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Cidade de Deus Março de 2012 ‐ Ano III ‐ No 3 Parados na esquina, com poesia... 11 A Cidade de Deus tem sido palco do surgimento e amadurecimento de diversas ações artísticas, nas mais diversas áreas: cinema, teatro, artes plásticas, música e literatura. A Economia Solidária na Cidade de Deus: a organização dos artesãos A Economia Solidária se baseia em praticas coletivas, justas, solidárias e sustentáveis de geração de trabalho e renda. 7 Avaliação do Projeto Bairro Educador Cidade de Deus em 2011 Várias atividades tem sido realizadas pelo projeto nas escolas com o objetivo de contribuir na melhoria do IDEB 15 E MAIS... A primeira mulher a puxar samba na avenida..........3 João Gomes recebe premio Mestre 2011.................4 Quadrinho também é comunicação.......................5 Ponto de Cultura Itinerante Cidade de Deus...........6 A identidade de um personagem da cultura Negra...8 A história da educação na Cidade de Deus..............9 O jovem e sua atuação na Cidade de Deus.......... 10 Projeto Jovens Comunicadores e a Informática...12 Sarau de poesia na Cidade de Deus................... 13 Obras na Cidade de Deus ‐ Bairro Maravilha........ 14 Maria CDD.................................................... 14 Lançamento da segunda edição do Jornal ......... 16

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A N O T Í C I A P O R Q U E M V I V E | J A N . ‐ M A R . 2 012 1Cidade de DeusMarço de 2012 ‐ Ano III ‐ No 3

Parados na esquina, com poesia...

11

A Cidade de Deus tem sido palco do surgimento e amadurecimento de diversasações artísticas, nas mais diversas áreas: cinema, teatro, artes plásticas, música eliteratura.

A Economia Solidária na Cidadede Deus: a organização dos artesãos

A Economia Solidária se baseia em praticas coletivas, justas,solidárias e sustentáveis de geração de trabalho e renda.

7

Avaliação do Projeto BairroEducador Cidade de Deus em 2011Várias atividades tem sido realizadas pelo projeto nas escolascom o objetivo de contribuir na melhoria do IDEB

15

E MAIS...A primeira mulher a puxar samba na avenida..........3

João Gomes recebe premio Mestre 2011.................4

Quadrinho também é comunicação.......................5

Ponto de Cultura Itinerante Cidade de Deus...........6

A identidade de um personagem da cultura Negra...8

A história da educação na Cidade de Deus..............9

O jovem e sua atuação na Cidade de Deus..........10

Projeto Jovens Comunicadores e a Informática...12

Sarau de poesia na Cidade de Deus...................13

Obras na Cidade de Deus ‐ Bairro Maravilha........14

Maria CDD....................................................14

Lançamento da segunda edição do Jornal .........16

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2 A N O T Í C I A P O R Q U E M V I V E | J A N . ‐ M A R . 2 012

Editorialpor Maria do Socorro Melo Brandão, moradora, representante do portal e presidente da ASVI CDD

Para mim é uma honra tersido convidada para fazer oeditorial desta 3ª edição doJornal A Noticia por quem Vive.

A ASVI CDD (AssociaçãoSemente da Vida da Cidade deDeus) fica particularmentesatisfeita em estar contribuindocom moradores interessados emmostrar a “cara dacomunidade”, não deixando defalar do que é negativo, masexaltando o que temos demelhor.

É importante que o moradorse sinta realmente umprotagonista dentro da Cidadede Deus. Então hoje já podemoscontar com o Portal Comunitário(www.cidadededeus.org.br) e,agora, com o jornal. Tudo frutode pessoas que vieramacreditando que podíamosproduzir e apostaram nestes

trabalhos. Somos gratos por essaaposta e hoje nos damos muitomais de nós quando começamosa preparar uma tiragem.

Neste 3° número o leitor iráver um pouco de cada coisa.Uma Cidade de Deus comartesanato, poesia, jovensrealizando projetosindependentes ou não. Vaisaber que a Cidade de Deus temuma cultura premiada.

Vamos analisar como anda aeducação de nossas crianças:quais são as expectativasfuturas? Como andam asnegociações para uma escola deEnsino Médio na comunidade?Afinal, nossas crianças têm queir estudar em lugares muitodistantes atrapalhando umpouco a qualidade do estudo.

Para que o jornal ficasse maisdinâmico, pensamos em investir

muito no visual, com bastantesfotos relacionadas aos assuntose veio a proposta das “tirinhaseducativas”, com temas do dia adia, feitas por moradoras ecolaboradoras do jornal.

Então, você está sendoconvidado a conhecer um poucomais de Cidade de Deus atravésdessas páginas, e por que nãotambém não ser um colaborador,patrocinador etc.? Não deixe deler na última página como podefazer isso.

Encerro agradecendo peloempenho de todos, em especialà equipe do SOLTEC/UFRJ que,no final de 2011, contribuiu comos colaboradores do Jornal naelaboração do nosso RegimentoInterno e agora estãocolaborando na correção denossas matérias e nadiagramação desta edição.

Expediente ‐ Janeiro a Março de 2012

Fundadores: Ariana Apolinário, Cilene Vieira, Dara Bandeira, Dayse Vieira, Felipe Brum, Joana daConceição Campos, João Carlos Souza, José Alberto, Landerson Soares, Leila Martiniano, MariaAngélica Ponciano, Marília Gonçalves, Mônica Rocha, Rita de Cássia, Rosalina Brito, Valéria Barbosada Silva, Julcinara Vilela

Membros do jornal: Maria Angélica Ponciano, Cilene Vieira, Felipe Brum, Joana da ConceiçãoCampos, José Alberto, Julcinara Vilela, Mônica Rocha, Rosalina Britto

Colaboradores: Luiza Nascimento Braga, Míriam Andrade, Viviane de Sales

Revisão de Textos: Marília Gonçalves

Diagramação: Alan Tygel

Agradecimentos: Conexão Cultural

Apoio: SOLTEC/UFRJ, SESC

Este jornal foi diagramado utilizando somente programas de computador livres:

Scribus, LibreOffice e Ubuntu. Use Software Livre.

Visite o Portal da CDD >> http://www.cidadededeus.org.br

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A N O T Í C I A P O R Q U E M V I V E | J A N . ‐ M A R . 2 012 3

Anahyde: das “Cantoras da Madrugada da Rádio MayrinkVeiga” a primeira mulher a puxar samba na avenidapor Mônica Rocha

Anahyde é Carioca de apelidoTuca. Com 78 anos dedicados àmúsica e ao teatro, ela reivindi‐ca o título de primeira mulher apuxar o samba enredo do BlocoIndependentes da Barão do RioComprido na praça 11.

Quando o marido Valter Praça11 era vivo, Anahyde era compo‐sitora da escola de samba na Ci‐dade de Deus. “Época em que asmulheres não ganhavam sambaenredo”, lembra a sambista, po‐rém com o tema “Paraíso NegroZumbi do Palmares”, composiçãofeita com sua parceira Obassy,ganharam em 5° lugar algo iné‐dito para uma mulher e levaramo troféu.

Cantora da madrugada, na rá‐dio Mayrink Veiga, Anahyde ga‐nhou o troféu de melhorintérprete e melhor música, noprograma de Aldeson Alves. Atéhoje Anahyde guarda o troféu.Quando chegou na Cidade deDeus, depois da premiação, foirecebida com surpresa, e por on‐de passava as pessoas chama‐vam pelo seu nome e davamparabéns.

Anahyde teve suas músicastransformadas em peça de teatrono projeto Marta Maia, no SESC

de Engenho de Dentro. Ela fezespetáculo com a atriz MarisaOrth, e participa do Grupo de Te‐atro do Retiro dos Artistas, ondecolabora com a dramaturgia. NaCDD, colabora com o Grupo deSenhoras no SESI. InterpretandoClara Nunes em “Tem Zum, Zum,

Zum”, no Auditório, a interpre‐tação de Tuca foi destacada.

Uma satisfação foi ganhar otroféu homenagem a Cartola.Compositora, atriz, roteirista,artista plástica, premiada pelomaestro Paulo da Hora Alcântrapela sua marchinha da terceiraidade. Anahyde é a compositorado Hino da Terceira Idade, ofici‐alizado pela Câmara dos Verea‐dores com menção honrosa quelhe rendeu várias reportagens. Ohino do Retiro dos Artistas é daautoria de Tuca, e esse ano vemcom a gravação do Cachorro Bi‐lau em uma mídia. Tuca contri‐bui de forma decisiva no sucessodas peças teatrais com seu gran‐de talento de atriz e contribuicom quadros inteiros com a dra‐maturgia valorizando com tex‐tos inéditos as peças queparticipa.

Vou parar um pouco da histó‐ria de Anahyde com uma parteda letra do samba de “Tuca eObassy”, em homenagem a Zum‐bi: Em cada negro que nasce elesobreviveu traído ele foi execu‐tado em cada canto um ZumbiIluminado. Por isso Quando che‐ga o carnaval negros e brancosenriquecem o visual.

Patrocinador:

Apoios:

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4 A N O T Í C I A P O R Q U E M V I V E | J A N . ‐ M A R . 2 012

Cidade de Deus através do João Gomesrecebe premio Mestre 2011 pela SECpor Mõnica Rocha

João Gomes, o nosso MestreMiúdo da Folia de Reis, completa66 anos dedicados à Bandeira doDivino. Mineiro de Itapiruna, aos10 anos de idade é iniciado comopalhaço no reisado. Quando che‐ga à Cidade de Deus, em 1979, setorna o mestre da folia “Os TrêsReis do Oriente”, saída no ciclonatalino a Bandeira de Reis mui‐tos acreditam no poder de cura.Faz parte da do Estado e culturabrasileira e já é considerada pon‐to de cultura.

A SEC (Secretaria de Estado eCultura) reconheceu a contribui‐ção dos mestres populares e ma‐nutenção do que hoje épatrimônio imaterial “Folia deReis”, conforme o texto abaixo,retirado do prêmio de concessão:

“Apoio a concessão de premia‐ção aos mestres de cultura popu‐lar, e premiação a João Gomespelo desenvolvimento da área decultura popular e seus segmen‐tos.”

Parabéns, Miúdo, a históriade vida que é de implementaçãoaos saberes populares e salve OsTrês Reis do Oriente.

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Tirinha Educativas Rosalinapor Alan Tygel

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6 A N O T Í C I A P O R Q U E M V I V E | J A N . ‐ M A R . 2 012

O 1°Festival Ponto de Cultura Itinerante Cidade de Deuspor Cilene Vieira

O Ponto de Cultura Itineranteda Cidade de Deus é um Coletivode artistas formado na comuni‐dade, no ano de 2010. Apoiadopela Secretaria Estadual de Cul‐tura do RJ, dentro do ProjetoMais Cultura (MinC), e tendo co‐mo proponente a Casa de SantaAna, presidida por Maria deLourdes Braz, o Coletivo reúnecanto, artes cênicas, artes plás‐ticas, audiovisual, música, dançae literatura.

No ano de 2010, o grupo secapacitou em elaboração e for‐matação de projetos culturais,através de seminários promovi‐dos pelo próprio Ponto, e peloCurso Cultura Portátil, realizadopela Farmanguinhos/FIOCRUZ.

Nesta segunda etapa, o grupotem por objetivo difundir arte ecultura e compartilhar seus pro‐cessos criativos com a comuni‐dade. Ampliar propostas ereflexões relativas ao ambiente eà história da Cidade de Deus,promovendo assim a recupera‐ção, caracterização e manuten‐ção da cultura local.

Será realizado um circuito deeventos com apresentação cole‐tiva, que, ao longo do ano, se es‐tenderá a todas as áreas daCidade de Deus.

O primeiro Festival Ponto deCultura Itinerante Cidade deDeus foi realizado no dia 19 denovembro de 2011, sábado, naquadra da Mocidade Unida deJacarepaguá (Edgar Werneck,1607 – Cidade de Deus).

Esse primeiro Circuito Itine‐rante de Cultura foi um marco naCidade de Deus, devido aos inte‐grantes das instituições terem seenvolvido por inteiro para queeste evento acontecesse aten‐dendo as perspectivas da comu‐nidade. O público foi chegando,

observando o espaço da quadrade samba e daqui a pouco já es‐tavam participando da oficina deArtes Plásticas, coordenada peloGilmar Ferreira. Naquele momen‐to, todas as gerações se integra‐vam para produzir alguma coisae mostrar para o público. Muitosestavam tão concentrados nocontato do pincel com a tinta e opapel, que ficavam alguns minu‐tos mergulhados na sua criativi‐dade, alguns até desconheciamtal dom artístico.

Ao iniciar o Sarau de Poesias,

a Rosalina (uma das fundadorasdeste jornal), sempre despacha‐da, começou a recitar suas obras,mas de olho para que alguém le‐vantasse para prosseguir o sa‐rau. Para nossa surpresa,algumas crianças do Coral Inter‐geracional Vozes da Cidade deDeus ficaram de pé e pediram pa‐ra recitar um versinho. Foi muitolindo a coragem daquelas meni‐nas e a pureza do que elas fala‐vam. Uma grande atriz,compositora e poetisa, Srª Nahyl‐de, mais conhecida como Tuca,recitou uma de suas belíssimasobras. Naquele momento era sóchegar ali a falar o que quisesse.Eu também me empolguei e reci‐tei um poema da minha inesque‐cível mãe, Srª Obassy (A Paz éPossível). Ao recitá‐la senti apresença dela ali conosco, foimuita emoção.

O Coral da Casa de Santa Anadeu um show de interpretação,cantando várias músicas de dife‐rentes estilos que mexeram mui‐to com o público, que cantavabaixinho para não atrapalhar ogrupo na apresentação. Todos fi‐caram maravilhados com o coralfazendo coreografias. Foi muitolindo e não posso esquecer de fa‐lar que a professora de músicaNeuma Morais, mesmo com pro‐blemas de saúde, não deixou deorientar o Coral. Ainda teve aapresentação do balé com as cri‐anças, que foi hilária. E a Mariade Lourdes, com sua equipe detrabalho, era só alegria vendo oCoral e o balé se apresentar.

O Grupo Teatral Raiz da Liber‐dade apresentou o espetáculo“As Largadas”, que mostra a rea‐lidade do que é viver só, quandoa idade vai avançando e os fami‐liares não se preocupam e aindahá a solidariedade de algunsamigos. Tiveram algumas cenascom muito bate boca e outrasmuito engraçadas. A interaçãocom a plateia foi ótima.

A Companhia de Dança Trevofez um maravilhoso espetáculodançando vários ritmos com co‐reografias ótimas. E o públiconão conseguia ficar parado sóassistindo: todos se mexiam comcabeça, ombros, pés, pernas ebraços. O grupo de rapazes e mo‐ças mostrou a integração e a res‐ponsabilidade para apresentarum ótimo trabalho.

Para fechar com chave de ou‐ro, nossos amigos cineastas Pau‐lo Silva e Julio Peclyapresentaram curtas metragens(pequenos filmes) importantíssi‐mos para a reflexão do públicosobre determinadas situaçõesque acontecem em nosso cotidi‐ano.

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com materiais reciclados, descartá‐veis, mostrando uma feira limpa,onde não há venda de garrafas deágua e se evita fumar no espaço. Is‐to serve para ajudar na preservaçãodo meio ambiente.

A Cidade de Deus teve seu 1º Se‐minário de Economia Solidária e Po‐líticas Públicas, nos dias 10 e 11 dedezembro de 2011, no Ciep João Ba‐tista, e Festival no dia 15 de dezem‐bro do mesmo ano, na Paróquia PaiEterno e São José. Os artesãos, nes‐se evento, estavam já sozinhos, co‐locando em prática aquilo queaprenderam.

Uma das conquistas desses arte‐sãos foi a escolha de dez pessoas pa‐ra exporem com outras comunidadesdo Rio de Janeiro (com qualidade doproduto), no Quiosque 17, da Av.Atlântica. A Srª Laudelina é diretora

do quiosque e com a Srª Sueli são re‐presentantes da Cidade de Deus.Eles também têm agora um box nomercadinho popular, na Cidade deDeus, em que pretendem realizar umprojeto de reestruturação dos arte‐sãos da Cidade de Deus, grupo queatualmente  conta com  100 associa‐dos.

A Economia Solidária na Cidade de Deus:a organização dos artesãos por Maria Angélica Ponciano

Durante um ano a Secretaria deDesenvolvimento Econômico Solidá‐rio da cidade do Rio de Janeiro (SE‐DES) fez capacitações em váriosseguimentos do empreendedorismona Cidade de Deus. Um desses seg‐mentos é o de artesãos. Com criati‐vidade e vontade de aprender, elestêm por finalidade aumentar a rendafamiliar e uma imaginação  a perderde vista!

Com as capacitações, cursos, se‐minário de formação e festivais, cri‐aram comissões para entender eparticipar das atividades. Participa‐ram de festivais e seminários de for‐mação com a  SEDES fora da Cidadedo Rio de Janeiro, em Angra do Reis,Paraty, Mendes e Santa Maria(Rio Grande do Sul).

A  Economia Solidária se baseiaem praticas coletivas, justas, solidá‐rias e sustentáveis de geração detrabalho e renda. É um desenvolvi‐mento que permite ações coletivasdo trabalho, distribui riqueza e geratransformação social. Um novo mo‐do de produzir, vender, comprar etrocar.

Segundo João e Daya, artesãos,nos seminários de formação que ti‐veram aprenderam a organizar, pla‐nejar, montar e desmontar asbarracas, divulgar, finanças e docu‐mentações necessárias  para realiza‐ções de um festival, que aindatrabalha integrado com outros gru‐pos culturais, por  exemplo: dança,ginástica olímpica, capoeira etc.. Oobjetivo dessa prática é o trabalho

REUNIÃO: todas as terças feiras,às 18hs.          Local: Agência Cidade de Deus deDesenvolvimento Local

Veja como foi a programa‐ção do evento:

13:00 ‐ Abertura: Atelier eOficina de Artes Plásticas

Com: Gilmar Ferreira

Curadoria: Roberto Cabral

14:00 ‐ Sarau de PoesiasFavela tem Voz

Com Rosalina Britto

15:00 ‐ Grupo Vozes da Ci‐dade de Deus – Coral Inter‐geracional

Direção Musical: NeumaMorais

Coordenação: Maria deLourdes Braz

16:00 ‐ Grupo Teatral Raizda Liberdade

Espetáculo: As Largadas

Direção e Texto: VictorCosta

Com Cilene Vieira e DaisyVieira

17:00 ‐ Cineclube Itineran‐te Exibição de Curtas reali‐zados na Cidade de Deus

Com Paulo Silva e Julio Pe‐cly

18:00 ‐ Encerramento:Cia. de Dança Trevo

Coreografia: Lucio Santos

Ficha Técnica do Evento:

Coordenação Administrati‐va: Maria de Lourdes Braz

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8 A N O T Í C I A P O R Q U E M V I V E | J A N . ‐ M A R . 2 012

Mestre Derli: A identidade de um personagem da cultura Negra

por Mônica Rocha

Derli da Silva Costa é o conhe‐cido Mestre Derli da Aliança Ariride Capoeira, morador da Cidadede Deus. Nasceu no dia dois deabril de 1956 em SãoCarlos, no Estácio, Riode Janeiro. Casado comCristina tem duas filhas,Darla e Darlene, e netos.Este homem de méritoscompartilhou com o jor‐nal um pouco da suahistória de coragem eresistência. Quando pe‐queno Derli era deixadocom uma parenta pelasua mãe que saía paratrabalhar, e apanhavamuito. Por isso, acaboufugindo para a rua, levando seucachorro Rex e a viola de brin‐quedo. Com oito anos de idade,dormindo dentro de um carroabandonado, jogaram álcool ne‐le e tacaram fogo. Três pessoasacudiram o menino le‐vando para o hospitalda Lagoa. Eram seusnovos amigos que, que‐rendo cuidar dele recu‐perado, ensinaram osprimeiros passos de ca‐poeira.

Tempos depois, suamãe o encontra e pro‐mete nunca mais se se‐parar. Assimaconteceu, e vierammorar na Cidade deDeus quando Derli ti‐nha cerca de dez anosde idade. Aqui conheceu mestreNoé e Mestre Rock e passou afrequentar rodas de capoeira. Acapoeira falou mais forte que ador: quando Derli chegava à ro‐da, tudo melhorava. “Tive ami‐gos que foram para o lado errado

da vida. Mas a capoeira era maisforte que tudo”. Não tinha bolanem pipa que me tirasse de umaroda de capoeira”, conta. É atra‐

vés da capoeira que hoje Derlien‐sina e fortalece a cidadania dosjovens da Cidade de Deus. Sua fi‐lha Darlene é capoeirista e seusnetos, Mateus, Derli, Deiseos‐tom, são herdeiros da espécie.

Comenta M. Derli que viaja todoo Brasil com a sua roda e batiza‐dos de capoeira.

Homenageado nos fóruns co‐mo mestre de Jacarepaguá, Derlirecebeu “Medalha Tiradentes”,duas “medalhas do consulado de

Canadá pela contribuição do mo‐vimento negro”, além da “meda‐lha 10 melhores da América emprol da capoeira”. Ele é conse‐

lheiro da confedera‐ção internacional emprol da capoeira. Alu‐nos criaram, no Ca‐nadá, dois grupos decapoeira com o nomeAliança Ariri, em ho‐menagem ao mestre.Em 2011, Derli foi es‐colhido pelo cônsulAmericano para fazerdemonstração comseu grupo na vindade Barack Obama naCidade de Deus. Hoje

ele tem em sua filha, netos ealunos “a marca da personalida‐de de uma identidade da culturanegra” e “os seguidores da di‐nastia”, comenta Derli.

Em 2011, o mestre recebeu oprêmio Mama África,foi homenageado pe‐la Equador, Colôm‐bia, Chile, Venezuela,teve apoio do SESC eFederação Fluminen‐se de Capoeira. Em2012, todos os repre‐sentantes do prêmioMama África voltamao Brasil, agora naCidade de Deus, poiso Troféu Mama África2012 vem com o no‐me de Mestre Derliimpresso na base. A

CDD está junta no evento. Derli éum homem de muitos feitos, emoutro momento contaremosmais. Sinônimo de resistênciacultural de capoeira, detentor daarte capoerista Derli.

Conheça a história do mestre de capoeira que se criou na CDD e já ganhou prêmios internacionais

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Quase meio século e apenas uma escola do ensino médioA história da educação na Cidade de Deus

por Cilene Vieira

A Cidade de Deus foi construí‐da pelo governador Carlos Lacer‐da, para ser o conjuntoresidencial dos funcionários pú‐blicos do antigo Estado da Gua‐nabara. A obra estavapraticamente pronta, quando eledeixou o governo. Seu sucessor,Francisco Negrão de Lima, logoapós a posse, em janeiro de 1966,enfrentou um dos maiores tem‐porais da história da cidade, oca‐sionando enchentes, tragédias emilhares de desabrigados, obri‐gando‐o a abrir a Cidade de Deuspara receber parte da populaçãoatingida. A medida era provisó‐ria, mas acabou sendo definitiva.

Os desabrigados que ganha‐ram suas moradias na épocaeram oriundos de várias comuni‐dades como: Morro da Providên‐cia, Praia do Pinto, Favela doEsqueleto, Rocinha, Cruzada deSão Sebastião, Vidigal, entre ou‐tras.

Devido ao fato, a Cidade deDeus cresceu rápida e desordena‐damente. Primeiro vinham asmães com os filhos e maridos(quando tinham). Depois, vi‐nham os demais familiares.

Segun‐do o Insti‐tutoBrasileirode Geo‐grafia eEstatística(IBGE),com o úl‐timo CEN‐SO de2010, a Ci‐dade deDeus temaproxima‐damente

38 mil habitantes, mas os mora‐dores discordam dessa pesquisa,afirmando que a população localchega a 50 mil habitantes.

Para atender esta demanda, aCidade de Deus tem doze EscolasMunicipais, como: Alberto Ran‐gel, Alphonsus de Guimaraens,AvertanoRocha, Au‐gusto Mag‐ne,FredericoEyer, CIEPJoão Batistados Santos,MonsenhorCordioli, Jo‐sé Clemen‐te, JulianoMoreira, CI‐EP Luis Car‐los Prestes,Pedro Aleixo e ProfessorandaLeila Barcelos de Carvalho. Po‐dem acreditar, todas essas Uni‐dades Escolares não atendem asnecessidades dos moradores. Lo‐go, os responsáveis têm de pro‐curar outras escolas no entorno(Freguesia, Taquara, Barra da Ti‐juca, Tanque, Praça Seca, Pe‐

chincha, entre outros).Em 1977, foi inaugurado na

Praça da Bíblia, nos apartamen‐tos, o Centro Interescolar Muni‐cipal Pedro Aleixo, que foi umadas maravilhas da época, com asdisciplinas de Técnicas Industri‐ais, Educação para o Lar, CineClube, Técnicas Agrícolas. Nestaescola existia um amplo auditó‐rio, quadra de esportes e seuprédio com quatro andares. Noprimeiro momento, a escolaatendia apenas os alunos de 6ª e7ª séries. Com o decorrer dosanos, a unidade escolar passou aatender da Educação Infantil ao2º segmento do Ensino Funda‐mental (antigo Ginásio).

Como já foi mostrado anteri‐ormente, a Cidade de Deus temdoze Escolas Municipais do Ensi‐no Fundamental. Porém, os colé‐gios do Ensino Médio que

tínhamos na época eram doisparticulares, para atender toda acomunidade. Em meados da dé‐cada de 70 o Colégio José deAlencar, que era situado na PraçaPrincipal da Cidade de Deus, naRua Edgard Werneck, atendia aosque podiam pagar para estudar. Ena década de 80 o Colégio BAIK,

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situado no Bairro Araújo, também naRua Edgard Werneck, cobrava um valormenor e dava bolsas de estudo.

Em 1983, no governo Leonel Brizola,surgiu a primeira escola do ensino mé‐dio na CDD: Colégio Estadual Pedro Alei‐xo, que funcionava somente no horárionoturno no prédio cedido pelo municí‐pio, do CIMPA (Centro Interescolar Mu‐nicipal Pedro Aleixo), e oferecia apenaso curso de Contabilidade. Pelo quantita‐tivo de moradores que a Cidade de Deustinha essa única escola não atendia ademanda. Logo os alunos continuavamobrigados a procurar escolas em outrosbairros. Mas, devido a conflitos com opoder paralelo e a polícia, pondo em ris‐co a vida de todos que estudavam e tra‐balhavam lá, o colégio foi transferidoem 1996 para o prédio do CIEP João Ba‐tista dos Santos, que está localizado naRua Edgard Werneck próximo da praçaprincipal da Cidade de Deus.

Em 2003, com a fundação do Comitêda Cidade de Deus, as instituições parti‐cipantes eram divididas em grupos parao debate sobre Políticas Públicas e aEducação sempre foi um dos maioresproblemas. O Comitê convidou o Secre‐tário de Educação, Vereadores, repre‐sentantes da Educação do Estado,Município e Federação. Tudo isso paradarmos uma solução na educação doEnsino Médio na Cidade de Deus. Então,em 2009 foi apresentado um projeto àslideranças da comunidade para que fos‐se implantada uma unidade do ColégioPedro II, que funcionaria nos três tur‐nos. A população ficou eufórica, masnada disso saiu do papel e até hoje esta‐mos convivendo com a precariedade daescola do Ensino Médio.

A Cidade de Deus recebeu um presen‐te: a parceria do SESI (Serviço Social daIndústria) com a Prefeitura, que em2011 iniciou o Ensino Médio na EscolaMunicipal Alphonsus de Guimaraens,iniciando com os alunos do supletivoque, com muito esforço, conseguiramconcluir o Ensino Fundamental e cami‐nham para a obtenção de novos conhe‐cimentos do Ensino Médio e o que maisvier.

Através da Agência de Redes para Juventude, projetorealizado pela Petrobrás em seis comunidades do Rio deJaneiro com UPP (Unidades de Polícia Pacificadora), jo‐vens entre 15 e 29 anos foram estimulados a agir emseus próprios territórios. As comunidades alcançadaspelo projeto foram: Batan, Borel, Cantagalo, ChapéuMangueira/Babilônia, Cidade de Deus e Providência.

Muitos projetos foram pensados pelos jovens mora‐dores da Cidade de Deus que participaram e alguns re‐ceberam uma premiação para que pudessem serdesenvolvidos na comunidade. Na Cidade de Deus po‐demos citar os que ganharam na primeira banca: o Co‐nexão Cultural e CDD na Tela. E, após passarem por umadesencubadora, foi a vez do Estilo Favella e CDD Para oMundo.

Na edição desse mês trazemos para aqueles que nãosouberam ou pouco souberam sobre o processo o queandam fazendo esses jovens e seus projetos. Confira napágina ao lado!

Facebook>>

http://www.facebook.com/conexaoculturalcdd

Blog>>

http://conexaoculturalcdd.wordpress.com/

O jovem ...por Maria do Socoro

Fotografia: Renan Otto

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A N O T Í C I A P O R Q U E M V I V E | J A N . ‐ M A R . 2 012 11

CONEXÃO CULTURALpor Luiza Nascimento Braga

O Conexão Cultural é mais que um projeto, é a marcado protagonismo juvenil lutando a favor da democrati‐zação cultural. Como assim? É o que você pode estar seperguntando agora.

Vimos que, na Cidade de Deus, falta espaço para amanifestação da diversidade cultural e nossa proposta éjustamente essa. Estamos trabalhando como ProdutoresCulturais na comunidade, fazendo com que a facetamulticultural daqui venha à tona.

"Tem galera do samba, chorinho, pagode, poesia, te‐atro, hip‐hop... Opçõesnão faltam.Só que o queacaba aconte‐cendo é que,se o moradorda CDD quercurtir umamúsica dife‐rente atual‐mente, por exemplo, ele precisa se deslocar até outraregião, por não haver um 'teto' para os artistas se di‐vulgarem. Agora me diz que sentido faz os moradoresirem tão longe quando na sua própria comunidade exis‐te uma diversidade tão grande de artistas de qualida‐de?” Foi através desse diagnóstico que Carolina

Meireles,GuilhermeGonzalez,Luiza Braga eRicardo Fer‐nandes re‐solveramcriar o Cone‐xão CulturalCDD.

Estamoscirculando na internet uma campanha para quem quiserdoar livros, DVDs, revistas e CDs, desde que estejam embom estado. Nossa intenção é fazer com que a culturachegue a lugares onde o seu acesso é escasso ou poucousual. Para mais informações, fiquem ligados em nos‐sas redes sociais.

... e sua atuação na Cidade de DeusCUTUCANDO O JOVEMO que algumas crianças de escolas públicas daCidade de Deus estão pensando sobre váriostemas

Fotografia: Deco

Fotografia: Deco

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12 A N O T Í C I A P O R Q U E M V I V E | J A N . ‐ M A R . 2 012

Projeto Jovens Comunicadores e a Informáticapor Miriam Andrade, educadora de informática da ASVI

"Um país sem memória não éapenas um país sem passado, éum país sem futuro". É citandoRui Barbosa que anuncio aquiboas novas sobre o que aconteceno nosso bairro.

Sob a direção de Maria do So‐corro Melo Brandão, presidenteda ASVI (Associação Semente daVida da Cidade de Deus), inicia‐se o Projeto Jovens Comunicado‐res da Semente da Vida na Cidadede Deus, com patrocínio do Insti‐tuto Rio. Com a missão de resga‐tar a memória da comunidade e,principalmente, incentivar o jo‐vem a ser protagonista na histó‐ria da comunidade e nainstituição, esse trabalho estáampliando os conhecimentos dosparticipantes, através de cursos eoficinas, nas áreas de informáti‐ca, fotografia, vídeo, comunica‐ção, escrita etc..

Como responsável pela área deinformática, vejo a potencialida‐de dessa ferramenta nas mãosdesses jovens, que lidam comtanta desenvoltura e naturalida‐de nesse mundo de bits e bytes.

Mundo esse que às vezes assustaquem já estava aqui na última vi‐sita do cometa Halley, mas quepara eles é impensável sem a pre‐sença dessas fantásticas máqui‐nas.

Não é estranho ouvirmos dosjovens a seguinte pergunta: “Co‐mo vocês viviam sem internet”?Como costumo dizer: eles nasce‐ram com as mãos no mouse. En‐tão há de se tirar o maiorproveito possível disso aliandomemória, informática e MUITOtrabalho.

Com a ajuda do projeto, elesestão extraindo do computadormuito mais do que “Orkuts”, “Fa‐cebooks” e “MSNs”. Aprendemque Linux não é “coisa de Nerd”,que o Office não é só um íconeperdido na sua área de trabalho,que um blog não é só para fofo‐

cas de artistas de televisão...Nossos meninos e meninas

precisam estar no mesmo pata‐mar de qualificação dos seusconcorrentes no mercado de tra‐balho, e a informática é peçachave para o crescimento profis‐sional de qualquer indivíduo. To‐mar posse desse recurso, que atébem pouco tempo era privilégiode um grupo seleto da nossa so‐ciedade, é de uma gratificaçãoincomensurável, e é disto quetambém estamos tratando aqui:oportunidades, crescimento, co‐nhecimento e cultura, ou seja,cidadania.

O material mais importante detodo e qualquer processo estáentre a cadeira e o teclado. É deconhecimento e exercício destefato que eles conquistarão seuquinhão na sociedade, seu lugarno mundo, não como um passivoespectador, e sim como protago‐nistas.

Como uma vez disse Pitágo‐ras: “Eduque as crianças e nãoserá necessário castigar aos ho‐mens”.

Considerando que as imagens dos livros são elementosimportantes na criação da memória, principalmente nainfância e na adolescência, ...

… a educação está também naquele que nãosó aprende a ler, mas também a ver.

por Rosalina Britto

Quadrinhos

"(...) eles conquistarão seuquinhão na sociedade, seulugar no mundo, não como umpassivo espectador, e sim comoprotagonistas"

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Parados na esquina, com poesiapor Viviane de Sales

A Cidade de Deus tem sidopalco do surgimento e amadure‐cimento de diversas ações artís‐ticas, nas mais diversas áreas:cinema, teatro, artes plásticas,música e literatura. Entre os anos70 e 80, a produção teatral e lite‐rária era agitada por artistas queprotagonizavam o movimentocomunitário e realizavam ativi‐dades culturais e políticas de re‐sistência à ditadura militar. Nofinal dos anos 70, jovens mora‐dores lançaram a revista “Nós”,que divulgava poetas locais,eventos culturais e ajudava nacaptação de recursos para a pro‐dução de uma peça teatral. Ape‐sar da pequena tiragem mensal,tornou‐se uma das iniciativasmais marcantes no movimento li‐terário local: era a criatividade eo trabalho coletivo do que maistarde veio a se tornar o GrupoCultural Projeto.

A cena literária contemporâ‐nea respira da história e da atua‐lidade de seus movimentosartísticos. Nos últimos tempos, anovidade tem sido a realizaçãodo Sarau Poesia D’ Esquina, queacontece mensalmente num barna região da Treze. “O movimen‐to literário contemporâneo contacom maior velocidade de comu‐nicação e com o acesso mais de‐mocrático à informação e aoconhecimento. Com isso, produz

maior capilaridade no interior daCidade de Deus e facilita cone‐xões a movimentos semelhantesem outras áreas da cidade”,aponta o escritor WellingtonFrança, que participava do GrupoCultural Projeto, do conselhoeditorial da Revista “Nós” e queé, hoje, um dos poetas organiza‐dores do Sarau Poesia D’ Esqui‐na.

O Sarau, que foi idealizadopara tornar‐se espaço de encon‐tro entre poetas da Cidade deDeus, já tem sido visitado por ar‐tistas das redondezas e de outrasfavelas, como o Vidigal e a Roci‐nha. Além da poesia, que natu‐ralmente é o prato principal, oencontro dialoga com o audiovi‐sual através da exibição de cur‐tas e com a música a partir deapresentações que vão do rap aosamba. A sambista Anahyde Mu‐niz, uma das principais estrelasda vida cultural da Cidade deDeus, apresentou‐se na primeiraedição do Sarau e arrancouaplausos entusiasmados da pla‐teia que, ainda tímida, experi‐mentava estacionar num dia desemana num bar de esquina – daío nome Poesia D’ Esquina – paraouvir, falar, multiplicar e diluirpoesia.

Para os poetas que partici‐pam, a melhor forma de divulgarpoesia é necessariamente compoesia. Uma nova publicação in‐

dependente e num formato alter‐nativo foi criada para reunir tex‐tos de moradores e dosfrequentadores do Sarau: é ofanzine “Pensamento Livre!”,que é distribuído em espaços pú‐blicos como, por exemplo, a feiralivre e os pontos de ônibus.

A Poesia D’ Esquina tem sidoespaço de reunir gerações: os Pe‐res da Silva da área do Karatêprometem marcar presença nospróximos Saraus reunidos em fa‐mília. “Primeiro, fui convidadaatravés da distribuição dos fanzi‐nes de poesia e mostrei a publi‐cação a minha neta Ana Beatriz,de 8 anos, que insistiu em meacompanhar e de quieta passou aser quem mais fala textos duran‐te o Sarau”, conta a educadora

Clezenilda. Na última edição,mais membros da família estive‐ram presentes: o adolescenteMarcos e o patriarca Brasil, de 72anos, que interpretou o poetinhaVinícius de Moraes.

Outro poeta e agitador cultu‐ral da Poesia D’ Esquina, DJ Fula‐no, revela planos para o futuro:“A gente espera que o Sarau con‐tinue com um público diversifi‐cado e ao mesmo tempo unidopela poesia. Mais moradores daCidade de Deus publicando li‐vros, mais intercâmbio com o querola em outros lugares”.

Quer participar do próximo SarauPoesia D’ Esquina?

Quinta, 15/03 a partir de 19h30 noTico’s Bar na Rua Carmelo, n°1 (emfrente a E.M. Alphonsus de Guima‐raens)

Rosalina de Britto, no sarau

Quer mandar textos para o fanzine?

[email protected]

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Obras na Cidade de Deus ‐ Bairro Maravilhapor Felipe Zohler

As obras de saneamento bási‐co e pavimentação de ruas e tra‐vessas na Cidade de Deus estãoaceleradas, principalmente aspartes de escavação, aberturadas valas e colocação de tubula‐ção do esgoto sanitário. Já o fe‐chamento das valas e calçadas émais lento, e isso tem geradodescontentamento na popula‐ção. As pessoas falam que é mui‐to tempo de lama e areia nasruas.

Vale lembrar a população doProjeto Bairro Maravilha, paraque possamos ficar atentos àsobras e promessas feitas.

Veja no folder qual é a propos‐ta do projeto:

Maria CDDA travessia

por Monica Rocha

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Avaliação do Projeto Bairro Educador Cidade de Deus em 2011por Maria do Socoro

O Projeto BairroEducador faz partedo programa Esco‐las do Amanhã e érealizado pelo CI‐EDS (Centro Inte‐grado de Estudos eProgramas de De‐senvolvimentoSustentável). Vári‐as atividades temsido realizadas pe‐lo projeto nas esco‐las com o objetivode contribuir namelhoria do IDEB(Índice de Desen‐volvimento da Edu‐cação Básica) ediminuir a evasão escolar. Essasatividades são sempre realizadaspor parceiros que podem ou nãoser da comunidade, conforme oProjeto Político Pedagógico daescola.

No ano de 2011 as gestoras doprojeto em Cidade de Deus, Mariado Socorro e Francisca Assis,contribuíram com as seguintesações nas escolas:

‐ Exposição João Cândido doProjeto Memória:em parceria com aAgência Banco doBrasil Cidade deDeus, que foi rea‐lizada nas esco‐las: Pedro Aleixo,Alberto Rangel,José Clemente eCIEP Luiz CarlosPrestes. Cada umadas escolas apro‐veitou a exposi‐ção como pôdenas suas aulascom trabalhos es‐critos, culminân‐cias, etc.. Foi o

caso da Escola Municipal AlbertoRangel que, no final do ano, fezuma belíssima culminância comdiversos trabalhos: teatro, pes‐quisas, música, grafite com rela‐ção ao João Cândido e sua lutana revolta da Chibata.

‐ Jornal “O Prestinho”: foi in‐centivado pelo Bairro Educador edesenvolvido em parceria comuma turma da professora Ângela,no CIEP Luiz Carlos Prestes, sen‐

do apresenta‐do à comuni‐dade no finalde 2011 e oPPP (ProjetoPolítico Peda‐gógico) da es‐cola foirelacionado àComunicação.

‐ O BairroEducador ealgumas es‐colas contri‐buíram emações que aNatura desen‐volveu na co‐munidade.

Em particular citamos o CIEP LuizCarlos Prestes, que cedeu o espa‐ço para a realização de uma ação,e a Escola Municipal Pedro Alei‐xo, que levou a sua banda de per‐cussão num segundo momento.

‐ Foi desenvolvida na EscolaMunicipal José Clemente Pereirauma gincana envolvendo toda aescola e os projetos que atuamna mesma, como: Bairro Educa‐dor, SANGARI (Cientistas do

Amanhã), IABAS(Programa Saúdenas Escolas) e CE‐CIP, incentivadospelo Programa Es‐colas do Amanhã eUNESCO.

‐ Como o proje‐to se estende à Es‐cola MunicipalHelena LopesAbranches, noGardênia Azul,também contribuí‐mos com o PPP(Projeto PolíticoPedagógico) destaescola, que era so‐

Ida dos alunos do CIEP a Horta Jardim do Anil

Aula do Curso Daniel Azulay na E.M.Pedro Aleixo

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bre o AnoInterna‐cional dasFlorestas,e levamosduas tur‐mas paravisitar aHortaJardim doAnil.

Na Es‐cola Mu‐nicipalProfesso‐randaLeila Bar‐cellos deCarvalho,a partir de um curso e exposiçãosobre Cândido Portinari ofereci‐do pela Casa de Cultura em frenteà escola, foi realizada a Trilha

Meu Amigo Portinari com os alu‐nos da Professora Viviane Cunha.Esta atividade foi uma continua‐ção do trabalho que foi iniciado

com os alunos do ACELERA II, daprofessora Sílvia, sobre sexuali‐dade.

Esses são só alguns exemplosde atividades, ações, parceriasque o Bairro Educador teve em2011. Em 2012 outras metas, par‐cerias, ações serão desenvolvidase esperamos contar com a comu‐nidade para que possamos tornara Cidade de Deus um verdadeiroBairro Educador, e para que nos‐sas crianças se sintam felizes naescola e possam se desenvolvercom mais qualidade.

Nós, como moradores, pode‐mos contribuir com a direção ecom os professores, buscando naescola como podemos fazer isso,pois, acreditem: muitas coisaspodem ser feitas para contribuir‐mos na Educação de nossas cri‐anças.

Professor do PEJA explicando sobre a   exposição JoâoCândido na E.M.Alberto Rangel

Lançamento da segunda edição do Jornal "A notícia por quem vive"

No final de 2011, lançamos,com grande comemoração, asegunda edição do Jornal daCidade de Deus. A Notícia PorQuem Vive foi uma conquista deum grupo que não brincou emserviço. Depois da primeiraedição em outubro de 2010, ojornal foi contemplado com umedital do Ministério da Culturaque permitiu a produção dasegunda edição, a realização dediversas oficinas e, com o apoiode parceiros como oSOLTEC/UFRJ e o SESC, aconsolidação e superação destegrupo de comunicadorespopulares. A Notícia é feita poruma gente que luta porautonomia e não abre mão dacidadania. Participe do jornalenviando uma mensagem deinteresse através do PortalComunitário da Cidade de Deus.

por Mônica Rocha e MaríliaGonçalves

Acesse o portal da CDD

www.cidadededeus.org.br