aula intestino e sua interação com os demais sistemas

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Intestino: um órgão de interações Ana Maria Caetano de Faria Laboratório de Imunobiologia Departamento de Bioquímica e Imunologia ICB – UFMG Abril 2010 LIB Intestino humano: 10 metros Área da mucosa intestinal: 300 m 2 Maior área de contato com o meio externo

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Interação do intestino com demais orgãos

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  • Intestino: um rgo de interaes

    Ana Maria Caetano de FariaLaboratrio de Imunobiologia

    Departamento de Bioqumica e ImunologiaICB UFMG

    Abril 2010

    LIB

    Intestino humano: 10 metros

    rea da mucosa intestinal: 300 m2

    Maior rea de contato com o meio externo

  • Pele: Epitlio estratificado composto de vrias camadas, queratinizado e com caractersticas de barreira

    Intestino: Mucosa com apenas uma camada epitelial e com caractersticas de interao (absortiva)

    Maior rgo linfide do corpo

    Presena de componentes do sistema neuro-endcrino

    INTESTINO

    duodenojejunoleo

    Intestino grosso

  • Funes do TGI

    Boca: paladar, mastigao, formao do bolo alimentarSaliva: lubrificao, limpeza e digestoEsfago: transporte (10 s)Estmago: processamento, digesto e parcelamento do bolo (1-3 h)Intestino delgado: digesto, absoro (7-9 h)Fgado: bile (excreo, digesto lipdica)Vescula biliar: armazenamento bilePncreas (excrino): enzimas digestivas, HCO3- como tampo H+Cecum: armazenamento (25-30 h)Intestino grosso (clon): absoro de gua e sais (30-120 h)Reto: armazenamento, excreo

  • SECREO PANCRETICA

    PNCREAS glndula mista endcrina excrina

    2 tipos de secreo: Aquosa volume alcalino [ HCO3-] Protica enzimas digestivas

    amilolticas amilase (ptialina) lipolticas lipases proteolticas tripsina e quimotripsina

    SECREO BILIAR FGADO

    clulas de Kupffer (fagocitose) espao de Disse (recuperao linfticos)

    composio da bile: pigmentos gua sais inorgnicos sais biliares EMULSIFICAO LIPDICA

    a bile armazenada na vescula biliar

  • Modificado de: Vander, Sherman & Luciano, 2002,

    rgos relacionados digesto

    Digesto, absoro e motilidade no TGI

    Modificado de: Vander, Sherman & Luciano, 2002,

  • O Intestino e os Sistemas Nervoso e Endcrino

    Sistemas de sinalizao no TGI

    Neurcrino

    Endcrino

    Parcrino

  • Sistema nervoso entrico

    Plexo mientrico (Auerbach)- Contrao

    Plexo submucoso (Meissner)- Aumenta atividade secretria- Modula absoro intestinal

    Cada plexo contm 10-100 milhes de neurnios

    Irrigao e Inervao

    - neurnios: plexo nervoso mioentrico ou de Auerbach e plexo submucoso ou de Meissner . Intrnseco- fibras colinrgicas do parassimptico e adrenrgica do simptico

    Contrao muscularMisturar, movimentar e impulsionar o contedo intestinal

  • Plexo Mioentrico

    neurnios satlites

    Gnglio do Sistema Nervoso Entrico com neurnios marcados

    ChAT: neurnios colinrgicos, NOS: neurnios que contm NO-sintase; NPY: idem para neuropeptdeo Y; SP: idem para substncia P; ChAT/NPY: neurnio com dupla marcao para ChAT e NPY (colocalizao); ChAT/SP: idem para ChAT e SP (colocalizao) e NOS/NPY: idem para NO-sintasee NPY (colocalizao)

  • Modelo do sistema nervoso entrico e da regulao das funes do TGI

    http://library.med.utah.edu/physio/5200GI_lectures/motility.swf

    QuimioreceptoresMecanoreceptoresTermoreceptores

    Sistema nervoso autnomo

    SimpticoParassimptico

    Participao do Sistema Nervoso Autnomo no SNE

    Aumentaatividadesdigestivas

    ReduzAtividadesdigestivas

  • Os stios de alguns neurotransmissores so conhecidos; alguns so excitatrios (+) ou inibitrios (-). NE: noradrenalina e Ach: acetilcolina; T1-L3 ou S2-S4: segmentos medulares

    Plexo submucoso

    Plexo mioentrico

    Sistema nervoso entrico

  • Tm aces nos mastcitos e linfcitos

  • aferncia vagal em resposta estimulao de:- quimioceptores- mecanoceptores (distenso gstrica)

    Controle da fome e da saciedade

    aferncia vagal em resposta estimulao pela CCK no ID

    (efeito parcrino)

    O trato gastrointestinal libera diversoshormnios, incluindo a ghrelina e gastrina(estmago), insulina, glucagon, polipeptdeopancretico e amilina(pncreas), colecistoquinina, secretina, GIP e motilina(intestino delgado), GLP-1, GLP-2, oxintomodulinae PYY336 (intestinogrosso). Estes hormnios sinalizampara o sistema nervosoperifrico e central, regulando assim, um grande nmero de processos biolgicos.

    Secrees Endcrinas no TGI

    Murphy and Bloom, Nature 444, 854-859, 2006.

  • INTESTINO DELGADO - 6m

    Pregas circulares

    VILOSIDADES

    Dobras da mucosa e submucosa Protuses digitiformes da lmina prpria 10-40 por mm2 1,5 mm no duoedeno 0,5 mm no leo

    VILOSIDADES E GLNDULAS

  • INTESTINO DELGADO

    microVILOSIDADES

    Aumento da superfcie de absoro

    3 mil microvilus1 comprimento

    Pregas circulares

    VILOSIDADES

    Dobras da mucosa e submucosa

    microvilos

    Estrutura do microvilo

  • Intestino delgadoEpitEpitliolio da mucosada mucosa

    Clulas M

    - Colunares prismticas- Microvilosidades- Ncleo oval-basal- Absoro e secreo de enzimas-dissacaridases e dipeptidases

    Clula absortiva superior

  • Histofisiologia

    - completar digesto de dissacardeose dipeptdeos

    - digesto lipidica- reesterificao dos cidos graxos

    - absoro: de nutrientesaa e monossacardeos: processo ativolipdeos: processo passivo

  • Intestino delgado

    EpitEpitliolio dada mucosamucosa

    Epitlio colunar com borda em escova + clulas caliciformes

    - principalmente no leo- produz muco: lubrificao e proteo

    Clula caliciforme

  • INTESTINO DELGADOCriptas ou glndulas de Lieberkuhn

    Glndula de Lieberkuhn

    Secreo de gua

    - mesmas caractersticas das cels enteroendcrinasdo estmago: colecistoquinina e secretina

    1 % das clulas epitelias Colecistoquinina estimula liberao de enzimas pancreticas Secretina - estimula a liberao de lquido rico em bicarbonato pelo pncreas

    Clula neuroendcrina

  • - responsveis pela renovao do intestino

    Clula regeneradora

    Renovao do Epitlio

    Padro de migrao: sinais moleculares na lmina basal-lamininas

  • - poro basal- cels excrinas com grnulos

    acidfilos- ncleo basal e RER numerosos- produo de lisozima

    - clulas excrinas- presena de lisozima, TNF-alfa e defensinas

    - controle da microbiota intestinal

    Clula de Paneth

    Clula de Paneth

  • Interaes com o sistema imune

    GALTTecido linfide associado ao

    intestino

    ViloLmina prpria Placa de Peyer

  • GALT o maior rgo linfide do corpo

    Camundongos

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    12

    14

    16

    PP

    humanos

    0

    1.000

    2.000

    3.000

    4.000

    5.000

    6.000

    MLN

    1010 plasmcitos

    Medulassea

    Bao

    LN, SPL,

    Medula

    GALT

    106 plasmcitos

    GALT

    Mestecky, 1984 ; Van der Heidjen, 1987

    Tecido linfide associado smucosas (MALT)

    Sistema Imune de Mucosas

    Bienenstock, 1979

  • MALT Mucosa-associated lymphoid tissue

    GALT Gut-associated lymphoid tissuePPs and ILFs constitute the major part of GALT (ILFs and appendix)

    NALT Nose- or nasopharynx-associated lymphoid tissue (Waldeyer'spharyngeal ring, adenoids (nasopharyngeal tonsil) and palatine tonsils.

    SALT/ Salivary gland- or duct-associated lymphoid tissueDALT Identified in non-human primates but not humansCALT Conjunctiva-associated lymphoid tissueLDALT Lacrimal drainage-associated lymphoid tissueTALT Eustachian tube-associated lymphoid tissueLALT Larynx-associated lymphoid tissueBALT Bronchus-associated lymphoid tissue

    Not present in normal lungs of adult humansMLN Mesenteric lymph nodeCLN Cervical lymph node

    Approved by the International Union of Immunological SocietiesWorld HealthOrganization Subcommittee on IgA nomenclature [9].

    (Brandtzaeg and Pabst, 2004)

    Migrao inter-mucosa

    NALT

    TALT

    BALT

    GALT

    Mucosa ocular

    Mucosa nasal

    Mucosa brnquica

    Glndulas mamrias

    Mucosa intestinal

    Mucosa genito-urinria

    Stios indutores Stios efetores

    Bienenstock, 1980

  • Husby, 2005

    Migrao seletiva entre os diversos tecidos linfides da mucosa

    Placas de Peyer

    lmina prpria

    Clula M

    GALT Tecido linfide associado ao intestino

    IEL

    LTi (IL-7R+ c-kit+ RORt+)

    E-cadherina7CD103

    Clula epitelial

    Villus

    GC

    LTLT

    YYY

    Y

    Y

    Y

    Y

    Y

    sIgA

    Y

    Y

    Y

    Y

    HEV

    IEL

    LT LBCD8+ CD4+Linfticos eferentes

    Clula M

    Y

    TGF-/IL-10/IL-4/IL-5

    IgA

    IL-6

    MAdCAM-1

    47

    Clulas epiteliais

    Celulas B1 IgA

  • Lamina Propria e IELs*

    *

    *

    *

    *

    *

    **

    *

    LP

    CG

    Placas de Peyer

    GALT

    Tecido linfide difuso

    Lmina prpria

    Linfcitos intra-epiteliais (IEL)

  • Lmina prpria

    Vilosidades

    Criptas

    JEJUNO PLACAS DE PEYER

    IgA Absoro pelo epitlio do intestino delgado

  • Clula M

    Rimoldi & Rescigno, 2005

    Ocludin, claudin

    Captao de antgenos do lmen pelas DCs da lmina prpria

  • Chieppa, Rescigno, 2006

    expresso de TLRspelo epitlio que ativaas DCs por quimiocinas

    Captao de bactriaspatognicas e comensais

    Dendrito no lmen do intestino

    190 gr protenas por dia

    and diet

    1012 bactrias/ gr fezes(~ 400 espcies)

  • Izcue, Coombes & Powrie (2009) Ann.Rev.Immunol., 27:313

  • Clulas linfides do GALT

    70% esto ativadas (ao contrrio dos 20% no bao e linfonodos perifricos)

    IL-1, IFN-, TNF-, IL-6, quimiocinas(KC,etc), prostaglandinas

    IL-4, IL-10, TGF-, PGE-4

    Presena de macrfagos, eosinfilos, mastcitos, linfcitos ativados

    A maioria dessas clulas expressa 47

    Produo de SIgATGF- induz a troca de isotipos para IgA em clulas B IgM+ nas placas de Peyer

    IL-5, IL-10 e IL-6 induzem a diferenciao em plasmticos produtores de IgA nalamina propria

    GALT DC (mas no PLN DC) e RA induzem a troca de isotipos para IgA emlinfcitos B IgM+ da lamina propria Mora et al, 2006

    Experimentos em animais deficientes em RAR mostram baixos numeros de plasmcitos produtores de IgA na lamina propria

    50% da IgA produzida no intestino vem de linfcitos B1 que migram dacavidade peritoneal e fazem a troca de isotipos na lamina propria Fagarasane Honjo, 2000

    RA secretado pelas DCs da lamina propria importantes para a troca de isotipoT-independente na LP

  • McGhee, Kunisawa and Kiyono, 2007

    Digestive EnzimesMucus

    Dendritic CellMast Cell

    M -Cell

    Secretory IgAT reg.

    B Cell Plasma Cell

    Protein

    Linfoblast

    Oral Tolerance

    Cara & Faria, 2009

  • Protocolo Experimental

    Saline

    7 dias

    14 dias

    OVA

    7 dias

    14 dias

    OVA+CFAOVA+Al(OH)3

    Tratamento Oral

    DTH ProliferaoCitocinas

    Produo de anticorpos

    TGF-IL-10

    IL-10

    Tr1Th3

    CD4+

    ?

    CD8+

    CD4+CD25+FoxP3+ CD4+LAP+

    ?

    Deletionm

    m

    DCDC

    Clula MEntercitoAg

    Anergy

    IL-10

    Tregs

    High dose Low dose

    Th17

    IL-6

  • Intestino grosso:ceco, colon, reto e nus

    - Absoro de H20 e ons, vitaminas do quimo.

    - Compactao das fezes

    - Absoro de drogas:Sedativos,Anestsicose esterides

  • INTESTINO GROSSO- Membrana mucosa sem pregas e vilosidades

    - Epitlio colunar prismtico com borda estriada (microvilos)

    - Gls Lieberkuhn longas com numerosas cels caliciformes e

    poucas enteroendcrinas

    -Lmina prpria: rica em linfcitos e ndulos linfticos-

    aparecem tbm na SM

    - camada muscular bem desenvolvida: fibras circulares e longitudinais (formam faixas-

    tnias do colo)Serosa: apndices epiplicos

    (protuberncias de tec adiposo)

    Intestino grossoParede muscular espessa- grande atividade peristaltica.

  • Clulas caliciformes

    Clulas absortivas

    Secreo

  • Ambiente da mucosa intestinal

    APC

    Antigen

    CD45RBlo CD44hi

    CD62Llo 47hi

    SLCMIP

    PGE-2

    IL-4, IL-10, TGF-

    APC

    HEV

    Ambiente da mucosa intestinal

    tolerance inflammation

    APC

    Ag

    CD45RBlo CD44hi CD62Llo 47hi

    SLCMIP

    PGE-2

    IL-4, IL-10, TGF-

    APC

    HEV

  • As Doenas inflamatrias do intestino alteram a permeabilidade intestinal(Doena de Crohn, Colite Ulcerativa, Alergia Alimentar)

    Permeabilidade intestinal aumentada

    Alterao do balano de citocinas(intestino delgado ou grosso)

    Quebra da tolerncia oral aos antgenos naturais

    Reaes inflamatrias s protenas da dieta e a microbiota

    Doenas inflamatrias intestinais

  • Causas de aumento da permeabilidade intestinal

    Doena celaca IBDs Eczema atpico Giardase crnica Candidase intestinal Infeces com bactrias invasivas (E. coli) Deficincia de IgAS (imunodeficincia de IgA) Anti-inflamatrios no esterides Alcoolismo

    Permeabilidade Intestinal Aumentada na Alergia Alimentar

    Maior entrada de antgenos alimentares

    Averso ingesto do alrgeno(animal evita tomar o antgeno)

    Associada aos nveis sricos de IgE

    Basso et al, 2001

    Modelo experimental murino

  • Efeitos da permeabilidade intestinal aumentada

    - Penetrao no organismo de alimentos mal digeridos(pptidos, dissacridos, polissacridos lpidos, protenas)

    - Entrada abundante de antignios: Aumento de alergiaalimentar (IgE), Intolerncia alimentar (IgG), Doenasinflamatrias e autoimunes.

    - Exposio elevada a toxinas: Sobrecarga da funo de desintoxicao do fgado e fadiga devido ao alto consumo de ATP.

    - Exposio elevada a agentes patognicos.

    Provas de Laboratrio para avaliar a PermeabilidadeIntestinal

    Administrao de determinadas substncias marcadoras, de diferentes tamanhosmoleculares, que no so metabolizadas para avaliar a percentagem da suaeliminao urinria que ser o reflexo da sua absoro a nvel intestinal.

    As substncias utilizadas so hidrossolveis, no txicas, e no metabolizveispelo organismo. Molculas de tamanho molecular pequeno, equivalentes smolculas de monossacardeos, aminocidos, cidos gordos, etc. ou de tamanhos um pouco maiores equivalentes aos dissacardeos e peptdeospequenos.

    Prova de sobrecarga oral com manitol e lactulose, com recolha da urina das seishoras seguintes e quantificao cromatogrfica (cromatografia de gs) dapercentagem eliminada que serve de avaliao do grau de absoro de ambas as molculas.

    O manitol deve ser absorvido entre 5 e 30%, enquanto que a lactulose no deveultrapassar 0.5%.