avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO MESTRADO EM ODONTOLOGIA EMILIA CARMEM SILVA FRANÇA AVALIAÇÃO MORFOLÓGICA DA RESPOSTA TECIDUAL FRENTE À IMPLANTAÇÃO DO ProRooT®, SUPER EBA E CIMENTO PORTLAND, EM TECIDO SUBCUTÂNEO DE RATOS. RECIFE 2003

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Page 1: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

MESTRADO EM ODONTOLOGIA

EMILIA CARMEM SILVA FRANÇA

AVALIAÇÃO MORFOLÓGICA DA RESPOSTA

TECIDUAL FRENTE À IMPLANTAÇÃO DO ProRooT®,

SUPER EBA E CIMENTO PORTLAND, EM TECIDO

SUBCUTÂNEO DE RATOS.

RECIFE

2003

Page 2: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

EMÍLIA CARMEM SILVA FRANÇA

AVALIAÇÃO MORFOLÓGICA DA RESPOSTA

TECIDUAL FRENTE À IMPLANTAÇÃO DO ProRooT®,

SUPER EBA E CIMENTO PORTLAND, EM TECIDO

SUBCUTÂNEO DE RATOS

Dissertação apresentada à Coordenação da Pós-graduação de Odontologia do CCS/UFPE para obtenção do título de Mestre em Odontologia na área de concentração em Clínica Integrada Orientador: Prof. Dr. Edir Carneiro Leão Co-orientador: Prof. Dr. Geraldo Bosco Lindoso Couto

RECIFE

2003

Page 3: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

Presidente – Prof. Dr. Carlos Menezes Aguiar

1º Examinador – Prof. Dr. Alexandre Batista Lopes do

Nascimento.

2º Examinador – Profª. Drª. Liriane Baratella Evêncio

Page 4: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

“Feliz o homem que se compraz na Lei do Senhor

e a recita dia e noite.

Ele é como árvore plantada junto a regatos:

produz fruto na estação devida

e sua folhagem não murcha;

ele tem êxito em tudo o que faz”

Sl 1,1-3

Page 5: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

DEDICATÓRIA

Page 6: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

Ao meu marido,

Andrey Sousa, meu companheiro de mais esta conquista, por

sua compreensão e incentivo. Você me faz crescer. Amo você.

Ao meu filho,

Andrey Fillipe, por ter-me acompanhado durante quase todo o

mestrado, por ter dado um sentido novo e maravilhoso à minha vida. Só

faltava você.

A Papai e a Mamãe,

Inácio e Margarida

pelo apoio incondicional

desde sempre.

Page 7: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

A Deus

És o Senhor de todas as coisas,

mas que nos deixas chamar-te de Pai

e nos tratas como a filhos muito amados.

Agradeço por poder sentir teu amor,

teu cuidado e direcionamento

durante esta fase de minha vida.

Assim como sempre senti.

Obrigada por mais esse sinal de Teu amor

e de Tua presença em minha vida.

Porque tudo é Teu e

“Tu dás aos teus amados até durante o sono”.

Sl 126, 2.

Page 8: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

AGRADECIMENTOS

Page 9: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

Ao Orientador,

Prof. Dr. Edir Carneiro Leão, por dividir comigo seu tempo e seus

conhecimentos, por seu exemplo de vida, sua paciência e por todos seus

incentivos, que me ajudaram a seguir em frente. Hoje compartilhamos desta

conquista. Serei sempre grata.

Page 10: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

Ao Co-orientador

Prof. Dr. Geraldo Bosco, por toda dedicação, interesse e apoio. Sua

exigência fez tudo caminhar dentro dos padrões. Seu envolvimento no trabalho

me deu a certeza de poder contar com você. Obrigada.

Page 11: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

À Profa. Dra. Liriane Baratella Evêncio, pela dedicação na leitura das

lâminas e pelo interesse nos resultados desse trabalho, por ter compartilhado

seus conhecimentos valiosos conosco.

Aos funcionários da Pós-graduação em Odontologia da UFPE, nas

pessoas de Roberta Guerra e Oziclere Araújo, pela dedicação ao bom

andamento do curso.

A todos os professores ministradores das aulas do curso de Mestrado,

pela disponibilidade na transmissão dos seus conhecimentos.

À colega Dra. Anamaria Pessoa Pereira Leite pela preciosa ajuda na

obtenção dos materiais para realização desta pesquisa, por sua generosidade

em dividir seu tempo e seus conhecimentos.

À Profa. Dra. Márcia Vasconcelos pela participação durante a realização

da fase cirúrgica-experimental da pesquisa, por ter-me dado direcionamentos e

ajudado a abrir portas.

À Profa. Dra. Isaíras Padovan, por ter permitido o uso do Laboratório de

Histologia para preparo das peças e lâminas para análise.

À Fátima Nascimento, funcionária do Laboratório de Histologia da UFPE,

pela paciência em ensinar as técnicas de preparo histológico.

Page 12: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

À colega Daniela Marinho, por dividir comigo todos os passos realizados na

parte experimental de nossas teses, foi bom aprendermos juntas.

Ao Setor de Nutrição da UFPE, na pessoa da Profa. Tânia Stamford,

pela disponibilização do biotério e dos animais, fatores indispensáveis à

realização desta pesquisa.

À Profa. Belmira Andrade Costa, presidente da Comissão de Ética na

Pesquisa com Animais, por todas as suas orientações para melhor andamento

da pesquisa.

Aos colegas de turma: William, Ana Cláudia, Rosany, Artur, Daniel,

Valder, Martinho, Rodolfo, Leonardo, Cristiane e Taciana, pela partilha e

incentivo que se fizeram presentes nestes anos de convívio.

Aos Prof. Márcia Melo e José Batista, por despertar um jeito novo e

questionador de aprender e ensinar, durante a disciplina de Didática do Ensino

Superior.

À Suzana Araújo e família, pela acolhida, nas inúmeras vezes em que

precisei ficar em Recife, pelo carinho e cuidados a mim dispensados. Sem

vocês tudo teria sido bem mais difícil.

A todos os que direta ou indiretamente contribuíram para a realização

desta dissertação.

Page 13: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

SUMÁRIO

Page 14: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS 13

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 16

RESUMO 17

ABSTRACT 19

1. INTRODUÇÃO 21

2. REVISÃO DA LITERATURA 27

2.1. Avaliação da capacidade seladora dos materiais 28

2.2. Avaliação da resposta tecidual frente ao MTA, Super EBA e cimento Portland 39

2.3. Análise da citotoxicidade de materiais endodônticos 53

2.4. Avaliação da atividade antibacteriana 56

2.5. Características e propriedades do MTA, Super EBA e cimento Portland 58

2.6. Reparação tecidual 71

3. PROPOSIÇÃO 76

4. MATERIAIS E MÉTODO 78

4.1. Materiais 79

4.1.1. ProRoot® 79

4.1.2. Cimento Portland 80

4.1.3. Super EBA 80

4.2. Método 80

4.2.1. Amostra 81

4.2.2. Etapa cirúrgico-experimental 82

4.2.3. Procedimento histológico 85

5. RESULTADOS 87

6. DISCUSSÃO 106

7. CONCLUSÕES 112

REFERÊNCIAS 114

ANEXOS 125

Page 15: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à
Page 16: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Fotomicrografia de Tubo de Polietileno Vazio após 7 dias de

implantação . H.E. (aumento de +- 43x) 89

Figura 2 - Fotomicrografia de Tubo de Polietileno Vazio após 7 dias de

implantação . H.E. (aumento de +- 107x) 89

Figura 3 - Fotomicrografia de Tubo de Polietileno Vazio após 30 dias de

implantação . H.E. (aumento de +- 430x) 90

Figura 4 - Fotomicrografia de Tubo de Polietileno Vazio após 30 dias de

implantação . Tricrômico de Mallory (aumento de +- 430x) 90

Figura 5 - Fotomicrografia de tubo de polietileno preenchido por guta-percha, após

7 dias de implantação . H.E. (aumento de +- 430x) 92

Figura 6 - Fotomicrografia de tubo de polietileno preenchido por guta-percha, após

7 dias de implantação. Tricrômico de Mallory (aumento de +- 430x) 92

Figura 7 - Fotomicrografia de tubo de polietileno preenchido por guta-percha, após

30 dias de implantação . H.E. (aumento de +- 107x) 93

Page 17: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

Figura 8 - Fotomicrografia de tubo de polietileno preenchido por guta-percha, após

30 dias de implantação . Tricrômico de Mallory (aumento de +- 430x) 93

Figura 9 - Fotomicrografia de tubo de polietileno contendo ProRoot, após 7 dias

de implantação. H.E. (aumento de +- 430x) 95

Figura 10 - Fotomicrografia de tubo de polietileno contendo ProRoot, após 7 dias

de implantação. H.E. (aumento de +- 430x) 95

Figura 11 - Fotomicrografia de tubo de polietileno contendo ProRoot, após 30 dias

de implantação. H.E. (aumento de +- 43x) 96

Figura 12 - Fotomicrografia de tubo de polietileno contendo ProRoot, após 30 dias

de implantação. H.E. (aumento de +- 430x) 96

Figura 13 - Fotomicrografia de tubo de polietileno contendo ProRoot, após 30 dias

de implantação. Tricrômico de Mallory (aumento de +- 430x) 97

Figura 14 - Fotomicrografia de tubo de polietileno preenchido por Super EBA,

após 7 dias de implantação. H.E. (aumento de +- 430x) 99

Figura 15 - Fotomicrografia de tubo de polietileno preenchido por Super EBA,

após 7 dias de implantação. H.E. (aumento de +- 430x) 99

Page 18: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

Figura 16 - Fotomicrografia de tubo de polietileno preenchido por Super EBA,

após 7 dias de implantação. Tricrômico de Mallory (aumento de +- 430x) 100

Figura 17 - Fotomicrografia de tubo de polietileno preenchido por Super EBA,

após 30 dias de implantação. H.E. (aumento de +- 430x) 100

Figura 18 - Fotomicrografia de tubo de polietileno preenchido por Super EBA,

após 30 dias de implantação. H.E. (aumento de +- 430x) 101

Figura 19 - Fotomicrografia de tubo de polietileno preenchido por Super EBA,

após 30 dias de implantação. Tricrômico de Mallory (aumento de+- 430x) 101

Figura 20 - Fotomicrografia de tubo de polietileno preenchido por cimento

Portland, após 7 dias de implantação. H.E. (aumento de +- 430x) 103

Figura 21 - Fotomicrografia de tubo de polietileno preenchido por cimento

Portland, após 7 dias de implantação. Tricrômico de Mallory (aumento de +-

430x) 103

Figura 22 - Fotomicrografia de tubo de polietileno preenchido por cimento

Portland, após 30 dias de implantação. H.E. (aumento de +- 430x) 104

Figura 23 - Fotomicrografia de tubo de polietileno preenchido por cimento Portland,

após 30 dias de implantação. H.E. (aumento de +- 430x) 104

Page 19: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

˚C – Graus centígrados

µm – micrômetro

ADA – American Dental Association

Al – Alumínio

ATM – Agregado Trióxido Mineral

CaO – Óxido de cálcio

cm – centímetro

EBA – Ácido etoxibenzóico

FDA – Food and Drugs Administration

G - grama

H.E. – Hematoxilina e eosina

IL – Interleucina

IRM – Material Restaurador Intermediário

ISO - International Standard Organization

Kpa – Kilopascal

LPS - lipopolissacarídeo

Mg – Magnésio

ml – mililitro

mm – milímetro

Mpa – Megapascal

MTA – Mineral Trioxide Aggregate

O – Oxigênio

OZE – Óxido de zinco e eugenol

PAS – Periodic Acid Schiff

P - probabilidade

pH – potencial hidrogeniônico

ppm – parte por milhão

Si – Sílica

CEEA – Comissão de Ética em Experimentação Animal

Page 20: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

RESUMO

Page 21: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

RESUMO

Com o intuito de se encontrar o cimento obturador ideal para emprego em

Endodontia, diversos materiais vêm sendo testados, alguns propiciando

sucesso relativo, contudo nenhum material atualmente utilizado possui todas as

propriedades necessárias. Tendo em vista que a biocompatibilidade é uma

propriedade indispensável em um cimento de uso endodôntico, a presente

pesquisa objetivou analisar a resposta tecidual frente a implantação de três

materiais – Pro Root®, Super EBA e Cimento Portland – em tecido conjuntivo

subcutâneo de dorso de ratos. Os animais foram sacrificados nos períodos de

7 e 30 dias após a implantação, compondo três grupos de 12 animais para

cada substância experimental. Os resultados foram comparados entre os três

cimentos, tendo como controle positivo tubos de polietileno preenchidos com

guta-percha e como controle negativo tubos de polietileno vazios. A avaliação

foi feita através da observação microscópica das regiões peritubulares e a

análise histológica demonstrou que, no período de 7 dias, houve infiltrado

inflamatório crônico, de leve a moderado ao redor do tubo implantado,

visualizando-se macrófagos contendo partículas de cimento extravasado,

havendo diferenças pouco significativas entre os grupos analisados. Aos 30

dias ocorreu diminuição da infiltrado inflamatório e tentativa de reorganização

tecidual, sendo que para o ProRoot® ainda foram observadas áreas de

fagocitose mais intensa. Os resultados sugerem biocompatibilidade dos três

cimentos testados.

Descritores: Reação tecidual; cimentos obturadores; biocompatibilidade.

Page 22: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

ABSTRACT

Page 23: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

ABSTRACT

Intending to find the ideal sealer to be used in Endodontics several materials

have been tested some providing relative success however no material

currently in use has all the necessary properties. Having in mind that the

biocompatibility is an indespensable property in a cement of endodontic use,

the present research aimed to analyse the tissue answer due to the implant of

three materials – ProRoot®, Super EBA and Portland Cement – in

subcutaneous connective tissue or mice backs. The animals were sacrificed in

the periods of 7 and 30 days after the implant, composing three groups of 12

animals to each experimental substance. The results were compared among

the three cements, having polyethylene tubes filled with gutta-percha as a

positive control and empty polyethylene tubes as a negative control. The

assessment was made by the microscopic observation of the peritubulars

regions and the histological analysis showed that in the period of 7 days there

was a chronic inflammatory infiltration, from slight to moderate around the

implanted tube, showing macrophages containing overflowed cement particles,

with differences of little significance among the analysed groups. After 30 days

occurred a diminution of the inflammatory infiltration and the attempt of tissue

reorganisation, although it was also observed more intense areas of phagocyte

with the ProRoot® cement. The results suggest biocompatibility of the three

tested cements.

UNITERMS: Tissue reaction; cements; biocompatibility

Page 24: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

INTRODUÇÃO

Page 25: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

1. INTRODUÇÃO

Vários cimentos têm sido testados e utilizados em Endodontia desde

1925, quando Rickert propôs o uso de um cimento em conjunto com cones de

guta-percha para obturação de canais radiculares. A partir daí os cimentos

passaram a ser amplamente empregados para obturação do sistema de

canais, além de também serem utilizados para selamento de perfurações

radiculares e para obturações retrógradas em cirurgias perirradiculares.

Para se conseguir uma resposta satisfatória quando da utilização de um

cimento endodôntico, seja para obturações convencionais ou retrógradas, seja

para selamento de perfurações, faz-se necessário que o material empregado

apresente algumas características essenciais, tanto físico-químicas como

biológicas.

A associação das propriedades físico-químicas e compatibilidade

biológica é uma tarefa difícil. Materiais normalmente excelentes em suas

propriedades físico-químicas carecem de propriedades biológicas mais

satisfatórias. Necessitando-se encontrar um equilíbrio entre essas propriedades

para que o material seja considerado ideal.

Dentre as propriedades biológicas, preconizadas por diversos autores,

podem-se destacar: boa tolerância tecidual, estímulo à deposição de tecido

mineralizado e ação antimicrobiana. Das propriedades físico-químicas têm-se

como fundamentais a facilidade de inserção e manipulação, capacidade de

selamento hermético, insolubilidade no interior do canal, radiopacidade.

Page 26: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

A toxicidade dos materiais é um fator que merece destaque, uma vez

que os cimentos obturadores são quase sempre colocados em contato com os

tecidos periapicais. Assim, inúmeros testes são feitos para se determinar o

grau de irritação tecidual provocado pelo contato com o material.

Os cimentos endodônticos devem, preferencialmente, aliar

biocompatibilidade e capacidade de selamento hermético do sistema de

canais, ressaltando-se a imensa importância da biocompatibilidade desses

cimentos, uma vez que os mesmos entram e permanecem em contato direto

com o tecido periodontal, devendo ser bem tolerado. Em vista desse fator,

inúmeros estudos são realizados para avaliar a resposta celular frente aos

materiais odontológicos.

As normas propostas pela ISO (International Standard Organization)

para a realização de testes biológicos de materiais dentários, são expressas

através do documento ISO 10993, relatando três níveis básicos de

experimentação: 1. os testes iniciais incluem avaliação da citotoxicidade e

potencial de mutagenicidade, são feitos em cultura de células; 2. testes

secundários são feitos através de implantes subcutâneo, muscular, ósseo,

além de testes de sensibilização e irritação; 3. testes clínicos simulando

situações de uso, analisando a resposta dos tecidos circundantes. As

pesquisas devem obedecer à seguinte ordem: detalhada revisão da literatura,

testes in vitro, testes in vivo e testes clínicos em humanos.

A biocompatibilidade dos materiais endodônticos pode ser estudada de

diferentes formas, como através de cultura de células, contudo esse meio não

reproduz toda a complexidade da reação reparadora do tecido vivo. Em

Page 27: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

organismos vivos, a reação tecidual pode ser avaliada após implantação. O

mais importante aspecto da biocompatibilidade é o comportamento tecidual em

contato com o material. Diversos animais são estudados (cachorros, porcos,

coelhos, ratos) com implantação feita em diferentes locais onde são sugeridos

(subcutâneo, intramuscular, intra-óssea em mandíbulas, tíbias e fêmures).

(PERTOT et al, 1997).

Estudos histológicos realizados in vivo procuram obter uma avaliação

mais próxima do real - podendo-se avaliar as respostas teciduais, como os

fenômenos que ocorrem na inflamação e reparação - destacando-se os testes

realizados em tecido conjuntivo subcutâneo de animais. (BERNABE apud

MÉJIA; GARCIA, 1998).

Dentre os diversos materiais utilizados no tratamento endodôntico, foram

selecionados para essa pesquisa, 3 cimentos – ProRoot®, Super EBA e

Cimento Portland, objetivando-se avaliar a resposta tecidual diante da

implantação dos respectivos cimentos.

O ProRoot® – Dentsply é um agregado trióxido mineral (MTA) que se

apresenta como um material bastante promissor tendo como indicação

principal selamento de perfurações dentárias. Isso se deve ao fato de suas

características o enquadrarem como material próximo do ideal, podendo-se

destacar ausência de citotoxicidade e mutagenicidade, além de efetiva

capacidade seladora. Mostrou-se também indutor de cementogênese e

osteogênese. (SALLES et al, 2000).

Devido às propriedades já citadas, o Agregado Trióxido Mineral possui

várias aplicações clínicas dentre as principais: utilização em capeamentos

Page 28: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

diretos na polpa e em pulpotomias, (realizados em dentes com ápices

imaturos); usado como tampão apical em dentes com necrose pulpar e ápices

abertos, indicado para reparo de perfurações e como material obturador.

(TORABINEJAD; CHIVIAN, 1999).

O Super EBA pode ser descrito como cimento de óxido de zinco e

eugenol reforçado, composto por pó e líquido, onde o pó contém 60% de óxido

de zinco, 34% óxido de alumínio e 6% de resina natural; o líquido é composto

de 62,5% de ácido etoxibenzóico e 37,5% de eugenol. Apresenta pH neutro e

baixa solubilidade, mostra-se biocompatível e possui capacidade seladora.

(FULKERSON; CZERN; DONNELLY, 1996).

Além de ser indicado como material utilizado para obturações

retrógradas, o Super EBA também é indicado, dentre outros materiais, para o

selamento de perfurações. Tendo em vista que nas duas situações,

retroobturações e reparo de perfurações, há necessidade primordial de

capacidade de selamento e biocompatibilidade. (ESTRELA; CAMAPUM;

LOPES,1999).

O cimento Portland está entre alguns materiais não específicos da área

odontológica, que vêm sendo testados como possíveis materiais

retrobturadores segundo ESTRELA et al, 2000; HOLLAND et al., 2001a.

De acordo com informações dos fabricantes, as composições do MTA e

do cimento Portland se assemelham, levando-se a considerar que a resposta

tecidual a esses dois materiais também seja semelhante. Experimento feito em

cultura de células odontoblásticas (linhagem MG3), na presença do MTA e do

cimento de Portland, permitiu observar que após quatro e seis semanas, as

Page 29: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

duas substâncias induziram formação de suporte para matriz óssea. Estudo in

vivo, em ratos, através de capeamento direto em polpas estéreis, demonstrou

que os materiais apresentaram comportamento similar, onde algumas amostras

apresentaram formação de dentina reparadora. (WUCHERPFENNING;GREEN,

1999).

A presente pesquisa teve como objetivo avaliar a resposta tecidual frente

à implantação dos três cimentos, anteriormente descritos, em tecido

subcutâneo de dorso de ratos.

Page 30: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

RREEVVIISSÃÃOO DDAA LLIITTEERRAATTUURRAA

Page 31: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

2. REVISÃO DA LITERATURA

Inúmeros materiais são utilizados na terapia endodôntica, havendo

sempre um constante empenho em se obter materiais cada vez mais próximos

do ideal, ressaltando-se que, nos últimos anos, a Endodontia passou por

inegável evolução técnica e científica.

Com o propósito de se encontrar materiais específicos para uso no

tratamento endodôntico e também para resolver complicações que advém

deste tratamento, vários cimentos foram e ainda são utilizados, sendo

empregados na obturação do sistema de canais radiculares bem como para

obturações retrógradas e selamento de perfurações.

A revisão da literatura foi dividida nos seguintes tópicos: Avaliação da

capacidade seladora dos materiais; avaliação da resposta tecidual frente ao

MTA, Super EBA e cimento Portland; análise da mutagenicidade e

citotoxicidade dos materiais; avaliação da atividade antibacteriana;

características e propriedades do MTA, Super EBA e Cimento Portland;

reparação tecidual.

2.1. Avaliação da Capacidade Seladora dos Materiais

No ano de 1993, Lee, Monsef, Torabinejad avaliaram a habilidade do

MTA em selar perfurações laterais, comparando-o ao amálgama e IRM. As

perfurações foram feitas em 50 molares tanto superiores como inferiores, na

superfície radicular mesial, em angulação de 45 graus, no longo eixo do dente.

Page 32: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

Os dentes foram colocados em solução salina para simular condições clínicas.

Após a inserção, as perfurações foram avaliadas em 4 semanas. Os locais das

perfurações foram inseridos em azul de metileno por 48 horas, seccionados e

examinados em microscopia. Os resultados mostraram que o MTA teve

significativamente menor infiltração que o IRM e o amálgama.

Para avaliar a capacidade de selamento apical dos materiais Super EBA,

MTA e amálgama Torabinejad, Watson, Pitt Ford, 1993, realizaram estudo in

vitro utilizando corante rodamina B fluorescente e um microscópio eletrônico.

Trinta canais foram instrumentados e obturados com guta-percha e cimento.

Após a aplicação de esmalte na superfície externa, foram seccionados 3mm de

cada raiz, realizando-se preparações apicais de 3mm. As raízes foram

divididas em 3 grupos e retroobturadas com os materiais relatados, e

colocadas posteriormente em solução aquosa de Rodamina B fluorescente por

24 horas. Seccionaram-se as raízes longitudinalmente, e a extensão da

penetração do corante foi mensurada por meio de um microscópio focal. A

análise estatística deste estudo mostrou que o MTA infiltrou significativamente

menos que o amálgama e o Super EBA.

Torabinejad et al, 1994, realizaram estudo comparativo da infiltração de

corante (na presença ou ausência de sangue) em dentes humanos

retroobturados com amálgama, super EBA, MTA e IRM. Exceto nos 2mm

apicais das raízes, as superfícies foram seladas com esmalte. Após a remoção

de 2 a 3 mm apicais de cada raiz, realizaram-se cavidades apicais

Page 33: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

padronizadas, destas, 5 foram retroobturadas com guta-percha e nenhum

cimento (grupo controle positivo) e outras 5 foram obturadas com cera (grupo

controle negativo). As oitenta raízes remanescentes foram divididas em 4

grupos iguais e retroobturadas com os materiais testados. Para cada material

metade das raízes foi seca antes da inserção e a outra metade foi contaminada

com sangue. As noventa raízes foram inseridas em corante azul de metileno

por 72 horas. Os resultados permitiram concluir que a presença ou não de

sangue não teve efeito significativo na quantidade de penetração do corante.

No entanto, os resultados mostraram diferença significativa entre os materiais

retroobturadores. O MTA infiltrou menos que os outros materiais testados na

presença ou ausência de contaminação.

Investigando a adaptação marginal do MTA como material

retroobturador, Torabinejad et al, 1995 a, realizaram estudo in vitro utilizando

88 raízes de dentes humanos instrumentados e obturados com guta-percha e

cimento. Em seguida, foram realizadas ressecções das raízes, e as cavidades

apicais foram preparadas e obturadas com Amálgama, Super EBA, IRM ou

MTA. À distância entre os materiais testes através da dentina foi mensurada

por meio de um microscópio eletrônico em 4 partes. O exame nas amostras

originais mostrou numerosas lacunas nas secções longitudinais dos

espécimes. Em contraste, nas réplicas de resina não foram observados

artefatos. A análise estatística comparou os materiais retroobturadores e sua

ligação com a dentina, mostrando que o MTA tem maior adaptação, comparado

com o amálgama, Super EBA e IRM.

Page 34: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

A respeito da penetração bacteriana em materiais retroobturadores

Torabinejad, Rastegar, Kettering, 1995 realizaram estudo in vitro objetivando

determinar o tempo necessário para Staphylococcus epidermidis penetrar a

3mm de espessura no amálgama, super EBA, IRM e MTA. Foram realizadas

retroobturações com os materiais experimentais, e logo após os dentes foram

colocados em recipientes plásticos de 12 ml, e os ápices radiculares inseridos

em vermelho fenol, sendo estes esterilizados durante a noite em gás dióxido de

etileno. Um décimo de microlitro de caldo contendo S epidermidis foi inserido

nos canais radiculares de 46 dentes (40 experimentais, 3 positivos e 3

negativos). O número de dias requerido para a penetração bacteriana nos

vários materiais retroobturadores foi determinado. A maior parte das amostras

cujos ápices foram obturados com amálgama, super EBA ou IRM começou a

infiltração de 6 a 57 dias. Em contraste, a maioria das amostras cujos ápices

radiculares foram selados com MTA não mostrou nenhuma infiltração ao longo

de um período experimental de estudo de 90 dias. A análise estatística não

mostrou diferenças significativas entre os materiais testados, com exceção do

MTA, que mostrou grau de infiltração significativamente menor.

Com o objetivo de avaliar a capacidade do MTA como selador apical em

retroobturações, Bates, Carnes, Del Rio, 1996, realizaram estudo in vitro

utilizando 76 raízes humanas únicas preparadas pela técnica de

instrumentação Step-back. Após a ressecção radicular apical e preparação

ultrassônica, 72 raízes foram divididas em 3 grupos e retroobturadas com

amálgama e cavity liner, Super EBA e MTA. A microinfiltração foi avaliada em

Page 35: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

períodos de 24 horas, 72 horas, 2, 4, 8 e 12 semanas, usando-se um sistema

de mensuração de filtração de fluido. O MTA demonstrou excelente habilidade

seladora ao longo de 12 semanas no fluido de imersão, comparada ao

observado para o Super EBA. A microinfiltração no grupo do MTA e para grupo

com Super EBA foi significantemente menor que a do grupo com amálgama

nos tempos de 24 h, 72 h e 2 semanas. Nos tempos subseqüentes não existiu

diferença significativa entre os 3 materiais. Neste estudo, foi determinado que o

MTA foi superior ao amálgama e comparado com o Super EBA, em prevenção

de microinfiltração, como material retroobturador.

Estudo para medir a microinfiltração de dois materiais retroobturadores

foi realizado por Yatsushiro, Baumgartner, Tinkle, 1998. A comparação foi feita

entre o MTA e o amálgama em preparação de retrocavidades, utilizando-se

para o estudo um dispositivo para condução de fluidos. Trinta e três dentes

humanos extraídos de raízes únicas foram preparados e obturados usando-se

a técnica da condensação lateral da guta-percha. As retrocavidades foram

preparadas tipo classe I, com 3 mm de profundidade, após secção da porção

final das raízes. As retroobturações foram feitas com amálgama ou MTA, sendo

a guta-percha apical removida deixando somente o amálgama ou MTA como

barreira para movimentos de fluidos. Em um dispositivo de condução de fluido,

as raízes foram preenchidas com solução salina fosfatada, submetidas a uma

pressão pré-estabelecida. O movimento do fluido foi mensurado e comparado

em 1, 2, 3, 4, 8, 12, 16, 20 e 24 semanas. Os resultados mostraram que o

Page 36: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

amálgama tem significativamente maior microinfiltração após 4 semanas e alta

variabilidade comparado com o MTA.

Wu, Kontakiotis, Wesselink, 1998 a, avaliaram a infiltração de materiais

retroobturadores através de estudo realizado durante 1 ano. Foram utilizadas

secções de raízes padronizadas com 3 mm de altura e 2,6 mm de diâmetro,

obturadas com 5 materiais comumente usados como retroobturadores. Após

24h, 3, 6 e 12 meses da obturação a infiltração foi medida pela transposição de

líquido submetida a uma pressão de 10 Kpa (0,1 atm) usando modelo de

transporte de fluido. Durante os primeiros 3 meses, a percentagem de maior

infiltração (> 20 microlitros/dia) aumentou notadamente para o amálgama (de

20 para 100%) e Super EBA (de 0 para 55%), decrescendo para o MTA (55%

para 0%). A infiltração do amálgama e Super EBA decresceu com o tempo, o

selamento do MTA melhorou com o tempo e manteve-se satisfatório até o fim

do experimento. Nos períodos 3, 6 e 12 meses o Fuji II e o MTA mostraram

menor infiltração que o amálgama convencional e o Super EBA, o amálgama

foi o material que mais infiltrou.

Wu, Kontakiotis, Wesselink, 1998 b, verificaram a estabilidade do

corante azul de metileno em contato com 6 materiais obturadores. Utilizaram-

se tubos de silicone e raízes de dentes humanos de 10 mm de comprimento e

1,5 mm de diâmetro obturados com amálgama, hidróxido de cálcio, Cavit, Fuji

II, MTA e OZE. Grupos de 5 tubos ou raízes foram obturados com o mesmo

material e imersos em 0,8 ml de solução de azul de metileno antes da imersão

Page 37: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

e após os períodos de 24, 48 e 72 horas da imersão foi mensurada em um

espectofotômetro em 596 nm. Os resultados demonstraram que a solução de

azul de metileno foi descolorida no tempo para todos os materiais, exceto para

Fuji II, tanto nos tubos de silicone como nas raízes. Em 24 horas, o valor da

densidade óptica do corante decresceu 73% para o hidróxido de cálcio, grupo

com silicone, e 84% por MTA / grupo com silicone. O azul de metileno é

descolorido por alguns materiais, podendo oferecer resultados irreais para

alguns materiais no estudo de infiltração de corantes.

A habilidade do MTA e do amálgama no selamento de perfuração de

furca foi avaliada por Nakata, Bae, Baumgartner, 1998, através de estudo in

vitro. As perfurações de furca foram realizadas em 39 molares humanos

extraídos superiores e inferiores com broca de alta rotação. Foram divididos 2

grupos de 18 elementos cada e 3 dentes remanescentes como controle

positivo. O grupo experimental 1 foi reparado com MTA e o grupo 2 foi

reparado com Amálgama, sendo 3 dentes perfurados para servirem como

controle negativo. Um modelo de câmara de infiltração de bactérias [uma

infusão de cérebro e coração com extrato de levedura e indicador de

cromogênica purpúreo (bpBHI)] foi usado como meio de cultura para

Fusobacterium nucleatum. Durante o período experimental, 8 dos 18

espécimes para o amálgama infiltraram, enquanto nenhum dos 18 com MTA

infiltraram. O MTA mostrou-se significativamente melhor que o amálgama para

prevenir a infiltração do F. nucleatum nos casos de reparação de furca.

Page 38: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

Slwyk, Moon, Hartwell, 1998 avaliaram a capacidade de retenção do

MTA quando utilizado como material reparador de perfuração de furca. Foram

confeccionadas 32 perfurações de furca em 32 molares extraídos. As

perfurações foram feitas no centro da câmara pulpar, simulando uma condição

clínica. Os dentes foram divididos em 4 grupos e as perfurações foram

reparadas com MTA e depois recobertas com pelota de algodão seca ou úmida

por 24 e 72 horas. Foi realizado teste para medir a força requerida para

deslocar o material da perfuração. A força mensurada mostrou que a

resistência ao deslocamento do MTA em 72 horas foi significativamente maior

comparado a 24 horas. Quando um leve deslocamento ocorreu em 24 horas, o

material demonstrou a habilidade de restabelecer resistência frente ao

desalojamento das paredes dentinárias. A presença de umidade ajudou na

adaptação do MTA nas paredes da perfuração. Contudo, não foi observada

diferença significativa quanto à retenção do MTA utilizando-se pelota de

algodão seca ou úmida na câmara pulpar durante o tempo de solidificação.

Adamo et al, 1999, realizaram estudo in vitro para comparar os materiais

retroobturadores tradicionais aos recentemente desenvolvidos, quanto a sua

resistência frente à infiltração bacteriana. Foram utilizados sessenta dentes

unirradiculares, divididos aleatoriamente em cinco grupos: Agregado trióxido

mineral, Super EBA, TPH resina composta com agente de união ProBond,

amálgama Dispersalloy com e sem ProBond, e grupos controle positivos e

negativos. O acesso coronário dos espécimes foi inoculado por 48 h em uma

suspensão de Streptococcus salivarius. Foram observados os meios de cultura

Page 39: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

dentro de 24 h constatando-se alteração de coloração, indicando contaminação

bacteriana. Foram observadas amostras durante 12 semanas. Os resultados

evidenciaram que a 4 semanas 10% de espécimes de cada grupo experimental

tiveram evidência de infiltração. A 8 semanas 20% de espécimes obturadas

com amálgama sem o agente de união, Super EBA e MTA tiveram evidência

infiltração. Em 12 semanas diferenças secundárias entre materiais foram

observadas. Concluiu-se que não houve diferença estatística significante em

taxa de microinfiltração entre os cinco grupos testados a 4, 8 ou 12 semanas,

dentro das condições deste estudo, apesar de algumas variações.

Aqrabawi, 2000, estudou a habilidade no selamento em obturações

retrógradas do MTA comparando-o ao amálgama e cimento Super EBA. Os

dentes foram aleatoriamente divididos em 3 grupos de 25 elementos, o 1º

grupo foi retroobturado com amálgama, o 2º grupo com EBA e o 3º com MTA.

Após a imersão dos espécimes em corante azul de metileno a 1% por 72h, as

raízes foram seccionadas e a profundidade da penetração do corante foi

avaliada através de um estereomicroscópio com aumento de 10 vezes. A

efetividade seladora dos materiais retroobturadores utilizados neste estudo foi

determinada pela habilidade de inibir a penetração do corante. Os resultados

foram os seguintes: 56% do grupo obturado com amálgama e 20% do grupo

obturado com EBA mostraram infiltração de corante e o grupo do MTA não

apresentou infiltração, 2 amostras do grupo do MTA foram eliminadas devido a

fratura nas raízes. Concluiu-se que o MTA promoveu melhor selamento que o

amálgama e o EBA quando utilizado como material retroobturador.

Page 40: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

Fogel, Peikoff, 2001, propuseram-se avaliar a microinfiltração de vários

materiais retroobturadores, utilizando um sistema de filtração fluido. Sessenta

dentes unirradiculares humanos extraídos foram usados. As coroas foram

removidas e os canais preparados e obturados. As amostras foram divididas

em dois grupos controle e cinco grupos experimentais. Os materiais testados

foram: amálgama, IRM, uma resina, Super EBA e agregado de trióxido mineral.

Os resultados mostraram que as retroobturações de amálgama demonstraram

significativamente maior microinfiltração o que Super EBA, a resina, ou

agregado de trióxido mineral. Não havia nenhuma diferença significante entre

amálgama e IRM, porém o IRM também não foi significativamente diferente dos

outros três grupos. Não houve nenhuma diferença expressiva entre os outros

três grupos.

Scheerer, Steiman, Cohen, 2001, realizaram estudo utilizando bactérias

Prevotella nigrescens para avaliar a habilidade seladora dos materiais:

Geristore, Super EBA e ProRoot quando usados como materiais

retroobturadores. Cem dentes unirradiculares, extraídos, foram preparados

com broca Gates-Glidden e instrumentos rotatórios Taper 04 (Profile Series

29). Os ápices foram seccionados em 3 mm, e realizada preparação apical com

ultra-som. Depois de esterilização a vapor, os dentes foram divididos

aleatoriamente em três grupos de 30. Cada grupo estava retroobturado com

um material diferente. Cinco cavidades apicais permaneceram abertas e

serviram como controles positivos; outras cinco cavidades foram preenchidas

com cera pegajosa e cobertas com duas capas de esmalte de unha

Page 41: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

funcionando como controles de negativo. Os dentes foram presos a estrutura

de plástico; os ápices foram submersos em frascos de 12 ml de caldo de

carboidrato de carne cortado e colocado em uma câmara de anaeróbica. Duas

vezes por semana, uma micropipeta estéril foi usada para inocular 0.1 ml de

uma cultura de caldo de Prevotella nigrescens no canal das raízes de cada

dente. Resultados depois de 47 dias indicaram que não havia nenhuma

diferença significante entre os três materiais retroobturadores contra

penetração de Prevotella nigrescens.

Dalcóquio et al, 2001, através de estudo in vitro compararam a

quantidade de infiltração de corantes de dentes, os quais foram retroobturados

com MTA, Ketac-Fil, IRM e cianoacrilato. Após a apicectomia, foram

preparadas retrocavidades com 3mm de profundidade. Os dentes após

obturação foram imersos em corante azul de metileno a 1%, a microinfiltração

foi medida após 48h, 7 e 60 dias, através de espectofotometria. A análise

estatística não mostrou diferença significante entre os grupos, sendo que o

MTA apresentou melhores resultados, seguido pelo Ketac-Fil, cianoacrilato e

IRM.

Tang, Torabinejad, Kettering, 2002, afirmaram que o agregado trióxido

mineral (MTA), demonstrou possuir habilidade de selamento excelente quando

testado com infiltração de corante, de bactéria, e uma técnica de filtração fluida.

Endotoxina, um componente da parede celular de bactérias Gram-negativas,

foi relacionada com a patogênese de lesões perirradiculares. Este estudo usou

Page 42: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

um Limulus Amebocyte Lysate modificado para testar a presença de

endotoxina comparando a habilidade de selamento do Super EBA, IRM,

amálgama, e MTA. Os resultados mostraram aquele MTA permitiu menos

infiltração de endotoxina que IRM e amálgama a 1, 2, 6, e 12 semanas (p

<0.05), e infiltrou menos que o Super EBA a 2 e 12 semanas (p <0.05).

Tanomaru Filho, Tanomaru, Domaneschi, 2002, realizaram estudo in

vitro, utilizando 36 dentes humanos unirradiculares, que tiveram seus canais

radiculares instrumentados e obturados. Em seguida, preparou-se uma

cavidade na face distal da raiz, simulando perfuração radicular, a qual foi

preenchida com os seguintes materiais: cimento de óxido de zinco e eugenol,

Sealer 26, Mineral Trióxido Agregado (MTA). Os dentes foram imersos em

solução de azul de metileno a 2%, por 48 horas. Os resultados da infiltração

marginal demonstraram que o Sealer 26 e MTA proporcionaram selamento

marginal semelhantes entre si, com resultados superiores aos obtidos pelo

cimento de óxido de zinco e eugenol.

2.2. Avaliação da Resposta Tecidual frente ao MTA, Super EBA e Cimento

Portland.

Torabinejad et al, 1995 b, realizaram estudo em cães para avaliar a

resposta perirradicular de cães ao MTA e ao amálgama. Foram desenvolvidas

lesões periradiculares em 46 raízes de 6 cães. A metade dos canais

radiculares foi instrumentada e obturadas com guta-percha e cimento e as

Page 43: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

cavidades de acesso foram seladas com MTA. A outra metade dos canais foi

instrumentada e obturada com gutapercha sem cimento obturador. O acesso

das cavidades foi deixado exposto a cavidade oral. Após a ressecção cirúrgica

das raízes, metade das cavidades apicais foi obturada com amálgama e o

restante com MTA. A resposta tecidual foi avaliada após os períodos de 2 a 5

dias e de 10 a 18 semanas da intervenção cirúrgica. A análise estatística dos

resultados mostrou menor infiltração perirradicular e mais cápsula fibrosa

adjacente ao MTA, quando comparado ao amálgama. Em adição, a presença

de cemento sobre a superfície do MTA foi freqüentemente encontrada. Os

resultados mostraram que o MTA pode ser usado como material

retroobturador.

Com o objetivo de comparar histologicamente a resposta tissular de

perfurações de furcas intencionais preenchidas com amálgama ou MTA, Pitt

Ford et al, 1995, utilizaram pré-molares inferiores de cães, realizando 30

perfurações. Metade das perfurações foi preenchida imediatamente com

amálgama e MTA, e a outra metade ficou exposta ao meio bucal por seis

semanas, para permitir a contaminação bacteriana e formação de lesão

inflamatória antes da colocação dos materiais. As secções foram avaliadas

pela presença, extensão e severidade da inflamação e a presença ou ausência

de reparação de cemento, epitélio e bactérias. Os resultados neste estudo

evidenciaram que nos dentes reparados imediatamente com MTA existiu

ausência de inflamação com reparo em 5 dos 6 espécimes, enquanto que os

espécimes com amálgama sempre se mostraram com inflamação, moderada

Page 44: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

ou severa. Nos espécimes que foram reparados após contaminação

bacteriana, 3 dos 7 casos reparados com MTA estavam livres de inflamação,

porém 4 estavam inflamados. Em todos aqueles em que se utilizou amálgama

houve inflamação comprovadamente mais severa e extensa que no grupo com

MTA. Os resultados permitiram concluir que a cicatrização das perfurações,

quando utilizado o MTA foi consideravelmente mais favorável do que quando

se utilizou amálgama e que também é favorecida com a colocação do material

imediatamente após ter ocorrido a perfuração.

Buscando analisar a resposta tecidual de determinados materiais

Torabinejad et al, 1995 c, implantaram, em mandíbulas de porcos guinea o

Super EBA e o MTA. Foram utilizados 7 animais, após anestesia tiveram

preparadas 2 cavidades ósseas, onde os materiais testados foram implantados

através de recipientes de Teflon, devidamente preenchidos com as

substâncias. Foram deixadas 2 cavidades ósseas sem materiais para utilização

como grupo controle negativo. Foi analisada a presença de inflamação e de

células típicas predominantes e a espessura do tecido conjuntivo fibroso

adjacente a cada implante. A reação tecidual para a implantação do MTA

apresentou-se mais moderada que a observada com o Super EBA. Com base

nesses resultados, ambos materiais foram considerados biocompatíveis.

Pitt Ford et al, 1996, examinaram a resposta da polpa dental em

macacos frente ao MTA e hidróxido de cálcio utilizando-os em capeamento

pulpar. Depois de exposição pulpar, realizado com broca, em 12 incisivos

Page 45: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

inferiores, foi realizado capeamento com MTA e hidróxido de cálcio. Após 5

meses, das 6 polpas capeadas com MTA, todas apresentaram formação da

ponte de dentina. Em contraste, polpas capeadas com a preparação de

hidróxido de cálcio mostraram inflamação, e a ponte de dentina se formou

somente em 2 amostras. Baseados nesses resultados, o MTA possui potencial

para ser usado como material capeador pulpar durante a terapia vital.

Em estudo comparativo sobre a biocompatibilidade intraóssea do Dyract

e Super EBA, Pertot et al, 1997, utilizaram 24 coelhos, onde foi feita exposição

do fêmur e confecção de 2 cavidades com broca na cortical óssea. Os

materiais foram colocados em tubos de silicone e inseridos no fêmur. Os

animais foram sacrificados após 4 e 12 semanas da implantação, e as peças

foram preparadas para análise histológica. As reações teciduais foram

graduadas de ausente a severa. Nas 4 semanas os materiais mostraram

reações de leve a moderada, caracterizadas pela presença de tecido fibroso

interposto e células inflamatórias. Em 12 semanas, ocorreu cicatrização óssea,

a despeito da persistência de algum tecido fibroso interposto, e as reações

foram classificadas em leves. A análise estatística demonstrou pouca diferença

entre os 2 materiais, indicando que o Dyract e Super EBA possuem

biocompatibilidade intraóssea similar.

Torabinejad et al, 1997, analisaram a resposta do tecido perirradicular de

macacos ao utilizar MTA e amálgama como material retroobturador. As polpas

foram removidas de todos os incisivos superiores de 3 macacos. Os canais

Page 46: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

foram preparados e obturados com condensação lateral de guta-percha e

cimento, as cavidades de acesso restaurada com amálgama. Foi realizada

incisão mucoperiosteal vestibular, ressecção apical das raízes e preparo de

cavidades com broca. As cavidades foram obturadas com MTA e com

amálgama, metade/ metade. Após 5 meses, o tecido perirradicular foi analisado

histologicamente. Os resultados mostraram não haver inflamação adjacente em

5 de 6 raízes obturadas com MTA, como também apresentaram completa

formação de cemento. Em contraste, todas as raízes onde se utilizou

amálgama mostraram inflamação perirradicular, e não houve formação de

cemento sobre o material, embora estivesse presente sobre o corte apical da

raiz. Baseados nesses resultados e em investigações prévias, o MTA é

recomendado como material retroobturador em humanos.

Analisando a reação tecidual ao implante do MTA, amálgama, IRM e

super EBA, Torabinejad et al, 1998, utilizaram 20 animais – porcos Guinea –

sendo preparadas cavidades na mandíbula e tíbias e colocados tubos de teflon

preenchidos com os materiais. Os animais foram sacrificados após 80 dias da

implantação. A presença de inflamação, tipo de células predominantes e

espessura do tecido conjuntivo fibroso adjacente a cada implante foi registrada.

A reação tecidual ao implante de MTA se mostrou mais favorável observando-

se os dois locais – mandíbula e tíbia, em todos os espécimes, ausência de

inflamação. Na tíbia, o MTA mostrou-se o material onde mais freqüentemente

observou-se aposição direta de osso sobre o material. Baseado nestes

resultados o MTA mostrou-se um material biocompatível. As reações ao

Page 47: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

implante do IRM e super EBA mostraram-se intermediárias ao MTA e ao

amálgama. O tipo de tecido adjacente aos implantes se mostrou

freqüentemente um tecido frouxo, embora em alguns espécimes de IRM em

tíbias estivessem misturados tecido resistente/frouxo. As diferenças entre os 2

materiais não se apresentaram estatisticamente significativas.

Holland et al, 1999 a, realizaram estudo para observar a reação de

tecido conjuntivo subcutâneo de rato para tubos de dentina implantados

preenchidos com hidróxido de cálcio ou agregado trióxido mineral. Os animais

foram sacrificados depois de 7 e 30 dias, e os espécimes foram preparados

para estudo morfológico. Alguns espécimes foram preparados para análise

histológica com luz polarizada e técnica de Von Kossa para cálcio. Os

resultados foram semelhantes para ambos os materiais estudados. Às

aberturas tubulares, havia grânulos Von Kossa-positivos birrefringentes a luz

polarizada. Próximo a estas granulações, havia um tecido irregular como uma

ponte que era Von Kossa-positiva. É possível que o mecanismo de ação de

ambos os materiais seja semelhante.

O Hidróxido de cálcio tem sido o material de escolha para apicificação.

Em vista disso Shabahang et al, 1999, realizaram estudo comparando a

eficácia da proteína osteogência (OP-1), o MTA e o Hidróxido de Cálcio na

formação de tecido duro em raízes imaturas de dentes de cães. Foram

utilizadas 64 raízes de pré-molares. Após indução de lesão perirradicular, os

canais foram desbridados e obturados com Hidróxido de cálcio por 1 semana.

Page 48: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

Depois de removido o hidróxido de cálcio, as raízes receberam um dos

materiais designados. Os animais foram sacrificados após 12 semanas. O nível

de formação de tecido duro e a intensidade da inflamação foram avaliados

histologicamente. O MTA promoveu formação de tecido duro com excelente

consistência. Contudo, os resultados não mostraram diferenças estatísticas

expressivas entre os materiais. Com relação, ao nível de inflamação, não foi

encontrada diferença significativa entre os vários grupos testados.

Morandi, 1999, realizou avaliação histomorfológica em dentes de cães

retroobturados com cimentos de OZE e MTA. O estudo utilizou 32 pré-molares

superiores e inferiores de cães com lesão periapical crônica, induzida através

da exposição dos canais radiculares ao meio bucal por período de 180 dias.

Realizou-se acesso cirúrgico apical com curetagem, apicectomia e preparo de

retrocavidades tipo classe I. As obturações retrógradas foram realizadas com

os cimentos de OZE consistente, IRM, Super EBA e MTA. Formaram-se 4

grupos experimentais e o grupo controle, nos quais não se realizaram

retroobturações. Os animais foram sacrificados após 180 dias da intervenção

cirúrgica, os maxilares foram removidos, as peças fixadas e preparadas para

análise histológica. Obtiveram-se os seguintes resultados: o MTA, super EBA e

IRM apresentaram resultados histopatológicos semelhantes e superiores aos

encontrados com o cimento de OZE consistente. Dos 4 materiais, o único que

estimulou deposição de tecido cementário foi o MTA. Os piores resultados

observados em todos os grupos experimentais estudados estavam

relacionados estreitamente com a presença de detritos e com a ocorrência de

Page 49: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

reabsorções radiculares externas. A presença dessas reabsorções

provavelmente perturbou o selamento marginal, ocasionando maus resultados

do ponto de vista biológico. Os resultados deste trabalho demonstraram que a

técnica da obturação retrógrada convencional constitui uma opção terapêutica

sujeita a uma série de interferências que podem até comprometer o êxito do

tratamento executado.

A reação dos tecidos apicais de dentes de cães, depois da obturação

dos canais com guta-percha e MTA ou Ionômero de vidro (Ketac-ENDO) foi

observada por Holland et al, 1999 b. Os canais foram preparados e obturados

através da técnica da condensação lateral com os cimentos estudados. Os

animais foram sacrificados após 6 meses da intervenção. A análise histológica

dos espécimes apresentou para a utilização do MTA ausência de inflamação

apical e completo fechamento do forame apical. Nos casos onde se utilizou o

Ketac-ENDO apresentaram-se 2 casos de fechamento parcial do forame e

diferentes níveis de reação inflamatória crônica. De acordo com o observado

concluiu-se que o MTA exibiu melhores propriedades biológicas que o Ketac-

ENDO.

Faraco Júnior, 1999, observou os efeitos de alguns materiais sobre o

tecido pulpar de dentes de cães, através da microscopia ótica. Utilizando-se 60

dentes de cães, realizou preparo tipo classe V seguido de exposição pulpar.

Foi executado capeamento com sistema adesivo (Single Bond®), cimento de

hidróxido de cálcio (Dycal®) e 2 tipos de agregado trióxido mineral (MTA). Os

Page 50: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

dentes capeados com o sistema adesivo foram restaurados com resina e os

demais com OZE. Após 60 dias da intervenção os animais foram sacrificados e

as peças preparadas para análise histomorfológica. Os resultados foram em

ordem decrescente do melhor para o pior – MTA cinza, MTA branco, cimento

hidróxido de cálcio e sistema adesivo. Devido aos resultados, o sistema

adesivo e o cimento de hidróxido de cálcio não devem ser indicados para

proteção pulpar direta.

A biocompatibilidade de agregado trióxido mineral e cimento ácido

etoxibenzóico foi investigada por implantação subcutânea e intra-óssea dos

materiais, em ratos, em estudo realizado por Moretton et al, 2000. Foram

estudadas reações de tecido em 15, 30, e 60 dias depois de implantação. O

agregado trióxido mineral provocou reações severas, inicialmente com necrose

de coagulação e calcificação distrófica; porém, as reações diminuíram com o

tempo. A implantação subcutânea de cimento ácido etoxibenzóico exibiu

reações moderadas que baixaram com o tempo. Não foi observada

osteogênese com qualquer material em implantação subcutânea, o que indica

que nenhum material é indutor de formação óssea. Reações para implante

intra-ósseo de ambos os materiais foram menos intensas que com implantação

subcutânea. A osteogênese aconteceu associada a implantação intra-óssea

indicando que ambos os materiais são osteocondutivos.

Nery, 2000, procurou verificar a resposta biológica frente a alguns

materiais à base de hidróxido de cálcio e a sua possível interferência no

Page 51: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

processo de rizólise na dentição decídua. Foram realizadas biopulpectomias

em 30 dentes decíduos de cães e obturados com Sealapex, Sealer Plus e

MTA; como controle 10 canais não foram obturados. Após 30 dias, a análise

histopatológica demonstrou que os cimentos MTA e Sealapex foram

reabsorvidos durante a rizólise, o que não ocorreu com o Sealer Plus. Nos

canais vazios ocorreu invaginação tecidual do conjuntivo apical. Os dentes

tratados demonstraram reabsorções apicais laterais mais evidentes e

selamento biológico do forame apical. Os cimentos estudados foram bem

tolerados pelos tecidos apicais, tendo boas perspectivas quanto a sua

utilização no tratamento endodôntico de dentes decíduos.

Faraco Júnior, Holland, 2001, realizaram estudo para observar a

resposta da polpa dental de cães para o agregado trióxido mineral (MTA) e

cimento de hidróxido de cálcio quando utilizados como material de capeamento

de polpa. Foram realizadas exposições de polpas de 30 dentes, sendo

capeadas com MTA ou um cimento de hidróxido de cálcio. Análise histológica

foi executada 2 meses depois da intervenção. Os resultados mostraram um

processo curativo com formação de dentina tubular e nenhuma inflamação em

qualquer das polpas capeadas com MTA. Por outro lado, só cinco espécimes

do cimento hidróxido de cálcio formou ponte de dentina completa. Neste grupo

experimental, foi observada inflamação de polpa em todos os espécimes,

exceto em três casos. Em conclusão, MTA exibiu resultados melhores que o

cimento de hidróxido de cálcio para o capeamento da polpa, em dentes de

cães.

Page 52: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

Holland et al, 2001 a, observaram a reação do tecido subcutâneo de

ratos ao implante de tubos de dentina obturados com ATM, cimento Portland

ou Hidróxido de cálcio. Os animais foram sacrificados após 7 ou 30 dias, e os

espécimes foram preparados para análise histológica com luz polarizada e

técnica de Von Kossa para tecidos mineralizados. Os resultados foram

similares para os 3 materiais utilizados. Junto à abertura tubular observaram-se

granulações Von Kossa positivas e birrefringentes à luz polarizada. Junto

dessas granulações foi observado tecido irregular na forma de uma ponte

positiva para Von Kossa. As paredes de dentina mostraram estrutura altamente

birrefringente à luz polarizada, no interior dos túbulos, formando uma camada

em diferentes profundidades. Diante dos resultados, estima-se que seja

possível que os mecanismos de ação dos materiais estudados sejam

semelhantes.

Holland et al, 2001 b, estudaram o processo de cicatrização de

perfuração radicular lateral intencional reparado com MTA. Foram preparados

48 canais radiculares de dentes de cães, sendo instrumentados e obturados.

Posteriormente, foi removida parte do material obturador, e foi realizada

perfuração intencional com uma broca na área lateral da raiz, entre a porção

cervical e o terço médio das raízes. As perfurações foram reparadas com MTA

ou Sealapex (grupo controle). As análises histológicas foram realizadas 30 e

180 dias após a intervenção. Os resultados mostraram ausência de inflamação

e deposição de cemento quando o MTA foi utilizado, isso na maioria dos

Page 53: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

espécimes. Após 180 dias, o Sealapex exibiu inflamação crônica em todos os

espécimes e discreta deposição de cemento sobre o material em somente 3

casos. O MTA apresentou resultados mais favoráveis que o grupo controle.

Considerando alguns relatos sobre a similaridade da composição

química do MTA e cimento Portland, Holland et al, 2001 c, analisaram o

comportamento da polpa dentária de dentes de cães após pulpotomia e

proteção direta com estes dois materiais. Foram realizadas pulpotomias, em 26

raízes de dentes de cães e proteção com MTA e cimento Portland. Os animais

foram sacrificados após 60 dias do tratamento, os espécimes foram removidos

e preparados para análise histológica. Os resultados obtidos foram

semelhantes para os dois materiais, ocorrendo formação de ponte de dentina

tubular em quase todas as amostras analisadas. Concluindo-se que o MTA e

cimento Portland conferem resposta semelhante quando utilizados em proteção

direta sobre o remanescente pulpar após a realização de pulpotomia.

Segundo Eidelman, Holan, Fuks, 2001, o objetivo deste estudo foi

comparar o efeito do agregado trióxido mineral (MTA) e do formocresol (FC)

quando utilizados como materiais utilizados em pulpotomias de molares

decíduos com exposição de polpa por cárie. Foram utilizados quarenta e cinco

molares decíduos de 26 crianças, sendo tratados por uma técnica de

pulpotomia convencional. Os dentes foram divididos aleatoriamente em MTA

(experimental) e FC (controle). Dezoito crianças com 32 dentes chegaram para

controle clínico e avaliação radiográfica, variando de 6 a 30 meses. As

Page 54: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

avaliações de seguimento revelaram só um fracasso (reabsorção interna, em

torno de 17 meses de avaliação pós-operatória) em um molar tratado com

formocresol. Nenhum dos dentes tratados com MTA mostrou qualquer sintoma

clínico ou patologia radiográfica. Obliteração do canal foi observado em 9 de 32

molares avaliados (28%). Este achado foi descoberto em 2 elementos dos 15

dentes tratados com FC (13%) e em 7 dos 17 tratados com MTA (41%). Os

resultados permitem concluir que o MTA mostrou sucesso clínico e radiográfico

como material utilizado em pulpotomias em dentes decíduos e parece ser uma

substituição satisfatória para formocresol em pulpotomia de dentes decíduos.

A biocompatibilidade do cimento Portland foi avaliada por Moraes,

Aragão, Heck, 2001, através da implantação deste material em tecido

subcutâneo de rato. Foram utilizados 15 ratos, sendo realizadas 4 incisões 2 na

região pélvica e 2 nas escapulares. Foram implantados no lado esquerdo -

grupo I (controle) tubo de polietileno vazio. No lado direito – grupo II

(experimental) tubos de polietileno preenchidos com cimento Portland (Votoran

– Rio Branco do Sul –PR). Os animais foram sacrificados após 7, 21 e 60 dias

da intervenção cirúrgica. A análise histológica foi realizada em microscopia

ótica, e registrados os eventos mais marcantes. Os resultados para o grupo

experimental comparado ao controle mostraram formação de tecido conjuntivo

mais denso, com formação de cápsula fibrosa ao redor da abertura do tubo de

polietileno. O cimento Portland mostrou biocompatibilidade quando implantado

no tecido conjuntivo subcutâneo de ratos.

Page 55: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

Tziafas et al, 2002, realizaram pesquisa com o objetivo de estudar a

resposta do tecido pulpar e da formação de dentina reparadora depois de

aplicação de MTA em polpas mecanicamente expostas. Trinta e três dentes de

três cachorros, 12-18 meses de idade, estavam propositalmente expostos

através de cavidade classe V. Foi aplicada pressão para controlar hemorragia.

ProRoot® MTA (Dentsply Simfra, Paris) foi colocado no local de exposição e

aplicada pressão com uma pelota de algodão molhada. As cavidades foram

restabelecidas com amálgama e as reações de tecido pulpar foram avaliadas

por microscópio eletrônico, depois de intervalos curativos de 1, 2 e 3 semanas.

Como resultados, uma zona homogênea de estruturas cristalinas foi achada

inicialmente junto à interface polpa/MTA e foram observadas mudanças no

estado citológico e funcional em proximidade íntima com os cristais. Tecido

duro foi achado em todos os dentes em contato direto com o material de

capeamento e as estruturas cristalinas associadas. Formação de dentina

reparadora foi relacionada constantemente a uma zona de osteodentina firme.

Concluiu-se que as experiências presentes indicam que o MTA é um efetivo

material para capeamento pulpar, capaz de estimular formação de dentina

reparadora, pelo mecanismo defensivo da polpa.

Holland et al, 2002 a, observaram a reação de tecido conjuntivo

subcutâneo de ratos, para tubos de dentina implantados que estavam

preenchidos com Agregado trióxido mineral, Sealapex, Calciobiotic Root Canal

Sealer (CRCS), Sealer 26, e um material experimental, Sealer Plus. Os

animais foram sacrificados depois de 7 e 30 dias, e os espécimes preparados

Page 56: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

para análise histológica. As lâminas foram examinadas com luz polarizada

depois de preparadas de acordo com a técnica de Von Kossa para cálcio. Nas

aberturas tubulares, havia grânulos Von Kossa-positivos que eram

birrefringentes à luz polarizada. Próximo a estas granulações, havia tecido

irregular, como uma ponte que era Von Kossa-positiva. Os tubos de dentina

exibiram uma estrutura altamente birrefringente para luz polarizada,

normalmente como uma capa. Estes resultados foram observados com todos

os materiais estudados, excluindo-se o CRCS que não exibiu qualquer tipo de

estrutura mineralizada. Os resultados sugerem que, entre os materiais

estudados, o CRCS apresentou menor possibilidade de formação de tecido

duro.

Segundo Holland et al, 2002 b, o propósito da pesquisa foi estudar a

reação do tecido conjuntivo subcutâneo de ratos quando da implantação de

tubos de dentina cheios de agregado trióxido mineral branco (MTA). Os tubos

foram implantados em tecido subcutâneo de ratos, os quais foram sacrificados

depois de 7 e 30 dias. Os espécimes foram preparados para análise histológica

com luz polarizada e técnica de Von Kossa para tecidos mineralizados. Foram

observadas granulações birrefringentes para luz polarizada e uma estrutura

irregular como uma ponte próximo ao material; ambos eram Von Kossa

positivos. Também, na parede dos tubos de dentina foi observada uma capa

de granulações de birrefringentes. Os resultados foram semelhantes aos

obtidos para o MTA cinza e indicam que os mecanismos de ação do MTA

branco e cinza são semelhantes.

Page 57: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

2.3. Análise da Citotoxicidade de Materiais Endodônticos

Torabinejad et al, 1995 d, avaliaram a citotocixidade de materiais que

entram em contato com os tecidos perirradiculares, especificamente materiais

retroobturadores. Foram avaliados o Amálgama, Super-EBA, IRM e MTA,

utilizando-se ágar e métodos radiocromo. A análise estatística obtida com a

técnica do ágar mostrou que, após manipulação e presa, o amálgama foi

significativamente menos tóxico que o restante dos materiais testados. Após a

manipulação e presa o MTA ficou em 2º lugar quando testada a citotoxicidade

com esta metodologia. Teste estatístico similar revelou uma diferença

significativa entre a toxicidade logo após a manipulação e presa e após 24

horas de incubação com células de rato L929 etiquetadas radiocromo. O nível

de citotoxicidade após a manipulação e presa dos materiais mostrou o MTA

menos tóxico, seguido do amálgama, super-EBA e IRM. Com base nestes

resultados, utilizando-se o método de cultura de células, MTA tem potencial

para ser utilizado como material retroobturador e justifica avaliações in vivo.

Koh et al, 1998, estudaram a citomorfologia dos osteoblastos na

presença do MTA e examinando a produção de citocinas. Foram preparados o

MTA e o IRM e colocados em placas de Petri separadas. Osteoblastos

(linhagem de células MG-63) em meio de crescimento F12 de Hams foram

sedimentados nas placas e incubados por 1 a 7 dias. Os espécimes foram

verificados por microscópio eletrônico de varredura. A microscopia eletrônica

revelou muitas células em contato com o MTA em 1 a 3 dias. O teste Elisa

Page 58: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

revelou um elevado nível de interleucinas em todo o período que as células

cresciam na presença do MTA, em contraste, mostrou células crescendo

sozinhas, e na presença de IRM produziu quantia indetectável. O fator de

estimulação de colônia de macrófagos foi produzido pelas células por todos os

grupos avaliados. Isto mostra que o MTA apresenta atividade biológica para

células osteoblásticas e estimula a produção de interleucinas.

Estudo feito para mensurar a citotoxicidade de cimentos endodônticos foi

realizado por Osorio et al, 1998, utilizando-se modelo de cultura de células de

fibroblastos de gengiva humana e células L-929. Dos cimentos obturadores

foram avaliados o Endomet, CRCS e AH26 e de materiais retroobturadores o

Amálgama, Gallium GF2, Ketac Silver, Mineral Trioxide Aggregate e Super

EBA. Os efeitos citotóxicos foram avaliados utilizando-se ensaio MTT da

atividade enzimática mitocondrial e ensaio CV para número de células. Usando

culturas inseridas e fibroblastos L-929. O All-Bond 2 também foi avaliado. A

análise estatística dos resultados mostrou que o CRCS apresentou menor

toxicidade, seguido pelo Endomet e AH26. Entre os materiais retroobturadores,

MTA não foi citotóxico; Gallium GF2 apresentou pequena citotoxicidade, e

Ketac Silver, Super EBA e Amálgama mostraram alto nível de citotoxicidade. O

CRCS mostrou-se o melhor cimento obturador, e o MTA o melhor material

retroobturador. O Gallium GF2 também se mostrou favorável como material

retroobturador.

Page 59: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

Mitchell et al, 1999, realizaram estudo para investigar a

biocompatibilidade do agregado trióxido mineral (MTA), cultivando em células

humanas MG63 de osteossarcoma na presença dos materiais, observando a

citomorfologia e crescimento das células, e analisando a expressão de

citocinas. Foram empregados materiais de referência. O crescimento das

células foi quantificado preparando-se amostras (n = 6) em 2, 4 e 7 dias,

analisadas em microscópio eletrônico de varredura e marcando-se a quantia de

material que foi coberto por células saudáveis. Subseqüentemente, foram

testadas amostras de meio de cultura usando ensaios de ELISA para

expressão de Interleucina (IL)-1alpha, IL-6, IL-8, IL-11 e colônia de macrófagos

fator estimulante (M-CSF). Estes ensaios foram comparados com controles

onde nenhum material estava presente. Resultados mostraram crescimento

favorável de células em MTA. Expressão de IL-6 de células era só evidente na

presença de MTA e Interpore 200. Só foram expressos Interleucina-8 em

concentrações altas na presença de MTA. Não havia evidência de expressão

de IL-1alpha ou IL-11 com qualquer material. Produção de M-CSF era alta para

todos os materiais. Os resultados indicam o MTA como biocompatível e

satisfatório para uso em situações clínicas.

Keiser, Johnson, Tipton, 2000, realizaram estudo com o objetivo de

comparar a citotoxicidade do MTA e de outros materiais retroobturadores

comumente usados, o Super EBA e o amálgama. Assim, foi realizado um

ensaio de viabilidade de células para atividade de dehydrogenase de

mitocôndrias em fibroblastos do ligamento periodontal humano depois de 24

Page 60: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

horas de exposição em extratos de concentrações variadas dos materiais em

teste. Metacrilato de metila 2% (vol/vol) serviu como o controle positivo, e o

meio de cultura completo serviu como o controle negativo. Diferenças em

valores de viabilidade de células foram avaliadas por ANOVA (p <0.05). A

sucessão de toxicidade foi amálgama> Super EBA> MTA. Este estudo apoia o

uso de MTA como material retroobturador.

Zhu et al, 2000, verificaram a adesão de osteoblastos humanos em

materiais retroobturadores como agregado trióxido mineral (MTA), IRM,

compósito e amálgama, observada através de microscopia eletrônica. Esses

materiais foram condensados em discos de aproximadamente 1 mm de

espessura e 1 mm de diâmetro. Após a presa, eles foram colocados em placas

de cultura de 96 poços. Foram semeados osteoblastos humanos na cavidade

das placas a 1.5 x 10(5) células. Depois de 1 dia em cultura, foram examinados

os discos dos materiais retroobturadores junto com as células crescidas na

superfície deles com um microscópio eletrônico. Resultados mostraram que os

osteoblastos se fixam e difundem-se sobre o MTA e compósito pela formação

de uma monocamada. Osteoblastos também se prenderam em amálgama,

mas com poucas células estendidas. Na presença de IRM, osteoblastos

apareceram ao redor sem nenhuma extensão. Estes resultados indicam que

osteoblastos têm uma resposta favorável ao MTA e ao compósito quando

comparado com IRM e amálgama.

Page 61: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

2.4. Avaliação da Atividade Antibacteriana

Torabinejad et al, 1995 e, relataram que para um material ter boa

habilidade seladora, o material retroobturador deve possuir alguma atividade

antibacteriana. Investigaram os efeitos antibacterianos do amálgama, óxido de

zinco-eugenol, super EBA e agregado trióxido mineral em 09 bactérias

facultativas e em 7 bactérias anaeróbias estritas. Após o crescimento

bacteriano em meio sólido, os materiais teste, logo após manipulação e após

24 horas, foram inseridos e incubados em atmosfera por 24 a 48 horas a 37º C.

Discos impregnados com super EBA líquido foram utilizados como grupo

controle positivo. Os efeitos antibacterianos de cada material foram

mensurados em milímetros e os resultados verificados pela análise da

variância e pelo teste de Sheffé, para determinar diferenças entre os efeitos

antibacterianos e os materiais teste. Os discos impregnados com super EBA

líquido causaram vários graus de inibição do crescimento para ambas bactérias

anaeróbias estritas e facultativas. O amálgama não apresentou nenhum efeito

antibacteriano neste estudo. O MTA teve efeito antibacteriano em algumas das

bactérias facultativas e nenhum efeito sobre as bactérias estritas. O óxido de

zinco e eugenol e o super EBA tiveram algum efeito antibacteriano sobre

ambos os tipos de bactérias testadas. Os autores concluíram que nenhum dos

materiais teve completo efeito antibacteriano designados para materiais

retroobturadores.

Page 62: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

Estrela et al, 2000, objetivaram analisar a ação antimicrobiana de alguns

materiais como: MTA, Dycal, pasta de hidróxido de cálcio, Sealapex e cimento

Portland. Os elementos químicos do MTA e de 2 cimentos Portland foram

analisados. Foram utilizadas 4 cepas bacterianas (Staphylococcus aureus,

Enterococcus faecalis, Pseudomonas aeruginosa, Bacillus subtitis) e uma de

fungo (Candida albicans) e uma mistura destes. Utilizadas 30 placas de Petri,

com o uso de um cilindro de cobre, foram confeccionadas 4 cavidades em cada

placa de 4mm de profundidade e 4mm de diâmetro as cavidades foram

preenchidas com as substâncias testes. As placas foram pré-incubadas por 1

hora em temperatura ambiente e depois incubadas a 37º C por 48h. Os

diâmetros das zonas de inibição e difusão foram medidos. A análise dos

elementos químicos presentes no MTA e em 2 amostras do cimento Portland

foi realizada por meio de um espectrômetro de florescência de raios X. Os

resultados mostraram que a atividade antimicrobiana da pasta de hidróxido de

cálcio foi superior ao MTA, Portland, Sealapex e Dycal para os

microorganismos testados, com zonas de inibição de 6-9,5mm e de difusão de

10 a 18mm. O MTA, Portland e Sealapex apresentaram somente zonas de

difusão, sendo que o Sealapex apresentou a maior delas. Para o Dycal não

houve zonas de inibição ou difusão. Os cimentos Portland apresentaram as

mesmas características químicas do MTA, exceto que o MTA contém bismuto.

Page 63: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

2.5. Características e Propriedades do MTA, Super EBA e Cimento

Portland.

2.5.1. MTA

Abedi; Ingle, 1995, relataram que a maior parte dos materiais utilizados

em endodontia são guta-percha e cimentos, sendo que para situações

especiais como reparo de perfurações e obturações apicais, materiais

específicos são necessários, uma vez que estes materiais entram em contato

direto com os tecidos periapicais. O MTA foi desenvolvido, na Universidade de

Loma Linda, para selamento de perfuração entre o sistema de canais

radiculares e a superfície externa da raiz. Os experimentos começaram com

propriedades físicas do material e biocompatibilidade, seguindo-se de estudos

clínicos. Os resultados se mostraram bastante promissores, oferecendo a

possibilidade real de regeneração para os casos de perfuração.

Sobre o reparo de perfurações de furca Arens, Torabinejad, 1996,

relatando dois casos afirmaram que as perfurações de furca são acidentes que

podem ocorrer durante a terapia dos canais radiculares. Estudos mostram que

os materiais comumente usados para reparar estas iatrogenias são

inadequados. O prognóstico no caso de perfuração é dificultado pela infiltração

bacteriana ou pela baixa biocompatibilidade dos materiais reparadores.

Baseados em estudos sobre propriedades físicas e biológicas, foi introduzido o

MTA que se mostra adequado para o fechamento de comunicação entre a

câmara pulpar e tecidos periodontais.

Page 64: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

Várias substâncias e associações foram propostas na busca da

manutenção da vitalidade pulpar por Derzan Júnior, Garcia, 1998, os quais

afirmaram que dentre os materiais mais recentes, encontra-se o agregado

trióxido mineral. O MTA tem como principais indicações obturações de

perfurações radiculares e retroobturações. É composto de um pó que pode ser

branco ou cinza, que consiste de partículas hidrofílicas, possuindo pH alcalino

(em torno de 12,5). Utilizado como material capeador pulpar direto exibiu

formação de ponte de dentina e previne microinfiltração. Possui resultados

semelhantes aos do hidróxido de cálcio, quanto a formação de barreira de

tecido duro, exibindo aspectos histológicos muito semelhantes após utilização

em pulpotomias e proteção direta de remanescentes pulpares. O MTA

necessita de maiores investigações, contudo parece surgir como eficaz auxiliar

na terapia endodôntica.

Segundo Torabinejad, Chivian, 1999, o MTA é uma alternativa potencial

como material retroobturador para ser usado em Endodontia. Vários estudos in

vitro e in vivo mostram que o MTA evita microinfiltração, é biocompatível e

promove regeneração do tecido original quando em contato com a polpa dental

ou tecidos perirradiculares. Assim possui indicações para uso clínico em

tratamentos conservadores da polpa dental: capeamentos e pulpotomias; pode

ser usado como barreira apical em dentes com ápices imaturos; reparo de

perfurações radiculares sendo por via cirúrgica (reparo extrarradicular) ou via

canal; pode também ser utilizado como material retroobturador do sistema de

canais. Possui ainda outros usos como: “plug” após obturações, cervicalmente

Page 65: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

antes de clareamentos; material obturador temporário; reparo de fraturas

verticais, em caso de reimplantes intencionais.

O agregado trióxido mineral, ou MTA, é um material novo desenvolvido

para Endodontia, que parece ser uma melhoria significante em cima de outros

materiais, para procedimentos em osso. É o primeiro material restaurador que

constantemente permite a neoformação de cemento, e pode facilitar a

regeneração do ligamento periodontal, segundo afirmam Schwartz, et al, 1999.

Os autores apresentaram cinco casos nos quais MTA foi usado para

administrar problemas clínicos. Estes incluíram fratura de raiz vertical,

apexificação, selamento de perfuração e conserto de um defeito de reabsorção.

Em cada caso, MTA permitiu regeneração óssea e eliminação de sintomas

clínicos. Materiais como cimento de óxido de zinco e eugenol e combinações

de resina foram usados no passado para consertar defeitos de raiz, mas o uso

deles resultou na formação de tecido conjuntivo fibroso adjacente ao osso.

Uma vez que o MTA permite neoformação de cemento e do ligamento

periodontal pode ser, com certeza, um material ideal para procedimentos de

endodônticos.

Souza et al, 1999, afirmaram que perfurações radiculares de origem

iatrogênica podem acontecer durante as várias etapas do tratamento dos

canais como preparo das cavidades de acesso, instrumentação e preparo para

colocação de pino intra-radicular. O comprometimento dos tecidos subjacentes

ao local da perfuração torna o prognóstico do elemento envolvido duvidoso. O

Page 66: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

Super EBA e o MTA se encontram entre os materiais citados para o reparo

imediato dessas perfurações, contudo o uso do MTA mostrou ser um material

mais promissor, necessitando contudo de novos estudos clínicos para melhor

avaliação.

Bryan, Woollard, Mitchell, 1999, afirmaram que os passos mais

importantes no manejo de uma perfuração de furca são: atuação imediata,

isolamento adequado, desbridamento e selamento do defeito provocado pela

perfuração. Estudos têm demonstrado que materiais reparadores ou material

básico semelhantes como o amálgama, cavit, hidróxido de cálcio, ionômero de

vidro, hidroxiapatita, fosfato tricálcio e osso desmineralizado não têm oferecido

resultados satisfatórios. Atualmente, com o surgimento do MTA foram obtidos

avanços significantes nas modalidades de tratamento para reparo de

perfuração de furca.

A perfuração radicular pode ser um problema difícil de tratar, de acordo

com afirmação de Germain, 1999 e tratamentos cirúrgicos são difíceis e têm

um prognóstico duvidoso. Sucesso variável pode ser conseguido com o reparo

clássico através de materiais e tratamento não cirúrgico. O MTA

aparentemente tem se mostrado bastante promissor para selamento de

defeitos com bom prognóstico a longo prazo.

Magini, Censi, Arcari, 1999, apresentaram proposta terapêutica

procurando superar as dificuldades associadas ao tratamento de perfurações

Page 67: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

radiculares. Através de caso clínico de elemento portador de perfuração

radicular ao nível do terço médio, onde o tratamento convencional se mostrou

inviável. Foi realizado reimplante intencional utilizando-se o MTA como material

para preenchimento do local da perfuração, apresentando-se como um

excelente material selador de perfurações.

Marcucci, Avólio, Deboni, 2000, afirmaram que diversos materiais são

empregados nos procedimentos de obturação retrógrada nas cirurgias

parendodônticas. O amálgama é tradicionalmente usado, mas apresenta

propriedades inferiores quando comparado ao IRM, ao Super EBA, ao

ionômero de vidro, ao cimento N-Rickert, aos adesivos dentinários, à liga de

Gálio-GF e ao trióxido mineral agregado. Este último, recentemente

desenvolvido, possui melhor selamento apical, menor infiltração bacteriana,

sofre pouca influência do sangue e da umidade e não apresenta citotoxicidade

quando comparado aos outros materiais, o que o torna um material

extremamente promissor em obturações retrógradas.

Salles et al, 2000, concluíram que as perfurações dentárias comunicam

o sistema de canais e as estruturas de suporte dos dentes, podendo levar até a

perda do elemento dentário devido a contaminação e conseqüente

desintegração dos tecidos periodontais. A instituição de tratamento adequado

pode melhorar o prognóstico. No reparo de perfurações é essencial obtenção

de um selamento efetivo e biologicamente compatível. O agregado trióxido

mineral (MTA), devido a suas excelentes propriedades fisico-químicas e

Page 68: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

biocompatibilidade é um material que permite nove perspectiva no tratamento

de perfurações dentárias. Dentre as propriedades do MTA que o qualifica como

material reparador para caso de perfurações podem-se salientar efetivo

desempenho como material selador, material sem potencial irritativo, não

mutagênico, biocompatibilidade e estimulador tecidual (indutor de formação de

tecido mineralizado).

Proteínas osteogênicas, capazes de induzir formação de tecido

mineralizado, dentre estas a proteína OP-1 vem apresentando resultados

satisfatórios em modelos experimentais. Tendo em vista este fator, Hass et al,

2001, procuraram comparar, através de revisão de literatura, a viabilidade

terapêutica do uso desta proteína em relação ao uso de outros materiais como

o hidróxido de cálcio e o MTA. Os dois materiais apresentam mecanismos de

ação semelhante, contudo o hidróxido de cálcio possui dados histológicos e

clínicos consolidados na literatura. Em relação a OP-1, apesar de ser um

material promissor necessita de maiores comprovações de suas propriedades

biológicas, indicações e limitações para fundamentá-lo como alternativa

terapêutica.

De acordo com Schmitt, Lee, Bogen, 2001, o Mineral Trioxide Aggregate

(MTA) é um novo material recentemente aprovado pela FDA para uso na

terapia pulpar. O MTA é utilizado por ter biocompatibilidade superior e

habilidade seladora e por ser menos citotóxico que outros materiais usados

atualmente em terapia pulpar. Devido a suas propriedades físicas e biológicas,

Page 69: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

o MTA é utilizado para capeamento pulpar direto, apexificação e como

alternativa de terapia quando o hidróxido de cálcio falha.

Segundo Witherspoon, Ham, 2001, foram utilizados numerosos

procedimentos e materiais para induzir formação de barreira mineralizada na

região apical. O agregado trióxido mineral (MTA) foi apresentado a odontologia

como um material retroobturador. Tem indicações também como selador de

perfurações radiculares e capeamento pulpar. O agregado trióxido mineral

reage com fluidos teciduais para formar uma barreira apical de tecido duro.

Como resultado, mostrou-se um valioso material para uso em tratamento de

apicificação em sessão única, principalmente por tratar dentes imaturos com

polpas necróticas.

Roda, 2001, afirmou que a reparação de perfuração de raiz foi

historicamente uma modalidade de tratamento com taxa alta de fracasso

clínico. Recentes desenvolvimentos nas técnicas e materiais utilizados em

selamento de perfuração de raiz aumentaram as chances de um melhor

prognóstico, tanto dos procedimentos cirúrgicos como dos não cirúrgicos.

Realizou-se uma revisão da literatura sobre o selamento de perfuração

radicular ilustrada, por apresentações de casos clínicos, a respeito dos

princípios de selamento extrarradicular cirúrgico e reparo via canal, não

cirúrgico, de perfuração radicular utilizando agregado trióxido mineral (MTA).

Page 70: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

Segundo Lauretti, 2001, a partir da apresentação de um novo produto, o

MTA, foram abertas perspectivas favoráveis para o tratamento de diversas

complicações endodônticas como: perfurações radiculares, tratamento de

reabsorções externas e internas, dentes em risogênese e obturações

retrógradas em cirurgias parendodônticas. O MTA possui alcalinidade

semelhante ao hidróxido de cálcio, tem capacidade de induzir formação de

tecido mineralizado, possui estabilidade dimensional, decorrente da

característica de ser praticamente insolúvel. Devido a essas propriedades o

MTA vem apresentando resultados estimulantes principalmente quando

empregado no selamento de perfurações e em retroobturações.

A perfuração do assoalho da câmara pulpar é um acidente que pode

levar a perda do elemento dentário, segundo Moraes, 2002. O tratamento

nesses casos tem sido o selamento dessas perfurações, a hemissecção, a

amputação radicular e a extração dentária. Vários materiais têm sido usados

para o preenchimento dessas perfurações, mais recentemente o MTA tem se

prestado a esse papel. De acordo com relato na literatura, da semelhança

química e de comportamento biológico entre o MTA e o cimento Portland, este

último foi empregado para selamento de furca, em dois casos clínicos.

Realizada proservação, após meses os elementos dentários, portadores de

perfuração de furca tratados com Cimento Portland, permaneceram

assintomático, sem edema e fístula, exibindo imagem radiográfica compatível

com reparo da região de furca. Atualmente o cimento Portland pode ser

encontrado no comércio, contendo óxido de bismuto como radiopacificador,

Page 71: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

com o nome de MTA-Angelus®. Esse cimento apresenta-se como alternativa

para o selamento de perfurações de furca, contudo o número de casos clínicos

é pequeno, para indicar seu uso rotineiro.

O tratamento de dentes com ápices imaturos representa um desafio na

Endodontia. Um prognóstico a longo prazo, mais favorável, pode ser alcançado

com emprego do agregado de trióxido mineral (MTA), nos procedimentos de

apexificação. A eficácia desta opção de tratamento testando a habilidade de

selamento e características de retenção do MTA, quando colocado como uma

barreira de apical, em um modelo de ápice aberto, foi avaliada por

Hachmeister et al, 2002. O MTA foi colocado como uma barreira de apical a

uma espessura de 1 mm ou 4 mm, com e sem medicamento de hidróxido de

cálcio anterior. As barreiras foram testadas com exposição de bactéria dentro

de um modelo de vazamento e deslocamento. O MTA mostrou-se opção de

tratamento para dentes com ápices imaturos, tendo a habilidade seladora

aumentada, favorecendo a técnica empregada.

2.5.2. Super EBA

Oynick, Oynick, 1978, analisaram a necessidade de se utilizar, em

retroobturações um material mais adesivo e mais biocompatível do que o

amálgama. Realizaram então, um estudo clínico, radiográfico e microscópico

do cimento Super EBA. Os resultados deste estudo demonstraram que este

material apresentava resistência à compressão e à tração, pH neutro, baixa

Page 72: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

solubilidade, ausência de expansão e radiopacidade satisfatória, sendo

também classificado, após avaliação histológica como biocompatível.

Bruce; Mc Donald; Sydiskis, 1993, avaliaram o efeito citotóxico de alguns

materiais retroobturadores, estes foram testados em cultura de células VERO.

Os materiais estudados foram: amálgama, Super EBA e agente de união

dentinário. A citotoxicidade foi determinada pela medição da área de morte das

células ao redor da amostra, após os períodos de 24 horas, 7, 15 e 30 dias.

Todos os materiais foram considerados tóxicos inicialmente, contudo o Super

EBA e o agente de união tiveram o efeito citotóxico atenuado com o passar do

tempo.

Estudo in vitro realizado por Biggs, Benenati, Powell, em 1995, utilizando

61 incisivos centrais superiores extraídos de humanos, divididos em 6 grupos

de 10 dentes, com 1 dente para controle. Avaliaram as condições de

retroobturações de amálgama, cimento de ionômero de vidro e cimento EBA.

Os dentes haviam sido estocados em solução salina por dez anos. Foram

realizadas retrocavidades com 2,5mm de profundidade e retroobturadas com

cimento EBA, cimento Ketac e amálgama. O preparo das retrocavidades foi

realizado com brocas de alta e de baixa rotação. Os resultados foram

analisados por fotografias. Os autores constataram que o cimento EBA e o

amálgama apresentaram melhores resultados que os apresentados pelo

ionômero de vidro, quanto à presença de manchas, lacunas e aspereza em

Page 73: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

sua estrutura, sugerindo que o EBA pode substituir o amálgama como material

retroobturador de escolha.

Estudo in vitro realizado por Fulkerson, Czerw, Donnelly, 1996, avaliou a

habilidade de selamento do Super EBA. Foram utilizados 46 dentes humanos

extraídos, 26 incisivos centrais superiores e 20 incisivos inferiores,

instrumentados até o instrumento 50 os superiores, e os inferiores até o 30.

Dos elementos, 10 foram obturados somente com 1 cone de guta-percha e

cimento super EBA, 10 elementos foram obturados pela técnica da

condensação lateral com guta-percha e cimento Roth 80, 6 incisivos superiores

foram utilizados como controle. A infiltração apical foi mensurada utilizando-se

estereomicroscópio. Os resultados mostraram infiltração significativamente

menor nos incisivos inferiores obturados com guta-percha e Super EBA. Não

houve diferença significativa em infiltração quando comparado aos incisivos

centrais superiores. Neste estudo, a obturação do canal radicular com um cone

único de guta-percha e super EBA mostrou capacidade de eliminar ou reduzir a

microinfiltração apical, sendo necessários mais testes para o uso clínico.

Sutimuntanakul; Worayoskowit; Mangkornkarn, 2000, compararam a

habilidade de selamento do Super EBA, amálgama com verniz, amálgama com

sistema adesivo e guta-percha termoplastificada com cimento obturador. Os

resultados permitiram concluir que o Super EBA foi o material que promoveu o

melhor selamento apical, dentre os materiais testados.

Page 74: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

2.5.3. Cimento Portland

Tavares, Luiz, 1997 apud Leite, afirmaram que os cimentos são da

classe dos materiais chamados de aglomerantes hidráulicos. Estas substâncias

endurecem quando misturadas com água e ao mesmo tempo resistem a esta.

No ano de 1824, Joseph Aspdin patenteou um produto por ele denominado de

Cimento Portland, o qual era obtido a partir da calcinação da mistura de rochas

calcárias provenientes da localidade de Portland, na Inglaterra, e materiais

sílico-argilosos. Desde então o cimento Portland vem melhorando suas

propriedades através da adição de substâncias. Estima-se que o MTA e o

cimento Portland possuam 75% de sua composição semelhante, em vista

disso, vários estudos vêm sendo direcionados para analisar comparativamente

estes dois materiais.

Wucherpfennig, Green, 1999, estudaram a biocompatibilidade do

cimento Portland e do MTA, realizando estudo onde células osteoblásticas

(MG-63) foram cultivadas na presença de MTA e cimento Portland.

Observando-se que após quatro e seis semanas as duas substâncias

permitiram a formação do suporte de matriz óssea. Esses autores ainda

realizaram estudo in vivo em ratos adultos, onde o cimento Portland e o MTA

foram utilizados como material de capeamento direto de polpas expostas de

primeiros e segundos pré-molares. Cinco animais por foram sacrificados após

períodos de 1, 2, 3 e 4 semanas. Os resultados obtidos através da observação

em microscopia ótica, demonstraram efeitos similares para os dois materiais

Page 75: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

em células pulpares, onde foi observada aposição de dentina reparadora. Estas

observações preliminares sugerem que tanto o Cimento Portland como o MTA

podem ser utilizados como materiais obturadores.

Moraes, Aragão, Heck, 2001, avaliaram a reação do tecido subcutâneo

de ratos ao implante do cimento Portland, estes afirmaram que este cimento é

comumente usado em concreto e argamassa em estado plástico e endurece

em aproximadamente 3 horas pela perda de água. Relataram também que os

componentes básicos deste cimento são silicatos de cálcio, aluminato e

ferroaluminato de cálcio, óxido de magnésio, óxido de cálcio, compostos

alcalinos e sulfatos. No estudo foram utilizados 15 ratos, nos quais realizaram-

se implantes de tubos de polietileno contendo cimento Portland. A análise

histológica da região dos implantes permitiu observar reação inflamatória

crônica, mas que ao final de 60 dias havia formação de tecido conjuntivo denso

em volta da abertura do tubo, esses achados revelaram a biocompatibilidade

do cimento Portland.

Em 2002, Duarte et al, avaliaram a contaminação do MTA-Angelus® e

do Cimento Portland. A Angelus, empresa nacional, purificou e colocou

radiopacificador no cimento Portland e lançou um MTA nacional no mercado.

Havendo dúvida sobre a contaminação dos 2 materiais, foram examinados o

MTA Angelus cinza e branco sem estarem esterilizados e o cimento Portland

(Votoran – Votoratin SP), de um saco recém aberto e de um saco aberto a 2

meses. Sendo analisada contaminação tanto fúngica quanto bacteriana

Page 76: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

presente nos dois materiais. Os materiais foram colocados em 3ml de caldo

BHI ágar e incubados a 37º C por 24 horas (teste bacteriológico) e em 3ml de

caldo Sabourand e incubados a 25º C por 72 horas (teste micológico).

Posteriormente realizou-se agitação e divisão dos caldos, em placas com

meios específicos para o crescimento de Gram + e Gram -, Staphylococcus,

Pseudomonas, Enterococcus e fungos. Os resultados mostraram não haver

contaminação dos materiais estudados. Provavelmente devido ao preparo do

cimento Portland ocorrer em temperaturas altíssimas, incompatíveis com o

crescimento bacteriano e pelo fato do cimento Portland apresentar óxido de

cálcio em sua composição, propiciando pH alcalino em torno de 12,3, sendo

incompatível com a maioria dos microorganismos.

2.6. Reparação Tecidual

Bhaskar, 1989, afirmou que ocorre regeneração quando o tecido lesado

é reconstituído por células iguais àquelas que foram destruídas. A reparação é

um termo que abrange os casos onde os tecidos lesionados são substituídos

por células diferentes. A primeira etapa da reparação é a formação de um

coágulo. A área é a sede da inflamação, apresentando edema e os fragmentos

de tecidos e células mortas são fagocitados e lisados. Há penetração de

fibroblastos e alças capilares, no coágulo. O coágulo é substituído por tecidos

contendo vasos, fibroblastos jovens e neutrófilos, constituindo tecido de

granulação, precursor do tecido normal da área.

Page 77: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

Quanto à capacidade de regeneração do tecido conjuntivo, Junqueira;

Carneiro, 1995, afirmaram que as áreas de tecido que são destruídas por

trauma ou inflamação são preenchidas por proliferação de tecido. Ocorre

mitose de fibroblastos que dá origem a outros fibroblastos e outras células do

tecido conjuntivo. Esse alto potencial de regeneração do tecido conjuntivo é

importantíssimo quando há lesão de tecido que tem poder de regeneração

baixo ou ausente. O tecido conjuntivo então repõe as áreas da destruição

tecidual dando origem às cicatrizes.

Robbins et al, 1996, afirmaram que o processo de reparação tem início

quando a reação inflamatória começa, a partir de 24 horas após a agressão.

Esse início é observado pelo início da proliferação dos fibroblastos e células

endoteliais vasculares, dando origem a tecido de granulação dentro de 3 a 5

dias. Os novos vasos se formam por um processo denominado angiogênese ou

neovascularização. O tecido de granulação freqüentemente caracteriza-se por

edema uma vez que os novos vasos apresentam junções frouxas, permitindo o

extravasamento de hemácias e proteínas para o espaço extravascular. O

tecido de granulação é o tipo de tecido característico da inflamação. A

cicatrização é um fenômeno ordenado e complexo que possui várias etapas

tendo início com a indução de processo inflamatório agudo, a regeneração,

migração e proliferação de células teciduais parenquimatosas e conjuntivas;

síntese de proteínas; remodelação do tecido conjuntivo, colagenização e

aquisição de forças pela ferida (maturação).

Page 78: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

Trowbridge; Emling, 1996, relataram que uma das principais funções do

processo inflamatório é reparar o tecido lesado. Na regeneração ocorre retorno

da natureza do tecido original, este processo se dá com células de capacidade

de divisão mitótica, portanto quanto mais especializado o tecido menor a

capacidade de regeneração. O processo de reparo no tecido conjuntivo segue

basicamente a seguinte seqüência: hemorragia; formação de coágulo;

ocorrência de fenômenos inflamatórios característicos – acúmulo de neutrófilos

e macrófagos, vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular. Os

macrófagos têm a função de limpeza da ferida, sendo a célula mais importante

na resolução da inflamação. Ocorre após esses fenômenos, neoformação

capilar e fibroblastos migram para a área, iniciando produção de colágeno e

arranjo de fibras, originando o tecido conjuntivo fibroso.

Barbosa, 1999, relatou que o reparo ocorre sempre que a integridade do

tecido é quebrada. No caso do tecido conjuntivo o processo de cura acontece

através da proliferação de fibroblastos e da formação de colágeno. Ocorre uma

série complexa de eventos, como resposta vascular e de células inflamatórias

visando a eliminação do agente agressor. Há colonização de fibroblastos na

área, estes sintetizam colágeno que é secretado extracelularmente, formando a

cicatrização, nesses casos é inevitável que a arquitetura original do tecido seja

alterada. Assim o reparo pode levar a regeneração no tecido conjuntivo que

seria a restauração da arquitetura original do tecido, mas para que isso ocorra

é necessário que haja remodelação no tecido cicatricial, e isso não ocorre na

maioria dos casos. Histopatologicamente no reparo, há formação de um novo

Page 79: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

tecido conjuntivo, este é antecedido por um tecido de granulação que é rico de

macrófagos, linfócitos e plasmócitos, apresentando também algum número de

polimorfonucleares neutrófilos, nesse tecido existem inúmeros capilares

neoformados envoltos por tecido mesenquimal. É nesse meio que os

fibroblastos se multiplicam e o colágeno é depositado. Com o declínio da

inflamação o tecido fibroso é produzido de forma ainda mais intensa.

Siqueira Jr, 2000, afirmou que o processo de reparo tecidual pode ser

dividido em três fases: inflamatória, proliferativa e de remodelação. A fase

inflamatória é subdividida em fase de hemostasia e fase inflamatória

propriamente dita. Após a lesão tecidual geralmente ocorre ruptura de vasos e

hemorragia que é controlada por vasoconstricção, ativação de plaquetas e

formação de coágulo. Determinadas substâncias atuam provocando resposta

vascular havendo assim incorporação de células no sítio da lesão, passando-se

a fase da inflamação propriamente dita. Na fase inflamatória propriamente dita

ocorre vasodilatação pronunciada, edema e infiltrado inflamatório generalizado.

O início do processo de reparo dá-se com a chegada de células de defesa ao

local lesionado, que aí desempenham as seguintes funções: prevenção de

infecção no sítio da lesão; limpeza da área, com remoção de detritos teciduais

e restos celulares; atração de células vasculares indiferenciadas e vasculares

para o espaço da ferida. A fase proliferativa é marcada por migração celular,

havendo proliferação de células que se responsabilizarão pelo reparo da ferida.

Nesta fase a ferida é invadida por brotamentos vasculares, formando uma rede

Page 80: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

capilar, caracterizando o processo de angiogênese. Ocorre formação de tecido

de granulação inicial, onde o número de monócitos começa a ultrapassar o

número de neutrófilos. A neovascularização continua a se desenvolver, a área

de reparo é caracterizada pela presença de capilares e matriz de colágeno

imatura, uma população de fibroblastos mistura-se aos novos capilares para

formar o tecido de granulação inicial.

Page 81: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

PPRROOPPOOSSIIÇÇÃÃOO

Page 82: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

3. PROPOSIÇÃO

Avaliar a resposta tecidual, através de observações histológicas em

microscopia ótica, do ProRoot® (agregado trióxido mineral); Super EBA

(cimento de óxido de zinco e eugenol reforçado) e Cimento Portland (Tipo II/ F

32) – após implantação dos materiais em tecido subcutâneo de ratos, nos

períodos de 7 e 30 dias.

Page 83: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

MMAATTEERRIIAAIISS EE MMÉÉTTOODDOO

Page 84: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

4. MATERIAIS E MÉTODO

4.1. – MATERIAIS

4.1.1 – ProRoot® MTA – (Dentsply)

A versão utilizada nesta pesquisa foi ProRoot® (Refil- PROROOTCEM)

– apresenta-se com dois envelopes cada um contendo 1 grama e 3 ampolas

com água destilada.

O ProRoot® é um material para reparação de canal radicular, sendo

classificado como um pó formado por partículas hidrófilas que tomam presa em

presença de água. A hidratação do material origina uma geléia coloidal que se

solidifica, formando barreira impermeável.

Segundo as especificações do fabricante a composição química do MTA

ProRoot® é a seguinte: Silicato tricálcio, Óxido de bismuto, Silicato dicálcio,

Alumínio tricálcio, Alumínioferrito tetracálcio, Sulfato de cálcio dihidratado.

O ProRoot®, vem com as seguintes indicações do fabricante: reparação

de perfurações subseqüentes à reabsorção interna; reparação interna de

perfurações iatrogênicas; formação do vértice da raiz; enchimento da

extremidade da raiz e cobertura da polpa.

Manipulação do material

A proporção pó/líquido indicada foi de 3:1 (ou seja 3 partes do MTA para

1 de água destilada, correspondendo a 1 grama de cada envelope para cada

ampola). O ProRoot® foi manipulado em placa de vidro, com espátula metálica

(nº 72), imediatamente antes do uso. Manipulou-se o material conforme

Page 85: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

instrução do fabricante, inserindo-o em seguida nos tubos de polietileno, no

momento da implantação.

Os tubos de polietileno foram obtidos utilizando-se sonda uretral nº 5,

sendo todos padronizados com 1 mm de diâmetro interno e 3 mm de

comprimento. Após cortados com lâmina de bisturi, os tubos foram

autoclavados e reservados para utilização no momento do ato cirúrgico.

A inserção do material nos tubos foi feita obliterando-se uma das

extremidades do tubo e pressionando-se o cimento pela extremidade livre até

completo preenchimento, com auxílio de espátula (espátula para cera, nº 7).

Procedendo-se da mesma forma para os outros cimentos.

4.1.2. Cimento Portland (Tipo II/ F – 32/ Itambé)

O material utilizado na pesquisa, foi cedido pelo laboratório de controle

de qualidade de uma empresa fabricante de cimento, estando acondicionado

em recipiente plástico contendo cerca de 100g de material.

Especificações do produto no Anexo 1.

Manipulação do material:

Para o Cimento Portland (Tipo II/ F-32), não existe especificação do

fabricante para seu preparo, foi então manipulado da mesma forma que o MTA,

utilizando-se a proporção pó/líquido de 3:1 ( 3 partes de cimento Portland para

1 de água destilada). Espatulação em placa de vidro com espátula metálica, o

material foi inserido no tubo de polietileno, previamente esterilizado, no

momento do ato cirúrgico, sendo imediatamente implantado.

Page 86: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

4.1.3. Super EBA (Cimento de Óxido de Zinco Eugenol Reforçado)

O Super EBA (BOSWORTH Co – USA) apresenta-se comercializado em

embalagem que contém dois frascos de pó, um para presa rápida (15g) e outro

com o tempo de presa normal (15g). O líquido é o mesmo para os dois tipos de

pó.

O tempo de presa é influenciado pela temperatura e umidade. O pó que

apresenta o tempo de presa normal varia de 3 a 6 minutos, já o de presa rápida

varia de 45 segundos a um minuto e meio, utilizando-se neste trabalho o pó de

presa rápida.

A fórmula do Super EBA apresenta a seguinte composição:

• pó – óxido de zinco – 60%; Óxido de alumínio – 34%; Resina natural – 6%.

• líquido - ácido orto / etoxi benzóico – 62,5 %; eugenol – 37,5%.

Manipulação do material

A proporção pó/líquido utilizada foi de uma medida de pó para uma gota

de líquido. O material foi misturado através do emprego de uma espátula

metálica (espátula nº 72), sobre uma placa de vidro, até completa

homogeneização, sendo inserido imediatamente nos tubos de polietileno,

previamente esterilizados, no momento da implantação.

Page 87: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

4.2. MÉTODO

4.2.1. Amostra

Previamente ao início da pesquisa, o projeto foi enviado ao Comitê de

Ética em Pesquisa com Animais do Centro de Ciências Biológicas da UFPE,

cujo parecer favorável possibilitou a realização desta pesquisa. (ANEXO 2).

Para a avaliação da resposta tecidual foram utilizados 36 ratos adultos

(Rattus norvegicus, albinus Wistar), pesando entre 250 a 300g, provenientes

do biotério de criação do Departamento de Nutrição da UFPE, alimentadas

durante o período experimental com dieta sólida e água “ad libitum”.

Foram estabelecidos três grupos de 12 ratos, um grupo para cada

substância experimental:

Grupo A – ProRoot MTA – 12 ratos

Grupo B – Super EBA - 12 ratos

Grupo C - Cimento Portland – 12 ratos

Estes grupos foram subdivididos em dois subgrupos (1 e 2), de acordo

com o tempo para ser realizado o sacrifício, após 7 dias (6 ratos) e após 30

dias (6 ratos), seguindo-se os mesmos procedimentos para cada substância

experimental.

Como grupo controle positivo foram utilizados tubos de polietileno

preenchidos por guta-percha e para controle negativo foram implantados tubos

de polietileno vazios, conforme descrição no item 4.2.2.

Page 88: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

4.2.2. Etapa cirúrgico-experimental

Os passos desta seqüência foram realizados no Laboratório Integral de

Pesquisa do Mestrado em Odontologia da UFPE. Os materiais e instrumentos

cirúrgicos foram devidamente esterilizados em autoclave.

Os animais foram submetidos à anestesia com Thionembutal (Tiopental

sódico. Abbott Lab. Bras. Ltda) na dose de 50mg/kg de peso, o equivalente a

0,8 ml de solução anestésica por animal, em média.

Foi realizada tricotomia na região dorsal e antissepsia do campo

operatório com solução de polivinilpirrolidona-iodo com 10% de iodo ativo. A

partir da linha média, eqüidistante da inserção da cauda e da cabeça do

animal, foram realizadas duas incisões simétricas com aproximadamente 6 mm

de comprimento e o tecido divulsionado lateralmente com tesoura de ponta

romba, procurando formar uma loja cirúrgica de aproximadamente 5 mm de

profundidade.

Padronizou-se assim a implantação: na loja cirúrgica inferior direita

foram implantados os grupos controle positivo e negativo. Na loja cirúrgica

superior esquerda foram implantadas as substâncias em estudo. Os tubos de

polietileno foram preparados e padronizados com 1mm de diâmetro interno e

3mm de comprimento. Foram implantados ao todo - 12 tubos contendo

ProRoot, 12 tubos preenchidos com Super EBA, 12 tubos contendo Cimento

Portland, 12 tubos preenchidos com guta-percha (os tubos preenchidos com

guta-percha foram previamente preparados, aquecendo-se o bastão de guta-

percha em lamparina, obtendo-se uma consistência que possibilitou inserção

no tubo de polietileno até completo preenchimento) e 12 tubos de polietileno

Page 89: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

vazios. Os tubos foram implantados na loja cirúrgica em temperatura ambiente.

As bordas da ferida foram suturadas com fio montado de seda 3.0.

Os grupos ficaram assim constituídos:

♦ Grupo A - ProRoot – subgrupo A1 (6 ratos) – sacrifício após 7 dias e

subgrupo A2 (6 ratos) – sacrifício após 30 dias.

♦ Grupo B - Super EBA – subgrupo B1 (6 ratos) – sacrifício após 7 dias e

subgrupo B2 (6 ratos) – sacrifício após 30 dias.

♦ Grupo C - Cimento Portland – subgrupo C1 (6 ratos) – sacrifício após 7dias

e subgrupo C2 (6 ratos) – sacrifício após 30 dias.

♦ Grupo D – controle positivo – tubo de polietileno preenchido por guta-percha

♦ Grupo E – controle negativo – tubo de polietileno vazio

Os grupos controle também foram coletados para análise histológica,

obedecendo a mesma ordem, sendo removidas para análise 6 peças após o

período de 7 dias e 6 peças após 30 dias.

Os ratos foram numerados aleatoriamente.

O grupo controle – guta-percha – foi implantado em 4 ratos (sendo feita

no 3º, 6º, 9º e 12º rato) de cada grupo experimental (grupos A, B e C),

totalizando 12 tubos implantados, procedendo-se da mesma forma com os

tubos de polietileno vazios (sendo esta implantação realizada no 2º, 5º, 8º e 11º

rato) .

Page 90: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

Quadro 1 – Esquema dos grupos A, B e C, e subgrupos 1 e 2.

12 ratos (grupo A)

ProRoot

6 ratos (subgrupo 1) – 07 dias

6 ratos (subgrupo 2) – 30 dias

12 ratos (grupo B)

Super-EBA

6 ratos (subgrupo 1) – 07 dias

6 ratos (subgrupo 2) – 30 dias

36 ratos

Rattus norvegicus

12 ratos (grupo C)

Cimento Portland

6 ratos (subgrupo 1) – 07 dias

6 ratos (subgrupo 2) – 30 dias

A guta-percha e os tubos de polietileno vazios foram implantados em 4

ratos de cada grupo experimental (grupo A, B e C) .

Os ratos permaneceram no biotério de pesquisa do Departamento de

Nutrição da UFPE, onde o funcionário foi responsável pela limpeza,

alimentação e troca de água, sob a supervisão da pesquisadora.

Passados 7 e 30 dias após a intervenção cirúrgica, cada subgrupo de 6

animais, foi submetido à anestesia, conforme descrito no item 4.2.2, e

sacrificados por inalação de éter sulfúrico. Após o sacrifício foi realizada

tricotomia da área e dissecação na região dos implantes, abrangendo tecido

suficiente para análise. As peças foram fixadas em solução de Bouin. Os

animais sacrificados foram encaminhados ao Departamento de Cirurgia

Experimental para posterior incineração.

Page 91: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

4.2.3. Procedimento Histológico

A seqüência histológica foi realizada no Laboratório de Histologia e

Embriologia do Centro de Ciências da Saúde da UFPE, pertencente ao

Mestrado de Morfologia da Instituição.

As peças foram imersas na solução fixadora de Bouin numa relação de

1:10 volume tecido / volume de solução fixadora, por um período de 12 horas,

após as quais, o tecido foi seccionado por meio de uma incisão longitudinal na

região mediana do tubo, sendo os tubos retirados. As peças retornaram para

solução até completar 48 horas de fixação. Foram em seguida, lavadas em

várias passagens de álcool a 70% por 4 a 6 horas com o objetivo de eliminar os

resíduos da solução fixadora. Depois foram desidratadas numa série crescente

de álcool etílico a 70%, 80%, 90% e 2 vezes no álcool a 100% (absoluto), em

um volume 10 vezes maior que o volume da peça, por um período de 40

minutos cada. Após a desidratação, as peças passaram pelo processo de

diafanização ou clarificação, o qual foi constituído por 2 banhos de xilol por

uma hora cada. Procedeu-se impregnação ou embebição das peças, nas quais

foram dados dois banhos de parafina fundida a 56º C e mantidas em estufa

histológica por 1 hora cada. Em seguida, as peças foram incluídas em blocos

de parafina, deixando-os solidificar em temperatura ambiente. Ao término

desses procedimentos as peças sofreram os processos de corte de 6

micrômetros de espessura, sendo montadas com Entelan, e realizadas

colorações com hematoxilina e eosina (H.E.) e Tricrômico de Mallory (para

colágeno).

Page 92: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

A análise microscópica, das preparações histológicas, foI realizada no

Departamento de Histologia da Universidade Federal de Pernambuco. No

exame ao microscópio óptico, procurou-se observar, de acordo com os vários

períodos estudados, os eventos histológicos através da intensidade do

infiltrado inflamatório provocado pelos materiais experimentais, assim como

pelos materiais utilizados como controle, junto à abertura tubular.

Page 93: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

RREESSUULLTTAADDOOSS

Page 94: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

5. RESULTADOS

Os resultados da pesquisa compreendem a descrição morfológica de

todos os eventos inflamatórios e reparadores ocorridos na região dos

implantes, nas adjacências imediatas da abertura do tubo.

5.1. Tubo Vazio (controle negativo)

Aos 7 dias foi observado infiltrado inflamatório crônico discreto,

constituído de: polimorfonucleares neutrófilos, macrófagos, plasmócitos e

linfócitos. Conforme aumenta a distância da abertura do tubo de polietileno,

ocorre diminuição do infiltrado inflamatório, crescendo o número de células

fibroblásticas associadas a menor número de macrófagos e plasmócitos.

Macroscopicamente, durante o preparo das peças observou-se invaginação de

tecido neoformado para o interior dos tubos vazios, achado confirmado

microscopicamente. (Figuras 1 e 2).

Após 30 dias, visualiza-se processo de reparação em proliferação.

Presença de tecido estruturado, pequena quantidade de células inflamatórias

crônicas. A análise microscópica permite visualização de grupo dessas células

junto à abertura tubular, composto por pequeno número de plasmócitos e

macrófagos; o tecido adjacente apresenta formação angiofibroblástica. (Figuras

3 e 4).

Page 95: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

T

Figura 1 – Fotomicrografia de porção de derme de ratos após implantação de tubo de polietileno vazio, passados 7 dias de aplicação. Observar tecido invaginado no local do tubo (seta). Local do tubo vazio (T). H.E. (+- 43x)

Figura 2 – Fotomicrografia de porção de derme de ratos após implantação de tubo de polietileno vazio, passados 7 dias de aplicação. Notar tecido invaginado (seta). Discreto infiltrado inflamatório crônico (setas). H.E. (+- 107x)

Page 96: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

V H TCF Figura 3 – Fotomicrografia de região subcutânea de ratos após 30 dias de implantação de tubo de polietileno vazio. Notar tecido conjuntivo fibroso em organização (TCF). Neoformação de vasos (V). Hemácias extravasadas (H). H.E. (+- 430x) V Figura 4 – Fotomicrografia de região subcutânea de ratos após 30 dias de implantação de tubo de polietileno vazio. Notar tecido conjuntivo fibroso com grande quantidade de fibras colágenas (setas). Neoformação vascular (V). Coloração: Tricrômico de Mallory (+- 430x)

Page 97: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

5.2. Guta-Percha (controle positivo)

Em 7 dias pode-se observar presença de infiltrado inflamatório crônico,

em contato com o material. Conforme se distancia da abertura tubular há

visualização de tecido conjuntivo fibroso. Em seqüência, o tecido apresenta-se

normal – tecido conjuntivo denso. Notou-se que não houve invaginação de

tecido como ocorreu nos espécimes com tubo vazio. Pode ser observada área

de coagulação e existência de hemácias sendo fagocitadas (figura 5).

Adjacente, tecido conjuntivo fibroso, apresentando neoformação vascular e

significativo número de fibras colágenas (figura 6).

No período de 30 dias após a implantação, junto à abertura tubular

observa-se linha de células inflamatórias crônicas. Distanciando-se da

abertura, visualiza-se tecido fibroso com menor número de células. Observa-se

também áreas isoladas de fagocitose de material, e também se visualiza

alguns macrófagos fagocitando hemácias. (Figuras 7 e 8).

Page 98: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

T Figura 5 – Fotomicrografia de região subcutânea de ratos após 07 dias de implantação de tubo de polietileno preenchido por guta-percha. Notar presença de infiltrado inflamatório crônico (setas). Área do tubo (T). H.E. (+- 430x) FC V Figura 6 – Fotomicrografia de região subcutânea de ratos após 7 dias de aplicação de tubo de polietileno contendo guta-percha. Observar área de tecido conjuntivo fibroso (setas). Neoformação vascular (V). Fibras colágenas (FC) Coloração: Tricrômico de Mallory (+- 430x)

Page 99: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

TCF Figura 7 – Fotomicrografia de região subcutânea de ratos após 30 dias de implantação de tubo de polietileno preenchido por guta-percha. Notar área do tubo (T). Área de discreta fagocitose de material (setas).Tecido conjuntivo fibroso (TCF). H.E. (+- 107x) F V Figura 8 – Fotomicrografia de porção de derme de ratos após 30 dias de introdução de tubo de polietileno contendo guta-percha. Notar tecido conjuntivo, com grande número de fibras colágenas (setas). Neoformação vascular (V). Áreas de fagocitose (F) Coloração: Tricrômico de Mallory (+- 430x)

Page 100: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

5.3. ProRoot®

Em 7 dias, observou-se infiltrado inflamatório crônico intenso e grande

quantidade de tecido granulomatoso. Também podem ser visualizadas áreas

de intensa fagocitose, células gigantes de corpo estranho e macrófagos

individualizados, intensa remoção de material. Caracterizando a fomação de

reação típica de um granuloma de corpo estranho. (Figuras 9 e 10).

Após 30 dias, ainda podiam ser visualizadas áreas de fagocitose, com

material escurecido no interior dos macrófagos, e presença de tecido

granulomatoso. (Figuras 11 e 12). Procedendo-se coloração específica para

colágeno (Tricrômico de Mallory), visualizou-se inúmeras fibras colágenas

adjacentes à região dos implantes com ProRoot®, observando-se também que

a atividade fagocitária apresenta-se mais tênue (figura 13).

Page 101: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

T

Figura 9 – Fotomicrografia de porção da derme de ratos passados 7 dias de introdução de tubo de polietileno preenchido com ProRoot. Notar área do tubo (T). Área de intensa fagocitose de material (setas). H.E. (+- 430x). T Figura 10 – Fotomicrografia de porção da derme de ratos passados 7 dias de introdução de tubo de polietileno preenchido com ProRoot. Observar área do tubo (T). Tecido granulomatoso com presença de células gigantes (setas). H.E. (+- 430x).

Page 102: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

T Figura 11 – Fotomicrografia de porção da derme de ratos após 30 dias de introdução de tubo de polietileno contendo com ProRoot. Observar área do tubo (T). Áreas de intensa fagocitose de material (setas). H.E. (+- 43x). V Figura 12– Fotomicrografia de porção da derme de ratos passados 30 dias de introdução de tubo de polietileno preenchido com ProRoot. Notar área de fagocitose de material (setas). Neoformação vascular (V) H.E. (+- 430x).

Page 103: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

F F Figura 13 – Fotomicrografia de região subcutânea de ratos passados 30 dias de introdução de tubo de polietileno contendo ProRoot. Observar grande presença de fibras colágenas (setas). Área de fagocitose (F). Coloração: Tricrômico de Mallory (+- 430x)

Page 104: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

5.4. Super EBA

Aos 7 dias, há presença de tecido conjuntivo fibroso e formação

vascular. Infiltrado inflamatório crônico. Presença de macrófagos, linfócitos e

plasmócitos. Observa-se ainda grande quantidade de hemácias extravasadas

(figura 14). Área angiofibroblástica, contendo reação circunscrita com presença

de célula gigante englobando material degenerado – restos de cimento ou

detritos celulares (figura 15). O tecido fibroso encontra-se em reorganização,

intensa proliferação angiofibroblástica (figura 16).

No período de 30 dias, foi observado tecido fibroso, com grande número

de fibras colágenas. Presença de linfócitos, plasmócitos e macrófagos

englobando restos de células e/ou material. Apareceram alguns vasos

contendo pericitos, havendo também células mesenquimatosas indiferenciadas

(figura 17). Em maior aumento, pode-se observar muitos plasmócitos e

linfócitos e vários macrófagos (figura 18). Notou-se ainda área de intensa

formação angiogênica, com muitos macrófagos e fibras colágenas (figura 19).

Page 105: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

H H Figura 14– Fotomicrografia de porção da tecido subcutâneo, após 7 dias de introdução de tubo de polietileno contendo Super EBA. Notar tecido conjuntivo fibroso e neoformação vascular (setas) Hemácias extravasadas (H) . H.E. (+- 430x). Figura 15– Fotomicrografia de porção da tecido subcutâneo, após 7 dias de introdução de tubo de polietileno contendo Super EBA. Observar presença de célula gigante (seta) . H.E. (+- 430x).

Page 106: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

V Figura 16 – Fotomicrografia de porção de derme de ratos após 7 dias de introdução de tubo de polietileno contendo Super EBA. Observar presença de fibras colágenas (setas). Intensa neoformação vascular (V). Coloração: Tricrômico de Mallory (+- 430x) T Figura 17– Fotomicrografia de porção da tecido subcutâneo, após 30 dias de introdução de tubo de polietileno contendo Super EBA. Observar presença de pericitos, linfócitos, plasmócitos e macrófagos (setas). Área do tubo (T). H.E. (+- 430x).

Page 107: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

Figura 18– Fotomicrografia de porção da tecido subcutâneo, após 30 dias de introdução de tubo de polietileno contendo Super EBA. Observar grande número de macrófagos (M). Intensa angiogênese (setas). H.E. (+- 430x). F G Figura 19 – Fotomicrografia de porção de derme de ratos após 30 dias de introdução de tubo de polietileno contendo Super EBA. Observar presença de fibras colágenas (setas). Área de fagocitose (F). Células gigantes (G). Coloração: Tricrômico de Mallory (+- 430x)

Page 108: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

5.5. Cimento Portland

Aos 7 dias observou-se reação inflamatória crônica. Presença de

infiltrado inflamatório com fagocitose de material. Área inflamatória com

presença de células gigantes, reação de corpo estranho. Áreas de fagocitose

de material bem visualizadas na figura 20. Observa-se também intensa

proliferação angiofibroblástica, presença de significativo número de fibras

colágenas (figura 21).

No período de 30 dias, ocorreu diminuição do processo inflamatório,

contudo ainda se observam áreas com fagocitose e remoção de material. Há

presença de restos de cimento circundados por material fibroso e reação

granulomatosa (figura 22). Visualizou-se ainda áreas de fagocitose de

material, presença de células gigantes, grande concentração de macrófagos,

alguns plasmócitos e tecido conjuntivo fibroso (figura 23).

Page 109: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

M G Figura 20– Fotomicrografia de porção da tecido subcutâneo, passados 7 dias de introdução de tubo de polietileno contendo cimento Portland. Observar grande número de macrófagos (M). Célula gigante (G). H.E. (+- 430x). A H Figura 21 – Fotomicrografia de tecido subcutâneo de ratos após 7 dias de introdução de tubo de polietileno contendo cimento Portland. Notar presença de fibras colágenas (setas). Hemácias extravasadas (H). Intensa angiogênese (A). Coloração: Tricrômico de Mallory (+- 430x)

Page 110: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

Figura 22– Fotomicrografia de porção de tecido subcutâneo, após 30 dias de implantação de tubo de polietileno contendo cimento Portland. Observar restos de cimento circundados por material fibroso (setas). H.E. (+- 430x).

F F Figura 23– Fotomicrografia de porção de tecido subcutâneo, após 30 dias de implantação de tubo de polietileno contendo cimento Portland. Observar presença de célula gigante (seta). Área de fagocitose de material com inúmeros macrófagos (F). H.E. (+- 430x).

Page 111: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

Os resultados descritos nos permitem analisar que a resposta

inflamatória para os grupos da guta-percha (controle positivo) e tubos vazios de

polietileno (controle negativo) se classifica em infiltrado inflamatório crônico

leve (contendo no campo visualizado poucas células redondas); para os grupos

experimentais com o Pro Root®, Cimento Portland e o Super EBA a resposta

tecidual apresentou-se como infiltrado inflamatório crônico de leve a moderado

(contendo no campo visualizado de 10 a 15 células redondas), sendo que o

ProRoot® foi o material que mais estimulou reação fagocitária, seguido do

Cimento Portland e do Super EBA, dentro dos períodos, 7 e 30 dias, e da

metodologia utilizados nesta pesquisa. Na coloração tricrômico de Mallory

evidenciou-se presença de fibras colágenas, em todos os espécimes

analisados, caracterizando um processo de reparo.

Page 112: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

DDIISSCCUUSSSSÃÃOO

Page 113: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

6. DISCUSSÃO

O critério de seleção entre os inúmeros materiais endodônticos utilizados

nas obturações dos canais radiculares, está condicionado às suas

propriedades físico-químicas e de igual forma às biológicas, esperando-se com

estas propriedades inocuidade aos tecidos e se possível a estimulação no

processo de reparação tecidual. Apesar da Endodontia contemporânea dispor

de um vasto arsenal terapêutico, os materiais não reúnem todas as

propriedades físico-químicas e biológicas, sendo constante a predominância de

uma em detrimento à outra.

Justifica-se a escolha dos três cimentos utilizados na presente pesquisa,

por serem na atualidade os materiais indicados para casos de selamento de

perfurações entre o sistema de canais radiculares e a superfície externa da

raiz, sendo estas iatrogênicas ou patológicas (ABEDI, INGLE, 1995; ARENS,

TORABINEJAD, 1996; SOUZA et al, 1999; SALES et al, 2000; RODA, 2001;

MORAES, 2002); utilização como material retroobturador em cirurgias

perirradiculares (DERZAN JÚNIOR, GARCIA, 1998; TORABINEJAD, CHIVIAN,

1999; MARCUCCI, AVÓLIO, DEBONI, 2000); proteção pulpar direta e

pulpotomias (SCHIMITT, LEE, BOGEN, 2001; WITHERSPOON, HAM, 2001) e

por conseguinte entrarem em contato direto com os tecidos vivos pulpares e os

tecidos periapicais, sendo então a propriedade biológica muito importante para

ser analisada.

As propriedades físicas foram bem analisadas pelos pesquisadores

(TORABINEJAD et al, 1994; AQRABAWI, 2000; MARTELL, CHANDLER, 2002;

Page 114: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

TANOMARU FILHO, TANOMARU, DOMANESCHI, 2002). Além de outras

pesquisas (BATES, CARNES, DEL RIO, 1996; YATSUSHIRO,

BAUMGARTNER, TINKLE, 1998; WU, KONTAKIOS, WESSELINK, 1998;

FOGEL, PEIKOFF, 2002; WELDON et al, 2001) nas quais foi avaliada a

capacidade seladora do MTA e Super EBA quando utilizados nas

retroobturações dos canais radiculares. Estas propriedades físicas entretanto

podem interferir na biocompatibilidade dos materiais, desde que permitiria a

infiltração de fluidos, interferindo no processo de reparação.

Quando se deseja avaliar a biocompatibilidade dos materiais utilizam-se

animais de laboratórios, para testes in vivo, como cães, coelhos, macacos,

porcos, hamsters, entre outros. Os testes biológicos utilizando animais, apesar

de diferenças nas metodologias e interpretações, são aceitos universalmente.

O uso de tubos de polietileno para implantação de materiais, os quais foram

utilizados na pesquisa, é um método que foi proposto por Torneck, 1966 e

utilizado até hoje, sendo preconizado como modelo de pesquisa para ADA e a

ISO, fundamentada também no parecer da CEEA, que afirma não existirem

recursos alternativos para realização deste procedimento científico, sem a

utilização de animais, conforme mostra o Anexo 2.

A metodologia empregada na pesquisa em foco, teve como base os

trabalhos de Holland et al, 1999; Holland et al, 2001; Holland et al 2002a;

Holland et al, 2002b, quando analisaram a reação do tecido subcutâneo de

ratos, em contato com os materiais testados, nos períodos de 7 e 30 dias após

a implantação. Assim foi observado, na presente pesquisa, que, no trigésimo

Page 115: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

dia, os materiais foram considerados biocompatíveis, uma vez que o processo

de reparação encontrou-se em fase avançada.

O tubo vazio utilizado como controle negativo aos 7 dias, apresentou

infiltrado inflamatório crônico, ocorrendo invaginação tecidual para o interior do

orifício de entrada, achado observado macro e microscopicamente.O controle

positivo, os tubos preenchidos por guta-percha, também aos 7 dias, mostrou

infiltrado inflamatório crônico discreto, não ocorrendo a invaginação tecidual

como nos tubos vazios. No período de 30 dias, os dois grupos exibiram

processo de reparação em estágio adiantado, com presença de tecido

estruturado e pequena quantidade de células inflamatórias crônicas.

De acordo com Siqueira Jr, 2000, a resposta inflamatória crônica é de

natureza proliferativa, pela presença de fibroblastos, angioblastos em estado

de proliferação. A presença desses elementos celulares estabelece íntima

relação entre a inflamação crônica e o processo de reparo. Havendo a

estimulação de fibroblastos que passam a produzir colágeno, caracteriza-se

um processo de reparo. Esses achados foram encontrados em todos os

espécimes analisados nesta pesquisa, como relatado anteriormente para os

grupos controle e para os materiais experimentais.

Os materiais teste ProRoot®, Super EBA e Cimento Portland, no período

de 7 dias, apresentaram infiltrado inflamatório crônico considerável, com

grande quantidade de tecido granulomatoso, presença de células gigantes de

corpo estranho e macrófagos individualizados. As reações mais intensas aos 7

dias são justificadas pela injúria causada durante o ato cirúrgico de implantação

dos materiais.

Page 116: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

Os achados identificam a formação de reação típica de um granuloma

de corpo estranho. De acordo com Siqueira Jr, 2000, a reação de corpo

estranho é caracterizada pelo acúmulo de macrófagos e a formação de células

gigantes multinucleadas, trata-se de uma resposta inflamatória à presença de

materiais inertes insolúveis.

As respostas para os materiais experimentais ProRoot®, Super EBA e

Cimento Portland variaram de leve a moderadas, sendo que nos espécimes do

grupo ProRoot® houve maior estímulo à reação fagocitária. Esse achado

parece denotar que o agregado trióxido mineral possui capacidade de ser

reabsorvido pelos macrófagos maior que os outros materiais.

De acordo com Leal, 1998, dentre as propriedades biológicas desejáveis

para um cimento obturador está a propriedade de ser reabsorvido no periápice,

em casos de extravasamentos. Confirmando a boa aceitação tecidual frente ao

MTA, concordando com diversos trabalhos, entre estes Torabinejad et al, 1998;

Holland et al, 1999a; Holland et al, 1999b; Holland et al, 2001b; Tziafas et al,

2002.

Os resultados obtidos por esta pesquisa, quando da implantação do

MTA são semelhantes aos obtidos por Birman et al, 1998, após implante de

cimento de hidróxido de cálcio. Os espécimes analisados nesta pesquisa,

também evidenciaram, em 7 dias, presença de infiltrado inflamatório intenso,

com tecido granulomatoso, células gigantes e reação de corpo estranho e

macrófagos, havendo remoção de material escurecido. Em 30 dias, ainda

foram observados tecido granulomatoso, gigantócitos e macrófagos

individualizados, em processo de fagocitose. Estando de acordo com os

Page 117: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

trabalhos de Holland et al, 1999; Shabahang et al, 1999, onde afirmam que as

respostas obtidas frente à implantação do MTA e hidróxido de cálcio são

semelhantes.

Os cimentos Portland e Super EBA, apresentaram reações teciduais de

leve a moderadas, não mostrando irritação tecidual severa em nenhum dos

espécimes analisados, estando de acordo com diversos trabalhos. (PERTOT et

al, 1997; HOLLAND et al, 2001; MORAES, ARAGÃO, HECK, 2001).

De acordo com a literatura revista e os resultados obtidos por esta

pesquisa, os três cimentos apresentam características sugestivas de

biocompatibilidade.

Page 118: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

CCOONNCCLLUUSSÕÕEESS

Page 119: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

7. CONCLUSÕES

Em face dos resultados obtidos e das condições de realização desta

pesquisa, pode-se concluir que:

1. Os tubos vazios e a guta-percha, considerados grupos controle,

provocaram reações teciduais discretas;.

2. Nenhum dos materiais experimentais, nem do grupo controle exibiu

reação inflamatória aguda, mostrando uma diminuição do processo,

conforme o tempo de observação.

3. Em todos os espécimes analisados, dos grupos experimentais, ocorreu

remoção gradativa do material extravasado com tentativa de

organização tecidual, constatando-se processo de reparação, após 30

dias de inoculação dos tubos no tecido subcutâneo dos ratos.

4. Os resultados apresentados sugerem biocompatibilidade dos materiais

testados.

5. Pelo fato do cimento Portland ser um material apontado recentemente

com indicações endodônticas, outras pesquisas devem ser realizadas

para efetivação destas conclusões.

Page 120: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

RREEFFEERRÊÊNNCCIIAASS

Page 121: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

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Page 132: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

AANNEEXXOOSS

Page 133: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

ANEXO 1

Especificações do Cimento Portland (Cimento Itambé – média de

resultados do ano de 2000) – CPII-F-32 – Cimento comum com adição.

Fornecimento: granel; Norma Brasileira: 11578

Quadro 1 – Características químicas (%) do cimento CPII – F 32 * Al2O3

* SiO2

* Fe2O3

* CaO

*MgO

** SO3

*** Perda ao fogo

**** CaO livre

***** Resíduo insolúvel

Equilíbrio alcalino

4,33

17,90

2,69

60,90

4,69

2,86

5,24

1,61

1,15

0,63

NBR 9203; ** NBR 5745; *** NBR 5743; **** NBR 7227; ***** NBR 5744.

Page 134: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

Quadro 2 – Características físicas – Tempo de pega (min) do cimento CPII

– F 32

Inicial

184,07

Blaine cm2 / g – 3196

Peneira # 200%

Peneira # 325%

247,03

245,52

3092,96

2,63

12,69

Quadro 3 – Resistência à compressão do cimento CPII – F – 32

1 dia (Mpa)

3 dias (Mpa)

7 dias (Mpa)

28 dias (Mpa)

12,46

24,78

30,18

38,41

Consistência normal – 27,01

Al2O3

Óxidos formados de complexos químicos básicos do cimento C3S, C2S,

C3A, C4AF. A determinação destas porcentagens, por complexometria permite

o cálculo de índices de caracterização (Índice de Hidraunicidade, Fator de

Saturação em cal, módulos de Sílica e de Alumínio).

MgO (%)

Teor controlado por ser expansivo.

Page 135: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

SO3 (%)

Padrão utilizado como indicador da quantidade de gesso (regulador) do

tempo de pega) adicionado ao cimento.

Perda ao fogo (%) – NBR 5743

Perda de massa por calcinação a 950º C. Indica o início da hidratação e

a presença de CaCO3 (por adição ou recabomatação).

CaO livre (%) – NBR 7227

Teor controlado por ser invasivo. Inerente a fabricação do cimento

decorre da não combinação integral das matérias primas durante a

clinquerização.

Resíduo insolúvel (%) – NBR 5744

Porção do cimento que não é solúvel em ácido clorídrico diluído a 10%

em ebulição. Indica a quantidade de componentes não hidráulicos do cimento.

Equivalente Alcalino (%) – NBR 57432

Expressa a quantidade de NA2O e K2º Teor controlado porque, em

contato com agregados reativos, os álcalis, formam compostos expansivos.

Tempo de pega (min) – NBR 11581

Tempo decorrido entre o lançamento de água e o endurecimento total da pasta.

Page 136: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à

Blaime ( cm 2 / g) – NBR 72224

Superfície específica determinada através de um aparelho chamado

permeabilímetro. Caracteriza a figura, que influi no grau de atividade do

cimento.

Peneira # 200%

Fissura na peneira # 200% - NBR 11579

Massa retida na peneira 200, de malha 0,0075 mm

Peneira # 325%

Fissura na peneira # 325 (%)

Massa retida na peneira 325, de malha 0,0044 mm

Resistência à compressão – 1 dia (Mpa) – NBR 7215

Resistência de argamassa normal de cimento na idade de 1 dia.

Resistência à compressão – 3 dias (Mpa) – NBR 7215

Resistência de argamassa normal de cimento na idade de 3 dias.

Resistência à compressão – 7 dias (Mpa) – NBR 7215

Resistência de argamassa normal de cimento na idade de 7 dias.

Resistência à compressão – 28 dias (Mpa) – NBR 7215

Resistência de argamassa normal de cimento na idade de 28 dias.

Consistência normal (%)

Quantidade de água necessária para se obter a pasta de consistência normal

Page 137: Avaliação morfológica da resposta tecidual frente à