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CIÊNCIA E TREINAMENTO EM JUDÔ Volume 2 Preparação desportiva aplicada ao judô: periodização contemporânea

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CIÊNCIA E TREINAMENTO EM JUDÔ

Volume 2Preparação desportiva aplicada ao judô: periodização contemporânea

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CIÊNCIA E TREINAMENTO EM JUDÔ

Volume 2Preparação desportiva aplicada ao judô: periodização contemporânea

1ª edição2017

Antonio Carlos Tavares Jr. Alexandre Janotta Drigo

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Conselho Editorial Acadêmico:Prof. Dr. Matreus Sugisaki (in memorian)Prof. Dr. Carlos Alexandre Fett Prof. Dr. Cláudio Joaquim Borba PinheiroProf.Dr. Peterson CamposProf Dr. Mauro GurgelProf. Anderson Dias de Lima

© by Antonio Carlos Tavares Jr. & Alexandre Janotta Drigo© by Mundo Jurídico - Editora e Distribuidora Ltda.

Coordenação:Alexandre Janotta DrigoProf. Dr. Samuel de Souza Neto

Diagramação:Silas Renato da Cruz

Capa:Silas Renato da Cruz

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

TAVARES JR.. Carlos & DRIGO. Alexandre Janotta

Ciência e treinamento em Judô - Volume 2: Preparação desportiva aplicada ao judô: periodização contemporânea 1ª Edição/ Antonio Carlos Tavares Jr. & Alexandre Janotta Drigo - Leme/SP: Mundo Jurídico, 2017.

ISBN: 978-85-88576-xxx-x

1. Literatura esportiva - Brasil I. Título

Índices para catálogo sistemático:1. Brasil: Literatura esportiva

Proibida a reprodução total ou parcial sem permissão expressado Editor (Lei nº 9.610/98).

Direitos desta edição reservados à:

Editora e Distribuidora de Livros Mundo Jurídico Ltda.Rua Álvaro Pacheco Silveira, 125 - Vl. Santucci

Telefax: (19) 3571-8027Cep: 13614-170 – Leme-SP

http://www.editoramundojuridico.com.bre-mail: [email protected]

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Em memória ao meu amado filho Gabriel e a minha amada esposa Bruna, por todo o seu incondicional apoio e

exemplo de amor...

Antonio Carlos Tavares Junior

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Em memória do estimado professor Dr. Mateus Sugizaki, por todos os serviços prestados ao judô e a ciência.

Alexandre Janotta Drigo

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Ressalva: A proposta de treinamento que foi apresentada nesta obra enfoca atletas que pertencem ou que pretendem alcançar o alto rendimento desportivo, não sendo adequados para a iniciação desportiva. A utilização dos mesmos para pré-púberes ou crianças deve ser desconsiderada. (Prof. Dr. Mateus Sugisaki – durante a avaliação do texto, os autores concordam com sua preocupação)

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PREFÁCIO

Como bem destacam os autores, o Judô pode ser um meio de integração social, educacional, de promoção da saúde, de vivência do lazer ou um esporte de rendimento, inclusive olímpico. Como todo e qualquer esporte de ren-dimento, ele requer o desenvolvimento preciso de diversos tipos de preparação de longo prazo, que culmina com o rendimento máximo do atleta.

Não raras vezes estas preparações ficam restritas a um saber experiencial transmitido de gerações a gerações, podendo ainda desconsiderarem importantes mudanças no saber acadêmico específico e mesmo histórico-sociais.

O presente livro enfatiza as preparações física (motora), técnica e tática à luz do saber acadêmico imbricado com o saber experiencial, buscando instrumentalizar o treinador ou o futuro treinador de Judô, com os conhecimentos indispensáveis para planejar/operacionalizar um eficiente treinamento.

Os autores partem da análise do Judô, sua relação com as Ciências do Esporte, suas características fisiológicas

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e motoras, abordam a teoria do treinamento esportivo e a periodização do mesmo como fundamentos para, em grand finale, culminarem com uma proposta de periodização con-temporânea do Judô.

O expertise dos autores - Antonio Carlos Tavares Jr e Alexandre Janotta Drigo - no tema do livro, seja pelo conhe-cimento adquirido no desenvolvimento de estudos, inclusive em nível de pós-graduação, seja pela experiência acumulada ao longo dos anos (como Atletas, Profissionais de Educação Física, Treinadores de Judô, Faixas-preta de Judô), garante uma abordagem clara e eficiente para contribuir de maneira muito significativa para a atuação do treinador, que tem sob sua res-ponsabilidade uma tarefa de extrema complexidade, que é de preparar uma pessoa para seu rendimento máximo no Judô.

Reputo que a comunhão destas competências culminou com a presente obra, indispensável para aqueles que desejam se aprofundar e se instrumentalizar como treinadores de Judô, enquanto esporte de rendimento.

Finalizo expressando que o convite para prefaciar esta obra muito nos honrou pelo que agradecemos a distinção que os autores nos premiaram, com a certeza de que a leitura será agradável e profícua.

Obrigado por sua atenção e um forte abraço.

DR. SEBASTIÃO GOBBIProf. Livre-Docente da UNESP- Rio Claro/SP

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APRESENTAÇÃO

Recebi o convite para escrever a apresentação desse livro com muito orgulho e satisfação, tanto pela minha pessoa, como em memória do saudoso professor Mateus Sugizaki. Este livro é um dos resultados do trabalho de mestrado que orientado e orientador construíram para disseminar o conhecimento que produziram. Foi a última banca que o prof. Dr. Mateus participou e influenciou na Universidade brasileira. Devido a isto, os autores me convidaram a re-presentá-lo e é nele em quem me inspiro neste momento.

O judô é um esporte que tem origem nas artes marciais japonesas e que vive uma dicotomia. Digo isso, porque existe um conservadorismo baseado na manutenção de uma cultura e uma eminente necessidade de transformação. Essa questão cultural é complexa, pois inclui uma série de fatores como conhecimento, crenças, arte, moral, leis, costumes e outras aptidões e hábitos adquiridos pelo homem.

Imaginem que o judô foi criado em 1882 por Jigo-ro Kano e ainda se mantém alicerçado na cultura japonesa

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daquela época. Por outro lado, estamos vivenciando grandes transformações em todas as esferas da sociedade e não é diferente no esporte moderno e em especial o JUDÔ. O avanço tecnológico propiciou grande desenvolvimento da pesquisa e da geração do conhecimento científico ocupando um espaço do conhecimento empirico.

É neste sentido que esse livro se propõe. Apresenta conceitos importantes sobre a fisiologia desportiva, o trei-namento desportivo e a periodização desportiva e por fim traz uma proposta de um modelo contemporâneo de treina-mento e periodização aplicada ao judô.

Parabéns aos autores Prof. Ms. Antonio Carlos Tavares Jr e Prof. Dr. Alexandre Janotta Drigo pela competência e contribuição da ciência em prol do esporte.

Prof. Dr. Mário Mateus SugizakiDocente da UFMT e Faixa-preta 5º Dan

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A JORNADA DE UM SER EM EVOLUÇÃO - DO IMPÉRIO ROMANO ATÉ OS DIAS ATUAIS 15

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................1.1. O esporte moderno, o treinador esportivo e o judô ......

2. PILARES DO TREINAMENTO ESPORTIVO ..............2.1. O treinamento esportivo e sua lei ...............................2.2. Os princípios do treinamento esportivo .......................

3. O JUDÔ E SUAS CARACTERÍSTICAS METABÓ-LICAS ..............................................................................

4. O JUDÔ E AS CAPACIDADES MOTORAS CONDI-CIONAIS ..........................................................................

4.1. Força .......................................................................4.2. Velocidade ...............................................................4.3. Flexibilidade .............................................................

5. O TREINAMENTO TÉCNICO E TÁTICO APLICADOAO JUDÔ ........................................................................

5.1. Treinamento técnico .................................................5.2. Treinamento tático ....................................................5.3. Técnica e Tática e o desempenho no judô...................

6. PERIODIZAÇÃO DO TREINAMENTO .......................6.1. Planejamento do treinamento ....................................

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6.2. Principais modelos contemporâneos de periodização ...6.3. Modelo de Blocos .....................................................6.4. Modelo Estrutural de Treinamento de Altos Rendimentos ..6.5. Modelo ATR .............................................................

7. PROPOSTA DE PERIODIZAÇÃO CONTEMPORÂNEAPARA O JUDÔ ................................................................

7.1. Proposta de periodização aplicada ao judô ..................

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Evolução causada pelo treinamento .........................Figura 2. Frequência e continuidade de estímulos inadequados ....Figura 3. Overtraining ..........................................................Figura 4. Modelo de periodização por Blocos .........................Figura 5. Modelo Estrutural de Treinamento de Altos Rendimentos .......Figura 6. Modelo de Periodização ATR ..................................

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Marcadores e sinais de overtraining .........................Tabela 2. Escala CR10 de Borg (1982) modificada .................Tabela 3. Classificação de cargas pelas zonas de intensidade ...Tabela 4. Cargas de diferentes orientações e suas influências ...Tabela 5. Capacidades motoras condicionais e suas manifestações ...Tabela 6. Força e suas manifestações no judô ........................Tabela 7. Classificação das habilidades motoras ......................Tabela 8. Componentes organizacionais da preparação esportiva ....Tabela 9. Objetivos, conteúdos e procedimentos do modelo ATR ....Tabela 10. Configuração de periodização aplicada ao judô ......Tabela 11. Organização Bloco 1 ...........................................Tabela 12. Organização Bloco 2 ...........................................Tabela 13. Organização Bloco 3 ...........................................Tabela 14. Organização Bloco 4 ...........................................

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1. INTRODUÇÃO

O judô é um fenômeno interpretação complexa. Suas mar-cantes características sociais e culturais contribuem para essa com-plexidade, pois sua prática muitas vezes transcende o esporte.

Desde seus primórdios, ainda nos esboços e intenções de Jigoro Kano, o judô é compreendido como um caminho, com perspectivas e ideologias que emanam o respeito, a per-severança e a humildade como princípios, que atualmente, conta com milhões de adeptos, que incorporam esse esporte como um estilo, parte indissociável de suas vidas, fazendo-o instrumento de integração social, educacional ou utilizando-o como prática regular de exercícios físicos para manutenção e melhora da saúde ou ainda como um hobby.

Dentro de um rico arcabouço histórico que mantém muitas de suas tradições, observamos contemporaneamente uma luta, transformada em esporte olímpico, que está em constante mutação técnico/tático, inclusive com mudanças de regras que excluíram golpes tradicionais e presentes no Gokyô1. Nesse contexto, muitas discussões emergem de seus locais de

1. Organização pedagógica das técnicas clássicas do judô.

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prática, que buscam o descobrimento, promoção e prepara-ção de atletas, ao mesmo tempo em que tentam manter vivas as essências do “judô tradicional”, mesmo que as mudanças ocorridas no cerne do esporte maculem essa existência e re-flitam naquilo em que se é praticado e vivenciado cotidiana-mente dentro dos tatames.

Por isso, entendemos que estudar questões relativas ao treinamento de judô e, consequentemente, da atuação de técnicos e treinadores requer o entendimento dessas ques-tões históricas e sociais que marcam a transmissão do corpo de conhecimento da modalidade, bem como influencia suas práticas, inclusive nos métodos de preparação desportiva. Preparação desportiva, que acompanhando a evolução tec-nológica, evolui em todas as modalidades esportivas, e que muitas vezes não é compatível com a tradição, sobretudo no que diz respeito às práticas de treinamento.

Discorrendo especificamente sobre a preparação des-portiva no judô, percebemos uma complexidade notória, advinda de suas características motoras, táticas e técnicas ímpares, bem como de sua demanda bioenergética, o que faz necessário a discussão de metodologias adequadas de prepa-ração que deem conta de atender essas características.

Portanto, nessa obra, apontamos que o judô compe-titivo depende do entendimento de suas marcas históricas, culturais e sociais, porém como todo esporte de alto rendi-mento, depende, também, do conhecimento dos conceitos inerentes às teorias modernas de treinamento desportivo e o aceite da evolução e da ciência em suas intervenções.

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Atualmente, crescem o número de pesquisadores e es-tudiosos que contribuem para o desenvolvimento científico das lutas, o que permite avanços e achados importantes nos campos da fisiologia, nutrição, pedagogia e aprendizagem e controle motor. Muitas pesquisas com aplicação notória foram conduzidas nos últimos anos e muitas mais serão nos próximos, o que permitirá uma prática mais segura e contro-lada, necessitando que aproximação com os treinadores evo-lua para que o conhecimento desenvolvido seja efetivamente aplicado. Nesse ponto, é que apontamos uma lacuna, no que diz respeito a essa conexão, o que, se concretizando, deve trazer mais facilidade e melhores resultados ao cotidiano do treinador de judô, figura primordial para o desenvolvimento do esporte.

Equacionar os conhecimentos da área e sistematizá--los em um modelo de preparação desportiva é o papel do campo do treinamento desportivo. Nesse sentido, esse livro tem a intenção de ser um catalizador do conhecimento cientí-fico aplicável ao judô, funcionando como um guia para a pre-paração de atletas da modalidade, não como uma “receita de bolo” e sim como um norte, no qual o treinador possa ter um ponto de partida e adicionar conhecimentos adquiridos ao longo do tempo ou discutir a criação de novas metodologias.

1.1. O esporte moderno, o treinador esportivo e o judô

O esporte é um fenômeno muito discutido em todo mundo, pois seu desenvolvimento é cada vez maior e o acesso é cada vez mais universalizado, em diversas esferas e modali-dades. Esse crescimento reflete em suas áreas de atuação que

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também se expandem, sendo os profissionais envolvidos cada vez mais incumbidos de inúmeras responsabilidades e afazeres.

Portanto, parece plausível entender que nessa realidade atual a formação do profissional que atuará com o esporte também necessita dessa evolução, ou melhor, todo indivíduo que se candidate as exigências intrínsecas ao esporte moderno, necessita de formação profissional e científica adequada para responder as solicitações atuais de tais funções.

Dentre as funções esportivas, a que mais se destaca é a do treinador, muitas vezes figura central em equipes multidisciplinares, ou ainda idealizador de metodologias de preparação e orientações físico, técnico e táticas, função que requer interpretar dados dos mais variados tipos e organizá-los em um sistema de preparação.

Conhecimentos sobre a fisiologia humana e sua reação frente a esforços físicos, crescimento e desenvolvimento, aprendizagem e controle motor, pedagogia do esporte e concepções acerca das orientações, controle e organização da carga de trabalho são alguns dos conhecimentos básicos que devem compor o alicerce de trabalho de qualquer técnico desportivo (GOMES, 2009). Mesmo aqueles que compõe uma equipe multidisciplinar necessitam desse conhecimento para que sua orientação e intervenção siga a linha de plane-jamento de toda a equipe, potencializando a preparação.

Por isso, é necessário frisar, que para o judô, o conhe-cimento oriundo da “faixa-preta” ou dos anos de prática e seus dans, apesar de importantes, não são suficientes para

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suportar a complexidade e toda sua demanda da preparação desportiva contemporânea, o que tradicionalmente ainda é de difícil aceite (TAVARES JR, 2003; DRIGO, 2009), já que o faixa-preta é visto pela sociedade com poder de emitir opi-niões ou sugestões, recebendo autoridade e confiança, estan-do disposta em acatar ou respeitar suas ordens e conselhos (NOVAES, 2002).

Portanto, o conhecimento científico ainda encontra alguma resistência, pois o mestre ou sensei2 teoricamente detém os conhecimentos necessários para a prática, advindo de sua experiência, sendo o conhecimento científico “pouco prático” ou “irrelevante”, muito provavelmente devido sua inabilidade de interpretar essas novas informações e aplicá-las ou ainda de reconhecer que necessita dessas novas ferra-mentas, mantendo a preparação baseada no bom senso e nas experiências pessoais (AZEVEDO et al., 2004), ou seja, enfatizada na bagagem cultural, passada de mestre para discí-pulo, alijando o conhecimento científico da prática no dojô3.

Entretanto, não podemos deixar de criticar o outro lado, pesquisadores e estudiosos, que muitas vezes não se preocupam em instrumentalizar os treinadores e técnicos e mesmo que produzam conhecimentos aplicáveis não dialo-gam com os executores da prática, dificultando o entendi-mento de suas realidades e o aprimoramento de suas inter-venções. Os treinadores e técnicos precisam estar perto do processo científico, serem ouvidos e receberem feedback do que é produzido para que sintam-se parte integrante desse processo de construção de conhecimento.

2. Professor3. Local de treinamento

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Além disso, merecem crédito todos os “experts”, que são fontes de inegável conhecimento do corpo técnico e tático do judô e que com “visão” e “percepção” apuradas, al-cançam resultados expressivos. Por isso, o contato com esses treinadores precisa ser estreitado, facilitando seus registros, auxiliando-os nas avaliações e orientando-os, para que os processos se fundamentem e sejam cada vez mais coerentes, que não atenda apenas a necessidade imediata e sim indique para uma metodologia de preparação clara e não para o acaso (MASSA, 2006; MASSA et al., 2010).

Nesse sentido, Régnier et al. (1993) afirmam que a integração entre técnicos e cientistas é o maior desafio do esporte moderno, pois essa distância não contribui para o avanço nem de teoria e nem de prática, pois os conheci-mentos dessas esferas são complementares e deveriam ser indissociáveis e não excludentes. Sobre isso, Venuto (1999) discorre que a racionalidade científica é primordial para ela-boração do conhecimento, pois a consolidação de um grupo profissional depende desse corpo de conhecimento e da re-presentatividade que ele encontra nas sociedades modernas. Entretanto, o conhecimento científico não pode relegar a plano inferior ou desprezar conhecimentos empíricos e práticos que contribuem para a construção de uma atividade profissional. Em resumo, se o conhecimento específico advindo da prática carece de estrutura em um alicerce científico, ou se o conhecimento advindo da ciência engole em suas análises o conhecimento prático, a capacidade de mudança, recon-figuração e possibilidades de um campo profissional fica reduzida a quase zero.

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Essa busca de concatenação de conteúdos empíricos e científicos é um desafio que remonta os primórdios da ciência esportiva (BENTO, 1989) e que ainda é atual, por conta de todas as exigências relacionadas ao processo de preparação esportiva e todos os fatores envolvidos nessa questão.

Atualmente, no Brasil, ainda são tímidas no judô, ape-sar de existirem em algumas oportunidades, as tentativas de aproximação, entre o campo prático (Federações e CBJ) e campo teórico (grupos de pesquisas e universidades), con-tinuando essas instâncias com comunicações incompletas, conflitantes e muitas vezes incipientes, o que não colabora para a evolução da modalidade, podendo comprometer a formação do treinador desportivo de judô.

Apesar de toda sua abrangência e ao destaque dado para o esporte contemporâneo, a ciência do esporte e do exercício atingiu esse aspecto multifatorial recentemente, ad-vinda de novas tendências e evoluções das áreas biológicas, físicas, sociais e médicas, convergindo para propiciar aos atletas melhores condições de treinamento, recuperação e evolução (ELLIOT e MESTER, 2000). Deixando para trás a questão simplista do aperfeiçoamento do gestual técnico específico e transformando-se em um conjunto de conheci-mentos que cooperam com o objetivo de alcançar os máximos níveis técnicos, físicos, táticos e psicológicos.

Para Verkhoshansky (2001), a aplicação da ciência marca o início da preparação desportiva contemporânea, descar-tando cada vez mais o empirismo como inspiração para os processos de treinamento, o que reflete para o treinador

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novas tarefas e demandas, estimulando a racionalidade e a busca por estratégias que rompem com as formas tradicionais de organização e preparação desportiva, exercendo total interferência sobre como a performance atlética.

Para Szmuchrowski e Couto (2013) a teoria do treina-mento esportivo forma-se pelo corpo de conhecimentos de várias áreas (fisiologia, biomecânica, pedagogia, psicologia, sociologia e nutrição), respaldando e fundamentando conceitos e métodos empregados no processo de treino. Para Gabbett (2010), ainda hoje, muitos treinadores contemporâneos menosprezam essa questão multifatorial e científica, confiando apenas em sua intuição para conduzirem e monitorarem esse processo, cometendo um grande equívoco devido ao dinamismo e evolução cada vez maior do esporte competi-tivo, ficando assim estagnados ou incapazes de acompanhar a modernização desse fenômeno.

Dessa maneira, o objetivo do presente livro é servir como ferramenta de aproximação entre teoria e prática, colaborando com o cotidiano do treinador de judô e suas dificuldades, auxiliando na elaboração e planejamento, mas também no controle e quantificação da carga de treina-mento. Não pretendemos suprir todas as demandas e nem sanar todos os problemas, mas alavancar as discussões acerca das construções metodológicas que norteiam esse tipo de atuação.

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2. PILARES DO TREINAMENTO ESPORTIVO

Para Forteza de la Rosa (2006), o processo de treina-mento esportivo é, antes de tudo, o resultado do pensamento do treinador. Entretanto mesmo que a capacidade intuitiva esteja presente nas etapas de planejamento, estruturação e controle da preparação, ela nunca pode sobressair-se aos pilares científicos que sustentam as ciências do esporte. Dessa maneira, podemos entender o treinamento esportivo como um processo sistemático, pautado por pilares científicos que regem as metodologias de preparação, para que o atleta atinja o seu mais alto rendimento esportivo em momentos chaves da carreira, pensando no treinamento de longo prazo e ou de uma temporada competitiva, pensando em um ano de preparação (PLATONOV, 2008).

Para esses dois objetivos (preparação a longo prazo ou plurianual e preparação anual) o planejamento, organi-zação e distribuição racional das cargas de treinamento de-vem ocorrer de acordo com as características individuais do atleta, calendário competitivo, objetivos e especificidades de cada modalidade, com dados e conhecimentos que permitam o treinador atuar de maneira segura, sem queimar etapas, subestimar ou superestimar o seu desportista.

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Mesmo afirmando que o treinador deve ter autonomia para aplicar a metodologia que melhor se encaixa para sua re-alidade, com aspectos a saber: nível dos atletas; faixa etária tra-balhada; recursos materiais e econômicos; recursos humanos; objetivos; características técnico/tático da modalidade, caracte-rísticas motoras e fisiológicas da modalidade; aspectos sociais e culturais e conhecimento acerca dos métodos de preparação (modelos de periodização do treinamento), as leis científicas que regem o treinamento devem ser o alicerce dessa dinâmica.

2.1. O treinamento esportivo e sua lei

A síndrome geral da adaptação (SELYE, 1936) é motor ini-cial para o entendimento de um dos conceitos mais consolidados do treinamento desportivo: a supercompensação. O bioquímico russo Yakovlev, aprimorou o conceito do médico alemão Hans Selye e concebeu a lei da adaptação biológica que entende que os sistemas biológicos são passíveis de adaptações e evoluções, quando têm sua homeostase alterada de maneira repetida e se-melhante, o que faz crer que os sistemas fiquem mais preparados para próximos estímulos que tentem desequilibrá-lo ou agredi-lo novamente (GARRETT e KIRKENDALL, 2000; PRADO, 2013).

Dentro do treinamento esportivo e exercícios, os su-cessivos estímulos que quebram a homeostase de um indivíduo, advindo de uma determinada carga também fazem com o que o organismo desse sujeito sofra alterações de modo a prepa-rar-se para um futuro estímulo, o que causa evoluções fun-cionais, estruturais, fisiológicas, psicológicas e bioquímicas. Entretanto, essas modificações dependem de um estímulo que seja suficiente para causar grande ativação nos processos

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energéticos ou estresse nos componentes plásticos das células, ou seja, desestabilizar o equilíbrio funcional (VOLKOV, 1975; VERKHOSHANSKY, 1999), o que depende do grau do nível de aptidão física e psicológica do indivíduo.

Esse fenômeno é conhecido dentro do esporte e exercício físico como supercompensação (Figura 1), que é a res-posta do organismo a administração de cargas e seus efeitos catabólicos, que se manifestam nos processos de regeneração ou anabólicos. A adaptação ocorre quando há equiparação entre síntese e degeneração, para posterior melhora das capacidades orgânicas. (VERKHOSHANSKY, 1998). Essa resposta orgânica é mais do que um princípio, é uma lei, cujo o entendimento e manipulação depende o sucesso do treinamento esportivo (PLATONOV, 2008).

Figura 1. Evolução causada pelo treinamento (adaptado VERKHOSHANSKY, 2001)

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Entretanto, para que continue ocorrendo, esse fenômeno é dependente da frequência e continuidade dos estímulos, causando uma evolução notória nos estados físicos e funcionais daqueles que submetem-se a cargas regulares de trabalho. Porém, essas devem ser adequadas e progressivamente maiores (PRADO, 2013). A continuidade dos estímulos implica em dois efeitos diferentes: um imediato, regulado pe-los processos de fadiga e depleção dos substratos energéticos durante o treinamento (quebra da homeostase) e outro pos-terior, regulado pelos processos de ressíntese e recuperação (adaptação e evolução), preparando o organismo para um próximo estímulo (GOMES, 2009).

A constância da supercompensação depende de progressões racionais da carga, com mecanismos de ajustes e avaliações, sendo exacerbado quando os estímulos são va-riados e não deixam que aja estabilização, inclusive evitando a monotonia do treinamento (TUBINO, 2003; KRAEMER E FLECK, 2009). Para Gomes (2009), isso é o que cha-mamos de efeito somatório do treinamento, representado pelo conjunto de estímulos e seu resultado em médio e longo prazo. Viru (1995), ressalta que a supercompensação é de-pendente do potencial de treinamento e o mesmo refere-se ao lastro anterior e ao rendimento do atleta, quanto maiores essas variáveis, menor o potencial de treinamento e por isso mesmo é imprescindível a variação dos exercícios e estímulos e aumento da intensidade de maneira racional, como for-mas de alcançar avanços em seu rendimento. Por isso, a não continuidade dos estímulos, ou estímulos insuficientes não geram modificações a médio e longo prazo, como represen-tado na Figura 2:

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Figura 2. Frequência e continuidade de estímulos inadequados (adaptado BARBANTI, 2010)

Há ainda outro fenômeno que pode ocorrer quando as car-gas de treinamento não são adequadas, nesse caso quando são exacerbadas de maneira a não permitir a devida recuperação do organismo. Dessa maneira, ocorre um colapso e o efeito é queda de performance e não melhora. Essa situação é conhecida como Over-training (VERKHOSHANSKY, 1998) e demonstrado na Figura 3.

Figura 3. Overtraining (adaptado BOMPA, 2002)

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A Tabela 1 ilustra os sintomas da síndrome de super-treinamento ou overtraining. Estar atento a esses sintomas, fazem com que o treinador consiga intervir no quadro o mais rápido possível.

Tabela 1. Marcadores e sinais de overtraining

Marcadores SintomasFisiológicos Alterações na pressão arterial.

Alterações na frequência car-díaca de repouso, durante o exercício e durante a recupe-ração. Frequência respiratória aumentada. Consumo de oxi-gênio aumentado em exercício submáximo. Massa gorda di-minuída. Massa magra aumen-tada. Anormalidade na onda T do eletrocardiograma (ECG). Frequência respiratória aumen-tada. Fadiga crônica. Taxa me-tabólica basal aumentada.

Psicológicos e comportamentais Fadiga mental constante. Apeti-te reduzido. Distúrbios do sono (hipo ou hipersonia). Depres-são. Apatia geral. Autoestima diminuída. Instabilidade emo-cional. Medo da competição. Dificuldade de se concentrar no trabalho e nos treinamentos. Desistência quando as metas estão muito intensas.

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Indicadores endócrinos e bioquímicos Rabdomiólise. Proteína C-rea-tiva elevada. Creatina quinase elevada. Equilíbrio de nitrogênio negativo. Concentração de ureia aumentada. Produção de ácido úrico aumentada. Disfunção hi-potalâmica. Níveis de glicogênio muscular deprimidos. Déficit de minerais (Zn, Co, Al, Mn, Se, Cu). Hemoglobina diminuída. Testosterona livre diminuída. Cortisol sérico aumentado. Ferro sérico diminuído. Glutamina plasmática diminuída.

Indicadores imunológicos Queixas de dor muscular e articu-lar. Sensibilidade muscular. Sus-ceptibilidade e severidade au-mentada a doenças, resfriados e alergias. Infecções recidivas por herpes viral e bacteriana. Cefaléia. Náusea. Distúrbios gastrointestinais. Quantidade de células de defesa aumentada (linfócitos, eosinófilos, neutrófilos, imunoglobulinas-IgA). Edema de glândulas linfáticas.

Indicadores de desempenho Desempenho diminuído. Ca-pacidade de rendimento má-ximo diminuída. Tolerância à carga diminuída. Necessidade de recuperação prolongada. Força muscular diminuída. In-capacidade no cumprimento de metas.

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Processamento de informações Perda da coordenação. Dificul-dade de concentração. Capa-cidade diminuída de lidar com grande quantidade de informa-ção. Capacidade reduzida de corrigir falhas técnicas. Repe-tição de erros que foram pre-viamente corrigidos.

Fonte: Alves et al., 2006

Entendendo a lei básica da supercompensação, veri-ficamos que a carga de trabalho exerce influência sobre o atleta nos momentos em que ele executa os exercícios pla-nejados, assim como nos períodos de recuperação pós-treino. As reações orgânicas serão influenciadas de acordo com os intervalos de recuperação, bem como pelos componentes da carga de trabalho, continuidade, variabilidade e frequência dos estímulos. Por isso, a eficiência de todo o processo de prepa-ração desportiva é dependente do conjunto carga/efeito do treinamento. Em longo prazo, a união dos efeitos de vários períodos de treinamento e a evolução consequente desses ci-clos representam o efeito acumulativo do treinamento, sendo con-dição essencial para que o desportista atinja o mais alto nível desportivo (VERKHOSHANSKY, 2001; GOMES, 2009).

2.2. Os princípios do treinamento esportivo

O treinamento esportivo tem sua lei e também tem os seus princípios. Totalmente atrelados a lei básica da super-compensação, juntos, terminam de compor os pilares da preparação desportiva. Entendê-los significa manipulá-los de

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maneira a conseguir a concretização de metas e objetivos traçados ao longo de uma temporada competitiva e de uma carreira esportiva.

Abaixo apontamos esses princípios e suas respectivas importâncias para o processo de treinamento:

A-) Carga

O principal item relacionado a pesquisa e aplicação de qualquer metodologia, modelo e teoria do treinamento es-portivo são os componentes da carga de treinamento, pois existe uma proporção direta entre sua administração e ren-dimento. Todavia, mesmo com toda essa relevância, esse problema científico ainda é o elo mais frágil desse sistema (FORTEZA de la ROSA, 2009).

Chamado por alguns autores como Princípio da So-brecarga, preferimos a percepção de Platonov (2008), que o chama de carga, pois sobrecarga indica algo que vai além do suportável. E como esse componente, mesmo quando aplicado em intensidades máximas ou supra-máximas, neces-sita de administração racional, parece-nos Princípio da Carga mais adequado.

A carga de treinamento é composta por três parâme-tros: volume, intensidade e densidade.

O volume é o componente quantitativo da carga de trabalho e segundo Bompa (2002) e é essencial

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para a obtenção da maestria técnica e tática, além da excelência física. Pode ser mensurado pelas seguintes formas (FORTEZA de la ROSA, 2009):

• Total de atividade realizada em uma sessão ou etapa de treinamento.• A distância percorrida por unidade de tempo, sessão de treinamento ou etapa do treinamento.• Total de carga levantada por unidade de tempo, sessão de treinamento ou etapa do treinamento.• Quantidade de repetições para um determinado exer-cício, elemento técnico ou elemento tático, executado em um dado tempo. Duração de determinada carga.

Alguns autores conotam muita importância ao volume de treinamento, correlacionando-o com o nível de perfor-mance do atleta. Bompa (2002), inclusive, enxerga uma re-lação direta:

• Atletas campeões olímpicos e mundiais: 1000 horas/ano.• Atletas de nível internacional: 800 horas/ano.• Atletas de nível nacional: 600 horas/ano.• Atletas de nível estadual/regional: 400 horas/ano.

Porém, outros autores enxergam o volume como o componente mais importante das etapas iniciais da vida es-portiva, quando seu aumento está diretamente ligado com a evolução de performance, diminuindo sua importância quan-to mais alto é o nível do desportista, pois nessa fase nem sempre o incremento de volume impacta na melhoria de desempenho, podendo inclusive ocorrer o oposto (GOMES, 2009; BARBANTI, 2010). Assim, parece que o aumento de

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volume deve ocorrer, dentro do treinamento de longo prazo, até um certo nível competitivo, quando uma manutenção ou ligeira queda dessa variável deve ocorrer, pois parece não ser esse o componente da carga, para esses atletas, aquilo que vai influenciar na melhora de resultados, além de ser, sem dúvida, o principal desencadeador de Overtraining (PLA-TONOV, 2008).

A intensidade é o componente qualitativo da carga, podendo ser entendida como a função da força dos estímulos manifestada pelos atletas nos momentos de esforços (GROSSER e STARISCHA, 1988), estando diretamente atrelada com o número de ciclos desportivos que o atleta já vivenciou, bem como com o momento da temporada que ele se encontra (WEINECK, 1989; GOMES, 2009). A intensidade é depen-dente do esforço absoluto e relativo, da duração do exercício, velocidade de execução, pausas de recuperação e métodos de treinamento (BOSSI, 2011).

A mensuração dessa variável pode ser feita de diferentes maneiras a saber: velocidade (km/h; m/s); força ou resistência (% de 1RM4 ou RM5, quantidade de movimentos em deter-minado tempo); por critérios fisiológicos (VO2máx, lactato e Frequência Cardíaca); métodos de percepção (PSE6 e PSR7).

Nas atividades acíclicas e intermitentes o controle de carga é extremamente complexo, principalmente quando pensamos no monitoramento de toda uma equipe, o que é o caso das lutas que abrangem uma grande variedade de exer-cícios de preparação (VIVEIROS et al., 2011).

4. Uma Repetição Máxima 5. Repetições máximas6. Percepção Subjetiva de Esforço7. Percepção Subjetiva de Recuperação

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Pensando exclusivamente no judô, a mensuração do lactato sanguíneo seria o melhor parâmetro fisiológico para determi-nação da intensidade de treinamento (FRANCHINI et al., 2011; VIVEIROS et al., 2011), porém sua coleta cotidiana implicaria dificuldades, relacionada a recursos humanos e financeiros. Assim, a PSE aparece como uma forma prática de monitoração da intensidade de treinamento, de baixo custo e que pode ser aplicada inclusive com grandes equipes. Esse método de identifi-cação de intensidade vem sido utilizado em esportes de combate (IMAMURA et al.,1997; AMTMANN et al., 2008), através da escala CR10 (BORG, 1982; FOSTER et al., 2001a).

O atleta é orientado a responder a seguinte pergunta: “Como foi sua sessão de treinamento?”, usando como referência a Tabela 2:

Tabela 2. Escala CR10 de Borg (1982) modificada

Classificação Descritor

0 Repouso

1 Muito, muito fácil

2 Fácil

3 Moderado

4 Um pouco difícil

5 Difícil

6 -------

7 Muito difícil

8 -------

9 -------

10 Máximo

Fonte: Foster et al. (2001)

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Esse método também é utilizado pensando na carga pretendida pelo técnico, na fase em que ele planeja o processo de treinamento. Alguns estudos mostram eficiência entre a carga que foi preconizada e aquela que foi vivenciada (FOSTER, 1998, FOSTER et al., 2001b; VIVEIROS et al., 2011), o que torna essa forma de monitoramento de intensidade muito interessante e aplicável, sendo a familiaridade com o proce-dimento essencial para melhores resultados (BORG, 1982).

Porém, devemos ressaltar que sempre que possível, de-pendendo dos recursos humanos, tecnológicos e financeiros os parâmetros fisiológicos devem ser mensurados, pois sem dúvi-da, são de grande valia para orientação, determinação e contro-le da intensidade. A Tabela 3, correlaciona as zonas de traba-lho com os parâmetros fisiológicos de intensidade de esforço:

Tabela 3. Classificação de cargas pelas zonas de

intensidade

Nº Zonas FC (por min)

VO2máx. (%)

Lactato (mmol/L)

Duração máxima de

trabalho

I Aeróbia Até 140 40-60 Até 2 Algumas horas

II Aeróbia (de limiar)

140 -160 60-85 Até 4 Mais de 2 horas

III Mista(aeróbia--anaeróbia)

160-180 70-95 4-66-8

30min. – 2h

10-30min.

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IV Anaeróbia(glicolítica)

Mais de 180

95-100 8-1510-18

14-20 e mais

5-10min.2-5min.

Até 2min.

V Anaeróbia(alática)

-------- 95-90 -------- 10 -15s

Fonte: Gomes (2009)

A determinação da zona de trabalho e qual meta-bolismo energético irá predominar tem total relação com a intensidade de trabalho, pois exercícios máximos não podem ser suportados por muito tempo, tendo predominância do metabolismo anaeróbio. A medida que o exercício se pro-longa, para que ele seja suportado, a intensidade forçosamente precisa ser menor, o que acarretará na predominância do metabolismo aeróbio (GOMES, 2009).

Essa diferença de predominância de vias de aporte energético, conferem a carga uma interdependência entre volume e intensidade. Cargas com altos volumes requerem intensidades menores, já cargas com altas intensidades re-querem volumes menores.

O componente que interliga volume e intensidade, cha-ma-se densidade. Essa variável diz respeito à relação entre as fases de esforço e de recuperação, expressa em tempo, durante uma unidade de trabalho, tornando o treino mais ou menos denso.

As pausas vão obedecer ao objetivo daquela sessão ou período de treinamento, podendo objetivar a recuperação

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total (minimizar os processos de fadiga e depleção de subs-tratos energéticos) ou parcial (potencializar os processos de fadiga de depleção de substratos energéticos) entre os estí-mulos, contempladas de maneira ativa (para auxiliar na re-moção de metabólitos) ou passiva (para maximizar o acúmulo de metabólitos).

O treinamento de resistência aeróbia e anaeróbia, ge-ralmente, prevê recuperações incompletas, passivas ou ati-vas. O treinamento de força, potência e velocidade preveem recuperações completas, que também podem ser passivas ou ativas (ZATSIORSKY, 1995; PLATONOV, 2008).

As reservas de creatina fosfato e O2 são priorizadas na recuperação, seguidas pela recomposição das reservas de glicogênio muscular e hepático. Apenas depois disso é que são recompostas as reservas de proteína e gordura depletadas durante o esforço, e inicia-se a reparação dos danos musculares causado pela atividade (BARBANTI, 2010).

Todos os três componentes da carga são comple-mentares e indissociáveis e a manipulação de qualquer um dos itens exerce influência nos outros, alterando as respos-tas advindas do treinamento, interferindo diretamente nos processos de recuperação e desempenho (BOMPA, 2002) e orientação da carga de treinamento, privilegiando uma ou outra capacidade motora.

Essa é a questão mais complexa da manipulação que envolve o treinamento esportivo, pois o desenvolvimento simul-tâneo de diversas capacidades motoras, além dos componentes

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técnico e tático precisam se complementar para que os ob-jetivos de cada período de treinamento sejam contemplados.

As cargas podem ser orientadas de maneira a estimular uma capacidade motora ou coordenativa, o que chamamos de orientação seletiva, ou mais de uma capacidade motora, o que chamamos de orientação complexa. Os resultados e in-terferências fisiológicas entre as cargas precisam ser conhecidas para que a especificidade da modalidade não seja comprome-tida (POWERS e HOWLEY, 2001; OLIVEIRA et al., 2005).

Dessa maneira a Tabela 4 ilustra a influência que cargas de diferentes orientações podem ter umas sobre as outras.

Tabela 4. Cargas de diferentes orientações e suas influências

Tipo de Carga/Ordem InfluênciaFlexibilidade - Força Diminuição subsequente de

torque de força e potência muscular, por até 4 horas (FOWLES et al., 2000; TRI-COLI e PAULO, 2002; AR-RUDA et al., 2006; SOUZA et al. 2009)

Força - Flexibilidade Prejuízo no aprimoramento da flexibilidade, quando rea-lizados em uma mesma sessão. (WEINECK, 1991)

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Anaeróbio – AeróbioAeróbio - Anaeróbio

Em períodos ou ciclos simul-tâneos: Diminuição da capa-cidade de ativação neural para geração de força máxima e rápida (HAKKINEN et al., 2003; NAKAO et al., 2005). São cargas concorrentes.

Aeróbio – Anaeróbio lático Quando a orientação aeróbia é feita anteriormente com grandes volumes ou altas intensidades, há diminuição subsequente do desempenho anaeróbio lático, por conta da prévia depleção de glico-gênio muscular (SIFF, 2004).

Anaeróbio lático - Anaeróbio alático

Diminuição da capacidade de gerar força e potência, devido a fadiga prévia da orientação glicolítica (GOMES, 2009).

Anaeróbio alático - Anaeróbio lático

Transferência positiva do tra-balho de força para o gestual técnico específico, com maior recrutamento de unidades mo-toras (VERKHOSHANSKY, 2001; GOMES, 2009).

Fonte: adaptado Marques Junior (2012)

O efeito acumulativo do treinamento é fruto da combinação entre diferentes tipos de cargas, que resultam em diferentes res-postas orgânicas, as quais precisam ser bem direcionadas e quan-tificadas para que não se percam os propósitos (GOMES, 2009).

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B-) Individualidade biológica

A segurança e efetividade no processo de manipulação das cargas depende de constante monitoramento e mo-dulação adequada de seus componentes, levando em conta a individualidade biológica, nível competitivo e objetivo do atleta (CLAUDINO et al., 2012).

Cada indivíduo tem uma amplitude de carga conside-rada ideal, ou seja, que provoca modificações importantes na capacidade funcional do organismo, ocasionando em ganho de desempenho. Estímulos abaixo desse ponto não ocasio-narão em ganho, mas sim em perda de performance a longo prazo, da mesma maneira que estímulos muito acima des-se ponto, também ocasionarão em excessivo catabolismo, possíveis lesões e consequente queda de desempenho (BAR-BANTI, 2010).

Por isso, ao acompanhar as exigências cada vez mais elevadas dos atletas de alto rendimento, a prescrição indivi-dualizada das cargas, baseadas em controle cotidiano e avaliações, são primordiais, pois mesmo cargas individu-alizadas podem produzir resultados negativamente inespe-rados, que vão influenciar o efeito das cargas subsequentes (SZMUCHROWSKI E COUTO, 2013).

A não consideração da individualidade biológica, tanto no planejamento, quanto nos ajustes diários e periódicos da carga de treino pode ser um erro fatal, que comprometerá todo o processo de preparação. Cada indivíduo é dotado de componentes físicos, psíquicos e sociais próprios, possuindo respostas diferentes para estímulos de mesma magnitude.

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Essas considerações, estão relacionadas, entre outras coisas, com uma maior longevidade e saúde do atleta, pois é potencialmente importante para diminuir o índice de lesões e comprometimentos futuros que a carreira de atleta propor-ciona. Enxergando esse ponto, além de maiores chances de sucesso competitivo, o atleta pode usufruir de maior retorno financeiro, pois está sempre atuante, além de melhor quali-dade de vida após o encerramento de sua carreira.

C-) Especificidade

A adaptação é dependente do tipo de estímulo atribuído. Por isso, um nadador não necessariamente será um bom corredor e vice-versa, mesmo que ambos tenham uma ex-celente adaptação ao exercício aeróbio. Isso ocorre, porque as adaptações dependem, além das questões fisiológicas, do gestual motor, padrões de movimento, produção de força, ambiente e todas as características únicas de um tipo de estí-mulo (KRAEMER E FLECK, 2009). Assim, a prática de um esporte ou exercício capacita o indivíduo para aquela atividade específica e suas demandas particulares.

Dessa maneira as cargas de preparação desportiva pre-cisam ser as mais especializadas possíveis, principalmente quando se trata de alto rendimento (VERKHOSHANSKY, 2001). Por carga especializada, entende-se aquela que é similar ao exercício competitivo. Questões fisiológicas, temporais, motoras, psicológicas e biomecânicas devem ser levadas em consideração para avaliar se a carga é específica ou não

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(GOMES, 2009). Por isso, Zatsiorsky (1992) afirma que deve existir uma harmonia entre cargas de treinamento e competição, priorizando questões motoras, coordenativas, técnicas e táticas, conseguindo propiciar estímulos favoráveis que realmente preparem o atleta para a prova específica. Kraemer e Fleck (2009) consideram que ajustar o programa de treino, de acordo com essas especificidades é essencial para promover maiores transferências do treino para a atividade específica, melho-rando, consequentemente, o rendimento esportivo.

Em síntese, Barbanti (2010, p. 77) enumera algumas considerações para que o princípio da especificidade seja respeitado:

1. O treinamento deve estar intimamente relacionado com a característica do esporte.2. O treinamento deve envolver os músculos que par-ticipam do gesto do esporte, mas também, e principal-mente, a forma como esses músculos trabalham.3. Os exercícios com sobrecargas devem ser executados com a estrutura total ou parcial dos gestos esportivos.4. A velocidade de execução dos exercícios deve ser muito próxima à velocidade do gesto esportivo.5. A amplitude de movimento deve ser similar à ampli-tude do gesto esportivo.

Nos esportes abertos, como o judô, a determinação das cargas especiais é essencial para que as exigências técnicas, táticas, demandas energéticas e capacidades condicionais sejam contempladas.

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D-) Reversibilidade

Esse princípio diz respeito às condições não permanentes sobre as alterações orgânicas, morfológicas e funcionais provocadas pelo treinamento físico. Assim, sempre que os estímulos são cessados, inicia-se uma involução até que o in-divíduo retorne aos estágios iniciais de aptidão física. Quanto mais ganhos, maior será a perda. Quanto mais rápido for a evolução, mais rápida será a regressão (GOMES, 2009).

Pensando no treinamento de maneira racional, o ajus-te correto dos estímulos e a diminuição na incidência de le-sões podem propiciar ao atleta, além de mais longevidade na carreira, uma maior condição de manter-se ativo após a carreira, com ajustes de volume e intensidade de trabalho para sua nova realidade, mantendo níveis saudáveis de saúde e aptidão física, o que diminuiria a ação do princípio da re-versibilidade e impactaria em melhor qualidade de vida para ex-atletas (BARBANTI, 2010).

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3. O JUDÔ E SUAS CARACTERÍSTICAS

METABÓLICAS

O judô é uma modalidade aberta, marcada por di-versificadas ações motoras, totalmente dependentes das reações e movimentações do oponente, com um rico ar-cabouço técnico-tático e questões que impossibilitam uma análise simplista das demandas energéticas e fisiológicas: como diferença de estilo de lutas e tempo indefinido de com-bate (FRANCHINI e DEL VECCHIO, 2008; FRANCHINI e MATSUSHIGUE, 2010).

Por ser uma modalidade intermitente, com períodos de ação de alta intensidade, entre 15 a 30 segundos (CAS-TARLENAS e PLANAS, 1997; STERKOWICKS e MASLEJ, 1998; HERNANDEZ e TORRES, 2009), seguidas de pausas muito curtas, entre 5 e 10 segundos, marcado por momen-tos de fadiga compensada (VERKHOSHANSKY, 1990), o judô é um esporte cujo a adaptação ao sistema glicolítico de fornecimento de energia é essencial para o seu máximo rendimento (TAYLOR E BRASSARD, 1981; THOMAS et al., 1989; CAVAZANI, 1991; CALLISTER et al., 1991; DRIGO et al., 1994; BORKOWSKI et. al., 2001; ROSA, 2008; FRANCHINI et al., 2011), sendo inclusive, fator que

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discrimina os melhores competidores (STERKOWICZ et al., 1999; FRANCHINI et. al., 2005, TAVARES JR et al.,2013).

Trabalhos intermitentes realizados com ações não es-pecíficas do judô, mas com similar intensidade e relação esforço-pausa, que necessitam de alta taxa de transferência de energia, revelam grande contribuição dos sistemas anaeróbios alático e lático (GAITANOS et al., 1993; BOGDANIS et al., 1996; TABATA et al., 1997), o que confirma a hipótese acima.

Assim, respeitar as relações temporais de esforço e pausa, bem como a intensidade dessas ações nos momentos de preparação, parece plausível para o alcance do máximo rendimento.

Reforçando a importância da aptidão anaeróbia para atletas de judô, alguns estudos, que utilizaram o Winga-te (teste de potência anaeróbia) para membros superiores, indicaram excelentes desempenhos de atletas de judô, com-parados com atletas de outras modalidades ou não atletas, além de demonstrarem diferenças significantes entre judocas de diferentes níveis competitivos (SHARP e KOUTEDAKIS, 1987; THOMAS et. al., 1989; LITTLE, 1991; FRANCHINI et. al., 2005), o que ressalta qual o tipo de adaptação fisiológica essa prática esportiva proporciona.

Outros estudos que utilizaram protocolos intermitentes específicos para o judô, como o Special Judo Fitness Test (SJFT), também diferenciaram atletas de diferentes níveis compe-titivos, reforçando o exposto acima (STERKOWICZ et al., 1999; FRANCHINI et al., 2005 e TAVARES JR et al., 2013).

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Além disso, diferentes autores mediram as concentrações de lactato sanguíneo após treinamentos e competições de judô, encontrando valores que apontam grande participação da via glicolítica nessas atividades (SIKORSKI et al.,1987; CALLISTER et al., 1991; CAVAZANI, 1991; DRIGO et al., 1994; FRANCHINI et al., 1998; DEGOUTTE et al., 2003).

Esses dados, fazem ainda mais sentido quando pensamos nas ações motoras presentes em uma luta de judô e como a via anaeróbia de transferência de energia, responsável por esforços que envolvam alta intensidade, está relacionada com as ações de manutenção, domínio e troca de pegada, dese-quilíbrio, entrada de golpes, contragolpes, esquivas, projeções, transições e luta no solo.

Mesmo assim, não podemos elencar uma via metabólica como exclusiva, na determinação da performance, pois são interde-pendentes e atuam de maneira concomitante nos processos de geração de energia (GASTIN, 2001; GARCÍA-MANSO et al., 2010). Portanto, Degoutte et al. (2003); Artioli et al. (2012) e Azevedo et al. (2007) afirmam que as vias energéticas fosfagênicas, glicolíticas e oxidativas são igualmente impor-tantes para o desenvolvimento da atividade competitiva no judô, não sendo possível elencar um modelo fisiológico que quan-tifique todas as demandas energéticas de uma competição de judô, mesmo que a adaptação à via glicolítica seja aquela que aponta para os melhores atletas. Essa constatação pode ser melhor compreendida ao observarmos os seguintes pontos:

a-) Uma luta pode durar desde poucos segundos até indeterminados minutos (4-5 min. de luta + tempo ili-mitado para o Golden Score).

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b-) Um lutador faz muitas lutas em um mesmo dia. c-) As características da luta mudam de acordo com o sexo e categorias de peso.d-) As características técnicas/táticas dos lutadores podem influenciar a intensidade e temporalidade das lutas. e-) As constantes mudanças nas regras, nos últimos anos, podem alterar a dinâmica, estratégias e intensidade das lutas. f-) Um atleta não necessariamente usará das mesmas estratégias com todos os adversários, o que altera as demandas motoras e metabólicas.

Diante dessas características, precisamos ressaltar outras questões:

a-) Uma melhor ressíntese dos elementos fosfagênios está relacionado com maior recuperação da potência muscular, componente essencial para o desempenho no judô, que por sua vez está atrelado com uma melhor aptidão aeróbia (TOMLIN e WENGER, 2001; BILLAT, 2002; MESSONIER et al., 2006).b-) O fato de fazer várias lutas no mesmo dia, aponta para uma maior importância do metabolismo aeróbio, no processo de recuperação entre uma luta e outra (ARTIOLI et al, 2012; AZEVEDO et al.,2007). c-) Lutas mais longas, são dependentes da via oxidativa, que é importante nesse processo de suporte a fadiga compensada, para que o atleta mantenha altas intensi-dades durante o combate, ou tenha maior possibilidades de defini-lo no Golden Score (TAYLOR E BRASSARD, 1981; THOMAS et al., 1989; GARCÍA e LUQUE, 2007; GARIOD et al., 1999; CARTER et al., 1999).

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Portanto, podemos apontar que mesmo o metabolismo aeróbio não sendo fator de discriminação de desempenho no judô (SUAY et al., 1999; BORKOWSKI et al., 2001; FRAN-CHINI et al., 2005), pois a aptidão aeróbia de judocas não ultrapassa níveis considerados excelentes para a população normal (KISS, 1987), tendo atletas de elite VO2máx entre 50 e 60 mL.kg-1.min.-1, para categorias masculinas, e entre 40 e 50 mL.kg-1.min.-1, para categorias femininas e sem indícios de que VO2máx mais elevados ofereçam vantagens nas competi-ções (FRANCHINI e MATSUSHIGUE, 2010), ainda assim não podemos descartá-lo como importante para o rendimento, pois atua de maneira importante nos processos de compen-sação da fadiga, fator que não pode ser subestimado.

Em favor, dessa não linearidade dos processos de forne-cimento de energia para o judô, Degoutte et al. (2003, 2004) encontraram aumento dos níveis de ácido graxos livres, tri-glicerídeos, colesterol e adenina nucleotídeo, indicadores de ativação da via oxidativa, junto com um esperado aumento do lactato sanguíneo, após lutas de judô. Cavazani (1991) sugeriu que melhores desempenhos em lutas subsequentes de judô, estão relacionados com menores concentrações de lactato durante os combates, o que pode demonstrar uma participação mais eficiente do metabolismo oxidativo, pois uma maior capacidade aeróbia pode promover mais rápida remoção do lactato sanguíneo (GAESSER e POOLE, 1988; JUEL e HALESTRAP, 1999) e consequentemente dos pró-tons de hidrogênio e fosfatos inorgânicos (FRANCHINI e MATSUSHIGUE, 2010; AZEVEDO e DRIGO, 2013), esses últimos, metabólitos associados à fadiga pela literatura con-temporânea (BROOKS, 2001; WESTERBLAD et al., 2002; ALLEN e TRAJANOVSKA, 2012).

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Sinteticamente, inferimos que o treinamento aeróbio específico é relevante para o desempenho no judô, mas não pode ser superestimado, pois a literatura sugere que o treinamento conjunto da resistência aeróbia, força ou potência muscular, ocasionam prejuízos no desenvolvimento dessas últimas capaci-dades motoras (GOMES e AOKI, 2005; FLECK e KRAMER, 2006; FORTEZA de la ROSA, 2006; BARBANTI, 2010), o que não é desejável para um atleta de judô. Por isso, o treinamento deve ser bem planejado e as cargas de natureza aeróbia específica devem ser acopladas em um momento que não interfiram negativamente essas outras variáveis.

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4. O JUDÔ E AS CAPACIDADES MOTORAS

CONDICIONAIS

Carvalho et al. (2008) acredita que algumas capacida-des motoras são essenciais para o desenvolvimento esportivo no judô:

• A velocidade acíclica• Potência: usada na fase dinâmica das lutas em pé e no solo;• A força: aplicada durante as imobilizações e pegadas; para sair de posições encaixadas ou projetar o oponente; • Resistência: importante para suportar os sucessivos esforços intervalados durante a luta.

As capacidades motoras condicionais estão intimamente ligadas aos sistemas energéticos, dependendo dos processos me-tabólicos de obtenção e transformação de energia, o que vai determinar a efetividade da atividade neuromuscular (FOR-TEZA de la ROSA, 2006; BARBANTI, 2010). A tarefa de ressintetizar o ATP, através de diferentes vias de obtenção de energia (que predominam ou integram-se de acordo com o tempo, intensidade, tipo de atividade e recuperação), é pri-mordial para possibilitar o processo de contração muscular.

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Esse composto nucleico, limitado nas células musculares, é o responsável por transformar energia química em mecânica, sendo o elo em cada capacidade condicional (FORTEZA de la ROSA, 2006).

A execução dos gestos esportivos com a máxima efi-ciência requer a participação de capacidades motoras espe-cíficas, de acordo com a atividade competitiva, fazendo com que o treinamento dessas variáveis seja de suma importância para o êxito esportivo (GOMES, 2009; BARBANTI, 2010).

A Tabela 5 ilustra as capacidades motoras condicio-nais e suas manifestações:

Tabela 5. Capacidades motoras condicionais e suas

manifestações

Capacidades ManifestaçõesForça Máxima

Rápida Resistência

Resistência AeróbiaAnaeróbia

Velocidade ReaçãoCíclicaAcíclica

Flexibilidade EstáticaDinâmica

Fonte: Adaptado Barbanti, 2010

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Por ser um esporte com inúmeros componentes téc-nico e táticos e dotado de múltiplas e imprevisíveis ações motoras, com tempo de duração indefinido, é compreen-sível que o judô seja dependente de diferentes capacidades motoras, o que torna sua preparação extremamente com-plexa (DRIGO et al., 1996; ROSA et al., 2008; FRAN-CHINI et al., 2008).

4.1. Força

A força é o principal componente da preparação des-portiva no judô (LITTLE, 1991; OLIVEIRA, 2005; ROSA, 2008; FRANCHINI e DEL VECHIO, 2008; CARVALHO et al., 2008). Suas diferentes manifestações são utilizadas em diversos componentes específicos que compõe uma luta de judô. A Tabela 6 ilustra esse cenário:

Tabela 6. Força e suas manifestações

no judô

Manifestações de Força

Utilização no judô

Força Rápida (Potência) 1. Aplicação de uma projeção ou finalização.2. Esquivas e fintas.3. Contragolpes ou movimentos de transição da luta em pé, para a luta no solo.

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Força Máxima (Dinâmica e Isométrica)

1. Erguer e ou sustentar um opo-nente do solo.2. Estourar ou dominar a pegada.3. Bloquear a entrada de um golpe.4. Escapar de um golpe encaixado.5. Sair de imobilizações.6. Abaixar ou levantar o opo-nente, quando do domínio da pegada.

Resistência de Força (Dinâ-mica e Isométrica)

1. Manutenção da pegada.2. Sustentar uma frequência con-tínua de ataques.3. Manter a intensidade de es-forços intervalados durante toda a luta.

Muitos fatores, de diversas naturezas (morfológicos, neurais, bioquímicos e fisiológicos), determinam a força muscular. Segundo Prado (2013, p.35), são eles:

• Área de secção transversa do músculo (hipertrofia);• Capacidade de gerar energia pelas vias metabólicas anaeróbias (fator, portanto, diretamente associado à aptidão anaeróbia);• Composição dos tipos de fibras musculares (indivíduos que possuem, num determinado músculo ou porção deste, um maior percentual de fibras rápidas, glicolíticas, tendem a ser capazes de gerar maior tensão). • Número de unidades motoras voluntariamente recru-tadas (o que depende, por sua vez, da própria frequência de estímulos, da ação inibitória dos órgãos tendinosos

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de Golgi e de complexos mecanismos neurais de inte-gração do input sensorial, processamento de informações em nível cortical e resposta eferente);• Frequência de estímulos• Coordenação intramuscular (coordenação do recru-tamento de unidades motoras dentro de um músculo) e coordenação intermuscular (coordenação da ação de músculos ou grupos musculares agonistas, sinergistas e antagonistas para um dado movimento);• Nível de cocontração (ação de antagonistas para um determinado movimento, o que pode implicar ação inibitória e reguladora para a ação agonista, o que tem grande relevância para estabilização do sistema loco-motor e proteção contra lesões).

Komi (2006) entende por força máxima a maior tensão gerada por um músculo ou grupo muscular com o intento de sustentar (isométrica) ou vencer uma resistência (dinâmica). McArdle et al. (2011), afirma que a força máxima expressa-se de maneira absoluta – sem levar em conta o peso corporal – e relativa – levando em conta o peso corporal do indivíduo. Como o judô é um esporte dividido por categoria de peso, a força deve ser relativizada (FRANCHINI e MATSUSHIGUE, 2010).

Usando a Tabela 6 como norteadora podemos perce-ber a importância do treinamento dessa manifestação de for-ça para o judoca. Além disso, estudos apontam que o treina-mento da força máxima se correlacionada com melhoras de potência (RUTHERFORD et al., 1986; MOSS et al., 1997; SCHMIDTBLEICHER, 2003) e também da resistência de força (VERKHOSHANSKY, 1998; CAMPOS et al., 2000), duas outras manifestações importantes para o desempenho.

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Geralmente, o treino dessa manifestação é feito de maneira a promover adaptações neurais, com uma alta in-tensidade, e por isso suportando-se poucas repetições ou tempo de execução, o que faz com que a musculatura passe menos tempo sob tensão, minimizando as reações hipertró-ficas (GENTIL, 2010), que não é algo sempre desejável em esportes em que existem limites de peso, como no judô. Es-tudos têm mostrado que intensidades altas, acima de 90% de um Contração Voluntária Máxima (CVM), promovem gran-des aumentos de força (15 a 20%), sem aumento de sessão transversa da musculatura (MOSS et. al., 1997; FLECK e KRAEMER, 2006; CHAGAS e LIMA, 2013).

Existe uma grande correlação entre a força máxima isométrica e força máxima dinâmica em atletas praticantes de esportes de força e potência, pois durante uma ação con-cêntrica máxima, sempre existe uma parcela de contribuição isométrica até que se vença a resistência externa (CHAGAS e LIMA, 2013), por isso os valores intermediários de força má-xima dinâmica dependem da força máxima isométrica (SIFF, 2004), e essa dependência é potencializada quanto maior é essa carga (ZATSIORSKY, 1995). Essas considerações levam a crer que a força máxima isomérica é primordial para au-xiliar nas ações motoras de força máxima dinâmica durante uma luta de judô. Fato, que observamos quando um atleta sustenta outro fora do chão, ou estabiliza uma posição, antes de completar uma projeção.

Uma das ações isométricas mais importantes do judô diz respeito ao estabelecimento, imposição e trocas de pe-gadas. Porém, não foram encontradas relações entre força

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máxima isométrica de preensão manual e resultados em lutas (BORGES, 1989), do mesmo modo os resultados encon-trados em atletas de judô não diferiram da população comum (HEYWARD, 1987). Fato explicado, provavelmente, porque a resistência de força isométrica de preensão manual é uma variável mais importante do que a força máxima, quando pensamos nas ações motoras relacionadas ao Kumi Kata8, além do que, as questões multifatoriais que envolvem uma disputa de judô, não nos permitem apontar apenas para uma variável que explique o sucesso competitivo.

Outra manifestação de força, essencial para o desempenho no judô, é a força rápida, definida como “capacidade do sistema neuromuscular em produzir o maior impulso possível, com alta velocidade de contração muscular, em um determinado tempo” (GULLICH e SCHMIDTBLEICHER, 1999). Também chamada de força explosiva ou potência (VERKHOSHANSKI, 1998; SIFF, 2004, BARBANTI, 2010), esse tipo de manifestação depende da integração entre a taxa de desenvolvimento de força (TDF) e força máxima (CHAGAS e LIMA, 2013), sendo utilizada em diversos momentos de uma luta.

Trabalhos interessantes envolvendo a força explosiva e o judô foram publicados, indicando que esse pode ser um fator discriminante de performance (FAGERLUND e HAKKINEN, 1991; FRANCHINI et al., 2005), bem como é possível dis-criminar atletas de classes e categorias de peso diferentes (TUMILTY et al., 1986; IIDA, 1998).

A resistência de força é outra manifestação em que alguns estudos demonstraram que atletas de judô possuem

8. Pegada, empunhadura

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excelente resistência muscular para membros superiores e abdômen (TAYLOR e BRASSARD, 1981; THOMAS et al., 1989; KRSTULOVIC et al., 2006), quando comparados com o restante da população, com valores acima do per-centil 90 para membros superiores e entre o percentil 80 e 90 para resistência abdominal (HEYWARD, 1997). Outro estudo conseguiu discriminar atletas melhores ranqueados, usando testes de resistência para esses mesmos grupos mus-culares (PAULA, 1987).

Resistência de força é definida como a capacidade de um músculo ou grupo muscular vencer uma resistência ex-terna repetidamente, pelo maior tempo possível, resistindo ao processo de fadiga, em condições metabólicas predo-minantemente anaeróbias (HARRE, 1988; FORTEZA de la ROSA, 2006; MCARDLE et al., 2011). Como o judô ca-racteriza-se por um trabalho intermitente, caracterizado pela ativação exacerbada do sistema glicolítico, em constante processo de compensação de fadiga, essa manifestação de força é importante em muitos momentos de uma luta.

Prova disso, é uma avaliação mais específica proposta por Franchini et al. (2004), em um teste de suspensão e re-petições máximas em barra fixa com judogi9. Para o número máximo de repetições, foram encontrados uma correlação significativa entre a força de preensão manual relativa, exe-cução de 1 CVM para remada livre e com a potência média relativa mensurada pelo teste de Wingate. Além disso, foram encontradas correlações positivas entre o número máximo de repetições e vitórias em etapas da Copa do Mundo de

9. Traje usado para a prática do judô (quimono).

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Judô, o que indica uma influência entre resistência de força isométrica manual e o desempenho competitivo (FRANCHINI et al., 2005).

Essa constatação é consenso entre os saberes práticos e experienciais no meio do judô, já que técnicos e atletas sempre conotam muita importância ao Kumi Kata como fator que pode ser decisivo para o domínio, controle e até a definição de um combate, pois grande parte do poder ofensivo e segurança defensiva depende dessa variável.

Todos esses dados relacionados às manifestações de força e judô servem de norteadores para avaliação, planejamento e ajustes dos melhores exercícios para o desenvolvimento da força. Devemos enfatizar que o treinamento para o aumento da força deve ser composto, principalmente, por exercícios que recrutem os grupos musculares necessários e possibilitem transferência para o gestual motor do atleta, sendo o mais específico possível. As vantagens máximas originadas do au-mento dessa capacidade dependem dessa transferência. São exceções, casos especiais, como processos de reabilitação e momentos de transição e em alguns casos, principalmente para atletas juvenis, juniores e que não alcançaram o alto nível competitivo, o início ou pré-temporada.

4.2. Velocidade

A velocidade é outra capacidade motora condicional primordial para o sucesso competitivo no judô, manifestada de dois momentos diferentes, porém indissociáveis: tempo de reação e velocidade acíclica.

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Velocidade de reação é a capacidade do sistema neu-romuscular em reagir a um estímulo (sonoro, óptico ou tátil) no menor tempo possível, resultando em uma ação motora. Esse mecanismo de resposta é interligado ao armazenamento e seleção de programas motores no córtex cerebral, bem como a rápida transmissão dos impulsos nervosos e a velocidade de contração muscular, o que o torna muito complexo e depen-dente do processo de treinamento (BARBANTI, 2010).

Como o judô é um esporte aberto, dependente de to-mada de decisões, relacionados com a interpretação de estí-mulos e reação frente a um objetivo motor, potencializado pelas perturbações impostas pelo oponente, a velocidade de rea-ção se manifesta, junto com leitura e antecipação de ações, de maneira quase que integral em um combate. Movimenta-ções que induzem mudanças de direção, pegadas, entradas de golpes e esquivas são exemplos em que a velocidade de reação se manifestará tanto de maneira ofensiva, como defensiva, sendo a seleção da melhor resposta motora, efetuada com rapidez, aquela que terá mais chance de sobressair-se.

Velocidade acíclica é a capacidade de realizar movimentos acíclicos (quando não há repetição de fases ou partes do mo-vimento, como ocorre no judô) no menor tempo possível (TUBINO, 2003). As amplas possibilidades de variação motora em uma luta de judô, repletas de possibilidades técnicas e táticas fazem que essa manifestação da velocidade seja essencial em diversos momentos, devendo ser treinada aprimorando o aparelho motor à regulação precisa dos movimentos de acordo com características técnicas, táticas e antropométricas do atleta, ressaltando suas vantagens biomecânicas.

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Os fatores responsáveis pela manifestação máxima da velocidade são listados a seguir (BARBANTI, 2010, p.107):

1. Propriedades especiais do sistema nervoso, incluindo programas motores armazenados na memória motora para a coordenação de movimentos velozes;2. Quantidade elevada de fibras rápidas na estrutura das fibras musculares e boa elasticidade dos músculos;3. Suprimento energético ótimo pelos processos bioquí-micos específicos nos músculos;4. Pré-requisitos psicológicos específicos;5. Eficiência e domínio das técnicas dos movimentos do esporte praticado;6. Grau das capacidades coordenativas em geral (nível de desenvolvimento das capacidades coordenativas).

Essas características ilustram quanto o treinamento e consequente domínio técnico e tático de determinada moda-lidade influencia no aprimoramento na velocidade. Portanto, percebemos que a maestria esportiva é primordial para que níveis máximos de velocidade sejam alcançados em deter-minado esporte, por conta dos altos níveis coordenação intramuscular e intermuscular, resultantes do domínio gestual específico e aprimoramento tático, atingindo máximas efi-ciências em mínimos dispêndios energéticos, sem necessidade de correções ou modulações dos movimentos, que fariam a velocidade ser negativamente afetada (GROSSER, 1990; VERKHOSHANSKI, 2001; BOMPA, 2002; PLATONOV, 2003; FORTEZA de la ROSA 2009).

Portanto, o treinamento dessas manifestações (reativa e acíclica) usando o todo o arcabouço técnico do judô, devem

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ser treinadas de maneira isoladas e combinadas, levando em conta a adaptação ao trabalho específico em condição de fadiga compensada, intermitência e variação de intensidade, características peculiares e inerentes da modalidade. Isso faz com que o desenvolvimento máximo dessa capacidade seja dependente dos mecanismos de produção de força, princi-palmente da força rápida, bem como do trabalho tático.

4.3. Flexibilidade

A flexibilidade é a capacidade motora condicional responsável pela obtenção de grandes amplitudes de mo-vimentos (GOMES, 2009), ocasionados pela execução voluntária, com amplitude angular máxima, de uma arti-culação ou conjunto de articulações, sem risco de lesões, respeitando os limites morfológicos (DANTAS, 2003).

Durante muito tempo, os saberes práticos enfa-tizaram uma grande importância da flexibilidade para o treinamento de judô, talvez por conta da tradução de seu nome, que em alguns países é traduzido como “caminho da flexibilidade”.

Hoje, alguns autores citam sua importância para a luta de solo (ROSA, 2008), e na luta em pé, com rele-vância para articulações de ombro e quadril, já que muitas técnicas utilizam-se de grande amplitude dessas articulações (FRANCHINI e MATSUSHIGUE, 2010), além de ser consi-derada uma capacidade motora que auxilia nos processos

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profiláticos, diminuindo chances de lesões advindas de en-curtamentos musculares e limitações estruturais das articu-lações (CARVALHO, 2001).

Realmente, estudos que avaliaram a flexibilidade de judocas, por meio do teste sentar e alcançar apontaram para resultados expressivos – acima do percentil 90 - (THOMAS et al., 1989; LITTLE, 1991; IIDA et al., 1998; KRSTULOVIC et al., 2006), quando comparados com escores da população normal (HEYWARD, 1997), o que o torna um bom teste para avaliação de judocas (FRAN-CHINI e MATSUSHIGUE, 2010).

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5. O TREINAMENTO TÉCNICO E TÁTICO APLICADO AO JUDÔ

É inegável que as principais ênfases nos estudos relacio-nados ao treinamento esportivo, principalmente em esportes individuais, sejam focadas nos aspectos fisiológicos e de ca-pacidades motoras condicionantes, relegando o treinamento tático e técnico a um segundo plano, representados apenas pelos manuais específicos das modalidades esportivas (GRECO, 1995), que na grande maioria das vezes explicita conheci-mentos práticos e não metodológicos. Da mesma maneira, as pesquisas na área de aprendizagem motora têm pouca conexão com a pedagogia do esporte, enfatizando a habili-dade de uma maneira mais geral, com pouca aplicabilidade esportiva (GRECO e ROTH, 2013). No judô, esse fenômeno também acontece e modalidade carece de referencial teórico para fundamentar metodologicamente o treinamento técnico e tático da modalidade (GRECO e VIANA, 1997), sendo re-legada aos saberes práticos e a transmissão de conhecimento de mestre para discípulo (DRIGO et al., 2011).

Para entender o judô e suas demandas técnico-táticas é necessário remeter aos conceitos de habilidades motoras, que segundo Schmidt (1993), podem ser classificadas de acordo com a Tabela 7:

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Tabela 7. Classificação das habilidades motoras

Fatores DescriçãoQuanto ao pro-cessamento de informações

Ambiente aberto (dotado de imprevisi-bilidade; influencia no resultado) ou am-biente fechado (ambiente previsível; sem influência no resultado). O ambiente de uma competição de judô é considerado aberto, o de uma prova de natação é con-siderado fechado.

Quanto ao movi-mento observável

Habilidade motora discreta: diferencia-se o início e o fim do movimento com exati-dão (salto); Habilidade motora cíclica: não é possível verificar início e fim do movimento (corrida); Habilidade motora seriada ou acíclica: combinação de uma ou mais ha-bilidades discretas, como ocorre no judô.

Quanto à toma-da de decisão e controle motor

Orientada pela tomada de decisão: quando essa é mais importante que o controle motor (jogos de tabuleiros); orientada pelo controle motor: quando o gestual motor é fator crucial para o sucesso (ginástica ar-tística, patinação, nado sincronizado; In-termediária: quando tomada de decisão e controle motor são igualmente importantes para o sucesso, como é o caso do judô.

Fonte: Schmidt (1993)

Norteados pela tabela acima, verificamos que uma competição de judô desenvolve-se em um ambiente aberto,

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baseadas em habilidades motoras seriadas e com igual im-portância entre a tomada de decisão e controle motor (as-pectos táticos e técnicos, respectivamente). Sendo assim, o treinamento técnico/tático para o alto rendimento deveria ser atrelados a essas características, no entanto muitas práticas comuns contrariam essas expectativas:

Uchi-komi10 estático: atividade realizada em ambiente fechado, com característica de habilidade motora discreta. Não apresenta movimentação e resistências peculiares de uma luta, bem como perturbações ne-cessárias para correta tomada de decisão e ajustes precisos dos movimentos relacionados à realidade de combate. Importante nos processos iniciais de aprendizado do corpo técnico específico, porém não compatível para as fases de especialização e rendimento.Uchi-komi com movimentação e Nage-ai11: também realizados em ambiente fechado, ou com pouca pertur-bação, devem ser contextualizados para aproximarem-se da realidade de competição. Orientações aos atletas que estimulem algumas perturbações, serão importantes para que as tomadas de decisão sejam dificultadas o que pode ser uma estratégia interessante de treina-mento. Entretanto sem essas condições, são tipos de treinamento que fogem das especificidades competitivas e pouco representam do ponto de vista técnico-tático, pensando nas fases de especialização e rendimento.Ukemis12: atividade realizada em ambiente fechado, com característica de habilidade motora discreta. Da

10. Entrada de golpes.11. Treino de projeção sem resistência do parceiro. 12. Técnicas de amortecimento de quedas.

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mesma maneira que o uchi-komi é de extrema impor-tância nos momentos iniciais de aprendizagem, para que se possa praticar a modalidade com segurança. En-tretanto, em um nível mais avançado, onde o objetivo é não cair, principalmente com as costas no chão, parece uma contradição à execução de ukemis, muitas vezes usados em todo início de treino, independentemente do nível dos atletas. Devemos lembrar que atletas em fases de especialização e rendimento têm amplo domínio de como cair com segurança, sendo essa prática desne-cessária e contraproducente.

5.1. Treinamento técnico

Entende-se técnica desportiva como a resolução eficaz de determinada tarefa motora específica de um desporto ou modalidade, através de procedimentos e ou ações (PLA-TONOV, 2008). O mesmo autor, entende por procedimentos, posições e movimentos específicos de cada atleta, caracteri-zados por uma estrutura motora individualizada, que quando resolvem determinada tarefa tática são chamados de ação. A assimilação desses dois componentes é marcada pelas seguintes características: incremento natural do domínio motor; e pela automatização e consolidação da habilidade motora especializada (OLESHKO, 2008).

A técnica desportiva é dependente da interação entre cérebro e cerebelo, que regulam respectivamente processo consciente e automatizados de programas motores, ou seja, um conjunto de comandos motores que é pré-estruturado no

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nível executivo e que define os detalhes essenciais de uma ação habilidosa (SCHIMIDT e WRISBERG, 2001). Portanto, todo movimento intencional automatizado depende da coor-denação global do sistema nervoso central, sendo o prin-cípio para a formação de padrões de movimentos esportivos (GROSSER e NEUMAIER, 1986).

Assim, pensando na preparação de longo prazo, o de-senvolvimento correto das estruturas coordenativas, através de vastas experiências motoras na infância e adolescência, é responsável pelo aumento da coordenação geral sedi-mentando o futuro aprendizado técnico, por conta de uma vasta variabilidade motora. Ou seja, a técnica desportiva é dependente do nível de habilidades motoras gerais ad-quiridas previamente pelo atleta. Desse modo o treinamento sistematizado de coordenação, principalmente coordenação geral, é pré-requisito para o treinamento técnico (GRECO e ROTH, 2013).

Ainda, pensando em longo prazo, o maestro despor-tivo, geralmente se desenvolve quando essas etapas iniciais de aquisição motora não são negligenciadas (PLATONOV, 2008), pois as habilidades, além de discriminar o nível de rendimento entre os seres humanos, remetem ao “nível de controle das funções e dos processos específicos necessários ao desempenho das técnicas esportivas” (GRECO e ROTH, 2013). Portanto, a maestria esportiva é representada por grande variedade de habilidades motoras estabilizadas e capacidade de coordenação técnica específica, oferendo eco-nomia de energia e alternativas eficazes para as exigências competitivas (OLESHKO, 2008).

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Essa lógica contradiz o processo de especialização des-portiva precoce e treinamento unilateral, diagnosticado no judô como prática comum por vários autores (MESQUITA, 1994; DOS SANTOS e MELLO, 2000; DRIGO et al., 2005; CAVAZANI, 2012; RUFINO e DARIDO, 2012).

5.2. Treinamento tático

A concretização e reunião de ações motoras, que respondem objetivos pré-estabelecidos de maneira eficaz é o que chamamos de tática esportiva (PLATONOV, 2008). Garganta (1998), complementa essa informação afirmando que tática é a designação de vários planos de ações e alter-nativas decisórias que regulam certa atividade, sendo o êxito esportivo dependente desse sistema.

A tomada de decisão correta é o ponto chave para o êxito esportivo em esportes de natureza aberta, como as lutas em geral. A imprevisibilidade torna a execução técnica de-pendente do conhecimento tático do atleta (GRECO, 2013). No judô, esporte em que a vitória pode ser alcançada de dife-rentes maneiras: quedas, imobilizações, chaves de braço, es-trangulamentos e punições, a tomada de decisão é primordial para o sucesso competitivo (OLÍVIO JR e DRIGO, 2015).

As configurações de interação entre os adversários, que tornam as ações durante o combate, dependentes das de-cisões do oponente: estilo de luta, movimentação, técnicas de preferências, aproximação e estabelecimento do contato, lado dominante, estratégias; concatenadas com questões

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situacionais: placares e punições, tempo restante, estado psi-cológico, condição física de ambos, orientações recebidas e motivação, são fatores diversos que interagem no tempo e no espaço e que determinam as tomadas de decisão (GRA-ÇA e OLIVEIRA, 1995; GRECO, 1995; GARGANTA, 2001), revelando a importância do treinamento tático para o judô. Quanto mais alto o desempenho competitivo, mais alta é a dependência técnica, com relação aos conhecimentos táticos.

De que maneira o treinamento tático deve ser conduzido? Essa é uma pergunta que pode ser respondida usando os se-guintes direcionamentos, que se relacionam com a tomada de decisão competitiva (TAVARES, 1999; PAULA et al., 2000; GARGANTA, 2001; GRECO, 2013):

a-) “O que fazer?”: relacionado com o objetivo da ação.b-) “Como fazer?”: escolha do elemento técnico que será utilizado.c-) “Onde fazer?”: quais as oportunidades que deverão ser criadas ou que quando forem ofertadas, serão propícias para a execução de determinado elemento técnico.d-) “Quando fazer?”: tempo exato em que a ação deverá ser executada.

5.3. Técnica e Tática e o desempenho no judô

Algumas características técnicas e táticas são balizadoras para se chegar ao alto rendimento e parecem ser desejáveis que elas estejam presentes em atletas que almejam esse patamar, sendo o repertório, possivelmente, cada vez maior, devido à grande competitividade vislumbrada nos dias atuais:

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1. Ter no mínimo 06 golpes de arremesso efetivos (WEERS, 1997a), com variação entre ashi- waza13, koshi- waza14, te-waza15 e sutemi-waza16. 2. Concatenar combinações entre as técnicas mais efe-tivas (FRANCHINI et al., 2008).3. Dominar a movimentação e as técnicas de ashi-waza, que com as novas mudanças de regras (IFJ, 2013), que impossibilita ataques e contragolpes segurando nas pernas, parecem ser cada vez mais importantes para criar espaços e minar a defesa do oponente. Além disso, as técnicas de perna tendem a ser as mais utilizadas em competições de alto rendimento (MATSUMOTO et al., 1978; BRANCO, 1979; FRANCHINI et al., 2005; BOGUSZEWSKI e BOGUSZEWSKA, 2006; FRANCHINI et al., 2008) e pelos melhores atletas (FRANCHINI e STERKOWICZ, 2002). 4. Realizar ataques efetivos em qualquer direção (CALMET e AHMAIDI, 2004).5. Ser capaz de atacar com efetividade de ambos os lados (direita e esquerda). 6. Apresentar variabilidade de kumi-kata (WEERS, 1997b) e não ser dependente da pegada clássica: gola e manga. 7. Dominar as técnicas de ne-waza17. As imobilizações, chaves de articulação e estrangulamentos são técnicas muito efetivas e que frequentemente resultam em ippon18 (BROWN e MCMURRAY, 1997; STERKOWICZ e MASLEJ, 1998). Também são técnicas presentes no arsenal dos melhores atletas (WEERS, 1997c).

13. Golpes de perna.14. Golpes de quadril.15. Golpes de mão.16. Golpes de sacrifício.17. Técnicas de solo.18. Pontuação que encerra a luta (golpe perfeito).

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8. Dominar a transição entre a luta em pé e a luta no solo, pois muitas vezes essa situação permite a possibilidade de definir a luta ou conseguir uma pontuação (WEERS, 1997d). 9. Defender com consistência. Esse item técnico parece ser condição sine qua nom para alcançar a vitória. Os atletas de alto rendimento apresentam efetividade em torno dos 90% nesse quesito (BOGUSZEWSKI e BO-GUSZEWSKA, 2006). 10. Ter boas esquivas e alternativas de contra-ataques. Weers (1996) verificou que em atletas de alto nível 42,6% dos contragolpes são feitos através de esquivas. Sterkowicz e Maslej (1999) constataram que, em torneios de alto nível, apenas 5% das técnicas de tachi-waza19 são originárias de contra-ataques, porém 46% dessas tentativas terminavam em pontuação, demonstrando grande eficácia.11. Administrar as tomadas de decisão em todos os mo-mentos da luta. O maior percentual de Ippon acontece no último minuto de luta (STERKOWICKZ e FRAN-CHINI, 2000). 12. Ter ações treinadas para lutar com atletas destros e canhotos e suas respectivas variações de kumi-kata e com atletas mais altos ou mais baixos e suas diferentes envergaduras (WEERS, 1997b).13. Ter condição de escolher a melhor estratégia de luta de acordo com as principais técnicas, estilo e caracte-rísticas físicas do oponente (WEERS, 1997a).14. Interpretar a configuração situacional com relação à sua condição física e a do oponente durante os vários momentos da luta, tomando as melhores decisões e aumentando ou diminuindo o ritmo de luta (GRECO e VIANA, 1997).

19. Técnicas realizadas em pé.

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15. Tomar as melhores decisões de acordo com o placar da luta (ser mais defensivo ou mais ofensivo).16. Interpretar corretamente a questão das punições para tirar o máximo proveito (forçar uma punição ou evitar que seja punido).17. Executar movimentações e projeções para todas as direções, de acordo com as limitações do oponente ou possibilidades criadas ou dadas durante a luta (CAL-MET e AHMAID, 2004; OLÍVIO e DRIGO, 2015).

Nesse sentido, procurando conhecimentos que respaldem o treinamento técnico e tático no judô, ressaltamos a teoria da Pedagogia Complexa (OLÍVIO JR e DRIGO, 2015), como pioneiro e balizador para os processos de ensino-aprendiza-gem-treinamento desses componentes. Essa proposta elenca a tática como objeto central da aprendizagem e treinamento, dividindo o combate de judô, em unidades funcionais (UF), que são partes da luta que influenciam diretamente as unidades subsequentes. De maneira sucinta as UF são: Aproximação, Contato, Criação de oportunidade, Desequilíbrio, Aplicação do golpe, Projeção, Transição e Luta de solo, momentos dis-tintos que encontram início e fim definidos, mas que compõe o todo, com total influência entre elas. Mesmo que os autores enfatizem que a proposta é adequada para equipes de base é possível encontrar inúmeras ligações com as características pretendidas, por atletas de alto rendimento, supracitadas.

Assim, o treinamento dessas unidades atreladas as capacidades motoras condicionais, de maneira parcial ou in-tegradas, possibilita ao treinador distribuições de estímulos adequados para cada período do calendário esportivo, levando

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em conta os aspectos físicos, técnicos e táticos de maneira uniforme no desenvolvimento do processo de treinamento.

Essa afirmação, encontra respaldo em Platonov (2008), que afirma que as demandas técnicas das modalidades es-portivas estão diretamente relacionadas com suas exigências físicas e preparação tática. Por exemplo, em esportes que se utilizam da força rápida (como o judô), uma técnica atin-girá força e potência máxima quando houver coordenação de forças internas e externas, alavancas corretas e economia de energia, moduladas pelo conhecimento tático, que ditará qual a melhor oportunidade e qual o mais adequado gestual técnico que será utilizado naquele exato momento.

Sendo assim, podemos inferir que no judô o processo de tomada de decisão e o desenvolvimento adequado das capa-cidades motoras condicionais são primordiais para a máxima eficácia técnica.

Nesse sentido, Garganta e Oliveira (1995) afirma que para melhorar a tomada de decisões, o atleta precisa desen-volver a capacidade de solucionar problemas, considerando, inclusive, a quantidade de pressão inerente a atividade com-petitiva. O autor chama essa prática de “apelo à inteligência, enquanto capacidade de adaptação a um contexto em per-manente mudança”.

De encontro à essas prerrogativas, Greco (1998) propôs o método situacional, que foi incorporado pela Pedagogia Complexa e adaptado ao judô (OLÍVIO JR e DRIGO, 2015), uma maneira de desenvolvimento técnico embasados por contextos

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que vislumbrem a realidade, ao mesmo tempo que possibi-litam o direcionamento e a correção imediata, por parte do treinador. Assim, situações clássicas do jogo (ou da luta no judô), são isoladas e utilizadas para a resolução de problemas técnicos e táticos. Inicia-se com propostas menos complexas, agregando elementos que aumentem a complexidade, grada-tivamente, até que os exercícios se aproximem ao máximo das especificidades competitivas (GRECO, 1998).

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6. PERIODIZAÇÃO DO TREINAMENTO

Estruturar e planejar um treinamento que contemple todos os componentes discutidos nessa obra não é tarefa simples e torna-se o grande desafio do treinador de judô. Frente a essa demanda, o treinador deve adotar a periodização do treinamento como forma de ajustar a preparação e melhorar o desempenho de atletas de judô (FRANCHINI et al., 2014).

A periodização é a forma de organizar o treinamento em fases ou períodos, regida pelos princípios científicos do treinamento, nos quais metas físicas, técnicas e táticas são contempladas, até que o atleta possa alcançar seu máximo rendimento em determinado momento, coincidente com o objetivo competitivo estipulado (DANTAS, 2003; TUBINO, 2003). Esse conceito é totalmente dependente do calendário esportivo e deve ser ajustada levando em conta esse com-ponente (DICK, 1993).

Forteza de la Rosa (2006) afirma que o pensamento do treinador é o principal ingrediente na organização e pla-nificação do treinamento, o que o torna figura central nesse processo, coordenando, comandando e estruturando as

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variáveis que farão parte do programa de treino (ROSADO e MESQUITA, 2008). Entretanto, esse pensamento deve estar pautado na ciência e distanciar-se ao máximo da improvisação, integrando os conhecimentos em um sistema organizado (FARTO, 2002). Para Bompa (2002), esses conhecimentos não deveriam escapar a nenhum técnico desportivo.

O conceito de periodização começou a ser aperfeiçoado e difundido na década de 50 por Leev Pavlovitchi Matveev, usando a preparação dos atletas soviéticos como base, tendo chegado na década seguinte, resumidamente, a um sistema de preparação que permitia ao atleta, construir, manter e depois perder, em partes, a forma adquirida, respeitando um conjunto objetivo de leis que regem o processo de preparação, em grandes ciclos planejados anual ou semestralmente (MATVEEV, 1986, 1996, 1997).

A teoria de Matveev foi durante muito tempo o norte para as discussões acerca da organização do treinamento esportivo, culminando em outras teorias que tinham intenção de aperfeiçoá-la ou complementá-la (AROSJEV e KALININ, 1971; BOMPA, 1983; PLATONOV, 1988; HARRE, 1988; OZOLIN, 1989; VIRU, 1991; FORTEZA de la ROSA, 1994) ou outras tantas, que tentavam confrontá-la, rompendo com essa forma clássica de sistematização (VOROBJEV, 1974; BONDARCHUK, 1988; VERKHOSHANSKY, 1990; TSCHIENE, 1985; WEINECK, 1999; NAVARRO, 2000).

Dentre as críticas ao sistema de preparação de Matveev, destacam-se as feitas por Tschiene (1985) e Verkhoshansky (1990) que o consideravam muito rígido, sem propostas

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de diferenciação para as diferentes modalidades, com uma quantidade exagerada de cargas de preparação geral, que não seriam apropriadas ao alto rendimento esportivo e de difícil ajuste quanto ao calendário esportivo.

Entende-se, que aumentando o nível de rendimento, é preciso aumentar também os meios específicos de treinamen-to, portanto o modelo de Matveev seria válido somente para as primeiras fases do treinamento ou para atletas da base que ainda não atingiram o alto nível, já que as exigências esportivas e os calendários competitivos, atualmente, são bem diferentes (GAMBETTA, 1990; VERKHOSHANSKY, 2001).

Sabe-se que, atualmente, o rendimento humano está próximo de limites antes inimagináveis, o que eleva a prepa-ração desportiva a níveis de exigências cada vez maiores, pois a concorrência no esporte competitivo não para de crescer. Esse cenário, dá uma nova roupagem ao processo de prepa-ração esportiva, já que faz-se cada vez mais necessário, que os planejamentos e execuções dos programas de treino, con-tem com ajustes regulares e prescrições individualizadas, com cada vez mais critérios metodológicos e de controle das cargas de treinamento (OLIVEIRA, 1998; SZMUCHROWSKI E COUTO, 2013).

6.1. Planejamento do treinamento

É importante ressaltar que, tanto os modelos tradi-cionais quanto os contemporâneos partem da premissa de que o treinamento deve ser estruturado respeitando diferentes

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períodos, etapas, fases ou microetapas (OLIVEIRA, 2008), de acordo com os objetivos de curto, médio e longo prazo pretendidos, o que retrata a importância das premissas clássi-cas de Matveev. Com relação a essa estrutura, o treinamento costuma organizar-se conforme a Tabela 8:

Tabela 8. Componentes organizacionais

da preparação esportiva

UNIDADES DURAÇÃO DESCRIÇÃOPreparação de longo prazo ou plurianual

Vários anos É a preparação de várias temporadas

de treinamento e competições

(NAVARRO, 2000), necessárias para que atleta atinja o alto nível competitivo,

sem queimar etapas (PLATONOV, 2008).

Temporada ou preparação anual

1 ano A integração de todas as etapas e

ciclos de treinamento de uma temporada, para que o atleta

conquiste sua melhor forma desportiva nas competições almejadas,

de acordo com o objetivo proposto

(NAVARRO, 2000; PLATONOV, 2008).

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Macrociclo 3 a 12 meses É formado por vários mesociclos ou blocos (NAVARRO, 2000). Nessa estrutura, es-

tarão contidas etapas importantes para

o desenvolvimento da forma esportiva,

instituídos por períodos de preparação e

competitivos, além de um período de transição para o

próximo macrociclo(PLATONOV, 2008).

Mesociclo ou Blocos 3 a 12 semanas Refere-se ao conjunto de vários microciclos, semanas ou microblo-cos, sendo considerada

a fase estrutural da organização do treina-mento. É uma etapa

bastante completa que implica grandes ganhos nas capacidades fun-cionais, conseguindo direcionar e organizar os microciclos, sema-nas ou microblocos de diferentes tipos e

cargas de treinamento, usufruindo de seus

estímulos acumulados para atender a objeti-vos pré-determinados (NAVARRO, 2000).

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Microciclo ou Semanas

5 a 7 dias Refere-se ao período composto por

diversas sessões de treinamento. Suas sucessões visam

atender aos objetivos de dado mesociclo

(ZAKHAROV e GOMES, 1992).

Sessões de Treinamento

1 a 3 sessões diárias Referem-se à unidade básica de treinamentos dentro de um sistema de preparação esporti-va. São planejados de acordo com as tarefas e objetivos de dado microciclo, respei-tando as formas de

organização referentes às especificidades de

cada modalidade e os princípios biológicos do treinamento

(NAVARRO, 2000).

Exercícios 1 ou N séries São utilizados para alcançar os objetivos pretendidos em cada fase da temporada, e que vão compor

as sessões de treino, primordiais para a melhora na capaci-dade de rendimento (WEINECK, 1999). Podem ser de natu-

reza geral ou especial (PLATONOV, 2008).

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6.2. Principais modelos contemporâneos de periodização

Os calendários esportivos atuais e os grandes números de competições, – muitas vezes classificatórias para outras mais importantes e de altíssimo nível – representam, sem sombra de dúvida, os principais problemas na prática con-creta da estruturação do treinamento desportivo (FORTEZA de la ROSA, 2009). Esse problema é o principal combustível para que novas formas de estruturar o treinamento de alto nível sejam concebidas e a tendência, cada vez mais, é recorrer à utilização de um ou outro sistema (RAPOSO, 1989).

Nesse sentido, serão apresentados os principais modelos de periodização moderna do treinamento, aqueles que são as referências mais utilizadas na preparação desportiva atual para atletas de alto rendimento e que possam ser utilizados pelos esportes de lutas.

Começaremos pela teoria de Verkhoshansky, pois foi sem dúvida, aquela que mais marcou o rompimento com a teoria clássica de Matveev. Após, discorreremos sobre as adap-tações feitas ao modelo de blocos, como o sistema de Tschiene, cuja abordagem aparece na literatura sendo aplicada ao judô (CARVALHO et al., 2008) e o de Issurin e Kaverin, que é uma releitura do modelo de Verkhoshansky, o qual consideramos de aplicação apropriada para os esportes acíclicos, inclusive os de combate (GODOY e AZEVEDO, 2004; ROETERT, 2005).

6.3. Modelo de Blocos

Proposto pelo professor russo Dr. Yuri V. Verkhoshansky, em meados dos anos 80, esse modelo rompe com os

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pressupostos de Matveev. Para Verkhoshansky (1990) as formas de organizações clássicas não atendiam ao esporte moderno pois, quando foram criadas, a ciência desportiva ainda estava em formação e não podia embasar, adequada-mente, o processo de treinamento. As mudanças na estrutura desportiva ocorridas nos últimos 25 anos são muito maiores do que as que haviam ocorrido durante toda a história do es-porte até então: regras, calendários, condições de realização das competições, profissionalização e tecnologias. O modelo de periodização por blocos foi criado para atender a essa nova demanda e equacionar problemas técnicos e metodoló-gicos do processo de treinamento.

O princípio da preparação, nessa teoria, consiste em fazer com que os atletas de elite tenham condições de treina-mento que reproduzam a competição, que sejam planejadas competições de controle e competições preparatórias e que os treinadores interfiram diretamente no exercício competitivo, pois os estímulos advindos dessas atividades possuem alto grau de mobilização. Portanto, alocados no momento certo de preparação, constituem a melhor intensidade de treina-mento para esses atletas (GOMES, 1995; OLIVEIRA, 1998).

Devemos enfatizar que Verkhoshansky utiliza as ter-minologias programação, organização e controle para de-finir sua teoria, não remetendo aos termos planejamento, planificação ou periodização (FORTEZA de la ROSA, 2006; GOMES, 2009). Entretanto, quando citado por outros es-tudiosos, a terminologia periodização lhe é atribuída com frequência (DANTAS, 2003; OLIVEIRA, 2008; MARQUES JUNIOR, 2012).

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Esse modelo de treinamento foi proposto, principal-mente, para atender os esportes que tinham na força e em suas diferentes manifestações a principal capacidade motora condicional, sendo utilizado, com sucesso, na preparação de modalidades de força rápida, modalidades de resistência e para jogos desportivos e lutas (GOMES, 1995). O modelo é fundamentado no emprego de grandes volumes de prepa-ração física especial, de maneira concentrada, em um bloco inicial de trabalho, com a intenção de causar intensa e longa alteração da homeostase, representada por drásticas reduções das capacidades funcionais. Em seguida, é aplicado um bloco com redução das cargas de trabalho e ênfase técnico-tática, propiciando condições para que o organismo se recupere e manifeste o EPDT (Efeito Posterior Duradouro de Treinamento), que é um fenômeno compensatório caracterizado por um au-mento dos marcadores funcionais acima dos valores iniciais.

Em princípio, quanto mais mobilização energética é exigida no bloco inicial, maiores serão as respostas compen-satórias posteriores (VERKHOSHANSKY, 1996; FORTEZA de la ROSA, 2006; OLIVEIRA, 2008). As cargas são aplicadas de maneira unidirecional e cumprindo as particularidades de sucessão e interconexão. Por sucessão, podemos entender a continuidade das cargas, e por interconexão a interligação lógica de utilização das cargas subsequentes, diferente do que é preconizado pelos modelos clássicos, no qual cargas de várias orientações e naturezas são aplicadas simultaneamente (MOREIRA et al., 2004).

Verkhoshansky (1996) ressalta, porém, que é preciso ter controle absoluto sobre a intensidade e duração das alterações

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negativas provocadas pela concentração de cargas de força. Caso sejam ultrapassados “valores ótimos” o atleta poderá entrar em overtraining, não conseguindo alcançar a super-compensação provocada pelo EPDT. Isso atesta ser necessário adequar de maneira individualizada a carga de treino e res-peitar a reserva de adaptação do desportista (OLIVEIRA, 2008; BARBANTI, 2010; PRADO, 2013), motivo pelo qual esse modelo não é adequado para atletas jovens ou que não atingiram o alto nível competitivo (OLIVEIRA, 1998).

Atletas de elite apresentam um alto nível de preparação específica e o emprego de cargas não específicas e com várias orientações podem causar, devido ao efeito concorrente, reduções nas funções fisiológicas e no desempenho motor, o que não é observado em desportistas de nível médio, pois ainda não esgotaram sua reserva geral de adaptação (OLIVEIRA, 2008).

Recorrendo às ponderações acima e a Verkhoshansky (1999) e Oliveira (2008) podemos afirmar que O EPDT, fenômeno compensatório que justifica a periodização por blocos, ocorre a partir de algumas condições:

• O atleta deve ser submetido a uma etapa de treina-mento com cargas de força concentrada, de natureza específica, em determinado período, e que produza um efeito profundo no seu organismo.• Respeitando limites ótimos (quando não há excessivo catabolismo), quanto maior for a redução das capaci-dades funcionais (principalmente força-rápida) na etapa de cargas concentradas de força, maior é seu aumento compensatório posterior.

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• No bloco de cargas concentradas de força, os exer-cícios utilizados não precisam ser demasiadamente intensos. O alto volume empregado nessas cargas e a alocação racional delas já representa uma grande inten-sificação nos estímulos de treinamento. • O EPDT manifesta-se posteriormente, quando o tra-balho assume características específicas (técnica, tática e velocidade), com volume moderado e intensidade gradualmente crescente. • O EPDT tem duração, em princípio, igual à duração do bloco concentrado de força, portanto, ele é deter-minado pelo volume e pela duração da primeira etapa de trabalho. • Durante a manifestação do EPDT, o organismo do atleta tende a suportar bem cargas muito intensas, porém reage negativamente a volumes altos de trabalho.

Visualizamos a estrutura de treinamento (macrociclo) na concentração de diferentes blocos: preparação física, predominantemente força (bloco A) e preparação técnico, tática e de velocidade (bloco B). Esses blocos são seguidos pelo bloco C, onde se concentram as principais competições da temporada (Figura 4). Cada bloco cumpre a função de um mesociclo (MARQUES JUNIOR, 2012). Dessa maneira, esse modelo parte de uma preparação especial, baseada em intensos trabalhos musculares, com duração de 3 a 5 meses, passando por um período de preparação dos aspectos competitivos (técnicos, táticos e velocidade) e competições preparatórias que garantam a solidificação de uma elevada capacidade de performance, até chegar ao objetivo alvo da temporada (VERKHOSHANSKY, 2001; OLIVEIRA, 2008). Assim, as cargas administradas no bloco A provocam condições

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para melhoras funcionais no bloco B, e esse bloco maximiza ainda mais o desempenho no bloco C, por meio do efeito residual das cargas utilizadas anteriormente (DE SOUZA et al., 2006).

Figura 4. Modelo de periodização por Blocos (adaptado Verkhoshansky, 2001)

Para Verkhoshansky (2001), a intensidade é um componente da carga inserido dentro do volume, motivo esse pelo qual na Figura 4 não existe a indicação da va-riação de intensidade, de maneira separada. Devemos en-tender que, nessa teoria, ela está alocada de forma intrínseca ao volume.

Mesmo a prioridade dos exercícios de força no período inicial não exclui a preparação de outros aspectos impor-tantes para a modalidade. O treinamento técnico, mesmo

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que em menor escala, faz parte desse momento primário. Essa etapa geralmente é dividida em 3 microblocos (A1, A2 e A3), com média de 1 mês de duração cada. No microbloco A1, a ênfase é dada para o trabalho de resistência de força e o treinamento técnico dos elementos absolutamente necessários. No microbloco A2, o treinamento volta-se para a força máxima e força rápida, e o treino técnico baseia-se na execução dos conjuntos de movimentos competitivos, adaptando, gradativamente, a técnica ao novo patamar de possibilidades motoras. No microbloco A3, a força rápida é enfatizada com saltos profundos e ou exercícios de pliometria. Esse tipo de treinamento é extremamente exigente e causa grande estresse no aparelho locomotor, por isso é alocado nessa última etapa, já que o atleta precisará de uma diminuição das exigências, para vivenciar os efeitos compensatórios esperados. O treino técnico contempla aspectos globais dos exercícios de com-petição realizados com níveis elevados de força e velocidade (OLIVEIRA, 2008; MARQUES JUNIOR, 2012).

Devido ao grande volume alocado no bloco A, pode-se utilizar de um microbloco recuperativo de 48 a 72 horas, antes do início do bloco B ou após cada microbloco. Esse é o momento de aplicar as avaliações com a intenção de detectar as mudanças fisiológicas e motoras ocorridas (TOLEDO, 2008).

O bloco B terá duração, a princípio, de 2 a 3 meses e tem como principal objetivo o aperfeiçoamento integral dos aspectos específicos competitivos: técnico, tático e velocidade. Utilizando-se do EPDT, busca-se obter estabilização técnica e confiança na capacidade de desempenho, com grandes

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intensidades na mobilização da força, porém com volume de trabalho reduzido. Essa etapa poderá ser dividida em B1 e B2 ou B1, B2 e B3, todas com a mesma duração. Em todos os microblocos, a ênfase será técnico-tática, mas o treino de força máxima e força rápida, corridas de velocidade e saltos profundos também fazem parte da rotina de treinamento (em volume reduzido). A partir da metade do bloco B1 ou do início do bloco B2, serão implementadas competições testes ou de controle, fazendo com que o treino seja o mais específico pos-sível. Do mesmo modo que no bloco A, pode-se utilizar de um microbloco recuperativo de 48 a 72 horas, antes do início do bloco C ou após cada microbloco, fazendo as avaliações necessá-rias ao final dessa fase (VERKHOSHANSKY, 2001; OLIVEIRA, 2008; TOLEDO, 2008; MARQUES JUNIOR, 2012).

O bloco C tem a mesma duração da etapa competitiva, variando de acordo com a modalidade. Ele tem um caráter de manutenção, devendo ser bem dirigido para que o atleta possua condições de competir no mais alto nível, estando 100% recuperado dos estímulos anteriores, sem perder sua condição atlética máxima. Nessa fase a ênfase é específica, trabalhando de maneira maior os aspectos táticos e, em períodos competitivos mais longos, a força rápida. Pode-se, após essa etapa, realizar um microbloco recuperativo ou, em casos específicos (onde esse bloco é muito desgastante), lançar mão de um bloco D, de transição (VERKHOSHANSKY, 1999; MARQUES JUNIOR, 2012).

Quando necessário (por conta dos calendários modernos), é preciso uma adaptação, reduzindo o tempo dos blocos A e B que, originalmente, são longos, para que se consiga utilizar desse sistema de maneira mais coerente e adequada

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(MARQUES JUNIOR, 2012). Entretanto, caso obrigado a tais procedimentos, o treinador deve esperar uma resposta com-pensatória menor do que a prevista, por conta do menor tempo de estímulos com cargas concentradas de força.

Apesar de ser uma teoria revolucionária e ter alcançado inúmeros resultados competitivos, principalmente por meio de atletas russos, algumas ressalvas precisam ser feitas. O EPDT nunca foi comprovado do ponto de vista fisiológico e bioquímico e o aumento de performance se deve, prova-velmente, a recuperação ou polimento (tapering strategies), que coincide com os períodos competitivos ou bloco C, onde as cargas são diminuídas (LOTURCO e NAKAMURA, 2016). O sistema de blocos também é apontado por alguns autores como falho do ponto de vista metodológico, pois faltam questões de controle que consigam demonstrar quais “níveis ótimos” de decréscimos funcionais podem ser suportados no bloco A, sem que essas quedas provoquem overtraining, já que os parâmetros de volume e intensidade se misturam e nenhuma ferramenta de controle de carga é proposta (KOPRIVICA, 2012), alguns ainda o consideram um retrocesso, cuja eficiência nunca foi provada (KIELY, 2012).

6.4. Modelo Estrutural de Treinamento de Altos Rendimentos

Esse modelo foi proposto pelo alemão Peter Tschiene no final da década de 70, objetivando a manutenção de um alto nível de performance durante todo ciclo anual de competições (FORTEZA de la ROSA, 2004). Originalmente desenvolvido para servir aos esportes individuais de força rápida, foi aplicado com sucesso em modalidades coletivas (DA SILVA et al., 2004).

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Essa teoria preconiza cargas com alto volume e alta intensidade, durante toda a temporada, sendo distribuídas de maneira ondulatórias. A diferença entre esses dois com-ponentes fica em no máximo 20% e eles serão trabalhados sempre acima de 80% de seus potenciais máximos. No pe-ríodo de transição, o trabalho ativo de regeneração prevê componentes de carga (volume e intensidade) entre 60% e 70% (FARTO, 2002; MARQUES JUNIOR, 2012). Devido ao enorme desgaste ocasionado por essa forma de pre-paração, Tschiene (1985) introduziu intervalos profiláticos (ativos ou passivos), entre um ou alguns microciclos e antes das principais competições, para gerar supercompensação ou manutenção dos elevados estados de rendimento. Esse é o momento ideal para introduzir microciclos avaliativos ou competições de controle, para mensurar as evoluções ocorridas e ou replanejar as direções e conteúdos dos próximos meso-ciclos. A Figura 5 ilustra o modelo de Peter Tschiene:

Figura 5. Modelo Estrutural de Treinamento de Altos Rendimentos

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Esse modelo de macrociclo poderá repetir-se inúmeras vezes na temporada, de acordo com a modalidade, calendário e competições previstas, dando a oportunidade ao atleta de manter-se em condição de competir diversas vezes em um ano. Quanto mais competições, menos microciclos fortes devem ser planejados, diminuindo o primeiro mesociclo. O princípio da individualidade biológica é muito importante na alocação das cargas, bem como na definição dos momentos de pausas profiláticas.

Nas sessões de preparação (mesociclo 1) as capacidades motoras condicionais treinadas são a força máxima, força rápida e resistência de força, usando exercícios específicos, musculação e saltos profundos. O treinamento intervalado é muito usado, visando à melhora do metabolismo anaeróbio alático e lático (MARQUES JUNIOR, 2012).

No mesociclo 2 a ênfase será nos exercícios específicos e competições preparatórias. Tschiene (1987) considera as competições, no decorrer do processo de treinamento, pri-mordiais para que o atleta alcance seus melhores resultados. Dessa maneira, o autor conjuga dois aspectos que julga essen-ciais para o trabalho em alto rendimento: cargas elevadas de treinamento relativamente breves, seguidas de um estímulo específico ocasionado pelas competições. Obedecendo ao princípio da continuidade do treinamento, o melhor desem-penho deve coincidir com as principais competições do ano (mesociclo 3). Desse modo, é interessante a constituição de uma planificação que vislumbre a participação de provas por sua ordem de importância.

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6.5. Modelo ATR

Os russos Issurin e Kaverin, em meados dos anos 80, propuseram um modelo de cargas concentradas, com uma nova nomenclatura para os mesociclos: acumulação, transformação e realização (FARTO, 2002).

Posteriormente, nos idos dos anos 90, o espanhol Fernando Navarro, aprimorou esses estudos e os disseminou (FORTEZA de la ROSA, 2006), ficando como o principal nome ligado a esse sistema.

O modelo ATR (Acumulação, Transformação e Realização) baseia-se na troca de orientação preferencial do treinamento, através da alternância de seus mesociclos, que se caracterizam por cargas concentradas de acordo com as capacidades condicionais específicas e ou objetivos traçados. Essas capacidades e objetivos são desenvolvidos de forma consecutiva, através de blocos de preparação especial (NAVARRO, 2000).

Podendo ser planejado com macrociclos relativamente curtos (de 6 a 20 semanas), trata-se de um modelo que pode ser usado em esportes, cujo calendário prevê muitas provas. Esse sistema prevê de 4 a 9 macrociclos por temporada, de acordo com as necessidades e especificidades de cada modalidade.

A Tabela 9 ilustra os objetivos, conteúdos e procedi-mentos de cada mesociclo:

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Tabela 9. Objetivos, conteúdos e procedimentos do modelo de treinamento ATR

Mesociclo Objetivos Conteúdos ProcedimentosAcumulação Aumentar o po-

tencial técnico e motor. Criar a base paraa preparação es-pecífica atravésda aquisição decapacidades téc-nicas e motoras.

Força básica.Resistência bá-sica.Elementos téc-nicos básicos.

Carga de treina-mento com vo-lumes elevados e intensidade mo-derada.Executar princi-palmente as capa-cidades condicio-nais básicas pri-mordiais para amodalidade: forçaou resistência ae-róbia. Correção de errostécnicos.

Transformação

Transformar ascapacidades bá-sicas acumuladasem preparaçãoespecífica de acordo com as demandas téc-nicas e táticas.Aumentar a tole-rância à fadiga e promover esta-bilização dos ges-tos motores téc-nicos.

Força específica.Resistência es-pecífica.Técnica estável.

Carga de treina-mento com vo-lume moderado e aumento da intensidade.Trabalho de for-ça específica de acordo com o gestual técnico.Treinamento com qualidade, com o atleta em es-tado de recupe-ração ideal (des-cansado).

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Realização Considerando o tempo de pre-paração, alcan-çar o melhor de-sempenho téc-nico e motor. Utilização das capacidades mo-toras e técnicasapenas de ma-neira específica competitiva.Estado de pron-tidão para a com-petição.

Velocidade.Técnica e Tática competitiva.Simulação de competição.

Treinamento emalta intensidade e baixo volume.Treinamento comqualidade, com oatleta em estadode recuperaçãoideal (descansado).Uso de exercícios competitivos.Participação nas competições.

Fonte: Adaptado Navarro (1994)

Navarro (2000) pontua algumas questões que caracte-rizam esse modelo de periodização:

• Os mesociclos são organizados de maneira sequencial, baseados nos efeitos residuais do treinamento para aproveitar-se em momento posterior do fenômeno de supercompensação. Treinos de força máxima, hiper-trofia e resistência aeróbia, por possuírem grande efeito residual, devem, de acordo com a modalidade, constituir a base sobre a intensificação da ação posterior. A etapa seguinte deve focar o aprimoramento de capacidades de efeitos residuais médios (resistência de força e capaci-dade anaeróbia lática), enfatizando a resistência à fadiga específica. O último mesociclo contará com cargas de menor efeito residual (força rápida, capacidade anaeróbia alática e exercícios competitivos).

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• Os macrociclos sempre apresentam a mesma estrutura: 1 - Acumulação, 2 - Transformação, 3 – Realização, podendo ser organizados diferentes macrociclos. Em cada mesociclo, 40% do total de carga de trabalho, para atletas de elite, compreenderá uma mesma orien-tação e o restante ficará alocado em cargas de outra orientação, tendo como referência as utilizadas como destaque em momentos anteriores, garantido a conti-nuidade do trabalho. • Os macrociclos serão distribuídos ao longo do ano de treinamento, de acordo com o calendário, dos objetivos específicos, do nível do atleta, do momento da tempo-rada e da especificidade do esporte. • Possibilidade de mais peaks durante a temporada, dando oportunidade de competir com desempenho elevado.• Variabilidade de treinamento, pois os mesociclos estão sempre sendo alterados.

A Figura 6 retrata como pode ser estruturada uma temporada usando o modelo ATR, nesse caso uma formatação com 6 macrociclos de diferentes durações:

Figura 6. Modelo de Periodização ATR (adaptado NAVARRO, 1994).

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É possível programar o uso dos mesociclos duplos de acumulação e transformação, quando se objetiva melhorar a influência de certas capacidades condicionais, metabólicas ou técnicas. Essa prática é usual em atletas de nível médio, que estão voltando de contusão ou no início da temporada de algumas modalidades que requerem certas especificida-des. Terminado cada mesociclo de realização, o atleta estará em condições de alcançar resultados elevados, devendo ser programadas competições nesse momento (GARCIA MAN-SO, 2010); inclusive o planejamento pode vislumbrar com-petições testes ou controle.

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7. PROPOSTA DE PERIODIZAÇÃO CONTEMPORÂNEA PARA O JUDÔ

De acordo com o abordado até agora podemos verificar inúmeras propostas de periodização. Todo modelo pode ser aplicado com sucesso, desde que ajustado ao calendário do atleta e as especificidades de cada modalidade.

Entendemos que todo atleta, que chega ao alto rendi-mento, deveria vivenciar mais de uma forma de periodização durante a carreira, vivenciando um planejamento clássico primeiro, antes de ser submetido a um modelo contemporâneo de periodização. Desse modo exploraríamos todo o seu potencial de treinamento e propiciaríamos constantes variações de estímulos, exacerbando seus componentes atléticos.

Ressaltamos que os modelos clássicos, que tem como pai Matveev, são propostas muito interessantes para as modalidades de lutas, principalmente para atletas juvenis, juniores e adultos que ainda não alcançaram o alto nível, ou para aqueles que nunca vivenciaram uma preparação siste-matizada. Em nossa primeira obra, propusemos um modelo baseado nessas concepções metodológicas.

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Assim, como continuação do primeiro volume dessa coleção, gostaríamos de propor um sistema aplicável a atletas adultos de alto rendimento ou que, mesmo não pertencendo ao alto rendimento, já esgotaram sua evolução em outros modelos de periodização, utilizando os conceitos modernos da teoria do treinamento como base.

Desse modo, propusemos um modelo de periodização contemporânea para o judô, não de maneira engessada ou como “receita de bolo”, mas sim para servir de guia para os treinadores, podendo ser ajustado de acordo com as necessi-dades individuais de cada atleta, de acordo com os objetivos e calendário.

Essa proposta não se aplica em atletas juvenis, juniores ou que nunca vivenciaram de maneira sistematizada um processo de planificação do treinamento esportivo. Sua construção de pautou nos gestuais motores específicos do judô, o que não impede a adequação e reprodução para outras modalidades de luta, desde que adaptadas as suas reais necessidades.

7.1. Proposta de periodização aplicada ao judô

Pensando nos modelos contemporâneos como refe-rência, entretanto com reconfigurações e ajustes entendidos como importantes para a modalidade, pensando nas espe-cificidades fisiológicas e motoras do judô e nas concepções científicas atuais (NACLERIO et al., 2013; FRANCHINI et al., 2014; LOTURCO e NAKAMURA, 2016), nossa

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proposta se baseia em um macrociclo de 14 semanas, com uma configuração adaptada do modelo ATR, portanto um modelo derivado do sistema de blocos, contudo sem previsão de decréscimo acentuado das capacidades funcionais ou au-mento de performance correlacionado ao EPDT e sim, com uma organização racional das cargas, baseadas nos proces-sos de estímulo e recuperação. A escolha desse sistema se deu pela facilidade de adaptação ao calendário moderno e pelo seu sistema de organização de cargas.

Tabela 10. Configuração de periodização aplicada

ao judô

Período Bloco 1 (Acumulação)

Bloco2(Transformação)

Bloco3(Realização)

Bloco 4 (Transição)

Duração 5 semanas 5 semanas 2 semanas 2 semanas

Conteúdo Carga

Geral/Específica

Específica Específica Geral/Específica

Entenda cada Bloco como um mesociclo e cada sema-na como um microciclo. Nessa proposta, as alterações de vo-lume e intensidade serão baseadas de acordo com o objetivo de cada bloco e detalhadas a seguir.

O sistema tem como objetivo propiciar recuperação adequada entre os estímulos, bem como induzir à manu-tenção da continuidade adaptativa, evitando acomodação e estabilização das cargas, potencializando a melhora das

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manifestações de força, capacidade essencial para o sucesso competitivo no judô, além de evolução técnica e tática.

Para mensurar a intensidade usaremos PSE (pela facili-dade de aplicação cotidiana, principalmente levando em con-ta recursos disponíveis pelos treinadores), por meio da escala CR10 (BORG, 1982; FOSTER et al., 2001a), como descrito no Capítulo 2 dessa obra, % de carga máxima (1RM) e nú-mero de repetições máximas (RM), além de FC (Karvonen et al, 1957) em alguns treinos. O volume será mensurado por tempo de atividade e ou número de repetições realizadas.

O nível de estresse e recuperação dos atletas serão avaliados pelo Questionário de Estresse e Recuperação para Atletas – REST Q Sport (BOUGET et al., 2006; GONZÁLEZ--BOTO et al., 2008; NEDERHOF et al., 2008; KELLMANN et al., 2009; MATOS et al., 2011), associado ao Perfil dos Estados de Humor – POMS (NEDERHOF et al., 2007; RIETJENS et al., 2005), os quais têm se mostrado mais sensíveis e expressivos para a detecção precoce do overtraining do que parâmetros fisiológicos (KENTTÄ e HASSMMÉN, 1998; KELLMAN e GUNTER, 2000; KELLMANN et al., 2001).

Esses dois testes devem ser aplicados, no final de cada bloco, entretanto a qualquer sinal de overtraining, a aplicação desses instrumentos pode ser antecipada. Os marcadores de overtraining mais perceptíveis cotidianamente, são os de desempenho, psicológicos e comportamentais e de pro-cessamento de informações (vide Capítulo 2).

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Para complementar esses instrumentos recomenda-se o DALDA (RUSHALL, 1990) - Daily Analysis of Life De-mands in Athletes – que deve ser aplicado semanalmente, de maneira a contribuir de maneira efetiva, fora dos períodos de avaliação, para o ajuste de carga. Essa ferramenta tem sido usada com êxito e se mostrado sensível as alterações de volume e intensidade (ALVES et al., 2006; MOREIRA e CAVAZZONI, 2009)

A presença de um psicólogo do esporte para o tra-tamento de questões de ordem psicológica se faz primordial, caso, os instrumentos avaliativos sirvam também como pa-râmetro para uma preparação psicológica.

Todas as sugestões têm algumas variações em volume e intensidade, que visam atender atletas em condição e nível atlético maior ou de categorias e com objetivos diferentes. Por exemplo, em um treino de Randori, as séries seriam de 5 min. para categoria masculina e 4 min. para categoria feminina e atletas Juniores, pois esse é o tempo oficial de luta das respectivas categorias.

Outra questão que deve ficar clara é que o volume e intensidade das sessões devem ser compatíveis com o nível e objetivo de cada atleta, portanto individualizadas, sendo as sugestões abaixo um norte e não uma regra.

Bloco 1 - AcumulaçãoA Tabela 11 ilustra uma sugestão com a organização

dos microciclos desse primeiro período de preparação:

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Tabela 11. Organização Bloco 1

Dias da Semana Semana 1 Semana 2 - 4 Semana 5

Segunda Avaliação

Treino Técnico I(Manhã)

Treino Físico I(Noite)

Treino Técnico II(Manhã)

Treino Físico I(Noite)

Terça Avaliação

Treino Técnico II(Manhã)

Treino Tático(Noite)

Treino Tático(Manhã)

Flexibilidade(Noite)

Quarta Avaliação

Treino Técnico I(Manhã)

Treino Físico II(Noite)

Treino Técnico I(Manhã)

Treino Físico II(Noite)

Quinta

Treino Técnico I(Manhã)

Treino Físico I(Noite)

Treino Tático(Manhã)

Flexibilidade(Noite)

Descanso

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Sexta

Treino Tático

(Manhã)

Flexibilidade(Noite)

Treino Técnico II (Manhã)

Treino Físico I (Noite)

Descanso

Sábado

Treino Técnico I(Manhã)

Treino Físico I(Noite)

Treino Técnico I(Manhã)

Treino Tático(Tarde)

Competição de Avaliação

Domingo Descanso FlexibilidadeCompetição de Avaliação

A temporada deve começar com uma avaliação geral que forneça dados para comparações ao longo da tem-porada. Dessa maneira os primeiros dias dessa semana, nesse Bloco, devem atender a esse objetivo. A escolha das avaliações realizadas depende dos recursos tecnológicos, financeiros e humanos disponíveis. Abaixo vamos enumerar um conjunto de avaliações de baixo custo e fácil realização, mas que fornecem parâmetros eficientes para o acompanha-mento ao decorrer da temporada.

A - Avaliações Antropométricas• Peso• Altura• Percentual de Gordura - Protocolo de 7 dobras (JACKSON et al., 1978).

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B - Capacidades Motoras• Teste de 1 RM (Supino, Remada, Levantamento Terra e Agachamento)• Teste de Flexão de Braços na Barra com Judogi (Iso-tônico e Isométrico).• Teste de Resistência Abdominal• Salto Vertical (Contra Movimento)• Salto Horizontal• Sentar e Alcançar (Banco de Wells)

C - Teste Específico• Special Judo Fitness Test

D - Avaliações Psicométricas• POMS• REST Q Sport• DALDA (semanalmente)

As próximas semanas (2-5) têm como objetivo uma melhora das capacidades motoras que compõe o pilar do trei-namento do judô: a força, em suas manifestações máximas e de resistência. Por se tratar de um modelo contemporâneo as cargas específicas serão priorizadas e se sobressairão desde o início do trabalho, tendo em vista que teoricamente esse atleta já passou por modelos clássicos de periodização e vi-venciou uma grande quantidade de carga geral. Além do que, pensando em atletas de alto rendimento, as cargas gerais têm pouca ou nenhuma relevância para ganho de perfor-mance (PLATONOV, 2008; GOMES, 2009).

Além disso, esse é período de solidificação da base técnica. É importante que esse componente seja trabalhado nesse período e as falhas sejam sanadas para que os próximos blocos tenham um aproveitamento máximo (NAVARRO, 1994).

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Abaixo segue uma sugestão de como as sessões de treinamento poderiam ser organizadas:

A. Treinamento Técnico I• Objetivo: melhora da técnica e resistência aeróbia específica.• Método: treinamento intervalado.• Intensidade: PSE = 5-6.• Volume: 1 série de 10min. + 12-15 séries de 3 min. (Tempo total da sessão, em torno de 120 min.)• Pausas: ativas de 2 min. entre as séries e exercícios.

Sugestão de Exercícios:• Discussão/ensino-aprendizagem-treinamento de questões relacionadas aos momentos de desequilíbrio, aplicação, projeção e luta de solo (20 min.).• Aquecimento: Movimentação em sombra (10 min.).• 4-5x 3 min. movimentação com ataques20 a cada 10s (variar posições, lado e direção dos ataques) – 2 min. de pausa. • 4-5x 3 min. treinamento de defesa e esquiva21 (Tai Sabaki) com ataques a cada 10s (variar posições, lado e direção dos ataques) – 2 min. de pausa.• 4-5x 3 min. movimentação de Ne-Waza, com jogo de “perguntas e respostas”22 – 2 min. de pausa.

B - Treinamento Técnico II

20. Yaku-Soku-Gueiko - Os ataques podem contemplar aquilo que é o objetivo do treinador para a sessão: Ashi-Waza, Te-Waza, Koshi-Waza, Sutemi-Waza, Renraku-Renka-Waza ou com variação entre essas técnicas. 21. Kakari-Gueiko (Treino de defesas e esquivas).22. Conhecido como xadrez, cada atleta necessita fazer uma movimentação em resposta a movimentação de seu parceiro. Essa resposta não pode ser maior que 3 segundos.

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• Objetivo: melhora da técnica e resistência aeróbia específica.• Método: treinamento intervalado.• Intensidade: PSE = 7-8.• Volume: 8-12 séries de 5 min. (Tempo total da sessão, em torno de 60 min.)• Pausas: passivas de 1 min. entre as séries e de 2 min. entre os exercícios.

Sugestão de Exercícios:• Discussão/ensino-aprendizagem-treinamento de questões relacionadas aos momentos de desequilíbrio, aplicação e projeção e luta de solo (15 min.).• Aquecimento: Uchi Komis carregando o Uke23 (5 min.)• 2-4x5 min. movimentação com ataques de Ashi-Waza a cada 5s (variar posições, lado, movimentação e grau de resistência do Uke e direção dos ataques) – 1 min. de pausa. • 2-4x5 min. movimentação com ataques a cada 10s, de Renraku-Renka-Waza, iniciando com um Ashi-Waza, seguidos de uma técnica de preferência (Tokui Waza). Variar posições, lado, movimentação e grau de resis-tência do Uke e direção dos ataques – 1 min. de pausa. • 2-4x5 min. treinamento de defesa e esquiva, com rea-lização de contra-golpes (Kaeshi-Waza), com ataques a cada 5s – 10s (variar posições, lado, movimentação e grau de resistência do Uke e direção dos ataques) – 1 min. de pausa. • 2-4x5 min. passagens ou ataques em Ne-Waza (variar posições, lado, movimentação e grau de resistência do Uke e direção dos ataques) - 1 min. de pausa.

23. Aquele que recebe o golpe

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As técnicas enfatizadas devem obedecer aquilo que o treinador acha relevante para a melhora do atleta de acordo com suas limitações, características, preferências e estraté-gias traçadas, tendo um grande leque de opções (Ashi-Waza, Koshi-Waza, Te-Waza, Ne-Waza, Sutemi-Waza, Renraku--Renka-Waza, Kaeshi-Waza). Como propomos o treinamen-to técnico baseado nas Unidades Funcionais (OLÍVIO JR e DRIGO, 2015), sugerimos que os momentos abordados nes-se bloco, sejam relacionados ao desequilíbrio, aplicação, pro-jeção e luta de solo, pois entendemos que são elementos que vão ampliar a base técnica, contribuindo para a estabilização das mesmas nos momentos posteriores da periodização.

É ideal que na preparação técnica predomine as características motoras da luta, entretanto com uma intensidade menor. Portanto, mesmo que algumas posições, com objetivo de discussão e ou aprendizagem, sejam realiza-das de maneira estática, em ambiente fechado, com carac-terísticas de habilidade motora discreta (como o tradicional Uchi-Komi), devem durante as sessões predominar exercícios que sejam compostos de habilidades motoras acíclicas, em um ambiente aberto. Recomendamos para mais esclareci-mentos à leitura do Capítulo 5 dessa obra.

O treinamento técnico I foi planejado para sofrer me-nos perturbações, já o treinamento técnico II, tem a inten-são receber um maior número de estímulos que dificultem as ações (como movimentação e resistência do parceiro).

Devemos ter consciência de que todo o treinamento envolverá capacidades motoras condicionais, porém em

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intensidades diferentes. Dessa maneira, mesmo quando o objetivo do treinamento for técnico ou tático, será contem-plada, também, a questão física. No caso do treinamento técnico, por conta de uma menor intensidade de trabalho, a capacidade motora condicional predominante será a resis-tência aeróbia.

Em todos os treinos o tipo de movimentação e ou rea-ção do Uke e as ações do Tori24 devem ser orientadas pelo treinador, priorizando as correções no momento exato em que os erros são detectados. As variações dessas determina-ções são importantes para que as perturbações sejam sempre diferentes, fazendo com que o atleta necessite ampliar seu leque de alternativas, para diversas situações.

C. Treinamento Físico I (Treinamento Resistido)Objetivo: Força MáximaMétodo: SeriadoIntensidade: 90-95% de 1RM – 1 a 3 RMVolume: 3x 1-3 repetiçõesPausa: passiva de 5 min. entre as séries e exercícios

Sugestão de Exercícios: Supino; Remada; Agachamento; Levantamento Terra.

Ao ajustar a intensidade das sessões de treinamento resistido, é interessante a utilização do conceito de repetições máximas (RM), pois o teste de 1RM pode não ser tão fide-digno para indicar a capacidade motora ou intensidade que se deseja trabalhar, podendo superestimar ou subestimar a

24. Aquele que ataca ou derruba.

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carga de trabalho. Dessa maneira o treinador consegue ajustar a carga em qualquer sessão, equalizando desgaste, motivação, melhora de performance e outros fatores que podem influir no desempenho do treinamento.

D. Treinamento Físico II• Objetivo: Melhora da resistência de força e adaptação ao metabolismo anaeróbio lático.• Método: HIIT.• Intensidade: PSE = 9-10.• Volume: 20-27 séries (20-25 min.tempo total da sessão).• Pausa: passiva entre 10s – 1min. entre as séries e 2 min. entre os exercícios.

Sugestão de Exercícios: • 6-8x 20s de puxada (Kuzushi) na borracha em velocidade máxima, sem perder qualidade de movimento (variar o tipo de puxada de acordo com os golpes de preferência ou necessidade específica do atleta) - 10s de pausa.• 6-8x 30s Uchi Komi na borracha em máxima veloci-dade de execução, sem perder qualidade de movimento (variar entre golpes de Koshi Waza e ou Te-Waza mais utilizados) - 30s de pausa.• 4-5x 30s de corda naval + Barra fixa com judogui (até a falha concêntrica) – 1min. de pausa.• 4-6x Uchi Komis com resistência (em trios) – 30s de entradas – 30s de pausas passivas (a cada série o lado deve ser alternado).

E. Treinamento Tático• Objetivo: melhora tática, condicionamento físico específico.

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• Método: treinamento intervalado.• Intensidade: PSE = 8.• Volume: 10-12 séries de 40s + 4-6 séries de 4-5min. (tempo total da sessão, em torno de 75 min.). • Pausas: 20s a 5 min. entre as séries e 5 min. entre os exercícios.

Sugestão de Exercícios:• Conexão da pegada seguida de aplicação de golpe de tentativa de projeção25: 10-12x 40s de ação – 20s de pausa.• Randori26: 4-6x 5min. – 4-5 min. de pausa ativa, como na competição.

Nesse nível, fintas e combinações devem sempre ser estimuladas, buscando o aumento de chances de ataque. O treino tático deve ser o mais próximo possível da luta, podendo ser treinado a simulação de luta (Randori) ou partes de uma luta. Os exercícios podem ser direcionados para que os aspectos específicos sejam trabalhados, de acordo com a necessidade do atleta ou objetivo do treinamento. Listamos algumas sugestões de exercícios, mas as possibilidades são inúmeras. Para esse Bloco optamos por exercícios que si-mulam partes do jogo (luta) e também o todo, objetivando uma maior adaptação ao metabolismo aeróbio específico e

25. Os atletas devem atacar imediatamente ao estabelecer o contato com o kimono, estimulando a melhora do tempo de reação, bem como potenciali-zando os quesitos, desequilíbrio, entradas de golpes e projeção. O Ukê não vai resistir a aproximação e ao contato, mas sim ao ataque.26. Simulação de luta. Podem ser propostas situações específicas: estar hipo-teticamente vencendo ou perdendo uma luta, bem como situações esperadas na competição alvo. Também o treinador pode optar por instruir o Ukê a se comportar para que o Tori encontre dificuldades para atingir as metas táticas estabelecidas.

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glicolítico e as questões que podem interferir na efetividade das ações técnicas e táticas.

Para que o objetivo do treinamento seja atendido, é importante que os momentos de ação sejam executados em alta intensidade, por isso os atletas precisam ser estimulados verbalmente a se esforçarem ao máximo em cada série.

F. Treinamento de Flexibilidade• Objetivo: melhora da flexibilidade.• Método: alongamento estático ativo.• Intensidade: amplitude máxima.• Volume: 1x 1 min. cada posição.• Pausas: passivas de 15s. entre uma posição e outra.

Sugestão de Exercícios:• Alongamento geral (para todo o corpo), com ênfase nas articulações do ombro e quadril.

G. Competições de Avaliação• Objetivo: avaliação específica• Método: competição.• Intensidade: máxima.• Volume: de 3 a 5 lutas.• Pausas: mínimo de 5 min. entre as lutas.

As competições de avaliação devem ser planejadas no final do Bloco1 para uma avaliação mais específica possível, principalmente quanto ao aspecto físico, bem como para direcionamento técnico-tático. Nessa fase, acredita-se que o atleta já tenha condição física para competir com segurança,

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minimizando os riscos de lesão. Entretanto não se espera que o atleta esteja no seu ápice. Como esse modelo preconiza vários macrociclos na temporada, entende-se que nos primeiros as questões táticas sejam mais comprometidas, o que será minimizada na mesma fase em outros momentos no decorrer da temporada.

Essas competições não devem ser consideradas como o principal objetivo do atleta no ano e sim encaradas como um treinamento tático específico, com demandas energéticas e carga psicológica máximas ou próximas da máxima.

Os resultados dessas competições devem ser um pa-râmetro de menor importância do que as metas individuais traçadas do ponto de vista técnico/tático para cada atleta, pensando na continuação do planejamento ou redireciona-mento das ênfases do treinamento.

Dessa maneira, essas competições contribuirão com informações de natureza técnico e tática, além de testarem a evolução relacionada as capacidades motoras treinadas nessa fase.

Dependendo da quantidade de macrociclos em uma mesma temporada, essas competições podem, em ma-crociclos específicos, serem suprimidas, ficando presentes apenas as competições de controle. Isso pode acontecer, caso o treinador julgue uma avaliação desnecessária em algum momento do calendário competitivo ou com o intuito de preservar o atleta, seja por questões físicas ou estratégicas, como “esconder o jogo”.

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Bloco 2 - Transformação: Nesse período, usando as informações extraídas das

competições de avaliação, serão programados treinamentos com ênfase específica, priorizando os componentes táticos, junto com os direcionamentos técnicos de aproximação, contato, criação de oportunidades e transição, tentando estabilizar os momentos referentes a desequilíbrio, aplicação, projeção e luta de solo (OLÍVIO JR e DRIGO, 2015). Com relação as capacidades motoras condicionais a preparação será toda especial, sempre conectada aos aspectos ine-rentes ao esporte.

A Tabela 12 ilustra uma sugestão com a organização dos microciclos desse mesociclo:

Tabela 12. Organização Bloco 2

Dias da Semana Semana 1 Semana 2 e 3 Semana 4

Segunda Descanso

Treino Técnico I (Manhã)

Treino Físico II(Noite)

Treino Técnico II(Manhã)

Treino Físico II(Noite)

Terça Avaliação

Treino Tático I(Manhã)

Plano de Luta(Noite)

Treino Tático IV(Noite)

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Quarta Avaliação

Treino Técnico II(Manhã)

Treino Tático II(Noite)

Plano de Luta

Quinta Avaliação

Treino Físico I(Manhã)

Treino Tático I(Tarde)

Flexibilidade

Sexta

Treino Técnico I(Manhã)

Treino Físico I(Noite)

Treino Técnico I(Manhã)

Treino Físico II(Noite)

Descanso

Sábado

Treino Técnico II(Manhã)

Treino Tático(Tarde)

Treino Tático III (Manhã)

Flexibilidade(Tarde)

Competição Controle

Domingo Flexibilidade DescansoCompetição

Controle

Serão separados 3 dias no início e 3 dias no final do Bloco para a realização de Avaliações que permitam verificar as evoluções resultantes dos estímulos aplicados

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nos períodos anteriores. Essas avaliações, nesses períodos, são estratégicas pois podem permitir a continuação do planejamento ou realização de algum ajuste necessário nas cargas ou direção das mesmas.

Abaixo descreveremos sugestões de sessões de treino de acordo com os objetivos desse bloco:

A. Treinamento Tático I• Objetivo: melhora tática, condicionamento físico específico.• Método: treinamento intervalado.• Intensidade: PSE = 9-10.• Volume: 20-28 séries de 30s a 1min. (Tempo total da sessão, em torno de 60 min.). • Pausas: passiva de 10s a 30s entre as séries e 5 min. entre os exercícios.

Sugestão de Exercícios:• Estabelecimento de contato27: 5-7x 30s de ação – 10s de pausa.• Domínio e manutenção da pegada (Kumi-Kata): 5-7x 20s de ação – 10s de pausa.• Randori, em hipotética desvantagem: 5-7x 30s de ação – 10s de pausa.• Randori, em hipotética vantagem: 5-7x 1min. de luta – 30s de pausa.

No Randori devem ser estipuladas metas individuais para cada atleta de acordo com a análise técnico/tática do

27. Deve-se enfatizar que o primeiro contato seja vantajoso e dê possibilida-des de controle e criação de oportunidades.

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treinador. Essas metas devem ser norteadas de acordo com o objetivo tático de cada um, bem como atreladas aos planos de luta e situações propostas.

B. Treinamento Tático II• Objetivo: melhora tática, condicionamento físico específico.• Método: HIIT.• Intensidade: PSE = 9-10.• Volume: 42-60 séries de 20 a 40s (Tempo total da sessão, em torno de 60 min.).• Pausas: passivas de 10s a 20s entre as séries e 5 min. entre os exercícios.

Sugestão de Exercícios:• Ataque x Defesa28: 6-8x 30s de ação – 15s de pausa + 6-8x 20s de ação – 10s de pausa.• Randori29: 5-7x 40s – 15s de pausa (troca de parceiros em todas as rodadas) + 5-7x 30s – 10s de pausa• Pivô30: 10-12x 30s – 20s de pausa• Ne-waza31: 10-12x 30s – 15s de pausa (a luta deve iniciar em posições pré-estabelecidas pelo treinador).

C. Treinamento Tático III• Objetivo: melhora tática, condicionamento físico específico.

28. Um atleta ataca, enquanto o outro se defende. A cada série as funções são invertidas. Conta golpes não são permitidos para estimular as tentativas de projeção e criação de oportunidades.29. Determinar um número mínimo de ataques efetivos (que causem pertur-bação ao oponente) em cada série. Sugestão: 3 ataques.30. Um mesmo atleta lutará contra 10 oponentes diferentes em cada série, sendo que os atletas que forem entrando estarão descansados. 31. É necessário a ênfase de que nesse tipo de treino o principal objetivo é definir a luta ou conseguir uma imobilização (Ossae-Komi-Waza).

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• Método: treinamento intervalado.• Intensidade: PSE = 8-10.• Volume: 10-12 séries de 40s + 4-6 séries de 4-5min. (tempo total da sessão, em torno de 60 min.). • Pausas: 20s a 5 min. entre as séries e 5 min. entre os exercícios.

Sugestão de Exercícios:• Trocas de pegada com ataques32: 10-12x 40s de ação – 20s de pausa.• Randori33: 4-6x 5min. – 4-5 min. de pausa ativa, como na competição.

D. Treinamento Tático IV• Objetivo: melhora tática, condicionamento físico específico.• Método: treinamento intervalado.• Intensidade: PSE = 8-9.• Volume: 60-70 séries de 30s (Tempo total da sessão, em torno de 100 min.). • Pausas: passivas de 10s a 15s entre as séries e 5 min. entre os exercícios.

Sugestão de Exercícios:• Treinamento de aproximação:

32. Os atletas estarão disputando a pegada e ao escutarem determinado sinal sonoro, um deles deve atacar independentemente da posição do Kumi Kata. A cada série um atleta diferente realizará o ataque. 33. Simulação de luta. Se possível, dependendo da quantidade de atletas, esse Randori pode ser feito com arbitragem, para estimular a competitividade, aumentar a intensidade e também simular as temporalizações reais de uma competição. Também podem ser propostas situações específicas: O Ukê deve ser instruído com relação a como se comportar para atender as metas táticas estabelecidas.

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• Aproximação e domínio de pegada (Kumi-Kata): 5-7x 30s de ação – 10s de pausa.• Aproximação, domínio de pegada e ataque: 5-7x 30s de ação – 10s de pausa.• Treinamentos para criação de oportunidades, descritos a seguir:• Tachi-Waza: 10-12x 30s de ação – Ataque apenas com o lado dominante – 10s de pausa.• Tachi-Waza: 10-12x 30s de ação – Ataque apenas com o lado não dominante – 10s de pausa. • Tachi-Waza: 10-12x 30s de ação – Ataque apenas com Renraku-Renka-Waza, sendo que o primeiro golpe, obrigatoriamente tem que ser um Ashi-Waza – 15s de pausa. • Ne-Waza: 10-12x 30s de ação - Ataque de uma posição específica (por cima ou por baixo na guarda, meia guarda ou nas costas) – 15s de pausa. • Transição: 10-12x 30s de ação – ataque em transição (após um gole falho do Ukê, na continuação de um ataque, na defesa do oponente) – 15s de pausa.

E. Planejamento de Luta• Objetivo: Traçar estratégias de luta• Método: vídeos, debates e demonstração de posições e situações pretendidas e ou esperadas.• Intensidade: PSE = 2-3.• Volume: 60 min.• Pausas: sessão contínua.

F. Treinamento Físico I• Objetivo: Melhora da Força Máxima Específica• Método: treinamento intervalado• Intensidade: 95-100% de 1RM

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• Volume: 11-15 séries de 9 a 13 repetições (Tempo total de sessão, em torno 80 min.).• Pausa: passivas de 5 min. entre as séries e exercícios.

Sugestão de Exercícios: • 5x Remada Curvada 1-3 RM + 10 Kuzushi (5 para cada lado) com resistência (auxílio de um terceiro atleta segurando o Uke) – 5 min. de pausa.• 5x Supino 1- 3RM + 10x 6 Uchi Komi com projeção (3 para cada lado), em movimentação, com resistência (auxílio de um terceiro atleta segurando o Uke) – 5 minutos de pausa.

G. Treinamento Físico II• Objetivo: Melhora da Força Rápida (Potência)• Método: Treinamento Complexo (Complex Training)• Intensidade: 50-60% de 1RM • Volume: 9-12x 6 repetições.• Pausa: passiva de 5 min. entre as séries e exercícios

Sugestão de Exercícios: • 3-4x 6 Arremesso (Velocidade Máxima de execução, sem perder qualidade técnica do movimento) + 6 Uchi-Komis34 com projeção em máxima velocidade (3 para cada lado).• 3-4x 6 Arranque (Velocidade Máxima de execução, sem perder qualidade técnica do movimento) + 6 Uchi-Komis com projeção em máxima velocidade (3 para cada lado).• 3-4 x 6 Agachamento com saltos + 6 Uchi-Komis35 com projeção em máxima velocidade (3 para cada lado).

34. As técnicas utilizadas para complementar o Arranque e Arremesso devem ser aquelas de preferência do atleta, de Koshi-Waza ou Te-Waza, ou ainda o Uchi-Mata (Ashi-Waza).35. As técnicas utilizadas para complementar o agachamento devem ser aquelas de preferência do atleta, de Ashi Waza.

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H. Treinamento de Flexibilidade• Objetivo: Trabalho Profilático.• Método: alongamento estático ativo.• Intensidade: amplitude submáxima.• Volume: 1x 1 min. cada posição.• Pausas: passivas de 10s. entre uma posição e outra.

Sugestão de Exercícios:• Alongamento geral (para todo o corpo).

I. Treinamento Técnico I• Objetivo: melhora técnica relacionada a velocidade e potência de execução motora.• Método: Treinamento Intervalado.• Intensidade: PSE = 7-8.• Volume: 40-48 séries de 1 min. (Tempo total da sessão, em torno de 80 min.).• Pausa: ativa de 1 min. entre as séries e 5 min. entre os exercícios.

Sugestão de Exercícios36:• 10-12x 1 min. movimentação com ataques de Ren-raku-Renka-Waza (em máxima velocidade e potência de execução), a cada 10s, sendo o primeiro movimento uma técnica de Ashi-Waza. Variar posições, lado e di-reção dos ataques, resistência, Kumi-Kata e resistência do Ukê – 1 min. de pausa.• 10-12x 1 min. treinamento de defesa e esquiva, com realização de Kaeshi-Waza (em máxima velocidade e

36. A utilização de colchões auxiliares, é uma estratégia interessante nesse tipo de sessão de treinamento para preservar o Uke e incentivar o Tori a rea-lizar os golpes com o máximo de intensidade.

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potência de execução), com ações a cada 10s (Variar posições, lado e direção dos ataques, resistência, Kumi-Kata e resistência do Ukê) – 1 min. de pausa. • 10-12x 1 min. treinamento de passagens para o Ne-Waza, em transição do Tachi-Waza (em máxima velocidade e potência de execução), com ações a cada 10s (Variar posições, lado e direção dos ataques, resistência, Kumi-Kata e resistência do Ukê) – 1 min. de pausa. • 10-12x 1 min. de movimentação livre37, pensando em criação de oportunidades de ataque. O Uke deve de-fender-se utilizando-se de esquivas e movimentações, evitando travar o ataque com o Kumi Kata.

J. Treino Técnico II• Objetivo: melhora técnica dos componentes de controle e criação de oportunidades, em fadiga compensada.• Método: Treinamento Intervalado.• Intensidade: PSE = 6-7.• Volume: 45-60 séries de 30s. (Tempo total da sessão, em torno de 60 min.).• Pausa: ativa de 1 min. entre as séries e os exercícios.

Sugestão de Exercícios• 15-20x 30s contato com ataque imediato e projeção, utilizando golpes de preferências e pensando em estratégias de competição (variar reação do ukê, movimentação, resistência e direções dos ataques).• 15-20x 30s ataques com projeção, utilizando a mo-vimentação do Ukê, partindo de posições defensivas (variar movimentações, direções e kumi katas).

37. Yaku-Soku-Gueiko – para estimular o trabalho de Tai Sabaki e Movimen-tação, para criação de oportunidades de acordo com as estratégias criadas ou planejadas. Do mesmo modo o Ukê utiliza-se de ações defensivas baseadas em esquivas e movimentação o que é útil para o repertório motor defensivo.

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• 15-20x 30s treinamento de alternativas para situações de desvantagem no Kumi-Kata (variar pegadas e estimular diversas alternativas: golpes de sacrifício, transição do combate para ne-waza, corte do contato).

Essas sessões de treinamento devem ter grande partici-pação do treinador nas correções e debate com atletas, objeti-vando detalhes de aprimoramento técnico e mais ao final do bloco de polimento para a competição alvo. O treino técnico deve ser direcionado pensando nos adversários e nas caracte-rísticas principais de cada atleta, estando conectado aos trei-namentos táticos e estratégias de luta traçadas para cada um.

K. Competições de Controle• Objetivo: controle da evolução do atleta.• Método: competição.• Intensidade: máxima• Volume: de 3 a 5 lutas.• Pausas: mínimo de 5 min. entre as lutas.

As competições de controle devem ser planejadas nesse momento para uma leitura apropriada da real condição geral do atleta. É importante que elas sejam de um nível maior do que as competições de avaliação, sendo esse o momento ideal para verificar se as estratégias (plano de luta) serão efetivas, para serem reforçadas, ajustadas ou alteradas.

Assim como as competições de avaliação, as compe-tições de controle devem ser consideradas parte do treina-mento e não como o principal objetivo do atleta no ano. Entretanto, nesse momento da preparação, o atleta já deve

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ter uma boa participação nesses eventos, levando em consi-deração, a fadiga ocasionada pela semana de treinamento.

Caso existam competições importantes, porém secun-dárias ou classificatórias para a competição alvo, a preparação deve ser programada para que esses eventos ocorram nesse período de treinamento, pois se o atleta almeja resultados maiores, ele já deve, nessa fase, ter condições de concluir esses objetivos secundários com êxito. Entretanto, nesses casos, a semana do atleta deve ser ajustada para que ele possa competir totalmente descansado.

Bloco 3 - Realização Esse é o Bloco competitivo. Ele deve ser ajustado para

coincidir com as principais competições. Caso as compe-tições alvos sejam em menor quantidade, os Blocos 1 e 2 podem ser maiores, com uma ou duas semanas a mais para cada um. Essas organizações vão depender do enten-dimento do treinador, bem como dos objetivos dos atletas:

A Tabela 13 ilustra uma sugestão com a organização dos microciclos desse mesociclo:

Tabela 13.Organização Bloco 3

Dias da Semana Semana 1 Semana 2 Segunda Descanso Treino Físico

Terça Treino Tático Plano de Luta

Quarta Treino Físico Descanso

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Quinta Descanso Descanso

Sexta Treino Tático Descanso

Sábado Treino Físico Competição Alvo

Domingo Descanso Competição Alvo

As sessões de treino de nesse período serão organizadas da seguinte maneira:

A. Treinamento Tático • Objetivo: ajuste tático e treino de velocidade específica.• Método: simulação de situações de lutas (resolução de problemas)• Intensidade: PSE = 8-10.• Volume: 20-30x 30-40s (30 min. aproximadamente)• Pausas: passivas de 10s a 20s. entre as séries e 5 min. a cada 10 séries.

Sugestão de Exercícios:• Randori Intermitente Situacional: 20-30x 30-40s de situações específicas esperadas na competição alvo - 10s a 20s. entre as séries e 5 min. a cada 10 séries.

Esse tipo de randori deve estimular a resolução rápida de situações que são previstas na competição alvo. O Ukê deve ser orientado a fazer movimentações distintas e o Tori deve conseguir se desvencilhar ou atacar com velocida-de. Algumas posições pré-determinadas devem ser forçadas, sempre exigindo pronta solução e velocidade e potência para solucionar as situações determinadas.

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Esse momento da preparação é crucial para o bom de-sempenho do atleta. Antes dessa sessão, é importante que o treinador instrua Tori e Uke para que se comportem conforme o pretendido, variando funções durante o treina-mento. É importante que os parceiros simulem estilos, pegadas, movimentações, golpes e demais dificuldades esperadas para que os planos de luta sejam colocados em prática, minimizando as chances de surpresas durante a competição principal.

B. Treinamento físico• Objetivo: Melhora da Força Rápida (Potência)• Método: Complex Training• Intensidade: 60% de 1RM• Volume: 12 séries de 6 a 8 repetições• Pausa: passiva de 5 min. entre as séries e exercícios

Sugestão de Exercícios: • 3x 8-12 Flexão de braço em pliometria + 12 Kusushis (6 para cada lado), em máxima velocidade de execução. • 3x 4-6 Remada Velocidade Máxima de execução + 6 Uchi-Komis (Koshi-waza ou Te-Waza) com projeção em máxima velocidade (3 para cada lado).• 3x 4-6 Clean (Velocidade Máxima de execução, sem perder qualidade técnica do movimento) + 6 Uchi-Komis (Koshi-waza ou Te-waza) com projeção em máxima velocidade (3 para cada lado).• 3x 4-6 Saltos Profundos + 6 Uchi-Komis (Ashi-Waza) com projeção em máxima velocidade (3 para cada lado).

C. Planejamento de Luta• Objetivo: melhorar estratégias de luta

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• Métodos: vídeos, debates e demonstração de posições e situações pretendidas e ou esperadas.• Intensidade: PSE = 2.• Volume: 60 min.• Pausas: sessão contínua.

Essa sessão de treinamento deve objetivar as estratégias, com participação e debate de treinador e atletas, que serão importantes para a competição alvo, de acordo com os adversários e características físicas e técnicas de cada atleta. Ela é o ajuste final para as estratégias a serem utilizadas na competição alvo. Pontos importantes sobre os adversários devem ser ressaltados.

D. Competição AlvoSendo o principal objetivo da temporada, é nesse evento

que o atleta deve alcançar a sua melhor performance, atingido o resultado programado. A semana que antecede esse evento, é uma semana recuperativa, para que o atleta alcance sua máxima supercompensação, podendo competir sem nenhuma limitação. É importante durante todo o processo que o peso corporal do atleta esteja controlado para que o corte de peso também não atrapalhe a recuperação pré-competição, gerando stress físico e psicológico desnecessário.

Bloco 4 – TransiçãoNas duas semanas após a competição o atleta terá

suas cargas de treinamento reduzida. Mas diferentemente do Modelo Clássico, ele não ficará completamente afastado dos treinamentos, a não ser que seja o último Macrociclo da temporada.

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Caso o atleta tenha alguma lesão advinda do período de treinamentos ou da competição alvo, esse tempo pode ser aumentado até que ele se reestabeleça totalmente. Esse é um momento importante para que o atleta fique pronto para o início de um novo macrociclo e para alcançar novos objetivos. Momento importante para que se discutam erros e acertos técnicos e táticos relacionados ao desempenho atin-gido na competição alvo. Segue a seguir a proposta de estru-turação para esse período (Tabela 14):

Tabela 14. Organização Bloco 4

Dias da Semana Semana 1 Semana 2 Segunda Descanso Treino Físico

Terça Descanso Treino Técnico

Quarta Treino TécnicoAlongamento

Compensatório

Quinta Treino Físico Treino Físico

Sexta Treino Tático Treino Tático

SábadoAlongamento

CompensatórioDescanso

Domingo Descanso Descanso

A. Treinamento Técnico • Objetivo: aperfeiçoamento ou reforço das questões técnicas detectadas na competição alvo.• Método: Discussão, análise de vídeos e ensaio de posições específicas.• Intensidade: PSE = 3-4.

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• Volume: 120 min. • Pausas: Sem definições (de acordo com a abordagem principal).

Sugestão de Exercícios:• Análises de vídeos, discussão relacionada à competição e ensaio de posições específicas que o treinador pre-tende reforçar, corrigir ou incluir no repertório técnico.

B. Treinamento físico (Treinamento Resistido)• Objetivo: Manutenção dos níveis de força e resistência muscular.• Método: Circuito• Intensidade: 60%-70% de 1RM; 15-20RM• Volume: 30 séries de 15-20 repetições• Pausa: sem descanso entre os exercícios e 2 min. entre as séries.

Sugestão de Exercícios: • 3 séries em circuito dos seguintes exercícios:• Supino• Clean• Puxador pela frente• Uchi Komi na Polia • Remada Fechada• Leg Press• Flexão Plantar no Leg Press• Cadeira Extensora• Cadeira Flexora• Abdominal

C. Treinamento Tático • Objetivo: aperfeiçoamento ou reforço das questões táticas detectadas na competição alvo.

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• Método: Execução das posições ensaiadas no treino técnico com pequena resistência do Uke.• Intensidade: PSE = 4-5.• Volume: 10x 5 min. (100 min. total de sessão) • Pausas: 5 min. entre as séries

Sugestão de Exercícios:• 10x 5min. Treinamento de ataque e defesa com grau de dificuldade moderado do parceiro, usando as posi-ções discutidas no Treinamento técnico.

O parceiro deve ser instruído a impor certa dificuldade, porém não o suficiente para que os objetivos não sejam al-cançados. Esse tipo de treino tem um caráter aquisição ou reforço de novas possibilidades de ataque ou defesa e pode ocorrer tanto em Tachi-Waza como em Ne-Waza, sendo importante que sua intensidade esteja diminuída.

D. Alongamento compensatório e relaxamento• Objetivo: Trabalho compensatório e relaxamento.• Método: alongamento estático e dinâmico ativo e técnicas de relaxamento.• Intensidade: amplitude submáxima.• Volume: 1x 30s. cada posição.• Pausas: passivas de 10s. entre uma posição e outra.

Sugestão de Exercícios:• Alongamento geral (para todo o corpo).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Mesmo com os notáveis avanços das ciências do esporte e com a necessidade, cada vez maior, de estreitar as relações entre catedráticos e treinadores, ainda existem lacunas advindas da multifatoriedade, intrínseca ao esporte, no que tange aos processos de preparação e aos resultados competitivos.

Por isso, entendemos que novas proposições meto-dológicas devem emergir para que essa aproximação seja facilitada e que o debate entre as esferas práticas e científicas se acentuem, tornando-se extensões um do outro e não diferentes lócus de atuação.

Nossa proposta teve como objetivo equacionar alguns problemas relacionados a preparação desportiva no judô, sob uma ótima atual, bem como fomentar outras alternativas e críticas que possam servir como melhora do processo de preparação de atletas que visam ou estão no alto rendimento.

Entendemos que a complexidade do judô e a citada multifatoriedade que enlaça as questões preparatórias e

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competitivas, tornam o ambiente propício para que meto-dologias e teorias complementares se juntem, formando um arcabouço que instrumentalize e qualifique o treinador de judô a atuar com segurança e controle das muitas variáveis que são imprescindíveis para o sucesso competitivo e para a saúde do atleta.

Também entendemos que enquanto essa for apenas uma realidade distante os sucessos que, por ventura, ocorre-rem poderão ser atribuídos a métodos individuais de sucesso e expertise, ou até ao acaso, e não por conta de metodolo-gias concretas e racionais que amparem o constante desen-volvimento da modalidade no país.

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