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Insustentável Leveza 01 dezembro de 2012 literária Ayvu

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Insustentável Leveza Edição Nº1

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Expediente

Conteúdo.Alessandra L.Felipe SantosGraci RochaAlan Victor SencadesBruno Borin Boccia

Artístico.Lorena D’arcVanessa Goveia

Revisão.Graci RochaAlessandra L.

Diagramação.Alessandra L.

Contato.www.facebook.com/Ayvu.Literaria

Cap

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As formigas têm esperanças de futuro e possuem uma verda-de sólida. Algum texto poderia negar o futuro para as formigas, ou a cog-nição do tempo, mas nenhum pode negar o trabalho. Talvez que imagens e atos formam um estado expansivo. O trabalho é expansivo. E quan-tas dúvidas morrerão ainda, antes que reconheçam que o trabalho era a mesma metonímia com que empertigavam os nomes, e o nome era ‘arte’.

anticrônica

Se mais tarde verificou-seque nada era inútil, o trabalho de ig-norar as infecções do correto no te-cido maior também era uma arte.

“Sócrates julgava os poetas, artistas, oradores e sofistas de seutempo simplesmente como indivídu-os presunçosos, que, em primeiro lugar, equivocavam-se ao acredi-tar que sabiam alguma coisa acerca do verdadeiro, do bom e do belo...”

O criterioso tormento da dúvida deve viver eternamente, pois se os loucos creem que a dúvida, tudo permeia e que apenas o trabalho está sal-vo dela, os completos sãos creem que não há dúvidas próximas a não ser no trabalho. Logo as formigas dariam razão aos loucos.

Estas loucas formigas fazem arte. Estas loucas formigas fazem arte embaixo dos nossos pés. Embaixo de nossas casas, de nossas calçadas, das nossas ruas. Estas loucas.

Negando o que vemos.Alessandra L.

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poesia

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Há maior crise existencialQue essa do jactancioso pavãoQuerendo ser o simples pardal?

“Quero livrar-me destas plumas, que peso!Quero levar comigo não mais que a vida!Quero não estar a minha imagem preso!”

Não se torture, pavão, pois a natureza te fez assimEsse almejo pela simplicidade que tensCabe a nenhum dos animais, senão a mim!

Então ostente suas penas, sem pena!Então seja encantador, sem dor!Então deixe as angústias para a minha raça pequenaNãoati,nãoaopardal,nãoàflor

Alan Victor Sencades

O homem e o pavão.

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As quatro estações

Paraocicloprimar:verafloraeclodirTodos verão, então, o lustroso sol rutilarAssistirão o tom no vegetal desbotarE exaltarão em ver no céu cristais a tremeluzir

Alan Victor Sencades

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Filha, você quer um amor de verdade? Mas que ironiaNão parece que é esta sua ideologia

Tu se acha a rainha, só porque parece a princesa encantadaSó porque quando passa na rua leva várias cantadas

Hahaha, isso não vale nadaAté quem vende peixe na feira tem que fazer propaganda

Enquanto isso, como diz o Rashid: A fila andaQuando você encontra um cara maneiro, de fé

Que pode te sentir valorizada, te fazer sentir mulherVocê trata como quer...faz rastejar no teu pé

Faz ele de tolo, iludidoComo se você fosse a policial e ele bandidoBandido é esse amor que ele sente por você

Preso nas grades da dor, que não deixa ele esquecerUm dia ele chega lá

Uma hora a ficha cai, e ele vai se valorizarVocê é o verdadeiro exemplo que é difícil hoje empregar corretamente o

verbo “amar”Menina, aprende...

Que o mundo não gira em torno da genteMulher aprenda

Se não der o devido valor....perdeu!Perdeu...perdeu...perdeu...igual ao roubo de joalheria

Perdeu...perdeu...perdeu...o genro que sua mãe tanto queriaVai princesa, continua beijando os seus sapos

Vai que um dia, eles... “pluft” ficam encantadosNão os culpo...por você eu também já me encantei

Depois de meses de ilusões, te descarteiVai...aguenta esse babaca do seu lado

Não era o melhor... mas fazia de tudo pra te deixar felizÉ...não sou o mais bonito, mas sei bem o que toda mulher sempre quis

Sempre fui carinhoso, respeitadorAgora não adianta mais por em pauta o meu valor

Numa escala de um a dez, era onze o meu amorMas não guardo mágoa, nem má recordação

Foi até bom, pra dar valor aos sentimentos que vem do coração

Rap

Felipe Santos

Valor

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Quanto vale o seu amor?Valia uma moto, uma noite de ostentação ou um motor

No outro dia, sua cama acorda desarrumadaVocê olha pro lado e não encontra nada

Ela vai e para pra pensar...Para pra raciocinarSe tivesse sido diferente,Se tivesse sido mais inteligenteNo seu passado, hoje seria melhor o meu presenteNão teria regressado, e sim seguido em frenteFoi mandona demais e não quis dar o braço a torcerNão quis admitir que me amava, e preferiu me perderAgora vai e tenta correr atrás do prejuízo

Acho que é dele que precisoMas agora já era, não tem ele do seu ladoÉ como no ditado“Não adianta chorar pelo leite derramado”Tudo nessa vida se encaixa, tudo que vai voltaNão sou mais aquele cachorrinho agarrado na sua botaEra menino... tu era meu meu primeiro amor, isso tu nunca compreendeuEu dizia que te amava, e você nunca correspondeuEu achava que você era inseguraAté pensava que era cascaduraHaha, o tempo abriu meus olhos e pude refletirQue foram lágrimas desperdiçadas, as que derramei por tiA culpa foi sua, não quis dar uma “moral” pra mimPensou que eu iria ficar muito tempo sozinhoQue iria voltar e pedir o seu carinhoMas não voltei, não vou cometer de novo esse erroPode apostar que agora só volto a chorar por ti,No teu enterro.

Felipe Santos

Foto

:Bru

na B

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Moço Doce

Pof! Pof!

−Quemé?

Nada de resposta, levantei da ca-deira, largando meus afazeres e fui à porta. Olhei pelo olho mágico e vi um rapaz bonito com uma xícara nas mãos. No mesmo instante pensei: Será açúcar? Com um sorriso bobo nos lábios abri a porta.

Para minha surpresa o rapaz estava com um sorriso de ponta a ponta dos lábios, que me perguntei o que havia de engraçado na minha porta, mas...

Me deu bom dia e respondi. Apre-sentou-se com Bruno e disse que era meu mais novo vizinho, o cum-primentei. Ele perguntou se eu tinha uma xícara de açúcar para empres-tar, ri e falei que não, pois sou diabé-tica.Ele ficou vermelho, pediudes-culpa e se retirou. Entrei e fui direto para meus trabalhos.

Pof! Pof!

−Quemé?

Nada de resposta, me levantei exas-perada me perguntando se seria o moço doce, e foi como passei a cha-mar meu novo vizinho. No relógio marcava a mesma hora da visita de ontem.

Olhei pelo olho mágico e... bingo! Era ele mesmo, agora com um pe-queno pote nas mãos.

Abri a porta e o vi com o mesmo sor-riso no rosto. Me saudou novamente

e perguntou se eu tinha um pouco de pó de café. Mais uma vez respondi que não, só tomo chá. Ele de forma encabulada me deu adeus e saiu.

Entrei novamente e fui para os meus papéis.

Pof! Pof!

Não iria perguntar quem era, no mes-mo horário dos últimos dois dias, só podia ser o moço doce. E se fosse, ah! Eu juro que iria deixá-lo amar-go. Olhei pelo olho mágico e... era ele com o mesmo sorriso nos lábios. Olhando para o sorriso me acalmei um pouco. Respirei fundo e abri a porta e perguntei:

−Sim?

Como sempre deu bom dia, e per-guntou se eu tinha um cd de rock para lhe emprestar.

O olhei com vontade de esganar, mas contive o pensamento e respon-di que só gostava de músicas român-ticas, aquelas que os “moderninhos” chamam de “careta”. Ele olhou para mim com um sorriso e falou:

−Ok,atéamanhã.–Virouascostase saiu.

Entrei irada. Como é que uma pes-soa vem à casa de outra, pede, pede e pede empréstimos, vira as costas e sai. E ainda diz que vai voltar ama-nhã!

Pof! Pof!

Olhei para o relógio, mesmo horário, era ele.

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sorriso dele era o culpado. O olhei e perguntei:

− Certo, mas como sabias que eunão lhe trataria mal?

−Em sua porta há um recado quediz: “Traga um sorriso nos lábios que será recebido por outro”. E dessa formaofiz.

“Nunca prometa algo que não pode-rá cumprir, mesmo que seja um sim-ples sorriso.”

Levantei com gosto, olhei pelo olho mágico e lá estava com o sorriso no rosto. Droga! Por sorria assim! Não tinhacomoficarcomraivadele!

Abri a porta, ele olhou para mim e falou:

−BomDia!Venhacomigo,querotedar algo.

Olheidesconfiada,mas,oquepode-ria acontecer? Fechei a porta e fui. Chegamos à porta do seu aparta-mento e ele falou:

−Sejabemvindaàminhacasa.

Abriu a porta. Tudo era muito limpo e organizado, e na mesa havia um café da manhã digno de um rei.

Olhando para mim, disse:

−Sente-se.Fiztudoissoparavocê.

Sem entender, sentei. Ele começou a me servir. Eu segurei a mão dele e falei:

−Porquê?–Aponteiparaamesa.

Ele sorriu:

−Queriateconhecermelhor...Ecoma desculpa dos empréstimos... bem, descobri que não comes açúcar, não gostas de café e amas músicas ro-mânticas.−Apontandoparaosomque tocava uma das músicas que mais gostava.

Sorri, pensando como foi que eu pude dar tantas informações a meu respeito, de forma tão simples. O

Crônica

Luciana Costa

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poesia

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Frustração

Na forma pendular do movimentoEu vi o mar da janela de um ônibus

Dasflorestasafatigarosonho,eumIncubusSurge nefasto a roubar ao sutil relento

A alma que respira púrpuraOsvaporeseosaresartificiais

Os sóis esquisitos dos horizontes nacionaisA natureza mais esmeralda e sua frágil arquitetura

Enredado pela vidraça daquele maquinárioA visão ambulante tendia também para a neblina

Onde resquícios daquela memória cristalinaEnvolvem apesar dos rancores o meu imaginário

Nas asas azuis dos pássaros que eu acabei não vendoPremedito a estética da felicidade, sinal onipresente

Do céu que mesmo devorado, se faz futuro do presenteDas adequações dos pensamentos que concluo lendo

E assim me conduzi incerto àquela altura incomumAcostumado com o sombrear das quilometragens

Meudelíriosefixavaestranhamente,naquelasmetragensRetilíneas,apenascomafirmezadoscéus,sinuosoeraodesjejum

Do simples esperar pelo que viriaResolvendo transpor qualquer limitaçãoDesacomodado pelo que não aconteciaIncoerentenosgostosepensamentosNoto haver incompatível comodidade

No aproveitar daqueles estranhos momentos.Levando em conta estas ambiguidades

Noto também a perseverança da naturezaQue sempre evolui a partir de descomodidades.

Bruno Borin Boccia

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Wellington Calcagno

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teatro

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O ShowSala de estar/ dia

Ele está tentando estudar, ela anda de um lado para outro impa-ciente, com seu corpo pálido, sua roupa e olhar de morta.

(continuação)

Ele–(correatéela,pegasuamão)não,porfavornãovámeuamor,meperdoe.(abraçaela–elasorriemsuascostas).

Ela-(aindafingindoestarmagoada)tudobem,umpoucomaisentão.(elasenta-se no sofá)

Ele–(sentanochãocomacabeçaemseucolo,viradoparaplatéia)oquevocê ia dizer?

Ela–(empolga-senovamenteecomeçaaandarpelasala)quedevemospensarmuitobememcomoascoisasdevemserdeagoraemdiante,afinalde contas eu estou morta, você está vivo e existe um tremendo espaço entre nós...

Ele - Pare com isso, eu não to bem...

Ela-Tudobem,acalme-se,controle-se.Vamoscontinuar...Confieemmim...Pausa...Vocêdeveficarbememminhaausência,nãodevedescui-dar dos estudos, falando nisso, você não tinha uma prova amanhã? Oras porque é que ainda não começou a estudar?

Ele–(senta-senosofáatordoadoesuspiraalto).Quandosouberemdirãoque estou completamente louco.

Ela - Eu sei... Mas só eu tenho que saber, eles não... Olha não se preocupe você não dormirá esta noite sozinho... Eu trouxe o ursinho...

Ele–(pareceatordoado).

Ela–Masoshowprecisacontinuar,vocêprecisacontinuar...asapresenta-ções...

Ele- (interrompe) Ora não me atormente, nem depois de morta você pode medeixarempaz?Nãovêquenossoshowjánãoexistemais?Nãovêque está tudo acabado.

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Ela- (olha tristemente) Eu sei que estou morta...

Ele deita-se em algumas almofadas... Ela se aproxima.

Ele-Nadamaisimportavocênãovê?Vocêestámorta,eeuestoumorrendoaospoucos...Oshowestámorto...(Elevaifechandoosolhos,umpoucoencolhido, vai pegando no sono, abraçado ao ursinho).

Ela-(sombria)Oshownuncaimportou...

Graci Rocha

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