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USOS PRODUTIVOS DO ESPAÇO RURAL DE CACHOEIRA DOURADADE DE MINAS/MG
Guilherme ValagnaPelisson Faculdade de Ciências Integradas do Pontal-FACIP/UFU
gvpelisson@yahoo.com.br
Anderson Pereira Portuguez Faculdade de Ciências Integradas do Pontal-FACIP/UFU
anderson@pontal.ufu.br Resumo
O presente trabalho traz um estudo dos usos produtivos do espaço rural no município de Cachoeira Dourada de Minas/MG. Os resultados ora apresentados basearam-se em revisão teórica e análise dos dados bibliográficos e documentais, além de trabalhos de campo. Observou-seque o município possui área e população bastante reduzidas e produção rural modesta. As pastagens cultivadas para a bovinocultura extensiva dividem espaço com o agronegócio canavieiro, plantações de mandioca, milho, soja, sorgo e outros. A avicultura também é relevante, pois abastece o mercado municipal e permite a comercialização externa do excedente.
Palavras-chave: Espaço rural. Produção rural. Cachoeira Doura de Minas/MG.
Introdução
O presente trabalho traz um estudo dos usos produtivos do espaço rural no município de
Cachoeira Dourada de Minas/MG.
Do ponto de vista teórico, analisou-se a relação cidade/campo como forma de mostrar
que historicamente, a formação e consolidação do município está fortemente
relacionada aos conteúdos de urbanidade introduzidos regionalmente pelo projeto
nacional de geração de energia elétrica. Neste sentido, a organização do espaço na
escala municipal se vinculou a esta lógica de produção do espaço desde o surgimento da
vila que deu origem a cidade, até os dias atuais.
Os resultados ora apresentados basearam-se em revisão teórica e análise dos dados
extraídos das bases estatísticas do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Para complementar os dados oficiais, realizou-se trabalhos de campo tanto na área
urbana, quanto na rural para coleta de dados em órgãos públicos e cobertura fotográfica
do espaço estudado.
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Este trabalho se justifica pela necessidade de ampliar os estudos geográficos sobre
Cachoeira Dourada de Minas e demais cidades do Pontal do Triângulo Mineiro. Estas
cidades têm apresentado crescimento econômico significativo na última década e, desta
forma, inspiram pesquisas no sentido de compreender as novas lógicas de uso e
ocupação do espaço que estão se consolidando na atualidade.
Localização da área de estudo
O município de Cachoeira Dourada de Minas localiza-se no chamado pontal do
Triângulo Mineiro, que faz parte da Microrregião Geográfica de Ituiutaba, que, por sua
vez, insere-se na Mesorregião Geográfica do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba a 740
km da capital Belo Horizonte. Faz divisa com os municípios de Capinópolis, Canápolis,
e Cachoeira Dourada de Goiás (GO).
De acordo com o IBGE (Censo 2010)i, o município de Cachoeira Dourada de Minas
possui uma áreade 200,928Km²e uma população de 2.506 habitantes, dos quais 2.226
(88,82%) vivem no perímetro urbano e 280 (11,18%) habitantes a área rural. Desta
forma, tem-se 12,47 habitantes por Km², o que indica baixa densidade demográfica. Vê-
se, portanto, que se trata de um município de pequeno porte e com população reduzida.
O mapa 1, a continuação, mostra a localização de Cachoeira Dourada de Minas no
Estado de Minas Gerais.
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Fig. 1: Localização do Município de cachoeira Dourada de Minas Fonte: Malha Digital (IBGE, 2010).
Fonte: Malha
Digital IBGE (2010) Org.: G. V. Pelisson e A. P. Portuguez (2012).
De acordo com Pelisson e Portuguez (2012) a sede urbana desenvolveu-se próxima à
barragem da Usina Hidrelétrica de Cachoeira Dourada, que recebeu o mesmo nome do
salto que outrora existira no local, mas que fora submerso para a composição do lago
artificial represado para a produção de energia. O Salto de Ituverava, como era chamado
pelos índios Caiapó, primeiros moradores da região, era conhecido pelo arco-íris que se
formava pela combinação da luz solar com as gotículas de água em suspensão. Foi no
início da década de 1950 que esta bela formação geomorfológica foi sacrificada para a
construção da barragem.
Desde então, o município vem recebendo royaltesii derivados da produção de energia e
vem investindo de forma bastante significativa na atividade turística, que é realizada,
sobretudo, em suas praias fluviais.
O principal acesso ao município de Cachoeira Dourada de Minas se dá por meio das
rodovias BR 365 e MG 154. De Ituiutaba (sede microrregional) para o município
estudado, conta-se aproximadamente 50 quilômetros.
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A economia rural municipal baseia-se na agropecuária. As principais produções
agrícolas são: soja, milho,sorgo e cana-de-açúcar e os principais rebanhos são: a
bovinocultura de leite e de corte.
A pesca no rio Paranaíba e a piscicultura em tanques-rede também sãodesenvolvidas no
município. Há uma grande diversidade de espécies como a acará (gênero pterophyllum),
a curimba (gênero prochilodus),o cascudo (família loricariidae), o dourado (gênero
brachyplatystoma), o jaú (gênero zumgaro), o mandi (família pimelodidae), o pacu
(família characidae) e outros (SEBRAE, 2006). Segundo Castanho e Braga (2008) a
piscicultura vem se desenvolvendo de forma significativa no município de forma a gerar
renda e alternativa alimentar para a população.
Revisão Teórica
Segundo Veiga (2002), o rural é necessariamente territorial e não setorial como
costumam considerar muitos programas governamentais. Énecessário compreender a
relação entre espaços mais urbanizados e espaços onde os ecossistemas permanecem
menos artificializados, ou seja, espaços rurais, para a definição de uma estratégia
realista de desenvolvimento baseada numa articulação horizontal de intervenções.
Na verdade, está cada vez mais difícil delimitar o que é rural e o que é urbano. Mas isso que aparentemente poderia ser um tema relevante,não o é: a diferença entre o rural e o urbanoé cada vez menos importante. Pode-se dizer que o rural hoje só pode ser entendido como um“continuum” do urbano do ponto de vista espacial; e do ponto de vista da organização daatividade econômica, as cidades não podem mais ser identificadas apenas com a atividadeindustrial, nem os campos com a agricultura e a pecuária (SILVA 2004, p. 1).
O autor menciona que se tornou claro para os analistas o fato de que as possibilidades
de desenvolvimento de qualquer comunidade rural dependem dos vínculos que ela
mantém com centros urbanos, particularmente com as cidades de sua própria região
(VEIGA, 2002, p. 97).
Esta constatação teria levado a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), considerando como unidade de base rural toda unidade administrativa ou estatística elementar com densidade inferior a 150 hab./km², classificar a partir de 1994 as regiões de seus países membros em três categorias. A unidade de base rural pode apresentar um núcleo urbano com densidade demográfica superior a 150 hab./km², desde que o resultado geral, computando-se a
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área de entorno, não ultrapasse este patamar (ABRAMOVAY, 2000 P.1).
De acordo com Abromovay (2000), as categorias definidas são as seguintes:
essencialmente rurais (mais de 50% da população regional habitam em unidades de base
rurais);relativamente rurais (entre 15% e 50% da população regional habitam em
unidades de base rurais); e essencialmente urbanizadas (menos de 15% da população
regional habitam em unidades de base rurais).
O Brasil é um país considerado urbanizado, pois aproxidamente 85% da sua população
vive em áreas urbanas e trabalha com atividades predominantemente citadinas. O meio
rural brasileiro vem passando por transformações significativas, uma vez que vem se
tecnificando cada vez mais, mecanizando e incorporando atividades de interesse do
grande capital. A este respeito:
Em poucas palavras, pode-se dizer que o meio rural brasileiro se urbanizou nas duasúltimas décadas, como resultado do processo de industrialização da agricultura, de um lado, e,de outro, do transbordamento do mundo urbano naquele espaço que tradicionalmente eradefinido como rural. Como resultado desse duplo processo de transformação, a agricultura –queantes podia sercaracterizada como um setor produtivo relativamente autárquico, comseupróprio mercado de trabalho e equilíbrio interno - se integrou no restante da economia a ponto denão mais poder ser separada dos setores que lhe fornecem insumos e/ou compram seusprodutos (SILVA, 2004, p.1).
Com exposto, entende-se que mesmo adquirido conteúdos da urbanidade, o meio rural
não deixa de existir, diferenciando-se tanto em relação aos processos produtivos como
também nas relações de trabalho e demais relações sociais. As atividades rurais são
basicamente voltadas agricultura, pecuária, pesca extrativismo e outras. Atualmente
outras atividades, relacionada ao turismo e ao lazer (hotéis-fazenda, Spas, clínicas de
saúde, parques ecológicos, destinos turísticos de recreação, entre outros), têm
modificado a configuração da utilizaçãodo espaço agrário.
O que está ocorrendo hoje nos países do Primeiro Mundo é que o espaço rural tende a ser cada vez mais valorizado por tudo o que ele opõe ao artificialismo das cidades: paisagens silvestres ou cultivadas, água limpa, ar puro e silêncio. O desenvolvimento leva a uma forte revalorização do ambiente natural, em vez de suprimir a diferença entre cidade e campo por obra e graça da organização conjunta da agricultura e da indústria (ABRAMOVAY, 2000, p.95).
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Com o desenvolvimento industrial, com a aceleração da mecanização e urbanização, o
meio rural passa a figurar como uma alternativa de vida, de lazer e de recreação, pois
inspira tranquilidade, paz, natureza e cultura local, sobretudo em pequenas localidades
como é o caso da área estudada.
Ocorreram mudanças populacionais significativas no Brasil a partir da década de 1970,
quando o país passou a se urbanizar muito rapidamente devido à intensificação do meio
rural motorizada pelo chamado milagre brasileiro. Neste período, os municípios
desenvolveram seus assentamentos urbanos e no meio rural, verificou-se uma crescente
tecnificação(ALONSON, 2000). Este processo ocorreu também na Mesorregião
Geográfica Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, mas não de modo semelhante, ou seja,
o alcance atingido pelos municípios ocorreu de maneira desigual, sejam por fatores
relacionados ao processo produtivo, sejam por condições ambientais.
Segundo Alentejano (2000), cada realidade rural ou urbana deve ser compreendida em
sua particularidade, mas também no que tem de geral, uma territorialidade mais ou
menos intensa. É esta intensidade que distingue, em sua opinião, o rural do urbano. O
urbano representaria relações mais globais, mais descoladas do território, enquanto o
rural refletiria uma vinculação local mais intensa.
Enquanto a dinâmica urbana praticamente independe de relações com a terra, tanto do ponto de vista econômico, como social e espacial, o rural está diretamente associado à terra, embora as formas como estas relações se dão sejam diversas e complexas (ALENTEJANO, 2000, p. 7).
E é justamente por necessitar de recursos diferentes que o meio rural possui uma
identidade própria, ainda que sua lógica de ocupação produtiva se vincule às demandas
oriundas do espaço urbano. Evidentemente esta identidade possui ainda, características
diversas que se somam aos usos dos recursos para dar forma ao “todo rural”: natureza,
cultura, relações sociais, modos viventes, morfologia das relações de trabalho e outros.
Todas estas características interagem entre si e com os mais diversos aspectos do meio
urbano, de forma que o rural permanece rural, mesmo influenciado pelos conteúdos da
urbanidade e, em contrapartida, o urbano, permanece urbano, mesmo influenciado pelos
conteúdos da ruralidade.
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Nuances da relação cidade-campo em Cachoeira Dourada de Minas
Alguns dos municípios da Mesorregião Geográfica Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba
surgiram das relações cidade-campo, uma vez que os distritos que pertenciam a
municípios maiores foram ganhando status e adquirindo suas emancipações. Uma causa
desses status foi a construção de usinas hidrelétricas.
Com a construção da UHE de Cachoeira Dourada formou-se um destrito no lado
mineiro, em área que outrora pertencia ao município de Ituiutaba. Com o decorrer do
tempo, o distrito de Capinópolis emancipou-se de Ituiutaba e incorporou o distrito
formado às margens da UHE ao seu território. Com o decorrer do tempo, esta povoação
conseguiu sua emancipação e mudou seu status de distrito para município,
desmembrado-sede Capinópolisiii.
Bom lembrar que a construção de usinas representa em si, um exemplo da relação
campo-cidade, na medida em que a produção de energia é realizada para atender
interesses espacializados principalmente no espaço citadino. A inundação de extensas
áreas no campo pode ainda incentivar em alguns casos, a ampliação da malha urbana
em função do deslocamento e reassentamento de população afetada pelas águas das
represas.
A questão político-econômica também deve ser considerada na relação campo-cidade,
pois a elevação do status de distrito para município interessa às elites locais, que se
beneficiam com o pagamento de royalty da concessionária responsável pela geração de
energia elétrica. Este pagamento que é feito para as prefeituras, criam a possibilidade de
projeção política e valorização fundiária em escala local/regional.
Outro aspecto que pode ser observado sobre a relação cidade-campo em Cachoeira
Dourada de Minas, é a variação do número de habitantes do município ao longos das
décadas de 1970, 1980,1990, 2000 e 2010 (Tabela 1). A população de Cachoeira
Dourada reduziu de 4.305 habitantes (1970) para 2.306 habitantes (2000), um
decréscimo de 47% em 30 anos e no último censo verifica-se que o número de
habitantes voltou a crescer, estando agora com 2.506 (2010).
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Uma hipótese plausível para explicar o fenômeno observado, refer3-se ao êxodo rural,
que fez diminuir a população ocupada no campo, pois como se observa na tabela 1, foi
esta área que sofreu maior perda populacional. Os migrantes dirigiram-se,
provavelmente, para outros municípios de Minas Gerais e de outros estados, pois a
tabela 1 também mostra que a área urbana não só não absorveu o contingente
migratório, como também perdeu volume de moradores fixos. Atualmente, constata-se
baixa concentração populacional no meio rural porque a pecuária ocupa pouca mão-de-
obra, assim como os tipos de cultivos agrícolas mecanizados que se desenvolveram no
município: milho, sorgo, soja, cana-de-açúcar dentre outros.
Tabela 1: População Urbana e Rural de Cachoeira Dourada de Minas/MG (1970-2010) 1970 1980 1991 2000 2010
Urbana 2.048 1.511 1.728 1.994 2.226 Rural 2.257 835 556 312 280 Total 4.305 2.346 2.284 2.306 2.506
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE. Disponível em: http://www.ibge.gov.br. Acesso em 08 de julho de 2012.
Organização: G. V. PELISSON e A. P. PORTUGUEZ (2012).
Na Tabela 2 pode-se observar que ao longo do período (1998- 2002) o PIB (Produto
Interno Bruto) municipal cresceu em todos os setores analisados: agropecuária, indústria
e serviços. No que se refere ao meio rural, mesmo com o número reduzido de
trabalhadores no setor primário, houve aumento de produção devido à alta tecnificação
empregada no processo produtivo de cultivos relacionados ao agronegócio, como a
cana-de-açúcar, por exemplo (QUEIROZ, et al, 2008).
Tabela 2: Produto Interno Bruto (PIB) de Cachoeira Dourada de Minas (em Reais)
Ano Agropecuário Indústria Serviços Total 1998 4.556.000,00 456.000,00 6.036.000,00 11.048.000,00 1999 4.619.000,00 12.928.000,00 7.493.000,00 25.040.000,00 2000 5.191.000,00 14.623.000,00 8.393.000,00 28.207.000,00 2001 4.640.000,00 7.198.000,00 8.097.000,00 19.935.000,00 2002 5.688.000,00 11.055.000,00 9.048.000,00 25.791.000,00 Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI).
Acesso em 08 de julho de 2012. Organização: G. V. PELISSON e A. P. PORTUGUEZ (2012).
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A observação da variação populacional deste município permite constatar uma estrutura
sócio-produtiva tradicional, com a economia voltada principalmente para o setor
agropecuário e centralização do poder político (QUEIROZ, ET AL, 2008).
Porém, a despeito do cenário descrito, observa-se em Cachoeira Dourada de Minas o
embrião de um novo momento de desenvolvimento. A cidade, que bem pequena,
atualmente se dinamiza bastante com o turismo, que inclusive já faz surgir
empreendimentos de portes significativos na área urbana, como é o caso de um hotel de
águas termais. A agricultura mecanizada, que também cresce no município, é uma
atividade que emprega pouca mão-de-obra, ou ainda mão-de-obra barata. Em todo o
Triângulo Mineiro, uma parcela significativa dos trabalhadores do agronegócio é
formada por imigrantes nordestinos que são atraídos para trabalharem temporariamente
nas fazendas de cultivo, ou de forma permanente em empresas relacionadas ao setor. É
possível que o desenvolvimento canavieiro do Pontal do Triângulo Mineiro estimule a
economia da cidade estudada, inclusive incrementando seu crescimento populacional.
Diagnóstico da cadeia produtiva Pecuária e Agrária
De acordo como os Censos: Agropecuário (IBGE, 2006), Pecuária (IBGE, 2010)iv,
Lavoura Permanente (IBGE, 2010) e Produção Agrícola Municipal – Cereais e
Oleaginosas (IBGE, 2007), pode-se ter um panorama, ainda que amplo, do sistema
produtivo presente no meio rural de Cachoeira Dourada de Minas/MG.
De acordo com os dados apurados referentes à pecuária, constatou-se que o rebanho
com maior número de cabeças é o da bovinocultura leiteira, cuja produção destina-se,
sobretudo, à indústria de laticínios. Em seguida, encontram-se respectivamente as
criações de aves (frangos de granja), equinas, suínos, e ovinos. A tabela 3, a
continuação, apresenta estes dados de forma mais detalhada:
Tabela 3: Pecuária (2010): Rebanhos e produção em Cachoeira Dourada de Minas.
Efetivo dos rebanhos
Bovinos 9.420 cabeças Galos, frangas, frangos e pintos 1.200 cabeças
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Galinhas 600 cabeças Equinos 120 cabeças Ovinos 115 cabeças Suínos 115 cabeças
Produção derivada da pecuária
Leite de vaca 733 mil litros Ovos de galinha 2 mil dúzias Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE. Disponível em:
http://www.ibge.gov.br. Acesso em 08 de julho de 2012. Organização: G. V. PELISSON e A. P. PORTUGUEZ (2012).
Observa-se que a pecuária apresenta números muito modestos, quando comparados com
municípios próximos, como Ituiutaba, por exemplo, onde os rebanhos de algumas
fazendas individualmente superam o volume de bovinos de Cachoeira Dourada de
Minas. O mesmo se dá em relação às demais criações, que são muito tímidas na área
pesquisada. Não se pode, no entanto, atribuir a baixa produção à pequena área do
município, pois, em campo, constatou-se que os rebanhos e criações são tratados de
forma pouco tecnificada e a pecuária como um todo, é bastante extensiva.
No Pontal do Triângulo Mineiro, cada vez mais, as terras são demandadas para a
expansão de cultivos comerciais relacionados ao grande capital do agronegócio, tais
como a soja e a cana-de-açúcar. Isto tem limitado o crescimento de culturas agrícolas
permanentes e favorecido sobremaneira as culturas temporárias. Na tabela 4, vê-se que a
bananicultura foi a cultura permanente mais expressiva da área pesquisada, enquanto os
cultivos de cana-de-açúcar, mandioca e grãos apresentam-se como mais dinâmicos.
Tabela 4. Lavoura Permanente – Banana (cacho) e Lavoura Temporária (2010)
Produto Quantidade produzida
(Toneladas)
Valor de produção
(reais)
Área plantada (hectares)
Área colhida (hectares)
Rendimento (quilogramas por hectare)
Banana (cacho) 420 168.000,00 42 42 10.000 Cana-de-açúcar 146.080 5.113.000,00 1.600 1.600 91.300 Mandioca 400 120.000,00 20 20 20.000
Milho (em grão)
4.769 1.574.000,00 1.030 1.030 4.630
Soja (em grão)
18.750 9.938.000,00 6.250 6.250 3.000
Sorgo 12.000 3.000.000,00 4.000 4.000 3.000
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Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE. Disponível em: http://www.ibge.gov.br. Acesso em 08 de julho de 2012.
Organização: G. V. PELISSON e A. P. PORTUGUEZ (2012).
A bananeira (de espécies diversas pertencentes à família das Musaceae) é uma planta
monocotiledônea e herbácea, cuja parte aérea é cortada após a colheita. Apresenta caule
subterrâneo (rizoma) de onde saem as raízes primárias e, delas, nascem as outras mudas. Por
isso é considerada como lavoura permanente, pois após a poda, a raízes remanescentes no solo
dão origem a uma nova bananeira. No município pesquisado, este cultivo, apesar de modesto, se
destaca justamente por destoar do caráter temporário dos plantios típicos de espaços apropriados
pelo grande capital agrícola.
A mandioca (do gênero Manihot) é um tubérculo consumido em larga escala em todo o
Brasil e é associada à própria identidade gastronômica nacional, por integrar pratos que
compõem a mesa de famílias pertencentes a todas as classes sociais. É produzida em
todo o país tanto pelo seu papel no padrão alimentar do povo brasileiro, quanto pelo fato
de ser de fácil cultivo, podendo intercalar-se com outras categorias de lavouras. Em
Cachoeira Dourada de Minas, é comum encontrar este cultivo em áreas marginais à
Rodovia MG154, quanto na zona urbana (terrenos baldios transformados em hortas) e,
ainda, em áreas próximas às sedes de fazendas.
O milho (espécies diversas da Família Poaceae) é cultivado em sistema comercial
intensivo e extensivo, geralmente com sementes geneticamente alteradas e/ou
transgênicas. Presta-se à alimentação humana, produção de combustíveis, alimentação
animal e outros usos. É um dos cultivos do agronegócio mais importantes do Brasil e
em Cachoeira Dourada de Minas, constitui-se em uma das bases da economia rural,
sendo plantado por pequenos produtores familiares, mas também pelos grandes
produtores de grãos do município.
A soja (espécies diversas do gênero Magnolipsida)é um cultivo intensivo expressivo no
Brasil central, que incorpora os campos cultivados do Triângulo Mineiro. O grão possui
aplicabilidades diversas no setor industrial e, por este motivo, constitui-se em uma das
bases da pauta de exportações do Brasil. Em Cachoeira Dourada de Minas, as
(em grão) Arroz
(em casca) 40 16.000,00 16 16 2.500
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plantações de soja são visualizadas ao longo da Rodovia MG 154 e na parte interiorana
do município, sendo ainda a atividade produtiva rural mais importante do município.
Por sua vez, o sorgo (espécies diversas do gênero Sorghum) é um cereal consumido em
diversos países do mundo, sendo importante ainda para a produção de ração animal e
combustíveis. No Brasil, integra as áreas de cultivo intensivo dinamizada pelo
agronegócio (grande capital). As plantações do município estudado encontram-se na
parte interiorana do município e também em alguns trechos ao longo das rodovias de
acesso à sede municipal.
Em campo, constatou-se ainda que a produção agrícola municipal conta ainda com
alguns cultivos menos expressivos em termos quantitativos, porém importantes para as
famílias produtoras: verduras, leguminosas, frutas e outros.
Conclusão
Cachoeira Dourada de Minas é um pequeno município do Pontal do Triângulo Mineiro,
que surgiu a partir da vila de operários construída próximo às obras da Usina
Hidrelétrica de Cachoeira Dourada, na divisa do Estado Mineiro com Goiás. É uma
cidade pequena, porém calma e agradável, na qual o turismo vem se desenvolvendo
bastante, sobretudo em função de suas praias fluviais e de suas águas termais.
O município surgiu após a emancipação do Distrito de Cachoeira Dourada, que
pertencia à Capinópolis. Sua formação relaciona-se às lógicas da relação campo-cidade,
que no caso estudado, refere-se à produção de energia, interesses econômicos da elite
local e à possibilidade de projeção política de alguns grupos regionais.
Por ser pequeno, o município apresenta pouca área plantada, mas a produtividade é
considerada alta para as áreas onde vigora a lógica capitalista do agronegócio. Por outro
lado, a pecuária, sobretudo bovina, se mostra tímida e de baixa produção, pois é
praticada de forma predominantemente extensiva.
Embora a produção agrícola seja a base do trabalho no campo, o município pauta sua
economia ainda em atividades eminentemente urbanas. Destas, os destaques são o
turismo e os royalties recebidos da Usina de Cachoeira Dourada.
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Referências
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