apostila protese total

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PRTESE TOTAL MUCOSUPORTADA RESUMO DE AULAS TERICAS E COMENTRIOS

HENRIQUE CERVEIRA NETTO Doutor em Prtese pela Faculdade Odontologia do Campus de So Jos dos Campos - UNESP. Prof. Titular de Prtese Dentria da Faculdade de Odontologia da Universidade Metropolitana de Santos UNIMES. Prof. Coordenador do Curso de Especializao em Prtese Dentria da Faculdade de Odontologia da UNIMES. 1999

Prefcio da 1 ed. CADERNOS DE PRTESE TOTAL Rev. XXV de Janeiro, C.A.XXV de Janeiro da F.O.U.S.P., v.30 (nmero especial), p. 29-44, Julho 1971. Rev. XXV de Janeiro, C.A.XXV de Janeiro da F.O.U.S.P., v.30 (nmero especial), p. 29-64, Outubro 1971. O presente trabalho tm por finalidade orientar o estudo terico das Prteses Totais Mucosuportadas. No se trata de um trabalho completo sobre o assunto, nem dispensa o estudo mais profundo nos livros didticos. Queremos deixar bem claro que nossa inteno foi compilar um roteiro didtico que oriente, cronologicamente, os diversos pontos de interesse no estudo da matria.

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APTULO I

Exame da boca em Prtese Total Anatomia do desdentado A mucosa e o tecido sseo Tecidos mveis e imveis Meios de reteno das Prteses Totais Muco Suportadas Presso atmosfrica, adeso, gravidade e tenso superficial Introduo ao estudo: "Devemos ter sempre em mente que o campo sobre o qual apoiamos nossos aparelhos protticos, no estvel ou fixo, porm sujeito a contnuas alteraes, no espao e no tempo." ALDROVANDI, C. (1960) Conceito e finalidades "A prtese de dentaduras o ramo da Prtese Dental que se prope a restaurar de maneira total o paciente desprovido de dentes". Dentro deste conceito devemos encontrar os seguintes pontos que perfariam as finalidades da prtese: 1- restaurar a funo mastigatria 2- restaurar as medidas e contornos da face segundo a esttica 3- corrigir os defeitos da fontica devido perda dos dentes 4- restaurar no produzindo leses ao paciente Notamos que esse conceito fundamentalmente biolgico pois essencial que nossos aparelhos, ao restaurar algumas funes, no prejudiquem outras. EXAME DA BOCA PARA PRTESE TOTAL O exame da boca reveste-se de grande importncia ao levarmos em considerao que dele poderemos partir como base de diagnstico e o que mais importante, para o prognstico do caso. Podemos dividir o exame propriamente dito em: Exame: - VISUAL - TCTIL - RADIOGRFICO - DOS MODELOS DE ESTUDO

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Em realidade, as diversas fases do exame se completam: assim que visualizamos certas estruturas, palpamos os tecidos, radiografamos as partes sseas e por fim, compomos, nos modelos, a realizao prtica do caso. Dentro desse critrio estudaremos os elementos de inspeo: 1- Idade e estado fsico do paciente Como veremos adiante, tanto a idade como o estado fsico do paciente so indicaes de grande valia para um correto diagnstico, pois devemos levar em considerao as possibilidades de reao do organismo frente ao estmulo causado pela prtese. Assim sendo, idade avanada quando associada a um excelente estado fsico uma indicao para o uso de prteses, ao passo que senilidade, por si s, j uma contra-indicao. 2- Anamnese: passado mdico odontolgico Estados mrbidos. A ANAMNESE consiste no levantamento mdico/odontolgico do paciente. Consideramos de suma importncia o conhecimento do perfil psquico do paciente e a sua MOTIVAO MOTIVAO: a motivao do paciente ser um ndice da cooperao que poderemos esperar de sua parte, bem como daquilo que ele espera de nosso trabalho. Costuma-se classificar as diversas motivaes como sendo por: - familiares e amigos; - esttica; - dor; - sade; sendo a esttica e a dor as principais motivaes da grande maioria dos pacientes. "A construo de dentaduras se inicia no momento em que o paciente se apresenta. O protesista imediatamente, estima ou classifica por anlise criteriosa, o tipo, caracter e atitude mental do indivduo". PATERSON (1923) 3- Radiografias (exame radiogrfico) "Todo maxilar desdentado clinicamente suspeito". ALDOVANDI, C. 1960 Esta frase sintetiza a necessidade do exame radiogrfico como meio auxiliar, no apenas de diagnstico, mas tambm, quanto responsabilidade que o protesista assume, ao iniciar o seu trabalho.

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Atravs das radiografias verificaremos: - focos de osteite; - cistos residuais; - razes residuais; -dentes inclusos; - instrumentos fraturados, etc. - estado da reabsoro ssea, - trabeculado sseo: sua disposio e sua orientao, - disposio dos foramens em relao crista ssea residual. Tipos de radiografia: Periapical - visualizao de pequena rea suspeita (p.ex.: localizao de raiz); Oclusal - visualizao da rea basal, no plano horizontal; Panormica - visualizao de todo o tero inferior do crnio, incluindo articulaes e seios maxilares. 4- Modelos de estudo Exame mais acurado da altura, espessura e regularidade dos rebordos: delimitao prvia da rea a ser recoberta pela futura prtese; detalhes que podem no ser bem visualizados no exame local e necessitam novo exame; explicao ao paciente, das possibilidades do nosso aparelho. 5- Rebordos alveolares: volume e forma a) assimetria de forma: quando muito pronunciada, deve ser levada em conta na montagem dos dentes pois pode comprometer a estabilidade do aparelho; b) espculas sseas no reabsorvidas: podem indicar avulses recentes, necessitando cirurgia reparadora; c) reas de grande reabsoro: verificamos pela anamnese se so devidas a causas locais ou resultantes de tratamentos anteriores; d) bridas cicatriciais: quando muito volumosas e extensas necessitam remoo cirrgica; e) avulses muito espaadas: rebordo irregular, exige o uso de critrio na montagem dos dentes, procurando melhor distribuio de esforos; f ) grandes reabsores, mucos flcida: quando acompanhada de hipertrofia indica remoo cirrgica e em alguns casos, o "aprofundamento de sulco" cirrgico; g) diferenas de densidade da estrutura ssea devidas reabsoro: necessitam um exame local com auxlio de RX e em certos casos, exames histopatolgicos com o fito de determinar as causas dessa reabsoro; h) excessiva espessura na regio anterior, ausncia de espao para montagem dos dentes: remoo cirrgica com osteoplastia; i) diferenas de reabsoro no maxilar e na mandbula: pela anamnese verifica-se o histrico do uso de prtese mono-maxilar ou outro tipo de aparelho removvel.

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6- Relao inter-maxilar a relao mtua, entre maxilar e mandbula, no sentido ntero-posterior, em relao aos rebordos e na altura das tuberosidades. Mtodo de Turner para verificao do espao inter-maxilar: os dedos indicadores apoiados ao longo dos rebordos, o paciente fechando a boca, teremos a longitude somada das coroas dentais. As possibilidades encontradas nesse exame so: a) projeo da mandbula em relao maxila: dificuldade na montagem dos dentes (dentes anteriores montados topo a topo); b) contato das tuberosidades: geralmente devido a hipertrofias sseas das tuberosidades; indica-se regularizao cirrgica das tuberosidades; c) espao normal. 7- Sensibilidade bucal Devida presena de exteroceptores na fibromucosa, responsveis pelo limiar de sensibilidade local. Sensibilidade exagerada ao toque, nuseas; geralmente restrita poro mais posterior do palato e base da lngua. Indica-se o uso de anestsico tpico para moldagem. 8- Prognstico Baseia-se na coleta desses dados. Deve ser informado ao paciente para que, antes da confeco das prteses, ele saiba das limitaes inerentes ao aparelho. "Como algum pode esperar, preparar seu paciente psicologicamente e acompanha-lo durante o perodo de sua volta normalidade, sem o profundo conhecimento da anatomia, fisiologia e patologia envolvidas?". MONSON, G.S. (1922) 9- Ficha clnica Importante para anotao dos dados e seguimento do caso, seja durante o tratamento, seja para controles posteriores. Deve conter: a) local para registro dos dados obtidos no exame; b) esquema de PENDLETON com descrio das reas; c) local para DIAGNSTICO, PROGNSTICO e CONTROLE posterior; d) local para anotaes de controle. As causas mais freqentes de falhas das P.Totais so: 1- Comprometimento psquico; 2- Estudo prvio insuficiente e/ou mau preparo da boca; 3- Pouco cuidado na tomada das impresses; 4- Falha no estabelecimento da OC.;

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5- Presses desequilibradas quando da tomada dos registros; 6- Falha na delimitao das bordas; 7- Nvel oclusal incorreto; 8- Esttica pobre; 9- Falhas no ajuste oclusal e desgastes. ROWE, A.T. (1935) Faremos, agora uma recapitulao da Anatomia, para termos em mente aquelas estruturas que influem na confeco e manuteno dos aparelhos protticos. ANATOMIA DO DESDENTADO TOTAL: - Lbios - Bochechas - Vestbulo - Abbada palatina - PALATO DURO (limites): - foramen nasopalatino (emergncia do nervo nasopalatino) - papila incisiva - rugosidades palatinas - rafe palatina - torus maxilar - buracos palatinos (emergncia de nervos) - PALATO MOLE: - zona glandular (no deve ser recoberta) - foveas palatinas - Arcos alveolares - Tuberosidades - Freio labial: msculo Orbicular dos lbios - Insero do msculo Bucinador - Fossa Pterigomaxilar - Ligamento Pterigomaxilar Na mandbula encontraremos: - freio labial: msculo Quadrado do mento o msculo Orbicular dos lbios - freio lingual: msculo Genioglosso - buracos mentonianos (emergncia de nervos) - insero do msculo Bucinador - linha oblqua externa: insero do msculo Bucinador e do msculo Masseter - papila (trgono) retromolar - insero de fibras profundas do msculo temporal - msculo Constritor Superior da faringe - linha oblqua interna: insero dos msculos - Milohioideo, Geniohioideo, Pterigohideo - lngua

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A MUCOSA E O TECIDO SSEO Composio da fibromucosa: Apresenta-se como uma camada de epitlio escamoso estratificado repousando sobre outra camada, a tnica prpria. Este por sua vez divide-se histologicamente em camada papilar e camada reticular. Epitlio e Tnica constituem a MUCOSA que se apoia na SUB-MUCOSA. Esta constituda por um retculo de fibras elsticas frouxas e vasos. O EPITLIO, por razes de sua funo, apresenta-se recoberto por uma camada crnea de clulas estratificadas nas regies do palato duro e gengivas. Verificamos, deste rpido apanhado, que a fibromucosa pode e realmente, afetada pelo continente lquido do tecido, bem como por alteraes endcrinas do paciente. As propriedades da fibromucosa que tm interesse prottico so: Tonicidade: sua textura ao toque, sua resistncia aos deslocamentos. Pode sofrer alteraes com o estado fsico do paciente e/ou devidas a hiperplasias localizadas (edema - contedo histamnico). Resilincia: propriedade de devoluo de esforos. Capacidade da fibromucosa de voltar ao seu estado primitivo aps ter sofrido deformao devida a uma carga localizada. Est intimamente liga tonicidade. As alteraes que ocorrem, tanto em tecidos moles como em tecido sseo de suporte, afetam as posies das bases das prteses e portanto a OCLUSO. Os tecidos moles respondem rapidamente aos estmulos externos como presso, calor, frio e aos estmulos internos como a quantidade de fluidos que contem nutrientes, sais e presso sangnea. The Etiology of Mucosal Inflammation Associated with Dentures. LOVE, William D. et al. J.Pros.Dent.,18(6):515-27, 1967 Avaliao de 522 pacientes portadores de prteses. Concluses: 1- A adaptao da prtese tem a maior importncia na condio da mucosa de revestimento; mais do que qualquer outro fator. 2- A remoo das prteses a noite reduz, drasticamente, a incidncia de inflamao. Se combinada com a estimulao dos tecidos com uma escova macia, a inflamao pode ser totalmente eliminada.

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3- A idade um fator importante na etiologia da inflamao. O grupo MAIS JOVEM o mais sujeito inflamao devido ao alto potencial de resposta aos estmulos. 4- Inflamao severa e hiperplasia papilar, so relativamente menores na mandbula do que na maxila. 5- H necessidade de maior nfase na educao dos pacientes quando da instalao de prteses. 6- A etiologia da inflamao complexa e necessita de mais estudos; tanto para um tratamento efetivo, quanto para a sua preveno. Os Tecidos moles variam de espessura, resilincia e na sua tolerncia presso, estando em contnua e constante adaptao e modificao de ocorro com os estmulos a que so submetidos. ORTMAN, 1977 O TECIDO SSEO Base profunda de sustentao das prteses, interessam-nos as alteraes que esse tecido pode sofrer, bem como as modificaes nos rebordos alveolares quando dessas alteraes. Dentre as alteraes que o tecido sseo pode sofrer, interessa-nos, diretamente, a reabsoro ssea alveolar. Segundo Mc Call e Stilman o osso alveolar existe apenas como o elemento de fixao para os dentes. Assim sendo, a perda dos dentes eqivaleria ao desaparecimento desse osso por falta de funo. Mac Millan, em seus estudos, demonstra que o osso alveolar comporta-se como qualquer osso do organismo, sofrendo um rearranjo estrutural devido a perda dos dentes, com a finalidade de adaptao s novas condies do sistema. CONCEITO DE REABSORO Seria a eliminao dos componentes inorgnicos do osso pela circulao sangnea e linftica. LEI DE LERICHE POLICARDE "A compresso dos tecidos determina uma hiperatividade circulatria, em determinados pontos do osso, com a conseqente mobilizao do clcio, acompanhada de rarefao ssea." * In Aldrovandi, C. (1960) Na MAXILA a reabsoro d-se, predominantemente, vestibular, persistindo uma forma delgada. as custas da tbua ssea

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A crista do rebordo residual como que caminha para cima e para o centro. H uma diminuio em LARGURA que acompanha a diminuio em altura. Na MANDBULA, a reabsoro envolve tanto a vertente vestibular quanto a lingual, havendo uma diminuio mais dramtica na ALTURA, do rebordo residual. 1. Causas de reabsoro: a) senilidade b) perda de funo c) causas mecnicas d) estados patolgicos: gerais e locais a) Senilidade Consideramos trs estgios na vida dos indivduos, relacionados ao seu metabolismo: Ascenso: do nascimento at ao redor de 25 anos: a fase do organismo em desenvolvimento. Portanto, seu anabolismo ultrapassa de muito seu catabolismo. Haveria maior formao e reteno do que eliminao. Estgio: dos 25 aos 45 anos: quando o organismo entraria em equilbrio, conseguindo suprir perfeitamente as suas necessidades de reposio, mas com menor capacidade de neoformao. Declnio: dos 45 anos em diante: quando sua capacidade de reposio comea a diminuir, rompendo-se o equilbrio anabolismo/catabolismo, de maneira cada vez maior. Notamos que quando o equilbrio rompido torna-se cada vez mais difcil para o organismo repor, com a mesma intensidade, as estruturas sseas que vo sendo perdidas. Em nosso caso o catabolismo envolveria uma perda de clcio dos ossos com sua conseqente reabsoro. b) Perda de funo Com a perda dos dentes e conseqente perda de funo do osso alveolar, h reabsoro dos rebordos alveolares. Essa reabsoro progressiva, o processo alveolar torna-se mais arredondado e sua crista menos pronunciada. Na maxila a reabsoro d-se, principalmente, s custas da tbua ssea (vertente) vestibular, persistindo uma forma delgada. Na mandbula essa reabsoro d-se s custas tanto da vertente vestibular como da lingual, havendo uma diminuio mais dramtica na altura do rebordo. O ltimo estgio da reabsoro ssea da maxila seria uma imagem plana do rebordo superior e em casos extremos, (geralmente ligados ao uso de prtese mal adaptada) a projeo do septo nasal (cartilaginoso) na altura do rebordo alveolar anterior. Essa situao confere ao paciente um perfil caracterstico conhecido como "perfil de polichinelo". c) Causas mecnicas

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Coletamos as opinies de alguns autores sobre o assunto: assim que Clark cita a presso e a dor provocadas por dentaduras defeituosas como uma das causas principais da reabsoro ssea. Mc Millan cr que as modificaes ao nvel dos rebordos alveolares so devidas a estmulos de ordem fisiolgica ou a ausncia desses estmulos. Grohs (In Aldrovandi, C. [1960]): "O osso se reabsorve em pontos de excessiva presso; os tecidos moles atrofiam-se ou hipertrofiam-se, dependendo do estmulo a que so submetidos". "A compresso dos tecidos determina uma hiperatividade circulatria em determinados pontos do osso, com a conseqente mobilizao do clcio, acompanhada de uma rarefao ssea". O osso basal apresenta um complexo suprimento sangneo, originrio de duas fontes: - peristeo - sistema interno arterial "A presso excessiva da base da dentadura sobre o osso do rebordo residual, pode gerar insuficincia circulatria que acelera a reabsoro. Um dos fatores dessa presso o tipo de ocluso criado pelo dentista". ORTMAN (1977) d) Estados patolgicos Page considera a reabsoro como sendo devida a influncias orgnicas de ordem geral ligadas a insuficincia do estmulo local. Acredita, esse autor, que pode haver diminuio do processo pela correo de insuficincias endcrinas e o uso de uma dieta balanceada. J Key estabelece uma diferena entre ATROFIA, que afetaria todo um osso ou ossos e REABSORO ssea, que afetaria partes de um mesmo osso. Segundo Key a atrofia devida ao desuso, inflamao ou traumatismo enquanto a reabsoro seria devida presso, distrbios neurotrficos ou atividade celular. Schour e Massler, em estudos sobre os efeitos das glndulas endcrinas no crescimento do esqueleto facial, confirmam os estudos de Page. "Na construo de prteses totais, o objetivo principal a preservao dos rebordos alveolares; os objetivos secundrios sero a eficincia mastigatria e a esttica". TRAPOZZANO, V.R. (1959)

Podemos, para fins de estudo e anlise dividir os tecidos de sustentao em tecidos: MVEIS E IMVEIS. TECIDOS MVEIS a fibromucosa e tecidos adjacentes; TECIDOS IMVEIS o tecido sseo de suporte.

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Essa classificao tem cunho exclusivamente didtico pois, como vimos, nem a fibromucosa um tecido eminentemente mvel nem o osso absolutamente estvel em suas dimenses. Feito este apanhado preliminar podemos passar ao estudo dos: MEIOS DE RETENO DAS PRTESES TOTAIS MUCOSUPORTADAS RETENO a capacidade da prtese de resistir s foras extrusivas que tendem a desloca-la de sua posio. Neste item, estudaremos o que mantm as prteses mucosuportadas em posio, quais as foras envolvidas nessa reteno e como poderemos tirar melhor partido deste ou daquele meio de reteno. Como fator de reteno poderemos citar: a atividade muscular exercida, inconscientemente, pelo prprio paciente, mantendo a adaptao dos tecidos circunjacentes s bordas da prtese. evidente que no poderemos contar com esta capacidade do paciente ao confeccionarmos prteses e sim devemos criar as condies necessrias para que isso ocorra. Vamos nos valer de meios FSICOS de reteno: a) Gravidade: fora que age de maneira positiva para a mandbula e negativa para a maxila. Houve poca em que se utilizava a gravidade como um auxiliar para a reteno de prteses mandibulares, aumentando o peso das dentaduras mandibulares. Como j vimos ao estudarmos as causas de reabsoro ssea, esta sempre acompanha o aumento de presso; notadamente quando esta presso faz-se de maneira irregular e arbitrria. Mesmo no levando em considerao o desconforto causado ao paciente, o simples conhecimento das leis de reabsoro j contra-indica o uso da gravidade como fator auxiliar na reteno de dentaduras. b) Adeso: podemos conceituar a adeso como a fora de atrao inter-molecular existente entre as molculas da superfcie de um determinado corpo e as molculas superficiais de outro, quando em ntimo contato. Para melhor compreendermos a adeso devemos estudar outra fora inter-molecular que a COESO. Poderamos conceituar a coeso como aquela fora inter-molecular existente entre as molculas de um mesmo corpo, fora essa que mantm a unidade da substncia como um corpo. As foras de coeso que so responsveis pela TENSO SUPERFICIAL nos lquidos. Podemos entender o mecanismo da adeso com um esquema: H coeso entre as molculas da fibromucosa; coeso entre as molculas da saliva. Se tivermos um ntimo contato entre a saliva e a fibromucosa, rompendo a tenso superficial da saliva, essa fora se exercer, em forma de adeso tendendo a manter unidas a pelcula de saliva e a fibromucosa, como um corpo nico. Por outro lado temos coeso entre as prolas de resina da base da dentadura; coeso entre as molculas da saliva; se

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mantivermos um intimo contato entre as duas, rompendo a tenso superficial da pelcula de saliva; as foras de tenso superficial da saliva exercero adeso sobre a resina da base da dentadura. Seguindo esse raciocnio, se tivermos um intimo contato entre a base da dentadura e a fibromucosa de maneira que reste apenas um filme de saliva interposto, as foras de tenso de saliva agiro tanto sobre a base da dentadura como sobre a fibromucosa mantendo-as em contato e impedindo sua separao. Podemos visualizar esse fenmeno quando unimos duas placas de vidro com gua interposta; quanto menor for a pelcula de lquido mais difcil ser a separao das placas. STANITZ estudou esse aspecto da reteno elaborando a frmula: F= 2A x C/E F = fora de reteno A = rea de contato C = coeficiente de tenso superficial E = espessura do lquido Verifica-se que a fora de reteno diretamente proporcional a 2x a rea recoberta e ao coeficiente de tenso superficial da saliva; indiretamente proporcional espessura da pelcula lquida interposta. c) Presso atmosfrica: do conhecimento geral que se retirarmos o ar contido entre dois hemisfrios em contato ser dificlima a sua separao. Isso se d devido presso exercida pela atmosfera. Podemos nos utilizar dessa fora auxiliar e realmente o fazemos, quando da construo de nossos aparelhos protticos, procurando o ajuste perfeito entre a base e a fibromucosa, que reduza a pelcula lquida a um filme e o selamento perifrico das bordas da prtese com o fito de impedir a permanncia ou a entrada de bolhas de ar entre a base da dentadura e a fibromucosa. Dessa forma mantemos a integridade da pelcula lquida que, realmente, garante a reteno. A presso negativa no interior da prtese, que faria com que a presso externa agisse de maneira efetiva na reteno, foi utilizada nos primrdios das prteses totais, com o auxlio das chamadas cmaras de vcuo ou cmaras de suco. Esse recurso totalmente contra-indicado, uma vez que a presso negativa sobre a fibromucosa de revestimento, gera a hiperplasia dessa fibromucosa com alteraes patolgicas bem conhecidas atualmente. Princpios Biomecnicos das Prteses Totais: 1. adeso 2. presso atmosfrica 3. suporte 4. selamento perifrico 5. biomecnica (fisiologia) dos msculos mastigatrios 1. Adeso: a adeso depende do contato intimo entre as superfcies da fibromucosa e da base da dentadura. o que denominamos "adeso por contato". A adeso proporcional

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s superfcies de contato, sendo que, quanto maior for a rea de contato maior ser a adeso. 2. Presso atmosfrica: atualmente no se indicam recursos protticos que utilizem a presso atmosfrica como elemento de reteno. 3. Suporte: representado pelas estruturas sobre as quais se assenta o aparelho prottico. Essas estruturas recebero os esforos decorrentes da mastigao. 4. Selamento perifrico: representado pela adaptao das bordas da dentadura aos tecidos moles e de suporte. O selamento perifrico devido adaptao das bordas da dentadura aos tecidos circunvizinhos, na regio do sulco gngivo-labial, fundo de saco gngivo-bucal, limite palato duro/mole e fornix. Resumindo: "A base da dentadura deve recobrir tanta superfcie de suporte e tecidos circunvizinhos quanto possvel, sem interferir com os movimentos dos msculos e bridas susceptveis de deslocar o aparelho prottico de sua posio ou causar injrias ao paciente"

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APTULO II.

- limites gerais da rea chapevel da maxila - zonas de suporte, selamento perifrico, alvio e borda posterior - limites gerais da rea chapevel da mandbula - zonas de suporte, selamento perifrico, alvio e borda posterior - msculos que influem na estabilidade da prtese total msculos paraprotticos Introduo: Denominamos rea chapevel ou rea basal, aquelas reas da mandbula e da maxila que sero recobertas pela base da dentadura. Levando em considerao que cada paciente um caso diferente, no podemos estabelecer medidas rgidas, mas somos obrigados a nos guiar por uma srie de princpios biomecnicos e fisiolgicos que nos orientaro no reconhecimento e delimitao dessa rea. Dessa maneira, baseando-nos em conhecimentos j adquiridos anteriormente, estabelecemos os: Visto o que pretendemos quando falamos em rea chapevel, podemos, agora, estabelecer os limites gerais que nos orientaro no desenho e confeco da base de nossas prteses. LIMITES GERAIS DA REA BASAL DA MAXILA Rebordo alveolar em toda a sua extenso (de tuberosidade a tuberosidade); Paredes vestibulares do rebordo alveolar at o sulco gngivo-labial e geniano Abbada palatina em toda a sua extenso at sua borda posterior, limite palato duro/palato mole Contorno das inseres musculares e bridas vestibulares Dentro desses limites e conforme a magnitude do esforo recebido pelo tecido de suporte nessas regies, podemos dividi-las em zonas. Devemos essa diviso a Pendleton: 1. zona principal de suporte 2. zona secundria de suporte 3. zona de selamento perifrico 4. zona de selamento posterior (post-daming ou dicagem posterior) 5. zona de alvio 1. Zona principal de suporte: a zona de maxila que ir receber o maior esforo durante a mastigao. Ela compreende o rebordo alveolar em toda a sua extenso incluindo as tuberosidades. Essa regio, recebendo o maior esforo durante a mastigao , tambm, a que maiores alteraes sofre com o correr do tempo. Notamos intensas reabsores sseas

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nessa rea, principalmente se no foram obedecidos os princpios biomecnicos que regem a confeco das prteses totais mucosuportadas. 2. Zona secundria de suporte: estende-se por toda a vertente palatina do rebordo alveolar at a rafe mediana. Para posterior, at o limite do palato duro e incio do vu do paladar. Importantssima rea da maxila pois contribui de maneira indiscutvel, tanto na estabilidade da dentadura maxilar como em sua reteno. Sendo o osso dessa regio um osso compacto, a sua reabsoro muito mais lenta propiciando uma sobrevida maior a prtese maxilar. 3. Zona de selamento perifrico: localizada vestibularmente aos rebordos alveolares, apresenta-se como uma zona de transio ou zona marginal neutra, que denominamos sulco gngivo-labial ou geniano. 4. Zona de selamento posterior: constituda pela faixa de tecido que se estende desde o fim da abbada palatina propriamente dita e incio do palato mole ou vu do paladar. Podemos situ-la em uma linha que ligue as tuberosidades passando ao nvel das foveas palatinas. A esse limite denominamos borda posterior ou regio do post-daming. Determina-se, ao vivo, por palpao ou fonao, verificando onde se inicia a rea vibrtil correspondente ao palato mole. 5. Zona de alvio: sua existncia real discutida, havendo uma corrente de protesistas que contesta a validade do alvio, indicando manobras teraputicas com a finalidade de eliminar estados que consideram como patolgicos. De um modo geral consideramos como zona de alvio os pontos onde no desejamos executar presses. Seriam para a maxila: * Torus palatino: pois pode funcionar como um fulcro central deslocando a prtese de sua posio e rompendo o selamento perifrico. Indica-se a remoo cirrgica dessa estrutura ssea. * Buracos palatinos: pontos de emergncia de nervos e vasos que, devido a intensas reabsores sseas podem se encontrar situados na altura da crista do rebordo alveolar e, portanto, em zona de mxima presso o que poderia causar desconforto e dor ao paciente. Est perfeitamente indicado o alvio da regio. LIMITES GERAIS DA REA BASAL DA MANDBULA 1. Rebordo alveolar em toda a sua extenso (incluindo as papilas retromolares). 2. Linha oblqua externa e seu prolongamento na poro montante at uma altura de aproximadamente 10 mm. 3. Dobra vestibular do msculo Bucinador. 4. Sulco gngivo-labial e geniano. 5. Limite do assoalho da boca em toda a sua extenso. Como na maxila, Pendleton divide a mandbula em 5 zonas:

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1. Zona principal de suporte: constituda pelos rebordos alveolares em toda a sua extenso, bem como, as suas vertentes vestibular e lingual, englobando o trgono retromolar. 2. Zona secundria de suporte: seriam as vertentes vestibular e lingual do rebordo alveolar. Convm notarmos que na mandbula as zonas secundrias de suporte confundem-se com zona principal de suporte. Uma das zonas que nos oferece grande possibilidade de apoio, que seria aquela situada na regio da linha oblqua externa, onde h osso compacto. Poderia estar classificada tanto como zona secundria de suporte, pela sua posio relativa, quanto como zona principal de suporte, pela sua funo de apoio. 3. Zona de selamento perifrico: aqui tambm h certa coincidncia pois, na mandbula, o selamento perifrico d-se tanto s custas de limite gngivo-labial (na regio de fundo de saco gngivo-labial) como s custas da face do rebordo alveolar vestibular e lingual. 4. Zona de selamento posterior: segundo alguns autores seria a zona constituda pela rea retromolar. Porm, no h limite ntido entre a zona de selamento posterior e a zona de selamento perifrico, nessa regio. Para efeito didtico consideraremos a zona de selamento posterior, como sendo aquela regio posterior papila retromolar. 5. Zona de alvio: da mesma maneira, discutida a sua convenincia (como para a maxila) poderamos citar como zonas de alvio: * Rebordo alveolar terminando em crista fina e alta, com possibilidade de leses da fibromucosa * Buracos mentonianos: Quando de grandes reabsores sseas com localizao alta dos foramens mentonianos e possibilidade de compresso dos filetes nervosos que da emergem. * Poro posterior da linha oblqua interna: quando esta se apresenta afilada e cortante. Na maioria dos casos procura-se no atingir ou, pelo menos, no apoiar a base da dentadura nessa regio. * Torus mandibular: limitar o bordo lingual da prtese altura do torus quando discreto ou remover cirurgicamente o osso. Diz-se da reteno ATIVA, quando obtida por meio de artifcios de tcnica, como as moldagens p.ex. Diz-se da reteno PASSIVA, quando obtida pela eliminao dos fatores que criam as foras extrusivas, como o recorte muscular e a ocluso p.ex.. Quando nos referimos ao selamento perifrico dissemos que procuramos um ajuste o mais prximo possvel entre a base da dentadura e os tecidos circunvizinhos. Sabemos que esses tecidos so mveis e que suas posies relativas variam em consonncia com a tenso exercida por determinados msculos. Vemos a necessidade de conhecer quais os msculos que podem interferir com a base da dentadura e como se daria essa interferncia, para que possamos us-los em nosso proveito e no contra ns.

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MSCULOS QUE INTERFEREM NA ESTABILIDADE DAS DENTADURAS: MSCULOS PARAPROTTICOS Aprile agrupa, sob a denominao de msculos paraprotticos, uma srie de massas musculares que inserindo-se no maxilar e na mandbula mantm, direta ou indiretamente, relaes com a prtese. Os msculos paraprotticos carecem de importncia (em relao prtese) quando em esttica porm, quando em funo dinmica, na mastigao, fonao, deglutio, mmica, podem provocar o deslocamento das prteses, se suas bordas se estenderem at a zona de ao desses msculos. Podemos reconhec-los clinicamente, por palpao, na zona de selamento perifrico, notadamente se pedirmos ao paciente que execute movimentos que envolvam contraes musculares, ou estirando os tecidos moles da boca e examinando os pontos de insero desses msculos. De acordo com sua posio determina-se uma linha que contorna as inseres musculares, ligamentos e freios, que foi denominada LINHA DE INSERO (Aprile; Saizar; Lders). " uma linha imaginria, irregular, que determina at onde pode estender-se a borda da prtese, para conseguirmos um selamento perifrico perfeito, sem causar irritaes nem perturbar a nutrio dos tecidos, sem alterar a fonao nem provocar traumatismos" (Fournet). A ao desses msculos manifesta-se pelas alteraes que sofre o fundo de saco vestibular, tanto superior como inferior, bem como o limite lingual do assoalho da boca durante a dinmica. Para seu estudo poderemos dividir os msculos paraprotticos em: - Msculos de ao direta - Msculos de ao indireta Ao direta: quando interferem com a base da dentadura pela sua contrao prpria. Suas inseres ou seu trajeto coincidem com os limites da prtese. Ao indireta: quando pela sua contrao mobilizam outras massas musculares ou teciduais adjacentes que interferem com a base da dentadura. 1. Msculos paraprotticos da maxila: a) Orbicular dos lbios: insere-se na fossa mirtiforme e estende-se at as comissuras labiais- pela sua contrao pode interferir com a borda vestibular anterior da prtese. b) Canino: este msculo tem sua insero ao nvel da fossa canina estendendo-se at a comissura labial. o responsvel pelo movimento de elevao e depresso do sulco vestibular anterior; responsvel, tambm, pelo aparecimento dos chamados freios laterais na altura de pr-molares.

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c) Bucinador: msculo paraprottico por excelncia, tem suas inseres nos rebordos alveolares ao nvel dos molares de onde caminha para cima, para trs e, para baixo at a mandbula, onde repete a insero ssea (apresenta-se na forma aproximada de um C). Quando em contrao, provoca um abaixamento do fundo de saco vestibular superior e levantamento do sulco vestibular inferior. 2. Msculos paraprotticos da mandbula a) Quadrado do mento e Triangular dos lbios: insero na face externa da linha oblqua externa dirigindo-se para as comissuras labiais e linha mediana respectivamente. Quando em contrao exercem presso sobre o bordo vestibular anterior da dentadura. b) Bucinador: insere-se na mandbula ao nvel da linha oblqua externa na altura de molares. As suas fibras mais posteriores passam abaixo da papila piriforme estendo-se at o ligamento pterigomandibular ou aponevrose bucinato-faringea, onde se localiza sua insero mais posterior. O conhecimento detalhado desse msculo de capital importncia quando da delimitao da regio distal ou de selamento posterior da dentadura, pois nos movimentos de abertura da boca ou quando da dinmica muscular, h uma projeo dos tecidos para diante, podendo deslocar uma prtese sobre-estendida. Na altura do trgono retromolar h um encontro das fibras do msculo Bucinador com o tendo terminal do msculo Temporal em sua poro mais inferior. Forma-se um coxim fibroso, a papila piriforme, que deve ser sempre includa dentro da zona de suporte da prtese inferior. Logo atrs da papila piriforme temos a presena do ligamento Pterigomandibular. Quando do movimento de abertura da boca h a distenso desse ligamento e conseqentemente deslocamento da borda posterior da prtese, se esta estiver sobre-estendida. Verificamos que a papila piriforme o limite mais posterior da borda da dentadura mandibular. c) Constritor Superior da faringe: tem suas aes principais quando da deglutio e na projeo da lngua. d) Milohioideo: insere-se na linha oblqua interna, ao nvel dos molares. Sua ao, do ponto de vista prottico, prende-se ao levantamento do assoalho da boca quando da movimentao da lngua. e) Genioglosso: sua insero se d, na regio anterior da mandbula, lingual, logo abaixo do freio lingual, em pequenas excrescncias sseas denominadas apfises geni. de grande importncia quando de grandes reabsores sseas mandibulares, pois sua insero passa a ocupar a vertente lingual do rebordo alveolar, interferindo com o assoalho da boca. f) Lngua: embora seja um msculo negligenciado quando do estudo da Prtese Total, sua ao de capital importncia tanto na reteno como na estabilidade da prtese inferior. Sua estreita intimidade com o assoalho da boca, faz com que ambos os elementos tornem-se solidrios na manuteno do selamento perifrico lingual, em todas as fases da dinmica mastigatria, bem como, em todos os atos que envolvam movimento. Compreende-se que de suma importncia o exame e estudo da lngua, sua tonicidade, sua forma, seu volume, sua relao com os rebordos alveolares, sua liberdade de movimentos. do conhecimento desses fatores que depende o sucesso ou o insucesso

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de uma dentadura mandibular que, sob todos os outros aspectos, pode ter um prognstico favorvel. Podemos terminar citando G.H. Wilson: "Nenhum fator tem tanta importncia na reteno das dentaduras artificiais, como os tecidos moles". "Entre os fatores mais importantes na reteno das dentaduras encontram-se os msculos e suas inseres". Assim como citamos os inconvenientes do aproveitamento deficiente desses elementos, tambm sua correta utilizao assegura a reteno e estabilidade s prteses totais mucosuportadas. Se a base da dentadura for a reproduo, em negativo, absolutamente fiel dos tecidos de suporte sua justeza a esses tecidos ser perfeita e a reteno ser obtida em valores mais que satisfatrios para a nossa finalidade. Para tanto se faz mister que possamos COPIAR essas estruturas de maneira exata. Isso conseguido por intermdio de uma srie de manobras a que denominamos MOLDAGENS.

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APTULO III

- uma definio de moldagem - conceito de moldagem anatmica - moldagem anatmica da maxila - posio do paciente e do operador - escolha da moldeira e tcnica de moldagem - moldagem anatmica da mandbula - acidentes que podem ocorrer durante as moldagens Introduo ao Estudo das Moldagens. 1. Histrico: embora o uso de aparelhos protticos remonte ao tempo do inicio da sociedade humana, na antigidade no se fazia uso de moldagens. A base do aparelho era esculpida, paulatinamente, atravs de medidas que se tomavam, com um compasso, diretamente no paciente. A primeira moldagem de que se tem notcia atribuda a Pfaff, dentista de Frederico o Grande, que empregou cera de abelhas como material de moldagem. Como sabemos, a cera, embora copie as estruturas, um material instvel, que se deforma espontaneamente e de difcil manuseio, pois altera-se ao simples toque. A demanda por prteses provocou um crescente interesse na procura de um material que apresentasse estabilidade dimensional associada capacidade de moldar fielmente. Em 1844 Duning utiliza gesso como material de moldagem obtendo resultados animadores. Porm, a tcnica de trabalho com gesso bastante desconfortvel, tanto para o paciente como para o profissional. Embora o material apresente boa estabilidade dimensional no permite correes. Fratura-se com facilidade em contato com a saliva e de difcil separao do modelo em positivo. Por volta de 1857 Charles Stent, aperfeioa um material resinoso, termoplstico, que seria o precursor da godiva. Os irmos Greene (1900) aperfeioam a godiva e aproveitando-se das caractersticas desse material introduzem a tcnica das moldagens sucessivas. Os fundamentos dessa tcnica so utilizados at os nossos dias. Hupert Hall (1915-1920), em experincias com o novo material desenvolve a godiva preta, dura, e apresenta uma tcnica em que esse material utilizado como moldeira individual. Baseia-se na necessidade de maior adaptao da moldeira e material de moldagem, aos tecidos a serem moldados. Entre 1919 e 1928 Campbell e Pendleton aperfeioam os mtodos existentes utilizando os novos materiais: godiva em lminas, placas, bastes, de maior ou menor plasticidade. Renato Prado (1933) apresenta sua tcnica. Emprega godiva em lminas diretamente na moldeira individual. Com o crescente desenvolvimento das pesquisas e tcnicas, procura-se correlacionar a Anatomia, Fisiologia, Biologia e Mecnica. Assim que, Harris Mc Millan e

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colaboradores, estudando a anatomia da cavidade oral, demonstram a possibilidade de aproveitamento de maior rea de apoio no maxilar e na mandbula. Bowen K. Bowen lana mo de regies como a linha oblqua externa, a fossa retromolar e papila piriforme como elementos de reteno e estabilidade para a dentadura mandibular. Esta a sntese do caminho percorrido at agora. Ainda h muito a se aperfeioar. H novos materiais e, novas tcnicas esto em desenvolvimento. Esperamos que, no futuro, a dentadura seja um problema ultrapassado. Cremos que a pesquisa e os avanos na Odontologia Preventiva, tornaro sua necessidade restrita a casos espordicos; mais ligados a causas de ordem traumtica. Porm e infelizmente, nos dias atuais, a dentadura ainda um fator de ordem social e universal. Julgamos que possvel dar aos nossos pacientes, trabalhos plenamente satisfatrios, desde que no nos deixemos influenciar por conceitos negativos, que julgam a prtese de dentaduras como um paliativo ineficaz, que no vale nem requer o esforo e o cuidado necessrios para execut-la de maneira correta. No ser desmerecendo o que se tem, que se conseguir mais. 2. Elementos de moldagem a) Moldeiras: "a moldeira um recipiente de que nos utilizamos, para levar o material de moldagem aos tecidos bucais e aos dentes e mant-lo ali, contra eles, at que o material endurea". Existem no mercado, em vrios tamanhos e propores, que so mdias de medidas padres dos arcos alveolares. Em geral construdas em metal (alumnio ou ligas leves),ou plstico, com uma numerao que identifica seu tamanho (geralmente apresentadas em 3 tamanhos padres). So as chamadas moldeiras de estoque As moldeiras de estoque variam, no seu desenho, de acordo com o tipo de material de moldagem a que se destinam. Assim sendo, as moldeiras para alginato, apresentam bacia perfurada, ou com retenes internas (para reter o material de moldagem), enquanto que as moldeiras para godiva, apresentam a bacia lisa (sem retenes ou perfuraes). Podem ser confeccionadas especificamente para um caso, geralmente em resina acrlica ou outro material modelavel, so as chamadas moldeiras individuais. H autores que preconizam metal para construo de moldeiras individuais, porm, tornase excessivamente trabalhoso em relao ao resultado obtido.

a.1. moldeiras de estoque para a maxila: so moldeiras metlicas, constitudas por um corpo e um cabo. O corpo formado pela base ou bacia e pelas paredes laterais. Encontradas no comrcio em trs tamanhos, o exame da boca nos dar a indicao da moldeira a utilizar.

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a.2. moldeiras de estoque para a mandbula: como no caso das moldeiras maxilares, tambm estas so metlicas, apresentando como diferena fundamental, a bacia dividida em duas pores ou canaletas com espao para a lngua. Encontradas no comrcio em trs tamanhos, sendo uma srie especfica para moldagem com godiva em placa, a srie desenvolvida por Aldrovandi (A 101, A 103 e A 105), que variam apenas no comprimento da bacia, cuja largura e profundidade constante. Atualmente encontram-se no mercado as moldeiras desenvolvidas por Tamaki (srie TT), para godiva e as moldeiras da srie HDR. Estas ltimas so apresentadas em verso para godiva e para alginato. Tanto a srie TT quanto a srie HDR, so moldeiras de estoque para desdentados totais. b) Materiais de moldagem: Saizar classifica, sob o ponto de vista prottico, os materiais de moldagem em: FUNDAMENTAIS godiva colides ceras Qumicos alginato gesso ________________________________________________________________________ COMPLEMENTARES Termoplsticos ceras plsticas pastas p/moldagem guta-percha Qumicosacrlicos pastas zincoeugenlicas moldina ________________________________________________________________________ PARA DUPLICAR pastas elsticas areia de modelar Termoplsticos -

De uma maneira geral os materiais de moldagem devem possuir as seguintes caractersticas: Plasticidade: no momento da tomada da impresso - para que possam fluir contra os tecidos, copiando-os sem deform-los, em seus mnimos detalhes. No serem adesivos: para que possamos retirar o molde de posio, sem ferir o paciente, nem lesar os tecidos. Consistncia: para que possa ser manipulado, carregado na moldeira e levado boca, sem que o material saia de sua posio na moldeira.

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TAMAKI (1977), classifica os materiais de moldagem: Quanto FINALIDADE Quanto s PROPRIEDADES FSICAS Do ponto de vista CLNICO Quanto FINALIDADE, divide os materiais em: FUNDAMENTAL COMPLEMENTAR DUPLICAO Quanto as propriedades FSICAS, so classificados em : ELSTICOS ANELSTICOS Do ponto de vista CLNICO, em: IMEDIATOS MEDIATOS Vamos fazer um rpido estudo dos materiais de moldagem mais empregados em prtese total. Gesso: atualmente seu uso limitado devido ao advento de outros materiais como a godiva, as pastas zincoeugenlicas e os elastmeros. Deve-se seu abandono s caractersticas do prprio material. De tratamento difcil, requer familiaridade com suas propriedades fsicas, habilidade em sua espatulao e perfeito controle de seu tempo de presa. Alm desses fatores, requer cuidado quando de sua remoo da boca do paciente, pois sendo um material rijo, pode causar leses se removido intempestivamente. Sua separao posterior do modelo tambm trabalhosa podendo haver fratura do modelo obtido. Embora tenha sido largamente utilizado em prtese parcial e na Ortodontia, seu emprego em prtese total muito restrito. Resumindo: embora seja um excelente material de moldagem, seu emprego em prtese total no justificado frente s dificuldades de trabalho e fidelidade obtida. Godiva: devido s suas propriedades termoplsticas, a godiva permite requerimento e plastificaes sucessivas, remoldagem e reparos sendo que, esses procedimentos podem ser realizados seccionalmente. O escoamento do material, durante a moldagem, pode ser sujeito a controle. Sua principal qualidade consiste em uma gama de caractersticas que permitem, ao operador, levar em considerao as necessidades biomecnicas da moldagem. Outra vantagem reside na possibilidade de testarmos o molde durante as diversas fases de sua obteno e sempre que alteraes ou correes sejam necessrias elas podem ser feitas facilmente.

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Pelo estudo das caractersticas da godiva, notamos que sua melhor caracterstica consiste em permitir moldagens sucessivas, pois permite requerimento totais, ou por reas, com remoldagem de regies determinadas. Devido a ser um material termoplstico, seu endurecimento progressivo, o que nos permite moldar as estruturas de suporte em sua dinmica. Podemos, enquanto moldamos, executar ou pedir ao paciente que execute, movimentos musculares com o fito de impressionar, em nosso molde, aquelas estruturas paraprotticas como msculos e bridas, freios e inseres musculares, em movimento. Essa a razo (e julgamos mais que suficiente) que nos leva a ter a godiva como material de eleio para a moldagem de desdentados totais. Terminada a moldagem, o molde pode ser testado quanto estabilidade e reteno. Assim o operador pode estar razoavelmente certo, quanto ao resultado obtido. Naturalmente, esses fatores se devem totalmente s propriedades inerentes ao material, porm indicam seu valor. Pastas zincoeugenlicas: h alguns anos atrs o cimento zinco-oxifosfato foi utilizado para obtermos melhor adaptao e fixao (reembasamento) em dentaduras antigas. Notou-se que, com esse procedimento, os tecidos da cavidade oral, inflamados pelo atrito constante, apresentavam sensvel melhora tanto na cor como em sua textura. Alm do fato de que, pela melhor adaptao (e conseqente reteno) h maior estabilidade da prtese e, portanto, eliminao de traumatismo constante sobre a fibromucosa. Notou-se que o prprio cimento encerrava em sua composio algum elemento benfico para os tecidos. Sabemos que a associao de uma base neutra, como o xido de zinco, a um elemento como o eugenol, propicia condies ideais regenerao dos tecidos da cavidade oral. Devido a esse fato as pastas de xido de zinco e eugenol tornam-se de uso corrente em Odontologia, tanto em sua forma original de cimento como em compostos, especialmente preparados, como a pasta zincoeugenlica. Esses compostos (em sua forma simples ou associados a resinas) encontram ampla aplicao em todas as especialidades odontolgicas. Em prtese de dentaduras usamos as pastas zincoeugenlicas para moldagens com moldeiras individuais (devido a sua fluidez e capacidade de copiar as estruturas), em reembasamentos de dentaduras imediatas (pela sua propriedade curativa) ou como curativo de demora (em casos de hiperplasias da fibromucosa). O tempo de trabalho desse material grandemente afetado pelas condies atmosfricas (umidade e calor), pela proporo da mistura e pela maneira de espatular o material. Proporo incorreta, calor, umidade em excesso aceleram o tempo de presa do material. Como essas pastas desidratam a mucosa durante a sua presa, quando utilizadas em reembasamentos, aps a presa do material, devemos remover a dentadura da boca do paciente e submergir em gua antes de permitir a utilizao da prtese. A apresentao comercial das pastas zincoeugenlicas feita em duas bisnagas, com bocas de dimetros diferentes, de maneira que a proporo correta obtida por comprimentos iguais de pasta sobre uma placa de vidro ou papel encerado. Geralmente a

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cor das pastas tambm diferente conforme trata-se do agente catalisador ou da base (vermelho para o agente e branco para a base, embora possa variar de fabricante para fabricante). A mistura feita espatulando-se comprimentos iguais de pasta at se obter uma cor uniforme. Devemos considerar, sempre, a temperatura ambiente quando usamos esse material. As principais vantagens das pastas zincoeugenlicas podem ser listadas: facilidade de se obter uma adaptao correta escoamento uniforme, mesmo sob baixa presso adesividade moldeira mesmo quando reduzida a um filme de material facilidade de separao dos moldes vazados (por aquecimento em banho-maria). Elastmeros - substncias coloidais: com o desenvolvimento crescente da Odontologia tornou-se necessrio o uso dos materiais elsticos que permitissem moldagens de arcos dentais, portanto retentivos, de uma s vez. Com a generalizao de aparelhos protticos fixos, de vrios elementos; na confeco de aparelhos removveis, onde h a necessidade de copiar fielmente os dentes remanescentes; aumentou a demanda de materiais que associassem a fidelidade de impresso fidelidade dimensional. Por outro lado, o gesso, excelente material do ponto de vista das mnimas alteraes dimensionais que sofre, implica em dificuldades em seu manuseio. Com as pesquisas surgiram os materiais ditos elsticos: os elastmeros Esses materiais permitem, rpida e facilmente, a moldagem de regies retentivas, retornando posio original aps a retirada do molde da boca do paciente. Dentre o grande nmero de materiais elsticos existentes atualmente podemos citar: Os hidrocolides reversveis e irreversveis (alginatos ou gis): os colides reversveis e os alginatos, encontrados no mercado com diversos nomes comerciais, so mais utilizados como materiais para moldagem de dentados, parciais ou totais, ou associados godiva quando da confeco de dentaduras imediatas. Os hidrocolides reversveis vm acondicionados em tubos hermeticamente fechados e para sua utilizao necessitam apenas aquecimento em gua e subsequente esfriamento at uma temperatura de tolerncia para os tecidos. Recomendam-se moldeiras com resfriamento a gua quando do uso desses materiais. Os alginatos ou hidrocolides irreversveis so apresentados como um p que adicionado gua e espatulado at obtermos uma mistura cremosa, que levada boca em uma moldeira e mantida em posio, at sua completa geleificao. A grande vantagem desses materiais reside em sua elasticidade que nos permite a retirada das impresses mesmo nos casos mais difceis de arcadas retentivas ou guarnecidas de dentes. Siliconas e mercaptanas: o avano das tcnicas industriais permitiu o desenvolvimento de outros materiais, semelhantes aos colides quanto sua elasticidade, porm, cuja

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composio qumica caracterstica lhes confere estabilidade dimensional, permitindo um tempo de trabalho maior. Embora de composio totalmente diferente, as caractersticas clnicas, tanto das siliconas como das mercaptanas so muito semelhantes. Diz-se das mercaptanas, materiais base de borracha, que sofrem "vulcanizao" enquanto que as siliconas, materiais base de compostos de silcio cuja composio molecular pouco conhecida, sofreriam "polimerizao". Pois, no caso das siliconas, haveria uma verdadeira saturao inter-molecular, caracterstica de polimerizao, com aumento de cadeias de macromolculas. Vamos deixar o estudo das estruturas moleculares ao cargo dos estudiosos da disciplina de Materiais Dentrios e, fixar nossa ateno no uso clnico do material de moldagem em prtese de dentaduras. Com o uso de moldeiras especiais, mais condizentes com a anatomia da regio a ser moldada, a obteno de moldes corretos mais simples do que com o uso das moldeiras de estoque; conseqentemente h maior fidelidade e as possveis alteraes dimensionais sero bastantes diminudas.

UMA DEFINIO DE MOLDAGEM

"Entende-se por moldagem, aquele passo da tcnica de confeco de dentaduras que visa copiar, reproduzir, as arcadas alveolares e estruturas afins, com o fito de obtermos um modelo que ser a cpia fiel dessas arcadas e sobre o qual construiremos a base de nosso aparelho prottico". Podemos dividir as tcnicas de moldagem em dois grandes grupos: PRELIMINAR ou ANATMICA FUNCIONAL - simples - mista KORAN e col. (1977), classificam as moldagens em trs categorias: 1- FUNCIONAIS 2- SEMI-FUNCIONAIS 3- MUCOSTTICAS Podem ser classificadas, de acordo com o material de moldagem: a- Moldagens COMPRESSIVAS b- Moldagens SELETIVAS c- Moldagens com MNIMA PRESSO

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Em funo da fibromucosa de revestimento: a- LISA E ADERIDA b- RESILIENTE c- FLCIDA Em relao s tcnicas preconizadas pelos autores, podemos conceituar as moldagens em: MOLDAGEM COMPRESSIVA: Desenvolvida para oferecer a mxima eficincia durante a mastigao: Depende da resilincia da fibromucosa. MOLDAGENS A PRESSO SELETIVA: Desenvolvidas por PLEASURE (1964), procura-se desenvolver presso controlada ou diferenciada, sobre a fibromucosa. MOLDAGEM A MNIMA PRESSO: PAGE introduz o conceito de moldagem "mucosttica". BOHANNAN (1954) e PORTER (1955), discordam dos conceitos de PAGE. KORAN e col.(1977)- "moldagem mucosttica" e "presso mnima" no so sinnimos. O TIPO ou TCNICA de moldagem ser ditado pelas caractersticas do caso e pela fibromucosa de revestimento.

CONCEITO DE MOLDAGEM ANATMICA Moldagem anatmica ou primeira moldagem ou moldagem preliminar. Raybin limita a dentadura por quatro superfcies: 1. superfcie de moldagem 2. superfcie perifrica 3. superfcie polida 4. superfcie oclusal A configurao da superfcie de moldagem rege as relaes que a prtese vai manter com a superfcie sobre a qual estar assentada. Essas circunstncias determinam a sustentao, parte da reteno e parte da estabilidade do aparelho prottico. CONCEITO "Entende-se por moldagem anatmica aquela que reproduz fielmente os acidentes anatmicos da boca em seu estado atual".

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Pretende-se, com a moldagem anatmica a reproduo das formas, tal como as v o profissional, quando estas encontram-se em repouso e a boca aberta. Devido s caractersticas dos materiais de moldagem utilizados, os tecidos que constituem a superfcie de apoio e aqueles que a limitam, podem sofrer deformaes cuja magnitude e localizao escapam, em parte, ao controle do profissional. Depreende-se que a moldagem preliminar (anatmica) no satisfaz, totalmente, s exigncias de um aparelho prottico fisiolgico. Portanto, ela deve situar-se em um plano primrio, mas importantssimo, de obteno e visualizao dos limites da rea chapevel e suas caractersticas, fornecendo, dessa maneira, os elementos necessrios para podermos estabelecer a configurao prpria e individual do aparelho que iremos construir.

MOLDAGEM ANATMICA DA MAXILA GODIVA: 1. Material necessrio: moldeira de estoque para a maxila godiva em placa esptula Le Cron lmpada de Hannau ou similar plastificador de godiva

2. Posio do paciente e do operador: a cadeira ligeiramente inclinada para trs, o paciente com a cabea firmemente apoiada no encosto, em posio de repouso (plano de Camper paralelo ao solo). A altura da cadeira deve ser tal que, a boca do paciente fique ao nvel do cotovelo do operador. Posio do operador: 1a fase direita e frente 2a fase direita e atrs 3. Seleo da moldeira e tcnica de moldagem a) seleo da moldeira: o exame da boca do paciente nos dar uma indicao precisa da moldeira a utilizar. * De um modo geral, as bordas da moldeira, no devem ser demasiado altas; devem acompanhar os sulcos gngivo-labial e geniano. Posteriormente, ela deve recobrir as tuberosidades do maxilar. Deve ser suficientemente ampla para conter o material de moldagem, havendo um espao livre de 2 a 3 mm. entre a moldeira e a fibromucosa, espao esse que ser ocupado pelo material de moldagem. * Pacientes que apresentam abbada profunda, ogival, indicam uma moldeira de bacia alta. * Se as vertentes do maxilar forem verticais, deve-se encurvar as bordas da moldeira ligeiramente para dentro. Se as paredes do rebordo forem reentrantes ou salientes, as bordas da moldeira sero conservadas em ngulo reto com a base.

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* Nos casos em que no se consegue, dentre as diversas moldeiras, uma que preencha esses requisitos, deve-se construir uma moldeira especial a partir de um modelo obtido, atravs da moldagem com a moldeira mais prxima do ideal que possuirmos e remoldar. b) tcnica de moldagem: plastificao da godiva temperatura indicada pelo fabricante; homogeneizao, com os dedos* Conforma-se uma bola de godiva que ser colocada no centro da bacia da moldeira e estendida at as bordas da moldeira, recobrindo-as. importante que a godiva recubra as bordas da moldeira, com pequena extenso externa. Com os dedos, alisa-se a godiva e utilizando a lmpada de Hannau, flamba-se sua superfcie, aps o que recoloca-se, rapidamente, no plastificador, para obter a temperatura uniforme em sua superfcie. Nota: importante no aquecer o metal da moldeira pois, haver superaquecimento da godiva em contato com a moldeira, com excessiva plastificao e aderncia bacia da moldeira. Torna-se dificlima a sua remoo posterior. * A moldeira carregada introduzida na boca do paciente, em um nico movimento lateral; centralizada em relao ao rebordo, adaptada a este e iniciado o aprofundamento. Neste momento o operador coloca-se direita e atrs do paciente; com os dedos indicador e mdio de ambas as mos apoiados na moldeira, ao nvel de pr-molares, executa o aprofundamento. Deve-se executar uma presso suave e uniforme de maneira que o aprofundamento d-se pelo escoamento do material de moldagem e no pela presso exercida. No se deve empurrar a moldeira contra os rebordos e sim acompanhar o escoamento do material de moldagem. Mantendo a moldeira em posio com uma das mos, com a outra executamos movimentos de trao nos tecidos moles, dos lbios e bochechas, com a finalidade de imprimir, na godiva ainda plstica, as inseres musculares, freios e bridas. Movimentamos tambm, os lbios do paciente procurando impressionar a godiva com a anatomia do fundo de saco gngivo-labial. Executamos esses movimentos de um lado e do outro, tomando o cuidado de no movimentar a moldeira. * Com jatos de gua fria, contra o metal da moldeira, resfriamos a godiva at que perca a sua plasticidade e esteja rgida ao toque dos dedos. * Passando para frente do paciente, tracionamos a moldeira pelo cabo para testarmos sua reteno em esttica. Se houver deslocamento h a necessidade de repetirmos a moldagem. * Removemos o molde da boca, rompendo o selamento perifrico vestibular. Lava-se, seca-se e examina-se. * No exame preliminar procuraremos visualizar todas as estruturas anatmicas da regio moldada; pode-se fazer um exame comparativo olhando a boca e o molde, regio por regio. * Com o auxlio da esptula Le Cron, recortamos os excessos de material da poro posterior e lateral. Levamos novamente boca para testar a reteno e estabilidade do molde. * Os testes so executados tracionando-se a moldeira pelo cabo, segundo um plano horizontal; segundo um plano vertical e para cima.

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* Se algum detalhe no ficou registrado, poderemos, com auxlio de lmpada de Hannau, plastificar a rea em questo, levando novamente boca para remoldar o detalhe que nos interessa. * Se o molde apresenta resistncia ao deslocamento durante os testes e verificamos a presena de todos os detalhes anatmicos, ento ser considerado satisfatrio. MOLDAGEM ANATMICA DA MANDBULA 1. Material necessrio: - Moldeira de estoque para a mandbula - Godiva em placa - Esptula Le Cron - Lmpada de Hannau ou similar - Plastificador de godiva

2. Posio do paciente e do operador A cadeira ligeiramente inclinada para trs, o paciente com a cabea firmemente apoiada no encosto, em posio de repouso (plano de Camper paralelo ao solo). A altura da cadeira deve ser tal que o mento do paciente fique ao nvel do ombro do operador. Posio do operador: direita e frente. 3. Seleo da moldeira e tcnica de moldagem a) Seleo da moldeira: seleciona-se a moldeira pela tcnica j descrita; com a diferena que, no caso da mandbula interessa-nos, sobremaneira, o limite posterior da moldagem. b) Tcnica de moldagem: plastificao da godiva temperatura indicada pelo fabricante; homogeneizao com os dedos. * D-se a forma de um rolete godiva plstica e adapta-se na goteira da moldeira; com os dedos conforma-se a godiva de maneira que ela cubra toda a bacia da moldeira e suas bordas. Flamba-se a godiva e leva-se ao plastificador para homogeneizar a temperatura. Vale aqui, o que foi dito anteriormente, quando da moldagem da maxila. * A moldeira carregada introduzida na boca do paciente, em movimento lateral, tomando-se o cuidado de no deslocar a godiva das goteiras da moldeira. * Centralizamos a moldeira em relao ao rebordo e adaptamos suavemente. Com os dedos indicador e mdio apoiados na moldeira e os polegares apoiados no mento do paciente, procederemos ao aprofundamento. Esse aprofundamento deve ser suave e uniforme, acompanhando o escoamento do material e no empurrando o material contra os tecidos. * Pedimos ao paciente que feche, lenta e progressivamente a boca. Dessa maneira conseguimos um relaxamento dos msculos paraprotticos, notadamente o msculo Bucinador, permitindo levar o material de moldagem at a linha oblqua externa. Essa manobra nos permite aumentar, sobremaneira, a rea chapevel. * Pedimos ao paciente que realize os mais amplos movimentos com a lngua para copiar as posies mais altas do assoalho da boca (e suas implicaes musculares). * Removemos o molde obtido, lavamos e examinamos. Com auxlio da esptula Le Cron, removemos os excessos de material e levamos novamente boca.

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* Vamos agora remoldar as inseres vestibulares. Com a lmpada de Hannau, plastificamos um dos lados do molde, correspondente a sua borda vestibular e levamos a moldeira em posio. Apoiando firmemente o molde com uma das mos, com a outra executaremos trao nos tecidos moles daquela regio, com o fito de imprimir as inseres musculares, freios e bridas. Pela repetio da manobra, rea por rea, obtemos um molde bastante ntido da anatomia mandibular. * Aps essas manobras, lavamos o molde e secamos. Vamos verificar sua estabilidade e reteno, executando os testes de trao horizontal e vertical. * No caso do molde no resistir aos testes, a moldagem deve ser repetida tantas vezes quantas necessrias forem.

ACIDENTES QUE PODEM OCORRER DURANTE A MOLDAGEM 1. Falta de material: quando a falha pequena e restrita zona secundria de suporte podemos acrescentar godiva (aps o que, flambamos e remoldamos). Quando houver comprometimento do selamento perifrico, zona principal de suporte ou da estabilidade da moldagem, esta deve ser totalmente repetida. 2. Excesso de material: remove-se com esptula Le Cron e testa-se. 3. Plastificao insuficiente: o material estando muito rijo o escoamento prejudicado; h distenso dos tecidos e deformao do campo. necessrio repetir a moldagem. 4. Super-plastificao: o material perde suas caractersticas, torna-se adesivo, podendo lesar o paciente. O tempo de trabalho muito aumentado e h dificuldade no controle do escoamento. 5. Insuficincia de detalhes: quando restrita a pequena rea, pode-se reaquecer e remoldar. 6. Dobras, rugas, impresses digitais: geralmente devidas a falta de material ou incorreta plastificao, indicam a necessidade de nova moldagem. MOLDAGEM ANATMICA ou 1 MOLDAGEM ALGINATO NOTA - Como a seqncia de moldagem muito semelhante ao que j foi abordado, vamos analisar apenas os pontos que diferenciam uma tcnica de outra. 1. Material necessrio: moldeira de estoque para a maxila e/ou mandbula; alginato (medidor de p e de gua); cuba de borracha e esptula; seringa para alginato; cera tipo utilidade; esptula Le Cron; lmpada de Hannau ou similar;

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2. Posio do paciente e do operador: a cadeira ligeiramente inclinada para trs, o paciente com a cabea firmemente apoiada no encosto, em posio de repouso (plano de Camper paralelo ao solo). A altura da cadeira deve ser tal que, a boca do paciente fique ao nvel do cotovelo do operador. Posio do operador: 1a fase direita e frente 2a fase direita e atrs 3. Seleo da moldeira e tcnica de moldagem a) seleo da moldeira: o exame da boca do paciente nos dar uma indicao precisa da moldeira a utilizar * De um modo geral, as bordas da moldeira, no devem ser demasiado altas; devem acompanhar os sulcos gngivo-labial e geniano. Por posterior, ela deve recobrir as tuberosidades do maxilar. Deve ser suficientemente ampla para conter o material de moldagem, havendo um espao livre de 2 a 3 mm. entre a moldeira e a fibromucosa, espao esse que ser ocupado pelo material de moldagem. * Nos casos em que no se consegue, dentre as diversas moldeiras, uma que preencha esses requisitos, deve-se construir uma moldeira especial a partir de um modelo obtido, atravs da moldagem com a moldeira mais prxima do ideal que possuirmos e remoldar. * As moldeiras para alginato tem bordas finas, que no propiciam boa moldagem nessa regio. Com auxlio de cera tipo utilidade (encontra-se, no comrcio, em forma de rolete, como: cera perifrica - tipo regular), adaptada s bordas da moldeira, conformamos essa regio. Aquecendo, suavemente, a cera, com a lmpada de Hannau e levando boca do paciente, adaptamos as bordas da moldeira dinmica da regio do sulco. * Pacientes que apresentam abbada profunda, tipo ogival, requerem suporte para o alginato, nessa regio. Adaptam-se pequenas pores de cera, no centro da moldeira, at obter toque na regio mais alta do palato. * Como o alginato um material que apresenta alto escoamento, importante vedar a poro posterior da moldeira, utilizando um rolete de cera , para limitar a sada de material por essa regio (pode haver deformao e desajuste das pores mais altas do molde). b) tcnica de moldagem: O alginato um material hidrfilo, portanto sujeito a contaminao pelos fluidos bucais. Recomenda-se que o paciente enxge a boca, com uma soluo adstringente, para remover o excesso de mucina da saliva. * Espatulado o material, preenche-se a moldeira. O excesso ser levado, com auxlio de uma seringa para alginato, a preencher completamente, a regio do sulco vestibular. * A moldeira carregada introduzida na boca do paciente, em um nico movimento lateral; centralizada em relao ao rebordo, adaptada a este e iniciado o aprofundamento. Neste momento o operador coloca-se direita e atrs do paciente (quando da moldagem da maxila e frente, quando da moldagem da mandbula); com os dedos indicador e mdio de ambas as mos apoiados na moldeira, ao nvel de pr-molares, executa o aprofundamento. Deve-se executar uma presso suave e uniforme de maneira que o aprofundamento d-se pelo escoamento do material de moldagem e no pela presso exercida.

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No se deve empurrar a moldeira contra os rebordos e sim acompanhar o escoamento do material de moldagem. * O alginato um material de presa qumica. A moldeira deve ser mantida esttica, em posio, at a completa geleificao do material. * Removemos o molde da boca, rompendo o selamento perifrico vestibular. Lava-se, seca-se e examina-se. * No exame preliminar procuraremos visualizar todas as estruturas anatmicas da regio moldada; pode-se fazer um exame comparativo olhando a boca e o molde, regio por regio. * Com o auxlio da esptula Le Cron, recortamos os excessos de material da poro posterior e lateral. ACIDENTES QUE PODEM OCORRER DURANTE A MOLDAGEM Falta de material: falhas por falta de material (bolhas de ar), comprometem, irremediavelmente o molde de alginato. Excesso de material: remove-se com esptula Le Cron. Insuficincia de detalhes: indica falta de adaptao, espatulao deficiente ou tempo de trabalho muito longo, permitindo o incio da geleificao antes do aprofundamento do molde. Repete-se a moldagem.

No teste o molde de alginato: corre-se o risco de deslocar o material da moldeira. "Uma corrente no mais forte do que seu elo mais fraco". A moldagem anatmica a base sobre a qual iremos construir todo o nosso trabalho subsequente. SCHLOSSER, R. (1942)

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APTULO IV

- Modelos para dentaduras completas - Confeco dos modelos - Desenho das moldeiras individuais - Confeco e ajuste das moldeiras individuais MODELOS PARA DENTADURAS COMPLETAS 1. Conceito: o modelo para dentaduras vem a ser reproduo, em positivo, do molde obtido atravs da moldagem. 2. Importncia dos modelos: como h uma srie de passos, na confeco das dentaduras, que no podem ser executados na boca do paciente e como necessitamos relacionar o nosso trabalho s estruturas bucais, individuais, somos obrigados a moldar essas estruturas, reproduzi-las, para sobre a reproduo (modelo) e em laboratrio, adaptarmos nosso trabalho quelas condies anatomo-fisiolgicas do caso. elementar que o sucesso de nosso trabalho est intimamente relacionado com o cuidado dispensado a esse passo da confeco de dentaduras. Por ser, aparentemente, fcil e banal a confeco de modelos, h pouca ou nenhuma ateno s tcnicas de manipulao dos materiais, o que introduz erros que se somaro a possveis deficincias dos materiais utilizados, acarretando alteraes que podem vir a condenar um trabalho que, de outro modo, poderia ser bem sucedido. Sobre esse tema gostaramos de citar novamente: "Uma corrente no mais forte que seu elo mais fraco". * De nada nos adianta a utilizao de materiais de moldagem super-modernos ou de grande fidelidade se errarmos na confeco do modelo. * fundamental darmos ao mais simples passo, a ateno que damos ao mais complexo. Podemos distinguir em um modelo as seguintes partes: a) poro til: consta daquela parte que reproduz a anatomia oral; b) corpo: aquela poro que garante o reforo do modelo 3. Diviso dos modelos: Podemos dividir os modelos em dois grandes grupos, segundo a sua finalidade e suas caractersticas: a) Modelos anatmicos: (modelos preliminares ou primeiros modelos) ou de estudo b) Modelos funcionais: (segundo modelo ou modelo definitivo) ou modelos de trabalho a) Modelos anatmicos: so os modelos obtidos atravs da moldagem anatmica ou primeira moldagem. Nos oferecem a cpia primeira, em aspecto panormico, das regies que podem interessar confeco da dentadura. Este modelo dever conter reas alm do limite necessrio confeco da prtese. Ser sobre ele, baseados em sua arquitetura, que delimitaremos a rea chapevel tanto na maxila como na mandbula.

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Devido a utilizarmos o primeiro modelo para planejar o que ser a futura dentadura, os autores costumam denomin-lo de modelo de estudo. b) Modelos funcionais - so os modelos obtidos atravs da moldagem funcional ou moldagem definitiva. Nos fornecero a cpia fiel das estruturas de suporte e tecidos paraprotticos, que se relacionaro com a futura dentadura. Este modelo reproduzir, apenas as reas que sero recobertas pela base da dentadura. sobre este modelo que iremos prensar e polimerizar a base da dentadura, da ser tambm conhecido como modelo de trabalho. Recapitulando: o primeiro modelo fornecer uma viso panormica da regio que poderemos utilizar. Sobre os modelos de estudo determinaremos os limites da rea necessria (rea chapeavel). Por meio de uma moldeira individual, obtemos o molde e o modelo, detalhado daquela rea: o modelo de trabalho. Sobre o modelo de trabalho ser terminada a dentadura. CONFECO DOS MODELOS Embora seja tarefa relativamente fcil de ser executada, requer cuidados especiais, pois um bom modelo representa uma garantia de sucesso para nosso trabalho definitivo. Um erro introduzido no modelo ir ser retratado na base da dentadura terminada comprometendo, inexoravelmente, nosso trabalho. Como os modelos anatmicos no sero sujeitos a grandes esforos e portanto, no necessitam grande resistncia, podero ser confeccionados em gesso comum (gesso Paris). Por outro lado os modelos funcionais, que sero a base da dentadura, devem ser confeccionados em gesso duro, hidrocal (gesso pedra), para obtermos o mximo de resistncia, com um mnimo de alteraes dimensionais. Material necessrio Molde Gesso e balana para gesso Medidor de gua Tigela de borracha - esptula para gesso - faca para gesso Vibrador * A gua adicionada ao gesso, em uma proporo aproximada de 2/1 (essa proporo varia com as caractersticas do gesso e para os gessos de boa qualidade, sempre indicada pelo fabricante). Espatula-se vigorosamente durante cerca de 1 minuto. Leva-se a tigela ao vibrador para eliminao de bolhas de ar incorporadas mistura durante a espatulao. * Atualmente existem espatuladores mecnicos vcuo que, alm de propiciar uma espatulao homognea da mistura, retiram qualquer bolha de ar, porventura existente. * Aps a espatulao leva-se o gesso ao centro do molde; com auxlio de uma esptula, verte-se em pequenas pores, vibrando o molde (em vibrador). Pela vibrao o gesso flui, cobrindo toda a face interna do molde, enquanto o ar expulso. Adiciona-se

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paulatinamente, maior quantidade de gesso, tomando o cuidado de no incluir bolhas de ar que diminuiro a resistncia do modelo obtido. Estando o molde totalmente preenchido, coloca-se o excesso de gesso da tigela sobre o modelo a fim de aumentar a espessura do corpo do modelo. No emborque o modelo vazado - haver desadaptao interna do gesso moldagem. * Com o auxlio da esptula metlica aproxima-se o gesso das bordas do molde, a fim de proteger essas bordas e dar resistncia ao conjunto. Quando do incio da presa do gesso, ainda plstico, retiram-se os excessos com a esptula * Outro processo consiste em se revestir molde e moldeira com uma lmina de cera, conformando uma caixa, que ir receber o gesso. No haver necessidade de remoo de excessos e o trabalho ser mais limpo. * importante preservarmos as bordas do molde, pois elas nos fornecero a zona de selamento perifrico. Dever haver sempre um excesso na largura do modelo, para que possamos visualizar, perfeitamente, a zona do selamento perifrico. * Aguarda-se a presa do gesso (aproximadamente 30 minutos) e separa-se molde/modelo. Quando o molde foi obtido com godiva, a separao feita por imerso do conjunto em gua quente. No devemos usar gua em ebulio, para evitar que a godiva fique superplastificada e adira ao modelo. Usamos gua temperatura de plastificao da godiva ou pouco mais fria. Assim que a godiva plastificar, por trao suave, separamos o molde do modelo de gesso. Se o material de moldagem foi alginato, conveniente aguardar a presa do gesso com o conjunto molde/modelo vazado, dentro de uma cuba umidificadora. A separao deve ser feita por trao, em um movimento nico, sem necessidade de outros cuidados. * O modelo deixado em repouso at a completa evaporao da gua, para que sua superfcie atinja a dureza e consistncia necessrias continuao dos trabalhos de laboratrio. DESENHO DAS MOLDEIRAS INDIVIDUAIS a) Moldeira individual: "A moldeira individual a reproduo precisa de toda a zona chapevel dos maxilares, em trs dimenses: comprimento, largura e altura". Devido variedade de tamanhos e formas dos rebordos desdentados, bem como as vrias anomalias encontradas, imprescindvel o uso de moldeiras especialmente construdas e adaptadas para cada caso. A moldeira individual, ser construda sobre o modelo de estudo obtido a partir da primeira moldagem. b) Limites das moldeiras individuais: os limites das moldeiras individuais so regidos pelas noes de rea chapevel, tanto para a maxila, como para a mandbula. Deve-se tomar especial cuidado quando do desenho das moldeiras: respeitar as bridas e inseres musculares a fim de que no hajam interferncias que causariam a compresso e conseqente deformao dos tecidos.

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importante que as bordas da moldeira estendam-se at o limite do fundo de saco gngivo-labial e geniano, recobrindo dessa maneira, toda a rea passvel de fornecer reteno e suporte para a prtese. c) Importncia: "O objetivo da moldagem consiste, essencialmente, em reproduzir com a maior exatido possvel, a parte da boca que suportar a dentadura e para que essa reproduo seja fiel, necessrio que o material de moldagem, desenvolva sobre a parte a ser moldada, a mesma presso que desenvolver a dentadura". (GIETZ, 1960) Depreende-se desta citao que, com a moldeira de estoque, no poderemos obter os resultados desejados, uma vez que no teremos espessura uniforme do material de moldagem. Este fato acarretaria presses diferentes pelas diferentes possibilidades de escoamento. Da a necessidade da confeco de moldeiras individuais que, sendo uma cpia bastante fiel de toda a rea chapevel, nos garante espessura e portanto, presso uniforme do material de moldagem sobre os tecidos. Notadamente no que se refere a moldagem das bordas (zona de selamento perifrico). CONFECO E AJUSTE DAS MOLDEIRAS INDIVIDUAIS H vrios mtodos e materiais para a construo de moldeiras individuais, desde a adaptao de moldeiras de estoque metlicas, que sero recortadas e brunidas sobre o modelo, (mtodo difcil e antieconmico, hoje abandonado) at as moldeiras em resina acrlica, que so as mais utilizadas atualmente. Confeco das moldeiras individuais: 1- PLACABASE 2- RESINA ACRLICA 3- MISTAS 4- OUTROS TIPOS 1- Moldeiras individuais confeccionadas em placabase: material termoplstico, apresentado em placas de diversas espessuras, j recortadas, conforme se destinem maxila ou mandbula. Sua utilizao simples, bastando aquecimento uniforme para sua plastificao, quando podem ser adaptadas sobre a superfcie do modelo. Pelo resfriamento espontneo, tornam-se rijas mantendo a forma em que foram moldadas. importante o aquecimento uniforme que permitir melhor manuseio do material, melhor capacidade de adaptao e diminuir as posteriores alteraes dimensionais resultantes de esforos introduzidos no ato da acomodao. Aps sua perfeita adaptao ao modelo, recortam-se os excessos porventura existentes obedecendo aos limites da rea chapevel feitos sobre o modelo. Recomenda-se o uso de um reforo metlico; em fio de metal, adaptado segundo a maior largura e entre as tuberosidades, para conferir resistncia e prevenir alteraes dimensionais. As bordas da moldeira terminada devem ser lisas e arredondadas; o contorno de bridas e inseres musculares amplo, a fim de permitir liberdade de movimentos

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dessas estruturas quando do ato da segunda moldagem. As bordas lisas e arredondadas permitem melhor escoamento do material de moldagem nessas reas e conseqentemente, maior possibilidade de moldagem da regio do fundo de saco e limite de inseres musculares. Pode-se fazer uso de resina acrlica, quimicamente ativada, para o reforo das moldeiras. Toma-se o cuidado de aplicar uma camada fina de resina para que o desprendimento de calor, resultante da polimerizao da resina, no venha a deformar a placabase, alterando sua adaptao.

2a- Moldeiras individuais confeccionadas em resina acrlica prensada: as moldeiras individuais em resina acrlica so fceis de serem confeccionadas, tem rigidez satisfatria, sofrem menores alteraes dimensionais e quando necessitam de ajustes so de fcil desgaste. Em comparao com a placabase, as moldeiras em resina tem a desvantagem de necessitar mais tempo para sua confeco; porm, os resultados obtidos compensam muito, essa desvantagem. So confeccionadas adaptando uma lmina dupla de cera rosa no 7 sobre o modelo de estudo e recortando no limite da rea chapevel. Na regio anterior, junto crista do rebordo, construi-se um pequeno cabo para facilitar o manuseio da moldeira (h autores que aconselham a construo de trs pontos de apoio, para facilitar o equilbrio da presso de moldagem). Em seguida ser includo em mufla, o conjunto modelo/moldeira em cera. Aps a presa do gesso, abre-se a mufla (procedendo-se a um aquecimento prvio em "banho-maria" para plastificar a cera) e remove-se a cera plastificada. Aps a remoo de toda a cera, o modelo ser isolado utilizando-se um isolante base de alginato, tanto na face interna como externa (molde e contramolde). A resina acrlica homogeneizada em recipiente apropriado e quando na fase plstica, condensada na mufla. Prensa-se, e leva-se ao polimerizador (vide fases de laboratrio). Recomenda-se o uso de resina incolor como veremos adiante. Aps a polimerizao: abertura e desincluso da moldeira; recortam-se os excessos com pedras montadas para resina e leva-se para polimento. O processo ser idntico em suas fases principais, se utilizarmos resina acrlica ativada quimicamente (RAAQ). Evidentemente aps a incluso e prensagem da resina, no haver necessidade de polimerizao trmica. Simplesmente aguarda-se a polimerizao qumica para a demuflagem da moldeira. O resultado final quanto estabilidade dimensional idntico ao que se obtm com polimerizao trmica; de tal sorte que a RAAQ substitui perfeitamente e com vantagens a resina termicamente ativada. NOTA: Visto que as moldeiras prensadas apresentam um alto grau de adaptao, as reas retentivas do modelo devero ser aliviadas para permitir a remoo da moldeira aps a prensagem e para evitar zonas compressivas durante a segunda moldagem. Esse alvio deve ser executado antes da fase de enceramento, por acrscimo de material, com gesso do mesmo tipo do modelo, eliminando todas as reas retentivas ou em que desejemos alvio.

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2b- Moldeiras individuais confeccionadas em resina acrlica ativada quimicamente e adaptada: So um termo de compromisso entre as moldeiras em placabase e as moldeiras em resina prensada. Manipula-se a RAAQ que ser adaptada, com os dedos, sobre o modelo previamente isolado. A vantagem principal est relacionada ao pouco tempo despendido no processo e no fato de no corrermos o risco de danificar o modelo. Entretanto as alteraes dimensionais so inevitveis, uma vez que muito difcil obter espessura uniforme e manter presso durante a fase de polimerizao da resina. Cremos que a tcnica que exige maior habilidade por parte do profissional. NOTA: Se houver necessidade de alvios, estes podem ser feitos com cera, diretamente sobre o modelo, uma vez que no haver incluso. 3a- Moldeiras mistas em placabase e resina acrlica: Procura-se a facilidade de confeco das moldeiras em placabase e a adaptao e resistncia da resina acrlica. Aps a adaptao da lmina de placabase sobre o modelo (idntica adaptao para moldeira) recorta-se a borda da moldeira em cerca de 2mm. aqum da delimitao demarcada no modelo (a moldeira ser menor do que a rea demarcada). Prepara-se uma poro de RAAQ que ser vertida no interior da moldeira em placabase, ainda na fase fluida. Adapta-se a moldeira sobre o modelo (previamente isolado) pressionando com os dedos de maneira a promover a moldagem do modelo e o escoamento parcial da resina pelas bordas da moldeira. Mantendo em posio, aguarda-se a fase plstica da resina quando, com auxlio de uma esptula LeCron recortam-se os excessos, tomando o cuidado de adaptar, perfeitamente, as bordas em resina ao modelo. Aps a polimerizao acrescenta-se o cabo; remove-se do modelo e procedem-se aos ajustes por desgaste com pedra montada para resina. NOTA: Este tipo de moldeira muito simples e rpida, podendo ser confeccionada em consultrio, sem exigir qualquer tipo de equipamento laboratorial. Apresenta resistncia suficiente e tima adaptao ao modelo; a resina permite a utilizao de materiais trmicos para moldagem. As bordas em resina so fceis de recortar e adaptar. Sua maior desvantagem no permitir visualizao por transparncia. 3b- Moldeiras mistas em placabase e resina acrlica, aliviadas: So uma variao tcnica das moldeiras mistas. So indicadas naqueles casos em que se pretende alvio TOTAL no interior da moldeira, para utilizao de elastmeros, em casos de mucosa flcida, ou tcnicas sem compresso. Inicia-se a confeco da mesma forma descrita anteriormente: adaptao e acomodao de uma lmina de placabase dupla (dialbase), sobre o modelo. Recorte da placabase, 2 a 3mm. aqum da delimitao da rea basal. Adaptao de uma lmina dupla de cera rosa n 7 sobre a placabase adaptada ao modelo, tomando o cuidado de estender a cera sobre toda a rea basal demarcada no modelo (o enceramento ultrapassa a placabase em todos os sentidos e reproduz o enceramento convencional de uma moldeira). Incluso do conjunto em mufla.

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Aps a presa do gesso, abre-se a mufla removendo a cera, porm mantendo a placabase adaptada ao modelo. Manipulao de uma poro de RAAQ que ser entulhada SOBRE a placabase. Levado o conjunta prensagem, aguarda-se a polimerizao. Quando da abertura da mufla, obteremos uma moldeira em resina, prensada, tendo na sua face interna a placabase. Por aquecimento em gua, plastifica-se a placabase que ento ser removida. O acabamento das bordas feito de forma convencional. NOTA: Este tipo de moldeira apresentar um espao ou alvio interno, uniforme, da espessura da placabase que foi utilizada. No apresenta alvio nas bordas o que elimina a necessidade de moldagem perifrica. Presta-se, principalmente, s moldagens com elastmeros por manter espessura do material, condizente com suas caractersticas de moldagem. 4- Outros tipos: Dentro dessa categoria englobamos as moldeiras vcuo. H, no mercado odontolgico, vrios equipamentos que utilizam placas de polietileno (ou similar) que aquecidas e plastificadas, so adaptadas, vcuo, sobre um modelo. Esses aparelhos so bastante teis na confeco de bases de prova, placas miorelaxantes ou protetoras e, inclusive, moldeiras. O incoveniente desse tipo de moldeira reside na adaptao apenas razovel ao modelo, bordas pouco adaptadas regio do sulco, baixa resistncia e baixa estabilidade dimensional; principalmente devido ao material termoplstico. Alm do custo do prprio equipamento. Vistos os principais mtodos de construo de moldeiras individuais, passaremos a estudar o ajuste das moldeiras individuais: Como foi explicado anteriormente, a moldeira individual tem a finalidade de levar o material de moldagem em contato ntimo com a fibromucosa, em toda a sua extenso. Por esse fato, a moldeira individual recobre, apenas, aquelas reas que foram eleitas como a base da dentadura. Ela j deve ser planejada e desenhada levando em considerao todos os fatores necessrios para a reteno e estabilidade da prtese total. As suas bordas j foram confeccionadas tomando o cuidado de contornar as inseres musculares, freios e bridas. O comprimento deve ser compatvel com a tolerncia normal do paciente. Porm, sua delimitao foi feita em laboratrio e possvel que, em determinadas situaes de dinmica, haja interferncias tanto musculares como de tecidos moldes. Devemos lev-la boca do paciente para, em dinmica muscular, executar ajustes onde forem necessrios. Da, a grande vantagem das moldeiras individuais em resina acrlica incolor, que nos permitem visualizar os tecidos, por transparncia e verificar possveis reas de compresso ou distenso, mesmo quando essas reas encontram-se recobertas pela prpria moldeira. Reteno e estabilidade: embora no possamos esperar uma reteno absoluta da moldeira individual, este fator, por si s, j uma indicao do grau de adaptao da moldeira aos tecidos. Quanto estabilidade, ser uma indicao de que no existem zonas de compresso, notadamente ao nvel dos rebordos alveolares. (Quando a

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moldeira for construda em resina acrlica incolor, podemos verificar zonas de compresso por visualizao direta atravs da resina). Delimitao posterior: verificamos se o comprimento da moldeira suficiente ou se h sobre-extenso em tecido mole que no deve ser recoberto. Delimitao das bordas e contorno: a regio onde h maior necessidade de ajuste das moldeiras individuais: * Mantendo a moldeira em posio, pedimos ao paciente que execute movimentos. Vamos verificar se no h interferncia das bordas com os freios (labial e lingual); tecidos paraprotticos e msculos. Procuramos, obter um estado de equilbrio em que no haja interferncia dos tecidos paraprotticos com a moldeira, em nenhum estado de dinmica muscular * Os ajustes so feitos com o auxlio de pedra montada para resina, desgastando as reas ou pontos de interferncia. No caso das moldeiras em placabase usamos discos de lixa ou brocas para vulcanite, tomando o cuidado de obter uma borda arredondada e lisa. * necessrio lembrar que os ajustes devem ser feitos por remoo de material; sendo a adio de material difcil e geralmente, de conseqncias imprevisveis quanto ao resultado final. Por essa razo recomenda-se o mximo cuidado na delimitao e confeco das moldeiras individuais. * Aps os ajustes e estando a moldeira em condies, devemos verificar as bordas, repolindo se necessrio. Ento estaremos em condies de passar ao prximo degrau da confeco das prteses totais, que a moldagem funcional ou segunda moldagem ou moldagem definitiva.

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APTULO V

- Conceito de moldagem funcional - Requisitos fundamentais das dentaduras - Requisitos fsicos das dentaduras artificiais - Moldagem funcional da maxila - Moldagem funcional da mandbula CONCEITO DE MOLDAGEM FUNCIONAL De posse das moldeiras individuais perfeitamente ajustadas e adaptadas, podemos proceder moldagem funcional (ou segunda moldagem ou moldagem definitiva) do maxilar e da mandbula. Devemos, porm, levar em conta uma srie de fatores que nos orientaro quando da obteno dos moldes. Quando estudamos a primeira moldagem ou moldagem anatmica, verificamos que o modelo obtido representa uma viso panormica de toda a rea da maxila e da mandbula, que pode ser aproveitada como base para a construo da prtese. Notamos tambm, que foram levados em considerao os movimentos musculares e sua ao sobre os tecidos paraprotticos, ao construirmos a moldeira individual. Por outro lado, quando do ajuste da moldeira individual, procuramos contornar as zonas de grande movimentao e buscar outras reas para apoio e reteno. Temos portanto, uma moldeira individual que contorna e limita regies mveis e sem mobilidade. s moldagens capazes de conseguir a reproduo de todas essas regies de maneira a que possamos, depois, obter