boletim a libertação 102

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Boletim informativo da Fraternidade Espírita Cristã

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Editorial:

O Óbolo da Viúva

Seja Bem-vindo ao Centro Espírita

Entrevista

Espíritas de Ontem

Rolinha - O Professor

B.D.

Informação

Horário

Ser Sincero

2 A Libertação

N º 1 0 2A n o X X VAbril / Maio / JunhoTrimestral / 2 0 0 9

DirecçãoDirectorMaria Emília Barros

Director AdjuntoCarmo Almeida

RedacçãoCarmo AlmeidaIsabel CostaMaria Emília BarrosPaula Alcobia GraçaPaulo HenriquesGina FerreiraSílvia Almeida

RealizaçãoImagem Gráfica Sara BarrosMontagemZaida Adão

RevisãoCarmo AlmeidaMira Benedito

Page 3: Boletim A Libertação 102

Há na sinceridade um quê de belo e um quê de bom.

É bela a alma cujas palavras e actos nunca se desmentem, em quem a

transparência das opiniões permite vislumbrar a qualidade superior das

emoções que a animam, junto de quem é bom poder ficar para aprender a tornar-

se respeitável, credível.

É bom saber ser sincero. Distinguir entre a emoção provocada pela

contrariedade, que não nos permite fazer o que queremos, e aprender a silenciar,

e a compreensão do que está realmente errado e nos força a agir, não só pelo bem

pessoal mas, sobretudo, pelo bem comum.

A palavra sincera pode evitar a queda num abismo moral ou erguer uma alma

tímida, sem forças para prosseguir na vida sem uma opinião que a valorize ou

que a oriente.

Mas ser sincero é um trabalho interior de melhoria de comportamento que

começa quando passamos a respeitarmo-nos mais, enquanto indivíduo, e a

termos uma vontade, cada dia maior, de sermos, nas atitudes externas, aquilo

que somos internamente e, assim, agirmos de forma coerente e digna, em todos

os momentos da nossa vida.

Chega sempre o dia em que se torna insuportável sentir de uma forma e agir de

outra, quase covardemente, sem realizar o que a vontade inferior manda porque

a sabemos condenável, nem manter, de fachada, os gestos que parecem bem a

quem os vê sem que traduzam o que realmente somos, nem eliminem de nós o

que realmente nos atormenta.

Então é nesse dia que abraçamos a sinceridade reconhecendo-a nossa amiga,

uma amiga que nos poderá acompanhar nos árduos caminhos da mudança, da

compreensão e respeito pelos outros, da coragem de ter opiniões próprias e de

saber aceitar as dos outros mesmo que opostas às nossas.

E quando a vida nos pedir os verdadeiros testemunhos dos valores já

alcançados, será com sinceridade que nos ajoelharemos perante essa vontade

superior, fortes e agradecidos por podermos demonstrar a nossa mudança, na

sinceridade dos sentimentos renovados.

Carmo Almeida

Page 4: Boletim A Libertação 102

4 A Libertação

No dia 1 de Fevereiro realizámos um seminário através das quais podemos dar o que de melhor

dirigido aos trabalhadores do Centro Espírita, existe em nós como sendo a prática da Caridade: um

dedicado ao tema Evangelho no Lar. Compareceu sorriso, um abraço, um pouco do nosso tempo, um

um grupo de colaboradores que habitualmente pouco do nosso pão…

realiza tarefas tão diferentes como a evangelização Iniciado o comentário sobre o ponto acima referido, infanto-Juvenil, a mediunidade activa, a oração tal como devemos realizar nos nossos lares terrenos, pa r a o s S o f r edo re s o u a A s s i s t ên c i a a interpretação começou pela perspectiva a que nos Espiritual/passe. habituámos. Mas dando-nos conta de que estava

O Seminário dividiu-se em três momentos: a reunido um grupo de trabalhadores do Centro

abordagem do tema sob o ponto de vista teórico, a Espírita, e sabendo que o acaso não existe, fomos

exemplificação prática de como se realiza o mais longe na nossa interpretação colocando para

Evangelho no Lar; e o esclarecimento de questões análise dos presentes a seguinte questão: o que nos

pertinentes colocadas posteriormente pelos desejam dizer os Mentores Espirituais, num

presentes. Decorreu ao longo de duas horas em momento de tanta delicadeza? Olhámos uns para os

profunda ligação com o Mundo Espiritual que nos outros e compreendemos que nós, que pedimos a

coadjuvou na reflexão que fizemos em conjunto Deus a oportunidade de servir na Seara do Mestre

sobre o Evangelho, num ambiente verdadeiramente Jesus, neste momento de profundas e inquietantes

familiar. modificações na Humanidade, cabe-nos dar muito

mais do que os outros, dar tudo o que temos, dar, Foram momentos de grande riqueza espiritual para mesmo o que nos faz falta! todos, particularmente pelo desenvolvimento e

explanação da passagem de O Evangelho Segundo Não é de bens materiais que se fala, nem somente de

o Espiritismo incluída no capítulo XIII: dar o seu melhor no emprego, na família ou nos

relacionamentos sociais diversos. É ir além de tudo Estando Jesus sentado defronte do gasofilácio, a isso: o cumprimento do dever enquanto observar de que modo o povo lançava ali o Trabalhadores Espíritas, a realização de todas as dinheiro, viu que muitas pessoas ricas o deitavam tarefas, a forma como nos relacionamos, como em abundância. – Nisso, veio também uma pobre reconhecemos as nossas capacidades, os meios que mulher que apenas deitou duas pequenas moedas utilizamos para sermos mais úteis, para do valor de dez centavos cada uma. – Chamando valorizarmos atitudes e valores do nosso Próximo, então os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade em especial do companheiro por quem podemos vos digo que esta pobre viúva deu muito mais do que sentir menos empatia. A esse, devemos dedicar mais todos os que antes puseram suas dádivas no atenção, mais colaboração. Desse modo, gasofilácio; - por isso que todos os outros deram do contribuiremos para que apenas exista entre todos a que lhes abunda, ao passo que ela deu do que lhe faz simpatia das almas irmãs que se doam em serviço ao falta, deu mesmo tudo o que tinha para seu sustento.

(S. Marcos, cap. XII, vv. 41 a 44. – S. Lucas, cap. XXI, vv. 1 a Próximo por uma Causa que é da Humanidade: 4.) – O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XIII, item 5 colaborar para a construção da felicidade entre Como Espíritas que somos, há tantos anos, a maior todos os Homens!parte dos presentes desde a infância, temos Lembrámos a nossa companheira que limpa o analisado este ensinamento de Jesus por diversas espaço onde trabalhamos e fá-lo com uma vezes e sempre considerámos as diversas formas confiança e uma determinação absoluta e exemplar.

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A Libertação 5

Abril / Maio / Junho

Diz-nos ela: “No dia em que eu não vier, ide justificações temos encontrado para os nossos

procurar por mim à minha casa, porque incumprimentos!...

provavelmente, já terei ido para junto dos Assumimos tarefas no Centro Espírita por acaso, Espíritos”. Não são palavras vãs, elas saem do por capricho da vida ou, conscientes de que não coração! Apesar da total falta de conhecimentos existe acaso, estamos a deixar passar o tempo, das letras e dos números, todos os dias dá perdendo oportunidades valiosas para fazermos exemplos de profunda lucidez espiritual aos mais desta reencarnação a diferença, não em relação intelectualizados. É a pobre viúva que dá tudo e aos outros, mas em relação a nós mesmos e aos que ama a Casa Espírita como ama Deus, com atributos que trazemos na alma?profunda humildade e total dedicação. Quem Dar tudo, mesmo o que faz falta ao nosso sustento, poderá ignorar quem tanto dá, apenas pedindo é ir mais longe, sem medo. Deus, que dá às aves o forças para si mesma com o objectivo de alimento também nos dará a energia necessária continuar doando-se, até que Deus queira? para nos ultrapassarmos nas ideias, no tempo, nos Por vezes, o corpo pede mais repouso mas a alma sentimentos, nas orações, nas boas palavras…lembra que há muito trabalho a ser feito, que há Procuremos em nós o que podemos fazer pelo muitos irmãos nossos esperando pela nossa nosso irmão, na tarefa espírita, na Casa Espírita, presença, pela nossa palavra, pelo nosso olhar, no Movimento Espírita, na sociedade. De um pela nossa disponibilidade. Podemos desiludi-los modo ou de outro, encontraremos a melhor mas a nossa consciência far-se-á ouvir, deixando- solução para realizarmos o que desejamos, para nos angustiados pelo que devíamos ter feito, mas sermos úteis, para sermos como a viúva pobre que não concretizámos. dá apenas duas pequenas moedas, moedas que se Quantas vezes, sendo Trabalhadores Espíritas, agigantam face à dimensão do Amor e do falamos de cansaço, de falta de tempo! Quantas Sacrifício com que são doadas, sendo vezes deixámos alguma tarefa por fazer alegando reconhecidas, apenas, por Deus!. falta de disposição, falta de ideias!... Quantas

Franqueza/sinceridade é sinónimo de lisura, lealdade, simplicidade, e toda a verdade é simples. É

uma Lei Divina porque traduz a palavra do Evangelho. É uma virtude que nos auxilia na conquista

dos bens do corpo, da alma e no relacionamento humano.

Viver com sinceridade, tranquiliza-nos a consciência, gera harmonia e é salutar, por isso é que

uma prece sincera é o medicamento mais eficaz para as doenças da alma.

O Homem de Bem é aquele que leva uma vida sincera para consigo próprio e para com os outros,

e isso é investir no futuro, porque conforme semeamos, assim colheremos.

Aligy - Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita

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6 A Libertação

Abril / Maio / Junho

Seja bem-vindo! Está no Centro Espírita e isso nacionalidades e desconhecidos entre si, surge em

significa que se encontra num local especial e França como resultado de um trabalho monumental,

completamente diferente de tudo o que já conheceu. de selecção e organização, levado a cabo por

Seja qual for o motivo que o fez dirigir-se até aqui, Hipolyte Leon Denizard Rivail, homem de

acredite que este momento é muito importante para pensamento racional, cuja formação académica se

si. Seja pois bem-vindo ao Centro Espírita. Seja deu com o iminente pedagogo Pestalozzi, junto de

bem-vindo à Fraternidade Espírita Cristã! quem se tornou bacharel em letras e em ciências,

tendo estudado medicina e sendo conhecedor, a

O CENTRO ESPÍRITA fundo, de várias línguas além da francesa.

Este espaço, que a partir de hoje vai conhecer Dedicando grande parte da sua vida ao ensino

melhor, é designado como Centro Espírita, ou seja académico e à publicação de obras pedagógicas,

um local onde se estuda a Doutrina Espírita de forma entre outras actividades em prol da educação,

sistematizada, através de planos de aulas ou tornou-se bastante respeitado na sociedade

assistindo a Palestras, Seminários, Conferências e parisiense da sua época, razão pela qual é conhecido

Debates; onde se recebe assistência espiritual, como Professor Rivail.

distribuída pelas equipas de Espíritos Benfeitores e Era já um homem maduro quando, por todo o lado,

com a colaboração de médiuns; onde se medita e surgiu o fenómeno das mesas girantes, utilizado

ora, ligando-nos à causa primária de tudo o que como divertimento obrigatório nos salões mais

existe – Deus – e nos aproximamos do pensamento elegantes. Nunca se tendo interessado muito por este

de Jesus, criando condições de harmonia e equilíbrio fenómeno, Hipolyte Leon acabou, no entanto, por

espiritual. ser confrontado com uma realidade que surgia no

Tudo isto faz com que o Centro Espírita seja seio das sociedades mais esclarecidas e que exigia

composto por três aspectos que se distinguem entre atenção. Após anos de estudos afincados, de

si mas se complementam, oferecendo-nos a resposta experiências várias onde aplicava o método

da Ciência, da Filosofia e da Religião a todos os científico da experimentação, sistematiza então a

porquês da nossa existência. É por isso que o Centro Doutrina Espírita em cinco livros que compõem a

Espírita é uma Escola, um Hospital e um Templo. E é Obra Básica, a saber: O Livro dos Espíritos, O Livro

também por isso, que o nosso comportamento deve dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo,

ser tão respeitoso e cuidadoso como o que temos A Génese e O Céu e o Inferno.

quando entramos numa sala de aula, numa

enfermaria ou num templo religioso. A MEDIUNIDADE

Na origem da Doutrina Espírita está a constatação

A DOUTRINA ESPÍRITA da existência da mediunidade que é a capacidade

Mas o que é a Doutrina Espírita? Nascida no século que o ser humano tem de perceber a vida extra-

dezanove, através da recolha e posterior física, um outro sentido sempre presente em todas as

organização de centenas de mensagens mediúnicas Épocas, mas perseguido sobretudo durante a Idade

recebidas por dezenas de médiuns de várias Média, quando se deu a tentativa de abafar as vozes

Por: Carmo Almeida

Page 7: Boletim A Libertação 102

A Libertação 7

Abril / Maio / Junho

que demonstravam a imortalidade do ser, após a complexo, mais conhecedor e mais sensível,

morte do corpo físico. Esses testemunhos produzindo o seu progresso intelectual e moral.

atrapalhavam aqueles que tentavam dominar as Como ser gregário, o homem evolui nessas

consciências alheias pelo medo, mantendo-as multimilenares reencarnações em conjunto,

na ignorância, podendo assim explorá-las nas promovendo o seu progresso e o das comunidades

suas crenças ingénuas, delas se utilizando para onde se insere.

deter poder e riqueza. Mas nem as Cada espírito humano está revestido por um corpo

perseguições, nem as fogueiras, puderam calar fluídico que se chama Perispírito. Trata-se de um

totalmente as manifestações mediúnicas. envoltório que jamais se separa do espírito,

Porém, o que fora espontâneo e encarado com caracterizado pela possibilidade de reter em si

naturalidade, voltou a existir apenas em mesmo toda a história evolutiva que é vivida, todas

círculos fechados, ou vivido sob o manto do as emoções, todas as experiências, e ser tão maleável

receio, a revelar-se sob o aspecto de crenças mal que pode adquirir a forma que a vontade do Espírito

explicadas e sem dignidade. A crendice lhe impuser, enquanto permanece no mundo

substituiu, então, a crença pura na existência de espiritual, ou guardar a que identificou o corpo físico

Espíritos amigos que orientam a humanidade e que animou quando esteve na Terra, reencarnado.

na dos Espíritos maus que a cercam, tentando Quase sempre, após a separação do corpo físico, o

atormentá-la e dos quais nos compete afastar espírito desencarnado assume as mesmas

através da prática das boas acções. características físicas que possuía na Terra, razão

O Espiritismo recupera o respeito devido à pela qual pode ser identificado pelos médiuns

possibilidade de comunicação entre os Homens videntes. Também sob o aspecto moral se mantêm as

vivos e aqueles que, embora vivos, porque a qualidades e defeitos que o definiram enquanto

morte enquanto destruição total não existe, reencarnado, já que a morte física não transforma

vivem fora da esfera material da vida. Claro que nenhuma alma subitamente. Porém, aviva-se a

esta possibilidade de comunicar com seres consciência ao entrar em contacto com outras

desencarnados conduz-nos ao conhecimento de atmosferas, ao reencontrar-se com velhos amigos e

duas leis divinas muito importantes: a da conhecidos. Então, senhor de um discernimento

imortalidade da alma e a da reencarnação. despojado dos interesses imediatistas, avalia a sua

Para que tudo isto faça sentido há que ter como condição, a suas falhas morais e necessidades de

ponto de partida a crença na existência da alma conhecimento, e reencarna de novo, a curto, médio

animando o corpo físico, em si incapaz de agir ou longo prazo, para recomeçar as suas tarefas,

se não for comandado pelo espírito imortal que, concluir o que lhe faltou realizar e desenvolver

este sim, sente, pensa e age de acordo com a sua novas aptidões. Se o ser humano vivesse apenas uma

própria vontade. única vez a vida seria entediante e o progresso nulo.

Ao contrário, a cada novo renascimento, o homem

ESPÍRITO progride um pouco mais, desenvolve novos talentos

O Espírito é, portanto, centelha divina criado e aptidões fazendo com que surjam inovações e

simples e ignorante mas com a possibilidade de, descobertas que mais nada são do que o resultado

através das múltiplas existências, se tornar mais dos acurados estudos realizados anteriormente.

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8 A Libertação

Abril / Maio / Junho

A partir de certo nível de consciência e de responsabilidade, esses trabalhos podem ser feitos, em parte,

durante o tempo em que se vive no Espaço, nas moradas espirituais que designamos como Colónias

Espirituais, cidades que abrigam os Espíritos desencarnados e onde se estuda, se reeduca o pensamento

e se projectam novos cometimentos. Mas para a concretização desses trabalhos é imprescindível a vida

num mundo material, porque só através de reencarnação se consolidam os valores morais.

E regressamos, animando um novo corpo físico, adquirindo novas qualidades, reencontrando velhos

afectos e também desafectos do Passado, muitas vezes no seio da própria família ou no conjunto social e

profissional. Assumem-se novos desafios, contacta-se com a dor, a incompreensão, a dificuldade. É por

isso que se torna primordial que o Homem tenha uma educação moral que o fortaleça nas novas lutas

para que não se perca o esforço realizado anteriormente e consiga chegar ao final dessa existência

vitorioso, tendo aprendido a dominar os seus maus pendores, e repleto de novos conhecimentos, um

pouco mais sábio, um pouco mais nobre de sentimentos.

Na falta dessa educação moral, sem ter respostas lógicas para o que a sua razão indaga, muitas vezes

fustigado por inquietações de difícil análise, ou porque sente a falta de alguma coisa que ultrapassa o que

o mundo tem de melhor para oferecer, a alma mais viril e corajosa pode deixar-se prender nos liames das

convenções, dos preconceitos, dos modismos, das falsas promessas de uma satisfação que nunca se

alcança, e deitar a perder todos os seus projectos.

Então chega o Centro Espírita, chega a Doutrina Espírita – Ciência, Filosofia, Religião –, para responder

a todas as dúvidas, para explicar todas as incompreensões e para nos levar a encontrar de novo com

Deus, a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.

JESUS

Como meio de alcançar essa vitória sobre nós mesmos, a única que realmente importa, a Doutrina

Espírita traz Jesus e a sua mensagem renovadora, para os dias do Presente. Coloca as parábolas, as

dissertações, o trabalho e o exemplo de Jesus ao alcance do nosso entendimento, mostrando um caminho

lógico, e nem por isso mais difícil de seguir, para se alcançar a paz, para se compreender o amor e o

perdão, para se dar o devido valor ao sacrifício, à compaixão e à bondade.

Por isso, repetimos: seja qual for o motivo que o fez dirigir-se até aqui, acredite que este momento é

muito importante para si.

Seja pois bem-vindo ao Centro Espírita. Seja bem-vindo à Fraternidade Espírita Cristã!

Page 9: Boletim A Libertação 102

A Libertação 9

Abril / Maio / Junho

Maria Emília BarrosPresidente do Conselho Director

A Pessoa por trás da Personalidade

1 - O que é um Dirigente Espírita? igualmente seres em evolução que esperam de nós o contributo para o desenvolvimento das suas É a pessoa que tendo conhecimentos aprofundados capacidades; interage com os amigos na medida dos sobre a Doutrina Espírita, assume a responsabilidade tempos livres e das oportunidades de construir de trabalhar no Movimento Espírita em regime de total relacionamentos interpessoais saudáveis, sem voluntariado. É aquele que tem consciência de que um esquecer que todas as suas acções enquanto Dirigente dia implorou aos Benfeitores Espirituais permissão Espírita têm como objectivo os seus irmãos encarnados para, através do trabalho dedicado à seara Espírita, e desencarnados que procuram a sua palavra, o seu construir na própria alma um edifício de sacrifício, sorriso e o seu abraço sincero, livre de preconceitos ou perseverança, coragem e fé. de desconfianças de qualquer espécie

2 - Como se relaciona o Dirigente Espírita na sua 4 – Como encara o Dirigente Espírita os grandes actividade profissional?temas da actualidade do seu país e do mundo?

É-se dirigente espírita quando se está nas instalações do Como deve encarar tudo o que o rodeia com desejo de Centro Espírita ou em momentos de actividade conhecer, de se manter actualizado, de saber discorrer específica do Movimento Espírita, mas é necessário sobre os mais diversos temas, procurando compreendê-não esquecer de ser espírita a toda a hora e em todo o los e explicá-los sob a óptica Espírita. Ao Dirigente, lugar. Diz-nos Kardec que “reconhece-se o verdadeiro como a qualquer Espírita, cabe também, nessa busca de cristão pelo esforço que faz para ser melhor” e é conhecimento, exercitar a solidariedade, a compaixão, fazendo esse esforço que vamos vivendo, dia após dia, a tolerância participando civicamente na sociedade em os compromissos que nos permitem crescer. que se encontra inserido, sem esquecer a ética da moral

Este pressuposto aplica-se a todas as situações das cristã que é um dos fundamentos da Doutrina Espírita. nossas vidas, pelo que deve estar sempre presente no

5 – Tendo em conta o materialismo das sociedades imo do nosso ser. actuais face à sua postura espírita, considera que se

O Dirigente Espírita exerce a sua profissão obedecendo impõe ao Dirigente Espírita uma dupla às exigências que o bom cumprimento do dever personalidade?profissional lhe impõe; respeita e submete-se à

De forma alguma. Ao Dirigente Espírita cabe o papel autoridade implícita na hierarquia profissional, de ser autêntico em todos os momentos da sua vida, conferindo aos seus superiores, aos seus colegas e aos onde quer que se encontre. Essa firmeza de atitude nem que se encontrem em categoria profissional inferior à sempre é fácil porque colide com interesses sua igual respeito e consideração, ciente de que todos profundamente enraizados na sociedade. A facilidade são seus companheiros que partilham, em graus com que se criticam posições diferentes das que se diferentes, a responsabilidade pelo cumprimento de um consideram como acertadas levanta sérias projecto conjunto.dificuldades. Ainda é comum descriminar-se quem se

3 – Como se relaciona o Dirigente Espírita nas destaca dessa maioria, a quem convém que nada chame actividades do quotidiano? a atenção porque mudar exige esforço, exige que se saia

da posição cómoda dos dias sempre iguais onde se Realiza as actividades domésticas como convém ao seu espera atingir os objectivos da abastança e do conforto bem-estar físico e psíquico; utiliza os tempos livres materiais.para concretizar as diversas tarefas que estão sob a sua

responsabilidade, a maior parte das quais no Centro A coerência entre pensamento e acção exige-lhe que Espírita ou noutras Instituições igualmente espíritas; diga não a todos os convites que considera prejudiciais tem para com os animais de estimação os cuidados e a ou menos importantes do que aqueles com os quais se atenção que eles necessitam porque sabe que são comprometeu; exige-lhe trabalhar, no seu íntimo, a

Page 10: Boletim A Libertação 102

10 A Libertação

Abril / Maio / Junho

resignação quando se vê marginalizado pela desafios para a própria iluminação, quando trabalhamos incompreensão, pelo autoritarismo, pelo sectarismo, pela para estender a quem nos queira ouvir, a mensagem da incredulidade, pela má-fé; exige-lhe um constante Boa Nova trazida por Jesus, na sua pureza, quando o exercício de auto-disciplina da vontade, da perseverança, nosso tempo é pouco para o muito que podemos e do trabalho, sabendo que a sua aposta de vida não se devemos fazer como contributo para o esclarecimento de limita ao horizonte acanhado da vida presente, mas quem possa ou deseje ouvir a mensagem dos Espíritos, as estende-se no tempo através da multiplicidade das atribulações de cada dia são apenas momentos em que a existências onde se encontram as explicações de muitas nossa inteligência é chamada a encontrar novos situações passadas e o resultado das acções actuais. caminhos e os nossos sentimentos são estimulados ao Passado, presente e futuro são manifestações da aprimoramento no sentido da convivência fraterna, do continuidade para a evolução do espírito, razão pela qual respeito pelas diferenças, da tolerância para com todos.existimos. Somos felizes sempre que a nossa consciência está em 6 – É feliz o Dirigente Espírita? paz! Cumprimos o nosso dever, demos o que de melhor

possuímos, não exigimos nada de ninguém, não Só pode ser feliz! guardamos rancor ou animosidade, desejamos sempre

Claro que não se pode medir a felicidade pelos padrões que a paz habite em todos os corações. do materialismo, mas quando sabemos porque existimos,

Só podemos ser felizes! quando compreendemos que a nossa vida está plena de

Continuação

Autoanalisando-se, autocriticando-se, o Homem saberá aperfeiçoar-se, reconhecer que o ser

espiritual, dentro de si próprio, precisa de ser limado para adquirir melhor brilho, deitando fora o que

não é bom para o seu aperfeiçoamento moral.

Reconhecer os seus erros, os seus sentimentos negativos, sabendo ser sincero com ele próprio, tolerante,

humilde, indulgente, vai contribuir para que o seu íntimo descubra que o “reino dos céus está dentro de

si mesmo”.

Saber exprimir o que o seu coração sente, sem magoar e agredir o seu irmão, procurando sempre fazer ao

outro o que gostaria que lhe fizessem, o Homem compreenderá que este é um dos caminhos para a

verdadeira felicidade.

Ester – Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita

Uma pessoa franca e sincera está sempre pronta para ajudar as pessoas que mais necessitam.

Ana – DIJ – 2º Ciclo da Infância

Page 11: Boletim A Libertação 102

A dor é o bálsamo da alma. Devemos todos procurar medicar o nosso Espírito para podermos gozar a

grande saúde espiritual. Sem a dor nada conseguiremos; ela é o primeiro remédio que procura limpar e

depurar a alma das imperfeições. Ela faz com que tenhamos força para nos purificarmos. A dor é o

consolo espiritual. Aquele que se prepara para recebê-la com calma, resignação, sem murmurar, e que

procura pelos meios dóceis, humildes e caritativos aliviá-la, se tornará um verdadeiro Espírita. Mas,

pelo contrário, se mal chega a dor, grita logo, se lastima, chora ou então se orgulha, se envaidece, se

exalta e propala por toda a parte saber sofrer com coragem, este estará muito longe de conseguir a saúde

espiritual. Devemos, sim, provar e anunciar que sofremos com resignação e coragem, mas, com

modéstia e sempre orando e vigiando para não tropeçarmos.

*

A dor é uma ferida em chagas. Curada, deixa uma insignificante mancha. A dor, às vezes, vem como um

grande temporal; outras vezes, como uma epidemia, e outras vezes, como um pesadelo em que

parecemos cair num abismo. Como o temporal que passa e deixa aparecer o dia lindo e suave, a dor

desaparece para dar lugar à paz e à felicidade.

Como a epidemia que deixa uma recordação triste e chorosa nos que perderam os entes queridos, a dor

também passa e deixa seus fluidos pesados. Mas como o pesadelo de que ao despertar sentimos alívio e a

alegria imensa de ver que não foi mais que um sonho; a dor determina o final dos sofrimentos para o

Espírito que cumpriu a sua expiação ou prova; e o fará despertar no mundo espiritual, onde encontrará a

recompensa do seu heroísmo e viverá no meio dos Espíritos purificados.

*

Se não suportarmos com resignação e paciência a dor, quer física, quer moral, não poderemos de

maneira alguma alcançar a nossa perfeição. Podemos passar sem cometer grandes crimes e grandes

erros, mas pelo caminho da dor, temos necessidade de passar a fim de darmos prova da nossa fé e crença

em que o progresso espiritual se fará no meio dos trabalhos rudes, dos enormes sacrifícios e das dores

horríveis, que não são mais do que a ingratidão, calúnia, intriga, deboche, ironia, inveja, ciúme, ódio e

perseguições atrozes.

Oh! Quão lindo, quão sublime não será a recompensa do espírito, que passa por todas as dores com a

maior soma possível de paciência, resignação e silenciosamente! Não há pena nem palavra que possa

descrever o que se passará quando este Espírito restituir o corpo pesado à terra e se elevar para as alturas

celestiais!

Muitos dos nossos irmãos, contrários, criticam dedicarmo-nos ao Espiritismo, dizendo: que todo aquele

que passa a ser espírita, começa a padecer as dores mais horríveis, físicas ou morais, quer pelos

dissabores, quer pelo lado pecuniário; e acrescentam, que são castigos de Deus ou influência do

demónio. A Libertação 11

Abril / Maio / Junho

Page 12: Boletim A Libertação 102

12 A Libertação

Ah! Estes nunca leram as obras de Allan Kardec, principalmente O Evangelho e O Céu e o Inferno segundo

o Espiritismo, porque então haviam de saber que os sofrimentos e as dores são escolhidos por nós mesmos a

fim de nos aperfeiçoarmos e nos elevarmos espiritualmente o mais depressa possível.

As dores por que passamos não são mais do que a nossa salvação e não influências do demónio ou castigos.

É a Misericórdia de Deus que desce sobre nós para podermos alcançar o nosso aperfeiçoamento espiritual.

Quem escreve estas linhas sente, às vezes, a alma se elevar de uma maneira inexplicável, quando vê um

irmão, sem murmurar, sem procurar desabafar, receber com calma e resignação as injúrias, calúnias e

falsidades atiradas pelos seus irmãos, e sentir-se mais abalado por aqueles que o perseguem do que pelos

seus sofrimentos. Oh! Sim! Este é que é o verdadeiro Espírita.

Ainda sou um principiante no Espiritismo; penso porém, que na dor é que está toda a nossa purificação. A

dor é o remédio que Jesus nos envia para nos curarmos das misérias terrestres.

J. MENEZES

(Pequenino)

Extraído de Luz e Caridade, órgão do Centro Espírita de Braga, Fevereiro de 1922

Abril / Maio / Junho

Ser sincero…

Exercício difícil para a alma imatura e convalescente.

Requer disponibilidade, recursos internos, procura dentro de nós próprios.

Estudo e análise objectiva.

Ser sincero nas palavras e nos gestos.

Aprender a dosear e a cuidar as emoções, escolhendo as melhores palavras.

Adaptar às pessoas e às situações.

Acima de tudo, procura incessante dentro de nós.

Descobrir o que nos move, o que sentimos verdadeiramente, sem subterfúgios.

Capacidade de ser verdadeiro, autêntico, sem esquecer a dedicação, a delicadeza e o cuidado na

relação com o outro.

Filipa - Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita

Franqueza/sinceridade é a qualidade daquele que é leal, espontâneo, sem pensamentos ocultos.

Fala com delicadeza, evitando ferir o amor-próprio do outro.

Sem hipocrisia, pode constituir um dever quando as circunstâncias levam a desmascarar aquele que pode

prejudicar terceiros.

Devemos ser indulgentes com as falhas alheias. Somente com grandeza de alma e com o nosso exemplo,

substituiremos as palavras e a verdade será entendida pelo outro.

Maria de Fátima - Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita

Page 13: Boletim A Libertação 102

A Libertação 13

Abril / Maio / Junho

Todos tinham à volta dos quatro, cinco anos. enganava-se no nome ao chamá-las, e em vez de

vir a boneca vinha a mimosa.Ninguém sabia ler, nem o professor.

Quanto ao contá-las era mestre, punha-as em Já fartos de brincar ao esconde-esconde, às fila, num sítio apertado, obrigava-as a passar corridas ou ao botão, de vez em quando resolviam uma a uma, com a cadelinha, a maravilha, atrás e brincar “às escolas”.era só contar: uma, duas … cento e dez. Estavam

Os maiores, a partir dos sete anos, iam à escola. todas.

Era longe, saíam de manhã cedo e só voltavam Para não haver enganos, cada uma estava tarde, por vezes, já bastante noite, no Inverno.representada no seu cajado com uma mossa

Quando caíam as grandes geadas, era vê-los, feita, pacientemente, com o seu canivete bem

enrolados em roupa velha, era tudo gente pobre, afiado.

alguns até iam descalços e andavam com as Com todas estas ajudas literárias, da parte da orelhas feridas por causa das frieiras.família, era precisa muita imaginação ao Rolinha

Como também Rolinha e seus companheiros para desempenhar o seu papel de professor

queriam ter uma, faziam círculo debaixo de uma perante os outros.

oliveira ou de uma figueira e fazia de escola, a sua Agora, o Rolinha, já com cinquenta e tais, depois própria escola.de ter encontrado a Doutrina Espírita, que lhe deu

Depois de muita discussão para acerto de respostas a muitos porquês da sua vida, tem a

funções, o Rolinha levava sempre a melhor para ser certeza absoluta de que “nada acontece por

o professor.acaso”.

Bem lhe diziam os outros, o Marcos e o André Com um pai e uma mãe pobres que nem ler sabiam,

sobretudo, que já conheciam as vogais, mas Só as sem nunca ter entrado numa escola primária

grandes: “Tu não prestas para professor, só antes dos sete anos, aos quatro já era professor,

sabes contar bem até vinte e nem sabes ler”.à sua maneira é verdade, mas era o professor.

Mas ele fazia chantagem dizendo que não Mais professor ficou quando, um dia, mais tarde,

brincava se não fosse o professor e os outros lá depois de muito trabalho, acabou o curso de

aceitavam já que a escola era do Rolinha por estar Românicas na Universidade Clássica de Lisboa e

junto à sua casa.orgulhosamente foi leccionar no Liceu Pedro

D. Rosa, a mãe, não o podia ajudar por não saber Nunes.ler nem escrever.

Como “a evolução não se faz aos saltos” o nosso O senhor Tomás, o Pai, também não sabia uma Rolinha só pode ter sido professor ou algo letra do tamanho do seu rebanho de ovelhas, mas parecido numa das muitas vidas que Deus já lhe destas não perdia nenhuma, apesar de passarem permitiu viver antes da actual.das cem, sabia o nome de quase todas. Às vezes

JOTA TÊ

Page 14: Boletim A Libertação 102

NO DIA IMEDIATO, MUITO CEDO,

PROCUREI O LOCAL INDICADO.

QUAL NÃO FOI, PORÉM, A MINHA SURPRESA

VENDO QUE TRÊS PESSOAS LÁ ESTAVAM

O DELICADO MINISTRO DO

AUXÍLIO CHEGARA MUITO

ANTES DE NÓS E ATENDIA A

ASSUNTOS MAIS IMPORTAN-

TES QUE A RECEPÇÃO DE

VISITAS E SOLICITAÇÕES.

TERMINADO O SERVIÇO URGENTE, COMEÇOU A CHAMAR-

NOS, DOIS A DOIS.

14 A Libertação

Abril / Maio / Junho

Autor Espiritual: André Luiz I Psicografado por: Francisco Cândido Xavier I Adaptado e ilustrado por: Paulo Henriques I Com a autorização da

Federação Espírita Brasileira Nosso Lar

Page 15: Boletim A Libertação 102

IMPRESSIONOU-ME TAL PROCESSO DE AUDIÊNCIA. SOUBE, PORÉM, MAIS TARDE, QUE ELE

APROVEITAVA ESSE MÉTODO PARA QUE OS PARECERES FORNECIDOS A QUALQUER

INTERESSADO SERVISSEM IGUALMENTE A OUTROS, ASSIM ATENDENDO A

NECESSIDADES DE ORDEM GERAL, GANHANDO TEMPO E PROVEITO.

O MINISTRO RECEBEU-NOS, CORDIAL, DEIXANDO-NOS À

VONTADE PARA DISCORRER.

NOBRE CLARÊNCIO

VENHO PEDIR SEUS BONS

OFÍCIOS A FAVOR DE

MEUS DOIS FILHOS.

AH! JÁ NÃO TOLERO TANTAS

SAUDADES E ESTOU INFOR-

MADA DE QUE AMBOS VIVEM

EXAUSTOS E...

...SOBRECARREGADOS DE INFORTÚNIOS, NO

AMBIENTE TERRESTRE.

Abril / Maio / Junho

A Libertação 15

Page 16: Boletim A Libertação 102

avaliação, bem ponderada, do nosso empenhamento, do

nosso esforço, da nossa coragem, da nossa dedicação ao

“Às vezes, necessário se torna sacrificar as satisfações trabalho que desenvolvemos com seriedade, em nome de

individuais ao interesse geral. É uma medida urgente Jesus.

que todos os adeptos sinceros saberão compreender e Que através dessa avaliação saibamos encontrar no

aprovar.” (Kardec, Allan; “Obras Póstumas”, 25ª edição, nosso coração os mais belos sentimentos de gratidão.....

pág. 218, FEB) para oferecê-los a Deus.

Partilhando o mesmo propósito de divulgar a Doutrina É durante este mês de Maio, com o seu calor ameno, a sua Espírita e difundir o prazer pela leitura das obras brisa suave e com os entardeceres cor-de-rosa que, mais espíritas, o Centro Espírita Perdão e Caridade irá uma vez, terminamos um Ano Lectivo cheio de promover, no dia 31de Maio, mais uma edição das actividades sentindo a alegria do dever cumprido. No dia Jornadas da Cultura Espírita.23 e 25 de Maio teremos as últimas aulas de Estudos

Espíritas, dos alunos de sábado e de segunda-feira,

respectivamente. É com prazer e alegria que convidamos

todos os alunos inscritos nos Estudos Espíritas – que

decorreram à Segunda-Feira e ao Sábado – a

participarem, com a sua presença, na cerimónia de

Encerramento do Ano Lectivo, que se realiza já no dia 30

de Maio, onde a Presidente do Conselho Director e a Aconteceu no dia 4 de Abril a II Visita ao Livro dos Espíritos, uma actividade organizada pela Direcção para Vice-Presidente para a Área da Cultura e Divulgação a Infância e Juventude que contou, este ano, com a Doutrinária farão a entrega dos Diplomas de Final de participação de crianças, jovens e pais. Formando

Curso aos Finalistas das três turmas do ESDE .equipas ou individualmente os vários grupos

No dia 27 de Maio, quarta-feira, procederemos ao percorreram, ao longo de 1h30, seis salas diferentes onde encerramento do Estudo Doutrinário com a apresentação lhes foram propostos desafios diversificados. Da mímica da palestra “Doutrina Espírita e Actualidade”, ao puzzle, da construção de uma história à interpretação

de imagens, todos foram convidados a dar o seu habitualmente proferida por Maria contributo e a aprender um pouco mais sobre o muito que Emília Barros. Aos frequentadores que nos ensinam Kardec e os Bons Espíritos, naquela obra

assistiram às apresentações dos nossos fundamental da Codificação.expositores e palestrantes, semana

após semana, manifestamos a nossa Decorreu ainda, no mês de Abril, este ano em Águeda, o alegria por termos contado com a XXVI ENJE – Encontro Nacional de Jovens Espíritas vossa presença. Interrompemos, a que contou com a dinamização de Raul Teixeira, o

médium e orador brasileiro, que é tão caro aos espíritas apresentação destas Palestras na portugueses.certeza de termos contribuído para a

divulgação da Doutrina Espírita e Também o mês de Maio será marcado por intensas contamos com a vossa presença no actividades, sobretudo para as crianças que terão

retomar dos nossos trabalhos.oportunidade de participar no convívio anual -

Que o Encerramento do Ano Lectivo – CONCESP, este ano realizado na Cidade do Porto. Os deste particularmente - represente para meninos e meninas da FEC estarão presentes,

apresentando um trabalho sobre os Mundos cada um de nós, uma oportunidade de Regeneradores.

16 A Libertação

Por: Paula Alcobia Graça

Por: Sílvia Almeida

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Junho será o mês do encerramento de mais um ano lectivo. Um ano carregado de actividade em que procuramos sobretudo investir na presença e colaboração dos pais na Evangelização Espírita Infanto-Juvenil. Para o próximo ano lectivo há ideias novas e os Evangelizadores e Dirigentes trabalham já nalgumas surpresas que esperamos voltem a ser muito agradáveis e instrutivas para todos!

realidade palpável, ali bem à nossa frente.Tantas vezes me apetece chorar com eles..., tantas vezes o constrangimento deles me toca tão profundamente..., tantas vezes os seus gritos surdos de revolta me abanam... Matar a fome, não pode estar preso a burocracias, a zonas delimitadas, a horários de atendimento, a feriados e férias. Se alguém tem fome hoje, não deve ter que ficar à espera desta ou da outra semana para talvez ser atendido ou não por esta ou outra instituição.Esta é a nossa postura e, por isso, procuramos sempre responder, na hora, aos pedidos que nos são feitos. Muitas vezes, são ajudas pontuais só para aquela altura; outras vezes, são famílias de freguesias que não fazem parte da área geográfica em que estamos inseridos e às quais damos o tal apoio pontual, ao mesmo tempo que

A CRISE procuramos reencaminhá-las para instituições próximas das suas áreas de residência; outras vezes,

Certamente este é o tema mais falado, mais discutido. estas ajudas pontuais, prolongam-se por alguns meses, até o agregado estar mais equilibrado e conseguir Todos nós a sentimos no nosso dia a dia.caminhar sozinho; outras vezes, estando mais Segundo o INE, existem em Portugal, cerca de dois próximas de nós, acabamos por incluí-las na milhões de pobres, com rendimentos inferiores a 360 distribuição semanal dos produtos frescos. Mas euros mensais... Estes são os números oficiais da também temos casos de famílias que têm vergonha de pobreza estrutural deste nosso país, ou seja, um em recorrer às instituições das suas áreas de residência, cada cinco habitantes de Portugal é pobre. porque não querem dar a conhecer a situação em que se Mas esta “crise” que, à semelhança da tecnologia encontram, num lugar onde todos as conhecem...actual, parece ser de terceira geração, logo mais Temos por norte procurar fazer aos outros o que sofisticada, com todas as consequências que arrasta gostaríamos que nos fizessem. Daí procurarmos com ela, está a criar uma pobreza mais conjuntural, que atender todas estas pessoas com o melhor que temos: cresce a uma velocidade vertiginosa. Surge já uma disponibilidade, coração aberto para ouvi-las, para nova categoria, a dos “novos pobres”, gente qualificada abraçá-las, para que percebam que estamos ali para e habituada a um nível de vida confortável, que perdeu ajudar no que estiver ao nosso alcance. poder de compra e empobreceu repentinamente. Por Procuramos fazer Solidariedade com Amor, ou seja, culpa da crise, da precariedade laboral, do procuramos praticar a Caridade – um vocábulo que endividamento, de um divórcio, do desemprego...parece ter caído em desuso. Resumindo, há cada vez mais pessoas com FOME e Deixem-me confessar-vos que este trabalho de acção sem condições para a combaterem por si sós... Há cada social para o qual fui convocada, há uns anitos, tem-me vez mais pessoas a necessitarem de AJUDA, para ajudado a crescer, a entender melhor os outros, a debelar esse flagelo que é querer comer ou dar de comer relativizar tanta coisa... Dou graças a Deus, todos os aos filhos, e não ter como.dias, pela oportunidade desta tarefa!Quando vemos, ou ouvimos estas estatísticas, quando Mas, deixando-me destes desabafos pessoais.., como vemos os políticos e governantes a falar destes podem imaginar as nossas prateleiras assim como se assuntos, até concordamos que os números são enchem, assim se esvaziam, num ápice! Se não fosse a alarmantes; lemos os jornais, vimos as reportagens na preciosa ajuda do Banco Alimentar Contra a Fome, televisão, passamos pelas ruas e vemos cada vez mais nunca poderíamos chegar a tantas famílias; mas ainda gente a pedir. assim não é suficiente... precisamos de si, do seu Mas quando, semanalmente, temos alguns dos contributo. É que temos muitos sacos para encher, com atingidos por este flagelo, sentados à nossa frente, bens essenciais, todas as semanas, todos os meses. constrangidos por terem que expor a sua situação, as A “Crise” anda aí, e como nós o sabemos! Mas se cada lágrimas rolando silenciosas pela face, pedindo-nos um ajudar com um pouquinho, vamos poder responder que os ajudemos a calar a fome... aí a situação é bem sempre às solicitações que nos chegam.diferente, deixou de ser uma mera estatística, para ser a

A Libertação 17

Abril/ Maio/ Junho

Page 18: Boletim A Libertação 102

A par das Direcções Espiritual, de Divulgação Os Espíritos não cobram pelas energias com que nos

Doutrinária, para a Infância e Juventude, de envolvem e que colocam na água que ingerimos após a

Secretariado e Administração e de Apoio Técnico e Assistência Espiritual; mas a água e os copos têm de ser

Criativo, existe a Direcção Financeira que, em pagos.

colaboração com a Presidência, trabalha para a Quem chega ao Centro Espírita é recebido com atenção.

sustentabilidade material do Centro Espírita. É esta Haverá sempre alguém para o receber, cadeiras onde

Direcção que, a braços com recursos financeiros possa confortavelmente assistir a palestras ou

limitados, se vê obrigada, de forma mais ou menos explanações simples do Evangelho. A electricidade é

subtil, a sensibilizar os frequentadores para as um bem indispensável, tal como o sabonete e os

necessidades de ordem material inevitáveis a uma toalhetes para limpar as mãos.

Instituição material como é o Centro Espírita. Quando chega o Verão, a frequência de pessoas diminui

A Direcção Financeira faz anualmente a projecção e, por conseguinte, diminuem os donativos, mas os

orçamental, de acordo com os donativos recebidos e os gastos mantêm-se… e são os trabalhadores que, por

gastos necessários e tem consciência, mais do que amor à Doutrina Espírita e ao Centro Espírita garantem

qualquer outra área de trabalho no Centro Espírita, das a porta sempre aberta para acolher quem chega em

necessidades de ordem material. busca de esclarecimento ou de consolo. Mas não é

Damos de graça o que de graça recebemos. suficiente!

Os Espíritos não cobram qualquer valor para nos O Centro Espírita é o nosso lar espiritual. Como nos

enviarem uma mensagem, mas para que o possam fazer, nossos lares terrenos, procuramos mantê-lo sem luxo

é necessário que haja papel, lápis ou caneta, se for uma mas confortável, digno sem excessos mas acolhedor

mensagem psicográfica; um gravador, se for uma para que encarnados e desencarnados encontrem a

mensagem psicofónica. atmosfera higienizada material e espiritualmente. É por

São necessárias pastas para arquivo, lâmpadas isso que o Centro Espírita precisa da colaboração de

eléctricas, resmas de papel, tinteiros, etc… todos.

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