apometria camila sampaio 2 desculpas não bastam pelo espírito ronaldo

8/12/2019 apometria camila sampaio 2 desculpas não bastam pelo espírito ronaldo

http://slidepdf.com/reader/full/apometria-camila-sampaio-2-desculpas-nao-bastam-pelo-espirito-ronaldo 1/226

Desculpas não bastam

Camila Sampaio

Pelo espírito Ronaldo



Alcoolismo e Espiritualidade – uma história sobrecomo as vidas passadas afetam a vida do alcoólico

e sua família

Felipe era jovem, bonito, rico, tinha uma vida com tudo o que

poderia sonhar – mas era refém do vício da bebida. A partir do primeiro

gole, tudo se transformou em um inferno.

Depois de muito sofrimento, ele busca a ajuda de dona Eullia.

!ariana, agora j recuperada e treinada, ser a médium que ir atend"#lo.

Desta ve$, cinco vidas passadas e um grupo considervel de

obsessores precisam de ajuda. E a equipe de Apometria de dona Eullia ir

trabalhar de forma incansvel até resolver a quest%o.

& Alcoolismo atinge '(( milh)es de pessoas no mundo, além de

causar acidentes, atos de viol"ncia e devastar a vida de familiares e amigos.

*este segundo volume, o espírito +onaldo continua a histria de O Amor

Nunca morre, e-plicando mais sobre como a Apometria pode au-iliar no

tratamento espiritual.

Desculpas n%o bastam é hora de entender o que est por trs dessa

grande quest%o social, para que a Espiritualidade possa envolver todos os

alcolicos e suas famílias na sua lu$ redentora/

0



Camila Sampaio nasceu em 1232, em 4%o 5aulo.

4eu primeiro contato com a espiritualidade foi através da sua famíliamaterna. 4ua av Edith e sua m%e Alice eram médiuns psicof6nicas ativas.

*a juventude, a mediunidade de 7amila come8ou a se desenvolver, atéatingir a sua plenitude ela é clarividente, clariaudiente, médium psicof6nica,doutrinadora e atua com psicografia.

9oje 7amila coordena o :rupo Apométrico ;u$ do 4enhor, em 4%o 5aulo.< terapeuta de vidas passadas e formada em 9istria e 5sicologia. *esta

parceria com o espírito +onaldo, é uma das primeiras terapeutas de vidas passadas do mundo a psicografar romances, o que possibilita = Espiritualidadeque ela seja um instrumento para tra$er a p>blico conhecimentos sobre vidas

passadas, Apometria, 9istria, auto#obsess%o, obsess%o, atua8%o de grupossocorristas e mecanismos do nosso funcionamento psíquico.

Desculpas não bastam é seu segundo romance, sequ"ncia de O Amor

nunca morre.< autora de dois livros sobre ?erapia de @idas 5assadas O Fio de Ariadne

– Abordagens da Terapia de Vidas Passadas 0((BC e Era uma vez – Terapia de

Vidas Passadas com Crianas 0((2C.Atualmente atende em seu consultrio, em 4%o 5aulo, e reside com seu

marido, 9ugo ;apa, em Atibaia.



Para Grilo



Índice

5rlogo ........................................................................................................ 37apítulo 1 – 5rimeiro trabalho .................................................................. 117apítulo 0 – !ariana na ativa ................................................................... 137apítulo – Ensinamentos de Dona Eullia ............................................ 07apítulo – Felipe ................................................................................... 027apítulo – ;uta contra si mesmo ........................................................... 7apítulo ' – Guero sair daqui ................................................................... 27apítulo 3 – < mais forte que eu ............................................................... 7apítulo B – Descren8a ............................................................................. 27apítulo 2 – 4olid%o .................................................................................

7apítulo 1( – 7omo ver quem mais amo sofrendoH ................................ B7apítulo 11 – ;ídia n%o sabe o que fa$er .................................................. '07apítulo 10 – Agress%o ............................................................................. ''7apítulo 1 – 7horo .................................................................................. 307apítulo 1 – 5erd%o ................................................................................. 337apítulo 1 – Filhos que s%o pais ............................................................. B07apítulo 1' – *a sarjeta ........................................................................... B37apítulo 13 – 7ome8o do socorro ............................................................ 207apítulo 1B – *o vale ................................................................................ 23

7apítulo 12 – Iam% ................................................................................. 1(17apítulo 0( – 5risioneiro da tribo ........................................................... 1(7apítulo 01 – Equipe em a8%o ................................................................ 1(37apítulo 00 – IeroJe ............................................................................. 11(7apítulo 0 – 4ofia ajuda ....................................................................... 117apítulo 0 – Amor I Kdio .....................................................................1017apítulo 0 – 7arla e sua ambi8%o ...........................................................10'7apítulo 0' – Logo de interesses ............................................................. 1(7apítulo 03 – Mmpacto ............................................................................. 1

7apítulo 0B – !iasmas ........................................................................... 1'7apítulo 02 – 4 alivia um pouco ........................................................... 1(7apítulo ( – Guerer n%o é poder ........................................................... 17apítulo 1 – ;iberdadeH ........................................................................ 1'7apítulo 0 – 4arjeta de novo – ou pela primeira ve$ ............................ 1(7apítulo – +idiculari$a8%o ................................................................. 17apítulo – 7arla e NioJa ................................................................... 1'7apítulo – 5eter se rebela ................................................................... 127apítulo ' – Dona Eullia é pe8a#chave ............................................... 1'07apítulo 3 – 7i8a intervém .................................................................... 1''7apítulo B – ;ídia em conflito .............................................................. 13(



7apítulo 2 – Enfim ss ......................................................................... 137apítulo ( – 9ora da a8%o .................................................................... 1B(7apítulo 1 – A uni%o fa$ a for8a .......................................................... 1B7apítulo 0 – *%o podemos perd"#lo/ ................................................... 12(

7apítulo – Mmplantes ......................................................................... 127apítulo – Ajuda de 5edro ................................................................ 0((7apítulo – 5ersevere/ ........................................................................ 0(7apítulo ' – ;uta ................................................................................. 0(B7apítulo 3 – 4egunda ve$ .................................................................... 0107apítulo B – ;ídia se reanima .............................................................. 017apítulo 2 – 7olo de pai ...................................................................... 0127apítulo ( – @itria ............................................................................. 000

*ota da médium .................................................................................... 00

'



Prólogo

+onaldo se fe$ presente em minha vida de vrias formas, além de

nosso trabalho com psicografia. 4empre que necessrio, ele vinha na minha

mente para termos uma conversa. Eu raramente conseguia v"#lo com

nitide$, era mais um contato astral.

!as naquele dia, da forma mais inusitada possível, ele resolveu

andar de avi%o comigo, na poltrona va$ia ao meu lado. Eu ainda morava em

Alto 5araíso de :ois isso foi em 0(1(, ent%o eu fa$ia o trajeto 4%o 5aulo

– Orasília quin$enalmente.

5ercebendo meu susto, ele me tranquili$ou

# *%o se preocupe, vou conversar com voc" mentalmente e ninguém

ir achar que voc" é louca. +esponda da mesma forma, que consigo te

ouvir.

# Gue gostoso poder falar com voc" assim/

# ?ambém acho, minha querida. @im pessoalmente porque vou te

passar informa8)es importantes que ir%o nortear todo o nosso trabalho

futuro.

# Guer que eu anoteH

# *%o precisa, voc" ir se lembrar. E na hora certa irei te ditar

novamente essa conversa.

# ?udo bem. *o que eu posso ajudarH

# 7omo eu j te disse, faremos sete livros juntos. 9oje terminamos O

Amor nunca morre. @oc" ter dificuldades com ele, maiores do que ns

prevíamos. ;embra que te falei desde o início qual editora procurar, n%oH

# ;embro, claro. Eles acabaram de aceitar/

# !as eles n%o seguir%o adiante. & tema Apometria ainda é bastante

novo para muitos encarnados, e as trevas se aproveitam disso. 7onversei

3



longamente com Dona Eullia esses dias, conforme fomos observando o

que estava acontecendo. Decidimos que é melhor liberar a obra via internet,

a comunica8%o que voc"s, encarnados, usam. Assim ela atingir o m-imo

de pessoas possível. Espere que eu confirme isso com voc". 4e a situa8%o

se definir assim, eu te informarei. E, claro, futuramente isso pode ser

revisto, caso alguma editora te procure ao notar a popularidade dos livros.

!as n%o foi apenas sobre isso que vim falar.

# 4obre o que maisH

! O Amor nunca morre n%o é s uma histria. ?odos os personagens

s%o reais. !ariana, 7i8a, 7arlos, os meninos, dona Eullia, todos elese-istem. *%o daquela forma esse foi o nome que tiveram em sua >ltima

vida. Atualmente, eles est%o desencarnados.

# 5or isso eu sentia tanta pro-imidade com eles/ E tanto medo de

Athor...

# De fato.

# !as por que foi colocado no livro como se eles estivessemencarnados agoraH

# 5ara facilitar a compreens%o das pessoas. As pr-imas histrias

continuar%o com essa simula8%o. *em todos est%o familiari$ados com o

conceito de col6nia espiritual, e é parte do objetivo das obras tratar de tudo

dentro do dia a dia normal de voc"s, com quest)es que assolam qualquer

pessoa. 4e assim n%o fosse nos desviaríamos de nosso objetivo, pois eu

teria que ficar e-plicando e descrevendo como funciona a vida nas

col6nias, o que n%o é o nosso foco.

# Entendi. E dona Eullia, o grupo, tudo e-isteH

# 4im, todos eles e-istem. & :rupo Apométrico ;u$ do 4enhor

e-iste, somos todos trabalhadores dele. Mnclusive voc"/

# Gue m-imo/

B



# Estou te contando tudo isso pelo seguinte ser sua tarefa a partir de

hoje tra$er esse grupo para a ?erra. E-istem ( encarnados que ir%o

compor a sua equipe. Eles vir%o em duas etapas a primeira ser

espontPnea. A segunda acontecer através do livro. Guando lerem, eles

sentir%o uma saudade indefinida, uma sensa8%o de j conhecerem tudo

aquilo, e ir%o te procurar.

# *ossa, serei dirigente de novo. < uma responsabilidade enorme...

# <, mas estaremos ao seu lado o tempo todo. & grupo anterior

envolvia muitas provas Qrmicas para voc". Esse ser uma tarefa de amor,

voluntria, no qual sua >nica fun8%o ser coordenar. & restante serharmoni$ado por ns, em parceria. *em todos que vierem inicialmente

ficar%o, aos poucos a equipe ir se definir. Dona Eullia ser a dirigente

espiritual do grupo.

# Guando eu come8oH

# Guando chegar em casa. 7rie material e os chame. Eles vir%o muito

mais rpido do que voc" pensa/

RRR

E, de fato, uma semana depois o grupo j estava montado. 4emanas

depois dei a primeira aula para eles. E atualmente estou recebendo a

segunda turma, que realmente est sendo tra$ida pelo primeiro livro.

*unca precisei de provas para acreditar na espiritualidade, sempre

confiei que aconteceria o melhor. E é e-atamente o que est acontecendo.

?enho recebido comentrios do mundo inteiro sobre O Amor nunca morre,

sobre pessoas que buscaram a espiritualidade através dele, ou

compreenderam melhor a auto#obsess%o. Até casos de pessoas que

pensavam em suicídio e desistiram com a leitura. < a maior alegria que eu

poderia ter/

2



9oje se inicia minha segunda tarefa. Desculpas não bastam falar

sobre um grupo que precisa de muita ajuda – os dependentes de lcool. <

um grupo com mais suporte entre os encarnados do que os suicidas, mas

que também requer muitos cuidados. *em todos entendem que o

Alcoolismo é uma doen8a.

!ariana, j agora médium formada, ir iniciar sua tarefa atendendo

Felipe, um jovem mergulhado no vício da bebida.

7omo os livros s%o sequ"ncia um do outro, recomendo a leitura

prévia de O amor nunca morre.

@amos assistir como ser essa tarefa para !ari, que j se tornou umagrande amiga para mim/

Camila Sampaio

Verão de "#$$

1(



Capítulo 1Primeiro trabalho

Dona Eullia estava com pressa naquela manh%. 5recisava voltar

logo para casa e se preparar para a reuni%o semanal com os mentores do

:rupo Apométrico ;u$ do 4enhor. A pauta do dia era importante e ela

simplesmente n%o fa$ia a menor ideia de como aquilo seria resolvido.

# & que direi a FelipeH < muita responsabilidade/ E eu que pensei

que j tinha visto de tudo com aquele >ltimo suicida que atendemos semana

passada... – ela refletiu.

!as n%o adiantava ter medo. Ela sabia que tinha de confiar piamente

no amparo da espiritualidade para conseguir vencer as batalhas dirias de

dirigente.

# Eles sempre sabem como resolver as coisas. Oasta eu fa$er a minha

parte – ela disse a si mesma, confiante.

7hegada a hora, Agenor e 4ofia se apro-imaram.

# &l, Eullia, viemos discutir o caso de Felipe.

# Oom dia/ !as n%o entendo... 5or que n%o mandaram o chefe dos

trabalhos da casaH

# 5orque !ariana ser a médium responsvel. ?enho assessorado

4ofia, mentora dela, a prepar#la para a tarefa.

# !ariana j est prontaH

# 4im, est. L tem prtica suficiente, gra8as a sua amorosa

orienta8%o.

# Guem diria, de suicida a trabalhadora/

# 5ois é. Oom seria se todas as casas acolhessem com o mesmo

carinho as pessoas que tiveram problemas com suicídio. *em sempre é

assim. !as enfim, no caso de !ariana, isso é passado.

11



# < verdade. Ela e 7arlos est%o t%o feli$es que nem parece que

passaram por aquele pesadelo todo.

# 5ois é, Eullia, agora é hora de acabarmos com o pesadelo de

Felipe. !ais uma ve$, sua participa8%o ser fundamental para resolver a

quest%o.

# Eu estou envolvida QarmicamenteH

# Desta ve$ n%o. !as estudar o caso dele a fundo au-iliar no seu

trabalho de dirigente. Mnfeli$mente, o alcoolismo é um mal que atinge nossa

sociedade profundamente. ?emos milh)es de viciados em lcool em todos

os países, precisando de ajuda. Felipe é o caso mais severo que voc" jcuidou, mas ainda receber muitos como ele, ou ainda piores.

# 7hega a ser uma forma de suicídio, n%oH

# 7hega sim, ainda mais no grau em que ele se encontra. Lustamente

por isso !ariana é a médium mais indicada para ajudar e foi a escolhida,

apesar de voc" ter pessoal mais e-periente na equipe.

# E o que terei de fa$erH Estou =s ordens/# ;embra#se de tudo que Felipe contou sobre a histria pessoal deleH

# ;embro sim, como se fosse hoje. Ele est na casa j fa$ quase um

ano, recebendo ajuda com palestras e passes, mas nunca quis passar pela

Apometria. Eu s mantive o atendimento dele por caridade, j que nem

somos especialistas nisso.

# 5ois foi uma intui8%o mandada por ns. *o >ltimo ano, voc" cuidou

de toda a parte ligada = obsess%o. !ilhares de entidades b"badas atraídas a

ele pelo vício foram retiradas. *esse sentido Felipe j é um trabalhador,

pois so$inho ajudou a muitos.

# 5or que ele demorou tanto tempo para aceitar ajuda apométrica,

finalmenteH

10



# Ele n%o estava em condi8%o de aceitar antes, e voc" entender

melhor ao e-aminar o passado encarnatrio do rapa$. A maior

característica das vidas que ser%o tratadas é o orgulho e a arrogPncia.

# 4er%o muitas vidasH

# *%o, apenas uma a mais que !ariana. & total, no caso dele, é de

cinco vidas.

# Devem ser bem teimosas e poderosas, para fa$erem tamanho

estrago...

# 4im, s%o. Algo no nível de Athor. Alis, ele est t%o bem depois de

ter sido tratado por voc"s/ L foi devidamente reacoplado em !ariana, comsucesso.

Eullia sorriu satisfeita, passando a concentrar#se em Felipe.

Andando de um lado para outro, ela pensou em vo$ alta

# &Q, cinco vidas. *%o ser t%o dramtico assim.

# < justamente para prepar#la nesse sentido que vim. 4er dramtico

sim, pois Felipe n%o tem o suporte familiar que !ariana tinha. @oc"realmente ter que ser bastante ativa.

# *ossa, que coisa triste...

# *esse momento, s é preciso que voc" se concentre em lembrar

todos os detalhes da histria dele, para que saiba atuar com bastante

precis%o quando for doutrin#lo. @oc" pode trabalhar nisso nos pr-imos

diasH

# 7laro, posso sim. 4e tiver d>vidas, posso perguntar a eleH

# 5ode, ser positivo. &brigado, Eullia, tenha um bom dia.

Mnfeli$mente temos de ir, tenho vrias tarefas me aguardando.

# &brigada, Agenor/ ?chau, 4ofia/

&s dois mentores partiram volitando, de m%os dadas. *aquele dia

4ofia permaneceu quieta, sem intervir, apenas com seu semblante

1



preocupado. Guando chegaram = col6nia, ela logo passou a compartilhar

com seu orientador o que a afligia

# Ai, Agenor, eu sei que estou sendo superprotetora... !as estou t%o

preocupada com !ariana/ Depois de tudo pelo que ela passou, agora que

ela est tendo um período de pa$ e sossego, vai come8ar tudo de novo/

# Desta ve$ ela estar protegida, 4ofia. Est fa$endo parte de um

grupo socorrista e j tem sua mediunidade treinada e educada, gra8as a todo

o trabalho que foi feito nos >ltimos dois anos. Felipe estava designado para

ser atendido por ela h tempos.

# Eu sei, eu sei, é bobagem minha. !as s quero ver !ari feli$.# 5ois isso ela est, e muito. 4e n%o acredita em mim, v l ver por si

mesma.

# Ai, eu vou mesmo. 4audade deles/

@endo o sorriso tranquilo de Agenor, 4ofia foi se acalmando. L

assistira = interven8%o benéfica dele em milhares de casos. 4e ele estava

di$endo que !ariana daria conta, sabia o que estava fa$endo. !ais umave$, seria um aprendi$ado para 4ofia assistir e esperar pela atua8%o do

Oem.

RRR

@olitando até a casa de !ariana e 7arlos, logo ao chegar 4ofia viu

7i8a entrando com seu beb" no colo.

# Eba/ 7i8a, !elissa, voc"s chegaram/ – !ari festejou.

Era hora do tradicional lanche da tarde das amigas. E agora que 7i8a

era m%e, ficava ainda mais gostoso trocar as receitas e fofocas de comadre.

# Guem diria, 7i8a/ @oc" aprendeu a co$inhar/

1



# !enina, voc" viu s o que meu marido fe$ comigoH Estou me

descobrindo, nunca pensei que seria capa$. A !elissa também tem dado

muito estímulo, pois fica olhando tudo, curiosa.

# Eu sempre soube que voc" seria uma m%e maravilhosa. E minha

afilhadinha, como vaiH

# ;inda, néH Eu babo pela minha filha/

# Ela tem os seus olhos. E j vi que vai ser tagarela como a m%e/

7i8a sorriu satisfeita. !elissa era a reali$a8%o de seus sonhos e ela

nunca cansava de admirar a menina.

# 7omo tem sido com a dona EulliaH# !aravilhoso, j tenho feito vrios trabalhos com a equipe. Ela me

avisou que em breve vou come8ar a receber mais tarefas, de uma forma

específica. !al acredito/

# Ah, gra8as a Deus toda aquela confus%o é coisa do passado. Agora

é tempo de alegrias/ 7omo v%o as aulas com as crian8as nas escolasH

# !aravilhosas/ Este ano estou sendo realmente aben8oada. +ecebicrian8as fofíssimas e colaborativas, n%o tenho nenhum problema com

nenhuma classe/

# Gue coisa boa, amiga. &s eventos também v%o de vento em popa,

agora que estou trabalhando junto com o Fernando. & meu rendimento e o

dele dobraram/

# !aravilha mesmo. 4abe, eu ando sentindo a 4ofia mais pr-ima do

que de costume. 4into até que ela est aqui agora. 5or que ser que ela est

t%o presenteH

# Deve ser saudade/

# Deve sim, também tenho sempre saudade dela. !as sinto que tem

algo mais em jogo. & que serH

1



4ofia sorriu encabulada. !ariana estava quase conseguindo v"#la a

clarivid"ncia estava em pleno desenvolvimento e fa$ia parte de sua tarefa

socorrista.

# Estou t%o acostumada a cuidar dela de forma an6nima, que esque8o

que agora posso ser notada – 4ofia pensou. !as tudo bem, é importante

que ela saiba que algo vai acontecer, assim estar mais preparada. Gue

Deus a proteja/

1'



# Fe$ bem, seu Lorge, me desculpe a confus%o. Dei-e pegar seu

dinheiro.

# &brigado. 4er que seu 7arlos deve saberH

# &lha, eu nem sei o que fa$er, essa situa8%o é novidade por aqui.

@ou colocar dona !ariana num banho frio e ver o que ela acha disso

quando melhorar.

!ariana estava quase desmaiada e nem esbo8ava rea8%o. 4ofia

agradecia a Deus por ter conseguido intuir seu Lorge, e estava muito

agitada.

# ? vendo, eu falei/ Ela n%o vai ter estrutura para lidar com umasitua8%o t%o complicada/

Enquanto come8ava a orar, claramente ouviu a orienta8%o confia.

# Ai, essa vida de mentora é muito complicada. E ainda tem

encarnado que reclama de falta de suporte... !al sabem o quanto a gente se

desdobra por aqui/ !as vamos l, preciso ficar calma e ajudar. Ela vai

conseguir sair dessa...

RRR

L que 7arlos chegaria naquela mesma noite da viagem, &ndina

resolveu esperar e n%o intervir. Ela sempre fora muito discreta – mesmo

naquela época difícil que eles passaram ela nunca foi de se meter.

# Origa de marido e mulher n%o se mete a colher, como j di$ia

minha m%e. !elhor dei-ar os dois se entenderem, como sempre aconteceu.

!ariana caiu em um sono profundo, e essa foi a oportunidade que

4ofia aproveitou para energi$#la. Afinal, era tudo o que ela podia fa$er

naquele momento.

# !ari, querida/ @oc" est em casa, amorH

# 5apai/

1B



# Fabrício, meu anjo/ ?udo bomH

# Agora tudo... – o menino respondeu, meio sem gra8a.

# & que aconteceu, meu filhoH

# Ah, eu acho que a mam%e voltou a passar mal, que nem antes.

# 5or que voc" est di$endo isso, meu filhoH

# Eu n%o sei. &uvi uma confus%o aqui em casa quando cheguei da

escola, mas achei melhor esperar voc" chegar.

# Fe$ bem, meu menino. 5ode dei-ar que o papai vai cuidar disso, tH

# @ai ficar tudo bem, papaiH

# @ai sim, meu filho. *%o se preocupe com isso.5assando a m%o pelos cabelos, 7arlos foi até o quarto ver o que tinha

acontecido. Arregalou os olhos quando viu o estado da esposa, e nem

precisou chegar muito perto para ver que ela tinha bebido, pois o cheiro era

fortíssimo.

Descendo para a co$inha, 7arlos foi direto perguntar o que houve.

# &ndina, o que aconteceu com !arianaH# Ah, seu 7arlos, eu tava esperando o senhor chegar para ver o que

fa$er.

# !as o que aconteceuH 4er possível que vai come8ar tudo de novoH

# Eu n%o sei direito n%o. & que sei é que seu Lorge, dono do boteco l

da esquina, veio tra$er ela aqui carregada. Disse que ela tomou 1( doses de

pinga sem parar.

# 1( dosesH/

# Foi o que ele disse. Ela nem conseguia falar.

# Mmagino/ !ariana nunca bebeu na vida, imagino a bomba que essa

quantidade deve ter sido no organismo dela/ 5or que ser que ela fe$ issoH

# Eu n%o fa8o nem ideia, seu 7arlos. Dona !ariana nunca foi disso, e

que eu saiba nunca reagiu assim.

# 5ois eu vou descobrir/

12



dela atender esse rapa$, que é uma tarefa individual. 4ofia te manda o

seguinte recado di$ que estar ao lado de voc"s todo o tempo, e que ser

necessrio dar suporte a !ariana enquanto o atendimento durar. Ela acha

que seria interessante contratar dona ;>cia novamente, para ficar de

plant%o.

# Acho que fui otimista em pensar que o pesadelo tinha acabado...

# 7arlos, desta ve$ o impacto ser bem menor, pois n%o estamos mais

lutando com vidas passadas da prpria !ariana. Ent%o ela ter mais

controle sobre si mesma. & problema é que o grande grupo que persegue

Felipe, além das cinco vidas que trataremos, tentar impedir o atendimentoa todo custo.

# Msso sempre acontece, dona EulliaH

# 7om atendimentos grandes sim. *a Apometria é comum até que o

impacto sobre o médium seja ainda maior, pois as vidas passadas

interferem frontalmente. E quanto mais estudamos, mais estamos nos

e-pondo =s trevas, pois temos maior conhecimento de sua atua8%o e somos perseguidos com mais eficcia e persist"ncia.

# Ent%o o médium de Apometria tem de ser muito corajoso/

# ?em, mas também tem de ter fé e entender que, da mesma forma

que é atacado, é também protegido. *esse sentido, é fundamental que trate

suas vidas passadas antes de come8ar a atender o p>blico. Fa8o isso com

toda a minha equipe. Afinal, as brechas internas estar%o mais fechadas e

ser mais fcil trabalhar com as quest)es dos outros.

# <, é um trabalho bem comple-o/

# !as bonito demais. L vi tantas vidas se refa$erem... E agora

iremos assistir ao renascimento de Felipe, um jovem que precisa muito de

ajuda.

# Oom, o que posso fa$er ent%oH

01



# E-plique tudo a !ariana, e pe8a para ela n%o chegar nem perto de

bebida por enquanto. Ela estar em um momento frgil, sujeita = atua8%o

das trevas.

# ?udo bem, vou avis#la. &brigada pela ajuda, dona Eullia/

!ais aliviado, 7arlos desligou o telefone e preparou#se para mais

essa empreitada.

00



quando nos desdobramos para fa$er o atendimento cada um de ns ter

facilidade em acessar uma frequ"ncia específica.

# 7omo se a gente fosse antena de rdioH

# E-atamente. ?odos podem entrar na mesma frequ"ncia juntos se

isso for modulado pelo dirigente, mas a tend"ncia natural é que cada um

acesse uma frequ"ncia específica. Msso e-plica por que, quando vamos fa$er

um atendimento, cada médium visuali$a uma situa8%o diferente. ?odas elas

s%o vlidas e fa$em parte da mesma pessoa, o que vai direcionar qual

situa8%o vir ser a facilidade de acesso do médium.

# E onde entra a parte da frequ"ncia individualH# 7omo o trabalho apométrico é bem específico, é comum que ele j

seja previsto na proposta encarnatria de cada um – o momento antes de

encarnarmos, quando s%o definidas em linhas gerais quais ser%o nossas

tarefas. < comum que sejam designadas nesse momento, quando se est

discutindo a tarefa medi>nica, as pessoas que ser%o atendidas por esse

determinado médium, de acordo com o tipo de frequ"ncia individual a queele ter acesso.

# Msso quer di$er ent%o que um médium e-periente ter centenas de

pessoas a cuidado dele antes mesmo de encarnarH

# 4im. Guanto maior a tarefa medi>nica, maior ser esse n>mero de

pessoas designadas. ?erapeutas também funcionam assim seus futuros

pacientes j estar%o todos pré#designados e aparecer%o no momento certo.

# !as e se o atendido resolver n%o virH – perguntou 7arlos.

# Ele tem esse direito pelo seu livre arbítrio. !as tudo ser feito pelos

amigos astrais para que ele venha. < e-atamente o que est acontecendo no

caso de Felipe. E isso também e-plica por que !ariana sofreu um ataque

t%o forte foi uma forma de chamar sua aten8%o para a necessidade de

ajudar Felipe. A cada atendido que chega por causa dessa quest%o da

0



# Ainda bem que tenho ajuda, que dona ;>cia vai voltar. Fiquei com

tanto medo/

# Mnfeli$mente, lidar com grupos grandes assim n%o é nada fcil. !as

desta ve$ voc" ter mais facilidade, j que n%o é usuria de lcool. 4e fosse,

a tarefa seria bem mais complicada.

# Estudar ajudaH

# 4im. 5rocure a bibliografia sobre lcool, especialmente os trabalhos

de entidades como o AA Alcolicos An6nimosC e Al#Anon a institui8%o

para os familiares e amigos de alcolicosC. @isitar uma boa clínica também

ajuda. < importante que tanto voc" quanto os espíritos que acompanhamFelipe tenham entendimento das consequ"ncias do abuso do lcool, do que

acontece quando ele se torna uma doen8a.

# Deve ser duro, porque é uma coisa t%o aceita socialmente...

# 4im. E o alcolico recuperado sofre bastante, precisa aprender

muita disciplina e for8a de vontade. Assim como o e-#fumante, ele tem de

se acostumar a ter o objeto de seu desejo ali, na sua frente, sem poder fa$ernada. !as um dos aprendi$ados dele durante a encarna8%o é esse, pois no

astral o vício tem mais que o dobro do poder. & corpo, nesse sentido, é

como uma pris%o, uma camisa de for8a. Aprendendo a controlar os

impulsos enquanto encarnado, haver muito mais facilidade para resolver

tudo e sair dessa frequ"ncia depois de desencarnado.

# 4 mais uma pergunta, dona Eullia se eu n%o sou viciada em

lcool, porque Felipe est na minha frequ"ncia de atendimentoH

# 5orque voc"s t"m um vínculo de passado.

# Em uma das quatro vidas que conheciH

# *%o, desta ve$ é um vínculo positivo. !as 4ofia disse que na hora

certa voc" saber.

# Ah, tudo bem ent%o.

03



# Agora estou dedicada a uma tarefa que ser mais agradvel e

proveitosa se for feita em conjunto com voc"s. @oc"s teriam mais um

pouco de tempoH

# 7laro/

# Ktimo os mentores me pediram para recordar toda a histria que

Felipe me contou no decorrer desse ano. 7omo j estou quase terminando o

relatrio, dei-em#me compartilh#lo com voc"s, assim j poder%o conhec"#

lo melhor.

# Sm rapa$ t%o novo... E eu que pensava que tinha problemas/ –

e-clamou !ariana.# < assim mesmo, minha filha quando resolvemos as nossas

quest)es, estamos mais aptos a cuidar dos outros. 5or isso é sempre

importante colaborarmos ativamente com a Espiritualidade, para que cada

ve$ mais as pessoas possam encontrar a felicidade – que é sim coisa deste

mundo quando a buscamos com afinco e tra$emos alegria =s pessoas.

7arlos sorriu. *%o se cansava de admirar a dedica8%o de dona Eulliaao pr-imo. Era contagiante/

0B



Capítulo !elipe

Sm ano antes, dona Eullia estava chegando para mais uma noite de

trabalho no :rupo Apométrico ;u$ do 4enhor. ;ogo estranhou quando viu

um vulto deitado na porta da casa. !eio assustada, achando que poderia ser

algum assalto, apro-imou#se devagar.

# &l...

# &i, senhora... – ele mal conseguia falar, de t%o b"bado. – < aqui que

se pede ajudaH

# < sim, meu filho. @oc" quer ajudaH

# Guero. *%o aguento mais beber. *%o aguento mais sentir vontade.

# Ent%o est bem. 5osso te levar para dentro e te dar um banho, uma

roupa novaH

& rapa$ nem teve for8as para aceitar, j caiu desmaiado no colo dela.

7ondoída com a situa8%o, Eullia esperou um tempo com ele no colo,

penteando seu cabelo com os dedos. ;ogo chegaram mais pessoas, e

homens fortes puderam ajud#la a levantar o rapa$.

?otalmente desacordado, ele foi levado para dentro. Deram#lhe um

bom banho e aproveitaram algumas roupas de doa8%o para vesti#lo.

*a carteira dele, Eullia encontrou seu nome e telefone. *os

documentos, viu que ele tinha apenas 0 anos. +esolveu entrar em contato

com a família, para avisar que ele estava ali.

# < da casa de Felipe Oarros de AlencarH

# 4im, quem quer saber dessa ve$H A polícia ou o M!;H

# *enhum dos dois, feli$mente. & senhor é pai deleH

# Mnfeli$mente sim. Guem falaH

# !eu nome é Eullia, sou dirigente de um grupo espírita.

02



# Mh, l vem mais um. L vou facilitar as coisas para a senhora Felipe

n%o é nenhum pobre coitado. Ele é rico e tem de tudo, do bom e do melhor.

Foi criado com todo o carinho e amor que dois pais poderiam dar a ele.

!as se viciou em lcool h cinco anos, e por mais que eu tente ajudar, ele

n%o colabora. L o internei em clínicas de$ ve$es, j contratei todo tipo de

terapeuta, j fi$ de tudo. Agora, decidi que n%o tenho mais filho. 5orque

sen%o, quem vai sofrer o resto da vida sou eu.

# !as...

# E j aviso a senhora vai cuidar dele, vai dar todo o carinho, e daqui

a cinco minutos ele vai estar no boteco bebendo. E s vai procur#la denovo para pedir dinheiro, para poder beber mais ainda. 4e a senhora tiver

alguma contribui8%o construtiva para dar, sou todo ouvidos. Do contrrio,

boa noite.

E desligou.

Dona Eullia nem conseguiu ficar magoada com a situa8%o, pois

sentiu na vo$ daquele homem o quanto ele estava sofrendo. 5ara um pai,aquela situa8%o deveria de fato ser dificílima.

Assim que Felipe ficou consciente, ela optou em continuar a

conversa diretamente com ele.

# &l, Felipe, j est melhorH

# Estou. &brigado por me ajudar.

# Eu falei h pouco com seu pai pelo telefone.

# 4into muito. Ele foi muito grosseiroH

# Eu diria que ele foi sincero.

# <, o velho Dimas j pendurou as chuteiras quando o assunto sou eu.

*em posso culpar meu velho, eu n%o tenho sido fcil. E, mesmo que eu

mude, talve$ ele nunca acredite.

# E voc" quer mudar, FelipeH

(



# Guero, dona Eullia. Guero sim, como nunca quis. Eu n%o aguento

mais essa vida. E eu sou espírita, acredito que isso tudo n%o é s culpa

minha.

# 4em d>vida n%o é. ?emos que te fortalecer para que voc" tenha

como reagir.

E nesse dia, realmente, Felipe estava forte e determinado. ?erminou

a conversa com Dona Eullia com um largo sorriso, certo de que dali em

diante tudo seria resolvido.

*o dia seguinte, l estava ele caído na frente do centro. E no outro

dia, e no dia depois daquele. 4empre cheirando a pinga, sempre pedindoajuda. E dona Eullia sempre fe$ tudo que podia.

Sm dia +icardo, o médium mais antigo do centro, veio conversar

com ela sobre isso

# Dona Eullia, o que os mentores orientam sobre o FelipeH Essa

situa8%o j est causando problemas com os outros atendidos. Ele sempre

promete mudar e n%o fa$ nada/# &s amigos espirituais disseram que devemos continuar recebendo

Felipe, pois a cada atendimento eles retiram um grupo de desencarnados.

7omo o grupo que o acompanha é muito grande, ter mesmo de ser aos

poucos.

# 7omo é triste ver a situa8%o desse rapa$/ 5odia ser meu filho...

# De fato, +icardo, é muito triste.

# Guem sabe com os atendimentos seu Dimas n%o acaba revendo sua

decis%o. & garoto quer mudar o problema é que o vício est sendo mais

forte que ele, como acontece com a maioria. Eu tenho fé sim que ele pode

conseguir, futuramente.

# Oom, dei-a eu ir l providenciar o banho dele. &nde ele tem

dormidoH

1



# *o albergue municipal. Ele toma banho aqui, dorme e se alimenta

l, depois fica mendigando na rua para comprar mais pinga.

+icardo suspirou, triste. Depois de um tempo, perguntou

# E por que os donos de bar da redonde$a n%o param de dar bebida

para eleH

# 5orque nem todo comerciante é consciencioso em rela8%o a isso.

5ela bebida ser o seu ganha#p%o, muitos continuam vendendo. Em um

mundo ideal, n%o teríamos bebida alcolica, drogas ou cigarro. !as n%o

vivemos nesse tipo de mundo ainda, e os donos de bar também t"m

famílias para sustentar.# & fato de o lcool ser socialmente aceito complica muito as coisas,

n%o, dona EulliaH

# 5rincipalmente o fato de a bebida ser socialmente valori$ada, isso é

o que mais complica. !as vamos l, temos que cuidar dos atendimentos de

hoje.

E assim foi passando o tempo. Era muito triste assistir = degrada8%ode Felipe, um rapa$ que tinha tudo para ser o que quisesse era bonito, rico,

com vrias oportunidades na vida. !as estava se destruindo.

RRR

# Gue triste$a a desse pai, dessa família... Eles nunca apareceramH –

perguntou 7arlos, com lgrimas nos olhos aps ouvir aquele triste relato.

# *%o. A >nica ve$ que falei com eles foi naquele primeiro

telefonema.

# A senhora j pensou em procur#los pessoalmenteH

# !uitas ve$es. Eles inclusive s%o espíritas. !as, como Felipe nunca

aceitou o tratamento apométrico, tive receio de chamar seu Dimas. Oem

sabemos que, em casos assim, o tratamento convencional acaba n%o tendo

0



tanta eficcia quanto se buscar o que est por trs. Ele melhorou, sem

d>vida, mas nunca conseguiu passar mais de um dia sem beber.

# E s a Apometria ir resolver, como foi comigoH – perguntou

!ariana.

# *%o, no caso dele ser necessria uma interven8%o física para que

ele receba ajuda na parte da desinto-ica8%o. Em todas as de$ ve$es nas

quais foi internado, ele foi contra a vontade, sem se conscienti$ar sobre sua

doen8a. *a verdade, no caso dele o vampirismo dos obsessores e das vidas

passadas acontece em um grau t%o e-tremo que ele mal consegue manter a

consci"ncia para nos ouvir. Msso é o que mais dificulta a atua8%o.# E o que poderemos fa$erH

# Ainda n%o sei. Eles me pediram para ser bem interventiva. ?alve$

tenham em mente montarmos algum esquema para fa$er com que ele passe

um tempo mínimo sem beber, a fim de que possamos pelo menos fa$"#lo

entender a situa8%o em que se encontra.

# *ossa, vai ser complicado mesmo... – pensou 7arlos.# !as para isso somos uma equipe/ – sorriu !ariana.

# Assim é que se fala/ Gueridos, agora preciso ir. &s mentores

avisaram que quando eu terminasse essa tarefa deveria procurar Felipe. < o

que farei agora.



Capítulo "#uta contra si mesmo

Dona Eullia imaginou que seria necessrio andar por lugares n%o

muito agradveis até encontrar Felipe. 4abia que ele costumava ficar junto

com outros mendigos no centro da cidade.

7omo seu objetivo era a pinga de cada dia, ele nem precisava

arrecadar muito dinheiro mendigando uns de$ ou quin$e reais bastavam

para resolver seu problema. 5or ser muito bonito, e estar com boa apar"ncia

gra8as aos banhos que tomava no centro espírita, rapidamente alguém

ficava com d e dava o dinheiro que ele precisava. E logo Felipe corria

para o bar, salivando e tremendo, para conseguir a sua dose.

Dona Eullia chegou e-atamente nesse momento quando ele tinha

conseguido o dinheiro e estava se preparando para ir ao bar. Ficou de longe

observando, para entender mais sobre o mundo interno do rapa$.# 7omo pode, ele é t%o bonito... 5oderia até trabalhar como modelo

se quisesse/ – refletiu dona Eullia.

Ao seu lado, logo apareceu um senhor de barba, com t>nica branca e

olhar triste.

# &l, Eullia, pra$er em conhec"#la. !eu nome é 4érgio, sou mentor

de Felipe.# Ooa tarde, querido amigo. Gue tarefa triste a sua.

# ?ristíssima. Assim como voc" fa$ agora, eu observo Felipe todos os

dias, sem poder impedir a atua8%o trevosa sobre ele. Estou muito feli$ em

saber que chegou a hora do seu atendimento. !as sei que ser uma miss%o

bastante complicada fa$er com que ele aceite ajuda.



# 5ois é, precisaremos trabalhar em equipe. L podemos contar com

!ariana e 7arlos, o que é um grande au-ílio. 7omo est a situa8%o com

seus supervisoresH

# A senhora tem carta branca para fa$er o que precisar. ?em algo em

menteH

# 7heguei = conclus%o que preciso encontrar uma forma de quebrar o

círculo vicioso em que ele se encontra. 7omo se trata de um rapa$ culto,

seria necessria uma forma de fa$er com que ele ficasse sem beber pelo

menos dois ou tr"s dias para que pudesse me ouvir. !as, pelo que

pesquisei, ele entraria na síndrome de abstin"ncia e precisaria de cuidadomédico. 7omo posso fa$er isso sem ajuda da famíliaH

# Esse sempre foi o meu maior dilema. Felipe, claro, n%o me ouve

por causa da bebida. & tratamento é caro e teria de haver algum

responsvel pela interna8%o. 5recisamos trabalhar juntos para encontrar

uma saída. *a verdade, ele precisaria ficar pelo menos um m"s sem beber,

porque a sua abstin"ncia ser muito forte, dado o grau de depend"ncia emque se encontra.

# 7omo funciona e-atamente o padr%o de comportamento dele,

4érgioH

# &bserve por si mesma. Ele acorda e espera que o efeito da bebida

do dia anterior passe, para n%o correr o risco de ser atropelado. Aí se

arruma, para ficar o mais bonito possível, e sai para mendigar. 7omo seu

objetivo é pouco dinheiro, n%o leva mais do que uma hora para conseguir.

Ele j sabe inclusive quais lugares s%o mais rentveis saída de shopping,

perto de restaurantes, faculdades, saída de igrejas ou locais de caridade.

# E quando consegue o dinheiro, como ele ageH

# < nessa parte que ele est agora. 7omo ele j nem conhece direito a

fronteira entre o real e o imaginrio, costuma falar muito so$inho.

Acompanhe.



Felipe estava sentado em um banco, olhando para o dinheiro. E

falava

# Deus, me ajuda. Fa$ com que eu n%o v usar esse dinheiro com a

bebida. 4e eu guardasse o que ganho, poderia alugar uma casa, poderia

conseguir um emprego. Eu n%o aguento mais levar essa vida. Dona Eullia

tem me ajudado tanto/ 5or que eu n%o consigo, meu DeusH

Sm grupo enorme o acompanhava, sussurrando na sua cabe8a. Era

tanta gente, que as pessoas encarnadas ao redor sentiam a energia e

passavam longe dele.

# !eu Deus, coitado/ ; no centro eles n%o costumam ir junto...# De fato, logo depois que ele bebe e o grupo vampiri$a o lcool,

todos se afastam e esperam o dia seguinte. !esmo assim, a senhora j

ajudou a muitos com o trabalho. & grupo que a senhora est vendo é apenas

um quarto do inicial.

# Lesus/ 7omo é triste a situa8%o desses desencarnados/

# & mais triste é saber que, caso Felipe n%o consiga se libertar dovício, em breve ser um deles e eu nada poderei fa$er – menos ainda do

que posso fa$er agora.

# *ossa, mas s%o tantos/ *%o é = toa que ele n%o consegue parar/

# Ele ainda tem sorte de ter uma equipe o ajudando h tanto tempo

sem parar. &bserve a situa8%o dos outros.

Guando dona Eullia olhou para o lado, e viu os companheiros

mendigos de Felipe, quase desmaiou com a energia. Eram milhares de

entidades acompanhando cada um. Em algumas faltavam peda8os do

corpoT outras nem corpo direito tinham, eram apenas vultos. Guando o

encarnado bebia, finalmente, elas pareciam ralos de pia ficavam sugando

tudo o mais rpido possível, como c%es famintos brigando por um peda8o

de carne.

# Gue Deus tenha piedade de todos...

'



# *%o vou desistir, ele precisa muito de mim. 4e é chegada a hora,

encontrarei alguma forma de intervir. !%os = obra/

B



Capítulo $ %uero sair da&ui

A situa8%o das entidades socorridas era desesperadora. *o astral,

nossos vícios ficam com uma intensidade pelo menos cinco ve$es mais

forte. A sensa8%o de depender do lcool é t%o avassaladora que é necessrio

conter o espírito em uma cPmara para que ele possa ser tratado. & que é

conhecido como síndrome de abstin"ncia na ?erra n%o é nem um milésimo

do que o espírito em recupera8%o passa até conseguir concluir seu

tratamento.

Dona Eullia, indo para o trabalho no centro, foi refletindo sobre

como deveria ser o sofrimento daquelas pobres entidades no astral.

# :ra8as a Deus n%o costumo colocar uma gota de lcool na boca –

ela pensou. – !as quantas famílias j assisti sendo completamente

destruídas. < uma pena/7hegando l, encontrou +icardo. 7erca de cinco minutos depois l

veio Felipe, cambaleando. +icardo se encarregou do banho do rapa$

naquele dia.

Dona Eullia aproveitou tudo que vivenciou naquela tarde para

passar informa8)es aos atendidos durante a palestra

# 4egundo a &rgani$a8%o !undial de 4a>de, dois milh)es e meio de pessoas morrem por ano em todo o mundo em decorr"ncia do lcool. E o

n>mero de vítimas de acidentes e viol"ncia causada pelo usurio de lcool

é vrias ve$es maior.

!uitas políticas p>blicas e iniciativas privadas v"m trabalhando para

mudar essa realidade. *s, aqui na Apometria, podemos contribuir bastante

com a parte espiritual.

2



?odo alcolatra ou alcolico, como se convencionou chamar, para

tirar o carter pejorativo da doen8aC é acompanhado por muitas entidades

vampiras. Msso os centros j sabem e tratam.

& foco de nossa aten8%o se concentra nas vidas passadas por trs do

processo, e nos danos causados nos corpos sutis por causa da substPncia.

Mremos cuidar nos pr-imos dias de um caso avan8ado de

depend"ncia alcolica. ?odos poder%o conferir por si mesmos os resultados

que ser%o alcan8ados.

Felipe, iremos agora cuidar das entidades que ainda te acompanham.

7onseguimos, no decorrer deste ano, redu$ir o grupo de 0.((( pessoas para((. 9oje, gra8as = autori$a8%o conseguida pelo seu mentor – que foi fruto

de todas as preces sinceras proferidas por voc" e da sua persist"ncia em vir

a ns todo dia, mesmo alcooli$ado – ns iremos obter conv"nio com uma

clínica especiali$ada no Astral, para que todos os (( possam ser retirados

de uma ve$.

RRR

*a plateia, Felipe chorava de emo8%o, agradecendo a oportunidade

que receberia da Espiritualidade naquele momento.

Ao seu lado, alguns assistidos engoliam em seco. Eram pessoas que

j tinham feito comentrios maldosos, di$endo que era um desperdício

continuar atendendo um mendigo bebum.

Dona Eullia, percebendo, chamou#os de lado para conversar. Sm

deles se adiantou

# *em precisa di$er nada, j estamos envergonhados o bastante.

# Eu sei. Apenas queria di$er que esse é um grande e-emplo para

todos ns. 7ada pessoa tem o seu tempo individual de melhora, n%o

podemos esperar que esse tempo seja de acordo com a nossa vontade.

(



7omo agora chegou o tempo dele e desse grande grupo, vamos participar

desse belo momento, envolvendo todos com as melhores energias do nosso

cora8%o.

& pequeno grupo se calou. Apesar de envergonhados, todos eles

sentiam que estavam tendo uma li8%o e-tremamente valiosa naquele

momento, que carregariam por toda a vida.

Enquanto era feito o intervalo, !ariana comentava com 7arlos

# 5articipar de um encaminhamento t%o grande é algo que n%o tem

pre8o, n%o é, meu amorH

# 4em d>vida, querida. Estou muito feli$ por estarmos aqui ajudando.Acredito que a melhora definitiva de Felipe come8ar hoje.

# 7oitado, fiquei pensando... 4er que podemos fa$er alguma coisaH

# 5ensei em custear o tratamento dele.

# !as 7arlos, isso é caríssimo/

# Eu sei. 5ensei em ver com dona Eullia uma forma de

conseguirmos como se fosse um patrocínio. 7omo ela tem 7*5L, e ocentro tem toda a documenta8%o necessria, fica bem mais fcil. 5osso

fa$er isso legalmente através da minha firma e do centro.

# 4érioH

# 4im, basta formular um projeto assistencial. 9 vrias quest)es

burocrticas, mas o contador da empresa pode cuidar disso. Fa$endo assim,

as empresas custeiam os tratamentos e t"m seus impostos abatidos.

# Gue timo, ela vai adorar/

# E eu também, pois poderemos ajudar muitos outros além de Felipe.

# Guando vai contar para elaH

# Agora mesmo.

7arlos se apro-imou, pediu licen8a a todos que estavam falando com

dona Eullia, e contou sua ideia. Embora 7arlos n%o pudesse ver ainda, o

mentor de Felipe sorria ao seu lado.

1



Dona Eullia retribuiu o sorriso de 4érgio e disse

# 7arlos, que ideia fantstica/ 4 me preocupa o seguinte esse

trPmite burocrtico deve demorar, e o caso de Felipe é urgente.

# 5ensei nisso também. @ou me dispor a custear tudo por agora, e

quando conseguirmos ajuda, eu reponho o dinheiro.

# @oc" pode mesmoH

# 5osso, tenho dinheiro aplicado. 5ara uma causa dessa, vale a pena.

L entrei em contato com uma clínica de confian8a, o diretor disse que

inclusive foi atendido pela senhora anos atrs. 4e Felipe aceitar, poderemos

lev#lo hoje mesmo.# Acho melhor. 4érgio est confirmando. Devemos aproveitar a

brecha que teremos com o atendimento, antes que ele recaia.

# ?udo bem. A senhora fala com eleH

# 4im. @amos agora cuidar do grupo.

RRR

?odos prontamente cederam sua ve$ de atendimento, assim como

acontecera antes quando !ariana precisou de ajuda.

# Amigos, vou come8ar agora a doutrina8%o coletiva. @amos juntos

fa$er um 5ai *osso.

A ora8%o foi feita de forma comovente e profunda. ?odos realmente

buscaram contribuir de cora8%o limpo.

# @amos agora juntando todo esse grupo em um enorme círculo a$ul

em 1...0............'...3...

@amos envolver todos em uma lu$ verde, que vai purificar o sangue

e especialmente o fígado de todos.

0



@amos tra$er entes queridos de todos, pessoas em que cada um deles

confie. 4eus corpos v%o sendo recompostos, todos v%o recebendo roupas

novas e muito carinho.

*esse momento Felipe caiu no ch%o e come8ou a gritar

# Guero sair daqui/ 4&7&++&/ *%o quero nada disso/

Dona Eullia foi enérgica

# *inguém toca nele/ @amos fa$er um círculo em volta dele, rpido.

Dei-em ele gritar/ Ele est incorporado.

Felipe gritou, gritou, tentou se arranhar e se machucar. 5arecia e-istir

profundo dio no seu peito.?odos se uniram em ora8%o ininterrupta. Depois de uns quin$e

minutos, ele foi se acalmando.

# @amos dei-ando todos seguirem até o hospital astral. :ra8as a

Deus.

Felipe estava t%o e-austo que acabou dormindo.

RRR

# Sfa/ Gue cena triste/ – disse !ariana.

# *em diga, minha filha/ Mnfeli$mente, nessas horas o meu papel de

dirigente é ter sangue frio e condu$ir o processo até o final.

# E o que faremos agoraH

# 7hame o 7arlos.

7arlos estava acalmando as pessoas da plateia que tinham ficado

impressionadas. ?odas foram compreendendo, conforme ele e-plicou o

conte-to maior de tudo que vinha acontecendo com Felipe.

Atendendo ao chamado da esposa, ele se apro-imou.

# 7arlos, voc" leu sobre interna8%o involuntriaH

# ;i. Acho que ser o caso. Ele n%o est em condi8)es de decidir.



# @oc" est pronto para assumir issoH

# 4im. E a família dele, a senhora vai avisarH

# Eu pretendo esperar que a gente fa8a o atendimento das cinco vidas

antes de acionarmos a família. Agora, s causar mais estresse. 9aver

muito trabalho para convencermos a família que Felipe mudou.

# 4im, pelo que li isso é geral. E também temos que ver como ser a

resposta comportamental dele.

# Guanto a isto, estou confiante. 4érgio est acompanhando tudo, e o

prognstico é muito bom.

# 5osso chamar a ambulPncia ent%oH# 5ode. Gue Deus nos ajude.

Dona Eullia suspirou, indo cuidar do fechamento da casa. Aquela

seria uma longa noite.



Capítulo '( mais )orte &ue eu

Felipe acordou em um quarto branco e arejado, com roupas limpas e

novas. Era um ambiente rela-ante e calmo. A mobília era simples, mas

cuidadosa – tornava o quarto bem aconchegante.

# !eu Deus, ser que morriH

Ele come8ou a andar em círculos, assustado. Assim que se levantou

da cama, dona Eullia notou a movimenta8%o e foi conversar com o rapa$.

# Oom dia, Felipe/

# Oom dia. *%o estou entendendo nada, dona Eullia. Gue lugar é

esseH

# < uma clínica.

+apidamente a e-press%o de Felipe transformou#se. & olhar era de

pPnico, o corpo ficou rígido, as memrias traumticas foram brotando.

# Eu imagino que isso seja difícil para voc".

# *%o, a senhora n%o imagina. 4 quem passou por esse inferno pode

entender. 4e eu n%o sair daqui agora, em breve vou estar suando, tremendo,

vomitando, tendo alucina8)es. !eu corpo vai gritar, implorar pelo lcool.

*ada mais vai fa$er sentido enquanto eu n%o tiver meu desejo saciado. 5or

isso eu fugi todas as ve$es.

# Eu sei, Felipe. @ai ser uma fase muito difícil. !as me diga nesse

tempo todo, voc" j viu alguém parar de beber e refa$er a vidaH

# 4im, vi muitos casos com final feli$. !as era diferente.

# 5or queH

# 5orque eram pessoas que tinham famílias feli$es, tinham apoio.

Eram esperadas em casa, eram amadas. *%o é o meu caso.

# *%o e-iste ninguém na vida que seja importante para voc"H



&s olhos de Felipe se encheram de lgrimas grossas e fortes. & rapa$

se jogou no colo de dona Eullia, totalmente frgil e indefeso. Enquanto

chorava, aos solu8os, entregou para ela uma medalhinha que carregava no

peito, e a abriu.

Dentro estava a foto de uma mo8a linda, com sorriso perfeito,

abra8ada com ele.

Felipe n%o conseguia parar de chorar. Agarrou a roupa de dona

Eullia com for8a, e dei-ou o desespero tomar conta de si.

# 7hore, querido. 5onha tudo para fora, vai te fa$er bem.

7arlos e !ariana assistiam de longe, emocionados com a cena. DonaEullia fe$ sinal para eles se apro-imarem.

Enquanto Felipe dei-ava todo o choro sair, os tr"s oravam

mentalmente, a um sinal de comando que tinham aprendido no curso.

Depois de cerca de vinte minutos, o rapa$ foi se acalmando.

# Msso me lembra o estado que cheguei ao grupo, na primeira ve$ que

fui ver dona Eullia – lembrou 7arlos, com um sorriso.Felipe sorriu de volta, um pouco encabulado por fa$er aquela cena

toda. Dona Eullia, percebendo, o confortou.

# Felipe, esse é 7arlos. Ele ir come8ar um projeto social em meu

grupo. Foi quem providenciou a clínica e tudo mais.

# 7omo eu cheguei aquiH

# &ntem, depois que terminamos seu atendimento, esperamos todos

saírem e chamamos uma ambulPncia.

# *ossa, n%o me lembro de nada.

# *%o se preocupe, Felipe – disse !ariana – Estamos todos aqui para

cuidar de voc", assim como eu também j fui cuidada. Eu sou a médium

que vai cuidar de seu caso, meu nome é !ariana. 4ou também esposa de

7arlos.

'



# &lha, eu agrade8o tudo que voc"s est%o fa$endo. !as n%o sei se eu

vou conseguir. 4ei que o gasto para essa interna8%o é alto, n%o quero

prometer nada.

# Felipe, eu j imaginava que essa parte ia te incomodar. @amos

combinar o seguinte sou chefe de uma empresa. Guando voc" sair daqui,

recuperado, vai trabalhar comigo até devolver todo o dinheiro gasto. & que

achaH

# 7arlos, voc" est me oferecendo um empregoH

# Estou sim.

Felipe come8ou a chorar de novo, com solu8os ainda mais fortes.?odos se entreolharam sem entender direito, mas esperaram

respeitosamente até que ele parasse.

# Desculpe, desculpe de novo, é que isso é muito forte para mim.

*inguém nunca me ofereceu um emprego na vida, ninguém nunca confiou

em mim.

# @amos come8ar a cuidar disso ent%o – afirmou dona Eullia.@amos trabalhar em equipe. 5osso te contar o que tenho em menteH

# Enquanto eu n%o come8ar a passar mal, sou todo ouvidos. Depois,

infeli$mente, n%o vou mais poder responder por mim.

# 5ois bem o grande objetivo de voc" estar internado aqui é vencer a

crise de abstin"ncia, que voc" bem conhece. Eu, !ariana e 7arlos viremos

te visitar todos os dias, em equipe de reve$amento. 7omo o dono da clínica

me conhece, teremos autori$a8%o para visit#lo em qualquer horrio, como

se f6ssemos terapeutas da equipe.

# @oc"s est%o falando sérioH !esmo com todos os ve-ames que j

dei, mesmo mal sabendo quem eu sou, voc"s vir%o aqui todo diaH 4

podem estar de brincadeira comigo/

# *%o, Felipe. Esse é um compromisso que estamos assumindo com

voc". *s viremos.

3



# Em nome de queH 7aridadeH

!ariana sorriu, e respondeu

# Desde a primeira ve$ que te vi, soube que somos velhos

conhecidos. *%o posso te di$er ainda com detalhes porque ainda n%o

recordei, mas posso te afirmar que a gente tem um vínculo, e que ele é

especial. < em nome desse vínculo que virei aqui. 5ode confiar em mim.

# !as e a parte espiritualH *%o vai fa$er mal para voc"s vir aquiH

*%o ser%o atacados pelas trevasH

# Aqui é um local de cura, e-iste toda uma egrégora médica atuando

em um posto de socorro acima de ns. – e-plicou dona Eullia – Guanto aisso fique tranquilo, estaremos protegidos.

# Guanto tempo ficarei aquiH

7arlos se adiantou

# & tempo mínimo de tratamento é tr"s meses. @ai depender da sua

rea8%o, tanto física quanto psicolgica. ?oda a equipe estar acompanhando

e nos informando de seu progresso.# Enquanto isso – continuou dona Eullia – ns iremos cuidar das

vidas passadas que precisam de ajuda. 4eu mentor, 4érgio, j nos informou

que s%o cinco vidas. ?r"s meses é mais ou menos o tempo que precisamos

mesmo para fa$er um bom trabalho nesse sentido.

# Eu j sonhei com o 4érgio. E sempre que estava nas piores

situa8)es na rua, via que ele estava ao meu lado, cuidando de mim.

7oitado, devo dar trabalho/

?odos riram.

Ao observar os tremores involuntrios que come8avam, dona Eullia

concluiu

# @amos dei-ar voc" descansar, Felipe. Depois quero saber quem é

essa mo8a bonita.

# < ;ídia. A eterna dona do meu cora8%o.

B



Capítulo * +escren,a

&s primeiros dias eram sempre os piores, Felipe sabia bem disso. A

primeira semana era crucial para definir se a pessoa aguentaria o tranco da

desinto-ica8%o.

# E o resto da vida para manter.

# 4im, Felipe – concordou 7laudia, a psicloga da clínica. A

desinto-ica8%o é t%o ou mais difícil que o restante, mas voc" tem que ter

em mente que possui uma doen8a, e que ter de lidar com isso o resto da

vida.

# Msso é mesmo muito difícil. ?alve$ se o meu vício fosse cracQ ou

heroína seria mais fcil. Eu vou ver gente tomando um chope o resto da

vida e nunca poderei tomar um gole/ 7omo posso acreditar que isso é

possívelH

# &lha, é por isso que o AA fala em pensar sempre nas pr-imas 0

horas. Guando pensamos em uma vida inteira, fica mesmo parecendo uma

tarefa impossível. !as se voc" pensar em um dia, j parece mais plausível.

# Entendi. *ossa, t difícil, mal me aguento em pé. !as agrade8o

muito toda a ajuda que est%o me dando.

# Eu sei, j passei por isso. & segundo dia é horroroso. 7omo a

substPncia est come8ando a sair do seu corpo, voc" vai sentir desespero

mesmo.

# 7omo foi com voc"H

# Oem mais complicado. @oc" é jovem ainda, enfrentou poucos anos

de vício, seu corpo tem alto poder de rea8%o. Eu, quando cheguei aqui, j

bebia havia vinte anos. ?ive que ficar de cadeira de rodas, mal conseguia

falar no primeiro momento. Fica tranquilo voc" vai conseguir. E qualquer

2



coisa que precisar é s nos chamar, eu vou estar aqui. Agora vou indo, pois

!ariana est esperando.

# &brigado, 7laudia.

A psicloga saiu, com um sorriso. E logo entrou !ariana, com

alguns vasos de violeta.

# Acertou em cheio, é minha flor preferida.

# Falei para voc" que temos uma cone-%o/

Ela sentou em sil"ncio, esperando. Gueria dei-#lo = vontade, sem

for8ar nada.

# !ariana, posso te contar sobre ;ídiaH# 7laro que pode/ Guem sabe a gente n%o consegue te ajudar a ter um

final feli$ com elaH

Felipe suspirou, lembrando do maior amor que j vivera.

# Eu ia curtir muito. !as n%o sei se vai ser possível e se n%o seria

egoísmo da minha parte. Eu j a magoei muito.

# @amos ver. 7onte tudo, e eu fa8o um diagnstico de doutora!ariana... risosC.

# <, voc" est sendo uma doutora mesmo, para a minha alma. Fa$ia

muito tempo que eu n%o tinha um amigo em quem pudesse confiar e que

n%o fosse b"bado como eu.

# 5ois isso voc" tem agora. E eu também adoro fa$er amigos. !as

vamos l conte sua histria com a ;ídia. @ai te fa$er bem.

Felipe deu um longo suspiro e mergulhou em seu prprio passado,

lembrando dos acontecimentos de anos atrs.

RRR

(



# 7onheci ;ídia quando tinha 1 anos, oito anos atrs. Ela é t%o

linda/ !orena, com olhos cor de jabuticaba. *o come8o a gente era s

amigo e vivia grudado.

!ariana ouvia, mergulhando na histria.

# E ent%o, o que aconteceuH

# Ficamos juntos. Eu sempre fui muito romPntico, sabeH Dava flores,

levava ela para jantar fora. A gente ia muito para a minha casa na praia, em

!aresias. E a gente ficava junto, namorando, curtindo... – Felipe soltou um

suspiro gostoso, de saudade.

# E por que isso mudouH# 5or causa da bebida. Eu antes era muito careta, por incrível que

pare8a. !al saía = noite. !as, em uma das ve$es que fomos para a praia,

nossos amigos levaram cerveja e insistiram para eu provar, achando um

absurdo que um baita marmanj%o nunca tivesse bebido. Eu, tonto, bebi. E

desde aquele primeiro gole minha vida acabou.

# <, ouvi uma palestra aqui na clínica, di$endo que para muitosalcolicos é assim.

# E foi, sem e-agero. Desde que dei aquele gole, tudo na minha vida

perdeu a importPncia. Até a ;ídia, que eu amava tanto, acabou ficando em

segundo plano. & grande objetivo da minha vida, desde ent%o, foi s um

beber.

# Eu imagino, deve ser t%o forte...

# < um desespero s/ E o lcool é assim, ele n%o escolhe cor, classe

social, idade, nada. ?odos os alcolicos s%o iguais, doentes.

# E seus paisH

# 7oitados, nem sei se algum dia eles v%o me perdoar. Apesar de o

lcool ser barato, na minha Pnsia eu queria uma quantidade cada ve$ maior,

e s bebida da boa. L cheguei a beber tr"s garrafas de JhisQV em um dia,

todo dia.

1



# *ossa...

# 5ois é. E nesse come8o, enquanto as pessoas ainda n%o percebiam

que eu estava doente, eu bebia coisas da melhor qualidade. 7heguei a beber

JhisQV que custava (( reais a garrafa, e nem era dos mais caros. Ent%o

voc" pode imaginar o prejuí$o, néH Oebendo tr"s garrafas por dia, a conta

foi ficando cara.

# E eles tentaram te impedirH

# De todas as formas que voc" imaginar. Guem percebeu primeiro foi

a ;ídia. :ra8as a Deus eu n%o fico violento quando bebo. 5elo contrrio,

fico solitrio e nostlgico. :osto de me isolar e chorar. *%o me pergunte pelo que, mas eu s choro...

# Ela devia ficar super preocupada/

*esse momento, Felipe teve de interromper a narrativa e correr ao

banheiro por causa das nuseas,. !ariana ficou vibrando por ele.

# Guerido amigo, voc" continua me contando tudo outro dia. A

desinto-ica8%o ainda est muito forte.# <, vou precisar mesmo. Estou muito fraco.

# *%o se preocupe. Deite e descanse.

!ariana saiu, dei-ando a espiritualidade cuidar dele. 4érgio sorriu,

levando Felipe desdobrado para continuar o tratamento no astral.

RRR

*aquele dia !ariana sentiu profunda compai-%o por Felipe. Guem

iria imaginar, vendo aquele mendigo fedorento, que poderia e-istir uma

estria como aquela por trsH

4aindo da clínica, ela foi para o centro. Dona Eullia j estava se

preparando para come8ar mais uma noite de trabalho.

# &i, !ariana, tudo bemH

0



# ?udo timo, dona Eullia. Estou vindo da clínica.

# 7omo ele estH

# 4egundo a psicloga, ele realmente quer ajuda desta ve$. A

desinto-ica8%o est sendo forte, mas ele est consciente e interessado em

fa$er parte de todas as atividades.

# Gue maravilha/ ?enho muita fé que os mentores ir%o ajudar.

# Eu também, apesar dele duvidar dele mesmo. E a senhora, como

vaiH

# Estou profundamente surpresa. Est vendo aquela mo8a na primeira

fila, de camiseta rosaH!ariana abriu a boca de espanto, sem conseguir responder.

Era ;ídia.



Capítulo -.olid/o

# *%o acredito que é ela, dona Eullia do céu/

# 5ois é, pelo visto 4érgio é um dos mentores mais ativos que j vi/

Gue 4ofia n%o nos ou8a...C

# !as ela j sabe de algoH

# 5elo que li em sua ficha n%o, veio tomar passe e estudar.

# Gue m-imo/ E o que eu fa8o, contoH

# @ cuidar dela, chame#a para uma conversa e ou8a a vers%o dela da

estria. 4e sentir que ser positivo para Felipe, pode contar sim. Ele vai

ficar t%o feli$ se ela quiser voltar/

# *em diga/ 5ois vou l agora mesmo. Ai, adoro uma histria

romPntica/

Dona Eullia sorriu com a anima8%o de !ariana. Ela realmente tinha

vestido a camisa, pelo visto.

!ariana respirou fundo. 7ome8ou a pensar em como faria a

abordagem. 7omo estava acostumada a orientar pais na escola, j

imaginava tudo que poderia ouvir.

# Oom, tenho que pensar no que é melhor para Felipe. @amos l/

4orridente, ela se apro-imou

# &l, ;ídia, tudo bomH @oc" pode me acompanharH

4em entender direito, ;ídia foi.

# 5ode se sentar. Ent%o, é costume da casa fa$er uma entrevista

individual de conversa fraterna com quem est vindo pela primeira ve$ –

disse !ariana, morrendo de vergonha por estar mentindo e re$ando para

que ela nunca soubesse disso.

# Ah, tudo bem. & que voc" precisa saberH



# & que te levou a buscar ajudaH @oc" parece t%o cansada...

;ídia suspirou.

# Eu posso mesmo desabafarH @oc" tem tempoH

# ?enho sim. !inha tarefa hoje é s te ouvir.

# *ossa, nem acredito. @amos l ent%o o meu problema é que n%o

consigo esquecer um e-#namorado meu. Msso tem me dei-ado maluca,

minha vida est toda parada por causa disso/

# Entendi. E como foi a histria com esse e-, qual o nome deleH – ela

achou melhor se fa$er de desentendida, para ficar como ouvinte neutra.

# < Felipe. Foi uma histria triste e complicada. Apesar de amarFelipe perdidamente, eu sei que tenho de me conformar. Afinal, nem que

eu queira ficar com ele, é impossível.

# 5or queH

# Eu nem sei se ele est vivo ou morto. Até contratei um detetive

particular para saber dele, mas o m-imo que ele conseguiu descobrir é que

Felipe vinha sempre aqui pedir ajuda. Depois ele desapareceu, como porencanto. Eu soube disso h dois dias. Aí decidi vir pedir ajuda para mim

também, porque eu n%o consigo esquecer o Felipe e isso est sendo

péssimo.

# @oc" o ama mesmoH 5or que voc"s brigaramH

# Ele é alcolico. Apesar disso, eu nunca desisti dele. Acompanhei

tudo desde o come8o, fui vendo como as coisas aconteceram. Entendo que

n%o é culpa dele, que é uma doen8a. &s pais dele j tinham bem mais

dificuldade com essa parte.

# Eles n%o aceitavam a doen8aH

# Eles n%o entendiam. 7omo s%o muito ricos, s%o do tipo que

acreditam que o dinheiro compra tudo. *%o se conformavam com o fato de

Felipe ser internado nas melhores clínicas e n%o melhorar. Acusavam os

médicos, as enfermeiras, a mim, a todos que entrassem no caminho.



# E Felipe bebia muitoH

# !uito. Eu, que era a namorada, acompanhei tudo de perto e fui

vendo que o buraco era muito mais embai-o, que se tratava de algo grave.

Fi$ o que podia fa$er fui estudar, frequentar grupos de apoio, para

entender melhor a doen8a.

# E o que descobriuH

# Gue ele poderia ser assim a vida inteira. E que, por mais que todos

quisessem ajudar, ele s iria melhorar quando entendesse mais sobre a sua

condi8%o, tivesse sua arrogPncia quebrada e pedisse ajuda.

# Ent%o voc" ficou so$inha acreditando neleH# 7ompletamente so$inha. !eus pais eram contra, os pais dele eram

contra, nossos amigos falavam que eu devia largar m%o e conhecer outras

pessoas.

# E o que voc" fe$H

# ;utei até o final, porque eu via nos olhos dele que era quest%o de

tempo, que um dia ele iria aceitar ajuda. ?ive que ter muita fé. !as n%o foio que aconteceu.

# & que houveH

# Sm dia, depois que os pais dele tinham cortado todo o acesso a

dinheiro e ele j tinha vendido tudo que podia, ele decidiu que iria morar na

rua.

# 5or queH – espantou#se !ariana, dessa ve$ sinceramente.

# 5orque ele teria liberdade de conseguir dinheiro e beber tudo que

quisesse, sem ninguém para encher a paci"ncia. *esse dia ele veio se

despedir de mim.

# E o que ele disseH

# 5ara eu n%o procur#lo e seguir a minha vida, porque ele n%o me

amava mais. Eu n%o acreditei, sabia que ele s queria me proteger. !as eu

n%o sabia mais lidar com aquilo e estava muito cansada. 4 queria saber de

'



descanso. Afinal, n%o tem como n%o ficar esgotada com tudo isso, acho até

que eu levei bem na esportiva...

# E ele foi emboraH

# Foi. E eu perdi contato. Msso fa$ um pouco mais de um ano. Eu

achei que iria refa$er a minha vida, mas n%o foi o que aconteceu. Eu

mergulhei na triste$a, precisei tomar antidepressivo e tudo. Mnclusive

abalou minha fé e minha rela8%o com Deus, pois senti que acreditei tanto

nele para nada, pois fiquei totalmente desamparada e so$inha.

# Gue coisa triste... Gue for8a voc" teve, ;ídia, estou impressionada/

5arabéns/# E quando melhorei, decidi contratar o detetive. E c estou. Gue

histria doida, néH

# @oc" nem imagina o quanto...

3



Capítulo 10Como ver &uem mais amo so)rendo

# !as ;ídia, dei-a eu entender. – continuou !ariana, ainda indecisa

sobre revelar ou n%o a verdade – @oc" voltaria com Felipe se conseguisse

saber onde ele estH *%o guarda mgoa deleH

# &lha, o processo todo foi bem difícil, n%o vou negar. Guando

come8amos a namorar, Felipe tinha 13 anos e eu 1'. & primeiro ano foi de

sonho, ele me tratava como uma princesa. A gente estava escolhendo juntos

que faculdade fa$er. A gente era t%o igual que queríamos até trabalhar

juntos, com fotografia. Eu j tinha visto uns cursos legais, para eu trabalhar

mais com a parte de editora8%o e ele com a parte de marQeting. A gente

planejava abrir uma produtora, tinha todos os planos feitos. *ossos pais

iam financiar tudo e nos apoiavam muito.

# 4eus pais gostavam deleH# *essa época, muito/ Achavam que seria um casamento perfeito,

porque eles se davam muito bem com a família de Felipe e queriam mesmo

que eu seguisse aquela carreira. ?udo ia =s mil maravilhas.

# E veio o lcool...

# 4im. De forma besta, até. Sm dia nossos amigos chegaram =

conclus%o que era hora de dar um porre no certinho do Felipe. 4 que o porre virou a rotina diria dele.

# *ossa, que amigos/

# Da pior laia. *o come8o eles achavam o m-imo, j que o Felipe

era muito rico e financiava todas as baladas. Guando passou da primeira

semana, eu j comecei a achar que aquilo estava indo longe demais. !as

tinha cenas que s eu via, por ser quem convivia com ele direto.

# E o que voc" fe$H

B



# 5rimeiro tentei falar com ele. E-plicava que era muito estranho ele

estar bebendo tanto, j que ele nunca tinha bebido. 7omecei a jogar fora

também as garrafas que eu achava, mas cinco minutos depois ele ia e

comprava de novo. & quintal come8ou a virar um cemitério de garrafas.

# *ossa, e ele n%o reagiaH

# *%o. E a quantidade s aumentava. 5rimeiro uma garrafa por dia,

depois duas, até que chegou a tr"s. 7omo ele s estudava, e era um estudo

que e-igia muita criatividade, acabava fa$endo projetos geniais e

inovadores. 5elo menos nos primeiros meses.

# Depois ele parou de produ$irH# A gente tinha que fa$er as tarefas no computador. 7om o tempo, ou

ele estava de ressaca, ou tremendo, ou bebendo mais. Aí eu fui ficando

assustada de ve$, e resolvi marcar uma conversa com os pais dele – o que

nessa época ainda acontecia de forma civili$ada.

# E eles te ouviramH

# *o come8o sim. Eles s tinham notado o aumento com os gastos,mas n%o sabiam por que. Guando eu contei, ficaram furiosos e foram

correndo l para casa, j que a gente estava morando junto. Eu tentei

impedir, mas nesse dia eles tiveram uma briga horrorosa. Felipe foi

chamado de bebum, safado, cafajeste, aproveitador, vagabundo, tudo que

voc" puder imaginar. E, obviamente, quando os pais dele foram embora a

coisa sobrou todinha para mim. Ele ficou furioso comigo disse que eu

quebrei a confian8a que ele tinha em mim. &s olhos dele passavam tanta

raiva, que fiquei muito assustada.

# E como ficaram as coisasH

# De mal a pior. &s pais dele n%o entenderam o espírito da coisa –

talve$ n%o tenham entendido até hoje. *%o era uma quest%o de carter que

estava em jogo, é uma doen8a. Sma doen8a vitalícia, trai8oeira e que n%o

iria embora sem for8a de vontade e tratamento adequado.

2



conscienti$asse da doen8a e enfrentasse a crise de abstin"ncia, poderia

parar de beber e ficar sempre em acompanhamento para n%o recair. Era

essa a minha e-pectativa, e eu me preparava para dar esse suporte a ele.

!as a bebida sempre ganhava todos os rounds, n%o tinha jeito.

# Até que ele foi emboraH

# Msso. Ele gastou uma fortuna, porque gostava de JhisQV caro. !as

quando ele foi embora, j estava t%o viciado que bebia qualquer coisa. Eu

me lembro da >ltima conversa que a gente teve, foi t%o forte... 4 serviu

para eu me sentir mais culpada ainda pelo que aconteceu.

# 7omo foiH – perguntou !ariana, j com lgrimas nos olhos.# Ele falou W;ídia, t6 indo embora porque eu sei que ninguém pode

me ajudar enquanto eu n%o quiser. *%o sei o que vai ser da minha vida, mas

eu n%o quero mais te ver sofrer. Eu te amo demais para isso.X

;ídia desabou no colo de !ariana, que afagou seu cabelo com

carinho.

# ?udo que eu queria era saber onde ele est, poder fa$er algumacoisa/

+espirando fundo para criar coragem, !ariana respondeu

# Guer ir l comigo amanh%H

'1



Capítulo 11#ídia n/o sabe o &ue )aer

;ídia nem sabia o que responder direito

# 7omo assimH

# < uma longa histria. Dei-a eu te contar...

RRR

;ídia n%o cabia em si de alegria. Mria rever seu grande amor/ E ele

tinha aceitado ajuda, pela primeira ve$/

# A gente pode ir l agoraH *%o posso esperar/

# 5ode... !as voc" se sente prontaH

# 7laro/ Espero por isso h tanto tempo/

# ?udo bem. @ou chamar dona Eullia.

& trabalho do grupo j tinha terminado, depois daquela conversa t%o

longa. !ariana se apro-imou e apresentou um resumo da situa8%o para

dona Eullia, que, aps finali$ar tudo, veio falar com ;ídia.

# Gue bom, ;ídia/ Eu j esperava que fosse essa a sua rea8%o.

5odemos ir para l sim.

# Ai, gra8as a Deus/ !uito obrigada/

# 4 devo te alertar de alguns pontos antes de irmos. @oc" sabe,

e-iste um motivo para as clínicas tirarem os familiares de cena durante o

tratamento. Mnfeli$mente, como em qualquer processo de desinto-ica8%o

alcolico, voc" ver cenas fortes. E, sem d>vida, n%o encontrar o mesmo

Felipe que guarda em sua lembran8a. Apesar dos nossos cuidados, ele

passou um ano sendo mal tratado na rua, ent%o seu estado ainda é delicado.

'0



# Entendo sua preocupa8%o, dona Eullia. !as quanto a mim, a

senhora fique sossegada. Eu acompanhei todo o processo de Felipe, e s

me ausentei porque ele foi e-tremamente teimoso em rela8%o a isso. Ainda

mais agora, que ele est aceitando ajuda, n%o arredarei pé um minuto/

# Ent%o seu amor por ele sobreviveu a tudo isso.

# 4em d>vida. E tenho certe$a que ficaremos juntos, especialmente

aps o tratamento aqui. 4ou médium, sinto fortemente a presen8a espiritual

obsessiva, e fui alvo de muito ataque também. Fi$ o que pude so$inha, mas

se a senhora permitir, adorarei vir estudar aqui na casa.

# !as é claro que cuidaremos disso/ Eu imagino o peso que voc"deve ter carregado esse tempo todo so$inha...

# Foi muito difícil. Ele foi teimoso na bebida, e eu tive que ser

teimosa por ele ?ive de acreditar na for8a dele, indo até contra ele mesmo/

# Ent%o é hora de matar a saudade, vamos l.

RRR

Mnfeli$mente, a cena que aguardava o trio na clínica era bem pior que

o previsto. Felipe estava em crise profunda quando chegaram, tendo uma

série de alucina8)es visuais. Ele berrava

# !e tirem daqui/ *%o aguento mais apanhar/ 7hega/

;ídia n%o aguentou e correu para abra8#lo, chorando.

# !eu amor, calma, eu estou aqui/ *inguém vai te pegar/

Ele agarrou ;ídia com toda a for8a, apavorado. A enfermeira tentava

aplicar uma inje8%o de calmante enquanto todos corriam pelo quarto.

# Eles me acharam/ Eles me acharam de novo/ Eu n%o quero mais

apanhar, por favor, me esconde/ 4ocorro/

& caos era tamanho que dona Eullia precisou intervir fortemente.

Ela agarrou ;ídia por trs e a abra8ou

'



# !inha filha, vou precisar que confie em mim agora. 4olte Felipe.

;ídia chorava, em choque, sem conseguir obedecer.

# 4olte. Agora/

+ompendo em choro convulsivo, ;ídia soltou. !ariana a abra8ou, e

a enfermeira alcan8ou Felipe, que gritava ainda mais alto.

# 4ocorro/ !e larguem/ 7hega/

Aps tomar a inje8%o, ele foi acalmando. A medica8%o foi fa$endo

efeito.

Enquanto Felipe voltava para a cama, dona Eullia p6de come8ar o

trabalho espiritual, assessorada por 4érgio.# @amos nesse momento tra$endo aqui a equipe de pretos velhos,

índios e caboclos do :rupo Apométrico ;u$ do 4enhor. @amos agora

recolher a primeira vida passada que precisa de ajuda. Enviando para nosso

posto de tratamento em 1...0...... :ra8as a Deus.

A energia na sala ficou t%o forte que quase podia ser tocada. ?odos

estavam emocionados com a atua8%o das falanges do bem, até a enfermeira.# *%o sei o que a senhora fe$, mas daqui a pouco vai ser contratada

para cuidar dos outros internos/ – ela disse, sorrindo – Ele deve dormir

agora por algumas horas. @ou dei-#las = vontade.

;ídia n%o conseguia parar de chorar. ?odo o sofrimento veio = tona

com a cena, todos os anos que ela passou por aquele inferno. !ariana e

dona Eullia ficaram esperando ela se acalmar.

Ainda inchada, ;ídia lembrou

# *as poucas ve$es que ele ficou mais de um dia sem beber, ele

costumava gritar essas mesmas coisas. Eu sempre achei que fossem

entidades que o acompanhavam. !as !ariana comentou que o grupo de

obsessores j foi encaminhado.

'



# 4im, isso mostra que o fator responsvel por esses gritos

específicos é algo mais profundo – dona Eullia refletia, andando pelo

quarto.

# *s n%o podemos retirar as cinco vidas de uma ve$, do mesmo jeito

que aconteceu comigo, n%o éH 5elo menos imagino que assim seja...

# E-ato, !ariana. E o caso dele é t%o delicado quanto o seu, por

motivos diferentes. Deve ser mais uma das ra$)es de voc" ter sido a

médium escolhida.

# 7omo assimH# *o caso de Felipe, como em qualquer alcolico em estgio mais

avan8ado, temos duas batalhas sendo travadas a luta física contra o lcool

e a luta psicolgica e espiritual com as vidas passadas e os obsessores.

# 7oitado...

# 4im, é mesmo estarrecedor. ?eremos que retirar vida por vida, com

muita calma e paci"ncia. 7omo é um processo obsessivo ferrenho, as vidasest%o energeticamente em simbiose com ele. 4e n%o formos cuidadosos, ele

pode até morrer.

# 4érioH

# 4im. !uitos alcolicos morrem na crise por isso. 4e n%o houver

interven8%o na parte espiritual, apenas a batalha física é travada, e isso nem

sempre é suficiente.

# 5u-a, que comple-o, dona Eullia/

A pobre ;ídia estava boquiaberta com a cena. Agora entendia melhor

por que Felipe n%o tinha melhorado antes.

# :ra8as a Deus encontramos a senhora/ *em sei o que di$er ou

fa$er para agradecer/

Dona Eullia sorriu.

'



Capítulo 12

gress/o7omo a crise daquele dia foi muito forte, até ;ídia concordou em ir

embora e dei-ar que Felipe descansasse. A prpria enfermeira avisou que

talve$ ele precisasse ser dopado de novo, caso acordasse muito agitado.

# ;ídia, ns vamos cuidar dessa primeira vida passada em nosso

trabalho de amanh%. Dadas as condi8)es, teremos que fa$er tudo comFelipe internado. !as se voc" quiser participar, é nossa convidada.

# Eu posso mesmoH 7laro, estarei l/

;ídia foi embora completamente radiante com o desfecho de tudo,

sentindo que suas preces foram integralmente ouvidas. Dona Eullia que

n%o estava nada tranquila.

# !ariana, 4ofia est muito preocupada com o impacto que essas

cinco vidas ter%o sobre voc". 4ente que est mesmo prontaH Apesar de ser

uma tarefa sua, posso chamar mais ajuda se for o caso.

# Eu sei que sou teimosa como Felipe, mas eu realmente sinto que

posso e que tenho de fa$er isso so$inha. < importante para mim.

# ?udo bem. ?e aguardo = noite ent%o.

RRR

L era de madrugada quando !ariana chegou em casa. 7arlos estava

em polvorosa.

# 5o-a, !ariana, estava morrendo de preocupa8%o/ @oc" n%o acha

que est e-agerandoH

''



# Desculpa, meu amor, eu deveria ter ligado.

# ?udo bem. !as acho que voc" est se esquecendo de tudo que

passou h pouco tempo. Acho linda toda a dedica8%o que est tendo ao

caso, mas voc" precisa priori$ar mais a sua vida e o seu descanso/ 4en%o,

daqui a pouco vou ter que colocar dona ;>cia para te seguir por aí/

# <, querido, mais uma ve$ voc" tem ra$%o. Desculpe. Eu me

empolgo mesmo. @ou tentar me envolver menos daqui para frente, tudo

bemH

# &s meninos perguntaram muito por voc" antes de dormir. E a 7i8aligou, quer marcar de te ver.

# ?udo bem, amanh% eu ligo. @amos dormirH

# 7ochilar, néH Daqui a duas horas j temos que acordar.

# Ent%o me abra8a e vamos cochilar juntinhos...

RRR

Assim que !ariana dormiu e desdobrou, 4ofia a esperava de m%os

na cintura.

# 5elo amor de Deus, !ari/ @oc" n%o tem nem idéia de com que est

lidando/ 5or favor, seja mais cuidadosa/

# Desculpe, 4ofia. L vi que vou levar serm%o de todos os lados.

# Ah, vai, até aprender/ 4e voc" quer ajudar, tem de aprender a forma

certa/ 4en%o, vai acabar como a ;ídia, que no final das contas sacrificou a

prpria vida e quase nada p6de fa$er por Felipe. !as chega de broncas.

@amos para a sala de reuni)es, pois v%o preparar voc" para o atendimento

de amanh%.

'3



!ariana acordou sabendo que algo bem importante havia sido

decidido em algum lugar, mas n%o se preocupou com isso. Foi dar aula,

cuidou de seus afa$eres normais e se preparou para o primeiro atendimento

de Felipe.

RRR

Entrando = noite no centro, encontrou dona Eullia a sua espera, e j

sentiu que n%o seria uma tarefa fcil. Devia ser um grupo grande, pois ela

se sentia pesada, com dores pelo corpo, cansada, morrendo de dor decabe8a.

# Fique tranquila, !ariana. ?odo esse inc6modo vai passar. < apenas

ressonPncia com o grupo que voc" ir atender.

# ?odos os médiuns sentem issoH

# 4im. !as como voc" cuidou da sua harmoni$a8%o pessoal e das

suas vidas passadas, o impacto em voc" é menor, é sentido s na hora dotrabalho. !édiuns com harmoni$a8%o menos integral, ou que n%o se

cuidam, sentem de forma muito mais intensa. 5or isso é necessria a

harmoni$a8%o prévia para fa$er parte da minha equipe.

# 7oncordo. *%o ia gostar de sentir tudo isso por mais tempo, de

forma desnecessria. Ah, ;ídia chegou/

# Acompanhe ;ídia até a sala de atendimento um. @ou fa$er a

pequena palestra de abertura e j seguirei para l.

!ariana recebeu a mo8a sorridente, que mal cabia em si de

felicidade.

# Eu sei como funciona, sei que a princípio ele deve piorar. !as s

de saber que a melhora dele come8a hoje, é um banho de felicidade na

alma/

'B



RRR

Feito todo o procedimento de abertura, era hora de finalmente

conhecer a primeira vida passada de Felipe.

Dado o comando de sintonia, !ariana logo se encolheu e come8ou a

chorar, como Felipe fi$era na clínica.

# 4ocorro/ 4ocorro/ *%o aguento mais/

# Fique calmo, meu amigo. 4eu socorro chegou. @amos te envolver

agora em uma c>pula de prote8%o que te dei-a imune a ataques. @eja, voc"n%o pode mais ser tocado por seus algo$es.

& rapa$ foi respirando com mais calma. !al podia acreditar que iria

ter um pouco de pa$.

# !as eles v%o voltar/

# Msso s depender de voc". !as vamos primeiro cuidar da sua

situa8%o. *esse momento, com ajuda dos mentores, voc" vai receber um banho de gua crística, vestes novas, e uma lu$ verde vai cuidar de todas as

suas feridas... @ sentindo a pa$ da liberdade que te envolve neste

momento.

A respira8%o de !ariana foi acalmando. E dona Eullia, séria,

recebeu informa8)es sobre a causa daquilo tudo.

# @amos agora cuidar de todo esse grupo que te perseguia. ?odos

eles v%o recebendo uma energia rosa no peito, de perd%o. @%o lembrando

um passado feli$, anterior a toda essa situa8%o de vingan8a. ?odos v%o

recebendo uma rosa energi$ada e um Evangelho. Essa maioria que j est

aceitando ajuda vai seguindo para a lu$. A ter8a parte que ainda resiste vai

sendo levada para tratamento, com o objetivo que se prepare até o nosso

pr-imo atendimento.

'2



# Est tudo em pa$ agora – informou !ariana.

# Encaminhando todos para tratamento e orienta8%o. +eacoplando a

médium em 1...0............'...3. :ra8as a Deus.

# *ossa, eram tantos/ – ela sorriu. ;ídia estava muito feli$. 4entia

que algo muito importante tinha acontecido ali, e que Felipe poderia

come8ar a reagir.

# Foi um bom come8o, n%o foiH

# Foi sim, ;ídia – tranquili$ou dona Eullia. – !inha preocupa8%o é

a parte que 4érgio me informou. ?emo que voc" fique impressionada.

# Dona Eullia, pode me contar o que for. Eu, mais do que ninguém,tenho consci"ncia do quanto o caso dele é sério. 4ei que a parte espiritual

por trs disso n%o ser das mais bonitas.

# 4érgio, o mentor de Felipe, me e-plicou o porqu" dessa

persegui8%o. Aquela era uma situa8%o entrevidas, um ps#morte. Foi a

primeira das cinco situa8)es que cuidaremos. A segunda é a vida anterior a

isso, a causa da persegui8%o.# E o que aconteceu antesH Eu sentia tanto dio neles...

# @ou falar de uma ve$ Felipe fa$ia trfico ilegal de lcool, em uma

época com vig"ncia da ;ei 4eca. Além de ser responsvel pelo processo de

milhares de pessoas viciadas, ele também ganhou muito dinheiro com isso.

*a verdade, ele fe$ parte da !fia, no come8o do século II. Essa foi a

>ltima vida dele. &u seja, esse ps#morte é onde ele estava antes de ser

socorrido e reencarnar agora.

# E por que ele continuava preso aliH

# 5or dissocia8%o. &s cobradores todos continuaram atuando, e ele

entrou em ressonPncia.

# E por que isso conta como se fossem duas situa8)esH & ps#morte e

o mafioso n%o s%o uma vida sH

3(



# 5orque uma coisa é a persegui8%o e agress%o que as entidades

fi$eram. *essa parte, ele é uma vítima indefesa. L na segunda parte, ele é o

algo$, o vil%o. E esse mafioso nos trar bastante trabalho daqui em diante.

# 4er difícil lidar com eleH – perguntou !ariana.

# & mais difícil é o fato de ser uma vida t%o recente ainda sem

preceitos morais bsicos. Msso quer di$er que Felipe realmente é uma alma

frgil, ainda engatinhando. !as todo o desenvolvimento dele antes do vício

mostra que ele aproveitou bem a encarna8%o atual, construiu la8os de afeto,

mudou comportamentos.

# 4im, disso eu sou uma prova viva e apai-onada/ – declarou#se;ídia – 4er que j posso v"#loH

31



Capítulo 13Choro

!ariana foi para casa descansar, a mando de dona Eullia. E todas

chegaram = conclus%o que era melhor dei-ar o casal ter um momento de

privacidade, j que tinham muito que conversar.

;ídia foi autori$ada para visita em horrio livre, e saiu do centro

direto para a clínica. Ela ainda n%o tinha contado a ninguém que tinha

reencontrado Felipe, pois sabia que s teria problemas quando o fi$esse.Ao chegar, foi informada que ele estava consciente e podia receb"#la.

?ambém foi dito que ele n%o se lembrava da visita anterior.

7om lgrimas nos olhos, ela se apro-imou da porta. Felipe n%o p6de

conter a emo8%o ao v"#la, pulou da cama com soro e tudo.

# ;ili, é voc"/

# Ah, meu amor, que alegria/

&s dois deram um beijo t%o apai-onado que arrancou aplausos das

enfermeiras e dos outros internos. Era a reali$a8%o dos sonhos de ambos/

# 7omo voc" me achou, sua malucaH

# !aluco é voc", de sumir e me dei-ar so$inha desse jeito...

Felipe nem sabia direito como come8ar aquela conversa.

# &lha... !e perdoa. Eu s fi$ aquilo porque queria te proteger, sabeH

*a verdade eu tava t%o confuso, t%o b"bado, que nem sabia direito o que

tava fa$endo. 4ei l...

# Eu s acho que voc" deveria ter me dado o direito de escolher.

Guando somos um casal, temos de tomar decis)es conjuntas...

# <, eu sei, eu n%o fui nada legal com voc". 4e servir de consolo, eu

sofri muito quando tava fora. 7omi o p%o que o Diabo amassou.

30



# Ooa noite, Eullia. 5odemos conversar um poucoH

# 7laro, 4érgio. Oem vindo/

# Eu vim para aprofundar um pouco o assunto e te dar algumas

e-plica8)es de suporte.

# Gue bom, fico agradecida.

# Em primeiro lugar, queria te dar uma informa8%o bsica que

ajudar alcolicos em geral, n%o apenas o meu protegido. < sobre as crises

de abstin"ncia.

# Ah, que bom, sempre quis entender melhor o que acontece

espiritualmente nessa parte. & problema é a drenagem maci8a de to-inas doduplo etéricoH 5or isso o alcolico passa t%o malH

# *%o somente. Msso é a luta física de desinto-ica8%o do organismo. <

a parte que os médicos mais estudam, por ser a mais acessível a limpe$a

do fígado, dos componentes químicos do lcool que afetam o cérebro e a

parte neurolgica, toda a parte que causa o delirium tremens, as

alucina8)es, as nuseas, o desespero pela bebida e tudo mais. Essa parte éigual para todos, e em casos de uso mais prolongado, é necessria a ajuda

de clínicas especiali$adas. & que vim e-plicar é a parte que n%o é vista

pelos olhos físicos.

# Ah, por favor, continue/

# ?odo alcolico sofre dois tipos de obsess%o. & primeiro tipo é a

obsess%o feita por entidades, espíritos que o acompanham para beber junto.

Esse grupo pode ser maior ou menor, de acordo com o caso.1

# 4im, j recebi diversos casos assim l no centro.

# & que ser interessante para voc" observar, até para estudo, é que

toda essa parte j foi tratada em Felipe, gra8as ao belo trabalho que voc"

1 4obre essa parte, recomendo as timas obras que foram minhas companheiras enquanto estava fa$endo a psicografia WA ferro e floresX, de ;igia Oarbiere Amaral, e W& despertar de um alcolatraX, de !aria+odrigues 4alvador. *ota da médiumC

3



coordenou no >ltimo ano. Mnclusive, como voc"s puderam notar, esse é um

trabalho de formiguinha. ?em de ser feito com muita calma e paci"ncia, e

aparentemente n%o fa$ efeito algum. Aos olhos de todos, Felipe continuava

o mesmo b"bado de sempre. !as a olhos espirituais, um grupo enorme, de

duas mil entidades, foi aos poucos socorrido.

# 4empre me perguntei se essa parte n%o poderia ter sido mais

agili$ada com a Apometria.

# Msso varia muito de caso a caso. *o de Felipe, a resposta seria n%o.

Ele realmente precisou desse tempo nas ruas, so$inho, para repensar suas

atitudes e finalmente aceitar ajuda. @oc" entender isso melhor conformefor fa$endo o tratamento e o estudo mais avan8ado do histrico dele. 5ois

bem. !as esse é apenas o primeiro tipo de obsess%o. Agora, lidaremos com

o segundo, que é menos conhecido e altamente trai8oeiro a auto#obsess%o,

ou seja, a obsess%o feita por nossas personalidades de passado, nossas vidas

passadas. 4ei que voc" conhece bem o tema.

# 4im, costumo estudar bastante sobre isso.# 5ois bem, aí entra a quest%o da crise de abstin"ncia. Em toda clínica

de tratamento alcolico, naturalmente h uma egrégora médica espiritual

instalada. Eles podem cuidar de toda a parte dos obsessores, mesmo que

seja um caso mais severo.

# 4im, j observei a atua8%o da equipe da clínica, eles s%o

amorosíssimos.

#!as o que costuma causar mais complica8)es s%o as vidas passadas.

*a verdade, o que é categori$ado como delírio e alucina8%o é real na

espiritualidade. & comportamento do alcolico durante a crise, o que ele

fala e fa$ durante o delírio, costuma dar pistas sobre qual é o seu passado

encarnatrio – assim como voc"s verificaram em Felipe.

# Ent%o o que é dito e visto realmente aconteceuH

3



# 4im. 5ode ocorrer o aparecimento de símbolos mesclados na

narrativa, mas é tudo real. 5or causa da desinto-ica8%o, é como se naquele

momento a pessoa ficasse totalmente sem filtro, como se ela e as vidas

passadas estivessem acontecendo ao mesmo tempo. E isso pode ser

perigoso, dependendo do grau de simbiose entre as vidas passadas e a atual.

# 4imbiose no sentido obsessivo normal, de um depender do outro

para e-istirH

# 4im, s que em um nível muito mais aprofundado e comple-o.

3'



considerando que aconte8a uma mudan8a comportamental real, um apoio

familiar e uma nova rede de amigos, pode#se ter a e-pectativa de uma

mudan8a no quadro.

# 5orém, a maioria dos alcolicos j é dependente h muito mais de

uma encarna8%o, certoH

# 4im. E aí temos a e-plica8%o para os casos mais graves, onde s%o

necessrias vrias interna8)es. 4e estivermos tratando vidas passadas, é

necessrio que haja uma coopera8%o entre a vida atual e as vidas passadas

dissociadas, que querem continuar bebendo – cada uma por suas ra$)es.

# < mesmo, uma hora a vida vai ter que voltar do tratamento e serreacoplada... *ossa, ent%o isso quer di$er...

#... E-atamente o que voc" est pensando em casos mais graves,

onde houver a participa8%o de mais de uma vida passada, a crise de

abstin"ncia ser o momento de decis%o, o -eque#mate para a pessoa decidir

se realmente quer sair desse padr%o ou n%o. & clamor das ideias fi-as,

pensamentos e condicionamentos chega ao nível mais insuportvel. ;embrada décima terceira lei de ApometriaH

# 4im... Enquanto houver bols)es de espíritos sofredores no passado

do assistido, tratamentos n%o alcan8ar%o total "-ito/

# E-ato. 5or isso Felipe nunca passou da fase em que est agora.

@endo o primeiro grupo que foi atendido, a senhora pode imaginar com o

que est lidando.

# 7laro/ Oom, resumindo ent%o basta observar o comportamento de

Felipe, encarar tudo como literal, e continuar o atendimento das quatro

vidas restantes. 7ertoH

# E-atamente. *%o se preocupe com !ariana, estamos cuidando da

prote8%o dela. A senhora j imagina qual ser sua pr-ima tarefaH

3B



# 4im. Estudar o cdigo WmoralX que regia mafiosos, para achar o

ponto fraco de 7iccilio, a pr-ima vida que trataremos.

# Msso mesmo. *%o ser fcil, mas estamos estudando a melhor forma

de fa$"#lo. A volta de ;ídia ajudar bastante.

# Ah sim, que italiano n%o adora uma boa histria de amorH ?udo

bem, podem contar comigo/

RRR

Enquanto isso, ;ídia contava sobre seu >ltimo ano de vida para

Felipe.

# Aí eu finalmente consegui aquele cliente que a gente tava

batalhando, lembraH A produtora t linda, eu fui tocando tudo da forma que

pude. ? no come8o ainda, mas promete/

# 5o-a, ;ili, que m-imo/& olhar de Felipe estava distante.

# & que foiH

# < que... Eu fico te vendo t%o cheia de vida, com tantos planos, e...

# 5ode parar, Felipe. Eu n%o vou dei-ar voc" seguir por aí de novo.

@ou repetir pela milésima ve$ voc" n%o é um estorvo, n%o é um peso para

mim, eu n%o mere8o um cara muito melhor que voc" e bl, bl, bl. Gue

saco/ L sou bem grandinha para saber o que quero para a minha vida, isso

é algo que ES tenho que decidir/

# !as é como eu me sinto...

# &lha, ainda mais agora que voc" mudou e quer ajuda, tenho certe$a

que as coisas v%o ser diferentes. Eu sei, voc" deve estar preocupado com a

rea8%o dos seus pais.

32



# 7laro. Dona Eullia ligou l uma ve$, e meu pai foi super ríspido.

# Eles s est%o magoados. 7om o tempo v%o ver que é verdade, que

voc" mudou mesmo. *%o vou te di$er que concordo com o que eles

fi$eram acredito que eu jamais dei-aria um filho meu morar na rua

passivamente. !as, enfim, eles n%o s%o perfeitos.

# Fala sério, ;ili. @oc" que é uma santa de ainda falar deles assim,

depois de tudo que eles te fi$eram passar. De perfeito aqueles dois n%o t"m

nada. Foram super ausentes, sempre acharam que dinheiro ia resolver tudo.

# !esmoH

# 7laro, nem pensaram em como eu me sentia com a atitude deles.# 4erH !ais uma ve$, n%o t6 di$endo que concordo com eles. !as

acho que eu entendo sim. 5o-a, eles tinham tantos sonhos para voc".

Estavam acostumados com o Felipe doce e meigo que eu conheci. 5ensa

um pouco no lado deles/

# *%o sei se a minha rela8%o com eles tem salva8%o.

# Msso também vai depender de voc". 4e voc" quer retomar o contato, primeiro precisa se recuperar, voltar = vida normal, trabalhar, reconstruir

sua vida. Aí eles v%o ter de se render aos fatos.

# <...

# Aposto que eles também morrem de saudade.

Felipe suspirou. ?entava n%o pensar nisso, para n%o sofrer mais

ainda. !as também sentia muita falta da sua antiga vida. Dos pais, da

família, da casa, do 5hilip seu cachorro labradorC, dos seus amigos.

5arecia algo que tinha acontecido com outra pessoa, outro Felipe, centenas

de anos atrs.

# *em te contei apesar de tudo, eu fi$ amigos maravilhosos quando

estava nas ruas. 5rincipalmente o Edgar. Ele também é alcolico como eu,

B(



mas ainda n%o estava conseguindo parar. Assim que eu melhorar quero

muito ajudar o velho Ed.

# 7laro. Eu vou l com voc", com pra$er/

&s dois se abra8aram.

# @amos dormirH @oc" precisa descansar, antes que as alucina8)es

comecem de novo.

# ?. Guer que mande chamar um t-i para voc"H

# De jeito nenhum/ Eu inventei uma viagem, todo mundo acha que s

volto daqui um m"s. L conversei com o dono da clínica. Ele abriu umasuper e-ce8%o depois que contei nossa histria, e me dei-ou ficar.

# AquiH !as...

Felipe ficou em d>vida.

# *em mas nem meio mas. Daqui eu n%o saio, daqui ninguém me

tira/

B1



Capítulo 1"!ilhos &ue s/o pais

Felipe teve uma melhora considervel depois do primeiro

atendimento. Dona Eullia e-plicou que, apesar da aparente rapide$ e

facilidade com que a situa8%o foi resolvida, era um grupo muito grande –

por isso tanto alívio.

;ídia estava em clima de lua#de#mel. 5ara ela era algo t%o fantstico

ver Felipe reagindo, que ela chegava a esquecer que estava em uma clínica

de reabilita8%o.

!ariana também p6de bai-ar seu protecionismo maternal com

Felipe, agora que ;ídia estava presente. Ela ia visitar a ambos a cada dois

dias. !as fe$ quest%o de dei-ar seu celular, para caso acontecesse alguma

crise, com ordens e-pressas de ser avisada.

*aquela tarde, ela e 7i8a haviam ido passear no shopping com as

crian8as. Enquanto os tr"s brincavam no plaVground, elas aproveitavam

para colocar o papo em dia. !elissa, mesmo beb", adorava brincar com

Fabrício e !urilo, que a tratavam como a uma irm%$inha.

# *ossa, !ari, que histria impressionante/

# 5ois é, menina. 4abe, eu me sinto até honrada de fa$er parte/ < t%o

legal ver um rapa$ jovem assim come8ar a se libertar desse po8o de lama...

# < verdade. 4e as pessoas soubessem o quanto o lcool pode ser

destrutivo, pensariam bem antes de provar.

# < duro, né, 7i8aH 5orque é uma coisa t%o arraigada na nossa

cultura. ?odo mundo acha normal e agradvel beber uma cervejinha. Guem

n%o bebe nada é careta. 7omplicado/

B0



# Eu acho que deve ser essa a parte difícil para os pais dele

entenderem. 4e eles s%o ricos, devem viver em festas e eventos com as

melhores bebidas. Eu bem sei, organi$o tantos...

# 5ois é, eles s esquecem que o alcoolismo n%o fa$ diferencia8%o

entre quem é rico e quem é pobre. A >nica diferen8a é na hora de se tratar

o rico tem muito mais chance, porque o tratamento é caro.

# E deve ser mesmo complicado para o poder p>blico, porque é um

tratamento que requer uma equipe multidisciplinar, e tem alto índice de

desist"ncia... – refletiu 7i8a.# !as enfim, o importante é que, gra8as a Deus, o Felipe t indo

bem. Mnclusive t6 achando tudo muito calmo, o mentor dele deve estar

tendo o maior trabalho.

# Guando é o pr-imo atendimentoH

# Amanh%.

RRR

*aquela mesma tarde, o pai de Felipe, Dimas, n%o conseguia parar

de pensar no filho por mais que tentasse. Até que come8ou a falar so$inho

W*%o admito perder um segundo do meu dia pensando nesse ingrato.

4 me deu desgosto. Eu, que sonhava ver ele bem sucedido, com um bom

trabalho, tendo o nome reconhecido no mercado/ !as n%o ele fe$ quest%o

de buscar o pior caminho possível e de me dei-ar completamente

envergonhado, sem nem poder ir aos eventos sociais direito. &nde j se viu,

meu filho, um mendigo/X

B



Ele sentia tanta raiva daquilo tudo, que sequer podia considerar a

hiptese de ir procurar Felipe. ?ambém n%o admitia que ninguém falasse o

nome dele em casa.

Lulieta, sua esposa, caíra em depress%o profunda depois que o filho

foi embora. 7omo Felipe era filho >nico, foi um golpe muito duro para ela.

7om muito custo, remédios e terapia, ela estava come8ando a reagir nos

>ltimos meses. !as nunca se conformara.

# Dimas, querido, por favor/ 5rocura nosso filho/ 4e aquela senhora

do centro ligou, ela deve saber onde ele est/

# De maneira nenhuma. *%o vou me rebai-ar dessa forma. 4e elequis fa$er tamanha desfeita, renegando toda a estrutura que sempre demos

a ele, ele vai ter ent%o de colher todas as consequ"ncias de seus atos/

E Lulieta chorava, se desesperava, mas era in>til. Ela era uma mulher

= moda antiga para ela era inconcebível ir contra uma ordem do marido,

mesmo que =s escondidas.

# & que posso fa$erH @ou ter de me acostumar a viver sem meumenino. 4into como se estivesse em um pesadelo eterno, onde é impossível

acordar/

E ela re$ava e re$ava por ele. 5raticamente o dia inteiro. Essa parte

acabava sendo positiva, e inclusive ajudava muito no trabalho comandado

por dona Eullia.

RRR

# 5ronta para entrarmos no mundo da !fiaH

# *%o deve ser nada agradvel, mas... @amos l/ – !ariana estava

animada.

Dona Eullia e-plicou

B



# 4érgio est aqui, informando que ser bastante abordada hoje a

rela8%o de Felipe com seu pai, j que ele também est presente nessa vida

da !fia.

# 7oitado desse homem...

# 4érgio conta que, nesse sentido, Felipe est sendo mais pai que

filho. Fa$ parte do aprendi$ado de Dimas quebrar o orgulho e atingir a

humildade. Entender que o dinheiro e os bens materiais n%o devem ser

nosso >nico objetivo.

# 4er que foi por isso que Felipe foi morar na rua, dona EulliaH

# 4im, 4érgio e-plica que esse foi um dos motivos. Guando tudo isso passar, e Felipe estiver de volta, os pais v%o entender que o filho, apesar de

tudo, n%o foi infeli$ nas ruas. Ao contrrio, conheceu grandes amigos,

pessoas de grande valor que ele dificilmente encontraria nas altas rodas da

sociedade.

# +ealmente, essa deve ser uma li8%o e tanto. E aposto que vai ser

muito difícil para eles engolir todo esse orgulho entranhado.# Oom, com isso a gente se preocupa depois. L sabe que o

atendimento de hoje vai dar trabalho, n%o éH

*aquele e-ato momento o celular tocou. Ambas j imaginavam que

algo deveria estar acontecendo, j que ;ídia ainda n%o havia chegado.

# &i, dona Eullia... – ;ídia estava aos solu8os, tentando se controlar.

& barulho de objetos quebrando fa$ia com que sua vo$ ficasse quase

inaudível. Era possível ouvir Felipe gritando e as enfermeiras intervindo.

# !inha filha, como voc" estH

# Aqui est um caos, mas eu sei que é por causa do atendimento.

;iguei s para di$er o teor do delírio, para ver se ajuda voc"s.

# E qual éH

B



# Ele fala que est em um lugar escuro, abra8ado com uma mala

cheia de dinheiro. Fica repetindo toda hora W&s capangas est%o chegando/

!as eu n%o vou me entregar, é o que o Frederico quer. Eu, 7iccilio

@orgato, n%o vou me entregar/ @ou lutar até o >ltimo minuto/X

# &brigada, ;ídia. Msso vai ajudar bastante. Ajude as enfermeiras a

acalm#lo, ns iremos resolver a situa8%o aqui. Guando ele se acalmar pode

ir dormir. Amanh% eu mesma passo aí e conto tudo o que aconteceu.

# Gue Deus aben8oe voc"s duas. *em sei o que falar, n%o estouacostumada a ter ajuda nessas horas...

# 5ois agora voc" tem. 7onecte#se com os amigos espirituais e re$e,

tudo vai ficar bem. L chegamos = segunda vida, s faltar%o tr"s. 5e8a a

Felipe para ser forte e nunca desistir, pois ns iremos com ele até o final.

Desligando o telefone, dona Eullia se preparou para come8ar.

Mnicialmente, ambas mandaram bastante energia violeta para o casalconseguir se acalmar.

B'



Capítulo 1$4a sar5eta

# L estou entrando em sintonia com a segunda vida, dona Eullia.

5osso dei-ar virH

# 5ode sim, minha filha. @amos conectar com os mentores da casa,

com 4ofia e 4érgio, para podermos concluir essa tarefa.

!ariana come8ou a bufar sua respira8%o foi ficando cada ve$ mais

rpida. & homem, 7iccilio, estava em um momento de profunda tens%o.# *%o vou devolver o dinheiro/ *%o vou/ @oc"s n%o v%o me vencer/

# Acalme#se, 7iccilio. @amos agora te levar para um jardim e te

aplicar uma lu$ a$ul calmante, em 1...0............'...3. 5ronto.

# &nde estouH – ele imediatamente rela-ou.

# Entre amigos. 5recisamos resolver essa pend"ncia para que Felipe

n%o sofra mais. @oc" sabe o que tem que fa$er.

# Eu n%o posso...

# @oc" precisa.

# !as se fi$er isso n%o vou mais v"#la/

# 7alma. @amos recapitular tudo. 5or que voc" entrou para a !fiaH

# A gente n%o costuma usar esse termo.

# Ah sim, desculpe Cosa Nostra.

# 5orque eles eram muito poderosos, mandavam em tudo.

# !as voc" sabia que o dinheiro n%o era lícito. Foi por ela, n%o foiH

# Foi. Eu faria qualquer coisa para ficar com :iovanna. Ela era t%o

linda/

# Ent%o voc" se envolveu nos negcios para ter dinheiro rpido...

B3



# 4im. Ela era uma mo8a de família, jamais sequer olharia para mim

se eu n%o tivesse dinheiro. E se eu n%o arrumasse logo, ela se casaria com

outro facilmente.

# !as voc" nunca pensou que seria t%o complicado sair depois...

# Vero. & chefe gostava de mim, porque eu conhecia todo mundo. E

a ;ei 4eca s facilitou tudo a bebida ficou caríssima e ns ganhvamos

verdadeiras fortunas.

# E também viciavam os jovens que tinham dinheiro para que eles

consumissem bastante lcool, n%o éH

# 4im. Esse era o meu trabalho, na verdade. !as eu n%o via a hora desair, o mais rpido possível.

# Até que veio aquela oportunidade de roubar seu colega – o que

infringia a regra n>mero nove do cdigo interno de conduta W*%o se pode

apropriar de dinheiro pertencente a outras famílias ou outros mafiososX.

# <. Eu n%o prestei aten8%o quando eles me falaram quais eram as

regras e nem lembrava que n%o podia fa$er isso. 5ensei WAh, eles t"m tantodinheiro, nem v%o dar por falta.X E era a quantia que eu precisava para

fugir com :iovanna. A gente iria para longe, eles nunca saberiam.

# !as eles foram mais rpidos.

# 4im, interceptaram a gente no porto. E mataram ns dois. !as eu

n%o pude ficar com ela depois que morri. 4 agora.

# @oc" entende que é uma vida passada de FelipeH E que ;ídia é

:iovannaH

# 4im, entendo. !as também acabei me viciando na bebida. 9oje em

dia estava feli$ por ter voltado junto com minha amada e por dinheiro n%o

ser mais problema. !as quando Felipe bebeu pela primeira ve$, n%o resisti

e vim beber com ele. Eu e todo o grupo que fui responsvel por viciar.

# @oc"s aceitam ajudaH

BB



# *%o sei se vou poder colaborar. A abstin"ncia é muito difícil e

dolorosa do lado de c.

# Eu sei. !as todos voc"s ter%o assist"ncia completa. &lhe nessa tela

para onde voc"s ser%o levados todas as instala8)es e cuidados que ter%o,

até que todo o desespero passe e o corpo astral se regenere.

# < uma boa equipe. !as ainda n%o estou certo...

# Fa8a isso em nome do seu amor por :iovanna. @oc"s ainda podem

ser feli$es, Felipe e ;ídia viver%o tudo que foi interrompido. & que achaH

# Eu irei. *%o aguento mais esse sofrimento. ?odo o grupo est

cansado. !as vai caberH 4omos muitos/# @ai sim. 4e for necessrio, eles relocam o pessoal e-cedente para

outras unidades. Dei-e#me cuidar agora da parte energética, para poder

ajudar as equipes.

# Est bem.

# @amos reunir todos voc"s em um círculo a$ul em

1...0............'...3. ?odos v%o tendo o lcool drenado do corpo com umaenergia verde e violeta. Gualquer ferida vai sendo curada, qualquer dor vai

sendo e-tirpada. ?odos v%o reencontrando entes queridos, que

acompanhar%o cada um em sua maca, seguindo para tratamento

especiali$ado.

# !uito obrigado. A senhora est ajudando centenas de pessoas

agora. Felipe e muitos outros encontrar%o a pa$.

# < um pra$er ser instrumento da espiritualidade para isso. :ra8as a

Deus. @amos fechando a frequ"ncia de Felipe.

Finali$ando o atendimento, todo o grupo seguiu para o 9ospital.

# E foi assim que tudo aconteceu.

B2



# :ra8as a Deus, agora s faltam tr"s vidas. Elas devem ser intensas,

mas a for8a do amor ser bem maior.

Sma sombra negra a observava de longe, nada feli$ com aquilo tudo.

21



Capítulo 1'Come,o do socorro

A recupera8%o de Felipe depois daquele encaminhamento foi

impressionante. Ele se sentia em pa$, bem disposto e a nusea parou.

!as ;ídia ainda n%o estava convencida. 4em d>vida, o prognstico

era timo ele estava atingindo um m"s de interna8%o. *unca tinha chegado

t%o longe.

?alve$ justamente por ser uma fase inédita ela estava t%o apreensiva. *%o fa$ia a menor ideia do que esperar dali para frente. 4er que seria

possível sofrer ainda maisH

5ensando nisso tudo, ela se deu um dia de folga e foi passear em um

parque. ;igou para !ariana no celular.

# !ari, desculpa te incomodar. 4ei que é abuso, mas... @oc" poderia

vir num parque aqui perto da clínica, aonde eu vim dar uma voltaH

# 7laro, adoro esse parque/ Estava mesmo indo dar uma caminhada,

eu passo aí. Espera uns cinco minutos, tH

# @oc" é um amor. @ou comprar um lanche para a gente.

RRR

!inutos depois, !ariana chegou.

# @oc" deveria estar mais feli$, ;ídia... & que est acontecendoH

# Ooa pergunta. Acho que estou com medo do futuro. E com traumas

do passado.

# Ent%o vamos falar dos traumas para o medo melhorar. 7omo foram

as de$ interna8)es anterioresH

20



# Sma pior que a outra. 4inceramenteH *%o sei como n%o desisti. Era

sempre a mesma coisa, e ia piorando. Msso sem falar na press%o que meus

sogros fa$iam seu Dimas com as acusa8)es, dona Lulieta com a chantagem

emocional.

# @oc" nunca falou direito dela. Gue tipo de comportamento sua

sogra tinhaH

# Ela n%o entendia o bsico que o alcoolismo era uma doen8a e que

Felipe era um homem feito. 4 que quando ele estava em casa, ela s se

preocupava com a vida social. E quando ele era internado na clínica, ela

n%o aceitava que as enfermeiras cuidassem dele.# *ossa, devia ser uma confus%o.

# Mmagina s/ Ele teve d>$ias de crises como as que voc" assistiu.

4empre repetindo as mesmas coisas. E de um lado era o pai -ingando de

vagabundo, e do outro a m%e n%o querendo que ninguém chegasse perto do

menininho dela.

# 7aramba... e as clínicas dei-avamH# Algumas eram mais linha dura, queriam proibir a presen8a deles.

!as as que se posicionavam assim eram logo abandonadas. 4eu Dimas

realmente acredita que o dinheiro compra tudo, acha que todos t"m de fa$er

as suas vontades. Eu até acredito que se eles n%o atrapalhassem tanto,

Felipe poderia ter ido até o final antes. !as eles sempre sabotavam o

tratamento.

# E voc", como se sentiaH

# Mncrivelmente frustrada. 4empre que as coisas estavam se

encaminhando, eles vinham e estragavam tudo.

# <, deve ter sido muito difícil mesmo...

# Foi. !as estou me sentindo bem melhor hoje em dia.

As duas foram caminhando, aproveitando a chance de respirar ar

puro e ouvir passarinhos – coisa que n%o é muito comum em uma cidade

2



como 4%o 5aulo. !ariana foi pensando melhor no que di$er. Até que

respirou fundo e falou

# ;ídia, voc" ainda sente raiva do tempo que ele passou nas ruasH

# Ah, raiva eu n%o sei. !as me incomoda sim. Afinal, eu me senti

completamente abandonada/ E injusti8ada também. ?ipo nossa, depois de

tudo que eu passei, ele ainda teve coragem de fa$er isso comigoH/

# Dei-a eu te perguntar uma coisa voc" j parou para pensar que, se

ele n%o tivesse feito isso e se desvinculado dos pais, nada disso estaria

acontecendo hojeH

# 7omo assimH# *%o vou di$er que foi e-atamente certo o que ele fe$. De fato, ele

poderia ter sido menos radical. !as ser que Felipe n%o precisou desse

tempo so$inho para reunir for8as e conseguir combater o vício para valer,

assim como ele est fa$endo agoraH

# *unca tinha pensado nisso...

# 5ois é, talve$ seja hora de pensar/ E acredito que é hora também de por em prtica tudo o que voc" aprendeu na terapia e no Al#Anon.

# Em que sentidoH

# De se amar, ;ídia. De se conectar com o seu lado espiritual, de

acreditar que voc" é uma pessoa importante e merece o melhor. 5ara que

tudo flua bem depois que Felipe sair dessa e conseguir viver sem a bebida,

ele tem de ver voc" como uma mulher com boa autoestima, que se valori$a,

que sabe o que quer, que n%o vive s em fun8%o dele. 4en%o fica uma coisa

meio capacho, sabeH

# Entendi. 4e ele sentir que estou sempre = disposi8%o, n%o vai me

valori$ar e nem lutar para ficar comigo.

# E-atamente. & que vai acontecer é que voc" vai sair t%o desgastada

disso tudo que outra bonitona pode aparecer e facilmente roubar seu lugar.

2



Eu até acredito que a liga8%o de voc"s é profunda, mas voc" sabe estamos

na ?erra, e ele é homem.

# ?em ra$%o, !ariana. Acho que eu tava precisando ouvir tudo isso.

7om toda essa confus%o, acabei dei-ando meu lado mulher para escanteio.

# 5ois eu j sei para onde vamos agora. Fa$er uma massagem,

comprar umas roupas no shopping, cortar esse cabelo... 5osso te dar um

Wdia de ;ídiaX de presenteH

# Ai, !ari, voc" n%o e-iste/

# Espera aí, dei-a eu escalar a e%pert no assunto al6, 7i8aH

RRR

# !eu Deus, essa menina precisa de uma geral/ !ari, ainda bem que

voc" me chamou. Eu n%o podia perder essa, vamos j para o meu

cabeleireiro/

+indo muito com a afli8%o de 7i8a, o trio foi cuidar de ;ídia. Depoisde uma verdadeira maratona, com direito até a banho de ofur6, ela estava

irreconhecível.

# !enina, que diva/ Msso tudo n%o pode ficar escondido/

;ídia estava linda. 7om um grande sorriso, ela voltou para a clínica e

ouviu assovios de toda a equipe.

# Msso tudo é para mimH – Felipe estava boquiaberto.

# 5ara ns, meu amor. < para mim também. Eu estava precisando

fa$er as pa$es comigo.

# *ossa, agora é bom eu sair daqui rapidinho, antes que mais gente

veja esse avi%o...

Ela deu um beijo apai-onado em Felipe, feli$ por ter alcan8ado

e-atamente o efeito que queria. Era agora o come8o do socorro da alma de

2



;ídia, que também estava precisando de muitos cuidados. Afinal, ser a

cuidadora n%o é uma tarefa fcil.

;ídia sentia que realmente aquela tarde tinha feito um impacto

energético nela. 7omo é bom se sentir feli$ com a gente mesmo/

2'



Felipe e ;ídia se entreolharam, com cara espantada. ;ídia logo

antecipou o que aconteceria em seguida. WMsso s pode ser coisa das trevas,

tenho de avisar dona Eullia. @ai desandar todo o progresso que a gente

tinha conseguido/X – pensou.

# @im cuidar de voc", claro/

# Ah, que bom, m%e. !as eu quero te pedir agora, educadamente,

para que a senhora v embora.

Dessa ve$ ;ídia ficou de boca aberta. Ele nunca tinha falado assim

com a m%e/ E dona Lulieta, de boquiaberta também, inicialmente, passou a

enfurecida# @oc" est me e-pulsando, FelipeH Depois de tudo que fi$ por voc",

depois de tudo que me fe$ sofrerH

# &lha, m%e, voc" vai me desculpar. Eu estou em tratamento, estou

sendo muito bem cuidado aqui, e no momento realmente n%o quero estar

em contato com voc"s. *%o vai ser bom para mim.

# & que voc" est falando é absurdo/ E ela, voc" quer que fiqueH# Guero. Ela vai ser minha esposa.

# E eu sou sua m%e/

# 4im. !as ela, enquanto eu estava nas ruas, colocou um detetive

particular atrs de mim. E a senhora, o que fe$H

# Eu fiquei deprimida, tive de ser medicada/

# 5ois é, m%e. Desculpe ter que falar assim com a senhora, que eu

respeito, mas até nessa hora voc" foi egoísta. @oc" n%o ficou deprimida por

mim. Ficou deprimida porque eu n%o cumpri o ideal de filho que voc" tinha

e pela vergonha que ia passar perante a sociedade.

Lulieta corou. 4abia que ele estava falando a verdade.

# Ent%o, m%e, sinto muito. Estou bem melhor, estou fa$endo o

tratamento e conseguindo me desinto-icar. Até acredito que futuramente as

coisas ir%o melhorar e poderemos reatar rela8)es. !as agora eu n%o quero.

22



Capítulo 1-6am/

Enquanto 7arla continuava seus preparativos, NioJa mergulhou em

medita8%o profunda, lembrando da prpria histria.

Ela viveu muito antes de 7arla era uma das vidas passadas mais

remotas de Felipe. 4ua encarna8%o foi em uma tribo de índios americanos,

no que pode ser considerada a Mdade Antiga do continente, da qual restam

poucos registros – apenas a tradi8%o oral, passada milenarmente pelossbios de cada povo.

NioJa foi treinada desde que nasceu para ser a -am% da tribo, pois

era assim que os Deuses queriam. Foi uma crian8a esperta e feli$, que

adorava pesquisar e conversar com os anci%os. +espeitava e reverenciava

profundamente a *ature$a. 4eu animal de poder era o b>falo – por isso ela

era rpida e firme em suas decis)es.

A aldeia vivia de forma absolutamente pacífica, em comunh%o com o

meio ambiente, honrando os deuses e em esquema de vida grupal. ?odos se

conheciam, eram amigos, e colaboravam nas tarefas conjuntas.

Ao entrar na adolesc"ncia, come8ou o treino de NioJa para assumir

a lideran8a futuramente, quando o -am% da tribo morresse – o que ele sabia

que aconteceria em poucas luas. IeroJe havia e-ercido sua fun8%o com

calma e sabedoria, sempre levando em conta o que era bom para todos

para a tribo e para o 5laneta. *enhum animal morria de forma

desnecessria, nenhum doente tinha a vida prolongada se aquela fosse a sua

hora. ?udo vivia em perfeita harmonia e equilíbrio.

Desde que NioJa nasceu, o -am% IeroJe j sabia que n%o seria uma

tarefa simples disciplin#la. Gue inclusive seria parte da miss%o de NioJa

decidir de qual lado escolheria futuramente ficar do lado branco ou do lado

1(1



negro. E isso caberia a ela, n%o a ele – ele s poderia orientar e educar pelo

e-emplo.

7iente disso, IeroJe buscava ter uma série de conversas para

orienta8%o com a pequena -am%

# & que est fa$endo, NioJaH

# Disciplinando minha mente, para aprender a entrar no mundo

oculto.

# 5or que isso é t%o importante para voc"H @oc" sabe que, quando

temos uma tarefa de cura, o espírito superior nos guia.

# Guero conhecer o mundo oculto. Guero pesquis#lo, conhecercomo a palma da minha m%o.

# E é esse o objetivoH

# 5ara curar as pessoas tenho que saber aonde ir e que perigos irei

enfrentar, n%oH

# @enha comigo.

IeroJe deu as m%os a ela, e rapidamente saiu do corpo. Ela oacompanhou.

Desdobrados, eles viram a aldeia l embai-o, e foram flutuando para

outro plano. Guando l chegaram, havia um b>falo preto e um b>falo

branco.

NioJa, espantada, andou ao lado dos animais. IeroJe fe$ sinal para

que ela se apro-imasse do b>falo branco.

# Gue energia ele te passaH

# De pa$. Ele é calmo. !as parece meio passivo, bobo. 7omo se os

outros pudessem mandar nele.

# E o b>falo pretoH

# Ah, ele é forte. 5ode fa$er o que quiser, ninguém manda nele.

IeroJe chamou os dois animais e os convidou para uma corrida. A

disputa foi acirrada mas, quase no final, o b>falo preto caiu, porque estava

1(0



for8ando muito sua velocidade. & b>falo branco, que vinha mais devagar

atrs, venceu facilmente.

NioJa n%o conseguia entender por que o b>falo preto caiu, ele

parecia t%o preparado. &bservando seu semblante de d>vida, IeroJe a

convidou para sentar em um banco e calmamente e-plicou.

# As apar"ncias enganam quando o assunto é magia ou

espiritualidade, NioJa. *em sempre o caminho mais fcil é o melhor a se

seguir. *em sempre a for8a é o que importa. *em sempre as decis)es

tomadas com base na for8a s%o as mais sbias. Zs ve$es precisamos de

calma e introspec8%o para sabermos o que é melhor fa$er. L pensou nissoH# 5or isso o senhor vive quieto pelos cantosH

# *esse sentido sim, é interessante educar a sua mente. & que aos

olhos comuns pode parecer Westar quieto num cantoX pode envolver muito

mais a8%o do que se pensa. A ora8%o, a cone-%o com os espíritos protetores

da tribo, tudo isso é feito em sil"ncio. E nessas horas as melhores decis)es

s%o tomadas. 5odemos ter vis)es simblicas, e s com bastante calma ediscernimento poderemos interpret#las. &s bons espíritos nunca fa$em as

nossas tarefas, eles apenas nos ajudam a entend"#las. !as a a8%o cabe a

ns, e a a8%o correta pode ser muito mais sutil do que se pensa.

Depois que voltaram ao corpo, NioJa continuou da mesma forma,

com a mesma mentalidade. 5ara o -am% IeroJe era triste assistir isso, mas

ele sabia que n%o poderia ser diferente. *%o se pode e-igir de uma crian8a a

maturidade de um adulto.

& -am% viveu mais um ano, e deu uma série de aulas como aquela

para NioJa antes de fa$er a :rande viagem. Ela pouco ouviu, mas muito

teria que entender para poder ser >til. 4eu período de lideran8a n%o seria

pacífico como fora o de IeroJe.

1(



Capítulo 20Prisioneiro da tribo

Sma grande guerra come8ou. Era uma tribo do norte, que queria

tomar aquelas terras. ?odos se desesperaram pois n%o sabiam guerrear,

sequer tinham armas. Aquilo nunca fora necessrio.

Zquela altura, NioJa era a -am% responsvel. Depois que IeroJe

morreu, ela teve acesso =s plantas de poder, que seu mestre nunca tinha

dei-ado que ela consumisse. NioJa passou a fa$er uso indiscriminado dasubstPncia, viciou#se nela. & uso certo seria o ritualístico, apenas com

finalidade de cura. !as ela passou a consumir a substPncia tr"s, quatro

ve$es por dia.

*ormalmente ela fa$ia aquilo escondido, mas com a guerra passou a

ficar notrio que ela n%o estava bem. De qualquer forma, todos ainda

confiavam nela, e foram consult#la para que fosse tomada a decis%o de

como reagir aos ataques.

NioJa foi incisiva

# 5recisamos matar todos. < a >nica forma de resolver a situa8%o.

5eguem flechas e armas e escalpelem todos. Mncluindo mulheres e crian8as.

*%o dei-em sobrar nenhum.

&s líderes estranharam a orienta8%o, mas acreditaram nela. Acharam

que os Deuses deveriam aprovar aquela matan8a por defesa, j que sua

porta#vo$ assim estava di$endo.

E foi o que aconteceu. &s inimigos foram di$imados. *aturalmente,

pouco tempo depois outro inimigo veio. E outro, e mais outro. 7omo n%o

eram bons guerreiros e nem treinados, um dia, quando por fim outra tribo

mais forte chegou, toda a tribo de NioJa pereceu.

1(



!as pode aguardar como faremos o atendimento amanh%, provavelmente

ele ter outra crise.

# Oom saber, pelo menos j sei do que se trata. E se é um grupo

grande assim, a crise deve ser bem violenta.

# Mnfeli$mente, querida. Gualquer ajuda que precisar nos avise posso

mandar membros da equipe para te ajudar.

# &brigada. 7omo tem a equipe de enfermagem, acho que eles d%o

conta. *ossa, levei o maior susto quando dona Lulieta apareceu aqui. 5ensei

que ia come8ar tudo de novo/

# Ela veio porque foi a tarefa de NioJa obsedi#la. As tr"s vidasest%o trabalhando juntas para sabotar o tratamento.

# Oem imaginei... A senhora tinha que ver como dona Lulieta saiu

daqui bufando/ !as se eu ainda tinha alguma d>vida de que o atendimento

estava funcionando, perdi ali nunca tinha visto Felipe se posicionar t%o

bem com a família/

# 7laro que est longe de ser o ideal, mas creio que ele tomou amelhor decis%o no momento. Ainda ser um longo caminho reconstruir

todo o estrago que o lcool causou na vida dele, e infeli$mente os pais n%o

seriam boa companhia agora, porque n%o compreendem o processo e em

muitos aspectos s%o profundamente mais imaturos que Felipe.

# < verdade...

# !as fique tranquila, minha filha. Aos poucos tudo se ajeitar.

# :ra8as a Deus. ?enho re$ado muito.

# < o que de melhor voc" pode fa$er no momento. Acredito que a

crise n%o permitir que voc" acompanhe o atendimento, mas !ariana j

disse que vir para c depois. 7omo j sei da situa8%o, nem se preocupe em

nos ligar, cuide apenas de acalm#lo. *esse momento, ele estar prisioneiro

de muitas tribos.

1('



Capítulo 21E&uipe em a,/o

# *%o v%o me soltar nuncaH Eu quero arrancar essas cordas/ &s

bichos est%o me comendo/ !e larga, vai embora/ Eu n%o fi$ nada, eu quero

meu ch/

*em 7arla p6de impedir a a8%o obsessiva sobre NioJa quando

chegou a ve$ dela de ser atendida. Ela foi levada = for8a por seus

perseguidores.# Mh, j vi que l se vai mais uma. Guando dona Eullia vier com

aquele papo mole, ela vai cair que nem patinho. !elhor eu me preparar

para minha atua8%o nos pr-imos dias.

RRR

*o dia seguinte, como esperado, Felipe amanheceu gritando. & teor

era mais ou menos o mesmo de NioJa.

;ídia, que j esperava por aquilo tudo, apenas pediu aos enfermeiros

que dessem um sedativo para Felipe assim que conseguissem. E ficou

re$ando. 7omo daquela ve$ foi rpido e ele logo dormiu, ela aproveitou e

correu para o centro.

7hegando l, !ariana e dona Eullia j estavam recolhidas para

come8ar a conversa com a -am%.

# Ai, que bom, deu tempo de chegar/ Ele j est sedado.

# 4eja bem vinda, ;ídia, venha orar conosco. Fa8a a 5rece de 7ritas.

4orrindo e com muita fé, ;ídia come8ou

# WDeus, que sois todo poder e bondade...X

1(3



# @oc" apenas deu aquela orienta8%o porque nem tinha mais ci"ncia

de quem era direito. @amos retomar todo o conhecimento que voc"

adquiriu no seu treinamento. @ sentindo, com essa lu$ amarela, sua mente

retomar todas as informa8)es.

# Eu n%o me arrependo do caminho que segui/

# &lhe no fundo do seu cora8%o, NioJa. @eja se isso é mesmo

verdade. ;embre#se de como era sua vida antes de seguir o caminho negro,

como voc" era feli$. @oc" apenas se dei-ou levar pela curiosidade, pelo

fenom"nico.

# E daíH# Estamos agora trabalhando para desfa$er todos os prejuí$os que

voc" causou, e a sua colabora8%o é fundamental. @oc" entende que ao

continuar nessa frequ"ncia mental apenas colher mais sofrimentoH @ou

agora te levar até o futuro, caso voc" continue no mesmo caminho que est

agora. @eja como ser.

# *%o quero ficar nesse lugar escuro e horrível/# Ent%o volte em 1...0...... Entende o que estou tentando te mostrarH

# Entendo, mas n%o aceito/

# Ent%o vamos tra$er aqui seu mestre. &lhe nos olhos dele, sinta sua

energia. ;embre#se dos seus estudos, do seu caminho inicial como -am%.

Ele quer te dar um abra8o/

A energia na sala transformou#se por completo. ;ídia logo come8ou

a chorar. Era uma energia t%o forte que era quase possível sentir o cheiro da

mata, da cachoeira, dos prados, dos animais. A !%e *ature$a estava ali,

envolvendo a todos, para que aquele problema milenar pudesse ser

resolvido.

;ogo NioJa também estava aos prantos.

1(2



Capítulo 22 6ero7e

# *%o, n%o posso encar#lo...

# IeroJe est conosco para cuidar de voc", assim como j fe$ antes.

# 4into vergonha, embora ele diga que n%o preciso sentir. Ele confiou

em mim, e eu me tornei uma viciada...

# & que ele est te di$endoH

# Est me mostrando de novo o b>falo branco e o b>falo negro.# Entende agora o que ele queria di$erH

# 4im... Ele di$ que eu preciso ajudar Felipe a retomar o caminho

branco. Ele j escolheu esse caminho. & que fa$ com que reincida é apenas

o vício, com o qual eu colaboro. Ele insiste que essa é uma grande

oportunidade de rever meus erros e pedir perd%o a todos que fi$ mal.

# De fato. & que acha de seguir a recomenda8%o deleH

# Eu n%o sei... Devo obedi"ncia a 7arla.

# Esse é o nome da personalidade líder, n%o éH

# 4im, ela é a líder e 5eter ainda est l assessorando. !as n%o sei,

n%o é s por ela. Eu sinto muita falta de tomar meu ch, n%o sei se

conseguirei viver sem ele. Ele me dava pa$ e alegria. Eu ia para um mundo

feli$, sem problemas...

# 4e é desse tipo de mundo que voc" quer fa$er parte, basta evoluir,

ajudar Felipe – que é seu representante – na sua caminhada evolutiva. &

mundo que vivemos est longe de ser perfeito, mas voc" pode au-iliar

Felipe a transform#lo, a tra$er pa$ para si mesmo e para as pessoas com

quem ele convive.@ou mandar bastante lu$ rosa para seu cora8%o agora,

para que voc" entenda melhor.

11(



NioJa foi sendo envolvida por todo aquele carinho, e finalmente se

arrependeu. 7ome8ou a chorar, chorar, como se n%o conseguisse mais

parar. & pedido de perd%o foi natural a partir daquele momento, ela n%o

poderia fa$er mais nada além disso.

# Eles me olham com tanta raiva... *%o vai adiantar pedir perd%o, n%o

vou conseguir/

# 5ois observe a rea8%o deles. 4eu mestre est te ajudando. &lhe

como eles reagem ao ver IeroJe/

# Eles s aceitam por causa de IeroJe.

# *%o, n%o é s por causa dele. Eles agora percebem que voc"realmente mudou e quer mudar cada ve$ mais.

# Eles est%o vindo me abra8ar/ !as eu n%o mere8o/

# < claro que merece. ?odos ns merecemos alegrias quando

encontramos o caminho do Oem, mesmo que isso aconte8a tardiamente...

*esse momento vou usar com voc" a técnica da 5neumiatria voc" entrar

em contato com seu Eu 4uperior, com a esfera crística dentro de voc". @conectando com tudo de belo e bom, com o patrim6nio espiritual de seu

espírito, em 1...0............'...3...

# Gue pa$ maravilhosa/ *%o quero mais sair desse estado/ Eu posso

ir com IeroJeH

# @eja quem est chegando para te buscar.

# Sm b>falo branco/ Ele quer que eu monte nele/

# Ent%o v em pa$, querida.

NioJa seguiu em pa$ rumo a um t>nel de lu$, envolta na

tranquilidade da miss%o cumprida. 4eguindo#a, toda uma multid%o foi

cantando can8)es indígenas, comemorando a liberdade e a uni%o de seu

povo.

RRR

111



As tr"s se emocionaram com a cena, que foi belíssima.

# Dona Eullia, ent%o no caso dela o grande problema era ter usado

mal o conhecimentoH – perguntou ;ídia.

# 4im. 5or conta da situa8%o, NioJa usou indiscriminadamente as

plantas de poder, que t"m um carter t-ico se forem consumidas nessas

condi8)es. !uitos trabalhos belíssimos s%o feitos com plantas de poder,

mas os iniciados sabem que devem fa$er uso apenas em rituais, e mesmo

assim com parcim6nia. & que importa n%o é o fen6meno físico do

desdobramento, mas a utilidade desse desdobramento – e no caso, o uso para cura.

# Ent%o ele vai ter mais facilidade agora em parar de beberH

# 4im. Ainda temos 7arla e 5eter pela frente, e n%o sei qual a

situa8%o deles. !as deve ser crítica. 5orém, no que se refere a NioJa, j

ser de grande ajuda para Felipe a reden8%o dela, pois todo esse grupo que

a acompanhava foi encaminhado. Guando eu ia visitar Felipe na clínica,sempre via um índio muito iluminado de guarda na porta do quarto. 4empre

achei que fosse da equipe espiritual da clínica. !as n%o, era IeroJe.

# Ele tinha uma energia t%o pura, diferente... – comentou !ariana.

*unca tinha sentido algo assim.

# A energia dele é atlante. &s mestres atlantes migraram para vrias

regi)es depois que a AtlPntida afundou, e a América do *orte foi um

desses lugares.

# E ainda tem gente que acha que índio é primitivo... – riu ;ídia.

# Ah, sem d>vida de primitivos eles n%o t"m nada/ – afirmou dona

Eullia – 5rimitivos somos ns, que destruímos a nature$a mesmo com

todo o conhecimento que temos disponível. 4e cada um fi$esse sua parte, o

cenrio mundial poderia ser bem diferente.

# @amos orar pelo 5lanetaH – pediu ;ídia.

110



necessrio pelo mínimo de tempo possível. E nisso te ajudarei com todo

pra$er.

# &brigada, 4érgio. @oc" tem ra$%o, tenho de me controlar. @amos

ent%o festejar por Felipe/

&s mentores deram os bra8os e foram até a clínica, assistir ao

encontro romPntico de Felipe e ;ídia. A cada dia crescia a esperan8a do

casal de ver aquele inferno terminar.

# Ai, meu amor, ser que é verdadeH !e belisca/

# < sim, minha princesa. 5rometo que vou ser o melhor fotgrafo do

mundo e te fa$er super feli$, ter muitos filhos com voc". Em breve eu saiodaqui/

11



Capítulo 23.o)ia a5uda

Depois do atendimento de NioJa, !ariana tirou um dia de folga para

descansar. Embora aparentemente estivesse tudo bem, ela sentia uma

vibra8%o pesada, terrível, que a dei-ava meio prostrada. 7omo naquele dia

ela n%o tinha nenhuma aula, resolveu se dar folga – claro, na companhia de

sua fiel escudeira 7i8a.

# &i, querida/ *ossa, que lindo esse restaurante, eu n%o conhecia/# < novo, abriu semana passada. !ari, que cara de sono é essaH

# Ai, amiga, eu nem estou cansada, mas foi por isso que resolvi tirar

um dia pra mim. 4abe como é, essa coisa de clínica e centro direto acaba

com a gente.

# 5ois fe$ muito bem. E vou te levar daqui direto pro sal%o/

# *%o esperava nada diferente. risosC

As duas ficaram escolhendo seus pratos. *otando a e-press%o e o

sil"ncio da amiga, que 7i8a tanto conhecia, ela foi bem enftica

# !ari, chega desse papo de ser a santa salvadora dos pobres e

oprimidos. Guem n%o te conhece direito n%o percebe, mas a mim voc" n%o

engana. @oc" est se desgastando demais com isso. &lha, trabalho

medi>nico é importante, mas a gente tem de saber administrar as coisas,

n%o pode ser o centro da nossa vida desse jeito/ Guanto tempo fa$ que voc"

n%o brinca com os meninosH

# @oc" tem toda a ra$%o, 7i8a. 5or isso mesmo me dei esse tempo.

# 7laro, também n%o estou te di$endo para n%o se dedicar ao caso.

Acho lindo o trabalho que voc" vem fa$endo. !as, ainda mais agora que t

no final, voc" precisa se cuidar muito. &s obsessores devem estar de olho

em voc", amiga/

11



em menos de cinco minutos. 5or sorte, naquele dia ela estava com uma

lingerie muito provocante.

7arla fe$ com que ela ligasse no celular de !ariana, aproveitando

que ela estava de carro e so$inha, passando perto do escritrio.

# !ariana, aqui é 7laudia, tudo bomH 7arlos pediu para voc" passar

aqui com urg"ncia, voc" pode virH

# ?udo bem, estarei aí em minutos.

7arla, incorporada em 7laudia, ficou s de lingerie, deitada em cima

de 7arlos. E foi essa cena que !ariana assistiu quando chegou ao

escritrio. 4 n%o se sabia quem estava mais grogue 7arlos ou 7laudia,depois que 7arla saiu de seu corpo.

!ariana ficou em estado de choque. *%o falou nada, simplesmente

deu meia volta e foi para um parque pensar, chorando convulsivamente.

RRR

# Dona Eullia, por favor, acuda/

# &l, 4ofia. & que houveH

# Sma situa8%o beeem complicada, vou precisar muito da senhora/

Depois de coloc#la a par de tudo, ambas ficaram pensando no que

fa$er.

# +ealmente, 7arla foi rpida e esperta. @ai ser difícil convencer

!ariana que n%o aconteceu nada.

# *em diga/ :ra8as a Deus que n%o é toda vida passada que tem

conhecimento para incorporar em outras pessoas, sen%o a situa8%o do

mundo ia ser catica/

# 5ois é por isso que ela j est mesmo ficando catica. Sm n>mero

maior de pessoas n%o est cuidando da prpria espiritualidade e est

11B



ficando aberta a ataques, como foi o caso de 7laudia. Oom, mas vamos

primeiro resolver o problema. &nde !ariana estH

# Em um parque aqui perto, eu acompanho a senhora.

7hegando l, n%o foi difícil encontrar !ariana, em uma crise

emocional profunda.

#Ai, dona Eullia, gra8as a Deus/ 7omo a senhora me encontrou

aquiH

4ofia aproveitou que j era possível e se fe$ visível para !ariana.

# Ela me trou-e. – disse dona Eullia, sorrindo. – @amos precisar da

sua fé e da sua maturidade agora. 7arlos n%o fe$ nada foi tudo um plano de7arla, a vida passada mais forte de Felipe.

RRR

# 7omo assimH Sma vida passada pode incorporar em outra pessoa

tambémH – !ariana estava espantada com a ideia.# 4e ela tiver conhecimento para isso, sim. < menos comum que

aconte8a, porque a vida passada precisa estar dissociada propositalmente,

ou seja, tem que saber que é uma vida passada e estar contra a proposta da

vida atual. Além disso, precisa saber como funciona o trPmite de

incorpora8%o entre encarnados, o que requer conhecimentos de magia ou

psicologia que nem todas as vidas passadas conhecem. < mais comum que

ocorra uma influencia8%o ou sintonia. – finali$ou Dona Eullia.

# E o encarnado alvoH

# < o terceiro fator, querida. – e-plicou 4ofia. – 5ara isso acontecer, é

necessrio um encarnado que seja médium e n%o cuide de sua

espiritualidade, ou que seja um médium invigilante.

# Ent%o nada disso foi culpa de 7arlos ou de 7laudiaH

112



# A >nica culpa que 7laudia tem é ser apai-onada por 7arlos. A

>nica culpa que 7arlos tem é saber disso e n%o ter demitido 7laudia.

!eninas, voc"s podem cuidar disso sem mimH Estou sendo chamada.

# ?udo bem, 4ofia. Dona Eullia cuida de mim, eu vou ficar bem.

Até mais/

4ofia partiu para outra miss%o, enquanto dona Eullia continuava

suas e-plica8)es a !ariana.

# 7arlos j sabia da pai-%o secreta de 7laudia, ele havia comentado

esse assunto comigo. Estava em conflito, pois achava injusto demitir a

mo8a apenas por causa disso. Ela é uma tima profissional.# !as e agoraH Ela vai acordar l de lingerie, e ele vai acordar com

ela em cima deleH

# Acredito que 4ofia foi cuidar e-atamente disso. @oc" e 7arlos

precisam agora conversar sobre o que acham melhor fa$er no caso. !as

lembre#se ele n%o fe$ absolutamente nada, apenas tomou café e dormiu.

# @ou tentar... A cena foi muito impactante para mim.# & ideal é conversar abertamente sobre isso com ele. Ele nem tem

ideia do que aconteceu. ;embre#se do dia em que voc" bebeu todas e

apagou foi culpa suaH

!ariana corou, entendendo e-atamente o que dona Eullia queria

di$er Atire a primeira pedra quem nunca errou.

# ? bom, j entendi... risosC

# 5recisamos ser maduras nessas horas. 4en%o, as trevas conseguem

e-atamente o que querem. ?emos de manter o nosso foco, pois antes de

7arla ainda teremos que nos entender com 5eter. @, minha filha, tenho

certe$a que voc" conseguir resolver toda essa confus%o baseada no amor

que une voc"s dois.

10(



Capítulo 2mor 6 8dio

7om essa situa8%o nada agradvel para lidar, !ariana voltou para

casa. Fabrício e !urilo correram para abra8#la. +ealmente, brincar com

eles seria timo para aliviar a tens%o.

# &i, meus amores/ Do que voc"s est%o brincando hojeH

# De pega#pega/ ? com voc", mam%e/

E come8ou a correria pela casa, cheia de risadas e gritinhos. !arianarealmente se empolgava nesses momentos, parecia t%o crian8a quanto os

filhos.

Depois de meia hora de muita correria, ela caiu sentada no sof.

# Sfa/ Desse jeito nem preciso ir fa$er academia/

&s dois sentaram junto dela para assistir ?@.

# !am%e, t sendo difícil aguentar a 7arla e o 5eter, néH – perguntou

!urilo.

!ariana nem se espantava mais, o menino era médium e pronto.

# 4im, filho. !as vai ficar tudo bem, daqui a pouco dona Eullia

ganha deles.

# Eu re$o por eles toda noite, sabeH L falei pro Fabrício re$ar

também, mas =s ve$es ele dorme primeiro e eu tenho que cutucar, sen%o ele

dorme sem re$ar e vai para lugar ruim.

# Fa$ muito bem, meu filho. +e$ar é fundamental.

!ariana ficou pensando que, realmente, era muito aben8oada por ter

filhos t%o especiais. W*%o posso me dei-ar abalar. 4eja qual for o problema

de 7arla, é com amor que vamos resolverX.

RRR

101



que ganhava ia para esse fim. Afinal, bebendo ele esquecia um pouco todo

aquele triste destino, e também tinha nutrientes para continuar o dia como

se tivesse comido algo. 7om o tempo, o corpo foi ficando debilitado por

causa do alto consumo de lcool, o que levou = sua morte prematura.

Até morrer, 5eter acreditava que o acidente tivesse sido acidente

mesmo, algum raio ou catstrofe natural. Guando descobriu a situa8%o real,

odiou :icomo profundamente. Ficou muito tempo perseguindo seu algo$,

causando uma série de problemas na vida dele.

Guando chegou a ve$ de Felipe reencarnar, e 5eter soube que

:icomo seria Dimas, tentou se opor e convencer os 4enhores do Narmaque n%o aguentaria voltar como filho de quem mais odiava.

# 5eter, Felipe te ensinar a amar :icomo. 7omo pai, eles ter%o um

vínculo forte, aprender%o a conviver com suas diferen8as e a crescerem

juntos.

# !as e quando chegar a hora de Felipe trabalharH 7omo vai serH

Dimas vai disputar com ele de novo/# 9aver sim essa quest%o. !as eles ter%o de lidar com isso e

resolver essa pend"ncia. E voc", junto com Felipe, ir parar de consumir o

lcool, que te escravi$a desde aquela época.

E assim foi. 5or isso 5eter tinha todo o pra$er em obsediar Dimas

atualmente, e mais pra$er ainda em beber através de Felipe. 4eus

pensamentos dirios eram W5or mim, n%o haver pa$. 7omo posso perdoar

:icomo por tudo que ele me fe$HX

RRR

Enquanto 5eter rememorava tudo aquilo, dona Eullia era informada

da situa8%o.

10



Capítulo 2"Carla e sua ambi,/o

7arlos chegou em casa. !ariana respirou fundo... Aquela conversa

era e-tremamente necessria, e ela n%o sabia nem por onde come8ar.

# Ooa noite, meu amor. Foi tudo bem no escritrioH

# Foi sim, querida. 4 me deu um sono estranho, n%o sei o que foi.

Acho que até dormi um tempo, n%o lembro. Deve ser cansa8o.

!ariana suspirou fundo.# 4 para saber se voc" lembrava.

7onforme ela contou tudo que aconteceu, incluindo a conversa com

4ofia e dona Eullia, a primeira rea8%o de 7arlos foi abra8#la e ench"#la

de beijos. !al podia acreditar que tinha feito sua amada passar por uma

situa8%o t%o terrível.

# !ari, voc" é maravilhosa. Eu teria um tro8o se visse uma cena

dessas.

# Ai, 7arlos, foi difícil. !as nem d mais ideia pra 7arla n%o, sen%o

ela arruma algum bonit%o pra me agarrar também. & que vamos fa$er em

rela8%o = 7laudiaH

# Eu n%o sei. Ela também n%o lembra de nada.

# Eu n%o quero ser injusta, mas tenho medo dessa brecha. Além

disso, ser que é saudvel para elaH *%o impede que ela conhe8a outra

pessoa e te esque8aH

# @ou fa$er o seguinte contatar com amigos meus e ver quem est

precisando de secretria. Guando conseguir, combino com o amigo de dar

uma aumentada no salrio, e eu mensalmente completo essa diferen8a.

Assim, tudo pode ser apresentado para ela como uma proposta de emprego

melhor. & que achaH

10'



# Fantstico/ !as o dinheiro n%o vai fa$er faltaH

# 5osso combinar com quem a contratar que eu complemente por

algum tempo e depois ele assume. E assim n%o me sinto sendo injusto com

ela, afinal, 7laudia n%o tem culpa de nada.

# ? resolvido ent%o. Sfa/

# !uito esperta essa 7arla, voc"s ter%o trabalho com ela.

RRR

7arla estava furiosa.# 4e nem assim eles brigaram, n%o tenho nem chance ali. & jeito vai

ser investir nos pais da criatura. 5eter, como anda a coisa por lH

# Acabei de chegar, chefe. 5or l creio que conseguiremos alguma

coisa. Dimas est furioso com a desfeita do filho. *a verdade, ele vibra t%o

negativo que nem me d trabalho. < s direcionar.

# Ent%o vamos ter que trabalhar os dois. @oc" cuida de Dimas, e eu,de Lulieta. @amos ter que ser discretos e bolar um bom plano, pois estamos

lidando com trabalhadores atentos. *unca imaginei que !ariana resolveria

a crise t%o rpido.

# E Felipe, tem ido lH

# &bservo de longe, 5eter. Aquela clínica tem a seguran8a muito

refor8ada. A pior parte tem sido relocar o meu e-ército estamos tendo que

procurar outros alcolatras para vampiri$ar. E, como voc" sabe, isso n%o é

muito simples.

#Apesar de ter tantos por aí, cada um deles j tem dono.

Mmpressionante. @oc" est tendo que fa$er muitos acordos com os chefes

das trevasH

103



# !uitos mais do que eu gostaria. – respondeu 7arla. – !as a

situa8%o em que estamos acaba me dei-ando sem op8%o. 4e continuar

assim, meus comandados v%o debandar de ve$, sentindo minha fraque$a.

7arla n%o tencionava desistir, mas estava sendo obrigada a fa$er

acordos cada ve$ mais desvantajosos. Estava fa$endo seu pessoal transferir

toda a vampiri$a8%o para Edgar, o mendigo amigo de Felipe no tempo das

ruas.

& pobre homem estava completamente debilitado. Ao contrrio de

Felipe, ele n%o tinha ninguém para voltar caso se recuperasse. ?oda a

família tinha morrido e Felipe era seu >nico amigo. Até queria parar de beber, mas n%o tinha a quem recorrer e se afundava cada ve$ mais.

# 7arla, que tipo de acordo voc" est tendo que fa$erH Estou

preocupado, afinal, isso me envolve.

# Eu também n%o estou gostando, mas n%o posso voltar atrs. Eu tive

que aceitar participar de um grupo de chefes que se re>nem para

desenvolver novas tecnologias para obsediar alcolicos.# E por que isso é t%o ruimH

# 5orque o meu interesse é bem focado. Eu quero energia e me

manter no submundo. !as tive de ceder, porque se dei-asse tudo continuar

acontecendo dessa forma, com todo o contingente que perdi, ns

acabaríamos sendo dominados também. A grande quest%o é que, nessas

reuni)es vou me e-por a magos muito avan8ados e de certa forma ficar

conectada ao trabalho deles. 7om isso o nosso comprometimento com o

lado negro ir aumentar. 4em d>vida Felipe vai piorar muito l na clínica,

mas isso é o de menos.

# E o que é a parte de maisH

# *s iremos come8ar a desenvolver feridas e buracos no corpo, por

causa da energia degradante com que iremos lidar.

# E isso te incomoda tanto assimH

10B



# 7laro, sou mulher, tenho a minha vaidade. Eles j est%o em um grau

t%o elevado de maldade que sequer se importam, nem se olham mais no

espelho.

# Gue efeito isso vai ter na gente, além dos buracos no corpoH

# *a gente nenhum, mas em Felipe vai ocorrer uma prostra8%o

completa, apatia, desespero, desPnimo, ou até coisa pior. ?oda a energia

dele ser sugada pelos magos mais elevados, através de ns dois.

RRR

4érgio estava monitorando tudo de longe, preocupadíssimo.

# 5recisamos agili$ar o atendimento dos dois. Desse jeito a situa8%o

de Felipe vai se agravar muito. !as tenho que respeitar os horrios do

centro, n%o posso simplesmente mandar passar Felipe na frente da fila.

# Gue coisa triste, 4érgio – lamentou 4ofia. !as... Mh, voc" viu essa

anota8%o aqui na ficha Qrmica deleH# *%o, fa$ tempo que n%o releio...

# Aqui t e-plicando que ele precisa passar por isso em decorr"ncia

de toda a atua8%o de 7arla e também, ao mesmo tempo para que seja

possível trat#la. @oc" consegue entender por queH

# 4im. Ela é vaidosa, e n%o vai gostar de ver o corpo se desfa$er. Esse

ser o ponto fraco através do qual dona Eullia dever lidar com ela.

@amos l agora inform#la. Msso também pode interferir muito sobre

!ariana.

E l foram os dois mentores. Estava sendo muito proveitoso trabalhar

em dupla, eles acabavam se fortalecendo. Especialmente gra8as =

colabora8%o da equipe terrena/

102



Capítulo 2$9ogo de interesses

7arla chegou = reuni%o temerosa. 4abia que n%o podia demonstrar

fraque$a, mas sinceramente nem queria estar ali. 4eu objetivo era apenas

continuar no jogo, e aquele era um territrio muito perigoso.

Era um grupo bem seleto de magos, apenas tre$e. Ela era a décima

quarta.

# Estamos aqui reunidos para discutir formas novas e maisabrangentes de ampliarmos nossa atua8%o sobre os dependentes de lcool.

7omo 7arla é nova entre ns, cada um ir di$er qual a sua fun8%o. @oc"

ainda n%o tem autori$a8%o para saber nossos nomes ou detalhes mais

específicos do projeto. Mnclusive, s est aqui porque fe$ um bom trabalho.

!as, como deve saber, somos todos rivais e inimigos, embora possamos

trocar favores quando nos interessa.

# 4ou o n>mero um. !eu trabalho é distribuir entre todos os chefes a

locali$a8%o geogrfica dos dependentes, em nível mundial. ?enho uma

equipe bem ampla trabalhando comigo em todos os lugares do globo

terrestre, porém cuido mais especificamente do Orasil.

# Eu, o n>mero dois, cuido do ataque sistemati$ado a todos os

profissionais que cuidam de alcolicos, junto com o n>mero tr"s. Eu cuido

dos trabalhadores de clínicas. & n>mero tr"s cuida dos políticos e

responsveis por políticas p>blicas. *osso trabalho é disseminar discrdia e

impedir que os projetos d"em certo.

# *o meu caso – era o n>mero quatro falando – o objetivo é atacar

familiares de alcolicos, para que desistam e abandonem seus amados.

7arla engoliu em seco, entendendo melhor aonde havia se metido.

!as agora tinha de ir até o fim.

1(



# Msso é o que voc" tem direito de saber até agora, 7arla. Agimos

muito discretamente, para que os filhos do 7ordeiro n%o nos alcancem.

4abemos que voc" ser alvo deles em breve, ent%o n%o revelaremos mais

nada. EntendidoH

# 4im...

# @oc" s est aqui porque queremos te designar uma tarefa. !as

antes, ter que resistir ao assédio do bem. 4e passar nessa fase, ser

iniciada entre ns. 7aso seja fraca, seguir com eles e ser dominada por

regras e comportamentos bobos que eles pregam. +euni%o encerrada.

# 5osso tirar uma d>vidaH# Apenas uma e seja breve, somos muito ocupados.

# & que acontecer comigo se eu falharH

&s tre$e se entreolharam.

# @oc" estar entregue = prpria sorte. *%o iremos interferir nem

dei-ar que as suas escolhas pessoais interfiram em nosso trabalho. Eullia e

!ariana s possuem autori$a8%o para agir sobre voc", por causa do pedidode Felipe. Ela precisaria de milhares de pedidos para chegar até ns.

7arla saiu da sala, enquanto todos voltavam ao trabalho. 5ela

primeira ve$, pensou se aquilo tudo valeria a pena.

RRR

Enquanto isso, 4érgio tinha ido e-plicar a situa8%o a dona Eullia,

que estava ouvindo atentamente a histria de 5eter, com o objetivo de se

preparar para o atendimento que ocorreria em breve.

# 4érgio, voc" acha que vale a pena tentar contato com DimasH

# A senhora pode até tentar. !as ele é uma pessoa muito difícil, e

infeli$mente n%o lhe dar ouvidos.

11



# Fico muito preocupada com o fato de atualmente ele ser a brecha de

Felipe.

# *s também, mas a situa8%o j é delicada o suficiente para nos

desgastarmos ainda mais. Essa reuni%o de 7arla hoje é t%o preocupante que

ela mesma ficou incomodada. Ela lidou com gente muito poderosa, e Felipe

em breve vai come8ar a sentir o impacto, talve$ agora mesmo.

RRR

# F", vamos ver aquele filme que voc" gostaH @ai come8ar agora/# @amos sim, ;ili.

Guando Felipe ia se levantar da cama, caiu feito pedra no ch%o,

desmaiado.

# Felipe/ Acudam, ele desmaiou/

As enfermeiras logo vieram socorrer ;ídia. E o mais temido por

todos aconteceu.# Al6, !arianaH < ;ídia. 5elo amor de Deus, voc" pode vir para c

com dona EulliaH

# 7laro, querida. & que foiH

# Felipe entrou em coma.

RRR

;ídia estava inconsolvel.

# Dona Eullia, ainda n%o entendi direito por que 7arla foi inventar

de ir nessa reuni%oH – perguntou !ariana.

# Ela est tentando conseguir aliados para n%o perder seu poder nas

trevas. !as acabou nos ajudando indiretamente, pois ela mesma se

10



arrependeu de ter ido = tal reuni%o, depois de ver que s seria usada e n%o

teria apoio nenhum.

# 7omo assim ajudou a genteH E por que Felipe n%o volta do comaH –

desesperou#se ;ídia.

# Fique calma, minha filha. Eu sei que est sendo muito difícil para

voc". !as se n%o for a hora dele, ele vai voltar. :ra8as a Deus trabalhamos

amanh% e poderemos intervir.

# Eu estou com um tremendo medo de perder o Felipe... Demorei

tanto para ach#lo, e agora que a gente estava bem e feli$...

# 7alma, ;ídia. 4e Deus quiser vai dar tudo certo. !e d um abra8o,vem c.

;ídia abra8ou !ariana e chorou por horas, colocando o desespero

para fora.

Depois que ;ídia se acalmou, as tr"s se uniram em ora8%o, re$ando

para doar ectoplasma a 4érgio.

# 5or que 4érgio e 4ofia n%o nos falam nadaH# Eles devem estar ocupadíssimos resolvendo a crise. !as vir%o na

hora certa.

De fato, 4érgio e 4ofia tiveram muito trabalho para segurar o

desencarne de Felipe.

# Ai, 4érgio, por essa eu n%o esperava/

# +ealmente, 7arla apelou. !as os superiores me informaram que o

caso é digno de interven8%o, pois ainda n%o est na hora de Felipe. !as ele

n%o est livre do perigo.

4ofia suspirou, assistindo aquela cena desoladora. ;embrou#se de

todas as ve$es que tivera a vida de !ariana em suas m%os.

# Oom, agora n%o é hora de sentimentalismo. 4érgio, qual ser o

pr-imo passoH

1



# !e ampara...

# !e ampara... – repetiu Felipe, chorando.

# !e orienta...

# !e orienta...

# E me encaminha...

# E me encaminha...

# 7omo eles est%o reagindoH

# Eles sumiram... 4into que estou mais forte e que estou sendo

pu-ado para uma lu$ t%o brilhante, sinto tanta calma...

;ídia come8ou a gritar, chorando copiosamente.# *%o, Felipe/ 5or favor/ *%o/ *%o morre/

& telefone tocou. ;ídia gritava mais alto ainda, completamente

desesperada.

!ariana atendeu.

Era a enfermeira, avisando que Felipe tinha acabado de sair do coma.

1



Capítulo 2*Miasmas

# Oom, desse jeito, se ele n%o desencarnar quem vai acabar indo fa$er

companhia para o 4érgio sou eu... – brincou ;ídia, mais calma.

# :ra8as a Deus est tudo bem, querida. 5ode ir l para a clínica ficar

com ele. @amos terminar de limpar as consequ"ncias disso tudo.

!ariana suspirou aliviada.

# *ossa, dona Eullia, até eu fiquei morrendo de medo de ele estardesencarnando. 7oitada da ;ídia...

# 5ara ser sincera, eu também pensei que ele iria desta ve$. Apenas

tentei ser a parte equilibrada da rela8%o. !as sabemos que ele ainda n%o

est fora de perigo, e temos que agir o quanto antes. @oc" aceita fa$ermos

um atendimento intensivo, com intervalo apenas de dois dias, para

cuidarmos dissoH

# 4im, claro. *os encontramos aqui depois de amanh%, ent%oH

# 4im. 5or hoje vamos encerrar apenas doando energia para 4érgio.

!ais do que nunca, ele deve estar precisando.

RRR

Depois que as duas terminaram e !ariana foi embora, dona Eullia

continuou meditando sobre o caso. Dessa ve$ quem veio visit#la foi

Agenor.

# Ooa noite, Eullia. !uito obrigado pela interven8%o. Esse caso é

muito delicado realmente, tenho ajudado 4ofia e 4érgio a resolverem.

Ambos estavam afastados justamente evitando o desencarne de Felipe.

# As liga8)es com os chefes trevosos ser%o desfeitasH

1'



# 4im, nos dois atendimentos que voc" comandar. Eu a intuí a

diminuir o pra$o. 7omo aqui no Astral o tempo passa muito mais rpido do

que na ?erra, um dia de voc"s equivale a pelo menos uma semana aqui.

*%o podemos dar tanto tempo para 7arla e 5eter.

# 5or que é tudo t%o intenso quando o assunto é AlcoolismoH

# Lustamente por essa ampla atua8%o dos magos. 5elo lcool ser

legalmente consumido, fica praticamente impossível para ns, aqui, darmos

conta de recuperar todos os alcolicos. *o caso de Felipe, essa oposi8%o

mais ampla est ocorrendo porque depois de recuperado ele ser muito

atuante nos programas de reabilita8%o. *a verdade, ele ir chefiar esse projeto que voc" e 7arlos fi$eram, ajudando milhares de alcolicos. ;ogo,

as trevas t"m um interesse muito maior em Felipe do que 7arla pensa. Foi

apenas por isso que foi permitida a ida dela = reuni%o.

# Entendi, fa$ sentido. !as fiquei com uma d>vida n%o seria

interessante dei-ar 7arla frequentar essa reuni%o por mais tempo, para

entendermos melhor sobre esse grupo de magosH# *%o é necessrio. *s sabemos tudo sobre os tre$e chefes,

informa8)es que inclusive 7arla n%o teve acesso.

# !as mesmo de posse dessas informa8)es ns ficamos impedidos de

atuar por causa do livre arbítrio dos alcolicos, , n%o éH

# E-atamente. 4 podemos atuar sobre 7arla porque Felipe pediu

ajuda. A ?erra vive muitas guerras mgicas atualmente. Algumas pessoas

t"m mais consci"ncia disso. &utras vivem apenas sentindo os sintomas

disso e sendo joguetes.

# < uma época difícil a que vivemos. – refletiu dona Eullia. – < por

causa da transi8%o planetriaH

# 4im. @oc"s est%o vivendo o auge dela. E, nesse momento, o mais

importante de tudo é que permane8am unidos. *ada vale se desenvolver

espiritualmente e se isolar. < um momento que deve ser compartilhado em

13



grupo. E essa é a parte mais difícil como a vibra8%o é densa, a tend"ncia é

fugir de relacionamentos. Msso se reflete de in>meras formas na sociedade.

*o caso dos alcolicos, a fuga deles é ficarem anestesiados pela bebida.

Assim eles podem ser poupados de todo esse turbilh%o de sentimentos, e

também do chamado = responsabilidade e-istencial que o momento atual

fa$. Msso, aliado ao histrico Qrmico de cada um, fa$ com que seja t%o

difícil abandonar a bebida.

# & lcool é o pior vícioH

# *%o e sim. *%o por e-istirem substPncias mais fortes, sim por ser a

pior substPncia legali$ada. & cigarro é muito nocivo, mas um fumante n%ofica violento nem provoca mortes. 5ode até provocar, a longo pra$o, mas o

efeito do lcool é instantPneo – e muitas ve$es irrevogvel.

# Devo ent%o focar minha aten8%o em 5eterH

# 4im. *ossa principal preocupa8%o no momento é esse dio entre

pai e filho, pois isso desgasta Felipe energeticamente. Dimas tem amor por

ele l no fundo, mas a mgoa dessa vida anterior ainda contamina muito arela8%o dos dois. Guando 5eter e :icomo forem harmoni$ados, ser

possível intervir para que a rela8%o atual de pai e filho melhore.

Dona Eullia assentiu com a cabe8a. Estava na hora de Agenor

continuar cuidando da situa8%o.

# Sm pouco de descanso ser bom agora. Ainda bem que acabou

tudo de forma harm6nica, pelo menos por enquanto. Em breve Felipe estar

recuperado/ – pensou a doce senhora, enquanto contemplava o céu

estrelado.

RRR

&lhando para o mesmo céu em casa, !ariana sorriu.

# & que foi, meu amorH

1B



# < t%o bom se sentir >til e protegida... Agora, mais do que nunca,

tenho certe$a que 4ofia est sempre cuidando de mim.

12



Capítulo 2-.ó alivia um pouco

Felipe ficou muito surpreso e amedrontado com tudo que ;ídia

contou.

# *ossa, ent%o sou mesmo muito frgil. &s caras podem fa$er o que

querem comigo/

# 4 por enquanto, F". Guando voc" terminar o tratamento aqui e

com a Apometria, vai estar mais forte para se defender de tudo isso. Eu seique agora parece horrível, e t sendo mesmo. !as vai passar, e eu vou estar

sempre aqui com voc"/

# E Dona EulliaH Guando elas v%o continuarH

# Amanh%. Ent%o hoje é bom a gente fa$er coisas bem legais, para

manter o astral. 4en%o j viu, a gente afunda junto.

# @em c que quero te dar um beijo...

# 9um, isso é uma coisa muito legal para se fa$er/

E os dois passaram a tarde namorando, apai-onados. !ariana

também tirou um dia de folga para se refa$er. Dona Eullia aproveitou para

ver um filme. !as todos sentiam uma energia muito desagradvel por

perto, como se fosse uma cortina de fuma8a.

Felipe n%o falava, mas todos na clínica percebiam. Ele estava

desesperado por uma dose, faria qualquer coisa para beber. 4eu corpo

parecia gritar, todas as células em uníssono. Ele chegou a pensar em pedir

para ser amarrado na cama, mas decidiu se controlar so$inho.

# ;ili, me conta alguma coisa legal que a gente viveu antes desse

pesadelo todoH

# Eu me lembro de um passeio em !aresias. A gente sentiu as ondas

do mar nos pés, ficamos vendo o por do sol, foi t%o lindo... Era nosso

1(



# L, sim, minha filha. Eu pretendo fa$er isso, meus horrios que

est%o um pouco confusos por causa do trabalho. *a verdade, de forma

silenciosa, eu acabo ajudando as pessoas que atendo em casa, pois os

mentores v%o me sinali$ando como agir em cada caso. < bom, porque

posso ser >til até para quem n%o acredita em espiritualidade. *%o resolve

tudo, apenas alivia – mas j é alguma coisa.

# Eu adoro o trabalho da senhora. 4into uma pa$ em casa com a

senhora aqui.

# 5ara mim é uma alegria também. !as venha tomar uma sopa

refor8ada. & atendimento de amanh% ser bem forte e voc" precisa estardescansada.

10



Capítulo 30%uerer n/o ; poder

# 5ronta, queridaH

# 4im, dona Eullia. !%os = obra/

Luntas, ambas fi$eram a 5rece dos Aprendi$es. W5ai 7eleste,

criador...X & ambiente foi se enchendo de lu$es coloridas, invisíveis aos

olhos comuns, mas visíveis para a dupla. Era hora de cuidar de 5eter.

RRR

# Ooa noite, 5eter.

# *%o quero colaborar. ?enho que terminar minha vingan8a/

# Eu sei, seu problema é com :icomo. +ealmente ele foi bem cruel

com voc".

# Entende por que n%o posso desistirH

# & que entendo é que agora voc" mesmo est se fa$endo mal. @ou te

mostrar nessa tela como poderiam ficar as coisas se voc" perdoasse.

# *%o quero ver...< mentira...

# &lhe bem. @eja Felipe e Dimas se dando bem, feli$es. ;ídia casa

com Felipe, eles t"m um lindo filho. A família fica reunida, alegre. *%o é

bem melhor do que a situa8%o como estH

# E ele vai se livrar assim facilmente de tudo que me fe$H

# Ele j pagou bastante por isso. &lhe nessa tela todas as vidas nas

quais ele precisou arcar com o que te fe$. 5ercebeH

# *%o sabia...

# 5ois é. Ao contrrio do que a gente pensa, Deus sabe o que fa$. *%o

temos alcance para compreender tudo. !as o que lhe cabe agora é perceber

1



# *%o, apenas conte tudo para eles. Eles v%o gostar/

RRR

&uvindo tudo, Felipe e-clamou

# Gueria tanto reatar com meu pai/

# F", no momento a gente precisa cuidar de voc" primeiro. Esse

processo vai ser desgastante, e voc" bem sabe qual a língua que seu pai

entende dinheiro. 4e voc" aparecer ganhando bem e feli$, ele logo vai dar

o bra8o a torcer.# <, eu sei. < triste quando tudo que a gente pode fa$er é esperar, néH

# Felipe, tenho certe$a de que essa espera vai valer a pena. ?enho

certe$a também que seu pai te ama/ – comentou !ariana. – Eu que sou

m%e sei bem quando temos um filho é impossível n%o amarmos. 5odemos

até ter mais afinidade com um ou com outro, mas o amor de m%e e de pai é

o amor mais forte que e-iste. 4ua m%e também deve amolecer o cora8%oquando te vir fora daqui. !as agora temos de ser realistas eles est%o

contaminados com a vis%o do Felipe b"bado. Eu, que n%o acompanhei tanto

essa parte, tenho mais neutralidade para te entender.

# <, e ainda tem a fase dois conseguir ficar sem beber fora daqui.

Sm dia aps o outro.

# @ai e-igir toda a sua for8a de vontade. !as com certe$a voc" est

mais do que pronto para conseguir – sorriu !ariana.

1



# *unca pensei que chegaria a essa situa8%o. @ou ter que montar

alguma estratégia sem possibilidade de falha, j que agora estou so$inha

contra eles. Lamais esperei que 5eter e NioJa fossem t%o fracos/

Andando de um lado para outro, ela foi repassando mentalmente o

que tinha acontecido até ent%o

# ?udo come8ou com a ida de Felipe ao centro. Foram redu$indo

meu e-ército aos poucos, até o corte drstico quando ele foi internado.

*essa época, eu ainda estava plenamente no controle da situa8%o. Aí

7iccilio se entregou, bem mais rpido do que eu pensava, por causa da sua

amada, que hoje é ;ídia. Alis, s a volta dessa garota j foi um inferno para mim, pois Felipe ficou muito mais motivado do que eu gostaria.

Oufando de raiva, ela continuou rememorando

# Depois NioJa se rendeu, gra8as = harmoni$a8%o de todo aquele

bando e da interven8%o de IeroJe. +ealmente, com mago branco pouco h

para se fa$er, especialmente quando e-istem votos de fidelidade. E aí veio

5eter, que desistiu quando fi$eram a harmoni$a8%o conjunta com :icomo. *esse momento ela teve uma ideia bem interessante.

# ?odos eles desistiram por causa de vínculos e-ternos com pessoas

que estavam ligadas = histria e puderam ser acionadas para evocar o

perd%o. 9um, j sei o que tenho que fa$er/ ?enho de evocar um vínculo

e-terno negativo, ao qual eles tenham pouco ou nenhum acesso para

doutrinar/

Ela continuou trabalhando em cima dessa ideia, que julgava ser o

passaporte para fugir daquela situa8%o horrenda.

# < isso/

RRR

4érgio e 4ofia observavam receosos.

13



# Apesar de ele ter melhorado muito, tenho medo dessa investida

final de 7arla. – comentou 4ofia.

# Eu também... !as o que podemos fa$er é fortalecer o lado branco,

que est em maioria. IeroJe continua cuidando dele na clínicaH

# 4im. Dona Eullia e !ariana est%o s esperando nosso sinal para

fa$erem o atendimento final. *%o seria melhor cuidar disso antes de 7arla

come8ar a atuarH

# 4eria, se n%o fosse aquela ressalva na ficha Qrmica de Felipe. Eu

continuei estudando aquela anota8%o, que falava sobre a necessidade de

Felipe passar por isso. *%o estava ligado s = quest%o da vaidade de 7arla,mas também estava se referindo a esse processo que ela vai ativar agora.

Ainda n%o tive acesso para entender integralmente o que acontece mas, seja

o que for, ser acionado com essa interven8%o e-terna que ela far. < como

se fosse preciso trabalhar com isso para a evolu8%o de Felipe e da pessoa

que ser acionada.

# 5or que ser que essa informa8%o n%o est sendo liberada paravoc", 4érgioH

# 5orque a ideia é que eu n%o interfira. Dona Eullia e !ariana j

est%o sendo amplamente beneficiadas nesse atendimento, muito mais que o

normal, e por isso ele est sendo t%o rpido e eficiente. Esse benefício vem

do fato de elas estarem recebendo ajuda de ns dois simultaneamente, j

que foi autori$ada a sua participa8%o. !as e-istem alguns fatores entre os

encarnados sobre os quais nem ns, mentores, podemos intervir.

# 4im, fi$ um curso sobre isso. Fa$ parte da ficha Qrmica de cada um

e do equilíbrio do Sniverso, n%o éH

# 4im. E-iste uma ordem csmica que rege tudo e = qual estamos

subordinados. *s, como mentores, observamos melhor o funcionamento

dessa regra. !as nem ns entendemos completamente seus mecanismos, j

que essa parte cabe a hierarquias superiores a ns.

1B



# <, no curso foi e-plicado que nosso papel é de ponte observar qual

é o flu-o energético do Sniverso para o nosso protegido, e fa$er com que

ele se adapte da melhor forma possível = cronologia das li8)es que ir

vivenciar. 5or e-emplo se é necessrio para a sua evolu8%o que a protegida

engravide, podemos dar uma m%o$inha para que ela se esque8a de se

prevenir – depois, quando o beb" chega, todos ficam feli$es.

# 4im, um bom e-emplo no meu caso era todo o trabalho que eu fa$ia

com Felipe. *%o podia impedi#lo de beber, mas pude ajud#lo a encontrar

dona Eullia, e também proteg"#lo para que n%o fosse assaltado na rua

quando foi morador de lugares absolutamente perigosos.# 5odemos ajudar bastante com intui8)es, por isso é t%o importante

que eles mantenham o hbito da medita8%o e da prece. &s problemas, que

parecem graves e insol>veis para eles, s%o simples aos nossos olhos, pois

ns conseguimos ver a longo pra$o os benefícios daquele momento.

# &u seja, por mais que eles pensem que n%o, eles t"m plena

liberdade. & problema é que n%o sabem us#la. E nosso papel é ajudarnesse sentido.

!editando sobre aquela conversa edificante, 4érgio e 4ofia

continuaram observando seus protegidos. Felipe estava participando de

uma das terapias em grupo da clínica. !ariana estava dando aula para suas

queridas crian8as.

5elo menos por enquanto, tudo estava em pa$. E que pa$ trabalhosa/

# *o final valer a pena, 4ofia. !ariana tem sido maravilhosa, est

sendo digna da miss%o.

# ?enho realmente muito orgulho da minha protegida e amiga. !ari

tem um cora8%o de ouro, sei que ainda ajudar muita gente com sua

mediunidade/

12



# Ele est l dentro. Aparentemente n%o aconteceu nada, mas como

eu conhe8o bem Felipe, percebo que j est aflorando alguma coisa nova.

Desculpa te incomodar, mas como voc" me pediu para ligar assim que

tivesse qualquer novidade, achei melhor.

# 7laro, fe$ bem. & que ele falou de diferenteH

# A gente estava tranquilo no quarto, conversando. Aí ele come8ou a

falar que estava com saudade do tempo que morava nas ruas. Gue por ele

voltaria para l. Gue achava que n%o seria feli$ morando de volta comigo

porque tinha acostumado a viver nas ruas, e l, sim, ele tinha amigos de

verdade. Gue todo esse pessoal de classe alta que a gente convive é falso,n%o serve para nada. Achei aquilo tudo muito estranho.

# +ealmente... 7omo se chama mesmo aquele amigo que ele tinha

nas ruasH

# Ele o chama de velho Ed. & nome mesmo é Edgar.

# @ou investigar com dona Eullia e com os mentores o que est

acontecendo, pode ficar tranquila. Deve ser alguma arma8%o da 7arla n%ofaria nenhum sentido o Felipe estar falando essas coisas.

# Ah, que bom, n%o estou louca... risosC

# *em diga, tem horas que a gente acaba mesmo duvidando da

prpria sanidade quando est metida com assuntos assim. !as fica

tranquila, querida, ns teremos respostas em breve/

RRR

# Dona Eullia, o que a senhora acha que pode serH

# 5elo sil"ncio de 4érgio e 4ofia, suspeito que mais alguém precisa

ser envolvido na histria antes de terminarmos o atendimento de 7arla.

&s mentores adentraram a sala, sorrindo. !ariana também pode v"#

los.

11



# &l, 4érgio/ Gue m-imo, é a primeira ve$ que consigo te ver/

# Oem vinda, querida amiga. 4ua faculdade de clarivid"ncia ir se

desenvolver cada ve$ mais daqui em diante, para que possa sempre atuar

em parceria com dona Eullia.

# Eu estava certa, ent%oH

# 4im, Eullia. Estamos justamente aguardando que o processo

finali$e para que possamos fa$er o >ltimo atendimento. ?udo que pudemos

saber é que a pessoa envolvida ser Edgar.

10



Edgar, ou o velho Ed, j estava acostumado com os olhares de

censura. Ele acabava ficando mal cheiroso por passar muito tempo sem

banho, ent%o, além de olhares de reprova8%o, acabava enfrentando também

e-press)es de asco.

!as o pior é que ele nem se importava. A saudade e a dor pela perda

de seus familiares era tamanha, que o resto era apenas um detalhe.

Foi nessa situa8%o que, anos depois, ele conheceu Felipe. A afinidade

entre os dois foi imediata Edgar passou a trat#lo como se fosse seu filho.

Felipe era inclusive parecido fisicamente com seu falecido filho, de quem

ele tanto sentia falta.Sm dia qualquer, os dois sentaram para conversar

# E aí, EdH L bebeu hojeH

# L. E voc"H

# ?ambém. !as nem sempre fico b"bado.

# *ormal, o corpo vai acostumando. Guando voc" tiver a minha

idade, garoto, vai precisar de doses cavalares para sentir alguma coisa.# Eu espero n%o beber mais quando tiver a sua idade, Ed.

4orrindo, Edgar respondeu

# 7omo Deus é bom, e voc" é muito mais esperto do que eu, com

certe$a até l j vai ter conseguido se livrar desse vício maldito. Eu me

sinto absolutamente ridículo tendo que beber todo dia. Lusto eu, que achava

mandar em tudo e em todos, hoje sou mandado pelo lcool/

# Ah, Ed, s quem é muito trou-a acha que rico n%o se ferra com

birita.

# &lha, garoto, ent%o t cheio de trou-a por aí, que ainda acredita que

o dinheiro compra a felicidade. *s dois sabemos bem que n%o é verdade.

# 5ois é...

# ;arga essa vida, garoto. @olta pra ;ídia. Ela te ama de verdade.

# Oem que eu queria, Ed. Sm dia vou conseguir.

1



RRR

;embrando dessa conversa, Felipe notou uma lgrima nos olhos.

4entia muita falta de seu amigo querido. Era como se j o conhecesse h

tanto tempo/

5elo menos ;ídia estava de volta, embora nem ele acreditasse que

isso fosse possível. 4 isso j era um alento para a sua alma sofrida.

!as foi ali que Felipe entendeu, mesmo que racionalmente n%o

fi$esse muito sentido o velho Ed corria perigo. Ele deveria ser o novo alvode 7arla.

1



Capítulo 3Carla e >io7a

7arla estava dedicando todo o seu tempo e energia para tra8ar um

plano de ataque. ?inha chegado = conclus%o que usar o velho Ed daria

certo, j que a cone-%o emocional dele com Felipe era muito forte. Agora

precisava incentivar Felipe a procur#lo.

NioJa adentrou a sala, para surpresa de 7arla. 4eu olhar era duro e

sério.# & que voc" est fa$endo aquiH

# @im conversar com voc". *%o é possível que voc" v continuar

levando essa insanidade em frente.

# Gue insanidade, NioJaH 5ara mim é insanidade voc" me largar

aqui e seguir com os filhos do 7ordeiro/

# 4er que voc" n%o entende, 7arlaH 4omos partes de Felipe/ ?udo o

que voc" fa$ de ruim para ele repercute em voc" mesma, em todos ns/

# 7laro que eu entendo, n%o sou burra. !as n%o aceito. *%o quero

fa$er parte dele, n%o tenho os mesmos objetivos dele.

# ?udo bem, n%o vou discutir. !esmo porque n%o adianta, voc" s

ver as coisas a seu tempo. !as quero que voc" busque refletir sobre o

seguinte quais s%o seus objetivos, mesmoH E por que eles s%o t%o

importantesH

7arla ficou calada.

# *em adianta tentar esconder de mim. 7omo vim antes de voc",

posso acessar sua memria. ?udo que sei, 7arla, é que tanto a sua época

quanto a minha j ficaram para trs. ?emos que acompanhar Felipe em seu

desenvolvimento atual, nas li8)es evolutivas que ele precisa vivenciar.

1'



alcoolismo, voc"s foram acionadas para serem harmoni$adas, pois s%o

viciadas como ele. 7onforme ele vai se harmoni$ando, e voc"s também, o

vício cede.

# Ent%o muitos alcolicos com dificuldade de se recuperar podem ter

vidas passadas desarmoni$adas, precisando de ajuda, como era o caso de

FelipeH

# 4im. @oc", 7iccilio e 5eter aceitaram ajuda relativamente rpido

gra8as = reformula8%o comportamental de Felipe. 7omo ele melhorou e

tomou novas atitudes, voc"s perceberam o pre8o que estavam pagando por

manterem#se apegados =s mesmas situa8)es, e resolveram mudar de rumotambém.

# Ent%o é a postura do encarnado que decide tudoH

# 4em d>vida. 4e a ponta encarnada n%o muda, n%o d o pontapé

inicial no processo, nem ns, os mentores, nem as vidas passadas

harm6nicas podem fa$er nada.

# E por que eu penso de uma forma t%o diferente de 7arlaH# 5orque chegou o seu momento de rever suas atitudes, assim como

antes chegou o momento de Felipe e depois chegar o de 7arla. ?udo

acontece na hora certa, mesmo para as vidas passadas.

# Oom, o que eu puder fa$er para colaborar, farei. Estou cansada

disso tudo, e acredito que Felipe tem direito de ser feli$.

# Aos poucos chegaremos l. Mnfeli$mente n%o poderei impedir que

Edgar seja envolvido, mas vamos trabalhar para resolver tudo o mais

rpido possível, agora que Felipe est colaborando.

1B



Capítulo 3"Peter se rebela

5eter estava tranquilo depois de receber seu atendimento. Fora

levado para um hospital, com o objetivo de se equilibrar melhor antes de

ser reacoplado em Felipe. *o caso de 5eter, o fator complicador era toda a

raiva que ele alimentou em rela8%o a :icomo, o que causou vrios danos

na estrutura perispiritual e dificultava a recupera8%o de Felipe.

# 4érgio, ainda n%o sei se estou pronto para perdoar :icomo, apesarde ter aceitado isso quando fui atendido.

# Fique tranquilo, meu amigo. *ada é obrigatrio. Aqui, com a ajuda

da equipe, o perd%o ir brotar no seu cora8%o aos poucos. 4eu padr%o

vibracional est mudando, gra8as ao redirecionamento das emo8)es de

Felipe.

# !as é essa parte que mais me confunde. Felipe ainda guarda muita

mgoa do pai, embora n%o fale disso. Eu posso sentir, corroendo as minhas

vísceras, que n%o est tudo t%o bem quanto parece.

# +ealmente, n%o podemos nos enganar, 5eter. A rela8%o de Felipe e

Dimas ser reconstruída com o tempo, como acontece em todo lar onde h

um alcolico. ?oda uma estrutura de confian8a m>tua ter de ser refeita,

especialmente na parte financeira – que foi justamente o motivo do conflito

de voc"s dois.

*esse momento, ambos pararam de falar e passaram a assistir a uma

cena no mínimo inusitada Dimas estava entrando na clínica para falar com

Felipe. 4érgio empalideceu aquilo poderia tra$er muitas complica8)es.

RRR

12



# Felipe, meu filho/

Dimas correu para abra8#lo.

Felipe correspondeu ao abra8o, mas n%o de forma muito efusiva.

# &i, pai...

# Esperava que voc" ficasse mais feli$ em me ver.

Felipe suspirou. Ma come8ar tudo de novo. E bem na hora que ;ídia

havia saído para almo8ar/

# &lha, pai, eu j e-pliquei minha posi8%o para a mam%e. *%o posso

simplesmente ignorar tudo o que aconteceu com a gente. *%o é assim que

funciona. @oc"s me ignoraram por um ano, nem quiseram saber onde euestava, e do nada aparecem aquiH Ainda por cima, pai, voc" sabe que eu

estou fragili$ado pelo tratamento, que n%o devo me submeter a estresse

nem emo8)es fortes agora. Estou cuidando primeiro da minha sa>de física,

da minha recupera8%o.

# <, j vi que voc" é um ingrato mesmo. Mngrato e mal agradecido.

*unca pensei que criaria um filho para v"#lo se acabar desse jeito, física emoralmente. < o que voc" quer, FelipeH Ent%o daqui em diante me esque8a,

esque8a que voc" tem pai/

# 5ois j esqueci h muito tempo/ 4en%o n%o teria sobrevivido até

aqui/

Dimas bateu a porta com for8a e foi embora.

RRR

# Est vendo, 4érgioH < esse tipo de pessoa vil que voc" quer que eu

perdoeH

# 7alma, 5eter, agora n%o é um bom momento para discutir isso...

5eter foi arrancando as sondas de drenagem que estavam em seu

corpo, e foi se preparando para ir embora.

1'(



# 5ois para mim chega. 7arla tinha ra$%o. @ou ter com ela de novo.

4érgio suspirou. +ealmente, teria que ter muita paci"ncia até ver

aquele caso resolvido. E Dimas n%o estava colaborando nadinha com a

causa...

1'1



Capítulo 3$+ona Eulália ; pe,a?chave

# 5ois para mim também chega, 4érgio/ @oc" disse que eu tinha carta

branca, n%o éH 5ois bem, vou l conversar com esse senhor/

4érgio nem tentou impedir. Era raro ver dona Eullia brava ou

alterada. W!elhor dei-#la ir, pode ser que a revolta ajudeX.

Guem avisou a ela da visita de Dimas foi ;ídia – ao chegar do

almo8o ela n%o entendeu nada, porque Felipe j tinha quebrado metade doquarto e n%o parava de chorar.

# Dona Eullia, por tudo o que me contaram, o negcio foi feio. Eu

fico pensando o quanto seu Dimas é sem no8%o, para ter coragem de chegar

aqui na clínica e falar esse tipo de coisa. !as, pelo que os funcionrios me

disseram, a maioria dos parentes age assim, especialmente os pais.

# Mnfeli$mente, minha filha, a m%e costuma ser mais acolhedora, e o

pai, mais incisivo. !as mesmo dentro desse perfil, realmente Dimas

abusou dessa ve$. & menino est bem, se recuperando, n%o era para tanto.

E bem agora/ Msso s vai atrapalhar o atendimento.

# Foi justo o que pensei/ Afinal, a histria de 7arla deve ser bem

pesada, se ela foi dei-ada por >ltimo.

# Deve sim, e a atitude de Dimas vai prejudicar a recupera8%o de

5eter. &u seja, ele simplesmente invalidou boa parte do meu trabalho até

ent%o. Est decidido vou l conversar com ele.

# Dona Eullia, a senhora tem certe$aH 4eu Dimas é uma pessoa

muito difícil. 4ei por e-peri"ncia prpria...

# !as ele é espírita, n%o éH

# De meia tigela, daqueles que s tomam passe de ve$ em quando.

# Acredita em vida passadaH

1'0



# 4im, mas nunca se interessou em estudar mais a fundo.

# 5ois agora vai estudar na marra. Estou indo l. Gual é o endere8oH

;ídia também achou melhor n%o contrariar, e deu.

RRR

Dona Eullia costumava ser a pessoa mais paciente do mundo, mas

também era educadora quando precisava. 5rofissionalmente, ela fora

professora e diretora de escola. 5ela sua larga e-peri"ncia, sabia muito bem

que vrios adultos precisavam ser mais direcionados que as crian8as.# Ooa tarde, voc" é DimasH

# 4ou, sim. Guem é a senhoraH

# 4ou Eullia, quem est se responsabili$ando pelo tratamento de

Felipe.

Dimas fran$iu a testa e respondeu em um tom de superioridade

# 4abia que mais cedo ou mais tarde viriam pedir dinheiro para mim.# Ao contrrio, Dimas. @im aqui pedir educa8%o e colabora8%o de

sua parte. *%o precisamos de seu dinheiro.

# 7omo a senhora se atreve a falar assim comigoH

!esmo sem ser convidada, Eullia entrou na casa.

# Alguém tem que falar. 4into muito por vir assim, mas é o que a

situa8%o e-ige. Guero contar ao senhor todo o trabalho que tive com seu

filho no >ltimo ano, o qual o senhor est prestes a destruir se ninguém fi$er

nada/

7onforme dona Eullia foi relatando tudo, Dimas caiu assustado no

sof. 5elo visto ela realmente estava falando sério, e fa$ia um trabalho

comprometido.

Ela contou tudo, desde quando Felipe a procurou pela primeira ve$.

7omo cuidou dos espíritos durante um ano, como foi a interna8%o, os

1'



atendimentos das primeiras vidas passadas, o apoio de ;ídia – inclusive o

tratamento de 5eter e :icomo, que era a parte que o envolvia diretamente.

Sm arrepio forte passou pelo corpo de Dimas, ele sabia que tudo

aquilo era verdade. Aos poucos a sua postura agressiva e defensiva foi se

desmontando, e ele come8ou a chorar.

Lulieta, que estava ouvindo tudo, veio abra8#lo, aos prantos.

# Ah, Dimas/ :ra8as a Deus que ela teve coragem de vir aqui e seu

cora8%o est ouvindo/

# ?udo que eu queria era o meu menino de volta, como ele era/ *%o

este vagabundo/Agora mais calma, dona Eullia come8ou as e-plica8)es necessrias

# 5or trs de tudo o seu menino ainda est l, Dimas. & Alcoolismo,

como todos j tentaram e-plicar a voc"s e n%o foram ouvidos, é uma

doen8a. *%o é voluntrio da parte de Felipe. Ele est tendo ajuda

especiali$ada, e vai necessitar de cuidados e conscienti$a8%o pelo resto da

vida. *unca mais poder beber, nem um gole.# !as nem nas festasH – indignou#se Lulieta.

# *em nas festas, nem em lugar nenhum. @oc"s precisam entender

isso de uma ve$ por todas, sen%o s ir%o se afastar do prprio filho.

E-istem grupos de apoio e terapeutas que podem e-plicar tudo com

detalhes a voc"s. !as é necessrio, urgentemente, sair dessa postura

arrogante e dominadora/

&s dois bai-aram os olhos, pois sabiam que dona Eullia estava

certa.

# Est%o preparados para mudarH 5ara retomarem a rela8%o com

FelipeH

# 4im. 7hega de sofrimento. Guero meu filho de volta, quero ajud#

lo. 5ouco me importa o que os outros dir%o – sacramentou Dimas.

# Assim é que se fala/

1'



?omada aquela decis%o, dona Eullia ajudou o casal a contratar

terapeutas de confian8a, recomendados pela clínica. Eles iam come8ar o

tratamento naquele mesmo dia, individual e em grupo.

7om sensa8%o de miss%o cumprida e ganhando um abra8o apertado

de Lulieta, dona Eullia foi para casa.

RRR

# !uito obrigado, Eullia. @oc" disse tudo que eu gostaria de di$er

se estivesse encarnado...# Foi um pra$er, 4érgio. Zs ve$es as pessoas precisam de um pu-%o

de orelha bem dado, n%o é mesmoH

# ?enho fé que eles ir%o mudar aos poucos. ?alve$ até Felipe sair da

clínica eles estejam um pouco mais conscientes. De qualquer forma, ser

uma folga para ;ídia, que maneja a situa8%o muito bem quando n%o é

incomodada.# 7om certe$a resolvendo a situa8%o desse lado, o resto fluir bem.

7omo anda 7arlaH

# Ela est finali$ando seu plano, que pensa ser ultra#secreto. *s j

sabemos de tudo, temos apenas que esperar ela agir.

1'



Capítulo 3'Ci,a interv;m

A energia ficava cada ve$ mais pesada. !ariana estava

inconformada quanto tempo mais eles teriam que esperarH

# Dona Eullia, o que 4érgio disseH 5or que n%o podemos agir logoH

# ?emos de esperar a finali$a8%o de um processo liderado por 7arla.

!ariana estava confusa, querendo entender aquilo melhor.

# !as... 5or que a gente precisa ficar assim, passivas, esperando umavida passada desarm6nica agir – e ainda prejudicar outro encarnado com

sua a8%oH Msso est me dei-ando acabada/

Dona Eullia ia come8ar a e-plicar, afinal, para isso fora chamada =

casa de !ariana. !as foi interrompida pela chegada abrupta de 7i8a.

# 5ode dei-ar, dona Eullia. Destas coisas, acho que quem mais

entende por aqui sou eu. 4e eu esquecer algo, ou n%o souber a e-plica8%o

técnica, a senhora me ajudaH

# 7laro, 7ecília/ Acho que vai ser timo a e-plica8%o vir de voc",

que conhece a fundo todos os caminhos do cora8%o de !ariana.

!ari ficou surpresa, mas gostou daquilo. 7i8a tinha o dom de fa$er

as verdades mais profundas do Sniverso parecerem brincadeira de crian8a.

7i8a suspirou fundo e come8ou

# !ari, por tudo que eu j li e vivi na pele, a conclus%o que cheguei

é e-iste um ritmo certo para as coisas acontecerem no Sniverso. Sm ritmo

que n%o depende da nossa vontade, nem do nosso controle. 4obre alguns

fatores podemos intervir – e devemos. !as outros precisam ser resolvidos

dentro do ritmo de cada um, n%o podemos mandar nisso.

Dona Eullia assentiu com a cabe8a.

1''



isso acontecer em demasia com os casos que atendo. 4e todos entendessem

essa lei csmica, muitos sofrimentos seriam evitados no planeta/

# !as Dona Eullia, como perceber qual o equilíbrio entre esperar e

agirH

# Guando os mentores n%o interferem diretamente, podemos perceber

essa diferen8a pelas nossas intui8)es e sensa8)es. Guando ainda n%o é a

hora certa de agir, é como se a gente sentisse um freio interno pedindo para

esperar mais. Esse freio pode até ser e-terno, em forma de sinais negativos,

quando ainda estamos muito fora de sintonia com nossa sabedoria interna e

com nossos amigos espirituais. Ao mesmo tempo, quando é hora de agir, écomo se soasse um alarme interno em forma de ang>stia e inquieta8%o,

di$endo que precisamos fa$er algo urgentemente. *osso corpo, nossos

pensamentos e nossas emo8)es s%o grandes aliados quando sabemos ouvi#

los – e quando estamos dispostos a isso.

# !as e se for uma tentativa das trevas de impedirH

# A sua prote8%o te avisar, contanto que voc" fa8a a sua parte.# Entendi.

!ariana serviu um ch com bolo para as duas, enquanto assimilava

tudo aquilo.

# Ent%o, no momento, tendo paci"ncia em esperar eu estou

cumprindo o que se espera de mimH

# M44&/ – as duas afirmaram, sorrindo.

# 4érgio tem me mantido informada sobre todas as informa8)es que

ele j teve acesso. – confirmou dona Eullia – 7arla ir usar Edgar, o

amigo de Felipe das ruas. 7omo, e-atamente, 4érgio ainda n%o sabe.

# E por que Edgar é t%o importanteH

# 4er importante para o desenvolvimento de todos.

*aquele momento, dona Eullia entendeu. Mmediatamente as cenas

passaram a ser mostradas em rpidos flashes, confirmando o insight que ela

1'B



acabara de ter. 4érgio sorria ao lado dela. Fe$ sinal afirmativo, j era hora

de !ariana saber de tudo.

# !ariana, voc" foi m%e de Felipe/

# 4érioH *ossa, eu j sentia isso dentro de mim, sabiaH 4into tanto

carinho por ele/

7i8a também captou a mensagem. E percebeu que a ficha de !ariana

ainda n%o tinha caído.

# !ari, voc" ainda n%o entendeu, néH

De repente, ela caiu em si.

# E Edgar era o pai/

1'2



Capítulo 3*#ídia em con)lito

Enquanto aquela conversa ocorria, ;ídia passava por momentos

tensos. Era um problema particular, que ninguém poderia ajud#la a

resolver.

Ela tinha optado em manter o sigilo sobre aquele assunto, mas agora

o assunto estava se fa$endo presente Eduardo.

*a cai-a postal de seu celular, estava o seguinte recadoW&i, querida. L fa$ tempo que voc" deveria ter voltado de viagem,

néH 4eus pais me disseram que voc" precisou ficar mais.

&lha, eu nunca quis te pressionar, porque sei o quanto voc" gosta do

Felipe. !as a gente nem sabe se ele est vivo.

Eu sei que nunca aconteceu nada de físico entre a gente, mas para

mim as coisas funcionam = moda antiga mesmo. 4ei que voc" gosta de

mim e isso j é o suficiente, o resto a gente constri com o tempo.

!eu pedido ainda est de pé casa comigoHX

Ela precisou ouvir o recado umas tr"s ve$es, ainda sem saber o que

fa$er. *a verdade, com tudo que aconteceu, ela tinha esquecido

completamente daquilo.

Eduardo era um amor de criatura. Foi um grande amigo que ela

conheceu na faculdade, e se tornou presen8a obrigatria depois que Felipe

sumiu. Foi no ombro dele que ela chorou, ele sabia de todos os seus

sentimentos.

4empre fora apai-onado por ela, desde o come8o. Mnicialmente

disfar8ava muito bem, ;ídia jamais poderia suspeitar de nada. Depois, com

o tempo, ela foi percebendo que n%o era possível alguém ser t%o atencioso e

cavalheiro em troca apenas de ami$ade.

13(



Guando ele finalmente se declarou, ela ficou sem fala. 5ediu um

tempo para pensar. E, dois dias depois, foi ao centro de dona Eullia, e todo

o resto aconteceu.

Agora, ouvindo aquela mensagem, ;ídia n%o podia negar que estava

balan8ada. Ela nunca duvidou da for8a de seu amor por Felipe, tinha

certe$a que ele era o homem da sua vida.

!as, l no fundo, n%o podia dei-ar de notar a sementinha da d>vida.

Eduardo era muito bonito, rico, apai-onado por ela. 7om certe$a seria o

marido dos sonhos, faria absolutamente tudo que estivesse ao seu alcance

para v"#la feli$. *%o era alcolico. *a verdade, n%o tinha nenhum defeito grave. &

>nico problema é que ela n%o era apai-onada por ele.

W4er que é vlido decidir um casamento por pai-%oH &u devo

pensar mais no meu futuroH ?odo esse fantasma do Alcoolismo seria

varrido de ve$ da minha vida. Eu pouparia meus filhos dessa tend"ncia

genética, teria uma vida confortvel e prspera. 4er que com o tempo eun%o acabaria me apai-onando por eleHX – ela pensava.

&utro medo que tinha era o fato de Felipe ter sido seu >nico

namorado. 7omo ela poderia saber se n%o estava acomodada em rela8%o ao

que sentia por eleH

E o principal ser que a mudan8a de Felipe seria para valerH E se

tudo come8asse de novo em breveH Ela teria for8aH

RRR

7om a cabe8a fervilhando, ela disse a Felipe que iria dar uma volta.

E fe$ o que achou melhor disse a verdade.

# Al6, EduardoH

# ;ídia, é voc"/ :ra8as a Deus, fiquei t%o preocupado/

131



voc" apenas tomou o espa8o que ele dei-ou. Mnclusive, ele tem sorte de

voc" ter sido t%o fofo e respeitado meu tempo.

# ;ídia, n%o precisa falar mais nada. Esperei tanto por voc", posso

esperar mais. 4 quero que voc" n%o tenha ilus)es quanto = condi8%o dele.

# *%o, isso n%o tenho. 4ei que ele ter esse problema a vida toda e

que poder ter recaídas graves. 7aso escolha ficar com ele, eu também vou

assumir as consequ"ncias, e n%o vou correr para os seus bra8os chorando

caso d" errado.

# 4endo assim, tudo bem. 7laro que quero que voc" decida por mim,

mas vou respeitar qualquer escolha que voc" fa8a.# Estou sendo honesta porque gosto muito de voc" e também n%o

quero ficar te prendendo.

# 5ode dei-ar, eu entendo.

RRR

# E foi assim, !ari. &brigada por me ouvir. Eu precisava contar tudo

isso para alguém, inclusive para decidir o que farei e se vale a pena mesmo

falar disso para o Felipe agora.

# !enina, que babado/ *ossa, o Eduardo parece ser realmente uma

pessoa muito especial, a ponto de ser t%o compreensivo.

# Ah, isso é mesmo.

# !as n%o sei... Acho estranho ele reaparecer bem agora.

# 5ois é, !ari, pensei nisso. &u é para tudo se resolver mesmo, ou a

7arla mudou de alvo.

# < no mínimo suspeito. Acho que voc" fe$ bem em n%o tomar

nenhuma decis%o definitiva. Afinal, a sua vida inteira mudaria/

# 5or isso prefiro esperar o desfecho disto. !as contar para o Felipe

decidi que vou, n%o gosto de mentira. 4 n%o tinha contado ainda por ter

13



me desconectado desse assunto, pensando na melhora dele. & telefonema

de Eduardo me trou-e de volta = realidade.

# Acho que vai ser bem motivacional para Felipe saber disso. !anda

ver/

+espirando fundo, ;ídia foi para o quarto de Felipe abrir o jogo.

13



Capítulo 3-En)im sós

# &i F", tudo bomH

# ?udo, minha princesa/ 5asseou bastanteH

# Eu preciso conversar com voc".

Felipe estranhou o tom sério.

# Aconteceu uma coisa no período em que voc" esteve fora que eu

ainda n%o contei quem mais me deu for8a nesse tempo foi aquele amigo defaculdade, o Eduardo. Ele ficou super presente na minha vida, me deu a

maior for8a. E, dias antes da gente se encontrar na clínica, ele pediu a

minha m%o em casamento. *unca aconteceu nada físico entre a gente, mas

ele se apai-onou.

Felipe estava branco, em choque.

# 7om tudo que aconteceu, eu tinha até esquecido disso. !as ontem

ele me dei-ou um recado, e eu retornei.

# Falando o queH

# Eu disse que voc" voltou, que a gente t junto, mas que eu ainda

n%o posso dar uma resposta definitiva, tenho que esperar um pouco.

# Esperar para ver se a encrenca do Felipe se resolve, n%o éH

;ídia engoliu em seco e respondeu firme, olhando nos olhos dele

# <. 5ensa que n%o me assusto com tudo issoH F", eu te amo, mas eu

preciso ter certe$a que voc" mudou mesmo/ Eu n%o quero passar o resto da

minha vida segurando a sua barra. Eu preciso de uma vida estvel,

tranquila, em pa$.

Felipe andou um pouco pelo quarto até conseguir calma para

responder.

13



# ;ili, j entendi tudo. @oc" quer me motivar a sair logo dessa, quer

me tirar da $ona de conforto. ? certo. Apesar da minha vontade ser socar

esse tal Eduardo, n%o posso tirar a ra$%o dele. Eu saí fora e ele assumiu

meu lugar. ?enho é sorte dele ter demorado para se declarar, sen%o j

poderia ser tarde.

;ídia chorava, chateada por estar tendo de magoar quem mais

amava. !as, pela rea8%o dele, sentia que tinha feito o certo.

# Eu vou entender, seja qual for a decis%o que voc" tome. @ou sofrer

se voc" escolher ficar com ele, mas vou te amar sempre. 4eja como minha

esposa ou como um grande amor que tive. !as eu sei que ser possessivon%o est com nada. 4e voc" escolher ficar, eu prometo que vou vencer essa

doen8a e te fa$er feli$.

# Ah, F"... Eu te amo/

&s dois se abra8aram e beijaram, dei-ando o amor tomar conta.

RRR

Abra8ados na cama, Felipe estava fa$endo carinho no cabelo de sua

amada.

# F", eu prefiro n%o tocar mais neste assunto por enquanto, pode serH

Agora voc"s dois sabem de tudo, eu j fico mais tranquila. 5refiro que a

gente concentre todas as aten8)es na sua recupera8%o.

Felipe concordou.

# @ou tomar café com a !ariana, tH

4o$inho, Felipe chorou, pondo para fora todo o dio que estava no

seu peito. Ele nunca iria se perdoar ;ídia poderia escolher Eduardo, e era

tudo culpa dele/

13'



Capítulo 0@ora da a,/o

*o dia seguinte, dona Eullia e !ariana vieram preparar Felipe para

saber o que tinha acontecido com o velho Ed.

# Ele est bem, dona EulliaH

# 4im, querida. Ainda est inconsciente, mas fora de perigo. L foi

medicado, e aos poucos passar pela desinto-ica8%o.

# 4er que Felipe vai lidar bem com issoH# 7oitado, ele est tendo que administrar tantas coisas ao mesmo

tempo... !as creio que ser positivo, os dois poder%o passar um tempo

juntos quando Edgar estiver melhor. Msso também ir sobrecarregar menos

;ídia.

# Ent%o, vamos l/

Felipe estava mais calmo e brincalh%o, como sempre. Apesar de todo

o abalo da notícia tra$ida por ;ídia e do conflito com o pai, ele realmente

estava optando por reagir.

# Oom dia, querido amigo/

# Oom dia, minhas meninas/

Dona Eullia sorriu com o WmeninaX. !as ela se sentia mesmo

jovem, com tantas tarefas que e-ecutava.

# ?emos uma notícia boa e outra ruim. A boa é que Edgar est aqui.

# 4érioH Gue maravilha/ Estou morrendo de saudade do velho Ed,

nem acredito/

# A m notícia é que ele quase morreu ontem. Eu providenciei a

interna8%o para evitar que o plano de 7arla se concreti$asse.

# Ela queria matar o velho EdH

# 4im, para que a perda dele te desestabili$asse.

1B(



# *ossa... 7omo ela fe$ issoH

# :ra8as aos acordos com os magos, ela conseguiu um grande

contingente de obsessores. !ais de de$ mil. Eles fi$eram com que Edgar

bebesse muito mais do que estava acostumado, e assim ele entrou em coma

alcolico. 7omo 4érgio p6de me informar a tempo, eu intervi.

# Gue Deus te ilumine mais uma ve$, dona Eullia/ A senhora tem

sido uma m%e para mim/ ?enho certe$a que ele vai aproveitar a chance e

fa$er o tratamento. Ele ficou muito deprimido depois que perdeu a família,

sabeH

# Depois, quando ele se recuperar melhor da parte física, poderemoscuidar disso.

# Felipe, eu e dona Eullia iremos para o centro agora cuidar do

atendimento de 7arla. & que voc" acha de pedirmos para te dar um

calmante, aí voc" j dorme e fica poupado de mais uma criseH

# Acho timo. Estou precisando mesmo descansar de toda essa

confus%o.# ?udo bem. Edgar n%o estar em condi8%o de conversar t%o cedo,

ent%o é melhor voc" descansar agora. &nde est ;ídiaH

# Foi almo8ar, deve estar chegando. Aí voc"s j aproveitam e a levam

junto.

RRR

# Dona Eullia, !ariana, estou muito feli$/ ?udo est se

encaminhando da melhor forma. L decidi quero, sim, ficar com Felipe.

?enho tanta fé que essa melhora ser definitiva/

# Ele realmente est apresentando um quadro promissor, ;ídia –

comemorou dona Eullia.

1B1



# Acho que a sua atitude de contar sobre Eduardo foi tima, foi o que

faltava para que ele se conscienti$asse da necessidade urgente de mudar.

# Oom, pelo que entendi ent%o, tudo isso que aconteceu acabou sendo

uma manobra para que Edgar recebesse ajudaH – perguntou ;ídia.

# Foi revertido dessa forma. Mnicialmente, seria o golpe de mestre de

7arla. 4e n%o fosse a nossa interven8%o, Edgar estaria morto agora. –

e-plicou dona Eullia – & que 7arla n%o contava era que 4érgio tivesse

autori$a8%o para solicitar minha atua8%o. Ela deve estar furiosa.

RRR

# E bota furiosa nisso/

7arla n%o se conformava em ver seu plano indo gua abai-o. Agora

ela teria poucas alternativas para resistir, talve$ nenhuma.

# L vi que n%o adianta nada toda a minha dedica8%o, eles sempre v%o

vencer no final. & >nico trunfo que tenho é Eullia n%o ter direito a acessarminha estria ainda. !as nem adianta me animar com isso, daqui a pouco

todos colocam a fofoca em dia.

Enquanto pensava no que fa$er, 7arla foi rememorando seu passado.

5ara ela, tudo que importava era o poder – custasse o que custasse.

?udo come8ou na antiga Oabil6nia. 7arla vivia no templo de Sr.

Mnicialmente tinha dedicado sua vida ao culto da deusa Mshtar – um dos

nomes pelos quais a :rande !%e ficou conhecida no &riente.

& grupo de pessoas trabalhava em harmonia, com o objetivo de

canali$ar o poder da Deusa e ajudar toda a sociedade a ter contato com o

Divino.

!as, para 7arla, aquilo era tudo muito entediante. Ela queria mais,

acalentava internamente o objetivo de saber tudo que fosse possível sobre o

1B0



mundo oculto. *%o se interessava apenas pelo culto branco, queria

conhecer também o lado negro.

Advert"ncias n%o faltaram. A gr%#sacerdotisa sabia de todas as suas

inten8)es. Avisara 7arla indiretamente d>$ias de ve$es. Depois,

diretamente. Até n%o haver outra alternativa a n%o ser e-puls#la.

Foi feita uma reuni%o para discutir o assunto. Embora muitos fossem

favorveis = sua perman"ncia, a gr%#sacerdotisa n%o se convenceu. Era

muito perigoso dei-ar um conhecimento t%o profundo nas m%os de alguém

despreparado.

NaVsa, a gr%#sacerdotisa, tinha consci"ncia que 7arla buscaria o ladonegro de qualquer forma, estando dentro ou fora do templo. !as n%o queria

arriscar perder mais gente além dela.

7arla foi banida. 4entiu#se humilhada, afrontada, odiou

profundamente. Lurou que se vingaria de NaVsa futuramente, nem que

demorasse muitas vidas.

E, como previsto, aliou#se a grupos que estudavam o lado negro, efoi se aprofundando. Dotada de grande poder hipntico, rapidamente foi

alcan8ando a lideran8a.

?inha acesso a conhecimentos milenares, dentro de todas as

modalidades de magia. Escolheu trabalhar com po8)es. As pessoas iam

consult#la e ela ministrava frmulas para os mais diversos fins ganhar

dinheiro, conquistar a pessoa amada, destruir inimigos.

!uitas pessoas usaram seus servi8os, muito mal foi espalhado.

7onsciente disso, cada ve$ mais foi fa$endo pactos com entidades trevosas,

até com dem6nios de alta hierarquia.

*%o se importava com o comprometimento que teria, pois seu

objetivo era lideran8a – a qual ela queria manter enquanto encarnada e

também no ps#morte.

1B



*a sua mentalidade, quanto mais invoca8)es fi$esse, mais aliados

teria para liderar quando desencarnasse.

4uas po8)es eram feitas com lcool. !uitos usurios ficavam

dependentes delas, pois o teor etílico era bem alto. 7om isso, além de

disseminar o mal, 7arla adquiria uma legi%o de seguidores encarnados e

desencarnados.

Assim foi por toda a sua vida, e por muitos séculos depois – até

agora.

1B



Capítulo 1 uni/o )a a )or,a

Depois de desencarnada, 7arla aproveitou todos os espíritos que

escravi$ou para fa$er alian8as no submundo e e-pandir ainda mais seus

domínios.

;igava#se a qualquer tipo de falange, contanto que isso rendesse

mais comandados. 5odiam ser grupos ligados a se-o, drogas, emo8)es

desequilibradas, o que fosse.7om o tempo, foi se especiali$ando mais nos dependentes de lcool,

pois era um grupo mais fcil de controlar. *a sua época ainda n%o e-istia a

variedade de bebidas que e-iste hoje, fundamentalmente eram usurios de

vinho – mas a depend"ncia acontecia da mesma forma.

A alma de Felipe seguiu encarnando, enquanto 7arla continuava

dissociada coordenando seu e-ército, cada ve$ maior. Ela assistiu de

camarote =s encarna8)es de 5eter e 7iccilio, influenciando e participando

de todas as confus)es que aconteceram.

7omo seu objetivo era vampiri$ar energia e conseguir cada ve$ mais

poder, sob o seu ponto de vista as encarna8)es foram de absoluto sucesso.

Agora ela estava tendo de lidar com aquela bondade toda que permeava a

vida de Felipe, que ela detestava. As coisas iam muito bem até dona Eullia

intervir.

5or sua longa e-peri"ncia, sabia que n%o adiantaria mais insistir. Ela

teria que passar por aquele atendimento, e tentar planejar algo para agir

depois.

RRR

1B



4érgio compareceu ao centro antes de come8ar o atendimento.

Finalmente teria autori$a8%o para informar dona Eullia e !ariana da

situa8%o de 7arla.

Depois que contou toda a histria, ;ídia comentou

# Sau. Msso que é vida passada desarm6nica, para ninguém botar

defeito/ !ari, pelo que voc" me contou, ela é pior que Athor, n%o éH

# 4im, parece. Ele ficaria meio ofendido com a observa8%o... risosC

# & mais complicado, no caso dela, é seu carter auto#destrutivo. –

e-plicou dona Eullia. Athor pouco se importava com !ariana, apenas

queria voltar para os bra8os de ?era o mais rpido possível por isso a ideiasuicida. L no caso de 7arla, a coisa vai além. Ela quer que Felipe continue

vibrando o mais negativo possível, que destrua sua vida, mas se mantenha

bebendo. & objetivo dela n%o é a morte de Felipe é que ele continue vivo,

de forma desarm6nica.

# < verdade. – confirmou 4érgio. 5ois assim ela vai e-pandindo seu

e-ército ao m-imo. 5ara ela, pouco valor teria se Felipe morresse. Aencarna8%o dele é o espa8o de tempo que ela precisa para recrutar mais

servidores sem ser incomodada.

# Estou pensando qual brecha usar para doutrin#la – disse dona

Eullia.

# Estaremos ajudando. !antenham#se em prece.

RRR

# Ooa noite, 7arla.

# Finalmente chegou até mim, n%o éH

# Sm dia isso teria que acontecer. @oc" entende bem qual é a

situa8%oH

1B'



# 7laro. 4eu amado protegido est melhorando e eu sou a >nica pedra

no sapato. !as, como sou competente, sou praticamente uma pedreira no

sapato.

# 4em d>vida voc" é muito competente, isso n%o se discute. 5orém, o

que acha de redirecionar sua compet"nciaH

Dona Eullia j foi projetando mentalmente bastante lu$ rosa no

cora8%o de 7arla, e recompondo seu corpo com lu$ verde.

# 4abia que a senhora viria com esse argumento. *%o, n%o tenho

qualquer interesse em desfa$er meu trabalho ou perder minha lideran8a.

Afinal, s foi desfeito a equipe que desenvolvi durante a encarna8%o deFelipe, com o contingente de duas mil almas que me foi levado. & meu

e-ército continua aqui, gigante, com milhares de milhares de integrantes. E

n%o tenho qualquer inten8%o de abrir m%o dele.

# @oc" sabe que, infeli$mente, essa parte ter que ser resolvida agora.

?enho autori$a8%o para tanto.

7arla engoliu em seco. 4abia que n%o poderia impedir.# @amos nesse momento reunindo todos em um círculo a$ul gigante.

?odos v%o recebendo alimento e bebida, reencontrando familiares e

recebendo dispensa de seus servi8os.

A cena era de uma multid%o, como um estdio de futebol lotado. As

pessoas mal podiam acreditar que estavam recebendo ajuda, a maioria

estava presa havia séculos.

&uvia#se um nítido suspiro de alívio coletivo, além de muito choro

de emo8%o no reencontro com entes queridos. Era um dia de festa para as

equipes de socorro, ansiosamente esperado.

5orém, nem tudo eram flores. Sm grupo de líderes,

apro-imadamente cinquenta, ainda queria ficar ao lado de 7arla.

# 5or hoje iremos encerrar por aqui. ;embre#se, 7arla estamos

presentes para ajud#la. Embora a seus olhos estejamos destruindo tudo que

1B3



voc" construiu, um dia estar pronta para entender o momento redentor que

est vivenciando.

7arla nem quis retrucar ao perceber que estava liberada, retirou#se

com o pessoal que permaneceu fiel, sem di$er nada.

RRR

# Lesus, que energia pesada/

Dona Eullia, que também estava e-austa, concordou.

# ?ive que interromper justamente por isso. Sm caso como o delarequer mais de uma etapa de atendimento.

# 4er que s mais uma ve$ ser suficienteH

# ?alve$ n%o. @eremos.

;ídia observava tudo, at6nita.

# Deve ser principalmente por causa dela que eu me sentia t%o

cansada. Ela e o grupo passavam uma energia horrorosa, de desesperan8a,como se nada no mundo tivesse gra8a ou valesse a pena.

# De fato, ;ídia. Sm dos maiores objetivos de 7arla era te afastar de

Felipe, pois assim ele ficava mais vulnervel. @oc", sem d>vida, foi alvo

de repetidos ataques por parte dela.

# Dona Eullia, como vai ser para ela desistirH

# 4egundo 4érgio, um grande trabalho est sendo feito pelas equipes

espirituais, paralelamente conosco. *o caso de 7arla, a vitria s vir pela

desist"ncia, quando ela se vir acuada e sem op8)es. !esmo assim, ser a

longo pra$o e com muito monitoramento das equipes, para que ela n%o

reincida.

# E ela n%o vai ficar sempre incentivando Felipe a desistirH

# *essa fase, a colabora8%o dele é fundamental. 4e Felipe fraquejar,

7arla volta a ter for8a. Gualquer brecha ser utili$ada por ela. Felipe ter

1BB



de, além de parar com a bebida, ocupar#se com atividades edificantes, em

prol do pr-imo e da Espiritualidade.

# Ele est animado com isso, fala que quer estudar com a senhora.

# 4er sempre bem#vindo/

As tr"s sorriram, sentindo forte esperan8a de ver tudo resolvido em

breve. Apesar das dificuldades, o cenrio estava se modificando.

Apenas dona Eullia e 4érgio permaneceram temerosos com o

ataque final de 7arla ser que Felipe resistiriaH

1B2



Capítulo 24/o podemos perdA?loB

7omo era esperado e temido que acontecesse, no dia seguinte Felipe

acordou passando mal. 7ome8ou a gritar pelas enfermeiras com as poucas

for8as que tinha estava com uma falta de ar terrível, sentia como se

estivesse sendo esganado.

Foi necessrio coloc#lo no respirador artificial. & médico n%o

conseguia entender o que estava acontecendo clinicamente, pois ele estavatimo havia meses.

7arla optara em atacar toda a reserva de energia do corpo de Felipe,

para repor parte da energia que vampiri$ava do pessoal que fora tomado

dela no atendimento.

WA essa altura, n%o me importo mais se ele desencarnar. ?alve$ seja,

inclusive, minha >nica escolha. Enquanto ele viver, vai continuar aí com

seus amiguinhos do bem, sem se importar com o lcool ou com qualquer

hbito negativo que me permita aumentar meus e-ércitos. Ent%o, que morra

logo/X – ela pensou.

& quadro clínico de Felipe foi piorando de forma t%o rpida que os

médicos custaram a ter tempo de chamar ;ídia e dona Eullia, que tinham

saído. Assim que elas souberam, correram para l.

# Ah, meu Deus/ Dona Eullia, por que ela est fa$endo issoH –

desesperou#se ;ídia.

# Mnfeli$mente eu j imaginava que algo do g"nero pudesse

acontecer. A vida de Felipe dei-ou de interessar a 7arla.

# !as ent%o é assim a vida passada decide que quer a atual morta, e

prontoH

12(



# Depende muito do caso. 7arla é bastante poderosa, conforme

pudemos ver ontem. & que realmente é decisivo é a vontade da pessoa

encarnada e o seu histrico Qrmico. 4obre ela ser uma vida passada, a

quest%o é n%o termos o hbito de estudar esses fen6menos. Estamos

acostumados a pensar que uma obsess%o ferrenha pode matar alguém, mas

n%o que uma auto#obsess%o ferrenha possa fa$er o mesmo. E pode. !as se

Felipe n%o tivesse condi8)es de vencer a doen8a, n%o teríamos chegado até

aqui.

# Ent%o por que ele piorouH

# 5orque, por tudo que vimos, n%o estamos cuidando s dele.!ilhares de subordinados estavam envolvidos. & que acaba sendo mais

delicado é o processo de desligamento dessas entidades, j que todas t"m

liga8)es fluídicas com Felipe.

# 4érgio j disse alguma coisaH

# *%o. Ele disse que estava muito ocupado gerenciando a situa8%o.

Da >ltima ve$ que falou comigo, estava indo a uma reuni%o com umaequipe dos 4enhores do Narma para avaliarem a situa8%o.

# E !arianaH

# Est em casa. 9oje ela acordou se sentindo muito mal. A

ressonPncia para ela é mais forte, por ser a médium responsvel.

# Estou t%o preocupada...

# Fique calma, minha filha. Acontecer o melhor para todos. A boa

notícia é que Edgar j acordou e aceitou passar pelo tratamento. 4ua

desinto-ica8%o est sendo bem forte, mas ele ficou imensamente

agradecido pela ajuda e prometeu que faria tudo direitinho daqui em diante.

# Gue timo.

;ídia estava e-austa. E sabia que, naquele momento, tudo que

poderia fa$er seria esperar e re$ar.

121



Ela sentou em um canto, com seu ter8o de estima8%o, e come8ou a

fa$er uma série de ora8)es. Ficou horas assim.

4érgio e 4ofia deram um suspiro de alívio, pois ectoplasma era o que

mais precisavam naquele momento.

# 4érgio, o que faremosH

# & objetivo maior é manter Felipe no corpo. 7arla est lutando para

deslig#lo. 5recisamos ajud#lo a resistir e lutar.

# 7omoH

# & mais importante agora é a postura mental dele, mesmo que n%o

consiga se comunicar com ninguém. 5recisamos usar o ectoplasma paramant"#lo em uma energia otimista, alegre, vibrando pela prpria

recupera8%o. 4e ele entrar numa postura negativa como 7arla quer, nosso

trabalho ficar ainda mais difícil.

4érgio aproveitou uma folga breve e foi e-plicar isso a dona Eullia.

# @ou acionar a corrente do centro. – ela afirmou.

7omo era combinado para situa8)es e-tremas tais quais aquela, donaEullia ligou para +icardo, que ligou para o seu contato e acionou a

corrente. Em menos de de$ minutos, cada um ligando para seu contato de

emerg"ncia, todos os cem trabalhadores da casa foram avisados e

colocados em ora8%o. ?oda aquela energia foi sendo direcionada por

4érgio, e em breve Felipe j estava melhorando e voltando a si.

RRR

# 5recisaremos agir de forma mais especiali$ada, sen%o nada poder

ser feito e seremos derrotados. Guero uma reuni%o com todos agora.

Diante de seus subordinados, 7arla foi incisiva

# ?eremos que usar todo nosso conhecimento técnico. 7omo anda a

confec8%o de aparelhos parasitas no laboratrioH

120



# A todo vapor, chefe. Gue tipo a senhora quer usarH

# *o caso de Felipe, é um pouco delicado. 5recisamos de algo que

traga complica8)es físicas, mas ele é jovem e go$a de boa sa>de.

# 7hefe, sugiro aquele aparelho para o cérebro que causa amnésia

temporria. 4e ele ficar meio abobado, quem sabe ;ídia n%o vai retomar

com o outro rapa$ e esse grupo n%o acaba esquecendo tudo issoH

# < uma ideia tima/ Guanto tempo ele leva para ser implantadoH

# Algumas horas, mas podemos fa$er o trabalho = noite. Ele j ir

acordar com os efeitos amanh%. & que achaH

# 5erfeito. 5odem come8ar.Era a >ltima tentativa de 7arla. !as ela n%o estava muito animada.

W4ei que no momento eles est%o mais fortes do que eu. 5reciso

come8ar a pensar como ficar minha situa8%o se eu perderX.

RRR

4érgio empalideceu. Ele bem sabia o quanto aquele tipo de aparelho

era especiali$ado. 4eria necessrio algum técnico que soubesse revert"#lo.

# Agenor, alguém na equipe cuida dissoH

# De um aparelho t%o sofisticado como esse, n%o. 5recisarei pesquisar

junto a outras col6nias.

# 7omo ficaremosH

# Mnfeli$mente, meu amigo, isso demandar algum tempo. *%o temos

autori$a8%o para impedir a ativa8%o do aparelho. 4 nos resta esperar.

4érgio, com sua paci"ncia estica, recolheu#se para meditar. 4ofia

correu para alertar dona Eullia.

# Ficaremos em prece, 4ofia.

# *s também. Dessa ve$ é tudo que podemos fa$er.

12



A corrente de ora8%o continuou ativa, e todos enfrentaram a rdua

espera que avan8ou pela noite.

&s dados estavam lan8ados naquele acerto final entre as for8as do

Oem e do !al. & destino de Felipe dependia do vencedor daquela

contenda.

12



Capítulo 3:mplantes

# Oom dia, F"/ ?udo bomH

Felipe acordou assustado, olhando para ;ídia sem saber o que di$er.

# Guem é voc"H

;ídia come8ou a chorar e saiu correndo do quarto. Dona Eullia j

havia avisado, mas ver o fato consumado era diferente.

RRR

# !ari, vim correndo para c... Desculpa te acordar t%o cedo.

# Mmagina, querida. @enha tomar um café com a gente. Guer passar o

dia por aquiH

# @ou aceitar sim, j que é sbado. *%o vou incomodarH

# 7laro que n%o/

# 7omo dona Eullia disse que o processo de amnésia é reversível

quando retirarmos o aparelho, preferi me preservar e n%o ficar muito por

perto.

# Fe$ bem, voc" j sofreu o bastante com tudo isso.

# *ossa, eu nem sabia que isso era possível/ Sm aparelho parasita

fa$er alguém perder a memria/

# 4e for uma equipe com bastante conhecimento, sim. Eu quase fui

vítima de um aparelho assim, mais comple-o. :ra8as a Deus dona Eullia

conseguiu impedir a tempo.

;ídia estava realmente e-austa. !ariana preparou o quarto de

hspedes, e ela acabou dormindo até o meio da tarde.

12



a comple-idade do caso de Felipe impressiona. < maravilhoso ver o

socorro coletivo que um caso assim possibilita. Lustamente por isso tenho

fé absoluta na recupera8%o dele.

# Gue assim seja/

# @amos come8arH

Aproveitando a presen8a de todo o grupo, dona Eullia comandou

uma série de ora8)es para elevar o ambiente.

Assim como acontecera no dia de atendimento feito a Athor, todos

uniram seus cora8)es, doando o seu melhor.

RRR

# 4eja bem vinda novamente, 7arla.

# Fa$#me rir/ 4ei muito bem que n%o sou bem vinda nem aqui nem

em lugar nenhum.

A um comando, todos mandaram juntos uma lu$ rosa intensa para oseu chaQra cardíaco, mostrando a pure$a de inten8%o do grupo.

7arla n%o conseguiu disfar8ar a emo8%o. Ela estava muito mais

sensível do que na ve$ anterior.

# 7omo podem ver, voc"s n%o conseguir%o me deter. Oasta notar o

estado em que Felipe se encontra. *%o é demonstra8%o de poder suficiente

para voc"sH

# 4eus técnicos s%o realmente eficientes. !as voc" j notou a

contrapartida energética que est recebendoH

# Msso n%o me incomoda em nada. Admita, voc" n%o tem pessoal

especiali$ado para resolver a quest%o.

# L cuidaremos disso. &bserve agora para onde voc" seria levada

caso aceitasse ajuda. &bserve como seria tratada.

123



# <, eu sei. Mria assistir a todas aquelas aulas chatas e enfadonhas

sobre como ser boa$inha.

# *a verdade, voc" seria transferida para um grupo de e-#praticantes

de magia negra. Mria aprender a redirecionar todo o conhecimento que

possui para o bem – dos outros e de voc" mesma.

# 5ara queH

# &bserve vrios e-#colegas que est%o por l. Mnclusive magos

hierarquicamente superiores a voc", que j aceitaram colaborar com nossas

equipes.

Essa parte abalou 7arla. Estavam presentes ali magos com os quaisela lidara pessoalmente no decorrer dos séculos. 9omens de altíssimo

poder, que destruíram e-ércitos inteiros. +ealmente, se aquele grupo estava

ali, dona Eullia sabia o que estava fa$endo.

&s cinquenta que acompanhavam 7arla estavam mais abalados

ainda. 4abiam que dificilmente teriam outra oportunidade ou oferta melhor.

A realidade no submundo era cruel sempre dominar ou ser dominado. Elessequer sabiam que poderiam ser levados para um lugar t%o bonito e

agradvel.

Dona Eullia percebeu a hesita8%o, e investiu nisso.

# ?odos voc"s s%o livres para seguir para l. 5recisam apenas

desativar todas as magias, aparelhos e rituais que j fi$eram.

& líder deles se adiantou

# Esse é o problema. Demoraríamos muito tempo para resolver tudo.

?rata#se do trabalho de séculos reali$ado para o mal.

# 5odemos cuidar disso agora mesmo, a situa8%o pode ser agili$ada

com técnicas adequadas. @amos tra$endo aqui um grupo de pretos velhos

especiali$ados para desmanchar e desmagneti$ar integralmente tudo o que

for colocado = disposi8%o por voc"s.

12B



A equipe entrou em a8%o, enquanto os trabalhadores encarnados

foram doando energia. !uito amor foi sendo emanado e sentido, pois

naquele momento milhares de pessoas estavam sendo ajudadas.

& grupo inteiro podia sentir a energia de amor. 5arecia que,

finalmente, aquela longa disputa seria resolvida de forma favorvel.

# & >nico problema é esse aparelho especial de Felipe. – salientou o

líder. – 7omo é uma tecnologia nova, n%o sei desfa$er. E funciona como

uma bomba#relgio, porque est instalado diretamente no cérebro dele.

Dona Eullia hesitou, sem saber direito o que fa$er. !as a

Espiritualidade reservara uma surpresa.

122



Capítulo 5uda de Pedro

!ariana se lembrou do seu atendimento, quando dona Eullia

conseguiu impedir que um aparelho grave como aquele fosse implantado

nela. Era a arma secreta de Athor, mas 5edro aceitou desarmar porque, com

a ajuda da equipe, encontrou a sua amada.

Aquela sintonia mental fora suficiente. 5edro adentrou a sala, vestido

de branco e sorrindo.# &l, 5edro/

# Ooa noite, dona Eullia e a todos. @im retribuir o carinho de voc"s.

5ode dei-ar que eu e minha equipe cuidaremos disso. Em alguns dias

Felipe estar melhor.

# !uito obrigada/

4eguindo sua intui8%o, dona Eullia encaminhou 7arla para

continuar sendo tratada no astral, e encerrou o atendimento daquela noite.

RRR

# 5recisaremos de uma terceira etapa até 7arla desistir. < necessrio

que ela sinta na pele o fato de ter ficado sem alternativas. E 5edro precisa

de algum tempo até concluir seu trabalho.

# 4er que a memria de Felipe voltar ao normalH – perguntou

;ídia.

# 7reio que sim, querida. 5edro pareceu ter certe$a do que estava

falando – consolou !ariana.

0((



A vibra8%o daquele atendimento ainda foi muito pesada, estavam

todos desgastados. Dona Eullia dei-ou avisado para o grupo assim que

Felipe melhorasse fisicamente, seria feito um novo atendimento.

;ídia estava muito triste. ?inha d>vidas se aquele pesadelo realmente

iria acabar. E se Felipe n%o voltasse, como ficaria a vida delaH

!ariana, percebendo sua afli8%o, veio conversar.

# ;ídia, este é um momento de fé. ?alve$ a melhor pessoa para te

falar sobre isso seja o 7arlos, que passou tantos maus bocados comigo

tempos atrs. Eu n%o sei o que seria de mim se ele n%o tivesse insistido e

ido até o final.# Acho que eu posso ter esperan8a, néH ?enho medo de me frustrar,

de criar e-pectativas e ver depois que n%o adiantou nada.

# 7erte$a ninguém poder te dar. !as é importante que voc"

mantenha sua vibra8%o elevada, independente do desfecho. *unca podemos

dei-ar que a nossa vida afetiva dite as regras, pois essa é uma rea que n%o

depende s da gente.# <...

# @eja o e-emplo de 5edro. 9oje ele veio socorrer Felipe, mas até a

gente atend"#lo ele s disseminava o mal, apenas porque sua amada

morrera. Guando o amor n%o d certo, ou quando quem a gente ama morre,

n%o podemos parar nossa vida por causa disso, nem desandar nosso

caminho evolutivo.

# @oc" tem toda ra$%o. Eu estou fa$endo a minha parte, mas se

mesmo assim n%o der certo, nada poderei fa$er. Apenas seguir a minha

vida.

As amigas se abra8aram, com bastante esperan8a de ver tudo se

resolver.

RRR

0(1



# E quanto a ;ídia, que orienta8%o devo darH

# Dei-e que os dois resolvam isso. Eles devem se encontrar em

breve, e tudo ficar resolvido.

# E 7arlaH

# Est isolada em tratamento, ainda n%o acordou. Estamos

aproveitando a dei-a para que ela fique o mais harm6nica possível até o

atendimento final. 5or mais que ela resista, j tem consci"ncia de que n%o

poder impedir a recupera8%o de Felipe.

# Gue bom, mais uma ve$ ganhamos/

# 4empre que os encarnados se comprometem, nosso trabalho ficamuito mais fcil. & problema é quando h o abandono do tratamento no

meio, ou a recusa em aceitar e cumprir as li8)es dadas pela vida.

# Lustamente por isso busco sempre fa$er a minha parte/ @ou

aproveitar agora para meditar um pouco e mandar boas energias a Felipe.

# Ktimo, vou acompanh#la.

&s dois uniram#se em pensamento, mentali$ando uma grande flor deltus envolvendo o corpo de Felipe, revitali$ando seus chaQras. Enquanto

dona Eullia emanava essa lu$ violeta, todo seu corpo era refeito

energeticamente.

0(



Capítulo "Persevere

;ídia decidiu enfrentar a situa8%o foi até a clínica visitar Felipe.

Era muito difícil para ela o quanto estava sendo e-igida na sua fé.

5or mais que acreditasse no tratamento, era estranho pensar que naquele

momento Felipe nem sabia quem era ela mas, depois do atendimento, seria

possível t"#lo de volta.

De qualquer forma, tudo dera t%o certo até ali que n%o havia por queduvidar da equipe espiritual e de dona Eullia ou !ariana. Ela resolveu

usar o amor deles como arma contra a obsess%o.

Ao chegar = clínica, n%o falou nada. Foi se apro-imando dele e, com

muito carinho, deu um beijo apai-onado em seus lbios.

Felipe n%o entendeu nada a princípio, mas se dei-ou levar. E,

conforme ;ídia o beijava, imagens foram brotando em sua mente de sua

infPncia, de seus pais, de quando conhecera ;ídia, dos problemas com o

lcool. Sm filminho sobre sua vida foi passando em sua cabe8a, em rpidos

flashes.

;ídia terminou o beijo, e esperou. 7omo era difícil/

# &i, ;ili...

Assombrada, ela perguntou

# F"H

# &i, minha princesa.

# F", voc" voltou/

Ela mal podia acreditar, mas era verdade. *o mesmo instante ligou

correndo para dona Eullia e !ariana, para contar a novidade.

0(



Felipe n%o se lembrava de nada do que acontecera nos >ltimos dias,

desde que o aparelho fora acionado. 7onforme ;ídia e-plicou tudo, ele

ficou impressionado com a for8a do amor dos dois.

# Ainda bem que voc" n%o desistiu de mim, ;ili. & que ia ser de

mimH Ma virar um vegetal, ficar jogado por aí. *inguém merece/

# Agora que est tudo bem, quero te mostrar um visitante, que j est

conseguindo andar de cadeira de rodas.

# < o velho Ed/ !eu amigo/

Felipe correu para abra8ar Edgar. 4ua recupera8%o ainda estava

difícil, mas ele estava muito grato pela oportunidade recebida. Disposto alevar o tratamento até o fim, participava todos os dias das atividades da

clínica, mesmo tendo tremores e Pnsia.

# !eu querido amigo Felipe, que bom te ver assim/

# 5ois é, velho Ed, quem diria que a gente ia se reencontrar desse

jeito, os dois se cuidando, com tanta mordomia...

# 4eus amigos est%o sendo muito especiais. Assim que eu merecuperar quero retribuir tudo o que eles fi$eram por mim.

# Alis, quando voc" sair daqui, vai morar com a gente/ *ada de

voltar para a rua/

Sma lgrima grossa apareceu nos olhos de Edgar. Felipe era

realmente um filho para ele.

RRR

Guando !ariana chegou, mal podia acreditar na cena de

confraterni$a8%o que encontrou. Gue energia linda estava presente naquele

quarto/

# Felipe, que maravilha/

0('



# *em diga, !ari. Estou sendo aben8oado. !uito obrigado, minha

amiga, por fa$er tudo isso. *em sei como agradecer.

# Agrade8a a si mesmo por estar perseverando, por nunca desistir de

voc" mesmo/ ?enho certe$a que muito em breve essa clínica ser coisa do

passado. E voc" est bemH *%o sente nenhum efeito colateralH

# *%o, para mim é como se eu tivesse dormido por vrios dias. 4abe

o que eu sinto mais vontade, !ariH De melhorar mesmo, sair daqui, estudar

muito e ajudar as pessoas, assim como eu fui ajudado. Guem sabe até

montar uma clínica ou uma institui8%o que au-ilie os alcolicos.

# Foi e-atamente assim que eu me senti quando passei por tudotempos atrs. Guando a gente é ajudado assim, sente no peito uma gratid%o,

uma cone-%o com a espiritualidade, que n%o consegue mais dei-ar os

mentores de lado/

Dona Eullia chegou e logo se juntou ao clima de festa. Depois de

algum tempo, chamou !ariana de lado

# *%o quero ser estraga pra$eres, mas n%o podemos nos enganar.Ainda falta nossa conversa final com 7arla.

# < verdade, eu estava pensando nisso. 4er que ela ainda vai causar

problemasH

# 7reio que poucos, por causa da situa8%o sem alternativas em que se

encontra. !as n%o podemos esquecer todo o conhecimento que ela tem,

sempre pode surgir algum plano de >ltima hora. De qualquer forma, toda

essa vibra8%o positiva é a melhor arma contra isso.

# Ele est t%o feli$, é uma cena muito gostosa de ver/

# E vai ficar ainda melhor em breve. @oc" est disponível hoje =

noite, posso acionar o grupoH

# 5ode sim. Gue Deus nos proteja.

0(3



Capítulo $#uta

?odos foram avisados e uniram#se para a conversa com 7arla. Sma

hora antes de cham#la para incorpora8%o, foi feito um círculo de ora8)es e

preces, com !ariana no centro. ?odos trou-eram rosas, o ambiente estava

agradvel e perfumado.

# Ooa noite, 7arla.

# Acho que n%o temos mais nada a di$er. *%o sou burra, sei que n%otenho outra op8%o a n%o ser seguir para tratamento. !ande que eu v logo e

acabe com isso.

# Ainda tem alguém que quer te ver.

NaVsa, a mestra branca da Oabil6nia que iniciou 7arla na magia

branca, adentrou a sala.

# 4em d>vida voc" era a >ltima pessoa que eu queria ver, NaVsa. 5ara

que veioH 4ua maldi8%o j foi retirada, voc" n%o precisa mais de mim/

# Eu vim para mostrar o meu amor por voc". & quanto esperei esse

dia, o quanto queria que voc" voltasse. Eu vou ser a responsvel direta pela

sua harmoni$a8%o. Abra m%o do orgulho, 7arla. Eu posso ler seus

pensamentos. 4ei que voc" est cansada dessa vida, e que est surpresa em

ter encontrado acolhimento conosco.

7arla come8ou a chorar. Lamais esperava ouvir aquilo de sua antiga

mestra. Esperava uma bronca, condena8%o, um Weu te disseX. !as nunca

carinho como ela estava sentindo no peito.

# Eu sou digna dissoH

# ?odos somos, 7arla. Deus apenas espera que encontremos nosso

caminho. Guando chega a hora, a Espiritualidade nos abra8a e nos envolve.

A ajuda n%o dei-ou de vir antes porque a gente n%o merecia apenas n%o

0(B



veio mais cedo porque n%o dei-amos, porque ainda precisvamos de li8)es

mais duras para aprendermos, criadas por ns mesmos. Aqui, nos mundos

superiores, ninguém espera que os encarnados sofram, ou acredita que eles

n%o possuem merecimento para serem feli$es. ?odos merecem ser feli$es.

!as nem todos se dedicam realmente a isso, efetuando as mudan8as que

precisam em suas vidas.

# & que acontecer comigoH

# @oc" ficar sob minha orienta8%o, e completar o treinamento que

teria comigo l no templo, mil"nios atrs. EntendeH < isso que quero di$er

voc" far o treinamento do mesmo jeito, a demora foi definida por voc"mesma.

# E FelipeH

# Encontrar a pa$ t%o almejada pelo seu cora8%o. Guando voc"

estiver integralmente bem, e todo o trabalho coletivo de socorro =s suas

vítimas for concluído, voc" ser reintegrada a ele.

# Ent%o é issoH AcabouH# 4im. *a verdade, come8ou. Agora come8a a sua vida de verdade.

D" a sua m%o.

As duas deram as m%os e seguiram por uma lu$ branca, clarinha, que

envolveu a todos em pa$. Dona Eullia apenas assistiu =quela interven8%o

belíssima, da qual ficou t%o feli$ por fa$er parte. NaVsa aproveitou a

mediunidade de +icardo para falar, e o dilogo foi entre ele e !ariana

incorporados.

?odos terminaram o trabalho em sil"ncio, feli$es. E naquele

momento, para surpresa geral, quem entrou na sala foi Felipe,

acompanhado do dono da clínica.

# Acabou tudo, n%o éH Eu posso sentir/

# Acabou sim, Felipe. Oem vindo de volta = sua vida. Agora a

felicidade n%o vai mais te dar trégua/

0(2



RRR

Foi feita uma festa de comemora8%o para Felipe, fechando com

chave de ouro aquele momento aben8oado e esperado. Sma festa sem

lcool, claro/

# *%o sei como ser minha volta = sociedade, dona Eullia. ?enho

um pouco de receio. *enhuma festa ser como aqui, serei e-posto =

tenta8%o.

# @oc" ter que desenvolver muito a sua for8a de vontade e jogo decintura. !uitas pessoas desavisadas v%o te oferecer bebida, na maior

inoc"ncia. @oc" que ter o papel de ser consciencioso e ter sempre em

mente sua condi8%o de doente em recupera8%o permanente.

# L vi qual é o AA mais pr-imo da minha casa, vou frequentar as

reuni)es. ;ídia ir no Al#Anon.

# Fantstico. Fique tranquilo, vai dar tudo certo.# !al posso acreditar que vou dormir em uma casa normal hoje,

depois de tanto tempo/

# Aproveite a felicidade e cultive todas as b"n8%os que a vida te deu.

;ídia chegou, radiante.

# E Edgar, vamos visit#lo amanh%H

# *%o, eu e ele combinamos que n%o irei visit#lo até o fim do

tratamento. Ele quer ter esse momento para ele, e deseja que eu me afaste

desse ambiente de clínica por enquanto, até eu estar bem recuperado.

# Esse realmente é seu amigo/

!ariana n%o conseguia parar de sorrir.

# Felipe, como sonhei com esse momento/ Gue alegria/

# 5ois voc" trate de curtir muito sua viagem para 7ancun semana que

vem, e esque8a da minha e-ist"ncia/

01(



+indo muito, os amigos se abra8aram.

Felipe pediu para fa$er um discurso de agradecimento. ?odos se

sentaram para ouvir.

# Amigos, mal tenho palavras para e-pressar tudo que sinto.

Agrade8o cada minuto que voc"s dedicaram = minha recupera8%o. ?odo o

carinho que dedicaram ao meu caso, todas as noites que dei-aram de ficar

com suas famílias. ?odas as ve$es que me receberam b"bado aqui, e nunca

me julgaram por isso.

:ra8as a voc"s, a dona Eullia e !ariana, hoje irei para casa com

minha futura esposa preparado para enfrentar uma vida de sobriedade, semnunca mais dar o primeiro gole. Futuramente, assim como fui ajudado,

quero ajudar.

Agrade8o ao meu querido mentor e a toda a equipe espiritual que me

ajudou. Gue Lesus e todos os !estres envolvam a todos na mais plena

felicidade/

7om uma chuva de aplausos, Felipe beijou ;ídia, e ficou selado ofinal feli$ daquele atendimento.

011



Capítulo '.egunda ve

Felipe manteve#se afastado da clínica, como prometeu. !as ;ídia

n%o p6de resistir a visitar Edgar. & velho Ed tornou#se um grande amigo

para ela também, acabou virando rotina o papo agradvel com o doce

senhor.

# Ed, quais s%o seus planos saindo daquiH

# 5osso te contar um segredoH# 5ode, claro/

# Eu tenho um parente vivo, que mora em outro país. Sm tio muito

querido. Guando comecei a piorar, peguei boa parte das minhas economias

e abri uma conta l no país dele, a 4uí8a. Fi$ meu tio jurar que nunca me

daria a senha da conta, a n%o ser que eu o procurasse sbrio, e que ele

pudesse comprovar que eu realmente havia parado de beber. Ele sabe tudo

que passei, e como é realmente meu amigo, nunca me deu um tost%o –

esperou que eu me recuperasse, como eu mesmo pedi. !as liguei para ele,

que ontem veio aqui me ver.

# Lura, EdH

# Luro. Guando ele conversou com toda a equipe, comprovou que eu

tinha finalmente conseguido. E me deu a senha.

# !eu Deus/ E o que voc" vai fa$erH Guanto tem na contaH

# & bastante para eu nunca mais precisar me preocupar com dinheiro

na vida cinco milh)es de dlares.

# Sau/

# A primeira coisa que farei é devolver tudo que 7arlos gastou

comigo e com Felipe. Depois, pretendo comprar uma casa simples e um

010



carro, e usar todo o resto para a caridade. Felipe ainda quer fa$er um

institui8%o para os alcolicosH

# < o sonho dele, ele s n%o sabia como conseguir verba/

# Ent%o acaba de conseguir. *%o vou mais desperdi8ar nenhuma

chance que a vida me trou-er. Essa é uma segunda vida, na qual pretendo

ser outro homem e fa$er muita gente feli$ junto comigo.

*a porta do quarto, 4érgio amparava uma senhora, que n%o

conseguia conter as lgrimas.

# 4érgio, re$ei tanto para meu marido conseguir fa$er isso... :ra8as a

Deus ele est se permitindo dei-ar a tragédia ir embora, e honrando o amorque tivemos em vida/

# < muito bonito, 7eleste, ver que ele reagiu. Agora ele e Felipe

conseguir%o cumprir o que estava planejado. !uitas pessoas ser%o

beneficiadas.

# :ra8as a Deus/

Edgar podia sentir a presen8a de 7eleste no ar, quase podia tocarseus cabelos. E, agora sim, sabia que estava pegando o rumo certo na vida.

RRR

Sm ano depois, Felipe estava entrando no Mnstituto Amanhecer. &s

primeiros cinquenta leitos j estavam disponíveis, toda a reforma estava

concluída.

# Ed, quando vai ser a festaH

# Daqui a duas semanas. *ossa assessoria est convocando a

imprensa. 7onseguiremos a aten8%o de muitos investidores para que

possamos ampliar nossa capacidade.

# & palestrante est confirmadoH

01



# 4im, ele confirmou hoje. E a equipe médica, aquela enfermeira que

faltava fechouH

# Fechou sim. Est tudo praticamente pronto.

Edgar sorriu. Felipe se empenhara como nunca na prepara8%o do

Mnstituto, que abriria suas portas em grande estilo. A interna8%o e todo o

tratamento seriam gratuitos, para a popula8%o carente. De$ das primeiras

vagas seriam dadas para e-#colegas dos dois no tempo das ruas.

# E ;ídia, cad"H

# Foi terminar a arte final das fotos daquele evento da semana

passada. A produtora est com tanto trabalho que ontem contratamos maiscinco funcionrios.

# Gue timo. E esse casrio, sai quandoH *%o me conformo que

voc"s ainda n%o moram juntos/

# A gente achou melhor assim. Eu precisava me reabituar com vrias

coisas, ela precisava desenvolver os projetos dela e parar de se preocupar

comigo o tempo todo. Agora sinto que a gente est pronto para ficar juntode ve$. @ou pedir a m%o dela no dia da inaugura8%o, j preparei tudo.

# Até parece que ainda precisa pedir a m%o dela em casamento/

Ainda tem alguma d>vidaH

# *%o. !as ;ídia é minha princesa, e merece ter todos os sonhos dela

reali$ados. *a verdade, se ela topar, casamos em tr"s meses. 7omo eu j

sei qual vai ser a resposta, te pergunto aceita ser meu padrinho de

casamento, junto com dona EulliaH

Edgar n%o conseguiu conter as lgrimas de emo8%o. Deu um grande

abra8o em seu WfilhoX, o melhor filho que poderia ter.

# 7laro que aceito/ A lua#de#mel é por minha conta/

01



Capítulo *#ídia se reanima

;ídia havia passado o >ltimo ano mergulhada em seu trabalho. Foi

decidido em comum acordo com Felipe que seria melhor, inicialmente, eles

morarem separados e firmarem suas vidas, antes de qualquer compromisso.

4eguindo fielmente as orienta8)es de seu terapeuta e do grupo de

apoio, ;ídia buscou dar bastante espa8o para Felipe naquela readapta8%o.

?udo que ela n%o podia fa$er naquele momento era tomar as rédeas da vidadele e n%o dei-ar que ele resolvesse suas coisas so$inho.

RRR

& primeiro assunto que ela buscou resolver foi Eduardo. Sm m"s

depois que Felipe saiu da clínica, ela o procurou para conversarem.

# ;ídia, voc" est linda/

# &brigada, querido.

Ela olhou séria nos olhos dele, com carinho.

# *%o precisa di$er nada, ;ídia. Desde seu telefonema eu j sabia

qual seria o fim dessa histria. 5ara facilitar as coisas j estou saindo com

uma mo8a muito agradvel, e devo pedi#la em namoro esta semana. Est

tudo bem, n%o se preocupe.

# Guero que saiba que eu realmente levei o seu pedido em conta e

que provavelmente, se Felipe n%o voltasse, eu aceitaria.

Eduardo sorriu.

# 4aber disso d um significado especial para o >ltimo ano da minha

vida. E pode sempre contar com a minha ami$ade.

&s dois se abra8aram, feli$es por tudo se resolver em pa$.

01



RRR

Depois disso, nem foi difícil dei-ar Felipe com espa8o. Era tanto

trabalho para resolver na produtora que ela ficou consumida. Feli$mente o

trabalho da assessoria de imprensa que ela tinha contratado enquanto Felipe

estava na clínica rendeu muitos frutos.

Felipe foi se ambientando aos poucos. Aceitou um empréstimo de

7arlos e come8ou a trabalhar na firma, em um cargo temporrio, até tudo

se estabili$ar.Embora amasse fotografia, ele sentia que aquele n%o era mais o seu

caminho profissional. Depois de tudo que vivenciou, queria se dedicar ao

?erceiro setor e abrir uma &*:. !as, antes, precisava estudar e conhecer

melhor a rea.

4imultaneamente veio a proposta de Edgar, calhando com tudo que

Felipe sonhava. Ele terminou os afa$eres do trabalho temporrio e dedicou#se integralmente ao projeto.

Edgar revelou a Felipe sobre o dinheiro que tinha guardado, e fe$

quest%o de devolver a 7arlos todos os gastos com as duas interna8)es. !as

a postura de Felipe realmente mudara mesmo tendo dinheiro garantido, ele

se empenhou tanto no trabalho do Mnstituto que estava irreconhecível.

Aquilo tudo provava a ;ídia que ele mudara. Ela se sentia segura em

assumir um compromisso com ele agora.

;ídia iniciou seus estudos no centro de dona Eullia. Ela e !ariana

ficaram muito amigas – agora a dupla 7i8a e !ariana virara um trio. As

tr"s eram inseparveis.

RRR

01'



& ano passou t%o rpido que j estava chegando a data da

inaugura8%o do Mnstituto Amanhecer.

# !ari, quando vai estrear aquele filme legalH

# 4emana que vem, ;ili. @amos verH

# A 7i8a vai estar livreH

# @ai, mas s depois da inaugura8%o do Mnstituto. Ela t organi$ando

toda a festa, a recep8%o, o contato com a imprensa. Est atarefadíssima/

# *em diga, Felipe também est 1((U dedicado. Fico t%o feli$/

# E voc"s dois, como est%oH

# *%o posso negar, a princípio foi difícil para mim. Fiquei t%oacostumada a cuidar dele, a ele precisar de mim para tudo, que me senti

meio isolada, jogada de canto. !as, com a ajuda da terapia, percebi que é

e-atamente esse padr%o que eu tinha de quebrar o de cuidadora. Ele é

plenamente capa$ de tocar a prpria vida sem a minha supervis%o. E assim,

aos poucos, ele vai voltar a ser o Felipe por quem me apai-onei.

# 5elo visto, uma vers%o adulta e melhorada/# < verdade. 4abe, com o tempo, eu mesma passei a duvidar da

capacidade dele de fa$er as coisas, mesmo que inconscientemente. Estou

boquiaberta vendo todo o trabalho que ele est desenvolvendo, meio que

renascido das cin$as. 4uperou todas as e-pectativas/

# 4abia que muitos c6njuges co#dependentes terminam o casamento

justamente quando o alcolico melhoraH < como se a rela8%o perdesse o

sentido. E tem muita gente que n%o aguenta ver o e-#dependente brilhar,

fa$er sucesso, se achar na vida.

# :ra8as a Deus, n%o foi o meu caso. Estou t%o orgulhosa dele/

# < pra ficar mesmo/

# @oc" vai = recep8%o amanh%H

# 7laro, voc" acha que vou perderH

# Ent%o te vejo l/

013



;ídia foi para casa, marcar cabeleireiro e arrumar seu vestido.

!ariana, que j sabia da surpresa que Felipe faria, sorriu.

# Ela vai cair pra trs quando ver o anel de noivado/

01B



Capítulo -Colo de pai

Felipe foi bem cuidadoso na sua reapro-ima8%o com os pais. A >nica

coisa que fe$ quest%o de imediato foi levar 5hilip, seu cachorro labrador,

para morar com ele na pequena casa que alugou.

Guando ele saiu da clínica, dona Lulieta percebeu o quanto tinha

arraigado em si o comportamento de superprote8%o. 5or ela, j teria

comprado uma casa para o filho, mobiliado, decorado e contratado umaempregada.

# Lulieta, voc" sabe que n%o podemos fa$er isso. ?emos dinheiro,

seria bem fcil para ns – mas Felipe precisa ter esse tempo de teste, para

buscar as coisas pelo seu prprio trabalho.

# Ai, Dimas, eu sei, mas é horrível ver meu filho morando naquele

bairro, privado do conforto que a gente pode dar para ele.

# Lulieta, por tudo que aconteceu, tenho certe$a que, muito em breve,

Felipe estar em outra situa8%o. *o momento, a gente tem de se preocupar

em estar por perto e dar carinho para ele, até que todos os traumas passem.

# *ossa, marido, quem te viu, quem te v". *unca pensei que ouviria

voc" falando assim/

# 7ansei de ser o dur%o que briga com todo mundo, sabeH Guero pa$.

Guero resgatar a rela8%o com meu filho. Ele é muito importante para mim.

Assim como voc", querida. @amos fa$er uma viagemH

# LuraH *ossa, voc" nunca quis me dar esses mimos/

# 5ois est na hora de dei-ar esse Dimas bob%o para trs. & que

adianta ter dinheiro se n%o aproveitamos e n%o cultivamos nossa felicidadeH

Alis, na volta da viagem, voc" poderia ver alguma institui8%o para

doarmos dinheiro, alguma que fa8a um bom trabalho.

012



# *em acredito/ @amos para 5arisH

# 9um, é uma cidade linda/ @amos sim, providenciarei tudo.

&s dois viajaram, e tiveram momentos de intimidade n%o vistos

havia muito tempo. Felipe viu as fotos depois, e mal p6de acreditar.

# <, ;ídia, o velho Dimas mudou mesmo/

# Ai, F", fico t%o feli$/ 4empre torci para isso acontecer/

RRR

7onforme o ano passou e Felipe se dedicou ao Mnstituto, o pai malcabia em si de orgulho do filho.

Sm dia, =s vésperas da inaugura8%o, chamou Felipe para jantar.

# !eu filho, queria te falar algumas coisas.

# & que foi, paiH

# Eu quero te pedir perd%o por tudo que te fi$. 5ela falta de apoio, por

voc" n%o ter podido contar comigo. 5or eu ter sido sempre t%o materialista,e ter sido incapa$ de ver que meu filho estava doente e precisando de ajuda.

*esse momento o gar8om chegou, oferecendo a carta de vinhos.

Dimas recusou

# ?raga um bom suco para mim e meu filho. *ada de bebida

alcolica.

Felipe sorriu. +ealmente, o pai tinha entendido de uma ve$ por todas

a sua condi8%o.

# 5ai, fico super feli$ de voc" me procurar assim. 7laro que eu te

perd6o/ 4enti muito sua falta esse tempo todo.

Dimas n%o conseguiu conter as lgrimas. Dei-ou a comida de lado, e

foi dar um grande abra8o em seu filho amado. &s dois foram embora do

restaurante direto para casa, dei-ar dona Lulieta participar daquele

momento t%o esperado.

00(



# Ah, meu filho, que b"n8%o/ E ;ídia, como estH

# Est tima, mam%e. Eu vou pedi#la em casamento no dia da

inaugura8%o do Mnstituto, e quero voc"s l.

# Ah, que romPntico/ Eu posso ajudar a montar a casa de voc"sH

# *ossa, mam%e, a terapia fe$ efeito mesmo/ A senhora est me

pedindo antesH

?odos riram, feli$es.

Aquela inaugura8%o prometia ser uma grande festa/

001



Capítulo "0itória

7i8a n%o poderia ter feito um trabalho melhor a inaugura8%o foi

montada como uma grande festa de gala. Felipe parecia um príncipe com

seu smoQing ao receber ;ídia, que chegava em um vestido longo prateado.

# F", voc" est um gato/

# E voc" uma princesa, como sempre...

&s dois se beijaram feli$es. A festa corria solta, com mais de

quinhentas pessoas.

Edgar também estava felicíssimo. @rios investidores estavam

agendando reuni)es de negcios, outros fa$iam cheques de doa8%o ali

mesmo.

!ariana e 7arlos chegaram, e !ari veio correndo abra8ar ;ídia.

# !enina, que lu-o/ @oc" est linda/

# E voc", !ari do céu/ 7omo vermelho te cai bem/

# E a 7i8aH

# Da >ltima ve$ que a vi, estava gritando ordens na co$inha. Ela é

tima/

# Ah, essa é a especialidade da minha garota/

7ome8ou o jantar, com pratos requintados e saborosíssimos. *aquele

momento, Edgar surpreendeu a todos entrou no sal%o um grupo de trinta

moradores de rua, maltrapilhos.

Ao notar os olhares espantados, Edgar pegou o microfone

# < para eles e por eles que estamos aqui. Essa casa ser o abrigo dos

mais pobres, de quem realmente precisa. 4ejam todos bem vindos, e

aproveitem a festa/

Felipe sorriu.

000



# Esse é o velho Ed/

Dona Eullia também estava linda em um vestido de seda rosa.

Estava quieta, observando a movimenta8%o dos mentores. Discretamente,

4érgio veio conversar com ela

# Ali, naquela parte, est sendo montado o centro de

encaminhamento direto para a col6nia. *aquele outro lado, é a enfermaria.

E este é Alcides, o mentor encarregado do Mnstituto Amanhecer no astral.

# 5ra$er, Alcides/

# Ooa noite, dona Eullia/ L sabe, sempre que receber um alcolico,

pode mandar para a gente/# Ah, n%o faltar trabalho/

4orrindo, ela se afastou, antes que alguém a visse falando Wso$inhaX.

E, nesse momento, Felipe pegou o microfone.

# Guero pedir um momento da aten8%o de todos para agradecer.

Agrade8o a oportunidade que tive ao administrar este Mnstituto ao lado do

meu grande amigo Edgar. Agrade8o por todos estarem aqui e compraremessa causa junto conosco. E, neste momento, quero que todos fa8am parte

de um momento inesquecível na minha vida. ;ídia é minha namorada

desde adolescente, acompanhou toda a minha trajetria e a minha

recupera8%o. 9oje sou um alcolico recuperado h tre$entos e setenta dias,

e por mais um dia n%o tomarei o primeiro gole.

!ariana, dona Eullia e 7i8a choravam abra8adas, sabendo o que

viria em seguida.

# ;ídia, meu amor, minha princesa quer casar comigoH

4ob uma chuva de aplausos, ;ídia subiu ao palco e recebeu sua

alian8a no dedo, chorando como nunca. 5or essa surpresa ela n%o esperava/

RRR

# 7i8a, o véu est reto atrsH

00



# ;ídia querida, voc" é uma das noivas mais radiantes que j vi. E

isso, vindo de mim, é um grande elogio/

# Est na horaH

# 4im, querida. 5arabéns e seja sempre muito feli$/

As amigas se abra8aram, e o pai de ;ídia veio apanh#la. ?odos

esperavam ansiosos.

;ídia e Felipe escolheram fa$er um casamento espírita. & 7entro

Apométrico ;u$ do 4enhor estava todo colorido e perfumado, e o jui$ de

pa$ aguardava os dois. 7omo a festa fora organi$ada pela empresa de 7i8a,

estava tudo perfeito e os violinos a postos.;ídia entrou no sal%o, enquanto Fabrício e !urilo iam jogando

pétalas de rosas pelo caminho.

*o palco, esperavam dona Eullia, Edgar, 7arlos e !ariana – os

padrinhos. Felipe estava completamente fascinado pela imagem de ;ídia

noiva. Ela estava maravilhosa/

# F", eu te amo/# Eu também, minha princesa.

4érgio e 4ofia deram as m%os, projetando uma lu$ rosa para todos os

presentes. Era uma linda noite.

00



4ota da m;dium

A pedido de nossos queridos amigos espirituais, vim contar a voc"s

que o Mnstituto Amanhecer é uma col6nia espiritual de verdade, destinada

ao tratamento de alcolicos. Edgar, Felipe e Alcides coordenam o trabalho.

?odos que lerem Desculpas não bastam ter%o a equipe da col6nia a

seu dispor – para isso ele foi psicografado. 4e voc" é alcolico, ou tem

algum parente nessa condi8%o, pe8a a ajuda de nossos amigos e eles ir%o

trabalhar a favor dessa pessoa.

Fiquei sabendo, ao terminar a psicografia, que uma pessoa muito

querida para mim est come8ando a trabalhar no Mnstituto Amanhecer por

estes dias. :rilo, para quem este livro foi dedicado, foi meu tio nesta

encarna8%o. Foi alcolico, e morreu devido a complica8)es pelo longo uso

do lcool. :rilo era uma pessoa muito querida, fe$ minha tia e madrinha

muito feli$, e é com imensa alegria que acompanhamos o seu caminho na

Espiritualidade.

Fui alvo de muita obsess%o ao receber este livro, especialmente por

causa do grupo de quator$e magos que foi aqui descrito. Esses magos t"m

uma atua8%o muito ampla, dado que o índice de Alcoolismo em nossa

sociedade é altíssimo.

Espero que este livro colabore para buscarmos conscienti$a8%o,

estudo e reformula8%o das nossas atitudes em rela8%o ao [lcool. +onaldo

pediu que eu n%o bebesse durante a psicografia do livro – eu j n%o sou

muito dada a beber, fa8o isso raramente. !as, quando o livro terminou e eu

poderia comemorar, n%o senti vontade de beber. 4enti vontade de amar, de

ser feli$, de espalhar felicidade, de mostrar ao mundo que n%o precisamos

de lcool – e que precisamos ajudar quem é doente por causa dele.

!uita lu$ a todos/ *os vemos no terceiro volume/

00



+oa,Des

?oda a renda recebida por 7amila 4ampaio advinda de seus livrosmedi>nicos ser integralmente doada para o funcionamento do :rupoApométrico ;u$ do 4enhor :A;SC.

7omo a distribui8%o dos e#booQs é gratuita, caso queira contribuir com o:rupo, voc" pode proceder de algumas formas

1C Acesse JJJ.terapiadevidaspassadas.net e adquira nossos livrosimpressos sobre ?erapia de @idas 5assadas

http://www.terapiadevidaspassadas.net/

http://www.terapiadevidaspassadas.net/

apometria camila sampaio 2 desculpas não bastam pelo espírito ronaldo

Documents