bye-bye, reitor!

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o fim de uma era B ye, ye, reitor! exposição DIEGO NOVAES abertura 13 de junho às 13h visitação 13 a 22 de junho de 2011 hall da Reitoria da UFRJ mais informações www.diegonovaes.blogspot.com

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Catálogo da exposição de Cahrges "Bye-Bye, Reitor! - O fim de uma Era", do Artista gráfico Diego Novaes, sobre os oito anos da gestão do Professor Aloísio Teixeira enquanto Reitor da UFRJ.

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o fim de uma eraBye,

ye, reitor!exposição DIEGO NOVAES

abertura 13 de junho às 13hvisitação 13 a 22 de junho de 2011

hall da Reitoria da UFRJmais informações www.diegonovaes.blogspot.com

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Na atualidade se fala muito que o futuro é 3-D ou até mesmo que esse futuro é aqui e agora. Pode ser uma realidade que encanta a muitos,

porém, a arte representada de maneira tradicional ainda atrai muitos fruidores.

Diego Novaes é um exemplo de artista cuja representação bidimensional, onde o humor está presente, se materializa num traço ágil, rápido e perspicaz. Sua mão brinca com o elemento gráfico que deixará o registro no suporte.

Cada momento é propício para criar suas diferentes fases. Ele encontra a oportunidade e não a deixa escapar. Sua riqueza está na fragilidade do suporte que é inicialmente o papel. Seu primeiro esboço depois os meios atuais onde novas formas, cores e componentes podem ser inseridos. Daí advém o texto de muitos de seus trabalhos não mais dele lhe pertencerem, mas do mundo. Eles fazem parte de revistas, jornais, folhetos, manuais etc.

Quando fala do humor Bakthin lembra que “numa sociedade estratificada, com papéis e posições tão claramente estabelecidos, a hierarquia, o poder e a ordem são recorrentes. Antes, sem tal estrutura, os elementos cômicos, presentes em rituais sérios, eram considerados tão divinos quanto a celebração a que serviam. Com o surgimento de uma nova organização social, aqueles momentos foram re-apropriados para dar conta de suprir as dificuldades do povo com o novo modelo”. E é essa re-apropriação agora em caráter não oficial, transformando aspectos sociais em humor, que dará a charge.

Diego deixa a sua marca, ou melhor, registra aquilo que vê e sente. Externa seus sentimentos ou o sentimento dos outros. Fez de seu cotidiano último, na UFRJ, registros de tudo que se passou. Seu alvo preferido foi a gestão do professor Aloísio Teixeira, reitor da UFRJ de 2003-2011, representado-o com um humor, característico do artista.

BYE-BYE, REITOR – O FIM DE UMA ERA

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Diego nos faz frequentemente rir, odiar, amar, pensar e refletir e que, na verdade, seu trabalho, suas charges, são a busca de uma universidade que queremos e que no dia-a-dia nos escapa.

Concordo com Albuquerque e Oliveira quando dizem que a charge é, antes de tudo, uma ferramenta e um produto educativo de formação moral e de valores postos em discussões pelos professores/educadores por meios críticos e satíricos. Ela registra o vivenciado, o flagrado, objetivando a veiculação de informações vistas pelo artista que as criou.

Nesta mostra, estão expostos os originais, estudos e esboços das charges e ilustrações de Diego Novaes, que traçam não só um panorama de seu processo de criação, de construção de sua sintaxe visual, mas também um registro histórico dos diferentes temas e abordagens que utilizou nesses últimos anos.

As charges de Diego não são a projeção de um futuro distante, mas o presente. Realizados no suporte tradicional que todos nós apreciamos, e dos quais extraímos o riso e fixamos na memória (com carinho).

Referências Bibliográficas:

ALBUQUERQUE, Diego Luiz Silva Gomes de; OLIVEIRA, Thiago Azevedo Sá de Oliviera. A anatomia da charge numa perspectiva de revolução sociohistórica. Recife: UFP, 2008. Anais eletrônicos.

BAKTHIN, M. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais. São Paulo: EDUNB, 1993.

Carlos TerraCurador, Professor de História da Arte e Diretor da EBA/UFRJ

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Sem títuloNanquim sobre papel35,5cm X 16cm

Primeiro desenho em que o artista retrata o reitor Aloisio Texeira. Tirinha

entregue pelos estudantes ao reitor no ato do movimento estudantil pela construção do bandejão no dia 23 de

maio de 2007

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ConvocaçãoNanquim sobre papel42cm X 59,4cm

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Angela Ancora da LuzEx diretora EBA/UFRJ

A charge não apenas nos leva a pensar sobre uma determinada questão, seja ela política, social, esportiva ou de qualquer in-

teresse de um grupo ou da sociedade de nosso tempo, mas nos co-loca numa posição de juízo. Uma vez que identificamos do que se trata, logo nos posicionamos. Se rimos, estamos concordando com o chargista; se sentimos que ele ”foi longe demais”, nos aproxima-mos, piedosamente, daquele que está ali representado... A charge não oferece um tempo posterior para digerirmos a mensagem. Ela é imediata e nos aquece, acelerando nossas posições e juízos. O bom chargista consegue alcançar este patamar, levando-nos a uma adesão simpática à sua obra. Ele se torna excelente quando somos levados a aplaudi-lo, mesmo divergindo de seus posicionamentos, e até rimos silenciosamente. Neste momento a força de sua linguagem não verbal, de seu traço, que carrega nas características individuais do objeto representado e denuncia sua identidade, é a alavanca que projeta o chargista e o faz reconhecido. É aqui que encontramos Diego Novaes.

Ele surgiu no meio acadêmico, fazendo a charge da vida universi-tária, das autoridades que ocupam os altos cargos e têm as respon-sabilidades com o destino da instituição. Ele foi brincando com o desenho sem se dar conta de que instaurava um novo texto e um canal vivo entre os gabinetes da reitoria e a comunidade estudantil. Ele foi tendo visões, sem ser visionário; foi interpretando, sem ser profeta e foi traduzindo o seu pensamento no meio estudantil sem ser um filósofo. Em seu blog ele nos atualiza a cada dia e pode-mos perceber que, mesmo sem ser visionário, profeta ou filósofo ele tornou-se o estado de todos eles. Ao se instaurar como aquilo que ele é, chargista, ele nos comprova que o imediatismo em que vive é fundamental para a sua ação, pois o tempo presente é a latitude

A PRESENÇA DO CHARGISTA E A INSTAURAÇÃO DE SUA POÉTICA

ConvocaçãoNanquim sobre papel42cm X 59,4cm

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do chargista, uma vez que o leitor só pode se ligar naquilo que é notícia agora. Essa é a matéria da charge. O ontem é engolido pelo hoje que desaparece amanhã. Ela é temporal, pois só tem sentido naquele momento. Ela cria fundamentos que ajudam a construir a história cultural de um povo. Quem poderia, hoje, supor as críticas que a Torre Eiffel recebeu se não tivéssemos as charges, ou percebermos o que pensavam os franceses quando Daumier faz a caricatura do Rei Louis Philipe de França, como Gargântua?

Diego veio chegando de mansinho, trazendo com sua sensibilidade, uma boa dose de irreverên-cia, um espírito inquieto e a navalha crítica de um traço que foi sendo conhecido por nós até tornar-se a referência de sua própria identidade. Ele ainda se encontra na Escola de Belas Artes da UFRJ, mas já assume a condição de um profissional que começa a ver além da sala de aula, do espaço da universidade, indo ao encontro da cidade, do país e do mundo.

Seu olhar aguçado nos promete dar muita alegria, sua caligrafia audaciosa e sutil estimulará inúmeros leitores a acompanharem a realidade de cada dia, pois esta é mais uma qualidade da charge: acorda-nos da inércia e conformismo, nos arremete ao presente e nos exige: “decifra-me ou te devoro.”

Angela Ancora da LuzProfessora pela EBA/UFRJ, Historiadora e Crítica de Arte

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Charge REUNINanquim sobre papel21cm X 29,7cm

Charge publicada em cartazes assinados pela “Frente de Luta Contra a Reforma Universitária”, afixados em todos os campi da UFRJ. A charge tornou-se ícone da produção artística do chargista, uma vez que nela a caricatura do reitor Aloísio Teixeira fora popularizada na Universidade.

Seu teor excessivamente satírico gerou uma inesperada reação por parte da reitoria, que criticou seu conteúdo como em um texto publicado no portal da UFRJ1. Em resposta, o chargista rebateu a crítica em um artigo publicado no Jornal da Adufrj 2.

1 Conforme publicado em http://www.ufrj.br/mostraNoticia.php?noticia=4546_Reitoria-critica-cartaz-ofensivo-sobre-o-PRE.html2 Seção Sindical dos Docentes da UFRJ, jornal publicado em 24/10/2007

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Tal pai, tal filhoNanquim sobre papel21cm X 29,7cm

Gato por lebreNanquim sobre papel21cm X 29,7cm

BurrocraciaNanquim sobre papel29,7cm X21 cm

1 Conforme publicado em http://www.ufrj.br/mostraNoticia.php?noticia=4546_Reitoria-critica-cartaz-ofensivo-sobre-o-PRE.html2 Seção Sindical dos Docentes da UFRJ, jornal publicado em 24/10/2007

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Luta contra o REUNINanquim sobre papel42cm X 59,4cm

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Sem títuloNanquim sobre papel21cm X 29,7cm

Passando o rodoNanquim sobre papel21cmX29,7cm

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Sem títuloNanquim sobre papel21cm X 29,7cm

Sem títuloNanquim sobre papel21cm X 29,7cm

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Sem títuloNanquim sobre papel21cm X 29,7cm

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DE “ALVO” A LEITOR

A charge, do francês charger (carga, ataque), é uma das formas de humor mais populares que existe, onde o artista expõe seu olhar crítico e, por

vezes, cáustico, sobre os aspectos políticos e sócio-culturais de uma socieda-de, numa linguagem direta e acessível: o desenho. Ao utilizar o poder onto-lógico do traço, apóia sua narrativa na rapidez do visual.

Ao lado do cartum e da caricatura, a charge compõe o vocabulário do humor gráfico. Enquanto o cartum trabalha temas mais universais, a charge fala de um cotidiano próximo, do assunto do dia, observa atentamente o momento, os acontecimentos e seus protagonistas. Quando o assunto é o próprio perso-nagem - o “retrato” - temos a caricatura.

O humor gráfico é uma forma provocadora, debochada, mordaz, irônica e, principalmente, consciente, de olhar o que nos cerca. Em suma, a “piada desenhada” é nada mais que uma forma engraçada de “falar sério”. Ver o mundo através do humor é não apenas vê-lo, mas, principalmente, pensá-lo.

Diego Novaes nos apresenta aqui esse olhar às vezes cáustico e outras, terno, sobre um universo muito seu, nosso e peculiar: a UFRJ.

A partir de sua vivência de aluno - como nós, um habitante do microcosmo ufrjtiano - inicia seus “ataques” de forma surpreendente, de dentro do próprio front, e dispara petardos de humor guerrilheiramente espalhados pelas pare-des do campus.

Do sorriso discreto à gargalhada incontida, nós, cidadãos da urbi universitá-ria, fomos, semana a semana, nos acostumando às investidas gráficas desse inquieto observador. Assim, de “ataque surpresa” à leitura aguardada, o traba-lho de Diego foi tornando-se também parte do cotidiano que retrata. Ao trans-formar em personagens a Minerva e o reitor, entre outros, Diego nos convida a olhar para nós mesmos, nossos problemas, nossa realidade: o bandejão, o Reuni, as reformas, as eleições. Vemos nosso mundo apresentar-se diante de nós de uma forma leve, direta, contundente e bem-humorada.

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No início, conhecemos uma Minerva sisuda, combativa, enérgica, zangada e que, aos poucos, vai ficando mais leve, num convívio que se estreita gradativamente, como é próprio das relações daqueles que compar-tilham o mesmo universo, onde brigam, reclamam, mas, sobretudo, convivem, e sabem da importância de um para o outro, pois são partes de um mesmo mundo.

Este efeito cativante, de algum modo, parece ter influência sobre o mundo aqui fora dos requadros do Die-go, pois, ao longo dessa convivência, o “alvo” foi se transformando gradativamente em leitor, a olhar para as paredes, à procura dos desenhos “daquele chargista que não larga do meu pé”, e que hoje ostenta, com satisfação “emoldurada”, em sua própria parede, um “desses”.

A exposição Bye Bye Reitor marca um fechamento desse ciclo de convivência e aprendizagem intensa e recheada de humor.

O uso do traço de humor como instrumento crítico de seu tempo vem despertando, junto com outras lingua-gens visuais, um interesse acadêmico crescente. Assim sendo, acreditamos que o trabalho aqui apresentado, e que, ironicamente, nasceu e vive na própria academia, traga, a seu modo, alguma contribuição, além de, é claro, boas risadas...

Henrique SouzaProfessor pela EBA/UFRJ, Designer Gráfico e Animador

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Sem títuloNanquim sobre papel29,7cm X 21cm

Sem títuloNanquim sobre papel29,7cm X 21cm

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Consuni Nanquim sobre papel 29,7cm X 21cm

Férias! Nanquim sobre papel 29,7cm X 21cm

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UFRJ na luta pelo bandejão Nanquim sobre papel42cmX29,7cmFeita sob encomenda pro DCE UFRJ

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Um antigo ditado oriental dizia que não existe predador sem presa e que, de certa maneira intuitiva, é necessário que

um desista da vida em favor do outro. Acredito que o mesmo ocorra em relação a alguns chargistas brasileiros e suas vítimas, geralmente políticos, sempre figuras estabelecidas no poder ou na sociedade.

Nossa história está cheia de exemplos desses binômios autofági-cos, começando por Angelo Agostini, pioneiro dos quadrinhos brasileiros e grande crítico de Pedro II. É inegável que a carreira de Agostini sofreu uma mudança radical depois da concretiza-ção de seus maiores desejos, o fim da escravidão, da monarquia e o consequente desterro do imperador. O alvo primordial, aqui-lo que norteava boa parte da energia crítica do artista, desapa-receu, e isso o transformou, principalmente por perceber que a república que surgiu na rabeira do golpe que depôs o monarca revelou-se tão ou mais complicada, cheia de políticos corruptos e nepotismos.

Depois disso, Belmonte e Getúlio Vargas marcharam juntos, Chi-co Caruso e o general João Figueiredo duelaram sob a fumaça do Riocentro e Aroeira fez de FHC seu vampiro preferido. Respei-tando as proporções, Diego Novaes não fugiu à regra e construiu um início de carreira pautando suas charges na figura do reitor da UFRJ, Aloísio Teixeira. Sob certos aspectos, Diego repetiu cada um dos passos de seus antecessores, construindo uma ima-gem graficamente impactante de sua vítima, perseguindo-o de perto e traçando uma coreografia onde cada passo do nêmesis era respondido por desenhos que viravam risadas nos corredores da Escola de Belas Artes. E essas risadas ecoam até hoje.

DESENHANDO COM O INIMIGO

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Agora, com a chegada de um novo reitor, parece que uma página foi virada na carreira de Diego Novaes, forçando-o a um dilema: morrer de saudade de seu parceiro de dança ou buscar outros alvos. Tenho certeza que a primeira não é uma opção, pois ainda existem muitas presas dispostas a se oferecer em holocausto ao lápis afiado desse caçador talentoso.

Pensando bem, esse é um dos pontos positivos do Brasil, os parceiros mudam, a música evolui, mas o baile está longe de acabar.

Octavio AragãoProfessor pela ECO/UFRJ, Designer Gráfico e Ilustrador

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Enfim, Bandejão!Técnica mista21cmX29,7cm

Passa foraNanquim e aquarela21cm X 29,7cm

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Ensino à distânciaTécnica Mista29,7cm X 21cm

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Sem títuloNanquim sobre papel 21cmX29,7cm Publicado no Jornal do Alojamento da UFRJ, na edição de maio de 2010

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Sem títuloNanquim sobre papel 21cmX29,7cm Publicado no Jornal do Alojamento da UFRJ, na edição de maio de 2010

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SurrealNanquim e aquarela sobre papel 21cm X29,7cmPublicada no Manual do Calouro da EBA 2010

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Diego Novaes é o criador de bonecos engraçados, de teor satírico, usando também o recurso de interpretar através de seus bonecos

a caricatura de determinadas personalidades, geralmente alvo de suas críticas. Esse jovem neocaricaturista, cuja produção de desenhos teve sua publicação iniciada de forma recente no mercado editorial brasileiro, tem o seu locus de trabalho sobretudo em cartuns de natureza universitária e sindical, e aí, faz lembrar antigos caricaturistas do passado como Raul Pompéia e Luiz Sá, que começaram suas lides artísticas com a produção de jornaizinhos escolares: o primeiro, importante escritor que publicou o jornal O Archote, sob o pseudônimo de Fabricius; o segundo, publicaria O Charleston, quando de seus estudos juvenis na bela cidade de Fortaleza.

Outra característica do trabalho de Diego Novaes, ilustrador e caricaturista carioca, é que usa a charge como ataque - alvejando as injustiças do campus universitário, bem como outros temas nacionais -- no sentido etimológico do termo, oriundo da palavra caricare, mais particularmente do francês charger: “carregar”, “acentuar”, em suas críticas sempre bem-vindas sobre o tema da educação no Brasil.

Cabe mencionar ainda que o jovem cartunista Diego é também o responsável e organizador de um dos principais eventos sobre caricatura e quadrinhos no Estado do Rio de Janeiro: A Semana de Quadrinhos da UFRJ, que já teve o mérito de homenagear grandes caricaturistas brasileiros, como Angelo Agostini e Henfil, e que tem sua quarta edição em 2.010 pré-indicada ao 23º prêmio HQ MIX na categoria “Eventos”. As homenagens “20 anos sem Henfil” e “100 Anos Sem Angelo Agostini” foram marcantes, e confirmou sua tradição, estabelecendo-se como um dos maiores eventos universitários sobre quadrinhos no Brasil, contando esse último com um debate que juntou importantes pesquisadores sobre o fundador da Revista Ilustrada.

Também no campo das exposições individuais e participações coletivas, esse desenhista carioca de humor mostra-se esforçado, tendo realizado em 2.008 sua primeira exposição individual no I Simpósio de Estudos

DIEGO NOVAES EM EXPOSIÇÃO

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Contemporâneos da UFRJ; em 2.009, participou com charges selecionadas para exposição no 36° Salão Universitário de Humor de Piracicaba; colaborou no 22° Salão de Humor de Volta Redonda. Em 2.010 teve trabalhos novamente selecionados no 37° Salão Universitário de Humor de Piracicaba. Entre os jornais, destacam-se trabalhos publicados nos jornais Extra, O Cidadão, Jornal da UFRJ, Jornal da ABI, A Nova Democracia, Opinião Sindical e Fazendo Média, e nas revistas África e Africanidades, Monotipia e Vírus Planetário.

“Meu primeiro desenho que me lembre foi um jacaré, quando eu tinha 3 anos. Nunca mais parei. Fiz charges sobre o descobrimento do Brasil, em 1.994 e sobre o leilão da Vale do Rio Doce, em 1.996. Sempre fiz charges. Na escola ilustrava todos os cartazes de todos os grupos” – diz o autor dos cartazes humorísticos mais famosos veiculados na UFRJ. Completando ainda: “Eu sou muito pegado mesmo nesse lance de cartum, ainda mais charge. Sempre me pego fuçando o trabalho do Laerte (que tem uma proposta completamente surreal e um pensamento gráfico sensacional), do Latuff (charges verdadeiramente críticas, doa a quem doer), do Leo (chargista do Jornal Extra), do Cleuber (chargista competentíssimo lá de Minas), do Nani (pra mim o “mestre dos mestres” do humor) e do André Dahmer (genial em si mesmo em toda sua estética sombria). Eu tenho muito essa coisa de charge-porrada. Pra mim charge não tem que ter muito humor não. É porrada e pronto.”

Dito isso, fica patente que esse artista, nascido em 1.984, tem cartum na veia.

A seiva é rica de sugestões, e é de se desejar ao jovem e talentoso Diego Novaes sucesso e dedicação no caminho que vai trilhar, com o progresso de sua arte e o desenvolvimento estético do seu trabalho, pois esse é o espírito que o anima.

Lucio MuruciHistoriador, Caricaturista e Produtor Cultural

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Vida de calouroNanquim e aquarela sobre papel21cmX29,7cm

Deu brancoNanquim e pintura digital 21cm X 29,7cm

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35Sem títuloNanquim e pintura digital 29,7cm X 21cm

AssistencialismoNanquim e pintura digital 29,7cm X 21cm

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CanecãoNanquim e pintura digital 21cmX29,7cmVeiculada na edição 294 do Olhar Virtual da UFRJ, e no portal da UFRJ

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90 anos da UFRJNanquim e

pintura digital 21cmX29,7cmVeiculada no

Portal da UFRJ

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Estagiários - sequência com as etapas de produçãoNanquim e tratamento digital 29,7cm X 21 cm Publicada na edição de janeiro de 2011 do Jornal da Adufrj

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Aloisio TeixeiraNanquim e pintura digital 42cmX29,7cm

Implosão do H.UNanquim e pintura digital 29,7cmX21cm

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Diego: – Ziraldo, ortografa aqui pra nóis?Ziraldo: – Eu não, assina você.Diego: – Eu?! Claro que não, autografa o meu desenho aê.Ziraldo: - Você não vai me dar esse desenho?Diego: - Como?!Ziraldo:- Dedica esse desenho e dá pra mim!Diego:– EU?!Ziraldo: – É!Diego: – Ahn... depois te mando por email, pode ser?Ziraldo: – Não! Assina e me dá esse desenho, tá ótimo esse desenho!Diego: – Ahn... tá, mas e você vai autografar aonde?Ziraldo: – Tem folha em branco?Diego: – Aqui.Ziraldo: – Deixa eu assinar então:

Conversa com Ziraldo

Conversa Ziraldo no evento RiocomicomNanquim e pintura digital29,7cm X 21cm

Diego: – Ziraldo, ortografa aqui pra nóis?Ziraldo: – Eu não, assina você.Diego: – Eu?! Claro que não, autografa o meu desenho aê.Ziraldo: - Você não vai me dar esse desenho?Diego: - Como?!Ziraldo:- Dedica esse desenho e dá pra mim!Diego:– EU?!Ziraldo: – É!Diego: – Ahn... depois te mando por email, pode ser?Ziraldo: – Não! Assina e me dá esse desenho, tá ótimo esse desenho!Diego: – Ahn... tá, mas e você vai autografar aonde?Ziraldo: – Tem folha em branco?Diego: – Aqui.Ziraldo: – Deixa eu assinar então:

Conversa com Ziraldo

Conversa Ziraldo no evento RiocomicomNanquim e pintura digital29,7cm X 21cm

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O agradável convite para escrever esse texto sobre a exposição Bye, Bye Reitor – o fim de uma era, do artista Diego Novaes, fez com que eu

pensasse em alguns aspectos da história do desenho de humor e de suas categorias: caricatura, charge, cartum, quadrinhos e ilustração.

O desenho de humor é uma arte que registrou e criticou costumes desde as civilizações mais antigas. Por meio de pesquisas foi possível descobrir, segundo Lima (1963, p. 6), cenas pitorescas do cotidiano, encontradas nas paredes dos hipogeus sepulcrais do antigo Egito, quase todas elas com uma nota de cômico intencional.

Em diversos períodos da história da arte, a caricatura foi praticada eventual-mente por diversos artistas, seja como forma de expressão ou em exercícios de desenho. Fazendo um grande salto temporal para o século XV e início do XVI, cito as caricaturas realizadas por Leonardo da Vinci como exemplo dessa prática. No século XVII, os irmãos Carracci de Bolonha deram aten-ção especial à caricatura em seus trabalhos de pintura.

No Brasil, a caricatura foi difundida como uma forma de expressão crítica, social e política na imprensa ilustrada no século XIX, sob a influência de artistas europeus. Uma obra relevante dessa época é a extensa produção de Angelo Agostini, artista ítalo-brasileiro que publicou no Rio de Janeiro, de 1876 em diante, a sua Revista Illustrada. Nessa publicação, Agostini, além da caricatura e da charge, com pioneirismo, criou e desenvolveu as histórias em quadrinhos para fazer suas contundentes críticas à política do Império, propagando simultaneamente as campanhas abolicionista e repu-blicana.

Em outros períodos políticos no Brasil, o humor gráfico foi utilizado como instrumento de luta contra a intolerância e opressão por meio da imprensa alternativa.

A CRÍTICA DESENHADA DE DIEGO NOVAES

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André BrownProfessor pela Faculdade de Educação da UERJ e Cartunista

No atual contexto de organização popular, nos movimentos sociais, na imprensa sindical e na univer-sitária, tenho observado a presença das charges de Diego Novaes, cartunista e aluno da graduação em Educação Artística da EBA / UFRJ. Acompanho seus desenhos publicados com frequência no jornal A Nova Democracia, nas redes sociais e em seu próprio blog. Estou atento ao pensamento crítico do artista, à regularidade com que tem conseguido fazer circular seu trabalho e o amadurecimento artístico que vem construindo com seus estudos e práticas cotidianas de desenho.

No cenário cultural, tenho encontrado o Diego Novaes participando ativamente de exposições e de orga-nizações de eventos, como nas Semanas de Quadrinhos da UFRJ e em ações sociais. Em parceria com ou-tros colegas de arte, fundou o grupo Caricatura Solidária, neste último caso, voluntariamente, colaborando com os desabrigados pelas chuvas de janeiro de 2011, na região serrana do Rio de Janeiro.

Gostaria ainda de destacar o trabalho singular que tem sido realizado por Diego Novaes em suas charges críticas sobre as políticas de financiamento e gestão da universidade pública.

Por fim, parabenizo a direção da Escola de Belas Artes / UFRJ, seus professores, alunos e funcionários pela atual exposição de Diego Novaes. Essa iniciativa evidencia que a instituição, primeira no ensino superior de arte do país, fundada por D. João VI em 1.816, possibilita o processo de aprendizado-ensino em ativi-dades que valorizam a diversidade de ideias, linguagens e estéticas, promovendo o debate e a liberdade de expressão.

Referências Bibliográficas:

ALVES, Nilda. “Uma entrevista imaginária: conversa com cientistas.” In PASSOS, Mailsa, ALVES, Nilda & SGARBI, Paulo (Orgs.) Muros e redes – conversas sobre escola e cultura. Porto: Profedições, 2006.

LIMA, Herman. História da caricatura no Brasil. Vol. 1. Rio de Janeiro: José Olympio. 1963.

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“Os Reitoraveis”

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Os reitoráveisNanquim e pintura digital21cm X 29,7cmCaricaturas publicadas no jornal do DCE em abril de 2011

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Levi levou Nanquim e pintura digital21cm X 29,7 cm

Sem título Nanquim e pintura digital29,7 cm X 21 cm

Eleição pra reitorNanquim e pintura digital21cm X29,7cm

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RevoltadosNanquim e pintura digital21X29,7Publicada no Jornal do Alojamento Estudantil da UFRJ, na edição deabril de 2011

RevoltadosNanquim e pintura digital21X29,7Publicada no Jornal do Alojamento Estudantil da UFRJ, na edição deabril de 2011

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A listaNanquim e pintura digital 29,7cmX21cmPublicada na edição doJornal do Alojamento de abril de 2011

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Bip Nanquim e aquarela 59,4 cm X 42 cm

Bip federalNanquim e aquarela 59,4 cm X42 cm

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Reitor dengoso Nanquim e aquarela 42 cm X 59,4 cm

Segurança Pública Nanquim e aquarela 42 cm X 59,4 cm

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Fina Ironia Nanquim e aquarela 59,4 cm X 42 cm

Vida de gadoNanquim e aquarela 59,4 cm X 42 cm

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51Assembléia no Alojamento Nanquim e aquarela59,4 cm X 42 cm

Água do Alojamento Nanquim e aquarela42 cm X 59,4 cm

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52Auditoria Geral Nanquim e aquarela 42 cm X 59,4 cm

Auditoria Nanquim e aquarela 59,4 cm X 42 cm

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Sem comentáriosNanquim e aquarela59,4 cm X 42 cm

EntulhõesNanquim e aquarela 59,4 cm X 42 cm

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ConselhoNanquim e aquarela42 cm X 59,4 cm

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Pagamento do CApNanquim e pintura digital59,4 cm X42 cm Publicada no Jornal da Adufrj na edição de maio de 2011

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Olhares Nanquim e aquarela 7,4 cm X 10,5cm

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Aloisios

Aloisios Nanquim sobre papel21cm X29,7 cm

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Bye, bye, Reitor!Nanquim e aquarela 42 cm X 59,4 cm

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É difícil escrever sobre qualquer jovem artista, mesmo que ele seja atuante e razoavelmente conhecido por seus colegas veteranos como no caso de

Diego Novaes.

O que dizer então sobre ele? É simples. Este jovem desenhista tem de fato uma grande e rara virtude. Seu desenho não é genial, da mesma forma que seu humor de cartunista nada tem de extraordinário e revolucionário. Aliás, faz tempo que não vemos nada realmente novo no humor gráfico brasileiro desde a geração in-fluenciada por Saul Steinberg. Mas isso não importa. Mas e o domínio das técni-cas de desenho e pintura usadas por Diego em seus desenhos? Bom... Esse é um longo caminho a percorrer, e apesar de se perceber que o artista vem evoluindo verdadeiramente, ainda falta muito para Diego Novaes adquirir a real maturidade para poder ser intitulado como um ilustrador eclético.

Então, eu poderia citar suas ótimas participações como um dos coordenadores da Semana de Quadrinhos da UFRJ. Qualquer um que já tenha tentado organi-zar uma exposição, palestra ou atração semelhante sabe o quanto é complicado administrar o despreparo da maioria dos funcionários que trabalham em centros culturais, além do ego dos artistas convidados. Mas quem conhece Diego No-vaes sabe que ele ainda tem muito a aprender em matéria de curadoria e agitação cultural. Afinal, todos nós que já tivemos a oportunidade de conviver com ele sabemos o quanto sua paciência está quase sempre patinando na lâmina de seu estilete.

Outra coisa que eu poderia lembrar é o fato de Diego Novaes frequentar um dos cursos da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, no caso Licenciatura em Educação Artística (Habilitação em Artes Plásticas), o que dará ao jovem car-tunista a real condição de atuar como professor. Mas se ele será um bom mestre só mesmo o tempo poderá responder.

EIS A MISSÃO PARA UM FUTURO PRÓXIMO

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Então, qual a tal virtude citada no início desse texto tem realmente Diego Novaes?

Eu o conheci há aproximadamente dois anos. O jovem cartunista foi mais um desses guris que aparecem todos os dias na internet e nos adicionam no Orkut, Facebook, MSN e outras redes sociais. A maioria deles aparece, troca meia dúzia de palavras e depois desaparece da mesma maneira que surge. O Diego Novaes apareceu e, depois de me adicionar em todos os sites de relacionamentos que participo, entu-piu minha caixa postal com perguntas. Durante as trocas de e-mails e telefonemas, a preocupação do jovem artista passava das típicas dúvidas que qualquer calouro tem, como a utilização de determinada técnica de desenho ou pintura, o melhor papel a usar, os livros que devem ser levados a sério e coisas do gênero. Diego queria saber mais. Seu anseio passava por assuntos há muito esquecidos por aqueles que vivem desse mercado. Novaes indagou sobre as necessidades de organização da classe como enti-dade, da falta de debates que regulamentem a profissão cartunista e afins, das tabelas de serviços e seus custos, da exploração mais adequada desses artistas em eventos culturais, da conscientização dos cole-gas, do eterno debate que separam os profissionais acadêmicos dos autodidatas, entre outros assuntos pertinentes à classe. Sua importante participação na coordenação da Semana de Quadrinhos da UFRJ deu ao jovem desenhista a real noção de todos esses problemas, já que Novaes passou a ouvir de artistas veteranos críticas sobre esses assuntos. Talvez pela ausência de colegas que realmente se preocupam com o exercício da profissão de fato, Diego Novaes me mostrou que pode ser uma liderança nesse en-fadonho mercado editorial. Há tempos não vemos movimentos realmente revolucionários nesse meio. Muito menos quem os crie. Faltam ideias, projetos, pesquisas e, principalmente, faltam desenhistas que abracem essas necessidades e que mergulhem na prática com a mão na massa.

Entendo que a grande virtude de Diego Novaes não está realmente na qualidade de seu traço, nem do humor contido em suas charges, muito menos na flagrante condição de ótimo produtor e agitador cultural, e nem na possibilidade de algum dia tornar-se um professor de artes. O que fará diferença num futuro não muito distante para quem estiver rodeando Diego Novaes é o conjunto de todos esses detalhes somados à sua fome de aprender e interagir, que fará do jovem artista um empreendedor num mercado editorial carente de profissionais visionários.

Zé Roberto GraúnaPesquisador e Cartunista