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Francisco de Toledo 1ª Edição 2014 Sumaré - SP Editora Seta Regional

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Livro Matriz , igrejas, monumentos

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Page 1: Apresentação livro matriz 10 09 2pdf

Francisco de Toledo

1ª Edição

2014Sumaré - SP

Editora Seta Regional

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Paróquia de Santana, 2014, Sumaré - SP

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Apresentação ................................................................................ 00

Prefácio .......................................................................................... 00

Dedicatória .................................................................................... 00

A igreja de Sant´Ana – origens ..................................................... 00

A vida religiosa em Rebouças antes de 1914 ................................. 00

Criação da Paróquia ...................................................................... 00

Os primeiros tempos da Paróquia ................................................. 00

As Associações Religiosas e a festa da padroeira ........................ 00

Os novos vigários a partir de 1920 ................................................ 00

Nova fase da vida da Paróquia ...................................................... 00

Padre José Giordano ..................................................................... 00

Padre Carlos Augusto Malho ......................................................... 00

As mudanças trazidas pelo Vaticano II ........................................ 00

Padre Constantino Gardinalli ........................................................ 00

Padre Pedro Tomazini .................................................................... 00

Padre Angelo Marighetto .............................................................. 00

Sumário

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Padre Luis Antonio Guedes ........................................................... 00

Padre Mansur Rodrigues Mansur .................................................. 00

Padre Cláudio Zacarias Menegazzi. ............................................... 00

Padre Paulo Crozera ...................................................................... 00

Padre Carlos José Nascimento ...................................................... 00

Padre Elisiário César Cabral .......................................................... 00

Histórico das Comunidades ........................................................... 00

Sant´Ana: Vida e Culto ................................................................. 00

Dom Joaquim Mamede, o bispo que nasceu em Sumaré............... 00

As capelas antigas da Paróquia de Sant´Ana ............................... 00

A pedra fundamental da Igreja Matriz ........................................... 00

Lista dos párocos de Sant´Ana ..................................................... 00

Bibliografia .................................................................................... 00

Anexos

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ApresentaçãoCom grande alegria faço a apresentação do livro PARÓQUIA DE SANT´ANA – 100 ANOS

do professor Francisco, carinhosamente conhecido por nós como professor Chico. Ele vem fazer

o coroamento das festividades do Centenário de nossa Paróquia de Sant’Ana em Sumaré. Trata-

se de uma obra histórica, seja pelo seu conteúdo, seja igualmente por marcar este momento da

história dos paroquianos de Sant’Ana que comemoram: “Cem anos celebrando a vida”.

Desde a festa da nossa padroeira no ano passado, quando fizemos a abertura do “Ano

do Centenário”, o lema: “Recordem as Maravilhas que Ele fez” dirigiu e inspirou as nossas

atividades e celebrações, que foram tantas e belas. Esse livro vem, portanto, enriquecer e dar

maior vigor à nossa história, pois reconhecemos que Deus fez maravilhas em nosso meio. Quem

busca conhecer a história, aprende a respeitar e admirar suas origens. Sabe ainda analisar e

compreender melhor o seu presente, que não representa apenas um tempo cronológico, mas é

presente-dádiva, uma graça que recebemos dos outros, que deixaram experiências através do

tempo como heranças para nós. Enfim, conhecer a história ajuda-nos a planejar melhor o futuro,

pois não construímos nada de exclusivamente novo. Construímos juntos. Na fé, isso é o dom da

partilha que eu venho aprendendo, dia após dia, a construir com esta comunidade paroquial e

seus agentes.

Parabenizo todos os paroquianos de Sant’Ana pela beleza de sua história e da qual

Deus concedeu-me a graça de participar. Se na beleza contemplada, eventualmente pudermos

identificar alguma fraqueza humana, vejo também que as virtudes para superá-las são o maior

exemplo deixado como tesouro e testemunho nessa história. Agradeço ao professor Chico

pelo seu trabalho cuidadoso e pelo presente que nos deixou. Agradeço também à equipe de

editoração, que igualmente ao autor do livro, ofereceu gratuitamente seu importante trabalho

de diagramação e arte final. Agradeço ainda ao Pró-Memória por nos autorizar acesso ao seu

arquivo de fotos e informações. Finalmente, desejo a todos uma boa leitura e que se inspirem

nos versos 78:“O que nós ouvimos e aprendemos, o que nos contaram nossos pais, não o

esconderemos a seus filhos. Nós o contaremos à geração seguinte: os louvores do Senhor e seu

poder, e as maravilhas que realizou.”

Sumaré, 9 de outubro de 2014.

Cônego Elisiário Cesar Cabral

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Tirar do baú coisas novas e velhas é fazer a ligação entre o novo e o

velho. O novo sentido para as coisas que aparecem todo dia só se encontra

no passado. O passado não determina o presente, mas é lá que reside

o substrato da História. Sem o passado não existe o presente e sem este

não se constrói o futuro. Cabe à Igreja anunciar a mensagem nova lendo o

passado e os sinais do tempo presente na perspectiva do futuro.

Registrar por escrito o que aconteceu nesses 100 anos da Paróquia

de Sant´Ana é tarefa da maior relevância para os paroquianos, para o

cidadão sumareense e para toda a Igreja. É missão do historiador trazer à

memória o que o tempo teima em esquecer, para que se reconheçam os erros

do passado, se valorizem os acertos e se construa um futuro melhor.

Na primeira edição deste livro, publicado em 1998, escrevi que é

“tarefa quase impossível escrever a história das cidades brasileiras sem falar

das suas igrejas. Algumas cidades nasceram mesmo a partir de uma capela,

como é o caso de Aparecida do Norte, ou de uma missão religiosa, como é o

caso de São Paulo. Outras vilas coloniais, cuja origem está ligada à pecuária,

à mineração, à defesa, aos entroncamentos de caminhos ou rotas comerciais,

também têm sua história marcada pela presença da Igreja. Ricas e espaçosas

como as do barroco mineiro do século XVIII, simples e despidas como as do

litoral no século XVI, as igrejas compõem a paisagem obrigatória da vila

colonial: câmara, cadeia e igreja”.

Desde a Colônia até hoje, a presença da Igreja Católica não foi simples

peça decorativa na paisagem urbana e rural brasileira, e também não passou

despercebida na vida social e política do Brasil desde a Colônia até hoje. Em

Sumaré, o primeiro núcleo urbano teve como centro a Estação Ferroviária, a

Capela e o Largo da Matriz; teve como padroeira da cidade o nome de uma

santa, cuja festa litúrgica marca oficialmente o aniversário do município, e

Prefácio

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teve como primeiro Prefeito um sacerdote.

A presente edição, agora com aparência mais bem cuidada e bonita,

foi revisada, corrigida e atualizada. Não pretende ser obra definitiva nem

completa, mas foi elaborada com seriedade e fidelidade às fontes documentais

escritas, orais e iconográficas. A preocupação foi o rigor documental, haurido

em especial do Livro Tombo da Paróquia, dos Livros de Atas do CPP e do

EACP. Minha proposta é que o leitor se sinta participante e construtor dessa

história.

Nessa longa caminhada de cem anos, cheia de altos e baixos, a missão

da Igreja foi cumprida. Como seu fundador Jesus, ela às vezes foi pedra de

escândalo, foi sinal de contradição. Mas, serenadas as turbulências sazonais,

foi também o farol que iluminou a treva, a luz que mostrou o caminho.

Neste início do segundo milênio do nascimento de Jesus, a Paróquia

celebra seu jubileu agradecida ao Senhor pelas maravilhas que Ele operou

entre nós, e se renova na alegre esperança da construção do Reino.

Agradecimentos à Secretaria Paroquial, à Associação Pró-Memória

de Sumaré, à Maria Teresa pelos momentos que lhe roubei de atenção,

e aos amigos Leandro e Andressa da Editora Seta Regional pela preciosa

colaboração presenteando a Paróquia com a diagramação deste livro.

Sumaré, outubro de 2014

Francisco Antonio de Toledo

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Ao papa Francisco, enviado de Deus para mostrar ao mundo moderno a face alegre da Igreja, a simplicida-de franciscana do Poverello de Assis, a ternura do bom Deus, e a esperança de dias melhores para um mundo tão difícil.

A ele dedico este livro como minha mais cordial home-nagem.

Dedicatória

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Paróquia de Sant´Ana

100 Anos

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Segunda Capela de Sant´Ana (1904) com os sinos e o rancho coberto de sapé.

(Acervo Pró-Memória)

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A Igreja de Sant´Ana Origens

Diferente de muitas outras cidades brasileiras, Sumaré nasceu ao

redor da Estação, ao lado da ferrovia. Era lugar de embarque e desembarque

de mercadoria e de gente. Muito mais de mercadoria do que de gente. A

principal atividade econômica desse local era a agricultura cafeeira para

exportação. No final do século dezenove, a região de Campinas era grande

produtora de café. As fazendas de café se espalhavam por toda a região, e

com a construção da Estação, devagar foram aparecendo algumas casas nas

imediações formando o povoado. A Estação ferroviária tinha sido construída

em 1875 e se chamava Estação de Rebouças, mudando depois o nome do

povoado para Vila de Rebouças, depois Bairro de Rebouças. O nome era uma

homenagem ao engenheiro Antonio Pereira Rebouças Filho, que falecera

durante a construção da ferrovia. Passados alguns anos, os católicos

construíram sua primeira igrejinha no bairro. Foi em 1889. Até essa data,

vinha padre de Campinas ou de Montemor para as missas, casamentos e

outros serviços religiosos.

A capela do povoado de Rebouças pertencia à Paróquia de Santa Cruz,

hoje Paróquia do Carmo, em Campinas. Esta paróquia foi criada em 8 de

maio de 1870, desmembrada da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de

Campinas, hoje Catedral. Até 1908 as duas paróquias pertenciam à Diocese

de São Paulo, cujo bispo era D. Duarte Leopoldo e Silva.

As primeiras referências documentais que se tem sobre a vida religiosa

em Rebouças são de 1887. No Livro Tombo da Paróquia de Santa Cruz da

cidade de Campinas pode-se ler:

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“Neste ano começou-se a edificação de uma pequena capela no bairro de Rebouças, único ponto da paróquia afetado pelo protes-tantismo”.

Era vigário da Paróquia de Santa Cruz nesse ano o Padre João Batista

Nery, que escreveu as linhas acima.

O historiador campineiro Jolumá Brito também cita essa data (dezembro

de 1887) para o início da construção “de uma capela no então incipiente

bairro”1. Mas, o historiador nada diz sobre a inauguração da capela, o que foi

feito pelo Padre Nery, que assim relata, na página 7 do referido Livro Tombo:

“No mês de dezembro, de 1889, as (sic) 15, realizou-se a inaugura-ção da pequena capela de Rebouças diante de grande concurso de povo. Houve missa cantada e procissão”.

Assim, com singeleza documental, é fora de dúvida que a primeira

capela de Rebouças é de 1889. O texto não faz supor a existência de nada

anterior. “começou-se a edificação de uma pequena capela”.

O documento não diz: “de mais uma capela”, ou de “uma nova capela”.

É pouco provável a construção de alguma capela antes de 1889, pois no

Livro Tombo da Matriz de Nossa Senhora da Conceição (atual Catedral),

à qual Rebouças pertencia antes de 1870, e no Livro Tombo da Paróquia

de Santa Cruz (1870-1914) não há nenhuma referência ao fato. Se tivesse

havido a construção de alguma capela antes de 1889, ela certamente teria

sido inaugurada com a presença de um padre da Matriz e isso constaria por

escrito no Livro Tombo. Era acontecimento religioso importante a ereção de

1 Brito, Jolumá. História da cidade de Campinas, vol. XVIII, p. 178).

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capelas.

Ainda mais: Numa entrevista dada ao jornal “A Gazeta de Sumaré”

em abril de 1955, Dona Mariquinha Raposeiro, que nasceu em Jacuba em

1863 e se mudou para Rebouças em 1879, diz que no seu tempo as missas

eram celebradas na casa de Antonio do Valle. Ora, se houvesse capela antes

de 1889, obviamente as missas seriam rezadas na capela e não numa casa

particular. As leis eclesiásticas eram rigorosas quanto a isso, e as missas ou

casamentos religiosos só eram celebrados fora da igreja em casos especiais

e com autorização do bispo.

A grande preocupação naquele momento era construir uma capela

porque o protestantismo estava avançando2.

Cabe lembrar que a origem de Americana se deve aos migrantes

americanos fugidos da Guerra de Secessão. Com eles vieram evangélicos

presbiterianos. Situada entre Campinas e Americana, o bairro de Rebouças

sofreu a influência deles, mesmo porque antes já havia aqui algumas famílias

de origem americana, como a de Guilherme Mills, por exemplo. Em 1870, já

havia a Igreja Presbiteriana de Campinas e o Colégio Internacional, fundados

pelo Reverendo Eduardo Lane.

Conforme depoimento de João Jacob Rowedder, antigo morador de

Sumaré, em 1904 foi construída outra capela porque a primeira era muito

pequena para atender a população. A primeira capela tinha ao lado um

2 No livro Sumaré – Edição Histórica. Editorial Focus, São Paulo, s/d, se lê que em 1886

Guilherme Miller “doou um terreno nesse ano para a construção de uma igreja presbiteriana” e

cita como fonte documental o Livro 4, Registro 1112 de 20 de março de 1886. Mas, o documento

citado não diz isso. Diz apenas que a Igreja Presbiteriana de Rebouças vende uma casa e terreno a

Luiz do Valle e Irmão. Essa casa era provavelmente onde os presbiterianos se reuniam, mas não era

uma igreja. De qualquer maneira, esse documento ajuda a entender a preocupação dos católicos

de Rebouças, que não tinham sequer uma capela. Isso fica claro nas palavras do vigário: “único

ponto da paróquia afetado pelo protestantismo”, para justificar a construção da primeira capela.

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Igreja de Sant´Ana, reformada em 1927, com a torre

(Acervo Pró-Memória)

Coreto da Praça da Republica - 1916

(Acervo Pró-Memória)

rancho coberto de sapé, que talvez funcionasse

como coreto e onde, na parte mais alta, estavam os

sinos. Construída a segunda capela, pouco maior

que a primeira, fez-se em cima dela o campanário

para os sinos.

A nova igreja foi reformada em 1927 e recebeu a

torre que a anterior não tinha. Conforme depoimento

de um antigo morador de Sumaré, Dr. Leandro

Franceschini, no interior dessa igreja, bem no alto,

sobre o altar, estava escrito: “Tudo no mundo passa.

Só Deus é eterno e sempre bom”. Foi demolida em

1949 dando lugar à Matriz atual.

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A Vida Religiosa em Rebouças antes de 1914

A Paróquia de Sant´Ana de Rebouças foi criada em 1914.

Pouco se sabe sobre a vida religiosa em Rebouças desde a construção

da primeira capela até 1914, quando foi criada a Paróquia. Os padres de Santa

Cruz vinham para Rebouças celebrar missas, batizar, atender confissões etc.

Alguns moradores antigos de Sumaré se referem ao Padre Abel como o mais

antigo padre de Sumaré, antes mesmo de 1889. Houve pelo menos dois

padres com esse nome em Campinas nas últimas décadas do século XIX.

Um deles se chamava Padre Abel Alves Barroso que foi coadjutor do 16º

Vigário da Catedral entre 1884 e 1885. Dele quase nada sabemos. Outro

Padre Abel, muito mais conhecido que o anterior, assinava A.C. Lacerda,

isto é, Abel Camargo Lacerda. Jolumá Brito diz que Abel era seu apelido,

pois seu nome correto era Antonio Manoel. Nascido em 1819 em Campinas,

foi um personagem curioso esse Padre Abel. Depois de algumas peripécias

interessantes, foi ser padre. Encontramo-lo vigário de Monte-Mor, Santa

Bárbara e Limeira entre 1863-1869. Era muito bom latinista, boa pessoa,

alegre, amigo de todos. Conta-se que era muito rico e dono de uma fazenda

pelos lados de Salto Grande. Tinha escravos, mas os deixava soltos e não os

castigava. Faleceu em 1902, em Campinas.

Talvez tenha sido este último Padre Abel, com sua figura simpática,

que andou por Rebouças antes de 1889 e que ficou na memória dos mais

antigos moradores de Sumaré. Não se pode esquecer que Rebouças e

Monte-Mor eram muito ligadas naquele tempo, como também, Campinas e

Santa Bárbara, lugares que o Padre Abel devia conhecer e palmilhar com

certa frequência.

Os casamentos religiosos não eram feitos aqui, mas em Monte-Mor,

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Campinas, ou raramente em alguma capela quando

autorizados pelo Bispo. No ano de 1909, temos a

notícia de uma Irmandade de Sant´Ana, no Bairro

de Rebouças, cujo presidente era Antonio Rodrigues

dos Santos, e que não durou mais que três meses. Foi

dissolvida “não por falta de espírito religioso, mas

sim por descuido dos nossos irmãos da Diretoria”,

esclarece o presidente. Na época havia também a

Irmandade das Almas do Purgatório, da qual não se

tem notícia.

Além do Padre Nery, outro que trabalhou em

Rebouças foi o Padre Miguel Angelo Ronsini. Em

1910 ele foi nomeado capelão da Igreja de Rebouças,

por um ano, “para celebrar, pregar e confessar”,

conforme se lê no Livro de Provisões3 de 1908-1911.

Em fevereiro, março e abril de 1913 começou a

haver missa aos domingos na capela de Rebouças,

com batizados, confissões etc. pelo Monsenhor

Francisco Garófalo. Em 25, 26 e 27 de julho foram

realizadas as Missões por ocasião da Festa da

Padroeira Sant´Ana e para preparar espiritualmente

o povo para a nova Paróquia. Mas o padre deixou

escrito no livro Tombo da Paróquia de Santa Cruz

que “pouco resultado conseguiu”, e se refere à

3 Provisão é um documento que antigamente a Igreja

usava para autorizar o exercício de certas funções e exercícios

ministeriais. Ainda hoje ela usa esse documento, principalmente no

desempenho da função ministerial.

“frieza dos seus paroquianos”.

A partir de 15 de maio de 1913, o Padre

Joaquim da Fonseca foi provisionado para o uso de

ordens, passando a residir em Rebouças. O Padre

Fonseca – como era conhecido – também dava aulas

particulares. Ele morava na casa de Antonio do Valle

e aí lecionava. José Lopes, um antigo morador de

Sumaré, que foi aluno desse padre se lembra:

“Bastava esquecer qualquer lição que o Padre

puxava a orelha da gente sem dó. Mas valeu a pena”,

diz José.

Nesse mesmo ano de 1913, certamente por

sugestão do Bispo e, com a ajuda do povo, construiu-

se uma casa para o Padre e, em agosto de 1914, o

Padre Miguel Guilherme passou a residir na Casa

Paroquial “recentemente construída”. Era um passo

para a criação da Paróquia. A casa paroquial ficava

no Largo da Matriz, hoje Praça da República, ao lado

do atual Restaurante Makey (2014).

Ao fundo, Igreja de Sant´Ana. (Acervo Pró-Memória)

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A Criação da ParóquiaEm 1914 Rebouças tinha 65 prédios e perto de 500 habitantes no

núcleo urbano. Na zona rural, onde havia muitos sítios e grandes fazendas,

a população era de 4 mil habitantes.Todo o território, que hoje abrange o

município de Sumaré e Hortolândia, com seus 4.500 habitantes, fazia parte

da paróquia de Sant´Ana. A economia do distrito baseava-se na produção

de café (em crise, mas ainda lucrativa), algodão, cana-de-açúcar, arroz,

milho e pecuária. Na cidade, havia armazéns de secos e molhados, açougue,

lojas de tecidos, padaria, oficina de ferreiro, máquina de beneficiar arroz,

café e algodão, serraria, pensões, pequenos hotéis e pequenas indústrias

(de macarrão, cerveja, aguardente, sabão...). Era bastante expressiva a

presença de imigrantes estrangeiros, em especial portugueses e italianos.

Rebouças tinha 3 escolas primárias, cadeia pública, Juiz de Paz, Cartório

de Registro Civil, farmácia, iluminação elétrica nas ruas, botequins, coreto,

banda musical. Em outubro de 1913 foi inaugurado o prédio da Subprefeitura

que acaba de festejar seu centenário e, é hoje, a sede da Associação Pró-

Memória.

Era bispo de Campinas Dom João Batista Correa Nery4 que conhecia

Rebouças e já trabalhara aqui. Era Vigário da Paróquia de Santa Cruz o

4 Dom Nery foi o primeiro bispo de Campinas. Foi um homem extraordinário, culto, cheio

de virtudes e de zelo apostólico. Reorganizou a vida religiosa em Campinas e deu exemplo de

extrema dedicação ao próximo quando a cidade foi assolada pela epidemia de febre amarela,

matando quase 2 mil pessoas. Campinas lhe rendeu justa homenagem com estátua em praça

pública, nome de ruas e estabelecimentos, colocando-o entre os maiores nomes de sua terra.

Sumaré ainda não pagou essa dívida.

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Cônego Otávio Chagas de Miranda, mais tarde bispo

de Pouso Alegre. Em Roma, acabava de falecer o

Papa Pio X (agosto), sendo logo substituído por

Bento XV. Na Europa explodia a Primeira Guerra

Mundial entre as potências européias (1914-1918).

No dia 9 de outubro de 1914 saiu o Decreto da

criação da Paróquia de Sant´Ana de Rebouças e no

dia 11, domingo, deu-se sua instalação oficial.

Vale a pena deixar a palavra ao Cônego Otávio

Chagas de Miranda, que assim escreveu:

“No dia 11 de outubro, com a presença do Ex.mo Visitador Diocesano Mons. Joa-

Bispo Dom João Batista Correa Nery

Vista de Sumaré por volta de 1920. No primeiro plano em baixo, o Ribeirão Quilombo e as lavadeiras; no centro a

Estação Ferroviária; à esquerda a Rua Sete e no alto à direita a Igreja. (Acervo Pró-Memória)

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quim Mamede5, do Vigário desta Paróquia de Santa Cruz, do Pa-dre Miguel Guilherme, deu-se a instalação solene da Paróquia de Rebouças, desmembrada desta, provida de paramentos e utensí-lios mais necessários e com um patrimônio constante de excelente casa paroquial” (Livro Tombo).

O ponto alto da festa foi no domingo, dia 11. Na parte da manhã,

alvorada pela banda musical “Recreativa Reboucense”; às 8 horas, missa com

cânticos e primeira comunhão de 30 crianças. Às 10 horas, Mons. Mamede

cantou missa solene e ao Evangelho leu o decreto da criação da paróquia,

pronunciando em seguida um discurso de congratulações, ao tempo em que

dava posse ao novo vigário Padre Miguel Guilherme, que já tinha sido pároco

em Souzas.

Às 13 horas, inauguração da casa paroquial com discurso do Cônego

Otávio Chagas, que ofereceu o prédio ao bispado. Respondendo, o Senhor

Visitador teve palavras de entusiasmo e carinho para com o povo de Rebouças,

em especial, para a Comissão da Paróquia e para Antonio do Valle, que doara

o terreno para a construção da casa paroquial.

Observa “O Mensageiro” que para a construção da casa paroquial

e para a fundação da Paróquia contribuíram Antonio do Valle, Antonio

Jorge Chebabi, Albino de Souza Aranha, Antonio Joaquim de Souza, Miguel

Rodrigues dos Santos, João Francisco Ramos, Atílio Foffano, Francisco

Noveletto e Antonio Basio (sic).

Após a inauguração da casa paroquial houve nova administração

5 Dom Joaquim Mamede era natural de Rebouças. Sua biografia está em outro lugar deste

livro. Como Rebouças era um bairro de Campinas, algumas biografias dele colocam seu nascimento

em Campinas.

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do crisma, depois procissão de Sant´Ana, bênção do Santíssimo e canto

solene do te-déum. As cerimônias decorreram com muita ordem e grande

participação do povo, pois tratava-se de acontecimento importante para

Rebouças. As músicas sacras ficaram por conta de um coral de Campinas, sob

a direção do maestro João Brandemburgo, que executou músicas excelentes,

contribuindo para o realce da festa.

Às 20 horas Dom Mamede e comitiva regressaram a Campinas em trem

especial, levando as melhores impressões dos festejos.

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Manuscrito do Decreto da Criação da Paróquia de Sant´Ana

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A nova paróquia levava o nome de “Paróquia de Santa Ana de

Rebouças”, cujo titular era Nossa Senhora Sant´Ana6. Esse tratamento

honroso, comum no antigo devocionário católico, lembra que Sant´Ana é a

mãe de Maria e por isso leva, como a filha, o título de “Nossa Senhora”.

Ao mesmo tempo em que se criava a nova Paróquia, era encarregado

o Padre Miguel Guilherme, que já residia em Rebouças, de cuidar dela “até

última deliberação”. Esse sacerdote ficou como vigário aqui até 1920. Foi o

primeiro pároco de Rebouças.

6 Conta uma antiga moradora de Sumaré – Dona Mariquinha Raposeiro – que quando

se escolhia o nome de um santo para orago da capela de Rebouças, em 1889, Domingos Franklin

Teixeira, descendente dos velhos Teixeira Nogueira e proprietário de terras nesta região, sugeriu

o nome de São Domingos. Era comum os fazendeiros colocarem em suas fazendas o nome do seu

santo protetor. Mas, o Padre Nery preferiu colocar a capela sob a proteção de Sant´Ana, devoção

tradicional no Brasil. Domingos se rendeu ao argumento do Padre e mais uma igreja ganhou o

nome da mãe de Maria.

É certo que o Padre Nery foi ordenado sacerdote em 1886 e esteve em Rebouças várias

vezes, como atestam antigos moradores. Ora, é claro que o diálogo entre o padre e Domingos só

pode ter acontecido entre 1886 e 1889, numa de suas vindas a Rebouças, não antes. Este é mais

um argumento a favor da construção da capela em 1889 e não em 1868. Dom Neri nasceu em 1863,

e em 1868 tinha apenas 5 anos!

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1 |

Os Primeiros Tempos da Paróquia

São escassos os dados sobre os primeiros 24 anos de vida religiosa

da Paróquia de Sant´Ana. A principal fonte histórica seria o Livro Tombo

da Paróquia que, por razões desconhecidas, não se encontra no Arquivo da

Cúria Metropolitana de Campinas. Talvez tenha sido perdido ou até mesmo

destruído em algum incêndio. Resta a esperança de que um dia apareça essa

preciosa relíquia, se é que ainda existe.

Sabe-se, por outras fontes, que, em 1915, a pedido dos paroquianos do

Bairro dos Amarais e vizinhanças, foram modificados os limites da Paróquia

de Rebouças. Era muito difícil para essas pessoas frequentarem a Matriz

de Sant´Ana, estando tão perto da Matriz do Carmo. Por isso tornaram-se

paroquianos do Carmo. Mas, consta que em 1922 os antigos limites voltaram

a vigorar.

Consta ainda, que em 1919, o já, então, Cônego Miguel Guilherme

recebeu provisão para benzer uma capela da família Gazzeta, situada no

Cemitério de Rebouças e que ainda existe. Não se trata da capela atual do

cemitério, que foi construída mais tarde. No ano seguinte, consta também a

provisão para ele celebrar missa na capela de Santo Antonio, em Rebouças,

e no Núcleo Colonial Nova Veneza. Provavelmente trata-se da capela de

Nossa Senhora do Rosário, construída pela família Dall´Orto, em 1917, bem

próximo à rodovia Anhanguera.

Em 1916, a Sociedade Recreativa Musical Reboucense conseguiu da

Câmara Municipal de Campinas 300.00 (trezentos mil réis) para construir um

coreto no largo da Matriz. Logo ficou pronto e nele a banda alegrava a praça

aos sábados, domingos e nas festas da igreja. O leilão era feito no coreto.

Compulsando o Relatório publicado pela Diocese de Campinas

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1 |

verifica-se que o movimento religioso de Rebouças

era bom. Em 1915, houve na Paróquia 35 batizados,

4 casamentos, 20 primeiras comunhões e havia 38

crianças no catecismo.

A título de curiosidade, vejam-se aqui os nomes

dos primeiros batizados, dos primeiros casamentos

na Paróquia e dos primeiros encomendados.

As primeiras crianças batizadas foram

(respeitada a grafia original):

Ataliba, filho de Jacob Hoffmann Filho e

Francisca de Paula Mendes. Padrinhos: João

Gonçalves Dias e Ana Barbosa.

Amelia, filha de Manoel Francisco de Camargo

e Juventina Francisco de Jesus. Padrinhos: Frederico

Argentão e Maria Gavioli.

Francisco, filho de João Pucci e Magdalena

Lopes. Padrinhos: Jozia de Souza e Ameliça Queiroça.

João, filho de José Ignácio da Silva e Gertrude

Maria da Silva, sendo padrinhos: Atilio Foffano e

Antonia Foffano.

Vitalina, filha de José Portela Dias e Roza

Navarro Dias, tendo como padrinhos Francisco Peres

e Maraia Carnaccini.

Fioravante, filho de José Mancini e Marian

Alpina, sendo padrinhos José Noveletto e Antonia

Mancini.

Eduardo, filho de Olivio Costa de Oliveira e

Durcinda Maria de Jesus e sendo padrinhos Eduardo

Galvão e Maria do Carmo Galvão.

Maria Aparecida, filha de Joaquim Antonio e

Antonia da Silva, sendo padrinhos Francico Manoel

de Souza e Maria Francisca.

João, filho de Cesar Geraldelli e Theresa

Gaviota, sendo padrinhos Alexandre Bufferá e

Josepha Geraldelli.

Todos esses batizados foram realizados pelo

Pro-Vigário Padre Miguel de Guilherme (é como ele

assinava seu nome), no mês de outubro de 1914. No

mês de dezembro foram batizadas crianças muito

conhecidas na história de Sumaré: Francisco, filho

de Manuel Miranda e Jose (sic) Miranda, tendo como

padrinhos José Maria Miranda e Maria Piedade

Miranda; Eulina, filha de Antonio do Valle Sobrinho

e Elvira Biancalana do Valle, cujos padrinhos foram

Francisco Biancalana e Thereza Buschianeli; e

o último batizado do ano, de Durvalina, filha de

Antonio Vasconcellos e Emília Vasconcellos tendo

como padrinhos Manoel de Vasconcellos e Carlota

Vasconcellos.

Os primeiros casamentos realizados na

Paróquia foram de João Baptista e Anna Maria. Ele

era filho de Pedro Baptista e Jovina Sposito e ela era

filha de Gabriel de Campos Oliveira e Maria Angelina

das Dores.Já eram casados no civil e casaram-se com

dispensa de proclamas. Seus padrinhos foram José

Mancini e Francisco Noveletto.

Mais alguns casamentos: João Costa e Cecília

Maria. Os pais dele eram João Costa e Maria Costa,

e os dela eram Benedito Reauyyal (?), não constando

o nome da mãe. Já eram também casados no civil e

foram dispensados dos proclamas. Ele com 50 anos

e ela com 45.

Joaquim e Verdulina Baptista. Ele era filho de

Manoel do Valle e Maria do Carmo Camargo e ela era

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filha de Manoel Antonio de Pinho e Maria Baptista de Pinho. Os padrinhos

foram Luiz Duardo (sic) e Antonio do Valle.

João e Amélia: ele filho de José Marques e Josepha de Jesus. Ela filha

de João Fructuoso e Maria do Valle Mello, sendo padrinhos Francisco do

Valle Mello e Antonio do Valle Mello.

Carlos e Ida: ele filho de César Biondo e Maria Busado Biondo e ela filha

de Eugênio Coltro e Ana Faiella (de Monte Mor). Foram padrinhos Mariano

Frasqueti e Angelo Padula.

Os primeiros óbitos registrados na Paróquia só o foram a partir de

1921. O primeiro Vigário não registrou os nomes dos mortos encomendados

na Paróquia. Os primeiros óbitos lançados no Livro são de Maria Rita, filha

de Adolfo Caetano Andrade e Cândida Machado do Amaral; Antonio, filho

de Pedro Rodrigues dos Santos e Maria Pereira dos Santos; José filho de

Ucílio Matioli e Barbarina Bortolacci; Gabriela, filha de Felipe Cantoso e

Maria Francisca de Moraes; Marcelino, filho de pais desconhecidos; Ana

Maria, filha de Hermenegildo Gigo e Theresa Petroni(sic); Santo, filho de João

Noveletto e Angela Noveletto; Antonio, filho de João Secon e Joana Basso.

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As Associações Religiosas e a festa da Padroeira

Em janeiro de 1915, o Secretário Geral do bispado pediu ao padre

Miguel Guilherme que criasse na Paróquia a Irmandade de São Benedito.

Não se sabe se ela foi criada ou não. Em novembro de 1917 o Padre Miguel

Guilherme pediu licença ao bispo para fundar na Paróquia a Irmandade das

Almas do Purgatório. O bispo auxiliar Dom Joaquim Mamede parece não ter

gostado da idéia, e respondeu: “Não permitiremos fundação de Irmandade

a não ser a do Apostolado da Oração. O Revmo Pe. Vigário trabalhará para

fundar o Apostolado da Oração e não pensará em outras irmandades, a não

ser também na Liga de São José”.

O Apostolado da Oração era uma associação que existia no Brasil

desde meados do século XIX, existe até hoje em muitas paróquias brasileiras,

e foi trazida pelos jesuítas. Tem milhões de membros em todo o mundo. O

objetivo da Irmandade é rezar, evangelizar e integrar oração e vida.

No Relatório da Diocese de Campinas, de 1921, aparecem também a

Liga de São José, a Associação da Doutrina Cristã e o Apostolado da Oração.

Dessas duas últimas associações era presidenta Cândida Rodrigues.

Na época, a Igreja incentivava a criação de associações religiosas; elas

serviam de sustentação da vida cristã na Paróquia. Cada associação tinha

um objetivo específico: uma era voltada para o culto da oração, outra para a

devoção ao Santíssimo Sacramento ou à Nossa Senhora; outra para o estudo

da Doutrina Cristã, e assim por diante. Tinham normas rígidas e exigiam dos

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1 |

seus membros determinados compromissos, além

de terem uma organização regimental interna como

qualquer entidade social.

Outra associação, era a Pia União das Filhas

de Maria composta de moças, muito antiga na Igreja,

desde a Idade Média, depois incentivada por Pio

IX. As meninas eram admitidas na associação, a

partir dos 16 anos. Usavam vestido e véu brancos,

fita verde no pescoço com uma medalha de N.S. das

Graças. Depois de um certo tempo de aspirantado,

eram admitidas como efetivas e passavam a usar

fita azul no pescoço e faixa na cintura. Rezavam o

ofício de Nossa Senhora, faziam retiro espiritual,

incentivavam a devoção à Virgem e ajudavam as

crianças na Igreja. Quando se casavam, deixavam a

associação e ingressavam em outra.

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1 | A festa da Padroeira

Não havia muitas festas antigamente em Rebouças. Mas, as poucas que havia eram

muito boas, principalmente a festa de Sant´Ana. Vinha gente de toda a redondeza, a pé,

a cavalo, de carroça, carro-de-boi, trole, cabriolé, trem... A população de Rebouças quase

dobrava. Distâncias de cinco, seis ou dez quilômetros não desanimavam ninguém de ir à missa

ou às festas religiosas. Os que vinham do sítio, a pé, tiravam os sapatos e só os calçavam ao

chegar à cidade. Lavavam os pés, em alguma casa, arrumavam-se e iam à igreja. Festa era dia

de roupa nova, chapéu novo, sapato novo.

Coreto na Praça da Matriz construído em 1916

(Acervo Pró-Memória)

Andores, Festa de Sant´Ana. (sem data)

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1 |

Os Novos Vigários a par tir de 1920

Em fevereiro de 1920, falecia o bispo de Campinas D. João Nery e logo,

em julho, era nomeado para substituí-lo outro campineiro, D. Francisco de

Campos Barreto, cuja posse foi em novembro. Nesse mesmo mês, o Padre

Guilherme deixava a Paróquia de Rebouças, sendo substituído pelo Padre

Antonio Maria Vieira.

No seu tempo, foram restituídos os antigos limites da Paróquia

de Sant´Ana, agregando-se, novamente, a ela os bairros do Matão e dos

Amarais. Logo que tomou posse, a 31 de dezembro de 1920, o Padre Vieira

pediu e obteve do Bispo a autorização para reformas na Matriz. Não consta

que elas tenham sido feitas, embora antigos moradores de Sumaré mencionem

reformas da igreja, em várias épocas. O padre pediu também autorização

para completar a escrituração dos livros de batizados, casamentos e Fábrica7

que seu antecessor deixara incompleto8.

Pelo Relatório da Diocese de Campinas de 1921, fica-se sabendo que

7 Livro Fábrica era onde se lançavam os bens e os rendimentos da paróquia.

8 Como o Padre Vieira não se refere ao Livro Tombo, é provável que esse livro estivesse

em dia. Se não estivesse em dia, ou se ele não o tivesse encontrado, o novo Vigário teria disso se

queixado. Parece então razoável supor que o primeiro Livro Tombo da Paróquia de Sant´Ana de

fato existiu, embora se desconheça seu paradeiro.

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1 |

Rebouças tinha, nessa época,

4.687 habitantes. Essa era a

população de todo o distrito,

não apenas da área central. O

certo, porém, é que a população

aumentava e o movimento

religioso também. Segundo

o Relatório citado, Rebouças

teve nesse ano 65 primeiras

comunhões e 186 batizados.

Em janeiro de 1923, tomou

posse da paróquia o Padre José

Murillo, que era coadjutor da

igreja do Carmo. O Padre Antonio

Vieira foi nomeado pároco de

Valinhos. Pouco mais de um ano

paroquiou, em Rebouças, o Padre Murillo. Criou a

Legião da Boa Imprensa, cuja primeira presidenta foi

Brasília Almeida de Carvalho.

No relatório da Diocese consta que, em 1924,

havia na Paróquia de Rebouças, quatro capelas: a

de São Luiz, no Núcleo Colonial Nova Veneza, a de

Santo Antonio (particular), a do Cemitério Municipal

(particular) e a de Nossa Senhora do Rosário, em

Nova Veneza, à margem da Via Anhanguera. A de

Santo Antonio ficava no Bairro do Cruzeiro, na

Fazenda de Laurindo Caetano. A capela do Cemitério

era da Família Gazzeta e existe até hoje.

Em maio de 1924, o Padre Murillo era nomeado

vigário de Monte-Mor. Rebouças ficou sem padre até

Padre Epiphanio Estevam.

(sem data)

setembro. Nesse período, a Paróquia de Sant´Ana

foi anexada à Paróquia de Americana. Aqui deram

assistência religiosa os Padres Miguel Andery e

Victor Randuá. Este último era vigário de Americana

e foi “encarregado” da Paróquia de Sant´Ana, não

podendo ser contado entre os seus vigários.

O quarto vigário de Rebouças foi o Padre

Epiphanio Estevam que assumiu a paróquia em

outubro de 1924 e também aqui permaneceu pouco

tempo. Um ano depois, em setembro de 1925, foi

nomeado vigário de Monte Mor. Essa frequente troca

de padres não era boa para a Paróquia, como se pode

imaginar. Os próprios relatórios da Diocese nada

publicaram de Rebouças em 1924/1925 e o número

de batizados e casamentos caiu muito. A impressão

que se tem é que a vida religiosa da paróquia caiu

bastante.

Desde setembro de 1925, o novo Vigário de

Rebouças foi o Padre Estanislau Mosciaro. Este

padre italiano ficou quase nove anos como vigário,

mas se ausentou de Rebouças por várias vezes e

longos períodos: a primeira vez, por seis meses,

a segunda, por onze e a terceira, por cinco meses.

Em sua ausência quem ajudava na paróquia eram

os padres de Campinas. De junho de 1930 a maio

de 1931, na segunda ausência do Padre Mosciaro, a

Paróquia foi anexada ao Curato da Catedral. Nesse

período quem respondeu por Rebouças foi o Cônego

João Sebastião Loschi. Ajudaram-no o Padre Manoel

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1 |

Assinando está o Padre

Epiphanio Estevam. (sem data)

Simões Lima e o Padre Francisco Marcondes9.

Foi no tempo do Padre Mosciaro, precisamente em 1927, que a Matriz

recebeu algumas reformas, quando o seu campanário foi substituído pela

torre, dando-lhe mais imponência. A igreja recebeu também nova pintura e

instalações elétricas mais modernas.

9 Nesse tempo, o bairro de Jacuba (atual Hortolândia) pertencia à Paróquia de Sant´Ana.

Ficou muito conhecida então a “Santinha de Jacuba”, que mereceu reportagens de vários jornais,

como Correio Popular de Campinas, Folha da Manhã, Folha da Noite, o Estado de S. Paulo e até de

um jornal carioca. Tratava-se da menina Maria Apolônia, que dizia ver Nossa Senhora e conversar

com ela. Multidões de pessoas das cidades mais distantes vinham em busca de milagres. Alegando

que essas manifestações populares eram contrárias à moral e aos bons costumes, as autoridades

policiais de Campinas, a mando do Juiz de Menores apreenderam a menina, que ficou reclusa por

seis meses no Patronato São Francisco, em Campinas. O pai da menina chegou a perder o pátrio

poder. Não se tem notícia da intervenção da Igreja nesse episódio, e nada consta nos documentos

da Paróquia de Sant´Ana, nem nos arquivos da Cúria Metropolitana.

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1 |

Ao centro, o coreto em frente

à Matriz e à direita barraca

construída em 1937 para

quermesse. (Acervo Pró-Memória)

De maio de 1931 a fevereiro de 1934, o Padre

Mosciaro voltou a exercer o paroquiato, mas, em

fevereiro, afastou-se novamente e a Paróquia foi

outra vez anexada à Catedral, até junho. Desta data,

até abril de 1935, Rebouças ficou sem vigário. Quem

aqui trabalhou, nesse período, foi o Padre Francisco

Marotta Schettini, que foi designado para vice-

pároco, o que não lhe confere no direito de estar

entre nos párocos de Sant´Ana.

Em 14 de Abril de 1935, tomou posse o novo

Vigário de Rebouças. Era o Padre Manoel Guinot

Bernat, o sexto Vigário na linha sucessória. Esse

sacerdote ficou apenas sete meses à frente da

Paróquia. Deixou Rebouças em novembro, quando

mais uma vez os católicos de Rebouças ficaram sob

os cuidados dos padres da Catedral.

Vale registrar que, em 1935, saiu uma Provisão

da Cúria aprovando os Estatutos da Irmandade

São Francisco de Assis, em Jacuba, que pertencia à

Paróquia de Sant´Ana. A devoção a São Francisco

fazia sentido, pois o orago da capela de Jacuba foi o

santo de Assis durante muitos anos seguidos.

Logo depois da posse do Padre Bernat foi

constituída uma Comissão para providenciar a

“reconstrução da Igreja Matriz de Rebouças”,

composta das seguintes pessoas: Sebastião Perrot

Luchini (Presidente), Ignacio de Carvalho (Vice-

Presidente), Vitório Pansan (Tesoureiro) e Libório

Pires de Almeida (Secretário). Nada mais consta nos

documentos sobre essa Comissão. O pouco tempo

à frente da Paróquia tornou impossível uma obra

desse porte. Sabe-se que a Matriz só foi reconstruída

quinze anos depois. Mas, fica o registro e a prova de

que a idéia de uma igreja maior era bem antiga.

Após três meses sem Vigário, isto é, em março

de 1936, foi nomeado para Rebouças o Padre Manoel

Soares Pinheiro. Foi o que menos tempo ficou à frente

da Paróquia: apenas cinco meses. Em julho ele se

despedia dos reboucenses.

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Nova Fase da História da Paróquia

A partir de julho de 1936, temos informações amplas e preciosas sobre

a vida da Paróquia. É que nessa data tomou posse o Padre Thiers Pelicce

Licio. Como vigário, ele começou o novo Livro Tombo da Paróquia, onde

assim se expressa:

“Após quase vinte e quatro anos de paróquia... agora somente ini-ciamos o novo Livro Tombo da Paróquia, onde, com clareza, par-ticularidade e precisão se vão lavrando aqueles mesmos aconteci-mentos e fatos...” 10.

As associações religiosas, como já vimos, existiam na paróquia

desde o início. Elas eram muito fortes e organizadas e duraram décadas. O

Apostolado da oração, a Congregação Mariana, as Filhas de Maria, a Cruzada

Eucarística e a Liga de São José duraram muitos anos e aos poucos foram

desaparecendo, após o Vaticano II. Em 1960, ainda havia a Pia União das

Filhas de Maria, a Congregação Mariana, a Obra das Vocações, a Cruzada

Eucarística, a Doutrina Cristã, a Legião de Maria (presidium) e os Irmãos do

Santíssimo.

10 Como já notamos, não foi encontrado o primeiro Livro Tombo da Paróquia. O que até aqui

se relatou foi tentativa de preencher essa lacuna, socorrendo-nos de outras fontes, quase sempre

isoladas e incompletas.

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A “Pia União das Filhas de Maria”, para as

moças, e a “Congregação Mariana” para os moços,

eram muito fortes e organizadas nesse tempo. Os

católicos mais antigos de Sumaré ainda se lembram

delas com entusiasmo.

Havia, também, a Conferência de São Vicente,

que não era propriamente uma associação religiosa,

mas um grupo de paroquianos que cuidava,

especialmente, dos pobres, num trabalho muito

bem estruturado de visita e ajuda aos mais carentes.

Ela foi fundada em 1937, tinha dez confrades e

nove famílias assistidas. Até 1947 encontram-se

referências sobre a atividade dos vicentinos, quando

havia apenas quatro confrades. Provavelmente,

a Conferência deixou de existir, só voltando a se

organizar em 1980, no tempo do Padre Ângelo

Marighetto. E persiste até o presente.

Parece que a atividade religiosa foi intensa

no tempo do Padre Thiers. Aumentou o número

de casamentos, confissões, comunhões, tríduos,

novenas, retiros espirituais, festas, catecismo às

crianças etc.

Foi também, por volta de 1937, feita a

ampliação do pátio da Igreja e a construção de uma

barraca com telhado, por Manoel de Vasconcellos,

para leilões e “kermesses”, como se escrevia na

época. Essa barraca, durante muitos anos, fez parte

da praça da Igreja e pode ser vista em fotos antigas.

A parte interna da Matriz foi decorada pelo pintor

Antonio Dedona e suas janelas foram pintadas. O

altar de mármore de Nossa Senhora ficou pronto.

Em Jacuba foi feita a reforma da capela de São

Francisco (julho de 1937) e na Matriz de Sant´Ana foi

refeita a instalação elétrica e também uma reforma

na Casa Paroquial (outubro de 1938). Esta ficava

onde hoje é o prédio nº 236 da Praça da República.

O Padre Thiers era ativo e dinâmico, mas

depois de quase cinco anos de luta, estava cansado.

Lamentava-se da indiferença dos paroquianos

e parecia sentir o peso do trabalho à frente de

Rebouças. Prova disso é que, em abril de 1940,

passou a residir em Campinas, vindo para Sumaré

só aos sábados, domingos e dias santos, ou quando

fosse necessário. Finalmente, em janeiro de 1941, ele

foi designado para Posse de Ressaca. Escreveu no

Livro Tombo:

Padre Thiers Pelicce Licio

(Acervo Pró-Memória)

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“Continuamos aquela vidinha de traba-lhos paroquiais sentindo ainda bem de perto o espírito frio e indiferente desta localidade, principalmente entre os ho-mens... nesse terreno duro de se plantar”.

O lamento do padre talvez se possa explicar:

a troca contínua de padres que o precederam. O

padre Epiphânio, por exemplo, tinha ficado só um

ano e meio à frente da paróquia, o padre Mosciaro

ficou 9 anos, mas ausentou-se três vezes por longos

períodos, o padre Bernat ficou apenas 7 meses e o

padre Manoel Soares que o precedeu ficou quatro

meses. Essas mudanças constantes com certeza

atrapalhavam a vida da paróquia e não propiciavam

o desenvolvimento de um trabalho continuado e

eficaz.

No mesmo mês de janeiro de 1941, tomou

posse o novo Vigário Padre Cristovam Porphirio de

Almeida Machado. Pouco consta dos dois anos que

ele ficou aqui. Segundo testemunho de uma antiga

moradora, Padre Cristovam era muito bravo e, às

vezes, áspero com o povo. Quando algum membro

das irmandades faltava às reuniões, missas ou rezas

várias vezes, ele convidava o povo para o enterro do

faltoso. Dizia que, se faltava tanto, é porque tinha

morrido. Por outro lado havia os que gostavam dele

e o admiravam pela sua rigidez e austeridade. Em

julho de 1942, na festa da Padroeira, só 23 crianças

fizeram a primeira comunhão. O padre registrou:

“Isso deveu-se à negligência dos pais”.

A vida paroquial continuava sustentada

pelas associações religiosas e irmandades. No seu

paroquiato faleceu D. Francisco Barreto, bispo

diocesano (22 de agosto de 1941), sendo substituído

por D. Paulo de Tarso Campos, em primeiro de março

de 1942.

Em 11 de janeiro de 1943, a Paróquia foi

novamente anexada à Freguesia de Americana, onde

era vigário o Padre Epiphanio Estevam, já conhecido

dos reboucenses. Nesse ano, Rebouças ficou sem

pároco, mas durante todo o ano de 1943 o Padre

Epiphanio deu atendimento aqui, ajudado por um

padre estigmatino de Nova Odessa e por alguns

padres de Campinas, como o Padre Loschi, o Padre

Albejante, o Padre Hilário e outros.

Padre Cristovam Porphirio

(Acervo Pró-Memória)

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Santinho da Festa de Sant´Ana em

1944 (Acervo Pró-Memória)

Pe.Jose Giordano e Euclides Miranda

Pe. José Giordano

discursando no

Coreto da Praça

em 1954

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Cap

ítulo

1 |

Padre José Giordano

Na véspera de Natal de 1943, tomou posse

o novo Pároco da Freguezia de Sant´Ana: Padre

José Giordano. Esteve à frente da Paróquia por dez

anos e oito meses. Foi no seu tempo que a velha

Rebouças passou a se chamar Sumaré (01/01/1945),

em homenagem à bela orquídea, outrora comum, nas

matas da redondeza.

Segundo o Padre José, a igreja, a casa paroquial e o barracão (sede

da Congregação Mariana) se achavam em situação precária, mas o povo é

simples e bom. Durante os anos em que esteve como vigário, o movimento

religioso era muito bom e o povo “crescia pela fé e boa vontade”, escreveu

ele no Livro Tombo.

Em julho de 1947, foi feita, ainda na Matriz velha, a ereção canônica

da Via Sacra, pelo padre franciscano Frei Antonio Shaefer. Os quadros

foram doados por duas piedosas senhoras da paróquia. Vários paroquianos

estiveram presentes à Semana da Ação Católica organizada em Campinas

pela Diocese (junho de 1947) e no Congresso de Campinas (setembro de

1946).

Era papa o Cardeal Eugênio Pacelli, com o nome de Pio XII, era

presidente da República o General Eurico Gaspar Dutra, era governador do

Estado de São Paulo Adhemar de Barros, e era bispo de Campinas Dom Paulo

de Tarso Campos.

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1 |

Esboço arquitetônico da Igreja Matriz feito pelo arquiteto

Benedito Calixto. (Acervo Pró-Memória)

Na gestão do Padre Giordano foi criada

a paróquia de Nossa Senhora das Dores, em

Nova Odessa, (agosto de 1948) com território

desmembrado da Paróquia de Santo Antonio de

Americana e de Sant´Ana de Sumaré.

Nas realizações materiais, a ênfase foi grande

nesse período: reformou-se a casa paroquial,

compraram-se vários objetos do culto, deu-se início

à construção da nova Matriz. Em 6 de abril de 1947,

foi lançada a pedra fundamental, cuja planta era de

autoria de Benedito Calixto de Jesus Neto, o mesmo

que projetou a Basílica Nacional de Nossa Senhora

Aparecida. Em 5 de maio, do ano seguinte iniciava-

se a sua construção sob a responsabilidade do

engenheiro Dr. Eduardo Edargê Badaró. A nova igreja

foi construída na Praça Treze de maio, propriedade

de Atílio Foffano e por ele doada à Igreja com data

de 29 de abril de 1948. Em 1949 foi demolida a

antiga Matriz.

Ainda por terminar, foi inaugurada a Matriz

a 19 de março de 1950. Mas, segundo testemunho

de uma antiga moradora, a primeira missa na Matriz

nova foi em 24 de dezembro de 1949. A inauguração

oficial foi em meio a ruidosa festa, com a presença

do Prefeito Municipal de Campinas Miguel Vicente

Cury, do Bispo Diocesano D. Paulo de Tarso Campos,

de vários padres e outras autoridades. No átrio

(entrada ) da igreja foi colocada uma placa de bronze

em homenagem ao Padre Giordano.

Em 1951 prosseguiram as obras da Matriz, sendo

feita a concretagem do forro, a alvenaria da torre,

o reparo do telhado danificado por um temporal.

No ano seguinte, mês de julho, foi inaugurada a

imagem de Cristo na Praça da Igreja, no mesmo lugar

onde existia a antiga Matriz e o antigo cemitério,

desativado em 1900. Foi doação dos irmãos Cia.

Lamentável incidente ocorreu em setembro

de 1953, quando um incêndio na sacristia queimou

as alfaias e objetos de culto. Muitas pessoas

correram para apagar o fogo com baldes de água e

outras vasilhas. Nesse ano, também realizou-se o

plebiscito (novembro de 1953) quando Sumaré se

emancipou,politicamente, de Campinas.

Na campanha política para a eleição do

primeiro prefeito de Sumaré, um dos candidatos era

o Padre José Giordano. Era o ano de 1954. Sendo

difícil conciliar campanha política com trabalho

pastoral, D. Paulo achou por bem exonerar o Padre

José do cargo de Vigário, em agosto. Ele foi eleito o

primeiro prefeito de Sumaré e tomou posse no dia 1º

de janeiro de 1955.

A Paróquia ficou sem Vigário de agosto de

1954 a abril de 1955. Aos sábados e domingos

vinha de Americana o Cônego Nazareno Magi

para missas, confissões, casamentos etc. Coisas

estranhas aconteceram nesse período, segundo

depoimento do Cônego Magi: muitos membros das

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Cap

ítulo

1 |

Santinho comemorativo da inauguração

da Matriz (Acervo Pró-Memória)

Esboço arquitetônico da Igreja Matriz feito pelo arquiteto

Benedito Calixto. (Acervo Pró-Memória)

Igreja Matriz de Sant´Ana recém-construída (1950)

(Acervo Pró-Memória)

Igreja Matriz de Sant´Ana em construção.

(Acervo Pró-Memória)

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1 |

associações religiosas da Paróquia – mais de cem

– pediram demissão sem alegar motivo algum. Mas

a explicação era simples: a entrada do Padre José

na política dividira a população, que transferiu as

preferências partidárias para o âmbito religioso. Na

Câmara Municipal havia os vereadores que apoiavam

o prefeito e os da oposição. Os apoiadores do

prefeito eram chamados de “a turminha do padre”.

Essa situação era o reflexo do que acontecia na

cidade. Um jornal local escreveu:

“A cidade ficou dividida ao meio com duas correntes políticas disputando a preferência do eleitorado. Os grupos for-mavam-se aqui e ali, cada qual com seu banheiro, com seu armazém, com sua farmácia, e assim por diante. A paixão política era tão grande que até parentes chegaram ao ponto de romper relações”. 11

Por causa disso, várias famílias deixaram a

religião católica e tornaram-se evangélicas.

Padre Carlos

11 Tribuna da Cidade, 01/10/1963

Padre José Giordano e Família Maluf

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Cap

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1 |

Augusto MalhoHouve claro recesso na vida religiosa da

comunidade católica, que não duraria muito. Em

maio de 1955, Sumaré tinha novo Vigário na pessoa

do Padre Carlos Augusto Gomes Malho. Porém, antes

mesmo de sua posse, o Padre recebia telegramas

anônimos de protesto contra sua nomeação, e

até ameaças. Algumas pessoas tentavam semear

discórdia jogando o padre Carlos contra o prefeito.

O novo pároco iniciou os trabalhos com coragem e

prudência, mas enfrentou enormes dificuldades: a Matriz inacabada, o salão

paroquial abandonado, a Casa Paroquial em situação precária. Além disso,

as associações religiosas acéfalas, as crianças sem catecismo por falta de

catequistas, a vida eucarística diminuída. Na visita pastoral realizada por D.

Paulo em abril de 1956, o Bispo deixou lavrado no livro do Tombo um elogio

ao Padre Carlos, que assumiu “os pesados encargos da paróquia em fase de

lamentável indisciplina”.

Aos poucos a Paróquia foi se reorganizando: novas diretorias das

associações foram eleitas, incentivou-se a participação de todos na Igreja,

foram dados cursos de formação religiosa para os marianos, os jovens

começaram a frequentar mais a sede paroquial, rezava-se o terço e lia-se o

Evangelho nas casas, as crianças frequentavam a Cruzada Eucarística, foram

organizadas romarias à Aparecida do Norte.

É digno de registro outro fato acontecido por essa época. No dia 13

de janeiro de 1957, na quermesse que preparava a festa de São Sebastião,

um soldado armado de revólver, atirou no Prefeito Padre José Giordano,

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1 |

ferindo-o sem gravidade. Houve tumulto, corre-corre, e alguns mais exaltados

foram à cadeia para linchar o soldado, mas nada de mais grave aconteceu.

O prefeito logo voltou às atividades normais e o soldado foi, posteriormente,

julgado e absolvido.

Ainda nesse ano, foram retomadas as obras da Matriz, e em Nova

Veneza foi lançada a pedra fundamental para a construção da capela de Nossa

Senhora do Rosário, por iniciativa da Família Dall´Orto, em substituição à

antiga capelinha que ficava perto da Via Anhanguera.

Em 1958, três fatos merecem destaque na história da paróquia: a

Diocese de Campinas passou a ser Arquidiocese (julho), faleceu em Roma

o Papa Pio XII e foi eleito João XXIII (outubro). Nesse ano, inaugurou-se

também o relógio da Matriz, na véspera do Natal, às 23:45h..

Por essa época (1959-1960), são criados na Paróquia o Curso de

Noivos, que era chamado de Curso de Orientação para o Casamento e o

Curso de Preparação para o Crisma; organiza-se a Semana Bíblico-Mariana

com palestras e debates; difunde-se o costume da Entronização do Sagrado

Coração de Jesus nos lares; funda-se a Legião de Maria, realizam-se as Festas

da Juventude, muito concorridas, e as Missas dos Esportistas, que enchiam

a igreja. Foi nessa época também (1958) que se criou o Instituto Assistencial

Pio XII – a Creche - para atender as crianças de famílias necessitadas. Em

1961 foi lançada sua pedra fundamental. Os marianos celebravam todos os

anos a festa de São Luiz Gonzaga, e as Filhas de Maria a festa de Santa Maria

Goretti, com a procissão dos lírios e tríduo preparatório.

No final do de 1960, foi assentado o piso da Matriz e em abril do ano

seguinte começou a reforma da Casa Paroquial, a aquisição de bancos novos

para Matriz e os dois confessionários.

Em 8 de dezembro de 1959, foi criada a Paróquia de São Francisco de

Assis, em Nova Veneza, sendo a maior parte do seu território desmembrada da

Paróquia de Sant´Ana. A nova paróquia foi entregue aos Frades Capuchinhos

que, depois construiriam aí o Seminário, cuja pedra fundamental foi lançada

em 19 de março do ano seguinte

Anúncio da Corrida Ciclística de Sant´Ana (1957)

Inauguração Supermercado Gigo

Pe. Carlos Malho (1962).

(Acervo Pró-Memória)

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1 |

Igreja Matriz e Praça Manoel de Vasconcellos nos anos sessenta.

(Acervo Pró-Memória)

Padre Carlos Augusto Malho. (Acervo Pró-Memória) Anúncio da Corrida Ciclística de Sant´Ana (1957)

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Cap

ítulo

1 |

As Mudanças Trazidas pelo Vaticano II

Para a vida da Igreja, o Concílio Vaticano II foi o acontecimento mais

importante do século XX e dos mais importantes de sua história. Cinquenta

anos depois, ainda não se pode avaliar com justeza o que ele significou de

transformação, de revisão, de reorientação pastoral no caminhar da Igreja.

Mas, pode-se falar com certeza numa Igreja antes do Vaticano II e numa

Igreja depois dele. Serviu de marco divisório. Essas mudanças se fizeram

sentir em Sumaré.

Na Semana Santa de 1960, os católicos puderam acompanhar, pela

primeira vez, as cerimônias com um folheto na língua pátria. Logo, foram

permitidas as comunhões fora da missa. Mais tarde, pôde-se celebrar missa

em vernáculo, o que aconteceu em julho de 1964. Finalmente, em maio

de 1965, começou-se a celebrar a missa vespertina, aos sábados, para

cumprimento do preceito dominical.

Continuavam as Associações religiosas. Em março 1959, foi fundado

o Presidium da Legião de Maria e no fim de 1969 tomaram posse as diretorias

da Pia União das Filhas de Maria, da Congregação Mariana, da Obra das

Vocações, da Cruzada Eucarística e da Doutrina Cristã.

Mas outras mudanças mais significativas começaram a se processar.

O Concílio fizera a Igreja abrir-se para o mundo, organizando e valorizando

a ação pastoral, chamando os leigos para maior participação na vida das

comunidades. Foi assim que, em Sumaré, as associações religiosas da

Paróquia foram convidadas a replanejarem as atividades, foram ministrados

os cursos de “Mundo Melhor”, a catequese foi revalorizada, a liturgia

começou a ser mais estudada, promoveram-se debates e estudos sobre o

Concílio Ecumênico. Havia grande preocupação em renovar a vida paroquial.

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Cap

ítulo

1 |

preocupação. Pela primeira vez a Arquidiocese fala

de um “planejamento mínimo para as paróquias da

Diocese”. Em maio de 1963, saía a Encíclica Pacem

in Terris.

Foi nesse tempo que a Paróquia comprou a casa

do Padre Giordano para ser a nova casa paroquial

(agosto de 1962) ao lado da Matriz.

Mas, em junho de 1963, o Padre Carlos era

transferido para a paróquia do Bonfim, em Campinas,

alguns dias após a morte do Papa João XXIII.

Na década de 1960, Sumaré começou a

crescer rapidamente e a tomar feição de município

rico e desenvolvido. A população passava dos 10 mil

habitantes. Grandes e médias indústrias se instalam,

migrantes acorrem de todo o lado, novas famílias,

novos meios de comunicação. O padre já começa

se preocupar com o número de evangélicos que

aumentava com a vinda dos migrantes e mostrava-se

também atento com a infiltração de ideias socialistas

entre os trabalhadores. A Paróquia tinha que cuidar

de novas realidades e o Vigário deixava clara essa

Igreja Matriz de Sant´Ana, 1966. (Acervo Pró-Memória)

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1 |

Pe. Constantino Gardinalli Igreja Matriz dec.1970

(Acervo Pró-Memória)

Escola J.S.Francisco - Inauguração (Acervo Pró-Memória)

Inauguração da Praça Manoel de Vasconcellos

(Acervo Pró-Memória)

Solenidade Dr. Leandro Franceschini (Acervo Pró-Memória)

Inauguração da Ultrafértil. (Acervo Pró-Memória)

Inauguração da Escola

Estadual Wadih J.Maluf.

(Acervo Pró-Memória)

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Cap

ítulo

1 |

Padre Constantino Gardinalli

Em junho de 1963, o novo vigário passou

a ser o Padre Constantino Gardinalli. A vida

paroquial prosseguia em ritmo normal, mas com

novas mudanças, especialmente na liturgia: missas

com violão, missas comentadas e com leitura em

português, missas de jovens.

Em outubro de 1964, a Paróquia fez 50 anos. Houve comemorações

durante uma semana, com a presença de vários padres e do Arcebispo de

Campinas Dom Paulo de Tarso Campos.

Com o término do Concílio, em dezembro de 1965, iniciaram-se em

todo o mundo estudos sobre os documentos conciliares. Sumaré também

organizou, estando um deles a cargo do reitor do Seminário São Francisco,

Frei Lauro Maria de São Paulo.

Como obras materiais destacou-se, nessa década, a compra feita pela

Paróquia de uma casa ao lado da Casa Paroquial (1965), a troca do telhado

da nova igreja Matriz (dezembro de 1965), a construção da nova igreja de

Hortolândia (janeiro de 1966), o início das obras da Igreja de N.S. Aparecida

na Vila Sant´Ana (janeiro de 1969), depois Centro Pastoral, e a inauguração

da nova capela do Cemitério Municipal em novembro de 1970.

Na época do Padre Constantimo desenvolveram-se vários movimentos

de Igreja, como os “Cursilhos de Cristandade”, o “Treinamento de Liderança

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Cap

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1 |

Clovis Nogueira

(Acervo Pró-Memória)

Inauguração Escola Vila Valle

(Acervo Pró-Memória)

Inauguração Estação Rodoviária

República - (Acervo Pró-Memória)

Pe.Constantino Gardinalli - Em Solenidade

(Acervo Pró-Memória)

Recebendo hóstia estão: Antonio José Marmirolli, Antonio Pereira de Camargo Netoe Valter Pedroni.(Acervo Pró-Memória)

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Cap

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1 |

Páscoa do Serviço Social de Sumaré, abril de 1969. (Acervo Pró-Memória)

Igreja Matriz, vista noturna 1968. (Acervo Pró-Memória)Instituto Assistencial Pio XII. (Acervo Pró-Memória)

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Cap

ítulo

1 |

Cristã” (TLC ou TOLOCO), o “OVISA”, (Orientação

para a Vivência Sacramental), o “Fermento na Massa”

(FNM), dos quais participaram centenas de pessoas e

que marcaram época pela sua organização dinâmica

e pela sua empolgação. É nesse período (1964),

que se iniciaram as “Campanhas da Fraternidade”,

organizadas pela CNBB para todo o Brasil, que

continuam até hoje em nossa Paróquia. O tema da

primeira Campanha foi “Igreja em Renovação” e o

lema: “Lembre-se: Você também é Igreja”.

No paroquiato do Padre Constantino houve

a investidura de vários leigos como Ministros

Extraordinários da Eucaristia. Eles podiam distribuir

comunhão na igreja e levar o viático para os doentes.

Era uma novidade na época.

Depois de nove anos à frente da Paróquia, o

Padre Constantino foi transferido para Americana

(junho de 1972), sendo substituído pelo Padre Pedro

Tomazini, que vinha de Santo Antonio da Posse e

assumiu a Paróquia em outubro.

Inauguração da Biblioteca

Municipal Plinio Machado da Silva

(Acervo Pró-Memória)

Largo da Matriz no início

dos anos sessenta.

(Acervo Pró-Memória)

Praça da Republica 1967. (Acervo Pró-Memória)

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Cap

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1 |

Câmara Municipal - Solenidade -

Thomaz Didona (Acervo Pró-Memória)

Inauguração Vila Zilda Natel - (Acervo Pró-Memória)

Largo da Matriz no início

dos anos sessenta.

(Acervo Pró-Memória)

Ronald de Souza - Em solenidade da

Prefeitura. (Acervo Pró-Memória)

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Cap

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1 |

1º Centenário de SumaréSolenidade na Igreja Matriz (1968) - (Acervo Pró-Memória)

Matéria do Jornal A Tribuna de 1964 com programação do Jubileude Ouro da Paróquia de Sant´Ana.

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Cap

ítulo

1 |

Padre Pedro Tomazini

Segundo relato do Padre Pedro, ele

encontrou a Paróquia com problemas financeiros,

desorganização pastoral e povo carente de formação

básica. Enquanto esteve à frente da Paróquia,

promoveu vários encontros de jovens, reuniões

com cursilhistas, visitas freqüentes às escolas,

celebração de Missas nas fábricas, nas escolas, no

Fórum local, em residências particulares e promoveu os famosos “retirinhos”

com as crianças das escolas, antes da primeira comunhão.

Embora tenham sobrevivido algumas associações religiosas antigas,

como a dos Irmãos do Santíssimo, por exemplo, o pároco não se refere

nenhuma vez à presença delas.

Em junho de 1974, após longa preparação, realizaram-se na Paróquia as

Missões Redentoristas com a presença de 8 sacerdotes, que, por 15 dias, se

dedicaram dia e noite ao trabalho na paróquia. Todo o povo se movimentou

e participou desses dias especiais. Houve muitas confissões, comunhões,

missas, rito penitencial, vias sacras, procissões, conferências, batismo de

adultos, primeira comunhão de adultos, legitimação de casamentos, visita

aos doentes, reza de terços, palestras etc. Antes das Missões, procedeu-

se a um levantamento religioso completo da paróquia, como o número de

católicos, evangélicos e de outras religiões; número de casados, desquitados,

divorciados...

Depois das Missões, foram organizados muitos grupos de reflexão

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Cap

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1 |

Helena Breda Hungaro - Batismo

Thomaz Didona, Octavio Moreto, Luiz Mario de Toledo

Inauguração do Hospital

déc.1970

Pe. Pedro Tomazini

Formatura de Patrulheiros

Pe. Pedro TomaziniTroféu Comunicação (1978)

Pe. Pedro Tomaziniem solenidade

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Cap

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1 |

nos quarteirões. Eram as chamadas “reuniões

de quarteirão”. Era uma tentativa de achar uma

“linha nova para a renovação cristã”, como dizia

o padre. Mas, o próprio padre confessava que

essa experiência não deu tão certo, porque “os

movimentos independentes não querem aceitar a

coordenação paroquial”.

Não está claro sobre o que seriam esses

movimentos independentes. O que se sabe é que

mais de um paroquiano procurou Dom Gilberto para

se queixar da atuação do pároco e que o próprio

padre mencionou, no livro Tombo, a publicação de

artigo contra ele num jornal local.

“Hoje”, dizia o padre, “a Igreja quer a va-lorização dos leigos, proporcionado-lhes ampla participação e responsabilidade na direção das comunidades cristãs”. Nunca se deu tanta força aos cristãos. E nunca se exigiu tanto deles em formação, cultura, consciência, responsabilidade... A paróquia também vai entrar por estes caminhos novos, iniciando sua primeira Comissão Pastoral”.

Por isso, era necessário criar um grupo para

repensar a Paróquia. O Padre Pedro escolheu, então,

algumas pessoas e constituiu a Primeira Comissão

Pastoral. Porém, nem todos os escolhidos eram

pessoas totalmente comprometidas com a Igreja. No

fim do ano seguinte (dezembro de 1975), o próprio

Pe. Pedro Tomazin - Matriz Sant´Ana

Jair Malaquias, solenidade.

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Cap

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1 |

vigário verificava que “a Comissão Pastoral está

funcionando em estado precário”, e “seus membros

não estão plenamente treinados, mas estão tomando

consciência”.

Por ocasião da visita pastoral de outubro de

1976, Dom Gilberto escreveu no Livro Tombo:

“Insisti... para que esta Comunidade Pa-roquial continue seu bom trabalho em ordem à constituição de Comunidades de Base”.

O mês de dezembro marcou também a

nomeação de D. Gilberto Pereira Lopes como

Arcebispo Coadjutor de Campinas.

No segundo semestre de 1975 esteve como

vigário coadjutor na Paróquia o Padre Wilson Denadai,

filho da terra. No primeiro dia de 1976, ele deixou

Sumaré para ingressar na Ordem dos Capuchinhos,

em Piracicaba.

No tempo do Padre Tomazini, várias vezes,

estiveram em Sumaré o escritor Neimar de Barros e o

cantor Jean Carlo, fazendo palestras para o povo que

lotava a igreja para ouvi-los. Começava a aparecer,

Pe. Wilson Denadai

à esquerda.

Novos bairros de casas populares – década de 70 (Acervo Pró-Memória)

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Cap

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1 |

nessa época, o Grupo de Oração (da Renovação

Carismática Católica).

O Vigário queria elaborar um plano de

pastoral paroquial, mas encontrou dificuldades

– segundo ele - por falta de formação dos leigos.

Promoveu um Curso sobre Teologia da Libertação

e sobre Religiosidade Popular (setembro de 1976),

e escolheu quatro prioridades pastorais, porém

os resultados foram mínimos. Para ele, “não havia

corresponsabilidade do leigo”. Finalmente em 1978,

ficou decidido que os assuntos da Paróquia seriam

resolvidos pelos Ministros da Eucaristia.

Em outubro de 1976, depois de muitas reuniões

e debates, decidiu-se pela construção de um salão

comunitário na Vila Sant´Ana, aproveitando-se os

alicerces da igreja que ali tinha sido projetada.

No final do seu paroquiato, o Padre Pedro

deixou escrito:

“ Estou ciente de que não pude agradar a todos nem realizar tudo o que devia, mas convicto também de que orientei a formação de agentes e os movimentos da paróquia com muita responsabilidade pastoral” .

Junta Alistamento Militar

Solenidade

Missa ao Trabalhador - 1º Maio

Missas de Pe. Pedro Tomazini