avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da luffa operculata

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RODOLFO ALEXANDER SCALIA Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata em Streptococcus pyogenes, Streptococcus pneumoniae e Staphylococcus aureus São Paulo 2014 Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, para obtenção do título de Doutor em Pesquisa em Cirurgia.

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Page 1: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

RODOLFO ALEXANDER SCALIA

Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata em

Streptococcus pyogenes, Streptococcus pneumoniae e Staphylococcus

aureus

São Paulo

2014

Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação da

Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de

São Paulo, para obtenção do título de Doutor em

Pesquisa em Cirurgia.

Page 2: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

RODOLFO ALEXANDER SCALIA

Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata em

Streptococcus pyogenes, Streptococcus pneumoniae e Staphylococcus

aureus

São Paulo

2014

(Corrigida)

Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação da

Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de

São Paulo para obtenção do título de Doutor em

Pesquisa em Cirurgia.

Área de concentração: Reparação Tecidual

Orientador: Prof. Dr. José Eduardo Lutaif Dolci

Page 3: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

FICHA CATALOGRÁFICA

Preparada pela Biblioteca Central da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo

Scalia, Rodolfo Alexander

Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

em Streptococcus pyogenes, Streptococcus pneumoniae e

Staphyllococcus aureus./ Rodolfo Alexander Scalia. São Paulo, 2014.

Tese de Doutorado. Faculdade de Ciências Médicas da Santa

Casa de São Paulo – Curso de Pós-Graduação em Pesquisa em

Cirurgia.

Área de Concentração: Reparação Tecidual

Orientador: José Eduardo Lutaif Dolci

1. Luffa operculata 2. Sinusite 3. Produtos com ação

antimicrobiana 4. Medicamentos fitoterápicos

BC-FCMSCSP/37-14

Page 4: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata
Page 5: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

À minha esposa Érica, pelo amor e apoio

incondicionais.

Aos meus pais e irmãos, pela dedicação e

incentivo à minha formação.

Aos meus avós, pela presença e cumplicidade.

Aos meus amigos, por compreenderem minha

ausência no período de realização deste

projeto.

Page 6: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

“O que quer você faça em sua vida será

insignificante, mas é muito importante que

o faça, pois ninguém mais o fará!”

(Mahatma Gandhi)

Page 7: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

AGRADECIMENTOS

À Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e à Irmandade da

Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, por permitir meu aprimoramento contínuo

na vida acadêmica;

Ao Prof. Dr. José Eduardo Lutaif Dolci, Professor Titular do Departamento de

Otorrinolaringologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São

Paulo, pela orientação neste trabalho e em todos os momentos da minha vida

acadêmica, participativo não só como um mestre, mas como um pai, um amigo, um

mentor;

Ao Prof. Dr. Leonardo da Silva, Professor Assistente do Departamento de

Otorrinolaringologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São

Paulo, por sua contribuição para a realização deste estudo;

À Prof. Dra. Suely Mitoi Ykko Ueda, Professora Assistente da Disciplina de

Microbiologia, do Departamento de Ciência Patológicas da Faculdade de Ciências

Médicas da Santa Casa de São Paulo, por participar intensamente de todas as

etapas de elaboração e execução deste trabalho;

À Prof. Dra. Lícia Mimica, Professora Adjunto do Departamento de Ciências

Patológicas da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, por

permitir o uso do Laboratório de Microbiologia da Faculdade de Ciências Médicas da

Santa Casa de São Paulo para a realização deste trabalho;

À Sra. Suzethe Matiko Sassagawa, biotécnica do Departamento de Ciências

Patológicas da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, sem a

qual seria impossível a realização desta pesquisa;

A todos os funcionários do Laboratório de Microbiologia da Faculdade de Ciências

Médicas da Santa Casa de São Paulo, pelo empenho na realização deste estudo;

A todos os funcionários, residentes e especializandos do Departamento de

Otorrinolaringologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São

Paulo, pela contribuição na realização deste trabalho;

Page 8: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

Ao Prof. Dr. Edson Ibrahim Mitre, Professor Assistente do Departamento de

Otorrinolaringologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São

Paulo, pela leitura do manuscrito e pelas opiniões agregadas ao formato final da

tese;

Ao Prof. Dr. Alessandro Murano Ferré Fernandes, Professor Instrutor do

Departamento de Otorrinolaringologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa

Casa de São Paulo, pela leitura do manuscrito e pelas opiniões agregadas ao

formato final da tese;

Ao Prof. Dr. Paulo Roberto Lazarini, Professor Adjunto do Departamento de

Otorrinolaringologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São

Paulo, pelo estímulo constante a minha formação acadêmica, pela leitura do

manuscrito e pelas opiniões agregadas ao formato final da tese;

A Prof. Dra. Eulalia Sakano, Professora Colaboradora da Faculdade de Ciências

Médicas e Médica Otorrinolaringologista contratada pelo Hospital de Clínicas da

Universidade Estadual de Campinas, pela leitura do manuscrito e pelas opiniões

agregadas ao formato final da tese;

À Prof. Dra. Mônica Aidar Menon Miyake, pela enorme contribuição, paciência e

entusiasmo para este estudo;

Ao Prof. Dra. Melissa Ferreira Vianna, amiga e parceira de tantos anos, pela leitura

do manuscrito e pelas opiniões agregadas ao formato final da tese;

Ao Prof. Dr. Eduardo Makoto Kosugi, Professor Assistente do Departamento de

Otorrinolaringologia da Universidade Federal de São Paulo, pela leitura do

manuscrito e pelas opiniões agregadas ao formato final da tese;

Ao Prof. Dr. Marco Antônio dos Anjos Corvo, Médico Instrutor do Departamento de

Otorrinolaringologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São

Paulo, pela amizade incontestável, pela leitura do manuscrito e pelas opiniões

agregadas ao formato final da tese;

Ao Sr. Daniel Gomes, analista de secretaria do Curso de Pós-Graduação da

Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, pelo prestativo auxílio

em todas as questões que envolveram o programa;

Page 9: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

À Sra. Erika Tiemi Fukunaga, estatística instrutora da Faculdade de Ciências

Médicas da Santa Casa de São Paulo, pela contribuição na análise estatística deste

estudo.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela

contribuição à pesquisa, por meio de bolsa de estudos.

Page 10: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

ANVISA: Agência Nacional de Vigilância Sanitária

ATCC: American Type Culture Collection

cm: centímetro

CBM: concentração bactericida mínima

CIM: concentração inibitória mínima

DL50: dose letal para 50% dos animais testados

FCMSCSP: Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo

Fig.: Figura

°C: graus Celsius

ISCMSP: Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo

mL: mililitro

mm: milímetro

mg/L: miligrama por litro

mg/Kg: miligrama por quilograma

p: probabilidade

Quad.: Quadro

Tab.: Tabela

TSB: Trypic Soy Bean

UFC/mL: Unidades Formadoras de Colônia por mililitro

Page 11: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................1

1.1. Revisão da literatura ................................................................................. 5

1.2. Luffa operculata ........................................................................................ 5

1.2.1. Considerações gerais ........................................................................... 5

1.2.2. Aplicações e formas de utilização ......................................................... 7

1.2.3. Considerações fitoquímicas, toxicológicas e farmacológicas ............... 9

1.2.4. Considerações sobre a atividade antimicrobiana da Luffa operculata 13

2. OBJETIVOS ........................................................................................................ 15

2.1. Objetivos gerais ..................................................................................... 15

2.2. Objetivos específicos ............................................................................. 15

3. MATERIAL E MÉTODO ...................................................................................... 16

3.1. Comitê de Ética ..................................................................................... 16

3.2. Obtenção do extrato .............................................................................. 16

3.3. Obtenção e escolha dos microorganismos ............................................ 17

3.4. Preparo dos inóculos bacterianos......................................................... 19

3.5. Obtenção das concentrações de Luffa operculata ................................ 20

3.6. Controles ............................................................................................... 22

3.7. Critérios de análise ................................................................................ 24

3.8. Análise estatística ................................................................................. 26

4. RESULTADOS .................................................................................................... 27

4.1. Controles ............................................................................................... 27

4.2. Microrganismos …………………………………………………………...... 27

5. DISCUSSÃO ....................................................................................................... 31

5.1. Escolha do extrato ............................................................................... 31

Page 12: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

5.2. Concentrações utilizadas .................................................................... 32

5.3. Agentes bacterianos ............................................................................. 33

5.4. Uso popular .......................................................................................... 35

5.5. Limitações do estudo ........................................................................... 36

5.6. Considerações para o futuro ................................................................ 38

6. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 40

7. REFERÊNCIAS .................................................................................................. 41

FONTES CONSULTADAS .................................................................................... 44

RESUMO ............................................................................................................... 45

ABSTRACT ............................................................................................................ 46

APÊNDICES .......................................................................................................... 47

Page 13: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

1. INTRODUÇÃO

As rinossinusites caracterizam-se pela inflamação do revestimento mucoso da

cavidade nasal e dos seios paranasais. O termo rinossinusite tem sido utilizado em

substituição à sinusite, pois raramente acontece um processo inflamatório dos seios

paranasais, sem que exista, concomitantemente, um comprometimento da mucosa do

nariz(1).

As rinossinusites agudas podem surgir em consequência de quadros virais,

bacterianos ou fúngicos e estar associadas a quadros alérgicos, polipose

nasossinusal e disfunção vasomotora da mucosa(2). A prevalência das rinossinusites,

tanto na população adulta, quanto na pediátrica é elevada(2).

As rinossinusites virais são uma das causas mais comuns pelas quais

crianças e adultos buscam atendimento médico. Estima-se que a população adulta

apresente de dois a cinco episódios por ano, enquanto crianças na fase escolar

possam apresentar de sete a dez episódios no mesmo período(3,4). Acredita-se que

desses quadros virais, de 0,5% a 10% possam evoluir para quadros de rinossinusite

bacteriana(2).

A suspeita de uma superinfecção bacteriana deve ser considerada quando

sintomas virais como obstrução nasal, congestão facial, rinorréia, entre outros,

perdurarem por mais de dez dias ou quando houver a piora dos sintomas referidos,

após cinco dias do início do quadro(2,3).

Dados recentes denotam que a prevalência de rinossinusite crônica no

município de São Paulo seja de aproximadamente 5,51%, ou seja, com uma

população urbana de mais de 11 milhões de habitantes, mais de 500 mil indivíduos

são acometidos, ao ano, por rinossinusite nesta cidade(5).

Page 14: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

2

Estima-se que, anualmente, as rinossinusites acometam um em cada sete

adultos nos Estados Unidos, resultando em cerca de 31 milhões de indivíduos

diagnosticados a cada ano(6).

O impacto dos quadros de rinossinusites na saúde pública pode ser aferido

pelo número de prescrições antibióticas realizadas para seu tratamento. Uma a cada

cinco prescrições de antibióticos para adultos nos Estados Unidos é destinada ao

tratamento de rinossinusites, o que as torna a quinta maior causa de prescrição de

antibióticos nesse país, gerando gasto anual de cerca de 5,8 bilhões de dólares(7,8).

A ampla utilização de antibióticos nos quadros de rinossinusite bacteriana,

além da erradicação do agente agressor, visa restabelecer a função normal da

mucosa nasal, assim como dos seios paranasais, abreviando a duração dos

sintomas e prevenindo complicações locais e intracranianas(7).

Os agentes etiológicos mais prevalentes das rinossinusites bacterianas são

o Streptococcus pneumoniae e o Haemophilus influenzae, responsáveis por cerca

de 70% das infecções. A Moraxella catarrhalis, o Staphylococcus aureus e o

Streptococcus beta hemolítico são menos frequentes(9,10).

Em uma revisão de artigos em que foram realizadas punção e aspiração de

seios maxilares de indivíduos adultos com rinossinusite, foram identificados nas

culturas: Streptococcus pneumoniae em 20 a 43% destas aspirações, Haemophilus

influenzae em 22 a 35% e Moraxella catarrhalis em 2 a 10%(11). Outras bactérias

encontradas foram Staphylococcus aureus e bactérias anaeróbias, mais comuns nos

quadros de rinossinusite crônica(12-14).

Apesar de amplamente utilizados, os antibióticos não são a única opção

terapêutica para as rinossinusites(2). Tratamentos adjuvantes devem ser utilizados,

de acordo com os sintomas, necessidades e limitações de cada paciente.

Page 15: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

3

De forma geral, lavagens nasais com soluções salinas, corticosteroides

tópicos e sistêmicos, anti-histamínicos, descongestionantes nasais, mucolíticos,

dentre outros, também podem ser utilizados(2,3,7,15).

Uma das opções terapêuticas empregadas pela população, para o tratamento

das rinossinusites é a fitoterapia. Tradicionalmente utilizada pela população rural

carente, especialmente no Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil, a fitoterapia

vêm sendo cada vez mais utilizada nos centros urbanos de todo o país, por

pacientes dos mais variados níveis socioeconômicos e culturais(15).

Os fitomedicamentos são extratos padronizados, industrializados em

condições adequadas de higiene, com controle rigoroso de qualidade, produzidos a

partir de princípios ativos vegetais purificados e que possuem em sua composição

apenas matérias-primas vegetais(2). Medicamentos que incluam princípios ativos

isolados, mesmo que de origem vegetal, não são considerados fitoterápicos,

segundo a Resolução de Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância

Sanitária (RDC N°14 de 2010)(16).

Um dos principais motivos pelos quais a população tem grande aceitação dos

medicamentos fitoterápicos é acreditar que, por serem extraídos de plantas naturais

não apresentam qualquer tipo de efeito colateral(17). Porém, o fato de muitos

produtos não terem origem conhecida, nem controles rigorosos de produção e

armazenamento, ou qualquer padronização de extrato ou dose, podem levar a

interações medicamentosas, além de riscos de intoxicação e morte(2,15,17,18).

Dentre os fitoterápicos utilizados informalmente para o tratamento das rinites

e rinossinusites, a Luffa operculata, conhecida como “cabacinha” ou “buchinha-do-

norte” é provavelmente a mais utilizada(18,19). Sua ocorrência se dá por extensos

territórios da América do Sul, especialmente no Brasil, onde é muito comum nos

Page 16: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

4

estados do Amazonas, Ceará, Pernambuco, Bahia, Mato Grosso, Minas Gerais e

São Paulo(20). Apesar do seu emprego disseminado por grande parte da população

dos centros rurais e urbanos de nosso país para o tratamento de rinossinusites, o

uso da Luffa operculata não é recomendado pelas diretrizes Brasileiras, Americanas

ou Europeias de Rinossinusites(2-4,21,22).

Um estudo experimental, realizado para avaliar a ação da Luffa operculata

sobre a superfície da mucosa nasal de coelhos, mostrou alterações superficiais no

epitélio da mucosa nasal nas concentrações de 0,5% e 1% de extrato de Luffa

operculata, sem alterações ultra-estruturais do epitélio, o que sugere que este

poderia regenerar-se(23).

Em outro estudo experimental, que avaliou a ação da Luffa operculata sobre o

epitélio e a atividade mucociliar de palato de rã, observou-se efeitos mais deletérios

do epitélio, com alterações ultra-estruturais e ruptura das zônulas de adesão, o que

acarretou em anormalidades no transporte de fluidos e no transporte iônico. Nesse

estudo, as doses utilizadas foram de 60 mg/L, 600 mg/L e 1200 mg/L de Luffa

operculata, e as lesões encontradas foram dose-dependentes, ou seja, quanto maior

a concentração da infusão, maior seu efeito deletério da mucosa(15).

Em recente revisão sistemática sobre a eficácia da Luffa operculata no

tratamento clínico das rinossinusites, concluiu-se que faltam dados científicos sobre

o tema e que os dados disponíveis atualmente ainda são muito controversos(24).

Desta forma, tornam-se necessários novos estudos, criteriosos e confiáveis para que

a Luffa operculata possa ser utilizada com segurança e eficiência no tratamento das

doenças nasossinusais(24,25).

Page 17: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

5

1.1 . Revisão da literatura

1.2. Luffa operculata

1.2.1. Considerações gerais

A Luffa operculata é uma planta angiosperma e dicotiledônea, encontrada em

grande parte do Brasil. Trepadeira pertencente à família das cucurbitáceas

(Cucurbitaceae), apresenta caule herbáceo e delgado podendo medir até dez metros

de comprimento. Sua forma é pentagonal e ramificada, com gavinhas compridas e

vilosas dispostas opostamente às folhas e ramos. Suas folhas são simples,

reticulinérveas e com pecíolo alongado. Apresentam-se dispostas alternadamente e

sua tonalidade é mais escura na face superior, quando comparada à inferior. Suas

flores são pequenas, amarelo-pálidas e compostas por cinco pétalas, unidas entre si

na extremidade proximal (Fig. 1). Seus frutos são ovoides, pedunculados e de

superfície rugosa. Apresentam de cinco a seis centímetros de comprimento, por três

a quatro centímetros de largura. Quando secos, apresentam coloração amarelo-

claro a castanho, percorridos externamente por estrias longitudinais (Fig. 2). Seu

interior apresenta mesocarpo fibroso, que se dispõe em um emaranhado frouxo,

contendo sementes achatadas de superfície levemente rugosa e coloração

castanho-escura(21,24-28).

A Luffa operculata pode ser encontrada por toda América Latina. Sua

ocorrência se dá em grande parte no Equador, Guatemala, Colômbia e Brasil. Em

nosso país, cresce em grandes extensões das regiões Norte e Nordeste, como nos

estados do Amazonas, Ceará, Pernambuco e Bahia, estendendo-se até os estados

do Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo(21,25,26,28).

Page 18: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

6

Fonte: http://www.flickr.com/photos/stationalpinejosephfourier/7885155990/

FIGURA 1. Imagem mostrando caule, folhas, flores e frutos da Luffa operculata

Fonte: http://www.reocities.com/luizmeira/fito.htm

FIGURA 2. Imagem mostrando fruto seco da Luffa operculata

Page 19: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

7

Nos países da América Latina, apresenta os mais variados nomes: Cabacito,

Esponjuelo, Estropajo, Moroquiliti, Tzenayotli, Esponjilla, entre outros. No Brasil,

dentre os sinônimos mais citados estão: “Abobrinha do Norte”, “Bucha dos

caçadores”, “Bucha dos Paulistas”, “Buchinha”, “Cabacinho”, “Purga de João Pais” e

“Purga dos Paulistas”. Estas últimas denominações, certamente são por sua ação

purgativa, uma das mais importantes aplicações terapêuticas da Luffa

operculata(21,25,26,28). Dentre as sinonímias botânicas mais utilizadas para Luffa

operculata, a Momordica bucha, Momordica operculata, Momordica purganas,

Cucumis sepium, Poppya operculata, Luffa quiquefida e Elaterum quinquefidum,

provavelmente, são as mais citadas(28).

1.2.2. Aplicações e formas de utilização

A Luffa operculata apresenta uma série de propriedades terapêuticas

difundidas pela população Brasileira. Na clínica médica, podem ser utilizadas no

tratamento de febre, doenças herpéticas, icterícia, sífilis, tínea, ascites, entre outras.

Na ginecologia, para o tratamento de amenorreias e como abortivo. Na oftalmologia,

para o tratamento de oftalmias crônicas e na otorrinolaringologia, para o tratamento

de rinites, sinusites, laringites e hidropsia(21,24,26,27).

De todas as utilizações da Luffa operculata, talvez o efeito purgativo e sua

ação mucolítica no tratamento das sinusites, sejam os efeitos mais difundidos e

utilizados pela população(15,21).

Estudos recentes encontraram atividade antitumoral da Luffa operculata frente

a neoplasias malignas em tumor de tecido conjuntivo, sugerindo maiores

investigações em outros processos tumorais(29).

Page 20: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

8

O uso da Luffa operculata é extremamente tradicional na cultura popular

Brasileira. Consta que sua primeira citação tenha ocorrido em meio ao século

passado, no Guia Médico Brasileiro de 1841 (Chenoviz)(28). Em 1888, ocorreu a

primeira tentativa de registro de seu uso sob a forma farmacêutica de pílulas, em

composição com a resina de Jalapa do Brasil. Na década de 50, foi registrado no

extinto Serviço Nacional de Fiscalização de Medicina e Farmácia o “Oper-sinus”,

fitoterápico derivado de extrato aquoso de Luffa operculata, utilizado na forma de

gotas nasais para o tratamento de rinossinusites crônicas(21,28).

Desde 1986, a Divisão Nacional de Vigilância Sanitária, que posteriormente

se tornou a atual Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), incluiu a Luffa

operculata no catálogo Brasileiro de Produtos Farmacêuticos(21).

Atualmente, no Brasil, existe um medicamento alopático autorizado pela

ANVISA para o tratamento de rinossinusites chamado Sinustrat Adulto Tradicional®.

Fabricado pelo laboratório Avert®, apresenta em sua composição Luffa operculata a

1%, cloreto de sódio e conservantes. O Sinustrat Solução Nasal® e o Sinustrat

Vasoconstritor® também são produzidos pelo mesmo laboratório, porém não

possuem Luffa operculata em sua composição(24,25,28,30).

Existem muitas apresentações, formulações e preparações para a Luffa

operculata, variando de acordo com a indicação e o local do país onde é

comercializada. Esse conhecimento é transmitido de geração a geração, por meio

da comunicação verbal entre os ervateiros, especialmente na região Nordeste do

Brasil(28).

De forma geral, suas flores, folhas, sementes e frutos podem ser usados nas

preparações das infusões da Luffa operculata, porém, sem dúvida, a parte mais

utilizada nessas preparações é o fruto seco da planta. A maneira como a infusão é

Page 21: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

9

realizada depende do emprego que se dará a ela. Para efeitos purgativos, pode-se

preparar uma infusão de 6 gramas de fruto em 500 mililitros (mL) de água fervente e

tomar uma colher, de hora em hora, até que se alcance o efeito desejado. Também

é relatado o uso desse fitoterápico sob a forma de clister(21). Para o tratamento da

sinusite, o fruto é cortado em quatro partes, e destas, um quarto do fruto é colocado

em 500 mL de agua fervente, até que a infusão fique morna. Essa infusão pode ser

administrada através de aspiração nasal (5 a 10 mL) ou sob a forma de instilação

nasal, que é menos efetiva(15,21,26,28). O efeito esperado é a rinorréia profusa, às

vezes sanguinolenta, o alívio da obstrução nasal e a expulsão de pólipos(21,28).

1.2.3. Considerações fitoquímicas, toxicológicas e farmacológicas

A cromatografia em camada fina constitui-se o método de screnning da Luffa

operculata. Por meio da dissolução em clorofórmio é possível extrair seu composto

lipossolúvel por hidrólise enzimática da tintura da planta, formando assim, quatro

faixas diferentes. Duas dessas faixas correspondem às cucurbitacinas B e D, o que

pode ser usado para a identificação de soluções dessa planta(21).

A análise fitoquímica da Luffa operculata apresenta outros componentes,

além das cucurbitacinas B e D, que são encontradas em sua resina. Glicosídeos,

saponina, esteróis livres, ácidos orgânicos e fenóis também podem ser isolados. Na

resina, além das cucurbitacinas já descritas, podem ser encontradas a elaterina A e

a isocucurbitacina B(21,25,28).

Inicialmente, testes toxicológicos realizados em camundongos estimaram uma

DL50, ou seja, dose letal para 50% dos camundongos testados, de 5 mg/Kg de

cucurbitacinas B. Extrapolando esses valores para o homem, a dose tóxica da Luffa

operculata seria de 75 mg/Kg, o que corresponderia a 5 gramas de fruto seco ou 50

Page 22: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

10

mL de tintura a 10%(21). Mais recentemente, estudos relataram DL50 em torno de 170

mg/Kg. Desta forma, aproximadamente 10 g de extrato de Luffa operculata seriam

capazes de matar um adulto com cerca de 70 Kg(31).

Dentre as propriedades farmacológicas da Luffa operculata, devemos

salientar seu efeito laxante ou purgativo, decorrente da ação das cucurbitacinas e de

seus glicosídeos sobre a mucosa intestinal. A ação detergente das saponinas

contribui para essa ação cáustica sobre a mucosa intestinal, através da

emulsificação dos compostos lipossolúveis, o que acarreta em evacuações fluidas e

copiosas(21,25,28).

Algumas hipóteses foram levantadas sobre os mecanismos de ação da Luffa

operculata para o tratamento das rinossinusites. Estudos iniciais pensavam existir

uma ação descongestionante da Luffa operculata sobre a mucosa nasal, que foram

mais tarde refutados por outros autores, que não encontraram ação anti-histamínica,

vasoconstritora ou anti-inflamatória(32-34).

Posteriormente, um estudo experimental avaliou a atividade antiviral de um

fitoterápico utilizado para quadros inflamatórios nasais, contendo Luffa operculata,

Euphorbium resinífera e Pulsatilla pratensis. Apesar de clara atividade antiviral

apresentada pela medicação, a Luffa operculata não apresentou atividade antiviral in

vitro sobre o vírus sincicial respiratório, o rinovírus humano, o vírus influenzae ou o

vírus herpes simples, o que foi atribuído aos outros componentes da medicação(34).

Dois estudos subsequentes foram de extrema importância para esclarecer

alguns efeitos da Luffa operculata sobre o epitélio de animais(15,23). O primeiro,

publicado em 2001, realizou aplicação de Luffa operculata em concentrações de

0,5% e 1% na cavidade nasal de sete coelhos, por 14 dias consecutivos. Após esse

período, foram observadas apenas alterações estruturais superficiais no epitélio da

Page 23: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

11

mucosa nasal, o que não se estendeu até a lâmina basal, sugerindo que o mesmo

poderia regenerar-se, mesmo em concentrações mais elevadas(23). O segundo,

realizado em 2004, avaliou o efeito da infusão de diferentes concentrações de

extrato aquoso de Luffa operculata (60 mg/L, 600 mg/L, 1200 mg/L) sobre um

modelo experimental isolado de palato de rã, cujo epitélio é muito semelhante ao

das vias aéreas superiores dos mamíferos. Neste estudo, ao contrário do anterior,

observou-se alterações estruturais na lâmina basal que se mostraram dose-

dependentes, ou seja, quanto maior a concentração da solução de Luffa operculata,

maior o comprometimento e destruição das zônulas de adesão (tight junctions),

como o aumento dos espaços intercelulares e anormalidades no transporte iônico e

de fluidos(15).

Outro estudo testou a eficácia da solução tópica nasal de Luffa operculata a

1% comparada ao soro fisiológico, no tratamento de modelo experimental em

coelhos, nos quais foram induzidas rinossinusites bacterianas. Parâmetros

hematológicos, histológicos e cultura de secreções sinusais não demonstraram

diferença estatística entre a Luffa operculata e o soro fisiológico(25).

Alguns estudos clínicos também foram realizados para avaliar a ação da Luffa

operculata nas afecções nasossinusais.

Em 1989 foi realizado um estudo duplo-cego controlado e randomizado em

152 pacientes com rinossinusite. Utilizando como critério de avaliação a melhora dos

sintomas clínicos, foram testados e comparados três medicamentos homeopáticos

tópicos, dos quais dois continham Luffa operculata, e um, placebo. Não foram

encontradas diferenças entre os medicamentos avaliados, ou entre eles e o placebo.

Os resultados encontrados em relação à rinossinusite aguda e à rinossinusite

Page 24: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

12

crônica foram semelhantes aos apresentados na literatura para antibióticos tópicos e

descongestionantes tópicos nasais(35).

Outro trabalho avaliou a eficácia da instilação de extrato aquoso de Luffa

operculata a 1% para o tratamento de 33 pacientes com rinossinusite aguda ou

rinossinusite crônica agudizada por 15 dias. Critérios clínicos e radiológicos

sugeriram melhora dos quadros nasossinusais sem efeitos adversos significantes, o

que levou os autores à conclusão de que o medicamento seria útil no tratamento das

rinossinusites agudas(30).

Em 1999, outro autor utilizou medicação tópica contendo Luffa operculata

para tratar 119 pacientes com rinossinusite aguda, por duas semanas, não

observando efeitos colaterais, sendo necessária a antibioticoterapia complementar

em apenas um paciente(36).

Para o tratamento de rinite alérgica sazonal foi realizado um estudo duplo-

cego, controlado e randomizado com 146 pacientes. Os critérios utilizados foram a

melhora clínica dos pacientes e a aplicação de questionários de qualidade de vida.

Foram comparados o cromoglicato de sódio tópico e outro medicamento contendo

Luffa operculata em sua composição. Os autores concluíram que ambas as

medicações levaram à melhora da qualidade de vida e dos sintomas clínicos, o que

sugere que ambas as formas de tratamentos apresentaram eficiência e

tolerabilidade semelhantes(37).

Em revisão sistemática de artigos sobre a Luffa operculata, seu mecanismo

de ação e sua eficácia terapêutica, publicados na literatura de 1966 a 2006, foram

encontrados cinco trabalhos experimentais e cinco trabalhos clínicos sobre a Luffa

operculata. Nenhum dos trabalhos descritos apresentava relevância, pertinência ou

adequação em relação aos temas propostos. Desta forma, o autor concluiu que

Page 25: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

13

ainda há escassez de trabalhos criteriosos e confiáveis para a utilização deste

medicamento para o tratamento de rinossinusites, com eficácia e segurança

comprovadas(24).

1.2.4. Considerações sobre a atividade antimicrobiana da Luffa operculata

A Luffa operculata apresenta uma série de propriedades terapêuticas

difundidas pela população Brasileira. Apesar de diversos estudos buscarem

encontrar os mecanismos pelos quais a Luffa operculata apresenta tais

propriedades, não foram encontradas evidências de atividades anti-histamínicas,

vasoconstritoras, anti-inflamatórias ou antivirais desse fitoterápico(31-34). Alterações

estruturais sobre a mucosa respiratória foram descritas por meio de trabalhos

experimentais, porém, sem estabelecer com segurança a concentração e o modo

pelo qual a Luffa operculata possa ser utilizada(15,23).

Apesar de não encontrarmos referências sobre a atividade antimicrobiana da

Luffa operculata na literatura, em 2008 foi realizado um estudo sobre a atividade

biológica da Luffa operculata, em que foi pesquisada sua ação antifúngica e

antimicrobiana sobre diversas cepas de bactérias e fungos. Foram preparados

extratos alcoólicos de Luffa operculata em diferentes concentrações (12,5 mg/mL, 25

mg/mL, 50 mg/mL e 100 mg/mL) e avaliada sua ação in vitro contra diferentes

agentes. O extrato mostrou-se ativo na concentração de 100 mg/mL para

Staphylococcus aureus e 50 mg/mL para Staphylococcus epidermidis. Não foi

encontrada atividade antimicrobiana nas diferentes concentrações para

Pseudomonas aeruginosa e Escherichia coli. Apesar de encontrar uma promissora

atividade antimicrobiana da Luffa operculata, a autora sugere que novos estudos

Page 26: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

14

sejam realizados, na tentativa de elucidar de forma mais ampla sua atuação frente a

diversos agentes patógenos, assim como estabelecer seus mecanismos de ação(29).

Page 27: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

15

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivos gerais

Avaliar a atividade antimicrobiana in vitro da Luffa operculata em

Streptococcus pyogenes, Streptococcus pneumoniae e Staphylococcus aureus.

2.2. Objetivos específicos

Avaliar o perfil de susceptibilidade de bactérias causadoras de infecções de

vias aéreas superiores (Staphylococcus aureus, Streptococcus pneumoniae e

Streptococcus pyogenes) à Luffa operculata.

Page 28: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

16

3. MATERIAL E MÉTODO

3.1. Ética

O estudo foi realizado no Laboratório da Disciplina de Microbiologia do

Departamento de Ciências Patológicas da Faculdade de Ciências Médicas da Santa

Casa de São Paulo (FCMSCSP) e no Departamento de Otorrinolaringologia da

Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP), no período entre

2011 e 2013, após a aprovação dos Comitês Científicos dos respectivos

departamentos (Apêndices 1 e 2).

O Comitê de Ética e Pesquisa da FCMSCSP dispensou a avaliação do projeto

por não se tratar de estudo com seres humanos ou com animais de experimentação

(Apêndice 3).

3.2. Obtenção do extrato

Foi utilizado um frasco de 125 mL de extrato alcoólico de Luffa operculata da

empresa farmacêutica Schraiber®, com teor alcoólico de 65% e concentração de

10%. Lote número 5343, fabricado em 06/10/2010, com validade até 06/10/2015

(Fig. 3).

Page 29: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

17

FIGURA 3. Extrato alcoólico de Luffa operculata

3.3. Obtenção e escolha dos microrganismos

Para a realização do ensaio microbiológico foram selecionados espécimes de

origem clínica, armazenados na bacterioteca do Laboratório de Microbiologia da

FCMSCSP, assim como cepas de origem American Type Culture Collection (ATCC).

As cepas ATCC são cepas padrão com perfil e suscetibilidade conhecidos, ou

seja, apresentam um número de série, que possibilitam saber, independentemente

de onde sejam avaliadas, sua resposta frente a antibióticos previamente testados,

garantindo assim, a reprodutibilidade do estudo.

Apesar das cepas ATCC apresentarem perfil conhecido, não é possível

avaliar a atividade antimicrobiana de um novo medicamento sem a presença de

cepas de origem clínica, pois, as cepas ATCC não representam as bactérias que

acometem as doenças no dia a dia. Cepas de origem clínica são necessárias, pois

apresentam perfis diferentes de suscetibilidade, o que garante maior fidelidade da

avaliação da ação antimicrobiana aos agentes de interesse.

Page 30: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

18

De forma geral, as cepas ATCC podem ser divididas em sensíveis e

resistentes. As sensíveis, utilizadas neste estudo, apresentam sensibilidade aos

antibióticos utilizados na prática clínica, enquanto as resistentes não. As cepas

ATCC, conceitualmente, quando apresentam resistência a duas ou mais classes de

antimicrobianos que seriam originalmente sensíveis, são classificadas em

multirresistentes. De acordo com a finalidade do estudo, ambas podem ser utilizadas

para controle de qualidade técnica e laboratorial.

Apesar dos agentes etiológicos mais prevalentes das rinossinusites

bacterianas serem o Streptococcus pneumoniae, o Haemophilus influenzae e a

Moraxella catarrhalis, existem muitos fatores envolvidos na obtenção, cultura e

manutenção de cada agente bacteriano, que influenciaram na escolha dos agentes

do nosso estudo.

O Haemophilus influenzae e a Moraxella catarrhalis são bactérias fastidiosas,

apresentam crescimento lento e necessitam de meios especiais de cultura e de

nutrientes para o seu desenvolvimento. Tal fato, associado à questão de que maioria

dos pacientes cujas culturas encaminhadas para o laboratório apresentaram

tratamento antimicrobiano prévio à coleta do material, fez com que, no período da

criação de nossa bacterioteca (26 meses), poucas cepas de Moraxella catarrhalis e

Haemophilus influenzae fossem isoladas. Mesmo após seu isolamento, por

dificuldade na preservação, nenhuma delas permaneceu viável, impossibilitando o

uso em nossa pesquisa.

Por serem agentes prevalentes nas infecções de vias aéreas superiores,

bactérias menos exigentes, e consequentemente, não necessitarem de meios de

cultura especiais para manutenção de sua viabilidade e crescimento, foram

Page 31: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

19

selecionadas cepas de Staphylococcus aureus, Streptococcus pneumoniae e

Streptococcus pyogenes para o presente estudo.

A seleção das cepas se deu da seguinte forma:

1) Staphylococcus aureus (25 cepas)

- 1 amostra ATCC-25923 – cepa padrão, com perfil de susceptibilidade sensível e

conhecido.

- 24 amostras de origem clínica com perfil de susceptibilidade variável.

2) Streptococcus pneumoniae (25 cepas)

- 1 amostra ATCC-49619 – cepa padrão, com perfil de susceptibilidade sensível e

conhecido.

- 24 amostras de origem clínica com perfil de susceptibilidade variável.

3) Streptococcus pyogenes (25 cepas)

- 1 amostra ATCC-19615 – cepa padrão, com perfil de susceptibilidade sensível e

conhecido.

- 24 amostras de origem clínica com perfil de susceptibilidade variável.

3.4. Preparo dos inóculos bacterianos

Com o auxílio de uma alça de platina esterilizada, as cepas de

Staphylococcus aureus, Streptococcus pneumoniae e Streptococcus pyogenes

foram transferidas para tubos de ensaio com 10 mL de caldo peptona de caseína de

soja, Tryptic Soy Bean (TSB), meio que permite a manutenção da viabilidade das

bactérias. As suspensões dos microrganismos foram padronizadas comparando-as

a 0,5 na escala de Mc Farland, correspondendo a aproximadamente 1,5 x 108

UFC/mL (Unidades Formadoras de Colônia por mililitro).

Page 32: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

20

A escala de Mc Farland (Quad. 1) é uma escala nefelométrica de 11 tubos,

numerada de 0,5 a 10, cujo padrão de turvação é o mais frequentemente utilizado

nos laboratórios de microbiologia do Brasil e dos Estados Unidos, para determinar a

intensidade de multiplicação bacteriana em meios de cultivo líquidos. A multiplicação

bacteriana se opõe à passagem da luz, o que provoca a turvação e a opacificação

do meio. Quanto maior o número de bactérias presentes na amostra, maior será o

grau de turvação do meio de cultura. Recomendada pela Clinical and Laboratory

Standards Institute (CLSI) nos Estados Unidos, a escala nefelométrica de Mc

Farland foi adotada e também recomendada pela ANVISA no Brasil(38). Com essa

regulamentação, é possível estabelecer um padrão, que pode ser aferido em

qualquer local de país, tornando a leitura de seus resultados correspondentes.

QUADRO 1. Escala nefelométrica de MC Farland, com número de bactérias estimado em cada tubo

Tubo n° 0,5 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

N° aprox. bactérias

(X108)

1,5 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30

3.5. Obtenção das concentrações de Luffa operculata

Para a obtenção das diferentes concentrações do extrato alcoólico de Luffa

operculata foi utilizado como meio de cultura e diluente o TSB, mesmo meio utilizado

no preparo dos inóculos bacterianos.

Foram feitas várias diluições para avaliar a eficácia da Luffa operculata nas

concentrações de 0,2%, 0,3%, 0,4%, 0,5%, 1% e 2%, a partir da concentração inicial

do extrato alcoólico a 10% (Tab. 1).

Page 33: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

21

Tabela 1. Cálculo das diluições a partir da concentração inicial do extrato alcoólico de Luffa

operculata a 10%

Concentrações de

Luffa operculata

(%)

Luffa operculata 10% (mL) TSB (mL) Luffa operculata + TSB

(mL)

0,2 0,2 9,8 10

0,3 0,3 9,7 10

0,4 0,4 9,6 10

0,5 0,5 9,5 10

1 1 9 10

2 2 8 10

Legenda: TSB = Tryptic Soy Bean

Para obter essas diluições foi utilizada uma pipeta milimetrada, que permitiu

coletas precisas do extrato alcoólico de Luffa operculata a 10%, com conteúdo

mínimo de 0,1 mL, e tubos de ensaio estéreis e secos, com capacidade para 10 mL

de solução. Foram preparados diversos tubos com 8 mL, nas diferentes

concentrações, que foram utilizados de acordo com a necessidade, sem que fosse

preciso mantê-los armazenados. Um novo tubo contendo Luffa operculata e TSB,

nas diferentes concentrações, foi preparado somente após o término do tubo

anterior, visando assim, evitar qualquer tipo de contaminação decorrente de seu

armazenamento.

Após essa diluição, foi colocado 1 mL do extrato alcoólico nas diferentes

concentrações, em diferentes tubos secos e estéreis de 10 cm X 1,5 cm. Nesses

tubos, foi acrescido 1 mL de caldo de bactérias à concentração de 0,5 Mc Farland,

correspondendo a aproximadamente 1,5 x 108 UFC/mL.

Page 34: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

22

Todos os testes de turvação, semeaduras de 24 e 48 horas e controles foram

realizados em duplicata para todas as concentrações, para descartar qualquer tipo

de contaminação da amostra.

3.6. Controles

Para evitar viés na interpretação dos dados, foram realizados três controles

das amostras: controle negativo, controle positivo e controle alcoólico.

Para a realização do controle negativo, foi utilizado um tubo com 2 mL de

Luffa operculata e para o controle positivo, outro tubo com 2 mL de caldo de

bactérias. Esses tubos foram levados à estufa, onde foram incubados a

aproximadamente 35oC ± 2°C, por 24 horas. Após as 24 horas foi feita a leitura dos

tubos para verificar se houve ou não crescimento bacteriano, indicado pela turvação

do meio. Todos os tubos foram semeados, em placas de ágar-sangue de 90 mm,

para avaliar crescimento e viabilidade dos Streptococcus pneumoniae e

Streptococcus pyogenes, e em placas de 150 mm de ágar Muller-Hinton, para

avaliar crescimento e viabilidade dos Staphylococcus aureus. A leitura das placas foi

realizada pós 24 horas e 48 horas.

De acordo com a ANVISA, soluções alcoólicas entre 60% e 80% são as

mais efetivas para a erradicação de bactérias. Seu modo de ação predominante

consiste na desnaturação e na coagulação das proteínas, associado a outros

mecanismos, como a ruptura da integridade citoplasmática e a lise celular

bacteriana. Soluções alcoólicas com concentrações maiores que 80% não

apresentam a mesma capacidade bactericida e tornam-se menos potentes pelo fato

de as proteínas plasmáticas não se desnaturarem com facilidade sem a presença de

Page 35: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

23

água. Soluções contendo álcool em concentrações menores de 60% não

apresentam a mesma eficiência em sua ação asséptica(39).

Para evitar que o veículo alcoólico do extrato de Luffa operculata interferisse

nos resultados do efeito antimicrobiano do nosso estudo, foi necessária a criação de

um controle alcoólico para as diferentes concentrações testadas.

Sendo assim, após a diluição do extrato de Luffa operculata a 10% e teor

alcoólico de 65% para extratos de Luffa operculata nas concentrações de 0,2%,

0,3%, 0,4%, 0,5%, 1% e 2%, foram calculados os teores alcoólicos das mesmas,

para a criação do controle (Tab. 2).

Tabela 2. Cálculo das diluições e teor alcoólico, a partir da concentração inicial do extrato alcoólico

de Luffa operculata a 10% e teor alcoólico de 65%

Concentrações de

Luffa operculata (%)

Luffa operculata

10% (mL)

TSB

(mL)

Luffa operculata

+ TSB (mL)

Teor alcoólico

(%)

0,2 0,2 9,8 10 1,30

0,3 0,3 9,7 10 1,95

0,4 0,4 9,6 10 2,60

0,5 0,5 9,5 10 3,25

1 1 9 10 6,50

2 2 8 10 13,00

Legenda: TSB = Tryptic Soy Bean

O maior teor alcoólico encontrado foi de 13%, na concentração de Luffa

operculata a 2%. Para confirmar a ausência de ação antimicrobiana do etanol

nessas diferentes concentrações, tubos com etanol nos diferentes teores alcoólicos

entre 1,35 e 13% e caldo de bactérias foram levados à estufa, onde foram incubados

a, aproximadamente, 37o C ± 2°C por 24 horas. Após 24 horas foi realizada a leitura

Page 36: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

24

dos tubos para verificar se houve ou não crescimento bacteriano, indicado pela

turvação do meio; e semeadura de todos os tubos em placas de ágar-sangue de 90

mm, para avaliar crescimento e viabilidade dos Streptococcus pneumoniae e

Streptococcus pyogenes, e placas de 150 mm de ágar Muller-Hinton para os

Staphylococcus aureus. O mesmo procedimento foi realizado após 48 horas de

incubação.

3.7. Critérios de análise

Para os critérios de análise, foram considerados testes negativos aqueles em

que não houve a turvação do meio após a inoculação das bactérias, confirmados

pela ausência do crescimento das bactérias nas semeaduras de 24 horas e 48

horas. Foram considerados positivos os testes que apresentaram turvação do caldo

ou positividade nas semeaduras de 24 horas ou 48 horas (Fig. 4 e 5).

Figura 4. (A) Presença de turvação; (B) ausência de turvação

A B

Page 37: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

25

Figura 5. Placas de Ágar Muller-Hinton: (A) sem crescimento bacteriano; (B) com crescimento

bacteriano. Placas de Ágar-sangue: (C) sem crescimento bacteriano; (D) com crescimento bacteriano

A ausência de turvação nos tubos de ensaio não possibilita, se considerada

isoladamente, afirmar se existe ou não a erradicação das bactérias no meio

contendo Luffa operculata e caldo de bactérias. Permite dizer, que houve uma

concentração inibitória mínima (CIM), ou seja, a mínima concentração na qual o

crescimento bacteriano foi inibido. Se houve crescimento bacteriano nas

semeaduras de 24 horas e 48 horas, é necessária maior concentração de Luffa

operculata para que ocorra a morte de todas as bactérias. Quando a ausência de

turvação na leitura dos tubos de ensaio é confirmada pela ausência de crescimento

bacteriano nas semeaduras de 24 horas e 48 horas, podemos estabelecer a

concentração bactericida mínima (CBM), ou seja, a mínima concentração necessária

para a morte de todas as bactérias.

A B

A

C D

Page 38: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

26

3.8. Análise estatística

Para verificar a concordância entre os métodos de turvação e semeadura de

24 horas e 48 horas, foi utilizado o método Kapa, que visa, por medida de

associação, estabelecer concordância entre variáveis qualitativas. Seu valor pode

ser igual à zero, ou diferente de zero. Quando diferente de zero calcula-se o valor de

concordância. É considerada fraca concordância quando p<0,4, moderada

concordância quando 0,4<p<0,6, e forte concordância quando p>0,6. Todas as

amostras foram realizadas em duplicata. O programa utilizado para análise

estatística foi o SPSS 13.0 para Windows.

Page 39: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

27

4. RESULTADOS

4.1. Controles

Nenhum dos tubos de controle negativo com Luffa operculata apresentou

turvação visível ou crescimento de qualquer linhagem de bactérias nas diferentes

concentrações.

Todos os controles positivos com caldo de bactérias e todos os controles

alcoólicos apresentaram turvação visível e crescimento bacteriano específico de

cada caldo, sem contaminação das amostras.

Todos os controles negativos, positivos e com álcool foram realizados em

duplicata para todas as amostras, e confirmaram seus resultados.

4.2. Microrganismos

Todos os tubos que continham Luffa operculata nas concentrações a 0,2% e

0,3% e caldo de bactérias com Streptococcus pyogenes, Streptococcus pneumoniae

e Staphylococcus aureus apresentaram turvação após incubação de 24 horas. As

semeaduras de 24 horas e 48 horas confirmaram a presença de bactérias e

mostraram crescimento somente dos agentes testados, o que excluiu qualquer tipo

de contaminação das amostras.

Todos os tubos que continham Luffa operculata na concentração de 0,4% e

caldo de bactérias com Streptococcus pyogenes não apresentaram turvação após

incubação de 24 horas. Porém, dentre as 25 amostras de Streptococcus pyogenes

(ATCC-19615 e 24 amostras clínicas) testadas, uma amostra clínica (4%)

apresentou crescimento bacteriano nas semeaduras de 24 horas e de 48 horas

(Tab. 3).

Page 40: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

28

Dentre os 25 tubos que continham Luffa operculata na concentração de 0,4%

e Streptococcus pneumoniae (ATCC-49619 e 24 amostras clínicas); a amostra

ATCC e duas amostras clínicas (12%), não apresentaram turvação após incubação

de 24 horas, nem crescimento bacteriano nas semeaduras de 24 horas e 48 horas.

Cinco outras amostras clínicas (20%) não apresentaram turvação após incubação de

24 horas, porém, apresentaram crescimento após semeaduras de 24 horas e 48

horas. Dezessete amostras clínicas (68%) apresentaram turvação após incubação

de 24 horas e crescimento bacteriano nas semeaduras, em 24 horas e 48 horas.

Essas 25 semeaduras apresentaram crescimento somente de Streptococcus

pneumoniae, o que excluiu qualquer tipo de contaminação das amostras. A análise

estatística mostrou Kapa ≠0 e p<0,449, indicando resultado moderadamente

sugestivo de resposta antimicrobiana (Tab. 3).

Todos os tubos que continham Luffa operculata nas concentrações a 0,4% e

0,5% e caldo de bactérias com Staphylococcus aureus apresentaram turvação após

incubação de 24 horas. As semeaduras de 24 horas e 48 horas confirmaram a

presença dessas bactérias.

Todos os tubos que continham Luffa operculata a 0,5%, 1% e 2% e caldo de

bactérias com Streptococcus pyogenes não apresentaram turvação após incubação

de 24 horas e não houve crescimento bacteriano nas semeaduras em 24 horas e 48

horas.

Dentre os 25 tubos que continham Luffa operculata na concentração de 0,5%

e Streptococcus pneumoniae (ATCC-49619 e 24 amostras clínicas), a amostra

ATCC e 11 amostras clínicas (48%) não apresentaram turvação após incubação de

24 horas ou crescimento bacteriano nas semeaduras de 24 horas e 48 horas. Seis

outras amostras clínicas (24%) não apresentaram turvação após incubação de 24

Page 41: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

29

horas, porém, apresentaram crescimento após semeaduras de 24 horas e 48 horas.

Sete amostras clínicas (28%) apresentaram turvação após incubação de 24 horas e

crescimento bacteriano nas semeaduras em 24 horas e 48 horas. Essas 25

semeaduras mostraram crescimento somente de Streptococcus pneumoniae, o que

excluiu qualquer tipo de contaminação das amostras. A análise estatística mostrou

Kapa ≠0 e p<0,528, indicando resultado moderadamente sugestivo de resposta

antimicrobiana (Tab. 3).

Os tubos que continham Luffa operculata a 1% e 2% e caldo de bactérias com

Streptococcus pneumoniae, não apresentaram turvação após incubação de 24 horas

e não houve crescimento bacteriano nas semeaduras em 24 horas e 48 horas.

Dentre os 25 tubos que continham Luffa operculata na concentração de 1% e

Staphylococcus aureus (ATCC – 25923 e 24 amostras clínicas), a amostra ATCC e

três amostras clínicas (16%) não apresentaram turvação após incubação de 24

horas, porém, todas apresentaram crescimento após semeaduras de 24 horas e 48

horas (Tab. 3).

Os tubos que continham Luffa operculata a 2% e caldo de bactérias com

Staphylococcus aureus não apresentaram turvação após incubação de 24 horas e

não houve crescimento bacteriano nas semeaduras em 24 horas e 48 horas.

Page 42: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

30

Tabela 3. Resultados de turvação e semeaduras da Luffa operculata nas diferentes concentrações,

nos agentes bacterianos

Agente Concentração Turvação (n=25) Semeaduras de 24 horas e 48 horas

(n=25)

Streptococcus pyogenes

Luffa operculata 0,4% Kapa = 0 (p não calculado)

Negativa 25 (100%) Positiva (0%)

Negativas 24 (96%) Positivas 1 (4%) Negativas (0%) Positivas (0%)

Streptococcus pneumoniae

Luffa operculata 0,4% (Kapa≠zero p<0,449) Luffa operculata 0,5% (Kapa≠zero p<0,528)

Negativa 8 (32%) Positiva 17 (68%) Negativa 18 (72%) Positiva 7 (28%)

Negativas 3 (12%) Positivas 5 (20%) Negativas (0%) Positivas 17 (68%) Negativas 12 (48%) Positivas 6 (24%) Negativas (0%) Positivas 7 (28%)

Staphylococcus aureus

Luffa operculata 1% (Kapa = 0 (p não calculado)

Negativa 4 (16%) Positiva 21 (84%)

Negativas (0%) Positivas 4 (16%) Negativas (0%) Positivas 21 (84%)

Page 43: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

31

5. DISCUSSÃO

5.1. Escolha do extrato

Uma das grandes dificuldades para a utilização de plantas em estudos

controlados é a falta de padronização dos fitoterápicos. Nenhum dos trabalhos

experimentais publicados entre 2001 e 2010 apresentou a mesma forma de

obtenção do extrato de Luffa operculata(15,23-25).

Outra dificuldade para a utilização de plantas in natura, especialmente quando

se pretende avaliar a ação antimicrobiana de um fitoterápico, é garantir a

procedência desse material e a ausência de contaminação. Em artigo publicado em

2001, foi avaliada a qualidade dos frutos secos de Luffa operculata do Mercado

Municipal de São Luiz do Maranhão, e ficou comprovada a contaminação de todas

as amostras do fruto de Luffa operculata adquiridos nesse mercado; alguns por

fungos, outros por bactérias, o que os tornava impróprios para o uso(40).

Visando evitar a presença de frutos contaminados que pudessem interferir

nas amostras do nosso estudo, assim como garantir que o mesmo extrato fosse

utilizado em todo trabalho, optamos por utilizar um extrato alcoólico industrializado

da Luffa operculata, cujo acesso estivesse disponível para a replicação do estudo,

caso fosse necessário. A escolha do extrato da Schraiber® se deu pelo fato de ser

uma empresa consagrada na fabricação de fitomedicamentos e uma das maiores

distribuidoras desses produtos no Brasil.

É importante salientar que a reprodutibilidade da pesquisa fica restrita ao lote

especificamente utilizado neste estudo. Dependendo das condições do solo, da

incidência solar e do índice pluviométrico, não é possível garantir que outros lotes,

produzidos em outras estações do ano ou em outras plantações, apresentem o

Page 44: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

32

mesmo resultado encontrado em nosso estudo. É necessário que outras pesquisas,

com diferentes extratos de Luffa operculata nas mesmas concentrações e com os

mesmos agentes bacterianos sejam realizados para garantir alguma comparação.

5.2. Concentrações utilizadas

Alguns artigos foram publicados desde a década de 60, na tentativa de avaliar

os mecanismos de ação pelo qual a Luffa operculata age sobre o epitélio respiratório

e comprovar sua eficácia terapêutica no tratamento clínico das rinossinusites(24). Os

autores não encontraram critérios confiáveis para a sua utilização com segurança(24).

O uso de forma inadequada, especialmente em altas concentrações de Luffa

operculata, pode levar, até mesmo, a uma piora dos quadros nasossinusais(15,17).

Mesmo assim, alguns trabalhos clínicos e experimentais citam as concentrações de

0,5% e 1% para o tratamento das rinossinusites(21,25,30).

Como encontramos somente um estudo sobre a atividade antimicrobiana da

Luffa operculata, relatando screnning com diversas bactérias e fungos(29), optamos

por iniciar a investigação com a concentração de 1%, a mesma presente no extrato

comercial liberado pela ANVISA e testada em grande parte dos trabalhos citados na

literatura(23,25,30). Testamos o dobro da concentração recomendada (2%),

estabelecendo assim um limite para esta atividade antimicrobiana, sem que se

aproximasse de sua DL50(21,31) ou levasse ao aumento de seus efeitos deletérios à

mucosa. Por fim, foram avaliadas outras concentrações entre 0,2%, 0,3%, 0,4% e

0,5%, na tentativa de se estabelecer uma concentração mínima em que a Luffa

operculata apresentasse efeito antimicrobiano, com o mínimo de efeitos colaterais.

Page 45: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

33

5.3. Agentes bacterianos

Todos os tubos que continham Luffa operculata nas concentrações a 0,2% e

0,3% e caldo de bactérias com Streptococcus pyogenes, Streptococcus pneumoniae

e Staphylococcus aureus apresentaram turvação após incubação de 24 horas,

denotando crescimento bacteriano nessas concentrações, e consequentemente,

ausência de ação antimicrobiana para qualquer um dos agentes.

Todos os tubos que continham Luffa operculata na concentração de 0,4% e

caldo de bactérias com Streptococcus pyogenes, não apresentaram turvação após

incubação de 24 horas, o que denotou ação antimicrobiana para esse agente, nessa

concentração. A ausência de turvação visual, isoladamente, nos fez inferir que em

torno da concentração de 0,4% foi possível encontrar a CIM para o Streptococcus

pyogenes.

Como a ausência de turvação visual, confirmada pela ausência de

crescimento nas semeaduras de 24 horas e 48 horas, ocorreu somente nos tubos

com Luffa operculata em concentrações superiores a 0,5%, inferimos que em torno

dessa concentração pode-se estabelecer a CBM para esses agentes.

Algumas amostras que continham Luffa operculata nas concentrações de

0,4%, 0,5% e caldo de bactérias com Streptococcus pneumoniae, não apresentaram

turvação do meio. Porém, o fato de algumas amostras apresentarem crescimento

bacteriano nas semeaduras confirmou que, assim como para o Streptococcus

pyogenes, em torno de 0,4% ou 0,5%, podemos estabelecer sua CIM para o

Streptococcus pneumonie.

Em concentrações de Luffa operculata superiores a 1%, não houve turvação

nos tubos contendo Streptococcus pneumoniae ou crescimento bacteriano nas

semeaduras de 24 horas e de 48 horas, porém, pelo fato de não terem sido testadas

Page 46: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

34

concentrações intermediárias entre 0,5% e 1%, não podemos concluir que a CBM

para o Streptococcus pneumoniae seja a 1%. É possível que em alguma

concentração entre 0,5% e 1% ocorra a morte de todas as bactérias testadas, e para

isso, seriam necessários estudos clínicos com escalonamento maior de

concentrações de Luffa operculata para estabelecer sua CBM.

Alguns tubos contendo Luffa operculata a 1% e caldo de bactérias com

Staphylococcus aureus não apresentaram turvação visual após a leitura de 24

horas, o que sugere que nessa concentração a Luffa operculata apresentou

atividade antimicrobiana para esse agente, estabelecendo, assim, sua CIM.

Somente na concentração de 2% houve ausência de turvação e ausência de

crescimento bacteriano nas semeaduras de 24 horas e de 48 horas, porém, assim

como ocorreu com os Streptococcus pneumoniae, não é possível garantir que essa

concentração seja sua CBM. A falta de concentrações intermediárias entre 1% e 2%

não garante que um valor maior do que 1% e menor que 2% também seja capaz de

erradicar todos os Staphylococcus aureus (Quad. 2).

Quadro 2. Presença ou ausência de crescimento bacteriano nas diferentes concentrações do extrato

de Luffa operculata

Bactérias Concentrações de Luffa operculata

0,2% 0,3% 0,4% 0,5% 1% 2%

Streptococcus pyogenes + + + - - -

Streptococcus pneumoniae + + + + - -

Staphylococcus aureus + + + + + -

(+) Presença de bactérias (turvação ou semeaduras positivas)

(-) Ausência de bactérias (turvação e semeaduras negativas)

Apesar de se tratar de Cocos Gram positivos, Streptococcus pyogenes,

Streptococcus pneumoniae e Staphylococcus aureus apresentaram perfis de

Page 47: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

35

susceptibilidade diferentes à Luffa operculata. Concentrações menores, em torno de

0,5%, foram capazes de erradicar todos os Streptococcus pyogenes, enquanto

somente a 1% erradicaram os Streptococcus pneumoniae e, a 2%, os

Staphylococcus aureus. Essa resposta à Luffa operculata se deu da mesma forma

que esses agentes respondem aos antibióticos convencionais. Muitos são os

mecanismos pelos quais essas bactérias desenvolvem resistência ao uso de

antimicrobianos. O Streptococcus pneumoniae, por exemplo, apresenta-se

capsulado, o que dificulta a ação dos antimicrobianos em sua parede celular.

Normalmente, apresenta maior resistência aos antibióticos que o Streptococcus

pyogenes. Já o Staphylococcus aureus, apresenta, dentre outros motivos, maior

capacidade de criar resistência bacteriana que os agentes anteriores, pelo fato de

ser um alto indutor de betalactamase.

5.4. Uso popular

Uma das formas mais difundidas para a preparação da infusão de Luffa

operculata pela população, especialmente no Nordeste do Brasil, é a colocação de

1/4 do fruto seco da planta, em 500 mL de água quente. Após a imersão do fruto em

agua quente, é necessário esperar que a água fique morna, para que possa ser

aspirada ou instilada pelo nariz, até que ocorra a saída de uma rinorréia profusa, e

por vezes, serosanguinolenta(15,21,26,28).

Em 2004, foi realizado trabalho experimental com 46 palatos de rã, divididos

em cinco grupos distintos. O Grupo 1 (controle) com 10 palatos imersos em solução

isotônica de Ringer rã, o Grupo 2 (infusão diluída – 60 mg/L) com 10 palatos imersos

em solução com 1/4 do fruto seco em 5 litros de Ringer rã, o Grupo 3 (infusão base

– 600 mg/L) com 10 palatos imersos em solução com 1/4 de fruto seco em 500 mL

Page 48: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

36

de Ringer rã, o Grupo 4 (solução concentrada – 1200 mg/L) com 10 palatos imersos

em solução com 1/4 de fruto seco em 250 mL de Ringer rã e o Grupo 5 (infusão em

água – 600 mg/L) com 6 palatos imersos em solução com 1/4 de fruto seco em 500

mL de água mineral, semelhante ao uso popular(15). Foram encontradas

anormalidades no epitélio que se acentuaram de forma gradual, a partir do Grupo 2

até o Grupo 5. O Grupo 5, com palatos de rã imersos na infusão com água,

apresentou resultados muito semelhantes aos do Grupo 4, onde a concentração de

Luffa operculata foi extremamente elevada(15).

Isso mostra que, a maneira como a população realiza a infusão de Luffa

operculata (1/4 de fruto em 500 mL de água) é extremamente lesiva à mucosa,

destruindo grande quantidade das tight junctions, e causando lesões irreversíveis na

camada basal. A concentração dessas infusões de uso popular pode ser comparada

à do Grupo 4 (infusão concentrada – 1200 mg/L)(15), o que resultaria em uma

concentração aproximada de 12%, ou seja, 12 vezes maior do que a medicação

liberada pela ANVISA e comercializada no país(15,30). Assim sendo, consideramos

contra indicada a realização dessas infusões.

5.5. Limitações do estudo

A escassez de trabalhos sobre a atividade antimicrobiana da Luffa operculata

gerou grande dificuldade em encontrar referências para a discussão do nosso

estudo. O único trabalho que realizou um screnning sobre a atividade antimicrobiana

de algumas cepas ATCC de diferentes bactérias, também encontrou CIM para

Staphylococcus aureus de 100 mg/mL(29). Em nossa pesquisa, assim como no

estudo anterior, avaliamos a cepa ATCC-25923, que apresentou CIM na

concentração de 1% junto com outras três amostras clínicas. As outras 21 amostras

Page 49: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

37

clínicas testadas apresentaram turvação visual após cultura de 24 horas e

crescimento bacteriano após semeaduras de 24 horas e 48 horas, o que não repetiu

os resultados da amostra ATCC. A falta de estudos com extratos em concentrações

intermediárias entre 0,5% e 1% não nos permite afirmar que sua CIM é de 1%, mas

nos permite inferir que pode estar entre 0,5% e 1%. Da mesma forma, a CBM para

Staphylococcus aureus também não pode ser estabelecida, mas podemos afirmar

que para essas amostras utilizadas em nosso estudo, se encontra entre

concentrações de 1% e 2% de Luffa operculata.

Nenhum estudo anterior avaliou a atividade antimicrobiana da Luffa

operculata em relação à Streptococcus pyogenes ou Streptococcus pneumoniae.

Claramente, em nosso estudo, os Streptococcus pyogenes se mostraram mais

susceptíveis à ação antimicrobiana da Luffa operculata, do que os Streptococcus

pneumoniae, e estes, por sua vez, em relação aos Staphylococcus aureus.

É importante salientar, que uma série de substâncias como as cucurbitacinas

B e D, glicosídeos, saponina, esteróis livres, ácidos orgânicos e fenóis, foram

isolados na análise fitoquímica da Luffa operculata(21,25,28). Apesar de uma série de

substâncias apresentarem efeito terapêutico, outras podem apresentar efeito tóxico

e, inclusive, levar a uma piora dos quadros de infecções de vias aéreas

superiores(15).

Assim sendo, mesmo com o efeito antimicrobiano promissor desse

fitoterápico(29), novos estudos devem ser realizados, visando estabelecer quais

desses componentes apresentam efeito terapêutico e quais são as concentrações

mais adequadas para que seu uso não cause mais prejuízos do que benefícios.

Esses estudos devem buscar reconhecer e separar os componentes tóxicos e

terapêuticos da Luffa operculata, para que se possa embasar ou rejeitar seu uso no

Page 50: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

38

tratamento dos quadros inflamatórios e infecciosos das vias aéreas

superiores(15,24,25,33).

5.6. Considerações para o futuro

Muitos estudos têm sido realizados na tentativa de elucidar as propriedades

terapêuticas da Luffa operculata. Estabelecer a tênue relação de toxicidade e

tratabilidade é o desafio a ser alcançado.

Encontrar ação antimicrobiana neste fitoterápico pode ser de grande valia no

arsenal de tratamento de doenças das vias aéreas superiores, visto que a cada dia,

mecanismos de resistência bacteriana dificultam o tratamento dessas afecções.

O fato dos fitoterápicos apresentarem variações em suas características e

em seus componentes, com alterações dos componentes do solo, índices

pluviométricos e sazonalidade de sua coleta, fazem com que sua composição seja

sempre diferente, com características únicas, o que dificulta a indução de resistência

bacteriana.

A partir do momento que se estabeleça uma dose segura para o uso na

cavidade oral, seu efeito antimicrobiano frente ao Streptococcus pyogenes poderia

ser de grande importância na criação de um spray oral para profilaxia de febre

reumática. Pacientes com teste rápido positivo e sem sinais e sintomas muito

intensos poderiam fazer uso desse spray para erradicar o agente, sem o uso de

antibióticos de forma sistêmica.

O mesmo pode ser dito para o tratamento de doenças nasossinusais, em

que fica comprovada a presença de biofilme. Seu efeito cáustico e detergente, por

meio das cucurbitacinas e saponinas, se controlados os efeitos colaterais, pode, em

baixas doses, ser útil na destruição da estrutura de polissacarídeos e,

Page 51: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

39

consequentemente, facilitar a ação de algum antibiótico associado na cura dessas

doenças.

É importante continuar buscando esclarecimentos sobre esse e outros

fitoterápicos, na tentativa de solucionar problemas que surgem a cada dia, e que,

por muitas vezes, não obtemos sucesso com os recursos que disponibilizamos no

momento.

Page 52: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

40

6. CONCLUSÃO

O extrato de Luffa operculata apresentou atividade antimicrobiana in vitro

contra os agentes bacterianos causadores de infecções de vias aéreas superiores

testados nesse trabalho, tanto naqueles agentes com perfil e suscetibilidade

conhecidos (ATCC), como os de origem clínica.

Page 53: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

41

7. REFERÊNCIAS

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Page 55: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

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Page 56: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

44

FONTES CONSULTADAS

1. Longui CA, Campos CAH, Malheiros CA, Lancellotti CLP, Macéa JR, Tedesco JJA, et al. Normatização para apresentação de dissertações e teses. Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, Pós-Graduação; 2004. 2. Cáceres AM, Gândara JP, Puglisi ML. Redação científica e a qualidade dos artigos: em busca de maior impacto. J Soc Bras Fonoaudiol. 2011;23(4):401-6.

Page 57: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

45

Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata em

Streptococcus pyogenes, Streptococcus pneumoniae e Staphylococcus

aureus

Rodolfo Alexander Scalia

Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Médicas

da Santa Casa de São Paulo, para obtenção do título de Doutor em Pesquisa em

Cirurgia, 2014

RESUMO

Objetivo: Avaliar a atividade antimicrobiana in vitro da Luffa operculata em agentes

causadores de infecções de vias aéreas superiores: Staphylococcus aureus,

Streptococcus pneumoniae e Streptococcus pyogenes. Métodos: Foram utilizadas

diferentes concentrações de extrato alcoólico de Luffa operculata em caldo de

bactérias dos agentes avaliados. Após incubação de 24 horas foi realizada a leitura

de turvação do meio, e posteriormente, semeadura em placas de ágar-sangue e

ágar Muller-Hinton, após 24 horas e 48 horas de incubação. Foram considerados

testes negativos aqueles em que não houve a turvação do meio, confirmados pela

ausência do crescimento das bactérias nas semeaduras. Foram considerados

positivos os testes que apresentaram turvação do caldo ou positividade nas

semeaduras de 24 horas ou 48 horas. Os resultados foram submetidos à análise

estatística pertinente. Resultados: Os extratos de Luffa operculata apresentaram

atividade antimicrobiana, especialmente para Streptococcus pyogenes, seguido dos

Streptococcus pneumoniae e Staphylococcus aureus. Conclusão: O extrato de

Luffa operculata apresentou atividade antimicrobiana in vitro contra os agentes

estudados.

Page 58: Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana da Luffa operculata

46

Antimicrobial activity of Luffa operculata in vitro in Streptococcus pyogenes,

Streptococcus pneumonia and Staphylococcus aureus

Rodolfo Alexander Scalia

Thesis presented to the School of Medical Sciences of Santa Casa de São Paulo, to

obtain the title of Doctor of Research in Surgery, 2014

ABSTRACT

Aim: To evaluate in vitro antibacterial activity of Luffa operculata against three

ordinary agents of upper respiratory tract infection: Staphylococcus aureus,

Streptococcus pneumoniae and Streptococcus pyogenes. Methods: Different

concentrations of Luffa operculata alcoholic extract were applied to bacterial broth

containing reference and comunity strains of the three described agents. After a 24-

hour incubation period, the bacterial culture turbidity was measured. Samples were

then inoculated onto Mueller-Hinton and human blood agar plates. Bacterial growth

was analized after 24 hours and 48 hours incubation period. The test was considered

negative if no turbidity changes were observed on the culture medium, and confirmed

by the absence of bacterial growth into the inoculated plates. Tests were considered

positive both when turbidity changes were observed on the bacterial broth or when

bacterial growth were detected on inoculated plates. Appropriate data statistical

analysis was performed. Results: Luffa operculata extracts showed antibacterial

activity mainly to Streptococcus pyogenes followed by Streptococcus pneumoniae

and Staphylococcus aureus. Conclusion: Luffa operculata extract showed in vitro

antibacterial activity against the studied agents.

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APÊNDICES

Apêndice 1. Aprovação do Comitê Científico do Departamento de Ciências

Patológicas

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Apêndice 2. Aprovação do Comitê Científico do Departamento de

Otorrinolaringologia

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Apêndice 3. Dispensa do Comitê de Ética e Pesquisa da FCMSCSP