utilidade da provocação com picada no diagnóstico de alergia a veneno de abelha
Post on 20-Jul-2015
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• Nesta doente as reações sistémicas prévias foram sempre induzidas por múltiplas picadas (≥6 abelhas) pelo que a prova de
provocação com abelha foi fundamental para o diagnóstico definitivo de alergia a veneno de abelha e para a indicação de
imunoterapia específica
• A prova de provocação com picada de abelha acarreta o risco de anafilaxia, pelo que deve ser realizada em meio adequado e com
pessoal treinado.
• De acordo com a doente, o facto de a reação ter sido reprodutível com apenas uma picada permitiu-lhe tomar consciência da
necessidade de cumprimento das medidas de evicção e da imunoterapia, que iniciou em setembro de 2013 com boa tolerância.
Provocação com picada de abelha
Natacha Santos1, Alice Coimbra1, Teresa Vieira1, Carmen Botelho 2, José Luís Plácido1
1Serviço de Imunoalergologia, Centro Hospitalar São João, E.P.E., Porto. 2Consulta de Imunoalergologia, Hospital de Braga, Braga
Uma das indicações para a realização de
provocação com picada de abelha é a necessidade
de confirmação diagnóstica da alergia a veneno de
abelha em situações não completamente
esclarecidas pela história clínica e exames
complementares.
Este procedimento não é realizado por rotina dado
o risco de anafilaxia e as dificuldades inerentes à
utilização de um himenóptero vivo.
Descrevemos um caso clínico em que a prova de
provocação com picada de abelha foi fundamental
para o diagnóstico, e a metodologia utilizada.
Assistente social, 40 anos, apicultora amadora.
Em agosto de 2012 foi picada por 10-12 abelhas e 15 minutos depois iniciou um quadro de dor
abdominal, náuseas, hipersudorese, angioedema da face, aperto orofaríngeo e dispneia (Mueller 3),
tendo sido observada num serviço de urgência hospitalar. Episódio prévio de múltiplas picadas (6 abelhas)
com início imediato de dor abdominal intensa. Sem reacções quando picada por 1 ou 2 abelhas.
IgE específica para veneno de abelha = 2,23kU/L e triptase normal. Testes cutâneos por picada (0,1 e
1ug/mL) negativos e intradérmicos positivos com 0,01ug/mL.. Foram aconselhadas medidas de
evicção/protecção e medicada com auto-injetor de adrenalina 0,3mg, corticóide e antihistamínico em
caso de repicada.
Dada a dúvida diagnóstica entre alergia a veneno de abelha e reacção tóxica, foi proposta uma prova de
provocação com picada de abelha, realizada em meio hospitalar sob vigilância médica e com acesso a
material de reanimação, após consentimento informado escrito.
Foi aplicada uma caixa contendo uma abelha (Figura
1), na superfície volar do antebraço direito, da qual a
tampa inferior foi retirada.
A abelha foi irritada mecanicamente até picar.
(Figuras 2 e 3)
Após 10 minutos, a doente iniciou quadro de prurido
palmoplantar, cólica abdominal/uterina intensa,
prurido orofaríngeo, eritema facial e angioedema
labial (Figura 4).
Medicada com adrenalina IM e clemastina,
hidrocortisona, butilescopolamina e ranitidina IV,
com resolução completa do quadro em 50 minutos, e
mantida 6 horas em vigilância sem reações.
Figura 1. Caixa contendo uma abelha
Figura 3. Local de picada, com ferrão
Figura 2. Picada de abelha
Figura 4. Anafilaxia após picada de abelha
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