comunicação, desenvolvimento e mudança · pdf fileo papel da...

8
Comunicação, desenvolvimento e mudança social Autoria Rafael Obregón Catedrático Unesco da Comunicação InCom-UAB 2007. Professor Associado da School of Media Arts & Studies, Ohio University. Conteúdo Abstract Introdução Paradigmas da comunicação e o desenvolvimento Paradigma dominante Paradigma da Dependência Paradigma Alternativo Lições aprendidas da comunicação para o desenvolvimento Comunicação e Mudança Social Oportunidades e Desafios da comunicação para a mudança social Em jeito de conclusão Referências bibliográficas ABSTRACT A comunicação e desenvolvimento é uma disciplina jovem, mas não obstante, carregada de transformações profundas na sua definição, estudo e aplicação. Para quem começa a explorar a relação entre comunicação e desenvolvimento é fundamental compreender os seus antecedentes e evolução conceptual, conhecer as críticas, resultados e progressos, e explorar as mais recentes tendências e debates. Deste modo, pode-se contar com elementos básicos para a análise desta disciplina e dos seus processos aplicados e de investigação, ancorados nas dinâmicas que caracterizam a estreita relação comunicação-desenvolvimento. […] INTRODUÇÃO A comunicação e desenvolvimento é uma disciplina jovem, mas não obstante, carregada de transformações profundas na sua definição, estudo e aplicação. Para quem começa a explorar a relação entre comunicação e desenvolvimento é fundamental compreender os seus antecedentes e evolução conceptual, conhecer as críticas, resultados e progressos, e explorar as mais recentes tendências e debates. Deste modo, pode-se contar com elementos básicos para a análise desta disciplina e dos seus processos aplicados e de investigação, ancorados nas dinâmicas que caracterizam a estreita relação comunicação-desenvolvimento. O desenvolvimento não é um elemento exclusivo das políticas, das economias, ou da modernidade. O desenvolvimento é próprio de todas as acções internas e externas que os humanos empreendem quotidianamente com o objectivo de alcançar um padrão de vida que satisfaça os seus ideais de existência. Diversos autores diferem nas suas respostas e acções diante das questões que considera o desenvolvimento. “Em que consiste o desenvolvimento e quais as metas a alcançar?” “Que variáveis são estratégicas para alcançar os objectivos do desenvolvimento?” “Que obstáculos da realidade socio-económica há que enfrentar e que politicas são as mais adequadas para os superar?” A comunicação cobra importância em tantas dimensões que gera espaços e cenários para que as questões anteriores se massifiquem, se adeqúem e alcancem. A comunicação contribui à reflexão sobre o que as comunidades ou sociedades crêem ser o desenvolvimento, facilita ambientes para que se determinem metas e estratégias, permite analisar as realidades dos povos e estabelecer politicas a seguir, e converte-se numa ferramenta chave para promover processos de mudança a nível politico, social, comunitário e individual. O presente texto é um breve guia sobre a comunicação e o desenvolvimento. Aborda o contexto em que surge, os paradigmas, modelos e estratégias dominantes e as criticas que se formularam, e algumas referências às provocações e desafios da comunicação e desenvolvimento, em particular sobre a perspectiva de comunicação para a mudança social. Lições do portal ISSN 2014-0576

Upload: hadung

Post on 13-Feb-2018

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Comunicação, desenvolvimento e mudança · PDF fileO papel da comunicação neste paradigma seria o de promover processos de mudança através da introdução de inovações num

Comunicação, desenvolvimento e mudança social

Autoria

Rafael Obregón Catedrático Unesco da Comunicação InCom-UAB 2007. Professor Associado da School of Media Arts & Studies, OhioUniversity.

Conteúdo

Abstract

Introdução

Paradigmas da comunicação e o desenvolvimento

Paradigma dominante

Paradigma da Dependência

Paradigma Alternativo

Lições aprendidas da comunicação para o desenvolvimento

Comunicação e Mudança Social

Oportunidades e Desafios da comunicação para a mudança social

Em jeito de conclusão

Referências bibliográficas

ABSTRACT

A comunicação e desenvolvimento é uma disciplina jovem, mas não obstante, carregada detransformações profundas na sua definição, estudo e aplicação. Para quem começa a explorar a relaçãoentre comunicação e desenvolvimento é fundamental compreender os seus antecedentes e evoluçãoconceptual, conhecer as críticas, resultados e progressos, e explorar as mais recentes tendências edebates. Deste modo, pode-se contar com elementos básicos para a análise desta disciplina e dos seusprocessos aplicados e de investigação, ancorados nas dinâmicas que caracterizam a estreita relaçãocomunicação-desenvolvimento. […]

INTRODUÇÃO

A comunicação e desenvolvimento é uma disciplina jovem, mas não obstante, carregada de transformações profundas na suadefinição, estudo e aplicação. Para quem começa a explorar a relação entre comunicação e desenvolvimento é fundamentalcompreender os seus antecedentes e evolução conceptual, conhecer as críticas, resultados e progressos, e explorar as mais recentestendências e debates. Deste modo, pode-se contar com elementos básicos para a análise desta disciplina e dos seus processosaplicados e de investigação, ancorados nas dinâmicas que caracterizam a estreita relação comunicação-desenvolvimento.

O desenvolvimento não é um elemento exclusivo das políticas, das economias, ou da modernidade. O desenvolvimento é próprio detodas as acções internas e externas que os humanos empreendem quotidianamente com o objectivo de alcançar um padrão de vidaque satisfaça os seus ideais de existência. Diversos autores diferem nas suas respostas e acções diante das questões que considera odesenvolvimento. “Em que consiste o desenvolvimento e quais as metas a alcançar?” “Que variáveis são estratégicas para alcançaros objectivos do desenvolvimento?” “Que obstáculos da realidade socio-económica há que enfrentar e que politicas são as maisadequadas para os superar?”

A comunicação cobra importância em tantas dimensões que gera espaços e cenários para que as questões anteriores semassifiquem, se adeqúem e alcancem. A comunicação contribui à reflexão sobre o que as comunidades ou sociedades crêem ser odesenvolvimento, facilita ambientes para que se determinem metas e estratégias, permite analisar as realidades dos povos eestabelecer politicas a seguir, e converte-se numa ferramenta chave para promover processos de mudança a nível politico, social,comunitário e individual.

O presente texto é um breve guia sobre a comunicação e o desenvolvimento. Aborda o contexto em que surge, os paradigmas,modelos e estratégias dominantes e as criticas que se formularam, e algumas referências às provocações e desafios da comunicaçãoe desenvolvimento, em particular sobre a perspectiva de comunicação para a mudança social.

Lições do portalISSN 2014-0576

Page 2: Comunicação, desenvolvimento e mudança · PDF fileO papel da comunicação neste paradigma seria o de promover processos de mudança através da introdução de inovações num

O leitor encontrará links vinculados ao portal da Iniciativa de Comunicação para a América Latina, um dos recursos online de acessolivre mais completo. Estes links levarão a outras leituras e recursos, recomendados para ampliar a informação e aprofundar os temasque aqui se abordam de forma breve.

PARADIGMAS DA COMUNICAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO

A comunicação surge como uma disciplina (matéria de estudo) desde o início do século XX orientada e analisada por investigadoresprovenientes da sociologia, da psicologia, da política, da semiologia, e da filosofia, entre outras. Como parte das ciências sociais, acomunicação social desenvolve-se em dois grandes campos: a comunicação pública e a comunicação interpessoal. A comunicaçãopara o desenvolvimento encaixa-se na esfera da comunicação pública ao olhar a relação da sociedade, da comunidade e dosindivíduos com desenvolvimento.

O papel da comunicação nos processos de desenvolvimento enquadrou-se nos seguintes paradigmas:

- Paradigma dominante (difusionista/modernista)

- Paradigma da dependência

- Paradigma alternativo (participativo)

PARADIGMA DOMINANTE

A comunicação e desenvolvimento como campo de estudo remonta a finais da década 40, no final da II Guerra Mundial e comoresultado do êxito alcançado pelo denominado Plano Marshall no processo de reconstrução económica da Europa conduzido pelosEstados Unidos. O surgimento de dois grandes blocos ideológicos, um liderado pelos Estados Unidos e outro pela União Soviética,conduziu a uma corrida pela “conquista” dos países que faziam parte do chamado Terceiro Mundo. Simultaneamente, em África enalgumas regiões da Ásia, geravam-se processos de libertação e emancipação de muitos países ainda instituídos como colónias,enquanto na América Latina emergiam processos revolucionários que faziam frente à grande dominação de ditaduras civis e militares.

Durante esse período os Estados Unidos alcançaram grandes avanços a nível industrial e tecnológico que lhes permitiram utilizarideias, ferramentas e produtos para posicionar a tecnologia e sua disseminação como uma inovação salvadora e modelo digno deexportar ao mundo menos desenvolvido. A máxima de expressão deste pensamento encontra-se na obra “Lás Etapas del CrecimientoEconómico de William Rostow”. Urrea (2002) assinala:

(...) os economistas tiveram de desenvolver um modelo para analisar o processo de crescimento económico emsociedades que eram maioritariamente agrárias, caracterizadas por uma quase ausência de estruturas económicas“modernas”. A cultura era considerado o obstáculo que impedia adoptar atitudes e condutas modernas. Por conseguinte,a meta era incutir informação e valores modernos – mediante a alfabetização, a educação e a tecnologia dos media – efomentar a adopção de inovações e cultura originadas no mundo desenvolvido (Black, 1999) [sublinhado próprio]. Adoutrina do historiador económico, Walt W. Rostow, foi uma das mais influentes. Segundo a doutrina de Rostow, todosos países passavam pelas mesmas etapas históricas de desenvolvimento económico e os actuais paísessubdesenvolvidos encontravam-se, simplesmente, numa etapa antecedente deste progresso histórico linear (Gardner &Lewis, 1996). A teoria das etapas lineares fracassou, porque se supunha que existiam as mesmas atitudes e acordosnas nações subdesenvolvidas. (par. 7 e 8).

Neste paradigma o desenvolvimento é entendido como o crescimento da produção e do comércio, o qual requer de tecnologia quepermita alcançar níveis óptimos de massificação e consumo. Simultaneamente, durante os anos 50, 60 e 70 impõe-se por parte dospaíses líderes uma visão paternalista orientada para eliminar o fosso existente entre países ricos e pobres, cuja, uma das estratégiasbásicas, passava pelo aumento das entradas das famílias rurais dos países empobrecidos. A Aliança para o Progresso na AméricaLatina é um exemplo de programas influenciados por esta perspectiva. Conhecido também como o modelo de modernização oudifusionista, caracterizava-se por assumir o desenvolvimento como um processo desejável, necessário e homogeneizador em que osmodelos a seguir eram os do Ocidente (Estados Unidos e Europa Ocidental).

O papel da comunicação neste paradigma seria o de promover processos de mudança através da introdução de inovações numsistema social fazendo uso dos meios de comunicação de massas e da influência que os líderes de opinião podiam exercer empessoas e comunidades. Como o demonstra o modelos de dois passos (two-step-flow), a inovação promove-se através de:

- os media aos líderes de opinião- os lideres de opinião à comunidade/indivíduos

Com efeito, para alcançar a modernização partia-se da necessidade de eliminar o défice de informação que impedia odesenvolvimento, défice que segundo as teorias económicas não existia nos países desenvolvidos. Pelo facto de os modelos dedesenvolvimento dos países de primeiro mundo representarem o caminho a seguir a nível mundial, os meios de comunicação foramutilizados para transmitir e disseminar os valores da modernidade, e promover o uso de novas tecnologias e a adopção de inovações.Daniel Lerner, um dos maiores impulsionadores deste modelo, argumentava que a exposição aos media, a urbanização, a

Comunicação, desenvolvimento e mudança social Rafael Obregón

Portal da Comunicação InCom-UAB · Lições do portal 2

Page 3: Comunicação, desenvolvimento e mudança · PDF fileO papel da comunicação neste paradigma seria o de promover processos de mudança através da introdução de inovações num

alfabetização, o ingresso per cápita, e a participação política constituíam as variáveis mais importantes do desenvolvimento.

Uma das teorias mais influentes foi a da “Difusão das Inovações” de Everett Rogers. A sua perspectiva difusionista da comunicaçãorecebeu posteriormente duras críticas, sendo acusada de ignorar o contexto sócio-cultural em que se aplicava. Rogers reconheceu ascríticas observando que a comunicação, mais que transmissão de informação, era um processo e, em meados dos anos 70, definia-acomo um “processo através do qual os participantes acreditam e partilham informação entre si com o propósito de alcançar umentendimento mútuo”. (par. 8)

O marketing social, os primeiros esforços de educação sanitária e promoção da saúde, e o edu-entretenimento são abordagens que seimplementam como parte deste paradigma, impulsionados por agências de cooperação multilateral e bilateral. Um bom exemplodestas abordagens é demonstrado por Waisborb, S. (2001) em Family Tree of Theories, Methodologies and Strategies inDevelopment Communication: Convergences and Differences (http://www.comminit.com/es/node/263577 ). Waisbord define-os daseguinte forma:

Marketing Social: Faz uso de técnicas de marketing com o intuito de promover produtos e práticas de benefício socialatravés do fornecimento de informação que contribua para o incremento da procura.(Ver também link).

Promoção da saúde e educação em saúde: Enfatiza as mudanças do comportamento individual (consumo de tabaco,dietas altas em gorduras). Com o passar do tempo, a promoção da saúde redefiniu-se como um processo que vai paraalém da transmissão de informação sobre saúde aos indivíduos, e inclui também a promoção de politicas públicas e amobilização social (par. 5). (Ver também link).

Edu-entretenimento: Faz uso dos meios de comunicação de massa para promover mudanças de comportamento anível individual e comunitário através da disseminação de informação. Apoiada na teoria de aprendizagem social deAlbert Bandura, a premissa desta estratégia é a de que os indivíduos aprendem comportamentos como resultado daobservação de papéis e modelos. A auto-eficácia, a percepção que um indivíduo tem sobre a sua capacidade deassumir um comportamento, surge como um conceito chave. Waisbord cita vários exemplos de êxito, assim como osdesafios que a estratégia enfrenta (par. 6).(Ver também link).

Críticas ao paradigma

As críticas ao paradigma enfatizaram sobretudo a sua abordagem vertical e a desatenção às dinâmicas locais, aspectos tambémreflectidos nas iniciativas e processos de comunicação privilegiados no momento. O planeamento central, o ignorar das prioridadesdos participantes dos programas, e a escassa atenção às múltiplas dimensões sócio-culturais e políticas, entre outros factores,conduziu a que o fechamento do fosso entre países do primeiro e terceiro mundo não fosse possível, dando azo ao surgimento doparadigma da dependência.

Outras críticas formuladas a este paradigma incluem:- A sua excessiva natureza etnocêntrica- Atribuir primariamente o subdesenvolvimento a causas internas- O desconhecimento das consequências negativas da modernização- O fracasso do modelo hierarquizado de comunicação

Do ponto de vista comunicativo, a exposição aos media perdeu força enquanto indicador fiável do desenvolvimento. A comunicaçãotinha se convertido numa ferramenta chave para promover as ideias de desenvolvimento e introduzir um conjunto de inovações emáreas diversas como a saúde, a agricultura e a educação. Os meios de comunicação de massa definiram-se como ampliadores edisseminadores dessas ideias, em linha com as perspectivas que atribuíam um grande poder aos media. Teorias como a da difusãodas inovações sublinham a disseminação de informação e a persuasão de massas e grupos populacionais como prioridades,desconhecendo alternativas comunicativas locais.

Waisbord. S (2001) assinala:Nos inícios dos anos 60, a comunicação e desenvolvimento dividiu-se em duas grandes abordagens: uma que, se bemque revista, mantém-se alinhada com as premissas e metas das teorias difusionistas e modernistas, e outra que apostoupor uma perspectiva participativa da comunicação em contraposição às teorias centradas na disseminação e informaçãoe mudança de comportamento. (p. 30)

PARADIGMA DA DEPENDÊNCIA

Considerado como o segundo grande momento teórico da história do desenvolvimento, a teoria da dependência [surge]

como crítica da modernização, não do desenvolvimento, segundo a qual o subdesenvolvimento foi provocadoprecisamente pelas relações de vinculação dos países de terceiro mundo com a economia mundial, e o que há a mudarsão essas relações de vinculação e as relações internas de exploração. A teoria da dependência questionou odesenvolvimento capitalista mas não o desenvolvimento, e postulou um desenvolvimento socialista, ou desenvolvimentocom equidade. (Escobar, A. 2003 par. 12.)

Este paradigma surge como resposta ao fracasso do projecto modernista. Alimentado por postulados neo-marxistas, estruturalistas e

Comunicação, desenvolvimento e mudança social Rafael Obregón

Portal da Comunicação InCom-UAB · Lições do portal 3

Page 4: Comunicação, desenvolvimento e mudança · PDF fileO papel da comunicação neste paradigma seria o de promover processos de mudança através da introdução de inovações num

críticos, defende a necessidade de procurar alternativas de desenvolvimento que permitam enfrentar as relações de desigualdade quedominam as relações entre países, que na essência, são a principal causa do subdesenvolvimento. (Par. 6).

Beltrán denomina esta época de o decénio do fogo, ao assinalar que

ao começar essa década, um grupo de bem documentados analistas académicos começou a produzir em vários paísesda região uma importante literatura de protesto e de proposta (...) Denunciou ao mesmo tempo a dependência daAmérica Latina de potências externas e a dominação interna das maiorias empobrecidas pelas minorias enriquecidas,tanto em termos da comunicação como em termos de desenvolvimento. (par. 39)

Durante este período emerge um despertar académico e social que promove soluções integrais e necessidades de mudança. Porexemplo, Beltrán assinala a necessidade de formular políticas nacionais de comunicação. Através das contribuições sobre o temarealizadas por vários académicos internacionais, o debate suscitado chegou, em meados dos anos 70, à Unesco e como resultadocriou-se a Comissão McBride,

que apresentou em 1980 o seu parecer final à Assembleia-Geral do dito organismo. Apesar da sua naturezanecessariamente conciliadora por ter sido obtida por consenso apaziguador, este transcendental documento acolheu emgrande parte o pensamento renovador e justiceiro da comunicação como ferramenta da democracia. Mas,lamentavelmente, o impulso transformador dos países não aliados não conseguiu passar da enunciação à acção. Aresistência dos países desenvolvidos à mudança provou-se angustiante e paralisante. E assim ficou guardado noarmário do tempo o sonho da mudança justa. (par. 44)

No campo comunicativo consolidaram-se os Estudos Culturais e isso conduziu a reivindicar as práticas culturais e populares e aplanear novas formas de relacionamento comunicativo. Medina assinala que os estudos culturais “se opõem ao determinismoeconomicista, que vê toda a cultura e ideologia determinada pelas condições económicas. Reconhecem assim a liberdade do sujeito, arelativa autonomia do mundo espiritual, desafiando desta forma a dualidade marxista da oposição estrutura-superestrutura (par.45-46,2007)”

Na América Latina, por exemplo, dão-se duas mutações teórico-metodologicas. Uma que passa do ênfase na mensagem comoestrutura ideológica à recepção crítica, na qual se resgata a possibilidade e capacidade das audiências e públicos de renegociaremsignificados e sentidos e outra que passa da recepção crítica ao consumo, o qual surge como um distanciamento frente à perspectivade análises anteriores e recupera elementos centrados na noção de sujeito.Ver: Rincón, Omar; Martin-Barbero, Jesús

Críticas ao paradigma.

Este paradigma assinala como causa do subdesenvolvimento factores externos introduzidos pelos países desenvolvidos, mas omitefactores internos que, em igual ou maior medida, limitam a implementação de acções que permitem o surgimento de comunidades. Poroutras palavras, a implementação de um novo modelo de desenvolvimento ajustado à realidade dos países subdesenvolvidos implicaa realização de mudanças estruturais que garantissem equidade, igualdade e democracia nas nações.

Num plano comunicativo as iniciativas levantadas não geram também grandes transformações, especialmente aquelas associadascom o possível equilíbrio dos fluxos informativos a nível internacional. Luís Ramiro Beltrán (2002) no seu artigo Comunicación para elDesarrollo en Latinoamérica, una evaluación sucinta al cabo de 40 años, (link) expõe claramente o resultado da comunicação a partirdo surgimento do Nuevo Orden Internacional de la Información (NOMIC)

Em 1976 o Movimento dos Países Não Alinhados proclamou a sua intenção de promover a criação de uma Nova OrdemInformativa Internacional, que se considerava tão necessário com a Nova Ordem Económica Internacional já proposta.(...) A Comissão McBride, em honra ao seu neutro secretário geral irlandês, trabalhou debaixo de fogo dos meios decomunicação. Conseguiu, no entanto, entregar em 1980 o seu visionário documento final, uma cuidadosa obra deconciliação e equilíbrio. As suas propostas principais, todas favoráveis à equidade, a liberdade e a democracia nacomunicação a nível nacional e internacional, condensaram-se numa recomendação aprovada pela Conferência Geralda Unesco, levada a cabo nesse ano em Belgrado. E assim finalizou a década, com uma sensação de apaziguamento(par. 58-61)

Não obstante, os debates proporcionados pelos proponentes do paradigma de dependência conduziram a uma reflexão permanente,geralmente de carácter crítico, em relação ao papel dos media e da comunicação nos processos de desenvolvimento e mudançasocial. Organizações de cooperação técnica internacional como a Unesco tiveram um papel importante no avanço dos ditos debates,processo que contribuiu à criação de condições que posteriormente deram lugar ao crescimento e consolidação do modelo alternativo.

PARADIGMA ALTERNATIVO

A transição experienciada em muitos países, especialmente na América Latina, de ditaduras civis e militares a modelos de governodemocrático e o colapso do modelo soviético, criaram novas condições geopolíticas a nível internacional que deram maior abertura aprocessos de mobilização social e uma maior pluralidade de vozes contra os modelos de desenvolvimento dominantes. Observa-se uma deslocação de modelos inteiramente economicistas a modelos mais humanistas e reafirmam-se os elementos dodenominado modelo alternativo (participativo) de desenvolvimento que enfatiza o envolvimento dos diversos actores sociais, umamaior atenção aos níveis locais, e enfoque nas causas estruturais (económicas, politicas e sociais) da pobreza e subdesenvolvimento.

Comunicação, desenvolvimento e mudança social Rafael Obregón

Portal da Comunicação InCom-UAB · Lições do portal 4

Page 5: Comunicação, desenvolvimento e mudança · PDF fileO papel da comunicação neste paradigma seria o de promover processos de mudança através da introdução de inovações num

Ver Max Neef.

Neste paradigma o desenvolvimento é definido como um “processo participativo de mudança social com a intenção de gerar avançossociais e materiais (incluindo maior equidade, liberdade e outros valores qualitativos) para a maioria das pessoas através dum maiorcontrolo do meio por parte das comunidades” (Rogers, 1989). Esta definição, curiosamente, provém de um dos impulsores do modelodifusionista, possuindo um carácter mais humanístico e pluralista no qual procura promover a participação a todos os níveis. Daí, a suaênfase, mais do que no económico, está no social, e considera o desenvolvimento nas necessidades manifestas sem ignorar asnormas, valores e culturas.

Em linhas gerais assume-se que o desenvolvimento deve:- Estar baseado em necessidades locais- Responder a processos endógenos- Promover a participação a todos os níveis- Promover a auto-determinação- Promover igualdade e acesso- Considerar normas, valores e culturas de forma adequada

Do ponto de vista comunicativo, o modelo dialógico e humanizante do educador brasileiro Paulo Freire, e as perspectivas culturais ecríticas das formas de relacionamento das audiências com os seus públicos possuem uma grande influência. A comunicação deveentender-se então como um processo orientado para o empowerment e a mobilização que permita às comunidades e grupos locaisnão só definir o seu modelo de desenvolvimento mas serem participantes e decisores activos do dito processo. Ver link

A comunicação neste paradigma assume-se como um processo, por isso o uso de elementos e ferramentas de comunicação orienta-se para promover espaços para o empowerment, decisão e implementação. O fluxo da comunicação assume-se como dupla via e ospapéis dos actores do processo comunicativo pode variar, tornando-o mais interactivo. O enfoque participativo pode ser definido comoo emprego sistemático de canais e técnicas de comunicação para incrementar a participação das pessoas no seu própriodesenvolvimento. Alfaro oferece um olhar contemporâneo sobre a comunicação participativa. Ver link. Ver também Gumucio.

Críticas ao paradigma

A maior crítica formulada ao paradigma alternativo é talvez a que a considera como um olhar utópico, ou romântico como odenominam alguns autores, sobre processos de desenvolvimento. Por exemplo, as referências ao conceito de comunidade tende aignorar os conflitos e tensões naturais dos processos comunitários. Além disso, a possibilidade de replicar processos com êxito a nívellocal nem sempre é exequível em ambientes de maior complexidade e envergadura.

Outra das críticas ao paradigma alternativo prende-se com a diversidade de conceptualizações do conceito de participação e asdificuldades para poder desenvolver processos participativos coerentes com os princípios do modelo. O conceito participação incluidiversos tipos e níveis, cuja aplicação conduz frequentemente a uma falsa ou limitada participação e, ao contrário, reduz apossibilidade de tomada de decisões. Por outro lado, por vezes também se trata de uma visão idealista da participação e assume-seque esta é desejada ou aceite em todos os ambientes sócio-culturais. Ver link

No que diz respeito às perspectivas comunicativas usadas neste modelo, estas centram-se geralmente nas dificuldades relacionadascom os processos de monitorização e avaliação que muitas vezes não correspondem às lógicas de planeamento e execução deprojectos propostas por agências e doadores a nível internacional. Ver link

LIÇÕES APRENDIDAS DA COMUNICAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO

De maneira sucinta apresentam-se algumas das lições documentadas:- Não há definição universal do termo desenvolvimento, existem diversas perspectivas de abordagem, das concepçõespuramente economicistas e quantitativas dos seus primórdios, passando por uma concepção de transformaçãoestruturalista, a uma preocupação ambiental com a “sustentabilidade do desenvolvimento”, ou o desenvolvimento à“escala humana”.- O tema de comunicação e desenvolvimento é complexo e requer um trabalho sistemático apoiado em processos deinvestigação.- Os indivíduos têm um papel chave na definição e solução dos problemas do desenvolvimento. Como tal a participação(a todos os níveis) nos processos de desenvolvimento surge como um elemento vital.- A comunicação é necessária, mas não uma condição suficiente, para o desenvolvimento.- O desenvolvimento é especifico de cada nação ou grupo social, tal como são os seus cidadãos e comunidades quemde maneira inicial determinam o que significa o desenvolvimento.- A participação e empowerment consolidaram-se como elementos chave.

Por outro lado, a prática da comunicação para o desenvolvimento sofreu também transformações importantes. Desde os modelos demarketing social e persuasão associados com o modelo difusionista, foi transitando por diversas abordagens; das que incluem odenominado IEC (informação, educação e comunicação), a comunicação para a mudança de comportamento (CCC [1] ) acomunicação centrada em afectar contextos sócio-culturais, especialmente no âmbito da saúde, à comunicação para a mudançasocial (CCS [2] ). Os processos e estratégias comunicativas associadas com mudanças a nível individual aproximam-se mais dosmodelos difusionistas, enquanto que os processos centrados na mudança colectiva e estrutural se aproximam mais do modeloalternativo ou pluralista. Contudo, a prova mostra que em grande medida a prática da comunicação e desenvolvimento apelafrequentemente a elementos de ambas abordagens, tal como o defendeu Waisbord no seu texto e como reporta Nancy Morris (2003).

Comunicação, desenvolvimento e mudança social Rafael Obregón

Portal da Comunicação InCom-UAB · Lições do portal 5

Page 6: Comunicação, desenvolvimento e mudança · PDF fileO papel da comunicação neste paradigma seria o de promover processos de mudança através da introdução de inovações num

[1] Nota Trad. CCC- comunicacion para el cambio de comportamiento

[2] Nota Trad. CCS - comunicación para el cambio social

COMUNICAÇÃO E MUDANÇA SOCIAL

Durante a última década discutiu-se com maior intensidade a sustentabilidade das mudanças sociais e como estas estãodeterminadas pela apropriação dos conteúdos e processos comunicacionais por parte de indivíduos e comunidades afectadas. São ascomunidades quem devem tomar as decisões neste aspecto.

As lições aprendidas das comunicações para o desenvolvimento, as novas tecnologias da comunicação, a globalização, e osurgimento de novos desafios em distintos campos como a saúde, entre outras mudanças sociais e politicas relevantes, conduziu àexploração de novas perspectivas. A comunicação para a mudança social posicionou-se como uma proposta que pretende centrar aatenção no papel mobilizador e de empowerment da comunicação. Ver link e linkMas o que é a mudança social? Um parecer realizado pela Fundação Rockefeller (2002), com a participação de reconhecidosacadémicos, profissionais e activistas na área, compila os aspectos mais importantes desta perspectiva:

A comunicação para a mudança social, (...) define-se como um processo de diálogo privado e público, através do qualas pessoas decidem quem são, o que querem e como podem obtê-lo. Por mudança social entendemos uma mudançana vida de um grupo social, de acordo com parâmetros estabelecidos por esse mesmo grupo. Esta aproximação procuraespecialmente melhorar as vidas dos grupos marginalizados (tanto politica como economicamente), e é guiada pelosprincípios da tolerância, auto-determinação, equidade, justiça social e participação activa de todos.

Esta abordagem tenta estabelecer um novo equilíbrio na aproximação estratégica à comunicação e à mudança,deslocando a ênfase:

- Das pessoas como objecto de mudança... aos indivíduos e às comunidades enquanto agentes da suaprópria mudança.- Da concepção, análise e distribuição de mensagens... ao apoio ao diálogo e debate sobre temas chavede interesse.- Da transferência de informação a cargo de peritos técnicos... ao incorporar adequadamente destainformação em diálogos e debates.- Do centrar-se nos comportamentos individuais... ao centrar-se nas formas sociais, nas políticas, nacultura e num meio ambiente adequado.- De persuadir as pessoas a fazer algo... a debater sobre a melhor forma de avançar num processo decolaboração.- De peritos de agências “externas” que dominam e guiam o processo... a outorgar o papel central àspessoas mais afectadas pelo problema que está a ser discutido. (p. 33-34)

OPORTUNIDADES E DESAFIOS DA COMUNICAÇÃO PARA A MUDANÇA SOCIAL

A comunicação para a mudança social representa então uma perspectiva refrescante e mais ampla sobre a relação comunição-desenvolvimento. Por um lado, reconhece os múltiplos e constantes processos de mudança que são gerados em qualquer sociedade,independentemente de agendas específicas. Por outro lado, desprende-se de uma vez por todas da conotação de desenvolvimentoque se desenvolveu até agora e deixa aberta a possibilidade para que qualquer processo social seja abordado como uma dinâmicacomunicativa associada a processos de mudança. Por último, reconhece que em muitos casos a mudança social é imprevisível e quefrequentemente requer processos catalizadores, que poderão ser de carácter comunicativo, tais como a criação de espaços para odebate e diálogo público.

Contudo, múltiplos desafios permanecem e outros emergem. A título de exemplo incluem-se os seguintes:- Prioridade na recuperação dos traços culturais das comunidades, reafirmando as tradições e valores culturais.- Reforçar a estrutura social comunitária mediante o fortalecimento de formas locais e endógenas de organizaçãoatravés de uma comunicação de tipo horizontal e participativa, permitindo o desenvolvimento dos vínculos comunitáriose o ampliar das vozes dos marginalizados, fortalecendo as organizações de base e a participação democrática.

Alfaro (2005) propõe sintonizar as agendas dos media com a da cidadania:

Nos nossos cenários não só existem movimentos sociais de protesto, como também países que se estão a definir comosociedades em movimento, quase que imprevisíveis nas suas pesquisas e pedidos. Nesse sentido social, a agendaquotidiana dos media é divergente à da cidadania, apesar de por momentos se darem confluências. Se bem que osmedia pudessem entrar facilmente no mundo das expectativas de cidadania de mudança social, tal não sucede, poisestes optaram pelo entretenimento fácil, “o que as pessoas gostam”, sem conhecer as sua audiências mais a fundo, nãomedindo nem valorizando as suas aspirações pelo novo e útil. Até na informação politica, a oferta jornalística retirou apaixão pelo social, apesar de ser gerida através da descrição de factos e a apresentação de casos sociais. Opressuposto é o de que a pobreza e o trabalho são entendidos como temas aborrecidos, e como tal, não se visualizamnem se discutem com ampla participação. Muitos reconhecem que os media fazem pouco por desenvolver o país e pormelhorar a situação da sociedade, sendo a denúncia uma estratégia insuficiente para esse fim. (par.2)

Comunicação, desenvolvimento e mudança social Rafael Obregón

Portal da Comunicação InCom-UAB · Lições do portal 6

Page 7: Comunicação, desenvolvimento e mudança · PDF fileO papel da comunicação neste paradigma seria o de promover processos de mudança através da introdução de inovações num

Finalmente, < mazi-articles.php?id="340”Gumucio" www.communicationforsocialchange.org http: ou>levanta em Tres Retos de laComunicación para el Cambio Social o seguinte:

1. O desafio de nomear as coisas: Se eu disser "informação", " comunicação" ou "participação", que significados sugiro em cada umdos que escuta? Cada palavra é uma convenção, ou seja, um acordo consensual que se torna padrão pela utilização"

2. O desafio do desenvolver a disciplina: "O estado actual dos estudos académicos sobre informação e comunicação é preocupante.Há em todo o mundo, aproximadamente, mais de duas mil universidades que oferecem estudos de jornalismo (mais de 600 na daAmérica Latina), orientados para os media, e não para o processos de comunicação, e apenas uma vintena de programas académicosoferecem opções para formar comunicadores para o desenvolvimento e a mudança social, estrategas de comunicação, ao invés detécnicos capazes de desenvolver as mensagens para os media"

3. O desafio de legitimar a CCS entre os grandes: "A questão de hierarquizar comunicadores deve ser lida a partir de uma perspectivapolítica, e isso tem a ver com a necessidade de posicionar a um nível superior da agenda a comunicação para a mudança social e odesenvolvimento. (...) Precisamos de mais comunicadores para a mudança social com mestrado e doutoramento, mas não para quese mantenham a ensinar no âmbito da universidade, mas sim para que intervenham ao mesmo nível que os decisores, nasestratégias de comunicação para o desenvolvimento. Os comunicadores não devem continuar a ser a “quinta roda do carro”, deimportância secundária nas organizações para o desenvolvimento.”

EM JEITO DE CONCLUSÃO

Este rápido passeio pela história e evolução da comunicação e desenvolvimento, e a sua eventual redefinição enquanto comunicaçãopara a mudança social, deve ser assumido como parte de um processo dinâmico. Durante os primeiros 60 anos a comunicação e odesenvolvimento chegou a gerar debates e questões profundas contra os modelos de desenvolvimento dominantes. Hoje, como háseis décadas, os padrões de desenvolvimento continuam a ser questionados e o debate contra a tensão entre os modelos dedesenvolvimento homogeneizantes e os modelos endógenos renova-se. A comunicação irá desempenhar um papel fundamentalnestes processos, e, como tal devem ser objecto de análise e reflexão constante.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Alfaro R.M. (2005) Derechos comunicativos para la afirmación ciudadana. Veeduría ciudadana de la comunicación social – Perú.

Beltrán, L. R. (2006, enero 3) La comunicación para el desarrollo en Latinoamérica: un recuento de medio siglo.

Beltrán, L.R. (2002) Comunicación para el desarrollo en Latinoamérica, una evaluación sucinta al cabo de cuarenta años

Cortes, C. (2001) La comunicación al ritmo del péndulo: medio siglo en busca del desarrollo. Bogotá.

The dominant paradigm: family tree of theories, methodologies & strategies in development communication: convergences &differences (s.f.).

Escobar, A. (2003, agosto 5) Globalización, Desarrollo y Modernidad.

Fundación Rockefeller (1999, enero) Comunicación para el Cambio Social Documento Programático e Informe sobre una Conferencia.

Gumucio, A (2006, agosto). Tiempo de Milagros: Tres Retos de la Comunicación para el Cambio Social. Ponencia presentada en elseminario Sin Comunicación no hay Desarrollo, Lima, Perú.

Mattelart, A.; Mattelart, M.(1997) Historia de las Teorías de Comunicación. Barcelona: Ediciones Paidós

Medina, I (2004). Los estudios sobre comunicación masiva en América Latina

Pérez E. (2003). Aportes a la reflexión sobre el sujeto popular latinoamericano.

Servaes, J. (2007). Communication for Development: Making a Difference.

Sotelo, A. Dependencia y sistema mundial: ¿convergencia o divergencia? Contribución al debate sobre la teoría marxista de ladependencia en el siglo XXI.

Trujillo, A (1999, mayo) Interview with Dr. Jesús Martín-Barbero.

Urrea, C. (2003, mayo 15) Cambio Social.

Waisbord, S. (2001). Family Tree of Theories, Methodologies and Strategies in Development Communication: Convergences andDifferences.

Comunicação, desenvolvimento e mudança social Rafael Obregón

Portal da Comunicação InCom-UAB · Lições do portal 7

Page 8: Comunicação, desenvolvimento e mudança · PDF fileO papel da comunicação neste paradigma seria o de promover processos de mudança através da introdução de inovações num

Original disponible en: http://portalcomunicacion.com/lecciones_det.asp?lng=por&id=49 PDF criado em: 02/05/2011 12:37:08

Portal da Comunicação InCom-UAB: O portal dos estudos de comunicação, 2001-2011Institut de la Comunicació (InCom-UAB)Edifício N. Campus UAB. 08193 Cerdanyola del Vallès (Barcelona)Tlf. (+34) 93.581.40.57 | Fax. (+34) 93.581.21.39 | [email protected]

Comunicação, desenvolvimento e mudança social Rafael Obregón

Portal da Comunicação InCom-UAB · Lições do portal 8