apostila dp-sp
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Concurso DP-São Paulo - PsicólogoTRANSCRIPT
APOSTILA TERICA - PARTE 1
(CARGO PSICLOGO EDITAL 02/2015)
- REPRODUO PROIBIDA
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Elaborador: Rafael Trevizoli Neves
Formatao: Entrelinhas Editorial.
Texto de apresentao do material:
As apostilas especficas da Educa Psico abordam os contedos de Psicologia
publicados no edital para o qual o material foi elaborado.
A elaborao tem como base os contedos das apostilas (temticas e
especficas) da Educa Psico. Estes contedos so revisados por especialistas de cada
rea buscando a mxima adequao ao que exigido no edital. Alm disso, estes
especialistas elaboram textos inditos, caso haja esta necessidade pelas exigncias
do edital.
A proposta desse material auxili-lo na organizao dos seus estudos,
possibilitando que voc se dedique aos principais contedos de psicologia que
foram sugeridos no edital. Importante que voc busque tambm outras fontes de
estudo para que possa potencializar seu desempenho na prova.
Bons estudos!
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SUMRIO
UNIDADE I O Psiclogo e as Mltiplas reas de Atuao: o Psiclogo e a
Sade; Psiclogo e Educao; o Psiclogo e as Instituies de Sade.................4
UNIDADE II Processos de Desenvolvimento Humano........................................122
UNIDADE III Psicopatologia...................................................................................196
UNIDADE IV Mtodos e Tcnicas de Interveno...............................................284
UNIDADE V Avaliao Psicolgica e Psicodiagnstico.....................................334
UNIDADE VI Aconselhamento e Mediao..........................................................400
UNIDADE VII Elaborao de Documentos Laudos, Pareceres e Outros
Documentos...............................................................................................................408
UNIDADE VIII Psicologia Social: Teorias, Histria, Polticas; Indivduo e
Sociedade...................................................................................................................416
UNIDADE IX Polticas e Programas Sociais dirigidos a Populaes
Especficas.................................................................................................................453
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UNIDADE I O PSICLOGO E AS MLTIPLAS REAS DE ATUAO: O
PSICLOGO E ASADE; O PSICLOGO E A EDUCAO E O PSICLOGO E AS
INSTITUIES SOCIAIS
1.1. O Psiclogo e a Sade1
Para melhor compreender as terminologias e os conceitos que sero
apresentados, devemos iniciar com a contextualizao do que sade e doena. Sua
discusso nos permite acompanhar o processo histrico e compreender a participao
da psicologia na utilizao desses termos.
Ao longo da histria, temos que a definio do que sade e doena est
atrelada viso de mundo e de homem de quem a define. Castro, Andrade e
Muller (2006), retomando a evoluo desta definio, remontam a Hipcrates de Cs
(460 a.C.), cuja compreenso de sade estava baseada no equilbrio de fludos
presentes no corpo humano: bile amarela, bile negra, fleuma e sangue. Para ele, o
homem era uma unidade organizada e a doena estava associada desorganizao.
Em seguida, as autoras salientam que, durante a Idade Mdia, a doena estava
relacionada ao corpo e era atribuda ao pecado, e a alma era o local de valores
supremos e espirituais.
Com o Renascimento, o homem passa a ser o centro das definies de sade
e doena. As cincias naturais avanam e tomam espao em detrimento da religio.
Descartes passa a divulgar a concepo de homem numa perspectiva dualista, sendo
o estudo da mente destinado religio e filosofia, e o corpo medicina. Essa postura
dualista influenciou o pensamento mdico, reforando a etiologia da doena em uma
perspectiva reducionista e organicista (CASTRO; ANDRADE; MULLER, 2006;
ALEXANDER, 1989).
No final do sculo XIX e incio do sculo XX, Freud (1986-1939) traz a
influncia da psicanlise nas abordagens do que doena e sade na medicina, visto
que o autor relacionou intimamente a mente com o corpo, no sentido de produzir
prazer, sofrimento, sade, leso ou doena (EKSTERMAN, 1992).
Corroborando com uma viso holstica da sade e da doena, tem-se o
desenvolvimento das neurocincias, que descobre, por exemplo, que o sistema
imunolgico influencia e influenciado pelo crebro (URSIN, 2000 apud CASTRO;
ANDRADE; MULLER, 2006). A viso dualstica torna-se mais difcil de ser aceita.
1 Texto adaptado por Rafael Trevizoli Neves, da Unidade I Conceitos importantes utilizados na rea da
sade na Apostila Psicologia Hospitalar/Sade, originalmente elaborado por Denise Dascanio e Marta Regina Gonalves Correia. Revisado por Domitila Shizue Kawakami Gonzaga.
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Tambm temos a medicina psicossomtica, que agrega aos fatores que levam
ao adoecimento, variveis psicossociais em interao com os biolgicos, agregando
importncia ao trabalho interdisciplinar com mdicos, assistentes sociais, psiclogos,
nutricionistas entre outros atuantes na rea da sade e que, por sua vez, concebe
sade, doena em uma perspectiva multidisciplinar. E nesse contexto que
atualmente construmos os conceitos abaixo.
A) O que Sade?
O termo sade gera controvrsias na literatura. Para alguns autores, a
definio est sob o foco do indivduo; para outros, o foco so as variveis
econmicas, culturais e sociais.
Conceituar sade tem sido dificultoso desde a antiguidade. A falta de estudos
sobre tal conceito demonstra uma dificuldade da cincia em tratar o tema de forma
positiva, por exemplo, sentir bem-estar, e no de forma negativa, como a ausncia de
dores. Tambm pode ter influenciado na construo deste conceito de sade a
indstria farmacutica e a prpria cultura, que limita suas pesquisas a um tratamento
terico e emprico da sade como simples ausncia de doena. Porm, h um
movimento atual que busca ressuscit-la como objeto cientfico, visto que no aceita a
fragmentao do homem (COELHO; ALMEIDA-FILHO, 2002).
Para pinay (1988), a sade seria responsabilidade de cada um e, ao mdico,
competiria no curar, mas tratar a sade, criando, em colaborao com o paciente,
condies adequadas para que ela ocorra. Avanado para alm da dade mdico-
paciente, porm com caractersticas individuais, Czeresnia (2003) coloca que tanto a
sade como o adoecer so manifestaes subjetivas e singulares, em que a
experincia da doena relatada pelo doente se transforma em queixas que so
traduzidas, juntamente com os sintomas, para uma linguagem tcnica e objetiva
pertinente a rea mdica.
Miyazaki e Amaral (1995) conceituam sade dentro de uma perspectiva
integradora, composta por duas dimenses: 1) social, compreendida como bem-estar
do indivduo e 2) biolgica, que corresponde ausncia da doena. Neste caso, a
preveno, o tratamento e a reabilitao, implicam na participao do comportamento
do indivduo. Esta seria a dimenso psicolgica da sade.
Enfim, relacionada a essa retomada do conceito de sade de forma positiva,
apresentamos a definio adotada pela Organizao Mundial de Sade (OMS), a qual
foi elaborada no ano de 1948, como uma alternativa ao modelo biomdico, que
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passara a ser questionado por sua limitao, devido ao paradigma organicista,
fundamentado filosoficamente na dissociao cartesiana.
Para Sarriera et al. (2003), esta definio traz a ideia de sade como um
conceito integral, resultante de aspectos fsicos, psicolgicos e sociais, a qual
significaria:
- que sade no o oposto de doena;
- que no se limita ao corpo e;
- que envolve outros setores sociais e econmicos, para alm do indivduo.
Indicadores de Sade
Podemos definir indicadores de sade como medidas snteses, as quais
possuem informaes importantes do estado de sade de uma populao ou sobre o
sistema de sade (RIPSA, 2002). Eles representam aspectos da sade, tais como
mortalidade, natalidade etc.
Um ndice uma medida que proporciona indicadores de sade e sua
contribuio efetiva se ele apresentar: validade, que se refere adequao para se
medir o fenmeno estudado; confiabilidade, capacidade de obter os mesmos
resultados quando o procedimento replicado; representatividade, relacionado ao
nmero da amostra quanto maior, mais representativa; aspectos ticos, os dados
no podem incorrer em prejuzos, malefcios s pessoas envolvidas (MINISTRIO DA
SADE, 2008).
So exemplos de indicadores de sade os seguintes:
- Mortalidade
- Sobrevivncia
- Morbidade
- Gravidade
- Incapacidade
- Nutrio
- Crescimento e desenvolvimento
- Condies socioeconmicas
- Servio de Sade
Para OMS, a definio de sade o estado completo de
bem-estar fsico, mental e social e no a ausncia de
doena.
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B) Doena: Duas Perspectivas
O termo doena tambm gera controvrsias na literatura. Por um lado, temos a
utilizao do termo como antnimo noo de Sade, que, de acordo com Romano
(1999), estaria relacionada concepo da Medicina Clssica, que o define a partir de
dois ngulos: 1- como consequncia de uma agresso ao organismo, com durao
limitada e que, cessada, deixava sequelas ou no (enfermidades decorrentes de
qualquer origem exgena, as infecciosas e as txicas) e 2- atravs da desarmonia
orgnica ou desarranjos funcion