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GIOVANNI ALVES - UNESP GIOVANNI ALVES - UNESP 1 Comunidade e Sociedade Comunidade e Sociedade A sociologia de Ferdinand T A sociologia de Ferdinand T ö ö nnies nnies Teoria Sociológica Teoria Sociológica UNESP – Marilia UNESP – Marilia Prof. Dr. Giovanni Alves Prof. Dr. Giovanni Alves

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GIOVANNI ALVES - UNESPGIOVANNI ALVES - UNESP 11

Comunidade e SociedadeComunidade e SociedadeA sociologia de Ferdinand TA sociologia de Ferdinand Töönniesnnies

Teoria SociológicaTeoria SociológicaUNESP – MariliaUNESP – Marilia

Prof. Dr. Giovanni AlvesProf. Dr. Giovanni Alves

GIOVANNI ALVES - UNESPGIOVANNI ALVES - UNESP 22

Vontade naturalA vontade humana neste

estado mais “bruto”, equivalente psicológica

do corpo

VontadesVontades1. Processo permanente de 1. Processo permanente de inter-ações inter-ações humanas (humanas (vontade)vontade)2. Vontades humanas2. Vontades humanas são são agentesagentes em múltiplas relações, em múltiplas relações,

vontades realizadas e/ou sofridas, conservando e/ou vontades realizadas e/ou sofridas, conservando e/ou destruindo outras vontades.destruindo outras vontades.

3. Vontades3. Vontades não seriam necessariamente, e em princípio, não seriam necessariamente, e em princípio, indivíduosindivíduos, pelo menos no sentido cultural moderno, , pelo menos no sentido cultural moderno,

enquanto enquanto atores monádicos reflexivosatores monádicos reflexivos, mas antes de tudo , mas antes de tudo unidades biológicas dirigidas por instintos, unidades biológicas dirigidas por instintos,

orientadas por motivações de origem orgânica como orientadas por motivações de origem orgânica como a nutrição, a auto-preservação e a reproduçãoa nutrição, a auto-preservação e a reprodução..

Wesenwille

Teoria da açãoBaseada na

idéia de vontade humana

GIOVANNI ALVES - UNESPGIOVANNI ALVES - UNESP 33

Vontade naturalVontade natural

1. Aristóteles: 1. Aristóteles: homem como animal gregáriohomem como animal gregário

2. Ações2. Ações oriundas das vontades e suas forças, quando no sentido de conservação oriundas das vontades e suas forças, quando no sentido de conservação (e podem sê-lo em outro, no de destruição) formariam uma (e podem sê-lo em outro, no de destruição) formariam uma união.união.

3. A 3. A uniãounião quando configurada predominantemente pela quando configurada predominantemente pela vontadevontade naturalnatural, seria , seria

caracterizada como caracterizada como comunidade comunidade ((gemeinschaftgemeinschaft). ).

GIOVANNI ALVES - UNESPGIOVANNI ALVES - UNESP 44

Vontade arbitráriaVontade arbitrária1. A vontade humana pode, entretanto, ser guiada por 1. A vontade humana pode, entretanto, ser guiada por outros móbiles, transcendendo os determinantes do outros móbiles, transcendendo os determinantes do “orgânico”, partindo de “orgânico”, partindo de representações ideais e representações ideais e artificiais sobre os homens e o mundo ao seu artificiais sobre os homens e o mundo ao seu redorredor. Quando ela assume . Quando ela assume caráter deliberativo, caráter deliberativo, propositivo e racionalpropositivo e racional, se manifesta como , se manifesta como vontade vontade arbitráriaarbitrária..

2. Uma união de homens edificada predominantemente 2. Uma união de homens edificada predominantemente pela pela vontade arbitráriavontade arbitrária, por sua vez, seria , por sua vez, seria denominada como denominada como sociedadesociedade ((gesellschaft).gesellschaft).

Kürwille

GIOVANNI ALVES - UNESPGIOVANNI ALVES - UNESP 55

Vontade natural e Vontade arbitráriaVontade natural e Vontade arbitrária1. 1. Pela Pela vontade naturalvontade natural, as relações entre os , as relações entre os

homens teriam valor por si mesmas, sendohomens teriam valor por si mesmas, sendo intrínsecasintrínsecas, não dependendo de propósitos , não dependendo de propósitos exteriores ou ulteriores a elas. exteriores ou ulteriores a elas.

2. Já a 2. Já a vontade arbitráriavontade arbitrária se se pautaria na diferença entre meios e fins, sendo racional e meios e fins, sendo racional e motivada por finalidades exterioresmotivada por finalidades exteriores às às relações estabelecidas socialmente. relações estabelecidas socialmente.

3. O 3. O tipo de vontadetipo de vontade predominante tem, por sua predominante tem, por sua vez, um papel simbólico e imaginário precioso na vez, um papel simbólico e imaginário precioso na construção das construção das representações coletivasrepresentações coletivas do do grupo. grupo.

4. Quando orientado pelo primeiro tipo de 4. Quando orientado pelo primeiro tipo de vontade, o grupo social (a união) vontade, o grupo social (a união) seria seria concebido concebido pelos agentespelos agentes em interação como em interação como entidade entidade natural e durávelnatural e durável. Quando pela segunda, como . Quando pela segunda, como entidade artificial e mutávelentidade artificial e mutável, submetida aos , submetida aos interesses individuais. interesses individuais.

GIOVANNI ALVES - UNESPGIOVANNI ALVES - UNESP 66

Comunidade e SociedadeComunidade e Sociedade A que tipo deA que tipo de inclinações inclinações os os agentesagentes estariam estariam

sujeitos?sujeitos?

O O tipo de vontadetipo de vontade dominante dominante seria um dos seria um dos elementos mais importantes na determinação da elementos mais importantes na determinação da configuração das relações sociais, apontando as configuração das relações sociais, apontando as tendências de organização institucional, tendências de organização institucional, moral e morfológica dos agregados moral e morfológica dos agregados humanoshumanos. .

Tönnies: esquema do ponto de vista lógico, linear Tönnies: esquema do ponto de vista lógico, linear e evolutivo, onde e evolutivo, onde a vontade social se a vontade social se transformaria no processo natural e transformaria no processo natural e ordinário de orientação da intervenção ordinário de orientação da intervenção humana no mundohumana no mundo, com o desenvolvimento das , com o desenvolvimento das sociedades se realizando basicamente através de sociedades se realizando basicamente através de duas duas matrizes morfológicas de sociabilidadesmatrizes morfológicas de sociabilidades ou dois imperativos organizacionais de ou dois imperativos organizacionais de coletividades, relativamente opostos: as coletividades, relativamente opostos: as relações relações comunitáriascomunitárias e as e as relações societáriasrelações societárias. .

GIOVANNI ALVES - UNESPGIOVANNI ALVES - UNESP 77

Comunidade e SociedadeComunidade e Sociedade

Relações comunitáriasRelações comunitárias ( (gemeinschftgemeinschft): ): toda vida social de conjunto, íntima, toda vida social de conjunto, íntima, interior e exclusiva. interior e exclusiva.

Relações societáriasRelações societárias ( (gesellschaftgesellschaft), ao ), ao contrário, se constituiriam justamente contrário, se constituiriam justamente como a sociabilidade do domínio público, como a sociabilidade do domínio público, do mundo exterior. do mundo exterior.

GIOVANNI ALVES - UNESPGIOVANNI ALVES - UNESP 88

ComunidadeComunidade

Um Um corpo comunitáriocorpo comunitário existiria muito antes da existiria muito antes da constituição social de constituição social de indivíduos e seus finsindivíduos e seus fins, , ainda que isso não implique sua restrição a tais ainda que isso não implique sua restrição a tais condições sócio-genéticas. condições sócio-genéticas.

Estas relações seriam primordialmente Estas relações seriam primordialmente sustentadas por elementos de uma sustentadas por elementos de uma cultura cultura holistaholista, por “homens que se , por “homens que se sentem e sabemsentem e sabem como pertencendo-se uns aos outros, fundados como pertencendo-se uns aos outros, fundados na proximidade natural de seus espíritos” na proximidade natural de seus espíritos” (TÖNNIES) (TÖNNIES)

GIOVANNI ALVES - UNESPGIOVANNI ALVES - UNESP 99

ComunidadeComunidadeAs relações comunitárias prescindiriam, pelo menos As relações comunitárias prescindiriam, pelo menos a prioria priori, da necessidade de igualdade e liberdade , da necessidade de igualdade e liberdade das vontades. das vontades.

Em grande medida, se constituiriam por razões de Em grande medida, se constituiriam por razões de determinadas determinadas desigualdades “naturaisdesigualdades “naturais”,”, como como aquelas encontradas entre sexos, idades ou forças aquelas encontradas entre sexos, idades ou forças físicas e morais distintas, como se dão nas físicas e morais distintas, como se dão nas condições materiais de existência. condições materiais de existência.

Sua origem repousaria na Sua origem repousaria na consciência da consciência da dependência mútua dependência mútua determinada pelas determinada pelas condições condições de vida comum, pelo de vida comum, pelo espaço compartilhadoespaço compartilhado e e pelo pelo parentescoparentesco: por isso se realizaria como : por isso se realizaria como comunidade de bens e males, esperanças e comunidade de bens e males, esperanças e temores, amigos e inimigos, mobilizada pela temores, amigos e inimigos, mobilizada pela energia liberada por sentimentos envolvidos como energia liberada por sentimentos envolvidos como afeto, amor e devoçãoafeto, amor e devoção

GIOVANNI ALVES - UNESPGIOVANNI ALVES - UNESP 1010

Teoria da ComunidadeTeoria da Comunidade1. 1. As As relações comunitáriasrelações comunitárias adensam adensam fundamentalmente sua raiz nas disposições fundamentalmente sua raiz nas disposições gregárias estimuladas pelos gregárias estimuladas pelos laços de laços de consanguinidade e afinidadeconsanguinidade e afinidade (sejam relações (sejam relações “verticais”, entre pais e filhos, ou “horizontais”, “verticais”, entre pais e filhos, ou “horizontais”, entre irmãos e vizinhos), se caracterizando pela entre irmãos e vizinhos), se caracterizando pela inclinação emocionalinclinação emocional recíproca, comum e recíproca, comum e unitária; pelo unitária; pelo consensoconsenso e o mútuo e o mútuo conhecimento íntimoconhecimento íntimo. . 2. As “leis principais” da comunidade são: 2. As “leis principais” da comunidade são: a) Parentes, cônjuges, vizinhos e amigos a) Parentes, cônjuges, vizinhos e amigos se se gostamgostam reciprocamente; reciprocamente; b) Entre os que se gostam, há b) Entre os que se gostam, há consenso;consenso; c) Os que se gostam, se entendem, convivem e c) Os que se gostam, se entendem, convivem e permanecem juntos, permanecem juntos, ordenam sua vida em ordenam sua vida em comumcomum

Principios de convivialidade

GIOVANNI ALVES - UNESPGIOVANNI ALVES - UNESP 1111

Sociabilidade comunitáriaSociabilidade comunitária1. 1. Três Três padrões de sociabilidade padrões de sociabilidade comunitáriacomunitária: :

Os laços de consanguinidade, de coabitação Os laços de consanguinidade, de coabitação territorial e de afinidade espiritual, cada qual territorial e de afinidade espiritual, cada qual convergindo para um respectivo ordenamento convergindo para um respectivo ordenamento interativo, como comunidade de sangue interativo, como comunidade de sangue ((parentescoparentesco), lugar ), lugar (vizinhança(vizinhança) e espírito ) e espírito (“amizade(“amizade”). ”).

2. 2. Tipos de relações comunitárias:Tipos de relações comunitárias:

a) a) relações autoritáriasrelações autoritárias, de modo geral , de modo geral predominantes, repousando na desigualdade de predominantes, repousando na desigualdade de poder e querer, de força e autoridade (o modelo poder e querer, de força e autoridade (o modelo ideal seria a relação entre pais e filhos); ideal seria a relação entre pais e filhos); b) b) relações de companheirismorelações de companheirismo, com origem , com origem na isonomia geracional (relação entre irmãos); na isonomia geracional (relação entre irmãos); c) c) relações mistasrelações mistas, que combinariam as duas , que combinariam as duas formas (relação entre cônjuges) formas (relação entre cônjuges)

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Níveis de comunidadeNíveis de comunidade

Comunidades de sangue e lugarComunidades de sangue e lugar (constituição de vínculos de natureza (constituição de vínculos de natureza própria da vida animal)própria da vida animal)

Comunidade de espíritoComunidade de espírito (vínculos (vínculos típicos da vida mental). típicos da vida mental).

Tönnies: níveis mais primários de comunidade existiriam entre todos os seres orgânicos (ecologia humana).

GIOVANNI ALVES - UNESPGIOVANNI ALVES - UNESP 1313

Território e formas comunitárias de sociabilidadeTerritório e formas comunitárias de sociabilidade

Padrões de relações comunitárias se realizariamPadrões de relações comunitárias se realizariam territorialmenteterritorialmente através de três núcleos espaciais: através de três núcleos espaciais: a a casa, a aldeia/vila e a cidadecasa, a aldeia/vila e a cidade. .

Ainda que se possa ponderar a predominância da Ainda que se possa ponderar a predominância da sociabilidade de família na casana casa, da , da sociabilidade sociabilidade de vizinhança na vilade vizinhança na vila, e da , e da sociabilidade de sociabilidade de afinidade espiritual na cidadeafinidade espiritual na cidade, enquanto formas , enquanto formas comunitárias de sociabilidade, Tönnies imaginava os comunitárias de sociabilidade, Tönnies imaginava os três padrões imbricados em cada uma de suas três padrões imbricados em cada uma de suas extensões espaciais, de maneira que a extensões espaciais, de maneira que a cidadecidade, , enquanto o possível enquanto o possível locuslocus mais evoluído desse mais evoluído desse esquema, esquema, compartilharia, a seu modo, de todos os compartilharia, a seu modo, de todos os elementos das formações sócio-espaciais elementos das formações sócio-espaciais precedentesprecedentes, pelo menos em um primeiro momento, e , pelo menos em um primeiro momento, e em uma morfologia mais rudimentar. em uma morfologia mais rudimentar.

Porém, admitia que na Porém, admitia que na cidadecidade, a , a irmandade irmandade profissional profissional seria a mais alta expressão da idéia de seria a mais alta expressão da idéia de comunidade . comunidade .

GIOVANNI ALVES - UNESPGIOVANNI ALVES - UNESP 1414

Campo e CidadeCampo e Cidade

Na Na passagem do modo de vida rural para o modo de vida urbanopassagem do modo de vida rural para o modo de vida urbano, teríamos o , teríamos o desencadeamento de uma ruptura na organização desses núcleos de sociabilidade.desencadeamento de uma ruptura na organização desses núcleos de sociabilidade.

Quanto mais se multiplicava a vida da Quanto mais se multiplicava a vida da cidadecidade – ou seja, à medida que o – ou seja, à medida que o mercado mercado estimulava o estimulava o desenvolvimento hipercefálico da desenvolvimento hipercefálico da urbeurbe –, mais perdiam forças os –, mais perdiam forças os círculos de parentesco e vizinhança como motivos de sentimentos e atividades círculos de parentesco e vizinhança como motivos de sentimentos e atividades comunitários. comunitários.

Enquanto o Enquanto o chefe de famíliachefe de família – seja citadino ou camponês – teria seu olhar voltado – seja citadino ou camponês – teria seu olhar voltado para dentro, para o interior da comunidade, os para dentro, para o interior da comunidade, os novos atoresnovos atores despertos pelas despertos pelas potências do mercado urbano (como a classe de comerciantes), por sua vez, potências do mercado urbano (como a classe de comerciantes), por sua vez, dirigiriam sua atenção para fora, dirigiriam sua atenção para fora, para transpor territóriospara transpor territórios. .

Tönnies: a transição da predominância social da vontade natural para a vontade arbitrária, que em termos espaciais se deu como a submissão do campo ou da pequena cidade à dinâmica da vida metropolitana; e pode também ser traduzido, em termos de sociabilidade, como enfraquecimento das relações mediadas pela consanguinidade, os costumes e a tradição por aquelas mediadas pela razão, o cálculo e o interesse. (Marx: Movimento de oposição crescente entre cidade e campo)

GIOVANNI ALVES - UNESPGIOVANNI ALVES - UNESP 1515

Comunidade e SociedadeComunidade e Sociedade

Tönnies: se na comunidade, os homens permanecem unidos apesar de todas as separações, na sociedade permaneceriam separados, não obstante todas as uniões.

Na Na sociedadesociedade, cada vontade seria reconhecida socialmente como unidade , cada vontade seria reconhecida socialmente como unidade subjetiva, moralmente autônoma, independente e auto-suficiente, estando para subjetiva, moralmente autônoma, independente e auto-suficiente, estando para si em si em um estado permanente de tensão com as demais. As intromissões de com as demais. As intromissões de outras vontades, são, na maioria das vezes, aludida como ato de hostilidade. outras vontades, são, na maioria das vezes, aludida como ato de hostilidade.

GIOVANNI ALVES - UNESPGIOVANNI ALVES - UNESP 1616

sociabilidade mercantilsociabilidade mercantil No circuito das No circuito das relações societáriasrelações societárias, a , a vontade vontade

arbitráriaarbitrária é produto da é produto da sociabilidade mercantilsociabilidade mercantil, , orientada em grande medida pelo cálculo, o tráfico e o orientada em grande medida pelo cálculo, o tráfico e o contrato. contrato.

Indivíduos autoconscientes de seus interesses entrariam Indivíduos autoconscientes de seus interesses entrariam em relação uns com os outros, instrumentalizando em relação uns com os outros, instrumentalizando meios meios que lhes estivessem ao alcance, considerando que lhes estivessem ao alcance, considerando pura, fria e simplesmente regras estabelecidas no pura, fria e simplesmente regras estabelecidas no plano contratualplano contratual..

É o É o domínio da racionalidadedomínio da racionalidade, como atestava: , como atestava:

“sociedade não é outra coisa que a razão abstrata” . “sociedade não é outra coisa que a razão abstrata” . A característica dessa sociabilidade é dada, fundamentalmente,

pelo registro dos efeitos do comércio como ocupação econômica de maior peso e visibilidade sócio-cultural, sendo “ (...) o intercâmbio de palavras e favores, que parece que todos estão a disposição de todos e que cada qual se considera igual a todos os demais, quando na realidade cada qual pensa em si mesmo e procura impor sua importancia e vantagens em oposição a todos os demais” (Tönnies).

GIOVANNI ALVES - UNESPGIOVANNI ALVES - UNESP 1717

DinheiroDinheiro O O dinheirodinheiro, como equivalente geral, é um elemento importante , como equivalente geral, é um elemento importante

na estruturação dessa na estruturação dessa sociabilidade societáriasociabilidade societária e urbanae urbana, pois , pois aprofunda um aprofunda um estado de isonomia socialestado de isonomia social sem precedentes, sem precedentes, podendo ser tudo e todos (pessoas, lugares, objetos, posições de podendo ser tudo e todos (pessoas, lugares, objetos, posições de prestígio) por ele cambiáveis. prestígio) por ele cambiáveis.

A sociedade se constituiu essencialmente sob a hegemonia dos A sociedade se constituiu essencialmente sob a hegemonia dos capitalistas e para a sua plena realização enquanto classe. A capitalistas e para a sua plena realização enquanto classe. A cidade é, desta maneira, o berço da burguesia e o lugar por cidade é, desta maneira, o berço da burguesia e o lugar por excelência da exploração da classe trabalhadora.excelência da exploração da classe trabalhadora.

Entretanto, o mesmo fenômeno que deposita no coração do Entretanto, o mesmo fenômeno que deposita no coração do

homem urbanizado homem urbanizado o interesse e a razão instrumentalo interesse e a razão instrumental como como móbiles da interação entre seus pares, diagnosticado pela móbiles da interação entre seus pares, diagnosticado pela hegemonia da sociabilidade mercantil, também seria indissociável hegemonia da sociabilidade mercantil, também seria indissociável da da emergência da vida e do pensamento livresemergência da vida e do pensamento livres; pelo menos ; pelo menos destituído de toda ordem de coerções estamentais.destituído de toda ordem de coerções estamentais.

Tal interpretação não fez Tönnies deixar de reconhecer que a

vivência efetiva dessas liberdades prenunciadas pela sociabilidade societária e urbana seria condicionada pela posição ocupada pelos indivíduos nas condições sociais de produção da vida material.

GIOVANNI ALVES - UNESPGIOVANNI ALVES - UNESP 1818

Sociedade e EstadoSociedade e Estado Se temos de um lado um movimento de Se temos de um lado um movimento de transformação dos transformação dos

padrões de sociabilidade comunitário para societário padrões de sociabilidade comunitário para societário com o desenvolvimento da sociedade urbana,com o desenvolvimento da sociedade urbana, a força a força gravitacional que a grande cidade exerce sobre os demais gravitacional que a grande cidade exerce sobre os demais núcleos urbanos e rurais provoca, por sua vez, um núcleos urbanos e rurais provoca, por sua vez, um movimento movimento expansivo do expansivo do gesellschaftgesellschaft para as demais espacialidades para as demais espacialidades e territóriose territórios em relação a ela “satelitizados”, atestando a em relação a ela “satelitizados”, atestando a força expansiva da dinâmica de vida da metrópole, ungida por força expansiva da dinâmica de vida da metrópole, ungida por suas propriedades e potencialidade para centralizar as grandes suas propriedades e potencialidade para centralizar as grandes instituições econômicas e as esferas de poder. instituições econômicas e as esferas de poder.

De forma que, quanto mais se realiza o De forma que, quanto mais se realiza o estado de sociedadeestado de sociedade em um país, mais ele se assemelharia a em um país, mais ele se assemelharia a uma grande cidadeuma grande cidade. .

E sendo, na opinião de Tönnies, a comunidade mais uma relação de corpos, de caráter orgânico, a sociedade estaria, por sua vez, intrinsecamente vinculada à existência do Estado, como espírito humano projetado, exacerbando, portanto, suas características mais abstratas e artificiais. Isto é corroborado, aludindo-se suas duas respectivas ordenações normativas de convivência: aquilo que o costume e a religião representariam para uma suposta “idade comunitária”, a legislação, a ciência e a opinião pública assumiriam para uma “idade societária”.

GIOVANNI ALVES - UNESPGIOVANNI ALVES - UNESP 1919

IdentidadesIdentidades

Tönnies: oposição entre uma cultura de povo (folk) versus uma civilização de Estado

O poder das O poder das relações comunitáriasrelações comunitárias em orientar a constituição de em orientar a constituição de identidades locaisidentidades locais, ou seja, de participar das dinâmicas da , ou seja, de participar das dinâmicas da sociabilidade que levam em consideração o aspecto do singular, sociabilidade que levam em consideração o aspecto do singular, em decorrência da força das em decorrência da força das relações societáriasrelações societárias em articular em articular identidades extra-locaisidentidades extra-locais, exacerbando, com isso, , exacerbando, com isso, a relação da a relação da sociabilidade com o tema do universal, do cosmopolitasociabilidade com o tema do universal, do cosmopolita, e , e por derivação, a sua importância para a consolidação de um por derivação, a sua importância para a consolidação de um ideal ideal de humanidadede humanidade..

GIOVANNI ALVES - UNESPGIOVANNI ALVES - UNESP 2020

Sociabilidades híbridasSociabilidades híbridas Tonnies: padrões de sociabilidade

comunitária continuam a existir na sociedade urbana e capitalista, marginal e residualmente, na maioria dos casos, segundo esta perspectiva, e possibilitando a articulação até mesmo de outras sociabilidades “híbridas”.

O melhor exemplo notificado por Tönnies foi O melhor exemplo notificado por Tönnies foi o o fenômeno do cooperativismofenômeno do cooperativismo entre o entre o movimento de trabalhadores, produzindo uma movimento de trabalhadores, produzindo uma nova cultura de comunidade, em meio a padrões nova cultura de comunidade, em meio a padrões societários de convivênciasocietários de convivência

GIOVANNI ALVES - UNESPGIOVANNI ALVES - UNESP 2121

Baseado no artigoBaseado no artigo““Comunidade, Sociedade e Sociabilidade – Revisitando Ferdinand Comunidade, Sociedade e Sociabilidade – Revisitando Ferdinand

Tönnies”Tönnies”, de Cássio Brancaleone., de Cássio Brancaleone.