cante pautas 06 - 38 pautas - cpp - m giacometti

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Cante - mais 38 pautas musicais, em Cancioneiro Popular Português, Michel Giacometti, (1980?) a juntar às 244 anteriores, 282 pautas a continuar...

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CANTE PAUTAS MUSICAIS 06 CPP M Giacometti38 PAUTAS MUSICAIS (282) inMichel Giacometti, com a colaborao de Fernando Lopes Graa, Crculo de Leitores, Lisboa, 1981.http://www.joraga.net/gruposcorais/pags06_pautas_06_CPP_MGiacometti/0245_CPP_MGia cometti_00_listade38pautas.htm

CANCIONEIRO POPULAR PORTUGUS

Recolha, digitalizao e organizao de Jos Rabaa Gaspar Corroios 2010 reorganizao em 2011 12

Totais soma245 246 247 248

Nome

Ref

N na obra Pg N obra p - N

Por baixo di a Porta hai Luz Descante aos noivos Senhora do Livramento Rogativa L Vai o Comboio, L Vai Moda dos adeuses Vou-me embora pra Lisboa Moda de despedida Eu heide dar ao Menino Natal Entrai Pastores, Entrai Natal Do tronco nasceu a rama Natal Esta Noite de Janeiras Canto de Peditrio Quais so os Tres Cavalheiros Canto de Peditrio pelos Reis Quais foram os trs Cavalheiros Canto de Peditrio pelos Reis porta duma Alma Santa Canto de Peditrio pelos Reis O Tempo do Entrudo Moda do Carnaval Toque de Peditrio (No dia de S. Pedro) A Nossa Senhora dAires Canto de Romeiros (3 DOM / SET Vai-se o Dia, Vem a Noite Moda da Lavoura Ai, Tu que s o meu Rapaz Moda da Lavoura Nos somos Trabalhadores Moda de protesto Campons Alentejano Moda de protesto Oliveiras, Oliveiras Moda do varejo Laurinda, Linda, Linda Romance novelesco Pavo, Lindo Pavo Moda de cadeia Ai, Festas de Campo Maior (Saias) UM AH! Prego de caramelos Peles de chibo, coelho, lebre ou de borrego

M. Giacometti F. Lopes Graa Amareleja \ Moura. Beja, 1973 A. I. Pombinho Matos Veiga Portel / vora, ant. 1962 A. Marvo Vidigueira / Beja 1920 1942 M. Giacometti F. Lopes Graa Peroguarda / Ferreira do Al., 1970 G. Cartaxo vora, 1930 - 1931 M. Giacometti F. Lopes Graa Peroguarda / Ferreira do Al., 1966 M. Giacometti F. Lopes Graa Safara / Moura / Beja 1968 M. Giacometti F. Lopes Graa Mrtola / Beja 1970 M. Giacometti K. Setti (F. Lopes Graa) Peroguarda / Ferreira do Al., 1965 M. Giacometti F. Lopes Graa Barbacena / Elvas. Portalegre 1970 M. Giacometti F. Lopes Graa S. Aleixo da Restaurao / Moura, Beja 1965 M. Giacometti F. Lopes Graa Granja de Mouro / Mouro, vora 1963 E. Monteiro Serpa / Beja 1900 A. Marvo Vidigueira / Beja 1920 1942 M. Giacometti F. Lopes Graa Vila Verde de Ficalho / Serpa, Beja 1967 A. Marvo Amareleja / Moura, Beja 1920 1942 M. Giacometti K. Setti (F. Lopes Graa) - Peroguarda / Ferreira do Al., 1965 M. Giacometti F. Lopes Graa Vidigueira / Beja 1966 M. Giacometti F. Lopes Graa Aldeia Nova de S. Bento / Serpa, Beja 1965 M. Giacometti F. Lopes Graa Monte da Casa Velha, Alferce / Monchique, Faro 1962 A. Duarte Portel, vora ant. 1943 M. Giacometti F. Lopes Graa Campo Maior / Portalegre 1965 A. Toms Pires Elvas, 1906 (?) A. Toms Pires Elvas, 1906 (?)

14 17 18 20 20 25 26 27 29 31 32 35 58 61 72 73 92 93 96 133 146 161 180 185

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Prego de peles Loia de Folha Barata - latoeiro (preges) Amolar Tixoiras (preges) OH DEVOTOS E DEVOTAS (Santa Brbara - Peditrio Trovoadas Nasce Sol e seus Horizontes (do Auto da Criao do Mundo - Bonecos de Santo Aleixo Rio de Moinhos) O Vos Omnes Canto da Vernica (Padeirinha) que Linda Pomba Branca (pauta em 3 pginas) No quero que vs Monda Meu Lrio Roxo do Campo Aldeia das Laranjas Fui-te ver, stavas lavando Meu Amor me deu um Leno No quero que me ds Nada Toca a caixa, acerta a Marcha Galamba, avana, avana Cano de guerrilha (1846)

C. das Neves e G. de Campos (?) 1870 1898 A. Toms Pires Elvas, 1906 (?) A. Toms Pires Elvas, 1906 (?) M. Giacometti F. Lopes Graa Rio de Moinhos / Borba, vora 1964 M. Giacometti F. Lopes Graa Redondo / vora 1970 M. Giacometti F. Lopes Graa Aldeia Nova de S. Bento / Serpa, Beja 1965 F. Lopes Graa Caridade / Reguengos de Monsaraz, vora 1949 A. Marvo Beja 1920 1942 A. Duarte Portel / vora, ant. 1943 F. Lopes Graa Alentejo (?) 194? F. Lopes Graa Serpa / Beja 1946 D. Garcia Pulido Serpa / Beja 1901 Soeiro de Brito e Vitorino de Almada Alentejo (?) 1870 - 1898 J. M. Soeiro de Brito e Vitorino de Almada Alentejo (?) 1870 - 1898

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245 - 01 - Por baixo di a Porta hai LuzM. Giacometti F. Lopes Graa - Amareleja \ Moura. Beja, 1973

Por baixo di a Porta hai Luz \\ (e) sinal de haver l gente; \\ bis Vamos a dar um copinho \\ de vinho ou aguardente \\ bisNota na pgina 304 do CPP: 14. POR BAIXO DI A PORTA HAI LUZ - M. Giacometti/F. Lopes-Graa (XXV) Canto nupcial no caracterstico estilo coral alentejano, entoado de noite, porta dos noivos. Ver Tambm e ouvir Quatro ao Sul - Canto aos Noivos

http://www.youtube.com/watch?v=hM-4Qz-EWzQ&feature=related

246 - 02 - Senhora do Livramento (Rogativa)A. I. Pombinho Matos Veiga - Portel / vora, ant. 1962

Senhora do Livramento (Rogativa) Senhora do Livramento livrai o meu namorado que me vai deixar sozinha, Ai, meu Jesus! \ bis pela vida de soldado. \ bis 2 Fechei na mo um suspiro da tua boca mimosa, quando fui abrir a mo, Ai, meu Jesus! \ bis estava toda cor-de-rosa \ bis Senhora do Livramento... 3 Amor, quando eu morrer, enterra-me a um cantinho, deixa-me a boca de fora, Ai, meu Jesus! \ bis para te dar um beijnho. \ bis Senhora do Livramento livrai o meu namorado que me vai deixar sozinha, Ai, meu Jesus! \ bis pela vida de soldado. \ bisNota na pgina 304 do CPP: 17. SENHORA DO LIVRAMENTO J. A. Pombinho Jnior (100, pp.121- -122). Notao musical de Antnio Incio Pombinho de Matos Veiga. A Senhora do Livramento era em geral invocada para livrar os rapazes da tropa. Para o leitor mais directamente interessado na estrutura prosdica e respectiva nomenclatura popular das modas do Baixo Alentejo, reproduzem-se os breves apontamentos de J. A. Pombinho Jnior (100, p. 117), anteriormente publicados no Arquivo de Beja, IV, 1947, p.40:

[...] Os cantadores chamam letras ou resquebres aos versos das modas e, a cada verso, ponto. H quem chame resquebo ao estribilho. As msicas so estilos e com eles cantam as letras; no entanto, h estilos sem letras: uma lengalenga fastidiosa que os homens cantam quando vo para os trabalhos dos campos ou deles regressam montados, geralmente sentados com as mulheres, nos seus burrinhos. As modas, propriamente ditas, compem-se de letra e estilo. So composies poticas vulgarmente de duas quadras de assunto encadeado, com 5 ou 7 slabas mtricas de rima consoante, estas ltimas mais usuais. Tm uma s msica e apresentam a rima: a b c b - b a b a; contudo, h modas com rimas diferentes, de uma s quadra ou de duas ou mais, de duas msicas (uma para a quadra e outra para a moda), com ou sem estribilho (exclamao, palavra ou palavras, verso ou versos, quadra ou quadras, que se intercalam em qualquer altura dos versos das modas). Cantam-se as modas quase sempre acompanhadas de quadras soltas, cantigas, alternadamente, isto , moda, quadra, moda, quadra (ou vice-versa, s vezes, ou at com outras modalidades [...] Bib. Pedro Fernandes Toms (118, p. 31, m) Pe. Antnio Marvo (73, p. 140, m) Gonalo Sampaio (108, p. 175, m) regista, com o ttulo Romeirinhos, uma lio cantada ordinariamente por crianas: Sinhora do Libramento, qu'estais no bosso altar, librai o nosso Antnio d'ir pr bida militar.

Foto de JOMAR A Anta capela de N Senhora do Livramento situa-se perto da aldeia de S. Brissos (Escoural - Montemor-o-Novo), e imvel de interesse pblico desde 18/07/1957. A Anta foi tranformada em capela no Sec. XVII, e do monumento original possivel identificar a lage de cobertura e cinco esteios, perfeitamente visveis apesar de rebocados e caiados. No interior da Anta encontra-se a imagem da Senhora do Livramento e vrios ex-votos Retirado do OLHARES Editado por Antnio Costa da Silva http://alcacovas.blogs.sapo.pt/380746.html

247 - 03 - L vai o Comboio, l vai (Moda dos adeuses)A. Marvo - Vidigueira / Beja 1920 1942

L vai o Comboio, l vai (Moda dos adeuses) L vai o Comboio, l vai l vai ele a assobiar, l vai o meu lindo amor para a vida militar. Para a vida militar para aquela triste vida. L vai o Comboio, l vai, leva pressa na partida! Leva pressa na partida, leva pressa no vapor; para aquela triste vida, l vai o meu lindo amor.Nota - Reproduzimos textualmente a lio do Pe. Antnio Marvo, embora ela nos paresente dvidas quanto insero da 2 quadra na solfa da moda. Nota na pgina 304, do CPP: 18. L VAIO COMBOIO, L VAI - P.e Antnio Marvo (73, p. 66). Moda que se popularizou nos meios urbanos, graas s interpretaes que dela deram a conhecer canonetistas radiofnicos.

248 - 04 - Vou-me embora pra Lisboa (Moda da despedida)M. Giacometti F. Lopes Graa - Peroguarda / Ferreira do Alentejo, 1970

Vou-me embora pra Lisboa (Moda da despedida) (E) meu amor pede a Deus, que eu peo s Almas Santas que nosso amor no acabe, j que as invejas so tantas. Vou-me embora pra Lisboa, porque a vida por c est m, procura duma coisa boa, que eu procuro e no encontro c. Quando eu cheguei ao Barreiro, vi o barco que passava o Tejo chora por mim, que eu choro por ti, vou deixar o Alentejo.Nota na pgina 305 do CPP: 20. VOU-ME EMBORA PRA LISBOA - M. Giacometti/F. Lopes-Graa (XXV) Esta moda, no estilo corrente do chamado canto coral alentejano, teve, na dcada dos anos de 60, os favores de um largo pblico urbano, sobretudo estudantil, para quem assumiu carcter de canto de contestao poltica. A sua letra anterior ao ano de 1955, j que registada por Manuel Joaquim Delgado (29/2, p. 86) Acerca do coralismo alentejano, citaremos Mrio de Sampaio Ribeiro (106, p. 364): [...] Traduz, sem dvida, velhas prticas musicais, porventura hbridas do antigo descante (discantus) e do fabordo medieval. [...] Bib. Pe. Antnio Marvo (73, pp. 206-207, m) Disc. VaI. de Carvalho. (XII/I e XII/2) ------------------(Ver outra verso mais elaborada, ouvida em Beja, anos 80...) Eu hei-de ir at Lisboa Eu hei-de ir at at l procura duma vida boa que eu procuro e no encontro c. Cheguei a Beja embarquei no comboio que assoprava pela linha s vezes penso comigo e digo: triste sorte que a minha. E depois de chegar ao Barreiro embarquei no vapor que passa o Tejo... Chora por mim, que eu choro por ti \\ J deixei o Alentejo. \\ bis

249 - 05 - Eu hei- de dar ao Menino (Natal)G. Cartaxo - vora, 1930 - 1931

Eu hei- de dar ao Menino - (Natal) Eu hei- de dar ao Menino uma fita, uma fita par' chapu. Tambm Ele nos h-de dar um lugar, um lugarzinho no Cu. No faam bulha ao Deus Menino, no O acordeis, que est dormindo, que est dormindo; em vez de O brindar com algum mimo, dem-lhe leite, que pequenino, que pequenino.

Nota da pgina 305 do CPP: 23 EU HEI-DE DAR AO MENINO - Canto natalicio, recolhido e anotado pela pianista eborense Gertrudes Cartaxo e reproduzido por F. Lopes-Graa (71, p. 99, m), com a seguinte observao (p. 134): Na sua luxuriana ornamental, a copla deste precioso Natal est bem na tradio da cano alentejana, sem nada ter que ver, porm, na sua expresso, com as famosas saetas andaluzas, com as quais se estaria tentado a fazer uma aproximao. A oposio de um estribilho de feio coregrfica bem curiosa [.. .]. Bib. Lus de Freitas Branco (17/1, pp. 6-8, m) Virglio Pereira (93, pp. 220-222, m) Disc. Laura Boulton (IX) Alain Danielou (XIV) M. Giacometti/F. Lopes-Graa (1/2), (1/4), (11), (XVII), (XVrll), (XIX/2), XIX/3), (XX) e (XXV) Artur Santos (XV/11) e (XV/12) ver: POEMAS DE NATAL PARA DECLAMAR: http://sotaodaines.chrome.pt/sotao/O%20SOTAO%20DA%20INES%20%20So%20Texto/natalparadeclamar.html Canes de NATAL http://www.angelfire.com/80s/traquinas/Links/cancoesdenatal.htm Canes Tradicionais de Natal http://www.joraga.net/gilvicente/pags/041cancoesNatalCPP.htm

http://bibliodrruydandrade.no.sapo.pt/curiosidadedomes/conteudos/cancoes/02.htm

Ver ainda:

Natal d'Elvas (Eu Hei-de Dar ao Menino)

Natal d'Elvas (Eu Hei-de Dar ao Menino) - (Popular) Refro:(Sol L m)

Olhei para o cu, estava estrelado(R Sol)

Vi o Deus Menino em palhas deitado, Em palhas deitado, em palhas estendido(R 7 Sol) (Mi m7 L m7)

Filho de uma rosa, dum cravo nascido! Arre, burriquito, vamos a Belm Ver o Deus menino que a senhora tem, Que a senhora tem, que a senhora adora. Arre, burriquito, vamos l embora.(Sol)

Estas palavras disse a Virgem(Si m L m) (L m7 R) (R 7 Sol)

Ai quando nasceu o Menino; Ai vinde c meu anjo loiro Meu sacramento divino. (Refro) Eu hei-de dar ao Menino Uma fitinha p'r chapu; E ele tambm me h-de dar Um lugarzinho no cu. (Refro) No seio da Virgem Maria Encarnou a divina graa; Entrou e saiu por ela Como o sol pela vidraa. (Refro)

250 - 06 - Entrai, Pastores, entrai (Natal)M. Giacometti F. Lopes Graa - Peroguarda / Ferreira do Al., 1966

Entrai, Pastores, entrai - (Natal) Entrai, Pastores, entrai, por este portal sagrado; LI AI LI, AI LI, AI L Jesus, Maria, Jos. Vinde ver o Deus Menino entre palhinhas deitado. LI AI LI, AI LI, AI L Jesus, Maria, Jos. 2 Entre os portais de Belm est uma rvore de Jess, com trs letrinhas que dizem: Jesus, Maria, Jos. LI AI LI, AI LI, AI L Jesus, Maria, Jos. 3 - meu Menino Jesus quem vos fez a camisinha? - Foi a minha av sant'Ana Com botes de prata fina. LI AI LI, AI LI, AI L Jesus, Maria, Jos.Nota na pgina 305 do CPP: 25. ENTRAI, PASTORES, ENTRAI - M. Giacometti/F. Lopes-Graa (1/4); F. Lopes-Graa (71,p. 102). Gymel, ou canto a duas partes, apresen- tando delicados melismas, que se cantava outrora na prpria igreja, pelas ruas e s portas das casas, na vspera de Natal.

-----------------ver mais letras: http://natal.com.pt/letra-de-entrai-pastores http://natura.di.uminho.pt/~jj/musica/html/popular-entraiPastores.html http://www.joraga.net/gilvicente/pags/041cancoesNatalCPP.htm

http://www.youtube.com/watch?v=EfefctpPJUw&feature=related

Quatro ao Sul Entrai Pastores

251 - 07 - Do Tronco Nasceu a Rama (Natal)M. Giacometti F. Lopes Graa - Safara / Moura / Beja 1968

Do Tronco Nasceu a Rama (Natal) Do tronco, do tronco nasceu a rama, rama, da rama nasceu a flor(e) da flor, da flor nasceu a Virgem, Virgem, da Virgem, o Salvador(e) 2 Qualquer filho, qualquer filho de homem pobre masce numa, nasce numa boa cama; s tu , s tu, meu Deus Menino, nasceste, nasceste numa cabana. 3 TRAILRI, TRAILARI, LARILL, AI, JESUS, AI, JESUS, MARIA, JOS.Nota da pgina305 do CPP: 26. DO TRONCO NASCEU A RAMA - Espcime indito da nossa recolha, de que se sublinha a riqueza da ornamentao e parte amplamente vocalizada cabendo ao ponto. As modas do Menino constituem documentos exemplares entre as poucas expresses musicais tradicionais, com caracterizao religiosa, que nos oferece o povo alentejano.

252 - 08 - Esta Noite de Janeiras (Canto de peditrio)M. Giacometti F. Lopes Graa - Mrtola / Beja 1970

Esta Noite de Janeiras (Canto de peditrio) Esta Noite de Janeiras e dum grande mer'cimento, por ser a noite primeira em que Deus passou tormento. Os tormentos que passou, eu lhes digo a verdade: o seu sangue derramou pra salvar a Cristandade. Um raminho, dois raminhos, um raminho de salsa crua, \ bis ao p da tua cama nasce o Sol e pe-se a Lua \ bis Daqui d'onde eu 'stou bem vejo um canivete a bailar \ bis para cortar a choiria que a senhora me h-de dar. \ bisNota da pgina 305 e 306 do CPP: 27. ESTA NOITE DE JANEIRAS - Espcime indito da nossa recolha. Entoado no estilo polifnico prprio regio, apresenta um texto fragmentado de romance religioso, bastante vulgarizado, com a particularidade, contudo, de ser acompanhado da chamada desgarrada, ou seja, quadra do peditrio. Com efeito, os cantos de Janeiras e de Reis, e as Oraes das almas, tinham por fim (no especificamente declarado, mas no menos prioritrio nos tempos de mais acentuada penria) a colheita de vveres, em geral distribudos pelos cantadores ou destinados a um repasto coliectivo. A recompensa era por certo merecida, j que a cerimnia obrigava a longas caminhadas pela noite fora, atravs dos vrios lugares da freguesia. Bib. Csar das Neves e Gualdino de Campos (80/1, pp. 96-97, m) fornecem dados com interesse sobre Janeiras, no ltimo quartel do sculo XIX: Com esta msica (que vem arquivada com o ttulo Noite de Natal) cantam-se tambm as Janeiras. nas noites de 31 de Dezembro e 1. de Janeiro, costume antiqussimo o darem-se as boas-festas por meio de descantes, a gente do povo, e para isso rene-se um grupo de homens e mulheres (quatro, cinco ou seis indivduos, s vezes mais) e vo porta das pessoas das suas relaes cantar as Janeiras[...]. Estes AA. assinalam ainda que, depois das cantigas ditas de Janeiras, que tm relao com o Menino Jesus, seguem-se outras (Vivas) dirigidas s pessoas da casa, com msica de Chula ou Cana Verde e com letra improvisada, pelo que andamento () muito lento, e com compasso de espera de verso a verso [...] Por fim, escrevem eles, numa nota de rodap (p. 100):

Os rapazes menores, tambm formam grupos para ir cantar as Janeiras [...] O instrumental, de que se servem extravagante: compe-se de ferrinhos, ou qualquer coisa de ferro que imita o som do tringulo, castanholas ou conchas, campainhas e tambores feitos de pequenas barricas, ou panelas velhas tapadas com pele de carneiro [...] Observe-se que nada tem de extravagante o instrumental mencionado, j que o seu uso tradicional em vastas regies do pas, sobretudo no que respeita aos chamados tambores, que possivelmente seriam as roncas ou sarroncas, instrumentos rituais de longnqua origem e larga difuso, relacionados em numerosos pases cristos com o chamado ciclo dos doze dias (do Natal aos Reis). Francisco Serrano (112, pp. 97-98, m) nota que os rapazes que pedem janeiradas no se utilizam do produto da recolha, mas vendem tudo e mandam dizer missas pelas almas do Purgatrio. Disc. Laura Boulton (IX) M. Giacometti/F. Lopes-Graa (1/2), (1/4), (XVIII), (XIXI5) e (XXI) Artur Santos (XVIII) http://www.joraga.net/gilvicente/pags/043janeiras.htm#J08 http://pocovelho.blogspot.com/2009_01_01_archive.html ver tambm - 4 AO SUL - em almodvar http://www.youtube.com/watch?v=Ljc1vzWSF0s

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253 - 09 - Quais so osTrs Cavalheiros (Canto de peditrio pelos Reis)M. Giacometti K. Setti (F. Lopes Graa) Peroguarda / Ferreira do Al., 1965

Quais so os Trs Cavalheiros (Canto de peditrio pelos Reis) Quais so os Trs Cavalheiros que fazem sombra no mare? So os trs do Oriente, Que a Jesus vm buscare.

No perguntam por guarida, nem aonde iro pousare: perguntam por Jesus Cristo, aonde o iro achare. \ bis Foram-no achar em Roma, revestido num altare; So Joo ajuda a missa, So Pedro muda o missale. \ bisNota na pgina 306 do CPP: 29. QUAIS SO OS TRS CAVALHEIROS - Espcime indito da nossa recolha, esta bela e expressiva moda de Reis achavase praticamente esquecida pelo povo de Peroguarda quando conseguimos, no sem dificuldades, recolh-las da boca dos seus ltimos detentores. Lembremos que a Epifania era uma festa to antiga como o Natal, com o qual se confundia, at o papa Jlio II decidir que teria o seu dia consagrado. O costume do peditrio, neste dia, era conhecido em todos os pases cristos. Bib. Csar das Neves e Gualdino de Campos (80/3, p. 263, m) Virglio Pereira (90,335-367, m), (91, pp. 339-374, m)e (93,..pp. 253-262, m) Francisco Serrano (112, pp. 95-96, m) Disc. M. Giacometti/F. Lopes-Graa (1/2), (1/3), (1/4), (11), (XVII), (XVIII), (XIX/2), (XX), (XXI) e (XXV) Artur Santos (XV/lI), XV/13), XV/14), (XV/15)

254 - 10 - Quais foram os trs Cavalheiros (Canto de peditrio pelos Reis)M. Giacometti F. Lopes Graa - Barbacena / Elvas. Portalegre 1970

Quais foram os trs Cavalheiros (Canto de peditrio pelos Reis) Quais foram os trs Cavalheiros, \\\ ai que fizeram, \\\ fizeram sombra no mare? \\\ bis Foram n'os trs d'Oriente, \\\ ai, que Jesus, \\\ que Jesus foram achare. \\\ bis desgarrada: Ai, casa nobre e gente honrada, (e) viva da casa o patro! A, a! Ai a sua alma era guiada e p'r reino di a salvao. A, a! 2 No procuram por pousada, ai, nem onde, Nem aonde o iro achare. Procuram por Jesus Cristo, ai, aonde, aonde o iro achare. Ai, onde esto promos, irmos, (e) onde est a parnteira? A, a! Ai, eu canto com devoo, (e) cantaria a noite inteira. A, a!Nota na pgina 306 do CPP: 31. QUAIS FORAM OS TRS CAVALHEIROS - M. Giacometti/F. Lopes-Graa (XVIII) Este canto de Reis, hoje cado em desuso, era cantado porta das casas, na vspera do dia de Reis. O texto, entoado a solo e repetido pelo coro, apresenta caractersticas de romance religioso, enquanto a desgarrada uma quadra do repertrio comum, adaptada funo de peditrio. O grupo de cantadores composto por um baixo, o coro e ofalsete, no sentido prprio do termo, que se lhe sobrepe no final do inciso coral. A desgarrada de estilo inteiramente diferente e - lembra certos giros meldicos andaluzes (F.L-G.) A este respeito, Manuel Joaquim Delgado (30, p. 111), referindo a desgarrada das Janeiras, no Baixo Alentejo, observa tambm que parece ter muitas semelhanas com os cantares andaluzes e rabes. Ainda a propsito da desgarrada, resta lembrar que conhecida em outras regies do pas por vivas ou chacota, palavra esta que no tem o sentido corrente de escrnio, mas sim de versos natalcios de agradecimento. Quanto presena aqui do falsete, no seu jeito quase dramtico, de admitir que tivesse por funo imprimir ao canto uma expresso lacerante, levando maior generosidade os moradores, surpresos pela sua inesperada e provocante sonoridade.

255 - 11 - Porta d'uma Alma Santa (Canto de peditrio pelos Reis)M. Giacometti F. Lopes Graa - S. Aleixo da Restaurao / Moura, Beja 1965.

Porta d'uma Alma Santa (Canto de peditrio pelos Reis) Porta (bis) d'uma Alma Santa bate um Deus (bis) de hora em hora; respondeu (bis) uma e disse: - Meu Deus (bis) que buscais agora? - Busco-te (bis) a ti, alma santa, c para (bis) o reino da Glria.

Nota na pgina 306 do CPP: 32. PORTA O'UMA ALMA SANTA - M. Gjaometti/F. Lopes-Graa (1/4) Este romance religioso frequentemente utilizado como canto de Janeiras ou de Reis, ou simultaneamente de ambos. cantado no tradicional modo coral alentejano que reveste, no caso, a forma antifonal. O coro, precedido de uma curta entrada do alto, que sobre ele continua a sua mais ou menos floreada parte, respondendo ao ponto com o mesmo texto entoado por este. (F.L-G.). Bib. Tefilo Braga (16/2, p. 440) Manuel Joaquim Delgado (29/2, p. 122) transcreve a letra do Canto das almas santas, com o seguinte comentrio: Pelo Ano Novo era costume tradicional cantar-se o canto das almas. Homens em grupos de trs ou quatro iam de 'monte' em 'monte', de casa em casa, levando frente um burro que transportava as esmolas recebidas. Este peditrio fazia-se de dia. Chegados porta do 'monte', logo se descobriam, tirando os gorros ou chapus que usavam e cantavam a orao que segue: Esmola que dais s almas, dai-a com boa teno; neste mundo Deus d pago, l no outro a salvao, Jos Leite de Vasconcelos (126/2, p. 365) Disc. M. Giacometti/F. Lopes-Graa (1/2), (1/5.), (XVII), (XVIII) e (XX)

http://fozcoafriends.blogspot.com/2011/05/importancia-do-burro-no-mundo-rural.html

256 - 12 - O Tempo do Entrudo (Moda do Carnaval)M. Giacometti F. Lopes Graa - Granja de Mouro / Mouro, vora 1963.

O Tempo do Entrudo (Moda do Carnaval) (E) o Tempo doEntrudo um tempo louco faz sair as velhas fora dos atoucos. (E) algum dia eu era, agora j no, da tua roseira o melhor boto. (E) no sei se por ser as voltas do Entrudo, acho o meu amore demudado em tudo: bis demudado em nada no sei se por sere voltas d'entrada - (da).Nota na pgina 307 do CPP. (Transcrevemos a nota anterior por se referir ao entrudo em geral e nomeadamente ao entrudo em BEJA): 34 LA EM BAIXO VEM O ENTRUDO (Castelo Branco) - Antnio Avelino Joyce (51, p. 283)

O A. refere este espcime como cano frgia que recorda o motivo [...] de um subtil 'scherzo' de Brahms. Completou-se a lio de Joyce com uma quadra por ns recolhida na mesma localidade. A durao do Carnaval, que comea no dia da Epifania (6 de Janeiro), mais ou menos prolongada, conforme a data da Pscoa, que fixa o seu fim. Assim, o Carnaval pode durar entre 28 e 70 dias. A Tera-Feira Gorda, ltimo dia do Carnaval e vspera do incio dos 46 dias restritivos da Quaresma, era marcada por festas e cerimnias vrias que significavam o fim de um perodo e o princpio de outro. A Quaresma, instaurada pela Igreja desde os primeiros tempos do Cristianismo, era rigorosamente observada e tinha possivelmente por origem a necessidade de, aps os abusos alimentares do Inverno, impor uma dieta saudvel na passagem de uma estao para a outra. O Enterro do Entrudo constitua, na Tera-Feira Gorda, a cerimnia mais marcante deste perodo. De tarde ou noite, um grupo de homens organizava um cortejo fnebre acompanhado pela populao, que apresentava na sua vestimenta e compostura sinais de ressentido luto. frente, vinha um boneco de palha simbolizando o Entrudo, que ia a enterrar, pelo que alguns dos homens levavam ferramenta prpria para abrir a cova. Em Beja, a exemplo de outras localidades, realizava-se neste dia o chamado Enterro do Bacalhau, de que nos fala Manuel Joaquim Delgado (30, p. 114), com homens montando jumentos, lenis brancos pela cabea e vassouras de palma ao ombro, maneira de espingardas, acompanhados da populao, em duas alas, tambm com lenis e vassouras. frente iam trs homens e o do meio empunhava uma espcie de guio, no topo do qual era pendurado um enorme bacalhau. A leitura de um testamento burlesco, no isento por vezes de crtica social, fechava a cerimnia. Bib. Jos Diogo Correia (26, p. 17, m) Ernesto Veiga de Oliveira (83, pp. 661-699) Disc. M. Giacometti/F. Lopes-Graa (1/4), (1/5), (XIX/6) e (XXI) 35. O TEMPO DO ENTRUDO - M. Giacometti/ F. Lopes Graa (1/4) Moda que, a exemplo da precedente, era entoada num perodo que ia, em geral, dos Reis ao Entrudo.

http://beja2006.blogspot.com/

257 - 13 - Toque de Peditrio (No dia de S. Pedro)E. Monteiro - Serpa / Beja 1900

Nota na Pgina 310 e 311 do CPP: 58. TOQUE DE PEDITRIO - Possivelmente recolhido e anotado por Elvira Monteiro [msica serpense] (18) este espcime apresentado sem qualquer referncia, mas tudo indica tratar-se de um trecho instrumental acompanhando em outros tempos o peditrio levado a efeito em Serpa, em dia de So Pedro. O toque de peditrio executado por um tamborileiro, ou seja, um homem que toca simultaneamente o tamboril e o pfaro ou gaita (espcie de flauta de madeira com dois orifcios no troo superior e outro no troo inferior). Os tamborileiros, que se encontravam quase exclusivamente nas zonas raianas dos distritos de Beja e Bragana, quando ainda existem, raramente exercem as suas funes rituais. Eram sobretudo cabreiros, que transmitiam de pai para filho os instrumentos e o reportrio - uma meia dzia de toques, consistindo em curtas frmulas encantatrias, de certo modo estereotipadas, no obstante as variaes prprias que lhes imprimia cada executante. Note-se, por fim, que So Pedro, tido como santo casamenteiro, patrono dos cabreiros e dos pastores. Bib. A. de MeIo Breyner (18) (Acerca dos tamborileiros alentejanos) Ernesto Veiga de Oliveira (85) (Acerca dos tamborileiros) Disc. M. Giacometti/F. Lopes-Graa (1/4), (XVII), (XIX/I), (XX); (XXI) e (XXV)

Fig.1 - Bento Jos Romeiro, Tamborileiro da Aldeia Nova de S. Bento in - http://www.tamborileirosnoalentejo.com/hist2.php

258 - 14 - A Nossa Senhora d'Aires Canto de romeiros (3 domingo de Setembro)A. Marvo - Vidigueira / Beja 1920 1942

A Nossa Senhora d'Aires Canto de romeiros (3 domingo de Setembro) A Nossa Senhora d'Aires 'st metida num deserto. Em chegando a mocidade parece um cu aberto.

Parece um cu aberto, com toda a nossa gentinha, fui solteira vim casada, foi milagre da Santinha.Nota na pgina 311 do CPP: 61: A NOSSA SENHORA D'AIRES - Pe. AntnioMarvo (73, p. 72) Uma das raras modas de romaria do reportrio baixo-alentejano. Observe-se que a Ermida da Senhora de Aires est situada no Alto Alentejo, nas proximidades de Viana (vora). Bib. Rodney GalIop (46, p. 47) Disc. M. Giacometti/F. Lopes-Graa (XVIII) Val. de Carvalho (VI/I) e (XIII)

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Ver em DELGADO n 4 - http://wencesmc.web.interacesso.pt/delgado1tx.htm

259 - 15 - Vai-se o Dia, vem a Noite (Moda da Lavoura)M. Giacometti F. Lopes Graa - Vila Verde de Ficalho / Serpa, Beja 1967.

Vai-se o Dia, vem a Noite - (Moda da Lavoura) (falado) - V arriba!... Vamos l subindo arriba ao rego... Vai-se o Dia, vem a Noite Vamos l devagar!... (e) atrs do Inverno, o V'ro; rego, rego! A Espanhola mais a Boneca! Venha c arriba, venha!... Vai-se o Dia, vem a Noite Venha c arriba, Espanhola!... (e) atrs do Inverno, o V'ro; V a ver, vai!... tudo no mundo renova, macho, rego... rego... s a mocidad' no; Venha c pra baixo, rego, mula!... devagar!... tudo no mumdo r'nova, s a mocidad' no. Ei! Oh Trr! Vamos l devagar... (assobiando) Vai l mais adiante, vai!... Trr, trr, trr. trr... (assobiando) EI!Nota na pgina 312 e 313 do CPP: 72. VAI-SE O DIA, VEM A NOITE - M. Giacometti/F. Lopes-Graa (XXV) Aboio a que chamam Moda da lavoura no Baixo Alentejo. Recolhido ao vivo na prpria ocasio da lavra e en toado pelo lavrador a guiar a charrua, puxada por um par de muares, o canto entrecortado de gritos e falas dirigidos aos animais. Transcreve-se outra das estrofes cantadas na altura: Nestes campos solitrios onde a disgraa me tem, brado, ningum me responde, olho, no vejo ningum. Notar o seu parentesco com a seguinte quadra, do dilogo dos pastores, do Auto do Nascimento do Menino Jesus, coligido pelo Pe. Firmino Martins (72/2, p. 251): Nestes montes solitrios aonde a fortuna me tem, olho de uma parte a outra, por acaso vejo algum. Disc. Michel Giacometti/F. Lopes-Graa (XIX/3)

260 - 16 - Ai, Tu que s o meu Rapaz (Moda da Lavoura)A. Marvo - Amareleja / Moura, Beja 1920 1942.

Ai, Tu que s o meu Rapaz (Moda da Lavoura) Ai, Tu que s o meu Rapaz. Quando que l va(i)s \ bis Ai vai ao jardim da felores, l me encontrars. 2 Ai, se l me no encontrares, torna a voltare(s), \ bis ai, pergunta a quem tenha amores, a quem tenha amores, \ bis a quem saiba amar.Nota na pgina 313 do CPP: 73. AI, TU QUE S O MEU RAPAZ - Pe. Antnio Marvo (73, p. 18) Moda que o A. assinala ser cantada especialmente durante as sementeiras. A letra, como acontece com frequncia, no condiz com a rudeza da faina.

261 - 17 - Ns somos Trabalhadores (Moda de protesto)M. Giacometti K. Setti (F. Lopes Graa) - Peroguarda / Ferreira do Al., 1965

Ns somos Trabalhadores (Moda de protesto) Despediu-se o Sol d'Aurora, Aurora ficou chorando; no chor's, Aurora, no chores, \ bis que eu virei de quando em quando. Ns somos Trabalhadores que no campo trabalhamos, trabalhamos ao rigor, ajudando o lavrador para ver se nos salvamos. Quando trabalho no temos, cambra nos dirigimos, a pedir ao Presidente que tenha d desta gente, que nos d algum destino. Que nos d algum destinos, que nos d algum gasalho; cambra nos dirigimos, alegar o que sentimos, quando no temos trabalho. Ver nota na pgina 316 do CPP: 92. NS SOMOS TRABALHADORES - M. Giacometti/F. Lopes-Graa (XXV) Moda que traduz a situao dos assalaiados agrcolas do Alentejo, os quais, reduzidos indigncia, se no misria, organizaram, pelos anos de 40, marchas da fome para reclamarem tra balho junto das cmaras dos concelhos mais atingidos pelo desemprego. Trata-se, na verdade, de um espcime raro, no reportrio popular, de canto de protesto espontneo, utilizando o suporte musical tradicional para exprimir na linguagem corrente da actualidade uma situao social inscrita num contexto poltico bem determinado.

262 - 18 - Campons Alentejano (Moda de protesto)M. Giacometti F. Lopes Graa - Vidigueira / Beja 1966.

Campons Alentejano (Moda de protesto) O tempo vai decorrendo, os trigais crescendo esto, ervas daninhas colhendo as mondadeiras l vo. As mondadeiras l vo, o tempo vai decorrendo, o tempo vai decorrendo, os trigais crescendo esto. Campons Alentejano, Campons agricultor,

tu trabalhas todo o ano, ds produto ao lavrador. Ds produto ao lavrador, tua vida um engano, ningum te d o valor, campons Alentejano. Eu aprendi a cantar lavrando a terra molhada, l nos campos a rigor lembrei-me da minha amada. Lembrei-me da minha amada, eu aprendi a cantar, eu aprendi a cantar, lavrando a terra molhada. Campons Alentejano, Campons agricultor, tu trabalhas todo o ano, ds produto ao lavrador. Ds produto ao lavrador, tua vida um engano, ningum te d o valor, campons Alentejano.Nota da pgina 316 do CPP: 93. CAMPONS ALENTEJANO - M. Giacometti/F. Lopes-Graa (XXV) Moda reivindicativa que denuncia sinteticamente a situao da global idade de uma classe de camponeses sem terras, compelidos ao trabalho episdico por conta de outros, isto , os lavradores latifundirios. O texto pelo menos anterior a 1955, j que Manuel Joaquim Delgado (29/2, p. 32) dele nos d uma lio coincidente com a nossa. Disc. VaI. de Carvalho, C I, SARL (VIII) ver outra verso: http://cantoalentejano.com/cancioneiro/?ver=1&id=42

263 - 19 - Oliveiras, Oliveiras (Moda do varejo)M. Giacometti F. Lopes Graa - Aldeia Nova de S. Bento / Serpa, Beja 1965.

Oliveiras, Oliveiras (Moda do varejo) Oliveiras, Oliveiras a, longe (e) parecem ren(en)das (En)levem-se nas pessoas, a, no s'enlevem nas fazen(en)das.Nota da pgina 316 do CPP: 96. OLIVEIRAS, OLIIVEIRAS - M. Giacometti/F. Lopes-Graa (1/4) Moda entoada pelos homens que varejam a azeitona e que F. Lopes-Graa a considera ser: [...] um expressivo espcime de canto coral alentejano, na plangncia da sua melodia em ritmo de canto-plano e na caracterstica tonalidade de tantos outros cantos da mesma provncia: nota sensvel abaixada, como no modo mixoldio, no tetracorde superior, natural, como no modo maior normal, no tetracorde inferior.

264 - 20 - Laurinda, Linda, Linda (Romance novelesco)M. Giacometti F. Lopes Graa - Monte da Casa Velha, Alferce / Monchique, Faro 1962

Laurinda, Linda, Linda (Romance novelesco) (E) Laurinda, Linda, Linda \ bis s to linda como o solo! Deixa-me dormir 'ma noite nas dobras do teu leol. 2 - Sim, sim cavalhiero, sim, hoje sim, amanh no, meu marido no est c, foi pr feira de Gravo. 3 Onze horas, meia noite, marido porta bateu, bateu uma, bateu duas, Laurinda no respondeu. 4 (E) ou ela est doentinha, ou j tem outro amore. ou ento procura a chave l no meio do corredor. 5 - De quem este chapu debruado a galo? - para ti meu marido, que fiz eu por minha mo. 6 - De quem este casaco, que eu ali vejo pendurado? - para ti, meu marido, que o trazes bem ganhado. 7 - De quem este cavalo,

que na minha esquadra entrou? - para ti, meu marido, foi teu pai que to mandou. 8 - De quem aquele suspiro, que ao meu lito se atirou? Laurinda, que aquilo ouviu, caiu no cho desmaiou. 9 Laurinda, linda, linda, no vale a pena desmaiares, todo o amor que t'eu tinha vai-se agora acabar. 10 Vai buscar as tuas irms, traz a todas num andoro, (e) a mais linda delas todas h-de ser o meu amor.Ver nota da pgina 320 - 321, do CPP: 133. LAURINDA, LINDA, LINDA - M. Giacometti / F. Lopes-Graa (1/2) Verso algarvia do romance de D. Filomena, de que convm chamar a ateno para a parte conclusiva, cuja moralidade inesperada se ope flagrantemente da lio transmontana referida no nmero anterior. A melodia, no dizer de F. Lopes-Graa, afasta-se do tipo mais ou menos comum dos velhos romances, no seu vivo movimento e no seu ritmo de marcha. Bib. Manuel Joaquim Delgado (29/2, p. 129) regista um texto das Minas de S. Domingos divergente do nosso apenas na quadra final: Vom dezer s tuas manas que j tens novos amores; tu, por seres a mais velhinha, ds-/es to lindos louvores. Disc. M. Giacometti/F. Lopes-Graa (X/2)

ver tambmhttp://natura.di.uminho.pt/~jj/musica/html/vitorino-laurinda.html

Grupo "Rama de Oliveira" cantando ao vivo na Cumieira http://www.youtube.com/watch?v=3j_oie6GhM4

265 - 21 - Pavo, Lindo Pavo! (Moda de cadeia)A. Duarte - Portel, vora ant. 1943

Pavo, Lindo Pavo! (Moda de cadeia) Pavo, Lindo Pavo! que lindas penas que o pvo tem, no h olhos para amar, como so os do meu bem. Como so os do meu bem, como so os da minha amada. Pavo, Lindo Pavo,

Pavo, pena risca(da)! Os teus olhos so meus olhos, tu s a minha doidice; tu que s o meu amor, quero-te bem, j te disse. 2 Pavo, Lindo Pavo! que lindas penas que o pvo tem, no h olhos para amar, como so os do meu bem. Como so os do meu bem, como so os da minha amada. Pavo, Lindo Pavo, Pavo, pena risca(da)! Tu que s o meu amor, no no digas a ningum; no quero que ningum saiba que ns nos queremos bem. Pavo, Lindo Pavo! que lindas penas que o pvo tem, no h olhos para amar, como so os do meu bem. Como so os do meu bem, como so os da minha amada. Pavo, Lindo Pavo, Pavo, pena risca(da)!Nota na pgina 322, do CPP: 146. PAVO. LINDO PAVO! - J. A. Pombinho Jnior (99. p. 201). Notao musical qe Artur Duarte. O A. assinala ser esta moda muito generalizada em todo o pas. Bib. Manuel Joaquim Delgado (29/2, p. 15. m. ep. 66) Pedro Fernandes Toms (119, pp. 25-28,m) Pe. Antnio Marvo (73. p./I. m) Csar das Neves e Gualdino de Campos (80/2, p. 253, m) Disc. M. Giacometti/F. Lopes-Graa (111) ver tambm - http://alandroal.blogspot.com/2007/09/cantemos-alentejano.html http://www.meloteca.com/cancoes-sobre-animais.htm

266 - 22 - Ai, Festas de Campo Maior (Saias)M. Giacometti F. Lopes Graa - Campo Maior / Portalegre 1965.

Ai, Festas de Campo Maior (Saias) Ai, Festas de Campo Maior(e), \\ Ai que tens papoilas garridas, \\ bis (Ai) enfeitar as nossas ruas, \\ Ai rapazes e raparigas. \\ bis

2 Ai rapazes e raparigas, \\ (e) vamos todos trabalhare, \\ bis enfeitar as nossas ruas \\ para o folausteiro esperar. \\ bis (Ai) enfeitar as nossas ruas, \\ para o folausteiro esperar. \\ bis Ai rapazes e raparigas, \\ ai vamos todos trabalhare, \\ bisNota na pgina 324 do CPP: 161. AI, FESTAS DE CAMPO MAIOR - M. Giacometti/F. Lopes- Graa (1/4) As saias so modas coreogrficas do Alto Alentejo. Cantam-se ao despique durante as fainas agrcolas (apanha da azeitona, p. ex.) ou cantam-se e danam-se no dia de S. Joo, em que aparecem as Saias novas, ou em festas colectivas, a exemplo das Festas do Povo, de Campo Maior. Acompanhando-se com uma pandeireta, que executa um gil ritmo e conduz a dana, uma voz feminina entoa o canto, de que nada de particular se pode assinalar do ponto de vista meldico. As Saias de Campo Maior denunciam, no dizer de F. Lopes-Graa, com as suas copIas e o seu acompanhamento instrumental, do tipo da seguidilha, [...] uma marcada, influncia espanhola. As Festas do Povo, a que aludimos, realizavam-se de cinco em cinco anos, de 5 a 12 de Setembro. Originariamente conhecidas por Festas dos contrabandistas e, ainda, Festas dos artistas, remontariam ao ltmo quartel do sculo passado, mas poderiam assentar numa tradio mais antiga. Disc. M. Giacometti/F. Lopes-Graa (IV), (XIX/2) e (XXV).

267 - 23 - Preges Prego de caramelos - ElvasA. Toms Pires - Elvas, 1906 (?).

(Prego n 10 ver os outros 22 de outras regies)

Prego de caramelos Elvas Um ah! Ah cram! Ah tatarr! Ah tricoei! Aguinha da cisterna.Nota da pgina 326 do CPP: 180. UM AH! - Antnio Toms Pires (97, p. 657) O A. informa ter sidio coadjuvado por uma distinta senhora, cujo nome no pode declarar, por assim o haver exigido a sua modstia. Numa nota de rodap, pode ler-se: Ah! Aos caramelos! Ah como torro! A cinco ris! Aguinha da Cisterna. Prego de rapaz. Entre as pequenas indstrias populares da cidade de Elvas figurava, nos sculos XVII, XVIII e XIX, a do fabrico de caramelos [...], indstria caseira (hoje bastante decadente) exercida por mulheres. Creio que esta indstria ou foi criada, ou se desenvolveu, depois do ano de 1650, em que se concluiu a construo [...] da grande cisterna pblica denominada Cisterna da Praa [...] Quer-nos parecer que o prego anunciava os caramelos conjuntamente com a aguinha da cisterna, por ser hbito servir aos compradores daqueles, e que assim o quisessem, um copo de gua fresca.

268 - 24 - Preges Prego de peles - ElvasA. Toms Pires - Elvas, 1906 (?)

(Prego n 15 ver os outros 22 de outras regies)

Prego de peles - Elvas Peles de chibo, coelho, lebre, ou de borego.Nota na pgina 326 no CPP: 185. PELES DE CHIBO - Antnio Toms Pires (97, p. 657) Assinalado como prego de homem.

(Quem tem Peles de chibo, coelho, lebre, ou de borego pra vender.)

269 - 25 - Preges Prego de loia - XXXC. das Neves e G. de Campos - (?) 1870 1898

(Prego n 17 ver os outros 22 de outras regies)

Prego de loia - XXX Loia de folha barata!Nota na pgina 326 do CPP: 187. LOIA DE FOLHA BARATA! - Csar das Neves e Gualdino de Campos (80/3, p. 132).

270 - 26 - Preges Prego do Amola Tixoiras ElvasA. Toms Pires - Elvas, 1906 (?)

(Prego n 19 ver os outros 22 de outras regies)

Prego do Amola Tixoiras Elvas Amolar tixoiras, facas, canibetes, nabalhas de barba...---------------------------Nota na pgina do CPP: 189. AMOLAR TIXOIRAS - Antnio Toms Pires (97, p. 659) De acordo com o A., trata-se de um prego de galegos, i que lhe acrescentavam, para melhor assinalar a sua presena, toques de flautim.

--------------------------------http://www.joraga.net/contos/pags/4_pregoes_pautas.htm

271 - 27 - Preges Prego das trovoadas - Portalegrte ElvasA. Toms Pires - Elvas, 1906 (?)

(Prego n 22 ver os outros 22 de outras regies)

Prego das trovoadas - Elvas Oh devotos e devotas de Santa Brb'ra bemdita!Nota da pgina 326 do CPP (nota do prego anterior por referir Serpa e esta profisso ou servio: 190. OLHEM! QUEM QUER COM PRAR LAGOSTA! - Joana Lopes Alves (3, p. 141) [Notao musical de Maria da Visitao Soare, Onofre]. A profisso de pregoeiro praticamente caiu em desuso nesta ltima dcada. Outrora, havia um em cada freguesia. Acerca do pregoeiro de Serpa, escreve A. de MeIo Breyner (19, pp. 157-158): [...] Aqui em Serpa, tem havido sempre pregoeiro, ou melhor porteiro, seu verdadeiro e primitivo nome. Actualmente o porteiro tem a misso de apregoar o que cada um quer vender ou comprar, e aquilo que se perdeu. E um anncio vivo e ambulante [...] O porteiro qualquer estropiado do trabalho - ganha 50 ris por cada prego, que lanado em todas as encruzilhadas das ruas e na praa pblica [...] ---------------------------------192. OH DEVOTOS E DEVOTAS! Antnio Toms Pires (97, p. 658) O A. informa, em nota de rodap, das circunstncias em que era entoado este prego devocional:

Por ocasio das trovoadas, percorre as ruas de Elvas um velho, de opa branca vestida, chapu desabado na cabea, alcofa de palma na mo esquerda, e alta vara na mo direita, pedindo (em prego) esmola para Santa Barbara bendita, que se venera na igreja da Madalena. Na vara (que lhe confiada, assim como a opa, pela respectiva confraria) est pintada a imagem de Santa Barbara. Das esmolas que recolhe pertence-lhe metade, entregando a outra parte, com a opa e a vara, ao tesoureiro da confraria, logo que a tempestade se afaste. (ver n.o 141)

OUTRA NOTA do organizador: Ser importante recordar outra "profisso - servio comunitrio", O/A ESTAFETA, uma pessoa ou famlia que se encarregava de fazer os "mandados" que algum encomendava... levar encomendas ou recados a outra cidade ou outro servio, como ir a repaties pblicas ou bancos... Em 1980... ainda havia em Beja e arredores, famlias que se encaregavam destes servios e tinham evoludo desde a prestao dos servios a p ou em transportes pblicos, para deslocaes em viaturas prprias, quase como uma empresa... Este servio tem evoludo como se pde VER nos servios EXPRESSOS... por exemplo em: http://www.timeplus.pt/engine.php?cat=40 http://www.pmexpresso.com/ http://www.hotfrog.pt/Produtos/Servi-o-Estafeta http://www.entregacerta.pt/default.asp?pag=servicos

272 - 28 Nasce o Sol e seus Horizontes (do Auto da Criao do Mundo, dos Bonecos de Santo Aleixo, Rio de Moinhos, Borba, vora)M. Giacometti F. Lopes Graa - Rio de Moinhos / Borba, vora 1964

Nasce o Sol e seus Horizontes vem pelos deus graus subindo, por pinhais, vais e montes luzes vai distribuindo.

http://maisevora.blogspot.com/2006/05/bonecos-de-santo-aleixoembaixadores.html VER NOTA na pgina 327 do CPP: NASCE O SOL E SEUS HORIZONTES 198. NASCE O SOL E SEUS HORIZONTES - M. Giacometti/F. Lopes- Graa (1/4) Cano entoada no Auto da Criao do Mundo, dos Bonecos de Santo Aleixo. O auto comea com o Baile dos anjinhos, ouvindo-se a seguir a voz do Padre Eterno: - " de luz!" O Sol (espcie de pandeireta bimembranfona que tem, pintada numa face a representao tosca da Lua e noutra a do Sol) atravessa lentamente o palco ao tempo em que o coro (no caso presente, uma s voz feminina) entoa a primeira estrofe. Repete-se a mesma cena depois do Padre Eterno ter declamado, em tom solene: "Faa-se a luminria segunda!" a vez da Lua atravessar o palco, enquanto prossegue o canto: E a luminria sigunda. qui fez o omnipotnti, com a luz menos ficunda si mostra ao Mundo patnti. F. Lopes-Graa sublinha que este canto "consiste numa espcie de melopeia largamente escandida sobre uma sorte de ostinato em acordes rasgueados da guitarra". A parte musical do auto compreende cantos, coros falados e cantados, danas e at como que recitativos e melodramas, e tem sempre por acompanhamento instrumental uma simples guitarra. Este acompanhamento, segundo F. LopesGraa: Evoca-nos irresistivelmente e muito saborosamente a msica violstica e cravstica da escola clssica da Pennsula (Scarlatti e o Padre Soler, por exemplo, no andam muito longe dela, ou elas no muito longe de certos giros estilsticos daqueles dois mestres) - embora possamos sorrir de certos ocasionais e ingnuos desencontros tonais com as partes cantadas... Bib. Azinhal Abelho (1/6, pp. 181-235) Armando Lea (55, p. 45) Disc. M. Giacometti/F. Lopes-Graa (1/4), (111), (IV), (XVII), (XX), (XXIII I e 2) e (XXIII).

273 - 29 O Vos Omnes Canto da Vernica (padeirinha)M. Giacometti F. Lopes Graa - Redondo / vora 1970

O Vos Omnes Canto da Vernica (padeirinha) O Vos Omnis (o) qui tran(o)sitis per proviiiiiio (o) ten(o)dite (O) ten(o)dite esesta viideete cum si, si es cum dosicum um dolor or or meeeeeueeeeeu(s).Ver notas no Cancioneiro Popular Portugus, pgina 328: O VOS OMNES 204. O VOS OMNES - M. Giacomet- ti/F. Lopes-Graa (XVIII) Canto da Vernica (a que o povo chama "a padeirinha"), entoado no decorrer da procisso flo Enterro do Senhor, em Sexta-feira de Paixo. A nocturna procisso

percorre as ruas da localidade. As figuras impressionantes dos irmos da Misericrdia, o bater das matracas, o ritmo dos tambores e o canto da Vernica nas sete encruzilhadas, conferem cerimnia um carcter de severa gravidade. O texto do canto , de acordo com a liturgia, o versculo 12 das Lamentaes de Jeremias, se bem que transmitido aqui num latim bastante adulterado. F. Lopes-Graa diz no ter este canto nada a ver com a msica litrgica da Igreja, "antes do tipo das antigas melodias de ar livre, muito comum nas regies da bacia do Mediterrneo". Disc. M. Giacometti/F. Lopes-Graa (1/1), (1/4), (XII), (XVII), (XVIII) e (XX)

Pauta do Liber Usualis:

texto latino de que foi adaptado: O vos omnes qui transitis per viam: attendite et videte si est dolor sicut dolor meus Traduo alternativa, livre: Oh vs todos que passais pela via (pelo caminho), vinde e vede: Se h dor parecida (semelhante) minha dor Vinde, todas as pessoas (todos, vinde), e vede a minha dor. Vinde, todos, vede, Se h dor parecida (semelhante) a minha dor.http://etverbum.wordpress.com/2009/03/29/o-canto-de-veronica/ Ver (Ouvir) uma verso de PABLO CASALS: http://www.youtube.com/watch?v=KIlek0FxlkM&feature=related

274 - 30 - O que Linda Pomba BrancaM. Giacometti F. Lopes Graa - Aldeia Nova de S. Bento / Serpa, Beja 1965.

O que Linda Pomba Branca Rouxinol para que cantas (e) s grades desta priso? (e) o teu cantar mavioso (e) causa-me ademirao. Causa-me ademirao (e) rouxinol para que cantas? \ bis (e) s grades desta priso? (e) que Linda Pomba Branca (e) que anda naquele pombal (e) quem me der ser o pombo (e) para lhe poder falar. Para lhe poder falar, (e) falar-lhe muito a perceito. que Linda Pomba Branca, to delicada como a flor do peito.

Ver nota na pgina 329 do CPP: 207. QUE LINDA POMBA BRANCA - M. Giacometti/F. Lopes-Graa (1/4) Moda que pertence ao grupo dos cantos no melismticos em tempo justo de marcha moderada, o ritmo uma combinao de troqueu e espondeu, a tonalidade oscilante entre o mixoldio e o maior (F.L.-G.). Alberto Pimentel (96, p. 223) informa que, uma noite no Teatro do Prncipe Real, do Porto, Hilrio improvisou esta quadra s damas: Ai! que lindas pombas brancas h no Prncipe Real! Quem me dera ser o pombo da que no tem casal!

275 - 31 No quero que vs MondaF. Lopes Graa - Caridade / Reguengos de Monsaraz, vora 1949.

No quero que vs Monda, nem ribeira lavar, s quero que me acompanhes, \ bis no dia em que me eu casar. No dia em que me eu casar, hs-de ser minha madrinha; no quero que vs Monda, \ bis nem ribeira sozinha. 2

No quero que vs Monda, nem ribeira lavar, s quero que me acompanhes, \ bis no dia em que me eu casar. Andas morta por saber onde passo os meus seres: nas vendas das vendedeiras, \bis encostadinho aos balces.Ver nota na pgina 329 no CPP: 209. NO QUERO QUE V As MONDA - F. Lopes-Graa (71, p. 126) , O A. informa que esta moda revestia originalmente a forma polifnica prpria aos cantares do Baixo Alentejo e de parte do Alto Alentejo (numa rea mais vasta, alis, do que alguns autores tm pretendido). Era moda com que se podia bailar (moda de cadeia) em ocasies festivas. Note-se o carcter irnico do texto, se bem que no seja perfeitamente clara a inteno (simblica?) em que assenta. Bib. Rodney Gallop (46, p. 63, m) Francisco de Lacerda (52/3, pp. 41-42, m) Pe. Antnio Marvo (73, p. 64, m)

outras verses:http://cantoalentejano.com/cancioneiro/?ver=1&id=121 in Delgado http://wencesmc.web.interacesso.pt/delgado1tx.htm in Ranita da Nazar http://www.joraga.net/mertola/pags/601cante.htm

http://beja.blogs.sapo.pt/2004/11/

276 - 32 - Meu Lrio RoxoA. Marvo - Beja 1920 1942 B.

Meu Lrio Roxo do campo, criado na Primavera, quem me dera amor saber, ai, ai, a tua teno qual era. A tua teno qual era, desejava amor saber, meu lrio roxo do campo, ai, ai, quem te pudesse valer.Ver nota na pgina 329 do CPP: 210. MEU URJO ROXO DO CAMPO - Pe. Antnio Marvao (73, p. 212) Moda de que se conhecem numerosas variantes no Baixo Alentejo, como que a testemunhar uma certa antiguidade e, sobretudo, uma relao para assim dizer idiossincrsica com o sentir das populaes locais.

----------------------Ver tambm: http://alfarrabio.di.uminho.pt/cancioneiro/html/231.html http://cantoalentejano.com/cancioneiro/?ver=1&id=112 http://wencesmc.web.interacesso.pt/delgado1tx.htm Pode ouvir acompanhado pela viola campania, na Pgina de So Martinho das Amoreiras http://www.smartinhoamoreiras.web.pt/ http://www.gaitadefoles.net/sons/tocadores2002/campanica/04%20meu%20lirio%20roxo%20do%20ca mpo.mp3

277 - 33 - Aldeia das LaranjasA. Duarte - Portel / vora, ant. 1943

Aldeia das Laranjas ao p da estrada real quem tem seus amor's vista, passa a vida menos mal. Passa a vida menos mal, passa a vida alegremente, Aldeia das Laranjas ao p da estrada corrente.

1 J no cu no h estrelas, seno uma ao p da lua; tenho buscado, no acho, cara mais linda que a tua. Aldeia das Laranjas ao p da estrada real quem tem seus amor's vista, passa a vida menos mal. Passa a vida menos mal, passa a vida alegremente, Aldeia das Laranjas ao p da estrada corrente. H promessas prometidas, pra o meu amor me deixar; eu sou firme, ele constante, deixai o mundo falar.Ver nota na pgina 329 do CPP: 212. ALDEIA DAS LARANJAS - J. A. Pombinho Jnior (99, p. 211). Notao musical de Artur Duarte. Bib. Pe. Antnio Marvo (73, p. 196, m) Csar das Neves e Gualdino de Campos (80/3, p. 254, m) registam uma dana com este ttulo, recolhida no Alentejo. ver tambm: http://cantoalentejano.com/cancioneiro/?antigo=1 (135 da lista de 231)

278 - 34 - Fui-te ver 'stavas lavandoF. Lopes Graa - Alentejo (?) 1974?

Fui-te ver, 'stavas lavando, \bis no rio sem assabo; lavas em gua de rosas, \ bis fica-te o cheiro na mo. Fica-te o cheiro na mo, \ bis Fica-te o cheiro no fato; se eu morrer e tu ficares, \ bis adora-me o meu retrato. Adora-me o meu retrato, \ bis adora o meu corao; fui-te ver, 'stavas lavando, \bis no rio sem assabo.Ver nota na pgina 330 do CPP: 217. FUI-TE-VER 'STAVAS LAVANDO - F. Lopes-Graa (71, p. 66) Moda que F. Lopes-Graa no recolheu in loco, mas sim de terceiros, e acerca da qual faz o seguinte comentrio (p. 128): No possuindo embora caractersticas meldicas sobressalientes, mas de modo nenhum de uma expresso banal, o que faz porventura o maior valor desta cano

so as suas trs quadras de leixa pren, com aquela formosa ideia da adorao do retrato. Bib. Pe. Antnio Marvo (73, p. 65, m)

Ver outras:

http://cantoalentejano.com/cancioneiro/?ver=1&id=47 http://www.joraga.net/pags/61fontes1.htm#canc1C04 http://fonoteca.cm-lisboa.pt/cgi-bin/info3.pl?4951&BIB&0 http://www.lisboacantat.com/popup_discografia_compositores09.html http://wencesmc.web.interacesso.pt/midis/flg21.mid PARA VER e OUVIR: CORO CaNTO FIRME - http://www.youtube.com/watch?v=RN4EODOqj1I Orfeo e Banda da Sociedade Imparcial 15 de Janeiro de 1898 de Alcochete http://www.youtube.com/watch?v=tEyE9D7_Q1Q

http://www.oficinaceramica.com/images/t-Lavadeiras-001.jpg

279 - 35 - Meu Amor me deu um LenoF. Lopes Graa - Serpa / Beja 1946

Meu Amor me deu um Leno pelas suas mos (\\\ triz) bordado numa ponta tem a lua noutra tem o sol (\\\ triz) pintado; no meio leva um letreiro do nosso tempo (\\\ triz) passado.Ver nota na pgina 330 do CPP: 220. MEU AMOR ME DEU UM LENO - F. Lopes-Graa (71, p. 70) Moda entoada geralmente no estilo coral do Alentejo, mas que F. Lopes-Graa nos transmite reduzida melodia principal (alis no desprovida de encanto), e acompanhada da seguinte observao (p. 130): Gallop inclui tambm esta cano nos seus Cantares do Povo Portugues. A sua lio no coincide inteiramente com a nossa (7. e 8. compassos), alm de que lhe faltam os dois ltimos versos que completam to sugestivamente a belssima sextilha. Bib. Pedro Fernandes Toms (118, p. 92, m) Rodney Gallop (46, p. 44, m) Pode ver e ouvir: http://alfarrabio.di.uminho.pt/cancioneiro/html/234.html http://estadosentido.blogspot.com/2008_05_01_archive.html

280 - 36 - No quero que me ds nadaD. Garcia Pulido - Serpa / Beja 1901

No quero que me ds nada que eu tambm nada te dou, \\ bis quero que vivas lembrada do tempo que j passou. Do tempo que j passou no quero que me ds nada, no quero que me ds nada, que eu tambm nada te dou.Ver nota na pgina 330 do CPP: 225 - NO QUERO QUE ME DS NADA - Espcime indito. Recolha e anotao musical do Dr. Domingos Garcia Pulido. Moda caracterstica do estilo coral baixo-alentejano e de expresso um tanto contrastante com a letra, marcada por um certo tom de rudeza, alheia em geral cano alentejana.

281 - 37 - Toca a Caixa, acerta a Marcha (Retreta de D. Maria II - 1832)Soeiro de Brito e Vitorino de Almada - Alentejo (?) 1870 1898

Toca a Caixa, acerta a Marcha (Retreta de D. Maria II - 1832) Toca a Caixa, acerta a Marcha toda a vida militei; Dona Maria Segunda Rainha, no Rei. Toca a Caixa, acerta a Marcha toda a vida hei militado; Dona Maria Segunda Filha do Rei Soldado.Ver nota na pgina 333 no CPP: 243. TOCA A CAIXA - Csar das Neves e Gualdino de Campos (80/3, p. 144). Recolha e anotao musical de Soeiro de Brito e Vitorino de Almada. Os AA. assinalam que, apesar desta msica datar do princpio do reinado de D. Maria II, o povo alentejano servia-se dela para danar, adicionando-lhe qualquer quadra e conservando-lhe a letra primitiva como estribilho. D. Maria 11 (1819-1853), filha de D. Pedro IV, tinha apenas 7 anos quando este abdicou na sua cabea a coroa de Portugal (1826).

282 - 38 - Galamba, avana, avana (Cano de guerrilha - 1846)J. M. Soeiro de Brito e Vitorino de Almada - Alentejo (?) 1870 1898

Galamba, avana, avana (Cano de guerrilha - 1846) Galamba, avana, avana, j tempo de avanar; p esquerdo rompe a marcha, alto, frente, perfilar.Ver nota na pgina 334 do CPP: 247. GALAMBA, AVANA, AVANA. Csar das Neves e Gualdino de Campos (80/3, p. 53) Os AA. observam que esta cantiga dataria de 1864 e teria sido usada pelos amigos do clebre guerrilheiro, enquanto a soldadesca e os contrrios lhe adaptavam a seguinte quadra: O maroto do Galamba usa calas sem presilha, e anda roubando o que pode para pagar guerrilha.

Antnio Manuel Soares Galamba (1802-1853), rico proprietrio de Pedrgo (Vidigueira), chefe de guerrilha e acrrimo defensor da causa liberal. chegou a ser eleito deputado, aps ter-lhe sido concedido o posto de coronel. Tomou parte activa na Patuleia (1846-1847) e, terminada esta, abandonou a poltica. Em 1853 foi assassinado com dois tiros por um sapateiro da Vidigueira com quem se travara de razes.

http://static.andaluciaimagen.com/A-marcha-militar--1810_154980.jpg

LISTA 06 (245 a 282) 38 PAUTAS MUSICAIS in CANCIONEIRO POPULAR PORTUGUS Michel Giacometti, com a colaborao de Fernando Lopes Graa, Crculo de Leitores, Lisboa, 1981. continuao de Lista 01 (ver antes) 63 PAUTAS MUSICAIS in TRADIO de SERPA, publicada entre Janeiro de 1899 e Junho de 1904 e LISTA 02 (ver antes) (64 a 152) 89 PAUTAS de MODAS E DANAS recolhidas no ALENTEJO CANCIONEIRO DE MUSICAS POPULARES Cancioneiro de musicas populares: colleco recolhida e escrupulosamente trasladada para canto e piano por Cesar A. das Neves / coord. a parte poetica por Gualdino de Campos; pref. pelo Exmo Sr. Dr. Teophilo Braga. - V. 1, fasc. 1 (1893)-V. 3, fasc. n. 75 (1899). LISTA 03 (153 a 203) 51 (em 25) PAUTAS MUSICAIS in subsdio para o CANCIONEIRO POPULAR do BAIXO ALENTEJO Volume II, Comentrio, recolha e notas de Manuel Joaquim Delgado, 2 ed. INIC, Lisboa, 1980 (1 1955). LISTA 04 (204 a213) 10 PAUTAS MUSICAIS in CANO POPULAR PORTUGUESA de Fernando Lopes Graa, 2 ed. remodelada e ampliada, Publicaes Europa-Amrica, Mem Martins, 1974 (1 1954). LISTA 05 (214 a 244) 31 PAUTAS MUSICAIS in CANTARES DO POVO PORTUGUS Estudo crtico, recolha e comentrio de RODNEY GALLOP, 2 ed. Instituto de Alta Cultura, Lisboa, MCMLX (1960) (1 1934? - trabalho de campo desde 1932... dois anos e meio...).

CANTE PAUTAS MUSICAIS 06 CPP M Giacometti38 PAUTAS MUSICAIS (282) inMichel Giacometti, com a colaborao de Fernando Lopes Graa, Crculo de Leitores, Lisboa, 1981.http://www.joraga.net/gruposcorais/pags06_pautas_06_CPP_MGiacometti/0245_CPP_MGia cometti_00_listade38pautas.htm

CANCIONEIRO POPULAR PORTUGUS

Recolha, digitalizao e organizao de Jos Rabaa Gaspar Corroios 2010 reorganizao em 2011 12