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ESTAMOS NO ALÉM FRANCISCO C. XAVIER ESPÍRITOS DIVERSOS

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Chico Xavier, livro psicografado.

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  • ESTAMOS NO ALM

    FRANCISCO C. XAVIER ESPRITOS DIVERSOS

  • 2 NDICE

    Estamos no Alm ............................................................................................ 03 Ren Oliva Strang I ........................................................................................ 04

    Ren Oliva Strang II ....................................................................................... 08 Ren Oliva Strang III ...................................................................................... 11 Ren Oliva Strang IV ...................................................................................... 12 Ren Oliva Strang V ....................................................................................... 14 Ren Oliva Strang VI ..................................................................................... 17

    Ren Oliva Strang VII .................................................................................... 20 Ren Oliva Strang VIII ................................................................................... 22 Ren Oliva Strang IX ..................................................................................... 23 Sandra Regina Camargo ................................................................................. 24 Jos Murillo Netto .......................................................................................... 27 Christiane Magliocco Castelnaud ................................................................... 31 Rui Vagner Garcia ........................................................................................... 34

  • 3 ESTAMOS NO ALM

    Reunidos em agradvel dilogo, comentvamos alguns temas de elevao, com a maio-ria dos comunicantes amigos, cujas pginas formam este livro, quando foi abordada a ques-to do ttulo para nome-lo.

    - preciso encontrar uma anotao simples, - dissemos. - Que apresente o conjunto de nossas mensagens? perguntou um companheiro. - Sim, - confirmamos. - Por que semelhante preocupao? Outro amigo aditou: - Acaso, no compreendes? E frente do interlocutor encabulado, rematou: - Ante os amigos do Plano Fsico, estamos no Alm. A frase nos atingiu, de tal modo, que o ttulo surgiu: estamos no Alm. E aqui tens, leitor amigo, o livro despretensioso que te ofertamos leitura e meditao.

    Que estas pginas de amor e consolao, reencontro e reconforto consigam auxiliar-te na renovao ntima, que todos aspiramos a alcanar, sob o amparo de Jesus, so os nossos votos.

    Emmanuel Uberaba, 2 de janeiro de 1983.

  • 4 REN OLIVA STRANG

    UNINDO CORAES

    Na manh de 6 de julho de 1979, em acidente automobilstico na Via Anhanguera, o jo-vem Ren Oliva Strang, com apenas 19 anos de idade, deixou o mundo material. Renezinho, assim chamado na intimidade, era filho do casal Ren Lima Strang e Yonne Oliva Strang, residentes na cidade paulista de Ribeiro Preto.

    Transcorridos somente seis meses do doloroso acontecimento, Renezinho-Esprito vol-tou a conversar com seus pais pela psicografia do mdium Chico Xavier, dizendo: Estou muito confortado com o apoio que me deram. Sabia que os dois saberiam agentar o tranco. A confortadora carta tambm explica a sua experincia com o fenmeno desencarnatrio, suas dificuldades de adaptao, o valor da prece... Cita familiares, amigos e vrios Benfeito-res da regio espiritual de Ribeiro Preto.

    Outras cartas se seguiram pelo mesmo mdium e dentre elas destacamos a Terceira, tra-zendo um apontamento importantssimo, elucidando delicada questo familiar, que se desdo-braria a partir desse momento, permitindo maravilhosa semeadura de amor, unindo coraes para sempre!...

    PRIMEIRA CARTA

    Estou forte e aprenderei a ser o filho e o cooperador que lhes participar da existncia na Terra.

    Querida Mezinha Yonne e querido Papai, aquele abrao de surpresa com os meus pensamentos condensados em prece a Deus por nossa paz.

    Chegou enfim o momento; estou quase atrapalhado. Luz clara sobre ns e o pblico... e o caso no para nenhuma representao. notcia, mas realidade, e me sinto maneira de um novato em colgio, querendo escrever o melhor possvel, sem achar em mim as palavras adequadas para isso. Assim mesmo, l vai carta.

    Estou muito confortado com o apoio que me deram. Sabia que os dois saberiam agen-tar o tranco. Sinceramente, no foi fcil para mim a desvinculao. Quando aquele peso a-vanou para ns, estvamos claramente desprevenidos; Serginho e eu no tivemos tempo pa-ra qualquer opo. Alis, por aqui nos dizem que a morte do corpo no faz concorrncia. E-xerce o poder discricionrio, em nome da Providncia Divina, e isso escapa na Terra a qual-quer um.

    Ainda consegui, nas reas de meu pensamento, encontrar um recanto para chamar por Deus e refletir nos pais queridos e na famlia. Sabia que se achavam distncia, porm na-quele apagar das luzes, por dentro das idias, enderecei aos pais queridos os meus anseios mais ntimos. Queria dialogar, mesmo a supor frente dos dois, como num exerccio mental positivo, no entanto um sono de hipnose desconhecido, em minhas informaes sobre o as-sunto, me absorveu de todo. Quis, num derradeiro esforo, erguer-me para saber do compa-nheiro, mas o corpo era agora uma engrenagem que no me respondia com qualquer reao. Fiz fora, reuni todas as minhas energias no intuito de recuperar as minhas faculdades de manifestao; entretanto, notei que mos suaves, to suaves quanto as da mame, me afaga-vam o rosto e me cerravam os olhos. Ouvi como num cntico de embalar, quando a gente

  • 5 ainda criana, uma prece que me recordava os dias de aprender de mos postas. Aceitei a orao por bno do Cu e me rendi ao repouso ou inrcia obrigatria de que me via objeto. Compreendia que o acidente me arrasara; contudo, a certeza de que estava a despedir-me do corpo no estava ainda em mim. Quanto tempo dormi naquela sonoterapia de compulso, no sei dizer.

    Despertei num instituto de paz e refazimento, que me proporcionou a idia de algum hospital de Ribeiro; acreditei-me acidentado e pedi pela famlia; se meus pais no tivessem voltado, queria as irms e alguns dos cunhados, para que me comunicasse com o exterior. Somente depois de quatro dias, de muitas indagaes sem resposta, recebi afinal a presena da V Conceio, que me acariciou com bondade que todos conhecemos. A princpio, em minha ingenuidade, considerei tudo to natural, qual se estivesse sob as atenes inesperadas de alguma parenta a quem devia considerar com apreo e gratido, quando foi ela prpria que se identificou, a cientificar-me de que ali estava em nome do Papai e da Mame, a vim de prestar-me auxlio. Entretanto, ao afirmar-me tranqilamente que no me situava mais na Terra fsica e que perdera o corpo de que me valia no mundo, cheguei a gritar, chorando feio de um menino descontrolado... Lembrei-me, porm, de tudo quanto aprendera das pa-lestras em casa, das convices dos pais queridos e de muitos dos nossos amigos e asserenei-me. Curvar, num rapaz habituado a fazer a vontade prpria era difcil; no entanto, aquele sor-riso carinhoso de me, que pairava na face da Vov, era um calmante a que no conseguiria resistir.

    Ah, querida Mame, a comeou outro captulo da histria. Fui, com minha av, rev-los em casa e encontrei-os, sem encontr-los. Estvamos perto e longe, nossos coraes ba-tiam no ritmo da saudade, mas estvamos presos em mundos diferentes. Vi tudo: a nossa dor em comum contida pela f em Deus, a carncia de sentir e registrar o amor que nos rene uns aos outros, sem que os nossos olhos se encontrassem... Sei que no primeiro reencontro sepa-raram-se os dois para chorarem comigo, um distante do outro. Era preciso ser forte, continuar firme na f, e procurei agir com a fortaleza possvel, segundo me ensinaram... Desde ento, nossas lgrimas ocultas se entrelaam na mesma faixa de saudade e lembrana, e impulsio-nado pelos avisos salutares que me enviam, tenho buscado compreender e adaptar-me.

    Querido Papai, bons amigos me auxiliam, em nome de nossa famlia e de nossa amiza-de. No h separao aqui entre os que aceitam Jesus por Mestre e Senhor. O nosso amigo Dr. Camilo de Mattos e o Monsenhor Siqueira, o Cnego Barros e o Irmo Ramos, o profes-sor Raul e outros amigos nossos se irmanam no mesmo trabalho de auxiliar para o bem dos outros. uma corrente de bondade que nenhuma desarmonia consegue diminuir.

    Existe uma instituio enorme de apoio espiritual, estabelecida a princpio por antigo sacerdote de Ribeiro, de nome Irmo ngelo Philedony Torres, e nessa grande comunidade me reno a outros companheiros, aprendendo a me instalar ou reinstalar na vida diferente em que me encontro. Srgio, o amigo, se v nessa mesma casa de paz e benemerncia e vamos seguindo numa preparao com a qual at julho passado no contvamos.

    Posso to pouco ainda, mas desejo que digam querida Martha para no se conturbas com as experincias da vida. Nossa Tatiana para ela e para ns um tesouro e Deus auxiliar a querida irmzinha a vencer os obstculos que se opem ainda preservao do lar feliz. Tudo vai passando. Ainda ontem estava eu a, a partilhar de nossos planos e agora j me re-conheo noutro campo de vida. Nossa querida Martha ser amparada. Envio a ela muito cari-

  • 6 nho e saudades para serem distribudas com Margareth, com Irene e com Cristina, sem es-quecer do Silva, do Julio, do Machado e do Lousada.

    Mezinha Yonne e querido Papai Ren, perdoem-me se escrevo muito. Saudade de filho uma doena para a qual as muitas palavras que fazem o remdio.

    Devo terminar; a Vov Maria da Conceio, em minha companhia, lhes deixa um gran-de abrao.

    Minha letra no a mesma; preciso escrever apressadamente e devo aproveitar o apoio que os amigos daqui me oferecem para isso. Entretanto, espero que me procurem por trs das frases escritas e encontraro o menino, aquele mesmo rapaz no qual depositaram tantas espe-ranas. Creiam-me, no entanto, que estou forte e aprenderei a ser o filho e o cooperador que lhes participar da existncia na Terra, conquanto de outro modo, diverso daquele com que imaginava, de minha parte, seria o futuro.

    Abenoem-me. Agradeo as preces com que me encorajam. Mezinha, muito grato pe-los pensamentos e palavras de ternura que o seu amor me enderea atravs dos retratos e meu reconhecimento por todo o amparo que recebo constantemente para que no sinta s, nem estrangeiro onde agora me encontro. Muitas lembranas a todos os coraes ligados aos nos-sos e recebam, querido Papai e querida Me, um beijo de muito carinho e gratido do filho que lhes pertence em nome de Deus e lhes pertencer para sempre.

    Sempre o filho reconhecido, Ren Ren Oliva Strang.

    Notas e Identificaes 1-Psicografada por Francisco C. Xavier, aos 12/1/1980, em reunio pblica do Grupo

    Esprita da Prece (GEP), na cidade de Uberaba, MG; 2-Serginho Srgio Neves Zucolotto Filho, amigo e companheiro de desencarnao. 3-Sabia que se achavam a distncia Na poca, seus pais estavam de viagem pela Euro-

    pa. 4-V Conceio Maria da Conceio Lima Strang, av paterna, desencarnada em Ri-

    beiro Preto, a 28/8/1977. 5-Lembrei-me, porm, de tudo quanto aprendera das palestras em casa, das convices

    dos pais queridos Refere-se aos ensinamentos espritas, sempre comentados pelos seus pais, no lar.

    6-Dr. Camillo de Mattos Dr. Joaquim Camillo de Morais Mattos (1894-1945), advo-gado de grande prestgio, Prefeito Municipal de Ribeiro Preto (1929-1930), foi esprita e amigo da famlia Strang. Em 1952, pelo mdium Chico Xavier, transmitiu bela mensagem a amigos de sua cidade, presetnes reunio pblica do Centro Esprita Luiz Gonzaga, de Pedro Leopoldo, Minas, que foi includa, posteriormente, no livro Taa de Luz (Ed. LAKE/FEESP, So Paulo, SP, Cap. 16).

    7-Monsenhor Siqueira Monsenhor Joaquim Antnio de Siqueira, nascido em 1847, foi o 3. Vigrio de Rib. Preto, no perodo de 1890 a 1895.

    8-Cnego Barros Cnego Dr. Francisco de Assis Barros (1894-1942), Vigrio da Ca-tedral de Rib. Preto, fundoi o Patronato Corao de Jesus e a Sociedade Litero-Musical. Foi amigo da famlia Strang.

  • 7 9-Irmo Ramos Trata-se, provavelmente, de Pricles de Freitas Ramos, professor de

    Educao Fsica, amigo da famlia Strang, desencarnado em Rib. Preto, por volta de 1944. 10-Professor Raul Trata-se, provavelmente, do Prof. Raul Peixoto, Diretor do 1. Gru-

    po Escolar de Rib. Preto, desencarnado h muitos anos. 11-Irmo ngelo Philedony Torres Falecido h tempos, foi o 1. Vigrio de Rib. Preto

    em 1890. 12-Martha Martha Mary Strang de Paula e Silva, irm de Renezinho, casada com Ro-

    naldo de Paula e Silva. 13-Tatiana Sobrinha, filha de Martha e Ronaldo. 14-Margareth Margareth Strang Julio, irm, casada com Irineu Julio Jr. 15-Irene Irene Strang Machado, irm, casada com Dr, Jos Cassiano Machado. 16-Cristina Cristina Strang Lousada, irm, casada com Srgio Lopes Lousada. 17-Mezinha, muito grato pelos pensamentos e palavras de ternura que o seu amor me

    enderea atravs dos retratos e meu reconhecimento por todo o amparo que recebo constan-temente para que no me sinta s, nem estrangeiro onde agora me encontro. D. Yonne con-firma: habitualmente, orava diante de uma parede do lar, repleta de fotos do filho querido, pedindo Proteo Divina para que Renezinho no se sentisse estrangeiro no Mundo Espiritu-al.

    18-Ren Oliva Strang Nasceu em Rib. Preto, a 1./10/1959. Era um jovem expansivo, responsvel e dotado de alto esprito de compreenso. Na poca da desencarnao, freqen-tava um Cursinho preparatrio para Administrao de Empresa. Renezinho foi um campeo de tnis de campo, destacando-se neste esporte desde a idade de 12 nos, quando sagrou-se Campeo Brasileiro (Duplas). Venceu, por duas vezes, os Jogos Abertos do Interior; vrias competies a nvel nacional e algumas nos Estados Unidos da Amrica.

    19-Preparando os coraes dos pais de Renezinho para o transe da separao, ocorreram duas interessantes e claras premonies, assim narradas pelo Sr. Ren: 1. ) Estvamos em Copenhague, Dinamarca, quando Yonne sonhou, na noite da vspera do acidente fatal, que o filho querido, deixando-a sozinha numa praia, entrou no mar, fez um aceno de despedida e no mais voltou. Ela acordou chorando, desesperada, desejando a qualquer custo entrar em contato telefnico com Renezinho, o que no foi possvel. s 18 hs., daquele mesmo dia, re-cebamos a notcia da sua desencarnao. 2. ) Dois meses antes do acontecido, Rubens Por-to, nosso amigo e confrade, sonhou que Renezinho havia desencarnado num acidente. Foi um sonho to ntido, no qual ele at identificou o Passat verde de nosso filho. Rubens levantou muito cedo, preocupado, e s 6 hs j nos acordava para contar a sua vivncia onrica.

    20-Endereo dos pais de Renezinho: Rua Visconde de Inhama, 528 Ribeiro Preto.

  • 8 REN OLIVA STRANG

    SEGUNDA CARTA

    Os convidados de Jesus foram atendidos. Querida Mezinha Yonne e querido papai Ren, estou na alegria das bnos esta noite,

    aps o nosso culto de amor ao prximo, e com essa felicidade em meu corao, peo a Deus a todos nos abenoe.

    Estou mais do que contente. Sinto-me realmente renovado e feliz com a nossa reunio de afeies queridas. Martha, Cristina e Zizi, com os nossos queridos companheiros Ronaldo, Serginho e Julio me falam do corao de nossa casa feliz. Tat, a mezinha Tat, o sorriso que enfeita o nosso lar, transplantado para esta sala de preces, comovendo-me com as mais nobres lembranas; o nosso prezado Joo Paulo est representando todos os nossos convivas nesta comemorao de paz e luz.

    Estou com a emoo destas horas feio de um vaso de lgrimas, que se derramam no jblio de quem agradece a Deus as bnos recebidas. Sinto-me transportado presena dos familiares que ficaram, conquanto estejam conosco, pela imagem da saudade e pelo som das canes de amor, que nos renem uns aos outros, em laos de vida e fraternidade, que se es-tendem aos nossos amigos e irmos, que se identificam conosco em nossa noite de paz e re-conhecimento. No me esqueo dos avs queridos, da Irene, da tia Marly e de todos os nos-sos e converso escrevendo, a rev-los no espelho de nosso carinho e de nossa gratido.

    Estamos seguindo a nossa jornada desde os primeiros passos em Ribeiro. O Serginho, refiro-me agora ao Serginho Zuccoloto, em nossa companhia, tambm se regozija, e muitos outros benfeitores, incluindo o Dr. Pricles Ramos e o irmo Ach, igualmente se alegram, partilhando de nossas tarefas e alegrias.

    O acontecimento especial para os instrutores que nos dirigem a converso da festa do lar numa extenso de generosidade e unio para com a famlia dos nossos irmos em dificul-dade e problemas pela prpria sustentao. Os convidados de Jesus foram atendidos. Muito obrigado, pais queridos, que me deram tanto na pessoa de amigos que oram pedindo a Deus abenoe e enriquea as mos e os coraes que lhes demonstram solidariedade e cooperao no culto do amor. Querido Papai, eu me regozijei tanto ao v-lo com os nossos companheiros em nossos vrios torneios e visitas no Exterior, participando de seus pensamentos e realiza-es, experimentando uma felicidade maior ainda em observando a sua presena com a Me-zinha Yonne e com os nossos coraes queridos, na manifestao de bondade e ternura hu-mana, com que os vimos, na tarde de hoje, irmanando-se com todos os nossos companheiros da jornada terrestre, em suas faixas mais difceis de vivncia e sobrevivncia. Agradeo por tudo aquilo que trouxeram, a fim de minorar os obstculos de quantos daqueles que, filhos de Deus, tanto quanto ns, aguardam outros filhos de Deus e bem amados irmos que lhe esten-dam o apoio e a compreenso. Estamos agradecidos e formulamos votos para que o esporte da beneficncia continue destacando a nossa presena onde estivermos. E assim digo, pai querido, porque os bens do mundo so tesouros da Divina Providncia nas mos das criaturas e toda criatura digna de reter semelhantes emprstimos de recursos e possibilidades, mas, se justo reter essa ou aquela bno em nossa sustentao, to s, no justo omitir-se no auxlio aos que atravessam privaes e necessidades muito maiores do que as nossas.

  • 9 O seu corao amigo e a Mezinha Yonne observaro que estou sendo renovado.

    verdade. No mundo, a maioria dos jovens, por enquanto em muitos setores da vida humana, e observadas as muitas excees na regra, costumam ser induzidos a promover reaes seme-lhantes a incndios de opinio e de atitude no Plano Fsico; mas, transferidos para a Vida Es-piritual, onde presentemente me vejo, todos os jovens que procedem de pais que tudo lhes deram para serem felizes, se transformam em bombeiros espontneos do bem, buscando apa-gar o fogo da discrdia e da penria, sob o qual tantas criaturas sofrem o impacto das mais dolorosas situaes. Graas a Deus, pais queridos, ando com raciocnios mais altos e articu-lando as recordaes de todos os dilogos construtivos que ouvi em casa em torno da Espiri-tualidade e da Vida.

    Em nossa companhia vieram igualmente instrutores nossos, junto de quem fomos insta-lados pela generosidade do Cnego Joaquim Antnio de Siqueira, o Dr. Archibaldo Ribeiro, que tambm foi sacerdote, e as Professoras Dona Euphrasia Eugnia de Almeida e Dona A-delaide Miranda da Paixo que trabalharam com alegria e devotamento pela terra de Ribei-ro, que amamos tanto, se alegram conosco e registram felicitaes ao nosso grupo pela festa de paz e amor, em homenagem a Jesus nas pessoas dos nossos companheiros necessitados.

    O Nestorzinho Macedo est incorporado nossa caravana. Somos agradecidos a todos. s rimas queridas o nosso grande abrao. Ao estimado Joo

    Paulo, irmo e companheiro, a nossa alegria. E reunindo a nossa querida Tat com os irmo que as meninas nos deram por filhos e irmos do corao, aqui, entregamos ao nosso grupo as flores de nossa gratido. Perdoem aqueles coraes amigos, cujos nomes no constam de nosso reconhecimento, mas que permanecem no livro de nossos melhores sentimentos.

    E para a querida Mezinha Yonne e para o querido Papai Ren ofereo com muita ale-gria e muita emoo o amor e a saudade, o carinho e a dedicao de sempre, do filho reco-nhecido,

    Renezinho.

    Notas e Identificaes 21-Psicografada por F. C. Xavier, GEP, Uberaba, 5/7/1980. 22-Aps o nosso culto de amor ao prximo Refere-se peregrinao ao Bairro Pssa-

    ro Preto que feita na tarde de todos os sbados, partindo do GEP -, realizada horas antes da reunio pblica, da qual participaram seus pais e familiares.

    23-Zizi Apelido familiar de Margareth, sua irm. 24-Tat, mezinha Tat Apelido familiar de Clementina Alves de Oliveira, irm de

    criao do pai de Renezinho. Atualmente com 70 anos de idade, a estimada me preta da famlia.

    25-Joo Paulo Joo Paulo Roxo, amigo da famlia e presente reunio. Em sua resi-dncia, na cidade de Miami, Estados Unidos, Renezinho morou seis meses.

    26-nessa comemorao de paz e luz Esta carta foi redigida na vspera do 1. anivers-rio de desencarnao de Renezinho.

    27-Tia Marly Residente em Londrina, PR, casada com Sidney Oliva, tio de Renezi-nho.

    28-Dr. Pricles Ramos Trata-se, provavelmente do Irmo Ramos, identificado na Nota 9.

  • 10 29-Irmo Ach H vrias pessoas desencarnadas da famlia Ach, de Rib. Preto, co-

    nhecidas da famlia Strang. 30-Dr. Archibaldo Ribeiro, que tambm foi sacerdote Nasceu e faleceu no Rio de Ja-

    neiro, RJ, respectivamente em 1880 e 1919. Foi vigrio da Catedral de Rib. Preto, no perodo 1916-1918.

    31-Prof. Euphrasia Eugnia de Almeida Desencarnou-se em Rib. Preto, h mais de 20 anos, onde lecionou na Escola Estadual de 1. Grau D. Sinh Junqueira.

    32-Dona Adelaide Miranda da Paixo (1836-1926) Uma das primeiras professoras primrias de Rib. Preto, hoje homenageada publicamente nesta cidade, emprestando seu nome a uma das ruas de Vila Paulista.

    33-Nestorzinho Macedo Nestor Macedo Filho, amigo de Renezinho, faleceu em 1979. A histria desse jovem e suas cartas medinicas integram os captulos 15 e 16 do livro Eles Voltaram (F.C.Xavier, Espritos Diversos, Hrcio M.C. Arantes, Ed. IDE, Araras, SP).

  • 11 REN OLIVA STRANG

    TERCEIRA CARTA

    Estamos, o Srgio e eu, agindo no concurso aos nossos irmos que procuram usar a ponte de intercmbio pela primeira vez.

    Papai Ren e Mezinha Yonne, estamos felizes por abra-los conosco. Estamos, Srgio e eu, agindo no concurso aos nossos irmos que procuram usar a ponte

    de intercmbio pela primeira vez. Acreditem que o trabalho espiritual igualmente um es-porte dos mais indicados para ajustar-nos compreenso. Tentando auxiliar, somos auxilia-dos, e, buscando socorrer os companheiros que supomos necessitados de nossa colaborao, aprendemos com eles a cincia da compreenso mais exata das situaes e das causas que as produzem. Olhem que no moleza o esforo de penetrar o sofrimento dos semelhantes no objetivo de consol-los, conscientizando-nos de que as nossas lutas e provaes acabam sen-do mnimas.

    Temos acompanhado as transformaes de ordem familiar e estamos praticando aceita-o de problemas, a fim de liquid-los sem violncia.

    Rogo dizer nossa querida Martha que o irmo permanece a postos e que tudo far, no plano de minhas possibilidades estreitas, a fim de auxili-la na recomposio das suas ener-gias.

    Em outra ocasio voltaremos ao culto do lpis para os nossos dilogos, mas, com todas as minhas palavras carregadas de imensas saudades, sou como sempre o filho e companheiro reconhecido,

    Renezinho. Ren Oliva Strang.

    Notas 34-Pisicografia de F. C. Xavier, GEP, Uberaba, 16/1/1981. 35-Pelas palavras desta carta, destacadas em epgrafe, observamos a evoluo espiritual

    de dois jovens, com apenas um ano e meio de regresso ao Mais Alm, j dedicados a um belo trabalho de cooperao fraterna.

    36-Temos acompanhado as transformaes de ordem familiar e estamos praticando a-ceitao de problemas a fim de liquid-los sem violncia. Este trecho deu muito o que pen-sar aos progenitores de Renezinho. Trocaram idias entre si e chegaram concluso de que o filho se referia, embora veladamente, maior preocupao deles na poca: a chegada de um netinho na famlia, filho de Renezinho, fruto de um amor que eles desconheciam. E, diga-se de passagem, nenhum problema de ordem familiar havia sido exposto ao mdium. Sr. Ren e D. Yonne estavam certos, pois na reunio pblica do dia seguinte, num sbado, o filho voltou a abordar o assunto, agora claramente, como veremos a seguir:

  • 12 REN OLIVA STRANG

    QUARTA CARTA

    Deus os recompense por me adivinharem o que no conseguiria dizer; os meus credo-res merecem a considerao que ambos nos conferem.

    Mezinha Yonne e querido papai Ren, as circunstncias me trouxeram ao nosso guich de informao e reconforto.

    Estou contente e reconhecido porque conseguiram ler os meus sentimentos, no nas pa-lavras que garatujei e sim nas vibraes de confiana e ternura que meditaram quando lhes sugeri, em me referindo s transformaes de ordem familiar. Digo isso, porque sigo os acontecimentos supostos pequeninos. As impresses trocadas em regime de proteo discreta a mim prprio, os apontamentos domsticos, os estudos prvios em torno de medidas afeti-vas e o destino de nossas prprias alegrias e esperanas. Muito obrigado, mas muito obriga-do; minha dvida de amor e me comovo ao tratar de semelhante dbito. Deus os recompen-se por me adivinharem o que no conseguiria dizer; os meus credores merecem a considera-o que ambos conferem.

    Em nosso cdigo de carinho, digo-lhes, desse modo que na semelhana, Valrio as-sunto Vlido, que volto a ver a minha prpria contabilidade e sei que faro por mim a Bel Ao de Valor que de tanto valor se reveste. Deus nos auxiliar a cuidar do resgate de meu dbito para valer. Estou satisfeito, reconhecendo o querido amigo Valente que nos receber o merecido carinho.

    O nosso amigo Dr. Jos Magalhes muito me auxiliou para esclarecer o meu prprio ca-so e estou feliz com a possibilidade de a tudo atendermos em tempo certo, sem quaisquer preocupaes para ningum.

    Por agora tudo o que lhes posso transmitir. Os meus agradecimentos de filho se me repletam no corao em forma de preces a Deus

    pela felicidade de ns todos. Muitas lembranas s irms e aos irmos que muito nos deram em favor de nossa paz e de nossa alegria. Aos pais queridos um abrao e um beijo do filho muito grato que tanto lhes deve em segurana e bnos de tranqilidade para continuar nas estradas novas que as Foras Divinas me traam no rumo da vanguarda de servio em que preciso me engajar.

    Muito amor de meu corao agradecido. Renezinho. Ren Oliva Strang

    Notas e Identificaes 37-Psicografia de F. C. Xavier, GEP, Uberaba, 17/1/1981. 38-No dia seguinte, 17 de janeiro de 1981, surgia a ocasio anunciada por Renezinho

    (no final da Terceira Carta) e novamente pela mediunidade psicogrfica de Chico Xavier, ele fala aos pais queridos, desta vez concitando-os com a mesma ternura de filho, a pensarem mais no assunto transformaes de ordem familiar assunto este que os pais Ren e Yon-ne j tinham decifrado. Para a alegria de todos na famlia, Renezinho havia lhes deixado, dia antes de sua desencarnao, como tesouro da prpria alma, um filho, e que, diante da com-preenso dos pais e dos familiares, sobre o assunto, quisera expressar o seu agradecimento, a

  • 13 sua gratido pela maneira como o fato foi aceito pelos entes queridos. Sim. Renezinho soubera dignificar a vida, deixando-lhes um filhinho, uma linda criana atravs de Isabel Cristina Abraho, a quem ele chama na mensagem de Bel, uma mame feliz, corajosa e que soube honrar o compromisso assumido com a maternidade, mesmo diante de momentos to difceis, pois Bel dera a luz aquele menino querido, aps a desencarnao de Renezinho, pos-sibilitando que tudo caminhasse to bem, permitindo Deus que Renezinho pudesse acompa-nhar e colaborar atravs dos laos de ternura que soube criar com sua companheira Bel, aju-dando-a espiritualmente a assumir o santo compromisso de ser me, alegria essa que Renezi-nho to emocionadamente vem expressar nesta quarta mensagem, no apenas aos pais queri-dos, mas tambm ao filho de sua alma, cujo esprito aceitara a reencarnao de maneira to corajosa, a quem ele chama de amigo Valente. (Trecho da brilhante reportagem de Aldo Aguilar Bianco, intitulada Renezinho No Morreu, para o jornal A Cidade, Ribeiro Preto, SP, 27/9/1981, p.7)

    39-Eram nosso cdigo de carinho, digo-lhes, desse modo que na semelhana, Valrio assunto Vlido Nessa poca, j havia sido comentada pelos seus pais a semelhana dos tra-os fisionmicos da criana seu filho, Jos Abraho Neto, nascido a 24/4/1980 com o av Dr. Valrio Strang, desencarnado em 26/2/1962.

    40-Bel Ao de Valor Em seu cdigo estas palavras se referem Isabel Cristina A-braho, sempre chamada por ele, carinhosamente, de Bel.

    41-Nosso amigo Dr. Jos Magalhes muito me auxiliou para esclarecer o meu prprio caso e estou feliz com a possibilidade de a tudo atendermos em tempo certo Antigo Prefei-to de Rib. Preto, advogado, falecido h muitos anos, foi amigo da famlia Strang. Depreende-se do texto que uma das questes esclarecidas pelo Dr. Magalhes deve ter sido a possibili-dade de se pleitear a retificao do Registro de Nascimento do filho de Renezinho, acrescen-tando a paternidade. De fato, a partir desta poca, os pais de Renezinho passaram a providen-ciar, junto justia, tal retificao, to importante e justa, no Registro do neto querido.

  • 14 REN OLIVA STRANG

    QUINTA CARTA

    E, no dia seguinte, a felicidade com que arquitetei a nossa felicidade porvindoura se es-vaa na morte, que me silenciou, sem aniquilar-me o corao.

    Querido Papai Ren e querida Mezinha Yonne, esta para mim uma hora de bnos que lhes agradeo.

    Estou comovido. Tomo a nossa querida Tat por testemunha. Ela nos conheceu crianas e sabia entender os nossos caprichos e contrariedades, brincadeiras e acertos.

    Sinto-me por demais sensibilizado em abraando a nossa Bel que nos compartilha das expectativas e privaes.

    Fui eu mesmo quem pediu aos amigos espirituais para que o tema da prece fosse trazido a estudo. Compreendi o valor da orao, quando me vi amadurecido pela renovao espiritu-al de modo quase instantneo... O vov Valrio e outros benfeitores me ensinaram que as bases do ato de orar se apresentam com as luzes da aceitao e da humildade.

    Pai amigo, voc sabe que seu filho, mal sado da infncia tranqila, poderia ter sido um jovem inclinado s travessuras, na imaturidade de quem no sabe lidar com a vida. Verdade o que digo, mas o seu filho nunca foi desonesto. Aprendi com Voc e com a Mame Yonne que o carter deve ser preservado acima de tudo e que a responsabilidade um dom de Deus que no se pode esquecer nem desprezar. Por isso, agradeo o carinho para a nossa querida Bel, que no tive tempo de incorporar nossa querida famlia. Tantas meninas passaram por meus trevos de rapaz e por tantas meninas passei, sempre homenageando a vida e a confra-ternizao com o respeito que se deve tranqilidade dos lares alheios. Bel, no entanto, era para mim a princesa dos dilogos. Corao generoso e alma serena, sabia tudo compreender e tudo perdoar, quando fosse chegado o instante de trazer a viso da alma no rumo das cir-cunstncias difceis para dissec-las com amor.

    Parece-me que todos os jovens, por injunes de prpria vida e sem quaisquer conota-es com as estruturas freudianas, que passaram a reger as opinies de muita gente no mun-do, parece-me, repito, que todos os rapazes se interligam com as jovens da estrada que parti-lham no cotidiano, mas se inclinam com mais calor de confiana para aquela que lhes apre-senta traos fundamentais dos coraes maternos a que foram confiados.

    Isabel Cristina! Bastava escutar-lhe o nome para saber que havia algum com quem permutar opinies e pensamentos, sem qualquer resqucio de preocupao e sem qualquer temos alusivo provveis incompreenses. Por essa razo ficou a nossa querida amiga fixada dentro de mim, maneira de pessoa que me escutava sem azedume e sem censuras. E, ainda, por isso mesmo, Bel ou Bela ficou sendo para mim o espelho em que se retratava aquilo de melhor que a vida me dera a conhecer, o entendimento da Mame.

    Os dias se sucederam sobre os dias e prometemo-nos uma unio que viesse a concretizar aquela harmonia que me preservara a segurana... E porque no selarmos a nossa aliana que ela receava assumir para incomodar a nenhum dos nossos? Lutei e insisti para afirmar-lhe a certeza de que os nossos planos se realizariam to logo regressassem os pais queridos d via-gem que efetuavam, longa distncia. Bel, no entanto, com a sua grandeza de sentimentos me solicitava pacincia e de minha parte, desejava sobrepor pacincia a certeza de que seria ela a escolhida para o meu futuro. E propus-me a doar-lhe semelhante convico, entregan-

  • 15 do-lhe minha prpria vida. Um momento e a promessa do amanh se transformava num compromisso religiosamente assumido; as leis de Deus porm, se desdobravam por pargra-fos diferentes e, no dia seguinte, a felicidade com que arquitetei a nossa felicidade porvin-doura, se esvara na morte, que me silenciou, sem aniquilar-me o corao.

    Tomando conscincia de mim prprio, vali-me ento do estmulo da prece e roguei, com os meus desajustes de moo ainda verde, para que Deus a protegesse e amparasse com a se-gurana necessria. Quantos dias de aflio atravessou a nossa princesa pelo esprito, no sabia dizer. Sei, no entanto, que ramos duas peties unidas, nas quais suplicvamos a bn-o do Cristo.

    O vov Valrio e vov Gildo e tantos outros me asserenaram, revelando-me que ela te-ria foras de pacincia e f para aguardar os dias que presentemente transcorrem. Agradeo a ela todo o amor e serenidade com que se viu aparentemente a ss, aguardando sempre, entre o acatamento a Deus e o anseio de protelar a soluo do nosso problema, at que chegamos hora em que manifesto aos pais queridos o meu reconhecimento pela compreenso e pela bno com que ela e eu fomos entendidos e apoiados no sorriso belo e doce de uma criana que se reveste para ns com a luz de nossos mais lindos sonhos.

    Agradeo a todos por tudo e peo a Deus para que todos os nossos assuntos satlites se-jam resolvidos em ocasio oportuna. Deus os recompense a cada um. Que a nossa querida Bel me perdoe a falta involuntria e que os pais queridos me recebam o corao de filho re-conhecido, tudo o que hoje assinalo e peo com todas as minhas foras na certeza de que, atravs da prece, estaremos todos juntos para prosseguirmos juntos no tempo e espao, na vida e nas circunstncias da vida, conservando em ns e conosco as bnos de Deus.

    Sempre com muita gratido e com muito amor, o filho amigo e companheiro agradecido de sempre,

    Renezinho. Ren Oliva Strang.

    Notas e Identificaes 42-Psicografia de F. C. Xavier, GEP, Uberaba, 3/7/1981. 43-Sinto-me por demais sensibilizado em abraando a nossa Bel Isabel Cristina, Bel

    na intimidade, achava-se em companhia dos pais de Renezinho, presente reunio de Ubera-ba pela primeira vez. Nessa poca, ela e seu filho um robusto garoto de 1 ano e 2 meses j estavam incorporados, afetuosamente, famlia Strang.

    44-Fui eu mesmo quem pediu aos amigos espirituais para que o tema da prece fosse tra-zido a estudo. No incio das reunies do Grupo Esprita da Prece, em busca do tema da noi-te, o mdium Chico Xavier abre o Evangelho Segundo o Espiritismo e O Livro dos Espritos aparentemente, como vemos, ao acaso.

    45-Vov Gildo Gildo Oliva, av materno, antigo morador de Rib. Preto, desencarnado em 1978. Na poca de seu falecimento, Renezinho estudava nos Estados Unidos, e de l en-viou esta consoladora carta Vov Olga: Coral Gables, 3 de abril de 1978. / Prezada e que-rida V Olga . / Eu quero lhe dar os meus sinceros psames, e desejar-lhe muita sade e fora para continuar vivendo neste mundo, cheio de tristezas, ingratides e, s vezes, um pouco de felicidade. Dizem que felicidade no existe, o que existe so momentos felizes. E, eu tenho certeza que a pessoa mais feliz do mundo aquela que acredita em Deus e tem f neste Se-nhor, todo poderoso, e que sabe o que faz. / Ontem foi o meu pior dia aqui nos Estados Uni-

  • 16 dos, ao ficar sabendo da triste notcia do seu companheiro, que sempre foi to bom e am-vel, este querido e amado por todos V Gildo. Foi um dia muito duro para mim, e fiquei o dia inteiro em casa, pensando em todos vocs, que tanto amo. / Enquanto eu lia a carta com a triste notcia, teve uma notcia que gostei muito: a senhora est reagindo bem e com muita fora para continuar vivendo neste mundo. Eu fiquei contente com isso, V Olga, e estou torcendo muito para que voc continue com toda esta fora e sade, pois eu sei que duro, muito duro perder um companheiro que tanto a amou. / Ontem, quando conversava com mi-nha me pelo telefone, sentia em sua voz a tristeza e a dor de perder um pai que sempre foi to bom e querido por todos. Sua filha disse-me uma coisa muito certa, que me deixou bem tranqilo: Renezinho, acredite, seu av est melhor que todos ns, aqui na Terra; esta vida aqui passageira, filho. Isto, V, uma coisa que todos ns devemos acreditar, esta vida curta e passageira. Tenho certeza de que aquele senhor, falecido h 23 dias, est comeando a desfrutar da bondade que ele cultivou em toda sua vida, aquele querido Sr. Gildo. / Se tudo fosse como a gente queria, esta vida seria uma rotina e sem o porqu de estarmos nela viven-do, sofrendo e lutando sempre. / At o fim do ms estarei a com voc e com todos da fam-lia, pois estou com muita saudade. / Um beijo do saudoso neto Renezinho.

  • 17 REN OLIVA STRANG

    SEXTA CARTA

    As centenas de crianas das creches me fizeram chorar de alegria, recordando a ima-gem daquele a quem posso dizer agora meu filho.

    Querido Papai Ren e querida Mezinha Yonne, querida Bel e querida Tat com todos os nossos amigos, peo a Jesus que nos abenoe.

    Venho simplesmente agradecer. Papai e Mame, estou feliz. A nossa querida Isabel Cristina conseguiu a melhor nota nas provas a que se submeteu. Tudo paz e verdade. Tudo foi uma promessa que a Divina Providncia transformou em realidade.

    Agradeo Mezinha Yonne quanto fez para lembrar o meu aniversrio inexpressivo, na festa em que as centenas de crianas das creches me fizeram chorar de alegria, recordando a imagem daquele a quem posso dizer agora meu filho. Cada rosto mirim se regalava com as lembranas distribudas; era a presena dele em meu corao.

    Pai amigo, muito obrigado! Com carinho o seu amor conduziu a minha bandeira para a frente e, compreendendo a sinceridade de nossa Isabel, voc e a Mame se me fizeram ava-listas, at que as provas convencessem a nossa famlia querida. Muitas vezes orei eu que mal aprendera a fazer preces na infncia -, muitas vezes orei rogando a Jesus fizesse a reali-dade surgir, diante de todos. E confesso aqui, frente desta assemblia familiar: seria um crime esperar um filhinho e contratar um matrimnio com a aprovao de perder o corpo num desastre? Seria um erro amar tanto, a ponto de no aguardar o consentimento dos fami-liares e dos amigos, a fim de revelar a extenso de minha escolha e a fora de minha vonta-de?

    Os grupos sociais possuem os seus estatutos prprios e, decerto, so felizes quantos lhes conseguem observar todos os pargrafos... Entretanto, o amor uma luz da natureza que o clculo humano no consegue condicionar. Seria uma falta imperdovel atender ao corao, antes que os cdigos do mundo me aceitassem o gesto? E se esse cdigos me recusassem a concesso que o meu prprio esprito mesmo me pedia? To pouco ser-me-ia o tempo, to estreita a vida que a intuio me determinava...

    Seria justo confidenciar aos pais queridos quanto se passava dentro de mim; no entanto, estavam distantes aqueles amados amigos aos quais, por fora das leis de Deus, sempre cha-marei pai e me. Entre a perspectiva de que vivia os meus instantes finais no corpo ainda verde e a necessidade de confessar-me com os dois nicos benfeitores, os pais que Deus me concedeu, insisti com a companheira querida para que me exonerasse da aflio que me pos-sua... Estaramos juntos e os pais queridos chegariam depois. Eu sabia que ambos concorda-riam comigo. Nunca me perguntariam se a querida Bel era senhora dessa ou daquela quali-dade, no lhe achariam qualquer defeito, desde que eu, o filho que amavam tanto, igualmente a amasse. Isabel chorou, incapaz de sonegar-me a alegria da antecipao a que propunha. Mais por devotamento aos meus desejos que para agradar a si prpria, honrou-me com a sua bondade, irmanando-se aos meus propsitos. Foi um momento de Deus aquele que vivemos, porque o futuro se nos anunciava promissor. Falei de meus estudos e com sinceridade plane-jei a nossa casa porvindoura. Ela me ouvia plida e enternecida, ignorando ns ambos que a morte me espreitava... E a morte me colheu frente de Cravinhos, quando eu sonhava... Sr-gio, o amigo, e eu, perdemos o corpo fsico de um instante para o outro. E compreendero o

  • 18 que atravessei, no captulo da inquietao, na certeza de que lanara em uma nuvem de so-frimento e indagao aquela que amo tanto...

    Lutei para exteriorizar os meus desejos de comunicao com a urgncia precisa. O Vov Valrio e a Vov me auxiliaram. Que eu orasse e pedisse a Deus. Candidatara-me condio de pai, de maneira prematura e a Celeste Bondade se compadeceria do meu corao de rapaz correto habituado a cumprir a palavra onde a confiasse. Buscamos o apoio de amigos expe-rimentados em questes de intercmbio e todos foram unnimes em recomendar-me prudn-cia e confiana.

    Deus de Amor Infinito, meu filhinho nasceu e chorei ao ver-lhe os olhos que se abriam minha procura... A luta foi longa, mas Deus, por seus intrpretes, me concedeu a felicidade que recebi do Cu por brinde de aniversrio. As provas requisitadas confirmaram a verdade. Estou feliz, notando a nossa querida Bel entrando na famlia, com o respeito e a simpatia de todos os meus entes amados, a lembrar-me a presena de companheiro honesto em minhas aspiraes. Casamo-nos com Deus e Deus f-la conquistar a nossa casa com a honra que me-rece.

    Agradeo a todos e exponho o meu caso, para dizer que o Senhor no nos abandona, que o amor invencvel quando se une confiana nos cus e que uma criana sagrada perante a vida, porque a vida lhe concedeu, em nome do Criador, o privilgio de viver e aperfeioar-se, viver e lutar, viver e sofrer pela prpria felicidade, viver e vencer.

    Pais queridos, muito obrigado. Mezinha Yonne, entrego-lhe uma filha assim como lhe confiei ao regao de me um neto que flor na rvore de nossas realizaes. Agradeo ao Papai Ren, querida Tat, s irms e aos irmos que as desposaram. Se choro de alegria ao perceber que a morte no destri o amor e nem anula a verdade, porque a verdade e o a-mor so de Deus. Aqui, o Vov Valrio e o Vov Gildo, a Vov e as nossas benfeitoras Do-na Euphrasia Eugnia e D. Edwiges Silva compartilham de meus agradecimentos.

    Querida Isabel Cristina, estamos juntos e unidos. A nossa famlia tambm sua e voc a companheira ideal de trabalho para cada um de ns. Abenoada seja a f em Deus que nos amparou em todas as fases de nossa caminhada para a luz de agora.

    Papai Ren e Mezinha Yonne, muito obrigado. A nossa felicidade brilha entre dois mundos e Deus nos abenoa.

    No consigo escrever mais. Guardem todos por agora, mas sempre, o corao reconhe-cido do filho e irmo, companheiro e servidor reconhecido de todos os dias, servidor que o ttulo de pai enobrece. Deus conosco e que Deus nos abenoe,

    Renezinho. Ren Oliva Strang.

    Notas e Identificaes 46-Psicografia de F. C. Xavier, GEP, Uberaba, 3/10/1981. 47-A nossa querida Isabel Cristina conseguiu a melhor nota nas provas a que se subme-

    teu. Tudo paz e verdade. Refere-se aos exames laboratoriais de reconhecimento de paterni-dade a que ela e o filho se submeteram, atendendo ao pedido dos pais de Renezinho, que as-sim agiram com a inteno de darem uma satisfao aos familiares e obterem, na Justia, no-va e completa Certido de Nascimento do netinho. O laudo pericial, assinado pelo Prof. Ed-son Silveira, da Faculdade de Medicina de Ribeiro Preto, concluiu: No foi possvel de-monstrar qualquer fator incompatvel com o vnculo alegado. Isso significa que entre as al-

  • 19 ternativas possveis do falecido existem, para cada sistema examinado, alternativas compa-tveis.

    48-D. Edwiges Silva Edwiges Maria da Silva Gusmo (1848-1923), esposa do tenen-te-coronel Dr. Joaquim Estanislau da Silva Gusmo, que foi presidente da Cmara e Inten-dente (Prefeito) de Rib. Preto. Ela forma com D. Adelaide M. Paixo e D. Euphrasia Gouveia Prata, a trade das primeiras professoras das primeiras letras em Rib. Preto.

  • 20 REN OLIVA STRANG

    STIMA CARTA

    Agradeo a todos os nossos que reconheceram a presena numa criana dcil e querida que me escolheu para chegar ao mundo a fim de viver conosco.

    Querido Papai Ren e querida Mezinha Yonne, est uma hora de gratido em que o meu anseio mais intimo ser voltar aos tempos de criana e pedir-lhes a bno.

    Estou reconhecido ao bem que nos fizeram. nossa querida Isabel Cristina, ao querido filhinho e a mim.

    S o amor conseguir decifrar o meu enigma entre duas vidas; entretanto, reconheo que Deus me entregou a pais amorosos e abnegados que me adivinhavam as pensamentos. No se equivocaram o Vov Valrio e o Vov Gildo quando me prometiam que os dois me compre-enderiam e me veriam sem necessidade de fenmenos espetaculares. Nossa linguagem mtua foi serena e iluminada de amor. Um filho que encontra a desencarnao numa estrada, deixa um filho por nascer daquela criatura que amou, at concordar em receber-lhe as melhores esperanas.

    Parecia-me portador de um problema de soluo impossvel. Entretanto, os pais queri-dos me avalisaram os compromissos, submeteram-se comigo aos testes exigidos e o nosso garoto de olhos celestes est incorporado famlia em que a Divina Providncia nos reuniu para sermos felizes. Muito grato pela proteo querida Bel e ao filhinho, agora mais tran-qilos. E agradeo a todos os nossos que me reconheceram a presena numa criana dcil e querida que me escolheu para chegar ao mundo a fim de viver conosco.

    Estou feliz e abrao presentemente o trabalho espiritual com novo estmulo. Com o nos-so amigo Srgio estou cooperando em grande instituto de orientao espiritual, sob a direo do professor Joo Baptista Ferreira da Cunha, nobre educador de Ribeiro que prossegue ofe-recendo, a bem dos outros, o melhor de si. Para compartilhar de nossas tarefas sem maiores distncias uns dos outros, com alegria, aceitei os encargos com os quais me sinto honrado e dono das melhores esperanas.

    Desejava, acima de tudo, traar estas palavras a fim de exprimir-lhes o meu profundo reconhecimento. Estarei com os pais queridos e com a Isabel Cristina, junto de nosso garoto que me espelha o corao e Deus a todos nos proteger.

    Sei que a Mezinha Yonne tem precisado medicar-se. Fao votos para que ela se resta-belea dentro do menor prazo possvel.

    Querido Papai Ren e querida Mezinha Yonne, mais uma vez a minha gratido. A to-dos os coraes queridos da famlia, minhas lembranas e agradecimentos.

    Para o nosso novo lar, em que Isabel e o nosso pequenino esto sempre a esperar-nos com amor, os meus pensamentos de alegria e esperana. E para os queridos pais do meu co-rao, todo o carinho com o respeitoso e constante amor do filho que lhes deve tanto e que pede a Jesus recompens-los em bnos constantes de sade e felicidade, paz e bom nimo, sempre o filho eternamente grato,

    Renezinho. Ren Oliva Strang.

    Nota e Identificao

  • 21 49-Psicografia de F. C. Xavier, GEP, Uberaba, 9/1/1982. 50-Professor Joo Baptista Ferreira da Cunha Ainda no identificado.

  • 22 REN OLIVA STRANG

    OITAVA CARTA

    Venho agradecer-lhes por tudo, no segundo ano de meu e nosso rapaz que est crescen-do para a nossa alegria.

    Querido Papai Ren e querida Mezinha Yonne, estou bem e agradeo o amor com que me abenoam.

    Reno os dois com a nossa Tat e comunico-lhes que a minha ausncia de notcias no esquecimento. Acontece que a famlia querida me acalmou de tal modo o corao, que tenho estado a curtir meu filhinho com frias prolongadas, j que a luta foi to grande para ns to-dos, a fim de atravessarmos a barreira das convenes que se nos opunham com enorme re-sistncia.

    Graas a Deus, a vitria pertenceu ao Papai e Mezinha Yonne, destemidos construto-res da verdade e do bem, que no vacilaram em me estender o corao para que me sentisse realizado.

    Hoje, venho agradecer-lhes por tudo, no segundo ano de meu e nosso rapaz que est crescendo para a nossa alegria. Com a nossa querida Isabel Cristina, estamos todos juntos neste aniversrio nmero dois.

    Que Deus os recompense, muito carinho e gratido nossa Tat, sempre o refgio de paz e reconforto a que devo tanto, e para os pais queridos todo o corao sempre grato do filho e companheiro de sempre,

    Renezinho.

    Nota 51-Psicografia de F. C. Xavier, GEP, Uberaba, 24/4/1982, data do 2.0. aniversrio do fi-

    lho de Renezinho.

  • 23 REN OLIVA STRANG

    NONA CARTA

    Carinhos ao novo Renezinho Querido Papai Ren e querida Mezinha Yonne, com a nossa Tat, recebam o meu a-

    brao de carinho. Estou atento ao terceiro ano de transformao. Penso em todas as alegrias que recebi dos

    pais queridos e peo a Deus os recompense com tudo o que a vida nos possa dar de Bom e de Belo.

    Carinhos Isabel Cristina e ao nosso Renezinho. Abraos maiores do filho muito grato, Renezinho.

    Notas 52-Psicografia de F. C. Xavier, GEP, Uberaba, 3/7/1982. 53-Estou atento ao terceiro ano de transformao. Desencarnado a 6/7/1979, refere-se

    aos seus trs anos de vida espiritual. 54-Novo Renezinho Apenas cinco dias antes havia sido liberada a nova Certido de

    Nascimento de seu filhinho, antes chamado Jos Abraho Neto, e agora registrado com o nome: Ren Jos Abraho Strang. Neste dia, seus pais Ren e Yonne, muito felizes, haviam levado a Uberaba uma cpia dessa Certido como lembrana afetuosa ao mdium, com as seguintes dedicatrias no verso:

    Ao querido Vov Chico Xavier, Toda a minha gratido pela mediao entre os plano espiritual e material, no reconheci-

    mento da paternidade de meu pai Ren Oliva Strang para comigo, seu filho, Ren Jos Abraho Strang (O Esprito Valente) Chico, Que Jesus o abenoe por tudo quanto voc tem feito aos integrantes da Nave da Sauda-

    de, como correio do Alm. Os irmos menores, eternamente reconhecidos Ren Yonne Bel.

  • 24 SANDRA REGINA CAMARGO

    SAIBA TAMBM QUE CRESCI

    Quando Sandra Regina Camargo uma vivaz, alegre e carinhosa menina de 9 anos partiu para o Mundo Maior, deixou, naturalmente, profundas saudades em sua famlia. Resi-dia em Goinia, GO, onde faleceu aos 10 de agosto de 1977, aps padecer trs longos anos de pertinaz e incurvel leucemia.

    Sandra foi e um esprito forte, robustecido na dor e na f. Pois, alm de grave enfermi-dade, viveu problemas familiares agudos, que ela mesma expe, em carta psicografada por Chico Xavier e endereada vov Julieta, nica familiar presente reunio pblica do Grupo Esprita da Prece, em Uberaba, Minas, na noite de 17 de janeiro de 1981: a senhora sabe que entre ele (o pai) e mim havia ressentimentos que estou procurando liquidar.

    Outro detalhe interessante da mensagem, que tambm revela admirvel firmeza de von-tade, a explicao de sua nova condio espiritual, no mais de criana e sim de adulta: Saiba tambm que cresci. Isso aconteceu na medida de meu desejo interno de me fazer uma pessoa grande, a fim de auxiliar a Mezinha Snia.

    Leiamos a sua carinhosa carta: Querida vov Julieta, abenoe-me. A vov Mariquinha me trouxe at aqui para contar-lhe que estou bem. A sade voltou.

    Aqui me mudaram todo o sangue no sei se voc pode compreender isso mas assim mesmo. Dizem que a leucemia um empobrecimento curvel aqui, com a substituio do sangue que nosso. Como isso, eu no sei dizer, como tambm a em nossa casa eu nunca soube explicar o que era meu sangue e porque deveria t-lo em minhas veias.

    O assunto melhor saber que j posso movimentar-me e saiba tambm que cresci. Isso aconteceu na medida de meu desejo interno de me fazer pessoa grande, a fim de auxiliar a Mezinha Snia.

    A senhora ficou sabendo que esperei por meu Pai, e isso verdade. Mas a senhora pre-cisa informar-se de que a Vov Mariquinha me preparou de maneira que ele no me identifi-casse. Coitado do Papai! Estava muito abatido e muito aflito, e creio que me agradeceu o a-brao, desconhecendo que o recebia de sua prpria filha.

    Vov Mariquinha ponderou que no deveramos humilh-lo, pois a senhora sabe que en-tre ele e mim havia ressentimentos que estou procurando liquidar.

    A gente no se modifica de vez, mas bem que isso seria timo, se fosse possvel. Tenho aprendido aqui porm, que as leis de Deus no garantem violncia para ningum.

    Tudo o que temos de bem ou de mal coisa nossa e, com o tempo, a criatura observa que muito mais vlido para a felicidade criar o bem com esquecimento do mal.

    E eu estou nesta escola. Diga Mezinha Snia que venho me aproximando do Max e da irmzinha para auxili-

    los. Pelo menos, este o meu propsito, e porque ainda no sei discernir o que seja mais a-conselhvel do que seja menos, peo a Deus me inspire, a fim de que eu seja uma boa irm para os dois.

    Querida vov Julieta, muito grata me sinto por suas lembranas e referncias; no entan-to, creia que continuo precisando de suas oraes e de suas palavras de reconforto, de modo a sustentar-me no melhor a ser e a fazer.

  • 25 A vov Benedita est conosco. Somos quatro Voc, a vov Mariquinha, a vov Be-

    nedita e eu. Estou satisfeita por incluir-me no grupo, porque preciso envelhecer em compre-enso de vida.

    Querida vov Julieta, com os meus pensamentos em nossa querida Mezinha Snia, pe-o-lhe receber todo o amor de sua neta que no mais a criana e sim a sua companheira de trabalho e renovao.

    Muitos beijos da sua Sandra Regina Muniz (Vov, o Muniz mais nosso).

    Notas e Identificaes 1-Vov Julieta Julieta Pereira Muniz, av materna, residente em Goinia, GO. Sempre

    foi esprita. 2-Vov Mariquinha Maria Aranha, tetrav materna, desencarnada h mais de 40 anos. 3-A sade voltou. Aqui me mudaram o sangue (...) Dizem que a leucemia um empo-

    brecimento curvel aqui. O corpo espiritual ou perisprito, que continua ligado ao Esprito aps a desencarnao, estruturado de matria mais rarefeita (quintessenciada) e apresenta a mesma constituio geral do corpo fsico, isto , com os mesmos rgos e sistemas, inclusive o sanguineo (hematopoitico), que o setor atingido pela leucemia. Alis, o perisprito que preside a todas as formaes do corpo fsico no processo reencarnatrio.

    De modo geral, a etiologia das molstias perdurveis, que afligem o corpo fsico e o di-laceram, guardam no corpo espiritual as suas causas profundas. (Andr Luiz, Evoluo em Dois Mundos, F.C.Xavier e W. Vieira, Ed. FEB, Segunda Parte, Cap.XIX). Assim, Sandra nasceu com a predisposio mrbida, provavelmente conseqente de uma dvida crmica, agora resgatada. Aps trs anos de enfermidade na Terra, e um tratamento complementar (do perisprito) na Vida Espiritual, ela alcanou a cura definitiva.

    4-j posso movimentar-me Na ltima semana de sua vida terrena, permaneceu acama-da, sem se mover.

    5-e saiba que tambm cresci. Diante de um caso semelhante a esse, apresentado no li-vro Reencontros (Espritos Diversos, F.C.Xavier, H.M.C. Arantes, Ed. IDE, Cap. 10, Nota 3), assim comentamos: Sabemos que aps a desencarnao o corpo espiritual das crianas pode voltar condio de adulto, que a normal, exigindo para essa transformao plstica, maior ou menor tempo, dependendo do grau evolutivo da alma. Isto , quanto maior o pro-gresso moral e intelectual do Esprito, maior o seu poder mental (plstico) sobre as clulas do prprio corpo espiritual. (Ver Evoluo em Dois Mundos, mdiuns F.C. Xavier e W. Vi-eira, Segunda Parte, Cap. 4; e Entre a Terra e o Cu, mdium F.C. Xavier, Cap. 9 e 11, am-bos do Esprito de Andr Luiz, Ed. FEB.).

    6-Mezinha Snia Snia Muniz Camargo reside com sua me, Julieta, em Goinia. 7-A senhora ficou sabendo que esperei por meu Pai e isso verdade. Quando seu pai,

    Gregrio Camargo, regressou ao Mais Alm em 13/3/1980, Sandra l residia havia dois anos. E, dois meses antes do recebimento desta carta, D. Julieta esteve em Uberaba, onde Chico Xavier lhe deu o seguinte recado: Sua neta est muito bem. Ela foi receber o pai dela.

    8-Max e irmzinha Seus irmos: Max Luiz Camargo, atualmente com 10 anos; e Cludia Cristina Camargo, com 12 anos.

  • 26 9-Querida vov, muito grata me sinto por suas lembranas D. Julieta guarda consi-

    go, carinhosamente, algumas lembranas da neta, tais como: roupas, bonecas e brinquedos. 10-Vov Benedita Benedita Ribeiro de Freitas, bisav materna, desencarnada em

    1974. 11-Sandra Regina Muniz Finalizando a carta, Sandra Regina Camargo mudou a sua

    assinatura com a justificativa: Vov, o Muniz (nome da av) mais nosso. 12-Esta carta foi impressa e divulgada pela famlia, com o seguinte agradecimento: Se-

    nhor Jesus, permiti que as mos abnegadas do nosso querido irmo Chico Xavier continuem espalhando as bnos de consolo e esperana para os que experimentaram a ausncia de seus ente queridos. Obrigado, Senhor. Julieta e Snia.

  • 27 JOS MURILLO NETO

    MDICO EM NOVOS CAMPOS DE AO

    Em mensagem psicografada por Francisco C. Xavier, em Uberaba, no Grupo Esprita da Prece, na noite de 21 de junho de 1980, dirigida esposa sra. Irene Netto, o mdico Jos Murillo Netto fala sobre a sua desencarnao e do que j aprendeu em quase trs anos no mundo espiritual.

    Jos Murillo Netto foi mdico urologista em Juiz de Fora. Exmio cirurgio, exerceu com dignidade a sua profisso durante 40 anos, tendo granjeado vasto crculo de amizade. Desencarnou em 26 de julho de 1977, de infarto do miocrdio, em pleno exerccio da medi-cina.

    Esta a mensagem que transcrevemos, pela riqueza de detalhes que comprovam a sua au-tenticidade e, tambm, pelo seu excelente contedo doutrinrio. Alguns trechos foram supri-midos, por tratarem de assuntos particulares.

    Com esta apresentao, a revista O Mdium (Juiz de Fora, MG, n. 479,. Julho/1980) divulgou, em primeira mo, a referida carta medinica.

    Posteriormente, solicitamos viva Dr. Murillo Netto a devida autorizao para tambm inclu-la nesta obra, o que conseguimos em atenciosa carta-resposta assim redigida:

    Juiz de Fora, 10 de janeiro de 1981. Prezado Senhor, fcil imaginar minha satisfao em saber que a mensagem recebida de meu saudoso

    Murillo, pela abenoada mediunidade do nosso querido Chico, possa levar a outras pessoas essas notcias do mundo espiritual e mais confiana na Bondade de Deus, alm do muito que confortou e esclareceu aos meus filhos e a mim prpria.

    Sr. Hrcio, sabendo de sua inteno de publicar em livro a referida mensagem de meu marido, aproveito a oportunidade para agradecer-lhe e dar-lhe meu pleno e irrestrito consen-timento.

    Desejando-lhe e sua Famlia muita sade e paz, subscrevo-me com elevada estima, (a) Irene Neves Netto (Vva. Dr. Jos Murillo Netto) muito penoso saber tanto acerca do corpo, sem maior discernimento quanto s reali-

    dades da alma. Querida Irene, estamos juntos, como sempre. Ainda no tenho formas de ritual para erguer pensamentos aos Cus; entretanto, creia

    que estou desejando a voc e aos nossos filhos, com os netos e quantos nos compartilham o cotidiano, muita sade e tranqilidade, com as alegrias possveis, em nosso tempo de trans-formaes difceis e, por vezes, amargosas.

    Quase trs anos! Vinte e seis de julho ficou marcado a pranto em nossos dias. Ainda assim, se a separa-

    o aparente nos doeu tanto, a f permanece em nossa companhia, na condio de enfermeira eficiente, cicatrizando-nos as chagas do corao.

    Posso dizer que as seqelas da desencarnao desapareceram. As primeiras semanas fo-ram de conflitos graves.

  • 28 No fcil ser despejado de casa sem aviso prvio, e o que me aconteceu no foi mui-

    to diferente, conquanto aquelas indefinveis dores precordiais que no me chegavam a predi-zer qualquer suspeita de fibrilao.

    Acontece, porm, que o inesperado surge de repente, carreando bens ou males que a cri-atura, sempre acalentada pela esperana, no conta receber de improviso.

    Nesse aspecto, entretanto, as provaes superam os prmios sempre minguados para quem participa das filas imensas dos necessitados no mundo. A morte assim mesmo. Mais do que outros profissionais, o mdico sabe disso.

    muito penoso saber tanto acerca do corpo, sem maior discernimento quanto s reali-dades da alma.

    No difcil estabelecer prognsticos, nesse ou naquele caso estranho a ns, contudo, em se tratando de ns mesmos, preferimos desconhecer as possibilidades negativas quando se anunciam para ns pessoalmente. por isso que, mesmo em Medicina, o homem conhece com expressiva extenso os males alheios, mantendo-se de entendimento obscuro sobre os males que lhe sejam prprios.

    Voc lembrar comigo a estranheza que registrava, de quando em quando, mas feliz-mente voc mesma cooperava comigo para que me esquecesse de sintomas e confiasse com mais segurana na Bondade de Deus.

    E agora, querida companheira, que os dias fiaram novas linhas de circunstncias e con-frontos sobre as ocorrncias que nos surpreenderam, reconheo que a certeza estava em sua abenoada capacidade de crer. Graas a Deus, tudo se verificou pelo melhor.

    Se paradas cardacas me atrasassem a liberao, ignoro como seriam os nossos sofri-mentos. Agora que a neblina da incompreenso no descortina para ns o sol de novos dias, afirmo ao seu carinho que o seu velho moo est muito grato.

    Voc articulou todas as providncias de que desejaria ser o autor se a estivesse, nos momentos de partilhas e resolues, que habitualmente criam tantos espetculos de desen-tendimento e discrdia entre os melhores grupos familiares de nosso conhecimento. Feliz-mente estamos em paz e agradeo a sua ternura de esposa, reservando-me, noite a noite, o lugar de presena, com a bondade que lhe preside as intuies claras de sempre.

    No tenho estado to longe, qual se imagina por a para o chamado morto que se despe-de dos entes amados.

    Com o apoio de amigos prestigiosos, procuro permanecer nas organizaes assistenciais de nosso ambiente, em Juiz de Fora.

    Encontrei aqui no Mundo Espiritual um princpio altamente benfico. Os tarefeiros do bem que se inclinam demora na assistncia famlia, podem facilmente obter semelhante privilgio, desde que se sustente em servio ao prximo, nas vizinhanas do lar que lhes ser-ve de moradia aos pensamentos ainda vestidos do amor e da saudade, que simbolizam em si, vnculos respeitveis na vida de cada um. Tenho o reconforto de me conservar quase rente com voc e com os filhos queridos que nos oferecem agora a colheita dos netos maravilhosos que nos enriquecem o presente na direo do futuro. Continuo esposo e pai, com a ficha de mdico, aprendendo a servir em novos campos de ao.

    E os companheiros so muitos, porque a desencarnao no significa vo imediato aos Espaos Eternos.

    Muitos poucos se deslocam do Plano Fsico em demanda de regies mais elevadas, por-quanto, na Vida Maior, encontramos invariavelmente a continuidade do que somos por den-

  • 29 tro de ns mesmos. O desejo parece um im poderoso. A criatura se desliga do veculo denso e, de imediato, se transfere para a regio que lhe define os anseios satisfeitos.

    Essa antiga histria do cu, inferno e purgatrio, autntica em se tratando de vida n-tima. Cada criatura traz consigo o sinal do ponto geogrfico em que passar a estagiar, aps desvencilhar-se dos laos positivamente materiais da vida na Terra. As organizaes so mantidas com a ordem inerentes s prprias leis que nos governam.

    Os semelhantes se atraem e se fixam uns com os outros, at que nos recessos de cada personalidade espiritual aparea o propsito de renovao para experincias mais altas pelo sentido de elevao em que se caracterizem.

    Por felicidade a religio no combativa, pelo menos do meu ponto de vista, pelo que j consegui conhecer e deduzir.

    Os grupos se satisfazem por dentro de si prprios, maneira de comunidades autrqui-cas. Imagine voc que vultos respeitveis de nossa querida terra Juiz de Fora, continuam aqui trabalhando e construindo.

    O irmo Jos Ribeiro de Resende, desbravador das margens do Parabuna, ainda se acha em ao, colaborando no progresso comunitrio. O Dr. Alfredo Ferreira Lage continua em sua magnnima prestao de servio. D. Justino de SantAnna, prossegue dirigindo a coleti-vidade catlica, e a vida se amplia, sem coao para ningum.

    Digo tudo isso a voc, respondendo a indagaes que ns ambos formulvamos sem resposta.

    Quanto possvel, aumenta a sua quota de assistncia social. Sei que voc sempre cola-boradora voluntria dos movimentos de confraternizao. Pois, quanto possa no se canse de auxiliar.

    Os seus investimentos por aqui sero cada vez mais preciosos. A beneficncia uma es-pcie de poupana com valores definidos perante o Cmbio Universal da Providncia Divina.

    Mas tambm no se v estragar porque eu esteja asseverando isso. Disciplina e ponderao nunca se perdem. Sigamos devagar. Precisamos muito de sua

    contribuio junto ao propriamente mais prximos de ns, que so os nossos filhos e descen-dentes.

    Agradeo ao Eduardo, ao Henrique e a Elizabeth, as lembranas reconfortantes com que me recordam. Sou grato a todos.

    Continue amparando aos nossos netos especialmente no domnio da assistncia espiri-tual - porque, sem qualquer idia de crtica, noto que os pais da atualidade dispem de muito pouco tempo para dialogar com os filhinhos.

    As crianas precisam de algum que lhes incuta idias positivas de f e trabalho, amor e solidariedade, nas pequenas cabeas esfogueadas pela televiso aberta (...)

    Irene querida, o lpis corre e os minutos j no nos pertencem (...) Muito amor aos nossos filhos e lembranas aos nossos amigos. Aqui termino esta carta quilomtrica. Isso saudade querendo reconfortar-se. Mas no

    saudade sem esperana. Confiando agora na Bondade de Deus, muito mais do que antes, pelo a voc guardar

    sempr em seu corao o corao do seu, sempre seu, Murillo. Jos Murillo Netto.

  • 30 Notas e Identificaes (de O Mdium)

    1-Vinte e seis de julho Data da sua desencarnao. 2-Jos Ribeiro de Rezende Baro de Juiz de Fora. Vereador mais votado e 1. Presi-

    dente da Cmara Municipal de 1853 a 1856. Foi dono de uma fazenda de caf s margens do rio Parabuna, da a aluso desbravador das margens do Parabuna.

    3-Dr. Alfredo Ferreira Lage Vereador em 1892. Grande benfeitor da cidade, tendo do-ado o castelo de sua famlia (construdo por seu pai Mariano Procpio), com todo o seu rico acervo, e que hoje o Museu Mariano Procpio.

    4-D. Justino de SantAnna D. Justino Jos de SantAnna (1878-1958), 1. Bispo de Ju-iz de Fora, cuja sagrao verificou-se em 1925.

    5-Digo tudo isso a voc, respondendo a indagaes que ns ambos formulvamos sem resposta Aluso s conversas ntimas entre o casal, quando ambos conjecturavam a respeito da vida espiritual.

    6-Eduardo, Henrique e Elizabeth Filhos. 7-Jos Murillo Netto A assinatura completa logo abaixo do nome Murillo era uma ca-

    racterstica dele, s conhecida por seus familiares.

  • 31 CRISTIANE MAGLIOCCO CASTELNAUD

    CLARAS E ABENOADAS PREMONIES

    Quando merecemos e necessitamos, sempre surge, em socorro ao nosso corao, um pressentimento dos eventos mais relevantes, e s vezes dramticos, de nossa vida, atenuando os impactos e preparando-nos para os difceis e dolorosos testemunhos de f em Deus.

    Foi o que aconteceu com D. Christiane Magliocco Castelnaud, residente no Rio de Ja-neiro, na noite de 11 de maro de 1978, quando sonhou com a partida para o Alm de seu filho Patrick, sem nenhum motivo que explicasse tal vivncia onrica. De fato, na manh do dia seguinte, s 6 horas, ela foi despertada pelos gritos da empregada, anunciando-lhe o aci-dente automobilstico, a quinhentos metros de sua casa de Itaipava, RJ, que ocasionaria o fa-lecimento de Patrick, aproximadamente s 7 horas, num hospital de Petrpolis.

    Tudo indica que a premonio consistiu na transmisso de um aviso por algum Benfei-tor Espiritual, protetor da famlia, que se caracterizou como sonho na mente materna.

    digna de nota a influncia do sonho na conduta de D. Christiane, assim descrita por ela mesma:

    Naquela manh, trs homens levaram-me a notcia do acidente. Eu perguntava: gra-ve? Eles responderam que houve alguns arranhes. Nesse momento, olhei namorada de meu filho e uma de minhas amigas, e disse: Acabo de perder Patrick.

    Quando cheguei ao Hospital Santa Tereza, em Petrpolis, ningum me disse nada. Eu pressenti. Peguei o telefone, chamei meu marido que se encontrava no Rio, e disse: Vem. Seu filho acaba de morrer! Depois o vazio. Para mim o mundo acabava nesse momento.

    Mas, dez meses depois, a 19 de janeiro de 1979, em Uberaba, ela recebeu muito confor-to e paz atravs de uma carta de prprio punho de seu inesquecvel Patrick, psicografada por Chico Xavier, em reunio pblica do Grupo Esprita da Prece, que lhe contou: Mezinha, esta carta um al iluminado de beijos. Aquilo tudo foi reajuste. No culpem ningum.

    Dois dias antes de partir, meu filho fez uma cano, que no final diz: Geremy, Ge-remy. Eu sou o homem da montanha. Eu no tenho medo da morte. Eu a respeito. Este e outros fatos premonitrios tambm ocorreram com Patrick, segundo depoimento de D. Chris-tiane.

    Uma coisa incrvel. Ns nunca falamos de morte. Entretanto, dois ou trs meses antes do acidente, ele disse a seu pai: Eu no viverei at a velhice. Falava tambm aos seus ami-gos e aos meus, que se caso alguma coisa lhe acontecesse, por favor, olhassem pelos seus pais. H pessoas que vivem no passado e outras tm viso do futuro. Patrick j era transpor-tado em outra dimenso. Ele pressentia, para ns de maneira inexplicvel.

    Em sequncia ao seu depoimento, D. Christiane contou-nos como recebeu a mensagem do querido filho:

    intil descrever nosso desespero. Somente os pais que perderam seus filhos sabem e podem sentir. Eu emagreci 14 quilos em 15 dias, querendo uma coisa s: ir embora deste mundo. Foi quando uma amiga me falou de Chico Xavier. No estado em que me encontrava, tanto fazia ir, ou no; v-lo ou no, pois nunca havia me interessado pelo Espiritismo.

    Fiz a primeira viagem sem xito. Na seguinte, cheguei numa segunda-feira para ser a-tendida na prxima sexta. Chico recebia 60 pessoas e eu tinha o n. 11. Nessa pica, chorava o tempo todo, quase no me alimentando.

  • 32 Chegou o grande dia. Eu tinha em mos redaes, desenhos e fotografias de Patrick.

    Queria mostrar tudo, contar tudo, mas infelizmente o tempo era limitado. Seguia chorando, quando Chico, muito calmo, pegou a fotografia de meu filho e disse: Ele est bem. um esprito de luz.

    Quando o mdium me perguntou onde foi o acidente, eu respondi que foi no Rio de Ja-neiro, para no perder tempo, quando, na verdade, foi na cidade serrana de Itaipava. Porm, meu filho diria corretamente na mensagem psicografada: Realmente no regressei de Itaipa-va. Retornei da guerra.(...) De uma paisagem bonita como a nossa serra, me transferi para outra.

    Depois, Chico comeou a perguntar-me: Quem Margeritte? Ninon? e outros nomes de meu conhecimento. Eu olhava-o e no compreendia nada. No sabia se ficava, se corria ou chorava mais. Nunca havia visto Chico em minha vida. Eu resido no Rio, a centenas de qui-lmetros de Uberaba. Sou francesa e os nomes so diferentes. Enfim, sentei-me e aguardei a noite com impacincia.

    Quando ele comeou a psicografar eu no parava de rezar, sempre no compreendendo nada. Tudo para mim era um sonho, uma coisa irreal. Chico parou de escrever e comeou a chamar os destinatrios, um por vez, lendo em seguida, ao microfone, as mensagens. Nesse dia, das seis recebidas, a quinta foi a minha. Ao ouvi-la, pensei em ter uma parada cardaca, tal a minha emoo.

    E, concluiu seu relato com estas palavras: Nossa dor prossegue, no h dvida. Mas, uma coisa deve ser dita: Chico, obrigada.

    Obrigada em nome de todos os pais. Que Deus te proteja. Tudo belo na obra de Deus. Mame Christine, abenoe-me. Tudo bem. Chegada em paz. Sabe o que sucedeu? Realmente no regressei de Itaipava.

    Retornei da guerra. Felizmente. Diga ao meu pai, a nossa Chantal e a nossa Ninon que prossigo. Tudo prossegue. a vi-

    da de que se cogita ainda mesmo quando nossas capas fsicas se estendam estraalhadas nos acidentes. Ontem, o campo de resistncia e de luta. Agora, a regio de paz reconquistada.

    Avise vov chri grand-,mre Fernanda e ao vov Magliocco que estou bem. De uma paisagem bonita como a nossa na serra, me transferi para outra. Graas a Deus, a guerra para mim terminou.

    Aquilo tudo, mame Christine, foi reajuste. No culpem ningum. Minha outra av Margeritte est me ensinando a compreender. Ainda vacilo nas lies. Mas o importante que estou na escola.

    Mezinha, lance tudo o que recordao de infncia no esquecimento. Papai Gerard es-t certo, somos todos irmos. No existem adversrios. Existem os filhos de Deus e todos nos pertencemos uns aos outros.

    Console a querida Chantal. A vida pede compreenso e no entende qualquer animosi-dade de nossa parte contra ela.

    Tudo belo na obra de Deus. O dia e a noite, a alegria e o sofrimento, o barco e a estre-la, o at o prprio mal existe por bem ainda interpretado para a essncia positiva em que nos transforma as dificuldades em bnos.

  • 33 Mezinha, esta carta um al simplesmente. Vai al iluminado de beijos; so todos

    seus. Se possvel, entregue alguns para Chantal e Ninon, e receba com meu pai Gerard todo o corao de seu filho, sempre seu filho do corao,

    Gerar Patrick Castelnaud.

    Notas e Identificaes

    1-Christine e Gerar Pais de Patrick, residentes no Rio de Janeiro, RJ. Na intimidade familiar, D. Christiane chamada Christine.

    2-Chantal Irm, residente na Frana. 3-Ninon Namorada, residente no Rio de Janeiro. 4-chri grand-mre Fernanda (em francs: querida vov) e ao vov Magliocco Avs

    maternos, residentes na Frana. 5-Aquilo tudo, mame, foi reajuste. No culpem a ningum. Com este esclarecimento

    de Patrick, deduzimos que houve resgate de dbito de existncia anterior, em obedincia s Leis Divinas, justas e misericordiosas, que presidem nosso destino.

    6-Minha outra av Margeritte Margeritte Yvetot, bisav, desencarnada na Frana, em 1974.

    7-Console a querida Chantal. A vida pede compreenso e no entende qualquer animo-sidade de nossa parte contra ela. D. Christiane explica este trecho: Quando aconteceu o acidente, estando somente com meu marido no Brasil, pedi minha filha, em Paris, que vies-se em seguida. Ela respondeu: No posso. Desliguei o telefone e disse a Gerard: Chantal acaba de perder sua me. Ningum mais sabia deste fato.

    8-Tudo belo na obra de Deus Sua me comenta: Patrick sempre revelava paz interi-or e era dotado de muita sensibilidade. Gostava da natureza e dos bichos. Certo dia, com 14 anos, ao regressar do colgio, disse-me: Me, eu no posso falar a ningum, mas no cami-nho, quando alguns homens cortavam rvores da rua, eu as escutei chorar. Enquanto narra-va, uma lgrima rolava em seu rosto.

    9-Gerard Patrick Castelnaud Nasceu no Rio de Janeiro, em 24/1/1958. Quando desen-carnou, a 12/3/1978, era estudante de arquitetura,

    10-A assinatura de Patrick, ao final da mensagem medinica, foi reproduzida, nesta o-bra, como legenda de sua foto. Sobre a grafia da mesma, D. Christiane fez as seguintes ob-servaes: A assinatura Gerard Patrick no a mesma da sua adolescncia, e sim da poca em que estava, aproximadamente, com 8 anos de idade. E a assinatura Castelnaud muito semelhante a de meu marido. No sei explicar bem, mas, como seu pai no acreditava no Es-piritismo, penso que Patrick quis provoc-lo, assinando igual a ele.

  • 34 RUI VAGNER GARCIA

    VOANDO MAIS ALTO

    Desastre de avio em Caieiras mata piloto e trs passageiros O piloto Rui Vagner Garcia, de 28 anos, residente em Tup, e trs passageiros, Aniz

    Chadi, 45 anos, Prof. Marco Antnio Casadei, 29 anos e Prof. Myrtes Pupo Negreiros, de 50 anos, todos de Marlia, morreram ontem quando seu avio caiu na Serra do Ajo, Morro Grande, municpio de Caieiras. O avio, um monomotor Corisco, fabricado pela Embraer, teve o acidente por volta das 9h30, quinze minutos depois de sair do Campo de Marte, com destino a Marlia.

    Sem rudo Segundo Terezinha Alves de Souza, dona do Stio do Barreira, prximo do local do aci-

    dente, o avio devia estar com defeito, pois no fazia barulho algum. S pude ver, ela contou, o avio fazer meia volta para no bater numa montanha. A-

    cho que, no desespero, o piloto tentou plainar, mas foi impossvel. Uma das asas bateu num morro e ele desceu de bico contra o cho.

    Terezinha afirma que, com o choque, o avio espatifou-se todo, no restando nada dos passageiros.

    As investigaes para apurar as causas do acidente esto a cargo do major Franco Fer-reira, do Servio de Buscas e Salvamento da FAB e da Delegacia de Polcia de Caieiras. Os policiais e peritos que estiveram no local acreditam que o avio perdeu altura por avaria no motor.

    Esta foi a notcia estampada na imprensa (Folha de S. Paulo, So Paulo, SP), no dia 16 de novembro de 1979, relatando um lamentvel acidente que enlutou vrias famlias.

    Porm, apenas trs meses aps este doloroso acontecimento, o piloto Rui voltou a con-versar com seus pais e com a querida noiva, atravs de escrita medinica, dando provas de muita compreenso e amor, mostrando que, sob as bnos de Deus, j voava mais Alto...

    No achei seno a prpria vida a continuar-se aqui de modo mais belo.(...) Ergamos a fronte para o cu e procuremos no trabalho do bem as chaves do reencontro.

    Querida mame Zolinda, peo me abenoe. Estou aqui, sob a tutela de amigos, com o fim de escrever-lhe com respeito s minhas

    notcias. tudo to estranho que no identifico as palavras certas para contar-lhe o que me sucedeu. Tudo se passou como se recebesse uma ordem arbitrria para que deixasse tudo o que representava minha prpria vida, de modo a partir ao desconhecido.

    Estou abraando a nossa querida Marisa, ao seu lado, e com natural descontentamento reconheo que no me percebe. Entretanto, a norte mudana de lugar e de situao; se isso digo assim porque no achei seno a prpria vida a continuar-se aqui de modo mais belo, mas sempre o prodgio da existncia que se teme perder, quando partilhamos as atividades terrestres.

    Venho quase que constrangido at aqui a fim de pedir-lhe calma e coragem. Rogo que-rida Marisa para ficar na orao e aguardar os dias futuros. A noiva querida prossegue em meu corao na moldura de meu carinho e peo-lhe, querida mame, rogo senhora e a meu

  • 35 pai adotarem Marisa espiritualmente, de maneira a conseguirmos pensar na felicidade dela nos dias que viro. Conquanto prossiga em minha condio de rapaz, a verdade que a amo infinitamente e me vejo nos exerccios difceis de liberao dos laos que me prendiam Terra.

    Peo querida Marisa para que ore e aguarde; se no posso agora assumir a posio de noivo, posso pedir a Deus para que o irmo que sou desperte em mim, compreendendo-a e abenoando-a no que delibere fazer.

    Querida companheira de meus sonhos, no me veja indiferente; o nosso amor palpita em meu peito com a mesma fora de antes, mas preciso afast-la do pessimismo e da incon-formao. Prometo-lhe realizar o milagre da transformao que Jesus espera de mim no sen-tido de que me converta no companheiro fraternal para os seus dias. Peo a voc e mame no chorarem mais com tanta amargura a se lhe derramar do corao. Aguardemos a certeza de que Deus est em nossos passos, oferecendo-nos sempre o melhor.

    Precisamos ser fortes e valorosos. O futuro vem a e no desejo que ele a encontre pre-maturamente arrasada pela dor que nos feriu tanto, e que tanto nos feriu visando ao nosso prprio aperfeioamento. Tudo adquirir uma nova forma de vida no mundo, e no podemos esquecer que Deus a nos coloca na Terra para vivermos com as nossas realidades, melho-rando-as sempre, tanto quanto possvel. Ergamos a fronte para o cu e procuremos no traba-lho do bem as chaves do reencontro.

    Mezinha, agradeo a sua vinda com nossa Marisa, e espero que o seu carinhoso cora-o e meu pai no se esqueam que temos Darci e Vera contando conosco para serem tran-qilos e felizes. No pense em morrer quando a vida se nos apresenta repleta de desafios san-tos, compelindo-nos a agir e servir sempre.

    Estimaria pedir perdo ao pessoal da tica por minha falta involuntria. Quanto ao avi-o, fiz o que pude para impedir-lhe a queda. As mquinas, porm, so mquinas. Toda en-grenagem estruturada em agentes do mundo encontra o seu dia de transformao, qual acon-tece conosco, inquilinos de um corpo terrestre, fadados prpria desintegrao. Tudo passa, porm, deixando-nos ensinamentos preciosos. Que os nossos sejam devidamente aproveita-dos.

    Agora espero que os amigos em Marlia, me perdoem, porquanto no tivemos qualquer culpa ante a queda do aparelho. Dos meus companheiros ainda no sei o destino, mas con-servo a convico de que foram protegidos, qual me aconteceu. Aos poucos dar-lhe-ei conta do que for surgindo em minha inesperada e dolorosa novela em servio.

    Peo-lhe dizer a meu pai que o irmo Jos Alonso e o Dr. Giovanetti, que me informa-ram estimarem com muito carinho a nossa famlia em Tup, muito me auxiliarem e ainda auxiliam.

    O vov Francisco tem sido para mim um outro pai e nada tenho de que me queixar, se-no que a saudade ainda me di por dentro da prpria alma, como que a me entravar a mar-cha para diante.

    Rogo-lhes no esquecerem das oraes. A prece, em nosso favor, um estmulo vener-vel a impulsionar-nos para a estrada certa que nos cabe percorrer, embora de esprito ainda ferido com o acontecimento imprevisto, prossigo para a frente com a esperana.

    Mezinha, auxilie-me, recebe com Marisa e com meu pai os meus melhores pensamen-tos de gratido. Ainda titubeio no campo das idias por isso me despeo. Permitir o Senhor

  • 36 que as melhoras espirituais me alcancem como necessrio, a fim de conseguir auxili-los. Marisa querida, reanime-se!

    Mezinha, fortalea o seu esprito consagrado ao bem e mantenhamos a nossa f intacta em Jesus, com a certeza de que Deus nos oferece sempre o melhor que sejamos capazes de receber. Marisa querida, recebe o meu corao de companheiro, e venerando-as com meu pai Francisco e os irmos ausentes, qual se todos estivessem aqui, conosco, deixa-lhe um abrao do corao o filho e companheiro de todas as horas, sempre seu, sempre o filho reconhecido

    Rui Rui Vagner Garcia.

    Notas e Identificaes 1-Carta psicografada por F. C. Xavier, a 15/2/1980, em reunio pblica do Grupo Esp-

    rita da Prece, Uberaba, Minas. 2-Mame Zolinda Zolinda Maria Buono Garcia, residente em Tup, SP. No incio da

    reunio, quando ela pediu, por escrito, notcias de seu filho, identificou-se apenas como Ma-ria Buono Garcia, omitindo Zolinda, prenome conhecido apenas dos mais ntimos. Por-tanto, este tratamento usado pelo Rui a surpreendeu e emocionou muito.

    3-querida Marisa Noiva. 4-meu pai Francisco Garcia. 5-Darci e Vera Irmo e irm. 6-pessoal da tica tica Iguatemy, de Marlia, SP, firma a que pertencia como piloto. 7-Quanto ao avio, fiz o que pude para impedir-lhe a queda. (...) Toda engrenagem es-

    truturada em agentes do mundo encontra o seu dia de transformao. Explicao concor-dante com o depoimento da testemunha ocular, em terra, do acidente.

    8-Vov Joana Joana Zacheu, desencarnada em 1960. 9-Vov Francisco Francisco Buono, desencarnado em 1936, aos 70 anos. 10-Jos Alonso Antigo morador de Tup, charreteiro, deixou o Plano Fsico h 20 a-

    nos. 11-Dr. Giovanetti Dr. Bruno Giovanetti, engenheiro e proprietrio da serraria, foi um

    dos pioneiros de Tup, falecido em 1955. Foi patro e amigo de Jos Alonso. Por no t-los conhecido, a me de Rui considera-os como Benfeitores Espirituais dos tupenses.

    12-Em fins de 1981, a Prefeitura Municipal de Tup prestou expressiva homenagem pstuma ao Rui, dando o seu nome rua onde residem seus pais, antes denominada Oriente.

    Fim