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Centro Universitário de Volta Redonda - Ano VI Edição Especial - Novembro/2011 Curso de Nutrição

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Centro Universitário de Volta Redonda - Ano VIEdição Especial - Novembro/2011

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Campus AterradoAv. Lucas Evangelista,nº 862, AterradoVolta Redonda - RJTel.: (24) 3338-2764 (24) 3338-2925

Campus ColinaAnexo ao HospitalSão João BatistaRua Nossa Senhora das Graças, nº 273, ColinaVolta Redonda - RJTel.: (24) 3340-8400

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Curso de Nutrição

Page 2: Cadernos Especial Nutricao
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CADERNOS UniFOACENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA

FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA

ISSN 1809-9475

Page 4: Cadernos Especial Nutricao
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CADERNOS UniFOACENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA

FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA

Edição Especial do Curso de Nutrição

Novembro/2011

FOA

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EXPEDIENTE

CapaLuana Fernandes

EditoraçãoLaert dos Santos / Luana Fernandes

Comitê EditorialAgamêmnom Rocha de Souza

Rosana Aparecida Ravaglia SoaresSérgio Elias Vieira Cury

Conselho EditorialAline Andrade Pereira

Carlos Alberto Sanches PereiraCarlos Roberto Xavier

Denise Celeste Godoy de Andrade RodriguesÉlcio Nogueira

Fernanda Augusta Oliveira MeloJúlio César de Almeida Nobre

Pablo Gimenez SerranoMargareth Lopes Galvão SaronMauro César Tavares de Souza

Vitor Barletta Machado

Revisão de textos

Língua PortuguesaClaudia Maria Gil Silva

Maricinéia Pereira Meireles da Silva

Língua InglesaMaria Amália Sarmento Rocha de Carvalho

Conselho Editorial ad hoc

Claudinei dos SantosDoutor em Engenharia de Materiais - Escola de Engenharia de

Lorena - Universidade de São Paulo - EEL/USP

Diamar Costa PintoDoutor em Biologia Parasitária - Fundação Oswaldo Cruz

Fabio Aguiar AlvesDoutor em Biologia Celular e Molecular

Universidade Federal Fluminense

Igor José de Renó MachadoDoutor em Ciências Sociais - Universidade Estadual de Campinas

- Professor do Departamento de Antropologia - UFSCAR

Maria José Panichi VieiraDoutora em Engenharia Metalúrgica pela Pontifícia Universidade

Católica do Rio de Janeiro

Ruthberg dos SantosDoutor em Administração pela Universidade de São Paulo

Douglas Mansur da SilvaDoutor em Antropologia Social – Universidade Federal de Viçosa

FOAPresidente

Dauro Peixoto Aragão

Vice-PresidenteJairo Conde Jogaib

Diretor Administrativo - FinanceiroIram Natividade Pinto

Diretor de Relações InstitucionaisJosé Tarcísio Cavaliere

Superintendente ExecutivoEduardo Guimarães Prado

Superintendência GeralJosé Ivo de Souza

UniFOAReitor

Alexandre Fernandes Habibe

Pró-reitora AcadêmicaCláudia Yamada Utagawa

Pró-reitora de Pós-Graduação,Pesquisa e Extensão

Daniella Regina Mulinari

Cadernos UniFOAEditora Executiva

Flávia Lages de Castro

Editora CientíficaMaria Auxiliadora Motta Barreto

EXPEDIENTE

Page 8: Cadernos Especial Nutricao

FICHA CATALOGRÁFICABibliotecária Gabriela Leite Ferreira - CRB 7/RJ - 5521

FICHA CATALOGRÁFICA

Bibliotecária: Gabriela Leite Ferreira -- CRB 7/RJ - 5521

C122 Cadernos UniFOA : Edição especial do curso de Nutrição / Centro Universitário de Volta Redonda. – ano VI, (novembro 2011). – Volta Redonda : FOA, 2011. ISSN 1809-9475

1. Nutrição – Periódicos. 2. Ciências da saúde – Periódicos. I. Fundação Oswaldo Aranha. II. Título.

CDD – 050

Centro Universtitário de Volta Redonda - UniFOA

Campus Três Poços

Av. Paulo Erlei Alves Abrantes, nº 1325Três Poços, Volta Redonda /RJ

CEP 27240-560Tel.: (24) 3340-8400 - FAX: 3340-8404

www.unifoa.edu.br

Versão On-line da Revista Cadernos UniFOAhttp://www.unifoa.edu.br/cadernos

Page 9: Cadernos Especial Nutricao

SUMÁRIO

EDITORIAL ...................................................................................................................................................................... 09

Aspectos Psicológicos e Propostas Teóricas Relacionadas à Adesão ao Tratamento Nutricional dos Pacientes ObesosJuliana Galvão e Silva e Ana Paula Caetano de Menezes Soares ................................................................................................. 11

Análise do uso de Dietas Gluten Free e Casein Free em crianças com Transtorno do Espectro AutistaDanielle Ricardo de Araújo e Alden dos Santos Neves .............................................................................................................. 23

Programas de intervenção de educação nutricional no ambiente escolarTainá Marins Chaves e Ana Paula Caetano de Menezes Soares ................................................................................................... 31

Efeito hipoglicemiante das farinhas de banana verde e de maracujá no controle da glicemia em diabéticosMarystela Neves Waszak e Célia Cristina Diogo Ferreira ........................................................................................................... 41

Uso de prebióticos na absorção de ferro em Cirurgia BariátricaAfonso Pinho da Silva Maia e Alden dos Santos Neves .............................................................................................................. 51

Recomendações de Macronutrientes para ciclistas: Uma revisão bibliográficaFilipe de Souza Del Marchesato e Elton Bicalho de Souza .......................................................................................................... 61

A relação entre o estado nutricional e comportamento alimentar em adolescentes de uma escola pública de Volta Redonda – RJRenata Germano Borges de Oliveira Nascimento Freitas e Margareth Lopes Galvão Saron ............................................................. 69

Perfil antropométrico e dietético de crianças de duas escolas públicas de Volta Redonda-RJThalita Marfori Vidinha Cordeiro e Margareth Lopes Galvão Saron............................................................................................. 81

O papel da nutrição no processo reabilitatório de dependentes de álcoolCamila Dias Barbosa e Célia Cristina Diogo Ferreira .................................................................................................................. 89

Page 10: Cadernos Especial Nutricao

LIST OF CONTRIBUTIONS

EDITORIAL ...................................................................................................................................................................... 09

Psychological Issues and Proposals Concerning the Accession to the Theoretical Treatment of Nutritional Obese PatientsJuliana Galvão e Silva e Ana Paula Caetano de Menezes Soares ...................................................................................... 11

Analysis the use Gluten Free and Casein Free diet in children with autistic spectrum disorderDanielle Ricardo de Araújo e Alden dos Santos Neves ..................................................................................................... 23

Intervention programs for nutrition education in the school environmentTainá Marins Chaves e Ana Paula Caetano de Menezes Soares ........................................................................................ 31

Hypoglycemic effect of flour of green banana and passion fruit on glycemic control in diabeticsMarystela Neves Waszak e Célia Cristina Diogo Ferreira ................................................................................................. 41

Use of prebiotics on iron absorption in Bariatric SurgeryAfonso Pinho da Silva Maia e Alden dos Santos Neves .................................................................................................... 51

Importance of macronutrients in cycling: a bibliographical reviewFilipe de Souza Del Marchesato e Elton Bicalho de Souza ............................................................................................... 61

The relationship between nutritional status and eating behaviors in adolescents from a public school in Volta Redonda – RJRenata Germano Borges de Oliveira Nascimento Freitas e Margareth Lopes Galvão Saron ........................................... 69

Profile anthropometric and dietary children from two public schools in Volta Redonda-RJThalita Marfori Vidinha Cordeiro e Margareth Lopes Galvão Saron ................................................................................ 81

The role off nutrition in the rehabilitation process off alcoholicsCamila Dias Barbosa e Célia Cristina Diogo Ferreira ....................................................................................................... 89

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Editorial

A ciência da Nutrição vem ganhando relevância nos últimos 30 anos, especialmente após a promulgação e implementação das políticas internacionais de promoção de saúde, papel desempenhado primordialmente pela Nutrição aplicada à saúde humana. O crescimento do conhecimento científico sobre a Nutrição em todas as suas facetas aumenta exponencialmente como resultado do interesse da área da saúde nos papéis desempenhados pela aplicação da Nutrição nos mais diversos setores de atividade humana. No sentido de estimular à produção científica é inaugurada a nossa edição especial do Cadernos UniFOA, criada a partir do esforço em coletar trabalhos de conclusão de curso considerados relevantes e produzidos nos dois últimos semestres de atividade. Procuramos demonstrar a abrangência que a Ciência da Nutrição vem tomando, abrangendo desde modelos clássicos de estudos de Nutrição até as tendências de aplicação de conhecimentos nutricionais em novas propostas terapêuticas. Como exemplo de modelos clássicos de estudo de Nutrição, tão necessários na sedimentação dos conhecimentos adquiridos pela Ciência da Nutrição, podemos citar os trabalhos “Perfil antropométrico e dietética de crianças de duas escolas públicas de Volta Redonda-RJ” de autoria de Thalita Marfori Vidinha Cordeiro e Margareth Lopes Galvão Saron, e “O papel da nutrição no processo reabilitatório de dependentes de álcool”, por Camila Dias Barbosa e Célia Diogo Ferreira. Abordagens relevantes de conhecimentos de Nutrição aplicados à saúde humana são encontrados nos trabalhos “A relação entre o estado nutricional e comportamento alimentar em adolescentes de uma escola pública de Volta Redonda – RJ”, de Renata Germano Borges de Oliveira Nascimento Freitas e Margareth Lopes Galvão Saron, e “Efeito hipoglicemiante das farinhas de banana verde e de maracujá no controle da glicemia em diabéticos”, de Marystela Neves Waszak e Célia Ferreira. A relevância da educação nutricional para promoção de mudanças comportamentais é abordada nos trabalhos “Aspectos Psicológicos e Propostas Teóricas Relacionadas à Adesão ao Tratamento Nutricional dos Pacientes Obesos”, de autoria de Juliana Galvão e Silva e Ana Paula Caetano de Menezes Soares, e “Programas de intervenção de educação nutricional no ambiente escolar”, de Tainá Marins Chaves e Ana Paula Caetano de Menezes Soares. A nutrição adequada, associada à prática de atividades físicas, objeto de estudo da Nutrição Esportiva, é contemplada no estudo de Filipe de Souza Del Marchesato e Elton Bicalho de Souza, “Recomendações de Macronutrientes para ciclistas: Uma revisão bibliográfica”.E novas abordagens terapêuticas em Nutrição são vistas nos trabalhos “Análise do uso de Dietas Gluten Free e Casein Free em crianças com Transtorno do Espectro Autista”, de autoria de Danielle Ricardo de Araújo e Alden dos Santos Neves, e “ Uso de prebióticos na absorção de ferro em Cirurgia Bariátrica”, de Afonso Pinho da Silva Maia e Alden dos Santos Neves. A publicação destes trabalhos vem coroar os esforços do Curso de Nutrição em seguir as diretrizes institucionais e promover entre o corpo discente o estímulo à produção científica, desenvolvendo o processo ensino-aprendizagem com foco na construção de profissionais que tenham uma visão crítica e formadora de opinião. Por fim, essa edição contempla a avaliação nutricional de parcelas populacionais específicas e de interesse biológico, até a abordagem comportamental da alimentação, passando por tendências de aplicação de conhecimentos em áreas da saúde humana ainda carentes de maiores estudos, como o uso de prebióticos em cirurgias bariátricas e restrições dietéticas para tratamento de autismo.

Alden dos Santos NevesCoordenador do Curso de Nutrição

Margareth SaronCoordenadora de TCC

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Resumo:O presente trabalho trata-se de uma revisão de bibliografia, cujo objetivo é correlacionar três propostas teóricas com a adesão de pacientes obesos ao tra-tamento nutricional, tendo como fio condutor os aspectos psicológicos rela-cionados à obesidade. Tais teorias são: Teoria da Autodeterminação, Modelo Transteórico e Terapia Cognitivo Comportamental. A Teoria de Autodetermi-nação defende que o indivíduo é influenciado por três necessidades psicológi-cas primárias e universais: a autonomia, a competência e a relação social. Já o Modelo Transteórico, emprega estágios de mudança para agregar processos e princípios de transformação do comportamento, sendo utilizados cincos está-gios: pré-contemplação, contemplação, decisão, ação e manutenção. E a Tera-pia Cognitivo Comportamental, fundamenta que pensamentos mal adaptados são transformados, e as capacidades de resolução de problemas e enfrenta-mento são reforçadas, atuando em uma intervenção semiestruturada. Conclui-se então que ao correlacionar as três teorias abordadas com o tratamento nu-tricional da obesidade, percebe-se que é de suma importância ter como base no aconselhamento nutricional o enfoque de uma destas três teorias propostas, ou uma combinação delas, pois amparado pelas mesmas o nutricionista con-segue enxergar e ajudar o indivíduo a superar suas dificuldades e angústias, levando-o a ter uma melhor adesão ao tratamento nutricional, e evitando que o indivíduo abandone e/ou não leve a sério o tratamento proposto.

1Discente: Juliana Galvão e Silva (Ciências da Saúde – UniFOA)2Docente: Ana Paula Caetano de Menezes Soares (Ciências da Saúde – UniFOA)

AbstractThe present work it is a review of literature, whose aim is to correlate these three theoretical perspectives with the accession of obese patients to nutritional treatment, with the thread of the psychological aspects related to obesity. These theories are: Determination Theory, the Transtheoretical Model and Cognitive Behavioral Therapy. Self-Determination Theory argues that the individual is governed by three primary and universal psychological needs: autonomy, competence, and social relationship. Already the Transtheoretical Model, stages of change employed to aggregate processes and principles of transformation of the main theories of intervention, being described by five stages: pre-contemplation, contemplation, preparation, action and maintenance. And Cognitive Behavioral Therapy, which underlies maladaptive thoughts are processed, and the skills of problem solving and enforced, acting on a semi-structured intervention. It follows then that correlate to the three theories dealt with the nutritional treatment of obesity, one realizes that it is extremely important to be based on nutritional counseling the focus of one of the three proposed theories because these theories can be noted that the dietitian can see and help the individual to overcome their difficulties and, taking it to have better adherence to nutritional treatment, and ensuring that the individual leaves and/ or do not take seriously the proposed treatment.

Palavras-chave:

Obesidade

Educação Nutricional

Adesão ao Tratamento

Teorias Psicológicas

ArtigoOriginal

Original Paper

Key words:

Obesity

Nutrition Education

Treatment Adherence

Psychological Theories

Aspectos Psicológicos e Propostas Teóricas Relacionadas à Adesão ao Tratamento Nutricional dos Pacientes Obesos

Psychological Issues and Proposals Concerning the Accession to the Theoretical Treatment of Nutritional Obese Patients

Juliana Galvão e SilvaAna Paula Caetano de Menezes Soares

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Introdução1.

O aconselhamento nutricional é a base para respostas eficazes e satisfatórias do tra-tamento, para isso o nutricionista precisa ca-pacitar o indivíduo na realização de escolhas e solução de seus problemas. Contudo, o nu-tricionista deve definir e estruturar seu papel para o indivíduo, podendo haver uma indica-ção do que, como e por que ele pretende reali-zar a interação ou o programa proposto e não deixar de passar ao mesmo as condições que têm de ser sentidas, reconhecidas e percebidas pelo próprio para serem eficazes (MAHAN e ESCOTT-STUMP, 2010).

A adesão ao tratamento nutricional tem como o pilar principal o aconselhamento nu-tricional, resultando em um leque de fatores positivos na aderência do tratamento. Existem várias propostas teóricas, tais como Modelo de Prevenção de Recaída, Aconselhamento Centrado no Cliente, Modelos de Crenças em Saúde ou Health Befief Model (HBM), Terapia Cognitivo Comportamental, Aconselhamento Gestáltico, Teoria da Autodeterminação, Aconselhamento Psicanalítico, Modelo Transteórico e Aconselhamento Racional-Emotivo (BOOG et al., 2005; TORAL e SLATER, 2007; SNETSELAAR 2010; MESTRE e RIBEIRO, 2010).

Por outro lado, apesar destas inúmeras bases de aconselhamento, o número de indiví-duos com IMC > 30kg/m2 é estimado em 250 milhões ou 7% da população adulta no mundo, muito embora haja uma grande diferença entre países e população.

A obesidade é uma esfinge endêmica mundial, que vem aumentando em proporções cada vez maiores, levando a um impacto eco-nômico significativo no país, pois esta pato-logia é um problema grave de saúde pública, sendo assim, o importante cuidado voltado para esta enfermidade, para que ao menos con-siga reverter este quadro tão alarmante hoje no mundo (CLAUDINO e ZANELLA, 2005a).

A obesidade é uma doença que abarca um mosaico de fatores que se interrelacionam e completam. Os fatores epidemiológicos, clí-nicos e nutricionais, neste trabalho servirão como apresentação da obesidade em linhas ge-rais, uma vez que os fatores comportamentais, cognitivos e psicossociais farão um pano de

fundo para as correlações referentes à adesão ao tratamento nutricional, na perspectiva de três destas correntes voltadas a esta finalida-de, quais sejam: Teoria da Autodeterminação ou Self-Determination Theory (SDT), Modelo Transteórico ou Transthoretical Model (TTM) e Terapia Cognitivo Comportamental (TCC).

A escolha destas três teorias se deu, de-vido à importância da aplicação de uma delas e/ou a junção das mesmas na prática do trata-mento nutricional, pois em estudos observa-se a eficácia e o benefício que as propostas psi-cológicas fazem no tratamento do indivíduo e também pelo elevado número de pesquisas e trabalhos científicos que relacionam tais propostas teóricas com a obesidade e outros objetos de pesquisas ligados às intervenções nutricionais (RIEBE et al., 2003, HASLER et al., 2004, BRUG, 2005, RIEBE et al., 2005, JOHNSON et al., 2008).

Em suma, o objetivo do presente traba-lho é correlacionar estas três correntes teóricas com a adesão de pacientes obesos ao tratamen-to nutricional, tendo como fio condutor os as-pectos psicológicos relacionados à obesidade.

Metodologia2.

Desta forma para alcançar este objetivo, o presente trata-se de uma revisão bibliográfi-ca, tendo como base artigos científicos, livros, dissertações e teses de mestrado e doutorado; bem como sites científicos e atualizados da web, que abrangem o tema proposto, entre os anos de 1999 a 2010 e utilizando tais termos descritores: obesidade, teoria da autodetermi-nação, modelo transteórico e terapia cognitivo comportamental.

Referêncial Teórico3.

Obesidade 3.1.

A obesidade é definida como uma do-ença multifatorial que ocasiona o acúmulo excessivo de gordura corporal, que gera pre-juízos à saúde do indivíduo, como dificulda-des respiratórias, problemas dermatológicos e distúrbios do aparelho locomotor, além de promover o surgimento de enfermidades po-

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tencialmente letais como dislipidemias, do-enças cardiovasculares, diabetes não-insulino-dependente (Diabetes Tipo II) e alguns tipos de câncer (ADES et al.,2002; MONTEIRO et al., 2004), contudo um de excesso de gordura cor-pórea, aumenta as condições de sequelas para a saúde, que variam de indivíduo para indivíduo (ABRANTES, 2002; PINHEIRO et al., 2004; MARQUES, 2005; WHO, 2006).

Outros pontos que não podem deixar de serem citados, em que se correlacionam e in-terferem na etiologia da obesidade, são: dieta, sedentarismo, abandono do tabagismo, uso de determinados fármacos, etnia, aspectos neu-roendócrinos e genéticos, bem como os fato-res socioeconômicos, psicológicos e culturais (CUPPARI, 2005).

Assim existem poucas evidências de que algumas populações são mais suscetíveis à obe-sidade por motivos genéticos, levando a crer que os fatores ambientais em especial a dieta e a atividade física, são responsáveis pela dife-rença na prevalência da obesidade em diferentes grupos populacionais (SOARES et al.,2003).

A obesidade não é uma única disfunção no organismo, e sim um grupo de condições com múltiplas causas resultando no excesso de gordu-ra corporal, a influência do genótipo na etiologia desta disfunção pode ser atenuado ou exacerba-do por fatores não-genéticos, como o ambiente externo e interações psicossociais que atuam so-bre mediadores fisiológicos de gasto e consumo energético (FRANCISCHI et al., 2000).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (WHO, 2006), a ocorrência da obesidade nos indivíduos reflete a interação entre uma alimen-tação altamente calórica, sedentarismo e fatores ambientais, com uma predisposição genética.

Desta forma o perfil de morbi-mortalidade da população brasileira tem se alterado conside-ravelmente nas últimas décadas em decorrência do aumento da prevalência de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). A obesidade é con-siderada uma patologia integrante do grupo de Doenças Crônicas Não-Transmissíveis (DCNT), as quais são de difícil conceituação, ocasionan-do pontos polêmicos quanto à sua própria deno-minação, seja como: doenças não-infecciosas, doenças crônico-degenerativas ou como doen-ças crônicas não-transmissíveis (RIBEIRO et al., 2002; PINHEIRO et al., 2004; MARIATH, 2007). Levando em consideração esse aumento

das DCNT, deve-se observar que a segurança alimentar e nutricional é representada por dois períodos, chamados de positivos e críticos; no qual o positivo visa às ações predominantes na saúde como vigilância alimentar e nutricional, vigilância sanitária de alimentos e medidas edu-cativas, já o crítico é definido pela falta dessas ações, ocasionando agravos à saúde do indiví-duo, acarretando um aumento no perfil de mor-bi-mortalidade da população (BRASIL, 2000).

Quando se define um fenômeno para de-terminada população como uma epidemia, o que conta é o aumento dos casos. No fenôme-no da obesidade, é mais importante entender como se dá na população o ganho de peso do que propriamente o aumento do número de pessoas com IMC acima ou igual a 30 kg/m² (SICHIERI, 2007).

No Brasil a Transição Nutricional enten-de-se pelo fenômeno de uma passagem da des-nutrição para a obesidade de uma determinada população (KAC et al., 2003) e sendo assim complementada por PINHEIRO como modifi-cações sequenciais no padrão nutricional e no consumo de determinados alimentos, levados por mudanças econômicas, sociais e demo-gráficas, e do perfil de saúde das populações (PINHEIRO et al., 2004).

Com relação a isso alguns dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) para 2002-2003 (POF 2002-2003., apud IBGE 2005) pesquisa-se adultos com sobrepeso e obesida-de, tendo uma amostra de 48.470 domicílios e, em bases dessas informações, a prevalência de sobrepeso em homens adultos foi diagnosti-ca por 41,1%, e a de obesidade foi 8,9% e nas mulheres determinados valores foram de 40% para sobrepeso e 13,1% para obesidade . A pes-quisa revela que a prevalência de obesidade é maior no sul do país tendo 10,1% para homens e 15,1% para mulheres, comparando a outras pesquisas conclui-se que a obesidade elevou-se em homens em todas as regiões do país, e tendo exceção a mulheres do nordeste do país, nota-se uma decrescente tendência ou manutenção na prevalência de obesidade para as mesmas.

O diagnóstico da obesidade primeiramen-te dá-se por diferenciar os termos sobrepeso e obesidade, pois são muito utilizados como o mesmo significado; sendo que sobrepeso é o aumento exclusivo de peso e obesidade é o au-mento da adiposidade corpórea.

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Dentro de vários métodos de avaliação de diagnóstico, temos as relações mais utilizadas que são a peso-estatura (IMC - O IMC apresenta grande precisão, é uma prática de avaliar a obesi-dade, calculado pela divisão do peso (em quilo-gramas) pela estatura ao quadrado (em metros); contudo, tem o inconveniente de não distinguir o aumento de gordura ou músculo, ainda que com ele tenhamos a melhor correção entre o peso e a massa de gordura.), a circunferência abdominal e a cintura-quadril (CUPPARI, 2005).

O aporte dietético oferecido ao indivíduo com sobrepeso ou obesidade deve ser iniciado com todos os processos de uma boa avaliação nutricional, neste momento se avalia os riscos nutricionais que o indivíduo esta envolvido, sen-do associado ao padrão alimentar, à quantidade de gordura corpórea, sua distribuição ou parâme-tros de risco, como tabagismo, etilismo e inativi-dade física (CUPPARI, 2009).

Além disso, a tendência à obesida-de parece estar associada aos Transtornos Alimentares (TA), algo que, na verdade, pare-ce ser mediado por uma maior tendência a fa-zer dieta. A obesidade também prediz um au-mento das brincadeiras relacionadas ao peso, aumentando a pressão social para emagrecer. Consequentemente, a obesidade pode também ter efeitos deletérios na autoestima e na satis-fação corporal, especialmente em adolescen-tes com auto-imagem negativa, vulneráveis às pressões culturais pela magreza (MORGAN et al., 2002).

Ressalta-se de outras partes, que os fato-res sociais interferem diretamente no conví-vio do indivíduo obeso, pois estes não estão dentro do padrão de beleza que é imposto pela sociedade, ou seja, “ser magro”, acabando por ficarem excluídos, levando tal indivíduo a de-senvolver possíveis problemas psicológicos (HERNÁNDEZ e ARNÁIZ, apud SOARES, 2009).

Contudo tais problemas, também estão associados ao ganho de peso, como por exem-plo, estresse, ansiedade, depressão e alguns Transtornos Alimentares (TA), influenciando principalmente o comportamento alimentar, que em muitas vezes levam ao aumento do consumo alimentar (FRANCISCHI et al., 2000).

Deste modo o obeso pode entrar num cír-culo vicioso de baixa autoestima num proces-so de autopunição e estigmatização; a maioria

dos indivíduos obesos comem além do que necessitam para satisfazer uma necessidade emocional. Esse ato serve para compensar as carências efetivas, como: falta de amor, repres-são familiar, problemas familiares, recursos fi-nanceiros, entre outros. O indivíduo torna-se dependente do alimento para preencher seu vazio emocional, sua ansiedade e sua frustra-ção (ROSEN, 1999; CARDOSO, 2006).

PUHL e BROWNELL (2003), relatam que uma questão importante a ser destacada é a atitude negativa dos profissionais de saú-de especializados no tratamento da obesidade. Mesmo não tendo a precisão de que este fator influencia na qualidade do tratamento, estudos que demonstram pacientes obesos com difi-culdade em aderir ao mesmo, citam tal atitude como um obstáculo para sua continuidade.

Desta forma, faz-se necessário uma com-preensão dos fatores intervenientes nos aspec-tos psicológicos que influenciam a adesão ao tratamento nutricional do ponto de vista cogni-tivo e comportamental, que servem de suporte para um aconselhamento nutricional eficaz.

Aconselhamento Nutricional4.

RODRIGUES, SOARES e BOOG (2005), apontam que as bases para um bom aconselhamento no contexto do atendimento nutricional, têm de ser estabelecidas com um forte vínculo entre o nutricionista e o paciente, no qual será construída uma relação de con-fiança, para que o paciente expresse seus pen-samentos e angústias.

A partir do vínculo estabelecido com o paciente, o nutricionista tem de trabalhar as limitações do indivíduo, para que não ocorra um abandono do tratamento, muita das vezes esse abandono é realizado pela falta de víncu-lo e de trabalho nas limitações do mesmo.

A adesão ao tratamento nutricional con-siste na harmonia entre o comportamento do indivíduo obeso e as recomendações adota-das pelo seu nutricionista (ASSIS e NAHAS, 1999; RODRIGUES et al., 2005).

ASSIS e NAHAS (1999), buscaram ava-liar o estado da arte fazendo a diferença en-tre adesão e complacência, no qual se refere à adesão como grande conhecimento do indiví-duo na resolução dos problemas e na iniciati-

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va de decisões sobre as alterações alimentares, que são comportamentos voluntários, e com-placência como a extensão na qual o compor-tamento alimentar e os alimentos consumidos pelo indivíduo se adéquam nas prescrições e orientações dietéticas, sendo assim, o nutri-cionista que determina o que é melhor para o indivíduo.

Os aspectos que entusiasmam a adesão de um indivíduo a uma prescrição dietética e a motivação para adotar um comportamento alimentar, deve ser englobado em caracterís-ticas relacionadas ao profissional, paciente, qualidade da relação profissional-paciente, prescrição, aspectos organizacionais, pesso-ais, ambientais e físicos do serviço ou clíni-ca e ambiente externo ao serviço (ASSIS e NAHAS, 1999).

O aconselhamento nutricional se ajusta na seriedade de identificar e responder os as-pectos afetivos assim como os comportamen-tais, que necessita do diálogo entre o cliente, que traz uma história de vida e busca ajuda para resolver seus problemas de alimentação, entretanto agora cabe ao profissional nutricio-nista apontar os conflitos que permeiam o pro-blema alimentar, buscando com ele soluções, para encontrar estratégias de enfrentamento de seus problemas alimentares de sua vida habi-tual (BOOG et al., 2006).

Algumas teorias com base cognitivista e comportamentalista buscam favorecer a ade-são ao tratamento nutricional, quais sejam: a teoria da autodeterminação, o modelo transte-órico e a terapia comportamental cognitiva.

Tais correntes da Psicologia Cognitiva demarcam seus estudos ao enfoque dado às variáveis que determinam comportamentos observáveis, que são: o estímulo (início do processo), a mediação e a resposta. Dessa forma, o estímulo consiste nas circunstâncias do ambiente e/ou do indivíduo que determi-nam um dado comportamento, e a resposta é o comportamento observado, a mediação é a variável referente a tudo que acontece entre o estímulo e a resposta (PEIXOTO e SILVA, 2002). Na corrente cognitivista a ênfase está na mediação, ou seja, nos processos do conhe-cimento (CARINO et al., 2007). Já a corrente comportamentalista à ênfase está na relação entre o estímulo e sua correspondente resposta. Estuda, assim, as características dos diferentes

estímulos na medida em que modulam a força das conexões entre estes e suas consequentes respostas (FLORENTINO et al., 2007).

Contudo estratégias e habilidades dife-rentes terão de ser utilizadas com o indivíduo, como: a conscientização, fornecimento de in-formações – orientação, abordagem das preo-cupações do cliente, fornecimento de diretrizes dietéticas, corrigir informações erradas, incen-tivo do indivíduo ao tratamento, substituir os comportamentos não saudáveis por saudáveis, superar barreiras, oferecer apoio, oferecer su-porte para um sentimento de autoeficácia, no qual o indivíduo acreditará em sua capacidade de realizar uma mudança e fornecimento de apoio social (SNETSELAAR, 2010).

Teorias propostas para adesão 5. ao tratamento nutricional:

Teoria da Autodeterminação:5.1.

A Teoria de Autodeterminação de-fende que o indivíduo é governado por três necessidades psicológicas primárias e univer-sais: a autonomia, a competência e a relação social. Estas necessidades dependem de dife-rentes graus e tipos de motivação no indiví-duo, assim, a necessidade de autonomia pren-de-se com o desejo que o indivíduo tem de ser ele próprio, determinando seu comportamento em dado momento, a competência diz respeito à necessidade de poder controlar o resultado final da sua ação e a última necessidade psico-lógica, faz referência à importância do contato social, ou seja, a necessidade de estabelecer uma relação e de se sentir próximo, criando um vínculo de afeto com o outro (SOBRAL., 2003; MESTRE e RIBEIRO., 2010).

De acordo com RYAN e DECI (2000): “A teoria da Autodeterminação é uma

abordagem na motivação e personalidade humana que utiliza métodos empíricos moti-vacionais, enquanto emprega uma metateoria organismica que evidência a importância do desenvolvimento dos recursos inerentes à per-sonalidade e autoregulação comportamental” (RYAN e DECI., 2000).

Um ponto importante dentro da teoria da Autodeterminação a ser descrito é a moti-vação, ela pode ser intrínseca ou extrínseca.

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A motivação intrínseca, é a qual o indivíduo faz algo pelo interesse e prazer inseparáveis à ação; e motivação extrínseca, é a qual o indi-víduo faz algo por causa de conseqüências ou desfechos distinto da ação, essa motivação as-sume diferentes formas, que se apontam pelo grau de internalização e integração de valores e regulação de condutas, refletindo diferentes graus de autonomia (SOBRAL., 2003; ASSIS e NAHAS., 1999; RYAN e DECI., 2000).

No que diz respeito à conduta do trata-mento nutricional de pacientes obesos, nos aspectos psicológicos, a teoria de autodeter-minação, delineia a razão pela qual o indiví-duo apesar de ter capacidade para conduzir o tratamento, o indivíduo opta por não fazê-lo (EDMUNDS, NTOUMANIS e DUDA, 2007).

No tocante à pacientes obesos, estes con-ceitos são úteis ao nutricionista na medida em que ele possa em parceria com o paciente buscar estratégias motivacionais que possibi-litem à tomada de decisão relacionada com os primeiros passos, fundamentais ao tratamento

nutricional. Os conceitos de motivação intrín-seca e extrínseca devem ser compreendidos pelo paciente de forma relacional à sua rea-lidade, como forma de compreensão e adoção de das diretrizes alcançáveis em tempo deter-minado pelo mesmo (SOARES, 2009).

Modelo Transteórico:5.2.

Já o Modelo Transteórico, emprega que o indivíduo é governado pelo seu comporta-mento, determinando assim suas atitudes rea-lizadas diariamente. Essa teoria emprega que as mudanças ocorridas no comportamento são descritas por cincos estágios: pré-contempla-ção, contemplação, decisão, ação e manuten-ção, em cada estágio ocorrem mudança no comportamento do indivíduo, em especial, no tratamento do indivíduo obeso (TORAL e SLATER., 2007; YOSHIDA., 2002).

Na Figura 01 observa-se as descrições dos estágios do MT, revelando como o indiví-duo porta-se no programa de mudança e/ou no tratamento nutricional.

Modelo espiral dos estágios de mudança. Ao mudar, uma pessoa movimenta-se para cima na espiral até a manutenção. Se ocorrer recidiva, ela deve recentralizar a espiral novamente em algum ponto.

Fonte: SNETSELAAR, (2010)

No estágio de pré-contemplação ainda não foi considerada a mudança comportamental pelo indivíduo, ou não se realizou alterações no comportamento e não há intenção alguma de adotá-las em um amanhã próximo (ORSI e OLIVEIRA, 2006; BITTENCOURT, 2009; SOUZA et al., 2009; SPINATO et al., 2010). Tendo como exemplo as possíveis tentativas frustradas de mudança de comportamento ou informações incorretas na conduta a ser adotada pelo indivíduo obeso, neste caso

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determinados alimentos de seu consumo e passa a reconhecer os benefícios de sua modi-ficação em sua vida (ASSIS e NAHAS, 1999; TORAL e SLATE, 2007; SNETSELAAR, 2010; TORAL, 2010).

Já no estágio de manutenção o indiví-duo, mudou restritamente seu comportamento e o manteve por mais de seis meses, deve-se agora prevenir recaídas e estabilizar os ga-nhos obtidos durante o tratamento nutricio-nal, lembrando que este estágio não é estático e têm que sempre haver uma continuação de mudança comportamental no indivíduo (ORSI e OLIVEIRA, 2006; BITTENCOURT, 2009; SOUZA et al., 2009; SPINATO et al., 2010). Agora o paciente obeso tem em relação a sua alimentação um processo de reeducação ali-mentar, em que decidiu adotar uma dieta e melhores métodos saudáveis de vida (ASSIS e NAHAS, 1999; TORAL e SLATE, 2007; SNETSELAAR, 2010; TORAL, 2010).

Neste estágio é importante mostrar ao indi-víduo a diferença entre lapso e recaída, o lapso é como se o indivíduo estabelecesse uma regra, como, por exemplo, não comer determinados alimentos, e o lapso vem com a quebra desta regra que é comer os alimentos retirados da sua dieta e determinados por ele à não comer, segui-da do retorno ao tratamento normalmente. Já a recaída considera a falta de aderir e/ou conse-guir buscar na dieta prescrita, sendo considerada uma falha pra o indivíduo, um fracasso de não ter conseguindo alcançar suas recomendações e os objetivos propostos na dieta.

Ao estabelecer esta diferencia o indivíduo se sentirá, mas confiante nas tomadas de deci-sões, até mesmo em cometer lapsos conscientes e justificáveis (ASSIS e NAHAS, 1999).

Deve-se sempre considerar a dificuldade que cada indivíduo tem em seguir seu trata-mento, contudo não se pode deixar de orientá-los e principalmente apoiá-los, pois é normal ter recaídas nesse tipo de tratamento, e consi-derar a força que cada indivíduo aplica em sua conduta nutricional e tentar manter uma pro-moção de uma intervenção nutricional de su-cesso para que esse indivíduo não possa futu-ramente ter recaídas (ASSIS e NAHAS, 1999; TORAL e SLATE, 2007; SNETSELAAR, 2010; TORAL, 2010).

o indivíduo obeso reconhece a solução, porém não reconhece o problema, geralmente o in-divíduo apresenta maior resistência e pouca ou nenhuma motivação, levando a possíveis recaídas no tratamento nutricional (ASSIS e NAHAS, 1999; TORAL e SLATE, 2007; SNETSELAAR., 2010; TORAL, 2010).

No estágio de contemplação o indivíduo começa e reconhecer e considerar a mudança comportamental, o indivíduo reconhece que o problema existe e precisa ser superado, mas ainda não apresenta um comprometimento de-cisivo, o indivíduo percebe os benefícios, po-rém várias barreiras são superestimadas, im-pedindo a ação esperada (ORSI e OLIVEIRA, 2006; BITTENCOURT, 2009; SOUZA et al., 2009; SPINATO et al., 2010). Por exemplo, o indivíduo obeso reconhece que seu padrão ali-mentar não é muito saudável, acreditando que a falta de tempo, o custo e/ou sabor de deter-minados alimentos, não o possibilita a realizar uma dieta adequada (ASSIS e NAHAS, 1999; TORAL e SLATE, 2007; SNETSELAAR, 2010; TORAL, 2010).

O indivíduo em estágio de decisão alme-ja alterar seu comportamento em um amanhã próximo, após ter superado frustradas tentati-vas no tratamento nutricional, em que se rea-lizam pequenas mudanças, com isso um plano de ação é adotado e um compromisso assu-mido consigo mesmo (ORSI e OLIVEIRA, 2006; BITTENCOURT, 2009; SOUZA et al., 2009; SPINATO et al., 2010). No indivíduo obeso, uma mudança característica apresenta-da é a de: começar a dieta no início da outra semana, uma tentativa de não se punir mais tarde, não por comer o quê teoricamente não poderia comer, mas pelo ato de realizar a die-ta mais tarde, fugindo da realidade vivenciada (ASSIS e NAHAS, 1999; TORAL e SLATE, 2007; SNETSELAAR, 2010; TORAL, 2010).

O indivíduo em estágio de ação altera de fato seu comportamento, suas barreiras, seus medos e suas experiências, ocasionando uma mudança visível, principalmente nos últimos meses de tratamento nutricional, esse estágio é de dedicação e disposição do indivíduo, para evitar possíveis recaídas (ORSI e OLIVEIRA, 2006; BITTENCOURT, 2009; SOUZA et al., 2009; SPINATO et al., 2010). Tendo como exemplo o indivíduo obeso, que retira alguns

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TerapiaCognitivo Comportamental:5.3.

A Terapia Cognitivo Comportamental, fundamenta que pensamentos mal adaptados são transformados, e as capacidades de reso-lução de problemas e enfrentamento são refor-çadas, atuando em uma intervenção semies-truturada, que tem como bases a orientação e o objetivo para metas que abordem os fatores cognitivos, emocionais e comportamentais no tratamento do indivíduo obeso (DUCHESNE et al., 2002; SNETSELAAR, 2010).

A TCC considera que o pensamento afe-ta o comportamento, que crenças relevantes podem ser identificadas e alteradas e que a mudança comportamental desejada pode ser atingida por meio de mudanças no pensamen-to (SNETSELAAR, 2010).

Em base da TCC, o indivíduo atribui sen-tido a acontecimentos, pessoas, sentimentos e demais episódios de sua vida, dirigem-se de determinada maneira que constroem diferentes hipóteses sobre sua vida, porém cada pessoa reage de forma específica, pois cada indivíduo tem uma conduta diferente, chegando a varia-da conclusões de seu tratamento (BAHLS e NAVOLAR, 2004).

O indivíduo obeso recorre à comida como forma de compensação do afeto, porque ele sente que nunca o recebe de forma adequada. Outro aspecto seria a utilização da obesidade como defesa contra a depressão, ou como bus-ca mágica de força e potência, ou como forma de distanciar-se dos outros, entretanto, desta-camos mecanismos, que embora encontrados em alguns indivíduos obesos, não podem ser generalizados, geralmente, as pessoas obesas comem excessivamente quando se sentem mal emocionalmente, de um modo geral, os obesos têm uma auto-estima baixa, tem problemas com auto-imagem e sentem seus corpos feios e acham que as outras pessoas os encaram com desprezo e rejeição, sendo assim a terapia cognitiva comportamental atua na mudança desses hábitos, atribuindo sentido a vida desse indivíduo, levando-o a melhor visão da vida e a uma conduta mais perfeito de seu tratamento (FILHO et al., 2009; SNETSELAAR, 2010).

Assim sendo, o aconselhamento nutricio-nal envolve um estudo maior dos sentimentos, experiências, pensamentos, crenças e atitudes do indivíduo e a criação de uma forte ligação

que possibilita a orientação na desafiante jor-nada que é a mudança comportamental, em que o indivíduo vai perceber que a mudança vem gradualmente e levará tempo, porém se não der certo, haverá outras formas de inter-venções nutricionais a serem tentadas até que uma se encaixe no mesmo (CLAUDINO e ZANELLA, 2005 - B; SNETSELAAR, 2010).

Conclusão6.

Conclui-se que ao correlacionar as três te-orias abordadas com o tratamento nutricional da obesidade, é de suma importância ter como base no aconselhamento nutricional o enfoque de uma das três teorias propostas, pois nessas teorias pode-se notar que o nutricionista con-segue enxergar e ajudar o indivíduo a superar suas dificuldades e angústias, levando o mes-mo a ter uma melhor adesão ao tratamento nu-tricional, e evitando que o indivíduo abandone o tratamento e/ou não o leve a sério.

Compreende-se que estas três teorias au-xiliam no tratamento do indivíduo, pois cada uma delas se correlaciona ao tratamento nutri-cional da obesidade, crendo-se então que apli-cando um delas no tratamento, ou mesmo uma fusão de seus conceitos complementando-se mutuamente, o nutricionista consegue chegar os pensamentos e angústias mais profundos do indivíduo, levando assim a criação de um vín-culo de confiança que propicia ambiente ade-quado para a adesão ao tratamento nutricional.

Além de subsidiar o conselheiro nutri-cional, com estratégias que deverão ser ado-tadas pelo paciente nos outros ambientes em que ele precisa realizar modificações a fim de construir base sólida para a mudança de seu comportamento alimentar, tais como: a casa, o trabalho, ambientes sociais etc.

Com a Teoria da Autodeterminação, o conselheiro nutricional desenvolve a autono-mia, fazendo com o paciente assuma a respon-sabilidade pelo seu tratamento; proporciona competência, capacitando o paciente e/ou seus familiares a resolver problemas relacionados ao “saber como fazer”, que é uma variável primordial no sucesso de grande parte dos tratamentos e, finalmente, oferece suporte na relação social do indivíduo, trabalhando meios

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de que a adesão ao tratamento não afete outros setores da vida social do paciente.

Já Modelo Transteórico, se aplicado no tratamento nutricional do indivíduo obeso, requer do conselheiro a habilidade de reali-zar, ainda que subjetivamente, um diagnós-tico comportamental do paciente. No sentido de identificar em qual estágio de mudança o paciente se encontra nos primeiros atendimen-tos. Mantendo a percepção constante que os estágios do modelo são sutis e com delimita-ção de progressos e possíveis regressões, ou seja, o indivíduo não poderá voltar a alguns dos estágios já percorridos.

Na Terapia Cognitivo Comportamental, por sua vez, o nutricionista terá que saber tra-balhar com os pensamentos e capacidade de resolução de problemas do indivíduo, para que ocorra um bom desempenho no tratamento nu-tricional, pois se a cada consulta o indivíduo não se sentir confiante nos resultados do tratamento, o mesmo vai arrumar um meio de se compensar, podendo voltar a sua alimentação habitual, e tal-vez perdendo todo tratamento já realizado.

Finalmente, verificou-se a necessidade de mais estudos nesta área, que se correlacione o objetivo da presente pesquisa, com intervenções de Educação Nutricional nas diversas patologias que encontram na dietoterapia, seu mais impor-tante meio de tratamento; bem como, pesquisas que analisem a eficácia dos currículos dos cur-sos de Nutrição na capacitação de profissionais que sejam de fato conselheiros nutricionais no manejo do aconselhamento.

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Endereço para Correspondência:Ana Paula Caetano de Menezes [email protected]. Paulo Erlei Alves Abrantes, n. 1325; Três Poços

Volta Redonda – RJCEP: 27240-560

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Resumo:O autismo é um transtorno do desenvolvimento com ação gravemente im-pactante no desenvolvimento cognitivo infantil, apresentando uma etiologia desconhecida com hipóteses multifacetadas. A freqüente presença de sinto-mas gastrintestinais, alergia alimentar e peptídeos urinários têm sido relacio-nados a tratamentos alternativos incluindo a intervenção dietética. A grande popularização da dieta GFCF (gluten free - casein free) entre pais e cuida-dores é vista atualmente com relatos positivos de melhora no comportamen-to e sintomas gastrointestinais. Esse tipo de intervenção exclui o glúten e a caseína da alimentação a fim de identificar se essas proteínas desempenham algum potencial alérgeno. A maioria dos pais e cuidadores não procuram o nutricionista para esse tipo de intervenção, o que pode acarretar em riscos de deficiências nutricionais. Estudos direcionados ao uso da dieta GFCF em crianças autistas têm obtido resultados controversos, não fundamentando de forma significativa o uso destas intervenções. Desta maneira o objetivo deste estudo é analisar o emprego dessas dietas de restrição como alternativa tera-pêutica em crianças portadoras do espectro autista, por meio de uma revisão da literatura disponível. Conclui-se que existe a necessidade de desenvolvi-mento de novos estudos com resultados melhor embasados tanto em número da amostra, quanto a testes e avaliações que não sejam subjetivos.

1 Discente do curso de Nutrição do UniFOA2 Nutricionista, Mestre em Ciências da Saúde e do Meio Ambiente, Docente do UniFOA

AbstractAutism is a developmental disorder with action seriously impacting on children’s cognitive development, with an unknown etiology with multi-faceted hypotheses.The frequent presence of gastrointestinal symptoms, food allergies and urinary peptides has been related to alternative treatments including dietary intervention. The popularization of the GFCF diet (gluten free - casein free) between parents and caregivers is currently seen with positive reports of improved behavior and gastrointestinal symptoms. This type of assistance excludes gluten and casein from the diet in order to identify whether these proteins play a potential allergen. Most parents and caregivers do not seek the nutritionist for this type of intervention, which can result in a risk of nutritional deficiencies. Studies addressing the use of the GFCF diet in autistic children have obtained controversial results, not reasons significantly the use of these interventions. Thus the aim of this study is to analyze the use of such restricted diets as an alternative therapy in children with autism spectrum disorders through a review of available literature. It is a need for development of new studies with better results grounded both in the number of the sample, as the tests and evaluations that are not subjective.

Palavras-chave:

Glúten

Caseína

Dieta

Autismo

ArtigoOriginal

Original Paper

Key words:

Gluten

Casein

Diet

Autism

Análise do uso de Dietas Gluten Free e Casein Free em crianças com Transtorno do Espectro Autista

Analysis the use Gluten Free and Casein Free diet in children with autistic spectrum disorder

Danielle Ricardo de Araújo1

Alden dos Santos Neves²

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Introdução1.

O autismo é um transtorno do desenvol-vimento no qual há um prejuízo severo na in-teração social e comunicação, comportamen-tos estereotipados apresentando atividades e interesses limitados evidentes até os 3 anos de idade. Concomitante com o comportamen-to isolante as crianças com transtornos autis-tas freqüentemente manifestam significativa agressividade, com tendências a irritabilidade, auto agressão e hiperatividade (GENUIS e BOUCHARD, 2010).

O diagnóstico é feito por meio de uma série de diferentes medidas e instrumentos de triagem, sendo a escala CARS (Childhood Autism Rating Scale ou “Escala de Pontuação para Autismo na Infância”) de Schopler a mais utilizada e eficaz, sendo traduzida em vários idiomas. (RAPIN e GOLDMAN, 2008).

A permeabilidade intestinal e alergia ali-mentar em crianças portadoras do espectro au-tista são questões avaliadas devido a presença constante de sintomas gastrointestinais como: diarréia, constipação, distensão e dor abdomi-nal (BUIE et al., 2010).

As hipóteses giram em torno da ocorrên-cia de respostas imunes a proteínas alimenta-res e a presença de uma permeabilidade in-testinal anormal que possivelmente resultaria na absorção de peptídeos incompletamente quebrados, seguindo de uma atuação opióde no Sistema Nervoso Central (SNC) através da barreira hematoencefálica (GALIATSATOS, GOLOGAN e LAMOUREUX, 2009).

Alternativas de tratamento como as die-tas de restrição em glúten e caseína tem sido relatadas com bons resultados por pais e cui-dadores, amenizando os sintomas gastroin-testinais e refletindo em melhoras compor-tamentais (GALIATSATOS, GOLOGAN e LAMOUREUX, 2009).

Os resultados da dieta incluem redução da agressividade e do comportamento auto-destrutivo, melhora na sociabilidade, atenção, fala e estereotipias . A dieta parece ser mais bem sucedida em crianças com história pato-lógica pregressa ou familiar positiva de aler-gias alimentares (FRANCIS, 2005).

A etiologia do autismo é desconhecida, a hipótese que seja multifatorial é a mais susten-tável atualmente abrangendo fatores genéti-

cos, de desenvolvimento, sociais, nutricionais e ambientais, sendo improvável até hoje que apenas uma única causa seja a resposta para o transtorno invasivo do desenvolvimento (CURTIS e PATEL, 2008).

De acordo com a atualização dos crité-rios diagnósticos na Organização Mundial de Saúde (OMS) que estabeleceu a Classificação Internacional de Doenças (CID-10) e a Associação Americana de Psiquiatria que esta-beleceu o Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (DSM-IV), há uma grande divergência nos estudos publicados quanto á prevalência do autismo (TEIXEIRA et al.,2010).

Um possível aumento da prevalência é justificado por um melhor diagnóstico no mun-do, demonstrando que a incidência é quatro vezes maior em homens que mulheres. Como a maioria das publicações são originadas de países desenvolvidos é necessário um levan-tamento epidemiológico atual dos países em desenvolvimento considerando as variações genéticas e ambientais entre as populações (BRESSAN et al.,2005).

No Brasil em 2007, o Ministério da Saúde elaborou um grupo de trabalho com atuação voltada para o Transtorno do Espectro Autista no Sistema Único de Saúde (SUS), com discussões voltadas para a disseminação do conhecimento científico com o objetivo de formular propostas de assistência populacio-nal (TEIXEIRA et al.,2010).

Ainda não foram utilizados no país pro-tocolos sistematizados para diagnóstico no SUS, mas as suas implementações facilitaria tanto o diagnóstico quanto o levantamento de dados epidemiológicos nacionais.

O objetivo desse estudo é analisar o uso das dietas de restrição GFCF em portadores de transtornos do espectro autista como parte do arsenal terapêutico utilizado no tratamento desta condição, por meio de uma revisão de literatura, incluindo publicações nacionais e internacionais dos últimos seis anos em bases de dados como: Scielo, Google Scholar, Pediatrics e Bireme.

Desenvolvimento2.

O autismo é um transtorno do desenvol-vimento complexo com grave prejuízo cog-

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Recentemente, o interesse centrou-se na associação potencial entre o autismo e a patolo-gia gastrointestinal. Séries de casos de pacien-tes encaminhados para clínicas de gastroentero-logia pediátrica têm sugerido que crianças com autismo podem ter um aumento da prevalência de sintomas gastrointestinais incluindo: cons-tipação crônica, diarréia, dor, gases e inchaço abdominal (IBRAHIM et al.,2009).

Várias medidas de intervenções dietéti-cas são estudadas a fim de melhorar a qualidade de vida dessas crianças, mas houve uma grande popularização do uso da dieta gluten-free,casein-free (GFCF) entre os pais e cuidadores baseados em relatos de casos bem sucedidos, mas até agora sem validação científica rigorosa (CORMIER e ELDER, 2007).

Devido a alta prevalência dos sintomas gas-tointestinais e a aparente melhora clínica pela in-tervenção dietética, um elo entre as anormalidades gastrointestinais e as alterações de comportamento nos pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem sido investigado. Com a melhora dos sintomas gastrointestinais e comportamentais a hipótese sobre a alergia alimentar nessas crianças tem sido levantada (JYPNOUCHI, 2009).

As crianças autistas com evidência clara de alergia alimentar mediada ou não por imunoglo-bulina E (IgE) quando submetidas a uma dieta restrita em alérgenos (caseína e glúten) tem efei-tos positivos nos desconfortos gastrointestinais re-fletindo também em alterações comportamentais (WHITE, 2003).

Não se sabe se a permeabilidade intestinal é um defeito intrínseco da barreira ou um resultado da inflamação da mucosa causada pela alergia ali-mentar, mas essas alterações podem desaparecer

após a implementação de uma dieta restrita desses alérgenos (JYPNOUCHI, 2009).

A dieta GFCF é baseada na “Teoria do Excesso de Opióides” proposta por PANKSEPP que sugere o desencadeamento da ação opióide no SNC, ocasionada pela presença de peptíde-os, por meio de uma permeabilidade intestinal existente e possível infiltração pela barreira hematoencefálica, como resultado observam-se comportamentos ou atividades anormais (PUGLISI, 2005).

Esses peptídeos maiores são derivados da quebra incompleta da proteína de certos ali-mentos, particularmente o glúten (trigo e outros cereais) e caseína (leite e derivados), logo a ex-creção deles seria facilmente detectada na urina de crianças autistas (MULLOY et al ,2009).

Outra abordagem sugere que na popula-ção de crianças autistas haveria mais chances de erros do metabolismo que degradam estas moléculas, ou apresentam uma maior perme-abilidade, para que estas exorfinas atingissem zonas do cérebro (frontal, temporal, parietal) que estão associadas com o desenvolvimento da linguagem, comunicação, relações sociais e modulação de sensações e percepções, al-terando o funcionamento de todos os proces-sos envolvidos na cognição e comunicação (HIGUERA, 2010).

Intervenção Dietética3.

Considerando que o glúten e caseína fun-cionam como gatilhos para crises comporta-mentais, alergias e transtornos gastrintestinais, a intervenção dietética propõe a remoção des-ses alérgenos.

Os possíveis efeitos da abstinência são de curta duração, mas podem ser bem intensos em crianças pequenas, como mostra o qua-dro 1 o protocolo (The Sunderland Protocol, SHATTOCK e WHITELEY, 2000) visa a remo-ção parcial e contínua durante a intervenção.

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Após as 3 semanas de intervenção é pre-ciso fazer uma análise do surgimento ou não de efeitos benéficos, avaliando as alterações bioquímicas, comportamentais e gastrintesti-nais. Sendo a remoção da caseína através da restrição de leite e derivados de realização mais simples e de resultados mais rápidos, preparando assim os pais e cuidadores para a remoção do glúten.

Atualmente é obrigatória na rotulagem de produtos alimentícios conter a informação so-bre a presença ou não do glúten, ficando mais fácil a identificação. Para a remoção do glúten é necessário excluir um número considerável de produtos que contenham os ingredientes: trigo, centeio, cevada, aveia e malte em sua composição.

A eliminação do glúten no organismo acontece de forma mais lenta e gradual, po-

dendo estar relacionada com o tempo de expo-sição ao alérgeno na alimentação.

Podem ser notadas mudanças em 3 a 4 se-manas de dieta restrita, mas a recomendação é remover o glúten por pelo menos 3 meses para obter um resultado melhor para a averiguação do progresso. Após esse período é possível inves-tigar outros possíveis alérgenos através de tes-tes de alergias com resultados mais fidedignos já que os grandes gatilhos foram eliminados. A criação de um diário alimentar é de imensa im-portância para o registro do consumo de alimen-tos e possíveis alterações de comportamentos e sintomas, sendo possível assim uma melhor investigação ao longo da história alimentar da criança ( SHATTOCK e WHITELEY, 2000).

MULLOY et al (2009) em sua revisão da lite-ratura selecionou alguns estudos com o uso da dieta GFCF em crianças, como mostra o Quadro 2.

Quadro 1: The Sunderland Protocol

Estágio Ação Comentários

1 Dieta Casein - free Para o período inicial de 3 - 4 semanas2 Dieta Gluten - free Para o período inicial de 3 - 6 meses

3 Remoção de outros alimentos Identificação através de diários alimentares ou teste de alergia (IgE, IgG); possíveis alimen-tos: milho, soja, tomates, beringelas, carne.

4Testando as deficiências e uso de suplementação equilibra-

da, conforme apropriado.

Vitaminas, minerais, suplementação de aminoá-cidos Podendo incluir: Zn, Ca, Mg, Molibdênio

Vits: A,C,B1,B3,B6,B12 (su-plementação balanceada)

Fonte: SHATTOCK e WHITELEY (2000).

Os efeitos da exclusão da caseína são rapidamente notados em aproximadamente 2 ou 3 dias, com possível diminuição do perfil de peptídeos urinários.

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ArtigoOriginal

Original Paper

Recebido em 03/2011

Aprovado em 08/2011

Nenhum dos estudos analisados foram capazes de fornecer provas conclusivas quanto ao uso das dietas GFCF. Apesar da obtenção de resultados positivos, estes podem ser sugestivos mediante aos observadores envolvidos no estudo que eram: pais, médicos e professores. Podendo a percepção destes ser subjetiva já que estavam cientes da realização da intervenção. Nenhum dos estudos apresentados avaliaram a possível incidência de alergia ou intolerância alimentar em suas amostras (MULLOY et al., 2009).

Os possíveis efeitos da dieta GFCF exi-gem períodos de execução da dieta superiores a 12 semanas, pois resíduos de glúten e seus deri-vados são conhecidos por permanecer no intes-tino de pacientes com doença celíaca por até 12 semanas após a exclusão do glúten da dieta.

A semelhança entre o mecanismo de ação envolvido na doença celíaca e proposto pela

Teoria de Excesso de Opiódes é a mesma, considerando que o glúten pode permanecer em funcionamento atípico no intestino das crianças autistas (HUNTER et al. ,2003).

A implementação de uma dieta de res-trição sem o tempo adequado pode não apre-sentar resultados satisfatórios, como apresen-tados nos estudos com resultados negativos (MULLOY et al., 2009).

Na aplicação da dieta alguns desafios po-dem ser encontrados pelos pais como: a seleti-vidade alimentar comum nas crianças, a aqui-sição de produtos especiais no mercado que geralmente possuem um valor monetário mais elevado, a disposição dos pais em aprender a identificar na rotulagem dos produtos alimen-tícios os ingredientes permitidos, além da alte-ração do perfil alimentar familiar com receitas adaptadas (MATSON, 2011).

Quadro 2 – Estudos com o uso da dieta GFCF em crianças

Citação Participantes Intervenção Resultados

Reichelt et al.(1990)

10 meninos/ 5 meninas

3 -17 anosAutismo

Dieta baseada no perfil de peptídeo

urinárioVariações da dieta:

GFCF, GF,CFDuração:12 meses

Positivo, diminuição significativa nos níveis de peptídeo urinário, de

anticorpos e comportamento.

Whiteley et al. (1999)

15 meninos, 3 meninas

Média de idade = 5,5 anos

14 com TEA e 4 com

Síndrome de Asperger

Dieta GF Duração : 5 meses

Mistos, melhora significativa comportamental, sem redução

estatística nos níveis de peptídeo urinário

Cade et al.(2000)

28 meninos, 22 meninas

3,5-16 anosAutismo

Dieta GFCF Duração:12 meses

Positivo, melhoras no contato visual, hiperatividade, estereotipias,

agressividade e fala.Níveis de peptídeo urinário e anticorpos a glúten e caseína

superiores encontrados no grupo com TEA comparados ao grupo controle.

Knisvsberg et al.(1990,1995)

8 meninos/ 7 meninas

6-14 anos

Dieta GFCF Duração:48 meses

Positivo, melhoras significativas na fala, habilidades motoras,

criatividade, e diminuição significativa nos níveis de peptídeo

urinário.

Elder et al. (2006)

12 meninos 3 meninas2-16 anos

Dieta GFCF Duração:6 semanas

Negativo, sem resultados significativos

Seung et al. (2007)

10 meninos, 3 meninas

2-16 anos

Dieta GFCFDuração: 3 meses

Negativo, sem resultados significativos

Legenda: GFCF- Gluten free e Casein free, GF- Gluten free, CF- Casein free, TEA – Transtorno do Espectro Autista. Fonte: MULLOY et al., 2009.

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De acordo com Puglisi (2005), por se tra-tar de uma dieta de eliminação a GFCF deve ser feita com critérios adequados para que de-ficiências nutricionais não aconteçam. O nutri-cionista é o profissional mais gabaritado para a intervenção dietética com o dever de avaliar cada caso, aplicar a dieta de forma criteriosa e suplementar conforme a necessidade.

Contudo a maioria dos pais e cuidadores não procuram orientações seguras do profis-sional, deixando a saúde dos seus filhos em risco com o seguimento de informações publi-cadas em internet, blogs e terceiros.

A atualização do nutricionista para o aten-dimento ao paciente acometido pelo TEA se faz necessário pois grande parte dos profissionais descobre o tema frente a frente com o paciente, ficando de mãos atadas para aconselhar as fa-mílias que raramente procuram orientação do profissional adequado (MATSON, 2011).

As famílias estão dispostas a tentar todos os tratamentos alternativos existentes com a esperança de melhorar o desempenho cogniti-vo de seus filhos, aliviar possíveis transtornos gastrintestinais e reações alérgicas. Sendo as-sim a atualização do conhecimento é funda-mental para que condutas adequadas sejam tomadas com embasamento científico, promo-vendo a melhora da qualidade de vida dessas crianças (PUGLISI, 2005).

Considerações Finais4.

Na ausência de respostas conclusivas para uma principal etiologia do autismo, o surgimento de alternativas terapêuticas para a aquisição de uma melhor qualidade de vida tem sido adotada por pais e cuidadores mesmo sem avalidação científica necessária.

Em termos de escopo, o banco de dados deve ser considerado limitado devido à es-cassez absoluta de estudos, já em termos de qualidade metodológica, não contém os estu-dos que são capazes de fornecer provas con-clusivas, sendo poucos os que utilizaram uma metodologia experimental reconhecível.

Os estudos publicados não servem como suporte empírico significativo para o uso das dietas GFCF como alternativa para o trata-mento do autismo, nem como confirmação da Teoria de Excesso de Opiódes.

A investigação sobre possíveis alergias e intolerâncias alimentares são necessárias para atuar na presença de sintomas gastrintestinais, que podem acarretar também em síndromes de má absorção.

O nutricionista deve se manter atualizado sobre essas intervenções dietéticas para a orien-tação das famílias dispostas a seguir esse tipo de intervenção. Apesar da falta de validação cien-tífica, muitos resultados positivos até mesmo nos estudos publicados apontam que melhores investigações devem ser feitas sobre o caso.

Se uma família procura um nutricionista, simultaneamente o objetivo é ter orientações para a adoção de uma intervenção segura sem o riscos de deficiências nutricionais que a res-trição de alimentos feita de forma inadequada pode causar.

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Endereço para Correspondência:Alden dos Santos [email protected]. Paulo Erlei Alves Abrantes, n. 1325Três Poços - Volta Redonda – RJ CEP: 27240-560

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Resumo:Este estudo busca identificar o “estado da arte” dos trabalhos que tratam das intervenções de educação nutricional no meio escolar. Foram analisa-dos 23 artigos, que se dividiram em três categorias: estudo epidemiológico em escolas, avaliação de aprendizagem de discentes e docentes e, educação nutricional nos Parâmetros Curriculares Nacionais e matriz curricular. Na primeira categoria notou-se que a obesidade era fator predisponente das pa-tologias analisadas, na qual os autores concluíam que a educação nutricional é importante, sem propor ações de intervenção. Na segunda categoria foram aplicados questionários e outros métodos para avaliar o conhecimento de discentes e docentes sobre o tema, utilizando metodologia quantitativa em sua maioria. A última categoria propõe a inserção de temas transversais na matriz curricular do ensino fundamental, o que contribui para a promoção da saúde, já que um dos temas é saúde. Conclui-se que há carência de estudos nessa área, cujo objeto seja o processo de educação nutricional, além da falta da utilização da abordagem qualitativa como metodologia.

1 Discente do Curso de Nutrição do Centro Universitário de Volta Redonda. 2 Nutricionista. Docente do Centro Universitário de Volta Redonda, Mestre em Educação em Ciências e Saúde pelo NUTES – UFRJ.

AbstractThis study aims to identify the “state of the art of works dealing with nutrition education interventions in schools. We analyzed 23 articles, which were divided into three categories: epidemiological study in schools, learning assessment of students and teachers, and nutrition education in the National Curriculum and curriculum. The first category was noticed that obesity was a predisposing factor analysis of pathologies in which the authors concluded that nutrition education is important, without proposing intervention actions. In the second category were administered questionnaires and other methods to assess the knowledge of students and professors on the topic, using quantitative methodology for the most part. The last category is proposing the inclusion of cross-cutting themes in the curriculum of basic education, which contributes to the promotion of health, since health is one of the themes. We conclude that there are few studies in this area, whose object is the process of nutrition education and the lack of use of the qualitative approach as a methodology.

Palavras-chave:

Educação Nutricional

Âmbito Escolar

Pesquisa Qualitativa

Problematização

ArtigoOriginal

Original Paper

Key words:

Nutrition Education

Field School

Qualitative Research

Curriculum

Problematization.

Programas de intervenção de educação nutricional no ambiente escolar

Intervention programs for nutrition education in the school environment

Tainá Marins Chaves 1

Ana Paula Caetano de Menezes Soares 2

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Introdução1.

A educação nutricional tem como obje-tivo a formação de hábitos alimentares sau-dáveis desde a infância¹. Parecendo lógico que, em conseqüência disso, seja inserida no ambiente escolar. No entanto, historicamen-te, estes dois campos de saberes nem sempre apresentaram um diálogo coerente e harmôni-co, em conseqüência das diversas abordagens políticas dos gestores da área da educação.

Na década de 40 surge o interesse pela educação nutricional 1,2 e é também nesse perí-odo que se destaca Josué de Castro, que defen-dia a reestruturação agrícola para solucionar o problema da fome, além de participar de pro-gramas ligados à alimentação¹.

Em 1955 é criado o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que segundo a Associação Brasileira de Nutrição (Asbran), tinha por objetivo o combate à evasão esco-lar. Hoje o programa visa aumentar o leque de atendimento, contribuir para o crescimento e desenvolvimento biopsicossocial, a aprendi-zagem, o rendimento escolar e a formação de hábitos alimentares saudáveis dos alunos das escolas públicas brasileiras3,4.

Entretanto, a partir dos anos 1970 o binô-mio alimentação–educação no Brasil passou a ser alimentação-renda, uma vez que a renda foi vista como o principal obstáculo para ob-tenção de uma alimentação saudável. E ainda, foi criada a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) que tem por objetivo garan-tir o acesso aos alimentos levando à promoção das práticas alimentares saudáveis, além da prevenção de distúrbios nutricionais¹.

Na década de 80 novas propostas de edu-cação alimentar e nutricional foram discuti-das, como a educação nutricional crítica, que se baseava na pedagogia crítica dos conteúdos, considerando que a educação nutricional não poderia ter uma metodologia pré-estabelecida. Além disso, a educação nutricional crítica in-fluenciou os conteúdos da disciplina educação nutricional da matriz curricular dos cursos de graduação de nutrição. Que então, passaram a focar também na fome e não apenas na des-nutrição, além dos direitos dos cidadãos e não apenas nas práticas alimentares, como formas de promoção da saúde¹.

Ainda focando na promoção da saú-de, aconteceram diversas conferências como em 1986 a 1ª Conferência Internacional de Promoção da Saúde realizada em Ottawa, que definiu o conceito de promoção da saúde como: processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação nesse processo; seguida da Declaração de Adelaide, que enfatizou a importância das políticas pú-blicas como pressuposto para vidas saudáveis, destacando a responsabilidade das decisões políticas, especialmente as de caráter econô-mico para a saúde, em 1988 na Austrália. Já em 1991, na Suécia, aconteceu a Declaração de Sundsvall que sublinhou quatro aspectos para um ambiente favorável e promotor de saúde, como: o modo pela qual as normas afe-tam a saúde, as questões políticas nas quais o povo quer a descentralização dos recursos, a dimensão econômica que requer a negociação dos recursos para saúde e desenvolvimento sustentável e, a utilização das mulheres em to-dos os setores. Declaração de Bogotá em 1992; Declaração de Jacarta em 1997, reafirmou que as estratégias de Ottawa são importantes para promoção da saúde; Conferência do México de 2000 reconhece a saúde como um valioso recurso para usufruir a vida e necessária para o desenvolvimento social e econômico e; Carta de Bangkok em 2005 considera a saúde como um direito fundamental do ser humano2,5.

Nos últimos anos, a educação nutricional tem sido vista como um promotor da saúde, dentro do ambiente escolar, inclusive propor-cionando a construção de um Projeto Político Pedagógico (PPP) com a participação de toda equipe do meio escolar, levando em conside-ração que as vivências, saberes e crenças são tão importantes quanto a teoria, daí a utilização de uma pedagogia problematizadora de Paulo Freire. Segundo Boog, são vários os inconve-nientes apresentados por uma abordagem edu-cativa convencional fundamentada apenas na transmissão de informações, pois esta aborda-gem é em geral insuficiente para motivar mu-danças mais significativas das práticas de saúde, por não problematizar estas questões conside-rando a dimensão integral do educando6.

Desta forma, os Parâmetros Curriculares Nacionais são referenciais de qualidade para a Educação Fundamental, que prezam a garan-

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tia de uma boa educação7. Deste modo, são propostos a inclusão de temas de segurança alimentar no PPP, mas para isso é necessária a capacitação de discentes e outras pessoas envolvidas na educação dos alunos, sensibili-zando-os de que ele é um agente motivacional de promoção da saúde, além da discussão de políticas pedagógicas2,6.

Deste modo, desenvolvida a partir de uma perspectiva problematizadora ou participativa, a educação nutricional leva à formação do alu-no transformando seus hábitos alimentares8. Então, a concepção problematizadora coloca o aluno no centro do processo ensino-aprendiza-gem, no qual ele passa a ser ativo, participan-do da construção de seu conhecimento9,10.

Demarcada esta linha cronológica, verifi-ca-se a necessidade de uma melhor compreen-são das contribuições científicas em pesquisas nesta área, que ainda está em constante cons-trução. Isto porque, na grade curricular dos cursos de Nutrição, a Educação Nutricional tem sido marginalizada e tratada tão somen-te como um apêndice da Nutrição em Saúde Pública, e isso gerou a escassez de trabalhos e pesquisas voltadas para esta linha, além de reduzido número de autores e publicações expressivas1. Desta forma, este artigo tem por objetivo identificar o “estado da arte” dos trabalhos que tratam sobre as intervenções de educação nutricional no ambiente escolar.

Metodologia2.

O presente artigo trata-se de uma revi-são sistemática, na qual foram analisados 23 trabalhos, dentre artigos científicos e disserta-ções de mestrado, publicados nos últimos dez anos, e selecionados a partir de uma busca em duas bases de dados na web, no período de 30 de setembro a 18 de outubro de 2010. Sendo:

Biblioteca Virtual em Saúde: utilizando-se como descritores de busca os termos edu-cação nutricional e escola, encontrou-se 105 trabalhos, dentre os quais foram incluídos nesta avaliação apenas 34 que possuíam tex-to completo. Além disso, 07 foram excluídos devido ao ano de publicação; 07 foram excluí-dos desta avaliação por, apesar de aparecerem como resultados na base de dados, não são re-lacionados ao tema Educação Nutricional no

âmbito escolar, mas sim com outros aspectos relevantes relacionados à temática, tais como: fatores ambientais associados ao sobrepeso infantil, a família como determinante para o comportamento alimentar, avaliação nutricio-nal de uma comunidade carente, a relação do desempenho neurológico com estado nutricio-nal, a aceitação da merenda escolar e PNAE, a repercussão do programa bolsa família, e a participação de agricultores na inserção de hortaliças na merenda escolar.

Scielo: utilizando-se como descritores de busca os termos educação nutricional e esco-la, encontrou-se 07 artigos científicos, dentre os quais apenas 03 foram excluídos, pois ape-sar deles aparecerem como resultados na base de dados, não condizem com o tema, mas se referem ao consumo de suplementos, a carac-terização de produtos dietéticos consumidos por pacientes diabéticos e a fatos da história da educação em saúde. Além disso, 01 foi ex-cluído devido ao ano de publicação.

No total, foram analisados 23 trabalhos, focando principalmente no objetivo, metodo-logia utilizada na pesquisa e conclusão. Após a leitura dos mesmos, foi possível encontrar três categorias, como: estudo epidemiológico em escolas, avaliação de aprendizagem de dis-centes e docentes e, educação nutricional nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN`s) e matriz curricular.

Resultados e Discussão3.

Estudo epidemiológico em escolas3.1.

Dentre os artigos que envolviam estudos epidemiológicos, todos avaliaram o estado nutricional dos alunos, além da patologia es-pecífica que no caso foram: hipertensão arte-rial, obesidade e anemia ferropriva. Todos os estudos constituíram na realização de avalia-ção antropométrica, além da aplicação de um questionário.

Em todos os artigos a obesidade foi um achado importante, o que leva a mesma a ser um fator de risco para o desenvolvimento de tais doenças.

A respeito das recomendações baseadas em estudos epidemiológicos para prevenir a obesidade e as doenças crônicas não transmis-

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síveis dela decorrentes, os investimentos nessa área encontram sérios obstáculos porque con-trariam interesses econômicos. A “indústria da obesidade” é geradora de lucros para spas, academias, indústrias farmacêuticas, clínicas especializadas11.

Dentre este grupo de estudos encontrados, o de maior relevância, foi um estudo epidemio-lógico transversal, de base populacional, por meio de um consórcio de pesquisa que resultou do projeto Estilos de Vida e Comportamentos de Risco à Saúde em Adolescentes: do Estudo de Prevalência à Intervenção, desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa em Estilos de Vida e Saúde, da Universidade de Pernambuco. A população alvo foi constituída por estu-dantes de ambos os sexos, matriculados em escolas da rede pública estadual de Ensino Médio da Região Metropolitana do Recife – Pernambuco. Os dados foram coletados uti-lizando o questionário Global School-based Student Health Survey (GSHS), proposto pela OMS. Como resultado constatou-se que: ser do sexo masculino, apresentar sobrepeso ou obesidade e não praticar atividades físicas fo-ram fatores associados para hipertensão arte-rial sistêmica nos adolescentes estudados12.

Assim sendo, a divulgação da prevalência identificada neste estudo poderá incentivar pro-fessores a se interessarem nessa promoção de saúde, no desenvolvimento das atividades esco-lares rotineiras. Dessa forma, a grande campa-nha de recuperação e manutenção da saúde de adolescentes se fará naturalmente, sem progra-mas pontuais cujos efeitos são passageiros.12

Portanto, tendo em vista que os hábitos alimentares são formados desde cedo, fica ní-tida a dificuldade de se estabelecer mudanças, principalmente com crianças mais velhas, que já terão se tornado independentes quanto a es-colha do que vai comer ou não13,14. Todavia, a aplicação de programas contínuos de educa-ção nutricional desde a infância parece ser a melhor maneira de se tentar reverter o quadro de consumo alimentar inadequado13.

Enfatiza-se também a importância da in-tegração de toda a comunidade escolar e da família a fim de propiciar à criança a formação de hábitos de vida saudáveis, prevenindo assim o aumento da prevalência da obesidade13,15.

Apesar de ser um problema antigo, a obe-sidade nunca havia alcançado proporções epidê-

micas como atualmente, fato parcialmente ex-plicado pela redução da atividade física e pelas modificações dos hábitos alimentares, caracteri-zadas pelo aumento na quantidade e freqüência do consumo de produtos muito calóricos16.

Esse panorama da obesidade nos estu-dos avaliados nesta categoria, demonstra a necessidade de implantação e implementação de programas de educação e saúde direciona-dos especialmente às crianças, visto que nos primeiros anos de vida é que são voltadas as práticas alimentares que repercutem nas con-dições de saúde até a vida adulta. E essa ne-cessidade foi observada por Turma et al16, que propõe o incentivo de hábitos saudáveis a par-tir da creche, que é o local no qual as crianças realizam a maior parte das refeições diárias e também que os pais participem do processo educativo de seus filhos.

Estes autores ainda complementam que as ações de incentivo à adoção de estilos de vida e hábitos alimentares saudáveis também devem ser estendidas ao corpo técnico-ad-ministrativo das creches, uma vez que essas instituições oferecem grande parte da alimen-tação diária consumida pela criança. Enfatiza-se também que os pais/responsáveis devem participar diretamente de todo esse processo educativo16.

Entretanto, ater-se às formas mais tradi-cionais de educação significa render-se às di-ficuldades próprias à prática pedagógica desta transição de século11. O contexto desafiador da educação nutricional exige o desenvolvimento de abordagens educativas que permitam abra-çar os problemas alimentares em sua comple-xidade, tanto na dimensão biológica como na social e cultural11.

Por isso, Rodrigues e Boog propõem uma abordagem educativa fundamentada no pensamento pedagógico de Paulo Freire que se identifica com a pedagogia da autonomia, a qual enfatiza os aspectos inerentes da reali-dade da vida do sujeito, o diálogo entre edu-cador e educando, e a submissão da ciência e da técnica às necessidades tais quais sentidas e percebidas pelos alunos17.

Segundo Paulo Freire, “saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.” Com relação a isso, a edu-cação problematizadora fundamenta-se exa-

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tamente na relação dialética entre educador e educando, e ambos aprendem juntos18, 19.

A pedagogia problematizadora de Freire é baseada no processo de ensino-aprendizagem focado na realidade do aluno. A primeira etapa consiste na observação da realidade, na qual o aluno observa tudo a sua volta e é capaz de expressar sua opinião. A partir daí, ele separa aquilo que é importante do que não é; enume-rando os pontos-chave do assunto ou problema em questão. Então, parte-se para teorização, momento em que o aluno se pergunta o por-quê daquilo observado e busca respostas em materiais científicos; compreendendo o que foi estudado. E após se confrontar a realidade com a teoria, o aluno parte para hipóteses para solucionar o problema estudado. Ele irá mudar a realidade em que vive, aplicando as soluções viáveis encontradas por ele mesmo20.

No entanto, este modelo pedagógico não foi o observado nos artigos analisados. A educação nutricional apareceu em quatro dos artigos encontrados nesta categoria como o fim, a conclusão. Ou seja, o quadro epidemio-lógico foi delineado e para resolvê-lo faz-se necessário implementar ações educativas, mas o referido trabalho de Rodrigues e Boog17 é o único que de fato tem como objeto a forma como este processo se dá, porque trabalha com abordagem metodológica qualitativa.

Além de Freire, o psicólogo Jean Piaget propõe outro modelo pedagógico, baseado na perspectiva interdisciplinar e construtivista em que o aluno é capaz de formar seu conhe-cimento, em que ele passa a ser sujeito o não objeto do binômio ensino-aprendizagem21,22.

Dentre os artigos encontrados nesta cate-goria, um deles chamou a atenção por causa da metodologia utilizada por Fernandes et al13; na qual ele propõe que seja avaliado o efeito de um programa de educação nutricional na prevalência de obesidade e sobrepeso, além da avaliação do consumo alimentar de alunos da 2ª série de uma escola de Florianópolis. Durante o estudo foi realizada avaliação antro-pométrica, coleta de dados para um questio-nário de registro alimentar que era preenchido após a merenda escola, além de 08 encontros quinzenais com o grupo de intervenção sobre hábitos alimentares saudáveis utilizando mé-todos lúdicos. No entanto, os resultados co-letados e analisados foram tratados de forma

quantitativa13, o que se delineou como uma razão, pois é preciso ir além dos números e buscar compreender o que de fato os alunos apreenderam e se isso é suficiente para que os hábitos mudem e se tornem saudáveis. Muitas vezes, é fácil ouvir o que é certo fazer, mas é difícil colocar em prática, então além da teoria deve haver oficinas praticas nas quais o aluno possa realmente participar9.

De acordo com Minayo23, a pesquisa qua-litativa, dá conta destes vieses subjetivos, inse-ridos nos atos socioculturais, universo em que acontecem as relações de ensino-aprendiza-gem, utilizando-se uma abordagem dialética.

Obviamente, que por se tratar de traba-lhos de cunho epidemiológico, a abordagem quantitativa seja o paradigma aceitável. Fique claro também que a pesquisa de Boog1 não se deu no ambiente escolar, o que se questiona aqui é a dificuldade da área da saúde em inter-vir em escolares com outro objetivo que não seja o de traçar diagnósticos, e isso se reflete na produção científica deste campo de conhe-cimento em construção.

Assim, a educação nutricional deve agre-gar os conhecimentos do campo da antropolo-gia da alimentação e os fundamentos teóricos do campo da educação, para que esteja inseri-da em um contexto político-social de promo-ção à saúde e qualidade de vida17.

Avaliação de aprendizagem de dis-3.2. centes e docentes

A maioria dos artigos desta categoria utili-za em sua metodologia a pesquisa quantitativa, em que se pretende verificar quantos discentes e/ou docentes dominam determinado assunto. Alguns comparam o desempenho do aluno e/ou professor antes e após um curso ou oficina com tema voltado para educação nutricional.

Além disso, os artigos que realizaram uma pesquisa quantitativa citaram apenas que a educação nutricional e a promoção da saúde dentro do ambiente escolar são de suma im-portância, sem sequer propor alguma ativi-dade ou programa para colocá-la em prática. Mesmo que em minoria, os artigos que utiliza-ram como metodologia a pesquisa qualitativa, tiveram em seus resultados e conclusão pon-tos importantes e construtivos para o campo da educação em saúde.

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Com relação a isso, essa abordagem qua-litativa busca entender os fenômenos de acor-do com a perspectiva dos participantes e, para isso, utiliza entrevistas em profundidade, nas quais há o contato direto do pesquisador com os sujeitos de pesquisa9,24.

E como exemplo, temos o artigo de Iuliano et al25, que realizou um levantamento do tipo descritivo, com abordagem qualitativa, que permitiu observar a linguagem das idéias, as expressões e a comunicação verbal que as pessoas usualmente constroem para interpretar o mundo e interagir entre si, para investigar as atividades de educação nutricional direciona-das aos escolares. Foi elaborado um roteiro de perguntas semiestruturadas e abertas, aplicado aos diretores e coordenadores de algumas es-colas de Guarulhos. As perguntas foram rela-cionadas à Segurança Alimentar e Nutricional (SAN). E no final, como resultado foram en-contradas 23 diferentes estratégias utilizadas na escola para promover a saúde, além de se notar uma metodologia pedagógica participa-tiva e a utilização de meios lúdicos.

Portanto, a escola é um espaço privi-legiado para o desenvolvimento de ações de melhorias das condições de saúde e do estado nutricional de escolares, assim como o projeto “Escola Promotora da Saúde”, que visa o de-senvolvimento humano saudável26,27.

Nesse ambiente, o educador deve ser um facilitador, que saiba utilizar várias estratégias de ensino, contribuindo para a melhoria da for-mação dos hábitos alimentação das crianças. Para tal, deve também possuir conhecimentos e habilidades sobre promoção da alimentação saudável, procurando incorporá-los ao seu fa-zer pedagógico28,29. Esses conhecimentos de-vem ser construídos de forma transversal no ambiente escolar, garantindo a eficácia das ações dentro e fora de sala de aula23. Além dis-so, ele deve propiciar ambientes que reforcem a promoção da saúde e que apóiem projetos que integrem a escola e a comunidade28.

O desenvolvimento de estratégias de pro-moção da alimentação saudável com a comu-nidade escolar está intimamente relacionado à educação nutricional. A comunidade escolar é formada por pais, diretores, coordenadores, alunos, educadores, donos de cantina, meren-deiras e demais funcionários, podendo incluir ainda conselheiros tutelares, de educação, dos

direitos da criança, organizações não-gover-namentais e universidades, entre outros26.

Portanto, visando importantes mudanças na alimentação escolar, foi criada a Lei de Regulamentação das Cantinas em dezembro de 2001. A comercialização de produtos consi-derados mais saudáveis tornou-se obrigatória, enquanto outros alimentos como salgadinhos industrializados, balas, pirulitos, refrigerantes e sucos artificiais tornaram-se expressamente proibidos. Porém, em algumas unidades esco-lares, alimentos inadequados continuam sendo consumidos, o que torna uma disposição para obesidade em escolares25,30.

Assim sendo, um modelo de educação nutricional relacionado a uma abordagem sócio-construtivista e problematizadora opta por estratégias que buscam a identificação do papel social do indivíduo como promotor da saúde escolar, preparando-o para enfrentar questões relacionadas à alimentação e nutri-ção no contexto escolar26.

O programa de educação nutricional em instituições de Educação Infantil deve conter em seu Projeto Político Pedagógico (PPP), no qual o mesmo deve ser elaborado com a par-ticipação de todas as pessoas envolvidas no processo educativo na escola. E o momento da refeição não deve ser vista apenas como uma tarefa de atendimento as necessidades nutricionais, mas sim como um momento de aprendizagem e conscientização para todos os funcionários31.

Mediante o quadro epidemiológico e nu-tricional atual, em que o índice de obesidade aumentou, muito tem se falado sobre a edu-cação nutricional em escolas como importante estratégia para formação de hábitos alimenta-res saudáveis desde a infância e controle de doenças de origem nutricional na população como um todo, mas pouco se conhece a res-peito das iniciativas que vem sendo tomadas para tal. O conhecimento dessas pode incenti-var novos direcionamentos para política atual, bem como orientar discussões pedagógicas entre nutricionistas e demais funcionários envolvidos na educação nutricional escolar a respeito dessas práxis25.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental (PCN) apresentam um re-ferencial teórico e propostas pedagógicas para articulação de educar para a saúde e inserir

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essa questão no PPP. É descrita a necessida-de de esta ser fundamentada em metodologia pedagógica que se configure dialogal, signifi-cativa, problematizadora, lúdica, construtiva, transversal às disciplinas e faixas etárias, e que se cultive a cidadania25.

É importante ressaltar, no entanto, que a educação é um processo, fruto de uma constru-ção contínua e, desse modo, acredita-se que a prática constante de hábitos alimentares saudá-veis pode ser estabelecida a partir de uma educa-ção nutricional permanente dentro da escola32.

O estreitamento da relação entre os ges-tores locais, nutricionistas responsáveis pelo PNAE e os gestores das escolas pode reforçar as ações do PNAE e dos Parâmetros Curriculares Nacionais, atribuindo maior envolvimento entre o trabalho pedagógico da escola e a ali-mentação escolar, bem como conferindo maior efetividade e abrangência às atividades de edu-cação nutricional na escola25.

A promoção da alimentação saudável no ambiente escolar parte de uma visão integral e multidisciplinar do ser humano, que consi-dera as pessoas, principalmente o escolar, em seu contexto familiar, comunitário e social. Procura também, desenvolver conhecimen-tos, habilidades e o autocuidado da saúde e a prevenção das condutas de risco em todas as oportunidades educativas. Além disso, fo-menta uma análise crítica e reflexiva sobre os valores, as condutas, as condições sociais e os estilos de vida, buscando fortalecer tudo aqui-lo que contribui para melhoria da saúde e do desenvolvimento humano27.

Educação nutricional nos PCNs e 3.3. matriz curricular

Os artigos pertencentes a esta categoria realizaram uma reflexão sobre a introdução da Educação Nutricional na matriz curricular das escolas, uma vez que esta é muito importante para a questão de saúde pública. Eles defendem a educação nutricional como um ponto de parti-da para a formação dos hábitos alimentares des-de a infância, o que iria se refletir na fase adulta, levando à melhora da qualidade de vida.

A escola é vista como um excelente am-biente para promoção da educação e saúde6,33. Entretanto, é preciso ir além e garantir a ca-pacitação de professores e nutricionistas,

além de uma boa merenda escolar e o acesso do aluno às informações. Há décadas atrás, a preocupação do governo era garantir o aces-so a todas as crianças e adolescentes à escola, e atualmente temos quase 100% desta classe matriculada nas escolas. E agora, a missão é formá-los. E hoje, temos o acesso à merenda escolar, garantida no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), então nos resta promover a educação em saúde, por meio da educação nutricional33.

O PNAE é uma das políticas públicas mais consistentes no Brasil, levando em consi-deração que desde 2005 seu funcionamento foi ininterrupto e atendeu a todos os pré-escolares e escolares do ensino público. Desde sua cria-ção em 1955, muitas mudanças ocorreram33.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) são disposições acerca dos conteúdos que o professor deve ministrar em sala de aula. Todavia, como é possível haver uma educação formativa em que o professor baseado em seus conhecimentos científicos melhore os hábitos dos alunos? Talvez seja por causa dessa inda-gação que temas transversais deveriam ser in-cluídos na matriz curricular, tais como: ética, pluralidade, cultura, meio ambiente e saúde33.

Assim sendo, a educação nutricional efi-caz para o docente não deve ser vista apenas como uma simples verificação de conheci-mentos6, mas sim como a avaliação de expe-riências práticas significativas que levem ao estabelecimento de hábitos consistentes com a prevenção da desnutrição e obesidade durante o dia-a-dia no ambiente escolar6,33.

E ainda, as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Nutrição, estabelecidas pelo Ministério da Educação no ano de 2001, vieram outorgar, em seu artigo terceiro, inciso segundo, uma nova possibilidade de formação, que consiste na graduação sob a modalidade de licencia-tura em Nutrição. Tal formação qualifica o nutricionista a atuar na educação básica e na educação profissional em Nutrição. As refe-ridas diretrizes trouxeram ainda, a expansão das dimensões recomendadas na formação do nutricionista, abrangendo habilidades e com-petências, como as de tomada de decisões e liderança, assim como uma formação que viabilize atuar em políticas e programas de educação, visando à promoção da saúde em

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âmbito local, regional e nacional, bem como à atuação na formulação e execução de progra-mas de educação nutricional6.

Conclusões4.

São poucos os artigos que trazem estudos sobre educação nutricional no âmbito escolar utilizando a abordagem qualitativa que, neste campo de conhecimento especifico, traz resulta-dos muito mais expressivos que a quantitativa. É preciso ir além dos números e partir para ação; propor novos programas que levem de fato à mudança de hábitos alimentares dos alunos, mu-dando também a comunidade e familiares.

Deste modo, a metodologia utilizada em sala de aula é de suma importância, uma vez que o aluno deve participar ativamente do pro-cesso ensino-aprendizagem, por intermédio de experiências práticas como jogos, contato com a comunidade ao redor da escola. É exa-tamente esse o fundamento do educador Paulo Freire, que se baseia na concepção problemati-zadora da educação, em que cabe ao educador despertar nos alunos uma vontade de buscar conhecimento no meio em que vive.

Há meios para se buscar esse conhecimen-to, como a realização de palestras, oficinas e até mesmo em aulas mais dinâmicas, nas quais o aluno possa participar e compartilhar experi-ências próprias. Isso leva o aluno a pensar e o motiva a querer aprender cada vez mais.

Além de Freire, Jean Piaget também propôs uma metodologia pedagógica na qual o aluno é capaz de buscar conhecimento se baseando na realidade. O professor explica o conteúdo e cabe ao aluno buscar meios para entendê-lo.

Durante ações de educação nutricional den-tro do ambiente escolar é preciso estar sempre conectado às novidades tecnológicas, que auxi-liam na transmissão de conhecimento aos alu-nos. Temos que ter consciência de que há recur-sos além da cartolina. E o educador tem a função de atrair o aluno, de estimulá-lo a aprender.

Dentro dos cursos de graduação de nutri-ção, é preciso avançar da teoria e partir para a prática, para termos profissionais capazes de atuar em ações de promoção da saúde dentro da educação nutricional com formação suficiente.

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Resumo:O diabetes mellitus tipo 2 (DMII) é considerada uma doença crônica que tem efeito no metabolismo, não só da glicose, mas também nas proteínas e nos lipídeos, e está aumentando a cada ano que passa. Estima-se que em 2025 aumente 170% dos casos no Brasil. Fatores ambientais como: obesidade, se-dentarismo e dietas ricas em gorduras e pobres em fibras, contribuem para o seu desenvolvimento. A terapia nutricional é indispensável nesses casos e por isso o nutricionista deve estimular o consumo de fibras dietéticas para obter um controle da glicemia nos pacientes diabéticos. Para ajudar nesse consumo, existem alternativas como as farinhas hipoglicemiantes cujo efeito é diminuir o contato da glicose com a mucosa intestinal devido sua capacidade de formar gel no organismo. As farinhas mais utilizadas são as de banana verde e a de maracujá, entretanto os estudos ainda são escassos tornado-se necessárias mais pesquisas para comprovação deste efeito.

1 Graduada em Nutrição pelo Centro Universitário de Volta Redonda UniFOA2 Nutricionista, Mestre em Nutrição Humana pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, docente do Curso de Nutrição do Centro Universitário de Volta Redonda - UniFOA.

AbstractDiabetes mellitus type 2 (DMII) is considered a chronic disease that has no effect on metabolism, not only glucose but also in proteins and lipids, and is increasing ever y passing year. It is estimated hat in 2025 170% increase of cases in Brazil. Environmental factors such as obesity, sedentary lifestyle and diets high in fats and low in fiber contribute to its development. Nutritional therapy is essential in these cases and why nutritionists should encourage consumption of dietary fiber to obtain a blood glucose control in diabetic patients. To help in that consumption, there are alternatives such as flour hypoglycemic effect of which is to decrease the glucose contact with the intestinal mucosa because of its ability to form gels in the body. The flours used are more green banana and passion fruit, though studies are still lacking to become more research is needed to prove this effect.

Palavras-chave:

Fibras

Diabetes tipo 2

Farinhas hipoglicemiante

Maracujá

Banana verde

ArtigoOriginal

Original Paper

Key words:

Fiber

Type 2 diabetes

hypoglycemic Flour

Passion Fruit

Banana Green

Efeito hipoglicemiante das farinhas de banana verde e de maracujá nocontrole da glicemia em diabéticos

Hypoglycemic effect of flour of green banana and passion fruit on glycemic control in diabetics

Marystela Neves Waszak¹Célia Cristina Diogo Ferreira²

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Introdução1.

O diabetes mellitus tipo II (DM II) é con-siderado um estado de hiperglicemia crônica, provocada por resistência à insulina e secreção anormal da mesma, tendo como consequência uma série de distúrbios no organismo. Esse estado interfere tanto no metabolismo dos car-boidratos como nos metabolismos dos lipídios e das proteínas (KATZER, 2007; MELLO, 2009).

Apesar dos avanços científicos e fácil acesso a cuidados contínuos à saúde, a preva-lência do DM II está aumentando. Diversos pa-íses, incluindo o Brasil, prevêem um aumento de 170% de casos no período de 1995 a 2025 (JANEBRO, 2007). Atualmente aproximada-mente 10 milhões de pessoas são portadoras da doença no Brasil, e a cada dia surge mais de 400 novos casos (BRASIL, 2011).

Educação nutricional, modificações no estilo de vida (como por exemplo, interrupção do tabagismo, diminuição do consumo de be-bidas alcoólicas, prática de atividade física), uso de medicamentos (hipoglicemiantes orais e/ou insulina) e a terapia nutricional são fato-res determinantes para o tratamento do DM II. Com isso a alimentação adequada é essencial para um bom controle metabólico e a terapia nutricional torna-se um dos pontos fundamen-tais, tanto na prevenção quanto no tratamento do diabetes (SÁ et al.,2009).

Entre os nutrientes que ajudam a contro-lar a glicemia, destacam-se as fibras alimen-tares, principalmente as solúveis, por propor-cionarem um controle da glicose sanguínea por meio do aumento da sensibilidade peri-férica à ação da insulina, além de serem im-portantes constituintes de uma dieta saudável (KATZER, 2007). Como fonte alternativa de fibras evidencia-se as farinhas, pelo fato bené-fico de aproveitamento dos alimentos, evitan-do o d esperdício e principalmente pelo efeito hipoglicemiante proporcionando um controle da glicemia em diabéticos (CERQUEIRA et al., 2008; FIGUEIREDO, 2008).

Os estudos mostram que as farinhas mais utilizadas e que apresentam efeito posi-tivo no controle da glicemia são: Farinha de maracujá (KRAHN et al.,2008;MEDEIROS et al,.,2009a) e farinha de banana verde (PEREIRA, 2007; RAMOS,LEONEL e

LEONEL, 2009; SILVA E ARAÚJO, 2009; SANTOS, 2010).Neste contexto, o papel do nutricionista é orientar não só pacientes como seus familiares sobre a importância da manu-tenção da saúde e ampliar as possibilidades para esse efeito na hora da alimentação.

O objetivo da orientação nutricional visa manter o paciente saudável através da norma-lização da glicemia, diminuição de fatores de riscos cardiovasculares, fornecimento de ca-lorias necessárias para o peso desejável, pre-venção ou retardo de complicações crônicas e agudas (BERNARDES et al,2009).

O presente estudo pretende, por meio de uma revisão bibliográfica, descrever o efeito das farinhas de maracujá e de banana verde no controle da glicemia, além de apresentar alter-nativas alimentares para aumento do consumo deste nutriente. O levantamento bibliográfi-co sobre a utilização de farinhas no controle da glicemia teve como base artigos cientí-ficos publicados, no período e 2003 a 2011, em espanhol, inglês e português, no banco de dados do Medline, Wilson, Scielo, Lilacs, Bireme, Scielo e Google acadêmico. Os ter-mos descritores para encontrar os artigos fo-ram: “Diabetes e Fibras”; “Farinhas, Fibras e Diabetes”; “Hipoglicemic and Fiber”.

Diabetes Melittus Tipo II2.

O diabetes mellitus tipo II (DMII) carac-teriza-se pela intolerância à glicose e hipergli-cemia de jejum. Sua principal alteração fisio-patológica é a resistência periférica à ação da insulina no fígado, nos adipócitos e nos múscu-los esqueléticos, associada a uma insuficiência na secreção de insulina e a produção hepática excessiva de glicose, que levam à hiperglice-mia (OLIVEIRA, KABUKI, 2004; SÁ, 2009).

A insulina é essencial no organismo, pois, regula a homeostase de glicose em vários níveis, reduz sua produção hepática (via diminuição da gliconeogênese e glicogenólise) e aumenta a captação periférica de glicose, nos tecidos mus-culares e adiposos. Esse hormônio também es-timula a lipogênese no fígado e nos adipócitos, reduz a lipólise, assim como aumenta a síntese e inibe a degradação das proteínas. Nota-se que a insulina interfere em outros nutrientes além da glicose (SOUZA, 2008).

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A insuficiência da insulina diminui o po-der da glicose, fornecida pelos alimentos inge-ridos, de ser metabolizada, assim esse nutrien-te acumula-se no sangue e não se transforma em energia (KATZER, 2007).

O DM II ocorre com mais freqüência em pacientes com mais de 40 anos. Sabe seque os principais fatores que contribuem para o apare-cimento do DMII são: étnicos, genéticos, idade, obesidade, sedentarismo, dietas ricas em gordu-ras e pobres em fibras, ou seja, a diabetes está relacionada à associação d e forte predisposição genética e familiar com o estilo de vida e os fa-tores ambientais (SOUZA, 2008; SÁ, 2009).

Os sintomas clássicos decorrente do au-mento da glicemia são: poliúria, nictúria, po-lidpsia, boca seca, polifagia, fadiga, fraqueza e tonturas. Se houver descontrole dos índices glicêmicos, além dos sinais e sintomas cita-dos, a situação do paciente pode se agravar ocorrendo uma cetoacidose diabética e coma hiperosmolar (DURAN, 2010).

A terapia nutricional é ponto fundamen-tal para o tratamento e o acompanhamento do diabético, assim como é essencial na preven-ção da DMII (SALGADO et al., 2008).

Práticas alimentares adequadas norma-lizam a glicemia, diminuem os riscos e com-plicações associadas à DMII, fornecem ca-lorias suficientes para a manutenção do peso corporal, além de promoverem a saúde. É de extrema importância essa terapia ser indivi-dualizada, estando de acordo com o estilo de vida, hábitos alimentares e socioculturais do indivíduo para que haja eficácia no tratamen-to. A dieta deve conter alimentos ricos em fibras, com baixo teor de gorduras saturadas e açúcares simples (GERALDO et al, 2008; SALES et al., 2011).

A fibra alimentar é indispensável para o tratamento do diabetes, principalmente as so-lúveis que são capazes de reduzir os níveis de glicose no sangue, pois, no estômago e no intes-tino delgado essas fibras aumentam a viscosida-de do bolo alimentar, diminuem a atividade de algumas enzimas digestivas, retardando a ab-sorção da glicose no intestino (FIGUEIREDO et al., 2006; SALGADO et al.,2008).

Para alguns autores, a baixa ingestão de fibras correlaciona-se com alta preva-lência de diabetes mellitus (MELLO, 2009; WANNAMETHEE et al., 2009).

Fibras Alimentares3.

Fibra Alimentar é a parte do carboidrato resistente à digestão e absorção no intestino delgado de humanos por ser resistente à ação das enzimas (alfa-amilase), com completa ou parcial fermentação no intestino grosso. Dentre as propriedades fisiológicas das fibras destacam se: redução do colesterol sérico, au-mento da saciedade; controle da glicemia e re-dução do risco de DMII, além de propriedades laxativas, prevenção e tratamento de diverti-culoses (MIRA et al., 2009).

No Brasil, o consumo de fibras alimenta-res tem diminuído devido à mudança do perfil sócio econômico da população, o que mudou o estilo de vida e os hábitos alimentares dos indi-víduos. Estudos identificam que a ingestão de fibras alimentares através de alimentos como feijão, pão e arroz diminuíram entre os anos 70 e 90, por ocasião da substituição de tais ali-mentos por outros, ricos em gorduras, açúcares e industrializados (POF 2003, CATALANI et al. 2003; NEUTZLING et al., 2007).

Recomenda se que o consumo de fibra deva ser em torno de 25 a 30g por dia, de am-bos os tipos, solúvel e insolúvel (TURANO et al., 2009). De acordo com as Dietary Reference Intakes (DRIs, 2002), a ingestão adequada de fibras alimentares para indivíduos adultos, é de 25g para mulheres e 38g para homens, ou 14g de fibra alimentar por 1000 Kcal.

As fibras são classificadas de acordo com a solubilidade em água, podendo ser solúvel ou insolúvel. (MATTOS e MARTINS, 2000; ADA, 2002; FERNANDES et al. 2006; MIRA et al., 2009, SÁ et al., 2009).

Fibras solúveis 3.1.

As fibras solúveis têm alta capacidade de retenção de água e possuem a propriedade de for-mar géis em solução aquosa. Uma vez no estô-mago e no intestino delgado, aumentam a visco-sidade do bolo alimentar, diminuindo a atividade de certas enzimas digestivas, influenciando dire-tamente na taxa de digestão e absorção de nu-trientes (FIGUEIREDO et al., 2006; SALGADO et al., 2008; JENKINS et al., 2010).

São mais eficientes no controle da gli-cemia devido à capacidade de retardar o es-vaziamento gástrico, proporcionar aberturas

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para a penetração dos carboidratos dentro da fibra diminuindo a quantidade disponível para absorção e, dificultar o contato da glicose com a mucosa intestinal, reduzindo assim os ní-veis de glicemia (ALVES, GAGLIARDO e LAVINAS, 2009).

Dentre as fibras solúveis destacam-se: pectina, gomas, mucilagens, inulina e frutoli-gossacarídeos (FOS) (ABREU et al ., 2008).

Mira et al (2009) conduziu um estudo randomizado, controlado, duplo cego de três dias, com 60 adultos diabéticos tipo 2 usando hipoglicemiante oral, com o objetivo de ava-liar o efeito pós prandial de uma barra de ce-real enriquecida com a fibra solúvel guar. As barras testadas tinham a mesma quantidade de calorias e se diferenciavam na quantidade de goma-guar: a barra-teste continha 8,4g de fi-bra e as barras-controle

apresentavam entre 0 a 5g por porção. Foi avaliada a resposta glicêmica pós prandial, as-sim como a resposta insulínica. Os resultados demonstraram uma menor área sob a curva (p< 0,0001) nos indivíduos que consumiram a bar-ra enriquecida com fibras, apresentando menor resposta glicêmica e insulínica se comparados às barras comerciais com baixo teor de fibras.

Fibras Insolúveis3.2.

As fibras insolúveis são constituídas por celuloses, hemiceluloses e lignina. Não apre-sentam efeito hipoglicêmico no organismo (MELLO e LAAKSONEN, 2009), entretanto essa fibra é responsável pelo aumento do vo-lume do bolo fecal, regularizando assim a eli-minação das fezes e diminuição do tempo de trânsito intestinal no intestino grosso, além de aumentar a saciedade. Dessa forma, controla-se a ingestão energética para assim promover a perda de peso, o que é muito importante para redução da resistência insulínica existente no DM II (BORGES e C OSTA, 2008; ALVES, GAGLIARDO e LAVINAS, 2008).

Relação entre Fibras, 4. Diabetes Mellitus e Farinhas Hipoglicemiantes

O consumo de fibras tem demonstrado benefícios à manutenção da saúde e prevenção

de doenças como diabetes além do consumo ser inversamente proporcional ao ganho de peso (FIGUEIREDO e MODESTO-FILHO, 2008). Indivíduos com alto teor de fibras na dieta têm menores riscos de desenvolver diabetes do que aqueles que ingerem dietas com baixa quantidade de fibra (MELLO e LAAKSONEN, 2009).

A fibra solúvel por retardar a absorção da glicose tem um papel protetor para o diabético (SARTORELLI e CARDOSO, 2006).

Algumas farinhas já existentes no merca-do como a de Berinjela e de Coco, apresen-tam benefícios quanto à redução da glicose sanguínea (DERIVI et al., 2002; TRINIDAD et al. 2003). Entretanto as mais utilizadas atu-almente são: Farinha de maracujá (KRAHN, 2008; BRAGA, MEDEIROS E ARAÚJO, 2009; MEDEIROS et al. 2009; JANEBRO, 2007) e Farinha de Banana Verde (PEREIRA, 2007; RAMOS, LEONEL e LEONEL, 2009; SILVA E ARAÚJO, 2009; SANTOS, 2010).

As farinhas de vegetais podem ser utiliza-das como alternativa para substituir totalmente ou parcialmente a farinha de trigo em elabora-ções de bolos e, também, como fonte enrique-cedora de nutrientes no leite enriquecido. A importância da pesquisa de novas formas ali-mentares aproveitando alimentos ricos em nu-trientes não se dá apenas no aspecto do combate à fome e ao desperdício. É um fator que integra o desenvolvimento dos diferentes pro fissionais que atuam na área de alimentos, que precisam estar atentos a novas possibilidades, pesquisan-do, analisando, refletindo a prática profissional (ZANATTA e SCHLABITZ, 2010).

Para essas farinhas funcionais, preconi-zam-se três doses diárias de 10g do produto (MEDEIROS et al.,2009). Como já citado anteriormente, para auxiliar na prevenção de doenças crônicas relacionadas à dieta, reco-menda-se pelo menos 25g de fibras alimenta-res (TURANO et al., 2009).

Farinha de MaracujáA casca do maracujá utilizada em forma

de farinha tem sido utilizada para diminuir a glicemia em indivíduos com DMII, pois, o ex-trato seco dessa fruta cítrica exerce uma ação positiva sobre o controle glicêmico no trata-mento dessa enfermidade (MEDEIROS et al., 2009; ZERAIK et al., 2010).

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Na revisão bibliográfica de Sá et al. (2009) constatou-se que o uso de extrato seco de farinha da casca de maracujá é uma alternativa eficaz na redução da glicemia em pacientes com diabetes mellitus tipo 2. A pectina presente na casca dessa fruta é responsável por essa redução da glicemia. (Sá et al., 2009).

Segundo Lima (2007) existe diminuição na absorção da glicose em presença de fibras solúveis, pois essas estimulam a produção de mucina que por sua vez interfere na absorção desse nutriente.

Na pesquisa de Krahn (2008), o uso de 1 a 2g/kg do peso corporal do extrato aquoso da cas-ca desidratada do maracujá, mostrou-se eficaz na redução do nível da glicemia. Ao administrar a farinha em ratos diabéticos que apresentavam média glicêmica de observou-se após 4 horas de uso, redução de aproximadamente 212 mg/dl de 490,6 mg/dl, glicose sanguínea.

Em outro estudo feito por Braga, Medeiros e Araújo (2009) também utilizando farinha de maracujá, dividiu-se animais diabéticos em três grupos. Foram administradas doses de 20 mg/kg, 40 mg/k g ou 160 mg/kg de peso corpóreo, de farinha para cada grupo. Amostras sanguíneas para análise da glicemia foram coletadas em 0, 1, 2, 4 e 6h após o tratamento por via oral. Notou-se que o efeito antihiperglicemiante da farinha da casca de maracujá foi dependente da dose, ob-tendo um efeito significativo quatro horas para todas as doses, sendo mais expressiva na dose de 160 mg/kg.

Martins (2003), em pesquisa no Instituto de Nutrição da Universidade Federal do Rio de Janeiro testou a farinha obtida da casca do maracujá em cobaias e obteve 22% da dimi-nuição da taxa de glicemia. Como não foram observados efeitos adversos nos animais, o autor sugere que a farinha pode ser utilizada também em seres humanos.

Em uma pesquisa feita com 36 voluntários de ambos os sexos com idade entre 20 a 60 anos, durante 8 semanas, utilizando 10g da farinha da casca de maracujá três vezes ao dia, verificou-se a eficácia da utilização da farinha da casca de maracujá no controle da diabetes, por ser rico em pectina (MEDEIROS et al., 2009b).

Em outro experimento com a farinha de maracujá, 43 voluntários, entre 57 e 73 anos de idade, de ambos os sexos, durante 60 dias fize-ram uso de 30 g do produto e em todos os in-

divíduos foi monitorada a glicemia. Após a su-plementação, existiu uma diferença significante (p<0,05) nos valores de glicose, hemoglobina glicada e triglicerídeos (JENEBROL, 2010). O mecanismo desta ação é devido ao alto teor de pectina na casca do maracujá. Essa fibra, por ser solúvel em água, forma um gel que inter-fere na absorção do carboidrato no organismo (LIMA, 2007; MEDEIROS et al, 2009a). Isto provoca redução do contato com nutrientes in-geridos, dificultando assim, a absorção da glico-se e conseqüentemente, diminuindo a atividade da enzima alfa amilase (enzima que degrada o amido). Outro mecanismo ocorre no intestino grosso, onde a pectina é totalmente fermentada, gerando ácidos graxos de cadeia curta, como o acetato, o butirato e o propionato. O butirato é apontado como o responsável por proporcionar menor resistência a insulina, pois estimula a sua síntese (COSTA et al., 2008) e o propionato, metabolizado ao nível hepático, estimula a gli-coneogênese e a síntese de lipídeos (BRAGA, MEDEIR OS e ARAÚJO,2009).

Outra função encontrada na fibra está re-lacionada com o hormônio GLP-1 (glucagon like pepitideo), que é considerado um poten-te agente antidiabetogênico. Isso porque o GLP-1 estimula a secreção de insulina, inibe a secreção de glucagon, além de retardar o esva-ziamento gástrico. Essas reações acarretam na redução da glicemia, obtendo melhor controle glicêmico nos pacientes diabéticos. Alguns pesquisadores têm avaliado a relação entre a produção de GLP-1 através do con sumo alimentar e observou que as fibras solúveis altamente fermentáveis produzem grandes quantidades de ácidos graxos de cadeia curta, e estes são potentes estimuladores da secreção de GLP-1 (PAREJA, PILLA e NETO, 2006; PIMENTEL e ZEMDEGS, 2010).

Uchoa et al (2008) verificaram nas amos-tras da casca de maracujá um alto teor de fi-bra bruta, cuja a quantidade foi de 64,88% (UCHOA et al., 2008). Souza, Ferreira e Vieira (2008) constataram um elevado teor de fibra na f arinha de maracujá a partir da análise de composição centesimal. O resultado obtido foi de 66,3g de fibras em 100g da farinha. Deste modo, em uma porção de 30 g dessa farinha encontra-se 18,9g de fibra alimentar aproxi-madamente (SOUZA, FERREIRA e VIEIRA, 2008) Farinha de Banana Verde.

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A produção de farinha de banana verde apresenta boa versatilidade para a indústria de alimentos, sobretudo produtos de panificação, produtos dietéticos e alimentos infantis, por se-rem rica fonte de amido e sais minerais. Essas farinhas podem ser obtidas de secagem natural ou artificial, através de bananas verdes ou semi-verdes das variedades, Prata, Terra, Cavendish, Nanica ou Nanicão (CARVALHO, 2000). (BORGES, PEREIRA e LUCENA, 2009).

Essas frutas apresentam conteúdo significa-tivo de amido resistente, o qual age no organismo como fibra. A farinha de banana verde contém teor de 73,4% de amido total, 17,5% de amido resistente e 14,5% de fibras. Em vista dessas ca-racterísticas, uma importante alternativa para o aproveitamento da banana seria a produção de farinhas com propriedades funcionais, como a redução da glicose sanguínea através de amido resistente presente na banana verde, que incen-tivaria o uso industrial e reduziria as perdas pós-colheita (RAMOS, LEONEL e LEONEL, 2009).

O amido resistente é resistente à ação das enzimas digestivas como, por exemplo, a alfa amilase (SANTOS, 2010), porém é fermentado no intestino grosso pelos microorganismos pre-sentes (RAMOS, LEONEL e LEONEL, 2009). A ingestão de amido resistente reduz as con-centrações de glicose e insulina pós-prandial e deste modo diminui a glicemia no organismo (SILVA e ARAÚJO, 2009; SANTOS, 2010).

Na pesquisa de SANTOS (2010), 20 vo-luntários com idade entre 21 a 29 anos consu-miram uma barra de cereal de 25g elaborada com farinha de banana verde. O resultado in-dicou que o consumo de fibras como o amido resistente presente na farinha de banana verde poderia diminuir as taxas de glicose e a res-posta insulínica pós-prandial.

De acordo com Pereira (2007) o amido resistente contribui para a queda do índice gli-cêmico dos alimentos, proporcionando uma menor resposta glicêmica e, conseqüentemen-te, uma menor resposta insulínica, tornando-se mais adequada, auxiliando no tratamento de DMII (PEREIRA, 2007).

A quantidade de amido resistente encon-trada na farinha de banana verde, segundo o experimento de caracterização físico-químico realizado no núcleo de tecnologia do Estado do Ceará, foi de 72,72g/100g da farinha (BORGES, PEREIRA e LUCENA, 2009).

Considerações Finais5.

O DMII é uma doença crônica não-trans-missível que afeta aproximadamente 10 milhões de pessoas no Brasil. São diversos os fatores que colaboram para o seu aparecimento dessa doen-ça, sendo o h ábito alimentar inadequado da po-pulação, o principal deles.

Se mal controlado, o diabetes mellitus pode acarretar em complicações à saúde, levando a pes-soa até o coma. A alimentação é um dos pilares para seu tratamento, para isso, mudanças no estilo de vida, po r meio da adoção de hábitos alimen-tares saudáveis, como aumento da ingestão de fibras e diminuição do consumo de gordura, são fundamentais para uma adequação metabólica.

Pode-se afirmar que as fibras dietéticas solúveis oferecem benefícios para a saúde dos pacientes diabéticos por diminuir a absorção de carboidratos, tanto com a sua capacidade de for-mar gel como no estímulo da produção de muci-nas, que agem como uma barreira para a glicose não entrar em contato com a mucosa intestinal. Já as fibras insolúveis não exercem influência sobre a glicemia. O uso de farinhas hipoglice-miantes como a de maracujá e banana verde é visto como uma alternativa para enriquecer a dieta de um paciente com DMII. É de suma importância dar opções para pacientes diabéti-cos agregar essas farinhas em produtos, como por exemplo, pães, biscoitos e barras de cereais, melhorando suas qualidades nutricionais, enri-quecendo a alimentação diária e obtendo bene-fícios como o controle da glicemia, além de ser uma alternativa para reduzir o desperdício de subprodutos da indústria alimentícia.

Atualmente alguns consumidores, estão interessados em alimentos orgânicos, naturais e funcionais. Essas farinhas benéficas estão sendo bem valorizadas no mercado, mesmo que ainda por poucos. Há necessidade de mais estudos comprovando efeito de outras farinhas como a de berinjela e de coco, para assim possibilitar a divulgação de novos produtos, principalmente nas classes mais baixas, de uma maneira que possa entrar no orçamento familiar.

A farinha de fibras torna se uma boa al-ternativa para alcançar o consumo total de fibras diariamente. Concluí-se também que a terapia nutricional são fatores determinantes para o tratamento do DM II para uma melhor qualidade de vida do paciente diabético.

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Endereço para Correspondência:Célia Cristina Diogo Ferreira [email protected]. Paulo Erlei Alves Abrantes, n. 1325 - Três PoçosVolta Redonda - RJCEP: 27240-560

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Resumo:O crescimento da obesidade pelo mundo culminou no aumento dos números de cirurgias bariátricas, sendo a Fobi-Capella uma das mais realizadas no Bra-sil. A anemia ferropriva é um dos casos que mais ocorrem devido à nova con-formação do trato gastrointestinal de indivíduos submetidos à gastrectomia. Os prebióticos, em especial inulina, frutooligossacarídeos, amido resistente e polidextrose, podem auxiliar no aumento da biodisponibilidade de minerais, pois são fermentados no intestino grosso produzindo ácidos graxos de cadeia curta e alguns estudos sugerem que o ferro é absorvido na parte proximal do cólon em decorrência da fermentação das fibras. Conclui-se da necessidade de maiores estudos sobre este fenômeno, possibilitando futuramente a determina-ção de usos terapêuticos de prebióticos em pacientes gastrectomizados. Este trabalho baseia-se em uma revisão de literatura, incluindo publicações nacio-nais e internacionais dos últimos quatro anos, livros de nutrição e publicações de órgãos oficiais, sendo o objetivo investigar se os prebióticos estimulam a absorção de ferro em pacientes submetidos à gastrectomia.

1 Discente do curso de Nutrição do UniFOA 2 Nutricionista, mestre em Ciências da Saúde e do Meio Ambiente, Docente do UniFOA

AbstractThe growth of obesity around the world resulted in increasing number of bariatric surgeries, with the Fobi-Capella one of the most accomplished of Brazil. Iron deficiency anemia is one of the most occurring because of the new conformation of gastrointestinal tract of patients undergoing gastrectomy. Prebiotics, especially inulin, fructooligosaccharides, resistant starch and polydextrose, help increase the bioavailability of minerals, they are fermented in the large intestine producing short chain fatty acids. Some studies suggest that iron is absorbed in the proximal colon due to the fermentation of fiber. This underscores the need for more studies on this phenomenon, allowing the determination of future therapeutic uses of probiotics in gastrectomized patients. This study is based on a literature review, national and international publications including the last four years, nutrition books and publications of official bodies, the aim being to investigate whether prebiotics stimulate iron absorption in patients after gastrectomy.

Palavras-chave:

Prebiótico

Ferro

Gastrectomia

ArtigoOriginal

Original Paper

Key words:

Prebiotics

Iron

Gastrectomy

Uso de prebióticos na absorção de ferro em Cirurgia Bariátrica

Use of prebiotics on iron absorption in Bariatric Surgery

Afonso Pinho da Silva Maia¹Alden dos Santos Neves²

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Introdução1.

O ferro é um micronutriente essencial ao organismo humano, sendo parte constituinte de inúmeras proteínas e enzimas. Está presen-te na composição do grupamento heme, sendo responsável pelo carregamento do oxigênio, detoxificação e produção de energia celular (GROTTO, 2010).

Este mineral possui características oxi-redutoras relacionadas ao 8º grupo da classi-ficação periódica, e está comumente ligado ao oxigênio, nitrogênio e enxofre, participando dos procedimentos de transporte do oxigênio promovidos pelas proteínas hemoglobina e mioglobina (COZZOLINO, 2007).

Existem dois tipos de ferro dietético: o heme, conjugado à hemoglobina, mioglobina e enzimas; e o não heme, presente em alimentos de origem vegetal, assim como em produtos de origem animal, como a ferritina e enzimas. Sua absorção é feita através dos enterócitos localizados nas bordas em escova no intestino delgado (duodeno), e diversos fatores influen-ciam neste processo, tais como o ácido clorí-drico (HCl) excretado pelo estômago e micro-nutrientes provenientes da dieta (MAHAN e ESCOTT-STUMP, 2010).

A gastrectomia é um procedimento cirúr-gico que consiste na retirada total ou parcial do estômago, sendo o trânsito gastrointestinal refeito através de anastomose com o duodeno ou jejuno. Com a redução do órgão há diminui-ção na produção de HCl e por conseqüência da absorção do ferro (SANTOS et al., 2010).

Os prebióticos são compostos orgânicos não metabolizados pelo trato gastrointestinal superior, que servem como substrato para mi-crobiota colônica, sendo capazes de estimular a absorção de alguns minerais, dentre eles o ferro (SOUZA et al., 2010).

O trabalho consiste em uma revisão de li-teratura, incluindo publicações nacionais e in-ternacionais dos últimos quatro anos, em base de dados (Scielo, Bireme, Google Scholar, Pub Med), livros de nutrição e publicações de órgãos oficiais.

Esse trabalho tem como objetivo investi-gar se os prebióticos estimulam a absorção de ferro em pacientes submetidos à gastrectomia.

Desenvolvimento2.

OBESIDADE NO BRASIL2.1.

A prevalência da obesidade é crescente no Brasil e no mundo. Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde, em 2015 a projeção para índices de sobrepeso (IMC ≥ 25Kg/m²) será de 2,3 bilhões de casos, e, que a obesidade (IMC ≥ 30Kg/m²) atinja 700 mi-lhões de pessoas (TAVARES et al., 2010).

De acordo com resultados de pesquisas go-vernamentais, como a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) de 2008-2009, e, a Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico de 2009 (VIGITEL), grande parte da população brasi-leira encontra-se com sobrepeso e obesidade.

Cirurgia Bariátrica 2.2.

No Brasil o número de cirurgias bariátri-cas realizadas pelo Sistema Único de Saúde cresceu 542% desde 2001, quando foram rea-lizadas 497 cirurgias. Já no ano de 2008, 3195 pessoas foram submetidas ao tratamento cirúr-gico (BRASIL, 2009 b).

A cirurgia bariátrica é recomendada para pessoas que possuem IMC ≥ 40 Kg/m², ou, 35 Kg/m² associado com comorbidades, tais como hipertensão arterial, dislipidemia e diabetes mellitus. De acordo com estudo re-alizado por Carvalho et al, (2007) em 80,9% dos pacientes submetidos à cirurgia bariátrica ocorreu a extinção dos sintomas da síndrome metabólica, entre eles a redução da glicemia de jejum, normalização dos níveis de hemo-globina glicosilada, e, aumento da lipopro-teína de alta densidade (HDL-colesterol) em 27,2% (CARVALHO et al, 2007).

A cirurgia bariátrica pode acarretar em disfunções fisiológicas, destacando-se o au-mento do risco para o desenvolvimento da doença osteometabólica e redução de densi-dade de mineral óssea (VIÉGAS et al, 2010), além da anemia ferropriva ou megaloblástica (TRAINA, 2010).

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Tipos de Cirurgia Bariátrica2.3.

Existem diversos procedimentos cirúrgi-cos no que se diz respeito a cirurgia bariátrica, destacando-se: derivação gastrojejunal em Y de Roux (Fobi-Capella), diversão biliopancre-ática (Scopinaro) e gastroplastia vertical com bandagem (GVB) (ILIAS, 2011).

A diversão biliopancreática é uma cirur-gia disabisortiva que consiste em gastrectomia subtotal originando um reservatório com ca-pacidades entre 200 e 500 cc, sendo ligado ao intestino delgado. A técnica de Scopinaro leva a uma malabsorção de proteínas, ferro e vita-minas lipossolúveis (AACE, 2008).

Já a técnica de GVB consiste em um pro-cedimento no qual se limita o volume da bolsa gástrica, a sua realização por laparoscopia é um processo menos invasivo, ajustável, e re-versível (GOMES, 2008).

Uma das gastrectomias mais realizadas no Brasil é a derivação gastrojejunal em Y de Roux (Fobi-Capella), por apresentar grande eficácia e baixa morbi-mortalidade. O proce-dimento consiste em reduzir o volume gástrico para 20 cc, a parte restante do estômago, bem como o jejuno, além de redução de cerca de 50 cm do duodeno são excluídos do transito alimentar. A pequena porção restante do es-tômago é anastomosada em uma alça jejunal isolada em Y de Roux, coloca-se um anel de silicone reduzindo a luz gástrica por onde sai-rão as secreções estomacais (FRANCISCO et al., 2007).

Complicações decorrentes 2.4. da Cirurgia Bariátrica

Devido à nova construção do trânsito do trato gastrointestinal decorrente da cirurgia bari-átrica há uma diminuição da biodisponibilidade do ferro, pois há uma menor produção de ácido clorídrico (HCl) pelo estômago, além do trânsi-to do bolo alimentar pelo intestino delgado ser reduzido, levando a um menor tempo de contato com os enterócitos (SHANKAR et al., 2010).

Outro nutriente que tem sua absorção prejudicada é a vitamina B12, pois a produção diminuída de fator intrínseco estomacal acar-reta em uma má absorção da vitamina pelo in-testino grosso. Pacientes que são submetidos à gastrectomia devem fazer reposição através de

injeção intramuscular ou em forma de spray que podem ser aplicadas na região sublingual (BORDALO et al., 2011).

O impacto na saúde dos pacientes sub-metidos à Fobi-Capella, de acordo com estudo realizado por Moreira et al., é caracterizado por perda ponderal de 10,9% no primeiro mês pós cirurgia, e o percentual de perda de ex-cesso de peso é de 39,4% em um período de 90 dias após a cirurgia. A glicemia, coleste-rol total, LDL-c, triglicérides, hemoglobina e hematócrito tiveram redução estatisticamente significativa, apontando riscos de desenvolver anemia (MOREIRA et al. 2010).

A síndrome de dumping é um achado comum nos pacientes submetidos as cirurgias redutoras. De acordo com estudo realizado por Loss et al. (2009) a ocorrência de dumping com base em critérios subjetivos foi de 44%, já quando se aplicou o escore para diagnóstico clínico, a ocorrência foi de 76%; sendo que os sintomas mais recorrentes foram “vontade de deitar” (88%), cansaço (69%) e sono (69%) (LOSS et al., 2009).

Em revisão feita por Guerra e Prado (2010) aponta que a cirurgia bariátrica pode atuar como fator de alto risco para fraturas por perda de massa óssea (GUERRA e PRADO, 2010). Já Cançado et al. (2007) relatam que a gastrectomia é uma das causas básicas da redução dos estoques corporais de ferro (CANÇADO et al., 2007).

Traina (2010) salienta que as causas de anemia após a cirurgia bariátrica são: intolerân-cia à carne vermelha, redução da secreção áci-da, exclusão do duodeno e outros fatores como as hemorragias cirúrgicas (TRAINA, 2010).

As principais complicações clínico-nu-tricionais decorrentes da cirurgia bariátrica são anemia (Mendonça et al., 2008; Miranda, 2008; Santos, 2008; Javier et al., 2008; Traina, 2010; Cuerda et al., 2007; Cançado et al., 2007), alopecia (Pedrosa et al., 2009), vômito / êmese / náusea (Javier et al., 2008; Moreira et al., 2010; Pedrosa et al., 2009), intolerância alimentar (Pedrosa et al. ,2009), síndrome de dumping (Loss et al.,2009; Lemke e Correia, 2008; Moreira et al., 2010), obstipação in-testinal (Moreira et al. ,2010) e alterações ósseas (Guerra e Prado, 2010; Santos, 2008; Paganotto, 2010; Cuerda et al., 2007).

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Prebióticos2.5.

Os primeiros estudos sobre prebióticos surgiram em 1975, quando Burkitt e Trowell sugeriram que uma dieta deficiente em fibras poderia causar doenças como constipação in-testinal, câncer de cólon, hemorróidas e doen-ça diverticular (JOSSE et al. 2008).

Já o termo prebiótico foi introduzido por Gibson e Roberfroid como sendo um ingre-diente alimentar, podendo ser fibra ou carboi-drato, indigerível pelas enzimas gastrointesti-nais, proporcionando benefícios, pois seleciona bactérias no cólon que podem melhorar a saúde do hospedeiro (FORTES e MUNIZ, 2009).

Dentre os prebióticos mais estudados po-demos destacar: inulina, frutooligossacarídeo (FOS) ou oligofrutose (OF), amido resistente (AR) e polidextrose.

Inulina e Frutooligossacarídeo (FOS)2.6.

A inulina é uma fibra solúvel obti-da através da extração da raiz da chicória (Chicoriumintybus) ou da alcachofra-de-jeru-salém (Helianthus tuberosus), também poden-do ser produzida sinteticamente. O processo de obtenção do FOS é semelhante ao da inulina, adicionando ao final a inulase, enzima capaz de hidrolisar as cadeias da inulina (PENHA et al, 2009).

São classificados como oligossacarídeos resistentes, possuindo característica de não sofrer hidrolise das enzimas salivares e in-testinais, chegando ao cólon de forma intacta (MADRIGAL e SANGRONIS, 2007).

Amido Resistente2.7.

O amido resistente pode ser definido como a somatória do amido e seus subpro-dutos decorrentes da degradação que não são digeridos e absorvidos no intestino delgado de indivíduos saudáveis, por conseguinte apre-senta comportamento semelhante ao da fibra alimentar (SILVA e ARAÚJO, 2009).

É componente usual da dieta e pode ser encontrado em alimentos não processados como a banana verde e batata crua, e em ali-mentos processados ou retrogradados como pão e batata cozida resfriada. Sua ingestão atu-al é de 3 g/pessoa/dia (PEREIRA, 2007).

Polidextrose2.8.

A polidextrose é um polissacarídeo ob-tido através da polimerização randômica da glicose, atua como fibra alimentar, pois não é digerida nem absorvida no intestino delgado, além de sofrer fermentação parcial no intestino grosso (PAUCAR-MENACHO et al., 2008)

Estudos comprovam que a polidextrose aumenta a função intestinal, bem como a defe-cação, além de diminuir a absorção de glicose no intestino delgado e aumentar a absorção de cálcio (SANTOS et al., 2009).

Ação prebiótica das fibras2.9.

Por não sofrerem ação das enzimas di-gestivas do trato gastrointestinal superior, as fibras alimentares atingem o cólon de forma inalterada, estimulando o crescimento e a ati-vidade de bactérias do gênero Bifidobacterium e Lactobacilli, e, por conseguinte competindo com as bactérias patogênicas por substrato, acarretando em benefícios locais ou sistêmi-cos (MÄKELÄINEN et al. 2010).

A fermentação dos frutanos é responsável pela produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), destacando-se o acetato, propionato e butirato, que influenciam diretamente a redução do pH intestinal, auxiliando no controle da mi-crobiota, além de serem fonte de energia para as células da mucosa (SAMUEL et al., 2008).

A diminuição do pH do lúmen intestinal ainda favorece a concentração de minerais ioni-zados, aumentando a solubilidades destes e es-timulando a difusão ativa e passiva.Os AGCC influenciam diretamente a difusão dos minerais nos colonócitos, uma vez que modifica a difu-são de íons pela membrana. No meio intracelu-lar os íons H são dissociados dos AGCC sendo secretados para o lúmen, e os minerais absorvi-dos (SCHOLZ-AHRENS et al., 2007)

Metabolismo do Ferro2.10.

A absorção do ferro ainda não é muito clara para o meio científico, todavia o me-canismo inicia-se a nível intestinal. Em um primeiro momento o mineral solubilizado na luz intestinal é absorvido pelo enterócito, em sua superfície apical, utilizando receptores específicos; para o ferro não-heme é aciona-

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do o transportador de metal bivalente DMT-1 (divalent metal transporter-1), já para o ferro heme a proteína de membrana HCP1 (heme carrierprotein), absorvido como metaloporfi-rina intacta (TAKO et al., 2008).

No segundo momento, no interstício ce-lular, o grupamento heme sofre ação da heme oxigenase, separando o ferro da porfirina, se-guindo para o armazenamento, como a ferri-tina. No último momento o ferro é carreado para o plasma através da membrana basolate-ral (SANTOS, 2007).

Como o ferro não-heme é absorvido na sua forma ferrosa (Fe2+), compostos redutores, como a vitamina C,e meios com pH reduzido, favorecem um aumento na absorção. Outro fator importante é a hiperplasia das células do cólon, além do aumento na bifurcação das criptas intestinais, aumentando também a su-perfície de contato (VELASCO et al., 2010).

A absorção do ferro ocorre em todo o intestino delgado, principalmente no duode-no e jejuno proximal. A deficiência de ferro é observada em 70% dos casos de pacientes gastrectomizados. Tal fato se dá devido à re-dução da funcionalidade do estômago e da di-minuição da concentração de ácido clorídrico (SANTOS, 2008).

Entretanto a absorção de ferro pode não só ocorrer no intestino delgado, o intestino grosso pode contribuir para um aumento na absorção do mineral. Tem-se relatado que a absorção do mineral no intestino grosso tem ajudado ratos gastrectomizados a se recuperarem da anemia. Especula-se que há uma adaptação do sistema de absorção de ferro no cólon proximal após a realização da cirurgia redutora, quando o intes-tino delgado se mostra insuficiente para realizar sua função (SANTOS et al., 2011).

Alguns estudos demonstram que os áci-dos graxos de cadeia curta, em especial o pro-pionato, podem aumentar a absorção de ferro no cólon proximal, evidenciando o aumento da biodisponibilidade do ferro dietético causa-do pelos prebióticos (CLARK, 2009).

Considerações Finais3.

Com a pandemia da obesidade no mundo, a cirurgia bariátrica tem se tornado uma alter-nativa cada vez mais acionada no combate as conseqüências relacionadas à doença. Todavia o indivíduo submetido a tal procedimento ci-rúrgico pode evoluir com diversos quadros de deficiência nutricional, dentre as mais impor-tantes às relacionadas ao ferro.

É de extrema importância o acompanha-mento nutricional ao pós-operatório de pacien-tes gastrectomizados para que se possa tomar medidas individualizadas a cada indivíduo.

Em conseqüência da redução da funcio-nalidade do estômago, este passa a produzir uma quantidade menor de HCl, favorecendo uma queda na biodisponibilidade do tipo não-heme do mineral. Estudos comprovam que a anemia ferropriva é uma das conseqüências mais recorrentes da gastrectomia.

Os prebióticos parecem ser importantes aliados no aumento da biodisponibilidade do mineral, pois ao serem fermentados no intesti-no grosso, produzem ácidos graxos de cadeia curta diminuindo o pH do cólon acarretando em uma maior absorção do ferro. Logo o uso de prebióticos em indivíduos gastrectomiza-dos parece aumentar a absorção de ferro.

Em indivíduos sadios o ferro é ampla-mente absorvido nas porções do intestino del-gado, em especial o duodeno e jejuno. Porém, alguns autores demonstram que através de processos ainda não totalmente esclarecidos, após a gastrectomia, existem condições que favorecem a absorção de ferro pelo intestino grosso, em modelos animais experimentais.

Para utilização de prebióticos como me-didas terapêuticas em humanos, mais estudos são necessários a fim de esclarecer a possibi-lidade de absorção de ferro em porções do in-testino grosso.

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Resumo:O ciclismo vem evoluindo e crescendo, contendo atualmente diversos tipos de provas. Com esta evolução, aprimoraram-se conceitos de melhor preparação e melhores treinamentos, tornando os atletas mais preparados para a prática. O aumento do desempenho esportivo através de modificações na dieta tem sido estudado, e sabe-se que a alimentação adequada aliada ao exercício garante melhor desempenho físico e mental, além de maior resistência a infecções e doenças. O objetivo do presente estudo é descrever, através de uma revisão da literatura científica, a importância dos macronutrientes no ciclismo. Conclui-se que é indispensável o aporte energético adequado, fornecendo quantidades preconizadas de carboidratos, proteínas e lipídios tornam-se imprescindíveis, visando a melhora da performance do ciclista, e recomenda-se a inclusão do nutricionista apoiando o trabalho de preparação de equipes de ciclismo.

1 Nutricionista formado pelo UniFOA.2 Mestre em Nutrição Humana. Docente do UniFOA.

AbstractCycling has been evolving and growing, currently with different forms of competitions. This development, brings new concepts, preparing and training better the athletes for practice. Increasing sports performance through changes in the diet has been studied, and it is known that the proper nutrition combined with exercise ensures better physical and mental performance and greater resistance to infection and disease. The aim of this study is to describe through scientific literature the importance of macronutrients in Cycling. Concluding it to be essential to personalize energy intake with amounts of carbohydrates proteins and lipids recommended in order to improve the rider performance, also a nutricionist is recommended to support and well preparing the Cycling Teams.

Palavras-chave:

Ciclismo

Macronutrientes

Performance

ArtigoOriginal

Original Paper

Key words:

Cycling

Macronutrients

Performance

Recomendações de Macronutrientes para ciclistas: Uma revisão bibliográfica

Importance of macronutrients in cycling: a bibliographical review

Filipe de Souza Del Marchesato¹Elton Bicalho de Souza²

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Introdução1.

Conhecido mundialmente, o ciclismo teve sua prática essencialmente esportiva em mea-dos do século XIX, na Inglaterra, quando sur-giram aperfeiçoamentos na fabricação de bici-cletas, que possibilitaram o alcance de maiores velocidades. Com a inclusão nos jogos olímpi-cos, em 1896, tornou-se uma febre na Europa, e, no Brasil, teve seu início ao final do século XIX, em são Paulo, onde já era considerado o esporte da moda. Os últimos resultados do ciclismo brasileiro em competições internacio-nais fizeram com que subisse a popularidade do esporte no país, sendo cada vez mais prati-cado (RUFFO, 2004; MADEIRO, 2010).

Desde então, o ciclismo vem evoluindo e crescendo, contendo atualmente diversas mo-dalidades, como o ciclismo de estrada, ciclis-mo de pista, ciclismo de montanha, BMX e ciclismo de ginásios (Indoor). Começaram a evoluir os conceitos de uma melhor prepara-ção, melhores treinamentos, tornando os atle-tas mais preparados para a prática. A busca por melhor desempenho no ciclismo leva atletas a buscarem uma melhor forma física, boa nutri-ção e uma carga de treinamentos adequados (FARIA e CAVANAGH, 1978).

O aumento do desempenho esportivo através de modificações na dieta tem sido estudado, principalmente a conversão de nu-trientes em energia para utilização como subs-trato sintético (WOLINSKY e HICKSON, 1996). Durante muito tempo o papel da nutri-ção na prática de exercícios físicos foi relega-do a um segundo plano. Porém, investigações ocorridas nos últimos 30 anos demonstraram o efeito positivo do exercício no metabolis-mo de nutrientes, e que esses contribuem com parcela significativa no rendimento durante o exercício (ROSSI e TIRAPEGUI, 1999). Há evidências consistentes de que a nutrição alia-da ao exercício influencia beneficamente na composição corporal, importante fator para esportes de alto rendimento (MONTEIRO, RIETHER e BURINI, 2004).

A nutrição e o treinamento são fundamen-tais para que o atleta tenha bom desempenho. A demanda energética dos treinamentos e compe-tições requer que os atletas consumam uma die-ta balanceada, particularmente rica em carboi-dratos (GUERRA, SOARES e BURINI, 2001).

A alimentação adequada ao exercício é capaz de repor os metabólitos consumidos para a geração de energia, garantir aporte suficiente de substratos para processos de sínteses, forne-cer substratos para o desenvolvimento pleno do potencial do indivíduo, garantindo assim me-lhor desempenho físico e mental, além de maior resistência a infecções e doenças (MAHAN e ESCOTT-STUMP, 2005). O objetivo do pre-sente estudo é descrever, através de uma revi-são da literatura científica de 1978 a 2009, a importância dos macronutrientes no esporte de alto rendimento, especialmente no ciclismo.

Nutrição no Ciclismo2.

As provas de ciclismo duram de 10 se-gundos até aproximadamente 23 dias (tour de France). Os atletas se especializam em dife-rentes tipos de provas, mas tanto um competi-dor de 10 segundos, quanto um de 23 dias não deixam de ter necessidades metabólicas prati-camente iguais (RUFFO, 2004). É um esporte que exige bastante da forma física do atleta, fazendo com que ocorresse uma enorme me-lhora da qualidade de técnicos e equipamentos (GARRICK e WEBB, 1999). Segundo Burke (2003), o ciclismo é um esporte que é propen-so a novas pesquisas sobre o desempenho hu-mano, já que exige tanto da forma física, onde os campos da fisiologia e da nutrição são uns dos que mais exploram este esporte (COYLE, FELTNER e KAUTZ, 1991).

Muitas variáveis contribuem para a per-formance do atleta. A frequência, intensida-de, duração e tipo de exercício são fatores essenciais para um bom condicionamento (PFITZINGER e LYTHE, 2003). Segundo a Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (SBME, 2009), não restam dúvidas quanto às mudanças favoráveis de atletas após o manejo dietético. A alimentação saudável e adequada à quantidade de trabalho deve ser trabalhada com atletas de alto rendimento, como sendo o ponto de partida para obter o desempenho máximo.

O equilíbrio energético do ciclista deve ser monitorado. Segundo Scagliusi e Lancha Júnior (2005), a medida do gasto energético total é um componente fundamental em di-versas pesquisas das áreas de metabolismo e nutrição. O gasto energético total é definido

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como uma resultante entre a ingestão alimen-tar, metabolismo basal, efeito térmico do ali-mento e gasto energético. Ingestão insuficiente de macro e micronutrientes resultam em ba-lanço energético negativo, podendo ocasionar perda de massa muscular, maior incidência de lesão, disfunções hormonais, osteopenia, oste-oporose e maior frequência de doenças infec-ciosas (principais características da síndrome do overtraining). Este processo compromete-rá o treinamento pela queda do desempenho e rendimento esportivo (SBME, 2009).

Para os ciclistas, a redução drástica da caloria da dieta pode não garantir a redução de gordura corporal, além de ocasionar perdas musculares importantes por falta de nutrientes ativos na recuperação após o exercício físico, como carboidratos, vitaminas lipossolúveis e proteínas. Portanto, sugere-se uma dieta que leve em consideração as influencias da here-ditariedade, sexo, idade, peso e composição corporal, condicionamento físico e fase de treinamento, levando em consideração sua fre-quência, intensidade e duração e modalidade (SBME, 2009).

Com relação à alimentação, um dos nutrien-tes mais importantes na demanda de energia em modalidades esportivas de alta intensidade, como é o ciclismo, é o carboidrato (VOLTARELLI, MELLO e GOBATTO, 2004).

Carboidratos2.1.

Em exercícios de longa duração, também conhecidos como endurance, vários são os fa-tores que promovem a fadiga muscular, como por exemplo: biomecânica da corrida, estresse térmico, limiar de lactato, desidratação, por-centagem do VO2 máximo, porcentagem de fibras do tipo I recrutadas e, o conteúdo de gli-cogênio no organismo (AOKI et al., 2003).

Muito tem sido investigado sobre o meta-bolismo energético durante o exercício físico, com ênfase especial no glicogênio muscular. Segundo Lima-Silva et al. (2007), o tempo que um atleta suporta praticar determinado exercício está diretamente associado com a quantidade de glicogênio muscular disponível em seus músculos e no fígado para ressíntese da molécula de adenosina trifosfato (ATP), responsável por gerar energia ao organismo. Logo, níveis aumentados de glicogênio pro-

longam o tempo de esforço, enquanto que o jejum ou reposição inadequada de carboidratos dietéticos leva a uma diminuição no tempo de atividade. A partir desta afirmativa, técnicos, treinadores e nutricionistas passaram a utilizar estratégias dietéticas para aumentar as reservas desse substrato (LIMA-SILVA et al., 2007).

Ingerir carboidratos é fundamental para promover ressíntese de glicogênio hepático e muscular, uma vez que as reservas totais de glicogênio são limitadas (80-100g no fígado e 300-500g no músculo), suficientes apenas para até três horas de exercício contínuo. Uma rápida ressíntese de glicogênio torna-se ainda mais im-portante, sendo três fatores que afetam a ressín-tese de glicogênio: a quantidade e o tipo carboi-drato consumido, além do momento da ingestão no nutriente (MEYER e PERRONE, 2004).

A quantidade de carboidratos consumida parece ser um fator relevante. Segundo as di-retrizes propostas pela Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte, estima-se que a ingestão correspondente a 60 a 70% do aporte calórico diário atende à demanda de um treinamento esportivo, sendo que para otimizar a recupe-ração muscular recomenda-se que o consumo de carboidratos esteja entre 5 e 8g/kg de peso/dia, e para atividades de longa duração e/ou in-tensos, aumentar para até 10g/kg de peso/dia, promovendo assim adequada recuperação do glicogênio muscular e/ou aumento da massa muscular (SBME, 2009).

A escolha dos alimentos fontes de carboi-drato, assim como as preparações das refeições que antecedem as provas, devem respeitar al-guns princípios básicos, descritos pela SBME (2009):

Respeitar as características gastrintesti-• nais individuais dos atletas;Fracionar a dieta em três a cinco refeições • diárias;Considerar o tempo de digestão necessária • para a refeição pré-exercício;Avaliar o tamanho da refeição e a compo-• sição em quantidades de fibras.

Algumas preparações podem exigir mais de três horas para o esvaziamento gástrico, e, na impossibilidade de esperar este tempo, deve-se evitar o desconforto gástrico com refeições pobres em fibras e ricas em car-

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boidratos, realizando uma preparação com consistência leve ou líquida. Assim, a refeição facilita o esvaziamento gástrico, mantém a gli-cemia e maximiza os estoques de glicogênio (DOUGLAS, 2002).

No ciclismo, a quantidade de glicogênio consumida depende da duração da prova. Se for de curta duração, como primeira opção de ingestão de carboidratos sugere-se a escolha de alimentos como batata, pão, bolo, biscoito e massa, que possuem um alto índice glicêmico (IG). O IG é um marcador que indica a veloci-dade do organismo ao ingerir um carboidrato de um determinado alimento elevar os níveis de glicose sanguínea pós-prandial. Alimentos com elevado IG fazem o pâncreas liberar ele-vadas quantidades de insulina, promovendo maior captação celular de moléculas de mo-nossacarídeos da circulação sanguínea, trans-formando-as em energia (DOUGLAS, 2002; MAHAN e ESCOTT-STUMP, 2005).

Já para provas de resistência, os ciclistas devem consumir entre 7 e 8g/kg de peso ou 30 a 60g de carboidrato, evitando hipoglicemia, depleção de glicogênio e fadiga. Recomenda-se o consumo de carboidratos de baixo índice glicêmico (frutas, por exemplo, uva, banana, laranja, etc) antes das provas, pois estes lib-erarão energia mais lentamente, promovendo maior tempo de produção de energia através do alimento consumido. Durante, pode-se bal-ancear o consumo de carboidratos de baixo IG e alto IG, objetivando a manutenção dos níveis de energia (AOKI et al., 2003; MAHAN e ESCOTT-STUMP, 2005; SBME, 2009).

Para repor o glicogênio após as provas, recomenda-se a ingestão de carboidratos sim-ples entre 0,7 e 1,5g/kg peso no período de quatro horas, suficiente para a ressíntese plena de glicogênio muscular. Frequentemente, be-bidas especialmente desenvolvidas para atle-tas possuem carboidratos, e são muito consu-midas (SBME, 2009).

Proteínas2.1.

Nos últimos anos, as necessidades de pro-teína têm recebido atenção especial por serem indispensáveis no reparo de micro lesões musculares, decorrentes da prática esportiva. Essas necessidades podem variar de acordo com o tipo de exercício praticado, intensidade,

duração e frequência. Outro fator importante das proteínas é no desenvolvimento ou a atro-fia do músculo esquelético, pois estas funções dependem do balanço entre a taxa de síntese e taxa de degradação protéica intracelular (KIMBALL, VARY e JEFFERSON, 1994; LUCIANO e MELLO, 1998; SMBE, 2009).

Como já visto, dependendo da intensidade e duração do exercício, o carboidrato necessita de constante reposição para repor reservas de glicogênio muscular, e o conteúdo protéico-muscular também pode sofrer influência do exercício crônico, refletindo em aumento deste substrato (ROGATTO e LUCIANO, 2001).

Ao promover o aumento da ingestão de carboidrato, vimos que o pâncreas eleva a liberação de insulina, e esta é um importante regulador da síntese protéica e da proteó-lise no músculo esquelético. O balanço entre síntese protéica e da proteólise determina a massa muscular de um indivíduo. A insulina pode, ainda, estimular o transporte de amin-oácidos para dentro da célula e/ou aumentar a eficiência do processo de tradução, atuando na etapa de iniciação da síntese protéica. A presença de maiores teores protéicos no mús-culo esquelético pode dever-se a um aumento da área de secção transversa da fibra mus-cular e/ou a uma maior quantidade de fibras musculares pela ação do treinamento físico. Portanto, a ação dos aminoácidos da proteína da dieta depende muito da quantidade de car-boidrato contida na refeição diária do atleta (LUCIANO e MELLO, 1998; ROGATTO e LUCIANO, 2001).

Segundo Maestá et al. (2008), não só a quantidade, mas a composição da proteína de-vem ser avaliadas e levadas em consideração. Proteína de origem animal, como carne, leite e ovos são mais recomendados, por possuírem todos os aminoácidos indispensáveis ao organ-ismo (DOUGLAS, 2002). Além de proteínas, o consumo de aminoácidos específicos ou de misturas de aminoácidos melhora o desempen-ho no exercício. Arginina, lisina, glutamina, es-timulam hormônios anabólicos (insulina, GH, IGF-1), enquanto que aminoácidos de cadeia ramificada são importantes na regulação me-tabólica da síntese protéica muscular. Por este motivo, houve um grande aumento no consu-mo de suplementos de aminoácidos deste tipo (BCAA). Porém, segundo Gibala (2009), estu-

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dos não revelaram nenhum efeito da suplemen-tação dos BCAA no desempenho.

Dependendo do tipo, intensidade e du-ração do exercício e, possivelmente, do sexo, existe uma necessidade de aumento da proteí-na para reparar micro lesões musculares, uti-lização como substrato energético e eventual hipertrofia muscular. Pode haver necessidade de suplementos protéicos. No entanto, não há evidências suficientes que confirmem esse efeito, o que deve continuar a estimular o inte-resse na investigação das vantagens das prote-ínas e aminoácidos na performance desportiva (CAMPOS, 2008).

Provas de ciclismo de velocidade exigem maiores consumos de proteínas quando com-paradas com provas de resistência. Para pro-vas de velocidade, 1,2 a 1,6g/kg de peso de proteína por dia atendem a necessidade de seu consumo diário. Para provas que objetivam re-sistência, sugere-se a ingestão de 1,6 a 1,7 g/kg de peso de proteína por dia (SBME, 2009).

Lipídios2.2.

Os lipídeos são moléculas altamente en-ergéticas, fornecendo 9 kcal por cada grama ingerida. São estocados em quantidades impor-tantes nos adipócitos e músculos, fazendo com que sejam mais eficientes quanto ao estoque energético do que o glicogênio. Também são capazes de fornecer alto número de ATP, cer-ca de 147 moléculas (ANDRADE, RIBEIRO e CARMO, 2006).

Os lipídios são fontes de combustível importante para o organismo durante o es-forço físico, sendo fundamentais, principal-mente, quando as reservas de glicogênio es-tão sendo depletadas o que se ocorrer, leva à fadiga (ANDRADE, RIBEIRO e CARMO, 2006). Logo, a utilização dos ácidos graxos, cujo estoque é elevado, é iniciada, porém por ser o carboidrato o substrato dominante, torna a oxidação dos ácidos graxos limitada. Para se obter energia a partir dos lipídios, vá-rias etapas são iniciadas, como a mobilização dos ácidos graxos dos adipócitos, transporte dos mesmos até as células musculares, mobi-lização dos ácidos graxos dos estoques intra-musculares de triglicerídeos, transporte para dentro da mitocôndria, e, sua β-oxidação (ge-ração de energia).

A β-oxidação consiste na oxidação com-pleta de ácidos graxos que, submetidos a uma série de reações oxidativas, resulta na forma-ção de acetil-CoA, que será metabolizado no ciclo de Krebs, via comum do metabolismo, gerando energia (DOUGLAS, 2002).

Fatores como duração, intensidade e adaptação do atleta ao esforço são fundamen-tais para que se possa fazer uso dessa energia. Estratégias têm sido estudadas para que o or-ganismo possa suportar cada vez mais altas intensidades, sem prejuízo e limitações de suas reservas. Metodologias de treinamento e inter-venções nutricionais têm sido pesquisadas com a finalidade de potencializar a produção de energia a partir dos ácidos graxos no exercício (ANDRADE, RIBEIRO e CARMO, 2006).

Alguns estudos sugerem efeito positivo de dietas hiperlipídicas no desempenho atlé-tico, propondo a suplementação de lipídios de cadeia média e longa poucas horas antes ou durante o exercício. Porém, a SBME (2009) recomenda que diante da falta de estudos, evi-dências científicas consistentes, não deve ser utilizado esse tipo de suplementação, porém, a ingestão de lipídios não deve ser excessiva-mente baixa, uma vez que segundo Andrade, Ribeiro e Carmo (2006) estudos sugerem que níveis abaixo de 15% do gasto energético total já produzem efeitos negativos.

Vários autores sugerem uma recomenda-ção de 1g de gordura por kg/peso corporal, o que equivale a 20-30% do valor calórico total da dieta de atletas (incluindo ciclistas). Vale ressaltar que a parcela de ácidos graxos es-senciais deve ser de 8 a 10g/dia (McARDLE, KATCH e KATCH, 2001; MAHAN e ESCOTT-STUMP, 2005; BACURAU, 2001; BIESEK, ALVES e GUERRA, 2005; NABHOLZ, 2007; SBME, 2009).

Considerações Finais3.

É inegável a importância de uma boa alimentação no rendimento de esportistas em geral. Independente do tipo de prova, os ma-cronutrientes são fundamentais para fornecer condições metabólicas favoráveis ao atleta. Logo, recomenda-se uma dieta individualiza-da, que considera as características do ciclista, como idade, tipo de prova, preferências ali-

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mentares, VO2 máximo, etc. Prover o aporte energético adequado, fornecendo quantidades preconizadas de carboidratos, proteínas e li-pídios tornam-se imprescindíveis, visando a melhora de sua performance.

Para que a produção de energia não fique comprometida durante as provas de ciclismo, o fornecimento de carboidratos deve ser ade-quado, pois é a principal fonte energética, e sua reserva (glicogênio) é degradada rapidamente. Com relação a proteína, faz-se necessária a re-posição da mesma para reparo de micro lesões musculares, e, no bom funcionamento do mús-culo esquelético. Já os lipídios são importantes fontes energéticas, a partir dos ácidos graxos.

Estabelecer condutas nutricionais ade-quadas que assegurem a saúde, recuperação e o rendimento máximo, torna-se uma boa estratégia para equipes de ciclismo, portanto, o presente estudo recomenda a inclusão do nutricionista apoiando o trabalho de prepara-ção destas equipes, e sugere a realização de novos estudos para comprovar a eficácia não só dos macronutrientes, mas também de mi-cronutrientes e da hidratação para o sucesso do atleta.

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Endereço para Correspondência:Elton Bicalho de [email protected]. Paulo Erlei Alves Abrantes, n. 1325 - Três PoçosVolta Redonda - RJCEP: 27240-560

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Resumo:O objetivo do estudo foi avaliar o estado nutricional e comportamento alimen-tar relacionando-os com a insatisfação das áreas do corpo e auto-imagem entre os adolescentes. O estudo foi transversal e controlado, realizado em uma escola da rede estadual localizada no município de Volta Redonda – RJ, com 158 adolescentes de 14 a 19 anos de idade. Foram aplicados os questionários para analise do perfil socioeconômico, comportamento alimentar, insatisfação de áreas corporais e grau de insatisfação em relação à auto-imagem corporal. Foi feita a avaliação antropométrica e da composição corporal dos adolescentes participantes. Observou-se que meninos encontram-se mais satisfeitos com a aparência de um modo geral (73,1%) do que as meninas (53,5%), apresentan-do diferença significativa. Porém ambos os sexos relatam insatisfação com o peso, evidenciada pelo desejo em emagrecer de 44,3% das meninas e desejo ao ganho de peso em 37,2% nos meninos, apesar da maioria dos adolescentes serem eutróficos. Constatou-se, ainda, um nível elevado de restrição alimentar entre as meninas. Tais resultados preocupam visto que os sintomas observados são indicadores para desenvolvimento de possíveis transtornos alimentares.

1 Discente do Curso de Nutrição do Centro Universitário de Volta Redonda-RJ.2 Professora Doutora do Curso de Nutrição do Centro Universitário de Volta Redonda-RJ

AbstractThe aim of this study was to evaluate the nutritional status and feeding behavior correlate with the body parts dissatisfaction and self-image among adolescents. The study was cross-sectional and controlled, accomplished in a state school in the municipality of Volta Redonda - RJ, with 158 adolescents aged 14 to 19 years old. Questionnaires were applied to analyze the socioeconomic profile, feeding behavior, dissatisfaction with body areas and degree of dissatisfaction with body self-image. Was assessed anthropometric and body composition of adolescent participants. It was observed that boys are more satisfied with their appearance in general (73.1%) than girls (53.5%), with significant difference. However both sexes reported dissatisfaction with weight, as evidenced by the desire to lose weight in 44.3% of girls and wish to weight gain in 37.2% in boys, while the majority of adolescents are eutrophics. It was found also a high level of food restriction among girls. These results concern since the symptoms are indicators for developing of potential eating disorders.

Palavras-chave:

Estado Nutricional

Comportamento Alimentar

Insatisfação Corporal

Adolescentes.

ArtigoOriginal

Original Paper

Key words:

Nutritional Status

Feeding Behavior

Body Dissatisfaction

Adolescents.

A relação entre o estado nutricional e comportamento alimentar em adolescentes de uma escola pública de Volta Redonda – RJ

The relationship between nutritional status and eating behaviors in adolescents from a public school in Volta Redonda – RJ

Renata Germano Borges de Oliveira Nascimento Freitas1

Margareth Lopes Galvão Saron2

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Introdução1.

O comportamento alimentar tem rece-bido um destaque especial em relação aos comportamentos que promovem a saúde. Principalmente em fases de crescimento, como é o caso da adolescência. É nesta etapa que o indivíduo adquire 20 a 25% da altura e 50% do peso. Com isto, o aporte adequado de nutrien-tes é fundamental para um desenvolvimento saudável desses adolescentes. Sendo assim, o uso de dietas restritivas, podem prejudicar este desenvolvimento e aumentar os riscos de do-enças (SAITO, 1993; VIANA, 2002; SERRA e SANTOS, 2003; VIEIRA, 2005).

Vários estudos relacionam os distúrbios alimentares e a distorção da imagem corporal com o “padrão de beleza” ditado pela mídia e cobrado pela sociedade. A magreza tem sido enaltecida e vista como sinônimo de corpo ideal. O adolescente, por sua vez, tem menta-lizado seu ideal de corpo e quanto mais se di-ferenciar da realidade maior o conflito interno, acarretando uma série de problemas a nível psicológico como os transtornos alimentares (SERRA; SANTOS, 2003; SAIKALI et al., 2004; BRANCO; HILARIO; CINTRA, 2006; CAMPAGNA; SOUZA, 2006; MALDONADO, 2006; DUNKER; FERNANDES; CARREIRA FILHO, 2009; ORSI; CRISOSTIMO, 2009; SAMPEI et al., 2009).

Os transtornos alimentares são caracteri-zados por modificações graves no comporta-mento alimentar devido a uma preocupação ob-sessiva com o peso, insatisfação com algumas áreas corporais e distorção da própria imagem. Ocasionando uma brusca redução ou ganho de peso e complicações a saúde (SAIKALI et al., 2004; SILVA; PONTIERI, 2008).

Então é de suma importância estudos nesta área, de modo, a diagnosticar ou sina-lizar possíveis casos de transtornos entre os adolescentes. De maneira a prevenir ou mini-mizar as co-morbidades que esta doença acar-reta à saúde do ser humano (PINZON et al., 2004). Sendo assim, o presente estudo teve como objetivo avaliar o estado nutricional e comportamento alimentar relacionando-os com a insatisfação das áreas do corpo e auto-imagem entre os adolescentes.

Material e métodos2.

A pesquisa realizada foi de caráter trans-versal. Sendo conduzida em uma escola de ensino fundamental e médio da rede estadual localizada no município de Volta Redonda – RJ, com 158 adolescentes de 14 a 19 anos de idade, do sexo masculino e feminino, cursan-do do 1º ao 3º ano do ensino médio. Foram excluídos os adolescentes com idade superior a 19 anos; gestantes; alunos com membros en-gessados; recusa em participar da coleta de da-dos, não autorização dos pais ou responsáveis; não comparecimento à escola no dia marcado para a coleta de dados.

Aplicou-se um questionário para análise do perfil socioeconômico e cultural dos par-ticipantes. Quanto à avaliação do comporta-mento alimentar foi utilizado o questionário dos três fatores alimentares –TFEQ, propos-to por Stunkard e Messick (1985) e adaptado por Natacci (2009). A análise foi realizada por meio de três subescalas: restrição cognitiva (21 itens), desinibição (16 itens) e fome percebida (14 itens). Posteriormente, calculou-se as pon-tuações para os três fatores, sendo classificados entre baixa, média e alta intensidade. Os esco-res de classificação para restrição, desinibição e fome são respectivamente: baixa 0-5; 0-9; 0-4; média 6-9; 10-12; 5-7; alta ≥ 10; ≥ 13; ≥ 8.

Para avaliar a insatisfação de áreas corpo-rais aplicou-se a escala proposta por Brown et al. (1990) adaptada por Loland (1998). A verificação da auto-imagem corporal foi realizada por meio do grau de insatisfação com a escala de figuras proposta por Stunkard et al., (1983) adaptada por Scagliusi et al., (2006). Sendo analisada a discre-pância entre o número da figura escolhida como atual e o número da figura escolhida como ideal, de forma que, quanto mais próximo de zero for o resultado, menor a insatisfação corporal.

A avaliação antropométrica foi realizada a partir da aferição de peso e estatura de acordo com as técnicas recomendadas por Lohman e colaboradores (1988). Para a coleta dos dados antropométricos foram utilizados os seguintes instrumentos: estadiômetro e adipômetro da marca Sanny, balança digital da marca Plenna com capacidade para 150 Kg e fita métrica inextensível com precisão de 0,1 cm. Com os dados do peso e da altura, foi calculado o Índice de Massa Corporal (IMC) (WHO, 1995).

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A composição corporal foi determinada a partir da obtenção da circunferência braquial (CB), prega cutânea triciptal (PCT) e prega cutânea subescapular (PCSE) de acordo com o procedimento descrito por Lohman e cola-boradores (1988). Os valores obtidos da prega cutânea do tríceps e da circunferência braquial foram calculados as medidas derivadas: área muscular braquial (AMB) e a área adiposa braquial (AAB).

Para determinação dos valores de esco-re-z das referências CDC (2000), foi utili-zado o programa computacional SISCRES (MORCILLO; MARINI, 2003). Para a clas-sificação do estado nutricional foram adota-dos os critérios propostos pela World Heatlh Organization (WHO, 1995).

A análise comparativa e associações fo-ram avaliadas com auxílio do programa de computador Statiscal Package for the Social Sciences® (SPSS) versão 15. Foram utilizados testes T-Student e Qui-quadrado. O valor de significância considerado foi de 5%. O projeto foi submetido e aprovado (Protocolo 075422) pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário de Volta Redonda –RJ.

Resultados3.

Os resultados mostraram que o percentual de meninas foi de 22,8% superior aos meninos e a faixa etária predominante dos adolescentes foi entre 16 e 17 anos, com variação de 14 a 18 anos de idade (Tabela 1).

Tabela 1- Descrição da amostra em relação ao sexo e faixa etária.

Variáveis N % Percentual Sexo

Masculino 61 38,60Feminino 97 61,40

Idade 14 anos 2 1,26 15 anos 30 18,99 16 anos 55 34,81 17 anos 54 34,18 18 anos 17 10,76

Referente à média dos parâmetros antro-pométricos observa-se que houve diferença significativa para os valores de peso, IMC e PCSE entre as meninas e meninos. Sendo que para esses parâmetros os maiores valores fo-ram obtidos pelas meninas (Tabela 2).

Ao classificar o estado nutricional dos adolescentes pela área adiposa braquial (AAB)

e área muscular braquial (AMB), os resultados mostraram predominancia da adequação nutri-cional em ambas as análises. Sendo 100% dos meninos e 98% das meninas eutróficos segun-do a AAB. Em relação a AMB constatou-se que 68,8% dos meninos e 90,8% das meninas apresentam eutrofia, porém ressalta-se a deple-ção de massa magra em 31,2% dos meninos.

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Tabela 2 - Comparação dos valores médios dos parâmetros antropométricos.

Parâmetros antropométricos

Masculinomédia ± D.P

Femininomédia ± D.P

Valor de P(Teste T)

Peso/Idade 0,096 ±1,10 0,11± 0,97 0,014Estatura/Idade -0,21 ± 0,98 - 0,06±0,99 0,423

Índice de Massa Corporal - 0,08 ±1,06 0,19 ±0,96 0,019

Circunferência do Braço -0,66±0,89 -0,45±1,30 0,267Prega Cutânea Triciptal 0,46±1,03 0,42±0,97 0,821

Prega Cutânea Subescapular 0,13±0,71 0,55±0,73 0,001

Área Muscular Braquial -1,63 ±1,28 -0,60±1,51 0,701Área Adiposa Braquial 0,54 ±1,01 0,11±1,33 0,535

Soma das Pregas Cutâneas 0,32±0,79 0,48±0,80 0,208

Quanto a classificação nutricional pelo IMC, percebe-se que apesar de predominar a eutrofia em ambos os sexos, as meninas apre-sentaram maior prevalência de sobrepeso que os meninos (Tabela 3).

Quando realizado a correlação entre o grau de satisfação e o estado nutricional, os resultados mostraram que a maioria dos meni-

nos insatisfeitos apresenta adequação do esta-do nutricional (Tabela 3).

Em relação às meninas, a maior parte in-satisfeita com o corpo também está eutrófica. Percebeu-se, ainda, que a única adolescente diagnosticada com magreza está mediamente satisfeita com o corpo (Tabela 3).

Tabela 3 – Correlção entre o grau de satisfação e o estado nutricional.

Satisfação CorporalMagreza Sobrepeso Obesidade Eutrofia

% N % N % N % N

Sexo Masculino

Insatisfeito 5,0 1 15,0 3 0,0 - 80,0 16

Mediamente Satisfeito 0,0 - 10,0 3 3,3 1 86,7 26

Satisfeito 9,1 1 9,1 1 0,0 - 81,8 9

Sexo Feminino

Insatisfeito 0,0 - 10,0 3 3,3 1 86,7 26

Mediamente Satisfeito 4,2 1 20,8 5 0,0 - 75,0 18

Satisfeito 0,0 - 18,6 8 2,3 1 79,1 34

De acordo com a tabela 4, os meninos encontram-se mais satisfeitos com a aparência de um modo geral (73,1%) do que as meninas (53,5%), apresentando diferença significativa. Observa-se, ainda, diferenças significativas

entre meninos e meninas em relação a coxa, cintura e quadril. Porém para ambos há uma insatisfação com o peso, seguido do braço nos meninos e altura nas meninas (Tabela 4).

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Tabela 4 - Distribuição percentual de adolescentes, segun-do o sexo, áreas corporais e grau de satisfação corporal.

Masculino n = 61 Feminino n = 97 TesteÁreas

corporaisA

(%)B

(%)C

(%)A

(%)B

(%)C

(%) x2(p)

Altura 63,9 18,0 18,1 53,2 19,1 27,7 5,10 (0,078)Braços 54,1 24,6 21,3 65,0 23,6 11,4 0,10 (0,951)Cabelos 52,5 29,5 18,0 49,0 32,3 18,7 1,91 (0,38)Cintura 65,5 15,5 19,0 57,2 21,9 20,9 16,82 (0,00)Costas 62,3 21,3 16,4 67,7 19,8 12,5 1,34 (0,511)Coxas 60,0 20,0 20,0 58,3 26,0 15,7 6,02 (0,049)

Estomago 67,2 18,0 14,8 50,5 24,2 25,3 5,10 (0,165)Geral 73,1 23,1 3,80 53,5 34,9 11,6 7,26 (0,026)

Nádegas 62,7 27,1 10,2 63,2 22,0 14,8 2,83 (0,24)Pernas 63,3 21,7 15,0 59,4 21,9 18,7 3,00 (0,22)Peso 50,8 19,7 29,5 48,0 14,5 37,5 4,00 (0,135)

Quadril 57,6 30,5 11,9 51,1 26,0 22,9 10,23 (0,006)Rosto 65,6 24,6 9,8 68,1 24,7 7,2 3,22 (0,199)Seios - - - 47,4 30,9 21,7 1,81 (0,404)Tônus 46,3 37,9 15,8 54,3 27,2 18,5 1,45 (0,484)Tórax 67,3 18,0 14,7 62,3 24,7 13,0 0,80 (0,67)

A = Satisfação; B = Satisfação Média; C = Insatisfação.

Quanto à auto-imagem corporal, veri-fica-se uma satisfação de 49,2% nos meni-nos, seguido de um desejo ao ganho de peso.

Enquanto que nas meninas 44,3% desejam perder peso e a menor parte está satisfeita com o próprio corpo (Tabela 5).

Tabela 5 - Grau de insatisfação da imagem corporal por meio da figura de silhuetas.

De acordo com o TFEQ, os adolescentes apresentaram escore médio para restrição alimentar, baixo para desinibição e médio para a percepção da fome. Enquanto que ao observar separadamente por sexo, nota-se que o resultado se manteve o mesmo com exceção do escore para restrição alimen-tar que foi considerado alto entre as meninas (Tabela 6).

Tabela 6 - Escore e classificação do questionário dos três fatores alimentares (TFEQ).

Escore Restrição Desinibição FomeMasculino 8,00 6,00 7,00Feminino 10,00 6,00 6,00Total 9,00 6,00 7,00ClassificaçãoMasculino Médio MédioFeminino Alto MédioTotal Médio Médio

Grau de insatisfação Sexo feminino Sexo masculino

N % N %Desejo de engordar 30 31 20 32,7Satisfeitos 24 24,7 30 49,2Desejo de emagrecer 43 44,3 11 18,1

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Discussão4.

Ao analisar alguns estudos, observa-se que a participação do sexo feminino é predo-minante de forma semelhante ao que ocorreu nesta pesquisa. As pesquisas realizadas nesta área mostram que 90% dos casos de transtornos alimentares acometem adolescentes do sexo feminino (MAGALHÃES; MENDONÇA, 2005; ESPÍNDOLA; BLAY, 2006; NUNES; HOLANDA, 2008; ROSA; GOMES; RIBEIRO, 2008; PERINI et al., 2009).

O sexo feminino é, geralmente, o público mais susceptível a se deixar influenciar pelo meio cultural, social e econômico relacionado à esfera da estética. Afinal a sociedade não aceita e até discrimina os indivíduos que apresentam excesso de peso (GONÇALVES et al., 2008).

Paralelamente, a adolescência é uma fase que reúne uma série de conflitos cruciais na ju-ventude. Existem ainda alterações tanto de or-dem morfológica, como psicológica. Estas alte-rações e conflitos contribuem para uma maior susceptibilidade deste grupo aos transtornos alimentares (TRAEBERT; MOREIRA, 2001).

Quanto ao estado nutricional avaliado neste estudo, observou-se que apesar da predo-minância da eutrofia nos adolescentes, nota-se que o peso excessivo vêm crescendo entre os adolescentes, principalmente nas meninas. Já ao avaliar o AAB e o AMB, encontrou-se valo-res adequados para a maioria da população. De acordo com Magalhães e Mendonça (2003), o sobrepeso vem crescendo em todo o mundo, sendo que no Brasil a região sudeste apresenta 11,53% de adolescentes com sobrepeso.

Conti, Frutuoso e Gambardella (2005), em sua pesquisa com adolescentes observaram que existe relação significativa entre sobrepeso e insatisfação nas áreas corporais. No presente estudo a insatisfação corporal relacionou-se, principalmente com a eutrofia.

Ciorlin e Nozaki (2009), em sua pesquisa, perceberam que as adolescentes com sobrepe-so têm maior propensão à distorção da auto imagem (39,18%) e a desencadear compulsão alimentar (30,77%) em relação aos adolescen-tes com peso adequado.

Entretanto, Bosi e colaboradores (2006 e 2008), concluíram que grande parte das alu-nas avaliadas, desejava emagrecer apesar de serem classificadas como eutróficas pelo IMC.

Outro estudo realizado por Nunes e colabo-radores (2001) com indivíduos do sexo fe-minino, notaram que 60% se achavam acima do peso, porém na realidade estavam com o IMC adequado. Já no estudo de Kakeshita e Almeida (2006) notaram que a maior (87%) parte das mulheres, tanto as eutróficas como as com sobrepeso, se identificaram com peso acima do real.

Alvarenga e colaboradores (2010 b), ana-lisando universitárias de cinco regiões brasi-leiras com a escala de Silhuetas de Stunkard, observaram que 64,4% desejavam perder peso. Em outro estudo Veggi e colaboradores (2004), verificaram que dos 3526 indivíduos 56,7% do masculino e 70,9% do feminino se auto-perceberam com peso acima do desejado. Kakeshita (2004), também constatou distor-ção da imagem corporal em ambos os sexos. No presente estudo, ao avaliar os adolescentes com a escala de Silhuetas de Stunkard, perce-beu-se o desejo de emagrecer nas meninas e satisfação na população masculina.

Contudo, no que diz respeito aos meni-nos, vários fatores levam a crer que os ado-lescentes insatisfeitos almejam um corpo mais volumoso. Primeiramente pela maioria dos meninos com insatisfação apresentarem eutro-fia. Em seguida, devido à insatisfação com o peso e o braço que pode estar relacionada com a depleção de massa magra, observada nos me-ninos, ao avaliar AMB. Em contra partida, no público feminino nota-se que as adolescentes desejam emagrecer e estão insatisfeitas com áreas corporais que evidenciam adiposidade no corpo feminino. Apesar de a grande maio-ria também ser considerada eutrófica em todos os parâmetros antropométricos analisados.

Quadros e colaboradores (2010), recen-temente concluíram, em seu estudo, que os in-divíduos do sexo feminino apresentam maior insatisfação quanto ao peso excessivo e o mas-culino por baixo peso. Observando correlação significativa entre o estado nutricional e a ima-gem corporal em ambos os sexos.

Russo (2005), em seu estudo notou que indivíduos do sexo feminino tendem a distor-cer o tamanho do corpo, levando-os a práticas como: indução ao vômito, uso de medicamen-tos laxativos, diuréticos e jejum prolongado. No que diz respeito ao sexo masculino houve preocupação em ficarem fortes e musculosos.

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Bruch (1962) aponta a distorção da ima-gem corporal como sendo o sintoma mais rele-vante do transtorno de ordem alimentar, além de ser um dos três fatores que favorecem o surgimento da anorexia nervosa, ao desenvol-ver a primeira teoria sistemática relacionada a distorções na imagem corporal em transtornos alimentares.

A distorção da imagem corporal foi evi-denciada, quando as meninas apresentaram in-satisfação com o corpo e desejo de emagrecer, embora estivessem eutróficas. Indicando assim, que o padrão de beleza para estas meninas é es-tar abaixo do peso considerado adequado.

O estudo de Maldonado (2006), com duas revistas voltadas para o público feminino, ob-servou que as mulheres da capa apresentaram IMC médio de 18,18 kg/m2. Sendo que das 24 mulheres analisadas, apenas 2 encontravam-se com IMC acima de 20 kg/m2.

A influência da mídia, apologia à magre-za e o culto da beleza externa são nítidos ao analisar que modelos e atores estão cada vez mais magros, no caso das mulheres, e muscu-losos, em relação aos homens. Ou seja, para se ser aceito na sociedade e alcançar o sucesso é necessário ter este estereótipo, ditado como padrão de beleza. O grande problema é que para se alcançar este objetivo, os indivíduos lançam mão de anabolizantes e/ou dietas res-tritivas que podem se tornar crônicas desen-cadeando transtornos alimentares (SAIKALI et al., 2004; RUSSO, 2005; MALDONADO, 2006; ORSI; CRISOSTIMO, 2009; SAMPEI et al. 2009; ALVARENGA et al., 2010 a).

No contexto do presente estudo, as conse-quências discutidas acima foram, claramente, evidenciadas ao se encontrar elevado o nível de restrição alimentar na população feminina. Na revisão de literatura feita por Viana (2002) foi observado valores mais altos de restrição alimentar entre as mulheres. Um estudo reali-zado por Hermsdorff e colaboradores. (2006) e outro por Volp (2005), observaram escore elevado para restrição alimentar nas mulhe-res classificadas como eutróficas e percepção de fome alta nas com sobrepeso. Outra pes-quisa realizada por Costa (2009), analisando indivíduos com variados níveis de sobrepeso percebeu nível baixo de desinibição e médio de restrição e fome.

As dietas restritivas são uma tática cogni-tiva e comportamental que os indivíduos utili-zam para controle do peso, se auto-impondo a inúmeras restrições e obrigações alimentares. Moreira, Sampaio e Almeida (2003) constata-ram, com 380 indivíduos, que a ingestão caló-rica foi inferior entre as mulheres com restri-ção alimentar elevada.

Contudo, sabe-se que este comporta-mento restritivo pode desencadear um efeito rebote, levando à compulsão alimentar. De forma que o individuo venha a optar por ali-mentos inapropriados que, de algum modo, suavizam os conflitos e tensões momentâne-as (MORGAN; VECCHIATTI; NEGRÃO, 2002; BERNARDI; CICHELERO; VITOLO, 2005; NATACCI, 2009).

De fato os transtornos alimentares mo-dificam o comportamento do individuo ao se alimentar. Acarretando uma série de complica-ções, podendo inclusive, causar a morte, uma vez que a alimentação é uma necessidade bási-ca para a sobrevivência do ser humano. Sabe-se também que o diagnóstico e tratamento preco-ce têm maior eficácia. Afinal as conseqüências à saúde do paciente dependem do grau da des-nutrição e dos métodos de compensação usa-dos (TOLEDO; DALLEPIANE; BUSNELLO, 2009; SILVEIRA et al., 2009; PINZON et al., 2004; PINZON; NOGUEIRA, 2004).

Conclusão5.

Neste estudo observou-se uma série de fatores precursores para o desenvolvimento de transtornos alimentares, apesar da elevada prevalência de adequação do estado nutricio-nal dos adolescentes.

Os meninos apresentam satisfação quan-to ao corpo, seguido de um provável desejo de engordar. De forma oposta, as meninas se mostram insatisfeitas com o corpo, desejando emagrecer mesmo apresentando estado nutri-cional adequado.

Os dados encontrados na população fe-minina, de maneira geral, são alarmantes visto que esta população está optando por métodos anorexígenos, como restrição alimentar para perda de peso.

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Tais resultados preocupam visto que as variáveis observadas são indicadores para de-senvolvimento de possíveis transtornos alimen-tares. Sendo assim é estritamente necessário mais estudos nesta área, de forma a avaliar pre-cocemente os adolescentes que possam desen-volver distúrbios alimentares, já que os mesmos podem levar a prejuízos importantes à saúde.

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ArtigoOriginal

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Resumo:Este estudo visou avaliar o estado nutricional e dietético de crianças em duas escolas públicas de Volta Redonda-RJ. O estudo foi transversal, sendo reali-zado com 151 crianças, com faixa etária de 6 a 10 anos. Foi avaliado o esta-do nutricional (estatura/idade, peso/idade e Índice de Massa Corporal-IMC) e aplicado um questionário sócioeconômico e outro de freqüência alimentar. Os resultados mostraram que a maioria das crianças apresentou estatura ade-quada para a idade e apesar da maioria apresentar eutrofia referente ao peso por idade, houve presença de peso elevado e risco de baixo peso. Com relação ao IMC, as meninas (35,56%) apresentaram maior índice de excesso de peso em relação aos meninos (26,23%). A freqüência alimentar apontou elevado consumo de batata frita, bolo com cobertura e com recheio, e baixo consumo de salgados, leites, óleos, cereais, vegetais e carnes. Pode-se concluir que neste estudo o IMC foi o indicador antropométrico mais sensível para diagnosticar a prevalência de inadequação nutricional, sendo essa prevalência maior nas meninas. O consumo alimentar destas crianças está inadequado devido à baixa ingestão de alguns grupos alimentares importantes para o seu desenvolvimento e crescimento adequado.

1 Discente do Curso de Nutrição do Centro Universitário de Volta Redonda-RJ2 Professora Doutora do Curso de Nutrição do Centro Universitário de Volta Redonda-RJ

AbstractThis study aimed to evaluate the nutritional status and diet of children in two public schools in Volta Redonda-RJ. The study was cross-sectional and conducted with 151 children, aged 6-10 years. We evaluated the nutritional status (height / age, weight for age and body mass index-BMI) and a questionnaire socioeconomic and other food frequency. The results showed that most children had height appropriate for age and despite the majority referring to the present eutrophic weight for age, showed the presence of high weight and low birthweight. With respect to BMI, girls (35.56%) had higher rates of overweight than boys (26.23%). Feeding frequency showed high consumption of french fries, iced cake and filling, and low consumption of salt, milk, oils, cereals, vegetables and meats. It can be concluded that the BMI in this study was the index most sensitive to diagnose the prevalence of inadequate nutrition, and this higher prevalence in girls. Dietary intake of these children is inadequate due to low intake of some food groups important for their proper development and growth.

Palavras-chave:

Crianças

Avaliação Nutricional

Hábitos Alimentares

ArtigoOriginal

Original Paper

Key words:

Children

Nutritional Assessment

Dietary Habits

Perfil antropométrico e dietético de crianças de duas escolas públicas de Volta Redonda-RJ

Profile anthropometric and dietary children from two public schools in Volta Redonda-RJ

Thalita Marfori Vidinha Cordeiro1

Margareth Lopes Galvão Saron2

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Introdução1.

A avaliação da situação nutricional abran-ge a avaliação dietética e antropométrica, sen-do considerada um parâmetro essencial para conferir a evolução das condições de saúde e de vida da população em geral, principalmente em grupos mais vulneráveis, como no caso das crianças (TUMA et al., 2005).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os indicadores antropométri-cos devem ser usados para avaliar o estado nutricional e de saúde de indivíduos e coleti-vidades, sendo importante para diagnosticar e acompanhar a situação nutricional e cresci-mento corporal (SANTOS et al., 2005).

Os parâmetros antropométricos mais usados para a avaliação e monitoramento do crescimento durante a infância são o peso e a estatura, os quais permitem os cálculos dos ín-dices mais freqüentemente empregados: peso/idade (P/I), estatura/idade (E/I) e peso/estatura (P/E) (SILVEIRA, 2007).

Os padrões de crescimento compõem um dos instrumentos mais amplamente usa-dos na assistência à saúde da criança, tanto na área clínica, como na saúde pública. Em termos individuais, menciona-se: monitorar e promover o crescimento, identificar o perí-odo adequado para introduzir a alimentação complementar ao leite materno, avaliar per-formance da lactação e auxiliar o diagnóstico da falta ou excesso de crescimento Em termos populacionais, os padrões de crescimento pos-suem muitas aplicações, assim como: prever situação emergencial relacionada à nutrição e alimentação, mensurar a equidade e a distri-buição dos recursos econômicos intra e inter comunidades, avaliar as práticas de desmame, rastrear e acompanhar grupos de risco nutri-cional (SOARES, 2003).

A alimentação inadequada, durante a in-fância, tem a contribuição para o esgotamento das reservas de nutrientes, e assim, pode provo-car retardo no crescimento e desenvolvimento infantil, maior susceptibilidade às patologias e baixa resistência às infecções (CAGLIARI et al.,2009).

Atualmente observa-se uma mudança clara nos hábitos alimentares das populações de vários países. A população brasileira tem incorporado hábitos alimentares típicos dos

países desenvolvidos, isto é, tem consumido maior quantidade de alimentos industrializados em detrimento do consumo de produtos regio-nais ou tradicionais. Essas mudanças fazem com que adultos e crianças ingiram uma dieta com elevado teor de lipídico e de carboidratos simples, causando um aumento na prevalência de doenças crônicas não transmissíveis, assim como a obesidade (RIVERA e SOUZA, 2006).

Conhecer o perfil antropométrico e o padrão de consumo alimentar das crianças torna-se essencial para o planejamento e a implementação de qualquer programa de in-tervenção nutricional (CALVACANTE et al., 2006). Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o perfil antropométrico e dietético de crianças em duas escolas públicas de Volta Redonda-RJ.

Metodologia2.

O presente estudo transversal foi reali-zado com crianças do ensino fundamental, na faixa etária de 6 a 10 anos, pertencentes há duas escolas públicas da cidade de Volta Redonda, RJ. Os critérios de exclusão da pes-quisa foram recusa em participar da coleta de dados; não-autorização dos pais ou respon-sáveis; não-comparecimento à escola no dia marcado para a coleta de dados e alunos com membros engessados.

Para a avaliação do estado nutricional fo-ram feitas as medidas antropométricas (peso e estatura), utilizando estadiômetro da marca Sanny, balança digital marca Plenna com ca-pacidade de 150 Kg.

Foi calculado o IMC (Índice de Massa Corporal) das crianças, dividindo-se o peso (kg) pela altura (m) ao quadrado. Para a clas-sificação do estado nutricional foram adota-dos os critérios propostos pela World Heatlh Organization (WHO, 1995) sendo utilizados os indicadores de estatura/idade, peso/idade e IMC, segundo escore Z. Para determinação dos valores de escore Z das referências CDC (2000), foi utilizado computacional SISCRES (MORCILLO e MARINI, 2003).

Foi aplicado um questionário socioeco-nômico e outro questionário de freqüência alimentar (QFA), qualitativo, com os pais ou responsável pelas crianças. Sendo utilizado o

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QFA proposto por Fisberg et al. (2005) com algumas modificações.

O cômputo geral do consumo foi obtido a partir da transformação das freqüências infor-madas na entrevista, em frações da freqüência diária, ou seja, o número de vezes de consumo ao dia, traduzindo o referencial “dia”. Assim, um consumo de uma vez ao dia é igual a 1d; três vezes ao dia, foi transformado em três vezes 1d, ou seja 3d; uma vez por semana, igual a 1/7d, o que representa 0,1428s; e assim sucessivamen-te, até a freqüência zero, representada pela op-ção “nunca”. A partir desse ponto, calculou-se a média ponderada da “freqüência de consumo” e em seguida aplicou-se o seguinte ponto de corte para categorização do nível de consumo: 3 a 1 alimento de consumo elevado; 0,99 a 0,33 ali-mento de consumo médio; 0,32 a 0 alimento de consumo baixo (TUMA et al., 2005).

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos do UniFoa. Para participar do estudo, os res-ponsáveis pelas crianças tiveram que concor-

dar e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

As análises dos dados foram avaliadas com o auxílio do programa de computador Statiscal Package for the Social Sciences® (SPSS) versão 15.0. Utilizou-se nas analises estatística a por-centagem, a média e o desvio padrão.

Resultados3.

Participaram da pesquisa 151 crianças e destas 102 crianças entregaram o dois ques-tionários (Socioeconômico e QFA) preenchi-dos pelos pais ou responsável e foi efetuada a avaliação antropométrica e apenas 49 crianças fizeram somente avaliação antropométrica.

Neste estudo, os resultados mostraram que a maioria das crianças pertence à faixa etária de 9 a 10 anos e em relação ao sexo observou-se que houve uma maior prevalência de meninas do que meninos. Essa diferença foi um pouco mais acen-tuada na faixa etária de 9 a 10 anos (Figura1).

Figura 1 – Distribuição das crianças por faixa etária e sexo.

Em relação à escolaridade dos pais das crianças, observou-se que 54,89% das mães e 43,13% dos pais, tinham o ensino médio

incompleto ou completo. E nesta amostra não foi constatado o analfabetismo dos pais (Tabela 1).

Tabela 1 - Descrição do grau de escolaridade dos pais.

Escolaridade Materna PaternoN (%) N (%)

Analfabeto - - - -Ensino fundamental incompleto 26 25,49 34 33,33Ensino fundamental completo 8 7,85 8 7,85Ensino médio incompleto 20 19,60 11 10,78Ensino médio completo 36 35,29 36 32,35Ensino superior incompleto 5 4,90 5 6,87Ensino superior completo 7 6,87 7 2,94Não sabe / não conhece - - - 5,88

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O grupo estudado apresentou uma predominância de crianças com cor da pele parda, com renda mensal de 1 a 5 salários mínimos e com mais de 4 membros na família (Tabela 2).

Tabela 2 – Características socioeconômicas e demográficas da população estudada.

Características (%)

Cor da Pele Branco 36,27Negro 16,67Pardo 43,14Amarelo 2,94Indígena 0,98Renda < 1 SM 29,421 - 5 SM 55,886 - 10 SM 3,92> 10 SM 0Não Sabe 10,78N ° de Membros 2 2,413 A 4 48,04> 4 49,55

S.M.(Salário Mínimo)Referente ao estado nutricional, os valores médios do escore Z mostram que as crianças se encontram em eutrofia para os parâmetros de P/I, E/I e IMC (Tabela 3).

Tabela 3 - Descrição dos valores médios de escore Z para os parâmetros antropométricos.

Parâmetro Antropométrico

FemininoMédia (D.P.)

MasculinoMédia (D.P.)

TotalMédia (D.P.)

Peso/Idade 0,49 (1,15) 0,38 (1,24) 0,44 (1,19)Estatura/Idade 0,41 (1,16) 0,18 (1,14) 0,32 (1,16)

Índice de Massa Corporal 0,42 (1,21) 0,42 (1,13) 0,42 (1,18)

A maioria das crianças mostra adequa-ção do estado nutricional para o parâmetro de P/I. Porém, nota-se que, existe prevalên-cia de 12,58% de risco de baixo peso seguido por 9,27% de peso elevado e 0,66% de baixo peso nas crianças avaliadas. Referente à esta-

tura por idade, observa-se que há uma predo-minância de crianças com estatura adequada para idade. Existindo um pequeno percentual de crianças com estatura muito baixa e baixa estatura para idade, principalmente entre as meninas (Tabela 4).

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Tabela 4 - Classificação nutricional das crianças de acordo com Peso/Idade e Estatura/Idade.

Estado Nutricional Meninas(90) Meninos(61) Total (151)N (%) N (%) N (%)

Peso/IdadePeso Muito Baixo 0 0,00 0 0,00 0 0,00Risco de Baixo Peso 9 10,00 10 16,39 19 12,58Baixo Peso 1 1,11 0 0,00 1 0,66Eutrófico 73 81,11 44 72,13 117 77,48Peso Elevado 7 7,78 7 11,48 14 9,27 Estatura/IdadeEstatura Adequada 89 98,89 58 95,08 147 97,35Baixa Estatura 0 0,00 3 4,92 3 1,99Muito Baixa Estatura 1 1,11 0 0,00 1 0,66

De acordo com parâmetro de IMC, os resultados demonstram uma prevalência de 31,78% de excesso de peso (sobrepeso e obesidade) entre as crianças, principalmente nas meninas. Existindo também casos de magreza acentuada nas meninas e de magreza entre meninos e meninas (Tabela 5).

Tabela 5 - Classificação nutricional das crianças de acordo com o Índice de Massa Corporal.

Meninas (90) Meninos (61) Total (151) Estado Nutricional N (%) N (%) N (%)Magreza acentuada 1 1,11 0 0 1 0,66Magreza 1 1,11 1 1,64 2 1,32Eutrofia 56 62,22 44 72,13 100 66,23Sobrepeso 27 30,00 10 16,39 37 24,50Obesidade 5 5,56 6 9,84 11 7,28

A frequência alimentar habitual das crianças apontou elevado consumo de batatinha tipo chip, batata palha, bolo com cobertura e industrializado, e biscoito com recheio. Ao contrário, ocorreram com alguns grupos de alimentos como leites, cereais, vegetais, frutas e carnes que apresentaram um baixo consumo pelas crianças avaliadas (Tabela 6).

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Discussão4.

Segundo os dados do IBGE em 1996, a maioria das mães e dos pais apresentou o nível de escolaridade, nacional, elementar comple-to ou até a 4a série do 10 grau (IBGE, 2001a). Neste estudo observou-se que a escolaridade das mães e dos pais foi superior ao nível de instrução nacional. Sabe-se que a escolaridade materna está relacionada diretamente aos cui-dados referentes à alimentação, higienização, imunizações e ao controle e prevenção das do-enças. E a escolaridade paterna à renda fami-liar, um dos fatores determinantes do consumo alimentar (GAGLIARI et al., 2009).

Em relação à renda, os dados do IBGE (2000b) mostram que a renda familiar do bra-sileiro é de ½ a 1 salário mínimo sendo infe-rior ao observado neste estudo, que foi entre 1 a 5 salários mínimos.

Em relação ao perfil antropométrico, o es-tudo feito por Machado et al. (2008) com crian-ças e adolescentes na faixa etária de 3 a 12 anos, constatou-se que uma grande parte das crianças apresentam-se eutróficas para o peso/idade, sendo também encontrado, dentre as demais crianças, uma prevalência de sobrepeso, este resultado foi semelhante ao encontrado no presente estudo.

Ao analisar o estado nutricional das crian-ças pelo indicador antropométrico de estatura/idade, nota-se que houve uma predominância de estatura/idade adequada em ambos os sexos,

principalmente, para as meninas. No estudo re-alizado por Pinho et al. (2010) utilizando este mesmo parâmetro antropométrico, observou-se que as crianças na faixa etária de 1 a 7 anos apresentaram uma ocorrência de 6,8% de baixa estatura e este resultado foi superior ao encon-trado neste estudo. Em outro estudo conduzido por Koch e Oliveira (2008), com crianças de 6 a 9 anos de idade, os resultados mostraram que 74,3% das crianças encontravam-se em eutrofia para peso/idade adequado e estatura/idade ade-quada, 88,6%. De forma similar ocorre neste estudo para o parâmetro de peso/idade, enquan-to que, para a estatura/idade a prevalência foi superior ao estudo de Koch e Oliveira.

Em relação ao IMC, no estudo realizado por Giugliano e Melo (2004), com a população de 6 a 10 anos, notou-se que houve uma maior predominância de eutrofia em 78,0% dos me-ninos e 76,2% das meninas, que foi superior ao presente estudo que encontrou 62,22% das meninas e similiar para aos meninos com 72,13%. Porém, o resultado encontrado pelo autor em relação ao sobrepeso e obesidade, em conjunto, atingiram 18,8% dos meninos e 21,2% das meninas, que foi inferior ao obtido neste estudo que encontrou 35,56% de excesso de peso nas meninas e 26,23% nos meninos.

Quanto ao perfil alimentar, o estudo rea-lizado por Fiates e colaboradores (2008), com crianças de uma escola particular, revelaram que os alimentos mais consumidos pelos estudantes

Tabela 6 - Freqüência alimentar habitual das crianças.

AlimentosCategoria de ConsumoElevado Médio Baixo

Batatinha tipo chips e Batata Palha 91% 8% 1%Chocolate e bombom 34% 56% 10%Bolo c/ cobertura e bolo industrializado 85% 9% 6%Biscoito c/ recheio 87% - 13%Sorvete e picolé 47% 41% 12%Salgados e preparações 2% 2% 96%Leites e produtos lácteos 4% 13% 83%Óleos e Gorduras 2% 36% 61%Cereais, pães e tubérculos 2% 31% 67%Vegetais 2% 9% 89%Frutas 7% 20% 73%Leguminosas 58% 4% 38%Carnes e Ovos 5% 12% 83%Refrigerante 22% 31% 47%Suco industrializado 20% 23% 57%

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eram massas (macarrão, pizza, lasanha), seguidas por arroz com feijão, batata frita e pratos à base de carne e as bebidas favoritas mais citadas foram, respectivamente, sucos (naturais ou artificiais), re-frigerantes, água e achocolatados. Tendo também um elevado consumo semanal de guloseimas, fru-tas e verduras referido pelos estudantes em am-bos os sexos, diferente do presente estudo. Neste estudo destacou-se o consumo elevado de batata tipo chips e palha, bolo com cobertura e indus-trializado e biscoito com recheio. Apresentando, também, um baixo consumo de frutas, vegetais, produtos lácteos, carnes e cereais.

Em um outro estudo, realizado por Tuma et al., (2005), observaram elevado consumo de produtos lácteos, arroz/macarrão, feijão, açúcar, pães e margarina, consumo médio de frutas, hortaliças, carne bovina, frango, ovos, biscoito e baixo consumo de peixes, vísceras, sucos/chás; além do consumo de refrigerante, fast food, enlatados/embutidos e doces/gulo-seimas, desde a mais tenra idade.

A escola é um importante local para a pro-moção da alimentação saudável, pois grande per-centual da população pode ser atingido a custo baixo; já existe uma estrutura organizada; o tem-po de permanência dos alunos na escola é lon-go, fazem uma ou duas refeições ao dia, durante cinco dias da semana. Além disso, há fato da criança e o adolescente serem potenciais agentes de mudança na família e na comunidade onde estão inseridos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2008). Sabe-se da existência de um intercâmbio entre os hábitos adquiridos no núcleo familiar e aqueles obtidos na escola, os quais se completam e se renovam. Desta ma-neira, uma análise para adequação dos produtos alimentares consumidos neste local deve ser re-alizada com o intuito de melhorar sua qualidade nutricional (CAMPOS e ZUANON, 2004).

Conclusão5.

Pode-se concluir que neste estudo o IMC foi o indicador antropométrico mais sensível em relação ao peso/idade para diagnosticar maior prevalência de inadequação nutricional, prin-cipalmente, referente ao excesso de peso. Essa prevalência foi mais acentuada nas meninas.

A tendência atual apresentada pelas crian-ças em relação ao consumo alimentar constitui

motivo de preocupação, uma vez que a maioria delas apresentou uma freqüência alimentar ina-dequada com elevada ingestão de alguns alimen-tos industrializados ricos em gordura saturada e trans, açúcar e sódio, e baixo consumo de frutas, vegetais, produtos lácteos, cereais e carnes.

Por isso, ressalta-se a importância do in-centivo a alimentação saudável e estímulo à prática de atividade física das crianças, tornan-do importante implantar programas de educa-ção nutricional permanentes no ensino fun-damental e médio das escolas, que envolvam alunos, pais, professores, diretores, a fim de reduzir a prevalência de doenças crônicas não transmissíveis como a obesidade, as doenças cardiovasculares e metabólicas. As crianças, ao adotarem hábitos alimentares adequados e estilo de vida saudável, terão melhor qualida-de de vida na fase adulta.

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Endereço para Correspondência:Margareth Lopes Galvão [email protected]. Paulo Erlei Alves Abrantes, n. 1325 - Três PoçosVolta Redonda - RJCEP: 27240-560

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Resumo:Pacientes com problemas de alcoolismo apresentam estado nutricional e hábito alimentar inadequados. Este estudo objetivou identificar o papel da nutrição no processo reabilitatório de alcoólicos frequentadores assíduos do Centro Psicossocial de Volta Redonda (CAPS AD II). A amostra foi constituída por 50 indivíduos. Utilizou-se questionário para levantamento dos dados relacio-nados à alimentação dos dependentes antes e após o uso crônico do álcool. Houve maior prevalência de indivíduos alcoolistas adultos, do sexo masculino, com baixo nível de escolaridade e renda. O início do hábito de beber ocorreu principalmente na adolescência, sendo a cachaça a bebida predominante. De acordo com o Índice de Massa Corporal encontrou-se 26% dos dependentes com sobrepeso, 12% com obesidade e 10% com desnutrição. Os entrevistados relataram hábitos alimentares inadequados durante a fase de consumo de álco-ol, com melhora da alimentação no período de tratamento. Recomenda-se uma alimentação equilibrada e orientações nutricionais por um nutricionista para melhorar o estado nutricional desses dependentes.

1 Graduada em Nutrição pelo Centro Universitário de Volta Redonda UniFOA2 Nutricionista, Mestre em Nutrição Humana pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, docente do Curso de Nutrição do Centro Universitário de Volta Redonda UniFOA

AbstractPatients with alcohol problems have been inadequate nutrition and eating habits. This study aimed to indentify the role of nutrition in the rehabilitation process alcoholics frequenters of the Center for Psychosocial Volta Redonda (CAPS AD II). The sample consisted of 50 individuals. A questionnaire to collect data regarding the feeding of addicts before and after chronic use of alcohol. There were more alcoholics adult males with low education and income. The onset of drinking occurred mainly in adolescence, and the rum drink predominant. According to Body Mass Index was found 26% of addicts were overweight, 12% were obese and 10% with malnutrition. Respondents reported poor dietary habits during the alcohol consumption, with improvement of feeding during treatment. We recommend a balanced diet and nutritional counseling by a nutritionist to improve the nutritional status of dependents

Palavras-chave:

Álcool

Nutrição

Estado Nutricional

Alcoolismo

ArtigoOriginal

Original Paper

Key words:

Alcohol

Nutrition

Nutritional Status

Alcoholism

O papel da nutrição no processo reabilitatório de dependentes de álcool

The role off nutrition in the rehabilitation process off alcoholics

Camila Dias Barbosa1

Célia Cristina Diogo Ferreira 2

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Introdução1.

O consumo de substâncias que possuem a capacidade de alterar estados de consciência e modificar o comportamento parece ser um fenômeno universal na humanidade. O uso do álcool de maneira inadequada e prejudicial é associado a mais de 60 tipos de doenças, in-cluindo desordens mentais, câncer, cirrose, danos intencionais e não intencionais 1.

De acordo com Kachani et al. 2, a fa-bricação e o consumo de bebidas alcoólicas constituem uma tradição presente na cultura de todos os povos. Utilizado de forma ritual ou social, o álcool é apreciado em função de seu sabor, encanto, cor, aroma e outros efeitos inebriantes que dele provêm.

A dependência ao álcool traz como conse-quência ao dependente o enfraquecimento físi-co e clínico que influi no sucesso do tratamento. O usuário de álcool acaba por deixar de se ali-mentar, podendo vir a apresentar pelagra, um tipo de carência nutricional por falta de niacina, geralmente combinada à desnutrição energéti-co-protéica, que ocorre com frequência devido à ingestão abusiva de bebidas alcoólicas 3.

Considerando-se que o álcool possui va-lor energético, fornecendo 7,1 kcal/g, ele tem a capacidade de suprimir a demanda calórica diária de um indivíduo e/ou levá-lo ao sobre-peso, dependendo da quantidade, frequência e modo de consumo. Mesmo com o aumento do gasto energético basal nos indivíduos alcoo-listas, muitas vezes isso não é suficiente para compensar a grande quantidade de calorias in-geridas. Assim, muitos pacientes dependentes de álcool apresentam sobrepeso, obesidade e até circunferência da cintura acima dos pa-drões esperados 2,4,5.

As bebidas alcoólicas constituem uma importante fonte de calorias na dieta de adultos e adolescentes nos países desen-volvidos e naqueles em desenvolvimento.

Aproximadamente 4-6% das calorias ingeridas pela população mundial são provenientes do etanol contido nas bebidas alcoólicas, segun-do dados resultantes de inquéritos de consumo alimentar. Nos dependentes de álcool e nos grandes bebedores, mais de 50% das calorias consumidas diariamente são oriundas do eta-nol, considerada a droga de que mais se abusa, no Brasil e no mundo, e quando ingerido em

excesso, provoca lesões no fígado e em outros órgãos, sendo responsável por alto índice de mortalidade nos países desenvolvidos 6.

De acordo com Maio et al. 7, as deficiên-cias de micronutrientes ocorrem com freqüên-cia, em pacientes com doença hepática alcoóli-ca ou em alcoolistas sem evidências de doença hepática, estando, neste caso, relacionadas ao consumo do álcool. Como consequência destas deficiências, esses pacientes apresentam, usu-almente, anemia, esteatose hepática, estresse oxidativo e imunossupressão.

Os três pilares em que se baseia o trata-mento de patologias de origem alcoólica são: abstenção absoluta de bebidas alcoólicas, dieta equilibrada com porcionamento adequado de vitaminas e minerais para princípio imediato e alcance de um índice de massa corporal ade-quado com suporte terapêutico de antioxidan-tes, tendo o nutricionista um papel primordial no tratamento e recuperação de alcoólicos, principalmente no que diz respeito à alimenta-ção e estado nutricional dos mesmos 8.

Desde 2002, o Ministério da Saúde vem prestando assistência à usuários de drogas atra-vés dos “Centros de Atenção Psicossocial para álcool e outras drogas” (CAPS AD) e instituiu o Programa Nacional de Atenção Comunitária Integral à Usuários de Álcool e outras Drogas, que implementa a assistência, amplia a cober-tura às pessoas com problemas relacionados ao uso do álcool e seus familiares, além de enfati-zar sua reabilitação e reinserção social 9.

Portanto sabendo-se das importantes im-plicações do consumo crônico do etanol no estado nutricional dos indivíduos, realizou-se este estudo com o objetivo geral de identificar o papel da nutrição no processo reabilitatório de alcoolistas. Como objetivos específicos bus-cou-se identificar os transtornos auto-referidos causados pelo álcool, verificar modificações no estado nutricional atual e identificar pa-drões alimentares antes e durante o tratamento contra a dependência ao uso do etanol.

Metodologia2.

Realizou-se um estudo descritivo no perí-odo de agosto à novembro, com pacientes de-pendentes de álcool que frequentavam o Centro Psicossocial de Volta Redonda (CAPS AD II).

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Este centro consta com uma população de assistidos de 450 usuários e o presente es-tudo investigou uma amostra de 50 pessoas de ambos os sexos dependentes de álcool em tratamento.

O tratamento nesta instituição envolve consultas individuais, oficinas profissionali-zantes e de saúde e terapias de grupo de apoio. A abordagem dos entrevistados foi feita antes ou após o tratamento de grupo desenvolvido pelos profissionais do CAPS AD II.

Foram adotados como critérios de inclu-são, adultos acima de 18 anos e freqüentadores assíduos do CAPS AD II. Como critérios de exclusão foram adotados menores de 18 anos, gestantes e aqueles que não assinaram o termo de consentimento.

Durante a realização das entrevistas in-dividuais foi utilizado um questionário com perguntas fechadas e abertas, aplicados pela própria pesquisadora. As perguntas fechadas visaram identificar os participantes, quanto às informações sóciodemográficas, clínicas, die-téticas e sobre a dependência alcoólica. Com as perguntas abertas (No período de uso do álcool no que baseava a sua alimentação?; Depois que começou o tratamento sua ali-mentação mudou?No que mudou?; Você acha que a alimentação tem influência no seu esta-do de saúde atual? Qual?) visou-se identificar principalmente os padrões alimentares durante e após o uso do álcool, assim como modifica-ções neste padrão após o início do tratamento.

O estado nutricional dos indivíduos foi avaliado através do Índice de Massa Corporal (IMC) proposto pela OMS (2002). Para a afe-rição do peso dos participantes foi utilizada balança digital portátil da marca Plenna® com capacidade de 150kg e com graduação de 0,10 kg e para a aferição da estatura foi utilizado es-

tadiômetro portátil da marca Alturexata, com capacidade de 3 metros e graduado em centí-metros. Os pacientes foram avaliados, com o mínimo de roupas, em pé, descalços, com os calcanhares juntos, costas eretas e os braços estendidos ao lado do corpo 4. Estes materiais foram disponibilizados pelo laboratório de Avaliação Nutricional do Curso de Nutrição do UniFOA.

O item cor da pele foi classificado de acor-do com a resposta dada pelo entrevistado, inde-pendente da observação da entrevistadora.

As perguntas abertas foram transcritas de maneira precisa, respeitando as respostas da-das pelos entrevistados.

Os dados foram analisados segundo dis-tribuição percentual.

O embasamento bibliográfico foi obtido a partir de livros relacionados ao tema nutrição e alcoolismo e artigos das bases de dados Scielo, BVS, Google Acadêmico e LILACS, utilizan-do-se para a pesquisa os descritores álcool, nu-trição, estado nutricional e alcoolismo.

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário de Volta Redonda (UniFOA) e seguiu as normas da Resolução nº 196 de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde.

Resultados e Discussão3.

Na tabela I está apresentada a distribui-ção dos indivíduos estudados segundo variá-veis sóciodemográficas.

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Tabela I - Distribuição de frequências das variáveis: idade, sexo, cor, estado civil, nº de filhos, esco-laridade, renda mensal e tabagismo nos indivíduos alcoolistas crônicos avaliados. Volta Redonda, 2010.

Variável N %SexoMasculino 45 90Feminino 5 10Idade 20-29 2 430-39 12 2440-49 18 3650-59 16 3260-69 1 270-79 0 080-89 1 2Cor da PeleBranca 17 34Parda 16 32Morena 11 22Negra 5 10Estado CivilSolteiro 24 48Casado 19 38Divorciado 5 10Viúvo 2 4Nº de filhosNenhum 14 281-2 17 343-4 13 16Mais de 4 6 12Grau de EscolaridadeAnalfabeto 1 21º Grau Incompleto 30 601º Grau Completo 8 162º Grau Incompleto 4 82º Grau Completo 6 12Superior Incompleto 1 2Renda MensalAté 1 Salário Mínimo 5 101 a 3 Salários Mínimos 25 50Mais de 3 Salários Mínimos 14 28Não tem, não sabe 6 12TabagismoSim 26 52Não 24 48

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Foi observada a predominância de in-divíduos do sexo masculino (90%), solteiros (48%), com idade de 30 a 59 anos (92%) e com baixo nível de escolaridade (60% apre-sentando 1º incompleto).

Dos entrevistados 50% declararam renda familiar de 1 a 3 salários mínimos e 34% pos-suíam de 1 a 2 filhos.

Corroborando estes dados Costa et al. 10, estudaram uma população de 1.968 indivíduos adultos, da cidade de Pelotas, RS, com o obje-tivo de determinar dados relativos ao consumo abusivo de bebidas alcoólicas. Os pesquisado-res também observaram predomínio do sexo masculino, sendo que dentre os pacientes in-ternados em hospitais brasileiros a prevalên-cia de alcoolismo em homens era de 22% e de apenas 3% dentre as mulheres.

Em outro estudo realizado por Amaral e Malbergiera 11, com trabalhadores do cam-pus da Universidade de São Paulo (USP), foi também relatado que nenhuma servidora apre-sentou resultado positivo para o diagnóstico de alcoolismo.

Diferentemente, outros estudos como o de Strauch et al. 12, mostraram que a diferen-ça de prevalência de consumo de álcool entre os sexos não foi estatisticamente significativa, podendo indicar uma permissividade para adolescentes do sexo feminino em relação ao uso de álcool.

O uso de álcool pelo sexo feminino vem se modificando, o que poderá ser prejudicial devido a peculiaridades fisiológicas das mu-lheres. Estas apresentam níveis séricos da en-zima álcool-desidrogenase mais baixos, maior proporção de gordura em relação à água cor-poral e variações da metabolização do álcool nas diferentes fases do ciclo menstrual. Assim, tais características podem resultar em depen-dência química mesmo em menores quanti-dades e com maior efeito deletério ao álcool quando comparadas aos homens 13.

Com relação ao grau de escolaridade, observa-se que 60% dos pacientes, apresen-tavam baixo grau de escolaridade, da mesma forma que Dias 14 verificou em seu estudo com indivíduos alcoolistas crônicos do hospital

psiquiátrico de Araçatuba (SP), que 72,73% apresentavam 1º grau incompleto.

Costa et al. 10 observaram a predominân-cia de indivíduos com 5 a 8 anos de estudo, em uma amostra de 1.968 participantes.

Cabe destacar também a alta prevalência (50%) do consumo abusivo de bebidas alco-ólicas, observado entre os pacientes de nível econômico mais baixo. Perfil semelhante foi encontrado no estudo realizado por Amaral e Malbergier 11, no qual os indivíduos (50,5%) de faixa salarial mais baixa, entre 1 e 5 sa-lários mínimos, foram os que apresentaram maior freqüência de alcoolismo.

De acordo com Alvarez et al. 15, 35% dos indivíduos alcoolistas crônicos recebem me-nos de 1 salário mínimo e 46% deles entre 1 e 5 salários mínimos.

Bastos et al. 16 relatou que o uso regular de álcool se mostrou relativamente prevalente entre os homens maiores de 30 anos, de cor não branca. Este mesmo resultado foi encon-trado na presente pesquisa, em que 64% da amostra relatou não ser de cor branca e sim parda (32%), morena (22%) ou negra (10%).

No presente estudo, 52% da amostra analisada era considerada fumante, o que re-laciona de maneira direta o tabaco tanto com o aumento no consumo de álcool quanto no ga-nho ou perda de peso corporal dos indivíduos alcoolistas, assim como em estudo de Dias et al. 17, no qual 75,8% da sua amostra além de etilistas também eram tabagistas.

Wannamethee et al. 18 avaliaram a rela-ção entre a ingestão de álcool e peso corporal em homens de 40 a 59 anos. Seus resultados indicaram que a maior influência de álcool sobre o peso corporal foi observada em não fumantes. Afirmam que grande parte da in-consistência nas provas referentes à relação entre a ingestão de álcool e peso corporal tem surgido a partir de efeitos do fumo de cigarro associado com menor peso corporal, o que não é visto em não-fumantes. Para estes autores a força da associação entre álcool, perda de peso ou ganho de peso em qualquer estudo popula-cional pode ser condicionada pela prevalência do tabagismo nessa população.

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Tabela II - Distribuição de frequências das variáveis: idade de início do etilismo, tipo de bebida de preferência, número de internações anteriores e tempo de tratamento no

CAPS AD II nos indivíduos alcoolistas crônicos avaliados. Volta Redonda, 2010.

Variável N %Faixa etária (anos) do início do etilismo0 – 10 10 2011- 20 33 6621- 30 5 1031- 40 1 2Não se recorda 1 2Bebida de PreferênciaCachaça 34 68Cerveja 9 18Conhaque 3 6Cachaça + Conhaque 2 4Cerveja + Conhaque 1 2Todos os Tipos 1 2Número de Internações anteriores devido ao alcoolismo0 – 5 46 925 – 10 3 6Mais de 10 1 2Tempo de tratamento no CAPS AD IIAté uma semana 5 10 De 1 sem - 1 Mês 3 62 meses - 6 meses 13 266 meses - 1 ano 9 18Mais de 1 ano 17 34Não se lembra exatamente 3 6

No estudo de Bastos et al. 16, a média de idade em que os entrevistados utilizaram bebi-das alcoólicas pela primeira vez foi de 17 anos ± 4,68. Nesta presente pesquisa verificou-se que a faixa etária predominante de início do etilismo (tabela II) foi de 11 – 20 anos representando 66% da amostra analisada. Em estudo de Souza et al. 19 realizado em 10 capitais brasileiras per-cebeu-se um predomínio do uso de álcool entre homens com 10 - 12 anos de idade.

Strauch et al. 12, verificou que em relação à idade, as prevalências de consumo de álcool au-mentaram conforme a faixa etária, para cada sexo e para o total dos indivíduos do estudo. Entre as adolescentes do sexo feminino o consumo de bebidas alcoólicas foi maior naquelas com idade de 14 a 15 anos, já entre o sexo masculino, as variáveis associadas com maior prevalência do uso de álcool foram: idade a partir dos 14 anos, oito anos ou mais de escolaridade e referência de fumo. A bebida de maior consumo verificada na presente pesquisa foi cachaça (68%) seguida

pela cerveja (18%), diferentemente do estudo feito por Microni et al. 20, com acadêmicos, em que as bebidas fermentadas atingiram 82,6% (cerveja principalmente e vinho) da preferência, enquanto as destiladas atingiram 17,4% (vodka foi a mais comum). Os estudantes costumavam ingerir álcool geralmente em festas dos amigos, assim como em estudo de Nascimento et al. 21, no qual 63% de sua amostra estudada consu-miam bebida para participar da roda de amigos.

Dias et al. 17 constatou em seu estudo, fei-to com 33 indivíduos (21 a 54 anos) internados em um hospital psiquiátrico público de SP, que as bebidas de maior preferência foram as fer-mento-destiladas (63,6%), como a cachaça.

Em relação ao número de internações devido ao uso do álcool (Tabela II) sofridas pelos entrevistados pode-se constatar que 92% deles já foram internados de 0-5 vezes. Quanto ao período de tratamento, verificou-se que a maior parte da amostra (32%) tratava-se no centro há mais de 1 ano.

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Tabela III – Caracterização das doenças associadas ao alcoolismo e pre-sença de manifestações gastrintestinais nos dependentes.

Variável N %Doenças AssociadasHIV 1 2Hipertensão Arterial Sistêmica 12 24Hipertensão arterial Sistêmica e Diabetes 1 2

Hepatite B ou C 5 10Convulsões 3 6Alterações do Sistema Nervoso Central 1 2

Efisema Pulmonar 1 2Cardiopatia 1 2Varizes 1 2Nenhuma 24 48Manifestações gastrintestinaisAlterações intestinais 3 6Gastrite 3 6Alterações hepáticas 3 6Alterações esofágicas 1 2Úlcera + Gastrite 1 2Gases 1 2Úlcera Bulbar 1 2Pancreatite 1 2Dor gástrica 1 2Úlcera 1 2Tem mas não sabe dizer qual 2 4Nenhuma 32 64

Os resultados da tabela III mostram que 52% da amostra analisada apresentaram alguma doen-ça associada ao alcoolismo sendo a Hipertensão Arterial Sistêmica a principal (24%).

As manifestações gastrintestinais também se mostraram presentes em 36% da população estudada (Tabela III), sendo as alterações in-testinais (6%), gastrite (6%) e alterações hepá-ticas (6%) as mais predominantes.

O abuso do álcool se associa a uma gran-de quantidade de problemas de saúde. Esses problemas podem ser agudos ou crônicos tendo sua gravidade variada. Assim é bem conhecido que o abuso crônico do álcool pro-duz uma grande variedade de alterações clí-nicas, bioquímicas e fisiológicas secundárias, podendo afetar distintos órgãos e sistemas do organismo. Os transtornos do aparelho diges-tivo constituem o grupo mais frequente de pa-tologia relacionada com o alcoolismo, sendo objeto de consulta e atenção primária 22.

Dependentes graves frequentemente obtêm 50 % de suas calorias pelo álcool e podem desenvol-ver graves deficiências nutricionais, em particular de proteínas, tiamina, folato e piridoxina. Além disso, o dependente grave, em conseqüência do metabolismo do álcool pode desenvolver hipoglicemia, acidose lá-tica, hiperuricemia, hipertrigliceridemia e cetoacido-se 23. Órgãos com alta perfusão (cérebro, pulmões e rins) apresentam níveis alcoólicos mais elevados que os tecidos com pouco fluxo sanguíneo (músculos). A concentração de álcool no sangue (CAS) é muito semelhante ao nível dos tecidos em quase todo o cor-po, exceto na gordura, na qual o álcool também se dissolve gerando uma CAS mais alta. O álcool sofre a primeira passagem do metabolismo no estômago, entretanto, de 90 a 98% do álcool são metabolizados no fígado, que tem uma capacidade limitada (me-taboliza cerca de 10g por hora). Isso significa que, até que o fígado tenha tempo de metabolizar toda a quantidade ingerida, o álcool ficará circulando por todo o corpo, inclusive pelo cérebro 4,22,23.

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Tabela IV – Caracterização da amostra quanto às informações sobre nutrição e hábitos alimentares.

Variável N %Você já recebeu alguma orientação nutricional?Sim 8 16Não 42 84Você verificou melhoras?Sim 7 14Não 43 86Você acha que uma orientação alimentar seria importante para você?Sim 43 86Não 5 10Não sabe 2 4Depois que começou o tratamento sua alimentação mudou?Sim 34 68Não 16 32Você sentia fome quando bebia?Sim 13 26Não 37 74Você acha que alimentação tem influência no seu estado de saúde atual?Sim 41 82Não 9 18Você percebeu alguma mudança depois que começou a fazer ingestão de bebida alcoólica no?PaladarSim 33 66Não 17 34OlfatoSim 31 62Não 19 38Intolerâncias Sim 27 54Não 23 46Você percebeu alguma mudança depois que começou a fazer o tratamento no CAPS AD II no seu?PaladarSim 40 80Não 10 20Não RespondeuOlfatoSim 40 80Não 10 20IntolerânciasSim 38 76Não 22 44

Como mostra a tabela IV foram feitas per-guntas relacionadas à alimentação dos dependen-tes durante o uso do álcool. Com estas questões percebeu-se que 84% dos entrevistados nunca tiveram acesso a uma orientação alimentar de um profissional e somente 16% relataram ter tido

acesso, sendo que destes, 14 % verificaram me-lhoras após as orientações. Foi obtido também como resultado satisfatório (Tabela IV) que 86% da amostra relataram que uma orientação alimen-tar seria importante; apenas 10% não considera-vam importante e 4% não sabiam responder.

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Quando interrogados sobre mudanças na qualidade da alimentação após o início do tratamento no CAPS AD II, 68% dos entre-vistados afirmaram ter mudado o modo de se alimentar conforme as seguintes afirmações:

“Sim. Peso aumentou, comecei a me ali-mentar melhor, dar valor ao alimento”; “Sim. Mudou para melhor, já escolho melhor minha alimentação, para satisfazer a necessidade”; “Sim. Mudou para melhor, porque estou comendo mais, antigamente não me sentia bem”; “Sim. Melhorou com relação a tipos de alimentos como carne e verdura”.

Foi possível verificar que os entrevistados consideraram que houve melhora com relação ao tipo de alimento e frequência, em relação ao período em que faziam o uso crônico do álcool, pois quando questionados sobre como era a alimentação durante esta fase, alguns participantes fizeram as seguintes afirmações:

“Não existia alimentação, era mais o con-sumo do álcool”; “Fraca. Não sentia apetite. 3 a 4 dias sem se alimentar às vezes”; “Eu me alimentava, mas eu acho que alimentação não tava adequada, eu perdi peso”; “Péssimas condições, quase não comia”; “Nenhuma. Só álcool, sede álcool, fome álcool”; “Passava as vezes uma a duas semanas sem comida”.

Observou-se que a alimentação durante o uso do etanol era muito precária, e este modo de alimentação é modificado a partir do momento em que o dependente deixa de beber ou diminui o uso desta substância. Segundo Burgos et al. 6 nos dependentes de álcool e nos grandes bebe-dores, mais da metade das calorias consumidas diariamente é proveniente do etanol que apre-senta valor energético de 7,1kcal/g, desta forma o valor nutricional e energético dos alimentos é substituído pela ingestão do etanol. Na presente pesquisa (tabela IV), 74% da amostra relataram não sentir fome enquanto bebia e apenas 26% responderam que sim.

Oliveira et al. 24 relatou em seu estudo que quando feita a análise de hábitos alimentares, com base nos hábitos anteriores ao interna-mento, pôde-se perceber uma dieta pobre em nutrientes essenciais, com baixo consumo de leite e derivados, de frutas e verduras, e con-sequentemente de vitaminas, minerais, fibras e proteína animal.

O alcoolismo tem influência na quanti-dade, qualidade e freqüência da alimentação

do indivíduo dependente, o que gera na maior parte das vezes alteração no metabolismo de nutrientes. Portanto, o alimento pode ser con-siderado uma estratégia de redução de danos, uma vez que, ao se alimentar, o dependente químico diminui os danos físicos da substân-cia no organismo 3 .

Para Kachani et al. 2 a intervenção em edu-cação nutricional deve abordar os componentes subjetivos da alimentação e os relacionamentos que se dão em torno da alimentação em si.

Em relação à influência da alimentação no estado de saúde atual dos entrevistados, constatou-se que 82% da amostra acreditavam que a alimentação influi no seu estado de saúde e 18% consideravam que não. Para relatar mel-hor a importância da alimentação, alguns entre-vistaram fizeram a seguintes afirmações:

“Sim. Porque fica com o corpo melhor, auto-estima melhora, se sente bem”; “Sim. Porque me sinto melhor pra tudo, quando me alimento melhor.”; “Sim. Porque se eu não me alimento bem, pode gerar fraqueza”; “Sim. Porque uma alimentação saudável faz bem para a saúde”; “Sim. Porque com uma boa alimentação e sem álcool melhora a memória, sono, e tudo”; “Sim.Porque tenho mais dispo-sição, corpo e mente bem quando estou bem alimentado”; “Sim. Porque como diz o ditado saco vazio não pára em pé”.

O nutricionista tem um papel primordi-al na recuperação destes indivíduos, no qual através de orientações alimentares e da pro-posta de uma alimentação equilibrada os de-pendentes possam alcançar uma qualidade de vida satisfatória, pois como se sabe o álcool é associado com alterações nos hábitos alimen-tares e estado nutricional do usuário, princi-palmente por afetarem o apetite, a ingestão dos alimentos e/ou por agirem diretamente sobre o metabolismo de alguns nutrientes específicos, como na absorção de vitaminas A e E, e min-erais como cobre, zinco e selênio 24.

Quando questionados sobre as alterações de paladar, olfato e surgimento de intolerân-cias durante o período de uso do álcool (Tabela IV), 66% dos entrevistados relataram perceber modificação no seu paladar, 64% mudança no olfato e 54% verificaram o surgimento de intolerâncias durante o uso crônico de etanol. Considerou-se como intolerâncias vômitos e aversões aos alimentos. Em relação às mudan-

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ças após o início do tratamento no CAPS AD II, verificou-se que 80% dos entrevistados relata-ram melhora tanto no paladar quanto no olfato, e 76% da amostra relataram melhora nas intole-râncias provocadas pelo uso do álcool.

Para relatar melhor a mudança alimentar que o tratamento com a abstinência do álcool provocou, alguns participantes fizeram as se-guintes afirmações:

“A alimentação melhora quando para de beber”; “Eu engordei uns 8 kg, que eu tinha perdido, voltei ao normal”; “Comecei a comer mais, sinto mais o paladar da comida. Antes nem pão eu comia”; “Antigamente não sentia paladar. Hoje em dia eu sento e como com prazer”; “Consideravelmente. Hoje posso di-zer que almoço, janto com prazer. Faço mi-nhas refeições com prazer”.

Diante destes resultados acima pode-se verificar que o etanol tem influência direta nas percepções de paladar e olfato dos dependen-tes, tendo o nutricionista um papel essencial na modificação e melhora desses sintomas. Preconiza-se a prescrição de refeições equili-bradas utilizando-se ingredientes que realcem o sabor, como por exemplo, os condimentos, que também possuem propriedades antioxi-dantes. As características destes ingredientes servem para melhorar o paladar e as caracterís-ticas organolépticas dos alimentos, assim como favorecem a aceitação dos mesmos 25.

O uso do álcool tem um efeito indesejável sobre as necessidades e/ou o estado nutricio-nal de um indivíduo. Esse efeito pode ocorrer nas diversas etapas pelas quais o etanol e os nutrientes passam no organismo, desde a in-gestão até a excreção. Ele pode provocar mo-dificações no paladar (disgeusia), redução na sua percepção (hipogeusia), ou causar uma sensação desagradável na percepção deste pa-ladar. Nesse caso, o acompanhamento nutri-cional do paciente alcoolista é tão importante quanto o acompanhamento farmacoterápico, pois esta droga também pode causar alteração gastrointestinal e esteatorréia, levando a uma significativa perda de cálcio e potássio e con-sequentemente afetando a absorção de gordu-ras, vitaminas lipossolúveis e colesterol26.

Embora alguns entrevistados tenham re-latado a melhora nos seus hábitos alimentares, o papel do nutricionista nesse processo de tran-sição é imprescindível, pois a nova ingestão de

alimentos pode não estar sendo feita de maneira equilibrada, principalmente na reposição de nu-trientes depletados em função do uso crônico de álcool. Isto pode ser justificado com os seguintes relatos dos entrevistados:

“Troco um prato da melhor comida por um copo de bebida”; ”Eu tenho que comer uma co-mida balanceada no horário certo e eu não faço isso”;” Só quando estou na clínica (de reabili-tação) que vejo mudança, que me alimento me-lhor, fora não”;”Minha alimentação varia em relação ao meu estado emocional”; “Nunca fui de comer não”; “Eu nunca me alimentei mui-to bem né”; “Refeição mesmo é uma por dia”; “Como pouco”.

Figura 1 – Índice de Massa Corporal (IMC) dos dependentes de álcool avaliados.

Os resultados da presente pesquisa com relação ao IMC (figura 1) permitem conside-rar que o alcoolismo influencia no estado físi-co dos dependentes de álcool, visto que 10% apresentaram baixo peso, 12% obesidade e 26% sobrepeso, alcançando quase a metade do percentual da amostra entrevistada que com 52% apresentou-se eutrófica.

Em estudo semelhante a presente pesqui-sa Oliveira et al. 24 verificaram que de acordo com o IMC, 79,92% dos entrevistados foram classificados eutróficos, 19,23% apresentaram sobrepeso, 1,92% apresentou IMC limítrofe e 1,92% obesidade mórbida.

Do ponto de vista científico, o álcool não é considerado um nutriente e as bebidas alcoólicas não são consideradas alimentos. Tradicionalmente, essas substâncias eram chamadas de “calorias vazias” devidas o be-bedor estar ingerindo energia a partir de açú-cares próprios ou de outras bebidas mistura-das. Uma das principais preocupações que os nutricionistas têm em torno da inclusão das bebidas alcoólicas na dieta é o risco de pro-porcionar um excesso de calorias, além de que estas bebidas podem deslocar da dieta os ou-tros alimentos 27.

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Os mecanismos de deficiências nutricionais em consumidores exagerados de álcool são com-plexos e pouco conhecidos. O álcool, como uma substância altamente energética, sacia a demanda urgente de calorias do corpo, saciando a fome. Essa condição, combinada com a menor absor-ção e disfunção do canal alimentar pode contri-buir para uma deficiência de vitaminas, de absor-ção de proteínas, de zinco e de outras substâncias nutricionais. O consumo aumentado de álcool causa deficiências importantes de vitamina B1, ácido fólico e vitamina A, tendo assim o nutricio-nista o dever de orientar este dependente, através da educação nutricional, voltada principalmente para o habito alimentar desse indivíduo 28.

Os alcoolistas geralmente não têm uma dieta equilibrada e podem sofrer alterações na absorção e utilização de nutrientes, portanto, não é incomum que estes pacientes sofram desnutri-ção primária ou secundária. O estado de desnu-trição mais grave, associado a uma redução sig-nificativa da massa muscular é encontrado em pacientes internados por causa das complicações clínicas do alcoolismo como, por exemplo, do-ença hepática crônica ou pancreatite 8.

A persistência na ingestão de álcool leva a uma perda de peso adicional, enquanto que a abstinência foi associada a uma melhora do estado nutricional e ganho de massa muscular, sendo esse padrão comum a todos os pacien-tes alcoólicos, independentemente de haver ou não lesão hepática crônica 7,8. O consumo de etanol pode gerar desnutrição por diversos mecanismos, por um lado substituindo as calo-rias da dieta e por outro através da má-nutrição gerando má absorção e má digestão. A ação tóxica do álcool pode causar insuficiência pan-creática e deficiência de enzimas intestinais agravando ainda mais a desnutrição 29.

Existem também dependentes que inge-rem quantidades excessivas de álcool e ao mes-mo tempo, fazem uma dieta rica em gordura e levam uma vida sedentária, assim ao contrário de desnutrição, tendem a ter obesidade central ou truncal, que é mais comum em mulheres. Nesses casos deve-se verificar se a ingestão de álcool é superior a 30% do aporte calórico total, pois com isto é comum que se reduza significa-tivamente a ingestão de carboidratos, proteína, gordura, e também o consumo vitaminas (A, C e B1 ou tiamina), encontrando-se abaixo dos li-mites mínimos recomendados 5,8,28.

Considerações Finais4.

Os malefícios causados pelo uso crônico do álcool em nossa saúde são indiscutíveis. Os prejuízos para a vida de quem o utiliza e para quem convive com um dependente é indescrití-vel. Embora o caminho que leve ao álcool seja atrativo e prazeroso a princípio o retorno é sempre doloroso e árduo. Além dos graves problemas so-ciais e econômicos causados pela dependência do álcool, não se pode ignorar seus efeitos deletérios sobre o estado nutricional destes indivíduos.

No presente trabalho foi observado que dentre as alterações nutricionais mais observa-das destacam-se: hipertensão como doença as-sociada, distúrbios nutricionais caracterizados por desnutrição, sobrepeso e obesidade, alte-ração do paladar, olfato e intolerâncias assim como má ingestão alimentar durante o período de uso do álcool.

Cabe, portanto ao nutricionista atuar em conjunto com a equipe multiprofissional na as-sistência ao dependente em recuperação, pois uma dieta balanceada e prazerosa irá contribuir significativamente para a recuperação do esta-do geral desses indivíduos podendo atenuar os efeitos do tratamento e suprir as necessidades nutricionais. É possível que o alimento contri-bua na redução de danos por ser instrumento estratégico na melhora das questões clínicas e facilitador no relacionamento social, como nas festividades, assim como a bebida alcoólica, porém, sem causar efeitos adversos.

É também muito importante ressaltar que se faz necessário uma abordagem maior principalmente pelos profissionais da área da nutrição sobre a questão nutricional da depen-dência do etanol, pois há pouca literatura que correlacione o papel do nutricionista ao uso crônico de álcool. Pesquisas mais detalhada com os prováveis dependentes, focalizando a questão nutricional afetada pelo uso dessa substância, podem contribuir para compreen-são mais abrangente do problema.

A presente pesquisa permitiu verificar, principalmente através dos relatos dos entre-vistados que a abordagem nutricional se faz necessária no tratamento da dependência, no que se refere aos padrões e hábitos alimentares cultivados por eles antes e durante o uso crô-nico do etanol e às deficiências nutricionais e patologias oriundas do uso abusivo do álcool.

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Sendo assim é muito importante que seja feita pelo nutricionista orientações e uma abordagem nutricional individual para que es-tes déficits sejam sanados e para que estes de-pendentes de álcool em tratamento possam se recuperar de maneira saudável, repondo todas as perdas nutricionais provocadas pelo álcool, melhorando também o seu estado nutricional.

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Endereço para Correspondência:Célia Cristina Diogo [email protected]. Paulo Erlei Alves Abrantes, n. 1325 - Três PoçosVolta Redonda - RJCEP: 27240-560

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Instruções para Autores

Cadernos UniFOA é uma publicação quadrimestral arbitrada. Visa sustentar um espa-ço editorial de natureza inter e multidisciplinar. Publica prioritariamente pesquisas originais e contribuições de caráter descritivo e interpreta-tivo, baseadas na literatura recente, bem como artigos sobre temas atuais ou emergentes e co-municações breves sobre temas relevantes e inéditos desenvolvidos em nível de Graduação, e Pós-graduação Lato e Stricto Sensu. Seleção de artigos: na seleção de ar-tigos para publicação, avaliam-se a originalida-de, a relevância do tema e a qualidade da meto-dologia científica utilizada, além da adequação às normas editoriais adotadas pelo periódico. Revisão por pareceristas: todos os artigos publicados são revisados por parece-ristas resguardado o anonimato dos autores para uma avaliação mais acurada. Ineditismo do material: o conteúdo do material enviado para publicação na Revista Cadernos UniFOA não pode ter sido publicado anteriormente, nem submetido para publicação em outros locais. Para serem publicados em ou-tros locais, ainda que parcialmente, necessitam aprovação por escrito dos Editores. Os concei-tos e declarações contidos nos trabalhos são de total responsabilidade dos autores. Direitos Autorais: ao encaminhar um original à revista, os autores devem estar cientes de que, se aprovado para publicação, os direitos autorais do artigo, incluindo os de reprodução em todas as mídias e formatos, de-verão ser concedidos exclusivamente para a Revista Cadernos UniFOA. Para tanto é soli-citado ao autor principal que assine declaração sobre o Conflito de interesses e Transferência de Direitos Autorais e envie para Editora FOA - Campus Três Poços - Av. Paulo Erlei Alves Abrantes, nº 1325, Três Poços, Volta Redonda - RJ. CEP: 27240-560. (Conferir anexo).

Serão aceitos trabalhos para as seguintes seções:

(1) Revisão - revisão crítica da literatura sobre temas pertinentes à saúde pública (máximo de 10.000 palavras); (2) Artigos - resultado de pesquisa de natureza empírica, experimental ou conceitual (máximo de 10.000 palavras); (3) Notas - nota prévia, relatando resultados parciais ou preliminares de pesquisa (máximo de 2.000 palavras); (4) Resenhas - resenha crítica de livro relacionado ao campo temático de CSP, publicado nos últimos dois anos (máximo de 1.200 palavras); (5) Cartas - crítica a artigo publicado em fascículo anterior do Cadernos UniFOA – Pós-graduação ou

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exceder o limite de 500 palavras e deverão ser acompanhados de 3 a 5 palavras-chave.

Nomenclatura: devem ser observadas rigidamente as regras de nomenclatura zoológica e botânica, assim como abreviaturas e convenções adotadas nas disciplinas especializadas.

Pesquisas envolvendo seres humanos: A publicação de artigos que trazem resultados está condicionada ao cumprimento dos princípios éticos contidos na Declaração de Helsinki (1964, reformulada em 1975, 1983, 1989, 1996 e 2000), da World Medical Association (http://www.wma.net/e/policy/b3.htm), além do atendimento a legislações específicas (quando houver) do país no qual a pesquisa foi realizada. Artigos que apresentem resultados de pesquisas envolvendo seres humanos deverão conter uma clara afirmação deste cumprimento (tal afirmação deverá constituir o último parágrafo da seção Metodologia do artigo). Em caso de dúvida e em não havendo Comitê especializado na IES de origem, o(s) autor(res) pode(m) entrar em contato com [email protected] (Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos) para maiores esclarecimentos e possível envio da pesquisa para avaliação neste.

Agradecimentos - Contribuições de pessoas que prestaram colaboração intelectual ao trabalho como assessoria científica, revisão crítica da pesquisa, coleta de dados entre outras, mas que não preencham os requisitos para participar de autoria devem constar dos “Agradecimentos”. Também podem constar desta parte agradecimentos a instituições pelo apoio econômico, material ou outros.

Referências: as referências devem ser identificadas indicando-se autor(es), ano de publicação e número de página, quando for o caso. Todas as referências devem ser apresentadas de modo correto e completo. A veracidade das informações contidas na lista de referências é de responsabilidade do(s) autor(es) e devem seguir o estabelecido pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Exemplos:

1 Livro:

MOREIRA FILHO, A. A. Relação médico paciente: teoria e prática. 2. ed. Belo Horizonte: Coopmed Editora Médica, 2005.

2 Capítulo de Livros:

RIBEIRO, R. A.; CORRÊA, M. S. N. P.; COSTA, L. R. R. S. Tratamento pulpar em dentes decíduos. In:

CORRÊA, M. S. N. P. Odontopediatria na

primeira infância. 2. ed. São Paulo: Santos, 2005. p. 581-605.

3 Dissertação e Tese:

EZEQUIEL, Oscarina da Silva. Avaliação da acarofauna do ecossitema domiciliar no município de Juiz de Fora, estado de Minas Gerais, Brasil. 2000. Dissertação (Mestrado em Biologia Parasitária)___FIOCRUZ, Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2000.

CUPOLILO, Sonia Maria Neumann. Reinfecção por Leishmania L amazonensis no modelo murino: um estudo histopatológico e imunohistoquímico. 2002. Tese (Doutorado em Patologia)___FIOCRUZ, Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2002.

4 Artigos:

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5 Documentos eletrônicos:

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Envio de manuscritos:

Os artigos devem ser enviados exclusivamente para o seguinte endereço eletrônico: [email protected].

Documentos adicionais, devem ser enviados para UniFOA - Campus Universitário Olezio Galotti - Av. Paulo Erlei Alves Abrantes, nº 1325, Três Poços, Volta Redonda - RJ. CEP: 27240-560 – Prédio 15 –EDITORA FOA.

OBS: Se professor do UniFOA, informar em quais cursos leciona.

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Instructions For Authors

UniFOA Reports is a six-monthly journal that publishes original publishes ori-ginal research and contributions of descriptive character, based in recent literature, as well as articles on current or emergent subjects and brief communications on developed excellent and unknown subjects in level of Lato and Stricto Sensu pos graduation programs. The journal accepts articles for the following sections: (1) Literature reviews - critical reviews of the literature on themes pertaining to public health (maximum 10,000 words); (2) Articles - results of empirical, ex-perimental, or conceptual research (maximum 8,000 words); (3) Research notes - short com-munications on partial or preliminary resear-ch results (maximum 2,000 words); (4) Book reviews - critical reviews of books related to the journal’s thematic field, published in the last two years (maximum 1,200 words); (5) Letters - critiques of articles published in previous issues of the journal or short notes reporting on field or laboratory observations (maximum 1,200 words); (6) Special arti-cles - authors interested in contributing arti-cles to this section should consult the Editor in advance; (7) Debate - theoretical articles accompanied by critiques signed by authors from different institutions at the Editor’s invi-tation, followed by a reply by the author of the principal article (maximum 6,000 words); and (8) Forum - section devoted to the publication of 2 or 3 interrelated articles by different au-thors, focusing on a theme of current interest (maximum 12,000 words for the combined ar-ticles). The above-mentioned maximum word limits include the main text and biblio-graphic references (the title page, abstracts, and illustrations are considered separately). Presentations of Papers

Contributions in Portuguese or En-glish are welcome. The original should be dou-ble-spaced and submitted eletronically, using Arial or Times New Roman size 12 font with 2.5cm margins. All manuscripts should be sub-mitted with a title page, including the comple-te title (in the original language and English) and running title, name(s) of the author(s) and institutional affiliation(s) in full and the com-plete address for the corresponding author only. All manuscripts should be submitted with a diskette or CD containing the article’s file and identifying the software program and version used (Windows-compatible programs only). Footnotes will not be accepted. Authors are required to send a letter informing whether the article is being submitted for the first time or re-submitted to our Secretariat.

When sending a second version of the article, one print copy should be sent, to-gether with the diskette or CD. Illustrations: figures should be sent in a high-quality print version in black-and-white and/or different tones of gray and/or ha-chure. Any additional cost for publication of color figures will be covered entirely by the author(s). Graphs should be submitted sepa-rately in the format of the program in which they were generated (SPSS, Excel, Harvard Graphics, etc.), accompanied by their quanti-tative parameters in table form and with the names of all the variables. Maps should also be submitted in WMF format, and the cost of colored maps will be covered by the author(s). Maps that have not been generated electroni-cally must be submitted on white paper (do not use tracing paper). Tables and/or figures should be kept to a minimum (maximum se-ven tables and/or figures). Abstracts: with the exception of contributions submitted to the Book review or Letters sections, all manuscripts submitted in Portuguese should include an abstract in both the principal language and English. Articles submitted in English should include an abs-tract in Portuguese, in addition to the English abstract. The abstracts should not exceed 250 words and should include 3 to 5 key words. Nomenclature: rules for zoological and botanical nomenclature should be strictly followed, as well as abbreviations and con-ventions adopted by specialized disciplines. Research involving Ethical Princi-ples: publication of articles with the results of research involving human beings is conditio-ned on the ethical principles contained in the Helsinki Declaration (1964, revised in 1975, 1983, 1989, 1996, and 2000), of the World Medical Association (http://www.wma.net/e/policy/b3.htm), in addition to complying with the specific legislation (when existing) of the country in which the research was performed. Articles presenting the results of research in-volving human beings must contain a clear statement of such compliance (this statement should be the last paragraph of the article’s Methodology section). After acceptance of the article for publication, all the authors are re-quired to sign a form provided by the Editorial Secretariat of UniFOA Reposts – Pos gradua-tion stating their full compliance with the spe-cific ethical principles and legislation. Acknowledgements: Contributions of people, grants and institutions must consist the section of Acknowledgements. Declaration: the main author must send, by post office, declaration on the Con-flict of Interests and Transference of Copyri-ghts.

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References

References should be numbered con-secutively according to the order in which they appear in the manuscript. They should be identified by superscript Arabic numerals (e.g., Oliveira1). References cited only in ta-bles and figures should be numbered accor-ding to the last reference cited in the body of the text. Cited references should be listed at the end of the article in numerical order. All references should be presented in correct and complete form. The veracity of the informa-tion contained in the list of references is the responsibility of the author(s).

Examples:

a) Periodical articlesHedberg B, Cederborg AC, Johanson M. Care-planning meetings with stroke sur-vivors: nurses as moderators of the com-munication. J Nurs Manag, 15(2):214-21, 2007.b) Institution as authorEuropean Cardiac Arrhythmia Society - 2nd Annual Congress, April 2-4, 2006, Marseille, France.Pacing Clin Electrophysiol. Suppl 1:S1-103, 2006.c) Without author specificationRubitecan: 9-NC, 9-Nitro-20(S)-campto-thecin, 9-nitro-camptothecin, 9-nitrocamp-tothecin, RFS 2000, RFS2000. Drugs R D. 5(5):305-11, 2004.d) Books and other monographsFREIRE P e SHOR I. Medo e ousadia – O cotidiano do professor. 8 ed. Rio de Janei-ro: Ed. Paz e Terra, 2000. · Editor or organizer as authorDuarte LFD, Leal OF, organizers. Doen-ça, sofrimento, perturbação: perspectivas etnográficas. Rio de Janeiro: Editora Fio-cruz; 1998.· Institution as author and publisherInstitute of Medicine recommends new P4P system for Medicare. Healthcare Benchma-rks Qual Improv., 13(12):133-7, 2006.

e) Chapter of bookAggio A. A revolução passiva como hipó-tese interpretativa da história política lati-no- americana. In: Aggio, Alberto (org.). Gramsci: a vitalidade de um pensamento. São Paulo: Unesp, 1998.f) Events (conference proceedings)Vitti GC & Malavolta E. Fosfogesso - Uso Agrícola. In: Malavolta E, Coord., SEMI-NÁRIO SOBRE CORRETIVOS AGRÍ-COLAS. Campinas,SP. Fundação Cargill, p. 161-201, 1985.g) Paper presented at an eventBengtson S, Solheim BG. Enforcement of data protection, privacy and security in me-

dical informatics. In: Lun KC, Degoulet P, Piemme TE, Rienhoff O, editors. MEDIN-FO 92. Proceedings of the 7th World Con-gress on Medical Informatics; 1992 Sep 6-10; Geneva, Switzerland. Amsterdam: North Holland; 1992. p. 1561-5.h) Theses and dissertationsRodriques GL. Poeira e ruído na produção de brita a partir de basalto e gnaisse nas regiões de Londrina e Curitiba, Paraná: Incidência sobre os trabalhadores e Meio Ambiente. Tese (Doutorado). Universidade Federal do Paraná.Curitiba, 2004.i) Other published work· Journal articleLee G. Hospitalizations tied to ozone pollution: study estimates 50,000 admis-sions annually. The Washington Post 1996 Jun 21; Sect. A:3.· Legal documentsMTE] Ministério do Trabalho e Emprego. Secretaria de Segurança do Trabalho. Por-taria N°. 25 de 29/12/1994. Norma Regu-lamentadora N° 9: Programas de Preven-ção de Riscos Ambientais.

j) Electronic material· CD-ROMSeverino LS, Vale LS, Lima RLS, Silva MIL, Beltrão NEM, Cardoso GDC. Repi-cagem de plântulas de mamoneira visan-do à produção de mudas. In: I Congresso Brasileiro de Mamona - Energia e Susten-tabilidade (CD-ROM). Campina Grande: Embrapa Algodão, 2004· InternetUMI ProQuest Digital Dissertations. Dis-ponível em: <http://wwwlib.umi.com/dis-sertations/>. Acesso em: 20 Nov. 2001.

The articles must be sent for the follo-wing electronic address: [email protected] (declaration, photos, maps), must be sent to UniFOA - Campus Universitário Olezio Galotti - Av. Paulo Erlei Alves Abran-tes, nº 1325, Três Poços, Volta Redonda - RJ. CEP: 27240-560 – A/C Núcleo de Pesquisa/NUPE.

OBS: If UniFOA professor, inform the courses in which teaches.

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Permutas Institucionais informações sobre [email protected]

ABMES - Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior – Brasília/DF

ANGRAD - Associação Nacional dos Cursos de Graduação em Administração - Duque de Caxias/RJ

Centro de Ensino Superior de Jatí - Jataí/GO

Centro Universitário Assunção - São Paulo/SP

Centro Universitário Claretiano - Batatais/SP

Centro Universitário de Barra Mansa - Barra Mansa/RJ

Centro Universitário de Goiás - Goiânia/GO

Centro Universitário Evangélica - Anápolis/GO

Centro Universitário Feevale - Novo Hamburgo/RS

Centro Universitário Leonardo da Vinci - Indaial/SC

Centro Universitário Moura Lacerda - Riberão Preto/SP

Centro Universitário Paulistano - São Paulo/SP

Centro Universitário São Leopoldo Mandic - Campinas/SP

CESUC - Centro Superior Catalão - Catalão/GO

CESUPA - Centro de Ensino Superior do Pará - Belém/PA

EBAPE - Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas - Rio de Janeiro/RJ

Escola de Serviço Social da UFRJ - Rio de Janeiro/RJ

FABES - Faculdades Bethencourt da Silva - Rio de Janeiro/RJ

FACESM - Faculdade de Ciencias Sociais Aplicadas do Sul de Minas - Itajubá/MG

FACI- Faculdade Ideal - Belém/PA

Facudade 2 de Julho - Salvador/BA

Facudades Integradas de Cassilândia - Cassilândia/MS

Faculdade Arthur Sá - Petrópolis/RJ

Faculdade de Ciências - Bauru/SP

Faculdade de Direito de Olinda - Olinda/PE

Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas - UFBA - Salvador/BA

Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro - Uberaba/MG

Faculdade de Minas - Muriaé/MG

Faculdade de Pimenta Bueno - Pimenta Bueno/RO

Faculdade de Tecnologia e Ciência - Salvador/BA

Faculdade Internacional de Curitiba - Curitiba/PR

Faculdade Metodista IPA - Porto Alegre/RS

Faculdade SPEI - Curitiba/PR

Faculdades Guarapuava - Guarapuava/PA

Faculdades Integradas Antônio Eufrásio de Toledo - Presidente Prudente/SP

Faculdades Integradas Curitiba - Curitiba/PR

Faculdades Integradas de Cassilândia - Cassilândia/MS

Faculdades Integradas do Ceará - Fortaleza/CE

Faculdades Integradas Torricelli - Guarulhos/SP

Faculdades Santa Cruz - Curitiba/PR

FAFICH - Universidade Federal de Minas Gerais - Belo Horizonte/MG

FAFIJAN - Faculdade de Jandaia do Sul - Jandaia do Sul/PA

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FAFIL - Filadélfia Centro Educacional - Santa Cruz do Rio Pardo/SP

FAPAM - Faculdade de Pará de Minas - Pará de Minas/MG

FCAP: Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco - Recife/PE

FECAP - Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado - São Paulo/SP

FGV - Fundação Getúlio Vargas - Rio de Janeiro/RJ

FOCCA - Faculdade Olindense de Ciências Contábeis e Administrativas - Olinda/PE

FUNADESP - Fundação Nacional de Desenvolvimento do Ensino Superior Particular - Brasília/DF

Fundação Educacional de Patos de Minas - Patos de Minas/MG

Fundação Santo André - Santo André/SP

Fundação Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Rio Grande/RS

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - Centro de Documentação e Disseminação

de Informações - Rio de Janeiro/RJ

Instituição São Judas Tadeu - Porto Alegre/RS

Instituto Catarinense de Pós-Graduação -Blumenau/SC

Instituto de Administração do Rio de Janeiro - IARJ - Tijuca/RJ

Instituto de Estudo Superiores da Amazônia - Belém/PA

Instituto Municipal de Ensino Superior - São Caetano/SP

Mestrado em Integração Latino-Americana - Santa Maria/RS

MPF - Ministério Público Federal - Brasília/DF

MPRJ - Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro/RJ

Organização Paulista Educacional e Cultural - São Paulo/SP

PUC - Campinas: Pontifícia Universidade Católica - Campinas/SP

PUC - SP: Pontifícia Universidade Católica - Campinas/SP

TCE - Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais - Belo Horizonte/MG

The U.S. Library Of Congress Office - Washington, DC/USA

TJ - Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro/RJ

TRF - Tribunal Reginal Federal - RJ - Rio de Janeiro/RJ

Ucam - Universidade Cândido Mendes - Rio de Janeiro/RJ

UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro/RJ

UFF - Universidade Federal Fluminense - Niterói/RJ

UGB - Faculdades Integradas Geraldo Di Biase - Volta Redonda/RJ

UNB - Universidade de Brasília - Brasília/DF

UNIABEU - Assossiação de Ensino Superior - Belford Roxo/RJ

União das Faculdades de Alta Floresta - Alta Floresta/MT

Unibrasil - Faculdades Integradas do Brasil - Curitiba/PR

Unicapital - Centro Universitário Capital - São Paulo/SP

Unicastelo - Universidade Camilo Castelo Branco - São Paulo/SP

UNIDERP - Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal - Campo Grande/MS

UNIFAC - Assossiação de Ensino de Botucatu - Botucatu/SP

Unifeso - Centro Universitário da Serra dos Órgãos - Teresópolis/RJ

UniNilton Lins - Centro Universitário Nilton Lins - Amazonas/AM

Uninove - Universidade Nove de Julho - Vila Maria/SP

Permutas Institucionais informações sobre [email protected]

Page 110: Cadernos Especial Nutricao

Formando para vida.

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Page 112: Cadernos Especial Nutricao

www.unifoa.edu.br

Centro Universitário de Volta Redonda - Ano VIEdição Especial - Novembro/2011

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Campus AterradoAv. Lucas Evangelista,nº 862, AterradoVolta Redonda - RJTel.: (24) 3338-2764 (24) 3338-2925

Campus ColinaAnexo ao HospitalSão João BatistaRua Nossa Senhora das Graças, nº 273, ColinaVolta Redonda - RJTel.: (24) 3340-8400

Campus VilaRua 31, nº 43Vila Santa CecíliaVolta Redonda - RJTel.: (24) 3348-5991

Campus TangerinalRua 28, nº 619TangerinalVolta Redonda - RJTel.: (24) 3348-1441 (24) 3348-1314

Campus Olezio GalottiAv. Paulo Erlei Alves Abrantes,nº 1325, Três PoçosVolta Redonda - RJTel.: (24) 3340-8400Fax: (24) 3340-8404

Curso de Nutrição