coleção cadernos eja - 03 economia solidária e trabalho

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Cadernos de a C O L E Ç Ã O Economia solidária e Trabalho CA04_eja_iniciais.qxd 12/15/06 10:58 AM Page 1

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Page 1: Coleção Cadernos EJA - 03 Economia Solidária e Trabalho

C a d e r n o s d e

aCO

LE ÇÃO

Economia solidária e Trabalho

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A o longo de sua história, o Brasil tem enfrentado o problema da exclusão social que

gerou grande impacto nos sistemas educacionais. Hoje, milhões de brasileiros ainda

não se beneficiam do ingresso e da permanência na escola, ou seja, não têm acesso a um

sistema de educação que os acolha.

Educação de qualidade é um direito de todos os cidadãos e dever do Estado; garantir o

exercício desse direito é um desafio que impõe decisões inovadoras.

Para enfrentar esse desafio, o Ministério da Educação criou a Secretaria de Educação

Continuada, Alfabetização e Diversidade – Secad, cuja tarefa é criar as estruturas necessárias

para formular, implementar, fomentar e avaliar as políticas públicas voltadas para os grupos

tradicionalmente excluídos de seus direitos, como as pessoas com 15 anos ou mais que não

completaram o Ensino Fundamental.

Efetivar o direito à educação dos jovens e dos adultos ultrapassa a ampliação da oferta

de vagas nos sistemas públicos de ensino. É necessário que o ensino seja adequado aos que

ingressam na escola ou retornam a ela fora do tempo regular: que ele prime pela qualidade,

valorizando e respeitando as experiências e os conhecimentos dos alunos.

Com esse intuito, a Secad apresenta os Cadernos de EJA: materiais pedagógicos para o

1.º e o 2.º segmentos do ensino fundamental de jovens e adultos. “Trabalho” será o tema da

abordagem dos cadernos, pela importância que tem no cotidiano dos alunos.

A coleção é composta de 27 cadernos: 13 para o aluno, 13 para o professor e um com

a concepção metodológica e pedagógica do material. O caderno do aluno é uma coletânea

de textos de diferentes gêneros e diversas fontes; o do professor é um catálogo de ativi-

dades, com sugestões para o trabalho com esses textos.

A Secad não espera que este material seja o único utilizado nas salas de aula. Ao con-

trário, com ele busca ampliar o rol do que pode ser selecionado pelo educador, incentivan-

do a articulação e a integração das diversas áreas do conhecimento.

Bom trabalho!

Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade – Secad/MEC

Apresentação

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Sumário

TEXTO Subtema

1. A revolução dos bichosRelicostumes 6

2. A força está com elas 14

3. A parte de cada um Diversidades regionais 17

4. Assembléia na carpintaria Maturidade social 18

5. Construindo pontesMiscigenação 20

6. Solidariedade Crítica social 23

7. O rio e o oceano Trabalhadores 24

8. Mãos dadas Cultura suburbana 26

9. O estatuto da cooperativaa luta dos negros 27

10. Associação ou cooperativa? Ambiente de trabalho 28

11. Planejamento estratégico Identidade nacional 31

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12. O que é cooperação? Ambiente de trabalho 36

13. Receita de organização Índios do Brasil 38

14. AutogestãoImigração e culinária 42

15. Valores convergentes Direitos civis 44

16. Cooperativas problemas mais graves com a legislação 46

17. O banqueteÍndios do Brasil 49

18. Doce futuro no sertão do Piauí 50

19. A administração de uma cooperativa Olhos da alma 52

20. Construyendo una otra economía Arte culinária 54

21. Trabalho e cooperação na origem do ser humanoArte culinária 56

22. Social economy: a 3_rd sector in economiesArte culinária 58

23. Passo-a-passo para abrir uma cooperativa Arte culinária 60

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TEXTO 1

CAPÍTULO I

O senhor Jones, proprietário da Granja do Solar, fechou o gali-nheiro à noite, mas estava bêbado demais para lembrar-se de fechartambém as vigias. Com o facho de luz da sua lanterna balan-çando de um lado para o outro, atravessou cambaleante opátio, tirou as botas na porta dos fundos, tomou um últi-mo copo de cerveja do barril que havia na copa, e foipara a cama, onde sua mulher já ressonava.

Tão logo apagou-se a luz do quarto, houve umgrande alvoroço em todos os galpões da granja. Corre-ra, durante o dia, o boato de que o velho Major, umporco que já se sagrara grande campeão numa expo-sição, tivera um sonho muito estranho na noiteanterior e desejava contá-lo aos outros animais.Haviam combinado encontrar-se no celeiro, assimque Jones se retirasse. O velho Major (chamavam-

A REVOLUÇÃODOS BICHOSNesse livro o autor faz uma forte crítica à Revolução Soviética de1917. Ao mesmo tempo, mostra as duras condições de trabalhoe de vida que geraram a revolta popular. O recurso de apresen-tar personagens de animais que falam e se comportam comohumanos é muito usado na literatura e na cultura de massa. Nocaso deste texto, quem são os porcos? Quem são os homens? Qualserá o destino da Granja dos Bichos? Procure o livro em umabiblioteca e saiba o final dessa interessante história.

George Orwell

Sistemas pol í t icos

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no assim, muito embora ele houvesse comparecido à expo-sição com o nome de “Beleza de Willingdon”) gozava detão alto conceito, na granja, que todos estavam dispos-tos a perder uma hora de sono só para ouvi-lo.

Ao fundo do grande celeiro, sobre uma espécie deestrado, estava o Major refestelado em sua cama de

palha, sob um lampião que pendia de uma viga. Comdoze anos de idade, já bastante corpulento, era ainda um

porco de porte majestoso, com um ar sábio e benevolente, adespeito de suas presas jamais terem sido cortadas. Os outrosanimais chegavam e punham-se a cômodo, cada qual a seu

modo. Os primeiros foram os três cachorros, Ferrabrás, Lulu e Cata-vento, depois os porcos, que se sentaram sobre a palha, em frente aoestrado. As galinhas empoleiraram-se nas janelas, as pombasvoaram para os caibros do telhado, as ovelhas e as vacas deitaram-se atrás dos porcos e ali ficaram a ruminar. Os dois cavalos detração, Sansão e Quitéria, chegaram juntos, andando lentamente epousando no chão os enormes cascos peludos, com grande cuidadopara não machucar qualquer animalzinho porventura oculto napalha. Quitéria era uma égua volumosa, matronal, já chegada àmeia-idade, cuja silhueta não mais se recompusera após o nasci-mento do quarto potrinho. Sansão era um bicho enorme, de quaseum metro e noventa de altura, forte como dois cavalos. A mancha

branca do focinho dava-lhe um certo ar de estupidez e, real-mente, não tinha lá uma inteligência de primeira ordem,

embora fosse grandemente respeitado pela retidãode caráter e pela tremenda capacidade de

trabalho. Depois dos cavalos, chegaramMaricota, a cabra branca, e Benjamim,

o burro. Benjamin era o animal maisidoso da fazenda, e o mais mode-

rado. Raras vezes falava e,normalmente, quando o fazia,era para emitir uma observa-

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ção cínica – para dizer, por exemplo, que Deus lhe dera uma caudapara espantar as moscas e que, no entanto, seria mais do seu agra-do não ter nem a cauda nem as moscas. Era o único dos animaisque nunca ria. Quando lhe perguntavam por que, respondia nãover motivo para riso. Não obstante, sem que o admitisse aberta-mente, tinha certa afeição por Sansão; normalmente passavam osdomingos juntos no pequeno potreiro existente atrás do pomar,pastando lado a lado em silêncio.

(...)Quando o Major os viu bem acomodados e aguardando atenta-

mente, limpou a garganta e começou:— “Camaradas, já ouvistes, por certo, algo a respeito do

estra-nho sonho que tive na noite passada. Entretanto, falarei dosonho mais tarde. Antes, as coisas a dizer. Sei, camaradas, quenão estarei convosco por muito tempo e antes de morrer consi-dero uma obrigação transmitir-vos o que tenho aprendido sobreo mundo. Já vivi bastante e muito tenho refletido na solidão daminha pocilga. Creio poder afirmar que compreendo a naturezada vida sobre esta terra, tão bem como qualquer outro animal. Ésobre isso que desejo falar-vos.

— Então, camaradas, qual é a natureza da nossa vida? Enfren-temos a realidade: nossa vida é miserável, trabalhosa e curta. Nasce-mos, recebemos o mínimo de alimento necessário para continuarrespirando e os que podem trabalhar são forçados a fazê-lo até aúltima parcela de suas forças; no instante em que nossa utilidadeacaba, trucidam-nos com hedionda crueldade. Nenhum animal, naInglaterra, sabe o que é felicidade ou lazer, após completar um anode vida. Nenhum animal, na Inglaterra, é livre. A vida de um animalé feita de miséria e escravidão: essa é a verdade nua e crua.

(...)O Homem é a única criatura que consome sem produzir. Não

dá leite, não põe ovos, é fraco demais para puxar o arado, não correo suficiente para alcançar uma lebre. Mesmo assim, é o senhor detodos os animais. Põe-nos a trabalhar, dá-nos de volta o mínimo

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para evitar a inanição e fica com o restante. Nosso trabalho ama-nha o solo, nosso estrume o fertiliza e, no entanto, nenhum de nóspossui mais do que a própria pele. As vacas, que aqui vejo à minhafrente, quantos litros de leite terão produzido este ano? E que acon-teceu a esse leite, que deveria estar alimentando robustos bezerri-nhos? Desceu pela garganta dos nossos inimigos. E as galinhas,quantos ovos puseram este ano, e quantos se transformaram empintinhos? Os restantes foram para o mercado, fazer dinheiro paraJones e seus homens. E você, Quitéria, diga-me onde estão osquatro potrinhos que deveriam ser o apoio e o prazer da sua velhi-ce? Foram vendidos com a idade de um ano – nunca você tornará avê-los. Como paga pelos seus quatro partos e por todo o seu traba-lho no campo, que recebeu você, além de ração e baia?

Mesmo miserável como é, nossa vida não chega ao fim de modonatural. Não me queixo por mim que tive até muita sorte. Estoucom doze anos e sou pai de mais de quatrocentos porcos. Isto é avida normal de um varrão. Mas, no fim, nenhum animal escapa aocutelo. Vós, jovens leitões que estais sentados à minha frente, nãoescapareis de guinchar no cepo dentro de um ano. Todos chegare-mos a esse horror, as vacas, os porcos, as galinhas, as ovelhas, todos.Nem mesmo os cavalos e os cachorros escapam a esse destino. Você,Sansão, no dia em que seus músculos fortes perderem a rigidez,Jones o mandará para o carniceiro e você será degolado e fervidopara os cães de caça. Quanto aos cachorros, depois de velhos edesdentados, Jones amarra-lhes uma pedra ao pescoço e joga-os naprimeira lagoa.

Não está, pois, claro como água, camaradas, que todos os malesda nossa existência têm origem na tirania dos seres humanos? Bastaque nos livremos do Homem para que o produto de nosso trabalhoseja somente nosso. Praticamente, da noite para o dia, poderíamosnos tornar ricos e livres. Que fazer? Trabalhar dia e noite, de corpoe alma, para a derrubada do gênero humano. Esta é a mensagemque eu vos trago, camaradas: Revolução! Não sei quando sairá estaRevolução, pode ser daqui a uma semana, ou daqui a um século,

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mas uma coisa eu sei, tão certo quanto o ter eu palha sob meuspés: mais cedo ou mais tarde, justiça será feita. Fixai, camaradasisso, para o resto de vossas curtas vidas! E, sobretudo, transmitiessa minha mensagem aos que virão depois de vós, para que asfuturas gerações prossigam na luta, até a vitória.

(...)“E agora, camaradas, vou contar-vos o sonho que tive a noite

passada. Não sei como explicá-lo. Foi um sonho sobre como será omundo quando o Homem desaparecer.”

Daí a três noites faleceu o velho Major, tranqüilamente, duran-te o sono. Seu corpo foi enterrado no fundo do pomar.

Salientavam-se, entre os bichos, dois jovens varrões, Bola-de-Neve e Napoleão, que o Sr. Jones criava para vender.

(...)Muitos líderes ainda lutaram os porcos para neutralizar as menti-

ras espalhadas por Moisés, o corvo doméstico. Moisés, bicho de esti-mação do Jones, era um espião linguarudo, mas também hábil naconversa. Afirmava a existência de uma região misteriosa, “Monta-nha de Açúcar”, para onde iam os animais após a morte. Essa monta-nha estava situada em algum lugar do céu, pouco acima das nuvens,segundo dizia Moisés. Na Montanha de Açúcar, os sete dias da sema-na eram domingo, o campo floria o ano inteiro, e cresciam torrõesde açúcar e bolos de linhaça nas sebes. Os animais detestavamMoisés, porque vivia contando histórias e não trabalhava, porémalguns acreditavam na Montanha de Açúcar e os porcos tiveram gran-de trabalho para convencê-los de que tal lugar não existia.

(...)Afinal, a Revolução ocorreu muito mais cedo e mais facilmente

do que se esperava. Jones fora, no passado, um patrão duro, porémeficiente. Agora estava em decadência. Desestimulado com a perdade dinheiro numa ação judicial, dera para beber bastante além doconveniente. Às vezes, passava dias inteiros recostado em sua cadei-ra de braços, na cozinha, lendo os jornais, bebendo e dando aMoisés cascas de pão molhadas na cerveja. Seus peões eram vadios

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e desonestos, o campo estava coberto de erva daninha, os galpõesnecessitavam de telhas novas, as cercas estavam abandonadas e osanimais andavam mal alimentados.

Junho chegou, e o feno estava quase pronto para o corte. Nodia 23 de junho, um sábado, Jones foi a Willingdon e bebeu tantono Leão Vermelho, que só regressou ao meio-dia de domingo. Oshomens ordenharam as vacas de manhã cedo e saíram para caçarlebres, sem se preocuparem com a alimentação dos animais. Aovoltar, Jones foi dormir no sofá da sala com o News of the Worldsobre o rosto; portanto, ao cair da tarde, os animais ainda não ha-viam comido. Aquilo foi insuportável. Uma das vacas rebentou achifradas a porta do depósito e os bichos avançaram sobre o alimen-to. Nesse momento, Jones acordou. Num instante, ele e seus ho-mens estavam no depósito com os chicotes na mão, batendo a tortoe a direito. Isso ultrapassou a tudo quanto os animais famintos po-diam suportar. De comum acordo, muito embora nada tivesse sidoanteriormente planejado, lançaram-se sobre seus verdugos. Jones eos homens viram-se de repente marrados e escoiceados por todosos lados. A situação lhes fugira ao controle. Jamais haviam visto osanimais portarem-se daquela maneira, e a súbita revolta de cria-turas a quem estavam acostumados a surrar e maltratar à vontade,apavorou-os. Em poucos instantes, desistiram de defender-se ederam o fora. Um minuto depois, os cinco voavam pela trilha rumoà estrada principal, com os bichos a persegui-los triunfantes.

A mulher de Jones olhou pela janela do quarto, viu o que acon-tecia, reuniu às pressas alguns haveres dentro de uma bolsa depano e escapuliu da granja por outro caminho. Moisés levantouvôo do poleiro e bateu asas atrás dela, grasnando ruidosamente.Enquanto isso, os bichos haviam posto Jones e os peões para forada granja, fechando atrás deles a porteira das cinco barras. E assim,antes de perceberem o que sucedera, a Revolução estava feita.Jones fora expulso e a Granja do Solar era deles.

(...)Em curto tempo, os bichos destruíram tudo quanto lhes recor-

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dava Jones. Napoleão conduziu-os de volta ao depósito de forra-gem e serviu uma ração dupla de cereais para todo mundo, comdois biscoitos para cada cachorro. Depois cantaram “Bichos daInglaterra” de ponta a ponta, sete vezes, uma atrás da outra, deita-ram-se e dormiram como nunca.

(...)Os porcos revelaram que durante os últimos três meses haviam

aprendido a ler e escrever, num velho livro de ortografia dos filhosde Jones, que fora jogado no lixo. Napoleão mandou buscar latasde tinta preta e branca e conduziu-os até a porteira das cinco barrasque dava para a estrada principal. Então, Bola-de-Neve (que eraquem escrevia melhor) pegou o pincel entre as juntas da pata,apagou o nome GRANJA DO SOLAR do travessão superior e, emseu lugar, escreveu GRANJA DOS BICHOS. Seria esse o nome dagranja daquele momento em diante. Depois disso, voltaram para ascasas da granja; Bola-de-Neve e Napoleão mandaram buscar umaescada e ordenaram que fosse encostada à parede do fundo doceleiro grande. Explicaram que, segundo os estudos que haviamfeito nos últimos três meses, era possível resumir os princípios doAnimalismo em Sete Mandamentos. Esses Sete Mandamentos, queseriam agora escritos na parede, constituiriam a lei inalterável pelaqual a Granja dos Bichos deveria reger sua vida a partir daqueleinstante, para sempre.

Com alguma dificuldade (pois não é fácil um porco equili-brar-se numa escada de mão), Bola-de-Neve subiu e começou atrabalhar, enquanto Garganta, alguns degraus abaixo, segurava alata de tinta. Os Mandamentos foram escritos na parede alca-troada em grandes letras brancas que podiam ser lidas a muitosmetros de distância. Eis o que dizia o letreiro:

OS SETE MANDAMENTOS

1. Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo.2. Qualquer coisa que ande sobre quatro pernas, ou tenha

asas, é amigo.

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3. Nenhum animal usará roupas.4. Nenhum animal dormirá em cama.5. Nenhum animal beberá álcool.6. Nenhum animal matará outro animal.7. Todos os animais são iguais.

— E agora, camaradas — disse o leitão Bola-de-Neve, deixan-do cair o pincel, ao campo de feno! É uma questão de honra reali-zar a colheita em menos tempo do que Jones e seus homens.

Nesse momento, porém, as vacas, que já vinham dando sinaisde inquietação, começaram a mugir. Havia vinte e quatro horas quenão eram ordenhadas e estavam com os úberes quase estourando.Depois de alguma reflexão, os porcos pediram baldes e ordenha-ram as vacas com relativo êxito, pois seus cascos adaptavam-se bemà tarefa. Em breve obtinham cinco baldes de um leite espumante ecremoso, que muitos bichos olharam com considerável interesse.

— Que vamos fazer com esse leite? — perguntou alguém.— Jones às vezes misturava um pouco ao nosso farelo — disse

uma galinha.— Não se preocupem com o leite, camaradas! — gritou Napo-

leão, postando-se à frente dos baldes.— Nós trataremos desse assunto. A colheita é mais importante.

O camarada Bola-de-Neve os conduzirá.Eu seguirei dentro de alguns minutos. Avante, camaradas! O

feno está à espera. Os animais marcharam rumo ao campo de feno, para o início

da colheita, e quando voltaram, à tardinha, notaram que o leitehavia desaparecido.

(...)

George Orwell é o pseudônimo de Erick Arthur Blair (25-06-1903 a 21-01-1950). Nasceu em Bengala,Índia inglesa, e morreu em Londres. Toda sua obra madura traduz seu desencanto com o stalinismo, queele considerava uma traição à causa socialista.Fonte P A Revolução dos Bichos, de GEORGE ORWELL. Editora Globo, 2000., 1.ed.

Economia Solidária e Trabalho • 13

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Organização soc ia l femininaTEXTO 2

Foto: Mônica Zarattini / AE

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A FORÇA ESTÁCOM ELAS

“Em Santa Fé um grupo de 26 amigas mantêm viva uma tradiçãosecular: o fabrico da farinha de mandioca e do polvilho.”

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Economia Solidária e Trabalho • 15

Faltava pouco para as três da manhãquando o dia já havia começado paraMaria. Como faz há vinte anos, le-

vantou, coou o café e seguiu para o tra-balho que só terminaria quinze horas de-pois, às cinco da tarde. Precisa esse tempotodo para, junto com doze colegas, des-cascar uma “montanha” com 2 mil quilosde mandioca que, depois de lavadas, rala-das e torradas, se transformam em 150quilos de farinha.

A dura rotina de Maria, porém, nãoapaga de seu rosto o ar de alegria e felici-dade, pelo simples fato de estar vivendo.Maria Alves dos Santos, 47 anos, duasfilhas e três netos, foi desenganada pelamedicina, mas não se entregou, mesmotendo feito oito cirurgias e ter de convivercom o mal de Chagas e a disritmia. Quan-do a dor vence sua obstinação pela produ-ção de farinha, ela pára e vai costurar emcasa. Mas, já que não pode carregar peso,carrega a certeza de que o trabalho é omelhor remédio para mantê-la de pé.

A história de Maria não é exclusiva,há outras bem parecidas no seu grupo de26 amigas que mantêm viva uma tradi-ção secular: a fabricação da farinha demandioca e do polvilho. Enquanto traba-lham, contam histórias, dão boas risadase vão tocando a vida. Juntas, formam aAssociação das Mulheres de Santa Fé,

cidadezinha com pouco mais de 7 milhabitantes, a 260 km de Goiânia.

Incentivadas por uma freira dominicana,há vinte anos as mulheres começaram a sereunir para estudar os ensinamentos bíblicose acabaram criando a escola Troca de Saber.Pensaram em alguma atividade que dessedinheiro, e começaram a fazer colchas deretalho. Sem recursos para iniciar a produ-ção, buscaram doações na comunidade locale receberam apoio de organizações interna-cionais que doaram máquinas e tecido.

Mas, mesmo com toda a dedicação, atentativa esbarrou na falta de prática dasassociadas e no fraco mercado para oproduto. Levavam até uma semana paraproduzir uma colcha e, nos três primeirosanos, não tiveram nenhum lucro. Foi então

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Texto 2 / Organização soc ia l feminina

que surgiu a idéia da farinha, já que todassabiam como se fazia. Em mutirão, cons-truíram um rancho de palha e chão batidoe lá fincaram as raízes da associação.Naquele tempo, a idéia de se trabalhar emparceria era vista como subversiva, e elasnão contavam nem com a simpatia dospróprios maridos. Contudo, a amizadeentre elas se fortaleceu, e a associaçãoganhou respeito.

Convívio familiar

Assim, as mulheres de Santa Fé come-çaram a tirar da farinha não só o sustento,mas um ideal de vida. As jovens obstinadasda década de 1980 casaram, tiveram filhos,netos, mas não arredaram o pé do trabalhocomunitário. Como em um formigueiro,cada uma sabe muito bem da sua missão,num verdadeiro exemplo de como viver emharmonia numa comunidade.

A primeira ata da associação é motivo deorgulho para as mulheres da comunidade.

Agora as mulheres de Santa Fé que-rem conquistar novos horizontes e para issoprocuraram ajuda de pessoas que enten-dem de administração de empresa, pois olucro atual ainda é muito baixo. Para se teridéia, num determinado mês em que a re-

ceita líquida foi de R$ 150, o conserto deum triturador custou-lhes R$ 210.

A receita é resultante da venda daprodução de farinha e polvilho. Cada asso-ciada leva sua parte, em dinheiro ouproduto, e a associação fica com 10% daprodução para custear as despesas. Aprefeitura paga as contas de água e ener-gia elétrica, num total de R$ 400. Como aassociação não tem terreno para o cultivo,compra a mandioca de produtores daregião, a R$ 0,08 o quilo, ou então pega àmeia – produz e divide a farinha pelametade com o produtor. A Maria na nossahistória, por exemplo, comprou uma cargade mandioca por R$ 85,00. Três semanasdepois, recebeu 45 kg de farinha e 60 litrosde polvilho, que lhe renderam R$ 135,00.

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Revista SEBRAE n. 7 nov.-dez./2002, seção "Uma história de vida",disponível em http://www.sebrae.com.br/revistasebrae/07/index.htm

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Vida sol idár ia

Houve um incêndio na floresta e enquanto todos os bichos cor-riam apavorados, um pequeno beija-flor ia do rio para o incên-dio levando gotinhas de água em seu bico. O leão, vendo aqui-

lo, perguntou para o beija-flor: “Ô, beija-flor, você acha que vaiconseguir apagar o incêndio sozinho?”. E o beija-flor respondeu:“Eu não sei se vou conseguir, mas estou fazendo a minha parte”.

Fonte P “O beija-flor”, fábula de domínio público utilizada por Betinho como metáfora de solidariedade.Extraído de http://www.riovoluntario.org.br/trofeu/trofeu2000.html

Economia Solidária e Trabalho • 17

A PARTE DE CADA UM

TEXTO 3

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Contam que na carpintaria houve uma vez uma estranhaassembléia.

Foi uma reunião de ferramentas para acertar suas diferenças. Um martelo exerceu a presidência, mas os participantes

lhe notificaram que teria que renunciar.A causa?Fazia demasiado barulho; e, além do mais, passava todo o

tempo golpeando.O martelo aceitou sua culpa, mas pediu que também fosse

expulso o parafuso, dizendo que ele dava muitas voltas paraconseguir algo.

Diante do ataque, o parafuso concordou, mas por sua vez,pediu a expulsão da lixa. Dizia que ela era muito áspera notratamento com os demais, entrando sempre em atritos.

ASSEMBLÉIA

NA CARPINTARIAFábula sobre os dons de cada um e a vantagem das associações

Sistemas Pol í t icosTEXTO 4

• Economia Solidária e Trabalho18

Autor desconhecido

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A lixa acatou, com a condição de que se expulsasse ometro que sempre media os outros segundo a sua medida,como se fora o único perfeito.

Nesse momento, entrou o carpinteiro, juntou o material einiciou o seu trabalho. Utilizou o martelo, a lixa, o metro e oparafuso.

Finalmente, a rústica madeira se converteu num finomóvel.

Quando a carpintaria ficou novamente só, a assem-bléia reativou a discussão.

Foi então que o serrote tomou a palavra edisse: “Senhores, ficou demonstrado que temosdefeitos, mas o carpinteiro trabalha comnossas qualidades, com nossos pontos valio-sos. Assim, não pensemos em nossos pontos

fracos, e concentremo-nos em nossos pontosfortes.”

A assembléia entendeu que o martelo era forte, o parafu-so unia e dava força, a lixa era especial para limar e afinarasperezas, e o metro era preciso e exato.

Sentiram-se então como uma equipe capaz de produzirmóveis de qualidade.

Sentiram alegria pela oportunidade de trabalhar juntos.Ocorre o mesmo com os seres humanos. Basta observar ecomprovar.

Quando uma pessoa busca defeitos em outra, a situaçãotorna-se tensa e negativa; ao contrário, quando se busca comsinceridade os pontos fortes dos outros, florescem as melho-res conquistas humanas.

É fácil encontrar defeitos, qualquer um pode fazê-lo.Mas encontrar qualidades... isso é só para os sábios!!!!

Economia Solidária e Trabalho • 19

Extraído de www.paralerepensar.com.br/assembleia_na_carpintaria.htm

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Certa vez, dois irmãos que moravam em fazendas vizinhas, sepa-radas apenas por um riacho, entraram em conflito. Foi a primei-ra grande desavença em toda uma vida trabalhando lado a lado,

repartindo as ferramentas e cuidando um do outro.Durante anos percorreram uma estreita, porém, comprida estra-

da que corria ao longo do rio para, ao final de cada dia, poder atra-vessá-lo e desfrutarem um da companhia do outro. Apesar do cansa-ço, faziam-no com prazer, pois se amavam. Mas agora tudo haviamudado. O que começara com um pequeno mal entendido finalmen-te explodiu numa troca de palavras ríspidas, seguidas por semanasde total silêncio.

Numa manhã, o irmão mais velho ouviu baterem à sua porta. Aoabri-la, um homem com uma caixa de ferramentas de carpinteiro namão, disse:

– Estou procurando trabalho, talvez você tenha algum serviço paramim.

– Sim! – disse o fazendeiro – tenho um trabalho para você. Olheaquela fazenda além do riacho. É de meu vizinho, na verdade, meuirmão mais novo. Brigamos e eu não o suporto mais. Está vendoaquela pilha de madeira perto do celeiro? Quero que você construa

Vidas so l idár iasTEXTO 5

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Duas fábulas sobre a magia de fazer boas obras

CONSTRUINDO PONTES

Ilust

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uma cerca bem alta ao longo do rio para que eu não maisprecise vê-lo.

– Acho que entendi a situação – disse o carpinteiro. – Mostre-meonde estão o martelo e os pregos que farei um trabalho que o deixarásatisfeito.

Como precisava ir à cidade, o irmão mais velho ajudou o carpin-teiro a encontrar o material e partiu. O homem trabalhou duro duran-te todo o dia medindo, cortando e pregando.

Já anoitecia quando terminou a obra, ao mesmo tempo em que ofazendeiro retornava. Porém, seus olhos não podiam acreditar no queviam. Não havia cerca alguma! Em seu lugar tinha uma ponte ligandoum lado ao outro do riacho. Era realmente um belo trabalho, mas,enfurecido, o fazendeiro exclamou:

– Você é muito insolente em construir esta ponte depois de tudoque lhe contei!

No entanto, as surpresas não haviam terminado. Ao erguer osolhos para a ponte de novo, viu o irmão aproximando-se da outramargem, correndo com os braços abertos. Cada qual ficou imóvel poralguns instantes de seu lado do rio, quando, num impulso, correramum em direção do outro, abraçando-se e chorando quando se encon-traram no meio da ponte. Emocionados, viram o carpinteiro arruman-do suas ferramentas para partir.

– Não, espere! – disse o mais velho – Fique conosco mais algunsdias, tenho mais trabalho para você.

Então o carpinteiro respondeu:– Adoraria ficar, mas, tenho muitas outras pontes para construir.

ATÉ O FIMO velho carpinteiro tinha planos de largar o trabalho de constru-

ção de casas e viver uma vida mais tranqüila com a família. Claro queiria sentir falta do salário, mas preferia se aposentar.

Economia Solidária e Trabalho • 21

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O patrão sentiu em saber que perderia um de seus melhoresempregados, então, pediu-lhe que construísse uma última casa comoum favor especial. O carpinteiro concordou, mas não era difícil obser-var que seus pensamentos não estavam concentrados no trabalho.Ele não se empenhou no serviço e usou mão-de-obra e materiais dequalidade inferior. Foi um jeito lamentável de encerrar a carreira.

Quando o terminou, o patrão, depois de inspecionar a casa,pegou a chave da porta principal e a entregou ao carpinteiro dizen-do “Esta é a sua casa, é meu presente pra você”.

Que choque! Que vergonha! Se o carpinteiro soubesse que esta-va construindo sua própria casa, teria feito completamente diferen-te, não teria relaxado. Agora ele iria morar numa casa construída dequalquer jeito por ele mesmo.

Assim acontece conosco. Construímos nossas vidas de mododistraído, reagindo mais do que agindo, colocando menos em vezde colocar o melhor. Nos assuntos importantes não empenhamosnosso melhor esforço. Então, em choque, olhamos para a situaçãoque nós mesmos criamos e vemos que estamos morando na casaque nós mesmos construímos. Se soubéssemos, teríamos feito demodo diferente...

Pense como o carpinteiro pensaria se soubesse que estavaconstruindo a sua própria casa. Pense sobre sua casa. Cada diavocê martela um prego novo, coloca uma armação ou levantauma parede. Construa sabiamente. É a única vida que você cons-truirá. Mesmo que tenha somente mais um dia de vida, este diamerece ser vivido com graça e dignidade. Na placa essá escrito:“A vida é um projeto de faça você mesmo”. A vida de hoje é oresultado de atitudes e escolhas feitas no passado. A vida deamanhã será o resultado de atitudes e escolhas feitas hoje.

Texto 5 / Vidas so l idár ias

• Economia Solidária e Trabalho22

Extraído do site www.metaforas.com.br

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“Solidários, somos gente;Solitários, somos peças.De mão dadas, somos força;Desunidos, impotência.Isolados, somos ilha;Juntos, somos continente.Inconscientes, somos massa;Reflexivos, somos grupo.Organizados, somos pessoas;Sem organização, somos objetos de lucro.Em equipe, ganhamos, libertamo-nos;Individualmente, perdemos, continuamos

presos.

Participando, somos povo;Marginalizando-nos, somos rebanho.Unidos, somos soma;Na massa, somos número.Dispersos, somos vozes no deserto;Agrupados, fazemo-nos ouvir.Amontoando palavras, perdemos tempo;“Com ações concretas, construímos

sempre”.

Economia Solidária e Trabalho • 23

SOLIDARIEDADEUm chamado à união

Causas colet ivasTEXTO 6

Extraído de http://www.gdfsige.df.gov.br/Modelos/Mod16/Default.Asp?EW=114&CL=422&EF=sq_cliente=422&IN=930

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Fi losof ia soc ia lTEXTO 7

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Diz-se que, mesmo antes de um rio cair no oceano eletreme de medo. Olha para trás, para toda a jornada, os cumes, asmontanhas, o longo caminho sinuoso através das flo-restas, através dos povoados, e vê à sua frente umoceano tão vasto que entrar nele nada mais é do quedesaparecer para sempre.Mas não há outra maneira.O rio não pode voltar.Ninguém pode voltar.Voltar é impossível na existência.Você pode apenas ir em frente.O rio precisa se arriscar e entrar no oceano.E somente quando ele entra no oceano é que o medodesaparece.Porque apenas então o rio saberá que não se trata dedesaparecer no oceano, mas tornar-se oceano.Por um lado é desaparecimento e por outro lado érenascimento.

Extraído de http://www.artemanhas.iter.com.br/rio_e_oceano/rio_e_o_oceano.htm

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“...Não serei o poeta de um mundo caduco.Também não cantarei o mundo futuro.Estou preso à vida e olho meus companheiros.Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.Entre eles, considero a enorme realidade.O presente é tão grande, não nos afastemos.Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.”

Extraído do livro Alguma Poesia, 1930.

MÃOS DADASCarlos Drummond de Andrade

Vida sol idár iaTEXTO 8

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TEXTO x

Economia Solidária e Trabalho • 27

Éo documento que determina as fun-ções dos diversos setores da coopera-tiva. Ele contém as normas gerais de

administração, objeto, funcionamento eoutras tantas regras do interesse dos coo-perados.

Antes da Lei cooperativista 5.764 de1971, havia um modelo padrão de Estatu-to. Depois da Constituição de 1988, são asassembléias das cooperativas que definemos seus estatutos. Mesmo assim, algunsitens devem, obrigatoriamente, constar nosEstatutos, como:

Nome da cooperativa, tipo de enti-dade, prazo de duração, sede e foro,

área de ação, objeto da sociedade e fixa-ção do exercício social.

Os direitos e deveres dos associados, anatureza de suas responsabilidades e

as condições de admissão, demissão, elimi-nação e exclusão destes e, as normas parasua representação nas assembléias gerais.

O capital mínimo, valor da cota-parte,o número de cotas-partes a ser subscri-

to pelo associado, o modo de inte-gralização, bem como as condições desua retirada. A forma de devolução dassobras ou rateio das perdas apuradas.

O modo de administração e fiscali-zação, estabelecendo os respectivos

órgãos e definindo suas atribuições, a repre-sentação ativa e passiva da sociedade emjuízo e fora dele, o prazo de mandato, bemcomo o processo de substituição dos adminis-tradores e conselheiros fiscais.

As formalidades de convocação dasAssembléias e a maioria necessária

para sua instalação, seu funcionamento ea validade de suas deliberações.

Os casos e formas de dissolução dasociedade e destino do patrimônio nes-

ses casos.

Casos de reforma nos estatutos, e quan-do este entra em vigor.

O ESTATUTO DACOOPERATIVA

Organização soc ia l

Extraído e adaptado do texto Curso Básico de Cooperativismo daIncubadora Tecnológica de Cooperativas Populares e Autogestão da Universidade Federal do Ceará.

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TEXTO 9

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ASSOCIAÇÃO OU COOPERATIVA?

• Economia Solidária e Trabalho28

Organização do t rabalhoTEXTO 10

Segundo a lei 5.764, de 16/12/71, a cooperativaé: “uma sociedade de pessoas, com forma enatureza jurídica próprias, de natureza civil,não sujeita a falência, constituída para prestar serviços aos associados”

Uma cooperativa é uma associação vo-luntária de, no mínimo, 20 pessoas,sem fins lucrativos, porém com fins

econômicos, que exercem uma mesma ati-vidade para realizar objetivos comuns. Paratanto, contribuem eqüitativamente para aformação do capital necessário adquirindocotas e aceitando assumir de forma iguali-tária os riscos e benefícios do empreendi-mento. É regida pelo princípio democráti-co: “cada pessoa um voto”. Os excedentesou sobras são distribuídos na proporção dotrabalho de cada cooperado.

A cooperativa é ao mesmo tempo umaentidade social (um empreendimento fi-nanciado, administrado e controlado co-letivamente) a serviço de seus associadose uma empresa, que tem que ser eficientee eficaz.

As empresas cooperativas baseiam-seem valores de ajuda mútua, solidariedade,democracia e participação. Tradicional-mente, acreditam nos valores éticos dehonestidade, responsabilidade social epreocupação com seus semelhantes.

Quando montar

Uma cooperativa pode ser a soluçãotoda vez que:• Houver um mínimo de 20 trabalha-

dores envolvidos no processo e cominteresses comuns ou semelhantes; e,naturalmente, consumidores para osseus produtos.

• O empreendimento dessas pessoas tiveruma finalidade mercantil, isto é, visar aum mercado como, por exemplo, pro-dução, prestação de serviços, compra

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de determinados bens ou mercadorias,comercialização de determinados pro-dutos etc.;

• Todo o grupo tiver entendido os princí-pios e fundamentos do cooperativismo e,sobretudo, a mudança comportamental, einterrelacionamento grupal.

Quando o empreendimento envolverpoucas pessoas, talvez a melhor soluçãoseja montar uma empresa. Quando o em-

preendimento, envolvendo muitas pessoas,tiver uma finalidade mais social, a melhorsolução pode ser a associação.

Associações e cooperativas

Comparando associações e cooperati-vas, o que se deve ressaltar é que as duasiniciativas têm finalidades completamentedistintas. A associação tem como finalidadea promoção, educação e assistência social

Economia Solidária e Trabalho • 29

Cooperativa de artesanatode sisal e cortume nomunicípio de Valente (BA)

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e, nesse sentido, cumpre um importantepapel. A finalidade da cooperativa, mesmoque tenha as mesmas intenções da associa-ção, é viabilizar o negócio produtivo.

Por isso, quando se deseja reunirpessoas e levar adiante uma atividade so-cial, o certo é fazer a associação. Quandose pretende desenvolver uma atividadecomercial de forma coletiva e retirar delao próprio sustento, a forma mais adequa-da é a cooperativa.

Duas grandes vantagens:

1 – Os associados são os “donos” da ini-ciativa e, portanto, também dos ganhose do patrimônio da mesma. Com isso,têm mais possibilidade de se afirmaremeconomicamente, sem depender dospatrões ou do Estado.

Na associação, os associados não sãoefetivamente os seus “donos”. Eles são osque mandam, mas tanto a atividade quan-to o patrimônio e os ganhos eventualmen-te obtidos, pertencem à sociedade.2 – Como as cooperativas se destinam abeneficiar exatamente as pessoas quedesenvolvem a atividade produtiva dasmesmas, essas pessoas podem receberpagamento por isso, sem que haja víncu-lo empregatício, porque assim seriamempregados de si mesmos.

Na associação, caso os associadosdesenvolvam uma atividade produtiva erecebam pagamento por isso, continuam

sendo associados, mas são tambémempregados da associação, com todas asobrigações e direitos. No entanto, quan-do a associação comercializa os produtosdeixados pelos associados em consigna-ção, essa regra não se aplica, pois a asso-ciação estará somente prestando um ser-viço aos associados (contanto que issoesteja previsto no estatuto). É o caso dasassociações de artesãos.

As associações têm, portanto, duasdesvantagens em relação às cooperativas:1 – No caso de sobra de dinheiro, estenão pode ser distribuído entre os associa-dos: tem que ser direcionado para a ati-vidade-fim da associação.2 – São menos profissionais, pois comonão recebem pagamento por seu traba-lho, não têm muito tempo para correratrás de negócios para a associação.

No entanto, as associações têm duasvantagens para grupos que querem comer-cializar seus produtos, que estão começan-do e ainda não se sentem seguros parafundar uma cooperativa:1 – O gerenciamento é mais simples.2 – O custo de registro é menor.

Texto 10 / Organização do t rabalho

• Economia Solidária e Trabalho30

Fontes P Como montar cooperativas populares – passo a passo paraa legalização de cooperativas, elaborado por Sandra Mayrink Veiga erevisto e modificado por José Celso Carbonar, in: Mance, Euclides(org); Como organizar redes solidárias, e Cooperativismo – umarevolução pacífica em ação, de Sandra M. Veiga e Isaque Fonseca;e Associações – como constituir sociedades civis sem fins lucrativos, de Sandra M. Veiga e Daniel Rech.

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Aorganização e o bom funcionamentode um empreendimento, seja micro-empresa, associação ou cooperativa,

depende de um bom planejamento. Paraisso é necessário que seja feito um Plano deNegócios, que é uma forma de projetar nofuturo o desenvolvimento do nosso negó-cio, para diminuir as possibilidades de ris-cos que todo empreendimento apresenta.

Antes de tudo, é fundamental conhecero ambiente em que nosso empreendimentovai atuar, ou seja, quais são as ameaças e asoportunidades que oferece ao nosso negó-cio. Esse ambiente pode ser dividido emduas partes:P 1. Ambiente externo – tudo o que aconte-ce fora do alcance do nosso empreendimen-to como: acontecimentos políticos, trocasde governos ou políticas econômicas, trans-formações tecnológicas, mudança de hábi-

tos de consumo, etc. Tanto podem ser locaiscomo globais, e podem afetar nosso empreen-dimento de forma positiva, como oportuni-dades, ou de forma negativa, como ameaças.P 2. Ambiente interno – são as característi-cas e condições do nosso empreendimentoe das pessoas que dele fazem parte. Tantoas positivas, que são as nossas forças, comoas negativas, as fraquezas. Sobre essascaracterísticas devemos interferir, tantopara corrigir possíveis fraquezas, quantopara aumentar os pontos fortes.

Modelo para a elaboração de um plano de negócios

Aqui estão os itens que normalmentefazem parte de um Plano de Negócios, comuma breve descrição das informações quedevem ser colocadas em cada um.

PLANEJAMENTOESTRATÉGICO

Organização empresar ia lTEXTO 11

Economia Solidária e Trabalho • 31

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1. ResumoFaça aqui um resumo geral do empre-

endimento que o grupo deseja montar.Por ser um resumo, deve ser o último tó-pico a ser feito.

2. O empreendimento

Apresente-o com clareza e objetivida-de (utilize no máximo três páginas). Pro-ve que você tem um bom empreendimen-to! Escreva sobre os itens abaixo:

P O objetivo do empreendimento.P Os produtos/serviços que serão ofe-

recidos.P Quem serão os consumidores dos pro-

dutos/serviços.P Quem são os empreendedores (coo-

perados, associados, etc.).P O que será preciso fazer para o

empreendimento começar a funcio-nar e crescer (equipe, ponto, organi-zação interna, etc.).

P Qual será o excedente/sobra geradopelo empreendimento.

P Quais as necessidades de financiamentoe empréstimo. Quando e em que o di-nheiro conseguido será utilizado.Nos próximos tópicos você (ou o gru-

po) falará sobre os objetivos do empreen-dimento que pretende abrir, por que pre-tende abrir, como será sua organização eas pessoas que irão trabalhar:

a) Identificação do empreendimentoAqui você precisará escolher a identi-

dade do empreendimento, quem o forma-rá, como ele será. Veja o que deve serinformado:

P o nome do empreendimento e sua lo-calização;

P o número do CNPJ (Cadastro Nacio-nal de Pessoa Jurídica), inscrições es-taduais e municipais, se existirem;

P dados pessoais dos membros;P como o empreendimento pode ser

classificado? Será cooperativa, asso-ciação, microempresa ou ONG?;

P como será dirigido o empreendimen-to? Explique quem serão os diretorese quem poderá assinar documentos econtratos. Como os Conselhos serãoformados e como irão funcionar?.

b) Definição do empreendimentoDescreva o seu empreendimento, dei-

xando bem claro para que ele está sendocriado.

Diga resumidamente como o empre-endimento será montado: o local escolhi-do, o setor de produção ou prestação deserviços, os tipos de produto e serviço queserão oferecidos.

Se o empreendimento já existe, conteum pouco sobre a sua história, os momen-tos mais difíceis, os desafios, as vitórias eas mudanças importantes. Informe tam-

Texto 11 / Organização empresar ia l

32 • Economia Solidária e Trabalho

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bém como é a venda dos produtos que játem.

Este tópico é fundamental para que oleitor entenda o que é o empreendimentoe sinta que ele está bem planejado. Porisso, não aumente nem diminua suas van-tagens. A dica é utilizar bom senso e serrealista. Isso mostrará que você (ou seugrupo) está preparado e com os pés nochão para montar o empreendimento.

c) EquipeFale rapidamente sobre os associa-

dos/cooperados e sobre os principais fun-cionários (quando e se houver). Qual é aformação, quais são os conhecimentos eas experiências de cada um? Quais serãoas tarefas de cada um quando o empre-endimento começar a funcionar?

Para o leitor do seu plano, um empre-endimento organizado por pessoas semexperiência e sem capacidade não é umbom negócio. Por isso, mostre o contrá-rio: que todos da equipe são capazes etêm motivação e garra para alcançar osobjetivos propostos.

d) Motivação e boas oportunidadesMotivação e boas oportunidades são

decisivas para o sucesso de um empreen-dimento. Com certeza, quem estiver ava-liando o plano de negócios estará “deolho” nesses itens.

Relate neste tópico de onde vem amotivação do grupo, porque escolheuesse tipo de empreendimento. Essa deci-são veio de um sonho, de um desejo cole-tivo?

Todos da equipe estão motivados osuficiente para enfrentar os desafios edificuldades que virão? Sejam realistas.Falem resumidamente sobre o que faz oempreendimento ser uma boa oportuni-dade (como vantagens em relação a pro-dutos concorrentes, inovações, boa locali-zação, etc.). Mostre que ele tem grandeschances de dar bons resultados e quetodos estão determinados a vencer.

3. Produtos e serviços

Descreva aqui as principais caracterís-ticas do produto ou serviço que você iráoferecer. Fale rapidamente sobre sua quali-dade, as vantagens que ele possui em rela-ção aos produtos dos concorrentes e sobresua imagem no mercado (como ele serávisto pelos clientes?).

Nos próximos tópicos você informarásobre:

a) Tecnologia e processoAqui você deve falar sobre o processo

de fabricação do produto ou serviço esobre a tecnologia utilizada.

Antes de tudo, informe como se dá afabricação do produto, desde a matéria-

Economia Solidária e Trabalho • 33

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prima até o produto final, que será ven-dido ao consumidor.

No caso do ramo de serviços, expli-que passo a passo, como o serviço seráprestado. Se o empreendimento for doramo do comércio, fale sobre o processode compra e venda de mercadorias.

Dê informações sobre fornecedores,distribuidores e sobre a mão-de-obra em-pregada. Diga se alguma tecnologia espe-cial será utilizada e de onde ela vem.

b) Benefícios e vantagens competitivas Vantagem competitiva é aquilo que o

seu produto tem que o produto dos con-correntes não tem. É o que faz dele espe-cial no mercado.

Pense: Por que o cliente escolherá oproduto do seu empreendimento e não odo concorrente? Fale sobre os benefíciosque trará ao consumidor, principais van-tagens e características.

c) PreçosFaça uma análise dos gastos com a

produção, pesquise quanto as pessoas es-tão dispostas a pagar pelo produto/servi-ço, veja qual é o preço de mercado. Sódepois dê um preço ao produto/serviço.

Diga se haverá alguma vantagem so-bre os preços comuns de mercado. Haveráalguma promoção? No futuro você muda-rá o preço?

4. Análise de mercadoÉ fundamental para empreendedores

saberem tudo sobre o mercado em que oempreendimento vai entrar. Isso ajudaráa tomar decisões, enxergar boas oportu-nidades e criar estratégias para vencerdesafios e ameaças.

Para preencher os próximos tópicosvocê precisará conseguir informaçõessobre:

a) Setor (ramo) Consiga dados objetivos e coerentes.

Esta parte do Plano é muito visada porinvestidores e financiadores.

Neste tópico é preciso mostrar, comclareza, porque é vantajoso abrir umempreendimento em determinado setor.

Descreva todas as características doramo em que seu empreendimento vaiatuar. Fale sobre sua importância na região,se existem muitos concorrentes, sobrecomo as pessoas vêem o tipo de produto/serviço que você venderá, quando as pes-soas procuram por ele, etc.

Analise os riscos que o setor podeapresentar. O governo faz algum tipo decontrole na produção? Pagará algumimposto especial pelo produto? Existematéria-prima na região para a fabrica-ção do produto? O setor está em baixaou em alta? Existe alguma tecnologiamelhor do que a do empreendimento? As

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Texto 11 / Organização empresar ia l

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vendas serão afetadas por fatores geográ-ficos, como temperatura, estações do ano,tempo?

b) Clientela A satisfação do cliente deve ser a

razão de ser do empreendimento. E parasatisfazer o cliente precisamos primeiroconhecê-lo. A Pesquisa de mercado ajuda-rá nisso. Só por meio dela será possívelcriar estratégias, melhorar seu produ-to/serviço para agradar o cliente e calcu-lar o quanto irá vender.

Informe aqui qual será o consumidordo produto/serviço. Diga onde ele está,qual é o seu perfil (idade, sexo, condiçãofinanceira e social, estilo de vida), quaissão suas necessidades e comportamentos.Calcule também a quantidade de possí-veis consumidores e seu alcance regionale nacional.

Mostre que existe um mercado con-sumidor para o produto ou serviço e oque fará para atendê-lo.

Dica: Pesquise informações em órgãoscomo o IBGE, na internet, ou mesmofazer uma pesquisa por conta própria.(Procure um modelo de questionário parasuas pesquisas).

c) Fornecedores Fale sobre as empresas escolhidas

para fornecer a matéria-prima para a

fabricação do produto ou para o desen-volvimento do serviço. Cite também osfornecedores de máquinas, equipamentose outros materiais. Diga onde estas em-presas estão localizadas, porque foramescolhidas, quais os pontos fracos e fortesde cada uma, qual o nível de qualidadedos produtos.

Muita atenção na escolha do fornece-dor. Eles afetam diretamente na qualidadedos produtos/serviços e no bom desem-penho do empreendimento.

d) ConcorrênciaInforme aqui quais são os principais

concorrentes, onde estão localizados,quais são os pontos fortes e fracos de cadaum e qual é o espaço que os produ-tos/serviços do empreendimento ocupamno mercado.

Quais as vantagens e desvantagensque eles têm em relação ao produto/serviço oferecido pelo empreendimento?Como distribuem e anunciam os produ-tos/serviços?

Economia Solidária e Trabalho • 35

Fontes P Como montar cooperativas populares – passo a passopara a legalização de cooperativas, elaborado por Sandra MayrinkVeiga e revisto e modificado por José Celso Carbonar, in: Mance,Euclides (org.); Como organizar redes solidárias, e Cooperativismo– uma revolução pacífica em ação, de Sandra M. Veiga e IsaqueFonseca e Associações – como constituir sociedades civis sem finslucrativos, de Sandra M. Veiga e Daniel Rech.

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TEXTO x

• Economia Solidária e Trabalho36

Convív io soc ia l

As palavras cooperação e cooperarnão são estranhas. Você já deve tercooperado alguma vez com um

doente, mendigo ou com algum trabalhoem comunidade. Você também já deve tersolicitado a colaboração de algumas pesso-as em momentos de dificuldades ou pararealizar um trabalho de interesse coletivo.

Cooperar é agir em comum ou indivi-dualmente de forma solidária; quandotodos ajudam a encontrar saídas para osproblemas, trocando idéias e experiên-cias. A cooperação acontece quando umgrupo contribui com suas energias para arealização de tarefas de interesse comum.

A base da cooperação é a vida emgrupo, nele aprendemos a cooperar. Acooperação substitui a dominação e fazaparecer a responsabilidade e o equilíbrio.Numa comunidade, a partir dos interes-ses das pessoas, elas podem cooperar maiscom determinado grupo do que com ou-

tro. Por isso, devemos entender que cadagrupo tem sua importância e que devemosrespeitar a identidade de cada um.

A cooperação e o individualismoA vida em cooperação é um aprendi-

zado. Tem gente que tem muita dificulda-de de conviver com outras pessoas, se es-sas tivessem poder, decidiriam as coisassozinhas e da sua maneira. Essas pessoasainda têm um grau de individualismomuito grande. O individualismo está pre-sente na história do cooperativismo.

Antigamente as pessoas eram maisisoladas, distantes e fechadas em seuslares, ninguém queria participar de nada,era cada um na sua, não havia esforço pa-ra se unir. O primeiro trabalho do coope-rativismo foi romper com o isolamento.Uma maneira disfarçada de individualis-mo é a dependência. Há grupos de coope-rados que deixam tudo para o coordena-

O QUE É COOPERAÇÃO?O individualismo é o maiorobstáculo às tarefas comunitárias

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dor realizar, achando que todos os proble-mas vão ser resolvidos sem compromissoe responsabilidade de todos. Quando osmembros de um grupo não assumemresponsabilidades, não compreendemque as mudanças são conquistas coleti-vas, acabam se afastando do grupo.Enquanto que a pessoa que coopera sabedividir, gosta de agir com o grupo, éotimista, contribui com novas idéias echega junto com a turma. A pessoa indi-

vidualista tem dificuldade de contribuir,dar, repartir e dividir. O individualistapensa que só os melhores vencem.

Você já ouviu o dito: “É tempo demurici, cada um por si”. O que você achada frase?

Economia Solidária e Trabalho • 37

Participantes de mutirão da casa própria realizado aos domingos na Vila Curuçá, periferia de São Paulo.

Extraído e adaptado do texto: Curso Básico de Cooperativismo daIncubadora Tecnológica de Cooperativas Populares e Autogestãoda Universidade Federal do Ceará.

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Que coisa é essa de cooperativa que aspessoas andam falando por aí?

Cooperativa é a união de pessoas paracriar um tipo de empresa que perten-ce a todos os associados. A cooperati-

va é formada pela cooperação de seussócios. É a cooperação e o trabalho de todosos sócios unidos para um único objetivo.

E agora? Você quer construir uma co-operativa com seus companheiros? Que tipode cooperativa você quer construir?

Tipos de cooperativaSão muitos os tipos de cooperativa, va-

mos conhecer os básicos:

A – Cooperativa de créditoEmpresta dinheiro aos seus sócios com jurosmenores que os do mercado, para que pos-sam produzir mais ou implementar algumanova atividade. É organizada com base napoupança de seus cooperados.

B – Cooperativa de consumo São as que distribuem produtos ou serviçosaos seus sócios, buscando as melhores con-dições, os melhores preços e a melhor qua-lidade. Na maioria dos casos são iniciativasde consumidores urbanos que se organizampara fazer compras comunitárias (alimen-tos, roupas, eletrodomésticos, etc.) direta-mente dos produtores, evitando os interme-diários.

C – Cooperativas habitacionaisExistem três tipos: 1 – As formadas por pessoas que se reúnemcom o objetivo de construir casas em muti-rão. Elas têm duração determinada, até oúltimo sócio ter a sua casa. 2 – As que são formadas por grupos de pro-fissionais, técnicos e trabalhadores da cons-trução civil, que constroem casas para si epara o público em geral. 3 – As que se dedicam ao financiamento da

O que é cooperat iv ismo?TEXTO 13

• Economia Solidária e Trabalho38

RECEITA DEORGANIZAÇÃO

Cooperativismo é uma forma de organização democrática que congregapessoas para realizar um empreendimento que gere trabalho e renda,direcionado para melhorar a qualidade de vida das pessoas envolvidas.

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construção de casas para sócios ou paraoutras pessoas que o desejarem.

D – Cooperativa educacional É organizada por professores, por pais dealunos ou por professores e pais de alunosjuntos. Tem por objetivo organizar seusassociados de modo a gerenciar e promo-ver a educação de seus alunos/filhos deforma cooperativista.

E – Cooperativa de produção São as que têm como objetivo transformarbens e produtos a partir da mão-de-obra deseus cooperados. Dentre elas se destacam:as cooperativas agropecuárias; de pesca; deartesanato; de costura; de apicultura, etc.

Essas cooperativas vendem seus produtosdiretamente ao consumidor ou aos grandescentros de distribuição e atacadistas, evitan-do os intermediários. Podem também ofere-cer serviços na área de produção, pesquisa,assistência técnica, administrativa, social eeducacional aos seus cooperados.

F – Cooperativa de trabalhoSão agrupamentos de trabalhadores deuma ou mais profissões, que oferecemsuas atividades profissionais ao mercadode trabalho. O objetivo é colocar a mão-de-obra dos seus sócios de maneira maisvantajosa e negociar preços de formaorganizada, sem intervenção de patrõesou empresários.

Economia Solidária e Trabalho • 39

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Cooperativas podem atuar nos mais diversos campos. Na foto, integrantesda cooperativa de costureiras em Santo André (grande São Paulo).

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Princípios do cooperativismo

Princípios são normas que orientamnossas ações. É um compromisso assumidopor meio de uma relação de confiança oude forma regulamentada.

O cooperativismo é uma ação coletiva,tendo alguns princípios baseados em valo-res morais, culturais e sociais.

P Primeiro princípioLivre acesso e adesão voluntária

“As cooperativas são organizações vo-luntárias abertas a todas as pessoas dispos-tas a utilizar os serviços e aceitar as respon-sabilidades inerentes à sua condição deassociado, sem discriminação de gênero,raça, classe social, posição política ou reli-giosa.” Apesar da adesão ser livre e cons-ciente, o profissional deve satisfazer asnecessidades do mercado. Aderir é compro-meter-se, é participar, é transformar-se.

P Segundo princípioControle, organização e gestão democrática

“As cooperativas são organizações de-mocráticas controladas pelos seus mem-bros, os quais participam ativamente dadefinição de suas políticas e na tomada dedecisões. Homens e mulheres, eleitos pararepresentar a sua cooperativa, res- pondempor suas responsabilidades, frente aos asso-ciados. Nas cooperativas, os associados têmigual direito de voto (um associado, umvoto).” Ao associar-se a uma cooperativa, ocooperado torna-se dono do capital e auto-

gestor dos negócios. Todos os associadossão solidários nas suas responsabilidadescomo membros da cooperativa, nos ganhose nas perdas.

P Terceiro PrincípioParticipação econômica dos seus associados

“Os associados contribuem de maneiraeqüitativa e controlam de maneira demo-crática o capital da cooperativa. Usualmen-te, recebem uma compensação limitada, sefor possível, sobre o capital subscrito comocondição de fazer parte da cooperativa. Osassociados contribuem com a cooperativa,distribuindo as sobras existentes prioritaria-mente da seguinte maneira: 1. no desenvolvimento da cooperativa por

meio da criação de reservas, as quais, pelomenos uma parte, deve ser indivisível;

2. beneficiando os associados em proporçãoàs suas transações com a cooperativa; e

3. no apoio a outras atividades da coope-rativa, segundo decisão da assembléiados associados.” A Assembléia Geraldeverá distribuir as sobras segundo asoperações que cada associado mantevecom a cooperativa durante o ano.

P Quarto princípioAutonomia e independência“As cooperativas são organizações autôno-mas, de ajuda mútua, controladas por seusassociados. Caso entrem em acordo comoutras organizações (inclusive governos) oubusquem capital de fontes externas, devem

Texto 13 / O que é cooperat iv ismo?

• Economia Solidária e Trabalho40

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realizar essas iniciativas somente na medi-da em que possa ser assegurado o controledemocrático por parte dos associados, man-tendo a autonomia da cooperativa.”

P Quinto princípioEducação, capacitação e informação“As cooperativas devem oferecer educação ecapacitação a seus associados, dirigentes elei-tos, gerentes e empregados, de tal maneiraque contribuam eficazmente no desenvolvi-mento de suas cooperativas. As cooperativasinformam também ao público em geral – prin-cipalmente aos jovens e aos formadores deopinião – sobre a natureza e os benefícios docooperativismo.” Como donos, os coopera-dos têm de estar preparados para geri-la ecomo trabalhadores têm de estar constante-mente se reciclando para que venham a seros melhores da área.

P Sexto princípioCooperação entre cooperativas“As cooperativas servem aos seus associa-dos e fortalecem o movimento cooperativis-ta trabalhando de maneira conjunta pormeio de estruturas locais (centrais), regio-nais (federações), nacionais (confedera-ções) e internacionais.” Este princípio lhesproporciona força política e econômica devital importância para sua sobrevivência.

P Sétimo princípioCompromisso com a comunidade“A cooperativa trabalha para o desenvol-vimento sustentável da sua comunidadepor meio de políticas definidas por seusassociados.”

Economia Solidária e Trabalho • 41

Foto

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/ AE

Cooperado opera embaladeira de leite em cooperativa de indústria de laticínios em São Pedro/SP.

Extraído e adaptado do texto Curso Básico de Cooperativismo daIncubadora Tecnológica de Cooperativas Populares e Autogestãoda Universidade Federal do Ceará.

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Asociedade cooperativa funciona pormeio de um princípio chamado deautogestão, que é a gerência da coo-

perativa pelos próprios cooperados. Issosignifica que eles tomam decisões e con-trolam permanentemente a cooperativa.

O objetivo principal da autogestão éo desenvolvimento econômico e social dacooperativa, sendo que cada cooperado éresponsável pelas decisões. É ele que, co-mo dono e usuário da sociedade, definecomo quer que os serviços sejam presta-dos. Porém, para que possa decidir corre-tamente, precisa estar preparado paraparticipar das decisões.

A assembléia geral dos associados

As decisões são tomadas nas reuniõesgerais dos cooperados, chamadas de assem-bléia geral. Ela é o órgão supremo, compoderes para tomar toda e qualquer decisão,dentro dos objetivos da cooperativa.

A assembléia geral é o encontro ondesão discutidas as grandes questões e toma-das as grandes decisões; é a oportunidadeem que se manifesta, na prática, o caráterdemocrático da cooperativa: pelo voto.

A Assembléia Geral é comumente con-vocada e presidida pelo presidente da coo-perativa. Mas também pode ser convocada:

• Por 1/5 dos associados, quando o presi-dente não atender à solicitação dosassociados.

• Pelo Conselho Fiscal, se ocorrerem mo-tivos graves e urgentes.

O princípio de funcionamentoda cooperativa

Organização soc ia lTEXTO 14

• Economia Solidária e Trabalho42

AUTOGESTÃO AUTOGESTÃO AUTOGESTÃO

Foto: Sérgio Castro / AE

Trabalhadores de cooperativa de motoristas e cobradoresvotam em assembléia geral

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Tipos de assembléia

Assembléia geral ordinária

Realizada, obrigatoriamente, uma vezpor ano, dentro dos três primeiros mesesapós o final do exercício social. Nessa oca-sião são apresentados, discutidos e apro-vados assuntos específicos como:

• Prestação de contas da Diretoria.• Eleger ou destituir os membros do Con-

selho de Administração (Diretoria) e doConselho Fiscal.

• Dar a destinação às sobras líquidas;• Fixar o pró-labore ou verba de repre-

sentação para o presidente.• Outros assuntos desde que constem no

Edital de Convocação.As deliberações da Assembléia Geral

Ordinária devem ser aprovadas pela maio-ria simples (metade mais um) dos votosdos presentes.

Assembléia geral extraordináriaRealizada a qualquer momento, desde

que haja necessidade. Nesses casos, sãotratados assuntos como:

• Reforma do Estatuto Social.

• Contratação de empréstimos que de-pendem da oneração (empenho) dosbens imóveis (prédio, terrenos, etc.) dacooperativa.

• Fusão, incorporação ou desmembra-mento (divisão) da cooperativa; mu-dança do objeto da cooperativa.

Economia Solidária e Trabalho • 43

Com relação às assembléias, a lei determina e deve constar nos Estatutos que:

• a Assembléia Geral deve ser convocada comantecedência mínima de dez dias, por meio deEdital de Convocação (avisos), fixados noslocais mais freqüentados pelos associados epublicados em jornal de grande circulação;

• para que seja instalada em primeira convoca-ção, é necessário que haja “quorum”, ou seja,é necessária a presença de pelo menos 2/3(dois terços) dos associados;

• não sendo realizada em primeira convocação,pode ser realizada em segunda ou terceiraconvocação e no mesmo dia da primeira, comum intervalo mínimo de uma hora entre elas,desde que o Estatuto permita e conste no res-pectivo edital de convocação;

• para a instalação da segunda convocação énecessária a presença da metade mais um dosassociados. Já em terceira e última convoca-ção, com no mínimo dez associados.

• Decisão sobre a dissolução da sociedade.

• Decisão sobre qualquer assunto relati-vo à cooperativa, que não seja regula-mentado pelo Estatuto, desde que cons-te no Edital de Convocação.

As deliberações da Assembléia GeralExtraordinária são aprovadas pelos votos de2/3 (dois terços) dos associados presentes.

1

2

Extraído e adaptado do texto: Curso Básico de Cooperativismo daIncubadora Tecnológica de Cooperativas Populares e Autogestãoda Universidade Federal do Ceará.

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VALORESCONVERGENTESN

os primórdios do capitalismo, asrelações de trabalho assalariadolevaram a tal grau de exploração

do trabalho humano que os trabalhado-res, mulheres e homens, começaram a or-ganizar-se em sindicatos, associações ecooperativas como forma de defender econquistar direitos e ter uma alternativaà exploração.

Entretanto, o capitalismo transformoutudo, inclusive o trabalho humano, emmercadoria. As demais formas de produ-ção (comunitárias, artesanais, individuais,familiares, cooperativadas, etc.) passarama ser tratadas como “atrasadas”.

A atual crise do trabalho assalariadoderruba de vez a idéia capitalista de trans-formar tudo e todos em mercadorias. Mi-lhões de trabalhadores perdem seus em-pregos, amplia-se cada vez mais o trabalhoprecário, sem garantias de direitos. Assim,as formas chamadas “atrasadas”, que,deveriam ser reduzidas, aumentam. Claro,pois é preciso absorver todos os desempre-gados, e hoje eles constituem mais de 50%dos trabalhadores.

Nesse cenário surge a Economia Soli-dária, que, de imediato, propicia a sobre-vivência e a melhora da qualidade de vidade milhões de pessoas em diferentespartes do mundo. As experiências, basea-das nas mais diferentes práticas de reci-procidade, como as dos povos indígenasde diversos continentes e os princípios docooperativismo, foram aperfeiçoadas erecriadas de acordo com as característicasde cada povo e de cada lugar.

Apesar dessa diversidade, há váriospontos de convergência como:

• A valorização social do trabalho humano.

• A satisfação plena das necessidades detodos.

• O reconhecimento do lugar fundamen-tal da mulher e numa economia funda-mentada na solidariedade.

• A busca de uma relação de respeitosa coma natureza.

• A valorização da cooperação e da soli-dariedade.

• Os valores centrais da Economia Solidária

Economia sol idár iaTEXTO 15

• Economia Solidária e Trabalho44

Cooperação e respeitosão a base daEconomia Solidária

15•CA04T14P1 16.01.07 17:05 Page 44

Page 45: Coleção Cadernos EJA - 03 Economia Solidária e Trabalho

são o trabalho, o saber e a criatividadehumana e não o capital-dinheiro.

• A Economia Solidária busca outra quali-dade de vida e de consumo, e isso re-

quer a solidariedade entre os povos detodo o mundo.

Economia Solidária e Trabalho • 45

Texto editado e adaptado por Página Viva a partir de http://www.coordinationsud.org/Abong1/article.php3?id_article=152

Pesca de tainha na praia do Santinho, em Florianópolis, SC. Nessa forma tradicional de pesca, qualquer pessoa pode ajudar a puxar a rede, recebendo em troca de sua colaboração uma parcela do peixe capturado.

Exemplo de colaboraçãoFoto: Ricardo Mori

15•CA04T14P1 16.01.07 17:05 Page 45

Page 46: Coleção Cadernos EJA - 03 Economia Solidária e Trabalho

1 Não renovação de 1/3 do Conse-lho de Administração, perpetuan-

do grupos de poder.

2 Não renovação de 1/3 do Conse-lho Fiscal, perpetuando conivên-

cias fiscais junto com o grupo depoder.

3 Não formação do Fundo de Reser-vas – FR e do Fundo de Assistên-

cia Técnica, Educacional e Social –FATES.

4 Não aplicação correta do Fundode Assistência Técnica, Educacio-

nal e Social – FATES, em benefício doscooperados.

5 Assembléias Gerais viciadas e lesi-vas, produzindo decisões nocivas

à sociedade.

6 Dirigentes que colidem com osinteresses da sociedade.

7 Atos cooperados entre cooperati-vas dirigidas pelo mesmo grupo,

em que numa o presidente é A e ovice-presidente é B e na outra coope-rativa temos o inverso, o presidente éB e o vice-presidente é A.

8 Não distribuição das Sobras Líqui-das, nem respeito à proporciona-

lidade em seu rateio quando existe.

9 Indução da não consolidação dasSobras Líquidas, para não ter que

se proceder a distribuição das mesmas,criando artifícios contábeis para san-gria dos “recursos sobrantes” pormeios desonestos.

10 Não distribuição das sobras decontratos aos cooperados que

neles trabalharam.

11Seleção de prestadores de ser-viços às cooperativas por “acei-

tação” de comissões, admitidas e

COOPERATIVASPROBLEMAS MAIS GRAVES COM A LEGISLAÇÃO

Leis e regrasTEXTO 16

• Economia Solidária e Trabalho46

16•CA04T16P1 12/14/06 11:59 PM Page 46

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embolsadas pelos dirigentes, contra-tando serviços sem a seleção pelo tri-nômio: Menor Preço x Melhor Quali-dade x Suporte mais profissional nopós venda, e com base em 3 orçamen-tos ou propostas legítimas de presta-ção de serviços.

12 Empresas de fachada, ou mes-mo “maquiadas”, em nome de

dirigentes emitindo notas fiscais frias,que não correspondem a nenhum ser-viço concretamente prestado à coope-rativa, para absorver os recursos so-brantes e promover o desvio do di-nheiro da sociedade. Estas cooperati-vas apresentam quase sempre “prejuí-zos suportáveis”. Há, inclusive, emis-são de notas fiscais “superfaturadas”.Presença de grandes probabilidadesde sonegação fiscal.

13 Ausência proposital da promo-ção da Educação Cooperativis-

ta e das Práticas Operacionais da Roti-na da Cooperativa, segundo as leisaplicáveis, de modo a manter hegemo-nia de gestão e de domínio, sobre osdemais cooperados “leigos”.

14 Enriquecimento acelerado dedirigentes, em 2 ou 3 anos,

por procedimentos não éticos, onde se

acumulam grandes patrimônios, aopasso que a sociedade mantém-se emregime recessivo ou de prosperidadetímida. Presença de grandes probabili-dades de sonegação fiscal.

15 Dirigentes embolsando as co-missões de venda, de contra-

tos, que são fechados em nome dasociedade, em que recursos da coope-rativa foram utilizados comercialmen-te para fins de desenvolvimento denegócios. Inevitavelmente os pedidosde serviços, ou trabalho, são canaliza-dos para ação executiva dos dirigentesque já são remunerados, por parte dosdemais sócios cooperados, para geren-ciar a cooperativa. Tal comissionamen-to deveria ser aplicável às açõescomerciais de qualquer cooperado, oqual tem direito de negociar, também,os serviços da cooperativa e ter seudevido comissionamento com as ven-das de serviços.

16 Transformação da cooperati-va em “agência de emprego”

em que dirigentes fazem o agencia-mento de mão-de-obra em condiçõesdesfavoráveis aos cooperados, nosprocessos de terceirização, ou deprestação de serviço, impondo con-dições extremas de abuso ao traba-

Economia Solidária e Trabalho • 47

16•CA04T16P1 12/14/06 11:59 PM Page 47

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lho. São cooperativas que transgri-dem as leis aplicáveis.

17 Abertura de cooperativas porempresas: indústria, serviços e

escritórios, com o único objetivo de“redução do custo Brasil”, escapandodo excesso de imposto e taxas inciden-tes nas empresas mercantis, mas quese tornam cooperativas que transgri-dem as leis aplicáveis.

18 Negligenciamento à assistên-cia securitária e previdenciá-

ria dos sócios cooperados pela nãoconstituição de um Sistema mínimo deAmparo aos mesmos, que propiciariauma maior segurança social, com ouso de fundos adequados. Em algunscasos, parte do Sistema de Benefícios,

quando existente, abrange certosbenefícios “inócuos” e que possuemcusto representativo que onera a cargade despesas da cooperativa, sem reci-procidade.

19 Contumaz busca do anonima-to, em que dirigentes promo-

vem a operação da cooperativa emendereços de “camuflagem”, parafugir das fiscalizações dos poderespúblicos constituídos, de modo a man-ter o “status quo” das atividades e pre-servar interesses fora dos objetivos edos princípios do Cooperativismo.

20 A não devolução da cota-parte do capital social ao só-

cio-cooperado que saiu dos quadros dacooperativa.

Texto 16 / Le is e regras

• Economia Solidária e Trabalho48

COOPERADO, VERIFIQUE SE SUA COOPERATIVA ESTÁ ISENTA

DESTAS OCORRÊNCIAS!

Fonte P Mídia Independentehttp://www.midiaindependente.org/pt/blue/2002/06/29908.shtmlÉ livre a reprodução para fins não comerciais, desde que oautor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída.

16•CA04T16P1 12/14/06 11:59 PM Page 48

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Para a grande assembléia de bichos, che-garam representantes de toda parte.Queriam conhecer e falar com o

Grande Espírito, criador e mantenedor davida. Pensando que a reunião poderiademorar vários dias, cada um trouxe comi-da dentro de um pote de barro. Tinha todotipo de pote: pintado, com alças, comtampa, sem tampa, redondo, oval, comdesenhos, simples.

Os bichos puseram-se a rezar e refletir,mas nada do Grande Espírito. Passoutempo. Deu fome. Cada um se dirigiu parao seu pote. A onça só tinha trazido piracuí,a cutia só pimenta, o jacaré só tucupi, omacaco só farinha, o veado só trouxe águae assim por diante. Cada um se satisfez evoltaram a rezar e a refletir. Continuaramassim durante três dias. Estavam cansados

de esperar, cansados de comer sempre amesma coisa e começaram a se irritar unscom os outros. Até duvidaram do GrandeEspírito, pois este não aparecia.

No terceiro dia, o filhote da onça foibrincar com o filhote da cutia e disse:

– Vamos misturar a pimenta de vocêscom o nosso piracuí…

Dito e feito. Foi tão gostoso! Eles fica-ram alegres e os outros filhotes chegaramcom farinha, tucupi, água…

As mães, vendo aquilo, em dois temposarrumaram uma grande mesa, onde todosos potes de comida foram colocados. Todomundo veio e fizeram o maior banquete,bonito e alegre. Nesse dia, nesse banquete,conheceram o Grande Espírito.

Uma fábula em que personagensbichos servem de bom exemplopara os homens

Sistemas cooperat ivosTEXTO 17

Extraído e adaptado da Cartilha da Rede Fitovida, publicada no sitewww.midiaindependente.org

O BANQUETE

Economia Solidária e Trabalho • 49

17•CA04T23P1 12/14/06 11:50 PM Page 49

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Quem chega a Picos, cidade encrava-da no centro do Piauí, no Semi-árido,não imagina o quanto é doce e nobre

o trabalho que por lá se desenvolve. O calorna estiagem – entre junho e novembro – fre-qüentemente atinge picos (trocadilho inevi-tável com o nome da cidade) superiores a40ºC. Muita gente pode achar que nadaresiste a tal temperatura. Engano. Poucossabem, mas hoje a região é a maior produ-tora de mel do país e responde por mais de90% do mel produzido no Piauí.

Desde meados da década de 1970, ospequenos agricultores de Picos já se dedi-cavam à apicultura, vendendo a produçãopara empresas. Famílias cultivavam abe-

lhas de maneira rústica, sem se preocuparcom conhecimentos técnicos ou possibili-dade de tornar o negócio mais profissionale lucrativo.

Com o PROMEL (Projeto Nordeste deGeração de Trabalho e Renda e de Promo-ção do Desenvolvimento Regional Susten-tável com Foco na Cadeia Produtiva doMel), o panorama mudou. Sua primeiraação é a implementação da CASA APIS(Central de Cooperativas do Semi-árido),que abrange Picos e mais 30 cidades dePernambuco, Piauí e Ceará.

A empreitada visa basicamente a orien-tar a organização dos produtores para me-lhorar produção e renda. O diferencial do

DOCE FUTURO NO SERTÃO DO PIAUÍNo Semi-árido, o Projeto PROMEL aperfeiçoa atividade que já existia rusticamente – apicultura

Produção conjuntaTEXTO 18

• Economia Solidária e Trabalho50

18•CA04T19P1 21.01.07 21:38 Page 50

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projeto é sua concepção “ao avesso”, comoo apicultor Waldiná de Moura explica: “Éda base para cima, nós é que decidimostudo”.

Não foi fácil. Como bem diz Waldiná,“a cultura do sertão é individualista, naseca vale o salve-se quem puder”. Asprincipais figuras que andam recriandoas cores do sertão são os Agentes deDesenvolvimento Regional, pessoas quepertencem à comunidade, com trânsito ediálogo fácil entre os apicultores. Noprojeto trabalham 11 deles, atendendoem torno de 500 famílias. Tiveram cur-sos, treinamento; e, capacitados, espa-lham o que sabem.

De “jegue motorizado”

Visitando famílias, acompanhando otrabalho, dando cursos e palestras, osagentes incentivam práticas aparente-mente simples, mas muito eficazes. O re-sultado? A produção aumentou em quan-tidade e qualidade. Hoje, a maioria dasfamílias participantes extrai do mel a prin-cipal fonte de renda.

Toda semana o agente e apicultorDionísio de Souza monta em seu “jeguemotorizado” (a moto é o jegue do novosertão) e vai visitar o pessoal de São Joãoda Canabrava. Depois de muito trabalho,Dionísio viu a produção de sua região au-mentar. De acordo com ele, a cultura dosapicultores muda gradativamente, deacordo, inclusive, com o nível de preser-

vação do meio ambiente: “Nós precisa-mos da natureza, sem ela as abelhaspassam fome”, diz.

Na época das chuvas, de dezembro amaio, a florada da caatinga é variada, pro-pícia para as abelhas – e para os apiculto-res. Conservar esse ecossistema é básico,as pessoas agora sabem que práticasecologicamente corretas garantem boassafras e bons lucros.

Economia Solidária e Trabalho • 51

Extraído de Brasil: Almanaque da Cultura Popular. Ano 7, n. 81,dezembro de 2005.

18•CA04T19P1 16.01.07 17:16 Page 51

Page 52: Coleção Cadernos EJA - 03 Economia Solidária e Trabalho

Conselho de administração ou diretoria

Diz a Lei 5.764/71: “A cooperativa é

administrada por um Conselho de Admi-

nistração ou Diretoria, composto exclusi-

vamente de associados, com mandato

nunca superior a quatro anos. É obrigató-

ria a renovação de, no mínimo, 1/3 (um

terço) dos seus componentes, ao final de

cada mandato”.

Do Conselho de Administração serão

indicados os membros da Diretoria Execu-

tiva, composta de tantos participantes

quantos forem estabelecidos na estrutura

organizacional da sociedade, tendo as suas

atribuições estabelecidas no estatuto da

cooperativa.Quem são os Membros do Conselho?

Normalmente, dependendo de cada coope-

rativa, os membros são: o presidente, o vice-

presidente, o secretário e os conselheiros.

Quais as principais Funções do

Conselho de Administração?

•Programar os planos de trabalho e os

serviços da cooperativa.

• Elaborar o orçamento anual e estabe-

lecer normas administrativas e financeiras.

• Contratar o gerente e o contador e

designar o diretor executivo, se for o caso.

• Deliberar sobre a entrada e a saída de

associados, depois de ouvirem a Comis-

são de Ética.

• Fazer cumprir a legislação cooperati-

va, trabalhista e fiscal e as determina-

ções do Estatuto e da Assembléia Geral.

• Definir as funções de seus membros.

Conselho fiscal

É o órgão encarregado de fiscalizar a

administração da cooperativa. É formado

por seis elementos associados, sendo três

efetivos e três suplentes, eleitos pela

Assembléia Geral para um período de um

ano, sendo permitida a reeleição de apenas

dois membros.

Suas principais funções são:

• Promover a verificação das contas da

administração, examinando e dando

parecer nas prestações de conta da so-

ciedade.

• Examinar livros, documentos, balan-

ços, balancetes e reclamações dos as-

sociados.

Organização soc ia lTEXTO 19

• Economia Solidária e Trabalho52

1

2

A ADMINISTRAÇÃO DE UMA COOPERATIVA

19•CA04T18P1 16.01.07 18:58 Page 52

Page 53: Coleção Cadernos EJA - 03 Economia Solidária e Trabalho

• Verificar o cumprimento das leis fis-cais, trabalhistas e cooperativistas.• Convocar o gerente, o contador e oConselho de Administração para escla-recimentos, quando necessário(s).• Participar ativamente dos trabalhosda cooperativa.

Gerência da Cooperativa

A gerência é um órgão que podeexistir ou não na administração da coope-rativa. Quando a Assembléia Geral decidepela sua existência, a gerência executa asdecisões do Conselho de Administração.O gerente é nomeado pelo diretor execu-tivo ou presidente, se for o caso, e éapenas um empregado, pois se não for dointeresse da cooperativa mantê-lo, poderáser dispensado a qualquer tempo.

A gerência deve cumprir as seguintesfunções:

• Assessorar a diretoria executiva.• Organizar com o assessoramento docontador as rotinas dos serviços contá-beis, determinar pagamentos e recebi-mentos, admitir e demitir empregados. • Distribuir, gerir, coordenar e contro-lar os trabalhos de seus auxiliares, bemcomo os negócios da cooperativa.• Preparar orçamento anual para aprova-ção do Conselho de Administração.• Informar a diretoria executiva, bem

como aos associados, o desenvolvimen-to das atividades da sociedade coopera-tiva.

O gerente, assim como o contador, são“peças-chave” para o sucesso da coopera-tiva. Eventualmente, o gerente pode serum sócio que, nestas condições, perde odireito a votar na Assembléia Geral e a sercandidato a cargos eletivos.

Assessoria técnica

Quando necessária, é contratadafora dos quadros da cooperativa efunciona junto ao Conselho de Adminis-tração e aos associados, assessorando naelaboração do planejamento, na contra-tação e aplicação de linhas de crédito,na definição e uso de tecnologias neces-sárias ao funcionamento da cooperativa,e no acompanhamento, avaliação econtrole da execução do plano de açãoanual. Também pode ter participaçãoimportante na elaboração e execuçãodas diversas formas de capacitação dacooperativa.

As Universidades da Rede UNITRA-BALHO oferecem apoio para a criação econsolidação de cooperativas por meiodas Incubadoras de EmpreendimentosSolidários.

Economia Solidária e Trabalho • 53

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Texto produzido pela Fundação Unitrabalho.

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Ante el fracaso socioeconómico delmodelo capitalista y comunista, hayquien ha formulado alternativas

científicas, modelos económicos rigurosospara sustituir y mejorar un siste-ma que no respeta al hombreni a la naturaleza. El peli-gro de sobreexplotacióndel planeta y el controldel poder económicoen manos de unospocos nos lleva indis-cutiblemente hacia lapobreza, no sólo eco-nómica sino tambiénhumana. Y cuando unmodelo roza el extremo desu necesidad de dar la vuelta aaquello que no funciona; a estos movi-mientos se les tilda de irrealizables por loutópico, pero son el camino para que seproduzca la verdadera evolución.Presentamos en este artículo algunas inici-ativas actuales que basan su hacer y exis-tencia en una alternativa económica y soci-al que sitúe al ser humano en el lugar quele corresponde.

Son propuestas socioeconómicas devanguardia que van desde modelos econó-

micos como la Empresa Integrada a estruc-turas concretas como la Red de EconomíaSolidaria, las empresas basadas en elComercio Justo o los Clubs de Trueque.Intentos que basan sus principios y funcio-namiento en el respeto al ser humano, el

entorno y la armonización deintereses. Devolviendo el

poder de decisión y gesti-ón a la persona, inte-

grando a sus miem-bros para recuperar elderecho de autogesti-ón y, por tanto, lalibertad y la concien-

cia de que es posiblecrear y evolucionar en

sinergia con los demás yla naturaleza.

La Empresa Integrada

La Empresa Integrada es un modelosocioeconómico integral y humanistarevolucionario (economía solidaria) quenos ha legado el español José Luis Monte-ro. Él ha trabajado 35 años para sintezarun sistema que corrigiese los errores delactual modelo socioeconómico, adecua-do para el ser humano y coherente con laforma en que la naturaleza ha concebidola apropiación de recursos.

CONSTRUYENDO UNA OTRA ECONOMÍAMar Lana

Economia a l ternat ivaTEXTO 20

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La economía solidaria – quiere promover undesarrollo duradero integrando las necesida-des de las generaciones actuales y futuras.Está basada en la tolerancia, la libertad, lademocracia, la transparencia, la equidad y laapertura hacia el mundo.Tiene como objetivo favorecer la expansión decada ser humano y permitir que cada unoequilibre lo mejor posible, a lo largo de su

vida, el tiempo dedicado a la formación, a unaactividad remunerada, al voluntariado y a lavida familiar o personal.La economía solidaria participa concretamen-te en la lucha contra las causas de la exclu-sión y la pobreza y no únicamente sobre susconsecuencias.

Para que nadie pierda su condiciónde ser que decide, en la Empresa Integra-da todos los miembros son socios de lamisma. Ahora el fundamento del poderempresarial está en el riesgo o grado deresponsabilidad y compromiso que cadauno asume, no en la propiedad de losmedios. Ejerciendo el poder de decisión lapersona o comunidad a quien afecte elproblema, de tal manera que el que arries-ga o se involucra, decide.

(…) “Sólo una revolución convincente,

libre y eficaz puede ser digna del serhumano. Hoy se habla de libertad, perola primera liberación que el hombre nece-sita es liberarse del poder de las cosas.

GLOSARIO

Arriesgar. arriscarErrores. errosHablar. falarHacia. prep. em direção aInvolucrar. envolverNadie. ninguémQuitar. tirarRiesgo. risco Rozar. roçarSinergía. sinergia, esforço ou açãoconjunta, cooperaçãoSino. conj. masSólo. somente, unicamenteTildar. acentuar, marcarTrueque. troca, permuta

http://www.enbuenasmanos.com

http://www.reasnet.com/adh/mundo.htm

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¿Es posible un mundo solidario?

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Homens com tochas espantam animais que são abatidos pelos outros caçadores.

Ao longo da História, os homens cria-ram várias formas de sobrevivênciade acordo com as suas necessidades

e o meio em que viviam, até chegar ao está-gio atual da nossa sociedade. Uma caracte-rística foi fundamental para a nossa sobre-vivência: a cooperação.

O trabalho em cooperação desenvol-veu o pensamento e a fala, permitindo a

evolução cada vez maior do homem. Esseprocesso levou milhares de anos.

O trabalho humano começa com afabricação de instrumentos. Inicialmenteos instrumentos eram feitos de ossos,pedra e madeira. Bem mais tarde foramdescobertos os metais.

O ser humano sempre dependeu dacompanhia e da ajuda dos seus semelhan-

TRABALHO E COOPERAÇÃONA ORIGEM DO SER HUMANO

Desenvolv imento soc ia lTEXTO 21

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tes para poder sobreviver. No início, o queera necessário para se viver, era consegui-do principalmente através da coleta defrutos, raízes e da caça e pesca de ani-mais, que era feita e partilhada por todos.

O sucesso dos que faziam a caçadependia da inteligência e destrezamanual, bem como da capacidade de tra-balhar em conjunto e confiar uns nosoutros.

Durante milhares de anos, os homensviveram como nômades, circulando peloslugares em busca de alimento. Com adescoberta da agricultura alguns grupospuderam se fixar numa região e por lápermanecer, tendo condições de produzirmais alimentos, através da irrigação e deoutras técnicas de plantio.

Texto produzido pela Unitrabalho para uso em atividades de formação do Programa Nacional de Economia Solidária.

Cena típica de uma comunidade de aproximadamente 6.000 anos atrás.

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SOCIAL ECONOMY

Movimentos soc ia is pr ivadosTEXTO 22

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SECTOR INECONOMIES

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Economies may be considered to havethree sectors:

1The business private sector, which isprivately owned and profit motivated;

2the public sector which is owned bythe state and provides services in the

public interest;

3the social economy, that embraces awide range of community, voluntary

and not-for-profit activities. Sometimes there is also reference to a

fourth sector, the informal sector, whereinformal exchanges take place between fam-ily and friends.

The third sector can be broken downinto three sub-sectors; the community sec-tor, the voluntary sector and the social enter-prise sector:• The community sector includes those

organisations active on a local or community level, usually small, modest-ly funded and largely dependent on vol-untary, rather than paid, effort. Examplesinclude neighbourhood watch, smallcommunity associations, civic societies,small support groups, etc.

• The UK’s National Council for VoluntaryOrganizations describes the voluntarysector as including those organizationsthat are: formal (they have a constitu-tion); independent of government andself-governing; not-for-profit and operatewith a meaningful degree of volunteerinvolvement. Examples include housingassociations, large charities, large com-

munity associations, national campaignorganisations, etc.

• According to the UK government’s defini-tion, the social enterprise sector in-cludes organisations which “are business-es with primarily social objectives whosesurpluses are principally reinvested forthat purpose in the business or in thecommunity, rather than being driven bythe need to maximise profit for share-holders and owners”. Examples includecooperatives, building societies, devel-opment trusts and credit unions.

The social economy spans economicactivity in the community, voluntary andsocial enterprise sectors. The economic activity, as with any other economic sector,includes: employment; financial transactions;the occupation of property; pensions; trading; etc.

The social economy usually developsbecause of a need to find new and innovativesolutions to issues (whether they be socially,economically or environmentally based) andto satisfy the needs of members and userswhich have been ignored or inadequatelyfulfilled by the private or public sectors.

By using solutions to achieve not-for-profit aims, it is generally believed that thesocial economy has a distinct and valuablerole to play in helping create a strong, sus-tainable, prosperous and inclusive society..

Fonte P Wikipedia – A Encliclopédia Livre

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PASSO-A-PASSO PARA ABRIR UMACOOPERATIVA

No Brasil, para se constituir umacooperativa são necessárias, nomínimo, vinte pessoas físicas, con-

forme Lei 5.764, de 16/12/1971. Essaspessoas precisam ter um interesse econô-mico em comum e, para viabilizar esse in-teresse, estar dispostas a constituir um

empreendimento próprio, onde cada pes-soa tenha apenas um voto e o resultadoseja distribuído proporcionalmente à par-ticipação de cada cooperante. Sugere-seos seguintes procedimentos para proce-der-se a constituição e legalização de umacooperativa:

Para montar uma cooperativa, há leis quedevem ser obedecidas eregras respeitadas. Mas o mais importante é haver um forte interesse comum paraque o empreendimento dê certo.

Organização soc ia lTEXTO 23

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Fase preparatória – 1

1. Reunir um grupo de pessoas interessa-das em criar a cooperativa, com as se-guintes finalidades:P Determinar os objetivos da cooperativa.P Escolher uma comissão para tratar das

providências necessárias à criação dacooperativa, com indicação de umcoordenador dos trabalhos.

2. Realizar reuniões com todos os inte-ressados em participar, a fim de veri-ficar as condições mínimas necessáriaspara a viabilidade da cooperativa, pro-curando respostas aos seguintes questi-onamentos:P A necessidade é sentida por todos os

interessados?P A cooperativa é a solução mais adequa-

da? Ou uma associação poderia ser oprimeiro passo?

P Já existe alguma cooperativa nas re-dondezas que poderia satisfazer aos in-teressados?

P Os interessados estão dispostos a entrarcom o capital necessário para viabilizara cooperativa?

P O volume de negócios é suficiente paraque os cooperantes tenham benefícios?

P Os interessados estão dispostos a ope-rar integralmente com a cooperativa?

P A cooperativa terá condições decontratar pessoal qualificado paraadministrá-la e um contador para fa-

zer a contabilidade da cooperativa,que tem características específicas?

3. Participar de um curso sobre Cooperati-vismo:

Há uma legislação a ser respeitada euma doutrina e princípios internacionaisa serem seguidos, para evitar o surgimen-to de falsas cooperativas, que frustram oquadro social e criam inúmeros transtor-nos ao movimento cooperativista.

Fase preparatória – 2

A comissão elabora ou examina umaproposta de Estatuto, contendo, entre ou-tros, os seguintes itens:

P Denominação, sede, foro, área de ação,prazo e ano social.

P Objetivos sociais.P Associados: admissão, direitos, deveres

e responsabilidades – demissão, elimi-nação e exclusão.

P Regras do capital social.

Fase preparatória – 3

Assembléia Geral – definição, convo-cação e funcionamento; assembléia geralordinária; assembléia geral extraordiná-ria e eleições:

P Conselho de Administração/DiretoriaP Conselho FiscalP Livros e ContabilidadeP Sobras, perdas, fundos e balanço geralP Disposições gerais e transitórias.

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Texto 23 / Organização soc ia l

Fase preparatória – 4

A comissão realiza reuniões com todosos interessados para distribuição e discus-são da proposta de estatuto.

A comissão convoca todas as pessoasinteressadas para a assembléia geral deconstituição da cooperativa.

Realização da assembléia geral deconstituição da cooperativa, com a partici-pação de todos interessados, no mínimo 20pessoas físicas.

Documentos necessários para registrona Junta Comercial (algumas exigênciaspodem variar de Estado para Estado):

P Estatuto Social – 3 viasP Ata de Constituição – 3 viasP Lista Nominativa – 3 viasP Cartão de protocolo P RequerimentoP Guias bancárias: DARF e GAREP Ficha FCN 1 (cooperativa) P Ficha FCN 2 (cooperado) P Xerox autenticado do CPF e RG de cada

cooperado

Dificuldades e soluções mais comuns emautogestão de empreendimentos solidários

Dentre as dificuldades dos empreen-dimentos de Economia Solidária, podemser citadas:

P Descapitalização: a falta de capitalinicial para organizar empreendimen-tos de produção, comércio e serviço.

P O crédito disponível, em geral, é parainvestimento fixo e não para capitalde giro.

P O crédito recebido, muitas vezes não édisponibilizado e gerido corretamente,acabando por desorganizar o grupo.

P Problemas com a inadimplência e fragi-lidades na dimensão ética vinculada aofinanciamento.

P A necessidade de responder a exigên-cias legais que não são compatíveiscom as condições da socioeconomiasolidária.

P Desconhecimento da legislação emdebate sobre cooperativismo, micro-empreendimentos e temas congêneres,e pouca interferência sobre a alteraçãodessas leis.

P Desconhecimento das cadeias produti-vas nas quais os empreendimentos soli-dários estão inseridos.

P Falta de conexão dos empreendimen-tos solidários em cadeia produtiva; difi-culdade de articulação das experiênciasexistentes e de sua integração econô-mica.

P Desorganização na gestão do processoprodutivo, envolvendo custos, produ-ção, capital de giro, cobrança e aspec-tos burocráticos.

P Falta de conhecimento do mercadopara definição de estratégias de produ-ção e comercialização.

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P A falta de formação básica e capacita-ção técnica dos trabalhadores para de-senvolvimento e qualificação da pro-dução, gestão, marketing, etc.

P Pessoas inadequadas ocupando posi-ções estratégicas (administração, orga-nização, contabilidade etc.), o que difi-culta o sucesso dos empreendimentos.

P Dificuldades na contabilidade e gera-ção de balanços, prejudicando a trans-parência nas finanças.

P Falta de um planejamento eficiente quepermita alcançar melhores resultados.

P Ausência de uma identidade comumaos empreendimentos, produtos eserviços da socioeconomia solidária ede sua representação por meio deuma logomarca nacional.

P A cultura de organização solidária queestá se desenvolvendo ainda não estábem elaborada, havendo situações emque a cultura capitalista de organiza-ção é adotada acriticamente.

P O poder do sistema hegemônico tam-bém permeia, em graus variados, gran-de parte das organizações da economiainformal.

P As fragilidades metodológicas e de ca-pacitação para o desenvolvimento sus-tentável experimentada pela maioriados empreendimentos.

P Dificuldades de socializar a maioriadas experiências: falta de comunica-

ção, informação, intercâmbio e trans-parência entre os empreendimentosexistentes.

P A falta de qualificação e aprimoramen-to tecnológico dos empreendimentos;

P O machismo disseminado na socieda-de e a dificuldade em admitir que eleexiste, acorbetado em diversas práticascotidianas consideradas normais;

P A dependência financeira, a falta deprofissionalização, formação e infor-mação das mulheres.

P A noção arcaica de que o poder é algopassível de ser tomado, fazendo depen-der dessa tomada qualquer transfor-mação substantiva das esferas econô-micas, políticas e culturais.

P Perder o controle sobre o eco, nas mídi-as, das ações. Embora se tenha autono-mia no exercício do poder, perde-se ocontrole sobre a força que as mídiasexercem na opinião pública veiculandomensagens sobre tal exercício.

Economia Solidária e Trabalho • 63

Extraído do texto Orientação básica para organização deempreendimentos econômicos solidários de autogestão – EESCooperativas. Osmar de Sá Pontes Jr. ([email protected]), FranciscoJosé Wanderley Osterne ([email protected]) – Universidade Federaldo Ceará – UFC – Fortaleza-CE - Janeiro de 2004

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ExpedienteComitê Gestor do ProjetoTimothy Denis Ireland (Secad – Diretor do Departamento da EJA)Cláudia Veloso Torres Guimarães (Secad – Coordenadora Geral da EJA)Francisco José Carvalho Mazzeu (Unitrabalho) – UNESP/UnitrabalhoDiogo Joel Demarco (Unitrabalho)

Coordenação do ProjetoFrancisco José Carvalho Mazzeu (Coordenador Geral)Diogo Joel Demarco (Coordenador Executivo)Luna Kalil (Coordenadora de Produção)

Equipe de Apoio TécnicoAdan Luca ParisiAdriana Cristina SchwengberAndreas Santos de AlmeidaJacqueline BrizidaKelly MarkovicSolange de Oliveira

Equipe PedagógicaCleide Lourdes da Silva Araújo Douglas Aparecido de CamposEunice RittmeisterFrancisco José Carvalho MazzeuMaria Aparecida Mello

Equipe de ConsultoresAna Maria Roman – SPAntonia Terra de Calazans Fernandes – PUC-SPArmando Lírio de Souza – UFPA – PACélia Regina Pereira do Nascimento – Unicamp – SPEloisa Helena Santos – UFMG – MGEugenio Maria de França Ramos – UNESP Rio Claro – SPGiuliete Aymard Ramos Siqueira – SPLia Vargas Tiriba – UFF – RJLucillo de Souza Junior – UFES – ESLuiz Antônio Ferreira – PUC-SPMaria Aparecida de Mello – UFSCar – SPMaria Conceição Almeida Vasconcelos – UFS – SPMaria Márcia Murta – UNB – DFMaria Nezilda Culti – UEM – PROcsana Sonia Danylyk – UPF – RSOsmar Sá Pontes Júnior – UFC – CERicardo Alvarez – Fundação Santo André – SPRita de Cássia Pacheco Gonçalves – UDESC – SCSelva Guimarães Fonseca – UFU – MGVera Cecilia Achatkin – PUC-SP

Equipe editorialPreparação, edição e adaptação de texto: Editora Página Viva

Revisão:Ivana Alves Costa, Marilu Tassetto, Mônica Rodrigues de Lima, Sandra Regina de Souza e Solange Scattolini

Edição de arte, diagramação e projeto gráfico: A+ Desenho Gráfico e Comunicação

Pesquisa iconográfica e direitos autorais: Companhia da Memória

Fotografias não creditadas: iStockphoto.com

Apoio

Editora Casa Amarela

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

(Câmara Brasileira do Livro. SP, Brasil)

Economia solidária e trabalho / [coordenação do projeto

Francisco José Carvalho Mazzeu, Diogo Joel Demarco,

Luna Kalil]. -- São Paulo : Unitrabalho-Fundação

Interuniversitária de Estudos e Pesquisas sobre o Trabalho ;

Brasília, DF : Ministério da Educação. SECAD-Secretraria de

Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2007,

-- (Coleção Cadernos de EJA)

Vários colaboradores.

Bibliografia.

ISBN 85-296-0056-8 (Unitrabalho)

ISBN 978-85-296-0056-7 (Unitrabalho)

1. Economia 2. Livros-texto (Ensino Fundamental)

3. Solidariedade 4. Trabalho I. Mazzeu, Francisco José Carvalho.

II. Demarco, Diogo Joel. III. Kalil, Luna. IV. Série.

07-0405 CDD-372.19

Índices para catálogo sistemático:

1. Ensino integrado : Livros-texto :

Ensino fundamental 372.19

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