ana lúcia carvalho dionísio rodrigues - ec.europa.eu · 1 ana lúcia carvalho dionísio rodrigues...

87
1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro Novas Oportunidades do Instituto Politécnico de Leiria” Mestrado em Ciências da Educação / Especialização Em Educação e Desenvolvimento Comunitário Realizado sob a orientação de Professor Doutor José Brites Ferreira Leiria 2011

Upload: truongminh

Post on 10-Nov-2018

234 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

1

Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues

Relatório de Mestre

“Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos

do Centro Novas Oportunidades do Instituto Politécnico

de Leiria”

Mestrado em Ciências da Educação / Especialização

Em Educação e Desenvolvimento Comunitário

Realizado sob a orientação de Professor Doutor José Brites

Ferreira

Leiria 2011

Page 2: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

2

O Júri

Presidente Professora Doutora Maria Antónia Belchior Ferreira Barreto

Professor Doutor José Manuel Carraça da Silva

Professor Doutor José Brites Ferreira

Professora Doutora Clarinda Luísa Ferreira Barata

Page 3: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

3

Agradecimento

Resumo

A realização deste Projecto só foi possível graças ao

contributo e colaboração de algumas pessoas e do CNO,

aos quais gostaria de prestar o meu enorme

agradecimento:

Aos Professores que me acompanharam e apoiaram nesta

caminhada, em especial ao Professor José Brites Ferreira

e Clarinda Barata, na qualidade de orientadores;

A todos os colegas, que nos momentos em que me sentia

mais em baixo, me deram força e coragem para continuar;

Ao CNO por me ter disponibilizado todo o material

necessario para a realização do meu trabalho;

Aos adultos pela disponibilidade e interesse em

responder ao questionário e ao que mais precisasse;

À minha família em especial ao meu marido e aos meus

filhos, Francisco e Mariana, pela compreensão, coragem e

força que sempre me deram.

Page 4: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

4

O presente estudo, no âmbito do Mestrado em Ciências da Educação, com

Especialização em Educação e Desenvolvimento Comunitário, tem o intuito de

perceber o impacto que o Processo de Reconhecimento, Validação e

Certificação de Competências teve nos Adultos que obtiveram a sua

Certificação nos anos 2009/2010, no Centro Novas Oportunidades do Instituto

Politécnico de Leiria.

Com a finalidade de contextualizar a problemática subjacente a esta

investigação, procurei construir um quadro teórico ilustrativo do campo de

educação e formação de adultos numa vertente teórico/histórica até chegar ao

modelo em causa, ou seja o Processo de Reconhecimento, Validação e

Certificação de Competências.

Relativamente ao estudo empírico foi baseado na aplicação de um Inquérito

por Questionário no sentido de investigar num maior número possível de

adultos os efeitos que o processo de RVCC produziu nos mesmos,

nomeadamente a nível profissional.

Palavras-chave: Aprendizagem ao Longo da Vida; Reconhecimento

Validação e Certificação de Competências; Competência-Chave

Page 5: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

5

Abstract

This Study, under the Master of Science Education, with Specialization in

Education at Comunitary Development, he wants understand the impacto f the

Process the Recognition and Validation osf Skills have in the adult

Certification in the years 2009/2010, in Center New Oportunyties of Institut

Politecnic the Leiria.

Whith finality of contextualize the problematic underlying in this

investigation, sought build theorical Framework ilustrative of field the

education of formation of adults a side theorical/historical to arrive in

model in cause, in other words the Process the Recognition and

Validation osf Skills.

Relatively of empirical study was based in application the survey

questionnaire towards of invetgation a more possible number of adults,

the effcts of processo of RVCC produced the same, namely the

Professional level.

Keywords : Lifelong Learning ; Recognition Validation and Certification

Skills; Key-Skills

Page 6: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

6

Índice

Introdução……………………………………………………………………………….….…09

Parte I

1- Educação de Adultos em Portugal ……………...…………………………………11

2- Aprendizagem ao Longo da Vida ………………………………………….….…...16

3- O Sistema de Reconhecimento Validação e Certificação de Competências RVCC em Portugal ………………………………………………………………….20

3.1 – Orientações Metodológicas Subjacentes ao Sistema de RVCC……….…22

3.2 – Abordagem Autobiográfica (AA)……………………………………………...24

3.3 – Balanço de Competências (BC)…………………………………………..…..25

4 – Os CNO – Centros Novas Oportunidades……………………….……………….26

4.1 – A rede Nacional de CNO……………………………………………….….…..30

4.2 – O CNO do Instituto Politécnico de Leiria………………………………….…32

5 – Os Referenciais de Competência-Chave de Nível Básico e Nível Secundário.33

5.1 – Principais Diferenças entre o Referencial de Nível Básico e de Nível

Secundário………………………………………………………………….…..37

6 – Os Impactos do Processo de RVCC……………………………………………….39

7 – Educação de Adultos e Desenvolvimento Comunitário………………………….41

Parte II

1 – Metodologia……………………………………………………………………………44

2 – População e Amostra da Investigação……………………………………………..48

3 – Análise dos Resultados ……………………………………………………………..50

Conclusões……………………………………………………………………………….71

Bibliografia………………………………………………………………………………..76

Anexos…………………………………………………………………………………….79

Page 7: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

7

Índice de Tabelas

Tabela 1 – Siglas Utilizadas …………………………………………………………………..……….. 10

Tabela 2 – Idade dos Adultos..………………………………………………………………..……….. 51

Índice de Imagens

Imagem 1 – Diagrama da Metodologia Utilizada no Processo de RVCC…………..……….. 23

Imagem 2 – Diagrama Curricular das Áreas de Competência–Chave de Nivel Básico.….. 36

Imagem 3 – Diagrama Curricular das Áreas de Copetência-Chave de Nível Secundário… 37

Índice de Quadros

Quadro 1 – Guia de Operacionalização do Referencial de Competências-Chave de Nível

Secundário………………………………………………………………………………..…..……….. 24

Quadro 2 – Etapas de Intervenção dos Centros RVCC e CNO’s…………………..……….... 26

Page 8: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

8

Índice de Gráficos

Gráfico 1 – Evolução dos Centros Novas Oportunidades e Funcionamento……………….. 31

Gráfico 2 – Centros Novas Oportunidades por Região………………………………………….. 32

Gráfico 3 – Distribuição dos Adultos por Sexo……………………………………………………. 51

Gráfico 4 – Estado Civil………………………………………………………………………………... 52

Gráfico 5 – Número de Filhos………………………………………………………………………… 52

Gráfico 6 – Nível de Escolaridade antes de entrar no Processo de RVCC………………… 53

Gráfico 7 – Nível de Certificação após conclusão do Processo de RVCC………………….. 54

Gráfico 8 – Como Obteve conhecimento do Processo de RVCC…………………………….. 55

Gráfico 9 – Motivo pelo qual decidiu inscrever-se no CNO……………………………………. 56

Gráfico 10 – Importância que cada um dos aspectos teve na tomada de decisão de

Inscrição no Processo………………………………………………………………. 58

Gráfico 11 – Importância atribuída ao Pº de RVCC……………………………………………… 60

Gráfico 12 – Situação face à Profissão antes e depois de ter frequentado o Pº de RVCC. 62

Gráfico 13 – Vínculo contratual no Início e no Final do Pº de RVCC………………………… 63

Gráfico 14 – Profissão eu exercia quando iniciou o Pº e depois de o ter Terminado…….. 65

Gráfico 15 – Há quantos Meses estavam Desempregados quando iniciaram o Pº……….. 66

Gráfico 16 – Satisfação relativa à Profissão ante e depois do Pº……………………………… 67

Gráfico 17 - Importância que a Entidade Empregadora Atribui ao Certificado/Diploma

Obtido através do Pº de RVCC………………………………………………………. 68

Gráfico 18 – Importância do Pº de RVCC como factor de algumas mudanças na vida

Profissional dos Adultos………………………………………………………………70

Page 9: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

9

INTRODUÇÃO

A elaboração deste projecto surgiu no âmbito do Mestrado em Ciências da

Educação com Especialização em Educação e Desenvolvimento Comunitário.

O facto deste trabalho final ter assumido o carácter de Projecto para mim foi

muito gratificante, dado que me possibilitou intervir numa área em que trabalho

- Como Profissional de RVC no CNO do Instituto Politécnico de Leiria - e sobre

a qual tinha alguma curiosidade em perceber se o trabalho que desenvolvemos

com os adultos, tem de facto resultados práticos trazendo-lhes algumas mais

valias, após a certificação.

Enquanto Profissional de RVC sentimos com frequência necessidade de nos

actualizarmos sobre esta temática da Educação e Formação de Adultos, como

forma de consolidar a experiência adquirida e nos tornarmos possuidores de

mais competências científicas que nos permitam ter um melhor desempenho

profissional enquanto Profissional de RVCC.

O Projecto tem a pretensão de tentar perceber quais os possíveis impactos que

o processo de RVCC produziu na vida dos adultos que passaram no CNO do

IPL, direccionado mais para uma dimensão Profissional, pois estou crente que

o percurso feito ao longo do Processo torna estes adultos pessoas diferentes,

podendo essa diferença ser geradora de mobilidade profissional.

Como base de sustentação teórica do projecto procurei correlacionar o

Processo de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências com

algumas teorias conceptuais existentes, nomeadamente no que concerne à

Educação de Adultos em Portugal, à Aprendizagem ao Longo da Vida entrando

depois no Sistema de Reconhecimento Validação e Certificação de

Competências (RVCC), abordando algumas questões que lhe subjazem,

passando pelo Centro Novas Oportunidades do IPL. O capítulo incide sobre a

metodologia do estudo seguida a apresentação dos resultados resultantes do

trabalho empírico e sua posterior análise à luz dos modelos teóricos expostos,

concluindo com as conclusões.

Page 10: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

10

ANEFA

Agência Nacional de Educação e Formação de Adultos

ANQ Agência Nacional de Educação e Formação de Adultos

B1 Nível básico equivalente ao 4º ano de escolaridade

B2 Nível básico equivalente ao 6º ano de escolaridade

B3 Nível básico equivalente ao 9º ano de escolaridade

NS Nível Secundário

CE Cidadania e Empregabilidade

MV Matemática para a Vida

LC Linguagem e Comunicação

TIC Tecnologias da Informação e da Comunicação

STC Sociedade Tecnologia e Ciência

CLC Cultura Língua e Comunicação

CP Cidadania e Profissionalidade

LE Língua Estrangeira

DR Domínio de Referência

CNO Centro Novas Oportunidades

RVCC Reconhecimento Validação e Certificação de Competências

PDP Plano de Desenvolvimento Pessoal

RVCC-PRO Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências Profissionais

TDE Técnico de Diagnóstico e Encaminhamento

UC Unidade de Competência

PRA Portefólio Reflexivo de Aprendizagens

FC Formação Complementar

RCC Referencial de Competências-Chave

PPQ Plano Pessoal de Qualificações

AA Abordagem Autobiográfica

BC Balanço de Competências

EA Educação de Adultos

EFA Educação e Formação de Adultos

ALV Aprendizagem ao Longo da Vida

CET Cursos de Especialização Tecnológica

ANEFA Agência Nacional para a Educação e Formação de Adultos

UFCD Unidade de Formação de Curta Duração

LBSE Lei de Bases do Sistema Educativo

OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico

UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a

Cultura

DGFV Direcção Geral de Formação Vocacional

PRODEP Programa de Desenvolvimento Educativo para Portugal

Tabela 1 – Siglas Utilizadas

Page 11: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

11

1 - Educação de Adultos em Portugal

“Em Portugal os níveis de escolarização e qualificação profissional são

frequentemente baixos”1. Mas, apesar destes baixos índices de escolarização

da população adulta, até há relativamente pouco tempo, não eram tidos como

um problema alargado socialmente reconhecido, centrando-se as

preocupações políticas sobretudo nos jovens e nas possíveis melhorias do

sistema de ensino dirigido a esta faixa etária2, o que contrasta com uma

sociedade que se caracteriza ao nível do campo da Educação de adultos por

grande diversidade e complexidade.

A Educação de Adultos emerge num campo muito vasto, o qual não passa

apenas por promover a alfabetização e a escolarização, como refere Canário a

este nível, o da Educação de Adultos, existe actualmente um cruzamento de

diferentes práticas, actores e instituições. Segundo o autor ao nível das

práticas e de acordo com a realidade portuguesa, deve fazer-se uma distinção

analítica, entre formação profissional, alfabetização, animação sociocultural e

desenvolvimento local (Canário, 2000).

Em Portugal, há cerca de vinte anos que a afirmação do campo da “Educação

de Adultos” tem sido feita numa linha de iniciativa estatal mais direccionada

para públicos desfavorecidos (Canário, 2000). Facto que acarreta exclusão

social e desvalorização daquilo que são as aprendizagens adquiridas ao longo

da vida nos contextos não formais e informais de aprendizagem.

A intervenção a nível estatal dirigida para a Educação e Formação de Adultos,

sobretudo para os públicos menos escolarizados, tem sido marcada por um

descontínuo ao nível das políticas implementadas (Lima, 2005), sendo que as

principais iniciativas na área verificam-se já numa fase posterior ao 25 de Abril

de 1974.

1 http://www.actassnip2010.com/conteudos/actas/PsiVoc_5.pdf

2 http://www.novasoportunidades.gov.pt/np4/7.html

Page 12: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

12

A Constituição da República Portuguesa, em 1976, estabelece no seu art.º 73,

que todos têm acesso à educação, atribuindo ao Estado o papel de

democratização da educação através da dinamização de modalidades

diferenciadas de Educação (formal e não formal), dando desta forma um

contributo para a igualdade de oportunidades, para a supressão de

desigualdades sociais, económicas e culturais, para o desenvolvimento quer

pessoal quer social dos cidadãos, assim como para a promoção da

compreensão mútua, de solidariedade e responsabilidade, espírito de

tolerância, para o progresso social e para a participação na vida colectiva, de

uma forma democrática.

Em 1979 a corrente de Educação Popular assume um papel fulcral na

elaboração do Plano Nacional de Alfabetização e Educação de Base de

Adultos, tendo como objectivo a redução dos números de analfabetismo e

dilatar as acessibilidades dos adultos à escolaridade obrigatória, promovendo a

articulação destes com a formação profissional e educação popular.

A Lei de Bases do Sistema Educativo (LBSE), é aprovada em 1986 (Lei nº

46/86 de 14 de Outubro), e vem elevar o nível de escolaridade para os 9 anos.

Esta lei tem uma representatividade significativa ao nível educativo e prevê

também duas vertentes complementares ao nível da Educação de Adultos: O

Ensino Recorrente, que constituiu a oferta onde se verificou maior mobilidade

quer de adultos inscritos quer de escolas e professores envolvidos, e a

Educação Extra-escolar, que registou um menor envolvimento tanto a nível de

materiais como recursos humanos.

Assistimos então, desde a década de 80 à construção progressiva de uma rede

pública ao nível da educação de adultos, que até aqui era praticamente

inexistente (Silva, 2001). No entanto, a forma como foi implementada e a sua

generalização, levantou algumas questões que tiveram de ser equacionadas

em estudos na área. Na opinião de Santos Silva, as limitações da rede pública

de educação de adultos que emergiram podem ser sistematizadas em três

pontos: detinha um estatuto marginal, no âmbito do sistema educativo e das

políticas governamentais; foi acompanhada por um afunilamento das instâncias

educativas envolvidas; e, finalmente, surgiu fortemente vinculada ao paradigma

escolar (Silva, 2001, p. 30-32).

Page 13: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

13

Esta última foi também uma das limitações preponderantes do ensino

recorrente que não teve a capacidade de se distanciar do ensino escolar

regular, apesar de terem no entanto sido dados alguns passos que, estavam

previstos na LBSE, que visavam assegurar a especificidade do ensino

recorrente.

Considerando-se a educação de adultos como um sector prioritário e dada a

gravidade da situação educativa do país, em 1989 em Portugal, contou-se com

um importante contributo financeiro por parte dos fundos estruturais

comunitários, o Programa Operacional de Desenvolvimento da Educação de

Adultos, que veio integrar um subprograma direccionado a este tipo de

população por se considerar um sector prioritário de intervenção, que tinha por

objectivo modernizar a economia através da promoção da qualificação da mão-

de-obra.

Ocorreram a partir dos finais dos anos 90 mudanças no campo da educação e

formação de adultos que se considera significativas e que originara uma

progressão de novos modelos de educação e formação que constituíram

alternativas ao ensino recorrente. Embora visassem também a obtenção de

uma certificação com uma equivalência escolar, tinham a particularidade de

serem estruturados a partir de novas metodologias que se distanciava do

modelo escolar3.

Nesta década, a Educação de Adultos é uma temática que passa a ter relevo

nos debates políticos sobre a educação, resultante do protagonismo que passa

a ser atribuído ao conhecimento como base de construção de economias mais

competitivas, assim como ao papel que as modalidades de educação informal

e não-formal podem desempenhar na promoção da Aprendizagem ao longo da

vida, verificando-se desta forma uma revalorização da relação entre a

educação e a cidadania (Silva & Rothes, 1998).

Numa tentativa de relançar a política de Educação de Adultos, os governos

socialistas eleitos entre 1995 e 2002, avançam um conjunto de propostas,

verificando-se, no entanto, mutações ao nível do conceito de educação de

adultos, que passa agora a aparecer na agenda política como educação e

3 http://www.oecd.org/dataoecd/17/19/33776836.pdf

Page 14: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

14

formação de adultos, entendida como “(…) um conjunto de intervenções que,

pelo reforço e complementaridade sinérgica com as instituições e as suas

iniciativas em curso no domínio da educação e da formação ao longo da vida,

se destinam a elevar os níveis educativos e de qualificação da população

adulta e a promover o desenvolvimento pessoal, a cidadania activa e a

empregabilidade” (Melo, Matos & Silva, 1999, p11).

Passam então a emergir um conjunto de ofertas no âmbito da educação e da

formação, que tornam a participação dos adultos mais abrangente e que

pressupõem a valorização de várias dimensões que não só a económica, mas

também social e políticas de participação em sociedade, com enfoque

naquelas que valorizam os saberes adquiridos através da experiência adquirida

ao longo da vida e nas que enfatizam a articulação entre as competências

escolares e as competências de vida, como no caso daquelas que estão

suportadas pelos saberes quer promovidos, quer reconhecidos pelos

referenciais de competência-chave (Alonso, 2002; Gomes, 2006).

Em 1999, é criada uma Agência Nacional de Educação e Formação de Adultos

(ANEFA), através do Decreto-Lei nº 387/99, com o propósito de responder às

necessidades existentes ao nível da educação e sobretudo no campo da

Educação de adultos. Esta Agência é apoiada por uma dupla tutela constituída

pelo Ministério da Educação e Ministério do Trabalho e da Solidariedade

Social.

Dos Projectos promovidos pela ANEFA direccionados para a população adulta

que não concluiu a escolaridade obrigatória, destacam-se os Cursos EFA

(Cursos de Educação e Formação de Adultos) e os Centros de

Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (Centros de

RVCC), ambos com início no ano 2000 e ambos direccionados para a

população adulta com mais de 18 anos com vista à melhoria dos seus níveis de

qualificação que não foram atingidos pelos modelos de educação e formação

de adultos até então existentes.

Assim, tanto o Cursos EFA como os Centros de RVCC, puderam contar com o

envolvimento pela primeira vez de uma grande diversidade de entidades

promotoras não apenas estatais, mas também não estatais, o que deu origem

Page 15: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

15

a uma rede local e regional densa e envolvida na educação e formação de

adultos.

A emergência do programa “S@ber +. Programa para o Desenvolvimento e

Expansão da Educação e Formação de Adultos”, da responsabilidade da

Agência Nacional para a Educação e Formação de Adultos (ANEFA), em 2001,

deveu-se ao facto de a sociedade portuguesa se deparar com uma rápida e

profunda transformação, constatando-se que ao nível do mundo do trabalho

estas eram de extrema evidência, em especial ao nível da utilização das novas

tecnologias, da competitividade e da modernização da economia, que

pressupõem a existência de trabalhadores qualificados, com conhecimentos

mais complexos e maior capacidade de adaptabilidade.

Em 2002, dá-se a extinção da ANEFA, passando as suas principais actividades

a ter continuidade no âmbito da DGFV (Direcção Geral de Formação

Profissional), sob a exclusiva tutela do Ministério da Educação.

Em 2006 é constituída a Agência Nacional para a Qualificação - ANQ. I.P., e

em 2007 já sob a tutela desta Agência, surgem os CNO (Centros Novas

Oportunidades) com a publicação de uma nova Carta de Qualidade dos CNO,

onde são considerados “como agentes centrais na resposta ao desafio da

qualificação de adultos consagrado na Iniciativa Novas Oportunidades”, sendo

esta nova carta assumida como “um instrumento que cria exigência, que

clarifica estratégias de acção e níveis de serviço e que contribuirá para a

valorização dos processos de trabalho, para a mobilização das equipas e para

a eficácia do financiamento.” (Gomes & Simões 2007, p. 5).

Esta nova denominação dos Centros RVCC em CNO, trouxe-lhe a atribuição

de novas funções relacionadas com o encaminhamento dos adultos que

procuram modalidades de educação e formação; ao diagnóstico, à triagem e ao

encaminhamento dos mesmos; ao desenvolvimento de processos de

reconhecimento, validação e certificação de competências (RVCC); à

realização de acções de formação complementares e de curta duração

(UFCD), bem como ao acompanhamento prospectivo do candidato certificado.

Estes Centros, que se assumem como promotores da aprendizagem ao longo

da vida e do gosto pela educação, assumiram desde então um papel central no

desenvolvimento das ofertas dirigidas a adultos.

Page 16: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

16

Segundo dados publicados na revista INFO: FSE, 2007 a Iniciativa Novas

Oportunidades tem uma imagem positiva, contando à data com 250 000

adultos e jovens inseridos em ofertas disponibilizadas por esta iniciativa,

salientando-se o facto de entre estes, 90 000 serem adultos, com idades

compreendidas entre os 25 e os 44 anos, na maioria empregados e do sexo

feminino, sendo que mais de 55 000 destes adultos se encontravam em

Processo de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências.

Esta iniciativa veio proporcionar um novo sentido dos níveis de escolarização

portuguesa, quando comparados com outros países europeus.

2 - Aprendizagem ao Longo da Vida

Desde há alguns anos a esta parte, que a temática da aprendizagem ao longo

da vida tem assumido um importante lugar no que concerne às preocupações

face às exigências e desafios que se impõem às sociedades contemporâneas,

assumindo-se como uma referência incontornável (Coimbra, 2001).

Desde a década de 70, quando surgiram os primeiros relatórios internacionais

que destacavam esta temática da aprendizagem ao longo da vida, um deles

intitulado de Educação Permanente, que foi elaborado pelo Conselho da

Europa (Council of Europe, 1970), outros foram surgindo, como o caso do

relatório publicado pela UNESCO, intitulado Aprender a Ser, de Edgar Faure

(Faure, 1972). Também neste ano é publicado um outro documento pela

OCDE, considerado de grande relevância, dada a forma como se equaciona

pela primeira vez numa estratégia global que abarca todos os tipos de ensino e

a questão da aprendizagem, designado de Educação Recorrente: Uma

Estratégia para a Aprendizagem ao Longo da Vida (OCDE, 1973). Os três

documentos, apesar das diferenças, tinham em comum uma ideia fundamental

em termos de Educação e Formação de Adultos, que era a de que todos os

cidadãos independentemente da sua condição económica e social, deveriam

ter acesso a outras oportunidades de aprendizagem, durante o seu percurso de

vida.

Page 17: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

17

Na década de 90, a temática da aprendizagem ao longo da vida ganha um

novo relevo ao ser recolocada na agenda política, o que veio permitir a

elaboração e publicação por parte de organismos diferenciados de novos

documentos, como o Livro Branco sobre a Educação e a Formação.

No ano seguinte, em 1996, foi consagrado o “Ano Europeu da Educação e da

Aprendizagem ao Longo da Vida”. E em 1997, a UNESCO dá o seu contributo

para esta área através da elaboração de uma conferência mundial sobre a

temática da educação de adultos, que vem relançar a temática nas agendas

internacionais, resultando uma declaração final do Instituto de Educação da

UNESCO, em 1998, a qual remete a concepção de educação e formação de

adultos para o conceito de Sociedade Educadora, numa perspectiva mais

abrangente, englobando várias dimensões da vida dos indivíduos como a

social, cultural e económica.

Neste âmbito, surgem dois outros importantes relatórios, os quais têm em

comum o facto de defenderem que a ausência de estratégias fomentadoras de

promoção da aprendizagem ao longo da vida acarretará consequências

negativas, tanto para as sociedades entendidas de forma global como para o

próprio indivíduo. O relatório da UNESCO intitulado Educação, um Tesouro a

Descobrir, coordenado por Jacques Delors, salienta o facto de que nas

sociedades do séc. XXI – apelidadas de sociedades educativas - existir um

esbatimento da barreira entre educação inicial e educação permanente, na

medida em que a grande diversidade de contextos existente pode constituir

contextos de educação e aprendizagem. O conceito de Aprendizagem ao

Longo da Vida é a chave de acesso ao séc. XXI, definindo também os quatro

pilares da educação ao longo da vida: Aprender a conhecer, ou seja, adquirir

instrumentos de compreensão; Aprender a Fazer, de forma a adquirir

competências que permitam agir sobre o meio envolvente; Aprender a viver em

comum, para que consiga participar e cooperar com os outros em todas as

actividades humanas e Aprender a ser, ou seja, a educação deve dar o seu

contributo para o desenvolvimento total da pessoa, para que consiga pensar

critica e autonomamente, de forma a agir e decidir em situações diferenciadas.

Page 18: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

18

O outro relatório aparece aquando a cimeira de Lisboa de 2000, proposto pela

União Europeia (Comissão Europeia, 2000)4, que constitui o Memorando sobre

Aprendizagem ao Longo da Vida, que tenta distinguir e definir as diferentes

modalidades que estas aprendizagens realizadas numa multiplicidade de

contextos, podem assumir. Assim, aparecem caracterizados os conceitos de

aprendizagem formal, não-formal e informal e informal da seguinte forma:

- Aprendizagem Formal – a que se processa em instituições de ensino e

formação, que conduz à obtenção dos diplomas e das qualificações;

- Aprendizagem Não-Formal – a que se processa a partir de acções

desenvolvidas no exterior dos sistemas formais, como na comunidade, no

trabalho, na vida associativa, etc., e que não conduzem à certificação

necessariamente;

- Aprendizagem Informal – a que se processa nas mais diversas esferas da

vida, e que por norma não tem qualquer tipo de reconhecimento (individual e

socialmente).

O facto de o Memorando valorizar a importância que as aprendizagens não-

formais e informais têm no processo de aprendizagem ao longo da vida, até

então pouco valorizadas quer em termos educativos, quer sociais e até

políticos, veio enfatizar a necessidade de existir complementaridade entre os

três domínios de aprendizagem.

Salienta também a necessidade de se criarem parcerias e formas de

cooperação (entre autoridades públicas, iniciativa particular, ministérios,

parceiros sociais, etc.) que visem a implementação de uma estratégia de

aprendizagem ao longo da vida, criando entre as estruturas de oferta uma rede.

Obviamente que este desafio se coloca ao nível dos sistemas formais de

educação/formação, por serem estruturas mais fechadas, que têm manifestado

dificuldades de reconhecimento e integração ao nível das aprendizagens

realizadas em contextos diferentes dos formais, exigindo desta forma uma

4 A elaboração deste documento pela Comissão Europeia, visa a implementação de uma “estratégia de

aprendizagem ao longo da vida”, que tem a pretensão de ser um instrumento orientador da reflexão e do debate à escala europeia, segundo o defendido em 2000 na cimeira de Lisboa.

Page 19: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

19

alteração a vários níveis, nomeadamente ao nível das abordagens e

estratégias metodológicas, das representações e práticas educativas, da

concepção sobre a aprendizagem e mesmo do papel dos agentes educativos,

entre outros.

Na sequência do Memorando sobre Aprendizagem ao Longo da Vida, surge

uma Comunicação da Comissão das Comunidades Europeias intitulada “Tornar

o Espaço Europeu de Aprendizagem ao Longo da Vida uma Realidade” que

vem enfatizar os decorrentes das transformações sociais e económicas que já

haviam sido identificados, e reforçar a necessidade de adopção de uma

abordagem nova no que concerne às questões da educação e da formação.

No entanto, para que esta nova abordagem seja viável, deve ocorrer uma

adaptação por parte dos sistemas tradicionais, com o objectivo de se tornarem

mais flexíveis e abertos de forma a esbater as desigualdades existentes,

possibilitando aos aprendentes em qualquer etapa, da sua vida aceder a

percursos individualizados à medida dos seus interesses e das suas

necessidades.

Ainda segundo o mesmo documento, o espaço europeu de aprendizagem ao

longo da vida, deverá ser um meio facilitador que permita aos cidadãos

enfrentar os desafios que se lhe impõem pela sociedade do conhecimento e

também um meio que facilite a livre circulação entre os diferentes espaços de

aprendizagem, regiões e países e emprego ao nível dos países que constituem

a União Europeia, devendo para tal os Estados Membros adoptar acções que

promovam as prioridades definidas. Reforçando a necessidade de criação de

um quadro global para a educação e a formação, que permita uma articulação

com as politicas de emprego, integração social, investigação e juventude.

Entende-se por Aprendizagem ao Longo da Vida, “toda a actividade de

aprendizagem em qualquer momento da vida, com o objectivo de melhorar os

conhecimentos, as aptidões e as competências, no quadro de uma perspectiva

pessoal, cívica e/ou relacionada com o emprego”. (Pires, p.63)

Page 20: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

20

3 - O Sistema de Reconhecimento Validação e Certificação de

Competências (RVCC) em Portugal

O sistema de Reconhecimento Validação e Certificação de Competência,

aparece em Portugal como forma de colmatar, algumas das fragilidades

estruturais que se verificavam ao nível quer da educação, quer da formação,

principalmente quando tomamos por referência os restantes países da OCDE5.

Este facto tem também a sua origem nos elevados níveis de subcertificação

existentes entre a população activa portuguesa, decorrente das competências

que as pessoas foram desenvolvendo ao longo das suas vidas nos diversos

contextos (familiar, profissional, social, etc.), e do facto de ao longo de vários

anos (intensificando-se aquando a adesão à União Europeia) ter havido

frequência de acções de formação, das quais as pessoas envolvidas não

obtiveram qualquer certificação reconhecida. Nesta medida faz todo o sentido a

implementação de um sistema de educação e formação de adultos, que visa o

reconhecimento e valorização social dos saberes adquiridos ao longo das suas

vidas em contextos diversificados, e que apela à reflexão sobre a experiência e

ao reposicionamento dos adultos em percursos formativos que vão ao encontro

das suas necessidades e expectativas, irá intensificar a sua vontade em

aprender, dando uma maior valorização à educação e formação ao longo da

vida.

Assim em 2001, através da portaria nº 1082-A/2001, de 5 de Setembro é

implementada a rede nacional de CRVCC, hoje CNO, a qual já vinha desde

Novembro de 2000 a ser experienciada através de seis CRVCC, hoje

promovidos por todo o país, através de entidades públicas e privadas.6

Em Portugal o Sistema de Reconhecimento, Validação e Certificação de

Competências tem como dimensões o RVCC Escolar (ensino Básico e

Secundário), O RVCC Profissional – RVCC-PRO (que confere certificação

profissional) e o ensino superior.

5 OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico

6 http://cdp.portodigital.pt/repositorio-de-legislacao/2/

Page 21: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

21

O enfoque deste projecto recairá sobre o RVCC Escolar, o qual é Coordenado

pela Agência Nacional para a Qualificação – ANQ, sob a tutela do Ministério do

trabalho e da Solidariedade Social e do Ministério da Educação, sistema este

que tem como objectivo a promoção da certificação escolar, assim como da

promoção e procura de novos processos aprendizagem, de formação e

certificação quer escolar, quer profissional numa lógica de aprendizagem ao

longo da vida.

O sistema tem como público-alvo todos os cidadãos com idade superior a 18

anos de idade e que não tenham concluído o ensino Básico ou Secundário ou

uma qualificação profissional.

Conforme menciona a Carta da Qualidade os CNO funcionam como uma “porta

de entrada” para todos os que procuram uma oportunidade de qualificação,

tendo como princípios orientadores a abertura, flexibilidade, confidencialidade,

orientação para os resultados, rigor e eficiência, autonomia e responsabilidade

(Carta da Qualidade dos CNO, 2007).

Relativamente à constituição das equipas que laboram nestes centros, são

pluridisciplinares, desempenhando funções que vão desde o Director,

Coordenador, Técnico de Diagnóstico e Encaminhamento, Técnicos de RVC,

Formadores e Administrativo. É da competência de cada CNO, definir o seu

Plano Estratégico de Intervenção do qual devem constar o seu público-alvo,

objectivos e metas atingir, rede de parcerias estabelecidas, modelo de

organização e funcionamento, tendo em conta quer as especificidades da sua

área de intervenção quer as orientações gerais da ANQ.

De forma a ir ao encontro das necessidades dos adultos que recorrem aos

CNO, estes devem ter um horário alargado, devendo obrigatoriamente de

trabalhar quer em horário laboral quer em pós-laboral, o que implica um ajuste

horário das equipas, de forma a poder fazer face a estas necessidades.

Desde que o adulto entra no CNO, terá que passar por um conjunto de etapas

de intervenção que irão permitir identificar face ao seu perfil, qual o percurso

mais aconselhável a seguir:7

7 Estas Etapas estão demonstradas no Fluxograma da Fig. 3

Page 22: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

22

• Acolhimento;

• Diagnóstico/Triagem;

• Encaminhamento;

• Reconhecimento de competências;

• Validação de competências;

• Certificação de competências;

• Acompanhamento ao Plano de Desenvolvimento Pessoal

3.1 - Orientações Metodológicas Subjacentes ao Sistema de RVCC

De forma a apoiar as equipas na realização do seu trabalho, para além dos

Referenciais de Competência-Chave, o sistema de RVCC conta também com a

complementaridade dos Guias de Operacionalização, nomeadamente no que

concerne às metodologias a adoptar, uma vez que este processo se

desenvolve segundo uma determinada metodologia que se organiza em fases

diversas, no entanto toda a actividade é centrada no adulto, partindo sempre

das experiências por este adquiridas, promovendo a reflexão e a auto-

avaliação das aprendizagens por ele adquiridas em diversos contextos, ao

longo do seu percurso de vida.

A partir destas reflexões e ao longo do processo, o adulto vai construindo o seu

Portefólio Reflexivo de Aprendizagens (PRA), sempre apoiado pela equipa

Técnico-pedagógico do CNO.

Todo o processo é consolidado num exercício de auto/hetero-avaliação das

aprendizagens realizadas a partir da experiência de vida do adulto, o qual

através da narração das mesmas, fará um balanço das competências

desenvolvidas à luz do referencial do nível proposto. Caso haja necessidade, o

processo prevê a existência de Formação Complementar (FC), ou seja,

formação que tem o intuito de desenvolver no adulto as competências que não

conseguiu demonstrar através da narrativa autobiográfica e que são

necessárias para a obtenção da Certificação. No caso desta formação se

revelar insuficiente o adulto terá que realizar Unidades de Formação de Curta

Duração (UFCD), fora do CNO, de forma a fazer face às necessidades

demonstradas e poder desta forma obter a Certificação.

Page 23: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

23

No que concerne à metodologia de sustentação operacional deste processo, é

utilizada por um lado a metodologia de Balanço de Competência (BC), e por

outro a Abordagem Autobiográfica (AA), no entanto existe a dificuldade em

estabelecer limites concretos e coincidentes relativamente ao ponto em que

termina uma e começa a outra, considerando-se mesmo indissociáveis.

Esta metodologia é assegurada pelos Profissionais de Reconhecimento,

Validação e Certificação de Competências (RVC), que tentam explorar os

percursos de vida dos adultos, as competências e experiências de vida, numa

fase mais avançada do processo serão também acompanhados pelos

Formadores das Áreas de Competências-Chave.

Imagem 1 – Diagrama da Metodologia Utilizada no Processo de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências, (Gomes, 2006)

3.2 - Abordagem Autobiográfica (AA) Relativamente à abordagem metodológica, implementada no Sistema de

RVCC, recorre-se à abordagem autobiográfica, e não narrativa de histórias de

vida como muitas vezes vimos mencionado, na medida em que todo o trabalho

desenvolvido pelos e com os adultos, é feito à luz de um referencial de

competência-chave, isto é, a narração das experiencias adquiridas ao longo do

seu percurso de vida é feita não com o mero objectivo narrativo, mas com o

Page 24: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

24

objectivo de demonstrar que ao longo do percurso de vida, o adulto

desenvolveu aprendizagens que servem para validar competências no

referencial. Como consta do Guia de Operacionalização do Referencial de

Nível Secundário (NS), “O reconhecimento, validação e certificação de

competências recorre à Abordagem (Auto)biográfica como meio de

recolha de informação, não podendo estas ser consideradas como

verdadeiras “Histórias de Vida”” (DGFV, 2006, p.29)

Também Josso (2002), nos chama a atenção para esta distinção, dizendo que

a história de vida corresponde a uma narração sobre a globalidade da vida e a

abordagem autobiográfica, embora seja uma narração que tem subjacente o

contexto global da vida, tem a especificidade de se centrar numa problemática

específica, que no caso é o reconhecimento, validação e certificação de

competências.

Esta diferenciação entre narrativa de histórias de vida e abordagem

autobiográfica vem muito bem identificada no Guia de Operacionalização

do Referencial de Competências-Chave de Nível Secundário, conforme

evidencio abaixo na Quadro 1 (DGFV, 2006, p. 29).

Histórias de Vida? Abordagem (Auto)Biográfica?

Histórias de Vida Abordagem (Auto)Biográfica

São um método. Uma pedagogia restauradora da reflexividade na aprendizagem.

É um meio, uma via. Instrumento de mediação qualitativo.

São outra maneira de pensar a formação de adultos e a sua relação ao saber e ao conhecimento, fazem do sujeito o autor e o actor central desse processo. Não são mera técnica ou instrumento.

Adaptação das histórias de vida a um projecto, apelando também à interrogação permanente e à atribuição de sentido às experiências vividas, ainda que mais circunscritas ao projecto.

“Abarcam a globalidade da vida em todos os seus registos, todas as suas dimensões passadas, presentes e futuras na sua dinâmica própria.” (Josso, 2002:21)

Apoia-se nalgumas etapas de sustentação dos princípios de natureza metodológica e ética exigidos à prática das Histórias de Vida em formação.

Quadro 1 DGFV, 2006 - Guia de operacionalização do referencial do secundário

Page 25: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

25

3.3 - Balanço de Competências (BC)

O Balanço de Competências, irá corresponder ao trabalho realizado pelo adulto

(auto), e pela equipa (hetero), no sentido de confrontar as competências

evidenciadas com o instrumento de orientação que no caso é o referencial,

sendo essencialmente um trabalho de exploração e de avaliação das

competências desenvolvidas pelo adulto ao longo do seu percurso de vida nos

mais variados contexto. “ (…) não se pretende que o candidato relate a sua

vida de forma indiscriminada, mas sim que reflicta em relação ao seu itinerário

existencial, de modo a compreender como é que se formou através de um

conjunto de experiências.” (DGFV, 2006, p.47).

Todo o trabalho desenvolvido no Balanço de Competências apresenta uma

dupla dimensão fundamental, ou seja, uma dimensão retrospectiva e uma

dimensão prospectiva. Como resultado deste trabalho do adulto em conjunto

com a equipa, resultará o seu Portefólio Reflexivo de Aprendizagens (PRA). “O

portefólio é, também, um caminho de integração (avaliação) de saberes,

vinculado à (re) construção do conhecimento e do processo de aprendizagem.

Visa integrar ensino, aprendizagem, avaliação e implica (auto) controlo da

aprendizagem. Não substitui o percurso de aprendizagem, mas aprofunda-o,

acrescentando-lhe novas perspectivas.” (DGFV, 2006).

4 - Os CNO – Centros Novas Oportunidades

Os primeiros centros de Reconhecimento, Validação e Certificação de

Competências, hoje CNO – Centros Novas Oportunidades, entraram em

funcionamento em 2000, ano em que apenas seis centros iniciaram a sua

actividade, no entanto nos anos seguintes a rede foi sendo progressivamente

alargada, passando a ser constituída por 28 centros em 2001 e 42 centros em

2002. No final de 2005 estavam acreditados cerca de 90 Centros Novas

Oportunidades – CNO, número que tem vindo a aumentar, existindo

actualmente 454 Centros Novas Oportunidades em funcionamento.

Os actuais Centros Novas Oportunidades Evoluíram a partir dos então

existentes Centros de Reconhecimento, Validação e Certificação de

Page 26: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

26

Competências, que existiram entre 2000-2005, os quais tinham um papel mais

redutor ao nível da sua intervenção, passando os Centros Novas

Oportunidades a ter novas funções atribuídas, conforme se pode verificar na

Quadro 2, que a cinza demonstra a intervenção dos Centros RVCC e a verde

as dimensões de intervenção dos CNO:

Quadro 2 - Etapas de Intervenção dos Centros RVCC e CNO’s

A grande concentração CNO encontra-se localizada nas regiões Norte, Centro,

e Lisboa e Vale do Tejo, continuando a ser na primeira, que predomina o maior

número de centros do país, como se verá mais à frente. A dinâmica destas três

regiões, e em particular da região Norte, parece ser evidente e manter-se ainda

em franco crescimento, uma vez que nelas tem vindo a aumentar todos os

anos, de forma considerável, o número de centros. O panorama no resto do

país é bastante diferente: em 2005 permanecia muito reduzido (e quase

estagnado) o número de centros no Alentejo e no Algarve; nas regiões

autónomas a situação foi, até 2004, marcada pela ausência deste tipo de

iniciativas, registando-se, já em 2005, a entrada em funcionamento do primeiro

centro na Madeira.

A constituição destes centros é resultante da iniciativa de entidades muito

diversas, quer privadas, quer públicas.

Page 27: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

27

A informação disponibilizada no relatório de execução do PRODEP III em 2004

(PRODEP, 2005), altura em que a rede era constituída por 70 centros, confirma

que as entidades promotoras dos centros de RVCC são de tipo muito variado:

associações empresariais, associações de desenvolvimento local/regional,

centros de emprego e formação profissional, escolas, etc.

Embora não seja conhecida a distribuição exacta do número de centros por

cada um dos tipos de instituições.

No âmbito da iniciativa Novas Oportunidades o IPL- Instituto Politécnico de

Leiria conta também com um CNO – Centro Novas Oportunidades aberto ao

Público desde 2008, sendo mais um serviço que este Instituto disponibiliza à

população do distrito de Leiria, tentando encontrar para os adultos que

recorrem a este CNO a melhor solução para que possa obter a certificação

escolar/profissional que procura de uma forma acompanhada e orientada.

Esta solução poderá significar um encaminhamento para diferentes ofertas

formativas (Cursos EFA, acções modulares certificadas (UFCD), Cursos de

Especialização Tecnológica (CET), Cursos Preparatórios, etc… ou processo

de RVCC, este no CNO.

Assim, o actual processo RVCC dos Centros de Novas Oportunidades (CNO)

afigura-se como um reconhecido esforço no sentido do enriquecimento do

sistema educativo, promovendo a literacia, o desenvolvimento cultural e as

perspectivas de escolarização das famílias portuguesas, tentando de alguma

forma colmatar o facto de Portugal ser o país da OCDE onde a população

passou menos anos a estudar, e em que a população adulta passou menos

tempo no sistema de ensino: apenas oito anos e meio, menos 3,4 do que a

média dos países da organização.

O relatório "Panorama da Educação de 2006", conclui também que as escolas

portuguesas são também as que menos horas dedicam à Matemática. O

documento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico

(OCDE) coloca Portugal no fim da lista quanto ao tempo que a população entre

os 25 e os 64 anos passou em estabelecimentos de ensino.

Page 28: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

28

Ora, esta ausência de permanência na escola tem as suas repercussões, e

uma das consequências destes baixos níveis de qualificação dos Portugueses

tem-se manifestado quer na dificuldade de permanência quer na integração no

mercado de trabalho, sendo também tarefa dos CNO’s, para além destas de

Reconhecer, Validar e Certificar as competências que o adulto possui,

competências estas adquiridas por outras vias que não as da escola, a de o

dotar de novas competências que lhe permitam fazer face a estes novos

desafios que a sociedade lhe impõe.

Todas estas alterações que se nos impõem afectam, de um modo geral, todas

as dimensões da vida social contemporânea, na qual o ritmo de circulação e o

volume da informação se multiplicaram, dando lugar a novas formas de ler,

práticas mais dispersas e fragmentárias, muitas para fins utilitários, mas as

anteriores, ou seja, as já anteriormente adquiridas, não desaparecem. Isto

porque, ao longo do seu percurso de vida, os indivíduos, são cada vez mais

colocados perante situações que requerem novas aprendizagens e são estas

novas competências que os contextos impõem aos sujeitos, que fazem com

que a noção de competências adquira uma importância e visibilidade social

cada vez maior.

Facto que me parece importante é o de as competências remeterem, antes de

mais, para a acção dos indivíduos num determinado contexto, constituindo

assim uma das características essenciais da competência o facto de ser

inseparável da acção, devendo assim ser entendidas enquanto “disposição

para acção” e não meramente como um conjunto de comportamentos

atomizados; são habitus, ou “esquemas de acção”, no sentido alargado

definido por Bourdieu, (2002).

Os CNO’s têm a particularidade de se conseguirem aproximar das populações

locais o que lhes permite perceber o significado que atribuem às suas práticas

e desta forma também conseguem auscultar as suas necessidades em termos

de educação e formação.

Todas as linhas orientadoras do funcionamento dos CNO, têm por base o

Sistema de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências, no

qual se evidenciam três grandes eixos de actuação, que correspondem em

certa medida às fases principais do processo: O Reconhecimento de

Page 29: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

29

Competências, a Validação de Competências e a Certificação de

Competências.

O Reconhecimento de Competências, consiste numa etapa onde irão ser

identificadas as competências que o adulto adquiriu ao longo do seu percurso

de vida. Esta é a principal etapa da actividade dos CNO e desenvolve-se

assente numa metodologia de Balanço de Competências e Narrativa de

Histórias de Vida, tendo em vista não só a identificação de competências, mas

também proporcionar oportunidades de auto-reflexão do adulto em relação à

sua experiência de vida.

A fase de Validação de Competências-Chave ocorre numa etapa posterior à

fase de Reconhecimento. É uma formalização, realizada por um Júri de

Validação (composto pela equipa que acompanhou o adulto e o avaliador

externo), que analisa o PRA (Portefólio Reflexivo de Aprendizagens), realizado

pelo adulto de acordo com as Áreas de Competência-Chave do nível previsto

no Referencial de Competência Chave. Esta validação poderá ser total ou

parcial, caso se verifiquem existir grandes lacunas nalguma área de

competência ou núcleo.

Para além destas fases, poder-se-á concluir que o adulto tem necessidade de

frequentar formação complementar, que poderá ocorrer em qualquer uma das

áreas do referencial, e desta forma suprir qualquer lacuna que possa ter sido

manifestada na primeira fase do processo. Pretendendo-se assim que o adulto

vise não só a certificação mas que se conscientize das aprendizagens que

realizou ao longo do seu percurso de vida, assim como das que agora adquiriu

e que estavam em falta.

Na fase de Certificação, far-se-á a oficialização das competências que foram

identificadas na fase de reconhecimento e que também já foram validadas pelo

Júri de Validação.

Ao longo do Processo de RVCC, vai-se também construindo com o adulto o

seu Plano de Desenvolvimento Pessoal (PDP), que é um instrumento que pode

ou não constar do Portefólio do adulto, mas é criado pelo adulto, com o

apoio e orientação do Profissional de RVC, e segundo a ANQ, 2007 é uma

Page 30: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

30

“etapa que consiste na definição de um Plano de Desenvolvimento Pessoal

para cada adulto certificado pelo Centro Novas Oportunidades, tendo em vista

a continuação do seu percurso de qualificação/aprendizagem ao longo da vida

após o processo de RVCC. Este Plano, articulado entre a equipa pedagógica e

o adulto em sessões individuais, toma forma na definição do projecto pessoal

e profissional do adulto, com a identificação de possibilidades de

prosseguimento das aprendizagens, de apoio ao desenvolvimento de

iniciativas de criação de auto emprego e/ou de apoio à

progressão/reconversão profissional. Nalguns casos, a definição do Plano

de Desenvolvimento Pessoal e das condições para a sua concretização pode

implicar contactos com entidades formadoras, empregadoras ou de apoio ao

empreendedorismo.”

4.1 – A Rede Nacional de CNO’s

Com o intuito de dar cumprimento aos objectivos propostos para a Iniciativa

Novas Oportunidades, em 2008 registou-se uma forte expansão da rede

Nacional de Centros Novas Oportunidades. Assim, a rede constituída por 450

centros em Portugal Continental e 6 na Região Autónoma da Madeira, passou

em 2010, depois do encerramento do concurso público para a implementação

de mais 44 Centros Novas Oportunidades, para um total de 500 centros

(promovidos por entidades publicas e privadas) em funcionamento.

Como podemos verificar na Fig.5, a grande maioria dos Centros Novas

Oportunidades situa-se na Região Norte (183 CNO), seguida da Região Centro

(110 CNO) e a Região de Lisboa (87 CNO). A Região onde se verifica um

menor registo é a Região Autónoma da Madeira com apenas 6 CNO.

Como refere Isabel Duarte, esta dispersão geográfica dos Centros Novas

oportunidades prende-se fundamentalmente com dois critérios: Com a

densidade demográfica e com a dispersão geográfica. Privilegiando-se também

critérios como as necessidades da população menos escolarizada, bem como

Page 31: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

31

as condições de acessibilidade das populações e a diversidade dos púbicos

envolvidos8.

Gráfico 1 - Evolução dos Centros Novas Oportunidades em Funcionamento, 20099

8 http://docs.google.com/viewer?a=v&q=cache:AyGL0-

P87EAJ:www.proformar.org/revista/edicao_3/centros_reconhecimento.pdf+O+valor+da+aprendizagem+experiencial+dos+adultos+nos+Centros+de+Reconhecimento,&hl=pt-PT&gl=pt&pid=bl&srcid=ADGEESj0agrdwCrJPAgZpsz25uFPLRuxOSo9pzBDzm5eiBi3hOM379tc4CFUB43rDEhsjfd6STF2eulAc61lokVSrO_P9IuuE2JUnsxuc5b6RKBXrCkWoDAVxE86BKvtiug7z-AzNbxI&sig=AHIEtbTJYDu__xh6WMzU4JyMnAJTGo2uug 9

http://www.novasoportunidades.gov.pt/np4/%7B$clientServletPath%7D/?newsId=39&fileName=Balanco_INO_Adultos_Julho_2009.pdf

Page 32: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

32

Gráfico 2 - Centros Novas Oportunidades, por Região - 200910

4.2 - O Centro Novas Oportunidades (CNO) do Instituto Politécnico de

Leiria

O CNO do Instituto politécnico de Leiria, abriu ao público no inicio de 2008, no

entanto só teve a sua equipa constituída em finais de Setembro, inicio de

Outubro desse mesmo ano. Nesta altura a equipa era constituída por um

Coordenador, três Profissionais de RVC a tempo inteiro, uma formadora a

tempo inteiro de Matemática para a Vida (MV) e Sociedade Tecnologia e

Ciência (STC), que acumulava meio tempo em cada uma das áreas; Uma

formadora a tempo inteiro de Tecnologias da Informação e da Comunicação

(TIC) e Sociedade Tecnologia e Ciência (STC), que também acumulava meio

tempo em cada uma das áreas. Para as áreas de Cultura Língua e

Comunicação (CLC), Linguagem e Comunicação (LC), Cidadania e

Profissionalidade (CP), Cidadania e Empregabilidade (CE), bem como para a

Língua Estrangeira, os formadores eram nesta fase inicial contratados ao

Portefólio.

O volume de inscrições aumentou, e com ele a necessidade de ir aumentando

a equipa, de forma a poder dar respostas atempadamente. Assim, hoje a

10

http://www.novasoportunidades.gov.pt/np4/%7B$clientServletPath%7D/?newsId=39&fileName=Balanco_INO_Adultos_Julho_2009.pdf

Page 33: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

33

equipa deste CNO, é constituída por uma Coordenadora, uma Técnica de

Diagnóstico e Encaminhamento, os três Profissionais de RVC, Uma formadora

a tempo inteiro que acumula as áreas de Tecnologias da Informação e

Comunicação (TIC) e Cidadania e Empregabilidade (CE), uma formadora a

meio tempo para Linguagem e Comunicação (LC), uma formadora a meio

tempo para Matemática para a Vida (MV), uma formadora a meio tempo para

Sociedade Tecnologia e Ciência (STC), duas formadoras a meio tempo para

Cultura Língua e Comunicação (CLC), e dois formadores a meio tempo para a

área de Cidadania e Profissionalidade (CP). Conta também com uma

administrativa.

Este CNO faz parte da NUT II, região Centro, sub-região Pinhal Litoral e Distrito

de Leiria e tem a particularidade de estar inserido numa instituição de Ensino

Superior que é o Instituto Politécnico de Leiria.

5 - Os Referenciais de Competência-Chave: Nível Básico e Nível

Secundário

À semelhança do Processo, que é inovador e por isso mesmo alvo de muita

controvérsia e opiniões diversificadas, também o modelo curricular

desenvolvido o é, pois o sistema de reconhecimento, validação e certificação

não é orientado com base em programas disciplinares, mas por um Referencial

de Competências-Chave (RCC). Na sua génese esteve uma equipa

multidisciplinar (constituída por Luís Imaginário, Guilhermina Barros, António

Osório, Luísa Alonso, Fátima Sequeira, Justino Magalhães e José Manuel

Castro), e constitui o instrumento de base fundamental que orienta e sustenta o

desenvolvimento quer dos processos de RVCC, quer dos cursos EFA.

O Referencial de Competências-Chave surge no âmbito das recentes

tendências educativas, que opera num sentido inverso ao que tem sido a

abordagem escolar tradicional, valorizando as práticas quotidianas na sua

diversidade de tempos e contextos, passando do convencional contexto escolar

para o de vida adulta, onde se privilegia um entendimento das competências do

ponto de vista da prática social (Costa, 2003).

Page 34: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

34

O Referencial de Competências-Chave é um modelo centrado em

competências a adquirir ou a reforçar em função de temas de vida significativos

para cada grupo, de acordo com os desempenhos exigidos a cada adulto no

seu quotidiano. Esta abordagem de educação e formação orientada por

competências, por vezes suscita dificuldades no que concerne à identificação,

ou delimitação das competências a servirem de suporte ao processo formativo,

que no caso das novas modalidades de ensino e formação tem sido colmatada

dada a existência de uma estratégia que assenta na identificação de um

conjunto restrito de áreas de competência, designadas de Áreas de

Competência-Chave, que tiveram na sua génese as principais exigências que

as sociedades contemporâneas impõem, ou seja, ao seu uso social efectivo.

Importa, neste contexto referir a distinção apresentada no Referencial de Nível

Secundário de Competência, que define como uma “combinatória de

capacidades, conhecimentos, aptidões e atitudes apropriadas a situações

específicas, requerendo também a disposição para e o saber como aprender” e

a de Competência-Chave, que define como “um conjunto articulado,

transferível e multifuncional, de conhecimentos, capacidades e atitudes

indispensáveis à realização e desenvolvimento individuais, à inclusão social e

ao emprego” (Gomes, 2006, p. 12).

Assim e de acordo com a Comissão Europeia (2004 citado por Iniciativa Novas

Oportunidades), competência “ é um conjunto articulado, transversal e

multifuncional, de conhecimentos, capacidades e atitudes indispensáveis à

realização e desenvolvimento individuais, à inclusão social e ao emprego”

Também de acordo com os autores do referencial, a abordagem seguida

“aponta para a capacidade de agir e de reagir de forma apropriada perante

situações mais ou menos complexas, através da mobilização e combinação de

conhecimentos, atitudes e procedimentos pessoais.” (Alonso e outros, 2002,

p.9).

Todo o processo é assim estruturado a partir do referencial que “constitui uma

matriz integradora entre o reconhecimento e a validação das competências de

que os adultos são portadores e o desenvolvimento de percursos formativos

Page 35: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

35

adequados às necessidades pessoais, sociais e profissionais que manifestam”

(Gomes, 2006, p 13).

O Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências é assim

orientado pelo Referencial de Competências-Chave de Nível Básico ou

Secundário, conforme o patamar em que os adultos em questão se situam;

O Referencial de Nível Básico, tanto para os Cursos EFA como para o

Processo de RVCC é organizado em níveis de complexidade crescente

correspondendo a cada um deles um grau de certificação - Básico 1 (B1);

Básico 2 (B2) e Básico 3 (B3)11, abrangendo quatro áreas de competência-

chave, que por sua vez se estruturam em quatro unidades de competência,

que segundo o referencial de competências-chave de nível secundário,

constituem “combinatórias coerentes dos elementos da competência em cada

Área de Competência-Chave”, (Gomes, 2006, p. 25) e são elas : Linguagem

e Comunicação (LC); Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC);

Matemática para a Vida (MV) e Cidadania e Empregabilidade (CE), de acordo

com a figura 4. Esta última área, a de Cidadania e Empregabilidade, tem um

carácter mais abrangente e transversal relativamente às outras três áreas,

devendo, por esse facto, constituir um espaço onde se trabalhem

competências de mobilização, de valorização, de partilha de competências

quer cognitivas quer sociais (como as de relacionamento interpessoal).

Segundo o que refere o Referencial, pretende-se que haja uma estreita relação

ao nível do trabalho destas competências e as competências instrumentais

básicas (Alonso e outros, 2002, p. 97). Pode-se assim referir que o referencial

de nível básico está mais direccionado para as literacias, incluindo também um

conjunto de competências genéricas que permitem fazer face aos desafios que

são actualmente lançados em contextos laborais.

11

Terminologia adoptada dos 1º, 2º e 3º ciclos do ensino básico

Page 36: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

36

Relativamente ao nível do Referencial de Competências-Chave de nível

Secundário, é estruturado em três grandes Áreas de Competência: Sociedade

Tecnologia e Ciência (STC), que se subdivide em sete núcleos geradores que

segundo o Referencial de Competências-Chave de Nível Secundário,

constituem “temas abrangentes, presentes na vida de todos os cidadãos a

partir dos quais se podem gerar ou evidenciar uma série de competências-

chave” (Gomes, 2006, p. 25), (Equipamentos e Sistemas Técnicos, Ambiente e

Sustentabilidade, Saúde, Gestão e Economia, Tecnologias da Informação e da

Comunicação, Urbanismo e Mobilidade e Saberes fundamentais), Cultura

Língua e Comunicação (CLC), que se Subdivide nos mesmos sete núcleos

geradores, (facto que lhes confere a designação de áreas gémeas e a área de

Cidadania e Profissionalidade (CP), também ela transversal a todas as outras,

que se subdivide em oito núcleos geradores (Direitos e Deveres, Complexidade

e Mudança, Reflexibilidade e Pensamento Crítico, Identidade e Alteridade,

Convicção e Firmeza Ética, Abertura Moral, Argumentação e Assertividade e

Programação).

Sociedade

Tecnologia e

Imagem2 – Diagrama Curricular das Áreas de Competência-Chave de Nível Básico (Alonso e outros, 2002)

Page 37: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

37

A Área da Cidadania assume assim uma grande abrangência, sobretudo ao

nível do secundário, na medida em que remete para competências associadas

à inclusão social, à participação cívica e intervenção activa em contextos

laborais e à ética.

Cada um destes núcleos geradores, (7 em STC e CLC, e 8 em CP),

subdividem-se em quatro Domínios de Referência para a Acção (DR), que o

Referêncial de nível secundário define como “contextos de actuação

entendidos como referentes fundamentais para accionamento das diferentes

competências-chave nas sociedades contemporâneas” (Gomes, 2006, p.25), e

que são evidenciados em quatro contextos distintos: DR1 – Contexto Privado,

DR2 – Contexto Profissional, DR3 – Contexto Institucional e DR4 – Contexto

Macro-Estrutural. Cada área de competência, conta ainda com elementos de

complexidade que permitem ao adulto indiciar o domínio da competência

visada, que podem ser de três tipos: Tipo I – Identificação; Tipo II

Compreensão; e Tipo III – Intervenção.

Imagem 3 - Diagrama Curricular das Áreas de Competência-Chave de Nível Secundário (Gomes, 2006)

Page 38: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

38

No conjunto das três Áreas de Competência, é pressuposto que o adulto tenha

trabalhado um conjunto de 22 Núcleos Geradores, e um mínimo de 44

domínios de referência (DR’s), dado que o mínimo são dois DR’s por núcleo e

um Máximo de 88, no caso de ter explorado o máximo de DR’s por núcleo, ou

seja, os quatro.

No caso de o adulto não conseguir evidenciar as competências exigidas no

referencial de competência-chave, poderá ter de beneficiar de 50 horas de

Formação Complementar12, de forma a colmatar algumas lacunas sentidas na

evidenciação de competências. Findas as 50 horas, se ainda existirem lacunas

na evidenciação de competências, o adulto terá de se submeter a uma

validação parcial de competências ao nível do Processo de RVCC, e concluirá

o restante percurso através de uma outra via, nomeadamente através de

Unidades de Formação de Curta Duração (UFCD).

5.1 - Principais diferenças entre o Referencial de Competência-Chave de

Nível Básico e Secundário:

O Referencial de Nível Básico contempla menos competências, é mais

direccionado para as literacias, uso do computador e da internet e

competências cívicas (onde estão incluídas as competências genéricas hoje

requeridas pelos contextos laborais).

Ao nível da Área da Cidadania, a abrangência nela assumida, especialmente

ao nível do Secundário, remete sobretudo para competências ligadas à ética, à

inclusão social, participação cívica e intervenção mais activa em contextos de

trabalho.

O Referencial de Nível Secundário contempla um maior numero de

competências, mais amplas e mais complexas. Permite uma maior flexibilidade

12

Estas 50 horas de Formação Complementar terão que ser geridas pelas áreas de competências nas quais o adulto mostre existência de lacunas

Page 39: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

39

quer no seu uso, quer na própria avaliação e certificação dos indivíduos. Esta

flexibilidade permite um maior ajuste do referencial ao próprio indivíduo. É no

entanto mais difícil, menos legível mas gerador de evidências mais

integradoras e variadas.

6 - Os Impactos do Processo de RVCC

Quando trabalhamos nesta área, penso que há uma questão que se me coloca,

a mim e penso que a todos quanto trabalham nesta área, que é a de saber

quais as consequências que decorreram da passagem dos adultos por este

processo? Com o desenrolar do processo, e dados os baixos índices de

escolaridade à entrada, temos consciência de que se fazem sentir efeitos numa

multiplicidade de esferas e dimensões, mas na sua vida em termos práticos, o

que se passa? Sabemos que o objectivo a atingir com este processo seria o

de explorar, identificar as competências para uma posterior certificação, mas

nem sempre é assim e na maioria dos casos nas diferentes fases do processo,

os indivíduos aprofundam e desenvolvem os seus níveis de competências

emdomínios diferenciados. Em algumas áreas, a aquisição de competências é

feita mesmo de raiz, como é o caso das Tecnologias da Informação e da

Comunicação (TIC), consequência do facto de todas as práticas desenvolvidas

até ao momento nos diferentes contextos de vida quotidiana, ter havido a

exclusão do recurso dessas competências, especialmente do recurso à

utilização de computadores.

Também a ideia de poder vir a elevar o nível de escolaridade, tem implicações

directas na qualidade de vida do adulto, apesar de no estudo Percepções, ser

referenciado pelos adultos que existem de facto implicações directas ao nível

da pessoa, mas que ao nível do trabalho não existe “uma correspondência

Page 40: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

40

automática entre o grau de ensino e a qualidade de emprego” (Percepções, p.

21)13.

Este estudo refere também o facto de os adultos que frequentam a Iniciativa

Novas Oportunidades, sentirem antes de ingressarem na mesma um

sentimento de “incompletude”, ganhando com esta iniciativa quer a nível

pessoal quer social, tornando-se adultos mais conscientes, capazes de “voltar

a intervir de modo significativo nas suas vidas, adquirindo mais valor e

sinalizando uma capacidade para aceitar novos desafios”. (Percepções, p. 23)

Refere ainda que ao nível das entidades empregadoras e relativamente ao seu

envolvimento com esta Iniciativa, há uma clara diferenciação, que tem que ver

com a tipologia das organizações, sendo que as grandes empresas

(independentemente de serem públicas ou privadas, semi-públicas ou

multinacionais), as que têm uma atitude mais positiva face à referida iniciativa,

pelo facto de terem consciência da existência de uma grande percentagem de

colaboradores, que apresentam índices de qualificações baixos (abaixo da

escolaridade mínima obrigatória).

No entanto, a grande maioria das entidades empregadoras parece ainda não

reconhecer esta realidade, nem a valorizar os conhecimentos adquiridos pelos

seus trabalhadores que como afirma Roberto Carneiro ao Jornal Público, estes

“conhecimentos, em especial ao nível das novas tecnologias da informação e

comunicação, serão indispensáveis numa altura em que estamos a entrar no

mundo da economia do conhecimento em que as empresas funcionam em

rede”. Refere ainda que “As pessoas que estão certificadas sentem que não

houve grandes avanços nas suas carreiras”, quer ao nível da remuneração,

quer ao nível das oportunidades de emprego, o que Roberto Carneiro

considera que tem origem no facto de “gestores e empresários da maioria das

empresas portuguesas serem eles próprios pouco qualificados”…defendendo

13

Percepções, é um dos documentos produzidos no âmbito do Protocolo de Cooperação entre a Agência Nacional para a Qualificação, I.P. e a Universidade Católica Portuguesa para a “Avaliação Externa da Iniciativa Novas Oportunidades – Eixo Adultos”

Page 41: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

41

que “talvez fizesse falta uma Iniciativa Novas Oportunidades para as chefias

das nossas micro, pequenas e médias empresas”.

7 - Educação de Adultos e Desenvolvimento Comunitário

Inegavelmente, a educação de adultos tem vindo a assumir uma crescente

importância na actualidade mundial, sobretudo a partir do período do pós 2ª

Guerra Mundial. Portugal como referido, não foi excepção embora no nosso

país tenha sido sobretudo nos últimos anos que assistimos a um forte

dinamismo ao nível da educação e formação de adultos, destacando-se a este

a este nível duas referências complementares e interdependentes, ou seja, por

um lado aparece-nos um leque variado de instituições da sociedade civil que se

têm vindo a assumir como espaços promotores de educação não formal e nas

quais as práticas de educação de adultos têm vindo a ocupar uma posição de

destaque (cooperativas, centros de formação, associações, etc), por outro lado

assistimos a um investimento a nível politico nesta área, que tem vindo a

contribuir para a implementação da educação de adultos no sistema formal de

ensino e sobretudo fora deste, através da criação de estruturas e

desenvolvimento de programas dinamizados por diversos tipos de agentes

educativos em locais bastante diversificados.

Assim, existe de facto uma nova realidade em termos de educação e formação

de adultos em Portugal, a qual coloca a sua ênfase no espaço local, como

espaços privilegiados para a implementação de diversas acções de educação

de adultos (Canário, 1999).

Também Quintana (1991), refere que a educação de adultos de acordo com a

actual tendência mundial, é referenciada como um meio promotor de

desenvolvimento das comunidades locais e de capacitação dos indivíduos para

se promoverem em comunidade. Silva, identificou uma série de actividades às

quais atribui a designação de “iniciativas para o desenvolvimento (…) que se

dirigem estrategicamente para a identificação de problemas colectivos locais e

Page 42: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

42

para a escolha e realização de soluções por via da mobilização prioritária de

recursos e vontades locais” (1990, p. 70).

Uma parte significativa destas iniciativas, assentam numa metodologia

participativa, que tem por base ajudar os adultos a tomarem consciência da

melhor forma de utilizar os conhecimentos adquiridos nos sistemas dominantes

de produção do conhecimento, para conseguir resolver os seus próprios

problemas e melhorar a suas condições de vida. Deve por isso a educação de

adultos no contexto de desenvolvimento comunitário, partir dos recursos locais

perspectivando a valorização desses mesmos recursos, promovendo uma

articulação entre as aprendizagens teóricas que se vão realizando e o contexto

dos próprios indivíduos, não tendo no entanto que se limitar exclusivamente a

este. Deve também ser promotora da partilha de experiências entre todos os

intervenientes no processo, de uma forma participada, interactiva e dialógica,

de forma a proporcionar transformação nos adultos, dotando-os de capacidade

de análise crítica, de compreensão e de transformação do meio (Quintana,

1991), que só é viável estando os adultos na posse de informação a qual é

essencial para a acção, para a reflexão e para que ocorra então a

transformação do meio. Este é um processo de grande valor formativo, pois

permite aos adultos um maior conhecimento de si próprios, assim como à

realidade onde estão inseridos e na qual poderão intervir. É um momento de

conscientização, de produção de conhecimento, onde os profissionais

assumem um papel de educandos/educadores no processo educativo, assim

como a população também assume a mesma dualidade de papéis (Canário,

1999).

Já Friedman (1996), dizia que o ponto de partida era a nível local, uma vez que

a sociedade civil se mobiliza mais em torno de temas locais, no entanto chama

a atenção para o facto de esta acção local, também ela se encontrar muitas

vezes constrangida por forças económicas globais, estruturas de bem estar

desiguais e alianças de classe hostis, o que poderá influenciar o significado do

que se pretende veicular, dependendo do contexto quando nos deparamos

Page 43: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

43

com a expressão “desenvolvimento local” esta pode ser apreendida de

diferentes formas, dada a pluralidade de sentidos que lhe estão subjacentes.

O autor refere que a abordagem do empowerment14 é fundamental para um

desenvolvimento alternativo, enfatizando a autonomia das tomadas de

decisões de comunidades territorialmente organizadas, na auto-dependência

local, na democracia participativa e na aprendizagem social pela experiência.

O Desenvolvimento Local, apela aos factores locais de desenvolvimento, na

aposta nas potencialidades do meio como factores de dinamismo e inovação,

destacando os mecanismos locais de cooperação e entreajuda, a concertação,

as sinergias, as redes de interacção, as parcerias e a valorização dos recursos

endógenos. Assim entendido, o motor principal do desenvolvimento local, é

indissociável dos recursos endógenos, o que não quer dizer que não se

tenham que ter em conta factores exógenos, como as politicas nacionais , a

procura externa, a procura de localização de empresas multinacionais ou o

progresso tecnológico.

Como refere Amaro (1993), as capacidades de inovação e adaptação às

condicionantes externas a partir das condições internas e regulação, são

necessárias, mas não suficientes, tendo por isso que o processo de

desenvolvimento ser encarado como um processo de des-envolvimento, ou

seja assente numa articulação entre a satisfação das necessidades e a

realização de capacidades, que liberte dos constrangimentos impeditivos da

realização das potencialidades dos indivíduos nas suas diferentes vertentes:

ambiental, social e individual.

Interessa também referir que num quadro de desenvolvimento quer local quer

regional, é preciso estreitar cada vez mais as relações dos CNO’s com os

diversos parceiros sociais da sua área de influência. Atendendo a esta

necessidade, também o CNO do IPL, em vindo a desenvolver práticas de

14

Empowerment corresponde ao processo de aumento da capacidade de indivíduos ou grupos para fazer

escolhas e transformar essas escolhas em acções e resultados desejados. Central para esse processo são acções que ambos constroem e colectivos activos individuais e melhorar a eficiência e a equidade do contexto organizacional e institucional que regem a utilização desses recursos

Page 44: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

44

trabalho no sentido de conjugar esforços, de forma a promover de uma forma

progressiva e sustentada a convivência com as várias instituições locais,

empresas e entidades formadoras.

O Programa Novas Oportunidades representa um movimento social de

aumento de qualificações sem precedentes, potenciador de outros processos

de aprendizagem e por isso motivador de vontade de valorização e qualificação

de grande número de portugueses.

Parece assim, que a formação no desenvolvimento comunitário é uma questão

múltipla que respeita sob diversas formas, tanto aos profissionais como às

populações locais, a qual participa no seu próprio desenvolvimento.

Parte II

1 - Metodologia

O presente capítulo, tem o intuito de apresentar o modelo de análise elaborado

que servirá de enquadramento compreensivo para a pesquisa empírica, tendo

em conta quer o enquadramento teórico anteriormente exposto, quer os

objectivos delineados pela investigação.

Assim, o objectivo central deste estudo será a analise do possível impacto que

o processo de RVCC teve nos percursos de vida dos adultos que foram

certificados pelo Centro Novas Oportunidades - CNO do Instituto Politécnico de

Leiria, nos anos de 2009/2010, quer no Nível Básico (NB), quer no Nível

Secundário (NS), através de uma análise dos seus efeitos nas dimensões

individual, social/comunitária e sobretudo laboral.

A participação no mercado de trabalho; a participação na vida social e

comunitária; a aquisição e melhoria de conhecimentos, aptidões e

Page 45: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

45

competências; e o desenvolvimento pessoal (empowerment) constituem

asvariáveis dependentes do estudo, isto é, as variáveis a explicar.

O Processo de RVCC assume-se como variável independente e explicativa de

influência directa. Sustentando a hipóteses de que o processo de RVCC, é

promotor, enquanto modalidade de educação e formação de adultos, de uma

maior participação na vida social e comunitária, uma maior participação em

iniciativas de educação /formação assim como na aquisição e melhoria de

conhecimentos, aptidões e competências, de desenvolvimento e

enriquecimento pessoal dos adultos e sobretudo promove uma maior

participação no mercado de trabalho.

A Aprendizagem ao Longo da Vida constitui o enquadramento comum que

contempla os vários tipos de ensino aprendizagem, numa lógica de

verticalidade (onde se incluem momento e temporalidades diferenciadas do

ciclo de vida dos indivíduos) e de horizontalidade (incluído aqui os diferentes

espaços e contextos de vida), ou seja, sempre numa perspectiva de

aprendizagem ao longo (lifelong) e em todos os domínios da vida (lifewide), na

qual os indivíduos são participantes activos na sua própria vida, pelo que todas

as modalidades, tempos, contextos, espaços e dimensões de aprendizagem e

também de auto-aprendizagem, se revestem de grande importância.

O Processo de RVCC, valoriza um conjunto de processos de aprendizagens

formal, não formal e informal, que assumem como fundamentais os

conhecimentos, competências e aptidões adquiridas em instituições de ensino

e formação, que conduzem à obtenção de diplomas e qualificações

reconhecidos através de actividades de organizações ou grupos da sociedade

civil e da prática de actividades de tempos livres, através das vivências

quotidianas e no local de trabalho. Estas aprendizagens diferenciadas

assumem neste âmbito o estatuto de variáveis explicativas ou independentes,

que influenciarão de forma indirecta os impactos referentes à participação no

Processo de Reconhecimento Validação e Certificação de Competências

(RVCC).

Page 46: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

46

Sendo um estudo de natureza quantitativa, tem a intencionalidade de conhecer

o perfil e o impacto que o Pº de RVCC, teve na vida dos adultos que

procuraram o Centro Novas Oportunidades do Instituto Politécnico de Leiria e

que foram certificados através do processo de RVCC, valorizando 3 dimensões

que considero fundamentais para a problemática em questão: individual

(características sócio-demograficas), pessoal/social (motivações e

necessidades pessoais que sustentam a participação no processo de RVCC,

relações de convivialidade e no desenvolvimento e enriquecimento pessoal

(empowerment) no que concerne à auto-avaliação, auto-estima, auto-

conhecimento e auto-determinação) e laboral (relação com o mercado de

trabalho).

Houve também a preocupação de fazer uma articulação entre a dimensão

laboral com dois dos objectivos veiculados pela política de Aprendizagem ao

Longo da Vida, que são o incentivo à empregabilidade, entendido enquanto

capacidade de se assegurar um emprego e de o manter, ou seja, de se manter

empregável (CCE, 2000), e da adaptabilidade. O que permitirá aferir quais as

consequências que o Processo de RVCC na participação dos adultos no

mercado de trabalho, tendo subjacente os processos de (re)inserção e

transição profissional (desemprego, inserção em emprego, alteração de

emprego, criação do próprio emprego), assim como a melhoria das condições

de trabalho (emprego de qualidade/baixa qualidade, melhoria da relação

salarial, progressão na carreira e melhoria do vínculo contratual).

Também associada à estratégia de Aprendizagem ao Longo da Vida aparece a

dimensão social/comunitária, na medida em que esta visa a promoção de uma

cidadania activa, ou seja, à participação na diversidade de esferas existentes

na vida pública, nomeadamente na vida política e social a todos os níveis da

comunidade.

Tendo este projecto a sua centralidade num CNO específico, ou seja o Centro

Novas Oportunidades do IPL, acaba por assumir algumas características do

Estudo Caso, tal como diz Yin, “O estudo Caso trata-se de uma abordagem

Page 47: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

47

Metodológica de investigação especialmente adequada quando procuramos

compreender, explorar ou descrever factores. Afirma também que esta

abordagem se adapta à investigação em educação, quando o investigador

procura descrever e analisar o fenómeno, apreender a dinâmica do fenómeno

ou do processo” (Yin, 1994). Também Bell, nos refere que o “estudo de caso”

é uma espécie de “Guarda-Chuva” na medida em que pode abranger vários

métodos de pesquisa, em que a principal preocupação deve ter a sua

centralidade na interacção entre factores e eventos, (Bell, 1989).

Importa salientar, que os métodos mais usuais de recolha de dados mais

usuais em estudos de caso, sejam as entrevistas, no entanto nenhum método

deve ser descurado. Pelo que o método foi escolhido tendo em conta o objecto

que me propus estudar (Bell, 1989).

Assim e de forma a poder ter dados sobre um maior numero de casos, dado

que o meu objectivo era perceber os possíveis impactos que o processo de

RVCC teve na vida dos adultos certificados pelo CNO do IPL, nos anos

2009/2010, a escolha recaiu no Inquérito por questionário o qual se divide em

quatro grandes categorias (A- Caracterização do Adulto Certificado, B –

Caracterização do Processo de RVCC, C – Balanço Pessoal/Social, D – Vida

Profissional após a Certificação), cada uma delas subdividindo-se por vários

itens. As questões dadas as características do questionário “ estandardizadas,

tanto no texto como na ordem” para dessa forma “garantir a comparabilidade

das respostas de todos os indivíduos” (Ghiglione & Matalon, 1993, p. 121).

De uma forma geral, pretendo aferir, como acima referi, quais os possíveis

impactos que o Processo de Reconhecimento, Validação e Certificação de

Competências – RVCC, teve na vida dos adultos que obtiveram a certificação

nos anos 2009/2010, no CNO do Instituto Politécnico de Leiria em termos

Pessoais/ Sociais e Laborais. Pretende-se também com esta investigação

perceber mais especificamente os seguintes objectivos:

- Como é que os adultos tiveram conhecimento da oferta;

- Os motivos que impulsionaram os adultos a frequentar o Processo de

Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências;

Page 48: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

48

- Analisar se o Processo de Reconhecimento Validação e Certificação de

Competências produziu alterações a nível pessoal dos adultos (reforço

da auto-estima, realização pessoal, auto-valorização, definição ou

reconstrução de um projecto pessoal);

- Analisar se o Processo de Reconhecimento Validação e Certificação de

Competências produziu efeitos a nível profissional dos adultos

(progressão na carreira, mudança de emprego, procura de emprego,

aumento de salário, inserção no mercado de trabalho, obtenção de

carteira profissional).

2 - População e Amostra da Investigação

O Centro de Reconhecimento Validação e Certificação de Competências

(CNO), do Instituto Politécnico de Leiria, está localizado em Leiria, onde

desenvolve a grande parte da sua actividade mas, apesar da sua sede estar

em Leiria, os profissionais do centro prestam, través do regime de itinerância,

apoio a algumas freguesias do concelho, nomeadamente: Amor, Ortigosa,

Regueira de Pontes, Caranguejeira, Barreira, Chaínça, Marrazes, Milagres e

Carreira. A este nível o Centro conta com o apoio das Juntas de Freguesia,

através de parcerias estabelecidas entre o CNO e as mesmas, que cedem

recursos físicos para que o processo se torne exequível.

Assim, os adultos certificados por este CNO, que me proponho investigar,

correspondem a adultos residentes em Leiria e a adultos certificados nas

referidas freguesias, nos anos de 2009/2010, correspondendo a um universo

de 309 casos de nível básico e secundário, dos quais serão seleccionados

aleatoriamente 100 (50 de nível básico e 50 de nível secundário). Para extrair

os 100, os nomes serão colocados em papéis separados e colocados

separadamente (básico e depois secundário), numa tômbola, que depois de

rodada de forma a que fiquem bem misturados, serão retirados da mesma

aleatoriamente cada um dos papeis com o nome dos referidos adultos que

constituirão a amostra à qual será aplicada o questionário.

Page 49: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

49

O questionário integra 22 perguntas, fechadas (anexo …). Na elaboração do

questionário houve preocupação quer na ordenação, quer na sequência das

questões, sendo por isso estruturado de uma forma simples e coerente para

que facilitasse o seu preenchimento aos inquiridos. Havendo a preocupação,

como reforça Bell (1989), de procurar que o questionário contivesse instruções

clara de preenchimento, com perguntas espaçadas e quadrados para assinalar

as respostas, com as perguntas ordenadas da mais simples para a mais

complexa.

Relativamente à sua apresentação, o questionário inicia-se com uma nota

introdutória a qual tem o intuito de explicar aos inquiridos o objectivo do estudo,

o seu âmbito de desenvolvimento, assim como as instruções de

preenchimento, finalizando com o agradecimento pela colaboração prestada.

O período de aplicação do questionário, irá ser durante o mês de Maio.

Houve a necessidade de testar previamente o instrumento de recolha de

informação, tendo sido aplicado junto de adultos com características

semelhantes às da população alvo, com o objectivo de me assegurar da

razoabilidade de ordenação e qualidade das perguntas (pré-teste). Assim,

houve necessidade de aplicar o questionário a uma amostra reduzida e

constituída por adultos com características semelhantes à amostra, ou seja, foi

aplicado a um grupo restrito de 10 adultos, que se deslocaram ao CNO, onde

reponderam ao questionário na minha presença, tendo permanecido na sala

com o referido grupo de forma a poder prestar qualquer esclarecimento

adicional sobre o conteúdo de alguma questão, o que não se revelou

necessário. Assim houve necessidade de anular a primeira linha da pergunta

doze, uma vez que se repetia, assim como a questão como a questão 15, por

ser um repetição da 13.

Posteriormente procedi à administração final do inquérito por questionário, para

isso numa primeira fase houve um primeiro contacto com todos os adultos da

amostra via telefone, para lhes explicar o objectivo e pertinência da

investigação, solicitar a sua colaboração e consciencializá-los da importância

Page 50: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

50

que tinha para mim a sua colaboração, bem como garantir-lhes a

confidencialidade dos dados. Numa segunda fase enviei aos adultos por e-mail

(dado que durante o processo de RVCC, foi um meio de comunicação

imprescindível entre os adultos e os técnicos que os acompanharam), o

questionário para preenchimento, aquando o telefonema tinha já sido abordada

a calendarização para posterior envio do questionário e, por fim, foram

prestados os devidos agradecimentos aos adultos pela sua participação.

Encontra-se, assim, delineado o modelo de análise que sustenta a pesquisa

empírica que será desenvolvida no próximo capítulo.

3 - Análise dos Resultados

Apresentação dos Resultados

Neste capítulo, pretende-se apresentar os dados resultantes da aplicação de

Inquérito por Questionário. Foram consideradas essencialmente quatro

grandes categorias, que se passa a apresentar:

Caracterização dos Adultos Certificados

Relativamente à variável sexo e de acordo com o Gráfico 1, podemos observar

que das 92 respostas obtidas, do universo da amostra (100 casos), 47 casos

foram do sexo feminino e 45 do sexo masculino.

Page 51: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

51

Gráfico 3 - Distribuição por Sexo

As idades são bastante díspares, verificando-se idades que vão desde os 24

aos 62 anos de idade, regista-se uma maior ocorrência de casos em indivíduos

com 48 anos (12 casos), é também na faixa etária entre os 40 e os 49 anos

que se regista a maior afluência de indivíduos (43), a média de idades é de

43,19.

Quanto ao estado civil, podemos constatar que a grande maioria dos indivíduos

são casados (69 indivíduos), 12 são solteiros, 8 vivem em União de Facto e 3

são divorciados.

44

44,5

45

45,5

46

46,5

47

Feminino Maculino

47

45

Feminino

Maculino

Tabela 2 – Idade dos Adultos

Page 52: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

52

Gráfico 4 – Estado Civil

Em relação ao número de filhos, verifica-se que a grande maioria dos adultos –

40, têm dois filhos, metade destes, ou seja 20, têm apenas um filho e 21 destes

adultos não têm qualquer filho. Registam-se 10 adultos que têm 3 filhos e

apenas uma conta com quatro filhos.

Gráfico 5 – Número de Filhos

21 20

40

10

1

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Sem Filhos Um Dois Três Quatro

Sem Filhos

Um

Dois

Três

Quatro

12

69

3 8

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Solteiro Casado Divorciado União Facto

Solteiro

Casado

Divorciado

União Facto

Page 53: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

53

Embora o CNO do Instituto Politécnico de Leiria, tenha tido em processo

adultos cujo Concelho de residência, não era o de Leiria, como por exemplo

adultos pertencentes aos Concelhos da Marinha Grande ou Ourém, os adultos

que responderam ao questionário afirmaram que o seu Concelho de residência

era o de Leiria na totalidade dos casos (92 Casos).

Em relação ao nível de escolaridade que os adultos possuíam, aquando da sua

inscrição no CNO, verifica-se que a maioria dos adultos inquiridos, possuíam o

9º Ano (31 adultos), 22 adultos o 6º ano de escolaridade, seguidos de 13

adultos que apenas possuíam a instrução primária, ou seja a 4ª Classe. Com o

11º Ano responderam 7 adultos e com o 5º e 10º anos, responderam 3 adultos

em ambos os ciclos respectivamente, 2 possuíam o 8º ano e um adulto tinha

Frequentado o 10º ano, não tendo concluído.

Gráfico 6 – Nível de Escolaridade Antes de Entrar no Processo de RVCC

Quando confrontados com a questão, de qual foi o nível de escolaridade que

passou a possuir após a conclusão do Processo de Reconhecimento Validação

e Certificação de Competências (RVCC), verifica-se um cenário completamente

diferente do inicial, em que 42 adultos passaram a possuir o 9º Ano de

Escolaridade e que 50 adultos passaram a ter o 12º ano de Escolaridade.

0

5

10

15

20

25

30

35

13

3

22

10

2

31

1 3

7

4ª Classe

5º Ano

6º Ano

7º Ano

8º Ano

9º Ano

Freqª 10º

10º Ano

11º ano

Page 54: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

54

Gráfico 7 – Nível de Certificação obtida após conclusão do Processo de RVCC

Após o primeiro grupo de dados que continham variáveis de uma dimensão

mais caracterizadora dos adultos que frequentaram o processo, o questionário

direccionou-se para um conjunto de variáveis indicadoras de alguns dados

sobre o próprio processo. Assim, foi questionado aos adultos sobre a forma

como os mesmos tinham tido conhecimento da existência do mesmo,

constatando-se que a maioria dos adultos tiveram conhecimento da existência

do processo através da televisão, ou seja 26 adultos, 20 adultos através da

Entidade Patronal, fruto do Protocolo estabelecido ente o CNO do IPL e

algumas Empresas e Instituições da região, onde foram feitas sessões de

apresentação e esclarecimento sobre a Iniciativa. 15 adultos obtiveram

informação sobre o processo através de amigos, 9 através de folhetos, que

também estes foram distribuídos pelos técnicos do CNO, junto de Instituições

locais, lojas, etc, como forma de divulgação da iniciativa e sobretudo da

existência do CNO. Através de familiares/conhecidos foi o meio pelo qual 8

adultos tiveram conhecimento do processo e outros 8 adultos tiveram

conhecimento do processo pelos Jornais. Através das sessões de Divulgação

promovidas, apenas 4 adultos e através da internet apenas 2.

42

50

9º Ano

12º ano

Page 55: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

55

Nenhum dos inquiridos soube da existência do processo quer através da rádio

quer através de Serviços Técnicos, nomeadamente da parte de Centro de

Emprego.

Gráfico 8 – Como teve conhecimento do Processo de RVCC

Após terem tomado consciência da existência do processo, verifica-se que a

grande maioria dos adultos (60 adultos), acabou por ingressar no mesmo por

iniciativa própria, 17 por conselho de amigos ou familiares, 13 por conselho da

organização para a qual trabalham e 2 por conselho de técnicos de entidades

formadoras, como Formadores ou Professores. Nenhum adulto veio para o

processo por aconselhamento técnico quer do Centro de Emprego, quer dos

Serviços de Acção Social. Também nenhum adulto referiu ter vindo para o

processo por imposição da entidade patronal, nem por outro motivo para além

dos referenciados.

26

15

4

20

9 8

2

8

0 0

Page 56: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

56

Gráfico 9 – Motivo pelo qual decidiu inscrever-se no CNO

Em relação à listagem de indicadores sugeridos, os quais o adulto tinha que

identificar como Nada Importante, Pouco Importante, Importante ou Muito

Importante para a sua inscrição no Processo de RVCC, 80 adultos

consideraram como factor Muito Importante o Desejo de

Valorização/Realização Pessoal, 78 consideraram como Muito Importante o

Desejo de Aprender mais/Desenvolver Conhecimentos e Competências e 59

adultos também consideraram como Muito Importante o Desejo de Aumentar o

Nível de Escolaridade.

Como Importante 68 adultos consideraram a Intenção de Frequentar Cursos de

Formação, 65 adultos consideraram como Importante o facto de Poderem

Acompanhar melhor o Percurso Escolar de Familiares, para 53 adultos a

Obtenção de um Diploma ou Certificação também foi considerada como

Importante. Para 47 a Intenção de Prosseguimento de Estudos foi considerado

como um factor Importante.

0

10

20

30

40

50

60

60

17 13

0 0 2 0 0

Page 57: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

57

Como Pouco Importante para o ingresso no processo foi a Melhoria das

Condições Financeiras, considerado por 57 adultos, 53 consideraram um factor

Pouco Importante a Melhoria das Condições do Trabalho, 47 o Reforço da

Capacidade de se Empregar e para 44 foi um factor Pouco Importante a

Pretensão de Mudar de Emprego/Profissão.

Em relação aos factores considerados como Nada Importantes, o valor mais

elevado verifica-se no facto de poder Obter Qualificação Profissional/Carteira

Profissional, por 23 adultos, por 21 a pretensão de Mudar de

Emprego/Profissão e por 20 a Ocupação de Tempo.

Page 58: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

58

Gráfico 10 – Importância que cada um dos aspectos teve na tomada de decisão de inscrição no Processo

0 50 100

Desejo Valorização/Realização Pessoal

Reforço da Capacidade de se Empregar

Pretensão Mudar Emprego/Profissão

Melhoria das Condições de Trabalho

Melhoria das Condições Financeiras

Acompanhar Familiares ou Amigos

Saber o Valor do que Apendeu Longo daVida

Desejo aprender Mais/Desenv. Conh. EComp.

Desejo de Aumentar a Escolaridade

Obtenção de Diploma/Certificação

Intenção de Prosseguimento de Estudos

Intenção de Frequentar CursosFormação

Acompanhar Melhor o Percurso escolarFamiliares

Obter Qualificação Profissional/CarteiraProfissional

Atratividade do Sistema (Recordar aHV)

Duração do Processo

Conviver

Melhorar o Futuro

Ocupar o Tempo

5

21

7

10

11

1

1

16

16

7

23

3

3

4

1

20

47

44

53

57

41

5

10

13

40

7

35

4

6

21

12

35

21

27

21

35

36

13

28

53

47

68

65

17

38

29

57

48

25

80

5

6

5

4

5

51

78

59

18

19

11

13

12

44

25

27

37

26

Nada Imp.

Pouco Imp.

Importante

MuitoImportante

Page 59: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

59

Foi introduzida uma questão de âmbito mais pessoal/social com objectivo de

levar o adulto a partir de uma série de opções, a reflectir sobre a importância

que o processo acabou por ter para si. Para isso o Adulto teria que identificar a

importâncias das várias opções entre Nada Importante, Pouco Importante,

Importante e Muito Importante. Assim, 57 adultos consideraram como Muito

Importante o Aumento do Autoconhecimento, 55 adultos consideraram como

Muito Importante o Aumento da Auto-estima/Auto-valorização e 44 o Aumento

da Capacidade de adaptação à Mudança.

Como Importante 70 adultos consideraram o Aumento da sua Participação na

Sociedade, para 69 a Criação de Relações de Amizade/Convívio e 68adultos

também consideraram que o processo de RVCC também foi Importante para a

Definição/Reconstrução do seu Projecto Pessoal.

Os registos considerados como Pouco Importantes verifica-se relativamente ao

Aumento do Relacionamento com a Família e/ou Amigos, por 54 adultos. 26

adultos referem também como pouco importante o facto de o de o Processo de

RVCC poder vir a contribuir para um Melhor Apoio nos Trabalhos Escolares

dos Filhos/Netos.

Em relação ao que os adultos consideraram como Nada Importante, verifica-se

também o maior valor em relação ao facto deste processo poder dar um

contributo para um Melhor Apoio nos Trabalhos Escolares dos Filhos/Netos,

por 6 adultos, o que constitui um valor baixo.

Page 60: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

60

Gráfico 11 – Importância Atribuída ao Processo de RVCC

Como forma de tentar perceber as alterações que o Processo de RVCC trouxe

para a vida das pessoas em termos laborais, foram colocadas algumas

questões sobre esta situação referentes ao inicio do processo de RVCC e a

mesma questão mas com referência à fase pós finalização do Processo de

RVCC.

Desta forma e com referência à Situação face à Profissão Antes e Depois do

processo verificam-se, algumas alterações, sendo a mais significativa a

redução relativa ao número de desempregados.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1 3 6 2 2 3 2 7 6

54

26

4

33 34

68 69 70

25

47

42

57 55

22 16 15 10 13

44

MuitoImportante

Importante

Pouco Imp.

Nada Imp.

Page 61: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

61

A grande maioria dos adultos inquiridos é trabalhadora por conta de outrem,

quer antes, 75 adultos, quer depois do Processo situação onde passou a existir

mais um adulto, 76.

Os Trabalhadores por Conta Própria sem Empregados ou Assalariados,

aumentaram depois do Processo, sendo na fase inicial deste 5 adultos nesta

situação e na fase posterior 8, portanto mais 3 adultos nestas circunstâncias.

Já em relação aos Trabalhadores por Conta Própria com Empregados ou

Assalariados verifica-se o inverso, ou seja um decréscimo de um adulto dado

que no inicio de Processo existiam 6 adultos nesta situação, passado para 5

adultos, após a conclusão do Processo, o que corresponde ao decréscimo de 1

adulto.

Relativamente aos Desempregados e como referi em cima foi onde se registou

a mobilidade mais significativa, tendo em conta que tínhamos 6 adultos

Desempregados antes do Processo, passando a existir 2 adultos

desempregados depois do Processo.

É de salientar também que no inicio do Processo não existiam adultos

Reformados, passado a existir um adultos Reformado após a conclusão do

mesmo, o que deverá corresponder ao adulto de 62 anos que possivelmente

entretanto se reformou.

Não existindo registos na situação de Doméstica, nem antes nem depois do

Processo de RVCC.

Page 62: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

62

Gráfico 12 – Situação face à Profissão Antes e Depois de Frequentar o Pº de RVCC

Quanto à questão relativa ao tipo de vínculo contratual ao iniciar o Processo de

RVCC e depois da conclusão do mesmo, verifica-se que a maior incidência de

casos se situam ao nível e Contrato de Trabalho sem termo, quer quando os

adultos iniciaram o Processo (69 adultos), quer depois de o terem finalizado (65

adultos), embora tivesse havido uma redução de 4 adultos desde o inicio. Em

relação aos contratos de trabalho com termo verifica-se uma tendência inversa,

ou seja, no inicio do Processo 11 adultos referiram possuir um contrato deste

tipo e depois de terem terminado o mesmo passaram a ser 13 os adultos que

passaram a ter este tipo de vinculação laboral, verificando-se assim uma ligeira

subida. Esta tendência também se constatou em relação à Prestação de

Serviços/Recibos Verdes, que no inicio do Processo 6 adultos referenciaram

ser prestador de serviços e depois da conclusão do Processo passaram a ser

11, havendo assim uma ligeira subida do número de adultos nestas

circunstâncias.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

6 5

75

6 0 0

5 8

76

2 1 0

Antes do Pº

Depois do Pº

Page 63: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

63

Com contrato de Estágio ou em regime de Trabalho Temporário, não se

registou nenhum caso nem no inicio nem depois do termo do processo de

RVCC.

Gráfico 13 - Vinculo Contratual no Inicio e Depois de Finalizar o Pº RVCC

No que se refere às actividades laborais dos adultos no inicio do Processo e no

seu final, verifica-se que a actividade profissional que absorve maior número de

adultos é a de Administrativo/a, onde existiam no inicio do processo 10 adultos,

passando a 11 adultos após a conclusão do mesmo, havendo mais um adulto

que passou a integrar esta categoria profissional. O valor imediatamente abaixo

não corresponde a nenhuma categoria profissional, mas a Desempregados,

encontrando-se nesta situação 6 adulta aquando o inicia do processo,

passando a 2 depois do seu termo, ou seja passaram a existir menos 4

pessoas nesta situação. O valor seguinte mais significativo aparece na

categoria de Auxiliar de Acção Directa com 5 adultos no inicio do Processo

passando a existir mais 1 depois da conclusão deste, passando a 6 adultos.

Igual número de adultos, ou seja 5, no inicio do processo registavam-se na

69

11 6

0 0

65

13 11

0 0 0

10

20

30

40

50

60

70

80

Inicio do Pº

Depois do Pº

Page 64: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

64

profissão de Metalúrgico e depois do termo do mesmo o número manteve-se

Inalterável, ou seja 5 adultos.

Verifica-se um decréscimo de adultos nas profissões de Empregado/a de

Restauração (4 adultos no inicio e 2 depois do processo), na de Suinicultor/a (2

adultos no inicio e 1 depois), na de Operador de Hipermercado (2 adultos

inicialmente, passando a 1), na de Operador Fabril (3 adultos inicialmente,

passando a 2), Empregada de Limpeza (3 inicialmente, passando a 2) e na de

Auxiliar de Acção Educativa (2 adultos inicialmente, passando a registar-se

apenas 1). Por outro lado verificam-se Profissões em que o movimento é o

inverso, registando-se assim uma subida no número de adultos, como no caso

da profissão de Agente Imobiliário que passou de 1 para dois adultos, na de

Empregado de Armazém passando de 4 adultos para 5, Auxiliar de Acção

Directa que passo de 5 para 6 adultos, Escriturária que passaram de 2 para 3

adultos, assim como a de Empresário que passou de 1 para 2 adultos.

É de registar também o facto de existirem algumas profissões no inicio do

processo como a de Desenhador Modelador 3D CAD/CAM, Técnico de

Planeamento e Assistente Operacional, nas quais existia um adulto em cada

respectivamente que vieram a desaparecer e por outro lado, após a conclusão

do Processo de RVCC, emergem Profissões que até então não se registavam

como a de Empregada Doméstica, Técnico de Informática, Técnico de Gestão,

Operador de Loja, Governanta e Barman, nas quais passou a existir um adulto

em cada respectivamente.

Verifica-se também um adulto que passou da situação de activo a reformado.

Page 65: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

65

Gráfico 14 – Profissão que Exercia Quando Iniciou o Processo e Depois de ter terminado

1

4

1 1 1 1

2

1 1

2

6

4

5

2

10

2 2 2

1

3

2

4

2

1

3

1 1 1 1 1

3

2

1 1 1

5

3

1

2

1 1

2

0 0 0 0 0 0 0

1

2 2

1 1 1

2

1

2 2 2

4

5

1

11

2 2

1 1

3

2

5

2

1

3

1 1

0

1 1

2 2

0

1

0

6

2

1

3

2

1 1 1 1 1 1 1 1 1

0

2

4

6

8

10

12

Vig

ilan

te

Emp

rega

da

de

Res

tau

raçã

o

Age

nte

Imo

bili

ario

Elec

tric

ista

Ass

iste

nte

de

Clin

ica

De

ntá

ria

Re

po

sito

ra

Ve

nd

ed

or

de

Au

tom

ove

is

Dis

trib

uid

or

Ch

efe

de

Eq

uip

a

Jorn

alis

ta

De

sem

pre

gad

o

Mo

tori

sta

Pes

ado

s

Me

talu

rgic

o

Suin

icu

lto

r

Ad

min

istr

ativ

o

Op

erad

or

de

Cai

xa

Co

nst

ruto

r C

ivil

Op

erad

or

de

Hip

erm

erca

do

Co

stu

reir

a

Emp

rega

do

de

Dis

trib

uiç

ão

Ch

efe

Sec

ção

Fin

ance

ira

Emp

rega

do

de

Arm

aze

m

Op

erad

ora

de

Info

rmaç

ão

Locu

tora

de

Rád

io

Cab

ele

ire

ira

Co

nsu

lto

r d

e In

form

átic

a

Ass

iste

nte

cnic

o

De

sen

had

or

Mo

del

ado

r 3

D…

Fre

sad

or

Me

cân

ico

Insp

ect

or

de

Qu

alid

ade

Op

erad

or

Fab

ril

Emp

rega

do

de

Bal

cão

Técn

ico

de

Pla

ne

ame

nto

Au

xilia

r d

e A

cção

Méd

ica

Ass

iste

nte

Op

era

cio

nal

Au

xilia

r d

e A

cção

Dir

ect

a

Emp

rega

da

de

Lim

pez

a

Car

pin

teir

o

Escr

itu

rari

a

Emp

resá

rio

/a

Pe

dre

iro

Au

xilia

r d

e A

cção

Ed

uca

tiva

Emp

rega

da

Do

stic

a

Técn

ico

de

Info

rmát

ica

Técn

ico

de

Ges

tão

Op

erad

or

de

Loja

Go

vern

anta

Bar

man

Re

form

ado

Inicio do Pº

Depois do Pº

Page 66: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

66

Foi também colocada aos adultos a questão, se quando iniciaram o processo

estavam desempregados, para indicarem há quanto tempo se encontravam

nessa situação, podendo-se então verificar que dos adultos que se

encontravam nesta situação no inicio do Processo, num total de 6 adultos, 2

estavam desempregados há 10 meses e os restantes 4 há 2, 11, 13 e 15

meses respectivamente. Apenas 2 adultos se encontravam na situação de

desemprego há mais de 12 meses, ou seja desempregados de Longa Duração.

Gráfico 15 – Há Quantos Meses estavam Desempregados quando Iniciaram o Processo

Em relação à satisfação que os adultos inquiridos sentiam antes e depois do

Processo de RVCC, face à sua situação Profissional e fazendo as suas

escolhas entre Nada Satisfeito, Muito Pouco Satisfeito, Pouco Satisfeito,

Satisfeito e Muito Satisfeito, verifica-se que de uma maneira geral desde o

inicio de Processo até à fase posterior à sua conclusão, houve um aumento de

satisfação. No inicio do Processo verificavam-se 6 adultos que não estavam

Nada Satisfeitos no inicio do Processo, diminuindo para 3 no pós conclusão do

mesmo. Muito Pouco Satisfeito existiam 4 adultos no inicio e depois passaram

a 2, no item Pouco Satisfeitos mantiveram-se os mesmos 3 iniciais, os 73

adultos que inicialmente se consideravam satisfeitos, diminuíram para 60 e os

6 que inicialmente se consideravam Muito Satisfeitos passaram para 24 adultos

1

2

1 1 1

0

0,5

1

1,5

2

2,5

2 Meses 10 Meses 11 Meses 13 Meses 15 Meses

Nº MesesDesempregado

Page 67: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

67

Muito Satisfeitos, ou seja houve um aumento de 18 adultos que se passaram a

sentis Muitos Satisfeitos com a sua situação Profissional.

Gráfico 16 – Satisfação relativa à Situação Profissional Antes e Depois do Pº

Para além da importância que os adultos atribuem ao nível de satisfação

relativamente à sua situação actividade Profissional, pareceu-me também

importante tentar perceber o outro lado e assim tentar perceber qual a

percepção que os adultos têm, sobre a importância que as diversas entidades

empregadoras onde exercem funções, atribuem ao Certificado e Diploma

obtido através do Processo de RVCC. Verifica-se então um balanço positivo, já

que 56 dos adultos inquiridos dizem que a sua entidade empregadora

considera estas Certificações Importantes e 16 adultos referem mesmos que a

entidade as vê como Muito Importantes. Há também quem não os valorize

tanto, havendo 12 adultos que referenciam que a entidade os considera Pouco

Importantes, 4 Muito Pouco Importantes e outros 4 adultos referem mesmo que

a sua entidade Patronal não os considera Nada Importantes.

6 4 3

73

6 3 2 3

60

24

0

10

20

30

40

50

60

70

80

NadaSatisfeito

Muito PoucoSatisfeito

PoucoSatisfeito

Satisfeito MuitoSatisfeito

Antes do Pº

Depois do Pº

Page 68: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

68

Gráfico 17 – Importância que a Entidade Empregadora Atribui ao Certificado/Diploma Obtido através

do Processo de RVCC

Quando confrontados com a questão relativamente à importância que o

Processo de RVCC teve como factor potenciador de algumas mudanças na

Vida Profissional dos Adultos, verifica-se que os factores considerados como

Importantes para 69 adultos, foi o facto de ficarem a possuir uma Melhor

Preparação para sua Vida Profissional, 64 adultos consideraram que o

processo foi Importante como forma de obtenção de um Maior Reconhecimento

das Funções que Desempenha, 50 adultos consideraram que foi Importante

como forma de lhes possibilitar vir a Desempenhar Novas Funções, tendo este

aspecto também sido considerado como Muito Importante por 21 adultos, 48

adultos consideraram que o processo foi Importante na medida em que lhes

Poderá vir dar a Possibilidade de Assumir Cargos de Chefia.

20 adultos consideraram que o processo foi Muito Importante para a Definição

ou Reestruturação do seu Projecto Profissional e como forma de Progressão

na Carreira/Mudança de Categoria Profissional, respectivamente.

Como factores pouco valorizados, ou Pouco Importantes, 54 adultos

consideram respectivamente, que o facto de terem frequentado o Processo

será Pouco Importante para uma possível Mudança de Vínculo Contratual,

como factor contributivo para um Melhor Relacionamento entre Colegas ou

0

10

20

30

40

50

60

NadaImportante

MuitoPouco

Importante

PoucoImportante

Importante MuitoImportante

4 4

12

56

16

Page 69: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

69

como Factor de maior Valorização perante os Colegas. 51 adultos

consideraram-no relativamente ao Aumento da Estabilidade no Emprego que o

Processo de RVCC assumirá Pouca Importância.

Como Nada Importantes 27 adultos consideram que o processo em nada

contribuiu para o aumento da sua Motivação para o Trabalho, assim como 26

adultos consideram que não foi Nada Importante para os levar a Iniciar uma

Actividade por conta Própria.

Page 70: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

70

Gráfico 18 – Importância do Processo de RVCC, como factor de algumas mudanças na Vida Profissional dos Adultos

2

6

10

11

12

26

27

3

4

9

21

11

16

5

12

10

10

15

8

13

43

47

21

25

47

43

11

6

15

12

18

17

41

54

51

40

54

49

54

53

27

34

44

40

15

16

36

69

64

50

48

44

19

22

26

29

27

28

29

25

20

5

17

16

18

7

18

14

9

21

5

20

16

11

3

13

1

1

1

0 50 100

Definição ou Reconstrução do seu Proj.…

Aumento da sua Capacidade em se Empregar

Inserção no Mercado de Trabalho

Mudança de Emprego

Mudança de Profissão

Iniciar uma Actividade por Conta Própria

Aumento da sua Motivaçãopara o Trabalho

Melhor Preparação para a sua Vida Profissional

Maior Reconhecimento das Funções que…

Desempenho de Novas Funções

Assumir Cargos de Chefia

Progressão na Carreira/Mudança de Categoria…

Aumento Salarial

Mudança de Vinculo Contratual

Aumento da Estabilidade no Emprego

Obtenão de Uma Qualificação/Carteira…

Os Colegas de Trabalho dão-lhe mais Valor

O Chefe dá-lhe mais Valor

Melhor Relacionamento com os Colegas

Melhor Relacionamento com o Chefe

Nada Imp.

Pouco Imp.

Importante

MuitoImportante

Page 71: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

71

Conclusões

A elaboração deste projecto, surgiu no universo da minha prática profissional e

como uma curiosidade natural, já há muito suscitada pelo efeito que o processo

de RVCC tem produzido na vida dos adultos que frequentaram o Centro Novas

Oportunidades do Instituto Politécnico de Leiria. Como Profissional de RVCC

tenho retirado muitas aprendizagens deste contacto com os adultos, que só me

ajudaram a enriquecer enquanto pessoa e profissional, o que vem ao encontro

do que refere Canário (2008), que os profissionais de educação permanecem

na posição de aprendentes que se formam na acção, e na verdade também eu

tive o privilégio de adquirir e desenvolver competências nesta actividade, que

têm uma aplicabilidade na minha prática profissional.

A especificidade deste trabalho, pelo facto de ser orientado para a reflexão

quer sobre as aprendizagens, quer sobre o que se foi efectivamente passando

ao longo de um percurso, possibilita a compreensão de como se processa todo

o processo formativo o que se reveste de grande importância para os

profissionais da Educação e da formação. É um processo que apela muito à

auto-reflexão que “obriga a um olhar retrospectivo e prospectivo” (Josso, 2002,

p. 44), e que através dele nos permite perceber, produzido através da narrativa

autobiográfica, que o processo de formação tem sempre um carácter

experiencial e, que embora existam influências externas, quer de pessoas quer

de contextos, existe sempre um trabalho de reflexão e de apropriação

individual para que a aprendizagem se efectue de facto.

De forma a possibilitar uma visão mais abrangente do que tem sido a evolução

do campo da Educação e Formação de Adultos, o quadro teórico foi elaborado

de forma a permitir contextualizar e compreender a pertinência do

reconhecimento dos adquiridos experienciais e a consequente implementação

da Processo de RVCC, possibilitando-nos ter uma perspectiva teórica/histórica

sintetizada do campo da educação e formação e adultos.

Apesar de existir ainda, uma ideia generalista, de que as aprendizagens

apenas se efectuam na escola ou noutros contextos formais de aprendizagem,

Page 72: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

72

constata-se que tal não corresponde à realidade “os adultos formam-se através

das experiências, dos contextos e dos acontecimentos que acompanham a sua

existência” (Nóvoa, 1988, cit. in Cavaco, 2002, p. 113).

Partindo da premissa de que os adultos com reduzidos níveis de escolaridade,

podem de facto ser detentores de um conjunto de saberes e de competências,

decorrentes desta aprendizagem experiencial, Competências, vêm apresentar-

se como uma possível ruptura para com o modelo escolar, ao nível das

politicas e práticas em termos de Educação e Formação de Adultos, politicas

estas que têm assumido uma crescente importância e protagonismo no nosso

país, quer por possibilitar uma segunda oportunidade às pessoas que puderam

por circunstâncias diversas dar continuidade à sua formação, quer pelas suas

metodologias inovadoras.

Com a implementação dos Processos de Reconhecimento, Validação e

Certificação de Competências, passou a haver uma valorização do sujeito

como produtor da sua própria aprendizagem, desta forma poderá haver um

entendimento destes processos como projectos de desenvolvimento, na

medida em que são orientados para a autonomia da pessoa, valorizam a sua

experiência de vida, e também desta forma as modalidades não formal e

informal da educação.

Assim, os Centros Novas oportunidades assumem de facto um papel de relevo,

tendo em conta as necessidades existentes de incentivar a aprendizagem na

vida, com a vida e ao longo da vida em diferentes espaços e contextos,

promovendo a certificação destes saberes e conhecimentos. As práticas de

RVCC, desta forma, enquadram-se no paradigma da aprendizagem ao longo

da vida, valorizando aprendizagens formais, informais e não formais que os

adultos realizam ao longo dos seus percursos de vida nos diversos contextos,

pessoais, sociais e profissionais.

Este projecto e investigação, ainda que coincidente com um momento de

viragem, na medida em que se tem constatado sinais claros de mudança

relativamente ao seu enquadramento político, institucional e organizacional dos

Centros Novas Oportunidades e inclusivamente no que concerne à filosofia do

próprio processo, pretendeu analisar os Impactos que o Processo de RVCC

Page 73: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

73

provocou nos adultos que passaram pelo CNO do Instituto Politécnico de

Leiria.

Para a operacionalização da investigação recorri à aplicação de questionários,

que me permitem aferir os seguintes dados: Na selecção da amostra, embora

aleatória a repartição por sexo foi quase equitativa, pois responderam ao

questionário quarenta e sete mulheres contrapondo a quarenta e cinco

homens. Verifica-se uma maior incidência de adultos na caso dos 48 anos

(doze), contando já com alguns anos de experiência profissional, o que lhes

proporcionou uma aquisição de saberes e conhecimentos por via experiencial.

Na sua grande maioria os adultos são casados (sessenta e nove) e com dois

filhos (quarenta). Todos os adultos que responderam ao questionário (92),

afirmaram que o seu Concelho de residência era Leiria. A pertinência desta

questão deveu-se ao facto de termos tido em processo adultos oriundos de

outros concelhos, que não foram abrangidos pela amostra.

O questionário permitiu-me também aferir que antes de iniciarem o processo a

maioria dos adultos possuíam como nível de escolaridade a 4ª classe (treze

adultos), 6º ano (vinte e dois adultos) e que a grande maioria dos interrogados

possuía o 9º ano (trinta e um adultos), ou seja eram uma população com

trajectórias associadas a percursos marcados por carências educativas e

formativas, resultantes de um abandono escolar precoce, da experiência que

tenho com estes adultos, a imagem que tenho é que muitas vezes o trabalho

interrompe a trajectória escolar como forma de fazer face a dificuldades

económicas. Depois de finalizarem o processo 42 adultos conseguiram concluir

o 9º ano e 50 o 12º ano. A maioria destes adultos acabou por ter conhecimento

da existência do Processo através da televisão (vinte seis) e vinte destes

tiveram conhecimento através da Entidade Patronal, no entanto e infelizmente,

este conhecimento da iniciativa através das entidades patronais não é fruto de

uma sensibilização e investimento feito por parte das mesmas junto dos seus

trabalhadores, muito embora como podemos ver no gráfico 15, até atribuam

importância aos Certificados/Diplomas obtidos pelos seus trabalhadores, mas

Page 74: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

74

das acções de sensibilização feita pelo CNO, para trabalhadores nas empresas

da região. É de salientar que ultimamente se verificava um maior investimento

Por parte das entidades patronais no sentido de incentivarem alguns dos seus

trabalhadores a se inscreverem nos Centros Novas Oportunidades, não por se

verificar uma tomada de consciência da importância do processo ou por uma

questão de mudança de atitude, mas por uma nova exigência a nível da

certificação da qualidade das empresas que é haver a necessidade de terem

trabalhadores possuidores de CAP (Certificado de Aptidão Profissional), o que

só é possível com a obtenção do mesmo o 9º ano de escolaridade. No entanto

esta esta exigência ainda não surte grandes resultados, já que a maioria dos

adultos (sessenta), continua a inscrever-se por iniciativa própria, apenas treze

dizem ter-se inscrito por conselho da Organização onde trabalha.

O Processo de RVCC aparece também muito associado a questões que se

prendem com mudanças individuais relacionadas com a aquisição e melhoria

de conhecimentos, competências e aptidões, desenvolvimento e

enriquecimento pessoal (empowerment), que se refere à auto-estima, auto-

avaliação, auto-conhecimento e aumento da capacidade de adaptação à

mudança, que se consubstanciam nas suas novas práticas e nos seus

projectos de vida.

Verifica-se que a grande maioria dos adultos, antes e depois do processo eram

trabalhadores por conta de outrem, com contrato de trabalho sem termo,

verifica-se também que depois da conclusão do processo o numero de adultos

a trabalharem por conta própria sem assalariados, aumento de 5 para 8, o que

poderá ser uma consequência deste reforço de competências que acima

mencionava. Relacionado também poderá estar o facto de se ter verificado

uma redução no número de desempregados de 6 para 2.

Relativamente à profissão exercida antes e depois do processo há sem dúvida

uma grande maioria que trabalha no sector terciário (Serviços) como

administrativa/o (10 antes do Processo e 11 depois), existindo alguma

mobilidade profissional nalgumas carreiras, implicando mesmo o

desaparecimento de algumas e aparecimento de outras (gráfico 12), no entanto

Page 75: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

75

a maioria dos adultos refere estar satisfeito com a sua situação profissional,

antes e depois da conclusão do processo.

Não obstante as entidades empregadoras atribuírem importância ao

Certificado/Diploma obtidos através do processo de RVCC, o processo assume

uma maior importância nas mudanças ocorridas nas competências

profissionais e na adaptabilidade do que propriamente ao nível da inserção

profissional e na melhoria das condições de trabalho dos adultos, embora como

referi, se tenha verificado algumas mudanças, no entanto não assumem um

valor muito significativo. Verificando-se também quando confrontados com a

questão de qual a importância do processo de RVCC, como factor de algumas

mudanças nas suas vida profissionais, em que referem como factor de maior

importância o sentirem-se melhores preparados para a sua vida profissional e

para desempenhar novas funções.

Apesar das mudanças produzidas não terem uma dimensão muito notória,

existem e surtirão com certeza aos poucos os seus efeitos no concelho. Existe

de facto uma nova realidade em termos de Educação e formação de adultos

em Portugal, a qual coloca a sua ênfase no espaço local (Canário, 1999), no

caso Leiria.

Apesar dos obstáculos, incertezas, inseguranças e constrangimentos, este

projecto também produziu em mim evolução a nível profissional, contribuindo

certamente para uma melhoria na minha capacidade de análise, para a

apropriação de um conjunto de conceitos que hoje relaciono com a minha

prática laboral quotidiana. Como pessoa também me considero mais

enriquecida uma vez que conheci outras pessoas, outras realidades através da

partilha de experiência e conhecimentos. O retornar ao meio académico

também foi gratificante na medida em que em possibilitou testar as linhas

capacidades, agora numa fase muito mais complexa da minha vida e a

aquisição de novos conhecimentos.

Page 76: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

76

Bibliografia

(Coord), M. d. (2006). Referêncial de Competências-Chave para a Educação e Formação de

Adultos - Nível Secundário. Lisboa: DGFV.

(Coord.), L. S. (2010). A Educação de Adultos: Uma Dupla Oportunidade na Família. Lisboa:

Agencia Nacional para a Qualificação, I.P.

(Coord.), M. d. (2006). Referencial de Competências-Chave para a Educação e Formação de

Adultos - Nível Secundário. Lisboa: Direcção-Geral de Formação Vocacional (DGVFV).

(Org.), J. A. (2008). Organização Curricular Portuguesa. Porto: Porto Editora.

(Org.), R. C. (2008). Educação e Formação de Adultos: Mutações e Convergências. Lisboa:

Educa - Formação.

237, D. d.-n. (14 de Outubro de 1986). Diário da República I Série - nº 237. Obtido em 20 de

Janeiro de 2011, de Diário da República I Série - nº 237:

http://www.dges.mctes.pt/NR/rdonlyres/283BAF87-01C8-4EF4-A169-

694533E63B0D/612/LeideBases4686.pdf

Antunes, M. C. (2007). Educação de Adultos e Intervenção Comunitária II. Coimbra: Almedina.

Bourdieu, P. (2002). Esboço de uma Teoria da Prática. Oeiras: Celta.

Canário, R. (2000). Educação de Adultos: Um Campo e uma Problemática . Lisboa: Educa-

Formação.

Canário, R. (2008). Educação e Formação de Adultos, Mutações e Convergências . Lisboa: Educa

- Formação.

Champenhoudt, R. Q. (1992). Manual de Investigação em Ciências Sociais. Lisboa: Gradiva.

Costa, A. F. (2003). "Competências para a Sociedade Educativa: questõesteóricas e resultados

de investigação", em AA.VV., Cruzamento de Saberes. Aprendizagens Sustentáveis. Lisboa:

Fundação Calouste Gulbenkian.

Educação, A. P. (15 de Outubro de 2006). A Página da Educação. Obtido em 18 de Janeiro de

2011, de A Página da Educação: http://apagina.pt/aba=160&doc=11873mid=2

Espanha, I. P. (2009). Rizoma Freireano - 3º Volume. Obtido em 19 de Março de 2011, de

Rizoma Freireano - 3º Volume: http://www.rizoma-freireano.org/index.php/politicas-publicas

Europeia, C. (2001). Tornar o Espaço Europeu de Aprendizagem ao Longo da Vida uma

Realidade. Bruxelas: Comunidade Europeia.

Page 77: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

77

Europeias, C. d. (30 de Outubro de 2000). Memorando Sobre a Aprendizagem ao Longo da

Vida. Obtido em 29 de Outubro de 2010, de Memorando Sobre a Aprendizagem ao Longo da

Vida: http://.alv.pt/dl/memo.pt.pdf

Europeu, F. S. (4º Trimestre de 2007). INFO:FSE. Qualificar para a Coesão da Europa , p. 07.

Ghiglione, R., & Matalon, B. (1993). O Inquérito, Teoria e Prática. Oeiras: Celta.

Joaquim Coimbra, F. P. (2001). Formação ao Longo da Vida e Gestão de Careira. Lisboa:

Direcção-Geral do Emprego e Formação Profissional.

Josso, M.-C. (2002). Experiências de Vida e Formação. Lisboa: Educa.

Lima, L. (2008). "A Educação de Adultos em Portuga (1974-2004), em Rui Canário e Belmiro

Cabrito (orgs),Educação de Adultos: Mutações e Convergênciasl. Lisboa: Educa-Formação.

Luísa Alonso, L. I. (2002). Referencial de Competências-Chave. Educação e Formação e Adultos.

Lisboa: ANEFA.

Manuela Magalhães Hill, A. H. (2005). Investigação por Questionário. Lisboa: Sílabo.

Minho, A. d. (4 a 6 de Fevereiro de 2010). Educação e Formação de Adultos: Resiliência,

Desenvolvimento Pessoal e Vocacional . Obtido em 20 de Janeiro de 2011, de Educação e

Formação de Adultos: Resiliência, Desenvolvimento Pessoal e Vocacional :

http://www.actassnip2010.com/conteudos/actas/PsiVoc_5.pdf

Minho, U. d. (Janeiro de 2008). Universidade do Minho. Obtido em 20 de Junho de 2011, de

Estudo Caso: http://grupo4te.com.sapo.pt/mie2.html

Mundial, O. G. (2011). O Grupo Banco Mundial. Obtido em 9 de Maio de 2011, de

Empowerment: http://translate.google.pt/translate?hl=pt-

PT&sl=en&u=http://web.worldbank.org/WBSITE/EXTERNAL/TOPICS/EXTPOVERTY/EXTEMPOW

ERMENT/0,,contentMDK:20245753~pagePK:210058~piPK:210062~theSitePK:486411,00.html&

ei=L6_HTbrQCMuDhQf-3MmDBA&sa=X&oi=translate&ct=result

OCDE. (2006). Panorama da Educação: Indicadores da OCDE - Sumário em Português. Obtido

em 24 de Janeiro de 2011, de Panorama da Educação: Indicadores da OCDE - Sumário em

Português: http://www.oecd.org/dataoecd/31/34/37393599.pdf

Oportunidades, B. -C. (s.d.). O Processo RVCC/Centros Novas Oportunidades. Obtido em

Fevereiro20 de 2011, de O Processo RVCC/Centros Novas Oportunidades:

http://rvccno.blogspot.com/2007/11/o-plano-de-desenvolvimento-pessoal.html

Portuguesa, U. C. (2009). Percepções sobre a Iniciativa Novas Oportunidades. Lisboa: Agência

Nacional para a Qualificação. I.P.

Portuguesa, U. C. (2009). Estudo de Caso de Centros Novas Oportunidades. Lisboa: Agência

Nacional para a Qualificação, I.P.

Page 78: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

78

Profissões, C. d. (5 de Setembro de 2001). Cidade das Profissões. Obtido em 19 de Abril de

2011, de Portaria 1082-A/2001: http://cdp.portodigital.pt/repositorio-de-legislacao/2/

Profissões, C. d. (2001). Cidade das Profissões. Obtido em 7 de Junho de 2011, de Despacho

Conjunto nº 261/2001: http://cdp.portodigital.pt/repositorio-de-legislacao/57/

Qualificação, A. -A. (s.d.). Newsletter Novas Oportunidades. Obtido em 24 de Fevereiro de

2011, de Newsletter Novas Oportunidades: http://www.novasoportunidades.gov.pt/

Silva, A. S. (2001). Educação de Adultos. Educação para o Desenvolvimento. Lisboa : Edições

ASA.

Simões, M. d. (2007 - 1ª Edição). Carta de Qualidade dos Centros Novas Oportunidades. Lisboa:

Agência Nacional para a Qualificação, IP.

Universidade Católica Portuguesa, R. C. (2010). Iniciativa Novas Oportunidades: Resultados d

Avaliação Externa (2009-2010). Lisboa: Agência Nacional para a Qualificação, I.P.

Page 79: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

79

Anexos

Page 80: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

80

Deve preencher o questionário, colocando uma cruz (X) na hipótese que melhor se aplica à sua situação ou respondendo por extenso sempre que lhe for solicitado.

A. Caracterização do Adulto Certificado

1. Sexo: Masculino Feminino

2. Idade: ________ anos

3. Estado civil: Solteiro/a Casado/a/União de facto Separado de facto/Divorciado/a Viúvo/a

4. Número de filhos: ________ filhos

5. Concelho de residência: _______________________________________________________

6. Antes de ingressar no processo de reconhecimento, validação e certificação de

competências (RVCC), qual era o seu nível de escolaridade? _______ Ano de Escolaridade

7. Depois de concluir o processo de RVCC, qual passou a ser o seu nível de escolaridade?

_______ Ano de Escolaridade

B. Caracterização do Processo de RVCC

8. Como obteve conhecimento do processo de RVCC?

Televisão; Jornais; Rádio; Folhetos (cartazes); Internet;

Sessões de divulgação; Familiares ou conhecidos; Através de amigos;

Entidade Patronal; Serviços Técnicos;

Outra. Qual? __________________________________________________________________

Este inquérito insere-se numa investigação desenvolvida no âmbito do Mestrado em Ciências da Educação, do Instituto Politécnico de Leiria. O objectivo principal do estudo é conhecer os impactos que o processo de reconhecimento, validação e certificação de competências (RVCC), teve nas várias dimensões da vida dos adultos. O inquérito é anónimo, por isso não escreva o seu nome. Para a realização deste estudo é muito importante a sua colaboração. Neste sentido, solicito que preencha este inquérito, sendo a mais sincera/a possível. Desde já, muito obrigada pela sua disponibilidade.

Page 81: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

81

9. Por que decidiu inscrever-se no Centro de RVCC?

Por minha iniciativa ..............................................................................................................

Por conselho da família ou amigos/as ..................................................................................

Por conselho da organização onde trabalhava .....................................................................

Por imposição da organização onde trabalhava...................................................................

Por conselho dos técnicos dos serviços de emprego (Centro de Emprego, UNIVA’s) ..........

Por conselho dos técnicos de entidades formadoras (formadores/as, professores/as, ...) ..

Por conselho dos técnicos de acção social (Segurança Social, Câmara, …) ..........................

Outra (s) razão (ões). Qual (ais)?

_____________________________________________________________________________

Page 82: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

82

10. Qual foi a importância que cada um dos seguintes aspectos teve na sua decisão de se

inscrever no processo de RVCC? (em cada linha, escolha a opção (entre nada importante,

muito pouco importante, pouco importante, importante e muito importante) que melhor se

adequa à sua situação.)

Outro motivo. Qual? ____________________________________________________________

Desejo de valorização/realização pessoal ……………………………………………

Reforço da sua capacidade de se empregar .........................................

Pretensão de mudar de profissão ou de trabalho .................................

Melhoria das condições de trabalho (estabilidade, vínculo contratual).

Melhoria das condições financeiras ........................................................

Para acompanhar familiares ou amigos/as .............................................

Saber o valor do que aprendeu ao longo da vida ....................................

Desejo de aprender mais/desenvolver conhecimentos e competências.

Desejo de aumentar a escolaridade .......................................................

Obtenção de diploma/certificado ...........................................................

Intenção de prosseguimento de estudos ................................................

Intenção de frequentar cursos de formação ...........................................

Acompanhar melhor o percurso escolar de familiares (filhos, netos, etc.) ……..

Obter uma qualificação profissional/carteira profissional ......................

Atractividade do sistema (recordar a história de vida) ...........................

Duração do processo ..............................................................................

Conviver ..................................................................................................

Melhorar o futuro ...................................................................................

Ocupar o tempo ...................................................................................

Nad

a

Imp

ort

ante

Po

uco

Im

po

rtan

te

Imp

ort

ante

Mu

ito

Imp

ort

ante

Page 83: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

83

C. Balanço Pessoal/Social

11. Em que medida o processo de RVCC foi importante para os seguintes aspectos?

D. Vida Profissional após a Certificação

12. Quando iniciou o RVCC, qual era a sua situação face à profissão?

Aumento do seu auto-conhecimento ………………………….………………………

Aumento da sua auto-estima e da sua auto-valorização ........................

Definição ou reconstrução do seu projecto pessoal……………………………..

Criação de relações de amizade e de convívio ……..................................

Aumento da sua participação na sociedade………………………………………….

Aumento do reconhecimento pela família e/ou amigos .........................

Melhor apoio aos trabalhos escolares dos seus filhos/netos………………..

Aumento da sua capacidade de adaptação à mudança ……………………….

Trabalho por conta própria, com empregados/as ou assalariados/as ..............................

Trabalho por conta própria, com empregados/as ou assalariados/as ..............................

Trabalho por conta própria, sem empregados/as ou assalariados/as……………………………. ........................................

Trabalho por conta de outrem……………………………………………………………………………………….. ..................................................................................................

Doméstico/a……………………………………………………………………………………………………………………

Nad

a

Imp

ort

ante

Po

uco

Imp

ort

ante

Imp

ort

ante

Mu

ito

Imp

ort

ante

Page 84: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

84

13. Quando iniciou o RVCC, qual era o tipo de vínculo contratual que tinha?

14. Quando iniciou o RVCC, qual era a profissão que exercia? ___________________________

15. Que tipo de vínculo contratual tinha?

16. No caso de não estar a trabalhar, quando iniciou o RVCC, há quanto tempo estava nessa

situação (desempregado/a, à procura do primeiro emprego, reformado/a ou doméstico/a)?

_______________ meses.

17. Quando iniciou o RVCC, relativamente à sua situação profissional, encontrava-se:

Nada satisfeito/a Muito Pouco satisfeito/a Pouco satisfeito/a

Satisfeito/a Muito satisfeito/a

Contrato de trabalho sem termo ..................................................................................

Contrato de trabalho com termo (a prazo) ....................................................................

Prestação de serviços/recibos verdes .……………………………. ...........................................

Contrato de estágio …………………………………………………………………………………………………….. ..................................................................................................

Trabalho temporário sem contrato………………………………………………………………….…………… …………………………………………………………………………………………………………………

Contrato de trabalho sem termo ..................................................................................

Contrato de trabalho com termo (a prazo) ....................................................................

Prestação de serviços/recibos verdes .……………………………. ...........................................

Contrato de estágio …………………………………………………………………………………………………….. ..................................................................................................

Trabalho temporário sem contrato………………………………………………………………….…………… …………………………………………………………………………………………………………………

Page 85: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

85

18. Actualmente, qual é a sua situação face à profissão?

19. Actualmente, qual é o tipo de vínculo contratual que tem?

20. Actualmente, qual é a profissão que desempenha? ________________________________

_____________________________________________________________________________

21. Actualmente, relativamente à sua situação profissional, encontra-se:

Nada satisfeito/a Muito Pouco satisfeito/a Pouco satisfeito/a

Satisfeito/a Muito satisfeito/a

Trabalho por conta própria, com empregados/as ou assalariados/as……………………………..

Trabalho por conta própria, sem empregados/as ou assalariados/as …………………………….

Trabalho por conta de outrem ..........................................................................................

Desempregado/a .............................................................................................................. …………………………………………………………………………………………………………………

Reformado/a ....................................................................................................................

À procura do primeiro emprego ......................................................................................

Doméstico/a ......................................................................................................................

Contrato de trabalho sem termo ..................................................................................

Contrato de trabalho com termo (a prazo) ....................................................................

Prestação de serviços/recibos verdes .……………………………. ...........................................

Contrato de estágio …………………………………………………………………………………………………….. ..................................................................................................

Trabalho temporário sem contrato………………………………………………………………….…………… …………………………………………………………………………………………………………………

Page 86: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

86

22. Qual é a importância que a sua entidade empregadora atribui ao diploma e certificado que

obteve através do processo de RVCC?

Nada importante Muito Pouco importante Pouco importante

Importante Muito Importante

23. Em que medida o processo de RVCC foi importante para as seguintes mudanças na sua vida

profissional?

Definição ou reconstrução do seu projecto profissional ………..……………

Aumento da sua capacidade em se empregar .......................................

Inserção no mercado de trabalho ………………………………………………………..

Mudança de emprego ……......................................................................

Mudança de profissão ……………………………………………………………..………….

Iniciar uma actividade por conta própria……………………………………………..

Aumento da sua motivação para trabalhar …………………………….…………..

Melhor preparação para a sua vida profissional ………………………………….

Maior reconhecimento das funções que desempenha……………………….

Desempenho de novas funções…………………………………………………………..

Assumir cargos de chefia……………………………………………………………………..

Progressão na carreira, mudança de categoria profissional…………………

Aumento salarial………………………………………………………………………………….

Mudança de vínculo contratual……………………………………………………………

Aumento da estabilidade no emprego………………………………………………..

Obtenção de uma qualificação/carteira profissional……………………………

Os colegas de trabalho dão-lhe mais valor…………………………………………..

Nad

a Im

po

rtan

te

Po

uco

Im

po

rtan

te

Imp

ort

ante

Mu

ito

Imp

ort

ante

Page 87: Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues - ec.europa.eu · 1 Ana Lúcia Carvalho Dionísio Rodrigues Relatório de Mestre “Os Impactos do Processo de RVCC na vida adultos do Centro

87

Muito obrigada pela sua colaboração!

O chefe dá-lhe mais valor…………………………………………………………………….

Melhor relacionamento com colegas…………………………………………………..

Melhor relacionamento com o chefe…………………………………………………..