correio fraterno 464

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Ano 47 • Nº 464 • Julho - Agosto 2015 CORREIO FRATERNO SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA ISSN 2176-2104 A opinião no movimento espírita Umbral é o inferno dos espíritas? Muitos neófitos tendem a dar ao umbral o antigo con- ceito de inferno, apreendido em outras religiões. Mas um conceito interiorizado de maneira indevida pode compro- meter todo o conhecimento que será armazenado em suas bases. Leia mais na página 3. É comum no meio espírita pessoas reconhecida- mente importantes pelo trabalho social que re- alizam serem respeitas também como fontes fi- dedignas do conhecimento espírita, passando assim a ser formadoras de opinião. Seus comentários são tidos como válidos e certos, independentemente de se avaliar um pouco mais a fundo o que é dito. Mas como fica a questão quando, avaliando-se o conteúdo, nos deparamos com um conceito que se contradiz como conhecimento científico ou doutriná- rio? Leia nas páginas 8 e 9. Divertida mente O desenho animado que levou muita criança no cinema nessas férias ganhou também o público adulto, falando sobre o intrincado mecanismo das emoções em nossas vidas. Leia na página11. Atualíssima, a entrevista com Herminio Miranda revela o ponto de partida do pensamento do escritor que mostra o que o levou a escrever o seu primei- ro livro espírita, em 1967. Herminio fala sobre o homem, sua busca por Deus e sua religiosidade. Leia nas páginas 4 e 5. wwwcorreiofraterno.com.br 11 4109-2939 Entrevista SUICÍDIO: É preciso falar mais sobre este tema www.facebook.com/suicidioeprevenivel

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Correio Fraterno, um dos mais conceituados veículos de informação espírita do Brasil.

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A n o 4 7 • N º 4 6 4 • J u l h o - A g o s t o 2 0 1 5

CORREIOFRATERNO

SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA

ISSN

217

6-21

04

A opinião no movimento

espírita

Umbral é o inferno dos espíritas?

Muitos neófi tos tendem a dar ao umbral o antigo con-ceito de inferno, apreendido em outras religiões. Mas um conceito interiorizado de maneira indevida pode compro-meter todo o conhecimento que será armazenado em suas bases. Leia mais na página 3.

É comum no meio espírita pessoas reconhecida-mente importantes pelo trabalho social que re-alizam serem respeitas também como fontes fi -

dedignas do conhecimento espírita, passando assim a ser formadoras de opinião. Seus comentários são tidos como válidos e certos, independentemente de se avaliar um pouco mais a fundo o que é dito.

Mas como fi ca a questão quando, avaliando-se o conteúdo, nos deparamos com um conceito que se contradiz como conhecimento científi co ou doutriná-rio? Leia nas páginas 8 e 9.

Divertida mente O desenho animado que levou muita criança no cinema

nessas férias ganhou também o público adulto, falando sobre o intrincado mecanismo das emoções em nossas vidas. Leia na página11.

Atualíssima, a entrevista com Herminio Miranda revela o ponto de partida do pensamento do escritor que mostra o que o levou a escrever o seu primei-ro livro espírita, em 1967. Herminio fala sobre o homem, sua busca por Deus e sua religiosidade. Leia nas páginas 4 e 5.

wwwcorreiofraterno.com.br11 4109-2939

Entrevista

SUICÍDIO: É preciso falar

mais sobre este tema

Atualíssima, a entrevista com Herminio Miranda revela o ponto de partida do pensamento do escritor que mostra o que o levou a escrever o seu primei-ro livro espírita, em 1967.

Deus e sua religiosidade.

Entrevista

www.facebook.com/suicidioeprevenivel

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2 CORREIO FRATERNO JULHo - AGoSto 2015

www.correiofraterno.com.br

eDItoRIAL

e a doutrina espírita fosse uma concepção puramente huma-na, não teria como garantia

senão as luzes daquele que a tivesse con-cebido. Se os espíritos que a revelaram se houvessem manifestado a apenas um ho-mem, nada lhe garantiria a origem. (...) O espiritismo não tem nacionalidade, independe de todos os cultos particulares, não é imposto por nenhuma classe social. Era necessário que assim fosse, para que ele pudesse conclamar todos os homens à fraternidade. Esta universalidade do ensino dos espíritos faz a força do espiritismo, e é ao mesmo tempo a causa de sua tão rápida propagação. (...) As revelações que alguém possa obter são de caráter individual, sem

autenticidade, e devem ser consideradas como opiniões pessoais deste ou daquele espírito, sendo imprudência aceitá-las e propagá-las levianamente como verdades absolutas. (...) A única garantia segura do ensino dos espíritos está na concordância das revelações feitas espontaneamente, através de um grande número de médiuns, estranhos uns aos outros, e em diversos lugares. (...) Esse controle universal é uma garantia para a unidade futura do espiritis-mo, e anulará todas as teorias contraditó-rias. É nele que, no futuro, se procurará o criterium da verdade e poderoso critério do controle universal”.

As palavras acima são de Allan Kardec e estão em O livro dos médiuns. Se lembrar-

CORREIO DO CORREIO Título da cartaFiquei emocionada quando li no Cor-reio uma nota dizendo que o livro Pão Nosso (Emmanuel) foi eleito o melhor livro cristão do ano nos Estados Unidos (Caça-palavras do Correio, ed. 463). É uma coleção maravilhosa! Pena que a boa notícia foi pouco divulgada na im-prensa. Aproveito para dizer que adoro

os passatempos do jornal. Alice da Silveira, Magé, RJ

Muitas matérias deste prestigioso jornal têm servido para os nossos estudos, mo-tivo pelo qual muitos agradecimentos enviamos aos seus diretores, como tam-bém aos articulistas. Dr. Célio Trujillo Costa. Curitiba, PR

Envio de artigosEncaminhar por e-mail: [email protected] Os artigos deverão ser inéditos e na dimensão máxima de 3.800 caracteres, constando referência bibliográfi ca e pequena apresentação do autor.

CORREIOFRATERNO

JORNAL CORREIO FRATERNOFundado em 3 de outubro de 1967 Vinculado ao Lar da Criança Emmanuel

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Presidente: Adão Ribeiro da CruzVice-presidente: Tânia Teles da MotaTesoureiro: Vicente Rodrigues da Silva

Secretária: Ana Maria G. CoimbraAv. Humberto de Alencar Castelo Branco, 2955

Vila Alves Dias - CEP 09851-000 São Bernardo do Campo – SP

Uma ética para a imprensa escrita

em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Cor-reio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação:

• A apreciação razoável dos fatos, e de suas consequências.

• Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros.

• Discussão, porém não disputa. As in-conveniências de linguagem jamais ti-veram boas razões aos olhos de pessoas sensatas.

• A história da doutrina espírita, de al-guma forma, é a do espírito humano. o estudo dessas fontes nos forneceráuma mina inesgotável de observações, sobre fatos gerais pouco conhecidos.

• os princípios da doutrina são os de-correntes do próprio ensinamento dos espíritos. não será, então, uma teoria pessoal que exporemos.

• não responderemos aos ataques diri-gidos contra o espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que po-dem degenerar em personalismo. Discu-tiremos os princípios que professamos.

• confessaremos nossa insufi ciência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. Longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicita-mos. Serão um meio de esclarecimento.

• Se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião indivi-dual que não pretenderemos impor aninguém. nós a entregaremos à discus-são e estaremos prontos para renunciá--la, se nosso erro for demonstrado.

esta publicação tem como fi nalidade ofe-recer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. e ligar, por um laço comum, os que com-preendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.

Envie seus comentários para [email protected]. Os textos poderão ser publicados também no nosso site www.correiofraterno.com.br

ISSN 2176-2104

esquecimento ou

Nós é que agradecemos todo o carinho rece-bido a cada edição. Isso é o que nos alimen-ta e nos impulsiona. Nos faz pensar muito antes do tempo sobre a infi nidade de temas que poderão ser pinçados, debatidos e aqui compartilhados. Que essa troca liberta nos inspire e nos alimente sempre. Um abração bem grande a todos.A redação

mos delas, muitas dúvidas cessarão e mui-tas polêmicas se mostrarão desnecessárias. Foi pensando justamente na importância do critério da universalidade dos ensinos dos espíritos que elaboramos com carinho essa edição. Afi nal, já sabemos separar espi-ritismo de opinião?

Boa leitura!Equipe Correio Fraterno

incompreensão?“S

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JULHO - AGOSTO 2015 CORREIO FRATERNO 3

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Cerca de 100 dirigentes e colabora-dores de centros espíritas estiveram no dia 18 de julho na sede da União

das Sociedades Espíritas de São Paulo para debater um tema que vem sendo recorren-te em palestras, artigos e livros, causando polêmica: “Umbral: inferno dos espíritas?”.

O evento foi organizado e conduzido pelos Departamentos do Livro e de Orien-tação Doutrinária da USE Regional SP e integrou as atividades comemorativas dos 150 anos do livro O céu e o inferno.

O assunto mereceu esclarecedoras ex-posições, permitindo a interação entre os participantes, incentivando-os à reflexão sobre os princípios doutrinários apresenta-dos nas obras de Allan Kardec. Destacou-se nos debates a necessidade de serem justa-mente esses os princípios a nortear qual-quer interpretação de informações contidas em obras que supostamente descrevem as características do mundo dos espíritos.

Um dos coordenadores do encontro, Marco Milani, lembrou que a palavra ‘um-bral’ foi popularizada por autores como An-dré Luiz, porém não implica região geográ-fica ou determinada no mundo espiritual, mas em reflexo psíquico dos próprios seres.

Também foi destacado o esforço que todos os dirigentes devem ter para escla-recer e orientar, de forma fraterna, sobre os contrastes existentes entre a doutrina espírita e os conceitos e práticas de outras filosofias e religiões que concebem o céu, inferno e o purgatório com concepções próprias. “Alguns adeptos, principalmente os neófitos, tendem a adaptar práticas e posturas adotadas na religião anterior para o ambiente espírita. Por exemplo, não há santos e idolatria no espiritismo, porém há vários adeptos que substituíram a de-voção a santos pela devoção a Bezerra de Menezes, Eurípedes Barsanulfo etc. Assim também o umbral é, para muitos, a simples substituição do inferno (ou purgatório) ca-tólico por um novo nome, mas com o an-

Acontece

tigo conceito. Essas adaptações sincréticas são incoerentes sob a perspectiva doutriná-ria”, explica Milani.

Perguntado sobre a compreensão dos dirigentes espíritas a respeito do critério da universalidade dos ensinos adotado por Kardec, Milani assinala que somente entendem essa questão aqueles que estu-dam seriamente o espiritismo, sejam eles dirigentes ou não. “Por sinal, esse é um dos problemas de alguns adeptos, que se depa-ram com informações for-necidas por uma ou poucas fontes sem a devida valida-ção e saem por aí reprodu-zindo inconsequentemente o que leram ou ouviram. Por exemplo, segundo o es-piritismo, o ser não retroage em sua evolução espiritual, mas há livros vendidos em livrarias supostamente es-píritas que afirmam que o ser pode involuir espiritu-almente. Ora, se a pessoa quer acreditar na involução, é uma opção dela, mas não deve considerar que esse seja um ensina-mento espírita, pois não é. Igualmente há outros desvarios conceituais que colidem frontalmente com os princípios doutriná-rios e são aceitos afoitamente e sem qual-quer evidência por aqueles que não são muito afeitos ao estudo das obras funda-mentais do espiritismo de autoria de Allan Kardec”, afirma.

Pautados pela diretriz da coerência dou-trinária adotada pela USE Regional São Paulo, o objetivo desses encontros, abertos ao público, realizados sempre nos terceiros sábados do mês, às 15 horas, é fomentar a troca respeitosa de ideias e contribuir para o esclarecimento de maneira doutrinaria-mente coerente.

Para Julia Nezu, reeleita em 14 de ju-nho para a presidência estadual da USE

Umbral é o inferno dos espíritas?

Da ReDAÇÃo

O céu e o inferno de

Kardec

Lançado em Pa-ris, em agosto de 1865, o livro O céu e o inferno, que compõe as obras básicas da codificação,traz o exame compara-do das doutrinas sobre a passagem

da vida corporal à vida espiritual. Allan Kardec aborda na obra estudos e refle-xões sobre as penas e recompensas fu-turas, os anjos e os demônios, as penas eternas etc, incluindo exemplos sobre a situação real da alma durante e após a morte. Há depoimentos de espíritos em diversos graus de evolução: felizes, sofre-dores, suicidas, criminosos, endurecidos, dentre outros.

até 2018, o papel da entidade é justamente trabalhar como um fórum onde as casas espíritas (1.450 afiliadas e 2.500 cadas-tradas) possam discutir questões administrativas e doutrinárias. “Fomentamos a discussão, a tro-ca de experiências e decisões são tomadas com base no posiciona-mento do conselho deliberativo, composto pelos dirigentes das casas espíritas”, explica.

No próximo encontro, em 15 de agosto, a USE Regional São Paulo abordará questões relacio-nadas às redes sociais e aos con-teúdos espíritas e pseudoespíritas.

Para saber mais acesse www.usesp.org.br

Evento realizado na USE Regional

São Paulo debate tema recorrente em

palestras

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4 CORREIO FRATERNO JULHO - AGOSTO 2015

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À procura de DeusentReVIStA

Por eLIAnA HADDAD*

Num exercício criativo, fiel aos escritos do seu primeiro livro espírita, Os procuradores de Deus, de 1967, o Correio Fraterno entrevista o autor Herminio c. Miranda, no intuito de registrar em forma de perguntas (de

hoje) e respostas (da obra) o incrível conteúdo da pesquisa histórica do “velho escriba”, como ele se autodenominava.

o livro é um guia seguro para quem busca a verdade sobre a existência de Deus, do espírito, da vida. Raridade, é atual em seu conteúdo original, apresenta-do em roupagem moderna e com todas as ‘escovadas’, como quis Herminio, que também se viu surpreso diante da notícia sobre a descoberta da obra num sebo, visitado por Raymundo espelho, fundador do Correio Fraterno.

com gratidão, esta edição homenageia esse incansável pesquisador, que de-sencarnou aos 92 anos, em 2013, deixando uma obra necessária a todos nós, espíritas e não espíritas, com seus 42 títulos publicados em português e cinco traduzidos e comentados.

Aqui estão suas reflexões em Os procuradores de Deus. esperamos que ele também possa celebrar conosco a consolidação desse grandioso projeto.

Como surgiu esse seu primeiro li-vro espírita?Herminio: Escrevi numa praça, de férias, em Caxambu,MG. Trata-se de uma con-versa informal acerca do problema da vida e da morte. Não me preocupou na sua ela-boração o desenvolvimento de um plano muito metodizado, numa sequência rígida, pejada de citações eruditas e obscuras. Dei-xemos essas virtudes austeras aos sisudíssi-mos tratados de teologia. Estamos cansa-dos de erudição e obscuridade. Queremos agora uma discussão franca de problemas que tão profundamente nos interessam: a majestosa equação da vida.

Como analisar o conflito histórico entre ciência e religião?É preciso ver onde acaba a ciência – se é que acaba – e onde começa a religião; ou se aquilo que nos parece uma linha de-marcatória não resulta de mera deficiência dos métodos de observação. É preciso que se discuta tudo isso em linguagem desata-viada daquilo que teologias milenares têm procurado explicar a seu modo.

O estudo sobre a morte e sobre Deus é da alçada da ciência?A morte tem sido através dos tempos um dos principais objetos das cogitações teo-lógicas, desde as religiões mais primitivas até as sofisticadas discussões da moder-na teologia. Nesta, tanto se especula em torno da ideia de Deus que se esquece de praticar as virtudes que levam a Ele. O que não se pode, entretanto, é admi-tir que o assunto seja da alçada exclusiva da religião. Não estamos ainda equipados intelectual e moralmente para uma abor-dagem, mesmo primária, do assunto. E acho tão perniciosa à evolução do espíri-to a descrença pseudocientífica, como o exagerado misticismo que atribui a Deus condições humanas.

Muitos ainda ridicularizam a ideia da existência do espírito. Como essa obra pode auxiliar esse enten-dimento? Se o leitor estiver entre aqueles que duvi-dam da existência do espírito é de mais fá-cil recuperação. Se, não obstante, é dos que negam enfaticamente essa realidade, está com um atraso de pelo menos um século na sua formação filosófica. Para ambos há uma grande novidade a oferecer: o espírito existe de fato e não apenas como abstração filosófica para ocupar o tempo dos que es-crevem tratados de metafísica e o daqueles que os leem. Aliás, a novidade é ainda mais ampla, porque não apenas ‘temos um’ espí-rito, senão que ‘somos’ espíritos.

Por que tanta dificuldade em se aceitar a imortalidade?São ilusões. Apenas o corpo físico desmoro-na, desintegra-se e se apaga na superfície da Terra. O espírito não. Ele aqui vem como visitante, como escafandrista que veste a sua armadura para descer ao fundo do oce-ano, mas um dia sobe à tona, abandona o casulo e regressa à sua verdadeira condição.

O modelo materialista seria o prin-cipal fermento do ceticismo?Na adolescência experimentei também a doença do ceticismo. Recém-egresso de uma fase de misticismo religioso, sentia-me um homem livre de crenças e de crendices. Julgava-me um ser emancipado e também dava graças a Deus por não mais acreditar Nele. É uma curiosa emoção essa. Eu era livre para cometer qualquer deslize e fazer do meu destino o que bem entendesse. Não havia ninguém para tomar conta dos meus atos e nem eu tinha de responder por eles jamais. A morte seria o simples dobrar de uma página em branco de um livro inútil. A vida, um jogo não menos inútil e incompreensível de emoções e de can-

Herminio Miranda: Queremos agora uma discussão franca de problemas que tão profundamente nos interessam: a majestosa equação da vida

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mediante determinadas condições, como qualquer outro fenômeno natural.

E sobre a justificativa de que tudo não passa de simples resposta fi-siológica?Se o fenômeno resulta de uma simples operação fisiológica, por que não a pode executar igualmente bem um cadáver? Ali estão as mesmas células, os mesmos órgãos, os mesmos sistemas. Ah!, mas falta a vida, dirá o cético. É verdade, falta a vida e o que será essa coisa a que cha-mamos vida?

Qual o papel do espiritismo nessa caminhada do conhecimento?

A verdade é que todos têm idênticas oportunidades de

aprendizado e evolução. A escola da vida está igualmente aberta a todos nós (...). Caminhamos espi-ritualmente à medida que vamos

sendo promovidos”

seiras, com algumas alegrias aqui e acolá. Mas o espírito que abandona uma crença religiosa, porque não mais lhe acalma os anseios e nem lhe satisfaz às especulações do intelecto, acaba por sentir-se também insatisfeito com o dar de ombros do nega-tivismo. Quando procura respostas claras, diretas, objetivas às suas inquietações não se dá por satisfeito dentro das estreitezas do materialismo, como não se sente à vontade no acanhamento do dogmatismo religioso.

O senhor comenta em seu livro sobre as complicações advindas dos dogmas, do inferno e dos castigos eternos. Isso nos afastou de Deus?Poucas coisas neste mundo são tão perni-ciosas quanto uma ideia mal assimilada. O aspecto mais lamentável dessa doentia criação humana que é o inferno é o cará-ter verdadeiramente blasfemo da punição eterna. Se admitirmos a existência de um Deus justo e bom, compassivo e puro, como é que vamos conciliar a ideia de Deus com a do castigo eterno? A questão é que esse samburá teológico parece não ter fundo. A gente começa a remexer e vai retirando dele novas dúvidas e novos problemas a resolver.

Com sua vasta experiência em reu-niões mediúnicas, tem observado esses enganos nas histórias espiri-tuais?O católico e o protestante, cumpridores de suas obrigações religiosas, sofrem tre-mendas decepções ao morrer, porque não encontram do ‘lado de lá’ as instituições e a acolhida que lhes foram anunciadas. Como é que sabemos disso? É fácil. Basta ouvir os que já se foram para lá.**

Outro ponto interessante é sua análise sobre a condição humana de Jesus. Pode nos falar a respeito?Não se pode deixar de observar na obra de Jesus indícios dos mais evidentes da sua inegável condição humana. Nas suas irri-tações, no seu temor, nas suas angústias, em certas mudanças de atitude. Às vezes se aborrece e se impacienta com o que ouve ou presencia. Numa das passagens, repreende asperamente a Pedro, por lhe ter assegurado que as desgraças que anun-ciou não chegariam a ocorrer. Aos escribas

e fariseus são constantes as suas censuras, chamando-os de hipócritas, geração de ví-boras. Outro gesto de incontida irritação é a cena de explosão com os mercadores. A cena da expulsão – a ser legítima – só pode ser atribuída a um momento de profun-da irritação. Dos seus temores e angústias não há passagem mais eloquente do que o drama de Getsemani, onde implora ao Pai que se estivesse na vontade dele, Pai, que o poupasse ao tormento que pressente. Tam-bém a cena da última ceia tem uns laivos sombrios de melancolia e apreensão.

E sobre a pesquisa científica com relação ao espírito. Afinal, já não existem essas provas?

Queremos a prova da maneira inadequa-da, à nossa maneira, sem cogitar de que para cada sistema de fenômenos há um conjunto específico de testes e provas. Quando se trata, porém, da existência do espírito, nada disso se aplica. Queremos ver essa ‘coisa’, encerrada numa jaula, sob as lentes de um microscópio eletrônico, no fundo de uma proveta. Queremos que ele faça para nós algumas mágicas, nos deixe examinar suas impressões digi-tais, nos mostre a língua, deixe-se pesar e medir pelos nossos toscos e ridículos ins-trumentos. Não adianta que homens da mais elevada reputação pessoal, científica e intelectual, tenham já nos assegurado a existência do espírito. O fenômeno é re-almente de delicada natureza e só ocorre

A história da humanidade registra a eclo-são de muitas crenças espiritualistas. Infe-lizmente, porém, foram ‘crenças’ e não um conjunto de fatos que a inteligência pudes-se tomar para exame e a razão aceitar sem degradar-se e sem fazer concessões. Prova-velmente impacientados ante a cegueira espiritual do homem, os próprios espíritos desencadearam um movimento destinado a revelar certas verdades singelas e naturais que até então se achavam encobertas pelo véu do mistério.

Se essas informações já chega-ram até nós, por que ainda há tanta resistência em se aceitar a vida espiritual?Fatos sustentam na parte experimental

um majestoso edifício filosófico, que pouco a pouco foi-se revelando aos olhos daqueles que há mais de um século vêm estudando o fenômeno com os “olhos de ver” de que falava o Cristo. Fora da literatura espírita há também trabalhos sérios de autores aos quais não assentam os rótulos costumeiros de leviandade, ingenuidade ou partidarismo. O leitor interessado busque Lodge, Conan Doy-le, William Barrett, Aksakof, Ernesto Bozzano, Camille Flammarion, Gustave Geley, Epes Sargent – a escolha é am-pla. Deixo à margem os que, não menos dignos que esses, nem menos brilhantes, inclinaram-se desde o início pela chama-da hipótese espírita: Léon Denis, Paul Gibier, Gabriel Delanne. Também não pretendo impingir Kardec a ninguém. O leitor irá a ele quando sentir que deve e precisa da sua meridiana clareza expo-sitiva e do seu lúcido raciocínio lógico. Cabe a você decidir. Minha função aqui não é fazer proselitismo, pois entendo que conceituação doutrinária é questão de maturidade.

Seria uma questão de dar tempo ao aprendizado da vida?A verdade é que todos têm idênticas opor-tunidades de aprendizado e evolução. A es-cola da vida está igualmente aberta a todos nós, em todos os graus, desde o jardim da infância até os mais avançados cursos uni-versitários. Caminhamos espiritualmente à medida que vamos sendo promovidos. Às vezes, repetimos determinadas séries, espe-cialmente nas mais elementares, porque ao alcançarmos as superiores já temos mais desenvolvimento e senso de responsabili-dade. De outras, simplesmente paramos, indiferentes ao fantástico ritmo evolutivo que vibra por todo o Universo à nossa vol-ta. Jamais recuamos, porém.

O que dizer para quem não se con-vence de que a vida continua?Você terá a sua prova definitiva, irrefutável, com a sua própria morte. (...) O espírito existe, preexiste e sobrevive.

(*) Respostas transcritas do livro Os procuradores de Deus, reeditado pela Correio Fraterno.

(**) Leia mais nos livros da coleção “As histórias que os espí-ritos contaram” – A dama da noite, O exilado, A irmã do vizir e As mãos de minha irmã (Ed. Correio Fraterno).

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6 CORREIO FRATERNO JULHO - AGOSTO 2015

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coISAS De LAURInHA Por tAtIAnA BenIteS

Bagagem de coraçãoA professora explicava sobre o acú-

mulo de bens na terra e as crian-ças da evangelização prestavam aten-ção, quando Pedro levantou a mão:– Professora, quando a gente cresce, não tem que trabalhar pra ser rico?– Pedro, não trabalhamos para ser-mos ricos, mas para nos realizarmos, desenvolvermos, para sermos felizes.Aninha considera:– Mas quem não tem dinheiro tam-bém não é feliz!– Ser feliz não está atrelado a ter dinheiro, Aninha, embora ele seja hoje tão valorizado na terra. e mais: quando desencarnamos, não leva-mos nenhuma riqueza para o plano espiritual.Laurinha entra na conversa:– É porque não dá para o espírito pegar!

– Rindo, a professora orienta: Sim, Laurinha! o espírito não vai pegar o dinheiro, porque não há valor para ele no plano espiritual. o importante para nós é acumularmos riquezas no coração.– Vixiiiii! Agora tem operação para fazer coração de ouro? – comenta Jorginho.toda a sala começa a rir, fazendo com que a professora retome a or-dem entre eles.– Quis dizer que a maior riqueza que temos são as nossas virtudes e que...– o que é virtude? – pergunta Ani-nha, interrompendo.– São as nossas qualidades. com elas somos pessoas melhores, agi-mos cada vez mais no bem, trazen-do coisas boas ao próximo e a nós mesmos. o que vocês fazem de

bom para vocês e para os outros?– Recolho o lixo e reciclo! – gritou Jorginho.– eu tomo banho rápido – disse Pe-dro.– eu ajudo minha avó – apressou-se Aninha.– eu beijo e abraço meu cachorro – disse Laurinha.novamente a agitação toma conta da sala, com todos comentando que abraçar o cachorro não era exemplo de virtude. – como não, orienta a professora! Isso é afeto, amor. Demonstração de carinho para com os outros, sejam pessoas ou animais. Demonstra que Laurinha tem coração bom. e tudo que é bom volta para nós também.os alunos começam a falar o que também fazem para demonstrar

que são carinhosos em casa, com os pais, amigos e avós.– Isso é a riqueza do coração! A única que levamos conosco. As que fazem nos sentirmos bem. nossos mentores saberão que temos uma bagagem muito boa para carregar. entenderam?– Siiiiiiim! – respondem as crianças.Laurinha então completa em voz alta:– Se não podemos levar coisas ma-teriais, só quero ver meu mentor car-regando minha bagagem de coisas boas!– Laurinha, não são bagagens como as de viagem.Laurinha sorri e pisca para professo-ra dizendo:– Professora, não se preocupe, todas as minhas malas são de coração!

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JULHO - AGOSTO 2015 CORREIO FRATERNO 7

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Por AntonIo ceSAR PeRRI De cARVALHo

espiritismo em ambientes simples

Conheci o espiritismo na infância, acompanhando minha mãe e um tio em reuniões mediúnicas públi-

cas. Eram comuns na época as reuniões informais de estudos espíritas. Também participava de atividades de visitas a insti-tuições e hospitais, quando levávamos lan-ches. Nos idos de 1961, adolescente ainda, acompanhei o início de funcionamento da Instituição Nosso Lar, num bairro nascente e periférico em Araçatuba, SP, onde morá-vamos. Frequentava a reunião pública dos domingos, com explanações doutrinárias e passes. Lembro que era num salão bem simples, onde havia também a oferta de sopa aos frequentadores. Três anos depois,

passei a colaborar na “Aula de Moral Cristã Neio Lúcio”, o que foi um grande incenti-vo para fundar depois a Mocidade Espírita da instituição. O lugar era mesmo bem sin-gelo, com suas salas sem forro e mobiliário recebido por doações.

Nas décadas seguintes, visitei outros ambientes que também me marcaram bastante. Um deles foi um grupo espírita dirigido por Gedeão Fernandes de Miran-da, pioneiro do espiritismo em Araçatuba, então nonagenário. Localizava-se em um sítio, no Bairro do Goulart. Outra expe-riência foi assistir às reuniões de Chico Xavier, no Grupo Espírita de Prece, e par-ticipar dos atendimentos da chamada “pe-

regrinação”, em Uberaba. Também vêm à minha lembrança o centro dirigido por Langerton Neves, num sítio de Peirópolis, MG e o Centro Espírita Fé e Amor, funda-do por Sinhô Mariano – tio de Eurípedes Barsanulfo –, na Fazenda Santa Maria, em Sacramento, MG. Esses e outros locais não somente fazem parte da minha experiência de vida como espírita como contam parte da história do espiritismo no Brasil.

Essas recordações e experiências foram em mim reativadas com as releituras em torno da vida dos primeiros cristãos, re-latadas por Emmanuel em seus romances históricos. Na maturidade, depois da tra-jetória profissional e de tempos passados na colheita de experiências no movimen-to espírita, passei a refletir, fazendo um cotejo entre a realidade espírita inicial e a que conhecemos na vastidão do imenso e diverso território brasileiro. Passamos a pensar em novos projetos, relacionados ao apoio a centros espíritas considerados mais simples, até que, em 2008, chegamos a apresentar um trabalho para ações dire-cionadas, incluindo o “Projeto Interiori-zação”1. Foi assim que, em parceria com entidades federativas, visitamos vários centros do interior dos Estados e, mais uma vez, a simplicidade ficou em evidên-cia, como a que encontramos no grupo espírita de Manaquiri, AM, localizado a duas horas de barco de Manaus, e que se reunia em um ambiente tipo choupana indígena, sem energia elétrica, às margens de um pequeno rio.

Dois anos depois, uma nova proposta: o seminário integrado “Ações de acolhi-mento, consolo e esclarecimento no Cen-tro Espírita”2, implantado em 2012.

Essas vivências já se refletiam no arti-go “Acolhimento aos simples”3, onde se

enaltecia a importância de se incentivar a criação de centros espíritas em bairros e cidades, ponderando-se a necessidade de esclarecimentos evangélicos à luz do es-piritismo direcionados a pessoas simples, com livros que trazem as lições ensinadas pelo Mestre para o entendimento da men-sagem cristã”.4

Hoje, sem proselitismos e com base em dados do Censo do IBGE, preocupa--nos o fato de o espiritismo não estar tão presente nas faixas sociais que apresentam renda e escolarização mais baixas. Diante de tantas lembranças queridas de locais e pessoas onde justamente a simplicidade prevalecia, penso que nos encontramos em um momento crucial para definições de ações e estas devem ser repensadas para que o espiritismo chegue e se espraie le-vando sua contribuição espiritual a todos os segmentos da sociedade, não apenas na relação socioassistencial.

É assim que me permito recordar tam-bém as experiências do cristianismo pri-mitivo como meios de incentivo a essas re-flexões e adequações em todas as áreas da atuação espírita. Entre elas, as recomenda-ções do Doutor da Lei que se transformou em homem do povo: “Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Tudo faço por causa do evangelho, com o fim de me tornar cooperador dele” (I Coríntios, 9:22-23).

Referências:1Reformador. Ed. especial, maio, 2009.2Reformador. Ed. especial, maio, 2012.3Carvalho, Antonio C. Perri. Acolhimento aos simples. Reformador, fevereiro, 2011.4Carvalho, Antonio Cesar Perri. Orientação aos ór-gãos de unificação. FEB, 2010.

Antonio Cesar Perri presidiu a Federação Espírita Bra-sileira e o CFN até março de 2015.

BAÚ De MeMÓRIASO BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ!Envie para nós um fato marcante sobre o Espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção. E-mail: [email protected].

Em Manaquiri, AM, a duas horas de barco de Manaus: reuniões da casa espírita na completa simplicidade

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8 CORREIO FRATERNO

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eSPecIAL

Opinião do espírita no movimento

espírita

Como fazer para discernir conheci-mento de opinião? Platão definiu conhecimento como “toda crença

verdadeira e justificada.”1 Tudo que acredi-tamos ser verdade e que possui justificativas baseadas em métodos criteriosos de validação pode ser chamado de conhecimento. Embo-ra essa definição contenha brechas para sofis-mas, ela permite entender a diferença entre uma mera opinião e um conhecimento. Por exemplo, ninguém diz que acha que a Terra gira em torno do Sol. Isso já é um conheci-mento certo. Já opinião é uma crença pessoal que não foi validada por explicações ou jus-tificativas conhecidas e respeitadas. Isso nos faz lembrar que o espiritismo trouxe uma

Por ALexAnDRe FonteS DA FonSecA

das maiores contribuições para a sociedade: tornou as crenças a respeito da existência e sobrevivência da alma, bem como dos processos de comunicação entre ‘mortos’ e ‘vivos’, em conhecimento plenamente jus-tificado através do emprego de métodos de análise dos fenômenos espíritas.2

No meio espírita é comum ouvir dizer que “se fulano disse ou se saiu em tal livro ou revista, trata-se de uma verdade”. Isso é chamado de “argumento de autoridade”, ou seja, quando uma pessoa é reconhecida pela sociedade pela importância de suas obras, torna-se respeitada e suas palavras passam a formar opinião. Seus comentários são tidos como válidos e certos independentemente

de se avaliar sua veracidade. E no movimen-to espírita, temos vários formadores de opi-nião. Pessoas que pela dedicação ao bem, à caridade e à divulgação do espiritismo, con-quistaram o respeito público.

Mas, como reconhecer uma opinião no movimento espírita? Utilizemos a de-finição de conhecimento, dada por Platão acima mencionada. Quando uma novida-de é divulgada nos meios espíritas, procu-remos suas explicações. Se a novidade não possui explicações, será uma mera opinião. Se as possui, analisemo-las. Quais as bases apresentadas para justificá-las? Conheço o conteúdo e o seu valor? Sou capaz de com-preender as justificativas apresentadas? Se

a resposta for “não” a alguma das questões acima, se não temos conhecimento apro-fundado das bases usadas para defender a novidade, de duas uma: ou as estudamos para avaliar melhor ou, simplesmente, consideramos a novidade uma opinião. Um exemplo típico de novidades em nos-so meio que representam apenas a opinião de seus interlocutores são aquelas que fre-quentemente usam conceitos e fórmulas da física quântica para explicar as novidades.

Há quem justifique as novidades argu-mentando que o espiritismo é uma doutri-na aberta ao conhecimento e ao progres-so. Kardec, no item 55 do capítulo I de A Gênese3 afirmou que “Caminhando de par

“O que é que todo mundo tem e ao mesmo tempo todo mundo gosta de dar? R. Opinião!”

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JULHo - AGoSto 2015 CORREIO FRATERNO 9

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com o progresso, o espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modifi caria nes-se ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará.” Portanto, realmente, o espi-ritismo é aberto ao progresso. Porém, ele não é aberto a qualquer coisa e de qualquer modo. É o próprio Kardec quem faz ressal-va nesse mesmo item, quando diz que o es-piritismo “assimilará sempre todas as dou-trinas progressivas, de qualquer ordem que sejam desde que hajam assumido o estado de verdades práticas e abandonado o domí-nio da utopia, sem o que ele se suicidaria.”

Para uma novidade assumir “o estado de verdades práticas” e abandonar “o domínio da utopia”, é preciso que deixe de ser uma crença (isto é, mera opinião) para ser tornar um conhecimento, através de trabalhos de es-tudo e pesquisa que a justifi quem plenamen-te. Então, não basta alegar que o espiritismo é aberto ao progresso: tem que demonstrar que a novidade é, de fato, um progresso!

E nesse aspecto, como ninguém é per-feito, é natural que, de vez em quando, os formadores de opinião no movimento espírita se equivoquem. Como proceder quando isso ocorre? Como fi ca, nesses ca-sos, a “fé raciocinada” ensinada e estimula-da pelo espiritismo? Devemos aceitar uma informação somente por ter sido trazida por um formador de opinião (médium ou não) respeitado (ou o mais respeitado) no movimento espírita? Como o espiritismo ensina a proceder diante de informações que distoam do conhecimento científi co e/ou doutrinário? Felizmente, o espiritis-mo oferece orientações bem seguras. Uma delas é a conhecida afi rmação de Erasto (item 230 do capítulo 20 de O livro dos médiuns4): “Melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea.” Outra, menos conhe-cida, é a orientação de Santo Agostinho: “Observai e estudai com cuidado as comu-nicações que recebeis; aceitai o que a vossa razão não rejeita; repeli o que a choca; pedi esclarecimentos sobre as que vos deixam na dúvida. Tendes aí a marcha a seguir para transmitir às gerações futuras, (...), as ver-dades que distinguireis sem difi culdade de seu cortejo inevitável de erros.”5 Erasto e Santo Agostinho deixam claro que aquilo que a razão não aprova, devemos rejeitar. Podemos, também, pedir esclarecimentos,

mas enquanto isso não ocorre, a novidade não merece crédito.

Agora, mudemos o foco das questões para nós. Que valor damos ao que é reve-lado por médiuns ou pessoas reconhecidas no movimento espírita? Qual deve ser a nossa postura perante essas novidades? Há algum exemplo do próprio Kardec?

Isso é importante pelo caráter de de-pendência que se cria para com a opinião de certas pessoas em detrimento do exer-cício da fé raciocinada. Quando os nossos companheiros mais respeitados desencar-narem, como formaremos nossas opiniões a respeito das novidades? Quais serão nos-sos critérios de aceitação do que dizem en-carnados ou desencarnados? E, mesmo que surjam companheiros cuja moral e esforços no bem e na divulgação do espiritismo mereçam o nosso mais profundo respeito e estima, vamos continuar a transferir para eles a responsabilidade de discernir no que devemos ou não crer? Não criticamos essa postura em outros meios religiosos?

Kardec como referênciaVejamos um exemplo signifi cativo do

próprio Kardec sobre uma opinião que ele acreditava estar correta (mas que hoje se sabe que não estava), e que, por prudência, ele evitou inseri-la no corpo da doutrina es-pírita por ser apenas uma opinião própria:6 “A questão da geração espontânea está nes-te número. Para nós, pessoalmente, é uma convicção, e se a tivéssemos tratado numa obra comum, tê-la-íamos resolvido pela afi r-mativa; mas numa obra constitutiva da dou-trina espírita, as opiniões individuais não podem fazer lei; não se baseando a doutrina em probabilidades, não podíamos decidir uma questão de tal gravidade, apenas des-pontada, e que ainda está em litígio entre os especialistas. Afi rmando a coisa sem restri-ção, teria sido comprometer a doutrina pre-maturamente, o que jamais fazemos, mesmo para fazer prevalecerem as nossas simpatias.” Como se vê, não se deve tomar opiniões in-dividuais como verdades e serem propagadas em nome do espiritismo.

Há quem justifi que que o formador de opinião é criatura tão bondosa, culta e dedi-cada ao bem e à divulgação do espiritismo que jamais divulgaria uma ideia equivoca-da. Mas, para isso, temos em Kardec outro exemplo signifi cativo. Ele levava a compre-ensão das ideias tão a sério que foi capaz

de questionar até mesmo algumas palavras de Jesus! Veja, por exemplo, o conteúdo do capítulo 33 de O evangelho segundo o espiri-tismo7, intitulado “Estranha moral”. Não foi porque Jesus disse que devemos “odiar” pai, mãe, esposa e fi lhos (S. Lucas, cap. 14, vv. 25 a 27) que de fato era para isso ser feito! Teria encarnado entre nós alguém mais bon-doso, culto e dedicado ao bem que Jesus? Se isso fosse razão sufi ciente para aceitar certas palavras de Jesus, não teríamos o capítulo “Estranha moral” em O evangelho segundo o espiritismo. Como ninguém está acima do Cristo, ninguém pode clamar perfeição para suas opiniões.

Portanto, analisemos as novidades, sejam elas de quem for, e rejeitemos tudo o que não estiver de acordo com os conhecimentos da ciência e do espiritismo, ou que não puder ser verifi cado por ambos. Isso não signifi ca desrespeitar a pessoa que apresenta a novida-de, nem reprimir a chegada delas. Os cuida-dos mencionados aqui visam apenas destacar a postura prudente, ensinada pela doutrina espírita, de não aceitar uma ideia só porque pessoas em quem confi amos as veiculam. Isso seria agir com fé cega, além da propaga-ção, em nome do espiritismo, de conteúdos que não sabemos estar certo ser falta de res-ponsabilidade. A Doutrina tem nos ajudado a sair da “fase” onde aceitamos e fazemos o que nossos mestres dizem, para aceitarmos e fazermos o que a nossa consciência, ilumi-nada pela razão, consente. Meditemos que, talvez, quando irmãos respeitados no movi-mento espírita propagam ideias controversas, a espiritualidade esteja justamente nos convi-dando a exercer a fé raciocinada para desper-tar em nós, cada vez mais, o sentimento da responsabilidade espírita.

Referências1Conhecimento – Wikipedia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Conhecimento, acessado em 21 de março de 2015.2A. F. da Fonseca, “Como o espiritismo contribui para a sociedade?”, Jornal de Estudos Espíritas 1, artigo nú-mero 010203,2013.3A. Kardec, A gênese, FEB, 36 ed.,1995.4A. Kardec, O livro dos médiuns, FEB, 62 ed.,1996.5A. Kardec, “Dissertações espíritas”, Revista Espírita Jornal de Estudos Psicológicos, julho p. 20,1863.6A. Kardec, “A geração espontânea e a A gênese”, Re-vista Espírita Jornal de Estudos Psicológicos, julho, p. 285, 1868.7A. Kardec, O evangelho segundo o espiritismo, FEB, 112 ed.,1996. Doutor e professor de Física do Instituto de Física da UNICAMP, em Campinas, SP.

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10 CORREIO FRATERNO JULHo - AGoSto 2015

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O retrato da criança abandonada

LeItURA

Por SÔnIA KASSe

Constantemente vemos e ouvimos notícias de crian-ças que são abandonadas pelas próprias mães e dei-xadas à mercê da sorte. Na maioria dos casos, esse

abandono deve-se à gravidez precoce, ao baixo rendimento salarial e ao desemprego.

Muitas dessas crianças crescem num ambiente total-mente inadequado e desestruturado, perambulam pelas ruas, dormem pelos cantos, pedem dinheiro nos faróis e acabam se envolvendo com drogas, furtos, violência e muitos outros delitos; algumas, inclusive, são exploradas por adultos inescrupulosos.

A obra A reencarnação de uma rainha de J. W. Roches-ter (espírito); psicografi a de Arandi Gomes Teixeira pu-blicada pela editora Correio Fraterno, aborda esse tema que atinge a personagem principal Panderva, que logo após o seu nascimento foi abandonada nas ruas de Flo-rença e deixada para morrer.

Resgatada por pessoas de má índole, a menina cresceu entre maus-tratos e fome constante, até o dia em que con-seguiu fugir e passou a viver nas ruas, realizando pequenos serviços em troca de algumas moedas.

Mas o destino é inexorável e colocará no caminho de Panderva pessoas de caráter ilibado que a farão retornar à sua posição na realeza como nos tempos de outrora, quando reinava como rainha. É a Providência Divina dando-lhe uma chance de redenção dos atos praticados numa outra vida.

Com um enredo cativante, o autor vai construindo a trama de amor, ódio, ganância e vingança que envolverá todos os personagens, conduzindo o leitor a uma com-preensão das oportunidades que temos de nos redimir ou não diante de nossos enganos.

Leitura prazerosa com um fi nal surpreendente.

Sônia Kasse é educadora aposentada do Ensino Fundamental.

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JULHO - AGOSTO 2015 CORREIO FRATERNO 11

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AnÁLISe

É complicado falar sobre as emoções no longo aprendizado da vida. Ainda que escondidos por algum tempo, senti-

mentos como o amor, a tristeza, a alegria, o medo e a raiva são realidades presentes na caminhada de todos nós e vêm à tona em situações diversas, muitas vezes nos momen-tos mais inesperados. Ousado, ao tentar personificar esses sentimentos, o filme Di-vertida mente1, aplaudido e premiado como melhor animação no consagrado Festival de Cannes ((junho/2015), estreou em telas brasileiras nas férias de julho, deixando não somente às crianças um convite à obser-vação sobre o intrincado mecanismo das emoções na vida, como estimulando a refle-xão dos adultos sobre os verdadeiros valores da educação, da família, do trabalho e do convívio social.

Divertida mente: o desenho que reacende o valor dos sentimentos

Por eLIAnA HADDAD

O desenho, centrado na menina Riley, mostra como é difícil amadurecer e que cres-cer gera conflitos. De mudança com a famí-lia do meio-oeste americano para São Fran-cisco, onde o pai arrumara novo emprego, Riley é guiada pelas emoções Alegria, Tris-teza, Medo, Raiva e Nojinho, numa relação que retrata o que acontece com cada um de nós, com nossos sentimentos importantes, que quase sempre não combinam entre si e, num descuido, levam-nos facilmente a situ-ações de desequilíbrio. No filme, as emoções estão criativamente instaladas num centro de controle dentro da mente de Riley. É dali que saem os ‘conselhos’ dos sentimentos para as várias circunstâncias de sua vida. E aí vem a parte mais interessante do roteiro: as emoções se esforçam para se adaptar às mudanças e fazer valer o seu domínio. Na

fase de adolescência da menina, cria-se uma louca agitação, onde cada sentimento tem seus argumentos para entrar em ação nos momentos de pânico e encontrar a melhor solução para a garota se adaptar à nova vida.

Além dos sentimentos, há também ilhas de segurança que sustentam o equi-líbrio das emoções, como a ilha da famí-lia, a ilha da bobeira, a ilha da amizade, a ilha do hobby etc, todas elas perdendo seu colorido e importância, à medida que os sentimentos entram em crise, quando as emoções não conseguem mais conviver harmoniosamente.

Na verdade, vários conceitos se apresen-tam nesse desenho aparentemente infantil. Os sonhos, as fantasias, a saudade, ilusões, a memória, a personalidade e ... a depressão. No caso, é de grande importância a contri-

buição do roteiro ao mostrar a tristeza não como algo ruim, ameaçador, que deve ser arrancado abruptamente, mas como um sentimento normal, delicado até, e que tam-bém tem o seu valor, desde que não seja du-radouro e que leve a iniciativas que se cons-tituirão em progressos. Afinal, nem sempre há como se fugir dela; ao contrário, é preciso em algumas situações prestar muita atenção sobre o que ela está dizendo, escutá-la com carinho como um alerta amigo, um aviso de necessidade de transformações.

Chorar também, sugere o filme, é necessário. Tudo se soma no autoconhe-cimento como poderosa alavanca nos im-pulsionando a tentativas de solucionar o que nos incomoda e a não repetir o que nos fez sofrer.

Trazendo-se o tema para a visão espí-rita, é bom lembrar que sentimento, von-tade, pensamento e memória são atributos do espírito. E que nele, portanto, está o controle. Tudo está ali, na essência espiri-tual, mas acontece que nada está pronto, necessitando-se de experiências, vivências particulares e intrasferíveis, para que esses aprendizados possam solidificar as diver-sas “ilhas” da individualidade e pautar a caminhada em forma de alegria e paz de consciência pelo dever cumprido.

Vale lembrar, como ilustração para o tema, o que apontou o filósofo e escritor Léon Denis sobre os sentimentos, em O problema do ser, do destino e da dor. “Não há progresso possível sem observação aten-ta a nós mesmos. É necessário vigiar todos os nossos atos impulsivos para chegarmos a saber em que sentido devemos dirigir nos-sos esforços para nos aperfeiçoarmos”.

É justamente nessa caminhada, na luta das nossas emoções, assim como no filme, que está o maior segredo da vida. Não há outra forma de conhecer as nossas emo-ções. Atentemos, pois, a todas elas – alegres e tristes. Elas fazem parte do processo de superação. Sempre há o que aprender.

1- Disney, Pixar Animation Studios.

Raiva, Nojinho, Alegria, Medo e Tristeza: conflito das emoções que geram aprendizados

Page 12: Correio Fraterno 464

12 CORREIO FRATERNO JULHo - AGoSto 2015

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Festival de Música Espírita em São BernardoO Conselho Espírita de São Bernardo do Cam-

po realizará 2º Festival de Música Espírita e está com inscrições abertas até o dia 18 de

agosto. As dez músicas mais votadas na internet serão apre-sentadas na fi nal, no dia 17 de outubro, no Teatro Cacilda Becker, às 17h, com entrada franca e entrega voluntária de alimentos. O evento tem o apoio da Prefeitura Municipal, da Associação Brasileira de Artistas Espíritas, dentre ou-tros. www.femesbc.com.br.

1º Encontro de Magnetizadores Espíri-tas da Bahia

Será realizado em 20 de setembro, na sede da Federação Espírita do Estado da Bahia o

Encontro de Magnetizadores Espíritas, dirigido a represen-tantes de casas espíritas atuantes na área de fl uidoterapia. Realização: C. F. Noélia Rodrigues Duarte, Grupo Espíri-ta Paz e Caridade, dentre outros. Rua Cel. Jayme Rolem-berg, 110, Salvador. Informações: (71) 9968- 0496. Email: [email protected].

8º Congresso Espírita Mundial – PortugalEstão abertas as inscrições para o 8º Congresso

Espírita Mundial, que será realizado de 7 a 9 de outubro de 2016 em Lisboa, Portugal, sob

a coordenação da Federação Espírita de Portugal e Conse-lho Espírita Internacional. Inscrições no site www.8cem.com. A empresa RW Turismo mantém promoção por tempo limitado para os que apresentam comprovante de inscrição na compra do pacote de viagem. Fone: (11) 3667-3506 - 3664-9600 Site: www.rwturismo.com.br

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pertencem os fatos

considerados milagrosos no

Evangelho?

Resposta do Enigma:

Solução daCruzada

Veja em:www.correiofraterno.com.br

À dos fenômenos

psíquicos

A gênese,

cap. 15.

cULtURA & LAZeR

Festival de Música Espírita em São BernardoO Conselho Espírita de São Bernardo do Cam-

agosto. As dez músicas mais votadas na internet serão apre-

AGO

18

1º Encontro de Magnetizadores Espíri-tas da Bahia

Encontro de Magnetizadores Espíritas, dirigido a represen-

SET

20

8º Congresso Espírita Mundial – PortugalEstão abertas as inscrições para o 8º Congresso

a coordenação da Federação Espírita de Portugal e Conse-

OUT

7

Elaborado por Izabel Vitusso e Hamilton Dertonio, especialmente para o Correio FraternoDOMINOX DO CORREIO

Escreva nos diagramas, respeitando os cruzamentos, alguns dos importantes nomes do Novo Testamento.

4 letrasJoão 5 letrasJesusSilasMariaJonasJairoLucasPaulo 6 letrasAquilaIsaiasSimeãoMarcosFelipeMateus 7 letrasAnaniasBatistaPilatosBarnabé 8 letrasJeremias 9 letrasnicodemus

J o n A S

Feijoada com música ao vivo (Samba, MPB e Bossa Nova) com o Grupo EnalteceDia 16 de agosto, domingo, das 12:00 às 15:30hReúna a família e os amigos e venha saborear uma de-liciosa feijoada!Reserve o seu convite: (11) 4109-8938.Local: Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 2955, B. Alves Dias, São Bernardo do Campo, SP.

AGO

16

em Meu pai ou meu irmão?

Roteiro: Tatiana Benites / Ilustração: Hamilton Dertonio

Vou lá conversar com

meu irmão, então!

...é por isso que ele não te escuta! Deus é nosso Pai e Jesus é nosso

irmão!

Eu rezei para Jesus e disse “Pai, me

ajude...” não,laurinha...

Page 13: Correio Fraterno 464

JULHO - AGOSTO 2015 CORREIO FRATERNO 13

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AnÁLISe

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Por SUeLy VentURInI

Rezo tanto...ão me conformo! Procuro ficar o tempo todo em ora-ção, com bons pensamen-

tos, não mato uma mosca e mesmo as-sim sou vítima de sensações ruins, perco o controle e me sinto fraca. Nesses mo-mentos, me sinto impotente e me per-gunto: “até quando vou depender dos outros para me socorrer?”.

Queixas como essas são recorrentes no centro espírita e dizem respeito ao grau de autocontrole do indivíduo dian-te das influências espirituais.

Muitas pessoas procuram ajuda tera-pêutica e acham que o caminho mais fá-cil e rápido é o recurso medicamentoso, com o auxílio do psiquiatra.

Quando a pessoa tem alguma noção das questões espirituais e aceita buscar ajuda nesse âmbito, fica mais fácil. Po-rém, quando existe o desconhecimen-to, a resistência ou negação, muitas ve-zes por preconceito, o caminho é mais árduo.

Normalmente a própria pessoa justi-fica o seu mal-estar como “uma energia que não entende”. Certa vez uma moça de apenas 23 anos ressaltou para mim que se sentia melhor ao tomar o passe, o que não ocorria ao tomar medicamentos.

Falei a ela sobre a importância da oração e dos bons pensamentos para a manutenção do equilíbrio, mas que por si só não seriam suficientes. Além disso, destaquei ser necessário entender o que causa a oscilação do equilíbrio interno, que desencadeia pensamentos e emoções relacionados com o passado, que por sua vez, trazem sentimentos de revolta, re-jeição, tristeza, raiva e outros possíveis. Com isso, vem a diminuição do seu pa-drão vibratório, deixando a pessoa susce-tível a energias similares, que acabam por ampliar essas emoções e o mal-estar.

Este exemplo nos elucida como é importante nos conhecermos cada vez mais, observando nossos mecanismos e reações, pois são eles os principais desen-

cadeadores de nossos descontroles. Para as interferências espirituais negativas se instalarem e conseguirem nos atingir necessitam encontrar uma “brecha” em nossas defesas.

O importante é estar sempre vigilante para perceber quando se está começando a perder o frágil autocontrole. Quando nos descontrolamos e cometemos agres-sões, fica muito mais difícil restabelecer o equilíbrio emocional e a partir daí re-conhecer erros, pedir perdão e buscar a reconciliação com os envolvidos.

É claro que essas reflexões terapêu-ticas não levam uma hora ou um dia apenas, pois elas nos obrigam a recu-perar acontecimentos do nosso passado e vivenciá-los, e dar-lhes uma nova co-notação, a partir de uma releitura, com

um raciocínio mais elaborado e ama-durecido. Nesses momentos, ficamos surpresos como tais acontecimentos do passado ainda marcam nossa per-sonalidade e possuem carga energética

suficiente para provocar reações inespe-radas e assim “abrir uma janela” àqueles espíritos que esperam esta oportunida-de para influenciar nosso psiquismo e destruir nossas relações afetivas, nossas produções profissionais e, enfim, nossa autoestima. Por que depois de tudo isso, pensamos: “quem vai nos amar?”.

Enquanto buscamos nos melhorar como seres humanos, podemos pedir ajuda aos nossos amigos, tanto espirituais quanto encarnados, que, para minimizar nossas aflições, poderão encontrar inspi-ração nas preces contidas em O evangelho segundo o espiritismo, suplicando:

“...Deus de infinita bondade, digna--te de suavizar o amargor que se encon-tra esse meu irmão querido, se assim for a tua vontade. Bons espíritos, em nome de Deus Todo-Poderoso, eu vos suplico que o assistais nas suas aflições. Se, no seu interesse, elas lhe não puderem ser poupadas, fazei que compreenda que são necessárias ao seu progresso. Dai--lhe confiança em Deus e no futuro que lhes tornará menos acerbas. Dai--lhe também forças para não sucumbir ao desespero... e encaminhai para ele o meu pensamento, a fim de que o ajude a manter-se corajoso”.

Psicóloga, Suely participa do Instituto de Estudos Es-píritas Dr. Wilson Ferreira de Mello e da Associação dos Divulgadores do Espiritismo, em Campinas,SP.

“N

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14 CORREIO FRATERNO JULHO - AGOSTO 2015

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Por AntonIo cARLoS tARQUÍnIo

FoI ASSIM

A atitude inesperada

Tratava-se de professor emérito. Lecionava há mui-to tempo naquela notória instituição de ensino. Na altura dos sessenta e poucos janeiros, talvez

mais, não se lhe notava no semblante quaisquer rugas de expressão que indicasse mágoa ou ressentimento.

Eu estava nervoso, pois sabendo quem ele era, te-mia não atendesse minha solicitação. Meu temor en-volvia também certa expectativa de maltrato, fruto da petulância com que pessoas assim costumam tratar seus subordinados – no meu caso, aluno.

Não muito tempo antes, havia tido o desprazer de conviver com uma pessoa assim. Ao invés de ensinar, desensinava. Em vez de fornecer luzes, o que devia ser o seu papel, escurecia. Colocava a si mesma num pedes-

tal tão alto que em vez de compartilhar conhecimentos, fazia exigências. E muito embora exteriormente parecesse uma pes-soa tranquila, era possível surpreender-lhe na face um certo ar de crueldade.

Não era pessoa em que se pudesse con-fiar. É porque todos os seus ‘empregados’, digo – alunos ligados diretamente a ela –, sofriam com as incertezas típicas de uma relação assim.

Enfim, por tudo isso, eu estava aflito e esperando por humilhação e descaso. Falei-lhe ao telefone e ele me pediu que fosse encontrá-lo lá no grande educan-dário. Enquanto o procurava, avistei um senhor muito simpático vindo pelo corredor cercado de alunos em conversa deveras animada. Quando percebeu que eu olhava para ele – confesso um pouco ansioso –, ele me disse: Você é o Antonio

Carlos? Eu respondi, sim.Como precisava ir ao banheiro, me

pediu que o acompanhasse, e, ali mesmo, conversando comigo como se fosse um velho amigo, atendeu prontamente o meu pedido.

Nunca vi tanta simplicidade numa pessoa assim tão importante. Foi quando aprendi o que era a grandeza real e verda-deira – a da alma.

Este fato aconteceu com An-tonio Carlos Tarquínio, filóso-fo e articulista de São Paulo. Conte também a sua história para ser publicada aqui na seção Foi Assim, do Correio

Fraterno. ([email protected])

“... O menor é abençoado pelo maior.”

Paulo (Hebreus, 7:7)

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JULHO - AGOSTO 2015 CORREIO FRATERNO 15

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Por UMBeRto FABBRI

DIReto Ao Ponto

O céu e a Terra passarão...

Os ensinamentos e apontamen-tos de Jesus são tão profundos e abrangentes que uma simples frase

sua pode nos levar a várias reflexões. Quan-do Matheus (24:35) nos diz que o céu e a Terra passarão, temos um exemplo de sua incrível capacidade de resumir grandes ver-dades em poucas palavras.

Além do contexto já amplamente dis-cutido e conhecido sobre acontecimentos futuros pelos quais a Humanidade passaria na questão de guerras, dores e sofrimentos, podemos observar ainda o seu alerta sobre a temporalidade da vida, onde nenhuma circunstância material é definitiva.

Ensina-nos Jesus que somente suas pa-lavras, que resumem a grande verdade da vida, o amor, ficariam. O céu e a Terra sig-nificariam o cenário de nossas encarnações, onde somente o ator, ou espírito sobrevive, todo o restante se transforma.

A vida é dinâmica e as mudanças, às quais quase sempre resistimos, são neces-sárias para nossa evolução, que somente se dará com novas vivências. A própria reen-carnação está baseada neste processo.

O grande desafio é o de nos desape-garmos do conhecido, do confortável, de situações que dominamos ou desejamos e até mesmo de quem amamos. No decor-rer de nossa imortalidade mudaremos de corpo, de nacionalidade, de sexo, de agre-gação familiar, de condição social, cul-tural, financeira e religiosa, e todas estas mudanças e transformações visam pura e

tão somente nosso crescimento e amadu-recimento espiritual.

Destruindo e reconstruindo a exteriori-dade, fundamentamos nossa interioridade.

A parte teórica do desapego é lógica, razoável e compreensível, mas quando par-timos para a parte prática, percebemos que mudar, ou aceitar que parte de nossas vidas se transforme, não é um processo simples e muitas vezes nada fácil.

Quantas pessoas adoecem pela não acei-

tação das alterações comuns da vida, como o envelhecimento e suas consequências na-turais? Ou mesmo a partida dos filhos que precisam construir sua própria vida?

A perda do poder, do dinheiro, da be-leza ou ainda a separação física dos afetos constituem grandes provas e cedo ou tar-de, nesta ou em outra existência, todos nós passaremos por estas situações, entretanto o mundo íntimo edificado por nosso esforço e trabalho se manterá, melhorando sempre

por meio destas mesmas temidas mudanças. Erramos em acreditar que nossas raízes

ou estabilidade estão alicerçadas na mate-rialidade, fora de nós, pois, na verdade, o reino de Deus, segundo Jesus, está dentro de cada criatura, e é nele que realmente ha-bitamos, no mundo íntimo que construí-mos, e esta será nossa morada efetiva.

A conscientização da transitoriedade dos bens transferíveis que nos rodeiam garante nossa saúde emocional. Com este processo educacional, a lei divina, assim, nos incentiva a valorizar nossas conquistas íntimas e intransferíveis, nossos verdadei-ros tesouros.

Certa feita um mentor nos elucidou que Deus deu ao homem o Universo a conquistar, a conhecer, mas na maioria das vezes ele perde grande parte de sua existên-cia tomando conta e tentando possuir um único grão de areia desta grande imensidão.

Dentro destas experiências é imprescin-dível a fé raciocinada, que fortalece, motiva e encoraja as superações necessárias. Sem-pre importante relembrar que somos os filhos amados do Criador, que tudo pelo que passamos é fruto de sua misericórdia e amor.

Relembrando nosso querido Chico, tudo passa...

Profissional de Marketing, Umberto é orador e escritor brasileiro, morando atualmente na Flórida, EUA. Aca-ba de lançar o livro O traficante, ditado pelo espírito Jair dos Santos (Correio Fraterno).

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MÍDIA Do BeM

este espaço também é seu.envie para nós as boas notícias que saíram na mídia! Se o mal é a ausência do bem, é hora de focar diferente!

Um novo aroma pela cidade Idosos e crianças trocam afetos em espaço que une asilo e pré-escola

Jardins viram hortas comunitárias

Na Avenida Crozet, em Genebra, na Suíça, os jar-dins das casas foram transformados em hortas. Todos os vizinhos podem desfrutar dos alimentos colhidos nas plantações.

Cada família planta determinado alimento no jardim de sua casa. Depois, esses alimentos são trocados por ou-tros, plantados em jardins vizinhos. O bairro se tornou uma grande horta comunitária que oferece alimentos para todos os seus moradores.Fonte: catracalivre.com.br

Pequenas mãozinhas brincam com as mãos marcadas pelo tempo e de movimentos lentos em Seattle, nos Estados Uni-dos. A ideia de interação e vivência entre crianças e idosos partiu do projeto Intergenerational Learning Center (Centro de Aprendizagem Intergeracional), que mantém a estrutura física para os dois segmentos distintos, mas estimula a troca de afeto entre gerações, com crianças de até cinco anos que re-alizam atividades cotidianas com os mais de 400 idosos aten-didos no espaço. A iniciativa já é um sucesso. De um lado, as crianças aprendem a se relacionar com diferentes gerações, a respeitar os mais velhos e a conviver com pessoas com limi-tações físicas. Já os idosos recebem carinho e são estimulados intelectual e fisicamente pelos exercícios com os alunos. Fonte: http://aboanoticiadodia.tumblr.com

Um grupo coletivo chamado Escala Humana criou em São Paulo o que chamam de poste parade. A ideia é aproveitar os postes, colocando estruturas que acomodem vasos de plantas. “A gente queria que as pessoas saíssem da rotina e reparassem na cidade”, explica a arquiteta Dayana Araújo, 28, integrante do grupo. São hortaliças básicas e resistentes, que deixam um cheiro agradável. “Sa-bíamos que algumas mudas poderiam ser levadas. Vamos recolocá-las”, comenta Dayana. O poste-horta que fica na esquina da Paulista com a rua Maria Figueiredo não foi o primeiro feito pelo grupo. A estreia do projeto foi no lar-go da Batata, em Pinheiros e nos próximos meses, outros cinco postes da cidade também terão mais esta utilidade. Fonte: jornaldeboasnoticias.com.br