arrebatamento e ressurreição n. w. hutchings

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ARREBATAMENTOE

RESSURREIÇÃO

N. W. HUTCHINGS

Page 3: Arrebatamento e ressurreição    n. w. hutchings

ISBN 85-85589-09-4

Categoria: Profecia

Este livro foi originalmente publicado em inglês sob o título: Rapture and Resurrection, por N. W . Hutchings

© .1992 por Noah W . Hutchings © 1 996 por Editora Betei

Tradução de Rejane Caldas

V’ impressão 1996:Impresso na Imprensa da Fé (SP)

Todos os direitos reservados em língua portuguesa por Editora Betei,R. João Vicente, 7, Madureira 21340-020 Rio de Janeiro, RJ

Salvo quando mencionada outra fonte, as citações bíblicas foram extraídas da Edição Contemporânea de Almeida, da Editora Vida. Usada com permissão.

Capa: Cláudio Motta

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1 f

ÍN M C €

Introdução-------------------------------- 71. A Ressurreição Antes do Dilúvio---------- 132. A Ressurreição de Abraão a D avi--------- 193. A Ressurreição de Israel -----------------294. O Hades e o Seio de Abraão------------ 395. A Ressurreição nos Evangelhos---------- 496. A Ressurreição no Livro de A tos---------- 597. A Ressurreição nas Epístolas------------- 638. O Arrebatamento da Igreja--------------- 719. O Arrebatamento Retratado em Tipos---7710. A Cronologia do Arrebatamento--------- 8711. A Ressurreição na Tribulação----------- 1031 2. Morte e Ressurreição no M ilên io------- 12913. O Juízo do Grande Trono Branco------- 13714. Novos Céus e Nova Terra--------------145

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INTRODUÇÃO

O patriarca Jó viu além de suas circunstâncias terrenas - tempo de dor, sofrimento, tristeza e desapontamento - a

fim de considerai' a possível razão de sua existência temporal e lançar a questão aos céus: Morrendo o homem, tomará a viver? (Jó 14:14).

A experiência de vida de Jó é um símbolo da história da humanidade com seus altos e baixos, paz e gueixa, abundância e pobreza, felicidade e desespero, saúde e doença. Se esse quadro de expectativas humanas é tudo em que nos apoiamos para ter esperança, então, como autênticos agnósticos existencialistas, estamos trancados num círculo a vácuo sem meios de nos mover, a não ser cada vez mais em direção ao centro. Se isso é tudo o que existe, então é como o apóstolo declarou em sua carta à congregação de cristãos de Corinto: somos os mais infelizes de todos os homens (1 Coríntios 15:19).

Mas homens como Jó e Paulo, que tiveram uma experiência pessoal com Deus, receberam a certeza de que sua vida presente seria apenas o começo, e não o fim. Jó vitoriosamente respondeu à sua própria pergunta:... Todos os dias da minha lida esperaria, até que viesse a minha mudança. Chamar-me-ias, e eu te responderia... (Jó 14:14-15).

Ao iniciarmos nosso estudo é importante logo de início dar algumas definições. O que entendemos por arrebatamento, e também o que iefinimosporigreja?

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8 - Arrebatamento e Ressurreição

» - O ARREBATAMENTO

A palavra “arrebatam ento” não é encontrada nas mais conhecidas traduções da Bíblia. Ela é tomada da palavra latina rapere, encontrada em 1 Tessalonicenses 4:16-17, e significa ser apanhado ou levado. Arrebatamento também significa estar em estado de graça, ou êxtase. A palavra é normalmente usada para descrever a felicidade da noiva no dia do seu casamento. Nas Escrituras, Jesus Cristo é descrito como sendo o Noivo, e a igreja como a sua noiva. A Bíblia também ensina que um dia Cristo retornará e levará, ou arrebatará, a sua noiva. Lemos o termo arreba­tar em 1 Tessalonicenses 4:16-17:

Pois o mesmo Senhor descerá do céu com grande brado, à voz. do arcanjo, ao som da tromheta de Deus, e os que morreram em Cristo ressurgirão primeiro. Depois nós, os que f ic a rm o s vivos, serem os a rreba tados juntamente com eles nas nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor

Na volta de Jesus Cristo, os crentes trasladados desta terra para encontrar-se com o Senhor nos ares serão divididos em dois grupos - os que tiverem morrido em Cristo, e cujos corpos estão dormindo, e os que estiverem vivos quando esse grande evento acontecer.

► IGREJA

Quando dizemos “a igreja”, a quem, ou a que nos referimos?

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Introdução - 9

No original grego, a palavra, kuriake foi usada para construção, ou a casa de Deus. Entretanto, quando falamos da igreja como corpo espiritual não estamos nos referindo à construção da igreja, ou a uma coleção de edifícios usados como igreja. A palavra grega ecclesia significava todos os membros de uma organização, e é usada no Novo Testamento quando se refere aos membros de uma igreja como um todo, os membros de uma igreja local, ou os membros ou participantes de qualquer grupo religioso. Uma assembléia de hindus pode ser chamada de igreja. Os israelitas, como um grupo separado no deserto, foram chamados igreja ( Atos 7:38). Portanto, quando nos referim os ao term o igreja , necessitamos de qualificar essa referência.

Nossa primeira qualificação se encontra em Efésios 3:1-10:

Por esta causa eu, Paulo, sou o prisioneiro de Cristo Jesus por vós, os gentios, se é que tendes ouvido a dispensação da graça de Deus, que para convosco me fo i dada, isto ó, o mistério que me foi manifestado pela revelação... o qual em outras gerações não foi manifestado aos fi lhos dos homens, como agora fo i revelado p e lo E sp ír ito aos seus santos apóstolos e profetas. O mistério é que os gentios são co-herdeiros e membros do mesmo corpo e co-participantes da promessa em Cristo Jesus pelo evangelho. Fui feito m inistro deste evangelho, segundo o dom da graça de Deus, que me foi dado segundo a operação de seu poder... e demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus, que a tudo criou. E foi assim para que agora, p e la igreja, a

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multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestacles nas regiões celestiais.

A igreja à qual Paulo se referiu não era a igreja somente de judeus do Antigo Testamento, ou uma igreja budista, ou muçulmana, ou qualquer outro grupo de pessoas do passado, presente ou fu­turo. Era, portanto, um grupo de pessoas de todas as raças que cria e era salvo pelo evangelho de Jesus Cristo, o poder de Deus para a salvação durante a dispensação da graça. Esse corpo, ou a igreja, herdaria os lugares celestiais com Cristo. E com esse propósito e intento que a igreja será levada para encontrar-se com o Senhor nos ares. Os membros dessa igreja que morreram com fé em Jesus Cristo serão ressuscitados com corpos imortais. Os que estiverem vivos na vinda do Senhor experimentarão uma mudança física.

Paulo escreveu acerca desse glorioso evento em 1 Coríntios 15:51-52:

Eis que vos digo um mistério: Na verdade, nem to d o s dorm irem os, m as todos serem os transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao soar a última trombeta.Pois a trombeta soará, e os mortos ressurgirão incorruptíveis, e nós seremos transformados.

A ciência moderna provou que nosso coipo terrestre, composto de carne e sangue, não pode viver no espaço por longo tempo sem o uso de um sistema de suporte. Então, quando a igreja for trasladada da terra para os lugares celestiais, ocorrerá uma mudança física.

Os membros da igreja da dispensação da graça são chamados

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Introdução - 11

de o corpo de Cristo, uma designação que não é dada a nenhum outro grupo de crentes.

A mensagem a ser proclamada pelos embaixadores de Cristo durante a dispensação da graça é única; o andar do crente no mundo é único; suas recompensas são únicas; e seu destino e ressurreição são únicos.

As Escrituras declaram com ênfase que a dispensação da graça, também conhecida como a era da igreja, terminará num período de tempo determinado. Quando a era da igreja da dispensação da graça chegar ao fim, Deus chamará seus membros para fora do mundo, e somente aqueles que pertencerem a esse coipo par­ticular de Cristo participarão dessa ressurreição e traslado únicos.

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A A€SSUAA€IÇÃO ANT€S DO DILÚVIO

Os cristãos não encontram dificuldades em aceitar a promessa de ressurreição para a vida eterna. Paulo declara em 1 Coríntios 15 que se não há esperança de uma vida

futura para os que crêem, que proveito há nisso? É melhor comermos, bebermos e nos alegrarmos com o resto do povo corrompido, porque amanhã morreremos, e esse é o fim da vida. Então, a dificuldade em se ensinar acerca do arrebatamento da igreja não está na ressurreição ou no traslado, mas sim que a ressurreição e traslado dos cristãos nessa dispensação serão um evento distinto e separado, um plano de Deus específico para a redenção e ressurreição dos que pertencem a essa época.

Portanto, devemos colocar o arrebatamento da igreja em um nível próprio, dentro do plano completo de Deus para todas as eras, pois do contrário os cristãos que não conhecem as verdades bíblicas acerca da dispensação poderão ficar perdidos ou confusos.

O apóstolo escreveu em 2 Pedro 3:9 que o Senhor é longânimo para convosco, não querendo que ninguém se perca, senão que todos venham a arrepender-se. Deus criou Adão com a promessa de vida eterna (Gênesis 3:22). Tudo o que Adão tinha de fazer a fim de viver para sempre era obedecer a Deus e comer do fruto da árvore da vida. Era da vontade de Deus que ele comesse do fruto da árvore da vida. Mas depois que Adão pecou ele começou a morrer, pois Deus havia dito que assim aconteceria. Sua carne começou a envelhecer, seu corpo ficou sujeito a dores

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e doenças, e começou a ter pensamentos maus contra Deus.Desse modo, o primeiro homem foi expulso do jardim do Éden

e da árvore da vida. O corpo de Adão tinha de morrer por causa de seu pecado, do mesmo modo que todos os nascidos da carne de Adão devem morrer. Mas o Criador, em sua atitude de vestir Adão e Eva com pele de animais, deu-lhes a esperança de uma futura ressurreição. Lemos em 1 Coríntios 15:21-22:

Pois assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Pois assim como todos morrem em A dão, assim tam bém to d o s serão vivificados em Cristo.

Se a esperança da ressurreição não se estendesse desde Adão, então Deus não teria tido um propósito, permitindo que o primeiro homem e a primeira mulher vivessem para ter filhos. Mas a fim de manter a sua natureza pecaminosa sob controle, e também evitar que eles se exaltassem acima de Deus, como o fez Satanás, Deus disse em Gênesis 3:16-19:

À mulher disse: Multiplicarei grandemente a dor da tua gestação; em dor darás à luz filhos. O teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará.Ao homem disse: Porque deste ouvidos à voz da tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por tua causa; em fadiga comerás dela todos os dias da tua vida. Ela produzirá também espinhos e abrolhos, e comerás das ervas do campo. Do suor cio teu rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, porque dela foste tomado; pois és pó e ao pó tomareis.

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A Ressurreição antes do Dilúvio - 15

Desde que Deus proferiu essas palavras, quanto mais próspero 'e torna o homem, mais dependente fica de seu próprio . : nhecimento e força, e menos olha para Deus com arrependi- mento e sentindo a necessidade de salvação. E nessa hora, porém, que Deus de novo mostra ao homem que este é pó, e que nessa ;ondição ele pode voltar a face aos céus e clamar por redenção.

Como Deus explicou, os fardos e aflições da humanidade são para o próprio bem do homem. Sem eles, nenhum homem olharia para Deus, buscando salvação e vida futura após a morte do coipo. A morte se originou em Adão e Eva, mas também em Adão e Eva originou-se a esperança da ressurreição. Essa promessa foi dada ao primeiro casal em Gênesis 3:14-15.

Disse, pois, o Senhor Deus à serpente: Porque fizeste isso, maldita és entre todos os animais domésticos, e entre todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, epó comerás todos os dias da tua vida. E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e o seu descendente; este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.

A semente da mulher foi ferida quando Jesus Cristo veio e foi ferido pelas nossas transgressões na cruz, tornando-se assim as primícias da vida ressurreta. Dessa forma, a prom essa da ressurreição vem desde o tempo de Adão.

Lemos em Gênesis 4 e 5 que Adão e Eva tiveram muitos filhos e filhas, e nessa mesma época dois grandes homens de fé apareceram na terra: Enoque e Noé. Lemos em Gênesis 5:24:

Andou Enoque com Deus; e já não era, porque Deus para si o tomou.

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Também lemos em Gênesis 6:8-9:

Noé, porém, achou graça aos olhos do Senhor.São estas as gerações de Noé. Era ele homem justo e íntegro em suas gerações, e andava com Deus.

De Enoque lemos de novo em Hebreus 11:5-6:

Pela f é Enoque fo i trasladado, para não ver a m orte; não fo i a ch a d o , porque D eus o trasladara. Pois antes de sua trasladação alcançou testemunho de que agradara a Deus.Ora, sem fé é impossível agradar a Deus, porque é n ecessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam.

De Noé lemos em Hebreus 11:7:

Pela fé Noé, divinamente avisado das coisas que ainda não se viam, e sendo temente a Deus, preparou uma arca para a salvação da sua casa, pela qual condenou o mundo, e tornou- se herdeiro da justiça que é segundo a fé.

A firmeza de Enoque e Noé perante Deus era a mesma: graça através da fé. Os dois homens agradaram a Deus, e ambos an­daram com Deus. Um deles foi trasladado para não ver a morte; o outro foi instruído a trabalhar e construir uma arca para salvar sua casa do dilúvio. Por que a diferença entre eles?

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A Ressurreição antes do Dilúvio - 17

Através de Enoque. Deus deu à humanidade, por toda a história, um exemplo prático de traslado do coipo mortal para a imortalidade. A alma e o espírito já são imortais. E o corpo que necessita de transformação. Enoque foi levado ao céu; não pôde mais ser encontrado na terra. E antes de ser levado profetizou que Deus trasladaria 11111 grande número de santos em um tempo futuro. Lemos em Judas 14:

Concernente a estes profetizou Enoque , o sétimo depois de Adão: Vede, o Senhor vem com milhares de seus santos.

O coipo de Enoque foi transformado num momento, e trasladado rara viver por toda a eternidade 110 céu. Enoque era 0 tipo da igreja da dispensação da graça. E da maneira como 0 mundo procurou por Enoque, 11111 dia aqueles que ficarem para trás procurarão pelos cristãos, mas estes terão desaparecido - trasladados no aiTebatamento.

E Noé? Por que ele não foi trasladado?Sabemos que dois grandes julgamentos foram determinados

para a terra por causa da depravação excessiva do homem: o dilúvio e a grande tribulação. O dilúvio é comparado à grande tribulação.

Jesus disse que da mesma forma como foi nos dias de Noé, assim seria quando ele viesse novamente. Enoque foi trasladado no julgamento do dilúvio, mas Noé e sua casa tiveram de passar por ele, dentro da arca. Noé se tornou então 0 tipo de Israel. A igreja será trasladada antes da grande tribulação, mas Israel terá de passai- por ela. Lemos em Zacarias 13:8-9, Romanos 11:26, e em muitas outras passagens das Escrituras, que o que tiver fé serásalvo.

A arca pode simbolizar a salvação do judeu e do gentio, igual­mente em Cristo. Mas se considerarmos os dois homens do ponto de vista da ressurreição, Enoque é o tipo da igreja, cuja herança está 110

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céu, ao passo que Noé é tipo de Israel, cuja herança está na terra. Enoque representa a ressurreição do povo de Deus nos lugares celestiais, e Noé representa a ressurreição dos santos de Israel para uma herança terrena.

Nenhum j udeu devoto e religioso reconhece a recompensa celeste na ressurreição, porque tal promessa não foi feita aos santos do Antigo Testamento. Toda ressurreição de Israel se relaciona à imortalidade na era do Reino, que aponta para os Novos Céus e a Nova Terra. Em tipo, vemos o traslado da igreja da dispensação da graça como um evento único no calendário de Deus em relação à ressurreição, mesmo antes do dilúvio.

Desde o início da transgressão do homem contra Deus, o salário do pecado tem sido a morte, e o dom gratuito de Deus, a vida etema através da graça, mesmo para os que viveram antes do dilúvio. Hebieus 11:4-6 fala de antedilu vianos resgatados do infemo e da morte:

Pela fé Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho das suas ofertas, e por meio dela, depois de morto, ainda fala. Pela fé Enoque fo i trasladado, para não ver a môrte; não fo i achado, porque Deus o trasladara... Ora, sem fé é impossível agradara Deus, porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam.

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n fiessuftftciçnom nftftflÃO Í1 DAVI

• x _ m nosso segundo estudo acerca do arrebatamento e da ■/ * ressurreição, continuaremos do ponto de vista do Antigo

7e sramento. Em nosso primeiro capítulo, traçamos a promessa da re 'Surreição desde Adão até Enoque e Noé: Enoque como tipo d : arrebatamento da igreja, e Noé como tipo da ressurreição dos santos de Israel.

De Noé chegamos a Abraão, e lemos acerca desse patriarca em Hebreus 11:8-10:

Pela fé Abraão, sendo chamado para um lugar que havia de receber por herança, obedeceu e sa iu , sem sa b er p a ra onde ia. P ela f é peregrinou na terra da promessa, como em terra alheia, habitando em tendas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa.Pois esperava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e construtor.

A única cidade, mencionada na Bíblia, cujo construtor é Deus, é jl nova Jerusalém, e de novo lemos a respeito de Abraão em Romanos 4:20-21:

Ele não duvidou da prom essa de Deus, deixando-se levar pela incredulidade, mas fo i

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fortificado na fé, dando glória a Deus, estando certíssimo de que o que ele tinha prometido também era poderoso para cumprir.

As Escrituras indicam que era tão forte a fé que Abraão tinha na existência da cidade da ressurreição que Deus lhe havia prometido, que ele a procurava aonde quer que fosse. Quando o patriarca visitou Faraó em seu palácio, na capital do Egito, deve ter visto a grande pirâmide, à qual muitos estudiosos da Bíblia se têm referido como um tipo da nova Jerusalém.

Quando foi originalmente construída, a grande pirâmide tinha sobrepostas cento e quarenta e quatro mil pedras polidas, seladas com argamassa. Ver a grande pirâmide deve ter sido um dos fa­tores que motivou Abraão a atravessar o escaldante deserto do Sinai em direção ao Egito. Clarence Larkin escreveu:

A grande p irâ m id e é a única fo rm a de construção que se conforma com a descrição simbólica da con s tru ção esp ir i tu a l mencionada nas Escrituras, da qual Cristo é descrito como sendo a pedra angular. Efésios 2:20-22 diz: “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, sendo o próprio Cristo Jesus a principal pedra angular. Nele todo o edifício bem ajustado cresce para templo santo no Senhor. E nele também vós juntamente sois edificados para morada de Deus no Espírito Não há pedra angular em construção arquitetônica, a não ser na form a piramidal, e nesse form ato de construção ela é exatamente a pedra do edifício que mais aparece... ela tem cinco lados e não há lugar

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A Ressurreição de Abraão a Davi - 21

para seu assentamento até que o acabamento fin a l seja dado, portanto os construtores a rejeitam até que precisem dela. Então, lemos de Cristo: “a pedra que os edificadores rejeitaram... essa se tornou a pedra angular; e rocha de tropeço e rocha de ofensa!"A p ed ra de a ca b a m en to f in a l de um a pirâmide, até que se torne necessária, fica no caminho dos trabalhadores, e se torna uma “pedra de tropeço”, e “rocha de o fensa”.

A ssim acontece com Cristo, como Paulo afirm a em 1 C orín tio s 1:23: “m as nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, e loucura para os gregos”.Essa pedra de acabamento da pirâmide tem cinco lados e cinco pon tas afiadas, que apontam para cima. Qualquer que tropeçar nela será “q u eb ra d o ” ou m achucado, e quando está sendo levada à sua posição imponente, se cair sobre alguém, “este ficaria todo m oído”.De tudo o que fo i dito vemos que a grande pirâmide é o símbolo do edifício espiritual do qual Cristo é a pedra angular... A grande pirâmide fo i construída originalmente com pedras de granito, intercaladas com pedras calcáreas brancas; sua superfície exterior era lisa, parecendo um edifício descido do céu.

É evidente nas Escrituras que Deus prometeu a Abraão uma mansão na nova Jerusalém. E Abraão creu que o que Deus lhe havia prometido se cumpriria fielmente. A cidade não desceu do

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22 - Arrebatamento e Ressurreição

céu durante a vida de Abraão, mas virá no tempo devido, de acordo com o plano e propósito eternos de Deus. Lemos em Apocalipse 21:2:

Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, ataviada como uma noiva para o seu noivo.

Abraão verá essa grande cidade cujo construtor é Deus. Abraão recebeu a promessa da ressurreição, e o que Deus prometeu ele pode cumprir. Tão forte foi a fé que houve em Abraão na ressurreição, que ele se dispôs a matar a seu próprio filho, segundo as instruções de Deus, crendo que Deus o ressuscitaria dentre os mortos. De novo lemos acerca de Abraão em Hebreus 11:17-19:

Pela fé Abraão, ao ser provado, ofereceu a Isaque . A q u e le que ha via receb id o as promessas ofereceu o seu unigênito, embora D eus lhe tivesse d ito : Em Isa q u e será chamada a tua descendência. Abraão julgou que Deus era poderoso para até dentre os mortos o ressuscitar, e daí também em figura o recobrou.

Talvez nenhum dos heróis da fé tenha tido maior segurança pessoal em Deus acerca da ressurreição do que Abraão. Quando enterrou Sara, ele lamentou por causa de sua separação temporária, e pagou quatro mil moedas de prata pelo local adequado para enterrá-la (Gênesis 23.) Ele creu que Deus a ressuscitaria da morte. Um funeral cristão é, em si, a manifestação da fé na ressurreição. Ele data da época do funeral de Sara pelo pai da fé, Abraão.

Seria difícil discutir a esperança da ressurreição sustentada por

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A Ressurreição de Abraão a Davi - 23

todos os santos do Antigo Testamento. Partindo, portanto, de Abraão, passemos a José. Podemos ler em Hebreus 11:22:

Pela fé José, próximo da morte, fe z menção da saída dos filhos de Israel, e deu ordem acerca de seus ossos.

Ao morrer, José foi embalsamado conforme as instruções do patriarca. Os egípcios haviam desenvolvido a ciência do em balsam am ento do corpo e a sua p reparação para a rnumificação.

José também ordenou aos médicos que embalsamassem o corpo de Jacó, seu pai. Lemos em Gênesis 50:24-26 que, quando José morreu, colocaram seu corpo embalsamado em um caixão. Quando os filhos de Israel partiram da terra do Egito, levaram consigo o caixão de volta à terra prometida, para que, quando a ressurreição de Israel ocorresse, José já se encontrasse no reino.

De José iremos a Moisés, um dos mais corajosos santos do Antigo Testamento. Vemos sua importância aos olhos de Deus relo fato de seu nome ser mencionado na Bíblia mais vezes do que o nome de qualquer outro homem. Lemos em Judas 9:

Mas, o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo, e disputava a respeito do corpo de Moisés, não ousou pronunciar contra ele juízo de m ald ição , m as d isse : O S en h o r te repreenda.

Por que Satanás disputou com Miguel o corpo de Moisés? P : rque Miguel é o anjo protetor da ressurreição de Israel. Lemos em Daniel 12:1-2 que, após Miguel se levantar para proteger o povo de Deus, Israel, durante a tribulação, e liderar os exércitos

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24 - Arrebatamento e Ressurreição

do céu para a grande e derradeira vitória sobre Satanás e seus anjos (Apocalipse 12:7-10), haverá a ressurreição dos santos de Is­rael. que dormem no póda terra:

Nesse tempo se levantará Miguel, o grande príncipe que protege os filhos do teu povo, e haverá uni tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo. Mas nesse tempo livrar-se-á teu povo [significando o povo de Daniel, Israel], todo aquele que se achar escrito no livro. Muitos dos que dormem no pó da terra ressurgirão, uns para a vida eterna , e outros para a vergonha e o desprezo eterno.

Alegam alguns que a razão pela qual Satanás disputou com Miguel o corpo de Moisés era que Satanás não queria que Moisés ressurgisse. Os que defendem essa teoria crêem: (1) que Moisés seria uma das duas testemunhas sobrenaturais de Deus que se oporão ao anticristo durante os últimos três anos e meio da tribulação; (2) e que o anticristo seria o próprio Satanás encarnado. A luz dessa interpretação, o fato de Satanás disputar com Miguel o corpo de Moisés revelaria que Satanás crê na ressurreição.

De Moisés passemos a Jó. O livro de Jó talvez tenha sido o primeiro livro da Bíblia a ser escrito, antes mesmo de Moisés escrever os seus livros. Jó c elogiado nas Escrituras por sua perseverança na fé, mesmo sob o mais extremo sofrimento e adversidade. A esperança desse servo de Deus era a certeza de que um dia, no futuro, receberia um corpo glorificado. Lemos suas

palavras em Jó 14:14-15:

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A Ressurreição de Abraao a Davi - 25

Morrendo o homem, tornará a viver? Todos os dias da minha lida esperaria, até que viesse a minha mudança. Chamar-me-ias, e eu te responderia...

Jó cria que seu corpo, sujeito a doenças e sofrimento, seria trans­formado. Ele compreendia que seu corpo era fraco por causa do pecado, mas possuía tremenda fé no Redentor que viria para pagar a dívida de seus pecados. Vemos isso claramente em Jó 19:25-27:

Eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra. E depois de consumida a minha pele, ainda em minha carne verei a Deus. Vê-lo-ei por mim mesmo, com meus próprios olhos, eu, e não outros.Como o meu coração anseia dentro em mim!

Deus revelou a esse patriarca que o Redentor viria para redimir do pecado todo aquele que o aceitasse como Salvador e Senhor. Jó também disse que seu Redentor se levantaria sobre a tem nos últimos dias, e que, mesmo tendo seu coipo corroído, seria ressuscitado com nova carne para contemplar a face do seu Salvador.

O Senhor Jesus Cristo veio a primeira vez para morrer, não apenas pelos pecados de Jó, mas por todos quantos creram em seu nome. Foi levantado da morte ao terceiro dia, e ascendeu ao céu para Deus, seu Pai. Ele virá nos últimos dias, não para morrer de novo, mas a fim de ser exaltado na terra. A palavra levantar, quando usada no sentido literal e simbólico na mesma passagem, significa reivindicar, tomar posse. Lemos em Zacarias 14:4:

Naquele dia estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém

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26 - Arrebatamento e Ressurreição

para o oriente; o monte das Oliveiras será fe n ­dido pelo meio, para o oriente e para o oci­dente, e haverá um vale muito grande; metade do monte se apartará para o norte, e a outra metade para o sul.

Lemos, também, em Apocalipse 10:2-3:

E tinha na mão um livrinho aberto. Pôs o seu pé direito sobre o mar, e o esquerdo sobre a terra, e clamou com grande voz, como quando ruge o leão. Tendo clamado, os sete trovões fizeram soar as suas voz.es.

Jó não apenas expressou fé completa na ressurreição de seu corpo; ele previu o tempo em que isso ocorreria. Disse que sua ressurreição ocorreria quando o Redentor viesse para tomar posse do mundo. E veremos, em nosso estudo, que a ressurreição dos salvos israelenses está associada à segunda vinda de Jesus Cristo.

Do patriarca Jó passaremos ao rei Davi. A fé na vida eterna e ressurreição dos mortos permeou a vida e pensamentos de Davi. Sua firme fé na vida eterna foi manifestada na morte de seu filho com Bate-Seba. Lemos em 2 Samuel 12:22-23:

Respondeu ele: Vivendo ainda a criança, jejuei e chorei, porque pensava: Quem sabe se o Senhor se compadecerá de mim, de modo que viva a criança ? Mas agora que é morta, por que je j uaria eu? Poderei eu fazê-la voltar? Eu irei a ela, mas ela não voltará para mim.

A certeza de uma vida além da morte foi expressa de forma

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A Ressurreição de Abraão a Davi - 27

belíssima por Davi no Salmo 23:4-6:

Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás com igo; a tua vara e o teu ca jado me consolam. Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos. Unges a minha cabeça com óleo; o meu cálice transborda. Certam ente que a bondade e o am or me seguirão todos os dias da m inha vida, e habitarei na casa do Senhor para sempre.

Esta esperança de Davi deve ser entendida literalmente. Quando Cristo voltar, reinará como o Rei dos reis, mas a promessa para Davi na ressurreição é que será um príncipe de Israel na casa do Senhor. Acerca da nova fundação de Israel, nos últimos dias, du­rante a volta do Senhor, lemos em Ezequiel 34:23-24:

Levantarei sobre elas um só pastor, o meu servo Davi, e ele as apascentará; ele as apascentará e servirá de pastor. Eu, o Senhor, lhes serei por Deus, e o meu servo Davi será príncipe no meio delas. Eu, o Senhor, o disse.

Lemos de novo em Ezequiel 37:25-27:

Habitarão na terra que dei a meu servo Jacó, na qual habitaram vossos pais. H abitarão nela, eles e seus filhos, e os filhos de seus filhos, para sempre, e Davi, meu servo, será seu príncipe eternamen te. Farei com eles uma aliança de paz; será uma aliança perpétua.

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28 - Arrebatamento e Ressurreição

Eu os estabelecerei, e os multiplicarei, e porei o meu santuário no meio deles para sempre.O meu tabemáculo estará com eles; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.

. A promessa de Deus de que o reino será estabelecido, o templo reconstruído, Jesus reinando como Rei dos reis, e Davi como o príncipe de Israel na casa do Senhor, refere-se à restauração do tabernáculo de Davi. Lemos em Atos 15:15-16:

E com isto concordam as p a la v ra s dos profetas, como está escrito: D epois disto voltarei, e reedificarei o tabernáculo de Davi, que está caído. Levantá-lo-ei das suas ruínas, e tornarei a edificá-lo.

Mais uma vez vemos que a ressurreição dos santos do Antigo Testamento está intimamente ligada à volta de Cristo. A cada um deles foi prometida uma recompensa particular. Lemos em Hebreus 11:16 que Deus preparou uma cidade para eles.

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n R€ssuíirt€içno D€ isnnci

y I ressurreição nos livros proféticos refere-se, na maior parte ^ das vezes, à ressurreição futura de Israel, porque o assunto principal das profecias é dirigido às promessas do reino de Deus a seu povo aqui na terra.

Os filhos de Israel que criam em Deus e guardavam seus mandamentos foram participantes da promessa de um reino literal aqui na terra. Embora o capítulo trinta e sete de Ezequiel seja norm alm ente interpretado como uma profecia sim bólica concernente ao renascimento espiritual de Israel nos últimos dias, e sua volta à terra, poderia também ser entendido literalmente como se referindo à ressurreição dos santos. Lemos em Ezequiel 37:11 -13:

Então ele me disse: Filho do homem, estes ossos são toda a casa de Israel. Eles dizem:Os nossos ossos se secaram, e pereceu a nossa esperança; nós estamos cortados. Portanto profetiza, e dize-lhes: Assim diz o Senhor Deus:Eu abrirei as vossas sepulturas, e vos farei sair delas, ó povo meu, e vos trarei à terra de Is­rael. Então sabereis que eu sou o Senhor, quando eu abrir as vossas sepulturas, e vos fizer sair delas, ó povo meu.

A promessa da redenção do povo de Israel que morreu crendo

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30 - Arrebatamento e Ressurreição

é repetida em Oséias 13:14:

Eu os remirei da violência do inferno, e os resgatarei da morte. Onde estão, ó morte, as tuas pragas? Onde está, ó inferno, a tua destruição ?

De qualquer modo, em todas as promessas de ressurreição dos crentes israelitas que morreram esperando o Messias que viria reinar, não há menção de que seus coipos ressuscitarão para se encontrarem com o Messias nos ares. A premiação deles é sempre centralizada no contexto do reino - Jerusalém, tronos em Israel, e a nova Jerusalém de Deus que descerá dos céus.

Também, a época da ressurreição dos santos de Israel, segundo as profecias, será o tempo da vinda do Messias para Jerusalém e o templo. A ressurreição de Israel é, ainda, predita para depois da grande tribulação.

Da mesma forma entendemos, pela Palavra, que a ressurreição de Israel será depois que Miguel e os exércitos dos céus lutarem contra Satanás e seus anjos, e estes forem lançados para fora dos domínios celestiais. Acerca desses acontecimentos lemos em Daniel 12: 1-2 :

Nesse tempo se levantará Miguel, o grande príncipe que protege os filhos do teu povo, e haverá um tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo. Mas nesse tempo livrar-se-á teu povo, todo aquele que se achar escrito no livro.M uitos dos que dorm em no pó da terra ressurgirão, uns para a vida eterna, e outros para a vergonha e o desprezo eterno.

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A Ressurreição de Israel - 31

Os santos de Israel serão ressuscitados depois do tempo da gústia de Jacó. A redenção da época da igreja não faz parte

eessa profecia, pois a igreja gentia não era percebida no Antigo Testamento. Os profetas não distinguiram o período da igreja quando previram a vinda do reino. O conhecimento desses acontecimentos estava oculto para eles, como revela Paulo em Efésios 3:1-5. O povo que ressurgirá depois do período de tribulação, como menciona Daniel, é chamado “teu povo”, que s_gnifica o povo de Daniel - Israel.

> - A RESSUREIÇÃQ DO PERDIDO

Notamos outro tipo de ressurreição em Daniel 12:2 - a ressurreição de alguns para vergonha e desprezo eternos. Dessa —aneira, é evidente que nem todo o povo de Israel que viveu _":es da cruz será ressuscitado para herdar o reino. Alguns serão ressuscitados para sofrer vergonha. O profeta Isaías também escreveu acerca da ressurreição do perdido e seu destino eterno:

Como os novos céus e a nova terra, que hei de fazer, estarão diante da minha face, diz o Senhor, assim há de estar a vossa posteridade e o vosso nome. De uma lua nova à outra, e de um sá b a d o ao outro, v irá toda a humanidade a adorar na minha presença, diz o Senhor. E sairão, e verão os cadáveres dos homens que se rebelaram contra mim. O seu verm e nunca m orrerá , nem. o seu fo g o apagará, e serão um horror para toda a humanidade (Isaías 66:22-24).

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32 - Arrebatamento e Ressurreição

Isaías descreveu a profecia da ressurreição do perdido tão clara quanto um gráfico, e também a sua eterna punição, como um aviso a todos que rejeitam a Deus e o caminho da salvação. De qualquer maneira, os israelitas não eram ignorantes em relação ao inferno, pois Moisés já havia advertido a todos os que se voltavam contra Deus. Lemos emDeuteronômio 32:21-24:

A zelos me provocaram... me provocaram à ira... Pois um fogo se acendeu na minha ira, e arderá até o mçiis profundo do inferno...Males amontoarei sobre eles... Consumidos serão pela fome, e devorados pela febre e peste violenta...

Há duas referências ao inferno no primeiro livro da Bíblia que foi escrito, o livro de Jó. Em Provérbios encontramos sete referências ao inferno e suas conseqüências. E Davi, por inspiração de Deus, afirmou que o perdido merecia o inferno, assim como cria na ressurreição e premiação dos redimidos. Lemos em Salmos 86:12-13:

Louvar-te-ei, ó Senhor Deus meu, de todo o coração; glorificarei o teu nome para sempre.Pois grande é o teu amor para comigo; livraste a minha alma das profundezas da sepultura.(Na versão King James a palavra "sepultura ” é traduzida como “inferno” [N.T.].)

O profeta Isaías advertiu os nobres de Israel:

Por isso a sepultura [inferno na versão de King James (N.T.)] aumenta o seu apetite, e abre a

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A Ressurreição de Israel - 33

sua boca desmesuradamente; para lá descerá a glória deles, a sua multidão, a sua pom pa e os que entre eles fo lgam (Isaías 5:14).

Ezequiel, Amós, Jonas e Habacuque também escreveram acerca do inferno. Pelas descrições dos profetas do Antigo Testamento sabemos que o inferno é um lugar de fome, fogo, angústia, vergonha, desprezo, escuridão e corrupção. O perdido ressuscitará em corpo e ficará perante Deus para o julgamento. Serão julga­dos individualmente.

Há uma solene admoestação divina no livro do profeta Malaquias, capítulo 4, versículo primeiro:

Certamente aquele dia vem; arderá como fornalha. Todos os soberbos, e todos os que cometeram impiedade, serão como o restolho, e o dia que está para vir os abrasará, diz o Senhor dos Exércitos, de sorte que não lhes deixará nem raiz nem ramos.

Aprendemos do Antigo Testamento que haverá ressurreição tanto de justos como de injustos. Os redimidos ressurgirão para a vida eterna e galardão; os perdidos ressurgirão para a morte e punição eternas.

Mas o Antigo Testamento não faz distinção clara das épocas em que ocorrerão a ressurreição do salvo e a ressurreição do não salvo. Não está claro, no Antigo Testamento, se essas ressurreições estão separadas por algum período de tempo. Também não há evidência no Antigo Testamento de que ambos, salvos e não salvos, ressurgirão em um mesmo grupo e ao mesmo tempo.

Precisamos ir ao Novo Testamento para encontrar as diferenças entre as duas ressurreições, a ordem cronológica de tais

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34 - Arrebatamento e Ressurreição

ressurreições.Discutiremos a seguir o destino das almas dos santos do Antigo

Testamento.

AS ALMAS DOS SANTOS DO ANTIGO TESTAMENTO

Em sã consciência, não há razão alguma para se duvidar para onde vão a alma e o espírito quando alguém morre. Paulo disse em 2 Coríntios 5:8:“ ... preferindo deixai- este coipo e habitar com o Senhor”. A teologia pode até ignorar esta afirmação, mas não pode afirmar que o significado dela seja de que a alma possa dormir.

Quando um crente em Cristo morre, ele vai à presença do Senhor. Jesus Cristo está no céu. Portanto, quando os cristãos morrem, vão para o céu. Quando as passagens do Novo Testa­mento se referem aos que dormem em Jesus, elas sempre se referem ao corpo dos crentes. O corpo volta a terra até a ressurreição, mas a alma e o espírito estão bem vivos na presença de Jesus Cristo.

E quanto aos santos do Antigo Testamento? Foram para o céu, para a presença de Deus ao morrerem?

Não há evidência escriturai no Antigo Testamento de que os santos foram para o Senhor quando morreram. A alma e o espírito deles estão vivos em um lugar chamado “seio de Abraão”.

O lugar dos mortos no Antigo Testamento é chamado hades. Os salvos foram para um lugar de descanso, enquanto os perdidos foram para um lugar de tormento. Ambos os lugares dessehades são descritos como sendo na terra. Em 1 Samuel 28:10-15, o espírito de Samuel é descrito como saindo de dentro da terra.

A Bíblia é muito enfática quando afirma que nenhum pecado, mal ou impureza pode entrar na presença de Deus. O pecador deve ser limpo do pecado antes de entrar em sua presença, e lemos em Romanos 3:23 que todos pecaram. Isso inclui os santos

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A Ressurreição de Israel - 35

do Antigo Testamento.O espargimento de sangue sobre a arca, nos dias de expiação,

rr_ uma demonstração para Israel de que ninguém poderia entrar : - presença de Deus antes que seus pecados fossem limpos pelo - -±ue. Paulo escreveu aos Hebreus que não havia mais remissão

:: s pecados pelo sangue de bodes e carneiros, como ocorria no tabemáculo, porque agora só existe remissão no sangue de Jesus Insto. Lemos em Romanos 3:25 que Jesus Cristo é apropiciação - □ mpleta esperada no-Antigo Testamento.

Os santos do Antigo Testamento não poderiam entrar na : : r 'ença de Deus, nos céus, enquanto Cristo não tivesse morrido ç e i: s pecados deles.

O Antigo Testamento relata a redenção dos pecados através da :nda do Redentor, e enfatiza que ele seria ferido pelas nossas b .qüidades e traspassado pelas nossas transgressões. O perdão :: - oecados, para os que viveram no Antigo Testamento, estava ~ _io na vinda e na morte do Messias na cruz por eles.

Os sacerdotes e levitas criam que a alma descansaria no “seio de Abraão”, e esse ensinamento foi confirmado pelo Senhor Jesus Cristo em Lucas 16:22:

Morreu o mendigo e fo i levado pelos anjos para o seio de Abraão...

Encontramos no Dicionário Bíblico de Fausset que, no antigo -- rjsrl era costume judeu nas festas ou nas refeições noturnas : ;_:"ar-se em poltronas sobre o braço esquerdo. O povo nas : ' - - podia reclinar-se no peito uns dos outros. Reclinar-se no

x e c do anfitrião era considerado como o lugar de maior honra.<- s udeus entendiam perfeitam ente o significado do que

Je - - ' :: jeria dizer em João 1:18:

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36 - Arrebatamento e Ressurreição

Ninguém nunca viu a Deus, mas o Deus unigênito, que está ao lado do pai [reclinado no seio do pai, é a tradução de King James (N.T.)], é quem o revelou.

Jesus está mostrando aqui sua exaltada posição ao lado do Pai, porque apenas uma pessoa podia reclinar-se no seio de outra.

Os artistas que pintam a Última Ceia sempre mostram Jesus e os apóstolos sentados à mesa com o Senhor no centro. Mas este não era o costume da época. Na tradição judaica, eles sempre reclinavam-se sobre seus braços esquerdos em um sofá, ou em um tapete circular no chão. Lemos em João 13:21-26:

Tendo Jesus dito isso, perturbou-se em espírito, e afirmou: Em verdade, em verdade vos digo que um de vós me trairá. Os discípulos olharam uns para os outros, sem saber de quem ele f a ­lava. Um de seus discípulos, aquele a quem Jesus am ava , estava reclinado próxim o a Jesus. Simão Pedro fez. sinal a este, dizendo: Pergunta de quem o Mestre está falando. Recli- nando-se aquele discípulo sobre o peito de Jesus, perguntou: Senhor, quem é? Jesus respondeu: E aquele a quem eu der o pedaço de j?ão molhado. Então, molhando o pedaço de pão, deu-o a Judas Iscariotes.

Os apóstolos estavam reclinados em círculo ou semicírculo, com o pão e o molho no meio. João ocupava o lugar de honra no “seio de Jesus”. Lázaro, o mendigo, é descrito como estando reclinado no seio de Abraão, em honrosa posição. O rico, que havia mor­rido em seus pecados, encontrava-se no inferno, em tormento. Deste modo, o ensinamento dos sacerdotes e levitas era que todo

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A Ressurreição de Israel - 37

: que morresse em fé descansava no seio do pai da fé, Abraão. -: io o que morresse como descrente, e em rebeldia contra Deus,

para o inferno.Era a certeza da ressurreição que fazia com que os profetas

dessem ênfase à denúncia contra o pecado, e im plorassem ao povo de Israel para que deixasse o pecado e se voltasse para Deus em fé e arrependimento. Lemos, em H ebreus 11:32-35, - - rrca da influência da esperança da ressurreição nas pregações áos profetas:

E que mais direi? Certamente me fa ltará o tempo para fa la r de Gideão, de Baraque, de Sansão, de Jefté, de Davi, de Samuel e dos profetas. Os quais pela f é venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas, fecharam a boca de leões, apagaram a força do fogo, escaparam ao fio da espada, da fr a q u e za tira ra m fo rç a s , to rn a ra m -se poderosos na batalha, puseram em fu g a exércitos de estrangeiros. Mulheres receberam pela ressurreição os seus mortos. Uns foram torturados, não aceitando ò seu livramento, para alcançar superior ressurreição.

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O HÍIDCS € O S€IO D€ flAÍMÃO

/ W o estudo anterior, examinamos o lugar de descanso das * almas dos santos no Antigo Testamento. Os hebreusacreditavam, e tal idéia é confirmada nas Escrituras, que as almas : : > santos que morriam iam para o hades. Este era dividido em à?is compartimentos: um lugar de tormento para onde ia o pecador, r :■ seio de Abraão, um lugar de descanso e paz destinado ao --to , onde esperaria sua ressurreição, a qual aconteceria,

. : mo confirmam as Escrituras, quando o M essias instaurasse eu Reino.

Os dois compartimentos do hades estavam separados por um extenso campo, como relata Jesus na história de Lázaro, o men-

zo que descansava no seio de Abraão, e o homem rico que ::na no inferno.

O historiador Josefo foi sacerdote antes de tornar-se governador i_ Galiléia. Seu nome de batismo era José. Josefo foi o nome que : > romanos lhe deram. Ele é mais conhecido por seus dois

.."'alhos: TheAntiquitiesofthe Jews (Antiguidades dos Judeus), e Tne Wars o fthe Jews (As Guerras dos Judeus). Mas além de :_:erdote de Israel, Josefo era também teólogo, e em seu “Discurso aos Gregos Acerca do Hades”, ele explana de modo : em detalhado a doutrina judaica concernente ao inferno e ao

: de Abraão. Por não termos espaço suficiente para apresentar ::co o estudo, citaremos apenas algumas porções que trarão ' luz ao assunto:

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40 - Arrebatamento e Ressurreição

Quanto ao hades, o lugar onde estão as almas dos justos e injustos, é necessário que se comente a respeito. O hades fica em algum lugar não especificado no mundo; uma região subterrânea, onde a luz deste mundo não brilha... há ali uma escuridão perpétua. E um lu g a r onde as a lm as são adm itidas em custó d ia , e onde ex istem a n jo s que as guardam. Os mesmos distribuem às almas p u n içõ es tem porárias, de acordo com o comportamento de cada uma.

Nessa região há um determinado lugar à parte, como um lago de fogo eterno, onde supõe-se que ninguém até agora esteve; mas está preparado para um dia predeterminado por Deus, quando será proclamada a sentença que cada homem merecer... O injusto receberá seu castigo eterno... enquanto o justo obterá um reino incorruptível e que nunca findará. Estes últimos estão ainda confinados no hades, mas não no mesmo lugar onde os injustos estão... Há um declive naquela região, em cujo p o r tã o há um arcanjo p o s ta d o com um exército...

O justo é guiado para a direita, e dirigido com hinos cantados pelos anjos... a uma região de luz, na qual os justos têm vivido desde a fundação do m undo... sempre regozijando-se nas coisas boas que vêem, e alegrando-se na expectativa de novas alegrias. (Nesse lugar) não há trabalho árduo, nem calor escaldante, nem fr io terrível, ou qualquer coisa daninha; mas a face dos patriarcas da justiça, a qual

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O Hades e o Seio de Abraão - 41

vêem, sempre sorrindo sobre eles, enquanto esperam pela eterna nova vida no Céu, que será o lugar sucessivo à essa região. Tal lugar é chamado seio cie Abraão.

M as quanto ao injusto, será levado à força para a esquerda, por anjos que distribuirão punições, como prisioneiros... aos quais os anjos enviados a reprovar-lhes com olhares terríveis, os empurrarão para baixo, forçando- os até chegarem às cercanias do próprio in­ferno; onde de longe ouvem seu barulho, e sentem seu vapor tórrido; quando vêem de perto tal espetáculo, terrível e excepcional visão do fogo, ficam amedrontados ante à expectativa do fu tu ro ju lgam ento ... e não apenas isso, mas de onde estão podem ver também o lugar dos patriarcas e dos justos; até com estas visões são punidos, pois um profundo e largo caos os separa; de tal form a que nenhum homem justo, mesmo que tivesse compaixão deles poderia ser admitido, nem tão po u co o injusto, m esm o que tivesse coragem suficiente para tentar, conseguiria atravessar.

Essa é a explicação concernente ao hades, onde as almas dos homens estão confinadas a té a o ca s iã o p ro p íc ia , que D eus tem determinado, quando fará ressurgir da morte todo homem, não fazendo uma transmigração da alm a, de um corpo p a ra outro, m as ressuscitando aqueles mesmos corpos, os quais vocês gregos, têm visto dissolver-se, e não crêem...

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42 - Arrebatamento e Ressurreição

Nunca se deve dizer que Deus é hábil para fa zer certas coisas, e inábil para outras. Temos, por essa razão, acreditado que o corpo ressurgirá; mesmo que tenha sido dissolvido, ele não pereceu; pois a terra que os recebeu, os mantém, e os preserva; e enquanto estão com o sem entes, m isturados entre o m ais fr u t í fe r o so lo , e les flo re sc e m , e são disseminados na realidade mesmo nos grãos crus; mas ao ouvirem a chamada de Deus, o Criador, eles germ inarão, e ressurgirão gloriosam ente revestidos... em estado de pureza, e nunca mais poderão ser destruídos... e quando forem revestidos com tal tipo de corpo , nunca m ais es ta rã o su je ito s a misérias...

Todo homem, tanto o justo como o injusto, deverá apresentar-se perante Deus, e por sua palavra será julgado; o Pai tem confiado todo julgamento àquele que será visto como juiz, o qual chamamos Cristo... distribuindo, aos que amaram o pecado, castigos eternos. Aos tais pertence o inextinguível fogo, que não terá fim, onde o calor tórrido nunca se aplaca, mas não destrói o corpo... também não dormirá tal corpo... a morte não os livrará de sua punição, nem a intercessão de entes queridos poderá ajudá-los... mas o ju s to lembrará apenas de suas ações corretas, e como por elas alcançaram os reinos celestiais, onde não há cansaço, tristeza, corrupção, cuidados, nem noite ou dia medidos pelas horas, nem sol percorrendo seu curso nos céus... nem lua

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crescente ou m inguante, ou introduzindo estações variadas; não haverá sol escaldante, nem o Orion nascente, nem as inumeráveis estrelas.

Não será difícil percorrer a terra... Não mais se ouvirá o temível rugir dos mares, que proíbe o homem de atravessá-lo; até isso será fác il ao justo, mesmo mantendo o mar as suas águas... o céu não será mais inabitado pelo hom em ... Não existirá mais terra incultivada, nem será requisitado mais tanto trabalho do homem, mas a terra dará seus frutos por si mesma... o que agora Deus tem selado no silêncio será manifestado, o que nem olhos têm visto, ou ouvidos, ouvido, nem o coração do homem tem conhecimento, são as coisas que D eus tem preparado para aqueles que o amam... A Deus seja a glória e o domínio para sempre e sempre. Amém.

Mostramos aqui apenas uma pequena porção da dissertação ie Josefo acerca do hades, do seio de Abraão, da ressurreição, e da nova terra que há de vir. A razão por que julgamos necessário citar tais porções é muito mais para que seja apresentado o ponto ~e vista judaico tradicional e ortodoxo acerca de tais assuntos à época da primeira vinda de Cristo.

A maior parte das idéias de Josefo tem fundamento nas Escrigpras, mas não podemos considerar qualquer de seus escritos : m o sendo inspirado por Deus, exceto, é evidente, quando cita

Escrituras diretamente. Parte da descrição que Josefo faz da ressurreição do justo e de seu corpo glorificado concorda quase que literalmente com os escritos de Paulo acerca da ressurreição,

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no capítulo quinze de 1 Coríntios. Visto que Josefo acreditava que Jesus era o Cristo, e os romanos lhe deram acesso a todos os documentos históricos e religiosos do império, é bem possível que tenha copiado partes das epístolas paulinas em seus escritos.

É fácil perceber, a partir da dissertação que Josefo faz do hades, de onde procede a doutrina da Igreja Católica Romana referente ao purgatório. Entretanto, o historiador afirmou que as orações dos santos na terra não têm efeito para aliviar o sofrimento dos que se encontram no hades.

A descrição que Josefo faz do hades, tendo um extenso campo separando o lugar do justo e do injusto, é bastante escriturai. Sua idéia de ressurreição e do corpo glorificado é também acurada e concorda com a Bíblia. Sua descrição dos novos céus e da nova terra está remarcadamente de acordo com a revelação dada a João. Também não vemos engano no ex-sacerdote quando explana o último julgamento. Disse que o pecador morto será ressuscitado, se apresentará diante do Deus da Palavra, o Cristo, a quem Deus confiou todo o julgamento, e será julgado pelo que tiver feito. Ele não afirmou que o justo estaria também na presença do grande Juiz nesse julgamento.

A principal diferença entre a dissertação de Josefo a respeito do hades e as epístolas paulinas é que Josefo apoiou a posição judaica tradicional de que a salvação era pelas obras, e que as almas dos justos ainda vão para o seio de Abraão, ou o paraíso, no hades. E preciso lembrar, porém, que Josefo era fariseu, sacerdote do judaísmo, e não tinha uma concepção real da era da igreja gentia, ou do trabalho de remissão de Jesus Cristo na cruz.

O modo de ver a morte no Antigo Testamento - tanto do justo como do injusto - desde a crucificação de Cristo é adequadamente explicada no livro WhereAre the Dead? (Onde Estão os Mortos?) de Karl Sabiers. Como não podemos discorrer acerca de tal explanação, citamos partes dela:

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A Escritura revela que desde a ressurreição e a ascensão de Cristo ao Pai, nos céus, o lugar chamado “seio de A braão” ou “para íso”, no hades, não existe mais para os espíritos dos justos que morrem. Antes da ressurreição e ascensão de Cristo, o liades, o mundo dos espíritos, era representado como estando em algum lugar abaixo, e acerca de todos os que morriam, salvos ou perdidos, dizia-se que deviam descei: Após a ressurreição e ascensão de Cristo, o hades nunca mais foi mencionado como moradia dos espíritos redimidos. Após a ascensão de Cristo, os espíritos dos justos, em vez de descerem, são mencionados como subindo.Em 2 Coríntios, no capítulo doze, Pcudo re­lata sua experiência. Ele diz: “fo i arrebatado a té o terce iro céu ... fo i a rreba tado ao paraíso De acordo com essa revelação do Novo Testamento, “paraíso” e “terceiro céu” têm a mesma localização... Quando ocorreu essa mudança ? A Escritura diz em Efésios 4:8- 10 que antes de Cristo ascender, “desceu às partes mais baixas da terra”. Então, quando Cristo ascendeu, ele fo i sozinho ? NÃO! Trouxe uma m ultidão consigo: os esp írito s que estavam aguardando no paraíso do hades. A Escritura diz que, quando ele ascendeu às alturas, levou cativo o cativeiro. O que pode ser tam bém tra d u zid o com o: “levou a multidão de cativos”. Também temos certeza de que os justos que morreram não estão mais

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110 hades, porque sabemos que estão com Cristo onde ele está.Paulo declarou em Filipenses 1:23 que tinha “desejo de partir para estar com Cristo”. E em 2 Coríntios 5:6-8, Paulo usa palavras fortes que expressam confiança: “deixar este corpo e habitar com. o Senhor”, portanto com certeza ele está onde Cristo está. Pois, então, onde está Cristo? Ele está no hades? NÃO! Sabemos que o Senhor não está no hades, porque a Escritura diz que a alma do Cristo, em Atos 2:27, não seria deixada na morte (a palavra na versão de King James é “hades” [N.T.'.]). Onde está, então? Dezenas de outras passagens afirmam que ele ascendeu aos céus e está à destra de Deus.Visto que os espíritos dos justos ao partirem estarão com o Senhor, devem estar, então, onde ele está - acim a nos céus - e não embaixo, em uma das repartições do hades, co n h ec id a com o “se io de A b r a ã o ” ou “p ara íso”. Essa conclusão definitivamente

prova que o “paraíso”, a morada dos justos, não é mais no hades, mas desde a ascensão de Cristo, o lar do justo é “com o Senhor”. Jesus enfaticamente declara que o inferno não preva lecerá contra a igreja verdadeira. Mateus 16:18 nos revela: “E também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do in­ferno (hades) não prevalecerão contra e la ”. O inferno do hades nunca será moradia para nenhum verdadeiro santo desta era. A razão

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O Hades e o Seio de Abraão - 47

de, no Antigo Testamento, os santos irem para o hades era porque seus pecados ainda não haviam sido purificados (Hebreus 10:4). Mas Hebreus 9:26 diz: “Mas agora na consumação dos séculos (época presente), uma vez por todas se manifestou (Cristo), para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si m esm o”.Portanto, quando os pecados dos justos do Antigo Testamento foram purificados pelo sacrifício de Cristo no Calvário, puderam entrar realmente na presença de Deus, assim como os espíritos dos justos de nossa era.O espírito do perdido, o pecador que morreu, ainda permanece no hades em um “lugar de torm entos”. Nenhuma mudança de lugar é- nos revelada na Escritura. Ainda estão no hades, e todos os espíritos dos injustos que morrerão no futuro também irão para lá. Isto é verdade porque no julgamento do “grande trono branco ” os perdidos aparecerão, como lemos em Apocalipse 20:13: “a morte e o além (hades) deram os mortos que neles havia”.Isto prova que o hades continua sendo a m o­rada do injusto, e o será até à época do ju lga­m ento do “grande trono b ra n c o ” - que ocorrerá no futuro. Naquela época os espíritos dos pecadores sairão para fora do hades, e não de outro lugar

Cremos que o resumo dessas duas visões, concernentes às ~ iradas dos que estão mortos, ajudou a esclarecer o entendimento 3: leitor: uma feita por Josefo, que nos mostra a posição do judeu : no ioxo no Antigo Testamento, e a outra que responde porque

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as almas dos justos não se encontram mais no hades, explanada pelo Dr. Sabiers a partir do Novo Testamento.

Em 2 Coríntios 12:4, Paulo disse que “foi arrebatado ao paraíso”, então, deve ter visto as almas daqueles que morreram na fé, e essa foi uma das experiências mais motivantes na vida do apóstolo. Paulo diz ainda que havia sido uma experiência tão gloriosa que foi preciso que Deus lhe mandasse um “espinho na carne” , para que ele não se exaltasse.

Essa é uma certeza maravilhosa para os que perdem entes queridos convertidos, que morreram tendo conhecido o Senhor Jesus. Eles estão no paraíso, um lugar lindo, de paz e sossego. Seus problemas acabaram, e estão esperando retornar com Jesus, quando terão seus coipos glorificados. Essa revelação maravilhosa deveria também inspirar os cristãos para que renovassem seus esforços em conseguir que seus amigos e amados sejam salvos, enquanto ainda há tempo.

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n R€ssuftft€içnoN O S € V f lN G € lH O S

CTÊ odas as promessas de ressurreição no Antigo Testa­mento estão centralizadas na vinda do Redentor, o Sal-

ador, o Messias. Sem a vinda de Cristo, todos os que, no Antigo Testamento, morreram com fé, teriam morrido em vão. Da mesma maneira, sem a ressurreição de Jesus Cristo do túmulo, a esperança ee todo cristão na vida eterna teria sido em vão. Paulo declara, . : m grande ênfase, a necessidade da ressurreição literal do corpo ce Cristo em 1 Coríntios 15:13-14:

E se não há ressurreição de mortos, também C risto não ressurgiu . E, se C risto não ressurgiu , logo é vã nossa pregação , e também é vã a vossa fé.

O próprio Jesus Cristo declarou que a única esperança para a humanidade seria sua ressurreição literal. Disse, como está registrado em João 11:25-26:

...Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo aquele que vive e crê em mim, nunca morrerá...

Quando Jesus nasceu da virgem Maria, a nação de Israel estava

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dividida em três grupos principais: os saduceus, os fariseus, e a classe mais baixa. Os saduceus eram a classe mais elevada, composta principalmente pelos mais abastados - os donos das terras e os mercadores ricos. Os saduceus eram mais agnósticos em sua crença acerca de Deus. Também algumas das principais autoridades entre os sacerdotes faziam parte dessa classe. Para os saduceus, o céu era aqui na terra, e negavam a existência dos anjos, a vida futura e a ressurreição. Lemos em Mateus 22:23:

Naquele mesmo dia vieram a ele os saduceus, que diziam não haver ressurreição...

A segunda divisão de Israel, de acordo com os princípios teológicos, eram os fariseus. Estes formavam a classe média. Eram muito patriotas e orgulhosos de si mesmos por serem guardadores da lei e das tradições de Israel. Por essa razão estudavam as Escrituras e acreditavam na ressurreição após a morte. E por acreditarem na ressurreição, alguns dos fariseus tornaram-se discípulos de Jesus quando este demonstrou seu poder sobre a morte nas ressurreições que operou. Mesmo assim, a maioria dos fariseus rejeitou a Jesus como o Messias prometido, e influenciouo povo a ponto de crucificarem a Jesus.

A classe baixa, que compreendia a vasta maioria de Israel naquele tempo, estava muito ocupada em ganhar o pão de cada dia e não tinha tempo para envolver-se em política ou religião. A maioria era honesta, gente trabalhadora, que fazia o melhor que podia para provisionar suas famílias. Honravam a lei, adoravam a Deus, e subiam a Jerusalém pelo menos uma vez por ano, à época da Páscoa. Foi dessa classe que veio a maioria dos discípulos de Jesus.

Todo o Antigo Testamento ensina acerca da ressurreição tendo em vista a vinda do Messias. Portanto, os milagres de Jesus

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rac io n ad o s à ressurreição dos mortos, e seus ensinamentos a sspeito do assunto, foram parte muito importante de seu ministério■ - :erra. Suas declarações de que ele próprio era a ressurreição e x lia foram seguidas por visíveis demonstrações que provavam e r ele o Redentor que viria para ressuscitar os mortos. Após

Je<us ter dito a Marta que ele era o que havia sido mandado por I eus para trazer de volta a vida quem estava morto, lemos o que _ onteceu a seguir em João 11:41 -46:

Tiraram, então, a pedra. E Jesus, levantando os olhos para o céu, disse: Pai, graças te dou porque me ouviste. Eu sei que sempre me ouves, mas eu disse isso por causa da multidão que me rodeia, para que creiam que tu me enviaste. Tendo dito isso, Jesus clamou em alta voz: Lázaro, vem para fora! O morto saiu, tendo as mãos e os pés enfaixados, e o rosto envolto num lenço. Disse Jesus: Desatai-o e deixai-o ir. Portanto muitos dos judeus que tinham ido visitar a Maria, e tinham visto o que Jesus fizera, creram nele. Mas alguns foram aos fariseus, e contaram o que Jesus tinha feito.

Lázaro havia estado morto por muitos dias, e seu corpo já estava r~ processo de decomposição. Mesmo assim Jesus restaurou _ a alma e espírito ao corpo, e o morto reviveu. Outra descrição

:e Jesus ressuscitando mortos está em Lucas 8:49-56, quando o 5 enhor restaurou a vida da filha de Jairo.

Entretanto, tais milagres de ressurreição foram meros sinais do : : der de Cristo sobre a morte, e não literalmente demonstrações : : ::po de ressurreição que temos comentado até aqui. Nem ampouco a filha de Jairo ou Lázaro ressuscitaram com um corpo

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glorificado. Fica evidente pela Escritura que eles viveram um período de vida normal, e depois morreram de morte natural. Lemos em 1 Coríntios 15:21-23:

Pois assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Pois assim como todos morreram em A dão, assim tam bém todos serão vivificados em Cristo.

Jesus Cristo foi o primeiro que ressurgiu com corpo glorificado. Não houve nem haverá nenhuma outra pessoa que possa ressurgir em corpo glorificado até o retorno de Cristo. Muitos cristãos perguntam o que aconteceu em Mateus 27:50-54:

E Jesus, clamando outra vez. com grande voz, rendeu o espírito. Nesse instante o véu do templo se rasgou em duas partes, de alto a baixo. Tremeu a terra, e fenderam -se as rochas. Abriram -se os sepulcros, e muitos corpos c/e santos, que dormiam, ressurgiram.E, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição de Jesus, en tra ra m na c idade sa n ta e apereceram a muitos. O centurião e os que com ele guardavam a Jesus, vendo o terremoto e as coisas que haviam sucedido, tiveram grande temor, e d issera m : Verdadeiramente este era Filho de Deus.

Jesus Cristo ressurgiu em corpo glorificado, mas Mateus não explica a aparência dos corpos dos santos que tam bém ressurgiram. Esse milagre provavelmente restringiu-se àquele lo­

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cal para beneficiar a Israel, e provar, mais uma vez aos judeus, que Jesus Cristo era o Filho de Deus, o Messias prometido. Nemi :dos os santos ressurgiram - apenas os que haviam sido enterrados nas vizinhanças de Jerusalém. Esse milagre é contado apenas em Mateus, indicando ser um sinal para os judeus. Em nenhum lugar

..is é mencionado na Bíblia.O que aconteceu aos corpos dos santos que ressurgiram após

a ressurreição de Jesus, e que apareceram a muitas pessoas em Jerusalém, não sabemos. Também não é imprescindível que saibamos. Visto que Jesus Cristo tem o poder de restaurai' a morte, e aar vida a corpos em decomposição, poderia ter restaurado a vida dos santos que haviam morrido em Jerusalém por cinco minutos, uma hora, um dia, ou qualquer período de tempo que fosse necessário para provar que ele ressurgiu com o poder de ressurreição sobre a morte.

Esse incidente em particular foi outro milagre para provar à■ _ção de Israel que, se recebesse a Jesus como Messias, todos

- >antos seriam ressuscitados, e a promessa do reino poderia ser- ^mprida naquela época.

Podemos imaginar a trasladação de Enoque e Elias usando a —z que Paulo nos dá em sua afirmação de que Jesus Cristo é o- r.ico até hoje que ressurgiu em corpo glorificado. Enoque foi r asiadado antes do dilúvio, e Elias subiu ao céus em um redemoinho por volta de 870 anos a.C.. Ambos os homens tiveram de ser transformados a fim de poderem subir aos céus, mas em nenhum. 5ar das Escrituras fala-se de ressurreição quando se refere a tais

ralados. Seus coipos não se decompuseram, e lemos emHebreus- 5 que Enoque não viu a morte.Os coipos dos cristãos que estiverem vivos no arrebatamento

*rrão trasladados da mesma maneira.Outra afirmação de Jesus acerca da ressurreição, que causa

: erplexidade, está em Mateus 22:23-30. Os saduceus, que não

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acreditavam em ressurreição, prepararam uma armadilha contra o Senhor, perguntando-lhe sobre um hipotético incidente em que uma mulher tivesse casado com sete irmãos. De acordo com a lei, se seu primeiro marido morresse, deveria casar-se com o próximo irmão, e assim sucessivamente até que o sétimo também m or­resse, e ela tivesse sido esposa de todos eles. E no caso de todos os sete irmãos e a esposa morrerem em fé, os saduceus queriam saber de quem ela seria esposa na ressurreição.

Jesus respondeu nos versículos 29 e 30:

Respondeu-lhes Jesus: Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o pod er de Deus. Na ressurreição nem casam nem são dados em casamento; serão como os anjos de Deus no céu.

A Bíblia sempre se refere aos anjos como pertencentes ao gênero masculino, e, quando vistos pelas pessoas, são chamados “varões” ou “homens”. Os anjos de Deus que, segundo alguns interpretam, antes do dilúvio tomaram esposas para si dentre os seres humanos, devem ter abandonado o seu estado celestial, dando origem, as­sim, a uma ordem diferente. Esses anjos teriam deixado de pertencer às ordens angélicas dos céus, e talvez Judas 6 os mencione:

E aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, ele os tem reservado em prisões etemas, na escuridão, para o juízo do grande dia.

Normalmente interpreta-se o que Paulo afirma em 1 Coríntios 13:12 que o salvo será conhecido no céu como é conhecido na

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- Ta. Mas o que é que identifica o indivíduo? É a sua aparência fi -íca, ou a sua personalidade? Será que a nossa aparência física é- r.ossa identidade? Ou será que melhor nos identificam naquilo- ue pensamos, como agimos, ou dizemos, ou como manifestamos : ' nossos sentimentos ou emoções?

Os homens olham para o exterior, mas Deus olha para o inte- ~ : r do homem. Jesus assegurou aos cristãos que todas as coisas estão nas mãos de Deus, e que tudo que for feito será para a

5ria e honra eternas do Criador. Paulo disse que o que olhos ■ão viram, ou ouvidos ouviram, ou o que sequer passou pela zjente humana, é o que Deus tem preparado para aqueles que o imam.

Podemos ter certeza de que qualquer coisa que substituir o sexo ' _ ressurreição será pelo menos milhões de vezes melhor. O sexo foi i - io ao homem com o propósito de procriação, e a procriação Eminará na ressurreição.

O que o Antigo Testamento ensina com referência à ressurreição áe ambos, justo e injusto, foi confirmado por Jesus em João 5:28-29:

Não vos maravilheis disto, pois vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz e sairão: Os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida, e os que praticaram o mal, para a ressurreição da condenação.

Parece que Jesus, nessa passagem, agrupa a ressurreição do salvo e do perdido de uma só vez, como apresentada no Antigo . e-,tamento. Mas, ao mesmo tempo, em outros ensinos de Jesus -lerca desse assunto, percebemos uma divisão entre esses dois rr_pos. Por exemplo, lemos em Lucas 14:13-14:

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Mas quando deres um banquete, convida os pobres, os aleijados, os mancos e os cegos, e serás bem -aventurado. Em bora eles não tenham com que te recompensar, recom ­pensado serás na ressurreição dos justos.

Em outras passagens, Jesus faz referência à ressurreição do perdido e do salvo como sendo dois eventos separados, ou a ressurreição de um grupo é mencionada sem fazer-se referência à do outro.

Alguns crêem que a parábola das dez virgens se refere ao arrebatamento e à ressurreição, enquanto outros entendem que não há referência à ressurreição nessa parábola.

O maior ensinamento dado por Jesus acerca da ressurreição foi através de sua própria ressurreição. Ele previu que morreria e ressurgiria. Lemos suas palavras emMateus 12:40:

Pois como Jonas esteve três dias e três noites no verttre do grande peixe, assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra.

Jesus ressurgiu no terceiro dia, provando ao homem que existe ressurreição após a morte. Ele disse em João 14:19:.. .Porque eu vivo, vós também vivereis. Mais de quinhentas pessoas o viram ressurreto.

Jesus ressurgiu para provar ao mundo que ele ofereceu ao Paio pagamento pelos nossos pecados, e que através da fé nele po­demos ressurgir em um coipo glorificado e permanecer para sem­pre na presença do Criador. Foi a ressurreição de Jesus Cristo que inspirou a maior mensagem que um homem mortal jamais es­creveu:

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E quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada fo i a morte na vitória. Onde está, ó morte, o teu aguilhão ? Onde está, ó morte, a tua vitória ? Ora, o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, meus amados irmãos, sede firm es e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão (1 Coríntios 15:54-58).

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n ftcssuRftciçfio no uvno De atos

I / uando os sad u ceu s te n ta ram d e sa c re d ita r os ensinamentos de Jesus em relação à ressurreição, a

resposta de nosso Senhor a eles foi:

E quanto à ressurreição dos mortos, não lestes o que Deus vos declarou: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó?Ora, Deus não é Deus de mortos, mas de vi­vos (Mateus 22:31-32).

Todos os santos, desde Abel até o presente, estão vivos, e Jesus Cristo, através de sua morte por nossos pecados e sua ressurreição, garantiu a vida eterna, gloriosa e imortal, a todos os que o recebem como o unigênito Filho de Deus, Salvador e Senhor.

Qualquer pregador que negue a ressurreição literal de Jesus Cristo torna-se o maior agente de Satanás neste mundo. O diabo não quer que creiamos numa futura ressurreição. Homens e mulheres, que não crêem em uma existência após a morte, seguem a filosofia do mundo, que é: comer, beber, dar-se em casamento, e amanhã morrer. É incompreensível sequer imaginar o que seria viver em um mundo em que não existisse a esperança de vida depois da morte física do corpo.

As boas novas, anunciadas desde o princípio pelos discípulos, são de que o Salvador veio, morreu pelas iniqüidades dos homens,

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e ressurgiu da sepultura, quebrando as algemas da morte. Lemos no sermão de Pedro ao povo de Israel, em Atos 2:22-24:

Homens israelitas, escutai estas palavras: A Jesus de Nazaré, hômem aprovado por Deus entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por ele fe z no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis. Este homem vos foi en tregue p e lo d e te rm in a d o co n se lh o e p resc iên c ia de D eus, tom ando-o vós, o crucificastes, e m a tastes p e la s m ãos de injustos. Mas Deus o ressuscitou, soltas as âinsias da morte, porque não era possível que fosse retido por ela.

A prim eira mensagem da igreja é que podemos obter a reconciliação com Deus e a ressurreição do corpo pela fé em Jesus Cristo. Os agentes do diabo tentaram silenciar a mensagem dos discípulos pelo motivo exposto em Atos 4:2:

Perturbaram-se muito de que ensinassem o povo, e anunciassem em Jesus a ressurreição dentre os mortos.

Paulo também foi perseguido, açoitado, encarcerado em calabouços, e finalmente executado por pregar o evangelho da ressurreição através da fé em Jesus Cristo. Ele chocou e amedrontou filósofos, matemáticos e cientistas da Grécia com suas pregações, como lemos em Atos 17:18:

A lguns dos filó so fo s epicureus e estóicos contendiam com ele. Uns diziam: Que quer

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A Ressurreição nos Livros de Atos - 61

clizer este paroleiro? E outros: Parece que é pregador de deuses estranhos. Diziam isso porque Paulo lhes anunciava a Jesus e a ressurreição.

Paulo, porém , nunca m udou sua m ensagem . M esm o ridicularizado e marcado pelas cicatrizes em seu próprio corpo, ele pregava a ambos, judeus e gentios, acerca da promessa de vida eterna e da ressurreição da morte através da fé em Jesus Cristo. Quando voltou a Jerusalém, o Sinédrio planejou matá-lo porque o apóstolo dizia em Atos 23:6:

Por causa da esperança da ressurreição dos mortos estou sendo julgado.

Ao comparecer perante Félix, o governador romano, a fim de ser julgado, disse Paulo:

M as co n fe sso -te isto: que, co n fo rm e o Caminho a que chamam de seita, assim sirvo ao Deus de nosso pais, crendo tudo o que está escrito na lei e nos profetas. Tendo esperança em D eus, com o es te s m esm os tam bém esperam, de que há de haver ressurreição tanto dos justos como dos injustos. Por isso sempre procuro ter uma consciência sem ofensa, tanto para com Deus como para com os homens (Atos 24:14-16).

Paulo confessou-se culpado de pregar a ressurreição da morte através da fé em Jesus Cristo. Afirmava que não poderia entrar na presença de Deus ou olhar qualquer homem face a face se não

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proclamasse com fidelidade a sua mensagem, porque ela era a única esperança para o mundo. Pouco antes de ser executado, escreveu ele a Timóteo para que este fosse fiel na pregação da ressurreição após a morte (2 Timóteo 2:18-19). E as últimas palavras que saíram da pena do apóstolo foram:

E o Senhor me livrará de toda má obra, e me levará salvo para o seu reino celestial; a quem seja glória para todo o sempre. Am ém (2 Timóteo 4:18).

Dessa forma, a abençoada certeza de vida eterna com Jesus Cristo, e de ressurreição, quando o Senhor voltar, brotava dos lábios dos mártires cristãos quando eram pregados em cruzes, jogados aos leões ou queimados em estacas.

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íl ftCSSUftRCIÇflO NÍIS € í STOLflS

Como temos explanado em nosso estudo até aqui, os santos do Antigo Testamento têm assegurado seu prêmio na ressurreição. Lemos em Hebreus 11:26 que Moisés tinha garantido

: seu prêmio; Jó olhava acima de sua condição, aguardando a sua parte na ressurreição, como também Daniel e todos os outros heróis da fé no passado.

Os doze apóstolos continuamente faziam perguntas ao Senhor Jesus acerca de suas recompensas no reino. Em certa ocasião, lembraram ao Senhor que haviam deixado tudo para segui-lo. Então, em Mateus 19:28-29, Jesus lhes respondeu:

...Em verdade vos digo que vós os que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel. E todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou terras, por causa do meu nome, receberá cem vezes mais, e herdará a vida eterna.

Em certo sentido, estas promessas de premiação aos discípulos serão cumpridas na regeneração, quando o Senhor voltar para sentar-se no trono de Davi. Essas premiações estariam então, de certo modo, relacionadas com as promessas da aliança com Is-

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rael. Os maiores prêmios irão para os doze apóstolos na regeneração (Mateus 19:28), e a palavra regeneração quer dizer literalmente: tempo de renovação do presente mundo - a era do reino, o ou milênio.

A ressurreição nacional de Israel e a distribuição das recom­pensas estão relacionadas com a vinda do Messias em grande glória, para o reino.

Em Apocalipse 19 está descrita a vinda de Jesus Cristo como Rei dos reis e Senhor dos senhores. Nesse tempo, o anticristo e seu exército serão destruídos. A Bíblia afirma, em Apocalipse 20, que Satanás será amarrado por mil anos, e que Israel será uma nação espiritualmente restaurada. Lemos em Apocalipse 20:4: Vi também tronos, e aos que se assentaram sobre eles fo i-lhes dado o poder de ju lgar... Poderiam ser esses os doze tronos prometidos aos apóstolos.

Mas e quanto à ressurreição do cristão, e seu galardão? Como os doze apóstolos, Jó, Daniel, Abraão, e os santos do Antigo Testamento, não temos nós o direito de saber quando nossa ressurreição virá, e qual será o nosso “status” no reino eterno de Deus?

A igreja, isto é, o corpo de todos os crentes que nasceram de novo durante a dispensação da graça soberana de Deus, é uma entidade separada dentro da totalidade da família de Deus. Tiago faz-nos saber em Atos 15:14-16:

Simão relatou como primeiramente Deus visi­tou os gentios, para tomar dentre eles um povo para o seu nome. E com isto concordam as palavras dos profetas, como está escrito:D ep o is d is to vo lta re i, e reed ifica re i o tabernáculo de Davi, que está caído. Levantá-

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lo-ei das suas ruínas e tornarei a edificá-lo.

Há um fato que as Escrituras enfaticamente declaram quanto à igreja. A era da igreja, a chamada dos gentios para participarem da glória de Deus, terminará quando Deus começar a restaurar o tabernáculo de Davi. Qualquer que seja a interpretação de quando realmente começou a era da igreja, todos concordam que ela terá um final definido.

E mais: O que acontecerá a esse grande grupo de salvos pela fé em Jesus Cristo no que diz respeito à ressurreição e à vida eterna? O que está reservado para esse grande corpo cham ado de igreja , no qual não há diferença entre homens e mulheres, judeus ou gregos?

Para encontrarmos informações especiais acerca da ressurreição e premiação dos cristãos parece razoável que as procuremos nos livros da Bíblia que foram escritos especialmente para a igreja. Foi dada a Paulo a revelação concernente à igreja acerca da dispensação da graça, e foi ele quem escreveu especificamente a respeito da evangelização, do serviço cristão, da administração da igreja, de seu galardão e ressurreição. Não há nada nos escri­tos de Paulo, quanto à igreja, que contradiga qualquer promessa da aliança de Deus aos santos de qualquer era. Deus simples­mente escolheu Paulo para revelai' ao cristão seu chamado, serviço, e herança. Lemos de novo emEfésios 3:1-5:

Por esta causa eu, Paulo, sou o prisioneiro de Cristo Jesus por vós, os gentios, se é que tendes ouvido a dispensação da graça de Deus, que para convosco me fo i dada, isto é, o mistério que me fo i manifestado pela revelação... o qual em outras gerações não fo i manifestado aos filhos dos homens...

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Paulo afirma que tal mistério não havia sido conhecido pelos filhos dos homens em outras épocàs^ porque desde Adão até Jesus Cristo não havia filhos de Deus entre os homens. A filiação com Deus foi restaurada através da adoção pelo novo nascimento na família de Deus.

Jesus Cristo revelou a extensão completa da ressurreição. Paulo revelou a posição dos cristãos no plano completo de Deus quanto à ressurreição. Jesus fez distinção entre a ressurreição do salvo e a ressurreição do perdido. Paulo fez distinção entre ressurreição e arrebatamento da igreja da dispensação da graça, da ressurreição do redimido das épocas anteriores. O apóstolo da igreja escreveu em 1 Coríntios 15:20-23:

Mas de fa to Cristo ressurgiu dentre os mortos, e fo i fe ito as primícias dos que dormem. Pois assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Pois assim como todos morrem em A dão , assim tam bém to d o s serão vivificados em Cristo. M as cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo na sua vinda.

Jesus Cristo é a primícia da primeira ressurreição, a ressurreição do justo. Ninguém antes de Jesus Cristo foi ressuscitado da morte em corpo glorificado. Após Cristo, a ressurreição de todos os salvos acontecerá quando ele voltar. De qualquer modo, Paulo adicionou uma importante qualificação a respeito da ressurreição do salvo na segunda vinda. Ele disse: Mas cada um por sua ordem...

A palavra para “ordem”, no texto grego, é tagma, que quer dizer fila ou companhia. Tal palavra é usada na Septuaginta

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A Ressurreição nas Epístolas - 67

referindo-se a soldados enfileirados que estão sendo passados em revista. Os soldados, quando são passados em revista, estão sendo julgados pela aparência, pela precisão de manobras, e pela obediência às ordens de comando. Após tal procedimento, quem os estiver inspecionando distribuirá elogios especiais.

Encontramos nas Escrituras que os cristãos se apresentarão diante do julgamento do trono de Cristo. O julgamento do trono, a que cada cristão comparecerá, é chamado em grego “trono bema”, que significa um julgamento de acordo com as obras, e serão premiados de acordo com o serviço que prestaram.

O serviço do cristão é diferente do serviço dos salvos da época anterior ao nascimento de Cristo. Paulo disse em Efésios 3:9-12 que Deus determinou, antes da formação do mundo, que a igreja reinaria com Cristo nos lugares celestiais. Conseqüentemente, a herança da igreja também é diferente.

A Bíblia afirma com ênfase que a era da igreja terminará em um tempo definido; dessa maneira, nenhum cristão será deixado no mundo quando tal limite de tempo expirar. Por essa razão, a igreja - todos os crentes que nasceram de novo e foram salvos durante a dispensação da graça - será tirada desse mundo como um só corpo, uma companhia. Em uma ordem, ou fila, tais cristãos aparecerão ante o “trono bem a” para re­ceber galardões. Estes prêmios que os cristãos receberão incrementarão suas habilidades em servir a Deus nos lugares celestiais por toda a eternidade.

Como lemos em 1 Tessalonicenses 4:13-17, o corpo do cristão que estiver no lar com o Senhor será ressuscitado primeiro, depois os que estiverem vivos, no exato momento quando a era da igreja expirar, serão transformados e arrebatados com os santos que ressurgiram, formando uma companhia que encontrará Jesus nos ares. Paulo fala da ressurreição e do arrebatamento da igreja como acontecendo em um determinado dia. Ele afirma em 2 Timóteo4:8:

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68 - Arrebatamento e Ressurreição

D esde agora, a coroa da ju stiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não som ente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.

No que concerne à ressurreição aplicada especificamente ao cristão, o apóstolo Paulo encontrou dificuldade em achar palavras na linguagem humana que fossem adequadas para expressar a glória futura dos membros do corpo de Cristo. Em Efésios 2:4-7 Paulo indica que nossa gloriosa ressurreição será um momento magnífico que nos trará novas alegrias continuadamente:

M as Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu m uito am or com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos vivificou jun tam ente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou ju n ta ­mente com ele, e nos fe z assentar nas regiões celestiais, em Cristo Jesus, para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça , p e la sua b en ig n id a d e p a ra conosco em Cristo Jesus.

Nesse corpo de carne corruptível, Deus está limitado às bênçãos que poderia nos dar. Mas quando os cristãos receberem seu corpo glorificado, Deus mostrará as riquezas sem fim de sua graça, e seu grande amor pelos que receberam a Jesus Cristo, seu Filho unigênito, como Senhor e Salvador. E o quanto Deus é rico? Paulo fez tal avaliação em Romanos 11:33:

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A Ressurreição nas Epístolas - 69

Ó p ro fu n d id a d e das riquezas, tan to da sabedoria como da ciência de Deus! Quão in son d á ve is são os seus ju ízo s , e quão inescrutáveis os seus caminhos!

As epístolas paulinas descrevem a ressurreição para o cristão como uma porta de passagem para o universo das insondáveis riquezas de Deus.

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O flRR€l}ÍITflM€NTO m iGftCJD

l \ l o capítulo anterior discutimos a esperança do cristão quanto à ressurreição, e porque acreditamos que a

ressurreição e traslado da igreja serão distintos e um acontecimento secreto. Tal idéia nos leva a detalhar a descrição bíblica do arrebatamento.

Lembramos mais uma vez que o rapto significa a retirada da igreja da terra no final desta presente época. A promessa de Deus, quanto à ressurreição e trasladação dos crentes da era da igreja, foi confiada ao apóstolo Paulo, e registrada em 1 Tessalonicenses 4:13-18. Cremos que será de grande benefício, para melhor entendimento do arrebatamento, estudarmos a esperança do cristão na ressurreição versículo por versículo:

N ão quero, porém , irm ãos que se ja is ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança (v. 13).

Deus quer que todos os cristãos estejam informados acerca da promessa dele da futura ressurreição. Ele não quer que os cristãos permaneçam tristes por demasiado tempo quando perdem pes­soas queridas que morrem com fé em Jesus Cristo. Deus entende a nossa tristeza pela separação de pessoas amadas, quando mor­rem fisicamente, mas ele também quer que nos lembremos de que,

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72'- Arrebatamento e Ressurreição

na ausência do corpo, o espírito está no lar com o Senhor.Deus também prometeu a futura ressurreição do corpo, e le-

mos em Romanos 4:21 que quando ele promete, ele é poderoso para cumprir. A palavra “dormir” se refere ao corpo do cristão, nunca à sua alma e espírito. A alma permanece com o Senhor no lar até a ressurreição do corpo. Como disse Jesus, Deus não é um Deus de mortos - é Deus dos vivos.

Cremos que Jesus morreu e ressurgiu, assim tam bém cremos que aos que dorm em em Jesus, Deus os tornará a trazer com ele (v.14).

O requisito para que judeus e gentios sejam participantes do arrebatamento é crer em Jesus Cristo como o Filho unigênito de Deus, que morreu pelos pecados do mundo e que ressurgiu da morte, ascendendo aos céus de volta para o Pai, onde espera sua segunda volta. Romanos 10:9 declara:

Se com a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.

Paulo nada disse acerca da esperança dos santos do Antigo Testamento que morreram aguardando a vinda do Messias. Tampouco disse alguma coisa acerca dos santos do período da tribulação, ou daqueles que estiverem vivos durante o milênio. O apóstolo se dirigiu especificamente ao cristão da época da dispensação da graça.

Segundo Paulo, todos os que morreram crendo que Jesus pagou o preço por seus pecados, e que ressurgiu dentre os mortos, a alma deles está onde Jesus está, enquanto o corpo, no pó da terra,

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O Arrebatamento da Igreja 73

espera o retorno de Cristo. O espírito e alma de todo cristão que morreu voltará com ele. Paulo d iz :.. .Deus os tornará a trazer com ele.

Dizemo-vos isto pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. (v.15).

É claro que haverá cristãos vivos na terra quando o Senhor retornar para buscar a sua igreja. A palavra “precederemos” no texto grego éphthano, que quer dizer “ir antes”, ou “encabeçar a fila”. Também notamos que Paulo diz “pela palavra do Senhor” que ele voltará. Jesus disse: “ .. .se eu for, voltarei.” Negar que Jesus voltará é o mesmo que chamá-lo de mentiroso. A pergunta não deve ser: “Será que ele voltará?” mas, em vez disso: “Quando ele voltará?”

Pois o mesmo Senhor descerá do céu com grande brado, à voz do arcanjo, ao som da trombeta de Deus. e os que morreram em Cristo ressurgirão primeiro (v. 16).

Jesus disse em João 5:25-27:

Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão. Assim como o Pai tem a vida em si mesmo, assim também concedeu ao Filho ter a vida em si mesmo. E lhe deu autoridade para julgar, porque é o Filho do homem.

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Quando Jesus ressuscitou Lázaro da morte, lemos que: ...clamou em alta voz: Lázaro, vem para fora! (João 11:43).

Jesus cham ou-lhe pelo nom e. Se Jesus não tiv esse especificamente mencionado o nome de Lázaro, seria bem possível que qualquer pessoa que tivesse morrido, desde o tempo de Adão, tivesse ressuscitado.

Jesus ainda acrescenta que virá um tempo quando chamará para a vida todos os que morreram. Os que foram salvos sairão da sepultura. Também afirmou que ele próprio executará o julgamento do não salvo, e que a ressurreição do salvo e a do não salvo seriam acontecimentos separados.

Paulo disse que quando Jesus retornar, descerá com grande brado. A palavra em grego ékeleusma, que quer dizer ordenar. Exatamente como Jesus ordenou a Lázaro que viesse para fora do túmulo, assim ordenará a todos que morreram em fé.

Todo cristão que tenha morrido em fé ressurgirá da sepultura. Alma, espírito e coipo serão reunidos. Paulo também afirma que Cristo retornará ao som da trombeta de Deus.

Esta trombeta não faz parte das sete trombetas de Apocalipse 11:15. A trombeta do arrebatamento é uma trombeta que anuncia bênção. As sete trombetas do Apocalipse são trombetas de ju l­gamento dos perdidos. A trombeta do arrebatamento anuncia um evento que acontecerá em um breve momento, em um piscar de olhos. As sete trombetas do Apocalipse anunciam vários eventos que requererão muitos meses para serem consumados.

Quando Jesus Cristo ordenar, os corpos dos cristãos sairão das sepulturas. Quando a trombeta soar, serão arrebatados nos ares. Trombetas em Israel eram usadas para reunir o povo. Cristo ordenará que os mortos ressuscitem, e o som da trombeta reunirá a igreja nos ares. Paulo também declara que os mortos em Cristo ressurgirão primeiro.

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O Arrebatamento da Igreja - 75

Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor (v. 17).

Ao som da trombeta, os cristãos que estiverem vivos na época serão arrebatados imediatamente com os cristãos ressurretos, e então subirão juntos para encontrar o Senhor Jesus Cristo nos ares.

E a que distância nos ares Jesus Cristo estará? As Escrituras não dizem. Alguns imaginam que não estará a mais de cento e setenta quilômetros de distância, pois nosso ar, ou atmosfera, não vai além dessa distância.

A palavra “arrebatamento” é expressa no grego pela palavra harpazo, que quer dizer literalmente “ser carregado em seus braços, e carregados” . No latim a palavra significa “rapto”, ou o modo como o noivo carrega sua noiva.

Os cristãos que dormem em Jesus serão ressuscitados com corpo eterno e glorificado. Os cristãos que estiverem vivos serão transformados. A transformação será mais rápida que uma troca de roupa. Paulo diz em 1 Coríntios 15:51-52:

Eis que vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos [alguns estarão vivos], mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao soar a última trombeta. Pois a trombeta soará, e os mortos ressurgirão incorruptíveis, e nós seremos transformados.

Paulo diz que o grupo completo de cristãos será arrebatado

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“nas nuvens” . Há muita controvérsia a que tipo de nuvens refere- se o texto. Alguns acreditam que sejam nuvens de santos, como é mencionado em Hebreus 12:1: Portanto, visto que nós também estamos rodeados de tão grande nuvem de testemunhas...

Mas a palavra para nuvem em Hebreus quer dizer uma massa indefinida, enquanto em 1 Tessalonicenses 4:17 a palavra grega usada para nuvem significa um objeto definido. Este poderia ser nuvens normais, ou poderia ser um tipo de muralha móvel celes­tial, como aquela que dirigia os filhos de Israel no deserto, ou como aquela que pairava à frente do tabernáculo.

Percebemos de novo a palavra. ..arrebatados... nas nuvens. E, então Paulo acrescenta: ...e assim estaremos para sempre com o Senhor. A igreja é referida como a esposa, ou noiva, de Cristo. A igreja é também chamada de “corpo de Cristo”. É natu­ral, portanto, que a partir do tempo do arrebatamento, todo cristão esteja para sempre com Jesus.

Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras.

A promessa de ressurreição e trasladação do cristão é nossa bênção consoladora, e quando épocas de perseguição e sofri­mento sobrevêm , podem os lem brar-nos de tal esperança abençoada. Paulo disse que poderíamos confortar uns aos outros com a promessa de Deus de que seremos transformados em personalidades eternas em um corpo imortal, e para sempre estaremos com o Senhor Jesus Cristo.

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O RRRCRRTRMCNTO RCTAnTADO CM TIPOS

/ 1 Bíblia afirma em Gálatas 4:24, Colossenses 4:17 e em ^ ÉU outras passagens, que os dias santificados, os sábados, o tabernáculo, os sacrifícios, e as personalidades do Antigo Tes­tamento eram tipos ou exemplos das coisas futuras, até mesmo da igreja.

É certo que os patriarcas e profetas não tinham conhecimento acerca da era gentia da igreja, mas de qualquer forma nenhuma verdade poderia ser revelada no Antigo Testamento que contrariasse o mistério encoberto da dispensação da graça (Efésios 3:1-12). Pedro procurava, sempre com muita atenção, reconciliar as duas:/x/ra que se cumprisse o que fo i dito da parte do Senhor, pelo profeta...

Não apenas a trasladação de Enoque foi um tipo da futura trasladação (rapto) da igreja, pois há também outros tipos e alegorias desse glorioso evento no Antigo Testamento. Um dos mais notáveis exemplos é o do Cântico dos Cânticos.

Salomão casou com setecentas mulheres, e possuía trezentas concubinas. A história bíblica descrita no Cântico é baseada em um dos namoros do rei quando este era ainda jovem. Embora haja diferentes interpretações para o Cântico, parece que Salomão possuía um vinhedo em Baal-Hamon, no território de Aser, ao Norte de Israel.

A vinha não estava produzindo porque os trabalhadores não cuidavam dela como deveriam, e assim os pássaros e animais

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selvagens comiam as uvas. Então Salomão, disfarçado de pas­tor, foi aBaal-Ham on inspecionar sua vinha, e ali encontrou um a linda m oça da plebe, um a em pregada sulam ita. Apaixonaram-se um pelo outro. Ele precisou retornar a Jerusalém a negócios, mas antes de partir prometeu-lhe que voltaria e a faria sua esposa. Salomão cumpriu sua promessa e levou-a para seu palácio, onde se casaram e se tornaram um. Apesar da jovem noiva viver com todo o esplendor na corte, tinha saudades das belas montanhas e vinhas de Baal-Hamon, e assim Salomão voltou com ela para visitar o lugar.

Mesmo sendo uma bonita história, a principal lição não é literal, mas tipológica. No Cântico, Salomão torna-se um tipo do Senhor Jesus Cristo, e a empregada sulamita um tipo para a igreja. Apenas uma tão expressiva história de amor poderia ilustrar o amor do Senhor Jesus por seu corpo de redimidos, sua igreja: Vós, maridos, amai as vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela (Efésios 5:25).

Lemos no décimo capítulo de 1 Reis acerca da riqueza de Salomão, o rei mais rico daquela época. Ali, Salomão também representa o Senhor Jesus Cristo, o Criador do Universo, que veio à terra como homem pobre sem lugar para repousar a cabeça. Salomão, o mais rico dos homens, foi a Baal-Hamon disfarçado como um pobre pastor.

Lemos em Isaías 5:7: A vinha do Senhor dos Exércitos é a casa de Israel... E Jesus disse em Mateus 15:24:.. .Eu não fu i enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel. Do mesmo modo, Salomão foi como pastor às vinhas de Baal- Hamon. E, parece-nos, pelas palavras do Cântico, que os em pregados da vinha não reconheceram Salom ão e o expulsaram, exatamente como Israel não reconheceu Jesus Cristo como o Messias, o Rei da glória. Lemos em João 1:11-12:

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Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam. Mas a todos os que o receberam, àqueles que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus.

Mesmo Salomão sendo rejeitado por seus próprios empregados em Baal-Hamon, havia um que não o rejeitara, a empregada sulamita. Salomão emhebreu significa “pacífico” ou “príncipe da paz”. Sulamita é a forma feminina de Salomão, e significa “filha da paz”. Sulamita faz uma pergunta a seu amigo pastor no versículo sete, capítulo primeiro do Cântico:

Dize-me, ó tu, a quem ama a minha alma:Onde apascen tas o teu rebanho, onde o recolhes pelo meio-dia...

A resposta, como tipo no Novo Testamento, poderia ser: Eu sou o bom pastor; eu conheço as minhas ovelhas, e as minhas ovelhas me conhecem (João 10:14). O relacionamento que se desenvolveu entre os dois é ilustrado em 2:14, como afirma Salomão:

Pomba minha, que andas pelas fendas das penhas, no oculto das ladeiras, mostra-me a tua face, faze-m e ouvir a tua voz, pois a tua voz é doce, e o teu rosto formoso.

Parece-nos incrível que Salomão tenha casado com setecentas mulheres, tenha tido trezentas concubinas, e mesmo assim tenha sido o tipo de Jesus e sua esposa. Seu casamento com uma mulher fora de sua raça e nação tipifica a vinda de Jesus Cristo que chamou

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de todas as nações a sua igreja, ou noiva. Lemos em João 3:16 que Deus amou o mundo de tal maneira..., e que ele pode e quer salvar a todos que crêem em seu Filho, Jesus Cristo.

Com o decorrer do tempo, o relacionamento entre Salomão e a empregada de Baal-Hamon alcançou tal intimidade que a sulamita apresentou-o à sua família. Lemos em Cântico 3:4:

...logo achei a quem ama a m inha alma. Detive-o até que o introduzi na casa da minha mãe, na câmara daquela que me gerou...

A mãe da empregada sulamita representa as nações de cada membro da noiva de Cristo, onde a igreja reside. Os membros da noiva de Jesus Cristo, a igreja, é que o introduzirão às nações.

Salomão aparece no lar da sulamita, como é declarado no Cântico 2:9:

O meu amado é semelhante ao gamo, ou ao filho da gazela. Olhai, ele está detrás da nossa parede, olhando pelas janelas, lançando os olhos pelas grades.

O tipo aqui é completado em Apocalipse 3:20:

Eis que estou à porta, e bato. Se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo.

Quando a sulamita abre a porta para Salomão, lemos sua saudação nos próximos dois versículos:

O meu amado fa la e me diz: Levanta-te, amada

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minhci, formosa minha, e vem. Vê! Já passou o inverno; as chuvas cessaram, e se foram . Aparecem as flores na terra; o tempo de cantar chegou, e a voz das rolas ouve-se em nossa terra (Cântico dos Cânticos 2:10-12).

É aqui que Salomão sugere um relacionamento marital, quando a sulamita o convida a entrar. A voz das rolas fala do Espírito Santo entrando na vida do cristão. Lemos em Mateus 3:16 que a pomba é o símbolo do Espírito Santo, e Salomão introduz uma nova vida através dela, quando o pássaro está cantando e as flores estão florescendo. De novo, o tipo é completado pelas palavras de Jesus em Lucas 12:27-31:

C onsiderai como crescem os lírios. N ão trabalham nem fiam. Contudo, digo-vos que nem ainda Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um deles. Se Deus assim veste a erva que hoje está no campo e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós, homens de pequena fé. Não pergunteis que haveis de comer, ou que haveis de beber, e não andeis inquietos. Pois os gentios de todo o mundo buscam todas essas coisas, e vosso Pai sabe que necessitais delas.Buscai antes o reino de Deus, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.

Há muitas outras verdades no Cântico que representam em tipo o relacionamento entre a igreja e Jesus Cristo. Lemos no Cântico 4:12: Jardim fech a d o és tu, m inha irmã, noiva minha, m anancial fechado, fonte selada. A igreja é, tam bém , a santificada esposa, como afirma 2 Coríntios 11:2:

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Estou zeloso de vós com zelo de Deus. Tenho- vos preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo.

Como a sulamita, um manancial fechado, a igreja deve ser pura como a água, transbordando para a vida eterna. No versículo um do capítulo cinco temos uma imagem da última ceia que Jesus comeu com os discípulos:

Já vim para o meu jardim, minha irmã, noiva minha; colhi a m inha mirra com a minha especiaria, comi o meu favo com o meu mel, bebi o meu vinho com o meu leite. Comei, amigos, e bebei; bebei fartamente, ó amados.

Mirra e especiarias não eram comuns em uma ceia; eram usadas mais freqüentemente na preparação dos corpos dos mortos para as tumbas. Também Jesus dirigiu-se a Judas como amigo, quando foi traído no jardim do Getsêmani. A cena da ceia inicia um conturbado pesadelo para a sulamita:

Eu dormia, mas o meu coração velava. Ouvi!A voz do meu amado, que está batendo: Abre- me, minha irmã, amada minha, pomba minha, minha imaculada. A minha cabeça está cheia de orvalho, os meus cabelos das gotas da noite. Já despi a minha túnica; como a tomarei a vestir? Já lavei os m eus pés; como os tornarei a sujar? O meu amado meteu a sua m ão p e la fr e s ta da p o r ta , e as m inhas entranhas estremeceram por amor dele. Eu me levantei para abrir ao meu amado, e as minhas m ãos d estila va m m irra, os m eus dedos g o te ja va m m irra sobre a m a ça n e ta da

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fechadura (Cântico dos Cânticos 5:2-5).

Nesse pesadelo, a empregada sulamita vê Salomão à sua porta. Seu corpo e cabelo estão molhados de orvalho, indicando uma cena noturna, retratando a agonia de Jesus quando orava no Getsêmani e suava gotas de sangue. Seus pés foram lavados e ungidos para o sepultamento, sua túnica estava no chão, possivelmente referindo-se aos soldados que lançaram sorte sobre ela enquanto ele estava sendo crucificado.

A sulamita tenta abrir a porta e ajudar seu amado abandonado, mas ela tem mirra em sua mão e não consegue abrir a fechadura. Finalmente a sulamita consegue abrir a porta:

Eu abri ao meu amado, mas já o meu amado se tinha retirado, e se tinha ido; a minha alma se derreteu quando antes ele me falou; busquei- o e não o achei. Chamei-o, mas ele não me respondeu. A charam -m e os guardas que rondavam pela cidade./Espancaram-me e me feriram ; tiraram-me o manto os guardas dos muros (vv. 6-7).

E ssa passagem claram en te id en tifica o ep isód io de desaparecimento dos discípulos após a crucificação de Jesus, e a ascensão deste ao céu. Porém o povo de Jerusalém perguntou à empregada sulamita porque ela estava tão triste, sendo que poderia procurar por outro amor. Sua resposta é dada dos versículos dez ao dezesseis:

O meu amado é alvo e rosado, o primeiro en­tre dez mil. A sua cabeça é como o ouro mais apurado, os seus cabelos são crespos, pretos

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como o corvo. Os seus olhos são como os das pombas junto às correntes das águas, lavados em leite, postos em engaste. As suas faces são como um canteiro de bálsamo, como colinas de ervas aromáticas. Os seus lábios são como lírios que gotejam mirra. A í suas mãos são como anéis de ouro que têm engastadas as turquesas. O seu ventre é como alvo marfim, coberto de safiras. As suas pernas são como colunas de mármore, fundadas sobre bases de ouro puro. O seu parecer é como o Líbano, excelente como os cedros. A sua boca é muitíssimo doce; ele é totalmente desejável.Tal é o meu amado, e tal o meu amigo, ó filhas de Jerusalém.

A descrição que a sulamita dá de Salomão corresponde à de Jesus 110 monte da transfiguração, è'Çom a do apóstolo João no primeiro capítulo de Apocalipse. As mulheres de Jerusalém zombam da sulamita, perguntando-lhe para onde poderia ter ido o seu amado, ao que ela responde:

O meu amado desceu ao seu jardim , aos canteiros de bálsamo, para se alimentar nos jardins e para colher os lírios (Cântico dos Cânticos 6:2).

Jesus disse ao ladrão na cruz: Hoje estarás comigo no paraíso. Paraíso significa um parque bonito, ou jardim, o lugar que a sulamita descreve como sendo para onde se dirigiu o seu amado abandonado.

Ela acorda de seu sonho para encontrar Salomão, que deixou a

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vinha com a promessa de que voltaria, e ela tomou conta da propriedade até que ele voltasse. Em determinado dia em que estava trabalhando, olha para o horizonte e exclama:

Q uem é este que sobe do deserto, com o colunas de fumaça, perfumada de mirra, de incenso, e de toda sorte de pós aromáticos do mercador? Olhai! E a liteira de Salomão; sessenta valentes estão ao redor dela, dos valentes de Israel, todos armados de espadas,

. destros na guerra, cada um com a sua espada à cinta, por causa dos temores noturnos (Cântico dos Cânticos 3:6-8).

O amado rejeitado da sulàmita está voltando para ela, não como um pobre pastor como da primeira vez, mas como rei poderoso circundado por exército armado com espadas, porque a noite está chegando e nela há muitos perigos. Salomão leva sua esposa de volta à Jerusalém, onde reina como rainha.

Concluindo o Cântico dos Cânticos, em 8:5 ela retorna a Baal- Hamon com o rei, mas está tão transformada que ninguém a reconhece: Quem é esta que sobe do deserto, e vem encostada ao seu amado? A conclusão do drama de Salomão e a sulamita tipifica a trasladação da igreja, como afirma 1 Tessalonicenses 4:16-17:

Pois o mesmo Senhor descerá do céu com grande brado, à voz. do arcanjo, ao som da trombeta de Deus, e os que morreram em Cristo ressurgirão primeiro. Depois nós, os que f ic a r m o s vivos, serem os a rreba tados jun tam en te com eles nas nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos

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para sempre com o Senhor.

A transformação da empregada sulamita em linda rainha, adornada com jóias e túnica, ilustra a transformação de nosso corpo vil em coipo imortal e glorioso:

Eis que vos digo um mistério: Na verdade, nem todos d o rm ire m o s , m as todos serem os transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao soar a última trombeta.Pois a trombeta soarei, e os mortos ressurgirão incorruptíveis, e nós seremos transformados (1 Coríntios 15:51-52).

Quando Jesus Cristo retomar no final do período de tribulação para salvar Israel, virá como a empregada sulamita'viu Salomão retornar, como Rei dos reis, com o exército dos céus (Apocalipse 19:12-13).

Com referência às coisas que o povo do Antigo Testamento experimentou, Paulo afirmou em 1 Coríntios 10:11:

Tudo isto lhes aconteceu como exemplos, e estas coisas estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos.

Como o exemplo de Enoque e a história do Cântico dos Cânticos, há muitos tipos e ilustrações no Antigo Testamento que sustentam a promessa de arrebatamento e ressureição dos cristãos de hoje.

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í / ( q u e les que se haviam reun ido perguntaram-lhe: Senhor, restaurarás tu

neste tempo o reino a Israel? Ele lhes disse:Não vos pertence saber os tempos ou as épocas que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder (Atos 1:6-7). y

Essa foi a pergunta que os apóstolos e discípulos fizeram a Jesus durante todo o seu ministério, desde o dia de seu primeiro milagre em Caná até quando morreu na cruz. Nunca, em tempo algum, Jesus disse que não restauraria o reino de Israel. A promessa do reino, com o qual Israel seria abençoado sobre todas as nações, e seria a testemunha de Deus para todos os povos da terra, é en­contrada em quase todos os livros dos profetas. Se tal reino não for estabelecido, a Bíblia não pode ser considerada como sendo a Palavra de Deus.

Jesus ensinou os discípulos a orarem: Venha o teu reino, seja fe ita a tua vontade, assim na terra como nos céus (Mateus 6:10). Será que nosso Senhor instruiria os discípulos a orarem por algo impossível? A vontade de Deus não tem sido feita na terra, nem seu reino já foi instaurado.

Jesus foi aclam ado pelos anjos em seu nascim ento como herdeiro do trono de Davi. Atos 15 claram ente ensina que depois da época da igreja, Jesus retornará e restaurará o

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88 - Arrebatamento e Ressurreição

tabernáculo e o trono de Davi. Pedro e João pregaram em Atos 3 para que Israel se arrependesse de haver matado o Messias, e clamasse a Deus para que o Senhor fosse mandado de volta. Ele poderia ter voltado àquela época e trazido seu reino.

Apocalipse 20 claramente afirma que Jesus Cristo reinará na terra durante mil anos. Esses mil anos, de acordo com Isaías, Joel, Amós, Zacarias e outros, será o tempo quando haverá paz na terra; as nações trocarão seus armamentos bélicos por máquinas agrícolas; crime e bandidos serão contidos; a ecologia será perfeita; não haverá mais fome, nem haverá desemprego.

De um modo geral, o fim da era do reino não é mencionado no Antigo Testamento. Entretanto, os profetas Joel e Isaías, e poucos outros, nos forneceram uma descrição da catástrofe que destruirá este planeta. Lemos em Isaías 65:17?'''

Vede, eu crio novos céus e nova terra. Não haverá lembrança das coisas passadas, nem mais se recordarão.

De Hebreus 4:1 -8, e outras passagens, conclui-se que o dia de descanso, o sétimo dia no qual Deus descansou, significa o tipo da vinda da era do reino. Pelo princípio da Bíblia em relação a tempo - um dia é como mil anos - há uma indicação de que a era do reino será um milênio, ou por mil anos.

De qualquer forma, tal conclusão não se baseia apenas por esses dados, mas Apocalipse 20 afirma não apenas uma vez, mas seis vezes, que a era de paz será por mil anos. Na teologia contem porânea, quando olhamos para o mais auspicioso acontecim ento escatológico, há três correntes principais de pensamento referente à época do reino, ou milênio. São e las...

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A Cronologia do Arrebatamento - 89

> - O PÓS-MILENISMO

“Pós” significa depois, ou seguinte. Com respeito ao retorno de Jesus Cristo, significa que ele virá após o milênio, ou no final da era de paz trazida pela pregação do evangelho a toda a hu­manidade, em todas as nações. Em outras palavras, a igreja fará com que o reino cumpra toda a vontade de Deus na terra e, então, Jesus Cristo voltará para reinar sobre todas as nações.

O pós-m ilenism o provavelm ente tenha surgido com o desenvolvimento do catolicismo romano a partir do reinado de Constantino. A teologia do pós-milenismo teria sido o ímpeto que motivou a propagação do catolicismo para o novo mundo.

Em 1700, o pós-milenismo tomou nova direção com a revisão de Daniel Whitby, e permaneceu até meados do século dezenove. Esse teólogo evolucionista acreditava que o grande progresso da humanidade continuaria até a vinda do milênio.

No começo do século vinte, muitos teólogos viam o socialismo como uma extensão do evangelho, onde a fome e a gueixa poderiam ser abolidas, e a promessa do milênio seria realizada. E por isso que muitos teólogos preeminentes do Concilio Federal de Igrejas, e mais tarde do Concilio Mundial de Igrejas, eram socialistas e comunistas conhecidos.

A teologia do pós-milenismo prosperou depois da Primeira Guerra Mundial, mas na Segunda Grande Guerra, com o regime nazista em ascensão no próprio coração do protestantismo, muitos ministros e adeptos desse tipo de profecia chegaram à conclusão de que a guerra não melhoraria o mundo. Assim, o pós-milenismo perdeu muitos de seus seguidores em muitas igrejas, denominações, e seminários. Muitos que abraçavam o conceito futurístico de que o mundo estivesse cada vez melhor, se decepcionaram.

Há um tipo de reavivamento dessa teologia pseudo-pós-

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milenista, hoje, baseada na Nova Era e na promessa de uma nova ordem no mundo. Tais idéias de um novo-céu-na-terra têm invadido um crescente número de igrejas modernas e liberais.

- - O AMILENISMO

O prefixo “a” significa não em latim. Portanto, o ensino amilenista relacionado com a escatologia afirma simplesmente que não haverá milênio - que não haverá os mil anos de reinado de Jesus Cristo na terra como afirma Apocalipse 20. As eras continuarão até quando a igreja cumprir a sua missão, e enquaht9 isto a história do homem flutua entre o bem e o mal. Depois que a terra cumprir o seu propósito, em um tempo futuro que não pode ser determinado ela será destruída, e então os salvos, em um único julgamento, serão ressuscitados para servir a Deus para sempre.

No final do segundo século d.C., o seminário de Alexandria, Egito, com suas raízes de ensino procedentes do gnosticismo, praticamente subverteu e modificou a maioria dos fundamentos básicos da fé. Sua influência continuou até o terceiro e quarto séculos. No final do quarto século, surgiu um defensor da fé cristã, Agostinho, bispo de Hipona.

Agostinho teve muita influência na negação de muitas doutrinas destrutivas procedentes do Egito, restituindo muitos dogmas cristãos, como discipulado, serviço, salvação, autoridade das Escrituras, etc.. No entanto, o bom bispo não tentou defender a interpretação literal e aplicação da palavra profética. Além do mais, Jesus Cristo havia morrido há quase quinhentos anos, e não havia mais uma nação judaica, nem parecia que haveria outra novamente.

O bispo de Hipona acreditava que a prisão de Satanás havia ocorrido durante o ministério de Jesus na terra, a partir do qual havia-se iniciado o milênio, e que a igreja havia assumido todas as prom essas feitas a Israel no Antigo Testamento. Com tal

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explanação, os ministros de Deus se sentiram aliviados em relação às principais preocupações relacionadas com o futuro, e com a comparação das profecias com os sinais dos tempos. A escatologia tornou-se muito fácil e confortável. A respeito de tais mestres, escreveu Pedro:

Sabei prim eiro que nos últimos dias virão escarnecedores, andando segundo as suas próprias concupiscências, e dizendo: Onde está apromessa da sua vinda? Desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação. Eles, de propósito, ignoram isto, que pela palavra de Deus já desde a antiguidade existiram os céus e a terra, que foi tirada da água, e no meio da água subsiste (2 Pedro 3:3-5).

O am ilenism o tem prevalecido como posição doutrinária dominante na escatologia desde o século quinto até o presente. No entanto, tem estado sob pesado ataque em v ista da realidade apresentada desde a metade do século vinte: guerras e rumores de guerras; pestilências como a AIDS; a instituição da Comunidade Econôm ica Européia; o renascim ento de Is­rael e os planos de reconstrução do templo para adoração; com putadores tornando possível que a m arca da besta seja instaurada; desenvolvim ento acelerado das com unicações; aumento do número de terremotos; a presença de uma “nova ordem mundial” ; mísseis nucleares, etc..

O amilenista, atualmente, tem encontrado dificuldades cada vez maiores quando procura defender a sua posição em relação às profecias.

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»■ O PRÉ-MILENISMO

O prefixo “pré” significa antes, ou precedente. No que se refere à escatologia, significa que Jesus Cristo voltará antes do milênio. Em outras palavras, os pré-milenistas interpretam as Escrituras como sendo a nossa época aquela em que haverá a destruição dos exércitos das nações, como afirma Apocalipse 11:18: ...o tempo de destruires os que destroem a terra.

É óbvio, pelo livro de Atos e pelas epístolas de Paulo, que os cristãos primitivos esperavam que Jesus Cristo retornasse enquanto ainda estivessem vivos. Mesmo depois de 70 d.C., os pais da igreja aguardavam o retorno de Jesus, trazendo seu reino à terra, como havia sido literalmente prometido.

Nos primórdios da igreja e no primeiro e segundo séculos, ho­mens importantes como Justino Mártir, Bamabás, Melito, Tatiano, Irineu, Tertuliano, e muitos outros, aderiram à doutrina pré- milenista. Gibbons, em The Rise and Fali ofthe Roman Empire (Ascensão e Queda do Império Romano), escreveu que o “sentimento reinante” no princípio da igreja era o de que Jesus Cristo voltaria, trazendo o milênio, por volta do ano 2000 d.C., baseando tal crença nos sete dias da criação de Gênesis.

Para apresentar um estudo completo acerca do pré-milenismo seria preciso muito mais tempo e espaço do que podemos dispor. É suficiente, no entanto, que digamos que a maioria dos pré- milenistas hoje, comparando os sinais dos tempos com as palavras proféticas, acredita que estamos vivendo no limite da era da igreja, e que Jesus Cristo pode voltar a qualquer momento.

> - A ÉPOCA DO RAPTO

Depois de havermos considerado as três posições escatológicas

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relativas ao retorno de Cristo, devemos agora considerar a trasladação da igreja, ou rapto, como nos apresentam 1 Coríntios 15 e 1 Tessalonicenses 4.

É difícil, tanto para o amilenista quanto para o pós-milenista, espiritualizar a promessa da ressurreição. Os amilenistas vêem a ressurreição dos cristãos como parte de uma ressurreição geral que se aplica a todos os que viveram, tanto os salvos como os perdidos. EÍfes não fazem distinção da ressurreição da igreja na dispensação da graça. O pós-milenistas geralmente explicam a ressurreição dos cristãos como sendo o arrebatamento para en­contrar-se com Jesus nos ares, retornando imediatamente com ele em corpos glorificados. Não acreditam que haja um intervalo que separe o tempo da ressurreição para encontrá-lo nos ares, do tempo de seu retorno à terra.

O ponto de vista dos pré-milenistas quanto ao arrebatamento é mais diversificado e complicado.

^ O RAPTO PARCIAL

Há alguns que ensinam que apenas uma parte da igreja constituída dos santificados, que têm vivido uma vida sobrenatural, que possuem vestes imaculadas, serão arrebatados para encon­trar-se com Jesus nos ares. O restante, mesmo sendo parte da igreja, será deixado na terra para passarem pela tribulação, ou pelo menos por parte dela. Não há nenhuma passagem que se refira à igreja que dê suporte ao rapto parcial.

Paulo se dirige aos coríntios, escrevendo-lhes em 1 Coríntios 15:51-52:

Eis que vos digo um mistério: Na verdade, nem to d o s dorm irem os, m as to d o s serem os transformados, num momento, e num abrir e

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fechar de olhos, ao soar a última trombeta...

Não há aqui, com certeza, nenhum espaço para a teoria de um arrebatamento parcial. Lemos de no^o em 1 Tessalonicenses 4:13- 18, e percebemos que não há absolutamente nenhuma indicação de que haveria um rapto parcial dos cristãos e o abandono do restante. Paulo afirma várias vezes - nós, nós, nós, nós (sem exceção), todos os que estivermos preparados, seremos arrebata­dos para encontrai' o Senhor nos ares. De todas as posições quanto ao arrebatamento, o parcial é o mais fraco.

> - O RAPTO PÓS-TRIBULAÇÂO

Enquanto a posição pós-tribulacionista pode ser aceita tanto pelos amilenistas como pelos pós-milenistas, dependendo de sua própria interpretação do fim das eras, é também sustentado por m uitos pré-m ilenistas. Alguns pré-m ilenistas cristãos acreditam que Jesus Cristo voltará para estabelecer seu reino na terra por mil anos, mas também acreditam que a igreja deverá passar pela tribulação. Nesse caso a igreja seria colocada dentro do contexto do serm ão profético de M ateus 24, mas as interpretações pré-tribulacionistas não incluem a igreja no sermão profético.

Um exame de Atos 15:14-17 geralmente ajuda a localizar a época do rapto:

Sim ão relatou como prim eiram ente Deus visitou os gentios, para tomar dentre eles um povo para o seu nome. E com isto concordam as palavras dos profetas, como está escrito (vv. 14-15).

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É evidente que o povo que foi tomado dentre os gentios por Deus são os salvos durante a dispensação do evangelho da graça. Esta é a igreja.

D ep o is d is to vo lta re i, e reed ifica re i o tabernáculo de Davi, que está caído. Levantá- lo-ei das suas ruínas, e tornarei a edificá-lo ( v . 16 ) .

Depois que Deus terminar de chamar seu povo dentre os gen­tios, então Jesus retornará (mais tarde), e reconstruirá o tabernáculo de Davi. Com o fim da era da igreja, Jesus Cristo retornará literalmente à terra para reconstruir o tabernáculo de Davi, de acordo com as profecias de Ezequiel, Isaías, Amós, etc..

A época da igreja completa é também chamada de “plenitu­de dos gentios” (Romanos 11:25). A “cham ada” para fazer parte da igreja será com pletada no rapto, no final da era da igreja, qualquer que seja a interpretação. E por essa razão que Jesus só voltará para lançar por terra toda autoridade e rebelião, e finalmente instituir o seu reino, depois que a igreja tiver sido arrebatada. Ambos os eventos não estão unidos nem serão simultâneos.

A vinda de Jesus Cristo projetada em Mateus 24 será como: ...o relâmpago que sai do oriente e se mostra até o ocidente. Não será assim que ele virá para a igreja, nem tampouco Mateus 24:13 é uma mensagem do evangelho da g raça :. ..mas aquele que perseverqr até o fim será salvo. Mais razões porque a igreja não passará pela tribulação serão dadas ao discutirmos o rapto pré-tribulacionista.

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^ O RAPTO SNTER-TRIBÜtAÇAO E PRÉ IRA

Outra explanação do rapto, no relógio profético de Deus, que conseguiu adeptos recentemente, é a inter-tribulação e/ou rapto pré-ira. A posição inter-tribulação é que a igreja passará pelos três primeiros anos e meio do período datribulação, e depois será arrebatada, quando o an ticristo com prom eter-se com a abominação da desolação. O arrebatamento, nessa primeira metade do período, aconteceria então em meio a dificuldades como fome, problemas sociais, revoluções, etc.. Não haveria maiores catástrofes ou genocídio até a segunda metade.

Os que ensinam a inter-tribulação geralmente acreditam que os cristãos devam estar preparados para um tempo de perseguição, mas não para uma retaliação de extermínio. De onde concluímos que a primeira metade da tribulação será relativamente livre de exterminação em massa, o que não tem base substancial na Escritura. Em Apocalipse 6, no final da conclusão da abertura do quarto selo, um quarto da população da terra morrerá de fome, guerra, e outras causas; o que vem a ser mais de um bilhão de pessoas, de acordo com a atual população do mundo.

Em Daniel 9 o profeta previu um período de tempo de setenta semanas, começando a partir de certo evento, até que a promessa feita por Deus a Israel fosse cumprida. Estas são semanas de anos, ou quatrocentos e noventa anos.

Quatrocentos e oitenta e três anos se passaram até o tempo da retirada (crucificação) do Messias. A última semana resta para ser contada no futuro. Ela começa com o anticristo assinando um tratado de paz com o Oriente Médio, “fumando uma aliança” com Israel, garantindo a este povo o direito às terras que Deus deu à semente de Abraão através de Isaque. No meio da semana, após três anos e meio (quarenta e dois meses), o anticristo quebrará o acordo e se comprometerá com a abominação da desolação.

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Se a igreja passar pela primeira metade da tribulação, então os cristãos saberão exatam ente a data em que o arrebatam ento ocorrerá.

A abominação da desolação é mencionada três vezes em Daniel, um a por Jesus em M ateus 24, referida por Paulo em 2 Tessalonicenses 2:4, e por João em Apocalipse 13.

Em Mateus 24 Jesus menciona a abominação da desolação como um sinal para Israel de que a última metade da tribulação, o tempo da angústia de Jacó, estará acontecendo. Paulo se refere à abominação da desolação em 2 Tessalonicenses 2 como um sinal, mostrando aos cristãos de Tessalônica que, apesar de estarem sofrendo tribulação, não estavam ainda de modo nenhum no período a que Daniel e Jesus se referiram. Paulo indicou que “aquele dia” (dia de Cristo, tribulação) não viria, exceto: (1) depois da apostasia, e quando (2) se manifestasse “o homem do pecado, o filho da perdição”.

Quando o homem do pecado será revelado? Quando ele assinar o acordo com Israel. Paulo não disse que os cristãos estariam na terra para testemunhar a abominação da desolação. Ele deu esta referência apenas como sinal de que os cristãos de Tessalônica não estavam no dia do Senhor.

Os que crêem no arrebatamento inter-tribulação, ou pré-ira, citam a “última trombeta” de 1 Coríntios 15:52 como a última trombeta do Apocalipse, tentando provar que o rapto ocorrerá na metade, ou na última parte da tribulação.

Lendo as passagens que se referem ao soar das trombetas, vemos que eram tocadas normalmente para anunciar reunião, vitória, dias de festa, e menos freqüentemente como aviso de proximidade de inimigos ou perigo. As sete trombetas do Apocalipse são anunciadoras de julgamento. A trombeta de 1 Coríntios 15:52, portanto, não pode ser a última trombeta do Apocalipse.

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No que concerne ao ensino acerca do rapto pré-ira, Deus realm ente preserva os seus da sua ira de julgam ento. Deus salvando Noé do dilúvio é um exemplo; Ló e sua família sendo poupados de Sodoma e Gomorra é outro. E não há dúvida de que a sétima trombeta do Apocalipse anuncia julgamento sobre a terra, de acordo com a ira de Deus. Porém, em toda a extensão da tribulação em Apocalipse, do capítulo seis até o dezenove, a ira de Deus é declarada, e não apenas antes da última trombeta.

Vejamos, pois, Apocalipse 6:17: Pois é vindo o grande dia da ira deles, e quem poderá subsistir?

Com o soar da primeira trombeta, toda erva será queimada, e a terça parte das árvores. Ao soar a segunda trom beta, um terço dos navios e das criaturas marinhas será destruído, e o mar se transform ará em sangue. Quando a terceira trom beta soar, muitos homens morrerão. E assim por diante, até ao som da sexta trombeta, quando a terça parte de todo o ser vivente será morta. Será que isso não é ira? A luz de todos os julgamentos em seqüência da tribulação, o inter-tribulacionismo e o arrebatam ento pré-ira parecem que caem por terra.

ARREBATAMENTO PRÉ-TRIBULAÇÃO

De acordo com nosso Senhor Jesus Cristo, um tempo de angústia, como o mundo nunca viu antes, precederá seu re ­torno. De acordo com Apocalipse 13:5; 12:14, e Daniel 9:27, sabemos que nesse tempo de grande tribulação haverá fome geral, destruição em massa, perseguição religiosa, e que durará sete anos.

Cremos que o rapto da igreja ocorrerá antes do período da tribulação. Seguem dez razões bíblicas que explicam por que aceitamos o arrebatamento pré-tribulação:

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1. Jesus Cristo virá antes da tribulação para arrebatar a igreja. Ele voltará à terra no final da tribulação para destruir o anticristo e seu exército, salvar o remanescente de Israel, e trazer seu reino dos céus para a terra. Paulo disse que Jesus viria nos ares para a igreja, mas quando ele retomar no final da tribulação por Israel, seus pés tocarão o monte das Olivei­ras e ele reinará no trono de Davi (Zacarias 14:4).

2. O período da tribulação é sempre comparado na Bíblia como sendo uma noite em que o Senhor voltará como ladrão. O período da tribulação é também o princípio do dia do Senhor. Depois que Paulo terminou a descrição do rapto no final do quarto capítulo de 1 Tessalonicenses, continuou o mesmo assunto no capítulo cinco:

Mas, irmãos, acerca dos tempos e das épocas, não necessitais de que se vos escreva, pois vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como o ladrão de noite. Quando andarem dizendo: Há paz. e segurança, então lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores de parto àquela que está grávida, e de modo nenhum escaparão. Mas vós, irmãos, já não esta is em trevas, p a ra que esse dia vos surpreenda como um ladrão... Pois Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo (1 Tessalonicenses 5:1-4, 9).

Nada é dito aqui por Paulo acerca de os cristãos estarem na noite, no dia do Senhor, ou nesse tempo de grande destruição. Todas as indicações é que os perdidos estarão na tribulação, mas os cristãos não devem temer essa terrível noite, porque somos do dia.

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3. Todas as passagens que se referem ao rapto da igreja indicam que apenas os cristãos verão Jesus nesse glorioso evento. Não o veremos até que subamos nos ares para encontrá-lo. A trasladação da igreja será como a trasladação de Enoque. Ninguém saberá o que aconteceu tão de repente causando o desaparecimento de milhões de pessoas. No entanto, toda passagem que menciona o retorno literal de Jesus Cristo como Rei dos reis, no final da tribulação, indica que todos no mundo o verão (Mateus 24:30; Apocalipse 1:7).

4. Os que estiverem vivos durante a tribulação serão avisados por Deus para não aceitarem a marca da besta, ou estarão perdidos eternamente no inferno. Nenhum aviso assim é dado às igrejas nas epístolas paulinas. Se a igreja fosse passai' pela tribulação, então Paulo teria alertado aos cristãos que estivessem vivos acerca da marca da besta. Em vez disso, Paulo escreveu em Efésios 1:13-14 que a salvação dos cristãos está selada pelo Espírito Santo até o dia da redenção.

5. E geralmente aceito por todo teólogo que as sete igrejas do A pocalipse representam as igrejas do período da dispensação da graça. E evidente que o período da tribulação começa no quinto capítulo de Apocalipse, e termina no viségimo. Encontramos dezoito referências à igreja ou igrejas nos primeiros três capítulos do Apocalipse, mas nenhuma referência à igreja, ou igrejas, do capítulo quatro até o capítulo vinte. A conclusão lógica é que não haverá igreja cristã no mundo durante a época da tribulação.

6. As passagens que revelam a vinda do Senhor para reinar na terra, isto é, quando ele vier diretamente à terra no final da tribulação, referem-se a ele como o Filho do homem. Mas a igreja nunca se dirige a Jesus, pois ele está nos lugares celestiais, com a expressão “Filho do homem”. Nas epístolas às igrejas, Jesus é chamado de Filho de Deus. Falando de seu

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retorno literal à terra, Jesus disse em Mateus 24:30:

...todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória.

Em nenhuma passagem acerca do arrebatamento e trasladação da igreja Jesus é chamado de “Filho do homem”. Se a igreja fosse passar pela tribulação, os cristãos também seriam admoestados a olharem para o Filho do homem vindo como Rei dos reis.

7 .0 Espírito Santo é quem reprime a iniqüidade no mundo, porque ele reprova o pecado. O Espírito Santo também ministra através dos cristãos para que estes não aceitem o pecado no mundo. Mas 2 Tessalonicenses 2:7-12 indica que o E spírito Santo será afastado, e então o estado de pecaminosidade prevalecerá sobre o mundo, e o caminho estará liberado para o homem do pecado - o anticristo. Paulo escreveu que isto deverá acontecer numa época de grande maldade, chamada período de tribulação. Além do mais, sendo o Espírito Santo afastado, é evidente que os cristãos também serão removidos do mundo.

8. Os cristãos de Tessalônica estavam confusos acerca da grande tribulação. Viviam sob tamanha perseguição que acreditaram estar vivendo esse terrível período de tempo. Paulo, então, escreveu-lhes acerca do arrebatamento. Em 2 Tessalonicenses 2 :1o apóstolo chama o rapto d e : . ..nossa reunião com ele.

De qualquer maneira, Paulo separou o arrebatamento, ou a união da igreja com o Senhor, de sua volta ao mundo. Paulo esclarece alguns eventos da tribulação para que os cristãos de Tessalônica soubessem que não se encontravam na tribulação.

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Além disso, ele diz no primeiro capítulo que Cristo voltará em grande poder, com fogo para punir os que não conheciam a Deus, vingando seu povo.

O remanescente de Israel que for salvo estará em um lugar especial, que muitos crentes acreditam ser Petra. (Petra é palavra grega para a capital de Edom, Sela, Isaías 16:1, uma fortaleza a 96 Km ao sul do mar Morto. Nota do Editor.) Se a igreja fosse deixada na terra, entãos os cristãos sofreriam a vingança do Senhor, o que é, no mínimo, injusto e impensável.

9. A grande tribulação, o dia da angústia de Jacó, tem a finalidade de preparar o remanescente de Israel para o recebimento do Senhor Jesus Cristo como seu Messias, quando este vier. O cristão já está preparado pela graça de Deus para um preparado lugar, como Jesus afirmou. Não há razão para deixar a igreja na tribulação.

10. Os sinais dados à igreja dos últimos dias são: o esfriamento da fé, muitos seguirão espíritos enganadores; dissolução das famílias; delinqüência juvenil; mentirosos e enganadores. Em nenhum lugar Paulo dá à igreja os sinais mencionados nos céus, fogos terríveis e pragas que ocorrerão durante a tribulação.

Deus trasladou Enoque antes do julgamento pelas águas, e providenciou um modo de escape para Noé. Enoque é tipo da igreja, e Noé, tipo do Israel fiel. Deus tembém chamou Ló para fora de Sodoma antes do julgamento recair sobre a cidade. E evidente que chamará a igreja para fora do mundo antes que o julgamento da tribulação aconteça.

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n íussuftftciçnoNíl TRIÍiUlflÇflO

A A palavra “apocalipse” vem de apokalupsis, que significa revelar, descobrir ou expor. Jesus Cristo é o revelador,

e João é a testemunha das revelações. O problema, então, é apenas conhecer o significado destas revelações.

Tam bém somos inform ados, no versículo prim eiro de Apocalipse, que os acontecimentos revelados a João aconteceriam tachos (brevemente, rapidamente). Poderíamos interpretar, e tem sido interpretado dessa maneira, que os eventos revelados a João aconteceriam brevemente, em rápida sucessão, significando que todo o escopo do Apocalipse ocorreria em breve tempo.

Depois notamos no terceiro versículo que as bênçãos de Deus estariam sobre quem lesse essas profecias e as guardasse. Então, será que Jesus quer dizer que nós não adoraríamos a besta, não admitiríamos a sua marca, e teríamos de suportai- estas provações até o fim?

É óbvio, hoje, que nem você nem eu poderíamos suportar os acontecimentos descritos nesse livro, a menos que tomássemos a posição dos Adventistas do Sétimo Dia que crêem que a adoração aos domingos seja a marca da besta, e todo o Apocalipse recebe uma interpretação histórica, o que absolutamente não faz sentido.

Também notamos na conclusão do versículo três:.. .porque o tempo está próximo. O que está próximo? Evidentemente é o evento mencionado no versículo sete do primeiro capítulo:

Vede, ele vem com as nuvens e todo o olho o

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verá, até mesmo os que o trespassaram...Portanto, parece evidente que tudo no Apocalipse acontece

imediatamente antes da vinda de Jesus Cristo para assumir sua posição como Rei dos reis na terra. É claro que Jesus Cristo ainda não é o Rei dos reis na terra.

No versículo quatro João afirma, ou pelo menos indica, que o Apocalipse seria destinado às sete igrejas da Ásia, especificamente nomeadas no versículo onze. No versículo dez, lemos: Eu fu i arrebatado em espírito no dia do Senhor...

A interpretação comum para essa afirmação é que João foi cheio do Espírito Santo quando estava adorando no domingo. Apesar de os pais da igreja primitiva, como Barnabás, Policarpo, Justino Mártir, Tertuliano e outros terem reconhecido o domingo como o dia de honrar e adorar ao Senhor, tal dia nunca foi chamado de “dia do Senhor” na Bíblia. O dia do Senhor nas Escrituras sempre se refere ao período da tribulação. Portanto, a afirmação de João poderia significar apenas que ele foi transportado pelo Espírito Santo à tribulação, onde viu as revelações feitas a ele por Jesus Cristo.

João estava na ilha de Patmos como prisioneiro político do império romano. Estive em Patmos muitas vezes, e também visitei a caverna onde João supostamente recebeu o Apocalipse. Quando o apóstolo fala às sete igrejas da Ásia, identifica-se também com seus “companheiros de tribulação”. Visto que João, em espírito no dia do Senhor, sofria tribulação como prisioneiro de Roma, podemos imaginar que ele acreditasse estar passando pelo período de tribulação, pois estava sob a grande tribulação do período do império romano. A visão de Jesus Cristo no capítulo primeiro, como juiz das nações e Rei dos reis, encontra-se apenas em outra passagem do Novo Testamento, relacionada com o monte da transfiguração.

As mensagens às sete igrejas da Ásia são um mistério, e ainda

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A Ressurreição na Tribulaçao - 105

não ouvi ou li nenhuma explicação completamente satisfatória. Será que estas igrejas ainda existem hoje? Talvez. Sabemos que há igrejas em Efeso e Laodicéia.

Será que essas sete cartas foram realmente enviadas por João para serem lidas ou distribuídas às sete congregações? Talvez, mas a sua linguagem é estranha ao evangelho da graça. Por certo até mesmo a mais fundamental igreja evangélica de hoje teria grandes dificuldades com a terminologia.

Será que poderiam as igrejas da Ásia, como muitos interpretam, representar sete épocas distintas da igreja, desde o prim eiro século até o retorno de Cristo? E possível, pois há similaridades.

Será que poderiam representar igrejas que estarão em evidência no final da época da igreja? Novamente, é bem possível que identifiquemos essas igrejas, com seus méritos e deméritos, com os tipos de igrejas existentes na atualidade.

Será que essas igrejas são realmente igrejas de modo literal, ou representam tipos de igrejas que existirão no mundo durante a tribulação? Isso é possível. Sei que não há igrejas nas cidades da Turquia, porque a nação é predominantemente muçulmana. Também é possível que congregações de igrejas liberais, muitas das quais não são salvas, possam sobreviver durante a tribulação. Porém, se todas as igrejas continuassem a existir na tribulação, então não existiria o arrebatamento pré-tribulacionista, e cristãos salvos pelo evangelho da graça estariam sob outro tipo de evangelho, o que é impensável.

Creio que o real significado das sete cartas está na mensagem à igreja de Filadélfia, a igreja do amor fraternal:

Visto que guardaste a pa lavra da m inha perseverança, também eu te guardarei da hora da tribulação que há de vir sobre todo o

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mundo, para provar os que habitam sobre a terra. Venho sem demora. Guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa (Apocalipse 3:10-11).

Essa carta indica que a tribulação virá sobre os que habitam este mundo, sobre os não salvos, mas que os que nasceram de novo pela fé em Jesus Cristo serão arrebatados. Todavia, devido às péssimas condições do mundo, os cristãos devem ter todo o cuidado de estar firmes na fé, a fim de não perderem seus prêmios.

Então, depois que Jesus Cristo terminou de ditar as sete cartas às sete igrejas, João escreveu:

Depois destas coisas, olhei, e vi que estava uma porta aberta no céu, e a primeira voz que ouvi, com o de som de trom beta fa la n d o comigo, disse: Sobe para aqui, e te mostrarei as coisas que depois destas devem acontecer (Apocalipse 4:1).

U m en ten d im en to ace itáv e l do a rreb a tam en to pré- tribulacionista é que após o final da época da igreja, ou exatam ente no final, o arrebatam ento ocorrerá, e então a tribulação começará.

A escato log ia do capítu lo quatro ao vinte e dois de Apocalipse está firmada na anterior trasladação da igreja. E, a partir de A pocalipse 4:1, não há nada com que se alegrar em relação ao povo vivo na terra. Em outras palavras, tudo é negativo em Apocalipse 4 a 20, quando visto do ponto de vista literal.

A cronologia do arrebatam ento e da ressurreição em

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Apocalipse, depois do capítulo quatro, é a seguinte:

AS ALMAS DEBAIXO DO ALTAR

Quando ele abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por causa da palavra de Deus e por causa cio testemunho que deram. E clamavam com grande voz, dizendo: A té quando, ó verdadeiro e santo Soberano, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra ? Eforam dadas a cada um deles compridas vestes brancas, e foi-lhes dito que repousassem ainda por pouco tempo, até que se completasse o número de seus conservos e seus irmãos, que haviam de ser m ortos, com o tam bém e les fo ra m (Apocalipse 6:9-11).

Sob a lei levítica, como explica Levítico 4, o sangue oferecido pelos pecados deveria ser derramado na base do altar do holocausto. Jesus Cristo referiu-se aos mártires do Antigo Testa­mento em Mateus 23:35:

Assim recairá sobre vós todo o sangue justo derramado sobre a terra, desde o sangue do justo Abel até o sangue de Zacarias, filho de Baraquias, a quem matastes entre o santuário e o altar.

Esse grupo particular de almas sob o altar seriam aquelas do Antigo Testamento que morreram firmes na fé. Apesar de Jesus Cristo tê-los tirado do hades, do compartimento do paraíso, e tê-

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los levado ao céu, tais heróis do Antigo Testamento não entraram na presença de Deus. Eles receberam vestes brancas porque eram justos, e deverão permanecer diante do trono de Deus como teste­munhas da justiça de Deus, quando o julgamento da tribulação começar.

Também foi pedido a esses santos que aguardassem mais um pouco de tempo (provavelmente o período da tribulação), por aqueles que seriam mortos também, nesse curto período de tempo, por causa da sua fé. Nada é dito aqui acerca dos milhares de mártires cristãos durante a época da igreja, porque parece evi­dente que tais mártires já haviam recebido, no arrebatamento, os seus coipos glorificados.

»■ OS MÁRTIRES DA TRIBULAÇÃO

Nos primeiros oito versículos de Apocalipse 7 temos o número de 144.000 israelitas, doze mil de cada uma das doze tribos de Israel, que serão selados por Deus em suas testas. O anticristo também tentará selar seus seguidores nas testas, com sua própria marca. O selo de Deus nos 144.000 israelitas servirá como proteção para que não sofram o julgamento que virá durante a tribulação. Isso é evidente pelo contexto.

A única identificação possível de tribo israelita hoje em dia, pela derivação do nome, são: os Cohens (descendentes de Arão) e judeus comLevi em seu nome de família. Estes são descendentes dos sacerdotes e levitas. Entretanto, podemos ter a certeza de que Deus conhece a conexão de cada israelita. E possível que sejam encontrados arquivos de famílias que datem do tempo da destruição do templo. A teoria de que as dez tribos perdidas do reino do norte reapareceram como Inglaterra, Dinamarca, Estados Unidos, etc., não tem base comprovada. Mesmo depois da invasão da Assíria, e do genocídio cometido contra Israel por volta de

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700 a.C., lemos na Bíblia que os israelitas de todas as doze tribos vinham a Jerusalém para guardar a Páscoa.

Depois, lemos que após o selamento dos 144.000, uma grande multidão de todas as nações aparece ante o trono de Deus com vestes brancas. João acrescenta que era um número tão grande que ninguém podia contai-, significando que essa congregação poderia ser de ummillhão, de centenas de milhões, ou mesmo de bilhões.

No capítulo seis, é dito aos mártires do Antigo Testamento que esperassem por justiça até que se juntassem a eles os que haveriam de ser martirizados. Evidentemente, as multidões no capítulo sete, que aparecem com vestes brancas, são a complementação do número dos mártires da tribulação, porque lemos no versículo quatorze do capítulo sete:

. ..E s te s são os que v ieram da g rande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro.

Como os mártires do Antigo Testamento, eles aparecem em vestes brancas de justiça para poderem estar na presença de Deus, pois ainda não haviam recebido o corpo ressurreto.

A base da salvação dessa grande multidão vinda de todas as nações é dada em Apocalipse 12:11:

Eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho.

Em Apocalipse 13, João profetizou que durante a tribulação o anticristo ordenará a todas as pessoas do mundo que recebam a sua marca, ou número, e o adorem como Deus, ou serão mortos. Em Mateus 24:21, Jesus disse:

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Pois haverá então grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem haverá jamais.

Acerca desse dia Jesus também afirmou no versículo treze:

Mas aquele que perseverar até o fim será salvo.

Vencer e permanecer firme durante a grande tribulação também inclui recusar-se a receber o sinal da besta ou a adorar o anticristo (Apocalipse 14:9-10). A cena que João viu em volta do trono de Deus, com todos os mártires da tribulação, ilustra que milhões, durante esse período, serão decapitados por se recusarem a receber a marca da besta.

E comum concluir, como muitos escritores têm feito ao escrever comentários do Apocalipse, que essa grande multidão de mártires será salva através da pregação dos 144.000, mas não é isso que afirma a Escritura. Tais mártires poderão ou não ser evangelizados por esses judeus testemunhas, ou evangelistas. A única coisa que sabemos com certeza é que foram salvos pela fé em Jesus Cristo e, por causa dessa fé em Jesus Cristo como Salvador e Senhor, recusaram aceitai* a marca da besta, pois tal ato significaria aceitar o falso cristo de Satanás como Deus.

A ressurreição dos mártires da grande tribulação não ocorrerá até que Jesus Cristo retorne no final desse período de angústia para o mundo.

Paulo diz que na primeira ressurreição dos salvos cada um deverá ressurgir em determinada ordem. Por isso parece evidente que todos os mártires do Antigo Testamento e os do período da tribulação constituirão uma ordem particular, como declara Apocalipse 20:4:

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Vi também tronos, e aos que se assentaram sobre eles foi-lhes dado o poder de julgar. E vi as almas daqueles que foram degolados por causa do testemunho de Jesus e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal na testa nem nas mãos. Reviveram, e reinaram com Cristo durante mil anos.

Conforme Apocalipse 7, os mártires do Antigo Testamento e da grande tribulação servirão com Jesus Cristo no templo durante o milênio. Será uma recompensa gloriosa, ministrando dia e noite no templo milenial para o Senhor.

O tamanho e a descrição do templo milenial são dados em Ezequiel 40 a 47.

>■ OS CENTO E QUARENTA E QUATRO MIL

Muito alvoroço se faz em torno dos cento e quarenta e quatro mil israelitas selados, mas pouco se diz cerca de sua missão. Uma das conclusões é que esses israelitas irão através do mundo pregando o e vangelho do reino durante a tribulação. Tal explicação pode bem ser verdadeira, uma vez que Deus sempre teve suas próprias testemunhas no mundo, mesmo em épocas de profunda depravação humana.

Parece que esses cento e quarenta e quatro mil começarão sua missão poucos dias ou semanas após a assinatura do acordo do anticristo com Israel, o qual parecerá ser um acordo geral de paz no Oriente Médio. Por quanto tempo continuarão a sua missão, durante a tribulação, é incerto. Nada nos indica se estarão na terra quando Cristo retornar no final da tribulação. Aparentemente não sofrerão as catástrofes naturais, mas nada é dito acerca de proteção

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contra o ódio que o anticristo terá deles.Conforme indica 2 Tessalonicenses 2, a igreja e o Espírito Santo

serão tirados do caminho, permitindo que o espírito do iníquo venha e tenha acesso a tudo, o que pode ser verdade para os 144.000.

Em Apocalipse 12 lemos acerca da tentativa do dragão, Satanás, de destruir completamente Israel, e de acordo com o aviso de Jesus em Mateus 24:15-21, os judeus escapam para um lugar seguro, onde se escondem por três anos e meio até que o Messias - Jesus Cristo - venha. Depois dos judeus da Judéia escaparem para o deserto, para um lugar que creio ser Petra, lemos em Apocalipse 12:17 que:

Então o dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra aos demais filhos dela, os que guardam os mandamentos de Deus, e mantêm o testemunho de Jesus.

Os únicos judeus restantes, que guardarão os mandamentos de Deus e estarão testemunhando acerca do evangelho de Jesus Cristo, serão os cento e quarenta e quatro mil. Após o fracasso do anticristo em surpreender os j udeus com um ataque de surpresa, ele se voltará contra esses 144.000 no intento de matá-los.

Apocalipse 13 declara que todo o ser humano do planeta terra deverá receber a marca da besta e adorá-la como Deus, ou será morto. E em continuação, no capítulo 14 encontramos os 144.000 cantando uma nova canção perante o trono de Deus. Declara-se, ali, também, que esses israelitas são as primícias de Deus. Parece fora de questão que ‘ ‘primícias’ ’ refere-se aos primeiros frutos da ressurreição. Nada é dito acerca de suas vestes, mas são descritos como não contaminados perante o trono de Deus.

A mais lógica dedução da passagem bíblica é que os 144.000 foram trasladados, ou arrebatados, im ediatam ente após a

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abominação da desolação acontecer. Eles não farão parte da igrej a, e seu arrebatamento será um evento inteiramente separado na or­dem da primeira ressurreição.

>► AS DUAS TESTEMUNHAS:

SUA MORTE E RESSURREIÇÃO

Um dos mais interessantes incidentes, embora complicado, relacionado com a ressurreição e o arrebatamento durante a tribulação, é o ministério das duas testemunhas de Apocalipse 11. O apóstolo João vê o templo de Deus, incluindo o altar de sacrifícios, erigido em Jerusalém, aparentemente no monte Moriá. Também foi-lhes dado um instrumento de medição para conferir as medidas segundo as especificações de Deus.

João também deveria medir os que adoravam no templo, evidentemente para ver se os que ali adoravam mantinham o padrão dos verdadeiros adoradores de Deu s. O átrio de fora não deveria ser medido, pois era destinado aos turistas e adoradores gentios.

Jesus profetizou que Jerusalém seria pisada pelos gentios até que o “tempo dos gentios” estivesse completo (Lucas 21:24). Em 1967, Israel retomou a parte antiga de Jerusalém, incluindo o monte do templo, mas este ainda permanece designado como “território ocupado” por Israel. A cidade antiga ainda está, em sua maior parte, ocupada pelos árabes, e soldados árabes guardam o monte do templo.

João também é informado de que os gentios teriam permissão de entrar no átrio do templo, e que Jerusalém seria pisada por eles durante quarenta e dois meses. Depois, o anjo declara a João que Deus dará poderes sobrenaturais às duas testemunhas, e seu ministério durará 1.263 dias.

Há muita especulação e conjecturas em relação ao ministério dessas duas testemunhas, se ele ocorrerá durante os primeiros ou

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os últimos quarenta e dois meses da tribulação. Parece que tal ministério se estenderá até três dias além dos quarenta e dois me­ses, e que talvez seja permitido que seus corpos fiquem expostos nas ruas de Jerusalém durante estes três dias. O Dr. John F. W alvoord acredita que o ministério das duas testemunhas acontecerá na segunda metade da tribulação, devido à afirmação de que Jerusalém será pisada pelos gentios durante esse período.

Parece-nos, pelas Escrituras, que os judeus terão o controle da cidade e do monte do templo. Então isso significaria que, na última metade da tribulação, o templo já estaria reconstruído, e a celebração de sacrifícios, restaurada. O anticristo tentará tomar o controle de Jerusalém e cometerá a abominação da desolação no templo. Jerusalém estará sob o domínio completo do anticristo.

De acordo com a descrição do poder e ministério das duas testemunhas, se alguém conseguir ferir qualquer uma delas, sairá fogo de sua boca, e tal pessoa será devorada. Também terão o poder de transformar água em sangue, e de trazer todas as pragas sobre o reino do anticristo, como as que Moisés, pelo poder de Deus, trouxe ao Egito. Notamos também que farão com que não chova durante quarenta e dois meses, o tempo aproximado de quando as chuvas também pararam na época de Elias.

O profeta Joel teve a visão do último período da tribulação, quando, pela falta de chuvas, as ervas e árvores se queimarão, e os rios ficarão secos.

A i do dia! Pois o dia do Senhor está perto, e virá com o asso lação da parte do Todo- poderoso. Não está o mantimento cortado de diante de nossos olhos? A alegria e o regozijo da casa do nosso Deus? A semente mirrou debaixo dos seus torrões, os celeiros estão assolados, os armazéns derrubados, porque se

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secaram os cereais. Como geme o gado! As manadas de vacas estão confusas, porque não têm pasto; até os rebanhos de ovelhas estão sofrendo. A ti, ó Senhor, clamo, porque o fogo consumiu os pastos do deserto, e a chama abrasou todas as árvores do campo. Também todos os animais do campo suspiram a ti; os rios se secaram, e o fogo consumiu os pastos do deserto (Joel 1:15-20).

O dia do Senhor é a tribulação. A alegria será cortada do templo, quando o anticristo acabar com o sacrifício diário e cometer a abominação desoladora. Nessa época não choverá por três anos e meio, e por todo o mundo a erva será queimada. Nunca, na história do mundo ocorreu tal catástrofe, mas a Bíblia diz que um dia ocorrerá.

Após essas duas testemunhas sobrenaturais terem completado a missão para qual Deus as designou, a besta as matará, e seus coipos permanecerão nas ruas da grande cidade, espiritualmente chamada Sodoma e Egito, onde Jesus foi crucificado. E lógico que não pode ser outra cidade além de Jerusalém. Egito é sinônimo de mundanismo, e Sodoma, de pecados abomináveis.Trata-se, portanto, de uma descrição geral do estado espiritual de Jerusalém sob a administração do anticristo.

Quando Jesus veio para ser crucificado, afirmou, como lemos emLucas 13:33:

Importa, porém, caminhar hoje, amanhã, e no dia seguinte, para que não suceda que morra um profeta fo ra de Jerusalém.

Desse modo, um profeta deve ser morto em Jerusalém, e Jesus

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tinha pressa de chegar a Jerusalém para cumprir a sua missão de morrer pelos pecados do mundo. As duas testemunhas também deverão ser profetas. Segundo a interpretação de alguns estudiosos, ps dois candidatos que mais se assemelham a elas são Moisés e Elias. As pragas que Moisés levou ao Egito serão trazidas ao reino, e Elias trouxe grande seca à nação de Israel durante o reinado de Jezabel e Acabe. O relacionamento entre o anticristo e a religião falsa está em Apocalipse 17, que também tipifica o relacionamento entre Acabe e Jezabel.

Uma das razões por que alguns acreditam que Elias será uma das testemunhas está no terceiro capítulo de Malaquias. O capítulo começa anunciando um mensageiro que preparará os caminhos do Senhor quando este vier ao seu templo. Malaquias também descreve o resultado da vinda do Senhor, profecias que ainda não foram cumpridas na primeira vinda de Jesus. O capítulo conclui com a promessa:

Vede, eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o dia grande e terrível do Senhor.

João Batista veio no espírito de Elias. Suas vestes, seu alimento e seu ministério eram similares aos do profeta. Como Elias enfrentou Acabe e condenou seu relacionamento idólatra com Jezabel, João confrontou Herodes e condenou seu relacionamento adúltero com a cunhada, Herodias. Foi necessário que Jesus tivesse um precur­sor como João Batista, a fim de que cada profecia do Antigo Testamento fosse cumprida, e para que ele fosse identificado como o Messias.

A razão porque alguns preferem a idéia de que as duas teste­munhas serão Moisés e Elias é porque Jesus, quando no monte da transfiguração foi visto por Pedro, João e Tiago, sua aparência era a de quando virá de novo, e Moisés e Elias estavam com ele.

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Então, quando os três perguntaram a Jesus porque as Escrituras diziam que Elias deveria vir antes do reino do Messias, a resposta de Jesus foi: Certamente Elias virá primeiro , e restaurará to­das as coisas. Os judeus, na expectativa da vinda de Elias antes do Messias, em cada Páscoa reservam uma cadeira para ele.

Também é verdade que quando Moisés morreu, Miguel e Satanás disputaram acerca de seu corpo. Também Enoque foi um profeta porque lemos em Judas 14 que ele profetizou acerca da vinda do Senhor com os seus santos. Apesar de todo o contexto da passagem relativa ao ministério das duas testemunhas parecer estar a favor de Moisés e Elias, é inteiramente possível que as duas testemunhas não sejam nem Moisés nem Elias.

Seja qual for a identidade das duas testemunhas, após a conclusão de seu ministério, o anticristo as matará. Seus corpos ficarão expostos nas ruas de Jerusalém por três dias. As tradições judaicas estipulam que quando o coipo permanece sem vida du­rante três dias, isto significa morte total e irreversível. Durante três dias todo o mundo verá seus coipos, e agora sabemos que isso é possível graças à televisão por satélite.

Esse acontecimento poderá ocorrer em época de Natal, o que explica a grande alegria pela vitória do anticristo sobre as duas testemunhas, e porque, através de todo o mundo, as pessoas enviarão presentes umas às outras. Então, lemos que, enquanto o mundo estiver celebrando e presenteando, os corpos das duas testemunhas reviverão e serão arrebatados ante os olhos de todos os povos na terra. Eles serão envolvidos em uma nuvem, e subirão aos céus.

A Escritura afirma que as duas testemunhas ascenderão aos céus em uma nuvem, e é interessante que, no m onte da transfiguração, Moisés e Elias desceram numa nuvem. Não te­mos a descrição de que tipo de nuvem será. Paulo diz que no rapto da igreja, os cristãos serão arrebatados nas nuvens.

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Enquanto as duas testemunhas estiverem subindo aos céus, um grande terremoto sacudirá Jerusalém. Um décimo dos prédios da cidade cairá, e sete mil homens morrerão. Então, os judeus remanescentes darão glória a Deus, o que talvez leve o anticristo a proibir a adoração no lugar sagrado. Esses remanescentes poderão ser os judeus que haviam fugido a fim de esconder-se por três anos e meio, até o retorno de Jesus.

A conclusão geral acerca da m orte, arrebatam ento e ressurreição durante a tribulação é a destruição do exército do anticristo e tudo o que lhe concerne, assim como o falso profeta no lago de fogo. Pelo que podemos entender das Escrituras, estes dois são os únicos que serão jogados vivos dentro do “lago de fogo”.

> - O FILHO DA PERDIÇÃO

Há uma mudança no tempo dos verbos do Antigo para o Novo Testamentos, quanto às referências à vinda do anticristo. As profecias do Antigo Testamento indicam a vinda “do ímpio” no futuro, enquanto, no Novo Testamento, ele é apresentado como já estando vivo.

São feitas recomendações nas profecias do Antigo Testamento para que Israel não seja enganado e aceite o falso princípe como seu messias nos últimos dias. Por exemplo, notamos as palavras do profeta em Ezequiel 21:25-27:

Tu, ó profano e ímpio príncipe de Israel, cujo dia é chegado no tempo da punição final, assim diz o Senhor Deus: Tira o diadema, e remove a coroa. Esta não será a mesma: exalta ao humilde, e humilhe ao soberbo. Ruína! Ruína!Eu a reduzirei a ruínas, e ela não será mais,

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A Ressurreição na Tribulação - 119

até que venha aquele a quem pertence de direito, e a ele a darei.

A identificação do anticristo como “ímpio” é comum em ambos os Testamentos. Ele também é chamado de príncipe de Israel, indicando que será, pelo menos, parcialmente judeu. Não apenas será ímpio, mas profanará, rejeitando o “Deus de seus pais” (Daniel 11:37), e sua faia será cheia de blasfêmias contra tudo o que é santo e sagrado (Apocalipse 13:6).

Ao descrever o anticristo em 2 Tessalonicenses 2:3, Paulo o chama de “o homem do pecado”, não apenas “um” homem de pecado. Essa referência imediatamente identifica o anticristo como uma pessoa em particular. O apóstolo também fala de sua “manifestação” como “o filho da perdição”, e não apenas “um” filho perdido. Uma coisa ou pessoa não pode ser manifestada a menos que já exista - por exemplo, um pintor pode ser conhecido ou desconhecido, embora já exista.

Jesus Cristo está assentado à direita de Deus até o tempo de sua manifestação ao mundo como o Rei dos reis e Senhor dos senhores (Apocalipse 19). Dessa maneira, a escolha do artigo definido usado por Paulo quando fala da manifestação do “homem do pecado”, como sendo o anticristo, pode significar que ele já existia em estado de perdição no tempo em que Paulo escrevia à igrej a de Tessalônica. Tal conclusão é verificada também nas várias definições da palavra perdição, como é interpretada pelo Criticai Lexicon and Concordance [Léxico Crítico e Concordância]:

Perda, destruição, ruína; o pronunciamento fina l sobre todos que, tendo ouvido o chamado ao a rrepend im en to e f é em Cristo, têm persistido na impenitência. A perda eterna de todo aquele que ouviu, ou deveria ter ouvido;

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a destruição dos tais, em corpo, alma, espírito, e ruína completa e final, que não poderá ser revertida.

Isso significa que todos quantos rejeitarem a salvação de Deus, oferecida através do Senhor Jesus Cristo que morreu por nossos pecados, irão para a perdição - um irreversível e eterno estado de vergonha e tormento. Além disso, a Bíblia fala “do filho da perdição” no mesmo sentido que fala “do Filho de Deus”. Sabe­mos que há muitos “filhos de Deus” . Adão é chamado “filho de Deus” porque foi criação direta de Deus (Lucas 3:38). Os anjos também são chamados “filhos de Deus” por serem criação direta do Criador (Gênesis 6:2). Os cristãos são “filhos de Deus” por adoção através da fé em Jesus Cristo (Romanos 8:15-16). Mas há apenas um “unigênito Filho de Deus”. De acordo com as mesmas regras escriturais, existem muitos filhos da perdição, mas há apenas um indivíduo que é “o filho da perdição”.

Considerando os indícios para uma possível identificação do anticristo, tenha em mente que esta pessoa ímpia estará no mundo quando Cristo vier a segunda vez. Quando o Senhor retornar, cumprirá todas as promessas dadas no Antigo Testamento, que estão associadas a seu glorioso reinado. Ele sarará o doente, banirá a guerra, restaurará a perfeição da natureza, introduzirá a paz, e governará as nações com pulso de ferro.

Mas todas as promessas concernentes ao Messias foram cumpridas em tipo na sua primeira vinda. Ele abriu os olhos dos cegos, os ouvidos dos surdos, fez o coxo pular de alegria, e mais. Tudo isso foi feito para que as profecias fossem cumpridas e Is­rael não tivesse desculpas. Notamos em Zacarias 14:4 que no tempo do Senhor, será Rei sobre toda a terra, descerá no monte das Oliveiras, e a montanha se fenderá. Quando chegar tal tempo, Jesus reivindicará o trono de Davi, sairá do templo e irá ao monte

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das Oliveiras, mas ao invés de permanecer em pé - o símbolo bíblico para tomar posse - ele sentar-se-á. Tal gesto indica que Jesus sabia que iria ser rejeitado; mesmo assim, a promessa como tipo foi cumprida.

A última profecia registrada no Antigo Testamento está em Malaquias4:5:

Vede, eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o dia grande e terrível do Senhor.

Quando Jesus respondeu à dúvida se ele era realmente o Messias, onde estava então Elias? Jesus apontou João Batista, e respondeu que João poderia ter sido Elias se Israel o tivesse aceito como Senhor e Rei. E, além disso, se cada profecia relativa ao aparecimento do Messias foi cumprida em parte durante o ministério terreno de Jesus, é óbvio que o príncipe ímpio que trairia o Filho de Davi, e tentaria roubar seu trono também deveria estar presente naquela época, pelo menos em tipo. Podemos deduzir que o homem que coube perfeitamente neste tipo profético foi Judas Iscariotes.

Aceitando a definição de perdição como sendo um estado de ruína total e sofrimento sem fim, pensemos por um momento na possível identidade do “filho da perdição”. A maior profecia que desvendará a identidade do anticristo é a que declara que ele negará que Jesus Cristo já veio em carne, e ainda fará com que a maioria do mundo creia nessa mentira. E se considerarmos entre todo homem ou mulher que já viveu desde Adão e Eva até o presente momento, que teve a melhor oportunidade de conhecer a Jesus Cristo como Salvador e Senhor, e mesmo assim deu-lhe as costas e não apenas rejeitou tão grande salvação, mas negou-o como Filho de Deus que veio em carne, esta pessoa deve ter sido Judas Iscariotes. Judas, sem dúvida, deveria encabeçar a lista de todos

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os tempos, e de todas as pessoas, que deveriam reconhecer sem reservas que Jesus era o Cristo, mesmo assim o traiu e negou. Judas andou com Jesus por três anos e meio; testemunhou seus milagres; escutou as mensagens de Jesus e o brado das multidões: “nenhum homem jamais falou como este homem”. Apesar de tudo isso Judas nunca considerou, nem uma vez sequer, aceitar a Jesus Cristo como o Messias. Nosso Senhor afirmou acerca desse discípulo perdido em João 17:12:

Estando eu com eles no mundo, guardei-os no nome que me deste. Nenhum deles se perdeu, senão o f i lh o da perd ição , para que se cumprisse a Escritura.

É evidente que Judas entrou em estado irreversível de sofrimento eterno, mesmo tendo tido parte com os doze.

Jesus chamou Judas de “filho da perdição”, e Paulo escreveu acerca do anticristo em 2 Tessalonicenses 2:3-4:

Ninguém de maneira alguma vos engane, pois isto não acontecerá sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição. Ele se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou é objeto de culto, de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus.

Note de novo que o artigo definido o indica que só há um “filho da perdição”. Além disso, esse título foi dado a um único homem no passado que viveu nesse estado de perdição, e ao homem que aparecerá no futuro, que também estará no mesmo estado de perdição.

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A Ressurreição na Tribulação - 123

As palavras de Jesus ao referir-se a Judas em João 6:70 são também muito interessantes: Respondeu Jesus: Não vos escolhi eu aos doze? Contudo, um de vós é um diabo. As maiores autoridades dos textos gregos bíblicos concordam que o artigo indefinido “um” nesse versículo foi acrescentado pelos tradutores. O que Jesus disse exatamente de Judas foi: “ ...um de vós é diabo... ”. A Enciclopédia Bíblica e Dicionário Fausset diz dessa passagem que a palavra grega para diabo usada por Jesus, referindo-se a Judas, não

...significa meramente demônio, a palavra grega usada para o espírito mal que possui um corpo, mas “diabo” é usado apenas para o próprio Satanás.

Na seleção de outro discípulo para tomar o lugar de Judas, Lucas escreveu em Atos 1:25:

...para que tome parte neste m inistério e apostolado, de que Judas se desviou para ir ao seu próprio lugar.

Mais uma vez, podemos ponderar o que significa Judas ir para “seu próprio lugar”, uma expressão que nunca é aplicada a nenhum outro ser humano quando morre.

No Antigo Testamento, Israel é alertado contra o ímpio e abominável príncipe que tentará fazer uma aliança com eles, mas após três anos e meio cometerá a abominação da desolação profetizada em Daniel. De acordo com a Bíblia, essa abominação consistirá em parar o sacrifício diário no templo, informando a todos que Jesus Cristo e sua reivindicação de ser o Messias é um mito, apresentando-se como sendo o próprio Cristo.

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Com a ajuda do falso profeta, o anticristo ordenará a todos que o adorem como Deus, ou então que sejam mortos. Nessa ocasião o falso messias se voltará contra os judeus, que terão de fugir a fim de esconder-se. A maioria dos estudiosos bíblicos crê que o lugar onde Israel se esconderá será Petra (Mateus 24:15- 21; Apocalipse 12). A razão porque Israel fugirá está apresentada em tiponoSalm o 55:11-14:

Maldade há lá dentro; astúcia e engano não se apartam das suas ruas. Se fosse um inimigo que me confrontava, eu o teria suportado; se fosse um adversário que se engrandecia con­tra mim, dele me teria escondido. Mas eras tu, homem meu igual, meu guia e íntimo amigo. Conversávamos juntos suavemente e íamos com a multidão à casa de Deus.

O Espírito Santo deu ao apóstolo João mais conhecimento acerca do reinado e pessoa do anticristo do que a qualquer outro escritor da Santa Escritura. Apenas João descreveu este agente de Satanás como anticristo, negando totalmente o Senhor Jesus Cristo. Lendo em seqüência o Evangelho de João, sua primeira carta, e o Apocalipse, temos uma descrição completa do princípio e fim do “filho da perdição”.

Judas era o único não galileu entre os doze discípulos, e pouco se sabe acerca de sua família ou seu passado. Não há sequer uma palavra boa em relação a ele em toda a Bíblia. O Salmo 109 dá- nos uma visão profética impressionante do relacionamento de Ju­das com Jesus. Os versículos seis a onze assim descrevem Judas:

Suscita contra ele um ímpio; um acusador esteja à sua direita. Quando fo r julgado, saia

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A Ressurreição na Tribulação - 125

condenado, e em pecado se lhe torne a sua oração. Sejam poucos os seus dias; outro tome o seu oficio. Sejam órfãos os seus filhos, e viúva a sua mulher. Sejam vagabundos e mendigos os seus filhos; sejam expulsos das suas habitações assoladas. Lance o credor mão de tudo o que ele tenha; despojem-no os estranhos do fru to do seu trabalho.

Essa parte do Salmo messiânico 109 refere-se à traição de Jesus por Judas, sua natureza má, a compra do campo do oleiro com dinheiro do suborno, e a escolha de Matias para tomar o lugar do discípulo caído. Os versículos treze a quinze do mesmo Salmo relatam o julgamento que Judas trouxe sobre si mesmo por seu terrível pecado:

Desapareça a sua posteridade, o seu nome seja apagado na seguinte geração. E steja na memória do Senhor a iniqüidade de seus pais; não se apague o pecado de sua mãe. Estejam os seus pecados sempre perante o Senhor, para que faça desaparecer da terra a sua memória.

Judas foi a ferramenta dos religiosos da geração de Israel, na época em que Jesus Cristo ofereceu-lhes o reino. No sermão do templo (Mateus 23) Jesus pronunciou julgamento para aquela geração. Jesus nasceu em 4 a.C., então esse sermão foi feito em 30 d.C.. Quarenta é o número judeu para provas. Vemos a geração de Israel, que se recusou a crer em Deus e atravessar o Jordão, vagando pelo deserto por quarenta anos, ser eliminada. Ao final de quarenta anos, depois de Jesus haver pronunciado julgamento

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sobre a geração que se recusou a crer nele como o Messias, também aquela geração foi eliminada com a destruição de Jerusalém no ano 70 d.C..

Jesus, porém , falou da segunda geração no sermão da Montanha. Falou então acerca dos sinais dados em Mateus 24 alusivos à sua segunda v inda.. .nãopassará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam (v.34). No sermão do tem ­plo, Jesus previne acerca de outro julgam ento que viria na se­gunda geração - a geração de Israel nos dias de sua volta.

A segunda geração de israelitas referida no sermão do Monte será o reencontro de Israel como nação. Eles serão os que receberão o falso messias que virá em seu próprio nome (João 5:43). Dois terços da segunda geração será cortada do reino (Zacarias 13:8-9). O terço rem anescente da últim a geração dirá: Bendito aquele que vem em nome do Senhor.

As profecias relacionadas a Judas no Salmo 109 relatam que sua traição está dividida em duas gerações distintas. Deus m arca o tempo pelo povo judeu, mas quando esse povo está fora de sua terra, o tempo pára. Por isso, os prim eiros doze versículos se referem a Judas em sua traição a Jesus, quando este veio como o Cristo; o restante do salm o acerca do ju lgam ento de Judas, quando será com pletam ente e para sem pre elim inado, e seu nome não mais lem brado, está relacionado ao segundo advento do Senhor. O que acontecerá na segunda geração parece estar em paralelo com o final do anticristo.

Alguns crêem que o anticristo será uma grande personalidade que será assassinada, ressuscitando em seguida e sendo possuída pelo diabo. Outros acreditam que o anticristo será Nero que ressurgirá da morte.

Em face das razões aqui apresentadas, cremos que Judas foi, pelo menos, um tipo do anticristo.

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A Ressurreição na Tribulação - 127

Isaías profetizou acerca do anticristo:

O além desde o pro fundo se turbou p o r ti, pa ra te sa ir ao encontro na tua vinda; d esper tou p o r ti os mortos, e todos os prínc ipes da terra, e f e z levantar dos seus tronos a todos os reis das nações. Com eles n ã o te r e u n i r á s na s e p u l tu r a , p o i s d e s tru ís te a tua terra e m a tas te o teu povo. A descendência dos m alignos não s e r á n o m e a d a p a r a sem p re . . . ( I s a ía s 14:9,20).

A profecia de Isaías acerca do anticristo corresponde à descrição de Apocalipse 19:19-21:

E vi a besta, e os reis da terra, e os seus exércitos reunidos, para guerrearem con ­tra aquele que estava m ontado no cavalo, e o seu exército. E a besta fo i presa, e com ela o fa lso pro fe ta que diante dela f i ze ra os s in a i s co m q u e e n g a n o u os q u e receb e ra m o s in a l da besta , e os que adoraram a sua imagem. Estes dois fo ra m lançados vivos no lago de fo g o que arde com enxofre. Os demais fo ra m mortos pela espada que saía da boca do cavaleiro, e todas as aves se fa r ta ram das suas carnes.

Como foi profetizado por Isaías, o túmulo do anticristo não será criado com a chacina de seu exército. O inferno já está esperando por ele; seu destino eterno já foi julgado por Deus.

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Tanto o anticristo como o falso profeta serão lançados vivos no lago de fogo. Como Isaías 14:11 afirma, seus corpos sofrerão tormento eterno.

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Mome e ncssuRRCiçnoNO M Ilê N IO

I / s versículos de um a nove de Apocalipse 20 dão-nos uma breve visão do milênio, a era do reino, ou os mil

anos do reinado de Jesus Cristo na terra.Como Satanás tem operado como o príncipe deste mundo,

trazendo rebelião contra Deus em todas as nações, o primeiro acontecimento do milênio será o aprisionamento e lançamento de Satanás no fundo do abismo por mil anos. O que isso realmente significa apenas pode ser entendido no domínio espiritual de Deus. O significado mais próximo de inferno que conhecemos é a idéia de um abismo sem fim.

Em Apocalipse 12, João vê Satanás sendo atirado fora da terra, e em Apocalipse 20 o diabo é amarrado e confinado de modo a não poder enganar as nações nem tentar a raça humana durante mil anos. Após este período Satanás precisará ser solto uma vez mais, por breve período de tempo.

Apocalipse 20:4 relaciona os seguintes eventos:1. O estabelecimento de tronos, significando posições

políticas no governo de Jesus Cristo, que foram prometidos aos doze apóstolos, os quais reinarão sobre as doze tribos de Israel. Essa promessa será cumprida durante o milênio.

2. A delegação de autoridade governamental, ou julga­mento. O supremo Juiz de todas as nações durante o milênio será Jesus Cristo. Lemos em duas passagens de Apocalipse que Jesus Cristo regerá as nações com vara de ferro (Apoc-

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alipse 12:5; 19:15).Em Apocalipse 2:27, há a promessa para aqueles que

vencerem, que também regerão as nações com vara de ferro, assim como Jesus, que recebeu tal autoridade de Deus, o Pai.

Os vencedores aparentemente serão aqueles que, durante a tribulação, foram decapitados por aclamarem a salvação através do sangue de Jesus, e que se recusaram a aceitar a marca da besta ou adorar ao anticristo como se fosse Deus. Reinarão então com Jesus através dos mil anos.

A decapitação como um método de execução foi adotada pelos antigos porque era definitiva. Eles criam que a decapitação separava alma e coipo para sempre, e não haveria para esses a ressurreição. Apocalipse 20:4 prova que tal crença é um erro. Roma usava dois métodos de execução: crucificação para os não romanos, e decapitação para os cidadãos romanos. Jesus foi crucificado, mas Paulo, sendo cidadão romano, foi decapitado.

A decapitação era um método comum de execução usado pelas nações conquistadas pelo im pério rom ano. A Enciclopédia Britânica dá uma relação de máquinas terríveis com lâminas pesadas, que caíam sobre o pescoço dos prisioneiros, separando a cabeça do corpo. Na Escócia, uma dessas mais antigas máquinas era chamada de “virgem”. O rei Eduardo VIII gostava de decapitar suas esposas para ver-se livre delas. Esse mesmo método era usado como um modo de punição capital na Alemanha, Itália, e em outros países eu­ropeus.

Em primeiro de dezembro de 1789, Dr. Guillotine, mem­bro da Assembléia Francesa, promulgou a seguinte lei:

...em todos os casos a punição capital deveser a mesma - isto é, decapitação - e deve ser

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Morte e Ressurreição no Milênio - 131

executada através de uma máquina.

Por isso o aparelho usado para decapitação tornou-se conhecido como guilhotina. Além disso, o império do anticristo reviverá o antigo império romano, seguindo também o método de decapitação como execução. No entanto, os que forem decapitados no período de tribulação ressurgirão com corpo imortal e reinarão com Jesus Cristo.

3. A ressurreição dos santos do Antigo Testamento. A ressurreição no Antigo Testamento é associada com a vinda do Redentor. Jó declarou:

Eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levan tará sobre a terra. E depois de consumida a minha pele, ainda em minha carne verei a Deus. Vê-lo-ei por mim mesmo, com meus próprios olhos, eu, e não outros (Jó 19:25-27).

Daniel situou a época da ressurreição de Israel quando

...haverá um tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo.

E o profeta continua:

M uitos dos que dorm em no pó da terra ressurgirão, uns para a vida eterna, e outros para a vergonha e o desprezo eterno (Daniel 12:1-2).

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A ressurreição de Israel também é fixada nos últimos dias, quando o Messias vier, como profetizaram Isaías 26 e Ezequiel 37.

A ressurreição dos santos do Antigo Testamento está sem­pre, ou quase sempre, relacionada com as promessas terre­nas, enquanto que, para os ressurretos da igreja, as promes­sas se referem aos lugares celestiais ou a lugares fora deste mundo.

É difícil encontrar no milênio promessas ligadas à igreja na terra; no entanto, Apocalipse 20:6 parece incluir a igreja:

Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição. Sobre estes não tem poder a segunda morte, mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele du­rante os mil anos.

É evidente e fora de questão que a primeira ressurreição inclui em primeiro lugar Jesus Cristo, depois a igreja na dispensação da graça, depois os salvos da época da tribulação, depois os santos do Antigo Testamento, nessa ordem. Todos os outros que viveram e morreram desde Adão não ressuscitarão até o final do milênio. Estes são os mortos que se perderam. Lemos em Apocalipse 20:5: Mas os out­ros mortos não reviveram, até que os mil anos se comple­tassem. ..

»■ O JULGAMENTO DAS NAÇÕES

Na introdução do sermão profético, lemos acerca do julga­mento que virá sobre as nações. Mateus 25:31-33:

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Quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória. Todas as nações se reunirão diante dele, e ele apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas. Ele porá as ovelhas à sua direita e os bodes à sua esquerda.

Todos os comentários de estudiosos que tenho lido situam esse evento imediatamente após a batalha do armagedom. Penso que essa interpretação é cronologicamente falha. Lemos que, quando Jesus Cristo retornar, sentar-se-á, ou regerá, a partir do trono de sua glória. Esse será o trono de Davi, no qual os anjos afirmaram que Jesus se assentaria à época de seu nascimento. Ele governará todas as nações com vara de ferro.

Tais regras farão com que os reis das nações venham a Jerusalém para adorá-lo. Se houver desobediência, ou se o Egito não subir, sobre essas nações não haverá chuva até que aprendam a obedecer. Se alguma nação lançar uma maldição contra os ju ­deus, tal nação será amaldiçoada.

As regras de obediência nacional no milênio trarão as bênçãos relacionadas em Mateus 5. As nações que estiverem entre as jus­tas durante os mil anos de reinado de Jesus Cristo habitarão os novos céus e nova terra e, como lemos em Mateus 25:46, participarão da “vida eterna” . As nações-bode aparecerão diante do grande trono branco de julgamento.

» A NATUREZA DO MILÊNIO

Como Joel, Isaías, e outros profetas declararam, no milênio não haverá arsenais bélicos, nem conflitos nacionais ou

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internacionais. Satanás será amarrado, portanto não haverá tentação p ara o hom em ou p ara as nações po r g an ân c ias ou concupiscências. Entretanto, isso não significa que o homem não pecará. A desculpa: “o diabo me levou a fazer isso” não será mais justificativa.

Encontramos em Isaías 65:20 que, durante a era do reino, o pecador que não atingir cem anos será considerado amaldiçoado. Em outras palavras, durante o milênio, o pecador terá cem anos para se arrepender e obedecer ao Senhor. A lei será dada a partir de Jerusalém, e os pecadores que continuamente violarem a lei serão eliminados. Outra morte, que não a do homem mau ou pecador, não ocorrerá durante o milênio. Da mesma forma como ocorria antes do dilúvio, no milênio as pessoas desfrutarão grande longevidade. O povo de Deus viverá tanto quanto as árvores.

Os problemas ambientais serão solucionados durante o milênio, desertos serão transformados em produtivas fazendas, e haverá paz no mundo animal - o carneiro se deitará com os lobos. As pragas da natureza vieram por causa do pecado. Adão pecou e a natureza foi amaldiçoada. Nos dias de Noé, a humanidade tor­nou-se excessivamente pecadora, e a natureza de novo sofreu maldição.

Em nossos dias, há muita preocupação acerca desse tema, e nações promovem encontros a fim de discutirem acerca da ecologia. O problema é como a Bíblia declara: quanto mais pecadora a raça humana se toma, mais doente fica a natureza. Paulo escreveu em Romanos 8:18-23 que toda a criação, incluindo pássaros e animais, está aguardando a redenção da primeira ressurreição, quando o peso do pecado será levantado da terra.

Nenhum homem viveu até agora por mil anos. Um dia é como mil anos para Deus, e o Senhor disse a Adão, no dia em que pecou, que ele deveria morrer . João declara que a libertação de Satanás do abismo, em relação ao final dos mil anos de reinado

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de Jesus Cristo, será por pouco tempo. A tribulação também será por pouco tempo, como está registrado em Apocalipse 6:11; então, Satanás terá permissão de apenas alguns anos para fazer seu trabalho sujo.

Mesmo depois de mil anos de paz, de abundância e de um governo perfeito, o homem falhará de novo. Mas assim que os exércitos das nações vierem para destruir Jerusalém e o acampa­mento dos santos, fogo cairá dos céus e os destruirá.

Se todo o povo da terra será destruído ou não, não está bem claro, mas os santos ressuscitados não estão incluídos. Pela descrição do julgamento das nações em Mateus 25, parece que apenas as nações-bode serão exterminadas, porque as nações- ovelha têm a promessa de vida eterna.

Durante o milênio, de acordo com Ezequiel 40-48, as tribos de Israel serão de novo divididas e ocuparão a terra dada por Deus a elas. Haverá um enorme templo milenial, conforme Zacarias 6, sendo que o próprio Jesus Cristo o reconstruirá. As águas do mar M orto terão vida novam ente, com peixes vindos do mar Mediterrâneo.

De acordo com Isaías 35 e 65, qualquer pessoa que conte cem anos de idade será considerada jovem, e toda doença ou defeito físico serão curados. Mas a mentira de Satanás será que Deus não estaria dando ao homem tudo o que ele merece, então estará livre por poucos meses a fim de testar uma vez mais o livre arbítrio do homem, e a raça humana de novo fará a escolha errada.

Alguns estudiosos da Bíblia ligam Gogue e M agogue de Apocalipse 20:8 com a mesma conspiração de Ezequiel 38 e 39, porém estes não podem ser o mesmo acontecimento. Após a batalha de Ezequiel 38, Israel levará sete anos limpando a terra. Após a batalha de Apocalipse 20:8, a terra será queimada. Após a batalha de Ezequiel 38, o remanescente do exército invasor é deixado. Após a batalha de Apocalipse 20:8, nenhum sobrou.

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Gogue e Magogue possuem número limitado de aliados na batalha de Ezequiel 38; na batalha de Apocalipse 20:8, Gogue e Magogue estão ligadas a todas as nações. O centro da rebelião de Satanás está localizado na raça de Gogue e Magogue, e parece ser a razão para a grande conspiração contra Deus que o mundo jamais experimentou com a União Soviética deste século.

Será que o homem algum dia estará satisfeito com seu legado na vida? Não nesta terra nem na ordem social. Nem mesmo no milênio, que será uma chance para a humanidade viver em paz consigo mesma e com Deus.

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O JUÍZO DO G R R N D 6 TRONO RRRNCO

1~~ ntãio vi um grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele. Da presença

dele fugiram a terra e o céu, e não se achou lugar para eles (Apocalipse 20:11).

Com a rebelião final da humanidade contra Deus no final do milênio, a terra e o céu (isto é, o primeiro céu, a atmosfera) desaparecerão. Tal acontecimento não será simplesmente uma renovação desta terra atual. As Escrituras afirmam sem dúvida que esta terra servirá ao seu propósito. Deus fará um novo planeta, como o mundo que foi feito quando Adão e Eva foram criados.

Isaías profetizou acerca da última aliança de Israel com Deus:

Como os novos céus e a nova terra, que hei de fazer, estarão diante da minha face, diz o Senhor, assim há de estar a vossa posteridade e o vosso nome (Isaías 66:22).

O apóstolo Pedro escreveu acerca da destruição desta terra:

M as o dia do Senhor virá como um ladrão. Os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra e as obras que nela há, serão descobertas... Mas

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nós [os salvos], segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, nos quais habita a justiça (2 Pedro 3:10,13).

Como isso acontecerá? Temos de lembrar que o escritor de Hebreus disse que as coisas visíveis foram foram feitas das coisas que não se vêem (Hebreus 11:3). Cientistas afirmam que tudo no universo surgiu em um instante - de algo possivelmente não maior do que uma bola de futebol. Mas a Bíblia diz que todas as coisas apareceram pela palavra de Deus. As duas posições estão agora muito próximas de serem u m a - e Deus disse.

Deus também pode falar e tudo desaparecer. Átomos são vis­tos apenas por sua atividade. Se os núcleos fossem despojados de seus átomos, um milhão de pessoas poderia dançar na cabeça de um alfinete.

O grande trono branco é estabelecido, a convocação é feita, e a terra e os céus se esvaem - desaparecem. Por que? Porque apenas o que é justo pode permanecer ante tão santo e majestoso trono. Certamente esta terra não está limpa de pecado, e tampouco os céus têm sido desafiados pelas atividades malignas de Satanás (Jó 15:15).

E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do trono, e abriram-se livros.Abriu-se outro livro, que é o da vida. Os mortos foram ju lgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras (Apocalipse 20:12).

Os que não ressurgirem na primeira ressurreição, ressuscitarão na segunda, e apresentar-se-ão diante do grande trono branco de julgamento.

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O Juízo do Grande Trono Branco - 139

Segundo creio, nenhum dos salvos durante o milênio participará desse julgamento. Apenas pecadores que morreram durante os mil anos serão ressuscitados para comparecer a esse julgamento. Todos os salvos - os justos do milênio - serão levados para os novos céus e a nova terra. Então, todos os ressurretos para esse julgamento, que estarão diante do grande trono branco, serão os que se perderam desde Caim até os da última rebelião.

Cada cristão comparecerá diante do julgamento do trono (Bema) de Jesus Cristo para receber o prêmio por seu trabalho, realizações ou serviço (1 Coríntios 3; 2 Coríntios 5:10). Mas não há registro acerca do crente comparecer ante o julgamento do trono de Cristo e ser lançado no inferno ou lago de fogo. O oposto é verdade: mesmo que um cristão não receba nenhum prêmio, ou que perca seu prêmio, será salvo. Essa é a plena verdade da Escritura.

O grande juiz no trono branco será, é claro, Jesus Cristo, como Daniel e João o viram: formidável, poderoso, onipotente, santo. Apenas tal juiz poderia ser digno de enviar um homem para o inferno eterno. Lemos em João 5:22 que Deus, o Pai, não julga o homem, mas entregou todo julgamento a seu Filho.

Jesus disse que quando voltasse levaria todos com ele. Daniel descreveu a cena do julgamento do grande trono branco nestas palavras:

Eu continuei olhando, até que foram postos uns tronos, e um Ancião de Dias se assentou.A sua veste era branca como a neve, e o cabelo da sua cabeça como lã puríssima. O seu trono era de chamas de fogo, com rodas de fogo ardente. Um rio de fogo manava e saía de diante dele. Milhares de milhares o serviam, e milhões de milhões estavam diante

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dele. Assentou-se o tribunal, e abriram-se os livros (Daniel 7:9-10).

O versículo quinze de Apocalipse 20 nos diz que os ressurretos da morte, que comparecerão diante do grande trono branco, serão lançados no lago de fogo porque seus nomes não estarão escritos no livro da vida. Então, examinemos esse livro da vida à luz das Escrituras.

1. Alguns teológos crêem que este conceito de nome ou identidade de cada pessoa está escrito no livro da vida. Davi escreveu no Salmo 139:16 que no livro de Deus todos os membros de seu corpo estavam arrolados [a tradução em português é diferente; a idéia é que todos os dias estavam escritos e não todos os membros]. Então, se esta pessoa morre sem aceitar o caminho de Deus para a salvação, seu nome é cortado do livro da vida. Moisés discute com Deus em Êxodo 32:31-33:

Assim tornou M oisés ao Senhor, e disse: Oh!Este povo cometeu grande pecado, fazendo para si deuses de ouro. Agora peço-te, perdoa o seu pecado; ou, se não, risca-me do livro que escreveste. Então disse o Senhor a Moisés:Aquele que pecar contra mim, a este riscarei do meu livro.

Romanos 3 :23 declara que:... todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus. Pela posição do Antigo Testamento, isso pode ser entendido que todos que morreram em seus pecados serão cortados do livro da vida.

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O Juízo do Grande Trono Branco - 141

2. A partir do Novo Testamento a posição doutrinária da igreja, a segurança do crente, parece ser que o nome do cristão esteja escrito no livro da vida:

E peço-te também a ti, leal companheiro de ju g o , que a judes a essas m u lh eres que trabalharam comigo no evangelho, e com Clemente, e com os outros cooperadores, cujos nomes estão no livro da vida (Filipenses 4:3).

O que vencer... De maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida... (Apocalipse 3:5).

De acordo com o evangelho, os cristãos têm vencido o mundo através da fé em Jesus Cristo.

3. No livro de Apocalipse, lemos daqueles que não tiveram seus nomes escritos no livro da vida:

E todos os que habitam sobre a terra a adorarão , esses cu jos nom es não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que fo i morto desde a fundação do mundo (Apocalipse 13:8).

...Os que habitam na terra (cujos nomes não estão escritos no livro da vida desde a fundação do mundo) se admirarão, vendo a besta que era e já não é, mas que virá (Apocalipse 17:8).

Também fica claro em Apocalipse 21:27 que apenas os nomes

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escritos no livro da vida do Cordeiro terão permissão para habitar os novos céus e a nova terra. Todos os outros, os perdidos ressurretos, sofrerão agonia eterna no lago de fogo.

Conciliar todos os ensinamentos bíblicos acerca do livro da vida é muito difícil. Há muitas verdades acerca dos mistérios de Deus que não serão completamente compreendidas até que as respostas sejam dadas aos cristãos nos céus.

A presciência de Deus é absoluta, porque ele vive eternamente. Assim como todos os que estão em Cristo viverão eternamente com ele (Romanos 8:29-30), assim tam bém aqueles que receberem a marca da besta passarão a eternidade no lago de fogo. Isso não significa que não estivessem incluídos dentro da vontade de Deus (que é a de que todos se salvem), mas significa que, conscientemente, e por sua própria escolha, adorarão o anticristo em vez de a Jesus Cristo.

No julgamento do grande trono branco haverá dois tipos de livros. Pode ser que um contenha os nomes de todas as pessoas concebidas, e o grande Juiz comparará cada nome do primeiro livro com os do segundo, para ver se o mesmo se encontra escrito no segundo livro - o livro da vida.

É também possível que o primeiro conjunto de livros contenha uma relação de todos os pecados cometidos por aqueles que se apresentarem neste último julgamento, porque lemos: ...Os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras.

Quantos pecados, em média, uma pessoa Comete durante toda a vida? Centenas, milhares, milhões? Por quanto tempo sofrerão no lago de fogo pelos pecados cometidos? Centenas de anos, milhões ou bilhões? Até onde sabemos esse tormento será eterno.

Jesus disse em Mateus 25:41 que o inferno foi preparado para o diabo e seus anjos. O inferno é um lugar determinado de tor­mento, que existirá até o julgamento do grande trono branco. Em

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O Juízo do Grande Trono Branco - 143

Apocalipse 20:13, lemos que, no último julgamento, o inferno liberará suas almas da morte e, então, ambos, morte e inferno, serão lançados no lago de fogo. Paulo escreve em 1 Coríntios 15:24-26:

Então virá o fim , quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai, e quando houver destruído todo domínio, e toda autoridade e todo poder. Pois convém que ele reine até que - haja posto todos os inimigos debaixo dos seus

. pés. Ora, o último inimigo que há de ser destruído é a morte.

Há um ditado que diz que a morte mata mais pessoas que qualquer outra coisa. Mas no final do milênio, no juízo do grande trono branco, a morte será destruída por Jesus Cristo. Ninguém mais precisará se preocupar com ela, nem mesmo enfrentá-la. Será o último inimigo a ser destruído.

Nos dias atuais, sob alta pressão da multimídia política, os can­didatos prometem que tudo será possível. Prometem melhores casas, melhores escolas, mais empregos, cuidados com o meio ambiente, melhor atendimento em saúde, e até mesmo vida mais longa. Mas uma coisa não podem prometer - exterminar a morte. Jesus Cristo é o único no universo capaz de prometer isso.

Será possível descrever o lago de fogo? Seria tal descrição cientificamente possível?

Cientistas da atualidade dizem que no processo da “Lei da Entropia” , uma estrela nova consome todo o suprimento de hidrogênio, e o processo de fusão atômica torna-se fora de con­trole. A estrela (nosso sol é uma estrela de tamanho médio) fica quente e brilhante por sete a quatorze dias, os átomos são joga­dos fora de seus respectivos núcleos, e toda a massa é comprimida

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numa pequena área onde a gravidade é tão intensa que a luz não consegue escapar.

Isaías, João, Jesus e Joel previram tais acontecimentos para o nosso sol. Astrônomos chamam essas estrelas novas de “buracos negros”. São negros, o lugar mais quente em todo o universo, sem fim, e o lixo atômico semi-sólido pode ser classificado como um lago. Caso o nosso sol fosse uma estrela nova, todos os nove planetas de nosso sistema solar, incluindo a terra, seriam sugados para o seu interior. Seria isso uma espécie de lago de fogo?

A Bíblia afirma que haverá um lago de fogo eterno onde o diabo, seus anjos, e os que morreram em pecado estarão eternamente separados de Deus num tormento eterno.

O único modo de escapar é ter o seu nome escrito no livro do Cordeiro.

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I / | cena seguinte, que se abre após o juízo do grande trono ^ branco, é a dos novos céus e nova terra. Não sabemos se a nova terra será maior que a presente, ou se será até mesmo no atual sistema solar. Há menção de que não haverá necessidade do sol ou da lua, e isso provavelmente signifique que eles não mais existirão ou que, simplesmente, a luz não será mais necessária.

A primeira coisa que João viu nos novos céus e na nova terra foi a nova Jerusalém descendo através dos ares e pousando na terra.

Encontramos uma descrição detalhada da nova Jerusalém em Apocalipse 21 e 22, e não gastaremos tempo para ampliar a ima­gem que o apóstolo pintou em linda e brilhante terminologia. É suficiente dizer que a nova Jerusalém terá 1500 milhas quadradas, mais ou menos a metade do tamanho do Brasil. Essa é a cidade referida em Hebreus 11:10, a qual Abraão procurava. Também é a cidade que tipifica a cidade de ouro de Israel, Jerusalém.

Alguns crêem que a nova Jerusalém terá 1500 milhas cúbicas; outros crêem que será em forma de pirâmide. De qualquer maneira será uma cidade tremendamente grande. Também lemos em He­breus 12:22-24:

Mas tendes chegado ao monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, e aos m uito s m ilhares de anjos, à u n iversa l

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assembléia e igreja dos primogênitos inscri­tos nos céus. Tendes chegado a Deus, o ju iz de todos, e aos e sp ír ito s dos ju s to s aperfeiçoados, a Jesus, o M ediador de uma nova aliança, e ao sangue da aspersão, que fa la melhor do que o de Abel.

Quem morará na nova Jerusalém? Dissemos que a igreja primitiva estará na nova Jerusalém, todos os que fazem parte da igreja da dispensação da graça, o completo corpo de cristãos que Deus chamou dentre as nações gentias. Também os espíritos dos homens justos e aperfeiçoados estarão na nova Jerusalém, sendo esses certamente os santos do Antigo Testamento.

Todos, desde Abel até os santos da tribulação que estão incluídos na primeira ressurreição, estarão na nova Jerusalém. Isso não significa que os membros da igreja estarão confinados à nova Jerusalém, porque no segundo capítulo de Efésios parece evidente que os cristãos também estarão envolvidos no governo dos lugares celestiais através do Universo.

Na nova terra, João vê nações. Deus determinou setenta nações a partir dos netos de Noé, e este parece ser o número de nações da nova terra. De onde vêm os cidadãos dessas nações? São os remanescentes que tiveram fé no Rei dos reis durante o milênio. No princípio, Deus, que é amor, criou o homem e a mulher para que se multiplicassem e habitassem a terra. Ambos ganharam o livre arbítrio: poderiam obedecer a Deus, seu Criador, ou optar por recusar-se a amá-lo e a servir a ele. Deus poderia ter criado Adão e Eva sem o livre arbítrio, mas, assim sendo, não seriam capazes de amar verdadeiramente.

Durante o milênio, Jesus Cristo, o Criador de todas as coisas, reinará e regerá por mil anos. Jesus disse aos discípulos: se me amarem, guardarão meus mandamentos. Durante o milênio, o

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povo na terra provará seu amor adorando e guardando os mandamentos de Jesus Cristo.

No final do milênio. Satanás de novo desviará nações, mas os que amam ao Senhor seu Deus de todo o coração permanecerão firmes na fé. Então Deus terá completado seu propósito - ter a terra habitada por homens e mulheres que o amam por sua própria vontade e escolha.

Notamos em Apocalipse 21:2-8 que na nova terra e na nova Jerusalém não haverá tristeza, lágrimas, dor, morte, crime, desrespeito à lei, nem pecadores. Toda morte, lágrimas, crime e pecado com etido na terra deve-se a A dão e Eva terem desobedecido um pequeno mandamento de Deus. Na nova terra não haverá pecado, pecadores, rebelião ou desobediência à vontade de Deus. O pecado desaparecerá para sempre.

A nova terra é o paraíso, ou o Éden restaurado. O mesmo tipo de meio ambiente, a mesma árvore da vida. Adão e Eva poderiam ter comido da árvore da vida e vivido para sempre. Os cidadãos das nações na nova terra terão contínuo acesso à árvore da vida. Andarão na luz da nova Jerusalém e viajarão para dentro e para fora da cidade.

Agora a pergunta deve ser respondida: Como podemos ter certeza se em algum ponto da eternidade, a humanidade de alguma das nações que habitarão a nova terra não escolherão desobede­cer a Deus, como Adão e Eva o fizeram?

Há duas coisas que existiam no jardim do Éden que não haverá na nova terra. São elas: Satanás e a árvore do conhecimento do bem e do mal.

O que políticos e planejadores sociais nos dizem que precisamos hojeé:

1. Melhor coação da lei - até agora, quanto mais políticos e cadeias nós temos, mais criminosos existem.

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2. Melhores moradias - entretanto, muitos projetos de moradias transformaram-se em favelas e centros de conflito social.

3. Melhor educação - apesar de mais escolas e professores no sistema educacional, mais problemas sociais e econômicos existem.

4. Melhor governo - quanto mais instituições do governo são estabelecidas, e mais dinheiro é dado para as operações do governo, menos efetivos tais órgãos se tornam.

5. Melhores programas de saúde - não obstante os bilhões gastos em saúde e problemas coronários; pragas como o câncer e a AIDS têm aumentado.

6. Melhor distribuição de alimentos - embora em alguns países ricos haja sobras e os prósperos estejam comendo melhor do que nunca na história, a fome e a desnutrição espalham-se pela terra.

7. Melhores empregos e maiores salários - mesmo que a maioria tenha dinheiro para comprar melhores casas e melhores carros, maior é o gasto em prazeres e luxúrias, assim como foi nos dias de Noé.

No milênio, a humanidade terá melhores leis, casas, educação, governo, saúde, grandes fornecedores de alimento e melhores empregos - não apenas por poucos anos, mas por mil anos. Deus dará às nações todas essas coisas para provar sua justiça; a salvação e futuro do homem não serão encontrados em si mes­mos, mas em Deus que o criou.

Estive no Ziggurat em Ur. Próximo a essa cidade há um túmulo cuja arquitetura é perfeita, que pertenceu a uma rainha que reinou por volta de 2050 a.C.. Ela foi enterrada com sua carruagem, empregados, e jóias, na expectativa de alcançar a vida futura. No antigo Egito, o morto era enterrado em posição fetal, esperando a

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ressurreição.As pirâmides do Egito foram construídas pelos faraós como

portões para os céus na vida do além. Estive nas tumbas de Ming e de Ching na China, são imensos túmulos destinados aos imperadores e imperatrizes dessas dinastias.

Estive em Carnac, a maior rede de túmulos do mundo, que cruza sobre o rio Nilo em uma inacreditável obra de arquitetura, onde se encontra o túmulo de Hatshepsut, construído por sua amante. Há também em volta das montanhas, onde está o vale dos Reis, túmulos de outras realezas egípcias. Ali suas múmias estão deitadas, aguardando o após-vida. Vi os corpos de Lênin e Mao Tse Tung, deitados em caixões de vidro, fechados a vácuo; também presenciei os campos de Flanders, onde estão enterrados os heróis da Primeira Guerra Mundial; e o cemitério de Arlington, com centenas de milhares de cruzes, onde testem unhei a surpreendente troca de guarda.

Estive em Éfeso, Pérgamo, Patmos, Petra, e em dezenas de outros lugares familiares à história antiga, e admirei centenas de suntuosas e decoradas tumbas preparadas especialmente para a morte.

Estive no monte das Oliveiras e vi os túmulos dos profetas e centenas de outras sepulturas que cobrem o lado ocidental, até abaixo, no jardim do Getsêmani, passando pelo vale do Cedrom e subindo até a porta Dourada. Muitos, nos séculos passados, enterravam seus mortos no monte das Oliveiras porque a Bíblia promete que o Messias um dia porá os seus pés sobre esse monte, e os mortos ressurgirão de suas sepulturas em corpos imortais.

Todos esses túmulos e sepulturas testificam o fato inegável de que, desde a mais antiga história da raça humana de que se tem conhecimento, o homem sempre acreditou na existência de uma vida, um futuro, além da morte. Há algo na natureza humana, um instinto, um espírito no homem e na mulher, que crê na ressurreição.

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A fé cristã na ressurreição fundamenta-se na ressurreição de Jesus Cristo:

Mas de fato Cristo ressurgiu dentre os mortos, e fo i fe ito as primícias dos que dormem. Pois assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Pois assim como todos morrem em A dão, assim tam bém todos serão vivificados em Cristo (1 Coríntios 15:20-22).

Em nossa pregação, em nossos livros e em nosso testemunho, se não acreditássemos que Jesus Cristo ressurgiu do túmulo, seriamos os mais miseráveis de todos os homens. Nossa mensa­gem é sempre a mesma: Porque Jesus Cristo vive, nós também viveremos.

Toda criação, incluindo os anjos dos céus, esperam a ressurreição e o arrebatamento da igreja. Sinais nos céus e na terra indicam que esse glorioso evento está próximo. Se Jesus Cristo chamasse hoje aqueles que pertencem a ele, para que subissem e se encontrassem com ele nos céus, transformando-os de repente em seres imortais com corpo glorificado, você estaria pronto?

Cremos que Jesus morreu e ressurgiu, assim tam bém cremos que aos que dorm em em Jesus, Deus os tornará a trazer com ele.Diz.emo-vos isto pela palavra do Senhor; que nós, os que ficarm os vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem.Pois o mesmo Senhor descerá cio céu com

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grande brado, à voz do arcanjo, ao som da trombeta de Deus, e os que morreram em Cristo ressurgirão primeiro.Depois nós, os que ficarm os vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor.Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras (1 Tessalonicenses 4:14-18).

À vista de tão gloriosa esperança, nós, que nascemos de novo através da fé em Jesus Cristo, oramos a última oração registrada na Bíblia: Vem, Senhor Jesus.

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Próximo à cidade de Ur dos caldeus há um túmulo de uma rainha que reinou há quatro mil anos, e que foi enterrada com seus empregados, sua carruagem, suas jóias, na expectativa da vida futura. No antigo

Egito, o morto era enterrado em posição fetal, esperando a ressurreição. As pirâmides egípcias foram construídas

como portões para os céus, por causa da esperança da ressurreição.

"Estive no Monte das Oliveiras", afirma o autor deste livro, "e vi os túmulos dos profetas e de centenas de outros... Muitos, nos séculos passados, enterravam seus mortos naquele monte porque a Bíblia promete que o Messias um dia porá os seus pés ali, e os mortos ressurgirão em

corpo glorificado".

O pastor N. W. Hutchings analisa, neste livro, o ensinamento da Bíblia acerca do arrebatamento e da ressurreição.

Ele afirma que a mensagem básica da Palavra de Deus, de Gênesis a Apocalipse, é que, porque Jesus vive, nós também

viveremos. Este é o tema da Bíblia. Se não há ressurreição, então somos as mais miseráveis de todas as pessoas.