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VOLUME 6 . EDIÇÃO 1 Botticelli, La Primavera, "Allegory of Spring" (1485-87)

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Botticelli, La Primavera, "Allegory of Spring" (1485-87)

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EDITORIAL ABRIL 2017

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Dezembro 2014

Qualidade de Vida é a palavra de ordem!

Fruto do acaso, quer seja directa ou

indirectamente, o tema central desta edição é a

qualidade de vida, quer estejamos a falar das

questões relacionadas com a dor crónica, ou o

final de vida, sem esquecer o impacto de certas

condições clinica como é o caso do

retinoblastoma, que mesmo nas situações de

“final feliz” acarreta alterações significativas na

qualidade de vida da pessoa. Também

importante e condicionante desta qualidade de

vida, que têm vários planos, várias dimensões,

que tal como a saúde, deve de ser vista como um

continuum, no qual o individuo se situa, é a

questão da mudança do status comportamental e

económico do individuo, pelo que a análise da

preparação psicossocial do individuo para a

reforma tem toda a pertinência, na medida em

que todas estas alterações no modo de vida do

individuo, são também determinantes sob ponto

de vista da actividade do individuo e sob ponto de

vista económico também. Nesta linha de

pensamento, a avaliação das reais e completas

necessidades sentidas, assume um papel

também preponderante, visto que estas podem

surgir a vários níveis e muitas vezes com forte

impacto na qualidade de vida do individuo e em

especial do idoso.

Várias são as ciências que têm

manifestado interesse e que se têm debruçado

sobre o conceito de qualidade de vida,

manifestando como preocupação fundamental

aspectos que contribuem para o bem estar do ser

humano. Dessas áreas científicas destacamos a

filosofia, a economia, a psicologia, a pedagogia,

a medicina e a enfermagem.

Ainda assim, o conceito de qualidade de

vida não tem obtido a concordância dos diversos

autores que sobre ele se têm interessado. Uns

colocam a tónica no bem estar económico, outros

no sucesso, outros ainda no desenvolvimento

cultural e/ou nos valores éticos. Pela revisão da

literatura, nota-se que todos eles se preocupam

com um bom nível de saúde e desenvolvimento

humano, o que tem servido de base a inúmeras

reflexões e discussões sobre esta tão polémica

temática.

Muitos são portanto os investigadores

que se têm debruçado sobre o conceito de

qualidade de vida. Embora se verifique alguma

controvérsia nas diversas abordagens a este

conceito, encontram-se no entanto muitos pontos

em comum. As diferenças encontradas acerca do

conceito de qualidade de vida, levou a

Organização Mundial de saúde, em 1974, a

propor a seguinte definição: “... trata-se da

percepção, por parte de indivíduos ou grupos, da

satisfação das suas necessidades e daquilo que

não lhes é recusado nas ocasiões propícias à sua

realização e à sua felicidade” ( Couvreur, 2001,

p.43).

De acordo com a mesma autora, a

qualidade de vida compreende simultaneamente

um aspecto subjectivo e objectivo. Porém, para

se demarcarem de uma concepção que apenas

seria objectiva, alguns autores preferem

substituir a expressão qualidade de vida por bem

estar subjectivo, dizendo este respeito à forma

como cada indivíduo se sente física e

psicologicamente e nas suas relações com o

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e psicologicamente e nas suas relações

com o meio (Couvreur, 2001).

Numa outra perspectiva, também um

grupo da Organização Mundial de Saúde

considera a qualidade de vida como a percepção

dos indivíduos da sua posição na vida, no

contexto da cultura e sistema de valores em que

está inserido, sua relação com os seus

objectivos, expectativas, padrões de vida e

interesses (Orley, 1994; Amir, 1994).

Pela revisão da literatura torna-se

evidente que a qualidade de vida é uma

preocupação premente, especialmente no

âmbito da prevenção da doença, na promoção da

saúde e no desenvolvimento dos indivíduos.

Perante tais evidências é inquestionável

que a qualidade de vida está directamente

relacionada com a saúde e a política deste

sector, pois, tal como defende Joyce (1994), a

qualidade de vida é uma meta indiscutível, mas

não deveria ser entendida como uma qualidade

boa ou má em si mesma. A autora refere ainda

que embora a utilização do termo seja um tanto

neutra, assume sempre que o tratamento

melhorará a qualidade de vida.

Nesta perspectiva, parece não restarem

quaisquer dúvidas quanto à responsabilidade

dos profissionais de saúde na influência da

qualidade de vida das pessoas. De facto, dada a

natureza holística da profissão de enfermagem,

muitos dos seus objectivos estão directamente

relacionados com a qualidade de vida dos

indivíduos e da comunidade em geral.

Nos últimos anos a qualidade de vida

tornou-se efectivamente uma das principais

preocupações para o planeamento e

desenvolvimento dos programas terapêuticos.

Contudo a avaliação de uma qualidade de vida

global tem um valor limitado. É necessário criar

instrumentos que forneçam informação sobre

domínios específicos, de modo a permitir que os

profissionais de saúde identifiquem áreas

problemáticas, avaliem as suas práticas e

planeiem intervenções para aumentar a

qualidade de vida. Além disso, são necessários

instrumentos que avaliem a satisfação subjectiva

nesses domínios, bem como a importância que

esses domínios têm para as pessoas. Ainda

assim é significativo verificar que directa ou

indirectamente a preocupação pela

qualidade de vida reflecte-se cada vez mais

nas práticas de saúde adoptadas e na

evidência produzida. Bem Hajam!

Vítor Santos, RN, CNS, MsC

Centro Hospitalar do Oeste

Director Geral, São Peregrino – Centro

Especializado de Tratamento de Feridas

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Dezembro 2014

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JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951 VOLUME 6. EDIÇÃO 1

A video-based intergenerational approach for the destigmatisation of chronic pain

Uma abordagem intergeracional baseada em vídeo para a destigmatização da dor crónica

Un enfoque intergeneracional basado en video para la destigmatización del dolor crónico

Autores Marta Gonçalves 1

1 Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), Cis-IUL, Lisboa, Portugal, Harvard Medical School

Corresponding Author: [email protected]

ARTIGO ORIGINAL/ ORIGINAL ARTICLE ABRIL 2017

Abstract

In Europe it is estimated that one fifth of the population suffer from chronic pain. However, it seems that society is

not yet prepared to understand the people who suffer from chronic pain. To live twenty-four hours with pain and

project the day according to pain is still often associated with laziness or no willing to work. In order to start in

Europe a process of destigmatisation of chronic pain and better access to specialized units for this, this paper

intends to discuss the potential of creating a ten-minute video about the experience of living with chronic pain. For

the construction of the video "intergenerational living with chronic pain" there is a need to conduct focus groups with

various informants as patients of different ages, family members, health professionals, education professionals and

human resource managers. This video could be a reliable tool for further testing and use, not only in clinical

practice and training of professionals, as well as of lay people.

Keywords: video-based intervention, destigmatisation, chronic pain, intergenerational

Resumo

Na Europa, estima-se que um quinto da população sofra de dor crónica. No entanto, parece que a sociedade ainda

não está preparada para entender as pessoas que sofrem de dor crónica. Viver vinte e quatro horas com dor e

projectar o dia de acordo com a dor ainda é muitas vezes associado com a preguiça ou não disposição para

trabalhar. Para começar na Europa um processo de destigmatização da dor crónica e melhor acesso a unidades

especializadas para isso, este artigo pretende discutir o potencial de criação de um vídeo de dez minutos sobre a

experiência de viver com dor crónica. Para a construção do vídeo "vivência intergeracional com dor crónica" há

necessidade de conduzir grupos focais com vários informantes como pacientes de diferentes idades, membros da

família, profissionais de saúde, profissionais de educação e gestores de recursos humanos. Este vídeo pode ser

uma ferramenta confiável para futuro teste e utilização, não apenas na prática clínica e formação de profissionais,

bem como de leigos.

Palavras-chave: intervenção baseada em vídeo, destigmatização, dor crónica

Gonçalves, M. (2017) A video-based intergenerational approach for the destigmatisation of

chronic pain, Journal of Aging & Innovation, 6 (1): 5 - 10

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JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951 VOLUME 6. EDIÇÃO 1

Introduction

Ten years ago, chronic pain was a major

European health care concern with almost 20%

of European adults suffering from moderate to

severe chronic pain (Breivik et al., 2006).

Although this pain affects their social and

professional quality of life, only a small part of

them seeks a pain specialist and receives

adequate care. Is the situation different

nowadays? It seems not. In order to start in

Europe a process of destigmatisation of chronic

pain and better access to specialized units, the

present paper aims to discuss the creation of an

intergenerational ten-minutes video about the

experience of living with chronic pain, which can

later serve as tool to be tested in different

contexts as health, education, work and social.

This work aims to simultaneously answer two

questions. On the one hand "How can we make

chronic pain visible so that others understand

us?" and on the other "How can we be sure that

the person is not lying about chronic pain?".

Social stigma and self-stigma

Stigma and discrimination that

accompanies it, associated with chronic

pain is culturally constructed, emanating

from social structures and knowledge,

attitudes and behaviors of people (Chapple

et al., 2004; Jacoby et al., 2005; Taft et al.,

2009). Negative attitudes towards people

with chronic pain are learned early by

influences such as the school and the

media. These negative attitudes and

behaviors affect professional help seeking

and life in community. In chronic pain there

is a social stigma, also called public stigma

(Cohen et al, 2011), and the self-stigma,

also called internalised stigma (Hegarty &

Wall, 2014; Waugh, Byrne & Nicholas,

2014). The social stigma associated with

chronic pain refers to negative beliefs about

chronic pain by the population in general

(Cohen et al., 2011). The social stigma often

reflects a lack of knowledge about chronic

pain, negative attitudes and discrimination

conduct. This is especially important as the

improvement of knowledge and skills, also

called literacy, on chronic pain, can lead not

only to better results but also help to

increase readiness to help seeking and

overcome the stigma associated with

chronic pain. Research has shown that self-

stigma is conceptually different from social

stigma (Hegarty & Wall, 2014; Waugh,

Byrne & Nicholas, 2014). While social

stigma works at a social level, self-stigma is

a process at the individual level. Self-stigma

occurs when people according to public

stereotypes, internalize stigmatizing ideas

about chronic pain and begin to believe they

have less value than others, which can lead

to self-devaluation, silence and loss of

social opportunities. Combined, the social

stigma and self-stigma constitute a vicious

cycle and an obstacle to seeking help. As a

result of experienced and anticipated

discrimination, people can choose to avoid

the stigma of not looking for institutions that

potentiate the mark, such as pain clinics or

they may be afraid of being judged as weak

and incompetent.

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Intergroup contact

The destigmatization strategies include 1)

education, 2) contact - defined as face to face

contact between members of the general public

and people with chronic pain who are able to keep

their commitments to school and employment,

and 3) protest - the reactive strategy, for example,

protests advocacy groups in relation to inaccurate

and hostile representations of chronic pain.

Although in studies on mental illness (Corrigan et

al. 2012; Yamaguchi et al., 2013) it was found that

programs that emphasize the contact were the

most successful in improving long-term attitudes,

concerning chronic pain no previous intervention

contact video that directly address access and

quality of health care on chronic pain through

experiences reported by peers with chronic pain

is known. The theoretical model of social

psychology which heads the development of

intervention proposed here is the theory of

intergroup contact (Allport 1954), revised by

Pettigrew & Tropp (2006). Pettigrew & Tropp

(2006) point out that the four contact ideal

conditions proposed by Allport as the same status

between the groups in the situation, common

goals, cooperation between groups and legal

support, facilitate the reduction of prejudice but

are not mandatory. This theory was tested in

earlier interventions that attempted to reduce the

stigma associated with mental illness (Corrigan et

al., 2012; Yamaguchi et al., 2013).

A southern European case

In Portugal there are still many myths and

prejudices in relation to chronic pain in the

population that hinder access to health care and

consequently generate suffering, disability and

depression. Although there is in Portugal for more

than a decade a National Plan to Fight Pain and

pain clinics within hospitals across the country, it

seems that society is not yet prepared to

understand people who suffer from chronic pain

such as those with rheumatoid arthritis,

fibromioalgia, back pain, neuropathy, among

others. It is estimated that one third of the

population suffer from chronic pain in Portugal,

not only women and the elderly, but also men and

children. To live twenty-four hours with pain and

project the day according to pain, as being for

example not always able to climb stairs in the

morning, continues to be often associated with

laziness or not willing to work. According to

people living with pain it is an invisible disease

("the pain is not seen, not measured, is silent, is

subjective") as it is not easy for the others to

realize. According to the others, how can you be

sure that the person is not lying just to have low

or missing classes. There is also a strong

criticism of mothers with chronic pain who can not

get to lap the children or just can breastfeed lying

down, not to mention the inability to perform a

normal delivery. Just how great the interference

of chronic pain in the intimacy of a couple.

Research over the years proved that along with

the medication the brain control through

mindfulness, mental training, meditation, self-

hypnosis or relaxation is extremely effective and

in Portugal there has been a remarkable job

towards a better doctor-patient relationship and

communication and a better self-management of

pain as to play chess or self-help groups. Chronic

pain is a complex phenomenon with increased

and extended response to a harmful stimulus or

response to stimuli normally not harmful, which

diagnosis and subsequent intervention require

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diagnosis and subsequent intervention require

analysis and respective intervention in

psychological and social factors in addition to

biological. There are different tools to measure

pain perception by the adult patients (Breivik et

al., 2006;. Cleeland & Ryan, 1994; Keller et al.,

2004) as the Visual Analogue Scale ("no pain"

and "maximum pain imaginable" and the

numerical rating scale with 0 = no pain and 10 =

the worst pain).

According to the Portuguese General Directorate

of Health, effective pain management is a right of

patients who suffer from it, a duty of health

professionals and a key step in the effective

humanization of health facilities. The education of

patients includes self-assessment of pain,

analgesic medication and self-control of pain.

However, it seems that access to health care

remains difficult: on average, a person takes nine

years to reach a unit of chronic pain, largely

because of the stigma associated. This delay

favors the development of so-called "pain

memory”, the phenomenon of persistence of pain

after the injury is already healed.

Intergenerational living with chronic pain

To understand perceptions and create new

knowledge, exploring different views and

representations on the same subject (Gaskell,

2002) to achieve the proposed objective, it is

helpful in a first moment to conduct focus groups

with multiple informants with daily contact with

chronic pain as patients of different ages, family

members, health professionals, education

professionals and human resources managers of

small, medium and large organizations. For the

construction of the video "intergenerational living

with chronic pain" it is of great relevance to

analyse these focus groups in terms of content

(Bardin, 2009) by Mayring reduction method

(2000) with all ethical rigor and anonymity

guarantee in accordance with international

standards (American Psychological Association,

2002; European Federation of Psychologists'

Associations, 2005) and national standards (The

Portuguese Psychologists, 2011). This analysis

allows us to know the meaning of living with

chronic pain, characteristics or behaviors of best

living with chronic pain, offers in Europe to better

live with chronic pain, biggest challenge due to

chronic pain, ideal to live better with chronic pain,

greatest daily life need due to chronic pain and

activities daily offered to people with chronic pain.

This analysis can serve as basis for the movie

script covering positive experience and

significance with a unit of chronic pain.

Discussion

To actively contribute to a better understanding

and treatment, the aim of this paper was to

discuss a reliable tool for further testing and use,

not only in practice and clinical training of

professionals, as of lay people of different ages in

different contexts as health, education, work and

social. The intervention in the stigma associated

with chronic pain through the use of video is

promising as a quick and inexpensive way to

improve access to treatment of chronic pain in

Europe. This type of intervention, of easy and

rapid administration in various contexts, can be

used first in a pilot study and then climb up a

randomized clinical trial a larger sample to verify

that the video causal effect persists for a long

period. Based on the differences of individualism

and collectivism across cultures (Hofstede,

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2001), the test of similarities and differences in

terms of stigma and other factors associated with

seeking help for chronic pain between countries

is also of great interest for a model on stigma,

attitudes and help-seeking intentions in several

countries.

Practical, social and research implications

• Given the high percentage of people with

chronic pain in Europe, coupled with the rapid

change and complexity in the demographics, it is

essential to seek solutions through research to

promote improved access and quality of care.

• There is a need to develop training and

campaigns to combat prejudice on chronic pain

created in the society.

• Only through a multi-informant and

interdisciplinary approach it is possible to create

opportunities and support for citizens to enable

them to live with quality of life still suffering from

chronic pain.

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O CONFORTO DA PESSOA EM FINAL DE VIDA EM CONTEXTO DOMICILIÁRIO – PERCEÇÃO DO ENFERMEIRO

THE COMFORT OF THE PERSON AT THE END OF LIFE IN A DOMICILIARY CONTEXT – NURSE´S PERCEPTION

EL CONFORT DE LA PERSONA EN EL FINAL DE SU VIDA EN CONTEXTO DOMICILIARIO – LA PERCEPCION DEL

ENFERMERO

Autores Bruno Rosa Rodrigues1 , Patricia Pontífice de Sousa 2

1 MHC, Universidade Católica Portuguesa, Lisboa, 2 PhD, MHC, CNS, RN, Universidade Católica Portuguesa, Lisboa

Corresponding Author: [email protected]

Autores

Dados curriculares

ARTIGO ORIGINAL/ ORIGINAL ARTICLE ABRIL 2017

Resumo

Introdução: O conforto emerge como uma necessidade desejável ao longo da vida constituindo um elemento chave na prestação de cuidados

de enfermagem ao doente Paliativo. Confortar assume-se como um ato complexo. Implica estar atento a todas as manifestações de desconforto,

tendo em conta todas as dimensões do ser humano, a fim de promover medidas para alívio do sofrimento. Proporcionar o conforto é uma das

principais funções e um desafio para a prática dos cuidados de enfermagem. (Ribeiro & Costa, 2012).

Objetivo: Compreender a perceção do enfermeiro relativamente ao fenómeno do conforto da pessoa em final de vida, em contexto domiciliário.

Material e Métodos: Foi realizado um estudo descritivo de abordagem qualitativa, através de entrevistas semi-estruturadas a 8 participantes

enfermeiros. A metodologia utilizada para o tratamento de dados foi a análise de conteúdo. (Bardin, 2014)

Resultados: O fenómeno do Conforto, na sua conceção, encontra sentido em quatro categorias: a expressão física; a expressão

multifocal/multidimensional do conforto; a expressão afetiva e as necessidades básicas cumpridas.

Conclusão: explorar o fenómeno do conforto em relação à pessoa em fim de vida em contexto domiciliário constitui-se determinante para o

cuidado ajustado ao alívio do sofrimento. Assente numa abordagem humanista-afetiva, o processo de conforto é mediado pela interação

enfermeiro-doente/família reforçando-se a importância que o enfermeiro assume na implementação de cuidados confortadores.

Palavras-Chave: Conforto; Fim de Vida; Contexto Domicílio; Enfermeiro; Cuidados Paliativos.

Abstract

Introduction: Comfort is a key element in the provision of nursing care to patients with Palliative Care. Comfort is a complex act. To

promote comfort is to be attentive to all manifestations of distress, to take into account all dimensions of the human being and to provide

measures for the relief of suffering (Morse, 2000). We can see that there is no clear definition for the concept of comfort, however, it is

unanimous that this emerges as a lifelong need in health and illness, therefore, providing comfort is one of the main functions and a

challenge for the Practice of nursing care (Ribeiro and Costa 2012). Objective: The objective of this study is to understand the nurses'

perception regarding the comfort of the person at the end of life in a home context, identifying the comfort conception for the nurse with

respect to the person at the end of life. Material and Methods: A qualitative, descriptive study was carried out through semi-structured

interviews with 8 participants. The methodology used for data processing was content analysis. (Bardin, 2014) Results: After analyzing our

data, we can say that, in terms of Comfort Design (Domain), four categories were found: Physical Expression, Multifocal / Multidimensional

Expression of Comfort, Affective Expression and Basic Needs Fulfilled ). Conclusion: The main contribution of this study is to explore the

phenomenon of comfort with regard to the end-of-life person in a home context, reinforcing the importance that nurses assume in the

implementation of comforting care. Based on a humanistic-affective approach, the comfort process is mediated by the nurse-patient / family

interaction.

Keywords: Comfort; End of life; Residence; Nurse; Palliative care.

Rodrigues, B., Sousa, P. (2017) The comfort of the person at the end of life in a domiciliary

context – Nurse’s Perception, Journal of Aging & Innovation, 6 (1): 11 - 21

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Introdução

Cuidados paliativos são cuidados prestados a

doentes em fase avançada da doença incurável

com grande sofrimento. De acordo com a

definição da Organização Mundial de Saúde

(2004), tal, consiste numa “abordagem que visa

melhorar a qualidade de vida dos doentes – e

suas famílias – que enfrentam problemas

decorrentes de uma doença incurável e/ou grave

e com prognóstico limitado, através da

prevenção e alívio do sofrimento, com recurso à

identificação precoce e tratamento rigoroso dos

problemas não só físicos, como a dor, mas

também dos psicossociais e espirituais”.

O conforto é um fator de cuidado e elemento

chave na prestação de cuidados de enfermagem

ao doente Paliativo, sendo promovido pelas

intervenções de enfermagem (Kolcaba, 2003;

Sousa, 2014). Muitas definições de conforto

surgem na literatura, estando de acordo com a

perspetiva de cada autor. Kolcaba (2003),

considerou o conforto como um fenómeno de

importância básica para a enfermagem,

contextualizado ora como um objetivo da

enfermagem ora como um estado relativo ao

doente, destacando a importância de

compreendê-lo na sua multidimensionalidade do

processo de cuidar (Sousa, 2014). Como um

resultado dinâmico, resulta de intervenções que

procuram a satisfação das necessidades

básicas, contextualizando-se relativamente aos

estados de alívio, tranquilidade e transcendência

(Kolcaba, 2003; Sousa, 2014).

São várias as investigações que procuram

explorar o conforto da pessoa ao longo do ciclo

de vida com resultados que evidenciam maior

fortalecimento da pessoa nas diferentes

dimensões (física, psicoespiritual, sociocultural e

ambiental), concretamente promovendo mais

energia, força, esperança, controle sobre si

mesmo, felicidade (Oliveira, 2011; Sousa, 2014).

Oliveira (2011), reafirma que o conceito é mais

do que a ausência de desconforto, na medida em

que o doente pode sentir-se confortado,

experimentando algum grau de desconforto - a

existência prévia de desconforto pode ser uma

condição possível mas não necessária para

experimentar conforto.

Também Ribeiro (2012), ao estudar a natureza

do processo de conforto do doente idoso crónico

em contexto hospitalar, salienta que o processo

de conforto é mediado pela interação enfermeiro-

doente idoso e sua família, integrado numa

abordagem humanista-afetiva. O agir integrador

e intencional do enfermeiro é um ponto essencial

para dar resposta às necessidades de cuidados,

especificamente de conforto do doente idoso

crónico (Sousa, 2014).

O desconhecimento sob a perceção do

Enfermeiro, acerca da dimensão confortadora

ligada à pessoa que necessita de cuidados em

final de vida no Domicilio é algo que devemos

considerar. Na verdade, sabemos não só que os

conceitos se desenvolvem a partir da experiência

e assumem um papel fundamental na clareza do

fenómeno como também, o enfermeiro é o

profissional de saúde que, pelas suas

competências assume um papel preponderante e

privilegiado no cuidado à pessoa humana que

vivencia situações de sofrimento e desconforto

(Sousa, 2014).

Sendo o conforto não só uma necessidade

desejável bem como um elemento chave na

prestação de cuidados de enfermagem ao

doente/família em fim de vida e, não existindo

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uma definição clara para este conceito, importa

investigar qual a perceção do enfermeiro no que

respeita à conceção do conforto da pessoa em

final de vida no domicílio.

Métodos

Nesta investigação definimos a seguinte

questão: Qual a perceção do enfermeiro

relativamente ao fenómeno do conforto da

Pessoa em final de vida em contexto

domiciliário?

Trata-se de um estudo exploratório, descritivo

com uma abordagem qualitativa onde se

procurou compreender a perceção do enfermeiro

no que diz respeito ao conforto da pessoa em

final de vida em contexto domiciliário. Com a

finalidade de refletir acerca do fenómeno do

conforto nas suas múltiplas dimensões,

considerámos alguns aspetos no processo de

seleção dos participantes (Minayo, 2004), tendo

sido a nossa amostra não

probabilística/intencional de acordo com os

objetivos e o propósito da investigação,

selecionando os sujeitos que eram prestadores

de cuidados no domicílio à pessoa em final de

vida com os seguintes critérios de inclusão: (i)

possuir formação básica em Cuidados Paliativos;

(ii) ter experiência profissional com mínimo de um

ano em Cuidados Paliativos;(iii) trabalhar na

Equipa Comunitária de Suporte em Cuidados

Paliativos do Hospital da região; (iv) consentir de

livre vontade participar no estudo. Assim, para a

investigação foram selecionados 8 Enfermeiros

de um Hospital nos arredores de Lisboa, que

tivessem experiencia de prestação de cuidados

no domicílio a doentes em fim de vida.

Uma vez que pretendemos compreender a

perceção do enfermeiro no que diz respeito ao

conforto da Pessoa em final de vida em contexto

domiciliário e, tendo em conta a complexidade e

especificidade deste processo, o recurso à

entrevista semi-estruturada pareceu-nos

fundamental. A entrevista realizada surgiu com

um formato próprio a fim de recolher dados

descritivos na linguagem do próprio sujeito,

permitindo ao investigador a descoberta e

sistematização da informação pela possibilidade

de explorar, aprofundar e clarificar alguns pontos

do discurso dos informantes, permitindo uma

melhor explicitação das suas vivências. Desta

forma torna-se possível desenvolver

intuitivamente uma ideia sobre a maneira

como os sujeitos interpretam aspetos vividos

relacionados com o fenómeno (Ribeiro,

2012;Bardin, 2014). A busca do sentido que

os atores dão aos acontecimentos foi

essencial a fim de compreender o significado

que cada sujeito atribuiu ao fenómeno do

conforto. Considerando a natureza do estudo

– qualitativo – o consentimento informado

constituiu um processo contínuo, exigindo a

reavaliação e renegociação por parte dos

participantes do estudo, tendo todos os

enfermeiros se mostrado recetivos ao nosso

pedido de participação no estudo. Assim, foram

considerados sistematicamente os princípios

éticos do consentimento informado, da não

maleficência, da beneficência, da autonomia e da

justiça; as regras morais da fidelidade, de

veracidade e de confidencialidade, e ainda o

direito dos participantes à informação, à

privacidade e à autodeterminação (Holzemer,

2010).

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As entrevistas decorreram num espaço

destinado a esse fim (na sala de realização de

Conferências Familiares do Hospital), em hora

marcada pelos informantes. No momento da

entrevista estavam presentes apenas o

entrevistador e o entrevistado, sendo que antes

de se iniciar a entrevista foi explicado o objetivo

da mesma assinando-se o termo de

consentimento livre e esclarecido. Cada

entrevista teve uma duração que oscilou entre os

20/30 minutos.

Todas as entrevistas foram submetidas a análise

de conteúdo para o tratamento de dados.

Inicialmente lemos e relemos várias vezes os

dados obtidos em cada uma das entrevistas a fim

de se obter uma compreensão do conteúdo geral

das mesmas, excluindo todo o verbatim que se

apresentava mais distante do nosso estudo. A

leitura dos dados permitiu identificar certas

palavras, frases que se repetiam ou se

destacavam permitindo identificar formas dos

sujeitos pensarem os acontecimentos. Assim,

aos segmentos do texto que não interessavam foi

atribuído o código “ (…) ”, e as palavras utilizadas

para clarificar algum aspeto foram colocadas

entre “[ ]”. Aos silêncios e pausas que surgiram

ao longo da entrevista atribuiu-se o código “…”

Para tratar o material foi necessário codificá-lo,

correspondendo a uma transformação segundo

regras precisas, transformando o texto transcrito

em bruto das entrevistas, em unidades de registo

e unidades de contexto.

Todos os nomes dos participantes (enfermeiros)

foram ocultados e substituídos por códigos, não

constando nos anexos de caracterização dos

mesmos. Assim, a cada entrevista foi atribuída a

“letra de código” (E), tendo sido dividida em

unidades de significação (também chamadas

unidades de registo ou declarações

significativas), de acordo com o que foi referido

pelo sujeito. As unidades de significação são

frases ou proposições que se relacionam com o

fenómeno em estudo, deste modo, e de forma a

organizarmo-nos no futuro, a cada unidade de

significação foi atribuído um número que em

conjunto com o código já atribuído (E),

possibilitava a localização dessa unidade de

significação (E1 1, E1 2, …). O desenvolvimento

de um sistema de codificação foi, assim,

importante constituindo-se categorias de

codificação a fim de classificar os dados

descritivos recolhidos. Posteriormente

procurámos questionar a relação que existia

entre cada unidade de significação e o fenómeno

em estudo, procedendo à formulação dos

significados através da descoberta do significado

de cada unidade de significação (unidades de

contexto). O significado permitiu evidenciar o

sentido presente nas descrições originais, não

devendo cortar a ligação com a descrição

original. A cada um dos significados formulados

foi também atribuído um código, letra “S” que se

agrupou ao código já existente ficando: E1 S1, E1

S2, etc.

As diferentes fases de análise de conteúdo,

organizam-se em torno de várias etapas

cronológicas: pré-análise (transcrição da

entrevista realizada); exploração do material

(através da codificação); tratamento de dados, a

inferência e a interpretação, as quais foram

seguidas no nosso estudo. (Bogdan, 1991;

Bardin 2014). A análise dos dados permite-nos

obter um esquema compreensivo da relação

entre os diferentes temas encontrados no

decorrer da análise da informação.

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no decorrer da análise da informação.

De forma a garantir os princípios éticos inerentes

ao processo de investigação foi, inicialmente,

realizado o pedido formal de autorização à

Direção Clinica e Direção de Enfermagem do

Hospital, tendo sido dado um parecer favorável à

realização do mesmo. Para tal, foi solicitada a

apresentação do guião da entrevista aos

enfermeiros, assim como o termo de

consentimento livre e esclarecido. O

consentimento informado aos participantes do

estudo (Enfermeiros) foi assinado, após terem

sido informados dos objetivos do trabalho, da sua

finalidade, do tipo de participação solicitada, dos

meios a usar – como a áudio gravação –

esclarecendo o direito de não-aceitação e de

desistência caso assim o entendessem, sem

qualquer repercussão negativa para os próprios.

Resultados e Discussão

Tal como referimos, reunir a informação em

unidades estruturais, foi um processo

estruturante complexo. Os significados

encontrados foram sendo agrupados dando

origem às Categorias e Subcategorias, as quais

serão referidas ao longo deste ponto, de forma a

explicitar o fenómeno em estudo. Na discussão

dos resultados seguiremos a ordem de

apresentação das mesmas, procurando, deste

modo, descrever a estrutura essencial do

fenómeno do conforto na ligação à perceção dos

oito participantes (Enfermeiros) contextualizado

na conceção do Conforto da pessoa em final de

vida em contexto domiciliário.

As conceções de “Conforto”, que no nosso

estudo estão relacionadas com as conceções

dos enfermeiros revelam o pensamento e a ação

dos atores de cuidados - enfermeiros-

considerando a particularidade dos seus pontos

de vista e incluem as formas como os sujeitos

compreendem os conceitos, considerando a

perceção que deles é feita na relação com os

elementos relacionados com o ideal ou com o

verdadeiro significado (Carpenter, 2002). Atribuir

significado é dar sentido à sua forma “autêntica”,

procurando compreender um determinado

fenómeno (Watson, 2002). As conceções são as

unidades fundamentais, de sentido ou da

compreensão do fenómeno, de acordo com a

intenção dos atores em contexto e apresentam-

se como parte integrante da descrição do mesmo

(Ribeiro, 2012).

Após a análise dos nossos dados em estudo,

podemos dizer que no que respeita ao fenómeno

do conforto (Tema) na relação com a sua

Conceção de Conforto (Domínio) foram

encontradas quatro categorias (Expressão

Física; Expressão Multifocal/multidimensional do

Conforto; Expressão Afetiva e Necessidades

Básicas Cumpridas) das quais emergiram várias

subcategorias, as quais vamos explicar com

detalhe em seguida. Verificamos que na

Expressão Física (categoria), o enfermeiro

atribui importância ao alívio/controlo da dor

(Subcategoria) assim como o controlo de outros

sintomas físicos, como consta nas asserções: “

(…) [conforto é estar] sem dor ou sem outro

descontrolo de sintomas… É mais ao nível da

dor…” E2 15; “ (…) [conforto é estar] sem

agitação… (…) " (E2 17). Relativamente às

subcategorias Estado de alívio/controlo de

dor; Controlo Sintomático e Ausência de

agitação, refletem os seguintes significados

encontrados: relacionado com dor controlada

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encontrados: relacionado com dor controlada

(S8); relacionado com controlo do sintoma

agitação (S9); relacionado com sintomas físicos

controlados (S19).

A investigação evidencia que os enfermeiros têm

um papel fundamental no alívio/controlo da dor

uma vez que lidam com os desconfortos dos

doentes (Sousa, 2014). O conceito é identificado

numa relação estreita com o controlo e com a

ausência de dor, considerados, desta forma,

como sinónimos. A experiência dolorosa é um

fenómeno individual. A conceção de conforto

pode adquirir significado de um estado de alívio

ou de encorajamento conotado com um sentido

positivo o que vem corroborar com a investigação

já realizada (Kolcaba, 2003; Tutton & Seers,

2003; Oliveira, 2011; Ribeiro, 2012): " (…)

[conforto é] quando, acima de tudo, não tem dor

visível, não tem dor descompensada (…) advém

da ausência ou da diminuição da dor.” (E2 14); “

(…) [conforto é] é o alívio dos sintomas (...) dos

sintomas físicos, quaisquer que sejam (…) se

estiverem controlados (…) ” (E8 13. A este

propósito Ribeiro (2012), no seu estudo,

evidencia também que a experiência e o

significado de conforto se referem a uma

sensação de comodidade e de alívio da dor, o

que conduz ao reconhecimento da

individualidade da experiência humana do

sofrimento, pelo ator de cuidado, numa ação

orientada pela possibilidade de ajudar o doente a

alcançar um estado de alívio/ausência de dor

(Ribeiro, 2012).

Aspetos relacionados com a autonomia física

(Subcategoria) são referidos pelos enfermeiros

como algo a considerar no conceito de conforto:“

(…) [conforto é] sentir-se autónoma num

processo que era normal, era uma rotina anterior

(…) ” (E3 33)

O estudo do significado e dos atributos de

conforto reconhece a seguinte categoria:

Expressão Multifocal/multidimensional do

Conforto, assumindo diferentes características

definidoras das quais emergem as

Subcategorias: Espiritualidade; Serenidade;

Individualidade/Subjetividade; “Estar-Bem”;

“Bem-estar global”; Dignidade e

Tranquilidade. O Conforto é caracterizado por

ser um conceito muito subjetivo e por isso

individual, por questões relacionadas com o

sentido da vida ou por uma sensação de “Bem-

Estar” interligadas com a serenidade e

tranquilidade desejáveis a estado pleno de

Dignidade. Os enfermeiros referem que o

conceito é algo difícil de definir estando ligado a

diferentes circunstâncias. Emerge assim a noção

de circunstancial tal como já tinha sido

descoberto na investigação de Ribeiro, (2012) ao

considerar que o conforto se altera consoante as

circunstancias: “ (…) conforto para mim, também

é uma situação que pode mudar. Portanto, a

definição de conforto mudará consoante a nossa

situação.” (E5 9). São vários os autores que

defendem a perspetiva de que o conforto é

subjetivo, na medida em que há ter em conta qual

o significado que cada pessoa, família ou

comunidade lhe atribui (Leininger, 1995;

Malinowski & Stamler, 2002; Oliveira, 2011;

Ribeiro, 2012). Assim sendo, é importante

atender à individualidade da pessoa, de forma a

poder intervir de acordo com as necessidades de

conforto, tal como se evidencia nos relatos dos

enfermeiros:“ (…) [o conforto] percecionado por

cada um de nós de forma muito pessoal.” (E1 21);

“ (…) o conforto é (…) uma dimensão mais

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“ (…) o conforto é (…) uma dimensão mais

subjetiva (…) para percebermos se realmente

está confortável ou desconfortável. “ (E1 25); “

(…) o conforto é uma coisa, para si, como

enfermeiro e como pessoa, deve ser outra, e

cada um tem a sua definição de conforto, e é aí

que temos de ir de encontro…” (E3 44); “ conforto

vai (…) de encontro às minhas expetativas, às

minhas necessidades enquanto pessoa, e não

tanto de encontro a regras, padrões…” (E5 6).

Watson (2002), refere na sua teoria que o

conforto é contextualizado como uma condição

que interfere no desenvolvimento interno e

externo de cada pessoa, tendo em conta os seus

valores, desejos, crenças e perspetivas, estando

relacionado com a sensação de bem-estar, e

assumindo, desta forma, um carácter singular e

único. No nosso estudo, e também na

investigação de (Ribeiro, 2012), a expressão do

conceito multifocal/multidimensional ganha

sentido quando se reporta a um estado desejável

para viver a vida, quando é relacionado com o

“Bem-estar global” e o “Estar bem”,

expressões próximas e similares, do conceito, e,

de acordo com os resultados, bastante

expressivas na perspetiva dos enfermeiros

intervenientes do estudo, como é justificado

pelas unidades de significação: “ (…) [o conforto]

permite-nos o bem-estar necessário à qualidade

de vida." (E1 26); “ (…) o conforto é… está ligado

com um bem-estar (…) ” (E3 46); “ (…) [conforto

é] momento em que se diz, eu estou bem no sítio

em que estou.” (E3 50); “ (…) [conforto é]

estarmos bem connosco próprios (…) ” (E4 13).

A literatura aponta o conforto como um estado de

prazer e de bem-estar (Ribeiro, 2012). Assim

sendo, e segundo o descrito anteriormente,

podemos inferir que no nosso estudo

encontrámos os seguintes significados: Conforto

está relacionado com a individualidade (S4);

Conforto varia de pessoa para pessoa (S5); O

conforto está relacionado com o bem-estar (S6);

Conforto é algo difícil de definir (S15).

Ainda na categoria da Expressão

Multifocal/multidimensional do conforto, surgem

as subcategorias Espiritualidade: “ (…)

[conforto é] toda a parte espiritual: saber que não

estamos sozinhos, saber que há alguém que

cuida de nós e que gosta de nós, e que está lá

mesmo só para nos dar a mão, e que, mesmo

que não esteja presencial (…) ” (E8 14);

Dignidade: “ (…) [conforto é] promover a

dignidade da pessoa (…) em fim de vida.” (E1 1);

Tranquilidade: “ (…) [doente] foi ficando mais

tranquilo.” (E1 8); Serenidade: “ (…) [conforto é]

Quando a pessoa (…) consegue alcançar algum

tipo de serenidade (…)” (E7 13). Encontraram-se

os seguintes significados no nosso estudo: Existe

preocupação em promover a dignidade (S1); O

conforto está relacionado com tranquilidade (S2):

O conforto está relacionado com serenidade

(S3);Conforto liga-se à espiritualidade (S20).

O facto de uma pessoa ter um sentimento de

ligação a um ser superior, à natureza ou a algo

superior a si mesmo e senti-los ainda como uma

força e um apoio, poderá ter benefícios para a

mesma (Kolcaba, 2003; Tutton & Seers, 2004;

Ribeiro, 2008; Ribeiro; 2012). É reconhecido a

importância em promover a dignidade, numa

ação humana sustentada pelos princípios éticos

do respeito respeito da autonomia, da

beneficência e da não maleficência, no

reconhecimento do Outro e da sua dignidade

(Vieira, 2007;

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(Vieira, 2007; Nunes, 2011; Ribeiro, 2012).

Parece fazer sentido olhar o conforto como a

sensação de paz, serenidade/ tranquilidade face

à vivência de um incómodo ou perturbação

considerada como desconfortadora (Ribeiro,

2012).

A Expressão afetiva (Categoria) assume

também um papel relevante no que respeita à

conceção do conforto, com grande enfoque no

nosso estudo à família e às relações

interpessoais: “ (…) o maior conforto (…) era

estar com a família, com os entes queridos (…) ”

(E3 22); “ (…) [conforto é] termos uma boa

estrutura familiar (…) ” (E4 14), “ (…) [conforto é]

ter a minha família perto, poderem permanecer

comigo (…) ” (E6 12); “ (…) o maior conforto tanto

para o doente como para a família, eram as

relações [entre pessoas].” (E3 24), assim como

ao afeto; sorriso e felicidade: “ (…) [conforto]

estava muito ligado ao afeto (…) ” (E3 31); “ (…)

[conforto é] sentir um sorriso todos os dias (…) ”

(E3 45); “ (…) [conforto é] é sorrir (…) ” (E3 48); “

(…) [conforto é] estar feliz (…) ” (E3 49). Pode-se

dizer que os atores atribuem significado à forma

como se relacionam entre as pessoas assim

como a estrutura familiar que possuem, ou à

oportunidade de a família partilhar momentos

importantes, o que lhes leva a um estado de

felicidade, à presença do sorriso a um estado de

afeto.

A investigação realizada mostra ainda que o

conforto se relaciona com a oportunidade de

deixar recordações/memórias para as pessoas

que permanecem vivas após a morte do próprio,

como reflete a asserção: “ Conforto…mesmo que

seja em fim de vida, saber que, após a nossa

partida, alguém nos há-de recordar.” (E8 15).

A família apresenta-se como uma entidade

dinâmica, onde as relações de proteção e apoio

constituem uma dimensão importante (Silva,

2006). As funções familiares são inúmeras, nelas

pode-se incluir: o gerar afeto, entre os membros

da família; o proporcionar a satisfação, a

aceitação pessoal, a segurança, a estabilidade e

ainda o dar apoio e resposta às necessidades

básicas, em situação de doença (Ribeiro, 2012).

O sorriso é um dos sinais de comunicação com

sentido universal, constitui-se como a expressão

facial que melhor rompe barreiras e aproxima as

pessoas, permitindo por isso estabelecer um

mecanismo de vinculação entre as mesmas. Os

estudos sobre o sorriso demonstram que o

sorriso tem efeito na interação social. Pode

considerar-se a influência do comportamento

sorriso pelo emissor na manifestação do mesmo

pelo recetor, promovendo um efeito terapêutico,

em pessoas que se sentem deprimidas ou

pessimistas, ou ainda como uma forma de um

maior relaxamento (Ribeiro, 2012).

Honoré (2004) refere que a saúde está no centro

da vida e é condição fundamental para a nossa

existência, estando associada à felicidade e à à

autonomia. Assim, quando os atores referem o

conforto como um estado de felicidade podemos

dizer que está associado a um estado de

autonomia, a um estado de bem-estar, presentes

quer na expressão física quer na expressão

multifocal/multidimensional do conforto.

A multidimensionalidade do conceito é

comprovada por diferentes autores ao afirmarem

que envolve aspetos de natureza física,

sociocultural, psicoespiritual e ambiental (Wilson,

2002; Kolcaba, 2003; Tutton & Seers, 2004;

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2002; Kolcaba, 2003; Tutton & Seers, 2004;

Wilby, 2005, Yoursefi, H. et al. 2009; Oliveira,

2011; Ribeiro, 2012), o que corrobora os achados

do nosso estudo.

Na conceção do conforto surge ainda a

referência pelos atores do nosso estudo, às

Necessidades Básicas Cumpridas (Categoria)

tal como exemplificam as unidades de

significação: “ (…) [conforto é] quando está (…)

bem hidratado (…) " (E2 13); “ (…) um padrão de

eliminação regular…” (E2 18). Pode afirmar-se

que só se consegue atingir um estado desejável

de conforto quando a hidratação ou o padrão de

eliminação estiver satisfatoriamente cumprido.

Kolcaba (2003) considera o conforto como um

estado em que estão satisfeitas as necessidades

humanas básicas.

O alívio é o estado em que uma necessidade foi

satisfeita, sendo necessário para que a pessoa

restabeleça o seu funcionamento habitual. As

necessidades evidenciam-se como algo positivo

que se pode relacionar com os desejos e as

expectativas particulares do doente,

imprescindível para que a pessoa assegure o seu

bem-estar e se preserve física e mentalmente

(Phaneuf, 2010; Ribeiro, 2012).

Em síntese apresentamos o Diagrama 1 onde

podemos observar, de forma resumida, a

estrutura do fenómeno do Conforto na ligação à

sua Conceção na perspetiva que se relaciona

com a perceção do Enfermeiro:

Página 19

Diagrama 1 - Tema: Fenómeno Conforto

Domínio: Conceção de Conforto: Categorias e Subcategorias

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Retinoblastoma: Cuidados Paliativos em Crianças com Diagnóstico Tardio

Retinoblastoma: Palliative care in Children with Delayed Diagnosis

Retinoblastoma: Cuidados paliativos en niños con retraso en el diagnóstico

Autores Débora Brito 1 , Glenda Agra2, Nara Barros 3, Maria Freire 4

1,3 Enfermeira, Brasil, 2 Enfermeira, MsC, PhD student, Brasil, 4Enfermeira, MsC, PhD, Brasil,

Corresponding Author: [email protected]

Autores

Dados curriculares

REVISÃO SISTEMÁTICA/ SYSTEMATIC REVIEW ABRIL 2017

Resumo

A prevenção e o controlo da transmissão de infeções assumem-se como um dos principais focos de

atuação dos profissionais de saúde.

O Clostridium difficile é uma das bactérias presentes na flora intestinal não causando patologias nas

pessoas saudáveis, mas com a utilização de alguns antibióticos, que podem interferir no equilíbrio normal

da flora intestinal, pode desencadear-se patologia.

Esta revisão sistemática da literatura tem por objetivo determinar quais os cuidados a ter para prevenção

e controlo da infeção por Clostridium difficile.

Palavras-chave: Infeção; Clostridium difficile; Prevenção; Controlo.

Abstract

Prevention and control of infection transmission are assumed to be a major focus of activity of health

professionals.

Clostridium difficile is bacteria present in the gut without causing diseases in healthy people, but with the

use of some antibiotics, that can disrupt the normal balance of the intestinal flora can trigger-pathology.

This systematic literature review aims to determine what precautions to prevent and control infection by

the bacteria referred.

Key-words: Infection; Clostridium difficile; Prevention; Control.

Brito, D., et al (2017) Retinoblastoma: Palliative care in Children with Delayed Diagnosis

Journal of Aging & Innovation, 6 (1): 22 - 32

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Introdução

Os avanços tecnológicos no contexto da

saúde têm trazido grandes contribuições para a

resolução de várias doenças que acometem a

humanidade, porém ainda há aquelas de baixa

resolutividade, como o câncer.

O retinoblastoma é o tumor ocular

maligno mais frequente na infância, prevalente

entre as idades de zero a quatro anos podendo

afetar um ou ambos os olhos. Os meios

terapêuticos empregados são enucleação,

radioterapia externa, fotocoagulação,

quimioterapia, crioterapia e braquiterapia (Souza

Filho et al, 2005).

Mesmo com todos os avanços da

medicina, o diagnóstico precoce do portador de

retinoblastoma é o fator fundamental para o bom

êxito da terapêutica e sobrevida. O prognóstico,

incluindo a qualidade visual, é excelente quando

o diagnóstico é realizado precocemente e o

tratamento conduzido de forma adequada. Mas

ainda há casos em que a desinformação cultural

de pais e o conhecimento técnico por parte dos

pediatras e oftalmologistas leva ao diagnóstico

tardio e, em consequencia disso, o

desenvolvimento de tumores avançados

(Antoneli et al, 2003).

A criança com doença crônica estabelece

um vínculo e uma familiaridade com o ambiente

hospitalar devido às internações recorrentes e ao

tempo de duração destas. Isso faz com que os

profissionais que atuam nos serviços

desenvolvam vínculos e conheçam

particularidades tanto da família quanto da

criança, aprendendo a identificar as suas

necessidades para, assim, prestarem um

cuidado com qualidade (Avanci & Carolindo,

2009).

O processo do cuidar/cuidado é inerente

à pessoa humana, desse modo precisamos

cuidar e sermos cuidados durante o nosso ciclo

vital, no entanto diante do processo de

terminalidade, surge a necessidade de um cuidar

peculiar impregnado da valorização do ser. Isto é

a essência do cuidado paliativo (Silva &

Sudigursky, 2008).

Pacientes com doenças avançadas fora

de possibilidades terapêuticas de cura, não

somente em sua fase terminal, mas em todo o

percurso da doença, apresentam fragilidades e

limitações específicas de naturezas física,

psicológica, social e espiritual. Esses pacientes

constituem uma realidade em hospitais, com

sérias dificuldades para os administradores,

profissionais de saúde, familiares e para os

próprios pacientes. Surge assim a necessidade

de um modo específico de cuidar (Silva &

Sudigursky, 2008; Boemer, 2009).

Do ponto de vista de Costa Filho et al.,

(2008) o cuidado paliativo (CP) ou paliativismo, é

mais que um método, é uma filosofia do cuidar.

O CP visa prevenir e aliviar o sofrimento humano

em muitas de suas dimensões. São cuidados

direcionados aos pacientes onde não existe a

finalidade de curar, uma vez que a doença já se

encontra em um estágio progressivo, irreversível

e não responsivo ao tratamento curativo, sendo

o objetivo desses cuidados propiciarem

qualidade de vida nos momentos finais (Silva &

Sudigursky, 2008; Boemer, 2009; Costa Filho,

Costa, Gutierrez & Mesquita, 2008).

Uma criança com diagnóstico tardio do

retinoblastoma com alta porcentagem de um mau

prognóstico (invasão do nervo óptico e/ou túnicas

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oculares) deve receber os cuidados

paliativos, para que tenha uma boa qualidade de

vida. Tendo em vista a importância do tema em

evidência, surgiu o interesse de elaborar um

estudo buscando descrever os cuidados

paliativos em crianças com diagnóstico tardio de

retinoblastoma através de um discurso literário e

sua aplicabilidade para o conhecimento do

profissional de enfermagem.

Levando em consideração a importância

do profissional de enfermagem nesses cuidados,

este estudo pretende buscar respostas para os

seguintes questionamentos: Que cuidados

podem ser aplicados em crianças com

retinoblastoma? Em que circunstâncias eles

podem ser aplicados, no contexto no hospitalar?

E que cuidados devem ser dispensados a estes

pacientes?

Diante dos questionamentos acima

levantados, este estudo teve como objetivo:

descrever as ações, no contexto dos cuidados

paliativos, direcionados a criança com

diagnóstico tardio do retinoblastoma, no contexto

hospitalar.

Método

Trata-se de uma pesquisa bibliográfica

que segundo Costa (2000), é aquela que

desenvolve a partir de resolução do problema

(hipótese) através das referências teóricas

encontradas em livros, revistas e literaturas afins.

O seu objetivo é conhecer e analisar as principais

contribuições teóricas já existentes sobre

determinado assunto (Costa, 2000).

A pesquisa foi realizada durante o período

de maio a novembro de 2010 a partir de

referências especializadas relacionadas a

cuidados paliativos direcionados a crianças com

diagnóstico tardio em retinoblastoma,

disponibilizadas em periódicos online da área da

saúde, por meio de busca eletrônica no site da

Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), nas bases de

dados Scientific Eletronic Library Online –

SciELO.

Os critérios de inclusão para a seleção da

amostra foram: que os artigos abordassem a

temática investigada, e que apresentassem o

texto na íntegra. O critério de exclusão adotado

foi textos com acesso restrito. Neste contexto, a

amostra deste estudo foi constituída por 18

artigos.

As etapas operacionais do estudo foram:

escolha da temática; seleção das fontes; critérios

de inclusão e exclusão; seleção dos artigos que

abordavam a temática; extração dos dados dos

artigos selecionados a partir dos objetivos

propostos; agrupamento dos itens selecionados

por categorias e subcategorias; apresentação

dos dados obtidos por meio de análise dos

dados.

Ao término da seleção dos artigos, foi

preenchido um instrumento para a coleta de

dados, contendo ano de publicação, nome do

periódico, título do trabalho, área de formação

dos pesquisadores e base de dados. Para a

exploração do texto, a segunda parte do

instrumento foi preenchida com os enfoques

dados pelos autores. Portanto, para alcançar os

objetivos propostos, elegeu-se a técnica de

análise do conteúdo temática, seguindo as

etapas de pré-análise, que se constitui da leitura

flutuante, da classificação e da categorização,

com respectivas subcategorias; análise e

interpretação dos dados. Desse modo foi

construído em tema de análise, denominado

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construído em tema de análise, denominado

“Cuidados Paliativos em Crianças com

Diagnóstico Tardio de Retinoblastoma: Uma

Revisão Bibliográfica”.

Resultados e Discussão

O retinoblastoma (RB) é o principal tumor

da retina que se origina dos retinoblastos

imaturos da retina neural e a neoplasia maligna

intraocular mais frequente na infância. Ocorre

entre 1/14.000 e 1/20.000 dos nascidos vivos, de-

pendendo do país avaliado. Mais de 90% dos

casos são diagnosticados antes dos cinco anos

de idade. Tem etiologia genética com

apresentação multifocal ou unifocal. Os

primeiros, em geral bilaterais, podendo, ser ainda

unilaterais com múltiplos focos tumorais são

considerados genéticos germinais e hereditários.

Os unifocais, obrigatoriamente unilaterais, são

ditos somáticos e esporádicos (Erwenne,

Antonelli, Marback & Novaes, 2003).

Quando há desconhecimento sobre o

retinoblastoma, o tempo para se fazer o

diagnóstico é maior, assim retardando o

encaminhamento até um centro de tratamento

especializado, permitindo que a doença torne-se

mais avançada e as chances de cura diminuam

(Rodrigues & Camargo, 2003).

No caso do retinoblastoma, o diagnóstico

definitivo pode ser realizado através de um

exame de fundo de olho, sob anestesia geral,

tomografia de crânio e órbita, ultrassonografia do

olho (o exame de ultrassom fornece informação

sobre o tamanho da lesão e avalia a presença de

calcificação intralesional, sinal bastante

característico do retinoblastoma), raio-x de

crânio, mielograma e histológico do líquido

cefalorraquidiano com finalidade de classificar o

estadiamento do tumor e direcionar o tratamento

(Antoneli et al, 2003).

Existem diferentes modalidades

terapêuticas que devem ser propostas de acordo

com o caso. Devem-se sempre considerar

fatores locais e sistêmicos na escolha do

tratamento, como tamanho e localização do

tumor intraocular, comprometimento extraocular,

lateralidade, prognóstico visual, condições

clínicas do paciente, presença de doença

disseminada, entre outros (Tamura & Teixeira,

2009).

O tratamento depende do estadiamento

da lesão, sendo que a enucleação permanece

como a forma mais comum de tratamento.

Entretanto os recentes avanços no entendimento

do retinoblastoma têm proporcionado novas

modalidades de tratamento como quimioterapia

(endovenosa, subcutânea e intra-arterial) e

tratamento local (placa radioativa [teleterapia e

braquiterapia], fotocoagulação a Laser,

termoterapia transpupilar [TTT] e crioterapia)

(Souza Filho et al, 2005).

A enucleação deve ser realizada como

tratamento primário em olhos com tumores

intraoculares avançados que apresentam

alterações anatômicas e funcionais. A utilização

da enucleação como tratamento secundário

ocorre quando não existe resposta ao tratamento

primário proposto. Deve-se tentar retirar o globo

ocular com o maior tamanho de coto de nervo

óptico possível. O coto do nervo é considerado a

margem cirúrgica mais importante. Casos

avançados da doença, com invasão do tumor na

cavidade orbitária e no nervo óptico, podem se

apresentar com proptose ocular e restrição da

motilidade ocular (Tamura & Teixeira, 2009).

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motilidade ocular (Tamura & Teixeira, 2009).

Vale ressaltar que a invasão do nervo

óptico (N.O) e das túnicas oculares são

considerados importantes achados

histopatológicos relacionados ao prognóstico. A

frequência de invasão do N.O em olhos

enucleados por retinoblastoma varia de acordo

com a literatura de 25% a 63%. A invasão do

nervo óptico até o plano de secção cirúrgica é

considerada como fator de mau prognóstico.

Nesses pacientes, a mortalidade varia entre 50%

a 81% (Souza Filho et al, 2005).

O tratamento do retinoblastoma é

complexo e requer uma equipe multidisciplinar

capacitada para o atendimento do paciente em

todas as etapas do processo. Os objetivos do

tratamento são: salvar a vida da criança e,

secundariamente, preservar o globo ocular e a

visão (Tamura & Teixeira, 2009).

O sucesso do tratamento depende da

habilidade dos pais e do pediatra em detectar a

doença quando ainda é intraocular,

encaminhando-a precocemente ao

oftalmologista para realização de um exame de

fundo de olho e ao oncologista pediátrico para

tratamento adequado ao estádio da doença. A

fim de preservar não só a vida da criança como

também a funcionalidade do olho acometido

(Rodrigues, Latorre & Camargo, 2004).

As crianças portadoras de retinoblastoma

podem adquirir duas deficiências na fase de

aquisição de linguagem e desenvolvimento

neuropsicomotor. A detecção precoce da perda

auditiva é fundamental para evitar a progressão

da surdez e permitir ao fonoaudiólogo, como

membro da equipe multidisciplinar, uma

orientação adequada à família e à escola (Brasil,

2000).

Nessa conjuntura torna-se necessário

ressaltar que uma criança com diagnóstico tardio

com alta porcentagem de um mau prognóstico

(invasão do nervo óptico e/ou túnicas oculares)

deve receber cuidados especiais, ou seja, os

cuidados paliativos.

Segundo Boemer (2009), no Brasil,

surgem algumas iniciativas no sentido de

implementar essa filosofia de cuidado, contudo,

ainda há muito a fazer para consolidar essa

abordagem terapêutica. O difícil acesso aos

serviços de assistência, as falhas nas diretrizes

das políticas de saúde, a deficiência na formação

de profissionais e, principalmente, a falha de

informação ao paciente, nos confrontam com a

necessidade de controlar a dor, aliviar os

sintomas, e promover uma melhor qualidade de

vida para essas pessoas. Com o avanço

tecnológico e a consequente detecção precoce

de doenças, alguns profissionais direcionaram

seu olhar para essa questão e, dessa forma,

aprofundaram seus conhecimentos nessa

abordagem, incorporando o conceito de cuidar e

não de curar.

O Ministério da Saúde tem expressado

sua preocupação com a necessidade crescente

de cuidados paliativos e de controle da dor e a

partir dessa conjuntura publicou a Portaria

GM/MS nº 19, de 03 de janeiro de 2002, na qual

instituiu o Programa Nacional de Assistência à

Dor e Cuidados Paliativos, possibilitando novos

debates acerca da temática e da capacitação

profissional, além de rever posturas pertinentes

ao cuidado do paciente portador de doença

crônico-degenerativa ou em fase final de vida e

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seus familiares (Brasil, 2008).

O que leva um paciente a ser incluído

num programa de cuidados paliativos é a

condição de que, além do tratamento curativo,

existem outros sintomas e desconfortos que

comprometem sua qualidade de vida; sendo

assim, necessitam de uma abordagem

competente e especializada. Por sua

complexidade, o cuidado paliativo requer

planejamento interdisciplinar e ação

multiprofissional (Remedi, Mello, Menossi &

Lima, 2009).

Astudillo Alarcón et al. (2009) referem que

o manejo da dor evita o sofrimento

desnecessário, e os CP são direcionados ao

alívio e melhora a qualidade de vida de pacientes

com dor crônica mantidos por longos períodos,

até os últimos dias de vida.

A priorização dos cuidados paliativos e a

identificação de medidas úteis devem ser

estabelecidas de forma consensual pela equipe

multiprofissional em consonância com o

paciente, seus familiares ou seu representante

legal. Após definidas, as ações paliativas devem

ser registradas no prontuário do paciente (Moritz

et al, 2008).

Segundo Remedi et al. (2009) uma vez

que a decisão sobre o tratamento tenha sido

tomada, devem se escolher os elementos dos

cuidados paliativos a serem implementados,

devendo a transição entre o tratamento curativo

e o paliativo ocorrer de modo gradual. Estas

escolhas incluem o controle de sintomas

(medicações e outras intervenções específicas),

o local do cuidado e da morte (casa, hospital ou

outro lugar) e os responsáveis pelos cuidados

paliativos (equipe hospitalar, família, e/ou outros)

(Remedi et al, 2009).

Nesse sentido, é preciso refletir sobre a

inserção da equipe de enfermagem nos CP sob

a ótica da interdisciplinaridade, visto que o

cuidado é inerente à profissão desde sua

concepção moderna, proposta por Florence

Nightingale. Assim, percebe-se que os

enfermeiros podem ser norteados por essa

diretriz, a ajudar a pessoa em seu momento de

final de vida, tendo, como fio condutor do cuidado

e a preservação da dignidade dessa pessoa

(Boemer, 2009).

A participação de vários profissionais na

assistência à saúde propicia o envolvimento de

todos os componentes da equipe com a

assistência e favorece melhor disponibilidade

dos profissionais diante de seus pacientes. Estes

por sua vez, encontrarão maior abertura para

expor seus problemas e questionamentos e isto

promoverá a qualidade do acolhimento. A

humanização do processo de acolhimento

depende também da atuação adequada e da

receptividade demonstrada por todos os

trabalhadores que entram em contato direto com

os pacientes (Hoga, 2004).

O cuidar está fundamentado num sistema

de valores humanísticos universais, tais como

amabilidade, respeito, afeto por si e pelos outros.

Este sistema de valores humanísticos envolve a

capacidade de gostar das pessoas, apreciar a

diversidade e a individualidade. Desse modo,

entende-se que para cuidar, precisa-se ter por

base o sistema de valores humanísticos e de

sensibilidade a fim de considerar os sentimentos

diante da doença da criança e do tratamento

(Pedro & Funguetto, 2005).

O que podemos perceber com tudo isso é

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O que podemos perceber com tudo isso é

que, as ações paliativas que a equipe de saúde

oferece a estas crianças, estão relacionadas à

tentativa de oferecer uma boa qualidade de vida,

ou seja, um bem-estar geral. Neste sentido, o

termo qualidade de vida, está diretamente ligado

ao modo de pensar e de viver de uma pessoa

frente às condições culturais, psicológicas,

espirituais e sociais na qual se encontra

inseridas.

Floriani e Schramm (2008) enfatizam que

os cuidado paliativo são fundamentados na

busca incessante do alívio dos principais

sintomas estressores do paciente; em

intervenções centradas no paciente e não em sua

doença, (o que significa na participação

autônoma do paciente nas decisões que dizem

respeito a intervenções sobre sua doença); em

cuidados que visam a dar uma vida restante com

mais qualidade e um processo de morrer sem

sofrimentos (em princípio evitáveis); sofrimentos,

estes, frequentemente agregados às práticas

médicas tradicionais; na organização de uma

equipe interdisciplinar (Floriani & Schramm,

2008).

Humanizar a experiência da dor,

sofrimento e perda, requer algo a mais da equipe

de saúde. O bom humor entre pacientes,

familiares e equipe de enfermagem proporciona

construção de relações terapêuticas que

permitem aliviar a tensão inerente à gravidade da

condição e proteger a dignidade e os valores do

paciente que vivencia a terminalidade (Araújo &

Silva, 2007).

Nesse contexto percebe-se que a equipe

multiprofissional tenta promover a essa criança

uma boa qualidade de vida mesmo que não

existam grandes expectativas de um longo prazo

de vida. Assim, o importante é tornar o cuidado

humanizado e não se deixar dominar apenas

pelos avanços tecnológicos e cuidados técnicos.

Ser solidário com a dor do outro, saber ouvir, e

tentar confortar a criança, seus familiares e

amigos. Com isso os objetivos dos cuidados

oferecidos pela equipe multiprofissional são de

tornar o cuidado mais humanizado e fazer com

que a criança sentia-se mais segura e confiante.

O cuidado de enfermagem em oncologia

pediátrica vem se especializando e modificando

com o passar do tempo. Anteriormente, a família

não podia acompanhar a criança no processo de

hospitalização. Atualmente, a família se faz

presente e é muito importante neste momento

crítico em que a criança se encontra (Avanci et

al, 2009).

Cabe ao enfermeiro promover um

cuidado centrado na criança em situação de

viver/morrer, porém deve-se estabelecer a

comunicação entre os pais e/ou cuidadores, pois

a família o componente essencial na promoção

da saúde e no cuidado à criança, com assistência

integral (biológica, psicologia, social, econômica,

espiritual e cultural). (Avanci et al, 2009).

A comunicação entre a equipe e o

paciente terminal pode reduzir as emoções

negativas como depressão e ansiedade e

promover uma decrescente queda da

perceptividade da dor na pessoa. A ausência de

comunicação pode levar o paciente a sentir

solidão, vazio e incerteza. Mostrar-se disponível,

compartilhar com o paciente suas dúvidas,

ansiedades e angústias, demonstrar empatia

significa ao mesmo tempo saber ouvir (Costa

Filho, 2008).

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Para minimizar ou evitar os traumas da

hospitalização nas crianças com doenças

crônicas ou em fase terminal, o ambiente

hospitalar não pode se limitar ao leito, devendo a

unidade pediátrica fornecer condições que

atendam às necessidades físicas, emocionais,

culturais, sociais, educacionais e de recreação,

contendo livros, jogos e brinquedos adequados

para estimular a auto-expressão da criança. Além

disso, é necessário que os profissionais que

assistem essas crianças estejam satisfeitos com

suas condições de trabalho, fornecendo um

atendimento humanizado às crianças e seus

acompanhantes (Lima, Jorge & Moreira, 2006).

O enfermeiro que atua nos cuidados

paliativos precisa saber orientar tanto a criança e

sua família quanto aos cuidados a serem

realizados. Para isso é necessário que o mesmo

saiba educar em saúde, de maneira clara e

objetiva, sendo pragmático em suas ações,

visando sempre o bem-estar da criança e seu

núcleo familiar. A equipe multiprofissional deve

trabalhar no sentido de fortalecer a criança e sua

família no momento em que é dada a notícia do

diagnóstico, fornecendo informações sobre a

patologia, tratamento e, principalmente, oferecer

uma abertura para que a criança e seus

familiares expressem seus sofrimentos,

sentimentos e dúvidas (Avanci et al, 2009).

Para as crianças que estão sob os

cuidado paliativos, o relacionamento humano é

essencial no cuidado, pois ampara a fé e a

esperança nos momentos mais difíceis.

Expressões de compaixão e afeto na relação

com o outro traz sensação de consolo e

realização, além de paz interior (Araújo & Silva,

2007).

O controle da dor é um fator crucial nos

cuidados paliativos, pois pode ser incapacitante

e causar efeitos indeléveis na criança e na

família. Seu manejo pode ser realizado através

de intervenções farmacológicas e não-

farmacológicas. Dentre as primeiras, destaca-se

a administração de opioides, não deve ter uso

limitado no esforço de avaliar a dor (Remedi et al,

2009).

A dor ocorre em crianças que vivenciam

uma série de desconfortos tais como lesões

cutâneas, odores desagradáveis, ansiedade,

insônia, depressão, entre outros. Todos esses

diminuem de algum modo sua qualidade de vida,

merecendo, assim, a atenção dos profissionais

de saúde. À medida que a doença progride maior

é a necessidade de cuidados paliativos, o que

torna quase que exclusivos ao final da vida (Silva

& Hortale, 2006).

A equipe interdisciplinar se propõe a

amparar a criança e seu cuidador/sua família

sempre que necessário, desde o diagnóstico até

a fase de luto. O luto é marcado como um

momento, uma experiência de resposta ao

rompimento do vínculo. É a tomada de

consciência das perdas, da quebra de relação

afetiva, constituindo-se em um momento

extremamente doloroso. Por esse aspecto é que

o luto assume importância na filosofia de CP e se

constitui objetivo de sua ação (Silva, 2008).

Conclusões

Esta pesquisa aprofundou a compreensão

e discussão a respeito dos cuidados paliativos

em crianças com diagnóstico tardio de

retinoblastoma, na qual trouxe conteúdos

envolvidos com a importância de um diagnóstico

precoce, cuidados fora de possibilidades

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precoce, cuidados fora de possibilidades

terapêuticas de cura, assistência à criança

oncológica e qualidade de vida.

Quando o diagnóstico do retinoblastoma

é realizado tardiamente, conclui-se que a doença

já estará em seu estado irreversível, assim seu

tratamento será voltado com a finalidade de

paliar e as medidas adotadas para a sua

terapêutica envolvem cirurgia de enucleação,

quimioterapia e radioterapia associadas aos

cuidados paliativos, que estão voltados para a

comunicação verbal e não verbal efetivas, ao

alívio da dor, e aos aspectos sociais, psicológicos

e espirituais da criança e dos familiares.

Percebeu-se com esta pesquisa que os

cuidados paliativos trabalham com o sofrimento,

a dignidade, o cuidado das necessidades

humanas e qualidade de vida pessoas afetadas

por uma doença crônica e degenerativa ou em

fase final de vida. Com isso, OS cuidados

paliativos não estão direcionados só com a

criança que está em fase terminal, mas também

com seus familiares e amigos.

Nessa conjuntura, pode-se dizer que as

ações paliativas fazem parte da prática

profissional, e estas podem ser prestadas em

situações de condição irreversível ou de doença

crônica progressiva, com vistas a mitigar

repercussões negativas da doença e melhorar o

bem estar geral da criança e seus familiares.

Ressalta-se a importância desta pesquisa

em contribuir para a assistência prestada à

criança, fazendo com que o profissional de saúde

reflita a importância dos cuidados paliativos, pois

se enfatizou que na abordagem deste cuidado é

necessário assegurar a dignidade da qualidade

de vida à criança. Além disso, contribuir para o

desenvolvimento do enfermeiro que atua nessa

área de saúde ligada à criança com doença

oncológica avançada. Visto que é de

fundamental importância a presença de

profissionais especializados nessa área. Desta

forma, se faz necessário novos estudos,

intervenções e treinamentos para os

profissionais, buscando assim, uma melhoria no

sistema desses cuidados.

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Cancerologia. Emissões otoacústicas em crianças com retinoblastoma. São Paulo: FOSP.

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25. Souza Filho, J. P., Martins, M. C., Torres, V. L., Dias, A. B. T, Lowen, M. S., Pires, L. A, Erwenne, C. M. (2005). Achados histopatológicos em retinoblastoma. Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, 68(3), 327-331. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0004-27492005000300010

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The Psychosocial Preparation for Retirement (PPR): planning for active aging within different

ecosystems of human development

A Preparação Psicossocial para a Reforma (PPR): planeamento para um envelhecimento activo nos diferentes

ecossistemas do desenvolvimento humano

Preparación Psicosocial para el Retiro (PPR): planificación del envejecimiento activo en diferentes ecosistemas

del desarrollo humano

Autores Marta Gonçalves 1

1 Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), Cis-IUL, Lisboa, Portugal, Harvard Medical School

Corresponding Author: [email protected]

Autores

Dados curriculares

ARTIGO ORIGINAL/ ORIGINAL ARTICLE ABRIL 2017

Abstract

Aim: The aim of this paper is to present an intervention that enables people to continue participating in social,

economic, cultural, spiritual and civil matters avoiding isolation and passivity by acting at various levels of human

development. Methods: In this paper we will discuss a Psychosocial Preparation for Retirement within the different

ecosystems of human development: micro, meso, exo, macro and chrono. Results: This intervention may reduce

costs in terms of health, education and social services. Conclusion: To have a happy, comfortable, secure,

productive life after stopping working, people need to save enough money and to have developed other interests in

order that self-esteem and identity is not only connected with the professional life with specific structure, rhythm and

relationships.

Keywords: active ageing, retirement, human development, psychosocial preparation, ecosystems, planning,

psychological coaching

Resumo:

Objectivo: O objectivo deste artigo é apresentar uma intervenção que permite às pessoas continuarem a participar

em questões sociais, económicas, culturais, espirituais e civis, evitando o isolamento e a passividade actuando nos

vários níveis do desenvolvimento humano. Método: Neste artigo discutiremos uma preparação psicossocial para a

reforma nos diferentes ecossistemas do desenvolvimento humano: micro, meso, exo, macro e crono. Resultados:

Esta intervenção pode reduzir os custos em termos de saúde, educação e serviços sociais. Conclusão: Para ter

uma vida feliz, confortável, segura e produtiva, depois de parar de trabalhar, as pessoas precisam de poupar

dinheiro e ter desenvolvido outros interesses para que a auto-estima e a identidade não se limitem à vida

profissional com estrutura, ritmo e relações específicos.

Palavras-chave: envelhecimento activo, reforma, desenvolvimento humano, preparação psicossocial,

ecossistemas, planeamento, coaching psicológico

Gonçalves, M. (2017) The Psychosocial Preparation for Retirement (PPR): planning for

active aging within different ecosystems of human development. Journal of Aging &

Innovation, 6 (13): 33 - 40

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Introduction

According to psychologists who study retirement,

to have a happy, comfortable, secure, productive

life after stopping working, people need to save

enough money and to have developed other

interests in order that self-esteem and identity is

not only connected with the professional life with

specific structure, rhythm and relationships

(Qualls & Abeles, 2002). Schlossberg (2004)

speaks about the psychological portfolio as a way

to get people to think of retirement as a career

change. According to the author retirement

includes many transitions and there are many

factors that contribute to help people negotiate or

cope with them, as 1) work and family meaning

and satisfaction, 2) retirement planning,

expectations and timing, work and life

satisfaction, 3) health and financial security

sense. Schlossberg (2004) identified six ways of

approaching retirement: the continuers (who

continue using their skills and interests), the

adventurers (who start new skills and interests),

the searchers (who explore new skills and

interests), the easy gliders (who do not plan their

day), the involved spectators (who dedicate their

day to society), and the retreaters (who plan their

day as holidays). According to Qualls & Abeles

(2002), looking at a person’s past, present, and

future from a life course perspective, i.e. life as a

whole, explains why people differ in their

retirement experience. The American

Psychological Association's Committee on Aging

has initiated the Life Plan for the Life Span 2012

project, which aimed to inform

people independently of their age about the new

face of aging and retirement through user-friendly

tips allowing people to plan for a successful

retirement. Schlossberg (2004) recommends that

people attend pre-retirement seminars in which

the psychological aspects of retirement are

discussed in addition to the financial aspects.

The example of a southern European country

In Portugal, more and more, retired people

present increased levels of frustration because

private banks lost their savings or State cuts their

retirement salary due to financial crisis. If many

have to ask social institutions for help to survive,

many of them come even to a desperate point

where they prefer to take their own life. It is being

a social problem where there is a need to

intervene in terms of prevention. This prevention

shall consider the active ageing approach

enabling people to participate in social,

economic, cultural, spiritual and civic issues,

regardless of their age. Activities can go from

travel, hobbies, volunteer work, exercise to other

activities as continuing education. In Portugal,

society is facing multilevel development

challenges in terms of ageing. There have been

conducted several focus groups (Gonçalves et

al., 2016a; Gonçalves et al., 2017) and meetings

with different stakeholders (Gonçalves et al.,

2016b) and tested different intervention health

and clinical methodologies (Gonçalves & Farcas,

2014; Gonçalves, 2014; Gonçalves, M. & Cook,

B., 2016; Gonçalves et al., 2016c; Gonçalves,

2017), which allowed us the design of a

Psychosocial Preparation for Retirement. The

aim of such an intervention is to enable people to

continue participating in social, economic,

cultural, spiritual and civil matters avoiding

isolation and passivity by acting at various levels

of human development: micro, meso, exo, macro

and chrono. This intervention may reduce costs

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health, education and social services.

Description of the Intervention

PPR means in Portuguese Retirement Savings

Plan. With the same initial letters we have created

another type of retirement plan, a psychosocial

one, which we call the Psychosocial Preparation

for Retirement. Psychosocial Preparation for

Retirement was developed under the area of

active aging. Active aging is the process of

enabling people to participate in social,

economic, cultural, spiritual and civic issues,

regardless of their age. Active aging is now an

area with a strong need for development.

Methodologies supported by cutting-edge

research are needed in this area.

Demand for services and training in this area is

increasing day by day and is becoming a pressing

need in the near future. European societies are in

need of innovative responses. In this sense we

developed Psychosocial Preparation for

Retirement, a solution to a planning of

individualized active aging which can be used in

individual or group sessions.

Psychosocial Preparation for Retirement consists

of three sequential and complementary levels,

allowing participants in a situation of pre-

retirement or retirement design, to implement and

sustain in monitored way with their psychosocial

plan for retirement (Table 1).

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Table 1. Steps of the Psychosocial Preparation for Retirement Approach

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In the first level – pre-intention level, participants

get aware of a psychosocial preparation for

retirement and work on their retirement

psychosocial level on questions such as who they

are, what do they want and how do they get there,

time management, conflict management,

decision making, assertiveness, relationship and

interpersonal communication. In the second level

– intention level, participants are accompanied in

achieving their psychosocial preparation for

retirement, that is, their individual active aging

plan. In the third level – action level, participants

are invited to choose from a portfolio of activities

suggested according to the needs identified

during the two first levels. According to this

intervention, in the stage of pre-intention

motivation process there is the generation of a

motivation, i.e. an intention to change behavior.

This first stage is related to risk perception and

perceived self-efficacy. Risk perception is the

awareness of one's own risk in respect of certain

problem or the degree of symptoms experienced.

Perceived self-efficacy is the conviction one can

perform certain behaviors despite anticipated

hurdles. The stage of post-intention volition

process is to plan behavioral change even when

obstacles arise. This second stage is related to

action and coping planning. Action planning are

the concrete conditions when, where and how the

target behavior is to be implemented. Coping

planning are strategies to master efficiently

possible hurdles and anticipated difficulties.

According to Wiederman et al. (2009)

interventions should target intentions as

precondition or in combination with planning, as

action planning mediates between intentions and

behaviours when people hold sufficient levels of

intentions. Intentions moderate the planning-

behaviour relation, as people with high intentions

are more likely to enact their plans.

The PPR approach could particularly help people

improve their retirement satisfaction by improving

their quality of life and well-being by helping them

stepwise changing their lifestyle. This intervention

approach proposes that a strategy for ensuring

maintenance of satisfaction in retirement is

changing lifestyle based on two theories of the

nineties: The Health Action Process Approach

and The Human Ecology Theory.

Theoretical Model of Behavioral Change

The theoretical model of behavioral change under

the PPR approach was developed is The Health

Action Process Approach of Schwarzer (1992), a

model originally developed in the late 80s by the

integration of social-cognitive, volition and

reasoned action theories and its application to

health behavior change. This approach

supported by empirical evidence, includes

mediators post-intention to overcome the gap

between intention and behavior. It distinguishes

between the first stage of pre-intention motivation

processes (risk perception, positive outcome

expectancies and perceived self-efficacy) and the

second stage of post-intention volition processes

(task self-efficacy, maintenance self-efficacy and

recovery self-efficacy as well as action planning

and coping planning) (Schwarzer & Luszczynska,

2008).

Theoretical Model of Human Development

The theoretical model of human development

under the PPR approach was developed is

Bronfenbrenner human ecology theory

(Bronfenbrenner & Ceci, 1994), which states that

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(Bronfenbrenner & Ceci, 1994), which states that

human development and behavior is influenced

by the different types of environmental systems:

micro-, meso-, exo-, macro- and chrono system,

being a person simultaneously recipient and actor

within them. The micro system is the direct social

interaction environment of a person, which

includes social agents as family, friends,

classmates, teachers, neighbors. The meso

system is the relationships between micro

systems, for example between family and work.

The exo system is environment between a micro

system and a system where the person does not

have an active role. The macro system is the

cultural environment of a person, which includes

among others socioeconomic status, ethnicity.

The chrono system is the life transitions

environment of a person.

Discussion

The aim of this paper was to discuss a

psychosocial preparation for retirement within the

different ecosystems of human development. An

intervention that enables people to continue

participating in social, economic, cultural, spiritual

and civil matters avoiding isolation and passivity

by acting at various levels of human

development. It presents benefits for the private

and public responsibility of care concerning

aging. These benefits are related to the work on

psychological processes under behavioral

change in seven areas of health. These are

physical, psychological, social, spiritual, financial,

family and leisure. With this approach we may

answer the question of what are the specific

needs for the older community in terms of the

integration of older people. The PPR

methodology allows a person to design, put into

practice and fine tune a custom active aging plan,

beyond the achievements of the individual or

group context where the whole methodology is

conducted. The role of a psychological

intervention in the preparation and experience of

retirement helps people understanding the

concept of retirement as a career change,

learning the factors that contribute to help them

negotiate the transition to retirement and

distinguishing ways of approaching retirement.

PPR acts as a career counseling service to

retirement. Simultaneously, it acts as a health and

clinical intervention for ageing and dementia.

Losing valuable knowledge or underutilizing

capacity has very high costs for organizations.

These issues may anticipate the expected

number of older people for 2050 (European

Commission, 2011), helping societies deal with

this societal challenge. An intergenerational

intelligent approach may help aging organizations

find solutions for an optimizing learning as a

bridge between generations. For those

organizations already aware of these issues, an

intergenerational intelligent approach may help

further maximizing the benefits of knowledge

exchange between workers as to prevent the loss

of critical knowledge and skills, improve older

worker mobility, increase older and younger

worker competence and stimulate innovation. We

have been witnessing worldwide two

simultaneous calls: one for child-friendly

countries and another for older people-friendly

countries. The piece of the puzzle that seems to

be missing is the call for all ages-friendly

countries (Gonçalves et al. 2016a). There is a

need of an intergenerational approach in the

design of public policies. An agenda of

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design of public policies. An agenda of

intersectional public policies in sectors such as

education, social services, child, youth, family,

health and welfare, employment, economy,

environment and culture. A continued political

leadership to maintain collaboration and

coordination. A partnership between

Government, ministries, local and national

government, non-governmental organizations,

employers and trade unions, research institutes

and centers, media, civil society, learning centers

and promoters of intergenerational practice

experts. The more efficient use of human,

physical and financial resources will impact public

policies in terms of economy and employment,

society, life-long learning and health & social

services. After the gerontocracy and the

youthcracy paradigms, we have at the moment

worldwide an opportunity for an intergenerational

learning paradigm, where reciprocal relationships

with benefit for all generations are privileged and

intergenerativity is possible. This

intergenerational learning paradigm calls for an

intervention public policy for all ages sustained in

time that stimulates cohesion, favors the

sustainability of communities, and promotes birth

and active aging, supporting families (Gonçalves

et al., 2016b).

Policy, Practice and Research Implications

The potential practical implications for this type of

programme are significant, considering the

increasing ageing population worldwide. This

approach if used in different cultures, including

immigrants, may be also useful to compare

profiles between countries, e.g. psychosocial

situation: mental health indicators, worries in age,

cognitive conditions, physical health data. We

might also think about the creation of a

Specialization on Psychosocial Preparation for

Retirement Leadership as it is a determinant of

wellbeing having benefits for education, work,

health and human development and is influenced

by gender, ethnicity, religious background,

immigration history, marital status, employment

situation, geographical proximity, socio-

economical factors and health. The creation of a

new figure or department in organisations of

intergenerational practice experts who are

proficient in human development knowledge,

effective communication, compromise

partnership, interdisciplinary knowledge

integration, adequate assessment tools, and

reflection with care of bringing generations

together for mutual benefit could also help to

research and intervene in the area of

organizational intergenerational intelligence.

Besides this practice-based initiative that

exemplifies the experimental and innovative

character in retirement psychosocial preparation

practice and learning, in Portugal there is also an

innovative intervention under the new reciprocal

learning paradigm (Gonçalves et al., 2016c) and

a working group on advocacy for

intergenerational policies (Gonçalves et al.,

2016b). In a hearing at the Portuguese

Parliament on a Law Resolution in January 2015

(Gonçalves, 2015), there was a call for the need

for an integrated intergenerational dialogue and

of an integrated active ageing approach

(Gonçalves et al., 2016b). Although more

research in the area is needed, this paper

enabled us to take an initial look at how we can

innovate in this area. It is a methodology of social

responsibility profit and non-profit organisations

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responsibility profit and non-profit organisations

should adopt. For example, it could be part of

human resources practices. In an exploratory

study to understand whether and to what extent

employees’ commitment is or may be influenced

by the organization in a country under Troika

austerity (Gonçalves et al., 2017b), results were

consistent with literature pointing that

organisational commitment consists of a narrow

link between employees and their company and

vice-versa, regardless of business sector.

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O que falta aos idosos na sociedade atual?

What is lacking for the elderly in today's society?

Lo que falta para las personas mayores en la sociedad actual?

Autores Assunção Nogueira 1 , Zaida Azeredo 2

1Escola Superior de Saúde Vale do Sousa, IPSN, IINFACTS, CESPU, PhD 2 RECI, Instituto Piaget, PhD

Corresponding Author: [email protected]

Autores

Dados curriculares

ARTIGO ORIGINAL/ ORIGINAL ARTICLE ABRIL 2017

Resumo

Com este estudo pretendemos conhecer as necessidades do idoso no contexto da sua vivência, na

opinião dos cidadãos. Pretendeu-se identificar inexistências de recursos na sociedade para o seu bem

estar. Da análise de conteúdo, podemos constatar que as necessidades dos idosos são múltiplas: de

acessibilidade aos cuidados e serviços de saúde, falta de apoios sociais, inexistência de equipamentos

na comunidade, habitação desadequada, recursos económicos escassos, levam a que este grupo seja

descriminado /isolado da sociedade culminando, no próprio, com sentimentos de solidão.

Todas estas necessidades requerem uma atenção particular e exigem medidas políticas não só para

aquisição de equipamentos e serviços na comunidade, mas também de educação para a saúde e

cidadania, desde muito cedo, com participação ativa dos idosos na vida em sociedade.

Palavras chave: Envelhecimento, qualidade de vida, educação.

Resumen

Con este estudio se pretende conocer las necesidades de las personas mayores en el contexto de su

experiencia, en la opinión de los ciudadanos. Se tenía la intención de identificar los recursos inexistências

en la sociedad por su bienestar. El análisis de contenido, podemos ver que las necesidades de los

ancianos son múltiples: la accesibilidad a la atención y servicios de salud, la falta de apoyo social, la falta

de equipo en la comunidad, la vivienda inadecuada, los escasos recursos económicos, significan que este

grupo se discrimina / aislado de la sociedad culmina en sí mismo, con la sensación de soledad.Todas

estas necesidades requieren una atención especial y requieren medidas de política no sólo para la compra

de equipos y servicios en la comunidad, sino también la educación sanitaria y la ciudadanía, desde una

edad temprana, con la participación activa de las personas mayores en la sociedad.

Palabras clave: envejecimiento, calidad de vida, de educación.

Nogueira, A., Azeredo, Z. (2017) What is lacking for the elderly in today’s society?, Journal

of Aging & Innovation, 6 (1): 41 - 50

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Introdução

O envelhecimento demográfico é algo ímpar na

Humanidade e tem sido um tema que tem

preocupado vários setores da sociedade.

Ninguém tem dúvidas de que o período que

atravessamos é histórico pelas transformações

sociodemográficas que assistimos. A população

está a envelhecer e vai continuar a envelhecer

rapidamente, nas próximas décadas. Os países

do sul da Europa, nos quais se incluem Portugal

e Espanha, estão a sofrer um envelhecimento

mais acelerado do que outros países da

Comunidade Europeia, o que dificulta uma

adaptação da sociedade a uma percentagem

elevada e em crescendo de idosos e a uma nova

imagem social por estes desejada e que também

é real.

Alexandre Kalache, médico Brasileiro, diz que

estamos em plena “revolução da longevidade”,

pelo que é urgente encontrar soluções das

diferentes instituições sociais e politicas para

responder de forma ajustada às necessidades e

interesses das pessoas idosas.

Se por um lado é gratificante verificarmos que as

melhores condições de vida, o apoio na saúde, o

desenvolvimento cientifico e tecnológico,

trouxeram mais anos de vida às pessoas, por

outro, infelizmente, o aumento da longevidade,

não vem acompanhado de ações públicas e

politicas que assegurem melhor qualidade de

vida, no futuro, às pessoas mais idosas (Walker,

2002).

No mundo ocidental, onde nos situamos, ainda

são valorizadas a otimização da economia e da

produtividade, remetendo para um segundo

plano os idosos por serem considerados um

grupo vulnerável, não produtivo, com

incapacidades a vários níveis e que acarretam

muitos gastos para a economia do país. Os

documentos oficiais e alguns autores

demonstram uma contínua preocupação face ao

aumento exponencial da população idosa e aos

impactos que imprimem nos territórios sociais,

referindo-se ao envelhecimento como um

problema.

Ao considerar-se um problema social, a velhice,

passou também a ser um foco de interesse e a

mobilizar gente e meios para este grupo. Os

investigadores passaram a ter uma atenção

especial com o fenómeno do envelhecimento e

com os idosos, afim de encontrarem soluções

para os seus problemas. O envelhecimento da

população marca o contexto atual nos variados

domínios da sociedade contemporânea, impondo

repensar conceitos, práticas e visões pessoais e

sociais (Barbosa, C. s/d). Para que se possam

tomar medidas políticas e sociais torna-se

importante conhecer a opinião da própria

população.

Assim, propusemo-nos realizar um estudo afim

de conhecer a opinião da população sobre o que

falta ao idoso tendo em atenção o seu bem-estar.

Metodologia

Realizamos um estudo exploratório, com uma

amostra intencional a 121 pessoas, com idades

compreendidas entre os 13 e os 86 anos (média

41,42 anos; desvio padrão de 22,405). Era nosso

interesse perceber o que pensam as pessoas

sobre o que falta aos idosos para obterem bem-

estar. Os indivíduos foram abordados em

diferentes ruas de Famalicão, cidade suburbana,

do distrito do Porto, Portugal, na primeira semana

de Dezembro de 2016.

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Utilizamos um questionário de

autopreenchimento, dividido em duas partes, na

primeira constituído por questões abertas, que

nos permitiu caracterizar os informantes sócio

demograficamente (idade, sexo, estado civil,

escolaridade e profissão) e na segunda parte do

questionário constituído por questões abertas

sobre a opinião do local de residência se tem

condições para garantir o bem estar aos idosos e

dar resposta às suas necessidades.

Os dados foram tratados recorrendo-se à técnica

da análise de conteúdo, de onde emergiram

classes categoriais, construídas à priori e à

posteriori, que dessem resposta ao propósito do

nosso trabalho. Analisamos individualmente as

respostas de cada questão extraindo unidades

de registo elucidativas das classes categoriais

(Bogdan & Biklen, 1994). Antes de acederem ao

estudo os participantes foram informados e

esclarecidos do propósito do mesmo, garantindo-

lhes também o anonimato e a confidencialidade

dos dados. Os indivíduos participaram de forma

voluntária e esclarecida. Deste modo, honramos

e respeitamos todos os princípios éticos

inerentes a este tipo de pesquisa.

Resultados

Das 121 pessoas inquiridas 60,3% eram do sexo

feminino e 39,7% do sexo masculino A média de

idades foi de 41,4 anos. 31,4% possuía o ensino

primário ou não tinha escolaridade; 51,2%

possuía o ensino secundário e 17,4% o ensino

superior.

As respostas obtidas, depois de analisados os

dados, incidiram sobre os seguintes problemas a

que urge dar solução:

1.Serviços sociais e de saúde

No parecer dos indivíduos, os recursos de saúde,

são escassos constituindo para muitos idosos um

problema por acarretarem custos para o mesmo,

pois têm de percorrer longas distancias para

acederem aos cuidados médicos e só recorrem a

estes quando se sentem doentes. No estudo

realizado por Louvison (2008) este verificou que

a maioria dos idosos estudados apresentam altas

taxas de utilização de serviços de saúde, mas os

que menos os utilizam, indicam como razões: a

distância a percorrer, os custos e questões

relacionadas com a gravidade da doença.

Para os idosos a necessitarem de algum tipo de

apoio os informantes referiram que os apoios

socias são inexistentes ou insuficientes para este

grupo etário dadas as muitas necessidades que

têm. Apoio na preparação de refeições,

vestuário, higiene pessoal, asseio da residência

para além de companhia, foram algumas razões

apontadas. Este apoio social é sobretudo

referido para idosos que já têm algum tipo de

incapacidade ou são dependentes de terceiros

para a realização dos seus autocuidados. Este

tipo de apoio pode ser formal, (quando prestados

por profissionais de saúde e/ou sociais inseridos

numa rede de serviços, estatais ou privados/ de

solidariedade social) ou informal quando a ajuda

é obtida a partir de familiares vizinhos ou amigos.

2.Equipamentos na comunidade

Embora existam muitos equipamentos na

comunidade dirigidos a idosos, nomeadamente

lares, centros de dia ou de convívio,

proporcionados por instituições particulares de

solidariedade social e outras organizações

privadas apoiadas (ou não) financeiramente pelo

Estado, eles continuam a ser insuficientes para

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Estado, eles continuam a ser insuficientes para

darem resposta à população idosa existente. Há

locais na periferia de Famalicão que não dispõe

de quaisquer equipamentos. Por outro lado, foi

referido pelos informantes que os existentes

apoiam-se num modelo de intervenção que é o

mesmo de há muitos anos, o que leva a que os

idosos não os queiram frequentar pois não

correspondem ao que pretendem em relação às

atividades de que dispõem. Por outro lado estes

representam para muitos idosos como o “estar

acabado” e “esperar a morte” existindo relutância

em frequentá-los.

A criação de atividades de entretenimento, quer

nas instituições quer na própria comunidade,

dirigidas a idosos foram algumas sugestões

fornecidas. Também foi referida a necessidade

de mais espaços verdes (parques e jardins)

acessíveis a este grupo, assim como passeios

que acompanhem as ruas e rampas e/ou

elevadores nos serviços públicos.

“Envelhecer em casa” será para muitos idosos a

sua, quase única opção, pois existem inúmeras

barreiras no ambiente exterior e no acesso aos

edifícios públicos. Estes têm um impacto

fundamental sobre a mobilidade, a

independência e a qualidade de vida dos mais

velhos. Num estudo realizado pela OMS (2007)

em várias cidades do mundo concluiu-se que

existem obstáculos que impedem que os idosos

utilizem os espaços verdes. A existência de áreas

em que as pessoas possam sentar-se é

geralmente considerada pelos idosos uma

característica urbana necessária: para muitos

idosos. É difícil andar nas zonas onde vivem se

não houver locais onde possam descansar

(OMS, 2007).

O mesmo estudo diz que as condições em que

se encontram os passeios têm um impacto

evidente sobre a possibilidade de as pessoas

andarem na sua zona de residência. Assim,

passeios estreitos, desnivelados, rachados, com

bermas altas, congestionados ou com obstáculos

representam perigos potenciais e afetam a

capacidade dos idosos para se movimentarem.

Em muitas cidades, são mencionadas as

barreiras ao acesso físico, que podem

desencorajar os idosos de saírem de casa (OMS,

2007).

3.Habitação do idoso inadequada

Foram poucas as pessoas que se referiram à

habitação do idoso, mas os que se pronunciaram

sobre esta referiram que as habitações dos

idosos são no geral degradadas e sem condições

para uma pessoa viver com dignidade. As

escadas de acesso à habitação em edifícios ou

em casas, condições sanitárias degradadas, por

serem casas antigas e sem manutenção,

compartimentos muito pequenos e casas de

banho sem condições, foram alguns dos aspetos

apontados.

É na sua habitação que muitos idosos preferem

permanecer mesmo depois de ficarem sozinhos,

pois é aqui que encontram os seus objetos

particulares e as suas memórias pessoais

(Nogueira, 2016). A habitação é fundamental

para a segurança e o bem-estar. Vários aspetos

do projeto de uma casa são considerados fatores

que determinam a possibilidade dos idosos

viverem em casa com conforto (OMS, 2012).

Podemos sublinhar que é importante para os

idosos viverem em casas construídas com

materiais adequados e com: estruturas sólidas;

superfícies planas; elevador, caso se trate de um

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superfícies planas; elevador, caso se trate de um

edifício com vários andares; casa de banho e

cozinha adequadas; espaço suficiente para

permitir a movimentação; passagens e portas

suficientemente largas para permitir a circulação

de uma cadeira de rodas; e equipada de modo a

oferecer proteção contra as condições

climatéricas (OMS, 2012).

4.Família

Quando se referiram à família enquanto suporte

ao idoso, alguns informantes, relataram que

estes são abandonados e têm falta de afeto dos

filhos existindo uma quebra de laços emocionais

ou então, estes negligenciam os cuidados aos

pais, que desta forma não são apoiados nas

AVD, “como eram os idosos de antigamente”,

quando o idoso tem necessidade desse apoio

pelas várias incapacidades que foram surgindo.

A família é a célula básica da sociedade e a ela

são atribuídas várias funções. Se corresponde ao

que a sociedade espera dela, cumprindo as suas

funções, diz-se que a família é funcional, se pelo

contrário não cumpre com os papeis que lhe são

destinados poderemos estar perante uma família

disfuncional mais ou menos grave (Azeredo &

Matos, 1998, cit Martins, 2005). Embora a família

continue a querer cuidar dos seus membros

idosos e os idosos também prefiram ser cuidados

por eles (Nogueira & Azeredo, 2016) nem sempre

hoje é possível tal situação, necessitando, por

vezes de ser complementados por instituições

estatais ou privadas. No entanto, as estatísticas

demonstram que os idosos que necessitam de

cuidados são, na maioria, cuidados pelos seus

familiares (Paúl & Fonseca, 2005).

Pese embora estas constatações estatísticas,

existem evidências de que a estrutura e dinâmica

familiar tem sofrido muitas alterações na

sociedade moderna. A mulher, com papel de

cuidadora na família tradicional, passou a

trabalhar fora de casa, a mobilidade social e a

educação muito díspar entre gerações (pais e

filhos), estabelece uma clivagem no seio familiar

e fá-las desintegrarem-se; sucedendo de uma

forma idêntica em relação à grande assimilação

de novos valores, atitudes, condutas ligadas à

industrialização, à cidade e ao prestígio dos

estranhos (Nogueira, 1996, cit Martins, 2005).

Todas estas transformações levam a que a

família não seja capaz de resolver os problemas

que se colocam hoje aos idosos como satisfazer

as necessidades físicas (alimentação, habitação

e outros cuidados), psíquicas (como autoestima,

comunicação e pertença a um grupo) (Martins

2005). Muitos idosos por não terem suporte

familiar estão confinados à institucionalização.

Também aqueles que são cuidados no seio

familiar, podem levar a um enorme desgaste

físico e emocional do cuidador, repercutindo-se

isto no bem-estar do idoso. Esta situação,

depende do grau de incapacidade do idoso, do

tempo de prestação de cuidados, da preparação

do cuidador para desempenhar o papel e da

acumulação de funções. Este fenómeno é

comumente designado por sobrecarga do

cuidador familiar (Nogueira & Azeredo, 2016).

5.Ageismo

O ageismo (também chamado idadismo)

refere-se essencialmente às atitudes que os

indivíduos e a sociedade têm

frequentemente com os demais em função

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da idade (Goldani 2010). Utiliza-se este termo

para designar algumas formas de discriminação

em relação aos idosos. Quando questionados

sobre o que pensam do ageismo, a esmagadora

maioria não sabe o significado do termo. Os

respondentes referiram que “é triste pensar que

alguém pode ter este tipo de atitude em relação

aos idosos, sendo que toda a gente vai

envelhecer” ou “uma falta de respeito pela

experiencia que a idade traz e a forma como

pode ajudar a juventude” ou “são desprezados

depois de uma vida de trabalho” e ainda “a

discriminação é um dos grandes problemas,

cada vez mais os idosos estão a ser alvo de

descriminação”. Palavras como o falta de

respeito, discriminação e desprezo foram

registadas pelos inquiridos. As conceções de

velhice nada mais são do que resultado de uma

construção social e temporal feita no seio de uma

sociedade com valores e princípios próprios

(Schneider & Irigaray, 2008). A nossa sociedade

nega, aos velhos, o seu valor e importância

social. Vivemos numa sociedade de consumo

onde a produtividade, o belo e o novo são

valorizados. Nesta realidade os idosos são

descartáveis, passam a ser vistos como

ultrapassados ou já fora de moda.

6.Solidão e Isolamento do idoso

Os mais jovens e os adultos têm a perceção de

que a solidão é um sentimento muito presente

nos mais velhos. É muito comum fazer-se uma

associação direta entre a velhice e a solidão,

visto que se considera normal a existência deste

sentimento por parte do idoso.

Embora isolamento e solidão não sejam

sinónimos o isolamento pode levar à solidão. A

solidão é sentimento subjetivo, relacionado com

a qualidade da interação social. Existem alguns

motivos para que este sentimento se instale no

idoso: perda de papéis sociais, problemas de

saúde, reforma, isolamento social, entre outros

(Freitas, 2011). Nos nossos registos foram

apontados como causas para a solidão nos

idosos e para o seu isolamento, o abandono dos

filhos, o estarem sós e isolados de tudo e de

todos (em zonas rurais), a falta de afeto e

compreensão, a pobreza, o já não poderem

trabalhar devido a terem problemas de saúde e

consequentemente a diminuição da mobilidade.

Onde existe falta de comunicação, participação

social ativa e afetiva pode existir o sentimento de

solidão. Julgo que os informantes associam a

solidão a estas perdas de que o idoso está

sujeito.

A solidão surge não só em idosos que estão sós

e isolados mas também no seio das famílias e

nas instituições (Freitas, 2011), pela diminuição

da sua auto estima, pela redução de contatos

sociais e afetivos, provocando no idoso um

enorme sofrimento. Este é considerado como

uma das experiências mais penosas e

problemáticas a que se torna urgente responder

(Azeredo & Afonso, 2016).

O isolamento dos idosos foi um problema

referenciado como associado a questões de falta

de afetos entre as diferentes gerações, a

dificuldades de acessibilidades e de recursos.

Desta análise somos levados a referir que se por

um lado, a falta de apoio familiar e social aos

idosos, a falta de apoios sociais às famílias

cuidadoras, tendem para o isolamento, por outro

este isolamento também é devido às condições

da habitação e acessibilidade ao exterior, que

agregadas ao declínio da autonomia e

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agregadas ao declínio da autonomia e

mobilidade, contribuem ainda mais, para o

agravamento do problema do isolamento e

consequentemente para a solidão dos mais

idosos.

7.Conflitos intergeracionais

Este tema, embora com algumas opiniões

divergentes, foi o que mais suscitou o interesse

dos participantes deste estudo. São atribuídas

como causas de conflitos entre as gerações mais

velhas e a mais novas: a falta de respeito,

paciência bem como a falta de tempo dos mais

novos em querer entender e compreender os

mais velhos. Os conflitos intergeracionais

acompanham a história da humanidade. Numa

sociedade de evolução muito rápida estes

tornam-se mais evidentes porque os idosos,

apesar do seu esfoço, têm dificuldades em

acompanhar e adaptar-se a essa evolução. Há

preconceito sobre o que o idoso ainda pode fazer

e pensar. Para um dos informantes : “acham que

os idosos são inúteis e não se adaptam às novas

gerações”.

As relações sociais são uma parte do bem-estar,

estimulando a mente e o pensamento, tendo, por

isso, múltiplos efeitos positivos na fase da

velhice. O ser humano é um Ser social com

necessidade de manter e desenvolver relações

sociais. Embora não tenha sido referido que os

conflitos intergeracionais ocorrem com maior

frequência no seio da família, parece-nos que é

mesmo no seio da família que eles surgem mais

frequentemente, pois os nossos informantes

referiram-se inúmeras vezes aos filhos ou netos.

Esta ideia é corroborada por Deber (2001)

quando se refere que a segregação dos idosos é

apenas uma questão doméstica.

Para reduzir estes conflitos os nossos

informantes referem ser necessária uma

educação desde idades muito jovens, em que

exista mais diálogo e convívio intergeracional.

Segundo Lopes (2008, p.26) “o diálogo entre

gerações contribui para uma nova consciência

comunitária, na medida em que desenvolve as

relações interpessoais, quando entram em

contacto com novas vivências de diversos modos

de pensar, agir e sentir. As relações

intergeracionais renovam opiniões e visões

acerca do mundo e das pessoas”. A Declaração

de Québec sobre a solidariedade intergeracional,

assinada em 1999, dá enfase à necessidade de

cultivar relações harmoniosas e produtivas entre

as gerações, para favorecer a dignidade

humana, a paz e a justiça social (Declaração de

Quebéc, 1999, cit Teiga, 2012). A UNESCO, em

2000, defende a criação de programas para a

inclusão social e desenvolvimento da

comunidade. Incentiva os estados a financiar

estes programas porque tanto trazem benefícios

para os mais velhos como para os mais novos.

Para os idosos procuram minimizar as perdas do

processo de envelhecimento, ao promover a

inclusão e a sua valorização para além de

desenvolver competências ao nível da

transmissão dos conhecimentos, habilidades e

valores humanos a outras gerações. Para os

mais novos procura-se promover interações

diferenciadas, promover aquisição de saberes

através da educação Informal transmitidas pelos

mais velhos, despertar nas crianças um novo

olhar sobre as questões do envelhecimento,

estimular e recuperar brincadeiras e jogos

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tradicionais, desenvolver nas crianças novas

aptidões e promover a educação ao longo da vida

(Teiga, 2012). Atividades intergeracionais são

consideradas mais desejáveis que atividades

voltadas apenas para idosos. Essas

oportunidades são propiciadas compartilhando-

se espaços e instalações.

8.Maus tratos a idosos

Um dos problemas dos idosos identificados pelos

nossos informantes foram os maus tratos.

Embora não se tivessem referido às várias

formas de maus tratos foi evidente que o

“abandono pela família” em geral e o “abandono

pelos filhos” em particular, foram os mais

referidos. Também frases como o “serem

esquecidos” ou “serem mais sujeitos a agressões

e a roubos” assim como “não terem os cuidados

de que necessitam” foram citados. Neste

contexto o termo “maus-tratos” faz referência à

agressão física, à falta de cuidados físicos, bem

como ao abandono emocional. De uma forma

geral podemos dizer que o mau trato a idosos,

refere-se a um comportamento destrutivo dirigido

ou à falta de ação apropriada a um adulto idoso

e que ocorre, geralmente, num ambiente de

confiança e cuja frequência, ato único ou

repetido, acarreta sofrimento na pessoa (Nações

Unidas, 2002). Independentemente de o abuso

ser praticado no contexto familiar ou institucional

os seus efeitos na pessoa são semelhantes. Os

idosos sujeitos a maus tratos tendem a

desenvolver atitudes de culpa, baixa auto-estima,

isolamento social e entram mais facilmente em

depressão, sofrem perturbações do sono,

reforçam as suas dependências e o estigma

social (Dias, 2005). Inúmeras fragilidades são

apontadas na literatura como causa dos maus

tratos aos idosos.

8) 9. Status económico

Nesta categoria encontramos registos como

“falta de recursos por falta de dinheiro”, ”baixas

reformas ou pensões para as necessidades” ou

“pobreza” que nos indicam que os indivíduos

inquiridos percecionam a população idosa com

um status económico baixo e com dificuldades de

satisfazerem as suas necessidades diárias. O

rendimento de muitos idosos e a pobreza,

independentemente da idade, exclui as pessoas

da sociedade. De facto a população idosa tem,

de uma forma geral, recursos económicos muito

escassos. Nesta fase da vida quando surgem

problemas de saúde as privações são múltiplas,

traduzindo-se numa má qualidade de vida pois

afeta várias necessidades do individuo como:

alimentação, vestuário, transportes, saúde,

condições habitacionais, capacidade de escolha

e participação entre outras. Quando existem

carências elas são sinergéticas. Nenhuma

carência ocorre de forma isolada. A pobreza

inevitavelmente leva à exclusão social, que se

traduz para além da falta de meios essenciais a

uma boa qualidade de vida dificuldades também

de acesso a bens sociais e à participação social

que são mais graves quanto mais doente a

pessoa for, ou quando existem ruturas familiares.

Notas finais

No presente trabalho pretendeu-se saber,

qual a opinião dos cidadãos, acerca do que

faz falta aos idosos no contexto onde

vivem. Não foi nossa intenção extrapolar os

resultados para a sociedade em geral, no

entanto julgamos que este seja um retrato

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entanto julgamos que este seja um retrato do que

pensam as pessoas sobre as necessidades dos

idosos. Nas respostas obtidas identificamos

várias condicionantes do bem-estar do idoso,

quer a nível de recursos de saúde e sociais de

apoio, quer a nível de atividades de

entretenimento direcionadas para as

preferências dos idosos, quer a nível do apoio às

suas famílias, assim como discriminação social

tendo em conta o fator idade, exacerbando

conflitos intergeracionais. Os recursos

económicos escassos deste grupo parecem ser

um determinante decisivo para o seu bem-estar.

Muitos idosos são maltratados no seu contexto

de vivência. Todos estes condicionantes exigem

medidas políticas não só para aquisição de

equipamentos e serviços na comunidade, mas

também de educação para a saúde e cidadania

com participação ativa do idosos na vida em

sociedade (Azeredo, 2016).

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Da formação à prática: Importância das Teorias do Autocuidado no Processo de Enfermagem

para a melhoria dos cuidados.

Training to practice: Importance of Self-Care Theory in Nursing Process for improving care.

De la formación a la práctica: Importancia de las Teorías del Autocuidado en el Proceso de

Enfermería para la mejora de los cuidados.

Autores Bruno Santos 1 , Ana Ramos 2 , César Fonseca 3

1Estudante do Curso de Licenciatura em Enfermagem, Universidade de Évora, 2 PhD Student, 3 PhD Univ. Évora

Corresponding Author: [email protected]

Autores

Dados curriculares

REFLEXÃO FUNDAMENTADA/ FUNDAMENTAL REFLECTION ABRIL 2017

Santos, B., et al (2017) Training to practice: Importance of Self-Care Theory in Nursing

Process for improving care., Journal of Aging & Innovation, 6 (1): 51 -

Em 1991, Dorothea Orem definiu o

autocuidado na sua Teoria do Défice do

Autocuidado de Enfermagem. Assim, para a

teórica, autocuidado “é o desempenho ou a

prática de actividades que os indivíduos realizam

em seu benefício para manter a vida, a saúde e

o bem-estar.” Este autocuidado é universal por

abranger todos os aspectos vivenciais, não se

restringindo às actividades de vida diária e às

instrumentais. Orem desenvolveu o seu projecto

em três teorias inter-relacionadas, que são: a

Teoria do Autocuidado, que descreve o porquê e

como as pessoas cuidam de si próprias; a Teoria

do Défice de Autocuidado, que descreve e

explica a razão pela qual as pessoas podem ser

ajudadas através da enfermagem; e a Teoria dos

Sistemas de Enfermagem, que descreve e

explica as relações que têm de ser criadas e

mantidas para que se produza enfermagem. [1]

Orem reconhece o ser humano e o

ambiente como uma única unidade e acredita

que estes componentes influenciam-se

reciprocamente. Crenças, antecedentes sociais e

culturais, características pessoais e relação entre

os profissionais de saúde e os clientes são

alguns dos fatores que influenciam os

comportamentos de autocuidado. As atividades

de autocuidado aliviam os sintomas e as

complicações das doenças, reduzem o tempo de

recuperação e reduzem a taxa de hospitalização

e reospitalização. [7] Observou-se que todos os

seres humanos estão dispostos a ocupar-se de si

mesmos e dos seus familiares dependentes. Eles

têm o potencial e a capacidade de aprender a

satisfazer as suas necessidades de autocuidado.

O pressuposto epistemológico é que eles

precisam de interação contínua e deliberada

entre si e os ambientes que os rodeiam para o

autocuidado e a sobrevivência. Orem oferece

assim uma estratégia para o desenvolvimento de

habilidades de autocuidado. [8]

A capacidade de autocuidado só é afirmada

quando o indivíduo é capaz de desempenhar a

actividade de autocuidado para manter,

restabelecer ou melhorar a sua saúde e bem-

estar. [1] Segundo alguns autores, a vivência de

uma transição, a capacidade que a pessoa tem

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uma transição, a capacidade que a pessoa tem

para determinar e gerir as suas necessidades e

para construir respostas adaptativas pode estar

alterada, pelo que é necessário um período de

adaptação ou ajustamento. [2] É de reforçar que

o autocuidado é uma função humana reguladora

que as pessoas desempenham deliberadamente

por si próprias ou que alguém a execute por eles

para preservar a vida, a saúde, o

desenvolvimento e o bem-estar. Quando a

pessoa actua de forma consciente, controlada,

intencional e efectiva, atingindo a real

autonomização, designamos por actividade de

autocuidado. [3]

Quando as necessidades de autocuidado

excedem a capacidade de autocuidado - por

exemplo, no caso de doenças crónicas -, as

pessoas experienciam desvios de saúde e

necessitam de cuidados. Consequentemente,

precisam, de satisfazer as suas necessidades de

autocuidado, seja individualmente ou por

pedindo ajuda a alguém. Estudos indicam que

uma intervenção educativa de suporte,

desenvolvida com base na teoria do autocuidado

de Orem, aumenta a capacidade de autocuidado

do utente. [9]

Alguns autores discutiram a importância

da teoria do autocuidado com base numa leitura

crítica, numa análise e discussão de diversos

materiais bibliográficos. Alegaram então que a

teoria é útil para orientar a prática de

Enfermagem, educação e gestão, mas não tem

sido prontamente utilizado na pesquisa e prática

clínica da profissão. Afirmam então que os

enfermeiros deveriam utilizar a teoria do

autocuidado para orientar a sua prática, o que

poderia levar a um maior refinamento da teoria.

[6]

É aqui que o papel do enfermeiro é

fundamental, já que o autocuidado é um

resultado sensível aos cuidados de enfermagem,

com tradução positiva na promoção da saúde e

no bem-estar através do aumento de

conhecimentos da pessoa e habilidades onde os

profissionais de saúde, principalmente os

enfermeiros têm uma intervenção decisiva. [3] A

teoria do défice de autocuidado incorpora a

asserção da necessidade de cuidados de

enfermagem face à incapacidade da pessoa em

satisfazer os seus requisitos de autocuidado. E,

de acordo com a identificação das necessidades

em autocuidado da pessoa, a ajuda profissional

dos enfermeiros poderá assumir-se como: fazer

por; orientar; ensinar; proporcionar apoio físico e

psicológico e providenciar recursos no sentido de

manter um meio propício ao desenvolvimento

pessoal. [4] Nesta perspectiva, Orem identificou

cinco áreas em que o enfermeiro é o agente

terapêutico e desenvolve as seguintes

actividades: iniciar e manter a relação com a

pessoa, família ou grupo até que a pessoa não

necessite de cuidados de enfermagem;

determinar como e se a pessoa pode ser ajudada

através dos cuidados de enfermagem; responder

às necessidades da pessoa relativamente ao

contacto e à assistência do enfermeiro;

prescrever e proporcionar ajuda direta à pessoa

e pessoas significativas: coordenar e integrar os

cuidados de enfermagem na vida diária da

pessoa e/ou outra assistência de saúde

necessária. [4]

Acreditamos assim que se torna crucial o

uso das Teorias do Autocuidado de Orem, no

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ensino/formação da formação académica

e profissional dos enfermeiros, para o

desenvolvimento do conhecimento

teórico/prático dos nossos profissionais e da

melhoria da qualidade dos cuidados de

Enfermagem prestados, pois o conhecimento em

enfermagem é então um conhecimento que se

cria, estrutura e reestrutura numa dinâmica

dialógica entre a conceção (teoria) e o fazer

(cuidar), num constante ciclo em movimento de

translação. [5]

Já que a pertinência da teoria de Orem

está no seu âmbito, complexidade e utilidade

clínica, na capacidade de gerar hipóteses e por

acrescentar conhecimento à profissão de

Enfermagem. Tem-se revelado igualmente útil na

criação de currículos para a formação dos

enfermeiros em várias faculdades e

universidades, assim como na concepção de

orientações para a gestão/ administração em

enfermagem. [6]

O contributo de Orem para a teoria, o

conhecimento específico de Enfermagem e a

ciência de Enfermagem, situa-se, na nossa

opinião, na constituição de uma teoria de

amplitude relativamente abrangente para

enquadrar e dar sentido disciplinar à atividade

profissional exercida. Esta permite a construção

de narrativas explicativas do que é feito pelos

enfermeiros, dos padrões de conhecimento de

que se socorrem e que ao mesmo tempo criam e

enriquecem, quando têm necessidade de

encontrar respostas para os problemas de

saúde, de doença e de bem-estar das pessoas e

populações a que têm de assistir todos os dias

nas unidades em que exercem a sua prestação

de cuidados. [6]

A Enfermagem tem evoluído

positivamente nos últimos anos, tanto a nível

teórico, como prático, mas tal ainda não é o

suficiente para atingir o nível aceitável de

visibilidade enquanto profissão com

competências específicas e diferenciadas. É

assim importante ter em conta que toda a prática

clínica deve ter uma base teórica, que sustente

as intervenções realizadas e dêem um sentido ao

que é feito no quotidiano, sem que se caia no erro

do fazer por imitação. As teorias do Autocuidado,

a título de exemplo, constituem um importante

meio para que seja atingido este fim. Aplicando

estas teorias, o enfermeiro é capaz de conceber

e seguidamente empregar uma teia de

conhecimentos sobre a pessoa e a forma como

ela se relaciona com o mundo, de forma a dar a

resposta mais adequada na sua prestação de

cuidados de Enfermagem, colmatando os deficits

de autocuidado encontrados no utente, tanto em

meio hospitalar, como nos cuidados de saúde

primários e até em contexto domiciliar. Torna-se

assim pertinente a incorporação destas

temáticas no currículo de futuros enfermeiros,

para que seja assim cultivado desde cedo, este

tipo de pensamento e este tipo de prática e

possamos assim ser profissionais de saúde mais

competentes.

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