curso macro ii

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Teoria Macroeconômica II Prof. Marcos Tostes Programa 1 – Modelo IS-LM. 1.1 – Curva IS – Equilíbrio no mercado de bens 1.2 – Curva LM – Equilíbrio no mercado monetário 1.3 – Equilíbrio simultâneo no mercado de bens e de ativos 1.4 – Impacto de políticas econômicas no modelo IS-LM 1.5 – Dedução da demanda agregada 1.6 – Efeito Pigou e efeito Fischer 1.7 – O papel da oferta e demanda agregada nos modelos de determinação da renda

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Page 1: Curso Macro II

Teoria Macroeconômica IIProf. Marcos Tostes

Programa

1 – Modelo IS-LM.1.1 – Curva IS – Equilíbrio no mercado de bens1.2 – Curva LM – Equilíbrio no mercado monetário1.3 – Equilíbrio simultâneo no mercado de bens e de ativos1.4 – Impacto de políticas econômicas no modelo IS-LM1.5 – Dedução da demanda agregada1.6 – Efeito Pigou e efeito Fischer1.7 – O papel da oferta e demanda agregada nos modelos de determinação da renda

Page 2: Curso Macro II

2 - Macroeconomia aberta

2.1 - Câmbio e balanço de pagamentos

2.2 - Taxas de câmbio e regimes cambiais.

2.1.2 - Determinação do saldo da conta corrente do balanço de pagamentos

2.1.3 - Movimento de capitais e paridade do poder de compra

2.2 - Determinação da renda em uma economia aberta

2.2.1 - O setor externo no modelo clássico

2.2.2 – IS-LM para uma economia aberta

2.2.3 - Curva BP e equilíbrio externo

Page 3: Curso Macro II

Teoria Macroeconômica II

2.3 - Determinação dos equilíbrios internos e externo e o impacto das políticas econômicas sob diferentes regimes cambiais.

2.3.1 - O caso de uma economia sem mobilidade de capitais2.3.1.1 – Regime de câmbio fixo2.3.1.2 – Regime de câmbio flutuante2.3.2 - O caso de uma economia aberta com perfeita mobilidade

de capitais2.3.2.1 – Regime de câmbio fixo2.3.2.2 – Regime de câmbio flutuante2.3.3 – O caso de uma economia com imperfeita mobilidade de

capitais (grande economia)2.3.3.1 – Regime de câmbio fixo2.3.2.2 – Regime de câmbio flutuante

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Teoria Macroeconômica II

Bibliografia:

Lopes, L. M. & Vasconcelos, M.A.(org) Manual de Macroeconomia. São Paulo, Atlas, 1998.

Bibliografia Complementar:

Carvalho, F.J. C et al. Economia Monetária e Financeira:Teoria e política, Rio de Janeiro, Campus, 2001.

Page 5: Curso Macro II

Macro II

Pressupostos do modelo IS-LM:

• Demanda Agregada (DA) determina o nível de Produto (Y=OA)

• O nível de preços é considerado constante (P, tal que ∆P = 0)

• A taxa de juros determina o nível de renda (Y) através do investimento (I)

• A política monetária e fiscal são variáveis exógenas

• Ligação entre o lado real e o monetário é feita através da taxa de juros (i), sendo que i = r + P

Page 6: Curso Macro II

Macro II

Modelo IS LM – Incorporação do mercado de ativos no modelo Keynesiano.

O mercado de ativos determina a taxa de juros,

Determinação simultânea da taxa de juros e renda que equilibram o mercado de bens e de ativos.

Mercado de ativos > i > I > DA > Y

Mercado de bens e serviços > Y > Md(Y) > i > (...)

Page 7: Curso Macro II

Macro II

Equilíbrio no mercado de bens: deduzindo a curva IS.

1a Condição de equilíbrio macroeconômica:

OA = DA

Y = DA

Y = C(Yd) + I(r) + G

O Investimento varia inversamente à taxa de juros

O Consumo varia diretamente com a Renda

2a Condição de equilíbrio macroeconômica

I=S

Page 8: Curso Macro II

Macro II

A curva IS representa o equilíbrio no mercado de bens, assim a OA = DA

A inclinação da curva IS:

Elasticidade (sensibilidade) do investimento a taxa de juros. Quanto maior a

ε, mais a curva IS se aproximará da horizontal (menor a inclinação). Quanto menor ε, mais a curva IS se aproximará da vertical (maior a inclinação).

PmgC (ou multiplicador de gastos, k) Quanto maior PmgC, ie k, maiores serão as expansões induzida no Consumo, ampliando DA e Y.

Fatores de Deslocamento da IS:

Nível de Gastos Autônomos;

Política Fiscal

Page 9: Curso Macro II

Macro II

Equilíbrio no Mercado Monetário: deduzindo a curva LM

A curva LM representa o equilíbrio no mercado de ativos

Os indivíduos alocam sua riqueza (W) entre moeda (M) e títulos (B)Md + Bd = W/P

Ms/P + Bs = W

Md – Ms/P + Bd – Bs = 0

O excesso total de demanda no mercado de ativos é igual a zero.

Page 10: Curso Macro II

Macro II

A oferta de moeda (Ms/P) é determinada por decisão das Autoridades Monetárias.

A demanda de moeda (Md) é explicada por dois tipos de razoes para coletividade demandar (ou reter) moeda:

Motivo Transação = a demanda de moeda é diretamente relacionada ao nível de renda da economia. A Md aumenta conforme a Y renda.

Motivo Especulação = “o individuo, ao tomar a decisão de como alocar sua riqueza, compara o diferencial de rentabilidade entre os diferentes ativos. Desconsiderando a existência de inflação, o retorno real da moeda é zero, enquanto o dos títulos é a taxa de juros que estes rendem. (...) a taxa de juros corresponde ao custo de oportunidade de reter moeda.” Portanto, a Md diminui conforme a r aumenta.

Page 11: Curso Macro II

Macro II

Equilíbrio no Mercado Monetário

Ms/P = Md

Ms/P = Md (Y) + Md (r)

“elevações na renda devem ser acompanhadas por aumentos nas taxas de juros, de modo a compensar o impacto expansivo sobre a demanda de moeda

decorrente do maior nível de renda”

Fatores que afetam a inclinação da curva LM:

Elasticidade da demanda de moeda em relação à renda (Ey) = quanto maior Ey, maior será a inclinação da curva LM. “uma pequena variação na Y levará a uma grande expansão na Md exigindo uma maior elevação na r para compensá-la”.

Elasticidade da demanda de moeda em relação à taxa de juros (Er) = quanto maior Er, menor será a inclinação da curva LM. “se a Md for muito sensível a r, qualquer variação de r exigirá uma mudança significativa na Y para compensá-la. Inversamente, qualquer alteração no nível de Y exigirá uma pequena mudança em r, para manter o mercado monetário em equilíbrio”

Page 12: Curso Macro II

Macro II

Deslocamentos da curva LM:A posição da curva LM é dada pela oferta de moeda (Ms/P). Como P = ∆P = 0a oferta de moeda é afetada pela política monetária;Expansões da oferta de moeda (política monetária expansionista) deslocam a

LM para direita,Contrações da oferta de moeda (política monetária contracionista) deslocam a

LM para esquerda,Equilíbrio simultâneo no mercado de Bens e de Ativos.Ajustamento dos mercados:(a) Sempre que houver desequilíbrios no mercado de bens, o ajuste se dará

via quantidades, alterando o nível de produto (renda);(b) Desequilíbrios no mercado monetário são corrigidos com variações nas

taxas de juros . “quando há excesso de oferta r reduz e quando há excesso de demanda r sobe.”

Contudo, as correções são instantâneas no mercado monetário e lentas no mercado de bens.

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Macro II

Impacto das Políticas Econômicas no Modelo IS-LM

Política Monetária Expansionista;Política Monetária Contracionista;

Eficácia da Política Monetária:Elasticidade da demanda de moeda em relação a taxa de juros (Er): Quanto

maior Er, menor será a eficácia da política monetária. “Se a Md for muito sensível à r, uma pequena variação na r será suficiente para ajustar o mercado de ativos. Assim, com uma pequena mudança em r, a maior parte da expansão de moeda será retida pelo público com o que induzir-se á uma pequena alteração no I e, portanto, na Y.”

Elasticidade do Investimento em relação a taxa de juros(eIr): quanto menor eIr, menor a variação do Investimento.

“A eficácia da Política Monetária será tanto maior quanto maior a inclinação da LM e menor a inclinação da IS.”

Page 14: Curso Macro II

Macro II

Política Fiscal Expansionista: aumento do gasto público (G);Política Fiscal Contracionista: aumento dos impostos (T);

Eficácia da Política Fiscal:Tamanho do multiplicador = quanto maior o multiplicador, maior o

deslocamento da curva IS;Elasticidade da demanda de moeda em relação à taxa de juros = “quanto maior

a sensibilidade da Md à r maior será o impacto da política fiscal, uma vez que esta gerará uma pequena variação na r e, por conseguinte, uma pequena compensação negativa por parte do investimento.”

Elasticidade do investimento em relação ao juros = “quanto maior a sensibilidade no I em relação à r, menor será o efeito da política fiscal sobre a Y, uma vez que qualquer mudança na r gerará um grande impacto sobre o I, compensando o aumento em G.

Quanto mais inclinada for a IS e mais achatada for a LM, maior será a eficácia da Política Fiscal.

Page 15: Curso Macro II

Macro II

Casos especiais:

(i)Demanda de moeda infinitamente elástica em relação a taxa de juros.

“Armadilha da liquidez” = “a taxa de juros encontra-se em um nível tão baixo que qualquer ampliação não oferta de moeda será retida pelo público, mesmo sem alteração na taxa de juros.” Portanto, a Política Monetária é ineficiente para estimular o produto e o emprego.

Nesse caso, obtém-se a máxima eficiência da Política Fiscal.

(ii) A elasticidade da demanda de moeda em relação á taxa de juros é zero.

“caso clássico” – “a demanda de moeda independe da taxa de juros”. Nesse caso, com a LM vertical, a Política Monetária é super-eficiente para expandir o produto e o emprego. Já o efeito de uma Política Fiscal é o efeito deslocamento ou crowding-out.

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Macro II

Combinações de políticas Monetárias e a composição do Produto.

Política Fiscal Expansionista, em resposta à política monetária restritiva;

Política Monetária visando a estabilidade da taxa de juros, em resposta à política fiscal expansionista.

Política Monetária visando à estabilidade da renda, em resposta à uma política fiscal expansionista.

“o instrumento a ser utilizado depende da avaliação sobre qual a composição do produto que se pretende obter, o que se faz com base na avaliação das condições vigentes.”

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Macro II

Deduzindo a Demanda agregada.

A Demanda Agregada representa o quanto os agentes econômicos estão dispostos a adquirir o produto nacional a cada nível de preços, teremos então um diagrama juros-renda e outro preços-renda.

Exemplo: o impacto de uma elevação no nível de preços.

“tomando como dados os gastos autônomos, a IS sem deslocamento, e mantido constante o estoque nominal de moeda, podemos obter a função demanda agregada, onde elevações no nível de preços provocam reduções no produto”.

“modificações no nível de preços provocam movimentos ao longo da curva de demanda, ie, altera-se a quantidade demandada. Já variações no estoque de moeda provocarão deslocamentos da curva de demanda.”

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Macro II

“dado o estoque nominal de moeda (em termos reais), uma queda no nivel de preços provocará a queda na taxa de juros e uma ampliação do investimento, aumentando a quantidade demanda. Ao longo da curva de demanda , maiores níveis de renda estão associados a menores taxas de juros acompanhando a queda de preços.”

Uma ampliação do estoque nominal de moeda, para qualquer nível dado de preços, a taxa de juros se reduzirá, havendo um deslocamento para direita da curva LM.

Portanto, a queda na taxa de juros pode ser induzida pela queda no nível de preços, ou por uma expansão da oferta de moeda.

Política Monetária = para qualquer nível de preços, na nova curva de demanda teremos taxas de juros menores associadas a um mesmo nível de renda, ie, o crescimento da demanda se dará com um aumento do investimento.

Política Fiscal = nível de preços dados, na nova curva de demanda, tem-se taxas de juros mais elevadas associados aos respectivos níveis de renda, ie, o crescimento da renda se faz acompanhado de uma maior participação do governo na demanda, uma vez que o investimento se retrai em decorrência do aumento da taxa de juros.

Page 19: Curso Macro II

Macro II

Os principais pontos destacados em relação à curva de demanda agregada são:

(i) A curva de demanda agregada se inclina negativamente, porque uma redução no nível de preços eleva os saldos reais (M/P), reduz as taxas de juros, elevando o nível de equilíbrio dos gastos e do produto.

(ii) Tanto uma política monetária como uma política fiscal expansionista deslocam a curva de demanda agregada para cima e para a direita, elevando o nível de equilíbrio dos gastos e do produto a cada nível de preços.

Page 20: Curso Macro II

Macro II

Efeitos decorrentes da variação de preços no modelo IS-LM: EFEITO PIGOU

C = Co + c(Yd)

Para Pigou, o consumo agregada também depende do estoque real de riqueza (W/P), então,

C = Co (W/P) + c(Yd)

C = f (Yd, W/P)

Como o volume real de moeda faz parta da riqueza dos agentes, afetando a posição da curva LM, e a riqueza afeta o nível de consumo, o saldo real de

moeda afetará também a posição da curva IS.

Page 21: Curso Macro II

Macro II

Uma queda no nível de preços tem um impacto imediato, provocando deslocamento para direta da curva LM. Esse aumento dos saldos reais amplia a riqueza dos indivíduos. Isto faz ampliar o consumo autônomo, deslocando a curva IS para a direto, ampliando o impacto expansionista de preços.

Com o efeito Pigou, a curva de DA tende a ser mais achatada, uma vez que, agora, a variação dos preços tende a afetar a demanda por dois mecanismo;

(i) O nível de investimento pelo impacto da variação dos saldos reais na taxa de juros;

(ii) e o nível de consumo em decorrência do efeito riqueza.

O efeito riqueza tende a diminuir a variação da taxa de juros.

Page 22: Curso Macro II

Macro II

Efeitos decorrentes da variação de preços no modelo IS-LM: EFEITO FISHER

Com a variação de preços, i ≠ r,

i = r + π

No entanto, os agentes passam a operar com uma expectativa inflacionária.

i = r + πe

“ao negociar a taxa de juros nominal que será aplicada a um determinado título, os agentes estão interessados na taxa real de juros que desejam, ie, no incremento de poder de compra.”

Com base na taxa real de juros desejada ex ante e da inflação esperada, defini-se a taxa nominal de juros.

A taxa real de juros efetiva só será conhecida ex post, ao conhecermos a inflação, ocorrida no período de aplicação. Caso πe ≠ π, a taxa real de juros ex ante será diferente da ex post.

Page 23: Curso Macro II

Macro II

A taxa de juros relevante é a nominal, que representa o diferencial de rentabilidade real entre a moeda e os demais títulos, ie, reflete o custo de oportunidade de reter moeda.

No caso da Decisão de Investimento, a taxa de juros relevante é a real, uma que ao decidir pela ampliação da capacidade produtiva, o empresário compara a produção adicional gerada pelo equipamento frente ao seu custo real.

Assim, a curva IS estipula uma relação entre a taxa real de juros e o nível de renda, já a curva LM também estabelece uma relação entre as mesmas variáveis, mas considera a taxa nominal de juros.

Entao, temos:

Curva IS: Y = α(A - di + dπe)

Curva LM: M/P = L(Y,i)

Page 24: Curso Macro II

Macro II

Efeito FisherPara dada taxa nominal de juros, a taxa real de juros será tanto maior quanto

maior a expectativa inflacionaria.

Casos extremos do Efeito Fisher: Clássico e Armadilha da Liquidez.Caso ClássicoUm aumento da expectativa inflacionária será totalmente repassado à taxa de

juros nominal, mantendo inalterada a taxa real de juros, logo, não provocará impacto sobre o nível de renda e emprego.

Armadilha da LiquidezNessa situação, um aumento na expectativa de inflação provocará uma

redução de igual magnitude na taxa real de juros.

Efeito Fisher e a Deflação.Neste caso ocorre o oposto de uma expectativa de inflação positiva. As taxas

nominais de juros se reduzirão e as taxas reais de juros se elevarão, provocando queda do investimento, do emprego e da renda.

Page 25: Curso Macro II

Macro II

Macro-Economia Aberta

Quando um a economia é aberta, o país realiza uma série de transações econômicas com residentes e não residentes, tanto por meio do comércio de bens e serviços quanto com ativos (investimentos diretos e indiretos, endividamento externo, colocações de papeis no exterior, etc).

As transações internacionais permitem uma série de ganhos de eficiência, tais como:

I – aumento da produção com aumento do bem-estar do país;

II – diversificação dos produtos a que os cidadãos tem acesso;

III – Diversificação de portfólio dos agentes, reduzindo-se o risco;

IV – possibilidade de antecipação do consumo futuro pelos residentes, recorrendo ao endividamento externo;

V – Ampliação da concorrência nos mercados domésticos, limitando o poder de oligopólios e monopólios.

Page 26: Curso Macro II

Macro II

A partir dos determinantes do saldo da conta Corrente e da conta Capital, a determinação da taxa de juros (doméstica) e da renda nacional no modelo IS-LM com a inclusão do mercado externo (economia aberta) é alterado.

Surge uma análise macroeconômica mais complexa, e verificaremos também o impacto das políticas econômicas sob diferentes regimes cambiais e mobilidade de capitais.

Taxa de Câmbio:,

Mostra a relação de troca entre duas unidades monetárias diferentes, que pode ser chamado também de Taxa de Câmbio Nominal. A quantidade física que entra e sai (fluxo) na economia é quem determina essa taxa.

Valorização/Desvaloriazação Nominal.

A Taxa de Câmbio Real corresponde ao preço relativo entre o produto nacional e o estrangeiro, esta relacionada aos fluxos comerciais entre países.

θ = EP*/P

Apreciação/Depreciação da taxa real de câmbio

Page 27: Curso Macro II

Macro II

REGIMES CAMBIAIS

Regime de taxa flutuante de câmbio: a taxa de câmbio se ajusta livremente (e instantaneamente) para equilibrar o mercado de divisas. Neste regime não há intervenções do Banco Central.

Regime de taxa de câmbio fixo: O Banco Central determina o valor da taxa de câmbio, e se compromete a comprar e vender divisas à taxa estipulada. Nesse regime, o Banco Central deve possuir moeda estrangeira em quantidade suficiente para atender a uma situação de excesso de demanda por esta moeda à taxa estabelecida, bem como deve aceitar a perda de graus de liberdade na condução da política monetária, adquirindo qualquer excesso de oferta de moeda estrangeira. Portanto, uma vez fixada a taxa de câmbio, o Banco Central atua no sentido de garantir essa taxa.

Flutuação Suja (Dirty Floating)

Bandas Cambiais

Taxa de câmbio real fixa/minidesvalorização

Page 28: Curso Macro II

Macro IIA Conta Corrente e o Movimento de Capitais Setor externo:Setor real = Mercado de bens e serviços,

X = f (Y*,E)M = f (Y, E)

Setor monetário e financeiro A mobilidade de capital tende a seguir a condição de arbitragem:r = r* + expectativas de desvalorização da taxa de câmbio nominal + custos

de transação + risco país.Considerando livre mobilidade de capital, ie, inexistindo custos de transação

para a negociação com ativos entre os países, e que não haja riscos, a condição de arbitragem restringe-se à igualdade entre as taxas reais de juros interna e externa, quando expressa na mesma moeda. Se o retorno interno superar o internacional, haverá um grande fluxo de recursos para o país, tal que o diferencial tenderá a ser eliminado.

Portanto, o movimento de capitais depende basicamente do diferencial entre as taxas de juros nos diversos países.

Page 29: Curso Macro II

Macro IIModelo de determinação da Renda com a Economia AbertaIntroduzindo o setor externo no Modelo Clássico:

Considerando uma economia aberta de pequenas dimensões, cuja demanda ou oferta de capitais não afeta a taxa de juros internacional.

No modelo clássico, ou a chamada economia no LP, em que todos os preços são flexíveis, o produto da economia é determinado pelo estoque de fatores de produção existentes.

No LP todos os preços são flexíveis, então, o equilíbrio se dará em uma situação de pleno emprego de fatores, ou seja, o nível de produto pe dado por fatores reais, independente de variáveis monetárias, e a demanda sempre ajusta a oferta.

Com base nas identidades extraídas do SCN, temos:

Y = C + I + G + (X-M)

Y – C – I – G = (X-M)

C + I + G = Absorção Interna ou doméstica, assim, o saldo em Cta Corrente (X-M) corresponde à diferença entre a produção interna e a absorção doméstica.

Page 30: Curso Macro II

Macro IIPortanto, se um país absorve mais do que produz, essa diferença será suprida

pela oferta de produtos estrangeiros, gerando um déficit em Transações Correntes. Se a absorção for inferior à produção, ocorrerá um superávit em Cta Corrente.

Somando e subtraindo a T,

(Y – C – T) + (T – G) – I = X – M

Y – C – T = Sp

T – G = Sg

Sp + Sg = S

Sp + Sg – I = X – M

S – I = X – M

Assim, o saldo das Transações Correntes (X-M) iguala a diferença entre a Poupança doméstica (S) e o investimento na economia (I).

Se S > I = Superávit em Transações Correntes

Se S < I = Déficit em Transações Correntes

Page 31: Curso Macro II

Macro II

Se I > S, o país deverá recorrer à poupança externa para financiá-la, ie, deverá haver entrada de capitais externos no país para viabilizá-la. A Cta Capital então deverá ser superavitária. O país receberá poupança externa.

Se S > I, haverá um excedente o qual o país buscará oportunidades de investimento em outros países, com o que a Cta Capital será deficitária, havendo portanto transferência de poupança interna para o resto do mundo.

(S-I) corresponde ao saldo da Cta Capital do BP com sinal investido.

Supondo livre mobilidade de capitais não qual todos os países possuem acesso ao mercado de capitais internacionais, considerando o caso de uma economia pequena a qual não influi a taxa de juros internacional. Logo, a taxa de juros internacional é dada para essa economia. Ela tomadora de preço “juros”.

O saldo das Transações Correntes dessa economia será determinada pela diferença entre a poupança e investimento, ie, o saldo da Cta Capital a esta taxa de juros dada pelo mercado internacional.

I = f ( r )

Page 32: Curso Macro II

Macro II

No LP:

S = Y – C

Sendo: C = C( Y )

Y = f (K,L)

S é independente de r

Como a economia (pequena) tem livre acesso ao mercado de capitais, temos:

r = r*

I = f (r* )

O saldo da Cta Capital será dado por:

I (r* ) – S

Como o saldo em Cta Corrente (TC) é o da Cta de Capital com Sinal invertido, tem-se:

TC = S – I ( r* )

Para S = f (r* ) tem-se

TC = S (r* ) – I (r* )

Ver figura 6.1

Ver figura 6.2

Page 33: Curso Macro II

Macro II

Determinação da taxa real de câmbio:

A cta capital reflete as condições de financiamento da economia frente às oportunidades de Investimento.

O capital flui para os locais em que encontra melhores oportunidades de valorização.

Já a cta corrente, com o nível de renda dado, dependerá basicamente da taxa de câmbio real. Quanto mais valorizada a taxa de câmbio, mais caro será o produto doméstico frente ao internacional, deteriorando o saldo em transações correntes, e vice-versa,

(X – M) = TC = TC(ε)

Dada a taxa de juros internacional e o nível de renda, a taxa real de câmbio será determinada de tal modo a garantir a igualdade entre o saldo da conta de capital e da conta corrente (com sinais invertidos)

Ver figura 6.3 – Determinação da taxa de câmbio real. Modelo clássico com pequena economia aberta.

Page 34: Curso Macro II

Macro II

O saldo em cta corrente é determinado pela poupança e pelo investimento (absorção interna). A taxa de câmbio real faz com que a oferta ou demanda de divisas pelas transações correntes iguale a demanda ou a oferta de divisas pela cta de capital.

Analisando como as diversas políticas econômicas podem afetar o saldo em cta corrente e a taxa de câmbio real neste modelo.

No modelo clássico a política econômica não afeta o nível de produto, que é

dado pelo estoque de fatores de produção e, a moeda afeta apenas as variáveis nominais, não tendo qualquer impacto sobre variáveis reais.

Assim, a política monetária, numa economia aberta, só afetaria a taxa de câmbio nominal, que acompanharia a alteração nos demais preços nominais, de modo de manter-se a taxa de câmbio real constante.

S – I = X – M

(Sp + Sg) – I = (X – M)

(Y – C – T) + (T – G) – I = (X – M)

Page 35: Curso Macro II

Macro IIFigura 6.4 – Efeito de uma política fiscal doméstica expansionista sobre (a) saldo em

transações correntes e (b) taxa de câmbio real. Ambos no modelo clássico com pequena economia aberta.

A política de estímulo ao investimento também ampliará a absorção interna vis-à-vis o produto. No modelo clássico, para se melhorar o saldo em cta corrente, as políticas devem controlar os gastos, ampliando o nível de poupança interna, sem o que não se consegue melhorar saldos em cta corrente.

Uma política comercial (protecionista), no modelo clássico, acarretará uma redução do comércio internacional. O país exportará e importará menos do que antes, levando a uma perda de eficiência. O saldo em cta corrente não melhorará e apenas o câmbio se valorizará.

Figura 6.5 – Efeito de uma Política aduaneira doméstica protecionista sobre (a) saldo em transações correntes e, (b) taxa de câmbio real. Modelo clássico com pequena economia aberta.

Page 36: Curso Macro II

Macro II

Impacto de políticas fiscais no resto do mundo sobre o saldo em cta corrente e a taxa de câmbio do país.

Resultado: elevação na taxa de juros internacional => redução no investimento doméstico (Brasil)

Figura 6.6 – Efeito de um política fiscal do resto do mundo expansionista sobre: (a) saldo em transação corrente e (b) taxa de câmbio real. Modelo clássico com pequena economia aberta.

Portanto, no modelo clássico, alterações no saldo em cta corrente dependem exclusivamente de alterações no nível de poupança e de investimento interno, e a taxa de câmbio real será determinada pelo equilíbrio entre a conta corrente e cta capital ( com sinais invertidos).

Page 37: Curso Macro II

Macro II

Economia Aberta no Curto Prazo,“quando os preços são rígidos e o produto pode alterar-se.”

Curvas IS-LM para uma economia aberta

Page 38: Curso Macro II

Macro IIA Política Monetária e o Modelo Mundell-Flaming

A Política Econômica em uma Economia Aberta sem Mobilidade de Capital, com o Câmbio Fixo;

A Política Econômica em uma Economia Aberta sem Mobilidade de capital com o Câmbio Flutuante;

A Política Econômica em uma Economia Aberta com Mobilidade de capital com o Câmbio Fixo;

A Política Econômica em uma Economia Aberta com Mobilidade de capital com o Câmbio Flutuante;

Page 39: Curso Macro II

I - A Política Monetária e o Modelo Mundell-Flaming

I.1 A Política Econômica em uma Economia Aberta sem Mobilidade de Capital

Operando com o Câmbio Fixo

O saldo da conta de capital é considerado nuloO saldo das transações correntes não são afetadas diretamente pela taxa de jurosVariações no saldo do Balanço de pagamentos serão compensados por variações nas reservas internacionais, que por sua vez, provoca variações na base monetária

da economia.

Efeito de uma Política Monetária Expansionista:Em um regime de taxa de câmbio fixo, a Política Monetária expansionista é inócua para elevar o nível de emprego e renda, seu resultado é um nível de

reservas internacionais mais baixo.

Page 40: Curso Macro II

A Política Econômica em uma Economia Aberta sem Mobilidade deCapital

Operando com o Câmbio Flutuante

Nesse regime de taxa de câmbio o Banco Central não usa as reservas internacionais para intervir no mercado de câmbio.

Efeito de uma Política Monetária Expansionista:

No regime de câmbio flutuante a taxa de câmbio é um mecanismo de transmissão da política monetária, assim a política monetária pode ser ativa e eficaz para elevar

o nível de renda e emprego.

Page 41: Curso Macro II

A Política Econômica em uma Economia Aberta com Perfeita Mobilidade de Capitais

Operando com câmbio Fixo

Os ativos financeiros domésticos e externos são substitutos perfeitos.O retorno das aplicações em títulos de diferentes países é dado pela taxa de

juros.O Balanço de Pagamentos tem um sensibilidade infinita em relação à diferença entre os retornos oferecidos pelos ativos financeiros internos e externos, qualquer desvio da taxa de juros interna em relação à externa

produz uma entrada ou saída líquida de capitais.

Efeito de uma Política Monetária Expansionista:

No regime de câmbio fixo a Política Monetária perde sua autonomia para estimular a economia.

O resultado foi a redução das reservas internacionais no Banco Central

Page 42: Curso Macro II

A Política Econômica em uma Economia Aberta com Perfeita Mobilidade de Capitais

Operando com câmbio flutuante

A autonomia e a eficácia da Política monetária é recuperada com a adoção da regime de taxa de câmbio flutuante.

O banco Central não intervém no mercado de câmbio, e as suas reservas não se alteram.

O Balanço de Pagamentos está sempre, por definição, em equilíbrio.

Efeito de uma Política Monetária Expansionista:

O impacto da política monetária expansionista nesse arranjo institucional faz a economia crescer inicialmente estimulada pela queda dos juros, e logo em

seguida pelo impulso adicional da desvalorização cambial sobre as exportações líquidas.

No final do processo, a taxa de câmbio estará mais alta, e o Balanço de Pagamentos tão equilibrado quanto no inicio, apresentará uma composição

mais favorável as transações correntes e um menor ingresso de capitais.

Page 43: Curso Macro II

A Política Monetária e o Modelo Mundell-Flaming

A política monetária em uma economia aberta, com perfeita mobilidade de capitais, é totalmente impotente para afetar a renda e o emprego num regime de câmbio fixo, mas se torna muito eficiente num regime de câmbio flutuante.