artigo revista do nesa

26
FARMACOLOGIA DE PLANTAS MEDICINAIS ANALGÉSICAS DE USO POPULAR DA CAATINGA. POÇO REDONDO, SE. (Karina de Barros Rosas Bomfim) 1. INTRODUÇÃO À luz da importância cultural e sócio-econômica das plantas utilizadas como medicinais pelo povo e diante da necessidade do reconhecimento destas plantas pela ciência ortodoxa, através da caracterização farmacológica e toxicológica, o presente trabalho teve como objetivo geral avaliar a ação farmacológica e o espectro toxicológico das plantas utilizadas popularmente como analgésicas no povoado de Santa Rosa do Ermírio, situado no município de Poço Redondo, Sergipe. Esta pesquisa foi pioneira no Estado de Sergipe, vindo desta forma, ampliar os estudos farmacológicos associados ao saber popular e corroborar o valor biológico da flora local para subsidiar projetos futuros voltados à melhoria da qualidade de vida do sertanejo. Elegeu-se o povoado de Santa Rosa do Ermírio, Poço Redondo, Sergipe, como área de estudo por ele estar situado no domínio morfoclimático da caatinga (Ab’SABER, 1974), apresentar, segundo VARGAS (comunicação oral em sala de aula) uma biodiversidade vegetal relevante e possuir no seio da comunidade a prática da medicina popular. A medicina popular, neste trabalho, foi abordada no recorte das plantas utilizadas popularmente para o tratamento das doenças de sintomatologia dolorosa dentro do contexto da família e da comunidade. Para associar o uso popular destas plantas com os estudos farmacológicos realizados em laboratório foi utilizada uma abordagem etnofarmacológica. Segundo BRUHN, HOLMSTEDT (1982), a etnofarmacologia consiste na exploração científica interdisciplinar dos agentes biologicamente ativos, tradicionalmente, empregados

Upload: karina-bomfim

Post on 25-Jun-2015

436 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Artigo Revista Do NESA

FARMACOLOGIA DE PLANTAS MEDICINAIS ANALGÉSICAS DE USO POPULAR DA CAATINGA. POÇO REDONDO, SE.

(Karina de Barros Rosas Bomfim)

1. INTRODUÇÃO

À luz da importância cultural e sócio-econômica das plantas utilizadas como medicinais pelo povo e diante da necessidade do reconhecimento destas plantas pela ciência ortodoxa, através da caracterização farmacológica e toxicológica, o presente trabalho teve como objetivo geral avaliar a ação farmacológica e o espectro toxicológico das plantas utilizadas popularmente como analgésicas no povoado de Santa Rosa do Ermírio, situado no município de Poço Redondo, Sergipe.

Esta pesquisa foi pioneira no Estado de Sergipe, vindo desta forma, ampliar os estudos farmacológicos associados ao saber popular e corroborar o valor biológico da flora local para subsidiar projetos futuros voltados à melhoria da qualidade de vida do sertanejo.

Elegeu-se o povoado de Santa Rosa do Ermírio, Poço Redondo, Sergipe, como área de estudo por ele estar situado no domínio morfoclimático da caatinga (Ab’SABER, 1974), apresentar, segundo VARGAS (comunicação oral em sala de aula) uma biodiversidade vegetal relevante e possuir no seio da comunidade a prática da medicina popular.

A medicina popular, neste trabalho, foi abordada no recorte das plantas utilizadas popularmente para o tratamento das doenças de sintomatologia dolorosa dentro do contexto da família e da comunidade. Para associar o uso popular destas plantas com os estudos farmacológicos realizados em laboratório foi utilizada uma abordagem etnofarmacológica.

Segundo BRUHN, HOLMSTEDT (1982), a etnofarmacologia consiste na exploração científica interdisciplinar dos agentes biologicamente ativos, tradicionalmente, empregados ou observados pelo homem. De acordo com ELISABETSKY (1997), esta linha de pesquisa surge como um caminho viável de investigação científica para a produção de medicamentos a baixo custo acessíveis a maior parte da população mundial.

Os preceitos metodológicos que regeram o presente trabalho foram baseados nos estudos etnofarmacológicos de ELISABETSKY (1997,1999) e DI STASI (1996). As questões norteadoras deste estudo foram elaboradas para responder às seguintes problematizações gerais.

a) De que maneira está estabelecida a interação entre o sertanejo e a caatinga no tocante ao uso das plantas utilizadas como analgésicas pela comunidade de Santa Rosa do Ermírio?

b) É possível verificar farmacologicamente as prováveis propriedades analgésicas e a toxicidade de, pelo menos, algumas destas plantas?

c) Existem plantas introduzidas e de uso analgésico no elenco de plantas utilizadas popularmente para esse fim na comunidade de Santa Rosa do Ermírio?

A coleta e a análise das informações populares sobre as plantas de uso medicinal, especialmente àquelas no combate à dor foram obtidas a partir dos dados fornecidos pela comunidade de Santa Rosa do Ermírio, segundo as técnicas da entrevista e do questionário.

Page 2: Artigo Revista Do NESA

As perguntas foram elaboradas previamente, seguindo alguns critérios, tais como: utilidade da planta, como e quais partes das plantas são utilizadas (raiz, casca, folha, fruto ou semente), quem pode usar (homem, mulher, criança), quais as contra-indicações, se apresentam efeito analgésico e por que se utiliza a planta como remédio. Para isto, foram realizadas visitas periódicas à localidade para a obtenção das informações locais.

As entrevistas foram individuais e abertas, abrangendo 37 moradores da comunidade em estudo, incluindo 1 médico, 1enfermeira, 3 agentes de saúde, 2 parteiras e 2 moradores pioneiros do povoado. Também houve eventuais conversas em grupos pequenos. O gravador foi utilizado para a maioria das entrevistas, não observando constrangimento ou retraimento do entrevistado em relação ao uso do aparelho pelo entrevistador.

Com base nas informações populares, foi coletado e identificado todo o material botânico. Como recomenda CARDONA (1985), as caminhadas para a retirada do material botânico foram acompanhadas por um morador e por uma parteira do povoado, pois a visualização da planta pelo informante no local onde ele habitualmente coleta propicia o estímulo da memória necessário para a verbalização do conhecimento. Foi um momento muito oportuno para elaborar um caderno de campo e obter informações detalhadas sobre as plantas nos seus diversos usos e preparos caseiros.

A coleta das plantas foi realizada nos meses de abril e maio de 2000, e identificadas taxonomicamente (nome popular, nome científico, família, coleta - data, hora, estação; introduzida ou espontânea e parte da planta) por um botânico sistemata e a partir de comparações com o material-base depositado no herbário da Universidade Federal de Sergipe (U.F.S.). O material botânico foi extraído, também, para a realização da pesquisa farmacológica.

Os experimentos farmacológicos foram conduzidos no Laboratório de Farmacologia da U.F.S. e constituídos por um elenco de plantas selecionadas a partir de dois pontos principais: coerência entre as informações populares sobre a parte da planta e sua forma de uso pela comunidade local; e disponibilidade de material botânico (parte da planta usada pela comunidade) para ser utilizado nos experimentos farmacológicos e toxicológicos propriamente ditos.

Para os ensaios farmacológicos, foi adotado o seguinte protocolo experimental:

i. Para os animais:

Em todos os testes farmacológicos foram utilizados camundongos Swiss (20 – 30g) de ambos os sexos. Os animais foram divididos em grupos, mantidos em caixas plásticas à temperatura ambiente (entre 25 ±4°C) e providos de ração (purina) e água ad libitum à vontade.

ii. Para o material botânico:

Page 3: Artigo Revista Do NESA

Foi utilizado um elenco de plantas selecionadas a partir das informações colhidas através das entrevistas e questionários do trabalho de campo. Foi considerado como principal critério de eleição das plantas, a sua representatividade analgésica. À parte da planta – raiz, caule, folha, flores, etc. - utilizada nos experimentos foi correspondente às indicações prescritas nos questionários.

iii. Para a preparação do extrato aquoso:

A parte da planta submetida à experimentação foi seca em estufa com circulação e renovação de ar a 40°C por dois dias e depois triturada no moinho até obter um pó fino. Em 1000ml de água destilada foram adicionados 200 gramas de pó da planta. Essa mistura foi submetida à fervura (100°C) sobre uma placa quente até a evaporação total e obtenção do extrato aquoso (EA). No momento do uso, o extrato foi ressuspenso em água destilada nas concentrações desejadas.

iv. Para a atividade analgésica1 Teste de contorções abdominais induzidas pelo ácido acético (Koster et al.,

1959).

Os animais foram divididos em grupos (n=8-9). O grupo controle recebeu ácido acético 0,6% (10ml/kg; intraperitonial - i.p.) e, após 10 minutos, o número de contorções abdominais foi registrado durante 20 minutos. Os demais animais foram pré-tratados com o extrato e a droga padrão. EA (100, 200 e 400mg/kg) foi administrado oralmente (v.o.) uma hora antes de injetar o ácido acético. A morfina (2,5mg/kg; i.p.) e a indometacina (10mg/kg; v.o.) foram utilizadas como droga padrão.

2 Teste da formalina (Hunskaar, Hole, 1987).

Injeção intraplantar de formalina 1% (20µl/animal) foi administrado em grupos de camundongos (n=8-9) e, imediatamente após, foi registrado o primeiro tempo de lambida por 5 minutos (dor neurogênica). 20 minutos depois de ter iniciado o experimento foi registrado o segundo tempo de lambidas por mais 5 minutos (dor inflamatória). O grupo controle recebeu apenas a injeção de formalina. Os demais grupos foram pré-tratados com EA (100, 200 e 400mg/kg; v.o.) uma hora antes da injeção de formalina. A morfina (7.5mg/kg; i.p.) foi utilizada como droga padrão. O antagonista opióide naloxona (5.0mg/kg; i.p.) e a cafeína (10mg/kg; i.p.), foram, posteriormente, utilizadas em outros grupos (n=8-9) para verificar uma possível interação entre o EA e o sistema opióide e/ou entre o EA e o sistema adenosina, respectivamente.

3 Teste da placa quente (Eddy, Leimbach, 1953).

Os animais foram colocados dentro de uma cuba de acrílico sobre uma placa quente de alumínio mantida a 55±0.5° por um tempo máximo de 30s. Os parâmetros de observação foram o ato de lamber uma das patas traseiras e pular para parte superior da cuba de acrílico. O tempo decorrido, desde que o animal foi exposto à placa quente até a emissão da resposta, foi registrado como tempo de latência em segundos. No grupo controle (n=8), as mensurações foram realizadas no tempo 0, 15, 30 e 60 minutos. Os

Page 4: Artigo Revista Do NESA

demais grupos (n=8) foram pré-tratados com o extrato e a droga padrão. O EA (100, 200, 400mg/kg; v.o.) foi administrado uma hora antes de iniciar o experimento. A morfina (5mg/kg; i.p.) foi utilizada como droga padrão.

v. Para a toxicidade aguda (Dietrich, 1983)

Grupos de camundongos (n=10), ambos os sexos, receberam (v.o.) doses crescentes (1, 3 e 5g/kg) do EA da planta em estudo. O grupo controle recebeu apenas o veículo (água). Os animais foram observados durante 48 horas e no fim deste período foi registrada a mortalidade de cada grupo.

vi. Para a análise estatística

Os resultados experimentais foram analisados estatisticamente pelo teste paramétrico da análise da variância (ANOVA) seguido pelo teste de Tukey (p<0.05) ou pelo seu modelo não-paramétrico, o teste de Kruskal-Wallis seguido pelo teste de Nemenyi (p<0,05). O critério de escolha do teste foi baseado nos preceitos que regem os mesmos.

vii. Para a análise integrada qualitativa

A análise integrada qualitativa foi realizada à luz dos resultados farmacológicos e toxicológicos das plantas analgésicas utilizadas pela comunidade de Santa Rosa do Ermírio. De acordo com ELISABETSKY (1999), a interação entre o conhecimento popular e o saber científico é altamente vantajosa por contribuir, preliminarmente, para o resgate das informações populares a respeito do uso das plantas; para o cultivo das espécies estudadas e validadas cientificamente na ação farmacológica e no espectro toxicológico, colaborando para a preservação das espécies nativas; para implementação de hortas comunitárias e de farmácias vivas locais. O resultado desta pesquisa permitiu analisar a viabilidade de um projeto farmácia viva para o povoado de Santa Rosa do Ermírio.

2. ASPECTOS GERAIS DO POVOADO DE SANTA ROSA DO ERMÍRIO

O povoado de Santa Rosa do Ermírio, distante cerca de 170 km da capital Aracaju, está localizado ao Sul da sede de Poço Redondo e a Oeste da sede do município de Monte Alegre de Sergipe. Separado do Estado da Bahia pela formação natural da Serra da Guia, Estado de Sergipe, o povoado está incluído na Região do Sertão do Baixo São Francisco, no limite das sub-bacias do rio Jacaré e rio Capivara. (Figura 1).

A Região do Sertão do Baixo São Francisco é caracterizada por um regime pluviométrico do tipo “mediterrâneo”, tendo um período seco de sete a oito meses e um período chuvoso de quatro meses entre abril e agosto. A irregularidade das chuvas de um ano para o outro, o baixo índice de precipitação e a má distribuição durante o ano é característica comum da região. (FONSECA, 1997).

Page 5: Artigo Revista Do NESA

Figura 1- Localização geográfica do povoado de Santa Rosa do Ermíriono Estado de Sergipe

Na caracterização sócio-ambiental do povoado de Santa Rosa do Ermírio foi observado que a comunidade, em geral, possui baixo poder sócio-econômico e pequeno nível de escolaridade. As atividades sócio-econômicas dos moradores são de pouca expressão, restringindo-se à feira e ao comércio locais. O povoado carece de saneamento básico (particularmente nas áreas mais isoladas) e da adequada disposição final do lixo produzido pela comunidade.

A população local é acometida com uma fatia significativa para os problemas básicos de saúde, quais sejam, doenças de pele, parasitoses, infecção intestinal, resfriado, dentre outros. Problemas estes alvo de um projeto farmácia viva, e que caracterizam, em parte, a situação precária da saúde pública na localidade.

A assistência médica está presente no povoado, porém a população carente não tem acesso ao medicamento alopático das farmácias convencionais, devido ao seu alto custo. Neste caso, a automedicação com plantas a partir do etnoconhecimento local é freqüente. Pessoas especialistas (parteiras, rezadeiras, curandeiras) no uso popular das plantas colaboram com essa prática na localidade. As plantas de uso medicinal podem ser encontradas, principalmente, cultivadas nos quintais das casas e em estado nativo na caatinga da região. Os profissionais de saúde do povoado e a pastoral da criança, também, recomendam o uso das plantas para fins terapêuticos à população local.

Em relação à pesquisa etnofarmacológica foi catalogado, na comunidade de Santa Rosa do Ermírio, um total de 45 plantas utilizadas na medicina popular de diversas formas e para diversos fins, incluindo 37 plantas usadas especificamente para doenças de sintomatologia dolorosa. (Quadro I, Quadro II). Deste conjunto de 37 plantas

Page 6: Artigo Revista Do NESA

potencialmente analgésicas pertencentes ao acervo da sabedoria popular, 13 foram testadas farmacologicamente. Desta amostra, apenas 2 não foram comprovadamente analgésicas. Entretanto, estas últimas podem apresentar outras propriedades biológicas que justifiquem o uso popular das mesmas pela comunidade. (Quadro III).

Estes dados merecem uma atenção especial pelos órgãos locais competentes, no tocante ao aproveitamento racional das propriedades curativas das plantas da caatinga em prol do desenvolvimento de alternativas endógenas de cura para a região.

Outro fator importante está na grande representatividade das plantas nativas da caatinga utilizadas para fins medicinais no povoado. No tocante às plantas de uso analgésico, das 37 plantas catalogadas, 22 plantas são nativas da localidade, ou seja, estas representam aproximadamente 50% do conjunto total de plantas usadas pela comunidade para fins medicinais.

Em relação à flora local, a caatinga possui uma biodiversidade relevante, especialmente concentrada na região natural da Serra da Guia. Nesse sentido, torna-se necessário um levantamento florístico minucioso para catalogar as espécies vegetais com potencial medicinal da localidade.

Paralelamente à biodiversidade local, existe em Santa Rosa do Ermírio, o conhecimento popular sobre o uso das plantas medicinais. A disseminação e a preservação desse conhecimento durante gerações no seio da comunidade foi observada no tocante à credibilidade das pessoas junto ao poder curativo das plantas. Todavia, o conhecimento das plantas úteis entre os mais jovens está em contínuo desuso, pois a comunidade está acessível a outros tipos de cultura.

Entretanto, de acordo com Mors (1982), apesar dos novos elementos culturais da “vida moderna” quando introduzidos na comunidade, diminuirem suas observações empíricas, o distanciamento entre a cultura civilizada e a medicina tradicional não é irreversível, pois se observa a grande aceitação dos medicamentos vegetais quando oferecidos ou apregoados àquela comunidade. (SILVA et al., 1990).

3. PLANTAS DE USO ANALGÉSICO DA CAATINGA LOCAL

Dentre as plantas nativas da caatinga e de uso analgésico pela comunidade foram registradas a quixabeira (Bumelia sartorum), a catingueira (Caealpinia microphilla), o bom-nome (Maytenus rigida), o feijão bravo (Capparis flexuosa), o pau-pereiro (Aspidosperma pyrifolium), a umburana de cheiro (Amburana cearensis), a umburana de cambão (Bursera leptosphiloeos), a ameixa vermelha (Ximenia coriaceae), o mororó (Bauhinia cheilantha), o mulungu (Erythrina vellutina), o icó (Capparis ico), o cipó de japecanga (Smilax sp.), o enxerto de passarinho (Phoradendrom piperoides), a jurema preta (Mimosa hostilis), a aroeira do sertão (Myrocroduon urundeuva), a canafístula (Cassia martiana), o pau-d’arco roxo (Tabebuia avellanedae), o umbuzeiro (Spondias tuberosa), a sacatinga (Croton argyrophyloides), a quina-quina (Coutarea hexandra), jatobá (Hymenaca cambaril) e o cedro-rosa (Cedrella graziovvi).

Page 7: Artigo Revista Do NESA

Outras plantas utilizadas pela comunidade foram citadas para fim analgésico. Estas não são nativas da caatinga e apresentam larga distribuição geográfica. Foram elas: a pimenta da costa (Vitex agnus-castus), a novalgina (Pfaffia glomerata), a arruda (Ruta graveolens), o cordão de S. Francisco (Leonotis nepetaefolia), a boa noite (Catharanthus roseus), a sete dores (Plectranthus barbatus), o cajueiro (Anacardium ocidentale), o sambacaitá (Hyptis pectinata), o tipi (Petiveria alliaceae), a malva branca (Sida cordifolia), o capim santo (Cymbopogon citratus), a cidreira (Lippia sp), a jarrinha (Aristolochia birostris), o saião (Kalanchoe brasiliensis) e o sambacaitá (Hyptis pectinata).

Do conjunto de plantas usadas como analgésicas pela comunidade de Santa Rosa do Ermírio foram testadas farmacológica e toxicologicamente treze espécies vegetais: a Bumelia sartorum, a Caealpinia pyramidales, a Maytenus rigida, a Bursera leptosphiloeos, a Bauhinia cheilantha, a Erythrina vellutina, a Capparis ico, a Phoradendrom piperoides, a Mimosa hostilis, a Tabebuia avellanedae, Coutarea hexandra e a Cedrella graziovvi. Das espécies vegetais testadas farmacológica e toxicologicamente, apenas Cedrella graziovvi e Phoradendrom piperoides não foram validadas experimentalmente como analgésicas. (Quadro IV). Este resultado farmacológico obtido não invalida a ação terapêutica destas plantas, pois as mesmas podem, supostamente, expressar outras propriedades biológicas que justifiquem o seu uso popular. Mas, para isso, testes específicos devem ser aplicados para confirmar esta hipótese.

4. FARMÁCIA VIVA EM SANTA ROSA DO ERMÍRIO: PROJETO VIÁVEL?

Inicialmente, a idéia principal da investigação científica de plantas medicinais a partir do estudo das suas propriedades farmacológicas e toxicológicas é comprovar a validade do uso popular daquelas plantas.

Os esforços na área de pesquisa e desenvolvimento de fitoterápicos, a partir de plantas medicinais utilizadas pelo povo, podem culminar na utilização destas plantas numa alternativa de baixo custo, segura e eficaz para o tratamento dos problemas primários de saúde em substituição e/ou consórcio à terapia convencional.

A idéia inicialmente apresentada está baseada na necessidade de descobrir caminhos endógenos de cura, a partir do desenvolvimento de fitoterápicos que priorizem o acesso do seu uso para grande parte da população. Em extensão, outros fatores tais como, a preocupação em resgatar o etnoconhecimento das plantas medicinais/úteis, em preservar a biota local, em incrementar o conhecimento científico e tecnológico na área são intrínsecos ao processo de desenvolvimento de medicamentos a partir de plantas medicinais.

Todavia, não é proposta aqui discutir qual parcela de contribuição caberá aos órgãos governamentais (universidades, prefeituras, financiadoras, dentre outros) e aos órgãos não governamentais (ONGs) envolvidos no desenvolvimento de fitoterápicos, nem tampouco, a operacionalização do processo e a forma de exploração das plantas medicinais da caatinga local. Não obstante, grandes esforços de cunho multidisciplinar deverão ser concentrados para atender e superar as dificuldades inerentes a essas questões.

Page 8: Artigo Revista Do NESA

A proposta deste trabalho foi analisar a viabilidade de uma farmácia viva para povoado de Santa Rosa do Ermírio.

O Projeto Farmácias Vivas foi criado, no Brasil, em 1984, fundamentado a partir das recomendações da Organização Mundial de Saúde. O projeto caracteriza-se por apresentar um programa de medicina social, organizado para atuar, inicialmente, em pequenas comunidades do Nordeste que necessitam de assistência social farmacêutica para atender os problemas primários de saúde da localidade.

O Projeto Farmácias Vivas teve como ponto de partida o Horto Matriz de Plantas Medicinais da Universidade Federal do Ceará, órgão agregado ao Laboratório de Produtos Naturais, no campus do Pici. Atualmente o projeto recebe recursos financeiros e apoio técnico-científico do Jardim Botânico Real da Inglaterra - Kew Gardens, BNB e CEME.

Para atender o objetivo proposto para o projeto, foi desenvolvida uma metodologia adequada para a pesquisa de plantas medicinais. A partir do saber popular local das plantas acompanhadas da sua comprovação farmacológica em laboratório, elas podem ser cultivadas em pequenas hortas e serem usadas na forma de plantas frescas e/ou medicamentos preparados em pequenas oficinas farmacêuticas, seja no modo de preparações caseiras usuais ou, opcionalmente, de fórmulas farmacêuticas. Esta última está em função da ação indireta ou direta do farmacêutico no processo. 

Partindo desse breve esclarecimento, a viabilidade de uma farmácia viva para a comunidade de Santa Rosa do Ermírio foi analisada em função dos problemas básicos de saúde existentes na localidade, do etnoconhecimento das plantas de uso medicinal na comunidade, da biodiversidade da flora local e da produção de conhecimento científico das plantas medicinais em Sergipe.

Apesar das características do povoado de Santa Rosa do Ermírio, anteriormente descritas, sugerirem a implementação de uma farmácia viva na localidade, o projeto para ser viável e duradouro, deve, prioritariamente, contemplar nas suas atividades, ações de educação ambiental que estejam voltadas a reintrodução de elementos culturais de valorização da flora e da etnomedicina local junto à comunidade, para que esta perceba o projeto farmácia viva como uma estratégia endógena, tanto para a sua proteção (como opção terapêutica de cura disponível) quanto para a preservação do seu meio ambiente (social, físico e biológico) para as atuais e futuras gerações.

Durante o planejamento da farmácia viva, é fundamental direcionar as suas ações educativas para que elas também promovam o estreitamento das relações entre o Programa de Agentes Comunitários de Saúde e o Programa de Saúde da Família existentes no povoado de Santa Rosa do Ermírio, ampliando, assim, o potencial educativo-preventivo e de promoção à saúde. A aproximação da Pastoral da Criança fornecerá uma contribuição educativa relevante no tocante à prática da alimentação alternativa, pois a mesma já desenvolve essa atividade na comunidade local.

Implantar a fitoterapia no sistema de saúde numa localidade, sob a forma de farmácias vivas é um desafio que exige o envolvimento de profissionais da saúde de nível superior, como um médico (para prescrever), um farmacêutico (para manipular) e um

Page 9: Artigo Revista Do NESA

agrônomo (para planejar o cultivo das plantas) e outros profissionais de nível escolar fundamental e médio, tais como, jardineiro, agente comunitário de saúde, auxiliar técnico, auxiliar de apoio, entre outros. Esta estrutura mínima é indispensável ao se pensar numa farmácia viva que ofereça à sua população uma opção terapêutica, segura e eficaz. Esta etapa de estruturação do projeto foi um dos óbices para a implantação de uma horta comunitária com fim medicinal no povoado vizinho, Sítios Novos, cuja execução do mesmo foi interrompida devido à ausência de um profissional farmacêutico durante o processo.

Além disso, para desenvolver um projeto farmácia viva é necessário conhecimento técnico das plantas, os seus efeitos terapêutico e tóxico das partes terapêuticas utilizáveis, a via de administração e um banco de dados de referências bibliográficas. Isso é possível mediante pesquisa de plantas medicinais realizada pelas universidades.

Nesse sentido, a viabilidade de uma farmácia viva no povoado de Santa Rosa do Ermírio está atrelada à participação efetiva da Universidade Federal de Sergipe (U.F.S.) nas atividades de pesquisa e de informatização de um banco de dados sobre as plantas medicinais daquela localidade.

A tecnologia utilizada na pesquisa de plantas medicinais é relativamente simples. Ao contrário dos altos custos da pesquisa de substâncias medicamentosas sintéticas, a simplicidade tecnológica é um aspecto favorável na pesquisa e exploração dos recursos vegetais, pois a torna, a princípio, menos onerosa para a produção de fitoterápicos. Isto resulta, ao final do processo, no barateamento do produto e na garantia da sua acessibilidade pelas camadas sociais menos favorecidas. Por conseguinte, a implantação de um projeto farmácia viva no povoado atende à realidade sócio-econômica da população de Santa Rosa do Ermírio.

Conquanto para incrementar a pesquisa de plantas medicinais para a descoberta de novos fitoterápicos pautados na sabedoria popular, faz-se necessários alocar recursos para este setor. O Laboratório de Farmacologia da U.F.S., recebeu, no ano de 2000, recursos financeiros junto a agências financiadoras (CNPq, BNB, FAPESE) para execução de pesquisas na área de plantas medicinais. A pesquisa de plantas medicinais é uma área em ampla expansão e que vem recebendo fomento dos órgãos financiadores. Ademais, recentemente foi implantado na U.F.S. o curso de farmácia que indubitavelmente resultará no incremento de outras áreas na pesquisa de plantas, tais como, fitoquímica, toxicologia, controle de qualidade, dentre outros.

Portanto, é essencial enfatizar a presença da universidade em projetos farmácias vivas para a produção de fitoterápicos confiáveis. Logo, a viabilidade de uma farmácia viva na comunidade Santa Rosa do Ermírio deve contar com o apoio técnico-científico da Universidade Federal de Sergipe.

Outro fator preponderante para viabilizar a farmácia viva no povoado de Santa Rosa do Ermírio é a participação do poder público local, assumindo o compromisso junto à comunidade em fornecer os recursos necessários para as etapas de planejamento, execução e manutenção do projeto. É essencial a participação da Prefeitura Muncipal de Poço

Page 10: Artigo Revista Do NESA

Redondo e da colaboração da Universidade Federal de Sergipe para o treinamento de pessoal (primeiro, segundo e terceiro graus) na área agronômica (produção de mudas) e na área farmacêutica (produção de fitoterápicos) que integram o projeto farmácias vivas.

A prioridade das plantas medicinais nos serviços públicos de saúde já vem acontecendo em alguns estados brasileiros. Ceará, Pernambuco, Brasília, Espírito Santo e Rio de Janeiro são alguns exemplos em que o projeto farmácias vivas realiza suas atividades propostas com sucesso junto à comunidade.

Distarte, a implementação da farmácia viva no povoado de Santa Rosa do Ermírio, não se trata de um projeto utópico ou ambicioso, mas de uma alternativa de desenvolvimento viável que respeita os preceitos da sustentabilidade ambiental, socializa as oportunidades de cura, incentiva a formação de hortas comunitárias, gera empregos na comunidade e resgata a sua cultura popular.

5. CONCLUSÃO

A partir das características sócio-ambientais ora apresentadas neste trabalho, foi possível concluir que a interação estabelecida entre o sertanejo e a caatinga de Santa Rosa do Ermírio é tênue, estando melhor preservada e representada entre os moradores antigos e pioneiros do povoado. Há uma contínua erosão do etnoconhecimento sobre o uso das plantas medicinais, utilizadas como analgésicas na comunidade, especialmente entre a população jovem e as espécies nativas da caatinga local.

Farmacologicamente, foi possível verificar, através de modelos clássicos de dor, algumas propriedades analgésicas e a toxicidade de um elenco de plantas utilizadas pela comunidade, onde foi registrado o grande potencial medicinal da flora da localidade, sendo o Projeto Farmácias Vivas uma proposta de desenvolvimento viável para o povoado de Santa Rosa do Ermírio.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Ab’SABER, Aziz Nacib. Geomorfologia: O domínio morfoclimático semi-árido das caatingas brasileiras. USP : São Paulo, 1974.

Page 11: Artigo Revista Do NESA

BRUNH, J.G., HOLMSTEDT, B. Ethnopharmacology, objectives, principles and perspectives. In: BEAL, J.L.,REINHARD, E. (Eds.). Natural products as medicinal agents. Stuttgart : Hippokrates, 1982. p.405-430.Cad. Jornal da Família, p. 1 - 2.

CARDONA, G. R. La Foresta di Piume – Manuale di Etnoscienza. Roma: Laterza, 1985. 193p.

DI STASI, Luiz Cláudio. Plantas medicinais: arte e ciência. São Paulo : HUCITEC, 1996.DIETRICH LORKE. A new approach to practical acute toxicity testing. Archives of

Toxicology. n. 54, p.275-287, maio.1983.EDDY, N., LEIMBACH, D. J. Synthetic analgesis. J. Pharmacol. Exp. Ther. v.107, 385p.ELISABETSKY, Elaine. Etnofarmacologia como ferramenta na busca de substâncias

ativas. In: SIMÕES, Maria Oliveira et al. Farmacognosia da planta ao medicamento. Florianópolis : Editora da UFSC; Porto Alegre : Editora da UFRGS, 1999.

ELISABETSKY, Elaine. Etnofarmacologia de algumas tribos brasileiras. In: RIBEIRO, Darcy. (Ed.) Suma Etnológica Brasileira. Petrópolis, RJ : Vozes, 1997. V.1. Etnobiologia.

FONSECA, Vânia, BASTOS, Eduardo Alves (Orgs.). Sertão do Baixo São Francisco Sergipano: bacia hidrográfica como unidade de estudo. Aracaju: CODEVASF, UFS, CNPq., 1997. 73p.

HUNSKAAR, S., HOLE, K. Formalin test in mice: dissociation between inflamatory and non-inflamatory pain. Pain 30, 103-14. 1987.KOSTER, R., ANDERSON, M., BEER, E. J. Acetic acid for screening. Federal

proceedings, v.18, p.412-416, 1959.MORS, Walter. Plantas medicinais. Ciência hoje, São Paulo, 1(3):14-19.

SILVA, Tânia Elias da (Coord.) et al. As várzeas ameaçadas: um estudo preliminar das relações entre as comunidades humanas e os recursos naturais da Várzea de Marituba no rio São Francisco. Aracaju,São Paulo : [s.n.], 1990. 144p.

QUADROS

Page 12: Artigo Revista Do NESA

Quadro I - Plantas de uso medicinal do povoado de Santa Rosa do Ermírio. Poço

Redondo, Se, 2000.

NOME POPULAR NOME CIENTÍFICO FAMÍLIA USO POPULAR

Alecrim-de-caboclo Lippia sp. Verbenaceae Chá da folha contra gripe e nariz congestionado

Alecrim-de-vaqueiro

Lippia (cf. macrophylla) Verbenaceae Chá da raiz contra asma

Ameixa-vermelha Ximenia coriaceae Olacaceae Chá da entrecasca contra dor de estômago, banhos contra feridas e gargarejos contra dor de garganta

Angico-de-caroço Anadenanthera macrocarpa Leguminosae-Mimosoideae

Xarope da entrecasca contra tosse

Aroeira-do-sertão Myrocroduon urundeuva Anacardiaceae Chá e banho da folha e da casca contra dor de estômago, gastrite e inflamação de senhoras (ap. reprodutor)

Arruda Ruta graveolens Rutaceae Chá das folhas contra dores em geral

Boa noite Catharanthus roseus Apocinaceae Chá da folha contra dor de barriga e para regular as regras

Bom-nome Maytenus rígida Celesteraceae Chá da entrecasca contra dor de garganta e pó da casca para cicatrizar feridas

Braúna Schinopsis brasiliensis Anacardiaceae Xarope da entrecasca contra tosse, pneumonia e febre

Cajueiro Anacardium ocidentale Anacardiaceae Chá e gargarejo da entrecasca contra dor de garganta e inflamações em geral

Capim santo Cymbopogon citratus Poaceae Chá das folhas contra dor de barriga e febre. Calmante

Canafístula Cássia martiana Leguminosae-Caesalpinioideae

Chá da entrecasca contra o câncer e dor-de-dente

Catingueira Caesalpinia pyramidales Leguminosae Caesalpinioideae

Lambedor da flor contra gripe, chá da entrecasca e da folha contra azia, dor-de-barriga.

Cedro-rosa Cedrella graziovvi Miliaceae Chá da entrecasca contra inflamação, dores. Defumador contra derrame.

Continuação

Page 13: Artigo Revista Do NESA

Quadro I - Plantas de uso medicinal da região. Santa Rosa do Ermírio, Poço Redondo,

Se, 2000.

NOME POPULAR NOME CIENTÍFICO FAMÍLIA USO POPULAR

Cidreira Lippia sp Labiatae Chá das folhas contra dor de barriga

Cipó-de-japecanga Smilax sp. Smilacaceae Chá da raiz contra dores reumáticas

Cordão de S. Francisco

Leonotis nepetaefolia Lamiaceae Chá da folha e flor contra dor de barriga e defumador contra dor de cabeça

Embira Xilopia frutescens Annonaceae Chá da entrecasca e garrafada no vinho branco contra pancadas e contusões

Enxerto-de-passarinho

Phoradendrom piperoides Loranthaceae Chá das folhas para dores em geral

Feijão-brabo Capparis flexuosa Capparaceae Garrafada da entrecasca no vinho branco contra dores de coluna e inflamação da próstata

Hortelã grande Coleus amboinicus Labiatae Lambedor e inalação das folhas contra gripe

Icó Capparis ico Capparaceae Chá da entrecasca contra dores em geral

Jarrinha Aristolochia birostris Aristolochiaceae Chá da folha contra cólicas menstruais e compressas contra dores em geral

Jatobá Hymenaca cambaril Caesalpinaceae Chá da entrecasca contra dores. Banhos e pó da casca contra feridas da diabete

Jurema-preta Mimosa hostilis Leguminosae-Mimosoideae

Chá da entrecasca contra inflamação e banhos contra dores e inchaço das pernas

Malva branca Sida cordifolia Malvaceae Chá das folhas para banhos e gargarejos contra inflamações em geral

Mastruz Chenopodium ambrosioides Chenopodiaceae Lambedor contra gripe, cataplasma das folhas contra pancadas

Mororó Bauhinia cheilantha Leguminosae-Caesalpinioideae

Chá da entrecasca contra dores no peito, pressão e colesterol altos

Mulungu Erythrina vellutina Leguminosae-Papilionoideae

Chá da entrecasca na água contra nervosismo, insônia e dores

Novalgina Pfaffia glomerata Amarantaceae Chá das folhas contra dores e febre

Page 14: Artigo Revista Do NESA

ContinuaçãoQuadro I - Plantas de uso medicinal da região. Santa Rosa do Ermírio, Poço Redondo,

Se, 2000.

NOME POPULAR NOME CIENTÍFICO FAMÍLIA USO POPULAR

Pau-d´arco roxo Tabebuia avellanedae Bignoniaceae Chá da entrecasca contra tosse, dores. Banhos contra inflamação e leucorréia.

Pau-ferro Caesalpinia férrea Leguminosae-Caesalpinioideae

Chá da entrecasca para contra asma, bronquite e diabetes

Pau-pereiro Aspidosperma pyrifolium Apocinaceae Usa a entrecasca na garrafada contra dores de coluna e banhos contra inchaço das pernas

Pimenta-da-costa Vitex agnus-castus Verbenaceae Chá da folha e da entrecasca contra dores em geral

Quebra-pedra Phylanthus niruri Euphorbiaceae Chá das folhas contra pedra nos rins

Quina-quina Coutarea hexandra Rubiaceae Chá da entrecasca contra dores e sinusite

Quixabeira Bumelia sartorum Sapotaceae Chá da entrecasca contra inflamações e dores em geral

Sacatinga Croton argyrophyloides Euphorbiaceae Chá da raiz contra dores, azia e má digestão

Saião Kalanchoe brasiliensis Crassulaceae Sumo das folhas contra dor de estômago e gastrite

Sambacaitá Hyptis pectinata Labiatae Chá da folha e banhos contra inflamações em geral

Sete-dores Plectranthus barbatus Lamiaceae Chá da folha contra dor-de-cabeça e dor-de-barriga

Tipi Petiveria alliaceae Phytolacaceae Garrafada das folhas contra dores reumáticas

Umburana-de-cambão

Bursera leptosphiloeos Burseraceae Chá da entrecasca contra cólicas menstruais e para despachar parto em animais

Umburana-de-cheiro

Amburana cearensis Fabaceae Xarope da entrecasca contra bronquite e asma, chá da casca má digestão e disenteria

Umbuzeiro Spondias tuberosa Anacardiacese Chá da entrecasca e gargarejos contra inflamações em geral

Page 15: Artigo Revista Do NESA

Quadro II - Plantas de uso analgésico do povoado de Santa Rosa do Ermírio. Poço

Redondo, Se, 2000.

NOME POPULAR NOME CIENTÍFICO PARTE DA PLANTA

FORMA DE USO

Ameixa-vermelha Ximenia coriaceae Entreasca Chá, banho, gargarejos

Aroeira-do-sertão Myrocroduon urundeuva Folha, Entrecasca

Chá, banho, gargarejos

Arruda Ruta graveolens Folha CháBoa noite Catharanthus roseus Folha CháBom-nome Maytenus rígida Entrecasca Chá, gargarejosCajueiro Anacardium ocidentale Entrecasca Chá, banho, gargarejosCedro-rosa Cedrella graziovvi Entrecasca CháCanafístula Cássia martiana Entrecasca CháCapim santo Cymbopogon citratus Folha CháCatingueira Caesalpinia microphylla Flor,

EntrecascaLambedor e chá

Cedro-rosa Cedrella graziovvi Entrecasca CháCidreira Lippia sp Folha CháCipó-de-japecanga Smilax sp. Raiz CháCordão de S. Francisco Leonotis nepetaefolia Folha e flor CháEnxerto-de-passarinho Phoradendrom piperoides Folha CháFeijão-bravo Capparis flexuosa Entrecasca GarrafadaIcó Capparis ico Entrecasca CháJarrinha Aristolochia birostris Folha CháJatobá Hymenaca cambaril Entrecasca Chá, banhos e póJurema-preta Mimosa hostilis Entrecasca Chá, banhosMalva branca Sida cordifolia Folha Chá, banhosMororó Bauhinia cheilantha Entrecasca CháMulungu Erythrina vellutina Entrecasca CháNovalgina Pfaffia glomerata Folha CháPau-d´arco roxo Tabebuia avellanedae Entrecasca Chá e banhosPau-pereiro Aspidosperma pyrifolium Entrecasca Chá, banhosPimenta-da-costa Vitex agnus-castus Folha CháQuina-quina Coutarea hexandra Entrecasca Chá, inalaçãoQuixabeira Bumelia sartorum Entrecasca CháSacatinga Cróton argyrophyloides Entrecasca CháSaião Kalanchoe brasiliensis Folha SumoSambacaitá Hyptis pectinata Folha Chá, banhos, gargarejosSete-dores Plectranthus barbatus Folha CháTipi Petiveria alliaceae Folha GarrafadaUmburana-de-cambão Bursera leptosphiloeos Casca CháUmburana-de-cheiro Amburana cearensis Casca CháUmbuzeiro Spondias tuberosa Casca Chá, banhos

Page 16: Artigo Revista Do NESA

Quadro III - Plantas de uso analgésico da caatinga testadas farmacologicamente.

Laboratório de Farmacologia, Universidade Federal de Sergipe, 2000.

NOME CIENTÍFICO NOME POPULAR PARTE DA PLANTA

Bauhinia cheilantha Mororó Entrecasca

Bumelia sartorum Quixabeira Entrecasca

Bursera leptosphiloeos Umburana-de-cambão Entrecasca

Caesalpinia microphylla Catingueira Entrecasca

Capparis ico Ico Entrecasca

Cedrella graziovvi Cedro-rosa Entrecasca

Coutarea hexandra Quina-quina Entrecasca

Erythrina vellutina Mulungu Entrecasca

Maytenus rígida Bom-nome Entrecasca

Mimosa hostilis Jurema-preta Entrecasca

Phoradendrom piperoides Enxerto-de-passarinho Folha

Tabebuia avellanedae Pau-d´arco roxo Entrecasca

Vitex agnus-castus Pimenta-da-costa Folha

Page 17: Artigo Revista Do NESA

Quadro IV- Resumo dos resultados farmacológicos das plantas analgésicas da caatinga. Povoado de Santa Rosa do Ermírio, Poço Redondo, Sergipe, 2000.

Teste da formalina

(Estímulo químico)

Fase

Fase

+

NALO

+

CAF

Bauhinia cheilantha X X X X X X

Bumelia satorum X X X X X X

Bursera leptosplhoeos X X X

Caesalpinia pyramidales X X X X X

Capparis ico X X X X X

Cedrella graziovvi

Coutarea hexandra X X X

Erythrina vellutina X X

Maytenus rígida X X X X X

Mimosa hostilis X X

Phoradendrom piperoides

Tabebuia avellanedae X X X

Vitex agnus-castus X X X X X X

( X ) Inibição da nocicepção; reversão da ação antinociceptiva EA pela naloxona e/ou cafeína. (p<0.05).NALO = naloxona; CAF = cafeína