ciclos de evolução - alexandre ruperti (astrologia)

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Este livro traz uma explanação completa dos ciclos de cada planeta: é uma tentativa de ajudar o leitor a compreender a importância dos ciclos planetários no caminho que o levará à maturidade pessoal. Suas fases nos indicarão os tipos de experiências que deverão atrair nossa atenção se quisermos auferir o máximo proveito em tudo o que se relaciona com o objetivo principal de nossa vida. (Alexander Ruperti teve Dane Rudhyar como mestre).

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    CICLOS DE EVOLUO , \ .4

  • r - ---i

    CONJUNO DE E ~6 1.996, 29 de junho

    CONJUNO DE O E ~@ 1.996, 10 de junho 20 11 1.998, 16 de janeiro 26 ~ 1.999, 20 de agosto 27 IV

    CONJUNO DE O E t) 1.993, 27 de dezembro 5 u-! 1.996, 04 de maro 13

    * 1.998, 12 de maio 22 t5 2.000, 01 de julho 10 OJ

    OPOSIO DO O ~~ E 1.995, 12 de fevereiro 23 Z -IV 1. 997 , 17 de maro 26 Yt: -1Y1 1.999, 24 de abril 4 ~ .. tn.

    CONJUNO 2f E * 1.997, janeiro 27 \.f

    CONJUNO J..f' E 1) 1. 997 , 16 de fevereiro 6 f"J N

  • ALEXANDER RUPERTI

    CICLOS DE EVOLUO Modelos planetrios de desenvolvimento

    Traduo MAIO MIRANDA

    EDITORA PENSAMENTO So Paulo

  • Ttulo do original: Cyc/es of Becoming

    The Planetary Pattem of Growth

    Copyright 1978 by Alexander Ruperti Publicado nos Estados Unidos pela CRCS Publications, Reno, Nevada.

    idio Ano

    2-3-4-5-6-7-8-9 91-92-93

    Direitos reservados

    EDITORA PENSAMENTO L TOA. Rua Dr. Mrio Vicente, 374 - 04270 So Paulo, SP -

    Impresso em nossas oficinas grficas_

  • Ao meu amigo e mestre, Dane Rudhyar, cuja sabedoria colocou meus ps no caminho da luz.

  • AGRADECIMENTOS

    Desejaria enviar um agradecimento especial a Batya Stark, pela inestimvel ajuda prestada e por seu persistente encorajamento na prepa-rao deste livro. Sua traduo, do meu estilo condensado para uma forma mais legvel, assim como sua compreenso a respeito do que o leitor, especialmente o leitor astrlogo, gostaria de se informar atravs de um livro deste tipo, representaram uma grande adio a quaisquer mritos que ele possa ter.

    E meu ltimo agradecimento para James Feil, que realizou o trabalho de reviso fmal dos originais para publicao.

  • SUMRIO

    Introduo

    I. A ABORDAGEM HUMANSTICA

    lI. O FATOR IDADE O Hemiciclo Crescente, 49. O Hemiciclo Minguante, 58. Os Padroes Cclicos Ano por Ano, 69. Aplica'o do Fator Idade, 73.

    III. OS CICWS SOL-LUA Os Ciclos dos Nodos Lunares, 78. Os Ciclos dos Eclipses, 93. Os Ciclos Solar e Lunar, 102.

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    40

    77

    IV. OS PLANETAS PESSOAIS: MERCRIO, ~NUS E MARTE 111 O Ciclo Vnus-Marte, 113. O Ciclo Sol-Vnus, 127. O Ciclo Sol-Marte, 134 .. O Ciclo de Mercrio, 147.

    V. O CICLO DE JPITER 153

    VI. O CICLO DE SATURNO 178 O Ciclo Genrico, 182. O Ciclo Individual, 193.

    VII. O CICLO JPITER-SATURNO: O DESENVOLVIMENTO DE UM DESTINO SOCIAL 226

    VIII. O CICLO DE URANO 240 O Ciclo Saturno-Urano, 264. O Ciclo Jpiter-Urano, 270.

  • IX. O CICLO DE NETUNO As GeraOes de Netuno, 281. O CicIo Pessoal de Netuno, 286. O Ciclo Urano-Netuno, 296. O Ciclo Saturno-Netuno, 302. O CicIo JpiterNetuno, 312.

    X. O CICLO DE PLUTO As Geraes de Pluto, 324. O CicIo Pessoal de Plut'O, 328.

    XI. O MOVIMENTO RETRGADO DOS PLANETAS EXTE-

    276

    322

    RIORES 337

    Concluso 346

  • INTRODUAO

    Durante os ltimos cinqenta anos, e especialmente desde que Einstein apresentou a teoria de que "todas as coisas se relacionam entre si num contnuo espao-tempo", a objetividade dos valores temporais assumiu uma importncia crescente nas explicaes do homem sobre a realidade. Isto significa que, para as cincias fsicas, a realidade do tempo tomou-se uma quarta dimenso adicionada s trs dimenses espaciais, em funo das quais procuramos explicar o universo. Para o cientista, portanto, o tempo constitui sempre um dos elementos de uma expli-cao da realidade baseada em valores espaciais e uma extenso desses valores. Quando relacionados a um ser humano. os "valores espaciais" so aqueles valores que determinam seu lugar no universo: primeiramente, na qualidade de membro da espcie humana, e, depois, como membro de uma determinada raa e de um tipo fisiolgico. Um ser humano, inter-pretado em funo de valores "espaciais", no tem caractersticas indi-viduais; simplesmente um membro de certa coletividade ou grupo, avaliado em funo das caractersticas que se revelam predominantes dentro dessa coletividade ou grupo.

    A astrologia tradicional explicou tambm o homem em funo de tais valores espaciais. Uma pessoa nascida numa determinada data no era vista como um individuo. mas como uma expresso das qualidades humanas relacionadas com o Signo zodiacal no qual o Sol. a Lua e os planetas se encontravam no dia do seu nascimento. A astrologia limitada ao espao evolui atravs de uma expanso da variedade de relacionamentos que podem ser estabelecidos entre nosso conhecimento da natureza hu-mana e os smbolos astrolgicos.

    O estabelecimento das probabilidades estatsticas em muitos campos tambm uma expresso de valores espaciais, isto , reI acionais. pelos

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  • quais predizemos o comportamento das partes em funo do todo que as contm. Esta tcnica e.statstica usada, por exemplo, nas pesquisas de opinio Gallup, na avaliao de prmios de seguros ou de penses vitalcias, e em todos os casos onde o indivduo avaliado unicamente em funo do comportamento geral do grupo ao qual pertence fisica-mente, socialmente, economicamente etc. Como diz Bertrand Russell (The Ana/ysis of Matter, p. 191):

    Idealmente, as estatsticas so leis acuradas acerca de grandes grupos; diferem das outras leis somente porque se referem a grupos e no a indivduos.

    o elemento tempo, na vida, compreendido de formas diferentes pelo cientista, pelo msofo e pelo psiclogo. Para o cientista, o tempo no tem significado criativo; matemtico e linear - passado, presente, futuro. Mas um msofo como Bergson (Oeative Evo/ution) compreendeu o tempo como uma "durao" e mostrou que a nossa experincia do tempo subjetiva - um minuto pode parecer uma hora, ou uma hora pode parecer um minuto, de acordo com a natureza da nossa experincia nesse momento. E o psiclogo Jung, falando do seu "princpio de sincronicida-de", atribuiu uma qualidade particular a cada momento do tempo. Se aplica-mos os conceitos de tempo de Bergson e de Jung vida do homem, podemos pressupor que o momento do seu nascimento deve ser bastante revelador no que se refere s qualidades individuais que ele poder manifestar du-rante seu perodo de vida. Sua hereditariedade e seu ambiente estabelece-ro os valores "espaciais" atravs dos quais ele dever manifestar seus individuais valores "temporais". Desse modo, astrologicamente, o mapa de nascimento transforma-se na estrutura espao-temporal que pode revelar como e em que ritmo o potencial do indivduo, contido no instante nata-lcio, pode se tornar uma realidade espacial.

    Uma outra diferena entre a compreenso cientfica do tempo e aquela que os pensadores progressistas esto tentando restabelecer pode ser observada nas diversas maneiras pelas quais podemos explicar a evo-luo. Para os cientistas, a evoluo caminha numa linha reta, da ameba ao homem, enquanto que, antes da era cientfica, predominava a noo de ciclo e de processo cclico. Devemos agradecer Igreja pelo infeliz repdio, por razes teolgicas, do conceito de uma progresso cclica na evoluo, por ocasio do Conclio de Constantinopla, no sculo V d.C.

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  • Uma vez que o conceito de ciclo foi considerado hertico a partir dessa data, no de surpreender que hoje os lderes do pensamento acadmico encontrem dificuldade em aceitar sua importncia. Todavia, os bilogos foram obrigados a aceitar o fato de que muitos fenmenos nas vidas de animais, pssaros, criaturas marinhas e plantas reaparecem em ciclos. Estudos fisiolgicos revelam padres cclicos no funcionamento dos rgos e dos sistemas do corpo, e pesquisas a respeito do desenvolvimento e comportamento humanos revelam determinadas idades para o apare-cimento de certas crises fsicas e psicolgicas na vida, comuns a todos os homens e mulheres. At mesmo o nosso desenvolvimento econmico governado pelos altos e baixos cclicos do mercado de valores.

    Enquanto que as doutrinas ocultas e o que hoje se denomina abor-dagem "humanstica" da astrologia definem um ciclo como uma seqncia estruturada de fases no desenvolvimento de algum processo de vida, a maioria das pessoas concebe-no como sendo simplesmente o eterno e repetitivo retorno a um mesmo ponto de partida. Se reduzirmos um ciclo a um crculo fechado de eventos repetitivos, ele no pode ter o significado criativo, evolutivo, que possui quando compreendido como a expresso de um processo criativo. No obstante, na verdade ambas as interpretaes esto corretas. A estrutura de um ciclo no tempo, isto , sua durao, repete-se. O ciclo de um dia repete-se a cada vinte e quatro horas; o ciclo da lunao, em que se baseia o ms, repete-se a cada lua nova; o ciclo do ano repete-se a cada doze meses.

    Contudo, os que restringem sua compreenso da significao de um ciclo a tal seqncia repetitiva de valores temporais - dias, meses ou anos - esquecem que aquilo que acontece durante um determinado dia, ms ou ano, no se repete de forma exata. A maneira como agimos e o significado que descobrimos numa experincia especial, durante um determinado ciclo, representa o elemento criativo, individual; a natu-reza e a fase do ciclo que corresponde experincia nos permitem com-preender melhor a significao do que fazemos e experimentamos na ocasio.

    Todas as atividades da nossa vida so estruturadas pelos ciclos dirios, mensais e anuais, mas esquecemo-nos de que estes ciclos assentam-se em dados astronmicos usados pelos astrlogos desde a Antigidade. O grande obstculo para a aceitao do uso, pelo astrlogo, de ciclos astro-nmicos para a interpretao do que est acontecendo na Terra e na natureza humana o fato de que a astrologia usa tanto os ciclos dos

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  • planetas quanto os ciclos do dia, ms e ano. Os cientistas no podem com-preender como possvel relacionar planetas com eventos nas vidas hu-manas porque, para eles, a "causa" planetria e o "efeito do evento hu-mano" no pertencem mesma ordem de fenmenos. Eles deixaram o homem fora do universo que estudam; no procuram dar um significado humano quilo que descobrem atravs de suas medies. Desejam ser "objetivos", mas, com esta sua atitude, desligam-se do objeto do seu estudo e passam a acreditar que tudo aquilo que descobrem no universo encontra-se fora deles mesmos, constitui uma expresso de "leis" abso-lutamente vlidas e verdadeiras que esto alm da equao humana. Esqueceram-se de que so seres humanos e de que, conseqentemente, qualquer que seja a origem do seu conhecimento do universo, este co-nhecimento cientfico e sempre ser um conhecimento humano. Parecem no perceber at que ponto seu condicionanlento mental limita seus m-todos de investigao; as respostas que encontram - e encontraram - po-dem ser "verdadeiras" em funo e no interior dos limites do ponto de vista que adotam, mas certamente no so explicaes "verdadeiras" da realidade total, porque o mtodo cientfico construdo sobre a excluso sistemtica de tudo aquilo que no pode enfrentar. Portanto, se os cien-tistas so incapazes de encontrar qualquer conexo entre o sistema solar e os eventos, tanto interiores quanto exteriores, que ocorrem numa vida humana, isto no significa que no exista conexo, mas simplesmente que ela pertence a uma ordem diferente daquela que o mtodo cientfico pode estabelecer.

    Os astrlogos estudam o cu porque o cu lhes fornece uma obser-vao direta da ordem universal. Eles no procuram separar-se do universo e de seus ritmos, como fazem os cientistas, mas antes buscam identificar-se com esses ritmos. Os astrlogos da Antigidade explicaram o relacio-namento do homem com o universo em funo da lei de correspondncias - "como em cima, assim embaixo"; os alquimistas-astrlogos medievais explicaram a afirmao "o homem feito imagem de Deus" como significando que os padres estruturais do universo manifestado so expresses de uma ordem harmnica, oni-abrangente, que opera do mesmo modo no interior das galxias, dos sistemas solares, dos homens e dos tomos. Assim, para o astrlogo, tanto os corpos celestes existentes no nosso sistema solar quanto a natureza humana obedecem mesma lei e ritmo de desenvolvimento; portanto, para viver uma vida espiritualmente significativa, os seres humanos devero tentar viver em harmonia com

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  • as leis que governam o utverso e os planetas. Planetas e seres humanos devero sincronizar-se em suas manifestaes da fora e do propsito de todo o universo. Um ser humano uma constelao dos mesmos poderes que formam os planetas que esto no cu; por isso devemos tentar viver nossas vidas de acordo com o movimento cclico rtrtco dos planetas que, tomados em conjunto, simbolizam as funes bsicas do ser hu-mano integral. Contudo, de vez que essas funes bsicas so comuns a todos os seres humanos, se nos individualizarmos teremos que usar, de uma forma individual, essas funOes, qualidades e capacidades humanas comuns.

    A tese astrolgica de que o quadro planetrio encontrado no nosso mapa d~ nascimento, relacionado com o determinado momento e lugar do nosso naScimento, nos possibilitar obter uma perspectiva da maneira particular pela qual usaremos essas funes humanas, a fim de nos desenvolvermos de um modo individualmente significativo e expres-sivo. O ritmo e a cronometragem do desenvolvimento do potencial indi-vidual estaro sintomzados, a partir do momento do nascimento, com o ritmo dos ciclos planetrios. Este livro uma tentativa de ajudar o leitor a compreender a importncia desses ciclos, para que possa viver conscientemente harmonizado com este ritmo cclico, a cannho da maturidade pessoal. Esses ciclos no revelaro eventos concretos; ro encerram qualquer deterrtnismo; mas suas fases relevaro os tipos de experincias que devero atrair nossa ateno consciente se quisermos auferir o mximo proveito de nossas vidas. Eles nos perrttiro uma com-prenso mais ntida do significado daquilo que acontece em qualquer momento em relao com o objetivo total de nossa vida.

    Muitas pessoas, atualmente, perderam o sentido de organizao e a sensao de que h um sigtficado e um valor em suas vidas. O psi-clogo Viktor Frankl, em seu livro Man's Search For Meaning, mostrou que esse sentido de organizao e de significado mais vital, tanto para as crianas como para os adultos, do que a alimentao ou o vesturio. Muitas pessoas so atormentadas pela sensao do seu vazio interior, de um vcuo dentro de si mesmas; so vtimas daquela situao que Frankl chama de "vcuo existencial". Portanto, importante que algo seja feito, a fim de restaurar esse sentimento de significado, se desejamos dominar a expanso alarmante da neurose, da frustrao e do tdio. A cincia moderna incapaz de fazer qualquer coisa, uma vez que seus mtodos no esto adaptados s nossas diferenas individuais. Contudo,

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  • a astrologia, corretamente entendida e aplicada, uma espcie de "contra-cincia" que pode satisfazer tanto a necessidade de uma compreenso obje-tiva dos ciclos da experincia humana como o significado especfico da vida de uma pessoa num determinado momento. Desta maneira, at mesmo a tragdia, quando considerada como uma fase dentro de um padro geral de desenvolvimento, pode ser compreendida como uma crise temporria capaz de levar autotranscendncia e a uma vida mais expres-siva. Provavelmente por essa razo que hoje, a despeito do sarcasmo acadmico e at mesmo de uma eventual perseguio, a astrologia se tomou mais popular do que nunca.

    Para concluir esta introduo, desejaria declarar que no h nada destinado ou predeterminado nos significados que sugeri para as fases dos vrios ciclos planetrios. O leitor sempre estar livre para fazer uma escolha entre aceit-los ou rejeit-los, realizar a potencialidade ou deixar que ela se perca. Todavia, deve assumir total responsabilidade pelos resul-tados dessa escolha; a astrologia no responsvel por eles. Essas inter-pretaes foram propostas a partir do ponto de vista que considera os homens e as mulheres seres cuja preocupao principal antes realizar um significado ou um propsito na vida e efetivar valores, do que adaptar-se com sucesso e satisfao quilo que o meio ambiente e a catica socie-dade moderna lhes oferece. Uma vida isenta de tenses seria uma vida sem significado, um desperdcio da prpria pessoa cercada pelo tdio e pelo vazio. Muito mais importante concentrar nossas energias no sentido de lutar, a fim de alcanar aquilo que consideramos como um objetivo compensador e cronometrar nossos esforos de acordo com as fases dos ciclos planetrios, no intuito de executar, no momento certo, aquilo que a vida exige de ns, por mais difcil que isso possa ser. Como escreveu Frankl em Man s Search For Meaning:

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    Visto que cada situao da vida representa um desafio para o homem e apresenta um problema para ele solucionar, a questo do significado da vida poder, realmente, ser invertida. Finalmente. o homem no deveria perguntar qual o significado da sua vida, mas, antes. deveria reconhecer que essa pergunta est sendo dirigida a ele. Em sntese, cada homem interrogado pela vida; ele s pode responder vida sendo responsvel... a responsabilidade a prpria essncia da existncia humana. Portanto, no devemos procurar um significado abstrato da vida. Todos tm sua prpria vocao ou misso especfica na vida; todos devem executar uma tarefa concreta que exige ser realizada.

  • Nesse particular, nenhum indivduo pode ser substitudo e sua vida no pode ser repetida. Desse modo, a tarefa de cada um to singular quanto a sua oportunidade especfica para cumpri-la.

    Dificilmente se pode apresentar com maior clareza o estado de esprito que se solicita ao leitor quando aborda o material oferecido neste livro. Espero, apenas, que aquilo que digo nas pginas seguintes sirva para auxiliar cada pessoa no sentido de utilizar mais expressivamente suas potencialidades - tambm para a astrologia, se tiver tal inclinao.

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  • I

    A ABORDAGEM HUMANSTICA

    Desde a aurora dos tempos o homem tem pautado sua vida segundo os ciclos dos planetas - de um raiar a outro do dia e de uma Lua nova a outra, ele regula sua existncia pelos cus. De fato, esta percepo consciente do tempo o que distingue o ser humano de todas as outras criaturas vivas. A capacidade de apreender o tempo como uma sucesso contnua de passado, presente e futuro uma qualidade somente sua - somente o homem tem a percepo consciente de que seus dias so numerados. A astrologia humanstica constitui a primeira abordagem astrolgica a usar o conceito de ciclos como base para a compreenso e interpretao dos seus smbolos fundamentais: casas, signos, planetas e aspectos. No se trata apenas de uma "nova tcnica" de interpretao, mas de uma nova abordagem. Durante milhares de anos a astrologia fun-damentou-se numa crena: a da existncia de foras csmicas, raios plane-trios ou vibraes que influenciariam diretamente a vida sobre este planeta e forariam os indivduos a determinadas aes ou a experimentar certos eventos. At mesmo hoje em dia este sistema de crena ainda permanece entre a maioria dos astrlogos a despeito de o indivduo abo-minar o pensamento de se ver como vtima do universo.

    Tenta-se eliminar o determinismo inerente astrologia atravs do cha-vo comum e muito popular: "As estrelas no compelem, elas impelem"; todavia, a diferena entre "compelir" e "impelir", no melhor dos casos, vaga. O sistema de crena permanece. Nessa filosofia, o relacionamento cclico mtuo no tem importncia, o mesmo se dando com a ordem peridica do universo. justamente essa ordem peridica, inerente a todos os relacionamentos cclicos mtuos dos planetas, que torna o seu uso, em relao vida humana, relevante e significativo para o astrlogo humanista.

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  • o QUE UM CICLO? Ciclo uma estrutura-forma de tempo_ o contexto no qual ocorrem as mudanas. Toda a existncia estru-turada pelo tempo, e toda a atividade tem lugar no tempo. Ciclo o tempo de durao da vida de qualquer entidade determinada. Embora um ciclo tenha um comeo e um fun reconhecveis, errneo interpretar isso como um eterno ponto de partida - comeo, fim e novo comeo. Uma tal viso dos ciclos, em astrologia, levar o indivduo a consider-los como se-qncias repetitivas de eventos. Este no o verdadeiro retrato da reali-dade; pois, embora o padro do seu desenvolvimento se repita, desde o incio at o fun, o contedo de um ciclo - os estados de mudana, os eventos ou as experincias dentro do seu perodo de durao - nunca se repete exatamente. Um dia um ciclo reconhecvel. uma estrutura de tempo cuja forma determinada por uma rotao axial da Terra a cada 24 horas. Simultaneamente, o dia uma frao do ciclo de lunao descrito pelas fases da Lua e medido pelo relacionamento Sol/Lua desde uma Lua nova at a prxima; e ambos estes ciclos s'o circunscritos por outros ciclos. Este relacionamento mtuo entre os ciclos que descreve a singu-laridade absoluta de cada momento, unindo-os, ao mesmo tempo, numa ordem rtmica. Estes valores temporais revelados pelo sistema solar - o Todo maior do qual a Terra uma parte - atuam sobre os valores tem-porais do indivduo. A astronomia nos fornece os dados e a astrologia interpreta-os com referncia aos processos de vida na Terra e, particular-mente, dentro do indivduo.

    Sendo um "todo e de atividade", um ciclo contm um meio, assim como um comeo e um fun, havendo fases de desenvolvimento indenti-ficveis medida que ele se desenrola. To logo um momento particular identificado como parte de um ciclo, passa a estar inextricavelmente relacionado com o comeo e tambm com o fun desse ciclo. Qualquer momento especfico ocorrido dentro de um ciclo considerado parte do "meio", um desenvolvimento do impulso que iniciou o ciclo, e diri-gido no sentido da consumao ou propsito desse ciclo. Desse modo, todos os momentos dentro de um ciclo estendem-se para trs, para a raiz do ciclo, e ao mesmo tempo para a fr.ente, na direo da semente do ciclo. Este impulso simultneo, para frente e para trs, envolve qualquer momento particular com todos os outros momentos do ciclo. Rudhyar denomina este fenmeno de INTERPENETRAO-TEMPO. a quarta dimenso do tempo. Rudhyar salienta o fato de que tal interpenetrao da raiz, da semente e de todos os outros momentos de um ciclo significa

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  • muito mais do que afirmado pelo conceito comum de causa~~feito, o qual se baseia numa seqncia rgida de momentos temporais separados. Cada momento no tempo uma parte, um aspecto ou uma fase de uma realidade oni-abrangente - o Todo - e tem seu significado essencial so-mente com referncia a esse Todo. Assim sendo, cada unidade aparente-mente separada tem participao e est envolvida com cada uma das outras unidades existentes dentro do tempo de durao de um ciclo. Isto acon-tece porque, em qualquer ciclo, o efeito tambm age sobre a causa e cnda momento presente puxado pelo futuro, assim como empurrado pelo passado. O ciclo inteiro est implcito em cada um de seus momentos.

    Como um estudo dos ciclos, a astrologia torna-se, ento, um estudo das correlaes entre todos esses fatores - entre o futuro e o passado em cada momento presente; entre o macrocosmo universal e o micro-cosmo individual. O mapa natalcio o ponto de partida do ciclo de vida do indivduo. Situa-se entre o passado ancestral - as razes crmicas e o futuro potencialmente individualizado - o propsito-vida drmico. Trata-se do padro ou plano que Jung chamou de processo de indivi-duao, revelando, em linguagem simblica, como cada pessoa pode atua-lizar plenamente aquilo que potencialmente.

    O QUE UMA CRISE? Os ciclos so medidas de mudana. Para que qualquer propsito se realize, devem ocorrer mudanas e, necessaria-mente, mudanas envolvem crises. Muitas pessoas interpretam mal a palavra crise; confundem-na com "catstrofe". Elas estudam astrologia, acreditando que o conhecimento antecipado dos "maus aspectos", ou dos "aspectos malficos", far com que possam evitar as crises. Contudo, uma crise no uma calamidade terrvel. Ela deriva da palavra grega KRINO, "decidir", e significa, simplesmente, um momento de tomar uma deciso. Uma crise um momento decisivo - aquele que precede a MUDANA. Para evitar uma crise, teramos que evitar a prpria mu-dana, o que constitui uma impossibilidade bvia.

    Embora toda a matria, tanto viva quanto inanimada, esteja mu-dando constantemente, somente o homem tem capacidade de tomar uma deciso consciente. Com o fito de evoluir, ele deve abandonar o com-portamento instintivo, que serve apenas para a sobrevivncia ou as com-pulses sociais, em favor da escolha consciente. A barreira para a escolha consciente o "ego", aquilo que a sociedade disse ao indivduo que ele deveria ser, em oposio experincia do Eu, que lhe diz o que ele real-mente . na adaptao ao papel social que o indivduo assume padres

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  • de comportamento habituais. Assim, quando chega o momento de tomar uma deciso (crise), permitimos que esses padres determinem a nossa escolha, em vez de seguirmos as linhas de orientao emanadas da nossa prpria verdade pessoal.

    Infelizmente, est sempre presente a tentao de se evitar o ato de tomar uma deciso, na esperana de que a necessidade desaparea e as coisas permaneam num confortvel estado "normal". s vezes esta tcnica d a impresso de que funciona, e o fio do status quo parece no ter sido rompido; contudo, no importa quo pequenina a deciso ou quo insignificante a crise, este ato de evitar representa, de qualquer modo, uma derrota espiritual. O fato de recusar-se a decidir, ou o fato de esperar que as circunstncias ou outras pessoas decidam, no exime o indivduo da responsabilidade. Toda vez que uma deciso deixa de ser tomada, os padres inconscientes e instintivos tomam-se mais profundos. O que na infncia era uma ranhura transforma-se, mais tarde, num sulco e, finalmente, numa cova. Esta repetida ausncia de deciso consciente pode, numa determinada circunstncia, aumentar a tenso, fazendo-a finalmente explodir. O indivduo ser ento obrigado a reagir a circuns-tncias difceis ou dolorosas, que poderiam ter sido evitadas, caso tivesse ele enfrentado as crises anteriores e menores com objetividade e coragem. A catstrofe resultante no uma conseqncia inevitvel das crises, mas sim das decises evitadas. Assim sendo, para os astrlogos humanis-ticamente orientados, as crises no so eventos externos, embora os eventos externos possam precipit-las ou condicionar o seu desenvolvi-mento. As crises, tanto grandes como pequenas, representam, essencial-mente, oportunidades para o desenvolvimento - as nicas oportunidades que realmente temos. O indivduo deve fazer um esforo contnuo no intuito de se manter alerta e livre dos padres de hbitos inconscientes, que obstaculam o crescimento espiritual. Desse modo, ser capaz de usar as crises em favor de seus objetivos particulares.

    O desafio das confrontaes interminvel. Alguns destes pontos crticos so biolgicos (tais como a adolescncia e a menopausa) e so enfrentados em idades especficas, ao passo que outros so individuais e podem ocorrer em qualquer poca durante o perodo de vida. O poten-cial destes ltimos inerente ao mapa de nascIJlento, e a interpretao de seus efeitos e reaes depender da idade da pessoa na ocasio da crise (veja o Captulo II - "O Fator Idade"). Por meio de trnsitos e progresses, o astrlogo pode deduzir a poca e a natureza das futuras

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  • crises em potencial. Caso se espere um tipo especfico de mudana, de perodo de transio ou de crise de crescimento, o indivduo pode pre-pararse para enfrentlo conscientemente e com os olhos abertos e, atravs dele, poder lucrar muito mais em termos de maturidade pessoal e de desenvolvimento espiritual; Tal conhecimento tambm poder ajudar a pessoa a evitar decises imprudentes ou precipitadas. O sentimento de desespero que freqentemente surge no meio de uma crise pode ser igual-mente dispersado pela capacidade do astrlogo em predizer o fim do ciclo.

    Todavia, o conhecimento antecipado pode, por outro lado, ter efeitos negativos. Com muita freqncia, a antecipao de uma crise iminente provoca medo e ansiedade - as causas primrias de todos os males. Idealmente, do ponto de vista humanstico esta abordagem negativa dever ser menos provvel, uma vez que o objetivo da abordagem huma-nstica antes o desenvolvimento espiritual, e no o conforto ou o enri-quecimento materiais. Alm do mais, o astrlogo humanstico dever saber que as crises no so eventos isolados, mas fases de crescimento individual. Dever interpret.las tomando como referncia os ciclos maiores ou me-nores dentro dos quais elas ocorrem - as fases desses ciclos. A fase cor respondente crise revelar seu significado e propsito em funo da natureza, do alcance e do propsito do ciclo como um todo. A astrologia humanstica, portanto, ser capaz de trazer um sentido de direo, de orientao e de determinao a cada crise. A maioria dos manuais astro-lgicos no trata da capacidade para visualizar o que poder e dever ocorrer no futuro (isto , a meta e. o propsito do ciclo completo), mesmo quando a pessoa se acha no meio de uma catica situao presente. Ela deve ser aprendida enfrentandose experincias em funo da quarta ci-menso temporal - isto , observando-se o ciclo todo em cada momento em que est sendo vivido e abordando-se esse momento presente de maneira lcida e consciente.

    Embora a astrologia humanstica possa prestar um grande auxilio na compreenso das crises futuras, essa abordagem poder ser ainda mais valiosa no que se refere a compreender as crises j ocorridas. Tal com-preenso, embora tardia, a melhor preparao para se enfrentar, construo tiva e expressivamente, as crises de desenvolvimento que ainda esto por vir. Contudo, como qualquer tcnica, seu valor depende da pessoa que a est utilizando - de sua coragem, discernimento e viso espiritual. Nin-gum pode ver, quer num mapa de nascimento, quer na prpria pessoa,

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  • qualquer coisa que esteja alm do alcance do seu prprio entendimento. O astrlogo pode extrair de um mapa de nascimento apenas aquilo que ele insere em sua prpria vida.

    PROGRESSES E TRNSITOS - OS CAMINHOS DO DESEN-VOLVIMENTO. Quando comecei a me interessar pela astrologia, h mais de quarenta anos, fervilhava entre os astrlogos uma controvrsia, que persiste nos dias atuais, concernente ao valor relativo das progresses (ou direes) e dos trnsitos. A tendncia pseudocientfica atual, na astrologia, levou muitos astrlogos a desistir do uso das progresses e direes, e a confiar exclusivamente. nos trnsitos. Outros astrlogos usam ambos os conjuntos de medidas mas os confundem, considerando que todos eles, progresses, direes e trnsitos, referem-se a eventos externos. O astrlogo humanista usa ambos, progresses - ou direes - e trnsitos, mas os define em categorias distintas. Visto que este livro trata princi-palmente dos trnsitos, no se encontrar aqui nenhuma discusso pro-longada a respeito de progresses e direes. Basta dizer que, do ponto de vista humanstico, eles se referem essencialmente a um processo interno ou subjetivo do desenvolvimento do potencial individual. Eles se relacio-nam com as transformaes graduais que ocorrem medida que o prop-sito e o carter do indivduo, revelados em seu mapa de nascimento, realizam-se atravs do processo da prpria vida. As progresses mostram a maneira pela qual toda a estrutura natalcia se desenrola por si mesma, regundo a necessidade individual e o ritmo do desenvolvimento, de modo que aquilo que, no nascimento, uma entidade arquetpica abstrata pode tomar-se, aos poucos, uma pessoa plenamente realizada e integrada. Isto no encerra nenhuma presso exterior; essa presso provocada pelos trnsitos. As progresses referem-se s transformaes do ritmo do prprio Eu, ao passo que os trnsitqs dizem respeito ao impacto do meio ambiente, como um todo, sobre o Eu.

    Embora ningum tenha liberdade para mudar o seu potencial de existncia (seu mapa de nascimento), o indivduo livre para decidir o que far com esse potencial. A realizao das possibilidades poderia ser alcanada facilmente se os seres humanos viv~ssem em vcuos indivi-duais - isolados e independentes uns dos outros. Mas como, na reali-dade, todos ns fazemos parte de um meio ambiente coletivo, nosso sucesso individual, na realizao do nosso potencial individual, depende desse coletivo. Consideraes planetrias, raciais, sociais, culturais e fami-liares exercem, todas elas, presses constantes e poderosas, especialmente

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  • nos anos da infncia; embora forneam os materiais brutos para o cres-cimento da mente consciente e para o desenvolvimento necessrio de um senso de individualidade, elas, por outro lado, tendem a obscurecer, sufocar, distorcer ou adulterar o potencial de nascimento. Essas presses extemas so medidas pelos ciclos dos trnsitos, que mostram como a mente consciente poder ser desenvolvida por meio da experimentao de uma multido de impactos e relacionamentos. A auto-realizao deve ser um processo consciente, e somente atravs do uso consciente dos confrontos revelados pelos ciclos de trnsito que ela pode ser alcanada. Esses confrontos, todavia, produzem tambm todas as formas de tenses, medos, inibies, ambies e desejos, que quase sempre deturpam o potencial do nascimento e tendem a tomar o indivduo naquilo que, em essncia, ele na . Alguns dos confrontos podem proporcionar prazer, felicidade ou at mesmo exaltao, enquanto outros podem causar dor, infelicidade e depresso. Quando reproduzem posi9es planetrias e as-pectos contidos no mapa de nascimento, os trnsitos tendem a fortalecer os fatores bsicos existentes na natureza essencial dessa pessoa. Quando, por outro lado, os trnsitos perturbam com muita intensidade o padro natalcio, as presses talvez tendam a desintegrar a personalidade.

    O potencial do nascimento - a essncia arque tpica do Eu - perma-nece aquilo que desde o comeo at o fun da vida. o fator perma-nente que existe em cada indivduo - a forma-semente do seu ser e do seu destino. Tudo o que, durante a vida, cerca esse indivduo (descrito pelo ciclo do trnsito) tender a mudar a qualidade do seu ser essencial. Dia aps dia, sua integridade ser ameaada. Todos aqueles fatores aos quais o trnsito se refere o afastaro da essncia da sua verdadeira iden-tidade, a despeito das motivaes e das intenes. Inclusive o amor - a melhor, a mais elevada e a mais nobre dessas foras - tender a alterar a verdadeira experincia do Eu e seu destino inerente.

    Resumindo: as progresses relacionam-se com o desenvolvimento interno da personalidade, ao passo que os trnsitos se referem essencial-mente ao impacto externo da sociedade e do cosmo sobre essa perso-nalidade. Nenhum dos dois dever ser considerado isoladamente. O homem s reage atravs dos trnsitos, tanto quanto age atravs das progresses. Uma pessoa nasce como uma semente de potencial sem paralelo, e essa semente deveria ter um desenvolvimento normal no sentido da realizao de uma personalidade completa. O universo, contudo, no se detm nesse instante do nascimento. Todas as coisas que ocorrero no universo a partir

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  • desse momento, exercero tambm, astrologicamente, na forma de trn-sitos, uma influncia sobre essa personalidade em desenvolvimento, e essa personalidade dever reagir a eles. Este o sistema eterno. O homem no um prisioneiro do destino. Novas situaes surgem no universo a cada momento que se sucede, mas ningum obrigado a reagir a elas de maneira predeterminada. Sua liberdade est a, mas ele deve escolh-la.

    difcil determinar o grau e a qualidade de resistncia que um indivduo opor s presses e foras do seu meio ambiente. Em adio s tradies scio-culturais, s lealdades raciais ou nacionalsticas e aos controles sutis ou speros da opinio pblica, expressados atravs dos meios de comunicao (especialmente nas suas propagandas), a pessoa bombardeada tambm por radiaes solares e csmicas, pela presso atmosfrica, pela atrao da gravidade e por uma multido de poluentes que ela respira e ingere. Todas essas influncias se abatem com fora implacvel sobre o indivduo - golpeiam sua pele, seus sentid\.,s, sua mente e seu campo eletromagntico (ou aura). Enquanto o indivduo puder resistir a esses impactos, viver como um organismo relativamente separado. Quando a soma total dessas foras exaurir sua capacidade de resistncia e ele se tomar por demais exausto para poder manter-se isolado desse oceano csmico e social que o circunda, ento acabar cedendo. O oceano, ento, jorrar para dentro do vazio do seu isolamento e ele se afogar, enlouquecer ou morrer. A capacidade de coragem no pode ser avaliada mediante um mapa de nascimento e ningum pode conhecer totalmente a amplitude de sua prpria capacidade de resistncia - muito menos a de uma outra pessoa. E no considerando absolutamente essa qualidade pessoal de resistncia, a presso poder ser aliviada pelo fato de outras pessoas ajudarem o indivduo a carregar seus fardos. H muitas ocorrncias num indivduo que salvo de um acidente ou at mesmo da morte pelo amor de uma outra pessoa. Tal ajuda, porm, apenas um recurso provisrio e poder eventualmente fazer com que a pessoa que est sendo ajudada perca a sua capacidade de ajudar a si mesma. Final-mente, cada indivduo deve aprender a ficar de p sozinho.

    H tantas contingncias que impossvel fazer uma predio exata de eventos interiores ou exteriores unicamente com base nos trnsitos crticos. Para que a resistncia do homem, contra a presso constante da sociedade e do universo, chegue a ponto de um colapso, neces-srio que seja atacado de fora (trnSitos) numa ocasio em que se encontre fraco interiormente (progresses) e no tenha qualquer outro apoio. Este

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  • relacionamento entre progresses e trnsitos no deve ser esquecido. A pessoa no precisa seguir alguma tendncia coletiva predominante s por causa de um trnsito que esteja agindo no momento, a menos que ela corresponda a alguma necessidade individual revelada por suas progres-ses ou o capacite a satisfazer essa necessidade. O individuo poder mudar sua vida conscientemente em qualquer ocasio, em conseqncia de uma deciso socialmente motivada. Assim sendo, os fatores individuais e coletivo-sociais acham-se constantemente correlacionados e, conseqente-mente, os astrlogos deveriam usar tanto as progresses como os trnsitos.

    Por que alguns astrlogos enfatizam os trnsitos e outros as progres-ses? Rudhyar certa vez deu a isto uma explicao psicolgica. Observou que, assim como existem dois tipos bsicos de seres humanos, h tambm dois tipos bsicos de astrlogos: os extrovertidos e os introvertidos. O extrovertido centraliza sua ateno e seu interesse no mundo exterior e em seus relacionamentos interpessoais, enquanto que o introvertido os centraliza no mundo subjetivo da individualidade, enfatizando aquilo que ocorre no interior de seu prprio ser. O astrlogo extrovertido, por-tanto, seria aquele que se apia no uso dos trnsitos, enquanto o astr-logo introvertido daria nfase ao uso das progresses. Essa diferena de opinio , basicamente, uma diferena de estrutura psicolgica e orgnica, e, por esse motivo, no pode ser reduzida a um consenso comum atravs unicamente da discusso intelectual. De acordo com Jung, estes dois tipos nunca podem compreender um ao outro completamente. No obstante, o astrlogo humanstico deve ser capaz de entender que ambos estes pontos de vista representam, juntos, as duas metades de uma verdade completa, e deve aprender a usar tanto os trnsitos quanto as progresses.

    Em adio a esta predisposio psicolgica individual e inerente, h uma inclinao extroverso na civilizao Ocidental vista como um todo. Na chamada sociedade "moderna", os valores e o destino coletivos pesam excessivamente sobre cada indivduo, especialmente sobre aqueles que vi-vem em cidades grandes, onde a dependncia quase total do indivduo ao coletivo um fator dominante em sua vida. Uma sociedade tecnolgica planejada pelos extrovertidos e para eles - para pessoas que, por natureza, do a maior importncia s suas relaes com o mundo exterior. Portanto, no causa surpresa descobrir que a maioria dos astrlogos enfatize os trn-sitos e a predio de eventos, uma vez que o que se exige deles que lidem fundamentalmente com o mundo concreto e com o sucesso ou o fracasso exterior do indivduo - com tudo o que caro mentalidade extrovertida.

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  • Todavia, outra razo para a atual preferncia dos astrlogos pelos trnsitos, o desejo de ser reconhecido pela comunidade cientfica. Para esta, os trnsitos - as posies reais, dia aps dia, dos planetas -representam dados astronmicos, em oposio natureza puramente simblica de todas as modalidades de progresses e direes, e tm um sabor mais cientfico. Como o astrlogo interessado pelos eventos , com freqncia, um seguidor de algum sistema "cientfico" de pensa-mento, esta predileo pelos trnsitos parece lgica, mesmo que uma explicao cientificamente aceitvel de como o mapa natalcio perma-nece uma placa sensvel, capaz de registrar impactos planetrios durante toda uma vida, continue sendo, sempre, uma dificuldade praticamente insupervel.

    O astrlogo holstico no estuda o cu na esperana de encontrar maneiras de evitar as situaes indesejveis. Ao mesmo tempo, no pode deixar de salientar os trnsitos, assim como no pode ignorar o mundo exterior que eles representam. O estudo do desenvolvimento da persona-lidade uma avaliao sutil das progresses e dos trnsitos - do externo e do interno. O astrlogo humanstico deve compreender e usar os trn-sitos de uma maneira que difere fundamentalmente daquela do seu colega orientado para os eventos. Embora aceitando o fato de que todos ns es-tamos sujeitos s presses constantes do ambiente exterior, ele deve pres-supor que, enquanto indivduos, somos capazes de suportar essa presso se interiormente tivermos fora suficiente.

    O ESTUDO DOS TRNSITOS. Quando observado da Terra, a confi-gurao do sistema solar est em constante mudana. O termo "trnsitos" refere-se a essas mudanas - os dados astronmicos brutos que a astrologia procura interpretar. Por definio, "transitar" significa "mover-se ou passar por ou atravs de"; o Sol, a Lua e os planetas, todos se movem atravs do zodaco e cruzam pontos especficos de referncia. Na prtica, os astrlogos consideram os trnsitos principalmente no seu relaciona-mento angular com as posies natalcias do Sol, da Lua, dos planetas e dos ngulos do mapa de nascimento, embora no sentido mais estrito s necessitassem dar ateno passagem de um planeta sobre uma posio natacia - conseqentemente, conjuno.

    O astrlogo tradicional encara o mapa de nascimento como uma estrutura fixa que permanece imutvel durante toda a vida e usa os trn-sitos para explicar como a vida, a que o mapa de nascimento se refere, muda constantemente. Isto feito pelo clculo do aspecto entre o planeta

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  • que est transitando e a posio natalcia, convencionando que o trnsito causa mudanas na operao das funes do planeta natal. A natureza dessas mudanas , supostamente, determinada pelo carter do planeta que est transitando. Por exemplo: quando Mercrio, transitando, envia um aspecto a um planeta natal, dever ocorrer uma estimulao mental que intensificar as faculdades de raciocnio dessa pessoa. Um trnsito de Vnus dever causar uma intensificao da natureza sensvel, ao passo que se supe que Marte ative com energia um planeta com o qual entre em aspecto (clera ou agresso, se Marte visto como malfico). Um trnsito de Jpiter determinar expanso e trar oportunidades de de-senvolvimento e sorte e um trnsito de Saturno dever inibir ou restrin-gir (trazer m sorte ou prejuzo, se considerado malfico). Um trnsito de Urano inspirar, transformar ou trar mudanas radicais, enquanto que um trnsito de Netuno dever envolver a experincia num nevoeiro potico e trazer indefinio; e um trnsito de Pluto provoca, suposta-mente, um afastamento das tradies passadas.

    Neste ponto, o astrlogo poder se perguntar: Por que um planeta em trnsito dever, necessariamente, "produzir" algum efeito? A expli-cao tradicional das "influncias planetrias" postula que dentro de cada indivduo h "pontos sensveis", ou "centros", aos quais correspon-dem as posies planetrias da hora do nascimento; de algum modo, esses pontos sensveis so ativados pelos trnsitos. Esta hiptese a quin-tessncia da astrologia orientada para o evento. A tendncia aqui isolar, uns dos outros, cada aspecto de trnsito, o que poder ser um procedi-mento lgico, no caso de se estar procura de eventos muito especficos. Todavia, considerados deste modo, os eventos adquirem, quase que ine-vitavelmente, um colorido de predestinao, e o resultado desta abor-dagem pode ser assustador, tanto para o astrlogo como para o cliente.

    Quando um astrlogo observa que uma eclipse coincidir com seu retorno solar, ou que uma conjuno de planetas tradicionalmente ma-lficos formar uma quadratura com seu Sol natalcio, -lhe difcil evitar manifestaes de medo subconsciente, se no consciente. Quase todos os astrlogos antes de adotarem uma orientao humanstica, aprenderam os rudimentos de astrologia atravs dos manuais comuns e de profes-sores que enfatizaram o conceito da "influncia planetria". Este con-ceito, aceito por geraes de astrlogos, persistir no nvel inconsciente. Embora o astrlogo possa ser intelectualmente atrado para o huma-nismo, nos nveis sensveis mais profundos, estar ainda sujeito noo de

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  • "influncias". Desse modo, quando se observam tais trnsitos poderosos, e pelo fato de serem manifestaes objetivas e concretas daquilo que pode ser visto no cu, eles so sentidos como fenmenos fatdicos e inevitveis, 'por mais que o indivduo possa resistir a esse sentimento no nvel consciente .

    .seja l o que for que a pessoa possa tentar fazer no intuito de evitar o perigo projetado, ela no conseguir fazer com que o prprio trnsito desaparea. O trnsito ocorrer e ento, se a pessoa "acredita" realmente na astrologia, possvel que ocorra algum evento relacionado com os significados tradicionais doo eclipses ou dos planetas malficos. De outro modo, seria falsa a tese astrolgica de alguma forma de correspondncia entre os planetas e os homens. A astrologia no pode encarar a questo sob dois ngulos. Quanto mais os astrlogos enfatizarem as razes cien-tficas e impessoais das correspondncias astrolgicas, maior ser o perigo psicolgico potencial da consulta astrolgica.

    Contudo, a doutrina das "influncias planetrias" pode, realmente, ser chamada de cientfica quando no leva em considerao os fatos astronmicos na interpretao dos trnsitos? O trnsito refere-se a uma mudana astronmica que est, literalmente, tendo lugar no cu. Estas mudanas no tm nada a ver conosco intimamente, na qualidade de indivduos; de fato, elas ocorreriam mesmo se no existisse qualquer vida na Terra. A presena de planetas num determinado signo, conforme mos-trado pelas efemrides da data, em qualquer poca, s pode, portanto, referir-se a uma tendncia geral em ao na ocasio de seus trnsitos. A durao da tendncia varia de acordo com a extenso de tempo que um determinado planeta permanece num determinado signo. Alm disso, como todos os planetas esto se movendo continuamente em velocidades diferentes e formando, entre si, aspectos no cu, criam uma configurao complexa que muda continuamente e que deve ser interpretada como um todo. Por essa razo, a tendncia dos principiantes, dos manuais astrolgicos e de muitos astrlogos profissionais, de isolar cada aspecto de cada planeta em trnsito para cada planeta ou ngulo natalcio e de estudar a todos isoladamente, nunca fornecer uma imagem da realidade da vida.

    Assim como a configurao celeste em perptua mudana um fato, tambm fato que um indivduo constitui parte do mundo que o rodeia e que seu destino individual influenciado pelas tendncias gerais pre-sentes em qualquer momento dado. Por essa razo, o indivduo deve,

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  • eventualmente, relacionar-se com fatores coletivos - com a maneira pela qual as pessoas, em geral, tendero a pensar, sentir ou agir. Quando planetas em trnsito influem no seu mapa solar ou de nascimento, esse indivduo estimulado por uma tendncia geral; e, quer ou no, estar sujeito a presses do coletivo. O que ocorre em conseqncia disso no est diretamente relacionado com o destino de sua vida individual -no se trata da exteriorizao de uma fase do seu desenvolvimento in-dividual, mesmo que isso possa mudar a sua vida individual_ Esta ltima possibilidade mais provvel de ocorrer quando as progresses e os trn-sitos apontam para a mesma direo.

    Os trnsitos chamam a ateno para o fato de que os indivduos no vivem num vcuo. Ningum pode se isolar do universo. A pessoa obrigada a reagir de algum modo a todas as mudanas no mundo social, cultural e poltico, assim como, tambm, s mudanas na bioesfera. A tarefa do astrlogo humanstico de reagir ao universo - aos trn-sitos - de uma maneira individualizada, e deve mostrar aos seus clientes como agir da mesma maneira. Ningum obrigado a seguir passivamente alguma tendncia coletiva predominante em virtude de algum trnsito que esteja agindo nessa ocasio . .os resultados, ento, dependero da sua condio subjetiva e da sua capacidade de resistir s presses externas.

    Por essa razo, a astrologia humanstica enfatiza o princpio de que no necessrio considerar um trnsito supostamente "mau" como indicao do impacto de uma fora exterior em relao ao homem. Em-bora a situao astrolgica possa estar correlacionada ou sincronizada com um evento que tenha uma causa externa - sofrer um acidente de trnsito, estar num avio que seqestrado, envolver-se numa desordem de rua tm perder o emprego devido falncia da empresa -, no se deve ter como certo que a configurao astrolgica se refere ocorrncia no seu aspecto externo. O astrlogo humanstico encara a configurao astrolgica como referindo-se quilo que ocorre no interior do indiviuo. A sua reao interna que importante, seja qual for o evento externo. A predio exata no importante, mas antes, a criao, no interior do indivduo, de uma atitude positiva, corajosa e consciente em face de uma experincia que necessria ao seu desenvolvimento psicolgico e espiritual. Seja qual for a crise exterior, ela deve ser compreendida como uma fase de amadurecimento necessria. Com muita freqncia, a pessoa no pode mudar a situao externa; portanto, o que importa a maneira como ela a enfrenta e o significado que d experincia.

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  • A nica liberdade verdadeira que existe est na capacidade do indivduo de dar s suas crises o significado de desenvolvimento e realizao ou o significado de desesperanada frustrao e desintegrao. Ns, e no os planetas, somos os responsveis pelos resultados de todos os confrontos da vida. A tarefa do astrlogo, portanto, no consiste em dedicar-se a alguma espcie de orculo, mas antes, em ajudar outras pessoas a obter uma compreenso mais lcida do seu potencial natalcio e a alcanar sua estatura completa como seres maduros e espiritualmente irradiantes.

    psicologicamente importante que se evite enfatizar qualquer trnsito isolado, particulrmente os que so chamados de "maus". Na abordagem humanstica d-se preferncia ao estudo das tendncias, em lugar dos eventos - ao estudo das fases dc/icas, em lugar dos aspectos friamente definidos. O humanismo dirige-se antes ao total destino da vida do que a um assunto especfico, considerado fora do contexto da vida como um todo. Praticar astrologia desta maneira no far de ningum um surpreendente ledor da sorte, mas essencial quando se pretende prestar aos outros - e a ns mesmos - uma assistncia psicolgica judi-ciosa e significativa.

    OS TRNSITOS E A CONFIGURAO NATAL. O mapa de nascimento uma descrio dos trnsitos no momento do nascimento, conforme so vistos a partir de um ponto especfico na Terra. Relaciona-se com o movimento contnuo dos planetas, do mesmo modo eomo cada instante sucessivo do tempo presente relaciona-se com o todo do Tempo - passado e futuro. Uma vez que a configurao planetria do instante do nascimento revela quem e o que essa pessoa potencialmente, qualquer modificao nessa configurao uma distoro desse ser essencial. No livro The Practice of Astrology, * Dane Rudhyar explica este aspecto do problema do indivduo ao enfrentar os trnsitos. Ele observou que, conforme os planetas vo se movendo no cu, depois do nascimento, a distoro toma-se cada vez mais generalizada, exceto nas ocasies em que os mesmos aspectos entre certos planetas, encontrados no mapa de nascimento, so repetidos. no cu, ou quando um planeta retoma para a mesma posio que ocupava no nascimento.

    * Cap.lO, pp. 103-13. Publicado por Servire, Holanda, 1968. Traduo em portugus, A prtica da astrologia, Ed. Pensamento, 1985.

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  • Para ilustrar este ponto, podemos tomar o exemplo de um mapa de nascimento com uma conjuno de Marte e Jpiter. Neste exemplo, o carter e o propsito do relacionamento Marte-Jpiter so defInidos como uma conjuno. A vida, porm, conforme refletida no cu dia aps dia, tender a alterar esta de fmio , mudando progressivamente esse relacio-namento, de uma conjuno para um sextil, depois para uma quadratura, um trigono e assim por diante. Desse modo a vida e o mundo exterior, conforme descritos pelos trnsitos, tendem a desequilibrar a confIgurao bsica da individualidade. Quando, por outro lado, Marte e Jpiter voltam para suas posies natais - Marte a cada dois anos e Jpiter a cada doze anos -, haver um fortalecimento da individualidade natalcia Marte-Jpiter, no momento em que a configurao do instante do nascimento toma a ser enfatizada. O mesmo se poder dizer quando ocorrer uma con-juno Marte-Jpiter, ambos em trnsito. Este reforo de uma confIgurao natalcia por um trnsito, no resultar necessariamente num evento. No nvel psicolgico, porm, dar ao indivduo a sensao de que possui liberdade para ser o que ele - uma sensao de que o mundo exterior concorda com sua experincia interna do Eu.

    Um exemplo disto uma pessoa nascida com Marte em ries. Essa colocao natal revela uma caracterstica tendncia para um tempe-ramento impetuoso, pioneiro, que ser conservada durante a vida inteira. Tal pessoa, provavelmente, ter fortes poderes de iniciativa, uma natu-reza ferozmente competitiva, ser impaciente ante os obstculos e ter um temperamento bastante explosivo. Poder tambm dirigir um carro um pouco mais depressa do que a maioria das pessoas. Algumas dessas caractersticas naturais no so perdoadas pela sociedade - "No bonito perder acalma", "No empurre", " ilegal dirigir muito depressa". Estas so as regras com as quais ela ter que entrar num acordo, mesmo que sejam estranhas sua natureza bsica. A cada dois anos, Marte transitar pelo signo de ries. Esta nfase em ries, durante um ms e meio (em mdia), ir referir-se a uma tendncia geral das reaes humanas no mundo inteiro, na medida em que a funo de Marte est envolvida. Natural-mente, isto no signifIca que todos iro correr por a afora impetuosa-mente, brigando, empurrando ou zangando-se. Haver, porm, uma ten-dncia geral para as exploses irritadas e quilometragem mais elevada nos velocmetros; e o indivduo com um Marte natalcio em ries ajustar-se- facilmente confIgurao geral.

    OS CICLOS GENRICOS. Independentemente dos aspectos que os planetas em trnsito formam com os planetas e com os ngulos. de

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    UM CICLO G~RICO DE TRNSITO

    Quadratura Minguante, dirigida localizao natal

    o esforo para um novo para externar, de- tipo de atividade

    monstrar ou dar pu- dever agora se transfor-blicidade a qualquer mar numa percepo

    coisa que tenha sido feita consciente e objetiva e nu-desde o comeo do ciclo ma realidade concreta, a me-

    tende aqui a despertar crticas, nos que a atividade constru-antagonismos. Necessidade de tiva da quadratura crescente

    consolidar a posio, de en- tenha tenninado em fracasso, frentar a oposio, de esclare- ou que a pessoa no tenha

    cer as idias, de fonnul-Ias sido capaz de romper com-melhor. Reorientao. pletamente com o passado.

    Impulso para usar a Uso decisivo da vontade funo planetria de uma para transfonnar o novo nova maneira, em conse- impulso numa realidade qnci das experincias concreta. Necessidade de

    ocorridas no ciclo anterior. romper com o passado nos nveis fsico, social ou mental. Crise na ao.

    Quadratura crescente, dirigida localizao natal

    um mapa de nascimento, o astrlogo pode tambm isolar um planeta especfico e estudar o seu ciclo individual, relacionando esse planeta em trnsito com sua prpria posio natal. Cada "retorno" de um planeta em trnsito sua posio natal simboliza um novo comeo, que estar de acordo com a natureza desse planeta. Tendo absorvido as lies do ciclo anterior, o retomo um degrau ascendente na escada do desenvol-vimento, levando a um nvel novo e mais elevado. Somente quando as lies do ciclo anterior deixaram de ser aprendidas, ou quando no se efetuou o desenvolvimento necessrio, que o novo ciclo se constitui

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  • numa bizarra repetio de si mesmo. Estes so chamados de ciclos "ge-nricos", porque se relacionam especificamente com O gnero homo, que significa HOMEM; e as crises que eles descrevem so aquelas comuns a todos os seres humanos em virtude do fato de terem alcanado uma idade especfica. O ponto de partida para um ciclo genrico a posio natal, e no curso de uma vida de 84 anos de durao todos os planetas, exceo de Netuno e PlutlIo, faro pelo menos um circuito completo do mapa de nascimento e voltaro sua posilIO natal.

    Os ciclos genricos no descrevem eventos externos, mas sim os estgios de um processo interior de amadurecimento, desenvolvimento e deteriorao, especificamente relacionados com a natureza dos planetas. Embora as cnses que descrevem sejam geralmente dolorosas - quer fisi camente, como no caso do nascimento dos nossos primeiros dentes, quer emocionalmente, como nas sensaes da adolescncia -, so no somente naturais mas tambm fases necessrias ao desenvolvimento. Estas so as crises das quais as pessoas tanto se queixam e sobre as quais no tm o mnimo controle; pois, mesmo com a adoo de medidas extraordi-nrias, o indivduo no tem nenhuma possibilidade de evitar o fato de ter de passar por elas, exceto se morrer.

    OS TRNSITOS E AS CASAS. Quando se estuda um trnsito em relao com o propsito bsico da vida de um indivduo - tendo por objetivo dizer como a pessoa dever usar esse planeta de uma maneira individualizada -, importante relacionar o trnsito com o mapa de nas-cimento da prpria pessoa. Desde que todos aqueles nascidos num deter-minado dia tero aproximadamente o mesmo mapa solar, e todos os nas-cidos no mesmo instante tero exatamente o mesmo mapa solar, a caracte-rstica especificamente singular e individual de um mapa de nascimento a cruz do Horizonte e dos Meridianos e as Casas do mapa natal. Estes ngulos no dependem somente da data e do instante do nascimento, mas tambm da localizao geogrfica. por isso que o astrlogo huma-nstico considera as Casas como o fator isolado mais importante na des-crio dos valores individuais. Uma abordagem verdadeiramente pessoal dos trnsitos tem que ser feita no contexto dos quatro ngulos do mapa natalcio.

    De todas as Casas, a Primeira Casa a mais individual. Por esta razo, o ciclo individual de um planeta comea quando esse planeta tran-sita o Ascendente pela primeira vez. O que quer que acontea antes que um planeta alcance o Ascendente pela primeira vez referir-se- a uma

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  • espcie de fase "pr-natal" ou preparatria, em termos da funo desse planeta. Somente quando o planeta alcanar o Ascendente que as ener-gias a ele associadas comearo a se afirmar gradualmente, de uma ma-neira individualizada, no destino-vida dessa pessoa. A poca desses incios cclicos variar de acordo com a posio da Casa natal do planeta e sua velocidade. Na maioria dos casos, o primeiro planeta a transitar o As-cendente ser a Lua. Este trnsito ocorre em alguma ocasio durante os primeiros vinte e oito dias de vida e expressa a primeira emergncia da personalidade na forma de uma percepo do Eu. O Sol e os planetas at Saturno, e inclusive Saturno (isto , aqueles planetas que so visveis no cu), transitaro o Ascendente em alguma ocasio durante os pri-meiros vinte e oito anos de vida, enquanto que Urano poder levar at 84 anos para cruzar o Ascendente. Netuno e Pluto movem-se to lenta-mente que podero no chegar a transitar o Ascendente durante toda a durao de uma determinada existncia. Portanto, no caso de Urano, Netuno e Pluto, a reao individualizada aos seus desafios comellr na ocasio em que eles alcanarem o primeiro ngulo do mapad~ ~ ..sci-mento, durante sua passagem atravs do zodaco.

    OS TRNSITOS E OS QUADRANTES. O eixo do Horizonte e do Meridiano dividem o mapa de nascimento em quatro quadrantes. Dane Rudhyar estabeleceu uma correspondncia entre esses quatro setores do mapa de nascimento e as quatro estaes do ano.* O Ascendente corresponde ao solstcio de inverno; o Nadir, ao equincio da primavera; o Descendente, ao solstcio de vero; e o Meio-Cu, ao equincio do outono. Conseqentemente, um planeta em trnsito, passando do As-cendente para o Descendente, mover-se- atravs de seis Casas que re-presentam o Norte do mapa. Este movimento paralelo ao movimento do Sol em dire:o ao Norte, na declinao do solstcio de inverno para o solstcio de vero. O planeta em trnsito, ento, passa a subir para o Meio-Cu - o ponto Sul do mapa - e torna a voltar para o Ascendente. Os astrlogos humansticos, portanto, descrevem os quatro quadrantes do mapa de nascimento como quartos de inverno, primavera, vero e outono.

    Rudhyar deu um significado geral aos trnsitos atravs de cada um destes quadrantes. Este significado ser modificado, naturalmente, de

    Revista AmericD/I Astrology, ago. 1942.

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  • o SIGNIFICADO DOS QUATRO QUADRANTES

    M.C.

    ~

  • ou experimentado durante o ciclo que acaba de terminar, especialmente o que se relaciona com as experincias externas, sociais, que marcaram sua ltima metade. O amadurecimento interno e subjetivo e nada, absolutamente nada, poder se mostrar na superfcie. Embaixo, nos alicerces do antigo ciclo, novos poderes, novas faculdades e um novo

    ~iclo do destino esto sendo preparados. A funo planetria dever agora ser usada de uma forma ainda mais consciente, luz do novo de-senvolvimento pessoal - para iluminar e esclarecer o senso do indivduo a respeito de quem e do que ele realmente . Este o desafio bsico de um trnsito atravs do primeiro quadrante. O trao predominante do perodo : Crescimento em substncia essencial.

    O Quarto da Primavera: Conforme um planeta cruza o Nadir e se move atravs da 4~, 5~ e 6~ Casas, as atividades interiores da sua fun-o-vida so adaptadas s novas e atuais necessidades d personalidade e do destino. Agora elas comeam a mostrar resultados externos. O que era subjetivo toma-se, a partir de ento, objetivo, do mesmo modo que as sementes que germinaram durante o inverno brotam e crescem na primavera. Novas formas de usar essa funo planetria so descobertas, aprendidas e dominadas. Estes so as ferramentas que mais tarde" capaci-taro o indivduo a manifestar plenamente essa funo-vida. Em adio manjfestao nos nveis internos e puramente pessoais, biolgicos e psicolgicos, a nova expresso da funo-vida afetar tambm os nveis sociais. A nova funo planetria dever agora ser usada numa exterio-rizao cada vez mais expansiva. O trao predominante deste perodo : Crescimento em capacidade.

    O Quarto de Vero: Quando um planeta se move atravs da n, 8~ e 9~ Casas do mapa de nascimento, as novas capacidades que fo-ram desenvolvidas no decorrer do quarto anterior do ciclo de trnsito cristalizam-se nitidamente atravs da ao social. A pessoa agora tem as ferramentas e deve empreg-las com crescente percia e eficincia. Conforme o indivduo as utiliza no seu relacionamento com o mundo objetivo, perceber, -cada vez mais claramente, a funo que esse planeta desempenha em sua prpria personalidade. Ser capaz de usar esta funo conscientemente, a fim de favorecer seu destino exterior. Sua atividade social dever tornarse cada vez mais distintiva e personalizada. O ponto alto, neste processo de crescimento, alcanado quando o planeta em trnsito chega ao Meio-Cu. O trao predominante para este perodo : Crescimellto em funcionamento.

    35

  • o Quarto de Outono: Esta a poca da colheita. Depois que o MeioCu natal alcanado e o planeta em trnsito move-se atravs da 1 O~, 11 ~ e 12~ Casas, a operao externa e social dessa funo plane-tria publicamente reconhecida. Este reconhecimento trar vantagens sociais ou retribuies quele que a est usando. Agora ser colhido tudo o que tiver sido semeado pelo esforo pessoal (ou pela ausncia de es-foro) durante as fases anteriores do ciclo. Os esforos sero julgados e recompensados segundo o padro de valores da sociedade nessa ocasio. Neste quadrante, o indivduo encontra os resultados das suas aes pas-sadas e deve aceit-los no intuito de extrair deles o significado essencial do sucesso e do fracasso. Sejam quais forem os frutos - positivos ou negativos -, eles que decidiro qual o rumo que o novo ciclo ir tomar. A semente do ciclo futuro formada aqui. Quando o Ascendente alcan-ado, experimenta-se uma espcie de "Dia do Juzo". A semente do novo ciclo semeada e a direo e o significado do novo ciclo so assentados. Quer consciente, quer inconscientemente, em liberdade ou escravizado ao passado, o novo ciclo comea. O trao predominante deste perodo fmal : Crescimento em influncia.

    Em adio sua dimenso em termos de desenvolvimento, ca~:.quadrante refere-se tambm a uma funo psicolgica bsica.' A corres-pondncia humanstica, estabelecida por Rudhyar em The Astrology of Personality, liga o Ascendente intuio, o Nadir ao sentimento, o Descendente sensao e o Meio-Cu ao pensamento. Conseqente-mente, toda vez que um trnsito acentua um ngulo ou um quadrante especfico, haver uma nfase correspondente no uso da funo psico-lgica a ele ligada. Isto se aplica a todos os planetas, inclusive ao Sol e Lua em trnsito. Dever ser prestada uma ateno especial Lua nova em relao com o desenvolvimento consciente da funo relacionada com o quadrante natalcio com o qual ela coincide. Este tipo de interpretao dos quadrantes pode ser usado para dar um significado pessoal aos ciclo~ de trnsito genricos, pois ele se baseia no mapa de nascimento individual. Acrescente-se a isso que, durante certos perodos da vida, uma das quatro funes psicolgicas bsicas pode passar a ter uma importncia especial em virtude de mltiplas nfases planetrias no mesmo quadrante, e o seu desenvolvimento, nessa ocasio, dever ser conscientemente observado.

    O CICLO DA VIDA - A ABORDAGEM HoLSTICA. Qualquer estudo srio dos ciclos de trnsito, na vida de uma pessoa, exige que o astrlogo elabore um mapa de todos esses ciclos para a vida inteira -

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  • isto , para uma vida com um perodo de durao de 70 a 84 anos. Deste modo, pode-se determinar os pontos culminantes dessa vida e tambm o espao de tempo entre eles. No se deve esquecer que o potencial de qualquer ciclo de trnsito atual condicionado por aquilo que aconteceu ou se realizou durante o ciclo anterior. O ciclo passado - a poro de vida que foi vivida - deve ser analisado antes que se possa chegar a uma compreenso de qualquer situao atual. A vida inteira deve ser o pano de fundo sobre o qual qualquer momento particular ser examinado.

    Como Netuno e Pluto no podem completar seus ciclos durante o perodo de tempo de uma vida, deve-se comear anotando os quadrantes do mapa que sero enfatizados pelos seus movimentos de trnsito, assim como os aspectos maiores que eles formaro no mapa de nascimento durante a vida inteira. O quarto do mapa mais enfatizado pelo trnsito de Pluto indica a esfera na qual o universo, ou a sociedade, ir impor ao indivduo suas exigncias mais fundamentais. Aponta tambm a rea da vida na qual o indivduo pode dar sua contribuio mais significativa s necessidades da poca. Os quadrantes do mapa de nascimento acen-tuados pelo trnsito de Netuno indicam as esferas em que os padres de comportamento do ego consciente sero questionados ou se dissolvero sutilmente atravs da presso de valores e eventos coletivos.

    Como Urano pode levar uma vida inteira, ou mais, para completar o seu ciclo, o uso verdadeiramente individualizado da funo deste planeta medido a partir da idade na qual o planeta alcana, pela primeira vez, um ngulo do mapa de nascimento. Se, por exemplo, a posio natal de Urano na 4~ Casa, ento o ciclo individual s comear quando ele, em trnsito, alcanar o Descendente. Neste caso, ser particularmente im-portante o significado do quarto de vero, como fonte de inspirao uraniana para o indivduo.

    Os ciclos de Saturno e de Jpiter comeam a ter uma significao verdadeiramente individual aps alcanarem o Ascendente pela primeira vez. Os anos que se estendem do nascimento at esse momento cons-tituem o perodo durante o qual estes planetas "agem" como influn-cias hereditrias, familiares ou sociais sobre o indivduo em crescimento. Contudo, a idade da pessoa, na ocasio em que estes planetas alcan-am o Ascendente pela primeira vez, constitui um importante fator a considerar, pois, normalmente, no se pode falar de "uso individual" de Saturno ou de Jpiter quando o contato com o Ascendente ocorre na pri-meira infncia. Por causa deste fato, os estudos dos ciclos genricos

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  • (conseqentemente, no-individuais) de Saturno e Jpiter so extrema-mente importantes.* Nestes ciclos de 30 e de 12 anos, as fases criticas do desenvolvimento so marcadas pelas quadraturas e pelas oposies for-madas pelos trnsitos assim como pelo retomo posio natal.

    Uma vez que Jpiter e Saturno sempre devero ser estudados em relao mtua, devemos observar onde caem, no mapa de nascimento, as conjunes, as quadraturas e as oposies formadas pelos seus trnsitos. As conjunes so indicaes especialmente importantes para o padro bsico do relacionamento de uma pessoa com ambos os seus destinos, social e nacional. Elas ocorrem a intervalos de 20 anos, de modo que, normalmente, h pelo menos trs delas no tempo de durao normal de uma vida. Especialmente no caso de pessoas envolvidas com o pblico, deve-se observar as quadraturas e oposies formadas pelos trnsitos, par-ticularmente em funo das Casas natais envolvidas; e, alm disso, onde as conjunes e as oposies, por trnsito, de Jpiter-Urano, Jpiter-Ne-tuno, Saturno-Urano e Saturno-Netuno caem no mapa de nascimento, como tambm as posies, na Casa, das fases crticas ocorridas no ciclo Urano-Netuno. Finalmente, o astrlogo dever estudar tambm os eclipses e os ciclos nodais, alm dos ciclos retrgrados, freqentemente repetidos, dos planetas que se movem com maior velocidade: Mercrio, Vnus e Marte. Todos estes fazem parte do desenvolvimento cclico do ser, con-forme relacionado com os trnsitos.

    O fator idade a base para a interpretao de todos estes ciclos de trnsito_ A idade de um indivduo, na ocasio das fases crticas que ocorrem nos ciclos de trnsito, oferece uma indicao fundamental a respeito da maneira como devero ser interpretadas estas crises. Fazendo um mapa das fases crticas de todos os ciclos de trnsito de acordo com os ciclos de 7 anos, que sero mencionados posteriormente, e de acordo com a idade em que eles ocorrem, o astrlogo obter uma imagem com-posta, muito reveladora, da vida como um todo. Os relacionamentos mostrados por um estudo deste tipo so da maior importncia na com-preenso de um problema ou de uma crise atual e passaro totalmente despercebidos se o astrlogo s estiver atento aos eventos ou for pre-guioso demais para antecipar sua observao para mais um ano ou dois a partir da data da consulta. Acima de tudo, na astrologia humanstica o

    * Este ponto explicado pormenorizadamente no Cap. 6, "O Ciclo de Saturno".

    38

  • indivduo tem liberdade para realizar o seu prprio destino. Melhor do que ditar inevitabilidades contra as quais a pessoa impotente, a astrologia deve oferecer-lhe uma gama de possibilidades que lhe permitam fazer uma escolha. A astrologia pode revelar possibilidades, e no certezas; e quanrlo se interpreta um mapa de nascimento no se deve prometer nada. A astrologia humanstica passa a ser ento um adestramento na tomada de decises interiores - na seleo daquilo que escolhemos ser dentro daquilo que, potencialmente, poderemos vir a ser.

    39

  • II

    o FATOR IDADE

    Na abordagem humanstica, os eventos s so importantes no con-texto do significado que lhes atribudo por um indivduo. Este contexto de significado est diretamente relacionado com a idade desse indivduo na ocasio do evento, e dela depende - pois a idade o "recipiente" no qual esto contidas as experincias da vida. Um evento exatamente igual, ocorrendo em momentos diferentes da vida, ter um significado completamente diferente. Considere-se, por exemplo, a experincia de ficar trancado acidentalmente num banheiro. Tal experincia poder muito bem ser profundamente traumtica para uma criana de dois anos de idade, ao passo que um adulto provavelmente a achar divertida ou irritante.

    Embora a maioria dos astrlogos compreenda, pelo menos em teoria, que as progresses e os trnsitos devem ser considerados em relao com a idade do cliente, na hora de interpretar realmente um mapa de nasci-mento freqentemente ignoram a idade e procedem leitura do mapa da maneira como foram ensinados - isto , seguindo o mtodo do manual da cozinheira; simplesmente ignoram como empregar o fator idade. A maioria dos textos astrolgicos desconhece o fator idade, talvez porque os escritores o considerem bvio demais para ser mencionado ou, mais provavelmente, porque omiti-lo uma necessidade editorial. Por exemplo, um texto padro, de 300 pginas, talvez pudesse chegar a 3.000 pginas, ou mais, se o "significado" de cada aspecto fosse apresentado em funo das diferentes idades nas quais poder ser experimentad. Um segundo problema, talvez mais fundamental, reside na amplitude da experincia do astrlogo. Grande nmero dos clientes de um astrlogo normalmente ter nascido na mesma poca que ele. Deste modo, noventa por cento de seus clientes pertencero a um nico grupo de idade - o seu. Como,

    40

  • ento, possvel esperar que ele tenha um conhecimento do ciclo da vida mais amplo do que a sua prpria experincia da vida? Se um estudante de astrologia no pode se voltar para livros nem para professores, ou nem mesmo para a experincia da sua prtica astrolgica, a fim de apren-der sobre o fator idade, para onde ele pode se voltar? A moderna psico-logia profunda fornece uma fonte: a obra de Carl Jung.*

    O CICLO DA VIDA. Uma viso holstica da vida fundamental para qualquer discusso ou interpretao do fator idade. Precisamos ver que a prpria vida um ciclo e que seus diferentes perodos representam, simplesmente, fases desse cicIo. Do mesmo modo que as fases da Lua, o ciclo da vida tambm tem uma metade crescente e uma metade min-guante. Portanto, um erro presumir, como fazem muitas pessoas, que o significado da vida termina com o perodo de juventude e expanso. A metade minguante da vida to cheia de significado quanto a metade crescente, mas o significado muda. Os astrlogos devem considerar essa diferena entre os problemas da juventude e aqueles da idade mais avan-ada, e devem reconhecer que no podem ser solucionados da mesma maneira. A juventude, a onda ascendente da vida, basicamente extrover-tida, uma poca de crescimento e expanso em todos os nveis de desen-volvimento - fsico, mental, emocional e social. Os problemas desta poca da vida so problemas extrovertidos - educao, casamento (e divrcio), filhos, dinheiro, posio social, carreira e sexo. O desafio con-siste em fazer desaparecer as barreiras para a expanso em todos esses nveis, e isto exige solues extrovertidas - isto , ao no mundo fsico! material.

    Depois de um perodo simblico da Lua cheia, tem incio a onda da vida descendente. Os problemas desta segunda metade da vida so introvertidos e h necessidade de uma reavaliao de todos aqueles valores apreciados durante a primeira metade. Tornase necessrio avaliar a impor-tncia de ideais opostos queles da juventude. O desafio tornarse cada vez mais objetivo em relao quilo que parecia importante durante a primeira metade da vida. Os valores tornam-se menos absolutos. Tudo o que humano relativo porque, psicologicamente, tudo se apia numa

    Particularmente o vaI. 8 das Obras Completas de C. G. Jung: The Structure and Dynamics of the Psyche, pp. 387403, "The Stages of Life".

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  • polaridade interior de valores. Este axioma uma das bases do simbolismo astrolgico, assim como da psicologia junguiana, e tambm deveria ser fundamental para a interpretao astrolgica. Muitos problemas psico-lgicos que surgem na segunda metade da vida derivam do que ficou incompleto ou foi omitido durante a primeira metade. A tentativa de prolongar a juventude uma conseqncia de no se haver experimentado realmente a juventude na poca apropriada. Assim como deveria ser claro que a metade minguante do ciclo de vida no uma poca para preocu-paes extrovertidas, deveria ser igualmente bvio que a metade crescente no uma poca para preocupaes introvertias. "Para todas as coisas h uma estao, e h um tempo para cada propsito sob o cu ... "

    A ESTRUTURA GENRICA DA VIDA. H duas maneiras distintas de abordar o fator idade. A mais familiar aos astrlogos consiste em traar os ciclos planetrios individualmente, interpretando suas fases em relao energia planetria especfica. Embora haja muito a se ga,nhar atravs de tal estudo, deve-se lembrar que todos os planetas esto se movendo ao mesmo tempo. A astrologia holstica no se encaminha somente para uma viso holstica do mapa de nascimento e do indivduo que ele repre-senta, mas tambm para uma viso holstica do sistema solar. A concen-trao no ciclo de apenas um planeta produz uma perspectiva mal-equi-librada.

    A segunda abordagem consiste em estudar a estrutura genrica da vida humana atravs do estabelecimento dos estgios de desenvolvimento individual, que normalmente podem ser esperados, exclusivamente ba-seados na idade e sem levar em conta quaisquer fatores astrolgicos. Este estudo, na verdade, deveria preceder o primeiro, uma vez que estabelece a base genrica para a interpretao individualizada das progresses e dos trnsitos; sem esta informao tais interpretaes jamais podem ter uma utilidade real ou ser essencialmente significativas num sentido individuali-zado. Ela no s coloca em perspectiva os problemas atuais do cliente, mas d tambm uma dimenso de significado adicional s experincias ou eventos passados, que podero ter levado crise presente.

    A maior importncia desta estrutura genrica que ela existe tanto para a psique como para o corpo e opera num nvel inconsciente em cada indivduo, por mais singular que este possa sentir-se. Esta estrutura ps-quica comum aquilo que Jung chama de "Inconsciente Coletivo", e que Rudhyar chama de "a alma genrica existente em todos os homens, a qualidade humana que a base comum da qual nascem at mesmo

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  • Correspondncias Astrolgicas Mais Importantes com o Fator Idade

    Idade

    7 12 14 19-21 24 27+ 28

    29~ 30

    36

    38-42

    44 47 48 51

    55

    56

    59-60

    63 65 66

    Quadratura crescente de Saturno com seu local do nascimento_ 1

  • 72 75

    80

    82-83 84

    6? retomo de Jpiter ao seu local do nascimento. Incio do 5? ciclo nodal; 3~ oposio de Saturno ao seu local do nascimento.

    3~ quadratura minguante de Saturno com o seu local do nas-cimento. 2? retomo da Lua progredida ao seu local do nascimento. Urano retoma ao seu local do nascimento; 7? retomo de J-piter ao seu local do nascimento; inverso da posio dos nados lunares.

    os mais exaltados rasgos de devoo e de imaginao criativa, os mais sutis reflexos de misticismo e arte". * Esta estrutura genrica do destino humano pode ser conhecida e, juntamente com uma compreenso dos ciclos individuais de amadurecimento, revelados pelas progresses e pelos trnsitos, possvel chegar-se a um conhecimento do Eu com uma profun-didade de significado raramente encontrada. O processo simples; todavia, como acontece com todas as coisas basicamente simples, a compreenso real daquilo que revelado por este processo exige uma reflexo cuida-dosa e um profundo senso de avaliao psicolgica.

    O CICLO DE SETE ANOS. Rudhyar sugeriu que o desenvolvimento completo do homem, como uma personalidade individual terica e arque-tipicamente considerada, leva 84 anos - um ciclo completo de Urano. H muitas maneiras de se dividir este ciclo. Os sete perodos de 12 anos e os doze perodos de 7 anos sero tratados pormenorizadamente no Captulo 5, "O Ciclo de Jpiter", e no Captulo 8, "O Ciclo de Urano". Adicionalmente, este ciclo de 84 anos pode ser dividido em trs perodos de 28 anos cada, que correspondem aproximadamente aos ciclos genricos de Saturno e sero abordados detalhadamente no Captulo 6, "O Ciclo de Saturno". Cada perodo de 28 anos corresponde a um nvel essencial de desenvolvimento da personalidade - o hereditrio, o individual e o espiritual. Porm, como a maioria das pessoas nunca chega muito alm do primeiro nvel, ou o hereditrio, e raramente vive uma vida verdadeira-mente "individual", Rudhyar preferiu concentrar a anlise sobre o ciclo mais tradicional, de 70 anos, que contm dez perodos de sete anos.

    * Revista American Astrology, jan. 1942.

    44

  • o ponto divisrio o trigsimo quinto ano. At essa idade, a mar da fora de vida sobe e, a partir da, comea a retroceder. Este declnio da foravida um fato bem conhecido no reino dos esportes e da aviao; e de acordo com as doutrinas esotricas, depois do 36
  • do ego; rejeitar todas as coisas estranhas, ou submeter essas coisas nossa vontade; no fazer nada, ou satisfazer o nosso prprio anseio de prazer e poder".*

    Em cada metade do ciclo de 70 anos h cinco perodos de 7 anos que descrevem o fluxo da fora-vida e estabelecem cinco nveis de inte-grao, denominados por Rudhyar de: fisiolgico, volitivo, psicolgico, social e espiritual-pessoal. Estes nveis correspondem aos vrios "corpos" da doutrina esotrica: fsico, etrico, emocionalmental, bdico e espi-ritual. De acordo com este conceito, a tarefa do indivduo consiste em trabalhar com as foras de integrao conforme elas operam, sucessiva-mente, em cada nvel. Para se tomar uma personalidade criativa e com-pleta, ele deve tentar assimilar e integrar, em si mesmo, o mais que puder do universo, ou seja, no apenas o alimento fsico, mas tambm a cultura e a sabedoria das geraes passadas e a substncia social dos seus rela-cionamentos - desde sexuais at polticos. Se esta integrao eficiente-mente realizada, o esprito descer para a personalidade integrada por volta do 35'? aniversrio. O resultado de uma tal visitao do esprito, caso ela venha a ocorrer, tomar-se- manifesto durante a segunda metade da vida (e, ainda por cima, num profundo nvel inconsciente, no sendo percebido pela percepo consciente), A verdadeira integrao da perso-nalidade resulta numa vida cada vez mais criativa e luminosa, que irradia viso, poder sereno e significado, e na capacidade de conduzir outras pessoas para uma integrao maior e um viver mais nobre.

    Durante a segunda metade da vida, o indivduo retoma exatamente sobre seus prprios passos, como se a "reao" se adaptasse fielmente ao padro de "ao" estabelecido pela pessoa jovem durante os 35 anos da mar crescente devitalidade. H um relacionamento direto, por exem-plo, entre o perodo que vai da idade de 14 a 21 anos e o perodo dos 49 a 56 anos. Ambos os perodos correspondem ao nvel psicolgico de desenvolvimento emocional-mental. Este relacionamento poderia ser chamado de crmico, no sentido de que o comportamento do jovem tende a condicionar o caminho no qual se desenvolvero a conscincia e as reaes sociais e pessoais do adulto prestes a ingressar na velhice. Os sucessos e os fracassos, os temores e os nobres confrontos experimentados

    * Jung, C.G., vol. 8: The Stagesof Life. p. 393.

    46

  • - - _.~ __ ,":"~4'"_~- --.,,- --_ .. -,.. ~"., -- '~- -~." _.- -- --''''- --..,..",--,..... ._- ....... _-.-o Hemiciclo Crescente

    5~ Fase, Idade: 28-35 berao do talento criativo da per-sonalidade. Possibilidade de um "se-gundo nascimento" como uma se-mente criativa para o futuro. Nega-tivamente, cristalizao progressiva da atitude pessoal em funo de padres sociais e ancestrais.

    4~ Fase, Idade: 21-28 Escolha da companhia e do prprio tipo de participao social. Estabele-cimento da atitude bsica para com fi os frutos {> passado pessoal e scio- 21 cultural. Rebelio contra a famlia e/ou contn a sociedade. A\.

    3~ Fase, Idade: 14-21 ' \ Desenvolvimento das faculdades emo-cionaI e mental. Auto-orientao"di- 14 rigida em~ona1mente, no sentido de se unir a grupos, amigos, companhei-ros, assim como s instituies cultu-rais e religiosas da sociedade.

    2~ Fase, Idade: 7-14 Fonnao do ego consciente; desen-volvimento do sentimento do Eu. Teste dos poderes pessoais atravs de uma auto-expresso ativa.

    l~ Fase, Idade: 0-7 Desenvolvimento do corpo, de seus rgos e de sc:us reflexos psquicos. Ajustamento bsico s presses exte-riores, especialmente no mbito da famlia

    ~

    28

    7

    o CICLO DE VIDA DE 70 ANOS

    ~35~ NNEL INDIVIDUAL OU DA PERSONALIDADE NlVEL

    SClO-CULTURAL

    NNEL PSICOLGICO

    NNEL DE PODER

    ~NJ\rELy ORGNICO 0:70 I

    NASCIMENTO/MORTE

    42

    63

    ~ 49

    o Hemiciclo Mingwznte

    @.I Fase, Idade: 35-42 Culminalo dos talentos fsicos e

    pessoais. Novamente, cristaIizalo da atitude pessoal, das atividades e da

    percepo desenvolvidas entre os 28 e 35 anos. Necessidade de decidir clara-

    mente o que se quer fazer na vida, talvez levando a esforos para purifi-

    car a personalidade.

    7'" Fase, Idade: 42-49 Vida rotineira e submisslo passiva s

    coisas conforme se apresentam ou necessidade de fazer uma revisa:o ati-

    va na atitude para com as pessoas mais ntimas. Esforo para realiur

    um novo comeo na vida.

    ~ 811 Fase, Idade: 49-56 Educalo de outros. Maior responsa-bilidade social Negativamente, rigi-dez mental devida incapacijiade 56 de mudar a atitudeo\'ida e o compor-

    tamento adotados.

    ,j 911 Fase, idade: 5&-63 Possibilidade de um "terceiro nasci-mento" no ciclo de Urano. Dcmons-

    tralo da capacidade em focalizar, atravb da personalidade, a qualidade

    espiritual do ser, inerente ao nasci-mento. Novas atividades espirituais

    ou, negativamente, nova crisUlizalo das reaes da mente e dos

    sentimentos.

    lO'" Fase, Idade: 63-70 Preparalo consciente para a "vida futura" - ou senilidade. Irradiao

    da sabedoria ou, negativamente, sen-timento de tdio, de vazio, d~ futili-dade. Conduo da vida para algum

    tipo de consumalo da semente.

  • na juventude tendero a trazer, ao adulto que passa pelos anos cinqenta, uma colheita de valores correspondentes. Do mesmo modo, as tragdias dos anos quarenta so, at certo ponto, repercusses dos problemas encontrados durante os anos vinte. Rudhyar conclui:

    0 homem encontra constantemente o seu passado depois que trans-pe o ponto que marca a metade da sua vida. O que ele faz, em conse-qncia das condies encontradas, ou transforma sua vida futura (se a reencarnao aceita como um fato), ou seu estado aps a morte (quando se acredita na imortalidade pessoal em domnios transcen-dentais), ou simplesmente contribui para a formao do comporti mento cultural e social das geraes futuras (caso se aceite apenas a imortalidade racial-cultural). (American Astrology, jan. 1942.)

    A orientao de adultos, portanto, deve ter objetivos diferentes daqueles da orientao de pessoas jovens. J no ser uma questo de afastar os obstculos que impedem a expanso, a produo e a ascenso; em vez disso, deve-se enfatizar tudo o que venha a ajudar o descenso e o desenvolvimento concomitante de uma conscincia mais ampla. A transi-o da aurora para o crepsculo da vida significa uma reavaliao dos valores anteriores. Devemos comear a avaliar o oposto dos nossos i':c.ais anteriores, diz Jung; perceber o erro nessas convices do passado; e sentir quanto antagonismo, e at mesmo dio, residia naquilo que at ento fora tomado como amor. No que o indivduo deva jogar fora tudo o que parecia bom e verdadeiro e passe a viver em total oposio sua tendncia anterior; deve-se, sim, insiste Jung, aprender a lio da rela-tividade. O indivduo deve conservar seus valores anteriores, reconhecendo, ao mesmo tempo, a importncia dos seus opostos e admitindo, cons-cientemente, a validade relativa de todas as opinies. ~ este o significado do desenvolvimento da conscincia - o trao predominante da segunda metade da vida. Um tal desenvolvimento no fcil, conforme observa Jung:

    48

    ... a natureza no d qualquer importncia a um nvel de conscincia mais elevado e a sociedade tambm no d grande valor a estas faanhas da psique; seus prmios so sempre concedidos s realizaes e no s personalidades ... Ns fechamos os olhos ao fato de que o objetivo social s atingido custa de uma diminuio da personalidade. (The Stages of Life, p.394.)

  • o Hemiciclo Crescente*

    De o a 7 anos: O Nvel Orgnico - Desenvolvimento do corpo, de seus rgos e de seus reflexos psquicos. Ajustamento bsico s presses exteriores, especialmente no mbito da fa-mma.

    Durante este perodo, ocorre a formao do corpo e das