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Associação dos Aposentados e Reformados da RDP trimestral 20º ano Setembro gratuito nº 82 2016 BOLETIM AR-Rádio - Associação dos Aposentados e Reformados da RDP (IPSS) - NPC 502 011 750 Av. Marechal Gomes da Costa nº 37 -1849-030 LISBOA- Tf. 21 382 02 24 E-mail: [email protected] CONVÍVIO e PROXIMIDADE Alegria e boa disposição, durante o almoço, no restaurante Martinho da Arcada, em Lisboa, em mais uma iniciativa da AR-Rádio

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Associação dos Aposentados e Reformados da RDP

trimestral 20º ano Setembro

gratuito nº 82 2016

BOLETIM

AR-Rádio - Associação dos Aposentados e Reformados da RDP (IPSS) - NPC 502 011 750

Av. Marechal Gomes da Costa nº 37 -1849-030 LISBOA- Tf. 21 382 02 24 E-mail: [email protected]

CONVÍVIO e PROXIMIDADE

Alegria e boa disposição, durante o almoço, no restaurante Martinho

da Arcada, em Lisboa, em mais uma iniciativa da AR-Rádio

AR - Rádio 2

SUMÁRIO Editorial ……………………..………3

Marques Maria Passeio a Coimbra e Porto ………………………………. 4/5 Mª. Emília Ramalho Um trio de grande sucesso ………………………………. 6/7 Ribeiro da Silva Ver Lisboa …………………........... 8

Mª. Emília Ramalho João de Melo ……………….9/10/11 Graça Vasconcelos Aniversariantes……......... 12/13 Informações Úteis ………………14 Aquela Senhora é Jornalista…………………...15/16/17 Maria Clara Teatro N S Carlos ………………..18

Nini Remartinez Humor…………………………………. 19 Mª. Assunção Freire Curiosidades………………….….20 Internet

Alzheimer ……………………...21/22 Internet Poesia ……………………….………….23 Mª. Assunção Freire Mª. Hermínia Anastácio

Direcção: António Marques Maria

Edição: Maria Emília Ramalho

Paginação e grafismo: Guilherme Guimarães

Impressão: Reprografia - RTP

AR Rádio 3

De acordo com os Estatutos da AR-Rádio, ainda em vigor, e decorridos três anos do presente mandato, vamos ter Eleições para os Órgãos Sociais, no próximo mês de Novembro, mas agora para um mandato de quatro anos. Na mesma data haverá ainda uma Assembleia Geral, que brevemente será convocada, para apreciação e votação do Orçamento e do Programa de Ação para 2017. Sobre as Eleições, consideramos oportuno e importante, fazer uma apreciação construtiva à falta de participação dos Associados nas Assembleias Gerais, nomeadamente nas três em que participámos (2007/10/13), nas quais os associados presentes nunca ultrapassaram uma escassa dezena, para além dos dezassete membros dos Órgãos Sociais. Claro que todos gostávamos que as Assembleias fossem bem mais participadas, mas esta situação é comum no meio associativo Sénior e não só, mas no nosso caso compreende-se perfeitamente a razão: A AR-Rádio iniciou-se em 1988, quando os seus jovens Fundadores tinham a idade média de 56 anos, convidando para ingresso muitos outros menos jovens. Percorridos 28 degraus de boa caminhada, o patamar está agora um pouco mais elevado ou seja no andar do Piso 84. Portanto na presente situação dos 440 Colegas Associados, - a maioria com grau etário bastante elevado, é natural e compreensível que a distância da Sede e outras situações pessoais ou familiares, bem mais difíceis, não convidem nem permitam a sua participação em Eventos ou Assembleias. Perante esta realidade, cumpre-nos manifestar a todos estes Colegas Associados, o nosso apreço, consideração e reconhecimento, pela fidelização que têm mantido com a AR-Rádio. Pela nossa parte estamos ao dispor de todos para ajudarmos no que nos for possível, através do Núcleo de Voluntariado e do Apoio Social. Voltando às Eleições, a experiência do passado não nos permite contar com a participação de qualquer lista alternativa à que será apresentada pela Direção em exercício. Devemos portanto falar apenas em algumas substituições - devido à “juventude acumulada” e aos anos de exercício - alguns com 9 e 12 anos de funções. Torna-se portanto necessário encontrar e sensibilizar potenciais Colegas, para exercer as funções em falta nos Órgãos Sociais. A propósito de “Potenciais Colegas”, é bom referir que, felizmente para a AR-Rádio e sua continuidade, temos ainda muitos e bons Colegas Associados, que não aparecem – não estão ocultos, estão noutra onda, mas que “a seu tempo”, esperamos, acabarão por se deixar atrair pelo espírito da Rádio, que “os marcou”, QUE LHES FAZ COMPANHIA E LHES DIZ BOM DIA.

A AR-Rádio, funcionando no âmbito social da Empresa, é elo de ligação que nos permite manter a proximidade da Rádio e da RTP.

Somos positivos, confiamos no futuro, com o potencial dos mais jovens.

Contamos consigo, contacte-nos.

EDITORIAL

António Marques Maria

Eleições em Novembro

Uma oportunidade de participar

Ajudando os outros, ajuda-se a si

próprio

AR - Rádio 4

MariaEmíliaRamalho

Em finais de Junho, fomos mais uma vez ao encontro de colegas e amigos de

longa data, dos tempos dos Emissores Regionais de Norte e do Centro.

Ainda que Junho já nos pareça uma data “bué” remota, com férias de permeio,

ondas de calor, avisos laranjas e vermelhos da Meteorologia, Portugal a arder de

Norte a Sul (nem a Madeira escapou)! Na Europa somos os melhores, nisto de

dar pontapés na bola ninguém nos ganha! Houve também uns jogos chamados Olímpicos, nisso das medalhas não somos tão bons, mas, paciência, não se pode

ter tudo! Quando é que acabam as férias dos miúdos, meu Deus, já não aguento

mais horas em frente ao canal Panda, acabo por ver o mundo pelos olhos do rato

mickey!

Mas estou para aqui a desviar-me do tema principal destas linhas, o Passeio a

Coimbra e ao Porto e, nesse sentido, vou socorrer-me duns parcos apontamentos

escrevinhados à pressa e principalmente da minha memória que, graças a Deus, ainda funciona bastante bem.

Chegados a Sangalhos, às Caves Aliança, para além do acolhimento sempre

caloroso que nos é dispensado pelos colegas de Coimbra, tivemos duas surpresas:

A qualidade e variedade das peças expostas no Museu das Caves Aliança,

exemplares da vasta colecção de Joe Berardo. Os longos túneis subterrâneos das

caves do conhecido espumante Aliança adaptaram-se às novas funções de

repositório duma valiosa colecção onde se destacam peças de arte indígena africana, pedras, minerais, cristais de rochas, animais fossilizados, faianças,

numa mostra de excelente gosto estético, sempre acompanhados por uma

competente guia.

Seguiu-se o almoço, no Pompeu dos Frangos,

na Malaposta, com outra agradável surpresa,

esta absolutamente inesperada, com que nos

brindaram os colegas de Coimbra: Um momento de Fados e Guitarradas de

Coimbra, pela voz do cantor António Diniz,

presente em muitos dos grupos que se têm

formado em Coimbra como a Tuna

Académica da Universidade de Coimbra, Grupo de Fados Verdes Anos, Grupo Cantus

do Rio. Publicou também um livro de poemas

“Até Rimar pelas Margens de Coimbra”

PASSEIO – CONVÍVIO A COIMBRA E AO PORTO

AR - Rádio 5

Chegámos ao Porto, numa corrida contra o

tempo pois, também mais uma surpresa,

pretendíamos e conseguimos uma visita ao Palácio da Bolsa, que não estava no programa

e o horário das visitas era um limite às nossas

pretensões. Foi mais uma prova da simpatia

das gentes do Porto, pois, através de contactos telefónicos, conseguimos que esperassem por

nós, e assim pudemos visitar a maravilha das

várias salas, com destaque para o salão árabe

da Câmara de Comércio do Porto.

No dia seguinte, visitámos o simpático Museu Romântico, os Jardins do Palácio

de Cristal e o já clássico almoço no Mineirão em Gaia.

Destas visitas, destacamos o Museu Interactivo do Porto que reconstrói a época dos Descobrimentos. Aì viajámos nos porões duma nau do século XVI e

navegando em pequenos botes, percorremos as terras descobertas pelos

portugueses.

No regresso, o almoço foi em Santa Luzia, no restaurante Manuel Júlio, já perto

de Coimbra.

E pronto, foram estes, em meu entender, os pontos mais relevantes destes 3 dias passados no Norte.

AR - Rádio 6

Ribeiro da Silva

Porto, Rio Douro e Vinho do Porto são nomes de tal forma

interligados que não se poderá referir um deles

isoladamente sem os outros dois surgirem imediata e

inconscientemente na nossa memória, havendo

justificáveis e bons motivos para isso suceder, porquanto

cada um faz parte de um conjunto tornado único pelas

qualidades que lhe são próprias e em que qualquer das

suas componentes evoca agradáveis memórias, sejam as

de uma bela cidade plena de vivacidade e de um carácter

muito seu, as de um rio e do seu vale que oferecem paisagens únicas e fantásticas ou as de

um sabor aveludado que desde há séculos conquistou o mundo.

Visitar o Porto, conhecer o Porto, viver o Porto e o seu mundo é uma tarefa impossível para

qualquer visitante que disponha apenas de alguns dias para o fazer, pois a tarefa é imensa e

restarão sempre alguns aspectos que exigirão uma nova presença para serem conhecidos.

E de cada nova visita sair-se-á sempre com o prazer de ter cumprido uma boa e agradável

estada, mas com a insatisfação de se ter falhado qualquer coisa para se obter um pleno

conhecimento de tão atraente conjunto. Talvez seja por esse motivo que tais visitas se

tornam como que um vício e é obrigatório incluí-las sempre em itinerários que incluam o

norte do nosso País.

Conhecer o Porto e a sua gente será sempre uma surpresa para o visitante, como cidade

única, principalmente muito singular sobre o ponto de vista humano, as riquezas de trato e

simplicidade e franqueza desarmantes das pessoas com quem se fala.

Sob outros pontos de vista, a cidade dispõe também

de notáveis monumentos, de arquitectura de traço

gótico e renascentista mas predominantemente

barroco, por vezes com contrastes impressivos com a

da restante urbe, de ruas, avenidas e praças plenas de

movimento e comércio intenso, em que se encontra

representação das marcas mais conhecidas, enquanto

espalhadas por toda a cidade existem centenas de pequenas lojas que vendem de quase

tudo fazendo frente às grandes superfícies e aos tempos de crise em que vivemos, enquanto

largos espaços arborizados proporcionam amplas manchas de verde.

Um trio de grande sucesso

AR - Rádio 7

Sobretudo, o elemento mais marcante é a permanente

ligação entre a cidade e o rio, dando prova de que uma

não poderia existir sem o outro. O Douro tem o dom de

estar presente em todos os momentos da vida do Porto,

não há ponto a que nos desloquemos em que ele não

faça impor a sua presença, seja de forma directa,

mostrando-se majestoso e magnífico quando visto das

margens e sobretudo dos respectivos pontos mais altos, permitindo recolhas de imagens

que vão ocupar o lugar de honra nos albuns de recordações, como também indirectamente,

dado ter imbuído o espírito de todos os portuenses que não darão passo sem que a

influência do rio os condicione.

O Douro - o rio e toda a região - apresenta-se logo que o visitante entra por qualquer das

pontes que o atravessam e, simultaneamente, permite um primeiro olhar geral sobre a

cidade, sobre o massivo casario recortado no alto pelas saliências de construções mais

elevadas e tendo a seus pés as águas correntes povoadas por embarcações que dão logo

sinal da efervescência da vida que povoa a capital do norte.

Seguir essa vida vale acima proporciona entrada numa serpenteante e empolgante via fluvial

rodeada de encostas verdes e marcada aqui e além por belas e extensas quintas e moradias

dos respectivos proprietários, por regra vinicultores, debruçadas sobre o rio e rodeadas por

exuberantes vinhedos em terras de dominante xisto que descem até junto às águas por

escadarias monumentais que correm paralelamente ao rio - os socalcos característicos.

Todo o conjunto cambia de cor ao ritmo da mudança das estações, adquirindo já no Outono,

depois de completas as vindimas, variados tons que vão do verde inicial ao verde

desmaiado e ao castanho até um esplendoroso quase vermelho dourado que proporciona

naquela sucessão de magníficos anfiteatros panoramas sem igual em todo o mundo.

Vila Nova de Gaia tem sido o tradicional empório das

vinhas do Douro, tendo beneficiado dos trabalhos que

travaram o assoreamento do rio e o tornaram navegável

durante grande parte do seu curso, os quais até já

permitem, e desde há muitos anos, a navegação e as

manobras dos esguios barcos hotéis de baixo calado e

grande número de cabinas. E é nos cais daquela cidade,

na margem sul do Douro, que abundam as enormes adegas repletas de tonéis onde o

delicioso Vinho do Porto, autêntico sangue que anima toda a região, ganha idade e redobra

de sabor a fim de satisfazer os numerosos pedidos que chegam de todas as latitudes.

E todo o Douro rejubila com o êxito obtido pelo seu produto que lhe dá maior notoriedade - e

é no afã de preparar a próxima colheita que a cidade, o rio e todas as actividades ligadas à

produção desse néctar dos deuses consumam a sua íntima ligação.

AR - Rádio 8

MariaEmíliaRamalho

Foi com esse propósito que 63 dos nossos associados aceitaram o convite da AR/RADIO e se lançaram à “aventura” de conhecer Lisboa com os olhos estrangeirados de quem nos visita por breves horas, na tentativa de ver o mais possível no escasso tempo de que dispõe.

Entre os tuk tuk, por ventura mais consentâneos com a nossa juventude e os cómodos autocarros panorâmicos de 2 pisos, optámos por estes últimos, não fosse o diabo tecê-las e acabarmos o nosso passeio algo “desconjuntados” numa urgência dum qualquer hospital. E lá fomos, de auriculares nos ouvidos, arregalando os olhos, obedientemente segundo as instruções recebidas (à esquerda isto, à direita aquilo) para cenários sobejamente

conhecidos mas, o que é certo, é que por vezes nos chamaram a atenção para praças, jardins, edifícios por onde todos os dias passamos sem os vermos e que, aqui do alto, descobrimos com outra perspectiva. Conclusão: Lisboa está na moda, Lisboa é mesmo bonita, com a doce luz de Setembro a dourar as fachadas das casas desta cidade com muitas colinas, 7 dizem os roteiros turísticos, mas eu conto mais umas quantas, principalmente quando subo ou desço as célebres “calçadas portuguesas” escorregadias e polidas por séculos de passeantes. Lisboa antiga, Lisboa ribeirinha. Lisboa moderna, velhos monumentos que fazem a nossa história ao lado de construções arrojadas, com a assinatura de arquitectos notáveis, por todos eles passeamos o nosso olhar atento. Para continuar mascarados de turistas, almoçámos no emblemático Martinho da Arcada, onde fomos recebidos por figuras como o Eduardo Lourenço , o Júlio Pomar, o José Saramago, o Manuel de Oliveira, o Rui de Carvalho e, claro, o anfitrião Fernando Pessoa que nos convidou para a sua mesa. A mesa é sempre ocasião para se festejar o estarmos juntos e mais uma vez, foi animada a cavaqueira. Ainda no Terreiro do Paço, visitámos o LISBOA STORY CENTRE, um espaço dedicado à cidade de Lisboa, que combina o conhecimento e a tecnologia e onde se propõe uma viagem no tempo, percorrendo 20 séculos de história, desde a sua fundação, até aos nossos dias.. Especialmente bem conseguidas as imagens recreadas de terramoto de 1755, que, como sabemos arrasou grande parte da cidade e a gigantesca obra do Marquês de Pombal e da sua equipa de engenheiros para a reconstrução da Baixa Pombalina. Depois do lanche surpresa, por acaso no mesmo Martinho da Arcada que nos recebeu ao almoço, cada um de nós seguiu o seu caminho, com uma interrogação e alguma “mágoa”: Os turistas verdadeiros acabam na Lisboa by Night, Bairro Alto, fados e copos e nós? Regressámos pacatamente às nossas casas!!!.

VER LISBOA COMO OS TURISTAS

AR - Rádio 9

O escritor João de Melo recebeu, este ano, o prémio Vergílio Ferreira, na sua 20ª edição, o qual premeia, anualmente, o conjunto da obra literária de um autor de língua portuguesa relevante na narrativa e/ou ensaio. Em anos anteriores estão nomes como Eduardo Lourenço, Agustina Bessa-Luís, Vasco Graça-Moura, Mário Cláudio e Hélia Correia. João de Melo é um escritor que há muito aprendemos a ler e a apreciar. Estou certa que todos se lembram do seu magnífico e muito premiado romance "Gente Feliz com Lágrimas". "Os Navios da Noite" é o seu mais recente livro. São dezoito contos que revelam os muitos rostos e fragilidades da condição humana. O escritor nasceu nos Açores, na ilha de S. Miguel, em 1949. Cedo veio estudar para o continente, com apenas 11 anos. Vive em Lisboa. É autor de obras de ficção, ensaio, antologias, de livros de crónicas e de viagem. São muitos os seus livros editados. Aqui ficam apenas alguns: O Meu Mundo Não É Deste Reino, Dicionário de Paixões, As Coisas da Alma, Autópsia de um Mar de Ruínas, Açores: o Segredo das Ilhas. Pensámos que a melhor forma de abordar a obra deste escritor seria mesmo conversar com ele. Afável e disponível, como sempre, respondeu, em exclusivo, às nossas perguntas. Os Navios da Noite é o título do teu mais recente livro. Que navios são estes?

Os que levam consigo, neles mesmos, um ponto de luz contra a noite escura do tempo que temos vindo a viver. São navios portadores de esperança, pelo menos para quantos ainda não conheceram a própria luz do ser, entre os homens seus semelhantes. A metáfora da noite terá de nascer no olhar e no espírito de cada leitor: ele sabe quais são as trevas da vida e do mundo em que vive. Estou certo de que coincidiremos nas razões da revolta e na ideia do inconformismo em relação ao sentimento de perda que hoje nos aflige. Andamos todos mais ou menos perdidos numa noite feita de opressões, depressões, crises, perdas, derrotas.

Temos dezoito histórias de grande intensidade dramática; que fio de ligação podemos encontrar entre elas?

Julgo que a linguagem assegura a passagem de uma história para a seguinte, com variações de ironia e de humor pelo meio. Mas o ponto de vista temático parece-me garantir também a hipótese de este ser um livro temático, um quase romance sobre a dignidade dos humanos ofendidos e por vezes excluídos do nosso quotidiano. Diz-se, algures, que a História é sempre escrita pelos vencedores; e que só a literatura e a arte dão voz aos vencidos.

Graça Vasconcelos

“Podemos imputar praticamente tudo às virtudes da escrita

literária. O que mais depressa move a consciência do

escritor é a efeméride do ser, a sua contingência humana.

Todos gostaríamos de ser jovens, eternos, belos e heroicos

neste mundo.”

JOÃO DE MELO, UM ESCRITOR DE TODOS OS LUGARES

AR - Rádio 10

A morte, elemento sempre presente nestes contos, a fragilidade humana também ...

O senhor de Lapalisse diria que a morte é a perda do bem precioso da vida. Nada de mais óbvio. Pelo meio, existe um calvário chamado pobreza, outro chamado solidão, outro idade, velhice e morte. O sentimento da idade anuncia o princípio de decadência: a fragilidade progressiva do corpo e das faculdades, um tempo de crepúsculo que surge cada vez mais como ameaça, como prenúncio do fim. Falar da morte não é, no meu caso, uma doença, uma patologia. Antes um modo de repúdio, uma denúncia da suprema injustiça de que sofrem os vivos.

Escrever é também exorcizar?

Podemos imputar praticamente tudo às virtudes da escrita literária. O que mais depressa move a consciência do escritor é a efemeridade do ser, a sua contingência humana. Todos gostaríamos de ser jovens, eternos, belos e heroicos neste mundo. Como isso parece impossível, tentamos contornar a evidência com a defesa da nossa bondade, da ética e do merecimento social.

A memória é matéria prima de escritores. É também assim contigo ou é tudo pura invenção?

A memória traz-nos de volta o que aprendemos por nós e pelos outros, assim como o que foi vivido e “experiencializado” pelo género humano. A imaginação é uma ousadia criadora, uma espécie de mistério que nos leva a preguntar de onde nos vem a literatura, e a nunca encontrar uma resposta. Depois, há exercícios intermédios a um e a outro desses pontos de partida: a autoficção, por exemplo, sugere uma “autobiografia mentida” (à fal ta de melhor designação). Porém, o mais interessante de tudo, no chamado jogo do literário, reside na capacidade que o escritor tem, ou eventualmente não tem, de criar uma linguagem própria, só dele; de a fazer funcionar como marca de um imaginário capaz de distinguir a sua voz de outras vozes literárias. Tenho-me inquietado muito com essa ideia da descoberta ou da invenção de uma linguagem própria.

No conto "A minha mãe e eu" há algo de auto- biográfico?

O que aconteceu comigo, na morte da minha mãe, foi um mistério. Ela no Canadá e eu em Lisboa. Ela a morrer e a chamar por mim, lá longe, e eu como que a ser fulminado por um arrepio de frio. Logo a seguir, soube por um telefonema que esse meu desconforto interior coincidira com o último suspiro dela. Claro está que o conto se evade, antes e depois, de tudo o que lá vem narrado. As personagens não existem, não são reais, o enredo ao redor da morte da mãe, também não. A perda da figura materna é algo recorrente em mim, noutros contos, nalguns romances. A força e a dor do sentimento familiar têm-me inspirado grandes momentos de realização literária.

Até que ponto o teu ser ilhéu marca a tua ficção?

Do princípio ao fim. Essa é a minha marca, porque é também a minha diferença. E a diferença, no mundo de hoje, tem de ser encarada como um valor. Não imagino que tipo escritor seria eu sem essa matriz insular. Não pretendo ser um regionalista dos Açores,

AR - Rádio 11

mas sim alguém que escreve para cruzar fronteiras, sair da periferia insular e olhar o centro. Com sabedoria e sentido de propriedade. O centro para que eu aponto é a minha condição portuguesa, sendo ela integral, mesmo com olhos e coração de açoriano.

Recebeste o prémio Vergílio Ferreira deste ano. Sei que o conheceste pessoalmente. Que importância teve para ti e que pensas do grande escritor?

Já se começa a ver que ficou entre nós como uma das grandes vozes do século XX português. O significado acrescido deste prémio vem do facto de ser atribuído ao conjunto da obra, não apenas a um livro. Nessa medida, foi um aplauso para o caminho que trilhei até aqui. Creio que Vergílio Ferreira ficaria contente se soubesse que tinha sido eu desta vez o distinguido. Uma vez, ele encontrou-me por aí, em Lisboa, num acaso. Tinha-lhe mandado um dos meus livros. Então ele saiu ao meu encontro, tomou-me as duas mãos e disse com grande veemência na voz: “Aquilo é muito, muito bom!”

Que relação estabeleces com os teus leitores?

De permanente cortesia. De atenção e grande respeito. São sempre pessoas que sabem muito mais de mim, do que eu delas, visto que me leem ou me escutam por aí. Depois, é facto que eles, leitores, mudaram a minha vida. Estou-lhes grato por isso. Mesmo sabendo (como disse alguém, talvez o Borges) que a única coisa a esperar do leitor é a “deslealdade”.

Gente Feliz com Lágrimas está traduzido em que línguas?

Se não estou em erro, em oito ou nove línguas: inglês, espanhol, francês, italiano, alemão (parcial), neerlandês (Holanda), romeno, búlgaro. Não estou certo se em mais alguma. Começamos a envelhecer quando perdemos o domínio sobre a nossa biblioteca.

Aqui fica um pequeno excerto de "Os Navios da Noite": (…) Na manhã seguinte, singram na serenidade de umas águas chãs, aplainadas pelo bom tempo,

bem longe da costa, com mar e céu unidos sob a abóbada de um firmamento tão limpo como se

tivesse sido recentemente pintado de azul. Não se vê uma única nuvem nesse espaço redondo que a

vista alcança. E nada de vento. Brisa, apenas a que o navio desloca na sua marcha através da

pequena ondulação: não mais do que o sulco que a proa abre para separar as águas, que se

propagam logo para os lados, abrindo-se como uma grande vala a ser escavada e como terra a

espalhar-se e a embater no casco. Sente-se a paz integral, um equilíbrio perfeito entre o repouso do

corpo, a alegria da vida e o prazer de navegar. Todo o azul voga com eles, transposto para a calma

sob a luz do dia, numa beleza tranquila. Ninguém esperaria melhor sorte do que essa que o acaso

lhes reservara, nem condições mais adequadas ao que desejavam. (…)

João de Melo, um escritor a ler, a conhecer, sem dúvida. Os tempos livres que agora, felizmente, conseguimos ter, são uma boa oportunidade.

[email protected]

AR - Rádio 12

São estes os colegas que festejam o seu Aniversário no 4º Trimestre (meses de Outubro, Novembro e Dezembro) do corrente ano. São

nomes de amigos que nesse dia merecem ser lembrados e receber uma mensagem e um abraço. Aqui fica o convite!

Informações sobre contactos

Outubro/2016 Dia

1 MARIA DO CÉU DIAS LUZ GRAÇA

1 CARLOS ALBERTO SANTOS

2 LUÍS MANUEL B. NEVES BRANCO

2 MARIA AMÉLIA M. P. MOREIRA

4 JOSÉ MILHEIRO TEODÓSIO

5 MARIA JOSÉ OLIVEIRA CARDOSO

5 BERNARDINO ERNESTO PONTES

5 CRISTINA F. SANTOS SILVA

5 MÁRIO SILVA CRISÓSTOMO

6 ANTÓNIA RODRIGUES PINTO

7 LURDES CONCEIÇÃO FERNANDES

9 RUI ALBERTO SILVA REMÍGIO

11 MARIA MANUELA N.C.GOUCHA GOMES

12 LUÍS ALVES

14 MARIA CONCEIÇÃO M. SILVA DIAS

14 ANTÓNIO CARV. CASTRO RODRIGUES

15 MARIA ELSA CARVALHO LEÃO

15 TERESA MARIA M. S. V. DIEGUES

16 MARIA ESTRELA PINTO MACEDO

Dia

17 MARIA DA CONCEIÇAO F.JESUS

17 MARIA JOSÉ SANTOS M.PINHEIRO

18 LEANA DA CONCEIÇÄO RAMALHO

18 LEONOR BORGES F.TEIXEIRA

20 ALBANO ZITO JESUS

20 ARTUR CARLOS A LINO SOUSA

20 DÁRIO AFONSO LOPES

20 ARMANDO BRAGA CRUZ

21 MARIA FERNANDA M.GANHÃO

25 JAQUELINE SEZINANDO FILIPE

25 AUSENDA BASTOS C. F.GAIO

26 MARIA INÁCIA MENDES BISCAIA

27 ELISA MARIA SANTA PORTUGAL

28 ANA MARIA MONTEIRO SILVA

29 MARIA JÚLIA R.M.A.GUERRA

29 MARIA JESUINA M S.DUARTE

29 AURÉLIO JORGE FILIPE VASQUES

31 MARIA FERNANDES M.CONCHA

31 RAFAEL VIELA

MEMÓRIA Durante o corrente ano, faleceram alguns colegas e associados, a quem prestamos a nossa homenagem, renovando os sentidos pêsames aos respectivos familiares. Com efeito, já não estão entre nós os colegas e amigos Manuel Janeiro Gato Guerra, Ilídio José Solteiro, Odete Lopes Diniz, Armando Yebra Martins, Maria Madalena Vanzeller, António Carlos Vicente Rosa, Georgete Pedroso Pereira, José Guerreiro Raposo, Carlos Manuel Carvalho Proença, Moisés Esteves Coluna, e Joaquim Costa Martins. Para eles e outros de que eventualmente não tenhamos tido conhecimento em momento oportuno, a saudade e a memória do tempo que passámos juntos.

AR - Rádio 13

ANIVERSARIANTES DE NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2016

PARA TODOS, OS NOSSOS SINCEROS PARABÉNS, COM VOTOS DE MUITA SAÚDE

Dezembro

Dia

1 MARIA CÂNDIDA RAMOS FERREIRA

1 MARIA ISABEL C.CERDEIRA

1 DÍLIA MARIA FONSECA M NOGUEIRA

1 ANTÓNIO MARQUES MARIA

1 MARGARIDA ÂNGELA S.FERREIRA

2 MARIA LEONILDE M. L.SIMÕES

3 LUIS MANUEL MARTINS ABRANTES

5 ANTONIO MANUEL P. G.VIDEIRA

6 CARLOS MANUEL LISBOA CUNHA

7 DOMINGOS LOURENÇO GRILO

7 MARIANA ODETE O. BENTES DUARTE

7 MARIA ISABEL VENTURA CARVALHO

8 ILDA ROSA BRÁS NUNES LUIS

8 JÚLIO FERREIRA ANASTÁSCIO

11 JOSÉ DAMÁSIO DIAS SIMÃO

12 NOÉMIA VIEGAS SANTOS FARINHA

13 JOAQUIM DE CASTRO AMARAL

13 MARIA LUZIA C. F. LUCAS BRAVO

16 ZÉLIA MENDES FONTES FILIPE

17 ISALINA L MARQUES PARENTE

18 FERNANDO LUIS ROD. TRIGUEIROS

19 ARNALDO PEREIRA CORREIA

19 MARIA MANUELA O. ZENHA LEITE

19 MARIA TERESA GRILLO SELLERIER

20 ROSA MARIA GONÇALVES LUIS

20 HELENA ROCHA A SANCHES MATOS

20 ROMEU CENTENO CORREIA

22 ARMANDO ZARCOS BRAS

23 MANUEL JÚLIO R A. VAZ BRAVO

25 MARIA LURDES ANJOS BRAZ

27 ANA MARIA ALVES VIEIRA

27 MARIA BEATRIZ P.MADEIRA

27 HORÁCIO LOPES RAPOSO TRINDADE

28 RAUL PINTO CUNHA

28 ANTÓNIO JOSÉ ARAÚJO FERREIRA

28 MANUEL SANTOS F.CAIADO

29 EFFIE MARIA SOUSA

29 LICETE AUGUSTA DE CARVALHO

30 MANUEL FERREIRA SILVA TOPA

31 MARIA VALENTE SOARES

Novembro

Dia

1 JOSÉ ANTONIO NUNES CARVALHO

3 VIRGÍNIA S. COELHO MARQUES

5 FERNANDO DOS REIS SIMPLES

7 MARIA ELISA S. G.MIRANDA

8 MARIA ORLANDA CAETANO B.MARTINS

10 MARIA REGINA CAETANO BARROSO

11 FRANCISCO RAMOS

11 ÓSCAR ALBERTO F.PAULO

12 LUISA PAULA MALDONADO MENDES

13 JOSÉ JESUS FIGUEIREDO

13 JOSÉ AUGUSTO MONTEIRO MACEDO

15 GLÓRIA MARTINS PEÃO

15 MARIA.HELENA F. M. O.SILVA

16 DANIEL MOREIRA CARREIRO

20 ANTERO FERREIRA DOS SANTOS

20 MANUEL JOÃO PAULO

22 MARIA GLÓRIA MARQUES A.MARTINS

22 MARIA GABRIELA O. C.SANCHES

22 JOAQUIM TRINDADE DE SENA

22 MANUEL PALMA VALENTE DIONÍSIO

22 ISABEL MARIA CALADO CASTANHEIRA

23 ANÍBAL DOS ANJOS CARDOSO

23 MARIA GEORGETE LOPES SEQUEIRA

23 MARIA MANUELA ESTEVES SANTOS

24 MARIA HELENA FERRª PILAR BATISTA

25 ANTÓNIO RITA MARTINS CARO

25 MÁRIO LOPES FIGUEIREDO

27 JOSÉ FRANCISCO ESTEVES BATISTA

29 ARISTIDES HENRIQUES SABIO

30 SILVESTRE PIRES DUARTE

30 AUGUSTO RIBEIRO DA SILVA

30 MARIA ROSETE DORES SILVA

20 MANUEL JOÃO PAULO

22 MARIA GLÓRIA MARQUES A.MARTINS

22 MARIA GABRIELA O. C.SANCHES

22 JOAQUIM TRINDADE DE SENA

22 MANUEL PALMA VALENTE DIONÍSIO

22 ISABEL MARIA CALADO CASTANHEIRA

23 ANÍBAL DOS ANJOS CARDOSO

23 MARIA GEORGETE LOPES SEQUEIRA

23 MARIA MANUELA ESTEVES SANTOS

24 MARIA HELENA FERRª PILAR BATISTA

25 ANTÓNIO RITA MARTINS CARO

25 MÁRIO LOPES FIGUEIREDO

27 JOSÉ FRANCISCO ESTEVES BATISTA

28 MARIA JOSÉ DIONÍSIO

29 ARISTIDES HENRIQUES SABIO

30 SILVESTRE PIRES DUARTE

30 AUGUSTO RIBEIRO DA SILVA

AR - Rádio 14

INFORMAÇÕES ÚTEIS

1. Site da AR-Rádio

O site da AR-Rádio encontra-se on line, podendo ser consultado pelos interessados, com o seguinte endereço: http://media.rtp.pt/aposentadosereformadosrdp/

2. Protocolo com a Optocentro.

A Optocentro é uma empresa que actua no domínio da Óptica Ocular,

proporcionando aos seus clientes soluções personalizadas e variadas no âmbito

da óptica. Neste sentido passamos a apresentar as seguintes condições para todos os associados da AR-Rádio: - Desconto de 25% em aros, lentes de contacto e óculos de sol; - Desconto de 30% em lentes oftálmicas; - Descontos de 10% nos restantes produtos.

Contactos: Lisboa – Av. António Augusto de Aguiar nº 32 C 1050-016 Tel: 213113270 E-mail: [email protected] Porto – Rua Sá da Bandeira nº 511 4000-436 Tel: 222014217

E-mail: [email protected]

3. Aconselhamento Jurídico Informamos os nossos associados, que através da AR-Rádio, encontra-se disponível

um serviço de aconselhamento jurídico ao vosso dispor. Para tal, basta contactar com

o nosso atendimento na sede, das 14:00 às 16:00 horas todos os dias úteis, que

encaminhará o vosso pedido para o advogado conveniente, que, gratuitamente vos

melhor aconselhará, face ao assunto em causa.

4. Assembleia Geral

No próximo mês de Novembro, vão realizar-se duas Assembleias Gerais, no mesmo

dia, sendo enviadas as respectivas convocatórias oportunamente, para aprovação do

plano de acção e orçamento para o ano de 2017 e eleição dos novos Órgãos Sociais,

para o próximo mandato de 4 anos, nos termos das alterações estatutárias,

decorrentes da legislação das IPSS.

Apelamos à participação dos associados, que puderem, nestes actos de vital

importância, para o futuro da nossa Associação.

AR–Rádio 15

M

Maria Clara

Quando a RDP ainda funcionava no Quelhas, ia eu a um Gabinete de Odontologia que ficava na rua que sobe do Largo do Rato. Um dia, quando estava ao balcão a tratar da consulta, a funcionária perguntou-me qual era a minha profissão. “Jornalista “- respondi. E logo um menino que se encontrava perto de mim, depois de, com a sua necessidade de não estar quieto, andar a “cruzar” o espaço, deu 2 ou 3 passinhos rápidos e disse a uma senhora que estava sentada : “-mãe, aquela senhora é jornalista!” Eu não sei o que terá levado a esta declaração pronunciada em voz baixinha mas audível. Interesse? Associação a alguém conhecido? Alguma admiração pela profissão?!? Só sei que, nesse momento, senti uma ponta de orgulho porque uma testemunha pequenina mas atenta, se tinha referido, de forma simples, à segunda pele que eu vestia com uma ponta de orgulho, e que me permitia estar no grupo dos contadores de notícias… Sim, porque os jornalistas não produzem notícias, não fazem notícias. Contam-nas através do que vêem ou viram, contextualizadas por pormenores transmitidos ou pesquisados, que lhes dão corpo.

“- São quatro os fatores principais que influenciam na qualidade da notícia: Novidade- a

notícia deve conter informações novas, e não repetir as já conhecidas; Proximidade- quanto

mais próximo do leitor for o local do evento, mais interesse a notícia gera, porque implica mais

diretamente na vida de qualquer um; Tamanho- tanto o que for muito pequeno como o que for

muito grande atrai a atenção do público mas o muito grande pode saturar… e Relevância- a

notícia deve ter importância ou, pelo menos, ser significativa. Acontecimentos banais,

corriqueiros, geralmente não interessam ao público, embora haja jornais cor de rosa,

panfletos partidários, etc que chamam a atenção … mas tal só serve para alimentar a iliteracia

e a falta de Cultura…-“

Aquela senhora é Jornalista…

AR–Rádio 16

Posso dizer que fui uma jornalista self-made, apesar de, mais tarde -muito mais tarde-, ter podido fazer uma licenciatura em Comunicação. Curiosa como sou, vivi um autêntico deslumbramento ao encontrar nas diversas teorias, um manancial de conhecimentos que vieram “culturar” o meu empirismo. Desse tempo guardo memórias fantásticas dos bons professores com os quais convivi, assim como continuo a guardar um imenso respeito por muitos dos entrevistados com quem tive o privilégio de falar nas centenas de entrevistas que, antes e depois dessa aventura, me foram distribuídas ou propostas por mim. Personalidades importantes do Saber, da Cultura, da Ciência, etc. E depois houve um Prémio… Mas o que ainda guardo com carinho é a frase daquela criança dita com uma pontinha de ênfase “-aquela senhora é jornalista-“! Na minha carreira de cerca de 40 anos, procurei sempre dar o meu melhor, falando e lendo claramente - como o meu pai me ensinou-, sendo coerente, criteriosa quanto aos elementos que iriam dar lugar ao produto jornalístico e respeitadora da privacidade das pessoas, não recorrendo nunca a estratégias “sujas” para obter declarações.

E o que é que encontramos amiúde? Muitos profissionais que não deixam falar os entrevistados, ou simplesmente, não os deixam concluir a resposta. E que dizer daqueles que fazem a pergunta desenrolando pormenores que era suposto constituírem a resposta do convidado? Para quê? Talvez para mostrar que sabem tanto, ou quase, como o pobre do entrevistado, que assim fica “entupido” e com pouco para dizer… Já houve quem se levantasse e saísse! Lembram-se? Recentemente, aquando dos Jogos Olímpicos no Brasil, (como se sabe, a braços com uma crise dos poderes constituídos…) um jornalista português perguntava a Marcelo Rebelo de Sousa – em visita oficial -, o que achava da actuação do presidente interino brasileiro?!?!?! Como é óbvio o nosso Presidente da República, com aquela elegância que lhe é natural, ignorou. Felizmente, Portugal conta com nomes grandes do Jornalismo. Do Passado e do Presente. Na investigação que fiz, tropecei com esta declaração (não sei quem a disse ou escreveu), que considero uma das mais objectivas que me foi dado encontrar e que bem podia constar nos Livros de Estilo... Jornalista é, hoje, uma das profissões mais vitais para o bom andamento do dia a dia. Com a quantidade de informações que recebemos, muitas vezes não conseguimos filtrar o que é verdadeiro ou não. Essa é a função do jornalista, apurar e ter a certeza de que tudo é verdadeiro! O Livro de Estilo do “Público” tem na primeira parte da sua Introdução o capítulo dedicado â Ética e à Deontologia, onde constam: Estatuto editorial; Princípios e Normas de Conduta profissional; Informar sem manipular, difamar ou intoxicar; Privacidade e Responsabilidade; Seriedade e Credibilidade e O Jornalista não é um mensageiro. Pela parte que me toca tive sempre a preocupação de confirmar informações, em primeiro lugar as do outro lado...

AR–Rádio 17

Depois há o português, a construção das frases, a dicção algumas vezes entaramelada ou acelerada de tal forma que no fim não se sabe bem onde está a notícia, e onde é que perdemos o que estávamos a ouvir.. Quantos atropelos. E quantas “bengalas” que muitos usam (realmente, digamos, pois…) Deixo-vos com alguns testemunhos….. de pessoas-referência : Claudio Abramo - Para ser jornalista, é preciso ter uma formação cultural sólida, científica ou humanística. Marcel Marceau - "Os atores, como os jornalistas, são os historiadores do agora" Rui Barbosa - Quando os governos alugam os jornalistas para enganarem a nação e o

estrangeiro; quando os governos assalariam os telégrafos para intrigarem no país e no exterior; quando os governos venalizam os legisladores para servirem às suas ordens e cobrirem os seus crimes, a vida nacional fugiu do ar livre e, soterrada na obscuridade, não gera senão bafios, escorpiões e lesmas.

Gabriel Garcia Márquez - “Para ser jornalista é preciso ter uma base cultural considerável e

muita prática.Também é preciso muita ética. Há tantos maus jornalistas que quando não têm

notícias, as inventam…” William Shakespeare “Há mais coisas entre os donos de jornal e os políticos do que sonha a nossa vã filosofia.” ### Por vezes, há coisas que nos desafiam… Sampaio Pina: noticiário das 7 horas. O final era sempre o espaço da previsão meteorológica. Uma manhã, nas páginas produzidas e compiladas pela Redacção, não constava o texto com os elementos fornecidos pelo Instituto da Meteorologia, via telefone. Terminei as notícias e anunciei a previsão. Não havia. Remexi as folhas à procura. Não havia. A única coisa a fazer era improvisar…Calmamente mas assertiva (talvez porque no estúdio estava calor) disse que em Lisboa estavam naquele momento 27 graus. E fechei o noticiário sem dizer mais nada além do habitual “Bom Dia”!. Afinal, em Lisboa estavam só 17 graus. O que é que o Orson Welles teria dito se estivesse no meu lugar??? “.Em 30 de outubro de 1938, a rede de rádio CBS interrompe sua programação para noticiar uma suposta invasão alienígena. Na verdade, nada mais era que um programa semanal, onde a história de A Guerra dos Mundos era dramatizada, pelo jovem Orson Welles, em forma de programa jornalístico. Entretanto, houve grande pânico devido a um mal-entendido: cerca de 6 milhões de pessoas sintonizaram no programa e metade delas fê-lo depois da introdução, em que se explicava que não passava de uma peça de ficção, calculou a própria CBS. Pelo menos 1,2 milhão de pessoas acreditou ser um fato real, meio milhão teve a certeza de que o perigo era iminente, entrando em pânico, sobrecarregando as linhas telefônicas, com aglomerações nas ruas e congestionamentos, causados por ouvintes tentando fugir do perigo. O caos paralisou três cidades. O programa foi um sucesso de audiência, fazendo a CBS bater a emissora concorrente NBC,.”. Meu menino de há 30 anos…, obrigada por me teres feito sentir que pertencia ao universo dos contadores de notícias. Até então eu limitara-me a carregar nas teclas de uma máquina de escrever…

AR - Rádio 18

O Teatro Nacional de São Carlos foi inaugurado em

1793 pela Rainha D. MariaI. É um Monumento Nacional e constitui o único teatro de Ópera em Portugal.

Mas há que referir, que antes dessa data, já existia a

Ópera ou a Real Casa da Ópera do Tejo e tratava-se

dum faustoso teatro da Corte, em Lisboa, que foi destruído pelo terramoto de 1755.

Este Teatro Real da Ópera foi mandado construir pelo rei D.JoséI e ficava situado

na Ribeira das Naus. Reconstruido, o Teatro ergue-se ainda hoje no Largo de

S.Carlos.

AÍ tive a honra de cantar com o Coro Feminino e a Orquestra Sinfónica da

Emissora Nacional, dirigida pelo Maestro Pedro de Freitas Branco, numa obra

inglesa “Os Planetas”, onde a meio da peça entrava o Coro. No mesmo Largo está a casa onde nasceu Fernando Pessoa, assinalada com uma

placa comemorativa da efeméride.

Os músicos que tocavam no S.Carlos, também faziam parte das Orquestras da

Emissora e, recorrendo a esses contactos, era-me fácil mostrar o Teatro a pessoas da minha amizade, de diferentes paises ,que tinham gosto em o visitar.

A simpatia das pessoas ia ao ponto de iluminarem o teatro todo para realçar a

beleza do monumento, autêntica jóia da arquitetura portuguesa.

O meu grande amigo Dr, Mário Moreau, que sempre me amparou, como médico

e amigo e foi director do Teatro, é autor de dois belos livros sobre a história do

S.Carlos.

Quando a minha saudosa sogra veio a Lisboa (era natural da Madeira) e nunca

tinha visto uma Õpera, levei-a lá e ficou maravilhada com “La Boéme”.A ópera,

qualquer uma tem o seu encanto, mas as de Wagner não gosto.!

Vi todos os grandes nomes que vieram a Lisboa e recordo um episódio giríssimo:

Veio o Plácido Domingo fazer o Otelo e lá fui eu à bilheteira, só conseguindo uma

torrinha, Aquele lugar é muito mau mas a mocidade vai, por ser económico, eu

era a pessoa de mais idade. Chega um rapaz que vem ter comigo e pede-me para trocar o lugar, pois tem a mãe lá em baixo e prefere ficar com os amigos.

Resumindo, vi o Plácido Domingo no primeiro balcão, com uma simpática

senhora e no fim, mãe e filho levaram-me a casa.

TEATRO NACIONAL DE SÃO CARLOS

Nini Remartinez

AÍ tive a honra de cantar com o Coro Feminino e a

Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional…

AR - Rádio 19

Existirá diferença entre «COMPLETO» e «ACABADO»

Há uma diferença, sim!

Nenhum dicionário da língua portuguesa consegue explicar adequadamente a

diferença entre estas duas palavras. Durante uma recente palestra sobre a língua, em Lisboa, supostamente

frequentada pelos melhores do mundo, Samdar Balgobin, um homem da Guiana,

foi o vencedor convincente, ovacionado com entusiasmo.

A pergunta final foi a seguinte: Como explicar a diferença entre COMPLETO e ACABADO de maneira fácil de

entender? Há pessoas que afirmam não haver nenhuma diferença entre

COMPLETO e ACABADO.

Segue a sua inteligente resposta:

Ao casar com a mulher certa, você está COMPLETO.

Ao casar com a mulher errada você está ACABADO.

E quando a mulher certa te apanha junto com a mulher errada, você está

ACABADO por COMPLETO.

---------------- /// -----------------

EQUÍVOCO

Seis indivíduos carregam um piano pelas escadas.

Já desorientados pelo esforço, perderam a conta ao andar onde estavam e um

deles resolve ir ver quantos andares ainda faltavam subir. Volta e diz:

- Tenho duas notícias, uma boa e outra má.

Um deles responde:

- Conta só a boa, a má contas quando chegarmos!

- Está bem, faltam seis andares.

Continuaram a subir e quando chegaram ao 10º andar:

- Qual é a má notícia?

- O prédio não é este!

HUMOR

Mª.Assunção Freire

AR - Rádio 20

COISAS QUE SE ATRAEM SEM ESFORÇO:

Mulher e montras Homem e cerveja Carro de bêbado e poste Tornozelo e pedal de bicicleta Leite a ferver e fogão limpinho Político e dinheiro público Dedinho do pé e ponta de móveis Camisa branca e molho de tomate Segundas-feiras e sono Chuva e carro trancado com a chave dentro Dor de barriga e final de rolo de papel higiénico Bebedeira e mulher feia 1- LEIS BÁSICAS DA CIÊNCIA MODERNA:

· Se mexer, pertence à Biologia. · Se feder, pertence à Química. · Se não funciona, pertence à Física. · Se ninguém entende, é Matemática. · Se não faz sentido, é Economia ou Psicologia. · Se mexer, feder, não funcionar, ninguém entender e não fizer sentido, é INFORMÁTICA. 2- LEI DA PROCURA INDIRECTA:

· O modo mais rápido de encontrar uma coisa é procurar outra... · Encontras sempre aquilo que não estás à procura. 3- LEI DA TELEFONIA:

· Quando te ligam: se tens caneta, não tens papel. Se tiveres papel, não tens caneta. Se tiveres ambos, ninguém liga. · Quando ligas para números errados de telefone, nunca estão ocupados. · Parágrafo único: Todo corpo mergulhado numa banheira ou debaixo do chuveiro faz tocar o telefone . 4- LEI DAS UNIDADES DE MEDIDA:

· Se estiver escrito 'Tamanho Único', é porque não serve a ninguém, muito menos a ti... 5- LEI DA GRAVIDADE:

· Se consegues manter a cabeça no sítio enquanto à tua volta todos a estão a perder, provavelmente tu não estás a entender a gravidade da situação . 6- LEI DOS CURSOS, PROVAS E AFINS:

· 80% da prova final serão baseados na única aula a que não foste e os outros 20% se basearão no único livro que não leste. 7- LEI DA QUEDA LIVRE:

· Qualquer esforço para agarrar um objecto em queda provoca mais destruição do que se o deixássemos cair naturalmente. 8- LEI DAS FILAS E DOS ENGARRAFAMENTOS: · A fila do lado sempre anda mais rápido. · Parágrafo único: Não adianta mudar de fila. A outra é sempre mais rápida.

Fonte: Internet

AR–Rádio 21

Uma droga experimental removeu a acumulação de proteínas no cérebro

de pessoas com Alzheimer em estágio leve e retardou o seu declínio

mental, segundo um estudo publicado na revista científica Nature,

recentemente.

Investigadores dos Estados Unidos e da Suíça testaram a aducanumab, desenvolvida pela

empresa de biotecnologia Biogen, em 165 pessoas

com Alzheimer em fase inicial, durante um ano.

Alguns pacientes receberam injeções mensais deste anticorpo, e outros tomaram um placebo.

Nos cérebros dos pacientes que receberam a

droga, houve uma "eliminação quase completa"

das chamadas placas amiloides, disseram os cientistas. Amiloides são proteínas

aderentes que se agrupam em depósitos no cérebro, bloqueando os neurónios - um dos mecanismos suspeitos de causar Alzheimer.

"O efeito deste anticorpo é muito impressionante", disse Roger Nitsch, professor

no Instituto de Medicina Regenerativa da Universidade de Zurique e coautor do estudo.

Após um ano de tratamento, "praticamente nenhuma placa beta-amiloide pode

ser detectada nos pacientes que receberam a dose mais alta", revela um

comunicado da universidade. E embora o ensaio não tenha sido concebido para testar a eficácia da droga, a equipa observou um aparecimento mais lento dos

sintomas em pacientes tratados.

"Agora é a hora"

Tal observação apoia a hipótese de que as placas amiloides são de facto o que

causa o Alzheimer, disseram os investigadores, mas testes mais aprofundados

são agora necessários para o provar definitivamente. "De facto, a confirmação de

que o tratamento anti-AB (beta-amiloide) retarda o declínio cognitivo seria um divisor de águas para a maneira como nós entendemos, tratamos e prevenimos a

doença de Alzheimer", comentou Eric Reiman, diretor-executivo do Instituto

Banner Alzheimer, em Phoenix, Arizona. "Agora é a hora de descobrir",

acrescentou.

A droga provocou, porém, efeitos colaterais, incluindo a acumulação de líquido no

cérebro e dores de cabeça.

Alzheimer: há uma nova esperança

AR–Rádio 22

Os resultados do estudo publicado pela Nature aumentaram a esperança de que

um tratamento para a doença de Alzheimer, que afeta a memória e a

independência, esteja finalmente ao alcance da medicina. Os especialistas nesta área pediram, porém, cautela com a interpretação das conclusões do estudo. A

droga, aducanumab, é apenas a mais recente a mostrar resultados promissores

em ensaios clínicos iniciais, de Fase I, disseram.

Anteriormente, outras substâncias aprovadas na primeira fase acabaram tendo resultados decepcionantes nos testes decisivos sobre sua eficácia, na Fase III.

"Embora o resultado seja potencialmente animador, é importante moderar as

expectativas com cautela considerável", disse Robert Howard, professor de

psiquiatria na Universidade College London. "Seria prematuro concluir que isto provavelmente representará um tratamento efetivo para a doença de Alzheimer",

acrescentou.

Alzheimer é a forma mais comum de demência, condição que afeta quase 50

milhões de pessoas em todo o mundo, com cerca de 7,7 milhões de novos casos diagnosticados por ano, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

A idade avançada é o principal fator de risco, e não há prevenção nem

tratamento eficaz para os sintomas do Alzheimer, que incluem perda de

memória, desorientação, ansiedade e comportamento agressivo.

As pessoas não morrem de Alzheimer em si, mas devido a complicações da

doença, que podem incluir infecções e desnutrição. No ano passado, a empresa

farmacêutica americana Eli Lilly disse que a droga solanezumab, também um

anticorpo, mostrou resultados promissores quando administrada a pessoas em estágios iniciais de Alzheimer. Os cientistas aguardam com expectativa os

resultados de testes mais aprofundados com ambas as drogas, que devem ser

realizados nos próximos meses.

Fonte: Internet

AR - Rádio 23

ABRIL

Mª. Assunção Freire

Era um azul, azul celestial;

Azul de mil estrelas, sem luar;

Azul com transparências de cristal; Azul pedindo oiros de altar

e desenhos antigos de vitral.

As hortas dormiam a saudade das leiras deixadas por lavrar,

trocadas p´lo trabalho na cidade.

No silêncio da noite adiantada, entre aromas de relva e hortelã,

olhando o alto azul, eu aguardava

o oiro azul da estrela da manhã. .

NOITE AZUL

NA QUINTA DA

GRANJA

NOITE AZUL NA

QUINTA DA

GRANJA

Mª. Hermínia Anastácio

Ele é o sétimo mês No calendário romano, Mas Setembro é, outra vez, Apogeu de todo o ano. É o mês de recolher Todo o fruto bem maduro, De guardar e escolher Um abrigo bem seguro. É o mês de retornar Com força e mais valentia, Ao aconchego do lar E à lida de cada dia. E é o mês de programar Novo ano menos duro, Porque é tempo de lançar Alicerces do futuro!...

SETEMBRO

AR - Rádio

Edição de Setembro 2016