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APOSTILA DE CONTABILIDADE GERENCIAL Prof. Paulo Gimenez 2009

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Page 1: Apostila Gimenez

APOSTILA

DE

CONTABILIDADE GERENCIAL

Prof. Paulo Gimenez 2009

MINI-CURRÍCULO DO PROFESSOR PAULO GIMENEZ

Page 2: Apostila Gimenez

Apostila de Contabilidade Gerencial – Prof. Paulo Gimenez

- É Bacharel em Ciências Contábeis, possui licenciatura plena em Matemática, Pós-

Graduado em “Finanças Corporativas”, “Recursos Humanos” e “ Docência do

Ensino Superior”. Atualmente é Mestrando em Gestão e Estratégia Empresarial pela

Universidade Federal Rural - RJ;

- Ex-funcionário do Banco Real onde atuou por quase 10 anos;

- Atua na área de educação ministrando aulas em diversas escolas da região há 15

anos, sendo há 6 anos no ensino superior;

- É Servidor Estadual, aprovado em 3º lugar na área de Administração, exercendo

na FAETEC / RJ – (Fundação de Apoio à Escola Técnica) as funções de

Coordenador do Centro de Gestão Empresarial e Professor de Administração e

Contabilidade.

E-mail: [email protected]

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Apostila de Contabilidade Gerencial – Prof. Paulo Gimenez

SUMÁRIO PÁGINA

I - CARACTERIZAÇÃO DA CONTABILIDADE GERENCIAL…………………………….………………51. INTRODUÇÃO AO ESTUDO…………………………………………………………………….…………52. CONTABILIDADE GERENCIAL COMO INSTRUMENTO DE ADMINISTRAÇÃO……….…………..53. CONTABILIDADE GERENCIAL E CONTABILIDADE FINANCEIRA…………………….…………….54. A INFORMAÇÃO GERENCIAL CONTÁBIL………………………………………………….…………. 55. CONTABILIDADE GERENCIAL X CONTABILIDADE FINANCEIRA………………………………… 56. O SISTEMA DE INFORMAÇÃO CONTÁBIL…………………………………………….………………. 67. FUNDAMENTOS DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO CONTÁBIL………………………………… 6

II - CUSTOS PARA AVALIAÇÃO, CONTROLE E TOMADA DE DECISÕES………………………….81. SIGNIFICADO DA PALAVRA CUSTO…………………………………………………………………… 82. A CONTABILIDADE DE CUSTOS……………………………………………………………………….. 83. OBJETIVOS DA CONTABILIDADE DE CUSTOS……………………………………………………… 84. A CONTABILIDADE GERAL E A CONTABILIDADE DE CUSTOS………………………………….. 85. HISTÓRIA DA CONTABILIDADE DE CUSTOS………………………………………………………… 96. A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA…………………………………………………………………………….107. FINALIDADES DA CONTABILIDADE DE CUSTOS……………………………………………………108. VISÃO GERENCIAL DA CONTABILIDADE DE CUSTOS…………………………………………… 119. OBJETIVOS DO SISTEMA “CONTABILIDADE DE CUSTOS”…………………………………….... 1210. POTENCIALIDADES DA CONTABILIDADE DE CUSTOS:………………………………………….1211. CAMPO DE APLICAÇÃO……………………………………………………………………………… 1312. O PROCESSO DE PRODUÇÃO …………………………………………………………………….. 1313. ELEMENTOS DO CUSTO INDUSTRIAL………………………………………………………………1414. CONCEITOS APLICADOS À CONTABILIDADE DE CUSTOS………………………………… 14,1515. CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS COM RELAÇÃO AOS PRODUTOS……………………….……1616. CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS COM RELAÇÃO AO VOLUME DE PRODUÇÃO……………..1717. CUSTOS PARA A DETERMINAÇÃO DO LUCRO……………………………………………..........1719. HIPÓTESES DE COMPORTAMENTO DOS CUSTOS…………………………………………….. 1820. SEPARAÇÃO ENTRE CUSTOS E DESPESAS……………………………………………………. 1821 - CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS EM DIRETOS E INDIRETOS………………………………… 1922. OUTRAS NOMENCLATURAS DE CUSTOS…………………………………………………………1923. CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS / DESPESAS…………………………………………………… 2024 - SISTEMAS DE CUSTEIO ………………………………………………………………….………… 2125 - RATEIO DE CUSTOS INDIRETOS…………………………………………………………….……. 2226. TERMINOLOGIAS GERAIS…………………………………………………………………………… 23

II - ANÁLISE CUSTO / VOLUME / LUCRO (CVL)…………………………………………………….…241 - PONTO DE EQUILÍBRIO (BEP – Break Even Point)………………………………..……… 24,25,262 - MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO……………………………………………………………..… 26,27,283 - ANÁLISE DO PONTO DE EQUILÍBRIO…………………………………………………………..….. 294 - O MÉTODO DA EQUAÇÃO……………………………………………………………………………. 295 – ALAVANCAGEM………………………………………………………………………………….... 30,31

III - CONTROLE INTERNO E AVALIAÇÃO DE ESTOQUES ………………………………………. 32

1 - OPERAÇÕES COM MERCADORIAS………………………………………………………………... 322 - FATOS QUE ALTERAM OS VALORES DE COMPRAS E VENDAS………………………….….. 333 - CÁLCULO DO CUSTO DOS PROD. VENDIDOS E DAS MERCAD. VENDIDAS……………... 334 - RESULTADO BRUTO COM MERCADORIAS (RCM)………………………………………….. 345 - ESTOQUES DE MERCADORIAS……………………………………………………………… …….. 35

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Apostila de Contabilidade Gerencial – Prof. Paulo Gimenez

IV - GASTOS DECORRENTES COM A FOLHA DE PAGAMENTO………………………………… . 371 - REMUNERAÇÃO ………………………………………………………………………………………. . 372 - PAGAMENTO DA REMUNERAÇÃO ………………………………………………………………… . 383 - ADICIONAIS ……………………………………………………………………………………………. 384 - VALE-TRANSPORTE ………………………………………………………………………………….. . 385 - PREVIDÊNCIA SOCIAL ………………………………………………………………………………. .396 - IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE – IRRF………………………………………………. . 407 - F G T S …………………………………………………………………………………………………. 418 - SALÁRIO FAMÍLIA …………………………………………………………………………………….. 42

V - DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO………………………………………………… 42

1. INTRODUÇÃO………………………………………………………………………………………….. 422 – DEPRECIAÇÃO………………………………………………………………………………….. 43,45,463 – AMORTIZAÇÃO………………………………………………………………………………………….. 464 – EXAUSTÃO………………………………………………………………………………………………..47

VI – BIBLIOGRAFIA………………………………………………………………………………………… 48

VII - LINKS PARA PESQUISA EM CONTABILIDADE E FINANÇAS ……………………………….. 48

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I - CARACTERIZAÇÃO DA CONTABILIDADE GERENCIAL

1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO

A Contabilidade Gerencial é o processo de identificação, mensuração, acumulação, análise, preparação, interpretação e comunicação de informações financeiras utilizadas pela administração para planejamento, avaliação e controle dentro de uma organização e para assegurar e contabilizar o uso apropriado de seus recursos.

A Contabilidade Gerencial, como uma parte integral do processo de gestão, adiciona valor distintivamente pela investigação contínua sobre a efetividade da utilização dos recursos pelas organizações, seja na criação de valor para os acionistas, seja para os clientes e outros credores.

Resumindo, a Contabilidade Gerencial preocupa-se com a informação contábil útil à administração, a qual orienta as decisões operacionais e de investimento.

Observa-se com certa freqüência que várias empresas, principalmente as pequenas, tem falido ou enfrentam sérios problemas de sobrevivência. Os empresários criticam a carga tributária, os encargos sociais, a falta de recursos, os juros altos etc., fatores estes que, sem dúvida, contribuem para debilitar a empresa. Entretanto, constata-se, que, muitas vezes, o grande problema não está naquelas críticas, mas na má gerência, nas decisões tomadas sem respaldo, sem dados confiáveis.

Por fim, nesse casos, uma contabilidade irreal, distorcida, em conseqüência de Ter sido elaborada única e exclusivamente para atender às exigências fiscais.

2. CONTABILIDADE GERENCIAL COMO INSTRUMENTO DE ADMINISTRAÇÃO

A informação contábil deve ser tratada como qualquer outro produto que esteja disponível para consumo. Ela deve ser desejada, pra ser necessária. Para ser necessária deve ser útil.

Então, a Contabilidade Gerencial existe ou existirá se houver uma ação que faça com que ela exista. Uma entidade tem Contabilidade Gerencial se houver dentro dela pessoas que consigam traduzir os conceitos contábeis em atuação prática.

3. CONTABILIDADE GERENCIAL E CONTABILIDADE FINANCEIRA

Os métodos da Contabilidade Financeira e da Contabilidade Gerencial foram desenvolvidos para diferentes propósitos e para diferentes usuários das informações financeiras. Há contudo, numerosas similaridades e áreas de sobreposição entre os métodos da contabilidade financeira e a gerencial.

“A Contabilidade Gerencial está relacionada com o fornecimento de informações para os administradores, isto é, aqueles que estão dentro da organização e que são responsáveis pela direção e controle de suas operações”.

“A Contabilidade Financeira está relacionada com o fornecimento de informações para os acionistas, credores e outros que estão de fora da organização”.

4. A INFORMAÇÃO GERENCIAL CONTÁBIL

A Informação Gerencial Contábil é uma das fontes informacionais primárias para a tomada de decisão e controle nas empresas. Sistemas Gerenciais Contábeis produzem informações que ajudam funcionários, gerentes e executivos a tomar melhores decisões e a aperfeiçoar os processos e desempenhos de suas empresas.

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5. CONTABILIDADE GERENCIAL X CONTABILIDADE FINANCEIRA

Fator Contabilidade Financeira Contabilidade Gerencial

Usuários dos relatórios Externos e internos Internos

Objetivos dos relatórios Facilitar a análise financeira para as necessidades dos usuários externos

Objetivo especial de facilitar o planejamento, controle, avaliação de desempenho e tomada de decisão internamente.

Forma dos relatórios Balanço Patrimonial, Demonstração dos Resultados, Demonstração das Origens e aplicações de Recursos, Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido

Orçamentos, contabilidade por responsabilidade, relatórios de desempenho, relatórios de custo, relatórios especiais não rotineiros para facilitar a tomada de decisão.

Freqüência dos relatórios Anual, trimestral e ocasionalmente mensal.

Quando necessário pela administração.

Custos ou valores utilizados Primariamente históricos (passados).

Históricos e esperados (previstos).

Bases de mensuração usadas para quantificar os dados.

Moeda corrente. Várias bases (moeda corrente, moeda estrangeira, moeda forte, medidas fiscais, índices etc).

Restrições nas informações fornecidas.

Princípios Contábeis geralmente aceitos.

Nenhuma restrição, exceto as determinadas pela administração.

Característica da informação fornecida.

Deve ser objetiva (sem viés) verificável, relevante e a tempo.

Deve ser relevante e a tempo, podendo ser subjetiva, possuindo menos verificabilidade e menos precisão.

Perspectiva dos relatórios Orientação histórica Orientação para o futuro para facilitar o planejamento, controle e avaliação de desempenho antes do fato (para impor metas), acoplada com uma orientação histórica para avaliar os resultados reais (para o controle posterior do fato)

6. O SISTEMA DE INFORMAÇÃO CONTÁBIL

Conforme definem a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e o Ibracom (Instituto Brasileiro de Contadores), “ a Contabilidade é, objetivamente, um sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários, com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à entidade, objeto de contabilização.

7. FUNDAMENTOS DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO CONTÁBIL

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Três pontos são fundamentais para que um sistema de informação contábil tenha validade perene dentro de uma entidade. São os seguintes: operacionalidade, integração e custo de informação.

a) Operacionalidade:

As informações devem ser coletadas, armazenadas e processadas de forma operacional. O fundamento da operacionalidade significa que todos os que trabalham com a informação contábil devem saber e sentir que estão operando com dados reais, significativos, práticos e objetivos; conseguidos, armazenados e processados de forma prática e objetiva.

Com isso teremos uma utilização gerencial, ou seja, uma utilização prática e objetiva. São característica básicas de operacionalidade:

a) relatórios concisos;

b) elaborados de acordo com as necessidades do usuário;

c) coletados de informações objetivas e de imediato entendimento pelo usuário;

d) que não permitam uma única dívida sequer, ou possibilitem pergunta indicando falta de alguma informação do objeto do relatório;

e) apresentação visual e manipulação adequada.

b) Integração e navegabilidade dos dados

Incluí-se na introdução do tema que ainda consta como característica dos sistemas de contabilidade atuais sua apresentação arquitetada de forma não integrada. Entende-se como não integrada a estruturação de vários sistemas de informação contábil dentro de uma empresa.

Nota-se comumente que o sistema de informação da contabilidade financeira não é o mesmo do sistema de informação da contabilidade de custo, que não é o mesmo sistema de informação do sistema orçamentário, que por sua vez, também não é o mesmo do sistema do planejamento financeiro, e assim por diante.

O que caracteriza um sistema de informação contábil integrado é a “navegabilidade” dos dados. A partir do momento em que um dado é coletado (e ele só será coletado pelo sistema se for um dado operacional), este deverá ser utilizado em todos os segmentos do sistema de informação contábil.

Exemplificando, quando do pagamento de determinada despesa, a mesma classificação dada pela contabilidade financeira deverá ser dada pela contabilidade de custos, que será identicamente estendida e classificada pelo setor de orçamentos, assim como pela tesouraria e fluxo de caixa etc.

Explicitando ainda mais, tomemos como exemplo os gastos com transporte de funcionários e vejamos algumas classificações possíveis:

Área contábil Tratamento possível

Contabilidade financeira Despesas de salários ( encargos sociais)Custo do produto Despesas gerais absorvidasPlanejamento financeiro Despesas de transporte

Resumindo, num sistema de informação contábil integrado só haverá um dado e só uma classificação. ( no caso acima, todos deverão dar o mesmo tratamento em termos de classificação por tipo de despesa ).

c) Custo da informação

O fundamento do custo da informação faz parte dos princípios básicos de contabilidade. O sistema de informação contábil deve ser analisado na relação custo-benefício para a empresa. Ele deve apresentar uma situação de custo abaixo dos benefícios que proporciona à empresa. Com a incorporação definitiva dos recursos computacionais, de macro e microinformática, na administração das empresas, qualquer entidade, de microempresas a grandes corporações, tem condições de manter um sistema contábil de informação. Só precisa gerenciá-lo.

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II - CUSTOS PARA AVALIAÇÃO, CONTROLE E TOMADA DE DECISÕES

1. SIGNIFICADO DA PALAVRA CUSTO

A palavra custo possui significado muito abrangente: pode ser utilizada para representar o Custo das Mercadorias Vendidas em uma empresa comercial, o Custo dos Serviços Prestados em uma empresa de prestação de serviços, o Custo de Fabricação de um produto, o Custo Direto de Fabricação etc.

Assim é necessário ter consciência de que poderá encontrar conceitos distintos de custo. Devemos procurar analisar cada um deles de acordo com o enfoque que estiver sendo dado a cada caso em particular. Isso facilitará o raciocínio, tornando a análise mais fácil.

2. A CONTABILIDADE DE CUSTOS

A Contabilidade de Custos ou Contabilidade Industrial é um ramo da Contabilidade aplicado às empresas industriais. Quando falamos em custo industrial estamos nos referindo aos procedimentos contábeis e extra-contábeis necessários para se conhecer o quanto custa para a empresa industrial a fabricação dos seus produtos, através do processo industrial.

A movimentação do Patrimônio das empresas industriais, com exceção da área de produção, assemelha-se à movimentação do Patrimônio dos demais tipos de empresas. Por esse motivo, para se controlar a movimentação do Patrimônio das empresas industriais aplicam-se os Princípios Fundamentais de Contabilidade, também utilizados para os outros tipos de empresas.

Porém, o que torna a Contabilidade de Custos diferente dos demais ramos da Contabilidade são os procedimentos praticados na área de produção da empresa industrial, os quais exigem a aplicação de critérios específicos para se apurar o custo de fabricação.

3. OBJETIVOS DA CONTABILIDADE DE CUSTOS

A Contabilidade de custos foi inicialmente desenvolvida para fornecer dados de custos apropriados às demonstrações contábeis segundo os Princípios Fundamentais de Contabilidade, porém teve uma importante evolução nas últimas décadas, tornando-se um instrumento da Contabilidade Gerencial.

Em termos amplos é possível relatar o objetivo da Contabilidade de Custo como: A apreensão, classificação, registro, análise e interpretação dos valores físicos e monetários das variações patrimoniais – ocorridas, projetadas ou simuladas – pertencentes ao ciclo operacional da entidade, com vistas à tomada de decisões de cunho administrativo, nos seus diversos níveis de comando.

Especificamente a Contabilidade de Custos objetiva a (o):

- avaliação de estoques;

- atendimento das exigências fiscais;

- determinação do resultado;

- planejamento;

- formação do preço de venda;

- controle gerencial;

- avaliação de desempenho;

- controle operacional;

- análise de alternativas;

- estabelecimento de parâmetros;

- obtenção de dados para orçamentos;

- tomada de decisão

4. A CONTABILIDADE GERAL E A CONTABILIDADE DE CUSTOS

Uma das principais missões da CONTABILIDADE é proporcionar informações adequadas e sistemáticas dos fenômenos patrimoniais (fatos contábeis) ocorridos nas células sociais, conhecidas como empresas ou entidades.

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Entre as muitas especializações da contabilidade é possível classificá-la em contabilidade geral (financeira ou fiscal) e contabilidade gerencial (inclusa nesta a contabilidade de custos).

A Contabilidade Geral ou Financeira engloba todos os fatos ocorridos na entidade e prepara informações tanto para o âmbito interno (administradores, diretores, gerentes etc.) quanto externo à entidade (acionistas, governos, fornecedores etc.).

Preocupa-se com o acompanhamento de todas as transações de captação de recursos financeiros e sua materialização em fatores produtivos de uma parte e, por outra parte, das transações envolvendo a comercialização dos produtos e serviços e a posterior cobrança dos mesmos. Trata ainda do cálculo do resultado, entendido este no sentido de excedente havido após a remuneração a tipo de fornecedores, sejam de trabalho ou de capital, bem como da elaboração de demonstrações contábeis.

Deve seguir os Princípios Fundamentais de Contabilidade, e também atender as exigências fiscais e societárias. Neste aspecto, cita-se a legislação do imposto de renda das pessoas jurídicas (decreto-lei nº 1.598/77), a qual obriga a empresa a manter um sistema de custos integrado e coordenado com o restante da escrituração. Se isto não ocorrer, o fisco poderá arbitrar o valor dos estoques para efeito do cálculo do imposto de renda e da contribuição social, desconsiderando a escrituração contábil.

Porém, nem todos os métodos de custos são aceitos pela legislação brasileira. Ela requer a utilização do chamado custeio por absorção (será estudado em capítulos posteriores), o qual atende aos PFC. Este sistema tem como filosofia a premissa de que todos os custos (fixos e variáveis – diretos e indiretos) são computados ao custo dos produtos, portanto ativados.

Assim, para atender à legislação comercial, a empresa deve adotar tal sistema ou, se adotar algum outro, deverá, por ocasião do encerramento do exercício, fazer os ajustes necessários de seus estoques e do custo dos produtos de acordo com os procedimentos do custeio por absorção.

A CONTABILIDADE DE CUSTOS centra sua atenção no estudo da composição e no cálculo dos custos, também observa o resultado dos centros ou dos agentes do processo produtivos. A contabilidade de custos tem como característica ser de caráter INTERNO.

5. HISTÓRIA DA CONTABILIDADE DE CUSTOS

A Contabilidade de Custos nasceu da Contabilidade financeira, quando da necessidade de avaliar estoques na indústria, mais especificamente com o início da Revolução industrial. Anteriormente a esse período, os produtos era fabricados por artesãos que, via de regra, não constituíam pessoas jurídicas e pouco preocupavam-se com o cálculo de custos.

A contabilidade nessa época, tinha sua aplicação maior no segmento comercial, sendo utilizada para apuração do resultado do exercício. Porém, com o incremento da indústria surge a necessidade de cálculo de custos para formação de estoques.

Os comerciantes para apurar o resultado do exercício somavam as receitas e subtraíam delas o custo da mercadoria vendida, gerando o lucro bruto. Do lucro bruto eram deduzidas as demais despesas e, assim, encontravam o lucro ou prejuízo do período (esse sistema de apuração ainda hoje é utilizado pela contabilidade).Exemplo:Vendas(-) custo das mercadorias vendidas(=) lucro bruto(-) despesas administrativas(-) despesas comerciais(-) despesas financeiras(=) lucro/prejuízo

Na atividade comercial o custo da mercadoria vendida era fácil de ser identificado, uma vez que sua composição resulta do valor pago pela mercadoria, mais tributos não compensáveis, mais fretes pagos e seguros.

No caso de haver variação de estoques, aplica-se a fórmula envolvendo, estoque inicial, compras e estoque final para se encontrar o CMV.

CMV = EI + Compras – EF

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No segmento industrial, a mesma sistemática de cálculo de custo dos produtos não poderia ser utilizada, uma vez que o fabricante compra materiais e os transforma, paga mão-de-obra para elaborá-los e ainda consumo uma infinidade de outros custos (energia, água etc.), para enfim gerar o bem para venda.

Nessa situação, na qual vários insumos são consumidos para elaboração de um novo produto, não é tão simples o cálculo de custos a ser implementado. Essa dificuldade ou necessidade fez surgir a contabilidade de custos, inicialmente com a finalidade de mensurar os estoques produzidos e determinar o resultado do exercício.

A partir da revolução industrial a contabilidade de custos muito evoluiu, passando a gerar informações, não só para controle, mas também para o planejamento e tomada de decisão. Ela aparece pela primeira vez com técnica independente e sistemática, nos Estados Unidos, envolvendo a produção industrial, sobretudo estudando os problemas de mão-de-obra e repercussões no custo industrial. Mais tarde, passou a preocupar-se, de modo menos empírico com os custos de material consumido (direto) nas operações, buscando a visão global do processo produtivo, instante em que são discutidos os maiores entraves da Contabilidade de Custos, os chamados Custos Indiretos de Fabricação (CIF). Também denominados de despesas indiretas de fabricação, para outros, despesas gerais, custos indiretos e ou ainda de overhead.

Os CIF vem historicamente sendo os grandes vilões da Contabilidade de Custos, por serem de difícil alocação. Hoje, dentro da Contabilidade de Custos, existem critérios e técnicas que solucionam de modo bastante adequado os problemas relacionados a esse aspecto (estudo este que será direcionado nos capítulos seguintes).

O sistema de custos busca identificar os gastos com a produção (Custos totais), para que com base nestes dados possam ser realizadas classificações, análises, avaliações, controles e planejamentos, conseqüentemente, transforma-se num importante instrumento de gestão, como fonte primária e básica para a tomada de decisão.

É importante ressaltar que a Contabilidade de Custos não se aplica somente às indústrias, sendo que é possível calcular custos comerciais, de serviços, agrícolas etc. Porém a ênfase maior é dada à atividade industrial, uma vez que é neste segmento seu maior campo de atuação (motivo esse que leva muitos a denominarem, erroneamente, a contabilidade de custos como sinônimo de contabilidade industrial).

6. A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA.

Sendo um dos objetivos da Contabilidade de Custos a avaliação do estoque é importante observar-se o que traz a legislação brasileira (lei nº 6.404/76) a respeito de tal tópico:

“Os direitos que tiverem por objeto mercadorias e produtos de comércio da companhia, assim como matérias-primas, produtos em fabricação e bens em almoxarifado, serão avaliados pelo custo de aquisição ou produção; deduzido de provisão para ajustá-lo ao valor de mercado, quando este for inferior”. Assim, a base elementar da contabilização dos estoques é o custo (de aquisição e de produção).

Seguindo o que propõe a legislação, o Custo é a base, mas quando houver a perda de utilidade ou a redução no preço de venda ou de reposição de um item que reduza o seu valor recuperável, ou seja, de mercado, a um nível abaixo do custo, deve-se então assumir com base final de avaliação tal preço de mercado inferior ao custo (custo ou mercado, dos dois o menor), mediante uma previsão (previsão para desvalorização de estoques), mantendo-se os controles de estoques ao valor original de custo.

7. FINALIDADES DA CONTABILIDADE DE CUSTOS

A Contabilidade de Custos tem vários objetivos básicos, como visto no tópico anterior. Por sua vez, a aplicação do pensamento sistêmico explora e procura demonstrar a ligação entre os objetivos ideais e os reais de uma organização, podendo em alguns casos tais objetivos serem determinados por ações e não o contrário, como imagina-se ser ideal.

Assim, é possível interpretar que muitos objetivos são estabelecidos de acordo com a finalidade a que se propõem a entidade ou seja, quais as necessidades que este sistema tenderá a anular, podendo serem elas genericamente de três ordens:

a) Finalidade Contábil – o sistema de custos tem sua estrutura formulada para encontrar o custo do estoque a ser contabilizado e como conseqüência o CMV ou CPV ou CSP, determinantes na apuração do rédito. Para atender esta finalidade é importante frisar que todos os procedimentos devem ser efetivados segundo os Princípios Fundamentais de Contabilidade (tema que será abordado detalhadamente no capítulo sétimo).

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b) Finalidade Administrativa – o sistema de custos que procura atender a finalidade administrativa tem com intuito principal estabelecer maneiras de controle, utilizando na grande maioria dos casos o sistema de custo padrão, podendo o administrador gerenciar seu sistema operativo.

c) Finalidade Gerencial – o sistema tem como base o cálculo do custo atual, do custo futuro, do custo de reposição, entre outros, buscando subsídios para gerenciar seu sistema produtivo, na visão de curto e longo prazo, estabelecendo metas, preços de venda e estratégias.

Os objetivos principais do sistema de custo gerencial são:

- suprir a administração de informação para a tomada de decisão.

- servir como ponto de orientação quanto a medidas de correção.

- acompanhar distorções de valores, níveis de eficiência de produção e qualidade dos padrões estabelecidos.

- Identificar, entre outros aspectos, contribuição por produto, linhas deficitárias...

8. VISÃO GERENCIAL DA CONTABILIDADE DE CUSTOS

Gerencialmente a Contabilidade de Custos é vista como um subsistema contábil que coleta dados relativos a produção, processa e gera informações capazes de anularem as necessidades dos usuários, portanto é um instrumento gerencial.

Estas informações são constantemente avaliação, por meio da retroalimentação, garantindo a vitalidade e continuidade do sistema. A figura abaixo representa sinteticamente este entendimento.

Outra forma de representar um sistema de custos é demonstrar o conjunto de dados que compõe o complexo da entrada, como estes são organizados e quais os relatórios gerenciais que o sistema gera.

Dados: Externos Internos Monetários Não monetários

Na realidade, a Contabilidade de Custos não cria os dados; ela necessita de dados originais que constituem sua matéria-prima e com os quais irá fabricar o produto acabado em forma de informações.

Uma das formas de iniciar-se o processo de planejamento e execução de um sistema de custos é buscar junto aos usuários quais são suas necessidades informativas, para que o sistema consiga atender aos anseios das pessoas que irão utilizá-lo. De nada vale um arsenal de informações que não são usadas, neste sentido a integração Contador e usuário é fundamental.

Dados Contab. de Custos

Informação

Feedback

ColetaOrganizaçãoCombinação

Informações Gerenciais

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Genericamente é possível visualizar o sistema de custos conforme a figura seguinte:

9. OBJETIVOS DO SISTEMA “CONTABILIDADE DE CUSTOS”

CONTABILIDADE DE CUSTOS

1. Fases do Trabalho 2. Objeto do Custo 3. Finalidades Gerenciais

Coleta Acumula Organiza Analisa Interpreta Informa

ProdutosServiçosEstoquesComponentes organizacionaisPlanos operacionaisAtividades especiaisProgramasSegmentos de distribuição

Determinação da rentabilidade Avaliação do patrimônio Controle de custos Controle da operações Planejamento Tomada de decisões

Algumas questões aparecem como fundamentais e terão que ser respondidas pelo profissional da área.

- Por que os sistemas devem ser planejados (objetivo)?- Quais as necessidades ele deve anular?- Deve avaliar o Custo-benefício de sua implantação?- Quem serão os usuários? E que espécie de informação eles necessitam?- Para chegar aos objetivos, quais as técnicas ou métodos a serem utilizados?

10. POTENCIALIDADES DA CONTABILIDADE DE CUSTOS:

São grandes as potencialidades da Contabilidade de Custos, pois é possível por meio do sistema de custos elaborar uma série de relatórios, capazes de anularem as necessidades informativas da cada usuário. Estes sistemas fazem isto coletando e conjugando dados físicos e monetários, produzindo, assim, relatórios para os diversos níveis. Relatórios estes que poderão ser baseados em dados históricos, estimados, padronizados e produzidos, auxiliando sobremaneira no processo de controle, análise, planejamento e tomada de decisão.

Coleta dos dados

Seleção dos dadosPlanejamentoTreinamentoOrganização

AcumulaçãoOrganizaçãoAnáliseInterpretação

Relatórios gerenciais

Apoio da Administração

Processamento Informações

Sistemas de custosCritérios básicosProcedimentosRegistros

Em conjunto com o usuário

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11. CAMPO DE APLICAÇÃO

O campo de aplicação da Contabilidade de Custos abrange o Patrimônio das empresas industriais. Empresa industrial é aquela cuja atividade característica se concentra na transformação de matéria- prima em produtos. O Custo Industrial compreende a soma dos gastos com bens e serviços aplicados na produção de outros bens. O que diferencia as empresas industriais dos demais tipos de empresas são as atividades operacionais de produção que se caracterizam pela transformação de matérias-primas em produtos industrializados.

Essa atividade de transformação denomina-se produção industrial ou processo de fabricação. Entretanto, não é apenas a transformação que caracteriza a produção industrial; ela pode ocorrer em função da transformação, do beneficiamento, da montagem de peças e da restauração.

Considerando a natureza dos produtos que fabricam, poderemos encontrar inúmeros tipos de indústrias; vejamos alguns casos:

- Indústrias de produtos metalúrgicosferro e açoprodutos metalúrgicos não-ferrososestruturas metálicasutensílios domésticos

- Indústrias de produtos mecânicosmotores de combustão internarolamentoscâmaras e balcões frigoríficosexaustores, aspiradores e ventiladores industriaismáquinas, aparelhos industriais

- Indústrias de material elétrico e de comunicaçõesmotores, geradores e transformadoreslâmpadaspilhas elétricas

- Indústrias de produtos de madeiramóveistacos para assoalho

- Indústrias de móveis de aço

- Indústrias de alimentos congelados

- Indústrias automobilísticas

- Indústrias de papéis e derivados

- Indústrias de vidro

- Indústrias de materiais plásticos

- Indústrias farmacêuticas

- Indústrias de cimento

- Indústrias têxteis

12. O PROCESSO DE PRODUÇÃO

Toda vez que produzirmos algo, vários elementos participarão do processo. Podemos afirmar que o processo possui um custo e este é chamado de Custo de Fabricação, o qual apresenta duas partes:

a) - Parte Direta – composta pelos gastos com aquisição dos materiais utilizados integralmente na fabricação do produto (tecnicamente chamados por materiais) mais o custo das horas de trabalho (tecnicamente conhecido por mão-de-obra).

A soma desses gastos, é também denominada Custo Direto de Fabricação, pois suas quantidades e seus valores são facilmente identificados em relação ao produto.

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b) - Parte Indireta – composta pelos gastos com outros elementos que concorrem indiretamente na fabricação do produto, como aluguel, depreciação, gás, energia elétrica etc. (tecnicamente conhecidos por Gastos Gerais de Fabricação).

13. ELEMENTOS DO CUSTO INDUSTRIAL

São três os elementos do Custo Industrial :

1 - Materiais 2 - Mão-de-obra 3 - Gastos gerais de fabricação

13.1 - Materiais

Os materiais utilizados na fabricação podem ser classificados em:

a) Matérias-primas: são os materiais principais e essenciais que entram em maior quantidade na fabricação do produto.

b) Materiais secundários: são os materiais que entram em menor quantidade na fabricação do produto. Esses materiais são aplicados juntamente com a matéria prima, complementando-a ou até mesmo dando o acabamento necessário ao produto.

c) Materiais de embalagens: são os materiais destinados a acondicionar ou embalar os produtos, antes que eles saiam da área de produção

13.2 - Mão-de-Obra

Compreende os gastos com o pessoal envolvido na produção da empresa industrial, englobando salários, encargos sociais, refeições e estadias, seguros etc.

13.3 - Gastos Gerais de Fabricação

Compreendem os demais gastos necessários para a fabricação dos produtos, como: alugueis, energia elétrica, serviços de terceiros, materiais diversos, manutenção da fábrica, depreciação, seguros diversos, material de limpeza, óleos e lubrificantes para as máquinas, pequenas peças para reposição, telefones e comunicações etc.

14. CONCEITOS APLICADOS À CONTABILIDADE DE CUSTOS

Para estudarmos a Contabilidade de Custos, é importante a familiarização com os termos usuais da área. Na seqüência serão apresentados alguns conceitos entendidos como fundamentais.

GASTOS são desembolsos à vista ou a prazo para obtenção de bens ou serviços independentemente da sua destinação dentro da empresa. Isto é, toda vez que ela pretende adquirir bens, seja para transformação ou consumo, ou ainda utilizar algum tipo de serviço, ela efetua um gasto.Exemplos:

Gasto com mão-de-obra (salários e encargos sociais) Gasto com aquisição de mercadorias para revenda. Gasto com aquisição de matérias-primas para industrialização. Gasto com energia elétrica = aquisição de serviços de fornecimento de energia. Gasto com aluguel de edifício (aquisição de serviços). Gasto com Reorganização Administrativa (serviço).

Os gastos podem ser realizados objetivando investimentos no ativo ou consumo como custos e despesas, tais como:

1. Custos representam o valor dos recursos aplicados na produção de um bem ou serviço, sendo ativados até que venham a produzir receitas para a empresa, quando então são levados ao resultado sob a forma de despesa normalmente sob a denominação de "Custo dos Produtos ou Serviços Vendidos".

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ProdutosAcabados

CUSTOS DESPESAS

VENDAS

Apostila de Contabilidade Gerencial – Prof. Paulo Gimenez

Exemplos: Salários do pessoal da produção. Matéria-prima utilizada no processo produtivo. Combustíveis e lubrificantes usados nas

máquinas da fábrica.

Aluguéis e seguros do prédio da fábrica. Depreciação dos equipamentos da fábrica. Gastos com manutenção das máquinas da

fábrica.

2. Despesas correspondem aos gastos incorridos pela empresa para comercializar seus produtos e/ou serviços, bem como para financiar e manter suas atividades. De outra forma, pode-se afirmar que as despesas representam os recursos aplicados pela empresa em troca da obtenção de receitas e, portanto, devem a estas ser relacionadas.

As Despesas podem corresponder, também, à redução no ativo sem simultânea redução do passivo e não vinculada ao esforço de geração de receitas, sendo neste caso denominadas "perdas".

O momento de reconhecer uma despesa e, assim, confrontá-la com a receita por ela gerada, apresenta-se como o principal problema relacionado com o tema. Merecem destaque, também, os seguintes pontos: classificação da despesa (operacional ou não-operacional); e avaliação da despesa.

Exemplos: Salários e encargos sociais do pessoal de vendas. Salários e encargos sociais do pessoal administrativo. Energia elétrica consumida na sede administrativa. Gasto com combustíveis e refeições do pessoal de vendas. Conta telefônica da administração e de vendas. Aluguéis e seguros da sede administrativa.

Separação entre Custos e Despesas

A separação entre custos e despesas é bastante simples, bastando se compreender o processo de fabricação, identificando o seu início e término.

Onde terminam os custos de produção e começam as despesas?

Serão considerados como custos de produção todo consumo de bens e serviços durante a fabricação de certo produto, até que este esteja completamente acabado e pronto para ser vendido. Quando o produto torna-se acabado, este é armazenado no estoque de produtos acabados, onde deverá aguardar a venda. Todos os gastos consumidos na venda, logística e administração deverão ser tratados como despesas.

3. Desembolso se caracteriza pela entrega do numerário, isto é, saídas de caixa para atender a aquisição de um bem ou serviço. Pode ocorrer antes, durante ou após a entrada da utilidade comprada, portanto defasada ou não do gasto. pode ocorrer antes(pagtº antecipado), no momento (pagtº à vista) ou depois (pagtº a prazo) da ocorrência do gasto. Independe da destinação dentro da empresa.

4. Investimentos compreendem, geralmente, os gastos com a obtenção de bens de uso da empresa. Quando os gastos são efetuados para a obtenção de bens e serviços que são aplicados na produção de outros bens, esses gastos correspondem a custos.

Quando a matéria prima, o material secundário e o material de embalagens deixam de ser estoques, passando para o processo de fabricação, os valores gastos na obtenção desses bens passam para da fase de investimentos para fase de custos.

Quando os gastos são efetuados para a obtenção de bens ou serviços aplicados na área administrativa, comercial ou financeira, visando direta ou indiretamente a obtenção de Receitas, esses gastos correspondem a:

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Exemplos: Aquisição de móveis e utensílios. Aquisição de imóveis. Despesas pré-operacionais.

Aquisição de marcas e patentes. Aquisição de matéria-prima. Aquisição de material de escritório.

5. Perda é um gasto não intencional decorrente de fatores externos fortuitos ou da atividade produtiva normal da empresa.Exemplos:

No 1º caso, são consideradas da mesma natureza que as Despesas e são jogadas diretamente contra o resultado do período.

Incêndio. Obsoletismo de estoques. Período de greve.

Enchente. Furto/roubo.

No 2º caso, onde se enquadram, por exemplo, as perdas normais de matérias-

primas na produção industrial, integram o Custo de produção. Uma indústria de estamparia que aproveita apenas 80% da chapa de aço e considera 20% como perda técnica. Da mesma forma, o camiseiro que considera o preço do pano total comprado, como custo, não se importando com os retalhos.

Em alguns casos admite-se considerar dias parados por motivo de greve como “ociosidade” e incluí-los nos gastos gerais de fabricação para rateio na formação do custo de todos os produtos.

15. CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS COM RELAÇÃO AOS PRODUTOS

Com relação aos produtos , os custos podem ser Diretos ou Indiretos:

a) CUSTOS DIRETOS

Compreendem os gastos com materiais, mão de obra e gastos gerais de fabricação aplicados diretamente no produto. O Custo Direto de Fabricação é fácil de ser conhecido, pois geralmente corresponde aos valores integralmente gastos na compra dos materiais utilizados, mais a mão de obra das pessoas que trabalharam diretamente na fabricação. Esses custos são assim denominados porque seus valores e quantidades em relação ao produto são de fácil identificação.

Assim, todos os gastos em relação ao produto são de fácil identificação, os quais recaem diretamente na fabricação do produto, por isso são considerados Custos Diretos. Exemplos:

1. Materiais: (Matéria Prima, Material Secundário e Material de Embalagem)2. Mão-de-obra direta

Obs:

* A Depreciação será considerada um Custo Direto quando o equipamento quando é utilizado para produzir apenas 1 (um) tipo de produto.

* Energia elétrica das máquinas , será considerada um Custo Direto quando é possível saber quanto foi consumido na produção de cada produto.

b) CUSTOS INDIRETOS DE FABRICAÇÃO

Os custos serão classificados como indiretos quando a alocação aos produtos ocorrer por rateios e distribuições subjetivas. São assim denominados porque não correspondem a gastos realizados especificamente para esse ou aquele produto. Na empresa industrial, eles beneficiam toda a produção de um período. Eles compreendem aos gastos com materiais, mão de obra e gastos gerais de fabricação aplicados indiretamente no produto. Esses gastos são assim denominados por ser impossível uma segura identificação de seus valores e quantidades em relação ao produto.

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Para se conhecer o valor dos Custos Indiretos de Fabricação de cada produto, deve-se estabelecer regras e efetuar cálculos para que os referidos custos sejam adequadamente atribuídos a cada produto.O gasto com aluguel, por exemplo, é indispensável para que a empresa possa existir, porém não está ligado a um outro produto; assim, o seu custo deve ser atribuído através de algum critério para todos os produtos que foram fabricados pela indústria naquele período.

Resumindo, a classificação dos gastos como Custos Indiretos é dada tanto àqueles que impossibilitam uma segura e objetiva identificação com o produto como também àqueles que, mesmo integrando o produto (como ocorre com certos materiais secundários), pelo pequeno valor que representam em relação ao custo total, não compensam a realização dos cálculos para considerá-los como Custo Direto. Como exemplo podemos citar a energia elétrica, o aluguel da fábrica, os salários e encargos dos chefes de seção e dos supervisores da fábrica

Exemplos: os Custos Indiretos ou Gastos Gerais de Fabricação – GGF correspondem aos gastos da fabrica, tais como à energia elétrica, aluguéis, seguros, telefone, manutenção, lubrificantes, mão de obra indireta etc.

16. NOMENCLATURAS DOS CUSTOS

a) Custos Primários – É a soma da matéria-prima mais a mão-de-obra direta. São os custos principais do produto em si. A embalagem é um custo direto mas não é primário, ou seja, não pertence ao produto produzido.

b) Custos de Transformação – Representa o esforço da empresa para transformar o material, adquirido do fornecedor, em produto acabado. É a soma da mão-de-obra direta mais os Gastos Gerais de Fabricação (GGF). É a soma de todos os custos de produção, exceto os relativos a matérias-primas e outros eventuais adquiridos e empregados sem nenhuma modificação pela empresa, como por exemplo: componentes adquiridos prontos, embalagens compradas, etc.

c) Custo de Produção: É o custo do que foi produzido no período. É composto por:Material Direto - matéria- prima, componentes diretos e embalagens identificadas ao produto que está sendo elaborado.

d) Mão-de-Obra Direta: Salário do operário que trabalha diretamente no produto.

e) Gastos Gerais de Fabricação: Custos de produção que não podem ser identificados no produto.

f) Custo dos Produtos Fabricados: Representa a soma dos custos dos produtos fabricados até o momento do encerramento do exercício, ou seja, é o custo da produção do período mais o custo da produção dos períodos anteriores ainda em estoque.

g) Custos dos Produtos Vendidos (CPV): Valor dos gastos incorridos no processo de produção dos bens que foram sacrificados para que a empresa gerasse receita de vendas de produtos.

h) Custos das Mercadorias Vendidas (CMV): Valor dos gastos incorridos no processo de aquisição dos bens que foram sacrificados para que a empresa gerasse receitas de vendas de mercadorias. (a forma de calcular o CPV e o CMV será discutida no capítulo que aborda a avaliação do estoque)

i) Custos dos Serviços Prestados (CSP): Valor dos gastos incorridos no processo de prestação dos serviços para que a empresa gerasse receita de prestação de serviços.

j) Centro de Custos: É a menor unidade de acumulação de custos, sendo representada por homens, máquinas e equipamentos de características semelhantes que desenvolvem atividades homogêneas relacionadas com o processo produtivo.

l) Centros de Custos Produtivos (CCP): Centros de custos por onde os produtos passam durante o processo de fabricação e nos quais são transformados ou beneficiados. Exemplo: montagem, pintura, acabamento etc.

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Materiais

Mão-de-Obra

Gastos Gerais de Fabricação

Produto Pronto

$

$

$

$ ?

Vendas

Quanto Custou ?

Comércio

Qual é o lucro?

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m) Centros de Custos Auxiliares (CCA): Centros de custos que fazem parte do processo produtivo, mas não atuam diretamente nos produtos. Prestam serviços ou dão apoio aos CCP. Exemplo: manutenção, planejamento, refeitório, ambulatório etc.

n) Centros de despesas: A menor unidade de acumulação de despesas sendo representada por homens, máquinas e equipamentos de características semelhantes. Representa, estes custos de transformação, o valor do esforço da própria empresa no processo de elaboração de um determinado item (mão-de-obra direta e indireta, energia, materiais de consumo industrial, etc.).

17. ELEMENTOS DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO

Os custos de produção podem ser segregados em: materiais diretos, mão-de-obra direta, e gastos gerais de fabricação. A soma dos materiais diretos e da mão-de-obra direta determina os valores totais dos custos diretos da produção.

Os gatos gerais de fabricação são também denominados de custos indiretos de fabricação – CIF. Sendo assim, a soma dos materiais diretos, da mão-de-obra direta e dos custos indiretos de fabricação determinam os valores totais da produção.

CP = MD + MOD +CIF

Ou

CP = Custos Diretos + Custos Indiretos

Com o desenvolvimento da Globalização, a competição nos mercados cresce cada vez mais, tornando a Contabilidade de Custos a principal ferramenta do administrador, pois sabemos da atual importância dos custos na lucratividade dos negócios.

No caso brasileiro, a necessidade de se ter um sistema de custeio eficiente tornou-se evidente após o advento do Plano Real, quando as empresas deixando de lucrar no mercado financeiro, tiveram logo que se voltar para os custos internos do negócio, a fim de buscar lucratividade operacional com a venda de sua produção.

18 - SISTEMAS DE CUSTEIO

a) Por Absorção

O sistema de custeio por absorção consiste na apropriação de todos os custos à produção do período, excluindo-se apenas os gastos não fabris. Trata-se de um método derivado da aplicação dos princípios fundamentais de contabilidade e, no Brasil, é adotado pela legislação comercial e fiscal.

O custeio consiste em quatro etapas: primeiro é preciso separar os custos do produto dos custos do período. Depois é preciso classificar os custos diretos e indiretos. Depois, os custos diretos do produto são atribuídos aos produtos específicos e os custos indiretos aos centros de custo. Por fim, os custos indiretos são distribuídos do centro aos produtos, de acordo com o seu uso.

A pré-determinação dos custos indiretos de fabricação consiste em se efetuar uma estimativa de qual será o valor destes num determinado período de produção e utilizar este gasto pré-estimado para apurar o custo de produção do período, ao invés do gasto real. Para isso, é

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Baixa dos estoques pela venda

DESPESAS

CUSTOSDIRETOS

Alocação aos produtos

Estoques

CPV

RESULTADO DO EXERCÍCIO

VENDAS

CUSTOS

CUSTOSINDIRETOS

Os custos Indiretos são tratados como despesas do período.

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preciso estimar o volume de produção no período, estimar os CIFs variáveis, estimar os CIFs fixos e calcular uma taxa pré-determinada para aplicar à produção. A taxa pré-determinada é obtida pela estimativa prévia dos custos de um período.

b) Direto ou Variável

Diferentemente do custeio por absorção, estudado até agora, o custeio variável sugere que consideremos os custos fixos como encargos do período, sendo desta forma contabilizados diretamente no resultado. Como custo total dos produtos, consideram-se apenas os custos variáveis, que serão gerencialmente as valorizações dos estoques.

O custeio direto ou custeio variável, é um tipo de custeamento que consiste em considerar como custo de produção do período apenas os custos variáveis incorridos, desprezando as despesas. Nesse sistema, os gastos variáveis devem ser separados dos gastos fixos, isto é, aqueles que oscilam proporcionalmente ao volume de produção e venda daqueles que se mantêm estáveis perante as oscilações dentro de certos limites.

O custeio direto é útil para a tomada de decisões gerenciais ligadas à fixação de preços, decisão de compra ou fabricação, determinação do “mix” de produtos e, ainda, possibilita a determinação imediata do comportamento dos lucros face às oscilações de vendas.

Este custeio é geralmente denominado erroneamente de ‘direto’, visto que nem todos os custos variáveis são diretos. Muitos custos variáveis são indiretos, como é o caso da energia elétrica não medida em determinadas instalações durante o consumo em uma dada linha de produção.

Os pontos positivos do custeio variável são: - os custos dos produtos podem ser comparados em bases unitárias; - facilita o tempo e o trabalho despendidos na apuração e na apresentação de informações; - facilita o controle dos custos fixos por se apresentarem separadamente nas demonstrações; - facilita a elaboração e o controle de orçamentos e determinação e controle de padrões; - fornece mais instrumentos de controle gerencial.

Os pontos negativos do custeio variável são: - Fere o princípio contábil da confrontação das receitas com os custos que contribuem para a sua obtenção; - Pode prejudicar a análise por parte dos credores no que se refere aos índices de liquidez e capital circulante líquido; - Não considera os custos fixos na determinação do preço de venda; - Os custos fixos não são completamente fixos e tampouco os variáveis são completamente variáveis; - No Brasil, não é aceito pelo Fisco.

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DESPESAS

CUSTOSINDIRETOS

CUSTOSDIRETOS

PRODUTOA

PRODUTOB

PRODUTOC

RATEIO

CPV

RESULTADO DO EXERCÍCIO

VENDAS

CUSTOS 1º Passo

3º Passo

2º Passo

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19 - RATEIO DE CUSTOS INDIRETOS

Tecnicamente, a distribuição proporcional que se faz para atribuir a este ou àquele produto o valor dos Custos Indiretos de Fabricação denomina-se Rateio. Para se efetuar o rateio (distribuição), há necessidade de se adotar algum critério, seja ele estimado ou arbitrado. Esse critério é denominado Base de Rateio.

O Rateio é realizado apenas quando não há a possibilidade de utilizar nem a alocação direta nem o rastreamento.

EXEMPLOS DE BASES DE RATEIOS

CUSTOS BASES DE RATEIO

1. Custos do almoxarifado: Volume ou valor da matéria-prima utilizada nos departamentos produtivos, quantidade de requisições de matéria emitidas pelos departamentos etc.

2. Custos de manutenção de edifícios: Área instalada de cada departamento, metros cúbicos etc.3. Despesas de aluguel: Metros quadrados ocupados por cada centro de custo.4. Departamento médico: Número de funcionários de cada departamento, número de

consultas etc. 5. Despesas de manutenção de máquinas: Apropriação direta em cada departamento, normalmente

quotas normais de manutenção preventiva etc.6 Energia elétrica Apropriação direta em cada departamento, através de

medidores. Se não for possível, através de algum critério que leve em conta o potencial de consumo do departamento.

7. Impostos sobre imóveis e a propriedade Área de cada departamento etc.

Esquema básico de alocação dos custos aos produtos

►Pelo critério simples:

1º Passo: Segregar os custos das despesas. As despesas deverão ser alocadas no resultado;2º Passo: Alocar os custos diretos aos produtos, mediante os controles e apontamento da produção;3º Passo: Alocar os custos indiretos, mediante rateios pré-estabelecidos.

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Apostila de Contabilidade Gerencial – Prof. Paulo Gimenez

20. DEPARTAMENTALIZAÇÃO

A departamentalização consiste em dividir a fábrica em segmentos, aos quais são debitados todos os custos de produção neles incorridos. Os departamentos podem ser divididos em dois grupos: produção e serviços. Os departamentos de produção são aqueles que atuam sobre os produtos e têm seus custos apropriados diretamente a estes. Por exemplo: corte, aplainamento, montagem etc. Os departamentos de serviços não atuam diretamente na produção e sua finalidade é prestar serviços aos departamentos de produção. Por exemplo: manutenção, almoxarifado, limpeza etc.

O objetivo da departamentalização é o melhor controle dos custos e a determinação mais precisa do custo dos produtos. Para efetuar o rateio dos custos indiretos de fabricação, que são indiretos em relação aos departamentos, e dos que representam custos comuns a todos eles, cada empresa deve estudar a situação específica para escolher critérios adequados que efetivamente reflitam a carga dos custos que devam ser descarregados em cada um deles.

►Departamento – são setores ou unidades funcionais, onde são realizadas tarefas específicas por homens ou máquinas. Por exemplo: os departamentos de contabilidade, contas a pagar, tesouraria, manutenção, almoxarifado, corte, costura, estampagem.

Para a contabilidade de custos, os departamentos são separados em:

►Departamentos Produtivos – são os departamentos que compõem a linha de produção. Os produtos passam por estes departamentos durante as fazes da produção. Exemplo: Corte, Costura, Estamparia, Acabamento.

►Departamentos de Serviços. – estes departamentos são unicamente de prestação de serviço a outros departamentos-cliente. Cabe salientar que os produtos não passam por eles. Por exemplo: Rh, Almoxarifado, Manutenção, Conservação, Restaurante.

►Centros de Custos – Nos sistemas contábeis, os departamentos recebem uma codificação chamada de centro de custo, onde são alocados todos os gastos realizados em um período, para futura alocação aos produtos.

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Page 22: Apostila Gimenez

Custo de Produção Despesas

Indiretos Diretos

Comuns a vários departamentos Requisitados pelos departamentos

Dep Serviço 1

R

Dep Serviço 2

Dep Produção 1

Dep Produção 2

R

R

R

Prod. A

Estoque

CPV Vendas

Resultado do Período

Prod. B

R

R Rateio

2º Passo

1º Passo

3º Passo

5º Passo

6º Passo

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Esquema básico de custeio por absorção utilizando a departamentalização dos custos

►Pela Departamentalização:

1º Passo: Segregação dos custos e despesas, alocando as despesas no resultado do exercício;2º Passo: Alocação dos custos diretos aos produtos;3º Passo: Segregar os custos indiretos entre os que são comuns a vários departamentos, e os que foram requisitados ou consumidos especificamente por um departamento. Estes últimos deverão ter seus custos indiretos alocados diretamente, sem necessidades de rateios entre departamentos;4º Passo: Rateio dos custos indiretos comuns entre os departamentos que usufruíram seus benefícios;5º Passo: Rateio dos custos acumulados nos departamentos de serviços e sua distribuição aos demais departamentos-cliente, de acordo com uma seqüência estabelecida;6º Passo: Rateio e alocação dos custos indiretos acumulados nos departamentos de produção aos produtos segundo critério pré-definidos..

CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS COM RELAÇÃO AO VOLUME DE PRODUÇÃO

Com relação ao volume de produção do período, os custos podem ser Fixos ou Variáveis

a) Custos Fixos: São aqueles que independem do volume de produção do período, isto é, qualquer que seja a quantidade produzida, esses custos não se alteram. Assim tanto faz a empresa produzir

4º Passo

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Page 23: Apostila Gimenez

Custo $

QuantidadesProduzidas

QuantidadesVendidas

Reta dos Custos Fixos

Q1 Q2 Q3 Q4 Q5

QuantidadesProduzidas

Reta dos Custos Variáveis

Q1 Q2 Q3 Q4

V1

V2

V3

V4

Custo$

Reta das Despesas Fixas

Q1 Q2 Q3 Q4 Q5

V1

Apostila de Contabilidade Gerencial – Prof. Paulo Gimenez

uma ou dez unidades de um ou mais produtos em um mês, por exemplo, pois os custos fixos serão os mesmos nesse mês.

Os Custos fixos estão relacionados com os Custos indiretos de fabricação, por não guardarem proporção com as quantidades dos produtos fabricados.

Ex: aluguel da fábrica, depreciação das máquinas, salários e encargos da supervisão da fábrica etc.

b) Custos Variáveis: São aqueles que variam em função das quantidades produzidas, como ocorre, por exemplo, com a matéria-prima. Se na fabricação de uma mesa de madeira são gastos 5 metros de madeira, para se fabricarem 10 mesas serão precisos 50 metros de madeira. Quanto maior for a quantidade fabricada, maior será o consumo de matéria-prima. “Os Custos Variáveis tem relação direta com os Custos Diretos de Fabricação”.

21. CLASSIFICAÇÃO DAS DESPESAS COM RELAÇÃO ÀS VENDAS

A classificação das despesas quanto à oscilação das vendas é semelhante à classificação dos custos quanto às variações da produção. Aqui devemos observar o comportamento das despesas quando aos volumes vendidos.

Despesas Fixas – serão fixas quando o consumo não depender do quanto à empresa venda num período. A grande maioria das despesas é fixa. Exemplos: Aluguel da sede administrativa, o salário do pessoal do contar a pagar, o consumo de material de expediente da contabilidade, a conta telefônica da diretoria.

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Reta das Despesas Variáveis

Q1 Q2 Q3 Q4

QuantidadesVendidas

V1

V2

V3

V4

Despesas$

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Despesas Variáveis – as despesas variáveis são influenciadas pelos aumentos e diminuições das vendas. Exemplos: Comissão de vendedores, conta de telefone do telemarketing, combustível dos veículos de vendedores, consumo de talões de pedidos e de notas fiscais. Quanto maiores as vendas maiores os consumos com despesas variáveis.

22. HIPÓTESES DE COMPORTAMENTO DOS CUSTOS Classificação dos Custos em Fixos e Variáveis

Custos Fixos – são os que num período têm seu montante fixado não em função de oscilações na atividade.

Custos Variáveis – o valor varia de acordo com o volume de produção.

Classificação das Despesas em Fixas e Variáveis

Despesas Fixas – é um valor fixo por período, isto é, definido não em função do volume de atividade (o volume de atividade, para essa despesa, são as vendas e não a produção).

Despesas Variáveis – quanto maior a quantidade vendida, maior o seu consumo.

23. CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS / DESPESAS.

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Complementando a figura acima, convém destacar que:

Os gastos varáveis, por natureza, são quase sempre diretos. Entretanto, por praticidade, muitos são apropriados de forma indireta, ou seja, por rateio. Exemplo: energia elétrica consumida pelas máquinas da produção.

Um custo indireto em relação aos produtos pode ser direto em relação aos centros de custos. Por exemplo: a depreciação de máquinas é um custo indireto em relação ao produto, sendo apropriada por rateio. Entretanto, essa mesma depreciação pode ser alocada ao cento de custos em que esteja localizada sem necessidade de rateios – de forma direta.

A classificação dos gastos não depende apenas de sua natureza mas, principalmente, do objeto de sua utilização. Exemplo: água industrial – dependendo da aplicação poderá receber a seguinte classificação:

Custo direto variável Consumida como matéria-prima, para mistura do xarope na fabricação do refrigerante

Custo indireto variável Consumida como material auxiliar nos processos de tinturaria,

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em empresas de confecçãoCusto indireto fixo Consumida para limpeza da fábrica

II - ANÁLISE CUSTO / VOLUME / LUCRO (CVL)

A análise do relacionamento custo-volume-lucro tenta verificar o comportamento da receita, do custo total e do lucro a cada volume de produção. Esta análise é um instrumento utilizado para projetar o lucro que seria obtido a diversos níveis de produção e vendas, bem como para analisar o impacto sobre o lucro de modificações no preço de vendas, nos custos ou em ambos. Ela é baseada no Custeio Variável e, através dela, pode-se estabelecer qual a quantidade mínima que a empresa deverá produzir e vender para que não incorra em prejuízo.

A análise de custo-volume-lucro (CVL) é uma das ferramentas mais eficientes de que os administradores dispõem. Ela os ajuda a entender a inter-relação entre o custo, o volume e o lucro de uma organização, focalizando as interações entre os seguintes elementos:

1. Preço dos produtos. 4. Volume ou nível de atividade.2. Custo variável unitário. 5. Custo fixo total.3. Mix dos produtos vendidos.

Uma vez que a análise de CVL ajuda os gerentes a compreender as inter-relações entre custo, volume e lucro, ela é considerada um instrumento vital em muitas decisões empresariais, como, por exemplo, quais produtos fabricar ou vender, qual política de preços seguir, qual estratégia de mercado adotar e que tipo de instalações produtivas adquirir.

A análise de “custo / volume / lucro” conduz a três importantes conceitos: Ponto de Equilíbrio (PE), Margem de Contribuição (MC) e Alavancagem Operacional.

1 - MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO

Representa o lucro variável. É a diferença entre o preço de venda unitário do produto e os custos e despesas variáveis por unidade de produto. Significa que em cada unidade vendida a empresa lucrará determinado valor. A margem de contribuição é outro instrumento que os gerentes usam para tomar decisões. Trata-se da diferença entre o preço de venda e a soma dos custos e despesas variáveis, que contribuirá para a absorção dos custos fixos e para a formação do lucro.

Margem de Contribuição Total:

MC = Vendas Totais – (Custos Variáveis + Despesas Variáveis Totais)

Ou Margem de Contribuição Unitária:

MCu = Preço de Venda – (Custos Variáveis Unitários + Despesas Variáveis Unitárias )

Estudos da Margem de Contribuição

Modelo de Demonstração de Resultado

Total R$ Por Unidade

Vendas (400 fogões)......... ........................ 100.000 $250

Menos Custos e Despesas Variáveis ........ 60.000 150

Margem de contribuição .......................... 40.000 $100

Menos despesas fixas ...................................35.000

Lucro líquido ............................................R$ 5.000

Observe que as vendas, as despesas variáveis e a margem de contribuição estão expressas unitariamente e por total. As demonstrações de resultado para uso dos próprios gerentes geralmente são feitas assim, porque isso facilita a análise de rentabilidade.

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A margem de contribuição é o que resta da receita de vendas após a dedução das despesas variáveis. Assim, ela é o montante disponível para cobrir as despesas fixas e, em seguida, prover os lucros do período. Atente para a seqüência, a margem de contribuição é utilizada primeiro para cobrir as despesas fixas e, depois, o que sobra vai para lucros.

Se a margem de contribuição não for suficiente para cobrir as despesas fixas, verifica-se prejuízo no período.

Para ilustrar com um exemplo extremo, vamos considerar que, no meio de um mês qualquer, que empresa tenha vendido apenas uma unidade do produto (fogão). Nesse momento, a demonstração de resultado da empresa seria a seguinte:

Total R$ Por Unidade R$

Vendas (1 fogão) ........ ........................... 250 . 250

Menos despesas variáveis ...................... 150 150

Margem de contribuição ......................... 100 R$100

Menos despesas fixas ............................ 35.000

Lucro líquido .................................. R$ (34.900)

Para cada unidade de fogão adicional que a companhia conseguir vender durante o mês, R$100 adicionais de margem de contribuição se tornarão disponíveis para ajudar a cobrir as despesas fixas. Se, por exemplo, uma segunda unidade for vendida, então a margem de contribuição total aumentará em R$100 (perfazendo o total de R$200) e o prejuízo da empresa diminuirá em R$100, caindo para R$34.800:

Total R$ Por Unidade R$

Vendas (2 fogões).... ........................ 50 250

Menos despesas variáveis .................... 300 150

Margem de contribuição .......................... 200 R$100

Menos despesas fixas ........................... 35.000

Lucro líquido ...................................R$ (34.800)

Se puder vender fogões suficientes para produzir R$35.000 de margem de contribuição, então todos os custos fixos serão cobertos, e a companhia terá conseguido pelo menos o ponto de equilíbrio do mês, isto é, não apresentar nem prejuízo nem lucro, mas cobrir todos os seus custos.

Para atingir o ponto de equilíbrio, a companhia terá que vender 350 fogões no mês, uma vez que cada fogão proporciona R$100 de margem de contribuição:

Total R$ Por Unidade R$

Vendas (350 fogões) ............................. 87.500 250

Menos despesas variáveis .................... 52.500 150

Margem de contribuição .........................35.000 100

Menos despesas fixas ............................35.000

Lucro líquido ........................................ R$ - 0 -

(Margem de Contribuição) Percentual

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Além da forma unitária, a receita de vendas, as despesas variáveis e a margem de contribuição da empresa, também podem ser expressas como percentagem das vendas:

Vendas totais Vendas por unidade Percentual

_____________________________ __ _R$_______ _ R$ ______________

Vendas (400 fogões)......................... 100.000 250 100%

Menos despesas variáveis..................... 60.000 150 60%

Margem de contribuição ........................ 40.000 100 40%

Menos despesas fixas ........................... 35.000

Lucro líquido ....................................R$ 5.000

A margem de contribuição como percentagem das vendas totais denomina-se margem de contribuição percentual, e é calculada do seguinte modo:

MC percentual = Margem de contribuição

Vendas

No caso da empresa acima, os cálculos são os seguintes:

Margem contribuição total R$ 40.000 ou Margem contribuição unitária R$100 = 40%

Venda total, $ 100.000 Venda unitária, $ 250

A margem de contribuição percentual é extremamente útil porque evidencia como a margem de contribuição será afetada por uma variação das vendas totais. A título de ilustração, observe que a MC percentual da empresa citada é de 40%. Isso significa que, para cada R$1 de aumento nas vendas, a margem de contribuição total aumentará de R$0,40 (R$1 de vendas X percentual de 40%). O lucro líquido também aumentará R$0,40, supondo não haver mudanças no custo fixo.

Como essa ilustração sugere, o impacto de qualquer variação de R$1 do valor total das vendas sobre o lucro líquido pode ser calculado rapidamente, simplesmente aplicando-se a MC percentual à variação desse valor.

Se, por exemplo, a empresa planeja um aumento de R$30.000 nas vendas do próximo mês, a administração pode esperar um aumento na margem de contribuição de R$12.000 (R$30.000 de aumento de venda X MC de 40%). Como observamos anteriormente, o lucro líquido também aumentará R$12.000 se o custo fixo não variar.

Isso se verifica pela seguinte tabela:

Volume de Vendas

Atual Previsto Aumento Percentagem

R$ R$ R$ R$

Vendas ............................ 100.000 130.000 30.000 100%

Despesas variáveis ............ 60.000 78.000* 18.000 60%

Margem de contribuição...... 40.000 52.000 12.000 40%

Despesas fixas ....................35.000 35.000 - 0 -

Lucro ............................... R$ 5.000 R$ 17.000 R$ 12.000

* $130.000 de vendas esperadas ÷ $250 por unidade = 520 unidades.520 unidades x $150 por

unidade = $78.000.

Alguns gerentes preferem trabalhar com a MC percentual, em vez da margem de contribuição unitária. A MC percentual é particularmente valiosa nos casos em que o gerente precisa escolher entre maiores vendas de um produto ou maiores vendas de outro.

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Quantidade

$

CF

RT

CT

PE$1.296.000

2.160

$2.400.000

$1.940.000

$540.000

4.000

RT = CT

Resultado

Custos Variáveis

Custos Fixos

Lucro

Prejuízo

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Em termos gerais, ao procurar aumentar as vendas, deve-se preferir os produtos que fornecem o maior valor de margem de contribuição por R$1 de venda.

2 - PONTO DE EQUILÍBRIO (BEP – Break Even Point)

A análise “CVL” muitas vezes é mencionada como simples análise do ponto de equilíbrio. Isso é inadequado, porque, embora importante, a análise do ponto de equilíbrio é apenas um elemento da análise CVL, destinada a responder à questões como as formuladas pelo presidente da empresa, sobre até que ponto as vendas podem cair sem que a companhia comece a perder dinheiro.

Também chamado de Ponto de Ruptura ou no inglês Break-even Point, o ponto de equilíbrio determina o momento exato da produção no qual verifica se a quantidade de equilíbrio, onde as receitas totais são exatamente iguais aos custos totais. Neste ponto o resultado das operações é nulo. Ele identifica a quantidade mínima que a empresa deve produzir e vender para que não tenha prejuízo. Nele não há lucro nem prejuízo, é o ponto em que a receita é igual ao custo total. Além do Ponto de Equilíbrio, a empresa obterá lucros, aquém do Ponto de Equilíbrio, a empresa terá prejuízo.

Uma vez separado os custos da empresa em fixos e variáveis, a Administração está de posse de informações úteis para a preparação de instrumentos de análise que além de responderem muitas perguntas, auxiliarão no processo de tomada de decisões, no planejamento e no controle.

O Ponto de Equilíbrio é uma conseqüência direta do comportamento dos custos diante do volume de atividade. Ele evidencia, em termos quantitativos, qual é o volume que a empresa precisa produzir ou vender, para que consiga pagar todos os custos e despesas fixas, além dos custos e despesas variáveis que ela tem necessariamente que incorrer para fabricar/vender o produto. No ponto de equilíbrio, não há lucro ou prejuízo. A partir de volumes adicionais de produção ou venda, a empresa passa a ter lucros

A informação do ponto de equilíbrio da empresa, tanto do total global, como por produto individual, é importante porque identifica o nível mínimo de atividade em que a empresa ou cada divisão deve operar.

Exemplos:

Para determinar a quantidade necessária para se atingir o equilíbrio vamos utilizar as seguintes fórmula:

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a) Ponto de Equilíbrio Contábil

PEC = Custos e Despesas Fixos (CDF) ÷ Margem de Contribuição Unitária (MCU)

Exemplo: Com base no gráfico de equilíbrio fornecido por uma empresa acima, temos:

MCu = ($2.400.000 – $1.400.000) ÷ 4.000 unidades = $250PEC = 540.000 ÷ $250 = 2.160 unidades

Observe que:

Receita no PE = 2.160 x $600 = $1.296.000Custo total no PE = 540.000 + (2.160 x $350) = $1.296.000Resultado no PE = $1.296.000 - $1.296.000 = Zero

b) Ponto de Equilíbrio Econômico: Podemos também calcular o ponto de equilíbrio econômico que visa determinar a quantidade necessária para se obter um determinado lucro.

PEE = (Despesas e Custos Fixos + Lucro Desejado) ÷ Margem de Contribuição Unitária

Supondo que a empresa tenha tido um patrimônio líquido, no início do ano, de R$ 20.000,00 e colocado a render um mínimo de 10% ao ano tem-se um lucro líquido anual desejado de R$ 2.000,00. Neste caso, então, ao custo fixo deverão ser adicionados R$ 2.000,00, pois, no caso, o equilíbrio de receitas e despesas só se dará no ponto de lucro igual a R$ 2.000,00 e não no lucro igual a zero, como no caso clássico.

PEE = R$ 6.000,00 + R$ 2.000,00 = 80.000,00 u/ano ou R$ 48.000,00/ano de Vendas.

(R$ 0,60/u – R$ 0,50/u)

c) Ponto de Equilíbrio Financeiro: O ponto de equilíbrio financeiro tem como objetivo determinar a quantidade necessária que causa equilíbrio entre o recebimento das receitas e o pagamento dos custos. Ou seja, quando o saldo de caixa é zero. Para isto devemos expurgar do custo total os itens de custos que não provocam desembolsos, como a depreciação, por exemplo:

PEF= (Despesas e Custos Fixos – Itens que não são desembolsos de caixa) ÷ Margem de Contribuição Unitária

Supondo, por outro lado, que exista uma depreciação de R$ 1.000,00, e como não representa desembolso de caixa, tudo se passa como se os fixos fossem de apenas R$ 5.000,00.

PEF = R$ 5.000,00 =50.000 u/ano ou R$30.000,00 de Vendas.

(R$ 0,60/u –$ 0,50/u)

OBS: Identificação do Ponto de Equilíbrio no “exemplo dos fogões”

Como já sabemos, o Ponto de Equilíbrio pode ser definido como o nível de vendas em que o lucro é zero. Uma vez atingido o ponto de equilíbrio, o lucro líquido aumentará segundo a margem de contribuição unitária, para cada unidade adicional vendida.

Se, por exemplo, 351 fogões forem vendidos em um mês, podemos esperar que o lucro líquido do mês será de R$100, pois a companhia terá vendido 1 alto-falante a mais do que o número necessário para atingir o ponto de equilíbrio:

Total R$ Por Unidade R$

Vendas (351 fogões) ................................ 87.750 $250

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Menos despesas variáveis ................ ..... 52.650 150

Margem de contribuição .......................... . 35.100 R$100

Menos despesas fixas ............................... 35.000

Lucro líquido ......................................... R$ 100

Se forem vendidos 352 fogões (2 acima do ponto de equilíbrio), então é de se esperar que o lucro líquido do mês seja de R$200 e assim por diante. Portanto, para saber qual será o lucro em diversos níveis de atividade, o gerente não precisa preparar uma série de demonstrações de resultado: ele pode simplesmente pegar o número de unidades a serem vendidas acima do ponto de equilíbrio e multiplicá-lo pela margem unitária de contribuição.

O resultado representa a previsão do lucro para o período. OU, para avaliar o efeito de um aumento planejado de vendas sobre os lucros, o gerente pode simplesmente multiplicar o aumento das unidades vendidas pela margem unitária de contribuição. O resultado será o aumento esperado dos lucros.

A título de ilustração: se a empresa atualmente está vendendo 400 fogões por mês e planeja aumentar as vendas para 425 por mês, a previsão do impacto sobre os lucros pode ser calculada da seguinte maneira:

Aumento do número de fogões para venda ........................................ 25

Margem de contribuição por fogões ..............................................$ 100

Aumento do lucro líquido ................................................................$2.500

Os cálculos podem ser assim verificados:

Volume de Vendas de fogões 400 425 Diferença 25 fogões / Unid.

Vendas R$................... 100.000 106.250 6.250

Despesas variáveis.... 60.000 63.750 3.750

Margem de contribuição 40.000 42.500 2.500

Despesas fixas.......... 35.000 35.000 - 0 -

Lucro líquido............ R$ 5.000 R$ 7.500 $2.500

Para encerar a série de exemplos fornecida anteriormente, se não houvesse vendas,

o prejuízo da companhia seria igual às suas despesas fixas. Cada unidade vendida reduz o prejuízo pelo valor da margem de contribuição unitária. Uma vez atingido o ponto de equilíbrio, cada unidade adicional vendida aumenta o lucro da companhia pelo valor da margem de contribuição unitária.

3 - O MÉTODO DA EQUAÇÃO

O método da equação apóia-se no modelo de demonstrações de resultado por contribuição exemplificado anteriormente, o qual pode ser expresso em forma da seguinte equação:

Lucros = Vendas - (Despesas variáveis + Despesas fixas)

Rearrumando ligeiramente essa equação, obtemos a seguinte expressão, muito utilizada na análise CVL:

Vendas = Despesas variáveis + Despesas fixas + Lucros

No ponto de equilíbrio, o lucro é zero. Desse modo, o ponto de equilíbrio pode ser determinado encontrando-se os pontos em que as vendas igualam as despesas variáveis totais mais

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as despesas fixas. No caso da empresa, o ponto de equilíbrio em unidades vendidas, Q, pode ser determinado da seguinte forma:

Vendas = Despesas variáveis + Despesas fixas + Lucros

R$250Q = $150Q + R$35.000 + R$0

R$100 Q = R$35.000 Q = R$35.000 ÷ 100 Q = 350 fogões

Onde

Q = Número (quantidade) de fogões vendidos

R$250 = Preço unitário de venda

R$150 = Despesa variável unitária

R$35.000 = Despesa fixa total

O ponto de equilíbrio em função do valor de vendas pode ser calculado multiplicando-se o ponto de equilíbrio em unidades vendidas pelo preço unitário de venda:

350 fogões X R$250 = R$87.500

O ponto de equilíbrio em função do valor total de vendas, X, também pode ser diretamente calculado da seguinte maneira:

Vendas = Despesas variáveis + Despesas fixas + Lucros

X = 0,60X + $35.000 + $0

0,40X = $35.000

X = $35.000 ÷ 0,40

X = $87.500

X = Venda total em $ 0,60 = Percentual de despesas variáveis em função

das vendas

$35.000 = Despesa fixa total

As empresas muitas vezes têm informações disponíveis apenas em forma percentual, e então é preciso utilizar o sistema que acabamos de exemplificar para descobrir o ponto de equilíbrio.

Observe que o uso de percentuais na equação fornece o ponto de equilíbrio em função do valor de vendas, em vez de fornece-lo em unidades vendidas. O ponto de equilíbrio em unidades vendidas é o seguinte: R$87.500 ÷ $250 = 350 fogões

4. ANÁLISE DA MARGEM DE SEGURANÇA

A Margem de Segurança na Receita ou Margem de Segurança Financeira representa a parcela de faturamento que empresa pode deixar de auferir sem entrar na faixa de prejuízo.

Deixando de auferir tal parcela de receita, a empresa ainda está faturando no Ponto de Equilíbrio. Ela compreende o valor entre o volume real de atividade da empresa ( em unidades ou receitas ) e o PE.

Fórmulas:

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a) Fórmula da Margem de Segurança na Receita

b) Fórmula da Margem de Segurança no Volume (unidades)

c) Fórmula da Margem de Segurança em Porcentual (%)

Exemplo:Utilizando o exemplo do estudo do “ Ponto de Equilíbrio” , temos o PE = 125

unidades ou $ 7.500,00 e supondo que a empresa esteja operando com o volume igual a 160 unidades ou $ 9.600,00 ( 160 unid. x $ 60,00 ). Com este volume teremos:

RT Receita Total $ 60,00 x 160 unid. $ 9.600,00

CDF Custos e Despesas Fixas $ 5.000,00

CDV Custos e Despesas Variáveis $ 20,00 x 160 unid. $ 3.200,00

CDT Custos e Depesas Totais $ 8.200,00

LUCRO CONTÁBIL ( RT - CDT ) $ 1.400,00

Sendo assim MS será:

Em unidades = 160 - 125 = 35 unidades

Em percentual = 35 unid. x 100 = 21,88% 160 unid.

Em receitas = 35 unidades x $ 60,00 = $ 2.100,00

5 - ALAVANCAGEM OPERACIONAL

Significa a possibilidade de acréscimo do lucro total pelo incremento da quantidade produzida e vendida, buscando a maximização do uso dos custos e despesas fixas. É dependente da margem de contribuição, ou seja, do impacto dos custos e despesas variáveis sobre o preço de venda unitário, e dos valores dos custos e despesas fixas. Alguns produtos tem alavancagem maior que outros, em virtude dessas variáveis.

A alavanca é uma ferramenta utilizada para multiplicar a força. Usando-a, podemos deslocar um objeto pesado com uma força muito pequena. Nos negócios, a alavancagem operacional atende a um objetivo semelhante.

A alavancagem operacional é a medida do grau de sensibilidade do lucro líquido às variações percentuais das vendas. A alavancagem operacional funciona como um multiplicador, se ela é alta, um pequeno aumento percentual nas vendas pode produzir um grande aumento percentual no lucro líquido. No exemplo acima pode ser evidenciada no aumento de 10% nas vendas da empresa A (de $100.000 para $110.000) que produz aumento de 70% no lucro líquido (de $10.000 para $17.000), enquanto a empresa B teve aumento de apenas 40% no lucro líquido (de $10.000 para $14.000).

M.S(q) = VOLUME TOTAL – VOLUME NO P. E.(q)

M.S ($) = RECEITA TOTAL – RECEITA NO P.E.($)

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MS (%)=(VT−VPE (q )

VT )×100

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Assim sendo, para um aumento de 10% nas vendas da empresa A, ela terá um aumento percentual muito maior nos lucros do que a empresa B. A primeira, portanto, tem alavancagem operacional muito maior do que a segunda.

3.1 Grau de alavancagem operacional

O grau de alavancagem operacional é uma medida, para um determinado nível de vendas, de como uma variação percentual no volume de vendas afeta os lucros. O grau de alavancagem operacional de um determinado nível de vendas é calculado pela seguinte fórmula:

Fórmula

Grau de alavancagem operacional (GAO) = ▲%Lucro ▲%Vendas

A título de ilustração, para o nível de vendas de R$100.000, os graus de alavancagem operacional das duas fazendas seriam o seguinte:

Empresa A: R$40.000 = 4R$10.000

Empresa B: R$70.000 = 7 R$10.000

Como o grau de alavancagem da empresa A é 4, o seu lucro líquido cresce quatro vezes mais rápido do que as suas vendas. Do mesmo modo, o lucro líquido da empresa B cresce sete vezes mais rápido que as suas vendas. Portanto, se as vendas crescerem 10%, pode-se esperar que o lucro líquido da empresa A cresça quatro vezes isso, ou 40%, e que o da empresa B cresce sete vezes, ou 70%.

1 2 3

Aumento percentualdas vendas

Grau de Alavancagem Operacional

Aumento Percentual do Lucro Líquido(1) x (2)

Empresa A 10% 4 40%Empresa B 10% 7 70%

O que é responsável pela alavancagem mais alta da empresa B? A única diferença entre as duas empresas é a sua estrutura de custo. Se duas empresas possuem o mesmo total de receita e de despesa mas têm estruturas de custo diferentes, aquela que apresentar maior proporção de custo fixo terá maior alavancagem operacional.

Se as vendas e as despesas totais das duas empresas forem respectivamente R$100.000 e R$90.000, um terço dos custos da empresa A e dois terços dos custos da empresa B serão fixos. Em conseqüência, o grau de alavancagem operacional da segunda é maior do que o da primeira. O grau de alavancagem operacional é mais alto para níveis de vendas próximos do ponto de equilíbrio e diminuiu à medida que as vendas e os lucros crescem.

Pode-se ver isso a partir da tabela adiante, que apresenta o grau de alavancagem operacional da empresa A para diversos níveis (os dados utilizados anteriormente estão em destaque):Vendas ................................. $75.000 $80.000 $100.000 $150.000 $225.000

Menos despesas variáveis 45.000 48.000 60.000 90.000 135.000

Margem de contribuição (a) ...30.000 32.000 40.000 60.000 90.000

Menos despesas fixas .......... 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000

Lucro líquido (b) ................... $ - 0 - $ 2.000 $ 10.000 $ 30.000 $ 60.000

Grau de alavancagem

operacional, (a) ÷ (b) .... .... χ 16 4 2 1,5

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Desse modo, se a empresa estivesse operando no nível de R$225.000 de vendas, o aumento de 10% nas vendas provocaria aumento de somente de 15% (10% X 1,5) nos lucros, em comparação com os 40% de aumento calculados anteriormente para vendas de $100.000.

O grau de alavancagem operacional continuará a diminuir à medida que a companhia se afastar do ponto de equilíbrio. No ponto de equilíbrio, o grau da alavancagem operacional será infinitamente grande (R$30.000 de margem de contribuição ÷ $0 de lucro líquido = χ.

O gerente pode utilizar o grau de alavancagem operacional para estimar rapidamente o impacto que diversas alterações percentuais das vendas terão sobre os lucros, sem a necessidade de elaborar demonstrações de resultado detalhadas. Como mostramos com nossos exemplos, os efeitos da alavancagem operacional podem ser enormes. Se uma companhia está próxima do ponto de equilíbrio, mesmo pequenos aumentos percentuais nas vendas podem produzir grandes aumentos percentuais nos lucros.

Isso explica por que a administração trabalha arduamente por um pequeno aumento no volume das vendas. Se o grau de alavancagem operacional é 5, um aumento de 6% nas vendas se transforma em um aumento de 30% dos lucros.

III - CONTROLE INTERNO E AVALIAÇÃO DE ESTOQUES

Controle interno é o sistema de uma empresa que compreende o seu plano, seus deveres, responsabilidades e todos os métodos e medidas adotadas com a finalidade de salvaguardar os ativos; verificar a exatidão e fidelidade dos dados e relatórios contábeis e de outros dados operacionais; desenvolver a eficiência nas operações; comunicar e estimular o cumprimento das políticas, normas e procedimentos administrativos adotados.

Para organizar as funções de um modo lógico, as empresas adotam um sistema que representam essa lógica por meio da qual cada tarefa é executada. Para que a administração possa se assegurar que todas as funções estão sendo devidamente praticadas, adota-se um outro sistema que tem a finalidade de controlar o funcionamento do sistema anterior. Chama-se sistema de controles internos.

Os controles internos podem ser categorizados em controles organizacionais, controles de sistema de informação e controles de procedimentos. Os controles organizacionais se referem ao controle obtido por meio da maneira de designar responsabilidade e delegar autoridade; os controles do sistema de informação referem-se ao controle obtido mediante a prestação de informação aos níveis adequados da administração; os controles de procedimentos referem-se ao controle obtido mediante a observação de políticas e procedimentos dentro da organização.

O controle interno tem sua importância relacionada ao eficiente controle das operações, de forma a refletir a situação da empresa; e também por salvaguardar os ativos da empresa, prevenindo ou descobrindo possíveis fraudes internas.

Os métodos de avaliação de estoques englobam procedimentos necessários ao registro da movimentação dos estoques. Os métodos mais comuns são: preço específico, custo médio (móvel e fixo), PEPS e UEPS.

1 - OPERAÇÕES COM MERCADORIAS

O processo das empresas comerciais se dá, principalmente, através das operações comerciais: compras e vendas de mercadorias.

Sendo assim, abordaremos algumas operações que caracterizam a movimentação de mercadorias, como:- Compras de mercadorias- Vendas de mercadorias- Estoques de mercadorias- Métodos de registro das operações com mercadorias

a) Compras de Mercadorias

Servindo de intermediárias nas trocas, as empresas comerciais compram as mercadorias para depois revende-las. As empresas que fornecem mercadorias para as empresas comerciais são conhecidas como empresas fornecedoras ou fornecedores.

A empresa comercial pode comprar mercadorias de seus fornecedores à vista ou a prazo. Nas compras à vista, o pagamento é feito no ato: nas compras a prazo, cria-se Obrigação para pagamento futuro.

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b) Vendas de Mercadorias

As vendas de mercadorias constituem a principal fonte de receita das empresas comerciais. As pessoas que compram as mercadorias são conhecidas como clientes. Como ocorre com as empresas, as vendas podem ser efetuadas à vista ou a prazo.

Nas vendas à vista, a empresa recebe no ato da venda o valor das mercadorias, e nas vendas a prazo ela passa a ter o direito de receber, futuramente, o valor das mercadorias transacionadas.

2 - FATOS QUE ALTERAM OS VALORES DE COMPRAS E VENDAS

a) Devoluções e Abatimentos - quando um comerciante se vê prejudicado ao receber certa mercadoria cujo tipo, qualidade, preço ou qualquer outro fator esteja em desacordo com o seu pedido, ou com a Nota Fiscal, ou mesmo com as condições físicas normais que deveriam cercar o produto, pode ele adotar uma das seguintes medidas: a) devolver a mercadoria, total ou parcialmente; e b) solicitar um abatimento ao vendedor.

Tais aspectos poderão ser examinados tanto do ponto vista do Vendedor como do Comprador.

b) Descontos Comerciais - são os concedidos pelo vendedor a favor do comprador, no ato da compra, em função de vários motivos: seja pela grande quantidade que está sendo vendida, seja porque o comprador é um cliente especial, ou, ainda, porque a empresa imprime catálogos com os preços das mercadorias e, para não altera-los freqüentemente, faz a aplicação de porcentagens de descontos sobre os mesmos.

Tais descontos são diferentes dos abatimentos. Enquanto estes são concedidos após a venda, em função de avaria ou outro motivo descoberto a “posteriori”, os Descontos Comerciais são contratados no ato da venda, quando ficam conhecidos em seu nome.

O procedimento mais comum é o seu não registro na contabilidade do comprador e do vendedor

c) Gastos com transporte e Outros - O custo real de uma mercadoria adquirida não é somente o constante da Nota Fiscal, mas o resultante da soma deste com todos os gastos necessários para a colocação do produto em condições de venda. Normalmente, serão os custos de fretes e seguros os que aparecerão com maior freqüência.

d) Descontos financeiros - são os prêmios oferecidos pelo vendedor ao comprador, por um pagamento antecipado de dívidas assumidas com transação de Mercadorias. Normalmente, o vendedor indica na Nota Fiscal, ou na Duplicata que o valor da dívida é “x “, e que será cobrada dentro de 90 dias, pelo seu próprio valor; se for paga dentro de 60dias, o comprador gozará de um desconto de 3%, e, se dentro de 30 dias , 5%.

Essas porcentagens variam de acordo com o interesse do credor em receber com antecipação, bem como variam também as condições, sendo que há os que concedem, inclusive, desconto a favor dos que fazem o pagamento no próprio dia do vencimento.

e) Impostos e contribuições - O ICMS (Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação é um imposto de competência estadual; O COFINS (Contribuição Social sobre o faturamento) é um imposto de competência federal e destina-se a financiamento da seguridade social; O PIS (Plano de Integração Social), tem como base o faturamento, que é decorrente da receita bruta proveniente da das vendas de mercadorias, dos serviços prestados.

Obs: O ICMS será um Direito (a recuperar) nas compras, e uma Obrigação (a recolher) nas vendas,

3 - CÁLCULO DO CUSTO DOS PRODUTOS VENDIDOS E DAS MERCADORIAS VENDIDAS

Abordaremos a composição dos custos com materiais em empresas comerciais e industriais. Em empresas comerciais denomina-se custo da mercadoria vendida – CMV, já nas empresas industriais a utiliza-se a expressão custo do produto vendido – CPV.

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Nas empresas comerciais, a fórmula é simples, pois as entradas são representadas somente pelas compras de mercadorias destinadas à revenda. Porém o critério de apuração do CMV pode ser realizado pelo método permanente ou periódico.a) Inventário Periódico - Quando efetuamos as vendas sem um controle paralelo e concomitantemente do nosso estoque e, portanto, sem controlar o Custo das Mercadorias vendidas.

Quando necessitamos apurar o Resultado obtido com a venda de Mercadorias ( RCM ), fazemos um levantamento físico para avaliação do Estoque de Mercadorias existente naquela data; e pela diferença entre o total das Mercadorias Disponíveis para Venda durante para Venda durante o período e esse Estoque Final (apurado extra-contabilmente) obtemos o Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) nesse período.

b) Inventário Permanente - Quando controlamos de forma contínua o Estoque de Mercadorias, dando-lhe baixa, em cada venda, pelo Custo dessas Mercadorias Vendidas (CMV).

Esse Controle Permanente é efetuado sobre todas as Mercadorias que estiverem a disposição para venda, isto é, esse controle é efetuado sobre as Mercadorias Vendidas (CMV) e sobre a s Mercadorias que não foram vendidas (Estoque Final ). Pela soma dos Custos de todas as Vendas, teremos o Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) total do período.

Neste, efetua-se o controle do estoque a cada aquisição e baixa de mercadorias, podendo calcular o custo das mercadorias pelos critérios PEPS, UEPS e PREÇO MÉDIO OU CUSTO MÉDIO.

No Inventário Permanente, pode-se utilizar uma ficha de controle para se conhecer o saldo em Estoque. Mas no Periódico só é possível obter tal saldo com a averiguação das existências físicas

4 - RESULTADO BRUTO COM MERCADORIAS (RCM)

Resultado Bruto com mercadorias, ou resultado com mercadorias, é a diferença entre o total das Receitas obtidas pelas Vendas e o Custo dessas mercadorias que foram vendidas. Essa diferença bruta não leva em consideração as demais Receitas e Despesas da empresa, como receitas de Juros, Despesas com Aluguéis, Salários, impostos etc.

O conhecimento desse Resultado Bruto é de grande importância para as empresas comerciais que trabalham com Compra e Venda de Mercadorias; depois de apurado, adicionamos a ele as demais receitas, e desta soma serão subtraídas as demais despesas para se obter o Resultado Líquido.

Lucro Bruto é a diferença entre a receita líquida de vendas de bens ou serviços e o custo das mercadorias vendidas ou dos serviços prestados.

Para apurarmos no final do ano o resultado da conta Mercadorias, precisamos, inicialmente, verificar no livro Razão os saldos das contas utilizadas durante o ano para o registro das operações com mercadorias. A Apuração do resultado da conta mercadorias, influenciada pelos fatos que alteram os valores das compras e das vendas

Conforme já estudado, os valores das compras e das vendas podem sofrer alterações em função de compras anuladas, descontos ou abatimentos incondicionais obtidos ou concedidos, fretes e seguros sobre compras, além de impostos e contribuições incidentes sobre as vendas, como ICMS, PIS e COFINS.

Assim, para apurarmos o Resultado da Conta Mercadorias em uma empresa comercial na qual durante o ano tenham ocorrido fatos que alteram os valores das compras e das vendas, vamos compor as fórmulas do CMV e do RCM do seguinte modo:

1ª Fórmula: CMV = EI + (C + FC – CA – DIO) – EF

Onde:

Resultado com Mercadorias = Vendas - Custo das mercadorias vendidas

Resultado Líquido do período= Resultado com Mercadorias + outras receitas N outras despesas - Custo das mercadorias vendidas

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CMV = Custo das Mercadorias VendidasEI = Estoque InicialC = Compras de MercadoriasFC = fretes e Seguros sobre ComprasCA = Compras AnuladasDIO = Descontos ou Abatimentos Incondicionais ObtidosEF = Estoque Final

2ª Fórmula:RCM = (V – VA – DIC – ICMS – PIS – COFINS) – CMV

Onde:

RCM = Resultado da Conta MercadoriasV = Vendas de MercadoriasVA = Vendas AnuladasDIC = Descontos ou Abatimentos Incondicionais ConcedidosICMS = Imposto sobre circulação de mercadorias e Serviços ( ICMS sobre vendas) PIS = PIS sobre Faturamento (Plano de Integração Social)COFINS = Contribuição Social sobre o faturamentoCMV = Custo das Mercadorias Vendidas

5 - ESTOQUES DE MERCADORIAS

O controle de estoques, como já descrito, é base para a apuração do custo dos produtos vendidos. Esse cálculo, por sua vez, por ser efetuado seguindo-se o sistema de controle de estoques. As possibilidades existentes são compostas pelo método de controle periódico e pelo método de controle permanente.

Serão abordados agora os principais critérios para valoração das mercadorias estocadas na empresa. Para determinarmos o custo das mercadorias estocadas, faremos uso dos custos das compras, isto é, do valor histórico, pago pela aquisição de tais mercadorias acrescido das despesas acessórias. Tendo em vista que a empresa poderá adquirir um mesmo tipo de mercadoria em datas diferentes, pagando por ela preços variados, para determinarmos o custo das mercadorias estocadas, há necessidade de adotarmos algum critério.

Os critérios mais comuns são:

1 - PEPS 2 - UEPS 3- PREÇO MÉDIO OU CUSTO MÉDIO

a) PEPSA sigla PEPS significa Primeiro que Entra, Primeiro que Sai, e é também conhecida

por FIFO, iniciais da frase inglesa First In, First Out.Adotando este critério para valoração dos estoques, a empresa atribuirá às

mercadorias estocadas os custos mais recentes. Tomemos como exemplo uma empresa que adquiriu cinco lotes de determinada mercadoria durante um período, tendo pago por eles cinco preços diferentes (um preço unitário diferente para cada lote)

Suponhamos que após efetuadas as cinco compras, a empresa tenha vendido dois lotes, restando em estoques três deles. Este estoque será valorado da seguinte maneira:

- Um lote pelo custo da última compra;- Outro lote pelo custo da penúltima compra;- Outro lote pelo custo da antepenúltima compra.

Assim, os estoques sempre estarão superavaliados, isto é, valorados pelo maior custo em relação às compras efetuadas.

b) UEPSA sigla UEPS significa Último que Entra, Primeiro que Sai, e é também conhecida

por LIFO, iniciais da frase inglesa Last In, First Out. Adotando este critério para valoração dos seus

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estoques, a empresa sempre atribuirá às suas mercadorias em estoques os custos mais antigos, guardadas as devidas proporções com as mercadorias que entraram e saíram do estabelecimento. Tomemos como exemplo uma empresa que adquiriu cinco lotes de determinada mercadorias durante um período, tendo pago por eles cinco preços diferentes ( um preço unitário diferente para cada lote).

Suponhamos que, após efetuadas as cinco compras, a empresa tenha vendido dois lotes, restando em estoque três deles. Este estoque será valorado da seguinte maneira:

- Um lote pelo custo da primeira compra; - Outro lote pelo custo da segunda compra;- Outro lote pelo custo da terceira compra.

Assim, os estoques sempre estarão sub-avaliados, isto é, valorados pelo menos custo em relação às compras efetuadas.

c) PREÇO MÉDIO OU CUSTO MÉDIO

Adotando este critério, as mercadorias estocadas serão sempre valoradas pela média dos custos de aquisição, sendo estes atualizados a cada compra efetuada.

Se a empresa adquirir cinco lotes de uma determinada mercadoria, pagando preços diferentes para cada lote, e após as cinco compras tiver vendido dois lotes, os estoques remanescentes serão avaliados da seguinte maneira: somam-se os custos dos cinco lotes e divide-se o total pelas quantidades adquiridas, obtendo-se o custo unitário médio.

Observações:No quadro de estoque, a coluna destinada ao saldo indicará sempre as quantidades

em estoques com seus respectivos valores médios, isto é, atualizados sempre em função das últimas compras. Somam-se os custos anteriores com os da aquisição atual e divide-se o total pela quantidade de unidades, obtendo-se, assim, o custo médio.

MODELO DE FICHA DE ESTOQUE

Produto: Método de avaliação:

D DATA NF ENTRADAS SAÍDAS SALDO

QUANT CUSTOUNIT

. CUSTO T TOTAL

QUANT CUSTOUNIT

CUSTO T TOTAL

QUANT CUSTOUNIT

CUSTO T TOTAL

6 - NAS EMPRESAS INDUSTRIAIS

Na indústria, todavia, as entradas representam a produção completada no período, sendo que para tais empresas é necessário um sistema de Contabilidade de Custos cuja complexidade vai depender da estrutura do sistema de produção, das necessidades internas etc.

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APURAÇÃO DO CPV1 Estoque Inicial de Mat. Direto (EIMD)2 (+) Compras de Mat. Direto3 (-) Estoque Final de Mat. Direto (EFMD)4 (=) Material Direto Consumido (MD)5 (+) Mão-de-bra Direta (MOD)6 (+) Custos Indiretos de fabricação (CIF)7 (=) Custo de Produção do Período (CPP)8 (+) Estoque inicial de prod. em elaboração (EIPA)9 (-) Estoque final de prod. em elaboração (EFPE)10 (=) Custo produção acabada (CPA)11 (+) Estoque inicial de prod. acabados (EIPA)12 (-) Estoque final de prod. acabados (EFPA)13 (=) Custo dos Produtos Vendidos (CPV)

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Como regra geral, é possível afirmar:

- Para uma empresa industrial que adquire matéria-prima pagando IPI e ICMS, nenhum destes impostos representará custo, uma vez que ao vender o produto final, a empresa recuperará do cliente os impostos sobre as vendas.

- Já para uma empresa comercial que compra da indústria e vende ao consumidor final, o IPI deve ser incluído no custo da mercadoria, apesar de encontrar-se na nota fiscal, e o ICMS deve ser excluído, apesar de fazer parte do preço.

- Para a empresa prestadora de serviços, que não terá a possibilidade de recuperar nem o IPI nem o ICMS, já que está sujeito ao ISSQN, tanto o IPI como o ICMS tornam-se custos.

IV - GASTOS DECORRENTES COM A FOLHA DE PAGAMENTO

A empresa deve manter controles que permitam perfeita identificação do gasto decorrente com pessoal em cada produto fabricado. Para isto, apontamentos são feitos em mapas, boletins de mão-de-obra diários ou até mesmo diretamente nas ordens de produção, facilitando a atribuição do valor do respectivo gasto para cada produto.

1 - REMUNERAÇÃO

Compõe-se da parte fixa contratual com os adicionais devidos, como comissões, porcentagens, gratificações, abonos e gorjetas na forma do art. 457 da CLT. A gorjeta compreende a cobrança da taxa de serviço, na forma legal e a espontânea, paga pelo cliente.

O § 1º do art. 457 da CLT, que versa sobre a composição de salários, exclui apenas a gorjeta, referindo-se certamente àquela paga de maneira espontânea por terceiros (clientes). Devem ser excluídas ainda as diárias que não excedam a 50% do salário, bem como a ajuda de custo.

a) Salário Mínimo   É a contraprestação mínima mensal, diária e horária para ao trabalhador, sem

distinção de sexo e capaz de satisfazer suas necessidades como moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social (arts. 76 da CLT e 7º IV da CF/88).

O salário mínimo foi criado pelo Decreto-Lei nº 2.162 de 01.05.40 e equivalia a R$ 0,24.

b) Salário Profissional   É aquele fixado por lei ou por regulamento a esta equiparado, para determinadas

categorias que habilitadamente exerçam determinadas profissões, como médicos, engenheiros, etc.  

c) Piso Salarial   É aquele fixado através de acordo, convenção ou dissídio coletivo, por época da

data-base. Embora fixado por instrumento normativo com vigência determinada (acordo, convenção ou dissídio coletivo), deve ser observado e respeitado, entretanto, o princípio da irredutibilidade salarial, mesmo que não se renove o instrumento que o definiu (acordo, convenção ou dissídio).

  2 - PAGAMENTO DA REMUNERAÇÃO

  O pagamento deverá ser feito, em dia útil, no local de trabalho, no expediente ou

logo após o término, sendo vedado qualquer desconto do salário do empregado, salvo

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adiantamentos, ou mediante autorização deste, na forma do art. 464 da CLT, combinado com o art. 462 do mesmo diploma legal. O pagamento deverá ser efetuado até o quinto dia útil do mês subseqüente.

3 - ADICIONAIS  

a) Horas-Extras

São consideradas como horas extras aquelas que ultrapassarem a carga horária permitida pela Lei para cada categoria de atividade. A Constituição Federal estabelece que a carga horária máxima de trabalho não poder, a ultrapassar a 8 horas diárias e 44 semanais. As horas extras serão remuneradas com no mínimo 50% a mais do que a hora normal.

Os empregados que recebem comissão tem direito ao adicional de 50% (no mínimo) pelo trabalho realizado em horas extras.

Elementos

Remuneração: (Salário, Comissões); Divisor: 220 - Para empregados com carga horária de 8h/dia;

180 - Para empregados com carga horária de 6h/dia;

Variável - Para os empregados com renda variável (comissionista) que corresponde ao número de horas trabalhadas por dia multiplicado pela média do número de horas trabalhadas por mês.

Percentual: No mínimo 50%;

Quantidade de HE: Número de horas extras trabalhadas no mês.

Fórmula

b) Adicional de Insalubridade  

É considerada insalubre, a atividade exercida, que por sua natureza, condição, método e local de trabalho, exponha o trabalhador a agentes nocivos à sua saúde, acima dos limites de tolerância fixada, em razão de natureza, da intensidade e do tempo de exposição aos seus efeitos (art. 189 da CLT).

É assegurado ao trabalhador que exerce a sua atividade nestas condições, a percepção de adicional, respectivamente, de 40%, 20% e 10% do salário mínimo, segundo a classificação nos graus máximo, médio e mínimo.

  c) Adicional de Periculosidade

  São consideradas periculosas aquelas atividades, que por sua natureza e local de trabalho, exponham constantemente o trabalhador a contatos com inflamáveis, energia elétrica e explosivos com risco de acidentes (art. 193 da CLT).

Ao trabalhador, nestas condições, é assegurado um adicional de 30% sobre o salário base.

d) Adicional Noturno

O trabalho realizado no período compreendido entre as 22h e as 5h é considerado noturno e será remunerado com, no mínimo, 20% a mais que a hora diurna.A hora noturna é reduzida e a equivale a 52 minutos e 30 segundos. O horário noturno para a pecuária é o compreendido entre as 20h e as 4h, não havendo redução da hora. Para a lavoura, o horário é das 21h às 5h, também sem redução.

O adicional noturno, pago com habitualidade, integra o salário do empregado para todos os efeitos (Enunciado 60 do TST).

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4 - VALE-TRANSPORTE   Foi instituído pela Lei n. 7418/85 e regulamentado pelo Decreto n. 95.247 de

17.11.87. Trata-se de um benefício fornecido, antecipadamente pela empresa, para o deslocamento do trabalhador da residência ao trabalho e vice-versa.

  O vale-transporte é utilizável nos meios de transportes coletivos públicos, urbanos, intermunicipais ou interestaduais com características de urbanos. É concedido na forma da lei, não se constitui salário, não sendo, portanto, tributável sob qualquer aspecto.

  O valor do vale-transporte será rateado da seguinte forma:

  a – trabalhador – 6% do seu salário-base;

b – empregador – o que exceder aos 6% do salário-base do empregado.

  Portanto, a base de cálculo é o salário-base, excluído qualquer adicional. Deve ser observado ainda que, no caso de valor dos vales fornecidos não atingir 6% do salário do empregado, deve a empresa, tendo adiantado os vales, descontar só até o limite do custo dos vales.

  Forma e base para o cálculo do desconto:

  Apesar de a legislação do vale-transporte esclarecer que a base de cálculo para

desconto da participação do empregado, corresponde a 6% sobre o salário, há divergência quanto à forma de cálculo.

Alguns entendem que, na forma da legislação, deve incidir os 6% sobre o salário-base integral do empregado. Nos termos do art. 7º, incisos I e II do decreto n. 95.247/87, para o exercício do direito ao vale-transporte é necessário que o empregado declare em formulário próprio seu endereço, bem como a(s) linha(s) de ônibus que serve(m) ao itinerário residência-trabalho e vice-versa.

5 - PREVIDÊNCIA SOCIAL

A previdência Social tem como objetivo fundamental a proteção econômica e social dos assegurados, sendo regido pelo princípio da Justiça. No Brasil desde 1923 tivemos vários institutos de previdência como o objetivo de proteção ao cidadão. Proteção esta já prevista em nossa Constituição (art. 194).

Pelo Decreto 99.350/90 foi criado o Instituto de Seguridade Social, que tem entre outras, as seguintes competências: - Promover a arrecadação, fiscalização e cobrança das contribuições sociais e demais receitas destinadas à Previdência Social; Conceder e manter os benefícios e serviços previdenciários.   Das Contribuições  

A Lei 8.212 de 24.07.91 baixa normas para arrecadação de recursos para financiamento da previdência. Para nosso estudo nos interessa as contribuições proventos da relação de emprego, ou mais especificamente oriundas da folha de pagamento.   a - Contribuição dos Trabalhadores:  

Incide sobre o seu salário de contribuição ou remuneração percebida, observado o teto máximo, ou seja, há um limite máximo para a contribuição. É calculado mediante a aplicação da correspondente alíquota sobre o seu salário mensal, conforme quadro a seguir:

Salário de Contribuição (1º Semestre de 2002) Alíquota

Até R$ 8,0%

De R$ até R$ 9,0%

De R$ até R$ 11,0%

6. SALÁRIO FAMÍLIA

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É garantido o salário família para os empregados que possuam filhos com até 14 anos ou inválidos, que estejam sob sua guarda ou tutela, desde que sejam apresentados a certidão de nascimento ou o cartão da criança. Quando o pai e a mãe trabalham, ambos recebem o benefício; quando os mesmos possuem dois empregos, recebem por emprego. Cessa o direito quando o filho completa 14 anos, ou quando ocorre recuperação do inválido/óbito do filho. É Devido ao empregado com filho(a) até 14 anos ou inválido ou que teve enteado menor, que por determinação judicial esteja sob sua guarda ou tutela, e que também receba salário no valor máximo de R$ (tabela vigente em 07/2008).

Documentos a serem apresentados:

- Cartão de Vacinação atualizado (filhos até 5 anos de idade),  apresentar na admissão e também no mês de maio de cada ano, para dar continuidade ao recebimento do Salário Família.

- Declaração de Freqüência Escolar (filhos maiores de 5 anos até 14anos), apresentar na admissão e também nos meses de Maio de Novembro de cada ano,  para dar continuidade ao recebimento do Salário Família.

- Termo de Responsabilidade

- Ficha de Salário Família

6.1 - VALORES DO SALÁRIO FAMILIA

1) Trabalhador com Salário até R$ recebe R$ , por filho2) Trabalhador com Salário entre R$ e R$ recebe R$ , por filho Obs.:

  * Não há descontos;   * Não há recolhimento do FGTS - Fundo de Garantia do Tempo de Serviço;   * É reembolsado pela empresa no campo 21 da GRPS - Guia de Recolhimento da Previdência Social.

6.2- CONTRIBUIÇÃO DO EMPREGADOR

Sobre o total da folha de pagamento dos empregados e ainda sobre o valor pago no decorrer do mês aos empresários, trabalhadores avulsos e autônomos que prestarem serviços, a empresa pagará o percentual de 20%, um percentual referente a terceiros que varia de 2% a 5,8% e ainda seguro-acidente que varia de 1% a 3%, de acordo com o grau de risco da atividade da empresa.

As contribuições são recolhidas através das GPS – Guia de Recolhimento da Previdência Social – até o segundo dia do mês subseqüente ao da competência.   7 - IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE – IRRF

7.1 Base de cálculo para fatos geradores que ocorreram a partir de 01/01/2002:

7.1.1. Rendimentos do Trabalho: Rendimento bruto mensal menos as deduções legais seguintes (IN SRF n.º 378, de 30 de dezembro de 2003):

I - as importâncias pagas em dinheiro a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente, inclusive a prestação de alimentos provisionais;

II - a quantia de R$ 137,99 por dependente;

III - as contribuições para a Previdência Social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios;

IV - as contribuições para entidade de previdência privada domiciliada no Brasil e para o Fundo de Aposentadoria Programada Individual (Fapi), cujo ônus tenha sido do contribuinte, destinadas a

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custear benefícios complementares assemelhados aos da Previdência Social, cujo titular ou quotista seja trabalhador com vínculo empregatício ou administrador;

V - o valor de até R$ 1.058,00 correspondente à parcela isenta dos rendimentos provenientes de aposentadoria e pensão, transferência para a reserva remunerada ou reforma pagos pela Previdência Social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, por qualquer pessoa jurídica de direito público interno, ou por entidade de previdência privada, a partir do mês em que o contribuinte completar 65 anos de idade.

7.1.2 Rendimentos de Capital (aplicações financeiras): Valor do rendimento constituído pela diferença positiva entre o valor de alienação, líquido do IOF, e o valor da aplicação financeira;

7.1.3 Remessas ao Exterior: Valor bruto dos juros/comissões rendimentos pagos creditados entregues ou remetidos ao exterior; e

7.1.4 Outros Rendimentos: 7.1.4.1 Prêmios e sorteios em geral: Valor do prêmio em dinheiro obtido em loterias, concursos desportivos (turfe) ou concursos de prognósticos desportivos; 7.1.4.2 Serviços de propaganda prestado por pessoa jurídica: Valor do rendimento obtido pela prestação de serviços de propaganda e publicidade; e

7.1.4.3 Remuneração de serviços prestados por pessoa jurídica: Valor da remuneração recebida em razão da prestação de serviços caracterizadamente de natureza profissional.

7.2 Alíquota:

7.2.1 Rendimentos do Trabalho: 15% e 27,5% conforme tabela, para fatos geradores que ocorrerem a partir de 30 de dezembro de 2003.

a) - Rendimentos Recebidos Acumuladamente

No caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto incide, no mês do recebimento, sobre o total dos rendimentos, abrangendo quaisquer acréscimos e juros, diminuído do valor das despesas com ação judicial necessárias ao seu recebimento, inclusive com advogados, se tiverem sido pagas pelo contribuinte, sem indenização (IN SRF n.º 15/01, art. 3º).

b) - Momento da Incidência na Fonte

O imposto incidente sobre os rendimentos de que tratam os artigos 7º e 12 da Lei n.º 7.713/88 será retido por ocasião de cada pagamento no mês.

No caso de mais de um pagamento, no mês, pela mesma fonte pagadora, aplicar-se-á a alíquota correspondente à soma dos rendimentos pagos, a qualquer título, compensando-se o imposto retido anteriormente. Quando houver mais de um pagamento no mês, a títulos diferentes, será utilizado o código correspondente ao rendimento de maior valor pago no mês (RIR/99, art.620, §§ 1º e 2º).

c) - Adiantamentos

O adiantamento de rendimentos correspondentes a determinado mês não estará sujeito à retenção, desde que os rendimentos sejam integralmente pagos no próprio mês a que se referirem, momento em que serão efetuados o cálculo e a retenção do imposto sobre o total dos rendimentos pagos no mesmo mês.

Se o adiantamento se referir a rendimentos que não sejam integralmente pagos no próprio mês, o imposto será calculado de imediato sobre esse adiantamento.

Para efeito da incidência do imposto serão considerados adiantamentos quaisquer valores fornecidos ao beneficiário, pessoa física, a título de empréstimos, que não preveja cumulativamente a cobrança de encargos financeiros, forma e prazo de pagamento (IN SRF n.º 15/01, art. 18).

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Tabela Progressiva para o cálculo mensal do Imposto de Renda de Pessoa Física para o exercício de 2010, ano-calendário de 2009.

Base de cálculo mensal em R$ Alíquota % Parcela a deduzir do imposto em R$Até 1.434,59 - -De 1.434,60 até 2.150,00 7,5 107,59De 2.150,01 até 2.866,70 15,0 268,84De 2.866,71 até 3.582,00 22,5 483,84Acima de 3.582,00 27,5 662,94

8 - F G T S  

Instituído pela Lei 5.707 de 13.09.66. Hoje é regido pela Lei 8.036 de 11.05.90, sendo consolidado sua regulamentação pelo decreto 99.684 de 08.11.90.

Os empregadores são obrigados a depositar, até o dia sete de cada mês, na conta bancária vinculada do trabalhador, a importância correspondente a 8% da remuneração paga ou devida (incluindo horas extras e outros adicionais eventuais - Enunciado n.º 63 do TST), no mês anterior.

No caso da demissão sem justa causa ou rescisão indireta do contrato, será pago ao empregado uma multa de 40% sobre o total dos depósitos do FGTS.

Elementos:Remuneração (Salário, Comissões, adicionais...); Saldo dos depósitos - Conforme extrato fornecido pelo banco depositário; Percentual - 8% (para o pagamento mensal) e 40% (para a indenização da despedida injusta).

Fórmulas:

F.G.T.S. mensal - Remuneração x 8% F.G.T.S. multa - Saldo dos depósitos x 40%

NOTA:

São devidos pela empresa para o Governo Federal, além do FGTS, o valor de 26,8% sobre o total bruto da Folha de Pagamento, o qual têm o seguinte destino:

- para a própria Previdência Social..........................................................20,0%

- para o Seguro Acidente do Trabalho - SAT......................1,0% / 2,0% / 3,0%

- para terceiros:

Salário Educação..............................2,5%INCRA.........................................…...0,2%SENAI/SENAC/SENAT...............…...1,0%SESI/SESC/SEST.............................1,5%SEBRAE............................................0,6%................................5,8%TOTAL ....................................................................................26,8%

Essas porcentagens acima, estão sujeitas a alterações constantes.

V - DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO

1. INTRODUÇÃO

O Ativo Imobilizado é formado pelo conjunto de bens e direitos necessários à manutenção das atividades da empresa, podendo apresentar-se tanto na forma tangível (edifícios, máquinas etc.), como na forma intangível (marcas, patentes etc.). O imobilizado abrange, também, os custos das benfeitorias realizadas em bens locados ou arrendados.

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O Ativo Imobilizado faz parte do Ativo Permanente, sendo que, de forma geral, é composto das seguintes contas:· Terrenos

· Obras Civis

· Instalações

· Máquinas, Aparelhos e Equipamentos

· Móveis e Utensílios

· Veículos

· Marcas, Direitos e Patentes Industriais

· Florestamento e Reflorestamento

· Direitos sobre Recursos Naturais

· Depreciação, Amortização e Exaustão Acumuladas (contas credoras)

· Imobilizações em Andamento

A Depreciação, a Amortização e a Exaustão constituem provisões para redução ou retificação de ativos Os principais problemas contábeis relacionados ao imobilizado são: quais os custos que devem ser capitalizados; momento em que o imobilizado deve ser contabilizado; quando e como a depreciação e perdas de valor devem ser contabilizadas; quais as divulgações necessárias.

Se uma companhia adquire um veículo para seu uso, por exemplo, por $ 50.000, com o passar do tempo e com o desgaste, o valor desse veículo decrescerá a cada ano; supondo que ele fosse utilizado durante 5 anos, ficando totalmente desgastado, no final desse período seu valor de venda e de uso seria zero, e a companhia teria que baixar seu custo do grupo do imobilizado, transferindo-o para despesa, no quinto e último exercício.

Ora, se o veículo foi utilizado durante 5 anos, é natural que uma parcela do seu valor, equivalente ao desgaste anual, deva ser reconhecida e apropriada como despesa ou custo em cada exercício, durante o tempo de vida útil do bem. O que eqüivale a dizer que, ao invés de reconhecer o custo como despesa apenas no exercício em que o bem é baixado, essa despesa deve ser anualmente reconhecida, distribuindo o valor do custo de aquisição pelo número de anos ou exercícios durante os quais o bem é utilizado.

As quotas mensais ou anuais de depreciação, amortização ou exaustão devem representar o efetivo desgaste do bem, sua perda de utilidade ou a perda de sua capacidade produtiva, independentemente do que estabelece a legislação fiscal.

É importante que se tenha o cuidado de só iniciar a depreciação de um bem a partir da data em que o mesmo entrar em operação e não da data de seu recebimento. As peças sobressalentes devem ser depreciadas em função da vida útil remanescente do equipamento correspondente.

Quando peças substituíveis são de valor significativo e possuem vida útil inferior à da unidade básica do equipamento, a depreciação dessas peças deve ser constituída separadamente, o que facilitará a contabilização quando forem substituídas.

Da mesma forma, se a empresa é proprietária de recursos florestais ou minerais por ela explorados, esses recursos vão sendo exauridos gradativamente até o fim. Essa exaustão deve ser refletida na contabilidade como despesa ou custo, à medida que vai ocorrendo. Ou, no caso de bens intangíveis de duração limitada, é necessário reconhecer que, com o passar do tempo, o valor desses direitos vai perdendo substancia até a data em que expira o prazo de propriedade sobre o bem.

Essa perda significa que o custo de aquisição vai diminuindo com o passar do tempo, e esse fato deve ser reconhecido contabilmente. As depreciações, exaustões e amortizações vão sendo registradas a cada ano em contas de provisão específicas acumuladoras de saldo. Quando o bem chega a 100% de depreciação, exaustão ou amortização, então é baixado contabilmente, ou, se ainda existir fisicamente (caso em que estaria evidenciado ter havido um erro na estimativa de vida útil do bem), deixa de ser depreciado, exaurido ou amortizado.

Assim, o reconhecimento contábil da perda do valor de custo de ativo imobilizado é feito através de: - Depreciação de bens;

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- Exaustão de recursos minerais e florestais; - Amortização de bens intangíveis de duração limitada.2 - DEPRECIAÇÃO

É uma despesa que registra a perda de valor dos bens fixos materiais, constantes no Ativo Imobilizado, pelo uso, ação da natureza ou obsolescência. Os bens materiais, constantes do Ativo Imobilizado (Móveis e utensílios, Instalações, Veículos, Máquinas e Equipamentos, etc.) como uso e passar do tempo, vão se desgastando.

A contabilização da perda de valor desses bens pelo tempo e pelo uso, corresponde a uma despesa chamada de DEPRECIAÇÃO.

O valor da depreciação constitui uma despesa que será abatida do lucro da empresa. Este valor é calculado anualmente com base no tempo de duração do bem a ser depreciado e nos índices determinados pela legislação do Imposto de Renda.

A provisão para depreciações consiste, portanto, no cálculo de uma porcentagem sobre os bens do Ativo Permanente Imobilizado da empresa, e seu objetivo é a formação de um fundo destinado a cobrir o desgaste e a desvalorização desses bens. Vejamos em que consiste as taxas de depreciação.

2.1 Taxas de Depreciação

São estabelecidas com base na vida útil estimada do bem a ser depreciado. A seguir, apresentamos uma tabela de bens sujeitos a depreciação e de bens não sujeitos a depreciação, com as taxas usualmente adotadas e aceitas pela legislação do Imposto de Renda.

Tabela de algumas das taxas de depreciaçãoBens Prazo de vida útil

(anos)Taxa anual de depreciação

Instalações 10 10%Edificações 25 4%Animais vivos 5 20%Computadores 5 20%Veículos 5 20%Materiais de couro 2 50%Materiais de borracha 2 50%

2.2 Métodos de Depreciação

Existem pelo menos cinco métodos para calcular a depreciação dos bens. Vejamos cada um deles.

a) Método Linear ou linha reta - consiste em depreciar o bem em quotas anuais, constantes, pelo tempo de vida útil estimado para o mesmo. É o mais usado no Brasil. Por esse método, podemos calcular a depreciação mensal, trimestral ou anual, com ou sem valor residual.

Entende-se por valor residual, um valor estimado que não será depreciado e corresponderá ao preço de venda do bem como sucata, quando o mesmo estiver imprestável ou obsoleto.

Tomando como exemplo uma máquina que custou $ 100.000, com tempo de vida útil estimado em dez anos, teremos uma quota anual de depreciação de 10% do valor do investimento.Fórmula:

D = (C – Vr) / n Onde:

D – depreciaçãoC – Custo inicial corrigidoVr – valor residualn – tempo de vida útil do bem

Exemplo:

Custo corrigido do bem (C)= $ 15.000,00Tempo de vida útil (n) = 5 anos (60 meses) Não há valor residual

a) Depreciação = $ 15.000,00 / 60 meses = $ 250,00 mês Ou ainda;b) 60 meses equivalem a 100% - 01 mês eqüivale a taxa de 1,6667% mês

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$ 15.000,00 x 1,6667% = $ 250,00 mês

b) Método soma dos dígitos ou decrescente - De acordo com esse método, durante os primeiros anos de uso de um bem, quando a sua eficiência é mais elevada, estabelecem-se quotas maiores de depreciação. Já par os últimos anos, quando a sua eficiência é menor, as quotas de depreciação passam a ser menores.

Veremos, por meio de um exemplo, o procedimento utilizado para o cálculo da depreciação, através desse método.

Considerando uma máquina que custou $ 550.000 e cuja vida útil é estimada em dez anos, devemos proceder à depreciação da seguinte maneira:

* Somar o número de anos referente à sua vida útil:1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 + 8 + 9 + 10 = 55

Este valor corresponderá ao denominador fixo das frações que serão aplicadas no cálculo das quotas de depreciação. O numerador será o número de ordem dos anos.

a) Inverter o número de ordem dos anos para obter o numerador da fração para cada ano. Dessa forma, os numeradores decrescerão de ano para ano.

b) Multiplicar a fração pelo valor da máquina, ou seja: 1º ano - fração = 10/55

- valor da máquina: R$ 550.000 - quota de depreciação: 10/55 X 550.000 = 100.000

2º ano - 9/55 X 550.000 = 90.000

3º ano - 8/55 X 550.000 = 80.000, e assim por diante

No quadro abaixo, mostramos a depreciação da máquina, calculada pelo método soma dos dígitos ou decrescente.

Anos Fração Cálculo Valor da Depreciação

1º 10/55 10/55 x 550.000 100.000

2º 9/55 9/55 x 550.000 90.000

3º 8/55 8/55 x 550.000 80.000

4º 7/55 7/55 x 550.000 70.000

5º 6/55 6/55 x 550.000 60.000

6º 5/55 5/55 x 550.000 50.000

7º 4/55 4/55 x 550.000 40.000

8º 3/55 3/55 x 550.000 30.000

9º 2/55 2/55 x 550.000 20.000

10º 1/55 1/55 x 550.000 10.000

Total da depreciação igual ao custo da máquina 550.000

c) Método Progressivo - O procedimento nesse método ocorre de forma inversa ao do método soma dos dígitos ou decrescente. Assim, durante os primeiros anos de uso do bem, a depreciação se fará por meio de quotas menores, enquanto que nos últimos anos, as quotas serão maiores.

Tomemos o mesmo exemplo do método decrescente e vamos calcular as quotas de depreciação anual da máquina. Ao contrário do método que vimos anteriormente, o numerador da fração obedecerá à ordem dos anos, ou seja, crescerá de ano para ano.

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Veja no quadro abaixo:Anos Fração Cálculo Valor da Depreciação

1º 10/55 1/55 x 550.000 10.0002º 9/55 2/55 x 550.000 20.0003º 8/55 3/55 x 550.000 30.0004º 7/55 4/55 x 550.000 40.0005º 6/55 5/55 x 550.000 50.0006º 5/55 6/55 x 550.000 60.0007º 4/55 7/55 x 550.000 70.0008º 3/55 8/55 x 550.000 80.0009º 2/55 9/55 x 550.000 90.000

10º 1/55 10/55 x 550.000 100.000

Total da depreciação igual ao custo da máquina 550.000

d) Método do saldo decrescente - Esse método consiste na aplicação da taxa de depreciação sobre o saldo contábil do bem a ser depreciado. Nesse método, o valor de custo do bem não será totalmente depreciado no período de vida útil do bem, e por esta razão não é aplicado na prática atualmente

Abaixo, mostramos a depreciação de uma máquina, cujo custo é de $ 300.000 e o tempo de vida útil foi estimado em dez anos. Portanto, a taxa de depreciação é de 10%.

Anos Saldo antes da depreciação

Valor da depreciação anual Saldo depois da depreciação

1º 300.000,00 30.000,00 270.000,002º 270.000,00 27.000,00 243.000,003º 243.000,00 24.300,00 218.700,004º 218.700,00 21.870,00 196.830,005º 196.830,00 19.683,00 177.147,006º 177.147,00 17.714,70 159.432.307º 159.432.30 15.943,23 143.489,078º 143.489,07 14.348,90 129.140,179º 129.140,17 12.914,01 116.226,1610º 116.226,16 11.622,61 104.603,55

Como vemos, após completado o período de vida útil da máquina, restou um saldo

não depreciado de $ 104.603,55, corresponde a 34,86% do custo da máquina.

e) Método máquina/hora - De acordo com esse método, a depreciação de um bem deve ser calculada com base na taxa hora de operação, que consiste em dividir o valor de custo da máquina pelo total de horas que ela deverá operar no tempo estimado de sua vida útil.

Supondo-se que uma máquina tenha custado $ 600.000 e que a sua capacidade seja de 30.000 horas durante dez anos, a taxa hora de operação será:

- THO = 600.000 / 30.000 = 20Após encontrada a taxa hora de operação é só calcular a quota de depreciação

anual. Basta multiplicar o número de horas de funcionamento da máquina durante o ano pela taxa hora de operação como mostramos no quadro abaixo:

Anos Horas de operação Cálculo Valor da depreciação

1º 5.000 5.000 x 20 100.000

2º 4.800 4.800 x 20 96.000

3º 4.500 4.500 x 20 90.000

4º 4.200 4.200 x 20 84.000

5º 3.600 3.600 x 20 72.000

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6º 3.000 3.000 x 20 60.000

7º 2.300 2.300 x 20 46.000

8º 1.500 1.500 x 20 30.000

9º 800 800 x 20 16.000

10º 300 300 x 20 6.000

TOTAL 30.000 600.000

3 - AMORTIZAÇÃO

A Amortização, assim como a Depreciação, representa uma despesa e consiste na extinção gradual do valor aplicado em Despesas Pré- operacionais, Despesas de Reorganização, Marcas e Patentes, etc.

As amortizações referem-se a direitos de propriedade ou posse (utilização) por tempo delimitado. Na realidade, corresponde à perda do valor de imobilizações intangíveis ou imateriais (despesas gerais de instalações, aviamentos etc.).

No caso da amortização, somente se amortizam os imobilizados cujos valores se reduzem ao longo do tempo. Por exemplo, se uma marca é considera de grande valor, a empresa faz tudo para mantê-la válida jurídica e economicamente, e o consegue, não há razão para amortizá-la

Para calcular a amortização existem vários métodos, sendo os mais conhecidos: a) método das cotas constantes; b) método em progressão aritmética crescente; c) método em progressão aritmética decrescente.

O cálculo da Amortização dos valores classificados nas contas acima, variam de acordo com a sua natureza, ou seja:

- Despesas Pré- Operacionais e de Reorganização:Amortizáveis no máximo em 10 (dez) anos (10% aa)

- Marcas e Patentes:Amortizáveis de acordo com o tempo de validade dos mesmos (10 anos, 20 anos,...)

Obs: Amortização das despesas diferidas não deve ultrapassar dez anos – lei 6.4040/76 – ver.

4 - EXAUSTÃO

Representa a perda de valor, pela utilização, de uma lavra, jazida ou reserva florestal. Dessa forma, a empresa registra, anualmente, a diminuição gradativa do valor de aquisição do bem (jazida, lavra ou reserva florestal), em função da quantidade extraída da mesma.

A exaustão objetiva distribuir o custo dos recursos naturais durante o período em que eles são extraídos ou exauridos, ou ainda, quando corresponder à perda do valor do direito, decorrente da sua exploração, sendo estes recursos minerais ou florestais (petróleo, florestas, jazidas, bosques etc.), ou bens aplicados nessa exploração.

Quando as empresas industriais de natureza extrativa deixam de imputar ao seu custo de fabricação as quotas de exaustão, sucede que o se custo apurado é irreal, pois a matéria-prima extraída tem como primeiro custo a Quota de Exaustão, custo este classificado como custo direto de fabricação.

O método de cálculo de exaustão, que deve ser utilizado para fins contábeis, é o método da unidades produzidas (extraídas). De acordo com este método, deve-se estabelecer a porcentagem extraída de minérios no período em relação à possança total conhecida da mina. Tal percentual é aplicado sobre o custo de aquisição ou prospecção, corrigido monetariamente dos recursos minerais explorados. A legislação do Imposto de Renda admite como dedutível 20% da receita de exploração.

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VI - BIBLIOGRAFIA

Bibliografia Básica:

CREPALDI, S. Contabilidade Gerencial. São Paulo: Atlas, 2005. MARION, J. C. Contabilidade Empresarial. São Paulo: Atlas, 1998. NEVES,S das e VICECONTI, Paulo E.V., Contabilidade de Custos. São Paulo: Frase,2003

Bibliografia Complementar:

ATKINSON, A. A., BANKER. R. D., KAPLAN. S. R., YOUNG. S.M., Contabilidade Gerencial. São Paulo: Atlas, 2000.

IUDÍCIBUS, S., Contabilidade Gerencial. São Paulo: Atlas, 1998. NEVES, S das e VICECONTI, Paulo E.V., Contabilidade Avançada e Análise das

Demonstrações financeiras. 11ª ed. São Paulo, Frase,2002. FIPECAFI. Manual de Contabilidade das sociedades por ações. São Paulo: Atlas, 2003. MATARAZZO, D. C. Análise Financeira de Balanço: Abordagem Básica e Gerencial. São

Paulo: Atlas, 1998 ATIIE, W., Auditoria Interna, São Paulo: Atlas, 2000.

VII - LINKS PARA PESQUISA EM CONTABILIDADE E FINANÇAS

- http://www.eac.fea.usp.br/eac/revista/todos_art.asp

- http://www.classecontabil.com.br/servlet_art.php?id=462

- http://www.planalto.gov.br/legisla.htm

- http://periodicos.capes.gov.br/portugues/index.jsp

- http://www.cosif.com.br/contabilidade.asp

- http://www.fazenda.gov.br/

- http://www.marion.pro.br/portal/modules/tinycontent/index.php?id=21

- http://www.inss.gov.br/

- http://www.receita.fazenda.gov.br/

- http://lattes.cnpq.br/

- http://www.criativacontabil.com.br/artigos.asp

- http://www.cosif.com.br/mostra.asp?arquivo=legisla

- http://www.cvm.gov.br

- http://www.bacen.gov.br/

- http://www.governo.rj.gov.br/Legislacao.asp

- http://www.stn.fazenda.gov.br/

- http://www.portalvr.com

- http://empresas.globo.com/Empresasenegocios/0,,2466,00.html

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