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Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG As ações cotidianas e a sociologia das ocasiões: Um estudo de casos no dia de finados Nome: Iago Vinícius Avelar Souza Professor: Ana Marcela Matéria: Sociologia III

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Trabalho de sociologia sobre interacionismo simbólico no cemitério do Bom Fim

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Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

As aes cotidianas e a sociologia das ocasies: Um estudo de casos no dia de finados

Nome: Iago Vincius Avelar SouzaProfessor: Ana MarcelaMatria: Sociologia III

SUMRIO

1.INTRODUO32.FUNDAMENTAO TERICA42.1 Erving Goffman e a Manipulao de Impresso42.2 Harold Garfinkel e a Sociologia da Vida Cotidiana 63.METODOLOGIA73.1 Sujeitos de Pesquisa e Amostra74. OS CASOS ESTUDADOS84.1 Cemitrio Bonfim84.2 Praa Garibaldi105. CONCLUSO126. REFERENCIAS13

1.INTRODUOOs indivduos agem em relao a coisas com base no significado que estas tais coisas tem para eles, contudo, esses significados no so ontolgicos, so derivados ou despertados pela interao social (SCHUTZ, 2012; BERGER & LUCKMANN, 2011). Esses significados so manejados e modificados por meio de um processo da interao que consiste na interpretao que fazem as pessoas.A vida cotidiana bem como as interaes face a face dependem dessas interpretaes que os indivduos tem sobre as suas aes e sobre aes dos outros. Quando um indivduo desempenha um papel, seja qual for ele, faz com que as pessoas ao seu redor interajam com ele e por meio desse relacionamento as pessoas so convidadas a acreditar nele, da mesma forma em que ele espera que acreditem.Dessa forma constri-se uma impresso da realidade, de maneira em que no basta ser, deve-se realmente parecer, a aparncia que levada em conta, pois ela que ser percebida pelos outros indivduos e nela que vai constituir a anlise a respeito do agente. De certo modo o agente no deve somente ser honesto, necessrio que ele realmente aparente ser honesto, ou os indivduos que interagem com ele no iro criar essa definio sobre ele.Sendo assim, quando nos propormos a analisar a vida comum e as interaes face a face, tambm manipulamos nossa impresso e empreendemos significados as aes. Os pesquisadores tambm constituem parte integrante do palco de atuaes, e para compreendermos suas anlises devemos considerar suas performances, suas formas de classificar suas aes, suas fachadas e seus respectivos comportamentos.O presente relatrio tem como objetivo analisar as aes, as formas de interpretar as situaes, ocasies e fachadas adotadas pelos alunos de Cincias Sociais do curso de Sociologia III da Universidade Federal de Minas Gerais para analisar os rituais empreendidos pelas pessoas que visitaram o Cemitrio do Bonfim e a Praa Garibaldi em Belo Horizonte no dia 2 de novembro de 2012, bem como a maneira pela qual conduziram suas anlises e os motivos pelos quais escolheram determinadas ocasies.O interesse por estudar os alunos em detrimento da opo de estudar as demais pessoas que frequentavam os locais, surgiu da maneira pela qual o grupo em que me encontrava reprimia determinadas aes (minhas e de outros colegas) frente ao local em que estvamos, observadas as devidas diferenas entre os dois locais de campo. Essa maneira de manipular suas impresses, de se agruparem e de classificarem e interpretarem as aes dos outros desesperou minha curiosidade de empreender esse trabalho, e so essas manipulaes e interpretaes as quais pretendo analisar.2.FUNDAMENTAO TERICAA fundamentao terica desse estudo pode ser subdividida em duas sees principais. Uma primeira que visa abordar a manipulao de impresses e um estudo das interaes face a face luz do referencial terico de Goffman (2002,2011), aplicada ao primeiro estudo com objetivo de tratar o desempenho dos alunos frente s situaes, ocasies e encontros aos quais escolheram estudar. A segunda, aplicada ao segundo caso, pretende tratar as aes dos indivduos em situaes cotidianas, como o objetivo de entender as propriedades formais das aes de sentido comum entre os indivduos como realizaes prticas do grupo. Usaremos como referencial a sociologia de Garfinkel (2006). 2.1 Erving Goffman e a Manipulao de ImpressoSegundo Goffman (2011), os indivduos nas relaes sociais, se comportam como atores, e para empreendermos a anlise necessrio observar determinados materiais comportamentais como: olhares, gestos, posicionamentos e enunciados verbais que as pessoas de formas contnuas, inserem nas situaes, intencionalmente ou no.Ao considerar a ordem da ao dos indivduos, Goffman (2002:15) descreve alguns elementos dos rituais de interao.Afirmei que quando um indivduo chega diante de outros suas aes influenciaro a definio da situao que vai se apresentar. As vezes, agir de maneira completamente calculada, expressando-se de determinada forma somente para dar as outros o tipo de impresso que ir interessa obter. [...] Ocasionalmente, expressar-se- intencional e conscientemente de determinada forma, mas, principalmente porque a tradio de seu grupo ou posio social requer este tipo de expresso, e no por causa de qualquer resposta particular.Essa forma de se apresentar, de alguma forma, completamente calculada, mantem relao com os elementos da interao que Goffman denomina como linha e fachada. A linha entendida como um padro de atos verbais e no verbais pela qual a pessoa expressa sua opinio sobre a situao. A fachada o valor social positivo que uma pessoa reivindica para si por meio de suas aes e comportamentos no fluxo de eventos de um encontro.Para Goffman (2011) a manuteno da fachada uma condio da interao, quando os indivduos percebem que esto com uma fachada errada, sua manuteno consiste em sustentar uma impresso de que ele no perdeu a fachada. Portanto, estudar o salvamento da fachada estudar as regras de trfego da interao social (GOFFMAN, 2011: 20).Assim, as interaes constituem um jogo ritual que faz com que os atores ao relacionarem, assumam fachadas e na manuteno de suas fachadas tendem a sustentar as fachadas dos outros (GOFFMAN, 2011: 37). O desempenho de suas aes consiste na habilidade de realizar essa manuteno. Quando uma pessoa realiza a preservao de sua fachada, junto com seu acordo tcito de ajudar as outras a realizar a delas, isso representa sua disposio em obedecer s regras bsicas da interao social. Eis o smbolo de sua socializao enquanto um participante da interao. At agora, construmos duas definies sobre a estrutura do eu: o eu como uma imagem construda por meio das implicaes expressivas do fluxo total de eventos em uma ocasio; e o eu como um jogador no jogo ritual que enfrenta os juzos da situao. (GOFFMAN, 2002; 2011).Talvez o maior princpio da ordem ritual no seja a justia, e sim a fachada, e o que qualquer ofensor recebe no o que ele merece, e sim o que sustentar pelo momento da linha com a qual se comprometeu, e atravs disso a linha com a qual ele comprometeu a interao.E sobre esse princpio que Goffman sustenta que a impresso que transmitimos em uma interao mais importante, essa forma que construir a realidade que opera frente s interaes cotidianas.2.2 Harold Garfinkel e a Sociologia da Vida CotidianaDiferentemente de Goffman, Garfinkel considera as interaes entre os indivduos como algo que pertence ao senso comum. Segundo ele, a realidade da construo social to bvia que no precisamos racionaliza-la. Quando os indivduos agem de maneira usual, esperam tambm que os outros indivduos tomem certas aes que o grupo considera normal.As atividades cotidianas, verbais ou no verbais, s adquirem significado em relao interpretao que os outros indivduos do a essas atividades (GARFINKEL, 2006:52)La comprensin comn consistira entonces en una cantidad medida de acuerdo compartido slo si la comprensin comn consistiera en eventos coordinados con las sucesivas posiciones de las agujas del reloj, esto es, en eventos en tiempo estndar. Los resultados precedentes, ya que se refieren a intercambios del coloquio como eventos-en-una-conversacin, obligan a que se considere, al menos, un parmetro de tiempo adicional: el rol del tiempo, como constitutivo del asunto del cual se habla como un evento desarrollado y que se est desarrollando en el curso dela accin que lo produce, como un proceso y producto conocido desde lo interno de este desarrollo por ambas partes, cada una por s misma, as como tambin por parte de la otra.Segundo Garfinkel (2006) nas atividades do cotidiano os membros produzem e organizam cenrios de assuntos do cotidiano e estes, so idnticos aos procedimentos que os indivduos entendem e explicam esses cenrios. Para ele, a anlise consiste em entender as propriedades formais dessas atividades que so construdas no senso comum, como realizaes prticas dessa organizao.Os indivduos ao interagirem, atribuem significados as aes cotidianas e aos procedimentos dessa ao. Esses sistemas de classificaes so construdos pelo senso comum. Para Garfinkel (2006:48) a situao cotidiana, j previamente conhecida pelos praticantes da ao, a ordem moral que engendra as interaes anterior a ao.

Desde el punto de vista de la teora sociolgica, el orden moral consiste en las actividades de la vida cotidiana gobernadas de acuerdo a reglas. Los miembros de una sociedad encuentran y reconocen el orden moral como un curso de accin normalmente perceptible, compuesto por es-cenas familiares de asuntos cotidianos y por el mundo de la vida diaria reconocido y dado por sentado en comn con otros.Sendo assim, os indivduos de um mesmo grupo, no s tem uma base normativa comum, como tambm compartilham percepes comuns sobre o procedimento da ao que esto empreendendo.Portanto, diferentemente de Goffman, Garfinkel estuda o indivduo por meio da interao com os outros e como interpretam o mundo a sua volta e produzem concluses. interessante que embora os dois contemplem o mesmo objeto de estudo, a interao social, essa simples mudana na perspectiva (para um a fachada e sua preservao e manuteno, para o outro o senso comum, a reflexividade e a indexalizao) ao que deve-se considerar, modifica completamente a anlise.3.METODOLOGIA

Tendo em vista a tipologia tradicional de mtodos de pesquisa, a pesquisa que subsidiou os resultados apresentados neste estudo pode ser caracterizada como um estudo de campo, de natureza qualitativa (FLICK, 2009; DENZIN & LINCOLN, 2006). Contudo, apesar do carter qualitativo, o estudo pode, ainda, ser classificado como uma pesquisa descritiva, uma vez que se prope, em um primeiro caso, em conformidade com a caracterizao de levantamentos descritivos como a proposta de Goffman e em um segundo caso, em conformidade com a etnometodologia, com caractersticas semelhantes proposta de Garfinkel.

Pesquisas qualitativas so muito adequadas quando o fenmeno em estudo complexo, como o caso das interaes sociais. A partir da anlise descritiva do caso emprico foi possvel obter um nvel razovel de anlise a qual permitiu identificar alguns fatores que de certa forma pareciam implcitos ou pouco evidentes. necessrio deixar claro a precariedade da anlise, pois consiste em uma observao realizada por um estudante pouco qualificado e um perodo de tempo muito curto.

3.1 Sujeitos de Pesquisa e AmostraA seleo do caso em pesquisa qualitativa uma deciso importante, pois tem implicaes na relevncia dos resultados do estudo. Portanto, essa escolha no deve ser aleatria, mas intencional, orientada para a riqueza com que o fenmeno se apresenta (FLICK, 2009).

A opo em estudar aos alunos surgiu da importncia e da falta de pesquisas que abordassem esse lado da investigao, o lado do pesquisador. A anlise consistiu em acompanhar os grupos enquanto realizavam suas pesquisas em cada um dos casos observando seus comportamentos, as formas de criarem os grupos e as ocasies que optavam em analisar.No caso do Cemitrio Bonfim, a amostra constituiu um grupo de cinco alunos que optaram por estudar uma missa que estava sendo realizada justamente no tempo em que estvamos no local. No caso da Praa Garibaldi, a amostra constituiu toda a populao de alunos que estava estudando os participantes do Zombie Walk no perodo em que permanecemos no local.

4. OS CASOS ESTUDADOSNo dia 2 de novembro de 2012 (dia de finados), os alunos de Cincias Sociais do curso de Sociologia III da Universidade Federal de Minas Gerais realizaram dois trabalhos de campo, o primeiro, na parte da manh no Cemitrio do Bonfim e o segundo, na parte da tarde, na Praa Garibaldi, onde se realizava a concentrao para o evento Zombie Walk.4.1 Cemitrio Bonfim

Fonte: Google MapsAs 11:00 os alunos de Cincias Sociais e a professora do curso de Sociologia III da Universidade Federal de Minas Gerais se encontraram na porta do Cemitrio do Bonfim (ponto amarelo no mapa). Tnhamos uma hora para realizar as anlises e nos encontrar novamente na entrada. A porta do cemitrio estava extremamente cheia e diversas tendas vendiam flores de diferentes tipos e preos, pessoas entregavam panfletos sobre cultos religiosos e mensagens e reflexes sobre a morte.Os tmulos magnificamente trabalhados em mrmore, granito e bronze, verdadeiras obras de artes marcam a paisagem do cemitrio, onde junto a elas pessoas depositavam flores, presentes e se emocionavam.Diante da variedade de ocasies, o grupo que escolhi analisar, optou por empreender seus estudos sobre um culto religioso na parte sul do cemitrio (ponto laranja no mapa), que acontecia exatamente no horrio em que estvamos presentes.Quando chegamos ao ponto onde estava a ocasio escolhida, os quatro estudantes do grupo portavam um bloco de anotaes, canetas e mochilas. Eram dois homens e duas mulheres e possuam em mdia 21 anos, usavam roupas leves, camisas claras, shorts e vestidos. Entre os outros alunos, reivindicavam a fachada de tpicos estudantes.Contudo, o desempenho no depende somente da interao no encontro ou na ocasio, mas tambm da situao, o que implica toda a preparao anterior ao encontro como forma de empreender a construo da fachada (GOFFMAN, 2011).Se nos encontramos as 11:00, todo o perodo anterior faz parte da situao. O fato de acordar, tomar banho, preparar a mochila com blocos de anotaes e canetas, as prprias roupas escolhidas para usar, tudo isso, faz parte do processo de construo e reinvindicao da fachada e do processo de interao e o que Goffman chama de bastidores (2002; 2011). Os alunos quando chegassem ao cemitrio, j tinham conscincia da presena da professora e da necessidade de demonstrarem seu papel como estudante, e toda essa preparao para o encontro um fator importante para a interao.Essa reinvindicao da fachada tambm depende de sua manuteno, de tal forma, que a minha maneira de portar, incomodava os alunos. O fato de no estar reivindicando a mesma fachada e para no colocar a interao em risco fazia com que eles me repudiassem.Quanto aos coadjuvantes da minha anlise (ou o objeto de estudo dos meus analisados), compreendiam homem e mulheres, com idades entre trinta e sessenta anos posicionados frente ao altar e praticando os rituais predispostos pelo culto.Ao optarem por estudar esse ritual, e a necessidade de participarem, que de forma parcial do culto, fez com que assumissem outra fachada. O constrangimento das pessoas ao perceberam que esto sendo consideradas como objeto de estudo prejudicaria a interao, portanto essa necessidade de parecer participar do culto, praticando seus rituais consistia uma manuteno da fachada.Da mesma forma que quando eu, intencionalmente criava tenses na interao, com altura da fala, gestos e rizadas, que no eram prprios dos rituais do culto, os alunos me criticavam e me repreendiam, pois isso colocava suas fachadas em risco.Depois quarenta minutos de anlise, sentamos no cho, o culto j estava chegando ao fim e os alunos j estavam um pouco afastados e conversavam sobre outros assuntos. Alguns minutos depois a professora se aproximava, e rapidamente os alunos assumiam a fachada de estudantes. Voltaram a anotar sobre a ocasio escolhida, faziam perguntas sobre o trabalho e descreviam todas as aes. O desempenho e o objetivo de assumir essa fachada ajudavam a prevenir a tenso de parecer no realizarem a tarefa, de modo que os outros estudantes e a prpria professora precisaria acreditar nessa ao.Ao meio-dia, finalizamos o estudo e nos encontramos novamente na entrada do cemitrio (ponto amarelo no mapa) para almoarmos e realizarmos o prximo campo.4.2 Praa Garibaldi

Fonte: Google MapsAs 14:00 alguns alunos de Cincias Sociais e a professora do curso de Sociologia III da Universidade Federal de Minas Gerais se encontraram na praa Garibaldi, inicialmente havia poucas pessoas participantes do evento Zombie Walk, que depois passaram a ocupar quase toda a extenso da praa (circulo amarelo do mapa) e moradores de rua (circulo branco do mapa). Mais tarde, grupos de esqueitistas (circulo azul do mapa) e policiais militares (ponto rosa) tambm dividiam o espao.Para realizar o estudo, os alunos, de forma quase inconscientes, mantiveram os mesmos grupos formados de manh. Segundo Garfinkel (2006) esse sistema de classificaes compartilhado pelo senso comum de grupos em suas aes cotidianas faz com que os indivduos atribuam significado as coisas e reconheam esses significados, ou seja, esses sistemas de classificaes compartilhadas que mantem os indivduos em um determinado grupo.As anlises dos alunos constituam em tratar essas categorias de significados dos participantes do evento, empreendendo uma reflexo sobre o reconhecimento das aes, as maneiras de entender aes e atribuir seus significados (GARFINKEL, 2006). Contudo, os prprios alunos tinham suas maneiras de reconhecer essas aes, essas formas de interpretar essas aes e como atribuir seus significados.Comecei, observando a opinio dos alunos sobre o evento, de certa forma, reproduzindo as prprias perguntas que eles faziam aos participantes do evento. Perguntas como O que voc pensa sobre o evento? Qual significado voc atribui a isso? O que pensa sobre essa maneira de tratar a morteTodavia, as maneiras dos participantes e dos alunos de entenderem e interpretarem o evento foram totalmente diferentes. Por mais que os alunos se configurassem em grupos separados, segundo Garfinkel (2006), compartilhavam um senso comum, um sistema de classificao construdo socialmente, muito mais prximos entre si do que com os participantes do evento. A maneira pela qual os alunos, dos diferentes grupos, respondiam essas questes eram de forma extremamente parecida.Formas de praticar e interpretar as aes que entre os participantes se tornavam extremamente parecidas, e diferentes dos alunos, que entre eles tambm eram maneiras de entendimento parecidas.Outra forma de perceber essas classificaes compartilhadas as prprias formas de construir as classificaes, isto , as prprias formas de explicas as interpretaes pressupes cdigos que s fazem sentido para indivduos que compartilham os mesmos sistemas, ou seja, que compartilham esse senso comum (GARFINKEL, 2006). Os alunos, ao responderem as questes, apropriavam de conceitos e maneiras de falar aprendidas em nossos cotidianos na vida acadmica, a qual no faz sentido para quem no tem esse conhecimento prvio, que pressupem esses sistemas de classificaes compartilhados. importante frisar que, diferentemente dos participantes do evento, que j estavam acostumados com algumas perguntas e pessoas os observando, os alunos se sentiam incomodados ao perceber meu empreendimento em estuda-los. Minhas aes e o entendimento sobre elas eram percebidas por eles, ou seja, sabiam que estavam sendo colocados na condio de objeto, somente porque as minhas maneiras de agir faziam sentido para eles, pois para os outros parecamos apenas curiosos.5. CONCLUSOO estudo compreendeu o perodo das 11:00 s 17:00 e foi de certa forma comprometido pela quantidade pequena de alunos que permaneceu no campo todo o perodo do tempo, entretanto, possibilitou uma anlise mais prxima do objeto escolhido. Pude perceber suas maneiras de agir, de classificar, de manipularem suas impresses ao mesmo tempo em que realizam os suas anlises.A possibilidade de realizar a pesquisa, visto que a graduao cria poucas dessas oportunidades, despertou o interesse para a observao. O contato com o campo, com os agentes, transformados em objetos de estudo, fez com que ligssemos as teorias s prticas.A opo em analisar os outros alunos possibilitou um trabalho extremamente enriquecedor. Essa escolha pela perspectiva invertida (O pesquisador como objeto de estudo) fez perceber-se que os pesquisadores tambm fazem parte da interao, da vida cotidiana. As observaes que fazem em um campo so aplicveis a eles, os mesmos conceitos, teorias e prticas lhes podem ser empregados. O conhecimento sobre as teorias no fazem com que os indivduos se localizem fora da sociedade, e suas maneiras de agir tambm esto relacionadas s ordens morais e ao senso comum das interaes e da vida cotidiana de seus grupos.6. REFERENCIASBERGER, P. L; LUCKMANN, T. A construo social da realidade: tratado de sociologia do conhecimento. Petrpolis: Vozes, 2011.DENZIN, N. K; LINCOLN, Y. S. O planejamento da pesquisa qualitativa: teorias e abordagens. Porto Alegre: Artmed, 2006. FLICK, U. Introduo a pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Artmed, 2009.GARFINKEL, H. Estudios en Etnometodologa. Barcelona: Anthropos, 2006.GOFFMAN, E. Ritual de interao: ensaios sobre o comportamento face a face. Petrpolis: Vozes, 2011.GOFFMAN, E. A representao do eu na vida cotidiana. Petrpolis: Vozes, 2002.SCHUTZ, A. Sobre fenomenologia e relaes sociais. Petrpolis: Vozes, 2012.

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