anÁlise bibliomÉtrica da estratÉgia competitiva de …
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ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA DA
ESTRATÉGIA COMPETITIVA DE
MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS
EMPRESAS
Danilo Augusto Moschetto (UFSCar )
Ana Paula Hayashi (UFSCar )
Tiago Fernando Musetti (UFSCar )
Alceu Gomes Alves Filho (UFSCar )
A pesquisa teve como objetivo analisar a produção científica referente
aos temas estratégia competitiva e pequena empresa. O método de
pesquisa adotado foi o exploratório-descritivo, utilizando-se, para isso,
das técnicas de busca sistemátiica de artigos e análise bibliométrica
dos resultados. A busca sistemática ocorreu nas seguintes bases de
dados: Coleção Principal da Web of Science, Scopus e Scielo. Como
resultado obteve 174 trabalhos analisados de 364 autores distintos, a
grande maioria escrita no idioma inglês. O período até o ano de 2003
foi marcado por poucas publicações, com média de 2,5 trabalhos por
ano, mas a partir de 2004 o número de trabalhos por ano sobe de
maneira expressiva, chegando ao máximo de 17 nos anos de 2010 e
2015, com uma média de 12,3 trabalhos por ano no período. Apesar de
diversos fatores estarem provavelmente ligados a esse aumento
expressivo, incluindo o aumento no número de publicações indexadas
pelas bases de busca, esses resultados indicam um aumento no
interesse na área nos últimos anos.
Palavras-chave: estratégia competitiva, pequena empresa, revisão
sistemática, análise bibliométrica
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1. Introdução
O conhecimento científico é um processo cíclico continuamente reforçado pela curiosidade do
pesquisador sobre determinado tema e pela obtenção de resultados decorrentes da aplicação
de um método científico. Para Costa et al. (2012), o conhecimento científico deve ser
transformado em livros, teses, capítulos de livros, artigos publicados em revistas científicas,
comunicações em atas de conferências e relatórios técnicos, materiais pedagógicos e páginas
na internet, para que se torne acessível à toda comunidade acadêmica.
Bufrem et al. (2007) notam que a publicação científica se tornou um instrumento
indispensável, não apenas como meio de promoção individual, mas enquanto forma de
promoção e fortalecimento do ciclo de formação do conhecimento. A avaliação da produção
científica é considerada um fator primordial para o reconhecimento dos pesquisadores junto à
comunidade científica e às agências financiadoras, e se dá por meio da aplicação de diversos
indicadores bibliométricos (COSTA et al., 2012).
A estratégia competitiva é um dos temas importantes da teoria administrativa, uma vez que
direcionam os esforços da organização rumo ao sucesso, em um ambiente competitivo cada
vez mais incerto, o que garantirá a sobrevivência de longo prazo (PERUSSI FILHO, 2006).
Embora, não apenas os ensinamentos sobre estratégia competitiva, mas sim, as teorias
organizacionais, como um todo, tenham sido criadas para resolver os problemas
administrativos das grandes empresas, a dimensão das pequenas empresas não permite que
esses modelos sejam aplicados, sem adaptações, a realidades das menores firmas, porque elas
possuem seus próprios problemas que já merecem uma teoria específica (TERENCE;
ESCRIVÃO FILHO, 2007).
Devido a essas características, as pequenas empresas necessitam de abordagens gerenciais
específicas e mais eficazes para se tornarem competitivas (BANHAM; COLLEGE, 2010;
BRAMMER; HOEJMOSE; MARCHANT, 2012), pois existem diferenças fundamentais na
natureza de suas operações que não são apenas consequências das diferenças entre escalas de
produção (ALVES FILHO et al., 2011; FAGUNDES; GIMENEZ, 2009) e saber explorar
essas especificidades significa constituir vantagem competitiva (TERENCE; ESCRIVÃO
FILHO, 2007).
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Dessa forma, acompanhar o estado da produção científica sobre estratégia competitiva
aplicada em pequenas empresas é necessário e pode trazer informações úteis quanto aos
periódicos considerados mais importantes, aos artigos de maior impacto, aos países mais
representativos na produção cientifica, entre outros indicadores que podem contribuir para o
direcionamento de pesquisas e a avaliação do estado da arte do conhecimento.
O objetivo deste trabalho, portanto, é analisar a produção científica sobre os temas estratégia
competitiva e pequenas empresas, por meio da utilização dos métodos de busca sistemática de
artigos e análise bibliométrica dos resultados.
Este trabalho está estruturado da seguinte forma: a seção 2 contém um resumo do referencial
teórico de estratégia competitiva e pequenas empresas; a seção 3 contém informações sobre o
método de pesquisa; a seção 4 apresenta os resultados da busca e análise dos trabalhos; por
fim, a seção 5 contém as considerações finais.
2. Referencial teórico
2.1. Estratégia competitiva
A palavra estratégia deriva do grego strategos (chefe do exército) e ego (liderança ou
comando) tendo significado inicialmente como sendo “a arte do general”, ou seja, a
capacidade do comandante organizar as campanhas militares (FISCHMANN; ALMEIDA,
2009; GHEMAWAT, 2012).
De acordo com Meirelles (2003), a origem da palavra estratégia possui um duplo significado:
por um lado associa-se ao termo general e remete-se às escolhas desde comandante para
conduzir um exército por um determinado caminho; por outro, alia-se ao termo geral,
aproximando-se do contexto administrativo, que ampara o todo, ou seja, tanto a organização
quanto os processos gerenciais.
Mintzberg et al. (2006) demonstram que os princípios mais elementares de estratégia existem
antes dos registros da Era Cristã e que as instituições modernas, apenas, adaptaram e
modificaram esses princípios para os seus próprios ambientes específicos. A estratégia teve
várias fases e significados, evoluindo de um conjunto de ações e manobras militares para uma
disciplina do Conhecimento Administrativo, a Administração Estratégica, dotada de
conteúdo, conceitos e razões práticas (CAMARGOS; DIAS, 2003).
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Todavia, nas teorias organizacionais, a definição de estratégia competitiva é relativamente
complexa e engloba uma série de definições que abordam diferentes aspectos (PERUSSI
FILHO, 2006). Algumas definições de estratégia que mostram esta complexidade estão
compiladas no quadro 1:
Quadro 1- Definições de estratégia
AUTORES DEFINIÇÃO
Chandler (1962)
Estratégia é a determinação dos objetivos básicos de longo prazo
de uma empresa e a adoção das ações adequadas e alocação de
recursos para atingir esses objetivos.
Ansoff (1965)
Estratégia é um conjunto de regras de tomada de decisão em
condições de desconhecimento parcial. As decisões estratégicas
dizem respeito à relação entre a empresa e o seu ecossistema.
Andrews (1966) Estratégia corporativa é o padrão de decisão em uma companhia
que determina e revela seus objetivos, políticas, propósitos ou
metas, produz as principais políticas e planos para atingir essas
metas e define o escopo de negócios que a empresa pretende
adotar, o tipo de organização humana e econômica que a empresa
é ou pretender ser e a natureza da contribuição econômica que a
companhia pretende fazer para seus acionistas, funcionários,
clientes e sociedade.
Henderson (1998)
Estratégia é a pesquisa deliberada por um plano de ação que
desenvolverá uma vantagem competitiva no negócio.
Porter (1999)
Para se adotar uma estratégia eficaz, é preciso criar uma posição
única, exclusiva e valiosa, que envolva um conjunto de atividades
diferentes das atividades praticadas pelos concorrentes.
Mintzberg (1987)
Estratégia pode se definida pelo conceito dos “5Ps”: plano (plan),
estratagema (ploy), padrão (pattern), posição (position) e
perspectiva (perspective).
Prahalad e Hamel (1990)
A criação de uma estratégia eficaz envolve o incentivo e o
desenvolvimento de competências essências. Essas competências
representam o aprendizado coletivo na organização, especialmente
no modo como coordenam as diversas habilidades de produção e
integram as múltiplas correntes tecnológicas.
Mesmo que não haja uma definição unificadora sobre estratégia, existe um consenso entre
alguns autores, como Almeida (2003), Mintzberg, Ahlstrang e Lampel (2000) e Wright, Kroll
e Parnell (2000), de que a estratégia competitiva é um conjunto consciente e deliberado de
diretrizes que determinam as decisões futuras de uma organização.
Estratégia competitiva é, portanto, o padrão de decisão em uma companhia que determina e
revela seus objetivos, políticas, propósitos ou metas, produz as principais políticas e planos
para atingir essas metas e define o escopo de negócios que a empresa pretende adotar, o tipo
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de organização humana e econômica que a empresa é ou pretender ser e a natureza da
contribuição econômica que a companhia pretende fazer para seus acionistas, funcionários,
clientes e sociedade (ANDREWS, 1966; MINTZBERG et al., 2006; WRIGHT; KROLL;
PARNELL, 2000).
2.1. Pequenas empresas
As pequenas empresas contribuem para o bem-estar econômico e produzem uma parte
substancial do total de bens e serviços produzidos no país (ALVES FILHO et al., 2011;
BANHAM; COLLEGE, 2010; KRAKAUER et al., 2012)
De acordo com Krakauer et al. (2012), as principais contribuições econômicas das pequenas
empresas relacionam-se a percentagem no PIB, alta absorção de mão de obra a baixo custo,
atuação complementar aos empreendimentos de grande porte, possibilitando a diversificação
na pauta de exportações e tornando a economia menos suscetível às variações que ocorrem na
conjuntura comercial mundial e capacidade de gerar uma classe empresarial nacional,
elevando a participação da economia privada na economia do país.
Mesmo com essa importância econômico-social (BRAMMER; HOEJMOSE; MARCHANT,
2012; TERENCE; ESCRIVÃO FILHO, 2007), metade das empresas brasileiras fecha antes de
completar dois anos de fundação, 57% não passam do terceiro ano e 60% do quarto ano de
existência (SEBRAE, 2008). Uma das explicações para o nível de mortalidade dessas
empresas reside no entendimento de suas especificidades, que faz com que essas firmas não
possam ser consideradas uma versão diminuída da grande empresa (ALVES FILHO et al.,
2011; KRAKAUER et al., 2012; TERENCE; ESCRIVÃO FILHO, 2007).
Devido a essas características, as pequenas empresas necessitam de abordagens gerenciais
específicas e mais eficazes para se tornarem competitivas (BANHAM; COLLEGE, 2010;
BRAMMER; HOEJMOSE; MARCHANT, 2012; KRAKAUER et al., 2012), pois existem
diferenças fundamentais na natureza de suas operações que não são apenas consequências das
diferenças entre escalas de produção e saber explorar essas especificidades significa constituir
vantagem competitiva (ALVES FILHO et al., 2011; TERENCE; ESCRIVÃO FILHO, 2007).
As pequenas empresas têm estruturas organizacionais mais simples e informais e preferem
ações pragmáticas de curto prazo (BRAMMER; HOEJMOSE; MARCHANT, 2012). Essas
características se refletem, de certa forma, no modo como as pequenas empresas realizam o
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processo de planejamento, que tende a ser incompleto, não estruturado, irregular, esporádico e
predominantemente reativo e informal (ALVES FILHO et al., 2011).
3. Método de pesquisa
Com base no objetivo deste trabalho, o método da pesquisa baseia-se no modelo exploratório e
descritivo, e se divide em duas fases: a primeira visa coletar e analisar artigos científicos que
formarão a amostra de análise, para, em seguida, realizar a segunda etapa, por meio da análise
bibliométrica, que se propõe a gerar e analisar indicadores estatísticos da produção científica
obtida.
3.1. Busca sistemático de artigos
Os procedimentos para a realização da busca sistemática foram:
Definição da fonte de informação (Bases Pesquisadas);
Busca e seleção dos artigos.
3.1.1. Bases Pesquisadas
Para a realização dessa pesquisa foram escolhidas três bases de dados: Coleção Principal da
Web of Science, Scopus e Scielo. A escolha se deu pelos fatores a seguir:
Disponibilidade. Os pesquisadores precisavam ter acesso à base e aos artigos. Esse
fator é mais facilmente presente dada a oferta de acesso às principais bases científicas
pela CAPES à diversas instituições de ensino e pesquisa, dentre as quais, a dos
autores.
Consulta. A base precisava ser compatível com a forma de pesquisa utilizada (que
incluía busca por título do trabalho, palavras-chave e resumo.
Informações disponíveis. Esse item se refere às informações disponíveis sobre os
artigos. Apesar da maioria das bases conter informações completas sobre os artigos,
nem todas disponibilizam essas informações. Por exemplo, a base de dados da
Emerald não exporta informações sobre palavras-chave. Dada a importância dessas
informações para este trabalho, esse é o critério que mais limitou a escolha de bases.
No caso da Web of Science, apenas a coleção principal foi utilizada. Isso se deve ao fato da
exportação de alguns dados (palavras-chave, por exemplo) só ser possível nessa coleção.
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A base da Scielo não exporta as informações necessárias para este trabalho diretamente, mas
por sua importância em relação a trabalhos em língua portuguesa ela foi mantida e os dados
necessários coletados através de um software desenvolvido pelos autores. Esse software
utiliza os dados exportados pela Scielo para acessar a própria base e recuperar as informações
utilizadas.
Os campos de informação utilizados nesse trabalho foram: Título, autores, publicação,
idioma, palavras-chave e ano da publicação.
3.1.2. Busca e seleção dos artigos
Após a escolha das bases foi realizada a busca por artigos. As strings de busca variam de
acordo com a sintaxe definida por cada base. Todavia, o modelo padrão de busca possui a
estrutura apresentada na Figura 1:
Figura 1 - Estrutura geral das strings de busca
Os identificadores utilizados estão listados na Tabela 1.
Tabela 1 - Lista dos Indicadores
Como exemplo, a string utilizada (para a busca em português) na base da Web of Science foi a
seguinte:
TS=(("estratégia competitiva" OR "estratégias competitivas") AND (mpe* OR pme* OR
micro OR pequena* OR média*))
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4. Resultados da Pesquisa
Após a busca, os resultados foram exportados utilizando-se as funcionalidades das bases,
sempre com todos os dados disponíveis e em diversos formatos de arquivo.
As buscas retornaram no total 240 trabalhos sendo: 86 na Web of Science, 145 na Scopus e 9
na Scielo. Após a eliminação dos trabalhos em idiomas diferentes de português ou inglês, de
trabalhos repetidos e de livros, 174 trabalhos foram analisados.
De posse dos arquivos exportados pelas bases, os dados de interesse neste trabalho foram
extraídos e tratados.
4.1. Autores
A análise realizada elencou 364 autores que contribuíram, cientificamente, com o tema
estratégia competitiva e pequena empresa, sendo considerados todos os autores listados na
base de dados, independentemente da posição na lista.
A Tabela 2 apresenta a quantidade de autores com um determinado número de artigos e a
porcentagem aproxima que este valor representa no conjunto de autores.
Tabela 2 - Resumo das informações sobre autores
Nota-se que a maioria dos autores tem apenas um artigo publicado, o que pode mostrar que
não se tratam de especialistas no tema.
4.2. Palavras-chave
As palavras-chave dos trabalhos também foram obtidas a partir dos registros exportados pelas
bases de dados e tratadas da mesma forma, independentemente da posição ou da quantidade
em cada artigo. Variações no idioma foram ignoradas, uma vez que os artigos já haviam sido
filtrados pelo idioma. Assim, caso um determinado artigo tenha entre suas palavras-chave
“estratégia” e “strategy”, ambas foram consideradas independentemente.
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Conforme esperado, uma grande concentração de palavras-chave foi encontrada nos
principais termos buscados e suas variações, conforme indicado na tabela 3.
Tabela 3 - Resumo das informações sobre palavras-chave
Apesar das principais palavras-chave estarem relacionadas aos termos de busca, um conjunto
de palavras com um número significativo de repetições foi encontrado, dando indícios dos
principais temas sendo estudados.
A Figura 2 apresenta a distribuição acumulada das aparições das palavras-chave. É possível
observar a grande concentração nas principais palavras, com aproximadamente 2% das
palavras respondendo a 20% das aparições e 5% das palavras respondendo por 30% das
aparições. Após esse primeiro conjunto, está um conjunto de palavras menos citadas que se
estende até cerca de 16% das palavras-chave. Após, temos o conjunto de palavras-chave com
apenas uma aparição.
Figura 2 - Distribuição Acumulada de Palavras-Chave
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Dada a grande quantidade de palavras-chave, foi escolhido um método de representação
visual como forma de elencar os termos mais importante da busca. Tal análise está
demonstrada na Figura 3.
Figura 3 - Representação gráfica das palavras-chave
Fonte: Elaborado pelos autores com uso do site: Tagul (www.tagul.com).
A nuvem de palavras da Figura 3 apresenta todas as palavras-chave encontradas, com
tamanho proporcional ao número de repetições no conjunto analisado.
4.3. Idioma
A análise do idioma dos trabalhos apresenta um cenário bastante polarizado, em que 95% dos
trabalhos foram escritos na língua inglesa e, apenas, 5% na língua portuguesa.
Dois trabalhos apresentavam dupla identificação de idioma (Tcheco/Inglês e
Inglês/Português). Após conferência, eles foram incorporados ao idioma utilizado no corpo
dos trabalhos (inglês e português, respectivamente).
4.4. Publicação
Os 174 artigos que compõem este estudo foram disponibilizados em 123 publicações
distintas, entre congressos, revistas e demais publicações científicas. Após a análise dos
dados, optou-se por agrupar eventuais publicações que representassem o mesmo evento em
edições distintas. Por exemplo, no conjunto de artigos existem publicações do evento „West
Lake International Conference On Small And Medium Business‟ de três edições distintas.
Estas foram todas agrupadas. Também foram ajustadas referências a um mesmo evento que
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estavam com diferentes formas de escrita. Após esses ajustes, 119 publicações foram
analisadas.
Foi possível observar uma grande dispersão entre as publicações, sendo que a maioria delas
apresenta poucos trabalhos na amostra estudada, conforme indicado pela Figura 4.
Figura 4 - Trabalhos por agrupamento de publicação (%)
Na
Figura 4 tem-se a quantidade de trabalhos de cada „agrupamento‟ de publicação em relação ao
número de trabalhos no conjunto, pode-se observar que as publicações com 1 ou 2 artigos no
conjunto estudado representam 75% dos trabalhos. Além disso, as categorias de 4, 5, 6 e 7
trabalhos tem apenas uma publicação cada. Nenhuma publicação tem mais trabalhos no
conjunto analisado.
4.5. Ano de publicação
Os trabalhos analisados são do período entre 1992 e 2016, não tendo sido encontrado nenhum
trabalho anterior. O ano de 2016 foi excluído das análises por ainda estar incompleto, sendo o
impacto dessa decisão mínimo, uma vez que apenas um trabalho se encontra catalogado sob
este ano.
Ao se analisar a quantidade de trabalhos por ano, temos um panorama que parece estar bem
segmentado em duas fases distintas, conforme ilustrado pela Figura 5.
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Figura 5 - Quantidade de trabalhos por publicados por ano
O período até o ano de 2003 é marcado por poucas publicações, tendo uma média de cerca de
2,5 trabalhos por ano. A partir de 2004 o número de trabalhos por ano sobe de maneira
significativa, chegando ao máximo de 17 nos anos de 2010 e 2015, com uma média de 12,3
trabalhos por ano no período.
Apesar de diversos fatores estarem provavelmente ligados a esse aumento expressivo,
incluindo o aumento no número de publicações indexadas pelas bases de busca, esses
resultados indicam um aumento no interesse na área nos últimos anos. Essa tendência parece
estável, com um único ano (2009) com um número mais baixo de trabalhos publicados.
5. Considerações finais
Um número considerável de trabalhos foi encontrado; entretanto, percebeu-se que poucas
publicações foram escritas na língua portuguesa ou têm como foco empresas brasileiras.
Apesar da barreira do idioma não ser considerado significativa nos dias atuais, a falta de
trabalhos que tenham o Brasil como foco é preocupante, uma vez que questões de legislação,
culturais e financeiras fazem do Brasil um lugar com características marcantes em relação às
empresas, principalmente as de menor porte.
Os trabalhos encontrados têm um número bastante diversificado de autores, o que pode ser
visto como positivo uma vez que permite um fluxo maior de novas ideias e pontos de vista.
Por outro lado, a falta de grandes grupos de pesquisa pode fazer com que as pesquisas não se
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beneficiem de um fluxo contínuo de trabalho. Uma maior investigação em relação aos autores
é necessária para confirmar ou negar essa hipótese.
Em relação às palavras-chave, os resultados se mostraram dentro do esperado, com grande
quantidade de aparições de palavras relacionadas diretamente às strings de busca utilizadas.
Apesar disso, outras palavras com número significativo de repetições indicam alguns dos
temas em destaque, entre eles “inovação”, “globalização” e “desempenho”. Outro ponto
interessante encontrado nas palavras-chave foi a indicação de países, sendo os três mais
citados: China, Índia e Itália. Palavras-chave relacionadas ao Brasil apresentam uma única
repetição cada.
Dentre as publicações, parece haver um grande número de eventos e revistas interessadas no
tema, porém poucos têm um número significativo de trabalhos na área estudada. Além disso,
o número de trabalhos sobre o tema estudado aumentou nos últimos anos, parecendo se
estabilizar num intervalo próximo a 12 a 16 trabalhos por ano.
Essas informações indicam um aumento na atenção que o campo de estudo vem recebendo,
indicando a necessidade de aprofundamento das pesquisas teóricas e práticas como forma de
potencializar os ganhos que as empresas de menor porte trazem à economia e sociedade em
geral.
Trabalhos futuros devem incluir uma análise qualitativa dos estudos existentes, como forma
de identificar o nível de maturidade da pesquisa nos diversos elementos que compõem a
estratégia competitiva.
6. Referências
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