cartaz publicitario um resgate historico

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8/18/2019 Cartaz Publicitario Um Resgate Historico http://slidepdf.com/reader/full/cartaz-publicitario-um-resgate-historico 1/16  CARTAZ PUBLICITÁRIO: UM RESGATE HISTÓRICO 1  ABREU, Karen Cristina Kraemer. MSc. 2  UFSM/CESNORS-FW/ R esumo: Este trabalho procura investigar, a partir de uma pesquisa bibliográfica, os caminhos do cartaz na sociedade ocidental, promovendo um breve resgate histórico. A história do cartaz coincide com a história do desenvolvimento da Humanidade. A sua transformação reflete a tecnologia, a estética e o  pensamento de cada época. Os primeiros exemplares de que se tem relato eram produzidos por escribas e tinham a pedra ou as placas de argila como suporte (mineral). Com o aparecimento do pergaminho (animal) e do papiro (vegetal) efetiva-se a portabilidade desses suportes. Palavras-Chave :  Cartaz, Pôster, História da Mídia Alternativa, Toulousse-Lautrec, Chéret. INTRODUÇÃO O cartaz, que no início de sua utilização é compreendido como um exemplar id ul  da pintura, torna-se um objeto da ss ul , ao difundir informações e ideias  para um patrocinador. !"#" %"&'"()* +,--./ 01 2.3/ 4* )5&67#&* 078(565'9#5* ):;:<): * interesse p #5=")* ): >7:? :&'9 0"@"<)* 0*# :(:1 A7 &:B"/ C 7? )5&67#&* 6*? D)*<*EF1 G/ esse fato é bem aceito na sociedade contemporânea. Por apresentar-&: 6*?* 7? 4&78&'5'7'* 8"#"'* )" 05<'7#"F/ * 6"#'"H desperta o olhar do público, que a valora, criando uma aura d: 40&:7)*"#':F 0"#" :&&" ?I)5"1 JK* C só a transmissão de informação que está contemplada na peça publicitária cartaz, há 7?" #:;:#L<65" "* "#'I&'56* : 5&&* * '#"<&0*#'" 0"#" 7?" 6"':@*#5" 4)5&'5<'"F )" ?I)5" corriqueira, na visão do público. O consumidor é capaz de encantar-se com as imagens, com as cores, com os traços e/ou com o estilo mostrado no cartaz. Há um poder de magia, de encantamento. 1.1 - O CARTAZ PUBLICITÁRIO 1  Trabalho apresentado no GT de Historiografia da Mídia, integrante do VIII Encontro Nacional de História da Mídia, 2011. 2  Doutoranda e Mestre em Ciências da Linguagem pela Universidade do Sul de Santa Catarina  M  UNISUL; Graduada em Comunicação Social nas habilitações Publicidade e Propaganda e Jornalismo/UNISINOS.

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C A RT A Z PUB LIC IT Á RIO : UM RESG A T E H IS TÓRIC O 1 

ABREU, Karen Cristina Kraemer. MSc.2

 UFSM/CESNORS-FW/

Resumo: Este trabalho procura investigar, a partir de uma pesquisa bibliográfica, os caminhos do cartazna sociedade ocidental, promovendo um breve resgate histórico. A história do cartaz coincide com ahistória do desenvolvimento da Humanidade. A sua transformação reflete a tecnologia, a estética e o pensamento de cada época. Os primeiros exemplares de que se tem relato eram produzidos por escribas etinham a pedra ou as placas de argila como suporte (mineral). Com o aparecimento do pergaminho(animal) e do papiro (vegetal) efetiva-se a portabilidade desses suportes.

Palavras-Chave: Cartaz, Pôster, História da Mídia Alternativa, Toulousse-Lautrec, Chéret.

I N T R O D U Ç Ã O

O cartaz, que no início de sua utilização é compreendido como um exemplar

m id c ul t   da pintura, torna-se um objeto da m a ss c ul t , ao difundir informações e ideias

 para um patrocinador. !"#" %"&'"()* +,--./ 01 2.3/ 4* )5&67#&* 078(565'9#5* ):;:<): *

interesse p#5=")* ): >7:? :&'9 0"@"<)* 0*# :(:1 A7 &:B"/ C 7? )5&67#&* 6*? D)*<*EF1 G/

esse fato é bem aceito na sociedade contemporânea.

Por apresentar-&: 6*?* 7? 4&78&'5'7'* 8"#"'* )" 05<'7#"F/ * 6"#'"H  desperta o

olhar do público, que a valora, criando uma aura d: 40&:7)*"#':F 0"#" :&&" ?I)5"1 JK* C

só a transmissão de informação que está contemplada na peça publicitária cartaz, há

7?" #:;:#L<65" "* "#'I&'56* : 5&&* * '#"<&0*#'" 0"#" 7?" 6"':@*#5" 4)5&'5<'"F )" ?I)5"

corriqueira, na visão do público. O consumidor é capaz de encantar-se com as imagens,com as cores, com os traços e/ou com o estilo mostrado no cartaz. Há um poder de

magia, de encantamento.

1.1 - O C ART AZ PUBL I C IT ÁRIO

1  Trabalho apresentado no GT de Historiografia da Mídia,  integrante do VIII Encontro Nacional deHistória da Mídia, 2011.2

  Doutoranda e Mestre em Ciências da Linguagem pela Universidade do Sul de Santa Catarina  M  UNISUL; Graduada em Comunicação Social nas habilitações Publicidade e Propaganda eJornalismo/UNISINOS.

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1.

1.

1 !  D efinindo Cartaz

O cartaz ou pôster 3, como é conhecido internacionalmente, funciona quase como

um estandarte: é ele que sintetiza as informações sobre o evento a ser divulgado ou

sobre o produto ou serviço ofertado. A definição apresentada por Rabaça e Barbosa

+.NNO/ 01 ...3/ 0"#" 6"#'"H C 4"<P<65* ): @#"<):& )5?:<&Q:&/ :? ;*#?"'*& ="#59=:5&/

impresso em papel, de um só lado e geralmente a cores. Próprio para ser afixado em

ambientes amplos ou ao ar livre, em paredes ou armações próprias de madeira ou?:'"(F1

 J" 6*<6:0RK* ): S*<&:6" +.NNO/ 01 .T3/ 6"#'"H C * 45?0#:&&* ): @#"<): ;*#?"'*/

 para afixação em ambientes amplos ou ao ar livre, que traz anúncio comercial ou de

:=:<'*& 67('7#"5&/ &*65"5& *7 0*(I'56*&F G? #:("RK* "* "&0:6'* =5&7"(/ * 6"#'"H/

@:#"(?:<':/ C 6*?0*&'* 7'5(5H"<)* 46*#:& : 6*<&'5'75/ ?75'"& =:H:&/ (:@I'5?"& 0:R"& ):

arte. (...) Os cartazes podem ser colados (impressos em papel e substituíveis de tempos

:? ':?0*&3/ 05<'")*& *7 (7?5<*&*& +0"5<C5& ): 6"#9':# 0:#?"<:<':3F/ 6*<'5<7" * ?:&?*

autor.

O conceito de cartaz disponível na wikipédia, recurso bastante usado na

atualidade pelos acadêmicos de publicidade e propaganda, apresenta sentidos próximos

daqueles apontados pelos autores acima citados, possibilitando a compreensão que o

cartaz é a peça publicitária que se mostra ao público como uma mensagem expressa em

um suporte, normalmente em papel, afixado de forma que seja visível emlocais públicos. Sua função principal é a de divulgar informação visualmente,mas também tem sido apreciada como uma peça de valor estético. Além dasua importância como meio de publicidade e de informação visual, o cartaz possui um valor histórico como meio de divulgação em importantesmovimentos de caráter político ou artístico. Os problemas estruturais eformais são resolvidos pelo projeto de design gráfico. (WIKIPÉDIA, 2010)4 

3 No Brasil a palavra pôster (em Portugal, póster) é usada quando nos referimos a peças mais "artísticas", inclusiveàquelas que podem fazer parte de decoração de interiores. (N. da A.).4 Disponível em <http://www.wikipédia.com/cartaz>; acessado em 20 de março de 2010.

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A diferenciação que se faz no Brasil entre pôster e cartaz acaba por construir

sentidos de que o pôster tem valor estético e o cartaz valor funcional, em razão da

transmissão da informação que ele apresenta. Um cartaz pego da rua e colado no quarto

de um adolescente, por exemplo, independentemente das informações que transmite,

deixa se ser um cartaz com intuito comercial e passa a ser considerado um pôster, pois

sua função principal, naquele cômodo, não é mais informar sobre determinado assunto,

mas decorar o ambiente.

Sobre os modelos de cartaz usados nas sociedades contemporâneas, Rabaça e

Barbosa ensinam que quando dispostos nos pontos de venda, facilmente encontram-se

os formatos com 1, 3 e 4 folhas,

O cartaz de 1 folha pode ser também colocado diretamente em paredes etapumes. São chamados de indoor  (sic) os cartazes próprios para afixação emambientes fechados, inclusive no interior de pontos-de-venda (sic), emtransportes coletivos e estações de embarque. (RABAÇA & BARBOSA,1995, p. 111 - 112).

Em relação ao aspecto histórico do cartaz, os autores esclarecem que

Embora haja registros sobre o uso de cartazes desde a antiga Mesopotâmia,esse recurso de comunicação consagrou-se principalmente a partir do século19 (sic), com o desenvolvimento das ates gráficas. Exemplos expressivosdesse período são os cartazes criados por Toulousse-Lautrec, Bonnard eChéret, reconhecidos hoje como legítimas peças de arte. (RABAÇA &BARBOSA, 1995, p. 111).

Cesar (2000, p. 51), afirma >7: * 0U&':# <K* C 4" =5'#5<: 5):"( 0"#" * Dir e t or d e  

Ar t e   (sic), muitos não gostam ou não levam a criação do cartaz tão a sério quanto

deveriam. (...) O cartaz é uma peça tão importante quanto qualquer outraF. Na visão

d:&&: "7'*#/ * 6"#'"H 4como meio de divulgação, é um marco na história da

 0#*0"@"<)"F1

Ferlauto (apud, Cesar, 2000, p. 52), por sua vez, explica que 4* :&0I#5'*

;7<)"?:<'"( )* 6"#'"H C " 87&6" )" 6*?7<56"RK* &5?0(:&F1 V ;7<65*<"(5)"): )* 0U&':#

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é reconhecida: divulga ideias, acontecimentos ou eventos e vende produtos ou serviços;

está extremamente relacionado à economia de mercado da sociedade contemporânea.

Moles (1974, p. 56 - 57), esclarece, ainda, que é fundamental o papel do cartaz

 publicitário no espaço urbano e, que seu conteúdo funcional, estético e cultural está

ligado à teoria dos signos. O cartaz relata, comprova e registra o andamento do d e s ign , o

contexto criativo construído e relevante para o conhecimento sobre d e s ign gráfico.

W*<;*#?: WX"@"& +,--,/ 01.YZ3/ 7? )*67?:<'* C 4">75(* >7: :<&5<" +do cce r e ) ou,

?"5& 0#:65&"?:<':/ ">75(* >7: 0*): &:# 7'5(5H")* 0"#" :<&5<"# "(@7?" 6*5&" " "(@7C?F1

 No campo da propaganda, a estética é extremamente importante na expressão da

mensagem a ser transmitida. Por outro lado, sabe-se que esse campo não possui uma

estética própria, podendo apropriar-se de quaisquer formatos para difundir suas

mensagens envolvendo mais e melhor o público ao qual se destina.

1.

2 - B R E V E H IST Ó R I A D O C A R T A Z N A C I V I L I Z A Ç Ã O O C I D E N T A L

A história do cartaz coincide com a história do desenvolvimento da

Humanidade. A sua transformação reflete a tecnologia, a estética e o pensamento de

cada época. Nesse sentido, Turner e Muñoz +,--,/ 01 .O3/ :<&5<"? >7: 4os gestos

definiram a estrutura social do Homem de Neanderthal. A escrita e a pintura definiram o

W#*?"@<*<41

Os primeiros exemplares de comunicações públicas de que se tem relato eram

formulados por escribas e tinham a pedra ou as placas de argila como suporte (mineral),

onde eram esculpidas as mensagens dos governantes. Com o aparecimento do

 pergaminho (suporte animal) e do papiro (suporte vegetal) efetiva-se a portabilidade

desses suportes.

Quando os chineses inventam o papel (pasta vegetal), o cartaz alcançou a portabilidade definitiva. Somado a descoberta da imprensa móvel, pelo ourives Johann

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Gutenberg, depois de comprová-la com a produção de sua Bíblia de 32 linhas, foi aberto

o caminho da grande difusão de informações impressas na história da Humanidade.

Cesar (2000, p. 52), ";5#?" >7: 4* 0#5?:5#* 6"#'"H 6*<X:65)* C ): ["5<'-Flour,

de 1454, feito em manuscrito, sem imagens. Não demorou para que esse novo meio de

comunicação se estendesse a todos os interessados em divulgar idéias (sic),

acontecimentos ou vender produto&F1 A :\:?0("#   de Saint-Flour já apresentava as

 principais características que o cartaz registra hoje. Entretanto, foi William Calixto,

contemporâneo de Gutenberg, o introdutor da imprensa móvel no Reino Unido, criando

:? .Y2- * 6"#'"H 4]X: !^:& *; ["(5&87#@F/ >7: :#" ";5\")* <"& 0*#'"& )"& 5@#:B"&

 promovendo o livro religioso. Também um exemplar em letras manuscritas.

Fig. 1: Primeiro Cataz de Calixto, impresso no Reino Unido, em 1480.Fonte: Adverte. Disponível em <http://www.adverte.com.pt>, acessado em: 20/março/2010.

A técnica litográfica5 ajuda a fundar a história do cartaz publicitário moderno. O

húngaro Aloys Senefelder, autor de peças de teatro, inventou essa técnica de impressão

que buscava imprimir, a baixo custo, as suas próprias partituras musicais, em 1796. Atécnica de Senefelder,

Consistia basicamente em desenhar, através de pincéis, compasso, penas eoutro material de desenho, sobre a respectiva pedra litográfica, com uma tinta pastosa composta por cera, sabão e negro de fumo. Esta descoberta vai permitir, décadas mais tarde, desenvolvimento sem precedentes na históriado cartaz. O mais revolucionário de todos é o uso da cor, até então praticamente inexistente. (ADVERTE6, 2010).

5 Também conhecida como Litografia, que origina-se do Grego lithos (pedra) e graphos/graphia (escrita, registro. (N.da A.).6 Disponível em <http://www.adverte.com.pt>, acessado em 20 de março de 2010.

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Utilizando como base uma pedra calcária, uma placa de alumínio ou de zinco, o

 processo litográfico baseia-se no princípio da repulsão entre a água e substâncias

oleosas. A grande inovação é a possibilidade do uso de cores e de traços curvilíneos, se

contrapondo à tipografia, técnica bastante difundida até então na Europa, que reproduzia

textos e algumas imagens á traços retilíneos.

Muitos pintores e ilustradores adotaram a técnica litográfica devido ao baixo

investimento necessário a sua implantação, dando-lhe grande importância por permitir a

reprodução e circulação massiva de imagens. A primeira empresa de impressão

litográfica é aberta em Paris, em 1816. A partir de então, estavam estabelecidas as

condições para que o pôster artístico ou comercial se desenvolvesse e atingisse o

estatuto de grande e, muitas vezes, única mídia existente.

1.2.1 - O C ART AZ PUBL I C IT ÁRIO

Jules Chéret, pintor francês, em 1860, inicia a produção de cartazes publicitários

com estilo artístico. Foi Chéret quem combinou imagem e texto permitindo ao público a

leitura rápida e a compreensão da mensagem. Além de Chéret, Alphonse Mucha e

Henri de Toulousse-Lautrec, na França, são os pioneiros na produção de cartazes. Nos

Estados Unidos, nessa mesma época, J. H. Bufford e L. Prang foram grandes d e s ign e r s  

gráficos que se dedicaram à produção cartazista tendo importante destaque no seu

desenvolvimento.

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Fig. 2: Foto de Jules Chéret mostrando seu cartaz a Toulouse-Lautrec.Fonte: <http://www.wikipédia.com/cartaz>; acessado em 20 de março de 2010. 

Chéret também foi o primeiro artista plástico a compreender a importância dos

aspectos psicológicos na publicidade. Elaborava cartazes sedutores e que causavam

impacto emocional no público, utilizando a imagem feminina com alegria, vivacidade e beleza.

Fig. 3: Valentino, cartaz de Jules Chéret.Fonte: Adverte. Disponível em: <http://www.adverte.com.pt>, acessado em: 20/março/2010.

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O pôster Valentino, mostrado acima, datado de 1886, de Jules Chéret foi o

 primeiro cartaz impresso da era moderna, ou seja, um exemplar que corresponde ao que

compreendemos como cartaz na atualidade. V)=:#': +,-.-3 :<&5<" >7: 4* 6"&* presente

(Cartaz Valentino) indicia o elevado carácter dinâmico da sua obra: o palhaço e as

raparigas parecem saltar para fora do cartaz, efeito que acentua a inscrição curvada e

nos sugere um cartaz tridimensionalF.

Entusiasmado com seu trabalho e com os resultados obtidos, Chéret aperfeiçoa a

técnica litográfica atingindo grandes tiragens e o controle do uso das cores. Com o

domínio da técnica, aventura-se em utilizar pedras graúdas que possibilitam a produção

de cartazes de grandes formatos, visualizados à distância, os ou t door s  da época.

Conta Hollis (2000, p. 06), >7: 4* :&'5(* ): WXC#:' "?")7#:6:7 <* ;5<"( )"

década de 1880, sendo logo adotado e desenvolvido por outros artistas, particularmente

 por Pierre Bonnard e pelo mais conhecido de todos, Henri de Toulouse-_"7'#:6F1 A&

desenhos eram geralmente de 6*#:& 6X"0")"& : <K* &:@75"? "& 4#:@#"&F )" 0:#&0:6'5=" :

das técnicas tradicionais. ["<'EV<<" +.NNO/ 01 Y3/ :\0(56" >7: 4<* 5<I65* )* &C67(* ``/

Toulouse-Lautrec, com seus cartazes, pôs (sic) em relevo o valor da imagem, ampliando

assim as possibilidades )* "<P<65*F1 

 Na década de 1890, o pintor Henri de Toulouse-Lautrec lançou em Paris umestilo cartazista inteiramente novo. Lautrec criou técnicas de reprodução

litográfica que revolucionaram o processo de impressão, estabelecendo umanova linguagem para o cartaz e para a propaganda comercial. (FONSECA,1995, p. 17).

Chéret e Toulouse-Lautrec trabalharam com tintas resistentes ao tempo (clima);

a distribuição de cartazes externos torna-se viável em paredes e colunas no ambiente

urbano e em painéis de estrada ao longo dos caminhos circundantes a Paris. Fonseca

(1995, p. 17  M   .23/ #:("'" >7: 4* 6"#'"H :(:=*7-se assim a uma verdadeira arte

expressiva, embora mantivesse seu caráter objetivo e utilitário. (...) Se espalha pela

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Europa abrindo caminho e formando as bases para uma nova forma de comunicação

6*?:#65"(Fa *& 0#5?:5#*& 0"&&*& )" 0#*0"@"<)" =5&7"( &7#@:? <" S#"<R" )* &C67(* `b`1

 Naquele momento, todos queriam aproveitar " 4?I)5" 6"#'"HF 0"#" difundir suas

intenções comerciais ou ideológicas. Conforme Cesar(2000, p. 52), F':"'#*&/ :?0#:&"&

de remédios, indústria, etc., passaram a usar o novo meio. (...) a arte publicitária tornou-

se famosa principalmente pelo cartaz criado por Toulouse-Lautrec, publicado em 1893,

 B9 7'5(5H"<)* 5?"@:<& : 6*#:&F1 

Fig. 4 e 5: Cartazes de Toulouse-Lautrec para o Cabaré Moulin Roug e  (1893). Fonte: <http://www.easyart.com>; acessado em 25/maio/2009.

 Naquela época a imagem urbana parisiense transforma-se: é a primeira cidade a

desfazer-se do velho e a recriar-se, sendo copiada por outras tantas cidades europeias e

americanas. Costa e Rodrigues (1995, p. .N3/ ";5#?"? >7: 4" 87#@7:&5" <:6:&&5'"="

revolucionar constantemente os seus meios de produção, modificando ilimitada e

sistematicamente o mundo. (...) A '#"<&;*#?"RK* :#" 7? ;5? :? &5 ?:&?*F1 Os cartazes

#:6#5"? " 5?"@:? 7#8"<" '#"H:<)* 5<;*#?"RK* +':\'*3/ 5?"@:?/ 6*#+:&3 : 405<6:(")"& ):

"#':F1 

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É necessário ainda, lembrar que com a transformação da indústria gráfica e o

desenvolvimento do fotolito7, os cartazes puderam ser reproduzidos em quantidades

maiores, sendo utilizado como meio de divulgação de produtos, marcas, serviços e

eventos. Sua "0(56"RK* :<>7"<'* 4?:5* ): 6*?7<56"RK* @"<X*7 0#*0*#RQ:& 5<;5<5'"&F/

afirma Cesar(2000, p. 52).

A criação de Edouard Manet para Cha m p f  l e ury   (Le s   Cha ts ), em 1896, não se

insere na corrente dominante da época. Entretanto, o cartaz de Manet apresenta

características de produções modernas (ver fig. 7 - Cartaz da Semana de Arte Moderna

de SP/19223 : 6*<;*#?: V)=:#': +,-.-3 4C * 0#:(P)5* )* 6"#'"H )*& <*&&*& )5"&c @#"<):

enfoque no motivo principal a comunicar, redução dos detalhes ao mínimo e integração

de texto e imagem, resultando numa obra de fácil leituraF.

Fig. 6: Exemplar de cartaz de Edouard Manet, em 1896.Fonte: Adverte. Disponível em: <http://www.adverte.com.pt>, acessado em: 20/março/2010.

7 Fotolito é a denominação dada à película transparente (acetato) onde são registrados imagens e textos através de um processo fotomecânico. (N. da A.).

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Fig. 7: Cartaz (All Type) da Semana de Arte Moderna, em 1922, no Brasil.Fonte: Disponível em: <http:/www.wikipedia/com.pt/Arte-moderna-8.jpg>, acessado em: 20/10/2009.

O cartaz da Casa Ramos Pinto, fundada por Adriano Ramos Pinto no século

XIX, é um emblema no mercado de vinhos do Porto/PT. A divulgação da famosa casa

de vinhos portuguesa sempre contou com imagens míticas. Conforme o s i t e   adverte

(2010), o proprietário do negócio sempre soube que 4a imagem é imprescindível para o

sucesso empresarial. Encomendou vários trabalhos (cartazes) a alguns dos mais famosos

cartazistas da épocaF.

Fig.8: Cartaz da Casa Ramos Pinto, apresentando metalinguagem visual.Fonte: Adverte. Disponível em: <adverte.com.pt>, acessado em: 20 de março de 2010.

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1.3 - A PRODUÇ ÃO DE C ART AZ ES NO SÉC UL O X X

O cartaz atingiu um importante papel para a propaganda no século XX,

tornando-se a principal mídia de divulgação das transformações sociais que antecedem a

II Guerra Mundial, por seu alto grau de impacto e de provocação do interesse do

 público. !"#" d*((5& +,---/ 01 -O3/ F<as ruas das crescentes cidades do final do século

XIX, os pôsteres eram uma expressão da vida econômica, social e cultural, competindo

:<'#: &5 0"#" "'#"5# 6*?0#")*#:& 0"#" *& 0#*)7'*& : 0P8(56* 0"#" *& :<'#:':<5?:<'*&F1  

]"?8C? C 5?0*#'"<': 6*<&5):#"# " :\0*&5RK* ): ["<'EV<<" +.NNO/ 01 Y M   5),

)5H:<)* >7: 4"<':& )* 5?0:'7*&* "="<R* )" ':6<*(*@5"/ "& ;98#56"& &: (5?5'"="? "

 produzir aquilo que o consumidor realmente necessitava e estava em condições de

")>75#5#F1

A partir da produção em grande escala, as fábricas passaram a gerar produtos

 para um mercado que poderia consumir mais do que o essencial. A propaganda foi a

maneira encontrada para escoar a excessiva produção das máquinas das indústrias,

auxiliando os industriais a rapidamente dar vazão à produção. Anunciar os produtos foi

a alternativa mais eficiente à época.

Só a propaganda, com suas técnicas aprimoradas de persuasão, poderiainduzir as grandes massas consumidoras a aceitar os novos produtos, saídosdas fábricas, mesmo que não correspondessem à satisfação de suas

necessidades b9&56"&c 6*?:#/ =:&'5#/ ?*#"#/ '#"'"# )" &"P): +[VJ]EVJJV/1995, p. 5).

O pôster, que representava uma nova forma de comunicação na era industrial, e

após a publicação de um livro sobre o assunto, Le s   Aff  i c h e s   Illu st rr ée s , em 1886,

adquiriram respeitabilidade cultural e tornaram-se objetos colecionáveis. Por suas

características, impresso industrialmente, contemplando cor(es), texto e imagem e,

 persuadindo os consumidores, também é percebido como um elemento propício para a

difusão de propaganda política, além do uso comercial já enfatizado.

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Durante a Segunda Guerra, foi uma das armas mais eficientes para elevar os

sentimentos patrióticos, manter a moral do front (sic) interno e mobilizar aopinião pública. Nos anos que se seguiram ao armistício, a França, a Itália enotavelmente a Polônia aparecem com uma alta qualidade de concepção e produção gráfica de cartazes (FONSECA, 1995, p. 18).

 Nos Estados Unidos também o cartaz foi utilizado como meio de divulgação das

ideias políticas e governamentais. Os exemplos abaixo apresentam alguns dos materiais

criados pelo governo norte americano durante a Segunda Grande Guerra bem como

aqueles criados pelas Forças Armadas daquele país, informando, controlando e

induzindo os pensamentos da população.

 Na época posterior à Revolução Russa, a presença do cartaz na difusão das

5):5"& )* 4<*=* @*=:#<*F ;*5 :\'#:?"?:<': 5?0*#'"<':  pelo envolvimento com as

vanguardas artísticas e pelo alto grau ideológico das menssagens publicizadas. Dessa

forma, o d e s ign   russo foi influente na evolução do cartaz europeu moderno e na

estruturação dos conceitos difundidos pela Bauhaus, escola de d e s ign  alemã.

Fig.9: Cartaz de El Lissitzky, de 1929.Fonte: WIKIPÉDIA. Disponível em: <http://www.wikipédia.com.pt >, acessado em: 20/03/2010.

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El Lissitzky criou cartazes construtvistas, que apontavam grandes modificações

 para o início do século XX. Usando cores puras8, formas geométricas e montagens

fotográficas. O russo El Lissitzky foi o introdutor dos tipos (de letras) sem serifas na

 produção publicitária, que tem seu uso privilegiado até a atualidade.

O cartaz transformou-se na medida em que a sociedade também se modificou.

Mais texto, menos imagem; mais imagem, menos texto. Mais cores, imagens

monocromáticas, apresentações all t  yp e , explosão de cores, enfim, sua estética foi

adaptando-se às necessidades do público e das mensagens a serem transmitidas e

 buscou referências estéticas nos movimentos artísticos de sua época. São referências na

 produção cartazista do pós guerra os trabalhos de R. Savignac, na França, de George

Giusti e de Paul Rand, nos Estados Unidos.

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comunicação de massa nesse período, (e que) utiliza o cartaz como sua principal forma

): )5=7(@"RK* +)"I " :\0#:&&K* 4* ;5(?: >7: :&'9 :? 6"#'"HF31 A st a t u s   e o  gla m ouratingido pelo cinema junto ao público é transferido ao cartaz por  integrar o processo de

divulgação das informações sobre aquele novo meio e suas produções. 

O suíço Herbert Leupin e o norte-americano (sic) Milton Glaser desenvolvemnotável contribuição para o cartaz aplicado à propaganda comercial. NosEstados Unidos, Peter Max, com seus cartazes psicodélicos, cria um estilo dearte visual que marcou os coloridos movimentos jovens do início dos anossessenta. O Japão também se destaca com uma arte cartazista de alta

significação, como os cartazes de Yusaka Kamekuka criou para a Olimpíadade Tókio em 1964. No Brasil, é de importância o trabalho divertido eirreverente de Ziraldo e os cartazes cinematográficos de Benício (José LuísBenício), que ajudaram a estabelecer a consolidação da nossa indústriacinematográfica. (FONSECA, 1995, p. 18).

A produção cartazista mantem-se na atualidade como um símbolo das

campanhas publicitárias completas. O cartaz é importante meio de comunicação no

8 Preto e vermelho são exemplos de cores puras na impressão. (N. da A.). 

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 ponto de venda (PDV) por atingir o público num último esforço de comunicação

mercadológica, no momento da compra.

CONSIDERAÇOES

Enquanto mídia, o cartaz está mantendo-&: <" D(5<X" ): 0#*)7RK*E )"&

campanhas publicitárias como um item importante, em especial, quando trata-se da

divulgação de eventos ou de campanhas governamentais de saúde pública, por exemplo,

convivendo, então, com o surgimento de outras mídias como a televisão, no pós guerra,e, a internet, no pós guerra fria.

Hoje os cartazes são obrigatórios para atingir o consumidor, mesmo fazendofrente a outros meios como revistas, jornais, televisão, etc. Não podem e nemdevem ser dispensados ou minorizados. (...) O cartaz (...) em quase 100% doscasos estará falando a um público local em que ele pode definir-se pelacompra ou pela ação. (...) Normalmente, o cartaz está afixado nos locais ondeo produto/serviço está exposto (...) nos pontos-de-venda (sic) e tantos outroslugares (CESAR, 2000, p. 52).

A defesa de Cesar (2000) ao meio cartaz pressupõe que a presença física da

mensagem publicitária ainda é relevante no convencimento do público. Seja uma

informação institucional, de saúde pública ou comercial, como nos primeiros

exemplares produzidos em Paris.

R E F E R Ê N C I A S

ADVERTE. Disponível em <http://www.adverte.com.pt>; acessado em 20/03/2010.

CARTAZ. Disponível em <http://www.wikipédia.com.pt/cartaz>; acessado em20/03/2010.

CESAR, Newton. Di reção de a rte em propaganda. 5ª. Edição. São Paulo: Futura, 2000.

COSTA, Helouise; RODRIGUES, Renato. A fotografia Moderna no Brasil . Rio deJaneiro: FUNARTE/IPHAN/ UFRJ, 1995.

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FONSECA, Carlos. Glossário de Comunicação Visual . Porto Alegre: Sulina, 1995.

GASTALDO, Edison Luiz. Publicidade e sociedade (p. 80 M  88). IN: JACKS, Nilda etal. Tendências na comunicação: 4. Porto Alegre: L&PM, 2001.

HOLLIS, Richard. Design gráfico: uma história concisa. Coleção Mundo da Arte. SãoPaulo: Martins Fontes,

MOLES, Abraham. O cartaz.  Trad.: Miriam Garcia Mendes. São Paulo:Perspectiva/Editora da Universidade de São Paulo, 1974.

RABAÇA, Carlos Alberto; BARBOSA, Gustavo. Dicionário de Comunicação.

 Rio de Janeiro:Campus, 1995.

SANT`ANNA, Armando. Propaganda: teoria,  técnica e  prática.  5ª. Ed. São Paulo:Pioneira, 1995.

TURNER, David; MUÑOZ, Jesus. Para os  filhos  dos  filhos  de  nossos  filhos: umavisão da sociedade internet . São Paulo: Summus, 2002.

WIKIPEDIA. Disponível em <http://www.wikipédia.com.pt/cartaz>; acessado em20/03/2010.