consideramos justa toda forma de amor

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“Consideramos justa toda forma Ao ler esse trecho, parece que ouvimos a voz e a melodia de Lulu Santos. A mensagem proposta traz um sentimento de liberdade e a sensação de que as coisas deveriam ser mais simples para a construção da identidade sexual Arquivo pessoal de amor” Laura Zanutti na luta contra homofobia

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Matéria redigida enquanto estudante da disciplina de Jornalismo de Revista, pela Newton Paiva.

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Page 1: Consideramos justa toda forma de amor

“Consideramos justa

toda forma

Ao ler esse trecho, parece que ouvimos

a voz e a melodia de

Lulu Santos. A mensagem proposta traz

um sentimento de liberdade e a sensação de que as coisas deveriam ser mais simples

para a construção

da identidadesexual

Arquivo pessoal

de amor”Laura Zanutti na luta contra homofobia

Page 2: Consideramos justa toda forma de amor

Caroline Lopes, Suzana Costa e Sheila Mendes

Laura Menezes Zanutti era dançarina em São Paulo até 2007 quando se mudou para Belo Horizonte. Hoje trabalha em um Call Center e, quando está na empresa, se comporta como homem, usa roupas masculinas e se apresenta como Edvaldo Cândido da Silva. Mas para ela, qual é a melhor identidade? Edvaldo descobriu sua homossexualidade ainda aos 16 anos. Assumiu para a família aos 17 ou 18 anos. Não teve muitos problemas porque aos poucos seus familiares foram se acostumando com a ideia. Até que Edvaldo se assu-misse como travesti.

Aos 25 anos de idade, Laura teve uma excelente notícia. Agora, um decreto obriga as instituições públicas a utilizar e incluir o nome social dos travestis ou transexuais nos seus registros (crachás, listas de chamada em salas de aula etc.). Os estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro,

Bahia, Alagoas, Pernambuco, Pará e Goiás já aderiram ao decreto. Nas escolas, essa medida, vale apenas para alunos maiores de 18 anos.

Apesar dela ainda não ter sido adotada em Minas Gerais, Laura se sente muito confortável quando percebe que algo está sendo feito para que o seu constrangimento se diminua. “É mais do que interessante porque nos deixa mais a vontade e evita constrangimentos, uma vez que temos aparência feminina, por que não um nome social feminino?”, diz.

Ela descreve algumas situações que, como muitas outras, passa no local de trabalho. Enfrenta preconceitos indiretos, “Várias vezes já fui barrado em algumas atividades, inventa-ram muitas desculpas, mas nenhuma me convenceu de que não fosse um preconceito contra minha opção sexual.” E não está exagerando, no Brasil, vários homossexuais (lésbicas, gays, transexuais ou travestis) sofrem de preconceito ou até são assassinados pelo motivo torpe.

Em virtude disso, Belo Horizonte decidiu dar exemplo de cidadania e sucesso em uma das universidades mais importantes do esta-do. A convite das prefeituras de Belo Horizonte e Contagem foi criado o projeto “Educação sem homofobia”, em 2007, que está em uma crescente muito boa no estado. Em 2010 já contam com seis municípios da região metro-politana: Belo Horizonte, Contagem, Ribeirão das Neves, Betim e Juiz de Fora. Além de conquistarem espaço para 500 vagas para educadores desses municípios.

“O Projeto para o edital da Secad/MEC (Secretaria da Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade/Ministério da Educação) foi formulado pela equipe do Nuh/UFMG(Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania/Universidade Federal de Minas Gerais) com apoio das prefeituras de BH e Contagem, e a coordenação geral é do profes-sor Marco Aurélio Máximo Prado, do progra-ma de pós-graduação em psicologia social da UFMG”, informa o Coordenador executivo do projeto Daniel Arruda Martins que é mes-tre em Psicologia.

São dez coordenadores, onze secretários de educação e onze estagiários. E ainda con-tam com oito parceiros ou apoiadores.

O principal objetivo desse projeto é fazer com que os educadores se posicionem critica-mente diante das normas heterossexistas, reproduzidas pelas escolas que levam o machismo e a homofobia. Ampliar o diálogo e

a negociação dos conflitos que envolvem o campo da sexualidade propõe uma institui-ção livre de preconceitos. O trabalho da equi-pe constitui em cursos de capacitação de 80 horas para educadores (sendo 60h de aulas presenciais e 20h de atividades vivenciais, como a participação nas Paradas do Orgulho LGBT). São feitos também, eventos, como: debates, mostra de filmes e palestras.

Essa medida atua nas redes municipais, prioritariamente, pois se tem uma dificulda-de de diálogo com a Secretaria de Estado de educação de Minas Gerais. “Reconhecer as dificuldades inerentes ao sistema faz com que a pesquisa seja muito bem pensada, é claro que é necessário ampliar horizontes, avançar para novas pautas, novas maneiras de intervenção juntamente com o sistema de ensino”, afirma Daniel.

Intervir na estrutura política e administra-tiva de estados e municípios tem os seus limites. O projeto está caminhando e conse-guindo seu espaço, recebendo notícias de professores cursitas da edição de 2008, que estão mobilizando outros, além de abrirem suas escolas para a realização de semanas da diversidade sexual. A reação que esse projeto pode causar nas pessoas, é a esperança de que o mundo possa ser melhor, que as pesso-as consigam perceber que, independente da sua sexualidade, devem ser respeitados, sem rótulo algum... Afinal de contas, ninguém pode ser igual a ninguém.

Por um mundo melhor