ascom aula6 2008
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Jornalismo institucional e técnicas de assessoria de imprensa Professor mestre Artur Araujo ([email protected])
A comunicaçãosindical
Lembretes A prova está agendada para o dia 14
de maio. Faltam 14 dias. Faltam 21 dias para a entrega do
trabalho final em grupo.
Recapitulando... Falamos da
aula passada sobrea comunicação governamental.
O desafio
Trabalhar para um público sindical é a mesma coisa que atuar em qualquer órgão de imprensa?
Obviamente que não.
Quem lê jornal?
No Brasil, infelizmente, quase ninguém.
Entre os que não lêem estão, obviamente, a maioria dos trabalhadores, público-alvo da comunicação sindical.
Mais um desafio
Além de ser um público que não costumaler jornal, o público-alvo do jornalismo sindical é um verdadeiro saco de gatos:
tem de tudo, de metalúrgico a professor universitário, passando por bóia-fria, inclusive.
Onde se quer chegar na comunicação sindical?
Trata-se de uma comunicação que quer convencer seu público a participar ativamente de ações que têm como objetivo melhorar vida.
Um objetivo palpável
O objetivo da comunicação sindical é palpável, concreto. Está intimamente ligada à ação. A ação que o sindicato vai desenvolver.
Um boletim, um bom discurso, um bom programa de rádio é aquele que consegue apresentar bem uma proposta.
Três papéis da comunicação sindical
A comunicação sindical não tem um único e exclusivo papel. Tem vários. Ela é
1. esclarecedora, 2. formadora e, ao mesmo tempo, 3. aglutinadora.
Das palavras à ação
A comunicação sindical, quando bem feita, convence e leva à ação.
A ação proposta pela comunicação sindical traz resultados que podem mudar a vida de uma pessoa.
Uma sociedade injusta
A sociedade brasileira, a partir de qualquer tipo de análise, aparece como uma sociedade com uma distribuição de riqueza tremendamente desigual.
A diferença
Há uma distinção nítida entre os que lêem e os que não lêem jornal.
Ter ou não ter o hábito de ler jornal está diretamente ligado, na relação de causa e efeito, à divisão de classes do nosso país.
O ato de ler jornal A localização na escala social
determina se uma pessoa poderá ou não vir a ler um jornal. O fato básico de dispor de dinheiro para comprar o jornal regularmente, a inexistência de bancas de jornais próximas, e, principalmente, o nível escolar determinam o maior ou menor grau de leitura de periódicos no nosso Brasil.
Triste recorde
Com aproximadamente 155 milhões de habitantes, temos o número de 8 milhões e 360 mil exemplares de jornais diários. Este número dá ao Brasil o triste troféu de um dos países com menor índice de leitura de jornais no mundo.
São pouco mais de 5%
Ou melhor, em edição, pois não há dados sobre quantos jornais são lidos e por quantas pessoas. Por esse cálculo, somente 5,4% das pessoas compram jornal no nosso país.
O que isso tem a ver com a comunicação sindical?
Para pensar uma comunicação sindical eficaz, esta primeira constatação é básica.
A disposição de ler que tem aquele que chega ao trabalho já com seu jornal na mão é totalmente diferente daquele que não está nem aí com o que está escrito nas páginas dos jornais.
O que um jornal sindical precisa ter?
Esse jornal precisa ser muito bom, muito bonito e trazer assuntos bem interessantes, ligados à vida real do trabalhador.
A reação do trabalhador, ao receber o jornal do sindicato, tem que ser imediata. Tem de ser “amor à primeira vista”.
Jornal bom dá trabalho... O jornal sindical ou boletim precisa ser
bom, bonito e interessante para atingir os que estão acostumados a comprar todos os dias seu jornal nas bancas, pois estes se habituaram a um produto, na maioria das vezes, bem feito.
A imprensa sindical depara-se com um padrão de qualidade ainda maior do que aquele que é exigido dos grandes jornais.
Característica da mídia sindical A imprensa sindical tem exigências que
derivam do fato de se dirigir a um público que tem expectativas totalmente diferentes do leitor do jornal da grande imprensa.
O leitor do jornal sindical exige notícias muito concretas. Seu aumento, seu anuênio, sua aposentadoria, sua insalubridade, suas férias. Enfim, seus direitos. O jornal do sindicato existe para falar sobre estes temas. Através deles abordar assuntos da política global e fazer a disputa ideológica.
Se tem a ver com o trabalhador, tem de estar lá A especificidade do jornal sindical está
ligada, particularmente, ao fato de que todo artigo, toda notícia deve dizer respeito aos trabalhadores.
Mas isso não significa que o jornal sindical vai tratar apenas de salário ou condições de trabalho.
Deve falar de livros, cinema, teatro, música, poesia. Dar dicas sobre locais baratos e gratuitos para o lazer. Precisa ter matérias que dialoguem sobre educação, saúde e meio ambiente. Mas tudo isso com uma definição de classe clara e não escondida.
Uma publicação com cara bem definida Uma das especificidades da comunicação
sindical é que ela tem um lado bem definido. Sindicato é, por definição, a união dos trabalhadores. União para se defender e impor determinadas condições ao outro lado. No sindicalismo, há nitidamente dois lados. Os trabalhadores esperam que o sindicato esteja sempre do lado deles. Contra o outro - o lado dos patrões.
O problema da educação
A escolaridade tem uma influência determinante sobre o tipo de comunicação que se pode fazer. Ela determina, quase completamente, a capacidade de compreensão de um texto escrito. Sem ter cursado o 2º grau, muito dificilmente esta pessoa se tornará um leitor de jornal.
Quantos lêem jornal?
A questão é só dinheiro para se comprar jornal?
Não. O problema não é somente o
preço. Escolaridade insuficiente e salários
miseráveis combinados com outros fatores como falta de incentivo através da escola, da família e de clubes associativos fazem com que no Brasil se leia pouco.
A linguagem dos “sem-jornal” De nada adianta escrever as mais
maravilhosas teses sobre a revolução brasileira ou sobre a participação nos lucros e resultados, se o texto não é compreendido por quem o deveria lê-lo.
Como fazer uma comunicação sindical que não ofenda aos trabalhadores e, ao contrário, desperte seu interesse, transmita a política a ser transmitida e os convença a partir para a ação? Este é o grande desafio da comunicação sindical.
Qual é a fórmula do sucesso?
Não há receitas. Há dicas, questionamentos, sugestões e experiências a serem trocadas.
O caminho das pedras
Uma boa base para saber como falar para a maioria é o jornalismo da Rede Globo. Durante muitos anos a Globo pesquisou uma forma nacional de falar, um repertório que fosse entendido pela empregada doméstica e pelo
empresário.
Os “cinco mandamentos”
1. Falar sempre em ordem direta, sem citações ou orações intercaladas.
2. Evitar palavras estrangeiras ou tecnocráticas.
3. Usar frases curtas que exprimam pensamentos completos e não possam ser cortadas ou manipuladas.
4. Usar as palavras para expor as idéias e não para escondê-las.
5. Não ser evasivo
Lembrem-se:
A Globo não nivela por baixo e, no entanto, sua preocupação após longos anos de pesquisa é como "ser entendida pela empregada doméstica e pelo empresário".
Esquerdês, politiquês, intelectualês e sindicalês A comunicação sindical, para transmitir
o que pretende transmitir, precisa, antes de tudo, ser entendida.
Ou seja, fala-se e escreve-se de forma que o leitor ou ouvinte compreenda a mensagem ou simplesmente perde-se tempo e dinheiro.
Distribuir um boletim incompreensível é pior do que não distribuir nada.
Próxima aula (excluída a semana de Comunicação): prova