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Code: 87-BR Poster Tema específico: Formação de profissionais para a saúde Título do pôster: Grupo Balint como Instrumento Facilitador da Formação Medica. Autores: Rayssa da Nóbrega Didou 1 ; Dâmaris Alejandra Paula Calcides 1 ; Manoel Barroso Mendes Júnior 1 ; Enaldo Vieira de Melo 2 ; Edméa Fontes de Oliva-Costa 2,3 Filiação Institucional: 1 Estudantes de Graduação do Departamento de Medicina da Universidade Federal de Sergipe (DME/UFS) Brasil; Bolsistas PIBIC/UFS 2017- 2018; Membros do Grupo de Estudos e Pesquisas em Psiquiatria, Saúde Mental e Educação para as Profissões da Saúde (GEPS/UFS/CNPQ). 2 Professores Associados Doutores do Departamento de Medicina da Universidade Federal de Sergipe (DME/UFS) Brasil; Membros do GEPS/UFS/CNPQ. 3 Orientadora de Projetos no PIBIC/UFS 2017-2018; Líder do GEPS/UFS/CNPQ http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/1272108532830576 CONTATO: Edméa Fontes de Oliva-Costa Email: [email protected] Endereço: Avenida Pedro Calazans, 986 Aracaju Sergipe - Brasil CEP: 49055-520 Fone/FAX: +557932112307 Fone Móvel: +557981019414 RESUMO Objetivos: 1. Possibilitar aos Internos de medicina um espaço de reflexão sobre sua saúde mental, sofrimento psíquico e/ou transtornos mentais; 2. Desenvolver nos Internos de medicina habilidades de comunicação adequadas à sua atividade profissional; 3. Desenvolver atitude crítica nos participantes acerca do seu desempenho nas diversas situações da relação com seu paciente, colegas e circunstantes; 4. Treinar o aluno na técnica de trabalho com grupo Balint possibilitando o trabalho futuro com grupos focais de pacientes na comunidade;

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Code: 87-BR Poster

Tema específico: Formação de profissionais para a saúde

Título do pôster: Grupo Balint como Instrumento Facilitador da Formação Medica.

Autores: Rayssa da Nóbrega Didou1; Dâmaris Alejandra Paula Calcides1; Manoel

Barroso Mendes Júnior1; Enaldo Vieira de Melo2; Edméa Fontes de Oliva-Costa2,3

Filiação Institucional: 1 – Estudantes de Graduação do Departamento de Medicina da

Universidade Federal de Sergipe (DME/UFS) – Brasil; Bolsistas PIBIC/UFS 2017-

2018; Membros do Grupo de Estudos e Pesquisas em Psiquiatria, Saúde Mental e

Educação para as Profissões da Saúde (GEPS/UFS/CNPQ).

2 – Professores Associados Doutores do Departamento de Medicina da Universidade

Federal de Sergipe (DME/UFS) – Brasil; Membros do GEPS/UFS/CNPQ.

3 – Orientadora de Projetos no PIBIC/UFS 2017-2018; Líder do GEPS/UFS/CNPQ

http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/1272108532830576

CONTATO: Edméa Fontes de Oliva-Costa

Email: [email protected]

Endereço: Avenida Pedro Calazans, 986 – Aracaju – Sergipe - Brasil – CEP: 49055-520

Fone/FAX: +557932112307

Fone Móvel: +557981019414

RESUMO

Objetivos: 1. Possibilitar aos Internos de medicina um espaço de reflexão sobre sua

saúde mental, sofrimento psíquico e/ou transtornos mentais;

2. Desenvolver nos Internos de medicina habilidades de comunicação adequadas à sua

atividade profissional;

3. Desenvolver atitude crítica nos participantes acerca do seu desempenho nas diversas

situações da relação com seu paciente, colegas e circunstantes;

4. Treinar o aluno na técnica de trabalho com grupo Balint possibilitando o trabalho

futuro com grupos focais de pacientes na comunidade;

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5. Avaliar a saúde mental dos participantes, estratégias defensivas utilizadas e resolução

de conflitos;

Contexto e Descrição do Problema: Grupo Balint (GB) é uma modalidade

amplamente utilizada como mecanismo potencializador das percepções dos

profissionais médicos sobre si mesmos, sobre seu ofício, e sobre as relações

estabelecidas com seus pacientes. Os grupos permitem uma melhor compreensão acerca

da subjetividade envolvida no “fazer médico”, viabilizando a conexão do profissional

com suas emoções dentro de um ambiente de trabalho, não raro, marcado pelo

mecanicismo e pela objetividade. Desse modo, sabendo-se que a formação acadêmica

médica envolve sofrimentos psíquicos diversos, a adoção do sistema grupal ainda no

momento do Internato (dois últimos anos da graduação médica) pode ser uma estratégia

preventiva para manutenção da saúde mental desse público. Daí a necessidade de

pesquisas como esta que investiga a contribuição do GB nesta formação.

Método: Estudo qualitativo através do GB com estudantes do Internato de Medicina de

universidade pública brasileira de setembro/17 a abril/18. Utilizamos como referência o

Método de Pesquisa Clínico-Qualitativo em Saúde definido por Turato (2003): “A partir

das atitudes existencialistas, clínicas e psicanalíticas, pilares do método, que propiciam

respectivamente a acolhida das angústias e ansiedades do ser humano, a aproximação de

quem dá ajuda e a valorização dos aspectos emocionais psicodinâmicos mobilizados na

relação com os sujeitos em estudo, este método científico de investigação, sendo uma

particularização e um refinamento dos métodos qualitativos genéricos das ciências

humanas, e pondo-se como recurso na área da saúde, busca dar interpretações a sentidos

e a significações trazidos por tais indivíduos sobre múltiplos fenômenos pertinentes ao

campo do binômio saúde-doença, com o pesquisador utilizando um quadro eclético de

referenciais teóricos para a discussão no espírito da interdisciplinaridade” (TURATO,

2003 p.242). Foram realizadas sessões semanais de GB de 2h durante 2 meses, com no

máximo 12 alunos cada do Internato do curso de Medicina, totalizando 40 participantes.

Também, foram realizados seminários teóricos após cada GB, a partir do livro de

Balint: O médico, seu paciente e a doença. Além dos Internos, participaram dos grupos

a professora moderadora e uma aluna pesquisadora, responsável por realizar anotações

no caderno de campo acerca das falas mais relevantes ou repetidas a cada sessão. A

síntese feita pela moderadora ao final de cada sessão foi transcrita, sendo objeto de

análise de dados da presente pesquisa. Além disso, utilizou-se outro instrumento de

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coleta de dados: um relatório feito por cada participante após o tempo de vivência no

GB sobre a sua contribuição na formação do Interno e na sua saúde mental.

Resultados: A partir da analise de conteúdo dos diários de campo, pôde-se observar

uma variedade temática nas sessões, que se repetiram progressivamente no decorrer dos

grupos. Sentimentos de insatisfação, de medo e de insegurança compunham o quadro

geral da maioria dos estudantes, o que ratifica os altos níveis de pressão psíquica do

Internato, etapa final da vida acadêmica e que precede a formatura médica. Temas

recorrentes durante a realização dos grupos: 1-Dificuldade de enfrentamento perante a

morte; 2-Dificuldades em transmitir más notícias; 3-Dificuldade de lidar com pacientes

em sofrimento mental - medo da “loucura”; 4-Medo em relação ao mercado profissional

e às escolhas de residência médica; 5-Relatos de insatisfação e exaustão física,

emocional e mental; 6-Inconformidade a respeito de práticas metodológicas

institucionais; 7-Dificuldades acerca das relações interpessoais dentro do curso.

Discussão: Nossos resultados foram semelhantes a estudo com médicos na Sérvia

(STOJANOVIC-TASIC, 2018) que demontraram que GB pode aumentar a satisfação

no trabalho/estudo, porque os participantes usam experiências frustrantes para refletir e

desenvolver alternativas para situações estressantes, o que poderia reduzir níveis de

stress.

Conclusão: Aqueles que participaram da maioria das sessões demonstraram no seu

relatório pessoal que o Grupo Balint proporcionou um reforço positivo no processo de

formação médica, tendo em vista ter-se tratado de um dos raros espaços disponíveis

durante a faculdade, no qual os estudantes puderam expressar suas insatisfações, anseios

e expectativas. Além disso, o espaço permitiu desenvolver nos estudantes o sentimento

de reciprocidade e de identificação, uma vez que eles puderam se reconhecer nas

angústias uns dos outros, bem como, nos sentimentos positivos de esperança e de

otimismo.

Contribuições: Esta atividade de extensão e pesquisa contribuiu na formação de uma

coesão interna, auxiliando nas relações interpessoais dos estudantes participantes.

Assim, apontou o GB como estratégia para viabilizar a experiência acadêmica de modo

menos desgastante e emocionalmente exaustivo para esse público.

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RESUMO:

O método Balint é uma modalidade grupal amplamente utilizada como mecanismo

potencializador das percepções dos profissionais médicos sobre si mesmos, sobre seu

ofício, e sobre as relações estabelecidas com seus pacientes. Os grupos permitem uma

melhor compreensão acerca da subjetividade envolvida no “fazer médico”, viabilizando

a conexão do profissional com suas emoções dentro de um ambiente de trabalho, não

raro, marcado pelo mecanicismo e pela objetividade. O intuito do método é aperfeiçoar

o ofício do profissional, auxiliando-o na melhoria da relação “médico-paciente”, e na

definição de condutas terapêuticas apropriadas, levando em consideração os aspectos

subjetivos frequentemente presentes nas queixas clínicas dos pacientes, embora pouco

investigados. Além disso, a inserção nos grupos permite ao profissional um espaço onde

pode compartilhar impressões pessoais, angústias e expectativas, sendo um meio

propício a catarses emocionais, que são importantes para a preservação da saúde

psíquica do profissional. Desse modo, sabendo-se que a formação acadêmica médica

envolve sofrimentos psíquicos diversos, a adoção do sistema grupal ainda no momento

do Internato tende a ser uma estratégia preventiva, inclusive, na manutenção da saúde

mental desse público.

Palavras chave: Grupo Balint; Estudantes de medicina; Saúde mental; Educação

médica; Estudo qualitativo.

RESUMEN:

El método Blint es una modalidad grupal ampliamente utilizada como mecanismo

potencial de las percepciones de los profesionales médicos sobre ellos mismos, sobre su

oficio y sobre las relaciones establecidas con sus pacientes. Los grupos permiten una

mejor comprensión acerca de la subjetividad delante de la práctica médica, haciendo

viable la conexión del profesional con sus emociones dentro de un ambiente de trabajo,

conocido, marcado por el mecanismo y por objetividad. El intuito del método es

perfeccionar el oficio del profesional, auxiliándole en una mejor relación médico-

paciente, y en la definición de conductas terapéuticas apropiadas, llevando en

consideración los aspectos subjetivos frecuentemente presentes en las quejas clínicas de

los pacientes, aunque poco investigados. Además, la inserción en los grupos permite al

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profesional un espacio donde pueda compartir impresiones personales, angustias y

expectativas, considerándose un medio propicio para catarsis emocionales, que son

importantes para la preservación de la salud psíquica del profesional. De esa manera,

reconociendo que la formación académica médica abarca sufrimientos psíquicos

diversos, la adopción del sistema grupal, aún en el período de Internado Anual

Rotatorio, suele ser una estrategia preventiva, incluso para la salud mental de ese

público.

Palabras clave: Grupo Balint; Estudiantes de medicina; Salud mental; Educación

médica; Estudio cualitativo

CONTEXTO E DESCRIÇÃO DO PROBLEMA

O método Balint é uma modalidade grupal desenvolvida na Inglaterra da década

de 50, cuja proposta de ação baseava-se no atendimento às demandas específicas de

médicos generalistas e médicos da família do país. O método foi criado em um período

em que a sociedade inglesa desenvolvia um intenso interesse em práticas grupais.

Assim, Balint, criado e difusor da prática, enxergou nessa estratégia uma possibilidade

de transpor os fundamentos da psicanálise para clínica tradicional. Hoje conhecido

como Balint Group Training (BGT), a modalidade solidificou-se como uma estratégia

terapêutica amplamente utilizada para a compreensão das nuances e das especificidades

existentes na relação médico-paciente, bem como para o aperfeiçoamento da conduta

médica dentro do seu ofício. 1

Balint, que era médico e psicanalista, propôs o sistema grupal em uma época

marcada por profundas transformações sociais oriundas das devastações bélicas da

Inglaterra dos anos 1940. Simultaneamente, havia na categoria médica inglesa uma

profunda insatisfação diante do estabelecimento de um novo Sistema de Saúde no país.

O desenvolvimento dos grupos era uma proposta de debates e de diálogos, nos quais os

médicos manifestavam suas queixas e angustias, a partir de uma ampla abertura

emocional. Assim, Balint pretendia trabalhar com eles possibilidades de melhor atender

uma população ainda bastante castigada pelo contexto social. Paulatinamente, Balint

pôde observar durante as discussões dos casos clínicos semelhanças nas atitudes dos

médicos e em suas angústias, podendo, a partir disso, desenvolver suas teorias a respeito

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da relação médico-paciente e ampliar o método grupal, agora intencionando treinar os

médicos para melhorar os aspectos da relação com seus pacientes. 2

O método pautou-se, portanto, em uma fundamentação psicanalista, abrindo

espaço para manifestação de processos que tem como objetivo a relação humana. Dessa

maneira, o grupo não se limita somente a médico, mas também outros profissionais

inerentes ao contexto da saúde e da assistência humana. Apesar de não ter finalidade

terapêutica em si, o grupo permite reflexões pessoais e coletivas que podem representar

uma oportunidade de modificações nos padrões de comportamento dentro do ambiente

profissional. Pretende-se, assim, a melhoria dos relacionamentos interpessoais

horizontais, representados pelos colegas de uma mesma categoria, mas também e,

sobretudo, pelas relações “verticalizadas”, simbolizadas pelo binômio “medico -

paciente”. 3

Esse relacionamento, como todo processo inerente à natureza humana, é

dinâmico, e mutável, compreendido como uma entidade imaterial viva e complexa. 4 As

modificações sociais, relacionadas ao contexto histórico humano, alteram também as

configurações dos relacionamentos. A própria percepção do que se constitui “saúde”

modificou-se, de modo que novos conceitos clínicos precisaram ser encarados.

Consequentemente, ao longo desses 60 de existência, os grupos Balint passaram,

também, por processos de evolução. Partindo da psicanálise como metodologia

dominante na primeira metade do século XX, outros métodos foram sendo

incorporadas: psicoterapias comportamentais, antropológica, existencial e humanista

surgiram, então, como alternativas complementares para atender às demandas

particulares de cada grupo. Os Grupos Balint se propagaram pelo mundo, contribuindo

hoje também para treinamento de Estudantes de Graduação, Residentes e Profissionais

da Área da Saúde em geral, principalmente aqueles da Área de Saúde da Família e

Clínica Geral. Dessa forma, modificações na estrutura do grupo Balint tradicional foram

necessárias em alguns grupos específicos, para melhor avaliar a experiência desses

indivíduos. 4,5

Atualmente, o BGT é formado por grupos de aproximadamente 6 a 12 pessoas,

coordenado por um líder apto, normalmente treinado previamente e familiarizado com o

funcionamento do sistema. As reuniões prevêem a participação espontânea de seus

membros, que relatam casos-clínicos vivenciados em suas práticas médicas. Em geral,

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os casos envolvem algum tipo de angústia, seja a respeito da relação estabelecida com o

paciente ou do exercício clínico em si. O grupo ouve as histórias sem interrompimentos,

viabilizando, dessa forma, o livre fluxo de idéias e de sentimentos do locutor. Após o

relato, os demais membros são então instigados pelo líder a compartilhar suas

impressões acerca do caso. As respostam podem assumir variadas formas, desde

conselhos, catarses emocionais induzidas pelo contexto, até identificação e especulações

sobre os detalhes ofertados. Com efeito, todo esse cenário proporciona aos sujeitos

envolvidos um maior entendimento e aceitação das dificuldades relacionadas ao oficio,

bem como uma melhor percepção das nuances envolvidas em uma relação entre

médicos e pacientes. 6

As discussões são conduzidas por um psicanalista ou alguém treinado e os

participantes têm a oportunidade de discutir casos que estão vivenciando no seu trabalho

diário, desenvolvendo uma atmosfera de segurança e tolerância. O grupo usa diferentes

entendimentos do comportamento humano e os participantes são estimulados a

expressar seus pensamentos frente ao caso apresentado, cada participante se envolve nos

casos dos colegas e vivenciam um processo de aprendizagem em grupo. O papel do

moderador no grupo é angariar os elementos expostos pelos participantes e ajudá-los a

pensar, se posicionando em igualdade com os demais participantes. Não cabe a ele fazer

interpretações ou dar conselhos, ele deve incentivar o processo reflexivo, sendo

essencial que os participantes não se sintam julgados pelas suas atitudes. 7

A funcionalidade dos grupos Balint é globalmente evidenciada. Dentre os

benefícios do grupo, destaca-se a oportunidade de se montar um “ambiente seguro”, no

qual a categoria profissional pode dialogar a respeito de aspectos interpessoais do seu

trabalho e de seus pacientes. Inevitavelmente, histórias semelhantes e sentimentos em

comum são manifestados, promovendo um amplo processo de identificação entre os

integrantes grupais. Esse espaço de esvaziamento de angústias tem se demonstrado

como um fator importante na prevenção ao esgotamento profissional decorrente do

Burn out. Além disso, a modalidade encoraja ainda a humanização da saúde ao propor o

constante debate acerca do paciente enquanto um ser dotado de subjetividades e de

sentimentos. Esse entendimento mais amplo tende, inclusive, a aperfeiçoar a prática

clínica, tendo em vista que muitas das demandas dos pacientes advêm de causas

emocionais inconscientes que dão origem a enfermidades de caráter psicossomático –

doenças desafiantes para a maioria dos clínicos. 6, 7

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O impacto gerado em participantes de grupos Balint tem sido descrito em

variados trabalhos acadêmico. Dentre os efeitos, ressaltam-se aumento na auto-eficácia

psicossocial, diminuição significativa nos níveis de Burn out, mudanças na percepção

do paciente, conhecimento dos seus próprios limites, compreensão dinâmica de caso,

consciência dos sentimentos do paciente, competência na relação médico-paciente,

reconhecimento dos diferentes aspectos da identidade profissional, aumento da

autoconsciência, interação diferente com os pacientes e mudanças individuais. 8-11 A

integração em um BGT auxilia o profissional médico no manejo dos seus próprios

sentimentos, bem como na percepção das necessidades próprias, de seus colegas de

ofícios, e, sobretudo, de seus pacientes. O grupo é um lugar segura para explorar

conteúdos emocionais que permeiam a relação médico-paciente. 12, 13

Muito embora o BGT inicial tenha sido criado para médicos generalistas, sua

contribuição se estende para médicos e residentes de várias especialidades e outros

profissionais da área da saúde, como enfermeiros, fisioterapeutas e agentes comunitários

de saúde, bem como para formação de estudantes de graduação. A expansão global do

método e a observação dos seus efeitos benéficos suscitaram, inclusive, a adoção

obrigatória do BGT, que passou a compor uma etapa nos estágios de residência de

alguns países. 14 Neste contexto, a literatura tem apontado a importância dos grupos

Balint na formação de estudantes de Medicina. Em um relato de uma experiência de

cinco meses de um grupo Balint composto por 5 estudantes de medicina do quinto ano e

um clinico geral como facilitador, os alunos pontuaram que o grupo ajudou a preencher

uma grande lacuna em sua formação atual, a relação médico-paciente, ampliando a

compreensão e habilidades nos aspectos psicológicos da prática geral.15 Esse mesmo

autor relata a experiência de um grupo Balint composto por estudantes de medicina

recém-formados. Os alunos relataram que o ano extra de participação no grupo havia

aumentado sua compreensão e eficácia em suas relações com os pacientes. 16

No curso de medicina com currículo tradicional o Internato é o momento que o

estudante vivência as experiências da prática médica de forma mais intensa. Nesse

período o estudante vive uma transição de uma base teórica para uma prática ativa,

passa a discutir e acompanhar pacientes com a preceptoria de médicos, trabalhando

aspectos como a relação médico-paciente. Esse é o momento de construção de uma

identidade profissional, de gerar posturas que refletirão na sua prática médica. Assim,

nessa etapa também, os futuros médicos se expõe desde cedo a fontes de estresse e

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conflitos do exercício da medicina que podem levar ao adoecimento psíquico.

17,18Alguns estudos apontaram que estudantes de medicina estariam mais predispostos a

transtornos mentais, se comparado com outros universitários, principalmente nessa

etapa final do curso. 19,20

A saúde mental do profissional saúde é fator determinante para o bom

relacionamento com seus pacientes. Muitas das características psicodinâmicas que

conduzem as pessoas para a carreira médica, também as predispõem para os distúrbios

emocionais descritos na literatura. Além de comprometer a relação médico-paciente e o

comportamento ético do médico, elas podem desencadear vários processos de

adoecimento e até justificar os elevados índices de suicídio encontrados nesse grupo.21

O sofrimento psíquico e, até mesmo, o transtorno mental identificado por vários estudos

em estudantes de medicina e de outras áreas da saúde, demonstram a relevância deste

problema e a necessidade de medidas preventivas imediatas a serem introduzidas pelas

instituições de ensino.22-28

A forma de evitar a cronificação dos transtornos é fazer a detecção precoce dos

sintomas de sofrimento psíquico. Em estudantes de medicina o momento ideal desse

processo é a etapa do internato pelos motivos expostos no parágrafo anterior. Em 2012

foi publicado um estudo que objetivou estimar a prevalência e a intensidade de sintomas

depressivos entre estudantes do internato de medicina de universidade do nordeste do

Brasil. Nesse estudo a prevalência geral foi elevada (40,5%) e estava associada com

variáveis relacionadas ao processo ensino-aprendizagem e aspectos pessoais. 27

Além desse estudo, a mesma autora estimou a prevalência de transtorno mental

comum e seus fatores associados em 473 dos 512 estudantes de Medicina da mesma

universidade matriculados no ano de 2006. A prevalência geral de transtorno mental

comum foi de 42,5% entre os alunos do 2º ao 12º semestre, sendo maior entre aqueles

que não têm fé em sua aquisição das habilidades necessárias para se tornar um bom

médico, que sentiu menos à vontade sobre as atividades do curso, que se consideravam

emocionalmente estressado, entre aqueles que não se consideram felizes, que acreditava

que o curso não corresponder às suas expectativas e aqueles que tinham um diagnóstico

prévio de doença mental por um psiquiatra. 25

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Dessa forma, o sofrimento psíquico e os transtornos mentais identificados em vários

estudos com estudantes de medicina, sugerem a necessidade de mudanças no processo

de ensino-aprendizagem e o estabelecimento de um programa de saúde mental

preventiva referente à formação médica. 25,27

OBJETIVOS:

1. Possibilitar aos Internos de medicina um espaço de reflexão sobre sua saúde mental,

sofrimento psíquico e/ou transtornos mentais;

2. Desenvolver nos Internos de medicina habilidades de comunicação adequadas à sua

atividade profissional;

3. Desenvolver atitude critica nos participantes acerca do seu desempenho nas diversas

situações da relação com seu paciente, colegas e circunstantes;

4. Treinar o aluno na técnica de trabalho com grupo Balint possibilitando o trabalho

futuro com grupos focais de pacientes na comunidade;

5. Investigar sobre mudança de atitudes, aquisição de habilidades e competências a

partir da participação no grupo Balint;

6. Avaliar a saúde mental dos participantes, estratégias defensivas utilizadas e resolução

de conflitos.

MÉTODOS

Estudo qualitativo através do Grupo Balint com estudantes do Internato de

Medicina da Universidade Federal de Sergipe.

Utilizou-se como referência o Método de Pesquisa Clínico-Qualitativo em Saúde

definido por Turato (2003): “a partir das atitudes existencialistas, clínicas e

psicanalíticas, pilares do método, que propiciam respectivamente a acolhida das

angústias e ansiedades do ser humano, a aproximação de quem dá ajuda e a valorização

dos aspectos emocionais psicodinâmicos mobilizados na relação com os sujeitos em

estudo, este método científico de investigação, sendo uma particularização e um

refinamento dos métodos qualitativos genéricos das ciências humanas, e pondo-se como

recurso na área da saúde, busca dar interpretações a sentidos e a significações trazidos

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por tais indivíduos sobre múltiplos fenômenos pertinentes ao campo do binômio saúde-

doença, com o pesquisador utilizando um quadro eclético de referenciais teóricos para a

discussão no espírito da interdisciplinaridade” (TURATO, 2003 p.242).

1. Local de estudo

Um campus da Saúde de Universidade do Nordeste do Brasil.

2. População estudada

Esta pesquisa foi dirigida aos estudantes dos 9º ao 12º semestre (Internato) do curso de

Medicina da Universidade Federal de Sergipe.

3. Desenho do estudo e coleta de dados

Estudo transversal e qualitativo realizado entre agosto/2017 a julho/2018 com

todos os estudantes matriculados nos últimos 2 anos do curso médico da Universidade

Federal de Sergipe. A primeira etapa da pesquisa contou com a aplicação de um

questionário semiestruturado elaborado pelos autores, contendo 26 questões sobre

características sociodemográficas, processo ensino-aprendizagem e vivências

psicoemocionais atuais. O questionário foi respondido por 184 alunos (98%) e visou à

descrição do perfil epidemiológico da população pesquisada.

Foram realizadas sessões semanais de grupo Balint com duração de 1h e meia

cada, abrangendo no máximo 12 alunos do Internato do curso de Medicina, totalizando

68 alunos até o momento. Após cada sessão de grupo, foi realizado seminário teórico a

partir de capítulo do livro “O médico, seu paciente e a doença” (BALINT, 1975). Além

dos discentes participantes, a composição do grupo incluiu ainda a professora-

moderadora, psiquiatra e com formação psicanalítica, e uma aluna responsável por

realizar anotações no caderno de campo acerca das falas mais relevantes ou repetidas a

cada sessão. A síntese feita pela moderadora na reunião com a aluna bolsista ao final de

cada sessão foi transcrita, sendo objeto de análise de dados da presente pesquisa. Além

disso, utilizou-se, enfim, outro instrumento de coleta de dados: um relatório feito por

cada participante após dez semanas de vivência no grupo Balint. O relatório permitiu

observar a repercussão que o GBT gerou no processo de formação médica nos

estudantes participantes.

4. Análise de dados

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4.1- Preparação Inicial: Processo de organização e de releitura dos diários de campo,

bem como dos relatórios individuais produzidos pelos alunos após a última sessão do

grupo Balint, enviados para a moderadora por solicitação da mesma.

4.2- Pré-análise: leitura flutuante numa analogia à atenção flutuante do psicanalista,

buscando demarcar os temas e as falas mais relevantes e ou repetidos.

4.3- Categorização: lapidação dos dados brutos selecionando os temas, categorias e

subcategorias, obedecendo aos critérios de repetição e ou relevância.

4.4- Validação Externa: Supervisão e leitura da transcrição e análise dos Grupos pela

moderadora e estudante bolsista da pesquisa. Também a apresentação dos resultados em

eventos científicos da instituição pesquisada, além de eventos nacionais e internacionais

contribuiu para a validação dos nossos resultados.

4.5- Apresentação dos resultados: de forma descritiva, com algumas citações de falas,

preparando para a análise de conteúdo temática interpretativa dos Grupos Balint numa

perspectiva psicodinâmica utilizando conceitos da teoria psicanalítica.

5. Considerações éticas

Este estudo foi elaborado segundo a Declaração de Helsinque (1964) e a

resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, sendo liberado pelo Comitê de Ética

em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Sergipe com CAAE

número 38995814.1.0000.5546. Todos os procedimentos éticos propostos e aprovados

por este Comitê foram estritamente seguidos pela equipe de pesquisa, sendo garantida

aos participantes a confidencialidade das informações, bem como o direito de não

aceitar participar da mesma.

RESULTADOS

Participaram da primeira etapa do estudo 184 Internos (98%), mas foram

excluídos aqueles que não responderam completamente o questionario. Foram

analisados 126 alunos (67,7%) com idades entre 21 e 38 anos (25,7+3,1), sendo 53,2%

do sexo masculino, 82,5% são solteiros, 63,5% praticam alguma religião, 54% são

procedentes da capital do Estado, 67,5% possuem renda familiar <10 salários mínimos,

73,8% moram com familiares e 85,7% não trabalham, além de estudar.

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O estudo qualitativo contou com a participação de 68 alunos distribuídos em 6

grupos Balint que aconteceram no período. A partir de uma análise de conteúdo dos

diários de campo, bem como dos relatórios individuais dos discentes, observamos uma

variedade temática nas sessões, que, no entanto, repetiram-se progressivamente no

decorrer dos grupos. Ainda que o Grupo Balint preconize a subjetividade dos sujeitos

envolvidos, esta sinalização da persistência de temas é indispensável para traçar

parâmetros objetivos dentro de um estudo qualitativo, no intuito, inclusive, de delimitar

possíveis estratégias para a melhoria da qualidade de vida desse público.

Sentimentos de insatisfação, de medo e de insegurança compunham o quadro

geral da maioria dos estudantes, o que ratifica os altos níveis de pressão psíquica

vivenciados durante o Internato, etapa final da vida acadêmica e que precede a

formatura médica.

Identificamos oito temas mais comuns nas sessões do grupo de Balint e os

ilustramos a partir de citações obtidas nos relatórios dos alunos, bem como nos cadernos

de campo das pesquisadoras. De modo a respeitar a identidade dos alunos participantes,

as citações foram transcritas anonimamente.

1. Dificuldade de enfrentamento perante a morte;

“Um colega próximo nosso faleceu há pouco tempo e isso chocou toda a

comunidade acadêmica. É muito estranho quando acontece conosco e a

gente percebe como simplesmente não sabemos lidar com a morte, mesmo

estando em um curso no qual as perdas são muito comuns.”

2. Dificuldade em transmitir más notícias;

“Acompanhei uma cirurgia que acabou não transcorrendo como

esperávamos e o paciente veio a óbito. Eu estava presente quando o médio

anunciou à família. Ver a dor daqueles familiares me deixou constrangido,

eu não sabia o que fazer. Falo alguma coisa? Toco neles? Acabei ficando

parado e apenas observado. Não sei como será quando for eu o responsável

por contar aos familiares quando algo ruim acontecer.”

3. Dificuldade de lidar com pacientes em sofrimento mental – medo da

“loucura”;

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“Confesso que o módulo que menos gostei do Internato [de medicina] foi o

de Saúde Mental. Tive medo de rodar na [clínica psiquiátrica] São Marcelo,

de ver tantos pacientes presos em grades. Eu me sentia sempre tensa com a

situação, de modo que isso dificultava minha relação com os pacientes de

lá.”

“Também me senti aflita neste módulo [de Saúde Mental]. Eu não me sinto à

vontade em lidar com pacientes que têm algum transtorno mental. Eu me

sinto vulnerável, tenho medo de ficar sozinha com eles.”

4. Medo em relação ao mercado de trabalho e às escolhas de Residência

Médica;

“Os semestres que precedem a formatura são angustiantes porque ficamos

com essa ansiedade sobre as provas de Residência. Qual área eu escolho? E

se eu escolher a área errada?”

“Fico em dúvida sobre o que fazer após a formatura: trabalhar ou fazer

residência. A sociedade sempre cobra que o médico se especialize. Parece

que ser um médico generalista perdeu espaço na medicina, não é suficiente.

Quando deixou de ser suficiente simplesmente cuidar das pessoas?”

5. Medo de exercer a Medicina como profissionais, sem o auxílio dos

professores;

“Faltam exatamente 06 semanas para a formatura e a sensação que tenho é

de que não aprendi nada, de que não sou capaz de atuar como profissional

sozinha, sem o auxílio de um preceptor.”

“Tornar-se médico é uma trajetória. Acho que não vou me sentir seguro por

muito tempo. Talvez isso aconteça no meu primeiro ano de formado, ou no

segundo, ou nunca. É um processo.”

“Em alguns momentos a gente faz algumas reflexões como o que acontecerá

quando eu estiver diante de um caso grave e não tiver à disposição a

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consulta literária ou de professores para resolver a situação? Eu tenho

sentido muito receio sobre isso.”

6. Relatos de insatisfação e exaustão física, emocional e mental;

“Quando a gente entra no curso de Medicina parece que temos de sofrer,

obrigatoriamente. Se não sofremos, não somos bons o suficiente. A

faculdade pensa assim, os alunos pensam assim, os professores pensam

assim, a sociedade pensa assim. E a gente vai tornando isso normal, mas

não é normal. Definitivamente não é.”

“Eu desenvolvi gastrite nervosa durante a faculdade [de medicina]. As

pessoas não entendem como a pressão que a gente passa reverbera,

inclusive, no nosso corpo.”

7. Inconformidade a respeito de práticas metodológicas institucionais;

“O método de ensino é muito obsoleto. Decoramos muita coisa e nem

sempre conseguimos fazer associações práticas. Os professores nem sempre

ajudam também.”

“Muitos professores descontam suas frustrações pessoais nos alunos. É

péssimo e isso nos deixa ansioso, sempre em estado de alerta.”

8. Dificuldades acerca das relações interpessoais no curso.

“O ambiente é de muita competição, desde o início do curso. É difícil saber

quem é seu amigo e quem se relaciona com você por algum tipo de interesse.

Infelizmente, isso é muito comum e naturalizado.”

“Parece que a motivação das pessoas é ser melhor que o outro. Esse tipo de

competição é muito destrutivo.”

Apesar da maior freqüência de tópicos que expressam angústias e medos em relação

ao próprio curso e ao futuro profissional, os grupos também proporcionaram espaço

para comunhão de sentimentos positivos, no qual os participantes puderam narrar suas

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histórias pessoais, receber apoio mútuo e expressar gratidão pelo tempo de convívio uns

com os outros. Não raro, portanto, o grupo Balint também possibilitou a fraternidade e

solidariedade entre os integrantes. Algumas falas aqui transcritas reforçam esses

achados:

“É bom estar aqui e perceber que estamos juntos inclusive nos mesmos anseios...”

“Se houvesse grupo Balint desde o início do curso talvez minha turma fosse mais

unida e menos competitiva.”

“É um alívio poder dividir certas coisas aqui no grupo. E mais aliviante ainda

perceber que vocês também passam por coisas que eu passo. Quanto tempo nós

perdemos sofrendo sozinho, quando podíamos ter nos ajudado mais...”

“Queria agradecer a vocês por tudo. Eu fico muito feliz e orgulhosa de ver meus

colegas sendo aprovados [nas provas de Residência Médica] e conseguindo seguir seus

sonhos.”

A avaliação final dos estudantes acerca das contribuições do Grupo Balint no

processo de formação médica foi compilada em relatórios elaborados pelos próprios

estudantes. Alguns trechos desses relatórios podem ser identificados a seguir:

“Ao optarmos pelo curso de Medicina, escolhemos doar os nossos ouvidos às

queixas, lamentações e histórias de vida de nossos pacientes. Mas quem ouve as

nossas? O Balint representou pra mim uma forma de descarregar minhas angústias e

preocupações.”

“O grupo Balint além de permitir a discussão dos temas propostos ainda detinha de

parte do tempo para a exposição livre de pensamentos onde podemos falar, debater,

refletir e questionar sobre temas referentes ao cotidiano, sobre a graduação e a

formação médica e também sobre os medos, angústias e ansiedades que a rotina nos

proporciona.”

“É sempre importante lembrar que nosso paciente não é apenas portador de uma

doença com características exclusivamente objetivas, mas que a patologia tem um

significado para cada um e algumas vezes podem ser explicadas pelo componente

subjetivo. Muito da discussão evidenciou que muitas vezes, nós, os médicos erramos

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por não conversarmos com o paciente. Cabe a nós a sensibilidade para ouvir e

interpretar o que foi dito.”

“O grupo Balint foi muito importante para minha formação, principalmente para o

médico generalista, que é a formação que terei no futuro. Então me ajudou bastante no

aprendizado da relação médico-paciente e me orientou a compreender o tipo de

comportamento que eu devo adotar para o exercício de consultas centradas no paciente

e no significado destes em seu contexto cotidiano.”

“Para mim, foi muito gratificante ter participado um pouco desse grupo, pois

apesar das abordagens feitas, sobre a atuação do médico e paciente, pude, também,

conhecer um pouco mais de cada colega ali presente.”

“A discussão sobre morte e suicídio, fatos comuns, mas tabus na área médica,

puderam me auxiliar a lidar com eles. Sei que, diante da complexidade do fenômeno

suicídio e morte, ainda tenho muito a ler e a aprender, para quem sabe ser um

estudioso e especialista do assunto. Porém é verdade que foi o grupo o responsável

pelo primeiro passo em direção a temas tão interessantes e de importante compreensão.

Afinal, compreender a morte também é compreender um aspecto da vida.”

“Os sentimentos de transferência e contratransferência estão hoje mais

compreensíveis para mim. As sessões me ajudaram a entender o porquê de nos

sentimos confortáveis ou não a depender do paciente, seus impactos no médico, assim

como os impactos que o médico causa já no momento da consulta. É esse vínculo de

confiança, sem dúvida, o primeiro passo para o êxito do tratamento proposto.”

“Muito importante para minha formação, principalmente para o médico

generalista, que é a formação que terei no futuro. Então me ajudou bastante no

aprendizado da relação médico-paciente e me orientou a compreender o tipo de

comportamento que eu devo adotar para o exercício de consultas centradas no paciente

e no significado destes em seu contexto cotidiano.”

DISCUSSÃO

Nossos resultados foram semelhantes aos evidenciados por estudo com médicos

na Sérvia (STOJANOVIC-TASIC, 2018), que demonstrou que Grupos Balint podem

aumentar a satisfação no trabalho/estudo, porque os participantes usam experiências

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frustrantes para refletir e desenvolver alternativas para situações estressantes, o que

poderia reduzir níveis de stress. Cada vez mais a literatura e as pesquisas apontam para

a necessidade da inserção de estratégias preventivas contra o desenvolvimento do

sofrimento psíquico em estudantes de Medicina. A experiência com a pesquisa

demonstrou ser o Grupo Balint uma alternativa eficaz, tendo em vista a expressiva

modificação observada nas atitudes dos alunos participantes com o decorrer das sessões.

O curso de Medicina, de maneira geral e globalizada, apresenta elementos que

estão intrinsecamente relacionados ao processo de exaustão física e mental dos

discentes. Esse contexto nocivo tem sido relatado por diversos autores. Segundo Enns et

al29, a pressão para aprender, a grande quantidade de informações, a falta de tempo para

lazer e atividades sociais, e o contato com o sofrimento e com a morte no cuidado dos

pacientes são fatores que, além de prejudicar a qualidade de vida do estudante de

Medicina, podem precipitar o desenvolvimento de alguns transtornos psiquiátricos

como depressão, transtornos de ansiedade, dependência de substâncias psicoativas e

suicídio, o que já evidencia maior prevalência nesse grupo do que na população em

geral.

O contexto supracitado entra em concordância com os resultados da nossa

pesquisa. Os relatos dos alunos durantes os grupos Balint frequentemente descreveram

cansaço, ansiedade e elevados níveis de exigência como elementos rotineiros da

vivência acadêmica. Além disso, algumas falas descreveram a dificuldade de lidar no

cotidiano clínico com temas “tabus” como a morte e doenças relacionadas à saúde

mental. Algumas falas transcritas a partir dos cadernos de campo confirmam esses

achados:

“Mal consigo me lembrar da última vez que tive um tempo para mim mesmo.

Somos o tempo todo cobrados, pelos professores, pelos colegas e por nós mesmos. À

vezes me sinto culpado se deixo de estudar para fazer uma atividade de que gosto. [A

faculdade de Medicina] é um ambiente muito adoecedor”.

Durante várias sessões do nosso Grupo Balint, o choro de alguns alunos

ocorreu enquanto eles relatavam a morte de seus pacientes. A expressão de sentimentos

de culpa e de baixa auto-estima também aconteceu. O sentimento de não ser valorizado

pelos preceptores após uma sugestão técnica, bem como o sentimento de não ser por

vezes respeitado pelos enfermeiros, foram referidos no grupo como causas de

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ansiedade. Alguns alunos relataram que o grupo os incentivou na busca por

acompanhamento terapêutico. Assim, as sessões no Balint serviram, também, para que

os alunos passaram a reconhecer seu prórpios sofrimentos psíquicos, muitas vezes

mascarados pela rotina exaustiva dos estudos.

Vários estudos mostram uma alta prevalência de transtornos mentais comuns,

sintomas depressivos, burnout e suicídio entre estudantes da área da saúde que

comprometerão o desempenho acadêmico, as relações com os pacientes e o desempenho

futuro do profissional na comunidade24-27 Por outro lado, alguns estudos mostram a

utilidade dos grupos de Balint para a prevenção de transtornos mentais entre estudantes

de medicina e profissionais de saúde, bem como sua contribuição para treiná-los para a

detecção precoce desses transtornos em pacientes na atenção primária.30-32

Outros trabalhos também demonstram semelhanças de resultados com a nossa

pesquisa. Nesse sentido, com a finalidade de avaliar possíveis mudanças de

personalidade em clínicos gerais como resultado da participação em um grupo Balint.

Dokter33, reuniu 22 clínicos gerais em 2 grupos Balint, sendo que depois de 2 anos os

grupos foram combinados e somente 8 médicos ainda estavam participando. Um

questionário foi aplicado para medir as mudanças na personalidade. A conclusão foi que

a personalidade dos médicos basicamente não mudou com a participação em um grupo

Balint. Mas, trabalhar no grupo levou os participantes a lidar com seus pacientes de uma

maneira diferente e mais competente. Na investigação também se descobriu que uma

mudança considerável ocorreu com o tipo de pacientes que os médicos referiam ter

dificuldade.

Em relação à mudança de personalidade nos participantes do Grupo Balint, o

nosso estudo, contrariamente ao proposto e realizado por Dokter33, demonstrou ao longo

de sucessivas reuniões uma mudança considerável nas atitudes expressas pelos alunos.

Isso ficou evidenciado em relatos diretos, nos quais os discentes manifestaram ter

desenvolvido maior autonomia e auto-segurança em suas habilidades profissionais. A

seguinte citação de um aluno durante sessão exemplifica esses achados:

“Passei a ter mais segurança nos ambulatórios e nas atividades nos hospitais,

me sinto menos dependente da tutela dos professores.”

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Além disso, os integrantes dos grupos também demonstraram, assim como os

participantes do estudo de Dokter, terem desenvolvido melhores habilidades de

comunicação com seus pacientes. A inserção nos grupos acentuou o debate acerca da

percepção do paciente como um ser integral, inserido em contextos diversos. Segundo

alguns alunos, o grupo Balint proporcionou um espaço de reflexão no qual puderam

perceber que muitos dos comportamentos por eles executados no ambiente acadêmico

eram “mecanizados”, e essa situação reverberava nos relacionamento com seus

pacientes. Assim, ao perceberem esse automatismo de comportamento, puderam

ressignificar as próprias ações e melhorar a conexão com os pacientes. Esses achados

podem ser observados, por exemplo, nas seguintes citações:

“Antes eu agia como um robô. A faculdade às vezes nos induz a agir

mecanicamente, e isso acaba nos fazendo lidar com os pacientes também de uma

maneira robotizada. Ficar aqui nas sessões, conversar sobre isso, fez com que eu me

atentasse mais sobre isso e passasse a enxergar o paciente com mais cautela e

sensibilidade.”

“A rotina no Hospital Universitário é robotizada. Existe um modelo pré-

montado a partir do qual discutimos os casos clínicos com os nossos preceptores sobre

exames, condutas e tratamento, mas raramente essas informações são compartilhadas

ou devidamente explicadas para os pacientes. Existe um abismo de comunicação com

os pacientes e isso nem sempre é corrigido pela faculdade.”

“Quando terminamos de montar um plano terapêutico a partir das discussões

com os preceptores, já na consulta final, nos deparamos com a dificuldade de termos

adesão do paciente. E é claro que isso acontece. Como o paciente irá confiar e aderir

ao que foi proposto se ele não compreende como aquela decisão foi tomada?”

“Muitas vezes eu não consigo nem me despedir adequadamente do paciente por

causa da correria em preencher documentações. A burocracia me incomoda e me

atrapalha em manter o vínculo com as pessoas que atendo.”

Os temas principais de discussão dos Grupos Balint, como sugerem Brock e Stock 34

giram em torno dos sentimentos relacionados aos pacientes, identidade profissional,

relacionamento com os pacientes e seus familiares, relação com outros profissionais

com os quais partilham o caso e dificuldades de infraestrutura para realização das

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tarefas e do processo ensino-aprendizagem. Todos esses elementos também foram

pontuados pelos alunos no nosso estudo.

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CONCLUSÕES

O Grupo Balint proporcionou um reforço positivo no processo de formação

médica, tendo em vista ter-se tratado de um dos raros espaços disponíveis durante a

graduação no qual os estudantes puderam expressar suas insatisfações, anseios e

expectativas.

Além disso, o espaço permitiu desenvolver nos estudantes o sentimento de

reciprocidade e de identificação, uma vez que eles puderam se reconhecer nas angústias

uns dos outros, bem como nos sentimentos positivos de esperança e de otimismo,

facilitando a comunicação entre eles e com seus pacientes.

O grupo fomentou uma atitude crítica reflexiva, promovendo uma coesão interna

e auxiliando nas relações interpessoais dos estudantes participantes.

A dinâmica grupal, além dos seminários teóricos baseados nos casos clínicos do

livro de Balint, fomentou intensos debates, contribuindo no interesse dos alunos para

realização futura de grupos focais com pacientes crônicos, usuários dos serviços

públicos de saúde.

Constamos ainda com a progressão dos grupos a evolução positiva dos alunos

acerca das suas queixas iniciais, pela referência de mudanças de atitudes e maior

segurança nas próprias competências e habilidades.

Os participantes demonstraram redução da ansiedade referida nas primeiras

sessões do grupo Balint, o que reforça ser esta uma boa estratégia preventiva para os

agravos à saúde mental dos discentes durante sua formação médica.

CONTRIBUIÇÕES

O método Balint é uma modalidade grupal amplamente utilizada como

mecanismo potencializador das percepções dos profissionais médicos sobre si mesmos,

sobre seu ofício, e sobre as relações estabelecidas com seus pacientes. Os grupos

permitem uma melhor compreensão acerca da subjetividade envolvida no “fazer

médico”, viabilizando a conexão do profissional com suas emoções dentro de um

ambiente de trabalho, não raro, marcado pelo mecanicismo e pela objetividade. O

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intuito do método é aperfeiçoar o ofício do profissional, auxiliando-o na melhoria da

relação “médico-paciente”, e na definição de condutas terapêuticas apropriadas, levando

em consideração os aspectos subjetivos frequentemente presentes nas queixas clínicas

dos pacientes, embora pouco investigados.

A inserção nos grupos permite ao profissional um espaço onde pode

compartilhar impressões pessoais, angústias e expectativas, sendo um meio propício a

catarses emocionais, que são importantes para a preservação da saúde psíquica do

profissional. Desse modo, sabendo-se que a formação acadêmica médica envolve

sofrimentos psíquicos diversos, a adoção do sistema grupal ainda no momento do

Internato tende a ser uma estratégia preventiva, inclusive, na manutenção da saúde

mental desse público.

Acreditamos que os resultados reforçam que o grupo Balint é uma boa estratégia

para viabilizar uma experiência acadêmica menos desgastante e emocionalmente

exaustiva para esse público. No presente estudo, o grupo de Balint contribuiu para

diminuir o sofrimento psíquico e aumentou as habilidades dos alunos que logo se

tornariam um médico, especialmente a comunicação. Assim, pode ser um instrumento

útil na educação médica. No entanto, mais estudos sobre o assunto são necessários nesta

e em outras escolas médicas, especialmente com um acompanhamento mais extenso do

mesmo grupo para verificar e confirmar a consistência de nossos achados.

Assim, o projeto deve ser mantido e aperfeiçoado de modo permanente,

podendo, inclusive, ser estendido para demais períodos da graduação.

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