comunicaÇÃo, informaÇÃo e conhecimento nas...
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COMUNICAO, INFORMAO E CONHECIMENTO NAS ORGANIZAES
INOVADORAS: REPENSANDO O USO DE BIG DATA1
GT2: Comunicao Organizacional e Relaes Pblicas
Sonia Aparecida Cabestr2
Vanessa Matos dos Santos3
(Universidade Sagrado Corao Bauru/SP/Brasil)
Resumo Vivemos na sociedade da informao e do conhecimento e a utilizao adequada
de ferramentas e instrumentos que compem o mix da comunicao
organizacional, torna-se imprescindvel para a otimizao dos diferentes
processos e relacionamentos que coexistem nos ambientes organizacionais.
Neste cenrio, desenvolver diferentes competncias comunicacionais requer mais
que capacitao: os Sujeitos tambm precisam mobilizar seus conhecimentos
rumo inovao. Com base no exposto, o objetivo desta produo discutir sobre
as interfaces existentes entre os processos mencionados e, ao mesmo tempo, dar
nfase aos fundamentos que norteiam as organizaes no cenrio
contemporneo; bem como abordar comunicao, informao e conhecimento.
Para tanto, a partir de pesquisa bibliogrfica, procurou-se refletir sobre os
1 Trabalho apresentado na GT Comunicacin Organizacional- XII Congreso ALAIC 2014. 2 Docente da Universidade Sagrado Corao (USC), Doutora em Educao Ensino na Educao Brasileira pela UNESP de Marlia. Professora do Curso de Relaes Pblicas da USC, Coordenadora do Curso de Especializao em Comunicao nas Organizaes da Universidade Sagrado Corao e Lder do Grupo de Pesquisa GPECOM (USC). E-mail: [email protected] 3 Docente da Universidade Sagrado Corao (USC), Doutora em Educao pela Unesp Araraquara. Doutoranda em Meios e Processos Audiovisuais pela USP SP, Mestre em Comunicao Miditica pela Unesp de Bauru. Professora dos Cursos de Relaes Pblicas, Jornalismo e Publicidade e Propaganda da USC e integrante do Grupo de Pesquisa GPECOM (USC), Estado e Governo (UNESP), e-mail: [email protected]
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fundamentos mencionados, relacionamento interpessoal, pressupostos que
norteiam a tecnologia Big Data e o papel do profissional de relaes pblicas
nesse contexto.
Palavras-chave: Informao e conhecimento. Comunicao organizacional. Relacionamento interpessoal. Big Data. Relaes Pblicas.
Abstract We live in the information and knowledge society and the proper use of tools and
instruments that make up the mix of organizational communication, it is essential
for the optimization of different processes and relationships that coexist in
organizational environments. In this scenario, develop different communication
skills requires more than training: the subjects also need to mobilize their
knowledge towards innovation. Based on the above, the goal of this production is
to discuss and reflect on the interfaces between the processes mentioned and at
the same time, emphasize the fundamentals that guide organizations in the
contemporary scene, as well as address information, communication and
knowledge. To do so, from literature, we sought to reflect and establish a
correlation between the grounds mentioned, interpersonal relationships,
assumptions that guide the Big Data technology and the role of the public relations
professional in this context.
Keywords: Information and knowledge. Organizational communication. Interpersonal Relationship. Big Data. Public relations.
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As Organizaes no cenrio contemporneo As transformaes ocorridas nas sociedades contemporneas foram marcadas
pela insero de tecnologias que alteravam a estrutura de trabalho, mas
mantinham, grosso modo, o mesmo sistema de produo e organizao
econmico-financeira, de modo que ao invs de propiciar uma relao homem-
agricultura como o que ocorreu na Revoluo Agrcola, ou mesmo entre homem-
mquina no caso da Revoluo Industrial, a Revoluo Informacional ou ainda
Terceira Revoluo Industrial possibilita a relao homem-Informao
(CASTELLS, 2002; KUMAR, 1997; WARSCHAUER, 2006). Os constantes
processos de transformaes de cunho social, poltico e econmico ocorridos no
mundo contemporneo tm alterado a estrutura das sociedades, imprimindo novos
hbitos e valores que, por sua vez, focalizam a informao como bem simblico,
estratgico e imaterial. O resultado desse processo o fenmeno de transio de
uma sociedade baseada na indstria para uma sociedade que se embasa na
informao como insumo essencial.
De acordo com Castells (2002), a revoluo que agora se processa tem seu
ncleo nas tecnologias de informao, processamento e comunicao. As
tecnologias da informao e comunicao as chamadas TIC potencializam o
alcance do processo comunicativo e, por essa razo, tambm projetam o ser
humano para novas experincias comunicativas que, por sua vez, abrem novas
formas de sociabilidade. Esse fenmeno foi acentuado por dois fatores igualmente
importantes para a compreenso da configurao atual da sociedade de uma
forma geral: a globalizao e as tecnologias digitais4. medida que a globalizao
4 Em detrimento da expresso comumente conhecida como novas tecnologias de informao e comunicao (NTIC), adotaremos a expresso tecnologias digitais por entendermos que as tecnologias esto em constante transformao, no cabendo a adoo do termo novo ou velho. Nesse sentido, o uso da expresso digital refere-se s tecnologias inovadoras surgidas a partir do uso das redes de telecomunicaes e do suporte computacional.
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permitia que as trocas comerciais fossem ampliadas e transgredissem as barreiras
cartogrficas, abria espao para a construo de um mundo cada vez mais
hibridizado. O capitalismo, por sua vez, atravessa um surto de universalizao e
impulsionado pelo uso de novas tecnologias, diviso transnacional do trabalho e
mundializao de mercados. No que tange especificamente diviso
transnacional do trabalho, visualiza-se a formao de conglomerados econmicos
estruturados em megablocos e uma nova distribuio geogrfica das antigas
fbricas que, gradativamente, passam a operar segundo uma lgica diferente com
vistas adaptao contnua.
Ortiz (1999) destaca que o espao agora deslocalizado devido flexibilidade
proporcionada pelas tecnologias digitais. Esse processo se estende desde as
tradicionais linhas de montagem, que antes fixavam os operrios numa nica
posio que, mais tarde, j permitia alguma flexibilidade, at o atual contexto de
empresas virtuais que desenvolvem toda a dinmica por meio das redes virtuais;
elas no existem fisicamente em local geograficamente determinado e, ao mesmo,
esto presentes em todos os lugares, ao mesmo tempo. A agilidade dos meios de
transporte e o desenvolvimento tecnolgico da comunicao foram decisivos para
a construo do cenrio que hoje vivenciado em uma sociedade
economicamente globalizada, culturalmente hibridizada e conectada pelas redes
telemticas. Nesse sentido, mais importante que a diviso geogrfica, a forma
como as naes se apropriam do progresso tecnolgico para atenuar as fissuras
sociais em sua estrutura.
O mercado, tal como se apresentava no sculo XX, no conseguir atender a
demanda atual se no forem pensadas estratgias novas, com princpios e lgicas
inovadoras. Os nichos s tendem a aumentar, principalmente em funo das
organizaes em rede, deslocalizadas, desterritorializadas e virtualizadas.
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Este novo cenrio impe desafios organizacionais para os quais nem sempre os
gestores esto preparados, mas, ao mesmo tempo, abre novas perspectivas. A
reconfigurao das economias mundiais e o posicionamento do Brasil entre os
pases de economia emergente os BRICS (grupamento Brasil, Rssia, India,
China e frica do Sul5) impe a necessidade de novos parmetros para as
organizaes que buscam posicionar-se neste cenrio para obter vantagens
competitivas. A formao do grupamento e o potencial de crescimento das
economias emergentes tem indicado que a configurao dos conglomerados
econmicos no mundo pode estar radicalmente diferente nos prximos anos. De
acordo com Sachs, numa referncia ao livro de Dominic Wilson, Dreaming With
BRICs: The Path to 2050, de outubro de 2003, a economia dos BRICS juntos
pode ser maior do que o atual G66 no ano de 2039. As projees de crescimento
da economia esto ancoradas na gerao de conhecimento e aplicao dele em
inovaes de base tecnolgica, notadamente voltadas para a utilizao das redes
para fins educativos. Permanece, no entanto, como grande desafio a construo
de uma cultura organizacional de comunicao plena em que o desenvolvimento
da organizao e sua projeo no cenrio mundial seja pensado em consonncia
com o crescimento do colaborador.
Comunicao, Informao e conhecimento O progresso dos meios de comunicao, somado ao fenmeno da convergncia
tecnolgica que, por sua vez, s foi possvel diante da possibilidade de transportar
a informao em forma de bits (baseados em combinaes de zeros e uns); 5 A sigla BRICs foi formulada pelo economista-chefe da Goldman Sachs, Jim O Neil, em 2001. Em seu estudo, intitulado BuildingBetter Global EconomicBRICs, o economista defendia o conceito de um agrupamento emergente compreendido por Brasil, Russia, India e China. Em 2006 o conceito econmico se concretizou e o grupamento foi efetivado. Em 2011, a frica do Sul passou a fazer parte dessas economias que passaram a ser denominadas BRICS (com S maisculo) (BRASIL, 2012). 6Disponvel em: http://www2.goldmansachs.com/ceoconfidential/CEO-2003-12.pdf. Acesso em: 10 fev 2012. Fonte: SACHS, 2003.
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visualiza-se em um cenrio de proliferao de mensagens miditicas em contextos
diversos. Os meios de comunicao, cada vez mais acessveis e obedecendo a
uma nova lgica de produo de contedo em que os antigos emissores e
receptores passam a ser denominados interagentes, subvertem mercados,
fronteiras e possibilitam a hibridizao cultural. Desta forma, a possibilidade de
pensar globalmente e agir localmente refora os movimentos de alterao da
estrutura das sociedades.
Para aprofundar o debate, preciso ter em mente as distines existentes entre
dados, informao e conhecimento. A abundncia de informaes utilizveis,
dotadas de significao pode ser classificada como dado (PETERS, 2002 apud
AQUINO, 2012). Disto, podemos inferir que a internet, como nova expresso das
tecnologias digitais, oferece uma srie de dados. O processo de converter estes
dados em informao depende de seleo e interpretao. Com relao a este
ltimo termo, Peters (2002 apud AQUINO, 2012) explica que o processo de
converso de dados em informao dotado de significado e, portanto, pode ter
variaes de indivduo para indivduo. Nesse sentido, importante considerar que
o contexto no qual se encontra o indivduo um ponto-chave no processo de
atribuio de significados. Morin (2004, p.13) tambm destaca outro elemento
digno de ateno. Segundo o autor, a organizao da Informao no neutra,
ela pressupe [...] uma questo de compreenso. Para ele, [...] a compreenso,
mais do que a comunicao, o grande problema atual da humanidade. Isto , o
processo de transformao de dados em Informao envolve interpretao e
tambm compreenso para ser completo e efetivo. No se trata de um processo
mecnico mas, sobretudo, social e subjetivo. Seguindo esta mesma tica, Brown;
Duguid, (2001, p. 105-106) acrescentam que:
A informao algo que as pessoas coletam, possuem,
passam para outros,colocam em bancos de dados, perdem,
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acham, anotam, acumulam, contam,comparam e assim por
diante. Em contrapartida, o conhecimento no aceita to
amavelmente essas idias de recebimento, transporte e
quantificao. Ele difcil de ser coletado e transferido. Por
exemplo, voc poder esperar que algum lhe enviou indique
onde encontrar as informaes que ele possua, mas no os
conhecimentos.
Na concepo de Davenport (2001), os dados so quantificveis e transferveis
(podem ser estruturados). A informao, por sua vez, requer uma espcie de
unidade de anlise, j que dotada de significado e objetivo. O conhecimento
uma informao aprofundada, geralmente fruto de uma reflexo, que oferece
resistncia ao gerenciamento. O indivduo faz referncias entre o conhecimento e
um saber pessoal, uma reflexo, um significado ou mesmo uma interpretao.
O conhecimento pode ser categorizado de diferentes formas, dependendo do
ponto de vista adotado. Interessa-nos, no entanto, destacar o processo pelo qual
dados convertem-se em informao e esta, por sua vez, em conhecimento. Essa
compreenso importante porque justamente o ponto de uma nova economia,
respaldada no conhecimento que, por seu turno, se traduz em conhecimentos
especializados (DRUCKER, 2001).
A informao e o conhecimento tornaram-se os maiores produtores de riqueza das
sociedades contemporneas. Em realidade, o que se comercializa hoje
conhecimento.
Destaca-se, tambm, de acordo com Lastres; Albagli (1999, p.25), que existe uma
necessidade intrnseca por parte das modernas organizaes de investir
constantemente em inovao. Entretanto, esse movimento s se faz mediante a
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promoo do avano do conhecimento, orientado no somente para o incremento
econmico, mas entendido, sobretudo como elemento indispensvel ao
desenvolvimento humano, em suas mltiplas dimenses. Isso implica,
necessariamente, em utilizar as tecnologias digitais e os inovadores recursos da
gesto da comunicao e informao para ambientes organizacionais que
promovem processos estimulando o aprendizado, a capacitao e a acumulao
contnua de conhecimentos. E as organizaes que desenvolvem essa prtica so
aquelas em que o relacionamento interpessoal est presente no seu cotidiano.
Relacionamento interpessoal Antes de entrar propriamente na abordagem desse tema, importante dar nfase
aos fundamentos que norteiam a teoria das relaes humanas e do processo de
motivao. A teoria das relaes humanas teve suas origens nos Estados Unidos,
como resultado de experincias realizadas por Elton Mayo, sendo denominadas
experincias de Hawthorne. No desenvolvimento das experincias Mayo
percebeu a importncia e necessidade das atividades de carter administrativo
serem mais humanas e democrticas.
No ano de 1927, Elton Mayo foi o responsvel pela coordenao da experincia,
realizada em uma empresa de equipamentos e componentes telefnicos,
denominada Western Eletric Company. Como consequncia dessa experincia7
surgiu a teoria das relaes humanas em oposio teoria clssica da
administrao. Nesse novo contexto, as organizaes passam a ser consideradas
7 Para detalhamentos sobre a experincia desenvolvida pelo estudioso, consultar: CABESTRE, S. A.; SANTOS, V. M.; FIRMINO, S. F. Interfaces entre gesto da informao e do conhecimento, redes sociais e relacionamento interpessoal no mbito organizacional. In: Anais do VII Congresso Brasileiro Cientfico de Comunicao Organizacional e de Relaes Pblicas ABRAPCORP 2013 - Teorias e Mtodos de Pesquisa: entre a tradio e a inovao, maio / 2013. Braslia DF.
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como um conjunto de seres humanos que necessitam de motivao, incentivos e
estmulos para harmonizao dos interesses individuais com os organizacionais.
importante destacar que o tema da motivao tem desafiado os pesquisadores
da rea de Comunicao, Administrao, Cincia Poltica, entre outras, ao longo
dos anos. Os mecanismos pelos quais os Sujeitos podem se sentir motivados tem
sido estudados, experimentados e analisados pelas mais diversas teorias e pontos
de vista. Cabe ressaltar, tambm, que no h uma simples regra para explicar o
conceito de motivao. O ser humano um ser nico e, assim sendo, desenvolve
diferentes mecanismos com relao ao meio organizacional. A motivao,
portanto, pode ser desenvolvida de diferentes formas. Bergamini (1990, p.25)
aponta a necessidade de repensar a motivao, examinando de maneira crtica, o
acervo atual de conhecimento sobre o assunto. Antes de discutir os mecanismos,
importante conceituar o que vamos abordar. Assume-se, no escopo deste
estudo, a assertiva de Vroom (1997, p.75), para quem a motivao , em
essncia, funo do crescimento a partir da obteno de recompensas
intrnsecas por um trabalho interessante, desafiador e que proporcione
crescimento pessoal e desperte paixo pelo trabalho realizado.
Buscando as modernas teorias que versam sobre a motivao, destacamos os
trabalhos de Vroom (1997). Para ele, a relao sujeito-organizao comea com o
contrato psicolgico em que o Sujeito, assim como a organizao, constitui um
sistema com necessidades especficas. A natureza desse contrato psicolgica
porque supera a lgica mercadolgica e recai, muitas vezes, na compreenso das
expectativas de um para com o outro. Alm das expectativas, existem tambm as
necessidades. Vrias vises sobre natureza das necessidades dos Sujeitos j
foram desenvolvidas e modificadas ao longo dos anos. Na dcada de 1920-1930
acreditava-se que a motivao dos Sujeitos fosse despertada apenas com
estmulos financeiros. As dcadas posteriores, nos anos 1940-1950, conheceram
o conceito de Homem Social como o ser que seria mais receptivo s foras sociais
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do que a incentivos financeiros. O conceito, ainda que recente, de Homem
Complexo tem reposto a discusso acerca das mltiplas necessidades do Sujeito.
Embora existam diversos manuais que versem sobre a temtica e mesmo sobre
mecanismos de desenvolvimento da motivao, fato que nenhuma ferramenta
de comunicao ou mesmo de gesto de recursos humanos pode oferecer bons
resultados se as necessidades dos Sujeitos no foram individualizadas. Do ponto
de vista organizacional, isto equivale a compartilhar as responsabilidades e dotar o
colaborador de importncia efetiva. A premissa de enxergar e realizar a gesto de
pessoas e no de pessoal tem se tornado cada vez mais presente em
Organizaes que buscam, alm do lucro, tambm a permanncia e
respeitabilidade de seus colaboradores. Adotar as mesmas polticas e parmetros
para todos tem se mostrado uma armadilha. O cenrio se mostra cada vez mais
desafiador. As tradicionais teorias j no respondem mais complexidade de
nosso tempo. Mais que uma teoria, a motivao uma arte, trabalhada e
desenvolvida por lderes que levam em considerao o crescimento
organizacional em consonncia com os ideais e sonhos dos colaboradores que,
por sua vez, passam a efetivamente fazer parte (no sentido lato do termo) de uma
Organizao. O fracasso est justamente no medo de compartilhar e perder o
controle por parte dos dirigentes e gestores. As teorias entram em confronto com a
necessidade dos novos gerentes de delegar funes. Embora compreendam do
ponto de vista terico que isso necessrio, para muitos o que est ocorrendo
, na verdade, a descentralizao de sua autoridade e de seu direito de gerenciar.
Alm do medo de perder a hegemonia, muitos gestores se traduzem em
executivos que so, por vezes, insensveis aos sentimentos das pessoas.
Neste sentido, muitas organizaes esto apenas cronologicamente no sculo
XXI, mas ainda no sculo XIX ou mesmo XVIII se formos levar em
considerao o modelo gerencial proposto. Nestes contextos, a criatividade fica
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enclausurada e, no raro, o que se tem uma batalha no declarada entre os que
exercem o poder e os que esto sujeitos a ele.
Esses modelos mais tradicionais, no entanto, acabam perdendo os chamados
profissionais crebros para organizaes mais inovadoras no apenas por
questes salariais, mas, sobretudo, por questes motivacionais. A gerao net
ou gerao digital tem comprovado isso ao longo dos anos. Para esta gerao,
que agora chega ao mercado de trabalho, o relacionamento pode ser mais
importante que um contrato e a motivao muito mais importante que um
treinamento (TAPSCOTT, 2010). Essa gerao preza muito pela motivao e
valorizao de sua criatividade.
A motivao pode ser um fator extrnseco, mas no se pode esquecer que os
efeitos so diferentes e variveis quando levamos em considerao os vrios
Sujeitos que compem este cenrio. Fica claro, portanto, que no existem
mtodos prontos para motivar equipes de trabalho. Um incio seguro pode ser
verificado na valorizao do ser humano, independentemente da funo que
desempenhe ou do cargo que ocupe numa organizao. O gestor competente
aquele que abandona a ideia de chefia e passa a motivar por meio do
reconhecimento do contexto e da cultura organizacional para, em seguida, passar
ao conhecimento das especificidades de cada um dos membros de sua equipe.
Somente em ambientes com essas caractersticas possvel existir a prtica do
relacionamento interpessoal. As organizaes que possibilitam aos funcionrios
desenvolverem suas atividades utilizando tambm os meios e veculos informais
so aquelas que valorizam e investem em estmulos que potencializam as
relaes interpessoais. Estas criam as condies para que o ambiente
organizacional seja saudvel e, por meio de processos informais, os
colaboradores tornam-se mais comprometidos com os objetivos organizacionais.
Sobre esse processo Mailhiot (1976, p.66), ao se referir a uma das pesquisas
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realizadas pelo psiclogo Kurt Lewin, afirma que ele chegou constatao de que
a produtividade de um grupo e sua eficincia esto estreitamente relacionadas
no somente com a competncia de seus membros, mas sobretudo com a
solidariedade de suas relaes interpessoais (apud COSTA, 2004, p.03).
exatamente esse o ponto central da nossa discusso: s possvel trabalhar de
forma compartilhada, evidenciando as relaes interpessoais, se as polticas que
regem a cultura de uma organizao estiverem solidificadas nos pressupostos que
nortearam esta produo, ou seja aqueles que caracterizam as organizaes que
esto abertas para aes inovadoras. Somados aos pressupostos aqui abordados
insere-se a possibilidade de aplicao da tecnologia Big Data, tratada na
sequncia.
Tecnologia para o relacionamento interpessoal O desenvolvimento do suporte computacional (o computador) aliado ao uso das
redes de telecomunicaes originou uma nova mdia que caracterizada por ser
multimdia, interativa: a internet (DIZARD JR., 2000). Mais recentemente, com a
web 2.0, essa nova mdia tem se tornado colaborativa e tem desenvolvido sua
dinmica de acordo com a lgica do compartilhamento de contedos. Ao invs de
simplesmente acessar um contedo produzido massivamente, os sujeitos agora
produzem e disseminam seus prprios contedos, travestindo-se em produtores,
editores etc, superando os papis cristalizados que a mdia massiva impunha
(emissores e receptores). Esse cenrio tem feito surgir o que Bruns (2008)
denomina como produser, isto , Sujeitos que no se contentam em apenas
acessar informaes digitalizadas. Eles se apropriam dos contedos, ressignificam
as mensagens e so capazes de reconstruir a narrativa, oferecendo acrscimos
qualitativos ao contedo recebido. Ademais, os Sujeitos tem se tornado, cada vez
mais participativos e colaboradores.
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A Internet pode ser considerada no apenas como um conjunto de ferramentas e
um meio de comunicao, mas principalmente um espao cultural e um fenmeno
social. Assim sendo, sua utilizao, enquanto mecanismo que possibilita a
democratizao da informao significa um avano por parte das organizaes
que priorizam o investimento em relacionamentos internos e externos.
certo que, com o desenvolvimento das redes digitais, o fluxo de informaes
tende a aumentar, mas preciso saber aplic-lo de forma criativa na resoluo
dos problemas sociais. O salto qualitativo ocorre quando a informao torna-se
significativa. Freeman (1995 apud LASTRES; ALBAGLI, 1999) alerta para o fato
de que uma sociedade intensiva em informao, mas sem conhecimento ou
capacidade de aprender, seria catica e ingovernvel.
A tecnologia deveria servir para libertar o ser humano pensante em produtor de
conhecimento das tarefas tcnicas que as mquinas poderiam desempenhar com
mais velocidade e preciso. Nesse sentido, a internet surge como importante
aliada para os dois desafios colocados. possvel criar condies de acesso
internet em diversos setores das organizaes e incentivar o uso com finalidade
educativa criando condies de desenvolvimento tanto tcnico (da manipulao
com o equipamento em si) e novas competncias com relao busca e
armazenamento de informaes.
Existem organizaes que j trabalham com a disponibilizao de cursos online
para seus colaboradores, alimentao permanente da intranet como forma de
socializar as decises, portarias etc. Processos de inovao tambm podem ser
potencializados pela troca de informaes nas redes. No que se refere ao uso das
redes sociais especificamente, o Brasil o pas que mais utiliza as redes sociais
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no mundo (NIELSEN, 2010)8. Dados referentes a abril de 2010 mostram que os
internautas brasileiros so os que mais visitaram redes sociais na comparao
com outros pases. Cerca de 86% dos usurios de internet no Brasil acessaram as
redes sociais.
Existe uma quantidade gigantesca de informaes que circula pela internet (e
pelas redes sociais virtuais por extenso) todos os dias. A rede que nasceu como
empreendimento militar tmido tomou propores nunca imaginadas. At o incio
da dcada de 1990 as pginas da web ainda eram bastante estticas e existia
uma certa concepo de busca que j no mais vlida hoje. Os buscadores,
inicialmente o Altavista, Cad?, e, aquele que se consagrou - o Google, ganharam
espao por conta de uma necessidade cada vez maior de busca de informao.
Em pouco tempo, a necessidade de busca transformou-se em necessidade de
gerenciamento de informao. A rede oferece um enorme contingente
informacional que nem sempre alcana o auge de sua utilizao. A concepo de
minerao de dados nasce justamente com a ideia de conseguir garimpar, na
rede, dados importantes com alto valor informacional. Os sistemas de minerao
de dados tem se tornado cada vez mais especficos para oferecem dados cada
vez mais pormenorizados.
Para se ter uma ideia do contingente informacional movimentado na rede,
segundo dados do prprio Google, bilhes de pesquisas so feitas diariamente.
8 Segundo o levantamento, 86% dos usurios ativos de Internet no Brasil acessaram redes sociais. Em segundo lugar no ranking est a Itlia (78%) e em terceiro, a Espanha (77%). O ranking segue com: Japo (75%), Estados Unidos (74%), Inglaterra (74%), Frana (73%), Austrlia (72%), Alemanha (63%) e Sua (59%). Acesso em: 15 jan. 2012. A pesquisa est disponvel em: http://idgnow.uol.com.br/internet/2010/06/15/internauta-brasileiro-lidera-uso-de-rede-social-em-todo-o-mundo/. .
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Desde 2003, o buscador j respondeu a 450 bilhes de consultas diferentes
inditas (pesquisas que nunca haviam sido feitas antes)9.
Ao navegar pela internet, o Sujeito deixa suas marcas de navegaes, bem como
pistas de seus gostos, preferncias de compra, inclinao poltica, entre outros.
Esses dados tem o valor de permitir traar um perfil do Sujeito e,
consequentemente, abre a possibilidade de conhecer mais e melhor os
Sujeitos com os quais as organizaes se relacionam. Importante observar, no
entanto, que estes dados s tero valor se forem organizados e categorizados,
viabilizando sua utilizao de forma eficaz e eficiente.
Nesse sentido, o conceito de Big Data surge como um novo horizonte para
entender o mundo da informao e auxiliar, de forma incisiva, a tomada de
decises. A tecnologia de Big Data no diz respeito quantidade de dados e sim
ao gerenciamento estratgico destes, visando oferecer informaes detalhadas
para cada situao especfica. Trata-se de uma nova forma de olhar para a
informao proporcionada pela tecnologia. Dados que, a olho nu no expressam
muita relevncia, podem se tornar significativos se examinados em contextos
especficos.
Its value comes from the patterns that can be derived by
making connections between pieces of data, about an
individual, about individuals in relation to others, about groups
of people, or simply about the structure of information itself
(BOYD, CRAWFORD, 2011, p.2).
9 16% das pesquisas que aparecem todos os dias so inditas. Fonte: Google Brasil. Acesso em 24 ago 2013. Disponvel em: http://static.googleusercontent.com/external_content/untrusted_dlcp/www.google.com/pt-BR//intl/pt-BR/insidesearch/howsearchworks/assets/searchInfographic.pdf.
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O objetivo justamente proporcionar o cruzamento de dados para gerar
informaes que podem auxiliar tomadas de decises que, por vezes, podem ser
bastante delicadas. Uma das maiores promessas de utilizao de Big Data
justamente na rea da sade com a compilao de dados genticos que podem
prever a probabilidade de aparecimento de doenas. A disponibilidade de uma
ferramenta como essa pode mudar prognsticos e diagnsticos e favorecer
tratamentos mais personalizados, beneficiando milhares de pessoas no mundo
todo.
Os dados disponveis nas redes sociais virtuais fornecem ricos dados para o Big
Data. Trata-se no apenas das pistas deixadas pelos Sujeitos, mas, sobretudo,
das coisas que o prprio Sujeito escolhe expor, bem como a forma e o contexto
escolhido para tal.
Big Data tem, no entanto, seus riscos tanto ticos quanto polticos. Recentemente,
descobriu-se que o Brasil tinha (ou ainda tem?) grande fluxos informacionais
monitorados pelos Estados Unidos. O objetivo de tal monitoramento era
justamente conhecer as prticas atuais (tanto do ponto de vista poltico quanto
econmico, social entre outros) para prever as futuras. Tal previso pode
favorecer e muito quaisquer aes e polticas em nvel internacional. No se
trata mais apenas de informao como algo abstrato, mas sim de vidas, fronteiras
e territrios.
Os dados oriundos de Big Data so, ainda assim, modelos matemticos que visam
simplificar uma situao complexa e dar organizao ao que aparentemente est
disperso. Eles so teis para a compreenso contextual e aprofundada, mas tm
seus limites. Os modelos matemticos so baseados em estatsticas. Conforme
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destacado na matria de Lohr (2012) para o The New York Times10, os cientistas
perceberam que no apenas a quantidade de dados na internet que est
aumentando; o mesmo tem sido verificado com as falsas descobertas. Alm
disso, importante lembrar que a previso do comportamento humano respeita
probabilidades nem sempre prximas dos 100%. Por mais que um sistema seja
capaz de prever uma determinada resposta com base no estudo e cruzamento de
dados referentes gostos, opes polticas etc, a verdade que existe uma
barreira no pensamento humano que nunca pde ser superada por nenhuma
mquina. O ser humano ainda tem altos ndices de imprevisibilidade.
Boyd e Crawford (2011) lembram ainda que a informao quantitativa precisa ser
tratada para que seja tambm qualitativa, pois o fato de ter mais informao a
respeito de algo no faz com que tal informao tenha aprofundamento e
qualidade necessrios ao que se pretende. Lev Manovich (2011) j havia
destacado que o termo Big Data em si no prioriza aspectos qualitativos e sim
quantitativos, traduzidos por Big. Ademais, a utilizao do Big Data tambm deve
ser realizado pensando as questes ticas envolvidas, pois o fato de um
determinado dado estar disponvel para uso no faz com que seu uso seja tico
Recentemente, Boyd e Crawford (2012), revisitando o tema do uso da tecnologia
Big Data, perceberam que no se trata apenas de uma nova tecnologia, mas
tambm de uma mudana radical na forma como concebemos o conhecimento.
Numa analogia com o fordismo que alterou a forma como fazemos carros e, por
consequncia, a forma como trabalhamos, tambm o Big Data emerge neste
cenrio como uma tecnologia capaz de alterar a forma como entendemos as
redes, o processo gerador de conhecimento e a maneira como nos relacionamos
com os dados. Ainda sobre este aspecto, os autores citam Bruno Latour (2009),
para quem a mudana de instrumentos altera tambm toda a teoria social que 10Acesso em: 24 ago 2013. Disponvel em: .
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alcanamos com o eles11. Isso significa que a tecnologia Big Data nos permite
novas visualizaes acerca de um mesmo fenmeno. Por outro lado, isso no
quer significar, necessariamente, que seja algo benfico. Recordemo-nos do fato
de que as tecnologias podem ser vinculadas para diferentes usos, dependendo
dos objetivos humanos propostos para elas.
O ponto de desafio que estabelece conexo com as organizaes que aprendem
est justamente em propor formas diferenciadas para trabalhar a tecnologia Big
Data com foco no aprendizado coletivo. Mais que nmeros, s Organizaes
modernas interessa conseguir criar vnculos com seus colaboradores para que
assim possam realizar a gesto do conhecimento, favorecendo tanto o
colaborador quanto a Organizao. No se pode, por outro lado, ignorar a
chegada desta tecnologia e desprezar seu potencial. preciso utiliz-la no para
monitoramento, como algumas Organizaes tm feito numa clara indicao de
tentativa de controle do colaborador, mas sim em uma proposta de favorecer o
relacionamento interpessoal e a gesto de talentos. O relacionamento humano,
baseado no dilogo e na solidariedade, capaz de trazer benefcios para um
clima organizacional mais humanizado. Utilizar a tecnologia do Big Data para
conhecer as pessoas, quer sejam colaboradores, clientes etc. e melhor relacionar-
se com elas um dos maiores desafios dos gestores.
Alm disso, o novo cenrio exige uma nova postura do gestor de comunicao e
informao das organizaes: flexibilidade para o aprendizado constante.
Aprender constantemente, desenvolver habilidades e competncias torna-se
essencial para transitar em uma sociedade em constante mudana. E, no contexto
do processo de aprendizado organizacional, merece destaque o papel do
profissional de Relaes Pblicas, responsvel por realizar a gesto da
informao e do conhecimento no mbito organizacional. 11 Original disponvel em: http://www.bruno-latour.fr/sites/default/files/116-CANDEA-TARDE-FR.pdf. Acesso em: 30 mar 2014.
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Para Ferrari (2009, p.140), os profissionais de Relaes Pblicas sempe tiveram
como funo ajudar as organizaes a definir a sua identidade e verificar a
percepo e sua reputao por meio dos pblicos estratgicos. Da, a importncia
do profissional desenvolver aes que possibilitem o adequado gerenciamento
dos diferentes processos de comunicao que coexistem no ambiente
organizacional. Ferrari ainda complementa destacando o seguinte: apesar de no
ser novidade para o profissional, importante e necessrio que a alta
administrao passe a considerar os fatores intangveis como os valores pelos
quais se estabelecem as diferenas da organizao diante dos seus concorrentes
(2009, p. 140). Esse posicionamento vem ao encontro da discusso que
apresentamos neste artigo, ou seja, que, por intermdio de polticas que priorizem
a valorizao do colaborador no ambiente organizacional, as empresas ficam
fortalecidas, na medida em que o pblico interno est comprometido com os
objetivos organizacionais. E a utilizao da tecnologia Big Data tem como
fundamento esse propsito.
De acordo com o exposto pela pesquisadora, o profissional de Relaes Pblicas
deve estar apto e capacitado para atuar em diferentes cenrios de mudanas. Da,
a importncia de trabalhar estrategicamente os diferentes processos e
relacionamentos que coexistem no ambiente organizacional.
Para a pesquisadora, quando o profissional de relaes pblicas analisa os
cenrios, identifica os pblicos estratgicos e d tratamento diferenciado a cada
um deles, age em sintonia com o modelo de gesto organizacional e estabelece
simetria no processo comunicacional (2009, p. 140).
Agindo dessa maneira, o profissional de Relaes Pblicas cria as condies para
que o dilogo seja estabelecido na organizao. Trata-se da busca constante do
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equilbrio no ambiente organizacional, que pode ser obtido por intermdio de
aes que valorizem o conhecimento que cada colaborador tem e que,
certamente, vai agregar valor, seja no relaes internas, seja nas externas.
Destaca-se, nesse sentido, que nos diferentes contextos competitivos o maior
desafio dos dirigentes desenvolver competncias que respondam, de forma
eficaz, s ameaas e oportunidades do dia a dia - o grande diferencial ter uma
equipe de trabalho motivada e comprometida com os objetivos e metas
organizacionais.
O profissional de Relaes Pblicas, devidamente capacitado e com perfil
proativo, pode estimular, de forma estratgica, o pblico interno das organizaes
a valorizar a construo de relacionamentos harmnicos e slidos que contribuiro
para a solidificao da imagem institucional.
Para que os objetivos e metas organizacionais sejam compartilhados e atingidos,
a atuao do profissional de relaes pblicas deve ser constante, o que vem ao
encontro dos princpios das organizaes que aprendem, das condies que so
possibilitadas para que o relacionamento interpessoal acontea de forma
harmnica e da utilizao de tecnologias inovadoras, como a do Big Data.
As informaes de carter quantitativo, obtidas com essa tecnologia, podem ser
analisadas qualitativamente pelo profissional de relaes pblicas, seja para
enriquecer o aprendizado coletivo do pblico interno das organizaes, seja para
contribuir com o alcance dos objetivos e metas.
O grande diferencial do uso dessa tecnologia transformar dados quantitativos
em qualitativos e o profissional de relaes pblicas pode ser o articulador e
gestor desse processo em ambientes de culturas organizacionais inovadoras.
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Importante observar que as tecnologias tambm acabam nos moldando medida
que fazemos uso delas em nosso cotidiano. Cabe a ns o seguinte
questionamento: o que podemos fazer melhor com o uso da tecnologia Big Data?
Quais so as fronteiras ticas de seu uso?
Algumas consideraes sobre o estudo Compreende-se que a sociedade atual passa por um momento muito peculiar em
que um bem imaterial passa a ser valorizado como moeda de troca (a informao)
chegando, inclusive, a ditar um novo modelo de produo que Castells (2002)
chama de Capitalismo informacional. Soma-se a este cenrio a constatao de
que a informao mantm estreita relao com o poder e o desenvolvimento
econmico, cultural, poltico e social de uma nao. Mais do que nunca, ter acesso
informao, saber transform-la em conhecimento aplicado e obter retorno,
torna-se um horizonte a ser perseguido, sobretudo, pelas modernas organizaes.
Compartilhar essencial quando o que est em voga o desenvolvimento das
organizaes; foi-se o tempo em que uma nica pessoa conseguia ditar o destino
de uma grande corporao.
Nesse sentido, as tecnologias digitais podem representar um grande salto em
direo a estes princpios. A emergncia da web 2.0, caracterizada
essencialmente pelo compartilhamento, demonstra que os usurios esto se
tornando cada vez mais participantes, ativos, sujeitos, colaboradores, editores e
construtores do processo. Ocorre, no entanto, que o grande desafio est
justamente em selecionar todo o contedo disponvel em funo de objetivos
previamente definidos com vistas construo de uma cultura organizacional
voltada para a aprendizagem contnua. Disso depende no apenas a longevidade
das organizaes, mas tambm o equilbrio econmico de uma nao e, por
conseguinte, impacta na qualidade de vida das pessoas que dela fazem parte.
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A realidade no isolada e tudo se conecta e se influencia mutuamente. Levando
este cenrio em conta, encarar a internet (enquanto expresso das tecnologias
digitais) como ferramenta capaz de possibilitar a construo do conhecimento
implica, necessariamente, em imprimir-lhe um vis educativo que defina seu uso
em contextos organizacionais. Sabemos, no entanto, que esta no uma soluo
definitiva, mas representa, ainda que de forma embrionria, a necessidade de
enxergar este novo momento histrico pelo qual passamos. As ideias aqui
lanadas refletem o incio de um debate que precisa (e deve) ser cotidianamente
revisto. O relacionamento interpessoal, por sua vez, precisa ser incentivado com
vistas uma comunicao horizontalizada, dialgica, que possa abrir espao para
exposio de ideias, objetivos, incertezas e expectativas. Se a maior riqueza das
modernas organizaes est justamente nas pessoas, nos Sujeitos, ento
importante alavancar as aes estratgicas com base no trip: incremento do
relacionamento humano, valorizao dos canais de comunicao dialgicos e
incentivo constante partilha de conhecimentos.
A possibilidade de utilizar a tecnologia Big Data como diferencial competitivo
torna-se um desafio maior ainda. Se a busca e utilizao de dados por intermdio
dessa tecnologia possibilitar o aprendizado coletivo, a criao de fortes vnculos
com os colaboradores e beneficiar o relacionamento interpessoal pode-se dizer,
s.m.j., que os gestores tero condies de atuar de forma mais planejada e
estratgica.
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