apocalipse - estudo versículo a versículo

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Igreja Presbiteriana Independente de Cosmópolis Apocalipse Revelação de Jesus Cristo

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Estudo versículo a versículo, seguindo um ponto de vista pré-milenarista. Estudo realizado na Escola Bíblica Dominical da Igreja Presbiteriana Independente de Cosmópolis.

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Igreja Presbiteriana Independente de Cosmópolis

Apocalipse Revelação de Jesus Cristo

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Introdução: propósito e esclarecimentos_________________ Este material foi resultado de aulas ministradas na Escola Bíblica Dominical da IPI de Cosmópolis. A idéia de estudarmos Apocalipse surgiu no momento em que estávamos discutindo qual assunto tratar em aula, após terminarmos nosso estudo sobre Missão e Evangelismo. Como uma atividade final daquele estudo, tínhamos visitado o Instituto de Formação de Missionários Peniel, e algumas das pessoas que lá foram assistiram a uma aula sobre Apocalipse, ministrada por um dos professores do Instituto. Foi por sugestão então dos nossos irmãos Tarlei e Marcelo, em uma das aulas da EBD, que iniciamos este estudo. Durante diversas semanas podemos então estar estudando, depois de uma introdução ao estudo, verso a verso o Livro de Apocalipse. O Livro de Apocalipse é, por certo, o mais difícil entre os 66 Livros de nossa Bíblia. Muitas encruzilhadas surgem para aquele que se debruça sobre o livro pra realizar seu estudo. Para não se perder nas diversas interpretações que já foram sugeridas para as diversas passagens é preciso se ter em mente alguns pontos-chave antes de passar a estudar com atenção o Livro. O primeiro é a dependência de Apocalipse ao restante das Escrituras. Para compreender bem as passagens de Apocalipse muitas vezes é necessário se olhar para passagens do AT e mesmo do NT, as quais este faz clara referência, ou mesmo faz referência de forma indireta. Segundo, precisamos definir de que forma vamos tratar o livro: como profecia, símbolo, alegorias. Escolhemos tratar Apocalipse como tratamos o restante dos livros: como literal, a não ser que o texto mostre que deve ser lido de forma simbólica. Esta é considerada uma interpretação futurista do livro. Devemos ter também de forma clara, como interpretamos textos-chave do Livro, como onde situar a Tribulação, a prisão de Satanás no Milênio, a Nova Jerusalém. Enfim, o estudo de Apocalipse é desafiador, e enriquecedor para o Cristão, que por acaso desejar estudar mais a fundo muitas das questões bíblicas, que acabam surgindo neste último livro da nossa Bíblia. As páginas que se seguem foram escritas em um longo período, conforme cada capítulo foi sendo estudado. Certamente contém erros, pois “ agora, vemos como em espelho, obscuramente; então, veremos face a face. Agora, conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido.” (1 Co 13.12). Com erros entretanto foi um trabalho feito buscando sempre a iluminação da vontade de Deus e esperamos que possa abençoar os que por acaso o leiam.

Presb. Robson Timoteo Damasceno, IPI de Cosmópolis Dia 4 de Julho de 2007

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1 – O Livro de Apocalipse_________________________ 1- Título

O título vem do grego apokalipsis (αποκάλυψις), que por sua vez vem da junção de apo (distante, longe) e kalupsis (cobertura), o que literalmente seria retirar uma cobertura, ou seja revelar. Por isso, algumas versões da Bíblia usam o nome “Revelação” para o livro. 2- Autor

O próprio autor se identifica como sendo João (1.1,4,9 e 22.8). Tradicionalmente, se identifica o João de Apocalipse como o apóstolo João, que

também teria escrito o Evangelho e as 3 Epistolas. Esse ponto de vista é reforçado por semelhanças entre esses textos, por exemplo, no fato de o autor se referir a Cristo como o Cordeiro (Jo 1.29 e mais duas vezes em João, 5.6 e mais 30 vezes em Apocalipse) e o Verbo (somente nesses textos: Jo 1.1, 1.10 e 1.14, 1Jo 1.1 e 19.13), e por serem textos com uma alta Cristologia (Jesus como Senhor dos Senhores, filho de Deus, etc.).

Os primeiros pais da Igreja, por exemplo, Justino Mártir (150DC) e Irineu (178DC) aceitavam a autoria joanina de Apocalipse.

A primeira dúvida a respeito da autoria de João surgiu com Dionísio de Alexandria (248DC), que apontava diferenças doutrinárias entre o Evangelho de João e Apocalipse. Durante a história outros estudiosos apontaram outros autores e mesmo colocaram dúvidas sobre a canonicidade de Apocalipse.

Dentro da crítica moderna (alta crítica), alguns estudiosos sugerem que João Apóstolo, João Presbítero e João de Patmos seriam 3 pessoas distintas e apontam diferenças entre o grego dos textos, por exemplo, como razões para essa diferenciação.

Embora discussões sobre autoria e canonicidade sejam válidas, no caso de Apocalipse nenhum argumento é forte o suficiente para apontar outro autor que não João. Primeiramente, seria presunçoso de outro João, que não o apóstolo, se identificar somente como “João”. Além disso, o fato de escrever as cartas às igrejas da Ásia (historicamente acredita-se que o apóstolo João tenha ministrado a essas igrejas), e principalmente a importância da mensagem que o livro passa, fazem do Apóstolo João a mais correta opção de autoria do livro. Tanto as evidências internas quanto externas dão credibilidade à autoria de João. 3- Data

Assim como a autoria, a data do livro tem sido motivo de discussões. Pode-se situar o livro entre 41 e 117 DC, embora a maioria das hipóteses aponte para uma data entre 54 e 96DC. O principal foco das discussões reside em se situar o livro antes ou depois de 70DC (ano da destruição do templo de Jerusalém), uma vez que a linha preterista (veremos na próxima aula) depende da anterioridade a essa data. Os defensores de uma data recuada (60-67DC) apontam como evidências internas à menção do templo no livro (Cap. 11) e como evidências externas citações do período patrístico. Já os defensores de uma data tardia (95-96DC) apontam evidências internas, como o contexto no qual viviam as 7 igrejas da Ásia frente às cartas Paulinas, e evidências externas, como a forma de perseguição enfrentada pelas igrejas a quem a carta se endereça, que parece apontar para o período de Domiciano ao invés da época de Nero, e o testemunho de Irineu que teria recebido o testemunho de pessoas que viram João face a face.

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Uma vez que temos como autor de Apocalipse à João, podemos situar o livro entre 54DC e 96DC. Datas anteriores e posteriores a essa são improváveis diante das evidências.A data exata dentro desse período não é imprescindível para compreensão das principais verdades do livro, a não ser que se compreenda o livro pela linha de interpretação preterista. 4- Gênero Embora muitas vezes seja dito isto, não é correto descrever o livro como apocalíptico. Livros apocalípticos podem ser agrupados com algumas características comuns, e incluem entre elas o fato de expressarem a visão pessoal de seu escritor e o efeito que esse pretende causar. Essas características em especial não se aplicam a Apocalipse, uma vez que este é uma profecia de Deus e não uma visão elaborada por João. Acreditamos que este é um livro, que Jesus ordenou que se servo escrevesse, e é uma profecia e não um livro apocalíptico (22.16 e 18). 5- Contexto e Propósito Algumas correntes de interpretação de Apocalipse colocam o contexto no qual João o escreveu como de extrema importância. Esses intérpretes consideram que Apocalipse foi escrito primariamente para pessoas daquela época, e refere-se à fatos que eram importantes nesse contexto. Dentro dessa visão é importante situar-se Apocalipse no período de governo ou de Nero, ou de Domiciano como imperadores romanos (dependendo da visão referente à datas). Nessa época, João estava exilado em Patmos por pregar a Palavra (1.9). As igrejas sofriam perseguição dentro do império, uma vez que a pregação do Evangelho ia contra à idéia do Imperador como Divino e, além disso, era um fator de desestabilização dentro das fronteiras do Império Romano. Embora o contexto seja importante para termos uma visão melhor dos símbolos usados por João, não devemos, entretanto supervalorizar o contexto imediato do I Século. Assim como as profecias do AT, que só tiveram total cumprimento séculos depois (profecia do servo sofredor de Is 53, p.ex.), as profecias de Apocalipse também se referem a eventos futuros. Mais do que tudo, devemos ter em mente que assim como todas profecias do AT, as palavras de Apocalipse destinam-se primeiramente a advertir as pessoas que mudem sua maneira errada de vida, e tornem-se para Deus, tornando-se de acordo com sua vontade. É nos forçoso admitir, frente ao texto de Apocalipse, que João não tinha nenhum propósito próprio em escrever Apocalipse. Como um servo obediente ele apenas o fez (1.19). Além disso, devemos ter em mente que o contexto a qual o livro se aplica é universal, assim como a Palavra de Deus, através da Bíblia, o é. Assim, embora o livro trate de acontecimentos ainda não realizados, e por outro lado, tenha figuras que sejam mais próximas da época em que foi escrito, de forma alguma deixa de ter sua importância teológica, e deve ser estudado com cuidado.

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2 – Interpretando Apocalipse_______________________ 1- Os 5 Sistemas de Interpretação A principal divisão entre os estudiosos de Apocalipse é sobre a forma como as profecias do livro devem ser analisadas. Cada sistema adota uma linha de visão a respeito do tempo ao qual as profecias se aplicam. Os preteristas analisam o texto como se referindo a acontecimentos do passado, como a queda de Roma e a destruição do templo de Jerusalém. Os historicistas aplicam o texto como referente aos principais acontecimentos da história, indo do tempo de João até a segunda vinda de Cristo. Na visão futurista, os fatos descritos no livro refere-se a tempos futuros. Já os idealistas assumem que os eventos do livro não dizem respeito a nenhum tempo, mas são símbolos da grande guerra espiritual entre o bem e o mal. Por último, os ecléticos assumem como válidos pontos de interpretação de cada corrente e assim aplicam visões preteristas, futuristas, historicistas e principalmente idealistas. Dentre todos esses métodos de análise, adotaremos o sistema futurista, uma vez que o caráter de Apocalipse é profético e nenhuma tentativa de associar fatos históricos aos descritos em Apocalipse foi suficientemente bem-sucedida, de forma que primariamente devemos considerar, pela inerrância das Escrituras, que esses fatos ainda se sucederão. Além disso, nossa interpretação será dispensacionalista. O dispensacionalismo interpreta que na Bíblia o homem passou por dispensações, que são formas pelas quais Deus interagiu com o homem. Assim, Adão e Eva pertenceram a dispensação da Inocência, o AT foi escrito na dispensação da Lei, e a Igreja vive a dispensação da graça. Quanto as profecias de Apocalipse, assim como as profecias do AT muitas vezes tinham um cumprimento imediato, e outro futuro (ver por exemplo, Os 11.1), não podemos deixar de observar que algumas das profecias do Livro se encaixam bem em acontecimentos do I Século, embora seu cumprimento final ainda esteja no futuro. 2- Simbolismo

O surgimento desses sistemas de interpretação se deve principalmente à forma como os símbolos de Apocalipse são interpretados. Dois extremos na interpretação dos símbolos de Apocalipse são: julgá-los de forma puramente literal e julgá-los como alegorias de uma verdade maior. Para que não se perca o texto de controle e parta-se para o campo das especulações infrutíferas, no estudo de Apocalipse são necessárias algumas considerações gerais:

• Deve-se sempre pensar no contexto de João para entender-se melhor seus símbolos.

• Deve-se considerar o uso de expressões parecidas no NT. • Deve-se considerar a ligação com outros textos do AT e NT dos quais depende e

aos quais complementa. • Deve-se evitar suposições que não podem ser comprovadas, e nunca presumir

algo que vai contra a teologia do resto da Bíblia. Embora muitas pessoas bem-intencionadas enxerguem em Apocalipse as mais

diversas interpretações, muitas vezes fantasiosas, é necessário que se tenha em mente alguns pontos no estudo desse livro. Primeiramente, Apocalipse deve ser lido como o resto da Bíblia, portanto, ao menos que o contexto peça o contrário, os símbolos devem ser vistos da forma mais literal possível. Assim a ilha de Patmos é a ilha conhecida historicamente naquela região, e não um lugar espiritual representado

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por ela. Da mesma forma deve-se sempre procurar sempre seguir o que pode ser chamado como a Regra de Ouro da Hermenêutica (interpretação da palavra):

“Quando o sentido da palavra é o sentido comum não procure outro

significado, ou seja, use o significado literal, comum da palavra, a menos que o contexto imediato peça, que a luz de outras passagens bíblicas e verdades fundamentais, se interprete de outra forma”.

3- Números em Apocalipse

Assim como os símbolos, os números em Apocalipse geralmente têm um significado além do literal. Porém, esse significado não pode ser colocado como único, de forma a se considerar que exista apenas simbolismo. Assim, acreditamos que 12 é um número simbólico, porém nunca negamos que houve 12 apóstolos e filhos de Israel. Conforme aparecem os números em Apocalipse estes serão explicados. 4- A importância do AT para interpretação

Apocalipse, mais que qualquer outro livro do NT, tem diversas referências ao AT. Embora essas referências não sejam explicitadas diretamente, sua ligação com outros textos é clara. Há referências ao Pentateuco, Juizes, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Samuel, Salmos, Provérbios, Cantares, Jó e os profetas maiores e menores, sendo o maior número de referências a Daniel. Apocalipse termina idéias deixadas abertas no AT e mostra cumprimentos de promessas deste. 5- A importância do relacionamento Estudando Apocalipse como um livro da Bíblia, devemos ter sempre em mente a necessidade de buscarmos em Deus iluminação para entendermos suas Palavras. É importante que se tenha um relacionamento firme para podermos enxergar cada vez mais o desejo de Deus através da sua Palavra, e a importância desta, para vivermos uma vida de acordo com sua vontade. Devemos ter em mente, no entanto, que não seremos capazes de ter o pleno conhecimento de todo o livro, uma vez que muitas coisas residem no futuro. Por outro lado, o conhecimento adquirido de Apocalipse não é de forma nenhuma dispensável, sendo pelo contrário muito importante para o desenvolvimento cristão.

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3 – Estrutura de Apocalipse_________________________ 1- Visões estruturais de Apocalipse Para podermos estruturar o livro de Apocalipse, devemos ter em mente de que forma as visões do livro se seguem. A principal questão reside em de que forma devem ser vistos os 3 heptetos do livro: os 7 selos, as 7 trombetas e as 7 taças. Duas visões principais existem: a simultânea ou de recapitulação, e a seqüencial. A visão simultânea enxerga os 7 selos, trombetas e taças como recapitulações de um mesmo acontecimento. Assim as 7 trombetas seriam formas de mostrar detalhes referentes aos 7 selos, e da mesma forma as 7 taças complementariam os outros dois heptetos. Essa visão do livro enfatiza as similaridades entre as 3 séries de símbolos e entende a presença dessas similaridades como uma indicação de identidade. Exemplo de semelhança, identificada nos relatos, é a presença de relâmpagos, vozes e trovões (4.5, 8.5, 11.19 e 16.18). Além disso, o principal argumento pela visão simultânea é a presença de cenas recorrentes em cada seqüência. Assim, temos cenas de julgamento e de salvação que se seguem (comparar 6.12-17 e 7.9-17 com 11.18 parte a e b, ou 16.17-21 e 19.1-10) que segundo os que seguem essa linha de interpretação são sinais de que o livro deve ser seguido numa seqüência que se complementa por diversas visões de um mesmo acontecimento. No geral, essa visão dos eventos é preferida em interpretações mais alegóricas e é consenso em interpretações idealistas do texto. Na visão seqüencial, os 3 heptetos e o fluxo do livro são interpretados como uma seqüência cronológica. Assim as similaridades são vistas como parte do desejo de Deus no design dos eventos, e as diferenças entre cada relato serve de base para sua diferenciação. Argumentos para a visão seqüencial são:

• As seqüências são mais destruidoras conforme os eventos se desenrolam. Assim, a segunda trombeta destrói dois terços do mar (8.8-9) enquanto a segunda taça torna todo mar em sangue (16.3). Sendo assim, por esse aumento de intensidade parece mais correto ver esses fatos como distintos.

• Embora haja muitas semelhanças entre os heptetos, as diferenças são também marcantes. Assim existem diferenças entre os 7 selos e a as 7 trombetas. Não há paralelo entre os primeiros, quintos e sétimos julgamentos.

• A forma como as 7 taças são apresentadas dá idéia de uma seqüência cronológica (15.1).

• Entre o sexto e sétimo selo temos que 144.000 pessoas são seladas (7.1-8). Na quinta trombeta temos que é dito para que não se fizesse mal aqueles que tinham o selo (9.4). Sendo assim, o sexto selo precede a quinta trombeta.

• Quando o sétimo selo é aberto, ao contrário das outras vezes, nada ocorre. Sendo assim, parece mais adequado que as 7 trombetas sejam colocadas dentro dos 7 selos. Da mesma forma quando é tocada a sétima trombeta, nenhum evento ocorre (11.15), porém esse fato pode ser melhor explicado pelo versículo anterior (11.14). Diante disso, conclui-se que as 7 taças encontram-se dentro da 7a trombeta.

• O santuário está fechado durante as 7 taças diante da gravidade desses julgamentos (15.8). Porém nos relatos anteriores dos selos e trombetas o santuário não está fechado (7.15, 11.19, 14.15). Isso indica que as taças não podem ser simplesmente uma outra visão das trombetas e selos.

• Em uma visão simultânea, uma das principais características de Apocalipse, que é colocar em ordem cronológica promessas e profecias espalhadas no AT é perdida.

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2- Estrutura de Apocalipse Além das duas formas principais apresentadas anteriormente, outras formas de se estruturar Apocalipse são possíveis, por exemplo, estruturando baseados nas cenas que são vistas na Terra e as que são vistas nos Céus.

Pesando os prós e contras de cada visão, parece mais adequado concordar-se que uma visão cronológica/seqüencial é mais correta e podemos apresentar um esboço para Apocalipse dentro da estrutura a seguir. Podemos usar como base àquilo que é dito a João em 1.19: Escreve, pois, as coisas que viste, e as que são, e as que hão de acontecer depois destas. 1 – Prólogo: as coisas que viste (1.1-20) 2 – Cartas as 7 Igrejas: as que são (2.1-3.22) 3 – O futuro revelado: as que hão de acontecer depois destas (4.1-22.5)

1- A grande tribulação (4.1-19.21) 1- Introdução aos julgamentos dos 7 selos (4.1-5.14)

a- Trono de Deus no Céu (4.1-11) b- O Livro do Cordeiro (5.1-1)

2- O julgamento dos 6 selos (6.1-7.17) a- Primeiro selo: Cavalo Branco (6.1-2) b- Segundo selo: Cavalo Vermelho (6.3-4) c- Terceiro selo: Cavalo Preto (6.5-6) d- Quarto selo: Cavalo Amarelo (6.7-8) e- Quinto selo: Mártires sob o altar (6.9-11) f- Sexto selo: o Grande Dia da ira de Deus (6.12-17) g- Prévia da Narrativa: os redimidos de Deus (7.1-17)

I- 144.000 selados (7.1-8) II- Mártires da Grande Tribulação (7.9-17)

3- O Sétimo Selo: as 7 trombetas (8.1-18.24) a- O sétimo selo é aberto: introdução as 7 trombetas (8.1-6) b- Primeira Trombeta: um terço da terra é destruída (8.7) c- Segunda Trombeta: um terço do mar é destruído (8.8-9) d- Terceira Trombeta: um terço da água é destruída (8.10-11) e- Quarta Trombeta: um terço dos céus é destruído (8.12) f- Quinta Trombeta / Primeiro Ai: homens atormentados (8.13-9.12) g- Sexta Trombeta / Segundo Ai: um terço da humanidade morta (9.13-11.14) h- Sétima Trombeta / Terceiro Ai: as 7 taças (11.15-18.24)

I- Proclamação do Reino de Deus (11.15-19) II- Sinopse da Narrativa (12.1-14.13)

i- A mulher e Satanás em conflito (12.1-6) ii- Guerra angelical nos céus (12.7-12) iii- Terra em Guerra (12.13-17) iv- Besta que sai do mar (13.1-10) v- Besta que vem da terra (13.11-18) vi- Prévia da narrativa (14.1-13)

III- Introdução as 7 taças (14.14-15.8) i- Filho do Homem com uma foice (14.14-16) ii- O lagar da ira de Deus (14.17-20) iii- Sete anjos das sete pragas (15.1) iv- Louvor a Deus e ao Cordeiro (15.2-4) v- Sete anjos recebem as taças (15.5-8)

IV – O Julgamento das 7 taças (16.1-18.24) i- Primeira Taça: Úlceras malignas (16.1-2) ii- Segunda Taça: Mar destruído (16.3) iii- Terceira Taça: Rios destruídos (16.4-7) iv- Quarta Taça: Calor intenso (16.8-9) v- Quinta Taça: Escuridão (16.10-11) vi- Sexta Taça: Preparação para guerra (16.12-16) vii- Sinopse da Narrativa (17.1-18.24)

(a) Descrição e destruição da meretriz (17.1-18) (b) Condenação e destruição da Babilônia (18.1-24)

4- O Advento de Jesus Cristo (19.1-21) a- Introdução e Louvor ao Advento de Jesus Cristo (19.1-10) b- Parousia de Jesus Cristo (19.11-16) c- Julgamento da Besta, Falso Profeta e das pessoas (19.17-21)

2- O Reino Milenial (20.1-10) 1- Satanás é jogado no abismo (20.1-3) 2- Santos ressurretos (20.4-6) 3- Julgamento final de Satanás (20.7-10)

3- O Julgamento final (20.11-15) 4- A Nova Jerusalém (21.1-22.5)

4 – Epílogo (22.6-21).

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4 – Estudo de Apocalipse: Apresentação/Capitulo 1_____ 1- Apresentação Após termos desenvolvido as bases para o estudo de Apocalipse podemos proceder ao estudo verso a verso. É válido lembrar que a interpretação futurista e seqüencial será privilegiada, apresentando outras interpretações em pontos-chave do texto. 2- Capitulo 1, Apresentação do Livro (1.1-3) Versículo 1 -Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem acontecer e que ele, enviando por intermédio do seu anjo, notificou ao seu servo João,

Revelação - Apocalipse começa com essa palavra que é o titulo para o livro em algumas versões. A primeira palavra mostra que é desejo de Deus revelar e não encobrir. A clareza da Palavra de Deus é um tema constante durante as escrituras (Dt 29.29, Is 45.19, 2Tm 3.16, 2Pe 1.19). No entanto, muitas vezes quando lendo a Palavra, e principalmente Apocalipse, nos deparamos com dificuldades entendendo o que Deus quer dizer. Quanto a isso, devemos levar em conta, em primeiro lugar, que reside em Deus conceder seu Espírito para que possamos compreender a Palavra (Mt 11.25) e que, além disso, a natureza pecaminosa do homem impede que esse possa chegar a Deus, e ter total compreensão da sua Palavra (Is 59.2). Além disso, não podemos compreender a Palavra, muitas vezes, por que nos falta um conhecimento que poderíamos ter se usássemos nosso tempo na leitura e estudo. Assim, quando se começa a leitura de Apocalipse falta o conhecimento do restante da Palavra, para que este possa ser compreendido. No entanto, com dedicação pode-se retirar grandes lições da leitura de Apocalipse, muito embora a total compreensão não seja possível.

de Jesus Cristo – A grande questão é se Jesus é a fonte da revelação, ou se a revelação é sobre ele. O contexto da frase favorece a interpretação que é a revelação veio através de Jesus, uma vez que, o versículo prossegue dizendo que Deus lhe deu essa revelação. Porém, embora nesse caso em especifico essa pareça ser a mais correta alternativa não devemos deixar de ver que através da Escritura, Jesus está envolvido na revelação tanto como fonte da revelação (Gl 1.12), quanto como objeto da revelação (Lc 24.44). Temos também que Jesus encarnado é a revelação de Deus ao homem (Jo 1.18). O fato de a revelação ser através de Jesus mostra que o homem é incapaz de compreender algo sozinho, sendo necessário que Deus o revele (Mt 16.17, 2 Co 3.14-15). Assim devemos ser totalmente gratos a Deus por nos revelar a verdade da sua morte e ressurreição pela qual somos salvos (Lc 10.22).

que Deus lhe deu – Muito embora, a humanidade de Jesus seja parte essencial de sua pessoa, destacada durante as Escrituras (Lc 2.40, Hb 5.8), e mesmo Jesus admitindo que não conhecia o dia certo do juízo de Deus (Mc 13.32); esta frase é melhor entendida no sentido da diversidade de funções da Trindade (Jo 5.20), e não de uma necessidade de conhecimento por parte de Jesus, após sua ressurreição glorificado.

para mostrar a seus servos – aqui vemos a quem se destina o livro. Não é para João, para as 7 igrejas da Ásia, mas para todos os servos. Os servos de Deus são aqueles que ouvem Sua voz e respondem com fé (Jo 10.3). O homem que não conhece a Cristo, escuta as palavras do livro mas não é capaz de compreende-las (1 Co 2.14).

as coisas que em breve – Há alguma discussão em torno desse “em breve”. Três principais significados podem ser colocados. Primeiramente, numa visão preterista,

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pode-se entender como que essa expressão signifique que os acontecimentos (“as coisas”) necessariamente deveriam ocorrer no tempo de João. Uma segunda interpretação é que, uma vez que, os acontecimentos iniciarem esses acontecerão rapidamente. Uma ultima interpretação considera que isso quer dizer proximidade no tempo, porém no ponto de vista de Deus. A expressão em grego para “em breve” aparece em outros lugares do NT. Algumas vezes como em 1 Tm 3.14 indica um tempo próximo. Em outras vezes como em Lc 18.8 e Rm 16.20 indica um longo tempo, embora do ponto de vista divino, breve. Mais importante, porém é a ocorrência dessa mesma expressão em 22.6. Uma vez que esta expressão está no final do livro e, portanto, mostra que todas as coisas que este relata devem ocorrer em breve, podemos descartar a segunda interpretação, e caso concordemos que a segunda vinda de Cristo por exemplo não ocorreu ainda, devemos aceitar a terceira interpretação, e a certeza de que Deus já tem tudo planejado para breve (2 Pe 3.8-9).

devem acontecer – As profecias de Deus têm a garantia que acontecerão (Dn 2.45, Mc 13.7), uma vez que a Palavra não falha (Jo 10.35).

e que ele, enviando por intermédio de seu anjo – Um anjo está presente em diversas outras ocasiões, onde importantes mensagens são transmitidas a homens. Assim ocorre quando a Lei é passada a Moisés (Gl 3.19), nas profecias de Daniel (Dn 10.11-13), nas profecias de Zacarias (Zc 1.9), no anúncio do nascimento de João Batista (Lc 1.11-13) e no anúncio do nascimento de Jesus para Maria (Lc 1.26-27) e para José (Mt 1.20-21). Versículo 2 - o qual atestou a palavra de Deus e o testemunho de Jesus Cristo, quanto a tudo o que viu. a palavra de Deus – essa expressão é uma marca do apóstolo João, e em Jo 1.1 refere-se a Jesus. De fato, há muitas semelhanças entre as Escrituras e Jesus: a eternidade, a produção pelo Espírito Santo, algo divino em forma material, acomodação ao intelecto humano da grandeza de Deus, ser a única autoridade a respeito de Deus, ser rejeitado pelos homens, ser vitoriosos sobre os inimigos, a única maneira de revelação do Pai. Assim, da mesma forma que Jesus era totalmente humano e sem erros, a Escritura foi escrita por homens, mas é inerrante. o testemunho de Jesus Cristo - aqui como no versículo 1, podemos ter dúvida a respeito de Jesus ser o sujeito ou o objeto. Porém consultando todas passagens que falam sobre o testemunho de Jesus vemos que ele é tanto aquele que traz o testemunho, quanto o testemunho é a respeito dele (1 Pe 1.11). Assim devemos conhecer a Cristo, para fazê-lo conhecido. Versículo 3 - Bem-aventurados aqueles que lêem e aqueles que ouvem as palavras da profecia e guardam as coisas nela escritas, pois o tempo está próximo. Bem-Aventurados aqueles – Esta é a primeira benção das 7 encontradas no livro, sendo as outras encontradas em 14.13, 16.15, 19.9, 20.6, 22.7 e 22.14. Uma vez que o livro de Apocalipse necessita de uma compreensão das Escrituras, para ser entendido e lido propriamente, fica claro por que é abençoado aquele que procura lê-lo, uma vez que, assim este compreenderá a Palavra de Deus, cuja leitura por si só é uma benção para os servos de Deus. que lêem e aqueles que ouvem – Na época de João, as pessoas tinham acesso apenas ao manuscrito original, sendo a cópia difícil de ser realizada. Assim, numa congregação de crentes uma pessoa leria o livro e outras poderiam também ouvir. A benção está sobre todos aqueles que colocam sua atenção a ouvir à Palavra de Deus.

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as palavras – Deus fala para nossas vidas através de sua palavra escrita. Através da Bíblia é destacada a importância de cada Palavra da Escritura (Js 8.35, Jr 26.2, Mt 5.18). Nós, que não podemos ler direto dos originais temos o problema das traduções da Palavra de Deus. Uma regra para uma boa tradução é manter-se o mais próximo possível de uma tradução palavra por palavra. da profecia – Como dissemos na introdução, esse livro não é uma alegoria ou um livro de figuras apocalípticas. É uma profecia de Deus, a respeito do que deve vir. e guardam as coisas nela escritas – Guardar as coisas escritas no livro envolve conhecer seu significado, através do estudo. Porém, não é um mero exercício intelectual, mas envolve também a aplicação e divulgação da Palavra de Deus (Mt 11.27-28). pois o tempo está próximo. – O termo no grego é kairos e não chronos. Kairos indica um tempo futuro de crise, associado com os últimos dias, enquanto chronos é o tempo da maneira mais comum. A mesma expressão aparece, por exemplo, em At 1.7. Quanto ao tempo estar próximo, a idéia é a mesma de “em breve", já discutido.

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4 – Estudo de Apocalipse: Capítulo 1 / Apresentação da Carta (1.4-8)____________________________________ 1- Autor e Destinatários (1.4) Versículo 4, parte a - João, às sete igrejas que se encontram na Ásia, graça e paz a vós outros,

João – Como discutimos anteriormente, o mais provável autor de Apocalipse é João, o Apóstolo. O próprio fato de o autor escrever apenas João é um ponto a favor desta tese.

às sete igrejas que se encontram na Ásia – o Livro de Apocalipse é destinado primeiramente as 7 igrejas da Ásia. Seus nomes estão alistados no versículo 11: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia.

A Ásia do tempo de João não é o continente asiático de nossos dias. No fim do primeiro século, a Ásia Menor incluía 6 províncias: Ásia, Bitinia, Galácia, Capadócia, Cílicia e Licia. No NT Ásia refere-se sempre a região da Península da Ásia Menor. A região da Ásia dos tempos de João encontra-se hoje na Turquia Ocidental. Podemos ver as 7 igrejas no mapa abaixo:

As 7 igrejas da Ásia foram, direta ou indiretamente, resultado do trabalho

missionário de Paulo descrito em Atos. Paulo ficou 2 anos em Éfeso, na Escola de Tirano (At 19.1,9-10), e através dos ensinos deste as igrejas da região ouviram de Jesus.

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2- A autoria trinitária da mensagem (1.4-5) Versículo 4, parte b - da parte daquele que é, que era e que há de vir, da parte dos sete Espíritos que se acham diante do seu trono

da parte daquele que é, que era e que há de vir – temos aqui a confirmação de

que a mensagem as sete igrejas é da parte de Deus Pai, assim como o livro em última análise é através Dele, como nos diz o versículo 1. Temos aqui um nome de Deus que remonta a sua revelação para Moisés: “EU SOU” (Ex 3.14); que mostra sua eternidade e pré-existência e, ao mesmo tempo, nos lembra um dos temas principais do livro, que virá para os seus.

da parte dos sete Espíritos que se acham diante do trono – Aqui temos uma referência ao Espírito Santo, e não a anjos, uma vez que seria teologicamente improvável que se colocasse anjos entre duas referências a outras pessoas da trindade. Quanto ao número sete, este é o mais encontrado no livro de Apocalipse, e seu significado é de perfeição, algo completo. Assim, as 7 igrejas representam a totalidade das igrejas e os sete Espíritos são, portanto, uma referência à obra completa do Espírito Santo, presente na totalidade da Igreja de Cristo, trabalhando como a Bíblia nos mostra, por exemplo em Jo 16.8. O Espírito Santo está totalmente ligado a mensagem que João prossegue trazendo, e no final de cada carta as 7 igrejas isso nos é lembrado, como por exemplo em 2.7.

Versículo 5, parte a - e da parte de Jesus Cristo,

e da parte de Jesus Cristo – O versículo 5 termina a lista Daqueles por quem A mensagem vem, colocando Jesus Cristo. Assim, a importante doutrina da Trindade é aqui, como em muitos outros lugares da Palavra, confirmada e o texto prossegue então, apresentando as grandiosas características de Jesus. Porém, a simples inclusão deste junto ao Pai e ao Espírito já servem para mostrar a grandeza da sua pessoa. 3- Exaltação a Cristo (1.5-8) Versículo 5, parte b - a Fiel Testemunha, o Primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra. Aquele que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados a Fiel Testemunha – Como 19.11 nos mostra, Jesus é Fiel e Verdadeiro. Como Deus, Jesus não pode mentir (Nm 23.19, Tt 1.2) e, assim, se está envolvido em algo, nenhuma testemunha mais é necessária, pois Jesus é testemunha de si mesmo (Jo 8.14). Jesus, como Deus encarnado, é o testemunho da glória de Deus para os homens (Jo 1.14). o Primogênito dos mortos – Jesus é o primogênito dos mortos para em tudo ter primazia (Cl 1.18). Embora tenham havido ressurreições no AT (1 Re 17.17-23, 2Re 4.32-36, 2Re 13.20-21) e no NT, incluindo as realizadas por Jesus (Mt 9.23-25, Lc 7.11-15, Jo 11.30-44), a ressurreição de Jesus é diferente, no sentido que ele ressuscitou em um corpo glorificado (1Co 15.42) e, assim, não veio a morrer novamente, como nesses outros casos. Além disso, a palavra grega usada tem um sentido não apenas de primeiro cronologicamente, mas também primeiro em posição. Assim, Jesus é o maior dentre todos que ressurgiram ou ainda ressurgirão. Esse sentido é o mesmo encontrado em Sl 89.27, por exemplo. e o Soberano dos reis da Terra – Muito embora Jesus seja Senhor sobre todos os homens em nosso tempo, essa declaração remete a um dos temas do livro que é o

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Reino de Cristo sendo firmado na terra. Jesus será Rei dos Reis, mas não pelo desejo de aceitação destes (Sl 2), mas, pelo contrário, o mundo rejeitará a vinda do Reino de Deus sendo que o estabelecimento deste reino é apresentado em Apocalipse. Aquele que nos ama - O amor de Deus por nós é demonstrado de muitas maneiras, mas especialmente por Ele ter nos dado seu Filho (Jo 3.16). Além disso, o filho demonstra seu amor por nós na medida que desejou entregar-se para nossa salvação (Ef 5.2). Além disso, nós só amamos a Jesus e a Deus por que Ele nos amou primeiro (1 Jo 4.19). A profundidade do amor de Deus é vista mais claramente diante do relacionamento entre o Pai e o Filho, desfeito na vinda deste a Terra por nossa causa (Mt 27.46) e da nossa condição de pecadores (Rm 5.6-10). e, pelo seu sangue – O sangue é a forma de sacrifício que Deus escolheu para receber. Embora a razão para isso não nos seja dita é assim desde Abel, passando por Abraão (Gn 15.9-21), pelo povo de Israel no Egito (Ex 12.23), na confirmação da Lei Mosaica (Ex 24.8) e nos sacrifícios estabelecidos por esta Lei. Desde o sacrifício sem sangue de Caim (Gn 4.3-5) o homem tenta em vão oferecer sacrifícios de forma diferente da vontade de Deus, porém, sem sucesso (Jo 14.6). Na Bíblia, o sangue está diretamente ligado a vida (Lv 17.11) e assim Jesus ao oferecer sua vida (sangue) ofereceu o sacrifício perfeito. nos libertou dos nossos pecados – Em outras traduções a frase é “nos lavou de todos nossos pecados”, sendo que a diferença entre as duas frases reside em uma única letra no grego. Seja como for, as duas frases estão corretas dentro da teologia bíblica, pois tanto a figura de sermos libertados (Mt 20.28, p.ex.) quanto à de sermos lavados está presente na Palavra (Hb 9.14). A frase está no passado, pois o ato de Cristo em nosso favor foi realizado apenas uma vez, sendo eficiente para sempre. No entanto como o titulo anterior nos mostra seu amor é uma realidade presente. Versículo 6 - e nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai, a ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém! e nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai – Somos reino de Deus, na medida que nos entregamos a seu filho, sejamos judeus ou gentios. Esse título era empregado primeiramente a Israel (Ex 19.6) e depois foi aplicado à Igreja no NT (1 Pe 2.9). a ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém! – Isaias 48.11 diz que Deus não divide sua glória com ninguém. A glória ser creditada a Jesus aqui é apenas mais uma das claras evidências que Jesus é Deus. Versículo 7 - Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Certamente. Amém! Eis que vem – Referência a Segunda Vinda de Cristo, a qual o livro apresenta como profecia. Tendo vindo como o Servo Sofredor, Jesus voltará como o Rei Conquistador. com as nuvens – Nuvens por toda a Bíblia são usadas como indicativo da glória de Deus e da sua presença poderosa (p.ex.: Ex 16.10, e na frase de Salomão em 2 Cr 6.1). Em Dn 7.13-14 é predito que o Filho do Homem viria sobre as nuvens. Provavelmente as nuvens não devem ser encaradas apenas como nuvens de vapor comuns, mas sim como sinais inequívocos da presença de Deus, como a nuvem que acompanhava Israel no deserto. e todo olho o verá - Aqui está uma frase que mostra os equívocos presentes naqueles que afirmam uma segunda vinda que já ocorreu, seja numa visão preterista,

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seja em seitas como os Mórmons. A Segunda Vinda de Cristo será visível e inequívoca para todo homem. até quantos o traspassaram – Jesus não apenas foi traspassado por pregos em suas mãos e pés, como teve seu corpo furado por uma lança (Jo 19.34). Embora possa se colocar esse subgrupo de pessoas que verão o Cristo como aqueles soldados e pessoas diretamente envolvidos na morte de Jesus, olhando para Zc 12.10 vemos que o texto é mais corretamente aplicado a todo Israel como este texto se aplica. Assim, o que essa frase diz é que até mesmo Israel que negou o seu Messias o verá, quando na sua glória este voltar. E todas as tribos da terra – Tribos embora, geralmente se refira as tribos de Israel, nesse caso, como em Mt 24.30, se refere a todos os povos da Terra. se lamentarão sobre ele. Certamente. Amém! – Os judeus se lamentarão por ver a desastrosa realização que crucificaram a seu próprio Messias. Os gentios lamentarão pela verdade que rejeitaram, e pelo julgamento que se aproximará. João mostra que mesmo diante das grandes obras que Deus fará e de toda destruição e desespero, os homens ainda assim não se arrependerão (16.9). Versículo 8 - Eu sou o Alfa e Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-Poderoso. Eu sou – Declaração que João atribui a Jesus 7 vezes no Evangelho de João e outras 7 vezes, incluindo esta, em Apocalipse. Deus se apresenta a Moisés como “EU SOU” (Ex 3.14). Jesus diz em Jo 8.24: “Por isso, eu vos disse que morrereis nos vossos pecados; porque, se não crerdes que EU sou, morrereis nos vossos pecados”. o Alfa e o Omega – Alfa é a primeira letra do alfabeto grego e Omega a última letra. Sendo assim, Jesus declara que ele é o primeiro e o último, mostrando sua pré-existência e sua eternidade. Esse título também é usado em referência ao Pai em 21.6. diz o Senhor Deus – Não se deve entender que esta expressão sirva para mostra que aqui a frase se refere a Deus Pai ao invés do Filho. Uma mudança de sujeito aqui seria muito abrupta e o contexto mostra que esta frase ainda se aplica a Jesus. Chamar alguém de Senhor nos dias de João não era usado em um sentido que não de divindade, e os judeus daquela época não usavam esse titulo como uma simples forma respeitosa como hoje usamos. aquele que é, que era e que há de vir – Ver comentário em 1.4. o Todo-Poderoso – Mostrando a soberania e auto-suficiência de Deus. Diante das Palavras que Apocalipse traz, o cristão pode viver em confiança, pois Deus tudo pode e nada escapa a seu controle (Jó 42.2).

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4 – Estudo de Apocalipse: Capítulo 1 / A Primeira visão (1.9-20)________________________________________ 1- O profeta (1.9) Versículo 9 - Eu, João, irmão vosso e companheiro na tribulação, no reino e na perseverança, em Jesus, achei-me na ilha chamada Patmos, por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus. Eu, João – Além de João, somente Daniel usa uma frase semelhante (Dn 7.28, 9.2 e 10.20). João semelhantemente emprega essa expressão 3 vezes, sendo as outras em 21.2 e 22.8. João a emprega primeiramente para mostrar que tinha sido ele próprio quem tinha tido a grande visão que se segue e também para mostrar sua total insignificância e inadequação para receber tão grande mensagem. Como discutimos na introdução ao estudo, o fato do autor se chamar apenas como João é um indicativo que este era o apóstolo João. irmão vosso e companheiro – É interessante que João se coloque como igual aos outros cristãos a quem se dirige, assim como Pedro também faz em 1Pe 1.5. Sendo, provavelmente, o último dos 12 discípulos ainda vivo na época que escreve a carta, João se vê como semelhante, e de forma alguma superior, aos outros cristãos. Essa é uma grande lição para nossos dias; onde muitas vezes lideres se consideram superiores e acima dos outros numa hierarquia cristã, que nunca foi desejo de Deus que existisse, muito embora lideres sejam necessários, porém cientes de sua condição de servos, como João era. na tribulação, no reino e na perseverança – Expressão semelhante é encontrada em At 14.22. Devemos sempre perseverar em meio as tribulações pela esperança que temos de fazer parte do Reino de Deus, que Apocalipse nos mostra que no final será vitorioso sobre o Império das trevas (Cl 1.13). em Jesus, achei-me na ilha chamada Patmos – Patmos é uma pequena ilha, na costa do que hoje é a Turquia. Como vimos na última aula, estava próxima da Ásia. Sendo uma ilha rochosa e árida, foi escolhida como assentamento penal pelos romanos, assim como outras ilhas da região. por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus – Ao invés de entendermos que João tenha ido para Patmos para pregar a seus habitantes, é mais correto, sabendo que esta era uma colônia penal, entendermos que João tenha ido contra sua própria vontade. Nesse caso, “por causa” se refere a ter sido exilado na ilha em decorrência de sua obra missionária, a respeito da Palavra e do Testemunho de Jesus. Segundo a tradição patrística, João, embora velho, foi exilado em Patmos por Domiciano e obrigado a trabalhar quebrando pedras em minas. Segundo Eusébio, um dos patriarcas, João foi liberado depois de 18 meses da ilha. O fato de estar preso e em tribulação não impediu que João recebesse a grandiosa mensagem de Apocalipse. 2- A visão (1.10-20) A primeira visão que João relata é do próprio Jesus, lhe dizendo que devia escrever. Esta visão é a que motiva o livro e a partir dela João vai recebendo a revelação. João descreve como teve a visão, e como esta era, muitas vezes usando comparações. João vê Jesus em sua glória após a ascensão, glória esta capaz de deixar Paulo cego no caminho de Damasco, e fazer com que João caísse como que morto (1.17). Algumas expressões devem ser analisadas com cuidado nessa primeira visão.

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em espírito – Nenhuma profecia da Palavra vem pelo desejo dos homens, mas sim pelo Espírito (2 Pe 1.20-21). Estar em espírito não é uma atitude iniciada pelo homem como muitos cultos pagãos, como os descritos em 1 Re 18, que induzem a um frenesi estático. Estar em espírito é estar envolvido em uma revelação sobrenatural da parte de Deus, iniciada apenas pelo desejo dEle (Ez 1.3). Muitas vezes a revelação envolve um transporte físico do profeta, como em Ez 8.3 e 4.2. No NT, situações semelhantes a de João são descritas em relação a Pedro (At 10.10) e Paulo (At 22.17). no dia do Senhor – Duas principais explicações são dadas a esta expressão. Primeiramente, alguns defendem que esta seja uma alusão ao domingo, na forma como os primeiros cristãos passaram a adotar e ainda hoje usamos. Porém em todas outras ocorrências no NT do domingo este é chamado como o primeiro dia da semana (1 Co 16.2, por exemplo). Outra explicação é que João se refira ao Dia do Senhor, no sentido do dia de julgamento (At 2.20, por exemplo). Nesse caso, porém a maior dificuldade é que a palavra grega usada aqui é diferente de todas outras ocorrências do dia do Senhor nesse sentido. A segunda explicação dentro do contexto da frase parece mais adequada e a diferença no grego pode ser explicada como um hebraísmo no texto. grande voz, como de trombeta – Esta mesma voz em 4.1 chama João para subir e ter novas visões. O fato de essa voz ser como de trombeta mostra sua força e atenção que ela merece. Na Bíblia, trombetas sempre estão presentes em momentos importantes: anunciando a presença de Deus no Sinai (Ex 19.6), no anúncio do ano do Jubileu (Lv 25.9), na queda de Jericó (Js 6.4-20), por exemplo. Jl 2.1 nos diz que trombetas anunciarão o Dia do Senhor. Voltei-me para ver – João está iniciando uma experiência que outros profetas tiveram de ver a glória de Deus, geralmente no início de seu ministério profético (Moisés, Ezequiel, Isaias, Daniel e Paulo são os outros). João já tinha tido a oportunidade de ver a glória de Deus, na transfiguração de Jesus (Mt 17.1). sete candeeiros de ouro – Como o versículo 1.20 explica, os sete candeeiros são as sete igrejas da Ásia. A Igreja como um candeeiro (candeeiros são objetos usados para colocar-se velas) emite luz, mas não é a fonte da luz (Jo 1.4-9 e Mt 5.14-16). no meio dos candeeiros – Sendo que, os sete candeeiros são uma representação da Igreja universal de Cristo, o texto nos diz que Jesus está no meio da Igreja (Mt 18.20). filho do homem – Jesus aplica esse título a si em diversas ocasiões (Mt 26.45 p.ex.). Este é título usado por Estevão em sua visão antes de morrer (At 7.56). Assim, esta é mais uma expressão que mostra que João estava vendo Jesus. Filho do Homem é uma expressão que remete a natureza totalmente humana de Jesus, base de seu ministério e de sua morte e ressurreição como caminho para salvação. Jesus é também chamado o Filho de Deus (Jo 11.4) na medida que é totalmente divino. Como Filho do Homem, ele tem autoridade para julgar e redimir a todos quanto crerem em seu nome, sendo seu mediador (1 Tm 2.5). vestes talares – No Oriente tidas como sinal de dignidade e honra (Gn 37.3), uma vez que, os que a usavam geralmente não estavam envolvidos em trabalho pesado. As vestes descritas aqui lembram também as vestes do sumo-sacerdote, porém, em maior glória, sendo a cinta feita de ouro, símbolo constante de honra. Jesus é o Sumo-Sacerdote supremo (Hb 7.15-25). A sua cabeça e cabelos eram brancos como alva lã, como neve – Semelhante descrição é usada para o Ancião dos Dias em Dn 7.9. Não devemos confundir esses cabelos brancos como alva lã com um sinal de idade; e sendo assim, de fraqueza e proximidade da morte; mas os cabelos de Jesus são descritos assim como um sinal da sua glória, ofuscante como a luz. Além disso, neve e cor branca são associados à pureza, como por exemplo em Is 1.18.

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os olhos como chama de fogo – Aqui a figura é de uma chama que, brilhando nas trevas, é capaz de revelar todos pecados (Sl 90.8). Não existe escuridão tão profunda que nos separe de Jesus (Sl 139.11-12). Assim diante de Jesus todos estão descobertos e sem defesa (Hb 4.13). os pés, semelhantes ao bronze polido, como que refinado numa fornalha – A palavra para bronze polido é de difícil tradução do grego e traz a idéia de brilho, reforçada pela expressão seguinte. Além disso a referência ao bronze traz a idéia de endurecimento provocada pelo processo de refino, sendo isso uma alusão ao fato de Jesus pisar os adversários, como em textos como Sl 58.10 e Is 63.3. voz como que de muitas águas – Semelhante figura é usado por Daniel (Dn 10.6) e Ezequiel (Ez 43.2). Existem muitas figuras associadas a uma voz como que de muitas águas, como por exemplo; a força das águas, presente na voz e o poder regenerador das águas, presente na voz de Cristo. Tinha na mão direita sete estrelas - As sete estrelas são os sete anjos das sete igrejas, como explica o versículo 20. A mão direita é a mão do favor, o que mostra que estes anjos (discussão a seguir) estão diante da proteção e favor de Cristo. e da boca saia-lhe uma espada afiada de dois gumes - Figura que representa o poder presente nas palavras de Jesus. As palavras de Deus criaram o mundo do nada (Gn 1.3 p.ex.). As palavras de Deus podem trazer também a destruição: Is 11.4 nos diz que o Messias ferirá com a vara de sua boca a terra dos perversos. Os 6.5 nos diz que através das suas palavras, por meio de seus profetas, Deus abateu a Judá e Efraim. Ef 6.17 nos diz que a Palavra de Deus é a espada do crente, e assim é sua única arma ofensiva. Hb 4.12 usa a figura da espada de dois gumes e mostra o poder da Palavra. 2 Ts 2.8 nos diz que Jesus vencerá seus inimigos com um sopro de sua boca. Assim, a figura quer mostra que Jesus, sendo portador da Palavra de Deus, tem em suas palavras o poder para julgar os ímpios e vencer seus inimigos, como Apocalipse mostra que fará. O seu rosto brilhava como o sol na sua força – Mostrando a glória de sua face, como o Soberano Exaltado. João já tinha tido oportunidade de ver a glória do rosto de Jesus na Transfiguração e Mateus usa a mesma figura para descrever a sua glória (Mt 17.1-2). Quando o vi, caí a seus pés como morto – Essa é a reação dos que foram privilegiados com uma visão da glória de Deus (Is 6.4, Ez 1.28, Dn 8.17, Mt 17.6, At 9.4). É um reconhecimento da pequenez do homem diante da glória de Deus (Is 6.5). Porém ele pôs sobre mim a mão direita - Daniel também perdeu as forças diante da visão que teve e semelhantemente teve suas forças restauradas por uma mão que lhe tocou (Dn 10.8-10). Além disso, João mesmo teve suas forças restabelecidas por Jesus no monte da Transfiguração (Mt 17.6-7). dizendo: Não temas - Os servos do Senhor respondem a ele com temor. Na Bíblia, Deus é chamado como o Temor (Gn 31.42). Sl 111.10 nos diz que o temor do Senhor é o princípio da sabedoria. Outros textos, principalmente em Provérbios, destacam a necessidade do temor do Senhor. O servo de Deus não precisa ter medo deste, porém a ausência de temor é característica dos ímpios (Sl 36.1). Diante da manifestação da glória de Deus como João viu, é impossível não temer. estive morto – Referente a sua morte na cruz. O fato de Jesus afirmar sua divindade anteriormente: “Eu sou o primeiro e o último” e depois afirmar que esteve morto é prova incontestável de que Jesus é totalmente divino e foi totalmente humano. Não é possível como algumas seitas, p.ex. Testemunhas de Jeová, fazem, afirmar que Jesus não era totalmente divino face a este versículo. mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos – Jo 14.6 nos diz que Jesus é a vida. Realmente ele está vivo e viverá para sempre e pode conceder vida eterna a todos que o Pai lhe entregou (Jo 17.2).

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e tenho as chaves da morte e do inferno – Ter as chaves remete a textos que retratam a entrada na morte como controlada por portas (Sl 107.8). Além disso, ter as chaves significa ter controle. O homem estava condenado a morte (Gn 3.19) e somente pela ação de Jesus pode escapar da morte, o último inimigo a ser vencido (1 Co 15.26). O inferno é a segunda morte, e somente aqueles que crêem no que tem as chaves podem escapar desta porta e do pavor da morte (Hb 2.15). Escreve, pois, as coisas que viste, e as que são, e as que hão de acontecer depois destas – Resumo do livro, como dissemos na introdução. As coisas que viste refere-se a visão que João já tinha tido. As coisas que são refere-se a situação das sete igrejas. As coisas que hão de acontecer são as profecias que temos no livro. as sete estrelas são os anjos das sete igrejas – Aqui reside a mais difícil interpretação do Capitulo 1: a quem se refere anjos aqui. Dificilmente se refere a anjos protetores das igrejas; pois, primeiramente, seria estranho que João recebesse a mensagem por um anjo (1.1), para depois passar a outro anjo que levaria as igrejas. Mais do que isso porém, muitas das afirmações que são colocadas nas cartas (Que começam com: “Ao Anjo da Igreja... escreve”) não se aplicam a anjos, como por exemplo, não poder ser aprisionados pelo diabo (2.10). O mais correto é que anjos aqui sejam mensageiros pertencentes as sete igrejas, e responsáveis por levar a carta a esta igreja. A favor desta interpretação temos que em outros lugares a palavra usada aqui, angelos, é usada para mensageiros humanos, por exemplo, em Mt 11.10. O principal problema é que em nenhum lugar mensageiros são chamados como estrelas, porém ver Dn 12.3. De qualquer forma, os anjos devem ser vistos como representantes das igrejas, uma vez que, as afirmações feitas nas cartas se referem geralmente a toda igreja e não apenas a um individuo. Seriam mensageiros, e a carta que receberam, uma carta para toda igreja e não apenas ao anjo (mensageiro) desta.

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4 – Estudo de Apocalipse: Capítulo 4 – A visão do trono de Deus________________________________________ 1- Introdução Tendo escrito as cartas as 7 igrejas, João é chamado ao céu, onde terá início a visão que terá das “coisas que devem acontecer”. A primeira visão que tem, descrita no Capítulo 4, é de Deus em seu trono. Muitas das figuras usadas devem ser estudadas com cuidado e com auxílio dos demais livros da Bíblia, conforme explicamos na introdução a esse estudo. 2- A visão Versículo 1 - Depois destas coisas, olhei, e eis não somente uma porta aberta no céu, como também a primeira voz que ouvi, como de trombeta ao falar comigo, dizendo: Sobe para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois destas coisas. Depois destas coisas – Demonstra a transição para a terceira maior divisão do Livro, “as coisas que devem acontecer” (1.19). e eis não somente uma porta aberta no céu – Semelhantemente as visões de Ezequiel, nas quais o céu foi aberto (Ez 1.1). O céu é aberto também no batismo de Jesus (Mt 3.16), no apedrejamento de Estevão (At 7.56), na visão de Pedro (At 10.11) e será aberto para que todos vejam Jesus na sua Segunda Vinda (At 19.11). Os céus se abrem pela vontade de Deus para permitir que os homens vejam a verdade mostrada por Ele. como também a primeira voz que ouvi, como de trombeta ao falar comigo, dizendo: Esta é a voz de 1.10, a voz do próprio Cristo. Sobe para aqui – Tendo escrito as sete igrejas, João é chamado para os céus, onde testemunhará as coisas que “em breve devem acontecer”. É necessário que seja assim, pois um completo entendimento dos eventos a seguir só é possível tendo a visão divina do que ocorrerá. A maioria dos intérpretes futuristas de Apocalipse reconhece aqui uma referência ao arrebatamento da Igreja. Anexo 1 – O Arrebatamento............................................................ O principal motivo apontado pelos intérpretes dispensacionalistas para enxergar nesse versículo o arrebatamento é a súbita mudança de foco entre os capítulos 3 e 4. As igrejas de Cristo são o assunto principal dos capítulos iniciais, porém, a partir do momento em que João sobe aos céus em espírito não aparece nenhuma referência a Igreja e o mesmo ocorre praticamente até o final do livro, no capítulo 19, onde a igreja volta como a noiva gloriosa de Cristo. Essa mudança de foco por si só já e notável. No entanto, temos diversos outros textos que sugerem o arrebatamento da Igreja e esses textos juntos apontam para a realização desse acontecimento no decorrer da história. Nenhum versículo na tribulação que ocorre na Terra cita a igreja. Existe na crítica moderna certa resistência a idéia do arrebatamento, considerando que é uma idéia fantasiosa, além disso é colocado o fato de antes de 1800 o arrebatamento não ser uma doutrina bem estabelecida. O estudo a respeito do arrebatamento é extenso de forma que citaremos apenas alguns pontos a respeito.

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O primeiro ponto a ser tocado é: existe realmente um arrebatamento? A respeito disso, muitas vezes se diz que essa é uma idéia ausente na Bíblia. Quanto a isso, primeiramente o termo arrebatamento é bíblico (1 Ts 4.17), embora algumas versões não o apresentem. No entanto, um termo não ser encontrado explicitamente não significa que a Bíblia não traga o conceito. Idéias importantes como a Trindade, onipresença e onisciência não são encontradas diretamente citadas nas Escrituras, sendo no entanto, importantes doutrinas. O mesmo ocorre com o arrebatamento. Além do texto de 1Ts 4.17, outras referências a pessoas sendo arrebatadas incluem Enoque (Gn 5.24), Elias (2Re 2.11), Isaias (Is 6), Jesus (At 1.11), Filipe (At 8.39) e Paulo (2 Co 12.2-4). Além destas temos que o livro de Apocalipse fala que as duas testemunhas serão arrebatadas depois de cumprirem seu ministério (11.12). Ser arrebatado significa ser movido pela ação de Deus para um novo lugar. O principal motivo apontado para aceitarmos que Cristo arrebatará sua Igreja está na diferença entre os textos que falam a respeito de sua volta. Como existem diferenças marcantes entre esses textos concluí-se que eles se referem a diferentes acontecimentos: a sua volta como o noivo resgatando sua noiva, e sua volta para terminar o julgamento sobre a Terra. As seguintes diferenças podem ser encontradas que mostram essa diferença e portanto uma existência de duas voltas de Cristo:

• No arrebatamento Jesus voltará para os seus (Jo 14.1-3) e na sua Segunda Vinda voltará com os seus (1 Ts 3.13).

• No arrebatamento Jesus chamará sua noiva (1 Ts 4.16-17) e na Segunda Vinda virá com sua noiva (19.6-14).

• No arrebatamento só os seus o verão (1 Ts 4.13-18) e na Segunda Vinda todo olho o verá (1.7).

• Depois do arrebatamento a tribulação começará (2 Ts 1.6-9) e na Segunda Vinda terá início o Reino Milenar de Cristo (20.1-7).

• Nenhum sinal precederá o arrebatamento (1 Ts 5.1-3) e a Segunda Vinda será procedida por sinais (Lc 21.11-20).

No arrebatamento todos aqueles que participam da Igreja de Cristo, reconhecidos por terem consigo o Espírito Santo, serão levados da Terra para junto do Pai. Outras características do arrebatamento que o diferem da Segunda Vinda são:

• No arrebatamento o principal objetivo é a remoção dos salvos enquanto na Segunda vinda é a manifestação de Cristo como o Rei Vencedor.

• O arrebatamento precede a vinda do homem de iniqüidades (2 Ts 2.1-3) enquanto a Segunda Vinda termina com sua ação.

• O arrebatamento é iminente enquanto a Segunda Vinda só acontecerá depois de um prazo onde muitas outras coisas acontecerão.

Outro fato a ser destacado é a ligação do Espírito Santo e o arrebatamento. O Espírito Santo desceu até os discípulos no Dia de Pentecostes e desde então os salvos são batizados pelo Espírito Santo, na sua conversão (1 Co 12.13). Antes disso, porém, o Espírito já agia na Terra (Gn 1.2). Antes do Dia de Pentecostes o Espírito descia e enchia as pessoas (Nm 24.2, Jz 3.10, Jz 6.34, 1 Sm 10.6, 1 Sm 19.20, Lc 1.67). No entanto sua presença não se era permanente (1 Sm 16.13-14, Sl 51.11). Antes da ressurreição de Jesus, João diz que o Espírito ainda não tinha sido dado (Jo 7.39, Jo 14.16). Após o Dia de Pentecostes o Espírito começou seu novo ministério que está intimamente ligado ao corpo de Cristo, a Igreja.

Sobre a atuação do Espírito Santo, temos então dois importantes fatos a serem destacados: ele agia antes do Dia de Pentecostes, porém nunca habitou permanentemente com as pessoas antes desse dia. No arrebatamento da Igreja o Espírito Santo deixará de exercer o ministério que hoje exerce, pois a igreja será levada.

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Um texto chave que indica que o Espírito terá uma mudança de atuação após o arrebatamento é 2 Ts 2.1-7. No versículo 7 nos é dito que o homem da iniqüidade e o mistério da iniqüidade aguardam que seja afastado aquele que agora o detêm. Embora muitas opiniões tenham sido levantadas a respeito da identidade daquele que detêm o mistério da iniqüidade (Miguel, Elias ou um ser mitológico por exemplo), o texto aqui se refere, de forma mais adequada, ao Espírito Santo. Dessa forma, antes da vinda do homem da iniqüidade a igreja é arrebatada e o Espírito é retirado, no sentido que ele veio no dia de Pentecostes, uma vez que, como o Espírito habita indefinidamente nos que pertencem a Cristo, a única forma de que este seja retirado da Terra é se todos os que o possuem forem retirados.

Durante a Grande Tribulação o Espírito continuará a agir na Terra da mesma forma que agia antes do dia de Pentecostes. Assim, as pessoas serão salvas pela regeneração que vem através da ação do Espírito neste período e, neste sentido, o Espírito continuará agindo. Porém, ele deixará de impedir a vinda do mistério da iniqüidade e de participar no batismo pelo Espírito Santo.

No arrebatamento os salvos serão livres da ira de Deus (Rm 5.9-10) e ficaram com Cristo nos céus até o Milênio.

Apesar de existirem diversas teorias sobre quando ocorrerá o arrebatamento da Igreja, a luz do texto bíblico o mais correto é que seja antes da Tribulação. Os motivos para que concluamos que o arrebatamento será anterior à Grande Tribulação (doutrina do arrebatamento pré-tribulacional) são: a promessa de ser livre da tribulação feita a igreja de Filadélfia (3.10); a presença dos 24 anciãos no Céu, indicando que a igreja já está presente nos céus; as bodas do Cordeiro na Segunda Vinda; a completa ausência de qualquer citação de arrebatamento durante a Grande Tribulação; o caráter iminente do arrebatamento, que vai contra as coisas que sucederão durante a Grande Tribulação; o fato de a igreja ser advertida para esperar pela vinda de Cristo, mas nunca do Anticristo; além da já citada tipologia presente neste capítulo, onde João representa a Igreja.

Outros tipos do arrebatamento da Igreja podem ser encontrados na Bíblia: Enoque que é salvo do dilúvio através do arrebatamento, Ló e sua família salvos de Sodoma e Gomorra antes do julgamento. Além disso, a figura de Jesus como a estrela da manhã é um símbolo do arrebatamento.

Um fato importante sobre o arrebatamento é sua iminência. Textos que tratam disto são Mt 24.36, Mt 24.42-46, Mt 25.13, At 1.7.

Outra questão é o que ocorrerá durante e depois do arrebatamento. Durante o arrebatamento ocorrerá conforme Jesus disse no Sermão do Monte das Oliveiras (Mt 24.38-41) e os salvos serão arrebatados sem que os incrédulos se dêem conta. Uma idéia de como será o arrebatamento pode ser encontrada na série “Deixados para trás”. Depois do arrebatamento fica a pergunta: como os incrédulos não creriam diante de tão incontestável fato? Diante da quantidade de informações já disseminadas sobre o arrebatamento (bem exemplificada por exemplo nos adesivos: “Em caso de arrebatamento esse carro ficará desgovernado” que se tornaram populares a alguns anos) só podemos pensar que as pessoas que ficarem estarão em choque a princípio, e procurarão respostas na religião. As sessões de venda das livrarias cristãs esgotarão seus livros e as pessoas procurarão respostas naqueles membros não-salvos das igrejas. Nesse cenário é que o Anticristo se levantará, em meio a Tribulação que se iniciará, e procurará enganar a muitos, conseguindo êxito até a vinda de Jesus como o Rei Vencedor, mostrado no Sl 2.

Os principais argumentos contra o arrebatamento são como já dito, a falta de historicidade dessa doutrina. Os que são contra a doutrina do arrebatamento pré-tribulacional colocam que apesar de difundida atualmente, essa doutrina carece de base bíblica. Assim, estes em textos como o de Ts vêem uma referência a Segunda Vinda. Quanto aos fatos que precedem a Segunda Vinda geralmente colocam que o homem de

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iniqüidades é um sistema maligno de certa forma já presente, e que não serão óbvios os fatos descritos em Apocalipse antes da Segunda Vinda. Estudar Apocalipse sem o arrebatamento leva a ter de adotar visões idealistas em diversos trechos, ou então colocá-los como os historicistas colocam, fazendo uma interpretação eclética. Como temos seguido desde o início a visão futurista (como a mais correta para o texto de Apocalipse), optamos por prosseguir o estudo com o arrebatamento como uma certeza. O estudo de Apocalipse leva a muitas encruzilhadas sendo que com o arrebatamento encontramos a segunda delas, após a escolha do estilo de interpretação.

Outra questão que aparece quando colocamos o arrebatamento como ocorrendo aqui, é a situação dos salvos mortos, motivo pelo qual Paulo escreve o texto de Tessalonicenses. Aqui temos novamente controvérsias, e trataremos desse assunto mais detalhadamente em outro momento, porém temos que os mortos em Cristo ressuscitarão e ganharão corpos glorificados, assim como os vivos arrebatados e julgados justos em Cristo, e esperarão nos céus até o Milênio. Até o arrebatamento os mortos têm seu espírito com Deus nos céus e seu corpo separado deste.

O assunto arrebatamento é longo de forma que não alongaremos sobre este. Para mais informações (em inglês) ver: http://raptureready.com/ e http://en.wikipedia.org/wiki/Rapture .

e te mostrarei – É o motivo principal da Revelação dada a João mostrar as coisas que devem acontecer. Cada visão nos céus é seguida por uma visão na Terra. Assim, a visão nos céus explica a visão na Terra.

o que deve acontecer depois destas coisas. – A profecia vindo de Deus não pode falhar (Jo 10.35). Versículo 2 - Imediatamente, eu me achei em espírito, e eis armado no céu um trono, e, no trono, alguém sentado; eu me achei em espírito – Como no início da visão (1.10). Estar em Espírito é receber poder para receber a revelação de Deus (Ez 2.2). e eis armado no céu um trono, e, no trono, alguém sentado – Antes de grandes revelações, os profetas são colocados diante da glória de Deus. João já viu a glória de Jesus, e agora é colocado diante do trono de Deus. Isaias teve a mesma visão (Is 6.1), assim como Ezequiel (Ez 1.26-28). Este alguém sentado é Deus, o Pai, e não Jesus, que depois aparece para receber os sete selos. Deus está assentado no trono, mostrando seu caráter de Rei e Juiz que aparece durante todo o livro. Ao contrário de Ezequiel que cai rosto em terra, João não sofre nenhum colapso. Isto ocorre provavelmente por já ter sido fortalecido na visão anterior (1.17). Um ponto importante a ser tocado é que João estava em um lugar material e não tendo uma visão espiritual apenas. O Céu é um lugar material, tanto que Jesus subiu para os céus em seu corpo glorificado e não em Espírito. Versículo 3 - e esse que se acha assentado é semelhante, no aspecto, a pedra de jaspe e de sardônio, e, ao redor do trono, há um arco-íris semelhante, no aspecto, a esmeralda é semelhante, no aspecto, a pedra de jaspe – Essa pedra de jaspe provavelmente não deve ser associada a jaspe atual, que é uma pedra opaca e não tão preciosa. Provavelmente deve ser associado a uma pedra mais preciosa, provavelmente um tipo de diamante. Fatos que confirmam isso são por exemplo a citação de pedra na

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glória da Nova Jerusalém (21.11). Jaspe era a última das pedras no peitoral do Sumo-Sacerdote pela ordem de citação (Ex 28.20). Assim Deus é descrito como tendo a maior glória possível. e de sardônio – A primeira das pedras no peitoral do Sumo-Sacerdote (Ex 28.17). A inclusão da primeira e da última pedra aqui relembra de Deus como o primeiro e o último, aquele que tem a glória de todas pedras preciosas. O peitoral do Sumo-Sacerdote representa a glória de Deus, que João agora pode ver. e, ao redor do trono, há um arco-íris semelhante, no aspecto, a esmeralda – Mais uma descrição da glória presente com Deus em seu trono. O arco-íris foi colocado como promessa de Deus de nunca destruir a Terra com um dilúvio (Gn 9.13-16). Por isso, a Bíblia nos mostra que a Terra será destruída pelo fogo (2 Pe 3.5-7). Versículo 4 - Ao redor do trono, há também vinte e quatro tronos, e assentados neles, vinte e quatro anciãos vestidos de branco, em cujas cabeças estão coroas de ouro. Ao redor do trono – Outros textos descrevem uma multidão ao redor do trono de Deus (1 Re 22.19, 5.11, 7.11). Esses 24 anciãos entretanto estão mais próximos e gozam de especial favor na presença de Deus. há também vinte e quatro tronos – Os anciãos estão junto com Deus no seu domínio. Isto nos relembra outros textos como a promessa de Jesus para os doze Apóstolos (Mt 19.28) e as promessas ao vencedor do capítulo anterior (2.26-27, 3.21). No Milênio é dito que os santos terão poder de julgamento (20.4). Paulo havia dito antes desse papel dos santos: “Ou não sabeis que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deverá ser julgado por vós, sois, acaso, indignos de julgar as coisas mínimas? Não sabeis que havemos de julgar os próprios anjos? Quanto mais as coisas desta vida!” (1 Co 6.2-3). e assentados neles, vinte e quatro anciãos – Esse é um ponto em que há também muita controvérsia. Existem diversas opiniões a respeito da identidade desses 24 anciãos. A primeira divisão é entre considerá-los homens ou anjos. Nesse ponto, o mais correto é considerá-los como homens pelos seguintes motivos:

• O termo ancião em nenhum lugar na Bíblia é usado em referência a anjos. Esse termo, que é sinônimo de presbítero, é sempre usado para lideres e homens de idade.

• Anjos na Bíblia não aparecem usando coroas, símbolo de recompensa para homens, em textos como 3.11, por exemplo.

• Em nenhum lugar é mostrado anjos eleitos sentados em tronos. A segunda divisão é se esses 24 anciãos representam realmente 24 pessoas ou são

uma representação de uma organização. Quanto a organizações, a principal linha de pensamento é a que coloca esses anciãos como representantes dos 12 apóstolos e das 12 tribos de Israel. Há problemas entretanto com essa identificação numa interpretação futurista de Apocalipse, uma vez que esses santos do Velho Testamento estariam nos céus e recebido coroas antes da Grande Tribulação e da redenção de Israel, o que implica que teriam tomado parte na Primeira Ressurreição. Caso 12 anciãos representem o povo de Israel há problemas também, uma vez que a nação ainda não se converteu ainda a Deus, o que ocorrerá somente no decorrer da Tribulação.

A mais provável identificação destes 24 anciãos deve ser os redimidos da presente era, da Igreja. Os motivos são:

• Cristo prometeu aos vencedores da Igreja que se sentariam em tronos com ele (3.21) assim como os 24 anciãos. Além disso Ef 2.6 diz: “e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus”.

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• Cristo prometeu aos vencedores roupas brancas (3.5) assim como os 24 anciãos estão vestindo.

• Cristo prometeu coroas aos vencedores (2.10) assim como os anciãos possuem. • Aceitando a doutrina do arrebatamento pré-tribulacional, a Igreja é o melhor

candidato para estar assentado nos céus antes da Grande Tribulação. Sendo assim, é provável que os 24 anciãos representem ou pessoas escolhidas dentre

a Igreja, ou seja uma representação da Igreja como um todo, sendo 12 de cada lado, uma representação do todo. Dentre essas opções ficamos com a primeira por ser a mais coerente com a interpretação mais literal possível, segunda a Regra de Ouro da Hermenêutica. Neste caso em específico o contexto não pede que se alegorize o número, embora esse seja simbólico. É o mesmo que dizer que Jesus não tinha 12 apóstolos e sim que esse número era simbólico apenas.

vestidos de branco – Sinal de redenção e pureza como em diversos outros textos. em cujas cabeças estão coroas de ouro. – Assim como a promessa feita aos

vencedores da Igreja (2.10, 3.11). Os 24 anciãos freqüentemente depositam suas coroas diante de Deus em reconhecimento da imensa superioridade Deste.

Versículo 5 - Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões, e, diante do trono, ardem sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus. Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões – Demonstração que o julgamento deve vir, e que o trono é de julgamento também, sendo que a ira de Deus está por vir. Em Apocalipse, trovões sempre precedem momentos de grande importância e julgamento por vir (8.5, 10.3, 11.9, 16.17-18, 19.6). No passado, aqueles que tiveram demonstração desta glória de Deus foram tomados de temor e reverência diante de Deus (Ex 19.16, Hb 12.18-21). As vozes que aparecem aqui podem ser as mesmas de 10.3-4, onde João recebe ordem para não escrever as palavras. sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus – Representação do Espírito Santo, que é a fonte de iluminação dos sete candeeiros, que são a Igreja (1.20). O Espírito arde diante do trono de Deus e está envolvido no julgamento que está por vir. Versículo 6 - Há diante do trono um como que mar de vidro, semelhante ao cristal, e também, no meio do trono e à volta do trono, quatro seres viventes cheios de olhos por diante e por detrás. mar de vidro, semelhante ao cristal – Os vencedores da Besta são vistos em pé sobre esse mar de vidro (15.2). É uma provável figura do pavimento próximo ao trono de Deus, brilhante em glória. no meio do trono e à volta do trono – Em posição de honra, o mais próximo possível do trono de Deus. quatro seres viventes – O número 4 representa o caráter universal em Apocalipse, por exemplo na expressão “os quatro cantos da Terra”. Esses 4 seres viventes são em muitos aspectos semelhantes à visão de Ez 1. São porém diferentes destes seres viventes que Ezequiel viu, uma vez que tem características distintas (por exemplo, aqui os seres viventes possuem 6 asas enquanto os que Ezequiel viu possuíam 4). Assim, devem ser querubins que atendem na presença de Deus e distintos dos que Ezequiel viu. Satanás também era um desses querubins antes de sua queda (Ez 28.14). Esses querubins também estavam representados no Santuário, que é um modelo da realidade dos céus (Ex 26.31, Hb 9.24). Sobre as quatro faces desses seres viventes, embora haja opiniões diversas, estas representam os quatro papéis de Jesus revelados nos evangelhos. Esses são:

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• Leão: representa Jesus como o Rei Messias, conforme Mateus o descreve, para uma audiência predominantemente de judeus.

• Novilho: representa Jesus como o Servo Sofredor, conforme o evangelho de Marcos, para uma audiência predominantemente de romanos.

• Homem: representa Jesus como Homem, conforme o retrata Lucas, para o mundo helenista principalmente.

• Águia: representa Jesus como Deus, conforme retratado pelo próprio João em seu evangelho que é prioritariamente para o mundo grego.

Essa visão é confirmada pelos primeiros pais da Igreja, como Irineu, embora muitas vezes houvesse dúvidas em relação à identificação de cada símbolo com cada evangelho. Além disso, as próprias evidências dos evangelhos de que cada um foi escrito com uma ênfase colabora para essa opinião. Um exemplo dessas evidências é de onde é traçada a geneologia de Jesus. Mateus a traça de Abraão e Davi, Lucas a traça de Adão e João a traça da eternidade.

O fato de o texto dizer que os querubins são semelhantes e não são realmente como esses animais é mais uma prova que a identificação aqui é mais simbólica que literal, e a idéia é representar o caráter desses quatro querubins, que juntos representam o caráter de Jesus.

cheios de olhos por diante e por detrás – Olhos indicam grande inteligência, pela capacidade de ver todas as coisas. A identificação aqui não é literal. Esses quatro seres viventes estão no ápice da criação de Deus (Ez 28.12-15). Versículo 7 - O primeiro ser vivente é semelhante a leão, o segundo, semelhante a novilho, o terceiro tem o rosto como de homem, e o quarto ser vivente é semelhante à águia quando está voando. Conforme já descrito no comentário sobre o versículo anterior. Versículo 8 - E os quatro seres viventes, tendo cada um deles, respectivamente, seis asas, estão cheios de olhos, ao redor e por dentro; não têm descanso, nem de dia nem de noite, proclamando: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, que é e que há de vir. seis asas – Ao contrário dos querubins vistos por Ezequiel que tinham 4 asas e semelhante aos que Isaias viu (Is 6.2). Santo, Santo, Santo – os querubins que Isaias viu, fizeram semelhante pronunciamento (Is 6.3). A adoração a Deus é um dos grandes temas do livro. Quanto à tripla repetição é uma forma de torná-la completa, significado do número 3, além de ser uma referência a Trindade. Versículo 9 - Quando esses seres viventes derem glória, honra e ações de graças ao que se encontra sentado no trono, ao que vive pelos séculos dos séculos, Quando esses seres viventes derem – No original, é uma forma de futuro que representa uma ação repetitiva.

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Versículo 10 - os vinte e quatro anciãos prostrar-se-ão diante daquele que se encontra sentado no trono, adorarão o que vive pelos séculos dos séculos e depositarão as suas coroas diante do trono, proclamando: Mostra uma ação reverente e voluntária, junto à adoração dos 4 seres viventes. Eles reconhecem sua insignificância diante dAquele que se assenta no trono. Suas próprias coroas não são mérito seu e sim da graça de Deus. Versículo 11 - Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas porque todas as coisas tu criaste – As 3 pessoas da Trindade e mais ninguém participaram da criação: Deus Pai (Gn 1.1-31), Filho (Jo 1.3) e Espírito (Gn 1.2). sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas – É interessante observar que não há uma quebra de assunto entre este capítulo e o próximo. Os querubins e anciãos louvam a Deus pela criação, que passará a ser redimida a partir do próximo capítulo.

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4 – Estudo de Apocalipse: Capítulo 5 – O Cordeiro e os sete selos 1- Introdução Após ter visto a Glória de Deus em seu trono nos céus, João passa a descrever o livro do julgamento na mão deste. O cordeiro então aparece e se prepara para abrir os selos, dando início ao julgamento e a redenção final. Esse capítulo é um dos mais sublimes da Palavra, mostrando a preparação e o controle de Deus sobre as coisas que estão por vir. 2- A visão Versículo 1 - Vi, na mão direita daquele que estava sentado no trono, um livro escrito por dentro e por fora, de todo selado com sete selos. na mão direita – A mão do favor. Jesus está assentado a direita de Deus em seu trono (Sl 110.1, Mc 16.19) esperando pelo seu reino. Sua espera aqui está próxima do fim. daquele que estava sentado no trono – Deus. O trono representa a soberania e o poder de julgamento que Deus possui. um livro – A palavra no original é mais bem traduzida por rolo, como os rolos de pergaminho da época . O livro está na mão direita de Deus, pois pertence a ele. Somente o Cordeiro pode abrir o livro. Estes livros têm diversos significados:

• Um livro de julgamentos: Assim que o livro é aberto, com os selos sendo retirados, o julgamento de Deus vai se manifestando com lamentações, suspiros e ais. Assim este livro é semelhante aquele descrito por Ezequiel (Ez 2.9-10).

• Um livro de revelação profética: conforme o livro é aberto, profecias de toda a palavra vão se cumprindo. Quando todos os selos forem retirados e o rolo totalmente aberto será dito que “o mistério de Deus será cumprido, conforme ele revelou a seus servos, os profetas” (10.7).

• Um testamento: somente o Cordeiro pode abrir o livro, como o testador da aliança (Hb 9.15-17, 5.9).

• Um certificado de compra: abrindo o rolo, o Cordeiro toma posso da sua herança que comprou com seu próprio sangue (5.9) e que inclui a posse da Terra, que com a abertura dos selos ele começará a assumir (Sl 2.6-8).

Conforme o Cordeiro abre os selos, estes aspectos do Livro trabalham em conjunto para revelar o final da história.

escrito por dentro e por fora – As tábuas do Testamento também eram escritas de ambos os lados (Ex 32.15). Documentos antigos eram escritos de ambos os lados segundo atestam historiadores. De um lado do contrato ou testamento, era escrita uma cópia do que estava do lado de dentro, que era selado. Assim as pessoas podiam ler o que dizia o contrato e em caso de dúvidas a respeito de fraudes no texto, os selos eram retirados e podia-se averiguar a autenticidade do documento.

de todo selado – No livro de Daniel é dito que as palavras proféticas deste fossem seladas até que chegasse o tempo de seu cumprimento (Dn 12.4-9). Semelhantemente as “coisas que devem acontecer” estão seladas e só se tornam realidade quando o Cordeiro retira os selos.

com sete selos – Sete é o número da perfeição. O julgamento iniciado com a retirada do primeiro selo só se tornará completo quando os sete selos forem retirados, e o livro

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então totalmente aberto. O sétimo selo contém as setes trombetas, e a sétima trombeta, as sete taças. Versículo 2 - Vi, também, um anjo forte, que proclamava em grande voz: Quem é digno de abrir o livro e de lhe desatar os selos? Um anjo forte faz o desafio para quem fosse capaz de abrir o selos, trazendo a história a seu fim. Ninguém, porém, é encontrado digno de aceitá-lo. Nem os arcanjos Miguel e Gabriel, nem qualquer dos justos da Bíblia; seja Moisés, Paulo ou Pedro; ninguém tem as qualificações. Somente Cristo tem as qualificações necessárias:

• Julgamento Perfeito: uma combinação de perfeita justiça e compaixão. Para levar a cabo o julgamento que a retirada dos selos inicia, somente uma pessoa com essa qualificação é indicada.

• Relação com a humanidade: O domínio da Terra foi dado inicialmente a Adão (Gn 1.26-28). Este domínio foi retirado do homem quando ela caiu em pecado e passado a Satanás (Lc 4.6), no sentido de que este tem o domínio sobre o sistema que rege o mundo, sendo o príncipe deste mundo (Jo 14.30). Somente um homem deve retomar esse domínio. Este homem não é qualquer um, mas o homem perfeito e sem pecado (2 Co 5.21).

• Direito: para redimir o mundo Cristo pagou o preço, carregando os pecados dos homens em suas costas e pagando com seu sangue.

• Poder: como Deus, Jesus tem o poder para levar até o fim o julgamento dos sete selos.

Versículo 3 - Ora, nem no céu, nem sobre a terra, nem debaixo da terra, ninguém podia abrir o livro, nem mesmo olhar para ele; Ninguém tem as características necessárias para abrir o livro, retirando os selos. Todos os homens nascidos em Adão caíram em pecado junto com este, e assim são incapazes de trazer a própria redenção (Rm 3.23). Versículo 4 - e eu chorava muito, porque ninguém foi achado digno de abrir o livro, nem mesmo de olhar para ele. João compreendeu o significado do livro – trazer ao fim o império das Trevas e restaurar o homem a presença de Deus. Profunda tristeza afligiu João diante da possibilidade de um mundo para sempre em pecado e longe da redenção que os selos impedem de vir. De fato, não fosse pela própria iniciativa de Deus de mandar seu filho para morrer na Cruz, a humanidade teria vivido para sempre nas Trevas, ficando perdida. Versículo 5 - Todavia, um dos anciãos me disse: Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos. o Leão da tribo de Judá – Judá recebeu o domínio entre as doze tribos, fato confirmado pela benção de Jacó (Gn 49.9-10). Embora Rubens fosse o primogênito, ele perdeu seu direito, por pecar com uma das concubinas de seu pai (Gn 35.22). Simeão e Levi também perderam a liderança entre seus irmãos, pela matança que fizeram em Siquém (Gn 34.25). Assim Judá como o quarto mais velho acabou sendo líder entre seus irmãos e assim teve o direito de ser a tribo do Messias (Mt 1.1-3). a Raiz de Davi – Jesus é descendente de Davi (Mt 1.1). Ele é também o cumprimento da promessa feita por Deus a Davi (Sl 89.33-37).

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venceu – Quando morreu na cruz para redimir os pecadores. Naquele momento ele ganhou o direito de trazer o julgamento sobre Satanás no momento que Deus escolher. Versículo 6 - Então, vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tendo sido morto. Ele tinha sete chifres, bem como sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados por toda a terra. um Cordeiro – Mesmo sendo o Leão de Judá, Jesus é também o Cordeiro. Ele tem o domínio, mas também misericórdia, tendo feito de sim mesmo sacrifício por aqueles que nada mereciam. como tendo sido morto – Por sua morte de Cruz. “Como” porque ele não está mais morto, mas ressuscitou. Jesus, mesmo ressurreto, carrega em seu corpo as marcas feitas na sua crucificação (Jo 20.27), como prova eterna de sua graça e misericórdia. sete chifres – Chifres na Bíblia são símbolos de poder. Alguns lugares onde nas nossas traduções da Bíblia encontramos poder, no original a palavra era chifre, por exemplo 1 Sm 2.10. O número sete é o número da perfeição o que indica o poder completo do Reino de Cristo, que se estabelecerá e nunca será destruído (Dn 7.14). sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados por toda a terra – Símbolo da onisciência de Cristo. Nada existe que os olhos de Cristo não sejam capazes de ver (1 Co 4.5). Zc 4.10 também fala dos sete olhos de Deus que percorrem toda Terra. Versículo 7 - Veio, pois, e tomou o livro da mão direita daquele que estava sentado no trono; Um dos momentos mais importantes da história, talvez perdendo apenas para crucificação de Cristo e sua Segunda Vinda. Chega o momento certo de Deus para iniciar seu julgamento, e assim Cristo toma o livro para iniciar o julgamento trazido por este (2 Pe 3.9). Versículo 8 - e, quando tomou o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos, uma harpa – Harpas eram usadas pelos levitas na adoração a Deus (2 Cr 5.12, 2 Cr 29.25). Em outros lugares de Apocalipse pessoas aparecem louvando a Deus com harpas (14.1-3, 15.2).. taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos, - Como fala Lc 18.7: “Não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e noite, embora pareça demorado em defendê-los?”. É chegado o momento de Deus fazer justiça a oração dos santos por justiça. Versículo 9 - e entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação e entoavam novo cântico – Novo cântico no sentido de qualidade. Ele é um novo cântico pois precede o julgamento e a redenção que se iniciarão. toda tribo, língua, povo e nação – A aplicação global desse livro é destacada por essa expressão que aparece em outros trechos como 7.9, 10.11, 11.9, 13.7, 14.6. Jesus disse que seu evangelho deveria ser levado por todo mundo, em Mc 16.15.

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Versículo 10 - e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra. reino e sacerdotes – Reinando com Cristo como seu povo (Dn 7.27) e sendo adoradores de acordo com a vontade de Deus (1 Pe 2.9), aqueles que foram salvos e comprados por Cristo estarão com ele na sua vitória gloriosa que está por vir. e reinarão sobre a terra. – Promessa semelhante é feita aos vencedores, nas cartas a Tiatira e Laodicéia. Cristo estabelecerá seu reino sobre a Terra no Milênio e sua igreja estará com Ele. Versículo 11 - Vi e ouvi uma voz de muitos anjos ao redor do trono, dos seres viventes e dos anciãos, cujo número era de milhões de milhões e milhares de milhares, Uma multidão em louvor a Cristo, antes que ele comece a tirar os selos. Sobre o numero extenso colocado ele é condizente com o número de anjos de Deus no céu. Versículo 12-14 - Vi e ouvi uma voz de muitos anjos ao redor do trono, dos seres viventes e dos anciãos, cujo número era de milhões de milhões e milhares de milhares, proclamando em grande voz: Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor. Então, ouvi que toda criatura que há no céu e sobre a terra, debaixo da terra e sobre o mar, e tudo o que neles há, estava dizendo: Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos. E os quatro seres viventes respondiam: Amém! Também os anciãos prostraram-se e adoraram. Todos no céu louvam a Cristo, antes do momento em que ele fará com que a história chegue ao fim. Somente ele merece todo louvor, pois só ele é capaz de fazer isso. A partir desse momento, Cristo passará a retirar os selos, trazendo os julgamentos de Deus.

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4 – Estudo de Apocalipse: Capítulo 6 – Os 6 primeiros selos são abertos_________________________________ 1- Introdução Após receber das mãos do Pai o rolo do julgamento, Cristo, o Cordeiro, e Único capaz de abrir os selos, passa a abrir os selos, que uma vez abertos trazem a Terra o julgamento, revelando a vontade soberana do Pai. Após dois capítulos de preparação, mostrando a ação divina no que irá ocorrer, “as coisas que devem acontecer” passam a se tornar realidade. 2- Os selos O primeiro selo------------------------------------------------------------------------------------- Versículo 1 - Vi quando o Cordeiro abriu um dos sete selos e ouvi um dos quatro seres viventes dizendo, como se fosse voz de trovão: Vem! Versículo 2 -Vi, então, e eis um cavalo branco e o seu cavaleiro com um arco; e foi-lhe dada uma coroa; e ele saiu vencendo e para vencer. Vi quando o Cordeiro abriu – Os julgamentos vem somente pela ação do Cordeiro, que abre os selos, um a um. A história humana é marcada por guerras, desastres naturais, fomes severas. Tudo isso como resultado do pecado e egoísmo humano. Porém, como Jesus fala em Mt 24.6: “E, certamente, ouvireis falar de guerras e rumores de guerras; vede, não vos assusteis, porque é necessário assim acontecer, mas ainda não é o fim.” Porém quando o Cordeiro abre os selos, uma série de julgamentos, como nunca vistos, passa a vir sobre a Terra. Eles marcam um momento único na história por uma série de fatores:

• Severidade: Mais do que qualquer evento da história anterior a este, será severo o julgamento iniciado com a abertura dos selos. Os dias que se iniciarão serão como nenhum antes (Mc 13.19, Mt 24.29).

• A ira do Cordeiro: Ao contrário de épocas anteriores, onde a ira de Deus era manifestada contra as nações, agora é a ira do Cordeiro que será manifestada (6.16).

• O ápice do Pecado: Mais do que qualquer era da história, esses dias finais serão marcados pelo crescimento da maldade humana, marcadamente pelo aparecimento do homem de iniqüidades, o Anticristo.

• Estabelecimento do Reino de Deus na Terra: Os julgamentos que se seguem têm também como objetivo o estabelecimento do Reino de Deus na terra, o Reino Messiânico, o Reino que nunca passará (Dn 2.44). Sobre essa questão temos um paralelo entre o estabelecimento do Reino terreno de Deus, Israel. Esses são: em ambos os casos temos um desafio insolente ao Deus Verdadeiro por parte de forças do mundo (Egito e as nações da Terra – Sl 2.1-3), nos dois casos temos um milagre preliminar mostrando a supremacia de Deus (o arrebatamento e os milagres realizados através de Moisés – Ex 7.12), nos dois casos os julgamentos de Deus vão se tornando mais severos. Além disso, assim como as tropas de Faraó foram destruídas no Mar Vermelho, o Anticristo terá suas forças destruídas no Armagedon e no final, assim como o cântico de Moisés louvou a Deus, teremos o cântico do Cordeiro.

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um dos sete selos – Conforme cada selo é aberto um julgamento diferente vem a tona. Os selos englobam todo o período da Tribulação até a volta de Cristo. Os 6 primeiros selos são a primeira metade da Tribulação, o sétimo selo inicia a metade final: a Grande Tribulação, e os 3 anos e meio finais da 70º Semana de Daniel. Conforme os selos são abertos os acontecimentos são vistos e tem um paralelo com o que Jesus havia dito nos Evangelhos (Mt 24, Mc 13 e Lc 21). Em relação as 70 Semanas de Daniel veja o anexo 2.

Anexo 2 – As Setenta Semanas de Daniel....................................... A profecia das setenta semanas de Daniel é encontrada em Dn 9.24-27. Em primeiro lugar, sobre essas semanas Gabriel fala a Daniel que estão determinadas sobre o povo deste e a cidade deste povo, ou seja, sobre os judeus e sobre Jerusalém. Portanto é uma profecia que diz em primeiro lugar aos judeus. É dito que estas semanas têm como objetivo:

• Fazer cessar a transgressão: como vemos está no singular: “a transgressão”. Isto mostra que uma transgressão especifica está em mente aqui. A transgressão aqui é a rejeição do povo judeu à vontade de Deus. Como a nação de Israel ainda não se converteu a Cristo vemos que este objetivo ainda não se cumpriu em nossos dias.

• Selar a visão e a profecia: aqui a idéia é de cumprimento das profecias assim como em Apocalipse os selos contem o cumprimento das profecias sobre o que deve acontecer. Assim vemos que no final das setenta semanas de Daniel as profecias estarão reveladas.

Outro ponto a ser destacado é que a palavra traduzida por semanas é mais bem entendida como “setes”. Assim a frase seria: “Setenta setes estão determinados” ou setenta semanas de anos e não de dias. Alguns motivos para entendermos que as semanas aqui se referem a anos e não dias são:

• A palavra traduzida por semanas é usada no livro somente em outro lugar: capítulo 10.2 e 3. Ali é obvio que se refere a dias, porém no original está escrito: Eu Daniel pranteei durante 3 setes de dias. Logo vemos que a palavra usada em 9.24 não deve ser necessariamente entendida como semana de sete dias.

• No início do capítulo, Daniel está preocupado sobre anos e não dias (versículo 1-2).

• Os eventos descritos em 9.24-27 não se encaixam em 70 semanas (ou 490 dias).

Além disso, temos que os anos que Daniel usava eram de 360 dias e não de 365 como temos hoje. Na verdade cada ano é composto de 365,242198 dias e essa diferença é suprida acrescentando um dia em Fevereiro no ano bissexto. Porém, na Antiguidade não era esse procedimento. O calendário era lunar e em cada 2 ou 3 anos um mês adicional era acrescentado. Assim os meses eram 12 de 30 dias. Evidências em Apocalipse que o ano profético de 360 dias era também usado são:

• Em 11.2 é dito que os gentios calcarão os pés a cidade santa por 42 meses, que usando um ano de 360 dias é igual a 3 anos e meio, que é metade de uma semana de Daniel (Dn 9.27).

• As duas testemunhas são ditas para testemunhar por 1260 dias, que é igual a 3,5 anos de 360 dias.

• A mulher no capítulo 12 será sustentada por 1260 dias (12.6) que é identificado como tempo, tempos e metade de um tempo (12.4). Semelhantemente em Dn

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7.25 é falado de tempo, dois tempos e metade de um tempo, ou seja 1 ano + 2 anos + 0,5 anos = 3,5 anos.

Portanto temos que as semanas de Daniel são de anos, e cada ano de 360 dias. As 70 semanas de Daniel são divididas entre 7 semanas, 62 semanas e 1 semana

final. Depois das 62 semanas é dito que o Ungido será morto, ou seja só resta agora a semana final de Daniel. Quanto as divisões e as semanas anteriores a 70º Semana temos algumas opiniões, que divergem em quem é o Ungido que o texto de Daniel fala, por exemplo, sendo ou Jesus ou Ciro. Tomando o início das semanas como o dia em que Artaxerxes enviou Neemias (Ne 2.1. Dia identificado como 16 de Março de 445AC) e contando os 69x7x360=173.189 dias, chegamos a 9 de Abril de 32DC, data tida como a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Outras datas e opiniões são encontradas pelos intérpretes.

Assim vemos que a semana final de Daniel é a Tribulação de Apocalipse, sendo a Grande Tribulação a metade final da semana, os 3,5 anos.

Embora seja difícil se colocar em ordem os eventos de Apocalipse, podemos fixar alguns eventos da seguinte maneira:

Durante a primeira metade: Anticristo estabelece aliança com muitos em Israel (Dn 9.27) 144.000 judeus são selados (7.1-8) Judeus sacrificam e adoram no templo em Jerusalém (Dn 9.27, 11.1) As duas testemunhas profetizam e atormentam os moradores da Terra (11.3-6) Os 7 selos são abertos e 6 trombetas soadas Durante o meio da 70º Semana: A Besta recebe autoridade (Dn 7.25, 13.5) As Duas testemunhas são mortas e ressuscitadas (11.7-12) O Anticristo quebra a aliança (Dn 7.25, 9.27) Sacrifício é interrompido (Dn 9.27) Abominação da desolação (Dn 9.27, Mt 24.15, Mc 13.14, 2 Ts 2.4, 13.15) Judeus fogem da perseguição (Mt 24.15-20, Mc 13.14-18, 12.6, 14) Durante a metade final: A Sétima trombeta é soada (11.15) A Besta e sua imagem matam os santos (Dn 7.21, Dn 7.25, Dn 8.24, 7.9-16, 12.11, 13.7) As sete taças são derramadas (16.1-21) Os Judeus reconhecem e clamam pelo seu Messias (Lv 26.40-42, Os 5.15-6.3, Zc 13.9, Mt 23.39, Lc 13.35) Campanha do Armagedom e Segunda Vinda (Is 63.1-6, Jl 3.9-16, Zc 12.1-9, Zc 14.1-15, 16.12-16, 19.17-21).

voz de trovão – Mostrando sua imponência e o poder para anunciar o julgamento por vir.

Vem! – Algumas traduções trazem ao invés de vem, “Vem e Veja!”. Esta tradução coloca as vozes como falando com os cavaleiros do Apocalipse, o que cai bem dentro da ênfase do controle divino sobre cada julgamento. A tradução alternativa coloca como o ser vivente falando com João.

cavalo branco – Um dos quatro cavalos de diferentes cores que estarão presentes nestes primeiros quatro selos. Existe um paralelo entre estes cavalos e os da visão de Zacarias. A cor branca é associada em Apocalipse com justiça e com a paz. Veja Anexo 3.

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Anexo 3 – Os cavalos de Zacarias................................................... Os cavalos vistos por João nos 4 primeiros selos são semelhantes a visão que Zacarias teve, descrita em Zc 1.7-11 e em Zc 6.1-8. As semelhanças são:

• Em ambos os casos, 4 diferentes classes de cavalos estão envolvidos em um ministério global.

• Os cavalos estão sobre o controle divino. • Os cavalos estão envolvidos em julgamentos. • As cores são similares: branco (representando vitória), vermelho (representando

matança), preto (representando julgamento) e baio/amarelo (representando doença mortal).

Significativamente na visão de Zacarias os cavalos brancos seguem os cavalos pretos, indicando que o período de julgamento foi procedido por um período de paz. Isto também é confirmado pelo que os cavaleiros dizem a respeito da paz sobre a terra em Zc 1.11. Isso mostra que no tempo de Zacarias o império da Babilônia já tinha sido derrubado pelos medos-persas e a paz reinava para Israel. Em Apocalipse, ao contrário, os cavalos brancos são acompanhados por cavalos pretos, mostrando que um tempo de aparente paz se transformará em um tempo de julgamento. Além disso, neste novo tempo, Babilônia novamente se levantará e precisará ser destruída (Capítulos 18 e 21).

Temos portanto que os cavalos estão associados tanto em Apocalipse quanto em Zacarias com o julgamento divino e estão estritamente ligados nestas duas passagens bíblicas.

seu cavaleiro – Este cavaleiro tem semelhanças com Cristo (ver Capítulo 19.11-16): ambos estão montados em cavalos brancos (significando vitória), ambos usam coroas, ambos saem para vitória. Porém este cavaleiro não é Cristo, pois é enviado por este com abertura do primeiro selo. Além disso, este cavaleiro usa um arco enquanto Cristo tem uma espada. Este cavaleiro está sozinho, enquanto Cristo é seguido pelos exércitos do Céu. Na verdade este Cavaleiro propositalmente procura ser parecido com Cristo. O que temos aqui é a primeira aparição do Anticristo. Depois que o Espírito foi retirado no arrebatamento, o Anticristo está livre para aparecer (2 Ts 2.3-8). De fato, para um mundo atônito pelo arrebatamento que acabou acontecer, é necessário alguém para levar a paz. E nesse cenário que aparecerá o Anticristo, o homem de iniqüidades, que o mundo receberá como seu salvador, conforme Cristo mesmo diz: “Eu vim em nome de meu Pai, e não me recebeis; se outro vier em seu próprio nome, certamente, o recebereis.” (Jo 5.43). Nesse período o Anticristo se estabelecerá como um governante mundial e fará aliança com Israel reconstruindo seu templo (Dn 9.27). É interessante se observar que a vinda do Anticristo só acontece depois que Cristo abre o primeiro selo, e que uma voz dos céus lhe diz para vir. Isto mostra que a vinda do Anticristo não será por vontade humana ou satânica, mas sim pela vontade de Deus. com um arco – Arco representa força. O cavaleiro carrega um arco, porém nenhuma referência a flechas é feita. Isto mostra que este vencerá sem violência. Isto é semelhante ao descrito por Daniel em Dn 11.21-23: “Depois se levantará em seu lugar um homem vil, ao qual não tinham dado a dignidade real; mas ele virá caladamente, e tomará o reino com engano.” A respeito do Anticristo, Daniel escreve em Dn 8.23-25: “Mas, no fim do seu reinado, quando acabarem os prevaricadores, se levantará um rei, feroz de semblante, e será entendido em adivinhações. E se fortalecerá o seu poder, mas

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não pela sua própria força; e destruirá maravilhosamente, e prosperará, e fará o que lhe aprouver; e destruirá os poderosos e o povo santo. E pelo seu entendimento também fará prosperar o engano na sua mão; e no seu coração se engrandecerá, e destruirá a muitos que vivem em segurança; e se levantará contra o Príncipe dos príncipes, mas sem mão será quebrado.” Destas profecias de Daniel (que tiveram seu cumprimento parcial em Antioco Epifânio) podemos concluir algumas coisas sobre o Anticristo:

• Alcançará o poder subjugando outros. • Subirá ao poder prometendo falsa segurança e enganando. • Será inteligente e persuasivo. • Será controlado por outro, ou seja Satanás. • Será no fim, um adversário de Israel, e o subjugará. • Seu reino será terminado pelo poder divino. O Anticristo será um homem que será usado por Satanás. Ele porém está dentro dos

propósitos de Deus e tem um papel importante no seu plano: punir a Israel, por sua rejeição ao Messias; levar Israel ao arrependimento, pelo sofrimento e perseguição; expor a descrença do mundo em Deus, diante da aceitação do Anticristo; e levar a batalha final entre as forças de Deus e de Satanás.

e foi lhe dada uma coroa – Ele recebe uma coroa como símbolo de poder. Novamente, porém, veja que lhe foi dada uma coroa. Seu poder deriva em ultima análise de Deus.

e ele saiu vencendo e para vencer – O Anticristo terá poderes incríveis, como descreve Daniel. Seu governo se espalhará por toda Terra de uma maneira nunca antes vista. Sobre ele será como diz Is 14.12-16.

O segundo selo ------------------------------------------------------------------------------------- Versículo 3 - Quando abriu o segundo selo, ouvi o segundo ser vivente dizendo: Vem!

Versículo 4 - E saiu outro cavalo, vermelho; e ao seu cavaleiro, foi-lhe dado tirar a paz da terra para que os homens se matassem uns aos outros; também lhe foi dada uma grande espada. Outro cavalo, vermelho – Semelhante aos cavalos de Zacarias (ver Anexo 3). O vermelho representa a violência, é a cor do sangue. foi-lhe dado tirar a paz da terra para que os homens se matassem uns aos outros – Após o início, onde o Anticristo se estabelecerá por uma falsa paz, passará a um período de guerra e matança como nunca antes vista. Provavelmente, o Anticristo seguirá se estabelecendo pela paz até onde for possível, passando então a violência, principalmente contra Israel. Pensando no avanço militar, que o mundo tem mostrado, é de se supor um período terrível com abertura deste selo pelo Cordeiro. O terceiro selo -------------------------------------------------------------------------------------- Versículo 5 - Quando abriu o terceiro selo, ouvi o terceiro ser vivente dizendo: Vem! Então, vi, e eis um cavalo preto e o seu cavaleiro com uma balança na mão. Versículo 6 - E ouvi uma como que voz no meio dos quatro seres viventes dizendo: Uma medida de trigo por um denário; três medidas de cevada por um denário; e não danifiques o azeite e o vinho. Um cavalo preto – Cor indicando o mal e a tristeza, luto.

uma balança na mão – Usada para pesar comida e indicando a escassez de alimentos.

Uma medida de trigo por um denário; três medidas de cevada por um denário – Indicando o alto preço e a fome que acontecerá. Um denário era o salário

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diário de uma pessoa na época de João, e uma medida de trigo era mal o que um homem consumia em um dia. Geralmente 16 a 18 medidas de trigo poderiam ser compradas por um denário. A fome se espalhará pela terra na Tribulação.

e não danifiques o azeite e o vinho. – Uma ordem divina para o cavaleiro no cavalo preto. Sobre esta ordem algumas interpretações são dadas:

• É uma referência ao Edito de Domiciano em 92 DC, mandando que vinhas fossem trocadas por plantações de milho para abrandar a fome (visão preterista).

• O óleo é uma referência a unção, que será colocada sobre os servos de Deus contra a tribulação, sobre suas testas.

• Óleo e vinho são exemplos de artigos de luxo que serão ainda avaliáveis as classes mais ricas.

• Óleo e vinho são artigos medicinais, que continuarão a existir mesmo nesse período. Diante da severidade dos outros selos, o mais provável é a terceira interpretação.

Assim, a fome será severa sobre a Terra, mas os ricos ainda terão acesso a alimentos. O quarto selo --------------------------------------------------------------------------------------- Versículo 7 - Quando o Cordeiro abriu o quarto selo, ouvi a voz do quarto ser vivente dizendo: Vem! Versículo 8 - E olhei, e eis um cavalo amarelo e o seu cavaleiro, sendo este chamado Morte; e o Inferno o estava seguindo, e foi-lhes dada autoridade sobre a quarta parte da terra para matar à espada, pela fome, com a mortandade e por meio das feras da terra. Amarelo – A palavra no original traz uma idéia de pálido, ou baio, como em Zacarias. A idéia da cor deste cavalo é provavelmente comparar a de uma pessoa doente, próxima a morte. e o seu cavaleiro, sendo este chamado Morte; e o Inferno o estava seguindo – Na Bíblia em outras passagens temos a morte e o inferno personificados (Is 28.18 p.ex.). Estes dois são geralmente encontrados juntos, sendo o inferno o destino daqueles não-salvos que passaram pela morte. Aqui vemos que o inferno segue a morte. Isto é uma forma de João mostrar que a morte alcançará os não-salvos desta época (1/4 deles). Morte e Inferno são os destinos das partes materiais (o corpo) e imateriais (alma e espírito) do homem, caso este não seja salvo. e foi-lhes dada autoridade – Mais uma demonstração da vontade divina atuando nesse julgamento sobre a Terra. sobre a quarta parte da terra – Isto demonstra a grandiosidade do julgamento, que Apocalipse mostra que virá sobre a Terra. Sendo que hoje a Terra possui mais de 6 bilhões de pessoas, aqui temos que neste selo 1,5 bilhões de pessoas serão mortas. Quanto a este número não podemos ter certeza, pois a população mundial varia (geralmente aumentando) e mudará no arrebatamento, pela retirada dos salvos. De qualquer forma, a tragédia que virá nesses dias será como nunca antes na história humana, conforme disse Amós: “Ai daqueles que desejam o dia do SENHOR! Para que quereis vós este dia do SENHOR? Será de trevas e não de luz. É como se um homem fugisse de diante do leão, e se encontrasse com ele o urso; ou como se entrando numa casa, a sua mão encostasse à parede, e fosse mordido por uma cobra. Não será, pois, o dia do SENHOR trevas e não luz, e escuridão, sem que haja resplendor?” (Am 5.18-20) para matar à espada, pela fome, com a mortandade e por meio das feras da terra. – Vemos que o julgamento do quarto selo é mais severo que o dos anteriores. Aqui 4 fatores colaborarão para morte de pessoas. As guerras que haviam começado no 2º Selo provavelmente se intensificarão. Além disso a guerra trará ainda mais fome

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sobre a terra. Mortandade denota epidemias, que assolarão aqueles que ainda estiverem vivos. Além disso, diante de tanta destruição as feras da terra passarão a atacar as pessoas no meio das cidades destruídas, em decorrência da fragilidade das pessoas nesse momento e também pela escassez de comida para estes animais. O cenário é terrível e mostra que a Ira do Cordeiro e de Deus estão como nunca sendo vistas sobre a humanidade. Nesse período ocorrerá como Ezequiel havia dito: “Porque assim diz o Senhor DEUS: Quanto mais, se eu enviar os meus quatro maus juízos, a espada, a fome, as feras, e a peste, contra Jerusalém, para cortar dela homens e feras?” (Ez 14.21). O quinto selo --------------------------------------------------------------------------------------- Versículo 9 - Quando ele abriu o quinto selo, vi, debaixo do altar, as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam Versículo 10 - Clamaram em grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? Versículo 11 - Então, a cada um deles foi dada uma vestidura branca, e lhes disseram que repousassem ainda por pouco tempo, até que também se completasse o número dos seus concertos e seus irmãos que iam ser mortos como igualmente eles foram. quinto selo – O quinto selo diferencia-se dos quatro primeiros, uma vez que este não é iniciado pelo comando divino “Vem!” e nem personificado por nenhum cavaleiro. De fato, o quinto selo não é iniciado pelo comando celeste, pois será iniciado na Terra, pela ação maléfica dos homens. Com os quatro primeiros selos termina aquilo que Cristo chama de o principio das dores no sermão do Monte das Oliveiras: “E Jesus, respondendo, disse-lhes: Acautelai-vos, que ninguém vos engane; porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos. E ouvireis de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim. Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, e pestes, e terremotos, em vários lugares. Mas todas estas coisas são o princípio de dores.” (Mt 24.4-10). Após esse período, ocorrerá como Jesus prossegue dizendo neste discurso: “Então vos hão de entregar para serdes atormentados, e matar-vos-ão; e sereis odiados de todas as nações por causa do meu nome. Nesse tempo muitos serão escandalizados, e trair-se-ão uns aos outros, e uns aos outros se odiarão.” (Mt 24.9-10). Provavelmente diante da destruição que veio sobre a Terra nos 4 primeiros selos as pessoas procurarão a quem culpar. Nesse cenário aqueles que passaram a reconhecer a Deus enfrentarão perseguição. vi, debaixo do altar, as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam – Com a abertura do quinto selo um período de perseguição àqueles que professem o nome de Deus virá. O sistema religioso que levará até a ascensão final do Anticristo estará se estabelecendo e atingirá seu ápice dentro de pouco tempo. Muitos serão martirizados por testemunhar de Cristo nesse período. Aqui não temos uma referencia a mártires do período da Igreja se tomarmos, como fizemos, que o arrebatamento ocorreu anteriormente. Quanto ao fato de suas almas estarem sobre o altar, esta é uma figura que remonta ao sistema sacrificial do Antigo Testamento, no qual o sangue das ofertas eram derramadas na base do altar (Ex 29.12, Lv 4.7). Assim para Deus a morte destes mártires será como uma oferta de devoção por partes destes. O sangue destes mártires se acumulará até que chegue o momento certo em que será feito justiça. Quanto ao fato de João ter visto as almas destes mártires, isso é consistente com o fato de que eles só receberão seus corpos glorificados antes do estabelecimento do Reino Milenial.

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dos que habitam sobre a terra? – Aqui como anteriormente em Apocalipse, os que habitam sobre a Terra são os não-salvos, contrastando com os salvos, cuja pátria não é desse mundo (Hb 11.13-16). foi dada uma vestidura branca – Assim como é prometido para os vencedores da Igreja (3.5). Como já dissemos, essas vestes brancas representam pureza e justiça diante de Deus. repousassem ainda por pouco tempo – Os 7 anos da Semana Final de Daniel estão passando e agora pouco tempo resta até que o Reino de Deus se estabeleça, e a vitória final seja alcançada, embora grandes dificuldades e juízos ainda tenham de vir sobre o mundo. se completasse o número dos seus conservos e seus irmãos que iam ser mortos – Ainda muitos se converterão a Cristo nesse período mesmo diante de todas as dificuldades e serão perseguidos. Israel ainda se converterá a Cristo e sofrerá grandes perseguições. Deus permite que mais pessoas sejam mortas, pois seu testemunho servirá de exemplo para que outros sejam capazes de testemunhar o nome de Deus, assim como foi no início da Igreja. O sexto selo ----------------------------------------------------------------------------------------- Versículo 12 - Vi quando o Cordeiro abriu o sexto selo, e sobreveio grande terremoto. O sol se tornou negro como saco de crina, a lua toda, como sangue, Versículo 13 - as estrelas do céu caíram pela terra, como a figueira, quando abalada por vento forte, deixa cair os seus figos verdes, Versículo 14 - e o céu recolheu-se como um pergaminho quando se enrola. Então, todos os montes e ilhas foram movidos do seu lugar. Versículo 15 - Os reis da terra, os grandes, os comandantes, os ricos, os poderosos e todo escravo e todo livre se esconderam nas cavernas e nos penhascos dos montes Versículo 16 - e disseram aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós e escondei-nos da face daquele que se assenta no trono e da ira do Cordeiro, Versículo 17 - porque chegou o grande Dia da ira deles; e quem é que pode suster-se? O sexto selo – Com a abertura do sexto selo, uma realidade ainda mais perturbadora se mostra. Se nos selos anteriores tivemos apenas situações que já aconteciam (mártires, guerras, fomes, falsos messias) agravadas, com a abertura do sexto selo, ficará visível que Deus é quem está agindo, uma vez que os acontecimentos serão como nunca antes. As pessoas na Terra não poderão encontrar explicações na humanidade apenas, para as coisas que ocorrerão. grande terremoto – Durante o decorrer dos julgamentos dos 7 selos outros terremotos ocorrerão (8.5, 11.3, 16.18). Estes terremotos incomuns e poderosos serão provas incontestáveis da ação de Deus, mas os homens nem sempre lhe darão glória diante desta demonstração poderosa (como em 11.13 e Mt 27.54). Este terremoto será apenas um dos grandes sinais que acompanharão a abertura do sexto selo. O sol se tornou negro como saco de crina – Jesus já havia predito sinais cósmicos para o período da Tribulação (Mt 24.29). Joel havia predito que sinais deste tipo precederiam o Dia do Senhor (Jl 2.30-31), assim como Isaias (Is 13.9-10). Porém não será somente na abertura do sexto selo que estes sinais serão vistos, pois o texto de Joel fala sobre a Segunda Vinda enquanto o sexto selo está no meio da Tribulação. Além disso, em outros momentos de Apocalipse sinais no céu serão vistos (8.12, 16.8-9). O sol se tornará negro do ponto de vista da Terra, provavelmente em decorrência de material lançado para atmosfera pelo terremoto ou pelos asteróides, que são ditos que caíram na Terra no versículo seguinte.

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a lua toda, como sangue – Assim como no entardecer, ou quando a umidade refrata sua luz. Diante de uma atmosfera poluída o sol e a lua estarão encobertos e o temor tomará os homens sobre a Terra. as estrelas do céu caíram pela terra – A palavra traduzida por estrelas é melhor entendida como asteróide. As estrelas continuarão no céu após este momento como podemos ver por 8.12. João descreve os acontecimentos com figuras que lhe são familiares e não com precisão cientifica, precisão esta que de forma alguma é prioridade no texto bíblico. Embora na história humana nunca tenha ocorrido uma chuva de asteróides essa possibilidade existe, caso a Terra cruze com uma nuvem destes. céu recolheu-se como um pergaminho quando se enrola – Muitos intérpretes passam a tratar de forma simbólica o capítulo, quando confrontados com este trecho. Porém, como descobrimos conforme o conhecimento do homem aumenta, existem muitas coisas que o homem ainda não é capaz de compreender. Provavelmente a figura usada por João seja de algo que hoje ainda não conhecemos, ou que o homem nem venha a conhecer. É como explicar para uma pessoa da época de João como seria uma explosão nuclear. Somente aquilo que criou todas as coisas é capaz de entender completamente a natureza. Então, todos os montes e ilhas foram movidos do seu lugar – Como resultado dos tremores ocasionados na Terra pelo terremoto e pela queda de asteróides. A terra passará por abalos como nunca antes. Os reis da terra, os grandes, os comandantes, os ricos, os poderosos e todo escravo e todo livre – Todas as pessoas sobre a Terra, independente de classe ou posição. Diante dos acontecimentos ninguém poderá se sentir seguro. se esconderam nas cavernas e nos penhascos dos montes e disseram aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós – Os homens procurarão se esconder de Deus e da exposição da sua fraqueza e pecado diante dEle e desejarão a morte nesses dias. o grande Dia da ira – O dia do Senhor. Veja Anexo 4. Anexo 4 – O Dia do Senhor............................................................. A expressão “o Dia do Senhor” é encontrada por toda a Escritura (Is 2.10-22, Is 13.6, Jr 46.2 e 10, Ez 13.5-23, Ez 30.3-26, Dn 9.1-27, Jl 1.15, 2.1-31, Am 5.18-20, Ob 15, Sf 1.7, Zc 14.1, Ml 4.5, At 2.20, 1 Ts 5.2, 2 Pe 3.10). É uma expressão tão significativa que as vezes é usada apenas como “o Dia” (Is 2.11, Jl 3.18, Mc 13.32, Lc 21.34, 2 Tm 1.12). O dia do Senhor é uma expressão para um momento de intervenção de Deus na história, para levar adiante Sua vontade e mostrar Sua soberania. Quando vemos esta expressão na Palavra, devemos ter em mente alguns fatos para melhor compreensão. Primeiro, nas profecias muitas vezes o Dia do Senhor tem um cumprimento imediato, embora parcial (assim como outros aspectos das profecias da Bíblia). Assim tivemos cumprimentos parciais destas profecias em “Dias do Senhor” da história de Israel, quando Deus manifestou sua vontade através de julgamento (por exemplo, a destruição de Jerusalém pelos Babilônios em 586AC). Porém estes eram apenas cumprimentos parciais, sendo que o Dia do Senhor ainda está por vir, uma vez que os sinais que são ditos acompanhar este dia ainda não ocorreram (Is 34.1-8 e Ob 15 falam do Dia do Senhor sendo de julgamento sobre toda Terra, o que não ocorreu em nenhum dia antes, além disso Paulo fala deste dia como um dia futuro em 1 Ts 5). Além disso, temos que ter em mente o caráter duplo do Dia do Senhor. Ele é descrito como um dia de escuridão e tristeza (p.ex. em Jl 2.1-2), mas também é colocado como um dia de bênçãos (Jl 3.17-21 p.ex.). Este caráter duplo é especialmente

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visto em Zacarias, que descreve esse dia como sendo metade de escuridão e metade de luz (Zc 14.1-8). Isto é possível, pois o Dia do Senhor será de trevas e tristeza para aqueles que são rebeldes ao Seu Nome, mas será de luz e alegria para seus servos. Outro fato a ser colocado é a que período da história se refere o Dia do Senhor dentre os que Apocalipse descreve. Quanto a este ponto, a primeira vista os textos bíblicos são contraditórios. Paulo fala que este dia virá quando tudo está em paz e segurança e como um ladrão a noite (1 Ts 5.2-3) enquanto Joel fala que sinais cósmicos como nunca antes vistos precederão o Dia do Senhor (Jl 2.30-31). Na verdade não há contradição, pois este termo “o Dia do Senhor” é usado em dois sentidos: um amplo e outro restrito. No sentido amplo, o Dia do Senhor inicia-se no arrebatamento e termina na Segunda Vinda de Cristo. É este o sentido usado por Paulo na carta aos Tessalonicenses. É este também o sentido usado pelos moradores da Terra neste versículo de Apocalipse. Por outro lado existe um sentido restrito para expressão, que é um dia especifico no qual Cristo virá dos céus para derrotar seus adversários e estabelecer seu reino. É neste sentido que Sofonias por exemplo usa a expressão em Sf 1.7-8. Estes textos que falam do Dia do Senhor estão intimamente ligados com Apocalipse. Passagens como Is 2.10-22 estão próximas da descrição do sexto selo, enquanto Jl 3.1-16 assemelha-se ao que 16.12-16 e 19.11-21 descrevem sobre a Segunda Vinda de Cristo.

quem é que pode suster-se? – Ninguém por si mesmo. Porém, algumas pessoas sobreviverão a este selo. Alguns receberão bênçãos da parte de Deus e especial proteção deste (144.000 selados). Os descrentes, porém, sairão de seus abrigos e procurarão uma explicação racional que não necessite de Deus e permanecerão em rebeldia a Ele. O julgamento de Deus e a rebeldia humana ainda não acabaram neste selo, mas acabarão com a abertura do Sétimo Selo. Antes de este ser aberto, porém, outros acontecimentos ocorrerão e o livro passa a descrevê-los.

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4 – Estudo de Apocalipse: Capítulo 7 – Os 144.000 selados_________________________________________ 1- Introdução Depois do Cordeiro abrir os seis primeiros selos temos uma pausa e João tem a visão de pessoas sendo seladas, antes que o sétimo selo (contendo as 7 trombetas e as 7 taças) seja aberto. 2- A visão dos 144.000 selados Versículo 1 - E depois destas coisas vi quatro anjos que estavam sobre os quatro cantos da terra, retendo os quatro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem contra árvore alguma. E depois destas coisas – Embora alguns intérpretes procurem colocar a ação deste capítulo entre os 6 primeiros selos ou antes destes, a expressão aqui indica que esta visão é situada cronologicamente depois do Capítulo 6. Este é interlúdio entre o sexto e o sétimo selo tem como objetivo responder a pergunta deixada no versículo 17, que fecha o capítulo 6: “Quem pode suster-se?”. A ação é deslocada dos julgamentos de Deus para seu povo, judeu ou gentio. Novo parêntesis será aberto entre a sexta e a sétima trombeta. Este capítulo contrasta a segurança que o povo de Deus tem com o tormento que o sétimo selo trará sobre os moradores da Terra, os não-salvos. quatro anjos – Quatro é em Apocalipse um número que representa o efeito global. É a primeira vez que anjos são colocados como executando juízos divinos no livro. Porém, nos próximos capítulos anjos estarão presentes no juízo divino (por exemplo 9.14). quatro cantos da terra – Significa a Terra toda. Estes anjos têm atuação global, assim como é global o juízo de Deus descrito em Apocalipse. retendo os quatro ventos da terra – Ventos são figuras de julgamento e juízo. Assim, temos por exemplo que os sete anos de fome do Egito são representados no sonho de Faraó como trazidos por um vento oriental (Gn 41.6), além disso existem outros textos que associam o vento leste com julgamento divino (Sl 48.7, Sl 78.26, Is 27.8, Jr 18.17, Ez 19.12, Jn 4.8). Assim, temos que os julgamentos de Deus estão retidos até que sejam selados aqueles que ele escolheu para vitória diante dos próximos julgamentos. nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem contra árvore alguma – As 3 partes da criação de Deus: terra, águas e a natureza. Quando Deus deixar de reter os ventos dos próximos julgamentos, todas estas partes da criação serão atingidas: um terço das arvores será queimada no soar da primeira trombeta (8.7), um terço dos mares se tornará sangue na segunda trombeta (8.8), um terço da terra é queimada na primeira trombeta (8.7). Embora alguns intérpretes vejam aqui símbolos (a Terra é Israel, as águas os gentios e as árvores as autoridades, por exemplo) diante dos demais textos seguintes, fica mais claro que aqui são usados em sentido literal.

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Versículo 2 - E vi outro anjo subir do lado do sol nascente, e que tinha o selo do Deus vivo; e clamou com grande voz aos quatro anjos, a quem fora dado o poder de danificar a terra e o mar, do lado do sol nascente – Do leste. O leste é sempre, na Palavra, a direção de onde o juízo de Deus é enviado (Gn 41.6, Ex 10.13, Ex 14.21, p.ex.). Em Ezequiel a glória de Deus se retira do Templo de Salomão para o leste (Ez 11.22-23) e voltará de lá (Ez 43.2-4). O leste é a direção de Deus, e de onde virá a proteção para estes escolhidos. o selo do Deus vivo – Não propriamente o selo mas o meio pelo qual as pessoas serão seladas. Não é dito explicitamente o que é este selo, mas 14.1 sugere que seja o nome do Pai e do Cordeiro. O selo é do Deus vivo, contrastando com os deuses mortos que nada podem fazer. Versículo 3 - Dizendo: Não danifiqueis a terra, nem o mar, nem as árvores, até que hajamos assinalado nas suas testas os servos do nosso Deus. O julgamento deve ser adiado até que os servos de Deus sejam selados. Os selos identificam aqueles que pertencem a Deus e serão protegidos por este nos julgamentos a seguir. Esta figura do selo, remonta a visão que Ezequiel teve no capítulo 9, no qual aqueles que estão contra as idolatrias na cidade são selados e os não-selados são mortos depois. Relembra também o sangue colocado nos umbrais da porta e que impedia que o anjo de Deus destruísse os primogênitos no Egito. Durante a tribulação, podemos ver que existem 3 classes de pessoas: aqueles que recebem o selo e são protegidos por Deus para cumprir seu propósito especial, aqueles que recebem a marca da Besta (13.16-18) e serão destruídas, e aqueles que recusarão a marca da Besta, muito dos quais serão martirizados (20.4). Aqueles que são selados são também uma das 3 classes de pessoas que escaparão da Ira de Deus na Tribulação. As outras pessoas serão aqueles que vindo a acreditar serão martirizados e esperarão em descanso em Deus (7.9-17). A terceira classe é daqueles que ficarão vivos durante a tribulação e se converterão a Deus, entrando vivos no Reino Milenar de Cristo e sendo sua população inicial. O fato de estes escaparem da Tribulação é uma resposta a pergunta final do Capítulo anterior. Aqueles que são selados aqui escaparão da fúria de Deus manifestada pelos selos, trombetas e taças. Versículo 4 - E ouvi o número dos assinalados, e eram cento e quarenta e quatro mil assinalados, de todas as tribos dos filhos de Israel. o número dos assinalados – Aqueles que Deus escolheu são selados, e o seu número é aqui apresentado. Aqueles que são assinalados tem proteção especial de Deus. O selo não é visível para os homens, mas o é para Deus, e os anjos e demônios que atuarão no julgamento de Deus. Isto ocorre nos nossos dias com aqueles que são selados com o Espírito de Deus e separados (2 Co 1.22). cento e quarenta e quatro mil – Este número é um dos mais usados pelos intérpretes que procuram tratar o livro de Apocalipse como principalmente simbólico, talvez, somente menos que os 1000 anos do Reino de Cristo. O fato é que o texto não favorece uma leitura simbólica deste número. Temos, por exemplo, que o versículo 9 usa um número indefinido, enquanto aqui o número além de ser definido é explicado nos versículos seguintes. Se tivermos de tratar simbólica este número aqui, o que dizer dos 7000 restantes no tempo de Acabe? (1 Re 19.18). Devem ser tratados como simbólicos também? O fato é que a principal dificuldade dos intérpretes reside na característica predominantemente judaica do texto, que muitos tem dificuldades de

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aceitar. Porém os versos seguintes deixam claro que estas pessoas descritas aqui são judeus, pois descrevem claramente que estes pertencem as tribos de Israel. Assim, este número deve ser visto como literal embora seu significado simbólico não deixe de ser claro. de todas as tribos dos filhos de Israel – O texto aqui é claro que estas pessoas são de Israel. Porém, muitos intérpretes com uma tendência anti-semita procuram colocar aqui a Igreja, não importando que o texto, além de dizer que estas pessoas pertencem a Israel, ainda coloca as tribos as quais elas pertencem. Estes intérpretes estão fortemente influenciados pela Teologia da Substituição. Anexo 5 – A Teologia da Substituição............................................ A Teologia da Substituição tem como base que Israel, tendo falhado em aceitar a Cristo, foi definitivamente substituído pela Igreja, que é o novo Israel de Deus. Assim, a nação de Israel não importa mais para os planos de Deus, e os textos que falam de Israel no NT estão se referindo a Igreja. Historicamente, o primeiro uso de Israel em referência a Igreja pode ser encontrado em uma carta de Justino Mártir em 160DC, onde este se refere à Igreja como o verdadeiro Israel. Além disso, algumas figuras usadas para Israel são usadas para a Igreja no NT, por exemplo, a figura da vinha (Is 51.1-7 e Jo 15.5). Apesar disso a teologia da substituição não tem base bíblica, pois textos do NT mostram justamente o contrário. Por exemplo:

• Paulo continua se descrevendo como judeu depois da sua conversão (At 22.3). • Paulo escreve três capítulos de Romanos ( 9,10 e 11) para falar aos gentios

convertidos sobre o fato de que os judeus não estavam condenados pela sua rejeição a Cristo.

• No final deste trecho, Paulo é bem claro sobre essa distinção entre Israel e a Igreja e sobre a redenção de Israel: “Porque não quero, irmãos, que ignoreis este mistério (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado; e assim todo o Israel será salvo, como está escrito: Virá de Sião o Libertador, e desviará de Jacó as impiedades; e este será o meu pacto com eles, quando eu tirar os seus pecados. Quanto ao evangelho, eles na verdade, são inimigos por causa de vós; mas, quanto à eleição, amados por causa dos pais. Porque os dons e a vocação de Deus são irretratáveis. Pois, assim como vós outrora fostes desobedientes a Deus, mas agora alcançastes misericórdia pela desobediência deles, assim também estes agora foram desobedientes, para também alcançarem misericórdia pela misericórdia a vós demonstrada. Porque Deus encerrou a todos debaixo da desobediência, a fim de usar de misericórdia para com todos.” Deste texto fica clara a intenção de Paulo de que os gentios não pensassem como pensam os defensores da Teologia da Substituição, assumindo que não há mais distinção entre Israel e gentios. Ele claramente distingue entre estes e mostra que Deus tem tempos diferentes para cumprir sua vontade nos dois grupos.

• Nos tempos do NT, a dúvida não era se um judeu quando se converte se torna parte da Igreja, mas sim se os gentios convertidos se tornavam parte de Israel, tendo de assumir a aliança do AT.

Outro ponto geralmente colocado pelos defensores da Teologia da Substituição neste trecho das escrituras é que, ao contrário da distinção aqui feita, não existem mais todas as tribos de Israel. Este mito bíblico é sustentado por alguns e tem como base que quando as tribos do Norte foram levadas para Assíria, conforme descrito na Bíblia, estas foram para sempre perdidas, ou de acordo com algumas versões, assimiladas ou se tornaram outros povos (chegando a suposições absurdas como o Anglo-Israelismo, que

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diz que os britânicos e povos descendentes destes, como os americanos são descendentes das 10 tribos perdidas). Sobre o fato de termos 10 tribos perdidas de Israel (Judá e Benjamim eram as tribos do Sul que permaneceram) algumas considerações devem ser feitas. A idéia principal atrás deste mito é de que as tribos eram no período da invasão assíria totalmente separadas, sem nenhuma mistura entre si. Porém a Bíblia mostra justamente o contrário:

• Os levitas se moveram para o sul para fugir da rejeição ao culto de Deus em favor do paganismo (2 Cr 11.13-14), na época de Jeroboão.

• Na reforma feita por Asa, grande número de pessoas de Efraim, Manasses e Simeão foram para o Sul (2 Cr 15.8-9).

• Quando Esdras retorna da Babilônia, pessoas de diferentes tribos são descritas como voltando com este (Ed 2).

• O fato de termos um grande fluxo de imigrantes, na divisão dos reinos, do Norte para o Sul, é vista no aumento do contingente de soldados do Sul em poucos anos. Roboão conseguiu juntar uma armada de 180.000 homens (1 Re 12.21). Dezessete anos depois, Abias junta um exército que é de 400.000 homens (2 Cr 13.3). Apenas 3 anos depois, Asa junta um exército de 580.000 soldados (2 Cr 14.8). Este aumento progressivo e rápido do número de pessoas apoiando as guerras de Judá só pode ser explicado por imigrações de outras tribos para o Sul.

Assim sendo, vemos que as tribos estavam misturadas na queda de Israel, e pessoas de todas as tribos estavam no sul. Além disso, Deus próprio prometeu que Israel nunca se perderia como nação: “Assim diz o Senhor, que dá o sol para luz do dia, e a ordem estabelecida da lua e das estrelas para luz da noite, que agita o mar, de modo que bramem as suas ondas; o Senhor dos exércitos é o seu nome: Se esta ordem estabelecida falhar diante de mim, diz o Senhor, deixará também a linhagem de Israel de ser uma nação diante de mim para sempre.” (Jr 31.35)

Portanto, vemos que hoje pessoas de todas as 12 tribos ainda estão presentes dentro do povo judeu, embora estes próprios talvez não possam precisar a qual tribo pertencem. Isto derruba uma das bases da Teologia da Substituição. De fato, Apocalipse e a Bíblia como um todo não dão base para essa teologia. Versículo 5 - Da tribo de Judá, havia doze mil assinalados; da tribo de Rúben, doze mil assinalados; da tribo de Gade, doze mil assinalados; Versículo 6 - Da tribo de Aser, doze mil assinalados; da tribo de Naftali, doze mil assinalados; da tribo de Manassés, doze mil assinalados; Versículo 7 - Da tribo de Simeão, doze mil assinalados; da tribo de Levi, doze mil assinalados; da tribo de Issacar, doze mil assinalados; Versículo 8 - Da tribo de Zebulom, doze mil assinalados; da tribo de José, doze mil assinalados; da tribo de Benjamim, doze mil assinalados. De cada uma das tribos alistadas há um número igual de pessoas. Esta listagem das tribos é diferente de outros lugares da Bíblia. Aqui, para completar o número doze é excluída a tribo de Dã enquanto Levi é incluído. Mais marcante é o fato que José é citado enquanto Efraim é excluído. Além disso a ordem, com Judá em primeiro lugar, é diferente de outras listas. Essas omissões e diferenças entre as listagens das tribos, porém, não é exclusiva daqui. Jacó teve 12 filhos e adotou os 2 filhos de José como seus, de forma que 14 nomes podem ser usados na listagem. Nas listagens são usados sempre 12 nomes, que é o número simbólico do povo de Deus. Quanto ao fato das tribos de Dã e Efraim terem sido omitidas, isso se deve, provavelmente, à ligação destas tribos com a idolatria (por exemplo, na descrição da fundação da cidade de Dã em Jz 18,

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no fato dos bezerros de Jeroboão serem colocados em Efraim e Dã). Porém, o fato de não serem citadas estas tribos não significa que estas deixaram de receber proteção durante a Grande Tribulação. Na listagem das tribos na distribuição futura, que Ezequiel faz, Dã é citada em primeiro lugar (Ez 48.2), mostrando que pessoas desta tribo ainda sobreviverão. Durante a história alguns apontaram o fato de Dã na ser citado como tribo um indicativo de que o Anticristo viria desta tribo, em conjunção com uma passagem de Jeremias (Jr 8.16). Porém, nada conclusivo a esse respeito pode ser encontrado na Bíblia. Uma outra pergunta que surge é qual o objetivo destes 144.000 serem assinalados. Diante de passagens como Is 66.19-20 e do fato de ser dito que estes são servos de Deus, a melhor alternativa é de que estes serão mensageiros da Palavra, neste período final da história. Estes 144.000 serão os primeiros no plano de Deus de converter Israel a si. O fato de serem usados para pregar a todo mundo parece indicar que a Igreja estará ausente (fato concreto caso se tome como certo o arrebatamento) e Deus passa a usar seu povo da Antiga Aliança para levar sua Palavra. 3 – Outros redimidos no Céu Versículo 9 - Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos; Depois destas coisas – Indica que os fatos que João vê em seguida são colocados cronologicamente depois que os 144.000 são selados e de certa forma são conseqüência disto. João passa a ver os gentios que se converterão e foram salvos, muitos provavelmente pela ação dos 144.000 missionários judeus que se converteram. uma multidão, a qual ninguém podia contar – O segundo grupo que se converterá durante a Grande Tribulação. Vemos que estes são uma multidão, mostrando que muitas pessoas ainda se converterão durante a Grande Tribulação. Assim como os mártires anteriormente descritos no quinto selo, estes provavelmente perderão sua vida pela sua fé, que irá contra o sistema que a Besta estará desenvolvendo sobre a Terra. Eles são os conservos que ainda devem ser mortos, conforme é dito para aqueles que clamam no quinto selo. de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas – Mostrando que são pessoas de toda a Terra. Esta multidão deve ser colocada como diferente dos 144.000, que são de Israel, mais um indicativo que os 144.000 não são um símbolo para todos redimidos, mas apenas para pessoas do povo de Israel. que estavam diante do trono – O trono de Deus mostrado no Capítulo 4. Esta multidão está no céu, mostrando que são pessoas que morrerão na Grande Tribulação. e perante o Cordeiro – Jesus ainda está nos céus abrindo os selos. Isto mostra que o cavaleiro do primeiro selo não é Jesus, e além disso, mostra que esta visão está antes do fim da Grande Tribulação e do estabelecimento do Reino Milenar na Terra. trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos – Sinal de pureza e redenção. As palmas são associadas com a adoração a Deus pela sua libertação. Apesar desta multidão e dos mártires descritos no quinto selo serem descritos usando vestes brancas, isto não significa que estes tenham corpos ressuscitados, pois ainda estão mortos, como mostra o texto no quinto selo.

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Versículo 10 - E clamavam com grande voz, dizendo: Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro. Esta multidão louva a Deus e reconhece que foram salvos apenas pela vontade dEste e pela sua misericórdia. Versículo 11 - E todos os anjos estavam ao redor do trono, e dos anciãos, e dos quatro animais; e prostraram-se diante do trono sobre seus rostos, e adoraram a Deus, Diante do louvor iniciado pela multidão diante do trono de Deus, aqueles que estão próximos do trono respondem com louvor. Versículo 12 - Dizendo: Amém. Louvor, e glória, e sabedoria, e ação de graças, e honra, e poder, e força ao nosso Deus, para todo o sempre. Amém. Sete palavras são usadas nesta adoração, trazendo o sentido de adoração completa. Versículo 13 - E um dos anciãos me falou, dizendo: Estes que estão vestidos de vestes brancas, quem são, e de onde vieram? Um dos anciãos aproxima-se para explicar quem é esta multidão que João vê. É dito que “eles vieram”, mostrando que são pessoas que chegaram nos céus, e não podem participar dos grupos que João anteriormente tinha visto. Versículo 14 - E eu disse-lhe: Senhor, tu sabes. E ele disse-me: Estes são os que vieram da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro. Senhor – Tratamento respeitoso para alguém de idade ou posição superior. Vieram – A palavra no original traz a idéia de algo contínuo, mais próximo de “estão vindo”. Estas pessoas estão chegando continuamente da Grande Tribulação. da grande tribulação – O fato de ser usada a expressão grande para qualificar a tribulação, mostra que não se tem em vista a tribulação vivida pelos cristãos em outros períodos, ou a tribulação normal, associada àqueles que servem a Deus. Esta é a Grande Tribulação. Este é o período de intensa tribulação previsto por Cristo em Mt 24. Neste período tanto os convertidos morrerão, por perseguição, quanto os não-convertidos morrerão, por pragas da parte de Deus. Como Jesus disse: “E, se aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma carne se salvaria; mas por causa dos escolhidos serão abreviados aqueles dias”. (Mt 24.22) Versículo 15 - Por isso estão diante do trono de Deus, e o servem de dia e de noite no seu santuário; e aquele que está assentado sobre o trono estenderá o seu tabernáculo sobre eles. Por isso – Por terem lavado suas roupas no sangue do Cordeiro. servem de dia e de noite no seu templo – Louvam continuamente a Deus, assim como os quatro anciãos (4.8).

e aquele que está assentado sobre o trono estenderá o seu tabernáculo sobre eles – Ou os cobrirá com sua sombra. Mostra uma graça especial e cuidados da parte de Deus, como mostram os versículos seguintes.

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Versículo 16 - Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede; nem cairá sobre eles o sol, nem calor algum; Versículo 17 - porque o Cordeiro que está no meio, diante do trono, os apascentará e os conduzirá às fontes das águas da vida; e Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima. Com certeza, o período da Grande Tribulação será terrível, e Deus promete a estes que se salvarão durante esta, que os livrará das dificuldades que tanto experimentaram. É possível se salvar durante a Grande Tribulação, mas é muito melhor aceitar a Cristo antes deste terrível período da história.

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4 – Estudo de Apocalipse: Capítulo 8 – O Sétimo selo é aberto__________________________________________ 1- Introdução Depois que foram selados os 144.000 que Deus deu proteção especial, o julgamento dos sete selos prossegue. O Capítulo 8 mostra a abertura do sétimo selo e o início do julgamento das trombetas que procedem dele. 2- O Sétimo Selo e as quatro primeiras trombetas Versículo 1 - Quando abriu o sétimo selo, fez-se silêncio no céu, quase por meia hora. Quando abriu – Quando Cristo abre o sétimo selo, por ser o único capaz de fazê-lo, como mostra o Capítulo 5. o sétimo selo – O último dos selos, que contém as 7 trombetas e as 7 taças (ver a introdução do estudo). Como o sétimo selo contém as 7 trombetas, e a sétima trombeta contém as 7 taças, temos no total 19 diferentes julgamentos. fez-se silêncio no céu – Um silêncio respeitoso e de temor, diante de Deus e do que Ele irá fazer. O sétimo selo é o mais drástico sobre a Terra, e os anjos e anciãos, assim como todos aqueles que louvavam a Deus, como os capítulos anteriores mostram, ficam em silêncio, na espera do poder de Deus se manifestar com todo vigor sobre a Terra. Sf 1.7 fala de silêncio diante do Dia do Senhor. Versículo 2 - E vi os sete anjos que estavam em pé diante de Deus, e lhes foram dadas sete trombetas. os sete anjos – Sete anjos especiais que atendem diante de Deus. Não é possível se identificar quem sejam esses anjos, pois a Escritura não cita seus nomes. Os únicos anjos citados pelo nome na Bíblia são Gabriel (Dn 8.16, Lc 1.19) e Miguel (Dn 10.13, Jd 1.9). Há diferenças de hierarquia entre os anjos, como podemos ver pelos seguintes fatos: Dn 10.13 fala de Gabriel como um dos primeiros anjos, temos anjos que são chamados como arcanjos (1 Ts 4.16). Assim, vemos que existem classes diferentes de anjos. que estavam em pé diante de Deus – Gabriel se apresenta em Lc 1.9 como aquele que assiste diante de Deus. Em algumas versões, e o mais próximo do original deste texto, é “aquele que está em pé diante de Deus. Estes anjos são de uma classe superior que tem o privilégio de ficar mais próximos a Deus”. e lhes foram dadas sete trombetas. – As trombetas são dadas aos anjos por permissão divina. As trombetas são a próxima série de julgamentos e seus julgamentos são mais intensos que os dos selos precedentes, porém mais brandos que das taças. As 7 trombetas são divididas nas quatro primeiras que afetam a natureza e nas 3 finais que afetam os homens.

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Versículo 3 - E veio outro anjo, e pôs-se junto ao altar, tendo um incensário de ouro; e foi-lhe dado muito incenso, para o pôr com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro, que está diante do trono. outro anjo – Alguns vêem aqui uma referência a Jesus, pelo ato intercessório desse anjo. Porém, este ponto de vista não é sustentado pelo texto bíblico, pois, além de Cristo estar abrindo os selos, seria estranho que Ele fosse chamado por apenas outro anjo. Aqui, o anjo age como os anciãos no Capitulo 5, versículo 8, ajudando na intercessão dos santos (Hb 1.14). incensário de ouro; e foi-lhe dado muito incenso, para o pôr com as orações de todos os santos – As orações dos santos, que clamam pela justiça de Deus, são oferecidas diante dEle, que responde com julgamento sobre o sistema pecaminoso da Terra, que causou tanta dor e tristeza aos servos de Deus (Lc 18.7). o altar de ouro, que está diante do trono – Em Hb 9.24 nos é dito que o tabernáculo terrestre era uma figura do que existia no céu. No tabernáculo terrestre havia dois altares: um que ficava dentro do tabernáculo, no Santo Lugar, e outro para oferecimento de sacrifícios, que ficava fora do tabernáculo (Lv 4.7). Nesse altar de ouro as orações dos santos serão oferecidas como sacrifício agradável diante de Deus. Versículo 4 - e da mão do anjo subiu à presença de Deus a fumaça do incenso, com as orações dos santos. O salmista compara a oração ao incenso oferecido pelo sacerdote (Sl 141.2). Aqui a figura é a mesma. O anjo oferece diante de Deus todas as orações de seus servos pedindo sua justiça. Deus receberá esse sacrifício de aroma agradável e responderá as orações de seus servos. Como fala Lc 18.7, Deus nunca deixa de responder as orações justas de seus servos, embora às vezes pareça demorar em fazê-lo (2 Pe 3.9). Versículo 5 - E o anjo tomou o incensário, encheu-o do fogo do altar e o atirou à terra. E houve trovões, vozes, relâmpagos e terremoto. encheu-o do fogo do altar – O fogo está ligado ao julgamento final de Deus (2 Pe 3.7). Em outras passagens vemos Jesus associar a figura do fogo com julgamento (Mt 3.12, Lc 12.49). e o atirou à terra – Este anjo age como os anjos que atuam no julgamento das taças (16.1), atirando para a terra o julgamento. O julgamento das trombetas vem como resposta às orações dos santos. E houve trovões, vozes, relâmpagos e terremoto. – Vozes, em algumas traduções, é sons, ruídos. Todos estes são sinais de julgamento, e o fato de serem colocados juntos, e em número de quatro, mostra o caráter universal do julgamento. Versículo 6 - Então, os sete anjos que tinham as sete trombetas prepararam-se para tocar. Estes anjos se preparam para levar o julgamento adiante, e grande solenidade antecede os próximos julgamentos, que são mais severos que os anteriores. Trombetas na Bíblia são usadas em momentos de grande intervenção de Deus, para mudar o rumo da história (Ex 19.16, Mt 24.31). Soar de trombetas tem basicamente 3 significados na Bíblia: um alarme, anúncio da realeza e chamado para guerra.

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Versículo 7 - O primeiro anjo tocou a trombeta, e houve saraiva e fogo de mistura com sangue, e foram atirados à terra. Foi, então, queimada a terça parte da terra, e das árvores, e também toda erva verde. e houve – Aqui se inicia uma das divisões entre os intérpretes de Apocalipse. Alguns procuram enxergar de forma simbólica os julgamentos resultantes do soar das trombetas. Porém, para isso teríamos de fazer o mesmo com as pragas do Egito, enquanto estas são aceitas como literais por quase a totalidade dos intérpretes. De fato, existem grandes semelhanças entre os julgamentos aqui e as pragas do Egito, e o texto não favorece interpretação figurada. Dizer que o que é aqui descrito não é literal é restringir o poder de Deus. saraiva e fogo – O fogo será usado por Deus para trazer o julgamento a Terra, conforme já falado no versículo 5. misturados com sangue – O sangue está envolvido no julgamento, assim como nas pragas do Egito. Joel predisse a respeito do dia do julgamento: “Mostrarei prodígios no céu e na terra: sangue, fogo e colunas de fumaça (Jo 2.30).” Todos esses elementos estão presentes aqui. e foram atirados à terra – Este é o primeiro dos julgamentos que atinge o sistema natural da Terra. O homem, que durante toda a história adorou mais a criação que o Criador, agora verá esta começar a ser destruída (Rm 1.25). Foi, então, queimada a terça parte da terra, e das árvores, e também toda erva verde. – Nos julgamentos das trombetas sempre um terço do que é atingido é destruído. O julgamento aqui é literal, como já discutimos em outros lugares. A destruição de um terço das arvores será desastrosa para uma população que já foi atingida pela fome no terceiro selo. Intérpretes historicistas vêem aqui uma referência ao método dos romanos de destruírem as árvores para usarem em cercos, como o realizado em Jerusalém. Porém como já discutimos, o método historicista em si não é o mais adequado a luz da bíblia. Versículo 8 - O segundo anjo tocou a trombeta, e uma como que grande montanha ardendo em chamas foi atirada ao mar, cuja terça parte se tornou em sangue, uma como que grande montanha – Como vemos, o escritor diferencia entre algo que parece uma montanha e uma montanha. A referência deve ser a um meteoro ou algo sobrenatural, que atinge a Terra. foi atirada ao mar, cuja terça parte se tornou em sangue - Sangue aqui pode significar morte, mostrando que a composição do mar será alterada, de forma que aqueles que dela beberem serão contaminados. Porém, a luz da passagem e do fato de que nas pragas do Egito águas se tornaram sangue literalmente, segundo se interpreta geralmente, aqui nada impede que o significado seja literal, e este é o mais adequado sentido. A destruição do mar também afetará o abastecimento de alimentos, e principalmente de água potável. Pouco a pouco Deus vai tirando tudo aquilo que o homem pode se agarrar para confiar que é independente de Deus. Deus, que tudo criou, pode retirar a hora que quiser a sua criação. Versículo 9 - e morreu a terça parte da criação que tinha vida, existente no mar, e foi destruída a terça parte das embarcações A destruição das criaturas do mar aumentará a fome, e a destruição das embarcações afetará o comércio global, trazendo o caos econômico ainda mais.

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Versículo 10 - O terceiro anjo tocou a trombeta, e caiu do céu sobre a terça parte dos rios, e sobre as fontes das águas uma grande estrela, ardendo como tocha Embora alguns vejam aqui uma figura da queda de Satanás, o texto, seguindo o sistema interpretativo que temos usado, descreve um evento natural ou sobrenatural, pelo qual as águas dos rios ficarão poluídas e impróprias para o consumo humano e até letais. Versículo 11 - O nome da estrela é Absinto; e a terça parte das águas se tornou em absinto, e muitos dos homens morreram por causa dessas águas, porque se tornaram amargosas. Absinto é um óleo verde e amargoso retirado de algumas plantas. Como o amargor do absinto ficará o gosto das águas atingidas que se tornarão, ao que parece, ainda venenosas, pois muitos homens morrerão de bebê-las. Com as trombetas a situação na Terra ficará cada vez mais difícil. Versículo 12 - O quarto anjo tocou a trombeta, e foi ferida a terça parte do sol, da lua e das estrelas, para que a terça parte deles escurecesse e, na sua terça parte, não brilhasse, tanto o dia como também a noite. Aqui temos um fenômeno que não podemos dizer, com certeza, como será. Ou teremos algo que atrapalhe a luz de chegar a Terra, como nuvens de fumaça, ou realmente Deus reduzirá o brilho do sol e das demais estrelas. De qualquer forma, essa trombeta traz consigo a diminuição da luz na Terra, com aumento no sentimento de tristeza e incapacidade do homem diante da ação de Deus. Outros textos da Bíblia falam que haveria escuridão no Dia do Senhor (Is 13.9-10 p.ex.) Versículo 13 - Então, vi e ouvi uma águia que, voando pelo meio do céu, dizia em grande voz: Ai! Ai! Ai dos que moram na terra, por causa das restantes vozes da trombeta dos três anjos que ainda têm de tocar! uma águia – Alguns manuscritos trazem aqui um anjo ao invés de uma águia, enquanto outros manuscritos trazem um “anjo como uma águia”. Seja como for, João descreve um dos quatro anjos, chamados como os quatros seres viventes, como uma águia voando (4.7). Aqui temos um anjo que é descrito como uma águia a voar pelos céus. De qualquer forma, na Escritura encontramos animais que receberam habilidade para falar (Nm 22.28-30). Ai! Ai! Ai – Esse anjo, ou águia, anuncia que se foram severos os julgamentos das 4 trombetas, as últimas 3 serão ainda piores. As 3 últimas trombetas atingirão diretamente os homens, ao invés da natureza como as 4 primeiras, e serão terríveis como nada antes, mesmo os julgamentos que já passaram.

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4 – Estudo de Apocalipse: Capítulo 9 – A quinta e a sexta trombeta________________________________________ 1- Introdução O Capítulo 9 mostra a sexta e sétima trombeta sendo soadas e trazendo mais dois julgamentos sobre a Terra. Estas duas trombetas, ao contrário das quatro primeiras atingem os homens diretamente e não a natureza. Este capítulo mostra que mesmo diante desses terríveis julgamentos, boa parte dos homens não se arrependerá. Este capítulo é um daqueles que os interpretes historicistas mais usam para suposições (por exemplo, enxergar no quinto selo indícios da Revolução Francesa). Porém, mais do que procurar encaixar o texto bíblico em situações históricas, o mais correto aqui é ver que o texto aqui se refere a eventos futuros que não podemos precisar, mas sim confiar que ocorrerão como João descreve. 2- A quinta e a sexta trombeta Versículo 1 - E o quinto anjo tocou a sua trombeta, e vi uma estrela que do céu caiu na terra; e foi-lhe dada a chave do poço do abismo.

E o quinto anjo tocou a sua trombeta – o quinto anjo, dos sete que têm as trombetas. Os eventos que se seguem são descrição de eventos futuros e nenhuma das interpretações historicistas ou preteristas se encaixam nesse texto corretamente.

e vi uma estrela que do céu caiu na terra – Anjos são descritos em outros lugares da Bíblia como estrelas (por exemplo Jó 38.7 e Is 14.12-13). Que esta estrela é uma referência a um ser e não a algo material, pode-se ver pela ação que é atribuída no próximo versículo. Além disso, temos que no original neste versículo e no próximo são usados artigos para pessoas e não para coisas. Alguns intérpretes associam esta estrela, a que é mostrada na terceira trombeta (8.10-11). Mais adequado diante do texto de Apocalipse, porém, é seguir a interpretação adotada anteriormente (ver estudo no Capítulo 8) e associar a 12.9-10, que mostra Satanás sendo derrubado dos céus. De fato existe boa possibilidade de que aqui seja uma referência a Satanás. Temos que no capítulo 12, que fala sobre Satanás na tribulação, é dito que Satanás atirou sobre a Terra a terça parte das estrelas do céu (12.4) e ele mesmo é derrubado (12.9). Além disso, outros textos mostram a queda primordial de Satanás (Is 14.2, Lc 10.18). O texto de Apocalipse 12 também mostra a queda de Satanás. Porém, o que este versículo mostra não é uma referência à queda primordial de Satanás; sendo derrubado de sua posição de anjo especial nos céus; mas, sim, ao fato que durante a Tribulação, Satanás será liberado para atuar na Terra livremente (veremos mais detalhes no estudo do Capítulo 12).É interessante observar-se, porém, que não é possível se afirmar com certeza que esta estrela seja Satanás e não algum outro anjo, ou ser, que é enviado para liberar este julgamento sobre a Terra. Porém, é fato, pelo livro de Apocalipse, que Satanás terá atuação durante a Tribulação e, assim, nada impede que Satanás seja referido nessa passagem.

e foi-lhe dada – Como é enfatizado durante o livro de Apocalipse, vemos que a autoridade é sempre vinda de Deus e está sobre sua Soberania.

a chave do poço do abismo – É dada o poder para abrir o poço do abismo, e liberar os seres que atuarão no julgamento. Futuramente, Satanás será preso neste mesmo lugar (20.1-2). Jesus diz, em Lucas 16.26, que há um grande abismo entre os que estão no Hades e os que estão no seio de Abraão. Paulo também associa o abismo

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ao lugar dos mortos (Rm 10.7). Quanto à chave do poço do abismo esta é, como em outros lugares de Apocalipse, um símbolo do poder, e não uma chave literalmente. Assim, Apocalipse nos diz que Jesus tem as chaves da Morte e do Inferno (1.18). Quanto ao poço do abismo, uma pergunta que surge é: se este poço estava fechado, de que forma ele veio a ter habitantes que podem agora ser liberados e como eles vieram parar ai. Alguns outros textos bíblicos podem jogar luz sobre esta questão. Primeiramente, vemos que em Lc 8.31 demônios rogam a Jesus que não os envie ao abismo. Além disso, Jd 7 mostra que demônios foram guardados em escuridão e prisões eternas para o dia do julgamento. Temos, portanto, que o poço do abismo é um lugar reservado por Deus para prender forças demoníacas, que estão reservadas para atuar no julgamento do Dia do Senhor, conforme nos mostra Judas. Estas forças demoníacas, ao contrário de outros demônios que podem andar livremente pela Terra, estão confinadas. Jd 8 parece mostrar que estes demônios são culpados de pecados de forma especial (o que concordaria com uma das interpretações de Gn 6.4, que afirma que é de demônios que fala esse versículo). Assim, os demônios que se chamavam por Legião preferem ser incorporados em porcos a serem jogados no abismo onde outros dos seus já estavam. Versículo 2 - E abriu o poço do abismo, e subiu fumaça do poço, como a fumaça de uma grande fornalha, e com a fumaça do poço escureceu-se o sol e o ar. E abriu o poço do abismo – Deus pergunta para Jó, em Jó 38.17, se para este tinham sido descobertas as portas da morte. Estas portas da morte nada mais são que a forma de Deus dizer se Jó tinha tido acesso ao mundo onde estão os demônios, mundo ao qual o homem nunca teve acesso. Agora em Apocalipse, é deste mundo que virão para sobre a Terra os seres que atuarão no julgamento da quinta trombeta. e subiu fumaça do poço, como a fumaça de uma grande fornalha – Uma forma de mostrar que o abismo arde em fogo, mostrando que os que nele estão sofrem o julgamento de Deus. e com a fumaça do poço escureceu-se o sol e o ar – Mais um momento em que a luz diminuirá na Terra (assim como em 6.12 e 8.12). Versículo 3 - E da fumaça vieram gafanhotos sobre a terra; e foi-lhes dado poder, como o poder que têm os escorpiões da terra. E da fumaça vieram gafanhotos sobre a terra - Fica claro por este texto que aqui não podem ser gafanhotos normais que estão em questão, pois estes não suportariam a temperatura já mostrada pela descrição do abismo. Ao contrário, gafanhotos, aqui, são demônios que estão reservados para este julgamento, conforme Judas mostra. Outros textos que ajudam a entender essa passagem são Is 33.4; que fala do julgamento de Deus sobre as nações, como o saltar de gafanhotos; e principalmente passagens do livro de Joel, que falam do julgamento de Deus comparando com ação de gafanhotos. Jl 1. 4 fala: “O que ficou da lagarta, o gafanhoto o comeu, e o que ficou do gafanhoto, a locusta o comeu, e o que ficou da locusta, o pulgão o comeu.” Joel não fala apenas sobre fenômenos naturais em seu livro, mas, sim, sobre o dia do Senhor. Em Jl 2.11 fala: “E o SENHOR levantará a sua voz diante do seu exército; porque muitíssimo grande é o seu arraial; porque poderoso é, executando a sua palavra; porque o dia do SENHOR é grande e mui terrível, e quem o poderá suportar?” No mesmo capítulo em Jl 2.25 é dito: “E restituir-vos-ei os anos que comeu o gafanhoto, a locusta, e o pulgão e a lagarta, o meu grande exército que enviei contra vós.” Vemos, portanto, por Joel, que o exército destruidor de Deus é comparado a gafanhotos. Joel mostra que o exército de Deus virá para trazer julgamento sobre as nações, antes do estabelecimento

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do Reino Messiânico. Novamente, embora seja impossível a luz da Palavra afirmar com certeza, o mais provável é que esses gafanhotos sejam demônios aprisionados no abismo para o julgamento do Dia do Senhor. como o poder que têm os escorpiões da terra – Mais um ponto que mostra que não são gafanhotos normais que temos aqui. É dito que estes “gafanhotos” recebem o poder como dos escorpiões. Além disso, a expressão “da terra” ajuda a indicar que estes seres não são da Terra. O poder “como de escorpiões” é o de infligir grande dor aos homens. Versículo 4 - E foi-lhes dito que não fizessem dano à erva da terra, nem a verdura alguma, nem a árvore alguma, mas somente aos homens que não têm nas suas testas o sinal de Deus. E foi-lhes dito que não fizessem dano à erva da terra – Mais uma demonstração que não são gafanhotos normais, pois as ervas seriam a primeira coisa que estes atacariam, como podemos ver por exemplo nas pragas do Egito (Ex 10.15). Estes seres atacarão apenas os homens, o que mostra por que os julgamentos das ultimas três trombetas é diferente das quatro primeiras. O fato de haver ervas sobre a Terra aqui, enquanto na primeira trombeta é dito que as ervas foram destruídas (8.7) mostra que algum tempo passou, de forma que o meio ambiente teve alguma recuperação.

mas somente aos homens que não têm nas suas testas o sinal de Deus - O selo que os 144.000 receberam anteriormente. O fato dos gafanhotos reconhecerem os servos de Deus mostra que estes são diferentes de gafanhotos normais. Demônios têm a capacidade de discernimento espiritual, como podemos ver pelo fato destes reconhecerem Jesus (Mc 1.34), e saberem de Paulo (At 19.14-16). O selo de Deus não é visível, mas se discerne espiritualmente. Versículo 5 - E foi-lhes permitido, não que os matassem, mas que por cinco meses os atormentassem; e o seu tormento era semelhante ao tormento do escorpião, quando fere o homem. E foi-lhes permitido, não que os matassem – Semelhante à restrição feita por Deus a Satanás, a respeito de Jó (Jó 2.6). Embora esses demônios com certeza queiram sair de seu aprisionamento para destruir todos os infiéis, para não permitir que estes voltem a Deus, Deus em sua misericórdia dará mais uma chance para estes se arrependerem. mas que por cinco meses os atormentassem – Esse julgamento durará por 5 meses. A dor causada pela ação desses demônios terá essa duração de tempo. e o seu tormento era semelhante ao tormento do escorpião, quando fere o homem. – Assim como a dor da picada do escorpião que atormenta no início e continua a atormentar, assim será o tormento causado com o soar da quinta trombeta. Basicamente existem dois tipos de substâncias no veneno de escorpião. Uma é uma hemotoxina que causa efeitos locais como edema, descoloração e dor. Outra é uma neurotoxina, que causa efeitos locais e sistêmicos como convulsões, paralisia, irregularidades cardíacas e até a morte. Versículo 6 - E naqueles dias os homens buscarão a morte, e não a acharão; e desejarão morrer, e a morte fugirá deles. Assim como Jó descrevia sua aflição em seu livro (Jó 3.20-22 e Jó 7.15-16, por exemplo). Nada é dito sobre de que forma a morte fugirá, mas provavelmente os

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próprios demônios não deixarão que estes homens morram, mas terão poder sobre eles para mantê-los sob tormento. Versículo 7 - E o parecer dos gafanhotos era semelhante ao de cavalos aparelhados para a guerra; e sobre as suas cabeças havia umas como coroas semelhantes ao ouro; e os seus rostos eram como rostos de homens. E o parecer dos gafanhotos era semelhante – Até aqui João descrevia esses seres como gafanhotos, mas a partir de agora ela passa a empregar uma série de comparações. As comparações se encaixam dentro daquilo que João conhecia na época, pois as coisas que via eram além do seu conhecimento. Aqui, como em outras partes de Apocalipse, alguns intérpretes diante da dificuldade de entender claramente o que João queria dizer partem para interpretações simbólicas. Porém, alguns pontos precisam ser destacados. Primeiramente, não conhecemos praticamente nada sobre o reino espiritual, no que diz respeito ao que anjos e demônios podem fazer ou como podem aparecer. Assim, em outros textos bíblicos temos descrições que não são óbvias de anjos (Is 6.2, Ez 1.10 e 4.7, por exemplo). Além disso, vemos a dificuldade de descrever com palavras, simplesmente se tentarmos descrever um inseto, e essa dificuldade aparece aqui. De qualquer forma, não é a intenção de Deus que tenhamos uma idéia clara do que João via, mas sim das coisas que devem acontecer e que, temos certeza somente pela fé, que serão como Apocalipse descreve. ao de cavalos aparelhados para a guerra – Joel também compara os gafanhotos a cavalos em Jl 2.4-5. A idéia da comparação é basicamente advinda de 3 fatos: primeiro, a cabeça de um gafanhoto é parecida a de um cavalo; segundo, tanto gafanhotos como uma armada com cavalos avança rapidamente e terceiro, o som das asas do gafanhoto voando é como o som das carruagens. A idéia dessa comparação é sobretudo, que esses seres atuando na quinta trombeta avançaram rapidamente e prontamente em sua missão, como cavalos prontos para a guerra. e sobre as suas cabeças havia umas como coroas semelhantes ao ouro – Uma figura da semelhança que tinha esses seres, mas que podem indicar também a vitória que terão sobre suas presas. e os seus rostos eram como rostos de homens – Indicando que são seres inteligentes e racionais como os homens. Versículo 8 - E tinham cabelos como cabelos de mulheres, e os seus dentes eram como de leões. Mais duas figuras da semelhança dos gafanhotos. Joel também compara os gafanhotos a leões (Jl 1.6-7). Versículo 9 - E tinham couraças como couraças de ferro; e o ruído das suas asas era como o ruído de carros, quando muitos cavalos correm ao combate. Mais duas figuras. Joel novamente usa uma figura parecida em Jl 2.5. Versículo 10 - E tinham caudas semelhantes às dos escorpiões, e aguilhões nas suas caudas; e o seu poder era para danificar os homens por cinco meses. Como já falado anteriormente, os demônios aqui descritos infligiram grande dor aos homens. Aqui João descreve a forma pela qual esses seres atuarão. Não podemos saber se os homens verão esses demônios ou se apenas sentirão os efeitos de sua ação.

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Versículo 11 - E tinham sobre si rei, o anjo do abismo; em hebreu era o seu nome Abadom, e em grego Apoliom. E tinham sobre si rei – Ao contrário de gafanhotos normais (Pr 30.27). o anjo do abismo – Mostrando de onde esse rei vem. em hebreu era o seu nome Abadom, e em grego Apoliom – Abadom é uma transliteração da palavra hebraica ןוּּדַבֲא , que é derivada de דבא, que significa destruição. Apoliom é uma tradução da palavra hebraica Abadom para o grego. Alguns apontam esse rei dos gafanhotos como Satanás ou o Anticristo. Porém, como é dito que este rei já vem do abismo, o mais provável é que este rei seja o demônio mais alto na hierarquia dos demônios do abismo. Quanto ao fato do uso dos nomes hebraico e grego, isso é uma característica própria de João (Jo 19.13 por exemplo) e mais um indicativo da sua autoria. Versículo 12 - Passado é já um ai; eis que depois disso vêm ainda dois ais. Referência a 8.13. Embora o primeiro aí, a quinta trombeta, tenha sido terrível, os dois próximos aís serão ainda piores. Versículo 13 – O sexto anjo tocou a trombeta, e ouvi uma voz procedente dos quatro ângulos do altar de ouro que se encontra na presença de Deus, O sexto anjo tocou a trombeta – O sexto, dos sete anjos aos quais foram dadas as trombetas (8.2). Quando ele soa a trombeta vem o segundo aí (8.13). e ouvi uma voz procedente dos quatro ângulos do altar de ouro – A voz vem do altar de ouro, no qual anteriormente as orações foram oferecidas a Deus (8.3). É interessante se observar que venha uma ordem de julgamento deste altar, uma vez que no AT o altar era um lugar de refúgio (1 Re 1.50-51). Deus é misericordioso, porém também justo e seus julgamentos agora revelam sua justiça. Versículo 14 – dizendo ao sexto anjo, o mesmo que tem a trombeta: Solta os quatro anjos que se encontram atados junto ao grande Rio Eufrates. dizendo ao sexto anjo, o mesmo que tem a trombeta: Solta os quatro anjos – Não é dito quando estes anjos foram presos ou de que forma serão soltos. Estão nessa condição pela vontade de Deus e o anjo da sexta trombeta é o instrumento de Deus para levar adiante esse julgamento. os quatro anjos – Quatro anjos que estão preparados por Deus especialmente para esse momento. Embora o número quatro seja simbólico de uma ação global, não há por que não considerá-lo literal. Apenas um anjo destruiu 185.000 assírios em uma só noite (2 Re 19.35). que se encontram atados – Provavelmente isto é um indicativo de que se tratam de demônios, pois os anjos de Deus não são descritos em nenhum outro lugar como estando atados, presos; uma vez que não precisam de restrição para fazer a vontade de Deus, ao contrário dos demônios que a Bíblia diz estarem guardados para o dia do juízo (2 Pe 2.4, Jd 6). junto ao grande Rio Eufrates – A referência aqui ao Eufrates não é sem propósito obviamente. O Eufrates foi um rio de grande importância na história do povo de Deus. Primeiramente, foi na região do Eufrates que o pecado veio ao mundo (Gn 2.14), assim como o primeiro assassinato. Futuramente o ímpio Ninrode, o primeiro a estabelecer um reino segundo a Bíblia fundou seu reino na proximidade do Eufrates (Gn 10.8-12) e neste mesmo lugar foi erigida a torre de Babel (Gn 11.1-2). O Reino de Israel

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no seu máximo esplendor chegou a exercer sua influência até o Eufrates (2 Cr 9.26). O Eufrates era um rio no centro dos três impérios que oprimiram Israel: a Assíria, a Babilônia e a Média-Pérsia. Futuramente, virão sobre Israel através dos Eufrates as forças que se juntarão para a batalha do Armagedom (16.12-16). O Eufrates é a fronteira leste do Reino de Israel como Deus o pensou (Gn 15.18) e por isso o julgamento é associado a este rio. Versículo 15 – Foram, então, soltos os quatro anjos que se achavam preparados para a hora, o dia, o mês e o ano, para que se matassem a terça parte dos homens. que se achavam preparados – Por Deus (Jd 6, 2 Pe 2.4). para a hora, o dia, o mês e o ano – O tempo exato de Deus, e que só este conhece (Mc 13.32, At 1.7). para que se matassem a terça parte dos homens – Através destes anjos e dos exércitos que eles lideram. A morte virá pelo fogo, pela fumaça e pelo enxofre. Esta trombeta segue o padrão demonstrado anteriormente, de destruição de um terço daquilo que é atingido (8.7, 9,10 e 12). Sendo que um terço da população da terra é morta, e diante dos julgamentos anteriores: fomes, guerras, destruição da quarta parte da terra; temos que menos da metade da população que havia sobre a Terra permanecerá viva depois desta trombeta. Como disse Jesus: “Não fossem aqueles dias abreviados, ninguém seria salvo.” (Mt 24.22) Versículo 16 – O número de cavaleiros que compunham o exército era de duzentos milhões, eu ouvi o seu número. duzentos milhões – Um número que denota uma quantidade imensa, quase incontável. Alguns intérpretes consideram que esta seja uma referência a uma armada humana, mas o mais correto é que sejam demônios. Primeiro, por serem liderados pelos quatro anjos presos no Eufrates. Além disso uma mobilização de uma armada como esta num lugar especifico seria muito complicada. No auge da Segunda Guerra Mundial todas as forças, tanto do Eixo quanto dos Aliados era menos de 70 milhões de pessoas. eu ouvi o seu número – João obviamente não poderia contar esse número, mas foi lhe dito, para mostrar quão incontáveis eram. Versículo 17 – Assim, nesta visão, contemplei que os cavalos e os seus cavaleiros tinham couraças cor de fogo, de jacinto e de enxofre. A cabeça dos cavalos era como cabeça de leão, e da sua boca saia fogo, fumaça e enxofre. os cavalos e os seus cavaleiros – O fato de João não usar similitudes aqui, mostra que provavelmente cavalos e cavaleiros estão envolvidos realmente. Porém estes não são cavalos normais, pois a descrição seguinte mostra isto. Provavelmente são parte da forma adotada pelos demônios, que compõe este exército que João descreve aqui, de se apresentarem. tinham couraças cor de fogo, de jacinto e de enxofre – Trecho de difícil tradução. As palavras traduzidas por fogo, jacinto e enxofre aqui, não são encontradas em nenhuma outra parte do NT e as palavras usadas na segunda parte do versículo são outras. A cabeça dos cavalos era como cabeça de leão – Provavelmente para descrever sua ferocidade, pois João os descreve como cavalos. e da sua boca saia fogo, fumaça e enxofre – Semelhantemente ao que é descrito em relação as duas testemunhas (11.6). Embora pareça impossível aos nossos

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olhos esta descrição, temos aqui uma horde demoníaca e isto mostra que João não está escrevendo simbolicamente. Versículo 18 – Por meio destes três flagelos, a saber, pelo fogo, pela fumaça e pelo enxofre que saíam de sua boca, foi morta a terça parte dos homens; Uma destruição terrível. Somente para se livrar destes corpos, um trabalho imenso seria necessário. Versículo 19 – pois a força dos cavalos estava na sua boca e na sua cauda, porquanto a sua cauda se parecia com serpentes, e tinha cabeça, e com ela causavam dano. Mostra a força, e como este exército será poderoso, para levar adiante seu objetivo. Alguns intérpretes vêem nessa descrição armamentos modernos, que João não poderia compreender (ou mesmo nós, caso fossem ainda mais do futuro), mas o mais provável, novamente, é que se tratem de demônios. Versículo 20 – Os outros homens, aqueles que não foram mortos por esses flagelos, não se arrependeram das obras das suas mãos, deixando de adorar os demônios e os ídolos de ouro, de prata, de cobre, de pedra e de pau, que nem podem ver, nem ouvir, nem andar; não se arrependeram – Um fato, até certo ponto, surpreendente a primeira vista. Como podem estes homens diante de tudo que viram, e da pregação da palavra de Deus por seus servos escolhidos e selados; ainda não se arrependerem. O fato é que como Faraó, por mais que o julgamento se intensifique, isto só leva ao endurecimento do coração destes. É como diz Provérbios: “Ainda que pises o insensato com mão de gral, entre grãos pilados de cevada, não se vai dela sua estultícia” (Pv 27.22). Estes homens não serão capazes de reconhecer a soberania de Deus e se arrependerem. Isto mostra o contrário do que muitas vezes é dito, que os homens não se arrependem por falta de demonstrações da presença de Deus. O fato, porém, é que todas as evidências, principalmente a criação, testemunham o poder de Deus (Rm 1.19-20). Assim, mesmo diante de fatos que não podem vir de outro lugar senão de Deus, estes homens ainda não se voltarão para o Pai. das obras das suas mãos – Sua maldade e rebeldia a Deus, servindo a criatura no lugar do Criador (Rm 1.25). deixando de adorar os demônios – Como o livro mostrará a seguir; e como acontece em nossos dias, com religiões que servem a Satanás. e os ídolos de ouro, de prata, de cobre, de pedra e de pau – Não apenas como nos cultos pagãos antigos, mais também envolvendo aquilo que o homem faz com suas mãos e coloca no lugar de Deus, como a tecnologia muitas vezes, no seu lado negativo. que nem podem ver, nem ouvir, nem andar – Ao contrário do Deus vivo, que é sobre todos. Versículo 21 – nem ainda se arrependeram de seus assassínios, nem das suas feitiçarias, nem de sua prostituição, nem dos seus furtos. Continuaram em sua vida de pecado. Aqueles que negam-se a reconhecer a soberania de Deus são entregues a uma vida de destruição e maldade. Mesmo diante de tudo que já sofreram estes homens continuarão em rebeldia e vivendo como antes ou ainda de forma pior. Quanto a estes pecados descritos temos de ter em mente que não

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são apenas restritos a concepções que muitas vezes temos. Assim, feitiçaria envolve por exemplo muitos rituais que existem hoje em dia, nos quais sob efeitos de drogas, pessoas tem “experiências” alucinógenas, que muitas vezes nada mais são que experiências demoníacas. Prostituição também envolve muito do que temos visto em nossos dias, numa sociedade marcada por um espírito cada vez mais por um “amor livre” e sem compromisso, que nada mais é que prostituição, pois vai contra o casamento que é a forma de relacionamento estabelecida por Deus. Furtos também é algo mais amplo, envolvendo todo o tipo de atividade que procura obter vantagem pessoal sobre prejuízo alheio, algo tão comum quando a corrupção parece se tornar regra e não exceção, e o único erro é ser pego.

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4 – Estudos de Apocalipse: Capítulo 10 – Os anjos e os trovões / João e o livrinho__________________________ 1 - Introdução

Entre a sexta e a sétima trombeta temos um interlúdio, onde será mostrada a função profética do povo de Deus, neste e no próximo capítulo. Estes interlúdios lembram da Soberania de Deus e dão conforto ao povo de Deus, no meio da dificuldade. Dentro da narrativa vemos que este interlúdio se situa dentro do segundo aí, uma vez que é dito que este tem fim no final do ministério das duas testemunhas. 2 – Os anjos e os sete trovões Versículo 1 – Vi outro anjo forte descendo do céu, envolto em nuvem, com o arco-íris por cima da sua cabeça; o rosto era como o sol, e as pernas como colunas de fogo. Vi outro anjo forte – Ou como preferem algumas traduções “outro anjo poderoso”. Talvez o anjo de 5.2. Uma freqüente discussão entre os intérpretes de Apocalipse é sobre as similaridades entre este anjo e Deus. Temos as seguintes semelhanças entre estes:

• Aparecendo nas nuvens: assim como Ex 16.10, Sl 97.2, Mt 24.30. • Associado com o arco-íris: assim como Deus em 4.3. • Rosto como o sol: comparar com 1.16 • Pés como fogo: assim como 1.15 • Segurando um livro: assim como Deus Pai em 5.8 • Comparado com a voz de um leão: assim como Jesus é o Leão de Judá (5.5) • Jurando por Deus: como Ele próprio faz (Dt 32.40, Hb 6.13) Entretanto, todas essas semelhanças não fazem com que, necessariamente, aqui

esteja em vista Cristo, como querem alguns intérpretes. Aqui temos um anjo, que é distinto de Deus, mas reflete algumas das características do próprio Deus. Essas semelhanças reforçam a autoridade e a origem divina da mensagem. Cristo está nos céus nesse período de julgamento, retirando os selos e não envolvido diretamente na ação. Além disso, todas as vezes que Cristo aparece, Ele recebe um título inequívoco, que deixa claro se tratar deste e não de um anjo apenas. envolto em nuvem – Nuvens geralmente aparecem associadas com a presença divina como mostrado nas comparações anteriores. com o arco-íris por cima da sua cabeça – O único anjo que tem essa descrição. Seguramente essa passagem contribuiu para as representações religiosas de anjos com halos sobre a cabeça. O arco-íris é um símbolo de Deus que este nunca mais destruiria a Terra por dilúvio (Gn 9.8-17). É um símbolo também da fidelidade de Deus às suas promessas; que estão sendo cumpridas pela sua ação em Apocalipse. o rosto era como o sol – Um brilho radiante, associado a presença de Deus (Ex 34.29, Dn 10.6) e descrita no próprio Jesus, por João (1.16). e as pernas como colunas de fogo – Como o Êxodo serve de cenário dessa sessão central de Apocalipse, é provável que esta figura relembre as colunas de fogo que guiavam o povo no deserto e eram uma marca da presença dEste (Ex 13.21). A

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descrição do anjo é condizente com sua mensagem de fidelidade de Deus às suas promessas; tendo o arco-íris da promessa e as colunas de fogo da segurança em Deus. Versículo 2 – e tinha na mão um livrinho aberto. Pôs o pé direito sobre o mar e o esquerdo, sobre a terra, e tinha na mão um livrinho aberto – A expressão traduzida por livrinho diferencia este do livro de 5.8. Além disso, temos que este livro do capítulo 5 é para ser revelado, enquanto este é para ser comido; e este livro é seguro pela mão esquerda ao invés da direita, e está aberto, ao contrário do livro do capítulo 5. Esta passagem é similar a de Ez 3.1-3. Em ambas passagens é dito para que o profeta pegue e coma o livro. Em ambos casos o livro é doce ao paladar mas amargo ao estômago. É descrito como livrinho provavelmente porque não tem toda a extensão do que haverá de acontecer, como o livro que está com Deus, mas sim uma porção menor dos acontecimentos que o profeta trará a conhecimento dos homens. Alguns pensam que este livro trazia o conteúdo de 12.1-22.5, e que 12.1 começa uma nova divisão dentro do livro. Porém, como em Ezequiel, a mensagem aqui é de João recebendo poder para continuar profetizando. Esta palavra deve ser levada a muitos povos, nações, línguas e reis pelo povo de Deus. Pôs o pé direito sobre o mar e o esquerdo, sobre a terra – Colocar os pés sobre mostra autoridade (Dt 11.24). O fato de estar sobre o mar e a terra, mostra que este tem autoridade sobre todas as coisas, um poder global. Alguns intérpretes vêem aqui um simbolismo secundário. Sendo o lado esquerdo o lado simbólico do desfavor e o direito do favor (Mt 25.33), temos que o mar é colocado em posição de favor em relação a terra. Neste caso, se tivermos que o mar representa os gentios e a terra os judeus, a figura é que os judeus que receberam maior favor de Deus e revelação deste, terão precedência no juízo (Rm 2.9 e Lc 12.47-48). Versículo 3 – e bradou em grande voz, como ruge um leão e, quando bradou, desferiram os sete trovões as suas próprias vozes. e bradou em grande voz – Assim como Cristo tem uma voz poderosa (1.10) e como o anjo de 5.2 e 7.2. como ruge um leão – Uma forma de descrever o poder que tem a voz desse anjo e da mensagem que ele traz. Ao contrário da voz de Cristo, que é como de trombeta (1.10) e de muitas águas (1.15), este anjo tem a voz como o rugido de um leão. A figura é da ferocidade associada aos julgamentos de Deus (p.ex. Jr 25.30). desferiram os sete trovões as suas próprias vozes – É um mistério quem sejam esses identificados como “sete trovões”, assim como o é aquilo que eles dizem. Fica claro porém que o fato de serem sete traz o simbolismo de algo completo. Provavelmente essas vozes falam a respeito dos 7 julgamentos finais de Deus, pelo qual “cumprir-se-á o mistério de Deus”. Aquilo que dizem faz parte do mistério de Deus que só será revelado no momento certo. Versículo 4 – Logo que falaram os sete trovões, eu ia escrever, mas ouvi uma voz do céu, dizendo: Guarda em segredo as coisas que os sete trovões falaram e não as escrevas. eu ia escrever – Conforme lhe havia sido dito que fizesse (1.11, 1.19).

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mas ouvi uma voz do céu – Provavelmente a voz do próprio Deus, uma vez que fala para que João pare de fazer aquilo que Deus lhe ordenara. Se não a voz dEle, vinda por ordem dEle. Guarda em segredo as coisas que os sete trovões falaram e não as escrevas – Embora o propósito de Deus em Apocalipse seja revelar (1.1), aqui João é ordenado para não escrever o que ouvira. É infrutífero tentar saber o que foi dito aqui, pois vemos que é algo que não podemos saber pois é esta a vontade de Deus (Dt 29.29). Versículo 5 – Então, o anjo que vi em pé sobre o mar e sobre a terra levantou a mão direita para o céu

Um ato comum em juramentos (Gn 14.22, Ez 20.5). Versículo 6 – e jurou por aquele que vive pelos séculos dos séculos, o mesmo que criou o céu, a terra, o mar e tudo que neles existe: Já não haverá demora e jurou – Assim como o anjo em Dn 12.7. Em ambos os casos os anjos estão falando sobre o tempo para o julgamento de Deus. aquele que vive pelos séculos dos séculos, o mesmo que criou o céu, a terra, o mar e tudo que neles existe – Enfaticamente colocando Deus como o Criador, tendo em vista que Este agora estará trazendo redenção sobre a criação impondo sua vontade em julgamento. Não existe nenhum juramento maior do que aquele pelo nome de Deus. Já não haverá demora – Quando este tempo tiver chegado, o tempo do julgamento de Deus, de revelação dos seus mistérios estará muito próximo. A vinda do Senhor para sua igreja é iminente e assim é que devemos esperá-la (Mt 24.42). O homem no entanto tem esperado pelo cumprimento de sua restauração desde Eva, que esperava o cumprimento da promessa em Caim. Quando Simeão pegou Jesus em seu colo ela pensava ver o cumprimento final do Reino de Deus, mas esta era a primeira vinda de Cristo. O NT mostra que os discípulos tinham como certo que Jesus voltaria novamente em seus dias, e esta era a idéia que transparece na forma como Paulo pregava em seus dias. No entanto, aquela geração assim como muitas outras passaram sem ver o cumprimento da história. Pode ser que o mesmo ocorra em nossos dias. Porém, “o Senhor não retarda suas promessas, como alguns a julgam demorada” (2 Pe 3.9). Porém como diz Habacuque: “a visão ainda está para cumprir-se no tempo determinado, mas se apressa para o fim e não falhará; se tardar espera-o, por que certamente virá e não tardará” (Hc 2.3). Não devemos pensar, como alguns, que as promessas da Segunda Vinda de Cristo são mero simbolismo. Versículo 7 – mas, nos dias da voz do sétimo anjo, quando ele estiver para tocar a trombeta, cumpri-se-á, então o mistério de Deus, segundo ele anunciou aos seus servos, os profetas. nos dias da voz do sétimo anjo – O tempo do soar da sétima trombeta, quando as sete taças tiverem sido derramadas trazendo ao fim os julgamentos de Deus. o mistério de Deus – Mistério é algo que ainda não tinha sido conhecido em tempos anteriores. As outras ocorrências de mistério nesse no NT são em relação a: a fé (1 Tm 3.9), a igreja (Rm 16.25), o evangelho (Ef 6.19), judeus e gentios em um só corpo (Ef 3.3), a noiva (Ef 5.32), sete estrelas e sete igrejas (1.20), o ministério de Jesus (1Tm 3.16), as palavras de Jesus (Mt 13.11), a cegueira de Israel (Rm 11.25), o arrebatamento da igreja (1 Co 15.51), o desejo de Deus (Ef 1.9), a presença de Cristo

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(Cl 1.26), a Divindade de Cristo (Cl 2.2 e 9), o homem de iniqüidades (2Ts 2.7), a Babilônia (17.5). O mistério de Deus aqui é a sua intervenção por sete julgamentos para destruir o reino de Satanás sobre a Terra. segundo ele anunciou aos seus servos, os profetas – Um dos objetivos de Apocalipse, como já dito antes, é mostrar o cumprimento das profecias de outras partes da Escritura. O mistério conforme dito aos profetas envolve diversas profecias, referentes por exemplo ao Dia do Senhor e ao estabelecimento do Reino do Messias. Embora na época em que os profetas tenham falado essas profecias estas talvez não fossem claras para estes, nesse período todo o mistério será revelado. 3 – João e o livrinho Versículo 8 – A voz que ouvi, vinda do céu, estava de novo falando comigo e dizendo: Vai e toma o livro que se acha aberto na mão do anjo em pé sobre o mar e sobre a terra. A mesma voz que ordenara para João não escrever as palavras dos setes trovões. Versículo 9 – Fui, pois, ao anjo, dizendo-lhe que me desse o livrinho. Ele, então, me falou: Toma-o e devora-o; certamente, ele será amargo ao teu estômago, mas, na tua boca, doce como o mel. Assim como Ezequiel. Quanto a ser amargo ao estômago e doce ao paladar, isto mostra que as palavras são de amargo julgamento e sofrimento, mas vindas de Deus até mesmo as palavras de desgraça são doces (Sl 19.10). A Palavra tem essa dualidade: para os salvos é a Palavra da Vida, mas para os ímpios a palavra da Morte. Versículo 10 – Tomei o livrinho da mão do anjo e o devorei, e, na minha boca, era doce como mel; quando, porém, o comi, o meu estômago ficou amargo. João cumpre o que lhe fora ordenado e verifica o que lhe já havia sido dito. As palavras eram doces por serem vindas de Deus, mas amargas por tratar de dias de escuridão como fala Amós (Am 5.18-20). Versículo 11 – Então, me disseram: É necessário que ainda profetizes a respeito de muitos povos, nações, línguas e reis. me disseram – Algumas versões dos originais trazem o singular “me disse”. Em todos os casos ou a voz vinda do céu ou um conjunto de vozes angelicais fala com João. É necessário que ainda profetizes – Vitorino (304DC), um dos primeiros comentaristas de Apocalipse, entendia esse verso no sentido que João ainda seria solto de Patmos para estar levando a Palavra. Pode porém dizer respeito as palavras que João ainda escreveria em Apocalipse. a respeito de muitos povos, nações, línguas e reis – Um contexto global. Ao contrário de Ezequiel que é dito para devorar um livro de profecias para a casa de Israel (Ez 3.4), João recebe uma mensagem para todas nações. Aqui podemos ver que ao contrário do que dizem preteristas, Apocalipse refere-se a todo o mundo e não a destruição de Jerusalém, em 70DC, que não teve uma importância tão grande mundialmente.

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4 – Estudos de Apocalipse: Capítulo 11 – As duas testemunhas / A sétima trombeta é soada______________ 1 - Introdução

O capítulo 11 mostra a segunda parte do interlúdio, que é iniciado no capítulo 10, e que se coloca entre a sexta e a sétima trombeta. Este capítulo mostra também a sétima trombeta sendo soada, iniciando mais uma série de acontecimentos dentro da Grande Tribulação. 2 – Ordens para medir o santuário Versículo 1 – Foi-me dado um caniço semelhante a uma vara, e também me foi dito: Dispõe-te e mede o santuário de Deus, o seu altar e os que naquele adoram; um caniço semelhante a uma vara – Um tipo de taquara, semelhante a um bambu, muitas vezes chegando a mais de 6m de altura, que crescia em abundância nas margens do rio Jordão. Por serem longas e leves eram ideais para serem usadas como vara de medir. e também me foi dito – Nas versões que seguem o Textus Receptus (TR) temos “então o anjo chegou e me disse”, ao invés de “me foi dito” como nas versões que seguem o Texto Majoritário ou a NU. Nas versões que temos, a voz parece ter vindo do trono de Deus, enquanto nesta outra versão a voz vem do anjo, que falava com João no final do Capítulo 10. De qualquer forma, temos uma voz com autoridade divina falando a João. Dispõe-te e mede – Semelhantemente a visão que Ezequiel tem no capítulo 40, no qual o templo é medido, e a visão que Zacarias tem no Capítulo 2; nas quais Jerusalém é medida. Como podemos concluir por Zc 2.4-5, essas visões de medições testemunham o imenso perímetro em tempos futuros de bênçãos. o santuário de Deus – Ou numa melhor tradução, “o templo de Deus”. Cinco diferentes templos são citados nas Escrituras: o templo de Salomão (que foi destruído em 587 AC por Nabucodonosor), o templo de Zorobabel (que foi roubado e consagrado a Júpiter por Antioco Epifânio em 168 AC), o templo de Herodes (que foi reduzido a cinzas por Tito em 70 DC), o templo descrito neste capítulo ( o Templo da Tribulação, também referido no livro de Daniel) e o templo no Reino Milenar (descrito em Ezequiel). Dificuldades desnecessárias têm sido trazidas por intérpretes que procuram enxergar aqui uma referência a Igreja. No entanto, pela Regra de Ouro da Interpretação temos que uma interpretação literal evita estas dificuldades e é mais coerente com o livro de Apocalipse. Assim, entendemos que o que temos é uma referência ao templo terrestre, antes de qualquer simbolismo. Quanto a que templo é este, temos que em Jerusalém não temos hoje um templo do povo judeu conforme os templos antigos. Grande discussões são feitas sobre este ponto, mas o mais provável é que este templo em Jerusalém será construído após o Arrebatamento. o seu altar – o lugar onde os sacrifícios são oferecidos. Adotando interpretação futurista das passagens de Apocalipse e outros livros, como temos feito, temos que o templo durante a Tribulação terá um altar, uma vez que o Anticristo fará que os sacrifícios sobre este altar cessem durante a Grande Tribulação (Dn 9.27b). e os que nele adoram – Não se tem em mente aqui obviamente se retirar a medida das pessoas em adoração no templo, mas sim a contagem destes (conforme por

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exemplo a NVI deixa claro). Aqueles que adoram no templo são diferenciados dos que estão fora deste, mostrando que estes são aceitos por Deus, em contraste com aqueles que estão no átrio exterior que são rejeitados. Versículo 2 – mas deixa de parte o átrio exterior do santuário e não o meças, por que foi ele dado aos gentios; estes, por quarenta e dois meses, calcarão aos pés a cidade santa. mas deixa de parte o átrio exterior do santuário e não o meças – Mostrando o desfavor da parte de Deus. O átrio exterior, ou átrio dos gentios, era separado do átrio interior, ou átrio de Israel e continha inscrições em pedra (que existem até hoje), advertindo de morte os gentios que entrassem por essa divisão (conforme podemos ver pelo que é descrito em At 21.27-28). por que foi ele dado – Mostrando a soberania de Deus, pois é ele quem dá o átrio aos gentios. aos gentios – Palavra que do original é traduzida também como nações (p.ex. 10.11). O texto aqui mostra que os não-judeus terão influência sobre o templo em Jerusalém. estes calcarão aos pés a cidade santa – Como podemos ver por referências como Is 48.2, Dn 9.24 e Mt 4.5, a cidade santa é Jerusalém. Calcar os pés sobre, ou pisar sobre, significa ter autoridade em relação a algo. Quanto ao domínio não-judeu sobre Jerusalém temos que, em Lc 21.24, Jesus fala que “até que os tempos dos gentios se completem, Jerusalém será pisada por eles”. Jesus coloca este acontecimento depois da destruição do templo de Jerusalém em 70DC, mostrando que o domínio gentio será estabelecido depois disto. Isto concorda com a interpretação futurista de que este templo em Jerusalém, descrito aqui, será construído em tempos futuros. Interpretamos este tempo dos gentios como um período da história no qual Israel não terá o controle total sobre a cidade de Jerusalém. De fato, após a destruição do templo em Jerusalém o povo judeu teve o controle sobre Jerusalém apenas na revolta de Bar Cochba contra Roma, em 132-135 DC, e no período atual iniciado após a Guerra dos Seis Dias de 1967. Porém, no pequeno período da revolta de Bar Cochba este controle não foi reconhecido mundialmente e a revolta não se manteve por muito tempo. Além disso, em nossos dias, a localização onde se presume ter sido o templo de Jerusalém está sobre controle muçulmano por estar ai o Domo da Rocha, um templo muçulmano. Além disso, o reconhecimento de Jerusalém como capital do estado judeu é amplamente negado mundialmente e os muçulmanos têm clamado também terem direito sobre a posse de Jerusalém. Assim, vemos que mesmo Israel tendo ganhado controle sobre a cidade na Guerra dos Seis Dias esta não está sobre o controle total, e o tempo dos gentios continua, assim como continuará até que passem os quarenta e dois meses dos quais João fala. por quarenta e dois meses – Ou 1260 dias (11.3). Aqui temos metade da ultima semana de Daniel (Dn 9.24-27). Quanto a qual metade da ultima semana, provavelmente a ultima metade, ou os últimos 3 anos e meios da Tribulação. Assim, por ainda 42 meses os gentios terão autoridade sobre Jerusalém antes da vinda do Reino Milenar.

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3 – As duas testemunhas mártires Versículo 3 – Darei as minhas duas testemunhas que profetizem por mil duzentos e sessenta dias, vestidas de pano de saco. as minhas duas testemunhas – As duas testemunhas são ditas serem da voz que fala. Isso mostra que são testemunhas que pertencem a Deus e falam da parte dEle. São duas testemunhas, na medida que este é o número mínimo exigido pela Lei (Nm 35.30, Mt 18.16). Seu ministério é conforme o de Moisés (pragas, tornar água em sangue) e Elias (consumir com fogo, parar as chuvas), de forma que representam o ministério da Lei e dos profetas, cujo duplo testemunho é citado na Bíblia (Rm 3.21 p.ex). Quanta a identidade das duas testemunhas, muitas interpretações diferentes já foram feitas. A primeira grande divisão entre estas, é se estas testemunhas são apenas símbolos, se são instituições ou se são pessoas. A respeito de cada uma dessas divisões temos:

• Símbolos – aqueles que defendem que as duas testemunhas são apenas símbolos concordam que as duas testemunhas não são pessoas nem instituições especificas. Porém, que símbolos estas representam já não é um consenso, variando entre o testemunho da Lei e dos Profetas, do AT e do NT, a Palavra e o Espírito de Deus.

• Instituições – também há uma variedade de interpretações, que varia desde a Igreja ocidental e Oriental, Israel e a Igreja, pessoas que serão martirizadas (representadas por duas testemunhas para ligar a Lei) entre outras possibilidades.

• Pessoas – Aqui também há diferenças de opiniões entre diversas possibilidades, tais como: Elias e Moisés, Elias e João Batista, Elias e o apóstolo João, duas pessoas desconhecidas.

Dentre estas linhas, a mais adequada parece ser a de identificar essas duas testemunhas com dois indivíduos. A favor dessa interpretação temos que a forma como o texto é escrito no grego é usada para pessoas, e a forma como a ação destas testemunhas é descrita favorece que estas sejam vistas como pessoas (usam pano de saco; seu corpo é visto depois de mortas; tem bocas, orelhas e pés).

Tendo tomado como certo que estas testemunhas são pessoas chegamos a uma segunda grande divisão, sobre quem seriam. As três mais populares opiniões são:

• Elias e Moisés: As razões usadas pelos que seguem essa linha de pensamento são: os milagres que as duas testemunhas realizam são semelhantes aos do ministério de Elias e Moisés; a volta destes é profetizada (de acordo com estes em Dt 18.15-18 e Ml 4.5-6); o final da vida destes foi misterioso (Elias foi levado aos céus por uma carruagem de fogo e o corpo de Moisés foi enterrado por Deus em um lugar secreto); Elias e Moisés apareceram no monte na Transfiguração; João Batista não teria cumprido totalmente a profecia de Malaquias e assim Elias voltaria em corpo novamente (de acordo com estes, fato confirmado pelo próprio João ter dito não ser Elias e Jesus dizer que João Batista seria Elias, se assim eles quisessem reconhecer em Mt 11.14). Razões contrárias a esta interpretação são: não foram apenas Elias e Moisés que realizaram milagres como os descritos neste capítulo; Jesus assume que João Batista cumpriu a profecia de Malaquias em textos como Mt 17.11-12; Moisés teria aparecido na transfiguração em seu corpo glorificado e portanto não poderia morrer.

• Elias e Enoque: Seguindo a tradição rabínica, alguns argúem que as duas testemunha seriam Elias e Enoque. A principal razão para isso é nenhum dos dois morreu, por terem sido transladados, e assim teriam sido reservados para

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testemunharem e morrerem por este testemunho. Esta opinião se baseia em textos como Hb 9.27 que diz que é necessário ao homem morrer uma vez, vindo depois disso o juízo, e 1Co 15.22-23 que diz que em Adão todos morrem para serem vivificados em Cristo. Contra esse argumento temos que Hb 11.25 diz que Enoque foi transladado para que não visse a morte e, além disso, no arrebatamento toda uma geração de salvos seria levada sem ver a morte. Quanto ao uso do texto de Hb 9.27, este tem falhas se for usado como uma regra geral, pois temos que pessoas morreram mais de uma vez (por exemplo, Lázaro).

• Dois profetas do futuro: esta é provavelmente a melhor opção, uma vez que as outras têm problemas como já visto. Além disso, nada é dito sobre a identidade dessas testemunhas, de forma que podemos concluir que sua identidade não é para que conheçamos. Assim, estas duas testemunhas seriam profetas desconhecidos, que atuarão no espírito de Moisés e Elias, ou da Lei e dos profetas. A forma do ministério dessas testemunhas, junto com a ausência da igreja pelo arrebatamento, leva a que estas testemunhas provavelmente sejam de origem judia.

que profetizem – Assim como foi ordenado para João (10.11). por mil duzentos e sessenta dias – Três anos e meio, ou meia semana de Daniel.

Aqui temos a primeira metade da ultima semana de Daniel, a Tribulação, pois assim, com a morte das duas testemunhas a Besta aumentará seu poder até ser derrotada (o que ocorre somente no final da segunda metade da ultima semana). Uma série de problemas aparece neste trecho se entendermos que estes 1260 dias se referem a segunda metade da Tribulação (por exemplo, como poderia a Besta vencê-las se no final dos últimos 1260 dias estará sendo derrotada na Batalha do Armagedom).

vestidas de pano de saco – Pano grosseiro feito de pêlos de bodes e camelos, e usado como símbolo de luto e arrependimento (ver p.ex. Jn 3.5-6). O fato destas testemunhas usarem pano de saco mostra que sua mensagem é de julgamento e trará tristeza aqueles que escutam. Profetas no AT também falaram vestidos de pano de saco (Is 20.2). Versículo 4 – São estas as duas oliveiras e os dois candeeiros que se acham em pé diante do Senhor da terra. as duas oliveiras – Assim como o salmista fala a respeito de si em Sl 52.8. e os dois candeeiros – A luz, assim como a Igreja é representada como sete candeeiros. Estas duas figuras são claramente a quinta visão de Zacarias (Zc 4.1-14). Quando Zacarias pergunta sobre a identidade das duas oliveiras é dito a este que estes “são os dois ungidos, que assistem junto ao Senhor da Terra”. Lendo paralelamente o texto de Apocalipse e a visão de Zacarias, vemos que assim como Zorobabel e Jesua (representando rei e sacerdote) foram usados num tempo de restauração pós-exílio, as duas testemunhas serão usadas num tempo de restauração, no qual o povo de Israel voltará a Deus até a vinda do Reino Milenar. que se acham em pé diante do Senhor da terra – Clara referência a Zc 4.14. Estar em pé diante de Deus significa tomar parte como ministro dEste.

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Versículo 5 – Se alguém pretende causar-lhes dano, sai fogo de sua boca e devora os inimigos; sim, se alguém pretender causar-lhes dano, certamente, deve morrer. Se alguém pretende causar-lhes dano – Apesar de estar em forma condicional, pela alegria que os moradores da terra têm quando as testemunhas são derrotadas, vemos que muitas pessoas tentarão se opor a elas. sai fogo de sua boca e devora os inimigos – Conforme aconteceu com os mensageiros enviados por Acazias a Elias (2 Re 1.9-16). Aqui temos três possibilidades de interpretar essa afirmação:

• Totalmente figurativa: nesse caso, fogo é, como em outras partes da Bíblia, apenas um símbolo para o julgamento da parte de Deus. Assim, sai fogo da boca desses profetas, na medida que, pelo testemunho que sustentam julgamentos vêm sobre aqueles que se lhe opõe.

• Parcialmente figurativo: se interpretarmos dessa maneira, temos que o julgamento vem pelas palavras dos profetas e através delas fogo cai sobre aqueles impenitentes que a eles se oporem.

• Totalmente literal: interpretação que segue o texto ao pé da letra, ou seja, fogo sairá da boca das duas testemunhas sobre seus inimigos.

O contexto favorece que se interprete essa afirmação de forma totalmente literal. Ao contrário da passagem de Elias e também de 13.13, aqui não há indicação que o fogo tenha vindo do céu. Além disso, tendo em vista os sinais que o Anticristo receberá o poder de realizar grandes sinais (2 Ts 2.9, 13.13) esses profetas da parte de Deus podem receber poderes para realizar sinais que aos homens parecem inimagináveis (Nm 16.28-30). Versículo 6 – Elas têm autoridade para fechar os céu, para que não chova durante os dias em que profetizarem. Têm autoridade também sobre as águas, para convertê-las em sangue, bem como para ferir a terra com toda sorte de flagelos, tantas vezes quantas quiserem. Elas têm autoridade para fechar os céu, para que não chova durante os dias em que profetizarem. – Conforme o que ocorreu no ministério de Elias (Tg 5.17-18). É interessante observar que o tempo que não choveu pela oração de Elias é exatamente igual ao tempo de ministério das duas testemunhas. Têm autoridade também sobre as águas, para convertê-las em sangue – Assim como Moisés realizou no Egito (Ex 4.9). bem como para ferir a terra com toda sorte de flagelos, tantas vezes quantas quiserem. – não sabemos que tipos de pragas serão estas, mas as duas testemunhas têm o poder como o que foi outorgado a Moisés e Arão no Egito. Versículo 7 – Quando tiverem, então, concluído o testemunho que devem dar, a besta que surge do Abismo pelejará contra elas, e as vencerá, e matará, Quando tiverem, então, concluído o testemunho que devem dar – Antes de terminarem aquilo que por Deus foram ordenadas a fazerem, as duas testemunhas não serão mortas. Esta é umas das muitas demonstrações da soberania de Deus no livro de Apocalipse. a besta – A primeira menção ao principal inimigo do povo de Deus nos últimos dias.

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Anexo 5 – A Besta........................................................................... O mais proeminente dos inimigos de Deus nos últimos tempos, aparece em diversos trechos do livro de Apocalipse (11.7, 13.1-4,13.11-12,13.14-15,13.17-18, 14.9, 14.11, 15.2, 16.2, 16.10, 16.13, 17.3, 17.7-8, 17.11-13, 17.16-17, 19.19-20, 20.4, 20.10). Esse título, a Besta, reflete seu caráter maligno, que forma um contraste a Cristo, o Cordeiro. Além desse nome, durante as Escrituras recebe diversos outros títulos: o pequeno chifre (Dn 7.8), rei de duro semblante e mestre em intrigas (Dn 8.23), príncipe que há de vir (Dn 9.26), o assolador (Dn 9.27), rrei que fará o que bem entender (Dn 11.36), homem da iniqüidade e filho da destruição (2 Ts 2.3), iníquo (2 Ts 2.8), o Anticristo (1 Jo 2.22). Dentre todos estes títulos, o mais conhecido é o de Anticristo. Embora esse não seja o mais usado entre os títulos que este recebe, é um nome que representa aquilo que ele é na essência, uma falsificação e um opositor a Cristo. O Grande Imitador Como Anticristo, a Besta é apresentada como uma falsificação do Cordeiro de Deus. Observemos os seguintes paralelos:

• Assim como Cristo é a imagem de Deus gerada pelo Pai (Hb 1.3), a Besta é uma imagem de Satanás trazida a luz (13.1).

• Assim como Cristo tem muitas coroas e nomes dignos (19.12), a Besta tem dez coroas e nomes blasfemos (13.1).

• Da mesma forma que Cristo recebe seu poder, trono e grande autoridade do Pai (Jo 5.21-23), o Anticristo recebe autoridade da parte de Satanás (13.2).

• Assim como Cristo depois de morto ressuscitou, sendo este o grande sinal para a pregação do Evangelho; a Besta tem uma ferida aparentemente mortal da qual se recupera, atraindo muitos seguidores (13.3-4).

• Assim como a adoração dos salvos é a Cristo e ao Pai (Jo 5.23), a adoração será dada a Besta e a Satanás (13.4).

• Assim como Cristo será adorado no mundo inteiro, a Besta será adorada por todo mundo (13.7).

A imitação do Anticristo da segunda pessoa da Trindade encaixa-se na imitação que Satanás faz com sua trindade maligna. Nesta, Satanás imita à Deus Pai (traz a sua imagem a tona através do caos do mar em 13.1) e a besta da terra imita a obra do Espírito Santo (pede louvor não a ele, mas ao Anticristo; opera falsos sinais milagrosos; força sua marca sobre aqueles que servem ao Anticristo). Juntos Satanás, o Anticristo e o falso profeta formam um trio de impiedade que está à frente da Babilônia, que é a imitação do povo de Deus representado por Jerusalém. A origem e a natureza da Besta Estas são provavelmente as questões mais controversas sobre o Anticristo. Temos claramente que o Anticristo receberá poder da parte de Satanás (Dn 8.24, 2 Ts 2.9). Apocalipse nos fala também que ele virá do Abismo (11.7, 17.8). Como vimos anteriormente, o Abismo é um lugar relacionado com demônios, que se encontram aprisionados. Entre as opiniões já levantadas temos desde as que o Anticristo seria Judas ou Nero que reencarnariam, até a que o Anticristo seria concebido por uma mulher através do próprio Satanás (assim como na virginal concepção de Cristo). Porém a luz do texto

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de Apocalipse parece ser melhor entendido que o Anticristo sofrerá uma ferida mortal e que reviverá através das forças demoníacas (13.3-4), sendo ai que reside sua ascensão do Abismo. A Bíblia nos dá a entender que o Anticristo será um homem muito inteligente e que enganará a muitos através de intrigas (Dn 8.25) assumindo grande poder sobre a Terra. Judeu ou gentio Outro ponto geralmente discutido é se o Anticristo será do povo de Israel ou um gentio. Razões favoráveis apontadas para sua procedência judia são o fato deste atuar na construção do templo judeu na Tribulação, e mesmo ser aceito pelo povo judeu no início (Dn 9.27). Além disto, alguns apontam a omissão da tribo de Dã na lista das tribos do Capítulo 7 como indicação de que o Anticristo virá desta tribo. Porém, o mais provável é que o Anticristo venha de outro povo não-judeu. Razões para isso são o fato de Antioco Epifânio, tipo do Anticristo, ser gentio; o fato de o tempo dos gentios (Lc 21.24) ainda não ter terminado, o que leva a conclusão que a Besta será de fora do povo judeu; o fato de 13.1 dizer que a Besta emerge do mar, sendo o mar uma figura das nações gentias; e além disso Dn 9.27 reforça a idéia quando diz “o povo de um príncipe que há de vir” que portanto não se refere a Israel.

que surge do Abismo – Conforme dito no anexo 5, isto descreve o fato de o Anticristo ter sido trazido da morte (o Abismo) pela ação de Satanás.

pelejará contra elas – Uma marca da Besta e de Satanás é fazer guerra ao povo de Deus (Dn 7.21, 7.9-16, 12.11, 13.7, 20.4) e particularmente a Israel (Jr 30.7, Dn 12.1).

e as vencerá, e matará – Mais um sinal que fará com que os homens adorem a Besta, uma vez que todas tentativas anteriores de matar essas duas testemunhas foram fracassadas. Assim o Anticristo que saiu vencendo e para vencer (6.2), depois de ser ressuscitado pela ação de Satanás, agora consegue mais uma aparente vitória. Porém essa vitória, como todas que obterá, não é verdadeira. No fim, os verdadeiros vencedores são aqueles que estão com Deus, mesmo que para isso morram (12.11). Versículo 8 – e o seu cadáver ficará estirado na praça da grande cidade que, espiritualmente, se chama Sodoma e Egito, onde também seu Senhor foi crucificado. e o seu cadáver ficará estirado na praça – Ou como algumas versões trazem, “na rua principal” ou “nas ruas”. Deixar de enterrar um corpo era para os judeus algo repugnante e um grande sinal de desprezo sobre uma pessoa executada (1 Re 14.11, 2 Re 9.7, Sl 79.3-4, Jr 8.1-2). Vemos por que deixar o corpo das duas testemunhas exposto é um ato proposital. grande cidade – O mesmo título é usado para Jerusalém, Babilônia e a Jerusalém celestial. Essas são os 3 pólos da história dos últimos dias. Jerusalém será o lugar onde o Anticristo interromperá o sacrifício e lançará a abominação terrível (11.1-2). espiritualmente – Através do Espírito Santo. É através da ação dele que se discerne o verdadeiro caráter de Jerusalém descrito pelas metáforas.

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se chama Sodoma e Egito – Sodoma e Egito são tipos de cidades que rejeitaram a vontade de Deus e foram julgadas. Jerusalém ser chamada de Sodoma e Egito mostra a impiedade da Jerusalém terrena, que rejeita a palavra de Deus (Mt 10.14-15). onde também seu Senhor foi crucificado – A NU traz “seu Senhor” enquanto o MT traz “nosso Senhor”. Aqui fica claro que a cidade não é outra senão Jerusalém, como o próprio João mostra claramente em seu evangelho (Jo 19.20). Versículo 9 – Então, muitos dentre os povos, tribos, línguas e nações contemplam os cadáveres das duas testemunhas, por três dias e meio, e não permitem que esses cadáveres sejam sepultados. muitos dentre os povos, tribos, línguas e nações – Uma quádrupla descrição, que significa todos sobre a Terra. contemplam os cadáveres das duas testemunhas – Uma afirmação que antigos comentaristas tinham dificuldade de entender. Com o advento da TV e Internet no entanto, nos parece algo simples de ser realizado. por três dias e meio – Dias literais, se vermos que seus corpos não são ditos se decomporem até a ressurreição das testemunhas. Três dias e meio também são metade de sete dias, e representam que não é cumprido um tempo completo, pois as testemunhas ressuscitam antes, mostrando sua vitória. Três dias também é o tempo no qual Jesus esteve morto. e não permitem que esses cadáveres sejam sepultados – Por dois motivos. Primeiro, como forma de repúdio, conforme o pensamento judeu (nota anterior). Segundo, para servir como troféu para a Besta que venceu as testemunhas. Versículo 10 – Os que habitam sobre a terra se alegram por causa deles, realizarão festas e enviarão presentes uns aos outros, porquanto esses dois profetas atormentaram os que moram sobre a terra. Os que habitam sobre a terra – A população da terra que não aceita a vontade de Deus, aqueles sobre quem a tribulação é enviada (3.10). se alegram por causa deles – Apesar dos tempos do fim serem marcados por guerras, as forças do mal se unirão contra os profetas do Senhor (assim como foi com Jesus, Lc 23.12). realizarão festas e enviarão presentes uns aos outros – Tão grande serão as pragas trazidas pelas duas testemunhas, que a morte destas será comemorada com festas e troca de presentes pelos moradores da terra. Como outros profetas antes, as duas testemunhas serão odiadas por aqueles a quem foram enviados (Lc 13.34). Versículo 11 – Mas, depois dos três dias e meio, um espírito de vida, vindo da parte de Deus, neles penetrou, e eles se ergueram sobre os pés, e àqueles que os viram sobreveio grande medo; um espírito de vida, vindo da parte de Deus, neles penetrou – Um espírito como o que foi colocado no homem para que este passasse a viver (Gn 2.7). Aqui o Espírito de Deus atua na ressurreição dos profetas de Deus. e àqueles que os viram sobreveio grande medo – A população mundial que se alegrava com a vitória da Besta, agora se toma de medo diante da ressurreição daqueles que já estavam mortos a três dias. O poder de Deus traz o medo sobre aqueles que não são seus servos (Mt 27.54).

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Versículo 12 – e as duas testemunhas ouviram grande voz vinda do céu, dizendo-lhes: Subi para aqui. E subiram ao céu numa nuvem, e os seus inimigos as contemplaram. e as duas testemunhas ouviram – O Texto Majoritário traz “Eu ouvi”, destacando que João ouviu as vozes. Subi para aqui – O mesmo comando que João recebe em 4.1. E subiram ao céu numa nuvem – Semelhantemente a Jesus ressurreto (At 1.9). e os seus inimigos as contemplaram – O testemunho final. Com seu ministério e sua vitória final, mostram que suas palavras eram de Deus. Versículo 13 – Naquela hora houve grande terremoto, e ruiu a décima parte da cidade, e morreram, neste terremoto, sete mil pessoas, ao passo que as outras ficaram sobremodo atemorizadas e deram glória ao Deus do céu. houve grande terremoto – Mais um terremoto durante a Tribulação. Anteriormente um grande terremoto ocorrera no sexto selo (6.12). O maior terremoto da história ainda está por vir, na sexta taça (16.17). e ruiu a décima parte da cidade, e morreram, neste terremoto, sete mil pessoas – No terremoto que está por vir, os efeitos sobre Jerusalém serão ainda piores (16.19). ao passo que as outras ficaram sobremodo atemorizadas e deram glória ao Deus do céu. – Como estamos em Jerusalém, e o período de tempo é anterior a Abominação da Desolação no templo judeu, e posterior perseguição dos judeus; a maioria da população da cidade é israelita. Isto mostra mais um passo na conversão dos judeus; conversão que será como esperava Paulo (Rm 11.25-27). Versículo 14 – Passou o segundo ai. Eis que, sem demora, vem o terceiro ai. Passou o segundo ai – Aqui temos os ais de 8.13. Esta frase demonstra que os eventos do capítulo 10 e 11 ocorrem durante o efeito da sexta trombeta (cap. 9). Mostra também que os 1260 dias que as testemunhas atuam são a primeira metade da Tribulação. Eis que, sem demora, vem o terceiro ai. – O terceiro ai é a sétima trombeta, que traz as sete taças. Vemos assim que a sétima trombeta será soada depois da morte e ressurreição das duas testemunhas, e será na segunda metade da Tribulação que virão, portanto, as sete taças. 4 – O soar da sétima trombeta Versículo 15 – O sétimo anjo tocou a trombeta, e houve no céu grandes vozes, dizendo: O Reino do Mundo se tornou do nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos. O sétimo anjo tocou a trombeta – O últimos dos anjos com as trombetas do juízo (8.2). As sete trombetas são tipificadas na conquista de Jericó, pelas sete trombetas ali usadas (6.8). O Reino do Mundo se tornou do nosso Senhor e do seu Cristo – Com o efeito da sétima trombeta, o julgamento de Deus estará terminado, e Satanás, o usurpador do mundo será destruído.

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e ele reinará pelos séculos dos séculos – Seu reino será sem fim (Lc 1.33). Versículo 16 – E os vinte quatro anciãos que se encontram assentados no seu trono, diante de Deus, prostraram-se sobre seu o seu rosto e adoraram a Deus, Os vinte e quatro anciãos (ver comentário no Cap. 4) novamente são mostrados na sua adoração a Deus. Versículo 17 – dizendo: Graças te damos, Senhor Deus, Todo-Poderoso, que és e que eras por que assumiste o teu grande poder e passaste a reinar. É omitido o título “que há de vir” (1.8), pois neste momento o reino de Cristo já está vindo. Versículo 18 – Na verdade, as nações se enfureceram; chegou, porém, a tua ira, e o tempo determinado para serem julgados os mortos, para se dar galardão aos teus servos, os profetas, aos santos e aos que temem o teu nome, tanto aos pequenos como aos grandes, e para destruíres os que destroem a terra. as nações se enfureceram – Na ultima tentativa de se opor ao estabelecimento do Reino de Cristo (Sl 2). chegou, porém, a tua ira – A ira manifestada na Tribulação, e que terá fim com as sete taças que serão derramadas (15.1). e o tempo determinado para serem julgados os mortos – O que ocorrerá quando os impenitentes forem ressuscitados para serem julgados no Julgamento do Grande Trono Branco. Esta é a segunda morte, que não terá poder sobre os salvos (20.6). Como podemos ver, esse louvor refere-se a todos eventos que sucedem ao soar da sétima trombeta: o fim da Tribulação, o Reino Milenar de Cristo, a derrota de Satanás e o julgamentos dos ímpios. para se dar galardão aos teus servos, os profetas, aos santos e aos que temem o teu nome, tanto aos pequenos como aos grandes – As promessas que são recebidas durante toda a Escritura, que serão agora trazidas aos servos de Deus. e para destruíres os que destroem a terra. – A punição àqueles que usaram a Terra para seu próprio interesse apenas, e não para Glória de Deus, trazendo sobre esta corrupção. Versículo 19 – Abriu-se então o santuário de Deus, que se acha no céu, e foi vista a arca da Aliança no seu santuário, e sobrevieram relâmpagos, vozes, trovões, terremoto e grande saraivada. Abriu-se então o santuário de Deus – O templo celestial de Deus (Is 6.1-4, 7.15, 14.15, 16.1), do qual o templo terrestre é figura (Hb 8.4-5). foi vista a arca da Aliança no seu santuário – O destino da Arca da Aliança terrestre é um mistério. Possibilidades aventadas foram: foi levada por Sisaque ao Egito (2 Cr 12.9), Nabucodonosor levou a arca para a Babilônia (2 Cr 36.18-19), Jeremias escondeu a arca em uma caverna, Antioco Epifânio levou a arca para a Síria, Tito levou a arca para Roma, a arca está escondida embaixo do Monte do Templo em Jerusalém. Alguns, com base neste texto concluem que a arca foi levada para os céus. Porém o mais provável é que a arca tenha sido destruída por Neburazadã na invasão da Babilônia (2 Re 25.8-10) e não mais exista (Jr 3.16). O fato de vermos a arca da Aliança nos céus,

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mostra que nos céus temos um santuário do qual o terrestre foi copiado, como fala Hebreus (6.9, 8.3). A aparição da Arca lembra os mandamentos de Deus, que esta contém, e os quais os ímpios, que serão finalmente castigados, negaram. e sobrevieram relâmpagos, vozes, trovões, terremoto e grande saraivada – Associados a manifestações da presença de Deus e ao seu julgamento. No derramamento da sétima e última taça, estas manifestações vistas no céu serão enviadas a terra (16.18).

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4 – Estudos de Apocalipse: Capítulo 12 – A mulher e o dragão_________________________________________ 1 - Introdução

O capítulo 12 mostra uma visão que se inicia desde a queda do homem e aponta para toda história, com a promessa da redenção do povo de Deus. 2 – A mulher e o dragão Versículo 1 – Viu-se um grande sinal no céu, a saber, uma mulher vestida do sol com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça, um grande sinal – Um símbolo. A cena que João vê é um símbolo da realidade que representa. Aqui vemos que o escritor diretamente mostra que a cena que se segue deve ser entendida simbolicamente, pois é isto que está na frase no original. uma mulher – Um símbolo. Algumas das mais comuns interpretações que consideramos incorretas são enxergar a Igreja aqui representada (o que entendemos não estar de acordo com o contexto, por exemplo, no fato de o texto afirmar que a mulher tem um filho, enquanto Jesus é que gerou a igreja e não o contrário) ou fazer associações entre o texto e o simbolismo pagão (típico da interpretação de cristãos liberais. Porém cristãos conservadores não consideram essas hipóteses, pois vão contra a inspiração da Bíblia como única Palavra de Deus). De acordo com o contexto compreendemos que esta mulher é melhor entendida como uma representação de Israel e do plano de Deus iniciado com a promessa de um herdeiro a mulher, Eva (Gn 3.15), passando pelas promessas a Abraão, a formação do povo de Israel, e concluindo com o cumprimento da promessa a Maria. Esta mulher representa assim o sistema de Deus no mundo, que leva a redenção do homem. Este sistema se origina após a queda, com a promessa a Eva, passa pelo povo de Israel, a vinda de Jesus, e terá cumprimento com o Reino Messiânico de Cristo. vestida do sol – Uma expressão difícil, uma vez que o Sol é usado como um símbolo de formas diferentes nas Escrituras. Primeiramente, vemos que uma função das vestes é oferecer proteção. Em segundo lugar vemos que em diversos textos o Sol e a Lua são colocados como testemunhas diante de Deus. É especialmente importante o texto de Jr 31.35-36: “Assim diz o SENHOR, que dá o sol para luz do dia, e as ordenanças da lua e das estrelas para luz da noite, que agita o mar, bramando as suas ondas; o SENHOR dos Exércitos é o seu nome. Se falharem estas ordenanças de diante de mim, diz o SENHOR, deixará também a descendência de Israel de ser uma nação diante de mim para sempre.” Como vemos, o Senhor coloca o Sol e a Lua como testemunhas de sua promessa para Israel. Assim, o Sol além de representar o esplendor pelo seu brilho, como em outras passagens bíblicas, representa também uma testemunha da parte de Deus para as promessas dEle para seu povo. com a lua debaixo dos pés – Lhe dando suporte. A mulher , que representa o plano de Deus através de seu povo, está protegida pelo Sol como vestes e em pé sobre a Lua para ter apoio. Tem o apoio total da parte de Deus, por que depende totalmente dEle. Isto mostra que o plano de Deus é tão certo, como a presença do Sol e da Lua nos céus o é. e uma coroa de doze estrelas na cabeça – Doze estrelas nos lembram da visão que José teve em sonho (Gn 37.5-11). Nessa visão José vê o Sol e a Lua, com onze

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estrelas que são seus onze irmãos. As doze estrelas representam as doze tribos de Israel, que representam todo o povo de Israel, que participa do plano de Deus como seu povo escolhido. Versículo 2 - E estava grávida, e com dores de parto, e gritava com ânsias de dar à luz. Como podemos ver, é a mulher quem gerará o filho. Isso é um ponto a favor de se interpretar a mulher como Israel e não a Igreja, pois Cristo que é o filho aqui simbolizado, veio de Israel e não da Igreja. Versículo 3 - E viu-se outro sinal no céu; e eis que era um grande dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre as suas cabeças sete diademas. E viu-se outro sinal no céu – Como a mulher representa o sistema divino que leva a salvação, este novo sinal representará o sistema maligno que irá para a destruição. e eis que era um grande dragão vermelho – A cor representa sangue e destruição. O dragão é um personagem chave, e o texto explica que ele é “o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás” . Satanás é o grande opositor do povo de Deus, mas no final será vencido e jogado no poço de fogo. que tinha sete cabeças e dez chifres – Uma figura diretamente ligada ao livro de Daniel e que representa Reinos e governantes. Anexo 6 – Bestas, cabeças e chifres................................................. João e Daniel têm visões semelhantes que são relatadas em seus livros. Daniel vê 4 bestas, sendo que uma tem 10 chifres (Dn 7.1-28). Já João vê duas bestas: uma com 7 chifres e 10 cabeças e outra com uma cabeça e dois chifres. A dificuldade em se interpretar esses dois textos é que apesar das semelhanças as visões não são idênticas, mas têm diferenças importantes. Primeiramente, as visões de Daniel. Duas visões do livro de Daniel estão diretamente ligadas, pois tratam do mesmo tema: a visão de Nabucodonosor (Dn 2.31-45) e a visão das quatro bestas de Daniel (Dn 7.1-28). Na visão que tem, Nabucodonosor vê uma estátua com partes do corpo formadas por diferentes materiais. Esta visão de Nabucodonosor mostra da perspectiva humana os reinos do mundo. Eles são vistos como uma bela imagem constituída em algumas partes de materiais preciosos. Como Daniel interpreta, os símbolos essas partes da estátua representam reinos. Os reinos são:

• Cabeça de ouro – A Babilônia (Dn 2.38). • Peitos e braços de prata: A Média-Pérsia (Dn 2.39). • Ventre e coxa de cobre: A Grécia ou Macedônia (Dn 2.39) • As pernas de ferro: O Império Romano. • Os pés em parte de ferro e em parte de barro: Os reinos do final dos dias, junto

ao Anticristo. • Pedra cortada sem auxilio de mãos humanas: o Reino Milenial de Cristo. Daniel tem também uma visão sobre quatro bestas. Esta visão é semelhante à de

Nabucodonosor, mas é do ponto de vista divino, e os reinos aparecem como Bestas. Nessa visão temos que o simbolismo é:

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• Leão com asas de águia: A Babilônia. O fato de ter tido as asas arrancadas e ter sido colocado em pé como homem mostra a experiência que Nabucodonosor teve (Cap. 4).

• Urso: A Média-Pérsia. O fato de estar levantada por um dos lados, mostra que os persas tinham maior influência que os medos.

• Leopardo: A Grécia. As quatro cabeças e asas são representações dos quatro reis que sucederam a Alexandre, o Grande.

• Animal terrível: Os reinos do fim, junto ao Anticristo. Veremos isso na visão de João.

Tendo visto as visões de Daniel passemos para as visões de João em Apocalipse. A visão dos chifres será complementada no Capítulo 17. Ali João explica: “Aqui o sentido, que tem sabedoria. As sete cabeças são sete montes, sobre os quais a mulher está assentada. E são também sete reis; cinco já caíram, e um existe; outro ainda não é vindo; e, quando vier, convém que dure um pouco de tempo. E a besta que era e já não é, é ela também o oitavo, e é dos sete, e vai à perdição. E os dez chifres que viste são dez reis, que ainda não receberam o reino, mas receberão poder como reis por uma hora, juntamente com a besta. Estes têm um mesmo intento, e entregarão o seu poder e autoridade à besta.” (Ap 17.9-13).

Temos portanto que os sete chifres que João vê são 7 reinos. Estes reinos são aqueles que oprimiram o povo de Deus através da história e estiveram sobre a influência de Satanás. Temos que 5 já passaram. Há diferença de opiniões entre quais reinos seriam estes 5 que já passaram. Sendo que “o reino que é” tem de ser Roma, pois esta era a potência no tempo de João, então estes são 5 reinos anteriores ao Império Romano. Tomando a descrição da meretriz como representando todas as abominações da Terra, então uma possibilidade seria: Babel (Gn 10.8-12, o primeiro reino em rebeldia a Deus), Egito, Babilônia, Média-Pérsia e Grécia. Outra possibilidade é que ao invés de representar Babel o primeiro reino seja o Egito e, nesse caso, o segundo seria a Assíria.

Quanto aos dez chifres, como o capítulo 17 explica, estes são reis que receberão poder no fim dos tempos. Destes, três serão derrotados pelo Anticristo (Dn 7.8) e os demais estarão com este, que será ele mesmo o oitavo reino. Em seu tempo, Cristo voltará e derrotará o Reino de Satanás e estabelecerá seu Reino que durará eternamente.

e sobre as suas cabeças sete diademas – Mostrando que estes são reis, como já vimos. Versículo 4 - E a sua cauda levou após si a terça parte das estrelas do céu, e lançou-as sobre a terra; e o dragão parou diante da mulher que havia de dar à luz, para que, dando ela à luz, lhe tragasse o filho. E a sua cauda levou após si a terça parte das estrelas do céu e lançou-as sobre a terra – Aqui vemos uma referência à queda de Satanás, trazendo consigo outros anjos (Is 14.12, Ez 28.14-15). e o dragão parou diante da mulher que havia de dar à luz, para que, dando ela à luz, lhe tragasse o filho – Mostrando a inimizade entre Satanás e a semente prometida da mulher. Tentativas de Satanás de frustrar os planos de Deus podem ser vistas na história por exemplo na tentativa de Faraó de matar todos recém-nascidos hebreus (Ex 1.16,22) e na tentativa de Hamã de destruir os judeus (Et 3.6). No nascimento de Jesus, novamente, Satanás, através de Herodes, tentou destruir todos recém-nascidos de Belém (Mt 2.16).A maior tentativa, porém, foi a morte de Jesus

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crucificado. Porém todas tentativas foram frustradas, principalmente na triunfante ressurreição de Jesus. Versículo 5 - E deu à luz um filho homem que há de reger todas as nações com vara de ferro; e o seu filho foi arrebatado para Deus e para o seu trono. Jesus. Ele virá novamente e submeterá todas as nações a sua vontade (Sl 2). Jesus, depois de ressurreto, foi arrebatado para Deus (At 1.9-11) e está em seu trono (3.21) aguardando quando voltará para estabelecer seu Reino e trono. Versículo 6 - E a mulher fugiu para o deserto, onde já tinha lugar preparado por Deus, para que ali fosse alimentada durante mil duzentos e sessenta dias. E a mulher fugiu para o deserto – Se a mulher representa Israel, a pergunta é de que fuga de Israel fala este texto. Alguns intérpretes vêem aqui uma referência a fuga dos judeus depois da destruição de Jerusalém em 70DC. Porém a referência a 1260 dias mostra que temos aqui a Tribulação, mas especificamente a segunda metade desta, onde os judeus serão perseguidos.Este texto nos lembra do que Jesus falou em seu Sermão do Monte das Oliveiras: “Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo; quem lê, atenda; então, os que estiverem na Judéia, fujam para os montes; e quem estiver sobre o telhado não desça a tirar alguma coisa de sua casa; e quem estiver no campo não volte atrás a buscar as suas vestes.” (Mt 24.15-18). O Anticristo estabelecerá a abominação da desolação no Templo em Jerusalém e depois disto os judeus passarão a ser perseguidos. onde já tinha lugar preparado por Deus, para que ali fosse alimentada – Mostrando que Deus ajudará a seu povo Israel a sobreviver à perseguição de forma que muitos se converterão e entrarão no Reino Milenial de Cristo. durante mil duzentos e sessenta dias – O fim da Grande Tribulação, cujo objetivo é também cessar a transgressão, dar fim aos pecados e expiar a iniqüidade (Dn 9.24). 3 – O dragão peleja contra o povo de Deus Versículo 7 - E houve batalha no céu; Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão, e batalhavam o dragão e os seus anjos; Mais um texto onde há grandes divergências entre os intérpretes de diferentes escolas. Entendemos que este trecho se refere aos dias da Tribulação. Satanás, o acusador do povo de Deus, será derrotado pelos anjos eleitos de Deus. A frente das forças angelicais vai Miguel, que nas escrituras é identificado como “o grande príncipe, que se levanta a favor dos filhos de Israel” (Dn 12.1). É interessante observar-se que Cristo não precisa se envolver nessa guerra, pois Satanás nada mais é que uma criação sua, que pode destruir com um sopro de sua boca (2 Ts 2.8). Essa batalha entre Satanás e seus anjos e os anjos de Deus acontecerá nos últimos dias, e é mais uma etapa na derrota de Satanás. Fica além de nosso conhecimento, saber de que forma é essa batalha.

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Versículo 8 - Mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos céus. Satanás é derrotado pelas forças angelicais, e eles e seus anjos são impedidos de ter acesso aos céus, para ficar ali como acusador do povo de Deus. Como estamos lidando com os últimos dias, este trecho deve tratar de uma nova realidade espiritual que se manifestará. Derrotado nos céus, Satanás tentará influenciar os povos na Terra, até sua derrota final. Versículo 9 - E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele. E foi precipitado o grande dragão – Satanás é derrubado dos céus. Este é mais um passo no cumprimento de fato, da vitória sobre Satanás, que já foi alcançada na morte e ressurreição de Cristo (Jo 12.31, Jo 16.8-11, Cl 2.14-15, Hb 2.14). Embora na sua morte Jesus tenha triunfado sobre Satanás, este ainda está livre no mundo até que seja finalmente derrotado. O dia da derrota final de Satanás está mais próximo do que nunca depois deste momento. a antiga serpente – Uma alusão direta ao papel de Satanás na queda do homem (Gn 3.1-4) e que relembra o que Deus disse sobre a serpente ter sua cabeça esmagada por um descendente de homem (Gn 3.14-16). o Diabo – No original Δι�βολος (Diabolos), que é uma palavra composta de Dia (que significa contra) e ballô (que significa jogar). Assim esse nome significa “aquele que joga contra” ou o acusador. Mostra uma das características de Satanás, como podemos ver na história de Jó. que engana todo o mundo – Sua primeira tentativa de engano foi com Eva (2 Co 11.3) e depois disto ele prossegue em tentar enganar a todos. É o pai da mentira, e nele não existe verdade (Jo 8.44). Satanás será preso no Milênio, mas no fim será solto na sua ultima tentativa de engano (20.8-10). Versículo 10 - E ouvi uma grande voz no céu, que dizia: Agora é chegada a salvação, e a força, e o reino do nosso Deus, e o poder do seu Cristo; porque já o acusador de nossos irmãos é derrubado, o qual diante do nosso Deus os acusava de dia e de noite. E ouvi uma grande voz no céu, que dizia: Agora é chegada a salvação, e a força, e o reino do nosso Deus, e o poder do seu Cristo – Semelhante ao que é falado ao soar da sétima trombeta (11.15). Esta voz vem em reconhecimento da derrubada de Satanás, como mais um passo rumo ao fim, e a vitória de Cristo e seu povo. porque já o acusador de nossos irmãos é derrubado o qual diante do nosso Deus os acusava de dia e de noite– O Diabo, o acusador, é derrubado e deixa de estar nos céus acusando o povo de Deus. O Diabo é mostrado na Bíblia se opondo aos anjos e ao povo de Deus desde de sua queda. Temos que “o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1 Pe 5.8). Além disso, a Palavra nos fala que Satanás se opõe ao Evangelho (Mt 13.19), oprime pessoas (Lc 13.11-16) e usa o pecado para criar problemas na Igreja (At 5.3). O salvo é aconselhado a tomar cuidados com suas maquinações (2 Co 2.10-11), não lhe dar oportunidade (Ef 4.27) e resistir (Tg 4.7).

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Versículo 11 - E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não amaram as suas vidas até a morte. E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro – A ênfase é colocada sobre aqueles que através de Cristo são vencedores (2.7,11,17 e 26; 3.5,12 e 21). Embora Satanás seja capaz de acusar todos os dias os homens pois estes vivem em pecado (1 Jo 1.8). Embora nossos pecados atrapalhem nosso relacionamento com Deus, no entanto o sangue de Jesus nos justifica eternamente. Assim as acusações de Satanás não são em última análise contra nós, mas sim contra a retidão de Jesus, que é quem nos justifica (Rm 8.33). e pela palavra do seu testemunho – Esse testemunho que leva inclusive a perseguição (12.17). e não amaram as suas vidas até a morte – Verdade para todos mártires da história, “homens de quem o mundo não é digno” (Hb 11.38). Eles não temeram aquele que pode apenas matar o corpo, mas não podem matar a alma (Mt 10.28). Refere-se em especial para aqueles que foram mortos pela Palavra de Deus durante a Tribulação. Versículo 12 - Por isso alegrai-vos, ó céus, e vós que neles habitais. Ai dos que habitam na terra e no mar; porque o diabo desceu a vós, e tem grande ira, sabendo que já tem pouco tempo. Por isso alegrai-vos, ó céus, e vós que neles habitais – Os habitantes do céu, o povo de Deus, se alegra pois foi derrubado dos céus o acusador, e o povo de Deus na Terra resistiu, mesmo até a morte. Aqueles que habitam os céus incluem:

• Os anjos eleitos; • A igreja: que escapou da hora da tribulação (3.1) através do arrebatamento; • O povo de Deus que morreu durante a Tribulação: sobre quem Deus estende seu

tabernáculo (6.9-10, 7.14-15). Ai dos que habitam na terra e no mar – Aqueles que pertencem a esse mundo

(Hb 11.13-16). porque o diabo desceu a vós, e tem grande ira – Além do ultimo ai, que diz

respeito a última trombeta (11.14) ainda viverão nesse momento o ai pela fúria de Satanás, que estará ativo na Terra como nunca antes.

sabendo que já tem pouco tempo – Antes de ser preso e jogado no Abismo (20.1-3) Satanás tenta fazer tudo quanto puder para atacar o povo de Deus. Como foi dito antes, não haverá mais demora, mas no tempo do soar da sétima trombeta será cumprido o mistério de Deus (Ap 10.6-7). Versículo 13 - E, quando o dragão viu que fora lançado na terra, perseguiu a mulher que dera à luz o filho homem. No fim dos dias, Satanás intensificará ainda mais sua perseguição ao povo escolhido de Deus. Versículo 14 - E foram dadas à mulher duas asas de grande águia, para que voasse para o deserto, ao seu lugar, onde é sustentada por um tempo, e tempos, e metade de um tempo, fora da vista da serpente. E foram dadas à mulher duas asas de grande águia – Esta frase fala sobre proteção divina em tempo de grande dificuldade. Semelhantemente, Deus fala a Israel

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no AT: “Vós tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águias, e vos trouxe a mim” (Ex 19.4) e “Como a águia desperta a sua ninhada, move-se sobre os seus filhos, estende as suas asas, toma-os, e os leva sobre as suas asas” (Ex 32.11). O povo de Deus, que se voltou a ele durante a Tribulação, principalmente o povo de Israel, será protegido por Deus até a segunda vinda de Cristo. para que voasse para o deserto – O lugar de proteção, mas também de dificuldades. O povo de Israel, Elias e o próprio Jesus passaram pelo deserto. onde é sustentada por um tempo, e tempos, e metade de um tempo – Três anos e meio. O tempo final da Tribulação. fora da vista da serpente – Longe do alcance de Satanás. Embora ainda hajam pessoas do povo de Israel que serão mortas, o povo escolhido de Deus no final não será destruído. Neste sentido, o dragão não alcançará a mulher. Versículo 15 - E a serpente lançou da sua boca, atrás da mulher, água como um rio, para que pela corrente a fizesse arrebatar. Texto que descreve provavelmente forças militares sobre o controle do Anticristo. Embora no começo o Anticristo tenha feito algum tratado com o povo de Israel (Dn 9.27), esta aliança será quebrada e, com a abominação da desolação, Israel passará a ser perseguido. Versículo 16 - E a terra ajudou a mulher; e a terra abriu a sua boca, e tragou o rio que o dragão lançara da sua boca. Verso difícil de afirmar o que significa sem dúvidas. Provavelmente se trate de alguma intervenção divina pela natureza contra os perseguidores do seu povo, assim como na rebelião de Corá (Nm 16.33). Versículo 17 - E o dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra ao remanescente da sua semente, os que guardam os mandamentos de Deus, e têm o testemunho de Jesus Cristo Aqui temos, mais provavelmente, a descrição dos eventos que sucedem ao versículo anterior. Assim, uma boa parte do povo de Israel, aqueles que se arrependerão e passarão a ser realmente povo de Deus, fugirá do ataque a Terra Santa e irá para um lugar onde terão proteção. Porém, parece haver uma outra parte do povo que não irá para este lugar e será perseguido por Satanás. Versículo 18 - E o dragão parou sobre a areia do mar. Este versículo não se encontra em alguns dos manuscritos, tanto que algumas versões como a mais famosa de língua inglesa, a KJV (King James Version) não o possui. Algumas Bíblias colocam este trecho no final do versículo 17.

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4 – Estudos de Apocalipse: Capítulo 13 – O Anticristo e o Falso Profeta____________________________________ 1 - Introdução

O capítulo 13 mostra a ascensão do Anticristo e do Falso Profeta nos fins dos dias, acontecimento chave da Grande Tribulação. 2 – A Besta que emerge do mar Versículo 1 – E eu pus-me sobre a areia do mar, e vi subir do mar uma besta que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre os seus chifres dez diademas, e sobre as suas cabeças um nome de blasfêmia. E eu pus-me sobre a areia do mar – Aqui temos novamente a diferença entre os manuscritos usados e as diferentes versões. A diferença está apenas em uma letra nu. Caso esta letra esteja no texto, a idéia do texto é de que João ficou sobre a areia do mar. Caso não haja essa letra, a idéia do texto é de que o Dragão parou sobre a areia do mar (conforme falado no final do comentário do Capítulo 12). Caso o texto diga que João parou sobre a areia do mar, a idéia é de que ele foi levado até o lugar do evento para testemunhar. Caso seja o Dragão, a idéia é reforçar que o Dragão está atrás da ascensão do Anticristo. e vi subir do mar uma besta – A primeira Besta que este capítulo fala. È associada diretamente ao Dragão (Satanás). Como discutimos antes (ver anexo 5 – A Besta) este personagem é o Anticristo. O mar aqui representa, de acordo com muitos intérpretes de Apocalipse, as nações gentias. As quatro Bestas de Daniel também surgem do mar (Dn 7.2-3). O mar também é um símbolo nas Escrituras do caos, falta de ordem. Aqui a idéia parece ser mostrar que o Anticristo surgirá dos povos não judeus, das nações gentias. Ressaltamos porém aqui, que a Besta representa não apenas o Anticristo, mas também o reino e poder que este terá, assim como acontece com os chifres e bestas de Apocalipse. que tinha sete cabeças e dez chifres – Ver Anexo 6 – Bestas, cabeças e chifres. O Anticristo é o último rei da Babilônia, o sistema do mundo que se opõe a Cristo. Assim ele tem antes de si, as sete cabeças (ver 17.9-10), e ele governa junto com dez reis que são os dez chifres (17.12-13). e sobre os seus chifres dez diademas – Mostrando que estes chifres representam reis. Estes dez chifres são mostrados também na última Besta de Daniel (Dn 7.7). e sobre as suas cabeças um nome de blasfêmia – O nome na Bíblia diz algo sobre a pessoa que o possui. Assim, temos uma característica do Anticristo, como descreve Daniel, falará blasfêmias contra o Deus dos deuses (Dn 11.36). Versículo 2 - E a besta que vi era semelhante ao leopardo, e os seus pés como os de urso, e a sua boca como a de leão; e o dragão deu-lhe o seu poder, e o seu trono, e grande poder. E a besta que vi era semelhante ao leopardo, e os seus pés como os de urso, e a sua boca como a de leão – Mostrando que o governo do Anticristo é continuação e tem em si aspectos dos governos anteriores, conforme Daniel viu em sua visão das 4 bestas (Dn 7.4-6). Vemos que o reino do Anticristo é também a ultima besta que Daniel vê, por isso não é citada nessas características.

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e o dragão deu-lhe o seu poder – Conforme Paulo havia dito aos tessalonicenses, a vinda do Anticristo é de acordo com a eficácia de Satanás (2 Ts 2.9. Satanás dará poder ao Anticristo para que ele seja uma encarnação de toda sua maldade e engano entre os homens. e o seu trono, e grande poder – O Anticristo aceitará a oferta que Cristo recusou de Satanás a muitos anos (Mt 4.8-10). Versículo 3 - E vi uma das suas cabeças como ferida de morte, e a sua chaga mortal foi curada; e toda a terra se maravilhou após a besta. E vi uma das suas cabeças como ferida de morte – A sétima cabeça. Como discutimos antes, este trecho se refere a algum ferimento que o governante do sétimo reino, durante a Tribulação, sofrerá. Se o Anticristo realmente morrerá e ressuscitará é motivo de discussão, mas muitos concordam com essa tese, e o texto parece favorecer esta idéia, por exemplo, comparando frase semelhante dita em relação a Cristo em 5.6. De qualquer forma, é pela vontade de Deus que Satanás fará qualquer coisa, inclusive o poder que este passa para o Anticristo vem, em última análise, de Deus. e a sua chaga mortal foi curada – O Anticristo será ressuscitado da morte, e com isso muitos o adorarão (13.12). Essa ressurreição será obra de Satanás, mas sob a permissão de Deus, que é o único que pode dar a vida ou tirá-la. e toda a terra se maravilhou após a besta – A ressurreição do Anticristo será um evento visto por todos e levará aqueles que não seguem a Deus a serem enganados. Versículo 4 - E adoraram o dragão que deu à besta o seu poder; e adoraram a besta, dizendo: Quem é semelhante à besta? Quem poderá batalhar contra ela? E adoraram o dragão que deu à besta o seu poder – Assim como aquele que adora a Jesus adora a Deus que o enviou, aquele que adorar ao Anticristo adorará a Satanás que lhe deu o seu poder. Não parece se ter em vista aqui uma forma de satanismo, uma vez que o Anticristo pedirá louvor a si mesmo (Dn 11.36, 2 Ts 2.4). e adoraram a besta – Adoração que permite que o Anticristo entre no Templo de Deus e se coloque como objeto de adoração, a abominação da Desolação (Dn 11.36-37, 2 Ts 2.3-4). Quem é semelhante à besta? – Adoração distorcida da adoração que deve ser dada somente a Deus (Ex 15.11, Sl 89.8). Quem poderá batalhar contra ela? – A ascensão do Anticristo da morte, assim como sua vitória sobre as testemunhas de Cristo (11.7) levará os habitantes da Terra a julgar este homem como invencível. Versículo 5 - E foi-lhe dada uma boca, para proferir grandes coisas e blasfêmias; e deu-se-lhe poder para agir por quarenta e dois meses. E foi-lhe dada uma boca, para proferir grandes coisas e blasfêmias – A Besta falará palavras de exaltação de si mesmo e de negação de Deus (Dn 7.8 e 25). Será um homem eloqüente e que saberá manipular as mentes das pessoas. e deu-se-lhe poder para agir por quarenta e dois meses – A metade final da Tribulação será marcada pelo governo do Anticristo, até a Segunda Vinda de Cristo. Versículo 6 - E abriu a sua boca em blasfêmias contra Deus, para blasfemar do seu nome, e do seu tabernáculo, e dos que habitam no céu. Movido pelo espírito de Satanás, o Anticristo falará contra Deus. Falará também contra os que habitam no céu, o que inclui as duas testemunhas ressurretas (11.12), a

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Igreja levada no arrebatamento e os mártires da Tribulação. O Anticristo falará contra a evidência da vitória destes e os difamará para assim desacreditar as ações de Deus pelo seu povo. Versículo 7 - E foi-lhe permitido fazer guerra aos santos, e vencê-los; e deu-se-lhe poder sobre toda a tribo, e língua, e nação. E foi-lhe permitido – Deus permitirá que por um pouco tempo o Anticristo obtenha vitória. Aqui vemos a soberania de Deus assim como aconteceu com Faraó no Egito (Ex 9.16-17). fazer guerra aos santos, e vencê-los – Os santos nos últimos dias passarão por grande perseguição, pois não adorarão ao Anticristo e sua imagem (13.15). e deu-se-lhe poder sobre toda a tribo, e língua, e nação – Controle global. Aqui vemos que não se trata de um texto sobre o Império Romano, por exemplo, pois este nunca teve tal poder. Versículo 8 - E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo. E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra – Todos aqueles que têm seu coração nesse mundo, em oposição aqueles que são cidadãos dos céus (Jo 15.19, Fp 3.20). A adoração será marcada com o recebimento da marca da Besta. esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro – Ou seja, aqueles que não estão predestinados a serem salvos e terem seu nome escrito no Livro da Vida. que foi morto desde a fundação do mundo – Para Deus não existe tempo para limitar seu conhecimento. Assim, Ele sabia que seu filho seria morto desde o princípio, e revelou isto através de tipos (por exemplo, no sacrifício de Isaque) e profecias (por exemplo, Is 53.7) e no tempo certo Jesus foi manifestado (1Pe 1.20). A Bíblia nos mostra outras coisas que foram determinadas ou existiam antes ou na fundação do mundo:

• Deus existia antes da fundação do mundo: Gn 1.1, Sl 90.2 • Cristo existia antes da fundação do mundo: Jo 1.1, Jo 17.5 • Cristo era amado pelo Pai antes da fundação do mundo: Jo 17.24 • A Sabedoria foi estabelecida antes da fundação do mundo: Pr 8.23 • Os salvos foram predestinados antes da fundação do mundo: Ef 1.4, 2 Tm 1.9 • A vida eterna foi prometida antes da fundação do mundo: Tt 1.2 • Deus tem seus segredos desde a fundação do mundo: Mt 13.35 • O Reino está preparado desde a fundação do mundo: Mt 25.34 • Aqueles que não serão salvos estão determinados desde a fundação do mundo:

17.8 Versículo 9 - Se alguém tem ouvidos, ouça. Semelhantemente ao que Jesus dizia (Mt 11.15). É interessante se observar que aqui ao contrário das cartas não é usada a expressão “o que o Espírito diz as igrejas”. Alguns intérpretes pré-tribulacionistas enxergam aqui um indicio do arrebatamento.

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Versículo 10 - Se alguém leva em cativeiro, em cativeiro irá; se alguém matar à espada, necessário é que à espada seja morto. Aqui está a paciência e a fé dos santos. Se alguém leva em cativeiro, em cativeiro irá; se alguém matar à espada, necessário é que à espada seja morto – O povo de Deus será perseguido, mas isso não será sem retribuição, pois, no fim os perseguidores serão derrotados e julgados pelos seus atos (Jr 30.16). Jesus diz algo semelhante em Mt 26.52. Aqui está a paciência e a fé dos santos – A paciência e a fé estão em confiar na soberania de Deus, que no final fará justiça a seu povo. 3 – A Besta que emerge da terra Versículo 11 - E vi subir da terra outra besta, e tinha dois chifres semelhantes aos de um cordeiro; e falava como o dragão. E vi subir da terra –Alguns sugerem que se trate de uma menção a origem desse personagem do meio do povo judeu. No entanto, pelo contexto parece ser mais adequado entender como uma referência a essa Besta ser um homem. outra besta – Essa Besta também é conhecida como o Falso Profeta (19.20, 20.10). Muitos intérpretes entenderam esse personagem como um movimento, por exemplo, o papado para os reformadores. No entanto, parece ser melhor entender como um indivíduo e não uma instituição. Primeiro, o título de Falso Profeta é mais adequado para uma pessoa. Além disso, o fato do livro falar que esta Besta será jogada no lago de fogo para ser julgada parece mais adequado a um indivíduo com uma alma. Junto com Satanás e o Anticristo, o Falso Profeta formam uma imitação da Santa Trindade. Nesta imitação o Falso Profeta é um imitador da obra do Espírito Santo: recebe todo poder da primeira Besta (13.12), mas não pede louvores a si mesmo, mas sim ao Anticristo (conferir com Jo 16.13-14); faz cair fogo dos céus (13.13) assim como o Espírito Santo fez aparecer línguas de fogo no Dia de Pentecostes (At 2.3); e coloca uma marca sobre os adoradores do Anticristo (13.16) assim como o Espírito é uma marca sobre os adoradores de Cristo. e tinha dois chifres – Chifres são símbolos de poder. O fato de ter dois chifres é um indicativo de que o Falso Profeta age como uma testemunha para o Anticristo, pois este é o significado do número dois em grande parte das suas ocorrências no livro. semelhantes aos de um cordeiro – Como Jesus havia prevenido (Mt 7.15-17) e Paulo também (2 Co 11.13-15) os falsos profetas procuram se mostrar como mensageiros de palavras do bem e até mesmo vindas do próprio Deus. e falava como o dragão – Embora o Falso Profeta procure se parecer com um cordeiro, na verdade pelo seus atos ele é conhecido, e é conforme Satanás. Suas palavras e atos são de engano assim como o Dragão, a antiga Serpente. Versículo 12 - E exerce todo o poder da primeira besta na sua presença, e faz que a terra e os que nela habitam adorem a primeira besta, cuja chaga mortal fora curada. E exerce todo o poder da primeira besta – Assim como o Espírito Santo age no poder de Jesus Cristo, o Falso Profeta age no mesmo poder do Anticristo, poder este que vem de Satanás.

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na sua presença – Aqui alguns vêem a explicação de por que o Falso Profeta não pedirá louvor a si mesmo. Este poderá exercer poder somente na presença do Anticristo. e faz que a terra e os que nela habitam adorem a primeira besta – Seu papel é de levar todos a adorar o Anticristo. Será “O Falso Profeta” no sentido que será sem igual em enganar as pessoas e levá-las para longe da vontade de Deus. cuja chaga mortal fora curada – É enfatizado novamente o papel importante que a recuperação da morte tem na adoração ao Anticristo. Versículo 13 - E faz grandes sinais, de maneira que até fogo faz descer do céu à terra, à vista dos homens. E faz grandes sinais – Não é de se estranhar, uma vez que este recebe poder como o do Anticristo. Seus grandes sinais enganarão a muitos. Devemos nos lembrar, entretanto, que grandes sinais não são provas incontestáveis de que a pessoa que os realiza está agindo de acordo com a vontade de Deus (Mt 7.22-23). de maneira que até fogo faz descer do céu à terra, à vista dos homens – Assim como Elias (2 Re 1.9-12) e as duas testemunhas (11.5). Porém, devemos nos lembrar que nos dias de Jó, também, fogo desceu dos céus através da ação do Diabo (Jó 1.19). Aqui, novamente, será a ação demoníaca que estará por trás, levando os homens ao engano. Versículo 14 - E engana os que habitam na terra com sinais que lhe foi permitido que fizesse em presença da besta, dizendo aos que habitam na terra que fizessem uma imagem à besta que recebera a ferida da espada e vivia. E engana – Com a força do grande enganador, Satanás, ele conseguirá enganar a muitos, se fosse possível até os eleitos (Mt 24.24). uma imagem à besta – O propósito dessa imagem provavelmente é o de servir para substituir o Anticristo, uma vez que este não é onipresente. Assim, a imagem da Besta estará em diversos lugares para representá-lo, inclusive, no Templo, onde este entrou e se colocou como objeto de adoração (2 Ts 2.3-4). Assim a abominação da desolação (Mt 24.15) também terá relação com a imagem da Besta. Fazer uma imagem da Besta é uma clara violação do Segundo Mandamento (Ex 20.4). Versículo 15 - E foi-lhe concedido que desse espírito à imagem da besta, para que também a imagem da besta falasse, e fizesse que fossem mortos todos os que não adorassem a imagem da besta. E foi-lhe concedido que desse espírito à imagem da besta – Alguns entendem aqui como, não uma referência a dar vida, mas sim a fazer com que essas imagens pareçam ter vida, ou seja, se tornem animadas. Por outro lado, a palavra usada para espírito (pneuma) é usada sempre com relação a vida, por exemplo na ressurreição das duas testemunhas (11.11). O mais provável, como alguns intérpretes entendem, é que demônios possuam essas imagens pela ação do Falso Profeta. para que também a imagem da besta falasse – Ao contrário dos falsos ídolos anteriores, que eram mudos (Sl 115.5). Estas imagens da Besta serão mais tentadoras que todos ídolos que já existiram, pois terão vida, ao contrário dos ídolos de outros tempos. e fizesse que fossem mortos todos os que não adorassem a imagem da besta – Todas as pessoas que não se alinham na adoração do Anticristo serão perseguidos pela Besta e seus seguidores e, além disso, não poderão ter acesso a comprar, mesmo os itens mais básicos a sua sobrevivência. Com exceção de parte do povo judeu que será

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protegido por Deus em lugar seguro, a maioria dessas pessoas, muitos gentios, que vieram a se converter, serão mortos. Serão vencedores, porém, pois persistirão até o fim. Versículo 16 - E faz que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos, lhes seja posto um sinal na sua mão direita, ou nas suas testas, E faz que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos – Todas as pessoas, independente de status, idade ou condição de vida. Isso mostra que o poder que o Anticristo conseguirá será sem comparação na história. lhes seja posto um sinal na sua mão direita, ou nas suas testas – Nenhum detalhe é dado sobre essa marca, logo é impossível ser dogmático a respeito do que seja. Vemos que é uma marca de lealdade ao Anticristo, e aqueles que não a receberam estarão sujeitos a morte. Provavelmente, haverá muitos incentivos às pessoas para receberem esta marca. Quanto ao lugar da marca, vemos ser lugares de fácil visualização, o que facilita a identificação daqueles que não possuírem a marca e portanto facilita na perseguição por parte daqueles que servem a Besta aos seguidores de Cristo. Versículo 17 - Para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal, ou o nome da besta, ou o número do seu nome. Fica fora de nossa capacidade de compreensão, como estará o sistema de comércio mundial e quais tecnologias existirão nesse período. Porém, vemos que a perseguição ao povo de Deus, que não receber a marca da Besta, será terrível. Sem acesso ao comércio, a situação dessas pessoas será precária. Versículo 18 - Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento, calcule o número da besta; porque é o número de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis. Aqui há sabedoria – Esta frase denota que o que será dito é um enigma que necessita de sabedoria para ser desvendado. O mesmo é dito a respeito das 7 colinas em 17.9. porque é o número de um homem – Uma frase usada para ligar o número ao Anticristo e mostrar que este é um homem. e o seu número é seiscentos e sessenta e seis – Muitas tentativas foram feitas na história para encaixar o 666. Os intérpretes preteristas vêem aqui uma indicação de Nero César. Muitos outros personagens históricos foram aventados para servir a esse número. A verdade, porém, é que este número será algo que os contemporâneos destes acontecimentos reconhecerão. Porém, é algo que não foi revelado e sobre qual não podemos fazer mais do que especulações.

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4 – Estudos de Apocalipse: Capítulo 14 – Promessas de redenção e destruição_____________________________ 1 - Introdução

O Capítulo 14 mostra os 144.000 selados com Cristo. Mostra também palavras de redenção e de julgamento sendo ditas, antes do fim dos julgamentos que o livro de Apocalipse mostra.

2 – Os 144.000 selados com Cristo Versículo 1 - E olhei, e eis que estava o Cordeiro sobre o monte Sião, e com ele cento e quarenta e quatro mil, que em suas testas tinham escrito o nome de seu Pai. E olhei, e eis que estava o Cordeiro – O Cordeiro que parecia ter sido morto (5.6), Jesus Cristo. sobre o monte Sião – O significado de Sião é diferente em diversas passagens da Bíblia. Sião era o nome dado a montanhas que existiam ao redor da cidade de Jebus (antiga Jerusalém) e que serviam de fortaleza para a cidade. Depois, este nome foi empregado para representar a cidade inteira de Jerusalém e, por fim, temos o nome Sião sendo usado para representar toda a nação de Israel. Este termo é usado também para representar a Nova Jerusalém (Hb 12.22-24). Aqui nesta passagem, há discussões a respeito de esta cena ser uma cena nos céus ou na terra. A implicação desta discussão é importante: se é uma cena terrestre significa que haverá proteção a estas pessoas durante as perseguições na Grande Tribulação; se é uma cena celestial significa que após cumprirem seu ministério de pregação estes 144000 não mais estarão na terra, pois terão sido retirados, provavelmente por martírio. Sobre esta questão, parece mais adequado que esta seja uma cena celestial. A favor disto temos:

• Se o versículo 3, que fala de pessoas que cantam um novo cântico se refere aos 144000, então isto é o mais provável, pois estes estão cantando diante dos quatro seres viventes e dos anciãos, que são mostrados sempre nos céus.

• É dito que estes são irrepreensíveis diante do Trono de Deus. O trono de Deus está nos céus (Capítulo 4).

• Jesus não é mostrado em seu trono, como seria se estivesse em vista o Reino Milenar na Terra.

Um suposto problema que surge com essa interpretação é como estes podem ter sido martirizados se foram selados para ser protegidos por Deus no Capitulo 7. No entanto, como podemos ver naquele capítulo, estes são protegidos da ira de Deus, mas não estão protegidos da ira do Dragão (12.12). Assim, eles estão protegidos das pragas que vêm da parte de Deus, mas não protegidos da ação do Anticristo e Satanás que os perseguirá. Como não parece que estes 144.000 estejam entre aqueles que são protegidos por Deus da perseguição de Deus, estes mensageiros da Palavra de Deus provavelmente serão o alvo principal e assim serão martirizados pelo testemunho de Deus. Eles são o “remanescente da semente da mulher” (12.17) a quem o Dragão fará guerra. Um outro exemplo do que ocorre com estes selados de Israel, é o que ocorre com as duas testemunhas. Estas testemunhas receberam proteção contra tudo, até que tivessem cumprido seu ministério (11.7). Semelhantemente a estas testemunhas, mesmo sofrendo martírio, estes 144.000 serão vitoriosos e estarão com Cristo. e com ele cento e quarenta e quatro mil – Os mesmo que foram selados por Cristo no Capítulo 7. Como discutimos naquele Capítulo, estes são judeus que foram separados para estar levando a Palavra neste período de aflição.

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que em suas testas tinham escrito o nome de seu Pai – Apocalipse mostra estes sendo selados em 7.3. Agora eles mantém essa marca, em contraste com aqueles que receberam a marca da Besta. Versículo 2 - E ouvi uma voz do céu, como a voz de muitas águas, e como a voz de um grande trovão; e ouvi uma voz de harpistas, que tocavam com as suas harpas. E ouvi uma voz do céu, como a voz de muitas águas – Uma voz poderosa, provavelmente a de Deus Pai. Jesus é descrito com uma voz de muitas águas (1.15) também. e como a voz de um grande trovão – Mostrando que esta voz tem autoridade e tem uma mensagem que chama por atenção. e ouvi uma voz de harpistas, que tocavam com as suas harpas – Algumas versões trazem “E ouvi uma voz do céu, como a voz de muitas águas, e como a voz de um grande trovão e como harpistas tocando sua harpas”. Neste caso, a idéia é de que a voz parece de harpistas tocando, o que seria só mais uma indicação de uma característica da voz. Caso a idéia seja como nesta versão, então o texto está dizendo que João viu pessoas ou anjos com harpas que ajudavam no louvor. Versículo 3 - E cantavam um como cântico novo diante do trono, e diante dos quatro animais e dos anciãos; e ninguém podia aprender aquele cântico, senão os cento e quarenta e quatro mil que foram comprados da terra. E cantavam – Em júbilo, pela vitória que alcançaram e também pela restauração de Sião que se aproxima, como muitos anos antes foi dito: “Quando o Senhor restaurou a sorte de Sião ficamos como quem sonha” (Sl 126.1). um como cântico novo – Um cântico novo, como nunca antes houve. O cântico daqueles que venceram a maior perseguição que o povo de Deus já passou ou passará. diante do trono – O trono de Deus, que é sempre colocado nos céus (12.5, 4.2). e diante dos quatro animais e dos anciãos – Mais um indicativo de ser uma cena celestial, pois estes sempre são apresentados no livro como estando nos céus. e ninguém podia aprender aquele cântico – Provavelmente isto signifique que somente estes evangelistas, que tanto sofreram, podem compreender o cântico que fala sobre suas experiências. Suas dificuldades porém não foram em vão, pois “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8.28). senão os cento e quarenta e quatro mil que foram comprados da terra – Somente os redimidos de Sião que foram fiéis em cumprir suma missão na Terra. Versículo 4 - Estes são os que não estão contaminados com mulheres; porque são virgens. Estes são os que seguem o Cordeiro para onde quer que vá. Estes são os que dentre os homens foram comprados como primícias para Deus e para o Cordeiro. Estes são os que não estão contaminados com mulheres; porque são virgens – Não que o relacionamento sexual dentro do casamento seja algo que seja negativo. Acontece porém que os tempos do fim serão de dificuldade e provavelmente até mesmo os atos sexuais estarão banalizados e mesmo envolvidos com a adoração ao Anticristo (como nos ritos pagãos de fertilidade). Este tempo é, assim, pior do que quando Paulo escreveu aos Corintios: “Ora, quanto às virgens, não tenho mandamento do Senhor; dou, porém, o meu parecer, como quem tem alcançado misericórdia do Senhor para ser fiel: Tenho, pois, por bom, por causa da instante necessidade, que é bom para o homem o estar assim.” (1 Co 7.25-26). Estes homens preferiram não se envolver com nada, para

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estar totalmente separados para Deus, na sua missão tão importante para este tempo do fim. Estes são os que seguem o Cordeiro para onde quer que vá – Como as ovelhas seguem o Bom Pastor (Jo 10.27), e como o Filho segue o Pai (Jo 4.34). Estes homens serão abençoados, como foram Josué e Calebe (Nm 14.24). como primícias para Deus e para o Cordeiro – Estes são as primícias, no sentido que foram os primeiros do povo de Israel a serem redimidos nesse período final. Como as primícias do campo que eram oferecidas a Deus para a benção da colheita e da terra (Lv 23.10), estes tiveram que ser oferecidos para estar levando à Palavra aqueles que ainda seriam salvos. Versículo 5 - E na sua boca não se achou engano; porque são irrepreensíveis diante do trono de Deus Ao contrário da boca cheia de blasfêmias do Anticristo que é cheia de engano (13.5 e 14), estes tem uma boca que fala das maravilhas de Deus. E o que sai da boca, procede do coração, e isso contamina o homem (Mt 15.18). Não que os 1440.00 sejam sem pecado, pois estes necessitaram de redenção, mas vivem de acordo com a vontade do Pai até a morte. 3 – Palavras de juízo Versículo 6 - E vi outro anjo voar pelo meio do céu, e tinha o evangelho eterno, para o proclamar aos que habitam sobre a terra, e a toda a nação, e tribo, e língua, e povo, E vi outro anjo – O último anjo visto foi o que soou a sétima trombeta. Este anjo tem uma mensagem semelhante ao que é descrito como uma grande águia (8.13). e tinha o evangelho eterno – A aliança eterna (Hb 13.20) pelo sangue de Jesus, e que leva a vida eterna. para o proclamar aos que habitam sobre a terra, e a toda a nação, e tribo, e língua, e povo – Um mensageiro da parte de Deus anunciará palavras de juízo para o arrependimento, como João Batista fez em seu ministério. Todos terão, mesmo no tempo “como nunca houve antes”, chances de ouvir a Palavra vinda de Deus. Versículo 7 - Dizendo com grande voz: Temei a Deus, e dai-lhe glória; porque é vinda a hora do seu juízo. E adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas. Um resumo da pregação que o anjo faz. Suas palavras são de aviso. Os juízos de Deus já estão ocorrendo e se tornarão ainda piores com as sete taças. As pessoas devem voltar-se e dar ouvidos ao Criador, que está redimindo sua criação. Versículo 8 - E outro anjo seguiu, dizendo: Caiu, caiu Babilônia, aquela grande cidade, que a todas as nações deu a beber do vinho da ira da sua prostituição. E outro anjo seguiu, dizendo: Caiu, caiu Babilônia – Um anjo anuncia a queda iminente da Babilônia que será descrita no Capítulo 17 e 18. A identidade da Babilônia é mais um dos aspectos de Apocalipse que são objeto de discussão entre os intérpretes.

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Anexo 7 – A Babilônia..................................................................... Babilônia é mencionada 6 vezes no livro de Apocalipse (14.8, 16.19, 17.5, 18.2 e 18.21). É freqüentemente citada no AT. A primeira citação de ocupação na região que veio a ser conhecido como a cidade de Babilônia ocorre logo após o dilúvio (Gn 10.8-10). A torre de Babel, primeira organização dos homens para se rebelar contra Deus, que foi construída na região da Babilônia (Gn 11.1-9) explica o porque do nome dado a cidade: Babel deriva da raiz hebraica bil que significa “confundir” e desse nome derivou-se Babilônia. Vemos que a Babilônia é retratada na Bíblia como o primeiro reino dos homens, em rebelião a vontade de Deus. Da torre de Babel e da cidade que surgiu ali, resultou a cidade da Babilônia, que veio a se tornar importante com o decorrer da história. No período da monarquia em Israel a importância foi se tornando crescente, até que em 586 AC o Império Babilônico já estabelecido veio a destruir a cidade de Jerusalém e deportar grande parte da população judia. Muitos profetas viveram antes, durante e depois da queda de Jerusalém, e profetizaram muitas vezes contra a Babilônia e sua queda. Algumas dessas profecias são por exemplo:

• “E Babilônia, o ornamento dos reinos, a glória e a soberba dos caldeus, será como Sodoma e Gomorra, quando Deus as transtornou. Nunca mais será habitada, nem nela morará alguém de geração em geração; nem o árabe armará ali a sua tenda, nem tampouco os pastores ali farão deitar os seus rebanhos.” (Is 13.19-20)

• “E eis agora vem um carro com homens, e um par de cavaleiros. Então respondeu e disse: Caída é Babilônia, caída é! E todas as imagens de escultura dos seus deuses quebraram-se no chão.” (Is 21.9)

• “Portanto sobre ti virá o mal, sem que saibas a sua origem, e tal destruição cairá sobre ti, sem que a possas evitar; e virá sobre ti de repente desolação que não poderás conhecer.” (Is 47.11)

• “E não tomarão de ti pedra para esquina, nem pedra para fundamentos, porque te tornarás em assolação perpétua, diz o Senhor.” (Jr 51.26)

• “E dirás: Senhor, tu falaste contra este lugar, que o havias de desarraigar, até não ficar nele morador algum, nem homem nem animal, e que se tornaria em perpétua desolação.” (Jr 51.62)

Concernente a história da Babilônia, nunca houve uma destruição que se encaixasse no que descrevem essas profecias. A queda da Babilônia na mão dos persas e medos aconteceu em 539AC, e é documentada nas Escrituras (Dn 5.30-31). No entanto, não foi uma ocupação violenta. Os Babilônios capitularam e Ciro entrou na cidade proclamando-se o novo governador. Ele tratou com respeito as pessoas da cidade e permitiu que muitos exilados voltassem as suas cidades e estabelecessem adoração aos seus deuses. Subseqüentemente, sobre controle persa a cidade se desenvolveu e veio a ser a cidade mais esplêndida do mundo da época, segundo o historiador Heródoto. Quando os gregos dominaram o império persa também não houve destruição da cidade, pois as tropas persas na cidade entregaram-se sem resistência e Alexandre, o Grande, foi proclamado na cidade. Alexandre, o Grande planejava fazer da Babilônia a capital de seu império, porém morreu precocemente e não cumpriu seus planos. A região da Babilônia ficou na mão de um de seus generais, Selêuco. Este fundou a cidade de Selêucia, que passou a ser uma rival em importância com Babilônia. Com o tempo a cidade foi perdendo importância. No período do Império Romano já não era uma cidade tão importante e por perto de 200DC, a cidade já estava quase deserta. Nos tempos atuais, a região da Babilônia pertence ao Iraque. Sadam Hussein construiu um palácio na região. Atualmente, após a queda e morte de Sadam, algumas pessoas ocupam a

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região. Como podemos ver, nunca aconteceu uma destruição que tornasse a cidade deserta como os profetas previram.

Logo, ou essas profecias eram apenas exageradas e as palavras apenas hipérboles, ou não se referiam a cidade da Babilônia, ou ainda estão por se realizar essas profecias.

Tendo por certo que a cidade da Babilônia nunca foi destruída como os profetas previram, fica a questão de qual a identidade da Babilônia, principalmente nas profecias de João. As mais populares visões a respeito da identidade da Babilônia são: o mundo, Jerusalém, Roma, o sistema religioso do fim dos dias ou a cidade literal de Babilônia, reconstruída no fim dos dias.

A visão de Babilônia como o mundo, em oposição a vontade de Deus, é defendida principalmente por intérpretes idealistas. Nessa visão, Babilônia representa o mundo: o sistema religioso, comercial e político, que não está sob a vontade de Deus. Este ponto de vista é coerente em admitir a influência que é colocada na Babilônia no livro de Apocalipse. Porém, ela tem algumas falhas. Apocalipse mostra que a cidade de Babilônia, a grande prostituta, será destruída pelos reis que apoiarão ao Anticristo (17.16), no entanto, estes reis que estão sobre a influência de Satanás, não serão destruídos. Além disso, a Babilônia é chamada de cidade e associada ao Eufrates. Além disso, ela é diferenciada das outras nações a quem enganou, por exemplo nesse versículo. Logo, vemos que esta visão não parece explicar corretamente o texto.

A visão que Babilônia representa Roma, é uma das mais populares. Ela se apóia por exemplo, na citação que a cidade se assenta sobre 7 colinas (17.9) como uma identificação das 7 montanhas ao redor de Roma. Além disso, assim como a Babilônia antiga destruí o templo de Salomão, Roma destruiu o templo de Herodes em Jerusalém. Muitos pais da Igreja como Tertuliano, corroboraram com essa idéia. A visão de Roma como a Babilônia de Apocalipse, tornou-se popular entre os reformadores que se colocaram contra o catolicismo romano, sediado em Roma. No entanto, apesar de alguns pontos fortes nessa visão, ela falha no sentido que Roma foi um império posterior a Grécia, Macedônia, Egito, etc. Assim, sua identificação como a “mãe das prostituições” é problemática (17.5). Além disso, as profecias no AT eram dirigidas contra a cidade da Babilônia e não contra a cidade de Roma.

A visão mais popular entre preteristas é sem dúvida a de Babilônia ser Jerusalém. Pontos favoráveis a esta visão é por exemplo a frase “nela se achou o sangue dos profetas, e dos santos” como uma referência a Jerusalém. Esta visão tem muitos pontos fracos, principalmente pelos diversos textos do AT que claramente distinguem entre Jerusalém como cidade escolhida de Deus e a Babilônia como objeto da fúria dEle (ver por exemplo Jr 50.17-20). Além disso, as profecias a respeito da Babilônia são sobre uma destruição total. No entanto, o próprio livro de Apocalipse mostra que haverá uma nova Jerusalém. Pode-se argumentar que a referência seja apenas a cidade terrena de Jerusalém, que negou a Jesus. No entanto, há um problema maior, que tem o preterismo como um todo: para que esta identificação seja verdadeira, é necessário que o livro de Apocalipse tenha sido escrito antes de 70DC, enquanto a maioria das evidências apontam para uma data posterior (95DC provavelmente).

A visão de que Babilônia é o sistema religioso dos últimos dia é muito próxima da identificação com o mundo já discutida acima.

Por último, a interpretação de Babilônia como a cidade literal que existia junto ao Rio Eufrates é a que mais está dentro do contexto de uma interpretação literal, como temos adotado para o livro. Ela também é melhor no sentido de trazer um cumprimento para as profecias já mostradas no AT. A principal dificuldade dessa interpretação seja talvez de falta de evidências e fé. Como não existe nada que possa lembrar uma cidade na região onde a Babilônia existia, a pergunta fica como poderia ser possível que ali venha a estar uma cidade tão importante nos últimos dias. Esta questão é muito semelhante ao que existia em relação a se dizer que os judeus seriam separados como um povo na Tribulação, antes da reconstrução do Estado de Israel em 1948. É também

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semelhante a questão do templo em Jerusalém durante a tribulação. Poderíamos fazer mais explicações em defesa dessa interpretação, porém vai além da idéia deste estudo. Por hora, tendo em vista os motivos citados acima, tomaremos a Babilônia como a cidade próxima ao Eufrates, reconstruída no momento certo da história. Sobre a questão da queda da Babilônia, esta só ocorre no Capitulo 17 e 18, no entanto é tida como um fato certo e por isso descrita como já tendo ocorrido. Os fatos que se seguem levarão a destruição da Babilônia. aquela grande cidade – Uma descrição do poder que a Babilônia exerce. Poder este porém que será porém marcado pela arrogância, tipificada na vida de Nabucodosor: “Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com a força do meu poder, e para glória da minha magnificência?” (Dn 4.30). que a todas as nações deu a beber do vinho da ira da sua prostituição – O vinha da prostituição, que leva as nações a adorarem ao Anticristo e se prostituírem seguindo a outras coisas que não a Deus. A prostituição envolve idolatria e amor as coisas materiais, o que também é idolatria. Versículo 9 - E seguiu-os o terceiro anjo, dizendo com grande voz: Se alguém adorar a besta, e a sua imagem, e receber o sinal na sua testa, ou na sua mão, Mais um anjo vem para advertir sobre o perigo de se aceitar o sinal da Besta e adorá-lo. Aqueles que não ouvirem a voz do anjo que traz o evangelho eterno, para adorarem a Deus, são advertidos sobre qual será o resultado de adorarem a Besta. No entanto, muitos farão como falou o profeta Isaias: “E eu vos enviei todos os meus servos, os profetas, madrugando e enviando a dizer: Ora, não façais esta coisa abominável que odeio. Mas eles não escutaram, nem inclinaram os seus ouvidos, para se converterem da sua maldade, para não queimarem incenso a outros deuses.” (Is 44.4-5). Versículo 10 - Também este beberá do vinho da ira de Deus, que se deitou, não misturado, no cálice da sua ira; e será atormentado com fogo e enxofre diante dos santos anjos e diante do Cordeiro. Também este beberá do vinho da ira de Deus – Aquele que adorar a Besta será responsabilizado pessoalmente por seus atos. Beber do cálice de Deus é uma figura comum nas Escrituras (por exemplo, Sl 75.7-8 e Mt 26.42). Aqueles que beberem o cálice da Ira de Deus sofrerão os resultados de seus pecados. que se deitou, não misturado – Não diluído. A Ira de Deus sobre os adoradores da Besta será terrível, como nunca antes. e será atormentado com fogo e enxofre – Seu destino final: o Lago de Fogo (20.10). Aqueles que recebem o sinal de adoradores da Besta, não tem seu nome no livro da vida (13.8), e seu destino já está selado. diante dos santos anjos e diante do Cordeiro – Eles verão aos redimidos na glória, e ao Cordeiro e os anjos, mas não tomarão parte na glória da presença de Deus (assim como o rico na parábola de Lázaro).

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Versículo 11 - a fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre; e não têm repouso nem de dia nem de noite os que adoram a besta e a sua imagem, e aquele que receber o sinal do seu nome. Este versículo é um dentre outros que mostram o tormento eterno daqueles que não forem salvos. Não entraremos nessa discussão aqui, mas por hora só deixamos que muitos não acreditam nessa doutrina e se alinham com a doutrina do Aniquilacionismo. Versículo 12 - Aqui está a paciência dos santos; aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus. A paciência dos santos reside em saber que por mais difíceis e terríveis que possam ser os momentos de perseguição pela Besta, muito pior será o destino dos adoradores da Besta. Versículo 13 - E ouvi uma voz do céu, que me dizia: Escreve: Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, e as suas obras os seguem. E ouvi uma voz do céu, que me dizia: Escreve – A mesma voz que antes ordenou que João subisse aos céus (4.1) e para que não escrevesse o que os sete trovões havia dito (10.4), a voz de Deus. Aquele que está acima de tudo é quem fala as palavras. Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor – Uma benção especial para os mártires, que serão mortos pela perseguição do Anticristo, do Falso Profeta e da Babilônia. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, e as suas obras os seguem – Logo após sua morte eles descansarão e estarão a gozar de alegrias com Deus. Versículo 14 - E olhei, e eis uma nuvem branca, e assentado sobre a nuvem um semelhante ao Filho do homem, que tinha sobre a sua cabeça uma coroa de ouro, e na sua mão uma foice aguda. Aqui temos duas colheitas sendo mostradas: a dos justos e a dos ímpios. Estas visões dizem respeitos a eventos ainda por vir, assim como a queda da Babilônia. A primeira colheita é a ressurreição dos justos da Tribulação, antes da vinda de Cristo para estabelecer o Reino Milenar. O Filho do Homem é Jesus que semeou a semente (Mt 13.37). Versículo 15 - E outro anjo saiu do templo, clamando com grande voz ao que estava assentado sobre a nuvem: Lança a tua foice, e sega; a hora de segar te é vinda, porque já a seara da terra está madura. E outro anjo saiu do templo – Anjos que saem do templo são associados com importantes missões da parte de Deus (15.6). Este anjo fala a respeito da volta iminente de Cristo, e do destino que as pessoas terão. porque já a seara da terra está madura – O tempo de separar o joio do trigo está chegando (Mt 13.37-43). Versículo 16 - E aquele que estava assentado sobre a nuvem meteu a sua foice à terra, e a terra foi segada. Jesus ressuscita os santos da Tribulação antes de vir e iniciar o Reino Milenar.

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Versículo 17 - E saiu do templo, que está no céu, outro anjo, o qual também tinha uma foice aguda. Jesus disse na parábola do joio e do trigo que os anjos estariam envolvidos na separação entre os fiéis e infiéis. Aqui não é Jesus quem age diretamente, mas sim um anjo. Versículo 18 - E saiu do altar outro anjo, que tinha poder sobre o fogo, e clamou com grande voz ao que tinha a foice aguda, dizendo: Lança a tua foice aguda, e vindima os cachos da vinha da terra, porque já as suas uvas estão maduras. E saiu do altar outro anjo, que tinha poder sobre o fogo – Provavelmente, o mesmo anjo que ofereceu as orações dos santos sobre o altar (8.3). Lança a tua foice aguda, e vindima os cachos da vinha da terra, porque já as suas uvas estão maduras – Os cachos de uvas bravas devem ser destruídos. Esta colheita é a destruição, na Segunda Vinda, dos povos que se colocam contra a vontade de Deus, notadamente na Batalha do Armagedom. Versículo 19 - E o anjo lançou a sua foice à terra e vindimou as uvas da vinha da terra, e atirou-as no grande lagar da ira de Deus. O grande Dia do Senhor, quando ele voltará para vencer os seus adversários. Versículo 20 - E o lagar foi pisado fora da cidade, e saiu sangue do lagar até aos freios dos cavalos, pelo espaço de mil e seiscentos estádios.

Este versículo também fala sobre a Batalha do Armagedom. A cidade é Jerusalém. A distância dada é igual a 320 Km aproximadamente. Esta distância é vista por muitos intérpretes futuristas como uma indicação da distância onde a guerra sucederá.

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4 – Estudos de Apocalipse: Capítulo 15 – Os sete anjos e as sete taças_____________________________________ 1 - Introdução

Os capítulos 12,13 e 14 formaram um interlúdio mostrando os acontecimentos que se passarão na Terra durante a Grande Tribulação (ascensão do Anticristo, perseguição aos santos da tribulação). Agora o capítulo 15 volta a mostrar a seqüência dos eventos com os eventos que levam as sete taças sendo derramadas e assim cumprindo-se a justiça de Deus sobre a Terra. 2 – As sete taças Versículo 1 - E vi outro grande e admirável sinal no céu: sete anjos, que tinham as sete últimas pragas; porque nelas é consumada a ira de Deus. E vi outro grande e admirável sinal no céu – Assim como a mulher e o dragão vistos no capítulo 12 (12.1 e 3). O sinal é admirável, pois trata de acontecimentos que serão incríveis sobre a Terra. sete anjos, que tinham as sete últimas pragas – Assim como sete anjos estiveram responsáveis pelo soar das sete trombetas (8.2 e 6), sete anjos serão responsáveis pelo derramamento das sete taças que trazem os sete últimos julgamentos da parte de Deus. São anjos com grande autoridade diante de Deus. porque nelas é consumada a ira de Deus – Com essas sete taças, a Grande Tribulação estará acabada e a Ira de Deus estará satisfeita, pois a justiça terá sido feita. Versículo 2 - E vi um como mar de vidro misturado com fogo; e também os que saíram vitoriosos da besta, e da sua imagem, e do seu sinal, e do número do seu nome, que estavam junto ao mar de vidro, e tinham as harpas de Deus. E vi um como mar de vidro – Um lugar de incrível transparência e esplendor. misturado com fogo – Mostrando o brilho radiante que pôde ser visto por João nesta visão.

e também os que saíram vitoriosos – Os vencedores que as cartas falam. Passando pela Tribulação, foram fiéis até a morte e puderam receber a coroa da Vida (2.10).

da besta, e da sua imagem, e do seu sinal, e do número do seu nome – Tendo recusado adorar a Besta, o Anticristo, eles agora estão diante de Deus como vitoriosos.

e tinham as harpas de Deus – Louvam a Deus com harpas, como outros que foram mostrando anteriormente (5.8 e 14.2). As harpas que eles usam são harpas de Deus, pois se eles podem louvar a Deus, isto é pela própria vontade dEle. Versículo 3 - E cantavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro, dizendo: Grandes e maravilhosas são as tuas obras, Senhor Deus Todo-Poderoso! Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei dos santos. E cantavam o cântico de Moisés, servo de Deus – Temos dois cânticos de Moisés. O primeiro, foi cantado após a vitória sobre os egípcios no Mar Vermelho (Ex 15.1-19). É um cântico sobre adoração a Deus, que é acima de todos e que não tem semelhante em poder e glória. O segundo é registrado em Dt 32. É um cântico que falava sobre o futuro, especialmente sobre um tempo em que o povo de Israel viria a es esquecer de seu Deus. Este cântico também tem uma aplicação global, por exemplo, no

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versículo 43: “Jubilai, ó nações, o seu povo, porque ele vingará o sangue dos seus servos, e sobre os seus adversários retribuirá a vingança, e terá misericórdia da sua terra e do seu povo”. O cântico em vista aqui parece ser o primeiro, entretanto, e fala sobre a vitória de Deus e seu povo, mesmo perseguido. e o cântico do Cordeiro – Registrado em 5.9-13. Os redimidos da perseguição da Besta cantam 3 cânticos: o de Moisés, o do Cordeiro e o terceiro registrado aqui. dizendo: Grandes e maravilhosas são as tuas obras, Senhor Deus Todo-Poderoso! Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei dos santos – Um hino de adoração, principalmente a justiça de Deus e aos seus planos, que são revelados. Versículo 4 - Quem te não temerá, ó Senhor, e não magnificará o teu nome? Porque só tu és santo; por isso todas as nações virão, e se prostrarão diante de ti, porque os teus juízos são manifestos. Os santos no céu louvam a Deus, e proclamam a verdade que está próxima de se realizar: que todas as nações se prostrarão diante de Deus. Isto se tornará verdade totalmente na Segunda Vinda de Cristo. Versículo 5 - E depois disto olhei, e eis que o templo do tabernáculo do testemunho se abriu no céu. O tabernáculo do testemunho (Ex 38.21) era o lugar onde Deus se manifestava ao povo de Israel no AT. Este tabernáculo, visto aqui, é o Tabernáculo do testemunho nos céus, do qual o Tabernáculo terrestre era uma imitação. Assim como o tabernáculo terrestre tinha a Lei, a partir da qual os homens eram julgados (Rm 2.12), nos céus está o testemunho da justiça de Deus e de suas leis. Todos os homens que não receberem a Jesus serão julgados pela Lei. O julgamento final daqueles que desobedeceram a Lei de Deus está acontecendo e as sete taças o liquidarão. Versículo 6 - E os sete anjos que tinham as sete pragas saíram do templo, vestidos de linho puro e resplandecente, e cingidos com cintos de ouro pelos peitos. saíram do templo – Saíram da presença de Deus. Sua missão é em direta obediência as ordens dadas por Deus. vestidos de linho puro e resplandecente – O brilho da roupa desses anjos mostra o caráter justo de sua missão e o caráter puro desses anjos que atendem na presença de Deus. e cingidos com cintos de ouro – Assim como Jesus (1.13). Mais um sinal de glória desses anjos, incumbidos dessa importante missão. Versículo 7 - E um dos quatro animais deu aos sete anjos sete taças de ouro, cheias da ira de Deus, que vive para todo o sempre. E um dos quatro animais – Um dos quatro seres viventes, mostrando anteriormente (ver capítulo 4). sete taças de ouro, cheias da ira de Deus – As últimas pragas que virão sobre a Terra. As taças contém a ira de Deus contra os impenitentes, em resposta as orações dos santos por justiça (6.10).

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Versículo 8 - E o templo encheu-se com a fumaça da glória de Deus e do seu poder; e ninguém podia entrar no templo, até que se consumassem as sete pragas dos sete anjos. E o templo encheu-se com a fumaça da glória de Deus e do seu poder – A manifestação gloriosa da presença de Deus, a Shekinah, que aparece em momentos importantes, por exemplo, no tabernáculo do deserto (Ex 40.34-35), na consagração do Templo de Salomão (1 Re 8.10-11) e na visão que Isaias tem dos céus (Is 6.4). e ninguém podia entrar no templo, até que se consumassem as sete pragas dos sete anjos – Um verso intrigante. Deus ficará em um momento de privacidade total, enquanto leva a fim seus últimos juízos. Ressalta também a importância do momento, como quando Moisés não pode entrar no tabernáculo (Ex 40.35) e os sacerdotes não puderam entrar no Templo de Salomão (1 Re 8.11).

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4 – Estudos de Apocalipse: Capítulo 16 – As sete taças são derramadas______________________________________ 1 - Introdução

O Capítulo 15 mostrou a preparação, e o Capítulo 16 mostra as sete taças sendo derramadas. Quando as sete taças são derramadas o fim dos julgamentos chega. Os próximos capítulos mostram outras realidades associadas as sete taças, que se sucedem até o fim da Tribulação. As sete taças trazem os mais severos julgamentos. 2 – As sete taças são derramadas Versículo 1 - E ouvi, vinda do templo, uma grande voz, que dizia aos sete anjos: Ide, e derramai sobre a terra as sete taças da ira de Deus. E ouvi, vinda do templo, uma grande voz – A voz do próprio Deus, que no final do capítulo anterior foi mostrado no templo, onde ninguém era permitido entrar. Vem da vontade direta de Deus, as sete últimas pragas sobre a Terra. que dizia aos sete anjos – Os sete anjos que receberam as taças no capítulo anterior. Ide, e derramai – A figura do derramar da ira de Deus sobre a Terra é comum no AT. Ver, por exemplo, Sl 79.6, Jr 10.25 e Dn 9.27, que mostram Deus derramando sua fúria sobre as nações gentias que não seguem a Deus e atacam ao povo de Deus.

sobre a terra as sete taças da ira de Deus – As sete taças são os últimos julgamentos vindos de Deus. São extremamente severos, o que leva alguns a interpretar que o que é descrito aqui é apenas simbólico. No entanto, entendemos que os fatos são sobrenaturais, mas dignos de confiança, pois são realizados por um Deus para quem não existe impossível. Versículo 2 - E foi o primeiro, e derramou a sua taça sobre a terra, e fez-se uma chaga má e maligna nos homens que tinham o sinal da besta e que adoravam a sua imagem. A primeira taça traz úlceras sobre os adoradores da Besta. Esta praga é semelhante a que Deus trouxe ao Egito no tempo de Moisés (Ex 9.8-11). Versículo 3 - E o segundo anjo derramou a sua taça no mar, que se tornou em sangue como de um morto, e morreu no mar toda a alma vivente. Anteriormente, na segunda trombeta dois terços do mar tinham se tornado em sangue (8.8). Agora todas as águas do mar se tornarão em sangue e matarão todas criaturas do mar. Diante da destruição trazida anteriormente sobre a vegetação terrestre e mesmo sobre o mar, essa praga será terrível, pois tirará uma importante fonte de alimentos. Os animais mortos deverão trazer um terrível odor sobre a Terra. Realmente esses dias sobre a Terra serão terríveis. Versículo 4 - E o terceiro anjo derramou a sua taça nos rios e nas fontes das águas, e se tornaram em sangue. Na terceira trombeta, foram atingidos um terço das águas dos rios e fontes (8.10-11) foi atingida e se tornou amarga. Agora as águas dos rios e fontes se tornarão em

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sangue. Aqueles que não receberam a salvação pelo sangue do Cordeiro, passarão por julgamento através do sangue. Versículo 5 - E ouvi o anjo das águas, que dizia: Justo és tu, ó Senhor, que és, e que eras, e santo és, porque julgaste estas coisas. E ouvi o anjo das águas, que dizia – O anjo que acabou de derramar a terceira taça. Justo és tu, ó Senhor, que és, e que eras, e santo és, porque julgaste estas coisas – Um louvor a justiça de Deus, pelos seus atos de julgamentos. Aqui não é usado o título “que há de ser” pois este momento já faz parte dos últimos dias. Versículo 6 - Visto como derramaram o sangue dos santos e dos profetas, também tu lhes deste o sangue a beber; porque disto são merecedores Deus agirá com justiça a seus servos, sobre tudo que foi realizado contra seu povo. Embora, as vezes, os maus pareçam prosperar, no final eles serão julgados. Embora, o povo de Deus possa sofrer, no final será vencedor. Versículo 7 - E ouvi outro do altar, que dizia: Na verdade, ó Senhor Deus Todo-Poderoso, verdadeiros e justos são os teus juízos. E ouvi outro do altar, que dizia – Provavelmente o anjo que ofereceu as orações dos santos sobre o altar (8.3-4). Algumas versões não trazem a palavra “outro”. Na verdade, ó Senhor Deus Todo-Poderoso, verdadeiros e justos são os teus juízos – A lembrança da justiça de Deus nesses momentos de julgamento é importante. Deus somente está fazendo com os incrédulos aquilo que deveria ter feito com todos os homens, se não tivesse escolhido pela grande misericórdia salvar alguns. Versículo 8 - E o quarto anjo derramou a sua taça sobre o sol, e foi-lhe permitido que abrasasse os homens com fogo. Imenso calor atingirá os homens com essa taça, tornando a vida na Terra mais terrível ainda. Versículo 9 - E os homens foram abrasados com grandes calores, e blasfemaram o nome de Deus, que tem poder sobre estas pragas; e não se arrependeram para lhe darem glória. Os infiéis são incapazes de se arrepender, por mais grave que seja o cenário. Assim como Faraó, que teve o coração endurecido, por não ter se arrependido quando teve oportunidade, estes não serão capazes de se arrepender, para que neles se mostre o poder dos julgamentos de Deus (Rm 1.28). Versículo 10 - E o quinto anjo derramou a sua taça sobre o trono da besta, e o seu reino se fez tenebroso; e eles mordiam as suas línguas de dor. A quinta taça atingirá apenas aqueles que pertencem ao Reino da Besta, que se curvaram diante do Anticristo. Estes serão atingidos por grandes trevas e dor.

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Versículo 11 - E por causa das suas dores, e por causa das suas chagas, blasfemaram do Deus do céu; e não se arrependeram das suas obras. Morderão as línguas, mas não as usarão para louvar a Deus, mas sim para blasfemá-lo. “Ainda que repreendas o tolo como quem bate o trigo com a mão de gral entre grãos pilados, não se apartará dele a sua estultícia.” (Pv 27.22) Versículo 12 - E o sexto anjo derramou a sua taça sobre o grande rio Eufrates; e a sua água secou-se, para que se preparasse o caminho dos reis do oriente. E o sexto anjo derramou a sua taça sobre o grande rio Eufrates – A sexta trombeta também é associado ao Rio Eufrates. Naquela trombeta, anjos foram soltos do Eufrates para matar a terça parte dos homens (9.13-15). Agora, porém, temos outro evento em vista, como podemos ver pelo que acontece com o derramamento da sexta taça. e a sua água secou-se – Em preparação à campanha do Armagedom. Anexo 8 – A campanha do Armagedon........................................... O nome Armagedom é um dos nomes que são conhecidos, mesmo por aqueles que nunca leram o livro de Apocalipse, ou mesmo a Bíblia. Algumas idéias errôneas obviamente são associadas ao nome Armagedom. Duas idéias comuns, e que não correspondem ao que e dito na Palavra, são a de que Armagedom seja uma batalha ou um conflito que só ocorra no lugar com esse nome. Um estudo mais profundo mostrará que não será apenas uma batalha, mas sim um conflito muito mais extenso. A idéia de que será apenas uma batalha vem de interpretações que traduzem a palavra que no original é polemon por batalha. A melhor interpretação para essa palavra seria conflito, dando a idéia de algo que tem uma maior extensão de tempo. Além disso, este conflito não acontecerá apenas no lugar chamado Armagedom, mas será uma guerra que envolverá muitos lugares. Mesmo o termo Campanha do Armagedom não é preciso portanto. Armagedom é apenas um lugar onde tropas do Anticristo serão reunidas, mas o conflito será mais generalizado. Sobre a campanha do Armagedom, para entender sua motivação devemos voltar ao profético Salmo 2 que fala sobre essa rebelião dos homens contra a vinda do Reino de Cristo. Alguns trechos desse salmo:

• “Por que se amotinam os gentios?” versículo 1 • “Os reis da terra se levantam e os governos consultam juntamente contra o

Senhor e contra o seu ungido” versículo 2 • “dizendo: Rompamos de sobre nós seus laços” versículo 3 • “Tu os esmigalharás com uma vara de ferro; tu os despedaçarás como a um vaso

de oleiro” versículo 4 Como podemos ver por esse salmo, os poderosos da Terra procuraram se manter

pelas suas próprias forças e contra o governo do Messias. Enganados por Satanás eles se ajuntarão e levantarão contra a vinda do Reino de Cristo. Porém a resistência será esmagada e Jesus voltará triunfante para reinar no Reino Milenar.

Com o derramamento da sexta taça, se inicia o processo que levará até o desfecho da história. Primeiramente, as águas do Eufrates são secas. Isso denota que o caminho até o confronto final entre as forças do Anticristo e as forças da parte de Deus será aberto. Espíritos imundos entrarão nos governantes para que seu coração se endureça em levar esse conflito adiante (16.14). Esse reis inclusive aqueles que forma os dez reis que estão com o Anticristo (17.12-14) serão levados a congregar suas forças, com o foco em um

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lugar que é chamado de Armagedom. Liderados pelo Anticristo os reis se reunirão para fazer guerra ao restante do povo de Deus, principalmente contra o povo de Israel, que até então está protegido em lugar seguro, e contra a vinda do Reino de Cristo (19.19).

Alguns textos do AT falam a respeito desse ajuntamento de povos. Um deles é Joel, capítulo 3. Este texto mostra que todas nações serão congregadas no vale de Josafá por causa do que fizeram contra Israel. Josafá significa “Jeová tem julgado”, mostrando o caráter de julgamento desse momento. Este texto mostra que esse julgamento será prenúncio da vinda do Grande Dia do Senhor, que como vimos envolve a segunda Vinda de Cristo.

O nome Armagedom, vem do hebraico e é a junção de duas palavras רָה (har) que significa montanha e ןוּּדִגְמ (Megido), significando Montanha do Megido. Megido é um nome de uma localidade na região de onde foi a Galiléia. Era um lugar estratégico próximo a Nazaré, e próximo ao Jordão e ao Mar Mediterrâneo. Ali, Baraque e Débora derrotaram os cananeus (Jz 4 e 5), Saul foi derrotado pelos filisteus (1 Sm 31), Acazias foi morto por Jeú (2 Re 9.27) e Josias foi derrotado pelo Faraó Neco (2 Re 23.29).

Não temos como afirmar com certeza se essas localidades, Armagedom, Vale de Josafá são lugares específicos na Palestina. Nossa visão é que se tratam de localidades na Terra Santa, entretanto. Da mesma forma não podemos afirmar categoricamente como será cada passo na campanha do Armagedom. Existem vários textos que parecem falar sobre esse momento, e a dificuldade reside em se saber se este trecho está tratando de um evento histórico de forma literal. O texto bíblico indica que os governantes da Terra se reunirão sobre o comando do Anticristo para lançar uma ofensiva sobre a terra de Israel, mas serão derrotados pela Segunda Vinda de Cristo, como o Messias prometido de Israel. As forças militares envolvidas e a forma das batalhas é algo que não poderíamos falar sem entrar no campo das especulações. Não pretendemos fazer isso aqui. A título de ilustração, porém, colocamos aqui uma seqüência de eventos conforme o teólogo Fruchtenbaum sugere em seu livro “The Footsteps of Messiah” :

• Os aliados do Anticristo se juntam no Armagedom (16.12-16 e Jl 3.9-11). • Babilônia, a cidade reconstruída, se torna a capital do Reino do Anticristo, mas é

destruída enquanto este está envolvido na campanha do Armagedom (Is 13 e 14, Jr 50 e 51, 15.8, 17.18)

• O Anticristo ouve que Babilônia foi destruída e se move para terminar a invasão de Jerusalém (Zc 12.1-3, Zc 14.1-9, Mq 4.11-5.1).

• Os judeus fazem resistência, mas a cidade cai (Zc 14.2). • Os judeus restantes fogem para as montanhas (Mt 24.15) e então para o deserto

de onde foi Bozra (Mq 2.12). • Os judeus se convertem e reconhecem seus pecados (Lv 26.40-42, Jr 3.11-18,

Os 5.15) e clamam pela volta de Cristo (Sl 79.1-13, Is 64.1-12, Os 6.1-3, Mt 23.39).

• Cristo volta para onde os remanescentes judeus estão (Is 34.1-7, Is 63.1-6, Mq 2.12-13, 19.11-18).

• Cristo luta contra as forças do Anticristo que tentarão destruir os judeus até o Vale de Josafá. O Anticristo é derrotado (Jl 3.12-13, 2 Ts 2.8, Zc 14.12-15, 14.19-20, 19.20).

• Cristo desce vitorioso no Monte das Oliveiras (Mt 24.29, 16.17-21). Como podemos ver pela seqüência acima, Fruchtenbaum é um intérprete

dispensacionalista dos mais literais. Não cremos entretanto ser possível se afirmar categoricamente uma seqüência de eventos como a acima. No entanto, não acreditamos ser possível descartá-la também.

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para que se preparasse o caminho dos reis do oriente – O Eufrates representa uma barreira para aqueles que venham do Oriente para a Palestina. Assim, o caminho dos povos que vierem do Oriente será livre. Versículo 13 - E da boca do dragão, e da boca da besta, e da boca do falso profeta vi sair três espíritos imundos, semelhantes a rãs. E da boca do dragão, e da boca da besta, e da boca do falso profeta – Os espíritos vêm através de Satanás e dos seus dois representantes maiores na Tribulação. Todos estes estão juntos num objetivo. vi sair três espíritos imundos – Espíritos de demônios como fala o versículo 14. semelhantes a rãs – Rãs eram animais impuros. Foram usados por Deus para punir os egípcios nas 10 pragas. Versículo 14 - Porque são espíritos de demônios, que fazem prodígios; os quais vão ao encontro dos reis da terra e de todo o mundo, para os congregar para a batalha, naquele grande dia do Deus Todo-Poderoso. Porque são espíritos de demônios – Anjos que se rebelaram contra Deus. Demônios são mostrados nas Escrituras agindo para a destruição daqueles que não seguiram a vontade de Deus. É assim com Abimeleque (Jz 9.23), Saul (1 Sm 16.14, 1 Sm 18.10, 1 Sm 19.9), Senaqueribe (2 Re 19.7), Acabe (1 Re 22.10-23). Da mesma forma aqui, demônios serão usados para enganar os prepotentes governantes da Terra. que fazem prodígios – Estes espíritos são capazes de enganar os homens de forma que estes ajam pensando estar fazendo sua própria vontade. os quais vão ao encontro dos reis da terra e de todo o mundo – Esses espíritos agirão nos governantes de nações de todo mundo para enganá-los. para os congregar para a batalha – A palavra batalha não é a melhor tradução para a palavra do original. A palavra no original é mais próxima de guerra do que batalha. naquele grande dia do Deus Todo-Poderoso – O Grande Dia, a Segunda Vinda de Cristo. Versículo 15 - Eis que venho como ladrão. Bem-aventurado aquele que vigia, e guarda as suas roupas, para que não ande nu, e não se vejam as suas vergonhas. Um chamado para o cuidado frente a iminência da Vinda de Cristo. É objeto de discussão para quem seriam dirigidas essas palavras primeiramente: para as pessoas que receberiam a carta primeiramente, as sete igrejas, nesse caso, um aviso para o arrebatamento; ou para os crentes dos tempos do fim. No entanto, este aviso é importante em qualquer época, pois não apenas as pessoas não sabem até quando vão viver (nesse caso, aconteceria para elas seu fim pessoal), como Jesus pode intervir na história a qualquer momento. Versículo 16 - E os congregaram no lugar que em hebreu se chama Armagedom. O lugar não podemos precisar onde seja. Um lugar onde tropas se reunirão para preparação para Campanha do Armagedom.

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Versículo 17 - E o sétimo anjo derramou a sua taça no ar, e saiu grande voz do templo do céu, do trono, dizendo: Está feito. E o sétimo anjo derramou a sua taça no ar – Alguns vêem aqui uma referência ao reino de Satanás, das potestades do ar (Ef 2.2). Assim, esta taça seria correspondente a prisão de Satanás pelos mil anos (20.3). e saiu grande voz do templo do céu, do trono, dizendo – Uma voz vindo de Deus, sentado no seu trono nos céus. Está feito – Como anteriormente foi dito a João, com as sete taças a ira de Deus está completa (15.1). A sétima taça termina a Tribulação e é seguida pela Segunda Vinda de Cristo. A derrota final dos inimigos de Deus, no entanto, só ocorrerá depois do Milênio, onde Satanás será derrotado e jogado no Lago de Fogo, assim como aqueles ímpios que serão julgados por Deus. Então Deus falará novamente: “Está feito” (21.6). A respeito da frase ser usada antes do que seria o desfecho final, lembremos que Jesus também a usa com relação a sua obra na Terra (Jo 19.30). Versículo 18 - E houve vozes, e trovões, e relâmpagos, e um grande terremoto, como nunca tinha havido desde que há homens sobre a terra; tal foi este tão grande terremoto. Sinais da parte de Deus, entre eles um terremoto mais forte do que qualquer um que tenha havido desde que homem passou a existir. Versículo 19 - E a grande cidade fendeu-se em três partes, e as cidades das nações caíram; e da grande Babilônia se lembrou Deus, para lhe dar o cálice do vinho da indignação da sua ira. E a grande cidade fendeu-se em três partes – Aqui, grande cidade provavelmente se refere a Jerusalém. Este título é usado para Jerusalém terrestre anteriormente (11.8). Além disso, a cidade é diferenciada das cidades das nações, ou seja os gentios. Quanto a cidade ser dividida em três partes, não significa uma destruição completa, como a que passará a Babilônia. e as cidades das nações caíram – As cidades do mundo, que não estão sobre o controle de Deus, cairão. O sistema que jaz no maligno será derrubado. e da grande Babilônia se lembrou Deus, para lhe dar o cálice do vinho da indignação da sua ira – Podemos ver que há um aumento na punição. Primeiro Jerusalém que sofrerá mudanças para se tornar a capital do Reino Milenar. Depois, as cidades das nações que cairão. Por último, Babilônia que será totalmente destruída. Versículo 20 - E toda a ilha fugiu; e os montes não se acharam. Grandes mudanças na superfície da Terra. As montanhas cederão e as ilhas serão submersas. A Terra estará em caos antes da Segunda Vinda de Cristo, mas será regenerada para a fundação do Reino Milenar. Versículo 21 - E sobre os homens caiu do céu uma grande saraiva, pedras do peso de um talento; e os homens blasfemaram de Deus por causa da praga da saraiva; porque a sua praga era mui grande. Um grande apedrejamento sobre aqueles que blasfemam o nome de Deus. As pragas finais serão terríveis e mostrarão todo o poder de Deus sobre a Terra, como não podemos imaginar. Mas em todas as pragas, Deus tem um grande plano e sua justiça e misericórdia serão demonstradas.

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4 – Estudos de Apocalipse: Capítulo 17 e 18– A Babilônia e sua queda_____________________________________ 1 - Introdução

Os capítulos anteriores mostraram todos os julgamentos de Deus, até a Segunda Vinda de Cristo. Os Capítulo 17 e 18 mostram agora mais detalhes referentes a Babilônia e sua queda. 2 – Capítulo 17 Versículo 1 - E veio um dos sete anjos que tinham as sete taças, e falou comigo, dizendo-me: Vem, mostrar-te-ei a condenação da grande prostituta que está assentada sobre muitas águas; E veio um dos sete anjos que tinham as sete taças – Um dos anjos que são mostrados anteriormente participando dos julgamentos das sete taças (15.7). e falou comigo, dizendo-me: Vem, mostrar-te-ei – Frase semelhante ao que é dito sobre a Nova Jerusalém (21.9). As duas cidades contrastam duas realidades: a do mundo e a de Deus. a condenação – Como vimos anteriormente, muitas profecias sobre a destruição da Babilônia foram feitas pelos profetas do AT, mas essas profecias não tiveram cumprimento total. Aqui, estas profecias se cumprirão. Para mais detalhes a respeito da identidade da Babilônia ver Anexo 7 – A Babilônia. da grande prostituta – A grande prostituta, no sentido de que é uma cidade com papel central na idolatria, sendo “a mãe das prostituições na Terra” (17.5). que está assentada sobre muitas águas – As águas aqui representam os muitos povos, que estão sobre influência da Babilônia. Versículo 2 - Com a qual se prostituíram os reis da terra; e os que habitam na terra se embebedaram com o vinho da sua prostituição. Um versículo que fala a respeito da influência da Babilônia sobre os reis da Terra e sobre os habitantes dessa. A Babilônia, como vimos, foi o primeiro centro de revolta humana contra a vontade de Deus e representará um importante centro de influência sob o Anticristo. Versículo 3 - E levou-me em espírito a um deserto, e vi uma mulher assentada sobre uma besta de cor de escarlata, que estava cheia de nomes de blasfêmia, e tinha sete cabeças e dez chifres. E levou-me em espírito a um deserto – João é transportado pelo Espírito Santo para o deserto para um ponto onde sua visão é privilegiada para ver a Babilônia. e vi uma mulher assentada – Essa mulher deve ser contrastada com a mulher vista no Capítulo 12, que representava o povo de Israel. Aqui a mulher, como o texto explica depois, é a cidade da Babilônia. Essa mulher representa a cidade de Babilônia reconstruída, e todos seus aspectos de influência comercial, política e religiosa, em especial como uma cidade importante sob o Anticristo. sobre uma besta de cor de escarlata – Essa besta representa os reis da Terra sobre a influência de Satanás, que é o dragão (também mostrada com a cor dessa Besta). Esses reinos surgiram desde a fundação de Babel e muitos foram influenciados pela

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Babilônia. No fim dos dias essa influência será presente em grande escala pela presença do Anticristo, até que os reis da Terra se juntem e destruam Babilônia. que estava cheia de nomes de blasfêmia – Palavras contra o Deus dos Deuses. A Babilônia se destaca como uma cidade em adoração a coisas que não a Deus. e tinha sete cabeças e dez chifres – Assim como o Anticristo. O significado aqui é o mesmo do descrito anteriormente. As sete cabeças são reinos em momentos diferentes da história e os dez chifres são reis que governam nos últimos dias. Versículo 4 - E a mulher estava vestida de púrpura e de escarlata, e adornada com ouro, e pedras preciosas e pérolas; e tinha na sua mão um cálice de ouro cheio das abominações e da imundícia da sua prostituição; E a mulher estava vestida de púrpura e de escarlata – Cores que representam sua riqueza material e sua identificação como cidade carnal. Suas roupas são contrastadas com as roupas brancas dos santos. e adornada com ouro, e pedras preciosas e pérolas – Mostrando a riqueza da cidade, que também reflete seu materialismo, que também é uma forma de idolatria. e tinha na sua mão um cálice de ouro – Um cálice por fora adornado, mas por dentro cheio de imundícias. O cálice é um símbolo nas Escrituras de uma realidade que pode se estender a outros. Assim, o cálice representa o caráter de cidade cheia de idolatria e contra a vontade de Deus. Essas características influenciam outras cidades e povos, que tomam do cálice da Babilônia. cheio das abominações e da imundícia da sua prostituição – Abominação é tudo que causa a Ira de Deus contra os infiéis da Terra. A prostituição aqui é adorar a outra coisa que não a Deus. Versículo 5 - E na sua testa estava escrito o nome: Mistério, a grande Babilônia, a mãe das prostituições e abominações da terra. E na sua testa estava escrito o nome – Assim como nas testas dos selados de Israel. Ter o nome escrito na testa é um símbolo aqui de identificação clara da cidade com o que é dito a respeito dela. Mistério – O mistério aqui é algo antes não revelado e que se torna conhecido apenas através de revelação divina. O mistério reside na relação entre a cidade de Babilônia e os reinos anteriores (as sete cabeças) e os reis que governam com o Anticristo (os dez chifres). A Babilônia é mostrada como a mãe desses reinos e influenciadora destes. Algumas versões trazem “mistério” como não fazendo parte do nome da Babilônia, numa versão que ficaria assim: “E na sua testa estava escrito o nome de mistério: A grande Babilônia, a mãe das prostituições e abominações da terra.” a grande Babilônia, a mãe das prostituições e abominações da terra – Uma descrição, que segundo aqueles que seguem a interpretação que consideramos a melhor para o texto, que mostra o caráter de Babilônia como o primeiro reino e como sede de reinos que oprimiram e ainda oprimirão o povo de Deus. Versículo 6 - E vi que a mulher estava embriagada do sangue dos santos, e do sangue das testemunhas de Jesus. E, vendo-a eu, maravilhei-me com grande admiração. E vi que a mulher estava embriagada do sangue dos santos, e do sangue das testemunhas de Jesus – Como a Babilônia é mostrada como associada com as sete cabeças e os dez chifres, isso mostra que sobre a Babilônia reside responsabilidade pela perseguição e morte de todos santos pelos reinos desde a época da fundação do Reino

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de Ninrode até o tempo do fim. Dessa forma nela é “encontrado o sangue de todos que foram mortos na Terra” (18.24). E, vendo-a eu, maravilhei-me com grande admiração – Assim como Daniel ficou atônito pelo que viu (Dn 7.28, Dn 8.27) João fica maravilhado por tudo que vê a respeito da Babilônia. Versículo 7 - E o anjo me disse: Por que te admiras? Eu te direi o mistério da mulher, e da besta que a traz, a qual tem sete cabeças e dez chifres. Um anjo vêm e explica para João o Mistério. Ele mostra o significado daquilo que João tinha visto. O restante do Capítulo mostra essa explicação. Versículo 8 - A besta que viste foi e já não é, e há de subir do abismo, e irá à perdição; e os que habitam na terra (cujos nomes não estão escritos no livro da vida, desde a fundação do mundo) se admirarão, vendo a besta que era e já não é, mas que virá. A besta que viste foi e já não é, e há de subir do abismo, e irá à perdição – Um versículo que mostra características do Anticristo e de seu reino. Ver mais explicações nos comentários do Capítulo 13. e os que habitam na terra (cujos nomes não estão escritos no livro da vida, desde a fundação do mundo) se admirarão, vendo a besta que era e já não é, mas que virá – Os moradores da Terra, aqueles que não foram escolhidos para a Salvação em Cristo Jesus, se admirarão e adorarão o Anticristo. Versículo 9 - Aqui o sentido, que tem sabedoria. As sete cabeças são sete montes, sobre os quais a mulher está assentada. Aqui o sentido, que tem sabedoria – A explicação, que só pode ser conhecida pela revelação especial de Deus. As sete cabeças são sete montes – Montanhas aqui é, para alguns intérpretes, uma forma de caracterizar essa mulher com a cidade de Roma, cercada por 7 montanhas. Porém, entendemos que não seja isto que esteja em vista. Montanhas aqui representam os reis dos Reinos que são representados pelas sete cabeças. Esta identificação de reis com montanhas não é única desse texto. Ver por exemplo Jr 51.25, Dn 2.35 e Zc 4.7. sobre os quais a mulher está assentada – Mostrando o suporte e influência da Babilônia com outros Reinos da História. Versículo 10 - E são também sete reis; cinco já caíram, e um existe; outro ainda não é vindo; e, quando vier, convém que dure um pouco de tempo. E são também sete reis – A palavra “também” aqui não é a melhor tradução. A melhor tradução seria “Há sete reis; cinco....”. Os reis, montanhas e cabeças são símbolos dos reis e dos reinos que existiram na história. cinco já caíram, e um existe; outro ainda não é vindo; e, quando vier, convém que dure um pouco de tempo – Já discutimos isso anteriormente. A melhor identificação desses reinos é: Babel, Egito, Babilônia, Média-Pérsia e Grécia (cinco que caíram), Roma (o que existe) e o Reino do Anticristo nos fins dos dias (o que há de vir e durará pouco tempo).

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Versículo 11 - E a besta que era e já não é, é ela também o oitavo, e é dos sete, e vai à perdição O Anticristo será um dos reis do sétimo reino, mas será especial pois será cheio do poder de Satanás e será assim o oitavo rei também. Irá para a perdição, entretanto, sendo derrotado e jogado no lago de fogo. Versículo 12 - E os dez chifres que viste são dez reis, que ainda não receberam o reino, mas receberão poder como reis por uma hora, juntamente com a besta. E os dez chifres que viste são dez reis, que ainda não receberam o reino – Estes reis são reis que no tempo de João ainda não tinham recebido poder, ou seja reis do futuro. mas receberão poder como reis por uma hora – Estes homens receberão poder para governar o mundo sobre influência do Anticristo nos últimos dias. Uma hora indica um período curto de tempo, os anos da Tribulação. juntamente com a besta – Seu poder será estabelecido por apoio ao Anticristo e em última análise a Satanás. Versículo 13 - Estes têm um mesmo intento, e entregarão o seu poder e autoridade à besta. O Anticristo conseguirá assim o controle sobre toda Terra, através desses governantes. Se geralmente os governantes da Terra nunca conseguem se unir para fazer algo comum e bom, aqui esses governantes se unirão para apoiar o mal. Isso no entanto será pela vontade de Deus, para julgar a Terra. Versículo 14 - Estes combaterão contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, porque é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão os que estão com ele, chamados, e eleitos, e fiéis Estes combaterão contra o Cordeiro – Os governantes da Terra se unirão com o Anticristo contra o povo de Deus e contra Cristo. e o Cordeiro os vencerá – Na sua Segunda Vinda, Cristo virá como o rei e derrotará a coligação de reis na Campanha do Armagedom, se estabelecendo sobre todos. porque é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão os que estão com ele, chamados, e eleitos, e fiéis – Aqueles que seguem a Cristo são vencedores, não importa o que ocorra. Versículo 15 - E disse-me: As águas que viste, onde se assenta a prostituta, são povos, e multidões, e nações, e línguas. E disse-me: As águas que viste, onde se assenta a prostituta – A Babilônia é descrita no versículo 1 como assentada sobre muitas águas. são povos, e multidões, e nações, e línguas – Todos aqueles que em todo tempo e lugar seguiram aquilo que está no cálice da Babilônia: idolatria, prostituição, abominações. Todos os povos, de acordo com o relato da Bíblia, surgiram em última análise da dispersão dos povos em Babel, onde surgiria a Babilônia.

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Versículo 16 - E os dez chifres que viste na besta são os que odiarão a prostituta, e a colocarão desolada e nua, e comerão a sua carne, e a queimarão no fogo. E os dez chifres que viste na besta são os que odiarão a prostituta – No fim dos dias, os governantes da Terra odiarão a cidade de Babilônia e a influência vinda dela. Não é dito especificamente por que. Podemos apenas fazer especulações, como por exemplo, o fato de a Babilônia exigir um suporte que para estes reis será dispendioso. e a colocarão desolada e nua, e comerão a sua carne, e a queimarão no fogo – A cidade de Babilônia será destruída, cumprindo as profecias feitas pelos profetas do AT. Dela nada ficará de sua riqueza inicial. O próximo capítulo mostra como será grande a destruição da cidade de Babilônia. Versículo 17 - Porque Deus tem posto em seus corações, que cumpram o seu intento, e tenham uma mesma idéia, e que dêem à besta o seu reino, até que se cumpram as palavras de Deus. Estes governantes da Terra só seguirão fielmente o Anticristo por que ai reside a vontade de Deus. Unidos eles cumprem a vontade de Deus de castigar a cidade da Babilônia e juntos eles serão julgados na Segunda Vinda de Cristo. Versículo 18 - E a mulher que viste é a grande cidade que reina sobre os reis da terra Babilônia. A grande cidade dos tempos antigos e novamente nos tempos dos fim. 2 – Capítulo 18 Versículo 1 - E depois destas coisas vi descer do céu outro anjo, que tinha grande poder, e a terra foi iluminada com a sua glória. E depois destas coisas – Tendo visto a cidade de Babilônia, João vê agora a cidade sendo destruída. vi descer do céu outro anjo, que tinha grande poder, e a terra foi iluminada com a sua glória – Este anjo virá para proclamar a destruição da Babilônia. A destruição da Babilônia é o desejo de Deus e faz parte dos seus julgamentos finais. Versículo 2 - E clamou fortemente com grande voz, dizendo: Caiu, caiu a grande Babilônia, e se tornou morada de demônios, e covil de todo espírito imundo, e esconderijo de toda ave imunda e odiável. E clamou fortemente com grande voz, dizendo – O anjo anuncia que um importante evento será mostrado a João. Caiu, caiu a grande Babilônia – A destruição prevista anteriormente pelos profetas do Senhor ocorrerá e aqui é mostrada. e se tornou morada de demônios, e covil de todo espírito imundo, e esconderijo de toda ave imunda e odiável – A cidade destruída será um lugar de destruição, marcada pela presença de demônios que ficaram ali aprisionados e pela presença de corvos, a comer os cadáveres daqueles que pereceram com a cidade. A destruição será total e sem volta.

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Versículo 3 - Porque todas as nações beberam do vinho da ira da sua prostituição, e os reis da terra se prostituíram com ela; e os mercadores da terra se enriqueceram com a abundância de suas delícias Um relato do poder, riqueza e influência que a Babilônia exerceu e exercia antes da sua destruição. Versículo 4 - E ouvi outra voz do céu, que dizia: Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados, e para que não incorras nas suas pragas Embora muitos intérpretes vejam aqui um significado espiritualizado, não parece pelo contexto ser isso que esteja em vista. O texto não quer que o povo de Deus se afaste do mundo representado pela Babilônia. É antes disso, um aviso para os fiéis, que por acaso estiverem na cidade da Babilônia, deixarem a cidade antes da sua destruição. Versículo 5 - Porque já os seus pecados se acumularam até ao céu, e Deus se lembrou das iniqüidades dela. Nos últimos dias, Deus se lembrará do sangue dos justos derramado em toda história e das iniqüidades cometidas sobre a Terra e castigará os infiéis. A destruição da Babilônia faz parte desse momento. Versículo 6 - Tornai-lhe a dar como ela vos tem dado, e retribuí-lhe em dobro conforme as suas obras; no cálice em que vos deu de beber, dai-lhe a ela em dobro. Uma frase que se refere aos governantes da Terra. Assim como a Babilônia dominou e mesmo destruiu muitas cidades, por exemplo Jerusalém em 586AC, os governantes são chamados para dar-lhe o dobro e destruí-la totalmente. Versículo 7 - Quanto ela se glorificou, e em delícias esteve, foi-lhe outro tanto de tormento e pranto; porque diz em seu coração: Estou assentada como rainha, e não sou viúva, e não verei o pranto. Os governantes e moradores da Babilônia tem seu coração cheio de orgulho e auto-suficiência. No entanto, verão que quando o desejo de Deus se manifestar, esse orgulho será jogado por Terra. O mesmo ocorrerá com todos que acham que não tem necessidade de Deus. No fim, verão que tudo que fizeram foi em vão e serão julgados. Versículo 8 - Portanto, num dia virão as suas pragas, a morte, e o pranto, e a fome; e será queimada no fogo; porque é forte o Senhor Deus que a julga. A destruição virá em um dia, ou seja, será em pouco destruída a cidade. Deus que julga a cidade da Babilônia é poderoso e usará os próprios governantes da Terra para fazerem sua vontade. Versículo 9 - E os reis da terra, que se prostituíram com ela, e viveram em delícias, a chorarão, e sobre ela prantearão, quando virem a fumaça do seu incêndio; E os reis da terra – Não os governantes da Terra que estão sobre a influência do Anticristo, mas outros que estão ligados a Babilônia. São distintos dos 10 chifres que juntos destruíram a cidade. que se prostituíram com ela, e viveram em delícias, a chorarão, e sobre ela prantearão, quando virem a fumaça do seu incêndio – Este povos prantearão pela

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destruição da Babilônia, que era uma cidade poderosa e rica, influente e sedutora para esses reis. Versículo 10 - Estando de longe pelo temor do seu tormento, dizendo: Ai! ai daquela grande Babilônia, aquela forte cidade! pois numa hora veio o seu juízo. Será grande o lamento pela destruição da cidade. Este evento marcará profundamente os dias da Grande Tribulação. Versículo 11 - E sobre ela choram e lamentam os mercadores da terra; porque ninguém mais compra as suas mercadorias. Versículo 12 - Mercadorias de ouro, e de prata, e de pedras preciosas, e de pérolas, e de linho fino, e de púrpura, e de seda, e de escarlata; e toda a madeira odorífera, e todo o vaso de marfim, e todo o vaso de madeira preciosíssima, de bronze e de ferro, e de mármore; Versículo 13 - E canela, e perfume, e mirra, e incenso, e vinho, e azeite, e flor de farinha, e trigo, e gado, e ovelhas; e cavalos, e carros, e corpos e almas de homens. Versículo 14 - E o fruto do desejo da tua alma foi-se de ti; e todas as coisas gostosas e excelentes se foram de ti, e não mais as acharás. Um lamento é levantado pelos mercadores e todos que usufruíam das riquezas que a cidade tinha. A cidade era grande e poderosa, talvez como nenhuma cidade antes foi. Porém sua destruição será total e irreversível. Versículo 15 - Os mercadores destas coisas, que com elas se enriqueceram, estarão de longe, pelo temor do seu tormento, chorando e lamentando, Versículo 16 - E dizendo: Ai, ai daquela grande cidade! que estava vestida de linho fino, de púrpura, de escarlata; e adornada com ouro e pedras preciosas e pérolas! porque numa hora foram assoladas tantas riquezas. Versículo 17 - E todo o piloto, e todo o que navega em naus, e todo o marinheiro, e todos os que negociam no mar se puseram de longe; Versículo 18 - E, vendo a fumaça do seu incêndio, clamaram, dizendo: Que cidade é semelhante a esta grande cidade? Versículo 19 - E lançaram pó sobre as suas cabeças, e clamaram, chorando, e lamentando, e dizendo: Ai, ai daquela grande cidade! na qual todos os que tinham naus no mar se enriqueceram em razão da sua opulência; porque numa hora foi assolada. O comércio com a cidade será importante para muitos povos como podemos ver aqui. O lamento sobre a destruição de tão importante cidade será grande. Versículo 20 - Alegra-te sobre ela, ó céu, e vós, santos apóstolos e profetas; porque já Deus julgou a vossa causa quanto a ela. A destruição da Babilônia será em vingança a todas injustiças cometidas e pela morte do povo de Deus. Não que todos tenham sido mortos nessa cidade. A Babilônia como vimos está diretamente ligada aos reinos que vieram antes, inclusive o Império Romano, que matou os apóstolos.

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Versículo 21 - E um forte anjo levantou uma pedra como uma grande mó, e lançou-a no mar, dizendo: Com igual ímpeto será lançada Babilônia, aquela grande cidade, e não será jamais achada. Uma representação da irreversibilidade e da extensão com a qual Babilônia será destruída. Versículo 22 - E em ti não se ouvirá mais a voz de harpistas, e de músicos, e de flautistas, e de trombeteiros, e nenhum artífice de arte alguma se achará mais em ti; e ruído de mó em ti não se ouvirá mais; Ninguém habitará mais a cidade para nela produzir alguma coisa. Nela só haverá demônios e cadáveres. Versículo 23 - E luz de candeia não mais luzir,á em ti, e voz de esposo e de esposa não mais em ti se ouvirá; porque os teus mercadores eram os grandes da terra; porque todas as nações foram enganadas pelas tuas feitiçarias. Uma vez que a cidade a muitos influenciou pela sua riqueza a seguir seu sistema religioso contra o desejo de Deus, ela será totalmente destruída. Versículo 24 - E nela se achou o sangue dos profetas, e dos santos, e de todos os que foram mortos na terra. Como a cidade é a mãe de todas prostituições, todo o sangue derramado na Terra nela é encontrado. Como podemos ver por esse capítulo, a Babilônia representa, por sua riqueza e influência nos tempos do fim, e por sua influência como a cidade que surgiu da primeira revolta humana e tentativa de se erguer contra Deus, toda a tentativa do homem de governo contra o desejo de Deus. Sua destruição é o julgamento desse sistema. O julgamento do último revolucionário, o Anticristo, e do primeiro, Satanás, ainda está por vir depois da destruição da Babilônia.

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4 – Estudos de Apocalipse: Capítulo 19– A Segunda Vinda de Cristo__________________________________ 1 - Introdução

O Capítulo 19 mostra o decorrer da história dos últimos dias. Não é uma continuação qualquer. É o cumprimento final das profecias do AT e da esperanças do Cristão: a Segunda Vinda de Cristo. Cristo aparece para estabelecer seu reino e derrotar os adversários que a Ele se opuseram. 2 – A Segunda Vinda de Cristo Versículo 1 - E, depois destas coisas ouvi no céu como que uma grande voz de uma grande multidão, que dizia: Aleluia! Salvação, e glória, e honra, e poder pertencem ao Senhor nosso Deus; E, depois destas coisas – Depois do derramamento da sétima taça e da destruição da Babilônia. ouvi no céu como que uma grande voz de uma grande multidão, que dizia – Uma multidão incontável louva a Deus pelo momento tão importante que seguirá: a Segunda Vinda de Cristo. Nesse coro, a Igreja arrebatada, os santos martirizados da Tribulação, os anjos de Deus cantam em grande louvor. Aleluia! Salvação, e glória, e honra, e poder pertencem ao Senhor nosso Deus – Um louvor a Cristo, que após abrir os selos voltará para salvar seu povo e redimir toda a Criação. Versículo 2 - Porque verdadeiros e justos são os seus juízos, pois julgou a grande prostituta, que havia corrompido a terra com a sua prostituição, e das mãos dela vingou o sangue dos seus servos. O julgamento de Deus é justo. A destruição da Babilônia é um sinal da justiça de Deus. Embora os maus possam parecer vitoriosos em um primeiro momento, no fim seus pecados serão julgados, pois não aceitaram o Caminho. Versículo 3 - E outra vez disseram: Aleluia! E a fumaça dela sobe para todo o sempre. A destruição de Babilônia será eterna. O Anticristo e seus seguidores em breve serão destruídos também, depois virá o Milênio e Satanás será derrotado. Versículo 4 - E os vinte e quatro anciãos, e os quatro animais, prostraram-se e adoraram a Deus, que estava assentado no trono, dizendo: Amém. Aleluia! Os personagens mostrados desde que João teve a primeira visão dos céus, antes do início dos últimos dias, são agora mostrados adorando em alegria nesse momento crucial. Versículo 5 - E saiu uma voz do trono, que dizia: Louvai o nosso Deus, vós, todos os seus servos, e vós que o temeis, assim pequenos como grandes. Um anjo próximo ao trono de Deus conclama todos a louvarem a Deus pelas suas maravilhas.

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Versículo 6 - E ouvi como que a voz de uma grande multidão, e como que a voz de muitas águas, e como que a voz de grandes trovões, que dizia: Aleluia! pois já o Senhor Deus Todo-Poderoso reina. A multidão louva o nome de Deus Todo-Poderoso. Jesus voltará e reinará. Versículo 7 - Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe glória; porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou. Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe glória – Mais um chamado ao louvor. Se Deus é exaltado e louvado em todos momentos, nesse mais ainda será o louvor. É chegada a tão esperada Volta de Cristo. porque vindas são as bodas do Cordeiro – As Bodas do Cordeiro é uma figura importante do NT para descrever o que acontece entre Cristo e a Igreja. Anexo 9 – As bodas do Cordeiro..................................................... Para melhor compreender a figura das bodas do Cordeiro, é interessante que se entenda como era o casamento judeu, uma vez que os escritores dos evangelhos, com exceção de Lucas, era judeus, assim como Paulo o era. O casamento judeu do 1º Século seguia algumas etapas e era diferente dos casamentos ocidentais atuais. Essas etapas eram:

• Pacto Matrimonial: era o estabelecimento do acordo de casamento. O pai do noivo fazia o arranjo e pagava o preço pela noiva. Esse passo do casamento acontecia em tempo variado, as vezes quando os noivos eram crianças ainda.

• Preparação dos aposentos da noiva: a próxima etapa ocorria quando o noivo se preparava para trazer a noiva para sua casa. Ele tinha que deixar os aposentos da noiva pronto para fazer isto.

• O noivo busca a noiva: Em um tempo determinado pelo pai do noivo, este ia até a casa do pai da noiva para a levar para sua casa. O tempo para essa etapa não era conhecido pela noiva, que esperava pelo noivo vir buscá-la.

• A noiva se prepara para a cerimônia de casamento: Quando o noivo busca a noiva, essa passa por um banho cerimonial para limpeza ritual.

• A cerimônia de casamento: as bodas. Era uma cerimônia reservada para a qual poucas testemunhas eram convidadas.

• A consumação do casamento: Ocorria após a cerimônia de casamento, nos aposentos preparados anteriormente.

• O banquete de casamento: Era uma festa para o qual muitas pessoas eram convidadas, para celebrar a união.

Tendo conhecimento destas etapas, podemos entender melhor a figura usada nas Escrituras para descrever as bodas do Cordeiro. Como podemos ver pelo versículo, e por outro textos, como Mc 2.19-20, o noivo é Cristo. A questão que fica é: quem é a noiva então.

Uma dica pode ser retirada do que João Batista diz em Jo 3.29: “O que tem a noiva é o noivo; o amigo do noivo que está presente e o ouve muito se regozija por causa da voz do noivo. Pois esta alegria já se cumpriu em mim”. Como podemos ver, João se declara como amigo do noivo, sendo o noivo Jesus. Assim, João Batista, o último profeta da Antiga Aliança, se declara como amigo do noivo. Vemos que João Batista não faz parte da noiva portanto. Isto é um indicativo que nem todos aqueles que fazem parte do povo de Deus são parte da noiva.

De fato, o povo de Israel é mostrado na Palavra com um papel diferente. Isto pode ser visto no AT. Em textos como Jr 3.14, Jr 31.32, Is 54.5-8, Israel é mostrado como a

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esposa de Deus, desposada na juventude e muitas vezes infiel. Assim, Israel, povo da Antiga Aliança, não é a noiva de Cristo, mas a esposa do Senhor.

Quando nos deparamos com textos do NT vemos então que a figura da bodas do Cordeiro são usadas e a noiva de Cristo pode ser identificada. Esta noiva é a Igreja. Vejamos primeiro como Paulo se dirige a igreja de Corinto em 2Co 11.2. Neste texto Paulo fala que a Igreja foi preparada como virgem para o esposo que é Cristo. Em Ef 5.22-27 Paulo mostra que os maridos devem amar suas esposas assim como Cristo amou a Igreja. Vemos portanto que o noivo é Cristo e a noiva a Igreja. Assim como Eva era mulher e corpo de Adão, a Igreja é noiva e corpo de Cristo.

Voltando as etapas do casamento judeu, do qual a figura é retirada, podemos ver melhor a relação entre Cristo e a Igreja:

• Pacto Matrimonial: O pai do noivo, Deus, pagou o preço pela noiva, a Igreja. Esse preço foi o sangue de seu próprio filho, derramado pelos pecados daquele que viriam a se tornar parte da noiva (At 20.28, 1 Co 6.19-20). Todos aqueles que aceitam o sacrifício de Jesus fazem parte da noiva.

• Preparação dos aposentos da noiva: Jesus, tendo vindo a Terra e pago o preço, foi para os céus preparar os aposentos de sua noiva (Jo 14.2).

• O noivo busca a noiva: A retirada da noiva é o arrebatamento da Igreja. Cristo que foi para os céus, levará a Igreja para os céus. Os santos da Igreja receberão corpos glorificados e esperarão pelas Bodas do Cordeiro. A Igreja não sabe quando isso ocorrerá, mas espera por esse momento (Jo 14.3, 1 Ts 4.13-18).

• A noiva se prepara para a cerimônia de casamento: Esta etapa é o período em que a Igreja está nos céus com Cristo, do arrebatamento até a Segunda Vinda.

• A cerimônia de casamento: As bodas do Cordeiro. A Segunda Vinda de Cristo, com sua Igreja, para estabelecer o Reino Milenar de Cristo sobre a Terra.

• A consumação do casamento: Acontece na Segunda Vinda, com os santos da Igreja reinando com Cristo durante seu reino Milenar.

• O Banquete de Casamento: Este é a ceia das Bodas do Cordeiro. Acontecerá durante o Reino Milenar de Cristo, e incluirá os santos de outras Alianças, os do AT e os da Tribulação.

Tendo determinado essas características referentes a essa figura das Bodas do Cordeiro podemos melhor compreender os acontecimentos de Apocalipse.

e já a sua esposa se aprontou – A esposa é a Igreja. Sua preparação ocorre depois do arrebatamento. Os salvos da Igreja receberão corpos glorificados e serão julgados por Cristo. Esse julgamento visa ao recebimento de seu galardão. Textos que mostram as pessoas da Igreja sendo julgadas por Cristo são, por exemplo, Rm 14.10-12, 1 Co 3.11-16, 1 Co 4.4-5, 2 Co 5.10-11. Versículo 8 - pois lhe foi dado vestir-se de linho finíssimo, resplandecente e puro. Porque o linho finíssimo são os atos de justiça dos santos. pois lhe foi dado vestir-se de linho finíssimo, resplandecente e puro – As roupas da noiva, a Igreja, são gloriosas e dadas a esta por Cristo. Porque o linho finíssimo são os atos de justiça dos santos – A Igreja se veste em glória pelos atos de justiça daqueles que a ela pertencem. Veja que aqui, como em muitos outros textos, os atos de justiça são dádivas de Deus, uma vez que ninguém sozinho poderia fazer o bem ou receber sua salvação.

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Versículo 9 - Então, me falou o anjo: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. E acrescentou: São estas as verdadeiras palavras de Deus. à ceia das bodas do Cordeiro – Esta ceia ocorrerá depois da Segunda Vinda de Cristo. Inclui o Reino Milenar de Cristo, mas é mais do que ele, incluindo toda a eternidade, na qual os santos terão intimidade com Deus, como convidados para o banquete. Aqui inclui-se todo o corpo de redimidos, de todas eras: os salvos do AT, da Igreja e da Tribulação. Neste banquete, os salvos virão e sentar-se-ão com os patriarcas (Mt 8.11-12) e Jesus novamente participará da Ceia (Lc 22.15-18). E acrescentou: São estas as verdadeiras palavras de Deus – Mais uma confirmação para João e os leitores do livro que as coisas que João viu são fatos certos e que ocorrerão. Versículo 10 - Prostrei-me ante os seus pés para adorá-lo. Ele, porém, me disse: Vê, não faças isso; sou conservo teu e dos teus irmãos que mantêm o testemunho de Jesus; adora a Deus. Pois o testemunho de Jesus é o espírito da profecia. Prostrei-me ante os seus pés para adorá-lo. Ele, porém, me disse: Vê, não faças isso; sou conservo teu e dos teus irmãos que mantêm o testemunho de Jesus; adora a Deus – A glória daquilo que João vê é tão grande que ele cai de joelhos ao pé do anjo que lhe mostra os acontecimentos. O anjo porém deixa claro, que ele também é uma criatura, e que o louvor deve ser dado a Deus. Pois o testemunho de Jesus é o espírito da profecia – Como Pedro fala em 1Pe 1.10-12, e outros textos mostram as profecias vêem de Deus pela ação do Espírito Santo. As profecias em última análise convergem em Cristo e para honra dele. Versículo 11 - Vi o céu aberto, e eis um cavalo branco. O seu cavaleiro se chama Fiel e Verdadeiro e julga e peleja com justiça. Vi o céu aberto, e eis um cavalo branco – Jesus vêem sobre as nuvens como ascendeu aos céus após sua ressurreição (At 1.9). É mostrado em um cavalo branco para mostrar que vêem para estabelecer a paz através de seu poder. O seu cavaleiro se chama Fiel e Verdadeiro – Jesus é a verdade (Jo 14.6), e para ele é impossível mentir. Ele é a Fiel Testemunha (1.5). e julga e peleja com justiça – A sua vitória contra os impenitentes que se juntam para impedir a vontade de Deus, na Campanha do Armagedom, é uma vitória da justiça. Jesus virá para estabelecer o Reino de Justiça no Milênio (Is 9.6-7). Versículo 12 - Os seus olhos são chama de fogo; na sua cabeça, há muitos diademas; tem um nome escrito que ninguém conhece, senão ele mesmo Os seus olhos são chama de fogo – Assim como na primeira visão de Jesus glorificado (1.14). Mostra que sua visão é total, capaz de penetrar as mais espessas trevas e trazer a tona todas as coisas. na sua cabeça, há muitos diademas – Mostrando que Jesus é o Rei dos Reis. Mostra os diversos aspectos de seu poder. tem um nome escrito que ninguém conhece, senão ele mesmo – O nome mostra o caráter. Somente Deus pode entender toda a glória que existe no filho. Essa glória será revelada aos salvos que estarão com Deus e Jesus na eternidade.

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Versículo 13 - Está vestido com um manto tinto de sangue, e o seu nome se chama o Verbo de Deus; Está vestido com um manto tinto de sangue – Embora muitos intérpretes vejam aqui uma referência ao próprio sangue de Jesus, a melhor interpretação é que o sangue aqui seja o dos inimigos derrotados e pisados no lagar da Ira de Deus. e o seu nome se chama o Verbo de Deus – O Verbo que se fez carne e que era antes de qualquer coisa ser (Jo 1.1). Este é um título usado apenas por João, o que é mais um indicativo da autoria do Apóstolo. Versículo 14 - e seguiam-no os exércitos que há no céu, montando cavalos brancos, com vestiduras de linho finíssimo, branco e puro. Este exército é constituído tanto pelos anjos de Deus (2 Ts 1.7) quanto pelos salvos que foram levados no Arrebatamento (17.14). Suas vestes mostram seu caráter de quem foi eleito e tem um corpo glorificado em Deus, vivendo em justiça diante do Senhor. Versículo 15 - Sai da sua boca uma espada afiada, para com ela ferir as nações; e ele mesmo as regerá com cetro de ferro e, pessoalmente, pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso. Sai da sua boca uma espada afiada, para com ela ferir as nações – Os inimigos são fisicamente destruídos. Isto ocorre por terem ido contra a Palavra de Cristo, que é a espada afiada que está em sua boca. Com a palavra de Cristo, seus inimigos serão destruídos. e ele mesmo as regerá com cetro de ferro – Assim como o Sl 2 descreve. Terá início o reino que Daniel viu, que se levantou e esmagou todos outros (Dn 2.44). pessoalmente, pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso – Embora os exércitos do Céu o acompanhem, será somente Cristo quem derrotará todos exércitos do Anticristo. Ver Is 63.3-5. Versículo 16 - Tem no seu manto e na sua coxa um nome inscrito: REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES. Jesus é o grande Senhor e Rei da Terra. Qualquer governo que existe, existiu ou existirá é nada diante dele. Versículo 17 - Então, vi um anjo posto em pé no sol, e clamou com grande voz, falando a todas as aves que voam pelo meio do céu: Vinde, reuni-vos para a grande ceia de Deus, Então, vi um anjo posto em pé no sol – Mostrando que ele se coloca num lugar de fácil visualização e que aparenta grande glória. falando a todas as aves que voam pelo meio do céu: Vinde, reuni-vos para a grande ceia de Deus – Os inimigos de Jesus serão destruídos e seus corpos deixados para serem comidos pelas aves do céu. Sofrerão a maldição que é colocada em Dt 28.26. Jesus fala algo semelhante a este versículo em Mt 24.27-28.

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Versículo 18 - para que comais carnes de reis, carnes de comandantes, carnes de poderosos, carnes de cavalos e seus cavaleiros, carnes de todos, quer livres, quer escravos, tanto pequenos como grandes Todos homens, não importando se importantes ou não, entre os que se uniram ao Anticristo para lutar contra o povo de Cristo e contra ele serão mortos e sua carne jogada para alimento dos animais. Versículo 19 - E vi a besta e os reis da terra, com os seus exércitos, congregados para pelejarem contra aquele que estava montado no cavalo e contra o seu exército. O Anticristo e aqueles que a ele se aliaram estarão reunidos para a batalha. Serão derrotados com facilidade por Cristo. Sua reunião é o resultado de não se arrependerem, tendo sido endurecidos e levados por espíritos imundos a se juntarem para sua derrota final (16.14). Versículo 20 - Mas a besta foi aprisionada, e com ela o falso profeta que, com os sinais feitos diante dela, seduziu aqueles que receberam a marca da besta e eram os adoradores da sua imagem. Os dois foram lançados vivos dentro do lago de fogo que arde com enxofre. O Anticristo e o Falso Profeta, que lideraram a revolta contra Deus durante a Tribulação terão um fim único. Serão jogados vivos para o Inferno, onde sofrerão tormento eterno na Segunda Morte, ao invés de serem mortos e julgados no Julgamento do Grande Trono Branco. Serão os primeiros a irem para o Lago de Fogo. Depois Satanás e os demônios serão jogados no Lago de Fogo e por último os não-salvos julgados por Deus. Versículo 21 - Os restantes foram mortos com a espada que saía da boca daquele que estava montado no cavalo. E todas as aves se fartaram das suas carnes. Com exceção do Anticristo e do Falso, todos aqueles que se juntaram para lutar contra Cristo serão mortos e seus corpos deixados sem sepultamento, mostrando sua humilhação e derrota.

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4 – Estudos de Apocalipse: Capítulo 20– A vitória se completa_______________________________________ 1 - Introdução

O Capítulo 20 é um dos mais importantes na interpretação de Apocalipse. De que forma é a prisão de Satanás, o que significa o Milênio, onde será o Reino Milenar de Cristo? Essas perguntas surgem para aquele que estudar com dedicação e atenção o Livro de Apocalipse e o consenso aqui não é uma realidade. No entanto, como pessoas que amam a Palavra de Deus, não devemos deixar de tentar buscar a verdade. 2 – A Prisão de Satanás e o Milênio Versículo 1 - Então, vi descer do céu um anjo; tinha na mão a chave do abismo e uma grande corrente. Então, vi descer do céu um anjo – Mais um anjo é mostrado agindo para fazer o plano de Deus se cumprir. O anjo aqui não é descrito como forte ou poderoso, mas prende Satanás. Essa é mais uma indicação de que Satanás nada mais é que uma criatura. tinha na mão a chave do abismo – O mesmo abismo que foi mostrado anteriormente no Capítulo 9, versículo 1. Um lugar de aprisionamento de Demônios, para que estes não possam agir. uma grande corrente – Não uma corrente literal, mas sim uma descrição da capacidade que esse anjo tem de aprisionar Satanás e impedir assim sua ação. Semelhante uso dessa figura é encontrado em Jd 1.6. Versículo 2 – Ele segurou o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás, e o prendeu por mil anos; Chegamos aquele que deve ser o versículo que mais discussões gerou até hoje no Livro de Apocalipse, e talvez um dos que mais geram discussões na Bíblia. De fato, em torno de como se interpreta este versículo, podemos tirar muitas conclusões de como uma pessoa interpreta o próprio livro de Apocalipse, uma vez que a interpretação dada a este versículo depende de como se enxerga o Livro de Apocalipse. O assunto é extenso e poderia ocupar um livro (como de fato há livros apenas sobre o Milênio), mas tentaremos explicar de forma resumida as visões milenaristas existentes. Anexo 10 – O Milênio...................................................................... 1 – Pós-Milenarismo Em linhas gerais, o Pós-Milenarismo acredita que o Evangelho será pregado com intensidade cada vez maior, até que chegue uma era em que todas as pessoas sobre a Terra praticamente serão convertidas a Cristo. Uma era de paz e amor a Cristo entre as pessoas e as nações se estabelecerá até Cristo voltar, para ressuscitar os mortos e realizar o julgamento final, trazendo fim a História. Existem variantes dentro de cada visão milenaristas. No caso do Pós-Milenarismo, as divergências ocorrem em relação a se o Milênio representa mil anos ou é apenas um símbolo, sobre a importância do povo judeu no estabelecimento do Milênio, sobre como deve ser a relação entre Estado-Igreja, entre outros pontos de discussão.

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Os pós-milenaristas apóiam sua visão na exegese de textos como Is 2.2-4 no AT, e na parábola do grão de mostarda (Mt 13.31-32) no NT. Quanto ao texto de Apocalipse 20, os pós-milenaristas entendem esse texto como sendo essencialmente figurativo: os mil anos são um número simbólico de um grande tempo, iniciado na primeira vinda de Cristo. O anjo que prende Satanás é Cristo, que prende a Satanás na sua morte e ressurreição. A prisão de Satanás é uma figura da restrição de sua ação pela vinda de Cristo e a pregação da mensagem as nações. Somente nos últimos dias Satanás terá novamente a chance de enganar as nações, antes da Segunda Vinda de Cristo; mas até lá, as nações crescerão em aprender a palavra de Deus. Essencial para o pós-milenarismo é a visão do “já/ainda não”, ou seja, interpretar textos como já tendo se cumprido em parte, mas ainda esperando um cumprimento final. Assim, a prisão de Satanás já é uma realidade, mas espera o cumprimento final antes da Segunda Vinda de Cristo. As principais dificuldades que podemos apontar no sistema pós-milenarista são a dificuldade de se enxergar o avanço da Palavra de Deus passados 2000 anos (avanço que os pós-milenaristas dizem ter iniciado após a primeira vinda de Cristo), além de uma exegese que claramente contraria o contexto de textos como Apocalipse 20, aos quais os pós-milenaristas geralmente são reticentes. Em busca de defender o pós-milenarismo, muitos comentaristas tratam textos de forma simbólica apenas, mas como dissemos anteriormente, nada há nestes textos que peça essa interpretação. 2 – Amilenarismo Os amilenaristas, como o próprio nome diz, não acreditam na existência de uma era milenar sobre a Terra. Para os amilenaristas, o livro de Apocalipse deve ser lido de forma idealista e as profecias sobre o povo de Israel devem ser entendidas como referindo-se a Cristo e a Igreja. Os amilenaristas entendem que textos como Apocalipse 20 falam a respeito da era da Igreja, onde Satanás está restringido em suas ações. Não haverá progresso na pregação do evangelho como dizem os pós-milenaristas, mas os mil anos são apenas uma indicação simbólica dos nossos dias, que antecedem a Segunda Vinda. Em um dia qualquer de nosso tempo, Cristo voltará e todos os mortos ressuscitarão e os vivos receberão novos corpos. O julgamento ocorrerá e novos céus e nova terra serão criados. Não existe um milênio. O amilenarismo tem pontos falhos em não analisar os textos bíblicos de forma coerente. Assim, este desconsidera a multiplicidade de cumprimentos que uma profecia pode ter (como por exemplo ocorre nas profecias sobre o futuro descendente de Davi). Além disso, a visão de que o povo de Israel é apenas a Igreja e as promessas a este não serão cumpridas em um Israel étnico, carecem de apoio bíblico e encontram referências contrárias em textos como Romanos 11. 3 – Pré-Milenarismo

O Pré-Milenarismo é o sistema de interpretação que considera que a Segunda Vinda de Cristo será seguida por um reino milenar sobre a Terra, ao fim do qual Satanás será finalmente derrotado e o julgamento final ocorrerá. O Pré-Milenarismo usa uma interpretação futurista e literal de Apocalipse. Uma divisão existente entre os pré-milenarista reside em quando ocorrerá o arrebatamento. Assim existem pré-milenaristas pré, pós e meso tribulacionistas. Nosso estudo segue uma visão pré-milenarista conhecida como dispensacionalista, que baseia-se numa visão de arrebatamento pré-tribulacional.

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Os pré-milenaristas entendem que textos como Sl 2, Dn 2.34-35 e Is 2.2-4 falam sobre uma realidade terrena, um reino de Cristo sobre a Terra e não na eternidade. Textos como Is 65.17-25 mostram um tempo de paz e prosperidade, no entanto, a morte ainda está presente, Zc 14.16-19 mostra que aqueles que não vierem adorar em Israel em um tempo futuro de glória serão castigados. Isso, no entanto, vai contra a realidade eterna, onde nem morte nem pecado existem e parecem supor um período diferente. Os pré-milenaristas entendem que se trata do milênio. Nem todos pré-milenaristas afirmam que os mil anos são um número exato de anos para esse período.

A visão pré-milenarista tem como pontos fracos apontados o fato de estar baseado em apenas um versículo da Bíblia. 4 – Resumo Podemos resumir as características das 3 visões milenaristas no seguinte quadro: Assunto Pré-milenarismo Pós-Milenarismo Amilenarismo Prisão de Satanás Futuro Presente e Futuro Presente Primeira Ressurreição Física Espiritual Espiritual Mil anos Literal Literal/Simbólico Simbólico Local do Reino Terra Terra e Céus Céus Cronologia de 19-21 Seqüencial Seqüencial e Recapitulativa Recapitulativa

Ele segurou o dragão – O dragão é o título comum de Satanás no livro (ver por exemplo 12.9).

a antiga serpente – Uma lembrança de como Satanás enganou o homem no Éden.

e o prendeu – A expressão prender é usada tanto o literalmente (como no caso do endemoninhado preso por correntes em Mc 5.3) como figuradamente (como é dito sobre a mulher enferma em Lc 13.16). Aqui temos parte do cumprimento da derrota de Satanás que já foi conquista por direito na cruz. Amilenaristas afirmam que Satanás está preso desde a morte de Jesus na cruz. No entanto, esta afirmação vai contra a experiência cristã e também contra as Escrituras. Podemos ver alguns textos escritos após a morte de Jesus na cruz que mostram que Satanás não está preso:

• Satanás encheu o coração de Ananias para que esse mentisse (At 5.3); • Paulo diz que Satanás cega os incrédulos para o Evangelho (2 Co 4.3-4); • Paulo fala que Satanás se transforma em anjo de luz para enganar (2 Co 11.14); • Paulo falou que o príncipe das potestades do ar, trabalha nos filhos da

desobediência (Ef 2.2); • Satanás impediu Paulo de visitar Tessalônica (1 Ts 2.18); • Tiago diz para os crentes resistirem a Satanás (Tg 4.7).

Freqüentemente, os amilenaristas argumentam que essa prisão de Satanás significa que ele é impedido de enganar as nações do mundo, como antes essas não tinham pessoas que serviam a Deus. No entanto, essa afirmação não tem apoio bíblico e nem segue aquilo que vemos acontecer a nosso redor.

A melhor interpretação é que este texto refere-se a Satanás ser preso durante o Milênio, ou seja, impedido de atuar pela ação de Deus, através de seu anjo.

por mil anos – Esse termo é usado mais de uma vez nesse capítulo. Se os 1000 anos se tratam de mil anos literais, ou de um termo que designa um longo tempo, não podemos afirmar categoricamente, mas o texto parece indicar que é um tempo literal de 1000 anos. Chegamos aqui a mais uma importante discussão: como será o Reino

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Milenar de Cristo na Terra. Não podemos chegar a detalhes, mas um estudo da Palavra pode nos ajudar chegar em algumas conclusões. Anexo 11 – O Reino Milenar de Cristo........................................... 1 – Visões sobre o Reino Milenar

O Reino Milenar de Cristo é o período durante o qual Cristo reinará sobre a Terra, após sua vinda. Outras linhas de interpretação não concordam com esse significado para o Milênio. Amilenaristas não acreditam em um Milênio, mas interpretam as passagens referentes ao Milênio como se referindo a vida da Igreja em nosso tempo. Pós-Milenaristas acreditam que o Milênio será uma era de ouro sobre a Terra após a qual Cristo retornará. Já os Pré-Milenaristas acreditam que após a vinda de Cristo um Reino Milenar se estabelecerá sobre a Terra. Acreditamos ser essa a melhor interpretação das Escrituras.

A interpretação das Escrituras envolvem muitas questões e pré-compreensões que muitas vezes possuímos. Porém procuraremos demonstrar como o Reino Milenar de Cristo tem base bíblica e não é uma interpretação baseada apenas em Apocalipse 20. 2 – As Escrituras e o Reino Milenar A primeira questão a se responder é se a Bíblia demonstra em outros textos a existência de um reino de Cristo terrestre, ou de outra forma, qual a necessidade de um Reino Milenar, ou como podemos concluir que haverá um Reino Milenar. Podemos responder essa pergunta por tópicos: 1 – As profecias do AT demonstram a existência de um Reino Milenar Sim. A correta interpretação do AT demonstra a necessidade de um período de governo de Cristo em um Milênio terrestre. Por exemplo, vejamos Is 65.17-25. Como podemos ver Isaias fala a respeito de um tempo de alegria e bênçãos, porém, ele fala também em duas coisas que não condizem com o que existe no estado eterno: morte e pecado. Ele descreve um tempo onde os homens viverão muitos anos, como os patriarcas do AT, porém não afirma que não morrerão, mas sim que aquele que pecar só aos 100 anos será amaldiçoado. Ele descreve um tempo onde os animais viverão em paz com os homens como no Éden. Mas quando serão esses dias? Não podem ser nenhum dos dias desde que a profecia foi feita até hoje, onde claramente essas palavras não se aplicam. Não é entretanto a vida eterna que se tem em vista, pois não haverá então a morte e nem o pecado. Assim, caso entendamos essa passagem como falando literalmente e de forma profética, deve haver um tempo diferente do nosso e da vida eterna. Esse tempo é o Milênio. Outras profecias do AT mostram acontecimentos que não podem ser cumpridos totalmente caso não haja um Reino Milenar de Cristo sobre a Terra. 2 – O NT tem textos que mostram a necessidade do Milênio Quando estudamos passagens como Mt 19.28, vemos que o texto fala de um tempo distinto do nosso e da vida eterna. Outros textos do NT e o Apocalipse de forma clara, mostram que o Milênio acontecerá. 3 – As Escrituras e nossa experiência diária mostram que Satanás não está preso Como já discutimos antes, muitos textos do NT mostram que Satanás não está preso e nossa experiência, de sermos tentados, confirma isso. Assim, a prisão de Satanás deve ocorrer ou o texto bíblico não está afirmando nenhuma verdade nesse capítulo de Apocalipse.

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3 – Sumário a respeito do Reino Milenar Como já dissemos, não existe um consenso entre os intérpretes a respeito do Milênio. No entanto, como pré-milenaristas vamos traçar um desenho do que a Bíblia nos mostra que ocorrerá no Milênio. Um estudo detalhado foge do escopo deste estudo e levaria muito tempo. Destacaremos apenas os pontos principais. Imagine um mundo dominado pela justiça; onde a injustiça não domina; onde o que é bom está presente em tudo, inclusive nos relacionamentos entre as pessoas; onde a paz reina entra entre as nações; onde a saúde é regra para as pessoas; onde “o lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo se deitará junto ao cabrito; o leão novo e o animal cevado andarão juntos, e um pequenino os guiará” (Is 11.6). Este cenário utópico para nossos dias será o que ocorrerá no Milênio. Cristo será Rei e governará as nações sobre o trono de Davi em Jerusalém (Sl 89.20-37, Jr 33.15-17, Dn 7.13-14, Lc 1.31-33). Quanto a quem estará sobre a Terra durante o Milênio, podemos dizer que passagens bíblicas mostram que na Terra estarão: os santos do AT, que morreram antes da vinda do Espírito Santo; os santos da Igreja, que voltarão com Cristo após terem estados com ele nos céus após o arrebatamento; os santos que morreram durante a Tribulação. Todos estes em corpos glorificados, pois já foram ressuscitados assim como Cristo. Esta é a primeira ressurreição. Além destes, na Terra haverão santos do período da Tribulação que entrarão vivos no Reino Milenar e também não salvos que serão enganadas por Satanás no final dos mil anos. Estes estarão em corpos naturais e poderão ter filhos durante o Milênio. Durante esse tempo, os santos em corpos glorificados reinarão e julgarão aqueles sobre a Terra junto com Cristo. Aqueles que estão em seus corpos naturais viverão em um tempo de prosperidade como nunca antes, mas não sem pecado, como mostra o texto de Is 65. Estes se multiplicarão e muitos serão enganados e destruídos junto com Satanás por se revoltarem no final do Milênio. Um estudo mais detalhado sobre o Milênio é longo e complexo. Em um estado detalhado futuro podemos estudar com mais detalhe e tempo essas questões. Mas para os interessados em ver que o pré-milenarismo não é uma doutrina de uma passagem só segue alguns textos que mostram condições que não podem ser encaixadas nem no nosso tempo, nem no estado eterno, o que mostra a necessidade de um Reino Milenar: Sl 22.27-29; Sl 67.4-7; Sl 72.1-20; Is 2.2-5; Is 11.1-10; Is 49.6-7. Aqueles que dizem que o Pré-Milenarismo é uma doutrina recente da Igreja, procurem os escritos de pais da Igreja como Ireneu e Justino Mártir. Versículo 3 - E lançou-o no abismo, e ali o encerrou, e pôs selo sobre ele, para que não mais engane as nações, até que os mil anos se acabem. E depois importa que seja solto por um pouco de tempo.

E lançou-o no abismo, e ali o encerrou – Assim como demônios são mostrados aprisionados em lugar de trevas (Jd 6), Satanás será preso no abismo pela ação de um anjo. Isto mostra sua fraqueza, como nada mais que uma criatura de Deus.

e pôs selo sobre ele – Mostrando que a prisão de Satanás é certa e sem restrições. Sua ação é totalmente impedida durante o Milênio.

para que não mais engane as nações, até que os mil anos se acabem – Desde que Satanás enganou Eva no Éden, ele prosseguiu por toda história a enganar os homens. Durante o Milênio, Satanás será impedido de influenciar os homens.

E depois importa que seja solto por um pouco de tempo – Para enganar pela última vez as nações antes de sua derrota final.

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Versículo 4 - Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada autoridade de julgar. Vi ainda as almas dos decapitados por causa do testemunho de Jesus, bem como por causa da palavra de Deus, tantos quantos não adoraram a besta, nem tampouco a sua imagem, e não receberam a marca na fronte e na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. Vi também tronos, e nestes sentaram-se – Assim como os 24 anciãos são homens (ver discussão no Capítulo 4), aqui também vemos homens que foram ressuscitados e receberam a promessa que Jesus antes havia feito: “Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono.” (3.21). aqueles aos quais foi dada autoridade de julgar – Estes são os santos do AT e da Igreja. Temos promessas que os santos de Deus julgarão a Terra com Cristo (1 Co 6.2-3, Mt 19.28, Lc 22.28-30). Eles governarão junto com Cristo sobre a Terra, e não serão apenas juizes no sentido de emitirem julgamento. Vi ainda as almas dos decapitados por causa do testemunho de Jesus, bem como por causa da palavra de Deus, tantos quantos não adoraram a besta, nem tampouco a sua imagem, e não receberam a marca na fronte e na mão – Todos os santos da Tribulação, que não se dobraram ao Anticristo, mas vieram a conhecer a Cristo e foram mortos pelo testemunho dEle. Estes também serão ressurretos e viveram para governar com Cristo no Milênio. e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos – Tomando parte com os outros santos: do AT e da Igreja. Versículo 5 – Os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos. Esta é a primeira ressurreição. Os restantes dos mortos – Todos os que não foram salvos e morreram durante toda a história do homem, em oposição aqueles que foram ressuscitados ou no arrebatamento ou na Segunda Vinda de Cristo. não reviveram até que se completassem os mil anos – Somente após os mil anos eles serão ressuscitados e julgados pelos seus atos. Esta é a primeira ressurreição – A primeira ressurreição é a ressurreição dos justos em seus corpos glorificados. Assim Cristo foi o primeiro a tomar parte nessa ressurreição, sendo a primícia dos que dormem (1 Co 15.20). Depois os santos da Igreja serão ressuscitados, sendo parte da primícia com Cristo (1 Co 15.23); e os santos do AT e da Tribulação na Segunda Vinda de Cristo. A segunda ressurreição é a dos ímpios para julgamento, após o Milênio. Versículo 6 - Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade; pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele os mil anos Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição – Todos os que serão salvos incluem-se aqui. A primeira ressurreição é a ressurreição dos justos. sobre esses a segunda morte não tem autoridade – A primeira morte é a morte do corpo. A segunda morte é a condenação eterna, aplicada aqueles que não foram salvos. pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele os mil anos – Os santos em seus corpos glorificados viverão com Cristo sobre a Terra e serão parte de seu governo.

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3 – A revolta final de Satanás e sua derrota Versículo 7 - Quando, porém, se completarem os mil anos, Satanás será solto da sua prisão Após o Milênio, Satanás será solto para testar aqueles que estão sobre a Terra. Como em nossos dias, ele terá a permissão de Deus para tentar os povos sobre a Terra. Muito serão enganados e tentarão se opor em rebelião contra Cristo e seus santos. A natureza humana falhará mais uma vez, mesmo tendo vivido na presença de Deus sobre a Terra. Assim como no Éden, muitos homens deixados por sua própria escolha, escolherão o pecado. Satanás terá uma última chance de ser o enganador do povo de Deus. Versículo 8 - e sairá a seduzir as nações que há nos quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, a fim de reuni-las para a peleja. O número dessas é como a areia do mar e sairá a seduzir as nações que há nos quatro cantos da terra – Uma vez solto, Satanás passará a fazer o que tem feito desde o Éden, tentar o homem para que caia em pecado. Aqueles que não foram escolhidos por Deus para a salvação, sempre serão enganados. Gogue e Magogue – Estes nomes são retirados de Ezequiel 38, onde a profecia fala de ajuntamento de povos para guerrear contra o povo de Deus. Seus significado verdadeiro não pode ser precisado pelas Escrituras. a fim de reuni-las para a peleja – Assim como os inimigos do povo de Deus foram reunidos na Batalha do Armagedom e derrotados. Esta é a batalha final, onde Satanás será vencido pela última e definitiva vez. Versículo 9 - Marcharam, então, pela superfície da terra e sitiaram o acampamento dos santos e a cidade querida; desceu, porém, fogo do céu e os consumiu. Os inimigos irão contra Jerusalém e contra os santos de Deus. Serão, porém derrotados por Deus. Esses homens serão filhos dos fiéis que entraram vivos no Reino Milenar. Passados muitos anos, o homem continuará com sua natureza pecaminosa, mesmo tendo vivido num mundo com um justo governo. Serão muitos os homens enganados por Satanás e sua queda será mais uma prova de como o homem é incapaz de sozinho servir a Deus. Todos dependemos de sua misericórdia. Versículo 10 - O diabo, o sedutor deles, foi lançado para dentro do lago de fogo e enxofre, onde já se encontram não só a besta como também o falso profeta; e serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos séculos O diabo, o sedutor deles, foi lançado para dentro do lago de fogo e enxofre – Satanás será derrubado através da história do ponto mais glorioso da criação de Deus, até o Lago de Fogo, o ponto mais baixo da Criação. Satanás é dos últimos inimigos a ser derrotado. Após sua derrota final, sendo jogado para o tormento eterno no Lago de Fogo, ocorrerá a segunda ressurreição e a Morte, o último inimigo, deixará de existir. A justiça de Deus será feita e Deus assumira o controle, com todas as coisas lhe sendo sujeitas (1 Co 15.24-28). onde já se encontram não só a besta como também o falso profeta – Os dois primeiros residentes do Lago de Fogo, que ali foram atirados vivos antes do Milênio. Muitos anos depois eles ai ainda estão. Não existe aniquilação dos ímpios, o tormento é eterno.

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e serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos séculos – Satanás, os demônios, os ímpios. Todos que não se dobraram diante de Deus receberão punição eterna. Todos nós merecíamos esse destino, mas pela misericórdia de Deus seremos salvos e viveremos eternamente com Cristo. 4 – O Julgamento do Grande Trono Branco Versículo 11 - Vi um grande trono branco e aquele que nele se assenta, de cuja presença fugiram a terra e o céu, e não se achou lugar para eles Vi um grande trono branco e aquele que nele se assenta – Visão semelhante a que Daniel teve em Dn 7.9-10. Deus se assenta no Grande Trono Branco para julgar todos os homens que não receberam a intervenção de nosso advogado, Jesus Cristo. de cuja presença fugiram a terra e o céu, e não se achou lugar para eles – A criação se desfaz pela vontade de Deus. Os mortos são entregues para serem julgados. Não podemos sequer imaginar como isto será. Somente Aquele que tudo criou pode compreender o que ocorrerá. Versículo 12 - Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono. Então, se abriram livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto. E os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros. Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono – Todos homens que não são salvos serão colocados diante da presença de Deus para serem julgados e condenados. Então, se abriram livros – Estes livros contém o registro de todos atos da vida da pessoa, através dos quais a pessoa será julgada. Porém ninguém é tão bom para ser salvo por suas obras. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto – O Livro da Vida é o onde estão registrados os nomes de todos que foram salvos, através da fé em Deus e em seu Filho, Jesus Cristo. E os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros – Sendo assim, como ninguém pode ser salvos por suas obras, todos os que participam desse julgamento serão condenados, e com justiça. Nossa vida é marcada por maldade e injustiça. Somente a misericórdia de Deus pode nos salvar. Aqueles que nunca ouviram a Palavra de Deus serão julgados pela revelação geral de Deus na natureza (Rm 1.20-22) e pela lei de Deus escrita em seus corações (Rm 2.12-16). Versículo 13 - Deu o mar os mortos que nele estavam. A morte e o além entregaram os mortos que neles havia. E foram julgados, um por um, segundo as suas obras. Com a criação se desfazendo diante de Deus, todos os corpos dos mortos serão entregues, e suas almas serão trazidas a estes, do inferno (ou Hades). A menção dos corpos que estavam no mar é derivada do fato de para os gregos e romanos, da época em que João vivia, não ter o corpo enterrado em Terra era sinal de ultraje e vergonha. Assim, até aqueles que tiveram seu corpo de uma forma que parecia perdida, comidos pelos peixes, terão seus corpos trazidos de volta.

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Versículo 14 - Então, a morte e o Hades foram lançados para dentro do lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo. A morte (representada pelos corpos dos ímpios que foram julgados) e o Hades (o lugar onde o espírito dos ímpios fica entre sua morte e ressurreição para julgamento) são jogados no Lago de Fogo. O Lago de Fogo é um lugar de tormento eterno, longe da presença de Deus. Esta é a segunda morte, a morte do Espírito que não desfruta mais da presença de Deus. O tormento do Lago de Fogo é algo além de nossa imaginação e também de nossa realidade, pela graça de Deus. Versículo 15 - E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo. Todos, sem exceção que não tiveram fé em Deus, serão jogados para o tormento eterno, com Satanás, os demônios, o Falso Profeta e o Anticristo. A partir daqui, João passará a ver não o que ocorre no tormento do Lago de Fogo, mas sim as glórias que esperam os santos no Céu.

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4 – Estudos de Apocalipse: Capítulo 21– O Estado Eterno 1 - Introdução

O Capítulo 21 mostra um período diferente do Milênio. Aqui, a morte e o pecado não mais existe. Não há mais oposição a vontade de Deus, que vive entre seu povo escolhido. Os profetas no AT tiveram visões do estado eterno. Eles viram que novos céus e terra seriam criados (Is 65.17 por exemplo), porém suas visões eram muitas vezes misturadas com o Milênio (por exemplo, a continuação dessa visão de Isaias já citada). João vê o que existirá na eternidade. 2 – A Eternidade. Novos céus e terra. Versículo 1 - Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. Vi novo céu e nova terra – Uma nova terra e nos céus, um novo lugar onde o homem viverá e desfrutará da presença de Deus, como desfrutava no Éden. Nesta nova terra e céus, tudo será maravilhoso e fica além de nossa imaginação todas as glórias que viveremos com Deus pelos séculos dos séculos. pois o primeiro céu e a primeira terra passaram – Antes do julgamento do Grande Trono Branco, a velha criação se desfez e os mortos foram entregues (ver capítulo anterior). Durante o Milênio, haverá uma restauração da velha Terra (Mt 19.28), mas o pecado e a morte estarão presentes e contaminando a Terra. Somente novos céus e nova terra poderão estar a altura da vontade de Deus para os seus, pela eternidade. e o mar já não existe – Alguns intérpretes sugerem que o fato de não existir o mar é devido a conotação negativa que o mar tem nas Escrituras: foi através do mar e das chuvas que o mundo antigo foi submerso (Gn 7.11); o mar é mostrado destruindo, como por exemplo as tropas de Faraó (Ex 14.28); os perversos são comparados ao mar (Is 57.20); as bestas sobem do mar na visão de Daniel (Dn 7.3). Outras sugestões foram feitas, como por exemplo, que o mar representa a necessidade de purificação, não mais presente na eternidade. Versículo 2 - Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo. Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém – Nos novos céus e nova terra, Deus tem sua cidade escolhida, a Jerusalém celestial, a nova e santa Jerusalém. O nome da santa cidade estará sobre os servos de Deus (3.12). Esta é a pátria que os santos almejam (Hb 13.14). Entender com detalhes como será a eternidade com Cristo vai além de nossa compreensão. Entretanto, pelas Escrituras vemos que o texto de Apocalipse mostra um lugar físico e não uma realidade apenas espiritual como alguns entendem. A melhor opção para a descrição aqui dada da Jerusalém celestial é que se trata de uma cidade especial nos novos céus e terra criados, onde Deus se manifestará de forma mais notável na nova criação. No entanto, o texto parece indicar que haverão outros lugares, além da Nova Jerusalém. que descia do céu, da parte de Deus – A cidade virá da parte de Deus para sua nova criação. O céu descreve o lugar da habitação de Deus, e não o céu, firmamento. A cidade será inteiramente criada através da vontade de Deus e não por mãos humanas. ataviada como noiva adornada para o seu esposo – A figura do casamento é usada aqui novamente. Deus é o esposo e a cidade na qual ele se manifestará para seus santos é sua noiva.

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Versículo 3 - Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. Assim como Deus se manifestava entre o povo de Israel no AT no tabernáculo, Deus se manifestará na Nova Jerusalém. Que grandes bênçãos! Viver junto a Deus eternamente e ser seu povo. Versículo 4 – E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram. A eternidade com Deus será marcada por alegria e glória. Não haverá mais tristeza, nem a morte (que é resultado do pecado). Será uma nova época, as primeiras coisas já se passaram. Versículo 5 - E aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras. E aquele que está assentado no trono – Deus Pai, visto no seu trono desde a primeira visão de João nos céus (4.2). disse: Eis que faço novas todas as coisas – Uma nova criação, que vai muito além de nossas expectativas. “Nem olhos viram nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano, o que Deus tem preparado para aqueles que o amam” (1 Co 2.9). A criação será enfim redimida de seu estado de impureza pelo pecado do homem (Rm 8.19-23). E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras – mais uma lembrança para João de sua missão (1.1). As palavras trazidas por Deus sobre não existir mais a morte e nova criação são maravilhosas e por isso é ressaltado que estas coisas são palavras verdadeiras, que com certeza se cumprirão. Versículo 6 - Disse-me ainda: Tudo está feito. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. Eu, a quem tem sede, darei de graça da fonte da água da vida. Disse-me ainda: Tudo está feito – Assim como Jesus disse ao cumprir sua missão (Jo 19.30), Deus mostra que mais uma etapa foi cumprida pela sua ação. As coisas antigas se passaram e a nova criação foi feita. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim – Todas as coisas começam em Deus e terminam na glória de seu nome. Eu, a quem tem sede, darei de graça da fonte da água da vida – A fonte de água viva é a redenção, a salvação. Assim, a rocha no deserto tipificava Jesus (1 Co 10.4) e os redimidos da Grande Tribulação são levados por Jesus a fonte de águas vivas (7.17 ). A salvação é de graça, nada se faz por merece-la ou para compra-la. Porém é necessário que se tenha sede, o que mostra por que todos não são salvos. Versículo 7 - O vencedor herdará estas coisas, e eu lhe serei Deus, e ele me será filho. Uma grande promessa. Aqueles para quem o Reino foi preparado desde a fundação do mundo (Mt 25.34) entrarão enfim na sua herança. Eles receberão sua parte como filhos de Deus, nascidos no Espírito Santo (Jo 3.5).

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Versículo 8 - Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte. Contrário aos filhos de Deus, nascidos no Espírito Santo, todos os outros homens, que são pecadores, serão condenados. Este devia ser o destino de todos, não fosse a misericórdia de Deus. Versículo 9 - Então, veio um dos sete anjos que têm as sete taças cheias dos últimos sete flagelos e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei a noiva, a esposa do Cordeiro; Um dos anjos das últimas pragas da Grande Tribulação mostra a João a nova Jerusalém, a esposa do Cordeiro (pois foi comprada com seu sangue, assim como a Igreja. A figura é semelhante. Ver a explicação no Capítulo 19). Versículo 10 - e me transportou, em espírito, até a uma grande e elevada montanha e me mostrou a santa cidade, Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, e me transportou, em espírito, até a uma grande e elevada montanha – João vê a cidade de um ponto de vista favorável. e me mostrou a santa cidade, Jerusalém , que descia do céu, da parte de Deus – João vê a fundação da cidade santa de Deus, a Nova Jerusalém celestial, que vem diretamente da obra criativa de Deus (Hb 12.22). Esta será a cidade dos redimidos na eternidade, o lugar onde Deus mostrará toda sua glória aos seus, pelos séculos dos séculos. Versículo 11 - a qual tem a glória de Deus. O seu fulgor era semelhante a uma pedra preciosíssima, como pedra de jaspe cristalina. a qual tem a glória de Deus – A Nova Jerusalém será criada de forma perfeita, como será perfeita toda a nova criação, ausente do pecado. A glória de Deus habitará a cidade e será sua luz (22.5). O seu fulgor era semelhante a uma pedra preciosíssima, como pedra de jaspe cristalina – As glórias da cidade de Deus serão incomparáveis. João usa a figura do que existe mais sublime que conhece para descrever a glória da cidade onde futuramente estaremos. Versículo 12 - Tinha grande e alta muralha, doze portas, e, junto às portas, doze anjos, e, sobre elas, nomes inscritos, que são os nomes das doze tribos dos filhos de Israel. Tinha grande e alta muralha – Não para proteção contra perigo externo, pois não haverá perigo. Essa muralha funciona como um memorial, de todas as adversidades que os servos de Deus foram protegidos durante sua vida. doze portas, e, junto às portas, doze anjos, e, sobre elas, nomes inscritos, que são os nomes das doze tribos dos filhos de Israel – O número 12 é indicativo do povo de Israel. Em cada lado da cidade haverá 3 portas. O nome de cada tribo do povo de Israel ficará gravado como memorial na cidade santa por toda eternidade.

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Versículo 13 - Três portas se achavam a leste, três, ao norte, três, ao sul, e três, a oeste. Essa mesma distribuição de 3 em 3 é mostrada no acampamento de Israel ao redor do tabernáculo (Nm 2). É uma distribuição simétrica, associada a perfeição. Versículo 14 - A muralha da cidade tinha doze fundamentos, e estavam sobre estes os doze nomes dos doze apóstolos do Cordeiro. A cidade tem seu fundamento no nome dos doze apóstolos (incluindo Matias, provavelmente,ver At 1.26, embora possa mesmo ser Judas Iscariotes ou até Paulo, ver por exemplo, Gl 1.17), representando a Igreja, que se formou através destes. Versículo 15 - Aquele que falava comigo tinha por medida uma vara de ouro para medir a cidade, as suas portas e a sua muralha. Assim como Ezequiel vê um homem que mede Jerusalém (Ez 40.3-5), aqui João vê a cidade sendo medida. Versículo 16 - A cidade é quadrangular, de comprimento e largura iguais. E mediu a cidade com a vara até doze mil estádios. O seu comprimento, largura e altura são iguais. A cidade é mostrada como um cubo de aproximadamente 3000 Km (dependendo do valor que se use para o estádio). Para se ter idéia dessa área, isso é equivalente a 1,05 vezes a área do Brasil. Já levando em conta a altura, se levarmos em conta que haja 600 andares a superfície será maior do que a de todo Planeta Terra. Nesse cálculo hipotético, haveria um andar a cada 5,4 Km!! Já se levarmos em conta que haja andares de 5 m cada, haveriam 600.000 andares e a área da cidade total seria de aproximadamente 1100 vezes a área de todo Planeta Terra!!! É óbvio que todos esses números são especulações e não podemos afirmar nada disso com certeza. Porém esses números mostram que não haverá problemas para acomodar todos os salvos. De fato, como poderia haver esse problema para o Criador de todo Universo. Nunca compreenderemos todas as maravilhas que nos esperam nessa vida. Versículo 17 - Mediu também a sua muralha, cento e quarenta e quatro côvados, medida de homem, isto é, de anjo. Essa medida equivale a aproximadamente 66 metros. Como a muralha é dita ser grande e alta, e a cidade é dita ter 3000 Km de altura, essa medida é a medida da espessura da muralha. Versículo 18 - A estrutura da muralha é de jaspe; também a cidade é de ouro puro, semelhante a vidro límpido. A cidade é mostrada como sendo feita dos mais preciosos materiais. Porém, podemos especular que João esteja usando apenas aqueles materiais que conhecia para descrever o que via. A nova criação deve ser feita de materiais muito melhores do que os conhecemos, materiais que nem a traça e nem a ferrugem consumarão, pelos séculos dos séculos.

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Versículo 19 - Os fundamentos da muralha da cidade estão adornados de toda espécie de pedras preciosas. O primeiro fundamento é de jaspe; o segundo, de safira; o terceiro, de calcedônia; o quarto, de esmeralda; Versículo 20 - o quinto, de sardônio; o sexto, de sárdio; o sétimo, de crisólito; o oitavo, de berilo; o nono, de topázio; o décimo, de crisópraso; o undécimo, de jacinto; e o duodécimo, de ametista. Versículo 21 - As doze portas são doze pérolas, e cada uma dessas portas, de uma só pérola. A praça da cidade é de ouro puro, como vidro transparente. As doze portas são doze pérolas, e cada uma dessas portas, de uma só pérola. A praça da cidade é de ouro puro, como vidro transparente. João descreve uma cidade feita do que há de mais precioso. Não podemos ver detalhes, mas podemos sentir quão fascinante é a visão que João tem. Como não será o dia em que andarmos por essa cidade? Versículo 22 - Nela, não vi santuário, porque o seu santuário é o Senhor, o Deus Todo-Poderoso, e o Cordeiro. Não há necessidade de Templo, para ser um lugar da manifestação de Deus. Deus se manifestará entre seu povo, Jesus estará conosco. O relacionamento entre Deus e o homem será total, não haverá o pecado para fazer separação. Versículo 23 – a cidade não precisa nem do sol, nem da lua, para lhe darem claridade, pois a glória de Deus a iluminou, e o Cordeiro é a sua lâmpada. Se nos lembrarmos de Gênesis 1, veremos que Deus criou a luz no primeiro dia e o sol e Lua somente no quarto dia. Por mais que se afirme as variedades de interpretação do relato da criação (assunto extenso, que não entraremos aqui), é patente nesse texto que Deus é a luz superior, sua glória ilumina mais do que qualquer estrela. Sob a luz da glória da Shekinah viverão os que habitam na Nova Jerusalém. Versículo 24 - As nações andarão mediante a sua luz, e os reis da terra lhe trazem a sua glória. As nações andarão mediante a sua luz – Algumas versões trazem as nações daqueles que foram salvos. Todos as pessoas, de todas nações e tempos, viverão pela luz de Deus e Cristo. e os reis da terra lhe trazem a sua glória – Uma interpretação desse texto é que os reis da terra são salvos que ocuparam em vida, na velha Terra, posição de autoridade. Outra é que haverá duas classes de pessoas: aqueles que habitam a cidade e os que habitam outras parte da nova terra, fora da cidade . Estes terão governantes que virão até a cidade prestar glórias a Deus. Favorecemos o primeiro ponto de vista, sem descartar o segundo, que entretanto parte de pressupostos que não se encontram nesse texto e em nenhum outro, sendo apenas especulação. Sobre haverem pessoas que habitam fora da cidade, não podemos ser dogmáticos, mas que as pessoas poderão sair da cidade parece claro interpretando literalmente o texto. Versículo 25 - As suas portas nunca jamais se fecharão de dia, porque, nela, não haverá noite. As suas portas nunca jamais se fecharão de dia – Uma dupla negativa, com intuito de reforçar a afirmação. As portas da cidade não se fecharão, haverá livre movimento para as pessoas saírem e entrarem.

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porque, nela, não haverá noite – Não haverá noite na cidade por que a glória de Deus é sua luz, e nunca se apagará. Nada a dito sobre fora da cidade não haver noite. Não podemos portanto afirmar nem que não haverá noite fora da Nova Jerusalém e nem que haverá. Querer determinar como será a nova criação além do texto bíblico é exercício de imaginação, um exercício que não faz mal, porém nunca chegaremos a compreender como será, nessa vida. Versículo 26 - E lhe trarão a glória e a honra das nações O Texto Majoritário acrescenta “aqueles que por ela entrarem”. A idéia aqui é a mesma no versículo 24. Versículo 27 - Nela, nunca jamais penetrará coisa alguma contaminada, nem o que pratica abominação e mentira, mas somente os inscritos no Livro da Vida do Cordeiro. Todas essas glórias da cidade são indescritíveis e muito além do que podemos imaginar. Porém só tomarão parte aqueles que tem o nome escrito no Livro da Vida de Jesus, ou seja, os salvos, cujos nomes não conhecemos, mas Deus conhece todos.

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4 – Estudos de Apocalipse: Capítulo 22– Conclusão_____ 1 - Introdução

O Capítulo 22 mostra a conclusão da visão que João tem da Nova Jerusalém e é também o encerramento do livro. Na verdade a divisão de capítulos deveria ser diferente, pois os 5 primeiros versículos do Capítulo 22 se encaixam no que o Capítulo 21 mostra.

2 – Últimos detalhes da visão dos novos céus e terra Versículo 1 - Então, me mostrou o rio da água da vida, brilhante como cristal, que sai do trono de Deus e do Cordeiro. Então, me mostrou – O mesmo anjo que mostrou o que temos no Capítulo 21. o rio da água da vida – O rio da água da vida, a fonte da vida em Deus, um vida eterna e sem pecado. brilhante como cristal – Glorioso e puro, assim como será a vida sem pecado dos salvos nos céus. que sai do trono de Deus e do Cordeiro – A fonte de toda vida é Deus. Aqui não se faz distinção entre o trono de Deus e de Cristo. Cristo reinará sobre o trono de Davi no Milênio e depois que a morte, o último inimigo, seja destruída (20.14), então ele entregará todas coisas que lhe foram sujeitas a Deus (1 Co 15.24-26) e ambos reinarão pela eternidade. Versículo 2 - No meio da sua praça, de uma e outra margem do rio, está a árvore da vida, que produz doze frutos, dando o seu fruto de mês em mês, e as folhas da árvore são para a cura dos povos. No meio da sua praça, de uma e outra margem do rio, está a árvore da vida, que produz doze frutos, dando o seu fruto de mês em mês – O acesso a árvore da vida que foi cortado ao homem na queda (Gn 3.22-24), será dado agora. Apocalipse termina a história que se inicia em Gênesis. Como o fruto da árvore se renova, vemos que as pessoas comerão dessa árvore. Isso não chega a ser surpreendente, uma vez que Jesus em seu corpo glorificado ainda comia (Jo 21.12). e as folhas da árvore são para a cura dos povos – Trecho de difícil interpretação. Jesus disse que aqueles que vivem na eternidade não podem morrer (Lc 20.35-36). Quando Adão e Eva pecam, Deus diz que não deixará que eles tenham acesso a árvore da vida para que por acaso comam e vivam eternamente (Gn 3.22). Assim, uma solução é que para viver eternamente os homens precisarão comer da árvore da vida, coisa que somente aqueles sem pecado podem fazer, assim como Adão e Eva eram antes da queda. Assim, todos homens se lembrarão sempre de que sua vida depende da árvore da vida, que cresce nas águas que vem diretamente do trono de Deus. Se as pessoas não comerem desse fruto morrerão. A resposta para isso é que não acontecerá isso. Todos viverão eternamente e não terão problemas em viver eternamente na dependência de Deus. Quanto a cura que o texto fala, isso não implica que necessariamente haja doença, assim como Deus enxugar dos olhos toda lágrima não indica sofrimento. Versículo 3 - Nunca mais haverá qualquer maldição. Nela, estará o trono de Deus e do Cordeiro. Os seus servos o servirão, Nunca mais haverá qualquer maldição – Essa afirmação não é uma afirmação qualquer. Na eternidade com Deus estaremos vivendo em um mundo livre de tudo que

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está associado ao pecado, como a morte, a corrosão, a doença. Nenhuma dessas coisas existirá mais. A eternidade é algo que em nossos corpos limitados e pecaminosos não podemos compreender. Nela, estará o trono de Deus e do Cordeiro. Os seus servos o servirão – Na Nova Jerusalém estará o lugar da manifestação de Deus e de Cristo. As pessoas que estiverem na eternidade servirão, o que mostra que o trabalho em si não é maldição. Servir a Deus e a Cristo deve ser algo de grande prazer desde nossa vida na Terra. Versículo 4 - contemplarão a sua face, e na sua fronte está o nome dele A mais surpreendente e gloriosa revelação do Livro da Revelação. O homem pecador não poderia ver a face de Deus jamais, sem ser consumido. No entanto, na eternidade a intimidade entre Deus e os seus será tamanha que eles poderão lhe ver a face. Sobre os salvos estará o nome de Deus, que mostra o que Ele é, pela eternidade. Quão misericordioso é Deus permitindo que pecadores como nós um dia cheguemos a tão grande glória! Versículo 5 - Então, já não haverá noite, nem precisam eles de luz de candeia, nem da luz do sol, porque o Senhor Deus brilhará sobre eles, e reinarão pelos séculos dos séculos. A vida eterna será uma vida iluminada pela glória de Deus, pelos séculos dos séculos. 3 – Conclusão do Livro Versículo 6 - Disse-me ainda: Estas palavras são fiéis e verdadeiras. O Senhor, o Deus dos espíritos dos profetas, enviou seu anjo para mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem acontecer. O anjo mais uma vez reafirma a João a importância e a certeza da visão que teve se cumprir. Estas coisas em breve devem acontecer. Falamos sobre esse em breve no início do estudo. Ele representa a iminência dos acontecimentos que levarão até a vida eterna como Apocalipse mostra. Devemos viver preparados para o dia que estaremos diante de Cristo. Versículo 7 - Eis que venho sem demora. Bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro Mais um lembrete de que não sabemos o dia que Jesus se manifestará para os seus. Além disso, não sabemos a hora de nossa morte e devemos viver sempre preparados. É dito que bem-aventurados são aqueles que guardam a profecia do livro. Isto inclui ler, procurar compreender da melhor forma, aplicar essas palavras em nossa vida e levar essas palavras adiante. Versículo 8 - Eu, João, sou quem ouviu e viu estas coisas. E, quando as ouvi e vi, prostrei-me ante os pés do anjo que me mostrou essas coisas, para adorá-lo. Mais uma vez é afirmada a autoria de João. Ele viu coisas tão maravilhosas que ajoelha-se para adorar aquele que lhe mostrara tão grandiosas coisas. Porém a adoração deve ser dada somente a Deus

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Versículo 9 - Então, ele me disse: Vê, não faças isso; eu sou conservo teu, dos teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. Adora a Deus. O anjo lembra a João que ele também é apenas uma criatura, que serve a Deus também Somente o Todo Poderoso, Criador de Todas Coisas, merece adoração. Versículo 10 - Disse-me ainda: Não seles as palavras da profecia deste livro, porque o tempo está próximo. Ao contrário de Daniel, que foi ordenado a fechar e selar as palavras que tinha recebido (Dn 12.4), João não deve selar as palavras da profecia. A diferença é que, tendo recebido visões do tempo do fim ambos, Daniel vivia em um tempo em que essas profecias estavam distantes e dependiam da Primeira Vinda de Cristo. No tempo de João, e portanto também no nosso, nada impede o cumprimento de tudo isto. Porém somente na hora certa essas profecias se cumprirão. Versículo 11 - Continue o injusto fazendo injustiça, continue o imundo ainda sendo imundo; o justo continue na prática da justiça, e o santo continue a santificar-se. Até que o joio seja separado do trigo, ambos continuarão a crescer. Nossa parte é continuar fazendo tudo que nos vier a mão pela Igreja de Deus. Versículo 12 - E eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras. Os servos de Deus são julgados e recebem seu galardão pelas obras que fizeram nessa vida. Aqueles que não servem a Deus receberão pelos seus atos de rebeldia contra a Deus. Versículo 13 - Eu sou o Alfa e o Omega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim. Alfa (Α ou α) e Omega (Ω ou ω) são respectivamente a primeira e última letra do alfabeto grego. A mesma verdade é afirmada de 3 formas diferentes nesse versículo. Versículo 14 - Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras [no sangue do Cordeiro], para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas. O MT traz “Bem-aventurados aqueles que cumprem seus mandamentos”. Aqueles que lavam suas vestes no sangue do Cordeiro são os que são salvos, pela morte e sangue de Jesus derramado na cruz. Estes gozarão de alegrias infinitas com Deus. Versículo 15 - Fora ficam os cães, os feiticeiros, os impuros, os assassinos, os idólatras e todo aquele que ama e pratica a mentira Todos os pecadores, que insistem em seus erros e não se arrependem diante de Deus, não tem parte nas glórias da eternidade.

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Versículo 16 - Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos testificar estas coisas às igrejas. Eu sou a Raiz e a Geração de Davi, a brilhante Estrela da manhã. Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos testificar estas coisas às igrejas – O objetivo principal do livro é relembrado. Jesus quer trazer a sua Igreja uma promessa, uma visão das coisas que devem acontecer. É uma palavra de ânimo para aqueles que passam por dificuldades. No fim, serão vencedores com Cristo. Eu sou a Raiz e a Geração de Davi – Jesus, como homem, é descendente de Davi e assim o herdeiro de seu trono. Porém, Ele é muito mais que isso e também é por Ele que Davi veio a ser rei, e todas coisas foram criadas. Esta foi a pergunta que os fariseus não puderam responder (Mt 22.41-46). a brilhante Estrela da manhã – Jesus é a estrela da manhã, que brilha no meio das trevas deste mundo para aqueles que são capazes de olhar para o céu e ver a verdade que não é deste mundo: a salvação por nosso Senhor Jesus. Jesus é a estrela da manhã para a Igreja, pois virá trazendo seu brilho e levando sua Igreja, antes de vir em todo seu brilho na sua Segunda Vinda, assim como a estrela da manhã precede a vinda do Sol. Versículo 17 - O Espírito e a noiva dizem: Vem! Aquele que ouve, diga: Vem! Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de graça a água da vida. O Espírito Santo convida a todos que tem sede para vir e tomar parte na noiva de Cristo, a Igreja. Não há obras que possam comprar a água da vida, ela é dada de graça, sem merecimento, mas apenas pela misericórdia de Deus. Versículo 18 - Eu, a todo aquele que ouve as palavras da profecia deste livro, testifico: Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos escritos neste livro; Versículo 19 - e, se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da cidade santa e das coisas que se acham escritas neste livro. A Palavra de Deus, incluindo seu último livro, Apocalipse é a obra inspirada de Deus. O homem não deve acrescentar nem uma palavra, mas deve seguir cada palavra como está, procurando entender a cada dia, o que Deus quer de nossa vida e o que quer dizer em cada palavra da Bíblia. Versículo 20 - Aquele que dá testemunho destas coisas diz: Certamente, venho sem demora. Amém! Vem, Senhor Jesus! O Livro se encerra com a mais importante promessa e esperança do cristão: a volta de nosso Senhor! Amém! Venha Senhor Jesus! Que possamos estar levando essa promessa aqueles que ainda não a tem em seu coração! Versículo 21 - A graça do Senhor Jesus seja com todos. A saudação final de João, que é o padrão das cartas. Existem variações nessa saudação no texto grego, como “seja como todos santos” e a presença ou não do Amém final.

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5 – Estudos de Apocalipse: Conclusão do Estudo_______ Durante mais de um ano pudemos estar estudando um pouco do último livro da Bíblia, Apocalipse. Nossa primeira aula de Apocalipse aconteceu em 28 de Maio de 2006 e o estudo se encerrou em 1 de Julho de 2007. Durante todas estas semanas nos deparamos com diversas questões que necessitaram de reflexão e busca em outros livros da Bíblia (de fato, com a provável exceção de alguns livros como Rute e Éster, usamos referências de toda a Escritura).

Como resultado destes estudos, podemos estar elaborando esta apostila, que chegou a aproximadamente 150 páginas, nas quais passamos por cada versículo do livro. Parafraseando o que escreveu o autor de 2 Macabeus: “ Aqui encerro meu estudo. Se ficou bom e claro, era o que queria. Se está fraco e medíocre, foi o que fui capaz de fazer.” (2Mcb 15.37-38). Qualquer dúvida que surgir para aqueles que se interessarem pela leitura da mesma, estamos a disposição para esclarecimentos. Se souber, responderei, se não souber, procurarei descobrir.

Apocalipse é um livro de difícil interpretação? Sim. Terminando este estudo podemos afirmar isso com toda certeza. Vale a pena então estudá-lo? Sim, com toda certeza! O conhecimento que se adquire da Palavra de Deus, com o estudo dedicado de Apocalipse é valioso, e podemos tirar muitas conclusões para nossas vidas.

Aos que participaram desse estudo, esperamos ter levado alguma lição da Palavra de Deus para aplicação em suas vidas.

Finalizando, “Continue o injusto fazendo injustiça, continue o imundo ainda sendo imundo; o justo continue na prática da justiça, e o santo continue a santificar-se.” (22.11).

Amém! Vem, Senhor Jesus! xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx