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A Prática Reflexiva nos Serviços Penitenciários * Da reflexão ocasional à prática reflexiva (Perrenoud, 2002) * Prática de pensar a prática (Freire, 1996)

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A Prática Reflexiva nos Serviços Penitenciários

* Da reflexão ocasional à prática reflexiva (Perrenoud, 2002) * Prática de pensar a prática (Freire, 1996)

Prática Reflexiva (Baptista, 2010)

Decisão

Ação Retomada da Reflexão

Reflexão

Processo reflexivo

• Diálogo e problematização

• Conscientização e ação

• É através de uma reflexão da prática que é possível politizar a demanda (VASCONCELOS, 1997)

Processo reflexivo

• “[...] a reflexão acerca da situação, dos objetivos, dos meios, do lugar, das operações envolvidas, dos resultados provisórios, da evolução previsível do sistema de ação” (PERRENOUD, 2002, p. 31);

• “[...] não se limita à ação; ela também tem vínculos com suas finalidades e com seus valores subjacentes. Refletimos sobre o como, mas também sobre o porquê” (PERRENOUD, 2002, p. 55).

PRÁTICA REFLEXIVA X REFLEXÃO ESPONTÂNEA

• “[...] cada pessoa reflete de modo espontâneo sobre sua prática; se esse questionamento não for metódico, não vai conduzir necessariamente a tomadas de consciência nem a mudanças” (PERRENOUD, 2002, p. 43);

• A reflexão “[...] conquista métodos e ferramentas conceituais baseados em diversos saberes e, se for possível, conquista-os mediante interação com outros profissionais” (PERRENOUD, 2002, p. 44);

• Um profissional reflexivo “[...] reexamina constantemente seus objetivos, seus procedimentos, suas evidências e seus saberes” (PERRENOUD, 2002, p. 36).

Processo Reflexivo

• REFLEXÃO NA AÇÃO - durante o calor da ação – (PERRENOUD, 2002, p. 30, 33, 34, 35, 36);

• REFLEXÃO SOBRE A AÇÃO - distante do calor da ação- (PERRENOUD, 2002, p. 31, 32, 36, 37);

• REFLEXÃO SOBRE A REFLEXÃO NA AÇÃO - sobre o sistema de ação - (PERRENOUD, 2002, p. 37, 38, 39, 40, 41).

REFLEXÃO NA AÇÃO

• [...] é o mesmo que refletir, mesmo que fugazmente, sobre a ação em curso, sobre seu ambiente e seus limites e seus recursos” (PERRENOUD, 2002, p. 32);

• “[...] tem de ser rápida; ela guia um processo de 'decisão' sem a possibilidade de recorrer a opiniões alheias nem de 'pedir um tempo', como ocorre com os jogadores de basquete durante o jogo” (PERRENOUD, 2002, p. 34).

REFLEXÃO NA AÇÃO

• “[...] a não-intervenção também é uma forma de ação, já que essa atitude influenciará, embora de outra forma, o curso dos acontecimentos” (PERRENOUD, 2002, p. 32);

• Optar pela “[...] decisão de não haver intervenção imediata a fim de de haja tempo de refletir com mais tranqüilidade” (PERRENOUD, 2002, p. 32);

• A reflexão na ação “[...] induz-nos a decidir apenas se devemos agir de forma imediata ou postergar a ação para que possamos refletir mais tranqüilamente

REFLEXÃO SOBRE A AÇÃO

• Pressupõe tomarmos a ação como objeto de reflexão (PERRENOUD, 2002);

• Posterior a realização da ação, a reflexão sobre a mesma “[...] só tem sentido para compreender, apreender e integrar o que aconteceu” (PERRENOUD, 2002, p. 31);

• “[...] não se limita a uma evocação, mas passa por uma crítica, por uma análise, por uma relação com regras, teorias e outras ações [...]” (PERRENOUD, 2002, p. 31);

REFLEXÃO SOBRE A AÇÃO

• [...] permite antecipar e prepara o profissional [...] para refletir de forma mais ágil na ação e para considerar um maior número de hipóteses; [...] a repetição e a maior precisão das possíveis ações [...] e liberam energia mental para enfrentar o imprevisível” (PERRENOUD, 2002, p. 32);

• A reflexão “ longe do calor da ação” permite ao sujeito refletir sobre o que ocorreu, “[...] sobre o que fez ou tentou fazer, sobre os resultados de sua ação” (PERRENOUD, 2002, p. 36);

REFLEXÃO SOBRE A AÇÃO

• Tem como função principal “[...] ajudar a fazer um balanço, a compreender o que deu ou não certo e a preparar o profissional caso a ação se repita” (PERRENOUD, 2002, p. 36);

• A reflexão sobre a ação “[...] renova-se constantemente” (PERRENOUD, 2002, p. 37).

• Assim, a reflexão sobre a ação “[...] é interrompida após ter sido iniciada, devido ao fluxo dos acontecimentos, os quais levam a outras decisões e reflexões [...]” (PERRENOUD, 2002, p. 37);

REFLEXÃO SOBRE A REFLEXÃO NA AÇÃO

• Pode ser entendida como “[...] a reflexão sobre o sistema de ação todas as vezes em que o sujeito se distancia de uma ação singular, a fim de refletir sobre as estruturas de sua ação e sobre o sistema de ação do qual faz parte” (PERRENOUD, 2002, p. 37);

• Indaga sobre “[...] os fundamentos racionais da ação: as informações disponíveis, seu tratamento, os saberes e os métodos nos quais ela se baseia” (PERRENOUD, 2002, p. 37);

REFLEXÃO SOBRE A REFLEXÃO NA AÇÃO

• “[...] resulta da tomada de consciência do caráter repetitivo de algumas reações e de algumas consequências, ou seja, da existência de cenários que se reproduzem situações semelhantes” (PERRENOUD, 2002, p. 40);

• A reflexão sobre “[...] a própria ação e sobre os esquemas de ação motiva o ator a inserir-se em sistemas sociais e a relacionar-se com os outros” (PERRENOUD, 2002, p. 40). Uma vez que, somos partícipes de sistemas de ação coletiva (PERRENOUD, 2002, p. 40);

• A reflexão sobre a ação “[...] introduz, então, uma reflexão sobre o relacionamento, sobre nossa forma de criar ou manter vínculos com o outro “ (CIFALI apud PERRENOUD, 2002, p. 41).

Prática Reflexiva

Reflexão sobre a

ação

Reflexão sobre a reflexão na ação

PRÁTICA REFLEXIVA

Reflexão ocasional

Reflexão na ação

Elementos da Prática Reflexiva (Oliveira, 2007)

• Aprender a pensar;

• Análise metódica regular – que conduz a tomada de consciência, a tomada de decisão e a mudança – instrumentalizada. Isto exige: treinamento intensivo e deliberado;

• Curiosidade e vontade de saber mais: “[...] ingredientes que distinguem aqueles que fecham um livro depois de terem encontrado a informação desejada daqueles que adoram a brincadeira e continuam a ler” (PERRENOUD, 2002, p. 52);

• Energia e obstinação (trabalho e disponibilidade). Isto pressupõe: “[...] uma forma de método, memória organizada, de perseverança; [...] contextos conceituais que sirvam de estruturas de acolhimento” ((PERRENOUD, 2002, p. 52).

• Aspirar o exercício da profissão escolhida;

• Considerar-se (técnico) ator responsável e autônomo “tanto no trabalho, quanto em sua vida privada e social” (PERRENOUD, 2002, p. 53).

• Isto significa: assumir riscos e ter autoconfiança, “[...] baseada em competências precisas, em amplos saberes, em capacidades de discernimento, de antecipação, de análise e de inovação” (PERRENOUD, 2002, p. 54);

• Poder enfrentar a crescente complexidade [...]” colocadas ao exercício profissional (PERRENOUD, 2002, p. 56).

• Construir a acumulação de saberes provenientes da experiência; em diálogo teórico-metodológico

• “Tornar possível uma evolução para a profissionalização” (PERRENOUD, 2002, p. 53);

•“Preparar para assumir uma responsabilidade política e ética” (PERRENOUD, 2002, p. 54) – compromisso ético político;

• “Ajudar a viver um ofício possível” (PERRENOUD, 2002, p. 57);

• “Oferecer os meios de trabalhar sobre si mesmo” (PERRENOUD, 2002, p. 58);

•“Estimulo à alteridade” (PERRENOUD, 2002, p. 60);

• Possibilitar o trabalho em equipe

• Desenvolver sentidos para as práticas sociais

• “ Um ajuste dos esquemas de ação que permita uma intervenção mais rápida, mais direcionada ou mais segura” (PERRENOUD, 2002, p. 51);

• “Um reforço da imagem de si mesmo como profissional reflexivo em processo de evolução” (PERRENOUD, 2002, p. 51);

• “Um saber capitalizado, que permite compreender e dominar outros problemas profissionais” (PERRENOUD, 2002, p. 51).

Referências

• FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

• OLIVEIRA, Mara. A perspectiva sócio-educativa: procedimentos metodológicos. Caxias do Sul: Universidade de Caxias do Sul, nov. 2010.

• PERRENOUD, PHILIPPE. A prática reflexiva no ofício de professor: profissionalização e razão pedagógica. Porto Alegre: ARTMED, 2002.

• VASCONCELOS, Ana Maria. Serviço Social e prática reflexiva. Revista da Faculdade de Serviço Social da UERJ nº 10, julho de 1997.