As Vozes dos animais Palram pega e papagaio

As Vozes dos animais

E cacareja a galinha

Os ternos pombos arrulham

Geme a rola inocentinha

As Vozes dos animais

Muge a vaca; berra o touro;

Grasna a rã; ruge o leão

As Vozes dos animais

O gato mia; uiva o lobo,

Também uiva e ladra o cão

As Vozes dos animais Relincha o nobre cavalo;

Os elefantes dão urros;

As Vozes dos animais

A tímida ovelha bala;

Zurrar é próprio dos burros.

As Vozes dos animais

Regouga a sagaz raposa

(Bichinho muito matreiro);

Nos ramos cantam as aves;

Mas pia o mocho agoureiro.

As Vozes dos animais Sabem as aves ligeiras

O canto seu variar;

Fazem às vezes gorjeios,

Às vezes põem-se a chilrar.

As Vozes dos animais O pardal, daninho aos campos,

Não aprendeu a cantar;

Como os ratos e as doninhas,

Apenas sabe chiar.

As Vozes dos animais O negro corvo crocita;

Zune o mosquito enfadonho;

A serpente no deserto

Solta assobio medonho

As Vozes dos animais Chia a lebre; grasna o pato;

Ouvem-se os porcos grunhir;

As Vozes dos animais Libando o suco das flores,

Costuma a abelha zumbir.

As Vozes dos animais Bramam os tigres, as onças;

As Vozes dos animais Pia, pia, o pintainho;

Cucurica e canta o galo;

Late e gane o cachorrinho.

As Vozes dos animais A vitelinha dá berros;

O cordeirinho, balidos;

As Vozes dos animais

O macaquinho dá guinchos

A criancinha, vagidos.

As Vozes dos animais

A fala foi dada ao homem,

Rei dos outros animais.

Nos versos lidos acima,

Se encontram, em pobre rima,

As vozes dos principais.

Autor: Pedro Dinis