controle da qualidade na industria de cimento portland – cimento sergipe

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iv Mônica Maria da Silva CONTROLE DA QUALIDADE NA INDÚSTRIA DE CIMENTO PORTLAND – CIMENTO SERGIPE S/A São Cristóvão, 2004 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA

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Relatório apresentado ao Departamento de Engenharia Química da Universidade Federal de Sergipe – UFS, como requisito parcial para obtenção do título de Química Industrial. O qual descreve as atividades realizadas durante o estágio curricular no laboratório de controle da qualidade da Cimento Sergipe S/A – CIMESA

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Mônica Maria da Silva

CONTROLE DA QUALIDADE NA INDÚSTRIA DE CIMENTO

PORTLAND – CIMENTO SERGIPE S/A

São Cristóvão, 2004

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA

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Mônica Maria da Silva

CONTROLE DA QUALIDADE NA INDÚSTRIA DE

CIMENTO PORTLAND – CIMENTO SERGIPE S/A

Relatório de estágio curricular apresentado ao Departamento de Engenharia Química da UFS, como requisito parcial para obtenção do curso de Química Industrial.

Supervisora / UFS: Prof.a Dra. Gisélia Cardoso

Supervisor / Cimesa: Químico Breno O. Martins

São Cristóvão, 2004

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PERFIL DA INDÚSTRIA

Razão Social CIMESA S/A

Localização Fazenda Brandão S/N – Zona Rural – Sergipe, a 26 km de

Aracaju

Data de fundação 22/11/1985

Produto Cimento

Marca produzida Poty

Funcionários 321 (média / 2004)

Situação Integrante do grupo Votorantim ;

Grupo líder no Brasil, no mercado de cimentos;

Certificada pela ISO 9001;

Início do Projeto Exportação em 2002.

Capacidade de Produção 4.500 toneladas de clínquer / dia (Abril/2004)

FONTE: Cimesa S/A (2004)

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AGRADECIMENTOS

Agradecer é o ato supremo do reconhecimento pelo apoio, confiança e contribuição

recebida. Por isso agradeço:

A Deus, que me abençoou com a vida. Pelas vezes que caí e por quando levantei. Por

tudo que acertei e pelos momentos que falhei porque estivestes sempre comigo. Sem ti nada

posso, nada sou.

Ao meu pai, irmãos, sobrinhos e cunhados pelo amor incondicional presente em

todos os momentos da minha vida.

À minha mãe, pelo exemplo de dignidade e fé. Pela dedicação aos filhos, abdicando

de sua própria vontade.

À minha irmã Magna, pela ajuda e incentivo sempre presentes para a concretização

deste sonho. Todo o meu reconhecimento.

Ao meu cunhado Herbet, pelo apoio e estímulo. Um incansável defensor da

educação.

Aos amigos conquistados na Cimesa, pelo respeito e cordialidade presentes na

equipe.

Ao amigo Wander pela atenção demonstrada a todo instante.

Aos amigos Norma, Vítor, Bruno, Mônica e Felipe pelos incontáveis momentos de

descontração que trago na memória.

Aos mestres pela convicção de que serei sempre uma “eterna aprendiz”.

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“Qualquer coisa que você possa fazer, ou sonha que possa fazer, comece a fazê-la.

A ousadia tem em si genialidade, força e magia”.

(Goethe)

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RESUMO

Relatório apresentado ao Departamento de Engenharia Química da Universidade Federal de Sergipe – UFS, como requisito parcial para obtenção do título de Química Industrial. O qual descreve as atividades realizadas durante o estágio curricular no laboratório de controle da qualidade da Cimento Sergipe S/A – CIMESA. Essa empresa integra o grupo Votorantim, líder no Brasil no mercado de cimentos, a qual está certificada pela ISO 9001 na produção do cimento portland de marca Poty. Na produção do cimento a empresa deve assegurar o controle do processo e a inspeção do produto, em consonância com as normas técnicas expressas na ABNT, a fim de garantir a qualidade do cimento cumprindo os desejos e necessidades do mercado. Para esse fim, a Cimesa S/A possui instalado um rigoroso programa de controle da qualidade, desde a extração das matérias-primas nas jazidas até a ensacadora. Enquanto parte desse controle da qualidade, foram efetuados no laboratório, durante o estágio, ensaios de finura (peneiramento e Blaine), CaO livre, resíduo insolúvel e pérola fundida. Tais ensaios foram executados seguindo as instruções contidas no Manual de Procedimentos da ABCP – Associação Brasileira de Cimentos Portland, com a finalidade de verificar as propriedades físicas e químicas do produto acabado e compará-las com os requisitos especificados para determinar sua conformidade com a qualidade planejada. Pôde-se observar que a inspeção realizada no cimento é uma técnica limitada, visto que identifica os itens não-conformes somente após estes terem sido produzidos. Por isso, o controle químico das matérias-primas, farinha e clínquer realizado no laboratório de controle da qualidade é uma prática fundamental, uma vez que prevê as qualidades do futuro produto. A realização do estágio no laboratório de controle da qualidade, mostrou-me a importância da experiência do primeiro contato com a prática profissional para o ingresso no mercado de trabalho, pois através dela tive a oportunidade de desenvolver habilidades necessárias ao exercício eficiente da profissão, as quais não são oferecidas pela academia. A Cimesa S/A foi um valioso espaço de crescimento e aprendizagem devido à vivência com profissionais experientes da área e o treinamento no desenvolvimento de atividades da minha profissão.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 a Nomenclatura do cimento portland composto............................................06

Figura 01 Mina de extração de calcário......................................................................10

Figura 02 Forno de clínquer........................................................................................11

Figura 03 Moagem de clínquer...................................................................................13

Figura 04 Análises executadas pelo controle da qualidade........................................14

Figura 05 Análises executadas pelo controle da qualidade........................................15

Figura 06 Peneirador pneumático...............................................................................17

Figura 07 a Equipamento Blaine manual......................................................................18

Figura 07 b Equipamento Blaine automático................................................................19

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01 Composição do cimento portland.................................................................19

Tabela 02 Especificação do cimento portland.............................................................. 23

Tabela 03 Software PI...................................................................................................24

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SUMÁRIO

RESUMO..................................................................................................................................iv

LISTA DE FIGURAS................................................................................................................v

LISTA DE TABELAS..............................................................................................................vi

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................01

1.1 Conceitos............................................................................................................................01

1.2 Histórico.............................................................................................................................02

1.2.1 Origem do cimento portland...........................................................................................02

1.2.2 Implantação da Cimesa...................................................................................................03

1.3 Tipos de cimento portland produzidos na cimesa..............................................................05

1.4 Objetivos............................................................................................................................07

1.4.1 Geral................................................................................................................................07

1.4.2 Específicos......................................................................................................................07

1.5 Justificativas.......................................................................................................................07

2 REVISÃO DA LITERATURA.................................................................................... .......08

2.1 Controle da Qualidade.......................................................................................................08

2.2 Processo de fabricação do cimento portland.....................................................................10

2.2.1 Mineração.................................................................................................................. ....10

2.2.2 Clínquer................................................................................................................. .........11

2.2.3 Cimento...........................................................................................................................12

3 METODOLOGIA E DESENVOLVIMENTO ....................................................................14

3.1 Desenvolvimento experimental..........................................................................................16

3.1.1 Ensaios físicos.................................................................................................................16

3.1.2 Ensaios químicos.............................................................................................................21

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES.........................................................................................23

5 CONCLUSÃO......................................................................................................................25

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................................26

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Conceitos

Entende-se por aglomerantes ou materiais cimentícios os compostos de uma ou mais

substâncias capazes de endurecer de forma rápida ou lenta e, em conseqüência, unir materiais

heterogêneos de distintas naturezas. Podem ser de origem orgânica, como as resinas e

polímeros, ou inorgânicas, com destaque para os de composição cálcica, amplamente

utilizados na construção civil, tais como cales, gessos, cimentos naturais, cimento portland e

outros cimentos industrializados [1].

Esses aglomerantes podem ser classificados como hidráulicos e não hidráulicos. Os

primeiros são aqueles que não só endurecem através de reações com água, como também

formam um produto resistente à água. Os aglomerantes não hidráulicos geram produtos de

hidratação não resistentes à água.

O cimento portland pode ser definido especificamente como o aglomerante

hidráulico obtido pela moagem do clínquer portland ao qual se adiciona quantidade adequada

de uma ou mais formas de sulfato de cálcio necessária para controlar o endurecimento inicial

do cimento, quando em contato com a água. Outros materiais como escória de alto-forno,

materiais pozolânicos e filer calcário podem complementarmente compor o cimento portland,

dependendo do tipo de cimento produzido.

O principal constituinte do cimento portland é o clínquer portland, material

sinterizado e paletizado, resultante da calcinação até aproximadamente 14500C de uma

mistura dosada de calcário e argila e, eventualmente, de componentes corretivos de natureza

silicosa, aluminosa ou ferrífera, empregados de modo a garantir o quimismo da mistura dentro

de limites específicos e resultar em clínquer de ótima qualidade.

Page 11: Controle da qualidade na industria de cimento Portland – Cimento Sergipe

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1.2 Histórico

1.2.1 Origem do cimento portland

A palavra CIMENTO é originada do latim CAEMENTU, que designava na velha

Roma espécie de pedra natural de rochedos e não esquadrejada. A origem do cimento remonta

há cerca de 4.500 anos. Os imponentes monumentos do Egito antigo já utilizavam uma liga

constituída por uma mistura de gesso calcinado. As grandes obras gregas e romanas, como o

Panteão e o Coliseu, foram construídas com o uso de solos de origem vulcânica da ilha grega

de Santorino ou das proximidades da cidade italiana de Pozzuoli, que possuíam propriedades

de endurecimento sob a ação da água.

O grande passo no desenvolvimento do cimento foi dado em 1756 pelo inglês John

Smeaton, que conseguiu obter um produto de alta resistência por meio de calcinação de

calcários moles e argilosos.

Considerando a falta de organização da época, no que se refere à troca de

informações cientificas, as descobertas feitas na Inglaterra não foram conhecidas por outros

países. Assim, as revelações anunciadas por Smeaton em 1756 foram redescobertas no início

do século XIX Bogue.

Em 1818, o francês Vicat obteve resultados semelhantes aos de Smeaton, pela

mistura de componentes argilosos e calcários. Ele é considerado o inventor do cimento

artificial. Em 1824, o construtor inglês Joseph Aspdin queimou conjuntamente pedras

calcárias e argila, transformando-as num pó fino. Percebeu que obtinha uma mistura que, após

secar, tornava-se tão dura quanto às pedras empregadas nas construções. A mistura não se

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dissolvia em água e foi patenteada pelo construtor no mesmo ano, com o nome de cimento

Portland, que recebeu esse nome por apresentar cor e propriedades de durabilidade e solidez

semelhantes às rochas da ilha britânica de Portland [2].

No Brasil, a primeira tentativa de aplicar os conhecimentos relativos à fabricação do

cimento Portland ocorreu aparentemente em 1888, quando o comendador Antônio Proost

Rodovalho empenhou-se em instalar uma fábrica em sua fazenda em Santo Antônio, Estado

de São Paulo. Posteriormente, várias iniciativas esporádicas de fabricação de cimento foram

desenvolvidas.

Assim, chegou a funcionar durante três meses em 1892 uma pequena instalação

produtora na ilha de Tiriri, na Paraíba. A usina de Rodovalho operou de 1897 a 1904,

voltando em 1907 e extinguindo-se definitivamente em 1918. Em Cachoeiro do Itapemirim, o

governo do Espírito Santo fundou, em 1912, uma fábrica que funcionou até 1924, sendo então

paralisada, voltando a funcionar em 1936, após modernização.

Todas essas etapas não passaram de meras tentativas que culminaram, em 1924, com

a implantação pela Companhia Brasileira de Cimento Portland de uma fábrica em Perus,

Estado de São Paulo, cuja construção pode ser considerada como o marco da implantação da

indústria brasileira de cimento. As primeiras toneladas foram produzidas e colocadas no

mercado em 1926. Até então, o consumo de cimento no país dependia exclusivamente do

produto importado.

1.2.2 Implantação da Cimesa

O interesse do Grupo Votorantim pela área de cimento, data desde a década de 60,

quando em janeiro de 1967, funcionou na cidade de Aracaju, o primeiro forno produzindo

clínquer, com capacidade nominal de 200 t/dia, utilizando-se o processo por via úmida e

tecnologia da F.L. Smidth. Esta fábrica funcionou até março de 1984, com o nome de

Companhia de Cimento Portland de Sergipe, tendo seu forno desativado em virtude do

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crescimento populacional [3].

Estudaram várias alternativas para a instalação de uma fábrica nova, e finalmente

escolheu-se o município de Laranjeiras, pelo fato da existência de reservas de calcário, fato

que se tornou viável a implantação da indústria de cimento, além de facilitar o seu

escoamento através das rodovias BR-101 e BR-235, ferrovia, e em virtude da topografia da

região, plana e quase sem impactos ambientais.

A nova companhia recebeu o nome de Cimento Sergipe S/A – Cimesa e atualmente

comercializa o cimento de marca Poty, trazendo para o Estado de Sergipe e para a Região

Nordeste um crescimento econômico acentuado, com uma tecnologia de primeira geração e

sistemas automatizados, através do processo por via seca e uma capacidade de 4500 t/dia de

clínquer.

A Votorantim Cimentos (VC) líder no mercado interno visando expandir seus

negócios busca mercados fora do país. Por isso, iniciou no ano passado sua estratégia de

exportação. Depois de fortes investimentos em melhorias internas, a Cimesa, maior fábrica da

VC no Nordeste, será a base das exportações brasileiras da companhia [4]. Esta fábrica foi

estrategicamente escolhida para as exportações, pois seu produto escoar de um porto

localizado mais próximo da América do Norte e da Europa, em relação aos principais portos

de outras regiões brasileiras.

No ano passado, a VC construiu um terminal de abastecimento, específico para o

envio de cimento e clínquer no porto de Barra dos Coqueiros, em Aracaju, que é atualmente a

porta de saída do cimento da companhia para a América do Norte. Por enquanto, a companhia

desembarca o cimento brasileiro em mercados como os Estados Unidos e Canadá, por meio

de uma trade norte-americana, o volume de cimento exportado em 2003 chegou a

aproximadamente 280 mil toneladas. O faturamento com as exportações de cimento da

Votorantim chegaram a US$ 1,2 bilhão [5].

A fim de manter a estratégia de crescimento no mercado internacional, a Cimesa

ampliará suas instalações neste ano com a construção da terceira linha. O início da operação

da terceira linha – que faz conexão de todo o processo produtivo, da mineradora à ensacadora

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iv

– vai ampliar a sua produção para 340 mil toneladas por mês.

1.3 Tipos de cimento portland produzidos na Cimesa

Antigamente havia no Brasil, praticamente, um único tipo de cimento portland. Com

a evolução dos conhecimentos técnicos sobre o assunto, foram sendo fabricados novos tipos

de cimento portland definidos por norma, diferentes entre si, principalmente em função de sua

composição. Os principais tipos de cimento definidos pela NBR, exceto cimento exportação,

disponibilizados no mercado pela Cimesa são:

a) Cimento portland composto

Atualmente este tipo de cimento é o mais encontrado no mercado, respondendo por

aproximadamente 70% da produção brasileira; são utilizados na maioria das aplicações usuais

como: argamassas de revestimento, assentamento de tijolos e azulejos, concreto armado, pré-

moldados de concreto e solo-cimento. A Figura 01 apresenta a nomenclatura técnica para este

tipo de cimento.

b) Cimento portland para poços petrolíferos

Constitui um tipo de cimento portland de aplicação bastante específica, o consumo

desse tipo de cimento é pouco expressivo quando comparado ao dos outros tipos de cimentos

normalizados no país. Na sua composição não observam outros componentes além do

clínquer e do gesso para retardar o tempo de pega. No processo de fabricação do cimento para

poços petrolíferos são tomadas precauções para garantir que o produto conserve as

propriedades reológicas (plasticidade) necessárias nas condições de pressão e temperatura

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iv

elevadas presentes a grandes profundidades, durante a aplicação nos poços petrolíferos.

c) Cimento portland exportação

Por ser um produto tipo exportação, foi desenvolvido obedecendo às normas ASTM

e algumas exigências do mercado consumidor internacional. É composto somente por

clínquer e gesso.

d) Cimento portland pozolânico

Também conhecido como cimento portland resistente aos sulfatos – que tem a

propriedade de oferecer resistência aos meios agressivos sulfatados, tais como os encontrados

nas redes de esgotos de águas servidas ou industriais, na água do mar e em alguns tipos de

solos.

Figura 01 (a): Nomenclatura técnica do cimento portland composto.

Cimento

Portland

Grupo II

Adição de Filler

32 Mpa à 28 dias CPIIF - 32

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iv

Tabela 01: Composição do Cimento Portland.

FONTE: Laboratório de Controle da Qualidade da Cimesa (Ano 2004).

As adições são outras matérias-primas que, misturadas ao clínquer na fase de

moagem, permitem a fabricação dos diversos tipos de cimento portland hoje disponíveis no

mercado. Essas outras matérias-primas são o gesso, as escórias de alto-forno, os materiais

carbonáticos e os materiais pozolânicos. Os aditivos contribuem em geral para melhorar

algumas propriedades e características específicas de aplicação do cimento portland. A Tabela

01 indica a composição em massa destas adições.

1.4 Objetivos

1.4.1 Objetivo geral

Dar suporte em atividades no laboratório de controle da qualidade da Cimesa –

Cimento Sergipe S/A.

1.4.2 Objetivo específico

Avaliar a qualidade dos produtos obtidos;

Tipo de Cimento Portland

Sigla Classe Clínquer + Sulfato de cálcio (%)

Material Pozolânico

(%)

Material Carbonático

(%)

Composto CP II-F 32 94-90 - 6-10

Poços

Petrolíferos

CPP 32 100 - -

Exportação CP I/II 32 100 - -

Pozolânico CP-IV 32 70-75 26-30 -

Page 17: Controle da qualidade na industria de cimento Portland – Cimento Sergipe

iv

Verificar o atendimento das normas técnicas.

1.5 Justificativas

Na produção do cimento é uma obrigação do produtor assegurar que as propriedades

do cimento sejam mantidas constantes em certo nível e com variações tão pequenas quanto

possível para atender as demandas expressas nas normas técnicas, cumprindo os desejos e

necessidades do mercado.

O cimento, ainda que produto é também matéria-prima na obtenção do concreto para

obras de engenharia civil e industrial, argamassas industrializadas, artefatos de cimento e

peças pré-moldadas. Por isso, torna-se importante assegurar a qualidade desde o processo de

fabricação até a sua estocagem. Sendo o controle da qualidade responsável pelos parâmetros

de controle e pela avaliação da qualidade do cimento, será dada ênfase sobre as atividades e

funções desenvolvidas no laboratório da fábrica de cimento Cimesa, incluindo análises física

e química do produto acabado.

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Controle da qualidade

A qualidade do cimento portland é avaliada através da sua performance durante o

processo de hidratação e inclui propriedades como o comportamento do cimento em relação à

pega, o desenvolvimento das resistências mecânicas, o calor de hidratação liberado, a

estabilidade de volume e durabilidade. Grande parte desse desempenho depende da qualidade

de seu principal constituinte, o clínquer portland.

A transformação da farinha em clínquer envolve um grande número de etapas no

processo industrial que devem estar em harmonia de modo a permitir a obtenção de um

produto de qualidade, homogêneo e com custos de processo otimizados. Para a obtenção

desse desempenho, torna-se necessário definir os principais parâmetros de influência e a

maneira mais adequada de controle da qualidade.

Page 18: Controle da qualidade na industria de cimento Portland – Cimento Sergipe

iv

A Cimesa tem instalado em seu processo de produção – desde a extração do calcário

na jazida, até o ensacamento do cimento no final da linha – um complexo sistema de controle

da qualidade, de modo que as exigências feitas pelas normas brasileiras aos cimentos portland

sejam cumpridas.

O controle da qualidade é definido como sendo um sistema amplo e complexo; que

abrange todos os setores de uma empresa, em um esforço comum e cooperativo; tendo em

vista estabelecer, melhorar e assegurar a qualidade da produção, em níveis econômicos, para

satisfazer aos desejos dos consumidores [6]. Praticar o controle da qualidade é gerenciar os

processos de forma a mantê-los sob controle, atuando-se na eliminação e bloqueio da causa

fundamental dos problemas.

O procedimento de controle da qualidade mais comum entre as fábricas de cimento

abrange quatro tarefas relacionadas entre si: (1) começa antes de se iniciar a produção; (2) em

seguida vem a verificação, na recepção, do material a ser utilizado na produção; (3) depois, o

controle se exerce durante o processo de fabricação, e (4), realiza-se, enfim, no produto

acabado.

O controle da qualidade iterativamente se exerce, em fases sucessivas, mas o ponto

crítico destas fases se observa durante o processo de fabricação. O principal parâmetro de

controle deste processo nas fábricas de cimento é o controle químico das matérias-primas,

farinhas e clínquer. Estando a farinha no início do processo de produção, seu controle químico

e de suas matérias-primas é fundamental para o sucesso das etapas subseqüentes.

Naturalmente, a técnica de controle do processo interessa especialmente ao produtor e é

exercido durante todo processo produtivo, com o objetivo de manter a qualidade do futuro

produto dentro dos limites de uniformidade indicados na especificação de fabricação.

A última tarefa do procedimento de controle da qualidade é a inspeção de qualidade,

realizada em produto já existente, através de observância das normas da ABNT. A inspeção

possui como objetivo verificar se a qualidade dos produtos apresentados atende à faixa de

especificação. Esta inspeção interessa especialmente ao consumidor e constitui

responsabilidade exclusiva do fabricante.

Page 19: Controle da qualidade na industria de cimento Portland – Cimento Sergipe

iv

A utilização do sistema de controle da qualidade em qualquer setor industrial é

prática vital para a manutenção da qualidade dos produtos obtidos e para perfeita operação

dos equipamentos. Sua adoção gera resultados como a redução dos custos de fabricação,

redução das perdas, resíduos e refugos; diminuição da reelaboração e do desperdício em geral

e redução das paradas nas linhas de produção [6].

2.2 Processo de fabricação do cimento portland

O processo de fabricação do clínquer portland mais comum hoje em dia é o via seca,

preferido ao processo via úmida devido ao seu consumo energético específico

significativamente inferior. Nele, a matéria-prima entra no forno na forma de uma farinha

muito fina, enquanto que o processo via úmida se utiliza de uma pasta (farinha + água). O

processo de sinterização do clínquer é uma operação complexa que consiste na extração e

britagem das matérias-primas com posterior queima. Na cimesa, são definidas 3 principais

unidades produtivas:

2.2.1 Mineração

As principais matérias-primas utilizadas no processo de fabricação do cimento são

calcário, argila e minério de ferro que advêm da mineração. As etapas da unidade de

mineração podem ser resumidas em:

Page 20: Controle da qualidade na industria de cimento Portland – Cimento Sergipe

iv

Figura 01: Mina de extração de calcário no município de Laranjeiras/SE.

a) Extração em minas de calcário e argila: o material é extraído em blocos de vários tamanhos

e transportado até britadores, onde sofrem redução para dimensões centimétricas. A Figura 01

mostra a mina de calcário localizada em terreno da fábrica.

b) Britagem e moagem da matéria-prima: após redução de tamanho, o calcário é empilhado

para pré-homogeneização e depois conduzido ao moinho de matérias-primas; após devida

dosagem com argila e materiais corretivos, é moído até granulometria micrométrica.

2.2.2 Clínquer

Esta unidade começa com a adição das matérias-primas fornecidas pela unidade de

mineração para serem moídas na obtenção do cru, produzindo a farinha, que é armazenada em

silos de homogeneização e usada para alimentar o forno de produção do clínquer.

Page 21: Controle da qualidade na industria de cimento Portland – Cimento Sergipe

iv

a) Aquecimento em ciclones pré-aquecedores e pré-calcinadores: O produto intermediário

farinha é transportado por esteiras até um silo de homogeneização. A farinha é transportada

Figura 02: Forno de clínquer da Cimesa.

para o alto dos trocadores de calor (torre de ciclones), onde entra em contato com os gases

provenientes do forno de clínquer e sofre pré-aquecimento. Fornos modernos contam com

instalação de pré-calcinador que se compõe de queimadores secundários e câmaras de

combustão, nos quais até 60% do combustível é consumido.

b) Queima em forno rotativo de clínquer: a farinha desce pelos ciclones e entra no forno, que

gira a uma rotação de 1 a 4 rpm em torno de seu eixo, com inclinação aproximada de 3 a 4 o ,

de forma que o material atravessa o cilindro por efeito da rotação e da gravidade, a Figura 02

indica o forno de clínquer instalado na Cimesa S/A. Ao atingir a região mais baixa, o material

encontra a chama de um maçarico, posicionado longitudinalmente, que produz o calor

necessário à clinquerização. O maçarico é alimentado por diferentes tipos de combustíveis ou

uma mistura deles. A temperatura atingida pelos materiais processados é de cerca de 1450oC,

que se deslocam através da zona de queima por 10 a 15 minutos. É nesta fase que ocorre a

transformação completa da farinha em clínquer.

Page 22: Controle da qualidade na industria de cimento Portland – Cimento Sergipe

iv

c) Resfriamento do clínquer: o material passa pelos resfriadores, que são intercambiadores de

calor para reduzir, o mais rápido possível, a temperatura do material que sai do forno,

impedindo a reconversão das fases mineralógicas formadas durante a sinterização. Os gases

provenientes dos resfriadores retornam ao sistema.

2.2.3 Cimento

A unidade de cimento começa na moagem do clínquer juntamente com aditivos –

calcário de baixo teor, gesso e pozolana para obtenção dos diversos tipos de cimento

produzidos pela fábrica. O produto é então estocado em silos de cimento e enviado

posteriormente para expedição onde será comercializado tipo granel ou ensacado.

a) Moagem final com introdução de adições: o clínquer, juntamente com 3 a 6% de sulfato de

cálcio, eventuais adições ativas (escória de alto forno ou materiais pozolânicos) e filler

calcário em teores variados, é submetido a processo de moagem, normalmente em moinhos de

bolas de aço, a Figura 03 ilustra o moinho da unidade de cimento da Cimesa S/A. A moagem

transforma o clínquer e demais adições em um pó ultrafino denominado de cimento portland.

Page 23: Controle da qualidade na industria de cimento Portland – Cimento Sergipe

iv

Figura 03: Moagem de clínquer na Cimesa (Ano 2004).

b) Condicionamento para venda e expedição: o cimento é transportado para silos de

armazenamento que asseguram a integridade físico-química do produto. A comercialização é

efetuada com o produto ensacado ou granel, dependendo da solicitação do cliente.

Page 24: Controle da qualidade na industria de cimento Portland – Cimento Sergipe

iv

3 METODOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DE ATIVIDADES

Figura 04: Análises executadas no laboratório de controle da qualidade das unidades de mineração e clínquer.

O laboratório de controle da qualidade possui funções pré-estabelecidas dentro de

todas as etapas de fabricação do cimento, enfim, é um prestador de serviços dentro dos setores

de produção da Cimesa. Dentre suas principais atividades e funções de rotina, pode-se

destacar:

Avaliar a qualidade dos produtos adquiridos pela fábrica e matérias-primas;

Controlar a confecção da farinha;

Acompanhar o processo de produção;

Mineração Pré-Homogeneização Moagem de cru

Calcário (pó de furação)

Argila

Calcário Retomado

Análises Químicas

Análises Físicas

Calcário Empilhado

Análises Químicas

Page 25: Controle da qualidade na industria de cimento Portland – Cimento Sergipe

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Avaliar a qualidade dos produtos obtidos;

Verificar o atendimento das normas;

Dar suporte aos trabalhos de otimização do processo;

Apoio comercial.

O laboratório realiza ensaios físicos e químicos desde a extração de calcário nas

jazidas até o produto final, por isso a rotina de controle da qualidade é absolutamente

fundamental para garantir o atendimento às normas de controle e fabricação. As Figuras 04 e

05 demonstram resumidamente a atuação do controle da qualidade nos diferentes segmentos

de produção do cimento portland.

Figura 05: Análises executadas pelo laboratório de controle da qualidade das unidades de clínquer e cimento.

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iv

3.1 Desenvolvimento experimental

Dentre a rotina de atividades do laboratório são executadas análises diárias em todos

os tipos de cimento portland a fim de verificar sua qualidade após a última etapa de produção.

Esta verificação é de suma importância, pois quando o cimento não atende às normas

técnicas, suas propriedades como comportamento de pega, desenvolvimento de resistência,

desenvolvimento de calor, estabilidade volumétrica (expansibilidade) e durabilidade ficam

comprometidas de forma a pesar na possibilidade de aplicação usual do produto.

Durante o período de estágio foi prestado suporte dentro do laboratório de controle

da qualidade na execução de análises físicas e químicas do cimento produzido [7].

.

As amostras do produto foram coletadas e fornecidas pela unidade de cimento e suas

médias preparadas pelo analista físico do laboratório.

3.1.1 Ensaios Físicos

a) Determinação de Finura por Peneiramento

Este ensaio tem por objetivo determinar a porcentagem em massa, de cimento cujas

dimensões de grãos são superiores a 45µm e 75µm (fração retida).

O grau de moagem exerce influência sobre a rapidez de hidratação dos grãos de

cimento e conseqüentemente, sobre o desenvolvimento de calor, retração e aumento de

resistência com a idade. Um elevado grau de finura torna os concretos mais sensíveis ao

fissuramento.

A) Execução do ensaio

1) Utiliza-se peneiras de # 200 e # 325, tomando-se 20 e 10g de amostras,

respectivamente;

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2) Efetua-se o peneiramento através de um peneirador pneumático que opera com

pressão negativa gerando vácuo de 200 mmHg em intervalo de tempo pré-determinado;

3) No final da operação de peneiramento, faz-se uma limpeza na peneira para

retirada de todo material presente em sua malha;

4) Pesa-se a fração retida na peneira;

5) Cálculo:

)1.(E 10 (%) qFxmfinuradeÍndice

Onde:

m = massa de fração retida;

F = fator da peneira.

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Figura 06: Peneirador pneumático de cimento e matérias-primas instalado no laboratório de controle da qualidade da Cimesa.

b) Determinação de Finura pelo Permeabilímetro de Blaine Manual

No método de Blaine a finura do cimento é determinada como a superfície

específica, observando-se o tempo requerido para uma determinada quantidade de ar fluir

através de uma camada de cimento compactada, de dimensões e porosidade especificadas.

Sob condições normalizadas, a superfície especificada do cimento é proporcional a t, onde t é

o tempo para determinada quantidade de ar atravessar a camada compactada de cimento.

O número e a faixa de tamanho dos poros individuais em uma camada especificada

são determinados pela distribuição dos tamanhos das partículas de cimento, que também

determina o tempo para um dado fluxo de ar. As Figuras 07 (a) e (b) mostram equipamentos

de Blaine manual e automático instalados no laboratório de controle da qualidade,

respectivamente.

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Figura 07 (a): Equipamento de blaine manual

Figura 07 (b): Equipamento de blaine automático.

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iv

A) Execução do ensaio

1) O ensaio é executado com uma preparação prévia da amostra. Para tanto, o disco

coloca-se o disco perfurado no fundo da célula e sobre ele um disco de papel de filtro.

Determinada quantidade de cimento é colocada na célula com leves pancadas para nivelar e

um segundo disco de papel de filtro é colocado sobre o cimento nivelado;

2) O êmbolo é então introduzido e pressionado até que a face inferior da cápsula

esteja em contato com a célula, retirado vagarosamente e novamente pressionado até que a

camada esteja compactada e pronta para o ensaio;

3) A célula é então inserida no topo do manômetro, assegurando-se sua

estanqueidade, e o topo do cilindro é fechado com um tampão. O registro é aberto e por meio

de aspiração deve-se levantar o nível do líquido manométrico para a marca mais alta.

Fechando o registro, se houver estanqueidade, o nível deve permanecer constante;

4) Após isto deve-se remover o tampão do topo do cilindro e o líquido manométrico

começará a fluir, devendo-se marcar os tempos decorridos até que o líquido atinja a segunda e

terceira posições;

5) Cálculo:

Finura (cm2/g) = t (s)1/2 . K Eq. (2)

Onde:

t = tempo requerido para deslocar o fluido;

K = constante.

3.1.2 Ensaios Químicos

a) Resíduo Insolúvel (R.I)

Determina a fração residual ao ataque ácido no cimento portland. Este ensaio é

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iv

regido pela dissolução dos compostos do clínquer (silicatos e aluminatos) em ácido clorídrico.

A maior parte dos insolúveis advém provavelmente do sulfato de cálcio (gesso) e do aditivo

adicionado no final do processo.

Execução do ensaio

1) Toma-se (1g ± 0,001g) de amostra e dissolve-se com HCl concentrado;

2) Acrescenta-se água e aquece a solução por alguns minutos;

3) Filtra-se a solução com papel de filtro de filtração média;

4) Após a filtração, macera-se o papel de filtro num béquer contendo solução de

NaOH e leva-se para aquecer;

5) Adiciona-se algumas gotas de indicador vermelho de metila e acidifica com HCl;

6) Filtra-se à quente em papel de filtração média com NH4NO3;

7) Coloca-se o resíduo insolúvel em um cadinho tarado (m1) e calcina-se a 9500 C;

8) Após arrefecimento, pesa-se o cadinho (m2).

9) Cálculo:

)3.( 100 .% 12 Eqxm

mmIR

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Onde:

m = massa tomada para ensaio (g);

m1 = massa do cadinho tarado (g);

m2 = massa do cadinho tarado + resíduo calcinado (g).

b) Determinação de CaO Livre

Este método objetiva determinar o óxido de cálcio que não se combinou durante a

formação da fase líquida do clínquer. É baseado na dissolução do CaO pelo etileno glicol à

quente.

Execução do ensaio

1) Transfere-se (1g ± 0,001g) de amostra para um erlenmeyer e adiciona-se etileno

glicol;

2) Aquece-se a solução com agitação por 30 minutos;

3) Num funil de Buchnner, realiza-se a filtração e recolhe-se o filtrado;

4) Em seguida, titula-se com solução de HCl até mudança de cor;

5) Cálculo:

)4.(E % qm

FxVlivreCaO

Onde:

F = fator do HCl;

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V = volume de HCl gasto na titulação (mL);

m = massa de amostra tomada para ensaio.

c) Pérola Fundida

Este ensaio promove a fusão do material à alta temperatura em forma de pastilha,

que através de leitura no espectrômetro de raios-x é possível determinar a composição

química do cimento portland.

Execução do ensaio

1) Calcina-se (4g ± 0,001g) de amostra e toma-se 1,6700g do material calcinado;

2) Pesa-se os fundentes apropriados e junta-se a amostra dentro do cadinho Pt-Au;

3) Seleciona-se o programa adequado no equipamento para executar a fusão do

material;

4) Encaminha-se a pastilha a sala de raios-x para leitura no espectrômetro

Page 34: Controle da qualidade na industria de cimento Portland – Cimento Sergipe

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os ensaios físicos e químicos geram dados da qualidade do produto para serem

comparados com sua especificação, que consiste em um documento que estabelece os

requisitos com os quais o produto ou serviço tem de estar conforme. É baseada nas normas de

fabricação do cimento portland, veja Tabela 02.

Tabela 02 : Especificação do cimento portland.

FONTE: Laboratório de controle da qualidade, Cimesa (Ano 2004)

Após esta comparação, os dados do produto tanto em estado de concordância entre a

qualidade real produzida e a qualidade alvo (planejada), ou em discordância com os requisitos

especificados - são registrados no software de apoio PI, conforme se observa na Tabela 03.

Este programa possui um sistema de gerenciamento de dados utilizado para armazenar e

avaliar dados de processo e qualidade permite que as informações cheguem oportunamente

1 Faixas de Especificação

Tipos de cimento

portland

# 325

(%)

# 200

(%)

2 Blaine

(cm2/Kg)

CaO livre

(%)

R.I.

(%)

CP II -F 32 15,0 1,5 3,5 1,5 3650 300 < 2,3 1,60 0,75

CPP 19,0 1,5 5,0 1,0 3 2800 300

≤ 1,9 ≤ 0,75

CP I/II 3,0 1,0 - 3900 200 - ≤ 0,75

CP - IV 8,0 2,0 1,5 1,0 ≥ 4200 ≤ 1,5 22,5 2,5

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aos centros de decisão da fábrica.

Além do programa PI, existe o registro de não conformidade interna para o produto

não-conforme. O objetivo é rastrear o agente principal que afeta as características da

qualidade ou os resultados de um processo (efeito), consiste em eliminar problemas

restabelecendo o estado de conformidade e o pleno atendimento da qualidade.

Tabela 03 : Software PI para registro de dados da qualidade do produto na indústria.

O laboratório utiliza painéis para divulgação da situação do controle da qualidade

sob forma de gráficos, estes contêm resultados alcançados na semana anterior ou mesmo no

dia anterior. Essa informação visa apresentar estímulo para a melhoria da qualidade e da

produtividade em geral.

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5 CONCLUSÃO

Através do estágio na fábrica Cimesa S/A foi possível observar, estudar e analisar as

etapas de fabricação do cimento a partir do controle da qualidade, instalado em todas as suas

unidades de produção.

O controle da qualidade possui quatro tarefas dentro da fábrica e ao longo do período

de estágio, prestou-se suporte no controle do produto acabado. Este controle foi realizado pela

inspeção no cimento através de ensaios físicos e químicos.

Pode-se concluir, que essa inspeção é uma estratégia limitada, pois identifica itens

não-conformes após estes terem sido produzidos, e os separa dos itens conformes. Por isso, o

controle químico das matérias-primas, farinha e clínquer realizado pelo laboratório de

controle da qualidade tornam-se importantíssimos, uma vez que prevê as características da

qualidade do produto acabado.

A Cimesa S/A produz quatro tipos diferentes de cimento e apesar da complexidade

inerente à necessidade de adequação dos processos, dificilmente seu produto apresenta-se fora

de especificação, chegando ao mercado consumidor um cimento de qualidade, apto às

diversas aplicações.

A realização do estágio na Cimesa mostrou-me a importância da experiência do

primeiro contato com a prática profissional para o ingresso no mercado de trabalho, pois

através dela tive a oportunidade de desenvolver habilidades necessárias para o exercício

eficiente da profissão, as quais não são oferecidas na academia. A Cimesa S/A foi um valioso

espaço de crescimento e aprendizagem devido à vivência com profissionais experientes da

área e o treinamento no desenvolvimento de atividades inerentes à minha profissão.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] CENTURIONE, Sérgio Luiz. A mineralização do clínquer portland e seus benefícios

tecnológicos. Tese de doutorado – Programa de pós-graduação em Mineralogia e Petrologia,

São Paulo: Universidade de São Paulo, 1999, (2,10,11, p).

[2] http://www.abcp.com.br. Acesso em: 05 abril de 2004.

[3] Cimesa S/A. Programa trainee 2004, Sergipe, 2004. CD-ROM.

[4] Jornal Visão Comum, Ano 5, no 25, 2003.

[5] http://www.crbca. Acesso em: 10 jan. 2004.

[6] FILHO, Ruy de C. B. Lourenço. Controle estatístico de qualidade. Rio de Janeiro: Livros

Técnicos e Científicos, 1985, (13-21, 35, 81 p).

[7] ABCP, Manual de Procedimentos, análises químicas de cimentos e matérias-primas. São

Paulo: Associação Brasileira de Cimento Portland, 2001 (13, 78 p).