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ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA DA ESTRATÉGIA COMPETITIVA DE MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS Danilo Augusto Moschetto (UFSCar ) [email protected] Ana Paula Hayashi (UFSCar ) [email protected] Tiago Fernando Musetti (UFSCar ) [email protected] Alceu Gomes Alves Filho (UFSCar ) [email protected] A pesquisa teve como objetivo analisar a produção científica referente aos temas estratégia competitiva e pequena empresa. O método de pesquisa adotado foi o exploratório-descritivo, utilizando-se, para isso, das técnicas de busca sistemátiica de artigos e análise bibliométrica dos resultados. A busca sistemática ocorreu nas seguintes bases de dados: Coleção Principal da Web of Science, Scopus e Scielo. Como resultado obteve 174 trabalhos analisados de 364 autores distintos, a grande maioria escrita no idioma inglês. O período até o ano de 2003 foi marcado por poucas publicações, com média de 2,5 trabalhos por ano, mas a partir de 2004 o número de trabalhos por ano sobe de maneira expressiva, chegando ao máximo de 17 nos anos de 2010 e 2015, com uma média de 12,3 trabalhos por ano no período. Apesar de diversos fatores estarem provavelmente ligados a esse aumento expressivo, incluindo o aumento no número de publicações indexadas pelas bases de busca, esses resultados indicam um aumento no interesse na área nos últimos anos. Palavras-chave: estratégia competitiva, pequena empresa, revisão sistemática, análise bibliométrica XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.

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ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA DA

ESTRATÉGIA COMPETITIVA DE

MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS

EMPRESAS

Danilo Augusto Moschetto (UFSCar )

[email protected]

Ana Paula Hayashi (UFSCar )

[email protected]

Tiago Fernando Musetti (UFSCar )

[email protected]

Alceu Gomes Alves Filho (UFSCar )

[email protected]

A pesquisa teve como objetivo analisar a produção científica referente

aos temas estratégia competitiva e pequena empresa. O método de

pesquisa adotado foi o exploratório-descritivo, utilizando-se, para isso,

das técnicas de busca sistemátiica de artigos e análise bibliométrica

dos resultados. A busca sistemática ocorreu nas seguintes bases de

dados: Coleção Principal da Web of Science, Scopus e Scielo. Como

resultado obteve 174 trabalhos analisados de 364 autores distintos, a

grande maioria escrita no idioma inglês. O período até o ano de 2003

foi marcado por poucas publicações, com média de 2,5 trabalhos por

ano, mas a partir de 2004 o número de trabalhos por ano sobe de

maneira expressiva, chegando ao máximo de 17 nos anos de 2010 e

2015, com uma média de 12,3 trabalhos por ano no período. Apesar de

diversos fatores estarem provavelmente ligados a esse aumento

expressivo, incluindo o aumento no número de publicações indexadas

pelas bases de busca, esses resultados indicam um aumento no

interesse na área nos últimos anos.

Palavras-chave: estratégia competitiva, pequena empresa, revisão

sistemática, análise bibliométrica

XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil

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1. Introdução

O conhecimento científico é um processo cíclico continuamente reforçado pela curiosidade do

pesquisador sobre determinado tema e pela obtenção de resultados decorrentes da aplicação

de um método científico. Para Costa et al. (2012), o conhecimento científico deve ser

transformado em livros, teses, capítulos de livros, artigos publicados em revistas científicas,

comunicações em atas de conferências e relatórios técnicos, materiais pedagógicos e páginas

na internet, para que se torne acessível à toda comunidade acadêmica.

Bufrem et al. (2007) notam que a publicação científica se tornou um instrumento

indispensável, não apenas como meio de promoção individual, mas enquanto forma de

promoção e fortalecimento do ciclo de formação do conhecimento. A avaliação da produção

científica é considerada um fator primordial para o reconhecimento dos pesquisadores junto à

comunidade científica e às agências financiadoras, e se dá por meio da aplicação de diversos

indicadores bibliométricos (COSTA et al., 2012).

A estratégia competitiva é um dos temas importantes da teoria administrativa, uma vez que

direcionam os esforços da organização rumo ao sucesso, em um ambiente competitivo cada

vez mais incerto, o que garantirá a sobrevivência de longo prazo (PERUSSI FILHO, 2006).

Embora, não apenas os ensinamentos sobre estratégia competitiva, mas sim, as teorias

organizacionais, como um todo, tenham sido criadas para resolver os problemas

administrativos das grandes empresas, a dimensão das pequenas empresas não permite que

esses modelos sejam aplicados, sem adaptações, a realidades das menores firmas, porque elas

possuem seus próprios problemas que já merecem uma teoria específica (TERENCE;

ESCRIVÃO FILHO, 2007).

Devido a essas características, as pequenas empresas necessitam de abordagens gerenciais

específicas e mais eficazes para se tornarem competitivas (BANHAM; COLLEGE, 2010;

BRAMMER; HOEJMOSE; MARCHANT, 2012), pois existem diferenças fundamentais na

natureza de suas operações que não são apenas consequências das diferenças entre escalas de

produção (ALVES FILHO et al., 2011; FAGUNDES; GIMENEZ, 2009) e saber explorar

essas especificidades significa constituir vantagem competitiva (TERENCE; ESCRIVÃO

FILHO, 2007).

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Dessa forma, acompanhar o estado da produção científica sobre estratégia competitiva

aplicada em pequenas empresas é necessário e pode trazer informações úteis quanto aos

periódicos considerados mais importantes, aos artigos de maior impacto, aos países mais

representativos na produção cientifica, entre outros indicadores que podem contribuir para o

direcionamento de pesquisas e a avaliação do estado da arte do conhecimento.

O objetivo deste trabalho, portanto, é analisar a produção científica sobre os temas estratégia

competitiva e pequenas empresas, por meio da utilização dos métodos de busca sistemática de

artigos e análise bibliométrica dos resultados.

Este trabalho está estruturado da seguinte forma: a seção 2 contém um resumo do referencial

teórico de estratégia competitiva e pequenas empresas; a seção 3 contém informações sobre o

método de pesquisa; a seção 4 apresenta os resultados da busca e análise dos trabalhos; por

fim, a seção 5 contém as considerações finais.

2. Referencial teórico

2.1. Estratégia competitiva

A palavra estratégia deriva do grego strategos (chefe do exército) e ego (liderança ou

comando) tendo significado inicialmente como sendo “a arte do general”, ou seja, a

capacidade do comandante organizar as campanhas militares (FISCHMANN; ALMEIDA,

2009; GHEMAWAT, 2012).

De acordo com Meirelles (2003), a origem da palavra estratégia possui um duplo significado:

por um lado associa-se ao termo general e remete-se às escolhas desde comandante para

conduzir um exército por um determinado caminho; por outro, alia-se ao termo geral,

aproximando-se do contexto administrativo, que ampara o todo, ou seja, tanto a organização

quanto os processos gerenciais.

Mintzberg et al. (2006) demonstram que os princípios mais elementares de estratégia existem

antes dos registros da Era Cristã e que as instituições modernas, apenas, adaptaram e

modificaram esses princípios para os seus próprios ambientes específicos. A estratégia teve

várias fases e significados, evoluindo de um conjunto de ações e manobras militares para uma

disciplina do Conhecimento Administrativo, a Administração Estratégica, dotada de

conteúdo, conceitos e razões práticas (CAMARGOS; DIAS, 2003).

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Todavia, nas teorias organizacionais, a definição de estratégia competitiva é relativamente

complexa e engloba uma série de definições que abordam diferentes aspectos (PERUSSI

FILHO, 2006). Algumas definições de estratégia que mostram esta complexidade estão

compiladas no quadro 1:

Quadro 1- Definições de estratégia

AUTORES DEFINIÇÃO

Chandler (1962)

Estratégia é a determinação dos objetivos básicos de longo prazo

de uma empresa e a adoção das ações adequadas e alocação de

recursos para atingir esses objetivos.

Ansoff (1965)

Estratégia é um conjunto de regras de tomada de decisão em

condições de desconhecimento parcial. As decisões estratégicas

dizem respeito à relação entre a empresa e o seu ecossistema.

Andrews (1966) Estratégia corporativa é o padrão de decisão em uma companhia

que determina e revela seus objetivos, políticas, propósitos ou

metas, produz as principais políticas e planos para atingir essas

metas e define o escopo de negócios que a empresa pretende

adotar, o tipo de organização humana e econômica que a empresa

é ou pretender ser e a natureza da contribuição econômica que a

companhia pretende fazer para seus acionistas, funcionários,

clientes e sociedade.

Henderson (1998)

Estratégia é a pesquisa deliberada por um plano de ação que

desenvolverá uma vantagem competitiva no negócio.

Porter (1999)

Para se adotar uma estratégia eficaz, é preciso criar uma posição

única, exclusiva e valiosa, que envolva um conjunto de atividades

diferentes das atividades praticadas pelos concorrentes.

Mintzberg (1987)

Estratégia pode se definida pelo conceito dos “5Ps”: plano (plan),

estratagema (ploy), padrão (pattern), posição (position) e

perspectiva (perspective).

Prahalad e Hamel (1990)

A criação de uma estratégia eficaz envolve o incentivo e o

desenvolvimento de competências essências. Essas competências

representam o aprendizado coletivo na organização, especialmente

no modo como coordenam as diversas habilidades de produção e

integram as múltiplas correntes tecnológicas.

Mesmo que não haja uma definição unificadora sobre estratégia, existe um consenso entre

alguns autores, como Almeida (2003), Mintzberg, Ahlstrang e Lampel (2000) e Wright, Kroll

e Parnell (2000), de que a estratégia competitiva é um conjunto consciente e deliberado de

diretrizes que determinam as decisões futuras de uma organização.

Estratégia competitiva é, portanto, o padrão de decisão em uma companhia que determina e

revela seus objetivos, políticas, propósitos ou metas, produz as principais políticas e planos

para atingir essas metas e define o escopo de negócios que a empresa pretende adotar, o tipo

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de organização humana e econômica que a empresa é ou pretender ser e a natureza da

contribuição econômica que a companhia pretende fazer para seus acionistas, funcionários,

clientes e sociedade (ANDREWS, 1966; MINTZBERG et al., 2006; WRIGHT; KROLL;

PARNELL, 2000).

2.1. Pequenas empresas

As pequenas empresas contribuem para o bem-estar econômico e produzem uma parte

substancial do total de bens e serviços produzidos no país (ALVES FILHO et al., 2011;

BANHAM; COLLEGE, 2010; KRAKAUER et al., 2012)

De acordo com Krakauer et al. (2012), as principais contribuições econômicas das pequenas

empresas relacionam-se a percentagem no PIB, alta absorção de mão de obra a baixo custo,

atuação complementar aos empreendimentos de grande porte, possibilitando a diversificação

na pauta de exportações e tornando a economia menos suscetível às variações que ocorrem na

conjuntura comercial mundial e capacidade de gerar uma classe empresarial nacional,

elevando a participação da economia privada na economia do país.

Mesmo com essa importância econômico-social (BRAMMER; HOEJMOSE; MARCHANT,

2012; TERENCE; ESCRIVÃO FILHO, 2007), metade das empresas brasileiras fecha antes de

completar dois anos de fundação, 57% não passam do terceiro ano e 60% do quarto ano de

existência (SEBRAE, 2008). Uma das explicações para o nível de mortalidade dessas

empresas reside no entendimento de suas especificidades, que faz com que essas firmas não

possam ser consideradas uma versão diminuída da grande empresa (ALVES FILHO et al.,

2011; KRAKAUER et al., 2012; TERENCE; ESCRIVÃO FILHO, 2007).

Devido a essas características, as pequenas empresas necessitam de abordagens gerenciais

específicas e mais eficazes para se tornarem competitivas (BANHAM; COLLEGE, 2010;

BRAMMER; HOEJMOSE; MARCHANT, 2012; KRAKAUER et al., 2012), pois existem

diferenças fundamentais na natureza de suas operações que não são apenas consequências das

diferenças entre escalas de produção e saber explorar essas especificidades significa constituir

vantagem competitiva (ALVES FILHO et al., 2011; TERENCE; ESCRIVÃO FILHO, 2007).

As pequenas empresas têm estruturas organizacionais mais simples e informais e preferem

ações pragmáticas de curto prazo (BRAMMER; HOEJMOSE; MARCHANT, 2012). Essas

características se refletem, de certa forma, no modo como as pequenas empresas realizam o

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processo de planejamento, que tende a ser incompleto, não estruturado, irregular, esporádico e

predominantemente reativo e informal (ALVES FILHO et al., 2011).

3. Método de pesquisa

Com base no objetivo deste trabalho, o método da pesquisa baseia-se no modelo exploratório e

descritivo, e se divide em duas fases: a primeira visa coletar e analisar artigos científicos que

formarão a amostra de análise, para, em seguida, realizar a segunda etapa, por meio da análise

bibliométrica, que se propõe a gerar e analisar indicadores estatísticos da produção científica

obtida.

3.1. Busca sistemático de artigos

Os procedimentos para a realização da busca sistemática foram:

Definição da fonte de informação (Bases Pesquisadas);

Busca e seleção dos artigos.

3.1.1. Bases Pesquisadas

Para a realização dessa pesquisa foram escolhidas três bases de dados: Coleção Principal da

Web of Science, Scopus e Scielo. A escolha se deu pelos fatores a seguir:

Disponibilidade. Os pesquisadores precisavam ter acesso à base e aos artigos. Esse

fator é mais facilmente presente dada a oferta de acesso às principais bases científicas

pela CAPES à diversas instituições de ensino e pesquisa, dentre as quais, a dos

autores.

Consulta. A base precisava ser compatível com a forma de pesquisa utilizada (que

incluía busca por título do trabalho, palavras-chave e resumo.

Informações disponíveis. Esse item se refere às informações disponíveis sobre os

artigos. Apesar da maioria das bases conter informações completas sobre os artigos,

nem todas disponibilizam essas informações. Por exemplo, a base de dados da

Emerald não exporta informações sobre palavras-chave. Dada a importância dessas

informações para este trabalho, esse é o critério que mais limitou a escolha de bases.

No caso da Web of Science, apenas a coleção principal foi utilizada. Isso se deve ao fato da

exportação de alguns dados (palavras-chave, por exemplo) só ser possível nessa coleção.

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A base da Scielo não exporta as informações necessárias para este trabalho diretamente, mas

por sua importância em relação a trabalhos em língua portuguesa ela foi mantida e os dados

necessários coletados através de um software desenvolvido pelos autores. Esse software

utiliza os dados exportados pela Scielo para acessar a própria base e recuperar as informações

utilizadas.

Os campos de informação utilizados nesse trabalho foram: Título, autores, publicação,

idioma, palavras-chave e ano da publicação.

3.1.2. Busca e seleção dos artigos

Após a escolha das bases foi realizada a busca por artigos. As strings de busca variam de

acordo com a sintaxe definida por cada base. Todavia, o modelo padrão de busca possui a

estrutura apresentada na Figura 1:

Figura 1 - Estrutura geral das strings de busca

Os identificadores utilizados estão listados na Tabela 1.

Tabela 1 - Lista dos Indicadores

Como exemplo, a string utilizada (para a busca em português) na base da Web of Science foi a

seguinte:

TS=(("estratégia competitiva" OR "estratégias competitivas") AND (mpe* OR pme* OR

micro OR pequena* OR média*))

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4. Resultados da Pesquisa

Após a busca, os resultados foram exportados utilizando-se as funcionalidades das bases,

sempre com todos os dados disponíveis e em diversos formatos de arquivo.

As buscas retornaram no total 240 trabalhos sendo: 86 na Web of Science, 145 na Scopus e 9

na Scielo. Após a eliminação dos trabalhos em idiomas diferentes de português ou inglês, de

trabalhos repetidos e de livros, 174 trabalhos foram analisados.

De posse dos arquivos exportados pelas bases, os dados de interesse neste trabalho foram

extraídos e tratados.

4.1. Autores

A análise realizada elencou 364 autores que contribuíram, cientificamente, com o tema

estratégia competitiva e pequena empresa, sendo considerados todos os autores listados na

base de dados, independentemente da posição na lista.

A Tabela 2 apresenta a quantidade de autores com um determinado número de artigos e a

porcentagem aproxima que este valor representa no conjunto de autores.

Tabela 2 - Resumo das informações sobre autores

Nota-se que a maioria dos autores tem apenas um artigo publicado, o que pode mostrar que

não se tratam de especialistas no tema.

4.2. Palavras-chave

As palavras-chave dos trabalhos também foram obtidas a partir dos registros exportados pelas

bases de dados e tratadas da mesma forma, independentemente da posição ou da quantidade

em cada artigo. Variações no idioma foram ignoradas, uma vez que os artigos já haviam sido

filtrados pelo idioma. Assim, caso um determinado artigo tenha entre suas palavras-chave

“estratégia” e “strategy”, ambas foram consideradas independentemente.

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Conforme esperado, uma grande concentração de palavras-chave foi encontrada nos

principais termos buscados e suas variações, conforme indicado na tabela 3.

Tabela 3 - Resumo das informações sobre palavras-chave

Apesar das principais palavras-chave estarem relacionadas aos termos de busca, um conjunto

de palavras com um número significativo de repetições foi encontrado, dando indícios dos

principais temas sendo estudados.

A Figura 2 apresenta a distribuição acumulada das aparições das palavras-chave. É possível

observar a grande concentração nas principais palavras, com aproximadamente 2% das

palavras respondendo a 20% das aparições e 5% das palavras respondendo por 30% das

aparições. Após esse primeiro conjunto, está um conjunto de palavras menos citadas que se

estende até cerca de 16% das palavras-chave. Após, temos o conjunto de palavras-chave com

apenas uma aparição.

Figura 2 - Distribuição Acumulada de Palavras-Chave

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Dada a grande quantidade de palavras-chave, foi escolhido um método de representação

visual como forma de elencar os termos mais importante da busca. Tal análise está

demonstrada na Figura 3.

Figura 3 - Representação gráfica das palavras-chave

Fonte: Elaborado pelos autores com uso do site: Tagul (www.tagul.com).

A nuvem de palavras da Figura 3 apresenta todas as palavras-chave encontradas, com

tamanho proporcional ao número de repetições no conjunto analisado.

4.3. Idioma

A análise do idioma dos trabalhos apresenta um cenário bastante polarizado, em que 95% dos

trabalhos foram escritos na língua inglesa e, apenas, 5% na língua portuguesa.

Dois trabalhos apresentavam dupla identificação de idioma (Tcheco/Inglês e

Inglês/Português). Após conferência, eles foram incorporados ao idioma utilizado no corpo

dos trabalhos (inglês e português, respectivamente).

4.4. Publicação

Os 174 artigos que compõem este estudo foram disponibilizados em 123 publicações

distintas, entre congressos, revistas e demais publicações científicas. Após a análise dos

dados, optou-se por agrupar eventuais publicações que representassem o mesmo evento em

edições distintas. Por exemplo, no conjunto de artigos existem publicações do evento „West

Lake International Conference On Small And Medium Business‟ de três edições distintas.

Estas foram todas agrupadas. Também foram ajustadas referências a um mesmo evento que

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estavam com diferentes formas de escrita. Após esses ajustes, 119 publicações foram

analisadas.

Foi possível observar uma grande dispersão entre as publicações, sendo que a maioria delas

apresenta poucos trabalhos na amostra estudada, conforme indicado pela Figura 4.

Figura 4 - Trabalhos por agrupamento de publicação (%)

Na

Figura 4 tem-se a quantidade de trabalhos de cada „agrupamento‟ de publicação em relação ao

número de trabalhos no conjunto, pode-se observar que as publicações com 1 ou 2 artigos no

conjunto estudado representam 75% dos trabalhos. Além disso, as categorias de 4, 5, 6 e 7

trabalhos tem apenas uma publicação cada. Nenhuma publicação tem mais trabalhos no

conjunto analisado.

4.5. Ano de publicação

Os trabalhos analisados são do período entre 1992 e 2016, não tendo sido encontrado nenhum

trabalho anterior. O ano de 2016 foi excluído das análises por ainda estar incompleto, sendo o

impacto dessa decisão mínimo, uma vez que apenas um trabalho se encontra catalogado sob

este ano.

Ao se analisar a quantidade de trabalhos por ano, temos um panorama que parece estar bem

segmentado em duas fases distintas, conforme ilustrado pela Figura 5.

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Figura 5 - Quantidade de trabalhos por publicados por ano

O período até o ano de 2003 é marcado por poucas publicações, tendo uma média de cerca de

2,5 trabalhos por ano. A partir de 2004 o número de trabalhos por ano sobe de maneira

significativa, chegando ao máximo de 17 nos anos de 2010 e 2015, com uma média de 12,3

trabalhos por ano no período.

Apesar de diversos fatores estarem provavelmente ligados a esse aumento expressivo,

incluindo o aumento no número de publicações indexadas pelas bases de busca, esses

resultados indicam um aumento no interesse na área nos últimos anos. Essa tendência parece

estável, com um único ano (2009) com um número mais baixo de trabalhos publicados.

5. Considerações finais

Um número considerável de trabalhos foi encontrado; entretanto, percebeu-se que poucas

publicações foram escritas na língua portuguesa ou têm como foco empresas brasileiras.

Apesar da barreira do idioma não ser considerado significativa nos dias atuais, a falta de

trabalhos que tenham o Brasil como foco é preocupante, uma vez que questões de legislação,

culturais e financeiras fazem do Brasil um lugar com características marcantes em relação às

empresas, principalmente as de menor porte.

Os trabalhos encontrados têm um número bastante diversificado de autores, o que pode ser

visto como positivo uma vez que permite um fluxo maior de novas ideias e pontos de vista.

Por outro lado, a falta de grandes grupos de pesquisa pode fazer com que as pesquisas não se

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beneficiem de um fluxo contínuo de trabalho. Uma maior investigação em relação aos autores

é necessária para confirmar ou negar essa hipótese.

Em relação às palavras-chave, os resultados se mostraram dentro do esperado, com grande

quantidade de aparições de palavras relacionadas diretamente às strings de busca utilizadas.

Apesar disso, outras palavras com número significativo de repetições indicam alguns dos

temas em destaque, entre eles “inovação”, “globalização” e “desempenho”. Outro ponto

interessante encontrado nas palavras-chave foi a indicação de países, sendo os três mais

citados: China, Índia e Itália. Palavras-chave relacionadas ao Brasil apresentam uma única

repetição cada.

Dentre as publicações, parece haver um grande número de eventos e revistas interessadas no

tema, porém poucos têm um número significativo de trabalhos na área estudada. Além disso,

o número de trabalhos sobre o tema estudado aumentou nos últimos anos, parecendo se

estabilizar num intervalo próximo a 12 a 16 trabalhos por ano.

Essas informações indicam um aumento na atenção que o campo de estudo vem recebendo,

indicando a necessidade de aprofundamento das pesquisas teóricas e práticas como forma de

potencializar os ganhos que as empresas de menor porte trazem à economia e sociedade em

geral.

Trabalhos futuros devem incluir uma análise qualitativa dos estudos existentes, como forma

de identificar o nível de maturidade da pesquisa nos diversos elementos que compõem a

estratégia competitiva.

6. Referências

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