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PROCEDIMENTOS HOSPITALARES EM FOCO: A RELEVANCIA DOS CUSTOS BEM MENSURADOS Resumo Conhecer nos dias atuais os custos que compõem os produtos ou serviços é de suma importância para qualquer tipo de organização. Em razão dessa importância é que, por meio de uma pesquisa exploratória e fazendo uso do método de estudo de caso, buscou-se apurar os custos do procedimento X e Y do Hospital Solidariedade. Para tanto, se fez necessário, primeiramente fazer uma revisão bibliográfica a fim de dar suporte à analise, e posteriormente na conclusão. Assim, conceituaram-se inicialmente custo, despesa, custos diretos e indiretos, e fixos e variáveis. Em seguida desenvolveu-se pesquisa bibliográfica para definir a organização hospitalar e a estrutura organizacional paralelamente com visitas sistemáticas a instituição e aos setores onde ocorrem os procedimentos X e Y. A coleta dos dados foi realizada por meio da observação direta e entrevistas junto a colaboradores. Para a distribuição dos custos indiretos buscou-se a melhor opção de rateio para atribuir os custos aos procedimentos. Após esses cuidados apurou-se o custo do procedimento X e Y pelo custeio por absorção. A analise dos dados sempre esteve pautada no embasamento teórico, a luz da teoria contábil, dando suporte para a conclusão da pesquisa. Os objetivos do estudo foram alcançados, além de fortalecer os conceitos de contabilidade, constatar a importância da contabilidade inclusive na área hospitalar, embora ainda de forma muito incipiente. Palavra-chave: custos, organização hospitalar, custeio por absorção. HOSPITAL PROCEDURES ON FOCUS: THE RELEVANCE OF WELL MEASURED COSTS Abstract Currently, knowing the costs that compound either the products used or services supplied is of extreme importance for any type of organization. Taking into account such an importance, the costs of procedures X and Y, performed at Hospital Solidariedade, were analyzed through an exploratory research, by making use of case report methodology. Thus, it was necessary 1

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PROCEDIMENTOS HOSPITALARES EM FOCO: A RELEVANCIA DOS CUSTOS BEM MENSURADOS

Resumo

Conhecer nos dias atuais os custos que compõem os produtos ou serviços é de suma importância para qualquer tipo de organização. Em razão dessa importância é que, por meio de uma pesquisa exploratória e fazendo uso do método de estudo de caso, buscou-se apurar os custos do procedimento X e Y do Hospital Solidariedade. Para tanto, se fez necessário, primeiramente fazer uma revisão bibliográfica a fim de dar suporte à analise, e posteriormente na conclusão. Assim, conceituaram-se inicialmente custo, despesa, custos diretos e indiretos, e fixos e variáveis. Em seguida desenvolveu-se pesquisa bibliográfica para definir a organização hospitalar e a estrutura organizacional paralelamente com visitas sistemáticas a instituição e aos setores onde ocorrem os procedimentos X e Y. A coleta dos dados foi realizada por meio da observação direta e entrevistas junto a colaboradores. Para a distribuição dos custos indiretos buscou-se a melhor opção de rateio para atribuir os custos aos procedimentos. Após esses cuidados apurou-se o custo do procedimento X e Y pelo custeio por absorção. A analise dos dados sempre esteve pautada no embasamento teórico, a luz da teoria contábil, dando suporte para a conclusão da pesquisa. Os objetivos do estudo foram alcançados, além de fortalecer os conceitos de contabilidade, constatar a importância da contabilidade inclusive na área hospitalar, embora ainda de forma muito incipiente.

Palavra-chave: custos, organização hospitalar, custeio por absorção.

HOSPITAL PROCEDURES ON FOCUS: THE RELEVANCE OF WELL MEASURED COSTS

Abstract

Currently, knowing the costs that compound either the products used or services supplied is of extreme importance for any type of organization. Taking into account such an importance, the costs of procedures X and Y, performed at Hospital Solidariedade, were analyzed through an exploratory research, by making use of case report methodology. Thus, it was necessary to perform a bibliographical revision in order to give support firstly to the analysis, and later to the conclusion of the study. Therefore, costs, direct and indirect expenses, fixed costs and variables were initially considered. Afterwards, a bibliographical research was carried out to define the hospital organization and the organizational structure, as well. That was done parallelly with systematic visits to the institution and to the units where X and Y procedures are accomplished. Data collection was carried out through both, direct observation and interviews with the subjects. For the distribution of the indirect costs, the best sharing option was searched, in order to attribute costs to the procedures. Afterwards, costs regarding X and Y procedures were analyzed by using absorption costs. Data analysis was based on theoretical fundaments, on the light of the accounting theory, what gave support to the research conclusion. Although the results of the investigation are considered quite incipient yet, the purposes of the study were achieved by strengthening accounting concepts and by confirming the.importance.of.accountancy.in.the.health.units.

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Key words: Costs; Hospital organization; Absorption costs.

1. Introdução

Observa-se ao longo do tempo, que a contabilidade é uma ciência contemporânea da

humanidade que vem sofrendo os reflexos do rápido avanço científico e tecnológico mundial,

e ainda, que a concorrência enquanto fruto da globalização é um dos fatores que desafiam os

gestores das organizações, assim como a exigência por qualidade, e a redução nos preços dos

produtos e serviços. Torna-se claro então, a necessidade da geração de informações úteis e

oportunas ao processo de gestão empresarial para a tomada de decisão.

Nesse contexto, a contabilidade de custos assume papel relevante, como apoio aos

gestores na tomada de decisão, por meio dos controles que atestam à veracidade das

informações relacionadas ao custo dos produtos ou serviços. Verifica-se então, que os

relatórios contábeis possibilitam visualizar qual o produto mais rentável, além da margem de

contribuição por produto como também dos serviços. Disponibilizam ainda, meios para a

avaliação e redução dos custos, que é arma vital contra a concorrência, e fundamental para a

sobrevivência da organização.

Ressalta-se ainda, que a economia passa por período onde as desigualdades sociais

tornam-se cada vez mais acentuadas, gerando reflexos em alguns setores, como é o caso dos

hospitais, uma vez que são consideradas empresas complexas, com grande dificuldade em

administrar os custos dos procedimentos hospitalares devido à falta de uma administração

profissionalizada já que a grande maioria dessas instituições é administrada por médicos. Que

se especializou na saúde e não na administração organizacional. Resultando em algumas

vezes a não atingir os resultados sociais, assistenciais, operacionais e econômicos em níveis

satisfatórios. Justificada pelo trabalho emergencial e variável, pela aplicação direta dos

serviços em seres humanos, pela difícil mensuração dos resultados, pela diversidade de

profissionais envolvidos e pela falha de controle gerencial (STRUETT, 2005).

Desse modo, as organizações hospitalares procuram adotar ferramentas de gestão

próprias frente às transformações que vêm ocorrendo na área da saúde. Dentre os sistemas de

gestão disponíveis destacam-se os sistemas de custeio, os quais permitem mensurar o custo

dos serviços e gerar informações para o planejamento, o controle e a tomada de decisão para a

administração das organizações hospitalares.

Verifica-se então que os objetivos de um sistema de custos adequado para um

hospital, conforme a American Hospital Association, incluem os seguintes componentes: a)

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informações para comunicação, negociação, planejamento e gerência dos níveis de pessoal

hospitalar e entre o hospital e instituições reguladoras; b) uma metodologia de medição dos

efeitos de alterações em intensidade e diversidade de casos atendidos; c) um método de

avaliação e medição de performance comparada a um plano prefixado (no Brasil, poderia ser

a tabela da Associação Médica Brasileira – AMB, os diversos tipos de convênios privados e o

convênio público com o Sistema Único de Saúde); d) uma forma de prover a informação

necessária para a gerência eficiente da organização e melhorar o desempenho financeiro; e f)

um método capaz de identificar funções ineficientes e de demonstrar qual é a natureza do

problema em termos de custo, volume ou prática organizacional (FALK, 2001).

Portanto ao exercer suas funções, especialmente a de prevenção de doenças e

restauração da saúde, a organização hospitalar faz com que ocorra o consumo de materiais e

de recursos humanos, em função dos serviços prestados aos pacientes. Podendo então ser

considerada uma empresa fornecedora de multiprodutos, com vários processos de produção

altamente interdependentes, cujos produtos se articulam para a produção de seu principal

produto, qual seja, o diagnóstico e o tratamento do paciente. Tal interdependência prende-se

ao fato de o produto de um processo ser simultaneamente insumo de outro. Um exemplo

claro, é o laboratório de análises é o setor produtivo e, ao mesmo tempo, é insumo já que o

principal objetivo do hospital é a prevenção de doenças e a restauração da saúde (STRUETT,

2005).

No âmbito específico desta pesquisa, o estudo de como os gestores obtém as

informações dos custos é justificável até como posicionamento, sob a forma de feedback, em

relação aos esforços da organização na busca de seus propósitos, estabelecendo formas

diversas, meios e recursos, que resultem em informações de valor.

No campo teórico segundo STRUETT (2005), a organização hospitalar ao exercer

suas funções, especialmente os de prevenção de doenças e restauração da saúde, incorre no

consumo de materiais e de recursos humanos, em função dos serviços prestados aos pacientes.

Esse consumo ocorre em razão da poliformidade das atividades desenvolvidas, a saber: a)

atividades clínicas – desenvolvidas no ambulatório de pronto atendimento, unidades de

internação, centro cirúrgico e obstétrico, exercidas por médicos e enfermeiras; b) atividades

administrativas – realizadas pela administração financeira, de recursos humanos, do

almoxarifado e do patrimônio; e c) atividades de apoio ou assistencial – lavanderia,

segurança, zeladoria, higiene e limpeza, nutrição, farmácia e laboratório.

Ainda, de acordo com STRUETT (2005), a organização hospitalar pode ser

considerada uma empresa de multiprodutos, com vários processos de produção altamente

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interdependentes, cujos produtos se articulam para a produção de seu principal produto,

representado pelo diagnóstico e tratamento do paciente. Tal interdependência refere-se ao fato

de o produto de um processo ser simultaneamente insumo de outro. Por exemplo, a roupa

lavada é produto da lavanderia e, simultaneamente, insumo do processo de produção de

cirurgias e internação.

Após a contextualização é que se estabelece a questão central da pesquisa: Quais os

custos dos procedimentos X e Y adotando o método do custeio por absorção?

Justifica-se a relevância deste estudo à medida que busca apurar os custos dos

procedimentos X e Y de uma organização hospitalar utilizando o método de custeio por

absorção, ao mesmo tempo em que contribui para que os gestores façam uma reflexão se os

métodos utilizados estão fornecendo informações dos custos dos procedimentos hospitalares

executados pelo hospital. E quanto à limitação fica limitado ao Hospital Solidariedade, e

quanto ao tempo de coleta dos dados o período base foi o mês de agosto de 2006.

2. Elementos Teóricos

Dado que o presente estudo utiliza-se de um arcabouço teórico de planos diversos, esta

secção destina-se ao posicionamento constitutivo e operacional da temática.

2.1 O Hospital como uma Organização de Saúde

O hospital é uma organização que procura atingir objetivos por meio de atividades

colaborativas, sempre visando à qualidade no atendimento ao paciente e à ausência de

desperdícios ao gerenciar os recursos, independente de sua característica, se instituição

pública, particular, ou filantrópica.

Tem como intuito principal proporcionar cuidados adequados aos pacientes dentro dos

limites de conhecimento, da tecnologia médica e de organização das atividades humanas,

assim como dos recursos institucionais. É necessário então, um sistema de coordenação

interna eficiente, devido às características suplementares e interdependentes que determinam

as funções especializadas.

Para Gonçalves1 (1983, apud Kuwabara, 2003 p. 110), o hospital possui uma

característica própria que o diferencia de outras organizações:

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É humanitária, burocrática e autoritária, com uma extensa divisão de trabalho especializado que mobiliza habilidades e esforços de grande número de profissionais, semiprofissionais e não profissionais, para dar a pacientes individuais e serviço personalizado, tendo para tanto necessidade de coordenação adequada.

O hospital como já foi citado é uma instituição complexa. Porém, é mais um sistema

humano, do que mecânico, devido às atividades industriais que são mescladas com a ciência e

tecnologia de procedimentos utilizados em seres humanos. É também, uma organização quase

burocrática, com regras e regulamentos para controle, dando ênfase a mecanismos formal e

procedimentos que lhe dão um caráter autoritário. Pois, baseia-se no fato de que, com a vida

humana em jogo, deve-se ter pouca tolerância para erros e negligência, os quais podem ser

prevenidos e controlados por meio de regras e regulamentos ( KUWABARA, 2003).

A organização hospitalar agrega um conjunto de serviços muito vasto. É ao mesmo

tempo, clínica, hotel, restaurante, farmácia, lavanderia, laboratório, entre outros. Envolve

ainda um grande número de especialidades e especialistas, possui tecnologia simples até as

mais sofisticadas, com uma grande gama de usuários, que procuram serviços desde o mais

simples como fazer um curativo como mais complexo, cirurgia cardíaca dentre outras..

No Brasil há certa fragilidade do sistema de saúde, onde os investimentos estão muito

longe do mínimo para garantir o atendimento das necessidades básicas de saúde da população.

Os recursos de infra-estruturas, financeiros ou humanos, além de limitados, não são

confiavelmente administrados (DATASUS, 2006).

Devido a essa fragilidade no sistema de saúde, o desafio para a área pode não se

resumir à prestação de um bom atendimento, seja a quem possua ou não condições

financeiras. Talvez, a própria sobrevivência dessas organizações hospitalares seja o maior de

todos os desafios.

Verifica-se também que as organizações hospitalares tem inúmeras funções e que as

mesmas variam muito quanto à nomenclatura e composição, KUWABARA (2003) afirma que

é possível classificar os hospitais, segundo sua função, em quatro grandes grupos:

Restaurativa – Compreende aqueles que têm a proposta de tratamento; diagnóstico,

tratamento das doenças e reabilitação, tanto na condição de internato ou em situação

de emergência (interna e externa ao hospital).

Preventiva – Incluem-se os cuidados oferecidos à comunidade: supervisão e

acompanhamento, educação sanitária, controle de doenças infecciosas, saúde

ocupacional e higiene do trabalho.

Educativa – Destaca-se a formação dos profissionais da área de saúde e de outras

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profissões correlatadas: nível técnico, graduações e pós-graduações.

Pesquisa – Abrange aspectos físicos, psicológicos e sociais da saúde e de doença. Sob

a ótica da administração hospitalar, o próprio hospital pode realizar as pesquisas com

os profissionais internos e externos.

Após a identificação dos grupos a qual se podem enquadrar as organizações

hospitalares verifica-se também que a estrutura organizacional segundo GONÇALVES

(1998) como sendo o arcabouço definidor de responsabilidades, de autoridades e de

comunicação entre os indivíduos em cada segmento da organização, bem como da função de

cada parte com as demais e para com a organização como um todo. De forma geral, a

estrutura organizacional é montada com o objetivo de promover a coordenação dos membros

da organização e apresenta-se como uma estrutura grande e complexa.

Para Gonçalves (1998) a estrutura organizacional dos hospitais abrange desde os

classificados como pequenos até os grandes, e estes vêm sofrendo no decorrer do tempo

modificações tanto em sua estrutura física como na forma de administrar. Algumas dessas

modificações buscaram a racionalização dos esforços humanos, com o objetivo de atingir a

meta estabelecida pela instituição.

Desse modo observa-se que em cada setor de um hospital existem diversos tipos de

papeis, funções, autoridades e responsabilidades, sendo comum o médico dividir seu tempo

entre a atividade profissional e a administrativa em uma organização. Porém, muitas vezes,

não está preparado para exercer esta função, revelando resistência às práticas administrativas

e dedicando-se à medicina (RAIMUNDINI et al, 2003).

Nogueira (1994, p.15) comenta que a produção de serviços de saúde é executada por

um grupo extremamente heterogêneo de agentes, em que aparecem, de um lado, os médicos e,

de outro, uma ampla gama de trabalhadores, com níveis educacionais e de qualificação

profissional muito distinto entre si. O usuário de saúde não é como um consumidor comum

diante das mercadorias e muitas vezes, está desprovido de conhecimentos técnicos que lhe

permitam avaliar a adequação do serviço às suas necessidades.

Nesse aspecto o que se entende é que os hospitais são organizações prestadoras de

serviços, devido à simultaneidade entre a produção e o consumo do bem, o qual é intangível.

Portanto, caracteriza-se como um trabalho de interface com o cliente (paciente), devido à

proximidade com o sujeito que recebe os serviços e à qualificação dos profissionais

envolvidos (médicos e enfermeiras) para prestar os serviços. Nesse caso, os médicos e

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enfermeiras são os agentes responsáveis pela qualidade do atendimento e na assistência no

tratamento dos pacientes, com influência direta no resultado total.

Com relação à organização hospitalar ressalta-se a existência de recursos de

transformação que são o prédio onde está instalado o hospital, o corpo médico e de

enfermagem, que agem sobre os recursos transformados, que são os pacientes. O processo

que em uma empresa seria a entrada de matéria prima e as saídas o produto, no hospital as

entradas consiste em transformar materiais, informações e consumidores, enquanto que a

saídas, geralmente é um novo bem ou serviço prestado,ou seja o produto do hospital é

corresponde à recuperação do paciente (STRUETT, 2005).

Em razão das inúmeras dificuldades econômico-financeira, oriundas da complexidade

da conjuntura nacional, vivenciadas pelas entidades no decorrer dos anos, têm contribuído

muito para tornar o custo um tema no gerenciamento das organizações privadas, ou públicas,

sejam elas de fins lucrativos ou mesmo filantrópico, como as organizações hospitalares

(BERTÓ, 2005).

Todavia sabe-se hoje que uma unidade hospitalar tem de ser olhada e administrada

como uma empresa que dá lucros, ou ao menos, no caso de uma entidade pública, que

administre dentro das possibilidades financeiras existentes, sem prejuízo ao Estado e à Nação.

Além da modernização dos padrões administrativos, a busca pela excelência profissional se

torna constante ( KUWABARA, 2003).

Sendo assim, é necessário um número adequado de pessoas qualificadas para executar

os planos e atingir os objetivos da organização, propostos pela administração. As

qualificações dos membros da equipe irão variar de acordo com as exigências de seus

diferentes serviços, ainda que cada um precise compreender que possui um lugar definido e

importante dentro da organização, vale lembrar que um depende do outro, caso se queiram

atingir os objetivos. Desse modo uma boa administração procura colocar cada pessoa no

trabalho que mais se adapte às suas capacidades. Porém, as organizações hospitalares nem

sempre isso é possível, devido a complexidade dos serviços prestados. E as pessoas

responsáveis sejam médicos ou enfermeiros não lidam com um produto que caso estrague da

para consertar ou vender como sucata. Na organização hospitalar um erro pode significar a

mutilação ou a morte de um paciente (GRAY, 1994).

Assim administrar uma organização hospitalar vai além da preocupação em

administrar bem os custos, mas principalmente administrar os recursos e as pessoas de

maneira que a vida seja em toda sua essência respeitada e preservada. CHERUBIN (1996)

relata que, “as perspectivas futuras da Administração Hospitalar são as melhores possíveis.

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Para ele, o mercado necessita de profissionais formados em escolas especializadas,

traduzindo, na prática, as qualidades advindas da academia”, e ainda, que tenham a

sensibilidade de saber que lidam com pessoas.

3. Metodologia

O posicionamento da pergunta de pesquisa evidencia seu caráter exploratório. Optou-

se também pelo enfoque qualitativo e quantitativo, fundamentalmente pela natureza do

problema e pela abordagem cercada dos fundamentos posicionados.

Em termos de definição das perguntas da pesquisa, tendo em vista a necessidade de

formular perguntas de maneira clara e precisa que atendam ao objetivo geral, assim foram

formuladas as seguintes perguntas, que deve ser respondida.

Qual o método adotado pelo Hospital Solidariedade para apurar os custos dos

procedimentos hospitalares?

Qual o custo do procedimento X e Y, pelo método do custeio por absorção?

É importante determinar o âmbito da pesquisa, já que não é possível explorar todos os

ângulos do fenômeno, ficando restrita ao Hospital Solidariedade, e apuração dos custos dos

procedimentos X e Y. Entendendo não ser possível apurar o custo de todos os procedimentos

executados do hospital, em razão do tempo para execução.

Desse modo o desenho da pesquisa não fugiu ao usual, seguindo a seqüência lógica de

caracterização dos dados empíricos, definição dos instrumentos e sujeitos da pesquisa,

procedimentos de coleta e análise. Somando-se a observação não-participante e análise

documental. A pesquisa envolveu também a coleta de dados primários por meio de entrevistas

semi-estruturadas. É oportuno, lembra TRIVINÕS (1992), no que diz respeito à adoção da

observação para destacar as dimensões singulares envolvendo os elementos e as relações no

mesmo contexto que envolve os serviços. Assim, a técnica foi utilizada em visitas aos setores

do hospital e também às unidades de atendimentos, mas também na execução dos

procedimentos.

Os dados primários foram obtidos através de entrevistas individuais semi-estruturadas,

com uso de perguntas concebido sob a meta de obter explicações para as questões norteadoras

da pesquisa. Com relação aos dados secundários, foram obtidos por meio da análise de

documentos e participação em reuniões realizadas com os diretores e funcionários e corpo

médico, registros de arquivos corporativos (meios diversos) e matérias publicadas nos

informativos periódicos do hospital, o que permitiu resgatar cenário e contextos, além de

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estabelecer a compreensão do atual estágio da organização e do nível de interação do pessoal

com os pacientes.

3.1 Escolha dos entrevistados e sinopse da análise

O Hospital Solidariedade está localizado na cidade de Cianorte, região noroeste do

Paraná, e foi instituído em 15 de dezembro de 1992, como uma entidade de direito privado,

sem fins lucrativos. Estabelece o artigo 2°, do Estatuto que a fundação é instituída de direito

privado regendo-se pelo Código Civil e demais leis aplicáveis gozando de autonomia, e tem

como finalidades; prestar assistência médico-hospitalar a todos os que necessitam, sem

distinção de raça, cor, sexo, nacionalidade, ideologia política, ou credo religioso. E quanto a

estrutura operacional deve estar em conformidade com os recursos de que venha a dispor, por

si ou por convênios com terceiros, inclusive órgãos governamentais objetivando assistência e

orientação médica, em geral.

E ainda, segundo o Estatuto o objetivo principal é criar e manter em seus

estabelecimentos hospitalares, na medida de suas disponibilidades e, se possível, mediante

convênios com outras pessoas, quer de direito público, quer de direito privado, unidade para

manutenção de cursos, órgãos de treinamentos, que visem elevar o padrão de atendimento

médico-hospitalar e aperfeiçoamento do pessoal técnico-profissional.

Com relação ao objetivo secundário criar órgãos de divulgação científica e de

publicações populares que vise auxiliar na orientação médico-sanitária da população.

Colabora em tudo o que lhe for possível, com órgãos públicos municipais, estaduais,

autárquicos ou federais, na defesa da saúde e assistência médico-hospitalar e sanitária do povo

em geral.

No aspecto administrativo a administração da Fundação é realizada pelo Conselho

Diretor, Conselho Fiscal e Secretaria Executiva. Sendo que o Conselho Diretor é um órgão

deliberativo, e constituído por representantes de entidades de pessoa jurídica, de associação

ou mesmo pessoa física da região Norte do Paraná, devidamente admitidos pela Fundação. E

ainda, por representantes dos profissionais médicos e paramédicos que prestam serviços à

Fundação.

Quanto a abrangência de atendimento o Hospital Solidariedade recebe paciente

oriundo de 39 municípios da região, além de integrar os sistemas Estaduais de Referência para

atendimento de Urgência e Emergência, e também de Referência para Atendimento de

Gestante de Alto Risco.

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Com relação as instalações físicas do Hospital Solidariedade as mesmas ocupam uma

área total de 3.867,13 m², dispõe de 68 leitos, com 56 ativos, um Pronto Socorro com

atendimento em regime de plantão permanente, médicos, fisioterapeuta, nutricionistas,

consultórios e tem uma média mensal em torno de 410 internamentos. Mantém setores de

internação diferenciados, como duas áreas de isolamento para pacientes portadores de

moléstias infecto-contagiosa, e o quadro de colaboradores, é composto por 120 funcionários.

Quanto aos procedimentos selecionados para o estudo, segundo PARDINI (2000), o

procedimento X consiste no tratamento cirúrgico do punho, ou seja, são as fraturas que têm

uma maior predominância nas pessoas adultas do que nas crianças, e representa 12% do total

das fraturas do esqueleto humano por inteiro. As causas e mecanismos dessas fraturas são

ainda hoje parcialmente entendidos, porém é sabido que a vasta maioria é produzida por

quedas sobre a mão, estando o punho em extensão no instante do impacto. Daí a grande

predominância das fraturas em extensão sobre as demais que acometem o esqueleto humano.

Devido à relevância apresentada por PARDINI (2000) optou-se por apurar o custo

desse procedimento no Hospital, já que o mesmo não tem planilha de custos de tal

procedimento, e ainda por ser um dos procedimentos realizados com maior freqüência.

Já o procedimento Y, consiste no parto cesariano, sendo selecionado devido ao grande

índice realizado no país, e conseqüentemente, pelo Hospital Solidariedade. Embora haja

várias criticas sobre esse método, no que diz respeito ao seu uso indiscriminado, esse

procedimento vem salvando muitas vidas. Em virtude principalmente da posição fora do

convencional em que se encontra o bebe na hora do nascimento, caso não houvesse esse tipo

de procedimento como ocorria antigamente, o bebe e sua mãe estava seriamente ameaçada de

morte.

4. Resultados e Discussão

4.1 Informação dos Custos dos Procedimentos Hospitalares

Após visitas sistemáticas ao Hospital Solidariedade, como também entrevistas com

médicos, enfermeiros, e funcionários do Setor de faturamento, apurou-se os custos dos

medicamentos utilizados no procedimento X, que compõe o quadro 2.

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Quadro 2 – MedicamentosItens Quantidade Custo Unitário Custo Total

Atropina 500 mg 1 ampola R$ 6,45 R$ 6,45Fenatil 2 ml 1 unidade R$ 1,83 R$ 1,83Metroclopramida 10 mg 1 comprimido R$ 0,94 R$ 0,94Thionembutal 1 grama 1 ml R$ 22,26 R$ 22,26TOTAL R$ 31,48 R$ 31,48

Da mesma forma que foi apurada os custos dos medicamentos, adotou-se a mesma

sistemática para o levantamento dos materiais utilizados no procedimento X, demonstrados no

quadro 3.

Quadro 3 - Materiais

Itens Quantidade Custo Unitário Custo TotalAgulha descartável 25x7 4 unid. R$ 0,13 R$ 0,52Atadura gessada 10cm 3 unid. R$ 3,35 R$ 10,05Atadura ortopédica de algodão 15cm 2 unid. R$ 1,50 R$ 3,00Campo operatório 45x50 5 unid. R$ 2,72 R$ 13,60Equipo micro-gotas 1 unid. R$ 2,28 R$ 2,28Gaze estéril 50 pc. R$ 0,10 R$ 5,00Luva descartável – nº 8 2 pares R$ 0,70 R$ 1,40Scalp 1 unid. R$ 1,23 R$ 1,23Seringa 10 ml descartável 3 unid. R$ 0,63 R$ 1,89Seringa 20 ml descartável 1 unid. R$ 1,05 R$ 1,05Soro fisiológico 9% 500 ml 1 frasco R$ 3,45 R$ 3,45TOTAL R$ 43,47

Com relação aos valores de mão-de-obra direta que compõem o quadro 4, foram

fornecidos pelo Setor de Faturamento do hospital. Verificou-se que os valores pagos ao

médico e ao anestesista, para realização do procedimento X, são definidos por meio do

PROPASS PLUS – Programa Paranaense de avaliação dos serviços de Saúde, que é de inteira

responsabilidade da ASSEPAS – Associação das Entidades Paranaenses de Autogestão em

Saúde. Esses valores são definidos com uma avaliação da entidade hospitalar que envolve os

recursos físicos, (materiais, salas de cirurgias, UTI) humanos, (médicos, enfermeiros,

atendentes) como também as normas e rotinas realizadas no atendimento aos pacientes.

Desse modo por meio do PROPASS PLUS, foram estipulados os valores pagos ao

médico e ao anestesista para o procedimento X e realizado pelo convênio, SAS (Secretaria de

Atenção a Saúde).

Quadro 4 - Mão-de-obra direta.

Tipo de mão-de-obra Custo Médico R$ 70,00Anestesista R$ 50,00TOTAL R$ 120,00

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Para elaboração do quadro 5, 6 e 7, os valores iniciais foram fornecidos pela

contabilidade do hospital. Após a apuração do custo total com mão-de-obra indireta, para

distribuir para o procedimento X, optou-se pelas horas trabalhadas no mês, dividido pelo

tempo gasto no procedimento X. O mês de referência tanto para apurar o custo em valores,

como o de horas trabalhadas foi o mês de agosto de 2006.

Verificou-se que a técnica em enfermagem que atuou no procedimento X, tem uma

jornada de 144 horas mensais, e que o tempo gasto no procedimento, foi de 2 horas, obtendo

os valores do quadro5.

Quadro 5- Mão-de-obra indireta - Técnica em enfermagem.

Técnica em enfermagem Custo Salário R$ 696,30Adicional Noturno R$ 208,89Insalubridade R$ 70,00Produtividade R$ 34,82Ajuda de Custo R$ 15,00Soma R$1.025,01INSS 28,8% R$ 295,20FGTS 8,5% R$ 87,12Férias R$ 85,421/3 da Férias R$ 28,47INSS s/ Férias 28,8% R$ 32,80FGTS s/ Férias 8,5% R$ 9,6813º Salário R$ 85,42INSS s/ 13º Salário 28,8% R$ 24,60FGTS s/ 13º Salário 8,5% R$ 7,26TOTAL R$1.680,98

Verificou-se que a enfermeira que atuou no procedimento X, tem uma jornada de 144

horas mensais, e que o tempo gasto no procedimento foi de 2 horas, obtendo os valores do

quadro 6.

Quadro 6 - Mão-de-obra indireta – Enfermeira

Enfermeira Custo Salário R$ 1.097,00Adicional. Noturno R$ 329,00Insalubridade R$ 70,00Soma R$ 1.496,00INSS 28,8% R$ 430,84FGTS 8,5% R$ 127,16Férias R$ 124,661/3 de Férias R$ 41,55INSS s/ Férias 28,8% R$ 55,40FGTS s/ Férias 8,5% R$ 14,1313º Salário R$ 124,66INSS s/ 13º Salário 28,8% R$ 35,90FGTS s/ 13º Salário 8,5% R$ 10,60TOTAL R$ 2.460,90

12

Com relação ao serviço da recepcionista, verificou que tem uma jornada de trabalho de

220 horas mensais, e o tempo gasto para realizar o procedimento X foi de 2 horas. Com essas

informações chegou-se ao valor do custo com mão-de-obra indireta para o procedimento X,

demonstrado no quadro 7.

Quadro 7 - Custo com mão-de-obra indireta – RecepcionistaRecepcionista Custo

Salário R$ 371,80Adicional Noturno R$ 258,54Insalubridade R$ 70,00Soma R$ 700,34INSS 28,8% R$ 201,70FGTS 8,5% R$ 59,50Férias R$ 58,361/3 de Férias R$ 19,45INSS s/ Férias 28,8% R$ 22,41FGTS s/ Férias 8,5% R$ 6,6113º Salário R$ 58,36INSS s/ 13º Salário R$ 16,81FGTS s/ 13º Salário R$ 4,96TOTAL R$ 1.148,50

O quadro 8, demonstra o custo total com mão-de-obra indireta referente ao

procedimento X, a base de rateio utilizada foi o total de encargos pelas horas trabalhados mês,

segundo as horas trabalhadas no procedimento X

.

Quadro 8 - Custo total com mão-de-obra indiretaMão-de-obra Indireta Custo MOI Horas trab/mês Horas trab/no Proced.X Custo

Téc. Em enfermagem R$ 1.680,98 144 2 R$ 23,35Enfermeira R$ 2.460,90 144 2 R$ 34,18Recepcionista R$ 1.148,50 220 2 R$ 10,44TOTAL R$ 67,97

O quadro 9 é composto pelos equipamentos utilizados no procedimento X, e a

finalidade é demonstrar a depreciação de tais equipamentos pelo método linear, que consiste

em verificar a vida útil dos equipamentos e dividir por 100%, achando assim, a taxa da

depreciação anual. Os valores dos equipamentos foram fornecidos pelo Setor de

Contabilidade do Hospital, com exceção de alguns, que houve a necessidade de contatar o

fornecedor por meio de contato telefônico.

13

Quadro 9 - Depreciação dos equipamentos utilizados no procedimento X.Equipamentos Aquisição Vida útil Quant. Valor unit. V.D.A* V.D.M**

Oxcímetro 2003 5 anos 1 R$ 4.052,00 R$ 810,40 R$ 7,53Intensificador 2003 5 anos 1 R$ 5.463,00 R$ 1.092,60 R$ 1,05Aparelho de Pressão 2003 5 anos 1 R$ 420,00 R$ 84,00 R$ 7,00Perfurador 2003 5 anos 1 R$ 1.890,00 R$ 378,00 R$ 31,50Maca 2003 5 anos 1 R$ 1.300,00 R$ 260,00 R$ 21,66TOTAL R$ 2.625,00 R$ 218,74*Valor Depreciação Anual. ** Valor Depreciação Mensal.

O quadro 10 demonstra o rateio realizado com a depreciação mensal dos equipamentos

utilizados no procedimento X, apresentando o valor total gasto com depreciação para este

procedimento.

Os equipamentos, oxcímetro, aparelho de pressão e maca, são utilizados em todos os

procedimentos realizados, assim, os custos das depreciações dos mesmos serão calculados

levando-se em consideração os 212 procedimentos realizados no mês de agosto de 2006,

período base para apuração dos custos.

Já, os equipamentos Intensificador e Perfurador são específicos desse procedimento e

de apenas mais 2. Levantou então no mês de agosto o número de procedimentos realizados

com esses equipamentos dando uma somatória de 8. Como foram realizados 212

procedimentos no mês de agosto de 2006, assim, a base para ratear o custo com depreciação

foi o número de vezes que o equipamento foi utilizado no mês.

Quadro 1 - Custo total com depreciaçãoEquipamentos Custo/deprec./mês Total/proced. Realizados/mês Valor do Custo

Oxímetro R$ 67,53 212 R$ 0,32Intensificador R$ 91,05 8 R$ 11,80Aparelho de Pressão R$ 7,00 212 R$ 0,03Perfurador R$ 31,50 8 R$ 3,94Maca R$ 21,66 212 R$ 0,10TOTAL R$ 15,77

Os valores do quadro 11 foram fornecidos pelo Setor de Faturamento do Hospital.

Logo, o valor da Enfermaria com 2 leitos e o valor da Sala Cirúrgica Porte II, foram também

formados pelo PROPASS PLUS. Uma informação relevante é de que nos valores citados já

estão inclusos também, o valor equivalente à água, luz e limpeza.

Quadro 2- Taxas HospitalaresDescrição Quantidade Valor Unitário Valor Total

Enfermaria com 2 leitos 1 R$ 30,00 R$ 30,00Sala Cirúrgica Porte II 1 R$ 62,50 R$ 62,50TOTAL R$ 92,50

14

Para elaborar o quadro 12 apurou os números de peças utilizados no procedimento X.

Essa constatação foi por meio entrevista não participante observando, assistindo de visitas ao

centro cirúrgico, entrevistas com o médico, e entreinclusive assistindo a um procedimento X.

Feito isso, as peças foram pesadas a fim de obter o peso total de peças utilizadas apenas no

procedimento X.

Para o rateio dos custos foram apurados ainda, o valor da conta de luz e o total de

kw/h utilizados no mês de agosto de 2006, o valor da conta de água e o total de litros usados

no mês. Na seqüência, buscou-se o valor em kw que cada máquina da lavanderia gasta por

hora, o total gasto no mês com material de limpeza, para a lavagem das peças, e o total da

folha de pagamento dos funcionários da lavanderia acrescidos dos encargos sociais.

Como as máquinas já estão depreciadas, já que foram adquiridas no ano de 2000, com

vida útil de cinco anos, justifica-se então a não existência de calculo, e posteriormente de

custo.

Quadro 3 - Serviços de LavanderiaItens Quantidade Peso/unidade Peso TotalCampo Operatório 2 0,470 Kg 0,940 KgLençol 2 0,200 Kg 0,400 KgAvental 2 0,510 Kg 1,020 KgTOTAL 2,360 Kg

Para obter os valores do quadro 13 foi apurado o valor da conta de energia elétrica do

Hospital no mês de agosto de 2006, que totaliza R$ 9.207,56, e o total de kws de 31,336,

informações importantes para calcular o valor do Kw/h, que é de R$ 0,29.

A lavanderia é composta por três máquinas, e os valores que cada máquina gasta em

kw por hora também está demonstrado no quadro 14. Averigou-se que o procedimento X tem

duração de 2 horas, assim, a energia elétrica foi rateada utilizando os valores de Kw/h pelo

tempo gasto no procedimento.

Quadro 4 - Custo total com energia elétrica.Maquinas Kw/h Maquinas Valor do Kw/h Quant.hrs/Proc.X Valor do Custo

Maquina de Lavar 01 0,72 R$ 0,29 2 R$ 0,42Maquina de Lavar 02 0,74 R$ 0,29 2 R$ 0,43Maquina de Secar 0,96 R$ 0,29 2 R$ 1,41TOTAL R$ 1,41

Segundo levantamento da nota fiscal do mês de agosto, a lavanderia teve um gasto

com material de limpeza de R$ 1.028,47. Desse modo optou-se pela base de rateio o total de

kg que a lavanderia lava no mês. Segundo levantamento constatou-se que é de 230 kg, assim,

15

sabendo que o procedimento X, utiliza-se várias peças, que pesam 2,360 kg, fez-se o seguinte

cálculo para obter o custo total com material de limpeza para o procedimento X.

Quadro 5 - Custo total com Material de LimpezaValor Material/mês Total Kg lavados mês Total Kg usados Proced.X Total do Custo

R$ 1.028,47 230 2,360 RS 10,55

O setor de faturamento do hospital, o PROPASS PLUS – Programa Paranaense de

Avaliação dos Serviços de Saúde, juntamente com mais alguns setores do Hospital,

analisaram e chegaram ao consenso de que a lavanderia gasta equivalente a 20%, do total de

água gasta no mês em todo o hospital. Se a conta de água no mês de agosto de 2006 foi de R$

2.691,70 o valor da lavanderia é de R$ 538,34 .

O rateio da água será também relativo ao total de kg lavados por mês, de acordo com o

peso das peças utilizadas para realização do procedimento X. Então, tem-se o seguinte cálculo

que demonstra o custo total gasto com água no quadro 15.

Quadro 15 - Custo total com água/ lavanderiaTotal/Conta 20% Conta/Água Total Kg lavados mês Total Kg p/ Proced. X Total Custo

R$ 2.691,70 R$ 538,34 230 2,360 R$ 5,52

Os funcionários da lavanderia são seis, a folha de pagamento com todos os encargos,

soma R$ 4.288,26. A base de rateio utilizada foi a quantidade de quilos de peças lavadas no

mês, pelo total de quilos das peças utilizadas no procedimento X, demonstrado no quadro 16.

Quadro 16 - Custo total com folha de Pagamento dos funcionários/ lavanderia.Total Folha Pgto. Total Kg lavados mês Total Kg usados Proced.X Total Custo

R$ 4.288,26 230 2,360 R$ 44,00

A questão seguinte era apurar o custo das refeições, já que os pacientes do

procedimento X ficam em observação por 24 horas, e tomam três refeições diárias, por meio

desse convênio S.A.S. (Secretaria de atenção a Saúde).

Para o procedimento X, o paciente permanece internado por dois dias, assim, com base

nessas informações, apurou-se o custo que consta no quadro 18. É importante lembrar que por

dificuldade em fazer um levantamento de custo item a item, o valor utilizado para chegar ao

total de custos com refeições, foi o de R$ 4,36, pela nutricionista.

Quadro 6 - Custo total com refeiçõesRefeições Custo/Refeições Total de Diárias Valor do Custo

Café da manhã – Almoço - Jantar R$ 4,36 2 R$ 8,72

16

O quadro 18 está composto por todos os valores totais de custos, dos itens que envolvem o procedimento X. Sua finalidade é apresentar o total geral de custos para esse Procedimento.

Quadro 7 - Total Geral de Custos com o Procedimento X.Itens Custos TotaisMedicamentos R$ 31,48Materiais R$ 43,47Mão-de-obra direta R$ 120,00Mão-de-obra indireta R$ 67,97Depreciação R$ 15,77Taxas Hospitalares R$ 92,50Serviços de Lavanderia R$ 61,48Serviços de Refeitório R$ 8,72TOTAL R$ 441,39

Após ter apurado o custo do procedimento X, inicia-se a mesma apuração dos custos

para o procedimento Y, atendendo desse modo ao objetivo geral do estudo.

PROCEDIMENTO Y

Após visitas sistemáticas, assim como várias entrevistas realizadas com médicos,

enfermeiros e funcionários do Setor do Faturamento, levantaram-se os custos dos

medicamentos utilizados no procedimento Y, que compõe o quadro 19.

Quadro 19 – MedicamentosItens Quantidade Custo Unitário Custo Total

Cefazolina 1g 2 ampolas R$ 10,85 R$ 21,70Dimorf – 1 mg / 2 ml 1 ampola R$ 3,28 R$ 3,28Metergin inj. 1 mg. R$ 1,85 R$ 1,85Metoclopramida 10mg / 2 ml 1 ampola R$ 0,94 R$ 0,94Neocaina c/ epinefrina 1 mg. R$ 12,38 R$ 12,38Oxitocina 5000 ui/ml 2 ampolas R$ 1,29 R$ 2,58Atrovent gostas 2 ml. R$ 0,63 R$ 1,26Berotec 20 ml/gts. 2 ml. R$ 0,22 R$ 0,44Dipirona 1g / 2 ml 9 ampolas R$ 0,94 R$ 8,46Kanakion 1 ampola R$ 3,02 R$ 3,02Keflin injeção 5 ampolas R$ 5,37 R$ 26,85Novalgina injeção 2 ml 1 mg. R$ 1,50 R$ 1,50TOTAL R$ 84,26

Adotou-se a mesma sistemática dos medicamentos, para formar o quadro 20, que é

composto pelos materiais utilizados no procedimento Y.

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Quadro 20 - Materiais

Itens Quantidade Custo Unitário Custo TotalAgulha desc. 25x07 4 agulhas R$ 0,13 R$ 0,52Agulha desc. 40x12 3 agulhas R$ 0,19 R$ 0,57Agulha raqui desc. 22g 1 agulha R$17,40 R$ 17,40Bisturi desc. 11 ao 22 1 unid. R$ 1,64 R$ 1,64Bola de algodão 4 unid. R$ 0,10 R$ 0,40Campo operatório 15 unid. R$ 2,72 R$ 40,80Catgut simples 2-0 ag. 3cm 3 unid. R$ 6,00 R$ 18,00Clamp umbilical 1 unid. R$ 1,20 R$ 1,20Gazes estéril 100 pç. R$ 0,10 R$ 10,00Luva descartável – nº 8 7 partes R$ 0,70 R$ 4,90Micropore cor da pele 12,5 60 cm R$ 0,11 R$ 6,60Mononylon 2-0 ca/3cm 1 unid. R$ 6,75 R$ 6,75Povidine tócpico 100 ml 100 ml R$ 0,07 R$ 7,00Seringa 10 ml descartável 4 unid. R$ 0,36 R$ 1,44Seringa 5 ml descartável 3 unid. R$ 0,36 R$ 1,08Sonda aspiração traqueal nº 8 1 unid. R$ 2,38 R$ 2,38Soro fisiológico 1 frasco R$ 3,45 R$ 3,45Abbocath 14 ao 24 1 unid. R$ 6,70 R$ 6,70Alcool 70% 10 unid. R$ 0,07 R$ 0,70Bola de algodão 10 unid. R$ 0,10 R$ 1,00Equipo micro-gotas 1 unid. R$ 2,28 R$ 2,28Equipo p/ trasfusão 3 unid. R$ 3,82 R$ 11,46Equipo 02 vias 1 unid. R$ 3,60 R$ 3,60Esparadrapo 10 cm x 4,5 mt. 50 rolos R$ 0,07 R$ 3,50Gaze estéril 10 pç R$ 0,10 R$ 1,00Soro fisiológico 9% 125 ml 1 frasco R$ 2,36 R$ 2,36Soro fisiológico 1000ml 2 frascos R$ 5,98 R$ 11,96Soro fisiológico 500 ml 2 frascos R$ 3,75 R$ 7,50TOTAL R$ 176,19

Os valores da mão-de-obra direta citados no quadro 21 foram fornecidos pelo Setor de

Faturamento do Hospital. Foram formados por meio do PROPASS PLUS – Programa

Paranaense de Avaliação dos Serviços de Saúde.

Quadro 21 - Mão-de-obra diretaTipo de mão-de-obra Custo

Médico Obstetra R$ 160,00Médico Pediatra R$ 118,00Anestesista R$ 150,00TOTAL R$ 428,00

Para montar o quadro 22, foram fornecidos alguns valores iniciais pela Contabilidade

do Hospital, seguidos de cálculos para chegar ao valor final, do custo com mão-de-obra

indireta da técnica em enfermagem. Averiguando que esse profissional tem uma jornada de

144/horas mensais, e que o tempo gasto no procedimento Y é de 3 horas, apurou-se o custo de

mão-de-obra indireta demonstrado no quadro 24.

18

Quadro 24 - Custo com mão-de-obra indireta – Técnica em enfermagemTécnica em enfermagem Custo

Salário R$ 696,30Ad. Noturno R$ 208,89Insalubridade R$ 70,00Produtividade R$ 34,82Ajuda de Custo R$ 15,00Soma R$ 1.025,01INSS 28,8% R$ 295,20FGTS 8,5% R$ 87,12Férias R$ 85,421/3 da Férias R$ 28,47INSS s/ Férias 28,8% R$ 32,80FGTS s/ Férias 8,5% R$ 9,6813º Salário R$ 85,42INSS s/ 13º Salário 28,8% R$ 24,60FGTS s/ 13º Salário 8,5% R$ 7,26TOTAL R$ 1.680,98

Com relação à mão-de-obra indireta da enfermeira, que atende o procedimento Y,

levantou que a jornada de trabalho dessa profissional é de 144/horas mensais e que o tempo

gasto no procedimento Y é de 3 horas, apurou-se o custo do quadro 25.

Quadro 8 - Custo total com mão-de-obra indireta – EnfermeiraEnfermeira Custo

Salário R$ 1.097,00Ad. Noturno R$ 329,00Insalubridade R$ 70,00Soma R$1.496,00INSS 28,8% R$ 430,84FGTS 8,5% R$ 127,16Férias R$ 124,661/3 de Férias R$ 41,55INSS s/ Férias 28,8% R$ 55,40FGTS s/ Férias 8,5% R$ 14,1313º Salário R$ 124,66INSS s/ 13º Salário 28,8% R$ 35,90FGTS s/ 13º Salário 8,5% R$ 10,60TOTAL R$ 2.460,90

Para o quadro 26, levantou a mão-de-obra indireta da recepcionista, levando em

consideração a jornada de trabalho de 220/horas mês, e o tempo gasto no procedimento Y de

3 horas, efetuou o rateio da mão-de-obra-indireta .

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Quadro 26 - Custo com mão-de-obra indireta – RecepcionistaRecepcionista Custo

Salário R$ 371,80Ad. Noturno R$ 258,54Insalubridade R$ 70,00Soma R$ 700,34INSS 28,8% R$ 201,70FGTS 8,5% R$ 59,50Férias R$ 58,361/3 de Férias R$ 19,45INSS s/ Férias 28,8% R$ 22,41FGTS s/ Férias 8,5% R$ 6,6113º Salário R$ 58,36INSS s/ 13º Salário R$ 16,81FGTS s/ 13º Salário R$ 4,96TOTAL R$ 1.148,50

O quadro 27 demonstrar o custo total com mão-de-obra indireta, para o procedimento

Y. O rateio foi realizado de acordo com o total do custo com mão-de-obra indireta de cada

profissional, divididos pelo total de horas trabalhadas mês, e seqüencialmente divididos pelas

3 horas trabalhadas no procedimento Y.

Quadro 9 - Custo total com mão-de-obra indireta

Mão-de-obra Indireta Custo c/ MOI Horas trab/mês Horas trab/no Proced.X CustoTéc. Em enfermagem R$ 1.680,98 144 3 R$ 35,02Enfermeira R$ 2.460,90 144 3 R$ 51,27Recepcionista R$ 1.148,50 220 3 R$ 15,66TOTAL R$ 101,95

Já o quadro 28 é dos equipamentos utilizados no procedimento Y, e sua finalidade é

demonstrar a depreciação de tais equipamentos, pelo método linear. Os valores dos

equipamentos foram fornecidos pelo Setor de Contabilidade do Hospital, embora, em alguns

deles houve a necessidade de contactar o fornecedor, para levantar o valor.

Quadro 10 - Depreciação dos equipamentos utilizados no Procedimento YEquipamentos Aquisição Vida útil Quant. Valor unit. V.D.A* V.D.M**Oxcímetro 2003 5 anos 1 R$ 4.052,00 R$ 810,40 R$ 67,53Bisturi elétrico 2003 5 anos 1 R$ 1.400,00 R$ 280,00 R$ 23,33Aparelho de Pressão 2003 5 anos 1 R$ 420,00 R$ 84,00 R$ 7,00Maca 2003 5 anos 1 R$ 1.300,00 R$ 260,00 R$ 21,66TOTAL R$ 1.434,40 R$ 119,52*Valor Depreciação Anual. ** Valor Depreciação Mensal.

Para os equipamentos, oxcímetro, aparelho de pressão e maca, são utilizados em todos

os procedimentos realizados, assim, o custo da depreciação desses equipamentos foi rateado

levando em consideração os 212 procedimentos realizados no mês de agosto de 2006, que é o

20

mês que se tomou por base. Para o equipamento Bisturi elétrico, embora utilizado na maior

parte dos procedimentos, salvo algumas exceções, foi utilizado no mês de agosto em 194 do

total de procedimentos realizados. Desse modo o rateio da depreciação mensal foi equivalente

ao uso do equipamento. Assim, foram considerados os valores mensais das depreciações,

divididos pelo número de vezes que cada equipamento foi utilizado no mês de agosto.

Quadro 119 - Custo total com depreciação.

Equipamentos Custo/deprec./mês Total/proced. Realizados/mês Valor do CustoOxímetro R$ 67,53 212 R$ 0,32Bisturi elétrico R$ 23,33 194 R$ 0,12Aparelho de Pressão R$ 7,00 212 R$ 0,03Maca R$ 21,66 212 R$ 0,10TOTAL R$ 0,57

Para o quadro 30, o valor da Enfermaria com 2 leitos e o valor da Sala Cirúrgica Porte

V, e o valor do berçário, foram também formados pelo PROPASS PLUS, sendo incluso

também, o valor equivalente a água, luz e limpeza.

Quadro 30 - Taxas Hospitalares

Descrição Quantidade Valor Unitário Valor TotalEnfermaria com 2 leitos 2 R$ 30,00 R$ 60,00Berçário 2 R$ 18,75 R$ 37,50Sala Cirúrgica Porte V 1 R$ 125,00 R$ 125,00TOTAL R$ 222,50

Para elaborar o quadro 31 foi apurado o número de peças utilizadas no procedimento

Y, através de visitas ao Centro Cirúrgico e entrevistas com os médicos. Após,, as peças foram

pesadas individualmente em seguida elaborou-se a somatória do peso das peças utilizada no

procedimento Y.Para o rateio foram levantados ainda: o valor da conta de luz e o valor de

conta de água, o total de kw/h consumidos de energia e o total de litros de água consumidos

no mês de agosto.

Apurou-se a quantidade de kw/máquina por hora; após o total em kws mês, como

também o total de material, folha de pagamento dos funcionários da lavanderia acrescidos de

todos os encargos, referente ao mês de agosto de 2006.

Com relação a depreciação das máquinas verificou-se que todas foram adquiridos em

2000, como tem uma vida útil de 5 anos já estão totalmente depreciadas.

21

Quadro 31 - Serviços de Lavanderia

Itens Quantidade Peso/unidade Peso TotalCampo Operatório 4 0,470 Kg 1,880 KgLençol 2 0,200 Kg 0,400 KgAvental 2 0,510 Kg 1,020 KgLençol Impermeável 1 0,300 Kg 0,300 Kg10 Compressas (tecido) 10 0,20 Kg 0,200 KgTOTAL 3,800 Kg

O quadro 32, levantou-se então, o valor total da conta de energia elétrica do mês de

agosto de 2006, de R$ 9.207,56 e o consumo total em Kw/h mês foi de 31.336. Obteve-se

então, o valor do Kw/h que foi de R$ 0,29.

A lavanderia é composta por três máquinas e os valores de Kw/h que cada uma gasta é

demonstrado no quadro 32. Como o procedimento Y tem duração de 3 horas, a energia

elétrica foi então, rateada segundo kw/h gastos máquina, pelo tempo gasto no procedimento.

Quadro 12 - Custo total com energia elétrica

Maquinas Kw/h Maquinas Valor do Kw/h Quant.hrs/Proc Y Valor do CustoMaquina de Lavar 01 0,72 R$ 0,29 3 R$ 0,63Maquina de Lavar 02 0,74 R$ 0,29 3 R$ 0,64Maquina de Secar 0,96 R$ 0,29 3 R$ 0,83TOTAL R$ 2,10

Por meio de verificação nos arquivos da empresa verificou-se que no mês de agosto de

2006, a Lavanderia teve um gasto com material de limpeza para a lavagem das peças no valor

de R$ 1.028,47. Como total de quilos de peças lavadas no mês de agosto de 2006 foi de 230

kg/mês, e que o procedimento Y utiliza peças cujo total é de 3,8 kg. Para o rateio considerou o

valor total gasto com material de limpeza, divididos pelos 230 kg lavados mês, e divididos

ainda, pelos 3,8kg usados no procedimento Y, conforme quadro 33.

Quadro 33 - Custo total com material de limpezaValor Material/mês Total Kg lavados mês Total Kg p/ Proced. Y Total do Custo

R$ 1.025,47 230 3,800 R$ 16,99

Conforme informações passadas pelo Setor de Faturamento do Hospital, o PROPASS

PLUS – Programa Paranaense de Avaliação dos Serviços de Saúde chegou-se ao consenso de

que a lavanderia utiliza 20%, do total de água gasto no hospital. Assim do valor de R$

2.691,70, gasto com a conta de água no mês de agosto de 2006, assim, 20% desse valor ou

seja, R$ 538,34 é da lavanderia. Com os dados de quilos de peças utilizadas no procedimento

Y encontrou o valor demonstrado no quadro 34.

22

Quadro 34 - Custo total com água

Total/Conta 20% Conta/Água Total Kg lavados mês Total Kg p/ Proced. Y Total CustoR$ 2.691,70 R$ 538,34 230 3,800 R$ 8,89

Para manter a lavanderia funcionando são necessários seis funcionários do Hospital

Solidariedade são responsáveis pelo Setor da Lavanderia; a folha de pagamento desses

funcionários já inclusos todos os encargos, soma, R$ 4.288,26. O rateio foi realizado segundo

peso total de peças lavados no mês, pelo total do peso somente das peças utilizadas no

procedimento Y.

Sendo assim, foi utilizado o valor total com a folha de pagamento que foi de R$

4.288,26, divididos pelos 230 Kg lavados mês, e divididos ainda pelos 3,800 Kg utilizados no

procedimento Y. Portanto, o quadro 35 demonstra o custo total com folha de pagamento dos

funcionários da Lavanderia.

Quadro 35 - Custo total com funcionáriosTotal Folha Pgto. Total Kg lavados mês Total Kg usados Proced.X Total Custo

R$ 4.288,26 230 3,800 R$ 70,85

O quadro 36 constitui-se de apenas um valor para as 3 refeições, que o paciente que

submete ao procedimento Y, por meio do convênio SAS ( Secretaria de Atenção a Saúde) tem

direito. Esse valor foi montado pela nutricionista responsável pelo refeitório, juntamente com

funcionários da contabilidade do Hospital.

Para chegar a esse resultado foram utilizados valores unitários de cada alimento,

divididos conforme a quantidade de gramas exatas indicadas para cada paciente. Foi também

incluso no custo uma porcentagem da energia e da água utilizadas pelo refeitório fornecidas

pelo Setor de Faturamento, assim como o rateio da folha de pagamento das funcionárias do

refeitório, de acordo com o tempo trabalhado para fazer cada refeição. A depreciação dos

equipamentos não foi considerada, pois como as informações obtidas dos que ainda não

estavam totalmente depreciadas, não atingiam valor mínimo para serem depreciados.

O café da manhã é composto por: um pão francês, 2 biscoitos, um de sal e um doce,

manteiga, uma fatia de apresuntado e uma de mussarela, uma xícara de chá ou leite. O almoço

é servido com uma porção de arroz, uma porção de feijão, um tipo de carne, uma salada, e um

tipo de legume. Já o jantar é sempre um sopão, que basicamente é composto por macarrão e

legumes. É importante salientar que, não foi efetuado o cálculo do custo item a item, tendo em

23

vista a dificuldade do levantamento de custo, pois acarretaria em dispor de um tempo muito

maior.

Quadro 13 – Custo total com refeições

Refeições Custo/Refeições Total Diárias Valor do Custo

Café da manhã – Almoço - Jantar R$ 4,36 2 R$ 8,72

O quadro 37 compõe-se de todos os valores totais de custos, dos itens que envolvem o

procedimento Y. Sua finalidade é apresentar o total geral de custos para esse Procedimento,

alcançando assim o objetivo geral do estudo.

Quadro 14 - Total Geral de Custos com o Procedimento Y.ITENS CUSTOS TOTAISMedicamentos R$ 84,26Materiais R$ 176,19Mão-de-obra Direta R$ 428,00Mão-de-obra Indireta R$ 101,95Depreciação R$ 0,57Taxas Hospitalares R$ 222,50Serviços de Lavanderia R$ 98,83Serviços de Refeitório R$ 8,72TOTAL R$ 1.121,02

5. Conclusões

O objetivo central do estudo é calcular o custo de dois procedimentos hospitalares o

método de custeio por absorção, para tanto, houve a necessidade de buscar uma instituição

para coletar os dados, já que a metodologia adotada é o “Estudo de Caso”. Após, a liberação

pelos diretores para iniciar o estudo. Em seguida, diante de vários convênios que o hospital

atende surgiu a necessidade de selecionar além dos procedimentos também um tipo de

convenio que permitisse atender o objetivo geral do estudo Após alguns questionamentos

optou-se por selecionar os procedimentos que receberam o nome fictício de procedimento

“X” e “Y”, por serem os procedimentos que ocorrem com maior freqüência, além de ambos

serem atendidos pelo convênio SAS.

Definidos os procedimentos, iniciou-se a coleta dos dados. Primeiramente buscou-se

informação sobre todos os materiais diretos que eram usados nos procedimentos, em seguida

a mão de obra direta e indireta. Apos os equipamentos utilizados nos procedimentos, como a

vida útil e valores históricos. Nesse ponto é importante relatar que, o hospital não possuía

informação sobre os valores de aquisição de alguns equipamentos, sendo necessário contatar

as empresas fornecedoras de tais equipamentos. Após elaborou-se os quadros de custos dos

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procedimentos X e Y, e cronometrando o tempo gasto pelos médicos (clinico, e anestesista),

enfermeiros, como também, os equipamentos e materiais diretos utilizados.

Para o cálculo da mão de obra indireta e a depreciação buscou-se uma base de rateio

que desse uma margem de confiabilidade no momento de distribuir os custos. Apesar de a

literatura mostrar que qualquer base de rateio tem um grau de subjetividade, mas que o

contador deve fazer uma análise da melhor opção para evitar desvios que possa prejudicar a

distribuição dos custos indiretos. Após essa observação optou-se na adoção de várias bases de

rateio, ou seja, no caso da mão de obra a base utilizou-se horas trabalhadas em cada

procedimento o mesmo acontecendo com a depreciação. Já, para as peças de roupas utilizadas

em cada um dos procedimentos, optou-se pelo peso, sendo adotado o mesmo procedimento

para a água, e material de limpeza utilizada na lavanderia.

No caso da refeição, que é composta pelo café da manhã, almoço e jantar, utilizou-se

informação fornecida pelo Hospital, pela dificuldade em mensurar cada item buscando

suporte na teoria contábil, na Convenção da Materialidade, onde informa que a contabilidade

deve registrar apenas os eventos dignos de atenção (relevantes) com a finalidade de evitar

desperdício de tempo e dinheiro (FAVERO et al, 1995).

Assim, apuraram-se os custos dos procedimentos X e Y do hospital solidariedade,

constatou-se também que o Hospital Solidariedade, não tem conhecimento dos custos dos

procedimentos executados, conseqüentemente, não utiliza qualquer método de custeio.

Constatou-se a relevância da pesquisa quando se detectaram que o hospital um

possui um sistema de custos adequado as necessidades informacionais. Confirmando a

importância da contabilidade nos aspectos de controle e avaliação dos serviços prestados. E

ainda, que em alguns casos o hospital cobra um determinado valor pelos serviços executados,

sem o conhecimento de quanto custa para executar o mesmo.

Talvez a pretensão mais ambiciosa seja em motivar com o estudo que outros

acadêmicos, pesquisem os custos das organizações hospitalares, pelo fato das mesmas

oferecerem excelentes oportunidades para serem exploradas, em razão da complexidade

existente nos serviços prestados, pois, além do atendimento a saúde, congrega varias

atividades interligadas, a qual se pode dizer que seria uma indústria de serviços.

Isso posto, encerra-se o estudo tendo respondido a questão central da pesquisa, ao

apurar os custos dos procedimentos X e Y por meio do custeio por absorção. Evidencia-se

ainda, que a informação sobre os custos dos serviços prestados auxilia o gestor na tomada de

decisão, fazendo com que as organizações sejam mais eficientes.

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