cova junho/2016

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ANO ? / NÚMERO 1 - 400 EXEMPLARES R$0,00 (?) “EU TORNEI A PISAR NA COVA DELA...” O ITA ESTÁ EM RUINAS ? pg.2 10 SOBRE ESTAR NO LUGAR CERTO NA HORA CERTA POR ADAUTO BRAZ EMPREENDEDORISMO 14 SAIA DA BOLHA! POR LINCON BROEDEL BIZUS 9 OS TEMPOS DE HTS POR WALTER MARINHO HISTÓRIAS 13 ACEITAÇÃO E RESPEITO POR RAFA AGITA 13 ONDE VOCÊ QUER ESTAR EM 5 ANOS? POR RODRIGO AMORIM ESPECIAL 5 UM POUCO MAIS SOBRE A INICIATIVA POR LINCON BROEDEL ITANDROIDS

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ANO ? / NÚMERO 1 - 400 EXEMPLARES R$0,00 (?)

“EU TORNEI A PISAR NA COVA DELA...”

O ITA ESTÁ EM RUINAS ? pg.2

POR WALTER MARINHO, T20

10SOBRE ESTAR NO LUGAR CERTO NA HORA CERTA POR ADAUTO BRAZ

EMPREENDEDORISMO 14SAIA DA BOLHA!POR LINCON BROEDEL

BIZUS

9OS TEMPOS DE HTSPOR WALTER MARINHO

HISTÓRIAS

13ACEITAÇÃO E RESPEITOPOR RAFA

AGITA

13ONDE VOCÊ QUER ESTAR EM 5 ANOS?POR RODRIGO AMORIM

ESPECIAL5UM POUCO MAIS SOBRE A INICIATIVAPOR LINCON BROEDEL

ITANDROIDSCARTAS15A COVA - JUNHO/2016 - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Minha terra tem palmeirasOnde sofre o bixaralTem capivara no laguinhoE até dentro do Villareal

Nosso teto tem mais goteiras,Nossas vagas têm mais mofo,E o mofo infiltradoDá mais vida ao cafofo.

Em cantar "A Cova", à noite,No feijão do bloco A;Faço grandes correntezas,Té o profeta acordar.

Minha terra tem CPOR,Onde aprendi a marcharficar em sentido, prestar continênciaE nas palestras, torar; Às vezes sou canetado,Mas... "tá na chuva é pra se queimar".

Não permita Deus que eu morraSe o FUND desabarSem que disfrute da MAT-12 Que tem por função nos sugar;Sem qu'inda escreva a históriaQue aos próximos bixos hei de contar.

Canção de todo bixo

Glossário do iteano

CLASSIFICADOS

ANUNCIE AQUIANUNCIE AQUANUNCIE AQANUNCIE AANUNCIE

A COVA - JUNHO/2016 - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

COVEIROSIann LibosJoão CortezLeonardo CunhaLincon BroedelRodrigo Amorim

COLABORADORESAdauto BrazDaniel VasconcelosGabriel MeloLincon BroedelLuciano HolandaRafaela GodoyRodrigo AmorimWalter Marinho#Hayek

1 14BIZUS

Assim explica o dicionário do Iteano, vulgo wikita, Mocado: Diz-se daquele estranho ser que não mantém contato com elementos da sua espécie.Transitando apenas do seu quarto no H8 para o ITA, com eventuais paradas no H15, o mocado é um desconhecido em sua própria turma.Também são consid-erados mocados os que estudaram no ITA e nunca mais deram notícia. Há sérias evidências que alguns destes retornaram ao seu planeta de origem. É de se observar, dessa forma, que tamanha é a quantidade de iteanos que compartilham das mesmas características que cunhou-se tal termo "mocado" para designá-los. Sabendo dessas propriedades de nossos alunos, aqui vão algumas dicas para "desmocar" e sair da bolha do H8:

Dicas para sair da bolhaPOR LINCON BROEDEL, T20

Para os jogadores de sinuca o Território na vila Ema concentra um público bastante jovem e alterna-tivo e é "o melhor" lugar de São José dos Campos para os jogos de bilhar.

A COVA - JUNHO/2016 - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Os apreciadores de Rock e motociclismo também não ficam de fora com o Moto Bar na rua Nelson D'ávila no qual até os garçons entram no clima motociclístico. No penúltimo fim de semana (28 e 29 de maio) o bar fez uma parceria com um grupo de Globo da Morte e a atração contou com quatro motos dentro do globo que se situava dentro do bar.

Ela voltou! Mas será que ela já foi? Fundada com o nome inicial de “Boletim A Cova Dela”, em maio de 1988, com a intenção de despertar os iteanos para os problemas da época, “A Cova” tem sido constantemente revivida pelas gerações dessa instituição. Isso nos deixou intrigados. O que esse jornal tem de tão especial para que seja revisitado de tempos em tempos? Ainda não conseguimos responder essa pergunta, mas podemos fazer uma analogia para tentar explicar nossa motivação. O Hobbit termina com Bilbo escrevendo suas memórias, com um subtítulo intrigante: “Lá e de volta outra vez”. Sinalizando que a toca de um hobbit é um bom lugar para retornar. Mas, depois de uma aventura, o lugar pode ser o mesmo, mas você já não é a mesma pessoa. Ele tem de lidar com a nostalgia. Do mesmo modo que não pode voltar a ser criança, não há como voltar para aquele estado de ignorante inocência. Ele viu o mundo. É um senti-mento de perda, mas também de novos significados e valores. Assim é “A Cova”. Apesar das mídias digitais dominando a comunicação, o bom e velho jornal do iteano ainda tem o seu valor. É o lugar para onde podemos retornar, revisitar memórias de turmas passadas e mostrar o que aprendemos para os próximos bixos. É onde podemos ser escritores, artistas e poetas. Cartear mas também passar o bizu. Mostrar o nosso mundo à todas as gerações de iteanos. Deixar a nossa marca na história desse instituto. “A Cova” nunca se foi. Mas algum dia ela vai ser revisitada. Guarde daqui o que é essencial. Saia do macaco. Fique livre para fazer a sua própria leitura, crítica ou texto, mas não deixe de ler. E, como diria Gandalf, “saiam de suas tocas, seus tolos”!

Nesse clima temático não podemos nos esquecer do Gato Tequila, antigo El Gato, na rua do Guten e em frente ao mirante, que é um restaurante mexicano até meados das 22:00 e 23:00 e depois se torna um "bar balada", o que se configura um dos melhores lugares para tomar tequila da cidade.

Na mesma rua do Gato Tequila temos o Aldeias da Lapa, com tema voltado para a cultura carioca com representações dos arcos da lapa e do Cristo. Divide-se em três ambientes: o bar, onde, geralmente, há MPB ao vivo e em algum momento da noite é distribuí-do instrumentos de percussão para que o público toque juntamente ao cantor; a choperia e a churrascaria.

SUMÁRIO

EDITORIAL

Lá e de volta outra vez

CAPA ........................................................................................................... 2OPINIÃO .................................................................................................... 3ITANDROIDS ........................................................................................... 5ESPECIAL ................................................................................................ 7HISTÓRIAS .............................................................................................. 9EMPREENDEDORISMO ................................................................... 10AGITA ......................................................................................................... 13BIZUS ........................................................................................................ 14CARTAS .................................................................................................... 15

Ajude-nos a construir este jornal,

SEJA UM COLABORADOR!Qualquer um pode contribuir, desde alunos a professores. Bixos a Titãs.Envie o que quiser: texto, opinião, sugestão, feedback, nos conte o que sua iniciativa está fazendo, bizus de mercado financeiro, investimentos, engenharia, oportuinidades, Cs, Dota, ...

Qualquer assunto é bem-vindo!

[email protected]

2CAPA

“Bixo, no meu tempo...”A COVA - JUNHO/2016 - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS13

AGITA

Aceitação e respeito no H8 No natal eu vejo geral recla-mando das perguntas de tia “e as namoradinhas?”. Acho engraçado ver o pessoal desesperado por estar solteiro e não saber explicar isso pra família. Agora imagina o desconforto dessas perguntas quando você é um LGBT no armário. Imagina seus pais, irmãos, amigos próximos e colegas de trabalho perguntando sobre a sua vida amorosa e você sem poder explicar que não vai arranjar namoradinho porque só sente atração por mulheres. Climão né? Quando eu estava no armário lembro que cada passo parecia crucial. Contar pra um amigo só depois de muito estudo, escolha de palavras certas e treino pra controlar o nervosismo. Família então, sei nem explicar. Lembro de sentir tudo muito intenso, o nervoso me fez chorar antes de conseguir falar uma só palavra e olha que minha família é das mais tranquilas. Mesmo com o amor incondicional e compreensivo dos meus pais, lembro que ouvir decepção na voz me pegou de surpresa, não tinha como estar preparada praquilo. Acho que por isso o H8 representa minha liberdade. Primeiro lugar que me assumi publicamente, fiz questão que todo mundo soubesse: sou sapatão. Cara, que alívio. Ninguém perguntando qual menino eu to de rolinho, alguns vindo pra saber quais meninas eu achava

POR RAFA, T18’

A COVA - JUNHO/2016 - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

gostosa, outros me parabenizando pelas meninas com quem eu ficava, “Rafa é das nossas, pega mais mulher que muito iteano”, “dá umas dicas aí”, “olha esse vídeo dela beijan-do fulana”. Até que eu parei e reparei que meus amigos gays não estavam recebendo o mesmo “respeito” que eu. Reparei que estava cansando de dar desculpas pra não comentar sobre o corpo das minhas amigas iteanas. Reparei que não aguentava mais empurrar cara bêbado em festa porque ele não parava de incomodar eu e a menina com quem estava ficando. Reparei que não era aceitável a menina ser incomodada e eu explicar “haha é meu amigo, tá me zoando só”. Eu não era aceita porque sou uma pessoa. Eu não era aceita porque as pessoas conseguem acol-her a todos independente de orien-tação sexual. Eu era aceita porque minha vida era o que eles gostavam de ver. Enquanto isso, todos viraram pro lado quando viam dois rapazes se beijando, quando meu amigo afeminado chegava de salto e vesti-do no rolê. Eles faziam rodinha me pedindo pra falar de sexo enquanto meu amigo era “desnecessário” por falar da bunda de um cara. Eu não era aceita, eu não era respeitada, eu era fetichizada. Como muitos lugares, o H8 é educado com os gays, mas não está

livre da homofobia e do machismo. É ok eu desrespeitar uma mulher, masnão é ok meu amigo se rebaixar a papéis femininos. É ok ter 10 gays na minha turma, mas bem que todos podiam se portar como o fulano, né? Fulano é masculino, sai com os héteros no pub, mal dá pinta e até fala TOP com a galera. Eu me enver-gonho do tempo que levei pra notar isso, mas essa ideia está tão enraiza-da na gente que até LGBTs repro-duzem homofobia, já reparou naquele gay falando que gosta de homem, não de bixinha? Pois é. O que é necessário em todo espaço majoritariamente hétero não é esse tipo de aceitação heteronor-mativa. Não é chegar no LGBT e falar “tudo bem ser X mas se com-porte Y”. É necessário respeito. Entender que esse incômodo que sentimos não é culpa do viadinho que força a barra, mas da sociedade que não nos permite aceitar o difer-ente. Entender que uma turma de 120 pessoas com 3 gays não é T-Fruta, que a sapatão não tá ali pra te deixar excitado, que não devemos esperar que os membros da AGITA se comportem de determinada forma porque cada um ali é uma pessoa com suas características e só nos cabe abraçá-las como abraça-mos cada uma das infinitas peculiari-dades do nosso H8.

Nos últimos tempos essa frase dita por tantos veteranos vem ganhando cada vez mais força e motivos para ser dita. É verdade que algumas mudanças são positivas, por exemplo, não ir para o rancho pelo raiz de dois em troca de um novo prédio do FUND é um grande avanço (se a construção realmente for concluída, claro). Mas, infeliz-mente, temos uma predominância de mudanças negativas no contexto que vivemos. “Bixo, no meu tempo eu comprava café, por uma pequena fortuna, no Bigode, uma cantina que ficava na Ala zero”. Essa frase vai entrar para o nosso vocabulário, infelizmente. No dia 03 de maio de 2016 aconteceu o término da inter-dição da Ala zero, que, por problemas estruturais graves, não pode mais receber pessoas em seu prédio. Nós já temos diversos problemas de cunho acadêmico (não é necessário nem entrar em detalhes, da T-50 a T-20, vamos deixar essa para outro momento? Levaria uma edição intei-ra d’A Cova), problemas estruturais surgiram desde o aumento de vagas mal organizado, mas agora temos um prédio caindo?! Com esse apar-ente estopim, muitos dos alunos atuais já se perguntam: O ITA ESTÁ EM RUÍNAS? Nós passamos por dificul-dades que não deveríamos ter que passar, sempre nos perguntamos o

POR DANIEL VASCONCELOS, T18’

porquê de termos que nos submeter a tais regras e problemas esdrúxulos. Mas existe algo, desde o dia 16 de janeiro de 1950, data da fundação da nossa escola, que nos faz não apenas aguentar os 5 anos de curso, mas também passar o resto de nossas vidas sendo saudosos ao ouvir o nome “ITA”. Sem dúvida, esse “algo especial” vem das pessoas que convivemos desde nossa aprovação no vestibular, nossa turma, nossos bixos e nossos veter-anos.

Exemplificando nossa segu-rança em admitir isso: “Bixo, no meu tempo eu virava noites para concluir o projeto do Aerodesign, mesmo nos exames, até fomos campeões e fomos para os EUA representar o Brasil”,”Bixo, eu tenho DC”, “Bixo, no meu tempo eu organizei o Feirão de Carreiras até durante a oitava semana”, “Bixo, no meu tempo eu resolvia todas as listas de MAT-22 pro pessoal que tinha dificuldades”, “Bixo, eu dava aula pra minha turma no Gagá-8 a noite inteira”, “Bixo, me acordavam na madrugada para ajudar no lab e eu nunca voltava a

dormir enquanto o programa não estivesse funcionando.” Com orgul-ho, frases como essas fazem parte do nosso vocabulário há anos e não representam mudança alguma, mas sim o que queremos que se perpetue em todas as turmas de iteanos que estão por vir. O ITA não está em ruínas. Temos muitos problemas, isso é verdade. Mas é verdade também que iremos cobrar os responsáveis, dar sugestões de melhorias e trabalhar sempre para que eles sejam solucio-nados da melhor forma possível. Uma coisa que sabemos é que a situação ideal não existe, mas quere-mos nos aproximar ao máximo dela. E queremos já. Nesse texto repleto de pala-vras negativas e informações tristes, finalmente posso dizer-lhes algo bom: Os iteanos somos nós, felizmente.

Sim, nós somos o pilar mais importante e mais forte do ITA, livre de problemas estru-turais e de riscos de ruir.

“Bixo, no meu tempo eu tornei o ITA um lugar melhor. Mãos à obra.”

12EMPREENDEDORISMOA COVA - JUNHO/2016 - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS3

OPINIÃOA COVA - JUNHO/2016 - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

ITA x DCTAPOR #HAYEK

O que torna uma instituição de ponta? Primeiramente diria que é o valor que ela cria para a sociedade. Sem dúvida isso é um parâmetro importante. É inegável que o ITA cria, e criou, já muito valor. Só para se ter uma idéia, o valor já gerado em impostos pela Embraer seria suficiente para financiar o ITA pelos próximos 900 anos. Além disso, são corriqueiros prêmios em com-petições internacionais para alunos da graduação em matemática, robótica, computação e campos muito diversos. Sem falar no valor intrínseco dos aproximadamente 100 engenheiros formados todo ano. Outra coisa que torna uma instituição de ponta é o seu nome. E como é forte o nome do ITA! Atire a primeira pedra o leitor que já não usou o nome do ITA pra bizurar alguma situação ou processo seleti-vo. Pelo menos eu já fiz isso mais de uma vez. Para dar um argumento sobre a força do nome do ITA menos etérea, tem uma tal revista coxinha de grande circulação que insiste em nos chamar de "reduto de competência". Outro ponto que considero importante para uma instituição ser considerada de ponta é a sua inde-pendência. Dentro do possível, o ITA tem muita independência. Para

quem não sabe, boa parte do dinheiro da escola, pelo que me consta algo em torno de 40%, não vem da aeronáutica, mas sim de doações e outros meios via a fundação Casimiro. Além disso, mesmo com a atual crise financeira do país, possivelmente as obras do novo FUND estarão terminadas até o final deste ano, o que é realmente incrível, pois o governo federal (em conseqüência também a FAB) está na merda em verdadeira grandeza. Em comparação, quão de ponta é o DCTA se dele excluímos o ITA? A minha impressão é que, sem o ITA, o DCTA se torna um reduto de incompetência e morosidade. Um grande conjunto de engenheiros de alto padrão jogando paciência misturados entre elementos de um quartel padrão da aeronáutica (que desliga a iluminação do COCTA nas quintas, pois não tem verba para luz). É claro que existem exceções ¹. Existem, pois, dentro de alguns insti-tutos do DCTA redutos de tão alta ou maior competência que o próprio ITA ². Mas isso não me parece muito recorrente, principalmente depois de falar com alguns tenentes recém formados. Além disso, quem conhece o DCTA fora do circulo da aeronáutica? Praticamente ninguém. É uma sigla sem apelo. Inclusive, muitos de nós que estudamos hoje

no ITA, me incluo nessa, nem conhecíamos a sigla DCTA antes de chegarmos no ITA. O pior é que o DCTA parece esnobar o ITA. Quantas vezes já aconteceu uma reunião do diretor do DCTA com os alunos para recolher reclamações e críticas a sua adminis-tração? Pelo que me recordo, nunca. De quem o DCTA ficou do lado quando o CPOR tratou os alunos do primeiro ano (e também do segundo que estavam "perdendo as suas férias") com extrema intransigência? Quantas vezes já encontramos animais no meio dos vegetais do rancho? Alguém do GIA/DCTA veio se retratar com os alunos? Eu não me lembro. Perceba que nem todos esses problemas de relacionamento derivam da falta de verba, muitos deles são pura e simplesmente falta de vontade mesmo. Como se diz no jargão: é pura cagância! A minha impressão é que o ITA é muitas vezes tratado como um estranho no ninho (quando, na verdade, somos os ovos de ouro do ninho). Só para trazer um professor estrangeiro para dentro do ITA/H8 ³ (pelo empecilho de passar pela portaria) já é um parto. O que fazer então? Entrar em conflito direto com a administração do DCTA? Obviamente que não. Primeiramente porque isso seria, no

Minha experiência: MaestroPOR LUCIANO HOLANDA, T16’

Primeira coisa que eu pensei quando pediram pra escrever esse texto foi: “Nossa, mais difícil que escrever descrição no Orkut” e quase desisti na hora =p. Ai pensei, vivemos em um país que tem uma das mais baixas taxas de lançamen-tos de novos produtos e isso ainda é pior quando o assunto é tecnologia. Se der pra motivar pelo menos uma pessoa, já consegui algo legal. Então vamos lá, né? Na minha vida, empreende-dorismo sempre foi mais consequên-cia do que decisão pensada. Camin-hei nessa direção por enxergar que seria o lugar onde eu poderia:1. Aprender mais 2. Impactar mais3. Criar algo útil pra um grande número de pessoas Sempre se resumiu a isso pra mim e simplesmente pareceu o próximo passo que deveria ser tomado. Hoje em dia, que vivencio, tenho experiência e conheço cada vez mais de outras áreas do merca-do, mantenho minha opinião: acredi-to que estou fazendo o melhor que podia fazer! Comecei a entender e ver o que era empreendedorismo na práti-ca quando assumi, aqui no ITA, o eITA, nosso querido e amado centro de empreendedorismo. Na época, ele estava em um período crítico que parecia apontar para um final iminen-te e eu senti que deveria fazer algo.

Lá dentro, tive uma experiência bem-legal de como seria gerenciar uma startup e conseguimos até mais do que eu esperava - trazendo eventos que: juntaram vários dos iteanos empreendedores com grandes fundos de investimento (Startups@I-TA); forneceram verbas e experiência para pessoas abrirem empresas, mesmo que na graduação, premian-do os projetos que mais andaram nesse tempo (ITA Challenge) e empolgaram e deram uma primeira experiência com empreendedorismo pros alunos do ITA (eITA MAH!) . Além disso, concebemos o Quero Pronto! e conseguimos uma parce-ria com o CCM que muito ajudou nos nossos projetos. Foi uma experiência intensa que criou um brilho forte nos meus olhos, me preparou e foi o que me deu cora-gem pra enfrentar o desafio de tentar levar a Urbbox com o Abraão (T13). A Urbbox nasceu como um produto, com o objetivo de tornar a experiência em restaurantes o mais agradável e simples possível, funcio-nando como um garçom digital e sistema de pedidos para todos os tipos de restaurantes. Construindo esse projeto, aprendemos muitos em termos de tecnologia e negócio e acabamos enxergando a possibili-dade de virar uma software house e usar esse nosso conhecimento pra alavancar diversos projetos digitais.

O ITA só sobreviverá se assumir que é maior que o DCTA.Essa visão e o contato forte que a rede do ITA nos trás, nos levou pra Alemanha em 2014-2015 onde desenvolvemos diversos projetos, inclusive pro instituto Fraunhofer IPT e para uma das maiores ferramentar-ias da Alemanha trabalhando com Indústria 4.0. Enquanto isso, man-tivemos clientes no Brasil, como a Impacto Protensão e a Belgo Bekaer. Hoje em dia, fico muito orgul-hoso de dizer que nos aventuramos com mais uma startup que vai de vento em polpa e tem como objetivo melhorar ao máximo a experiência das pessoas no trânsito, a Bynd e os desafios já são outros e ainda maiores! Vivendo essas experiências aprendi muito, tanto tecnicamente, quanto em termos de relacionamen-to e comercial. Construímos produ-tos úteis, tivemos impacto e conhec-emos várias pessoas incríveis. Isso tudo me faz achar, cada vez mais, que vale a pena esse ritmo intenso que é empreender. É isso pessoal, depois de todo esse blá blá blá espero que tenha conseguido empolgar vocês com a minha experiência, a qual espero ainda ser só o começo em uma carreira com a qual já me empolgo muito :D

4A COVA - JUNHO/2016 - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS11EMPREENDEDORISMOA COVA - JUNHO/2016 - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Minha experiência: Cidfoi qualquer motivo bonito como os que vemos serem contados em um vídeo bem produzido sobre a história de um empreendedor. E provavel-mente o deles também não foi tão bonito daquele jeito. Mas todo empreendedor precisa de um bom storytelling para vender seu pitch. E se vender. O que fez com que eu quisesse me jogar de cabeça no QMágico, ainda enquanto bixo do 1º ano, em 2011, foi nada mais do que a ingenuidade da diversão em criar algo que resolvia um problema real de um montão de gente no Brasil. Eu criava um produto que deixava alunos felizes em estudar e aprender matematica. Para mim, era sufici-ente. Tudo que você ouve sobre modelo de negócios, transformar algo em empresa vem depois. Comece com algo que tem dois elementos: sua diversão em construir e o benefício que causa num terceiro. Quanto maiores forem estes fatores, quanto mais de nós estivermos nos engajando com isso, mais empreendedores teremos. E, apesar de controversa, deixo uma opinião forte: vá além da iniciativa. As iniciativas do ITA, hoje, precisam de empreendedores dentro delas. Pessoas que estejam dedicando 2 a 3 anos de suas vidas em questões burocráticas, processos e rotinas estão usando seus tempo de manei-ra pior do que poderiam. No lugar disso, conheça os problemas que

melhor dos casos, inefetivo. Além disso, não combina com a história institucional do ITA. Mas é urgente o ITA mudar sua atitude com relação ao DCTA e a FAB. O primeiro passo é buscar cada vez mais independên-cia financeira. O segundo passo é buscar, dentro dos parâmetros da lei, uma desvinculação maior com a estrutura hierárquica da Aeronáutica. Que tal tornar o ITA uma instituição civil privada e sem fins lucrativos (raio privatizador!!!)? Por último e também importante, seria mudar a especialidade requerida do coman-dante do DCTA de aviador para engenheiro. Em verdade, o ITA/os alunos também têm a sua parcela de culpa. A iniciar pelo golpe que muitos aspi-rantes/tenentes4 dão na FAB. Uma proposta para diminuir a quantidade de golpes seria, uma vez que o ITA virasse uma instituição privada sem fins lucrativos, cobrar uma mensali-dade alta (~4k) para os aspirantes cursarem o ITA. Dessa forma, a FAB poderia deixar de gastar dinheiro duas vezes (uma com o ITA e outra com o salário dos aspirantes) e isso deixaria o golpe menos atrativo. A FAB, ao invés de bancar o ITA, simplesmente contrataria um serviço de formação de engenheiros, pagando uma mensalidade ao ITA e oferecendo o "treinamento militar" (vulgo educação física pemba) em paralelo por meio do CPOR. Por fim, a minha impressão é que se o ITA se apequenar dentro da estrutura administrativa do DCTA, rumamos, inexoravelmente, a sair da ponta tecnológica e inovativa do Brasil e do mundo. Isso seria ruim para o ITA, para os seus alunos, para o DCTA, para a FAB e, mas impor-

tante, para o Brasil.

1. A EMBRAER não se enquadra na categoria de instituto não pemba do DCTA, pois, depois de quase falir dentro da estrutura pública, virou uma empresa privada e administrati-vamente distante do DCTA.2. Eu suponho isso, pois, em verdade, no tempo que estou aqui no ITA nunca vi um desses institutos virar notícia, por exemplo, no Jornal Nacional ou na Veja (como é quase corriqueiro ao ITA). Minha suposição é puramente gaussiana, como o número de institutos tende ao infini-to (para acomodar tanta gente jogando paciência), devem existir alguns institutos bem acima do desvio padrão.3. A professora Eveline que o diga. Uma vez ela me confessou ter tido que chorar para entrar na portaria. Isso é duplamente trágico, quer dizer que por um lado a administração é pemba a ponto de tentar barrar a entrada de alguém que a mais de 20 anos todos os dias entra para dar aula para os alunos ao mesmo tempo que (sem supostamente reconhecê-la) libera alguém para entrar só porque esse alguém estava chorando.4. Pretendo escrever um texto sobre o golpe no futuro.

PS: outro ponto relevante, que não está relacionado intrinsecamente com a pembação do administrativa do DCTA, é que o ITA é hoje uma instituição não teleológica, enquanto todo o resto do DCTA (se funciona-sse corretamente) é (seria) altamente teleológico. Isto torna ainda mais urgente a separação administrativa e financeira.

POR GABRIEL MELO, T15’

Empreendedorismo é uma das palavras da moda - você já ouviu falar isso. Nos últimos anos, surgi-ram inúmeros programas de incenti-vo ao empreendedor, cursos, pessoas apoiando a causa... mas se estamos na faculdade que ser vangloria de ter os alunos mais bem selecionados do país, porque não temos uma geração de empreende-dores, de ideias geniais sendo leva-das à frente? É fácil entrarmos na lista do que não temos no ITA que nos afasta de sermos empreendedores: aulas muito teóricas, carga horária pesada que não permite criar nada, falta de incentivo... Mas não é isso que, para mim, faz com que não tenhamos empreendedores. Veja o laboratório aberto que a eITA trouxe, o container hoje sem uso no h8. O que falta não é estrutura, pois essa se faz possível quando há vontade. O que falta é que o iteano tenha conta-to com problemas do mundo que ele queira resolver. Se debruçar sobre o problema, ainda enquanto está no ITA. Ser exposto a estes problemas do mundo e se sentir responsável e capaz de resolver. É tão simples quanto isso para começarmos. Depois vem todo o resto: como criar um produto, como criar modelos de negócios, como escalar, etc. Para mim, o que me fez estar numa startup, participar desde a criação e dela me tornar sócio não

fazem sua iniciativa não ser a melhor do Brasil, ou ir muito além do que é feito há 20 anos. Não repita, seja empreendedor dentro do que você faz. Vá atrás dos problemas.

*O autor do texto preferiu utilizar um pseudônimo, respeitamos sua escolha.

10EMPREENDEDORISMOA COVA - JUNHO/2016 - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS5

ITANDROIDSA COVA - JUNHO/2016 - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Conhecendo a ITAndroidsPOR LINCON BROEDEL, T20

A ITAndroids é uma iniciativa bem grande nos dias atuais. Contan-do com cerca de 75 alunos de grad-uação segundo últimas contagens, recentemente, alguns membros fora da área de graduação além do Marcos Maximo (Manga), entraram para o grupo. A iniciativa possui cinco projetos relacionado ao futebol de robôs: very Small Size, Small Size, Soccer 2d, Soccer 3d e humanoide. A robótica é multidisci-plinar e a ITAndroids busca valorizar devidamente todas as áreas envolvi-das. Dessa forma, dividem suas áreas oficialmente em Mecânica, Eletrônica, Computação, Controle, Processamento de Sinais e Inteligên-cia Artificial. Devido ao perfil "gaga-zeiro" do iteano, as áreas ligadas à matemática e algoritmos são bem fortes dentro da iniciativa. A ITAndroids se perfaz por um misto de plataforma de ensino e laboratório de pesquisa. Há uma preocupação grande com o desen-volvimento dos membros, assim, existe uma estrutura complexa de projetos que consistem em trein-amentos básicos para alunos do primeiro ano e seis treinamentos avançados nas áreas específicas, onde o aprendizado se dá concomi-tantemente aos trabalhos. Há também grande incentivo a pesquisa através de projetos de iniciações científicas e de publicações de artigos científicos.

A equipe participa de dois campeonatos: a RoboCup (mundial) e a Latin American Robotics Compe-tition (LARC). A RoboCup é uma competição acadêmica bem-concei-tuada na qual participam alguns dos melhores laboratórios de pesquisa de Robótica e Inteligência Artificial do mundo. Na Alemanha, a ITAn-droids participará da RoboCup nas ligas 2D soccer Simulation (Soccer 2D) e 3D Soccer Simulation (Soccer 3D). Ambas as ligas são simuladas, isto é, os robôs são agentes simula-dos no computador. Segundo a iniciativa, tais projetos são "razoavel-mente maduros", já que vem conse-guindo classificação no Soccer 2D desde 2012 e no Soccer 3D em 2013 e 2015 (devido à falta de membros, não submeteram em 2014). Portanto, alegam pouca dificuldade para a classificação na RoboCup, no entanto encontram muita dificuldade com recursos financeiros para a participação das

competições: "Esse ano, tivemos um apoio muito forte do ITA, principal-mente do Pró-reitor de Graduação, o professor Carlos Ribeiro. A maior parte das inscrições e passagens aéreas estão sendo pagas pelo ITA e apenas uma pequena parte está sendo paga com recurso da iniciativa e dos membros. Esta ajuda do ITA veio em boa hora, pois estamos com bastante dificuldade para conseguir patrocínio esse ano. “Acreditamos que a dificuldade de obtenção de patrocínio é principalmente devido à crise.", assim explica a iniciativa. A ITAndroids acredita que a equipe do Soccer 3D está bem forte e estão confiantes de conseguir uma boa colocação na RoboCup já que desde o segundo semestre do ano passado vem construindo um código "do zero". No Soccer 3D, os robôs são humanoides, logo executar ações básicas como andar e chutar já é muito complicado. Até o presente momento, o esforço de

Sobre estar no lugar certo na hora certaPOR ADAUTO BRAZ, T18

Há um grande hype sobre empreendedorismo nas universi-dades. Afinal, quem não quer criar o próximo Facebook, resolver um grande problema da humanidade e, de quebra, ganhar muito dinheiro no processo? Se você parar para pensar, não faltam problemas esperando para serem resolvidos na nossa sociedade. Todos nós lidamos com diversos desses problemas diaria-mente. Frente a esses, você provavelmente já deve ter tido uma ideia sensacional de como resolvê-los, certo? Se sim, então o passo inicial já foi dado. Daí em diante só existe uma pequena diferença entre você e um empreendedor: um de vocês se propôs a sair da inércia e partir para a ação. Falando mais especifica-mente sobre o ITA, pode-se dizer que não há uma preocupação insti-tucional com o assunto. Isso é facil-mente constatável, basta considerar o ambiente acadêmico desfavorável à inovação e à tomada de riscos. Apesar disso, todos conhecemos histórias de grandes empreende-dores eméritos da nossa instituição. E isso se deve a muito mais do que

possíveis aulas teóricas sobre busi-ness model plan. Pelo menos para mim, um dos grandes valores da experiência iteana é o empoderamento. Nada melhor do que estar ao lado de pessoas excepcionais, cada uma lutando para crescer e aprender, para te fazer sonhar alto e se lançar em desafios cada vez maiores. Não se engane, você está no lugar certo na hora certa. E então, vai aproveitar para fazer a diferença ou vai só se deixar levar?

Me incomoda profundamente que muitos alunos tenham uma postura tão omissa. Na minha visão, nós — que temos o privilégio de estar numa das melhores institu-ições do Brasil, cercados por pessoas brilhantes e com tudo à nosso favor — seremos os responsáveis por resolver os grandes desafios do futuro do Brasil. Essa responsabilidade começa agora. Então, chega de só reclamar. Vai lá e faz.

Aqui vai um aviso: este texto não é para os conformados.

6A COVA - JUNHO/2016 - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS9HISTÓRIASA COVA - JUNHO/2016 - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Os tempos de HTSdesenvolvimento vem principalmente focado no baixo nível, em algoritmos de controle e de estimação de esta-dos, e na estruturação do código. Recentemente, a equipe chegou em um nível que acredita ser possível focar principalmente na estratégia do time. Agora, a equipe está pronta para implementar estas ideias, já que fizeram um planejamento inicial de como funcionará sua estratégia.A iniciativa busca, verdadeiramente, cumprir a missão de ensinar, desen-volver e pesquisar Engenharia através de projetos de Robótica.

“A ITAndroids cresceu bastante em qualidade e em numero de membros nos últimos dois anos.Queremos continuar crescendo, sobretudo em qualidade. Acredita-mos que somos atualmente referên-cia em competições de Robótica no Brasil. Além disso, acreditamos sermos vistos como oportunidade real de desenvolvimento dentro da comunidade iteana. O passo que queremos dar agora é levar o grupo a um nível de referência mundial. Um ponto importante nisso é que ainda temos deficiências, sobretudo em mecânica e eletrônica. Estamos realizando um esforço grande para amadurecer estas duas

áreas na iniciativa, buscando mais pessoas que tenham conhecimentos nestas áreas e fortalecendo os trein-amentos.Também estamos tentando com o ITA melhores máquinas e procedimentos para confecção mecânica e eletrônica. Sentimos que a realização física de projetos é uma dificuldade geral do ITA e queremos trazer esta capacitação para a escola. Os projetos da ITAndroids se beneficiaram bastante da comuni-dade da RoboCup. Porém, inovamos pouco, estivemos focados principal-mente em reproduzir o que os melhores times fazem. Com o grau de maturidade que estamos agora, queremos começar a trazer inovações para a competição. Quanto ao lado de pesquisa do grupo, queremos que nossos trabalhos acadêmicos incluam uma quantidade expressiva de TG's, mestrados e doutorados, assim como acontece com as iniciações científicas. Também já publicamos nossos trabalhos em boas conferên-cias nacionais e queremos expandir para conferências internacionais. Nossa intenção é fazer da ITAn-droids um laboratório de pesquisa tão bom quanto os melhores de MIT, CMU, UPenn etc."

POR WALTER MARINHO, T20

Esse ano, os alunos experimentaram a decepção de se distanciar do tão esperado H8. Depois de sonhar tantos anos com o ITA e toda a vivência com veteranos, os novos alunos se surpreenderam com a notícia de que seu sonho iria ser adiado por 40 dias... eles iriam enfrentar a quarentena. Segue o depoimento de um aluno sobre os tempos de HTS e os traumas causados por esse período sombrio na história dos iteanos.“São José dos Campos, 25 de fevereiro de 2016 Sinto em mim a felicidade de finalmente respirar a liberdade. Em minh'al-ma respousa o sentimento de que todo esse período sombrio já passou. Ent�etanto, alg�ns dias após o fim do período de quarentena, ainda ouço os g�itos dos sargentos e os passos sincronizados da t�opa. Acordo cedo como se ouvisse o g�ito que me acordava naquele sombrio hotel. Tenho pesadelos em que sou perseg�ido por boots e cober��ras que out�ora tinham sido perdidas durante uma torada no auditório Lacaz. Ouço a voz est�idente da tenente reclamando da minha falta de compost�ra que, na verdade, era apenas cansaço acumulado das sofridas horas marchando sem propósito alg�m pelo asfalto quente do CTA. Ent�o no meu quar�o do H8 e me perg�nto: ‘Será que amanhã t�do continuará da mesma for�a? Será que amanhã serei g�iado novamente ao cativeiro?’. Todos os dias eu lembro daquele momento em que recebemos a fatídica notícia... O dia tinha acordado diferente. De alg�ma for�a, todos estavam ansiosos pelo início do CPOR e não sabíamos o porquê. Nossos corações batiam no rit�o de canções militares, acho que eles suspeitavam o que estava por vir. Tiramos alg�mas fotos, rimos um pouco, fomos divididos em nossas t�r�as e, finalmente, direcionados ao auditório Lacaz. Lá, o coronel começou a soltar notícias est�anhas, novas... assusta-doras. Até que, de repente, surge a notícia de que os alunos iriam ficar no HTS. Muitos começaram a se olhar tentando buscar no out�o a ex�licação, nossos corações aceleraram, alg�mas pessoas ent�aram em pânico, todos começaram a acordar da torada... t�do ficou muito est�anho. Com o medo nos tomando, muitos engatilharam seus celulares e começaram a mandar mensagens para os veteranos, que estavam nos ajudando tanto a nos adaptar�os no ITA. Eles também não sabiam de nada e ficaram atônitos. Fomos levados ao H8 para tirar�os de lá nossos per�ences. De longe eu ouvia o choro das pessoas e via todos cabisbaixos levando suas mudas de roupas no meio da pista em direção ao inter�ato... era um sonho dantesco... legiões de bixos hor�endos de cotonete car�egavam suas malas no que parecia o fim de t�do. Eu dizia a mim mesmo: ‘O seu destino é único. Nenhum dos bixos do passado sofreu tanto assim. Quando leio o let�eiro H8C é como se estivesse lendo meu próprio coração. Temos que passar por tanta coisa. Será que já houve antes de nós homens tão desg�açados?’. Os sargentos riam, g�itavam, nos ameaçavam. Nós chorávamos, nós já não éramos mais bixos felizes, sentíamos falta de nós mesmos... e quando se sente falta de si mesmo, é porque falta t�do. Nós seríamos a primeira t�r�a que nunca teria o privilégio de par�icipar das atividades de integ�ação? Talvez sim. Chegamos ao HTS. Um cheiro de mofo ocupava todo o ambiente, os alunos foram alojados em quar�os que com oito camas e apenas um banheiro. Os ralos ent�pidos eram a garantia de que todas as malas postas no chão do quar�o seriam molhadas pelos inúmeros alagamentos. Sentei na cama para refletir sobre aquele momento e cupins caíram em minha face. Em meio àquele t�iste cenário, talvez o que me restasse fosse a esperança de um dia ser liberado, pois era essa esperança que seria a maior força que haveria de me mover naqueles dias... se não existisse o desespero.

Esse desespero residia em acordar todos os dias com g�itos que atordoavam nossos pensamentos para nos levantar�os depois de uma péssima noite de sono causada pelos at�asos nas atividades que eles próprios prog�amavam. Mas, “o recr�ta nunca tem razão”. Ó céus! Dizei-me vós, se eu deliro ou se é verdade, será que eles não entendem que nós somos apenas jovens recém-chegados de suas longínquas ter�as sedentos por apenas um descanso? No entanto, o sargento manda a manobra, e após fitando o céu que se desdobra, tão puro perante os apar�amentos do ‘A’, refere-se a nós como patifes: ‘Vibrai com canções militares, xerifes. Fazei o bixaral marchar!’. E ri-se os sargentos de for�a est�idente do cansaço acumulado da gente. Os veteranos de longe veem aquela t�iste cena, sem nada poderem fazer a não ser esperar que suas reivindicações fossem ouvidas. O tempo foi passando e alg�mas coisas boas começam a nos ocor�er. De alg�ma for�a, alg�ém encont�ou um frasco com velva na escada do HTS. Para a felicidade de todos, um campeonato de velva foi instaurado na madr�gada daquele dia, como for�a de tentar relembrar um pouco do que havíamos vivido. Ah, como passou rápido aquele momento, cada vez que aquela velva rodava ent�e nós, era como se fosse a felicidade condensada em uma bor�ifada. Todos os que iniciaram o campeonato per�aneceram até que todo aquele frasco fosse finalizado. No out�o dia, estávamos nós assados... mas felizes, cer�os de uma pequena vitória frente aos sargentos. Nesse mesmo dia, também nos conscientizamos de que não iríamos mais ficar calados frente à injustiça. A cada t�ajeto que fazíamos, cantávamos ‘A Cova’, como for�a de most�ar que nós estávamos presos, mas vivos! Um cer�o tempo depois, alg�mas notícias começaram a chegar, e nós soubemos que iríamos poder visitar o H8 para o feirão de iniciativas. Era t�do o que queríamos... esfir�a de g�aça! Nada melhor do que isso para tirar o gosto de Listerine proveniente do quibe do rancho. Como de cost�me, em cada t�ajeto nós cantávamos ‘A Cova’... talvez já estivéssemos exagerando um pouco, uma vez que começamos a cantar para qualquer coisa que nos acontecia: quando alg�ém flat�lava em t�opa, lá estava a música; quando alg�ém roncava no HTS, ‘ar�etira o pé de riba...’; quando o cachor�inho de estimação do HTS não estava per�o, ‘... não malt�ate este amor...’. Alg�ns dias depois, a notícia der�adeira chega em uma tarde de torada, quer dizer, de palest�as no Lacaz: Nós seríamos liberados mais cedo. Um g�ito de felicidade ecoava por todo o Lacaz. A felicidade havia aparecido para nós, que choramos. Apareceu para nós, que nos machucamos. Apareceu para nós, que sempre buscamos e tentamos nos manter felizes, mesmo em uma sit�ação de calamidade. Nós ar��mamos nossas malas e fomos para o H8, finalmente estávamos livres de toda aquela dor e sofrimento. Hoje, t�do isso parece ter acabado, mas sinto que ainda há algo est�anho acontecendo. Às vezes passo em frente ao HTS e vejo uma movimentação est�anha, cer�o dia vi vinte e um militares ent�ando lá e preparando o ambiente... mas sei que não há mais nada prog�amado para esse ano. Sinto calafrios só de escrever isso, mas de uma coisa eu estou cer�o... custe o que custar, nós não per�aneceremos calados frente a qualquer out�a injustiça. Isso porque sabemos o que é sofrer e também ainda ouvimos, no f�ndo de nossas lembranças, uma voz que nos canta: ‘... Eu tor�ei a pisar na Cova Dela...’. ”

8A COVA - JUNHO/2016 - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS7ESPECIALA COVA - JUNHO/2016 - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Onde você quer estar em 5 anos?eles estão

Essa é uma dúvida que assombra muitos iteanos e a partir dela, muitos mitos são criados. Observando uma necessidade, o Departamento de Imprensa e Divulgação -DID- buscou coletar informações acerca das áreas de atuação dos iteanos através de uma pesquisa com os 5 últimos anos formados, da 15 a 11, com perguntas como: a motivação que o levou a seguir aquela carreira e, a que atrai muita gente, sua renda mensal. Esperamos que isso auxilie as turmas que ainda estão no FUND e que mantenha a motivação das que já fizeram sua escolha no PROF.

POR RODRIGO AMORIM, T18

122respostas

15/14’

14/13’

13/12’

12/11’

11/10’

2325

1821

3575%

Dos entrevis-tados acham o ensino ótimo ou bom.

AER ELE MEC AESPCOMP civil

4%1,6%

93,4%1%

A grande maioria dos forma-dos trabalham aqui no país. Entretando, muitos relataram projetos frequentes no exte-rior, não ficando restrito apenas ao Brasil. Todos os que trabalham nos EUA tem renda superior a R$20000 mensais. Dos que trabalham no exterior, 50% fez COMP e desses, apenas um não trabalha com engenharia.

Apenas 4 Engenheiros Aeroespaciais participaram da pesquisa.

ENGENHARIA

37%mERCADO FINANCEIRO

9%INDÚSTRIA

3%SERVIDOR PÚBLICO

11%

eDUCAÇÃO

6%CONSULTORIA

15%EMPREENDEDORISMO

10%mESTRADO

3%OUTROS

6%

27%Optaram pela carrei-ra militar durante a graduação.

Acima, temos as áreas de atuação dos iteanos, com destaque à Engenharia. Diferente do que muitos pensam, quem faz ITA trabalha sim com Engenharia .

5-10k0-5k >20k10-20k

55%

R$Vamos destacar alguns pontos do gráfico de renda. Grande parte dos formados que empreendem ou fazem mestrado estão na faixa de 0~5k e já estão formados a mais de 2 anos. Os que continuam no Brasil em engenharia estão na faixa entre 5~10k, nos 4 primeiros anos de formado, e 10~20k com 5 anos. Os que optaram trabalhar com Engenharia fora do país, recebem um salário superior a 20k.Consultoria e Mercado Financeiro tem as maiores médias sala-riais, como era esperado. A média geral está acima de 7k, com os mais antigos recebendo mais de 15k. Os que seguem a carreira de Servidor Público estão na faixa de 7~10k.

Maioria;Altos saláriosno exterior

altos salários;Maiores ganhos com o tempo

Maior prob-abilidade de trabalhar no exterior

pessoas infelizes com sua formação recebem até 28% menos.

8A COVA - JUNHO/2016 - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS7ESPECIALA COVA - JUNHO/2016 - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Onde você quer estar em 5 anos?eles estão

Essa é uma dúvida que assombra muitos iteanos e a partir dela, muitos mitos são criados. Observando uma necessidade, o Departamento de Imprensa e Divulgação -DID- buscou coletar informações acerca das áreas de atuação dos iteanos através de uma pesquisa com os 5 últimos anos formados, da 15 a 11, com perguntas como: a motivação que o levou a seguir aquela carreira e, a que atrai muita gente, sua renda mensal. Esperamos que isso auxilie as turmas que ainda estão no FUND e que mantenha a motivação das que já fizeram sua escolha no PROF.

POR RODRIGO AMORIM, T18

122respostas

15/14’

14/13’

13/12’

12/11’

11/10’

2325

1821

3575%

Dos entrevis-tados acham o ensino ótimo ou bom.

AER ELE MEC AESPCOMP civil

4%1,6%

93,4%1%

A grande maioria dos forma-dos trabalham aqui no país. Entretando, muitos relataram projetos frequentes no exte-rior, não ficando restrito apenas ao Brasil. Todos os que trabalham nos EUA tem renda superior a R$20000 mensais. Dos que trabalham no exterior, 50% fez COMP e desses, apenas um não trabalha com engenharia.

Apenas 4 Engenheiros Aeroespaciais participaram da pesquisa.

ENGENHARIA

37%mERCADO FINANCEIRO

9%INDÚSTRIA

3%SERVIDOR PÚBLICO

11%

eDUCAÇÃO

6%CONSULTORIA

15%EMPREENDEDORISMO

10%mESTRADO

3%OUTROS

6%

27%Optaram pela carrei-ra militar durante a graduação.

Acima, temos as áreas de atuação dos iteanos, com destaque à Engenharia. Diferente do que muitos pensam, quem faz ITA trabalha sim com Engenharia .

5-10k0-5k >20k10-20k

55%

R$Vamos destacar alguns pontos do gráfico de renda. Grande parte dos formados que empreendem ou fazem mestrado estão na faixa de 0~5k e já estão formados a mais de 2 anos. Os que continuam no Brasil em engenharia estão na faixa entre 5~10k, nos 4 primeiros anos de formado, e 10~20k com 5 anos. Os que optaram trabalhar com Engenharia fora do país, recebem um salário superior a 20k.Consultoria e Mercado Financeiro tem as maiores médias sala-riais, como era esperado. A média geral está acima de 7k, com os mais antigos recebendo mais de 15k. Os que seguem a carreira de Servidor Público estão na faixa de 7~10k.

Maioria;Altos saláriosno exterior

altos salários;Maiores ganhos com o tempo

Maior prob-abilidade de trabalhar no exterior

pessoas infelizes com sua formação recebem até 28% menos.

6A COVA - JUNHO/2016 - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS9HISTÓRIASA COVA - JUNHO/2016 - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Os tempos de HTSdesenvolvimento vem principalmente focado no baixo nível, em algoritmos de controle e de estimação de esta-dos, e na estruturação do código. Recentemente, a equipe chegou em um nível que acredita ser possível focar principalmente na estratégia do time. Agora, a equipe está pronta para implementar estas ideias, já que fizeram um planejamento inicial de como funcionará sua estratégia.A iniciativa busca, verdadeiramente, cumprir a missão de ensinar, desen-volver e pesquisar Engenharia através de projetos de Robótica.

“A ITAndroids cresceu bastante em qualidade e em numero de membros nos últimos dois anos.Queremos continuar crescendo, sobretudo em qualidade. Acredita-mos que somos atualmente referên-cia em competições de Robótica no Brasil. Além disso, acreditamos sermos vistos como oportunidade real de desenvolvimento dentro da comunidade iteana. O passo que queremos dar agora é levar o grupo a um nível de referência mundial. Um ponto importante nisso é que ainda temos deficiências, sobretudo em mecânica e eletrônica. Estamos realizando um esforço grande para amadurecer estas duas

áreas na iniciativa, buscando mais pessoas que tenham conhecimentos nestas áreas e fortalecendo os trein-amentos.Também estamos tentando com o ITA melhores máquinas e procedimentos para confecção mecânica e eletrônica. Sentimos que a realização física de projetos é uma dificuldade geral do ITA e queremos trazer esta capacitação para a escola. Os projetos da ITAndroids se beneficiaram bastante da comuni-dade da RoboCup. Porém, inovamos pouco, estivemos focados principal-mente em reproduzir o que os melhores times fazem. Com o grau de maturidade que estamos agora, queremos começar a trazer inovações para a competição. Quanto ao lado de pesquisa do grupo, queremos que nossos trabalhos acadêmicos incluam uma quantidade expressiva de TG's, mestrados e doutorados, assim como acontece com as iniciações científicas. Também já publicamos nossos trabalhos em boas conferên-cias nacionais e queremos expandir para conferências internacionais. Nossa intenção é fazer da ITAn-droids um laboratório de pesquisa tão bom quanto os melhores de MIT, CMU, UPenn etc."

POR WALTER MARINHO, T20

Esse ano, os alunos experimentaram a decepção de se distanciar do tão esperado H8. Depois de sonhar tantos anos com o ITA e toda a vivência com veteranos, os novos alunos se surpreenderam com a notícia de que seu sonho iria ser adiado por 40 dias... eles iriam enfrentar a quarentena. Segue o depoimento de um aluno sobre os tempos de HTS e os traumas causados por esse período sombrio na história dos iteanos.“São José dos Campos, 25 de fevereiro de 2016 Sinto em mim a felicidade de finalmente respirar a liberdade. Em minh'al-ma respousa o sentimento de que todo esse período sombrio já passou. Ent�etanto, alg�ns dias após o fim do período de quarentena, ainda ouço os g�itos dos sargentos e os passos sincronizados da t�opa. Acordo cedo como se ouvisse o g�ito que me acordava naquele sombrio hotel. Tenho pesadelos em que sou perseg�ido por boots e cober��ras que out�ora tinham sido perdidas durante uma torada no auditório Lacaz. Ouço a voz est�idente da tenente reclamando da minha falta de compost�ra que, na verdade, era apenas cansaço acumulado das sofridas horas marchando sem propósito alg�m pelo asfalto quente do CTA. Ent�o no meu quar�o do H8 e me perg�nto: ‘Será que amanhã t�do continuará da mesma for�a? Será que amanhã serei g�iado novamente ao cativeiro?’. Todos os dias eu lembro daquele momento em que recebemos a fatídica notícia... O dia tinha acordado diferente. De alg�ma for�a, todos estavam ansiosos pelo início do CPOR e não sabíamos o porquê. Nossos corações batiam no rit�o de canções militares, acho que eles suspeitavam o que estava por vir. Tiramos alg�mas fotos, rimos um pouco, fomos divididos em nossas t�r�as e, finalmente, direcionados ao auditório Lacaz. Lá, o coronel começou a soltar notícias est�anhas, novas... assusta-doras. Até que, de repente, surge a notícia de que os alunos iriam ficar no HTS. Muitos começaram a se olhar tentando buscar no out�o a ex�licação, nossos corações aceleraram, alg�mas pessoas ent�aram em pânico, todos começaram a acordar da torada... t�do ficou muito est�anho. Com o medo nos tomando, muitos engatilharam seus celulares e começaram a mandar mensagens para os veteranos, que estavam nos ajudando tanto a nos adaptar�os no ITA. Eles também não sabiam de nada e ficaram atônitos. Fomos levados ao H8 para tirar�os de lá nossos per�ences. De longe eu ouvia o choro das pessoas e via todos cabisbaixos levando suas mudas de roupas no meio da pista em direção ao inter�ato... era um sonho dantesco... legiões de bixos hor�endos de cotonete car�egavam suas malas no que parecia o fim de t�do. Eu dizia a mim mesmo: ‘O seu destino é único. Nenhum dos bixos do passado sofreu tanto assim. Quando leio o let�eiro H8C é como se estivesse lendo meu próprio coração. Temos que passar por tanta coisa. Será que já houve antes de nós homens tão desg�açados?’. Os sargentos riam, g�itavam, nos ameaçavam. Nós chorávamos, nós já não éramos mais bixos felizes, sentíamos falta de nós mesmos... e quando se sente falta de si mesmo, é porque falta t�do. Nós seríamos a primeira t�r�a que nunca teria o privilégio de par�icipar das atividades de integ�ação? Talvez sim. Chegamos ao HTS. Um cheiro de mofo ocupava todo o ambiente, os alunos foram alojados em quar�os que com oito camas e apenas um banheiro. Os ralos ent�pidos eram a garantia de que todas as malas postas no chão do quar�o seriam molhadas pelos inúmeros alagamentos. Sentei na cama para refletir sobre aquele momento e cupins caíram em minha face. Em meio àquele t�iste cenário, talvez o que me restasse fosse a esperança de um dia ser liberado, pois era essa esperança que seria a maior força que haveria de me mover naqueles dias... se não existisse o desespero.

Esse desespero residia em acordar todos os dias com g�itos que atordoavam nossos pensamentos para nos levantar�os depois de uma péssima noite de sono causada pelos at�asos nas atividades que eles próprios prog�amavam. Mas, “o recr�ta nunca tem razão”. Ó céus! Dizei-me vós, se eu deliro ou se é verdade, será que eles não entendem que nós somos apenas jovens recém-chegados de suas longínquas ter�as sedentos por apenas um descanso? No entanto, o sargento manda a manobra, e após fitando o céu que se desdobra, tão puro perante os apar�amentos do ‘A’, refere-se a nós como patifes: ‘Vibrai com canções militares, xerifes. Fazei o bixaral marchar!’. E ri-se os sargentos de for�a est�idente do cansaço acumulado da gente. Os veteranos de longe veem aquela t�iste cena, sem nada poderem fazer a não ser esperar que suas reivindicações fossem ouvidas. O tempo foi passando e alg�mas coisas boas começam a nos ocor�er. De alg�ma for�a, alg�ém encont�ou um frasco com velva na escada do HTS. Para a felicidade de todos, um campeonato de velva foi instaurado na madr�gada daquele dia, como for�a de tentar relembrar um pouco do que havíamos vivido. Ah, como passou rápido aquele momento, cada vez que aquela velva rodava ent�e nós, era como se fosse a felicidade condensada em uma bor�ifada. Todos os que iniciaram o campeonato per�aneceram até que todo aquele frasco fosse finalizado. No out�o dia, estávamos nós assados... mas felizes, cer�os de uma pequena vitória frente aos sargentos. Nesse mesmo dia, também nos conscientizamos de que não iríamos mais ficar calados frente à injustiça. A cada t�ajeto que fazíamos, cantávamos ‘A Cova’, como for�a de most�ar que nós estávamos presos, mas vivos! Um cer�o tempo depois, alg�mas notícias começaram a chegar, e nós soubemos que iríamos poder visitar o H8 para o feirão de iniciativas. Era t�do o que queríamos... esfir�a de g�aça! Nada melhor do que isso para tirar o gosto de Listerine proveniente do quibe do rancho. Como de cost�me, em cada t�ajeto nós cantávamos ‘A Cova’... talvez já estivéssemos exagerando um pouco, uma vez que começamos a cantar para qualquer coisa que nos acontecia: quando alg�ém flat�lava em t�opa, lá estava a música; quando alg�ém roncava no HTS, ‘ar�etira o pé de riba...’; quando o cachor�inho de estimação do HTS não estava per�o, ‘... não malt�ate este amor...’. Alg�ns dias depois, a notícia der�adeira chega em uma tarde de torada, quer dizer, de palest�as no Lacaz: Nós seríamos liberados mais cedo. Um g�ito de felicidade ecoava por todo o Lacaz. A felicidade havia aparecido para nós, que choramos. Apareceu para nós, que nos machucamos. Apareceu para nós, que sempre buscamos e tentamos nos manter felizes, mesmo em uma sit�ação de calamidade. Nós ar��mamos nossas malas e fomos para o H8, finalmente estávamos livres de toda aquela dor e sofrimento. Hoje, t�do isso parece ter acabado, mas sinto que ainda há algo est�anho acontecendo. Às vezes passo em frente ao HTS e vejo uma movimentação est�anha, cer�o dia vi vinte e um militares ent�ando lá e preparando o ambiente... mas sei que não há mais nada prog�amado para esse ano. Sinto calafrios só de escrever isso, mas de uma coisa eu estou cer�o... custe o que custar, nós não per�aneceremos calados frente a qualquer out�a injustiça. Isso porque sabemos o que é sofrer e também ainda ouvimos, no f�ndo de nossas lembranças, uma voz que nos canta: ‘... Eu tor�ei a pisar na Cova Dela...’. ”

10EMPREENDEDORISMOA COVA - JUNHO/2016 - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS5

ITANDROIDSA COVA - JUNHO/2016 - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Conhecendo a ITAndroidsPOR LINCON BROEDEL, T20

A ITAndroids é uma iniciativa bem grande nos dias atuais. Contan-do com cerca de 75 alunos de grad-uação segundo últimas contagens, recentemente, alguns membros fora da área de graduação além do Marcos Maximo (Manga), entraram para o grupo. A iniciativa possui cinco projetos relacionado ao futebol de robôs: very Small Size, Small Size, Soccer 2d, Soccer 3d e humanoide. A robótica é multidisci-plinar e a ITAndroids busca valorizar devidamente todas as áreas envolvi-das. Dessa forma, dividem suas áreas oficialmente em Mecânica, Eletrônica, Computação, Controle, Processamento de Sinais e Inteligên-cia Artificial. Devido ao perfil "gaga-zeiro" do iteano, as áreas ligadas à matemática e algoritmos são bem fortes dentro da iniciativa. A ITAndroids se perfaz por um misto de plataforma de ensino e laboratório de pesquisa. Há uma preocupação grande com o desen-volvimento dos membros, assim, existe uma estrutura complexa de projetos que consistem em trein-amentos básicos para alunos do primeiro ano e seis treinamentos avançados nas áreas específicas, onde o aprendizado se dá concomi-tantemente aos trabalhos. Há também grande incentivo a pesquisa através de projetos de iniciações científicas e de publicações de artigos científicos.

A equipe participa de dois campeonatos: a RoboCup (mundial) e a Latin American Robotics Compe-tition (LARC). A RoboCup é uma competição acadêmica bem-concei-tuada na qual participam alguns dos melhores laboratórios de pesquisa de Robótica e Inteligência Artificial do mundo. Na Alemanha, a ITAn-droids participará da RoboCup nas ligas 2D soccer Simulation (Soccer 2D) e 3D Soccer Simulation (Soccer 3D). Ambas as ligas são simuladas, isto é, os robôs são agentes simula-dos no computador. Segundo a iniciativa, tais projetos são "razoavel-mente maduros", já que vem conse-guindo classificação no Soccer 2D desde 2012 e no Soccer 3D em 2013 e 2015 (devido à falta de membros, não submeteram em 2014). Portanto, alegam pouca dificuldade para a classificação na RoboCup, no entanto encontram muita dificuldade com recursos financeiros para a participação das

competições: "Esse ano, tivemos um apoio muito forte do ITA, principal-mente do Pró-reitor de Graduação, o professor Carlos Ribeiro. A maior parte das inscrições e passagens aéreas estão sendo pagas pelo ITA e apenas uma pequena parte está sendo paga com recurso da iniciativa e dos membros. Esta ajuda do ITA veio em boa hora, pois estamos com bastante dificuldade para conseguir patrocínio esse ano. “Acreditamos que a dificuldade de obtenção de patrocínio é principalmente devido à crise.", assim explica a iniciativa. A ITAndroids acredita que a equipe do Soccer 3D está bem forte e estão confiantes de conseguir uma boa colocação na RoboCup já que desde o segundo semestre do ano passado vem construindo um código "do zero". No Soccer 3D, os robôs são humanoides, logo executar ações básicas como andar e chutar já é muito complicado. Até o presente momento, o esforço de

Sobre estar no lugar certo na hora certaPOR ADAUTO BRAZ, T18

Há um grande hype sobre empreendedorismo nas universi-dades. Afinal, quem não quer criar o próximo Facebook, resolver um grande problema da humanidade e, de quebra, ganhar muito dinheiro no processo? Se você parar para pensar, não faltam problemas esperando para serem resolvidos na nossa sociedade. Todos nós lidamos com diversos desses problemas diaria-mente. Frente a esses, você provavelmente já deve ter tido uma ideia sensacional de como resolvê-los, certo? Se sim, então o passo inicial já foi dado. Daí em diante só existe uma pequena diferença entre você e um empreendedor: um de vocês se propôs a sair da inércia e partir para a ação. Falando mais especifica-mente sobre o ITA, pode-se dizer que não há uma preocupação insti-tucional com o assunto. Isso é facil-mente constatável, basta considerar o ambiente acadêmico desfavorável à inovação e à tomada de riscos. Apesar disso, todos conhecemos histórias de grandes empreende-dores eméritos da nossa instituição. E isso se deve a muito mais do que

possíveis aulas teóricas sobre busi-ness model plan. Pelo menos para mim, um dos grandes valores da experiência iteana é o empoderamento. Nada melhor do que estar ao lado de pessoas excepcionais, cada uma lutando para crescer e aprender, para te fazer sonhar alto e se lançar em desafios cada vez maiores. Não se engane, você está no lugar certo na hora certa. E então, vai aproveitar para fazer a diferença ou vai só se deixar levar?

Me incomoda profundamente que muitos alunos tenham uma postura tão omissa. Na minha visão, nós — que temos o privilégio de estar numa das melhores institu-ições do Brasil, cercados por pessoas brilhantes e com tudo à nosso favor — seremos os responsáveis por resolver os grandes desafios do futuro do Brasil. Essa responsabilidade começa agora. Então, chega de só reclamar. Vai lá e faz.

Aqui vai um aviso: este texto não é para os conformados.

4A COVA - JUNHO/2016 - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS11EMPREENDEDORISMOA COVA - JUNHO/2016 - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Minha experiência: Cidfoi qualquer motivo bonito como os que vemos serem contados em um vídeo bem produzido sobre a história de um empreendedor. E provavel-mente o deles também não foi tão bonito daquele jeito. Mas todo empreendedor precisa de um bom storytelling para vender seu pitch. E se vender. O que fez com que eu quisesse me jogar de cabeça no QMágico, ainda enquanto bixo do 1º ano, em 2011, foi nada mais do que a ingenuidade da diversão em criar algo que resolvia um problema real de um montão de gente no Brasil. Eu criava um produto que deixava alunos felizes em estudar e aprender matematica. Para mim, era sufici-ente. Tudo que você ouve sobre modelo de negócios, transformar algo em empresa vem depois. Comece com algo que tem dois elementos: sua diversão em construir e o benefício que causa num terceiro. Quanto maiores forem estes fatores, quanto mais de nós estivermos nos engajando com isso, mais empreendedores teremos. E, apesar de controversa, deixo uma opinião forte: vá além da iniciativa. As iniciativas do ITA, hoje, precisam de empreendedores dentro delas. Pessoas que estejam dedicando 2 a 3 anos de suas vidas em questões burocráticas, processos e rotinas estão usando seus tempo de manei-ra pior do que poderiam. No lugar disso, conheça os problemas que

melhor dos casos, inefetivo. Além disso, não combina com a história institucional do ITA. Mas é urgente o ITA mudar sua atitude com relação ao DCTA e a FAB. O primeiro passo é buscar cada vez mais independên-cia financeira. O segundo passo é buscar, dentro dos parâmetros da lei, uma desvinculação maior com a estrutura hierárquica da Aeronáutica. Que tal tornar o ITA uma instituição civil privada e sem fins lucrativos (raio privatizador!!!)? Por último e também importante, seria mudar a especialidade requerida do coman-dante do DCTA de aviador para engenheiro. Em verdade, o ITA/os alunos também têm a sua parcela de culpa. A iniciar pelo golpe que muitos aspi-rantes/tenentes4 dão na FAB. Uma proposta para diminuir a quantidade de golpes seria, uma vez que o ITA virasse uma instituição privada sem fins lucrativos, cobrar uma mensali-dade alta (~4k) para os aspirantes cursarem o ITA. Dessa forma, a FAB poderia deixar de gastar dinheiro duas vezes (uma com o ITA e outra com o salário dos aspirantes) e isso deixaria o golpe menos atrativo. A FAB, ao invés de bancar o ITA, simplesmente contrataria um serviço de formação de engenheiros, pagando uma mensalidade ao ITA e oferecendo o "treinamento militar" (vulgo educação física pemba) em paralelo por meio do CPOR. Por fim, a minha impressão é que se o ITA se apequenar dentro da estrutura administrativa do DCTA, rumamos, inexoravelmente, a sair da ponta tecnológica e inovativa do Brasil e do mundo. Isso seria ruim para o ITA, para os seus alunos, para o DCTA, para a FAB e, mas impor-

tante, para o Brasil.

1. A EMBRAER não se enquadra na categoria de instituto não pemba do DCTA, pois, depois de quase falir dentro da estrutura pública, virou uma empresa privada e administrati-vamente distante do DCTA.2. Eu suponho isso, pois, em verdade, no tempo que estou aqui no ITA nunca vi um desses institutos virar notícia, por exemplo, no Jornal Nacional ou na Veja (como é quase corriqueiro ao ITA). Minha suposição é puramente gaussiana, como o número de institutos tende ao infini-to (para acomodar tanta gente jogando paciência), devem existir alguns institutos bem acima do desvio padrão.3. A professora Eveline que o diga. Uma vez ela me confessou ter tido que chorar para entrar na portaria. Isso é duplamente trágico, quer dizer que por um lado a administração é pemba a ponto de tentar barrar a entrada de alguém que a mais de 20 anos todos os dias entra para dar aula para os alunos ao mesmo tempo que (sem supostamente reconhecê-la) libera alguém para entrar só porque esse alguém estava chorando.4. Pretendo escrever um texto sobre o golpe no futuro.

PS: outro ponto relevante, que não está relacionado intrinsecamente com a pembação do administrativa do DCTA, é que o ITA é hoje uma instituição não teleológica, enquanto todo o resto do DCTA (se funciona-sse corretamente) é (seria) altamente teleológico. Isto torna ainda mais urgente a separação administrativa e financeira.

POR GABRIEL MELO, T15’

Empreendedorismo é uma das palavras da moda - você já ouviu falar isso. Nos últimos anos, surgi-ram inúmeros programas de incenti-vo ao empreendedor, cursos, pessoas apoiando a causa... mas se estamos na faculdade que ser vangloria de ter os alunos mais bem selecionados do país, porque não temos uma geração de empreende-dores, de ideias geniais sendo leva-das à frente? É fácil entrarmos na lista do que não temos no ITA que nos afasta de sermos empreendedores: aulas muito teóricas, carga horária pesada que não permite criar nada, falta de incentivo... Mas não é isso que, para mim, faz com que não tenhamos empreendedores. Veja o laboratório aberto que a eITA trouxe, o container hoje sem uso no h8. O que falta não é estrutura, pois essa se faz possível quando há vontade. O que falta é que o iteano tenha conta-to com problemas do mundo que ele queira resolver. Se debruçar sobre o problema, ainda enquanto está no ITA. Ser exposto a estes problemas do mundo e se sentir responsável e capaz de resolver. É tão simples quanto isso para começarmos. Depois vem todo o resto: como criar um produto, como criar modelos de negócios, como escalar, etc. Para mim, o que me fez estar numa startup, participar desde a criação e dela me tornar sócio não

fazem sua iniciativa não ser a melhor do Brasil, ou ir muito além do que é feito há 20 anos. Não repita, seja empreendedor dentro do que você faz. Vá atrás dos problemas.

*O autor do texto preferiu utilizar um pseudônimo, respeitamos sua escolha.

12EMPREENDEDORISMOA COVA - JUNHO/2016 - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS3

OPINIÃOA COVA - JUNHO/2016 - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

ITA x DCTAPOR #HAYEK

O que torna uma instituição de ponta? Primeiramente diria que é o valor que ela cria para a sociedade. Sem dúvida isso é um parâmetro importante. É inegável que o ITA cria, e criou, já muito valor. Só para se ter uma idéia, o valor já gerado em impostos pela Embraer seria suficiente para financiar o ITA pelos próximos 900 anos. Além disso, são corriqueiros prêmios em com-petições internacionais para alunos da graduação em matemática, robótica, computação e campos muito diversos. Sem falar no valor intrínseco dos aproximadamente 100 engenheiros formados todo ano. Outra coisa que torna uma instituição de ponta é o seu nome. E como é forte o nome do ITA! Atire a primeira pedra o leitor que já não usou o nome do ITA pra bizurar alguma situação ou processo seleti-vo. Pelo menos eu já fiz isso mais de uma vez. Para dar um argumento sobre a força do nome do ITA menos etérea, tem uma tal revista coxinha de grande circulação que insiste em nos chamar de "reduto de competência". Outro ponto que considero importante para uma instituição ser considerada de ponta é a sua inde-pendência. Dentro do possível, o ITA tem muita independência. Para

quem não sabe, boa parte do dinheiro da escola, pelo que me consta algo em torno de 40%, não vem da aeronáutica, mas sim de doações e outros meios via a fundação Casimiro. Além disso, mesmo com a atual crise financeira do país, possivelmente as obras do novo FUND estarão terminadas até o final deste ano, o que é realmente incrível, pois o governo federal (em conseqüência também a FAB) está na merda em verdadeira grandeza. Em comparação, quão de ponta é o DCTA se dele excluímos o ITA? A minha impressão é que, sem o ITA, o DCTA se torna um reduto de incompetência e morosidade. Um grande conjunto de engenheiros de alto padrão jogando paciência misturados entre elementos de um quartel padrão da aeronáutica (que desliga a iluminação do COCTA nas quintas, pois não tem verba para luz). É claro que existem exceções ¹. Existem, pois, dentro de alguns insti-tutos do DCTA redutos de tão alta ou maior competência que o próprio ITA ². Mas isso não me parece muito recorrente, principalmente depois de falar com alguns tenentes recém formados. Além disso, quem conhece o DCTA fora do circulo da aeronáutica? Praticamente ninguém. É uma sigla sem apelo. Inclusive, muitos de nós que estudamos hoje

no ITA, me incluo nessa, nem conhecíamos a sigla DCTA antes de chegarmos no ITA. O pior é que o DCTA parece esnobar o ITA. Quantas vezes já aconteceu uma reunião do diretor do DCTA com os alunos para recolher reclamações e críticas a sua adminis-tração? Pelo que me recordo, nunca. De quem o DCTA ficou do lado quando o CPOR tratou os alunos do primeiro ano (e também do segundo que estavam "perdendo as suas férias") com extrema intransigência? Quantas vezes já encontramos animais no meio dos vegetais do rancho? Alguém do GIA/DCTA veio se retratar com os alunos? Eu não me lembro. Perceba que nem todos esses problemas de relacionamento derivam da falta de verba, muitos deles são pura e simplesmente falta de vontade mesmo. Como se diz no jargão: é pura cagância! A minha impressão é que o ITA é muitas vezes tratado como um estranho no ninho (quando, na verdade, somos os ovos de ouro do ninho). Só para trazer um professor estrangeiro para dentro do ITA/H8 ³ (pelo empecilho de passar pela portaria) já é um parto. O que fazer então? Entrar em conflito direto com a administração do DCTA? Obviamente que não. Primeiramente porque isso seria, no

Minha experiência: MaestroPOR LUCIANO HOLANDA, T16’

Primeira coisa que eu pensei quando pediram pra escrever esse texto foi: “Nossa, mais difícil que escrever descrição no Orkut” e quase desisti na hora =p. Ai pensei, vivemos em um país que tem uma das mais baixas taxas de lançamen-tos de novos produtos e isso ainda é pior quando o assunto é tecnologia. Se der pra motivar pelo menos uma pessoa, já consegui algo legal. Então vamos lá, né? Na minha vida, empreende-dorismo sempre foi mais consequên-cia do que decisão pensada. Camin-hei nessa direção por enxergar que seria o lugar onde eu poderia:1. Aprender mais 2. Impactar mais3. Criar algo útil pra um grande número de pessoas Sempre se resumiu a isso pra mim e simplesmente pareceu o próximo passo que deveria ser tomado. Hoje em dia, que vivencio, tenho experiência e conheço cada vez mais de outras áreas do merca-do, mantenho minha opinião: acredi-to que estou fazendo o melhor que podia fazer! Comecei a entender e ver o que era empreendedorismo na práti-ca quando assumi, aqui no ITA, o eITA, nosso querido e amado centro de empreendedorismo. Na época, ele estava em um período crítico que parecia apontar para um final iminen-te e eu senti que deveria fazer algo.

Lá dentro, tive uma experiência bem-legal de como seria gerenciar uma startup e conseguimos até mais do que eu esperava - trazendo eventos que: juntaram vários dos iteanos empreendedores com grandes fundos de investimento (Startups@I-TA); forneceram verbas e experiência para pessoas abrirem empresas, mesmo que na graduação, premian-do os projetos que mais andaram nesse tempo (ITA Challenge) e empolgaram e deram uma primeira experiência com empreendedorismo pros alunos do ITA (eITA MAH!) . Além disso, concebemos o Quero Pronto! e conseguimos uma parce-ria com o CCM que muito ajudou nos nossos projetos. Foi uma experiência intensa que criou um brilho forte nos meus olhos, me preparou e foi o que me deu cora-gem pra enfrentar o desafio de tentar levar a Urbbox com o Abraão (T13). A Urbbox nasceu como um produto, com o objetivo de tornar a experiência em restaurantes o mais agradável e simples possível, funcio-nando como um garçom digital e sistema de pedidos para todos os tipos de restaurantes. Construindo esse projeto, aprendemos muitos em termos de tecnologia e negócio e acabamos enxergando a possibili-dade de virar uma software house e usar esse nosso conhecimento pra alavancar diversos projetos digitais.

O ITA só sobreviverá se assumir que é maior que o DCTA.Essa visão e o contato forte que a rede do ITA nos trás, nos levou pra Alemanha em 2014-2015 onde desenvolvemos diversos projetos, inclusive pro instituto Fraunhofer IPT e para uma das maiores ferramentar-ias da Alemanha trabalhando com Indústria 4.0. Enquanto isso, man-tivemos clientes no Brasil, como a Impacto Protensão e a Belgo Bekaer. Hoje em dia, fico muito orgul-hoso de dizer que nos aventuramos com mais uma startup que vai de vento em polpa e tem como objetivo melhorar ao máximo a experiência das pessoas no trânsito, a Bynd e os desafios já são outros e ainda maiores! Vivendo essas experiências aprendi muito, tanto tecnicamente, quanto em termos de relacionamen-to e comercial. Construímos produ-tos úteis, tivemos impacto e conhec-emos várias pessoas incríveis. Isso tudo me faz achar, cada vez mais, que vale a pena esse ritmo intenso que é empreender. É isso pessoal, depois de todo esse blá blá blá espero que tenha conseguido empolgar vocês com a minha experiência, a qual espero ainda ser só o começo em uma carreira com a qual já me empolgo muito :D

2CAPA

“Bixo, no meu tempo...”A COVA - JUNHO/2016 - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS13

AGITA

Aceitação e respeito no H8 No natal eu vejo geral recla-mando das perguntas de tia “e as namoradinhas?”. Acho engraçado ver o pessoal desesperado por estar solteiro e não saber explicar isso pra família. Agora imagina o desconforto dessas perguntas quando você é um LGBT no armário. Imagina seus pais, irmãos, amigos próximos e colegas de trabalho perguntando sobre a sua vida amorosa e você sem poder explicar que não vai arranjar namoradinho porque só sente atração por mulheres. Climão né? Quando eu estava no armário lembro que cada passo parecia crucial. Contar pra um amigo só depois de muito estudo, escolha de palavras certas e treino pra controlar o nervosismo. Família então, sei nem explicar. Lembro de sentir tudo muito intenso, o nervoso me fez chorar antes de conseguir falar uma só palavra e olha que minha família é das mais tranquilas. Mesmo com o amor incondicional e compreensivo dos meus pais, lembro que ouvir decepção na voz me pegou de surpresa, não tinha como estar preparada praquilo. Acho que por isso o H8 representa minha liberdade. Primeiro lugar que me assumi publicamente, fiz questão que todo mundo soubesse: sou sapatão. Cara, que alívio. Ninguém perguntando qual menino eu to de rolinho, alguns vindo pra saber quais meninas eu achava

POR RAFA, T18’

A COVA - JUNHO/2016 - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

gostosa, outros me parabenizando pelas meninas com quem eu ficava, “Rafa é das nossas, pega mais mulher que muito iteano”, “dá umas dicas aí”, “olha esse vídeo dela beijan-do fulana”. Até que eu parei e reparei que meus amigos gays não estavam recebendo o mesmo “respeito” que eu. Reparei que estava cansando de dar desculpas pra não comentar sobre o corpo das minhas amigas iteanas. Reparei que não aguentava mais empurrar cara bêbado em festa porque ele não parava de incomodar eu e a menina com quem estava ficando. Reparei que não era aceitável a menina ser incomodada e eu explicar “haha é meu amigo, tá me zoando só”. Eu não era aceita porque sou uma pessoa. Eu não era aceita porque as pessoas conseguem acol-her a todos independente de orien-tação sexual. Eu era aceita porque minha vida era o que eles gostavam de ver. Enquanto isso, todos viraram pro lado quando viam dois rapazes se beijando, quando meu amigo afeminado chegava de salto e vesti-do no rolê. Eles faziam rodinha me pedindo pra falar de sexo enquanto meu amigo era “desnecessário” por falar da bunda de um cara. Eu não era aceita, eu não era respeitada, eu era fetichizada. Como muitos lugares, o H8 é educado com os gays, mas não está

livre da homofobia e do machismo. É ok eu desrespeitar uma mulher, masnão é ok meu amigo se rebaixar a papéis femininos. É ok ter 10 gays na minha turma, mas bem que todos podiam se portar como o fulano, né? Fulano é masculino, sai com os héteros no pub, mal dá pinta e até fala TOP com a galera. Eu me enver-gonho do tempo que levei pra notar isso, mas essa ideia está tão enraiza-da na gente que até LGBTs repro-duzem homofobia, já reparou naquele gay falando que gosta de homem, não de bixinha? Pois é. O que é necessário em todo espaço majoritariamente hétero não é esse tipo de aceitação heteronor-mativa. Não é chegar no LGBT e falar “tudo bem ser X mas se com-porte Y”. É necessário respeito. Entender que esse incômodo que sentimos não é culpa do viadinho que força a barra, mas da sociedade que não nos permite aceitar o difer-ente. Entender que uma turma de 120 pessoas com 3 gays não é T-Fruta, que a sapatão não tá ali pra te deixar excitado, que não devemos esperar que os membros da AGITA se comportem de determinada forma porque cada um ali é uma pessoa com suas características e só nos cabe abraçá-las como abraça-mos cada uma das infinitas peculiari-dades do nosso H8.

Nos últimos tempos essa frase dita por tantos veteranos vem ganhando cada vez mais força e motivos para ser dita. É verdade que algumas mudanças são positivas, por exemplo, não ir para o rancho pelo raiz de dois em troca de um novo prédio do FUND é um grande avanço (se a construção realmente for concluída, claro). Mas, infeliz-mente, temos uma predominância de mudanças negativas no contexto que vivemos. “Bixo, no meu tempo eu comprava café, por uma pequena fortuna, no Bigode, uma cantina que ficava na Ala zero”. Essa frase vai entrar para o nosso vocabulário, infelizmente. No dia 03 de maio de 2016 aconteceu o término da inter-dição da Ala zero, que, por problemas estruturais graves, não pode mais receber pessoas em seu prédio. Nós já temos diversos problemas de cunho acadêmico (não é necessário nem entrar em detalhes, da T-50 a T-20, vamos deixar essa para outro momento? Levaria uma edição intei-ra d’A Cova), problemas estruturais surgiram desde o aumento de vagas mal organizado, mas agora temos um prédio caindo?! Com esse apar-ente estopim, muitos dos alunos atuais já se perguntam: O ITA ESTÁ EM RUÍNAS? Nós passamos por dificul-dades que não deveríamos ter que passar, sempre nos perguntamos o

POR DANIEL VASCONCELOS, T18’

porquê de termos que nos submeter a tais regras e problemas esdrúxulos. Mas existe algo, desde o dia 16 de janeiro de 1950, data da fundação da nossa escola, que nos faz não apenas aguentar os 5 anos de curso, mas também passar o resto de nossas vidas sendo saudosos ao ouvir o nome “ITA”. Sem dúvida, esse “algo especial” vem das pessoas que convivemos desde nossa aprovação no vestibular, nossa turma, nossos bixos e nossos veter-anos.

Exemplificando nossa segu-rança em admitir isso: “Bixo, no meu tempo eu virava noites para concluir o projeto do Aerodesign, mesmo nos exames, até fomos campeões e fomos para os EUA representar o Brasil”,”Bixo, eu tenho DC”, “Bixo, no meu tempo eu organizei o Feirão de Carreiras até durante a oitava semana”, “Bixo, no meu tempo eu resolvia todas as listas de MAT-22 pro pessoal que tinha dificuldades”, “Bixo, eu dava aula pra minha turma no Gagá-8 a noite inteira”, “Bixo, me acordavam na madrugada para ajudar no lab e eu nunca voltava a

dormir enquanto o programa não estivesse funcionando.” Com orgul-ho, frases como essas fazem parte do nosso vocabulário há anos e não representam mudança alguma, mas sim o que queremos que se perpetue em todas as turmas de iteanos que estão por vir. O ITA não está em ruínas. Temos muitos problemas, isso é verdade. Mas é verdade também que iremos cobrar os responsáveis, dar sugestões de melhorias e trabalhar sempre para que eles sejam solucio-nados da melhor forma possível. Uma coisa que sabemos é que a situação ideal não existe, mas quere-mos nos aproximar ao máximo dela. E queremos já. Nesse texto repleto de pala-vras negativas e informações tristes, finalmente posso dizer-lhes algo bom: Os iteanos somos nós, felizmente.

Sim, nós somos o pilar mais importante e mais forte do ITA, livre de problemas estru-turais e de riscos de ruir.

“Bixo, no meu tempo eu tornei o ITA um lugar melhor. Mãos à obra.”

A COVA - JUNHO/2016 - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

COVEIROSIann LibosJoão CortezLeonardo CunhaLincon BroedelRodrigo Amorim

COLABORADORESAdauto BrazDaniel VasconcelosGabriel MeloLincon BroedelLuciano HolandaRafaela GodoyRodrigo AmorimWalter Marinho#Hayek

1 14BIZUS

Assim explica o dicionário do Iteano, vulgo wikita, Mocado: Diz-se daquele estranho ser que não mantém contato com elementos da sua espécie.Transitando apenas do seu quarto no H8 para o ITA, com eventuais paradas no H15, o mocado é um desconhecido em sua própria turma.Também são consid-erados mocados os que estudaram no ITA e nunca mais deram notícia. Há sérias evidências que alguns destes retornaram ao seu planeta de origem. É de se observar, dessa forma, que tamanha é a quantidade de iteanos que compartilham das mesmas características que cunhou-se tal termo "mocado" para designá-los. Sabendo dessas propriedades de nossos alunos, aqui vão algumas dicas para "desmocar" e sair da bolha do H8:

Dicas para sair da bolhaPOR LINCON BROEDEL, T20

Para os jogadores de sinuca o Território na vila Ema concentra um público bastante jovem e alterna-tivo e é "o melhor" lugar de São José dos Campos para os jogos de bilhar.

A COVA - JUNHO/2016 - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Os apreciadores de Rock e motociclismo também não ficam de fora com o Moto Bar na rua Nelson D'ávila no qual até os garçons entram no clima motociclístico. No penúltimo fim de semana (28 e 29 de maio) o bar fez uma parceria com um grupo de Globo da Morte e a atração contou com quatro motos dentro do globo que se situava dentro do bar.

Ela voltou! Mas será que ela já foi? Fundada com o nome inicial de “Boletim A Cova Dela”, em maio de 1988, com a intenção de despertar os iteanos para os problemas da época, “A Cova” tem sido constantemente revivida pelas gerações dessa instituição. Isso nos deixou intrigados. O que esse jornal tem de tão especial para que seja revisitado de tempos em tempos? Ainda não conseguimos responder essa pergunta, mas podemos fazer uma analogia para tentar explicar nossa motivação. O Hobbit termina com Bilbo escrevendo suas memórias, com um subtítulo intrigante: “Lá e de volta outra vez”. Sinalizando que a toca de um hobbit é um bom lugar para retornar. Mas, depois de uma aventura, o lugar pode ser o mesmo, mas você já não é a mesma pessoa. Ele tem de lidar com a nostalgia. Do mesmo modo que não pode voltar a ser criança, não há como voltar para aquele estado de ignorante inocência. Ele viu o mundo. É um senti-mento de perda, mas também de novos significados e valores. Assim é “A Cova”. Apesar das mídias digitais dominando a comunicação, o bom e velho jornal do iteano ainda tem o seu valor. É o lugar para onde podemos retornar, revisitar memórias de turmas passadas e mostrar o que aprendemos para os próximos bixos. É onde podemos ser escritores, artistas e poetas. Cartear mas também passar o bizu. Mostrar o nosso mundo à todas as gerações de iteanos. Deixar a nossa marca na história desse instituto. “A Cova” nunca se foi. Mas algum dia ela vai ser revisitada. Guarde daqui o que é essencial. Saia do macaco. Fique livre para fazer a sua própria leitura, crítica ou texto, mas não deixe de ler. E, como diria Gandalf, “saiam de suas tocas, seus tolos”!

Nesse clima temático não podemos nos esquecer do Gato Tequila, antigo El Gato, na rua do Guten e em frente ao mirante, que é um restaurante mexicano até meados das 22:00 e 23:00 e depois se torna um "bar balada", o que se configura um dos melhores lugares para tomar tequila da cidade.

Na mesma rua do Gato Tequila temos o Aldeias da Lapa, com tema voltado para a cultura carioca com representações dos arcos da lapa e do Cristo. Divide-se em três ambientes: o bar, onde, geralmente, há MPB ao vivo e em algum momento da noite é distribuí-do instrumentos de percussão para que o público toque juntamente ao cantor; a choperia e a churrascaria.

SUMÁRIO

EDITORIAL

Lá e de volta outra vez

CAPA ........................................................................................................... 2OPINIÃO .................................................................................................... 3ITANDROIDS ........................................................................................... 5ESPECIAL ................................................................................................ 7HISTÓRIAS .............................................................................................. 9EMPREENDEDORISMO ................................................................... 10AGITA ......................................................................................................... 13BIZUS ........................................................................................................ 14CARTAS .................................................................................................... 15

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ANO ? / NÚMERO 1 - 400 EXEMPLARES R$0,00 (?)

“EU TORNEI A PISAR NA COVA DELA...”

O ITA ESTÁ EM RUINAS ? pg.2

POR WALTER MARINHO, T20

10SOBRE ESTAR NO LUGAR CERTO NA HORA CERTA POR ADAUTO BRAZ

EMPREENDEDORISMO 14SAIA DA BOLHA!POR LINCON BROEDEL

BIZUS

9OS TEMPOS DE HTSPOR WALTER MARINHO

HISTÓRIAS

13ACEITAÇÃO E RESPEITOPOR RAFA

AGITA

13ONDE VOCÊ QUER ESTAR EM 5 ANOS?POR RODRIGO AMORIM

ESPECIAL5UM POUCO MAIS SOBRE A INICIATIVAPOR LINCON BROEDEL

ITANDROIDSCARTAS15A COVA - JUNHO/2016 - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Minha terra tem palmeirasOnde sofre o bixaralTem capivara no laguinhoE até dentro do Villareal

Nosso teto tem mais goteiras,Nossas vagas têm mais mofo,E o mofo infiltradoDá mais vida ao cafofo.

Em cantar "A Cova", à noite,No feijão do bloco A;Faço grandes correntezas,Té o profeta acordar.

Minha terra tem CPOR,Onde aprendi a marcharficar em sentido, prestar continênciaE nas palestras, torar; Às vezes sou canetado,Mas... "tá na chuva é pra se queimar".

Não permita Deus que eu morraSe o FUND desabarSem que disfrute da MAT-12 Que tem por função nos sugar;Sem qu'inda escreva a históriaQue aos próximos bixos hei de contar.

Canção de todo bixo

Glossário do iteano

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