIA, M.; GENTILI, S.; ABRUZZESE, E.; FANELLI, A.; JULIANO, F.; TABILIO, A.; AMAKILI, M.; FORCONI, F.; GOZZETE, A.; RASPADORI, D.; AMADORI, S.; LAURIA, F. Effect a p210 multipeptide vaccine associated with imatinib or interferon in patients with Chronic Myeloid Leukemia and persistent residual disease a multicentre observational trial. The Lancet, v. 365, p.657-662, Fev. 2005.

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CREWS, L. A.; JAMIESON, C. H. M. Chronic Myeloid Leukemia Stem Cell Biology. Current hematologic malignancy reports, v. 7, n. 2, p. 125-132, 2012.ELLIS, N. A.; HUO, D.; YILDIZ, O.; WORRILOW, L. J.; BANERJEE, M.; BEAU, M. M. L.; LARSON, R. A.; ALLAN, J, M.; ONEL, K. MDM2 SNP309 and TP53 Arg72Pro interact to alter therapy-related acute myeloid leukemia susceptibility, Blood, v. 12, n. 3, 741-749, 2008.

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Capa Índice 10931

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Capa Índice 10932

1

Do ordinário ao extraordinário: artes e poesia marginal

Jefferson Angellis de Godoy e BRITO

Mestrado em Letras e Linguística / Faculdade de Letras /CAPES-REUNI

[email protected]

Goiandira de F. Ortiz de CAMARGO Orientadora/UFG/CNPq

[email protected]

PALAVRAS-CHAVE: ORDINÁRIO, artes e poesia marginal

1. Introdução

Para a concepção tradicional de arte, sobretudo antes do modernismo, o

objeto artístico precisava conter traços imanentes de qualidades excepcionais.

Estava nisso o que se poderia chamar a essência do artístico.

Com as vanguardas do início do século XX, o universo das artes se

transformou de maneira vertiginosa. Os artistas queriam sobremaneira instaurar a

novidade. Um dos caminhos tomados foi introduzir na arte o ordinário.

Circunscrevemos o ordinário aqui como tudo aquilo que é corriqueiro, comum,

sem brilho, que se repete, que não se liga a intenções predominantemente estéticas,

ou que se associa, por vezes, a intenções demasiadamente inversas à estética.

Para o percurso que pretendemos traçar, propomos uma classificação de quatro

categorias do ordinário, que estão integradas na materialidade das linguagens

artísticas nas quais vamos nos deter (colagem, ready-made, música, dança,

happening, performance art e literatura). Na primeira categoria, estão os objetos

que fazem parte do cotidiano, construídos com finalidades práticas. Na segunda,

encontram nossas ações comuns do dia-a-dia: caminhar, limpar a casa, passar

roupas etc. Na terceira, há os ruídos voluntários e/ou involuntários produzidos na

relação do homem com o mundo, mas sem fins estéticos. Na última categoria, por

fim, o ordinários e manifesta como modalidade da língua (escrita e falada) usada em

situações informais e pode se cristalizar em jargões.

A partir das vanguardas, o uso do ordinário se tornou recorrente em vários

artistas das mais distintas linguagens e tendências. Atingiu a poesia marginal

Capa Índice 10933

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 10933 - 10937

2

brasileira e pode ser observado sob diferentes matizes tanto na linguagem como no

conteúdo dos poemas. As diferenças podem ser bem notadas nas obras de Chacal,

Charles Peixoto e Francisco Alvim. Os três são nomes de bastante relevo na poesia

marginal. Alvim faz parte de uma geração mais velha, seus primeiros versos são do

fim da década de 50. Já Charles e Chacal estreiam em 1971. Os dois amigos trazem

à luz nesse ano seus livrinhos mimeografados, que são distribuídos de mão em

mão.

Como apontamos acima, o uso do ordinário perpassa várias linguagens

artísticas. Em cada uma, ele adquire determinadas configurações em razão,

sobretudo, da materialidade dos signos que constituem obra. Propomo-nos a

descrever essas configurações. Nosso objetivo central é, contudo, entender como o

estudo de algumas formas artísticas pode fornecer parâmetros para a compreensão

da poesia marginal, tendo em vista o tratamento do ordinário.

2. Material e Métodos

O processo investigativo que adotamos está dividido em três etapas. Na

etapa inicial, faremos uma descrição sumária dos mecanismos pelos quais o

ordinário é materializado nas obras de alguns artistas, movimentos ou grupos, a

partir da modernidade literária, com referência às linguagens artísticas supracitadas.

Para tanto, nos valeremos de bibliografia específica e também de fotografias, vídeos

e músicas. Na segunda etapa, abordaremos o ordinário na poesia marginal, dando

ênfase aos três poetas mencionados. Realizaremos ainda um recorte temporal, pois

nos interessa tratar somente das obras publicadas entre 1971 e 1979, período de

desenvolvimento e efervescência da poesia marginal. Essa etapa será cumprida por

meio da análise de poemas, dos estudos de crítica literária e da investigação da

situação histórica da época. Na terceira e última etapa, usaremos os parâmetros

apreendidos nos demais momentos para lançar uma nova luz, mesmo que débil,

sobre a poesia marginal.

Capa Índice 10934

3

3. Resultados

Temos pesquisado, sobretudo, a poesia marginal e as inovações nas artes

realizadas pelo uso de elementos ordinários. Tendo isso em vista, traçamos um

percurso que se inicia com Baudelaire, passando pelas linguagens artísticas

mencionadas acima e estacionamos na poesia marginal. Iniciamos ainda a leitura

dos poetas a partir das ferramentas adquiridas com essa empresa.

4. Discussões e Conclusões

A partir dos elementos até aqui vistos, lançamos algumas reflexões sobre a

poesia marginal. É preciso primeiramente salientar que, ao contrário do que ocorreu

com as demais linguagens artísticas e artistas com que trabalhamos, a poesia

marginal não realizou uma ruptura por meio da inserção do ordinário em suas

composições. Ela, alimentando-se mais diretamente de Oswald de Andrade e de sua

poética do comum, leva ao paroxismo o uso do ordinário, ou seja, intensifica uma

linha de força já existente tanto em outras artes como na própria poesia.

É possível compará-la, assim como a obra de Oswald, com a colagem e os

ready-mades no que tange a lançar mão de elementos até então indignos da

condição de arte, elementos ordinários. No caso da colagem, as imagens

reproduzidas em materiais gráficos; nos ready-mades de Duchamp, produtos

industrializados e com finalidades bastante pragmáticas; e, na poesia marginal, os

jargões, a linguagem informal (“Com a cara e a coragem” de Chacal) bem como

situações sem brilho algum (“luz” de Alvim e “stardust” de Charles).

A técnica da colagem, como salienta Cohen (2003), funda-se na picagem e

justaposição de imagens oriundas de fontes distintas. Imagens dadas, reproduzidas

em demasia. Contíguo ao ready-made está o jargão, forma linguística que se

reproduz ao infinito na ordinariedade cotidiana, forma fabricada, pronta para o uso.

Essas considerações são bastante aplicáveis a vários poemas marginais, a título de

exemplificação, tomemos o poema “Com a cara e a coragem”: “ele é um cara sem

cabeça/ mete a cara/ sem cara ou coroa/ com a cara e a coragem” (CHACAL,

2007, p. 218). A composição é construída por meio da colagem de ready-mades

linguísticos. Coube ao poeta selecioná-los e justapô-los. Uma das marcas mais

relevantes da poesia em geral é a operação inventiva com a linguagem, no sentido

Capa Índice 10935

4

de descristalizar significações e criar outras. Esse aspecto é correlativo ao trabalho

manual do artista plástico, trabalho este que inicia sua desestabilização com a

colagem e perde sua necessidade com os ready-mades. Em um poema como “Com

a cara e a coragem”, a relação do poeta com a língua (seu material) adquire uma

configuração nova, ele “apenas” agencia estruturas linguísticas dadas. Esse tipo de

situação é sobremaneira presente em Chacal e Alvim.

Algumas performances de Tom Marioni ( por exemplo: Almoço e O ato de

beber cerveja com os amigos é a mais alta forma de arte), e um happening de Dick

Higgins que consistia em contar os números em alemão até que todos os

espectadores saíssem se caracterizam pela espetacularização de ações ordinárias.

Assim como nos ready-mades, nessas ações não há intervenções de uma técnica.

O ordinário é apresentado de forma crua. O gesto de propô-lo como arte (trabalho

intelectual e não sensorial, como disse Duchamp) é aquilo mesmo que o torna arte,

que o eleva ao extraordinário. O poema “stardust” (“passa das duas horas/ o sol

lista de luz o quarto/ esfrego o pé no tapete peludo” (PEIXOTO, 1985, p. 31)). se

assemelha às performances e ao happening supracitados, trata-se de uma cena

ordinária mimetizada em poema, que por meio de uma tradução intersemiótica

poderia bem ser convertida em uma performance.

Banes (1999), quando trata do ordinário na dança, diz que ações corriqueiras

foram incorporadas à coreografia. O que ocorre então é a mescla de ações

extraordinárias (movimentos coreográficos realizados pelos bailarinos) e ordinárias

(movimentos corriqueiros). Para a realização dos movimentos coreografados existe

a necessidade de certo domínio das técnicas da dança, as ações ordinárias, ao

contrário, não demandam técnica específica. Quando a mescla acontece, há um

saber (que não deixa de ser técnico) que agencia o material ordinário, gerando um

produto final extraordinário (os movimentos coreográficos são por si mesmos

extraordinários e o gesto de colocar em cena ações corriqueiras as conduz também

para essa condição). Procedimento semelhante pode ser encontrado em Alvim e

Chacal. Nos poemas, os elementos ordinários são os clichês, e os extraordinários,

as demais construções linguísticas. Vale ressalvar que a informalidade na linguagem

perpassa toda a poesia marginal, e também que o extraordinário em seu caso não

coincide com burilamentos excessivos ou retórica da eloquência. Diante disso, são

Capa Índice 10936

5

exemplos: os poemas “Espere baby não desespere” e “Vida de artista” de Chacal e

“Arrependimento” e “O riso amarelo do medo” de Alvim.

Assim como as músicas de John Cage e Luigi Russolo destacavam sons

desprezíveis do cotidianos e os agenciavam, a poesia marginal, intensificando o que

já fazia Oswald, lança mão da língua corrente, renegada durante muito tempo pela

criação poética. Os poetas marginais voltam sua atenção para elementos coloquiais,

com suas reduções (“tô”, “tá”), termos cifrados da gíria (“seda”, “finório”, “rolê”) etc.

Até o presente são essas as reflexões que podemos tecer a partir de nossa

pesquisa. Estamos averiguando os procedimentos de composição de diferentes

linguagens artísticas quando elas se utilizam de elementos ordinários. Com esse

estudo, já se vislumbram semelhanças entre essas linguagens e a poesia marginal,

como também vão se delineando as disparidades.

5. Referências Bibliográficas

ALVIN, Francisco. Poesias reunidas:(1968-1998). São Paulo: Duas Cidades, 1988.

ANDRADE, Oswald. Cadernos de poesia do aluno Oswald: poesias reunidas. São

BANES, Sally. Greenwche village 1963: avant-garde, performance e o corpo

efervescente. Trad. Mauro Gama. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

CABAÑAS, Teresa. Que poesia é essa? Goiânia: UFG, 2009.

CARLSON, Marvim. Performance: uma introdução crítica. Belo Horizonte: UFMG,

2010.

COHEN, Renato. Performance como linguagem. 2 ed. São Paulo: Perspectiva,

2004.

GOLDBERG, Rose Lee. A arte da performance: do futurismo ao presente. Trad.

Jefferson Luiz Camargo. São Paulo: Martins Fontes, 2006. (Coleção a).

MATTOSO, Glauco. O que é poesia marginal. São Paulo: Brasiliense, 1981.

MINK, Janis. Duchamp. Trad. Zita Moraes. Lisboa: Paisagem, 2006.

PEIXOTO, Charles. Marmota platônica. Rio de Janeiro: Livraria Taurus Editora,

1985.

PEREIRA, Carlos Alberto Messeder. Retrato de época: poesia marginal anos 70.

Rio de Janeiro: Funarte, 1981.

RICHTER, Hans. Dada: arte e antiarte. Trad. Mariom Fleischer. São Paulo: Martins

Fontes, 1993. (Coleção a)

Capa Índice 10937

O COMPUTADOR NO ENSINO DE CIÊNCIAS DAS ESCOLAS ESTADUAIS DE GOIÂNIA –GO

Jefferson Fagundes ATÍDEMestrando em Educação em Ciências e Matemática, PRPPG/UFG (Bolsista Capes)

[email protected] Nyuara Araújo da Silva MESQUITA

Professora orientadora, doutora em Química, IQ/UFG [email protected]

Palavras-chave: computador, laboratório de informática, ensino de ciências,

políticas públicas.

INTRODUÇÃO A estruturação da educação de modo geral vem sido influenciada por fontes

oriundas da globalização. Uma delas é o desenvolvimento científico-tecnológico que

se traduz em uma rede cada vez mais complexa de conhecimentos sistematizados.

O desenvolvimento da educação e de modo mais específico do ensino de ciências

parece estar atrelado ao boom das avançadas Tecnologias da Informação e

Comunicação (TIC) com destaque na função didática do computador no espaço

escolar. Um dos caminhos rumo à qualidade no ensino, no que se refere à utilização

do computador para fins didáticos, está na busca por respostas aos seguintes

questionamentos: como analisar criticamente as potencialidades e obstáculos do

uso das TIC, sobretudo do computador, na educação? A partir de uma análise mais

estreita, como buscar possíveis respostas que se aplicam ao contexto do ensino de

ciências na rede estadual de Goiânia – GO?

Argumenta-se que os muitos questionamentos e discussões que se

estabelecem a partir deste tema, se constituem como um terreno fértil para o

desenvolvimento da consciência crítica sobre a inserção das tecnologias no

ambiente escolar. Para tal, defende-se que devem acontecer algumas mudanças

fundamentais. Dentre elas, o repensar sobre a função das ferramentas tecnológicas

como meio educacional, da função da escola e do papel do professor (VALENTE,

1993, p.6). Objetiva-se a compreender e problematizar o papel do computador por

meio do laboratório de informática (LI) das escolas da rede estadual de Goiânia-GO.

Desenvolve-se uma crítica à incoerência entre o conteúdo de documentos oficiais

que normatizam a utilização do LI nas escolas e a realidade prática enfrentada pelos

Capa Índice 10938

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 10938 - 10942

professores de ciências/biologia. A partir dos resultados desta pesquisa propõe-se

também a reflexão sobre a postura docente em relação ao uso do computador no

contexto pedagógico.

MATERIAL E MÉTODOS O desenvolvimento deste trabalho foi proposto sob o enfoque característico

de um estudo de caso, pois investigamos um contexto específico referente à

utilização do LI no ensino de ciências e biologia em dez escolas estaduais. Advoga-

se que o estudo de caso proporciona o conhecimento aprofundado de uma situação

a partir da qual se faz um recorte no universo de estudo. Nessa pesquisa,

especificamente, nosso universo de estudo é representado por algumas escolas

estaduais que possuem LI. Segundo Ludke e André (1986), o estudo de caso busca

retratar a realidade de forma completa e profunda tendo o pesquisador a tarefa de

identificar e revelar as dimensões presentes em uma determinada situação ou

problema relacionando-a ao contexto como um todo.

Os dados foram obtidos por meio da aplicação de questionário com 15

questões sendo oito discursivas e sete objetivas. Os questionários foram entregues

a professores de diferentes escolas da rede pública estadual de Goiânia – Goiás.

Tivemos o retorno de seis deles. Para efeito de apresentação dos resultados, os

professores foram identificados como P1, P2, P3, P4, P5 e P6. Outro instrumento de

coleta de dados consistiu na análise de documentos oficiais que orientam a

implementação de um LI no ambiente escolar (ProInfo), uma portaria da Secretaria

de Estado da Educação (portaria Nº 4060/2011-GAB/SEE) e o orçamento para o ano

de 2011 da SEE. O caminho percorrido segue as premissas de um posicionamento

crítico dialético defendido por Gamboa (1998) que busca a apreensão do fenômeno

em seu trajeto histórico bem como a compreensão das inter-relações com outros

fenômenos principalmente os de ordem socioeconômica. Fundamentalmente os

passos dados estão ligados a uma reflexão crítica sobre a relação dialética entre a

realidade observada e a realidade objetivada pelos órgãos gestores da educação

nacional e estadual.

RESULTADO E DISCUSSÃO Os professores colaboradores responderam a um questionário para que fosse

possível caracterizar brevemente a carreira profissional e principalmente para deixar

Capa Índice 10939

seu posicionamento com relação à utilização do LI nas suas escolas. Todos os

professores possuem algum curso de pós-graduação sendo cinco em nível de

especialização e um em nível de mestrado. A maioria trabalha com carga horária de

40 horas semanais e em média estão a mais de quatro anos no cargo. Dos seis

professores apenas um fez o curso “Ensinando e Aprendendo com as TIC”

disponibilizado pela Secretaria Estadual de Educação (SEDUC). O mesmo relatou

ser um curso introdutório sobre as tecnologias na educação. Assume-se aqui que

tanto a formação inicial quanto a formação continuada são condições básicas para

proporcionar um trabalho docente de qualidade. No caso específico da utilização do

computador para o trabalho pedagógico, esta formação torna-se mais imprescindível

ainda tendo em vista a complexidade desta ferramenta educacional.

A metodologia de trabalho depende de algumas condições do LI como

número de computadores disponíveis, em bom funcionamento e com internet.

Notou-se que é comum o professor dividir a turma em duplas ou trios para cada

computador. Havendo internet a maioria dos professores usa o critério de “livre

acesso” aos sítios. Apenas supervisionam quais sítios os alunos estão abrindo e se

as informações possuem fontes confiáveis percebido no seguinte trecho:

Mas em geral deixo os alunos pesquisarem em qualquer site. Eu supervisiono para

que não entrem em sites indesejados ou em sites com informações erradas. (P2)

Com relação ao planejamento das aulas no LI, a maioria dos professores

sujeitos da pesquisa não elabora um plano de aula para utilização do laboratório.

Acontece que a carga horária extensa e exaustiva desestimula a criatividade e a

própria vontade de utilizar o LI. O planejamento das atividades docentes deve

também estar presente em aulas no LI, deixando claros os objetivos para a

atividade, bem como que procedimentos metodológicos serão adotados.

Vasconcellos (2000) afirma que o planejamento enquanto construção-transformação

de representações é uma mediação teórica metodológica para ação, que em função

de tal mediação passa a ser consciente e intencional.

Fazendo referência à influência do LI na aprendizagem, o interesse dos

professores é tornar as aulas mais atraentes e dinâmicas como percebemos em:

Torna a aula mais dinâmica e é possível trabalhar todo tipo de conteúdo. (P1)

Como todos os alunos gostam de computador pode-se aproveitar para que o mesmo

se torne uma ferramenta de ensino tornando a aula mais interessante. (P2)

Capa Índice 10940

Algumas das dificuldades elencadas pelos professores são resultantes de um

descontentamento com a postura que os gestores tiveram para com o LI, sobretudo

a ausência do dinamizador de informática. Dinamizador era a função exercida por

um professor lotado no laboratório de ciências ou de informática que tinha como

atividade profissional a organização e preparo dos materiais e equipamentos para o

desenvolvimento das aulas de laboratório. A análise dos dados mostrou a carência

que esse profissional faz no contexto do LI evidenciada na seguinte fala:

A retirada do dinamizador fez com que a maioria dos professores deixasse de

elaborar aulas no laboratório de informática. O tempo de aula é curto e não dá

tempo ligar os computadores ou ate ver qual está funcionando. (P4)

A fala supracitada faz referência a uma ação governamental da SEE - GO que

em junho de 2011 emitiu uma portaria que decide: I - Reestruturar a proposta pedagógica referente ao uso dos Laboratórios de Informática, de Ciências e Línguas e do Programa Rádio Escola, Para que não haja modulação de servidores (professores e administrativos) na dinamização das áreas de Informática, Ciências, Línguas e Rádio Escola. O professor regente deverá otimizar a utilização das salas nesses ambientes. (PORTARIA Nº 4060/2011-GAB/SEE)

A extinção da figura do dinamizador aponta no sentido do descompromisso

dos gestores da SEE – GO em relação às propostas nacionais de implementação e

utilização das TIC na escola. Essa ação segue na contramão de alguns objetivos

apresentados pelo ProInfo, que segundo este as TIC devem melhorar a qualidade

do processo de ensino-aprendizagem [...] e possibilitar a criação de uma nova

ecologia cognitiva nos ambientes escolares mediante incorporação adequada das

novas tecnologias da informação pelas escolas.

Em uma análise do orçamento oficial da SEE – GO para o ano de 2011

disponibilizado no sítio da secretaria nota-se que os gastos da secretaria com as TIC

nas escolas chegam a quase 34 milhões no Programa de modernização do uso das TIC. No entanto, apesar do substancial valor destinado, o que é encontrado nas

escolas diverge de tal aplicação, pois existem muitos laboratórios sucateados, com

manutenção inadequada, número insuficiente de máquinas e diversos problemas

operacionais conforme observado na fala a seguir:

Não compensa muito devido o preparo da sala dos computadores, velocidade

dos sistemas operacionais e da internet, computadores com defeito e que demoram

a ser concertados e outros problemas. (P3)

Capa Índice 10941

CONCLUSÕES A complexidade da questão educacional exige que atitudes sejam tomadas

em todos os níveis. Podemos dizer que há uma extensa rede de ações que se

interligam para que todo o processo educacional se concretize. Deste modo a

simples presença de novas tecnologias na escola não é por si só, garantia de maior

qualidade na educação, pois a modernidade pode mascarar um ensino tradicional,

baseado na recepção e na memorização de informações (MORAN, 2000).

O ato de elencar elementos contraditórios é um excelente exercício para o

pensamento crítico e dispusemos aqui apenas um resumo do cenário que envolve

as TIC na rede estadual de educação em Goiás. Por trás dos “maravilhosos”

avanços tecnológicos está a ambição de poucos e a despreocupação com o menos

favorecido. Não é diferente para as tecnologias aplicadas ao contexto educacional,

já que interesses essencialmente vinculados ao modo de produção ganham cada

vez mais espaço. Afinal é necessário analisar com criticidade se estamos sendo

“formados” para pertencermos a uma massa homogênea de desenfreados

consumidores de tecnologia ou para um uso consciente baseado na tomada de

decisão crítica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL, Ministério da Educação. Programa Nacional de Tecnologia Educacional – ProInfo. Disponível em: <http://eproinfo.mec.gov.br/>. Acesso em: maio de 2012. _____. Secretaria de Estado da Educação/Goiás – SEE. Disponível em: <http://www.educacao.go.gov.br/>. Acesso em: maio de 2012. GAMBOA, Silvio Sánchez. Fundamentos para la investigación educativa: pressupostos epistemológicos que orientam al investigador. Santa Fé de Bogotá: Cooperativa de Editorial Magistério, 1998. LÜDKE, Menga e ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso de. Pesquisa em educação:abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. MORAN, José Manuel, MASETTO, Marcos BEHRENS, Marilda. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 3a edição, Campinas: Papirus, 2001.VALENTE, José Armando. Diferentes usos do computador na educação. In: _______. Computadores e conhecimento: repensando a educação. Campinas: Gráfica Central da UNICAMP, 1993. p. 1-23. VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Planejamento, Projeto de Ensino-Aprendizagem e Projeto Político-Pedagógico. Ladermos Libertad-1. 7º Ed. São Paulo, 2000.

Capa Índice 10942

Historiografia-Linguística de Austin: “Virada Linguística” dos atos de fala. Jeremias Nogueira DE PAULA (Letras/UFG/email) Prof. Dr. Sebastião Elias MILANI (Letras/UFG/[email protected]) Palavras-chave: Austin. Perlocucionário, ilocucionário, locucionário Introdução

John Langshaw Austin nasceu em 26 de março de 1911 e faleceu em 08 de

fevereiro de 1960. Foi um filósofo britânico de linguagem, nascido em Lancaster e

educado na escola de Shrewsbury e Balliol College, Oxford University. Austin é

amplamente associado ao conceito de ato de fala e ocupa um lugar na filosofia da

linguagem juntamente com Wittgenstein. Uma das principais fontes de Austin para

iniciar as exposições a respeito dos atos de fala dentro da chamada “virada

Linguística” foi Frege. Virada pelo fato de contradizer e suscitar discussões à

respeito da credibilidade que os filósofos até aquele momento davam a construção e

interpretação de determinadas sentenças. Verifica-se o fato em sua citação: “(...) os

filósofos acreditavam que o papel de uma declaração era tão somente o de

descrever um estado de coisas (AUSTIN, 1990, p. 21)”.

O ato de fala a que Austin se refere é a responsabilidade da aplicação da

palavra propriamente dita em determinadas situações. Essa responsabilidade dá

origem a uma interação comunicativa gerando um caráter contratual que, por sua

vez, gera um compromisso entre as partes que celebram tal contrato. Nesse

contrato a palavra é empenhada, daí sucesse o termo “minha palavra é meu

penhor”. Quem a emprega pode até discordar da forma que a emprega, mas,

palavra dita, compromisso realizado.

Virada Linguística e os atos de fala

Filosofia da Linguagem é uma teoria filosófica que se concentra em um

(re) estudo da estrutura da linguagem. São conceituado termo, proposição, sentido,

referência, verdade, para tornar mais clara a maneira de se dizer algo e demonstrar

que esse dizer pode ser feito aliado a aplicabilidade concreta dessa linguagem. A

linguagem sai do plano abstrato e se consolida de forma palpável gerando um

sentido estritamente “pragmático”, ou seja, relaciona o dito com uma situação

contextualizada que faça sentido. Austin disse que antes dele deram importância à

Capa Índice 10943

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 10943 - 10947

filosofia da Linguagem Frege, Russel e Moore, mas não de maneira especifica, por

isso a necessidade da virada linguística.

Ele desmistificou essa prática demostrando através de seu estudo que a

aplicabilidade da linguagem transcende métodos filosóficos e estruturas gramaticais.

Assim ele se torna um divisor de águas no campo da filosofia da linguagem. Austin

iniciou sua obra modalizando que o que tem a dizer “não é difícil e nem polêmico”

visto que ele tratava e refletia a linguagem com certa preocupação e, ao mesmo

tempo, com simplicidade. Partiu do pressuposto de que as formas de expressão, ou

de uma declaração, não são somente as de descrever um estado de coisas.

Os termos que ele usou para decrever e analisar esses dados os chamou

de expressões Performativas e Constatativas. O performativo é gerado a partir do

verbo cognato em inglês “to perform” que gera o substantivo performance (ação). É

a essência da aplicação da linguagem que atende tais requisitos: dizer é realizar a

ação. Em contraste com essa visão comum, argumentou ele, existem sentenças

com valores de verdade que constituem apenas uma pequena parte da gama de

expressões. Após a introdução de vários tipos de frases que ele afirmou não serem

nem verdadeira nem falsa, ele as chamou de enunciados performativos, ou

simplesmente "performativas". Esses enunciados se caracterizam por dois motivos:

podem assumir a forma de uma frase típica do presente do indicativo, com

enunciador específico na primeira pessoa do singular, na voz ativa; um enunciado

performativo não é usado para descrever e sim para praticar determinada ação ou

enunciação, quando tal enunciado não alcança seu objetivo, não pode ser taxado

como verdadeiro ou falso, mas como inócuo ou não, que ele trata de performativos

felizes ou infelizes.

A ação que é realizada quando um enunciado performativo é emitido

pertence aos “atos de fala”. Especificamente ato ilocucionário, ou seja, quando se

pronuncia tal enunciação automaticamente se realiza a locução desse ato,

embutindo na prática a ação do fazer o que se diz ao dizer. O ato de fala que Austin

usou é a responsabilidade que se gera a partir da aplicação da palavra em

determinadas situações. Exemplo que ele mesmo citou: em uma cerimônia de

casamento, quando um dos nubentes enuncia a expressão “aceito” está de forma

direta dando satisfação a todos os presentes que a ação do termo de aceitação é a

Capa Índice 10944

outorga do ato de se casar, pois se unicamente o padre dissesse declaro-vos marido

e mulher e niguém ouvisse o concentimento de ambos, talvez esse ato gerasse a

dúvida: houve ou não o casamento? Assim seria inócuo para o momento, faltaria

algo para a concretização da ação, visto que o caráter contratual dependeria da

aprovação através do som audível das partes, pois a palavra é o penhor. Segundo

Austin, para que haja harmonia do entendimento entre as partes e os que

indiretamente dela participam como ouvintes ou expectadores, é preciso que o ato

se dê nas circunstâncias de um ritual.

As proposições fundamentadas nas condições referidas acima geram o

que Austin intitulou de performativos felizes, como se houvesse estabelecido entre

as partes um contrato social, e pessoas que dele participam devem, em suma,

estarem inteiradas das condições desse acordo, pois é impossível se propor algo

com alguém que não participa das leituras do mesmo signo do proponente. Ato

contrário ou, como cita Austin, infeliz (inócuo) seria o de expressões que denotam

sentimentos, pensamentos e intenções no que diz respeito à emisão de falas que

podem parecer confortantes de imediato, mas, de forma mais íntima, são dadas

como equivocadas. são exemplos dessas expressões infelizes: Eu o felicito, quando

o pensamento é outro; eu o aconselho a dito sem pensar; e prometo ou aposto,

quando não se tenciona realizar o que foi expresso. Para se dizer ou fazer e obter

resultado dessas ações Austin disse que o detalhamento das fórmulas seria de

grande importância, não só para os filósofos, mas também para os gramáticos e

foneticista, visto que a enunciação se completa no modo, na estrutura e na sintonia

de sons. Com a forma, o modo e a consequência do ato de dizer se tem a formação

de atos que Austin denomina de Locucionário, Ilocucionário e Perlocucionário.

Trata de maneira separadamente a emissão do som, a formação

estrutural do som e o resultado da união desses dois, pressupondo algo que

participa do conjunto da linguagem. Essa divisão se consagra no que Austin chama

de ato fonético, ato fático e ato rético. O ato fonético é a emissão de determinado

som sem preocupação com o resultado da ação, é o emitir algum ruído sem o

enquadramento no contrato social ou na cultura do signo. O ato fático, ao contrário

do fonético, já está, e necessita estar, enquadrado no proferimento de certos

vocábulos ou plavras, pois já pertencem à cultura, e ao contrato firmado, embora

Capa Índice 10945

que de forma involuntária entre as partes. Quem participa dessa interlocução às

vezes não tem o conhecimento de como essa interlocução é gerada. O ato rético é o

procedimento da realização dos vócabulos de forma organizada e referenciada, com

o intuito de se obter resultado com sentido e referência, ou seja, o dizer direto do

enunciador ou dizer através de outrem para buscar e formar um sentido. Pode-se

atrelar o ato de dizer algo ao proferimento locucionário com ação imediata do ato

rético que posteriomente irá se confundir ou até mesmo se transformar no

proferimento ilocucionário. Segundo a análise de Austin não se consegue de forma

bem nítida fazer distinção entre proferimentos performativos e constatativos pois os

dois se entrelaçam em um só ato ilocucionário, que gera o resultado de uma ação de

dizer algo cocomitantemente ao fazer algo. Quando se utiliza a fala para dizer algo

necessariamente o corpo com todo o seu conjunto muscular também se expressa,

então, ao dizer algo, faz-se algo.

O obter resultado aliado ao conjunto harmonioso de sons é que irá gerar o

outro tipo de ato que Austin denominou de perlocucionário. Esse ato é o resultado

de pensar, falar e agir. O enunciador e o enunciatário se misturam no resultado do

ato ou da ação através do que se pode chamar de persuasão, imposição ou

convencimento. Para expressar os perfomativos aceitar e apostar se usa o ato

alocucionário: aceite, aposte; ilocucionário: instigou a aceitar e a apostar;

perlocucionário: obrigou a aceitar e a apostar. Os diferentes atos se alteram à

medida que muda a forma e o ponto do emissor da fala, na alternância entre os

interlocutores, pois as falas se dão ora de forma direta, ora de forma indireta e

outras vezes de forma indireta com maior liberdade de mudança na forma como se

diz algo da maneira que se diz. Se o ato locucionário se confunde ou se transforma

em ato ilocucionário resta fazer a distinção entre ambos.

O primeiro se concretiza ao ser exposto sem a preocupação inicial com o

efeito que é tornar compreensível o significado e a força da referida locução. Efeito é

argumentar, ordenar, prometer, sugerir, pedir, oferecer; perguntar a alguém se

deseja algo ou não vai requerer um segundo ato, este ato é o que Austin chamou de

perlocucionário. O ato perlocucionário é gerado a partir de uma primeira participação

em um enuciado. Uma fala característica de ato ilocucionário gera uma participação,

que gera uma segunda expressão com outros meios adicionais de recursos

Capa Índice 10946

persuasivos que podem ser elevados a uma coação. Exemplos: convencer e

persuadir. Nesse ato não necessariamente se tem a expressão verbal visto que a

corporal pode desempenhar o papel de segundo ato, pois, até o acenar de um

pedaço de pau pode denotar determinado sentido. Esses dois atos se confundem

por estarem intimamente ligados e com sentidos muito próximos entre eles. Por esse

motivo para se ter a distinção de ambos é necessário que seja trazido à baila o

contrato social com seus efeitos para ser gerado um significado.

Conclusão

Na obra “Quando dizer é fazer, palavras e ações”, Austin se propôs a

situar a teoria dos atos da fala e seus efeitos dentro da perspectiva filosófica,

chamada por ele de “virada linguística”. Essa exposição contempla filosófos, classe

à qual ele pertencia, gramáticos e até foneticistas. Essa exposição se tornou

bastante interesante para estudos da linguagem. Passou a ser analisada as

propriedades das sentenças, proposições e não mais dos objetos em si. É a

interpretação conforme o contexto de como se fala e não do que se fala.

Austin de forma clara conseguiu transmitir a teroria dos atos de fala com

aplicação concreta retirando tais atos do meio social de forma empírica abrindo mão

do absolutismo abstrato regado à regras e conceitos padronizados. Antes da

chamada “virada linguística” os atos de fala eram proferidos embasados nos critérios

de formas gramaticais e o discurso filosófico não se espandia. Era procedido

conforme métodos especulativo ou introspectivo de acordo com a tradição britânica

da filosofia analítica.

Referências

AUSTIN, John Langshaw. Quando dizer é fazer, palavras e ação: Trad. Danilo

Marcondes de Sousa Filho. Porto Alegre: Artes Médicas; 1990.

AUSTIN, John Langshaw. Sentido e Percepção: Trad. Armando Manuel Mora de

Oliveira. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes; 2004.

DUCROT, Oswald. O dizer e o dito: Trad. Eduardo Guimarães. Campinas: Pontes;

1987.

Capa Índice 10947

Existencia e unicidade para algumas equacoes diferenciaisfracionarias nao lineares

Jesus Pascual Avalos RODRIGUEZ 1; Ronaldo Alves GARCIA 2

Instituto de Matematica e Estatıstica - UFG

1 [email protected]; 2 [email protected]

1 bolsista CAPES

Palavras-chave: Derivada fracionaria de Riemann-Liouville; integral fracionaria de

Riemann-Liouville; equacoes diferenciais fracionarias; teorema de existencia e unicidade

1 Introducao

Muitos artigos e livros sobre o Calculo Fracionario1 apareceram recentemente. A mai-

oria deles sao dedicados a resolubilidade de equacoes fracionarias em termos de funcoes

especiais [1], [3], [7], [6], [9], [10], [11], [15] e [16], tais como a funcao Gamma

Γ(z) =

∫ ∞

0

e−ttz−1dt, z > 0.

Uma Equacao nao-linear e da forma

0Dαau = f(x, u)

onde 0 < α < 1 e 0Dαa e a derivada fracionaria de tipo Riemann-Loiuville [1], [7] e [10],

considerada em R+ e derivada fracionaria de Riemann-Liouville, considerado em R+ ou

em um intervalo (0, h) com h > 0.

Em princıpio, pode-se reduzir a equacao diferencial para uma equacao integral com

singularidade fraca, e trata-la com tecnicas basicas de analise nao linear (teorema do

ponto fixo). Para resultados explıcitos, deve-se levar em conta a peculiaridade do nucleo.

Seguindo nesta direcao, apresentando uma lista de teoremas de existencia e unicidade [3],

[7] e [8]. Estos teoremas sao demonstrados usando as ferramentas do analise funcional,

como por exemplo o uso de normas com peso; tambem usaremos a teoria do ponto fixo.

2 Material e metodos

Material. Usando os conceitos do Calculo Fracionario [1], [10], [11], [15] e [11], tais

como as definicoes dos operadores fracionarios, neste caso usando a definicoes do tipo

Riemann-Liouville.1O termo fracionario, e um nome historico, pois esta teoria considera ordens de derivacao e integracao

de ordem inclusive complexa.

1

Capa Índice 10948

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 10948 - 10952

Definicao 2.1 (Integral Fracionaria.). Sejam α > 0 e f : R+ → R, a integral fracionaria

e dado por

0Iαx f(x) =

1

Γ(α)

∫ x

0

(x− t)α−1f(t)dt. (1)

Definicao 2.2 (Derivada Fracionaria.). Sejam 0 < α < 1 e f : R+ → R uma funcao

contınua, a derivada fracionaria e dada por

0Dαxf(x) =

1

Γ(α)

d

dx

∫ x

0

(x− t)−αf(t)dt. (2)

Alem disso tambem apresentaremos os espacos de funcoes com suas respectivas normas

[1], [4], [5] e [16].

Uma analise mais precisa dos operadores Iα e Dα pode ser estudada no contexto dos

espacos C0r (R+), r ≥ 0, de todas as funcoes f ∈ C0(R+) tal que xrf(x) ∈ C0(R+).

Definimos similarmente C0r ([0, a]), o qual e um espaco de Banach, com a norma

||f ||r = maxx∈[0,a]

xr|f(x)|.

Temos C00(R+

0 ) = C0(R+0 ) e C0

0([0, a]) = C0([0, a]) e o espaco de Banach de todas as

funcoes contınuas em [0, a], com a norma

||f || = maxx∈[0,a]

|f(x)|.

Obviamente C0r (R+) ⊂ L1

loc(R+), se r < 1; onde L1loc(R+) e o espaco de todas as funcoes

reais contınuas definidas em R+ as quais sao Lebesgue integraveis em cada subintervalo

limitado de R+.

Considere a equacao diferencial fracionaria

0Dαxu = f(x, u) (3)

onde 0 < α < 1 e f : [0, a]× R → R, 0 < a ≤ +∞, e uma funcao contınua em (0, a)× R.

Definicao 2.3. Uma funcao real u ∈ C0((0, a)) ∩ L1loc((0, a)), ou u ∈ C0(R+) ∩ L1

loc(R+)

no caso a = +∞, com uma derivada fracionaria contınua 0Dαxu(x) em (0, a), e uma

solucao da equacao diferencial fracionaria (3) se

0Dαxu(x) = f(x, u(x))

para todo x ∈ (0, a).

Metodo. Para estudar os teoremas de existencia e unicidade de alguns tipos de equacoes

diferenciais fracionarias, precisamos de alguns conceitos de analise funcional [1], [3], [5] e

[13].

2

Capa Índice 10949

Teorema 2.1 (Teorema do Ponto fixo de Schauder). Sejam U um espaco de Banach e

M um subconjunto nao vazio, fechado, limitado e convexo de U , e seja T : M → M um

operador compacto. Entao T tem um ponto fixo.

3 Resultados e discussao

Tem-se os seguintes teoremas

Teorema 3.1. Seja 0 ≤ σ < α < 1 e assuma que tαf(t, y) e contınua em [0, 1]×R. Alemdisso, assuma

|f(t, u)− f(t, v)| ≤ L

tσ|u− v|

para alguma constante positiva L independente de u, v ∈ R, t ∈ (0, 1]. Entao a equacao

0Dαxu = f(x, u)

tem uma unica solucao u ∈ C0([0, 1]).

Teorema 3.2. Seja 0 < α < 1. Assuma que tαf(t, y) e contınua em [0, 1]×R, alem disso

|f(t, u)− f(t, v)| ≤ L

tα|u− v|

onde

L <1

Γ(1− α).

para todo u, v ∈ R e t ∈ (0, 1]. Entao

0Dαxu = f(x, u)

tem uma unica solucao u ∈ C0([0, 1]).

Problemas do valor inicial com solucoes contınuas em (0, 1].

Propocicao 3.1. Seja 0 < α < 1. Para todo (a, b) ∈ R+ ×R o problema do valor inicial

{

0Dαxu(x) = 0

u(a) = b,

admite uma unica solucao u = ba1−αxα−1 em C0(R+) ∩ L1loc(R+).

Corolario 3.1. Seja 0 < α < 1. Assuma f(x) ∈ C0(R+) ∩ L1loc(R+). Entao para todo

(a, b) ∈ R+ × R o problema do valor inicial

{

0Dαxu(x) = f(x)

u(a) = b,

3

Capa Índice 10950

tem uma unica solucao em C0(R+) ∩ L1loc(R+) dada por

u(x) =

(

b− 1

Γ(α)

∫ a

0

(a− t)α−1f(t)dt

)

xα−1

aα−1+

1

Γ(α)

∫ x

0

(x− t)α−1f(t)dt.

Teorema 3.3. Seja 0 < α < 1. Assuma que f : R → R satisfaz

{

f(0) = 0

|f(u)− f(v)| ≤ L|u− v|, L > 0.(4)

Entao para todo b ∈ R+, o problema do valor inicial

{

0Dαxu(x) = f(u(x))

x1−αu(a)|x=0 = b,

tem uma unica solucao u ∈ C01−α([0, h]), para todo g > 0.

Teorema 3.4. Seja 0 < α < 1. Assuma que f : R → R satisfaz (4). Entao para todo

b ∈ R, o problema de valor inicial

{

0Dαxu(x) = f(u(x))

u(a)|x=0 = b,

tem uma unica solucao u ∈ C01−α([0, h]), para todo h > a, com a < a0, onde a0 e uma

constante positiva adequada dependente somente de s e L.

4 Conclusoes

• Como acontece com o calculo fracionario, que generaliza as operacoes do calculo

classico, as equacoes diferenciais fracionarias generalizam tambem alguns resultados

da teoria das equacoes diferenciais ordinarias.

• Os teoremas de existencia e unicidade sao analogos aos teoremas de existencia e

unicidade das equacoes diferenciais fracionarias.

• O peso considerado em algumas condicoes iniciais sao necessarios para manter a

continuidade da funcao no ponto inicial.

Referencias

[1] A. Kilbas, H. Srivastava, and J. Trujillo “Theory and Applications of Fracctional Dif-

ferential Equations”. North-Holland Mathematics Studies. Vol. 204. Elsevier, Ams-

terdan, 2006.

4

Capa Índice 10951

[2] A. Kolmogorov, S. Fomin, “Elementos de la Teoria de Funciones y del Analisis Fun-

cional”., Editorial MIR, Moscu, 1972.

[3] D. Delbosco and L. Rodino, “Existence and Uniqueness for a Nonlinear Fractional

Differential Equation”, Journal of Mathematical Analysis and Applications 204, 609-

625 (1996). IMPA, (1979).

[4] E. Lima,“Curso de Analise”, vol 2, Impa, Brasil, 2006.

[5] E. Kreyzig,“Introductory Functional Analysis with Applications”, John Wiley & Sons,

New York, 1978.

[6] G. Andrews, R. Askey and R. Roy, “Special Functions”. Cambridge University Press,

New York, 1999.

[7] I. Podlubny, “Fractional Differential Equations”. Academic Press, San Diego, 1999.

[8] J. Sotomayor, “Licoes de Equacoes Diferenciais Ordinarias”, Projeto Euclides,

IMPA, (1979).

[9] K. Diethelm and N. Ford, “Analysis of Fractional Differential Equations”, Journal

of Mathematical Analysis and Applications 265, 229-248(2002).

[10] K. Miller and B. Ross, “An Introduction to the Fractional Calculus and Fractional

Differential Equations”. Wiley & Sons, New York., 1993.

[11] K. Oldham and J. Spanier, “The Fractional Calculus”. Academic Press, New York,

1974.

[12] P. Butzer and U. Westphal, “An Introduction to the Fractional Calculus”, in Appli-

cations of Fractional Calculus in Physics, R. Hilfer (ed.),World Scientific, Singapore,

pp. 1-85, 2000.

[13] R. Agarwal, M. Meehan and D. O’regan, “Fixed Point Theory and Applications”,

Cambridge University Press, 2004.

[14] S. Berberian,“Fundamentals of Real Analysis”, Springer - Verlag, New York, 1999.

[15] S. Samko, A. Kilbas y O. Marichev, “Fractional Integrals and Derivatives: Theory

and Applications”. Gordon and Breach Science Publishers, Amsterdam, 1993.

[16] W. Rudin, “Analisis Real y Complejo”. Almambra S.A., Mexico, 1999.

5

Capa Índice 10952

Análise da viabilidade econômica de sistema de confinamento de bovinos de corte

em goiás: aplicação da Teoria de opções reais.

João Antonio Vilela MEDEIROS e Cleyzer Adrian DA CUNHA

Programa De Pós-Graduação Em Agronegócio < http://ppagro.agro.ufg.br>

Palavras chave: Confinamento bovino; Viabilidade econômica; Opções reais.

1 Introdução

A atividade pecuária possui grande importância no Brasil, economicamente,

culturalmente e historicamente, prova disso é que hoje o país possui o maior

rebanho comercial do mundo, é o maior exportador e o segundo maior produtor

mundial de carne (SECEX-MDIC, 2012). O estado de Goiás também é conhecido

pela sua grande produção agropecuária e sempre figurou como um dos principais

produtores de carne no Brasil, possuindo hoje o quarto maior rebanho do país.

Com a crescente demanda por proteínas de origem animal no mundo, surge a

necessidade de se intensificar a produção de carne e, consequentemente, o sistema

produtivo. Neste contexto o sistema de terminação em confinamentos se tornou uma

alternativa para os produtores, pois podem reduzir, significativamente, o tempo

necessário para o abate dos animais.

O confinamento se trata de um sistema de produção em que os animais ficam

dispostos em piquetes ou currais de engorda sem área para locomoção. O alimento

é fornecido em cochos, de forma controlada pelo produtor. Os custos destas

instalações e dos equipamentos especializados utilizados na atividade são elevados

e variam de acordo com o tipo de equipamento e a qualidade utilizada dos mesmos,

o que limita a prática no Brasil (PEIXOTO et al., 1989).

O estado de Goiás apresenta uma grande vantagem para a prática do

confinamento, que é a grande disponibilidade de matéria prima utilizada para a

alimentação dos animais, além de boa oferta de animais para o sistema.

Entre os problemas enfrentados pelos pecuaristas a volatilidade do preço da

arroba do boi gordo está entre os maiores, outro é o aumento dos custos de

produção da pecuária brasileira. Em um levantamento feito pelo Centro de Estudos

Capa Índice 10953

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 10953 - 10957

Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) o Custo Operacional Total (COT)

aumentou 100% de julho de 2004 a julho de 2011, enquanto o preço da arroba do

boi gordo teve um aumento de aproximadamente 60% no mesmo período.

Segundo Nogueira (2006) o sistema de confinamento é uma atividade de alto

risco, pois o animal fica fechado e há um momento em que mantê-lo por mais tempo

significa prejuízo, pois o custo do ganho de peso se torna proibitivo. Além deste

problema relacionado a custo, o confinamento possui despesas como compra dos

insumos e matéria prima, além do investimento para construção de toda e estrutura

necessária para seu funcionamento.

Devido a todos os fatores citados torna-se necessário realizar uma avaliação

detalhada de todo o investimento envolvido, dentre ela a sua viabilidade econômica.

Para esta avaliação o método tradicional de análise de viabilidade econômica é

muito utilizado, pois nele é possível fazer uma previsão do fluxo de caixa, verificar o

tempo necessário para se pagar o investimento ou o Payback, o Valor Presente

Líquido (VPL) do investimento e a Taxa Interna de Retorno (TIR).

Porém Macedo e Nardelli (2008) apontam alguns dos problemas desta

metodologia, como favorecer os investimentos no curto prazo, sacrificando o

exercício da empresa ou atividade no longo prazo pela demora no recebimento do

fluxo de caixa futuro. Com isso outro método vem surgindo para avaliação da

viabilidade econômica de projetos, esta é a Teoria de Opções Reais (TOR), que se

mostra uma metodologia mais realista, por ser mais dinâmica, considerar a

incerteza, a irreversibilidade, o timing e a flexibilidade gerencial.

O problema de pesquisa pode ser resumido na pergunta: “Como a teoria

tradicional de análise de investimento e a Teoria de opções reais podem auxiliar na

tomada de decisão para sistema de confinamento de bovinos de corte em Goiás?”

O objetivo geral é Analisar a viabilidade econômica de um investimento em

um confinamento para a terminação de bovinos pelos métodos de Fluxo de Caixa

Descontado, ou análise tradicional, e pelo método da TOR. Tendo como específicos:

1. Comparar os resultados do modelo tradicional de viabilidade econômica

com a Teoria de opções reais;

2. Analisar e comparar diferentes cenários do modelo tradicional com o

modelo de opções reais.

3. Realizar uma análise de risco para o investimento;

Capa Índice 10954

2 Material e métodos

O trabalho se baseia em um estudo de caso de um confinamento, avaliando

sua viabilidade econômica e utilizando como fonte de dados uma propriedade rural.

Para tal, foi realizado um levantamento bibliográfico sobre as metodologias citadas

para a avaliação do investimento.

O objeto de análise da pesquisa é o investimento em um sistema terminação

de bovinos em confinamento, sendo necessário o levantamento de toda a estrutura

necessária para a atividade e estimar o tamanho a ser utilizado no projeto. Além

disso, fazer uma projeção dos custos e da receita gerada pela atividade.

Será utilizado como base para a pesquisa o confinamento de uma fazenda no

município de Goiatuba – GO para fazer as análises propostas.

O confinamento possui capacidade estática para 9000 animais, dispostos em

seis linhas de dez currais, com área de 1500 m2 (50mX30m) cada e capacidade de

125 a 150 cabeças por curral, ou seja, 12 a 10 m2/cab. Além do confinamento, a

propriedade possui áreas destinadas à produção de cana-de-açúcar, soja e milho,

sendo que 100 ha é destinado ao milho para a produção de silagem.

Em 2011 a propriedade confinou 7486 cabeças entre os meses de maio e

dezembro, sendo 7465 abatidos, devido à mortalidade dentro do confinamento. Os

animais não passaram por um período de adaptação e ao chegarem foram

rastreados, vacinados e vermifugados.

A taxa Selic foi utilizada como base para a taxa livre de risco, adquirida junto

ao Banco Central. A taxa Selic média para o ano de 2011 foi de 12% ao ano, sendo

esta a utilizada nos modelos para obtenção dos resultados.

No cálculo do método tradicional, o fluxo de caixa será projetado para um

período de dez anos, sendo utilizado para os demais cálculos do VPL, TIR e

payback. Para a aplicação da TOR será utilizada a equação de Black & Scholes

para a avaliação de viabilidade do investimento, e posterior comparação dos

métodos.

Serão projetados três cenários para o fluxo de caixa, o primeiro mais

pessimista, com crescimento de 1% ao ano dos custos e de 2% para as receitas. O

segundo com crescimento de 1,5% ao ano dos custos e 3,5% das receitas e o

terceiro e mais otimista com crescimento de 2% ao ano dos custos e 5% da receita.

Capa Índice 10955

No cálculo do Payback, optou-se por utilizar o método descontado, pois dessa

forma se obtém a desvalorização do capital futuro no tempo atual. Para a obtenção

da volatilidade do fluxo de caixa, necessária para o calculo da viabilidade pela TOR,

será realizado pelo desvio-padrão do mesmo fluxo.

3 Resultados e discussões

Pode-se verificar que o investimento necessário para um confinamento é

maior quando comparado com sistema extensivo de terminação de bovinos,

somando no total mais de R$ 2,6 milhões. Os custos de produção observados

também são mais altos se comparados ao custo da terminação à pasto, o custo total

do confinamento foi de R$ 11,93 milhões composto pelos custos com alimentação,

as perdas, o custo operacional (mão-de-obra, administrativo, depreciações,

combustível), o controle sanitário, o rastreamento e a compra dos animais.

A receita foi obtida através da venda dos animais para o frigorífico, sendo que

o preço da arroba foi R$ 93,00 e os 7465 animais vendidos possuíam uma média de

peso de 17,82 arrobas e somaram um total de R$ 12,37 milhões de receita bruta.

Para o primeiro cenário o VPL observado foi positivo em R$1.831.192,01,

mostrando que o investimento é viável, a TIR obtida foi de 26,06%, acima da taxa

livre de risco, ou a taxa Selic, confirmando o observado pelo VPL e o Payback foi de

6,38 anos. O resultado obtido pela TOR mostra que o valor do projeto pode sofrer

uma variação dependendo da metodologia escolhida. Enquanto o VPL foi de R$

1,83 milhão positivo, a TOR foi de R$ 299.658,84.

O cenário 2 apresentou VPL positivo no valor de R$ 4,084 milhões,

mostrando que o projeto pode ser aprovado. A TIR também se mostra mais atrativa,

com retorno de 36,83% sobre o capital aplicado e o payback diminuiu para 5,255

anos. O resultado da avaliação pela TOR foi de R$ 3,635 milhões, mais viável que o

caso anterior, porém ainda menor que o VPL.

No terceiro cenário o VPL foi de R$ 6,52 milhões, a TIR foi de 45,33%, com

um retorno de quase três vezes o valor da taxa Selic e o payback foi de 4,68 anos. O

resultado da TOR foi de R$ 7,467 milhões, dessa vez maior que o VPL.

A TOR apresentou maior sensibilidade em relação à mudança ou volatilidade

dos preços agrícolas no mercado que interferem na receita e nos custos, isso pode

ser verificado de forma mais clara pelos resultados do projeto menores que o VPL

para os dois primeiros cenários. O ponto negativo das opções reais é a maior

Capa Índice 10956

dificuldade encontrada em aplicá-la em relação à análise tradicional de viabilidade.

Os resultados obtidos pela TOR retrata bem o que Trigeorgis (2005) comenta, pois o

valor do projeto no cenário um mesmo positivo é muito baixo, assim o cenário pode

mudar após alguns meses ou anos, tornando o confinamento mais atrativo.

4 Conclusões

Para o futuro da pesquisa serão complementados vários aspectos no intuito

de estruturar as duas metodologias de análise de viabilidade e aumentar as

referências, complementando os dois modelos de análise de viabilidade. Outra

mudança é aumentar a os fatores de incerteza nos cálculos, como o risco, a

volatilidade de preço e flexibilização na tomada de decisão, na forma de adiar ou

não a venda dos bois e o risco do aumento dos custos.

5 Referencias bibliográficas

Banco Central do Brasil. Disponível em: < http://www.bcb.gov.br>. Acesso em: 15

ago. 2012.

Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA). Disponível em: <

http://www.cepea.esalq.usp.br>. Acesso em: 15 ago. 2012.

MACEDO, M. A. S; NARDELLI, P. M. Utilizando opções reais na análise de viabilidade de projetos de investimentos agropecuários: um ensaio teórico. In:

CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E

SOCIOLOGIA RURAL, 46., 2008. Rio Branco. Anais... Disponível em:

<http://www.sober.org.br/palestra/9/368.pdf>. Acesso em: 15 ago. 2012.

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Disponível

em: < http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/>. Acesso em: 15 ago. 2012.

NOGUEIRA, M. P. Custos e viabilidade do confinamento frente aos preços baixos. In: ENCONTRO CONFINAMENTO: GESTÃO TÉCNICA E ECONÔMICA, 1.,

2006, Jaboticabal. Palestras... Universidade Estadual Paulista, 2006. p.159-174.

PEIXOTO, A. M.; HADDAD, C. M.; BOIN, C. BOSE, M. L. V. O confinamento de bois. 4. ed. São Paulo: Globo, 1989. 172 p.

TRIGEORGIS, L. Making use of Real Options Simple: an overview and applications in flexible/modular decision making. The Engineering Economist, v.

50, n. 1, p. 25-53, 2005.

Capa Índice 10957

1

O SINTEGO E A NOVA POLÍTICA EDUCACIONAL DE GOIÁS

JUNIOR, João Ferreira de Araújo.

(PPGE/FE/UFG). [email protected]

CRUZ, José Adelson da.

(PPGE/FE/UFG). ( Orientador) [email protected]

Palavras - Chave: Politica educacional. Organização sindical. Sintego

No início do ano de 2011 a Secretaria de Estado da Educação de Goiás

divulgou uma nova política educacional denominada “Pacto pela Educação: Um

futuro melhor exige mudanças”. Em sua conjuntura estão estruturados os

pilares, metas e estratégias que nortearam todo o trabalho escolar. Esta nova

política educacional forja em suas estruturas mudanças no perfil profissional do

professor, algo que será compreendido através de uma análise sistematizada

da nova política educacional de Goiás e servirá de base para compreender o

posicionamento do Sintego, como organização política dos professores, frente

a reestruturação da carreira e da profissão.

Para compreender o posicionamento do Sintego frente a nova política

educacional em Goiás está sendo desenvolvido um estudo baseado em duas

premissas básicas: as características da política educacional em Goiás e as

manifestações do sindicato dos trabalhadores em educação de Goiás. A

primeira como forma de compreender o perfil profissional do professor

requisitado pela nova política educacional e a segunda como maneira de

entender os caminhos trilhados pelo Sintego para defender os interesses

trabalhistas do professor.

Sobre a nova política educacional, Libâneo (2011), afirma que “uma

análise das metas, estratégias e ações propostas não deixa dúvidas de que se

trata de um modelo de intervenção diretamente inspirado na proposta dos

organismos internacionais (Banco Mundial, OCDE, UNESCO, etc.) para a

escola de países em desenvolvimento” (p.1). De fato, é uma política

educacional que aproxima educação de emprego e tem a escola como espaço

propício para a formação de força produtiva para o mercado de trabalho. Segue

Capa Índice 10958

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 10958 - 10962

2

os princípios disseminados na década de 1990 de Desenvolvimento Humano e

tem características semelhantes às incentivadas pela CEPAL (Comissão

Econômica Para a América Latina). Que segundo os estudos apresentados por

Corragio (1999) “produziu em 1990 (...) uma proposta de estratégia econômica

para a região, denominada ‘Transformação produtiva com equidade’ “(p.88).

Essa proposta corrobora com os ideais defendidos em Jomtiem na

Conferência Mundial sobre Educação para Todos que tinha como centro da

ação, segundo CORRAGIO (1999), a busca por caminhos para “satisfazer as

Necessidades Básicas de Aprendizagem- NEBA, cuja satisfação mediante a

educação básica conduziria ao DH” (p.71). Dessa forma, as NEBAs

correspondem aos “conhecimentos, capacidades, atitudes e valores

necessários para que as pessoas sobrevivam, melhorem sua qualidade de vida

e continuem aprendendo” (p.72). Um processo amplo que visa o

desenvolvimento da pessoa humana capaz de buscar e criar novas realidades

que contribua com sua formação, um ser ativo socialmente.

A partir dessas diretrizes a escola é vista como o espaço adequado para

desenvolver a educação. É em suas dependências que devem ser criadas as

condições para efetivar o direito social da educação e as políticas educacionais

devem focar no trabalho realizado em seu espaço. A escola tanto pode servir

de espaço para uma política educacional que visa o emprego como também

para uma política que tem como princípio as coesões sociais ou até mesmo

ambas.

A política educacional implantada em Goiás tem suas bases na

tendência mundial em educação disseminada e aplicada em todo o planeta de

acordo as características de cada país. O Brasil adotou a descentralização

como estratégia para ampliar a oferta educacional no início dos anos de 1990 e

os Estados e Munícipios ganharam autonomia para desenvolver seus sistemas

de ensino respeitando uma base nacional comum, mas valorizando suas

particularidades. É nessa autonomia relativa que a Secretaria Estadual de

Educação de Goiás se apoia para desenvolver sua política educacional,

baseada em princípios meritrocráticas de estímulo à empregabilidade. Uma

tendência já desenvolvida em outros Estados brasileiros, porém com a

Capa Índice 10959

3

particularidade local. E é na estreiteza dessa particularidade que será buscado

no Pacto pela Educação o perfil profissional do professor para atender as

demandas educacionais pretendidas por essa nova política educacional: a

partir da compreensão das características da politica aplicada, se de governo

ou de Estado; se de ampliação ou compensação e como isso ocorre; como

organiza o trabalho pedagógico do professor; e que postura o professor deve

assumir para ingressar, permanecer e atuar no magistério público estadual.

A compreensão do perfil profissional para o professor atender as

demandas da nova política educacional de Goiás será a base para analisar os

posicionamentos do Sintego frente essa nova realidade. Esse entendimento

ocorrerá a partir da compreensão dos significados e sentidos do sindicalismo

brasileiro, especialmente do Sintego a partir de sua fundação.

Sobre o sindicalismo no Brasil, verifica-se que, desde os anos de 1990 o

país vive uma nova realidade sindical, denominada como propositista. Segundo

Boito Jr. (1999), tem como essência negociar e apresentar propostas ao

patrão, sendo “... um sindicalismo que pretende elaborar propostas que

interessariam tanto aos governos neoliberais e às empresas quanto aos

trabalhadores.” (p.144)

Para Boito Jr. (1999) “essa estratégia desestimula e desvaloriza a

mobilização e a luta de massa”. (p.144) e a consequência disso é a

individualização das organizações sociais que estão se tornando incapazes de

pensarem além de seus interesses particulares. O que podemos verificar na

história do sindicalismo brasileiro é que são organizações reconhecidas pelo

Estado através da justiça do trabalho como representativa de determinada

categoria de profissionais. Desde a sua origem busca através desse

reconhecimento negociar com o patrão um contrato coletivo de trabalho que

determine as condições de trabalho e salário dos trabalhadores.

O Sintego é fruto desse sindicalismo, portanto, é uma organização social

representativa do sujeito coletivo dos profissionais da educação do Estado de

Goiás. Um sujeito coletivo, pessoa jurídica de direito privado, criado pelo

Congresso Unificado dos Trabalhadores em Educação de Goiás, realizado na

cidade de Itumbiara entre os dias 25,26 e 27 de novembro de 1988. Passou a

Capa Índice 10960

4

representar força política nos anos 1980 quando ainda era o Centro dos

Professores de Goiás (CPG) e lutou em conjunto com outras organizações pelo

processo de redemocratização do Brasil e melhores condições de trabalho aos

trabalhadores em geral. Atualmente é uma organização representativa com

poderes para representar todos os trabalhadores em educação pública do

Estado e dos municípios de Goiás; filiado a Central Única dos Trabalhadores

(CUT) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).

Através de pesquisa documental e bibliográfica pretende-se identificar o

perfil profissional do professor exigido pela nova política educacional aplicada

em Goiás a partir do ano de 2011e analisar o processo histórico do Sintego e

suas características políticas para compreender as posturas adotadas pelo

mesmo na nova dinâmica educacional de Goiás. É uma pesquisa que tem

como meta compreender o posicionamento do Sintego frente as novas políticas

educacionais do Estado de Goiás a partir do estudo dos princípios que

norteiam essa nova política e o Sintego.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BOITO JR. Armando. O Sindicalismo de Estado no Brasil: Uma análise da

Estrutura sindical. São Paulo: Unicamp, 1991.

BOITO JR. Armando. Política Neoliberal e Sindicalismo no Brasil. 2ª ed. São

Paulo: Xamã, 1999.

CORRÁGIO, José Luis. Desenvolvimento Humano e educação: o papel das

ONGs latinoamericanas na iniciativa da educação para todos. 2ª Ed. São

Paulo. Cortez, 1999.

GOIÁS. Secretaria de Educação. Pacto pela Educação: Um Futuro melhor

exige mudanças. Goiânia, 2011. Disponível em:

http://educacao.go.gov.br/especiais/pactopelaeducacao/. Dia 16/03/2012.

Capa Índice 10961

5

LIBÂNEO, José Carlos. Considerações Críticas sobre o Documento “Diretrizes

do Pacto pela Educação: Reforma Educacional Goiana”. Goiânia, PUC-Goiás,

2011.

SCHWARTZMAN, Simon, COX, Cristian. Coesão Social e Políticas Educacionais na América Latina. In: SCHWARTZMAN, Simon, COX, Cristian. Políticas educacionais e coesão Social: Uma agenda latina-americana. Trad. Micheline Christophe e Roberta Caldas. Rio de Janeiro: Elsever; São Paulo: IFHC,2009.

UNESCO. Declaração Mundial sobre Educação para Todos: Satisfação das

necessidades básicas de aprendizagem. Jontiem, 1990. UNESCO, 1998.

Capa Índice 10962

ALMEIDA, J. G. R.; ROMÃO, P. de A.; MASCARENHA, M. M. dos A. Erodibilidade de materiais inconsolidados

não saturados. In: CONGRESSO DE PESQUISA, ENSINO E EXTENSÃO DA UFG – IX CONPEEX, 2012,

Goiânia. IX Seminário de Pós-Graduação da UFG. Goiânia: UFG, 2012.

1

ERODIBILIDADE DE MATERIAIS INCONSOLIDADOS NÃO SATURADOS: ESTUDO DE CASOS QUANTO À EROSÃO LAMINAR EM UM SOLO TROPICAL

MADURO E EM OUTRO RESIDUAL JOVEM João Guilherme Rassi ALMEIDA1; Patrícia de Araújo ROMÃO2; Márcia de Maria dos

Anjos MASCARENHA3

1Mestrando pelo GECON ([email protected]); 2Orientadora pelo GECON / IESA

([email protected]); 3Co-orientadora pelo GECON ([email protected])

Órgão Financiador: CNPQ / Petrobras

Palavras-chave: Erosão laminar; Solos não saturados; Solos tropicais.

1 INTRODUÇÃO O processo erosivo é um fenômeno pelo qual ocorre perda de massa de solo

devido ao carreamento de partículas, principalmente pela ação das águas e dos

ventos. A problemática ambiental devido à ocorrência de erosões hídricas, laminares

ou lineares, está relacionada a eventos como perda de solos produtivos e

assoreamento de rios e lagos. Os processos erosivos representam enormes custos

ambientais, sociais e econômicos, quando ocorre, por exemplo, perda de solos

produtivos, ou outros movimentos de massa, como os deslizamentos.

Com relação ao escoamento superficial da água, Salomão (2007) comenta

que a erosão laminar pode ser considerada como o escoamento difuso das águas

de chuva, resultando na remoção relativamente uniforme das camadas ou

horizontes superficiais do solo.

Em regiões tropicais, os condicionantes como o clima, o relevo, o solo e o uso

e ocupação do solo pelo homem são determinantes no entendimento da

suscetibilidade de um terreno aos processos erosivos hídricos. Devido ao alto grau

de intemperismo físico, químico e/ou biológico, os solos dessas regiões,

denominados solos tropicais, apresentam características distintas de

comportamento, comparados àqueles classificados somente pelos métodos

tradicionais da mecânica dos solos.

Nas regiões tropicais também é comum que esses solos ocorram na condição

não saturada. No perfil, essa condição equivale principalmente à zona ativa, ou seja,

à profundidade compreendida entre a superfície terrestre e a profundidade

aproximada de três metros, limítrofe com a zona freática. Fredlund e Rahardjo

Capa Índice 10963

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 10963 - 10967

ALMEIDA, J. G. R.; ROMÃO, P. de A.; MASCARENHA, M. M. dos A. Erodibilidade de materiais inconsolidados

não saturados. In: CONGRESSO DE PESQUISA, ENSINO E EXTENSÃO DA UFG – IX CONPEEX, 2012,

Goiânia. IX Seminário de Pós-Graduação da UFG. Goiânia: UFG, 2012.

2

(1993) afirmam que quando os vazios dos solos encontram-se totalmente

preenchidos por água, denomina-se solo saturado, e quando há presença de ar,

denomina-se não saturado. Devido à pressão isotrópica da água intersticial

(presente nos vazios), ocorre o fenômeno denominado de sucção, o qual influencia,

juntamente com as condições climáticas, no acréscimo ou decréscimo do grau de

saturação.

Camapum de Carvalho et al. (2006) dividem em dois fatores, externos e

internos, os aspectos que contribuem para a formação e intensificação dos

processos erosivos. Dentre os fatores externos estão: potencial de erosividade da

chuva, condições de infiltração, escoamento superficial, declividade e comprimento

do talude ou encosta. Já como fatores internos são citados: gradiente crítico,

desagregabilidade e erodibilidade do solo.

Neste contexto, é possível afirmar que os solos tropicais devem ser

analisados por causa do comportamento distinto na previsão do processo erosivo

quando na condição de solos não saturados. Dessa forma, o presente estudo tem

como objetivo principal a análise da influência da sucção na erodibilidade de solos

tropicais e não tropicais sujeitos a fluxos laminares.

2 MATERIAIS E MÉTODOS Para realização do presente estudo foram selecionadas duas regiões

susceptíveis a ocorrência de processos erosivos laminares, devido às suas elevadas

inclinações do terreno. Contudo, em campo, observa-se que em um dos locais o

processo erosivo está atuante e no outro não. Tal fato pode ser explicado pela

presença distinta do solo de cada região, sendo que o ambiente mais estável

apresenta solo bastante intemperizado (solo maduro), identificado como do tipo

Argissolo. Já o ambiente mais frágil à erosão laminar possui solos pouco

intemperizados (solo residual jovem), identificado como Cambissolo. A Figura 01

representa o mapa de localização das amostras coletadas para os ensaios de

laboratório.

Em ambos os solos foram extraídas amostras deformadas para realização

dos ensaios de caracterização convencional, método da mancha, também

denominado de azul de metileno (PEJON, 1992); método da pastilha, para

identificação expedita do grupo MCT (DERSA, 2006); e para o ensaio denominado

crumb test.

Capa Índice 10964

ALMEIDA, J. G. R.; ROMÃO, P. de A.; MASCARENHA, M. M. dos A. Erodibilidade de materiais inconsolidados

não saturados. In: CONGRESSO DE PESQUISA, ENSINO E EXTENSÃO DA UFG – IX CONPEEX, 2012,

Goiânia. IX Seminário de Pós-Graduação da UFG. Goiânia: UFG, 2012.

3

Figura 01 – Mapa de localização das amostras de solo coletadas para ensaios laboratoriais.

Também serão extraídas amostras indeformadas para determinação da curva

característica solo água, através de ensaio de sucção pelo método do papel filtro

(MARINHO,1994); para realização dos ensaios de Inderbtizen (AGUIAR, 2009,

modificado) em diferentes teores de umidade; e para os ensaios de desagregação

(SANTOS, 1997).

3 ANÁLISE DOS RESULTADOS Foram realizados os ensaios de caracterização básica dos solos (massa

específica, limites de liquidez e plasticidade), cujos parâmetros constam na Tabela

01. As curvas granulométricas de cada solo constam nas Figuras 02 e 03.

Um dos fatores de maior interesse na análise granulométrica é a comparação

dos ensaios com defloculante e sem defloculante. Pode-se notar um comportamento

bastante distinto entre os dois tipos de solo. No caso do Argissolo, observa-se uma

discrepância na diferença entre a porcentagem de finos com e sem defloculante,

indicando possível existência de agregações da fração argila, no tamanho de

partículas de areia, sendo um comportamento típico de solos lateríticos.

Para o Cambissolo, não foram observadas diferenças expressivas nesses

valores, o que nesse caso indicou ser um solo mais jovem, sem ter passado por um

processo pedogenético intenso. Tabela 01 – Índices físicos obtidos em laboratório.

Índices Físicos Argissolo Cambissolo Umidade Higroscópica (%) 4,06 1,17 Limite de Liquidez (%) 48 38 Limite de Plasticidade (%) 36 26 Índice de Plasticidade (%) 12 12 Massa Específica Real dos Grãos (g/cm³) 2,88 2, 80

Capa Índice 10965

ALMEIDA, J. G. R.; ROMÃO, P. de A.; MASCARENHA, M. M. dos A. Erodibilidade de materiais inconsolidados

não saturados. In: CONGRESSO DE PESQUISA, ENSINO E EXTENSÃO DA UFG – IX CONPEEX, 2012,

Goiânia. IX Seminário de Pós-Graduação da UFG. Goiânia: UFG, 2012.

4

Figura 02 – Curva granulométrica do

Argissolo em estudo. Figura 03 – Curva granulométrica do

Cambissolo em estudo. Por meio dos índices físicos (Tabela 01) e das curvas granulométricas de

cada solo (Figuras 02 e 03), foram obtidas as classificações, segundo o Sistema

Unificado de Classificação dos Solos (SUCS) e o Sistema Rodoviário de

Classificação dos Solos (TRB), para cada tipo de solo (Tabela 02). Tabela 02 – Classificação

Classificação Argissolo Cambissolo SUCS Silte de Baixa Compressibilidade (ML) Areia Siltosa (SM) TRB A-7-5 A-6

O processo de classificação enquadra solos de características semelhantes,

como no caso do Argissolo que foi classificado como um solo com predominância de

silte, de baixa compressibilidade, com baixa quantidade de matéria orgânica e

plasticidade relativamente baixa, segundo o SUCS. Já pelo Sistema Rodoviário, foi

classificado como A-7-5, ou seja, um material de plasticidade moderada em relação

ao limite de liquidez, podendo ser altamente elástico e sujeito a mudanças de

volume.

Já o solo identificado como Cambissolo, segundo o SUCS, apresentou

características de solos granulares com fração fina relativamente alta, de 5 a 12% de

finos passando na peneira de 0,075 mm de abertura; com tendência insignificante à

expansão e contração, além de apresentar baixíssima resistência quando seco.

Após a realização dos demais ensaios laboratoriais espera-se obter dados

relevantes da influência da sucção na erodibilidade, obter relações entre

erodibilidade e características dos solos tropicais e contribuir para o

desenvolvimento metodológico do ensaio, assim como para o conhecimento das

propriedades geotécnicas dos materiais inconsolidados analisados, principalmente

quanto a sua erodibilidade.

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

0,001 0,01 0,1 1 10 100

% q

ue p

assa

Diâmetro (mm)

s/ defloculante c/ defloculante

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

0,001 0,01 0,1 1 10 100

% q

ue p

assa

Diâmetro (mm)

S/ Defloculante

c/ defloculante

Capa Índice 10966

ALMEIDA, J. G. R.; ROMÃO, P. de A.; MASCARENHA, M. M. dos A. Erodibilidade de materiais inconsolidados

não saturados. In: CONGRESSO DE PESQUISA, ENSINO E EXTENSÃO DA UFG – IX CONPEEX, 2012,

Goiânia. IX Seminário de Pós-Graduação da UFG. Goiânia: UFG, 2012.

5

4 CONCLUSÕES Por meio das curvas granulométricas, foi possível identificar o teor de

agregação da fração argila, mais proeminente no Argissolo do que no Cambissolo.

Este fator foi um indicativo para que os solos fossem diferenciados quanto à

intensidade do intemperismo, com prováveis comportamentos distintos.

Após a conclusão de todos os ensaios propostos na metodologia, espera-se

entender os processos erosivos que ocorrem ou possam ocorrer nas regiões

amostradas, correlacionando características físico-químicas e pedológicas de cada

solo com diferentes teores de umidade (variação da sucção), procurando assim

contribuir para o entendimento do comportamento dos solos frente aos processos

erosivos, em estações secas e chuvosas.

5 REFERÊNCIAS AGUIAR, de V. G. Bacia hidrográfica do Córrego Granada – Aparecida de Goiânia – GO:

os processos erosivos e a dinâmica espacial urbana. Dissertação (Mestrado). 97p. Programa de

Pós Graduação em Geotecnia, Estruturas e Construção Civil – PPG-GECON. Goiânia, 2009.

CAMAPUM DE CARVALHO, J.; SALES, M.M.; MORTARI, D.; FÁZIO, J. A.; MOTTA, da N.

O.; FRANCISCO, R. A. Processos erosivos. In: CAMAPUM DE CARVALHO, J.; SALES, M. M.;

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Brasília: FINATEC, 2006. v 1, p 39-88.

DERSA. Diretrizes para identificação expedita do solo laterítico – “Método da Pastilha.”

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FREDLUND, D. G.; RAHARDJO, H. Soil Mechanics for Unsaturated Soil. John Wiley &

Sons, Inc. New York, USA, 1993, 517p.

MARINHO, F. A. M. Medição de sucção com o método do papel filtro. In: X CONGRESSO BRASILEIRO DE MECÂNICA DOS SOLOS E ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES. v2.

9p. Foz do Iguaçu, 1994.

PEJON, O. J. Mapeamento geotécnico da Folha Piracicaba – SP (escala 1:100.000): estudo dos aspectos metodológicos, de caracterização e de apresentação de atributos. 1992.

213 f, vol 1. Tese (Doutorado em Engenharia Civil) – Área de Geotecnia, Universidade de São Paulo,

São Carlos, 1992.

SALOMÃO, F. X. de T. Controle e prevenção dos processos erosivos. In: GUERRA, A. J.

T.; SILVA da, A. S.; BOTELHO, R. G. M. (Org.). Erosão e conservação dos solos: conceitos, temas

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SANTOS, dos R. M. M. Caracterização geotécnica e análise do processo evolutivo das erosões no Município de Goiânia. 1997. 138p. Dissertação (Mestrado em Geotecnia) –

Departamento de Engenharia Civil. Universidade de Brasília, Brasília, 1997.

Capa Índice 10967

Capa Índice 10968

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 10968 - 10968

PARADA, J. O.; PRADO, Z. N. D. Vibrações não-lineares em tubulações com fluido em escoamento. In: CONGRESSO DE PESQUISA, ENSINO E EXTENSÃO DA UFG – IX CONPEEX, 2012, Goiânia. IX Seminário de Pós-Graduação da UFG. Goiânia: UFG, 2012. 5p.

1

VIBRAÇÕES NÃO-LINEARES EM TUBULAÇÕES COM FLUIDO EM ESCOAMENTO

PARADA, Joaquim Orlando; PRADO, Zenón J. G. Nunez Del.

Palavras-chave: Interação fluido-estrutura, tubulações, Instabilidade dinâmica.

1 INTRODUÇÃO

O estudo do comportamento de um tubo em balanço com fluido interno em

escoamento engloba um campo bastante amplo da dinâmica das estruturas,

envolvendo diversas situações em que um corpo sólido encontra-se em contato com

um fluido de fluxo estático ou dinâmico. Em alguns casos essas interações

representam fenômenos complexos como a fuselagem de uma aeronave em pleno

vôo, um arranha-céu sobre a ação do vento, um sistema de tubulação para

exploração de petróleo e, também, casos relativamente simples e comuns como

uma mangueira de jardim, ou mesmo, uma mangueira do corpo de bombeiros

descarregando água. O estudo da interação fluido estrutura consiste na análise e

compreensão da vibração sofrida por um sólido quando submetido a um

determinado regime de escoamento, estático, pulsante, turbulento, etc. Cada

fenômeno de vibração acontece sob condições específicas, ou seja, cada análise

requer propriedades físicas distintas da estrutura em estudo e, consequentemente,

do regime de escoamento a que ela está submetida.

Um tubo em balanço com fluido estático em escoamento é um sistema não

conservativo, que para velocidades do fluido (u) menores que a velocidade critica

(ucr), o sistema esta sujeito a efeitos do amortecimento induzido pela força de

Coriolis e, para velocidades superiores a velocidade critica perde sua estabilidade

por flutter, através de uma bifurcação do tipo Hopf, diz-se, portanto, que o sistema

sofre uma instabilidade comum. Quando o fluxo do fluido é considerado dinâmico, ou

seja, dependente do tempo, para valores de velocidade do fluido maiores que a

velocidade crítica, diz-se que o sistema sofre uma instabilidade paramétrica ou,

ressonância paramétrica, sendo esta última caracterizada pelo crescimento

exponencial da amplitude da resposta no tempo, enquanto na ressonância normal

esse crescimento é linear.

Capa Índice 10969

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 10969 - 10973

PARADA, J. O.; PRADO, Z. N. D. Vibrações não-lineares em tubulações com fluido em escoamento. In: CONGRESSO DE PESQUISA, ENSINO E EXTENSÃO DA UFG – IX CONPEEX, 2012, Goiânia. IX Seminário de Pós-Graduação da UFG. Goiânia: UFG, 2012. 5p.

2

O objetivo deste trabalho é estudar como a variação de alguns parâmetros, como a

presença de uma massa concentrada na extremidade de um tubo em balanço bem

como um fluido pulsante, podem alterar a estabilidade do sistema.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

A equação de movimento linear de um tubo em balanço com fluido de fluxo contínuo

é representada por uma equação diferencial parcial adimensional formulada por

Paїdoussis (1970), dada pela Equação (2.1).

( ) ( ) ( ) ( ) 0,,2,,2

22

2

22

4

4

=∂∂+

∂∂

∂+

∂∂+

∂∂ τξη

ττξη

τξβτξη

ξτξη

ξuu (2.1)

Para a análise do sistema sob escoamento de fluido pulsante, considera-se que a

velocidade do fluido (u) seja formada por uma parcela harmônica dependente do

tempo (τ) sobreposta à parcela estática (u0) do fluido.

( )( )τωµ cos10 += uu (2.2)

Acrescentando-se à Equação (2.1) uma massa concentrada (mc), amortecimento

visco elástico do tipo Kelvin-Voigt e, fluido pulsante têm-se:

( ) ( )( ) ( ) ( )( )τωµβτξηξ

τωµτξηξ

cos12,cos1, 02

222

04

4

++

∂∂++

∂∂

uu

(2.3)( ) ( )( ) ( ) ( ) 0,,1,

4

5

2

22

=

∂∂

∂+

∂∂−++

∂∂

∂ τξητξ

ατξητ

ξδψτξητξ

s

Onde:

( ) L

s

L

w

LMm

m

Mm

M

L

t

Mm

IELU

IE

Mu

L

a

Mm

IE

c ==+

=+

=

+

=

=

+

=

ξηψβ

τα2

2

1

2

1

2

2

1

(2.4)

O primeiro termo da Equação (2.3) representa a rigidez à flexão, o segundo termo

representa a força de Coriolis, o terceiro representa a força centrífuga, o quarto

termo representa a inércia da massa concentrada e, o quinto representa a inércia do

sistema.

Capa Índice 10970

PARADA, J. O.; PRADO, Z. N. D. Vibrações nãCONGRESSO DE PESQUISA, ENSINO E EXTENSÃO DA UFG de Pós-Graduação da UFG. Goiânia: UFG, 2012.

Para análise da estabilidade

Equação (2.3), precisa ser di

Galerkin, representado pela Equação (2.6).

( ) ( ) ( ) rqr

rr ,, =∑ τξφτξη

( ) ( ) (( ξλξλξφ rrr += coscosh

( ) ( )( ) ( )rr

rrr senhsen λλ

λλσ

−−

=coshcos

Onde qr(τ) são as coordenadas generalizadas

mesmas condições de contorno do sistema em análise e,

3 RESULTADOS

Para análise paramétrica do sistema, foram plotados diagramas que permitem

estudar a estabilidade do sistema através da análise dos autovalores, denominados

diagramas de Argand. Nas F

Argand de um tubo em balanço, modelado com quatro modos, sem massa

concentrada, sem amortecimento, fluxo do fluido contínuo

respectivamente. As Figuras 3.1(a) e 3.2(a) mostram a variação da parte real e

imaginária dos autovalores, as Figuras 3.1(b) e 3.2(b) relacionam a parte imaginária

do autovalor com o incremento da velocidade do fluido (

3.2(c) relacionam a parte real do autovalor com a velocidade do fluido.

Figura 3.1 - Diagramas de Argand para um tubo em balanço, sem massa concentrada, e

(a)

Vibrações não-lineares em tubulações com fluido CONGRESSO DE PESQUISA, ENSINO E EXTENSÃO DA UFG – IX CONPEEX, 2012, Goiânia.

Goiânia: UFG, 2012. 5p. Figura 2.1 - Sistema em análise.

álise da estabilidade, o sistema contínuo da Figura 2.1, representado pela

, precisa ser discretizado, o que pode ser feito através do método de

pela Equação (2.6).

Modosdenº...1=

)) ( ) ( )( )ξλξλσξ rrr sensenh +−

o as coordenadas generalizadas, ϕr(ξ) são funções de viga com as

contorno do sistema em análise e, λr são os

Para análise paramétrica do sistema, foram plotados diagramas que permitem

estudar a estabilidade do sistema através da análise dos autovalores, denominados

as Figuras 3.1 e 3.2 são apresentados os diagramas de

Argand de um tubo em balanço, modelado com quatro modos, sem massa

, sem amortecimento, fluxo do fluido contínuo e com

respectivamente. As Figuras 3.1(a) e 3.2(a) mostram a variação da parte real e

imaginária dos autovalores, as Figuras 3.1(b) e 3.2(b) relacionam a parte imaginária

do autovalor com o incremento da velocidade do fluido (U) e as

3.2(c) relacionam a parte real do autovalor com a velocidade do fluido.

Diagramas de Argand para um tubo em balanço, sem massa concentrada, e

(b)

ido em escoamento. In: IX CONPEEX, 2012, Goiânia. IX Seminário

3

a Figura 2.1, representado pela

scretizado, o que pode ser feito através do método de

(2.6)

(2.7)

(2.8)

são funções de viga com as

são os autovalores.

Para análise paramétrica do sistema, foram plotados diagramas que permitem

estudar a estabilidade do sistema através da análise dos autovalores, denominados

são apresentados os diagramas de

Argand de um tubo em balanço, modelado com quatro modos, sem massa

e com β = 0,1 e 0,3

respectivamente. As Figuras 3.1(a) e 3.2(a) mostram a variação da parte real e

imaginária dos autovalores, as Figuras 3.1(b) e 3.2(b) relacionam a parte imaginária

) e as Figuras 3.1(c) e

3.2(c) relacionam a parte real do autovalor com a velocidade do fluido.

Diagramas de Argand para um tubo em balanço, sem massa concentrada, e β=0,1

(c)

Capa Índice 10971

PARADA, J. O.; PRADO, Z. N. D. Vibrações nãCONGRESSO DE PESQUISA, ENSINO E EXTENSÃO DA UFG de Pós-Graduação da UFG. Goiânia: UFG, 2012.

Figura 3.2 - Diagramas de Argand para um tubo em balanço, sem massa concentrada, e

(a)

De acordo com a Figura 3.1

imaginária dos autovalores torna

crítica para este sistema é

a parcela imaginária dos autovalore

sistema com β = 0.3 a velocidade crítica do fluido é

Outra forma de se analisar a estabilidade do sistema é através das fronteiras de

instabilidades, que são curvas que relacionam os valores de

velocidade crítica Ucr. Nas F

um tubo em balanço sem amortecimento, sem massa concentrada e com fluido

estático.

(a)

A Figura 3.3(a) representa as fronteiras de instabilidade do sistema modelado com

dois, quatro, seis e oito modos de viga. Na figura 3.3(b) encontram

de instabilidade do sistema modelado com quatro modos de viga e valore

incrementais de amortecimento

modelado com quatro modos de

extremidade do tubo.

O incremento do fluido pulsante foi analisa

do sistema ao longo do tempo, portanto,

respostas no tempo de um tubo em balanço

concentrada, β = 0.1, u0 = 4.5

Vibrações não-lineares em tubulações com fluido CONGRESSO DE PESQUISA, ENSINO E EXTENSÃO DA UFG – IX CONPEEX, 2012, Goiânia.

Goiânia: UFG, 2012. 5p. Diagramas de Argand para um tubo em balanço, sem massa concentrada, e

(b)

De acordo com a Figura 3.1(b), a velocidade do fluido (U) na qual a parcela

imaginária dos autovalores torna-se negativa é igual a 4.8, portanto a velocidade

crítica para este sistema é Ucr = 4.8. Na figura 3.2(b), a velocidade do fluido na qual

a parcela imaginária dos autovalores torna-se negativa é igual a 8.4, ou seja, para o

3 a velocidade crítica do fluido é Ucr = 8.4.

Outra forma de se analisar a estabilidade do sistema é através das fronteiras de

instabilidades, que são curvas que relacionam os valores de β com sua respectiva

. Nas Figuras 3.3 encontram-se as fronteiras de instabilidade de

sem amortecimento, sem massa concentrada e com fluido

Figura 3.3 – Fronteiras de instabilidade

(b)

Figura 3.3(a) representa as fronteiras de instabilidade do sistema modelado com

dois, quatro, seis e oito modos de viga. Na figura 3.3(b) encontram

de instabilidade do sistema modelado com quatro modos de viga e valore

rtecimento (α) e, na Figura 3.3(c) estão as fronteiras do sistema

modelado com quatro modos de viga, com e sem massa concentrada na

O incremento do fluido pulsante foi analisado através de respostas do deslocamento

do tempo, portanto, na Figura 3.4 estão representadas as

respostas no tempo de um tubo em balanço sem amortecimento, sem massa

= 4.5, relação entre a frequência natural do tubo (

ido em escoamento. In: IX CONPEEX, 2012, Goiânia. IX Seminário

4

Diagramas de Argand para um tubo em balanço, sem massa concentrada, e β=0,3.

(c)

) na qual a parcela

8, portanto a velocidade

Na figura 3.2(b), a velocidade do fluido na qual

4, ou seja, para o

Outra forma de se analisar a estabilidade do sistema é através das fronteiras de

com sua respectiva

fronteiras de instabilidade de

sem amortecimento, sem massa concentrada e com fluido

(c)

Figura 3.3(a) representa as fronteiras de instabilidade do sistema modelado com

dois, quatro, seis e oito modos de viga. Na figura 3.3(b) encontram-se as fronteiras

de instabilidade do sistema modelado com quatro modos de viga e valores

) e, na Figura 3.3(c) estão as fronteiras do sistema

com e sem massa concentrada na

respostas do deslocamento

na Figura 3.4 estão representadas as

sem amortecimento, sem massa

relação entre a frequência natural do tubo (wn) e a

Capa Índice 10972

PARADA, J. O.; PRADO, Z. N. D. Vibrações nãCONGRESSO DE PESQUISA, ENSINO E EXTENSÃO DA UFG de Pós-Graduação da UFG. Goiânia: UFG, 2012.

frequência natural da força (

força(). Figura 3.

(a)

4 CONCLUSÕES

Através dos diagramas de Argand

é extremamente sensível à relação entre massas do sistema (

velocidade crítica é diretamente proporcional

incrementais de β, o sistema

ilustram que, a análise da estabilidade do sistema modelado para dois modos de

viga fica comprometida. N

amortecimento (α) e, a presen

desestabilizam o sistema. A resposta

longo do tempo, na presença de fluido pulsante

sofre sua primeira ressonância paramétrica principal, caracterizada por um

crescimento exponencial da resposta no tempo.

5 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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WANG, L. A further study on the nonconveying pulsating fluid. International Journal of NonCanada, v. 44, p. 115-121.

Vibrações não-lineares em tubulações com fluido CONGRESSO DE PESQUISA, ENSINO E EXTENSÃO DA UFG – IX CONPEEX, 2012, Goiânia.

Goiânia: UFG, 2012. 5p. frequência natural da força (w) igual a um, variando-se o valor da amplitude da

Figura 3.4 – Resposta no tempo com fluido pulsante

(b)

Através dos diagramas de Argand percebe-se que a velocidade crítica do fluido (

é extremamente sensível à relação entre massas do sistema (

velocidade crítica é diretamente proporcional à relação β, portanto, para valores

o sistema ganha estabilidade. As fronteiras de instabilidade

a análise da estabilidade do sistema modelado para dois modos de

. Nota-se, também, que o incremento do valor do

e, a presença da massa concentrada na extremidade do

A resposta da amplitude do deslocamento do sistema ao

na presença de fluido pulsante, mostra que para

sofre sua primeira ressonância paramétrica principal, caracterizada por um

crescimento exponencial da resposta no tempo.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Structure Interactions, Academic Press, Vol. 1,San

DOUSSIS, M. P. Dynamics of tubular cantilevers conveying fluid. Mechanical Engineering Science. Canada, v. 12, p. 85-103. 1970.

DOUSSIS, M. P.; ISSID, N. T. Dynamic stability of pipes conveying fluid. . Canada, v. 33, p. 267-294. 1974.

further study on the non-linear dynamics of simply supported pipes International Journal of Non-Linear Mechanics. 2009.

ido em escoamento. In: IX CONPEEX, 2012, Goiânia. IX Seminário

5

se o valor da amplitude da

(c)

velocidade crítica do fluido (Ucr)

é extremamente sensível à relação entre massas do sistema (β), sendo que a

, portanto, para valores

s de instabilidade

a análise da estabilidade do sistema modelado para dois modos de

o incremento do valor do

ça da massa concentrada na extremidade do tubo,

da amplitude do deslocamento do sistema ao

= 0.92 o sistema

sofre sua primeira ressonância paramétrica principal, caracterizada por um

Academic Press, Vol. 1,San

DOUSSIS, M. P. Dynamics of tubular cantilevers conveying fluid. Journal of 103. 1970.

DOUSSIS, M. P.; ISSID, N. T. Dynamic stability of pipes conveying fluid. Journal

linear dynamics of simply supported pipes Linear Mechanics.

Capa Índice 10973

Proposta de Monitoramento e Automação do Sistemade Atenção Primária a Saúde

Joelias S. Pinto JÚNIOR1, Augusto J. Venâncio NETO1

[email protected], [email protected]

1Instituto de Informática -- Universidade Federal de Goiás (UFG)

Palavras-chave: Monitoramento, Automação, Atenção Primária a Saúde.

1. IntroduçãoO aumento do número de dispositivos móveis multifuncionais está fazendo comque a computação ubíqua esteja cada vez mais presente na vida das pessoas,seja no âmbito profissional, pessoal ou educacional. Além de comodidade e fle-xibilidade, a computação móvel tem valor acrescido nos serviços sociais, princi-palmente em áreas críticas como a saúde. A sobrecarga nos serviços públicoshospitalares, causados pela grande demanda populacional, faz com que sejambuscadas novas alternativas para mitigar esta problemática [COMAH 2009].

Como solução a tal problema, o modelo de Atenção Primária a Saúde(APS) desenvolve um papel fundamental ao Sistema Único de Saúde (SUS)brasileiro [Portal da Saúde 2007]. A APS é uma forma de organização dosserviços de saúde que responde a um modelo assistencial, por meio da qualse busca integrar todos os aspectos desses serviços, e que tem por perspectivaas necessidades de saúde da população.

Um dos principais responsáveis por garantir o bom funcionamento do sis-tema APS são os agentes de saúde, os quais preenchem relatórios de visita ecadastro de cada paciente que visitam, de forma totalmente manual. Esses re-latórios são armazenados nas unidades de saúde, e delas saem para as secre-tarias de saúde municipais. Os dados mais relevantes são digitalizados, sendoque cada vez que sofrem uma alteração em papel é necessário refazer também oarquivo digital. O apoio de TICs, como a automação da parte feita em papel dessesistema para um sistema online, pode agilizar drasticamente o procedimento demonitoramento e o acompanhamento da sociedade em geral, mantendo a basede dados da secretaria de saúde diretamente atualizada, evitando a redundânciade dados e agilizando o processo de cadastro, bem como permitindo acesso emtempo real das informações.

Este artigo, aborda o desenvolvimento do aplicativo móvel Primary HealthCare System (PHCS) com o objetivo de dar apoio a otimização da carga de

Capa Índice 10974

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 10974 - 10978

serviços públicos de saúde, auxiliando seus agentes a monitorar a populaçãocom maior eficiência. O PHCS foi desenvolvido para que através de um dispo-sitivo móvel multifuncional seja possível fazer o sensoriamento e a transmissãode dados vitais de um paciente através da infraestrutura móvel de comunicaçãoespecificada no âmbito do projeto COMAH (Cognitividade com Sensibilidade aContexto como Suporte a Otimização de Redes em Malha Heterogêneas).

2. Material e Métodos

2.1. Descriçao do PHCS

O PHCS consiste na utilização, por agentes de saúde integrantes do programade APS, do PHCS instalado num dispositivo móvel sob a infraestrutura de redeoferecida pelo projeto COMAH, para realização de acompanhamento e açõespreventivas em seus pacientes. O PHCS irá oferecer a esses trabalhadores aautomação de formulários de cadastro e acompanhamento que são realizadoshoje, bem como a monitoração, através de sensoriamento de dados vitais de de-terminados pacientes. Toda a informação cadastrada e sensoriada será transmi-tida para um banco de dados regional usando a infraestrutura de rede do projetoCOMAH.

Essas informações uma vez cadastradas, serão acessíveis ao médico ouequipe de saúde do paciente em questão em forma de relatório, facilitando asanálises médicas e obtendo maior eficiência e precisão no processo de definiçãode diagnóstico, além de facilitar a introdução de ações preventivas. Com isso,tem-se redução de custos e impacto por poder evitar doenças, ataques, gastoscom remédios e tratamentos, etc.

2.2. PHCS (Primary Health Care System)

O Desenvolvimento do software PHCS está divido em 3 módulos: Módulo I -Interface de Cadastro; Módulo II - Sensoriamento; e Módulo III - Comunicação.

O Módulo II, compreende a fase de implementação do sensoriamento daaplicação. Segundo tilak02 as redes de sensores possuem como característicasprincipais: o sensor, o observador e o fenômeno. No PHCS o sensor será umdispositivo móvel capaz de monitorar, pelo menos, a localização, hora, tempera-tura, clima e pressão; o observador será o paciente escolhido pelo agente desaúde necessário de monitoração; e o fenômeno corresponderá a doença ouestado de enfermidade passível de acompanhamento no paciente.

No Módulo III será trabalhada a comunicação. As informações coletadasatravés dos sensores serão transmitidas via rede para um servidor de dados.

Capa Índice 10975

Esse módulo será implementado sob uma estrutura de rede sem fio em malha,de responsabilidade do projeto COMAH [COMAH 2009].

A modelagem e desenvolvimento do aplicativo foi feita de forma a garantiralto nível de abstração e compatibilidade entre dispositivos demenor capacidade,não sendo feito o uso de funções que poderiam demandar grande capacidadede processamento, as vezes diminuindo-se a prioridade de reaproveitamento ereuso de código, em nome de soluções mais simples, que exijam menos recur-sos. A escolha do aparelhomóvel mais apropriado será feita considerando aquelede maior portabilidade e menor consumo de energia, que tenha espaço de ar-mazenamento satisfatório, boa ergonomia (tamanho de tela não muito reduzido)e todos os sensores necessários.

3. Resultados e Discussão

3.1. Estudo de Caso

O Agente de Saúde pode utilizar o PHCS tanto para cadastrar um novo paciente,quanto para consultar ou editar os dados de um paciente já cadastrado na basede dados. Se o paciente cadastrado não for passível de monitoração, então osdados de cadastro serão apenas enviados para o servidor de dados. Se o pa-ciente precisar ser monitorado, então, ele receberá um dispositivo móvel com oPHCS instalado para que os dados definidos como necessários pelo agente desaúde sejam sensoreados.

Toda informação, tanto a sensoreada quanto as de cadastro, serão envi-adas pelo PHCS através da rede de comunicação do COMAH. Esses dados envi-ados serão arquivados num servidor, que deve ser localizado na sede metropoli-tana do PSF. Uma vez tais informações armazenadas, tanto os próprios agentesde saúde quanto os médicos ou equipe de saúde do PSF podem acessá-las no-vamente através de um dispositivo móvel conectado a rede COMAH ou mesmovia rede cabeada intranet. Vale ressaltar que, em ambas as possibilidades, faz-senecessário que o PHCS esteja instalado no equipamento de acesso.

3.2. Avaliação do PHCS

O PHCS foi avaliado através de um modelo de protipagem envolvendo emulado-res dispositivos multifuncionais e equipamentos reais para testes com usuários.A metodologia adotada para avaliação do PHCS envolve dois conjuntos de teste:(i) funcional, para examinar a conformidade com a modelagem da solução; e (ii)de experiência, para analisar a percepção dos usuários.

Capa Índice 10976

Em geral, os resultados mostram que os usuários demonstraram-se satis-feitos quanto a funcionalidade, usabilidade e ergonomia durante uso do PHCS.No que se refere a facilidade, 61% gostaram da disposição das telas e apenas1% não gostaram da visualização dos pacientes. Possivelmente, um dos motivosdessa não aceitação quanto a visualização dos pacientes pode ter sido devidoao tamanho da tela reduzida dos dispositivos multifuncionais (não sendo portantouma limitação do PHCS). Quanto a usabilidade, é verificado que 59% gostaramdo desempenho do sitema, 4% não gostaram da navegação pelo ambiente e 3%não gostaram da disposição de conteúdos. A parcela que achou ruim a nave-gação e a disposição do conteúdo pode ter sido influenciada pela sua baixa in-timidade com arquiteturas de dispositivos multifuncionais (reduzida tela, tela comtoque, etc.), o que pode ter dificultado o uso.

Quanto a ergonomia percebe-se que 59% dos usuários gostaram bastanteda agilidade do programa para notificar um problema tão logo ele seja detectado.Além disso, 10% dos usuários acham que é preciso bastante saber questões téc-nicas do sistema para poder ter um bom acesso. Isso acontece devido a dificul-dade de conceitos básicos de informática. É notório que a relação entre o usuárioe o programa é bastante positiva, uma vez que os resultados demonstram umaboa aceitação do PHCS.

Por fim, é perceptível que no geral a maior dificuldade dos usuários não éreferente ao PHCS em si, mas na intimidade co a utilização do dispositivo móvelmultifuncional. Por não serem capacitados tecnologicamente, sentem dificuldadede aprendizado de uso do ambiente. Com o tempo, espera-se que estes disposi-tivos estejam mais presentes na vida das pessoas, e assim essa dificuldade seránaturalmente superada.

4. Conclusões

Além deste trabalho proporcionar uma grande oportunidade de desenvolver eaprimorar um aplicativo móvel, é fato que ele também traz benefícios e aplicabi-lidades bastante úteis nos serviços públicos de saúde, podendo futuramente, seestender para outras áreas como: segurança, educação, agronegócios e etc.

A mesma capacidade de impacto que o PHCS tem, com seu objetivo deagir na prevenção na área de saúde pode ser reaplicada nas áreas supra citadas:redução de custos e impacto por agir para prevenir que um problema aconteça,invés de agir na consequência para tentar solucionar um problema causado ouminimizar os efeitos dele.

Capa Índice 10977

O desenvolvimento do PHCS é um trabalho modularizado, que está divi-dido em Módulo I - Interface de Cadastro; Módulo II - Sensoriamento; e MóduloIII - Comunicação. Os módulos II e III estão previstos como trabalhos futuros;é pretendida a continuidade desse trabalho até que se conclua os três módu-los propostos, e após, enquanto o tema for relevante o suficiente e enquanto forpossível enxergar oportunidades de crescimento.

Referências

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COMAH (2009). Cognitividade com Sensibilidade a Contexto como Suporte aOtimização de Redes em Malha Heterogêneas (COMAH). Instituto de Infor-mática. Universidade Federal de Goiás (UFG), Goiânia, GO. Edital MCT/CNPqNº 14/2009, Universal.

Moraes, D. A., Pisa, I. T., and Lopes, P. R. L. (2004). Protótipo para coleta deinformações em saúde utilizando dispositivos móveis. In Anais…, RibeirãoPreto. IX Congresso Brasileiro de Informática em Saúde - CBIS'2004, USP.

Murakami, A., Kobayashi, L. O. M., Tachinardi, U., Gutierrez, M. A., Furuie, S. S.,and Pires, F. A. (2004). Acesso a informações médicas através do uso desistemas de computação móvel. In Anais…, Ribeirão Preto. IX CongressoBrasileiro de Informática em Saúde - CBIS'2004, USP.

Pinheiro, M., Carvalho, R. A., Bonelli, R., and Silva, W. P. (2004). Sistema demonitoração de pacientes apoiado em web e palmtops. In Anais…, RibeirãoPreto. IX Congresso Brasileiro de Informática em Saúde - CBIS'2004, USP.

Portal da Saúde (2007). Entendendo o SUS. Cartilha publicada pelo Ministérioda Saúde, Disponível em: <www.saude.gov.br>. Acesso em: 30 mar 2010.

Salomão, P. and Sigulem, D. (2004). Utilização do computador de mão integradoà telefonia celular no atendimento médico. In Anais…, Ribeirão Preto. IX Con-gresso Brasileiro de Informática em Saúde - CBIS'2004, USP.

Capa Índice 10978

BANDAS DE MÚSICA MILITARES: PERFORMANCE E CULTURA NA CIDADE DE GOIÁS

(1822-1937)

Joelson Pontes VIEIRA; Robson Corrêa de CAMARGO

EMAC/UFG

http://mestrado.emac.ufg.br/

Palavras-Chave: Bandas de Música; Sociologia; Performance; Cultura.

INTRODUÇÃO

A presente pesquisa tem como objeto de investigação as apresentações das bandas

de música militares e sua relação social e histórica com o panorama musical e cultural da

cidade de Goiás, antiga capital do atual Estado de Goiás, entre os séculos XIX e XX, mais

precisamente, entre o ano de 1822, ano da Independência do Brasil, até o ano de 1937, ano da

transferência da capital para a cidade de Goiânia.

A cidade de Goiás, ou ainda Goiás Velho ou mesmo Cidade de Goiás, tem o início

de sua existência nos princípios do século XVII e ainda mantém muito de sua arquitetura

colonial. Foi declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco em 2001. Cidade

onde viveram a poetisa Cora Coralina (1889-1985) e a pintora das areias coloridas Goiandira

do Couto (1915-2011). Goiás Velho nasce da descoberta do ouro nas margens de seu Rio

Vermelho, dos bandeirantes que se seguiram e foi capital da antiga Capitania de Goiás.

Meu interesse pessoal no tema do presente projeto se origina da minha longa

atuação em bandas musicais profissionais em prefeituras (Anápolis, Goiânia e Trindade), na

Banda de Música do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás e na Banda Sinfônica

do Instituto Federal de Educação em Goiás, onde venho atuando como clarinetista desde o

ano de 1994. Os últimos dez anos foram dedicados, principalmente, à Banda de Música do

Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás.

Na presente pesquisa observamos a inexistência de trabalhos que se aprofundam

no estudo das bandas de música militares e de sua relação com o panorama da música no

Estado de Goiás. A ausência desta literatura específica deixa uma lacuna que marginaliza a

Capa Índice 10979

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 10979 - 10983

história desses grupamentos e subjuga sua influência na formação e desenvolvimento musical,

cultural e social no Estado de Goiás.

As bandas de música são um importante fenômeno cultural e artístico de nosso

país e sua existência estabelece uma das primeiras práticas de música de conjunto na música

brasileira. O estudo de suas atividades, que se realiza principalmente em festas e em outros

momentos coletivos, traz ao nosso entendimento uma parte importante da história de nossa

história, assim como ajuda no conhecimento de como se estruturavam estes importantes

acontecimentos culturais. As bandas de música cumpriram a função de orquestra de concerto

e de baile, atuavam em atividades religiosas, participavam em atividades musicais nos tempos

iniciais do cinema, participando de “trilhas sonoras” ao vivo, em comemorações cívicas

importantes para a história do Estado, além de participar mais estreitamente do cotidiano

social dos moradores da antiga capital, através de retretas, formações carnavalescas e outras

festas. Formaram músicos de vários instrumentos e se tornaram importantes na divulgação do

saber musical.

Neste sentido, acompanhar a importância social e cultural destes grupamentos nos

possibilita aprofundar aspectos ainda pouco revelados da presença cultural musical do Estado

de Goiás. Se era impossível, no Brasil colônia, como ainda o é no Brasil republicano, realizar

o sonho colonizado de estruturar e reproduzir na maioria de nossas cidades alguma

semelhança das grandes orquestras européias, as bandas de música militares tornaram-se

atividades muito próximas e permanentes da atividade musical cotidiana e do aprendizado e

fruição musical de diferentes camadas de nossa população.

Algumas perguntas dirigem a minha pesquisa. São elas: Como as bandas militares

foram criadas ou designadas a atuar na Cidade de Goiás? Em que consistiram suas atuações?

Qual o repertório? Quais os instrumentos? Que estilos musicais predominavam? Onde elas

tocavam? Qual sua relação com a audiência? Qual a importância ou relevância cultural das

bandas nesta cidade? Como elas se apresentavam em diferentes atividades (festas, enterros,

outras solenidades, praças, escolas, igrejas)? Havia desfiles de bandas? A que estrato social

pertencia seus músicos? Qual a relação desses grupos com outros conjuntos musicais – outras

bandas militares, civis, orquestras, etc.? Tais questionamentos me motivaram a pensar estas

possíveis contribuições das bandas de música militares, com especial interesse na Cidade de

Goiás - antiga capital de nosso estado, entre 1822 e 1937.

Capa Índice 10980

As bandas militares formam um grupo artístico que funcionam com particularidades

estruturais importantes a serem estudadas e melhor compreendidas, pois agregam em si, além

das atividades musicais, as características administrativas do meio militar. Baseadas em

princípios como hierarquia e disciplina e obedecendo a leis e estatutos específicos, as

corporações militares possuem uma estrutura organizacional que vem se modificando

lentamente no campo das artes, devido ao forte apelo às tradições militares e suas

idiossincrasias.

Sobre o espaço geográfico e o tempo que o presente projeto delimita, salientamos em

primeiro lugar a importância histórica da Cidade de Goiás para o Estado, por ter sido a

primeira capital e também ponto de partida para o povoamento e criação de outros arraiais,

culminando numa das principais cidades históricas brasileiras. Sobre o recorte cronológico,

este advém da importância que obteve o movimento cultural na Cidade de Goiás, o que

possibilitou a origem de diversas formações instrumentais e teve como importante produto a

formação posterior de instituições voltadas para formação musical na futura capital, Goiânia.

A escolha dos grupamentos militares deve-se à singularidade de suas formações, à sua

dinâmica de funcionamento e à riqueza documental que constituem os estatutos, regulamentos

disciplinares, de uniforme e de continência, assim como todo e qualquer tipo de documento

oficial de que dispõem essas instituições.

MATERIAL E MÉTODOS

A presente pesquisa tem como escopo a performance (apresentações) e a cultura

onde se inserem as bandas de música militares. Esta se apóia também no contexto histórico do

século XIX na cidade de Goiás e tem como principal foco os acontecimentos relativos à

cultura, em especial a música. O trabalho se fundamenta nos fatos históricos partindo de

conceitos sociológicos e antropológicos, apoiados, principalmente, nas teorias de Bakhtin

(2010) dialogismo e carnavalização.

A documentação analisada se utiliza dos estudos da história de Goiás (tendo como

principal base os de Wilson Rocha Assis – 2009), a literatura sobre bandas de música

militares e documentos históricos que discorrem sobre o tema de maneira mais geral

Capa Índice 10981

(podemos considerar como referência geral a dissertação de Binder – 2006). Em outra forma

utilizaremos documentos encontrados nas corporações.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Entendo que a atuação das bandas de música na Cidade de Goiás, durante o Séc.

XIX, deixou marcas importantes na história do nosso Estado e contribuiu para influenciar a

cultura musical de maneira indelével. A atuação das bandas de música militares possibilitou

no Estado o que podemos nominar de uma cultura das bandas de música que influenciou

desde o funcionamento das bandas civis até a educação musical nas escolas de ensino regular.

Saliento que a cultura das bandas de música militares foi o modelo que inspirou e

determinou historicamente o funcionamento das bandas de música civis, sendo responsável

pelo advento e, muitas vezes, pela sobrevivência de um movimento cultural popular

encarregado de levar a música de conjunto a uma sociedade ainda em formação,

desenvolvendo-se às margens de uma cultura européia bem definida, em oposição a uma

cultura hibrida que buscava elementos de definição de uma nacionalidade característicamente

plural.

O diálogo entre as diversas formas culturais existentes no Brasil teve seus reflexos

na cultura goiana, importando a cultura européia das bandas e resignificando sua forma de

atuação, seguindo a dinâmica de funcionamento de nossa sociedade na transição do Império

para a República, como podemos conferir na literatura contextual (ASSIS, 2009, p. 55). As

bandas determinaram os contornos do processo de identidade nacional através das músicas em

paradas e outras atividades junto à população, contribuindo de forma determinante como um

elemento cultural popular de alcance nacional, onde foi impossível se concretizar a cultura

erudita das orquestras de fato inexistentes.

As bandas de música militares, subvencionadas pelo Estado, traziam de forma

constante a música aos festejos ordinários em solenidades religiosas e movimentos

patrióticos, assim como em festejos populares, festas estas que se encontravam fora do

calendário oficial, como o carnaval e outras festas pagãs.

Capa Índice 10982

CONCLUSÕES

Podemos verificar ainda hoje que a influência das bandas de músicas militares na

sociedade, influenciam o processo de musicalização nas escolas regulares, contituem o

modelo para o funcionamento das bandas civis - em seus uniformes nas diversas paradas e

desfiles cívicos, não sendo possível subjugar suas atividades junto à sociedade e esquecer,

como diz o dito popular, que “a banda vai onde o povo está”. Ainda hoje as bandas militares

atuam colorindo sonoramente as atividades ordinárias e extraordinárias, oficiais e

extraoficiais, estando junto à sociedade e fazendo parte do rico imaginário coletivo social

tanto na literatura saudosista como no presente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSIS, Wilson Rocha. Estudos de História de Goiás. 2ª Ed. Goiânia: Editora Vieira, 2009.

BAKHTIN, Mikhail Mikhailovitch. A Cultura Popular na Idade Média e no

Renascimento: o contexto de François Rebelais. São Paulo: Hucitec, 2010.

BINDER, Fernando Pereira. Bandas Militares no Brasil: difusão e organização. São Paulo:

UNESP, 2006.

FARACO, Carlos Alberto. Linguagem & Diálogo: as idéias linguísticas do círculo de

Bakhtin. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.

MENDONÇA, Belkiss Spencièri Carneiro de. A Música em Goiás. 2ª Ed. Goiânia: Ed. da

UFG. 1981.

Capa Índice 10983

Avalição de Parâmetros Clínicos e Laboratoriais de Crianças e Adolescentes em Hemodiálise Johnathan Santana de FREITAS; Paulo Sérgio Sucasas da COSTA; Alessandra

Vitorino NAGHETTINI

Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (UFG)

[email protected]

Palavras-chave: hemodiálise, adequação, qualidade, crianças, adolescentes

Introdução: A hemodiálise é o transporte bidirecional de água e solutos entre meios de

composição diversa (sangue e solução de diálise) através de uma membrana

artificial semipermeável. Tem sua maior indicação no tratamento da insuficiência

renal crônica (IRC). A incidência de IRC terminal em crianças e adolescentes no

Brasil é de 6,5 por milhão de população geral1. O censo brasileiro de diálise de 2010

estimou que haviam 92.091 brasileiros em diálise crônica naquele ano. Deste total,

1,6% tinham idade igual ou menor que 18 anos (1473 pacientes). Do total, tem-se

90,6% em hemodiálise (1334 crianças e adolescentes – estimamos). Dos pacientes

em hemodiálise no país, grande parte está com indicadores de adequação do

tratamento abaixo do esperado2.

Este estudo foi realizado com o objetivo de avaliar os indicadores de qualidade

determinantes de adequacão da hemodiálise em crianças e adolescentes

submetidos ao tratamento hemodialítico.

Material e Métodos: Estudo retrospectivo. Após aprovação ética, procedeu-se a análise das “fichas de

evolução médica mensal” do serviço de hemodiálise do Hospital das Clínicas da

UFG de todos os pacientes incluídos no estudo, em busca de dados demográficos,

etiologia da IRC, comorbidades, medicamentos em uso, parâmetros de prescrição

da sessão de hemodiálise, complicações, resultados de exames laboratoriais e

acesso ao transplante renal. Critérios de inclusão: menores de 18 anos de idade,

que tivessem IRC, tendo recebido hemodiálise no serviço entre 1-1-2009 e 31-12-10.

Os dados foram tabulados no programa Excel e analisados através de estatística

descritiva e analítica no SPSS 19.0 para sistema operacional Windows.

Resultados e discussão: Identificados 31 pacientes alvos do estudo. Conseguiu-se resgatar os dados de 29

(72,4% do sexo masculino). Foram analisadas 358 fichas de evolução médica

Capa Índice 10984

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 10984 - 10988

mensais destes 29 pacientes referentes a um período de 24 meses (média

12,34±7,82 fichas por paciente). A idade média no mês em que foi incluído no

estudo foi de 123,86±34,61 meses. Cem por cento tinham sorologias negativas para

HbsAg, Anti-HCV e Anti-HIV 1 e 2. Os dados do Censo Brasileiro de diálise de 2010

(que levam em consideração adultos e crianças) apontam a prevalência de sorologia

positiva para os vírus da hepatite C de 5,8%; para hepatite B de 1,1% e para HIV de

1,2%2. Dos 29 pacientes, 10 foram transplantados no biênio do estudo (34,5%).

Comparativamente, estudo israelense de 10 anos mostrou 82% das crianças

transplantadas ao longo de 10 anos3.

As etiologias da IRC observadas nos 29 pacientes estão representadas na figura a

seguir.

Nos Estados Unidos, as causas de doença renal crônica (DRC) na infância são as

anomalias congênitas dos rins e trato urinário (CAKUT) em 48% das crianças;

seguido pelas glomerulonefrites em 14%. As nefropatias hereditárias responderam

por 10% dos casos. Na Europa, dados da Itália e da Bélgica apontam proporções de

58-59% para CAKUT, 15-19% para nefropatias hereditárias e 5-7% para

glomerulonefrites. Na Turquia e países do meio-leste europeu, CAKUT corresponde

a 47-62%, seguido por nefropatias hereditárias em 17-30%. Já a bexiga neurogênica

é uma importante causa de DRC na Turquia (15%), ocorrendo em 4% na Itália e

Bélgica. O que pode corresponder a atraso no diagnóstico e tratamento de

problemas urológicos naquele país – acreditamos que este seja o motivo da alta

taxa de bexiga neurogênica como causa de IRC encontrada no nosso estudo4.

As glomerulonefrites crônicas foram as principais responsáveis por DRC na infância

(correspondendo a 30-60% das causas) na Índia, Sudeste Asiático, América Latina e

Capa Índice 10985

Caribe e África Subsaariana. Acredita-se que devido a alta prevalência de infecções

bacterianas, virais e parasitárias que afetam os rins nestes países em

desenvolvimento4. No presente estudo, as infecções (SHU e sepse) foram

responsáveis por 7% das etiologias de IRC.

As comorbidades observadas nos 29 pacientes estão representadas a seguir.

É importante ressaltar que, diferentemente do esperado para pacientes adultos, na

população analisada não foi encontrado caso de diabetes. Considerando adultos e

crianças, dados brasileiros são de 27,5% de pacientes em diálise devido a diabetes.

Além disso, 28,1% têm hiperparatiroidismo com PTH > 300pg/mL2 e 72% de

crianças menores de 15Kg em diálise tem HAS, num período de 10 anos3, sendo

que 45% tinham hipertrofia ventricular esquerda ao ecocardiograma.

Os parâmetros numéricos encontrados nas 358 fichas mensais analisadas estão

representados na tabela na página a seguir.

São objetivos preconizados encontrados nas bases de dados: manter calcemia

sérica entre 8,4 e 9,5mg/dL5; fósforo sérico entre 3,5 e 5,5mg/dL (lembrando que em

crianças estes valores são mais elevados)5,6; hemoglobina maior que 11g/dL7,8;

ferritina > 200ng/L9; IST > 20%9; PTH entre 150 e 300pg/mL7,10, e spKt/V mínimo de

1,2 por sessão11. Em nossa população, encontramos Ca, P, ferritina, IST e eK/tV em

valores adequados, indicando bom controle dos eletrólitos, dos estoques de ferro e

da remoção da uréia a cada sessão de hemodiálise. Em contrapartida, valores

insuficientes de hemoglobina foram observados, assim como níveis elevados de

PTH, indicando anemia e hiperparatiroidismo fora de controle clínico.

Dados de crianças americanas em hemodiálise mostraram 68% com hemoglobina

sérica acima de 11g/dL; 83% com ferritina > 100ng/mL; 74% com IST > 20%; 80%

com albumina > 3,5g/dL (em nossos pacientes a albumina média foi de 3,92g/dL);

assim como 88% das crianças com spKt/V > 1,2 por sessão12.

Capa Índice 10986

Foram importantes limitações deste estudo: o tamanho da amostra pode ser

considerado pequeno para tirarmos conclusões que possam ser generalizadas e

aplicadas a todas as crianças em hemodiálise. A amostra foi tomada por

conveniência – todas as crianças em hemodiálise no serviço num período de 2 anos.

Outra limitação foi tratar-se de estudo retrospectivo, onde grande porcentagem dos

dados foi perdida, devido a falta de anotações nas “fichas de evolução médica

mensal” do serviço de hemodiálise. Mesmo buscando-se os dados faltantes no

restante do prontuário e no banco de dados do laboratório do hospital, muitos ainda

permaneceram perdidos, limitando ainda mais a amostra do estudo.

Conclusões:

As médias dos valores mensais apontaram anemia e hiperparatiroidismo secundário,

com valores adequados de eletrólitos, ferritina, IST, albumina, colesterol e Kt/V

equilibrado, sendo necessárias novas propostas de intervenção para melhor controle

da anemia e do hiperparatiroidismo secundário nesta população.

Parâmetro Numérico Média Desvio Padrão

Unidade De Medida

Heparina 83,92 23,8 U/Kg

Tempo de Sessão 3,52 0,23 horas

Na 136,71 1,54 mEq/L

Uréia Pré-sessão 140,51 42,21 mg/dL

Uréia Pós-sessão 28,68 11,77 mg/dL

Creatinina 6,16 2,12 mg/dL

Ca 8,9 0,82 mg/dL

P 5,35 1,5 mg/dL

k 4,79 0,89 mg/dL

TGP 14,61 14,47 UI/L

Glicemia 89,31 18,05 mg/dL

Hemoglobina 9,19 1,84 g/dL

Hematócrito 28,32 5,75 %

Leucócitos 6638,11 3182,82 /uL

Plaquetas 250500 108704 /uL

pH 7,37 0,05 V.A.

Bicarbonato 20,17 3,76 mmol/L

BE -3,9 3,78 mmol/L

Ferritina 708,86 459,40 ng/L

IST 35,59 19,35 %

Ferro 75,57 93,43 uG/dL

Fosfatase Alcalina 1150,69 1611,90 U/L

PTH 521,25 494,67 pg/mL

Albumina 3,92 0,53 g/dL

Colesterol 156,26 40,90 mg/dL

Triglicerídeos 166,87 124,81 mg/dL

Alumínio 23,96 28,58 ug/L

eKt/V 1,92 0,43 V.A.

Nº sessões semana 3,03 0,25 V.A.

Peso Seco 23,65 7,49 Kg

Capa Índice 10987

Referências Bibliográficas:

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Heidelberg, v. 24, n. 7, p. 1287-1295, 2009.

Capa Índice 10988

RÉGIS BONVICINO: A RELAÇÃO DO POETA CONTEMPORÂNEO COM A TRADIÇÃO LITERÁRIA

Jordana Cardoso Carneiro de OLIVEIRA1

Solange Fiuza Cardoso YOKOZAWA2

Faculdade de Letras – UFG

[email protected]

Palavras-chave: Régis Bonvicino; tradição literária; poesia contemporânea

A palavra chave em meio às discussões acercada poesia contemporânea é

“pluralidade”. Dentre as diversas vozes desta poesia plural destacamos a de Régis

Bonvicino. Bonvicino publicou seus primeiros livros de poesia, Bicho papel (1975),

Régis Hotel (1978) e Sósia da cópia (1983), no período de transição da poesia

marginal para o retorno dos incentivos editoriais, e foi deles seu próprio editor. O

poeta atua também como articulista, editor, tradutor e crítico de literatura.

Atualmente, dirige, juntamente com Charles Bernstein, a revista de poesia e cultura

contemporânea Sibila, fundada em 2001, e que, a partir de 2007, passou a ser

publicada exclusivamente na internet.

O poeta tematiza em muitas de suas poesias a sociedade pós-industrial,

propondo contrastes entre natureza e vida urbana, especialmente em livros como

Céu-eclipse. Em alguns momentos da produção de Bonvicino, é possível notar uma

forte influência da poesia concreta. Outra peculiaridade de seu trabalho é que as

obras do poeta dialogam umas com as outras, o poeta realiza trocas entre poema e

poema, e também entre livro e livro, os textos são retomados de um trabalho anterior

1Mestranda em Estudos Literários pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos e Literários da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás. 2 Professora Doutora do Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos e Literários da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás.

Capa Índice 10989

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 10989 - 10993

e expostos a um novo contexto, o que possibilita novas leituras, além de maior

circulação de sua poesia.

Vários trabalhos de crítica atuais apontam para uma linha de força da poesia

contemporânea em particular. A esta tendência são dados vários nomes:

“retradicionalização”, “retorno ao passado”, “retorno ao literário”, dentre outros, mas

o que todos referem é uma suposta disposição dos poetas a recorrerem à tradição.

Esta tendência é encarada de diferentes formas pelos críticos. Para alguns deles, o

poeta contemporâneo está recorrendo à tradição como uma forma de se apoiar no

que foi feito antes por incapacidade de propor algo novo. Por outro lado, cremos que

esse julgamento é sobremaneira radical. Para pensar a questão vamos contrapor às

visões de alguns críticos da contemporaneidade no que diz respeito à relação do

poeta para com a tradição e através de estudo do trabalho de Régis Bonvicino,

procuraremos demonstrar que generalizações são sempre perigosas.

Estamos a desenvolver um estudo autoral da obra poética de Régis

Bonvicino, procurando demonstrar de que forma o poeta dialoga com a tradição

literária. Bonvicino reflete, em vários aspectos de sua escrita, muitas das tendências

da poesia contemporânea. Desta forma, o estudo de sua obra proporciona a

possibilidade de contribuição para as discussões acerca da literatura

contemporânea.

O corpus de nossa pesquisa é composto pela obra do poeta a ser estudado.

Inicialmente, propomo-nos situar a obra de Régis Bonvicino em seu contexto

histórico, social e poético, a partir da década de 80, tendo em vista os

desdobramentos ocorridos e as alterações na produção poética no final do século

passado. Fazemos ainda um levantamento dos estudos realizados sobre a produção

do poeta em questão, observando as possíveis contribuições e/ou correlações com

o nosso projeto. Em seguida, procedemos a uma discussão das estratégias de

criação do poeta e do modo como o diálogo que o artista estabelece com a tradição

poética influencia e norteia seu trabalho. A execução deste trabalho dar-se-á por

meio da leitura e análise da obra do poeta, sistematização e leitura da fortuna crítica

em torno de sua poesia, além de leitura e consequente discussão dos textos críticos

que abordam a poesia contemporânea e que se relacionam com o debate da

releitura da tradição feita pelos poetas da contemporaneidade.

T. S. Eliot, no aclamado ensaio “Tradição e talento individual”, afirmou que o

que há de mais individual e as melhores passagens em um poeta iniciante seriam,

Capa Índice 10990

não aquelas que mostram sua personalidade enquanto criador, mas justamente as

passagens que permitissem falar os poetas mortos. Em se tratando de um poeta

maduro, sua identidade se conheceria melhor onde pudéssemos ouvir a voz de seus

ancestrais, pois é aí que conheceremos a sua formação. O poeta deve, portanto,

falar a partir de uma tradição que o precedeu. O grande poeta é aquele que tem a

capacidade de ecoar a voz de seus antepassados em sua própria,

concomitantemente com a construção de sua dicção.

Atualmente, entretanto, há críticos de literatura que não concordam que a

maneira como Eliot crê a relação do poeta com a tradição possa descrever a

contemporaneidade. Em artigo recentemente publicado, intitulado “Condenados à

tradição” (2011), Iumna Maria Simon se propõe a demonstrar, a partir de trechos de

depoimentos de dois poetas contemporâneos, Eucanaã Ferraz e Carlito Azevedo, o

uso frívolo da tradição literária por parte dos poetas da atual geração. Simon vai

ponderar que, em meio à produção dos poetas a partir da década de 1980, uma das

temáticas mais frequentes vai ser a referência à tradição. A geração que se sucedeu

ao período de vanguardas se voltaria agora para a tradição, sem, no entanto,

conciliar a isto propostas de inovação.

A estudiosa acredita que não é mais possível encararmos a relação do poeta

contemporâneo com a tradição da maneira como o fez T. S. Eliot em “Tradição e

talento individual”, em que este acreditava que o passado estava constantemente

interferindo no presente por meio do trabalho do poeta que, consciente de seu

posicionamento histórico e ciente de sua contemporaneidade, contribuía para

qualitativamente para a construção dessa tradição ao mesmo tempo em que a

permitia falar através de seu trabalho. Para Simon (2011), o poeta contemporâneo

reduziu a tradição literária “simplesmente à condição de materiais disponíveis, a um

conjunto de técnicas, procedimentos, temas, ângulos, mitologias, que podem ser

repetidos, copiados e desdobrados, num presente indefinido, para durar enquanto

der, se der”.

A atual geração estaria se voltando para o passado, mas não no sentido de o

fazer vivo e presente. A tradição seria um arquivo a que os poetas recorreriam

indiscriminadamente, como uma manifestação do desinteresse pela criação ou

defesa de um projeto novo para a poética. Esse retorno ao passado seria, portanto,

Capa Índice 10991

nada mais do que o sintoma da indiferença dos poetas, do descaso com a criação

ou proposição de uma nova estética: “O poeta entra na dita contemporaneidade

como um consumidor, que pode usar hoje todas as formas disponíveis sem se

comprometer, sem ser afetado por nenhuma delas” (Simon, 2011). A autora vai

nomear de “retradicionalização frívola” essa que seria a “novidade” e uma das linhas

de força mais destacáveis da atual poesia brasileira. Os poetas teriam escolhido o

caminho mais fácil, aderindo quase que oficialmente à tradição, como uma maneira

de se permitirem à pluralidade medíocre e facilitadora das formas em lugar de se

arriscarem a qualquer impulso modernizador ou proposições inovadoras. Para esta e

outros estudiosos da literatura, ao contrário do que propunha Eliot, a relação entre

poeta e tradição não seria mais mutualística, estaria mais próxima de um

parasitismo.

Ao longo de sua produção, Bonvicino vai dialogar com diversos momentos da

tradição literária, mas em princípio, o diálogo que se faz mais marcante se dá entre o

poeta e a tradição concretista. Isso pode ser comprovado através da análise de seus

primeiros poemas e os procedimentos adotados para a composição dos mesmos.

Além disso, a crítica em torno de seu trabalho também aponta para essa filiação. A

associação do poeta a essa estética não se deu, entretanto, em função de um uso

leviano dos recursos da tradição, mas sim devido a uma congruência dos projetos

poéticos do jovem Bonvicino e dos concretistas, na busca por uma linguagem

poética que traduzisse e falasse aos novos tempos.

Referências Bibliográficas:

BONVICINO, Régis. Primeiro tempo. São Paulo: Perspectiva, 1995.

CAMPOS, Augusto de; PIGNATARI, Décio; CAMPOS, Haroldo de. Teoria da poesia concreta: textos críticos e manifestos 1950-1960. São Paulo: Ateliê Editorial, 2006.

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Régis Bonvicino. Org. Régis Bonvicino. São Paulo: Ed. 34, 1999.

MORICONI, Italo. Como e Por Que Ler a Poesia Brasileira do Século XX. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002. ______. Demarcando terrenos, alinhavando notas (para uma história da poesia recente no Brasil). Travessia, Florianópolis, p. 17-33, 1993. ______. Pós-modernismo e volta do sublime na poesia brasileira. In: Poesia hoje. Rio de Janeiro: EdUFF, 1997.

Capa Índice 10993

ETNOECOLOGIA E ETNOBOTÂNICA DO CERRADO: UM ESTUDO EM ÁREAS DE ASSENTAMENTOS NO SUDOESTE DE GOIÁS

Jordana Rezende Souza LIMA 1

Raquel Maria de OLIVEIRA 2

Luzia Francisca de SOUZA 3 1 Campus Avançado de Jataí, [email protected] 2 Campus Avançado de Jataí, [email protected] 3 Campus Avançado de Jataí, [email protected]

Palavras chaves: etnoconhecimento, conservação, meio ambiente.

A etnoecologia busca analisar e enfatizar o conhecimento tradicional das

populações locais sobre a flora e fauna, bem como a utilização desses recursos

ambientais em seu cotidiano. O conhecimento adquirido e repassado de geração a

geração, promove uma relação homem e meio numa perspectiva conservacionista.

Conhecer os elementos da flora e fauna e saber como esses podem ser úteis nas

suas vidas reforça a ligação das populações com os biomas regionais. Quando os

biomas são fragmentados ou totalmente eliminados, perde-se, dentre tantas outras

funções ecossistêmicas, recursos alimentares e compostos medicinais.

Dentre os biomas mais ameaçados, seja em escala mundial e/ou nacional, o

Cerrado está entre os primeiros, pois o ritmo de degradação deste bioma tem-se

intensificado nas últimas três décadas. O Cerrado possui grande riqueza de

espécies florísticas e faunísticas, atualmente com risco de extinção, pois a redução

das áreas deste bioma é alarmante.

O processo de mecanização no campo, introdução da tecnologia de ponta e

do uso abusivo de insumos agrícolas acarretou diversos problemas ambientais,

como diminuição na vazão dos cursos d’água, perda de fertilidade e erosão dos

solos, além de mudanças no regime de chuva e erosão da biodiversidade, ou

diversidade de vida, do Cerrado.

Outro impacto gerado pela mecanização do campo e pelas monoculturas foi a

expulsão do pequeno agricultor, muitos deles migraram para as cidades. Expulsos

de suas terras, exercendo outras funções nas cidades, as populações rurais perdem

sua ligação direta com a terra e seus elementos, seu conhecimento deixa de ser

Capa Índice 10994

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 10994 - 10998

repassado e o Cerrado perde espaço e importância diante no novo rural regional,

baseado no agronegócio.

Junto com o bioma, o conhecimento popular sobre as espécies do cerrado,

está se perdendo. As populações tradicionais que lidam e conhecem as espécies e o

uso que pode ser feito destas, estão emudecendo os conhecimentos que antes eram

repassados de geração a geração, não por opção, mas, segundo Shiva (2003) a

visão globalizadora faz com que o saber local desapareça, negando-lhe o status de

um saber sistemático, sendo qualificado como primitivo e anticientífico.

Os pequenos agricultores representados pelos assentados de reforma agrária

compõem um quadro singular no sudoeste de Goiás. Segundo Carvalho (2010)

“estudos e debates relacionando assentamentos rurais e a questão ambiental são

recentes, mas vêm se intensificando”, isso porque “nas últimas décadas, os

movimentos sociais do campo aproximaram-se da ‘causa’ ambiental, devido a

motivos que vão desde a estratégia de luta política até as vantagens comparativas

de uma agricultura ecológica”.

Considerando a estreita ligação das comunidades assentadas com a terra e

do saber ambiental que as mesmas detêm, bem como da necessidade de

conservação do bioma Cerrado, essa pesquisa etnoecológica se faz necessária para

o resgate do conhecimento tradicional que está sendo perdido, visando à

conservação do referido bioma e da cultura regional. Este estudo tem como objetivo

resgatar o etnoconhecimento da comunidade do Assentamentos Santa Rita, no

município de Jataí (GO), visando contribuir para a conservação do bioma Cerrado.

A metodologia utilizada é baseada na pesquisa quali-quantitativa, tendo como

instrumento as entrevistas semi-estruturadas (Matos & Pêssoa, 2009), pois essa se

dedica mais a aspectos qualitativos da realidade, ou seja, olha prioritariamente para

eles, sem desprezar os aspectos também quantitativos, e vice-versa (DEMO, 1998).

A pesquisa qualitativa segundo Godoy (1995) pode ser realizada a partir de

três caminhos: a pesquisa documental, o estudo de caso e a etnografia. Na presente

pesquisa foi adotado o método etnográfico, abrangendo a descrição dos eventos

que ocorrem na vida de um grupo e a interpretação do significado desses eventos

para a cultura do grupo, pois o autor supracitado afirma que nisso se resume a

etnografia.

Na primeira etapa da pesquisa, ocorreram os primeiros contatos com a

comunidade assentada, objeto deste estudo, a partir de visitas realizadas ao Projeto

Capa Índice 10995

de assentamento Santa Rita. As visitas se deram com o intuito de apresentar a

proposta de trabalho para as famílias assentadas, averiguar o interesse dos

assentados em participar da pesquisa e agendar as oficinas. Também se utilizou

registro fotográfico e caderneta de campo para fazer o reconhecimento in loco da

área de estudo.

A segunda etapa da pesquisa consistiu na coleta dos dados através de

observação em campo e realização de entrevistas semi-estruturadas.

Na terceira etapa, foram planejadas e ministradas as oficinas, que tiveram

como principal objetivo a sensibilização da comunidade assentada acerca da

relevância de seus papéis na conservação do cerrado. A segunda oficina foi

ministrada com o intuito de contribuir com o aprendizado dos assentados na prática

de coletar as sementes nativas, armazená-las e produzir mudas com as mesmas.

A quarta etapa se resumiu em trilhas guiadas por uma botânica em áreas de

Cerrado com o intuito de reconhecer as fitofisionomias encontradas na área dos

assentamentos, e as espécies que as compõe. Foram feitos registros fotográficos e

coleta de folhas, frutos e flores das espécies identificadas.

Ainda será realizado um levantamento etnobotânico através de turnê-guiada,

método considerado o ápice dessa quarta etapa, com os assentados que atingiram o

maior número de espécies citadas na primeira entrevista.

Os resultados das entrevistas realizadas, em forma de questionários,

demonstram que o público apresentou uma média de idade de 54 anos. Os

participantes são compostos de 50% de mulheres e 50% de homens, sendo que a

classe feminina apresentou maior conhecimento, alcançando aproximadamente 61%

do total de espécies vegetais citadas.

A maioria dos assentados é casada, representando 60% do total de

entrevistados, em seguida vieram os viúvos com 15%, amasiados com 10%,

solteiros também com 10% e por fim 5% são desquitados. Aproximadamente 60%

dos moradores do Assentamento Santa Rita residem no local desde sua criação,

desses apenas 25% já moravam no campo e 65% vieram da cidade.

O nível de escolaridade dos moradores do assentamento é relativamente

baixo, 55% não completou o nível fundamental, apenas 15% possui o nível

fundamental completo, 10% completou o ensino médio, 15% não possui nenhuma

escolaridade e 5% não respondeu. Foi necessária a coleta dessa informação para

Capa Índice 10996

que todos os métodos empregados nas oficinas que foram ministradas pudessem

ser compreendidos por todos os assentados que participasse das mesmas.

Quanto ao uso das plantas do Cerrado e sua frequência, dos vinte (20)

entrevistados, quinze (15) afirmaram que sempre utilizam as plantas para fins

medicinais, três (03) usam apenas de vez em quando e dois (02) nunca usam. Esse

alto percentual de pessoas que utilizam as plantas do Cerrado (75%) reforça a

necessidade de conservação dos remanescentes de cerrado que existem na área do

assentamento e incentivos através de cursos de capacitação para a disseminação

do conhecimento tradicional e a troca de experiências entre os assentados. Para se

alimentar todos os entrevistados afirmaram que gostam das frutas do Cerrado. Os

frutos mais citados foram: gabiroba (19,3%), pequi (19,3%) e araticum (12,3%).

A coleta de sementes e a produção de mudas são realizadas por 55% dos

participantes, e 45% não praticam a coleta de sementes ou mudas. Para fins

artesanais, constatou-se que apenas 15% dos participantes utilizam o Cerrado como

fonte de matéria prima. Um dos participantes produz quadros utilizando sementes,

folhas, cascas de frutos, galhos, entre outros materiais; um colhe orquídeas para

enfeitar a casa e um que faz árvore de natal com galhos de árvores do Cerrado.

Analisando as espécies citadas pelos assentados, as quais utilizam em seu

cotidiano, pode-se concluir que os participantes utilizam as espécies de plantas para

fins medicinais em sua maioria (82,4%), seguido de fins alimentícios (10,4%).

Foram citadas oitenta espécies de plantas no total. Considerando as espécies

citadas sete ou mais vezes, estão, a saber: Stryphnodendron sp. (barbatimão) com

5,2%, Croton urucurana (sangra d’água) com 5,2%, Myracrodruon urundeuva

(aroeira) com 4,7%, e “maruleite” (3,6%).

Na primeira oficina realizada contou-se com a participação 22% das famílias

em relação ao total de famílias assentadas. Aplicou-se um questionário para

avaliação do conhecimento prévio dos assentados em relação ao assunto que seria

discutido na oficina. Obteve-se grande participação dos assentados, os quais

ficaram sensibilizados quanto à necessidade de conservação do solo, da água e da

vegetação.

Na segunda oficina compareceram 35% das famílias em relação ao total de

famílias assentadas, totalizando dezessete (17) pessoas. No intuito de verificar o

conhecimento dos assentados quanto ao reconhecimento de sementes e frutos

nativos do Cerrado, montou-se uma “bancada de sementes e frutos”.

Capa Índice 10997

As espécies que foram identificadas por mais de 50 % dos participantes

foram: Anacardium humile (cajuzinho do cerrado), Hymenaea sp. (jatobá da mata),

Pterodon pubescens (sucupira branca), Genipa americana (jenipapo), Annona

crassiflora (articunzinho do cerrado), Enterolobium contortisiliquum (tamboril),

Dipteryx alata (baru), Byrsonima crassifolia (murici doce do campo), Cecropia

pachystachya (embaúba), Anadenthera falcata (angico da mata) e Myracrodruon

urundeuva (aroeira vermelha).

Foram realizados dois percursos em áreas de vegetação nativa do Cerrado

no assentamento Santa Rita, onde foram encontradas 47 espécies nativas com

potencial econômico, as quais foram coletadas e identificadas com a ajuda de uma

botânica.

A presente pesquisa ainda está em desenvolvimento. O questionário de

avaliação da eficiência e eficácia ainda será reaplicado. Serão realizados os

percursos com a botânica e as turnês guiadas com os assentados para que se finde

a coleta de dados da pesquisa, e para que todos os resultados obtidos possam ser

discutidos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARVALHO, I.S.H.de. Conservação da biodiversidade no Assentamento Agroextrativista Americana (Grão Mogol-MG). In: ENCONTRO DA REDE DE ESTUDOS RURAIS, 4.,2010, Curitiba. Anais eletrônicos... Curitiba: UFPR, 2010. Disponível em: <http://www.redesrurais.org.br/sites/default/files/Conserva%C3%A7%C3%A3o%20da%20biodiversidade%20no%20Assentamento%20Agroextrativis.pdf>. Acesso em: 28 nov. 2011. DEMO, P. Pesquisa qualitativa: busca de equilíbrio entre forma e conteúdo. Revista Latino Americana de Enfermagem. Ribeirão Preto, v.6, n.2, p.89-104, abril. 1998. GODOY, A. S. Pesquisa qualitativa: tipos fundamentais. Revista de Administração de Empresas. São Paulo, v.35, n.3, p. 20-29, maio/jun. 1995. SHIVA, V. Monoculturas da mente: perspectivas da biodiversidade e da biotecnologia. São Paulo: Gaia, 2003, 240 p. MATOS, P. F. de; PESSÔA, V. L. S. Observação e entrevista: construção de dados para a pesquisa qualitativa em geografia agrária. In: RAMIRES, J. C. de L.; PESSÔA, V. L. S. (Orgs.) Geografia e pesquisa qualitativa: nas trilhas da investigação. Uberlândia: Assis Editora, 2009. p. 279-291.

Capa Índice 10998

1

Paisagem Cultural e o Lugar Kalunga: as práticas simbólicas no Engenho II em Cavalcante, Goiás1

Jorgeanny de Fátima Rodrigues MOREIRA Instituto de Estudo Sócio Ambientais – Universidade Federal de Goiás

[email protected]

Dra. Maria Geralda de ALMEIDA Instituto de Estudo Sócio Ambientais – Universidade Federal de Goiás

[email protected]

Palavras chave: Paisagem, Lugar, Kalunga, Festa, Folia.

Introdução

O propósito desta discussão é interpretar como o Engenho II constitui-se em

lugar durante as manifestações culturais de seus moradores. Essa comunidade é

um dos 22 agrupamentos de famílias quilombolas em Goiás certificadas pela

Fundação Cultural Palmares, órgão do Ministério da Cultura. O Engenho II está

localizado a aproximadamente 27 quilômetros do centro urbano de Cavalcante,

distante cerca de 400 quilômetros de Brasília-DF e 600 quilômetros de Goiânia.

A paisagem cultural durante os fenômenos festivos é composta por três

momentos. O primeiro é a organização do espaço para que aconteça a festa; o

segundo refere-se às folias e o ápice dos festejos; e o terceiro é aquele das

despedidas do santo, dos amigos e parentes, da arrumação e a volta ao cotidiano,

mas também da espera pela próxima festa.

As festas e os rituais religiosos são elementos que compõem o espaço

geográfico, e que exerce sobre este, intensas modificações em virtude das

dinâmicas que ocorrem no espaço festivo. As festas e as folias são apropriações da

paisagem, representam a cultura, os costumes e os valores da comunidade

quilombola. “A sociabilidade local é [...] construída por meio de agrupamentos de

famílias, vinculadas pelo sentimento de localidade, pela convivência, pelas práticas

de auxilio mútuo e pelas atividades festivas” (ALMEIDA, 2010, p. 14).

A pesquisa visa responder indagações como: O cotidiano e os aspectos

simbólicos e culturais constituem uma mesma dimensão no lugar Kalunga? As

paisagens culturais produzidas pelos moradores da comunidade refletem na

1 Pesquisa de Mestrado em Geografia pelo Programa de Pós Graduação em Geografia do Instituto de Estudos Socioambientais da Universidade Federal de Goiás. Pesquisa financiada por meio de bolsa concedida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Capa Índice 10999

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 10999 - 11003

2

mudança dos hábitos e cotidiano da comunidade? As paisagens culturais,

construídas a partir dos rituais festivos e religiosos, contribuem para a relação entre

os Kalunga e o lugar?

Alguns objetivos foram estabelecidos com o propósito de alcançar respostas

para esses questionamentos, e também na tentativa de contribuir com o

fortalecimento do saber tradicional junto à academia. Acredita-se que essas

investigações podem permitir a compreensão acerca da resistência cultural do modo

de vida dos Kalunga, mesmo diante das influências modernas de áreas urbanizadas

localizadas tão próximos da comunidade.

Material e Métodos

As categorias de análise e os estudos sobre as manifestações da comunidade

Kalunga têm como embasamento teórico e metodológico a Geografia Cultural, que

para Sauer (2000 {1927}), se preocupa com os elementos da cultura que conferem

caráter específico a área.

A revisão bibliográfica abrange três eixos temáticos de discussão: as

comunidades de remanescentes de quilombolas em Goiás, as categorias de análise

– lugar e paisagem -, e cultura e festas no Brasil e em Goiás.

As folias e festas na comunidade quilombola do Engenho II são estudadas

com as categorias paisagem e lugar. Essas categorias subsidiam a compreensão da

construção do lugar e das paisagens culturais pelos Kalunga, a partir das práticas

simbólicas e culturais estabelecidas no cotidiano e, sobretudo nas manifestações

religiosas.

Para Santos (1994), a paisagem pode ser estrutural e funcional, apresenta

uma organização, mas também uma função social, esta por sua vez, pode mudar ao

longo do dia. A paisagem Kalunga, em dias de festas, é marcada pela ação dos

moradores que organizam o espaço para receber a Folia. Nota-se o cheiro de doces

e alimentos salgados que são servidos no jantar. A Igreja e o seu entorno são

decorados com ornamentações próprias das festas rurais. À noite, é acrescentando

a essa paisagem os carros, o som do forró, os visitantes e o movimento da festa.

Portanto, à paisagem é atribuída uma função que deverá ser observada

durante os rituais religiosos e festejos das Folias na comunidade Kalunga. A análise

Capa Índice 11000

3

das paisagens orienta para o estudo dos elementos sociais que constituem o lugar

(ROMACINI, 2005).

Santos (2002) e Carlos (1996) consideram que o lugar se produz a partir de

sua relação com o global. No entanto, o lugar possui particularidades e

singularidades que para Santos (2002) relaciona-se com a solidariedade e a

cooperação. Na compreensão de Carlos, “o lugar é o produto das relações

humanas, [...] que se realizam no plano do vivido, o que garante a construção de

uma rede de significados e sentidos (1996, p. 29).

O lugar, na perspectiva da Geografia Cultural, também é entendido como a

realização e reprodução da vida, que apresenta significados e sentidos atribuídos

pelos homens. No entanto, o lugar também possui aspectos ligados à subjetividade,

à percepção e significa um conjunto complexo e simbólico, que pode ser analisado a

partir da experiência individual.

Dois fatores que caracterizam o lugar são a identidade e a estabilidade. A

estabilidade é a pausa do movimento e a identidade refere-se ao sentido, ou seja, a

personalidade do lugar (TUAN, 1983). O Engenho II possui singularidades e

peculiaridades que o identificam enquanto lugar. A comunidade rural é habitada por

descendentes de quilombolas que mantém uma relação histórica com o lugar.

Existem atividades e hábitos no cotidiano Kalunga que dão identidade a

comunidade, como o uso de equipamentos rústicos para trabalharem os roçados, a

solidariedade e a sociabilidade marcada pela solidariedade na organização e

participação de festas religiosas.

Para a leitura e compreensão das paisagens culturais e lugar Kalunga

utiliza-se de alguns procedimentos metodológicos, os quais contam com duas fases.

Na primeira fase, fez-se necessário o levantamento bibliográfico e documental para

aprofundamento da base teórico-conceitual. A segunda etapa da pesquisa tratou-se

de uma pesquisa qualitativa (Diagnóstico Rápido Participativo) com três

procedimentos metodológicos: Mapa Falado, Caminhadas Transversais e

Observação Participante.

O DRP é um “conjunto de técnicas e ferramentas que permite que as

comunidades façam seu próprio diagnóstico [...], os participantes podem

compartilhar experiências e analisar os seus conhecimentos” (VERDEJO, 2006, p.

12).

Capa Índice 11001

4

A Caminhada Transversal se caracteriza por percorrer o território

acompanhado por moradores conhecedores de toda a área servindo de informante

(CARVALHO, 2006). Essa etapa da pesquisa de campo consiste na análise do lugar

e das paisagens culturais a partir da observação e vivência no Engenho II.

O Mapa Falado privilegia a dimensão espacial. Nessa etapa, os participantes

fazem um desenho representando todo o lugar – objeto de estudo. “Durante sua

confecção está em debate tudo aquilo que tem representação no espaço como rios,

matas, casas” (FARIA; NETO, 2006, p. 20).

A observação participante é a técnica em que o processo de observar deve

acontecer de forma que o pesquisador participe da vida do grupo a ser pesquisado.

Para Borges “o pesquisador deve integrar o grupo, analisando-o de dentro para fora,

por meio de vivências e convivências cotidianas” (2009, p. 186).

Com uso das metodologias apresentadas tem-se o objetivo de compreender

a relação dos sujeitos com o lugar e com as paisagens do Engenho II, bem como

interpretar os significados simbólicos das paisagens presentes no cotidiano e nas

festas.

Resultados/Conclusão

O diálogo com os Kalunga, por meio das metodologias participantes, permite

compreender a relação de afetividade e envolvimento com o lugar em que vivem e

como percebem as paisagens no Engenho II. Por meio das caminhadas transversais

e a observação participante na comunidade, compreende-se o sentido e o

significado dessas manifestações para os moradores da comunidade, devotos e

festeiros.

Nas paisagens culturais dos “giros” das folias, gestos de fé e devoção estão

impressos o sentido de afetividade e estabilidade, características do lugar na

perspectiva da geografia cultural. Os elementos presentes nas paisagens são a (re)

significação dos aspectos simbólicos e tradicionais do lugar Kalunga, como seus

saberes e suas práticas de apropriação do espaço em que vivem.

Referências Bibliográficas

Capa Índice 11002

5

ALMEIDA, Maria Geralda de. Território de Quilombolas: pelos vãos e serras dos Kalunga de Goiás – patrimônio e biodiversidade de sujeitos do Cerrado. Revista Ateliê Geográfico – Edição Especial. V. 1, n. 9, fev. 2010, p. 36-63. ____________. Refletindo sobre o lugar turístico no global. In CORIOLANO, Luzia Neide M. T. (Org.) Turismo com Ética. Fortaleza: UECE, 1998. BORGES, Maristela Corrêa. Da Observação Participante à Participação Observante: uma experiência de pesquisa qualitativa. In RAMIRES, Julio César. L; PESSÔA, Vera Lúcia S (Orgs.). Geografia e Pesquisa Qualitativa: nas trilhas da investigação. Uberlândia: Assis, 2009. CARLOS, Ana Fani A. O lugar no/do mundo. São Paulo: Editora Hucitec, 1996. CARVALHO, Douglas Divino. Diagnóstico Rural Participativo (DRP) das Condições Sócio Culturais dos Assentamentos de Reforma Agrária na Região do Triângulo Mineiro – MG. In: Simpósio de Reforma Agrária. Universidade Federal de Uberlândia, 2006. FARIA, Andréa Alice da C.; NETO, Paulo Sérgio F. Ferramentas de Diálogo: qualificando o uso das técnicas de DRP – Diagnóstico Rural Participativo. Brasília: MMA; IEB, 2006. ROMANCINI, Sônia Regina. Cuiabá: paisagens e espaços de memória. Cuiabá: Cathedral Publicações, 2005. SANTOS, Milton. Metamorfoses do Espaço Habitado: fundamentos teóricos e metodológicos da geografia. 3° Edição. São Paulo: Editora HUCITEC, 1994. SAUER, Carl. Desenvolvimentos Recentes em Geografia Cultural. In CORRÊA, Roberto Lobato; ROSENDAHL, Zeny. Geografia Cultural: um século (1). Rio de Janeiro: EdUERJ, 2000. TUAN, Yi Fu. Espaço e Lugar: a perspectiva da experiência. São Paulo: DIFEL, 1983. VERDEJO, Miguel Expósito. Diagnóstico Rural Participativo: Guia Prático DRP. Brasília: MMA, Secretaria de Agricultura Familiar, 2006.

Capa Índice 11003

Cities of Love e o encontro das diferenças no cinema

Joseane Alves RIBEIRO1

Maria Luisa Martins de MENDONÇA2

Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia

Palavras-chave: Cinema. Cidade. Cultura. Representação

Introdução

As cidades possuem diferentes formas e podem ser vistas de diferentes

maneiras dependendo dos olhares de quem as observa. Imprimimos detalhes

pessoais na descrição dos lugares pelos quais passamos, ou até mesmo apenas

imaginamos. E do mesmo modo fazem diretores, produtores e roteiristas de cinema

por exemplo. Com sua grande tela e imensurável capacidade de criação de

realidades, o cinema ocupa um importante papel na construção do imaginário das

cidades. E as cidades tem tido um papel de cada vez mais destaque dentro das

narrativas fílmicas, chegando ao ponto de se tornarem protagonistas. Por isso

observar a cidade no cinema se torna um trabalho tão importante, e também

interessante, como disse o sociólogo americano Robert Ezra Park (1973), a vida na

cidade merece um estudo mais aprofundado, mais inquisidor; estamos em débito

com o conhecimento da vida urbana contemporânea.

Provavelmente um dos projetos cinematográficos mais ousados nesse

aspecto seja a cinessérie Cities of Love, idealizada pelo diretor francês Emmanuel

Benbihy. Seus filmes tem por objetivo ilustrar o amor em suas diferentes formas,

sempre enfatizando as qualidades e características de cada cidade que serve de

cenário para as histórias. Os filmes são compostos por segmentos, espécies de

curtas-metragens, dirigidos por cineastas de diferentes lugares do mundo, que

evidenciam em suas narrativas elementos característicos de cada cidade

apresentada e, claro, suas visões particulares sobre cada uma delas. Paris e Nova

York foram palco para os dois primeiros filmes do projeto: Paris, je t'aime (Paris, te

1 Aluna do Mestrado em Comunicação, Mídia e Cultura da Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia - UFG. Bolsista da CAPES. E-mail: [email protected] Prof. Dra. da Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia - UFGO. Orientadora. E-mail: [email protected]

Capa Índice 11004

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 11004 - 11008

amo, 2006) e New York, I love you (Nova York, eu te amo, 2009).

Com o auxílio, principalmente, das discussões de autores como Zygmunt

Bauman e George Simmel, este trabalho tem por objetivo contribuir para a

compreensão do cinema como lugar de representação do "outro", além de avaliar

quais as implicações da existência do estrangeiro da cidade, mais especificamente

como essas implicações são percebidas e colocadas na tela. Para atingir tais

objetivos foi utilizada a metodologia de análise fílmica. Com o auxílio da mesma

buscou-se identificar nas narrativas que compõem os filmes, além da presença de

aspectos multiculturais e/ou interculturais, os temas aparecem com maior relevância.

Material e Métodos

Toda a construção de um filme intenciona algum significado, quer dizer algo;

em um processo de desconstrução e reconstrução, o analista quer descobrir o que

realmente foi dito (mesmo que implicitamente). As cenas, os recortes, os quadros, os

planos, a sequência de montagem, os atores, os diálogos, o tempo, o espaço e

muitos outros elementos unem-se para fazer surgir o filme e seu sentido. Este

trabalho fez uso, portanto, do método de análise fílmica, baseando-se principalmente

nos autores Francesco Casetti e Frederico di Chio (1991).

A análise teve foco na presença de personagens estrangeiros na narrativa,

como aparecem, o que fazem, enfim, suas peculiaridades. As cenas, os recortes, os

quadros, os planos, a sequência de montagem, os atores, os diálogos, o tempo, o

espaço e muitos outros elementos unem-se para fazer surgir o filme e seu sentido.

Para identificar as diferenças foram observadas as formas de consumo dos

personagens (vestimentas, lazeres, comidas etc), além da aparência física, traços

físicos, cor da pele, sotaque, dentre outros. Casetti e di Chio dividem a análise do

filme em três partes: posto em cena, posto em quadro e posto em série. O primeiro

se refere ao conteúdo imagético da cena; o segundo, à apresentação desses

conteúdos, fotografia; e o último diz respeito à montagem, à sequência do filme.

Resultados e discussão

Um dos primeiros segmentos de Paris, je t'aime, Quais de Seine, evidencia a

presença da diversidade cultural na cidade. A história mostra personagens que

passam pelas margens do rio Sena, sendo uma delas asiática e outras duas,

Capa Índice 11005

negras. Mas a personagem de maior destaque no curta é Zarka, personagem

muçulmana que é ajudada por um francês. François a ajuda a recolocar o véu e,

acidentalmente, acaba cobrindo todo o seu rosto com o tecido, impedindo sua visão.

Esta cena pode ser considerada uma metáfora implícita sobre a percepção ocidental

da cultura muçulmana, de que seus seguidores são/estão "cegos".

Na sequência, o pai da garota aparece e desmistifica a imagem de

insociabilidade associada aos muçulmanos. O segmento encerra-se com a imagem

de franceses e muçulmanos lado a lado.

Tratando-se de culturas orientais, o segmento de Mira Nair em New York, I

love you dá destaque à cultura judaica. Nele a personagem Rifka fala com o

joalheiro indiano sobre seu iminente casamento e sobre a tradição judaica das

mulheres rasparem o cabelo no dia do casamento. Enquanto Zarka escolhe cobrir o

cabelo, a tradição dos judeus força Rifka a usar uma peruca, com o cabelo de outra

mulher, pelo resto da vida. Mansukhbhai compreende Rifka e, num gesto de ternura,

abraça Rifka que, pela tradição judaica, é proibida de tocar outro homem que não o

seu marido.

O segmento mostra cenas do casamento e, apesar de não haver planos

aproximados dos convidados, é possível perceber que são todos judeus, todos

compartilham a mesma cultura. No mesmo segmento outros quadros evidencia a

presença dos estrangeiros. Mansukhbhai aparece andando em uma calçada

tumultuada da cidade, e essa multidão é formada majoritariamente por estrangeiros,

o que pode ser percebido pela observação da fisionomia e vestuário; Rifka e seu

marido passeiam em um parque de Nova York e na cena de fundo é possível

perceber um casal asiático tirando fotos de seu casamento. Esses dois quadros

indicam uma falta de interação real dos "outros" com aqueles nativos do local.

A observação desses segmentos mostra, portanto, uma diferença clara entre

a forma de sociabilidade com estrangeiros nos filmes. Em Paris, Gurindher Chadha

apresenta a possibilidade de interação entre os diferentes, já em Nova York, a

indiana Mira Nair apresenta dois casais de "iguais", que podem interagir com

também estrangeiros, mas em nenhum momento há menção de contato com os

"nativos".

O segmento Loin du 16e, dirigido por dois cineastas brasileiros, faz a

reprodução da típica presença de latinos em países europeus. Ana deixa o filho em

Capa Índice 11006

um berçário, canta canções de ninar em espanhol para acalmá-lo e segue para o

trabalho, na casa de uma família francesa, onde cuida de bebê (que não acalma

quando ouve a canção de ninar cantada por Ana). A sequência do episódio têm a

predominância dos tons azuis, o que dá um ar melancólico ao segmento.

Outra sequência do segmento, ainda com a predominância de cores frias, as

barras metálicas de apoio do trem parecem ser uma metáfora com grades de prisão

- talvez porque Ana esteja trabalhando ilegalmente em Paris (o que não dito

explicitamente). Esta cena não dura muito, logo Ana se movimenta e se posiciona no

trem próximo à janela (em busca da liberdade?). A metáfora da janela se repete na

sequência final do segmento em que a personagem canta para o bebê enquanto

olha, novamente, em direção à janela, que está fechada.

Em ambos os filmes de Cities of Love existem segmentos que evidenciam os

negros. Em Place des fetes, os rostos dos personagens são postos em close-ups,

mas o plano muda quando entram em cena personagens brancos, como os colegas

de trabalho da paramédica.

Planos aproximados, como o close-up, estabelecem uma proximidade

emocional com o espectador, " conotação pode ser de intimidade, de ter acesso à

mente ou pensamentos (incluindo o subconsciente) da personagem. Estas tomadas

podem ser utilizadas para enfatizar a importância de um personagem em particular

em um determinado momento do filme". (HAYWARD, 2006, p.355, tradução livre).

O segmento dirigido por Natalie Portman no filme de Nova York faz uso do

mesmo recurso. Depois de ser confundido como babá da própria filha (que é loira),

Dante aparece em uma apresentação artística. Na sequência os closes evidenciam

não apenas o seu rosto, mas também o rosto. Neste caso o plano pode tanto servir

para reforçar a ideia de virilidade do homem negro (os músculos são evidenciados),

quanto para contrastar com a suavidade da dança.

Conclusões

A observação dos filmes de Cities of Love foi capaz de revelar muitas

sutilezas inscritas nas narrativas. A análise aqui apresentada foi capaz de revelar

uma cidade que abriga diversas culturas, mas não há interação entre elas, há, sim,

uma delimitação de espaços. Foi possível perceber, portanto, que a maior parte da

interação dos personagens acontece entre “iguais”, por isso quer-se dizer

Capa Índice 11007

“estrangeiros com estrangeiros”, “nova-iorquinos com nova-iorquinos”, por exemplo.

New York, I love you pode ser considerado uma demonstração de como as cidades

tem sido representadas de modo conservador no cinema, no sentido de delimitar

espaços para “iguais” e “diferentes”. Já em Paris, je t'aime, parece haver uma

tentativa de transformar o imaginário de que muçulmanos não são sociáveis, apesar

de reforçar o imaginário acerca dos latinos, o filme mostra mais interação entre os

nativos e os "outros".

A análise de apenas dois filme não pode gerar afirmações categóricas a

respeito de um tema, mas pode, como mencionado anteriormente, identificar

possibilidades de representação. As representações do cinema estão ligadas à

construção do imaginário e, portanto, a representação da cidade como um espaço

dividido entre o “eu” e o “outro” e o reforço de estereótipos negativos de estrangeiros

incide sobre a maneira como percebemos e convivemos com as diferenças e, assim,

influenciar em nossa aproximação ou afastamento daquilo e daqueles que são

diferentes de nós.

Referências bibliográficas

AUMONT, Jacques. et al. A estética do filme. Campinas, SP: Papirus, 1995.

BAUMAN, Zygmunt. Comunidade: a busca por segurança no mundo atual. Rio

de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003.

______. Confiança e medo na cidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009.

HALL, Stuart. A centralidade da cultura: notas sobre as revoluções culturais do

nosso tempo. Educação & Realidade, Porto Alegre, v.22, n.2, p.15-46, jul./dez.

1997.

HAYWARD, Susan. Cinema studies: the key concepts. Abingdon: Routledge,

2006.

MARTIN, Marcel. A linguagem cinematográfica. 1a Ed. São Paulo: Brasiliense,

2003.

PARK, Robert Ezra. A cidade: sugestões para a investigação do comportamento

humano no meio urbano. In: VELHO, Otávio Guilherme (Org.) O fenômeno urbano.

2a Ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1973. P. 26-67.

Capa Índice 11008

CONTRIBUIÇÃO À NANOCIÊNCIA APLICADA AOS MATERIAIS CIMENTÍCIOS José Henrique Alves FERNANDES, Escola de Engenharia Civil, [email protected]

Helena CARASEK, Escola de Engenharia Civil, [email protected]

Oswaldo CASCUDO, Escola de Engenharia Civil, [email protected]

Palavras-chave: Nanociência. Materiais Cimentícios. Técnicas Nanocientíficas.

1 INTRODUÇÃO

Atualmente entende-se que quaisquer alterações nas propriedades de um

material são consequências de alterações em sua microestrutura

(MEHTA; MONTEIRO, 2008). Seguindo esta ideia, quanto menor a escala utilizada

em uma análise, mais se aproxima de onde se iniciam todas as interações e

processos responsáveis pelas características e propriedades macroestruturais dos

materiais, isto é, dos átomos e de suas interações. Neste contexto, foi de suma

importância o aparecimento de técnicas de ensaio aprimoradas, que permitiram

compreender melhor a estrutura interna dos materiais, até o nível nano.

Scrivener (2009) também chama a atenção para a necessidade de maior

compreensão, em nível nanocientífico, sobre o efeito de materiais cimentícios

suplementares (também denominados de adições minerais) na reatividade,

alteração microestrutural e durabilidade do concreto, com o intuito de ampliar

generalizadamente a aplicação conjunta destes ao cimento Portland e, por

conseguinte, reduzir a emissão de CO2 para a atmosfera.

Ainda são poucas as pesquisas que abordaram as técnicas nanocientíficas

aplicadas aos materiais à base de cimento Portland e às adições minerais. Desta

forma, procurando contribuir com esta parte do conhecimento, a proposta da

presente pesquisa é:

apresentar e detalhar as técnicas de nanociência existentes;

verificar a potencialidade de cada técnica no estudo da hidratação do cimento

e de pastas contendo adições minerais;

identificar, em nanoescala, produtos da hidratação do cimento e da reação

pozolânica envolvendo o metacaulim (um material cimentício suplementar).

Capa Índice 11009

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 11009 - 11013

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A seguir, é discutido de forma sucinta as principais técnicas utilizadas para

estudo nanocientífico de materiais cimentícios.

2.1 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV)

Esta técnica permite, para materiais sólidos como o concreto, a obtenção de

imagens de aparência tridimensional em nível micro e nanoestrutural, bem como a

realização de análise química nas regiões visualizadas da amostra que se analisa.

As imagens obtidas são resultado da captação e posterior conversão de

diversos sinais originados a partir da interação com a amostra de um feixe de

elétrons emitido sobre a mesma (HASPARYK, 2005).

O funcionamento do MEV exige que a amostra seja condutora, o que para

amostras naturalmente não condutoras, como as de materiais cimentícios, demanda

prévia preparação: deposição de fina camada de material condutor sobre as suas

superfícies (MALISKA, 2010).

Na Figura 1, como exemplo, visualizam-se produtos de morfologia típica de

C-S-H em concreto, obtidas pelo MEV.

Figura 1 – Imagem via MEV de produtos de morfologia típica de C-S-H em concreto (CASTRO, 2003)

2.2 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE TRANSMISSÃO (MET)

O Microscópio Eletrônico de Transmissão (MET) é uma técnica de

microscopia na qual um feixe de elétrons é emitido em direção a uma amostra

ultrafina, interagindo com a mesma enquanto a atravessa. A interação dos elétrons

transmitidos através da amostra forma uma imagem que é ampliada e focada em um

dispositivo de imagem, como uma tela fluorescente em uma camada de filme

fotográfico ou uma câmera censora (GOLDSTEIN et al., 1981).

Capa Índice 11010

As amostras analisadas no MET devem ter as seguintes características:

espessura de 500 Å a 5000 Å, dependendo do material e da tensão de aceleração

utilizada; superfície polida e limpa dos dois lados; e durante a preparação não

podem ser alteradas, como por exemplo, por meio de deformação plástica

(ZININ, 2008).

Na Figura 2 é mostrada uma imagem de pasta hidratada de cimento de alto

teor alumínio obtida via MET.

Figura 2 – Imagem obtida por MET: pasta hidratada de cimento de alto teor de alumínio, mostrando

partículas de Al2O3 “embebidas” em uma matriz de gel (POON; GROVES, 1988)

2.3 MICROSCOPIA DE FORÇA ATÔMICA (AFM)

O Microscópio de Força Atômica (AFM) gera imagens a partir da medida das

deflexões sofridas por uma sonda em balanço de massa ultrapequena, denominada

cantilever, que ocorrem devido à interação de forças, em nível atômico (dado o alto

nível de sensibilidade do aparelho), entre a superfície amostrada e a ponteira

ultradelgada que há na extremidade desta sonda, responsável pela varredura

(BINNIG; QUATE; GERBER, 1986).

De acordo com Yang (2006) não é simples a aplicação prática do AFM para

materiais cimentícios, devido principalmente à exigência da necessidade de

superfícies razoavelmente planas para a realização do ensaio, bem como por não

permitir a identificação direta da composição química da superfície analisada.

Barreiras que, contudo, podem ser contornadas: moldando-se a superfície da pasta

sobre placas de mica recém-clivada (que confere planicidade à superfície das

pastas) e associando-se os resultados do AFM com os do MEV (que permite

identificação química) (YANG; KELLER; MAGYARI, 2002; PELED; WEISS, 2011).

Ainda que exploratório para o ramo dos materiais cimentícios, com a ausência

de trabalhos nacionais sobre o assunto, algumas pesquisas internacionais já foram

publicadas tratando da utilização do AFM para a análise destes materiais.

Capa Índice 11011

Na Figura 3 apresentam-se imagens obtidas pelo AFM em análises de pastas

de cimento com e sem adição de sílica ativa.

(a) (b)

Figura 3 – Imagens obtidas por AFM ; (a) pasta composta apenas por cimento; (b) pasta composta

por 10% de sílica ativa (PAPADAKIS; PEDERSEN, 1999)

Peled e Weiss (2011) associaram o AFM ao MEV e identificaram em pequena

escala o C-S-H e o Ca(OH)2 (Figura 4).

Figura 4 – Imagens de Ca(OH)2 e C-S-H em pasta, obtidas por meio do AFM (PELED; WEISS, 2011)

Todas as técnicas anteriormente apresentadas são importantes em estudos

nanocientíficos de materiais cimentícios, entretanto, grande é a expectativa de

obtenção de bons resultados por meio da utilização do AFM, dado o alto poder da

técnica associado ao seu caráter ainda exploratório para o estudo destes materiais.

3 METODOLOGIA

Devido à restrição de tamanho imposta pela maior parte das técnicas de análise

nanocientífica, serão estudadas somente pastas nesta pesquisa. As variáveis serão:

teor de metacaulim (material cimentício suplementar), em substituição ao

cimento, em massa, nas pastas: referência (0%), 10% e 20%;

idade da pasta para análise: 1 dia, 7 dias e 28 dias após a moldagem.

Capa Índice 11012

Os materiais utilizados serão: cimento CP V ARI, metacaulim comercial e

água proveniente do abastecimento público. A relação água/aglomerante será fixa

em 0,40.

4 RESULTADOS ESPERADOS

Os resultados obtidos serão analisados de maneira a correlacionar as

diversas imagens geradas por técnicas nanocientíficas (MEV e AFM) às análises

físico-químicas referentes aos materiais envolvidos (DRX e TG), de maneira que

seja possível, em nanoescala, identificar os compostos provenientes das reações de

hidratação do cimento e pozolânica, bem como obter um panorama geral e

comparativo da estrutura interna das diferentes pastas analisadas.

Pesquisa financiada pela Capes.

5 REFERÊNCIAS

BINNIG, G.; QUATE, C. F.; GERBER, C. Atomic Force Microscope. Physical Review Letters, v. 56, n. 9, p. 930-933, 1986. CASTRO, A. Influência das adições minerais na durabilidade do concreto sujeito à carbonatação. 2003. 215 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2003. GOLDSTEIN, G. I.; NEWBURY, D. E.; ECHLIN, P.; JOY, D. C.; FIORI, C.; LIFSHIN, E. Scanning Electron Microscopy and X-ray microanalysis. New York: Plenum Press. 1981. 689 p. HASPARYK, N. P. Investigação de concretos afetados pela reação álcali-agregado e caracterização avançada do gel exsudado. 2005. 326 p. Tese (Doutorado em Engenharia Civil) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005. MALISKA, A. M. Microscopia eletrônica de varredura. Florianópolis: 2010. 97 p. MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M. Concreto – microestrutura, propriedades e materiais. 3. ed. São Paulo: IBRACON, 2008. 674 p. PAPADAKIS, V. G.; PEDERSEN, E. J. An AFM-SEM investigation of the effect of silica fume and fly ash on cement paste microstructure. Journal of Materials Science, v. 34, n. 4, p. 683-690, 1999. PELED, A.; WEISS, J. Hydrated cement paste constituents observed with Atomic Force and Lateral Force Microscopy. Construction and Building Materials, v. 25, n. 11, p. 4299-4302, 2011. POON, C. S.; GROVES, G. W. TEM observations of a high alumina cement paste. Journal of Materials Science Letters, v. 3, n. 7, p. 243-244, 1988. SCRIVENER, K. L. Nanotechnology and cementitious materials. In: NANOTECHNOLOGY IN CONSTRUCTION 3, 2009, Prague, Czech Republic. Proceedings of the NICOM 3. Ed. Springer, 2009. p. 37-42. YANG, T. D. AFM study of the interactions between moisture and the surface of cementitious materials. 2006. 80 p. Tese (Doutorado em Ciências Técnicas) – Instituto Federal Suíço de Tecnologia, Zurique, 2006. YANG, T.; KELLER, B.; MAGYARI, E. AFM investigation of cement paste in humid air at different relative humidities. Journal of Applied Physics, v. 35, n. 8, p. L25-L28, 2002. ZININ, P. Transmission Electron Microscope. Disponível em: www.soest.hawaii.edu. Acesso: 20 de fevereiro de 2012.

Capa Índice 11013

Otimizacao da Lente Secundaria para Lampadas de LED∗

Jose Luiz Ferraz BARBOSA1,†,‡, Antonio Marcelino da SILVA FILHO2†,Wesley Pacheco CALIXTO3,†,‡, Leonardo da Cunha BRITO†,

Aylton Jose ALVES‡, Enes Goncalves MARRA†,A. Paulo COIMBRA§.

Resumo: O proposito deste trabalho e apresentar um metodo para otimizar a lente se-cundaria do LED. O objetivo desta otimizacao e uniformizar a distribuicao de intensidaderadiante emitida por uma lampada de LED sobre um plano alvo. Com este intuito, utiliza-se um software para simular o Ray Tracing em conjunto com um metodo heurıstico paraotimizar a geometria da lente de uma lampada de LED.

Palavras-chave: algoritmo genetico, LED, lentes, otimizacao.

1 Introducao

De acordo com a ultima pesquisa feita em 2008 pela Procel/Eletrobras, no Brasil exis-tem 15 milhoes de pontos de iluminacao publica instalados. Somente a cidade de SaoPaulo possui 530 mil pontos de iluminacao publica, sendo considerado o maior acervo domundo, a frente de grandes cidades mundiais como Nova Iorque (312 mil pontos) e Pa-ris (150 mil pontos). A iluminacao publica no Brasil representa cerca de 3% do consumototal de energia eletrica, mas esta proporcao se eleva ainda mais quando consideradoiluminacao residencial, comercial e industrial, podendo chegar aos 20% de toda energiaeletrica utilizada no paıs [1].

As tecnologias de iluminacao baseadas em LED, tambem denominada tecnologia desemicondutores em estado solido, podera produzir a proxima geracao de luzes brancaspara iluminacao [2]. A eficacia luminosa de um LED de cor branca recentemente ultrapas-sou 100 Lm/W [3], alcancando a eficacia de 170 Lm/W para um prototipo de lampada deLED de 7, 3 W que emite 1.250 lm, desenvolvido pela Cree Incorporation [4]. Na Tab. 1dispoem-se uma comparacao entre as tecnologias de lampadas existentes.

∗Email: [email protected], [email protected], [email protected]†Universidade Federal de Goias - Escola de Engenharia Eletrica, Mecanica e de Computacao (EMC)‡Instituto Federal de Goias (IFG)§Universidade de Coimbra (UC) - Instituto de Sistema e Robotica (ISR)

Capa Índice 11014

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 11014 - 11020

IX Congresso de Pesquisa, Ensino e Extens~ao da UFG 2

Tabela 1: Relacao de Eficacia entre Fontes Luminosas [5]Fonte Luminosa Faixa de Eficacia Luminosa (lm/W )

Incandescente (60W ) 10− 18

Halogena (100W ) 15− 20

Fluorescente Compacta (30W ) 35− 75

Vapor de Mercurio (5000W ) 45− 65

Fluorescente tubular (30W ) 50− 100

Vapor de Sodio HP(600W ) 85− 150

Vapor de Sodio LP(35W ) 100− 200

Vapor Metalico (100W ) 65− 115

LED (7W ) 28− 170

Devido ao crescente avanco nas pesquisas, a utilizacao dos chamados LED de altapotencia em solucoes antes ocupada por outras fontes luminosas esta se expandindo [6].Diversas razoes contribuem para essa mudanca devido as amplas vantagens das fontesde luz de LED quando comparados as fontes de luz convencionais. Pode-se citar: maiorvida util, elevado brilho, menor consumo de energia, menor tamanho, resposta rapida, econfiabilidade [2, 3, 7]. Alem dessas, apresenta visibilidade mesmo na claridade solar alemde resistencia a choques e vibracoes mecanicas [8].

O fato de possuir alguns requisitos especiais, como gestao termica e layout opto-mecanico, adicionado a sua eficiencia limitada na conversao energetica, onde cerca de75% a 85% da energia e perdida na forma de calor, faz do LED uma tecnologia com vastocampo de pesquisa [6, 9].

O trabalho realizado por Uchida & Taguchi [2] inclui um prototipo de poste para iluminacaopublica auto-sustentavel, utilizando uma combinacao de 700 LEDs brancos, placas deenergia solar e baterias. Entretanto, na utilizacao do LED para iluminacao direta, ospadroes de radiacao sao de simetria circular com distribuicao da intensidade radiante dis-forme, necessitando utilizar elementos opticos auxiliares para redistribuir a luz do LED egerar uma iluminacao uniforme sobre o plano alvo [7, 10, 11].

A maioria dos estudos focam os projetos das lentes integradas ao LED (lentes primariasfeitas normalmente de EPOXY e PMMA), implicando em mudancas na fabricacao do chip.

O projeto de lentes integradas com formatos especificamente projetados (lentes free-form) tem sido o mais usado por apresentar uma menor perda de eficacia luminosa [10].Ha relatos na literatura sobre alguns metodos de projeto, onde um destes metodos e o datentativa e erro, no qual os projetistas podem modificar os parametros iterativamente ateque um padrao satisfatorio seja obtido [10, 11].

Capa Índice 11015

IX Congresso de Pesquisa, Ensino e Extens~ao da UFG 3

Varios esforcos tem sido desprendidos para otimizacao da lente primaria do LED. Entre-tanto, existe a necessidade de se estudar o comportamento do uso de lentes secundariasexternas ao LED. No trabalho de Ding et al. [10], os autores propoem um novo metodode projeto de lente de LED com superfıcie interna esferica e superfıcie externa de formatolivre para aplicacoes em sistemas de projecao.

A proposta deste trabalho e utilizar um metodo de otimizacao heurıstico para gerargeometrias de lentes secundarias freeform de LED (lampada de LED). Utilizar um soft-ware para simular um metodo de distribuicao da intensidade radiante e com isto otimizar adistribuicao da intensidade radiante sobre um plano alvo.

2 Metodologia

2.1 Ray Tracing

Para a simulacao da geometria das lentes sera utilizado a tecnica numerica baseada na Leide Snell-Descarte, conhecida como metodo do Ray Tracing, que mapeia a propagacao in-dividual dos raios luminosos. O algoritmo fundamental do Ray Tracing calcula a interseccaoentre os raios de luz emitidos pela fonte luminosa e a refracao entre o raio luminoso e asuperfıcie S1 e S2, ate atingir o plano alvo, como ilustrado na Fig. 1.

Figura 1: Aplicacao de Ray-Tracing em problema 2D.

Portanto, alterando a geometria da superfıcie S1 e S2, e possıvel uniformizar a distribuicaodos raios luminosos sobre um plano alvo. Seguindo os mesmos princıpios, pode-se exten-der a tecnica para uma aplicacao tridimensional.

Capa Índice 11016

IX Congresso de Pesquisa, Ensino e Extens~ao da UFG 4

2.2 Software de Simulacao

O software Zemax Optical Design R©, comercializado pela Radiant Zemax, e um programade simulacao optica que serve para modelar, analisar e auxiliar no projeto de lentes ede sistemas opticos refrativos, refletivos e difrativos, usando para isto o Ray Tracing. OZemax sera utilizado para simular os raios luminosos emitidos pelo LED ate atingir o planoalvo. Desta simulacao, pretende-se extrair a distribuicao da intensidade radiante sobreeste mesmo plano.

Para a interface de comunicacao entre o Zemax e o algoritmo de otimizacao sera utili-zado um protocolo de comunicacao denominado DDE (Dynamic Data Exchange) que per-mite que outras aplicacoes na plataforma Windows R© estabelecam comunicacao e acesseas funcoes no software Zemax. A DDE e uma ferramenta de extensibilidade muito po-derosa e rapida que permite que programas feito por usuarios extraiam as informacoes eanalises realizadas pelo Zemax. Toda operacao de leitura e escrita de parametros nao efeita diretamente sobre os dados do arquivo carregado, mas e realizada por meio de umbuffer presente no servidor DDE.

2.3 Otimizacao

A heurıstica a ser adotada sera um algoritmo genetico, que tera como objetivo otimizar ageometria da lente secundaria no intuito de gerar uma intensidade radiante uniforme sobreo plano alvo.

O algoritmo genetico modifica a geometria da lente e solicita uma nova simulacao aoZemax. O Zemax executa o Ray-Tracing e devolve ao algoritmo genetico um vetor con-tendo a distribuicao do fluxo radiante sobre o plano alvo. O algoritmo genetico, atravesde uma funcao de avaliacao, compara os novos resultados da simulacao. Este processoocorre ate atingir uma geometria otimizada da lente secundaria da lampada de LED.

A Fig. 2 ilustra a funcao de otimizacao F (x), onde a curva vermelha e a curva desejada,distribuıda uniformemente sobre o plano alvo. A curva azul e a curva simulada pelo Zemax.Da Fig. 2 pode-se desenvolver uma metrica para mensurar o fitness de cada indivıduo doalgoritmo genetico, dado pela expressao:

F (x) =n∑

i=1

(Di − Si) + µ

Di + µ

, (1)

onde Di sao os pontos da curva desejada, Si sao os pontos da curva simulada, µ e umvalor que evita a divisao por zero e n e a quantidade de pontos sobre as curvas.

Capa Índice 11017

IX Congresso de Pesquisa, Ensino e Extens~ao da UFG 5

Figura 2: Ilustracao da Funcao de Avaliacao.

3 Resultados

Foi simulado um LED de 5 W , de padrao de radiacao batwings, modelo LumiLeds LXHL-BD01, em um confinamento conforme ilustrado na Fig. 3. A execucao do ray-tracing foirealizada em uma analise com 1 milhao de raios partindo da fonte luminosa.

Figura 3: Projeto do Modelo para simulacao.

Considerou-se o plano alvo distante 800mm da fonte luminosa e o confinamento sendoum tubo com raio de 25 mm. A distancia entre a fonte luminosa e a lente e de 20 mm.Os parametros que modificam a geometria da lente sao apenas os raios de curvatura dascurvas S1 e S2 e a espessura da lente, conforme Fig. 1.

Nas Fig. 4 e Fig. 5 tem-se a simulacao para duas lentes diferentes. Observa-se naFig. 4 que nao ha uma distribuicao uniforme da intensidade radiante, e que o seu valormaximo e de aproximadamente 4 W/sr. Na Fig. 5, utilizando o processo de otimizacao,consegue-se uma lente com melhor distribuicao da intensidade radiante aplicado sobre oplano alvo e, seu valor permanece o mesmo. Observa-se ainda, que na Fig. 6, utilizandoo mesmo processo de otimizacao, a intensidade radiante foi acrescida para aproximada-mente 23 W/sr.

Capa Índice 11018

IX Congresso de Pesquisa, Ensino e Extens~ao da UFG 6

Figura 4: Funcao de avaliacao F (x) = 30, 62.

Figura 5: Funcao de avaliacao F (x) = 18, 88.

Figura 6: Funcao de avaliacao F (x) = 17, 42.

Nas simulacoes anteriores, observa-se para o caso onde F (x) = 30, 62 (Fig. 4), aureolasque indicam baixo valor do fluxo radiante, conforme ilustrado na Fig. 7 a).

Figura 7: Distribuicao da Intensidade Luminosa sobre o plano alvo.

Capa Índice 11019

IX Congresso de Pesquisa, Ensino e Extens~ao da UFG 7

No caso onde F (x) = 18, 88 (Fig. 5), observa-se que houve certa distribuicao da inten-sidade radiante, conforme ilustrado na Fig. 7 b).

4 Conclusoes

Testes iniciais demonstram que o processo de otimizacao proposto e viavel para gerarnovas geometrias de lentes secundarias para LED, uniformizando a distribuicao da inten-sidade radiante sobre o plano alvo. No entanto, as lentes otimizadas ate o momento,possuem como parametro apenas o raio de curvatura das superfıcies S1 e S2 e a espes-sura da lente. O trabalho ainda esta em desenvolvimento e para otimizar lentes freeformsera necessario aumentar a quantidade de parametros da geometria da lente a ser oti-mizada. O objetivo final deste trabalho e aplicar sobre um plano alvo uma intensidaderadiante uniformemente distribuıda e o maior valor possıvel para o fluxo radiante.

Referencias[1] EMPRESA DE PESQUISA ENERGETICA. Balanco Energetico Nacional. Ministerio de Minas e

Energia, Rio de Janeiro, Brasil. 2011.

[2] Y. UCHIDA; T. TAGUCHI. Lighting theory and luminous characteristics of white light-emittingdiodes. Optical Engineering, v. 44, p. 124003, SPIE. 2005.

[3] Y. C. CHANG; C. J. OU; Y. S. TSAI; F. S. JUANG. Nonspherical LED Packaging Lens forUniformity Improvement. Optical Review, v. 16, n. 3, p. 323-325, SPRINGER. 2009.

[4] F. M. WRIGHT. Cree demonstrates 170-lm/W LED retrofit lamp in lab. LEDs Magazine. 2012.

[5] M. S. REA. The IESNA Lighting Handbook - Reference And Application. Illuminating Engine-ering Society of North America, v.9, New York, NY, USA. 2000.

[6] O. KUCKMANN. High power LED arrays - Special requirements on packaging technology.Proceedings of Society of Photo-Optical Instrumentation Engineers (SPIE), v. 613404-1. 2006.

[7] X. LUO; H. LIU; Z. LU; Y. WANG. Automated optimization of an aspheric led lens for uniformillumination. Applied Optics, v. 50, n. 20, p. 3412-3418, Optical Society of America. 2011.

[8] D. L. EVANS. High Luminance LEDs Replace Incandescent Lamps in New Applications.Proceedings of Society of Photo-Optical Instrumentation Engineers (SPIE), v. 3002, p. 142,1997.

[9] U.S. DEPARTMENT OF ENERGY. LED Basics: Building Technologies Program. Energy Effici-ency and Renewable Energy. 2008.

[10] Y. DING; X. LIU; Z. ZHENG; P. GU. Freeform LED lens for uniform illumination. OpticsExpress, v. 16, n. 17, p. 12958-12966, Optical Society of America. 2008.

[11] K. WANG; F. CHEN; Z. LIU; X. LUO; S. LIU. Design of compact freeform lens for applicationspecific light-emitting diode packaging. Optics Express, v. 18, n. 2, p. 413-425, Optical Societyof America, 2010.

Capa Índice 11020

INFLUÊNCIA DE POLÍMEROS HIDROABSORVENTE NO COMPORTAMENTO FÍSICO-HIDRICO DE AREAL DEGRADADO EM RECUPERAÇÃO, SOBRADINHO, DF José Patrício Nunes de SOUZA (1), Vladia CORRECHEL(2), Arthur Vieira de

SANTANA(3) , Rafael Pereira GONÇALVES(4)

(1) Mestrando do Curso de Pós-Graduação em Agronomia – Solo e Água, Bolsista CNPq, EA/UFG,

Goiânia, GO, [email protected]; (2) Professor (a) Adjunto III, Setor de Solos, EA/UFG, vladiacorrechel@ hotmail.com; (3) bolsista PIBIC/CNPq, EA/UFG/Goiânia-GO, [email protected]; (4) bolsista PIVIC/CNPq, EA/UFG/Goiânia-GO, [email protected] Palavras-chave: física do solo, condicionador de solo, Neossolo Quartzarênico. INTRODUÇÃO

No Brasil Central, a ocupação antrópica e o avanço de fronteiras econômicas

vêm submetendo o bioma Cerrado a altas taxas de desmatamento e de conversão

do uso do solo. Além disso, existe a exploração direta de recursos minerais, como,

por exemplo, a exploração de areia matéria prima fundamental na construção civil.

Estas ações têm levado ao aumento de áreas degradadas e a demanda por projetos

de restauração florestal que visam restabelecer a integridade biológica dos

ecossistemas (Klink & Machado, 2005).

Nesse contexto soluções mitigadoras vêm sendo propostas como a utilização

de polímeros sintéticos, considerados condicionadores de solo e que têm contribuído

para melhorar as propriedades físico-químicas do solo, aumentando sua capacidade

de retenção de água, reduzindo a freqüência de irrigação e permitindo a utilização

mais efetiva dos recursos solo e água (Demartelaere et al., 2008). Estes autores

relatam que os polímeros são utilizados na produção de frutas, hortaliças e mudas

de diversas espécies. Em contato com a água, esses polímeros absorvem as

moléculas de água e formam rapidamente um gel. Capaz de armazenar muitas

vezes seu próprio peso em água, os polímeros produzem numerosos ciclos de

secagem-irrigação por longo tempo de duração (Venturoli et al., 2011).

Contudo, a maioria dos estudos realizados com polímeros hidroabsorventes

busca produzir conhecimento destes na comunidade científica sobre produção

Capa Índice 11021

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 11021 - 11025

vegetal. Em relação a sua aplicação potencial no caso de áreas degradadas, parece

ser uma ferramenta a mais que pode ser utilizada para acelerar o processo de

restauração florestal. No entanto, estudos que visam compreender a influência

destes polímeros no processo de recuperação do solo em si, são incipientes,

principalmente se tratando de física do solo.

Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o comportamento físico-

hídrico de um areal degradado em Sobradinho, DF. MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi desenvolvido no município de Sobradinho, DF, em uma área de

exploração mineral de areia quartzítica, sob cerrado sentido restrito, localizado na

Região Administrativa de Sobradinho. A área pertence à União e está sendo

explorada em regime de Concessão pela empresa Bracal, Brasília Calcário Agrícola

Ltda., com sede em Brasília, DF.

O experimento foi montado em uma área de 1 hectare que, após a exploração

de areia quartzítica, foi preparada para o plantio de mudas recobrindo-a com a

camada superior do solo original (topsoil) que fora retirado antes da exploração e

armazenado para esta finalidade.

Em julho de 2009 foram plantadas no local 1.600 mudas de 14 espécies

nativas do bioma cerrado. O espaçamento entre as mudas foi de aproximadamente

3 x 3m e a adubação consistiu na aplicação de 1 litro de esterco de bovinos curtido,

150g de NPK na formulação 4:14:8 e 50g de calcário dolomítico, por cova,

adicionando-se ainda 400ml de polímero hidroretentor hidratado, conforme

recomendação do fabricante do produto (HYDROPLAN-EB, 2009).

O solo no local foi classificado como Neossolo Quartzarênico,apresentando,

em média, na profundidade de 0-20 cm, 86,9% de areia; 8,6% de silte; 4,5% de

argila; Cu = 0,1 mg dm-³; Fe = 55,4 mg dm-³; Mn = 1,3 mg dm-³; Zn = 0,5 mg dm-³;

MO = 0,4%; pH- CaCl² = 4,3; P = 0,6 mg dm-³; K = 29,2 mg dm-³; Ca = 0,13 cmol

dm-³; Mg = 0,1 cmol dm-³; H+Al = 2,8 cmol dm-³; CTC = 2,5 cmol dm-³ e saturação

por bases = 12,3%.

O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados, com três

repetições e quatro tratamentos sendo eles: T1 = Controle; T2 = Irrigação 1 vez na

semana; T3 = Irrigação 1 vez na semana mais a aplicação de 400 ml de polímero

Capa Índice 11022

hidroabsorvente hidratado; T4 = Aplicação de 400 ml de polímero hidroabsorvente

hidratado.

A irrigação das mudas plantadas ocorreu somente nas estações secas ou por

ocorrência de veranicos, nas estações chuvosas. As variáveis físicas do solo

analisadas foram volume total de poros, macroporosidade, microporosidade,

densidade do solo e umidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores médios de densidade do solo não apresentaram diferença

significativa entre os tratamentos, tabela 1.

Tabela 1. Valores médios da densidade do solo (Ds), macroporosidade (MA),

microporosidade (MI), e volume total dos poros (VTP) em função da profundidade e

tratamentos.

Com relação à profundidade houve diferença significativa, sendo que a

camada de 0-5 cm apresentou menores valores de densidade do solo quando

comparada às demais camadas. Isto se deve, provavelmente, ao menor teor de

matéria orgânica, menor agregação e pouca quantidade de raízes nas camadas

inferiores, além da compactação causada pela passagem de máquinas na superfície

do terreno, bem como do próprio peso da terra das camadas acima dessa no perfil

de solo.

Os valores de microporosidade apresentaram diferença significativa entre os

tratamentos, onde os maiores valores foram encontrados no tratamento 1. Com

Tratamento Ds (g cm-3) MA (%) MI (%) VTP (%) 1 1,62 a 22,46 a 18,46 b 40,92 a 2 1,60 a 24,75 a 16,39 a b 41,14 a 3 1,54 a 27,68 a 15,10 a 42,77 a 4 1,66 a 22,06 a 17,81 a b 39,87 a

CV(%) 10.16 38.66 19.21 16.91 Profundidade

cm

0-5 1,56 a 26,77 b 16,01 a 42,78 b 5-10 1,61 a b 24,13 a b 16,93 a b 41,06 a b

10-15 1,62 b 23,19 a 17,48 a b 40,67 a 15-20 1,63 b 22,90 a 17,32 b 40,22 a CV(%) 4.12 14.86 10.22 6.45

Capa Índice 11023

relação à profundidade os maiores valores foram encontrados na camada de 10-15

cm.

Em relação à macroporosidade pode-se concluir que os tratamentos não

diferiram entre si e as maiores quantidades de macroporos foram encontradas nas

camadas mais superficiais sendo que à medida que se aumenta a profundidade tem-

se um decréscimo na macroporosidade do solo.

O valor médio do volume total de poros não diferiu entre os tratamentos,

somente entre as profundidades. Os maiores valores de porosidade foram

encontrados nos primeiros 5 cm de solo enquanto a camada de 5-10 cm apresentou

a menor quantidade de poros.

Tabela 2. Valores médios da Umidade do solo em função da profundidade dos tratamentos.

Analisando a umidade do solo os dados observados neste trabalho diferem

dos encontrados na literatura (Tabela 2). Devido ao efeito atribuído aos polímeros

hidroabsorventes, o esperado seria encontrar acréscimo na retenção de água no

solo. Já que este deveria proporcionar maior umidade devido à maior retenção e

disponibilização de água durante certo período (Buzetto et al., 2002; Suo et al.,

2007). Embora o esperado fosse encontrar diferença do teor de água entre os

tratamentos, tal resultado pode ser explicado pela influência do tempo da ultima

precipitação, concentração do polímero e o efeito da temperatura. Além disso, a

capacidade de retenção de água do polímero utilizado neste pode ser afetada

apenas nas tensões próximas a capacidade de campo.

Com relação à profundidade foram encontradas diferenças significativas

sendo que os menores valores de umidade foram observados na camada de 0-20

Tratamento Umidade 1 9,88 a 2 9,57 a 3 10,05 a 4 9,32 a

CV(%) 15.58 Profundidade (cm)

0-20 9,11 a 20-40 9,81 b 40-60 10,23 b CV(%) 11.59

Capa Índice 11024

cm e os maiores na camada de 40-60 cm, isto ocorre provavelmente pela grande

quantidade de VTP encontrados nas camadas iniciais e principalmente a grande

quantidade de macroporos presentes nos primeiros 20 cm de profundidade, o que

facilita a infiltração da água que será armazenada nos microporos presentes nas

camadas mais profundas.

CONCLUSÃO O uso de polímeros hidroabsorventes não proporcionou alterações na densidade do

solo, macroporosidade, porosidade total e umidade do solo, mostrando alguma

influência na microporosidade do solo.

REFERENCIAS BUZETTO, F.A.; BIZON, J.M.C.; SEIXAS. F. Avaliação de polímero adsorvente à base from acrilamida no fornecimento de água para mudas de Eucalyptus urophylla em pós-plantio. Piracicaba: IPEF, Circular Técnica n.195, Abril, 2002. 5p. DEMARTELAERE, A C.F.; TEÓFILO, T.M.S.; LOPES, W.A.R.; MEDEIROS, D.C.

Efeito da utilização de um polímero hidroabsorvente no teor de sólidos solúveis do

melão tipo Gália sob diferentes lâminas de irrigação. Horticultura Brasileira,

26:5113-5116, 2008.

HYDROPLAN-EB. Recomendação de uso do hydroplan-EB. Newsletter Hidroplan-EB, São Paulo, v. 4, n. 3, p. 2, 2009.

KLINK, C. A.; MACHADO R. B. Conservation of the Brazilian Cerrado. Conservation Biology, v. 19, p. 707-713, jun. 2005.

SUO, A.; QIAN, J.; YAO, Y.; ZHANG, W. Synthesis and properties of carboxymethyl

cellulose-graft-poly (acrylicaci-co-acrylamide) as a novel cellulose-based

superabsorbent. Journal of Applied Polymer Science, 103:1382-1388, 2007.

VENTUROLI, F.; VENTUROLI, S. Recuperação florestal em uma área degradada pela

exploração de areia no Distrito Federal. Ateliê Geográfico, Goiânia, v. 5, n. 13, p. 183-195,

mar. 2011.

Capa Índice 11025

AVALIAÇÃO DE UM PROTOCOLO DE INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM PARA O DIAGNÓSTICO DE CONHECIMENTO DEFICIENTE DO CUIDADOR

Juliana Caldas de SOUZA, Maria Márcia BACHION

Faculdade de Enfermagem-UFG, contato:[email protected]

Palavras-chave: Assistência de Enfermagem. Reabilitação. Teoria de Orem. Famílias.

Introdução

O termo reabilitação, segundo a OMS (2009), é definido como o processo que

visa capacitar as pessoas com deficiência para alcançar e manter os níveis de

aperfeiçoamento para as funções físicas, sensoriais, intelectuais, psíquicas e

sociais. Prover ferramentas necessárias para que a pessoa com deficiência atinja

independência, tendo em vista a sua reintegração social.

Os acidentes e a violência configuram um problema de saúde pública, com

forte impacto na mortalidade e morbidade da população brasileira. Neste contexto de

lesões decorrentes a causas externas, o Trauma Crânio Encefálico (TCE) vem se

destacando no número de mortos e feridos, sendo uma das mais frequentes causas

geradoras de pessoas com incapacidades.

Nos EUA, mais de 1 milhão de crianças sofrem TCE, dentre estas 100.000 e

200.000 necessitam de hospitalização, destas, 25.000 vão a óbito e 15.000 a 30.000

sobrevivem com sequelas físicas e/ou cognitivas, todos os anos (GANVILLE, 2010).

No Brasil a incidência cresce a cada dia, sendo a maior causa de morte entre

indivíduos na faixa etária de 10 a 29 anos. Em todo país são mais de 100.000

vítimas fatais por ano, e para cada 1 morto, 3 sobrevivem com sequelas graves

(GUERRA et al., 1999)

As vítimas que sobrevivem ao TCE podem apresentar deficiências ou

incapacidades, que podem ser temporárias ou permanentes, divididas em três

categorias: físicas, cognitivas e comportamentais/emocionais, nas quais as

alterações neuropsicológicas constituem um dos principais fatores que determinam o

futuro dessas pessoas, pois condicionam tanto o grau de independência funcional

como o estabelecimento de relações familiares e sociais.

A pessoa acometida por um TCE pode ter sua capacidade para o autocuidado

comprometida, por período variável de tempo, que pode significar desde alguns

poucos dias até anos. E ainda, nos casos mais graves de TCE, além do

comprometimento da mobilidade física, também pode ocorrer comprometimento do

nível de consciência, memória, cognição e capacidade de comunicação.

Capa Índice 11026

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 11026 - 11030

Desta maneira, podemos perceber a importância da relação entre o

enfermeiro assistencial e o cuidador familiar, no intuito de se prestar uma assistência

por meio de um trabalho educativo, instrumentalizado por saberes e técnicas, que

facilitem o processo de adaptação da família à nova situação, de forma a promover a

capacitação dos cuidadores familiares².

Para Orem (1995), o autocuidado é a prática de atividades que o indivíduo

inicia e executa em seu próprio benefício, na manutenção da vida, da saúde e do

bem-estar. Tem como propósito, as ações, que, seguindo o modelo, contribui de

maneira específica, na integridade, nas funções e no desenvolvimento humano.

Esses propósitos são expressos por meio de ações denominadas requisitos de

autocuidado.

Dentro dos prognósticos pós-trauma, foi desenvolvido foi desenvolvida pelo

Rancho Los Amigos Medical Center, na Califórnia, EUA, uma escala de níveis, onde

se pode avaliar e classificar o paciente pós-trauma de crânio, dentro de suas

funções cognitivas (HAGEN, 1998).

Segundo Lima; Pereira; Chianca (2006), no modelo teórico de Orem os tipos

de ações apontados pela teoria indicam: ajustar meios de atender às necessidades

universais de autocuidado; estabelecer novas técnicas para o autocuidado; modificar

a auto-imagem; revisar a rotina de vida diária; desenvolver um novo estilo de vida

compatível com os desvios da saúde; promover o enfrentamento dos efeitos do

desvio da saúde ou da terapêutica médica.

A constatação de uma deficiência representa uma situação de crise na família

e nos processos familiares, da qual decorrem alterações psicológicas, sentimentos

de negação, vergonha, medo da rejeição social e sentimento de pena, que acabam

levando a família ao isolamento social e ao risco de solidão (BRITO, 2006).

Muitas mudanças que ocorrem na estrutura familiar, e nos papéis sociais dos

membros da família, têm sido evidenciada a ocorrência de alterações radicais na

vida das pessoas investidas no papel de cuidador, desencadeando quase sempre,

sofrimento e problemas físicos ou psíquicos e que segundo as mesmas, essas

mudanças são menores quando há maior suporte social.

Estudos dessa natureza possibilita buscar estratégias para o cuidado mais

criativo e eficiente, além de possibilitar a socialização do conhecimento e oportunizar

ao cuidador o desenvolvimento de habilidades e estratégias de enfrentamento das

dificuldades geralmente apontadas.

Capa Índice 11027

Materiais e Método Trata-se de uma pesquisa convergente assistencial (PCA), de abordagem

quantitativa, que segundo Trentini; Paim (2004, p.24).

O estudo está sendo realizado no Setor de Internação do Centro de

Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (CRER), na cidade de

Goiânia/GO, desde de agosto de 2012, com previsão de término para dezembro de

2012.

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFG, protocolo

nº087/12 CEP/UFG, seguindo as orientações da Resolução n°196/96 (MINISTÉRIO

DA SAÚDE, 1996).

Os participantes do estudo serão os pacientes com sequelas de trauma

crânio-encefálico internados no CRER e o(s) respectivo(s) cuidador(s) principal(is),

que estejam no setor de internação no período de realização do estudo.

Critérios de inclusão: serão incluídos pacientes de ambos os sexos, de

qualquer faixa etária, com escore igual ou maior que V na Escala Rancho Los

Amigos (HAGEN; MALKMUS; DURHAM, 2002) e respectivos cuidadores, com idade

igual ou maior que 18 anos, independente do sexo, com escore considerado normal

de acordo com os anos de escolaridade no teste de avaliação cognitiva, e escore de

ansiedade traço compatível com nível leve ou ausente de ansiedade.

Critérios de exclusão: serão excluídos da pesquisa os cuidadores que tiverem

adesão à menos que 85% das atividades educativas programadas, bem como os

pacientes que deixem o local de estudo antes do término das intervenções, por alta

ou transferência.

Para realização da coleta, em todos os pacientes será realizada a avaliação

clínica dos mesmos, conforme protocolo utilizado na instituição, que foi escrito com

base na Teoria Geral de Enfermagem de Dorothea Orem.

Com base nessa avaliação inicial, serão identificados os tópicos de avaliação

de conhecimento necessário aos cuidadores com foco específico e identificação do

diagnóstico de enfermagem de “déficit de conhecimento”.

Utilizamos também, o Modelo de Funcionalidade (RIBERTO et al., 2004), escala

que avalia o grau de independência nas Atividades de Vida Diárias (AVDs) e para

observar as demandas de cuidados de responsabilidade dos cuidadores.

Capa Índice 11028

Com o objetivo de identificar se os cuidadores principais de pacientes que

estão em processo de reabilitação, atendem aos critérios de inclusão para o estudo,

nos propusemos a realizarmos a aplicação de testes para avaliação MEEM (Mini-

exame do Estado Mental) que fornece informações sobre diferentes parâmetros

cognitivos e IDATE (Inventário de Ansiedade Traço-Estado), por sabermos que o

nível de cognição/ansiedade pode interferir ou estimular a aprendizagem.

Adicionalmente aplicamos um protocolo de avaliação da família, baseado no

Modelo Calgary de Avaliação de Família, com o proposto de conhecer melhor a

dinâmica e os vínculos da família, a suas redes de apoio.

Posteriormente, aplicamos um protocolo para avaliar os conhecimentos de

base dos cuidadores, para as atividades para quais eles serão responsáveis, através

de um teste de avaliação de conhecimento sobre os cuidados que devem ser

prestados aos pacientes e o conhecimento do cuidador sobre o agravo e suas

sequelas.

Na aplicação dos instrumentos, aqueles que forem auto-aplicáveis,

entregaremos aos cuidadores e aguardaremos até o término do preenchimentos dos

mesmo e recolheremos.

Aqueles que forem compostos por questionários, as entrevistas estão sendo

gravadas e estão acontecendo em local reservado, de forma que o entrevistado

possa ter mais privacidade ao relatar os fatos.

Implicações para a Enfermagem A reabilitação é um dos inúmeros campos de atuação da enfermagem, que

busca no indivíduo a independência para a realização do autocuidado. A habilidade

para realizá-lo é frequentemente a oportunidade para a independência, para o

retorno ao lar e para comunidade (FARO; LEITE, 2005)

Neste contexto, pensar em reabilitação significa que as atividades que

precisam ser reaprendidas abrangem principalmente redescobrir qual o novo papel

do indivíduo dentro da família, para poder enfrentar a realidade e os novos

problemas do cotidiano (LESSMANN et al., 2011).

Quando uma exigência por cuidado de enfermagem é ativada, um sistema de

enfermagem é produzido. Por isso, sistema de enfermagem é o conjunto de ações e

interações dos enfermeiros e dos pacientes, classificado em totalmente

compensatório, parcialmente compensatório e de apoio educativo, a família ou

cuidador/familiar está inserido dentro deste sistema.

Capa Índice 11029

Por outro lado, a ausência ou deficiência de informações por parte dos

cuidadores, acaba dificultando a adesão ou o segmento das recomendações

terapêuticas propostas pela equipe de enfermagem, muitas vezes por falta de

capacidade de recordar ou de interesse às informações oferecidas, sejam por

limitação no acesso às informações ou por interpretação errônea, ou até mesmo por

limitação cognitiva, interferindo assim negativamente no processo de cuidar e da

reabilitação propriamente dita.

A Enfermagem em reabilitação seja na especialidade ou como estratégia de

assistência, vem despontando para a configuração de um novo paradigma,

esboçando suas investigações no cenário nacional, para ousar mudar a prática

curativa, sobretudo na forma como lidamos com o outro diferente e suas

singularidades.

Referências BRITO, M.A.G.M. Diagnósticos de enfermagem da NANDA identificados em pessoas com lesão medular mediante abordagem baseada na teoria do déficit de autocuidado [dissertação]. Goiânia (Brasil): Universidade Federal de Goiás; 2007. 229 p. FARO, A.C.M. Cuidar do lesado medular em casa: a vivência singular do cuidador familiar. [livredocência]. São Paulo (SP): Escola de Enfermagem da USP; 1999. GLANVILLE, I.K. Moving towards helth oriented patient education. Holistic nursing pratice, 14(2) 57-66. In: Bastable SB. O Enfermeiro como Educador - princípios de ensino-aprendizagem para a prática de enfermagem. 3ª Ed. Vargas AC: tradução.3ª Ed. Porto Alegre: Artmed; 2010. GUERRA, S. Traumatismo Crânio Encefálico em Pediatria. Jornal de pediatria, Rio de Janeiro, n.75, p.279-293, 1999. HAGEN, C. The rancho levels of cognitive functioning. 3ª ed., Downey, Rancho Los Amigos Medical Center;1998. HAGEN, C.; MALKMUS, D.; DURHAM, P. Levels of Cognitive Functioning, Communication Disorders Service, Rancho Los Amigos Hospital, California; 2002. LESSMANN, J.C; CONTO, F.; RAMOS, G.; BORENSTEIN, M.S.; MEIRELLES, B.H.S. Atuação da enfermagem no autocuidado e reabilitação de pacientes que sofreram Acidente Vascular Encefálico. Rev Bras Enferm. 2011; 64(1): 198-202. LIMA, L.R.; PEREIRA, S.V.M.; CHIANCA, T.C.M. Diagnósticos de Enfermagem em pacientes pós-cateterismo cardíaco: contribuição de Orem. Rev Bras Enferm. 2006;59(3):285-90. OREM, D.E. Nursing: concepts of practice. 5th ed. Saint Louis:Mosby; 1995. Riberto M, Miyazaki MH, Jucá SSH, Sakamoto H, Pinto PPN, Battistella LR. Validation of the Brazilian version of Fucntional Independence Measure. Acta Fisiatr. 2004;11(2):72-6. TRENTINI, M.; PAIM, L. Pesquisa em enfermagem. Uma modalidade convergente-assistencial. Florianópolis: Editora da UFSC; 1999. 162 p.

Capa Índice 11030

Revisado pelo Orientador

MASTOCITOMAS CANINOS SEGUNDO A CLASSIFICAÇÃO DE KIUPEL

Juliana Carvalho de Almeida BORGES1, Eugênio Gonçalves de ARAÚJO2, Veridiana

Maria Brianezi Dignani de MOURA2, Vanessa de Sousa Cruz PIMENTA3, Lorena

Lima Barbosa GUIMARÃES4, Danilo Rezende e SILVA1

1. Mestrando, Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, EVZ/UFG, [email protected]

2. Professor, Setor de Patologia Veterinária, Departamento de Medicina Veterinária, EVZ/UFG

3. Doutoranda, Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, EVZ/UFG

4. Acadêmica, Curso de Medicina Veterinária, EVZ/UFG

Palavras-chave: cães, método de graduação, neoplasias cutâneas

INTRODUÇÃO Na medicina veterinária de pequenos animais, a dermatologia e a

oncologia são as especialidades que mais se destacaram nas últimas décadas,

sendo os tumores de pele a segunda condição dermatológica mais diagnosticada,

sobretudo porque essas alterações são facilmente notadas pelos proprietários dos

animais (SCOTT et al., 2001; CONCEIÇÃO et al., 2004).

Os mastocitomas são os tumores de pele mais comuns em cães,

principalmente entre oito e dez anos de idade, chegando a representar até um terço

dos tumores malignos cutâneos (THAMM & VAIL, 2007). Estudos recentes

demonstram que mastocitomas podem ocorrer em cães de qualquer raça e não há

predisposição quanto ao sexo, porém observa-se maior incidência na raça Boxer.

Além disso, na espécie canina os tumores relacionados aos mastócitos ocorrem com

maior frequência na região posterior do corpo do animal (NEVES et al., 2012).

O diagnóstico pode ser realizado por meio da citologia, no entanto, a

avaliação histológica tem auxiliado em relação ao prognóstico de cães com

mastocitoma, correlacionando-se significativamente com a escolha do tratamento e

a sobrevida do animal (FURLANI et al., 2008). O grau de diferenciação celular, o

índice mitótico e a invasão tecidual adjacente são variáveis eficientes para graduar o

mastocitoma, e três graus histológicos são descritos. No primeiro, o tumor é bem

diferenciado e o prognóstico favorável, no segundo, a neoplasia é moderadamente

diferenciada e intermediária tanto no aspecto histológico como no comportamento

biológico, e, no terceiro, o tumor é pouco diferenciado, invasivo, apresenta alto

índice metastático e prognóstico reservado (MORRIS & DOBSON, 2001).

Capa Índice 11031

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 11031 - 11035

Revisado pelo Orientador

A classificação histológica mais utilizada ainda é o sistema de graduação

estabelecido por PATNAIK et al. (1984), em que os tumores de grau I são bem

diferenciados, com mastócitos neoplásicos na derme superficial ou profunda, células

redondas a ovais, uniformes, com citoplasma abundante e bem delimitado, e núcleo

redondo. Já mastocitomas grau II são maiores, apresentam diferenciação moderada,

invasão da derme profunda e tecido subcutâneo, células redondas a ovais ou

moderadamente pleomórficas, com raras células binucleadas. Observam-se

citoplasma distinto a indistinto e núcleo redondo, com um ou mais nucléolos visíveis.

Nos tumores de mastócitos de grau III as células neoplásicas apresentam

localização extensiva na derme e tecido subcutâneo, sendo pleomórficas,

multinucleadas e gigantes. Notam-se ainda citoplasma indistinto e núcleo redondo,

com um ou mais nucléolos proeminentes.

Contudo, para BOSTOCK et al. (1989), muitas vezes a graduação

histológica é subjetiva, pois um mesmo mastocitoma pode ser classificado em graus

diferentes por patologistas distintos, condição de maior possibilidade quando

considerados os tumores de grau II, devido ao amplo comportamento biológico

designado a este grau. Assim, com vistas à concordância entre patologistas, um

novo sistema de avaliação histológica foi proposto, classificando os mastocitomas

caninos em baixa e alta intensidade, considerando-se alta quando da presença de

pelo menos um dos seguintes critérios em dez campos analisados: sete figuras de

mitose, três células multinucleadas e três núcleos atípicos (KIUPEL et al., 2011).

Objetivou-se com o presente estudo avaliar o padrão histológico do

mastocitoma canino, seguindo a proposta de classificação de KIUPEL et al. (2011),

comparando-a com graduação estabelecida por PATNAIK et al. (1984).

MATERIAL E MÉTODOS

Foram utilizados 40 casos de mastocitoma cutâneo canino diagnosticados

no Setor de Patologia Animal da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade

Federal de Goiás (SPA/EVZ/UFG), no período de janeiro de 2007 a abril de 2011.

Para a avaliação histológica foram obtidos, em micrótomo rotativo

automático, cortes de 5m dos fragmentos de mastocitoma canino, os quais foram

distendidos sobre lâminas histológicas e corados por hematoxilina e eosina (LUNA,

1968) para análise em microscópio óptico, esta realizada por três avaliadores,

Capa Índice 11032

Revisado pelo Orientador

segundo os critérios de PATNAIK et al. (1984) e de KIUPEL et al. (2011), e posterior

comparação entre as classificações.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Todos os 40 casos de mastocitoma cutâneo canino foram avaliados e

classificados de acordo com o grau histológico estabelecido por PATNAIK et al.

(1984). Desse total, seis casos (15%) classificados como grau I foram

reclassificados em mastocitomas de baixa intensidade e nenhum foi qualificado em

alta intensidade de acordo com os critérios de KIUPEL et al. (2011). Dentre todos os

mastocitomas, 15 (37,5%) foram classificados em grau II e, destes, nove (60%)

foram reavaliados como mastocitomas de baixa intensidade, e seis (40%) de alta

intensidade, com média de pelo menos sete figuras de mitose, três células

multinucleadas e três núcleos atípicos, nos dez campos analisados. A maioria das

amostras, 47,5%, foi classificada em grau III, e 18 delas apresentaram

características de alta intensidade, sendo somente uma reclassificada em baixa

intensidade, pois apesar do aspecto infiltrativo, não havia figuras de mitose e poucas

células multinucleadas foram observadas (Figura 1).

FIGURA 1 - Fotomicrografia da pele de cão com mastocitoma

grau III segundo critérios de PATNAIK et al. (1984), reclassificado como mastocitoma de baixa intensidade de acordo com KIUPEL et al. (2011). Mastócitos neoplásicos (setas) infiltrando o tecido conjuntivo. HE, 100x.

A graduação histopatológica tem sido utilizada há várias décadas como

forma de previsão do comportamento biológico dos mastocitomas. Recidivas,

probabilidade de metástase e tempo de sobrevida animal são variáveis associadas

Capa Índice 11033

Revisado pelo Orientador

ao grau de diferenciação celular. O sistema de graduação histológica segue diversas

características já estabelecidas por alguns pesquisadores, porém, a classificação

ainda pode ser subjetiva, devido ao fato da possibilidade de se estabelecer

diferentes graus para o mesmo tumor. Essa subjetividade é maior em mastocitomas

de grau II. A reclassificação dos tumores demonstrou que grande proporção dos

mastocitomas de grau II possui comportamento de grau I e outros de grau III, como

também referem SÉGUIN et al. (2001), o que ocorre devido aos amplos parâmetros

que reúnem o referido grau, como comprovado por KIUPEL et al. (2011).

Neste trabalho, 47,5% dos casos foram classificados como mastocitomas

de grau III, contra 37,5% de grau II, principalmente devido a elevadas taxas de

mitoses e células multinucleadas, diferentemente dos achados de PREZIOSI et al.

(2007), THAMM et al. (2007) e OLIVEIRA (2011) que observaram maior ocorrência

de grau II, devido às amplas características que englobam essa categoria.

CONCLUSÃO

Com a nova proposta de KIUPEL et al. (2011) de classificação de

mastocitomas em dois grupos, diminui a subjetividade, principalmente dos tumores

de grau II, gerando maior acurácia no diagnóstico dos animais acometidos.

AGRADECIMENTOS À Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás, e

à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES.

REFERÊNCIAS 1. BOSTOCK, D. E.; CROCKER, J.; HARRIS, K.; SMITH, P. Nucleolar organiser

regions as indicators of post-surgical prognosis in canine spontaneous mast cell tumors. British Journal of Cancer, United Kingdom, v. 59, p. 915-918, 1989.

2. CONCEIÇÃO, L.G; LOURES, F.H; CLEMENTE, J.T; FABRIS, V.E. Biópsia e histopatologia da pele: um valioso recurso diagnóstico na dermatologia – revisão – parte 1. Revista Clínica Veterinária, ano 9, n. 51, p. 36-44, 2004.

3. FURLANI, J. M.; DALECK, C. R.; VICENTI, F. A. M.; DE NARDI, A. B.; PEREIRA, G. T.; SANTANA, A. E.; EURIDES, D.; SILVA, L. A. F. Mastocitoma Canino: Estudo Retrospectivo. Ciência Animal Brasileira, Goiânia, v. 9, n. 1, p. 242-250, 2008.

Capa Índice 11034

Revisado pelo Orientador

4. KIUPEL, M.; WEBSTER, J.D.; BAILEY, K.L.; BEST, S.; DELAY, J.; DETRISAC, C.J.; FITZGERALD, S.D.; GAMBLE, D.; GINN, P.E.; GOLDSCHMIDT, M.H.; HENDRICK, M.J.; HOWERTH, E.W.; JANOVITZ, E.B.; LANGOHR, I.; LENZ, S.D.; LIPSCOMB, T.P.; MILLER, M.A.; MISDORP, W.; MOROFF, S.; MULLANEY, T.P.; NEYENS, I.; O'TOOLE, D.; RAMOS-VARA, J.; SCASE, T.J.; SCHULMAN, F.Y.; SLEDGE, D.; SMEDLEY, R.C.; SMITH, K.; SNYDER, P.W.; SOUTHORN, E.; STEDMAN, N.L.; STEFICEK, B.A.; STROMBERG, P.C.; VALLI, V.E.; WEISBRODE, S.E.; YAGER, J.; HELLER, J.; MILLER R. Proposal of a two-tier histologic grading system for canine cutaneous mast cell tumors to more accurately predict biological behavior. Veterinary Pathology, Laawrence, v.48, p. 147-155, 2011.

5. LUNA, L. G. Manual of the histologic staining methods of the armed forces institute of pathology. 3.ed. New York: Mcgrawhill, 1968, p. 258.

6. MORRIS, J.; DOBSON, J. Small animal Oncology. Oxford: Blackwell Science Ltd, p. 306, 2001.

7. NEVES, C. C.; BRACCIALI, C. S.; HATAKA, A.; FELICIANO, M. A. R. Mastocitoma canino - estudo retrospectivo de 25 casos. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária. Goiânia. v. 8, n. 14, p. 2152-62, 2012.

8. OLIVEIRA, L. B.. Avaliação do índice mitótico e do grau histológico de cães com mastocitoma cutâneo. Brasília: Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária – FAV, Universidade de Brasília – UnB, 2011, 44p. Trabalho Final de Graduação.

9. PATNAIK, A. K.; EHLER, W. J.; MACEWEN, E. G. Canine cutaneos mast cell tumors: morphologic grading and survival time in 83 dogs. Veterinary Pathology, Lawrence, v. 21, p. 469-474, 1984.

10. PREZIOSI, R., SARLI, G., PALTRINIERI, M. Multivariate Survival Analysis of Histological Parameters and Clinical Presentation in Canine Mast Cell Tumours. Veterinary Research Communications, v.31, p. 287-296. 2007.

11. SCOTT, D. W.; MILLER, W. H.; GRIFFIN, C. E. In: MULLER & KIRK. Dermatologia de pequenos animais. 6.ed. Philadelphia: Saunders, p. 1528, 2001.

12. SÉGUIN, B.; LEIBMAN, N.F.; BREGAZZI, V.S.; OGILVIE, G.K.; POWERS, B.E.; DERNELL, W.S.; FETTMAN, M.J.; WITHROW, S.J. Clinical outcome of dogs with grade-II mast cell tumors treated with surgery alone: 55 cases (1996-1999). Journal of American Veterinary Medical Association, v. 218, n. 7, p. 1120-1123, 2001.

13. THAMM, D. H.; VAIL, D. M. Mast cell tumors In: WITHROW, S.J., MAC EWEN, E.G. Small Animal Clinical Oncology, p. 402-424, 2007.

Capa Índice 11035

(RE) PENSANDO O TRABALHO DOCENTE E A FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES/AS: O CURSO GÊNERO E DIVERSIDADE NA ESCOLA

Profª. Esp. Juliana de Jesus SANTOS

Aluna do PPGG/UFG-CAC [email protected]

Profª. Dra. Carmem Lúcia Costa

Orientadora [email protected]

Palavras-chave: Trabalho Docente. Formação Continuada. Precarização.

Introdução

O entendimento sobre a hegemonia do capital nos instiga pensar acerca do

trabalho e sua reconfiguração via reestruturação produtiva. Muitos pesquisadores de

outras áreas do conhecimento, bem como vários geógrafos, tem procurado discutir

profundamente sobre a categoria trabalho e as questões inerentes ao processo de

reestruturação. Nesse estudo, procuramos compreender o trabalho enquanto

categoria central na análise da educação. Entendemos que o trabalho se constitui,

assim, em uma atividade que irá diferenciar o homem dos demais seres, tendo em

vista sua capacidade de realização em diferentes atividades. Essas, por sua vez,

são premeditadas e elaboradas conforme um objetivo que se pretenda alcançar, nos

permitindo a análise de que é somente pelo trabalho que se concebe a afirmação do

homem como ser social.

Com relação à formação continuada, compreendemo-la enquanto uma

estratégia de flexibilização que corrobora no sentido de formar novas habilidades

para que o trabalhador possa exercer variadas funções, aumentando a sua vida útil

e a sua produtividade. Assim, entendemos que muitas são as estratégias de

reestruturação do trabalho docente e, neste momento, dedicaremos a nossa análise

a uma dessas estratégias, a formação continuada de professores.

Partindo dessas reflexões introdutórias, a pesquisa objetiva compreender as

transformações que ocorrem no mundo do trabalho docente tendo como referência a

política pública de formação continuada de professores/as no início do século XXI. O

recorte tem por finalidade compreender como a formação continuada aparece como

uma estratégica de flexibilização das relações do trabalho docente e qual é o papel

Capa Índice 11036

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 11036 - 11040

do Estado neste processo, suas ações e intervenções no sentido de formar os/as

trabalhadores/as para as necessidades do capital e atender às reivindicações dos/as

docentes e da sociedade em geral.

Para tanto, a pesquisa foi realizada com alunos/as do curso de formação

continuada, nível especialização em Gênero e Diversidade na Escola – (GDE) da

Universidade Federal de Goiás. A saber, o curso GDE é ofertado gratuitamente pelo

Ministério da Educação dentro de um projeto da Secretaria de Educação

Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI) em parceria com

outros órgãos federais, estaduais e municipais como Prefeituras e Universidades e a

Universidade Aberta do Brasil. O objetivo da SECADI pauta-se na redução das

heterogeneidades educacionais, para tanto, tem na formação continuada de

professores/as uma grande aliada para o trabalho com as temáticas que

proporcionam a ampliação de discussão e inclusão das diversidades educacionais,

como, por exemplo: Gênero, Diversidade Étnico-Racial, Direitos Humanos, Meio

Ambiente, Alfabetização, Educação de Jovens e Adultos, Educação no Campo,

Educação Indígena, e outros cursos que a SECADI oferece em todo o país. Estes

cursos são ofertados na modalidade à distância, o que é outro elemento que

procuramos analisar durante a pesquisa.

Material e métodos No que se refere às metodologias de pesquisa adotadas, utilizamos três

etapas que se desenvolveram em momentos distintos, porém sequenciais, sendo

essas: a) pesquisa teórica; b) pesquisa em fonte secundária e, c) pesquisa de

campo. Na pesquisa teórica realizamos um levantamento bibliográfico, leitura e

compilação de obras referente às transformações no mundo do trabalho (em

específico o trabalho docente), enfocando as principais mudanças ocorridas com a

LDB 9394/96, bem como, também, bibliografias no que diz respeito às políticas

públicas de formação continuada, fundamentando nossas discussões. Com relação

à pesquisa em fonte secundária foram analisadas revistas científicas e demais

trabalhos acadêmicos com enfoque na discussão sobre o trabalho docente e

políticas públicas de formação continuada, além de uma análise específica da

ementa curricular do curso Gênero e Diversidade na Escola (GDE). Já na pesquisa

de campo, realizamos entrevistas com os sujeitos envolvidos, ou seja, professores

que fazem o curso de especialização em Gênero e Diversidade na Escola.

Capa Índice 11037

Resultados e Discussão

Com relação aos resultados, nossa pesquisa encontra-se na fase de

interpretação dos dados realizados durante a coleta de campo (plataforma moodle

do curso Gênero e Diversidade na Escola (GDE), entrevistas e questionários

aplicados aos cursistas GDE). Contudo, se tratando da discussão que envolve a

temática pesquisada entendemos a necessidade de questionar as relações que

decorrem da complexidade do trabalho docente, o que nos permite desafiar o

paradigma do pensamento único, buscar nas ausências contribuição para a

dilatação do presente carregado de experiências, possibilidade de indagar outros

saberes que não sejam hegemônicos (Santos, 2002) outras práticas e construir um

sentido social e ético para o/a trabalhador/a docente, bem como para escola e quem

sabe para a sociedade.

Para tanto, é necessário que reflitamos sobre o cenário de exploração e

alienação que perpassa pelo processo produtivo do trabalho chegam ao espaço da

escola. A especificidade do trabalho docente, não material, traz à tona reflexões

sobre o papel deste tipo de trabalho na sociedade capitalista. Assim, pensar sobre o

trabalho do professor é refletir também sobre a reestruturação ocorrida na educação

já que essa proporcionou modificações nas relações de trabalho, exigindo desse/a

uma formação flexível e adaptável às mudanças que foram inseridas no atual

contexto global. Professores/as são cobrados/as a possuir uma polivalência de

habilidades e funções numa mesma escala de tempo que outrora possuía para

realizar menos tarefas; respondendo a cobranças que estão além de sua formação.

Tais cobranças contribuem para um sentimento de perda de identidade profissional,

alimentando um sentimento de que ensinar às vezes não é o mais importante.

A reestruturação também alcança o trabalho docente via desvalorização

crescente do profissional, das altas cargas horárias a serem cumpridas, dos baixos

salários, nas condições precárias para o exercício da docência, bem como através

da imposição de novos conteúdos e novas tecnologias que devem ser incorporados

no cotidiano da sala de aula. Baseado nessa realidade, compreendemos que as

condições de trabalho do professor tem agravado a cada dia. Acuado frente as suas

necessidades cotidianas, aceita essas condições que lhe são impostas, pois é

através do fruto desse trabalho que tira o sustento familiar.

Capa Índice 11038

Como se pode perceber, dentro dessa lógica temos uma necessidade

produzida da formação para novas habilidades. O curso GDE, enquanto Política

Pública de Formação Continuada não foge a esse contexto. Objetivando levar ao

professor material didático que auxilie no trabalho com os temas transversais, o

curso GDE foi elaborado pela Secretaria de Formação Continuada, Alfabetização,

Diversidade e Inclusão – SECADI – em parceria com a Secretaria de Políticas para

Mulheres, Centro Latino Americano de estudos em sexualidade e direitos humanos –

CLAM e demais parcerias. mediação da equipe de professores e orientadores do

curso.

O curso GDE, bem como outros cursos se justificam enquanto uma política

que contribui para o trabalho docente nesta nova conjuntura global e mesmo o

domínio de novas ferramentas por parte de todos os trabalhadores. Entretanto,

acreditamos que o problema está na relação emancipação x alienação, ou seja, no

processo simultâneo entre aprendizado, desenvolvimento de habilidades e talvez até

uma possibilidade de mudança, contraposta ao movimento de reprodução do capital

onde todos esses elementos são cooptados e reproduzidos para a sua manutenção.

Assim, emancipação e alienação constituem-se no processo de formação

continuada de professores. Por vezes, na direção do ajustamento à nova ordem

social; mas, em certas ocasiões, buscando brechas e possibilidades de escape. Não

podemos negar a dualidade de resultados, ora produzindo sofrimento, sujeição as

demandas de mercado; ora colaborando para o crescimento, ampliação do

conhecimento e satisfação profissional. Questionar as relações que perpassam pela

complexidade do trabalho docente é desafiar o paradigma do pensamento único,

buscar nas ausências contribuição para a dilatação do presente carregado de

experiências, possibilidade de indagar outros saberes que não sejam hegemônicos

(Santos, 2002) outras práticas e construir um sentido social e ético para o/a

trabalhador/a docente, bem como para escola e quem sabe para a sociedade.

Conclusões Precisamos superar e pensar estratégias para os desafios impostos via

reestruturação produtiva do capital que alcança a educação, especialmente, o

trabalho docente. Entendemos o quão importante é a luta pela qualificação

profissional como um direito e não apenas como um dever do professor frente às

demandas de mercado que atendem as necessidades capitalistas. Compreender a

Capa Índice 11039

qualificação profissional como um direito é criar condições para que novas temáticas

sejam trabalhadas, que as Universidades promovam uma maior integração entre os

estudos aí desenvolvidos e a prática cotidiana docente na escola, é oferecer

melhores salários e carga horária menor para que o professor tenha condições de

preparar suas aulas e se aperfeiçoar. Uma política salarial que valorize o professor

como intelectual (Giroux) é fundamental para conseguirmos mudar a realidade no

sistema educacional brasileiro.

Para tanto é necessário colocar em pauta debates referente “a formação

como momento de desalienação, sem que as práticas sociais o sejam; a formação

como isenta da lógica de reprodução capitalista; o professor como singular, como

sujeito que se constitui apenas pela sua formação” (Abreu; Landini, 2003, p.4). É

respaldado por essas discussões que professores/as poderão edificar uma formação

crítica e aberta a possibilidade do diálogo sobre o papel da educação na formação

geral dos/as cidadãos/as.

Santos (2002) em seu trabalho “Para uma sociologia das ausências e uma

sociologia das emergências” nos retrata a relevância, como também a necessidade

de tradução. A tradução de que Santos discorre se refere à prática das edificações

de concepções sociais emancipatórias, oferecendo, assim, “alternativas credíveis ao

que hoje se designa por globalização neoliberal e que não é mais do que um novo

passo do capitalismo global, no sentido de sujeitar a totalidade inesgotável do

mundo à logica mercantil”. Motivados pelos dizeres de Santos (2002) pensamos na

mobilização constante dos professores para realizar sua emancipação enquanto

trabalhadores intelectuais, munidos de competências que proporcione uma visão

depreendida da obediência ao modelo de reprodução capitalista. Tendo consciência

do papel de sua formação para a sociedade e sabendo a relação entre o saber e

fazer, possa se reconhecer no trabalho que desenvolve, transformando a realidade

que está inserido/a e auto transformando, constituindo-se, assim, enquanto produtor

de conhecimento.

REFERÊNCIAS: SANTOS, B. S. Para uma sociologia das ausências e das emergências. In: Revista Crítica de Ciências Sociais. Coimbra, n. 63, out. 2002, p. 237-280. SAVIANI, Dermeval. Trabalho e Educação: fundamentos ontológicos e históricos. In: Trabalho encomendado pelo GT – Trabalho e Educação, apresentado na 29ª Reunião da ANPEd no dia 17 de outubro de 2002.

Capa Índice 11040

AVALIAÇÃO CLÍNICA DOS ANIMAIS INTOXICADOS EXPERIMENTALMENTE PELA “ERVA-DE-RATO”

(PALICOUREA MARCGRAVII ST HIL)

SERODIO, Juliana Job1; CUNHA, Paulo Henrique Jorge2; RAHAL, Natalia Machado3; CARNEIRO, Gabriela Sousa3; LIMA, Flavia Godijo4; BORGES,

José Renato Junqueira5; SILVA, Luis Antônio Franco2; FIORAVANTI, Maria Clorinda Soares2

1Mestranda em Ciência Animal, do Curso de Medicina Veterinária da Escola de

Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás (EVZ/UFG). 2Professor do Departamento de Medicina Veterinária da Escola de Veterinária e

Zootecnia UFG/EVZ. e-mail [email protected] 3Acadêmica de Graduação do curso de Medicina Veterinária da Escola de Veterinária

e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás (EVZ/UFG). 4Médica Veterinária Doutora em Medicina Veterinária

5Professor Titular do Departamento de Medicina Veterinária da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária FAV/UNB, Brasília/DF.

Palavras-chave: evolução clinica, bezerros, intoxicação experimental.

Introdução

No Brasil as intoxicações por plantas tóxicas em animais de produção

são conhecidas desde que os pioneiros espanhóis e portugueses, quando

introduziram as primeiras cabeças de gado em pastagens naturais da região e

assim sendo relatada a ocorrência de prejuízos econômicos (CARVALHO,

2009).

Dentre as plantas tóxicas encontradas em solos brasileiros, a Palicourea

marcgravii St. Hil. é a mais importante que cursa com a morte súbita de

bovinos, devido sua palatabilidade, distribuição geográfica e pelo seu efeito

acumulativo (TOKARNIA et al., 2012).

Os principais sinais clínicos observados nos animais intoxicados por P.

marcgravii são desequilíbrio dos membros pélvicos, tremores musculares,

respiração ofegante (FREITAS et al., 1995), pulso venoso positivo,

instabilidade, caem em decúbito, realizam movimentos de pedalagem,

mugidos, convulsões tônicas e morte em poucos minutos (TOKARNIA et al.,

2012). CARVALHO et al. (2009) relata que o exercício físico como andar ou

correr, pode precipitar, ou mesmo provocar, os sinais clínicos e a morte do

animal.

Capa Índice 11041

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 11041 - 11045

O objetivo deste estudo foi descrever os achados clínicos dos bezerros

Curraleiro e Nelore intoxicados experimentalmente pela Palicourea marcgravii.

Materiais e Métodos

Foram utilizados 12 bovinos machos hígidos, com idade entre oito e 12

meses, das raças Curraleiro e Nelore. Os animais foram divididos em dois

grupos experimentais, constituídos por seis animais de cada raça. Os bovinos

foram mantidos durante todo o período experimental em baias de alvenaria.

As amostras da Palicourea marcgravii foram avaliadas (exsicata) no

Departamento de Morfologia do Instituto de Ciências Biológicas da

Universidade Federal de Goiás e as dosagens do ácido monofluoracetato

foram realizadas no Poisonous Plant Research Laboratory –USA- detectando-

se o valor de 0,03%, estabelecendo a dose tóxica para todos os bovinos de

0,5mg/Kg do ácido.

O protocolo de intoxicação utilizado foi adaptado de BARBOSA et al.

(2003). Amostras da planta foram fornecidas por via oral diluídas em 500 ml de

água e os animais foram deslocados das baias para o tronco de contenção

(500 metros distância) para realização do exame físico (frequência respiratória

e cardíaca, temperatura retal, coloração de mucosa ocular, motilidade ruminal e

nível de consciência) e colheita de amostras sanguínea a cada 3 horas.

Passado o período de 24 horas de intoxicação os animais continuavam a ser

monitorados até completar 96 horas do momento de administração da planta.

Os dados dos exames físicos foram submetidos à análise descritiva

constituída pelo cálculo das médias aritméticas e dos desvios padrão.

Resultados e Discussão O modelo experimental proposto foi eficiente em induzir o quadro clínico

de intoxicação resultando no óbito de três animais da raça Curraleiro e todos

da raça Nelore.

Os animais intoxicados da raça Curraleiro manifestaram os primeiros

sinais clínicos entre 3h35min e 8h50min após a administração de P. marcgravii

e sua evolução clínica variou entre 3h20min e 68h50min. Os bezerros da raça

Nelore manifestaram os primeiros sinais clínicos entre 4h28min e 5h55min. e

Capa Índice 11042

evolução variou entre 2h25min e 65h40min. Os 12 bezerros intoxicados

apresentaram inapetência, jugular distendida, respiração abdominal, apatia e

decúbito esternal, tremores musculares, inquietação, polaciúria, taquicardia,

taquipnéia, respiração abdominal e decúbito esternal.

No quadro 1 apresenta os valores médios e desvios-padrão dos

resultados dos exames físicos de bezerros machos das raças Curraleiro (G1) e

Nelore (G2) avaliados antes da intoxicação e de 3 em 3 horas durante o

período de 24 horas após a intoxicação experimental com P. marcgravii.

Quadro 1 - Valores médios e desvios padrão ( x ± σ) dos resultados dos exames físicos de bezerros machos das raças Curraleiro (G1) e Nelore (G2), avaliados antes da intoxicação (T0) e de 3 em 3 horas durante o período de 24 horas após a intoxicação experimental com Palicourea marcgravii.

Momento (h)

GRUPO

FC

FR

T° C

MR

T0 G1 (n=6) 68 ± 10,4 21 ± 2,4 37,1 ± 0,7 5 ± 1,0

G2 (n=6) 74 ± 9,9 25 ± 5,8 37,3 ± 0,8 5 ± 1,0

T3 G1 (n=6) 81 ± 18,0 23 ± 4,0 37,8 ± 0,4 4 ± 0,5

G2 (n=6) 89 ± 22,6 26 ± 5,5 37,8 ± 0,8 4 ± 0,5

T6 G1 (n=6) 96 ± 14,6 27 ± 3,7 38,2 ± 0,6 5 ± 0,5

G2 (n=6) 100 ± 17,2 35 ± 3,3 38,7 ± 0,7 4 ± 0,5

T9 G1 (n=6) 101 ± 16,0 26 ± 4,8 38,6 ± 0,6 5 ± 0,5

G2 (n=5) 124 ± 14,8 37 ± 4,4 38,3 ± 0,9 3 ± 1,6

T12 G1 (n=6) 119 ± 10,6 35 ± 11,8 38,4 ± 0,7 4 ± 0,8

G2 (n=4) 133 ±25,1 34 ± 5,2 37,6 ± 0,6 3 ± 1,4

T15 G1 (n=4) 102 ± 3,0 32 ± 8,2 38,2 ± 0,7 4 ± 0,8

G2 (n=3) 117 ± 15,5 32 ± 6,0 37,4 ± 0,4 2 ± 1,5

T18 G1 (n=4) 106 ± 3,0 31 ± 2,6 37,9 ± 0,6 4 ± 1,0

G2 (n=3) 103 ± 4,2 29 ± 10,1 36,7 ± 0,2 2 ± 1,5

T21 G1 (n=4) 99 ± 7,1 30 ± 3,8 37,7 ± 0,4 4 ± 0,6

G2 (n=3) 92 ± 10,4 27 ± 4,2 36,4 ± 0,6 1 ± 1,5

T24 G1 (n=4) 92 ± 3,9 33 ± 6,0 37,6 ± 0,4 3 ± 0,5

G2 (n=3) 82 ± 11,5 25 ± 7,0 36,5 ± 0,8 1 ± 0,6

Capa Índice 11043

A administração da planta foi capaz de resultar em um quadro clínico de

intoxicação por Palicourea marcgravii em todos os 12 animais. Clinicamente, os

animais apresentaram quadros similares descritos em animais intoxicados

experimentalmente por monofluoracetato de sódio (NOGUEIRA et al., 2010) e

em surtos ocasionados pela ingestão da P. marcgravii (BARBOSA et al.

2003;HELAYEL et al. 2012).

Em relação à evolução clínica dos bovinos, mesmo fornecendo

quantidades idênticas do princípio tóxico, observou-se uma evolução mais

rápida dos animais da raça Nelore, inclusive com maior número de óbitos desta

raça. Apesar de MCLLROY (1981) citar que os efeitos tóxicos são muito

variáveis em função da espécie intoxicada e da sensibilidade individual, para

EISLER (1995) a variação na resposta individual pode ser atribuída à reduzida

habilidade em converter o fluoracetato em fluorcitrato.

A taquicardia é uma alteração comumente descrita nas intoxicações

experimentais por monofluoracetato de sódio (BARBOSA et al. 2003;

NOGUEIRA et al. 2010). Isto pode ter ocorrido em função do manejo durante o

exame clínico, conforme também citado por PEIXOTO et al. (2010). Os valores

médios de motilidade ruminal em ambas as raças estiveram abaixo dos

mínimos de normalidade (RADOSTITIS et al. 2007) em todos os períodos. A

inapetência observada propiciou a baixa motilidade ruminal porque de acordo

com DIRKSEN et al. (1993) a motilidade ruminal é estimulada pela presença de

fibra efetiva.

Conclusões O protocolo de intoxicação com amostras da P. marcgravii foi eficiente

em promover quadro clínico nos bovinos obtendo maior número de óbitos nos

animais da raça Nelore comparado com os Curraleiros. Referências bibliográficas 1. BARBOSA, J. D.; OLIVEIRA, C. M. C.; TOKARNIA, C. H.; RIET-CORREA,

F. Comparação da sensibilidade de bovinos e búfalos à intoxicação por

Palicourea marcgravii (Rubiaceae). Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de

janeiro, v. 23, n. 4, p. 167-172, 2003.

Capa Índice 11044

2. CARVALHO, G. D.; NUNES , L. C.; Bragança, H. B. N.; Porfírio, L. C.

Principais plantas toxicas causadoras de morte súbitas em bovinos no estado

do Espírito Santo- Brasil. Revisão Bibliográfica. Archivos de zootecnia v. 58, p

87-98. 2009.

3. DIRKSEN, G.; GRUNDER, H. D.; STÖBER, M. Exame Clínico dos Bovinos. 3.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1993. 419 p.

4. EISLER, R. Sodium monofluoroacetate (1080) hazards to fish, wildlife, and

invertebrates: A synoptic review. Biological Report 27, U.S. National Biological

Service Patuxent Environmental Science Centre, Washington, p.1-47, 1995.

5. FREITAS, S. P.; SILVA, J. F. S.; FERREIRA, L. R. Principais plantas

tóxicas para herbívoros. Boletim de Extensão 36. Universidade Federal de

Viçosa, Viçosa, 19 p. 1995.

6. HELAYEL, M. A.; BARBOSA, F. B.; CARVALHO JUNIOR, C. P.; RAMOS,

A. T.; AGUIAR JUNIOR, M. A.; AGUIAR, D. M. C.; BRUNS, L. V.; SILVA, M. A.

G. Intoxicação natural por Palicourea marcgravii (Rubiaceae) em bovinos no

Estado do Tocantins. Arquivos de Pesquisa Animal, Cruz das Almas, v.1,

n.1, p. 8-12, 2012.

7. NOGUEIRA, V. A.; PEIXOTO, T.C.; FRANÇA, T.N.F.; Caldas, S.A.;

Peixoto, P.V. Intoxicação por monofluoroacetato em animais. Pesquisa Veterinária Brasileira. Rio de Janeiro, v.31, n.10, p. 823-838, 2011.

8. PEIXOTO T. C.; NOGUEIRA V. A.; COELHO C. D.; VEIGA C. C. P.;

PEIXOTO P. V.; BRITO M. F. Aspectos clínico-patológicos e laboratoriais da

intoxicação experimental por monofluoroacetato de sódio em ovinos. Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de janeiro, v. 30 n. 12 p. 1021-1030, 2010.

9. RADOSTITS, O. M.; GAY C. C.; BLOOD, D. C.; HINCHCLIFF, K. W.

Veterinary Medicine: A textbook of the diseases of cattle, horses, sheep, pigs, and goats. 10th ed. Philadelphia: W.B. Saunders, 2007. 2065 p.

10. TOKARNIA, C. H.; BRITO, M. F.; BARBOSA, J. D.; PEIXOTO, P. V.;

DÖBEREINER, J. Plantas tóxicas do Brasil, para animais de produção. Rio

de Janeiro: Helianthus, 2° edição. 566 p., 2012.

Projeto financiado pelo CNPq - edital MCT/CNPQ/FNDCT/FAps/MEC/CAPES

PRO- CENTRO-OESTE. N° 5731/2010

Processo número 564300-2010

Capa Índice 11045

Revisado pelo orientador. 1 Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás. Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Integrante do Núcleo de Estudos de Enfermagem em Gestão de Instituições de Saúde e Segurança do Paciente – NEGISP. 2 Orientadora. Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora Adjunta da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás. Líder do Núcleo de Estudos de Enfermagem em Gestão de Instituições de Saúde e Segurança do Paciente –NEGISP. 3 Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás. Integrante do Núcleo de Estudos de Enfermagem em Gestão de Instituições de Saúde e Segurança do Paciente – NEGISP. 4 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora Adjunta da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás. Líder do Grupo de Estudos em Gestão e Recursos Humanos em Saúde e Enfermagem – GERHSEn.  

Qualidade e segurança da assistência de enfermagem de um hospital de ensino da região centro-oeste sob a ótica do paciente

Juliana Santana de FREITAS1; Ana Elisa Bauer de Camargo SILVA2; Maiana Regina

Gomes de SOUSA3; Ana Lúcia Queiroz BEZERRA4.

Universidade Federal de Goiás – Faculdade de Enfermagem

[email protected], [email protected], [email protected],

[email protected].

Palavras-chave: Satisfação do paciente, Enfermagem, Qualidade da Assistência à

Saúde, Segurança do Paciente.

Órgão financiador: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

(CNPq)

1. INTRODUÇÃO A crescente busca pela qualidade nos serviços de saúde é um

acontecimento mundial, pós-revolução industrial, justificado pela conscientização de

que, na atualidade, a qualidade é uma condição de sobrevivência econômica, além

de uma responsabilidade ética e social.

Na área da saúde o termo qualidade é diversamente conceituado, por

inúmeros estudiosos da área, que lhe atribuem diferentes significados com múltiplos

enfoques.

Para Avedis Donabedian (1988), uma referência no assunto, qualidade

significa obter os maiores benefícios, com os menores riscos possíveis para o

paciente, benefícios esses que, por sua vez, definem-se em função do alcançável,

de acordo com os recursos disponíveis e os valores sociais existentes.

Capa Índice 11046

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 11046 - 11050

  

Levando em consideração a grandeza do conceito de qualidade em saúde,

Gurgel Júnior e Vieira (2002) destacam a importância de se avaliá-la. A avaliação da

qualidade em saúde busca apreender de maneira completa e abrangente a

realidade dos serviços, em suas diferentes dimensões, permitindo reordenar a

execução das ações e serviços, de forma a contemplar as necessidades de seu

público. Esta é, em especial, parte fundamental no planejamento e na gestão do

sistema de saúde (MS, 2004b).

Existem abordagens diversas para a avaliação, independente da finalidade

estabelecida, sendo o modelo de Donabedian um dos mais difundidos. Para

D’Innocenzo, Adami e Cunha (2006) este autor absorveu da teoria de sistemas a

noção de indicadores de estrutura, processo e resultado adaptando-os ao

atendimento hospitalar, abordagem que se tornou um clássico nos estudos de

qualidade em saúde.

Entre as várias dimensões da qualidade na assistência à saúde está a

segurança do paciente (World Health Organization, 2002a). A segurança do

paciente, que pode ser definida como a redução do risco de dano desnecessário

associados com a saúde a um mínimo aceitável (RUNCIMAN et al., 2009). Este é

um elemento decisivo para a qualidade e um princípio essencial para o cuidado ao

paciente.

Existe atualmente um forte conjunto de evidências e um vasto conhecimento

sobre as implicações que a segurança do paciente, ou a falta dela, tem sobre os

serviços de saúde, os seus profissionais e principalmente os doentes que a eles

recorrem (World Health Organization, 2002b).

Um dos trabalhos de maior impacto sobre segurança do paciente foi a obra

To error is human: building a safer care system (Errar é humano: construindo um

sistema de saúde mais seguro), publicado em 2000 pelo Instituto de Medicina (IOM)

dos EUA, que descreve a ocorrência e a frequência dos eventos adversos durante à

assistência à saúde, que provocam milhares de mortes e sequelas irreversíveis

(KOHN; CORRIGAN; DONALDSON, 2000). Tal publicação transformou a

compreensão e trouxe alterações significativas no contexto do estudo dos erros

humanos em saúde.

Os profissionais de Enfermagem sempre se preocuparam com a qualidade

das suas ações. O número de pacientes atendidos, a quantificação dos

procedimentos e técnicas realizadas, as orientações fornecidas, o apoio emocional

Capa Índice 11047

  

em situações de crise, a mensuração dos resultados por meio dos indicadores,

aplicando suas atribuições, bem como fortalecendo as suas raízes ao estar presente

ao lado do paciente, mostrando que por meio da avaliação alcança a melhoria da

qualidade no desempenho do seu trabalho (FELDMAN, 2010).

Uma das formas de se avaliar os resultados da assistência é a realização de

pesquisas de avaliação da satisfação dos usuários. Nas últimas décadas, conhecer

a percepção do paciente sobre o cuidado recebido e os fatores que implicam na sua

satisfação tem se tornado uma preocupação para os pesquisadores e profissionais

responsáveis pela assistência, uma vez que o paciente satisfeito colabora com a

assistência prestada e com o seu tratamento, e também por que a opinião do

paciente sobre o cuidado recebido fornece subsídios para planejar a assistência e

prestar um serviço com qualidade e segurança (OLIVEIRA; GUIRARDELLO, 2006).

Extensa revisão de literatura sobre o tema nos mostrou a existência de

diversos estudos, nacionais e internacionais, sobre a satisfação do cliente com os

cuidados de saúde e de enfermagem. No entanto, poucos foram os estudos

encontrados que trabalhassem esta temática no contexto da segurança do paciente

como um requisito para a qualidade do cuidado.

Dentro deste contexto, o presente estudo justifica-se pela oportunidade de

se conhecer a satisfação dos pacientes com os cuidados recebidos pela equipe de

enfermagem, fornecendo subsídios para que a mesma melhor atenda às

necessidades de seus clientes, firmando a parceria entre ambos na busca por

qualidade e segurança.

2. OBJETIVOS A. Avaliar a satisfação dos pacientes com a qualidade e segurança da

assistência de enfermagem prestada durante o período de internação em um

hospital de ensino da região centro-oeste, segundo a dimensão de estrutura,

processo e resultado.

B. Caracterizar o perfil demográfico e socioeconômico dos pacientes

atendidos no hospital;

C. Identificar aspectos do cuidado de enfermagem que, na opinião dos

pacientes, possam ser melhorados.

3. METODOLOGIA

Capa Índice 11048

  

Estudo descritivo-exploratório, de abordagem quantitativa, com coleta

prospectiva dos dados, realizado em um hospital de ensino da Região Centro-Oeste,

localizado no município de Goiânia (GO).

A população do estudo será constituída de todos os pacientes atendidos na

unidade de Clínica Médica do hospital em questão, que atendam aos critérios de

inclusão e que concordem, após as devidas informações, em assinar o termo de

consentimento livre e esclarecido.

Os dados serão obtidos no período de outubro a novembro de 2012, pela

pesquisadora, por meio de entrevistas guiadas por instrumento semi-estruturado.

Os dados serão armazenados em planilha eletrônica Excel e processados

pelo programa Statistical Package For The Social Science – SPSS, versão 19 para

Windows.

Os resultados serão apresentados na forma de tabelas e figuras com as

frequências absolutas e relativas, medidas de tendência central e valores máximo e

mínimo. Inicialmente, todas as variáveis serão analisadas descritivamente.

Esta pesquisa está inserida em um projeto maior, intitulado “Análise da

Ocorrência de Eventos Adversos em um Hospital da Rede Sentinela na Região

Centro-Oeste” aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Humana e Animal do

Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás sob protocolo n° 064/2008 e

atende às exigências da Resolução 196/96 - Conselho Nacional de Saúde (MS,

1996).

4. RESULTADOS ESPERADOS Entendendo que a satisfação do paciente constitui um dos indicadores de

qualidade da assistência, este estudo instrumentalizará os gestores da instituição em

questão, para que a mesma aja conforme as necessidades identificadas pela

clientela, buscando a melhoria contínua da qualidade dos serviços oferecidos e o

aumento da satisfação de clientes internos e externos.

Espera-se que o conhecimento advindo desta pesquisa contribua para o

aprimoramento da Enfermagem no concernente a esta temática e concorra para a

oferta de ferramentas que promovam a conscientização, além de integrar os

profissionais e pacientes da instituição estudada.

Capa Índice 11049

  

Por todos os motivos citados, este trabalho pretende ser de grande valia

tanto para a categoria de enfermagem, quanto para o hospital que possibilita a sua

realização.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1) D’Innocenzo M, Adami NP, Cunha ICKO. O movimento pela qualidade nos

serviços de saúde e enfermagem. Rev Bras Enferm. 2006; 59(1): 84-8.

2) Donabedian A. The assessment of technology and quality. Int J Technol

Assess Health Care. 1988;4:487-96.

3) Feldman LB. Identificação e validação de critérios de Avaliação de serviços

de enfermagem [thesis]. São Paulo: Escola de Enfermagem/USP; 2010. 360p.

4) Gurgel Júnior GD, Vieira MMF. Qualidade total e administração hospitalar:

explorando disjunções conceituais. Ciência & Saúde Coletiva. 2002;7(2):325-34,

2002.

5) Kohn LT, Corrigan JM, Donaldson MS, editors. To error is human: building a

safer health system. Washington D. C.: Institute of Medicine, National Academy

Press; 2000.

6) Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução 196/96.

Pesquisas com seres humanos. Brasília: Ministério da Saúde, p.26. 1996.

7) Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de

Regulação, Avaliação e Controle de Sistemas. Caderno do programa nacional de

avaliação dos serviços de saúde – PNASS – edição 2004/2005. Brasília: MS; 2004b.

8) Oliveira AML, Guirardello EB. Satisfação do paciente com os com os

cuidados de enfermagem: comparação entre dois hospitais. Rev Esc Enferm USP.

2006;40(1):71-7.

9) Runciman W, Hibbert P, Thomson R, Van Der Schaaf T, Sherman H, Lewalle

P. Towards an International Classification for Patient Safety: key concepts and terms.

International Journal for Quality in Health Care. 2009;21(1):18–26.

10) World Health Organization. Quality of care: patient safety. Report by the

Secretariat of the 55th World Health Assembly; 2002a. Disponível em:

<http://www.who.int/gb/ebwha/pdf_files/WHA55/ewha5513.pdf> (Acessado em

10/set/2012)

11) World Health Organization. Patient Safety Study: Rapid assessment methods

for estimating hazards. Report of a WHO working group meeting. Geneve 2002b.

Capa Índice 11050

Introducao a Grupos de Classe Maximal e Delgados.

Juliana Silva CANELLA; Ticianne Proenca Bueno ADORNO

Instituto de Matematica e Estatıstica, Universidade Federal de Goias, Campus II- Caixa

Postal 131, CEP 74001-970 - Goiania, GO, Brasil.

E-mail: [email protected]; [email protected]

Palavras chaves: Grupo Delgado, Grupo de Classe Maximal, p-Grupo Finito.

1 Introducao

De acordo com os famosos Teoremas de Sylow, grupos finitos contem p-subgrupos cujo

ordem e maximal segundo a decomposicao da ordem do grupo. E bem conhecido, desde o

comeco dos estudos em Teoria dos Grupos Finitos, que a estrutura dos subgrupos de um

grupo pode influenciar na estrutura do mesmo.

Uma maneira natural para classificar um grupo finito e determinar o ‘quao proximo esta

de ser comutativo’. Grupo abeliano e aquele no qual ab = ba, para todos os elementos a

e b. Usando comutadores, isto pode ser reescrito como [a, b] = 1 onde [a, b] = a−1b−1ab.

Um grupo e nilpotente se satisfaz a identidade [x1, x2, ..., xn] = 1, para algum n ∈ N; assim

pode-se dizer que nilpotencia e uma generalizacao de ser abeliano.

Outra estrategia interessante e o estudo dos subgrupos normais de um grupo. Num grupo

abeliano, por exemplo, todo subgrupo e normal e num grupo nilpotente, todo subgrupo e

subnormal. Pensando assim, analisar os subgrupos normais de um grupo, via series normais,

e uma boa estrategia para tentar classifica-lo.

A publicacao das conjecturas de Leedham-Green & Newmann sobre a co-classe, em [4],

marcaram um novo avanco na teoria de p-grupos finitos. Se G e um grupo de ordem pn

e classe c, entao n − c e chamada co-classe de G. Usando este novo invariante, pode-se

dizer que grupos de classe maximal tem co-classe 1. Em suas conjecturas, Leedham-Green

& Newmann se preocuparam mais em trabalhar com uma famılia de p-grupos com co-classe

fixada, que pode ser vista como generalizacao dos resultados de Blackburn. O projeto de

prova dessas conjecturas foi completado por Leedham-Green, em [5], e por Shalev, em [6],

ambos em 1994.

Por um longo tempo, a classe de nilpotencia foi usada como o invariante primario de um

p-grupo finito. Os resultados de Blackburn, em [3], mostram que os grupos cujo classe de

Capa Índice 11051

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 11051 - 11055

nilpotencia e maximal com respeito a ordem, chamados p-grupos de classe maximal, tem

muito em comum com os p-grupos finitos.

2 Resultados e Discussao

Neste trabalho, o interesse maior e em p-grupos finitos com certas propriedades. Para

tanto, sera relembrado alguns conceitos de serie central inferior, p-grupos finitos, grupos de

classe maximal e delgados.

Sejam G um grupo e x1, x2, ..., xn, y ∈ G.

Definicao 2.1.

(i) O comutador de x1 e x2 e dado por [x1, x2] = x−1

1x−1

2x1x2.

(ii) Um comutador simples de peso n > 1 e definido, recursivamente, da seguinte forma:

[x1] = x1, [x1, ..., xn] = [[x1, ..., xn−1], xn].

Notacao: [x,n y] = [x, y, ..., y] (n copias de y).

Proposicao 2.1. Sejam G um grupo e N ≤ G. N e normal em G se, e somente se,

[N,G] ≤ N .

Definicao 2.2. Um p-grupo e um grupo cujo ordem e potencia de p, para algum p primo.

Definicao 2.3. Dado um grupo G, e definido indutivamente sua serie central inferior por:

γ1(G) = G e, para todo n ∈ N, γn(G) = [γn−1(G), G].

Pela definicao de serie central inferior, cada termo γi(G) e normal em G pois [γi(G), G] =

γi+1(G) ≤ γi(G) e, pela Proposicao 2.1., fica assim demonstrado.

Definicao 2.4. Seja G um grupo. A serie central superior e definido:

Z0(G) = 1 e, para todo i ∈ N, Zi+1(G)

Zi(G)= Z( G

Zi(G)).

Por definicao, temos que cada termo da serie central superior de G e normal em G.

Definicao 2.5. G e um grupo nilpotente se existe um inteiro positivo n tal que γn(G) = 1.

A classe de nilpotencia cl(G) = c de um grupo G nilpotente e o comprimento da menor serie

central.

Proposicao 2.2. G e nilpotente se, e somente se, existe um inteiro positivo m tal que

Zm(G) = G.

Capa Índice 11052

Ou seja, quando γc+1(G) = 1 com γc(G) = 1 ou Zc(G) = G com Zc−1(G) = G.

Proposicao 2.3. Seja G um grupo com cl(G) = c. Entao γc+1−i(G) ≤ Zi(G), para 0 ≤ i ≤ c.

Teorema 2.1. Todo p-grupo finito e nilpotente.

Definicao 2.6. Seja P um conjunto nao vazio. P e um conjunto parcialmente ordenado se

existe uma relacao “ ≤” que satisfaz; para quaisquer x, y, z ∈ P :

(i) x ≤ x - Reflexiva;

(ii) Se x ≤ y e y ≤ x entao x = y - Antisimetrica;

(iii) Se x ≤ y e y ≤ z entao x ≤ z - Transitiva.

Notacao: (P,≤).

Definicao 2.7. Sejam (P,≤) e a, b ∈ P . Diremos que a e b sao comparaveis em P se a ≤ b

ou b ≤ a.

Observe que qualquer subconjunto C nao vazio de P e parcialmente ordenado pois herda

a ordenacao de (P,≤), denotado por (C,≤C).

Sejam (P,≤) um conjunto parcialmente ordenado e (C,≤C) subconjunto parcialmente

ordenado de P .

Definicao 2.8. (C,≤C) e uma cadeia em P se todos os elementos de C sao comparaveis.

Analogamente, se cada par de elementos distintos de C sao nao comparaveis, C e anti-

cadeia em P .

Definicao 2.9. O comprimento de uma cadeia finita C e |C| − 1.

P tem comprimento n, (n ∈ N), se existe uma cadeia em P de comprimento n e todas as

outras cadeias tem comprimento no maximo n.

A largura de uma anti-cadeia e a quantidade n de elementos que possui.

Se P possui uma anti-cadeia de largura n, (n ∈ N) e qualquer outra anti-cadeia de P tem

largura no maximo n, entao P tem largura n.

Definicao 2.10. Sejam H ⊆ P e a ∈ P .

• O elemento a e uma cota inferior (superior) de H se a ≤ h (h ≤ a), para qualquer

h ∈ H.

Capa Índice 11053

• Uma cota inferior (superior) e chamado ınfimo (supremo) de H se a e a maior (menor)

das cotas inferiores (superiores) de H, ou seja, b ≤ a, para qualquer b cota inferior de

H (a ≤ b, para qualquer b cota superior de H).

Observacao 2.1. Existe um unico ınfimo em H ⊆ P , pois dados x, y ınfimos em H temos

x, y cotas inferiores de H. Assim, x ≤ y e y ≤ x e, pela propriedade (ii) de conjunto

parcialmente ordenado, segue que x = y.

Notacao: ∩H = infH e ∪H = supH.

Definicao 2.11. Um conjunto parcialmente ordenado (L,≤) e um reticulado se inf{a, b} e

sup{a, b} estao em L, para todo a e b em L.

Para exemplos gerais de reticulado, ver [7]. A partir de agora, L(G) sera o reticulado dos

subgrupos de G e R(G) o reticulado dos subgrupos normais de G.

Seja G um grupo tal que |G| = pm onde p e um primo e m e algum inteiro positivo nao

nulo com cl(G) = c. E facil ver que existe uma relacao entre a classe de nilpotencia de G e

a potencia de p.

Teorema 2.2. Seja G um p-grupo finito tal que |G| ≥ p2 e cl(G) = c. Entao, |G : Zc−1(G)| ≥

p2.

Demonstracao: Suponha, por contradicao, que |G : Zc−1(G)| = p.

Se c = 1, entao |G| = p, o que contraria a hipotese.

Suponha que c ≥ 2. Entao, G/Zc−2(G)

Z(G/Zc−2(G))= G/Zc−2

Zc−1/Zc−2

≃ GZc−1

que tem ordem p.

Assim,G

Zc−2(G)

Z(G

Zc−2(G))e cıclico o que implica que G

Zc−2(G)abeliano. Mais ainda, G

Zc−2(G)=

Z( GZc−2(G)

) = Zc−1

Zc−2

e entao, G = Zc−1.

Um absurdo, pois a classe de G e c > 1 e portanto, G = Zc−1. �

Observacao: Como γc+1−i(G) ≤ Zi(G) sempre que cl(G) = c, fazendo i = c− 1,

|G : γc+1−(c−1)(G)| = |G : γ2(G)| ≥ |G : Zi(G)| = |G : Zc−1(G)| ≥ p2. Portanto, se

cl(G) = c ≥ 2, temos |G : γ2(G)| ≥ p2.

Definicao 2.12. Seja G um grupo com |G| = pm ≥ p2. Se cl(G) = m − 1, entao G e um

p-grupo de classe maximal.

Quando G e de classe maximal, tem-se |G : γ2(G)| = p2, e assim pode-se ter subgrupos

normais maximais em G de ındice p. Com simples calculos, e possıvel identificar que o

Capa Índice 11054

reticulado dos subgrupos normais (maximais) de um p-grupo de classe maximal tem uma

anti-cadeia de largura p+ 1.

Proposicao 2.4. Sejam G um p-grupo de classe maximal e N �G com |G : N | = pi ≥ p2.

Entao N = γi(G).

Demonstracao: Como |G : N | = pi ≥ p2 entao cl(G/N) e no maximo i − 1. Mas,

γi(G) ≤ N e |G : γi(G)| = pi e portanto, N = γi(G). �

Definicao 2.13. Seja G um p-grupo nao cıclico. G e um grupo delgado se toda anti-cadeia

no reticulado dos subgrupos normais possui largura no maximo p+ 1.

Proposicao 2.5. Se G e um grupo delgado, entao γi(G)/γi+1(G) e abeliano elementar de

ordem no maximo p2.

3 Conclusao

Este trabalho e uma previa da dissertacao, sob orientacao da professora Dra. Ticianne

Proenca Bueno Adorno, cujo artigo principal [1] correlaciona pro-p grupos e grupos delgados.

E, partir de tecnicas de Algebras de Lie, calcula os proximos diamantes em um grupo delgado,

fazendo estimativas sobre o primo p da ordem do grupo ou/e a co-classe.

4 Referencias

[1] Caranti, A.; Mattarei, S.; Newman, M. F. & Scoppola, C. M. Thin Groups of

Prime-Power Order and Thin Lie Algebras, Quart J. Math. Oxford (2), 47 (1996), 279-296.

[2] Burnside, W. Theory of groups of finite order. University Press, Cambridge, (1897).

[3] Blackburn, N. On a Special Class of p-Groups, Acta. Math. 100, (1958), 45-92.

[4] Leedham-Green, C. R. and Newman, M. F. Space groups and groups of prime-power

order I, Archiv der Mathematik 35, (1980), 193-202.

[5] Leedham-Green, C. R. The structure of finite p-groups, J. London Math. Soc. (2) 50

(1994) 49-67.

[6] Shalev, A. The structure of finite p-groups: effective proof of the coclass conjectures.,

Invent. Math., 115(2), 315-345, (1994).

[7] Gratzer, G. General Lattice Theory, Academic Press, New York, San Francisco (1978)

Capa Índice 11055

A expansão da cana e a respectiva expansão do emprego formal nos municípios

goianos durante o período de 2001 a 2010

Julimária dos Santos SOUSA – PPAGRO [email protected]

Francis LEE – PPAGRO [email protected]

Palavras-chave: cana-de-açúcar; emprego; estrutural-diferencial.

1. Introdução

O processo de urbanização e industrialização da sociedade brasileira

promoveu importantes alterações no perfil da economia nacional. Entre elas

podemos citar a geração de emprego e renda e o consequente crescimento da

demanda interna por alguns bens e serviços. Diante desse contexto, a demanda por

produtos da indústria canavieira também foi estimulada, inicialmente pela demanda

por açúcar e posteriormente pela demanda por etanol promovendo a expansão da

produção de cana-de-açúcar. Tal expansão se orientou na direção de regiões do

país, onde a cultura ainda não era tão representativa, na busca de grandes

extensões de terras para abrigar a produção essencialmente extensiva. No contexto

nacional, o Estado de Goiás apresentava vantagens, em relação às outras regiões,

que estimularam a expansão da cana-de-açúcar em sua direção.

O desenvolvimento do setor sucroalcooleiro e a sua expansão rumo à região

Centro/ Sul do país, particularmente no Estado de Goiás, condicionou algumas

dinâmicas no que diz respeito à ocupação do solo agrícola. Entre as várias culturas

existentes, a ocupação do solo não ocorreu de maneira homogênea. As culturas que

mais se destacaram nesse processo de ocupação foram a Soja, o milho e a cana-

de-açúcar. De acordo com Abdala e Lee (2011), juntas as três culturas ocuparam

85,47% das áreas cedidas pelas culturas em retração. Nesse contexto, a cana-de-

açúcar representa 30% da substituição total de área. Segundo Abdala e Castro

(2010), a especialização em cana-de-açúcar tem ocorrido em regiões do Estado de

Goiás, onde há uma grande concentração de culturas temporárias. A cana-de-açúcar

estaria provocando o deslocamento das culturas temporárias, e as culturas

temporárias substituindo as pastagens em outras regiões.

No que diz respeito às culturas predominantes no país, suas atividades se

caracterizam por serem atividades monocultoras em grande escala, em grande parte

Capa Índice 11056

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 11056 - 11060

dos casos as culturas mais prejudicados em relação à criação de postos de trabalho,

no como é o caso da cana-de-açúcar (GRAZIANO DA SILVA; BALSADI e GROSSI,

1997). Quando realizada a comparação entre as áreas cultivadas e a demanda por

força de trabalho pela cultura é possível constatar que as principais culturas

nacionais demandam cada vez menos força de trabalho humano por unidade de

área.

As mudanças na composição da produção agrícola, independentemente do

sentido no qual elas ocorrem, podem provocar mudanças na composição do

emprego. Tais mudanças na pauta de produção são acompanhadas de mudanças

nos pacotes tecnológicos utilizados por cada cultura (VICENTE, 1999 apud SOUZA

e LIMA, 2003). Por essa razão as alterações na pauta dos produtos e as alterações

das tecnologias adotadas podem provocar reflexos na composição do emprego rural

e urbano. As demandas das atividades produtivas locais condicionam o tipo de

capacitação e especialização profissional a que a população se dedica. As

expectativas de se inserir no mercado de trabalho estimulam os trabalhadores a

desempenhar atividades que possam ser absorvidas pelas atividades relacionadas à

e economia local.

Dessa forma, é de grande importância verificar como o emprego se alterou

nos municípios onde a entrada da cana-de-açúcar foi significativa, e em alguns

casos ocorreu substituindo outras culturas. A grande questão é verificar como o

perfil e a geração do emprego se alterou e a que tipo de dinamismo a geração de

empregos está relacionada. Assim, o objetivo geral do trabalho é verificar a

expansão do emprego formal nos municípios goianos diante da nova dinâmica do

uso do solo no Estado a partir da expansão da cana, com foco na comparação entre

os empregos gerados na cana, soja e bovinocultura. Entender a dinâmica das

alterações no mercado de trabalho a partir das alterações na pauta de produção

agrícola é importante para compreender o processo de desenvolvimento econômico

das regiões. No caso de Goiás em que a atividade agrícola é umas das atividades

com maior capacidade de geração de divisas para o Estado, esse exercício é

essencial. A elucidação do tema pode contribuir para o diagnóstico do atual

panorama do desenvolvimento dessas regiões, dada à inexistência de trabalhos

abordando a realidade goiana.

Capa Índice 11057

2. Material e métodos

Para realizar a análise das alterações na composição do emprego, pretende-

se empregar o modelo diferencial - estrutural (shift-share). O método consiste na

descrição do crescimento econômico em termos de estrutura produtiva. Procura

identificar e desagregar os componentes do crescimento, numa análise descritiva da

estrutura produtiva (SIMÕES, 2004). O método parte da constatação empírica de

que há diferenciais regionais e setoriais nos ritmos de crescimento entre dois

períodos. Esses diferenciais são determinados por dois fatores, que são à base do

método: a predominância de setores dinâmicos na composição produtiva da região;

e uma maior ou menor participação na distribuição regional da variável básica,

independente da existência ou não de setores dinâmicos.

A formulação original do método subdivide o crescimento do emprego

regional em duas variações:

i) Variação estrutural: indica o montante adicional seja ele positivo ou

negativo, que determinada região obtêm como resultado da sua composição

estrutural. Ou seja, a participação relativa de setores dinâmicos ou não na estrutura

produtiva.

ii) Variação diferencial: representa o montante, seja ele positivo ou

negativo, que determinada região j obterá se a taxa de crescimento no setor for

maior na região j do que a da média nacional. O efeito diferencial determina se há

vantagens ou desvantagens locacionais na região, indicando fatores específicos da

região e evidenciando o ritmo de crescimento regional no espaço econômico

nacional (LODDER, 1972 apud SIMÕES, 2004).

As informações utilizadas na composição do banco de dados de estatísticas

de emprego formal foram coletadas na base de dados do Ministério do Trabalho e

Emprego – MTE. O número de empregos gerados corresponde ao número de

vínculos ativos por município e por atividade na data de 31/12 de cada ano, entre os

anos de 2001 e 2010.

3. Resultados preliminares

Capa Índice 11058

O emprego formal relacionado à atividade canavieira neste estudo inclui

todos os postos de trabalho vinculados ao cultivo da cana-de-açúcar, fabricação de

álcool e a fabricação de açúcar, refinado ou bruto. Os cálculos foram realizados com

base no método estrutural – diferencial tradicional e no método modificado de

Herzog e Olsen. Inicialmente foram estimados os coeficientes dos efeitos alocação,

estrutural e diferencial modificado para os 29 municípios especializados em cana

conforme determinado por Abdala e Lee (2011).

O efeito alocação indica se a região é especializada na produção do setor

em estudo, e se ele está crescendo mais na região do que a média estadual. O

efeito alocação positivo ocorreu com quase todos os municípios para os dois

períodos em análise, exceto: Anicuns, Inhumas, Rubiataba e Goianésia para o

período de 2001/2005, e Maurilândia, Rialma, Quirinópolis, Bom Jesus de Goiás,

Edéia, São Patrício, Itumbiara e Vila Propício no período 2006/2010. Os efeitos

positivos dos demais municípios confirmam a especialização dos mesmos e indica

que estes estão crescendo acima da média estadual para o setor.

No método modificado, o cálculo do efeito estrutural não se altera, e o efeito

continua ponderado com o emprego do ano base. Em relação aos períodos

analisados, no de 2006/2010 um número maior de cidades se destacou em relação

ao efeito estrutural e apresentaram ainda efeitos de maior magnitude em relação ao

período anterior. As principais são: Goianésia, Quirinópolis, Goiatuba, Anicuns,

Santa Helena de Goiás, Jandaia, Inhumas e Rubiataba. Um efeito estrutural positivo

indica que o setor canavieiro cresceu mais que a economia do país, podendo ser

considerado um setor líder. Os municípios relacionados acima apresentam

dinamismos positivos, pois o setor em estudo está significativamente representado

nessas regiões.

Já o efeito diferencial para o período de 2001/2005, apresentou variações

diferenciais modificadas negativas. O efeito diferencial puro indica que a expansão

do emprego na região não está relacionada ao dinamismo interno do município ou

às suas vantagens locacionais atrativas, mas que esta sendo impulsionada pelo

dinamismo da atividade a nível nacional. Nesse período os municípios que

apresentaram as maiores Variações Liquidas Totais impulsionadas pela influência

estrutural foram: Goiatuba, Jandaia, Carmo do Rio Verde e Goianésia.

Capa Índice 11059

Para o período de 2006/2010, foi possível verificar que alguns municípios

passaram a apresentar efeitos diferencias positivos, indicando a presença de

vantagens locacionais ou regionais que estimularam o crescimento local.

Possivelmente pelo surgimento de economias de aglomeração, disponibilidade de

infraestrutura ou pela exploração de dotações naturais presentes nesses municípios

que até então não havia sido utilizadas. Os municípios que apresentaram os

maiores valores positivos foram: Itumbiara, Maurilândia, Edéia, Rialma, Bom Jesus

de Goiás e Quirinópolis. Apesar da quantidade de efeitos diferenciais puros

negativos, a magnitude da influência estrutural compensou esses efeitos e apenas

um município apresentou VLT negativa, no caso o município de Vila Propício.

O exame da VLT com o método modificado permitiu avaliar as contribuições

do componente diferencial para a VLT do emprego nas regiões selecionadas, dado

que o método modificado nos permite extrair do cálculo a influência estrutural do

componente diferencial, através da estimação do efeito alocação. Dessa forma foi

possível mostrar a real contribuição do componente diferencial para o crescimento

do emprego. No caso dos municípios selecionados que apresentaram valores

validos, a maior contribuição para a expansão do emprego relacionado à atividade

canavieira se deve ao componente estrutural, ou seja, a fatores nacionais.

4. Referências bibliográficas

ABDALA, K.O.; LEE, F. Análise dos impactos da competição pelo uso do solo no Estado de Goiás durante o período 2000 a 2009 provenientes da expansão complexo sucroalcooleiro. Revista Brasileira de Economia- RBE/ FGV. Rio de Janeiro, v.65, n.4, p.373-400, out-dez/2011.

ABDALA, K.O.; CASTRO, S.S. Dinâmica de uso do solo da expansão sucroalcooleira na microrregião Meia Ponte, estado de Goiás, Brasil. Revista brasileira de cartografia. Rio de Janeiro, n. 62/4, dez/2010.

GRAZIANO DA SILVA, J. BALSADI, O. V., GROSSI, M. E. O emprego rural e a mercantilização do espaço agrário. São Paulo em Perspectiva. São Paulo, Fundação SEADE, v. 11, n. 2, p.50-64, abr-jun/1997.

SIMÕES, R. Métodos de analise regional: diagnostico para o planejamento regional. Belo Horizonte: Cedeplar, mar/2004.

SOUZA, P.M., LIMA, J. E. Mudanças na pauta de produtos e efeitos sobre o perfil do emprego agrícola nas regiões Sul e Sudeste, 1975 – 1995. Revista paranaense de desenvolvimento. Curitiba, n. 104, p. 41 – 60, jan./jun. 2003.

Capa Índice 11060

1

Mais um Grande Sertão: Cruzamentos entre Nação e Fotografia nas Obras de Maureen Bisilliat

Kaíque AGOSTINETI

(E-mail: [email protected]);

Dr. Goiamérico Felício Carneiro dos SANTOS

(E-mail: [email protected]);

Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia (Facomb/UFG);

Palavras-Chave: Nação; Sertão; Fotografia.

Introdução

No final do século XIX e início do século XX, os sertões brasileiros tornaram-

se espaços-chave para aqueles pensadores que desejavam projetar uma nação

moderna, integrada e positiva. Esse movimento ocorre porque o nascimento e a

morte do Movimento de Canudos, sucedido no interior baiano entre 1893 e 1897,

foram capazes de deixar marcas profundas no imaginário da nação, o que fez mudar

definitivamente a maneira de se entender o próprio Brasil.

Essas marcas estão longe de serem apagadas. Euclides da Cunha, quando

escreve o romance Os Sertões (1902), deseja deixar um relato vingador acerca

daquela barbárie civilizada vivenciada pelo escritor durante sua ida aos sertões

baianos, no contexto da batalha. E assim o fez. O romance é um texto precursor do

pensamento social brasileiro e suas proposições são retomadas por várias obras, de

diversos campos enunciativos, até a contemporaneidade.

Nesse trabalho, pretendemos apresentar nossa proposta de pesquisa de

mestrado que intenta investigar essa concepção de nação brasileira expressa,

especificamente, nas obras fotográficas de Maureen Bisilliat e disponibilizar alguns

resultados provisórios. Entendemos que nossa perquirição contribui para a

compreensão dos cruzamentos entre nação e sertão e as produções artísticas e

midiáticas da contemporaneidade. Isso poderá auxiliar análises posteriores, bem

como, abrir caminho para o estudo da brasilidade e do sertão no Campo da

Comunicação.

Capa Índice 11061

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 11061 - 11065

2

Materiais e Métodos

Nossa pesquisa parte de uma revisão bibliográfica dos textos que discutem as

ideias de nação e sertão, daqueles que interrogam a fotografia e dos que

possibilitam as definições metodológicas adequadas para a resolução do nosso

problema de pesquisa. Entre essas obras, destacam-se: Comunidades Imaginadas,

de Anderson (2008); O Local da Cultura, de Bhabha (2001); Os Sertões, de Euclides

da Cunha (1991); Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa (2006); A Câmara

Clara: nota sobre fotografia, de Barthes (2010); O óbvio e o obtuso, de Barthes

(2009); A Fotografia: entre documento e arte contemporânea, de Rouillé (2009);

Introdução à análise da Imagem, de Joly (1996).

Posteriormente, exploramos os livros fotográficos de Maureen Bisilliat - entre

eles A João Guimarães Rosa (1979) e Sertões: Luz & Trevas (1982). Procuramos

analisar semiologicamente as imagens, o encadeamento de imagens e a utilização

dos textos intercalados, como forma de compreender os sentidos possibilitados

pelas obras fotográficas. Tencionamos atentar também para seus diálogos com as

obras literárias.

Dessa maneira, partindo dos tensionamentos entre a bibliografia e as obras

fotográficas, buscamos alcançar nossos objetivos e responder nosso problema.

Desejamos, ainda, levantar novas problemáticas e caminhos que possibilitem uma

continuidade em nossa investigação, para além do âmbito da pesquisa de mestrado.

Resultados e Discussão

Os resultados de nossa pesquisa de mestrado não são peremptórios. Ela

encontra-se em pleno processo de desenvolvimento, o que possibilita apresentar

apenas alguns entendimentos até agora alcançados como alguns cruzamentos entre

sertão, nação e fotografia, além da pesquisa exploratória da vida e da obra de

Maureen Bisilliat.

As nações modernas são vividas como Comunidades Políticas Imaginadas

(ANDERSON, 2008), ou seja, são comunidades que se criam e se manifestam por

meio de um conjunto simbólico e narrativo. Segundo Anderson, essa capacidade

imaginativa é resultante da união explosiva entre o sistema econômico capitalista, a

tecnologia de impressão e a fatal diversidade da linguagem humana. Assim, a nação

Capa Índice 11062

3

pode ser vista como um mercado local consumidor de narrativas, o que possibilita o

desenvolvimento de laços afetivos e da concepção da simultaneidade pressupostos

entre os indivíduos participantes dessa comunidade. Desse compartilhamento nasce

a ideia de um organismo social que atravessa conjuntamente um tempo histórico.

Porém, conforme aponta Bhabha (2001), as nações modernas devem ser

vistas para além dessa única linhas temporal. Seu funcionamento depende, na

verdade, de uma dupla temporalidade: uma pedagógica, outra performática.

Enquanto a primeira aponta para um passado imemorial, mítico, a temporalidade

performática reintroduz os mitos fundacionais no tempo presente. Assim, não basta

o compartilhamento de um corpus narrativo entre diversos indivíduos. São

necessárias constantes reencenações dessa pedagogia, que façam uma atualização

dos mitos em forma de narrativas suplementares. Estas assomam-se às narrativas

anteriores, criando uma engrenagem que possibilita uma coesão interna relativa das

comunidades imaginadas através do tempo.

No caso brasileiro, vemos o desenvolvimento dessa ideia de nação na

exploração da categoria sertão. Conforme analisa Souza (1997), com a publicação

do romance Os Sertões, no começo do século XX, origina-se um intenso movimento

de se pensar, imaginar, avaliar e projetar a nação brasileira, fundando o pensamento

social nacional. Euclides da Cunha (1991), quando elege os bandeirantes como

primeiros brasileiros, propõe reencenar as Bandeiras e Entradas, o que será seguido

pelos pensadores da brasilidade. Essas peregrinações rumo aos espaços ermos dá

origem as narrativas em variadas formas, mídias e linguagens.

Observamos, aqui, portanto, uma temporalidade pedagógica, sedimentada no

Mito das Bandeiras e na própria Guerra de Canudos, dando origem a uma

performance nacional, manifestada nas peregrinações narrativas, descritivas

avaliativas e projetivas dos territórios desconhecidos e apartados dos espaços

modernos da nação. As narrativas promovem, assim, um encontro entre o litoral –

signo que conota urbanização, industrialização, cosmopolitismo, modernização,

entre outros – e o sertão. Dessa alteridade nasceria, segundo Euclides da Cunha e

seus seguidores, um brasileiro de tipo elevado e uma nação integrada e posicionada

sobre uma linha de progresso – ideia que permanece atuante em nosso imaginário

ainda na contemporaneidade.

Nesse contexto de produção de narrativas que desejam apresentar o Brasil

desconhecido aos brasileiros, as fotografias são privilegiadas. Sua veiculação nas

Capa Índice 11063

4

revistas ilustradas de grande prestígio e tiragem, em meados do século XX, fez

nascer vários fotógrafos que buscaram apresentar novas visibilidades do sertão em

todo o território nacional. Entre eles, encontra-se Maureen Bisilliat, fotógrafa da

revista Realidade na década de 1970 e da revista Quatro-Rodas, autora de diversos

livros fotográficos em que buscou traçar diálogos com obras literárias, entre elas

Grande Sertão: Veredas e Os Sertões.

Nascida na Inglaterra, mas naturalizada brasileira, Bisilliat faz confundir sua

busca própria pelo pertencimento e a performance nacional. Ela encena

constantemente os mitos fundadores como forma de construir uma identidade

própria, a partir da concepção de uma identidade nacional. A fotógrafa torna-se,

assim, personagem de suas próprias fotografias e faz aquela transição dos

interesses individuais para a generalidade típica das personagens dos romances

nacionalistas.

Assim, podemos entender as fotos de Maureen Bisilliat como engajadas na

manutenção da ideia de nação. Suas fotos utilizam o poder da retórica fotográfica

para comunicar significados presentes em uma ideologia – no sentido semiológico

do termo (BARTHES, 2009) – nacional. Porém, no diálogo com textos literários,

contatamos novas visibilidades, próprias dos contextos e das características da

atividade fotográfica, que suplementam essa ideologia da nação.

Conclusão

Nesse trabalho intentamos apresentar os resultados das discussões até agora

realizadas em nossa pesquisa de mestrado. Explicitamos, assim, os métodos e

algumas referências até agora utilizadas. Apresentamos também uma discussão

resumida dos resultados de nossa pesquisa, mostrando brevemente os cruzamentos

entre nação, sertão e fotografia, e a maneira como esses entendimentos podem

cruzar-se com as obras fotográficas de Maureen Bisilliat e com a própria história

individual da fotógrafa.

Obviamente, nossa pesquisa de mestrado estenderá essas proposições. Elas

devem ser intensamente discutidas de modo que nos possibilitem tensioná-los com

os resultados da análise das obras fotográficas de Bisilliat. Queremos também

realizar uma discussão mais ampla acerca da fotografia como um objeto de

dominação e consumo, porque tais noções estão presentes também na literatura

Capa Índice 11064

5

sobre sertão e nação. É evidenciando as dominações que, talvez, conseguiremos

apontar outros caminhos na obra da fotógrafa.

Enfim, não intentamos com essa análise esgotar esse estudo do sertão, da

nação e da fotografia. Esperamos sim abrir uma vereda para os estudos dessas

temáticas no campo da comunicação, contribuindo com material para novas análises

de obras em quaisquer formatos, mídias e linguagens.

Referências Bibliográficas

ANDERSON, Benedict. Comunidades Imaginadas: reflexões sobre a origem e a difusão do nacionalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

BARTHES, Roland. A Câmara Clara: nota sobre fotografia. Lisboa: Ed.70, 2010.

______. O Óbvio e o obtuso. Lisboa: Ed. 70, 2009.

BHABHA, Homi. O Local da Cultura. Belo Horizonte: UFMG, 2001.

BISILLIAT, Maureen. A João Guimarães Rosa. 3.ed. São Paulo: Brunner, 1979.

______. Sertões: Luz e Trevas. São Paulo: Rhodia, 1982.

CUNHA, Euclides da. Os Sertões: Campanha de Canudos. 35.ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1991.

ECO, Umberto. A Estrutura Ausente. São Paulo: Perspectiva, 2007.

JOLY, Martine. Introdução a Análise da Imagem. 4.ed. Campinas: Papirus, 2001.

ROSA, João Guimarães. Grande Sertão: veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006.

ROUILLÉ, André. A Fotografia: entre documento e arte contemporânea. São Paulo: Senac, 2009.

SOUZA, Candice Vidal e. A Pátria Geográfica: sertão e litoral no pensamento social brasileiro. Goiânia: UFG, 1997.

Capa Índice 11065

Universidade Federal de Goiás Programa de Pós- Graduação Ciências da Saúde Faculdade de Medicina Autor (a): Kalina Teles de SOUZA¹ [email protected] Orientadora: Nilce Maria S. Campos COSTA² [email protected] O PROCESSO DE EDUCAÇÃO PERMANENTE NA VISÃO DE SERVIDORES DA SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE GOIÂNIA Palavras- Chave: Educação Permanente, Servidor, Saúde Introdução Os conceitos de educação continuada e educação permanente estão relacionados

aos diferentes modelos de atenção à saúde implantados no Brasil. A partir desta

idéia ocorre o destaque da estruturação do primeiro conceito no país, sendo a

trajetória histórica da educação continuada primordial para a elaboração do conceito

mais ampliado do assunto. (DURÃO, 2006)

A educação permanente é atribuída à aprendizagem significativa, onde é possível

vincular o aprendizado a elementos que façam sentido para os sujeitos envolvidos,

de modo que os processos de capacitação sejam elaborados a partir da

problematização dos processos de trabalho. Deste modo, a educação permanente é

entendida como aprendizagem no trabalho, onde o aprender e o ensinar incorporam-

se ao cotidiano das organizações e ao trabalho (BRASIL, 2009a).

Já a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS) lançada pelo

Ministério da Saúde (MS) mediante a Portaria 198 de fevereiro de 2004, possibilita a

identificação das necessidades de formação e de desenvolvimento dos

trabalhadores, bem como a construção de estratégias e processos que qualifiquem a

atenção e a gestão em saúde mediante o fortalecimento do controle social com o

objetivo de produzir um impacto positivo sobre a saúde individual e coletiva da

população (BRASIL, 2004).

A valorização dos recursos humanos é um dos objetivos do milênio, pois têm grande

importância no cenário da integração regional dos recursos humanos em saúde,

atores fundamentais para a realização das metas de saúde. Na atualidade têm-se

discutido os efeitos das reformas no setor e as transformações surgidas no

desenvolvimento dos processos produtivos sobre o campo dos recursos humanos:

exigências de novas habilidades dado o incremento tecnológico, implicações

Capa Índice 11066

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 11066 - 11068

imediatas das metas de saúde sobre os métodos de gestão do trabalho, mutações

no emprego em tempos de globalização e reestruturação produtiva (MASSAROLI e

SAUPE, 2008).

Em 2005, foi criado o Centro Municipal de Formação em Saúde Pública (CMFSP) na

Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS), para atuar na reformulação e

execução da educação permanente, onde o processo de trabalho é revalorizado,

tendo este como objeto de transformação e de investigação (SECRETARIA

MUNICIPAL DE SAÚDE, 2011).

Este estudo pretende analisar o processo de educação permanente a partir da

percepção dos profissionais, ou seja, a partir da visão de servidores da Secretaria

Municipal de Saúde de Goiânia lotados no Centro Municipal de Formação em Saúde

Pública (CMFSP) e de servidores lotados nos Distritos Sanitários Campinas Centro e

Noroeste.

Materiais e Métodos

Será realizado um estudo do tipo descritivo, de abordagem qualitativa, que permite

conhecer sistemas de crenças e percepções das pessoas a respeito de como vivem,

pensam, sentem e agem, sendo que os dados serão coletados por meio de

entrevista semi-estruturada onde o entrevistado tem a possibilidade de discorrer

sobre o tema em questão (MINAYO, 2007).

Os entrevistados serão os profissionais de nível superior da coordenação

pedagógica do Centro Municipal de Formação em Saúde Pública (CMFSP) e

também os profissionais de nível superior lotados nos Distritos Sanitários Campinas

Centro e Noroeste que participaram das ações de educação permanente da

Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia em 2011. As entrevistas serão individuais,

marcadas previamente com o participante, gravada após a autorização do servidor.

A amostra do estudo será definida aleatoriamente, sendo que as entrevistas serão

realizadas até que ocorra o critério de saturação dos dados (FONTANELLA et al,

2011)

Os dados das entrevistas serão submetidos à análise de conteúdo (BARDIN, 2009)

por meio das seguintes fases: pré-análise, exploração do material, categorização e

resultados.

Capa Índice 11067

Conclusão

A percepção de servidores é muito importante para a análise deste estudo, pois a

partir desta é possível perceber a realidade local do processo de educação

permanente proporcionando mudanças de práticas profissionais. A temática de

educação permanente norteia vários eixos primordiais para uma melhor adequação

e atualização científica, favorecendo uma prática profissional humanizada e

estruturada de acordo com a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde.

(ALMEIDA et al,2007).

Referências ALMEIDA, M. J., PEREIRA, L. A., TURINI, B., NICOLETTO, S. C. S.,CAMPOS, J. B., REZENDE, L. R., MELLO, P. L. Formação dos profissionais de saúde no Paraná e a implantação das diretrizes curriculares nacionais. Revista Brasileira de Educação Médica, Rio de Janeiro, v. 31, n. 2, p.156 – 165, 2007. BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 4ª. Edição, 2009 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Humaniza SUS: Política Nacional de Humanização: a humanização como eixo norteador das práticas de atenção e gestão em todas as instâncias do SUS. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Política Nacional de Educação Permanente em Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2009a. DURÃO, A. V. R. Educação Permanente em Saúde: história e redirecionamentos atuais, Rio de Janeiro: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio/FIOCRUZ, 2006. FONTANELLA, B. J. B. et al. Amostragem em pesquisas qualitativas: proposta de procedimentos para constatar saturação teórica. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 27, n. 2, p. 389-94, fev. 2011. Disponível em: <http://www.scielosp.org/pdf/csp/v27n2/20.pdf>. Acesso em: 11 jun. 2012. MASSAROLI, A. & SAUPE, R. Distinção conceitual: Educação Permanente e Educação Continuada no processo de trabalho em saúde. Disponível em http://www.abennacional.org.br/2SITEn/Arquivos/N.045.pdf> Acesso em 11 jun.2012. MINAYO, M.C.S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 9. ed. São Paulo: Hucitec, 2007. 406 p SECRETARIA MUNICIPAL DE SAUDE DE GOIANIA. Departamento de Gestão e Educação do Trabalho. Boletim da Saúde, Goiânia, 2012.

Capa Índice 11068

UNIVERSAIS LINGUÍSTICOS APLICÁVEIS ÀS LÍNGUAS DE SINAIS Karime CHAIBUE

Christiane Cunha de OLIVEIRA Faculdade de Letras/UFG

[email protected] [email protected]

PALAVRAS-CHAVE: Universais Linguísticos; Nome; Verbo; Línguas de Sinais; LIBRAS.

INTRODUÇÃO A tipologia linguística é um estudo sistemático e comparativo das línguas

existentes no mundo, cujo intuito é perceber o que varia e o que é comum entre elas

– características essas interpretadas como universais, por estarem presentes em

toda e qualquer língua humana. O surgimento da tipologia como campo de estudo

ocorreu na segunda metade do século XX e teve como marco inicial o trabalho

pioneiro de Joseph Greenberg sobre os universais linguísticos, lançado em 1963

(ver ZESHAN, 2008). Desde então, os estudos tipológicos têm contribuído para um

maior conhecimento sobre as línguas do mundo, na medida em que necessita se

fundamentar numa base de dados muito ampla, que inclua informações

principalmente sobre aquelas línguas pouco conhecidas, faladas nos recantos mais

obscuros do planeta.

Apesar de todos os desenvolvimentos da tipologia linguística nos últimos

anos e os seus esforços para construir uma base de dados diversificada, os

principais estudos encontrados na área têm sido fundamentados em um corpus

constituído principalmente de informações sobre línguas orais.

A ausência de informações sobre línguas de sinais desde os primeiros

corpora da pesquisa tipológica talvez tenha resultado de uma falta de compreensão

mais bem elaborada sobre a natureza das línguas de modalidade viso-gestual1 e da

consequente escassez de dados disponíveis sobre essas línguas, na década de

sessenta, à época dos primeiros esforços empreendidos por Greenberg.

1 As línguas de modalidade viso-gestual são aquelas cujo modo principal de percepção linguística é a visão, tendo o corpo e o espaço à sua volta como modo principal de produção; opõem-se conceitualmente às línguas de modalidade oral-auditiva, caracterizadas pela audição como modo principal de percepção e a fonação como modo de produção. O que é denominado palavra ou item lexical nas línguas orais-auditivas é denominado "sinal" nas línguas viso-gestuais. O sinal surge da combinação dos parâmetros de articulação: configuração das mãos, ponto de articulação, movimento, orientação, expressão facial e/ou corporal (FELIPE; MONTEIRO, 2007).

Capa Índice 11069

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 11069 - 11073

Assim, a teorização sobre os universais linguísticos dá conta de

fenômenos típicos de línguas orais-auditivas, mas resta-nos saber até que ponto tais

universais também se aplicam aos dados de línguas viso-gestuais. É esta a questão

empírica do presente trabalho.

Os estudos em linguística de línguas de sinais tiveram início na década de

sessenta com os estudos pioneiros de Willian C. Stokoe (1919-2000). Atualmente,

pesquisas relativas a esta modalidade linguística tem sido desenvolvidas em

diversos países. Podemos citar como exemplos de pesquisas no Brasil: Gesueli

(1988,1998); Fernandes (1989, 2003); Quadros (1997a, 1997b, 1999, 2004); Souza

(1996, 2000); Santos (1994); Góes (1994, 1996); Fernandes, S. (1998); Ferreira

Brito (1989,1993,1995); Felipe (1989,1993); Bernardino (1999); Costa (2001) e

outros (ver DECHANDT, 2006).

Do mesmo modo que os estudos em tipologia linguística carecem de

dados em línguas de sinais, os estudos em língua de sinais não têm buscado

nortear suas pesquisas numa abordagem tipológica. Zeshan (2008), além de

apontar essa problemática, ressalta a importância de iniciar um trabalho capaz de

integrar os estudos de línguas de sinais com os estudos tipológicos. Na tentativa de

contribuir para esta interação, ela apresenta um corpus composto por línguas de

sinais da Alemanha, Turquia e Índia, analisando a negação não-manual e os

padrões de posse predicativa ocorrentes nas três línguas sinalizadas. A autora foi

pioneira na publicação de obras em tipologia de línguas de sinais, sua primeira

publicação foi fruto de um projeto desenvolvido de 2000 a 2004 e contemplava as

construções interrogativas e negativas.

De acordo com Zeshan (2008), a tipologia linguística tem como objetivos:

avaliar semelhanças e diferenças encontradas nas línguas e buscar os universais

linguísticos a partir do exame de dados comparativos entre línguas

genealogicamente não relacionadas, onde se verifica a ocorrência de certa

característica comum a todas as línguas do corpus.

O propósito deste trabalho é discutir sobre até que ponto se aplica, às

línguas de sinais, o postulado: “todas as línguas fazem distinção entre Nomes e

Verbos”, o qual é considerado um universal absoluto (GREENBERG, 1963 apud

WHALEY, 1997).

Embora o status de absoluto possa induzir ao status de inquestionável,

nosso questionamento se justifica pela aparente controvérsia, em alguns estudos,

Capa Índice 11070

quanto aos critérios para a distinção entre Nomes e Verbos na Língua Brasileira de

Sinais (LIBRAS2), e também pela observação de conversas espontâneas entre

surdos, as quais evidenciaram esse problema de análise.

MATERIAL E METÓDOS Esta pesquisa apresenta as características de uma pesquisa qualitativa e do

estudo de caso como método de coletas de dados. Sendo assim, buscaremos

analisar de forma imparcial os dados da pesquisa, levando em consideração as

revelações obtidas mediante nossa análise, não nos restringindo simplesmente a

confirmar hipóteses levantadas anteriormente. O estudo de caso é caracterizado por

apresentações de um ou múltiplos casos, passando pela coleta e posteriormente por

uma análise interpretativa dos dados, buscando identificar possíveis generalizações.

Os sujeitos da pesquisa serão surdos fluentes no uso da LIBRAS. Alguns

dos sujeitos são originalmente de Goiás, mas também analisaremos dados

produzidos por surdos de outros estados, especialmente mediante a análise de

vídeos encontrados na internet, em materiais didáticos ou em outros meios, nos

quais se faz o uso da LIBRAS. Pretendemos analisar narrativas livres3 de

aproximadamente cinco surdos. Os vídeos das narrativas em LIBRAS não possuem

legenda ou tradução oral na Língua Portuguesa e são de temas variados, tais como

educação, religião, histórias pessoais e anedotas.

Um questionário será aplicado aos surdos participantes da pesquisa, com o

intuito de verificar a forma de aquisição da LIBRAS, a aceitação e postura da família

diante do processo de aprendizagem da LIBRAS,

RESULTADOS E DISCUSSÃO A distinção entre Nomes e carrega em si uma complexidade, como expõe

Lemos Barbosa (1956, apud PRAÇA, 2007, p.10): “[...] a distinção verbo-nome não é

nítida, pois todo nome pode tornar-se predicativo, e todo verbo no infinitivo é um

verdadeiro nome”.

2 LIBRAS – é a sigla difundida pela Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos – FENEIS, para referir-se à língua de sinais utilizada pela comunidade surda brasileira. Existe também LSB – Língua de Sinais Brasileira, que segue os padrões internacionais de denominação das línguas de sinais, porém LIBRAS é utilizada pelo MEC, nos documentos legais, e por vários pesquisadores e especialistas (ver QUADROS, 2007). 3 Tomamos por narrativas livres neste trabalho, histórias espontâneas contadas por surdos.

Capa Índice 11071

A dificuldade em se distinguir Nomes de Verbos é uma realidade que pode

ser ainda mais complexa na análise de línguas de sinais, uma vez que os estudos

sobre essas línguas tradicionalmente vêm influenciados por descobertas oriundas

das pesquisas sobre línguas orais; em outros casos, pode acontecer também de a

análise sobre uma dada língua de sinais ser influenciada pela análise proposta para

outra língua sinalizada que conte com um maior número de estudos. No caso da

LIBRAS, alguns autores apontam para a aparente interferência de análises da

Língua Portuguesa, bem como de outras línguas de sinais (PIZZIO, 2011). É

perceptível a transposição da existência das categorias lexicais nas línguas orais

para as línguas de sinais, ignorando possíveis diferenças decorrentes da

modalidade.

Quadros e Karnopp (2004) baseiam seus estudos sobre a LIBRAS nos

estudos sobre a Língua de Sinais Americana – ASL, realizados por Supalla e

Newport no ano de 1978, os quais apontam o parâmetro movimento como sendo o

diferenciador de Nomes e Verbos. As autoras afirmam que os Verbos na LIBRAS

possuem um movimento mais longo e a derivação de Nomes acontece com a

repetição e o encurtamento do movimento.

Felipe (2006) defende que a análise proposta para identificar a distinção

entre Nomes e Verbos na ASL não pode ser aplicada à LIBRAS. Em sua pesquisa,

os usuários não distinguiram Nomes e Verbos através do parâmetro movimento e

também não apresentaram uma padronização durante a realização dos sinais

equivalentes a essas categorias. A autora acredita que a distinção entre as duas

categorias lexicais acontece simplesmente pelo contexto.

Pizzio (2011) discorda sobre a possibilidade de se aplicar o movimento como

diferenciador entre Nomes e Verbos, pois a autora não conseguiu identificar uma

unidade responsável por tal distinção nos sinais em LIBRAS.

Em nossas análises dos vídeos de narrativas livres também não

percebemos uma padronização da distinção entre Nomes e Verbos na LIBRAS, o

movimento não foi o fator distintivo.

CONCLUSÕES Os estudos em tipologia linguística têm pesquisado uma grande variedade

de línguas, até mesmo aquelas pouco conhecidas e que não foram documentadas.

No entanto, ainda existe uma necessidade de integração dos estudos tipológicos e

Capa Índice 11072

as pesquisas em língua de sinais, a fim de se obterem benefícios em ambas as

áreas.

Percebemos que a literatura existente e o corpus deste trabalho não

apresentam um elemento distintivo de Nomes e Verbos na LIBRAS, exceto o

contexto em que o sinal é produzido. Diante disso, acreditamos que nosso trabalho

contribuirá para uma discussão do universal linguístico absoluto apresentado em

Whaley (1997, p. 32): "todas as línguas fazem distinção entre nomes e verbos", uma

vez que buscaremos uma análise minuciosa de dados na Libras, proferidos em

contextos e desprendidos ao máximo de influências de outras línguas.

REFERÊNCIAS DECHANDT, S. B. A apropriação da escrita por crianças surdas. In: QUADROS, R. M. (org.) Estudos Surdos I – Série de Pesquisas. Rio de Janeiro: Arara Azul, 2006. p. 284-322. FELIPE, T. A. Os processos de formação de palavras na libras. Campinas: Educação Temática Digital, 2006, vol. 7, n. 2, p. 200-217.

FELIPE, T. A.; MONTEIRO, M. S. Libras em contexto: curso básico: livro do professor. 6. ed. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2007. p. 336, 354.

LÜDKE, M; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: Pedagógica e Universitária, 1986.

PRAÇA, W. N. Morfossintaxe da língua tapirapé. Brasília: UNB, 2007. Tese de Doutorado, Instituto de Letras, Universidade de Brasíia, 2007.

PIZZIO, A. L. A tipologia linguística e a língua de sinais brasileira: elementos que distinguem nomes de verbos. Florianópolis: UFSC, 2011. Tese de Doutorado, Centro de Comunicação e Expressão, Universidade Federal de Santa Catarina, 2011.

QUADROS, R. M.; KARNOPP, L. B. Língua de sinais brasileira: estudos linguísticos. Porto Alegre: Artes Médicas, 2004. QUADROS, R. M. O tradutor de língua brasileira de sinais e língua portuguesa. 2. ed. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2007. WHALEY, L. Introduction to typology: The unity and diversity of language. Thousand Oaks, Sage Publications, 1997. ZESHAN, U. Raízes, folhas e ramos – A tipologia de língua de sinais. In: QUADROS, R. M. de. VASCONCELLOS, M. L. B. de. Questões teóricas das pesquisas em línguas de sinais. Tradução de Alinne B. P. Fernandes et. al. Petrópolis: Arara Azul, 2008. p. 33-54.

Capa Índice 11073

1

HEDGE COM INTEGRAÇÃO DE ATIVIDADES AGROPECUÁRIAS DO ESTADODE GOIÁS

Universidade Federal de GoiásEscola de Agronomia e Engenharia de Alimentos

Programa de Pós – Graduação em Agronegócio – Mestrado

Karine Diniz [email protected]

Prof. Dr. Reginaldo Santana [email protected]

Palavras-chaves: Agropecuarista, portfólio, Teoria de Markowitz, proteção, risco.

1. INTRODUÇÃO

As atividades agropecuárias são atividades de alto risco. O risco pode ser

entendido como uma perda potencial que um negócio pode vir a sofrer devido a

ocorrência de eventos desfavoráveis (KIMURA, 1998). As atividades agropecuárias

são sensíveis a fatores como condições edafoclimáticas (solo e clima), pragas e

doenças, políticas governamentais, concorrências e preferências do consumidor.

Para amenizar este risco, o produtor rural pode fazer uso de diversos

mecanismos para se beneficiar de um resultado da produção mais seguro como:

comercializar seus produtos nos diferentes tipos de mercados, formalizar contratos

com agroindústrias, adquirir o seguro agrícola ou desenvolver hedge (proteção) por

meio da integração de diferentes atividades agropecuárias, de acordo com o que se

propõe neste estudo.

A alternativa proposta se trata de um mecanismo que disponha ao produtor

rural, diferentes possibilidades de combinações de atividades agropecuárias, com

seus respectivos riscos e retornos esperados. Este mecanismo também busca

auxiliar o produtor na alocação dos recursos disponíveis em cada uma das

atividades implantadas. Assim, dado o princípio de Markowitz, é possível

desenvolver hedge por meio da combinação (integração) de diferentes combinações

de atividades agropecuárias.

Diante de um contexto onde se prioriza a conservação do meio ambiente por

meio da manutenção das florestas e pela recuperação de solos degradados, a

intensificação na utilização das áreas agricultáveis se torna uma necessidade. A

Capa Índice 11074

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 11074 - 11078

2

integração de atividades rurais para gerar renda sem comprometer o meio ambiente

é uma alternativa para quem pretende se enquadrar nos mais modernos moldes do

desenvolvimento econômico-sustentável.

Neste sentido, é fundamental que o produtor rural faça uso de mecanismos

que possam mitigar os riscos inerentes à atividade agropecuária, ao mesmo tempo

em que o auxilie na tomada de decisão, o possibilite garantir renda agrícola e o

permita se beneficiar das diversas vantagens da integração agropecuária.

1.1Problema de pesquisa

Dada a grande incerteza que envolve a produção agropecuária, a utilização

de técnicas que auxiliem o produtor rural na tomada de decisão quanto ao binômio

risco - retorno de seus investimentos são de extrema importância. Assim, esta

pesquisa se propôs a responder:

“Como desenvolver hedge por meio da integração de atividades

agropecuárias?”

1.2Objetivos

1.2.1 Geral

Desenvolver alternativas de hedge por meio da integração de atividades

agropecuárias do Estado de Goiás, baseado no modelo de Markowitz, como um

instrumento de apoio à tomada de decisão do agropecuarista.

1.2.2 Específicos

a) Analisar o comportamento das séries temporais de cada atividade

agropecuária selecionada para o estudo (preço e custo de produção);

b) Obter e analisar as volatilidades históricas de cada atividade agropecuária

considerada;

c) Avaliar o binômio risco-retorno esperado associado a cada alternativa de

integração;

d) Analisar as correlações entre os retornos esperados das diversas atividades;

e) Elaborar um modelo e suas restrições;

Capa Índice 11075

3

f) Aplicar programação matemática a cada combinação de atividades

agropecuárias de forma a obter a fronteira eficiente;

g) Dispor tabelas contendo as diversas possibilidades de integração de

atividades agropecuárias e seus respectivos riscos e retornos esperados.

2. METODOLOGIA

As atividades selecionadas para o estudo foram: algodão, arroz, bovinocultura

de corte, feijão, milho, soja, sorgo e tomate. Estas foram selecionadas devido sua

relevância econômica no agronegócio goiano.

A priori foram calculados os retornos de cada atividade agropecuária gerando

assim uma série histórica de retornos. Posteriormente foram realizados testes de

estacionariedade das séries temporais de retornos.

Posteriormente foi construída a matriz de correlação a fim de dispor a

correlação entre os retornos médios esperados das atividades agropecuárias

combinadas de forma que se verificasse como cada atividade se correlaciona com

as outras atividades que compõem o portfólio.

A Programação Linear foi uma importante ferramenta que auxiliou na

alocação dos recursos disponíveis e na definição das áreas ótimas para cada

atividade a ser implementada na propriedade rural, mediante uma série de restrições

como tamanho da propriedade, capital disponível, área mínima viável, entre outros.

O modelo de Programação Linear obteve como função objetivo o modelo proposto

por Markowitz (1952) que mede o risco total do portfólio.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como resultado parcial ao que se propõe neste estudo, tem-se a construção

de três portfólios com seus respectivos riscos e retornos esperados conforme pode

ser observado na Tabela 1. Cada um dos portfólios auxilia o produtor rural a alocar

seus recursos (terra e capital) em cada atividade que compõe o portfólio.

Capa Índice 11076

4

Tabela 1: Composição dos portfólios

Capital Área Risco Retornoesperado CV

Portfólio 1Feijão 15,05% 16,40%

0,65% 4,08% 15,84%Bovinocultura de corte 84,95% 83,60%

Portfólio 2Sorgo 26,76% 63,67%

1,29% 4,10% 31,43%Soja 11,63% 11,64%Bovinocultura de corte 61,61% 24,69%

Portfólio 3

Arroz 26,85% 36,51%

0,80% 3,17% 25,20%Milho 26,31% 33,57%Algodão 39,10% 24,10%Bovinocultura de corte 7,74% 5,82%

Fonte: Dados da Pesquisa

Para alcance do objetivo geral da pesquisa, será feita uma minuciosa análise

de viabilidade técnica que verifica a existência de sinergia entre as atividades, ou

seja, aspectos dos agrupamentos de atividades que auxiliam na redução de pragas,

na melhoria de propriedades do solo, no aumento de produtividade, entre outros

benefícios.

4. CONCLUSÕES

O que se conclui a partir desta teoria é que é possível que um agropecuarista

se proteja dos riscos inerentes do mercado sem recorrer a mecanismos comumente

utilizados como o mercado futuro. O produtor rural pode desenvolver uma proteção

(hedge) de modo simples, produzindo diferentes atividades agropecuárias de forma

conjunta de modo a amenizar os efeitos provenientes das variações de preços.

A metodologia proposta neste estudo não constitui a palavra final no processo

de tomada de decisão do produtor rural. O conhecimento de outros especialistas no

processo decisório é indispensável para a complementaridade e constante

aperfeiçoamento do que se propõe.

A partir do fornecimento de dados de propriedades rurais que adotam o

sistema de integração lavoura-pecuária, é possível analisar como estas se

comportam frente ao binômio risco-retorno de seus portfólios a partir da metodologia

desenvolvida. A análise de sensibilidade mostra que algumas mudanças na área

causam poucos efeitos sobre os resultados. À medida que se tem conhecimento de

Capa Índice 11077

5

outros dados, eles poderão ser substituídos no modelo e serão fornecidos novos

resultados.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

CANTÚ, V.Z., MENEZES, E.A. Seleção de um portfólio eficiente através dadiversificação de ativos financeiros. Disponível em: <http://www.peteps.ufsc.br/novo/attachments/098_Portfolio.pdf>. Acesso em: 12 jul.2011.

GUJARATI, D. N. Econometria Básica. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Produçãoagrícola municipal. Disponível em < http://www.sidra.ibge.gov.br/bda> Acesso em:18 Mai. 2012.

KIMURA, H. Administração de riscos em empresas agropecuárias eagroindústrias. Caderno de Pesquisa em Administração, São Paulo, V1, n° 7, 2°Trim. 1998.

LAZZAROTTO, J. J. Desempenho econômico e riscos associados à integraçãolavoura-pecuária no Estado do Paraná. 2009. 176f. Tese (Doutorado emEconomia Aplicada). Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais, 2009.

MARKOWITZ, H. M. Portfolio selection. The Journal of Finance, v.7, n.1, Mar.1952.

MUNIZ, L. C.; FIGUEIREDO, R. S.; MAGNABOSCO, C. de U.; WANDER, A. E.;MARTHA JÚNIOR, G. B. Análise de risco da integração lavoura-pecuária com autilização de system dynamics. Disponível em:<http://www.sober.org.br/palestra/6/842.pdf>. Acesso em 26 mar. 2012.

SÁ, G. T. de. Investimentos no mercado de capitais. Rio de Janeiro: Ao LivroTécnico: Bolsa de Valores, 1979.

Capa Índice 11078

VITAMINA C, COMPOSTOS FENÓLICOS E CAPACIDADE ANTIOXIDANTE DE PIMENTÕES COLORIDOS CULTIVADOS EM DIFERENTES SISTEMAS DE

CULTIVO Karinne de Oliveira VALADARES1,a; Tânia Aparecida Pinto de Castro FERREIRA1,b; Maurício Júnio Franco SOUZA 1,c; Regis de Castro FERREIRA2,d. 1Faculdade de Nutrição; 2Escola de Agronomia e Engenharia de [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]

Palavras-chave: Bioativos, antioxidantes, pimentão, tela fotosseletiva.

1 Introdução O pimentão (Capsicum annuum) é conhecido por possuir excelente fonte de

bioativos com capacidade antioxidante, como ácido ascórbico (vitamina C), vários

carotenóides como β-caroteno, licopeno, luteína e capsantina, e polifenóis como

flavonóides, quercetina e luteolina (VEJA-GÁLVEZ et. al., 2009).

O Capsicum annum, no Brasil, normalmente é cultivado em condições de

campo. No entanto, nos últimos anos o plantio em ambiente protegido tem crescido,

sendo uma das culturas que melhor tem se adaptado a este sistema (RINALDI et.

al., 2008).

O uso de telas plásticas nos ambientes protegidos tem como função atenuar a

temperatura do solo e do ar, aumentando a área de sombreamento, isso porque o

excesso de radiação solar pode causar prejuízo à planta, afetando a assimilação de

CO2 através da fotossíntese, no processo denominado fotoinibição (PEZZOPANE et.

al., 2004). Porém não se sabe com clareza as vantagens e as conseqüências desse

sombreamento em relação a qualidade nutricional dos frutos.

Dessa forma, objetivou-se, com este trabalho, avaliar teor de vitamina C,

compostos fenólicos e capacidade antioxidante de dois cultivares de pimentão,

sendo um vermelho (Margarita) e um amarelo (Eppo), produzidos sob dois diferentes

ambientes protegidos: tela fotosseletiva vermelha e tela fotosseletiva azul, ambos

com 40% de sombreamento e comparar com aqueles cultivados ao céu aberto.

2 Materiais e métodos

O experimento da cultura de pimentão foi conduzido sob dois telados, sendo

um vermelho e outro azul com ambos 40% de sombreamento de espectro visível e

Capa Índice 11079

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 11079 - 11083

sob céu aberto. Em cada tratamento (sistema de cultivo) foram construídos canteiros

com duas linhas de plantação, sendo cultivados no total 64 mudas, 32 de cada de

cultivar de pimentão vermelho (Margarita) e 32 de pimentão amarelo (Eppo),

distribuídas em cinco canteiros.

Os pimentões foram coletados manualmente e selecionados segundo o

padrão do seu grau de maturação. A coleta dos frutos ocorreu de forma aleatória,

descartando os frutos das extremidades próximo aos telados e obtendo o total de

quinze pimentões de cada cultivar (Margarita e Eppo) de cada ambiente. Foram

coletados 15 frutos a cada coleta, sendo uma unidade de cada planta. Foram

realizadas duas coletas, sendo uma no meio da safra e outra no final. Para as

análises de cada tratamento foi realizado um pool das 30 amostras.

Para a determinação de vitamina C foi utilizado os frutos in natura e para

determinação de compostos fenólicos e capacidade antioxidante foi realizado um

extrato com o pimentão liofilizado utilizando metanol 50%, acetona 70% e água

(Rufino et. al., 2010).

A atividade antioxidante total foi realizada pelo método de redução do ferro

(FRAP) segundo Benzie & Strain (1996). Num ambiente escuro 90µl do extrato foi

transferido para um tubo de ensaio e adicionados 270µl de água destilada e 2,7ml

do reagente FRAP. Após a homogeneização em vortex e o repouso de 30 minutos

em banho-maria a 37°C a leitura foi realizada em espectofotômetro a 595nm. O

resultado foi expresso em µM trolox por grama de pimentão.

O doseamento de compostos fenólicos totais foi feito através da redução do

reagente de Folin-Ciocalteu pelos compostos fenólicos presentes no pimentão,

mensurados por espectofotometria, segundo Singleto e Rossi (1965). Em tubos de

ensaio 0,25ml da amostra (extrato) foram adicionados a 0,25ml de Folin-Ciocalteau

1:2 e 2,5 ml de água destilada e agitadas por 10 seg em vortex. Após o repouso de 5

min foram adicionados 0,25 de carbonato de sódio 10% e agitado por 10 seg no

vortex. Depois de um descanso de 60 min a absorbância foi determinada a 725nm e

os resultados expressos em mg de ácido gálico em 100g de fruto.

A determinação da vitamina C nos pimentões foi realizada por método

titulométrico segundo Benassi e Antunes, 1990, onde o ácido ascórbico reduz o

corante de óxido-redução 2,6-diclorofenol indofenol sódico à sua forma incolor.

Nesta metodologia três reagentes foram utilizados: solução de ácido oxálico a

2%, solução padrão de ácido ascórbico 1mg/ml, e uma solução de 200ml de 2,6-

Capa Índice 11080

diclorofenol indofenol sódico (0,02g) e bicarbonato de sódio (0,02g) devidamente

padronizada. A amostra (25g) foi homogeneizada com 50g de ácido oxálico e

retirada uma alíquota de 10 g para diluir a 50ml com ácido oxálico. Após uma

filtração com papel de filtro foi retirada uma alíquota de 2ml e acrescentado 10ml de

ácido oxálico para aumentar o volume da leitura. Assim, será titulado com 2,6-

diclorofenol indofenol até a viragem ser detectada visualmente por uma cor rósea.

O cálculo do teor de vitamina C será expresso em mg por 100g de fruto

através da equação:

Vit. C= x x x

Todas as análises foram realizadas em triplicata e os resultados das análises

foram submetidas à análise de variância (ANOVA) e teste de Tukey com intervalo de

confiança de 95% (p≤0,05) para comparação entre médias, após a verificação das

condições de normalidade.

3 Resultados e discussão Observa-se que em relação a vitamina C não houve diferença nos diferentes

tratamentos para o cultivar Eppo, porém no Margarita cultivado sob telado vermelho,

este sombreamento foi suficiente para diminuir seu teor de vitamina C em relação

aos outros sistemas de cultivo. Este resultado também foi evidenciado no estudo de

Lee e Kader (2000) onde observaram que a intensidade da luz é um fator que está

diretamente ligado ao conteúdo de vitamina C nos frutos, ou seja, quanto maior a

iluminação maior a composição de vitamina C no vegetal, pois o ácido ascórbico nas

plantas é formada à partir dos açúcares provenientes da fotossíntese (Tabela1).

Em relação aos compostos fenólicos no cultivar Eppo não foi observado

nenhum tipo de diferença entre tratamentos. Já no cultivar Margarita cultivado em

céu aberto o teor de fenólicos foi maior em relação aos cultivados em telas

fotoseletivas. Quanto maior o estresse provocado pela luz visível, maior a

quantidade de fenólicos no Capsicum annuum (MATERSKA; PERUCKA, 2005).

Na determinação da capacidade antioxidante por FRAP houve o mesmo

comportamento do observado em relação aos fenólicos, onde no cultivar Eppo não

foi observado nenhum tipo de diferença entre tratamentos, e no cultivar Margarita

Capa Índice 11081

cultivado em céu aberto o teor de antioxidante foi maior em relação aos cultivados

em telas fotoseletivas. O estudo de Howard et. al. (2000), confirma que o aumento

da luz é um fator que aumenta a quantidade de antioxidantes sobre cultivares de

pimentão.

Tabela 1.Vitamina C, Compostos fenólicos e Capacidade antioxidante em 100g dos pimentões Eppo e Margarita plantados sob tela fotoseletiva vermelha, tela fotoseletiva azul e céu aberto.

Tratamento

Vitamina C(mg/100g)

Compostos Fenólicos

(mg/100g de ácido gálico)

Capacidade antioxidante (µmg/100g de

trolox ) Margarita tela vermelha 75.88 ± 0.15 b1 98,36 ± 3,53b 876,6 ± 29,62b Margarita tela azul 86.96 ± 0.02 a 93,53 ± 1,62b 890,19 ± 08,65b Margarita céu aberto 86.81 ± 0.08 a 106,51 ± 1,49a 1060,80 ± 48,92a Eppo tela vermelha 86.69 ± 0.31 a 103,03 ± 1,53a 1001,60 ± 41,53a Eppo tela azul 86.71 ± 0.07 a 103,96 ± 2,06a 983,29 ± 09,19a Eppo céu aberto 97.78 ± 0.16 a 106,51 ± 2,06a 935,57 ± 18,85a

1 Valores expressos como Média ± Desvio-padrão.Letras diferentes na mesma coluna indicam diferença estatística Teste Tukey, p<0.05, Análise feita por cultivar.

O cultivo em telados coloridos aumenta a produtividade e qualidade das

plantas (Santana et. al., 2012), porém diminui a qualidade bioativa do pimentão

Margarita cultivado sob telado vermelho em relação à vitamina C e compostos

fenólicos e capacidade antioxidante deste cultivar, cultivado sob telado azul e

vermelho. Já em relação ao Eppo o sistema de cultivo não altera em nada na sua

qualidade bioativa.

4 Conclusões O sombreamento provocado pelas telas fotosseletivas diminuem a quantidade

de antioxidantes e compostos fenólicos em frutos de pimentão do cultivar Margarita.

Neste mesmo cultivar a tela fotosseletiva vermelha diminuiu o teor de vitamina C no

pimentão. No cultivar Eppo este sombreamento não interfere na produção de

bioativos pelas plantas. Assim, o efeito do sistema de cultivo sob os compostos

bioativos mostrou ser dependente do tipo de cultivar.

Órgão Financiador Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoa de Nível Superior-CAPES

Capa Índice 11082

Referências BENASSI, M. T., ANTUNES, A. J. A. A comparison of metaphosphoric and oxalic acids as extractants solution for the determination of vitamin C in selected vegetables. Arq. Biol. Technol., v. 31,n. 4, p. 507-513, 1988. BENZIE, I. F. F.; STRAIN, J. J. The ferric reducing ability of plasma (FRAP) as a measure of antioxidant power: the FRAP assay. Analytical Biochemistry. Bethesda, v. 239, n. 1, p. 70-76, 1996. HOWARD, L. R.; TALCOTT, S. T.; BRENES, C. H.; VILLALON, B. Changes in phytochemical and antioxidant activity of selected pepper cultivars (Capsicum Species) as influenced by maturity. Journal Agricultural and Food Chemistry, Califórnia, v. 48, n. 5, p. 1713-1720, 2000. LEE, S. K; KADER, A. A. Preharvest and postharvest factors influencing vitamin C content of horticultural crops. Postharvest Biology and Technology, Iran, v. 20, p. 207-220, 2000. MATERSKA, M.; PERUCKA, I. Antioxidant Activity of the main phenolic compounds isolated from hot pepper fruit (Capsicum annuum L.). Journal of Agricultural and Food Chemistry, Califórnia, v. 53, n. 5, p. 1750-1756, 2005. PEZZOPANE, J. E. M.; OLIVEIRA, P. C.; REIS, E. F. R.; LIMA, J. S. S. Alterações microclimáticas causadas pelo uso de tela plástica. Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v. 24, n. 1, 2004. RINALDI, M. M.; SANDRI, D.; RIBEIRO, M. O.; AMARAL, A. G. Características físico-químicas e nutricionais de pimentão produzido em campo e hidroponia. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 28, n. 3, p. 558-563, 2008. RUFINO, M. S. M.; ALVES, R. E.; BRITO, E. S.; PÉREZ-JIMÉNEZ, J.; SAURA-CALIXTO, F.; MANCINI-FILHO, J. Bioactive compounds and antioxidant capacities of 18 non-traditional tropical fruits from Brazil. Food Chemistry, London, v. 121, p. 996-1002, 2010. SANTANA, J. Q.; BALBINO, M. A.; TAVARES, T. R.; BEZERRA, R. S.; FARIAS, J. G.; FERREIRA, R. C. Effect of photoselective screens in the development and productivity of red and yellow sweet pepper. “Acta Horticulturae”, 2012. (no prelo) SINGLETON, V. L.; ROSSI, J. A. Jr. Colorimetry of total phenolic with phosphomolybdic-phosphotungstic acid reagents. American Journal of Enology and Viticulture, Davis, v. 16, n. 3, p. 144-158, 1965. VEJA-GÁLVEZ, A.; DI SCALA, K.; RODRÍGUEZ, K.; LEMUS-MONDACA, R.; MIRANDA, M.; LÓPEZ, J.; PEREZ-WON, M. Effect of air-drying temperature on physico-chemical properties, antioxidant capacity, colour and total phenolic content of red pepper (Capsicum annuum, L. var. Hungarian). Food Chemistry, London, v. 117, n. 4, p. 647-653, 2009.

Capa Índice 11083

Acervos de figurinos teatrais na cidade de Goiânia: motivações e implicações

Kárita Garcia SOARES

Faculdade de Artes Visuais/UFG

[email protected]

Rita ANDRADE

Faculdade de Artes Visuais/UFG

[email protected]

Palavras-Chave: Acervos de figurino; Teatro; Goiânia

INTRODUÇÃO

A presente pesquisa visa discutir a constituição de acervos de figurinos por

grupos teatrais no contexto da cidade de Goiânia. Iniciado em Abril de 2011 e ainda

em desenvolvimento, o projeto parte do pressuposto de que o figurino é um

elemento que auxilia na caracterização dos atores em cena sendo fundamental na

constituição de um espetáculo teatral. Tendo em vista as discussões acerca da

edificação de um patrimônio das artes cênicas no país, o figurino é percebido como

um importante documento histórico para a compreensão do fazer teatral local.

Sem demarcações rígidas quanto à necessidade da organização de espaços

museológicos, a pesquisa busca compreender algumas das implicações

relacionadas à salvaguarda dessas coleções, baseando-se nas condições

vivenciadas por grupos, diretores e figurinistas do teatro realizado em Goiânia.

Notam-se distintas maneiras de se posicionar e lidar com a temática, sendo as

políticas culturais um dos fatores que mais influenciam nas práticas, até então,

percebidas.

Frente ao escasso número de publicações, mas tendo em mente o crescente

interesse pelo tema, intui-se contribuir para as discussões que repercutem. Lança-se

mão, portanto, da análise de um contexto específico para realizar algumas

pontuações e questionamentos sobre o assunto.

Capa Índice 11084

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 11084 - 11088

MATERIAL E MÉTODOS

Definir o recorte temático, bem como os métodos a serem utilizados,

mostraram-se questões desafiadoras e solucionáveis somente a partir de um

amadurecimento da pesquisa. Originando-se de premissas básicas e passando por

várias modificações, deparamo-nos com diversas problemáticas não previstas no

início do projeto. A primeira intensão foi a de mapear os acervos de figurino nos

grupos teatrais de Goiânia. Com a consciência da impossibilidade de realizar

tamanha tarefa, optou-se pela delimitação de um novo enfoque. A partir de então, a

pesquisa buscaria compreender as motivações e implicações envolvidas no

processo de constituição de acervos de figurino na cena teatral da capital goiana.

Três procedimentos metodológicos básicos nortearam a pesquisa: (1)

pesquisa bibliográfica; (2) entrevistas com figurinistas, diretores e atores de teatro, e;

(3) análise qualitativa dos dados coletados.

A pesquisa bibliográfica buscou reconhecer o campo de estudos do figurino,

compilar informações acerca da constituição de acervos e compreender melhor o

cenário teatral goiano. Perante a escassez de publicações específicas sobre tema,

para o ajuste dos aportes teóricos fundamentais na realização do trabalho foi

imprescindível a investigação em materiais de áreas correlatas. De forma

transdisciplinar, os estudos transitaram entre diversos campos do conhecimento, tais

como moda, sociologia, história e museologia, sendo também necessárias leituras

mais abrangentes quanto ao teatro e ao figurino.

Diante do contexto explicitado, discutiu-se realização de um trabalho de

campo. Foram procurados diretores, atores e figurinistas com o intuito de agregar à

pesquisa dados sobre a realidade do fazer teatral goiano, principalmente no que

concerne à produção de figurino e constituição de acervos de figurino.

Uma observação importante a ser feita sobre esse aspecto da pesquisa se

refere às dificuldades encontradas na aproximação com os grupos teatrais de uma

forma geral. A princípio, todos os procurados demonstraram profundo interesse,

assinalando a importância da realização de estudos na área. Entretanto, por

diversos fatores, os encontros presenciais ou mesmo a comunicação por meio de

outras vias, como e-mails e telefone, foi algo difícil. Percebeu-se que a principal

dificuldade dos grupos está em encontrar tempo para inserir uma atividade a mais

em suas agendas.

Capa Índice 11085

No atual momento da pesquisa as entrevistas propostas foram finalizadas,

estando, em sua maioria, transcritas. Assim, as análises já se iniciaram e as

informações coletadas passam a compor o texto ainda em andamento.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Feito para ser vestido ou calçado, o figurino geralmente é composto por peças

do vestuário e adereços. A roupa, somada aos diversos tipos de acessórios e aliada

a outras escolhas, tais como o corte de cabelo, a maquiagem ou a realização de

modificações corporais (cirurgias plásticas, piercing, tatuagens, etc.), recodifica a

aparência e dá novos significados àquele que a veste. No teatro, o figurino funciona

como um dos elos entre o público e a cena, auxiliando na formulação do sentido do

espetáculo, bem como contextualizando a personagem/performer em um tempo-

espaço específico.

Pensando acerca da organização de uma memória do teatro goiano, o figurino

se apresenta como uma das fontes capazes de elucidar aspectos do fazer teatral

local. Isto porque resulta de um conjunto de decisões pessoais e coletivas que

expressa possibilidades e escolhas técnicas, estéticas, econômicas e funcionais do

contexto de sua realização. Além disso, graças às suas qualidades materiais, revela

novas mensagens à medida que transita, junto ou não dos corpos, por tempo e

espaço específicos (ANDRADE, 2008). De tal modo, segundo noções da cultura

material, por meio da análise tanto da produção dos objetos, quanto dos vestígios

deixados pelo uso e/ou armazenagem, é possível traçar a trajetória desses artefatos

conhecendo percursos mais peculiares e compreendendo aspectos sócio-culturais

de determinada época e sociedade.

No caso dos grupos teatrais, percebemos que nem sempre a salvaguarda do

figurino se dá a partir de preocupações relacionadas à preservação da memória da

companhia ou do espetáculo. No caso do grupo Zabriskie, por exemplo, a

manutenção do acervo decorre das necessidades cotidianas em suas atividades

pedagógicas ou naquelas relacionadas à criação e apresentação de peças teatrais.

As escolhas e motivações de grupos e artistas do campo das artes cênicas

frente à criação desses espaços destinados à armazenagem de coleções de

Capa Índice 11086

figurinos estão extremamente relacionadas às possibilidades vislumbradas no atual

cenário político-cultural.

As leis de incentivo vigentes há alguns anos no país, propiciaram uma nova

“cara” para a produção teatral, acarretando no aumento de grupos, montagens,

espaços e eventos. Entretanto, ainda são raros aqueles que conseguem “viver de

teatro” ou mesmo manter um espaço próprio de funcionamento. Assim, se por um

lado a realidade de baixos orçamentos acaba por diminuir as possibilidades de

reservar um local específico para a armazenagem de figurinos, por outro cria a

necessidade de reutilização daquilo que já está pronto. Dessa forma, percebemos

uma grande seleção de objetos considerados extremamente necessários ou

importantes de serem preservados em contraste com o usual descarte ou repasse

para outros grupos daquilo que é considerado desnecessário ou não reaproveitável.

Por fim, é preciso observar a crescente profissionalização da área no contexto

goiano. O curso de Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás, bem como

aqueles ofertados pelo Centro de Educação Profissional em Artes Basileu França ou

as iniciativas do Instituto Federal de Goiás, foram e ainda são fundamentais para a

motivação de novas perspectivas na reflexão do figurino e suas implicações antes,

durante e após as apresentações cênicas.

CONCLUSÕES

Em um momento em que muito se discute questões ligadas à preservação de

bens culturais, percebe-se uma vontade por parte de grupos e outros realizadores

do teatro goiano em criar e manter acervos de figurinos teatrais. Não adentrando nos

debates acerca do patrimônio cultural oficializado pelos órgãos brasileiros de cultura,

os grupos de teatro irão por meio de acervos pessoais, nem sempre formados

apenas por seus figurinos, tentar criar uma coleção de artefatos que julgam

fundamentais para a consolidação de um patrimônio próprio. Além disso, também

será um fator mobilizador a necessidade de manter os artefatos em condições

favoráveis para as reapresentações dos espetáculos já estreados há tempos atrás

ou mesmo para ter a possibilidade de economizar gastos futuros customizando

peças já prontas.

Capa Índice 11087

Nas atuais circunstâncias temos um contexto extremamente variável e

complexo, no qual encontramos distintas opiniões e posicionamentos. Se existem

atitudes favoráveis à conformação de espaços museológicos que abriguem coleções

de documentos das artes cênicas, dentre eles o figurino, existem da mesma forma

uma visão que discorda, afirmando ser o teatro uma arte do efêmero. Dessa forma,

é necessário que as discussões sejam mantidas e ampliadas, levando em

consideração as diversas proposições encontradas. Espera-se, portanto, que esta

pesquisa seja o início de inúmeros entraves que movimentem a reflexão acerca do

figurino nas artes cênicas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE, Rita Morais De. BouéSoeurs RG 7091: a biografia cultural de um vestido. 2008. Tese (Doutorado em História) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, PUC – SP, 2008.

AUGUSTO, Alexandre. Entrevista concedida para Kárita Garcia. 3f. Março, 2012.

BATISTA, Walquiria Pereira. O fazer teatral em Goiânia: prenúncios de um novo milênio. Anais do VI Congresso de Pesquisa e Pós-graduação em Artes Cênicas. SP, 2010.

CARVALHO, Marcelo D. de; ALMEIDA, Maria Cristina Barbosa de. Patrimônio do efêmero: algumas reflexões para a construção de um patrimônio das artes cênicas no Brasil. Em Questão, Porto Alegre, v. 11, n.1, p. 167-188, jan/jun, 2005.

LIMA, Sandro Di. Entrevista concedida para Kárita Garcia. Agosto, 2012.

PAULA, Teresa C. T. de. Inventando moda e costurando história: pensando a conservação de têxteis no museu paulista/USP. 1988. Dissertação (Mestrado) – escola de comunicações e artes, universidade de São Paulo, 1998.

Capa Índice 11088

Algumas considerações acerca do desenvolvimento da vontade livre na

Filosofia do Direito de Hegel.

Mestranda: Kárita Paul de Melo PEDRA

Endereço eletrônico: [email protected]

Orientador: Hans Christian KLOTZ

Palavras-chave: vontade, liberdade, negatividade, reflexividade.

O objeto de estudo do meu trabalho é uma análise do desenvolvimento

do conceito de liberdade como reflexividade da vontade, e tem como ponto de

partida, o desdobramento da vontade livre, conforme explicitado por Hegel na

Introdução à sua Filosofia do Direito.

Rousseau, Kant e Fichte foram alguns dos relevantes filósofos que se

ocuparam em refletir acerca da liberdade das ações humanas e analisaram a

liberdade como sendo o princípio inerente ao sujeito que tem em si mesmo a

razão de seu agir, apresentando a liberdade sob o viés da autonomia, que

engloba a ideia da autoreferência da vontade do sujeito que se determina por si

mesma. De onde podemos depreender que os principais expoentes do

pensamento moderno procuraram elaborar suas concepções filosóficas,

orientados, sobretudo, pela sua compreensão do conceito-chave de liberdade.

. Hegel por sua vez (filósofo para o qual, alguns autores chegam mesmo a

afirmar ser a liberdade o grande tema de sua filosofia), acata essa

compreensão do sentido de liberdade, todavia sem estancar-se nela, pois para

ele, a liberdade da vontade, enquanto autonomia do sujeito livre que que

escolhe, corresponde a um momento necessário da vontade, não se

configurando entretanto, como uma vontade plenamente livre.

Veremos então, que Hegel constrói na Introdução à Filosofia do Direito

sua definição de Liberdade a partir do desdobramento da vontade livre

segundo três momentos: universalidade, particularidade e singularidade.

Buscaremos explicitar que os dois primeiros momentos manifestam a liberdade

de modo unilateral e insuficiente, todavia, necessário, enquanto que o último, o

momento da singularidade, sendo vontade livre em-si e para-si, manifesta-se

de modo infinito e que Hegel defende que a liberdade plena da vontade

envolve necessariamente um tipo de reflexividade, e que por sua vez, é essa

Capa Índice 11089

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 11089 - 11093

reflexividade da vontade que dará origem ao sistema do Espírito Objetivo, ou

seja, a toda da estrutura da filosofia do Direito.

Nos parágrafos 5 a 7 da Introdução, é apresentada uma análise da

liberdade da vontade segundo um tríplice encadeamento retratado pela lógica

do conceito. Os dois primeiros momentos (§§5 e 6) descrevem a vontade na

sua necessária estrutura especulativa num duplo aspecto: o momento da

universalidade, assim como aquela que se explicita como particularidade

(vontade subjetiva). Num terceiro momento (§7), ela se desdobra numa

singularidade, que superando (entretanto, ainda conservando) os momentos

anteriores, permite assim a constituição de uma liberdade objetiva que se

efetiva pela articulação das suas duas faces: subjetividade e objetividade.

No primeiro momento, a vontade se caracteriza como universalidade que

está referida a si: uma estrutura autoreferencial que revela a atividade do eu

que pode abstrair de toda determinação. A vontade contém o elemento da pura indeterminidade ou da pura reflexão do eu dentro de si, no

qual estão dissolvidos toda delimitação, todo conteúdo dado e determinado ali

presente pela natureza, pelos carecimentos, pelos desejos e pelos impulsos,

ou então seja pelo que for; [ela contém] a infinitude indelimitada da abstração

absoluta ou da universalidade, o puro pensar de seu si mesmo. (HEGEL, 2010,

§5)

Negatividade, total abstração e reflexividade são os principais aspectos

que marcam profundamente a vontade em seu primeiro momento. A

universalidade é o momento no qual a vontade livre se manifesta como pura

indeterminidade, pois aqui ela se refere a si mesma, através de uma atividade

autoreferencial, na qual ela abstrai de toda determinação, onde estão

“dissolvidas toda delimitação, todo conteúdo dado e determinado

imediatamente ali presente pela natureza, pelos carecimentos, pelos desejos,

pelos impulsos (...) [ela contém] o puro pensar de si mesmo.” (HEGEL, 2010,

§5). Ou seja, na universalidade, a vontade livre é abstrata, puramente negativa,

não se identifica com nenhum conteúdo, e é por isso vazia.

Desta feita, no primeiro momento, a vontade livre é abstrata, puramente

negativa, não se identifica com nenhum conteúdo, por isso é vazia. Assim,

podemos dizer que neste momento a vontade se determina apenas na

abstração total de todas as determinações, de todo conteúdo de suas

atividades mentais, restando com isso o pensamento puro, ou seja, o

Capa Índice 11090

pensamento sobre a forma do pensamento, onde a vontade desenvolve um

comportamento que já traz a reflexividade em seu interior. Percebemos então

que a vontade já se mostra reflexiva desde seu primeiro momento, pois a

vontade aqui não é determinada porque se apresenta assim desde o princípio,

mas porque o eu se põe assim, se reflete (a partir de uma ação tomada) sobre

si mesmo.

Desta maneira, o estar indeterminado já é uma ação da vontade em sua

primeira fase. Todavia, permanecer no ponto de vista da formalidade da

liberdade é permanecer na fixa identidade do espírito consigo mesmo e assim,

conservar-se na abstrata auto-legislação, que exclui de si toda mediação

concreta. É necessário, contudo, superar as deficiências que este tipo de

liberdade envolve, pois ela não se efetua no concreto, sendo puramente

negativa.

Sendo assim, no momento seguinte, para superar este „vazio‟ que a

caracteriza, a vontade tem que adotar um conteúdo determinado, deve fazer

uma opção a partir do distanciamento inicial. Sobre este momento de

determinação, Hegel diz: “é, tanto como o primeiro, negatividade, suprassumir

[:] é, com efeito, o suprassumir da primeira negatividade abstrata (...) é

somente um pôr o que o segundo já é em si[.].” (HEGEL, 2010, §6). Desta

forma, neste segundo momento da vontade livre, enquanto vontade particular,

seu movimento é o do sujeito livre que quer algo e por este querer se

determina, negando a indeterminidade do primeiro momento. A vontade

particular não apenas quer, mas quer algo. Neste sentido o momento da

particularidade se caracteriza por esta ação da vontade que quer algo, algo que

lhe é exterior, configurando-se assim como vontade finita, limitada. Hegel

identifica esta vontade particular com a liberdade do arbítrio, que consiste na

capacidade de escolher.

Comumente, o livre arbítrio é tomado como o conceito que por

excelência define a liberdade, dado que o homem, segundo seu livre arbítrio

pode escolher e decidir acerca do que quer, optar por um objeto específico, se

abstendo de outro, segundo sua vontade mesma. Para Hegel, no entanto, o

livre arbítrio representa tão somente um aspecto da liberdade, o aspecto

formal, sendo que o lado necessário da liberdade, que diz respeito ao seu

conteúdo, este não é contemplado pelo livre arbítrio, pois neste âmbito da

Capa Índice 11091

vontade, o conteúdo é completamente contingente, é dado para a vontade de

maneira arbitrária, ao acaso e não determinado essencialmente pela própria

vontade.

No âmbito do arbítrio a vontade é finita, imediata, natural, o conteúdo de

suas determinações tem origem nos desejos, nos impulsos, nas inclinações (a

vontade é suscitada por algo exterior, por algo que vem de fora e lhe é alheio),

neste contexto é uma vontade em si (ainda não é vontade plenamente livre,

reflexiva em sua forma e conteúdo, é livre, mas não sabe que é). Na vontade

particular, pela capacidade que se tem de escolher, a vontade é livre,

entretanto, seu conteúdo é determinado (pelos seus desejos, inclinações,

apetites, volições), a diferença entre a forma e o conteúdo da liberdade do

arbítrio está no fato de que ela é vontade ativa, sua escolha é livre, mas seu

conteúdo é dado, é natural.

O terceiro momento da vontade constitui-se a partir da unidade da

universalidade e da particularidade e Hegel irá chamá-lo de „o verdadeiro e o

especulativo‟, pois “... todo o verdadeiro, enquanto é conceito, apenas pode ser

pensado especulativamente.” (HEGEL, 2010, §7). É na singularidade que a

vontade suprassume seu caráter particular, finito e se autodetermina, surgindo

assim a vontade plenamente livre, reflexiva em seu cerne. Hegel irá

caracterizar este momento como “a vontade livre que quer a vontade livre.”

(HEGEL, 2010, §27). E neste terceiro e mais elevado momento da vontade livre

que a atividade da vontade supera as insuficiências dos dois primeiros

momentos, através do desenvolvimento essencial do conceito, da liberdade

consciente de si, obedecendo à necessidade intrínseca de se assumir como

autodeterminação.

Somente por meio da reflexividade da vontade que a insuficiência da

vontade particular pode ser superada. Isso ocorre quando a vontade adota a

identidade entre sua forma e seu conteúdo (vontade em si e para si). A vontade

livre que não é finita em seu conteúdo é aquela que reflete a si mesma, que é

em si e para si e que tem por seu objeto a vontade mesma enquanto tal, está é

a caracterização necessária da vontade plenamente livre, a vontade infinita.

Sendo assim, a vontade para ser absolutamente livre, tem que ser o conteúdo

e a forma de si mesma, superando tudo o que a delimita. O conteúdo e a forma

serão as determinações que a própria vontade gera. Hegel faz coro com

Capa Índice 11092

Espinosa quando este escreve: “Diz-se livre o que existe exclusivamente pela

necessidade da sua natureza e por si só é determinado a agir.” (ESPINOSA,

1992, p.101). .

A Filosofia do Direito de Hegel tem seu fundamento numa certa

concepção de liberdade da vontade, onde a vontade livre é concebida de um

modo distinto da tradição moderna, do direito natural, da ideia de vontades que

se reúnem num contrato. Hegel fundamenta toda a estrutura do direito a partir

de uma certa ideia da reflexividade da vontade, considerando a liberdade como

reflexiva e essa reflexividade gerando um tipo de sistema, o sistema do direito.

A reflexividade tem seu fundamento no fato de que a vontade se orienta por

uma concepção do que é sua liberdade, onde esta corresponde ao conteúdo e

forma dela mesma.

Pois a liberdade no sentido completo só se efetua na medida em que a

vontade é livre “em si e para si”, isto é, na medida em que ela torna a sua

autodeterminação o seu conteúdo e esta liberdade só pode se realizar no

direito. Cabe com isso levantar a questão de como é possível a integração da

forma e do conteúdo do arbítrio (momento insuficiente da vontade livre), para

que a vontade possa ser concebida como autodeterminação da vontade livre

em si e para si. Neste sentido, torna-se fundamental entender em que consiste

a reflexividade da vontade, como ela se relaciona e engloba os três momentos

constituintes da liberdade e a como ela dá origem ao sistema do direito.

Referências bibliográficas:

HEGEL, G. W. F. Linhas Fundamentais da Filosofia do Direito ou Direito Natural e Ciência do Estado em Compêndio. Trad.de Paulo Meneses, Agemir Bavaresco, Alfredo Moraes, Danilo Vaz-Curado R. M. Costa, Greice Ane Barbieri e Paulo Roberto Konzen. Recife, PE: UNICAP; São Paulo, SP: Loyola; São Leopoldo: UNISINOS, 2010. MÜLLER, Marcos Lutz. Estudo Introdutório. In. HEGEL, G. W. F. Linhas Fundamentais da Filosofia do Direito ou Direito Natural e Ciência do Estado em Compêndio – Introdução, O Direito Abstrato e Moralidade. Campinas: UNICAMP, 2003. ESPINOSA, Bento. Ética. Tradução de Joaquim de Carvalho, Joaquim F. Gomes e Antônio Simões. Lisboa: Ed. Relógio d‟Água Editores, 1992.

Capa Índice 11093

A Construção da identidade Griô em Pirenópolis - GO1

Karla Alves de Araújo França CASTANHEIRA

Tânia Ferreira Rezende dos SANTOS

Faculdade de Letras – FL

[email protected]

Palavras-chave: Identidade, Ação Griô, tradição oral

O Programa de fomento à cultura, lançado em 2003, pelo Ministério da

Cultura (Minc), intitulado Programa Cultura Viva, está pautado no reconhecimento

das iniciativas da sociedade civil como “pontos de cultura”, ou seja, como locais de

importância cultural que, a partir de projetos e editais, passam a receber incentivo

financeiro e/ou patrocínio do Minc para desenvolver suas Ações. Esse programa

conta com cinco ações de alcance nacional, sendo elas: a Ação Pontos de Cultura, a

Ação Escola Viva, a Ação Cultura Digital, a Ação Cultura e Saúde e a Ação Griô

Nacional.2 O foco de nossa pesquisa é essa última Ação – Ação Griô Nacional – que

se propõe a colocar em diálogo a tradição oral das comunidades tradicionais e a

educação formal oferecida pela escola.

O objetivo desse trabalho é investigar como esse diálogo, que passa

obrigatoriamente por um processo de reconhecimento e de valorização da tradição

oral, refletido principalmente nos atos de nomeação e categorização discursiva do

mundo, se dá em uma comunidade goiana, especificamente em Pirenópolis, onde a

Ação está presente desde 2006. Para tanto, escolhemos uma das entidades que

trabalha com a Ação, uma Organização Não-Governamental chamada “Guaimbê –

espaço e movimento criativo” e acompanhamos suas atividades ao decorrer de 6

(seis) meses.

Material e métodos

A pesquisa que aqui desenvolvemos, foi guiada pela Etnografia

da Comunicação, proposta por Dell Hymes, pela qual consideramos que a unidade 1 Esta pesquisa é viabilizada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), por meio da bolsa de estudos de demanda social para alunos de mestrado. 2 Todas estas informações podem ser encontradas no site do Ministério da Cultura, www.cultura.gov.br, acessado, pela última vez, em 1º de setembro de 2012.

Capa Índice 11094

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 11094 - 11098

de análise da sociolinguística é a comunidade de fala, enquanto uma comunidade

“que compartilha conhecimento das regras para a conduta e a interpretação da fala.”

(Hymes, 1979, p. 51) 3 e que, por meio desse compartilhamento, desenvolve

sistemas comunicativos que seriam, por si só, a base de sua constituição enquanto

comunidade. Sendo esses sistemas comunicativos desenvolvidos pela comunidade

parte integrante e integradora dos outros sistemas simbólicos que constituem a

cultura de tal comunidade4, eles seriam um “sistema central” da/na cultura de tal

comunidade e, por meio de seu estudo, poderíamos compreender parte dessa

cultura.

Com esses pressupostos, os métodos utilizados são, assim, os

mesmos da etnografia desenvolvida pelas Ciências Sociais, especificamente a

observação participante e a teoria fundamentada. Por meio da observação

participante, nos inserimos no grupo atuante da ONG, observamos e

acompanhamos as atividades da comunidade estudada e fizemos entrevistas, para

podermos verificar como se dá a constituição desse sistema comunicativo e o que

ele nos mostra dos sistemas culturais existentes e dos que estão sendo construídos

na comunidade a partir da interferência da Ação. A teoria fundamentada guiou nosso

processo de escolha do referencial teórico, pois as teorias que escolhemos foram

decorrentes desse processo, partindo dos dados e sendo orientadas

(fundamentadas, portanto) por eles, sendo trazidas quando necessárias para

compreender um fenômeno que os dados evidenciaram. Por esse ponto de vista,

portanto, a nossa fundamentação teórica, é, ela mesma, um resultado parcial de

pesquisa.

Resultados e discussão

Ainda na etapa de levantamento dos objetivos da Ação, fizemos

uma análise da apropriação do termo Griô por meio do Programa Cultura Viva, que,

desvinculando-o das especificidades que possui em sua origem africana – o termo

provém das culturas que constituíram o antigo Império do Mali, no território que mais

3 No original: “a comunitysharingknowledgeofrules for de conductandinterpretationof speech.” – Tradução minha. 4 Aqui, partimos do conceito de cultura de Geertz (1989), pelo qual a cultura é algo “essencialmente semiótico” (p.15), sendo a teia de sistemas simbólicos que significam o mundo e a realidade “feita de valores e crenças, de códigos morais e hábitos que são socialmente construídos, transmitidos, aprendidos por meio de signos e símbolos” (Castelfranchi, 2006) e sua respectiva análise.

Capa Índice 11095

tarde ficou conhecido como “África Ocidental Francesa”- é usado no Brasil como

forma de nomear pessoas que possuam algum tipo de conhecimento proveniente de

tradição oral. Inicialmente, a apropriação do termo foi proposta como forma de

remeter a uma origem africana dessas comunidades, como forma de reafirmar e

valorizar a identidade negra delas, estando diretamente ligada a uma reformulação

dessas identidades e à construção – fortalecida fortemente pela lei 10.639/03 – do

que Barzano chamou de “construção de um currículo para ser negro”, que seria a

“pedagogia Griô”, base da proposta inicial da Ação.

A base de tal proposta está na ideia de que a cultura escrita, formalizada,

base de nosso sistema educacional escolar, é pautada no “conhecimento científico”,

“comprovado”, que também é a base dos protocolos de funcionamento do Estado e,

portanto, se dão em termos abstratos e distantes da vida cotidiana das comunidades

de tradição oral, já que as culturas orais são pautadas no conhecimento empírico,

nos costumes, na vida prática. Nessas comunidades de tradição oral, a formação

para a vida cotidiana e a formação de um “cidadão do Estado” se dão, assim, de

forma distante, quando não conflituosa. Sendo proposta como uma forma de

amenizar esse conflito, a Ação Griô o evidencia. Baseando-nos nisso, trazemos uma

discussão acerca dos conceitos de tradição escrita e de tradição oral e de escrita e

oralidade, mostrando que apenas o advento – ou até mesmo a “difusão em massa” –

da escrita não é suficiente para “transformar” uma cultura oral em uma cultura

escrita, mostrando que ambas coexistem em uma mesma sociedade, o que nos

levou a problematizar a relação de uma com a outra. Discutimos também esse

conflito entre a educação formal e a não-formal, com base nesses conceitos que as

embasam, para definirmos, assim, a Pedagogia Griô proposta pela Ação e a

conceituação da “Pedagogia do Quintal”, a proposta pedagógica da ONG que

estudamos.

Além disso, a Ação evidencia e questiona aspectos culturais das

comunidades em que atua, pois, ao mesmo tempo em que se propõe a trabalhar a

realidade da comunidade, se adequando a ela, se propõe a modificá-la,

ressignificando-a, trabalhando em “uma dialética permanente entre a tradição e a

invenção, numa encruzilhada de matrizes milenares e informações e tecnologias de

ponta. [...]”, sendo um espaço da memória, mas também de “intervenções criativas

Capa Índice 11096

no campo do real histórico e social”5. Por meio disso, percebemos a centralidade do

conceito de invenção e de reinvenção, conceitos que, portanto, discutimos,

principalmente em relação ao conceito de tradição, que, como percebemos em

nossa pesquisa, também pode ser bastante divergente: escolhas lexicais tais como

a substituição do termo “tradição” – base da proposta da Ação – pelo termo

“saberes”, na fala da entidade, nos dirigiu a uma discussão acerca dos conceitos de

tradição que veiculam na cidade e de como a Ação Griô entra em conflito com esse

conceito e se posiciona diante dele.

Os dados obtidos apontaram, até agora, para uma grande

importância da/na escolha lexical dos participantes, escolha essa que aponta

diretamente para as relações de poder na cidade em que se localiza, para as

discussões conceituais que apontamos anteriormente, para os pressupostos com

que a entidade trabalha e para sua visão de mundo. Percebido isso, optamos por

fazer uso da teoria dos atos de fala e da teoria da nomeação, que nos pareceu a

melhor forma de compreender o sistema cultural e a postura que guia essas

escolhas. Para isso, nos pautamos nas teorias de Austin (1962) e de Searle (1976,

1969, 2000).

Partindo dessa análise das escolhas lexicais e dos atos e

eventos de fala formados pela entidade, inferimos que ela se propõe a se construir

como uma comunidade ela mesma, o que passará por questões de pertencimento,

de identificação, de construção de práticas sociais e culturais que lhe permitam isso.

Por sua vez, isso nos levou a uma discussão acerca do conceito de “comunidade de

fala”, que é problematizado na pesquisa por não ser apenas um “compartilhamento

de regras de conduta e normas de fala”, mas por ser também um espaço de fala, em

que se constrói um sentido para o mundo, para as práticas sociais, interferindo

diretamente nelas – de forma consciente ou não – por meio do sistema comunicativo

que utiliza.

Conclusão

5 As citações foram retiradas do discurso de posse do ex-ministro da cultura, Gilberto Gil, em que ele define o conceito de cultura que seria aplicado durante sua gestão, conceito que embasou, entre outras políticas públicas, o Programa Cultura Viva. Este discurso pode ser encontrado na íntegra no site: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u44344.shtml, acessado pela última vez em 1º de setembro de 2012.

Capa Índice 11097

Até agora, o que percebemos, é que o estamos acompanhando é

o próprio processo de construção de uma comunidade, com tudo que isso envolve, e

que o dirige esse processo, portanto, o conceito de invenção e reinvenção das

comunidades, dos laços comunitários, das identidades, das tradições e dos valores

que guiam a vida de um grupo de pessoas. Por meio dos atos de fala e dos

processos de nomeação, a entidade interfere diretamente nos sistemas simbólicos

em que se insere, modificando-os e sendo modificada por eles, para a construção de

mais um nó na teia de significados que constitui a cultura, se constituindo assim, ela

própria, como uma (nova) comunidade dentro da que se propôs trabalhar.

Referências Bibliográficas

AUSTIN, J. L. Howto do thingswithwords. Cambridge, Massachusetts:

HavardUniversity Press, 1962.

BARZANO, M. A. L. Grãos de Luz e Griô: dobras e avessos de uma ONG – Pedagogia – Ponto de Cultura. Tese de Doutorado. Campinas, SP: [s.n.], 2008.

CASTELFRANCHI, Y. (10 de março de 2006). A curiosa vida política dos símbolos. COM CIÊNCIA - revista eletrônica de jornalismo científico. ISSN 1519-7654

GEERTZ, C. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan, 1989.

HYMES, D. Foundations in sociolinguistics: An Ethnographic Approach. New Jersey: UniversityofPennsylvania Press, 1974.

SEARLE, J.R. Speech acts: na essay in thephilosophyoflanguage. Cambridge: Cambridge University Press, 1969.

___________. Expresionandmeaning: studies in thetheoryof speech acts. Cambridge: Cambridge University Press, 1979.

___________. Mente Linguagem e Sociedade: Filosofia no mundo real. Trad. F. Rangel. Rio de Janeiro: Rocco, 2000.

Capa Índice 11098

FORMAÇÃO DO NUTRICIONISTA DOCENTE: O DESAFIO DA DOCÊNCIA UNIVERSITÁRIA INTERDISCIPLINAR EM SAÚDE.

Karla Siqueira LOTTERMANN

UFG – [email protected] Paulo César Brandão Veiga JARDIM

UFG- [email protected] Ana Luiza Lima SOUSA

UFG – [email protected] Ademar Azevedo SOARES JUNIOR

UFG – [email protected]

Palavras chave: Docência Universitária; Docentes; Ensino e Saúde; Nutrição.

Introdução:

O primeiro curso para formação de Nutricionistas foi criado na Universidade

de São Paulo pelo Decreto Estadual número 10.617 (1939) Neste Decreto já

estava estabelecida a habilidade para reger cadeiras de nutrição em escolas

elementares públicas ou particulares. (ASSOCIAÇÃO BRASILIERA DE

NUTRIÇÃO, 1991; VASCONCELOS e CALADO, 2011).

A lei de regulamentação da profissão, Lei nº 8.234, de 1967 determina como

atividades privativas: direção, coordenação e supervisão de cursos de graduação

em nutrição; planejamento, organização, direção, supervisão e avaliação de serviços

de alimentação e nutrição; planejamento, coordenação, supervisão e avaliação de

estudos dietéticos; ensino das matérias profissionais dos cursos de graduação em

nutrição; ensino das disciplinas de nutrição e alimentação nos cursos de graduação

da área de saúde e outras afins (BRASIL,1991)

De 1939 até o ano de 1962 os currículos mínimos não dispunham de nenhuma

disciplina na área didática pedagógica. Somente vinte anos após a criação do

primeiro curso de nutrição foi definido o currículo mínimo tendo em sua composição

a disciplina de pedagogia aplicada a nutrição (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE

NUTRIÇÃO, 1991).

Embora as leis do exercício profissional do nutricionista em nosso país deixem

claro que a atuação pedagógica é também seu campo de prática, participando da

formação de outros profissionais, e encontros ocorreram buscando rever essa

Capa Índice 11099

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 11099 - 11103

formação, o que se percebe é que o nutricionista não é preparado para atuar como

professor de nível superior (CUNHA, BRITO, CICILLINI, 2006).

Esta ausência de formação leva a consolidação de profissionais gerados pela

rotina e experiências de vivencias no campo do saber docente. Como Pimenta e

Anastasiou (2002) relatam: os professores quando chegam à docência universitária,

trazem inúmeras e variadas experiências do que é ser professor e muitas delas são

baseadas nas recordações dos ex-professores. Essas experiências guiam sua

opção profissional, vão guiar suas escolhas pedagógicas e até mesmo seu

relacionamento com os alunos (CUNHA, BRITO, CICILLINI, 2006).

Deve-se então, vincular os conhecimentos que se fragmentam em seus espaços

especializados e disciplinares, organizar para que haja um compartilhamento de

informações; uma pedagogia libertadora, em que todos os envolvidos são agentes

do ensino e da aprendizagem (NUNES, 2002; FREIRE & SHOR, 2011).

Considerando a importância dessa questão no âmbito da formação inicial e

continuada de profissionais da saúde, da sua relevância estratégica para o alcance

das metas e objetivos em sala de aula, e ainda levando também em conta os pilares

fundamentais para educação o presente estudo tem por objetivo descrever como se

estabelece a formação dos profissionais de nutrição que atuam como docentes em

cursos de graduação em nutrição.

Material e Método:

Trata-se de uma pesquisa descritiva qualitativa, exploratória e

fenomenológica. Foi realizada em duas Instituições de Ensino Superior que oferece

cursos de Nutrição em Goiânia – Goiás, sendo uma pública e laica e outra

comunitária e confessional. Foram definidas as instituições: Universidade Federal

de Goiás - UFG, com o curso de Nutrição criado em 1975 e a Pontifícia Universidade

Católica de Goiás - PUC, com criação do curso em 2006.

O público alvo foram docentes nutricionistas que lecionavam nas instituições

definidas, em efetivo exercício, independente de sexo, idade e nível de

especialização, tendo tempo de diplomação em nutrição não inferior a 8 anos e que

se dispuseram a participar do estudo mediante assinatura do Termo de

Capa Índice 11100

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Estudo aprovado pelo Comitê de Ética –

protocolo CEP/HC/UFG número 142/2011.

Coleta de dados:

1) Primeiramente foi feita uma reunião com os dirigentes dos cursos nas

instituições definidas e esclarecidos os propósitos do projeto e solicitada

autorização para realização da pesquisa;

2) Lista dos docentes nutricionistas de cada curso localizada no site;

3) Os Currículos Lattes de cada docente foi identificado na plataforma para fins

de análise da formação profissional dos docentes;

4) Foi criado banco de dados com as informações obtidas na plataforma Lattes,

dos últimos 5 anos, de todos profissionais com mais de 8 (oito) anos de

formação de ambas as instituições

5) Para aqueles docentes formados há mais de oito anos foi enviado email

solicitando participação na pesquisa.

6) À medida que os docentes iam respondendo o e-mail era agendado dia e

horário na instituição e/ou em outro local mais conveniente, para aplicação do

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE);

7) No dia, horário e local agendado a pesquisadora fazia sua apresentação ao

indivíduo da pesquisa e informava que a participação era voluntária, que o

anonimato seria garantido, e ainda, que os produtos obtidos por meio da

pesquisa originariam uma dissertação de mestrado e poderiam ser veiculados

em eventos científicos e encaminhados para publicação em periódicos. Foi

garantido o sigilo total e que não haveria perda dessa confiabilidade.

8) Os nutricionistas docentes receberam por e-mail um questionário composto

por 16 perguntas subjetivas que foi denominado: Instrumento de

Caracterização dos Sujeitos

9) Com o questionário respondido foi marcado outro dia para fazer a entrevista

semi-estruturada composta por 5 perguntas na perspectiva da narrativa.

Análise de dados

Capa Índice 11101

O material coletado durante as entrevistas individuais foi gravado em

aparelho celular da marca Nokia modelo E63 e Iphone 3GS. Foram transcritos, e

categorizados segundo as unidades da análise de conteúdo.

Resultado Parcial e Discussão: Analisando os dados parciais do Banco 1 da

referida pesquisa, identificamos que o perfil dos docentes nutricionistas é em sua

totalidade do sexo feminino, sendo que destes, 14 docentes são da Instituição

Pública e 15 são da Instituição Privada. A maioria dos docentes de ambas as

Instituições fizeram sua graduação na Universidade Federal de Goiás. Além disso, o

período de formação ocorreu entre 1999 a 2002. Todos os docentes da instituição

pública dispõem títulos de mestre e/ou doutores e atuam exclusivamente em

atividades de ensino, pesquisa e extensão totalizando assim maior carga horária de

trabalho e das disciplinas ministras; já os da instituição privada, pequena parte tem o

título de mestre e atuam também como nutricionistas em outros órgãos, como

exemplo na Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia, não disponibilizando de

carga horária alta para as disciplinas que são responsáveis. Pequena parte dos

docentes (17%) que compõem a amostra total informou ter formação pedagógica.

Ressalta-se que parte dessa formação ocorreu durante o período em que já

atuavam em sala de aula, podendo caracterizar a fragilidade no processo para

assumir a docência. Outros dados importantes desta coleta se referem ao tempo de

dedicação ao ensino superior, sendo que a maioria tem de 5 a 10 anos de tempo de

docência e iniciaram nessa área por meio de concurso para professor substituto nas

instituições (públicas e privadas), sendo que alguns destes se tornaram efetivos nas

referidas instituições após a experiência como professores contratados. Estas

experiências e escolhas para assumir a docência, são apresentadas pelos

pesquisados, como baixa influência da família. As Ciências da Nutrição é vista para

atuar na área Clínica e Saúde Pública, desconsiderando a formação mais ampla e

preconizada pelas Leis, Decretos e DCN’s em formar um profissional que possa

atuar no e para o ensino. Costa (2009) acrescenta que outro fator que corrobora

para a diferença no tempo de dedicação dos docentes da instituição pública para a

privada é a situação da progressão da carreira. Tal situação corrobora para os

achados de Banduk, Ruiz-Morieno e Batista (2009), que informam que a identidade

profissional não tem sido objeto de aprofundamento nos cursos de graduação o que

pode ser ocasionado em função da falta de autonomia do nutricionista.

Capa Índice 11102

Conclusão: Nota-se que preparar o nutricionista para atuar na área da docência

ainda é pouco discutido e contemplado no ensino de graduação. Assim, o preparo

que deveria ocorrer durante a sua graduação, e enfocado nas habilidades e

competências inseridas nas DCN’s do curso em questão, não acontece, restando

como única opção de preparação formal para essa tarefa a formação Stritu Sensu e

Latu Sensu na área, ficando a critério do profissional, agora inserido no mercado de

trabalho, a escolha por uma qualificação no processo de formação docente ou

utilizar como instrumento para aperfeiçoamento a sua prática profissional.

Referências Bibliográficas:

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NUTRIÇÃO. Histórico do nutricionista no Brasil – 1939 a 1989: coletânea de depoimentos e documentos. São Paulo: Atheneu;

1991.

VASCONCELOS, F.A.G; CALADO, C.L.A. Profissão nutricionista: 70 anos de

história no Brasil. Ver. Nutr. Campinas, 24(4):605-617, jul/ago,2011.

BRASIL. Lei n⁰ 8234 de 17 de setembro de 1991. Regulamentação da profissão de

nutricionista.

CUNHA, A.M. de. O., BRITO, T.T.R., CICILLINI, G.A. Dormi aluno (a)... acordei

professor (a): interfaces da formação para o exercício do ensino superior. Interfaces

da formação para o exercício do ensino superior. In.: Reforma Universitária, dimensões e perspectivas. Campinas, Alínea Editora,2006.

PIMENTA, S. G.; ANASTASIOU, L. G. Docência no ensino superior. São Paulo:

Cortez, 2002.

NUNES, E.D. Interdisciplinaridade: conjugar saberes. Saúde em Debate, Rio de

Janeiro, v. 26, número 62, p. 249-258, 2002.

FREIRE, P; SHOR, I. Medo e Ousadia: o cotidiano do professor. 13 edição. São

Paulo: Paz e Terra, 2011.

COSTA, N.M.S.C. Formação pedagógica de professores de nutrição: uma

omissão consentida? Revista Nutrição. Vol. 22. No.1 Campinas Jan/Feb.

2009.

BANDUK, M.L.S; MORENO,L.R; BATISTA, N.A. A construção da identidade

profissional na graduação do nutricionista. Interface – Comunic., Saúde, Educ. V.13, n.28, p.111-20, jan./mar. 2009.

Capa Índice 11103

PROTOTIPAGEM RÁPIDA DE MICROPLACAS DESCARTÁVEIS PARA ENSAIOS BIOANALÍTICOS

Karoliny Almeida OLIVEIRA; Wendell Karlos Tomazelli COLTRO; Cristina Rodrigues de OLIVEIRA; Lucimeire Antonelli da SILVEIRA.

INSTITUTO DE QUÍMICA – UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS Campus Samambaia, Caixa Postal 131, 74001-970, Goiânia/GO [email protected] Palavras-chave: microfabricação, poliéster-toner, imunoensaio e diagnósticos.

1. INTRODUÇÃO

Atualmente, tem crescido o desenvolvimento de testes para

imunodiagnósticos, os quais representam uma alternativa rápida para a detecção de

anticorpos específicos desenvolvidos pelo paciente contra o agente infeccioso. O

teste conhecido como ELISA (do inglês, Enzyme-Linked Immunoabsorbent Assay)

se refere a um ensaio imunoenzimático que foi conceituado e desenvolvido

independentemente por Peter Perlmann e Eva Engvall e por Van Weemen e

Schuurs, em 1971(ENGVALL e PERLMANN, 1971; VANWEEME.BK e SCHUURS,

1971).

Os testes ELISA têm sido largamente empregados nos diagnósticos de

diferentes doenças ou controle de qualidade de alimentos e produtos farmacêuticos,

apresentando alta sensibilidade, especificidade e reprodutibilidade (LEQUIN, 2005).

Porém, essa tecnologia é limitada a poucos laboratórios devido ao seu alto custo. E

para esse teste tornar-se mais acessível, tem se observado uma tendência na

substituição destes sistemas comerciais por sistemas microfabricados, os quais são

economicamente atrativos para regiões ou centros de pesquisa com recursos

limitados.

Os sistemas analíticos miniaturizados apresentaram algumas vantagens nos

últimos anos, representando uma tendência ao aperfeiçoamento dos testes já

existentes, a fim de diminuir o consumo de reagentes, o tempo de análise e o alto

custo de instrumentação. O termo µTAS (do inglês, micro total analysis systems) foi

proposto por Manz et al. no início da década de 1990, o qual induz à ideia da

integração de várias etapas analíticas realizadas em um laboratório para uma

plataforma miniaturizada (chip) (MANZ, GRABER e WIDMER, 1990).

Capa Índice 11104

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 11104 - 11108

Dentre as tecnologias utilizadas para a fabricação dos microdispositivos,

destaca-se a impressão direta que nos últimos anos tem demonstrado elevado

potencial para produzir dispositivos microfluídicos de baixo custo (COLTRO et al.,

2010). Uma das principais vantagens é atribuída a simplicidade instrumental. Essa

tecnologia, quando aplicada ao desenvolvimento de sistemas microfluídicos, requer,

basicamente, um computador equipado com um software gráfico, uma impressora a

laser, uma laminadora térmica e um perfurador de papel. O custo de instalação

desta tecnologia de fabricação é de aproximadamente R$ 2.000,00. A simplicidade

instrumental e o baixo custo para implementação representam aspectos vantajosos

que podem ser explorados para produção de dispositivos direcionados para a área

dos diagnósticos clínicos em países em desenvolvimento, onde há poucos recursos

e infraestrutura limitada para conduzirem exames médicos/clínicos preventivos.

Nesse processo não-litográfico, uma impressora a laser de escritório é

utilizada para depositar uma camada de toner sobre uma folha de transparência

(poliéster). Devido à facilidade da fabricação destes microssistemas, os dispositivos

baseados em toner podem ser produzidos por um custo extremamente reduzido. A

tecnologia de impressão direta torna possível, por exemplo, a produção de pelo

quatro dispositivos em uma simples folha de transparência (tamanho carta ou A4)

em questão de minutos em um custo inferior que R$ 0,10 por dispositivo.

O uso dos dispositivos de toner em ensaios bioanalíticos ainda está na sua

fase pioneira. No entanto, o principal objetivo deste trabalho visa demonstrar a

prototipagem rápida de microplacas para ensaios bioanalíticos a partir do processo

de impressão direta. As microplacas impressas foram avaliadas para conduzirem

ensaios imunoenzimáticos a partir de um protocolo padrão.

2. METODOLOGIA A configuração das microzonas foi desenhada no software Corel Draw versão

11.0 e impressa diretamente na superfície de uma folha de transparência usando-se

uma impressora a laser com resolução 1200 dpi (dots per inch). Depois da etapa de

impressão, as microzonas foram obtidas pela delimitação de barreiras hidrofóbicas

de toner na superfície da transparência. As microplacas impressas consistiram de 96

microzonas distribuídas uniformemente em 12 colunas com 8 zonas cada. Esta

configuração é similar às microplacas comerciais e foi escolhida a fim de utilizar

como sistema de detecção uma leitora automática de microplacas convencional.

Capa Índice 11105

Para estudar o desempenho analítico das microplacas, foram avaliados

quatro parâmetros: volume de amostra na zona, diâmetro das microzonas e a

largura da barreira de toner. Para a realização dos testes utilizou-se uma solução de

azul de metileno. As microplacas impressas foram exploradas para conduzirem teste

ELISA direto de acordo com protocolo reportado por Engvall, et al. (ENGVALL e

PERLMANN, 1971).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO O desempenho analítico das microplacas impressas foi sistematicamente

investigado em função do volume da amostra adicionado em cada zona, do diâmetro

da microzona e da largura da barreira de toner. Em todos os experimentos, uma

solução de azul de metileno foi utilizada para testar as zonas medindo a absorbância

por uma leitora de microplacas.

O efeito do volume da amostra adicionado para cada microzona foi estudado

com alíquotas entre 10 a 50 µL (com incremento de 10 μL). A resposta da

absorbância em função do volume, obteve-se uma curva linear com um ótimo

coeficiente de correlação linear (R2) de 0,9998 e com desvio padrão relativo (DPR)

variando de 0,9 até 8,1 %. Na prática, valores maiores que 50 µL devem ser

evitados uma vez que o vazamento da amostra pode ocorrer nas zonas vizinhas.

Os efeitos do diâmetro das zonas foi avaliada com uma alíquota de 10 µL

adicionada nas microzonas com diâmetro variável de 5 a 9 mm. Todos os diâmetros

das zonas apresentaram R2 entre 0,9979 a 0,9995. Já a largura da barreira de toner

não demonstrou nenhum efeito significativo na resposta analítica. Microzonas com

diâmetro de 7 mm foram definidas por barreiras de toner projetadas com valores de

largura entre 0,5 e 1,0 mm. Todas as zonas apresentaram desempenho analítico

similar com a adição de uma alíquota de 25 µL. Embora nenhuma influência tenha

sido observada, do ponto de vista prático, detectou-se para zonas um problema

relacionado com a remoção indesejada da barreira de toner durante os processos de

lavagem. Esse fenômeno ocorreu apenas para zonas com barreira de toner definida

com largura inferior a 0,5 mm. De modo a eliminar essa remoção indesejada,

escolheu-se a largura de 1 mm como ideal para a realização de bioensaios.

Após a avaliação do desempenho analítico das microplacas e definido o

diâmetro de 7mm e largura da barreira de toner de 1mm as microplacas foram

avaliadas quanto ao desempenho para realizar imunoensaios.

Capa Índice 11106

Os testes ELISA direto foram realizados nas microplacas comerciais e nas

impressas usando-se o mesmo protocolo experimental de modo a avaliar o perfil de

resposta em ambas, bem como estudar a viabilidade das microplacas impressas.

Para essa comparação, a única diferença foi o volume de amostra utilizado. Para

ELISA na microplaca comercial, utilizou-se um volume de 50 µL. Por outro lado, para

ELISA nas microplacas impressas, o volume utilizado foi de 10 μL. Os resultados

obtidos com cada microplaca estão mostrados na Figura 1.

Os dados experimentais foram ajustados através do modelo de Hill, o qual

apresenta uma curva sigmoidal que representa a cinética da reação entre antígeno e

anticorpo. Esse modelo foi recentemente utilizado por Cheng et al. (CHENG et al.,

2010) para analisar os dados ELISA em microplacas de papel. Para os dados

apresentados na Figura 8, os valores de R2 obtidos com o modelo de Hill foram

iguais a 0,997 e 0,995 para as microplacas comercial e impressa, respectivamente.

Figura 1: Resultados do ELISA direto para o IgG de camundongo nas microplacas

(A) comercial e (B) impressa. Em (B) foi utilizada uma microplaca positiva contendo

zonas com 7 mm de diâmetro e a largura da barreira de toner de 1mm.

Os dados apresentados na Figura 1 apresentam uma boa correlação e

demonstram que a curva obtida na microplaca impressa é similar a curva de uma

microplaca comercial. Os valores do LD foram determinados pela concentração que

resulta em uma resposta da absorbância semelhante a três vezes o desvio padrão

da amostra controle. Diante disso, encontrou-se os valores de LD iguais a 9,8 e 12,3

fmol/zona para as microplacas comercial e impressa, respectivamente.

101 102 103 104 105

0

1

2

Microplacas impressasVolume = 10 L

Abs

orbâ

ncia

(UA

)

IgG de Camundongo (pg/zona)102 103 104 105 106

0

1

2

3

4

Abs

orbâ

ncia

(UA

)

IgG de Camundongo (pg/zona)

Microplaca plásticaVolume = 50 L

Capa Índice 11107

4. CONCLUSÕES A tecnologia de impressão direta demonstrou-se eficiente para a fabricação

de microplacas contendo 96 microzonas para ensaios bioanalítico. As microzonas

foram criadas com barreiras de toner com aproximadamente 5,0 µm de espessura, a

qual é o suficiente para delimitar uma área para confinar uma amostra com um

pequeno volume.

Além disso, o método proposto apresenta algumas vantagens representativas

relacionadas ao seu tempo de fabricação (~1 min), simplicidade instrumental (requer

somente um computador e uma impressora a laser) e também a versatilidade para

impressão em diferentes configurações. Devido a essas características atrativas,

acredita-se que as microzonas definidas em PT podem ser adotadas por

pesquisadores com acesso limitado a outras tecnologias de microfabricação.

5. AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao CNPq, CAPES, Instituto Nacional de Ciência e

Tecnologia de Bioanalítica (INCTBio) e o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron

(LNLS) pelo auxílio pesquisa e bolsas concedidas.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHENG, C.M.; MARTINEZ, A.W.; GONG, J.L.; MACE, C.R.; PHILLIPS, S.T.; CARRILHO, E.; MIRICA, K.A.; WHITESIDES, G.M. Paper-Based ELISA. Angewandte Chemie-International Edition, v. 49, n. 28, p. 4771-4774, 2010. COLTRO, W.K.T.; DE JESUS, D.P.; DA SILVA, J.A.F.; DO LAGO, C.L.; CARRILHO, E. Toner and paper-based fabrication techniques for microfluidic applications. Electrophoresis, v. 31, n. 15, p. 2487-2498, 2010. ENGVALL, E.; PERLMANN, P. Enzyme-Linked Immunosorbent Assay (Elisa) Quantitative Assay of Immunoglobulin-G. Immunochemistry, v. 8, n. 9, p. 871-874, 1971. LEQUIN, R.M. Enzyme Immunoassay (EIA)/Enzyme-Linked Immunosorbent Assay (ELISA). Clinical Chemistry, v. 51, n. 12, p. 2415-2418, 2005. MANZ, A.; GRABER, N.; WIDMER, H.M. Miniaturized Total Chemical-Analysis Systems - a Novel Concept for Chemical Sensing. Sensors and Actuators B-Chemical, v. 1, n. 1-6, p. 244-248, 1990. VANWEEME.BK; SCHUURS, A.H.W. Immunoassay Using Antigen-Enzyme Conjugates. Febs Letters, v. 15, n. 3, p. 232-236, 1971.

Capa Índice 11108

1

TÍTULO: INTERFERENCIA DA CO-DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS ESGOTADOS DE FOSSA EM SISTEMA DE LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO NA ETE BARRO PRETO EM TRINDADE GOIÁS Nome dos autores: Kátia Bittar HADDAD Eraldo Henriques de CARVALHO (orientador)

Unidade Acadêmica: PPG Engenharia do Meio Ambiente. e-mail: [email protected] Órgão Financiador: FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) 1 INTRODUÇÃO

A falta de soluções adequadas para a disposição e tratamento dos

esgotos domésticos é um dos principais responsáveis pela poluição dos recursos

hídricos brasileiros, fato este que se torna mais grave em grandes centros urbanos.

Infelizmente o crescimento populacional e das cidades não é acompanhado pela

implantação dos serviços públicos. Essa falta para a coleta e tratamento de esgotos

sanitários nas áreas urbanas e rurais, faz com que muitos busquem alternativas para

fazer a disposição desses dejetos e evitar a contaminação humana, do solo e da

água (RIOS, 2010).

Os tanques sépticos são unidades que tratam o esgoto de forma

simplificada, usando a sedimentação, flotação e digestão (ANDREOLLI 2009).

Segundo a NBR 7229/93 o lodo formado pelos tanques sépticos devem ser retirados

num intervalo de 1 a 5 anos, com uma taxa de acumulação de lodo de 0,2 l/hab dia.

Assim surgem empresas especificas conhecidas como limpa-fossas que

realizam a limpeza desses tanques e dão a destinação final a esses resíduos

esgotados. Grande parte desse lodo é co-disposto nas Estações de Tratamento de

Esgotos das cidades, podendo, dependendo da quantidade comprometerem o bom

funcionamento dessas ETEs. De acordo com MOTA (2006), o impacto negativo nos

corpos hídricos que recebem efluentes sanitários ocorre principalmente pela

presença de microorganismos patógenos provenientes dos esgotos sanitários, ricos

em matéria orgânica. Além da matéria orgânica, nos efluentes industriais há risco de

conter substancias químicas toxicas ao homem e seres vivos. Portanto os efluentes

de qualquer origem precisam ser coletados e tratados adequadamente de forma que

seja devolvido ao corpo hídrico sem contaminação. Dessa maneira evita-se a

transmissão de doenças e minimiza os impactos ambientais.

Capa Índice 11109

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 11109 - 11114

2

De acordo com levantamentos do IBGE 2007, 42% das residências

brasileiras utilizam tanque séptico como forma de disposição final de seus efluentes,

e o lodo gerado na grande maioria são lançados nas ETEs. Na cidade de Trindade-

Goiás, aproximadamente metade da população não é atendia com rede coletora de

esgoto, o que faz com quem muitos moradores recorram aos sistemas de

tratamentos individuais como os tanques sépticos. Esses resíduos gerados por esse

tanques são dispostos pelas empresas especificas (limpa-fossas) na ETE da cidade.

Portanto estudar os impactos que esses resíduos estão gerando na ETE

Barro Preto, que possa vir a comprometer a eficiência no tratamento se torna de

grande relevância para se fazer o gerenciamento correto da disposição final desse

efluente.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

A pesquisa foi realizada na Estação de Tratamento de Esgoto Barro

Preto, na cidade de Trindade –GO que é composta por um tratamento preliminar de

caixa de areia e gradeamento seguido de três séries de lagoas de estabilização

(Módulos A, B e C), sendo que um deles encontra-se desativado (Modulo C) devido

a problemas de infiltração. O estudo foi realizado no modulo B e teve o modulo A

como testemunho. Cada módulo é constituído de um sistema de lagoa anaeróbia

seguida de facultativa e de maturação.

As coletadas ocorreram entre fevereiro e julho de 2012 com frequência

semanal. Foram coletadas amostras no afluente bruto, saída das lagoas anaeróbias,

facultativas e de maturação em ambos os módulos. O módulo A serviu de

testemunho, onde os valores serão posteriormente comparados com o objetivo de

verificar a influência dos resíduos esgotados de fossa no sistema de tratamento. Ao

todo foram coletados 7 pontos amostrais, sendo 1 no afluente bruto, 3 no modulo A

e 3 no modulo B.

As metodologias de análises, coleta e transporte das amostras seguiram

o recomendado pelo Standard Methods 21ª ed. (2005). Os parâmetros analisados

foram: pH, DBO, DQO, fósforo total, nitrogênio amoniacal, sólidos suspensos totais,

sólidos sedimentáveis, óleos e graxas, coliformes totais e termotolerantes.

Foi realizado o Teste t de Student para amostras independentes com o

objetivo de comparar os valores obtidos nos diferentes módulos. Assim, comparou-

se os valores obtidos nas lagoas anaeróbias A e B, Facultativas A e B e entre as

Capa Índice 11110

3

lagoas de Maturação A e B. A diferença entre os módulos foi considerada

significativa quando P foi menor que 5% (P<0,05) (ZAR,2010).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO O pH é um parâmetro muito importante no controle operacional das

estações de tratamento de efluentes, principalmente na digestão anaeróbia e nos

processos oxidativos (Jordao e Pessoa 2011). Os valores de pH mensurados

mantiveram-se próximos a neutralidade. Com o tratamento estatístico, verificou-se

que não houve diferença significativa (P>0,05) entre as lagoas dos módulos A e B

para os parâmetros analisados.(Figuras 1,2,3 e 4) Os módulos A e B se comportam

de maneiras similares após o descarte dos resíduos.

Bru

to

Ana

erób

ia A

Ana

erób

ia B

Facu

ltativ

a A

Facu

ltativ

a B

Mat

uraç

ão A

Mat

uraç

ão B

Locais

6,06,26,46,66,87,07,27,47,67,88,08,28,4

pH

(a)

Brut

o

Anae

robi

a A

Anae

robi

a B

Facu

ltativ

a A

Facu

ltativ

a B

Mat

uraç

ão A

Mat

uraç

ão B

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Óle

os e

gra

xas

(mg/

L)

(b)

Figura 1. Concentrações de pH (a) e óleos e graxas (b) mensuradas nos pontos amostrais

Bru

to

Ana

erob

ia A

Ana

erob

ia B

Facu

ltativ

a A

Facu

ltativ

a B

Mat

uraç

ão A

Mat

uraç

ão B

100

150

200

250

300

350

400

450

500

550

600

DQ

O (m

g/L)

(a)

Brut

o

Anae

robi

a A

Anae

robi

a B

Facu

ltativ

a A

Facu

ltativ

a B

Mat

uraç

ão A

Mat

uraç

ão B

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

220

DB

O5 (

mg/

L)

(b)

Figura 2. Concentrações de DQO (a) e DBO (b) (média erro padrão) mensuradas nos

pontos amostrais

Capa Índice 11111

4

Brut

o

Anae

robi

a A

Anae

robi

a B

Facu

ltativ

a A

Facu

ltativ

a B

Mat

uraç

ão A

Mat

uraç

ão B

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

5,0

5,5

6,0

6,5

Fósf

oro

tota

l (m

g/L)

(a)

Brut

o

Anae

robi

a A

Anae

robi

a B

Facu

ltativ

a A

Facu

ltativ

a B

Mat

uraç

ão A

Mat

uraç

ão B

141618202224262830323436

N-a

mon

iaca

l (m

g/L)

(b)

Figura 3. Concentrações de Fósforo total (a) e nitrogênio amoniacal (b) (média erro

padrão) mensuradas nos pontos amostrais

Brut

o

Anae

robi

a A

Anae

robi

a B

Facu

ltativ

a A

Facu

ltativ

a B

Mat

uraç

ão A

Mat

uraç

ão B

40

60

80

100

120

140

160

180

200

220

Sólid

os s

uspe

nsos

(mg/

L)

(a)

Brut

o

Anae

robi

a A

Anae

robi

a B

Facu

ltativ

a A

Facu

ltativ

a B

Mat

uraç

ão A

Mat

uraç

ão B

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

Sólid

os s

edim

entá

veis

(mg/

L) (b)

Figura 4. Concentrações de Sólidos suspensos (a) e sólidos sedimentáveis (b) (média erro

padrão) mensuradas nos pontos amostrais

3.1 Eficiência de remoção patógenos A eficiência na remoção de bactérias do grupo coliformes ficou acima de

90% tanto para os coliformes totais como os termotolerantes (tabela 1 e 2). Nota-se

que o modulo B que recebeu os resíduos esgotados de fossa não teve o seu

tratamento afetado, ao contrario a eficiência foi um pouco melhor comparando com o

modulo A que não recebeu os resíduos.

Tabela 1. Eficiência na remoção de coliformes totais. Eficiência na remoção de Coliformes Totais

Data Modulo A (%) Modulo B (%)

Fevereiro 2012 94 98

Março 2012 95 97

Abril 2012 97,5 98

Maio 2012 99,2 99

Junho 2012 99,4 98,9

Julho 2012 99 99,5

Capa Índice 11112

5

Tabela 2. Eficiência na remoção de coliformes termotolerantes.

Eficiência na remoção de Coliformes Termotolerantes

Data Módulo A (%) Módulo B (%)

Fevereiro 2012 99,9 99,99

Março 2012 99,5 99,9

Abril 2012 99,9 99,9

Maio 2012 99 99,9

Junho 2012 99,5 99,9

Julho 2012 99,9 99,5

4 CONCLUSÃO

Pode-se concluir que os resíduos esgotados de fossa que esta sendo

disposto na ETE Barro Preto não acarreta danos na eficiência do tratamento. Os

módulos A e B se comportaram de maneiras similares.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDREOLI, C. V. (Coord.) Lodo de fossa e tanque séptico: caracterização, tecnologias de tratamento, gerenciamento e destino final.: PROSAB 5 – Programa de Pesquisa em Saneamento Básico. Rio de Janeiro: ABES, 2009.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (1993). NBR 7229: Projeto,

Construção e Operação de Sistemas de Tanques Sépticos. Rio de Janeiro.RJ

APHA; AWWA; WPCF. Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater. 21th Edition,Washington DC, 2005.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo 2007. Disponível em:

http://www.censo2007.ibge.gov.br/ Acessado em: 28 de março de 2011.

JORDÃO, E. P.; PESSÔA, C. A. Tratamento de Esgotos Domésticos. 6. ed. Rio

de Janeiro, ABES, 2011.

MOTA, Suêtonio. Introdução à Engenharia Ambiental. 4o Ed. Rio de Janeiro:

Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, 2006, 388p.

RIOS, F. P. (2010). Avaliação de sistemas individuais de disposição de esgotos e das empresas limpa-fossas na Região Metropolitana de Goiânia. Dissertação

Capa Índice 11113

6

de Mestrado, Escola de Engenharia Civil, Universidade Federal de Goiás, Goiânia,

2010.108p.

ZAR, JH,2010. Biostatistical Analys. Pearson Education. Upper Saddle River, New Jersey

Capa Índice 11114

RELAÇÃO ENTRE DIETA E DOENÇA PERIODONTAL EM CÃES:

RESULTADOS PARCIAIS

Kauana Peixoto MARIANO1, Maria Clorinda Soares FIORAVANTI2, Marcello Rodrigues da ROZA2, Patrícia Lorena da Silva Neves GUIMARÃES3, Thaís

Domingos MENESES4, Letícia Furtado RODRIGUES4, Saura Nayane de SOUZA4

1Médica Veterinária, Pós-Graduação em Ciência Animal da EV/UFG. [email protected]édico(a) Veterinário(a), Prof. Dr. EVZ/UFG. [email protected]édica Veterinária, Pesquisadora EVZ/UFG4Médica Veterinária, Pós-Graduação em Ciência Animal da EV/UFG

Palavras-chave: dentes, gengiva, hábitos alimentares, placa bacteriana

1. INTRODUÇÃO

Ao longo dos tempos a doença periodontal na odontologia veterinária tem

se tornado objeto de vários estudos, que de uma forma geral, identificam a

enfermidade como bastante frequente nos animais de estimação, com uma

prevalência de 80% a 85% em animais com mais de três anos (WATSON, 2006).

A doença é caracterizada por causar inflamação da gengiva (gengivite) e

destruição de tecidos de sustentação do dente (periodontite) e é determinada pela

presença de bactérias na placa que se forma nos dentes, consequência de falta de

higienização e de profilaxias profissionais regulares (DIAS et al., 2008). O acúmulo

de depósitos dentais e, consequentemente, o desenvolvimento da doença

periodontal e sua progressão sofrem influência da textura da dieta (GORREL, 1998).

A crescente preocupação com a saúde oral é estimulada pelo fato de que

enfermidades orais interferem na saúde geral do paciente e estão relacionadas à

redução da expectativa de vida (KOWALESKY, 2005). Assim sendo, a relevância

desse estudo se relaciona com a importância de se promover a saúde e bem-estar

do animal, sendo necessário para isso, a conscientização e atualização dos

profissionais sobre os fatores que influenciam o desenvolvimento da doença

periodontal, para que eles possam não apenas identificar a doença como também

tratá-la, além de orientar os proprietários sobre tais fatores e sobre a prevenção da

enfermidade, buscando melhoria da qualidade e aumento da expectativa de vida

para os animais.

Capa Índice 11115

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 11115 - 11119

2. MATERIAL E MÉTODOS

A amostragem está sendo constituída de pacientes atendidos no Serviço

de Rotina do Hospital Veterinário da Escola de Veterinária e Zootecnia da

Universidade Federal de Goiás (HVET) em Goiânia- GO e no Centro Veterinário do

Gama, Gama- Distrito Federal e ao final do estudo serão avaliados 100 cães com

doença periodontal, machos e fêmeas, com idades variadas, com o objetivo de

estabelecer a relação entre a ingestão de diferentes tipos de alimentos e a gravidade

da doença periodontal em cães. Até o momento foram avaliados 30 cães.

2.1 Entrevista e questionário

O proprietário do animal atendido passou por entrevista (anamnese) e

respondeu a um questionário, fornecendo informações sobre o estado de saúde

geral do animal e sobre os hábitos alimentares deste.

2.2 Critérios de inclusão

Foram utilizados como critérios de inclusão a visualização de sinais

característicos da doença periodontal. Como critério de exclusão foi considerada a

existência de outras enfermidades concomitantes.

2.3 Exame clínico

Após a anamnese foi realizado o exame clínico, que constou de exame

extra-oral, no qual foram observadas alterações no contorno, formato da cabeça do

animal e alterações oculares e nasais. Seguiu-se o exame intra-oral inicial, realizado

com o animal desperto, em que foram observadas as superfícies dos dentes, as

gengivas, palatos e língua. Posteriormente, na realização do procedimento cirúrgico

para tratamento da doença periodontal, realizou-se exame intra-oral definitivo sob

anestesia.

No exame intra-oral definitivo foi realizado exame da gengiva e do

periodonto, com sondagem periodontal utilizando sonda milimetrada e exploração

das bolsas periodontais quando presentes. A gravidade da periodontite está sendo

determinada de acordo com os seguintes escores (ROZA, 2004):

•Escore 1: gengivite marginal

•Escore 2: início de edema e inflamação da gengiva aderida

•Escore 3: edema, gengivite e bolsas.

Capa Índice 11116

•Escore 4: bolsas profundas, formação de pus, perda óssea, mobilidade dental

•Escore 5: abscessos dentários, perda óssea avançada.

2.4 Colheita e análise das amostras

Para o hemograma e fibrinogênio foram obtidos 3,0 ml de sangue por

venopunção cefálica ou jugular, em tubo à vácuo com EDTA (Vacutainer® - Becton

Dickinson Ind. Cirúrgicas Ltda, Brasil). Os exames foram realizados no local de

colheita da amostra, correspondendo ao Laboratório Multiusuário da Pós-Graduação

da Escola de Veterinária e Zootecnia, Goiânia-GO, UFG ou no Laboratório do Centro

Veterinário do Gama, Gama-DF. A contagem das células sanguíneas foi determinada

pelo método automático utilizando-se o aparelho BC – 2800 Vet (Auto Hematology

Analyzer, Mindray® Bio-Medical Electronics Co. Ltda, Shenzhen - Guangdong),

adaptado com o cartão próprio de leitura para a espécie canina. A quantificação do

fibrinogênio plasmático foi realizada por meio da técnica de precipitação no tubo de

micro-hematócrito a 56ºC e o exame também foi realizado no local onde foi colhida a

amostra.

Para a bioquímica sérica foram obtidos 5,0mL de sangue por venopunção

cefálica ou jugular, em tubos de vidro a vácuo siliconizados (Vacutainer® - Becton

Dickinson Ind. Cirúrgicas Ltda, Brasil), com tampa e sem anticoagulante. Foram

utilizados reagentes comerciais padronizados (Labtest® - Labtest Diagnóstica S. A.,

Lagoa Santa – MG) para realização dos exames de bioquímica com metodologias

cinéticas, enzimáticas ou colorimétricas, em temperatura de 37ºC, sendo a leitura

realizada em espectrofotômetro semi-automático (Analisador Bioquímico Bio-Plus®,

Produtos para Laboratórios Ltda, Barueri – SP). As reações foram realizadas de

acordo com as orientações do fabricante.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os animais encaminhados ao serviço de odontologia do Hospital

Veterinário da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás

(HVET) em Goiânia- GO e do Centro Veterinário do Gama, Gama- Distrito Federal e

que apresentavam sinais característicos de doença periodontal passaram pela

anamnese com coleta de dados sobre seus hábitos alimentares e por exames para

comprovar a higidez dos mesmos, excluindo a presença de qualquer outra

enfermidade que não fosse a doença periodontal.

Capa Índice 11117

Em seguida esses pacientes passaram pelo tratamento periodontal e seu

estado classificado em escores para que depois o grau da enfermidade possa ser

relacionado com o tipo de alimentação fornecida, pois de acordo com (LOGAN,

2006), a composição nutricional e a textura dos alimentos podem afetar o ambiente

bucal por meio de modificações na integridade dos tecidos, na estimulação do fluxo

da saliva e composição desta, no metabolismo da placa bacteriana e obviamente

causam alterações por meio do contato com as superfícies dentárias e orais.

Os cães atendidos até o momento, apresentaram idade entre 2 e 15 anos

no momento do diagnóstico da doença periodontal e observou-se maior prevalência

da doença em animais com idade mais avançada, bem como os escores mais

elevados e de acordo com EMILY et al. (1999) e NIEMIEC (2008), gengivite e

periodontite, como resultado de um processo natural, apresentam prevalência de

80% em animais com idade acima de dois anos, independente de raça ou sexo.

Animais que recebiam apenas comida comercial seca como alimento

corresponderam a 16,66% do total, enquanto 83,33% recebiam comida comercial

seca e comida caseira. Apesar disso, até o momento observa- se que escores mais

elevados estão também presentes em animais que se alimentavam apenas de

ração, podendo a doença estar relacionados a outros fatores como idade e genética,

já que, de acordo com GORREL (2008), alguns indivíduos podem apresentar uma

relevante predisposição genética para a inflamação destrutiva do periodonto, pois

enquanto uma parcela de animais acometidos por gengivite não tratada irá

desenvolver periodontite, outros não irão desenvolvê-la.

A maioria dos animais avaliados não passava por higienização da

cavidade oral, o que também influencia o desenvolvimento e gravidade da doença,

pois observando o disposto por GORREL (1998), a melhor maneira de manter

saudáveis os tecidos periodontais nos animais de estimação é a escovação

frequente.

4. CONCLUSÃO

Após a finalização do estudo, será possível a consolidação dos

conhecimentos quanto à relação que existe entre o tipo de dieta e o

desenvolvimento da doença periodontal. Até o presente momento, pode-se perceber

que o desenvolvimento da enfermidade está relacionada a um conjunto de fatores

Capa Índice 11118

intrínsecos e extrínsecos ao animal e não apenas ao tipo de alimentação oferecida

ao mesmo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. DIAS, L. G. G. G.; GARCIA, C. Z.; FERNANDES JÚNIOR, J. M.; ALMEIDA, M. F.;

SIMAS, R. C.; GIMENEZ, T. F.; BERMEJO, V. J. Doença periodontal em cães.

Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, v. 6, n.11, p. 1-6, 2008.

2. EMILY, P.; SAN ROMÁN, F.; TROBO, J. I.; LLORENS, P.; BLANCO, L. Atlas de

odontologia de pequenos animais. São Paulo: Manole, 1999. 111-125 p.

3. GORREL, C. Periodontal disease and diet in domestic pets. The Journal of

Nutrition, v. 128, n. 12, p. 2712-2714, 1998.

4. GORREL, C. Diagnostics and treatment of periodontal disease in dogs and cats.

In: PROCEEDINGS OF THE 33rd WORLD SMALL ANIMAL VETERINARY

CONGRESS, 2008 - Dublin, p. 138-139.

5. KOWALESKY, J. Anatomia dental de cães (Canis familiaris) e gatos (Felis

catus). Considerações cirúrgicas, 2005. 182f. Dissertação (Mestrado em Medicina

Veterinária) - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de

São Paulo, São Paulo.

6. LOGAN, E. I. Dietary influences on periodontal health in dogs and cats. Veterinary

Clinics Small Animal Practice, v. 36, n. 6, p. 1385-1401, 2006.

7. NIEMIEC, B. A. Periodontal therapy. Topics in Companion Animal Medicine, v.

23, n. 2, p. 81-90, 2008.

8. ROZA, M. R. Odontologia em pequenos animais. Rio de Janeiro: L.F. Livros de

Veterinária. 2004. 352p.

9. WATSON, A.D.J. Diet and periodontal disease in dogs and cats. Australian

Veterinary Journal, Victoria, v. 71, n. 10, p. 313-318, 2006.

Capa Índice 11119

IX CONPEEX

Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão

Resumo Expandido

TÍTULO: Otimização dos Métodos de Armazenamento e de Recuperação de

Imagens Digitais Radiológicas de Tórax de um Sistema de Apoio à Decisão Médica,

o Pneumocad.

AUTORES

Keila Sousa SILVA 1;

Dr. Leandro Luís Galdino de OLIVEIRA 2;

Dr. Edmundo Sérgio SPOTO 3.

UNIDADE ACADÊMICA E ENDEREÇO ELETRÔNICO

Instituto de Informática – INF – Universidade Federal de Goiás – UFG

http://www.inf.ufg.br

PALAVRAS-CHAVE

Pneumonia na infância; Pneumocad; Imagem médica digital; Imagem de

radiografia de tórax; Banco de dados; PostgreSQL.

INTRODUÇÃO

De acordo com a Organização Mundial de Saúde – OMS (WHO – World Health

Organization), a pneumonia, uma forma de infecção respiratória aguda que afeta os

pulmões, consiste na principal causa de morte de crianças em todo o mundo. A cada

ano, mata cerca de 1,4 milhões de crianças menores de cinco anos, representando

18% de todas as mortes de crianças menores de cinco anos no mundo todo [1].

A OMS também considera o processo de interpretação de radiografias de tórax

como uma importante ferramenta na geração de dados comparáveis sobre a doença

Capa Índice 11120

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 11120 - 11124

pneumonia e do impacto das intervenções [2].

As imagens médicas, como o centro de diagnóstico de um paciente, requerem

uma qualidade ótima para referência e inspeção por médicos e estes necessitam de

um processo de recuperação de imagens, simples e eficiente, independente da

localização das mesmas, que busque garantir a confiabilidade do processo de

diagnóstico [3].

Na tecnologia radiológica, as imagens médicas são a representação numérica

das intensidades de raios X que são transmitidas através do paciente. As baseadas

em filme necessitam de processamento químico para a observação das estruturas

anatômicas, enquanto as digitais necessitam de computadores e programas

aplicativos para o seu processamento. Para avaliar a qualidade da imagem digital

são utilizados os seguintes fatores: brilho, contraste, resolução, distorção, índice de

exposição e ruído [4].

A grande complexidade e importância, das imagens médicas, para o diagnóstico

preciso das condições do paciente e para a pesquisa, faz necessário tratar, com

corretude, o armazenamento, o processamento e a transmissão destas imagens [5].

Assim, procuramos otimizar o armazenamento e recuperação destas imagens.

MATERIAIS E MÉTODOS

A otimização do armazenamento e da recuperação de imagens médicas digitais

baseia-se na base de dados de um software de apoio à decisão médica denominado

Pneumocad.

O Pneumocad é um sistema especialista de apoio à decisão médica com a

finalidade de prover diagnóstico auxiliado por computador (CAD – Computer-Aided

Diagnostic) utilizando técnicas de processamento de imagens radiológicas de

pneumonia, tendo como escopo e objetivo: auxiliar o diagnóstico em pneumonias,

treinar e aperfeiçoar radiologistas, detectar as variações na endemicidade (sazonais

ou não) das pneumonias, monitorar os surgimentos abruptos de novos padrões

radiológicos, controlar a qualidade do serviço prestado a população e prover aos

administradores de saúde e aos decisores políticos, uma ferramenta de prevenção e

controle da pneumonia, facilitando ações administrativas [6].

Capa Índice 11121

Um banco de dados é um conjunto de dados relacionados que são fatos que

podem ser gravados e que possuem algum significado implícito [7]. Já um sistema

gerenciador de banco de dados (SGBD) é uma coleção de programas que permite

aos usuários criar e manter um banco de dados.

O SGBD objeto relacional adotado na versão atual do Pneumocad e sobre o

qual os estudos estão sendo realizados, denomina-se “PostgreSQL”.

Na construção do Pneumocad foram utilizadas aproximadamente 500 imagens

para validar os critérios estabelecidos para o ”padrão ouro” e cerca de 166

radiografias para determinar a acurácia do sistema Pneumocad [6]. Todavia, para a

busca do método de otimização do armazenamento e da recuperação destas, é

necessário que a amostragem seja superior, uma vez que, no mundo real,

instituições de saúde lidam com uma quantidade imensa de pacientes, o que gera

um valor muito superior a apenas quinhentas imagens.

As radiografias digitais encontram-se armazenadas em arquivos no disco e a

base de dados armazena referências para as mesmas.

Estão sendo realizados testes de performance, primeiramente seguindo

fielmente o projeto original e posteriormente aplicando propostas de melhoria do

método de armazenamento das referências às imagens radiográficas de tórax.

Gráficos estatísticos serão gerados para comprovar a otimização alcançada.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Teste preliminares mostram que a busca sequencial em uma tabela relacional

pode ser extremamente lenta, principalmente quando a mesma é composta por

milhares de registros.

Portanto, para que ferramentas de detecção de imagens radiológicas

compatíveis com pneumonia, como o Pneumocad, busquem as imagens dentro de

um tempo de resposta hábil, sem perda de qualidade e segurança, novos métodos

de armazenamento e busca no SGBD PostgreSQL precisam ser definidos.

Capa Índice 11122

CONCLUSÃO

A parceria das áreas da saúde e da informática vem contribuindo com os

diagnósticos perante imagens médicas.

Os avanços na tecnologia computacional modificaram as formas pela quais as

imagens radiológicas são adquiridas e manuseadas. A tecnologia computacional

também afetou a forma pela qual as informações do paciente são manuseadas no

sistema de saúde de uma forma geral. Essas modificações continuarão a ocorrer em

velocidade crescente conforme as imagens em filme-écran e o processamento

químico tornarem-se obsoletos e as diversas formas de imagem digital evoluírem [4].

Muitos estudos ainda precisam ser realizados de forma a garantir uma parceria

de sucesso entre saúde (imagens médicas) e informática, no que tange ao

armazenamento e a recuperação de imagens médicas em Sistemas de

Gerenciamento de Banco de Dados, como o PostgreSQL.

De acordo com Geraldo Henrique Neto, Wdson de Oliveira e Fabio Valiengo

Valeri [8], sabe-se que a busca pela qualidade dos serviços e atendimento dos

pacientes, tem feito com que hospitais e clínicas, de pequeno e grande porte,

realizem a integração de seus sistemas de informações para com as tecnologias

utilizadas mundialmente, dentre elas: HIS – Hospital Information System, RIS –

Radiology Information System e PACS – Picture Archiving and Communication

System – Sistema de Comunicação e Arquivamento de Imagens . Com essa

integração, torna-se possível o gerenciamento e armazenamento de imagens,

possibilitando que as informações dos pacientes e suas respectivas imagens sejam

compartilhadas, e sua recuperação e visualização possam ser realizadas localmente

e/ou remotamente. O armazenamento de imagens médicas de maneira padronizada

proporciona fatores favoráveis, como: possibilidade de criação de uma biblioteca

digital de imagens médicas, permitindo a organização, catalogação, disponibilização

de acesso, conservação e apoio ao ensino e pesquisa; telemedicina, onde pode

ocorrer o envio de imagens e informações de pacientes para polos especializados, a

fim de uma segunda opinião diagnóstica ou até para auxiliar no ensino e pesquisa

[8].

Capa Índice 11123

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] WHO, W. H. Organization. Pneumonia.

http://www.who.int/mediacen.tre/factsheets/fs331/en/index.html. Setembro,

2012.

[2] WHO, W. H. Organization. Standarization of Interpretation of Chest

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Organization: Geneve, 2001.

[3] C. C. Lozano, D. Kusmanto and 0. Chutatape. Web-Based Design for

Medical Image Database. Seventh lnternational Conference on Control

Automation, Robotis and Vision (ICARCV'OZ), DK 2002, Singapare . School

of Electrical and Electronic Engineering , Nanyang Technological University .

Dezembro, 2002.

[4] Kenneth L. Bontrager; John P. Lampignano. Tratado de Posicionamento

Radiográfico e Anatomia Associada. 6a Edição. Elsevier Editora Ltda, 2006.

[5] Luiz O. M. Kobayashi; Sérgio S. Furuie. Segurança em Imagens Médicas:

uma Revisão. X Congresso Brasileiro de Informática em Saúde. Instituto do

Coração (InCor) HC-FMUSP, São Paulo, Brasil. Escola Politécnica da

Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

[6] Sanderson Oliveira de Macedo; Leandro Luís Galdino de Oliveira.

Desenvolvimento de um Sistema de Auxílio ao Diagnostico de

Pneumonia na Infância Utilizando Visão Computacional. Instituto de

Informatica – Universidade Federal de Goiás – UFG. Goiania – GO – Brasil.

[7] R. Elmasri and S. B. Navathe. Sistemas de Banco de Dados. 4th ed.

Pearson Addison Wesley, 2005.

[8] Geraldo Henrique Neto; Wdson de Oliveira; Fabio Valiengo Valeri.

Armazenamento de Imagens Médicas com InterBase. CUML – Centro

Universitário Moura Lacerda, Bacharelado em Ciência da Computação.

Instituto Vitório Valeri de Diagnósticos Médicos. Ribeirão Preto – SP.

1. Aluna de Mestrado do Instituto de Informática da UFG – GO.

2. Professor Adjunto do Instituto de Informática – UFG – GO. Professor Orientador.

3. Professor Adjunto do Instituto de Informática – UFG – GO. Professor Coorientador

Capa Índice 11124

AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE VIGILÂNCIA DA DENGUE NO ESTADO DE GOIÁS “ACEITABILIDADE”

Kelli Coelho dos SANTOS11; Ellen Synthia Fernandes de OLIVEIRA2; João Bosco

SIQUEIRA JUNIOR3; Jakeline Ribeiro BARBOSA4.

Universidade Federal de Goiás, Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva – Mestrado

Profissional. http://www.nesc.ufg.br/

Palavras-chave: Avaliação, Vigilância, dengue.

INTRODUÇÃO

A Dengue é uma arbovirose que se tornou um importante problema de saúde

pública no Brasil, devido ao crescente risco de se contrair a doença e ao aumento de

casos hospitalizados pelas formas graves da mesma (Toledo 2006).

Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), dois quintos

da população mundial vivem em zonas infestadas por Ae. Aegypti e mais de 100

países já apresentaram casos de DC e FHD, com cerca de 50 milhões de casos por

ano sendo 500.000 casos de FHD e 21.000 óbitos (San Martin et al. 2010).

Um sistema de vigilância é considerado ferramenta de saúde pública e

contempla decisão e a intervenção urgente em determinadas situações (M'Ikanatha

2007). Além disso, dados de um sistema de vigilância podem contribuir para

avaliação de desempenho, inclusive na produção dos indicadores de saúde que são

utilizados nas avaliações de sistemas de vigilância (CDC 2001). Para tanto, é

necessário ter disponível informações consistentes e oportunas, diagnóstico

laboratorial otimizado, critérios de caso bem definidos e profissionais de saúde com

conhecimento clínico da doença (Duarte 2006, MENDES 2000).

A qualidade de um sistema de vigilância é definida por seus atributos, que

podem ser qualitativos e quantitativos. O objetivo deste trabalho é descrever a

aceitabilidade, pelos profissionais de saúde, do Sistema de Vigilância da Dengue no

Estado de Goiás.

________________________________ 1Revisado pela orientadora Profa. Dra.Ellen Synthia Fernandes de Oliveira.

Capa Índice 11125

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 11125 - 11129

MATERIAL E MÉTODOS Local do estudo: Estado de Goiás

Coleta de dados: 2011

Delineamentos do Estudo/ Fonte de Dados / População de Estudo O estudo é do tipo descritivo com análise de dados qualitativos coletados a

partir de um questionário semiestruturado aplicado aos funcionários que lidam com o

sistema de informação SINAN /Dengue na vigilância epidemiológica de cada

município do Estado de Goiás durante uma reunião de atualização sobre as normas

técnicas de Vigilância Epidemiológica e Sistema de Informação da Dengue. O

questionário utilizado constou de questões objetivas e questões abertas que foram

divididas em categorias com o objetivo de tabulá-las e torná-las mais evidentes.

A avaliação do sistema de vigilância epidemiológica da dengue foi baseada na

metodologia proposta pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC) dos

Estados Unidos da América, em Updated Guidelines for Evaluating Public Health

Surveillance Systems (CDC, 2001).

Atributos do sistema de vigilância Foi selecionado o atributo quanto à aceitabilidade do sistema de informação

visto que este não é passível de avaliação por meio dos dados do sistema de

informação de vigilância desse agravo.

Tratamento dos dados O questionário foi aplicado durante a reunião de atualização das normas

técnicas de Vigilância Epidemiológica e Sistema de informação da Dengue,

participaram representantes dos Núcleos de Vigilância Epidemiológicas (NVE) dos

246 municípios do Estado e contou com 308 participantes.

Foi respondido e analisado um total de 134 questionários, oriundos de 102

municípios do Estado de Goiás.

Análise dos dados A análise dos dados foi realizada utilizando-se os seguintes programas:

Tabwin versão 3.6, EPIINFO 6,0; SPSS Statistics 18.0 e Microsoft Excel 2003.

Aspectos éticos

Este projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Pró-Reitoria de

Pesquisa e Pós–Graduação da Universidade Federal de Goiás

(COEP/PRPPG/UFG) e aprovado sob Protocolo nº 257/11.

Capa Índice 11126

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados coletados representaram 39,4% do total de municípios do Estado

de Goiás, desses, 54,5% são ocupantes dos cargos de coordenação do NVE, sendo

46,3% com tempo de trabalho na função de 1 a 3 anos e 49,3% por contratos com

vínculo na Secretaria de Saúde, entre os quais 41,8% trabalham com dengue.

Tempo esse considerado curto principalmente na avaliação das mudanças das

versões do sistema e da ficha de investigação do SINAN/Dengue, e, que apesar de

um percentual importante de concursado o número de contratos ainda é maior o que

dificulta a continuidade do serviço devido à rotatividade desse profissional muitas

das vezes pela precariedade de vínculo empregatício.

É importante lembrar que a taxa de participação das pessoas que

responderam o questionário reflete a aceitabilidade, pois esta foi avaliada de forma

direta, através de questionário aplicado aos profissionais que trabalham direto ou

indiretamente com o NVE e com o SINAN/Dengue e referem-se à disposição de

indivíduos, profissionais ou organizações de participarem e utilizarem o sistema. Em

geral, a aceitação está vinculada à importância do problema e à interação do

sistema com os órgãos de saúde e a sociedade em geral (participação das fontes

notificantes e retroalimentação) (CDC, 2001).

Como indicadores de aceitabilidade foi medida a taxa de participação das

pessoas que se submeteram ao questionário com índice 59,4% de participação

neste estudo.

As taxas de recusa para responder as questões do questionário, como

medida de aceitabilidade, variou de 0% a 71,6%. Do total de perguntas, 74,6%

tiveram taxa de recusa com variação de 0% a 20% e 25,4% apresentaram taxas de

recusas consideradas elevadas, com percentuais acima de 20%.

Foram avaliadas ainda como indicador de aceitabilidade o manejo com a ficha

de notificação e rapidez na notificação e apesar da quantidade de variáveis da FII ter

sido considerada adequada, de fácil preenchimento e digitação, fatores como a

demora na chegada das fichas ao setor responsável pela digitação, a demora na

liberação das fichas para digitação, a queda de energia e o computador indisponível

foram apontados como as principais dificuldades encontradas.

Ainda, como outros fatores, os dados laboratoriais foram apontados como de

difícil preenchimento. A confirmação laboratorial é apontada como realizada pela

Capa Índice 11127

maioria dos participantes tendo como laboratório de referência o Laboratório

estadual.

A busca ativa de casos de dengue ocorre sobre diversas formas de

investigação de casos suspeitos dentre elas as principais foram a visita domiciliar,

no decorrer da internação, no prontuário, por telefone, em consulta agendada e

através da demanda espontânea, referindo ser feita em período epidêmico e não

epidêmico pelos CNVE e em período não epidêmico pela Assistência. Com

referência ao Guia de Vigilância da Dengue (BRASIL, 2009) os períodos de

circulação endêmica constituem momento ideal para a adoção de medidas visando

impedir epidemias futuras.

Quanto às principais críticas em relação à notificação apontaram a

subnotificação dos profissionais médicos, o atraso no resultado dos exames, o

preenchimento incompleto das fichas e o não retorno do paciente para coleta e

confirmação do caso. As críticas em relação à FII referem-se ao fato da ficha ser

muito extensa com demanda de muito tempo para preenchimento e a falta de

campos para sinais e sintomas, porém a maioria refere não ter nenhuma crítica além

de referir a ficha como completa e abrangente. O tempo necessário para o

preenchimento da FII e a complexidade das informações a cerca dos achados

laboratoriais, critérios de classificação e conclusão final dos casos, podem interferir

na aceitabilidade do sistema.

A indicação quanto à quantidade de responsáveis pela vigilância da dengue

no município aponta em sua maioria de 1 a 3 técnicos, porém a maioria é de

municípios menor porte populacional (<20 mil habitantes). Como principais

sugestões para melhoria do sistema de informação a educação permanente da

equipe e profissionais de saúde, a adequação de recursos humanos e ações

preventivas foram as mais indicadas.

CONCLUSÕES De fato fica evidente que se trata de um sistema de vigilância complexo e que

deve ter a sua aceitabilidade melhorada a partir de ações de fortalecimento das

estruturas de vigilância, adequação dos recursos humanos existentes, capacitação e

treinamentos para fortalecimento dos processos de vigilância.

Capa Índice 11128

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CDC 2001. Updated guidelines for evaluating public health surveillance systems:

recommendations from the Guidelines Working Group. MMWR Recomm Rep, 50, 1-

35; quiz CE31-37.

DUARTE, H. H. P.; FRANÇA, E. B. Qualidade dos dados da vigilância epidemiológica da dengue em Belo Horizonte, MG. Revista de Saúde Pública, v. 40, p. 134-142, 2006. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102006000100021&nrm=iso >. M'IKANATHA NM 2007. Infectious disease surveillance.1st ed., Blackwell Pub.,

Malden, MA; Oxford, xxii, 538 pp.

MENDES ACG, Junior J. B. S., Medeiros K. R., Lyra T. M., Filho D. A. M., Sá D. A.

2000. Avaliação do Sistema de Informações Hospitalares-SIH/SUS como Fonte

Complementar na Vigilância e Monitoramento de Doenças de Notificação

Compulsória. Informe Epidemiológico do SUS, 9 (2), 67-86.

SAN Martin JL, Brathwaite O, Zambrano B, Solorzano JO, Bouckenooghe A, Dayan

GH, Guzman MG 2010. The epidemiology of dengue in the americas over the last

three decades: a worrisome reality. Am J Trop Med Hyg, 82, 128-135.

TOLEDO AL, Escosteguy CC, Medronho Rde A, Andrade FC 2006. Reliability of the

final dengue diagnosis in the epidemic occurring in Rio de Janeiro, Brazil, 2001-

2002. Cad Saude Publica, 22, 933-940.

1 Aluna do Mestrado Profissional em Saúde Coletiva.

2 Docente do Instituto de Ciências Biológicas.

3 Docente do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Publica

4 Pesquisadora do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Publica.

Capa Índice 11129

1

AVALIAÇÃO ECOTOXICOLÓGICA DO SEDIMENTO EM AMBIENTES LÓTICOS A MONTANTE E A JUSANTE DA BARRAGEM DO RIBEIRÃO JOÃO LEITE –

GOIÂNIA/GO

Kelly Cristine Rodrigues Constantino RIOS1; Katia KOPP2. 1Bióloga, Especialista e Mestranda do Programa de Pesquisa de Pós-Graduação em Engenharia do Meio Ambiente pela Universidade Federal de Goiás, Professora efetiva da Secretaria Estadual e Municipal de Educação de Goiás, e-mail: [email protected] 2Bióloga Professora adjunta na Escola de Engenharia Civil-UFG. Professora/pesquisadora do PPGEMA/UFG. Praça Universitária s/n, Setor Universitário, CEP-74605-220, Goiânia-GO (062) 3209-6084, ramal 207, [email protected].

Palavras-chave: Avaliação Ecotoxicológica; Avaliação Físico-química; Sedimento;

Ribeirão João Leite. INTRODUÇÃO

O sedimento têm se mostrado como um importante indicador da saúde dos

ecossistemas aquáticos (FENILI et al. 2011). Segundo Zagatto & Bertoletti (2008),

três abordagens tem sido utilizadas para a avaliação da qualidade dos sedimentos:

análises físicas e químicas (que se restringem a informar sobre o grau de

contaminação); análises da estrutura das comunidades bentônicas e testes de

toxicidade (que avalia os possíveis efeitos do contaminante na biota).

Esse trabalho está dedicado a contribuir com a avaliação da qualidade e

riscos ambientais da bacia hidrográfica do Ribeirão João Leite, realizando análises

ecotoxicológicas do sedimento do Ribeirão João Leite e dois de seus afluentes, a

montante e a jusante da barragem, com organismos Branchiura sowerbyi

BEDDARD, 1892 (OLIGOCHAETA: TUBIFICIDAE) e Ceriodaphnia dubia

(CLADOCERA) em comparação as características físico-químicas do exutório nas

estações seca e chuvosa.

MATERIAL E MÉTODOS

• ÁREA DE ESTUDO: O estudo foi realizado em sete pontos amostrais bem

distribuídos ao longo do exutório do Ribeirão João Leite e em dois de seus

afluentes localizados na bacia hidrográfica do Ribeirão João Leite. Os pontos

são: Pts. 1, 2, 3, 4, 5 distribuídos a montante e a jusante da barragem do

Ribeirão João Leite e Pts 6 e 7 referentes aos afluentes avaliados, córrego

Jurubatuba e Pedreiras respectivamente.

Capa Índice 11130

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 11130 - 11134

2

• COLETA DOS SEDIMENTOS: As amostras foram compostas a partir de

volumes iguais de cada réplica nas margens esquerda e direita do rio. No

local foram coletados água interface sedimento/água a 20cm acima do

sedimento e ainda foram coletados sedimento total com mais ou menos 20

cm de profundidade. Do material coletado foram aferidos OD, temperatura,

pH, potencial redox e condutividade. A água de interface foi descartada e o

sedimento foi armazenado em recipientes inertes no escuro a 4ºC.

• PARÂMETROS ANALÍTICOS: Foram feitas as análises de metais,

granulometria e MO (matéria orgânica) no Laboratório de Análise de Solos e

Foliar da Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos (LASF/UFG);

• ANÁLISES ECOTOXICOLÓGICAS: Foram realizadas as análises de

sedimento total com Branchiura sowerbyi e água intersticial e água de

interface sedimento/água com Ceriodaphnia dubia conforme normas

específicas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO PARÂMETROS QUÍMICOS

O pH se manteve mais próximo ao neutro pois, considerando a interface

sedimento/água e sedimento, esse parâmetro variou de 6,94 a 8,1, tendo como

média o valor de 7,5. Provavelmente, esse resultado se deve ao período em que se

efetuou a coleta (período chuvoso) e da capacidade de tamponamento da água,

onde a neutralidade ocorre quando existe uma concentração idêntica de íons H+ e

OH- conforme assegura Esteves (1988).

Já o ORP da interface sedimento/água teve valor máximo igual -37,8 mV e um

valor mínimo de -93,1 mV, com média de -54,5 mV. Esse mesmo parâmetro para o

sedimento revelou um valor máximo de -12,1 mV e um valor mínimo igual a 70,9

mV, com média de -44,8 mV. Baixos valores de ORP indicam que há elétrons

facilmente disponíveis das substâncias dissolvidas na água, assim sendo, o meio é

de natureza muito redutora.

Os sedimentos da região em estudo podem ser classificados como inorgânicos,

uma vez que apresentam teores de matéria orgânica menor que 10%, conforme

afirma Esteves (1998). A matéria orgânica possui sítios coordenadores que podem

complexar metais-traço. A obtenção de baixos teores de MO indica que na possível

Capa Índice 11131

3

presença de metais, esses sedimentos apresentam baixa capacidade de

complexação com os mesmos.

PARÂMETROS FÍSICOS - GRANULOMETRIA

O ponto de amostragem Pt1, local de captação da água do João Leite usada

para abastecimento, possui o maior percentual de partículas finas (silte e argila).

Já o sedimento dos demais pontos (Pt2, Pt3, Pt4, Pt5, Pt6 e Pt7) é composto,

em sua maioria, por areia, sendo o ponto Pt4 o que apresenta a maior percentagem.

Segundo Simpson et al. (2005) e Mudroch & Macknight (1997) apud Fenili et al.

(2011), muitos estudos sobre a correlação de metais e o tamanho das partículas dos

sedimentos sugerem que usualmente partículas mais finas contêm concentrações

mais elevadas de metais. Por outro lado, uma concentração grande de

contaminantes em um sedimento arenoso (característica predominante nos demais

pontos) geralmente será mais tóxica por sua biodisponibilidade, desde que a via de

contaminação seja a água intersticial do sedimento.

DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE FERRO E METAIS

Todos os pontos amostrais apresentam um alto teor de ferro, o que já era

previsto, visto que quase 60% da bacia é formada por latossolo, um tipo de solo rico

em ferro e alumínio conforme verificado por Rios et al. (dados não publicados).

A maior concentração de ferro foi detectada no sedimento do ponto Pt3, ponto

que está na região onde existe a predominância de latossolo na bacia. A presença

de ferro em locais com baixo teor ou sem a presença de oxigênio (anaeróbio)

proporciona a formação de sulfetos férricos e ferrosos. Acredita-se que, geralmente,

metais em sedimento costumam reagir com FeS para formar sulfetos de metais.

Nenhum dos pontos amostrados apresentou valores acima do Nível 1 ou Nível

2 (conforme os valores estabelecidos pelo “Canadian Council of Ministers of the

Environment” COLOCAR DATA e pela Resolução CONAMA 344/04 segundo

CETESB, 2006) para os metais pesados analisados. Apenas o cádmio mostrou

valores próximos ao Nível 1. No entanto, é importante destacar que a

biodisponibilidade de metais não se resume apenas no quantitativo, mas pode ser

influenciada principalmente pela forma ou especiação de como é encontrada na

natureza. Não esquecendo ainda dos prejuízos de bioacumulação ou

Capa Índice 11132

4

biomagnificação que podem advir sobre animais infaunais que ingerem esse

sedimento e toda uma cadeia alimentar respectivamente.

TESTES ECOTOXICOLÓGICOS

Teste de toxicidade aguda e crônica para interface sedimento/água com

Ceriodaphnia dubia - Todas as amostras não apresentaram efeito agudo para

sobrevivência, já no ensaio de toxicidade crônica os pontos 6 e 7 apresentaram

efeito crônico com diminuição de sobrevivência e uma baixa expressiva no endpoit

de subletalidade (reprodução).

Teste de toxicidade aguda e crônica para água intersticial com Ceriodaphnia dubia - Esse teste foi realizado apenas para um dos pontos (Pt1) que apresenta os

sedimentos compostos principalmente por frações finas. A amostra não mostrou

efeito agudo, mas apresentou toxicidade crônica com efeito na sobrevivência e

reprodução com relação à primeira amostragem.

Teste de toxicidade aguda e crônica para sedimento total com Branchiura sowerbyi - Os resultados demonstram que nenhuma amostra de sedimento total

apresentou efeito sobre a sobrevivência para Branchiura sowerbyi tanto após 10

dias (toxicidade aguda) quanto para 28 dias (toxicidade crônica). Porém apesar de

não haver mortalidade na toxicidade crônica a mesma apresentou efeito subletal

mostrando uma baixa representativa na produção de casulos e ovos nos pontos 6 e

7.

CONCLUSÕES

Os resultados das análises físico-químicas e da determinação da concentração

de alguns metais no sedimento coletado em pontos ao longo do Ribeirão João Leite

possibilitaram o conhecimento de características importantes desse sedimento.

Dentre elas, por exemplo, têm-se o fato dele possuir um valor de pH próximo ao

neutro, se tratar de um ambiente redutor; possuir um teor de matéria orgânica menor

que 10% (o que o caracteriza como sendo inorgânico); ser composto em sua maior

parte por areia; ser abundante em ferro, já que apresenta concentrações maiores

que 75,0 mg/Kg desse elemento e, entre os metais pesados avaliados (Cd, Pb, Cu,

Cr, Zn e Mn), apresentar concentrações próximas ao Nível 1 apenas para o metal

Capa Índice 11133

5

pesado cádmio. Tais resultados preliminares servirão como base para

caracterização da qualidade desse sedimento indicando possíveis contaminações

para coluna d’água e cadeia alimentar. Quanto aos dados de toxicidade (interface

sedimento/água, água intersticial e sedimento total) de maneira preliminar conclui-se

que as amostras dos pontos 6 e 7 (tributários do João Leite- Jurubatuba e Córrego

Pedreiras - que estão localizadas em áreas urbanas apresentando um alto grau de

antropização) podem causar efeitos adversos à biota local. Ainda serão feitos mais

ensaios no período seco, mas já é possível observar, pelos resultados obtidos que

demonstraram efeitos de subletalidade, que seria interessante o desenvolvimento de

uma pesquisa que realize testes de bioacumulação nesse ambiente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CETESB. Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. Secretaria do Meio

Ambiente. Governo do Estado de São Paulo. Qualidade das águas Interiores no

Estado de São Paulo. Critérios para Avaliação da Qualidade de Sedimento. Série Relatórios. Anexo VI. São Paulo. 2006.

ESTEVES, F. A. Fundamentos de limnologia. Rio de Janeiro: Interciência: FINEP.

1998. 575 p. 1998.

FENILI, L.H. et al. Avaliação da Concentração de Metais e Arsênio e sua relação com Granulometria e ensaios Ecotoxicológicos no Canal do Porto de Santos. In: Simpósio Brasileiro de Oceanografia, 5., 2011, Santos-SP. Anais

Oceanografia e Políticas Públicas. Santos, 2011.

SIMPSON, S.L.; BATLEY, G.E.; CHARITON, A.A.; STAUBER, J.L.; KING, C.K.;

CHAPMAN, J.C.; HYNE, R. V.; Gale, S. A.; ROACH, A.C., MAHER, W.A.

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19.2005.

ZAGATTO, P.A.; BERTOLETTI, E. Ecotoxicologia Aquática: Princípios e Aplicações. São Carlos: RiMa. 472 p. 2008.

Capa Índice 11134

Concordância entre os métodos diagnósticos de ELISA e PCR para a detecção de Chlamydia trachomatis e associação entre positividade para C. trachomatis e HPV com a gravidade da neoplasia cervical.

Kelly Deyse SEGATI1, Silvia Helena Rabelo dos SANTOS1,2, Megmar Aparecida dos Santos CARNEIRO1, Juçara Maria de Castro SOBRINHO3, Rosane Ribeiro Figueiredo ALVES4, Narriman Kênnia da Silva BARROS1,Denise Rocha Pitta Lima MORAES5, Elizabete Aparecida CAMPOS5. 1- Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública/UFG. 2- Faculdade de Farmácia/ UFG. 3- Faculdade de Farmácia/ UFMG. 4- Departamento de Ginecologia e Obstetrícia, Faculdade de Medicina/ UFG. 5- Universidade Estadual de Campinas. [email protected] Palavras-chave: Chlamydia trachomatis, HPV, Sorologia, PCR, NIC.

Introdução Investigações moleculares e epidemiológicas têm mostrado que a infecção

por Papilomavírus humano (HPV) de alto risco oncogênico é um fator causal para

iniciação, progressão e transformação que leva a neoplasia intraepitelial cervical

(NIC) e câncer cervical (CC) (Wallin et al., 2002; Golijow et al., 2005). A infecção por

Chlamydia trachomatis (CT) pode estar associada com a persistência dos tipos de

HPV oncogênicos e desenvolvimento da neoplasia cervical (Barros et al., 2012). No

entanto a estudos que apresentam resultados contraditórios, e a associação entre

HPV/CT não foi encontrada. A detecção de CT por sorologia é provavelmente uma

melhor medida de exposição cumulativa ou da exposição passada quando

comparada a detecção pela reação da polimerase em cadeia (PCR) (Golijow et al.,

2005). O objetivo deste estudo foi comparar a positividade para CT pelos métodos

de ELISA e PCR e relacionar com a gravidade da neoplasia cervical em mulheres

com anormalidades citológicas.

Materiais e métodos Entre fevereiro de 2007 e março de 2009, 136 mulheres, foram encaminhadas

à Clínica de Colposcopia na Santa Casa de Misericórdia em Goiânia-GO por exame

citológico alterado. A detecção de DNA do HPV foi realizada por PCR utilizando os

primers PGMY09/PGMY11, e a genotipagem foi realizada por hibridização reversa

em pontos. A positividade para CT foi avaliada por ELISA para detecção de

anticorpos IgG e por PCR empregando primes cujo alvo é uma região de plasmídeo

críptico, gerando um fragmento de aproximadamente 512 pares de bases.

Capa Índice 11135

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 11135 - 11139

Resultados e discussão A prevalência total da infecção por HPV foi 85,2%. A soropositividade para CT

foi de (25%; 34/136). Trinta e uma amostras (26,7%; 31/116) foram positivas para

HPV e CT. Embora a soropositividade para CT tenha sido maior em mulheres HPV

positivas, essa diferença não foi estatisticamente significante (OR=2.06 IC=0.56-7.54

p=0.26). Quando empregado o teste de PCR para CT a positividade encontrada foi

de 8,8% (12/136). A coinfecção entre HPV e CT foi encontrada em onze amostras

pelo método de PCR (9,48%; 11/116), contudo, esta diferença não foi

estatisticamente significante (OR=1.99 IC=0.24-6.33 p=0,55) (tabela 1). Alguns

estudos utilizando o método de PCR encontraram uma maior frequência de DNA de

CT em amostras HPV positivos, mas esses resultados não foram estatisticamente

significantes (De Paula et al., 2006; Golijow et al., 2005). Associações positivas entre

CT e HPV foram encontradas em outros dois estudos utilizando a técnica PCR, o

primeiro com um grupo de 118 mulheres do Norte da Suécia (Wallin et al., 2002), e o

segundo e em índias do Nordeste argentino (Deluca et al., 2011). Há vários relatos

de maior taxa de soropositividade de CT em mulheres HPV positivas, apesar destes

resultados não serem estatisticamente significantes (Barros et al., 2012). Por outro

lado, Finan et al. (2002) encontraram maior prevalência de soropositividade para CT

em mulheres HPV positivas, este resultado foi estatisticamente significante. A maior

frequência de detecção de CT em mulheres HPV positivas pode indicar apenas um

comportamento sexual de alto risco, uma vez que ambos os patógenos são

transmitidos sexualmente (De Paula et al., 2006).

A concordância entre os testes de sorologia e PCR para CT foi considerado

ruim (kappa=0,10 IC=0.69-7.9).

Tabela 1: Prevalência da infecção por HPV e positividade para Chlamydia trachomatis

por Sorologia e PCR em mulheres com diagnóstico citopatológico alterado

Sorologia HPV(+) HPV(-) Total OR (IC 95%)* p-value

Chlamydia trachomatis (+)

31 (26.7%) 3 (15.0%) 34 (25.0%)

2.06 (0.56-7.54) 0.26 Chlamydia trachomatis (-)

85 (73.3%) 17 (85.0%) 102 (75.0%)

Total 116(85.3%) 20 (14.7%) 136 (100%)

Capa Índice 11136

PCR HPV(+) HPV(-) Total OR (IC 95%)* p-value

Chlamydia trachomatis (+)

11 (9.5%) 1 (5.0%) 12 (8.8%)

1.99 (0.24-6.33) 0.56 Chlamydia trachomatis(-)

105 (90.5%) 19 (95.0%) 124 (91.2%)

Total 116 (85.3%) 20 (14.7%) 136 (100%)

OR: Odds ratio; CI: Intervalo de confiança. Referência*: HPV-negativo e Chlamydia trachomatis negativo. kappa = 0.10 (OR=2.3; 0.69-7.9).

A associação positiva entre CT e HPV com a detecção de neoplasia cervical

ou câncer invasivo foi encontrada em estudos que a positividade por CT foi avaliada

por técnicas sorológicas (Barros et al., 2012). Mas alguns estudos apresentam

resultados controversos (Naucler et al., 2007). Neste estudo a positividade para

HPV/CT por sorologia foi significantemente associada com diagnóstico de NIC2 ou

pior diagnóstico, para todos os tipos de HPV (OR=11.9 IC=2.00-91.5 p=0.0009) e

para os tipos 16 e 18 (OR=16.25 IC=2.28-148.57 p=0.0005) tomando como

referência casos negativos para HPV/CT. Uma associação limítrofe foi observada

considerando outros tipos de HPV (OR=7.50 IC=0.91-76.28 p=0.02) (tabela 2).

Existe um número limitado de estudos usando o método de PCR para avaliar

associação entre coinfecção por CT e HPV e gravidade da neoplasia cervical (Wallin

et al., 2002; Golijow et al., 2005). Este estudo não demonstrou associação

significativa entre a coinfecção por CT e HPV e severidade da lesão, apesar da alta

prevalência de tipos de HPV de alto risco oncogênico (90,9%;10/11), ou mesmo

após controlar por HPV. Estes resultados estão de acordo com outros que utilizaram

a técnica de PCR para detecção de CT (Golijow et al., 2005; De Paula et al., 2006).

Considerando o longo intervalo de tempo entre a infecção por HPV e CT e o

desenvolvimento da neoplasia cervical, é possível que a infecção pela bactéria não

persista e desta maneira não permaneça detectável no epitélio com neoplasia

cervical (Wallin et al., 2002).

Capa Índice 11137

Tabela 2: Associação entre positividade de HPV e prevalência de Chlamydia trachomatis por Sorologia e PCR de acordo com diagnóstico histológico.

≥ NIC2 versus NIC1 e cervicite

Sorologia Odds ratio* p-value Odds ratio** p-value HPV+/ Chlamydia trachomatis + 11.9 (2.00-91.5) 0.0009 2.38 (0.95-6.02)

*** 0.04

HPV 16 e HPV18 / Chlamydia trachomatis +

16.25 (2.28-48.57)

0.0005

5.11 (1.42-19.15)

0.04

Outros tipos de HPV / Chlamydia trachomatis +

7.50 (0.91-76.28)*** 0.02 0.90 (0.20-3.95) 0.8

PCR Odds ratio* p-value Odds ratio** p-value HPV+/ Chlamydia trachomatis + 4.44 (0.62 –35.49) 0.07 0.99 (0.24 – 3.97) 0.98

HPV 16 e HPV18 / Chlamydia trachomatis +

5.33 (0.62 – 53.59)

0.06

1.95 (0.35 – 10.7)

0.37

Outros tipos de HPV / Chlamydia trachomatis +

2.67 (0.0 – 71.01) 0.46 0.34 (0.01 – 5.40) 0.38

*A referência para Odds ratio foram os testes HPV-negativo e Chlamydia trachomatis- soronegativos; **Referência para Odds ratio foram os testes HPV-positivo e Chlamydia trachomatis-soronegativos;*** p-value < 0.05, mas o intervalo de confiança inclui o número 1.

Os resultados deste estudo sugerem que a CT pode atuar como um cofator

ao HPV nas etapas iniciais da neoplasia cervical, possivelmente por meio de

respostas inflamatórias crônicas produzidas no epitélio. Assim, a soropositividade

para CT quando comparada a positividade por PCR em mulheres HPV positivas,

especialmente para os tipos 16 e 18, é uma melhor medida de exposição anterior, o

que reflete maior probabilidade de associação com o grau da neoplasia cervical. Por

isso, pode ser importante pesquisar a presença de CT em mulheres infectadas com

HPV, tendo vista que esta associação pode apresentar efeitos patológicos

sinérgicos.

Conclusões Embora tenha sido detectada uma alta positividade para CT por sorologia ou

PCR em mulheres HPV positivas, esta associação não foi estatisticamente

significante.

A concordância entre os testes de sorologia e PCR foi considerada ruim.

Capa Índice 11138

Houve associação estatisticamente significante entre a infecção por HPV de

alto risco oncogênico especialmente HPV16 e HPV18, e a soropositividade para CT

com a gravidade da neoplasia cervical.

Não houve associação entre a coinfecção por HPV e CT detectados por PCR

e a gravidade da neoplasia cervical.

Referências bibliográficas

Barros NK, Costa MC, Alves RR, Villa LL, Derchain SF, Zeferino LC, Dos

Santos Carneiro MA, Rabelo-Santos SH, 2012. Association of HPV infection and

Chlamydia trachomatis seropositivity in cases of cervical neoplasia in Midwest Brazil.

J Med Virol 84 (7):1143-50.

De Paula FD, Fernandes AP, Carmo BB, Vieira DC, Dutra MS, Santos CG,

Souza Mdo C, Andrade TC, Vago AR, Fernandes PA. 2007. Molecular detection

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abmormal cytopathological findings. Diagn Cytopathol. 35(4):198-202.

Deluca GD, Basiletti J, Schelover E, Vásquez ND, Alonso JM, Marín HM,

Lucero RH, Picconi MA, 2011. Chlamydia trachomatis as a probable cofactor in

human papillomavirus infection in aboriginal women from northeastern Argentina.

Braz J Infect Dis. vol.15, no.6, p.567-572. ISSN 1413-8670.

Finan RR, Tamim H, Almawi WY. 2002. Identification of Chlamydia

trachomatis DNA in human papillomavirus (HPV) positive women with normal and

abnormal cytology. Arch Gynecol Obstet; 266:168–71.

Golijow CD, Abba MC, Mourón SA, Laguens RM, Dulout FN, Smith JS, 2005.

Chlamydia trachomatis and Human papillomavirus infections in cervical disease in

Argentine women. Gynecol Oncol 96:181-6.

Naucler P, Chen HC, Persson K, You SL, Hsieh CY, Sun CA, Dillner J, Chen

C-J. 2007. Seroprevalence of human papillomaviruses and Chlamydia trachomatis

and cervical cancer risk: nested case-control study. J Gen Virol; 88:814–22.

Wallin KL, Wiklund F, Luostarinen T, Angström T, Anttila T, Bergman F,

Hallmans G, Ikäheimo I, Koskela P, Lehtinen M, Stendahl U, Paavonen J, Dillner J,

2002. A population-based prospective study of Chlamydia trachomatis infection and

cervical carcinomas. Int J Cancer 101:371–4.

Capa Índice 11139

Resumo expandido CONPEEX 2012

TÍTULO

Algoritmo Evolutivo de Cromossomo Duplo para Problemas de Seleção de

Variáveis em Calibração Multivariada.

NOMES DOS AUTORES, UNIDADE ACADÊMICA E ENDEREÇO ELETRÔNICO

Kelton de Sousa SANTIAGO

[email protected]

Universidade Federal de Goiás

Dr. Anderson da Silva SOARES

[email protected]

Prof. do PPG Ciência da Computação

Universidade Federal de Goiás

PALAVRAS CHAVE

Algoritmos Evolutivos , Calibração Multivariada, Seleção de Variáveis e Amostras.

INTRODUÇÂO

A calibração multivariada é uma disciplina com foco na busca de relações

entre um conjunto de medidas que são de fácil obtenção, e outras medidas que são

de difícil obtenção. O objetivo é encontrar um bom relacionamento tal que as

medições que são difíceis de obter possam ser previstas de forma rápida e com

elevada precisão a partir das medidas obtidas facilmente. Em uso rotineiro,

equações de calibração podem economizar tanto dinheiro quanto tempo para o

usuário. É provavelmente a área que atraiu maior interesse até agora dentro da

quimiometria [1], esta, ocupa-se específicamente de analisar dados químicos de

natureza multivariada[2].

Capa Índice 11140

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 11140 - 11144

Na química analítica quantitativa, o principal problema existente é estimar a

concentração de uma ou mais espécies, a partir dos valores de determinadas

propriedades físico-químicas do sistema de interesse. Para isto, é necessário

construir um modelo de calibração, ou seja, determinar a relação entre propriedades

medidas e concentrações. A calibração multivariada é uma das mais bem sucedidas

combinações de métodos estatísticos com dados químicos, tanto na química

analítica quanto na química teórica[3].

Dentre os métodos mais usados podemos citar as redes neurais artificiais

(ANN), os mínimos quadrados parciais não lineares (N-PLS), regreções em

componentes principais (PCR), algoritmo genético (GA) e regressão linear múltipla

(MLR). Em se tratando de algoritmos para seleção de amostras, podemos citar o

Kennard-Stone (KS), proposto em [7], que, segundo o autor, possuía à época (1969)

uma limitação óbvia, uma vez que um método baseado em distâncias entre pontos

exige uma certa quantidade de memória. Seu variante, particionamento de conjunto

de amostras baseada na distância de X e Y (SPXY), desenvolvido por Kawakami et

al [8], considera as diferenças de X e Y (matriz e vetor) no cálculo das distâncias,

desta maneira, o espaço multidimensional pôde ser coberto de forma mais eficaz em

comparação com o KS. Para seleção de variáveis, também não podemos deixar de

citar a importante contribuição do algoritmo de Zhang et al.[9], o algoritmo de

projeção sucessivas (SPA), projetado para fazer a busca de espectros de referência

relativo ao problema de mistura espectral nos dados de sensores remotos, este,

mostrou resultados semelhantes ao algoritmo de análise interativa de erros (IEA), e

do algoritmo de mínimos quadrados parciais (PLS) de Wold et al.[10,11], que

constitui um 15 método linear para resolução de problemas voltados para o caso de

um grande número de variáveis de entrada quando comparado com o número de

amostras[12], essa abordagem obteve algumas vantagens sobre as tradicionais, as

quais comentaremos mais adiante.

Análise de regressão múltipla é um sistema geral o qual examina a relação de

uma coleção independente de variáveis para uma única variável dependente. É mais

amplamente utilizado na análise estatística de ciências comportamentais. Regressão

múltipla é altamente flexível, empresta-se para a investigação de uma grande

Capa Índice 11141

variedade de questões[4] e fornece uma estrutura de covariância estimada para as

estimativas dos parâmetros da função linear com base nos dados fornecidos[5].

Grande parte da computação estatística é feita em modelos de regressão linear.

Atualmente os modelos de regressão estão sendo também amplamente aplicados

em Linguística, Sociologia e História. Quase todas as disciplinas estão fazendo uso

de análise de regressão[6].

Para o problema de seleção de amostras e variáveis obtidas para calibração

multivariada, propomos um algoritmo evolutivo (AE) de cromossomo duplo. Os AEs

tem se expandido rapidamente, pois são capazes de encontrar soluções adequadas

para problemas complexos, possui simplicidade dos métodos, utilizando princípios

básicos da teoria da evolução genética, e ainda, por sua adaptação relaticamente

fácil para problemas das mais diversas áreas.

MATERIAIS E MÉTODOS

Após o "bombardeamento" do material em análise com ondas do tipo NIR

(Near Infrared Reflectance) de vários cumprimentos diferentes, a fim de se produzir

variações dos resultados das frequências de ondas, é gerada a matriz X. A matriz ou

vetor Y contém a concentração do material de interesse. Assim, é preciso realizar a

separação de algumas amostras para calibração/treinamento, outras amostras para

validação de modelo e outras amostras para realizar a predição e calcular o erro

utilizando um modelo matemático.

Implementamos o algoritmo evolutivo para realizar essa separação, além

disso, para fins de comparação, utilizamos vários algorítmos já existentes, os quais

também se propõem a esse fim, como: SPXY, KS, SPA, PLS, além de validação

cruzada e seleção aleatória.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em uma análise comparativa, o algoritmo evolutivo implementado com

Capa Índice 11142

cromossomo duplo, superou todas as demais técnicas avaliadas neste trabalho,

apresentando um erro de predição bem próximo de zero. Foi mostrato mais uma vez

que os algoritmos evolutivos possuem um grande potencial para resolução de

problemas complexos e das mais diferentes áreas.

CONCLUSÕES

Ainda estamos trabalhando nas implicações dos resultados, contudo,

podemos afirmar que o método estudado produziu efeito satisfatório.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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Guide to Multivariate Calibration and Classification - NIR Publications 2002.

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[3] NETO, Benício de Barros. SCARMINIO, Leda S.. BRUNS, Roy E.. 25 Anos De

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[4] WAYNE, John A.. VEINER, Wayne F.. WEINER, Irving B.. Handbook of

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Acessado em 07/2012.

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Capa Índice 11143

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[8] KAEAKAMI, R., et.al. A method for calibration and validation subset partitioning

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[9] Zhang, J.; Rivard, B.; Rogge, D.M. The Successive Projection Algorithm (SPA), an

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Hyperspectral Data. Sensors 2008, 8, 1321-1342.

[10] WOLD, S.; ALBANO, C.; II, W. D. ESBENSEN, K.; HELLBERG, S.;

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[11] WOLD, S.; MARTENS, H.; WOLD, H.. The multivariate calibration problem in

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[12] RENTERIA, Raúl Pierre; Algoritmos para regressão por mínimos quadrados

parciais, PUC-RJ. 2003. Departamento de Informática. Tese Doutorado.

Capa Índice 11144

PERFIL DOS MANIPULADORES DE ALIMENTOS DAS UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DE ESCOLAS DA

REGIÃO CENTRO-OESTE, BRASIL

Kênia Machado de ALMEIDA1*; Maria Cláudia D. P. Borges ANDRÉ2; Maria Raquel

Hidalgo CAMPOS3; Géssica Mércia de ALMEIDA3; Karine Anusca MARTINS3; Thaís

de Paula MARQUES3; Raíssa Valente STAFUZZA4; Fabiana Alves Correia de

OLIVEIRA4. 1Mestranda em Nutrição e Saúde/FANUT-UFG; 2Instituto de Patologia Tropical e

Saúde Pública – IPTSP/UFG; 3Faculdade de Nutrição/UFG; 4Pontifícia Universidade

Católica de Goiás; *[email protected]

Palavras chaves: Alimentação escolar, higiene dos alimentos

INTRODUÇÃO

O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) foi criado na década de

1950, quando pela primeira vez, estruturou-se um programa de alimentação escolar

em âmbito nacional, sob a responsabilidade pública (BRASIL, 2011). Dentre as

diretrizes do programa, está o emprego de alimentação saudável e adequada, com

vistas a contribuir para o crescimento e o desenvolvimento escolar, em

conformidade com a sua faixa etária e seu estado de saúde, inclusive dos que

necessitam de atenção específica (BRASIL, 2009a, BRASIL, 2009b).

Para que os alimentos cumpram plenamente sua função de nutrir torna-se

necessário avaliar todas as condições em que os alimentos são preparados e

distribuídos aos alunos (CARDOSO et al., 2010). Nesse sentido, a qualidade pode

ser interpretada como o resultado de um conjunto de condições e cuidados,

compreendidos em toda a cadeia produtiva, desde a obtenção da matéria-prima até

o momento da sua utilização (LEITE et al., 2011)

O controle das condições higiênico-sanitárias dos processos de produção e

distribuição da alimentação oferecida aos estudantes é importante não só para a

garantia da qualidade, mas também para a prevenção de doenças transmitidas por

alimentos (DTA's) (TORRES et al., 2007).

Entre os componentes que podem afetar essa qualidade, destaca-se o papel

do manipulador de alimentos (LEITE et al., 2011) e diversos estudos demonstram

Capa Índice 11145

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 11145 - 11149

que elevado número de Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN's) escolares

apresentam riscos de contaminação, tanto em sua estrutura física quanto em seu

funcionamento (CARDOSO et.al., 2010; OLIVEIRA; BRASIL; TADDEI, 2008).

Atualmente, a legislação vigente em todo o território nacional é a Resolução

da Diretoria Colegiada (RDC) nº 216 de 15 de setembro de 2004, a qual surgiu

diante da necessidade de constante aperfeiçoamento das ações de controle

higiênico sanitário na área de alimentos, com vistas a proteger a saúde da

população e elaborar requisitos higiênico-sanitários gerais para todos os serviços de

alimentação (TORRES et al., 2007).

Diante do exposto e da importância do papel dos profissionais que atuam na

elaboração da alimentação escolar, o objetivo desse trabalho foi diagnosticar o perfil

dos manipuladores de alimentos das escolas atendidas pelo PNAE na região

Centro-Oeste do país.

MATERIAS E MÉTODOS Este é um estudo transversal, de caráter descritivo com abordagem

quantitativa realizado em escolas públicas atendidas pelo PNAE na Região Centro-

Oeste do Brasil.

A coleta de dados ocorreu nos meses de fevereiro a junho de 2012, como

parte do projeto de Mestrado em Nutrição e Saúde/UFG, intitulado "Condições

Estruturais e Sanitárias das Unidades de Alimentação e Nutrição de Escolas da

Região Centro-Oeste, Brasil”, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Federal de Goiás (Protocolo nº 354/11).

Para definição da amostragem considerou-se prioritários os municípios

atendidos pelo PNAE que não adquiriram produtos da Agricultura Familiar, em 2010,

conforme determinação da Lei 11.947 de 16 de junho de 2009 (BRASIL, 2009a) e

que não receberam formação ou assessoria do CECANE/UFG/Centro-Oeste nos

anos anteriores. Adotou-se como critério de inclusão a existência do profissional

nutricionista como responsável técnico pelo PNAE e incluiu-se as escolas do ensino

médio, fundamental e urbanas.

Calculou-se a proporção equivalente de municípios por estado e de escolas

por município e definiu-se uma amostra de 13 municípios no estado de Goiás (GO),

18 em Mato Grosso do Sul (MS) e 28 e Mato Grosso (MT), perfazendo um total de

Capa Índice 11146

229 escolas da região e contemplando uma amostra de 476 manipuladores de

alimentos.

A coleta de dados foi realizada por seis duplas de monitores compostas por

um nutricionista e um contador ou advogado ou administrador, os quais passaram

por um processo de seleção e foram devidamente capacitados em uma formação

específica sobre conduta e aplicação do instrumento.

Utilizou-se o checklist elaborado pela Vigilância Sanitária Municipal de

Goiânia, "item 4.6 - Manipuladores" e perguntas específicas referente às

determinações da RDC nº216/2004. O banco de dados foi tabulado em programa

Microsoft Excel versão 2007, por meio do qual fez-se a análise de frequência com o

propósito de conhecer o comportamento das variáveis estudadas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Nos 59 municípios visitados, aplicou-se o questionário à 476 manipuladores

de alimentos, dentre eles, merendeiras, auxiliares de merendeira e auxiliares de

serviços gerais.

Verificou-se que 90,1% (n=429) dos profissionais responsáveis pela

elaboração da alimentação escolar exerciam o cargo de merendeira ou auxiliares da

UAN, no entanto, 9,7% (n=46) apesar de ocuparem o cargo de serviços gerais das

escolas atuavam na manipulação de alimentos. Em relação à carga horária, 52,1%

(n=248) dos manipuladores fazem de 20 a 30 horas semanais, 45,2% (n=218) atuam

por 20 horas semanais e 2,1% (n=10) fazem de 30 a 40 horas semanais.

Observou-se que 60,3% (n=287) dos entrevistados não passaram por

capacitação para manipulação de alimentos no último semestre, situação melhor do

que a verificada em um estudo realizado em 235 escolas de Salvador, no qual

80,9% dos entrevistados não receberam nenhum tipo de formação nos últimos seis

meses (CARDOSO et.al., 2010).

Dentre os profissionais capacitados periodicamente, destaca-se que o tema

mais abordado foi higiene dos alimentos, uma vez que 66,0% (n=314) dos

entrevistados já receberam treinamento sobre o referido tema. Em consoante com

um outro estudo, também realizado em Salvador, sobre formação de merendeiras,

no qual 44,5% dos manipuladores de alimentos entrevistados solicitaram formação

sobre Higiene dos alimentos, seguido dos temas elaboração do cardápio (98,7%) e

Capa Índice 11147

armazenamento de alimentos (12,7%) (LEITE et al., 2011), apontando assim maior

interesse sobre este tema Higiene.

Quando questionados sobre as atividade executadas na escola 78,2%

(n=372) dos manipuladores relataram não exercer outra atividade além do preparo

das refeições, no entanto os demais apontaram atuar também em outras atividades,

como serviços gerais, professores, atividades administrativas, dentre outras. No

entanto, apesar da maioria dos entrevistados realizarem somente a manipulação de

alimentos, vale destacar que o fato de manipuladores realizarem serviços gerais

constitui um problema de nível administrativo, mas com reflexo direto sobre a

segurança alimentar (SILVA; GERMANO; GERMANO, 2000).

Em relação ao controle de saúde dos manipuladores, observou-se que 37,6%

(n=179) dos manipuladores haviam realizado exame periódico há pelo menos um

ano, 27,5% (n=131) os fizeram há mais de um ano e os demais, 34,9% (n=166)

nunca realizaram os referidos exames. Diferentemente dos dados apontados por um

estudo realizado em Viçosa (MG), o qual detectou que não existia nenhum tipo de

supervisão periódica do estado na saúde dos manipuladores e nem registros dos

exames realizados (TORRES et al., 2007).

Destaca-se que, conforme Portaria nº216 o controle da saúde dos

manipuladores deve ser registrado e realizado de acordo com a legislação

específica (BRASIL, 2004), uma vez que de acordo com a Portaria nº326, o

manipulador de alimentos não pode ser portador de doenças infecciosas ou

parasitárias (BRASIL, 1997).

CONCLUSÕES Tendo em vista que a atuação dos manipuladores está diretamente associada

com a oferta de uma alimentação saudável e de qualidade no ambiente escolar, faz-

se necessário o desenvolvimento de mais ações com vistas a contribuir para a

garantia da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN), do Direito Humano a

Alimentação Adequada (DHAA) e a plena execução do PNAE nos municípios.

Os dados supracitados nesta pesquisa sugerem a necessidade de

intervenções e adequações no processo de produção da Alimentação Escolar, visto

que a atuação dos manipuladores de alimentos precisa ser aperfeiçoada para que

se cumpra plenamente as determinações da Legislação vigente.

Capa Índice 11148

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Alimentação Escolar: histórico, 2011. Disponível em <http://www.fnde.gov.br/index.php/ae-historico>. Acesso em: 17 jun. 2011. BRASIL. Ministério da Educação/Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Resolução/FNDE/CD/N°38, de Julho de 2009. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar aos alunos da educação básica no Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE. Brasília, DF: ME/FNDE, 2009b. Disponível em: <http://www.fnde.gov.br/index.php/ae-legislacao>. Acesso em: 10 jun. 2011. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 216, de 15 de setembro de 2004. Dispõe sobre regulamento técnico de boas práticas para serviços de alimentação. Brasília, DF: MS/ANVISA, 2004a. Disponível em: <http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/bds.nsf/CF4EFE7D0F91614B832576250049D87C/$File/NT00041F3E.pdf>. Acesso em: 18 set. 2011. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria 326 de 30 de julho de 1997. Regulamento Técnico sobre as Condições Higiênico-Sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação para os Estabelecimentos Produtores/industrializadores de Alimentos. Secretaria de Vigilância Sanitária. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/legis/portarias/326_97.htm>. Acesso em: 16 set. 2012. BRASIL. Presidência da República. Lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar e do Programa Dinheiro Direto na Escola aos alunos da educação básica. Brasília, DF: Presidência da República, 2009a. Disponível em: <http://www.fnde.gov.br/index.php/ae-legislacao>. Acesso em: 10 jun. 2011. CARDOSO, R. C. V.; GÓES, J. A. W.; ALMEIDA, R. C. C.; GUIMARÃES, A. G.; BARRETO, D. L.; SILVA, S. A. et al. Programa nacional de alimentação escolar: há segurança na produção de alimentos em escolas de Salvador (Bahia)? Revista de Nutrição, Campinas, v. 23, n. 5, p. 801-811, 2010. LEITE, C. L.; CARDOSO, R. C. V.; GÓES, J. A. W.; FIGUEIREDO, K. V. N. A.; SILVA, E. O.; BEZERRIL, M. M.; VIDAL JÚNIOR, P. O.; SANTANA, A. A. C.. Formação para merendeiras: uma proposta metodológica aplicada em escolas estaduais atendidas pelo programa nacional de alimentação escolar, em Salvador, Bahia. Revista de Nutrição, Campinas, v. 224, n. 2, p. 275-285, 2011. OLIVEIRA, M. N.; BRASIL, A. L. D.; TADDEI, J. A. A. C. Avaliação das condições higiênico-sanitárias das cozinhas de creches públicas e filantrópicas. Ciências e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 13, n. 3, p. 1051-1060, 2008. SILVA, C.; GERMANO, M. I. S.; GERMANO, P. M. L. Avaliação das condições higiênico-sanitárias da merenda escolar. Higiene alimentar, São Paulo, v.14, n. 110, p.49-55, 2000. TORRES, S. A. M.; SILVA, V. A.; COELHO, A. I. M.; MIRANDA, A. S. Análise das condições higiênico-sanitárias durante o preparo da alimentação em cantina escolar. Higiene Alimentar, São Paulo, v. 21, n. 153, p.14-18, 2007.

Capa Índice 11149

SELEÇÃO DE FUNGOS DE DECOMPOSIÇÃO BRANCA PARA REMOÇÃO DO HERBICIDA ATRAZINA DA ÁGUA

Keyle Borges e Silva MONTEIRO1; Mariângela Fontes SANTIAGO2.

1 Farmacêutica Bioquímica-UFG, mestranda em Engenharia do Meio Ambiente-UFG. 2 Professora efetiva Universidade Federal de Goiás – Faculdade de Farmácia- Membro do programa de pós-graduação da Engenharia do Meio Ambiente da Universidade Federal de Goiás. [email protected] Palavras chave: Fungos de decomposição branca, biorremediação, atrazina. INTRODUÇÃO

Devido ao crescimento demográfico e socioeconômico ocorrido nas últimas

décadas tem aumentado os índices de poluição dos recursos hídricos, ocasionando

perda da qualidade da água referente aos parâmetros físicos, químicos e

bacteriológicos. A contaminação das águas superficiais e subterrâneas por

xenobióticos, tem sido motivo de preocupação crescente devido aos riscos que estes

compostos representam sobre a biota e ao ser humano, em razão de seus efeitos

deletéricos associados (MINILLO et al, 2009).

Dentre as principais atividades responsáveis pela poluição são as práticas

agrícolas, devido a aplicação intensiva de agrotóxicos e fertilizantes (PALMA et

al,2009). O mercado mundial de agrotóxicos cresceu 93% e o mercado brasileiro

cresceu 190%. Em 2008, o Brasil ultrapassou os Estados Unidos e assumiu o posto de

maior consumidor de agrotóxicos, sendo que dos produtos comercializados cerca de

45% são herbicidas, estes são compostos orgânicos, quimicamente sintetizados,

utilizados para controle de ervas daninhas e ambientalmente classificados como

micropoluentes (JAVARONI et al, 98). Inúmeros estudos tem identificado problemas de

poluição dos recursos hídricos decorrentes do uso da atrazina, sendo frequentemente

detectada como principal poluente orgânico das águas superficiais, subterrâneas e de

abastecimento público de diversos países (CORREIA, LANGENBACH,2006;

ROCHA,2011).

A atrazina faz parte da família das triazinas, amplamente utilizado há mais de 45

anos em vários países como Argentina, Estados Unidos e Brasil, para controlar as

ervas daninhas em plantações de milho, sorgo e cana de açúcar. A escolha para sua

Capa Índice 11150

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 11150 - 11155

utilização é devido sua efetividade, ação prolongada, amplo espectro de ação e custo

baixo. Este herbicida é altamente tóxico para organismos aquáticos, atua como um

potente disruptor endócrino e possível agente carcinogênico. É exigência legal o

monitoramento da quantidade de atrazina na água bruta e tratada sendo o valor

máximo permitido para atrazina é de 2 μg/L.

A busca de soluções para remoção de micropoluentes em águas superficiais,

subterrâneas e residuárias é um desafio atual e para futuras gerações, uma vez que é

conhecido o fato de que os tratamentos utilizados para obter água dentro dos padrões

nem sempre são eficientes na remoção de compostos orgânicos. Muitas vezes é

necessário buscar alternativas avançadas do ponto de vista tecnológico, uso de novos

produtos químicos ou novas dosagens para obter resultados satisfatórios. Porém os

processos avançados pode tornar o processo produtivo oneroso e impraticável, por isso

há uma necessidade de encontrar alternativas simples, baixo custo de implementação e

controle. Como alternativa a biorremediação tem se mostrado promissora e utilizar o

potencial remediador das enzimas fúngicas pode ser uma tecnologia vantajosa para a

remoção de contaminantes das águas em relação as existentes. A busca de linhagens

microbianas capazes de degradar a atrazina é fundamental para o desenvolvimento de

processos de biorremediação, com uma ferramenta corretiva para solucionar problemas

decorridos do uso irracional de agroquímicos (GONZÁLEZ et al, 2003). Diante deste

contexto a utilização da biorremediação para remoção de atrazina por meio de fungos

de decomposição branca, pode ser uma alternativa viável que pode contribuir e

complementar os processos biotecnológicos disponíveis para o tratamento de águas

superficiais, subterrâneas e residuárias.

OBJETIVOS

Esta pesquisa tem como objetivo geral o estudo da remoção da atrazina em

água contaminada com produto comercial, por meio de fungos de decomposição

branca, avaliando a eficiência na redução da concentração e toxicidade e futuras

aplicações em tratamento de águas residuárias ou de abastecimento.

METODOLOGIA

A parte experimental desta pesquisa está sendo desenvolvida em duas etapas: a

primeira consiste nos ensaios com meio de cultura sólido para seleção dos fungos de

decomposição branca. A segunda etapa são os ensaios no meio de cultura líquido. São

utilizados cinco micro-organismos para realização dos experimentos: Lentinus edodes

Capa Índice 11151

(CCT – 4519), Pycnoporus sanguineus (CCT- 4518), Pleurotus ostreatus, Pleurotus sp,

Trametes villosa (CCT- 5567).

Para realização dos ensaios serão utilizados meios de cultura líquido e sólido,

este último com variações de fonte nutricional: BDA padrão, BDA 40% caldo de batata e

BDA 0% de caldo de batata. O cultivo e a manutenção dos fungos são realizados em

placas de Petri, contendo 20 mL do meio de cultura sólido BDA padrão. Incubadas a

28ºC por 8 dias para crescimento satisfatório dos fungos, sendo este tempo

padronizado durante os experimentos.

Serão utilizadas duas concentrações de Atrazina, 100mg/L e 500mg/L, sendo a

primeira utilizada nas aplicações em campo nas culturas de cana de açúcar, milho etc,

e a segunda para simular superdosagem e/ou acidente.

Os Experimentos em Meio de Cultura Sólido – Etapa 01, estão sendo realizados

com três condições nutricionais diferentes do meio de cultura e duas concentrações de

atrazina 100 mg/L e 500 mg/L, para cada com o objetivo de avaliar a capacidade de

crescimento micelial, desenvolvimento satisfatório dos fungos e produção de enzimas

na presença da atrazina. Os ensaios estão sendo realizados em duplicata e repetidos

três vezes, por 20 dias a 28ºC. Após 24 h de inoculação são medidos diariamente o

crescimento fúngico, para calcular a Velocidade de Crescimento Radial (VCR).

Nos Experimentos em Meio de Cultura Líquido – Etapa 02, serão utilizados os

fungos selecionados na etapa 01, os ensaios serão feitos sob agitação e estático a

28ºC, para cada experimento será utilizados grupo de controle experimental, grupo de

controle de toxicidade e grupo com concentração de atrazina 100mg/L e 500mg/L. Os

ensaios serão realizados em duplicata, o volume da amostra para a dosagem

enzimática será de 4 mL a cada 5. Serão determinadas as atividades das enzimas:

lacase por meio da metodologia Szklarz et al., (1989 modificado), manganês peroxidase

método descrito por Kuwahara et al. (1984) apud Jardim (2010) e lignina peroxidase

será determinada segundo metodologia de Tien & Kirk (1984). No final dos 25 dias

serão retirados 10 mL de cada frasco para quantificação da atrazina. O teor da atrazina

será verificado antes do experimento e depois do tratamento com os fungos. Para

quantificar será utilizado o cromatógrafo gasoso com detector de massas (GC/MS)

marca Varian modelo Saturn 2100T. Para extração da atrazina do meio de cultura será

empregada a técnica de extração em fase sólida (SPE),

Capa Índice 11152

RESULTADOS PARCIAIS E DISCUSSÃO

Foram realizados ensaios preliminares em meio de cultura sólido, com objetivo

de verificar a curva de crescimento e o aspecto do micélio de cada espécie em

diferentes condições nutricionais e de concentrações de atrazina (100mg/L e 500 mg/L).

Não foi realizado o ensaio com o microrganismo Lentinus edodes, este será incluído

nos próximos experimentos. Os micro-organismos cresceram em cada condição

nutricional a que foram submetidos, porém a morfologia e o desenvolvimento micelial

não foram satisfatórios em baixa concentração de nutrientes (BDA 0%) quando

comparados com o micélio do padrão. O Pleurotus sp desenvolveu melhor na condição

máxima de nutrição (BDA padrão) e apresentou diminuição do crescimento

proporcional a redução de nutrientes, conforme apresentado na figura 1(A). Em relação

ao Pleurotus ostreatus evidenciou-se que a pouca oferta nutricional com BDA 0% afetou

o seu crescimento, conforme apresentado na Figura 1 (B). Com o BDA padrão e BDA

40% o crescimento ficou semelhante até o 7º dia de incubação, a partir deste período

apresentou melhor crescimento com redução do nutriente a 40%. A espécie Trametes

villosa alcançou o tamanho total das placas nos três tipos de meio de cultura testado,

após 72 horas de incubação, Figura 1 (C). Os dados indicam que este micro-organismo

consegue adaptar em meios com baixa concentração de nutrientes. O crescimento do

Pycnoposus sanguineus não foi afetado com a mudança dos nutrientes. Atingiu o

tamanho total das placas com sete dias de incubação, nas três condições nutricionais,

Figura 1 (D). Em relação aos ensaios realizados em diferentes condições nutricionais

com adição da atrazina nas concentrações de 100 mg/L e 500 mg/L, a espécie

Trametes villosa destaca das demais pela velocidade de crescimento diário, nas três

condições nutricionais e na presença da atrazina 100 mg/L (VCR 15,2 mm .dia), porém

na concentração de 500 mg/L houve diminuição na velocidade do crescimento (VCR

2,95 mm .dia). Os micélios não foram satisfatórios nos ensaios com baixa concentração

de nutriente (BDA 0%) independente da concentração da atrazina, quando comparado

ao controle (BDA padrão sem ATZ). O Pycnoporus sanguineus foi a segunda

espécie que mais destacou em relação a velocidade de crescimento diária. Na

condição nutricional padrão houve redução VCR quando adicionado atrazina 100mg/L

e 500 mg/L.

B C D

Capa Índice 11153

A)

B)

C)

D)

Figura 1: Gráfico do Crescimento de Pleurotus sp (A), Pleurotus ostreatus (B), Trametes villosa (C) e Pycnoporus sanguineus (D) com variação de nutrientes sem adição de atrazina.

O mesmo impacto não foi observado com o BDA 40% onde manteve o

crescimento com a presença ATZ 100, com pouca redução com ATZ500 e

aparentemente houve aumento da biomassa nestas condições, indicando boa

adaptação do fungo na presença do herbicida.O desenvolvimento do micélio foi

insatisfatório somente com baixa disponibilidade de nutrientes independente da

presença ou não da atrazina, quando comparado ao controle. O micro-organismo

Pleurotus ostreatus apresentou o mesmo comportamento descrito para o Pycnoporus

sanguineus, indicando boa adaptação do fungo as condições nutricionais e na

presença da atrazina. Em relação ao Pleurotus sp referente a oferta nutricional

evidenciou-se que a redução de nutrientes afetou diretamente o seu crescimento e

desenvolvimento. Apresentou micélio insatisfatório no ensaio com BDA 0%, porém na

presença de atrazina 100 mg/L após dez dias de incubação proporcionou um melhor

crescimento do fungo, demonstrando que o microrganismo utilizou atrazina como fonte

de nutriente.

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

3º dia

4º dia

5º dia

6º dia

7º dia

10º dia

med

idas

em

mm

Curva de crescimento Pleurotus sp em diferentes condições nutricionais

BDA padãoBDA 40%BDA 0% 0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

3º dia

4º dia

5º dia

6º dia

7º dia

10º dia

med

idas

em

mm

Curva de crescimento Pleurotus ostreatus em diferentes condições nutricionais

BDA padão

BDA 40%

BDA 0%

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

3º dia 4º dia5º dia6º dia7º dia10º dia

med

idas

em

mm

Curva de crescimento Trametes villosa em diferentes condições nutricionais

BDA padão

BDA 40%

BDA 0%0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

3º dia 4º dia 5º dia 6º dia 7º dia 10º dia

med

idas

em

mm

Curva de crescimento Pycnoporus sanguineus em diferentes condições nutricionais

BDA padão

BDA 40%

BDA 0%

A B

A

C D A B C

A B C D

Capa Índice 11154

RESULTADOS ESPERADOS

Com esta pesquisa espera-se uma redução da concentração da Atrazina em

água contaminada com o produto comercial, utilizando cinco espécies de fungos de

decomposição branca, a níveis máximos permitidos pelas legislações vigentes, bem

como utilizar os resultados em futuras pesquisas com reatores biológicos por meio da

imobilização dos micro-organismos testados ou das enzimas por eles excretadas. Este

aprimoramento tecnológico pode vir aumentar a eficiência na remoção da atrazina de

difícil eliminação durante o tratamento das águas.

AGRADECIMENTOS

Ao Programa de Pós Graduação em Engenharia do Meio Ambiente, a Faculdade de Farmácia, a Saneamento de Goiás S/A e em especial a Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Goiás. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CORREIA,F.V; LANGENBACH,T. Dinâmica da Distribuição e Degradação de Atrazina em Argiloso Vermelho-Amarelo sob Condições de Clima Tropical Úmido.R.Bras.Ci.Solo,p.183-192,2006.

GONZÁLEZ,V.G.; et al. Nitrogen Controlo f Atrazine Utilization in Pseudomonas sp. Strain ADP. American Society for Microbiology, setembro 2003.

JARDIM, V.L. Seleção de Fungos de Decomposição Branca Produtores de Enzimas Oxidativas na Presença de Acefato para Redução da sua Toxicidade. Dissertação (Mestrado em Engenharia do Meio Ambiente) –Universidade Federal de Goiás, 2010.

JAVARONI,R.C.A; et al. Comportamento dos Herbicidas Atrazina e Alaclor em Solo Preparado par o Cultivo de Cana-de-Açúcar. Química Nova, p. 58-64,São Carlos, 24/04/98.

MINILLO,A.; et al. Biodegradação de Fármacos na Água por Microrganismos Associados em Filtros Biológicos de Carvão. SABESP Revista DAE 179.indd 42,2009.

PALMA,P.;et al. Assessment of Anthropogenic Sources of Water Pollution Using Multivariate Statistical Techniques: a Case Study of the Alqueva’s Reservoir, Portugal. Springer Science, p. 539-552.12 de maio 2009.

ROCHA,A.A. Monitoramento de Agrotóxicos em Áreas Irrigadas por Pivô Central na Microbacia do Tijunqueiro, Município de Morrinhos, Goiás. Tese ( Doutorado em Química na Agricultura e Meio Ambiente) Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2011

SZKLARZ,G.D et al. Production of Phenol Oxidades and Peroxidases by Wood-Rotting Fungi. Mycologia, New York, p. 234-240,1989.

TIEN,M.; KIRK,T.K. Lignin-Degrading Enzyme from Phanerochaete chrysosporium: Purification, Characterization, and Catalytic Properties of a Unique H2O2- Requiring Oxygenase. Biochemistry vol. 81, p. 2280-2284, abril 1994.

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Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 11156 - 11160

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EFEITOS DAS PROPRIEDADES TECNOLÓGICAS DE EXTRUSÃO DA MULTIMISTURA DE QUIRERA DE ARROZ, FARELO DE ARROZ E OKARA

DA SOJA PRETA COUTINHO, L. S.1; SOARES JUNIOR, M. S2.; CALIARI, M.3; BATISTA, J. E. R4. 1 Mestranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos – UFG, [email protected],2 Prof. Dr/Orientador – Departamento de Tecnologia de Alimentos – UFG, [email protected], 3 Prof. Dr – Departamento de Tecnologia de Alimentos – UFG, [email protected], 4 Graduanda em Engenharia de Alimentos – UFG, [email protected]

UFG (Universidade Federal de Goiás) – Campus Samambaia – Rodovia Goiânia/ Nova Veneza, km 0 – Caixa Postal 131

Palavras-chave: extrusão, quirera de arroz, farelo de arroz, okara de soja 1 INTRODUÇÃO

Grãos quebrados são frações de arroz geradas durante o

beneficiamento, que dependendo da cultivar, época de colheita e temperatura

de secagem pode representar entre 14% e 60% do total dos grãos submetidos

ao processo de beneficiamento. Normalmente este subproduto é rejeitado

obtendo apenas a quinta parte do valor comercial obtido pelo grão de arroz

inteiro, o que gera grande perda econômica para o setor arrozeiro do

país.(LIMBERGER, 2006). O farelo de arroz é uma excelente fonte de fibras,

vitaminas, minerais, proteínas e lipídeos. As fibras do farelo de arroz são

componentes que possuem boa capacidade de absorção de água e óleo e por

isso podem contribuir para o desenvolvimento de uma grande variedade de

produtos industrializados que requerem estas propriedades (SAUNDERS,

1990).

O okara da soja apresenta altos teores de proteínas e fibras, sendo que

em média varia entre 37 e 42,5%, respectivamente, além de que um terço do

conteúdo de isoflavona da soja preta transfere-se à okara tornando-a grande

potencial para utilização como fonte de isoflavonas (HSIEH et al., 2008).

Vantagens são observadas em relação ao processo de extrusão como

versatilidade, alta produtividade, viabilidade econômica, baixa degradação dos

nutrientes dos alimentos, aumento da digestibilidade, destruição de alguns

componentes anti-nutricionais, eficiência no gasto de energia, produção de

novos alimentos, além da economia de tempo (SINGH; KAUR, 2007). Assim,

este trabalho almeja desenvolver uma multimistura extrusada de quirera (arroz

quebrado), farelo de arroz e okara desidratada de soja preta, bem como,

avaliar características tecnológicas das multimisturas obtidas com diferentes

Capa Índice 11161

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 11161 - 11165

condições de extrusão e elaborar snacks e farinhas pré-gelatinizadas com

utilização da multimistura com o propósito de desenvolver um produto com

vantagens econômicas (utilização de sub-produtos), nutricionais e funcionais.

2 Materiais e Métodos

Os resíduos agroindustriais quirera e farelo de arroz foram fornecidos

pela empresa Arroz Crista Ltda e a soja preta pela empresa Cerealista São

José situadas em Aparecida de Goiânia (GO) e São Paulo (SP),

respectivamente.

O okara da soja preta foi preparado conforme metodologia relatada por

Soares Júnior et al. (2010), com posterior desidratação em estufa com

circulação de ar a 50 °C, moagem e peneiragem (peneira de 200 mesh). O

farelo de arroz foi tostado no mesmo dia de sua obtenção, para evitar sua

rancificação, conforme metodologia relatada por LACERDA et al. (2010) e

peneirado a 200 mesh. Os fragmentos de arroz foram moídos e também

peneirados a 200 mesh para uniformização da mistura.

A influência da umidade da mistura de subprodutos e da temperatura de

extrusão sobre as propriedades funcionais das multimisturas extrusadas

obtidas foram estudadas pelo método de superfície de resposta, utilizando

delineamento experimental central rotacional composto, com 8 experimentos e

3 repetições no ponto central.

As misturas foram homogeneizados e extrusados em extrusor Inbramaq

PQ-30, com 250 rpm de rotação do motor, matriz de 4 mm e parafuso com 30

cm com três entradas, e temperaturas de 40 e 60°C foram definidos como

constantes. As variáveis dependentes avaliadas corresponderam ao índice de

expansão e volume específico dos extrusados e após moídos e peneirados,

obteve-se farinhas pré-gelatinizadas, sendo avaliadas nas mesmas, índice de

absorção de água, índice de solubilidade em água, índice de absorção de óleo.

Os dados obtidos foram comparados com os obtidos pela multimistura crua.

3 Resultados e Discussão O ISA oscilou entre 6,89 e 12,48 g (100g)-1, com variação percentual de

181,13% (Tabela 1), e se mostrou fortemente dependente da temperatura

Capa Índice 11162

(Tabela 2). O modelo ajustado para ISA foi significativo, explicando 89,25% da

resposta. No ISA, com a elevação da T(°C) houve elevação linear e efeito

quadrático do ISA (p < 0,05), enquanto que a umidade promoveu um efeito

linear sobre o mesmo (P<0,05). A região de máximo ISA (12,48 g (100g)-1) foi

obtida com T° > 85-103 0C e U< 12 %, já a região de menor ISA obtido foi U

>16% e T° < 77 °C (Figura 1D). No caso de IAA, a oscilação ocorreu entre 7,52

e 9,61, com variação percentual de 127,79% (Tabela 1).

O modelo ajustado para IAA foi significativo, explicando 80,42% da

resposta; além de ter apresentado efeito linear e quadrático em relação a

temperatura (p < 0,05). A região de máximo IAA (9,61 g gel.g–1 de matéria

seca) foi obtida com T entre 85 e 102°C e U entre 12 e 17%, enquanto que a

região do ponto de menor IAA foi T° de 60°C e U de 16% (Figura 1C). Em IAO,

obteve-se oscilação 2,39 a 8,29 g.g-1, com variação percentual de 346,86%

(Tabela 1), e se mostrou fortemente dependente da temperatura (Tabela 2). O

modelo ajustado para IAO foi significativo, explicando 90,73% da resposta. A

região de maior absorção de óleo variou T° entre 86 a 103°C e U entre 12 a

17%, enquanto que a região de menor absorção de óleo variou entre T° entre

60 a 103°C, porém U não influenciou tanto (Figura 1E). Tabela 1. Propriedades funcionais de extrusados de quirera de arroz, farelo de arroz e okara de soja preta, obtidas em função da temperatura (T) e umidade (U) durante a extrusão

T

(0C)

U (g.100g-1)

ISA(g (100g)-1 ) IAA (g gel.g–1 )

IAO (g.g-1)

Volume específi

co

Índice de expansão

67,3 13,16 11,01 8,81 2,51 13,5 2,62

102,7 13,16 11,51 8,93 8,29 11,71 2,59

67,3 18,84 7,51 8,45 2,39 6,97 2,33 102,7 18,84 8,69 8,78 6,42 13,81 2,55

60 16 6,89 7,52 2,58 7,75 2,64 110 16 10,77 9,54 7,18 8,4 2,92 85 12 12,48 9,61 8,02 13,5 3,39 85 20 8,64 8,96 6,13 5,92 2,28 85 16 10,22 9,5 6,96 11,07 3,23 85 16 9,41 9,57 7,57 11,26 3,61 85 16 10,79 9,59 8,2 11,87 3,42

O índice de expansão (I.E) variou entre 2,33 a 3,61, a variação

percentual foi de 154,93%,sendo o mesmo significativo (Tabela 1), e também

demonstrou forte dependência em relação umidade e temperatura no seu efeito

quadrático (Tabela 2). O modelo ajustado para I.E foi significativo, explicando

77,77% da resposta. A região de maior índice de expansão foi nas

temperaturas de 70 a 87°C e umidade de 13 a 17% (Figura 1 A). Quanto ao

Capa Índice 11163

volume específico (V.E), houve variação entre 5,92 a 13,81 e consequente

variação percentual de 233,28% (Tabela 1), além de apresentar fortemente

dependente da umidade em seu efeito linear (p< 0,05). A região de área

máxima de V.E está entre U < 13,6 % e T° < 90,4°C (Figura 1B).

O IAA está relacionado com a disponibilidade de grupos (-OH) em se

ligar às moléculas de água e a capacidade de formação de gel das moléculas

de amido. Durante a extrusão, os grânulos de amido sofreram gelatinização e

as proteínas foram desnaturadas (CARVALHO, 2000).

As regiões de maior e menor solubilidade em óleo são importantes para

determinar a melhor farinha pré-gelatinizada de utilizar-se em frituras, e

produtos levados a algum percentual de gordura de uma forma geral. A análise

do efeito de temperatura de extrusão mostrou que o aumento deste fator levou

ao aumento do índice de expansão, resultado contrário ao de LEONEL et al

(2006).

Os menores valores de volume específico foram em amostras de

maiores umidades e segundo DING et al (2005), a água tem efeito inverso

sobre a expansão, agindo como um plastificante para materiais amiláceos,

reduzindo sua viscosidade e dissipação da energia mecânica no extrusor, com

isso, o produto fica mais denso e o crescimento das bolhas é comprimido.

Figura 1 – Efeito da temperatura e umidade para Índice de expansão,

volume específico, IAA, ISA, IAO

(A)

(D)

Capa Índice 11164

(B)

(E)

(C)

4 Conclusões A umidade e temperatura interferem bastante no comportamento de expansão

dos snacks (I.E e V.E), observando maior expansão em menores umidades.

Estes parâmetros são bem impactantes para formação de gel na farinha pré-

gelatinizada, afetando o IAA, ISA e IAO, sendo que essas farinhas de

temperatura do ponto central da extrusora obtiveram maiores IAA, ISA e IAO, o

que amplia as possibilidades de aplicação como ingrediente alimentício,

podendo ser recomendadas para formular produtos instantâneos, além de

formulação de pães, bolos e outros produtos de panificação sem glúten.

5 Referências DING, Q.; AINSWORTH, P.; TUCKER, G.; MARSON, H. The effect of extrusion conditions on the

physicochemical properties and sensory characteristics of rice-based expanded snacks. Journal of Food Engineering, v. 66, p. 283-289, 2005. CARVALHO, R.V. Formulações de snacks de terceira geração por extrusão: caracterização texturométrica e microestrutural. Lavras (MG), 89 p., 2000. Dissertação (mestrado em Ciência dos Alimentos) – Universidade Federal de Lavras. HSIEH, F.; XIE, M.; HUFF, H.; MUSTAPHA, A. Puffing of okara/rice blends using a rice cake machine. Journal of Food Science, Chicago, n. 8, p. 341-348, 2008. LIMBERGER, V. M. Modificação química e física do amido de quirera de arroz para aproveitamento na indústria de alimentos. 2006. 78f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos)- Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2006. SAUNDERS, R.M. The properties of rice bran as a food stuff. Cereal Foods World, Minnesota, n. 35, p. 632-636, 1990. SINGH, N.; KAUR, M. A comparison between the properties of seed, starch, flour and protein separated from chemically hardened and normal kidney beans. Journal of the Science of Food and Agriculture, Oxford, v. 87, n. 4. p. 729-737, 2007. LEONEL, M; MISCHAN, M. M; PINHO, S. Z.; IATAURO, R. A.; DUARTE FILHO, J. Efeitos de parâmetros de extrusão nas propriedades físicas de produtos expandidos de inhame. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 26, n. 2, p. 459-464, 2006.

Capa Índice 11165

AVALIAÇÃO DO EFEITO VASORELAXANTE DAS FOLHAS DE Caryocar brasiliense CAMB. EM AORTA TORÁCICA DE RATOS

*Lais Moraes de OLIVEIRA1; Elson Alves COSTA2; Fernando Paranaíba

FILGUEIRA1; Paulo César GHEDINI1 1Laboratório de Farmacologia Bioquímica e Molecular, 2Laboratório de Farmacologia

de Produtos Naturais, Departamento de Ciências Fisiológicas, Instituto de Ciências

Biológicas, Universidade Federal de Goiás, 74001-970, Goiânia, GO, Brasil.

email: *[email protected]

Palavras-chave: Caryocar brasiliense Camb., aorta torácica, vasorelaxamento,

óxido nítrico.

INTRODUÇÃO Caryocar brasiliense Camb. (Caryocaraceae), popularmente conhecida

como pequi, é uma planta nativa do Cerrado brasileiro (COLLEVATTI et al. 2003:

ARAÚJO, 1995) cuja caracterização química revelou a presença de compostos

fenólicos (ROESLER et al. 2008). Estudos sugerem que a ingestão destes

compostos contribui para a proteção contra doenças cardiovasculares (YOCHUM et

al., 2000), sendo demonstrado que a suplementação dietética a base de pequi

promoveu queda significativa nos valores da pressão arterial, sugerindo que o

mesmo apresenta efeitos cardiovasculares protetores, principalmente em atletas

incluídos na faixa etária de maior risco (MIRANDA-VILELA, 2009).

Baseado nestas informações, o presente estudo buscou avaliar o efeito

vasorelaxante do extrato bruto hidroalcoólico (EBH) e das frações orgânicas obtidas

das folhas de C. brasiliense e determinar os mecanismos de ação farmacológicos

envolvidos neste efeito.

MATERIAIS E MÉTODOS Obtenção do EBH e das frações orgânicas Foram utilizadas folhas secas e moídas de Caryocar brasiliense Camb.

para a obtenção do EBH, seguindo a metodologia descrita por Maidana-Leguizamón

(1992). Posteriormente, foram obtidas as frações orgânicas do EBH utilizando

solventes com graus crescentes de polaridade e que resultaram nas frações

hexânica (FH), clorofórmica (FC), acetato de etila (FAE) e butanólica (FB).

Capa Índice 11166

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 11166 - 11170

Reatividade Vascular Ratos Wistar (200-300g) foram eutanasiados e, a seguir, a aorta torácica

foi removida e colocada em um recipiente contendo solução de Krebs-Henseleit

modificada à 4° C (pH 7,4; composição em mM: NaCl - 130; NaHCO3 - 14,9; KCl -

4,7; KH2PO4 - 1,18; MgSO4 7H2O - 1,17; CaCl2 2H2O - 1,6; glicose - 5,5). Foi retirado

o excesso de tecido conectivo e a aorta foi seccionada em anéis de 4 mm de

comprimento. Os anéis foram suspendidos em cubas de vidros contendo solução

nutritiva de Krebs-Henseleit modificada (95%O2 e 5%CO2 - 37° C). As preparações

permaneceram sob tensão de 1,5 g durante 60 minutos, após estabilização, foram

adicionadas fenilefrina (0,1μM) e, na sequência, acetilcolina (10μM). Após as

preparações foram lavadas e mantidas em repouso por mais 60 minutos.

Protocolos Experimentais Para investigação da resposta vasorelaxante, após o período de

estabilização foram construídas curvas concentração efeito (CCE) para o EBH ou

para as frações orgânicas (FH, FC, FAE e FB) nas concentrações de 0,1; 0,3; 1; 3;

10 e 30 μg/ml em preparações aórticas com endotélio funcional (E+). Para dar

seguimento ao estudo do mecanismo de ação envolvido com o efeito vasodilatador

observado com as frações de C. brasiliense, selecionou-se a FB. Para avaliar a

participação das células endoteliais no efeito relaxante foi construída CCE para a FB

em preparações sem endotélio (E-).

Para avaliar a participação de NO, dos prostanóides vasodilatadores e do

Fator Hiperpolarizante Derivado do Endotélio, da guanilato ciclase, receptores

muscarínicos e histaminérgicos na resposta induzida pela FB, os anéis E+ foram

previamente incubados (30 minutos) com Nω-nitro-L-arginine methyl ester (L-NAME

- inibidor da NO sintase, 100 μM), com indometacina (INDO - inibidor inespecífico da

COX, 10 μM), tetraetilamônio (TEA - inibidor inespecífico de canal de K+, 1 mM), e

ODQ (10 µM), atropina (10µM – antagonista de receptor muscarínico) ou pirilamina

(10µM – antagonista de receptor histaminérgico H1), respectivamente. Após o

período de incubação para cada inibidor as preparações foram pré-contraídas e

então foram construídas CCE para a FB.

Análise Estatística Os resultados foram expressos como médias ± e.p.m. Para a comparação

entre mais de dois grupos, os resultados foram submetidos à análise de variância

seguida pelo teste de Tukey-Kramer. Quando a comparação foi realizada entre dois

Capa Índice 11167

grupos, os resultados foram submetidos ao teste “t” de Student (bicaudal não

pareado). As diferenças entre os dados foram consideradas significativas quando P

< 0,05.

RESULTADOS E DISCUSSÃO O EBH demonstrou efeito vasodilatador de modo concentração-

dependente e valores de Emax de 97,4 ± 2,2% e CE50 de 3,9 (2,8 - 5,4) μg/ml. A FB

apresentou efeito semelhante ao EBH (Emax = 94,4 ± 2,5%; CE50 = 5,6 (3,5 - 8,9)

µg/ml). O Emax para FH, FC e FAE foi 59.1 ± 7.1%, 34.7 ± 8.6% e 74.7 ± 3.8%,

respectivamente. O veículo (DMSO) não apresentou efeito relaxante significativo

(Figura 1).

-7.0 -6.5 -6.0 -5.5 -5.0 -4.5

0

20

40

60

80

100FH

FC FAE FBEBHVeículo **

***

Log [substâncias-teste] g/mL

% R

elax

amen

to

Figura 1: Curvas concentração efeito (CCE) (0,1 a 30 µg/mL) para extrato bruto hidroalcoólico (EBH), fração hexânica (FH), fração clorofórmica (FC), fração acetato de etila (FAE), e fração butanólica (FB) das folhas de C. brasiliense em anéis aórticos de ratos com endotélio intacto pré-contraídos com Phe (0,1 µM). Os símbolos e linhas verticais representam a média ± e.p.m. de 6-8 experimentos. * P <0,05 quando comparado ao grupo veículo.

Para verificar se a modulação endotelial estaria envolvida na resposta

vasorelaxante, observou-se que o efeito vasodilatador da FB é dependente do

endotélio, uma vez que a remoção mecânica do endotélio vascular aboliu o efeito

relaxante promovido pela FB (Emax = 1,1 ± 0,5%) (Figura 2).

-7.0 -6.5 -6.0 -5.5 -5.0 -4.5

0

20

40

60

80

100Com endotélio E+Sem Endotélio E- *

Log [fração butanólica] g/mL

% R

elax

amen

to

Figura 2: Curvas concentração efeito (CCE) (0,1 a 30 µg/mL) para fração butanólica (FB) de C. brasiliense em anéis aórticos de ratos com endotélio (E+) e sem endotélio (E-), pré-contraídos com Phe (0,1 µM). Os símbolos e linhas verticais representam a média ± e.p.m. de 6-8 experimentos. * P <0,05 quando comparado com anéis de aorta sem endotélio.

Capa Índice 11168

A pré-incubação com L-NAME (100 µM) ou com ODQ (10 µM), inibiu o

relaxamento induzido pela FB (Emax = 2,8 ± 1,2% e 8,2 ± 1,0, respectivamente)

(Figura 3A). Nas preparações pré-contraídas com KCl (120mM), a FB promoveu

efeito relaxante (Emax = 51,9 ± 5,1%) que foi reduzido pela pré-incubação com L-

NAME (100 µM; Emax = 11,5 ± 2,1%) (Figura 3B), sugerindo a participação da via

NO/GMPc na atividade vascular de C. brasiliense.

-7.0 -6.5 -6.0 -5.5 -5.0 -4.5

0

20

40

60

80

100

PhePhe + L-NAMEPhe + ODQ

**

-7.0 -6.5 -6.0 -5.5 -5.0 -4.5

0

20

40

60

80

100

KClKCl +L-NAME

*

*

A B

Log [fração butanólica] (g/mL)

% R

elaxa

men

to

Figura 3: Curvas concentração efeito (CCE) (0,1 a 30 µg/mL) da fração butanólica (FB) de C. brasiliense em anéis aórticos de ratos com endotélio intacto pré-contraídos com fenilefrina (Phe - 0,1 µM) na ausência ou na presença de Nω-nitro-L-arginina metil éster (L-NAME - inibidor da óxido nítrico sintase - 100 µM) ou 1H-[1,2,4]oxadiazolo[4,3-alpha]quinoxalin-1-one (ODQ - inibidor da guanilato ciclase - 10 µM) (A) ou com KCl (120mM) na ausência ou na presença de L- NAME (100 µM) (B). Os símbolos e linhas verticais representam a média ± e.p.m. de 6 a 8 experimentos. * P <0,05 quando comparado ao grupo FB.

Preparações aórticas pré-incubadas com indometacina (10 μM) ou TEA (1

mM), não inibiu o vasorelaxamento induzido pela FB (Emax = 83,0 ± 4,0% e 97,0 ±

1,4%, respectivamente), sugerindo a ausência de participação de prostanóides

vasodilatadores e de canais de potássio no efeito induzido pela FB. (Figura 4A) A B

-7.0 -6.5 -6.0 -5.5 -5.0 -4.5

0

20

40

60

80

100

PhePhe + TEAPhe + Indometacina

-7.0 -6.5 -6.0 -5.5 -5.0 -4.5

0

20

40

60

80

100

PhePhe + atropinaPhe + pirilamina

Figura 4: Vasorelaxamento promovido pela fração butanólica (FB) (0,1 – 30 µM) na ausência ou na presença de indometacina (inibidor da ciclooxigenase - 10 µM) ou tetraetilamônio (TEA, bloqueador não seletivo de canal de potássio - 1 mM) (A) e após a incubação com atropina (antagonista de receptor muscarínico - 10 µM) ou pirilamina (antagonista de receptor histaminérgico H1 - 10 µM) (B) em tecidos aórticos pré-contraídos com Phe (0,1 µM). Os resultados são expressos como média ± e.p.m. de 5-7 experimentos.

Anéis de aorta torácica de ratos pré-incubados com atropina (10µM) ou

pirilamina (10µM), não alteraram o relaxamento induzido pela FB (Emax = 93,2 ±

3,3% e 90,9 ± 5,5%, respectivamente), indicando que estas vias não estão

envolvidas no efeito vasorelaxante promovido pela FB.

Capa Índice 11169

CONCLUSÕES O extrato bruto hidroalcoólico das folhas de Caryocar brasiliense Camb.

(EBH) apresenta efeito vascular relaxante em aorta torácica de ratos e o

fracionamento biomonitorado do EBH mostrou que todas as frações orgânicas (FH,

FC, FAE, FB) apresentaram efeito vasorelaxante, sendo este efeito mais evidente

nas frações de maior polaridade (FAE e FB). O vasorelaxamento promovido pela

fração butanólica é dependente de endotélio e envolve a participação da via do

NO/GMPc.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS YOCHUM, L. A.; FOLSOM, A. R.; KUSHI, L. H. Intake of antioxidant

vitamins and risk of death from stroke in postmenopausal women,” American Journal

of Clinical Nutrition, vol. 72, no. 2, pp. 476–483, 2000.

COLLEVATTI, R. G.; GRATTAPAGLIA, D.; HAY, J. D. Evidences for

multiple maternal lineages of Caryocar brasiliense populations in the Brazilian

Cerrado based on the analysis of chloroplast DNA sequences and microsatellite

haplotype variation. Molecular Ecology, vol. 12, no. 1, pp. 105–115, 2003.

ARAÚJO, F. D. A review of Caryocar brasiliense (Caryocaraceae)—an

economically valuable species of the central Brazilian cerrados. Economic Botany,

vol. 49, n. 1, pp. 40–48, 1995.

ROESLER, R.; CATHARINO, R. R.; MALTA, L. G.; EBERLIN, M. N.;

PASTORE, G. Antioxidant activity of Caryocar brasiliense (pequi) and

characterization of components by electrospray ionization mass spectrometry, Food

Chemistry, vol. 110, no. 3, pp. 711– 717, 2008.

MIRANDA-VILELA, A. L. Avaliação dos efeitos antigenotóxicos,

antioxidantes e farmacológicos de extratos da polpa do fruto do pequi (Caryocar

brasiliense Camb.) Tese, Universidade de Brasília, Brasília, Brasil, 2009.

MAIDANA-LEGUIZAMÓN, F. Estudo dos efeitos de extratos de Ateleia

glazioviana Baill. e Tetraprerys multiglandulosa Adr. Juss. Sobre a gestação, o

desenvolvimento pré-púbere e a massa corporal de ratos. Porto Alegre: UFRGS,

1992. 88p. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) – Faculdade de

Veterinária, UFRGS, 1992.

Capa Índice 11170

1

Látex de Mangabeira para Aplicações Biomédicas e Tecnológicas

Lais Nogueira MAGNO1, Pablo José GONÇALVES1, Lauro June Queiroz MAIA1, Luciane Madureira de ALMEIDA2,

Nei PEIXOTO2, Juliana Ferreira FLORIANO3, Carlos Frederico Oliveira GRAEFF3.

1Instituto de Física – Universidade Federal de Goiás, Goiânia, GO 2Universidade Estadual de Goiás, Ipameri, GO

3Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", Bauru, SP

[email protected]

Palavras-chave: látex; mangabeira; aplicação biomédica; tecnologia.

INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas os biomateriais têm recebido grande atenção, tanto da

comunidade científica quanto da tecnológica. Eles vêm apresentando enorme

sucesso em diversas aplicações, tais como o tratamento de feridas, doenças e

reparo ou substituição de órgãos e tecidos [1-4]. Um biomaterial em particular,

derivado de látex de seringueira, despertou grande interesse devido ao seu

potencial angiogênico e seu poder de neoformação [5]. Apesar dos expressivos

resultados do uso deste material, existem alguns relatos sobre alergia aos

produtos do látex de seringueira em algumas pessoas, portanto, novos

biomateriais têm sido buscados, como os derivados do látex da mangabeira.

A mangabeira, planta típica do cerrado, é popularmente utilizada para tratar

doenças relacionadas a infecções fúngicas, tuberculose e úlceras e também

hipertensão e diabetes. A utilização popular deste látex motivou pesquisas com os

extratos da mangabeira [6] e hoje, sabe-se que seu látex e extratos apresentam

atividade antibacteriana, anti-inflamatória e efeito vasorrelaxante.

Há pesquisas utilizando o látex de seringueira como matriz para liberação de

substâncias. Com isto, a possibilidade de utilizar o látex de mangabeira como

matriz para incorporação de substâncias surge, possibilitando pesquisas com

inserção de compostos luminescentes.

Neste trabalho foram realizados estudos de caracterização de membranas

de látex de mangabeira e de filmes finos de látex e compostos dopados com

európio, com o intuito de pontuá-los como materiais com potencial utilização

Capa Índice 11171

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 11171 - 11175

2

biomédica e tecnológica, respectivamente. Para tanto, foram utilizadas técnicas

espectroscópicas (UV-vis, infravermelho e fluorescência), técnicas de análise

elementar e termogravimétrica, técnicas de microscopia e testes biológicos.

MATERIAIS E MÉTODOS

O látex utilizado neste trabalho foi gentilmente fornecido pelos professores

Dra. Luciane M. de Almeida e Dr. Nei Peixoto, da Universidade Estadual de Goiás

(UEG), campus Ipameri, através de acordos de colaboração

As membranas são produzidas a partir da deposição de um determinado

volume de látex em placas de Petri, levados à estufa a temperaturas inferiores a

56ºC por períodos iguais ou superiores a 48 horas.

Para a realização dos testes biológicos é necessária a devida esterilização

das membranas, sendo esta, por radiação. A esterilização das membranas que

foram utilizadas nas análises in vitro foi realizada no IPEN (Instituto de Pesquisas

Energéticas e Nucleares).

O parâmetro que foi utilizado para avaliar a toxicidade das membranas de

mangabeira foi a viabilidade celular. Estes testes foram realizados com as

membranas de mangabeira em conjunto com colaboradores da UNESP, campus

Botucatu. Além do teste de viabilidade celular, caracterizou-se estas membranas

através de estudos de espectroscopia no infravermelho, análise elementar e

termogravimetria.

Os compostos de íons terras-raras têm despertando grande interesse em

diversas áreas, entre as quais destacamos sua utilização como dispositivos

eletroluminescentes. Os compostos dopados com európio utilizados neste

trabalho foram gentilmente fornecidos pelo professor Dr. Lauro Maia, do Instituto

de Física (IF) da Universidade Federal de Goiás (UFG), através de acordos de

colaboração.

O látex de mangabeira foi utilizado como matriz para incorporação dos

compostos dopados com európio, e filmes finos foram obtidos, através da técnica

de spin coting.

Técnicas de espectroscopia no UV-Vis e de fluorescência, microscopia de

força atômica e microscopia eletrônica de varredura foram utilizadas para

caracterizar estes materiais.

Capa Índice 11172

3

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As membranas utilizadas nos testes de viabilidade celular, espectroscopia no

infravermelho, termogravimetria e análise elementar podem ser visualizadas na

figura 1.

Figura 1 (a): látex estabilizado com amônia em placa de Petri, pronto para

proceder ao processo de polimerização em estufa, (b): membrana de látex

polimerizada.

Os espectros de infravermellho podem ser visualizados na figura 2.

Figura 2: Espectros na região do infravermelho. As indicações em verde dizem

respeito às principais bandas do isopreno e as em vermelho, às encontradas para

os dois tipos de látex.

A concordância entre as bandas sugere grande semelhança estrutural

entre os dois tipos de látex.

Os resultados obtidos pela técnica de termogravimetria podem ser vistos na

figura 3.

(a) (b)

1000 2000 3000 4000

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

574

3315

1645

1039

13751244

837

Número de onda (cm-1)

MangabeiraSeringueira

30362726

2912

2854

2962

Tra

nsm

issã

o (u

.a.)

Capa Índice 11173

4

Figura 3: Perda de massa em função do tempo, de amostras de látex de

mangabeira com amônia (linha vermelha) e sem amônia (linha preta) e

seringueira com amônia (linha azul) e sem amônia (linha verde).

A redução na massa em função da temperatura acontece em

temperaturas equivalentes, sugerindo perdas semelhantes, indicando

semelhança entre os dois látex.

Os resultados obtidos no teste de viabilidade celular mostraram que as

membranas não apresentam toxicidade e ainda, induzem a proliferação celular.

Constatou-se que a adição de amônia aumenta o nível de toxicidade das

membranas, porém não a torna tóxica.

Os filmes obtidos (figura 4) também foram estudados em técnicas de

espectroscopia e microscopia.

Figura 4: Filmes finos de látex obtidos a partir da técnica de spin coating

Os resultados obtidos nas técnicas de microscopia de força atômica

eletrônica de varredura mostraram que o látex incorpora os compostos dopados

com európio.

Os dados obtidos na espectroscopia de fluorescência mostram que o

európio mantém sua absorção e emissão de radiação nos seus comprimentos de

0 100 200 300 400 500 600

0

20

40

60

80

100

M

assa

(%)

Temperatura (oC)

Mangabeira s/ amônia Mangabeira c/ amônia Seringueira c/ amônia Seringueira s/ amônia

Capa Índice 11174

5

onda característicos, indicando que o látex não interfere em suas propriedades

luminescentes e que portanto pode ser utilizado como matriz.

CONCLUSÕES

A partir dos resultados espectroscópicos e das demais análises, aponta-se

certa similaridade estrutural entre as membranas de látex de mangabeira e

seringueira. Os testes de viabilidade celular mostram que o material não é tóxico,

podendo dar sequência a estudos que provem sua biocompatibilidade, e que a

adição de amônia tem um papel importante em relação à toxicidade do material.

Nota-se que o látex não altera as propriedades luminescentes dos compostos

dopados com európio sugerindo seu uso como matriz. De modo geral, conclui-se

que os materiais utilizados neste trabalho apresentam potencial uso biomédico e

tecnológico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] TATHE, A.; GHODKE, M.; NIKALJE, A. A brief review: biomaterials and their

application (International Journal of Pharmacy and Pharmaceutical Sciences) 2

(2010): 19-23.

[2] ORÉFICE, R. L.; PERERIRA, M.; MANSUR, H. S. Biocompatibilidade,

Bioatividade e Engenharia de Tecidos. Biomateriais: Fundamentos e Aplicações.

Ed. Cultura Médica. São Paulo, 2006

[3] GUTIERRES, M.; LOPES, M. A.; HUSSAIN, N. S.; CABRAL, A. T.; ALMEIDA,

L.; SANTOS, J. D. Substitutos Ósseos: Conceitos Gerais e Estado Actual.

(Arquivos de medicina) 19, n. 4 (2006): 153-162.

[4] FRADE, M. A. C. Biomembrana de Látex para Tratamento de ulceras

Cutâneas. (Revista Estima) 2, n.4 (2004): 40 – 41. Disponível em:

<http://www.revistaestima.com.br/>. Acesso em 13 de março de 2012.

[5] MRUÉ, F. Substituição do esôfago cervical por prótese biossintética de látex:

Estudo experimental em cães. Dissertação. Universidade de São Paulo. 1996.

[6] MARINHO, D. G.; ALVIANO, D. S.; MATHEUS, M. E.; ALVIANO, C. S.;

FERNANDES, P. D. The latex obtained from Hancornia speciosa Gomes

possesses anti-inflammatory activity. (Journal of Ethnopharmacology). 135 (2011):

530-537.

Capa Índice 11175

Capa Índice 11176

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 11176 - 11180

Capa Índice 11177

Capa Índice 11178

Capa Índice 11179

Capa Índice 11180

COMO PROCEDER A UMA METASSÍNTESE QUALITATIVA

Laiz Ayres BRITO¹, Maria Goretti QUEIROZ²

1. Enfermeira; Aluna do Mestrado Profissionalizante em Saúde Coletiva.

2. Cirurgiã Dentista; Professora Doutora do Mestrado Profissional em Saúde Coletiva. Orientadora.

Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva. Endereço eletrônico: http://www.nesc.ufg.br/

Introdução

A pesquisa qualitativa, em particular, tem como objeto de investigação perguntas

diferentes daquelas consideradas campo da investigação clínica. Ela se preocupa entre

outras coisas, com o como a evidência é transformada em prática; e dessa forma, cada vez

mais tem auxiliado no movimento da prática baseada em evidências.

Mundialmente, as produções acadêmicas qualitativas têm aumentado todos os dias

(Lopes e Fracolli, 2008). No entanto, a aplicação dessas pesquisas na prática em saúde

ainda é despercebida. De acordo com Sandelowski, Docherty et al. (1997), para que

resultados de estudos qualitativos ampliem seu impacto, é oportuno que exista um

conhecimento interpretativo mais amplo, que seja aplicável ao mundo real e à realidade

contextual. Surge então o interesse na condução de revisões bibliográficas sistemáticas

que integrem os estudos qualitativos.

A metassíntese qualitativa realiza uma nova interpretação dos resultados. Ela não

pode ser confundida com a soma de resultados qualitativos, pois se propõe a fazer uma

nova interpretação deles. Sua validade está na lógica integradora, que são agregadas em

um produto final, o trabalho de metassíntese (Sandelowski, Docherty et al., 1997;

Sandelowski e Barroso, 2004).

Considerando a complexidade dos conselhos locais de saúde nas diversas regiões

do Brasil e a necessidade de se compreender sobre seus aspectos e elementos

fundamentais selecionou-se a metassíntese qualitativa, como método de investigação do

presente estudo. Sendo assim, utilizamos os procedimentos propostos por Sandelowski e

Barroso em suas diversas publicações sobre a metassíntese. De acordo com esse

referencial, a metassíntese abrange as etapas a saber: (1) Identificação do problema e

elaboração da pergunta de pesquisa; (2) Seleção das bases de dados para busca dos

artigos; (3) Estabelecimento dos critérios de inclusão e exclusão; (4) Análise individual dos

artigos, comparando as semelhanças e diferenças entre eles, preservando a integridade de

Capa Índice 11181

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 11181 - 11185

cada estudo; (5) Metassíntese qualitativa propriamente dita, procedendo à nova

interpretação dos resultados, sem descartar ou criticar nenhum deles.

Objetivo Geral Relatar o procedimento realizado para a realização de uma metassíntese qualitativa,

como procedimento metodológico utilizado em uma dissertação de mestrado.

Procedimento Metodológico Para proceder à metassíntese qualitativa, que tem como objetivo compreender os

conselhos locais de saúde vinculados à atenção básica no Brasil, utilizamos os

procedimentos propostos por Sandelowski e Barroso em suas diversas publicações sobre a

metassíntese. De acordo com esse referencial, a metassíntese abrange as etapas a saber:

(1) Identificação do problema e elaboração da pergunta de pesquisa; (2) Seleção das

bases de dados para busca dos artigos; (3) Estabelecimento dos critérios de inclusão e

exclusão; (4) Análise individual dos artigos, comparando as semelhanças e diferenças

entre eles, preservando a integridade de cada estudo; (5) Metassíntese qualitativa

propriamente dita, procedendo à nova interpretação dos resultados, sem descartar ou

criticar nenhum deles.

Sendo assim, percorremos as seguintes etapas:

1. Estabelecimento da pergunta de pesquisa

Quais os aspectos que condicionam o funcionamento dos conselhos locais de saúde

quando vinculados a unidades de atenção básica?

2. Seleção da base dados para a busca dos artigos

A busca exaustiva na base de dados torna válida a metassíntese qualitativa

(Matheus, 2009). Dessa forma, procedemos a busca em três grandes bases de dados, a

LILACS, uma base de dados que abrange pesquisas da América Latina e Caribe, por meio

do portal Lilacs (http://lilacs.bvsalud.org/); a MEDLINE, referência mundial, que mantém a

literatura internacional em ciências da saúde, por meio do portal Pubmed

(http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed), que mantém eletronicamente a literatura da Medline; e a

Scielo, biblioteca eletrônica que mantém periódicos online, por meio do portal Scielo.org

(http://www.scielo.org/php/index.php).

3. Estabelecimento dos critérios de inclusão e exclusão

Capa Índice 11182

O critério de inclusão adotado para orientar o estudo foi: a) Artigos científicos, frutos de pesquisa primária qualitativa, que tenham como objeto

de estudo os conselhos locais de saúde vinculados às unidades de atenção básica à

saúde do SUS.

Foram excluídos:

a) Trabalhos que datem de um período anterior a 1990;

b) Teses, dissertações, relatórios e manuais;

c) Trabalhos que não configuram-se como pesquisa, como comentários, editoriais e

matérias jornalística;

d) Estudos secundários, como os de revisão bibliográfica;

e) Trabalhos que tenham como a metodologia fundamentada no tratamento estatístico

dos dados.

4. Busca e seleção dos artigos

Para busca e seleção dos artigos foram selecionadas palavras-chaves pelas quais

trouxesse à pesquisa o esgotamento dos trabalhos que pudessem ser encontrados. Essa

seleção foi realizada concomitantemente nas bases de dados selecionadas durante o mês

de junho de 2012. Para a Lilacs e a Medline, utilizamos as palavras-chaves contempladas

no DeCS (Descritores em Ciências da Saúde), vocabulário estruturado mantido pela

Bireme – Centro Latino Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde, para

indexação da bibliografia disponível na Lilacs; e Mesch (Medical Subject Headings), que

controla o vocabulário de termos para indexação dos artigos na Pubmed, respectivamente.

O cruzamento das palavras-chaves foi realizado por meio dos operadores bolleanos

OR, que agrupou todos os trabalhos de palavras-chave afins, criando grandes grupos

temáticos para fins de organização da pesquisa; e AND para cruzamento dos trabalhos de

acordo com os resultados que se espera alcançar. Operadores booleanos são palavras que

têm o objetivo de definir para o sistema de busca como deve ser feita a combinação entre

os termos ou expressões de uma pesquisa (Goodman, 1996).

Os elementos temáticos que reuniram os trabalhos em grandes grupos para

posterior cruzamento compuseram as palavras-chave afins na busca Scielo, e os

respectivos vocabulários estruturados Decs e Mesh. Posteriormente foi realizado o

cruzamento com o operador bolleano AND.

Capa Índice 11183

Elementos temáticos da busca: Participação da comunidade/controle

social/conselhos de saúde/conselheiros/atenção primária à saúde/unidades de

saúde/serviços de saúde/sistemas de saúde/gestão em saúde/planejamento em

saúde/políticas de saúde/relações comunidade-instituição/promoção da saúde.

No portal Pubmed, ao lado cada cruzamento, na barra de busca, foi aplicado os

termos brazil or *brazil or brasil or *brasil, para que sejam encontrados apenas estudos

sobre os conselhos locais de saúde do SUS, conforme figura abaixo:

As próximas etapas ainda estão em fase de construção no estudo. Excluímos as

repetições de trabalhos encontradas nas bases de dados de seleção, e estamos aplicando

os critérios de inclusão e exclusão, para seleção dos estudos. Para aplicar os critérios de

inclusão e exclusão, estamos observando os títulos de cada trabalho. Aqueles que

demonstram ser totalmente irrelevantes aos objetivos da dissertação procedemos à

exclusão. A leitura dos resumos está sendo realizada quando os títulos despertam dúvidas

quanto aos critérios de inclusão e exclusão. Aos que sobram, estão sendo lidos

integralmente, confirmando a inclusão. Todas essas fases estão sendo documentadas em

planilha.

Ao final, pretendemos proceder a análise conforme referencial teórico descrito.

Considerações Finais Acreditamos que a metassíntese qualitativa possa tornar mais visíveis e aplicáveis

os resultados de pesquisas qualitativas. Como o objeto do estudo é ainda obscuro aos

olhos dos pesquisadores na área e dos executores das políticas de saúde, pretendemos

assim, fomentar a importância desses órgãos por meio do estudo dissertativo.

A realização de uma metassíntese qualitativa também trata-de de um procedimento

metodológico ainda pouco explorado, além de complexo. Realizá-la tem se tornado um

Capa Índice 11184

desafio todos os dias que se debruça sobre o trabalho, e que requer uma sensibilidade

grande do pesquisador. Ao mesmo tempo, pode se tornar um trabalho muito rico que

abrange os aspectos sobre uma temática em vários campos disciplinares, permitindo a

visualização dos pontos em comuns e das diferenças encontradas. Referências Bibliográficas GOODMAN, C. Literature searching and evidence interpretation for assessing health care practices. In: AB, T. (Ed.). The Swedish Council on Technology Assessment in Health care. Second printing. Stockholm: Norstedts, 1996. p.81.

LOPES, A. L. M.; FRACOLLI, L. A. Revisão sistemática de literatura e metassíntese qualitativa: considerações sobre sua aplicação na pesquisa em enfermagem. Texto Contexto Enferm. Florianópolis. 17: 771-8 p. 2008.

MATHEUS, M. C. C. Metassíntese qualitativa: desenvolvimento e contribuições para a prática baseada em evidências. Acta Paul Enferm. 22: 543-545 p. 2009.

SANDELOWSKI, M.; BARROSO, J. Sandbar Digital Library Project. Qualitative metasummary method. School of Nursing at The University of North Carolina at Chapel Hill, NC (U.S.A.), 2004. Disponível em: < http://sonweb.unc.edu/sandbar/index.cfm?fuseaction=about# >. Acesso em: 22/09/2012.

SANDELOWSKI, M.; DOCHERTY, S.; EMDEN, C. Focus on Qualitative Methods Qualitative Metasynthesis: Issues and Techniques. Research in Nursing & Health. Publicado online. 20: 365-371 p. 1997.

Capa Índice 11185

CARACTERIZAÇÃO MECÂNICA E ÓPTICA DE FILMES DE POLIETILENO DE BAIXA DENSIDADE INCORPORADOS COM NANOPARTÍCULAS DE MONTMORILONITA. Lara Bueno COELHOa, Robson Maia GERALDINEb, Miriam Fontes Araújo

SILVEIRAc, Maria Célia Lopes TORRESc. a [email protected], mestranda – EA/UFG. b [email protected], orientador – EA/UFG. c Professores colaboradores, EA/UFG.

Palavras-chave: polietileno, propriedades mecânicas, opacidade, montmorilonita

1. INTRODUÇÃO

O setor de embalagens de alimentos tem demonstrado grandes avanços com

objetivo de obter alimentos com maior qualidade e segurança. Assim, a

nanotecnologia está diretamente associada ao padrão de consumidores que buscam

melhorar as funções de conter, proteger, executar o marketing, bem como preservar

os alimentos (SILVESTRE; DURACCIO; CIMMINO, 2011).

Para a formação de filmes, a interação entre as partículas nanométricas e os

polímeros acontece em escala molecular e gera melhorias significativas nas

propriedades da embalagem, comparados com as resinas bases convencionais

(PRIOLO; GAMBOA; GRUNLAN, 2010; PEILA et al. 2008).

Como elemento de incorporação, em escala nanométrica em polímeros,

destaca-se a montmorilonita, um argilomineral do grupo dos filossilicatos 2:1

composta por camadas estruturais, constituídas por duas folhas tetraédricas de

sílica, com uma folha central octaédrica de alumina (PAIVA; MORALES; DIAZ,

2008).

Desse modo, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de diferentes

concentrações de montmorilonita (MMT) nas propriedades ópticas e mecânicas de

filmes de polietileno de baixa densidade (PEBD).

2. MATERIAL E MÉTODOS Os filmes foram produzidos a partir de resina de polietileno de baixa

densidade (cedida pela empresa Braskem S.A.) e do nanocomposto Cloisite® 10A

(doado pela empresa Buntech Tecnologia de Insumos).

Capa Índice 11186

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 11186 - 11190

Os filmes, com espessura variando de 95 a 105 µm, foram produzidos com

auxílio de extrusora modular mono rosca (modelo AX 16:26 AX Plásticos). Foram

produzidos filmes de PEBD incorporados com 0,5; 1,0; 1,5; 2,0; 2,5 e 3,0% (p/p) de

MMT, além do filme de PEBD puro (controle).

A opacidade dos filmes foi determinada em colorímetro (Hunterlab

CollorQUEST) utilizando-se o Universal Software Version 3,6 através da Equação 1.

%100OpbOpnOp (Equação 1), onde:

Op = opacidade do filme (%),

Opn = opacidade do filme sobreposto a um fundo negro,

Opb = opacidade do filme sobreposto a um fundo branco.

Para avaliação das propriedades mecânicas dos filmes, corpos de prova

foram cortados em formato retangular (5cmx2cm) e condicionados a 23°C ± 2°C,

com umidade relativa de 50% ± 5% por 48horas. Posteriormente, foram submetidos

à tração, com auxílio da máquina INSTRON (Série 3367, Grove City, EUA), sendo

obtidos os valores para Tensão (MPa), extensão na ruptura (%), e módulo de

elasticidade (ASTM D882-10, 2010).

O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado, com

dez repetições. Os dados foram submetidos à análise de regressão, utilizando-se o

programa Statistica 7.0 (STATSOFT, 2004).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores obtidos para opacidade variaram de 11,86 a 12,82 nos filmes com

0 e 3% de MMT, respectivamente (Figura 1). Essa variação corresponde a um

aumento significativo de 8,09% na opacidade. Observou-se que com o aumento da

concentração de argila houve um aumento linear nos valores de opacidade, quando

comparados com o filme controle, tornando-os menos transparentes.

Estudos realizados corroboram com os resultados obtidos, já que observaram

alterações na opacidade de filmes com o acréscimo de argila na composição de

filmes (MORALES; CRUZ; PERES, 2010; GHASEMI et. al, 2012).

Capa Índice 11187

Figura 1. Opacidade dos filmes de PEBD com 0; 0,5; 1,0; 1,5; 2,0; 2,5 e 3,0% de

MMT.

Com a incorporação da argila, a tensão dos filmes segue uma tendência

linear decrescente (Figura 2). Os valores variaram 17,88% entre os tratamentos 0 e

3%MMT, indicando que a resistência oferecida pelos filmes, quando submetidos à

tração, diminui com o acréscimo de argila. Estudos sugerem que a tendência da

diminuição da tensão pode estar associada à quebra de partículas ou mesmo devido

à formação de tactóides nas camadas de argila (PAIVA; MORALES; GUIMARÃES,

2006; ZHONG et al. 2007, LIU; TU, 2011).

Figura 2. Valores de Tensão (MPa) dos filmes com 0; 0,5; 1,0; 1,5; 2,0; 2,5 e

3,0% de MMT.

A elongação diminuiu 21,31% com a incorporação de 3%MMT, comparado ao

controle. O aumento de argila nos filmes proporcionou redução em sua propriedade

de extensão (Figura 3). Estudos afirmam que a adição de argila contribui para

y = 0,320x + 11,86 R² = 0,88

0 2 4 6 8

10 12 14

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3

Opa

cida

de

Concentraçao de MMT (%)

y = -0,8926x + 14,974 R² = 0,88

0 2 4 6 8

10 12 14 16

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3

Tens

ão (M

Pa)

MMT (%)

Capa Índice 11188

formação de fases poliméricas imobilizadas ou parcialmente imobilizadas,

interferindo assim na movimentação das mesmas (PAIVA; MORALES;

GUIMARÃES, 2006).

Figura 3. Valores de Elongação (%) dos filmes com 0; 0,5; 1,0; 1,5; 2,0; 2,5 e 3,0% de MMT

O módulo de Young não apresentou diferença significativa entre os

tratamentos, com valores médios variando entre 115,7 e 119,4 MPa. Portanto, nas

concentrações avaliadas, a rigidez dos filmes não foi afetada pela adição de argila.

O módulo de Young está relacionado com as ligações fracas entre as moléculas,

sendo que, nesta região as reações de elongação e força máxima são reversíveis

(MELITO e DAUBERT, 2010).

CONCLUSÕES

Com o gradativo aumento de MMT em filmes de polietileno de baixa

densidade foi possível alterar as propriedades ópticas dos filmes, tornando-os

menos transparentes. Quanto às propriedades mecânicas, a rigidez não foi alterada

enquanto a tensão e a elongação diminuiram linearmente.

Agradecimentos: À CAPES pelo apoio financeiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIAL.ASTM D 882 – 10: Standard

test method for tensile properties of thin plastic sheeting. Philadelphia, 2010.

y = -24,27x + 339,95 R² = 0,72

0

50

100

150

200

250

300

350

400

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3

Elon

gaçã

o (%

)

MMT (%)

Capa Índice 11189

GHASEMI, H.; CARREAU, P.J.; KAMAL, M.R.; TABATABAEI, S.H. Properties of

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LIU, S.P.; TU, L.C. Studies on mechanical properties of dispersing intercalated silane

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----- REVISADO PELO ORIENTADOR -----

Capa Índice 11190

CARBONO DA BIOMASSA MICROBIANA DO SOLO EM RESPOSTA À

APLICAÇÃO DE DIFERENTES HERBICIDAS NA CULTURA DO MILHETO

Lara Cristina Pereira da Silva PACHECO(1); Virginia DAMIN(2); Ana Paula

PELOSI(3); Karla Rennyellen Santos FERREIRA(4)

(1)Mestranda do Programa pós-graduação em Solo e Água na Universidade Federal de Goiás, Campus Samambaia. Bolsista CNPq. E-mail: [email protected] (2)

Docente do Programa de pós-graduação Strictu Sensu na Universidade Federal de Goiás, Campus Samambaia. E-mail: [email protected] (3)Mestranda do Programa pós-graduação em Produção Vegetal na Universidade Federal de Goiás, Campus Samambaia. E-mail: [email protected] (4)Graduanda do curso de Agronomia na Universidade Federal de Goiás, Campus Samambaia. E-mail: [email protected]

Palavras-chave: micro-organismos, dessecação, semeadura direta, cerrado

1. Introdução

O milheto (Pennisetum glaucum) é uma espécie bastante utilizada como

planta de cobertura em plantio direto, devido ao seu crescimento rápido,

elevada produção de fitomassa e ciclagem de nutrientes, e por ser uma planta

que mantêm tais características em condições de estresse hídrico (Pacheco et.

al, 2011). Além disso, o milheto possui relação C:N elevada, o que favorece a

decomposição lenta de seus resíduos, garantindo melhor cobertura do solo

(Lara Cabezas et al., 2004).

Com o aumento das áreas sob plantio direto na região do Cerrado é

também crescente a utilização de herbicidas para dessecação das plantas de

cobertura. O glyphosate é o principal herbicida utilizado na dessecação

cobertura em sistema de semeadura direta (Rodrigues & Almeida, 2005). No

entanto, devido ao aparecimento de biótipos de plantas daninhas resistentes a

esta molécula (Moreira & Christoffoleti, 2008), herbicidas como o glufosinato de

amônio e o paraquat também tem uso difundido na dessecação.

Os micro-organismos do solo exercem papel fundamental no plantio

direto, pois atuam no processo de decomposição da matéria orgânica, como

agente da transformação bioquímica dos resíduos adicionados ao solo e

compostos orgânicos e como reservatório de nutrientes (Moreira & Siqueira,

2002). As moléculas dos herbicidas podem alterar a microbiota do solo. Os

Capa Índice 11191

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 11191 - 11196

herbicidas Glyphosate e Glufosinato não afetam os micro-organismos

quimiorganotróficos que decompõem a palhada, pois estes micro-organismos

não apresentam rotas de síntese, nas quais tais herbicidas atuam. Porém, o

herbicida Paraquat é altamente tóxico à biota do solo, afetando diretamente a

atividade microbiana (Syngenta, 2005).

O C associado à biomassa microbiana é o componente mais ativo da

fração lábil, pois transforma e transfere energia e nutrientes para os demais

componentes do ecossistema, sendo atualmente usado, como um dos

indicadores biológicos da qualidade e alterações do solo (De-Polli & Guerra,

2008; Haynes et al., 2000).

Visto que a biomassa microbiana exerce grande importância na

decomposição da planta de cobertura e que os herbicidas afetam esta

biomassa, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito desses herbicidas

utilizados para dessecação de milheto sobre o carbono da biomassa

microbiana.

2. Material e Métodos

O experimento foi desenvolvido na área experimental do Instituto

Federal Goiano – Campus Urutaí, GO (17º29’ latitude sul, 48º12’ longitude

oeste, 769 m de altitude), em LATOSSOLO VERMELHO AMARELO Distrófico,

clima tropical apresentando inverno seco e verão chuvoso, do tipo Cwb,

segundo classificação de Köppen, em novembro de 2011 a julho de 2012.

O delineamento utilizado foi em blocos casualizados (DBC), em

esquema de parcela subdividida no tempo, com quatro tratamentos e oito

repetições. Nas parcelas foram colocados os seguintes tratamentos: A –

Testemunha, sem aplicação de herbicida; B – Glyphosate, dessecação do

milheto com o herbicida glyphosate; C – Glufosinato, dessecação do milheto

com o herbicida glufosinato de amônio; D – Paraquat, dessecação do milheto

com o herbicida paraquat, resultando em 32 parcelas, cada uma com 32 m²

(8m x 4m). Como sub-parcelas foram consideradas as avaliações periódicas do

C da biomassa microbiana do solo (C-BM), realizadas no tempo 0, 15, 30, 45,

60, 90 e 120 dias após a aplicação dos herbicidas (DAA).

A acidez e a fertilidade do solo foram corrigidas antes da semeadura, de

acordo com a análise do solo e segundo recomendações de Souza e Lobato

Capa Índice 11192

(2004). A semeadura foi realizada manualmente em 01/12/2011, com milheto

da espécie Pennisetm glaucum, variedade ADR500, com densidade de 20 kg

de sementes ha-1. Em cada parcela foram plantadas 8 linhas e espaçadas 0,5

m entre si. Após emergência das plantas foi feita adubação de cobertura com

40 kg ha-1 de N (189 kg ha-1de sulfato de amônio).

Os herbicidas foram aplicados no dia 22/01/2012, quando foi detectado o

estádio fenológico de pré-antese (emissão de 1 a 5% de panículas). As

formulações comerciais utilizadas foram: Roundup Original® para o glyphosate,

na dose de 4 L ha-1, contendo 180 g L-1 de equivalente ácido (e.a.); Finale®

para o glufosinato de amônio, na dose de 2 L ha-1, contendo 400 g L-1 de

ingrediente ativo (i.a.) e Gramoxone® para o paraquat, na dose de 2 L ha-1,

contendo 200 g L-1 de i.a, e um volume de calda equivalente a 200 L ha-1.

Quando as plantas dessecadas morreram, as testemunhas foram cortadas com

rolo-faca e a palhada foi colocada sobre o solo.

Nos tempos definidos, após dessecação da planta de cobertura, foi

coletada uma amostra de solo na profundidade de 0-10 cm por parcela. As

amostras foram encaminhadas para o laboratório de Microbiologia da Escola

de Agronomia da UFG, para análise do C-BM. As amostras foram

armazenadas à temperatura de 5ºC até o momento da análise. Previamente ao

início da análise, as amostras foram peneiradas e a umidade do solo foi

determinada e corrigida. O método utilizado foi o de fumigação-extração,

segundo Vance et. al (1987).

Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância e,

quando o teste F foi significativo, procedeu-se a comparação das médias dos

tratamentos qualitativos pelo teste de Tukey (∝=0,05) e dos tratamentos

quantitativos pela análise de regressão.

3. Resultados e Discussão

O C-BM não apresentou diferença significativa entre os herbicidas

aplicados (Tabela 1). Estes resultados não corroboram com os obtidos por

Damin et. al (2009), que verificaram redução do carbono da biomassa após

dessecação de aveia preta com gliphosate e glufosinato de amônio. Houve

interação do fator datas com os herbicidas, verificando um ajuste quadrático a

p>0,01. Houve redução no teor de carbono da biomassa até os 15 dias após

Capa Índice 11193

aplicação dos herbicidas. Aos 30 dias houve aumento no teor de carbono,

reduzindo novamente aos 45 dias. O mesmo pôde ser observado aos 60 dias,

onde o teor aumentou e reduziu nos dias posteriores, aos 90 e 120 dias.

A biomassa microbiana é influenciada pelas variações sazonais de

umidade e temperatura, portanto, o aumento e redução do C-BM, observados

nas datas avaliadas, podem ter sido influenciados por tais variações climáticas.

Além disso, outro fator que influencia a biomassa são os resíduos vegetais

depositados no solo após a decomposição, que são essenciais no processo de

adição e perda de C orgânico do solo (Doran, 1980) e fontes de alimentos para

os micro-organismos. Aos 30 dias após dessecação, parte da cobertura

dessecada já estava se decompondo, tornando-se disponível aos micro-

organismos. Aos 60 dias, observou-se maior decomposição e,

conseqüentemente, maior quantidade de resíduos para a biomassa microbiana.

Com isso, o maior teor de C-BM observado nestas datas pode ser explicado

pela maior disponibilidade de alimento para os micro-organismos, o que

provocou aumento da população. Posteriormente, à medida que a palhada foi

sendo decomposta e consumida pela população microbiana, o teor de C-BM

diminuiu.

Tabela 1. Carbono da Biomassa Microbiana sob palha de milheto dessecada

com de herbicidas. Urutaí – GO, 2012.

Tratamentos Dias Após Aplicação dos Herbicidas

0 15 30 45 60 90 120 Média

Testemunha 235,4 140,4 631,7 363,5 551,7 234,4 182,3 334,2

Glyphosate 155,9 147,6 554,1 362,1 501,3 127,8 174,0 289,0

Glufosinato 305,8 229,9 570,2 302,5 537,5 128,6 129,2 314,8

Paraquat 128,4 160,4 538,0 358,6 515,6 174,8 176,4 293,2

Média 206,4 169,6 573,5 346,7 526,5 166,4 165,5 CV=%

Valores de F F Herbicidas = 1,85 ns F Interação = 0,43* F Data = 28,94--

DMS DMS Herbicidas = 231,3

CV(%) CV Herbicidas = 37,4 CV Datas = 60,7

DMS-Diferença mínima significativa. CV(%) – Coeficiente de variação. Médias seguidas pela

mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (P=0,05). *Teste F significativo a 5%;

**Teste F significativo a 1%; NS – Teste F não significativo; -- Tratamento quantitativo

Capa Índice 11194

4. Conclusão

A dessecação de plantas de Pennisetum glaucum com os herbicidas Glyphosate, Glufosinato de Amônio e Paraquat e a deposição da palhada formada sobre o solo não afetaram o C-BM.

5. Referências Bibliográficas

BAYER, C.; MIELNICZUK, J. Dinâmica e função da matéria orgânica. In:

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Capa Índice 11196

ACOMPLAMENTO E INTERAÇÃO MODAL DE CASCAS CILÍNDRICAS SIMPLESMENTE APOIADAS

Lara RODRIGUESa,1, Frederico Martins Alves da SILVAa,2

a Escola de Engenharia Civil, Universidade Federal de Goiás, Av. Universitária, 1488, Setor

Universitário, CEP 74605-220, Goiânia, GO, Brasil

1 [email protected], 2 [email protected]

Palavras-chave: Cascas cilíndricas. Acoplamento modal. Interação modal.

1. INTRODUÇÃO

Neste trabalho deduz-se uma solução modal para os deslocamentos

transversais da casca cilíndrica, utilizando-se técnicas de perturbação

(GONÇALVES et al., 2008 e SILVA et al. 2011), para o caso onde dois modos de

vibração diferentes apresentam o mesmo valor de frequência natural, com o objetivo

de estudar o efeito da interação e do acoplamento modal (GONÇALVES; DEL

PRADO, 2004) na estabilidade de cascas cilíndricas esbeltas.

2. FORMULAÇÃO MATEMÁTICA

Considera-se uma casca cilíndrica esbelta, com raio R, comprimento L e

espessura h. O material da casca é elástico, homogêneo e isotrópico, com módulo

de elasticidade E, coeficiente de Poisson e densidade .

A Figura 1 apresenta as coordenadas axial, circunferencial e radial –

representadas respectivamente por x, e z; e seus respectivos deslocamentos –

representados por u, v e w.

Figura 1 – Geometria e campo de deslocamentos da casca cilíndrica

Capa Índice 11197

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 11197 - 11201

As equações não lineares de movimento baseadas na teoria não linear de

Donnell para cascas abatidas, em termos da função de tensão F e do deslocamento

radial w são dadas por:

RRw

tPFR

wR

Fw

RF

wDwwhwh

xxxx

xx12 2

,,

,,,2

,

44201

(1)

2,

2,

,,4 11

Rw

Rw

wwR

FEh

xxxxx

(2)

onde 1 e 2 são, respectivamente, os coeficiente de amortecimento viscoso e

coeficiente de amortecimento do material, D = E h3/12(1 – 2) é a rigidez à flexão da

casca, 0 é a frequência natural da casca, P(t) é a carga axial aplicada nas

extremidades da casca cilíndrica e 4 é o operador bi harmônico definido como

4 = [∂2/∂x2 + ∂2/R2∂ 2]2.

Os seguintes parâmetros não-lineares serão utilizados no decorrer do

trabalho:

CRCR

ff P

PPP

tLx

hwW 1

10

00 0

(3)

onde PCR = E h2/[R(3 – 3 2)1/2] é a carga crítica axial da casca cilíndrica (BRUSH;

ALMROTH, 1975).

2.1. Método da perturbação

Considera-se como exemplo uma casca cilíndrica simplesmente apoiada,

com geometria R = 0,2 m, L = 0,34163 m e h = 0,002 m. O material da casca,

homogêneo e isotrópico, tem as características E = 210 GPa, = 0,3 e

= 7850 kg/m³. Os modos de vibração da casca apresentam m semi-ondas

longitudinais e n ondas circunferenciais. Para essa geometria, a frequência natural

dos modos (m, n) = (1, 5) e (m, N) = (1, 6) é a mesma, de valor igual a

3799,03 rad/s. A solução inicial para o campo de deslocamentos deve, portanto,

conter informações sobre esses dois modos, a saber:

mNBmNA

mnBmnAWsen)(sen2sen)(cos2

sen)(sen1sen)(cos1

1111

1111

(4)

Capa Índice 11198

onde N = n + 1 e A111(), A211(), B111() e B211() são as amplitudes modais

dependentes do tempo. Aplicando-se o método da perturbação, obtém-se a seguinte

solução para o deslocamento radial da casca, com termos que representam tanto o

acoplamento quanto a interação modal:

mmm

nNNB

nNNAnNNB

nNNA

mmm

NBNA

nBnA

mjniNNiBniNNiA

niNNiBniNNiA

mjiNBiNA

inBinAW

N

N

ijij

N

i jijij

ijij

N

i jijij

64cos1246162cos6cos

12463

sen)(8

cos)(8sen)(7

cos)(7

64cos1246162cos6cos

12463

sen)(6cos)(6

sen)(5cos)(5

sensen)(4cos)(4

sen)(3cos)(3

sen)(sen)(2)(cos)(2

)(sen)(1)(cos)(1

262

262262

1

3,2,1 0262

6262

626204,2,0

11

1

3,2,1 5,3,111

5,3,1 5,3,1

2

2

1

1

(5)

Da equação (5) obtém-se uma expansão para o deslocamento radial, w, que

contém um número de termos suficiente para representar o comportamento não

linear da cascas, substituindo-se essa expansão na equação (2) e resolvendo-se

analiticamente a equação diferencial parcial, pode-se encontrar a equação da função

de tensão F. Substituindo-se então a expansão de w juntamente com a função de

tensão F na equação (1) e aplicando-se o método de Galerkin é possível discretizar

a equação em um sistema de equações diferenciais ordinárias de movimento.

3. RESULTADOS

Buscando entender a influência do acoplamento modal no comportamento

não linear da casca, obtêm-se a partir da equação (5) três modelos: Modelo 1 com 9

graus de liberdade, que considera os modos de vibração com (m, n) = (1, 5) e os

Capa Índice 11199

modos associados devidos as acoplamento modal; Modelo 2 com 9 graus de

liberdade que considera os modos de vibração com (m, n) = (1, 6) e Modelo 3 com

29 graus de liberdade que consiste na adição dos modelos 1 e 2 somados aos

modos devidos à interação modal entre os mesmos (graus de liberdade destacados

em negrito). Portanto, têm-se os seguintes graus de liberdade em cada modelo:

Modelo 1: A111() + B111() + A502() + A522() + B522() + A113() + B113() + A131() + B131().

Modelo 2: A211() + B211() + A602() + A622() + B622() + A213() + B213() + A231() + B231().

Modelo 3: A111() + B111() + A211() + B211() + A502() + A522() + B522() + A622() + B622() + A712() + B712() + A812() + B812() + A113() + B113() + A213() + B213() + A131() + B131() + A231() + B231() + A311() + B311() + A411() + B411() + A321() + B321() + A421() + B421().

Figura 2 – Fronteira de instabilidade paramétrica e escape permanente para o sistema sobre vibração

forçada e amortecida. (0 = 0,50; 1 = 0,001 e 2 = 0,0001)

Considera-se que a casca está sujeita a uma carga axial harmônica,

uniformemente distribuída em suas bordas, da forma:

tPPtP fcos10 (6)

onde P0 é o pré-carregamento estático, P1 é amplitude da parcela harmônica do

carregamento, f é a frequência de excitação e t é o tempo.

A Figura 2 mostra as fronteiras de instabilidade paramétrica e de escape

permanente no plano (f, 1) considerando 0 = 0,5. Todas as fronteiras foram

obtidas numericamente através da aplicação do método de Runge-Kutta,

incrementando a amplitude a excitação harmônica, 1, e mantendo a frequência de

Capa Índice 11200

excitação, f, constante. Os resultados mostram que a interação entre os modos

altera, em certos intervalos da frequência, tanto a fronteira de instabilidade

paramétrica quanto a fronteira de escape permanente, gerando uma diminuição

significativa na carga de ruptura. Isso pode ser observado, como exemplo, no

intervalo 1,6 < f < 2,0. Esse fato demonstra que a interação modal provoca uma

diminuição na capacidade de carga da casca cilíndrica, de forma que o estudo desse

fenômeno não deve ser negligenciado no projeto da estrutura.

4. CONCLUSÕES

Os resultados confirmam que há interação entre os dois modos considerados,

mostrando ainda que o método da perturbação é eficaz na determinação de uma

solução capaz de representar essa interação. Conclui-se ainda que para a casca

sujeita à carga axial a interação modal provoca significativas mudanças nas

fronteiras de escape do sistema. Pretende-se também identificar os tipos de

bifurcação associados às fronteiras de instabilidade; analisar a influência da

interação modal nas curvas de ressonância, nas bacias de atração e seções de

Poincaré da casca cilíndrica a fim de avaliar a estabilidade global de forma que se

possa garantir a segurança da estrutura.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRUSH, D. O.; ALMROTH, B. O. Buckling of bars, plates and shells. 1 ed.

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Capa Índice 11201

AVALIAÇÃO DE EFICÁCIA DO EXTRATO BRUTO DE UMA ESPÉCIE DA FAMÍLIA MYRTACEAE (EDP) PARA USO DERMOCOSMÉTICO

iLarissa Cleres MOREIRA*; Marize C. Valadares BOZINIS*; Alane Pereira CORTEZ*; Émerson Silva LIMA**;*Laboratório de Farmacologia e Toxicologia Celular, Faculdade de Farmácia, Universidade Federal de Goiás. **Laboratório de Atividade Biológica, Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade Federal do Amazonas.

Órgão Financiador: Capes – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior Palavras-chave: pele, colágeno, elastina, fototoxicidade

INTRODUÇÃO A pele é um órgão que se estende por toda a superfície externa do corpo, inclusive

internamente, na forma de mucosas nos orifícios. É composta por 2 camadas, a

epiderme e a derme, sendo que a 3ª camada, a hipoderme, é considerada uma

camada subcutânea. Exerce várias funções, tais como: proteção contra agentes

externos, proteção imunológica, termorregulação, sensações e secreção.

A camada epitelial mais externa é a epiderme, composta basicamente por

queratinócitos. Estes encontram-se em diferentes estágios de maturação, de modo

que quanto mais se diferenciam em direção à superfície cutânea, mais queratinizados

se tornam, transformando-se em placas de proteína (queratina) sobrepostas e

justapostas de modo a impedir a penetração de água e outras substâncias.

A derme é a camada subjacente à epiderme, composta basicamente por fibras

colágenas e elásticas, além de ser uma região vascularizada e onde se encontram os

anexos cutâneos. A presença da matriz extracelular (MEC) é marcante nesta região,

onde também se encontram os fibroblastos, o principal tipo celular responsável pela

síntese das fibras acima citadas, bem como dos outros componentes da MEC.

A hipoderme localiza-se abaixo da derme, sendo composta em sua maior parte por

tecido adiposo no qual o principal tipo celular é o adipócito. Está diretamente

envolvida no isolamento térmico, no armazenamento de nutrientes e na absorção de

choques. Por ser ricamente servida por nervos e vasos sanguíneos, tem um papel

importante na nutrição das camadas suprajacentes.

O envelhecimento da pele ocorre devido a fatores intrínsecos ou extrínsecos. O

envelhecimento intrínseco é caracterizado pela perda funcional da pele em função do

processo natural de envelhecimento, no qual o órgão perde, aos poucos, sua

capacidade de reparo e regeneração. O envelhecimento extrínseco é caracterizado

pela ação de agentes externos como poluição, radiação e hábitos não saudáveis que

promovem a desorganização do funcionamento pleno desta estrutura. Nos dois casos,

verificam-se a diminuição da síntese de colágeno e elastina, bem como a atuação

Capa Índice 11202

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 11202 - 11206

evidenciada de suas enzimas (colagenase e elastase), menor regeneração celular,

diminuição das defesas antioxidantes e outras alterações.

Quando o envelhecimento é acentuado pela exposição à radiação solar (UVA e UVB),

o processo é chamado de fotoenvelhecimento. Um dos efeitos bioquímicos resultantes

da exposição indiscriminada à radiação é a produção de espécies reativas de oxigênio

(ERO). Na forma reativa, estes compostos oxidam a bicamada lipídica das células, o

material genético e até proteínas. Vários são os sinais clínicos que qualificam o

fotoenvelhecimento, a saber: a despigmentação ou pigmentação diferenciada, rugas

profundas, flacidez, pele seca e aumento potencial de cânceres cutâneos.

Atualmente, uma das formas de tratamento preventivo aos efeitos supracitados tem

sido a utilização de produtos de origem vegetal, pois em sua composição fitoquímica é

possível encontrar compostos cuja estrutura apresenta poder antioxidante e potencial

para prevenir sinais de envelhecimento da pele. Vale salientar que o Brasil é um país

megadiverso cuja flora chega a quase 43.000 espécies.

Assim, a escolha da família Myrtaceae é justificada pelas suas propriedades

fitoquímicas e pela sua ampla presença em nosso país, permitindo um maior acesso a

esta planta. Especificamente, a espécie estudada distribui-se pelo cerrado, que ocupa

25% da extensão territorial brasileira. Caracteriza-se por ser arbórea, hermafrodita de

até 10 m, cuja floração ocorre de agosto a setembro e a frutificação, de setembro a

outubro; apresenta troncos tortuosos, casca grossa e fendada.

Diante da disponibilidade natural de espécies vegetais e atendendo ao apelo de

sustentabilidade ambiental, o trabalho teve como foco central a avaliação da eficácia,

através de métodos in vitro, do extrato de uma planta do cerrado (EDP) e apontar a

sua viabilidade quanto ao uso em produtos cosméticos antienvelhecimento.

MATERIAIS E MÉTODOSO espécime foi coletado e processado sob a orientação do Professor José Realino no

Laboratório de Pesquisa de Produtos Naturais (LPPN) da UFG. O extrato EDP (sob

interesse de empresa privada) foi solubilizado em solução água-DMSO (1:1), obtendo-

se uma solução-estoque de 250 mg/mL, filtrado em membrana de 45 µm e

armazenado a -20ºC.

a) Atividade Inibitória da Colagenase

Em uma placa de 96 poços foram colocados 10 µL do solvente da amostra, da

amostra diluída na concentração desejada e do padrão quercetina. Em seguida, foram

adicionados 10 µL da enzima colagenase 10 mg/mL e 80 µL de tampão tricina50 mM

pH 7,5. A placa foi incubada à temperatura ambiente por 15 min. e 100 µL do

Capa Índice 11203

substrato FALGPA 1,6 mM foram adicionados a ela. Foi realizada a leitura inicial e

depois no tempo de 60 minutos, no comprimento de onda 340 nm.

b) Atividade Inibitória da Elastase

Em uma placa de 96 poços foram colocados 10 µL do solvente da amostra, da

amostra diluída na concentração desejada, do padrão quercetina e do tampão tris-HCl

60 mM pH 7,5. Em seguida, foram adicionados 90 µL da enzima elastase pancreática

0,2 mg/mL e a placa foi incubada a 37ºC, 15 min. Após esse período, 100 µL do

substrato AAAPVN 0,8 mM foram adicionados à placa e a primeira leitura, a 405 nm

foi realizada. A leitura final ocorreu no tempo de 50 minutos.

c) Atividade Inibitória da Tirosinase

Em uma placa de 96 poços, foram colocados 20 µL do solvente da amostra, da

amostra diluída na concentração desejada e do tampão fosfato 10 mM pH 6,5. Em

seguida foram adicionados 80 µL da enzima tirosinase, a placa foi incubada a 37ºC, 5

min., e a primeira leitura foi realizada em 492 nm. Foram adicionados 100 µL do

reagente de cor L-DOPA 1 mM e a última leitura foi realizada no tempo de 20 minutos,

a 37ºC.

Os cálculos da atividade inibitória da substância-teste foram feitos segundo a fórmula:

% çã = 100 − ∆ ∆ 100

d) Determinação do potencial fototóxico do EDP

O ensaio de fototoxicidade em linhagem Balb/c 3T3 foi realizado de acordo com o

Guia OECD 432 para teste de substâncias químicas, no qual as células foram

plaqueadas numa concentração celular de 1x104 cel/100 µL, em 2 placas de 96 poços.

Após incubação por 24 h, a 37ºC e 7,5% de CO2, as células foram expostas a 8

concentrações diferentes do extrato, a saber: 200; 100; 50; 25; 12,5; 6,25; 3,12; 1,56

µg/mL preparadas em tampão HBSS. Após 60 minutos de incubação, uma das placas

foi exposta à radiação UVA (5 J/cm²), enquanto a outra foi protegida da luz. Em

seguida, o tampão das placas foi substituído por meio DMEM suplementado com 10%

de SFB e incubado por mais 24 h. Após a incubação, foi feita a incorporação do

corante vermelho neutro e realizada a leitura em espectrofotômetro a 540 nm.

RESULTADOS E DISCUSSÃONos testes enzimáticos, pôde-se verificar que o extrato EDP foi capaz de inibir em

25% a ação da colagenase na concentração de 100 µg/mL (Figura 1a). O colágeno é

uma proteína que está envolvida em diversas e importantes funções, tais como dar

resistência à pressão, à tensão e sustentar alguns órgãos devido à propriedade de

Capa Índice 11204

rigidez e força que suas fibras conseguem obter graças à sua orientação estrutural

química. Sofre pouquíssima degradação até 30 anos, no caso da pele humana. A

partir de então começa a ser degradada pela enzima colagenase. Os fragmentos

originados formam uma gelatina que continuam a ser clivados pela gelatinase,

provocando a desestruturação da rede de fibras de colágeno e o aparecimento de

marcas.

Em relação à ação da elastase, o extrato apresentou inibição de pouco mais de

40% a uma concentração de 100 µg/mL (Figura 1a). Assim como o colágeno, o

envelhecimento diminui a síntese de elastina pelos fibroblastos. A elastina é

responsável pela elasticidade da pele, bem como pela absorção de choques, atuando

de forma conjunta com as fibras colágenas. A elastase é a proteinase capaz de clivar

a elastina em fragmentos pequenos e solúveis, tornando-a incapaz de exercer sua

função.

No teste de atividade de tirosinase foi observado que o extrato EDP apresentou

inibição de ± 25% na concentração de 100 µg/mL, semelhantemente à colagenase

(Figura 1a). A tirosinase é uma enzima diretamente envolvida na produção de

melanina, através da conversão de tirosina em L-DOPA, na presença de oxigênio

molecular. A reação continua a acontecer até que o composto tirosina-melanina

associa-se a proteínas e, consequentemente, polimeriza-se para formar a melanina.

Existem dois tipos de melanina: a eumelanina (tons entre marrom e preto) e

feomelanina (tons entre amarelo e vermelho). Enquanto a eumelanina protege as

células da radiação UV nociva, as feomelaninas são fotolábeis e seus produtos de

fotólise geram espécies reativas de oxigênio.

Figura 1.) Inibição das enzimas tirosinase, elastase e colagenase em células 3T3 tratadas com diferentes concentrações do extrato em estudo. b) Ensaio de determinação do potencial fototóxico do extrato em estudo, no qual se observa as curvas dos resultados para as placas expostas ou não à radiação.

a) b)Atividade Inibitória da EDP sobre as enzimasTirosinase, Elastase e Colagenase

0 25 50 75 1000

10

20

30

40

50

Colagenase

Elastase

Tirosinase

Concentração µg/mL

inib

ição

(%)

Fototoxicidade da EDP

1,56

3,13

6,25

12,50

25,00

50,00

100,0

0

0

25

50

75

100

125

150

UVA+UVA-

Concentração µg/ mL

Via

bilid

ade

celu

lar (

%)

Capa Índice 11205

Segundo o Guia 432 da OECD, fototoxicidade é o efeito tóxico obtido a partir da

aplicação de uma substância em um organismo associado à radiação. O ensaio de

fototoxicidade é utilizado para identificar substâncias potencialmente tóxicas, através

da sua aplicação e posterior exposição à luz UVA. O extrato em estudo apresentou

CI50 de 27,2 e 23,7 µg/mL para UVA- e UVA+, respectivamente. Como as duas

concentrações são praticamente iguais, infere-se que a morte celular provocada no

ensaio UVA+, teria ocorrido independente da exposição, pois o experimento ausente

de luz (UVA-) provocou a mesma proporção de morte. As absorbâncias obtidas ao

final dos experimentos foram plotadas em software específico, 3T3 NRU Phototox 2.0,

fornecido pela própria OECD. Após análise dos dados, foi encontrado o valor de 1,493

como valor de PIF (Fator de Fotoirritação).

CONCLUSÃO A partir da análise dos dados, é possível sugerir que o extrato tem ação inibitória

relevante para colagenase e elastase nas concentrações mais altas testadas, assim

como para tirosinase. O resultado obtido para determinação do potencial fototóxico

permite-nos concluir que o extrato não é fototóxico. O teste forneceu como resultado

para PIF um valor inferior a 2. Com este score, a substância-teste foi caracterizada

como não-fototóxica. De um modo geral, estes resultados corroboram os objetivos do

projeto em tornar este extrato um candidato a produto dermocosmético

antienvelhecimento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, S.P.; PROENÇA, C.E.B.; SANO, S.M.; RIBEIRO, J.F. Cerrado: espécies vegetais úteis. Planaltina: Embrapa-CPAC,1998. BRAGA, F.C. Pesquisa Fitoquímica. In: LEITE, J.P.V. Fitoterapia: Bases Científicas e Tecnológicas. São Paulo: Ed. Atheneu, 2009. Cap. 4, p.99-118. BUCHLI, L. Radicais livres e antioxidantes. Cosmetics&Toiletries. Ed. Port14(2):54-57, 2002. GIANNOCARO, F. B.; FILHO, A. G.; FERREIRA, L. M. Cultivo de fibroblastos humanos com DMAE. Cosmetics&Toiletries. V. 19, jan.-fev. 2007. HARRIS, Maria Inês N. de Camargo. Pele: estrutura, propriedades e envelhecimento. Ed. Baueri, SP, SENAC, 2005. HEARING, V. J. Jr. Mammalian monophenolmonooxigenase (tirosinase) purification, properties and reactions cataalyzed. Methods enzymol, 1987, 142: 154-65. KIM Y.; UYAMA H.; KOBAYASHI S. Inhibition effects of (+)-catechinaldehydepolycondensates on proteinases causing proteolytic degradation of extracellular matrix.BiochemBiophys Res Commun, 2004, 320:256-261 MAGALHÃES, J. O uso de cosméticos através dos tempos, envelhecimento cutâneo. In: Cosmetologia, com questões de avaliação. Rio de Janeiro, Rubio, p.33-42, 61-145, 2000. ROBERT, L. O envelhecimento. Lisboa, Instituto Piaget, p.21-330, 1994. ROMAGNOLO, M.B. A Família Myrtaceae na estação ecológica do Caiuá, Diamante do Norte, PR. Maringá, 2009. 11p. Projeto de pesquisa – Centro de Ciências Biológicas – Univ. Est. De Maringá. STEVENS, Alan. LOWE, James S., Histologia Humana, 2ª edição, Ed. Manole. São Paulo, 2001. TORTORA, G. J.;GRABOWSKI, S. R. Corpo humano: Fundamentos de anatomia e fisiologia, 6ª edição, Artmed, Porto Alegre: 2006 WART, H. E. Van; STEINBRINK, R.A continuous spectrophotometric assay for Clostridium histolyticum collagenase.Anal Biochem, 1981, 113:356-365. i [email protected]

Capa Índice 11206

Detecção condutométrica sem contato em microssistemas eletroforéticos: avaliação dos parâmetros operacionais e

geométricos

Laura Eulália de Paula BRAGA; Wendell Karlos Tomazelli COLTRO; Eulício de Oliveira LOBO JÚNIOR, Lucas da Costa DUARTE; José Alberto Fracassi DA SILVA

Instituto de Química – Universidade Federal de Goiás Campus Samambaia, Caixa Postal 131, 74001-970, Goiânia/GO E-mail: [email protected] Palavras-Chave: Detecção eletroquímica, eletroforese, microfluídica.

1. Introdução Nos últimos anos a miniaturização tem se tornado uma nova tendência

mundial. Na década de 60, a utilização de dispositivos miniaturizados causou uma

verdadeira revolução na eletrônica e na informática, permitindo um aumento na

capacidade de armazenamento de dados e na velocidade de processamento. No

início dos anos 90, essa tecnologia passou a ser vivenciada no campo da Química

Analítica, onde o primeiro sistema eletroforético baseado em chip foi proposto

(COLTRO, et al., 2007).

A redução da escala macro para micro tem oferecido diversas vantagens e

dentre as principais destacam-se o aumento do desempenho analítico, baixo

consumo de amostra e reagentes (da ordem de nL-pL) e separações em tempo

reduzido. Além disso, microcanais e eletrodos podem ser integrados em um único

substrato, resultando em microssistemas portáteis, que podem ser transportados

para análise no campo (AUROUX et al., 2002).

O avanço na área de microfluídica e a redução do volume de amostra

despertaram o interesse em desenvolver ou adaptar sistemas de detecção para

micro-escala. As técnicas eletroquímicas vêm ganhando cada vez mais popularidade

dentre os grupos de pesquisa, pois apresentam simplicidade, baixo custo e alta

compatibilidade com as técnicas de microfabricação (VANDAVEER et al., 2004).

Dentre as modalidades eletroquímicas destaca-se a condutometria, pois é um

método de detecção universal, no qual o analito pode ser detectado na ausência de

um cromóforo, fluoróforo ou grupo funcional eletroativo. Esse tipo de detecção pode

ser realizado de dois modos: (i) modo com contato e; (ii) modo sem contato. No

Capa Índice 11207

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 11207 - 11211

primeiro modo, os eletrodos são colocados em contato com a solução, gerando

alguns problemas relacionados a formação de bolhas, interferência elétrica e

degradação da superfície do eletrodo. No segundo modo, os eletrodos são

posicionados do lado externo do microcanal, impedindo os inconvenientes

encontrados no modo com contato. Por esse motivo, a detecção condutométrica

sem contato capacitivamente acoplada (C4D) tem recebido atenção como alternativa

à detecção condutométrica convencional (TANYANYIWA, LEUTHARDT e HAUSER,

2002). No entanto, esse tipo de detecção apresenta menor nível de detectabilidade

quando comparado a outros modos de detecção.

Diante disso, o objetivo do presente trabalho foi encontrar estratégias que

contribuíssem para uma melhora no desempenho do sinal analítico do detector

condutométrico sem contato em microchips de eletroforese. Para isso, foram

avaliados os tipos de orientação dos eletrodos sobre os microcanais, bem como os

efeitos dos parâmetros operacionais (frequência e amplitude do sinal de excitação) e

das dimensões da cela de detecção (largura e gap entre os eletrodos) no

desempenho eletroforético dos microdispositivos.

2. Metodologia Os microcanais (largura/profundidade = 50 µm/60 µm) de PDMS foram

fabricados a partir do processo de litografia suave (COLTRO et al., 2007) e selados

reversivelmente contra uma placa de vidro com espessura de 100 m.

Os eletrodos fabricados com fita adesiva de cobre foram cortados

manualmente com largura de aproximadamente 1 mm. Estes foram usados na parte

inicial do projeto, para estudar os diferentes tipos de orientação dos eletrodos (Fig.

1). A dificuldade de cortar as fitas metálicas sempre nas mesmas dimensões

motivou a sua substituição por eletrodos fabricados em placa de circuito impresso,

através de técnicas fotolitográficas seguida de corrosão química via úmida

(COLTRO, DA SILVA, CARRILHO, 2011).

Figura 1. Representação da orientação dos eletrodos. A) Duplo L; B) Antiparalela; C) Frontal e D)

Paralela.

(A) (B) (C) (D)

Capa Índice 11208

Para estudar os efeitos da cela de detecção (largura e espaçamento dos

eletrodos) na resposta do sistema C4D, utilizou-se um planejamento fatorial 32

(Tabela 1) (NETO, SCARMINIO, BRUNS, 2003). Os experimentos foram realizados

em triplicata e a ordem dos ensaios foi aleatória. As respostas avaliadas foram

intensidade do sinal (altura do pico), resolução e eficiência. Os valores obtidos foram

analisados no software livre Octave 3.2.2 e para análise de variância (ANOVA),

empregou-se o programa Excel.

Tabela 1. Variáveis e níveis utilizados no planejamento 32.

Variáveis (-1) (0) (1)

Largura 1 2 3

Espaçamento 1 2 3

As análises foram realizadas utilizando-se uma mistura equimolar de K+, Na+

e Li+ (500 µmol.L-1 cada) e uma solução tampão constituída de ácido 2-N-

morfolinoetanossulfônico (MES) e histidina 20 mmol.L-1.

3. Resultados e Discussão Na etapa de otimização dos parâmetros operacionais, variou-se a frequência

de 100 a 1000 kHz e a amplitude de 1 a 9 Vpp. A resposta foi avaliada em termos do

sinal absoluto de linha de base (VDC), que é o sinal obtido antes do estágio de

amplificação e ajuste da linha de base. Os resultados obtidos mostraram que para

valores de amplitude abaixo de 3 Vpp, o sinal atinge valor máximo empregando-se

uma frequência de 500 kHz. Em contrapartida, para valores maiores que 4 Vpp a

intensidade do sinal é máxima quando se emprega frequência de operação em torno

de 400 kHz. Além disso, foi possível observar que para frequências até 400 kHz, a

resposta da linha de base absoluta apresenta um aumento proporcional até uma

amplitude de aproximadamente 5 Vpp. Acima desse valor de amplitude observa-se

uma estabilização no sinal do detector em relação às variações de amplitude do

sinal de excitação.

O estudo sobre a orientação dos eletrodos (Fig. 2) mostrou que a geometria

frontal não apresentou resposta mensurável para os três cátions analisados. A

configuração paralela apresentou a pior relação sinal/ruído e isso pode ser atribuída

a capacitância de fuga que é predominante nesse tipo de geometria. As orientações

Capa Índice 11209

antiparalela e duplo-L, apresentaram resultados satisfatórios para eficiência de

separação e resolução entre os picos. No entanto, a configuração antiparalela

apresentou melhores resultados para intensidade dos picos e então essa

configuração foi usada na etapa de otimização das dimensões da cela de detecção.

Figura 2. Eletroferogramas obtidos para uma mistura padrão de K+, Na+ e Li+ (500 µmol L-1 cada) com os eletrodos posicionados em diferentes orientações. Tampão de corrida: MES/His 20 mmol.L-1, pH 6,1, potencial de injeção: 1 kV/10 s, potencial de separação: 2 kV (400 V/cm).

A otimização dos parâmetros geométricos, largura e gap entre os eletrodos

mostrou que a utilização de eletrodos com largura de 2 mm e gap de 1 mm

proporciona intensidade máxima dos picos e em termos de resolução e eficiência,

os parâmetros ideias são largura e gap no menor nível (1 mm).

As condições otimizadas foram empregadas na análise seis cátions em uma

amostra padrão e posteriormente na determinação qualitativa de íons inorgânicos

em bebidas comerciais. No entanto, essa parte do trabalho ainda requer uma

melhora instrumental visando a análise quantitativa usando-se MSE-C4D.

4. Conclusões A otimização dos parâmetros operacionais mostrou que as condições que

favorecem incremento na intensidade do sinal analítico são frequência de 400 kHz e

amplitude de 5 Vpp. Em relação ao estudo do tipo de orientação dos eletrodos sobre

os microcanais, foi possível observar que os microdispositivos apresentaram melhor

5 10 15 20 25 30 35 40-0,1

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

Li+

Na+

K+

Sina

l do

dete

ctor

(V)

Tempo (s)5 10 15 20 25 30 35 40

-0,1

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

Sina

l do

dete

ctor

(V)

Tempo (s)

5 10 15 20 25 30 35 40-0,1

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

Sina

l do

dete

ctor

(v)

Tempo (s)5 10 15 20 25 30 35 40

-0,1

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

Sina

l do

dete

ctor

(V)

Tempo (s)

Antiparalela Duplo L

Paralela Frontal

Capa Índice 11210

desempenho eletroforético quando acoplados aos eletrodos nas posições

antiparalela e duplo-L.

A otimização dos parâmetros geométricos, largura e gap entre os eletrodos foi

realizada com o auxílio de um planejamento experimental, o qual proporcionou a

geração de dados relevantes na análise com um número reduzido de ensaios. Essa

ferramenta estatística possibilitou definir ao nível de 95% de confiança, quais os

níveis dos fatores que permitem a obtenção de máxima intensidade, eficiência e

resolução entre os picos. As próximas etapas do trabalho têm como objetivo a

determinação quantitativa de íons inorgânicos em amostras reais.

5. Agradecimentos

Os autores agradecem ao CNPq, CAPES, Instituto Nacional de Ciência e

Tecnologia de Bioanalítica (INCTBio) e o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron

(LNLS) pelo auxílio pesquisa e bolsas concedidas.

6. Referências Bibliográficas AUROUX, P. A.; IOSSIFIDIS, D.; REYES, D. R.; MANZ, A. Micro total analysis systems. Analytical standard operations and applications. Analytical Chemistry, v. 74, n. 12, p. 2637-2652, 2002. COLTRO, W. K. T.; PICCIN, E.; CARRILHO, E.; DE JESUS, D. P.; DA SILVA, J. A. F.; DA SILVA, H. D. T.; DO LAGO, C. L. Microssistemas de análises químicas. Introdução, tecnologias de fabricação, instrumentação e aplicações. Química Nova, v. 30, n. 8, p. 1986-2000, 2007. COLTRO, W. K. T.; DA SILVA, J. A. F.; CARRILHO, E. Rapid prototyping of polymeric electrophoresis microchips with integrated copper electrodes for contactless conductivity detection. Analytical Methods, v. 3, n. 1, p. 168-172, 2011. NETO, B.B.; SCARMINIO, I. S.; BRUNS, R. E. Como fazer experimentos: pesquisa e desenvolvimento na ciência e na indústria. 2ª ed., Campinas: Unicamp, p.2-5 e p.83-96, 2003.

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Capa Índice 11211

Capa Índice 11212

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O ESTÁGIO SUPERVISIONADO NO CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS – GOIÂNIA/GO

Leandro Nunes de SOUZA

Mestrado em Educação em Ciências e Matemática/UFG Bolsista REUNI, [email protected]

Marilda SHUVARTZ ICB/UFG, [email protected]

Palavras chaves: Formação de professores, Estágio Supervisionado, Licenciatura em Ciências Biológicas.

INTRODUÇÃO

O Estágio Supervisionado (ES) é “entendido como o tempo de aprendizagem

que, através de um período de permanência, alguém se demora em algum lugar ou

ofício para aprender a prática do mesmo e depois poder exercer uma profissão ou

ofício” (BRASIL, CNE/CP 28/2001, p.10).

É neste momento que o graduando entrará em contato direto com a realidade

escolar, conhecendo-a melhor, tanto em aspectos relacionados à complexidade das

práticas institucionais e pedagógicas praticadas por seus profissionais, quanto a

respeito de questões envolvendo as associações e os sindicatos da categoria

(SPOSITO, 2009).

O ES também apresenta diferentes concepções, sendo que as pesquisas

realizadas por Pimenta e Lima (2010) sobre o assunto constituem uma contribuição

importante no sentido de elucidá-las melhor. Apresentamos uma síntese das

concepções de Estágio, das autoras.

Uma primeira concepção traz o estágio como uma imitação de modelos, nesta

perspectiva este se reduz a uma simples observação dos professores, e uma

apreensão dos modelos por estes utilizados, sem ter uma análise crítica – reflexiva.

A segunda concepção de estágio, relacionada com a anterior, traz este como

uma instrumentalização técnica. Nesta perspectiva o estágio fica reduzido à hora da

prática, ao “como fazer”, em que o estagiário não necessita dominar os

conhecimentos científicos e pedagógicos, mas somente as técnicas a serem

empregadas em sala de aula.

A terceira concepção traz o estágio como pesquisa. Essa nova perspectiva

permite a ampliação e a análise dos contextos onde os estágios se realizam, além

Capa Índice 11217

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2012) 11217 - 11221

de possibilitar, por parte dos estagiários, o desenvolvimento de postura e habilidades

de pesquisador.

Diante da importância que o ES assume na formação inicial dos futuros

docentes, e das diferentes concepções que este apresenta, o presente trabalho

objetiva compreender como se realiza o ES no curso de Lic. em Ciências Biológicas

da Universidade Federal de Goiás – Goiânia/GO, destacando as diferentes

concepções expressa nas atividades desenvolvidas neste. Além disso, buscamos

analisar os documentos da política de formação de professores, do Ministério da

Educação e Cultura (MEC) e da UFG, em específico o curso pesquisado.

METODOLOGIA

Neste trabalho optamos por utilizar o Estudo de Caso como estratégia de

pesquisa. Este segundo Yin (2001) consiste em uma forma de pesquisa empírica

que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real,

enfrentado assim uma situação única, além disso, baseia-se na coleta de várias

fontes de evidências.

Com base nas questões, nos objetivos da pesquisa, e na estratégia de

pesquisa adotada, escolhemos dois instrumentos de coleta de dados: o estudo de

documentos e a entrevista.

Nesta pesquisa foram analisados os seguintes documentos: Lei de Diretrizes

e Bases da Educação (LDB); Resolução CNE/CP Nº 1/2002; Resolução CNE/CP Nº

2/2002; Resolução CEPEC Nº 631/2003; Projeto Político Pedagógico do curso de

Ciências Biológicas – Licenciatura da UFG; Resolução CEPEC Nº 731/2005 e

relatórios de estágio dos alunos.

Pretende-se realizar a entrevista com a coordenadora de ES do curso

pesquisa, sendo que optamos por registrar toda a entrevista em um gravador de

áudio.

Após a coleta dos dados/evidências obtidos, estes foram analisados de

acordo com o método proposto por Bardin (2010), Análise de Conteúdo (AC).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A LDB (Lei 9.394/96) vem normatizar todos os níveis e modalidades da

educação, sendo esta constituída de 92 artigos, distribuídos em 9 capítulos. Destes,

Capa Índice 11218

apenas três fazem menção à Prática de Ensino (PE) e ao ES, que são os artigos 61;

65 e 82.

O primeiro traz que um dos fundamentos da formação de professores é a

associação entre teoria e prática, no qual o estágio configura-se como um

importante momento para vivenciar esta relação. Outra contribuição importante

desta normatização foi a distinção entre os componentes curriculares PE e ES.

Diante do caráter generalista da LDB, fez-se necessário criar resoluções mais

específicas que regulamentassem a educação brasileira. Dentro do contexto da

formação de professores, destacamos duas dessas resoluções, são elas: Resolução

CNE/CP 01/2002 e Resolução CNE/CP 02/2002.

A Resolução CNE/CP 01/2002 veio instituir as Diretrizes Curriculares

Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior,

em curso de licenciatura, de graduação plena.

Dentro desta resolução gostaríamos de destacar os artigos 12 e 13, que são

os que abordam os aspectos relacionados à PE e ao ES.

Este primeiro vem reforçar a distinção entre PE e ES, defendendo que a

primeira não deve ficar reduzida ao segundo. Além disso, ele traz que “a prática

deve estar presente desde o começo do curso” (Art. 12º, p.5), buscando assim

diminuir a separação entre teoria e prática dentro dos cursos de formação de

professores, que até então estavam estruturados de forma que primeiramente os

alunos tinham as disciplinas ditas teóricas, e no final do curso estes tinham a parte

prática, que muitas vezes estava reduzida ao estágio. Ainda dentro deste artigo,

outra importante contribuição diz respeito à exigência que todas as disciplinas, isto

é, tanto as pedagógicas quanto as específicas, devam ter sua dimensão prática,

rompendo com a visão de que as disciplinas específicas são responsabilizáveis

apenas por trabalhar os conteúdos específicos da área, ficando a cargo das outras

disciplinas a formação pedagógica do aluno.

Outra resolução importante dentro do contexto de formação de professores,

que vem complementar a anterior, é a Resolução CNE/CP 02/2002, que institui a

carga horária e a duração dos Cursos de Formação de Professor da Educação

Básica em nível superior. Nesta observamos que a uma valorização do ES, visto que

há um aumento da carga horária destinada a este. Porém verificamos que quando

esta divide a carga horária do curso, o estágio fica deslocado, não sendo

Capa Índice 11219

considerado nem prático e nem teórico, não havendo uma definição clara de como

esta atividade se enquadra nos projetos pedagógicos dos cursos.

Outro ponto que merece destaque é quando esta resolução permite que os

alunos que exercem atividade docente regular na educação básica tenham redução

da carga horária do estágio curricular supervisionado, neste ponto a um retrocesso

com relação à concepção de estágio, entendo este apenas como um momento de

“dá aula”, de exercer a prática docente, sem se preocupar com os aspectos

relacionados às práticas investigativas que esta atividade exige.

Dentro do âmbito da UFG, destacaremos as resoluções CEPEC Nº 631 e Nº

731, que definem a política de Formação de Professores da Educação Básica e de

Estágio para formação destes mesmos profissionais, respectivamente.

No que diz repeito à Resolução CEPEC Nº 631, um dos aspectos mais

relevantes desta, está relacionado aos seus princípios, que defendem a pesquisa

como um importante meio de intervir na realidade social. Além disso, esta traz a

necessidade do futuro professor entrar em contanto com sua realidade profissional,

desde o início da formação, contribuindo assim para que este possa ter uma

formação mais crítica e reflexiva.

A Resolução CEPEC Nº 731 vem reforçar os princípios presentes nas

normatizações mencionadas anteriormente, porém com uma visão voltada

exclusivamente para o ES. Esta compreende o estágio como um momento de

aproximação com a realidade profissional que busca favorecer o diálogo entre

ensino-pesquisa-extenção, além de enfatizar o caráter teórico-prático deste

componente curricular. Lembrando que esta também traz que o ES deve utilizar

pesquisa como princípio metodológico da formação docente.

Com relação aos relatórios de estágio, como esta pesquisa ainda está em

andamento, estamos ainda fazendo uma leitura flutuante (BARDIN, 2010) destes, na

qual buscamos levantar algumas palavras chaves, para a partir daí criar nossas

categorias.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com relação às normatizações dentro do contexto da formação de

professores, podemos observar uma mudança de concepção em relação ao ES, na

qual está havendo uma distinção entre PE e ES, em que este não fica apenas

Capa Índice 11220

Capa Índice 11221

compreendido como a parte prática do curso, e sim como um componente teórico-

prático que tem a pesquisa como seu princípio metodológico.

Como a pesquisa está em andamento não podemos tirar conclusões mais

precisas, sendo que esperamos que ao final do trabalho possamos esclarecer

alguns aspectos no que cerne o desenvolvimento do ES do curso estudado, e que

assim possamos contribuir para o melhor desenvolvimento do mesmo.

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