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SMPCT Protocolo Clínico Asma grave em adultos Estabelecido em: 15/01/2015 Responsáveis /organizadores Guilherme Freire Garcia – Presidente da Comissão Científica da SMPCT Luiz Eduardo Mendes Campos- Presidente da Comissão de Asma da SMPCT Colaboradores Evandro Monteiro de Sá Magalhães Flávio Mendonça Andrade da Silva Gediel Cordeiro Junior Luiz Fernando Ferreira Pereira Márcio Freitas Guimarães Mauríco Meireles Goes Raquel Felizardo Rosa Sociedade Mineira de Pneumologia e Cirurgia Torácica 2015 Reuniões de validação Associção Brasileira de Asmáticos Regional MG- outubro de 2014 Encontro Mineiro de Pneumologistas em Tiradentes -novembro de 2014 Apoio Associação Médica de Minas Gerais Este protocolo pode ser acessado no site www.smpct.org.br

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Asma grave em adultosEstabelecido em: 15/01/2015

Responsáveis /organizadores Guilherme Freire Garcia – Presidente da Comissão Científica da SMPCT

Luiz Eduardo Mendes Campos- Presidente da Comissão de Asma da SMPCT

Colaboradores Evandro Monteiro de Sá MagalhãesFlávio Mendonça Andrade da Silva

Gediel Cordeiro JuniorLuiz Fernando Ferreira Pereira

Márcio Freitas GuimarãesMauríco Meireles GoesRaquel Felizardo Rosa

Sociedade Mineira de Pneumologia e Cirurgia Torácica

2015

Reuniões de validaçãoAssocição Brasileira de Asmáticos Regional MG- outubro de 2014

Encontro Mineiro de Pneumologistas em Tiradentes -novembro de 2014

Apoio Associação Médica de Minas Gerais

Este protocolo pode ser acessado no site www.smpct.org.br

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Pág. 2 Asma grave em adultos

INTRODUÇÃO / RACIONAL

A maioria dos pacientes asmáticos pode ser tratada com as medicações padronizadas. Porém existe um subgrupo de difícil tratamento, que consome grande parte dos recursos empregados no tratamento da asma. É um grupo de pacientes heterogêneos, com fenótipos diferentes, sendo que os mecanismos fisiopatológicos e melhor abordagem ainda não estão totalmente esclarecidos. Apesar de ser impossível estabelecer sua prevalência devido à falta de uma definição uniforme, a maioria da publicações sugere que 5% a 10% dos asmáticos podem apresentar asma grave. Este protocolo tem como população alvo os pacientes adultos com asma grave, conforme definições do protocolo, descritas abaixo. Os objetivos deste protocolo são: revisar a definição de asma grave, discutir possíveis fenótipos, e determinar condutas no paciente adulto, tendo como base de desenvolvimento a adaptação local de outras diretrizes, especialmente a “International ERS/ATS guidelines on definition, evaluation and treatment of severe asthma” de 2014 (1). Seus potenciais utilizadores são especialistas em doenças respiratórias que lidam com asma grave, e que devem ser os responsáveis pela aplicação do protocolo, e também clínicos gerais, médicos de cuidados primários, enfermeiros, fisioterapeutas e outros profissionais da saúde. É aconselhável consulta com um especialista em asma nos seguintes casos: asma de difícil diagnóstico, suspeita de asma ocupacional, asma persistente não controlada com exacerbações frequentes, asma com risco de morte, eventos adversos significativos ou suspeita de subtipos de asma (ex: aspergilose broncopulmonar alérgica) (4). Este documento não tem a intenção de instituir um tratamento padronizado, mas estabelecer bases racionais para decisões em pacientes com asma grave, pois as recomendações não conseguem abranger toda a complexidade do julgamento clínico em casos individuais. Os autores recomendam sua revisão e atualização no período máximo de 3 anos, ou, se necessário, em tempo menor.

SIGLAS

ACQ- Asthma Control Questionaire ACT- Asthma Control Test ADC- Asma de difícil controle AINH- Anti-inflamatórios não hormonais Anti-IgE- anticorpo monoclonal anti- imunoglobulina E ATS- American Thoracic Society BUD- budesonida BDP- dipropionato de beclometa sona CI- corticíoide inalatório CO- corticoide oral

CS-corticoide sistêmcico GINA- Global inciative for asthma NAEPP- National Asthma Education and Prevention Program ERS- European Respiratory Society FENO - Fração exalada de óxido nítrico FP- Propionato de fluticasona LABA- beta agonista de ação longa SABA- beta agonista de ação curta SBPT- Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia

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Asma grave em adultos Pág. 3

DEFINIÇÃO DE ASMA GRAVE

1- DEFINIÇÕES (1)

ASMA GRAVE Utilização de tratamento sugerido pelo GINA (4) passos 4-5 (altas doses de corticóide

inalatório (CI) e beta agonistas de ação longa (LABA) ou antileucotrienos/teofilina) durante os últimos 12 meses ( ver quadro I) ou/

Uso de corticoides sistêmicos (CS) por 50% dos dias nos últimos 12 meses para prevenir descontrole da asma, ou/ asma que permanece não controlada apesar do uso de CS.

PREENCHIDAS AS CONDIÇÕES ACIMA, A ASMA GRAVE É DEFINIDA POR PELO

MENOS UM CRITÉRIO DE CONTROLE INADEQUADO, LISTADOS A SEGUIR: Asma não controlada- (ver quadro II) 1) Controle inadequado dos sintomas; ACQ > que 1,5, ACT < 20 (ou asma não bem controlada pelo critérios das diretrizes do GINA /NAEPP) 2) Exacerbações graves frequentes: uso de corticoides sistêmicos por pelo menos três dias em duas ou mais ocasiões no ano anterior 3) Exacerbações muito graves: no ano anterior, pelo menos uma hospitalização, internação em UTI ou ventilaçao mecânica por asma. 4) Limitação ao fluxo aéreo: manutenção do VEF1 < do que 80% do predito após broncodilatação apropriada (com VEF1/CVF reduzidos, abaixo do limite inferior da normalidade) Em caso de asma controlada com altas doses de medicação 5) Piora do controle durante tentativa de diminuição de altas doses de CI ou CS (ou biológicos adicionais)

ATENÇÃO Tratamento inadequado devido ao acesso dificultado à medicação, a não adesão ao tratamento, o uso incorreto de dispositivos inalatórios, a ausência de controle ambiental ou presença de comorbidades são as condições mais comuns para a persistência dos sintomas de asma. Alertamos que este protocolo não se aplica a estes pacientes, e antes de classificar um paciente como asma grave, deve-se verificar exaustivamente a técnica inalatória, adesão à medicação, comorbidades como refluxo gastroesofágico, rinossinusite, obesidade, tabagismo, síndrome de apneia do sono, além da exposição persistente a sensibilizantes domiciliares ou profissionais (1, 2).

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Pág. 4 Asma grave em adultos

QUADRO I – (3)

QUADRO II- DEFINIÇÃO DE ASMA GRAVE (1)

*VER ANEXOS ** OFA= OBSTRUÇÃO AO FLUXO AÉREO VERIFICADO POR ESPIROMETRIA NÃO CONTROLE: PACIENTES QUE PREENCHEM 1 DOS CRITÉRIOS DE NÃO CONTROLE OU QUE DETERIORAM QUANDO

DOSES ALTAS DE CI OU CS SÃO REDUZIDAS.

Um dos 4 critérios + Paciente sob tratamento de

altas doses de CI + 2º medicação controladora

≥12meses Exacerbações frequentes nos últimos anos e ≥ 2 cursos de CS

≥ 3 dias

Uma exacerbação

grave no último ano em

Hospital ou CTI

Sintomas de asma não

controlada ou ACT < 20*

OFA**

VEF1 < 80%

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FLUXOGRAMA DE MANEJO DA ASMA GRAVE

*Principais comorbidades são rinossinusite e refluxo gastro esofágico. Porém o tratamento não está relacionado com o controle da asma. **Doses equivalentes a 2000 mcg de beclometasona, tentativa terapêutica com outros corticóides como fluticasona, mometasona, ou partículas finas, como beclometasona solução e ciclesonida, ainda sem evidências conclusivas *** Drogas experimentais # Efeito discreto na função pulmonar e aumento do tempo da primeira exacerbação.

Fenotipagem

Escarro induzido disponível?

Asma alérgica IgE entre 30 e 1300

UI/ml

Obstrução crônica ao fluxo aéreo-

Tiotrópio Termoplastia?

Asma eosinofílica Inibidor de IL5*** Asma neutrofílica

Macrolideos,teofilina,tiotrópio#

Omalizumabe Reavaliação em 4 meses:

manutenção nos respondedores (60%)

Diagnóstico de asma grave

Diagnóstico de asma confirmado? História

PFP Diagnóstico diferencial

Tratamento etapa 4 do GINA ePersistência de asma não

controlada

Verificação da adesão Exposição ambiental

Uso correto de dispositivos inalatórios

Tratamento de comorbidades*Adequação da dose de CI**

Persiste com asma não controlada?

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Pág. 6 Asma grave em adultos

1-DIAGNÓSTICO DE ASMA (1)

A história clínica: dispneia , tosse, sibilos, opressão torácica e despertares noturnos. A confirmação de limitação reversível ao fluxo aéreo deve ser feita por espirometria,

com curvas ins e expiratórias, antes e após uso de broncodilatador. Volumes pulmonares, difusão de monóxido de carbono e teste de exercício e

broncoprovocação podem ser realizados após avaliação caso a caso, se houver inconsistência entre história, quadro clínico e espirometria, levantando a suspeita de um diagnóstico alternativo.

2- DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE ASMA GRAVE (1)

Existem várias entidades frequentemente confundidas com asma em adultos, que podem demandar propedeutica específica:

Disfunção de cordas vocais DPOC Hiperventilação com ataques de pânico Bronquiolite obliterante Insuficiência cardíaca congestiva Reação a drogas (ex:inibidores de ECA, AAS, AINH, betabloqueadores) Bronquiectasias/fibrose cística Pneumonia de hipersensibilidade Síndromes hipereosinofílicas Embolia pulmonar Traqueobronquite herpética Lesão endobrônquica ou corpo estranho Aspergilose broncopulmonar alérgica Traqueobroncomalácia adquirida Síndrome de Churg-Strauss

3- OTIMIZAÇÃO DA TERAPÊUTICA (1)

DIFERENCIAR ASMA GRAVE DE QUADROS MAIS LEVES TRATADOS INADEQUADAMENTE, COM

OTIMIZAÇÃO DO TRATAMENTO 1. Controle da exposição ambiental e profissional; 2. Adesão ao tratamento; 3. Técnica correta de uso da medicação inalatória; 4. Terapia de dose alta de CI em altas doses + LABA /+antileucotrienos/teofilina- verificar

prescrição correta, adesão, e persistência dos sintomas apesar do uso correto destas medicações.

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Asma grave em adultos Pág. 7

5. Verificar controle da asma por questionários ACQ , ACT, ou critérios do GINA/NAEPP (4)

Quadro III- Nível de Controle Sintomático- (segundo GINA 2014) Sintomas diurnos mais que 2 x por semana? Qualquer despertar noturno por asma? Medicação de alívio mais do que 2x por semana? Qualquer limitação de atividade devido à asma?

Quadro IV- Teste de controle da asma- ACT (5), validado para o Brasil

Nas últimas quatro semanas: Q1. A asma prejudicou suas atividades no trabalho, na escola ou em casa?

1. Nenhuma vez 2. Poucas vezes 3. Algumas vezes 4. Maioria das vezes 5. Todo o tempo

Q2. Como está o controle da sua asma? 1. Totalmente descontrolada 2. Pobremente controlada 3. Um pouco controlada 4. Bem controlada 5. Completamente controlada

Q3. Quantas vezes você teve falta de ar? 1. De jeito nenhum 2. Uma ou duas vezes por semana 3. Três a seis vezes por semana 4. Uma vez ao dia 5. Mais que uma vez ao dia

Q4. A asma acordou você à noite ou mais cedo que de costume? 1. De jeito nenhum 2. Uma ou duas vezes 3. Uma vez por semana 4. Duas ou três noites por semana 5. Quatro ou mais noites por semana

Q5. Quantas vezes você usou o remédio por inalação para alívio? 1. De jeito nenhum 2. Uma vez por semana ou menos 3. Poucas vezes por semana 4. Uma ou duas vezes por dia 5. Três ou mais vezes por dia

O escore do questionário é calculado a partir da soma dos valores de cada questão, de 1 a 5 pontos. 25= controle total da asma 20 a 25 = asma controlada <20 = asma não controlada

Bem controlado

Parcialmente controlado

Não controlado Nas ultimas 4 semanas o paciente teve:

Sim Não

Sim Não

Sim Não

Sim Não

Nenhum destes

1 – 2 destes

3 – 4

destes

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Pág. 8 Asma grave em adultos

6. Tratamento de comorbidades e fatores relacionados, discriminados abaixo: (1)

Rinossinusite e polipose nasal (75-80%) Doença do refluxo gastroesofágico sintomática (60-80%) Ansiedade, depressão (25-49%) Disfunção das cordas vocais Obesidade Tabagismo Síndrome da apnéia obstrutiva do sono Síndrome de hiperventilação alveolar crônica Influência hormonal: período pré-menstrual, menarca, menopausa, distúrbios da

tireoide Drogas: aspirina, anti inflamatórios não hormonais, beta-bloqueadores,

inibidores da enzima conversora de angiotensina OBS:

Após avaliação sistematizada por serviço especializado, 30 a 50% dos pacientes encaminhados para avaliaçao apresentam asma grave (1).

4- FENOTIPAGEM

Intervenção (1) Observações Tomografia computadorizada de tórax

Utilizar em asma grave apenas em quadro atípicos

Contagem diferencial de células no escarro

Utilizar em centros com experiência na técnica

Óxido nítrico exalado (FENO) Não utilizar para monitorar terapia Terapias potenciais guiadas por fenótipo na asma grave- adaptado ref 1 Fenótipo Associações Asma alérgica grave Eosinofilia periférica e escarro, aumento da IgE, FeNO alto Asma eosinofílica Eosinofilia periférica e escarro, exacerbações frequentes,

FeNO alto Asma neutrofílica Insensibilidade ao corticoide, infecções bacterianas Obstrução crônica ao fluxo aéreo

Remodelamento e espessamento da parede de vias aéreas

Exacerbações recorrentes Eosinofilia no escarro, insensibilidade aos corticoides Insensibildade ao corticoide Neutrofila no escarro

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OPÇÕES TERAPÊUTICAS EM ASMA GRAVE (considerar que paciente já está em tratamento nos passos 4 ou 5 do GINA- quadro I) TERAPIAS ESTABELECIDAS

CORTICOIDES Corticóides inalatórios na asma grave- estratégias utilizadas Doses altas recomendadas * Beclometasona dipropionato suspensão > 2000 mcg

Beclometasona dipropionato solução > 1000 mcg Budesonida > 1600 mcg Propionato de Fluticasona > 1000 mcg Mometasona > 800 mcg Ciclesonida > 320 mcg

Corticoide de partículas finas (ciclesonida ou budesonida/formoterol) **

Sem fenótipos definidos para sua utilização. Literatura aponta possíveis benefícios na asma grave

* (1 ) **(6-9) Obs: 1 - Doses altas de corticóides inalatórios estão recomendadas somente em tentativa terapêutica por 3 a 6 meses quando o controle da asma não pode ser alcançado por LABA/doses médias de CI associado a um terceiro controlador (teofilina ou montelucast) (4). 2-Usar espaçador de grande volume, de preferência. 3- Eventos adversos de CI em altas doses: rouquidão, faringite, candidíase e tosse, adelgaçamento cutâneo, equimoses e raramente supressão adrenal (3).

Em torno de 30% dos pacientes com asma grave, os corticoides orais são necessários

para manter um controle mínimo da asma, em baixas doses ( < 7,5 mg de prednisona ou equivalente) Estão relacionados a graves eventos adversos, como fraturas, catarata, supressão da adrenal, ganho de peso, hipertensão arterial e hiperglicemia, que devem ser monitorados durante uso prolongado (1,4).

ANTIMUSCARÍNICO DE LONGA AÇÃO (TIOTRÓPIO); a adição de tiotrópio a pacientes em uso de altas doses de LABA e CI mostrou aumento do VEF1, diminuição da medicação de resgate e discreta diminuição das exacerbações (1 e 10).

TERAPIAS RECENTEMENTE DESENVOLVIDAS (REF 1)

ANTICORPO MONOCLONAL ANTI- IGE (OMALIZUMABE): em asmáticos alérgicos graves, deve ser considerado um teste terapêutico com omalizumabe, em pacientes com dosagem de IgE sérica de 30 a 1300 UI/ml. A avaliação do resultado deve levar em conta o controle da asma, diminuição das exacerbações e hospitalizações por asma, utilização de serviços de urgência e qualidade de vida. Após 4 meses de uso o paciente deve ser reavaliado, devendo ser mantida apenas nos que obtiveram reposta favorável. Outros efeitos descritos : diminuição da utilização de corticóides inalatórios e corticóide oral (12).

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Pág. 10 Asma grave em adultos

Omalizumabe na asma grave Evidência A- (3)

Indicações Pacientes com asma alérgica grave que persistem sem controle após seguirem as recomendções do protocolo de asma grave, com IgE entre 30 a 1300 UI/ml

Doses Calcular a partir da dosagem de IgE sérica e peso Consultar bula do produto

Monitoramento Controle da asma – ACQ ou ACT, ou GINA Exacerbações Hospitalizações Consultas em emergência Qualidade de vida- AQLQ Função pulmonar Avaliar após 4 meses de uso, continuar se houver melhora, pois até 40% podem não responder ao omalizumabe

Aplicação Ambiente hospitalar sob supervisão, há necessidade de treinamento para aplicação do produto

Referências adicionais 11,12,13,14,15 TERAPIAS FUTURAS REQUERENDO FENOTIPAGEM (ADAPTADO DE REFERÊNCIA 1)

ANTICORPOS ANTI INTERLEUCINA 5 (MEPOLIZUMABE E RESLIZUMABE) E OUTROS

ANTICORPOS MONOCLONAIS: anti IL 13 lebrikizumabe e traloquinumabe tem mostrado alguns benefícios em estudos iniciais em pacientes com atividade TH2. Várias outras drogas experimentais dependem de melhor determinação fenotípica.

Quadro V-Terapia fenótipo específica da asma grave*

Preditores Fenótipos Terapia Possível

Eosinófilos no sangue Eosinófilos no escarro IgE aumentada Feno elevado

Asma alérgica Anti IgE Anti receptor IL-4 Anti IL-4 Anti IL-13

Exarcebações recorrentes com eosinofilia

Asma eosinofilica Anti IgE Anti IL-5 Anti receptor IL-4 Anti IL-4 Anti IL-13

Insensibilidade ao corticóide Infecções bacterianas Neutrófilos no sangue/escarro

Asma neutrofílica Teofilina baixas doses Macrolídeos Anti IL8

Obstrução crônica de Fluxo aéreo

Asma obstrutiva Termoplastia Tiotrópio

*Adaptado ref 1

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Asma grave em adultos Pág. 11

APÊNDICE I – SUGESTÕES OPERACIONAIS PARA FORMAÇÃO DE UM CENTRO DE TRATAMENTO DE ASMA GRAVE PESSOAL Equipe multidisciplinar sugerida e suas funções no ambulatório de asma grave (16,17) (Esta equipe deve ser dimensionada de acordo com disponibilidade de cada serviço)

1- Equipe Medica: Pneumologista/Alergologista com experiência e treinamento no manejo de asma grave com objetivos bem definidos: confirmação do diagnóstico, avaliação de fatores agravantes e comorbidades, avaliar aderência e maximizar nivel de tratamento , programar tratamento adicional individualizado. Médicos de apoio: otorrinolaringologista, gastroenterologista, radiologista, psiquiatra, endocrinologista, reumatologista.

2- Equipe de Enfermagem

Enfermagem especializada na gestão de doença crônica de alta complexidade com capacitação e educação no manejo de asma : A. Avaliação de sintomas (aplicação de questionários de sintomas asma e qualidade de

vida) B. Avaliação de pico de fluxo expiratório C. Uso adequado de dispositivos inalatórios D. Conhecimento em planos de auto manejo da doença E. Conhecimento em monitoramento de adesão ao tratamento F. Aconselhamentos em fatores desencadeantes, controle de ambiente, cessação de

tabagismo. G. Monitoramento durante administração de omalizumabe, incluindo abordagem da

anafilaxia.

3- Laboratórios com especialistas em: realização de provas função pulmonar básicas. Quando disponível no serviço, realização de provas pulmonares avançadas, realização de exame de escarro induzido, medida FENO.

4- Outros profissionais de apoio: A. Fonoaudiólogo: manejo de disfunção de cordas vocais B. Nutricionista: manejo da obesidade C. Fisioterapeuta respiratório: reabilitação D. Psicólogos: manejo dos estados de ansiedade e tabagismo E. Farmacêutico (fornecimento da medicação, conferência na adesão da medicação,

armazenamento e disponibilização de imunobiológicos). F. Assistente social (treinado em gestão da clínica, avaliar ambiente social e domiciliar,

verificar motivos de não adesão e assiduidade às consultas) G. Setor administrativo e gestão: programação, correspondência, encaminhamentos e

contra referência a serviços de apoio credenciados, sistema de dados e estatística.

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Pág. 12 Asma grave em adultos

MATERIAL (Dimensionado de acordo com disponibilidade local de cada serviço)

Provas de função pulmonar (espirometria, broncoprovocação, volumes pulmonares, difusão de monóxido de carbono, feno)

Diagnóstico por imagem (radiografia, tomografia de torax e seios da face) Sala para indução de escarro Laboratório Citologia para análise de escarro induzido Testes alérgicos (IgE total, RAST, testes cutâneos) Questionários ACT, GINA, ACQ, AQLQ Aparelho de pico de fluxo expiratório Fibrobroncoscopia Endoscopia digestiva alta pH metria com ou sem impedanciometria Fibronasolaringoscopia

MEDICAÇÕES

formoterol/budesonida salmeterol/fluticasona salbutamol ipratrópio budesonida fluticasona prednisona omalizumabe teofilina de ação prolongada tiotrópio montelucast azitromicina mometasona ciclesonida formoterol/beclometasona partículas finas

APÊNDICE II – PARCERIA MÉDICO- PACIENTE A parceria médico paciente é uma dos pilares no tratamento da asma (3,4). Quanto aos profissionais da saúde, é necessário um planejamento de educação

continuada para garantir o diagnóstico e a abordagem terapêutica adequada. Quanto aos pacientes asmáticos, são necessárias informações para facilitar o reconhecimento dos sintomas, o conhecimento dos fatores desencadeantes e de como evitá-los, e a sua participação ativa no tratamento.

Procurar medidas para garantir a adesão dos pacientes a pelo menos 80% das doses prescritas e estabelecer um plano de ação escrito para o asmático, são fatores importantes no

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controle do asmático grave. Segue abaixo o modelo de plano de ação escrito e individualizado da SBPT (2)

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Pág. 14 Asma grave em adultos

APÊNDICE III- Abordagem da crise asmática grave Crise de asma, também conhecida como exacerbação da asma ou asma aguda, refere-

se ao aumento progressivo de dispneia, sibilância, tosse ou aperto no peito, ou de qualquer combinação desses sintomas. (3)

O paciente com asma grave tem por definição asma não controlada e história de exacerbações frequentes, fatos relacionados ao risco de novas crises (18), e asma quase fatal (19). Uma crise de asma grave deve ser reconhecida pelos pacientes e pelos profissionais de saúde, e seu tratamento iniciado sem demora.

Em caso de crise no domicílio, o paciente pode seguir o plano de ação escrito, que já orienta a procura de unidade hospitalar se necessário.

O atendimento pré-hospitalar (APH) de urgência deve estar aparelhado para lidar com o paciente asmático, conforme protocolo do Ministério da Saúde (20):

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Crise grave de asma (modificado de 3) Dispnéia De repouso, mantém-se sentado, curvado para frente, fala apenas palavras Consciência Geralmente agitado, pode estar confuso ou sonolento Padrão respiratório

Frequência respiratória acima de 30 irpm, frequência cardíaca acima de 120 bpm, geralmente tiragem ou uso de musculatura acessória. Sibilos podem estar presentes ou ausentes (silêncio respiratório), pode ter puso paradoxal acima de 25 mmHg

Gasometria arterial

PO2< 60 mmHg, PCO2> 45 mmHg, saturação de O2 < 90%

Pico de fluxo expiratório

Geralmente menor que 60% ou 100 l/m em adultos

Sinais de parada respiratória iminente

Sonolência e confusão mental, respiração paradoxal, bradicardia.

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REFERÊNCIAS

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of severe asthma Eur Respir J 2014; 43: 343–373. 2. Bousquet J, Mantezouranis E, Cruz AA et al.Uniform definition of asthma severity, control, and

exacerbations: Document presented for the World Health Organization Consultation on Severe Asthma. J Allergy Clin Immunol 2010;126(5):926-38

3. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia para o Manejo da Asma. J Bras Pneumol. 2012;38(supl.1).

4. Global Strategy for Asthma Management and Prevention, Global Initiative for Asthma (GINA) 2014. Available from: http://www.ginasthma.org/.

5. Roxo JPF, Ponte EV, Ramos DCB, Pimentel L, D’Oliveira Júnior A, Cruz AA. Validação do Teste de Controle da Asma em português para uso no Brasil. J Bras Pneumol. 2010;36(2):159-166.

6. Veen JC, Beekman AJ, Bel EH, et al. Recurrent exacerbations in severe asthma are associated with enhanced airway closure during stable episodes. Am J Respir Crit Care Med 2000; 161: 1902–1906.

7. Price D, Small I, Haughney J, et al. Clinical and cost effectiveness of switching asthma patients from fluticasone-salmeterol to extra-fine particle beclometasone-formoterol: a retrospective matched observational study of real-world patients. Prim Care Respir J 2013; 22: 439–48.

8. Thongngarm T, Silkoff PE, Kossack WS, Nelson HS. Hydrofluoroalkane-134A beclomethasone or chlorofluorocarbon fluticasone: effect on small airways in poorly controlled asthma. J Asthma 2005; 42: 257–63.

9. Price D, Thomas M, Haughney J, et al. Real-life comparison of beclometasone dipropionate as an extrafine or larger particle formulation for asthma. Respir Med 2013; 107: 987–1000.

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11. Rubin AS et al. Effect of omalizumab as add-on therapy on asthma-related quality of life in severe allergic asthma: a Brazilian study (QUALITX). Asthma. 2012 Apr;49(3):288-93.

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Diretoria da Sociedade Mineira de Pneumologia e Cirurgia Torácica 2013/2015

Presidente: Dr. Flávio Mendonça Andrade da Silva Vice-Presidente: Dr. David Vogel Koza Diretor de Assuntos Científicos: Dr. Guilherme Freire Garcia Diretor Financeiro: Dr. Rodrigo Luís Barbosa Lima Diretora de Divulgação e Defesa Profissional: Dra. Virginia Pacheco Guimarães Secretária Geral: Dra. Munira Martins de Oliveira Secretário Adjunto: Dr. Marcelo de Alencar Resende Vice-Presidente do Sul de Minas: Evandro Monteiro de Sá Magalhaes Vice-Presidente do Norte de Minas: Ana Teresa Fernandes Barbosa Vice- Presidente da Regional Leste: Henrique de Castro Mendes Vice-Presidente da Zona Da Mata: Jorge Montessi Vice-Presidente do Triângulo Mineiro: Giovanni Roncalli Caixeta Ribeiro Diretoria da Associação Médica de Minas Gerais 2014-2017 Presidente: Dr. Lincoln Lopes Ferreira Vice-Presidente: Dr. Gabriel de Almeida Silva Junior Diretora Científica: Dra Luciana Costa Silva