COMUNICAÇÃO, IMAGEM E ARTE- AS IMAGENS NA IDADE MÉDIA

AULA 1

Curso: Comunicação e imagemProfessora: Profa. Dra. Leda Costa Coordenação: Prof. Dr. Ronaldo HelalFaculdade de Comunicação. Universidade do Estado do Rio de Janeiro Texto da aula: SCHMITT, Jean- Claude. Introdução. In: Uma Longa História. O Corpo Das Imagens: Ensaios Sobre A Cultura Visual Na Idade Média. Tradução de José Rivair Macedo. Bauru-SP: Edusc, 2007.

ATENÇÃO

• Este material contém um roteiro básico do conteúdo dado em sala de aula.

• É fundamental a leitura do texto que fundamenta a aula, assim como o devido acompanhamento presencial em sala do conteúdo expositivo ministrado pelos professores.

AULA DO DIA 14/09/2017

• Objetivo da aula: • A cultura contemporânea é, muitas vezes, interpretada como marcada

pela presença da imagem e do espetáculo. Entretanto, é importante atentar para a fato de que esse fenômeno não é completamente novo. Embora com finalidades e sentidos muito diversos, dos notáveis nos dias de hoje, o processo de produção de imagens foi fundamental articulador da Idade Média. O objetivo desta aula é fazer um breve percurso por esse período histórico, visando demonstrar como é antigo o papel desempenhado pelas imagens em termos culturais, políticos e religiosos.

Codex Giga, também conhecido como A Bíblia do Diabo

A serena morte de Santa Elisabeth da Turíngia (1207-1231).(FR 2813) fol. 269v. Grandes Chroniques de France. France, Paris, XIV e s. (60 x 65 mm)

Diabo leva a alma de um amante. Matfre Ermengaud. Breviari d’Amor. França. Início do séc. XIV

Monges iluminadores, composição de imagens diversas do século XV. (Fonte: http://www.ensinarhistoriajoelza.com.br/iluminuras-medievais/ - Blog: Ensinar História - Joelza Ester Domingues

Jogo de Xadrez.  Iluminura medieval.

O Diabo e o leproso. Iluminura da Idade Média

• À direita, iluminura de São Paulo – Século XII. Abaixo, Pintura Românica da Catalunha, século XIII.

IDADE MÉDIA

Os marcos cronológicos mais conhecidos sobre esse período são a queda do Império Romano do Ocidente, em 476 d.C., e a queda de Constantinopla e, consequentemente, do Império Romano do Oriente, em 1453 d.C.

A demarcação mais aceitável talvez seja a do período das invasões dos povos germânicos e decadência do Império Romano do Ocidente que transformou um poder centralizado em descentralizado e ruralizou a sociedade dos séculos III a V, até o período do Renascimento Italiano, dos grandes "descobrimentos", da transformação da concepção de "homem" e de "razão" e da Reforma Protestante e consequente fragmentação do monopólio do "sagrado".

IDADE MÉDIA

Outro fator a ser destacado é que quando falamos "Idade Média", estamos tratando das transformações sociais, históricas, econômicas e políticas do que conhecemos hoje por Europa e de suas relações com territórios próximos como o norte da África e a Ásia mais ao oeste.

A IDADE MÉDIA E AS IMAGENS

• A Idade Média foi um importante momento de desenvolvimento da produção das imagens no Ocidente cristão.

• Na Idade Média, as imagens eram úteis para a representação dos homens, Deus, assim como eram importantes como veículo da pedagogia cristã da época.

• As imagens, mais rapidamente que as palavras, serviam também para ensinarem aos homens e as mulheres da Idade Média o que eram e o que diziam as escrituras sagradas

A IDADE MÉDIA E AS IMAGENS

• A partir do momento em que a Igreja passou a representar uma instituição de poder supremo, consequentemente, toda relação com arte precisou ser reformulada.

• No que se refere às artes visuais, a pintura torna-se mais importante que a escrita e que a escultura.

• A consolidação da fé cristã foi construída em oposição ao paganismo, daí a necessidade de eliminar suas marcas.

• Segundo Ernst Gombrich:

• “Num ponto quase todos os primeiros cristãos estavam de acordo: não devia haver estátuas na Casa do Senhor. As estátuas pareciam-se demais com as imagens esculpidas de ídolos pagãos que a Bíblia condenava. Colocar uma figura de Deus, ou de um dos Seus santos, no altar parecia estar inteiramente fora de questão. Pois, como iriam os míseros pagãos recém-convertidos à nova fé aprender a distinguir entre suas antigas crenças e a nova mensagem, se vissem tais estátuas nas igrejas? Poderiam facilmente pensar que uma estátua realmente “representava” Deus. (GOMBRICH, 1999, p. 135).

A IDADE MÉDIA E AS IMAGENS -

• Uma parte da cristandade, em sua maioria composta pelo lado latino do Império romano, acreditava que as imagens seriam úteis, pois auxiliavam os devotos a recordar os ensinamentos recebidos e manter em evidência na memória os episódios sagrados do cristianismo. • As imagens na Idade Média são vistas a partir da

sua utilidade para a propagação e ensinamento da fé católica.

A IDADE MÉDIA E AS IMAGENS

• Acreditava-se na importância de se produzir imagens compostas de forma clara e simples.

• Excesso de detalhes poderiam desviar a atenção dos que observavam as imagens, desviá-los do principal objetivo que era a de representar as sagradas escrituras.

A IDADE MÉDIA E AS IMAGENS

• Tinham como função:• Instruir• Relembrar• Comover

A IDADE MÉDIA E AS IMAGENS

Texto de SCHMITT, Jean- Claude. Uma Longa história. Introdução. In: O corpo das imagens: ensaios sobre a cultura visual na Idade Média. Tradução de José Rivair Macedo. Bauru-SP: Edusc, 2007

A IDADE MÉDIA E AS IMAGENS

• É a partir do conceito de imago que se desenvolve a base argumentativa de Schmitt sobre o sentido da imagem na Idade Média.

• Para o autor, a imagem, assim como qualquer outro documento histórico, não pode ser considerada um produto neutro de significado.

A IMAGO DA IDADE MÉDIA

• Ao fazer uso do conceito de imago, Schmitt tenta evitar os riscos de anacronismo com termos como “arte”, “obra de arte” ou “artista”,. Essas noções não existiam de modo autônomo na Idade Média.

• Entretanto fazer uso do termo imago não promove o esquecimento da uma dimensão estética das imagens. Para Schmitt, valor e o tipo dos materiais para a produção das obras foram modos de se destacar os elementos e, consequentemente, conferir um valor estético inerente à função religiosa e social da imagem.

• Estética e função religiosa caminhavam juntas

A IMAGO DA IDADE MÉDIA

Para Schimitt, para a Idade Média a importância das imagens se faz presente na antropologia cristã. Nos primeiros versículos da Bíblia, quando o homem é como imagem e semelhança ao criador:

• “A diferença essencial é que a noção medieval de imago se inscreve num contexto cultural e ideológico bem diferente do nosso, Qualquer que seja hoje para nós a importância das imagens e de nossa "civilização da imagem", parece-me que não se iguala a da imago na civilização medieval. Com efeito, a Imago é o fundamento da antropologia cristã. Desde os primeiros versículos da Bíblia, na primeira vez que o homem é nomeado, é chamado de "imagem" .. Seguindo a narração do Gênesis 1,26, ao criar o hom'em Deus disse: Façamos o homem à nossa imagem e semelhança (Faciamus hominem ad imaginem et siinilitudinem mostram” (SCHMITT, 2007, p.13)

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• Para Jean-Claude Schmitt, as imagens, na Idade Média mediavam os homens e o divino: “A imagem medieval se impõe como uma aparição, entra no visível, torna-se sensível” (SCHMITT, 2007, p. 16).

• Para o autor a imagem medieval pode ser comparada a uma aparição, a uma epifania. Os religiosos medievais teriam estabelecido uma relação privilegiada entre imagens e personagens sacras, com as quais procuram se assemelhar.

A IMAGEM COMO EPIFANIA

“A imagem medieval pode, desse modo, ser comparada a uma aparição, a uma epifania, portando as marcas desta. O uso largamente atestado do dourado, que reflete a luz, não fazia mais do que sublinhar a mediação que a imagem operava entre o visível e o invisível (...) A imagem medieval se impõe como uma aparição, entra no visível, torna-se sensível. Numa palavra, ela se encarna, segundo o paradigma central da cultura cristã, a Encarnação de Cristo (....) ” (SCHIMTT, 2007, 14-16).

IMAGENS NA IDADE MÉDIA

• As imagens sagradas não eram vistas como indiferentes aos fiéis que as olhavam. Muitas imagens pareciam responder aos fiéis por intermédio de um sinal com os olhos ou com a cabeça, muitas veze, chorando, sangrando.

• As imagens corporificavam o divino eram o que Schimitt chama de “imagens-corpo”, sendo dotadas de uma aparência de corporeidade, de vida e de poder milagroso divino.

• Sendo assim, na Idade Média algumas imagens eram consideradas como “pessoas”, ou seja, não eram vistas como a simples imagem de um determinado santo, mas como o próprio santo personificado. Por isso, Schimitt as chama de “imagens-corpo”.

Segundo Schimitt, a Igreja conferiu um papel importante às imagens pois elas, mais do que a palavra dos pregadores. podiam exercer um efeito decisivo sobre a imaginação dos fiéis que, além de tudo, em sua maioria não sabia ler.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

• GOMBRICH, E. H. A historia da arte.16.ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora, 1999.

• SCHMITT, Jean- Claude. Uma Longa história. O corpo das imagens: ensaios sobre a cultura visual na Idade Média. Tradução de José Rivair Macedo. Bauru-SP: Edusc, 2007.